DIEGO SOUZA DE OLIVEIRA - core.ac.uk · Ao Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, pela...

93
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA DIEGO SOUZA DE OLIVEIRA ANÁLISE DE ÍNDICES DE VULNERABILIDADE FÍSICA COM USO DE GEOTECNOLOGIAS NA REGIÃO DA BARREIRA DO INFERNO Natal - RN 2017

Transcript of DIEGO SOUZA DE OLIVEIRA - core.ac.uk · Ao Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, pela...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA

DIEGO SOUZA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DE ÍNDICES DE VULNERABILIDADE FÍSICA COM USO DE GEOTECNOLOGIAS NA REGIÃO DA BARREIRA DO INFERNO

Natal - RN 2017

DIEGO SOUZA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DE ÍNDICES DE VULNERABILIDADE FÍSICA COM USO DE GEOTECNOLOGIAS NA REGIÃO DA BARREIRA DO INFERNO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Engenharia Sanitária da Universidade Federal do Rio Grande Do Norte como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Engenharia Sanitária.

Orientadora: Prof. Dra. Ada Cristina Scudelari. Co-Orientador: Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro.

Natal - RN 2017

ii

iii

DIEGO SOUZA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DE ÍNDICES DE VULNERABILIDADE FÍSICA COM USO DE GEOTECNOLOGIAS NA REGIÃO DA BARREIRA DO INFERNO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Engenharia Sanitária da Universidade Federal do Rio Grande Do Norte como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Engenharia Sanitária.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Dra. Ada Cristina Scudelari - Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________________

Dr. Venerando Eustáquio Amaro – Co-Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________________

Dra. Débora Vieira Busman – Examinador Interno

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________________

Dra. Cynthia Romariz Duarte – Examinador Externo

Universidade Federal do Ceará

Natal – RN 2017

iv

DEDICATÓRIA

A minha família por todo carinho e cuidado, por serem o motivo de todo o meu esforço.

v

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, por todo o cuidado e por permitir alcançar mais um

objetivo, sempre guiando e abençoando meus caminhos, e por ser a minha força nos

momentos mais difíceis.

Aos meus pais Ivonete e Manoel e meus irmãos Manuela e Rafael, por todo esforço e

dedicação ao longo dessa trajetória, por não medirem esforços para que pudesse

alcançar esse objetivo, por sonharem isso comigo sempre me apoiando em todas as

minhas decisões, sendo meu alicerce nessa caminhada.

Aos meus familiares, por todo apoio e ajuda ao longo dessa trajetória, por entender a

minha ausência e por sempre torcer pelo meu sucesso.

A minha orientadora Profª. Dra. Ada Cristina Scudelari, por todos os ensinamentos não

só acerca do trabalho, mas também da profissão de professor; pela oportunidade da

realização desse trabalho e pela confiança.

Ao meu co-orientador Profº. Dr. Venerando Eustáquio Amaro, por todo o aprendizado,

pela dedicação e por sempre está pronto para ajudar na realização desse trabalho e por

ser um exemplo como profissional e pesquisador.

Aos meus professores ao longo de toda a minha trajetória acadêmica, por me

conduzirem até aqui, por todo o ensinamento, sendo exemplos como pessoas e

profissionais.

Aos amigos, pela amizade e companheirismo, por me acompanharem em todos os

momentos, por toda paciência e compreensão da minha ausência e por me ajudarem

sempre que precisei.

Aos amigos que se tornaram irmãos da Residência de Pós-Graduação (POUSO), por

cada risada, pelas angustias compartilhadas e por tornar essa trajetória mais divertida,

saiba que têm um pouquinho de vocês em cada parte desse trabalho.

vi

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa de mestrado que possibilitou a dedicação exclusiva para a

realização desse trabalho.

Ao Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, pela liberação do acesso e estudo da

área para a realização dessa pesquisa.

A equipe do GEOPRO, por estarem sempre prontos para ajudar, pelo apoio e por todos

os ensinamentos, sendo uma peça fundamental para a realização dessa pesquisa.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária, por todo apoio e orientação

ao longo desses dois anos.

A banca examinadora, pela disponibilidade e por aceitar participar da construção desse

trabalho, desde já agradeço todas as contribuições e sugestões para o enriquecimento

desse trabalho.

A todos, que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse sonho, a vocês

o meu muito obrigado.

vii

EPÍGRAFE

“Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos” (Paulo Freire).

viii

RESUMO

Estudos de variação do nível médio do mar projetam que até o final do século 21

cerca de 95% do oceano experimentará uma elevação do nível médio do mar, com uma

projeção de aumento médio de 63 cm até 2100, em consequência do aquecimento dos

oceanos e derretimentos das geleiras. A determinação da vulnerabilidade física de uma

região possibilita o reconhecimento das causas das modificações ambientais e o

planejamento adequado das medidas sustentáveis para a reestruturação dos ambientes

buscando minimizar os impactos. Este estudo visa determinar a vulnerabilidade física na

região da Barreira do Inferno, por meio da análise dos mapas de vulnerabilidade,

possibilitando identificar e avaliar temporalmente a distribuição dos níveis de

vulnerabilidade na área. Para isso, foram calculados os índices de vulnerabilidade

natural e ambiental por meio do cruzamento dos dados de vulnerabilidade das unidades

geoambientais (Geologia, Geomorgfologia, Solos, Vegetação e Uso e Cobertura) e o

índice de vulnerabilidade costeira a erosão a partir das variáveis físicas e dinâmicas

(geomorfologia, taxa de variação da linha de costa, declividade, infraestrutura urbana

costeira, atividade ou uso atual da linha de costa e prognóstico da variação da linha de

costa, a amplitude significativa de maré, a altura de onda, e o SLR global) para três

diferentes cenários de mudanças climáticas, segundo o Painel Intergovernamental de

Mudanças Climáticas (IPCC). Os resultados mostram que para ambos os índices de

vulnerabilidade natural e ambiental, os valores obtidos foram de muito baixa, baixa,

média e alta vulnerabilidade com o cenário mais pessimista para o IVN apresentando a

maior porcentagem de alta vulnerabilidade em cerca de 40% da área. Já para o IVC a

área apresentou valores entre baixa e média vulnerabilidade com as piores projeções

para o método do IVC-USGS com 100% da linha de costa sob média vulnerabilidade.

Palavras Chaves: Geotecnologias; Vulnerabilidade Física; Zona Costeira.

ix

ABSTRACT

Studies of variation in mean sea level predict that by the end of the 21st century

about 95% of the ocean will experience a rise in mean sea level, with a projection of

average increase of 63 cm until 2100 in consequence of ocean warming and Melting

glaciers. The determination of the physical vulnerability of a region makes it possible to

recognize the causes of the environmental changes and the adequate planning of the

sustainable measures for the restructuring of the environments in order to minimize the

impacts. This study aims to determine the physical vulnerability in the Barreira do Inferno

region by analyzing the vulnerability maps, making it possible to identify and evaluate the

distribution of vulnerability levels in the area. For this, the indices of natural and

environmental vulnerability were calculated by cross-referencing the vulnerability data of

the geoenvironmental units (geology, geomorphology, soils, vegetation and usage and

occupation) and the index of coastal vulnerability to erosion from the physical and

dynamic variables (geomorphology, coastline rate of change, declivity, coastal urban

infrastructure, current coastline activity or use, and prediction of coastline variation,

significant tidal range, wave height, and global SLR) for three different scenarios of

climate change, according to the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).

The results show that for both indices of natural and environmental vulnerability, the

values obtained were very low, low, medium and high vulnerability with the most

pessimistic scenario for the IVN, presenting the highest percentage of high vulnerability

in about 40 % of area. For the IVC, the area presented values between low and medium

vulnerability with the worst projections for the IVC-USGS method with 100% of the

coastline under average vulnerability.

Keywords: Geotechnology; Physical Vulnerability; Coastal Zone.

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Mapa de Localização da área de estudo. .................................................... 35

Figura 3.2: Relação cronoestratigráfica entre das unidades. Adaptado de Bezerra et al.

(2009). ........................................................................................................................... 38

Figura 4.1: Delineamento da metodologia aplicado no desenvolvimento da pesquisa. . 41

Figura 4.2: Modelo Digital de Elevação da região da Barreira do Inferno, obtidos de dados

da SRTM. ...................................................................................................................... 46

Figura 4.3: Mapa de Declividade da Barreira do Inferno, obtidos de dados da SRTM. . 47

Figura 5.1: Mapa Geomorfológico simplificado da região da Barreira do Inferno. ......... 61

Figura 5.2: Mapa Geológico simplificado da região da Barreira do Inferno. .................. 62

Figura 5.3: Mapa Pedológico simplificado da região da Barreira do Inferno. ................ 63

Figura 5.4: Mapa de Vegetação simplificado da região da Barreira do Inferno. ............ 64

Figura 5.5: Mapa de Uso e Cobertura da região Barreira do Inferno. ............................ 65

Figura 5.6: Distribuição em porcentagem das classes de vulnerabilidade por variável em

relação a área total. ....................................................................................................... 66

Figura 5.7: Níveis de vulnerabilidade para os índices de vulnerabilidade natural (IVN) e

Ambiental (IVA) médio. .................................................................................................. 67

Figura 5.8: Mapas de vulnerabilidade física para a região da Barreira do Inferno segundo

os índices de vulnerabilidade a) Natural e b) Ambiental médio. .................................... 68

Figura 5.9: Ponderação das variáveis segundo Processo Analítico de Hierarquia em

porcentagem. ................................................................................................................. 70

Figura 5.10: Níveis de vulnerabilidade para os índices de vulnerabilidade natural (IVN) e

Ambiental (IVA) médio. .................................................................................................. 71

Figura 5.11: Mapas de vulnerabilidade física para a região da Barreira do Inferno

segundo os índices de vulnerabilidade a) Natural e b) Ambiental ponderados. ............ 72

Figura 5.12: Níveis de vulnerabilidade física por método em porcentagem de área para

os Índices de: Vulnerabilidade Natural Médio (IVNM), Vulnerabilidade Ambiental Médio

(IVAM), Vulnerabilidade Natural Ponderado (IVNP) e Vulnerabilidade Natural Ponderado

(IVAP). ........................................................................................................................... 73

Figura 5.13: Assimetria da curva de vulnerabilidade física para os Índices de:

Vulnerabilidade Natural Médio (IVNM), Vulnerabilidade Ambiental Médio (IVAM),

Vulnerabilidade Natural Ponderado (IVNP) e Vulnerabilidade Natural Ponderado (IVAP).

...................................................................................................................................... 74

xi

Figura 5.14: Distribuição dos níveis de vulnerabilidade por área total, para os cenários

do IPCC RCP 2,6; RCP 4,5; RCP 8,5 para a região da Barreira do Inferno. ................. 77

Figura 5.15: Índice de Vulnerabilidade IVC-USGS para os cenários do IPCC RCP 2,6;

RCP 4,5; RCP 8,5 para a região da Barreira do Inferno. ............................................... 78

Figura 5.16: Distribuição dos níveis de vulnerabilidade por área total, para os cenários

do IPCC RCP 2,6; RCP 4,5; RCP 8,5 para a região da Barreira do Inferno. ................. 79

Figura 5.17: Índice de Vulnerabilidade IVC para os cenários do IPCC RCP 2,6; RCP 4,5;

RCP 8,5 para a região da Barreira do Inferno. .............................................................. 80

xii

LISTA DE TABELAS Tabela 4.1: Características das imagens orbitais e dados SRTM. ................................ 42

Tabela 5.1: Pesos resultantes das ponderações do Processo Analítico de Hierarquia. 69

Tabela 5.2: Variáveis físicas mais influentes (cargas ≥ |0,5|) para os índices de

Vulnerabilidade Natural - VN, Vulnerabilidade Ambiental - VA ...................................... 75

Tabela 5.3: Estatística descritiva da variação e projeção da linha de costa. ................. 76

Tabela 1: Cargas das variáveis físicas segundo análise de componentes principais dos

índices de vulnerabilidade física: Vulnerabilidade Natural - VN, Vulnerabilidade Ambiental

– VA. .............................................................................................................................. 92

xiii

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1: Relação das variáveis temáticas e seus respectivos graus de fragilidade e

proteção......................................................................................................................... 25

Quadro 2.2: Avaliação da estabilidade das categorias morfodinâmicas. ....................... 26

Quadro 2.3: Escala de vulnerabilidade das unidades territoriais básicas ...................... 27

Quadro 2.4: Grau de vulnerabilidade das classes dos mapas temáticos. ..................... 29

Quadro 2.5: Grau de vulnerabilidade das classes do mapa de uso e cobertura do solo.

...................................................................................................................................... 30

Quadro 2.6: Classes de vulnerabilidade natural e ambiental, segundo Grigio (2003). .. 30

Quadro 2.7: Classes de vulnerabilidade para os índices IVC-USGS e IVC para Macau e

Guamaré (RN) e Salinópolis (PA). ................................................................................. 33

Quadro 4.1: Composições coloridas nos sistemas RGB e RGBI elaboradas com as

técnicas de PDI. ............................................................................................................ 45

Quadro 4.2: Classificação da declividade segundo Embrapa (1979) ............................ 47

Quadro 4.3: Mapas bases elaborados para a região da Barreira do Inferno, em ambiente

SIG. ............................................................................................................................... 48

Quadro 4.4: Índices de vulnerabilidades das classes das unidades geoambientais. .... 49

Quadro 4.5: Valores dos intervalos das classes de vulnerabilidade física, aplicados nos

índices de vulnerabilidade. ............................................................................................ 51

Quadro 4.6: Escala de ponderação de Saaty aplicada no Processo Analítico de

Hierarquia para obtenção da importância relativa das variáveis. .................................. 51

Quadro 4.7: Escala de comparadores de Saaty aplicada para a ponderação dos pesos

do índice de vulnerabilidade natural e ambiental. .......................................................... 52

Quadro 4.8: Graus de Vulnerabilidade das classes aplicado para o cálculo do índice de

vulnerabilidade costeira. ................................................................................................ 54

Quadro 4.9: Características das imagens LANDSAT. ................................................... 55

Quadro 4.10: Intervalos de Correlação de Pearson, segundo Colton (1974). ............... 57

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACP Análise de Componentes Principais CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DSAS Digital Shoreline Analysis System EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária GEOPRO Laboratório de Geoprocessamento / UFRN IBGE Instituto Brasileiro Geografia e Estatística INMET Instituto Nacional de Metereologia INPE Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change IVC Índice de Vulnerabilidade Costeira IVC-USG Índice de Vulnerabilidade Costeira baseado no Índice do USGS IVA Índice de Vulnerabilidade Ambiental IVAM Índice de Vulnerabilidade Ambiental Médio IVAP Índice de Vulnerabilidade Ambiental Ponderado IVN Índice de Vulnerabilidade Natural IVNM Índice de Vulnerabilidade Natural Médio IVNP Índice de Vulnerabilidade Natural Ponderado LC Linha de Costa LMS Least Median of Squares LRR Linear Regression MDE Modelo Digital de Elevação NDWI Normalized Difference Water Index NMM Nível Médio do Mar NSM Net Shoreline Movement RN Estado do Rio Grande do Norte PAH Processo Analítico de Hierarquia PDI Processamento Digital de Imagens PI Planos de Informação RCP Representative Concentration Pathway SIG Sistema de Informação Geográfica SIRGAS 2000 Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas

SRTM Shuttle Radar Topography Mission USGS United States Geological Survey UTB Unidades Territoriais Básicas UTM Universal Transversa de Mercator VA Vulnerabilidade Ambiental VN Vulnerabilidade Natural ZCIT Zona de Convergência Intertropical ZEE Zoneamentos Ecológico-Econômico

xv

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18

2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 23

2.1 CONCEITO DE VULNERABILIDADE ................................................................. 23

2.2 REVISÃO DE MÉTODOS PARA A DETERMINAÇÃO DE VULNERABILIDADE 23

2.3 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE COSTEIRA (IVC) ........................................... 31

3. ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................ 35

3.1 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DA ÁREA ......................................................... 35

3.2 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ........................................................................... 36

3.2.1 Clima ............................................................................................................ 36

3.2.2 Agentes Costeiros ...................................................................................... 36

3.2.3 Geologia ...................................................................................................... 37

3.2.4 Geomorfologia ............................................................................................ 38

3.2.5 Solos ............................................................................................................ 39

3.2.6 Vegetação .................................................................................................... 39

4. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 41

4.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO ................................. 41

4.2 PROCESSAMENTO DOS DADOS ..................................................................... 42

4.2.1 Pré-Processamento .................................................................................... 43

4.2.2 Processamento ........................................................................................... 44

4.3 ALTIMETRIA ....................................................................................................... 45

4.4 ELABORAÇÃO DOS MAPAS AMBIENTAIS ...................................................... 48

4.5 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE NATURAL E AMBIENTAL ............................. 48

4.6 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE COSTEIRA (IVC) ........................................... 53

4.6.1 Dados Físicos ............................................................................................. 54

4.6.2 Dados Hidrodinâmicos .............................................................................. 56

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................... 57

5. RESULTADOS ....................................................................................................... 59

5.1 MAPAS DAS UNIDADES GEOAMBIENTAIS ..................................................... 59

5.2 ANÁLISE DOS ÍNDICES DE VULNERABILIDADE NATURAL E AMBIENTAL ... 66

5.2.1 Classes de Vulnerabilidade ....................................................................... 66

5.2.2 Índices de Vulnerabilidade Natural e Ambiental ...................................... 67

5.2.3 Análise de Componente Principais ........................................................... 74

5.3 ANÁLISE DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE COSTEIRA .............................. 75

5.3.1 Variação da Linha de Costa ...................................................................... 75

5.3.2 Índice de Vulnerabilidade Costeira ........................................................... 76

xvi

6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 82

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 84

ANEXOS ....................................................................................................................... 91

I

N

T

R

O

D

U

Ç

Ã

O

CAPÍTULO 1.

