Diderot e a arte dramática

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Diderot e a Arte Dramática Universidade Federal de Pelotas Material para fins didáticos Professora Taís Ferreira

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Diderot e a Arte Dramática

Universidade Federal de Pelotas

Material para fins didáticos

Professora Taís Ferreira

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Contexto Histórico

Em toda a Europa, o século XVIII foi uma época de mudanças na ordem social tradicional e nos modos de pensar.

Sob o signo do Iluminismo, instituiu-se um novo postulado: o da supremacia da razão. Idéias humanitárias, entusiasmo pela natureza, noções de tolerância e várias “filosofias” fortaleceram a confiança do homem na possibilidade de dirigir seu próprio destino na terra.

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Contexto Histórico

A corte e a cidade foram os dois centros do século XVIII. A França e a Inglaterra foram os dois países de maior influência na sociedade ocidental.

Paris e Londres emanavam os primeiros esforços para conciliar as novas idéias seculares e cientificas com modos de vida da classe média.

A sociedade européia no século XVIII assistiu à Revolução Francesa, fato histórico no qual fundiram-se todas as grandes emoções do século numa explosão tremenda de povo, natureza, sentimento e razão.

A burguesia ascendente toma o poder, derrubando a monarquia corrupta e absolutista da França, promulgando a tríade FRATERNIDADE, IGUALDADE e LIBERDADE.

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Contexto Histórico

O teatro contribuiu na formação do século, que seria tão cheio de contradições, ao pregar a moralidade necessária à família burguesa.

Tornou-se uma plataforma do novo auto-conhecimento do homem, um múltiplo de filosofia moral, uma escola ética, um espaço de controvérsias eruditas e também um patrimônio comum conscientemente desfrutado.

“O Pai de Família”, de Diderot, o grande modelo do novo drama de classe média, conforme declarou Lessing, não era “nem francês nem alemão, nem, de qualquer outra nacionalidade, mas simplesmente humano”. A peça aspirava expressar apenas “aquilo que cada um podia expressar, como o entendesse e sentisse”.

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Em 1758 Diderot já tinha uma notável celebridade em toda a Europa, identificado como uma das mais ilustres figuras do campo filosófico.

Tal identificação não se deve tanto aos livros que publicou até então, mas sobretudo à atividade que há alguns anos o ocupava integralmente: a coordenação da Enciclopédia.

Esse grande projeto de reordenamento e classificação do conhecimento humano teve um período complicado, a saída de D’Alembert, o seu mais próximo colaborador, o que levou o filósofo Rousseau a fazer o mesmo.

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Diderot e D’Alambert

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Apesar dos sucessivos aborrecimentos, Diderot entrega ao editor uma peça de teatro, “O pai de família”. Publicada juntamente com um pequeno tratado teórico que pode ser considerado a arte poética do século XVIII francês: O discurso sobre a poesia dramática.

Com a publicação da obra “O Filho natural” (comédia séria), surgem as conversações sobre a obra, um diálogo em que Diderot submete-se à reflexão como dramaturgo.

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Por que, num instante tão decisivo, o filósofo se torna poeta dramático e, além disso, exige que o poeta dramático “seja filósofo”?

Neste período Voltaire, reconhecido e popular filósofo, se destacava como dramaturgo

Rousseau, antes de se fixar com sua imagem de filósofo, já tinha feito nome em Paris como homem de teatro.

A questão é que ao se fazer dramaturgo e exigir que o dramaturgo fosse filósofo, Diderot não estaria sacrificando a particularidade do teatro ao domínio abstrato da filosofia.

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Voltaire e Rousseau

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Segundo Diderot, o efeito maior do espetáculo teatral é o de permitir que o homem contemple a bondade da natureza humana, e desse modo, se reconcilie com sua espécie.

Para o Século das Luzes, nada mais filosófico do que esta missão. O teatro deve mostrar ao homem a natureza, não como ela é, mas teatralmente, para que com ela este aprenda.

Poucos filósofos que se interessaram pelo espetáculo teatral tiveram, como Diderot, tanta intimidade com ele.

Diderot respeitou e investigou as especificidades das atividades vinculadas à linguagem teatral: o ator e o dramaturgo.

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Para ele o teatro era algo familiar, chegou a considerar o sonho de se tornar comediante, mas acima de tudo foi um freqüentador insaciável das salas de espetáculo.

Era uma figura que ganhava destaque na própria platéia. Tapava os ouvidos para melhor fluir gestos e movimentos dos atores.

A razão desta extravagância é o pressuposto de que o recurso próprio do teatro é o de “colocar em ação sob os meus olhos”. A ilusão , finalidade comum de todas as artes de imitação, só será possível no teatro se está particularidade for respeitada.

