Dicionario de Personagens Biblicos

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dicionario de personagens biblicos

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  • COLEO

  • COLEO

    O Evangelho do Homem Perfeito

    CPAD

  • Todos os Direitos Reservados. Copyright 1995 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assemblias de Deus.

    Capa: Hudson Silva

    226.4 - LucasPearlman, Myer

    PEA1 Lucas, Evangelho do Homem Perfeito.../ Myer Pearlmanl.ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assemblias de Deus, 1995. p. 176.cm. 14x21

    ISBN 85-263-0026-1

    1. Comentrio Bblico 2. Lucas

    CDD

    226.4 - Lucas

    Casa Publicadora das Assemblias de DeusCaixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    Ia Edio/1995

  • /ndice1. O Nascimento de Joo B a tis ta ................72. Jesus e Maria, Sua M e ..........................173. O Rei Prom etido...................................... 254. O Cntico de M aria .................................355. Adorando o Menino

    Recm-nascido..........................................436. Simeo e A n a ......................................... 517. Jesus Quando M enino ........................... 618. Jesus Ressuscita os Mortos ................... 719. O Bom Samaritano ................................. 79

    10. O Filho P rd igo .......................................891 1 .0 Rico e o L zaro ................................9912. Jesus Ensina Acerca da Gratido .... 10713. A Converso de Zaqueu ...................... 11514. Pedro Nega o Seu S enho r................. 12515. A Crucificao de Jesus .................... 13516. A Ressurreio..................................... 14717. A Caminho de Emas ....................... 15718. O Senhor Ressuscitado e a

    Grande C om isso.................................. 165

  • 10 Nascimento de

    Joo BatistaTexto: Lucas 1.5-25; 57-80

    Introduo

    Os evangelhos apresentam quatro retratos do Senhor Jesus Cristo, elaborados sobre panos de fundo diferentes. Cada evangelho ressalta um aspecto especfico da sua personalidade e obra. Lucas o apresenta como Filho do homem, ressaltando-lhe a humanidade divina e seu ministrio aos perdidos: Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido (Lc 19.10).

    Um certo homem, no-cristo, declarou ser este evangelho o mais belo livro do mundo . Sejam os nossos olhos abertos pelo Esprito Santo, para que vejamos as belezas do Jesus verdadeiro, e as possamos mostrar a outras pessoas.

    Deus sbio: nunca faz qualquer coisa importante sem primeiro preparar o caminho. Neste captulo, estudaremos o nascimento daquele que foi chamado para ser o precursor do Filho do homem.

  • 8 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    I. Os Pais de Joo Batista (Lc 1.1-10)

    Zacarias e Isabel no tinham filhos, provao e triste vergonha para qualquer famlia judaica. Isto porque, alm do amor natural s crianas, havia sempre a esperana de que um dos filhos fosse o libertador do seu povo. O casal orara durante muito tempo, at a esperana tomar-se desespero. E justamente a esta altura, porm, que Deus costuma surpreender-nos com a bno.

    Os sacerdotes e levitas das vrias partes do pas eram divididos em vinte e quatro turnos, ou plantes. Cada turno durava duas sem anas. A entrada de um novo turno, tiravam -se sortes para a distribuio dos deveres, tais como cuidar do fogo do altar, m inistrar ao lado do altar e cuidar do candelabro. A honra maior e mais desejada era oferecer incenso no altar de ouro, no Lugar Santo - ato que sim bolizava a apresentao das peties da nao. To grande era a honra que uma lei im pedia ao sacerdote usufru-la m is de uma vez.

    A to desejada honra coube a Zacarias. Enquanto a multido orava no Templo, o sacerdote aproximou-se do altar de ouro, colocou brasas vivas na grelha e espalhou por cima um punhado de incenso que subiu em nuvens presena de Deus. Ao incenso juntou Zacarias sua petio, pedindo um filho. Por que no renovar as esperanas, to prximo estava do trono do Rei?

    II. A Grandeza de Joo Batista (Lc 1.11-17)

    A petio do sacerdote realmente chegara ao trono da graa, pois logo apareceu o anjo Gabriel, trazendo- lhe a promessa de um filho. Ao pai temeroso, tranqilizou: Zacarias, no temas, porque a tua orao foi ouvida . Em conexo com o menino, haveria:

  • O Nascimento de Joo Batista 9

    1. Um grande nome. Joo significa o Senhor d graa ou o Senhor gracioso, nome muito apropriado quele que estava para ser arauto da nova dispensao.

    2. Uma Grande alegria (v. 14). A alegria que acompanhava o nascimento deste filho ultrapassaria os limites da famlia; estender-se-ia nao inteira.

    3. Um grande carter. Porque ser grande diante do Senhor. Seu carter conformar-se-ia ao seu nome. Seria uma vida aprovada aos olhos daquEle que examina o corao.

    4. Uma grande consagrao. O israelita desejoso por consagrar-se ao Senhor de modo especial fazia o voto de nazireu. Enquanto Durasse o voto, tinha de abster-se do vinho, deixar os cabelos crescerem e evitar qualquer contato com cadveres (Nm 6). Este voto s vezes vinculava- se a uma vocao ou servio, como nos casos de Sanso e Samuel. Seu significado espiritual era a separao do mundo.

    5. Uma grande uno. Ser cheio do Esprito Santo, j do ventre materno. Haveria de ser um novo Sanso, recebendo grandes foras pelo canal de uma vida de abstinncia sob a uno do Esprito Santo. Desde a infncia seria cheio de um poder espiritual mais eficaz que qualquer estimulante.

    6. Um grande sucesso. Joo haveria de ser um profeta como Elias (v. 17), levando a nao ao arrependimento. Que Joo Batista comoveu a nao inteira um fato histrico. Reuniu ao redor de si um grupo de discpulos, e estes espalharam sua mensagem para muitos pases (At 19.1-3).

    III. Nascimento e Infncia de Joo Batista(Lc 1.18-20, 57-64)

    O sacerdote achou boa a mensagem; por um momento, boa demais para ser verdadeira. Pediu mais um sinal. No

  • 10 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    lembrava ele de Abrao e Sara, de Isaque e Rebeca? Sua descrena era ofensa grave, merecedora de punio. Con- denou-o ento o anjo mudez. Isto lhe seria por sinal e castigo. Mesmo assim, ao julgamento acompanhava a misericrdia. Foi-lhe prometido que voltaria a falar na ocasio do nascimento do menino (SI 30.5).

    1. A alegria da me. Completou-se a alegria de Isabel; os parentes e as amigas regozijavam-se com ela. Veio o momento da circunciso e de dar nome criana. Sugeriram os vizinhos lhe fosse dado o nome do pai. Surpreen- deram-se, no entanto, ao saberem que receberia um nome desconhecido na famlia do sacerdote. Isto era novidade. At hoje, do-se aos filhos de judeus os nomes de parentes mais velhos ou falecidos, a fim de manter viva a memria deles em Israel.

    2. O louvor do pai. O sacerdote recuperou a fala, e irrompeu em louvores a Deus. Enquanto derramava o corao diante de Deus, o Esprito Santo apoderou-se da sua lngua, transformando a cano em profecia inspirada: Deus no desamparara o seu povo; um Libertador se levantaria da famlia de Davi, e o filho de Zacarias seria o seu precursor.

    3. O crescimento da criana. As promessas cumpriam-se na vida do pequeno Joo. Os que o conheciam maravilhavam- se, no s com a histria do seu nascimento, como pelo rpido desenvolvimento de foras na jovem vida: E a mo do Senhor [o poder de Deus] estava com ele (v. 66) - expresso que lembra cenas da vida de Elias e de Eliseu, cujas obras poderosas atribuam-se mo do Senhor sobre eles.

    O menino crescia, e se robustecia em esprito. Ao crescimento fsico seguia o crescimento espiritual. Sob o sol da graa divina e ao sabor da vivificante brisa do Esprito, amadureciam os poderes espirituais do menino, enquanto seu corpo se fortalecia no clima das montanhas da Judia.

  • O Nascimento de Joo Batista 1 1

    E esteve nos desertos at ao dia em que havia de mostrar-se a Israel . Os pais de Joo provavelmente morreram antes que ele chegasse idade adulta. O jovem, deixado sozinho no mundo, optou pela solido como forma de preparar-se para o ministrio. No deserto, meditava sobre as profecias e buscava ao Senhor, aguardando a ordem divina para comear a obra entre o povo.

    IV. Ensinamentos Prticos1. Deus nos encontra no caminho do dever. O anjo

    apareceu a Zacarias enquanto este cumpria seus deveres. Tal situao propcia visitao de Deus. Talvez seja a nossa tarefa pequena, e ansiemos por outra, mais importante. Deus cumprir nosso desejo se nos achar fiis, se estivermos fazendo com todas as nossas foras aquilo que nos cabe cumprir.

    Que bno teria perdido Zacarias se estivesse ausente do dever! A ausncia faz muitas pessoas perderem a bno. Leia em Joo 20.19-24 a histria do homem ausente. Tom no estava com eles quando veio Jesus. Pssimo momento para estar ausente da casa de Deus! Perdeu grande alegria, paz de esprito e o sopro do Esprito Santo.

    2. A tua orao fo i ouvida. Quando crianas, lemos a histria Aladim. Era muito afortunado. Achou um anel, es- fregou-o, e surgiu um esprito pronto a cumprir-lhe os desejos. Achou uma lmpada, esfregou-a, e surgiu um esprito, ainda mais poderoso, para dar-lhe tudo que quisesse. Naturalmente, no passa de um conto de fadas, mas sabemos que os contos de fadas tm um aspecto verdadeiro: so fices edificadas sobre os desejos mais profundos do homem. A histria de Aladim a expresso do profundo desejo humano de ver cumpridas todas as suas vontades.

    Como cristos recebemos, por assim dizer, algo semelhante ao anel dos desejos: Se pedirdes alguma coisa ao

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    Pai, ele vo-la conceder em meu nome. Temos aqui uma declarao muito direta, e so incontveis os testemunhos de sua veracidade. No incio, a declarao foi aceita pela f; depois a reconheceram na prpria experincia.

    No entanto, a promessa no funciona como um passe de mgica, ou seja, no acontece automaticamente, sem respeitar condies. Grande seria a tragdia, se Deus concedesse ao homem tudo quanto este deseja. Mas sejam nossas peties submetidas ao conselho de Deus. Ele sabe o que melhor para ns. Ignoramos o futuro; s Ele pode saber se o nosso pedido nos ser bno ou maldio.

    Outra condio a sinceridade. Nem sempre somos sinceros em nossa orao. Agimos como o menino que orava: Senhor, faze-me um bom rapaz - mas ainda no. Muitos adultos no maduros na f oram: Seja feita a tua vontade, enquanto no fundo do corao, dizem: Ainda no!

    Seja toda orao proferida em nome de Jesus. Estas palavras no so uma frmula. Nome significa poder, autoridade e aprovao. Portanto, quando oramos em nome de Jesus, estabelecemos profunda comunho com o Filho de Deus, a quem o Pai celestial nada recusa. Naturalmente, ao orarmos desta maneira, essencial reconhecermos as peties suficientemente importantes para merecer ateno, e que as tais agradam ao corao do Salvador. O jovem que ora, pedindo emprestado o carro do pai para passear, est envolvendo o Filho de Deus num assunto de somenos importncia. Se, porm, ao iniciar uma viagem, pedir proteo para continuar a viver para Deus, estar desejando algo compatvel aos interesses divinos.

    A orao verdadeira recebe resposta, seja qual for a ocasio, maneira e lugar. Deleita-te no Senhor, e Ele te concedar os desejos do teu corao.