18

1. INTRODUÇÃO

O estudo dos processos costeiros responsáveis pelas modificações do meio

ambiente, sejam por causas naturais ou por influência das ações antrópicas frente a

ocupação das zonas costeiras, tem orientado as decisões necessárias e intervenções

adequadas, visando a redução dos impactos e proteção dessas áreas.

Até o final do século 21, cerca de 95% do oceano experimentará elevação do nível

médio do mar (NMM), com uma projeção de aumento médio de 63 cm até 2100, em

consequência do aquecimento dos oceanos e derretimentos das geleiras (IPCC, 2014).

O aumento do NMM representa uma ameaça significativa para as zonas costeiras, com

impactos físicos de efeitos imediatos, como inundações das áreas costeiras e a

salinização de zonas de água doce. Efeitos a longo prazo também podem ocorrer, como

o ajuste da costa às novas condições incluindo o aumento da erosão, intrusão de água

salgada nas águas superficiais e subterrâneas e diminuição das zonas úmidas costeiras,

como restingas e manguezais (Nicholls et al., 2007).

O ajustamento de uma linha de costa, a uma elevação do nível do mar, depende

das características geomorfológicas e petrográficas da mesma, podendo os efeitos variar

entre nenhum (costão rochoso), erosão (praias arenosas, falésias sedimentares) e

inundação (áreas baixas freqüentemente ocupadas por manguezais ou marismas)

(Muehe, 2001). Os processos antrópicos intensificam a vulnerabilidade física do local

associado com aumento do nível do mar, entretanto esses processos recebem menos

atenção do que as componentes climáticas, uma vez que os mesmos são considerados

uma questão local. No entanto, eles são tão comuns que equivaleria a um problema

global que justifique estudos mais sistemáticos, incluindo a mitigação apropriada (de

influência humana), bem como opções de adaptação (Nicholls et al., 2010).

O litoral brasileiro, apresentam grandes extensões da orla com terrenos

sedimentares elevados (Grupo Barreiras) que formam falésias junto ao litoral e cuja

adaptação erosiva a uma elevação do nível do mar se faz a taxas que dependem da

resistência ou coesão dos sedimentos, que por sua vez, ao serem disponibilizados,

tendem a reduzir a amplitude da retrogradação (Muehe, 2001).

Alterações nos processos morfodinâmicos relacionados à dinâmica geoambiental,

comumente afetam as zonas costeiras, sejam eles construtivos (deposicionais) ou

destrutivos (erosionais). Os impactos da erosão nas zonas costeiras, especialmente as

praias arenosas ao redor do mundo podem ser consideradas sob as várias perspectivas:

19

ambientais, econômicas e socioculturais, positivos ou negativos, diretos ou indiretos,

imediatos ou cumulativos, de curta ou longa duração (Amaro et al., 2013). A partir da

análise de pesquisas desenvolvidas no Brasil, verificou-se que 80% das causas de

erosão são atribuídas à intervenção do homem relacionada à urbanização da costa e à

interferência no balanço sedimentar em decorrência da construção de estruturas rígidas

(Muehe, 2005). O litoral do Rio Grande do Norte apresenta diversos trechos de erosão

costeira, com origem atribuída principalmente ao reduzido aporte fluvial de sedimentos,

decorrentes das pequenas dimensões das bacias fluviais regionais, e a perda de

sedimentos para o continente, com a formação dos campos dunares (Dominguez et. al,

2006).

Os ambientes podem ser mais ou menos susceptíveis as mudanças, sejam elas

naturais ou antrópicas. Quantificar o grau dessa susceptibilidade é determinar o quanto

o ambiente é vulnerável a essas mudanças, e por meio dessa quantificação estabelecer

medidas de reparo e proteção. Os estudos relativos da susceptibilidade dos ambientes

são de significativa importância para o planejamento ambiental, pois se trata de um

instrumento cuja finalidade é identificar e analisar os ambientes em função de seus

diferentes níveis de susceptibilidade, proporcionando assim, uma melhor definição das

diretrizes e ações a serem implementadas no espaço físico-territorial, servindo de base

para o zoneamento e fornecendo subsídios à gestão do território (Spörl, 2007).

A importância de estudos sobre a vulnerabilidade física está em prevenir impactos

ambientais e subsidiar respostas de curto e médio prazo (Rangel-Buitrago & Anfuso). A

análise da vulnerabilidade física de uma região permite o planejamento mais adequado,

possibilitando o reconhecimento da causa das modificações e a determinação de

medidas sustentáveis para a reestruturação dos ambientes, buscando minimizar os

impactos (Boori & Amaro 2011).

Além disso, estudos da vulnerabilidade física fornece produtos para a elaboração

do zoneamento ecológico-econômico (ZEE), que constitui um instrumento da Política

Nacional do Meio Ambiente, e tem como objetivo viabilizar o desenvolvimento

sustentável a partir da compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com a

proteção ambiental (Brasil, 2002). Considerando-se ainda que a elaboração e

implementação de planos de gestão exigem o conhecimento das variáveis ambientais

que se pretende gerir, é necessário um diagnóstico detalhado das mesmas (Busman,

2016) possibilitando identificar e avaliar espacialmente áreas de maior vulnerabilidade,

permitindo um planejamento adequado para o desenvolvimento sustentável da região,

20

onde medidas poderão ser apontadas para minimizar possíveis impactos ambientais

causados por atividades naturais ou antrópicas desenvolvidas.

A determinação da vulnerabilidade física pode ser realizada através de diferentes

índices. O índice de vulnerabilidade natural (IVN) é obtido do cruzamento das unidades

geoambientais geologia, geomorfologia, vegetação e solos (Crepani et al., 2001). O

índice de vulnerabilidade ambiental (IVA), que se refere a vulnerabilidade do meio

ambiente em relação às mudanças antrópicas, obtidos do cruzamento dos índices de

vulnerabilidade natural e das classes de uso e cobertura também em função das

características físicas (Grigio et al., 2006). O índice de vulnerabilidade costeira (IVC),

relacionado a probabilidade de que mudanças físicas podem ocorrer ao longo de uma

linha de costa (LC), devido ao aumento do nível do mar (SLR) em cenários futuros,

determinado a partir das variáveis físicas e hidrodinâmicas (Özyhurt & Ergin, 2010;

Gornitz et al., 1994).

A obtenção de dados, cálculo e análise dos índices pode ser realizado através de

ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG), por meio do uso do

sensoriamento remoto, através da análise de imagens de satélites que possibilita a

aceleração da análise, detecção de mudanças geoambientais e redução de custos dos

mapeamentos. Associadas as avançadas técnicas de processamento, as imagens de

satélite oferecem possibilidades de gerar informações sintéticas e precisas para análise

do desenvolvimento de diversas variações temáticas da superfície terrestre. Essas

ferramentas permitem o acompanhamento e planejamento da distribuição de várias

classes de feições do terreno, o que auxilia no suporte ao controle de riscos ambientais

e desastres naturais (Boori & Amaro, 2011). Os índices de vulnerabilidade podem ser

avaliados e apresentados por meio dos mapas de vulnerabilidade, obtidos destes

processamentos.

Estudar e quantificar estes processos contribui consistentemente com o

conhecimento e planejamento do uso e cobertura do solo de maneira ambientalmente

sustentável para cada região. A área está compreendida em sua maior parte por uma

área de preservação ambiental que corresponde a Barreira do Inferno (Parnamirim/RN),

onde está localizada a base da Força Aérea Brasileira. Assim, este trabalho justifica-se

por contribuir para o entendimento da dinâmica costeira e vulnerabilidade física da área,

gerando produtos que podem ser utilizados para o zoneamento ecológico-econômico,

além de fornecer dados que auxilie à gestão costeira integrada da região. Além da

pesquisa estão inserida dentro de um projeto maior de estudo da área da Barreira do

21

Inferno que engloba o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e o

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte.

Este trabalho tem como objetivo a determinação e análise da vulnerabilidade física

da região da Barreira do Inferno, por meio da (i) análise e caracterização das unidades

geoambientais e de uso e cobertura do solo, através das características físicas e (ii)

determinação e análise dos índices de vulnerabilidade ambiental, natural e costeira.

Este trabalho será apresentado em seis capítulos, sendo o primeiro o capítulo

introdutório onde são apresentados uma visão geral sobre a temática, justificativa e os

objetivos do trabalho; o capítulo dois apresenta uma revisão bibliográfica sobre

vulnerabilidade física e as metodologias mais utilizadas para a determinação da mesma;

no capítulo três são apresentados a localização e os aspectos fisiográficos da área de

estudo; no capítulo quatro são descritos os matérias e métodos utilizados para a

obtenção dos objetivos; o capítulo cinco são apresentados as discussões e resultados

obtidos e o capítulo seis apresenta as conclusões.

R

E

V

I

S

Ã

O

D

E

L

I

T

E

R

A

T

U

R

A

CAPÍTULO 2.

23

2. REVISÃO DE LITERATURA

Nesta seção será apresentado a conceito de vulnerabilidade, bem como uma

revisão de métodos utilizados para a determinação da vulnerabilidade física por meio

dos índices de vulnerabilidade.

2.1 CONCEITO DE VULNERABILIDADE

De acordo com IPCC (2014) vulnerabilidade é a propensão ou pré-disposição a

ser adversamente afetado, englobando uma variedade de conceitos e elementos,

incluindo sensibilidade ou susceptibilidade a danos e falta de capacidade para lidar e se

adaptar. No que se refere a vulnerabilidade física considerou-se no desenvolvimento

desse trabalho como a maior ou menor estabilidade das variáveis físicas dos

ecossistemas segundo o princípio da ecodinâmica ou princípio da dinâmica do meio

ambiente dos ecossistemas, onde as variáveis físicas são consideradas mais ou menos

estáveis em função dos processos pedogenéticos e morfogenéticos (Tricart, 1977).

2.2 REVISÃO DE MÉTODOS PARA A DETERMINAÇÃO DE VULNERABILIDADE

Para análise de uma variação multitemporal dos ambientes de uma região é

necessário o conhecimento da forma em que os mesmos reagem as mudanças naturais

e as pressões antrópicas impostas, assim como o grau de suporte a essas pressões

(Grigio, 2003), essas variações podem ser representadas espacialmente, através dos

mapas de vulnerabilidade. Na literatura nacional existe vários estudos de casos com a

abordagem temática sobre mapeamentos e modelagens para a mensuração da

vulnerabilidade física, onde esses estudos estão de maneira geral direcionados pela

utilização das metodologias apresentadas por Ross (1994), Crepani et al. (2001) e Grigio

(2003).

Ross (1994) propôs uma metodologia para a análise da fragilidade dos ambientes

naturais e antropizados baseada no conceito de Unidades Ecodinâmicas (Tricart, 1977),

e considerou que estas fragilidades devem ser avaliadas quando se necessita aplicá-la

ao planejamento territorial ambiental. A análise empírica da fragilidade exige estudos

básicos do relevo, do subsolo, do solo, do uso da terra e do clima, os quais viram

24

produtos cartográficos temáticos. Posteriormente, essas informações são analisadas de

forma integrada gerando um produto síntese que expressa os diferentes graus de

fragilidade que o ambiente possui em função de suas características genéticas.

O autor apresenta que, dentro dessa compreensão ecológica, o ambiente é

analisado sob a ótica da Teoria dos Sistemas, que parte do pressuposto de que na

natureza as trocas de energia e matéria ocorrem através de relações em equilíbrio

dinâmico, entretanto, esse equilíbrio é frequentemente alterado pelas intervenções

humanas, gerando estados de desequilíbrios temporários ou até permanentes.

Diante dos diferentes estados de equilíbrio e desequilíbrio que o ambiente está

submetido, Ross (1994) sistematizou uma hierarquia nominal de fragilidade

representadas por códigos: muito fraca (1), fraca (2), média (3), forte (4) e muito forte (5).

Estas categorias expressam especialmente a fragilidade do ambiente em relação aos

processos ocasionados pelo escoamento superficial difuso e concentrado das águas

pluviais. Os critérios utilizados para as variáveis temáticas são expostos no Quadro 2.1.

25

Quadro 2.1: Relação das variáveis temáticas e seus respectivos graus de fragilidade e proteção.

RELEVO SOLO USO E COB. DA TERRA

Características Características Características

Padrões de Formas com a

rugosidade topográfica ou os

Índices de Dissecação do Relevo.

De acordo com Matriz dos índices

de dissecação. Dependência da

escala.

Características de textura, estrutura,

plasticidade, grau de coesão das

partículas e profundidade/espessura

dos horizontes superficiais e

subsuperficiais. Independe da

escala.

Identificação das manchas de

diferentes tipos de usos do solo.

Mensuração das características

naturais, permitindo estabelecer uma

hierarquia de graus de proteção aos

solos pela cobertura vegetal.

Graus de Fragilidade*

(Pequena e Média Escala)

Graus de Fragilidade

(Pequena, Média e Grande Escala)

Graus de Proteção

(Pequena, Média e Grande Escala)

1-Muito Fraca (11).

2-Fraca

(21,22,12).

3-Média (31,32,33,13,23).

4-Forte

(41,42,43,44,14,24,34...).

5-Muito Forte (51,52,53,54,55,15,25,35,45...).

1-Muito Baixa (Latossolo Roxo, Latossolo Vermelho escuro e Vermelho amarelo textura argilosa).

2-Baixa (Latossolo Amarelo e Vermelho amarelo textura média/argilosa).

3-Média (Latossolo Vermelho amarelo, Terra Roxa, Terra Bruna, Podzólico Vermelho amarelo textura média/argilosa).

4-Forte (Podzólico Vermelho amarelo textura média/arenosa, Cambissolos).

5-Muito Forte (Podzolizados com cascalho, Litólicos e Areias Quartzosas).

1- Muito Alta (Florestas/Matas naturais, florestas cultivadas com biodiversidade).

2-Alta (Formações arbustivas naturais com estrato herbáceo denso, formações arbustivas densas (mata secundária, Cerrado Denso, Capoeira Densa), Mata Homogênea de Pinus densa, Pastagens cultivadas com baixo pisoteio de gado, cultivo de ciclo longo como cacau).

3-Média (Cultivo de ciclo longo com curvas de nível/terraceamento como café, laranja com forrageiras entre ruas, pastagens com baixo pisoteio, silvicultura de eucaliptos com sub-bosque de nativas).

4-Baixa (Cultura de ciclo longo de baixa densidade (café, pimenta do reino, laranja com solo exposto entre ruas), culturas de ciclo curto arroz, trigo, feijão, soja, milho, algodão com cultivo em curvas de nível/terraceamento).

5-Muito baixa ou nula (Áreas desmatadas e queimadasrecentemente, solo exposto por arado/gradeação, solo exposto ao longo de caminhos e estradas, terraplenagens, culturas de ciclo curto sem práticas conservacionistas).

Características

Padrão de formas de vertentes e Classes de Declividades.

Graus de Fragilidade

(Grande Escala)

1-Muito Fraca (até 6%).

2-Fraca

(de 6 a 12%).

3-Média (de 12 a 20%).

4-Forte

(de 20 a 30%).

5-Muito Forte (> 30%).

Fonte: Adaptado e Modificado de Ross (1994). Organizado por Oliveira (2017). *Considerando as categorias morfométricas geradas a partir da matriz dos índices de dissecação do relevo.

26

Crepani et al. (2001) apresentam uma proposta metodológica para elaboração de

mapas de vulnerabilidade natural (VN) à perda de solo, baseada no conceito de

Ecodinâmica (Tricart, 1977) e na interpretação de dados temáticos preexistentes com a

utilização de imagens de satélite. O procedimento metodológico consiste primeiramente

na interpretação das informações temáticas disponíveis (mapas geológicos,

geomorfológicos, pedológicos, de cobertura vegetal e uso da terra) sobre as imagens de

satélite utilizadas como “âncora”, e a geração de curvas de intensidade pluviométrica,

definindo Planos de Informação (PI) temáticos geo-referenciados (PI Geologia, PI

Geomorfologia, PI Pedologia, PI Vegetação e Uso e PI Intensidade Pluviométrica). A

interseção vetorial destes PI’s define o mapa de Unidades Territoriais Básicas (UTB)

composto de unidades de paisagem natural e polígonos de intervenção antrópica. Ao PI

UTB, de modelo cadastral, associa-se um banco de dados relacional contendo as

classes dos PI’s temáticos e valores, relativos e empíricos, de vulnerabilidade à perda

de solo de cada uma dessas classes. Em seguida é feita uma classificação do grau de

vulnerabilidade de cada unidade territorial baseada na avaliação, de forma relativa e

empírica, do estágio de evolução morfodinâmica das unidades territoriais básicas,

atribuindo valores de estabilidade às categorias morfodinâmicas conforme pode ser visto

no Quadro 2.2.

