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  • Livros Didticos de Histria:

    pesquisa, ensino e novas utilizaes deste objeto cultural

    Margarida Maria Dias de Oliveira1

    I - A escola na dianteira da academia: as pesquisas sobre livro didtico de Histria

    No Brasil, aps a redemocratizao, iniciada no final da dcada de 70 do sculo XX,

    realizou-se uma srie de trabalhos que atribuam ao livro didtico diversos problemas, e isto atingia

    diretamente a qualidade da educao.

    Estes trabalhos estavam corretos e cumpriram um papel fundamental. As avaliaes

    sistemticas e cada vez mais aperfeioadas, empreendidas pelo Ministrio da Educao por meio

    das Universidades, vm, desde meados da dcada de 90 do sculo XX, garantindo que cheguem s

    escolas livros sem erros ou falhas na sua editorao.

    As primeiras pesquisas sobre a utilizao sobre livros didticos ainda no final da dcada

    de 70 do sculo XX - so frutos de experincias ditas alternativas em sala de aula. Relatam

    experincias de ensino com fontes primrias, com msicas, com teatro, com filmes/vdeos, com

    estudos do meio, com fichas de leitura, com produo de textos, entre outras.

    Posteriormente, com o desenvolvimento das pesquisas, concentradas nos programas de ps-

    graduao em educao, temos um outro quadro. Inicialmente se concentraram na externalidade da

    sala de aula: leis, currculos, livros didticos. S atualmente vm caminhando para a internalidade

    da sala de aula, isto , os temas anteriormente citados continuam sendo analisados, mas nas suas

    inter-relaes com o que se faz dentro da escola e da sala de aula. Como so interpretados esses

    elementos formais da educao pelos seus agentes sociais.

    Num primeiro momento, os trabalhos sobre livros didticos de histria, centraram-se nas

    denncias de uma ideologia dominante contida nestes, da ausncia de determinados temas nos

    mesmos, ou at de tratamentos errados de alguns temas ou fatos pelos autores de livros didticos.

    Foram importantssimos, pois mapearam um elemento que se tornou indispensvel nas escolas.

    Hoje, porm, requer novos enfoques: a formao inicial dos professores e a relao

    autores/editoras/indstria cultural podem ser assinalados como uma amostra desses novos

    caminhos.

    extremamente importante que se estimulem novos caminhos para a pesquisa do livro

    didtico. Convnios entre agncias de fomento e o Ministrio da Educao, no sentido de abrir

    1 Professora do Departamento de Histria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN.

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  • possibilidades de financiamentos de pesquisas sobre livros didticos, seriam fundamentais para

    produo de novos conhecimentos.

    O valor do livro didtico engloba aspectos pedaggicos, econmicos, polticos e culturais.

    Portanto, pesquisas deveriam observ-los. Alm disso, seria til encontrar instrumentos de pesquisa

    confiveis para avaliar a eficincia e a eficcia deles.

    As pesquisas que esto buscando a internalidade das salas de aula tm, de certa forma,

    comparado os diversos modos de aprendizado, o que muito significante e deveria ser mais

    desenvolvido.

    Contudo, apesar das variadas possibilidades, o aspecto mais estudado a importncia

    poltico-ideolgica dos livros didticos, por isso afirmamos que, nesse caso a escola se coloca como

    vanguarda em relao as universidades visto que, por meio da vivncia em suas salas de aulas tm

    experincias para muito alm da denncia das faltas, erros e/ou ideologias do livro didtico de

    Histria.

    H, por isso, um leque de possibilidades aberto para futuras pesquisas. A gama de

    representaes sobre o livro didtico uma delas, inclusive lembrando que se para o estudante, ele

    um incio, para o professor, a condensao e o tratamento didtico de um conhecimento. Sua

    utilizao em sala por professores e alunos tambm um caminho que precisa ser mais bem

    compreendido.

    II - Concepo de livro e materiais didticos

    Estamos entendendo como livro didtico um material impresso, estruturado, destinado ou adequado a ser utilizado num processo de aprendizagem ou formao.2 A complexidade desse

    objeto, sim porque o livro didtico no apenas um livro, tampouco o no sentido mais usual do

    termo, para ser lido, da primeira ltima pgina. O livro didtico precisa ser entendido como parte

    da histria cultural da nossa civilizao e como objeto que deve ser usado numa situao de ensino

    e aprendizagem e, nessa relao h vrios sujeitos: o(s) autor(es), editor, trabalhadores, e,

    sobretudo, professores e alunos.