    3. Grande diante do Senhor. H dois tipos de grandeza: a grandeza diante dos homens e aquela diante do Senhor. Napoleo era um grande homem; seu gnio militar e poli-

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    tico mudou o mapa da Europa. Era grande por causa dos seus feitos brilhantes e grandiosos. Porm, no era grande diante de Deus, porque o impulsionava uma ambio implacvel que custou milhes de vidas. Sua obra nada fez para elevar-lhe o carter e mudar-lhe o corao.

    Comparemos trs estimativas de grandeza humana grandeza divina.

    A humanidade costuma confundir tamanho ou brilho com grandeza. O tamanho de uma conta bancria, a altura da pessoa, o luxo do lar, a elevada posio poltica ou social- so maneiras ingnuas de estimar a grandeza. Na frica, a granjdeza do homem calculada pelo nmero de esposas e filhs que possui.

    O brbaro identifica a grandeza com a fora bruta. O ndio no pode imaginar elogio maior do que chamar seu honrado hspede de Grande Touro. Muitos daqueles a quem se deu o cognome O Grande foram pouco mais que touros de briga, pisoteando seres humanos na louca corrida atrs da fama. No h um elemento brbaro de grandeza no culto prestado hoje s competies atlticas?O nocaute aplaudido freneticamente, e quem o aplica considerado heri.

    O grego mede a grandeza pelo intelecto. E uma estimativa mais nobre que as anteriores. Mesmo assim, a grandeza intelectual muitas vezes torna-se desagradvel por causa do orgulho.

    Em Joo Batista temos um exemplo do padro divino de grandeza constituda por firmeza e coragem inabalveis, total sinceridade, perfeita consagrao a Deus e ardente entusiasmo pela justia. Autenticava-lhe a grandeza o fato de no saber ele que era grande! Era apenas uma voz a clamar no deserto, preparando o caminho para algum maior que ele. Tinha de diminuir, enquanto seu sucessor crescia. Era como se dissesse ao povo: No se preocupem com a minha pessoa; simplesmente obedeam minha mensagem .

  • 14 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    Mede-se tal grandeza pelo servio abnegado, e mesmo o mais humilde pode candidatar-se (Mt 20.25-28). No dia em que se distriburem os prmios, a coroa de honra ser dada aos que, com perseverana em fazer o bem, procuram glria, e honra, e incorrupo (Rm 2.7).

    4. A abnegao. Desde o nascimento, Joo Batista foi consagrado nazireu - uma vida de abnegao e separao. Os nascidos de novo so nazireus espirituais. Consagram- se por meio de votos a uma vida de separao e servio. Sem dvida, houve quem levasse a consagrao a extremos - como o santo que viveu muitos anos em cima de um pilar, dedicando seu tempo orao.

    Os crentes so atletas espirituais, e nenhum atleta ser bem sucedido afastado da disciplina. Treinemos nossas almas, conservando-as fortes e limpas para a corrida da vida.0 galardo duplo: primeiro, a sade de alma e a paz de esprito que acompanham a abnegao; segundo, a coroa que nos ser concedida ao final da carreira (1 Co 9.24-27'1 Tm 2.5).

    5. Cheio do Esprito Santo. Diz-se que a natureza no tolera o vcuo. Isto significa no haver lugar vazio no Universo. possvel produzir um vcuo artificial, expulsando-se o ar contido num receptculo. Mas, basta a mnima abertura, e o ar corre novamente para dentro.

    Tambm assim a natureza humana. No existem espaos vazios na alma. alma que se esvaziou das coisas erradas mas no se encheu de coisas boas, retornam os antigos demnios (Mt 12.43-45). Deus nos esvazia do pecado a fim de encher-nos com Ele mesmo. seu plano sejamos cheios do Esprito. Sua presena, tomando conta da alma toda, no deixar lugar ao diabo.

    Ser cheio do Esprito Santo significa mais que a experincia nica de ser nEle batizado: a vida vivida continuamente sob o controle de Deus.

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    6. A descrena silencia o louvor. A mudez foi o castigo para a descrena de Zacarias. No sentido espiritual, tambm a mudez conseqncia lgica da descrena. Cri, por isso falei, declarou Paulo (2 Co 4.13). O oposto tambm verdadeiro. A descrena nos sela os lbios na hora de declararmos o poder e a bondade de Deus. O corao cheio de f produz lngua eloqente.

    Tome tempo para ser santo. Talvez no nos seja possvel passar tanto tempo no deserto, como Joo Batista. Mas a solido temporria imprescindvel ao crescimento espiritual. No nos podemos tornar espirituais no meio da corrida; precisamos de tempo para ser santos. Alguns dentre ns so extremamente ocupados, exigncias sem fim a tomar-lhes o tempo. Ser-lhes-ia aconselhvel um pequeno deserto onde pudessem ler, meditar e orar.

  • 2Jesus e Maria,

    Sua MeTextos: Lucas 1.26-33; 2.41-51;

    Joo 2.1-4; Marcos 3.31-35; Joo 19.25-27

    Introduo

    O objetivo deste captulo estabelecer o carter e posio de Maria quanto ao seu relacionamento com aquEle que era, ao mesmo tempo, filho e Senhor.

    I. Predito o Nascimento de Jesus (Lc 1.26-33)1. A pro fec ia . E porei inim izade entre ti e a m u

    lher, e entre a tua sem ente e a sua sem ente; esta te ferir a cabea, e tu lhe ferirs o calcanhar (Gn 3.15). Esta gloriosa prom essa brilhou nas trevas em que o pecado lanara nossos prim eiros pais. Predisse o conflito entre a raa hum ana e o poder do mal que lhe causou a queda, e a v itria m ediante algum nascido de m ulher. A esperana da salvao era um menino que viria da parte de Deus. Talvez pensasse Eva ser

  • 1 8 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    Caim o descendente prom etido (Gn 4.1); mas, com grande decepo, descobriu que aquele que im aginara ser o vencedor da serpente dem onstrou ter o esprito do prprio m aligno. N ascendo-lhe Sete, porm , reno- varam -se-lhe as esperanas; exclam ou: Deus me deu outra sem ente (Gn 4.25).

    Passaram-se sculos, e, atravs da boca de Isaas, foi reafirmada a promessa: um filho da casa de Davi, nascido de uma virgem, instauraria o Reino de Deus (Is 7.14;9.6,7). Doravante, a esperana de libertao vinculava- se ao nascimento de um descendente de Davi; mulher judia, no poderia haver mais alta esperana que a de ser a me do Messias.

    2. O cumprimento. Imagine, agora, os sentimentos de Maria, ao ouvir do anjo que to grande honra lhe caberia: Salve, agraciada; o Senhor contigo. Bendita s tu entre as mulheres ! Embora nada possa diminuir a honra devida ao Filho, e que a Ele exclusivamente adoraram os magos quando o acharam com Maria na noite do seu nascimento (Mt 2.11), foi ela grandemente honrada por Deus, sendo escolhida para ser a me humana de Jesus; sem dvida, tinha um carter exemplar de pureza, humildade e ternura, exemplo da glria e nobreza de ser me, digno de ser seguido por todas as outras.

    Podemos imaginar as emoes de enlevo e medo misturadas em Maria, ante extraordinria informao. Enlevo, pela honra de ter sido escolhida, entre milhes de mes judias, para dar luz o Salvador do mundo; medo, por causa dos mal-entendidos e acusaes falsas que pesariam sobre ela, se a gravidez fosse noticiada antes do casamento com Jos. Curvou-se, no entanto, vontade do Senhor: Aqui est a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. Maria cr e submete-se mensagem, disposta a aceitar e enfrentar todas as conseqncias. esta a verdadeira f!

  • Jesus e Maria, Sua Me 19

    II. A Visita ao Templo (Lc 2.41-51)

    A primeira visita ao Templo histria bem conhecida. Ao voltar da festa da Pscoa, Maria e Jos sentiram falta de Jesus. Aps busca ansiosa, acharam-no a debater com os rabinos, no Templo. Nesse perodo, o Templo exercia grande fascnio sobre Jesus, porque a este fora dada, pelo Esprito, a clara viso de sua natureza divina e misso celestial.

    1. O espanto de Maria. E quando o viram, maravilharam-se; e disse-lhe sua me: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu, ansiosos te procurvamos (v. 48,50). Espanto natural, pois chegara ao humilde lar de Maria um tesouro grande demais o qual ao prprio cu era difcil conter. No estranhemos, portanto, seu desconhecimento quanto ao valor do filho e ao motivo da ausncia, e que lhe desse suave repreenso. verdade que j recebera revelao quanto natureza divina de Jesus (Lc 1.32,33), mas, sendo me exemplar, era perfeitamente natural que os cuidados matemos predominassem sobre quaisquer consideraes. No importa quo grande e famoso algum seja, sua me sempre o considerar seu menino. Napoleo era um poderoso ditador, diante de quem naes inteiras tremiam; mas, para a sua me, era o mesmo menino levado que ela antes disciplinava com vara!

    2. O assombro de Jesus. E ele lhes respondeu: Por que que me procurveis? No sabeis que me convm tratar dos negcios de meu Pai? H surpresa nas palavras de Jesus, como se dissesse: A senhora foi informada, mesmo antes do meu nascimento, sobre minha natureza e o que vim fazer neste mundo. Um pouco de reflexo, e saberia que um bom lugar para me procurar seria na casa do meu Pai, j que meu desejo fazer a vontade dEle.

    E desceu com eles, e foi para Nazar; e era-lhes sujeito. E sua me guardava no seu corao todas estas coisas.

  • 20 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    Nestas palavras, Lucas deixa-nos entender que a declarao de Jesus do verso 49 no se constitua em repdio aos deveres de filho humano. Apesar de Filho de Deus, jamais procurou ver-se livre das responsabilidades, obrigaes e fardos desta vida. s revelaes, no as tratou a me como assunto de conversa, mas guardou-as como preciosos segredos. E, quando veio a entender totalmente seu significado? Ver Atos 1.14.

    Nas palavras de Jesus vislumbramos a futura mudana naquele relacionamento. O filho de Maria revelar-se-ia Filho do homem, quando teria de deixar em segundo plano os relacionamentos, a fim de criar uma famlia espiritual. Tal conceito surge nos dois incidentes seguintes.

    III. As Bodas de Can (Jo 2.1-4)Ver o respectivo comentrio. E, faltando o vinho, a

    me de Jesus lhe disse: No tm vinho. A falta de vinho redundaria em desonra para a famlia hospedeira. Maria leva o assunto a Jesus, com singeleza. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda no chegada a minha hora. Jesus estava ingressando no ministrio pblico; seu papel de filho de Maria passava a segundo plano. Maria, humildemente, aceitou o inevitvel, sabendo que no mais lhe caberia ditar normas na vida do filho. E disse aos servos: Fazei tudo quanto ele vos disser. A f e a obedincia seriam doravante a nica maneira de se chegar ao corao de Jesus.

    IV. Os Temores de Maria (Mc 3.31-35)A popularidade de Jesus multiplicara-se rapidamente,

    mas, de outro lado, fora despertada a hostilidade dos escribas, cuja frieza espiritual Ele desmascarava sem hesitao. No obstante, seu ministrio crescia. Tanto o assediavam as multides que no lhe sobrava tempo para ali-

  • Jesus e Maria, Sua Me 21

    mentar-se. Os amigos preocupavam-se, pensando que o zelo excessivo lhe perturbara a mente (Mc 3.21).

    Maria, assaltou-lhe a preocupao, quando as autoridades denunciaram o ministrio de Jesus como sendo de Satans (v.22). Procurou, ento, fazer com que Ele se retirasse - pelo menos por um pouco - da vida pblica: Chegaram ento seus irmos e sua me; e, estando de fora, mandaram-no chamar . Maria talvez o imaginasse em perigo entre as multides, a s quais os fariseus facilmente poderiam incitar contra Ele. Ela permitiu a seus filhos mais jovens, irmos de Jesus, persu- adirem-na a intervir na situao.