Quadro 2.2: Avaliação da estabilidade das categorias morfodinâmicas.

CATEGORIA MORFODINÂMICA

RELAÇÃO PEDOGÊNESE/MORFOGÊNESE VALOR

Estável Prevalece a Pedogênese 1,0

Intermediária Equilíbrio Pedogênese/Morfogênese 2,0

Instável Prevalece a Morfogênese 3,0

Fonte: Crepani et al. (2001).

Ainda segundo a metodologia de Crepani et al. (2001) a vulnerabilidade é

expressa pela atribuição de valores, de 1 a 3, num total de 21 valores, para cada unidade

de paisagem (Quadro 2.3). A representação cartográfica da instabilidade, ou

vulnerabilidade, das unidades territoriais básicas é definida a partir da seleção de 21

cores obtidas a partir da combinação das três cores aditivas primárias (Azul, Verde e

Vermelho), onde o valor de maior estabilidade (1,0) é associado a cor azul, ao valor de

estabilidade intermediária (2,0) é associado a cor verde e ao valor de maior

27

vulnerabilidade (3,0) a cor vermelha, e para o grau de estabilidade entre 1,0 e 2,0 foram

associados a uma combinação das cores azul e verde, assim como para o grau de

estabilidade entre 2,0 e 3,0 uma combinação das cores verde e vermelha. O modelo é

aplicado individualmente aos temas (Geologia, Geomorfologia, Solos, Vegetação e

Clima) que compõem cada unidade territorial básica, que recebe posteriormente um

valor final, resultante da média aritmética dos valores individuais, que busca representar

a posição desta unidade dentro da escala de VN à perda de solo.

Quadro 2.3: Escala de vulnerabilidade das unidades territoriais básicas

Fonte: Adaptado de Crepani et al. (2001).

A metodologia de Grigio (2003) desenvolvida para a obtenção do mapa de

vulnerabilidade ambiental (VA) do município de Guamaré/RN foi operacionalizada em

duas etapas. A primeira consistiu no cruzamento dos mapas geomorfologia, geologia,

solos e vegetação, resultando no mapa de VN. O cruzamento dos mapas foi baseado no

conceito de análise Ecodinâmica de Tricart (1977), as classes identificadas em cada

mapa receberam valores numéricos distribuídos em uma escala de 1,0 a 3,0, com

intervalo de 0,5. Para os mapas de unidades geomorfológicas, de geologia simplificado

e de associação de solos são utilizados os valores de 1,0 (prevalece a pedogênese), 2,0

28

(um equilíbrio entre pedogênese e morfogênese) e 3,0 (prevalece a morfogênese). Para

o caso do mapa de vegetação o critério estabelecido é: 1,0 para ambiente com baixa

diversidade de espécies/formações incipientes, normalmente de pioneiras; 2,0 para

ambientes com média diversidade de espécies, correspondendo a formações em estágio

intermediário; e por último, 3,0 para formações em estágio avançado-clímax, isto é, com

alta diversidade de espécies (Quadro 2.4). Para o mapa de uso e cobertura do solo têm

como foco principal o grau e o tipo de antropização, adotando a mesma escala de 1,0 a

3,0 com intervalo de 0,5 (Quadro 2.5).

29

Quadro 2.4: Grau de vulnerabilidade das classes dos mapas temáticos. MAPA TEMÁTICO / CLASSE

GEOLOGIA GRAU DE

VULNERABILIDADE

Formação Jandaíra 1,5

Formação Barreiras 2,0

Depósito eólico (Dunas Fixas) 2,0

Depósito de Planície de Maré 3,0

Depósitos Flúvio-marinhos 3,0

Depósitos Flúvio-estuarinos 2,5

Depósito eólico (Dunas Móveis) 3,0

Depósitos Aluvionares 2,5

Depósitos de sedimentos de praia recentes 3,0

GEOMORFOLOGIA GRAU DE

VULNERABILIDADE

Superfície de Aplainamento e/ou Tabuleiro Costeiro 1,0

Planície interdunar 2,0

Dunas fixas 2,0

Dunas móveis 3,0

Planície de deflação 3,0

Planície aluvionar 2,5

Zona de estirâncio 3,0

Planície de maré 3,0

Intermaré 3,0

Supramaré 3,0

Terraço flúvio-estuarino 2,5

Terraço marinho 3,0

Ilhas Barreiras 3,0

Barras arenosas emersas 3,0

Barras arenosas submersas 3,0

ASSOCIAÇÃO DE SOLOS GRAU DE

VULNERABILIDADE

Areias quartzosas distróficas (AQd) 2,0

Areias quartzosas marinha distróficas (AQmd) 2,5

Solonchak solométzico (SS) 3,0

Podzólico vermelho-amarelo eutrófico latossólico (PVAEL) 1,5

VEGETAÇÃO GRAU DE

VULNERABILIDADE

Vegetação de mangue 3,0

Vegetação de caatinga arbórea arbustiva fechada 3,0

Vegetação de caatinga arbustiva arbórea fechada 2,5

Vegetação de caatinga arbustiva aberta 2,0

Outro tipo de vegetação (gramínea, agrícola, pioneiras em geral) 1,5

Sem vegetação 1,0

SENSIBILIDADE AMBIENTAL PARA DERRAMES DE ÓLEO GRAU DE

VULNERABILIDADE

Superfície de aplainamento (Tabuleiro Costeiro) – ISL 2 1,0

Dunas fixas – ISL 3 1,5

Dunas móveis – ISL 3 1,5

Planície de deflação – ISL 4 1,5

Banco arenoso exposto na baixa-mar – ISL 7 2,5

Banco arenoso exposto na preamar – ISL 7 2,5

Banco de lama exposto na baixa-mar – ISL 9 3,0

Terraço flúvio-estuarino – ISL 7 2,5

Planície de inundação – ISL 7 2,5

Planície aluvionar – ISL 6 2,0

Planície de maré – ISL 9 3,0

Lagoa – ISL 10 3,0

Lagoa temporária – ISL 10 3,0

Planície de mangue – ISL 10 3,0

Fonte: Grigio (2003).

30

Quadro 2.5: Grau de vulnerabilidade das classes do mapa de uso e cobertura do solo.

CLASSE GRAU DE

VULNERABILIDADE

Açude 2,0

Estuario 1,0

Planície de inundação / Maré 1,0

Terra árida 1,5

Área úmida 1,5

Assentamento 3,0

Vegetação de Caatinga arbustiva aberta 1,5

Vegetação de Caatinga arbórea arbustiva fechada 1,0

Vegetação de Caatinga arbustiva arbórea fechada 1,0

Produção de camarão marinho 3,0

Campo salino 1,5

Cidade 3,0

Cultura temporária 2,5

Pólo Petrolífero de Guamaré 3,0

Área inundável na preamar 1,0

Lagoa temporária 1,0

Vegetação de Mangue 1,0

Área de pastagem 2,5

Poços de extração de petróleo 3,0

Praia - Área de lazer 1,0

Vegetação de dunas 1,5

Fonte: Grigio (2003).

O mapa de VA proposto por Grigio (2003) é obtido pelo cruzamento do mapa de

uso e cobertura do solo e o mapa VN. Após o cruzamento desses dois mapas foi

realizado a classificação dos seus resultados, a partir do cálculo da média aritmética

destes, sendo distribuída em seis classes de VN e ambiental, dispostas no Quadro 2.6.

Quadro 2.6: Classes de vulnerabilidade natural e ambiental, segundo Grigio (2003).

VULNERABILIDADE NATURAL VULNERABILIDADE AMBIENTAL

1 – sem classificação (≤ 0,9) 1 – sem classificação (≤ 0,9)

2 – muito baixa (de 1,0 a 1,3) 2 – muito baixa (de 1,0 a 1,3)

3 – baixa (de 1,4 a 1,7) 3 – baixa (de 1,4 a 1,7)

4 – média (de 1,8 a 2,2) 4 – média (de 1,8 a 2,2)

5 – alta (de 2,3 a 2,5), e 5 – alta (de 2,3 a 2,5), e

6 – muito alta (≥ 2,6) 6 – muito alta (≥ 2,6)

Fonte: Grigio (2003).

O autor aplicou o método de ponderação dos fatores, objetivando obter um mapa

de VA que representasse mais fielmente as peculiaridades do Município de Guamaré. A

ponderação ou compensação entre os fatores é feita através de um conjunto de pesos

31

que indicam a importância relativa de cada fator. Após uma série de avaliações,

considerou-se ser a combinação mais representativa do município o teste 8 (T8).

2.3 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE COSTEIRA (IVC)

O Índice de Vulnerabilidade Costeira (IVC) tem como objetivo avaliar a

probabilidade de que mudanças físicas podem ocorrer ao longo de uma Linha de Costa

(LC), identificando trechos costeiros mais vulneráveis a mudanças ambientais ou ações

antrópicas, de curto e longo prazo, decorrentes de mudanças climáticas como o aumento

do NMM (Özyhurt & Ergin, 2010). Esse índice foi usado inicialmente por Gornitz et al.

(1994), no Serviço Geológico do Estados Unidos (USGS) e posteriormente passou por

estudos para melhoria do método. Foi amplamente aplicado no litoral dos Estados

Unidos e adaptado para ser usado em diversos outros países por ser um método rápido

e consistente para determinar a vulnerabilidade de diferentes tipos de praia (Abuodha &

Woodroffe, 2006).

Esse método analisa seis variáveis para avaliar a vulnerabilidade de uma região

costeira, que correspondem a geomorfologia, a variação da LC e a declividade da costa.

Estas variáveis representam a resistência relativa da costa à erosão, à erosão de longo

prazo e à tendência de acreção, além de sua susceptibilidade à inundação,

respectivamente. E as variáveis dinâmicas que são a variação da maré, altura de ondas

e cenários de elevação do nível do mar, que são fatores que contribuem para os riscos

de inundação de uma determinada seção da LC, conforme proposto por Gornitz (1990);

Gornitz et al. (1994); Thieler e Hammar-Klose (1999). Entretanto, muitas pesquisas

adequam o IVC à sua região por adicionar ou alterar variáveis, significando apenas uma

diferença na parametrização, não no método em si (Dwarakish et al., 2009; Boori et al.,

2012; Fernandez et al., 2013; Busman, 2016).

O IVC é um método que permite identificar as áreas potencialmente afetadas por

danos relativos a aumento do nível do mar e por este motivo pode ser útil como uma

ferramenta de planejamento para a gestão e proteção dos recursos costeiros (Dwarakish

et al. 2009), e assim auxiliando pesquisadores e gestores no planejamento de tomadas

de decisões e ações necessárias à proteção socioeconômica-ambiental do local. Por

outro lado, também pode ser usado para seleção de locais mais adequados para o uso

e cobertura do solo, visando a proteção das áreas e redução dos impactos (Boori &

Amaro, 2011).

32

Busman (2016) aplicou dois IVC’s para três cenários de variação de NMM nas

zonas costeiras das cidades de Macau e Guamaré (RN) e Salinópolis (PA). O primeiro

índice testado foi o apresentado pela USGS denominado no trabalho de IVC-USGS,

onde as variáveis físicas geomorfologia, variação da linha de costa, declividade, em

conjunto com as variáveis hidrodinâmicas altura significativa de ondas, amplitude de

maré e aumento relativo do NMM são analisados para a faixa costeira por meio de

smartline. O segundo índice, nomeado simplesmente IVC, foi adaptado de Özyurt (2007)

e Martins (2015), onde a autora acrescentou a análise original do IVC-USGS as variáveis

infraestrutura urbana costeira (obras de engenharia costeira, calçamento, entre outros),

atividade ou uso atual da LC e prognóstico da variação da linha de costa.

Os processamentos e geração de resultados foram realizados em ambiente de

Sistema de Informação Geográfica (SIG), sendo as classes das variáveis definidas com

base na bibliografia internacional e nacional (Quadro 2.7). O cálculo da variação, da taxa

de variação e do prognóstico da linha de costa foram obtidos por meio da extensão DSAS

(Thieler et al., 2009) desenvolvido pelo United States Geological Survey (USGS, 2017).

Visando manter o mesmo escore dos mapas das variáveis físicas e hidrodinâmicas

(escore 1 a 5), a autora utilizou para o cálculo dos índices IVC-USGS e IVC a média

aritmética simples, sem ponderação para igualar a importância entre as variáveis

utilizadas.

33

Quadro 2.7: Classes de vulnerabilidade para os índices IVC-USGS e IVC para Macau e

Guamaré (RN) e Salinópolis (PA).

CLASSE MUITO BAIXA BAIXA MÉDIA ALTA MUITO ALTA

Geomorfologia RN Dunas Fixas

Planície de Inundação

Flúvio-Estuarina

Planície Flúvio-

Marinha Dunas Móveis Praia

Geomorfologia PA Acumulação

flúvio-marinha --- --- ---

Dissecação Convexa

Uso/atividade RN Praias, ilhas e

barras arenosas Povoado

Zona urbana

Instalação eólica

Indústria do petróleo

Uso/atividade PA Vegetação --- Solo

exposto ---

Cidade e povoados

Amplitude de marés RN

--- --- 2,9 m --- ---

Amplitude de marés PA

--- --- --- --- 5,8 m

Altura significativa de ondas RN

--- 0,74 m --- --- ---

Altura significativa de ondas PA

--- --- --- 1,2 m ---

Variação do nível médio do mar

--- --- RPC 2,6 RPC 4,5 RPC 8,5

Infraestrutura urbana Ausente --- --- ---

Lazer, calçamento, engenharia

costeira

Taxa de variação da linha de costa

> +10 m/ano +2 a +10

m/ano -2 a +2 m/ano

-2 a -10 m/ano

< -10 m/ano

Declividade < 1% e >45% 1 - 2 % 2 - 3,33% 3,33 - 5% 5 - 45%

Projeção da variação da linha de costa

> +10 m/ano +2 a +10

m/ano -2 a +2 m/ano

-2 a -10 m/ano

< -10 m/ano

Fonte: Busman (2016).

Ainda em relação a pesquisa realizada por Busman (2016), a partir dos resultados

obtidos com a aplicação do IVC proposto no estudo, com a adição de variáveis

antrópicas, foi possível evidenciar que a dinâmica costeira só passar a ser um problema

quando em frente a zonas de ocupação antrópica. Onde nos três municípios estudados

a erosão costeira foi mais acentuada justamente em trechos com ocupação urbana ou

industrial e estas também serão as regiões mais vulneráveis a cenários de aumento

relativo do NMM. Os índices de vulnerabilidade costeira podem subsidiar o ordenamento

de zonas de expansão e de não expansão do uso e cobertura, ações que podem reduzir

gastos públicos e/ou privados em decorrência de danos por erosão ou inundação

costeira e que podem ser aplicados para demais melhorias urbanas (Busman, 2016).

Á

R

E

A

D

E

E

S

T

U

D

O

CAPÍTULO 3.

35

3. ÁREA DE ESTUDO

Nesta seção é apresentada a descrição, localização e caracterização dos

aspectos fisiográficos como, clima, agentes costeiros (ventos, ondas, correntes e marés),

vegetação, solo, geologia e geomorfologia da área de estudo.

3.1 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DA ÁREA

A área de estudo está localizada na região nordeste do Brasil, no litoral oriental

do RN, no município de Parnamirim na região metropolitana de Natal a 12 km da capital.

O limite geográfico compreende a latitude 5°52’S-5°58’S e longitude 35°8’W-35°11’W. A

área têm cerca de 24 km² com uma extensão da LC de aproximadamente 11 km

compreendendo a zona costeira da barreira do inferno e da praia de cotovelo. A área na

sua maior parte está inserida numa região de preservação ambiental que corresponde a

área da barreira do inferno, onde está localizada uma base da Força Aérea Brasileira.

Figura 3.1: Mapa de Localização da área de estudo.

36

3.2 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

3.2.1 Clima

No estado do Rio Grande do Norte (RN), as estações do ano são definidas, com

inverno chuvoso e verão seco. O regime pluviométrico na porção oriental do litoral

potiguar é bastante regular com as chuvas distribuídas nos meses de Março a Agosto,

sendo o mês de Junho o mais chuvoso e a estação seca entre os meses de Outubro,

Novembro e Dezembro, estando as menores precipitações registradas no mês de

Outubro (Natal, 2012). O clima da região litorânea do estado é caracterizado como úmido

e sub-úmido (SEPLAN, 2012), onde litoral oriental apresenta características climáticas

ligadas à sua posição geográfica, pois está submetida às baixas latitudes, com fortes

influências de massas tropicais, ocasionando uma sazonalidade na precipitação

(Oliveira, 2003).

A partir de uma série histórica de 1986 a 2016 da estação climatológica de Natal

(INMET, 2016), que compreende a estação com dados disponíveis mais próximo da área

de estudo, a precipitação média anual ocorrida foi de 1.671,90 mm. Neste período, a

menor precipitação anual ocorreu no ano de 1993, com 849 mm, enquanto que a maior

precipitação se deu no ano de 2008, com 2.485,9 mm. O período chuvoso na região

estende-se de Março a Agosto, sendo o mês de Junho o mais chuvoso (média de 368,9

mm), e os meses do período de seca em Outubro, Novembro e Dezembro, sendo as

menores precipitações registradas no mês de Outubro.