    2OLIVEIRA, Joo Batista Arajo et all. A poltica do livro didtico. So Paulo: Summus; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1984.

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  • Esse objeto tem significados diferenciados para cada um desses sujeitos e, como j assinalado em uma pesquisa,3 pode, inclusive, ser referncia de status em algumas ocasies.

    O livro didtico um instrumento que precisa ser mais bem utilizado pelo professor. O que

    estamos entendendo como melhor utilizao a explorao mais adequada das suas

    potencialidades.

    Por exemplo, iniciar o trabalho com os alunos sobre um contedo pelas imagens contidas

    no livro didtico e no pelo texto. Muitas vezes, o professor, preocupadssimo em cumprir o

    programa e entendendo que sua misso expor uma matria vista conforme o que est no livro,

    deixa de utilizar um potencial importantssimo do material didtico, inclusive, levando em

    considerao que nossa cultura muito visual e que os alunos tm seus olhares direcionados para as

    imagens4.

    Outros instrumentos apresentados ou sugeridos nos livros didticos tambm podem ser mais bem utilizados. No caso dos especficos de Histria: documentos transcritos como leituras

    complementares ao final de captulos, mapas histricos e tarefas a serem desenvolvidas que, muitas

    vezes, no so de fixao de informaes, mas de pesquisa, incentivadoras de debates e tambm

    poderiam ser motivadoras iniciais de novos contedos. Sugestes de filmes, sries televisivas,

    histria em quadrinhos, charges, ou seja, recursos que tm a imagem como veculo fundamental

    necessitam de novos aportes informacionais para que sejam, adequadamente, trabalhados pelo

    professor.

    Sobre todas essas questes, poderiam incidir os programas de formao continuada nos

    quais o foco seria: contribuir para um exerccio docente que atingisse melhor seus objetivos, que,

    3 Para entender a variedade de relaes e representaes sociais sobre esse objeto ver a citao a seguir como exemplo: Para parcelas de alunos oriundos das camadas populares, a posse do livro associa-se a status, embora represente um nus em seu parco oramento como exemplifica a argumentao de um aluno em reao proposta da professora em no adotar livro em um curso da periferia de So Paulo, valorizando a segurana que este material oferecia quando das batidas de policiais em nibus ou ruas. A posse do livro garantia uma certa situao social privilegiada, a possibilidade de um tratamento diferenciado pelas autoridades policiais. In: BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Livro didtico e conhecimento histrico: uma histria do saber escolar. So Paulo: DH/FAFICH/USP, 1993. (Tese de Doutorado). P. 2. 4 A diversidade de abordagens sobre essas questes representada por uma significativa e estimulante bibliografia. KOSSOY, Boris. Fotografia & Histria. 2. ed. rev. So Paulo: Ateli Editorial, 2001; JOLY, Martine. Introduo analise da imagem. Campinas, SP: Papirus, 1996 (Coleo Ofcio de Arte e Forma); VOVELLE, Michel. Imagens e Imaginrio da Histria. Fantasmas e certezas nas mentalidades desde a Idade Mdia at o sculo XX. So Paulo: Editora tica, 1997; KOSSOY, Boris. Realidades e Fices na Trama Fotografia. So Paulo: Ateli Editorial, 2002; BURKE, Peter. Testemunha ocular. Histria e Imagem. Bauru, SP: EDUSC, 2004; MANGUEL, Alberto. Lendo Imagens: uma histria de amor e dio. So Paulo: Companhia das Letras, 2001; DUARTE, Roslia. Cinema & Educao. Belo Horizonte: Autntica, 2002; FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televiso & Educao. 2. ed Belo Horizonte: Autntica, 2003; VANOYE, Francis. Ensaio sobre a anlise flmica. Campinas, SP: Papirus, 1994. (Coleo Ofcio de Arte e Forma).

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  • servindo-se do material didtico mais utilizado, mais acessvel porque fornecido pelo Estado

    garantisse a professores e alunos resultados mais satisfatrios.

    Como j ressaltado em documento do prprio Ministrio da Educao5, h a necessidade de

    prover as escolas de outros materiais didticos, alm do livro. Atlas histricos, cd-rom especficos

    para a rea, coletneas de documentos histricos, os chamados livros paradidticos que tratam de

    temas ou de aspectos de contedos histricos e jogos6 so fundamentais para o ensino.