    Ressuscitado o instinto materno, Maria voltou a demonstrar o mesmo esprito que, j por duas vezes, Jesus repreendera ternamente (Lc 2.49; Jo 2.4). Maria e os irmos de Jesus foram por demais presunosos em fazer aquela interrupo, apelando ao relacionamento puramente natural, por estreito que fosse. Queriam sobrepor interesses naturais quEle ocupado em distribuir o Po da Vida aos espiritualmnte famintos. Jesus, ento, esclarece que os vnculos familiares so inferiores aos do Reino de Deus: E ele lhes respondeu, dizendo: Quem minha me e meus irmos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha me e meus irmos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse meu irmo, e minha irm, e minha me. Verdadeiro parente de Jesus aquele que espiritualmente semelhante a Ele. Como Filho do homem, Jesus tinha parentes na carne; como Filho de Deus, porm, no reconhece parente algum, a no ser os filhos de Deus. Indicam tais palavras no serem os laos naturais a maior glria de Maria, mais o seu relacionamento espiritual com Ele. Sua presena no cenculo (At 1.14) sugere necessidades espirituais idnticas s dos demais seguidores de Cristo.

  • 22 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    V. Maria Junto Cruz (Jo 19.25-27)

    Ver o respectivo comentrio: E junto cruz de Jesus estava sua me, e a irm de sua me, Maria de Cleofas, e Maria Madalena. Ora Jesus vendo ali sua me, e que o discpulo a quem ele amava estava presente, disse a sua me: Mulher, eis a o teu filho. Vendo a me aflita, desam parada e confusa, e sentindo-lhe a angstia por contempl-lo assim, quis o Filho de Deus que Joo, o discpulo amado, a retirasse da triste cena, e lhe oferecesse um lar onde Jesus era amado.

    VI. Ensinamentos Prticos

    1. A mensagem de Maria s mes. A me do maior de todos os filhos transmite grandes lies s mes modernas:

    Mes que desejam filhos de nobre carter devem, elas mesmas, possuir um carter assim. John Quincy Adams, presidente dos Estados Unidos, declarou: Tudo quanto vim a ser, minha me consegui fazer de mim. Napoleo disse sobre seu pas algo que se aplica a todas as naes: A maior necessidade da Frana de haver boas mes . Caterina Booth, filha do fundador do Exrcito da Salvao, resolveu que nunca teria um filho que menosprezasse a religio, e no teve mesmo. A primeira e principal oportunidade para moldar o carter de uma pessoa, tem-na a me. E de suma importncia que esteja espiritualmente qualificada para tal tarefa!

    No se estrague a criana pelo abuso de comentrios orgulhosos sobre suas capacidades e virtudes. Coisas maravilhosas haviam sido ditas sobre Jesus, e pareceria natural que ela as compartilhasse com as amigas e vizinhas. No entanto, guardava todas estas palavras, meditando-as no corao. Esta lio aplica-se a muitas mes. Falam tanto sobre as virtudes dos filhos, que os ouvintes se cansam e os prprios filhos estragam-se por convencimento. Como resultado, s os cho-

  • Jesus e Maria, Sua Me 23

    ques dolorosos da vida podem retirar-lhes o orgulho infundido pela irresponsabilidade da me. Seja ensinado s crianas de grande talento a modstia e o hbito de prestar contas a Deus, fonte nica de toda boa ddiva.

    Manifestem as mes de filhos talentosos simptica compreenso aos ideais que eles alimentam. Mostram-nos os trechos examinados trs incidentes em que Maria parece ter esquecido a divina misso de Jesus que lhe fora revelada. Sabia do terrvel destino que o aguardava (Lc 2.34,35), mas talvez o seu intenso amor maternal quisesse desvi-lo do caminho do sofrimento e indicar-lhe um caminho mais fcil. Sem faltar com respeito me, Jesus firmemente a fez lembrar a prioridade das reivindicaes divinas sobre sua vida. A trplice repreenso de Jesus recomenda as mes simpatia aos ideais dos filhos, mesmo quando no os entendem muito bem. No sejam as crianas presas com os laos da sua prpria voluntariedade.

    2. A mensagem de Cristo s crianas. Jesus, mesmo em agonia excruciante ao morrer pelos pecados do mundo, no esqueceu de cumprir o dever simples e prtico de cuidar da me. Lembra-noJ isto que nenhum dever, por importante que seja, justifica a falta de cuidado pelas pessoas que dependem de ns.

    3. A fam lia divina composta de pessoas piedosas. Qualquer que fizer a vontade de Deus, esse meu irmo, e minha irm, e minha me. No nos ensina isto fazer a vontade de Deus independentemente de Jesus, porquanto este revelou: Sem mim nada podeis fazer . Somente pela unio espiritual com Cristo podemos demonstrar sua bondade. O que Ele est nos ensinando que, se realmente somos seus parentes espirituais, faremos a vontade de Deus, no para nos tornarmos cristos, mas porque somos cristos. Tem sido levantada a objeo de que aqueles que pregam a salvao pela f muitas vezes negligenciam a nfase retido prtica. Tal possibilidade foi reconhecida

  • 24 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    por Tiago: A f sem obras morta. A doutrina correta, as experincias extticas e as formas externas so todas necessrias; no entanto, so apenas o andaime para a edificao do carter conforme a vontade de Deus. mediante o cumprimento da vontade divina, seja em grandes ou pequenos feitos, que os crentes demonstram pertencer famlia divina.

  • 3ORei

    PrometidoTextos: Lucas 1.26-38; Isaas 9.6,7;

    Daniel 7.13,14

    IntroduoComo recompensa pela sua fidelidade, Davi recebeu a

    promessa de um ajiinastia eterna (2 Sm 7.16). Surgiu, assim, a convico de que, independente do que acontecesse nao, surgiria, no tempo determinado por Deus, um rei pertencente linhagem de Davi. Em tempos de angstia nacional, os profetas lembravam esta promessa ao povo, anunciando a redeno de Israel e das naes pelas mos de um grande rei procedente da casa de Davi (Jr 30.9; 23.5; Ez 34.23; Is 55.3,4).

    Durante o ministrio de Isaas, um perigo rondou a casa de Davi. O Reino do Norte (Israel), aliando-se Sria, preparava-se para invadir Jud e remover o seu rei (Is 7.6). Como garantia de que o trono de Davi permaneceria em segurana, o Senhor promete ao rei um menino nascido de uma virgem (Is 7.14), que asseguraria a presena de Deus junto ao seu povo. No seria um menino comum, pois re

  • 26 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    ceberia nomes divinos: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Prncipe da Paz (Is 9.6,7).

    Jud foi levado ao cativeiro, e de l voltou sem rei, para ser sucessivamente sujeitado Prsia, Grcia, Egito, Sria e, aps breve perodo de independncia, a Roma. Enquanto amargava a sujeio aos gentios, o povo pensava nas glrias passadas do reino de Davi e clamava: Senhor, onde esto as tuas antigas benignidades, que juraste a Davi pela tua verdade? (SI 89.49). Porm, jamais perderam a esperana. Reunidos ao redor do fogo da profecia, aqueciam seus coraes, e aguardavam com pacincia a vinda do Filho de Davi. No foram decepcionados. Sculos depois, quando a casa de Davi no mais reinava, um anjo aparece a uma jovem judia, anunciando o nascimento do Rei, o qual seria chamado pelos nomes profetizados por Isaas (Is 9.6,7).

    O Rei cresceu. Mas, vindo para os seus, estes no o receberam. Dia haver, porm, em que Ele vir em glria (Dn 7.13,14), e depois tornaro os filhos de Israel, e buscaro ao Senhor seu Deus, e a Davi, seu rei (Os 3.5). E proclamar-se-: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinar para todo o sempre (Ap 11.15).

    I. A Saudao do Anjo (Lc 1.26-28)Seis meses se haviam passado desde que o anjo Gabriel

    anunciara o nascimento do precursor do Messias. Agora, traz as novas quela que ser a me do prprio Salvador. Era imprescindvel fosse Ele da casa de Davi, conforme as antigas profecias. A linhagem real parecia extinta, mas Deus no a perdera de vista. Em Nazar, cidade quase desconhecida, vivia Jos, carpinteiro, noivo de uma jovem humilde chamada Maria. Eram os sobreviventes daquela casa antes to graciosa.

  • O Rei Prometido 27

    Isaas havia predito que a casa de Davi seria cortada como uma rvore, at restar apenas o toco. Msmo assim, um broto subiria daquele pedao de tronco. Das suas razes surgiria um Renovo - O Rei Messias (Is 11.1). Quando a casa de Davi encontrava-se reduzida ao seu nvel mais baixo, cujos herdeiros vivos eram um carpinteiro e uma jovem humilde, ento, por miraculosa interveno divina, o Renovo brotou e cresceu at ser rvore poderosa, servindo, ainda hoje, de abrigo s almas cansadas.

    E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor contigo. Durante sculos, a mais alta ambio das mulheres judias fora ser me do Rei e Libertador de Israel. Agora, a singela moa de Nazar descobre- se agraciada com esta honra sem igual. Foi, de fato, favorecida acima das outras mulheres.

    Certos setores da Igreja tanta honra do a Maria, que a imagem do Filho eclipsada. Tal posicionamento tem levado os mais supersticiosos a adorarem-na, como se fora deusa. Lemos, porm, que os Reis Magos, prostrando-se, o adoraram (Mt 2.11). No adoravam me, mas ao Filho! Aos que hoje a adoram, Ela certamente aconselharia: No dirijam a mim seus louvores. No os quero. Basta- me seja o meu Filho honrado. NEle vivo eu, e na sua honra me alegro.

    Evitemos, no entanto, o outro extremo: deixar de honrar a Maria. Afinal, foi ela escolhida para ser a me do Filho de Deus, escolha esta certamente baseada num carter de especial dignidade. Sua pureza, humildade e ternura so exemplo a todas as mes. Ser ela perptua lembrana da glria e nobreza da maternidade.

    II. A Proclamao Celestial (Lc 1.31-33)Maria foi altamente favorecida, no pelo que ela era,

    mas por causa do que seu Filho viria a ser. Quem seria Ele?

  • 28 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    1. O Salvador. Seu nome seria Jesus, a salvao do Senhor, ou o Senhor salva (Mt 1.21). O Antigo Testamento ensina ser Deus a fonte da salvao; Ele o Salvador e Libertador de Israel. O seu povo o conheceu como Salvador quando Ele libertou Israel da escravido no Egito (SI 106.21; Is 43.3,11; 45.15,21; Jr 14.8). Deus, no entanto, opera atravs de agentes. A Israel, salvou-o atravs do misterioso anjo da sua presena (Is 63.9). As vezes agentes humanos eram empregados. Moiss foi enviado a libertar Israel da escravido do Egito; de tempos em tempos, juizes eram levantados por Ele para socorrerem s tribos oprimidas. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de que recebermos a adoo de filhos (G1 4.4,5). No era necessrio, aos primeiros pregadores, explicar o significado da palavra Salvador. Os judeus o haviam aprendido por sua prpria histria (At 3.36; 13.23). Assim entendiam a mensagem do Evangelho: da mesma forma como Deus enviara Moiss a libertar Israel do cativeiro, enviou tambm o seu Filho, Jesus, a libertar o seu povo dos seus pecados. Entendiam, mas nem todos acreditavam.

    Mesmo antes de morrer, Jesus era Salvador, no sentido de perdoar pecados e curar enfermos. Na cruz, tornou-se Salvador do mundo, e vive eternamente para salvar a todos que nEle crem.

    2. Ser gra n d e. Que Ele grande, sabem-no milhes de cristos. At os descrentes reconhecem no haver surgido ningum maior entre os filhos dos homens. Alguns rabinos, libertando-se de antigas tradies, declaram ter sido ele o maior ensinador e profeta que Israel conheceu. As palavras de Gabriel cumpriram-se literalmente.