3.2.2 Agentes Costeiros

Em geral, a direção do vento é determinada pela posição da zona de convergência

intertropical (ZCIT), com ventos de nordeste no início do ano e de sudeste no segundo

semestre, quando ocorrem as velocidades mais elevadas. A região caracteriza-se por

ventos com forte componente sudeste, variando sazonalmente entre ESE e SSE,

seguido pelos ventos com componente sul (Natal, 2012). A maior incidência de ventos

na região é nos meses de agosto, setembro e outubro coincidem com o início da estação

seca, fazendo com que muitos sedimentos arenosos de dunas se desloquem nos

sentidos predominantes dos ventos, em função da pouca agregação da água sobre estes

(Oliveira, 2011).

37

As variações do nível do mar na costa oriental do RN caracterizam marés do tipo

semi-diurnas, com a variação média das marés de sizígias de aproximadamente 2,20m

e das marés de quadratura de aproximadamente 1,3m (Vital et al. 2008). Na região do

Porto de Natal o regime é caracterizado por mesomaré, com variação média nas marés

de sizígia entre 2,4-0,2 m e amplitudes médias em torno de 2,2 m. Enquanto em marés

de quadratura essas variações estão entre 1,9-0,8 m com amplitude média de 1,1 m. O

NMM para a região é de 1,3 m (DHN, 2012).

3.2.3 Geologia

A área encontra-se inserida no contexto geológico da Bacia Sedimentar Costeira,

Pernambuco-Paraíba de idade Cretácea, situada na região costeira dos estados de

Pernambuco, Paraíba e litoral oriental do Rio Grande do Norte. A bacia tem seus limites

definidos ao norte pelo Alto de Touros com a Bacia Potiguar, e a sul pelo Lineamento

Pernambuco com a Bacia de Alagoa, possui uma área total de aproximadamente 30.000

km², onde 8.000 km² estão situados na parte emersa. É constituída por uma sequência

de rochas cretáceas, tércio-quaternária e por sedimentos quaternários (Souza-Lima et

al. 2003).

A região é constituída por coberturas recentes de dunas e por sedimentos e

rochas siliciclásticas de idade tércio-quaternária da Formação Barreiras. As dunas têm

espessura média de 10 m e são compostas por areias quartzosas finas a médias,

homogêneas, bem selecionadas e de coloração esbranquiçada (Stein et al., 2012). A

Formação Barreiras constitui a unidade geológica de ocorrência mais expressiva da

costa brasileira, aflorando desde o Estado do Rio de Janeiro até o Amapá. Na região

litorânea do Rio Grande do Norte, entre Parnamirim e Nísia Floresta, a Formação

Barreiras apresenta os melhores afloramentos em falésias, onde a praia de Cotovelo,

apresenta uma área com exposição lateral descontínua de aproximadamente 2,5 km,

com altura variável, atingindo até 20 m na parte central da Barreira do Inferno (Araújo et

al., 2006).

As unidades geológicas presentes na área de estudo estão divididas em dois

grupos, Paleógeno/Neógeno e Neógeno/Quaternário, de acordo com as relações

cronoestratigráficas apresentada na (Figura 3.2). A partir do mapeamento da área foram

identificadas quatro unidades geológicos Formação Barreiras, Depósitos eólicos

38

litorâneos não vegetados, Depósitos eólicos litorâneos vegetados e Depósitos

aluvionares de canal.

Figura 3.2: Relação cronoestratigráfica entre das unidades. Adaptado de Bezerra et al. (2009).

3.2.4 Geomorfologia

Os Tabuleiros Costeiros (ou Superfície de Aplainamento) estão presentes por uma

faixa contínua de cerca de 700 km de extensão ao longo do litoral dos Estados do Ceará,

Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. São feições resultantes da atuação de

processos morfogenéticos de dinâmica variada relacionada a ciclos de espraiamento de

detritos fluviais e lacustres (Amaro et al., 2002). Com base nas características

geológicas, pedológicas e geomorfológicas, os Tabuleiros Costeiros podem ser

subdivididos em três outras unidades: os Tabuleiros, as Chapadas do Litoral Norte e a

Faixa Litorânea (RADAMBRASIL, 1981).

A região de estudo é caracterizada por um relevo de altitudes baixas, geralmente

inferiores a 100 metros, com áreas planas predominantes ao longo de toda a sede

municipal, com pouca ocorrência de declividades, as quais são observadas na área

litorânea. De acordo com o mapeamento realizado foram observadas quatro unidades

geomorfológicas Dunas fixas, Dunas móveis, Planície fluvial e Tabuleiros costeiros.

39

3.2.5 Solos

Os solos são formados por jovens sedimentos erodidos a partir da base arenítica

ampla e frequente da formação terciária Barreiras. Eles consistem em Neossolos de

areia branca pobres em nutrientes com manchas de Latossolos vermelho ou amarelo

(SUDENE/DNPEA, 1971). Por ser uma área de preservação ambiental não apresenta

nenhuma atividade voltada para agricultura ou cultivo da terra. Conforme o mapa

pedológico, foram classificadas as unidades pedológicas Neossolos Quartzarênicos, e

Neossolos Flúvicos, dentro do grupo Neossolos, que são solos pouco evoluídos

constituídos por material mineral ou por material orgânico com menos de 20 cm de

espessura, não apresentando qualquer tipo de horizonte B diagnóstico; e a unidade

Argissolos Vermelho-Amarelo, do grupo dos Argissolos, constituídos por material

mineral, apresentando horizonte B textural imediatamente abaixo do A ou E, com argila

de atividade baixa ou com argila de atividade alta conjugada com saturação por bases

baixa e/ou caráter alítico na maior parte do horizonte B (EMBRAPA, 2013), é possível

observar ainda trechos com rocha aflorante.

3.2.6 Vegetação

Quanto a vegetação a área é caracterizada por uma restinga arbustiva densa que

cobre o campo dunar, uma savana arborizada espaçada e existe ainda uma restinga

herbácea presente nas zonas mais baixas. O sistema de campos de dunas da Barreira

do Inferno apresenta aproximadamente 10% de sua área sem vegetação, 55% de

vegetação arbórea arbustiva densa, 25% de vegetação arbustiva arbórea rala e 10% de

vegetação rasteira e/ou pioneira (Fracasso, 2005). Segundo o mapa de vegetação

verificou-se na área total de estudo a distribuição de quatro tipos, sendo, Restinga

Arbustiva, Restinga Herbácea, Savana Arborizada e Vegetação Rasteira, além das áreas

sem vegetação.

Silva et al. (2015) caracterizou em seu estudo na região da Barreia do Inferno uma

amostra de 918 indivíduos, um total de 55 especies, 39 gêneros e 27 famílias na área da

barreira do inferno. Apenas quatro espécies tiveram abundância superior a 5% da

abundância total, e as sete espécies mais abundantes representaram 50,1% de todos os

caules, caracterizando uma comunidade dominada por espécies raras.

M

A

T

E

R

I

A

I

S

E

M

É

T

O

D

O

S

CAPÍTULO 4.

41

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Nesta seção serão abordados os procedimentos metodológicos adotados: as

técnicas de Processamento Digital de Imagens (PDI) para a caracterização das unidades

de paisagem, elaboração dos mapas ambientais e a obtenção dos índices de

vulnerabilidade natural, ambiental e costeira, apresentados através de mapas. O

fluxograma abaixo apresenta o delineamento das etapas que foram desenvolvidas ao

longo da pesquisa (Figura 4.1).

Figura 4.1: Delineamento da metodologia aplicado no desenvolvimento da pesquisa.

4.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO

O levantamento bibliográfico refere-se ao estudo dos conceitos e técnicas

específicas sobre os sistemas de imageamento e interpretação de produtos ópticos;

sobre as técnicas de integração de imagens; e informações obtidas nos principais

trabalhos sobre o tema e da metodologia adotada. O levantamento cartográfico diz

respeito aos mapas que serviram como base para a vetorização e determinação das

nomenclaturas dos mapas das unidades geoambientais e de uso e cobertura do solo.

Os principais produtos de sensoriamento remoto digitais que foram utilizados

foram imagens orbitais do LANDSAT 5 TM e LANDSAT 8 OLI correspondentes à cena

órbita-ponto 214-064, dos anos de 1984, 1993 disponíveis no catálogo online do Instituto

42

Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE) e de 2005 e 2015 disponíveis no catálogo online

da United States Geological Survey (USGS). As imagens Landsat TM 5 apresentam sete

bandas, com resolução radiométrica de 8 bits e resolução espacial de 30m, com exceção

da Banda 6 que tem resolução de 120 m. Já as imagens Landsat OLI 8 apresentam 11

bandas, com resolução radiométrica de 12 bits, sendo as bandas de 1 a 7 e 9 com

resolução de 30m, a banda 8 com resolução de 15m e as bandas 10 e 11 com 100m de

resolução. Os dados altimétricos foram gerados a partir da SRTM (Shuttle Radar

Topography Mission) com resolução espacial de 30m, obtidos no website da USGS. Os

dados SRTM foram utilizados para obtenção do Mapa de Declividade e Modelo Digital

de Elevação (MDE). A Tabela 4.1 apresenta as características das imagens e dados

SRTM.

Tabela 4.1: Características das imagens orbitais e dados SRTM.

SENSOR BANDAS

ESPECTRAIS

RESOLUÇÃO

ESPACIAL

DATA DE

AQUISIÇÃO

HORA DE

AQUISIÇÃO FONTE

TM B1 a B5 e B7 30m 17/11/1984 11:58:17 INPE

TM B1 a B5 e B7 30m 18/05/1993 11:50:56 INPE

TM B1 a B5 e B7 30m 24/09/2005 12:16:47 USGS

OLI B1 a B8 30m (B1 a B7)

15m (B8) 22/10/2015 12:28:44 USGS

MISSÃO BANDAS ESPECTRAIS RESOLUÇÃO

ESPACIAL

DATA DE

AQUISIÇÃO FONTE

SRTM Bandas C e X 30m 11/02/2000 USGS

Para os dados secundários foram utilizados os mapas disponível no Companhia

de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) para o estado do Rio Grande do Norte (RN)

e dados do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE), auxiliando a análise e

vetorização dos mapas das unidades geoambientais e uso e cobertura. Esse conjunto

de dados foi utilizado no estudo da vulnerabilidade física.

4.2 PROCESSAMENTO DOS DADOS

O processamento dos dados foi realizado em um ambiente SIG, que envolveu as

etapas de pré-processamento e processamento. Os sistemas e técnicas de

sensoriamento remoto de sistemas ópticos orbital e aéreo permitem a caracterização e

43

o estudo da evolução ambiental de uma região, desde os estágios iniciais, e

acompanhamento dos processos antrópicos, por meio de análise multitemporais (Grigio,

2003). Com isso, os dados de sensoriamento remoto digital apresentam diversas

vantagens devido à sua cobertura repetitiva e visão sinóptica de grandes áreas, por

vezes inacessíveis, de forma rápida e econômica (Boori & Amaro, 2011).

4.2.1 Pré-Processamento

O pré-processamento constitui no processamento de imagens de satélite,

empregando técnicas que visam melhorar a qualidade dos dados. A correção geométrica

pode ser entendida como a transformação dos dados de sensoriamento remoto, de tal

modo que eles adquiram as características de escala e projeção próprias de mapas

(Moreira, 2001).

Primeiramente foi realizada a fusão em ambiente SIG das bandas espectrais, a

princípio, separadas em arquivos diferentes no formato GEOTIFF, para gerar um único

arquivo ERS (multilayer) com o objetivo de facilitar os processamentos seguintes. Para

as imagens LANDSAT 5 foram utilizadas apenas as bandas com resolução espacial de

30m (bandas de 1 a 5 e 7); para as imagens LANDSAT 8 foram utilizadas as bandas

com resolução de 30m (bandas de 1 a 7) com a inserção da banda 8 com 15m de

resolução no canal do intensity para melhorar a resolução da imagem, permitindo a

realização dos mapas na escala de 1:50.000.

O georreferenciamento das imagens foi realizado utilizando a projeção

cartográfica Universal Transversa de Mercator (UTM) Zona 25S DATUM Sistema de

Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS 2000). A etapa de

georreferenciamento ou correção geométrica é relevante para corrigir as distorções e

degradações derivadas da aquisição dos dados e gerar imagens com a integridade

geométrica exigida para um produto cartográfico. As fontes destas distorções estão

relacionadas aos sensores imageadores e as características naturais da superfície

imageada (Lillesand e Kiefer, 1994). Para as imagens de 1984 e 1993 (LANDSAT TM

5/INPE) foi necessário a realização de correções de georreferenciamento realizadas em

ambiente SIG, obtendo um erro Médio Quadrático (RMS) inferior a 0,5, padronizando os

dados e aumentando a confiabilidade dos produtos obtidos. As imagens de 2005 e 2015

(LANDSAT OLI 8/USGS) e os dados SRTM já apresentam correções geométricas.

Contudo, foi realizada a conferência dos registros geométricos dessas imagens, obtendo

resultados aceitáveis.

44

Posteriormente a estatística das imagens foi calculada com o objetivo de permitir

a análise dos parâmetros estatísticos, estabelecer correlações adequadas entre bandas

e a aplicação das técnicas de processamento que levam em consideração estes

parâmetros.

4.2.2 Processamento

Os dados de satélite, uma vez pré-processados, podem conter um contraste

espectral de baixa qualidade visual, deste modo, o realce de imagem consiste no

conjunto de procedimentos aplicado para melhorar a qualidade visual das mesmas

(Grigio, 2003). O realce digital de imagens é obtido por técnicas de PDI, que amplia a

capacidade de interpretação visual, aumentando a distinção aparente entre as

características das unidades temáticas (Shalaby & Tateishi, 2007). As técnicas de realce

que foram aplicadas nesse trabalho foram: composições coloridas, razões de bandas e

fusão digital de imagens.

A elaboração das composições coloridas consiste na associação de três bandas

espectrais, cada uma inserida num canal de cor, dentro do sistema RGB (Red, Green e

Blue). A aplicação desta técnica tem por objetivo a elaboração de falsas cores, devido à

integração de bandas do espectro visível com outras bandas do espectro infravermelho

próximo e/de ondas curtas (SWIR). A razão de bandas é considerada um meio

relativamente rápido de identificar áreas de mudança na paisagem, pois as imagens

resultantes reforçam diferenças espectrais entre as classes e suprimem os efeitos

topográficos de sombreamento (Sabins, 1987; Amaro, 1998; Dewidar, 2004).

Técnicas de composições coloridas no sistema de cores RGB foram aplicadas

através das bandas multiespectrais do sensor OLI, tomando como referência

combinações obtidas através da pesquisa bibliográfica. No sistema RGB foram aplicadas

técnicas de combinações simples e de razões de bandas, realizando ajustes de

histogramas.

A fusão de composições coloridas em RGBI consiste na combinação de múltiplos

dados em uma única imagem. Assim, a imagem resultante pode reunir em uma única

imagem as feições texturais da imagem de melhor resolução espacial e as informações

espectrais das outras bandas, o que possibilita uma melhor discriminação de alvos

(Guedes et al., 2002). Nesse trabalho, foi utilizada a banda pancromática da imagem

Landsat OLI 8, na camada Intensity (I) do sistema Intensity Hue Saturation (IHS),

45

integrada ao sistema RGB, com isso a imagem obteve um aumento na resolução

espacial, passando de 30 m das bandas de 1 a 7, para 15 m de resolução da banda

pancromática 8. O Quadro 4.1 apresenta as composições realizadas neste estudo no

sistema de cores RGB e RGBI.

Quadro 4.1: Composições coloridas nos sistemas RGB e RGBI elaboradas com as técnicas de PDI.

SISTEMA COMPOSIÇÕES SIMPLES RAZÃO DE BANDAS PCS

RGB

R(5) G(4) B(3) R(6/4) G(5/7) B(7) R(PC1) G(PC3) B(PC6)

R(6) G(5) B(2) R(5) G(3) B(NDWI) R(PC5) G(PC4) B(PC6)

R(7) G(6) B(4) R(7/5) G(6/4) B(5/3)

RGBI R(5) G(4) B(3) I(8)

R(5/4) G(6) B(5/3) I(8) R(PC5) G(PC6) B(PC7) I(8) R(6) G(5) B(2) I(8)

4.3 ALTIMETRIA

A altimetria foi analisada por meio do Modelo Digital de Elevação (MDE) 3D

(Figura 4.2) e do Mapa de Declividade (Figura 4.3), obtidos dos dados SRTM

mencionados na seção 4.1, ambos, o MDE e Mapa de Declividade, foram obtidos por

processos em ambiente SIG.

O MDE é uma representação tridimensional do relevo, e pode ser usado para

extrair variáveis geomorfométricas do mesmo, como declividade, orientação de vertentes

e curvatura do terreno, servindo de suporte para a análise geomorfológica. Com o MDE

é possível definir a direção do fluxo da água, delimitar as bacias hidrográficas e calcular

as áreas de contribuição de forma mais rápida, a partir de características morfológicas

da bacia, tornando-se o método mais utilizado para cálculos geomorfológicos e extração

de informações hidrológicas (LIN et al, 2006).

46

Figura 4.2: Modelo Digital de Elevação da região da Barreira do Inferno, obtidos de dados da SRTM.