    III A importncia da escolha dos livros didticos

    Nenhum profissional deseja que tenhamos um nico tipo de livro didtico - o que se

    defende a qualidade na diversidade.

    No processo de escolha dos livros didticos, importante que sejam observados todos os

    aspectos enumerados nas resenhas do Guia do PNLD 2007, afinal, o livro no se restringe ao texto.

    A partir da leitura atenta das resenhas que esto disposio no Guia do PNLD 2007 ser

    possvel a escolha do livro coerente com o projeto poltico-pedaggico da escola, com a realidade

    na qual a escola se insere, com as concepes de sociedade, educao e histria.

    A avaliao destas obras foi feita por profissionais que conhecem o Ensino Fundamental e

    refletem sobre ele. Outra avaliao ser realizada por professores e alunos e o objetivo sempre a

    formao de cidados que pensem historicamente e, com isso, tambm, conquistem sua cidadania

    plena e ajudem a construir uma sociedade cada dia mais democrtica.

    Alm da informao profissional necessria, tempo e instrumentos so fundamentais para

    essa escolha. O Guia do PNLD tem sido um desses instrumentos, preciso que o professor assuma-

    se como sujeito avaliador o mais importante - porque a partir das informaes fornecidas pela

    realidade de trabalho.

    III. 1. Uma breve caracterizao das Colees presentes no Guia do PNLD 2007

    As colees e livros didticos regionais foram avaliados no sentido de atender s necessidades de professores e alunos, possibilitando-lhes trabalhar contedos com propriedade,

    evitando veicular, construir e/ou reproduzir noes preconceituosas e informaes errneas, Faz-se

    5 BATISTA, Antnio Augusto Gomes. Recomendaes para uma poltica pblica de livros didticos. Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Fundamental, 2002 6 H uma empresa que vem trabalhando no resgate de jogos de outras pocas histricas e de outras sociedades como forma de demonstrar que informaes e valores contidas nesses jogos so representativas da viso de mundo daqueles povos. Para maiores informaes, visitar o site www.origem.com.br.

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  • premente frisar que o conhecimento histrico obedece a critrios e procedimentos inerentes da

    disciplina Histria - portanto, estes so aspectos que devem estar explicitados nas obras.

    fundamental que os livros didticos lancem mo de abordagens pautadas na pluralidade

    de realidades sociais, econmicas e culturais, alm de contribuir para a formao cidad do

    educando a reflexo e a construo de conceitos, como tolerncia, liberdade e democracia.

    Podemos perceber que 97 % dos livros incorporam renovaes nas reas de Histria e de

    Pedagogia, problematizando presente-passado e possibilitando ao aluno a percepo da construo

    do conhecimento histrico. Trabalham organizando o contedo por eixos temticos, por temas-

    conceituais ou temticas escolhidas. Percebemos, tambm que, em geral, os livros destinados s

    primeiras e segundas sries so mais de acordo com as inovaes pedaggicas e histricas. Isto no

    se mantm para os livros de terceira e quarta sries, que trabalham mais numa linha tradicional,

    baseados em textos e perguntas.

    H 16 colees que apresentam e relacionam as fontes com a construo do conhecimento

    histrico; h quatro em que um captulo ou parte de um dos volumes trabalha vultos e fatos, e h 10

    obras que apresentam fontes, porm no as relacionam com a produo histrica.

    Em relao concepo pedaggica, apenas uma coleo completa foi caracterizada como

    tradicional, tendo as demais incorporado parcial ou totalmente as renovaes da rea. No entanto,

    oito ainda trazem, como principal atividade da obra, exerccios do tipo pergunta-resposta, velhos

    questionrios dos pontos de histria, em que a capacidade requerida era decorar.

    Quase todas colees trabalham os contedos no sentido de desenvolver a formao da

    cidadania e atualizaram-se em relao aos novos temas hoje em discusso. H o cuidado com que as

    colees dialoguem com o professor atravs do Manual do Professor, ou similar, transformando-o

    em auxiliar na prtica pedaggica. Contudo, nem todas apresentam e discutem as concepes

    pedaggicas e histricas adotadas na elaborao da obra, ou sugerem textos complementares para a

    atualizao docente.

    De forma geral, as colees apresentam-se com visual agradvel e adequado ao nvel de

    ensino a que se destinam. Percebemos que os problemas de reviso so os que requerem maior

    cuidado por parte das editoras.