    3. Filho de Deus. E ser chamado Filho do Altssimo. Na linguagem bblica, filho de significa quem participa

  • O Rei Prometido 29

    da natureza de algo ou algum. O Filho do Altssimo participa da natureza de Deus. verdadeiramente divino.

    4. Rei de Israel. E o Senhor Deus lhe dar o trono de Davi, seu pai, e reinar eternamente na casa de Jac (ver SI 132.11). Da casa de Davi nasceria o Rei divino de Israel e das naes. Apresentava-se Jesus como Rei de Israel (Mt 21.9), mas seu povo o rejeitava (Jo 19.15). Mesmo assim, subiu ao cu para receber um reino e depois voltar (Lc 19.12-15). Voltar a Israel e ao mundo, depois de haver sido o seu povo purificado por muitas aflies. Ento Israel o receber como Davi seu Rei, ou seja, como legtimo rei da casa de Davi (Jr 30.7-9).

    III. A Resposta de Maria (Lc 1.29,30; 34-38)Notemos as reaes de Maria mensagem do anjo.1. Temor. E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas

    palavras e considerava que saudao seria esta. A viso do anjo era algo maravilhoso, e a saudao, estranha. Maria ficou perplexa. Mesmo assim, conservou silncio; preferia calar-se a falar impensadamente sobre o que no entendia.

    2. A pergunta. Como ser isto, visto que no conheo varo? Estas palavras no expressam dvida. Maria apenas no entende a maneira como se cumprir a profecia. O anjo responde: Descer sobre ti o Esprito Santo, e a virtude do Altssimo te cobrir com a sua sombra; pelo que tambm o santo que de ti h de nascer ser chamado Filho de Deus. Jesus relacionava-se com o Esprito Santo desde o primeiro momento de sua existncia humana. O Esprito Santo veio sobre Maria, e o que dela nasceu tinha o direito de ser chamado santo. Atravs do nascimento virginal, o Filho de Deus tomou sobre si natureza humana. A unio das naturezas divina e humana resultou numa Pessoa, Jesus Cristo (Jo 1.14). Nota-se o efeito da operao divina no nascimento de Jesus pelo fato de ser Ele isento de pecado,

  • 30 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    pela inteira consagrao e conscincia ininterrupta de que era Deus o seu Pai. Rompera-se, finalmente, o poder do pecado, e aquEle nascido de uma virgem , embora homem, foi santo e Filho de Deus. O segundo Homem veio do cu (1 Co 15.47). Sua vida vinha de cima (Jo 8.23), seu decurso era uma vitria sobre o pecado, e o resultado, a vivificao da raa humana (1 Co 15.45). AquEle que no tinha pecado e ainda podia salvar a outros, s poderia ter nascido do Esprito Santo.

    3. F (v.36). O anjo, intentando encorajar-lhe a f, contou a Maria como Deus exercera seu poder no caso de Isabel: Porque para Deus nada impossvel (Gn 18.14).

    Disse ento Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. Ao assentimento da mente segue-se o consentimento da vontade. Maria cr na mensagem do Senhor, entrega-se a ela, disposta a aceitar suas exigncias. Sua submisso foi um exemplo de santa coragem. Sabia que por um tempo seria objeto de suspeita para Jos e outras pessoas. Sua reputao estava em jogo. Curvou-se, no entanto, vontade de Deus. F significa ousar, crer em Deus e confiar nEle, acontea o que acontecer.

    IV. Ensinamentos Prticos

    1. O Cristo do Natal. Predizendo a libertao de Israel e das naes, o profeta, inspirado, proclamou: Porque um menino nos nasceu. Depois, identificou a criana com cinco nomes gloriosos: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Prncipe da Paz.

    Maravilhoso pode ser traduzido como o milagre. A vida e personalidade de Cristo so um milagre do comeo ao fim. Entrou no mundo por um milagre, e de modo milagroso o deixou. Perguntaram a Daniel Webster se ele entendia Cristo. Respondeu que no, e acrescentou que, se

  • O Rei Prometido 3 1

    o entendesse, no poderia crer nEle como poder de Deus. Tinha razo. Um Cristo cuja natureza fosse compreensvel ao raciocnio do homem seria um Cristo humano. E um Cristo humano no seria um Salvador. No Natal, comemoramos um mistrio, aquele mediante o qual o Filho de Deus se torna homem - a Divindade reveste-se de humanidade, o Criador aparece como criatura.

    Como tirar o melhor proveito de nossa vida curta? Escutemos aquEle que disse: Eu sou a luz do mundo, aquEle que lana luz sobre os grandes problemas da vida e de quem foi dito: Tu tens as palavras da vida eterna. Sua a palavra que pode guiar-nos em todas as experincias - tristezas, decepes, perdas, lutos, esgotamento. Nenhum problema por demais complexo para esse Conselheiro divino.

    Nasceu-nos no meramente um ensinador, lder, pregador ou operador de milagres, mas um Salvador. Revela-nos Joo: O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele no somente o Filho de Deus, mas tambm Deus, o Filho. Precisava ser Deus para oferecer substituio ao peso opressor do pecado, bem como para dar-nos uma esperana mais forte que o poder humano e mais veraz que a verdade mortal. Somente um Salvador divino - um Deus Forte pode oferecer resgate alma humana (SI 49.7-9; Mt 20.28).

    Nos dias do Antigo Testamento, descrevia-se o soberano que governava com sabedoria como um pai para o seu povo (Is 22.21,22). Assim era pai Davi (Mc 11.10), o maior rei de Israel. No entanto, Davi era humano, e morreu. Seu reino dividiu-se. Seu descendente, porm, haveria de ser divino, e reinaria para sempre. Davi foi um pai temporrio para o seu povo. O Messias ser um pai eterno, conforme anunciou o anjo: O seu reinado no ter fim. Como ansiamos pelo tempo em que o Reino e o cuidado do Pai da Eternidade prevalecero por toda a terra! (SI 71). Ora, vem, Senhor Jesus!

  • 32 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    E paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem Cristo o Prncipe da Paz porque promove a paz entre os homens, e entre o homem e Deus. Paz trar s naes na sua segunda vinda. Quando perguntaram ao antigo Prncipe de Gales o que pensava da civilizao, ele respondeu- E uma boa idia, vamos come-la! Quando chegar o Prncipe da Paz, a civilizao ser uma realidade, no apenas este tnue vu a cobrir o egosmo e brutalidade do homem (Is 2.1-4; 11.1-9).

    2. Ser grande. A vida terrena de Cristo parecia desmentir esta profecia. Veio ao mundo como criana indefesa. Cresceu num lar pobre, necessitando trabalhar como carpinteiro. To pobre era que no tinha onde descansar a cabea. Finalmente, foi rejeitado pelos de sua religio e caluniado pelos lderes religiosos; foi abandonado pelo povo, e sepultado em tmulo alheio. AquEle chamado Filho do Altssimo sofreu a morte reservada aos mais vis entre os homens.

    A profecia do anjo tem-se cumprido, no obstante Mesmo no-cristos prestam tributo sua grandeza. Einstein, famoso cientista judeu, afirmou: Sou judeu, mas encanta-me a figura luminosa do Nazareno. Strauss, crtico destrutivo da Bblia, descreveu Jesus como o mais alto objeto imaginvel da religio, o ser sem cuja presena a piedade perfeita impossvel. Renan, o ctico francs, declarou: Jesus , em todos os aspectos, nico; nada pode comparar-se a Ele... Mil vezes mais vivo, mil vezes mais amado desde a tua morte do que nos teus dias na terra, tornar-te-s pedra angular da humanidade, sendo que retirar o teu nome do mundo seria sacudi-lo at os alicerces. J no se far mais distino entre ti e Deus. O historiador Lecky escreveu: O simples registro dos'trs curtos anos da vida ativa de Cristo fez mais para enternecer e regenerar a raa humana que todas as discusses filosficas e exortaes moralistas. Comentou o rabino

  • O Rei Prometido 3 3

    Salomo Freehof: Atravs de Jesus, a conscincia de Deus chegou a milhes de homens e mulheres. O tempo no fez desbotar seu retrato vivido. A poesia ainda canta os seus louvores. Ele ainda o companheiro vivo de vidas incontveis. Nenhum muulmano canta: Maom, que ama a minha alma, e nenhum judeu diz a Moiss: Cada momento preciso de ti .

    Se tais louvores partem daqueles que no o reconhecem como Senhor e Salvador, quanto mais deve ser glorifica- do nos seus santos e... admirvel... em todos os que creem (2 Ts 1.10).

    3. A santa curiosidade. Sobre a pergunta de Maria, no verso 34, Spurgeon comenta: Devemos inquirir sobre muitas coisas, devemos ter uma santa curiosidade. Devemos perguntar: Como Ele nos escolheu? Porque o nosso Senhor responde: Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Mas ainda, por que eu? Por que eu? Pode fazer esta pergunta. A santa gratido a exige. E como nos redimiu com o sangue do seu Filho Unignito? Como Ele nos renova? Como nos aperfeioar? Como teremos uma manso no cu e seremos semelhantes ao nosso Senhor? E como seremos ressuscitados? Podemos fazer muitas perguntas que, se no feitas em descrena, recebero uma resposta, ou serviro para aumentar-nos a gratido reverente.

  • 40 Cntico de Maria

    Texto: Lucas 1.26-56

    Introduo

    A nota central da cano de Maria a satisfao pela vinda de um libertador para consolar os arrependidos, satisfazer os famintos de corao e corrigir as injustias da terra.

    Olhando para os mais de dezenove sculos de histria da igreja, muitas coisas h pelas quais podemos sentir-nos gratos, apesar do fracasso de muitos eclesisticos. A Igreja o Corpo de Cristo. Algumas clulas podem perecer. O prprio Corpo enfraquece quando os membros no oram, e sofre se atacado pelos inimigos do Evangelho. Mesmo assim, a Igreja tem sobrevivido, por causa da sua divina alma - o Esprito Santo que nela habita. Enquanto conosco, o Esprito para ns motivo de jbilo. Regozijamo-nos, qual Maria, porque Cristo nasceu em ns. Oremos para que possa Ele nascer nos coraes de muitos.

  • 36 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    I. A Alegria de Maria (Lc 1.46-48)

    1.Fervorosa adorao. A minha alma engrandece ao Senhor. Estas palavras expressam o louvor espontneo e exttico dos que experimentam a bondade de Deus. As palavras minha alma distinguem os sentimentos de Maria da mera admirao superficial. A bondade de Deus tocou-a no mais profundo do ser. Engrandecer glorificar ou anunciar a grandeza de Deus. Evidentemente, nada podemos acrescentar dignidade ou poder de Deus, mas possvel engrandec-lo em nosso ntimo, dando-lhe maior lugar em nossa mente e sentimentos, e anunciando alegremente sua bondade e grandeza. Em Nmeros 13.26-14.10 temos exemplo de algumas pessoas que engrandeceram ao Senhor, e de outras, que valorizaram as dificuldades.

    2. Alegria abundante. E o meu esprito se alegra em Deus, meu Salvador (Lc 10.21). No cabe aqui extensa dissertao sobre alma e esprito. Mas diga-se que ambas as palavras descrevem a parte invisvel do ser humano em contraste ao corpo. Talvez possamos assim defini-los: a alma a parte que opera atravs do corpo; o esprito a parte mais profunda, que mantm comunho com Deus. A exclamao de Maria testifica que todo o seu ser, suas emoes, aspiraes e desejos saltitavam em adorao a Deus por sua bondade.