Os mapas de declividade surgem como ferramenta de importância para a análise

do relevo, sendo uma forma de representação temática da distribuição espacial dos

diferentes níveis de inclinação existentes em um terreno amparando a análise da

paisagem (Colavite & Passos, 2012). O mapa de declividade possibilita conhecer a

tendência de escoamento de fluxo, para o auxílio na determinação das zonas de

inundação. A classificação dos intervalos de declividades (Quadro 4.2) seguiu a

47

classificação estabelecida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa,

1979).

Quadro 4.2: Classificação da declividade segundo Embrapa (1979)

DECLIVIDADE (%) DESCRIMINAÇÃO

0 - 3 Relevo Plano

3 - 8 Relevo Suave Ondulado

8 - 20 Revelo Ondulado

20 - 45 Relevo Forte Ondulado

45 - 75 Revelo Montanhoso

> 75 Relevo Forte Montanhoso

Figura 4.3: Mapa de Declividade da Barreira do Inferno, obtidos de dados da SRTM.

48

4.4 ELABORAÇÃO DOS MAPAS AMBIENTAIS

Após o tratamento das imagens, as mesmas foram processadas em um ambiente

SIG para serem analisadas e interpretadas visualmente na intenção de que as variações

de cor, brilho e intensidade dos pixels colabore na determinação espacial detalhada dos

elementos da paisagem.

Os mapas das unidades geoambientais (geologia, geomorfologia, solos e

vegetação) e de uso e cobertura do solo para o ano de 2015 (Erro! Fonte de referência

não encontrada.) foram elaborados na escala de 1:50.000 a partir da vetorização das

classes temáticas em ambiente SIG por meio da interpretação das imagens de satélite

processadas e dados secundários, mantendo na vetorização o mesmo sistema de

coordenadas utilizado nas imagens. Os mapas das unidades geoambientais são

apresentados na seção 3, na descrição da área de estudo. O Quadro 4.3 apresenta um

resumo dos mapas elaborados com sua escala e referências utilizadas na sua

caracterização.

Quadro 4.3: Mapas bases elaborados para a região da Barreira do Inferno, em ambiente SIG.

MAPA ESCALA REFERÊNCIA

Geologia 1:50.000 CPRM. IBGE. LANDSAT 8. Processamento em SIG.

Geomorfologia 1:50.000 CPRM. LANDSAT 8. Processamento em SIG.

Solos 1:50.000 CPRM. EMBRAPA. LANDSAT 8. Processamento em

SIG.

Vegetação 1:50.000 IBGE. LANDSAT 8. Processamento em SIG.

Uso e cobertura 1:50.000 IBGE. LANDSAT 8. Processamento em SIG.

4.5 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE NATURAL E AMBIENTAL

Neste estudo foram elaborados mapas de vulnerabilidade a partir dos valores de

índices de vulnerabilidade física com lógica booleana, que compreendem o IVN e o IVA.

Para a confecção dos mapas de vulnerabilidade é necessário a determinação do grau

de vulnerabilidade estipulado a cada classe das unidades geoambientais, onde será

distribuído uma escala de 1 a 3, sendo 1 (estável), 2 (intermediária) e 3 (instável), com

intervalo de 0,5, de acordo com o conceito de estabilidade das características físicas dos

49

ecossistemas, proposto pelo princípio da Ecodinâmica de Tricart (1977) baseado em

Crepani et al (2001).

As classes e índices de vulnerabilidade quanto à geologia, geomorfologia,

vegetação, solos e uso do solo foram baseadas nos trabalhos de Crepani et al. (2001),

Grigio (2003), Grigio et al. (2006), Boori & Amaro (2010) e Busman (2016); as classes

de solos foram baseadas na classificação dos solos segundo da EMBRAPA (2013). O

Quadro 4.4 apresenta as classes e seus respectivos índices de vulnerabilidade.

As classes do mapa geomorfológico foram definidas a partir do mapa de

geomorfologia da CPRM junto com o Manual Técnico de Geomorfologia do IBGE, onde

de acordo com o manual, para trabalhos de mapeamentos geomorfológicos a área deve

ser dividida em quatro classes distintas, denominados de modelados: acumulação,

aplanamento, dissolução e dissecação. Cada classe é discriminada de acordo com a

similaridade das formas geométricas e dos processos morfogenéticos, que deram origem

as feições topográficas (IBGE, 2009).

Quadro 4.4: Índices de vulnerabilidades das classes das unidades geoambientais.

GEOLOGIA GEOMORFOLOGIA

CLASSES ÍNDICES DE

VULNERABILIDADE CLASSES

ÍNDICES DE

VULNERABILIDADE

Formação Barreiras 2,0 Tabuleiros Costeiros 1,0

Depósitos eólicos

litorâneos não

vegetados

3,0 Dunas Móveis 3,0

Depósitos eólicos

litorâneos vegetados 2,0 Dunas Fixas 2,0

Depósitos aluvionares

de canal 2,5 Planície Fluvial 2,5

SOLOS VEGETAÇÃO

CLASSES ÍNDICES DE

VULNERABILIDADE CLASSES

ÍNDICES DE

VULNERABILIDADE

Neossolos Flúvicos 2,0 Savana Arborizada 2,0

Restinga Herbácea 3,0

Neossolos

Quartzarênicos 2,5 Restinga Arbustiva 2,5

Argissolos Vermelho-

Amarelo 1,5 Vegetação Rasteira 2,0

Rocha Aflorante 1,0 Área sem Vegetação 1,0

Fonte: Adaptado de Grigio, 2003.

50

Os índices Vulnerabilidade Natural e Vulnerabilidade Ambiental foram escolhidos

por serem métodos amplamente utilizados de análise da vulnerabilidade física atual,

referenciados na literatura acadêmica e pela viabilidade de sua replicação (Tagliani,

2003; Grigio et al., 2006; Boori & Amaro, 2010, 2011; Tagliani et al., 2010; Batista &

Verissímo, 2012; Bastos et al., 2015; Busman, 2016).

O mapa de VN será obtido através do cruzamento dos mapas de unidades

geoambientais: variáveis físicas geologia, geomorfologia, solos e vegetação. Após o

cruzamento, foi realizado uma média dos valores dos graus de vulnerabilidade. A

expressão (1) a seguir demonstra o cálculo dos indicies de vulnerabilidade natural.

IVN = (GEOM + GEO + VEG + SOL)/4 (1)

Onde: IVN = Índice de Vulnerabilidade Natural;

GEOM = Geomorfologia;

GEO = Geologia;

VEG = Vegetação;

SOL = Solos.

Para a obtenção do mapa de VA foi realizado o cruzamento entre o mapa de VN

e o mapa de uso e cobertura de solo, deste modo, os mapas de uso e cobertura do solo

servem para demonstrar o quanto a ocupação antrópica influencia as unidades

geoambientais da área estudada (Grigio et al., 2006). Para o grau de vulnerabilidade do

uso e cobertura do solo será adotado a mesma escala aplicada anteriormente, isto é, de

1 (estável), 2 (intermediária) e 3 (instável), com intervalo de 0,5. Após o cruzamento,

calculou-se a média aritmética entre os valores da VN e o grau de vulnerabilidade e uso

e cobertura, de acordo com a expressão (2).

IVA = (IVN + USO)/2 (2)

Onde: IVA= Índice de Vulnerabilidade Ambiental

IVN = Índice de Vulnerabilidade Natural

USO = Uso e Cobertura do Solo.

Os resultados dos cruzamentos dos índices foram distribuídos em cinco classes de VA e a presentados no Quadro 4.5 de acordo com Busman (2016).

51

Quadro 4.5: Valores dos intervalos das classes de vulnerabilidade física, aplicados nos índices de vulnerabilidade.

MUITO BAIXA BAIXA MÉDIA ALTA MUITO ALTA

1,00 – 1,4 1,40 – 1,8 1,8 – 2,2 2,2 – 2,6 2,6 – 3,00

Fonte: Busman, 2016.

Além do cálculo dos índices por meio da média aritmética entre as variáveis

geoambientais, foi utilizado as ponderações dos fatores, conforme a escala de

ponderação de Saaty (2008), em Processo Analítico de Hierarquia (PAH), onde as

variáveis são comparadas a partir de valores atribuídos por tomadores de decisão em

uma escala numérica de ponderação que varia de extremamente mais a menos

importante (Saaty, 2008) (Quadro 4.6). Os valores utilizados da escala de comparadores

de Saaty estão apresentadas no quadro 4.7. Os pesos resultantes indicam a importância

de uma variável em relação a outra, onde a taxa de consistência indica o quanto a

comparação entre as variáveis foi coerente ou aceitável (taxa de consistência <

0,10)(Saaty, 2008).

Quadro 4.6: Escala de ponderação de Saaty aplicada no Processo Analítico de Hierarquia para obtenção da importância relativa das variáveis.

1/9 Extremamente 3 Moderadamente

1/7 Muito Fortemente 5 Fortemente

1/5 Fortemente 7 Muito Fortemente

1/3 Moderadamente 9 Extremamente

MENOS IMPORTANTE MAIS IMPORTANTE

1 IGUALMENTE

Fonte: Saaty, 2008.

52

Quadro 4.7: Escala de comparadores de Saaty aplicada para a ponderação dos pesos do índice de vulnerabilidade natural e ambiental.

Natu

ral

VARIÁVEL GEOMORFOLOGIA GEOLOGIA VEGETAÇÃO SOLOS

Geomorfologia 1

Geologia 1/3 1

Vegetação 1/3 3 1

Solos 1/3 3 1/3 1

Am

bie

nta

l

VARIÁVEL GEOMORFOLOGIA GEOLOGIA VEGETAÇÃO SOLOS USO E

COBERTURA

Geomorfologia 1

Geologia 1/3 1

Vegetação 1/3 3 1

Solos 1/3 3 1/3 1

Uso e Cobertura 1 3 3 1 1

Fonte: Adaptado de Tagliani, 2003; e Busman, 2016.

A partir dos pesos obtidos descritos na seção 5.2.2.2 os mesmos foram utilizados

na ponderação das classes de acordo com nas expressões (3) para o índice de

vulnerabilidade natural (IVN) e (4) para o índice de vulnerabilidade ambiental

apresentadas a seguir.

IVN = (0,48xGEOM + 0,09xGEO + 0,27xVEG + 0,16xSOL) (3)

IVA = (0,28xGEOM + 0,07xGEO + 0,22xVEG + 0,14xSOL + 0,28xUSO) (4)

Onde: IVN = Índice de Vulnerabilidade Natural;

IVA= Índice de Vulnerabilidade Ambiental

GEOM = Geomorfologia;

GEO = Geologia;

VEG = Vegetação;

SOL = Solos.

USO = Uso e Cobertura do Solo.

53

4.6 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE COSTEIRA (IVC)

O IVC permite identificar as áreas potencialmente afetadas por danos relativos a

aumento do nível do mar e, por isso, é um importante instrumento de planejamento para

a gestão e proteção dos recursos costeiros (Alexandrakis & Poulos, 2014). O IVC analisa

variáveis físicas (geomorfologia; taxa de mudança histórica nas margens/linhas de praia;

declividade costeira) e variáveis dinâmicas (a amplitude significativa de maré, a altura de

onda, e o SLR global) que devem ser relacionadas de forma quantificável à

vulnerabilidade relativa da costa às mudanças físicas devido ao aumento do nível do mar

(SLR) em cenários futuros (Barnard et. al., 2015).

Foram utilizados dois métodos para o cálculo do IVC, o primeiro apresentado pelo

USGS, que consiste em um método amplamente utilizado (Gornitz et al., 1994; Thiele &

Hammar-Klose, 1999; Abuodha & Woodroffe, 2006), e nomeado nesse estudo como

IVC-USGS; o segundo denominado IVC, em que são analisadas outras três variáveis:

infraestrutura urbana costeira (obras de engenharia costeira, calçamento, entre outros),

atividade ou uso atual da LC e prognóstico da variação da linha de costa (Busman et al.),

em comparação ao método da USGS, adaptado de Özyhurt (2007), Özyhurt & Ergin

(2010), Martins (2015) e Busman (2016).

Os métodos foram analisados para a faixa costeira por meio de smartline, que é

um método de mapeamento de dados costeiros em que múltiplos atributos foram

atribuídos em polígonos lineares em um sistema SIG para proceder à álgebra de mapas,

e os resultados foram apresentados em forma de linha (Sharples et al., 2009; Martins,

2015; Busman, 2016).

Em ambos os índices de vulnerabilidade costeira o escore de vulnerabilidade

variou entre 1 (- vulnerável) a 5 (+ vulnerável). Os graus de vulnerabilidade para cada

classe das variáveis basearam-se nos estudos de Özyhurt (2007), Özyhurt & Ergin (2009,

2010), Martins (2015) e Busman (2016). No Quadro 4.8 são apresentadas as classes de

cada uma das variáveis utilizadas distribuídas nos seus respectivos graus de

vulnerabilidade.

54

Quadro 4.8: Graus de Vulnerabilidade das classes aplicado para o cálculo do índice de vulnerabilidade costeira.

Classes Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta

Geomorfologia Dunas Fixas,

Tabuleiros - - Dunas Móveis -

Declividade < 1% e >45% 1 - 2 % 2 - 3,33% 3,33 - 5% 5 - 45%

Taxa de

variação da

linha de costa

> +10 m/ano +2 a +10

m/ano

-2 a +2

m/ano -2 a -10 m/ano < -10 m/ano

Amplitude de

marés 1,34 m - - - -

Altura

significativa

de onda

- - - 1,44 m -

Variação do

nível médio do

mar

- - RCP 2,6 RCP 4,5 RCP 8,5

Uso/Atividade Praias - - - -

Infraestrutura

urbana Ausente - - - -

Projeção da

variação da

linha de costa

> +10 m/ano +2 a +10

m/ano

-2 a +2

m/ano -2 a -10 m/ano < -10 m/ano

Fonte: Adptado de Busman, 2016.

4.6.1 Dados Físicos

Os dados costeiros relativos à variável geomorfologia foram obtidos através do

mapeamento geomorfológico realizado na área de estudo, que também envolve a zona

costeira, e apresentados na seção 4.3. Por sua vez, os dados de declividade da costa

foram extraídos da imagem SRTM, com resolução de 30 m. Os dados de uso e cobertura

do solo também foram obtidos por meio de mapeamento temático e apresentados na

seção 4.3.

4.6.1.1 Variação da Linha de Costa

As taxas de erosão/acreção de cada setor da LC foram calculadas utilizando o

software Digital Shoreline Analysis System 4.0 (DSAS). Para o cálculo das taxas tomou-

se como base as LCs extraídas de quatro imagens LANDSAT dos anos de 1984, 1993,

55

2005 e 2015, descritas no Quadro 4.9. Com o objetivo de amenizar a concentração de

erros no cálculo final das taxas de erosão/acreção e obter um resultado representativo

da dinâmica sedimentar em longo prazo, buscou-se analisar imagens com intervalo de

dez anos e com níveis de maré semelhantes em condições de preamar de altura de

maré.

Quadro 4.9: Características das imagens LANDSAT.

SENSOR FONTE RESOLUÇÃO

ESPACIAL

DATA DE

AQUISIÇÃO

HORA DE

AQUISIÇÃO

ALTURA

MARÉ LUA

TM INPE 30m 17/11/1984 11:58:17 1,76 m Minguante

TM INPE 30m 18/05/1993 11:50:56 1,55 m Minguante

TM USGS 30m 24/09/2005 12:16:47 1,22 m Cheia

OLI USGS 30m (B1 a B7)

15m (B8) 22/10/2015 12:28:44 1,34 m Crescente

Nas imagens utilizadas para o traçado das LC’s foram realizados os

procedimentos de calibração radiométrica, correção atmosférica e aplicação do

Normalized Difference Water Index (NDWI), com objetivo de aumentar o contraste entre

as porções úmidas e seca da zona costeira, facilitando e aumentando a precisão da

vetorização.

A partir das imagens tratadas, as LC’s foram digitalizadas em ambiente SIG, em

seguida foram criadas as linhas de base, paralelas as LC’s, para posterior geração dos

transectos no software DSAS 4.0. Os transectos foram traçados a partir das linhas de

base com espaçamentos de 50 m com o objetivo de interceptar perpendicularmente cada

LC. Para análise da variação da linha de costa foi utilizado o método Net Shoreline

Movement (NSM). As taxas de erosão/acreção foram determinadas através da regressão

linear de mínimos quadrados (LRR – Linear Regression), calculada pelo software DSAS

4.0. Esse método estatístico foi adotado por levar em consideração todos os pontos de

cruzamento dos transectos com as LCs, ou seja, as quatro LCs de anos diferentes foram

contabilizadas para o cálculo dessas taxas (HIMMELSTOSS, 2009).

Seguindo a metodologia adotada por Busman (2016), o cálculo do prognóstico da

LC foi realizado pelo método Least Median of Squares (LMS), que é um estimador de

regressão mais desenvolvido em comparação ao método dos mínimos quadrados e

consiste em minimizar a soma dos quadrados dos resíduos utilizando as medianas

56

(ROUSSEEUW, 1984; ALBUQUERQUE et al., 2013). Este método minimiza a influência

de um outlier anômalo na equação de regressão global (USGS, 2017).