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Para isso o dramaturgo precisa se convencer de que seu objetivo é dirigir-se à sensibilidade da platéia, que não deseja ser sobrecarregada com palavras, mas vai ao teatro em busca de impressões.

Diderot procurou resgatar a importância propriamente espetacular do teatro.

Por isso, no discurso, denunciou “a pobreza e a falsidade dos cenários” ou “o luxo dos trajes” como sintomas maiores do divórcio entre o teatro e a verdade, restabelecendo a importância do cenógrafo e do figurinista, atento aos detalhes aparentemente sem importância, exigiu que o poeta dramático fosse “fisionomista”, isto é, cria seu personagem e imagina um rosto

para ele.

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Diderot foi contra o teatro dos grandes poetas, seduzidos por achados poéticos e tiradas declamatórias: contra a redução do teatro à poesia.

Insistiu no texto em prosa, mas sobretudo na multiplicação das cenas pantomímicas, na percepção de cada detalhe das atitudes e nas expressões, na inclusão, por entre a trama do diálogo, de verdadeiras cenas mudas, quadros onde o gesto é mais eloqüente do que a palavra.

Ao escrever “O Paradoxo Sobre o Comediante”, Diderot considerou o espetáculo a partir do ator, exaltando a performance deste à apoteose da aparência.

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Voltaire não via futuro na tentativa de fazer tragédia em prosa. Diderot demonstrou completamente o contrário. Diderot declarou-se partidário do drama sentimental burguês e escreveu “O Pai de Família”, em prosa simples da linguagem do cotidiano.

O teatro francês teve seu triunfo de sentimentalidade. Conta a lenda que até o Rei Luís XV derramou lágrimas na representação do “O Pai de Família”.

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Biografia Denis Diderot nasceu na cidade francesa de Langres no

dia 5 de outubro de 1713. Filho primogênito de uma família abastada, aos 10 anos

foi matriculado no colégio dirigido pelos padres jesuítas Aos 13 anos veste a batina que é o primeiro passo de

um sacerdócio. Dois anos mais tarde muda de idéia e segue para a capital francesa, onde em 1732 recebe o diploma de mestre em artes.

Abandona tudo e leva uma vida boêmia durante dez anos.

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Biografia

Sem recursos e sem o apoio da família, encontra-se obrigado a trabalhar.

Faz traduções de grandes autores ingleses. Em 1745 recebe convite de um editor para traduzir do

inglês a Enciclopédia das Ciências e das Artes de Ephraim Chambers, publicada em 1727.

Julgando-a desatualizada, o mesmo editor pede a Diderot que a refaça e a amplie.

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Biografia

Assim surge a idéia da Enciclopédia Francesa, sob a direção de Diderot.

Em 1751 é publicado o primeiro volume da Enciclopédia.

Com o avanço do projeto e constantes proibições de publicações suas, principalmente de textos filosóficos e literários, acaba sendo preso.

Morre em Paris no dia 31 de julho de 1784.

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Principais Obras

A Religiosa (1796) As Jóias Indiscretas

(1748) Carta sobre cegos para

aqueles que vêem (1749)

Carta para os surdos e mudos para aqueles que ouvem e falam (1751)

O Filho Natural ( 1757)

O Pai de Família (1758) O Pássaro Branco,

conto azul (17..) O sobrinho de Rameau

(1821) O sonho de D’Alembert

(1796) Paradoxo sobre o

Comediante (1796)

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Paradoxo sobre o Comediante

Das obras de Diderot é uma que, sem dúvida, jamais perderá sua atualidade.

Confronto que estabelece entre a alma do comediante e a sua expressão.

Chega a uma teoria do ator que só encontra paralelo, por sua profundidade e amplitude, em Stanislavski, já no século XX.

Seu alcance foi muito além do plano teatral e estético.

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Paradoxo Sobre o Comediante

Em Paradoxo Sobre o Comediante, Diderot faz uma reflexão sobre o teatro, incitando a promoção de mudanças nessa arte. O que o autor pede é a revitalização do teatro, reformulando-o em todos os seus aspectos, promovendo uma união entre imaginário e real no palco.

Diderot também propõe a morte de formas teatrais agonizantes, deixando de lado tudo que remonta ao mitológico em detrimento de um teatro que leve a vida real para a cena.

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Bibliografia

Diderot, Denis. Discurso sobre a poesia dramática. Brasília: Editora Brasiliense, 1986.

Diderot, Denis. O paradoxo sobre o comediante. Tradução de Jacó Guinsburg.

Berthold, Margot. História Mundial do Teatro. São Paulo: Editora Perspectiva, 2004.

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