    Regozijava-se ela em Deus, seu Salvador. Ao libertar o seu povo do Egito, deu-lhe o Senhor revelao de si mesmo. A partir de ento, os israelitas sabiam ser Ele seu Salvador e Libertador (SI 106.21; Is 63.8; 12.2; 43.3,11). Mais tarde, revelado o plano de Deus: libertar o seu povo atravs do Messias. A bendita esperana de Israel, agora, era a salvao por meio do Rei ungido pelo Senhor. Maria experimenta a alegria mpar de saber que dar luz quEle cujo nome ser Jesus, porque ele salvar o seu povo dos seus pecados (Mt 1.21).

  • O Cntico de Maria 37

    a salvao a mais profunda das alegrias - conhecer o poder libertador de Deus (SI 40.1-3; 51.12).

    3. Alegre surpresa. Porque atentou na baixeza de sua serva; pois eis que desde todas as geraes me chamaro bem-aventurada. O contemplar de Deus, nas Escrituras, sinnimo de misericrdia (Lc 9.38). Humildade descreve a posio pouco destacada de Maria no mundo. Ela no entendia por que uma jovem pobre de uma vila obscura fora objeto do favor divino. Todas as geraes me chamaro bem-aventurada. Por iluminao proftica, prev que o favor sem igual a ela concedido trar benefcios a todas as eras. E todos a tero por privilegiada.

    A humildade de Maria destaca-se nas suas atitudes, servindo-nos de liao. Almas nobres nao se entusiasmam com a fama e nem com a prosperidade, pois estas as levariam a perder de vista o Deus a quem tudo devem.

    II. O Deus de Maria (vv. 49-55)M aria, um a v e rd ad e ira is ra e lita , sabe ter sido

    favorecida, no por causa dos seus prprios mritos, mas pelo amor de Deus ao seu povo, amor este que se estende a todas as naes. O elemento pessoal desaparece, e Maria engrandece o carter de Deus, destacando-lhe alguns atributos:

    1. Santidade. Porque me fez grandes coisas o Poderoso; e santo o seu nome . Nas Escrituras, cada nome de Deus representa algo do seu carter - o modo como Ele conhecido ou revelado a ns. Deus santo porque separado e muito acima de tudo que humano e terreno- imperfeito. Neste atributo incluem-se a beleza e a perfeio da natureza divina. Ao descrever o brilho ofuscante daquEle que se assenta no trono celestial, os serafins cantam: Santo, santo, santo o Senhor dos exrcitos (Is 6.3; Ap 4.8).

  • Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    As palavras de Maria neste versculo podem ser assim traduzidas: O que me foi feito revela o poder de Deus, um ato possvel somente quEle que divino.

    2. Misericrdia. E a sua misericrdia de gerao em gerao sobre os que o temem. Entre os tementes a Deus incluem-se Zacarias e Isabel, porm Maria se refere a todos os que formavam o Israel espiritual. As palavras de gerao em gerao mostram que Deus imutvel - o mesmo ontem, hoje e para sempre. A palavra temor indica a reverncia que devem as crianas ao pai, os servos ao seu senhor e os sditos ao rei. A reverncia leva-nos a obedecer os mandamentos de Deus e a fazer sua vontade. Difere este temor do respeito fingido comum s relaes hierrquicas.

    3. Poder. Com o seu brao obrou valorosamente; dissipou os soberbos no pensamento de seus coraes. Deps dos tronos os poderosos, e elevou os humildes (vv. 51,52). A misericrdia mostrada aos humildes contrasta-se severidade com que Deus punir a arrogncia dos poderosos. No estilo comum aos pronunciamentos profticos, Maria fala de eventos futuros no tempo passado, porque tem certeza do que Deus far. A escolha de pessoas humildes (tais quais Maria e Isabel) sinal de que Deus j rejeitou os orgulhosos- princpio que estar presente no estabelecimento do Reino de Deus. Esta profecia cumpriu-se no ministrio de Jesus: ele escolheu humildes pescadores, entre outros, para serem os futuros lderes do seu Reino enquanto os orgulhosos fariseus, escribas e saduceus eram rejeitados e denunciados.Bem-aventurados os pobres [humildes] de esprito, porque

    deles o reino dos cus, disse Ele (Mt 5.3).H dois tipos de transtornos: o errado, mediante o qal

    as coisas certas so reviradas; o certo, mediante o qual as coisas so viradas at ficar nos seus lugares certos. Maria, em seu hino de louvor, exulta em Deus, criador do transtorno correto - o que conduz a uma situao ideal. Tinha ela bons motivos para jubilar, pois, como leal israelita e

  • O Cntico de Maria 39

    mulher de corao terno, certamente comovia-se pelas tristezas e injustias do mundo. Vivia numa poca em que o poder muitas vezes significava injustia, e as riquezas, luxo e sensualidade. Muito provavelmente ela j sofrer a cruel cobia do cobrador de impostos. E, olhando o poderio dos dominadores romanos, por certo a entristecia saber que toda aquela grandeza e opulncia fora edificada s custas dos pobres e indefesos.

    A indignao contra a injustia era, com certeza, caracterstica do Filho de Deus. Ao pecador arrependido, por mais horrveis que tenham sido seus pecados, tratava com ternura. Porm, aos negociantes que profanavam o templo e santos que faziam longas oraes nas esquinas e depois consumiam as casas das vivas, reservava os ais, enquanto relmpagos chispavam de seu olhar. Os que tm o Esprito de Cristo, semelhantemente, sentem ardente indignao contra as injustias e a opresso. Conta-se que F. W. Robertson, grande pregador ingls, era terno e longnimo com os fracos e arrependidos; a falsidade, a hipocrisia e a explorao dos fortes sobre os fracos comoviam-no at s profundezas do seu ser. Um amigo escreveu: J o vi rilhar os dentes e cerrar os punhos ao passar por um homem que ele sabia estar planejando a runa de uma moa inocente. Ele mesmo, depois de descrever as opresses sofridas por mulheres, revelou: Meu sangue corria como fogo lquido. Que Paulo, o apstolo, sentia intensamente os sofrimentos dos fracos, revelam-nos suas palavras: Quem enfraquece, que tambm eu no enfraquea? Quem se escandaliza, que eu me no abrase? (2 Co 11.29).

    H trs tipos de revoluo expressos na cano de Maria:

    3.1. Revoluo intelectual. Dissipou os soberbos no pensamento de seus coraes. A sabedoria humana j no ocuparia lugar de autoridade espiritual. Os filsofos e ra

  • 40 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    binos j no ensinariam o povo, mas trabalhadores e pescadores iletrados ensinariam queles as verdades acerca de Deus. Ocultaste estas coisas aos sbios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos, exclamou Jesus referindo- se cegueira dos que se arvoravam como lderes espirituais do povo.

    O orgulho est por trs de todo grande erro. Constitui-se na adorao do prprio-eu, que leva o homem a colocar-se parte de Deus e da bondade, e assim, a desprezar e m altratar os semelhantes. A exagerada valorizao do prprio-eu produz o andar soberbo e a arrogncia, sendo completamente oposto ao Esprito de Deus e muito semelhante ao esprito de Satans. Deus reage a tal atitude. Certo fazendeiro tinha tantos cavalos, que disse: Nunca me faltaro cavalos, mesmo que Deus no queira que eu os possua . Pouco depois, uma epidemia destruiu todos eles. Pode humilhar aos que andam na soberba (Dn 4.37).

    3.2. Uma revoluo poltica. Na segunda vinda de Cristo, cumprir-se-o as palavras: Deps dos tronos os poderosos e elevou os humildes (Mt 5.5; Lc 12.32; Ap 2.26,27;11.15; 20.4).

    3.3. Uma reviravolta econmica. Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos (SI 72; Lc 6.20,21; Tg 5.1-8).

    4. Graa. Encheu de bens os famintos, e despediu vazios os ricos . Os fam intos representam as pessoas que, a exemplo de Jos e Maria, mal ganham para sobreviver. Os ricos representam os que, na abundncia, se esquecem da sua dependncia de Deus e da responsabilidade para com os necessitados. No significam estas palavras que algum ser salvo por ser pobre, ou condenado por ser rico. Indigentes h que so inimigos de Deus, e ricos que amam ao Senhor. R icos e pobres so smbolos espirituais. As pessoas

  • O Cntico de Maria 41

    que tm riquezas tendem a tornar-se pessoas orgulhosas, auto-suficientes e independentes. Por isso a palavra rico muitas vezes empregada figurativam ente para representar o orgulho. J os pobres tendem a tor- nar-se pessoas humildes, dependentes e cnscias de suas necessidades. A palavra pobre , ento, usada para descrever os humildes. Era o povo comum que escutava de bom grado a pregao de Jesus, enquanto as classes privilegiadas o rejeitavam . E despediu vazios os ricos . Por qu? Porque estavam por demais cheios de si! Ver M ateus 19.22.

    Os fisicam ente fam intos tipificam os que tm fome esp iritual, assim como os ricos tip ificam os que sentem com placncia em sua prpria retido. Aos p rim eiros, assim referiu -se Jesus: B em -aventurados os que tm fom e e sede de ju stia , porque eles sero farto s . O bom apetite um a bno; a m arca de um a vida sadia e norm al, o cam inho para o c resc im ento e fonte de prazer fsico . A perda de apetite um alerta da natureza.

    Semelhantemente, fome espiritual indica sade espiritual. E, o que fome espiritual? a insatisfao com o quanto j galgamos, o anseio por algo superior nas esferas moral e espiritual. To forte este desejo quanto o de um faminto por comida. Muitos anseios jamais sero satisfeitos. Cristo, porm, assegura que o desejo por mais iustia e bondade ser satisfeito (Pv 2.3-5, Is 55.1, Lc11.13).

    Se desejamos a plenitude do Esprito Santo, antes de orarmos: Senhor, enche-me! , peamos. Senhor, esvazia- me!

    5. F idelidade. Auxiliou a Israel, seu servo, recordando-se da sua misericrdia (como falou a nossos pais) para com Abraao e de sua posteridade, para sempre . O nascimento do Messias era o cumprimento da promessa

  • Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    de misericrdia e libertao a Israel. Em essncia, Deus prometera a Abrao que, atravs de uma nao, seriam abenoadas todas as famlias da terra (Gn 12.1-3). Ver Atos 3.25,26. Outras passagens bblicas ensinam que, por causa desta promessa, Deus preservava Israel, apesar da infidelidade deste (Jr 33.19-26; Mq 7.20). Ao enviar seu Filho ao mundo, Deus estava provando lealdade s suas promessas (Rm 15.8).

    Deus enviou Cristo a primeira vez, conforme prometera. Seria menos fiel em sua promessa de envi-lo segunda vez?

  • 5Adorando o Menino

    Recm-nascidoTexto: Lc 2.1-14

    IntroduoCristo veio na plenitude do tempo (G1 4.4), justamen

    te quando o mundo mais ansiava por um Salvador. Entre os judeus, as esperanas despertadas pelas profecias messinicas tornara-se chama ardente. E os pagos cansados da vida ansiavam por luz para a mente e pureza para o corao. Mas estava marcada no relgio da eternidade a hora do nascimento daquEle que seria luz para revelao aos gentios, e para glria do teu povo Israel.

    O mundo, hoje, precisa tanto dEle quanto naquele tempo. O caos em que nos encontramos mostra que o homem perdeu o seu caminho. Cristo poderia mostrar o caminho, mas pouco lugar lhe dado nas conferncias internacionais.

    I. Um Grande Evento (Lc 2.1-7)A profecia declarava que o Messias nasceria em Belm.

    E Deus, sempre no controle da Histria, empregou o me

  • 44 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    canismo do Imprio Romano para cumprir sua palavra: decretou-se um censo no imprio (o mundo de ento), para fins de impostos. Recentemente, foi descoberto um antigo documento no Egito, que nos d as palavras exatas do decreto:

    Estando perto o censo por famlia, necessrio notificar todos os que por qualquer motivo esto fora de casa, que voltem aos seus lares, para cumprirem as regras costumeiras do censo e continuarem firmemente cuidando da propriedade que lhes pertence.