4.6.2 Dados Hidrodinâmicos

As variações do NMM foram obtidas do quinto relatório de mudanças climáticas,

publicado pelo IPCC (2013), onde são apresentados cenários denominados de

Representative Concentration Pathway (RCP), que mostram a variação do NMM numa

projeção para até o fim deste século. São apresentados quatro diferentes RCPs, cada

um desses cenários leva em consideração, sobretudo, a expansão térmica das águas

oceânicas e o derretimento de geleiras e camadas de gelo como principais contribuintes

para o aumento do NMM até o final de 2100. A RCP 2,6 representa o cenário mais

otimista com taxa média de aumento do NMM de 4,4 mm/ano, enquanto a RCP 8,5

mostra o pior cenário com taxa média de 11,2 mm/ano. Os dois cenários intermediários

(RCP 4,5 e RCP 6,0) são muito similares, portanto, foi adotado a RCP 4,5 com taxa

média de aumento do NMM de 6,1 mm/ano (IPCC, 2013).

A fonte dos dados de amplitude de maré foi obtida das tábuas de maré fornecidas

pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (Marinha do Brasil), de um banco de dados

para o porto de Natal de observações feitas de 1973 a 2012. Os dados de altura

significativa de onda da zona costeira na área de estudo foram obtidos da pesquisa de

Gurgel (2017), onde realizou a modelagem da dinâmica sedimentar na praia da barreira

do inferno com uso do SMC-BRASIL.

No que diz respeito às variáveis dinâmicas não houve mudança de vulnerabilidade

para cada uma delas, uma vez que os dados compilados de variação relativa do NMM,

regime de maré e padrão de Hs não apresentam variações significativas ao longo da LC

na qual o IVC foi aplicado. Nesta pesquisa foram realizados seis modelos de

vulnerabilidade costeira, dado que foram testados os três cenários de aumento relativo

do NMM nos dois métodos de aplicação do IVC.

Neste estudo, a fim de manter o mesmo escore dos mapas das variáveis físicas e

hidrodinâmicas (escore 1 a 5), as equações utilizadas para os índices IVC-USGS e IVC

foram a média aritmética simples, sem ponderação para igualar a importância entre as

variáveis utilizadas, seguindo a metodologia adotada por Busman (2016). A seguir são

apresentadas as equações (3) e (4) aplicadas para o cálculo do IVC.

57

IVC-USGS = (GEOM + VLC + DEC + ALT + AMP + CEN) / 6 (5)

IVC = GEOM + VLC + DEC + ALT + AMP + CEN + PROGVLC + INFRA + USO)/ 9 (6)

Onde: GEOM = Gemorfologia

VLC = Variação da linha de costa

DEC = Declividade

ALT = Altura significativa de ondas

AMP = Amplitude de maré

CEN = Cenários de aumento relativo do NMM

PROGVLC = Prognóstico da variação da linha de costa

INFRA = Infraestrutura urbana

USO = Tipo de uso ou atividade

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para a análise estatística foi a aplicado a Análise de Componentes Principais

(ACP) nas variáveis físicas dos índices. As classes de cada variável foram convertidas

em 5 classes de vulnerabilidade física, com escore de 1 a 3. A ACP é um método de

análise estatística que objetiva reduzir a dimensionalidade dos dados multivariados, de

modo a captar a maior parte das informações do conjunto original em novos conjuntos.

Através da ACP é possível identificar padrões de associação e estimar a influência das

variáveis a cada componente principal (CP). Cada CP é uma combinação linear das variáveis

originais a que está mais fortemente associada, tendo como vantagem a redução do número

de variáveis, com menor perda possível da informação. Sendo esse um método que auxilia

o processo decisório, reduzindo a subjetividade em análises de vulnerabilidade física,

para a escolha do índice e das variáveis envolvidas. As variáveis de maior influência em

cada CP foram as que apresentaram cargas maiores que |0,5|, valor a partir do qual a

correlação linear varia de moderada a forte (Colton, 1974; Lattin et al., 2011) (Quadro 4.10).

Quadro 4.10: Intervalos de Correlação de Pearson, segundo Colton (1974).

RELAÇÃO INEXISTENTE FRACA MODERADA FORTE

CORRELAÇÃO 0 a Ι0,25Ι Ι0,25Ι a Ι0,50Ι Ι0,50Ι a Ι0,75Ι Ι0,75Ι a Ι1,00Ι

R

E

S

U

L

T

A

D

O

S

CAPÍTULO 5.

59

5. RESULTADOS

Nesta seção são discutidos os resultados referentes a vulnerabilidade física.

Primeiramente é avaliado o mapeamento temático das unidades geoambientais, em

seguida os mapas de vulnerabilidade natural e ambiental, e por fim, o IVC.

5.1 MAPAS DAS UNIDADES GEOAMBIENTAIS

A partir das classes mapeadas, a área de estudo apresentou apenas o modelado

de acumulação, que compreende as feições em que predominam os processos

deposicionais, representadas na área pelas sub-classes tabuleiros costeiros, dunas

moveis, dunas fixas e planície fluvial. Em relação a área total, 18,97% é constituída por

Tabuleiros Costeiros, 8,71% Dunas Moveis, 69,78% Dunas Fixas e 2,55% de Planície

Fluvial, a distribuição dessas feições está apresentada no Mapa Geomorfológico na

seção 3.2.4 (Figura 5.1).

As unidades geológicas presentes na área de estudo estão divididas em dois

grupos, Paleógeno/Neógeno e Neógeno/Quaternário, de acordo com as relações

cronoestratigráficas. O mapeamento tomou como base o mapa geológico do RN da

CPRM, onde se identificou que em relação a área total 18,97% é constituído pela

Formação Barreiras, 8,71% de Depósitos eólicos litorâneos não vegetados, 69,78% de

Depósitos eólicos litorâneos vegetados e 2,55% de Depósitos aluvionares de canal. A

distribuição das classes geológicas é apresentada no Mapa simplificado de Geologia na

seção 3.2.3 (Figura 5.2).

Com base no mapeamento pedológico foram identificadas dois grupos de solos,

sendo duas subordens: Flúvicos e Quartzarênicos, dentro do grupo Neossolos. E uma

subordem: Vermelho-Amarelo, do grupo Argissolos. Além dos grupos mencionados

anteriormente foi possível identificar trechos de rocha aflorante. A área é formada em

sua totalidade por 78,48% de Neossolo Quartzarênicos, 2,55% de Neossolo Flúvicos,

18,46% de Argissolo Vermelho-Amarelo e 0,51% de rocha aflorante. O mapa pedológico

está apresentado na seção 3.2.5 (Figura 5.3)

Com relação as classes de vegetação, na sua maior parte a área é constituída de

áreas vegetadas já descrita na seção 3.2.6, com vegetação em excelente estado de

conservação. Em relação a área total, 38,15% é constituída de Savana Arborizada,

0,69% de Restinga Herbácea, 29,86% de Restinga Arbustiva, 5,14% Vegetação Rasteira

60

e 26,16% de área sem vegetação. O mapa de vegetação está apresentado na seção

3.2.6 (Figura 5.4)

A maior parte da área de estudo está inserida dentro de uma área de proteção

ambiental e, por isso, apresenta em sua maior parte ambientes naturais bem

conservados, que estão sujeitos em sua maioria aos fatores naturais. Dentro da área de

estudo também está inserido o povoado de cotovelo, presente na porção sul da área e

que é a principal influência antrópica. Para o Uso e Cobertura, em relação a área total

73,84% é constituído de área vegetada, 17,06% de área urbanizada e 8,10% de área

descoberta. A divisão das classes de Uso e Cobertura está apresentada na seção 4.4

(Figura 5.5).

61

Figura 5.1: Mapa Geomorfológico simplificado da região da Barreira do Inferno.

62

Figura 5.2: Mapa Geológico simplificado da região da Barreira do Inferno.

63

Figura 5.3: Mapa Pedológico simplificado da região da Barreira do Inferno.

64

Figura 5.4: Mapa de Vegetação simplificado da região da Barreira do Inferno.

65

Figura 5.5: Mapa de Uso e Cobertura da região Barreira do Inferno.

66

5.2 ANÁLISE DOS ÍNDICES DE VULNERABILIDADE NATURAL E AMBIENTAL

5.2.1 Classes de Vulnerabilidade

A variável Geomorfologia apresentou os níveis de muito baixa, média, alta e muito

alta vulnerabilidade, com a maior proporção para vulnerabilidade média com cerca de

70% da área total em função das áreas de dunas fixas, e cerca de 3% de nível de alta

vulnerabilidade. Em relação a geologia as classes apresentaram níveis de média, alta e

muito alta vulnerabilidade, sendo também a maior proporção para a média

vulnerabilidade em torno de 90% devido as áreas de depósitos eólicos litorâneos

vegetados e da Formação Barreiras (Figura 5.6).

A variável solos apresentou apenas os níveis de baixa, média e alta

vulnerabilidade, entretanto a maior proporção foi para alta vulnerabilidade com cerca de

80% da área total em função das grandes proporções de área de neossolos

quartzarênicos. Já a variável vegetação apresentou os níveis de muito alta, média, alta

e muito alta vulnerabilidade, com as maiores proporções entre os níveis de muito baixa,

média e alta vulnerabilidade com 27%, 43% e 30% respectivamente, e aproximadamente

1% para muito alta vulnerabilidade. Para a classe de Uso e Cobertura a maior proporção

foi para o nível de baixa vulnerabilidade com cerca de 75% da área total em função das

grandes áreas vegetadas (Figura 5.6). O comportamento dessa classe reflete o fato da

área de estudo apresentar poucas áreas com influência antrópica.

Figura 5.6: Distribuição em porcentagem das classes de vulnerabilidade por variável em relação a área total.

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

Geomorfologia Geologia Solos Vegetação Uso e Cobertura

% D

AS

VU

LNER

AB

ILID

AD

ES

Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta

67

5.2.2 Índices de Vulnerabilidade Natural e Ambiental

5.2.2.1 Índices de Vulnerabilidade Médio

Para o cálculo do índice de vulnerabilidade natural médio (IVNM) obtidos a partir

da média aritmética das variáveis geoambientais, observou-se para região níveis de

muito baixa, baixa, média e alta vulnerabilidade. Os resultados encontrados refletem a

vulnerabilidade do ambiente visto a condições de estabilidade morfo-pedogênicas da

área. A área apresenta 10,00 km² que correspondem a 41,41% em níveis de alta

vulnerabilidade, compreendendo a zona costeira e ambientes vegetados; 9,57 km² ou

39,63% de níveis de média vulnerabilidade, que compreende parte das regiões

vegetadas e áreas descobertas; 12,81% e 6,16% de muito baixa e baixa vulnerabilidades

respetivamente, incluindo zonas de áreas urbanizadas e trechos vegetados (Figura 5.8

e Figura 5.8).

No cálculo do índice de vulnerabilidade ambiental médio (IVAM) também foram

obtidos os níveis de vulnerabilidade de muito baixa, baixa, média e alta vulnerabilidade.

Entretanto as porcentagens das vulnerabilidades em relação a área total foram bem

diferentes comparando com IVN, com uma redução dos níveis de alta vulnerabilidade.

Cerca de 72,39% da área total, correspondente a 17,48 Km², apresenta vulnerabilidade

média, enquanto que 8,65% que equivale a 2,09 Km² da área, com alta vulnerabilidade;

0,51% e 18,46% de muito baixa e baixa vulnerabilidade respectivamente (Figura 5.7 e

Figura 5.8). Observou-se que mesmo com a inserção do índice de uso e cobertura,

ocorreu uma redução dos níveis de vulnerabilidade em função da área ser em sua maior

parte composta por ambientes naturais com pouca influência antrópica.

Figura 5.7: Níveis de vulnerabilidade para os índices de vulnerabilidade natural (IVN) e Ambiental (IVA) médio.

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

IVNM IVAM

REA

TO

TAL

Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta

68

Figura 5.8: Mapas de vulnerabilidade física para a região da Barreira do Inferno segundo os índices de vulnerabilidade a) Natural e b) Ambiental médio.

69

5.2.2.2 Índices de Vulnerabilidade Ponderado

A partir da escala de comparadores de Saaty por meio do PAH apresentados na

seção 4.5 foram obtidos os pesos utilizados nas ponderações das variáveis, onde esses

valores apresentam menos empirismos na sua determinação (Tabela 5.1). Onde a

variável geomorfologia, recebeu os maiores valores pois significam a maior ou menor

vulnerabilidade à inundação e deslizamentos, enquanto que a variável geologia e solos

receberam os menores valores em virtude das suas mudanças serem muito baixa na

escala de tempo geológico. Foi atribuído um valor intermediário para variável vegetação,

em função da menor susceptibilidade à erosão do solo de regiões com presença de

vegetação. A variável uso do solo teve valor intermediário porque alterações nesta

variável refletem rapidamente na vulnerabilidade física de uma região.

Tabela 5.1: Pesos resultantes das ponderações do Processo Analítico de Hierarquia.

VU

LN

ER

AB

ILID

AD

E

NA

TU

RA

L

Classes Pesos

VU

LN

ER

AB

ILID

AD

E

AM

BIE

NT

AL

Classes Pesos

Geomorfologia 0,48 Geomorfologia 0,28

Geologia 0,09 Geologia 0,07

Vegetação 0,27 Vegetação 0,22

Solos 0,16 Solos 0,14

- - Uso e Cobertura 0,28

∑ 1 ∑ 1

Para o IVN as variáveis que apresentaram os maiores pesos foram geomorfologia

e vegetação, com 48% e 27% do peso total, respectivamente. Já para o IVA as variáveis

de maior peso foram Geomorfologia, Vegetação e Uso e Cobertura onde o somatório

das três constituem 78% do peso total. A inserção da variável Uso e Cobertura no IVA

gerou a redução em 20% do peso da variável geomorfologia (Figura 5.9). Os pesos são

responsáveis pela ponderação das variáveis para o cálculo dos índices, atribuindo menor

ou maior importância da variável no valor final.

70

Figura 5.9: Ponderação das variáveis segundo Processo Analítico de Hierarquia em porcentagem.

Os valores obtidos para o índice de vulnerabilidade natural ponderado (IVNP)

foram bastante similares ao IVNM com níveis de muito baixa, baixa, média e alta

vulnerabilidade. A área apresenta as maiores proporções de níveis de alta

vulnerabilidade com 10,01 km² que corresponde a 41,46% em relação a área total,

compreendendo a região litorânea e ambientes vegetados; 9,55 km² ou 39,57% da área

total, com níveis de média vulnerabilidade, que compreende parte das regiões vegetadas

e áreas descobertas; 12,81% e 6,16% de muito baixa e baixa vulnerabilidades

respetivamente, incluindo zonas de áreas urbanizadas e trechos vegetados (Figura 5.11

e Figura 5.12 ).

Com relação ao cálculo do índice de vulnerabilidade ambiental ponderado (IVAP)

também foi obtido os níveis de vulnerabilidade de muito baixa, baixa, média e alta

vulnerabilidade. Entretanto ocorreu um aumento nas porcentagens de baixa e alta

vulnerabilidade em relação a área total comparado com IVNP, apresentando ainda

porcentagens menores para os níveis de muito baixa e alta vulnerabilidade. Cerca de

80,29% da área total, correspondente a 19,39 km², apresenta vulnerabilidade média,

enquanto que 0,75% equivalente a 0,18 Km² da área, apresenta alta vulnerabilidade

presente no trecho da região litorânea de Cotovelo; 0,51% e 18,46% de muito baixa e

baixa vulnerabilidade respectivamente (Figura 5.11 e Figura 5.12).

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

40.00

45.00

50.00

IVN IVA

Geomorfologia Geologia Vegetação Solos Uso e Ocupação

71

Figura 5.10: Níveis de vulnerabilidade para os índices de vulnerabilidade natural (IVN) e

Ambiental (IVA) médio.

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

IVNP IVAP

REA

TO

TAL

Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta

72

Figura 5.11: Mapas de vulnerabilidade física para a região da Barreira do Inferno segundo os índices de vulnerabilidade a) Natural e b) Ambiental ponderados.

73

Todos os índices aplicados na área apresentaram apenas os níveis de muito

baixa, baixa, média e alta vulnerabilidade, com maior proporção para os níveis de média

vulnerabilidade (Figura 5.12). Os IVN médio e ponderado apresentaram um

comportamento muito próximo na distribuição da proporção dos níveis de

vulnerabilidade, onde cerca de 40% da área total apresenta níveis de média e alta

vulnerabilidade, e de 10% e 5% para muito baixa e baixa vulnerabilidade

respectivamente, bem evidenciada pela assimetria negativa da curva de distribuição das

classes, portanto, o índice mais pessimista (Figura 5.13). Com relação ao IVA cerca de

70% da área apresentou níveis de média e 20% de baixa vulnerabilidade; ambos os

índices médio e ponderado para o IVA apresentaram baixos níveis de muito baixa

vulnerabilidade em torno de 0,5%. O IVAM evidenciou cerca de 10% enquanto que IVAP

apresentou cerca de 1% de alta vulnerabilidade (Figura 5.13).

Figura 5.12: Níveis de vulnerabilidade física por método em porcentagem de área para os Índices de: Vulnerabilidade Natural Médio (IVNM), Vulnerabilidade Ambiental Médio (IVAM), Vulnerabilidade Natural Ponderado (IVNP) e Vulnerabilidade Natural Ponderado (IVAP).