    Podemos afirmar que ao menos dois teros das colees tratam da diversidade das fontes

    histricas, utilizando vrios documentos de natureza diferente, como certido de nascimento,

    carteira de identidade, carteira de vacinao, carteira de estudante, ttulo de eleitor, jornais de poca,

    publicidades, anncios, fotografias, pinturas (reproduo), entrevistas, msicas, plantas de cidades,

    cartografia de outras pocas e atuais, bem como chamam ateno para outras fontes materiais, como

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  • brinquedos, roupas, comidas, objetos de uso dirio de outros tempos, permitindo ao aluno a

    percepo da metodologia histrica e da construo do conhecimento histrico.

    III. 2. Uma breve caracterizao dos Livros Didticos Regionais presentes no Guia do

    PNLD 2007

    So classificados como Livros Didticos Regionais aqueles que pretendem trabalhar com a histria delimitando um recorte espacial, podendo ser uma capital ou um estado do pas.

    Normalmente, so destinados 3 ou 4 sries do Ensino Fundamental. So 27 obras para a escolha

    das escolas, e dentre elas, 13 ainda propem a organizao dos contedos na periodizao

    tradicional da histria: perodos colonial, imperial e republicano brasileiro. Oito livros organizaram-

    se por temticas que orientam os contedos propostos, quatro propem trabalhar com a chamada

    Histria Integrada, relacionando pontos da Histria Geral com a do Brasil e a Regional. Somente

    duas utilizaram o recurso literrio ficcional para conduzir a estrutura da obra.

    Os contedos com nfase poltico-institucional ainda predominam nos Livros Regionais

    (12). Mas encontramos obras que se alinham s renovaes da rea de histria trabalhando com o

    cotidiano e a cultura material, ou com questes sociais. Temos tambm um grupo significativo (7)

    que do nfase aos ciclos econmicos.

    Temos nove Livros Regionais que priorizam os personagens ilustres e fatos poltico-

    institucionais em suas abordagens histricas. Apenas cinco apresentam e relacionam fontes com a

    construo do conhecimento histrico, e a maioria (13) no trabalha com heris e fatos encadeado,

    mas, quando apresentam fontes, no as relacionam com a produo histrica.

    Quanto aos princpios pedaggicos, encontramos 10 obras caracterizadas como tradicionais

    e 17 como inovadoras. A maioria busca desenvolver capacidades e habilidades bsicas atravs de

    propostas didticas diversificadas e criativas, fugindo dos tradicionais questionrios. Porm, temos

    oito livros que se apiam predominantemente em exerccios do tipo pergunta-resposta.

    Identificamos somente uma obra que no se preocupa com a formao para a cidadania, em

    sua proposta de trabalho. Grande parte do Manual do Professor (ou similar) que acompanha o Livro

    Regional auxilia o trabalho docente, indicando sugestes de leituras complementares, discutindo a

    proposta pedaggica adotada. Porm, ainda temos um nmero significativo (12) de Manuais que

    apresentam partes sucintas, incompletas ou deixam de abordar elementos importantes para a prtica

    pedaggica, tornando-se, assim, insuficientes para auxiliar o professor na utilizao do livro em sala

    de aula.

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  • Dos Livros Regionais, quase todos (24), so agradveis visualmente, apresentando belas

    imagens, bem coloridos e, s vezes, organizados com cones. So apenas trs do total que

    apresentam algum problema no conjunto grfico. J em relao reviso, encontramos 13 obras

    apontadas com problemas nesta rea, como ausncia de informaes sobre as imagens utilizadas,

    fontes, bibliografia; ou dados equivocados em legendas, datas, ortografia ou digitao.

    III. 3. Cuidados que o professor deve ter no processo de escolha

    fundamental que o professor examine se a coleo ou o livro regional a ser escolhido

    adequado para suprir as exigncias de seu universo escolar e se poder ser adaptado situao

    concreta dos alunos da escola. Alguns pontos que o professor deve verificar so centrais:

    Se a coleo adequada ao projeto pedaggico da escola; Se a linguagem e as referncias so mais adequadas para alunos de cidade grande, de porte mdio ou pequeno; de regies urbanas ou rurais;

    Se h grande complexidade de textos ou de atividades, o que supe mais ateno do professor ao conduzir suas prticas docentes.