    Declarava tambm a profecia que o Messias seria um descendente de Davi, e, por divina providncia, sobreviveu a famlia de Davi. O herdeiro do trono era um humilde carpinteiro chamado Jos, direito que passou a Jesus. Sendo da famlia de Davi, o censo os levou a Belm, cidade de seu ancestral. Aqui nasceu Jesus, filho de Davi.

    O mundo tinha pouca idia daquilo que Deus estava fazendo. No houve procisso, nem sonido de trombetas, nem apotetica recepo: a glria de Israel e luz dos gentios nasceu numa manjedoura.

    II. Grande Alegria (Lc 2.8-12)

    No apareceram os anjos a orgulhosos fariseus, nem a saduceus mundanos, nem a formais escribas, mas a humildes pastores. Os pastores freqentemente aparecem na Bblia. Moiss e Davi receberam sua vocao enquanto cuidavam de ovelhas. Uma das mais belas descries de Deus a de Pastor (SI 23). O Salvador do mundo comparado ao bom pastor que deixa noventa e nove ovelhas no curral para procurar uma que se perdeu. Portanto, nada mais apropriado fosse o anncio do nascimento do Cordeiro de Deus feito a pastores.

    Mas, por que a estes pastores especificamente? Sem dvida, havia virtude de carter nestes homens, porque, na

  • Adorando o Menino Recm-nascido 45

    Bblia, vises e revelaes usualmente so concedidas pessoas preparadas. Certamente eram homens tementes a Deus. O anjo encontrou-os ocupados. Deus manifesta-se s pessoas que diligentemente cumprem os seus deveres.

    1. A confiana outorgada. No temais. O anjo tranqilizou os pastores a fim de que pudessem escutar com calma a mensagem. O homem enche-se de terror diante do sobrenatural - medo s vezes inspirado pelo sentimento de culpa. Cristo, porm, veio libertar-nos de nossos medos. O medo escondido no fundo do ser removido na Encarnao. O sorriso de Jesus dissipava os temores dos homens, fa- zendo-os desaparecer em risos. Era sua exortao comum: No temais. Ele veio ao mundo dissipar o abatimento, o desnimo, o pessimismo e o terror. Ainda hoje, fala alma perturbada: No tema.

    2. A explicao. Eis aqui vos trago novas de grande alegria, que ser para todo o povo. bom exortar pessoas a no terem medo; melhor ainda dar-lhes razo para no temer. Os pastores no deviam temer, porque a mensagem do anjo no era aterrador juzo, mas boas novas - literalmente evangelho - de Deus.

    Ameaas de juzo so necessrias aos que no se arrependem; mas lembremos ser o Evangelho acima de tudo boas novas - o perdo gratuito oferecido por Deus. Estas boas novas trazem grande alegria a todos os povos. lastimvel a idia de que o Evangelho toma as pessoas tristes e sombrias. Cristo veio ao mundo para trazer a alegria de viver - a vida abundante.

    3. A declarao. Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que Cristo, o Senhor. Salvador, Messias e Senhor so os nomes dados quEle to esperado por Israel.

    3.1. Salvador. Judeus esclarecidos esperavam fizesse o Messias dupla libertao: uma espiritual, com o perdo dos pecados (Ez 36.25-29), e outra poltica, com a restaurao

  • 46 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    nacional (Ez 27.22-28). Esta esperana vinculava-se ao Menino nascido da casa de Davi (Is 9.6,7), e cumpriu-se quando o anjo anunciou a Jos: E dar luz um filho e chamars o seu nome Jesus, porque ele salvar o seu povo dos pecados deles (Mt 1.21). Jesus quer dizer salvao.

    3.2. Cristo (ou Messias). Cristo o Ungido de Deus: Profeta para iluminar o povo, Sacerdote para purific-lo e Rei para govern-lo. As esperanas de libertao do pecado, sofrimento e opresso renem-se em torno da palavra Messias.

    3.3. Senhor. Esta palavra descreve o Menino recm- nascido como aquEle diante de quem se curvar todo joelho, e toda lngua confessar Senhor (Fp 2.9-11). Cham-lo Senhor atribuir-lhe divindade (1 Co 12.3; cf. Mt 16.16,17).

    4. O sinal. E isto vos ser por sinal: achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. A cena incomum de um recm-nascido deitado numa manjedoura confirmaria a mensagem do anjo. Tal lugar era impressionante contraste declarada glria do Menino.

    III. Grande Paz (Lc 2.13,14)

    E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multido dos exrcitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glria a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens. Quadros h que representam os anjos flutuando, mas possvel que tivessem formado fileiras em torno dos pastores para cantar.

    Era natural fosse o advento de Cristo acompanhado por anjos. Estes seres celestiais interessam-se pela histria e bem- estar da raa humana. Eles inquirem com celestial curiosidade acerca do relacionamento entre Deus e o homem (1 Pe 1.12), admiram a sabedoria com que Ele o trata (Ef 3.10), regozijam-se quando as pessoas se arrependem (Lc 15.10) e

  • Adorando o Menino Recm-nascido 47

    ministram a elas em suas necessidades (Hb 1.14). Assim como cantavam e se regozijavam na criao do mundo (J38.7), regozijam-se agora com a esperana da redeno.

    Glria a Deus nas alturas, paz na terra. As hostes celestiais louvam a Deus pelo maravilhoso amor dedicado humanidade, e proclamam os resultados do advento de Cristo:

    1.Glria a Deus. Cristo glorificar a Deus no grau mximo ao dar ao mundo a grande manifestao da sua natureza (Jo 1.1,14; 2 Co 4.6).

    2. Paz na terra. Centenas de anos antes, o profeta anunciara o ttulo de Prncipe de Paz quEle que haveria de ser o Salvador do mundo. Cristo veio estabelecer a paz entre o homem e Deus, entre homem e homem, e do homem consigo mesmo. Assim, restaurou os relacionamentos estragados pelo pecado (Ef 2.14).

    IV. Ensinamentos Prticos

    1 .N o ha via lugar... na e s ta la g e m . Este fato prefigurava a atitude de Israel: Veio para o que era seu, e os seus no o receberam. Assim tambm as naes, hoje. No tem havido lugar para Ele na movimentada hospedaria das relaes internacionais, da indstria e outros crculos deste mundo ocupado consigo mesmo.

    H tambm uma aplicao pessoal. Nossas vidas, sobrecarregada pelos afazeres, empobrecero se no deixarmos lugar para Ele.

    2. Almas singelas. Havia naquela mesma comarca pastores. Povo simples! Consideremos sua humildade - nenhum sentimento de orgulho a brotar do grande privilgio. Contemplemos sua singela coragem - foram direto a Belm prestar homenagem ao Menino. Notemos-lhe a singela alegria ao encontrarem o Menino.

  • 48 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    So eles exemplo vivo da necessidade de nos tornarmos como crianas para entrar no Reino (Mt 18.3). Huxley, grande cientista do passado, disse ser esta a melhor atitude para a descoberta das verdades espirituais. A auto-suficincia, o egosmo e o orgulho mirram a alma. A verdadeira grandeza s existe nas almas singelas.

    3. Vos nasceu hoje o S a lv a d o r No ser um sistema poltico ou econmico que consertar o mundo. Israel recebeu de Deus um cdigo perfeito de leis, mas o sistema fracassou pela maldade da natureza humana. Por esta razo a Nova Aliana promete mudar o corao do homem, para que este possa guardar os mandamentos de Deus (Jr 31.31-34).

    As melhores leis podem ser violadas, evitadas ou aplicadas de modo interesseiro. Ao corao purificado do pecado e do egosmo, poucas leis so necessrias. O Messias veio introduzir o Reino de Deus, ou seja, fazer com que os homens se submetam s leis divinas. Assim faz ao perdoar pecados e transformar coraes. Regenerao, e no legislao: esta a maior necessidade do mundo.

    4. Prncipe da Paz. Muitas vezes, o Natal celebrado enquanto naes esto em guerra. E as pessoas perguntam, perplexas ou com ironia: Onde est o Natal? Em tais circunstncias, paz na terra parece zombaria.

    No entanto, a prometida paz no seria entregue como se fora uma mercadoria. Tal promessa segue-se submisso liderana de Cristo. De fato, Ele predisse que entre algumas pessoas sua vinda teria o efeito oposto (Mt 10.34,35). Previu que a prpria recusa paz produziria conflitos.

    C on tudo , n este m undo co n fu so , onde gu e rra s irrompem a cada momento, os filhos de Deus tm paz no corao. Cum prem -se neles as palavras do coro angelical.

  • Adorando o Menino Recm-nascido 49

    Na sua segunda vinda, o Senhor travar a guerra que terminar com todas as guerras. A paz, ento, cobrir a terra como as guas cobrem o mar (Is 2.1-4; 11.1-9; Ap 19).

  • Simeo eAna

    6

    Texto: Lucas 2.25-38

    IntroduoOs dois primeiros captulos de Lucas impressionam pela

    quantidade de referncias ao Esprito Santo e pelos hinos e profecias inspirados, referentes ao Messias e seu Reino. Conclumos que Deus preparou o caminho da primeira vinda de Cristo mediante um derramamento do Esprito, expresso em pronunciamentos profticos. Receberam-no israelitas devotos que ansiavam e oravam pela vinda do Messias. Entre os que viviam na poca da primeira vinda do Messias, havia um homem chamado Simeo, e uma mulher, Ana, ambos muito idosos.

    I. O Carter de Simeo (Lc 2.25-27)1. Justo. Homem este justo e piedoso. Simeo era jus

    to com respeito aos mandamentos de Deus - vivia corretamente - e piedoso em seu relacionamento com Ele - amava ao Senhor e era espiritual. Chamariam-no os vizinhos homem bom, generoso, misericordioso e benevolente.

  • 52 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    2. Esperanoso. Esperava a consolao de Israel , ou seja, a vinda do Messias. Havia entre os judeus piedosos da poca a convico de que a vinda do Messias no seria adiada por muito tempo (cf. Mc 15.43). Era comum a orao: Deus conceda que eu possa ver a consolao de Israel!

    3. Ungido pelo Esprito. E o Esprito Santo estava sobre ele. Havia muito tempo, o Esprito Santo deixara os lderes de Israel, e eles jaziam em meio palha seca da formalidade. Deus estava procurando almas humildes e consagradas, sedentas de retido. Por vezes a morte de igrejas estabelecidas leva-o a despertar novos movimentos espirituais entre as pessoas humildes e simples. O reavivamento wesleyano um exemplo.

    4. Ensinado pelo Esprito. Revelara-lhe o Esprito Santo que no passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor. Pessoas virtuosas e sinceras tm confundido o intenso anseio pela volta do Senhor como sinal de que a vero acontecer. No caso de Simeo, porm, houve genuna revelao de que o desejo do seu corao seria satisfeito.

    5. Orientado pelo Esprito. Movido pelo Esprito foi ao templo. Um impulso secreto o fez dirigir-se ao santurio. Era um momento crtico, quando tudo dependia da sua obedincia voz de Deus.

    II. A Gratido de Simeo (Lc 2.27-33)1. Sua ao. E, quando os pais trouxeram o menino

    Jesus para fazerem com ele o que a lei ordenava, Simeo o tomou nos braos. Oito dias aps o nascimento, circun- cidava-se ao menino israelita. Era sua incluso formal aliana abrmica. Um ms depois, a me oferecia sacrifcios especiais por ele no Templo. O primognito do sexo masculino era apresentado ao Senhor. Este ato significava que Deus tinha o direito de exigir o servio de todos os

  • Simeo e Ana 53

    membros do seu povo. Ler xodo 13.2; Nmeros 8.16; 18.15. Nossa praxe de dedicar criancinhas tem razes neste costume judaico.