Os índices de vulnerabilidade natural médio e ponderado apresentaram os

maiores níveis de vulnerabilidade em função principalmente da variável solos que

apresentou grandes proporções de alta vulnerabilidade (Figura 5.12 e Figura 5.6). Ambos

os índices de IVNM e IVNP apresentaram valores muito próximos dos níveis de

vulnerabilidade, observado através da sobreposição das curvas (Figura 5.13). Com

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

IVNM IVAM IVNP IVAP

% Á

REA

TO

TAL

Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta

74

relação ao índice de vulnerabilidade ponderada a variável geomorfologia foi a principal

responsável pelos maiores níveis de vulnerabilidade no IVN, com maior proporção

classificada como média vulnerabilidade, sendo esta a variável com maior peso do índice

IVN (0,48) que somada a variável vegetação representam mais de 60% da proporção da

área total (Figura 5.6 e Figura 5.9). Para o índice ponderado IVA, as mesmas variáveis

mencionadas anteriormente mais a variável uso do solo foram as de maior peso,

segundo o PAH, que somam cerca de 78% da proporção dos pesos. A redução dos

níveis de alta vulnerabilidade do IVA em relação ao IVN para os índices ponderados está

relacionada as maiores proporções de baixa vulnerabilidade para a classes de uso e

cobertura (Figura 5.12 e Figura 5.6), além de apresentar um dos maiores pesos do índice

IVA (0,28) semelhante a variável geomorfologia (Tabela 5.1).

Figura 5.13: Assimetria da curva de vulnerabilidade física para os Índices de: Vulnerabilidade Natural Médio (IVNM), Vulnerabilidade Ambiental Médio (IVAM), Vulnerabilidade Natural Ponderado (IVNP) e Vulnerabilidade Natural Ponderado (IVAP).

5.2.3 Análise de Componente Principais

A utilização das componentes principais objetiva realizar a análise dos dados

visando a redução de sua dimensionalidade por meio de conjuntos mais representativos

dentro dos dados por meio de combinações lineares das variáveis. A primeira, segunda,

terceira e quarta componentes principais (CP1, CP2, CP3 e CP4) detiveram 95% a 100%

da variância acumulada nos índices analisados e representam bem a informação

original. A CP1 de 65% a 58%, a CP2 de 87% a 77%, a CP3 de 94% a 90% e CP4 de

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta

% Á

REA

TO

TAL

IVNM IVAM IVNP IVAP

75

100% a 95% entre os índices de VN e VA. As variáveis de maior carga para os índices

de VN e VA na CP1 foi vegetação, na CP2 geomorfologia e geologia, na CP3 Uso e

Cobertura e na CP4 solos. A Tabela 5.2 apresenta a distribuição das variáveis de maior

carga por índice.

Tabela 5.2: Variáveis físicas mais influentes (cargas ≥ |0,5|) para os índices de Vulnerabilidade Natural - VN, Vulnerabilidade Ambiental - VA

VN

CP1 Vegetação

VA

CP1 Vegetação

CP2 Geologia Geomorfologia

CP2 Geologia Geomorfologia

CP3 - CP3 Uso e Cobertura

CP4 Solos CP4 -

A partir da análise comparativa entre as variáveis de maior importância da ACP e

da escala de comparadores de Saaty, observa-se que elas se complementam onde uma

análise não pode substituir a outra, uma vez que para as ponderações de Saaty devem

ser fundamentadas em diretrizes apropriadas ao que gestor pretende administrar. Assim

como obtido no estudo de Busman (2016), observou-se que a variável Geologia recebeu

menor peso em comparação as outras variáveis na escala de ponderação de Saaty,

entretanto foi uma das variáveis mais importante na CP2 em virtude da maior presença

de áreas de alta vulnerabilidade.

5.3 ANÁLISE DO ÍNDICE DE VULNERABILIDADE COSTEIRA

Para análise do IVC primeiramente foram discutido a variação da linha de costa,

e em seguida serão discutidos os parâmetros físicos e dinâmicos para obtenção dos

resultados nos dois métodos analisados.

5.3.1 Variação da Linha de Costa

A partir da análise da variação da linha de costa, verificou-se que de modo geral

no intervalo de 31 anos analisados (1984, 1993, 2005 e 2015) houve trechos da costa

com variações positivas (deposição) de até cerca de 40 m e variações negativas (erosão)

de aproximadamente 50 m, com amplitude de variação de 95 m (Tabela 5.3).

76

Tabela 5.3: Estatística descritiva da variação e projeção da linha de costa.

ESTATÍSTICA DESCRITIVA LRR¹ NSM² LMS³

MÉDIA -0.21 -10.23 -0.13

MEDIANA -0.17 -12.22 -0.09

MODA -0.02 -33.98 -1.00

DESVIO PADRÃO 0.63 18.84 0.72

VARIÂNCIA 0.40 354.86 0.51

AMPLITUDE 3.00 94.49 3.27

MÍNIMO -1.69 -53.74 -1.73

MÁXIMO 1.31 40.75 1.54

SOMA -45.89 -2220.00 -28.43 ¹LRR: taxa de variação da LC (m/ano). ²NSM: variação da LC (m). ³LMS: prognóstico de variação da LC (m/ano).

A média da taxa de erosão/acreção foi de -0,21 m/ano (± 0,60 m/ano),

correspondendo ao recuo de -10,23 m da LC no intervalo de tempo analisado, sendo as

taxas mais extremas de -1,69 e 1,31 m/ano. Os valores de média, mediana e moda,

todos entre -2 a 2 m/ano, mostram que o litoral estudado apresenta predomínio de níveis

estáveis de deposição (Tabela 5.3).

Os valores negativos da soma de LRR e NSM indicam que ao longo de todo litoral

estudado houve mais retração que construção da LC nos 31 anos, ou seja, os processos

de erosão ocorridos foram mais intensos que os de deposição e, em geral, houve déficit

de sedimentos, entretanto esses processos de ganho e perda ocorreram em proporções

muito baixas.

A metodologia utilizada para o cálculo da variação da LC descrita na seção 4.6.1.1

mostrou resultados, em geral, condizentes com a tendência da dinâmica sedimentar da

área, entretanto apresentou como limitação a diferença de aproximadamente 50 cm do

nível da maré no momento da captura da imagem de 1984 em relação às outras imagens

(Quadro 4.9), o que superestimou taxas de erosão maiores. Apesar disso foram as

melhores aproximações do nível de maré pesquisadas dentre as imagens LANDSAT.

5.3.2 Índice de Vulnerabilidade Costeira

Os índices foram obtidos para as três projeções de cenários da variação do NMM

(RCP 2,6; RCP 4,5 e RCP 8,5) e aplicado em dois métodos de IVC (IVC-USGS e IVC),

obtendo-se seis modelos de vulnerabilidade costeira ao aumento relativo da NMM, em

função das variáveis físicas e hidrodinâmica.

77

Para o primeiro método analisado, IVC-USG, mostrou no cenário RCP 2,6 apenas

os níveis de vulnerabilidade baixa e média, relativas à cerca de 3,5 km (~30%) e 7,5 km

(70%) da costa, respectivamente (Figura 5.14). No cenário RCP 4,5 houve uma redução

de cerca 26% no nível de vulnerabilidade baixa em relação ao cenário anterior, enquanto

o nível de vulnerabilidade moderada foi atribuído a cerca de 96% da LC. O cenário mais

pessimista RCP 8,5, apresentou apenas o nível de vulnerabilidade moderada

correspondendo a 100% da LC, eliminando os níveis de baixa vulnerabilidade (Figura

5.15).

Figura 5.14: Distribuição dos níveis de vulnerabilidade por área total, para os cenários do IPCC RCP 2,6; RCP 4,5; RCP 8,5 para a região da Barreira do Inferno.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

RCP26 RCP45 RCP85

IVC-USGS

% Á

REA

DA

LC

Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta

78

Figura 5.15: Índice de Vulnerabilidade IVC-USGS para os cenários do IPCC RCP 2,6; RCP 4,5; RCP 8,5 para a região da Barreira do Inferno.

79

O segundo método, IVC apresentou nos cenários RCP 2,6 e RCP 4,5,

vulnerabilidade baixa em 100% do litoral. No cenário RCP 8,5 ocorreu o surgimento de

níveis de vulnerabilidade moderada com cerca de 3,4 km (31%) da costa, e

consequentemente uma redução de 31% do nível de vulnerabilidade baixa, ficando com

69% em relação a área total (Figura 5.16). A redução dos níveis de vulnerabilidade para

esse método em relação ao IVC-USGS, é explicado pelo fato de que nesse índice há a

inserção de variáveis de influência antrópica, entretanto na área estudada essas

variáveis apresentam os níveis mais baixos de vulnerabilidade (Figura 5.17).

Figura 5.16: Distribuição dos níveis de vulnerabilidade por área total, para os cenários do IPCC RCP 2,6; RCP 4,5; RCP 8,5 para a região da Barreira do Inferno.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

RCP26 RCP45 RCP85

IVC

% Á

REA

DA

LC

Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta

80

Figura 5.17: Índice de Vulnerabilidade IVC para os cenários do IPCC RCP 2,6; RCP 4,5; RCP 8,5 para a região da Barreira do Inferno.

C

O

N

C

L

U

S

Õ

E

S

CAPÍTULO 5.

82

6. CONCLUSÕES

Essa pesquisa avaliou índices de vulnerabilidade física para região da Barreira do

Inferno, obtendo em maior proporção da área valores médios para todos os índices

analisados. As técnicas de PDI aplicadas a dados de sensoriamento remoto, juntamente

com os dados secundários e levantamento em campo, possibilitaram o monitoramento

ambiental e o mapeamento das unidades geoambientais (Geomorfologia, Geologia,

Solos, Vegetação, Uso e Cobertura e Declividade) na escala de 1:50.000 em ambiente

SIG.

Por meio da análise das ACP foi possível identificar quais as variáveis eram mais

importantes, apresentando resultados quanto à influência das variáveis físicas

estudadas. As variáveis que mais contribuíram nos índices de vulnerabilidade foram:

índice IVN as variáveis Vegetação, Geologia, Geomorfologia e Solos; para o IVA as

variáveis vegetação, geologia, geomorfologia e uso e cobertura do solo.

Os índices mais otimistas e pessimistas foram, respectivamente, IVA (médio e

ponderado) e IVN (médio e ponderado), indicando os altos níveis de vulnerabilidades em

face dos impactos e ameaças naturais, como inundação por eventos extremos. Mesmo

nos índices mais otimistas, a área apresenta mais de 50% de sua proporção de médias

e altas vulnerabilidades.

A área apresenta baixas taxas de variação da linha de costa e consequentemente

baixos níveis de vulnerabilidade com valores de acresção/deposição variando entre -

1,69 e 1,31. O método aplicado para análise da vulnerabilidade costeira permitiu

identificar processos erosivos e deposicionais dos trechos da LC, por meio da análise

das posições das LCs dos anos de 1984, 1993, 2005 e 2015 em Ambiente SIG.

Com relação aos índices de vulnerabilidade costeira vale ressaltar que o aumento

relativo NMM ocorrerá, em geral, de forma gradual, onde segundo IPCC (2013), haverá

anos com taxas de aumento mais abruptas. Assim as vulnerabilidades para os setores

costeiros podem ser ainda maiores do que as apresentadas.

O IVC apresentou valores com níveis de baixo a média vulnerabilidade, pelo fato

de que para o cálculo desse índice são inseridas as variáveis de influência antrópica,

que para área estuda são muito baixas decorrente a ausência dessas variáveis. Com

relação a variável de uso e cobertura a área em sua maior parte cerca de 80% e

composta por ambientes vegetados naturais bem conservados.

83

A aplicação de índices de vulnerabilidade costeira permitiu identificar as regiões

mais vulneráveis tanto na atualidade quanto em diferentes cenários de aumento relativo

do NMM e pode subsidiar a gestão costeira integrada da área, por meio do entendimento

da dinâmica das zonas costeiras, quantificando a maior susceptibilidade dessas áreas

as mudanças, auxiliando gestores na tomada de decisões. As mudanças climáticas têm

ampliado o aumento da frequência e a intensidade de eventos extremos, onde falta de

planejamento ocasiona prejuízos ambientais, financeiros e sociais, que poderiam ser

evitados por meio dos estudos da dinâmica da área.

Para ambos os métodos IVC-USGS e IVC apresentaram índices com baixa e

média vulnerabilidade, com maiores proporções de vulnerabilidade média no IVC-USGS

e de vulnerabilidade baixa no IVC. Para RCP2,6 e RCP4,5 todo o litoral foi classificado

com níveis de baixa vulnerabilidade. A partir dos resultados encontrados observa-se que

o IVC não apresenta muito influencias em áreas poucos antropizadas, e que pode ser

utilizado no ordenamento da área antes da ocupação.

A aplicação dessa metodologia, em função dos resultados obtidos é importante,

pois ajuda na compreensão de quais índices são mais adequados e quais variáveis são

mais representativas dentro da análise. Além da redução da subjetividade, passando a

ter embasamento estatístico na determinação das variáveis no PAH e ACP.

Todos os dados utilizados nos mapeamentos temáticos e no cálculo dos métodos

IVC estão inseridos em um ambiente SIG, permitindo a inserção de novos dados e

reanálise dos mesmos, melhorando os estudos da área. Por fim, propõem-se também o

monitoramento mais detalhado dos agentes hidrodinâmicos na zona costeira e a

avaliação de seus consequentes impactos ambientais, fornecendo maiores informações

e subsidiando os tomadores de decisão, nas ações da área.

84

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABUODHA, P. A.; WOODROFFE, C. D. International assessments of the vulnerability of the coastal zone to climate change, including an Australian perspective. Final Report submission to Australian Greenhouse Office in response to RFQ 116/2005DEH, 69 pp, 2006. ALBUQUERQUE, M.; ESPINOZA, J.; TEIXEIRA, P.; OLIVEIRA, A.; CORRÊA, I.; CALLIARI, L. Erosion or Coastal Variability: an evaluation of the DSAS and the Change Polygon methods for the determination of erosive processes on sandy beaches. Journal of Coastal Research, v. 65, p. 1710-1714, 2013. ALEXANDRAKIS, G.; POULOS, S. E. An holistic approach to beach erosion vulnerability assessment. Nature Scientific Reports 4, 6078, 2014. AMARO, V. E. Análise Conjunta de Dados Geológicos, Geofísicos e de Sensoriamento Remoto do Setor Extremo Nordeste da Província Borborema, Nordeste do Brasil, com Ênfase nas Zonas de Cisalhamento Dúcteis Neoproterozóicas. Tese (Doutorado) Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, p.234-397, 1998. AMARO, V. E.; VITAL, H.; ALVES, A. L.; SILVEIRA, I. M.; LIMA, Z. M. C.; TABOSA, W. F.; CALDAS, L. H. O.; SOUTO, M. V. S. & GRIGIO, A. M. Aplicação de Sensoriamento Remoto Multitemporal/Multisensor e Banco de Dados em SIG no Monitoramento das Modificações Morfológicas da Zona Costeira Setentrional do Estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil. Anais do 41, Congresso Brasileiro de Geologia. SBG. João Pessoa/PB, p.79, 2002. AMARO, V. E.; LIMA, F. G. F.; SANTOS, M. S. T. An Evaluation of Digital Elevation Models to Short-Term Monitoring of a High Energy Barrier Island, Northeast Brazil. World Academy of Science, Engineering and Technology, v. 76, p. 317-324, 2013. ARAÚJO, V. D.; REYES-PERES, Y. A.; LIMA, R. O.; PELOSI, A. P. L.; MENEZES, L.; CÓRDOBA, V. C.; LIMA-FILHO, F. P. Fáceis e sistema deposicional da formação barreiras na região da barreira do inferno, Litoral Oriental do Rio Grande do Norte. Revista do Instituto de Geociências, v. 6, n. 2, p. 43-49, São Paulo, 2006. BARBOSA, C. C. F. Álgebra de mapas e suas aplicações em Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento. 1997. 111 f. Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE, São José dos Campos, 1997. BARNARD, P. L.; SHORT, D. A.; HARLEY, M. D.; SPLINTER, K. D.; VITOUSEK S.; TURNER, I. L.; ALLAN, J.; BANNO, M.; BRYAN, K. R.; DORIA, A.; HANSEN,J. H.; KATO, S.; KURIYAMA, Y.; GOODWIN, E. R.; RUGGIERO, P.; WALKER, I. J.; HEATHFIELD, D. K. Coastal vulnerability across the Pacific dominated by El Niño/Southern Oscillation. Nature Geoscience 8, 801–807, 2015. BASTOS, A. S.; MANIESI, V.; GOMES, F. B. Vulnerabilidade natural à erosão no sudoeste da Amazônia associada aos seus modos de ocupação – o caso do entorno da terra indígena Uru Eu Wau Wau. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 16, n. 2, p. 271-282, 2015.