    IV - Por aes que potencializem o livro didtico

    H necessidades de aes junto a formao inicial e continuada dos professores e

    tambm no fornecimento de subsdios informacionais e didticos aos professores.

    No que concerne formao continuada de professores, por exemplo, seria fundamental o incentivo criao de Cursos de Especializao em parceria com as Secretarias de Educao e com

    as Instituies Federais de Ensino Superior que tenham como objeto das disciplinas as

    potencialidades de trabalhos presentes nos livros didticos. Isso faria com que o professor dos

    ensinos fundamental e mdio participasse ativamente da discusso do livro didtico,

    proporcionando no s a troca de informaes (experincias vivenciadas em sala de aula e anlises

    produzidas sobre os livros didticos) como a reflexo para novas abordagens e utilizaes desse

    objeto, alm de contribuir para a autonomia deles na avaliao dos livros didticos.

    Incentivar a criao de Bibliotecas Didticas que poderiam subsidiar programas de extenso

    que tenham como base o livro didtico de Histria.

    Incentivar a criao de sites/bancos de dados que fornecessem informaes sobre imagens

    mais utilizadas nos livros didticos (se foto, pintura, gravura, estaturia, monumento; sua

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  • localizao, datao, autor, o porqu da utilizao dessa imagem etc.), outras imagens no to

    utilizadas - relativas aos mesmos temas, para que pudessem ser exploradas em sala de aula.

    Numa articulao efetiva com o Programa Nacional Biblioteca na Escola, viabilizar-se uma

    publicao e programas na TVs e Rdios Educativas que articulasse os livros de Literatura e

    Histria, incentivando o trabalho interdisciplinar e a ampliao do conceito de livro didtico para

    professores e alunos.

    Incentivo ao registro de experincias vivenciadas em sala de aula, tendo o livro didtico

    como centro do processo, tanto por professores quanto por alunos.

    Incentivos a projetos que proporcionem ao professor olhar para sua sociedade como fonte

    inesgotvel de recursos e materiais didticos como museus, praas, jornais, roupas, objetos etc.

    IV. 1. Uma experincia7

    O quadro Independncia ou Morte!8 de autoria do pintor Pedro Amrico, tem sido

    utilizado como imagem do processo de Independncia poltica do Brasil na maioria dos

    livros didticos. Convidamos os professores a iniciarem este tema na sala de aula pelas

    imagens presentes no livro didtico que est sendo utilizado.

    Seria de extrema importncia ler o texto de autoria do pintor Pedro Amrico

    intitulado A pintura9 e ver as justificativas do mesmo para os erros que vm sendo

    apontados na obra, desde sua apresentao ao pblico. A partir deste texto o professor pode

    organizar, inclusive, a apresentao de trechos do mesmo onde o autor explica o porque das

    suas escolhas. interessante, inclusive, para fazer uma comparao com as escolhas feitas

    pelos profissionais de histria (pesquisador ou professor): porqu trabalhar determinados

    temas e no outros, como trat-los etc.

    H ainda a possibilidade de outras interpretaes do fato representado10 ou, at

    mesmo, de re-leituras da obra11. Sugere-se, tambm, a desconstruo da obra,

    7 Oficina Uso e abuso do livro didtico de Histria organizada por Margarida Maria Dias de Oliveira, Joo Maurcio Gomes Neto e Wesley Garcia Ribeiro Silva, em novembro de 2005. 8 Independncia ou Morte! Pedro Amrico, 7,60x 4,15 m. Museu Paulista USP. Fotografia de Jos Rosael. 9 Publicado em: OLIVEIRA, Ceclia Helena de Salles e MATTOS, Cludia Vallado de. (orgs.) O Brado do Ipiranga. So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo: Museu Paulista da Universidade de So Paulo, 1999. (Anexo 1) 10 Ver anexo. Imagem tambm muito presente nos livros didticos. Proclamao da Independncia. Franois-Rene Moreaux, 2,44 x 3,83 m, 1844. Museu Imperial de Petrpolis. Fotografia de Rmulo Fialdini. (Anexo 2) 11 Ver anexo. SOUSA, Maurcio de. Histria em quadres. So Paulo: Globo, 2002. (Anexo 3)

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  • recortando-o em quadrados, fazendo uma espcie de quebra-cabeas e analisando quadro

    por quadro.

    Ilustrao 1: Anexo 1

    9

  • Ilustrao 2: Anexo 2

    Ilustrao 3: Anexo 3

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