    Os pais de Jesus, antes de entregar o Menino ao sacerdote, fizeram-no repousar nos braos de quem era espiritualmente um sacerdote de Deus, ungido, no com o smbolo do Esprito (o leo), mas com a realidade. A cena de um homem muito velho segurando o Salvador recm-nascido tem forte simbolismo: Simeo representa a Antiga Aliana, j esgotada pela velhice (Hb 8.13), pronta a abraar o Evangelho e ir-se embora em paz.

    2. Sua orao. Qual cisne a cantar antes da morte, assim tambm este servo de Deus irrompe num salmo de aes de graas ao ver o Salvador. Cumpriu-se a profecia de que no passaria pela morte antes de v-lo. Com piedosa gratido, despede-se da vida, uma vez cumpridos os seus desejos. Agora, Senhor [literalmente: Mestre], despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra (v. 29). Estas palavras no so propriamente uma orao, mas a declarao de um fato, como se dissesse: Senhor, minha vida tem sido dedicada ao teu servio. Esta criana o sinal da minha retirada. Estou pronto para ir . Note a ilustrao contida nas palavras de Simeo. Ele aplica a si mesmo a figura de um sentinela colocado por seu mestre num lugar elevado, a fim de observar o aparecimento de certa estrela e dar notcias de sua chegada. Avistada a estrela, anuncia seu aparecimento, e pede licena para deixar a posio.

    3. Sua f . Porque os meus olhos j viram a tua salvao, a qual preparaste diante de todos os povos . Simeo v na criana pequena e indefesa o meio que Deus determinou para a salvao da raa humana. Ver Jesus ver a salvao. Sendo a criana semelhante a qualquer outro nen, como sabia Simeo tratar-se do Salvador? (Lc 2.27; 2 Co 5.7).

  • 54 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    4. Sua revelao. O Salvador viria para gentios e ju deus, revelando-se de modo mais apropriado s suas necessidades. Ele seria luz para revelao aos gentios cercados de trevas espirituais. Ao povo escolhido, agora humilhado e pisoteado, seria glria do teu povo Israel. Ele trouxe glria a Israel. O seu nascimento a razo de os israelitas serem honrados entre as naes (embora eles no reconheam este fato).

    5. Sua bno. E Jos e sua me se maravilharam das coisas que dele se dizia. No que Simeo profetizasse algo novo. Mas surpreenderam-se que um desconhecido possusse to profundo conhecimento a respeito do destino da criana.

    Simeo os abenoou. Por que Simeo no abenoou a criana? (Hb 7.7).

    III. A Profecia de Simeo (Lc 2.34,35)Esperanas ilusrias facilmente poderiam ter tomado

    posse dos amorosos pais, ao ouvirem as palavras registradas nos versos 29-32. Simeo, porm, acrescenta solene predi- o que lhes coloca no corao a gota amarga que nunca falta alegria, mesmo espiritual, neste mundo pecaminoso. Simeo predisse a maravilhosa influncia que teria aquela criana na histria do mundo; viu que o aceit-lo seria fonte de bno, e o rejeit-lo resultaria em sria condenao.

    1. Para seus inimigos. A criana seria a runa de muitos em Israel. provvel haver aqui uma referncia a Isaas 8.14, que descreve o Messias como rocha: serviria de refgio aos que cressem, mas esmagaria os que contra ela se rebelassem.

    Os lderes israelitas ficaram escandalizados com a origem humilde de Jesus, seu amor para com os pecadores e sua oposio s tradies. O povo escandalizava-se com a sua mansido, que desfazia a imagem popular de um Mes

  • Simeo e Ana 55

    sias guerreiro. Como resultado, os lderes faziam-lhe cerrada oposio, e o povo se dividia em opinies. Os judeus continuaram a se escandalizar com a mensagem do Cristo crucificado (1 Co 1.23), at que, quarenta anos aps a crucificao, veio o julgamento divino. Jerusalm e o Templo foram destrudos. A nao tropeara e cara.

    2. Para o seu povo. Era tambm destino da criana a elevao de muitos em Israel . Firmando os ps sobre a Rocha, muitos humilhados alcanariam honra e estima; abatidos ganhariam esperana; e os filhos da terra receberiam as glrias do cu (1 Co 1.18).

    3. Para a sua me. E uma espada traspassar tambm a tua prpria alma. A oposio a Jesus chegaria a tal ponto que o corao de Maria seria terrivelmente atingido. E, ao ver o filho crucificado, a espada da angstia traspassou-lhe o corao (Jo 19.25).

    4. Para toda a humanidade. Os antigos usavam uma pedra preta (pedra de toque) para testar a qualidade do ouro e da prata, a partir da marca que estes metais deixavam na pedra. Assim tambm Cristo. Seu contato com as pessoas fazia-as revelar, cada uma, o seu carter. A salvao chegara, para que se manifestem os pensamentos secretos de muitos coraes. Por baixo das formas externas de piedade, havia hipocrisia, avareza e orgulho. Simeo profetizou que o ministrio de Jesus seria a ocasio de revelar este veneno oculto sob a capa da religiosidade. Enquanto Jesus ensinava, revelavam-se os coraes. Os que amavam ao Senhor, seguiam-no; os que preferiam as trevas, para disfarar suas ms obras, rejeitavam-no.

    IV. Gratido e Testemunho de Ana (Lc 2.36-38)Havia no Templo uma mulher piedosa que ficara viva

    sete anos aps o casamento. Possua os dotes espirituais das grandes mulheres do Antigo Testamento: Miri, Ana,

  • 56 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    Dbora, Hulda. Talvez tivesse reputao de profetisa, razo pela qual era-lhe reservado um pequeno quarto no Templo. Ali orava, e talvez fizesse algum servio no santurio. Teve, tambm, o privilgio de ver o rosto do menino recm-nascido, e, a partir daquele momento, falava dele a todos os que esperavam a redeno de Jerusalm.

    V. Ensinamentos Prticos

    1. A velhice piedosa uma coroa. O senhor no est muito cansado? perguntou a visitante ao piedoso campons alemo, Gottlieb. No, senhorita, respondeu ele, oferecendo-lhe peras maduras. No fico cansado; estou apenas esperando, esperando. Acho que agora estou mais ou menos maduro e que, dentro em breve, cairei por terra; e ento, imagine s: o Senhor me recolher! Senhorita, voc ainda jovem , comeando a florescer; vire-se para o Sol da Justia, a fim de que possa ficar madura no seu servio .

    Sejam os ltimos dias do crente os melhores. Os oradores empregam o mximo de percia e cuidado no desfecho do seu discurso, com o objetivo de causar profunda impresso. O crente deve viver de tal forma que seus ltimos dias sejam a coroa de sua vida inteira.

    2. Pronto para a vinda do Senhor. Como preparar-se para a vinda do Senhor? Esta pergunta comum hoje em dia. Simeo tinha um carter que o tornava digno de contemplar o Senhor. O Esprito Santo era o seu Lder; a f, o seu consolo; a piedade, a sua vida; o Salvador, sua alegria; e o despedir-se da vida, o seu desejo.

    No se constitui erro concluir que os nascidos de novo, que amam ao Senhor e andam conforme sua Palavra, esto preparados para se encontrar com o Senhor. Os que esto em Cristo sero levados para junto dEle (1 Ts 4.17). Estar em Cristo ser controlado por Ele, viver para Ele.

  • Simeo e Ana 57

    3. A Viso de Cristo remove o temor da morte. Ele ento o tomou em seus braos e louvou a Deus. O gesto de Simeo ilustra o reconhecer e aceitar o Salvador. Simeo reconheceu Cristo logo que o viu, abraou-o logo que o teve prximo e sentiu prazer nEle logo que o abraou. Chegara o fim de longos anos de espera; estava pronto a morrer e a contemplar a glria de Deus.

    Ningum estar pronto para morrer at que tenha visto a Jesus. E no h preparo melhor para se enfrentar a morte. Mesmo que no se tenha realizado as ambies da vida, ou levado a efeito alguma obra grandiosa, no importa: a maior realizao da vida ver a Jesus.

    4. Revelando os coraes. Para que se manifestem os pensamentos de muitos coraes. O Senhor Jesus julgar a raa humana naquele dia final (At 17.31). J em seu ministrio terreno mostrava-se Juiz, por sua capacidade de revelar o carter das pessoas atravs do ensino. Os fariseus e saduceus, Caifs, Pilatos e outros, imaginavam estar ju lgando Jesus; na realidade, eram eles os rus. E a Histria registrou o veredito.

    Ningum que procurasse Jesus continuava o mesmo aps a entrevista. A exposio dos padres divinos e das necessidades pessoais revelava a cada um a natureza do seu corao, determinando-lhes, muitas vezes, o destino (Mt 19.21-23; Lc 9.57-62; Jo 6.26,27). As interrogaes dos apstolos e demais ouvintes davam ao Senhor a oportunidade de julg-los e corrigi-los. A reao da pessoa aos ensinos do Mestre determinava-lhe o destino.

    Certo estudioso disse no haver regra de conduta melhor que viver de maneira a ser aprovado por Cristo. Para viver assim, a pessoa precisa tornar-se crist, vindo a seguir a regra mais sublime: agradar ao Mestre.

    Cristo continua a perscrutar os coraes, e, mediante seu Esprito, trazendo luz tudo o que est oculto, para que conheamos a ns mesmos (Jo 21.15-17).

  • 5 8 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    5. Sofrendo com Cristo. E uma espada traspassar tambm a tua prpria alma. O fato de ser me do Messias trouxe a Maria grande honra, mas Simeo advertiu-a de que enfrentaria sofrimentos. Honra e sofrimento aguardam tambm queles unidos a Cristo pelos laos da fraternidade espiritual. Este relacionamento torna-os filhos de Deus, irmos e co-herdeiros de Cristo. Mas isto significa ser tambm co-participantes de seus sofrimentos. Certa tradio atribui a Jesus esta frase: Quem est perto de mim, est perto do fogo. Para acompanh-lo, necessrio carregar a cruz.

    Esteja o discpulo pronto a aceitar bnos ou adversi- dades, honra ou censura.

    6. O Salvador rejeitado. natural aceitarmos o que de bom nos oferecido. Simeo, porm, predisse que Jesus seria alvo de contradio. E por qu? A ignorncia uma das razes. Pessoas h que no confessam necessitar dEle porque no conhecem seus prprios coraes. Alm disso, existe na mente do homem uma averso natural s coisas de Deus. A maioria das pessoas considera este mundo o nico verdadeiro. Poucos esto dispostos a abrir mo dele por um outro, invisvel, porm melhor.

    difcil entender, s vezes, por que tantas pessoas rejeitam as bnos do Evangelho. Contudo, no sirva tal fato para desencorajar-nos em nossos esforos de divulgar o Evangelho. Desde o princpio, profetizou-se que muitos no acreditariam na mensagem.

    7. A escolha do homem determina o seu destino. Eis que este posto para queda e elevao de muitos em Israel . O mesmo sol que torna fru tfera a terra, pode transform-la em deserto. O Evangelho que derrete um corao pode levar outro a endurecer-se. A mensagem cjue traz salvao a uns causar a condenao de outros. E a atitude do homem para com a mensagem de Deus que lhe determina o destino. Mesmo no mundo fsico, as coisas

  • Simeo e Ana 59

    boas, quando indevidamente empregadas, podem destruir o homem. A utilssima eletricidade pode reduzir algum a cinzas se manuseada de modo descuidado. O poder salvador de Jesus pode tambm destruir aos que o rejeitam e opem-se a ele.