85

BATISTA, C. T.; VERÍSSIMO, C. U. V. Vulnerabilidade geoambiental da região metropolitana de Fortaleza: análise comparativa de dois métodos com enfoque a processos erosivos. São Paulo, UNESP, Geociências, v. 31, n. 1, p. 47-56, 2012. BEZERRA, F. H. R.; AMARAL, R. F.; SILVA, F. O. S.; SOUSA, M. O. L.; FONSECA, V. P.; VIEIRA, M. M. Geologia da Folha Macau- SB.24-X-D-II, escala 1:100.000: nota explicativa. [Natal]: UFRN/CPRM, 63 p, 2009. BOORI, M. S.; AMARO, V. E. Land use change detection for environmental management: using multi-temporal, satellite data in Apodi Valley of Northeastern Brazil. Applied GIS, v. 6, p. 1-15, 2010. BOORI, M. S.; AMARO, V. E. A Remote Sensing Approach for Vulnerability and Environmental Change in Apodi Valley Region, Northeast Brazil. World Academy of Science, Engineering and Technology, v. 74, 2011. BOORI M. S.; AMARO V. E.; FERREIRA A. T. S. Coastal risk assessment and adaptation of the impact of sea-level rise, climate change and hazards: A RS and GIS based approach in Apodi-Mossoró estuary, Northeast Brazil. International Journal of Geomatics and Geosciences, Volume 2, No 3, 2012. BRASIL. Decreto nº 4297, 10 de julho de 2002. Regulamenta o art. 9o, inciso II, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 11 jul. 2002. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4297.htm>. Acesso em: 3 dez. 2016. BUSMAN, D. V. Zoneamento da dinâmica costeira – aplicação de geotecnologias em apoio à gestão costeira integrada na praia atalaia-PA e trecho de praias nntre os municípios de guamaré e macau-RN, setor sob influência da indústria petrolífera. Tese (Doutorado) Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, 2016. COLAVITE, A. P.; PASSOS, M. M. Integração de mapas de declividade e modelos digitais tridimensionais do relevo na análise da paisagem. Revista Geonorte. v. 2, n. 4, p. 1547-1559, 2012. COLTON, T. Statistics in Medicine. Little Brown and Company, New York, NY, 1974. CREPRANI, E.; MEDEIROS, J. S. DE; FILHO, P. H.; FLORENZANO, T. G.; DUARTE, V.; BARBOSA, C. C. F. Sensoriamento remoto e geoprocessamento aplicados ao zoneamento ecológico – econômico e ao ordenamento territorial. São José dos Campos, INPE. 124 p. (INPE – 8454 – RPQ/722), 2001. DEWIDAR, K. H. M. Landfilling detection of Hurghada, North Red Sea, Egypt, by using Thematic Mapper. International Journal of Remote Sensing, v. 23, p. 939–948, 2004.

86

DHN - DIRETORIA DE HIDROGRAFIA E NAVEGAÇÃO. Carta náutica 810: Proximidades do Porto de Natal. Marinha do Brasil, Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN, RJ, 2012. DOMINGUEZ J. M. L.; BITTENCOURT A. C. S. P.; SANTOS A. N.; ANDRADE A. C. S.; LAVENERE-WANDERLEY A. A. O.; SILVA I. R.; QUEIROZ I. G.; FREITAS L. M. B.; NASCIMENTO L.; SILVA R. P. Bahia. In: Muehe D. (ed.) Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, p. 220-225, 2006. DWARAKISH, G. S.; VINAY, S. A.; NATESAN, U.; ASANO, T.; KAKINUMA, T.; VENKATARAMANA, K.; PAI, B. J.; BABITA, M. K. Coastal vulnerability assessment of the future sea level rise in Udupi coastal zone of Karnataka state, west coast of India. Ocean e Coastal. Management. v. 52, n. 9, p. 467 - 478, 2009. EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Súmula da 10. Reunião Técnica de Levantamento de Solos. 83p. (EMBRAPA-SNLCS. Micelânea, 1). Rio de Janeiro, 1979. EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3.ed. 353p. Brasília, 2013. FERNÁNDEZ, V., GÓMEZ, M. E GUIGOU, B. Coastal vulnerability index to global change in Uruguay. In: 11th International Symposium for GIS and Computer Cartography for Coastal Zones Management, 2013. FILGUEIRA, J. G.; VITAL, H. ; SOUZA, Z. S ; DANTAS, E. L. . ISÓTOPOS DE Nd NA PROVENIÊNCIA DE ROCHAS E SEDIMENTOS ENTRE AS PRAIAS DE TABATINGA E GENIPABU-RN, NE DO BRASIL. Quaternary and Environmental Geosciences, 2011. FRACASSO, P. Sistema de dunas do parque das dunas e barreira do inferno, Natal

(RN): levantamento geológico/geofísico, elaboração do modelo determinístico e

avaliação da vulnerabilidade/susceptibilidade frente as pressões antrópicas.

Dissertação de mestrado, UFRN. Natal, 2005.

GORNITZ, V. Vulnerability of the east coast, USA to future sea level rise. Journal of

Coastal Research, v. 1, n. 9, p. 201–37, 1990.

GORNITZ, V. M.; DANIELS, R. C.; WHITE, T. W.; BIRDWELL, K. R. The development of a coastal risk assessment database: Vulnerability to sea-level rise in the U.S. southeast. Journal of Coastal Research, v. 12 (SI), p. 327-338, 1994. GRIGIO, A. M. Aplicação do sensoriamento remoto e sistema de informação geográfica na determinação da vulnerabilidade natural e ambiental do município de guamaré (RN): Simulação de risco às atividades da indústria petrolífera. Dissertação (Mestrado em Geodinâmica e Geofísica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2003. GRIGIO, A. M.; CASTRO, A. F.; SOUTO, M. V. S.; AMARO, V. E.; VITAL, H.; DIODATO, M. A. Use of Remote Sensing and Geographical Information System in the Determination of the Natural and Environmental Vulnerability of the Municipal

87

District of Guamaré - Rio Grande do Norte - Northeast of Brazil. Journal of Coastal Research, SI 39 (ICS 2004 Proceedings): p.1427 – 1431, 2006. GUEDES L. S.; AMARO, V. E.; VITAL, H. Estudo temporal do uso e ocupação do estuário do rio Paraíba do Norte (PB) por meio da cartografia temática digital e de imagens de sensoriamento remoto orbital. In: XLI Congresso Brasileiro de Geologia. Anais. João Pessoa, 2002. GURGEL, D. F. Modelagem da dinâmica sedimentar na praia da barreira do inferno com uso do SMC-BRASIL. Dissertação (Mestrado em Engenharia Sanitária) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2017. HIMMELSTOSS, E. A. DSAS 4.0 INSTALLATION INSTRUCTIONS AND USER GUIDE. IN: THIELER, E.R.; HIMMELSTOSS, E. A; ZICHICHI, J. L; ERGUL, A. Digital Shoreline Analysis System (DSAS) version 4.0: An ArcGIS extension for calculating shoreline change. [s. l.]: p. 79. USGS, 2009. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual Técnico de Geomorfologia. 2. ed. 182 p. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. INMET - INSTITUTO NACIONAL DE METEREOLOGIA. Dados Históricos. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep>. Acesso em: 10 dez. 2016 IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change 2013: The Physical Science Basis. Working Group II Fifth Assessment Report (AR5), 2013. IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation. In: A Special Report of Working Groups I and II of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press, Cambridge, UK, and New York, NY, USA, pp. 582, 2014. LATTIN, J. M.; CARROL, J. D.; GREEN, P. E. Análise de dados multivariados. São Paulo: Cengage Learning, 475 p, 2011. LIN, W; CHOU, W; LIN, C; HUANG, P; TSAI, J. Automated suitable drainage network extraction from digital elevation models in Taiwan’s upstream watersheds. Hydrological Processes. v.20, p.289–306, 2006. LILLESAND, T.M.; KIEFER, R.W. Remote Sensing and Image Interpretation. John Wiley & Sons, 3ª ed., New York, 750p, 1994. MARANDOLA JÚNIOR, E.; HOGAN, D. J. Vulnerabilidades e riscos: entre geografia e demografia. Revista Brasileira de Estudos de População. São Paulo, v. 22. n. 1, p. 29-53, jan./jun., 2005. MARTINS. K. A. Vulnerabilidade à erosão costeira e mudanças climáticas através de indicadores em Pernambuco. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Oceanografia - Universidade Federal de Pernambuco. 107 p., 2015.

88

MOREIRA, M. A. Fundamentos do Sensoriamento Remoto. São Jose dos Campos: INPE, 1ed, 250 p. 2001. MUEHE, D. Critérios morfodinâmicos para o estabelecimento de Limites da orla costeira para fins de gerenciamento. Revista Brasileira de Geomorfologia, Vol. 2, Nº 1. 35-44. 2001. MUEHE, D. Aspectos gerais da erosão costeira no Brasil. Mercator, v. 4, n. 7, 2005. NATAL. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. Laudo pericial: Indicações das obras emergenciais de contenção e reparação dos equipamentos públicos e de segurança dos frequentadores da praia de Ponta Negra, Natal – RN. 254p. Natal, 2012. NICHOLLS, R.J., P.P. WONG, V.R. BURKETT, J.O. CODIGNOTTO, J.E. HAY, R.F. MCLEAN, S. RAGOONADEN E C.D. WOODROFFE. Coastal systems and low-lying areas. Climate Change 2007: Impacts, Adaptation and Vulnerability. In: M.L. Parry, O.F. Canziani, J.P. Palutikof, P.J. van der Linden and C.E. Hanson (Eds),Contribution of Working Group II to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, Cambridge University Press, Cambridge, UK, p. 315-356, 2007. NICHOLLS, R. J; Anny Cazenave. Sea-Level Rise and Its Impact on Coastal Zones. Science 328, 1518, 2010. OLIVEIRA, F. F. G. Caracterização e diagnóstico de impactos ambientais em Natal/RN com apoio de geoprocessamento. Dissertação (Mestrado em Geografia) – UFRN, Natal, 2003. OLIVEIRA, F. F. G. Aplicação das técnicas de geoprocessamento na análise dos impactos ambientais e na determinação da vulnerabilidade ambiental no litoral sul do Rio Grande Do Norte. Tese (Doutorado) Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, Rio Claro/SP, 2011. ÖZYURT, G. Vulnerability of Coastal Areas to Sea Level Rise: A case study on Göksu Delta. Master of Science in Civil Engineering of Middle East Technical University. 113 p., 2007. ÖZYURT, G. E ERGIN. A. Application of Sea Level Rise Vulnerability Assessment Model to select coastal areas of Turkey. Journal of Coastal Research. Proceedings of 10th International Coastal Symposium, Lisbon, Portugal , 248-251, 2009. ÖZYURT, G. E ERGIN, A. Improving coastal vulnerability assessments to sea-level rise: a new indicator-based methodology for decision makers. Journal of Coastal Research, v. 26, n. 2, p. 265-73, 2010. RANGEL-BUITRAGO, N.; ANFUSO, G. Assessment of Coastal Vulnerability in La Guajira Peninsula, Colombian Caribbean Sea. Journal of Coastal Research. SI., v. 56, p. 792-796, 2009.

89

RADAMBRASIL. Levantamento de Recursos Naturais Geologia/Geomorfologia/ Pedologia/Vegetação/Uso Potencial da Terra. Rio de Janeiro/RJ: Ministério das Minas e Energia, v. 23 – Folhas SB. 24/25 – Jaguaribe/Natal, 740p., 1981. ROSS, J. L. S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo, v. 8, p. 63-74, 1994. ROUSSEEUW, P. J. Least Median of Squares Regression. Journal of the American Statistical Association, December. p. 871-880, 1984. Disponível em: < http://web.ipac.caltech.edu/staff/fmasci/home/astro_refs/LeastMedianOfSquares.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2017. SAATY, T. L. Decision making with the analytic hierarchy process. Int. J. Services Sciences, v. 1, p. 83 – 98, 2008. SABINS, F. F. Remote sensing principles and interpretation. New York: W.H. Freeman, 1987. SEPLAN – Secretaria de Estado do Planejamento e das Finanças. Governo do Rio Grande do Norte. Coordenadoria de Estudos Socioeconômicos. IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte. Perfil do Rio Grande do Norte. Natal, 2012. Disponível em: <http://www.seplan.rn.gov.br/arquivos/download/PERFIL%20DO%20RN.pdf> Acesso em: 17 dez. 2016. SHALABY, A.; TATEISHI, R. Remote Sensing and GIS for mapping and monitoring land cover and land-use changes in the Northwestern coastal zone of Egypt. Applied Geography, v. 27, p. 28–41, 2007. SHARPLES, C., MOUNT, R.E. E PEDERSEN, T. The australian coastal smartline Geomorphic and stability map version 1: Manual and data dictionary. School of Geography e Environmental Studies, University of Tasmania. 8th October 2009. Manual version 1.1. 183 p., 2009. SILVA, J. X.; CARVALHO-FILHO, L. M.; SILVA, J. X. Índices de geodiversidade: aplicações de SGI em estudos de biodiversidade. In: GARAY, I.; DIAS, B. F. S. (Orgs.). Conservação da biodiversidade em ecossistemas tropicais: avanços conceituais e revisão novas metodologias de avaliação e monitoramento . p. 299-316. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. SILVA, A. C. SILVA, J. L. A. SOUZA, A. F. Determinants of variation in heath vegetation structure on coastal dune fields in northeastern South America. Brazilian Journal of Botany. ISSN 0100-8404. Vol. 39(4), 2015. SOUZA-LIMA, W.; ALBERTÃO, G. A.; LIMA, F. H. O. Bacias sedimentares brasileiras, Bacia Pernambuco-Paraíba. Revista Phoenix, 55, 5p, 2003. SPÖRL, C. Metodologia para elaboração de modelos de fragilidade ambiental utilizando redes neurais. Tese (Doutorado em Geografia) – USP, São Paulo, 2007.

90

STEIN, P. FILHO, J. B. D. LUCENA, L. R. F. CABRAL, N. M. T. Qualidade das águas do aquífero Barreiras no setor sul de Natal e norte de Parnamirim, Rio Grande do Norte. Revista Brasileira de Geociências, V. 42(Suppl), 2012. SUDENE/DNPEA. Levantamento exploratório: Reconhecimento dos solos do estado do RN, 1st edn. SUDENE/DNPEA, Recife, 1971. TAGLIANI, C. R. A. A mineração na porção média da Planície Costeira do Rio Grande do Sul: estratégia para a gestão sob um enfoque de Gerenciamento Costeiro Integrado. Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação em Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 252p, 2002. TAGLIANI, C. R. A. Técnica para avaliação da vulnerabilidade ambiental de ambientes costeiros utilizando um sistema geográfico de informações. In: Anais XI SBSR, Belo Horizonte, Brasil, 05 - 10 abril, INPE, p. 1657-1664, 2003. TAGLIANI, C. R. A., CALLIARI, L. J., TAGLIANI, P. R. E ANTIQUEIRA, J. L. F. Vulnerability to sea level change of an estuarine island in southern Brazil. Quaternary and Environmental Geosciences, v. 2, p. 18-24, 2010. THIELE, E. R. & HAMMAR-Klose E. S. National Assessment of Coastal Vulnerability to Sea-Level Rise: Preliminary Results for the U.S. Atlantic Coast. U.S. Geological Survey Open-File Report 99-593. Woods Hole, Massachusetts, 1999. Thieler, E.R., Himmelstoss, E.A., Zichichi, J.L. e Ergul, A. Digital Shoreline Analysis System (DSAS) version 4.0 — An ArcGIS extension for calculating shoreline change: U.S. Geological Survey Open-File Report 2008-1278. 2009. TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro, 91 p. 1977. VEYRET, Y. (Org.). Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. Tradução de Dilson Ferreira da Cruz. São Paulo: 320 p. Título original: Lesrisques. Contexto, 2007. USGS - United States Geological Survey. Digital shoreline analysis system (DSAS) - Computer Software for Calculating Shoreline Change. Disponível em: <http://woodshole.er.usgs.gov>. Acesso em: 10/01/2017. VITAL, H.; STATTEGGER, K.; AMARO, V. E.; SCHWARZER, K.; FRAZÃO, E. P.; TABOSA, W. F. A. Modern high-energy siliciclastic-carbonate platform: Continental shelf adjacent to Northern Rio Grande do Norte State, NE Brazil. In: HAMPSON, G., STEEL, R., BURGUESS, P. DALRYMPLE, R. (Ed.). Recent advances in models of siliciclastic shallow-marine Stratigraphy. SEPM Special Issue, 90:177-190, 2008.

91

ANEXOS

92

Tabela 1: Cargas das variáveis físicas segundo análise de componentes principais dos índices de vulnerabilidade física: Vulnerabilidade Natural - VN, Vulnerabilidade Ambiental – VA.

VN VA

CLASSES CP1 CP2 CP3 CP4 CP1 CP2 CP3 CP4

Geologia 0,31 0,63 -0,07 -0,09 0,29 0,61 -0,19 -0,07

Geomorfologia 0,31 0,63 0,07 -0,09 0,29 0,61 -0,19 0,07 Solos 0,02 0,13 0,00 0,99 0,00 0,18 0,19 0,00 Vegetação -0,90 0,44 0,00 -0,04 -0,87 0,28 -0,41 0,00 Uso e Cobertura - - - - 0,29 -0,37 -0,85 0,00

Desvio Padrão 0,74 0,43 0,24 0,21 0,77 0,44 0,36 0,24 Variância 0,65 0,22 0,07 0,05 0,58 0,19 0,12 0,06 Variância Acumulada

0,65 0,87 0,94 1,00 0,58 0,77 0,90 0,96