    O homem moderno no gosta de ser encostado contra a parede para decidir o destino de sua alma. Prefere um meio- termo, evitando extremos de bondade e maldade, e deixando as coisas acontecerem naturalmente. A verdade, porm, que o Evangelho significa uma escolha entre Cristo e o mundo, entre o cu e o inferno. E a pessoa precisa decidir- se. Quem no por mim, contra mim.

    8. Uma me em Israel. Ao descrever a viva a ser apoiada e sustentada pela igreja, Paulo escreveu: Ora, a que verdadeiramente viva e desamparada espera em Deus, e persevera de noite e de dia em rogos e oraes (1 Tm 5.5). Ana enquadra-se muito bem neste perfil; sua vida era toda orao e intercesso.

    Ana foi a primeira mulher a dar testemunho de Cristo, testemunho este inspirado por uma longa espera, baseado em viso pessoal, dado com grande coragem, selado por uma vida santificada e coroado por uma velhice feliz.

    O considerar sua vida faz-nos render graas a Deus por todas as mes em Israel, cujas oraes significam mais para a obra de Deus do que a maioria reconhece.

  • 7Jesus Quando

    MeninoTexto: Lucas 2.39-52

    Introduo

    Mateus enfatiza a soberania de Cristo. Marcos destaca os seus atos. Joo ressalta a sua divindade. Lucas mostra em primeiro plano a sua humanidade. Mostra-o como Deus-homem, o Homem perfeito, em todos os aspectos semelhante a ns - porm isento de pecado. Faz- nos entender o evangelista que o Filho de Deus viveu uma vida perfeitamente humana, necessria para que se tornasse nosso Salvador e Sumo Sacerdote. No se fez assim pela degradao da natureza divina, mas para glorificar a natureza humana. Fez-se o Filho do homem a fim de que os seres humanos pudessem tornar-se filhos de Deus.

    Portanto, no de surpreender ter sido Lucas o nico a narrar um incidente da infncia de Jesus. O ser humano passa por etapas especficas de desenvolvimento mental e fsico. Prova-nos Lucas que a encarnao (Jo 1.14) no era fingida. O Filho de Deus cresceu como qualquer criana.

  • 62 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    Consideremos juntamente os versos 40 e 52, pois transmitem a mesma idia. Estes versculos declaram que Jesus crescia espiritual, mental e fisicamente, e a visita ao templo ilustra este fato. Fisicamente, era como um menino de doze anos, mas deixou atnitos os estudiosos pelos grandes conhecimentos demonstrados acerca das Escrituras. Espiritualmente, possua o testemunho ntimo de que era o Filho de Deus - o Messias.

    I. Jesus, Perdido na Multido (Lc 2.42-45)1. A viagem. Ora, todos os anos, iam seus pais a

    Jerusalm, festa da pscoa; e, tendo ele j doze anos, subiram a Jerusalm, segundo o costume do dia da festa . A Lei de Moiss exigia a presena dos judeus nas trs grandes festas nacionais: Pscoa, Pentecoste e Dia da Expiao. Mas a disperso do povo por terras estrangeiras tornou impraticvel a observncia desta lei. Mesmo assim, muitos judeus devotos, especialmente os que viviam na Palestina, compareciam regularmente a estas festas. A ordenana era obrigatria somente para os homens, mas o conceituado rabino Hillel recomendava a presena das mulheres na Pscoa, a maior festa de Israel. A presena regular de Jos e Maria indica fiel observncia Lei de Moiss. Aos doze anos, Jesus foi levado pela primeira vez festa em Jerusalm, fato que pode ter conexo com a proximidade dos treze anos. Nessa idade, o menino judeu atingia a maioridade religiosa, celebrando formalmente o evento.

    2. A separao. E, regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalm, e no o souberam seus pais. Pensando, porm, eles que viria de companhia pelo caminho, andaram caminho de um dia. No Oriente, um menino est mais maduro aos doze anos que os da civilizao ocidental. razovel, portanto, supor-se ter sido o menino deixado por sua prpria conta a maior

  • Jesus Quando Menino 63

    parte dos sete dias da festa. E, ao invs de reunir-se ao grupo de peregrinos para a viagem de volta, Jesus foi para o Templo, onde por certo j passara boa parte do seu tempo, porque nesse perodo de sua vida sentia fortemente a conscincia de ter sido chamado para tratar dos assuntos de seu Pai. Durante o primeiro dia da viagem, Jos e Maria no sentiram falta do menino. O fato de ter Ele ficado para trs, sem que Jos e sua me o soubessem, indica que Jesus vivia livre em companhia dos meninos da sua idade, e que tinha convvio com amigos e parentes. Sabendo-o um menino normal, Jos e Maria nao se preocuparam com sua ausncia. No segundo dia, porm, sentiram sua falta, e procuravam-no entre os parentes e conhecidos. Acharam- no ao terceiro dia, no Templo.

    II. Jesus Encontrado no Templo (Lc 2.46-50)1. Os sbios atnitos. Nesse perodo, o Templo exer

    cia profundo fascnio sobre o menino Jesus, porque chegara a um momento crtico de sua vida: a conscincia de sua natureza e misso divinas afetava-o poderosamente. O escritor foi inspirado a incluir este incidente para deixar claro aos leitores que, aos doze anos de idade, Jesus estava ciente de sua condio de Filho de Deus e de que tinha uma misso a cumprir. Nada mais natural, portanto, fosse Ele encontrado na casa do seu Pai, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os . Diz-se que havia uma sinagoga (casa de reunies) dentro do Templo, onde os grandes ensinadores de Israel ministravam nos sbados e feriados religiosos. No decurso das prelees, os rabinos faziam perguntas aos ouvintes, que, por sua vez, tinham licena para interrogar o mestre. E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligncia e respostas . E, se o debate era acerca do Messias e sua obra - o que bem provvel -, podemos entender a estupefao dos mestres ante as pergun

  • 64 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    tas e respostas do menino. Sabendo ser o Messias, Jesus debatia o assunto com clareza, uno e autoridade.

    2. Jos e M aria fica ra m atnitos. E quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua me: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurvamos (cf. v. 50). Maria perdeu de vista, por um momento, a natureza divina de Jesus, ao cuidar de sua natureza humana, considerando-o afetuosamente o seu menino . Temos aqui um desses toques casuais que atestam a veracidade dos escritores dos Evangelhos. muito improvvel que um pio contador de histrias tivesse representado Maria no ato de repreender o Filho de Deus. A histria dos Evangelhos sobrenaturalmente natural!

    3. Jesus ficou atnito. E ele lhes disse: Por que que me procurveis? No sabeis que me convm tratar dos negcios de meu Pai?

    H uma nota de surpresa nestas palavras. Afinal, desde antes de seu nascimento, Jos e Maria estavam informados da natureza e misso de Jesus. Considerassem este fato e o teria procurado primeiro na Casa de Deus, porque era o desejo supremo de Jesus fazer a vontade do Pai: No sabeis que me convm tratar dos negcios de meu Pai? Estas palavras espelham o homem que Jesus viria a ser. Sua obra se desenvolveu segundo o esprito destas palavras, de modo que, na cruz, pde exclamar, triunfante: Est consumado! Aquelas palavras atestavam a filiao, dedicao e servio de Cristo.

    3.1. F iliao. Meu Pai. Quando Maria disse: Teu pai, falando de Jos, Jesus corrigiu-a, de modo suave e indireto, dizendo: Meu Pai, referindo-se a Deus. Note- se que Jos no descrito como pai de Jesus, que nasceu da virgem; so chamados: Jos e sua me (Lc 3.23). Entendemos assim que, mesmo em tenra idade, Jesus sabia que era Filho de Deus (quanto natureza) e

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    o Messias (quanto vocao). A expresso Meu Pai era o modo mais comum pelo qual Ele descrevia seu relacionamento com Deus. Em nenhum lugar dos Evangelhos Jesus o chama nosso Pai. (A Orao Dominical ensinava os discpulos a orar, e eles tinham de dizer: Pai nosso.) Noutras palavras: Ele era o Filho de Deus. O homem regenerado um filho de Deus.

    3.2. D edicao. Me cumpria estar . Desde a m eninice, Jesus era plenamente consagrado a Deus, e tinha profundo senso de responsabilidade. A expresso cum pre-m e levou-o cruz. E Ele empregou-a at o fim. Aparece cerca de 30 vezes no Novo Testamento com relao sua misso, morte, ressurreio, ascenso, soberania sobre as naes e vitria final sobre o pecado e Satans. Ver Mateus 16.21; 26.54; Marcos 8.31; Lucas 4.43; 19.5; 24.44; Joo 3.14; 4.4; 9.4; 10.16; 12.34; 20.9.

    3.3. Servio. Na casa de meu Pai; ou: Tratar dos negcios do meu Pai. Aos 12 anos, Jesus tinha uma vocao ao servio de Deus. Aos 30 anos, comeou seu ministrio ativo. Para Ele, negcios do Pai era glorificar a Deus na sua vida, como perfeito exemplo, e na morte, oferecendo-se como sacrifcio pelos pecados do mundo.

    III. Jesus se Desenvolve no Lar (Lc 2.40,51,52)1. Sua perfeita obedincia. E desceu com eles, e foi

    para Nazar, e era-lhes sujeito. Com estas palavras, informa-nos Lucas no ser a declarao no verso 49 um repdio ao dever filial. Embora Filho de Deus, Jesus no exigia iseno de responsabilidades, obrigaes e fardos da vida. Ainda na agonia da cruz, preocupou-se com o futuro de sua me (Jo 19.26).

    2. Seu crescim ento normal. Os escritores dos Evangelhos mantm silncio quase total acerca da juventude

  • 66 Lucas, o Evangelho do Homem Perfeito

    de Jesus. No seu propsito satisfazer esta curiosidade, mas inspirar a f. Desta fase, este o nico incidente registrado, e s Lucas o menciona. E o faz em fidelidade a seu propsito de mostrar a perfeita humanidade do Filho de Deus - que Jesus cresceu como qualquer outra criana. Ele era verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem - Filho de Deus e Filho do homem, Filho do Cu e Filho da terra, Amigo de Deus e Amigo do homem, Habitante da eternidade e Habitante do tempo. Notemos:

    2.1. Crescimento fsico. Crescia em estatura. E crescia Jesus. Por vezes, representam-no os pintores plido e doentio. certo, porm, que o trabalho braal na carpintaria e o tempo passado ao ar livre tenham-lhe dotado de corpo forte e saudvel. Um corpo forte e saudvel de grande ajuda ao servio cristo.

    2.2. Crescim ento m ental. E crescia Jesus em sabedoria . Um gigante pode ser m entalm ente retardado. Mas o Senhor crescia em conhecimento. M elhor ainda, na capacidade de aplicar este conhecim ento - esta a sabedoria. O homem cresce em sabedoria m ediante a correo de erros e falhas. Jesus, porm, teve crescimento perfeito, livre das lim itaes de uma natureza pecaminosa.

    2.3. Crescim ento espiritual. Crescia... em graa para com Deus. E a graa de Deus estava sobre ele. Por causa de sua natureza humana, Jesus tinha de viver pela f no Deus invisvel, e conservar-se em comunho com Ele mediante a orao e leitura da Palavra. Ao seu desenvolvim ento fsico acom panhava o crescim ento da bno divina em sua vida. A beleza de carter da resultante merecia, naturalmente, a boa graa dos seres humanos. Quando este favor divino manifestou-se de maneira mais marcante? (Mt 3.16,17).

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    IV. Ensinamentos Prticos

    1. Procurando o Cristo perdido. Embora intimamente relacionados com o Filho de Deus, Jos e Maria perderam-no de vista em meio multido. Os que se relacionam espiritualmente com Ele podem passar pela mesma experincia.

    1.1. Onde Ele fo i perdido. Jos e Maria perderam Jesus no mesmo local e circunstncias em que ns tam