Diferenciais Regionais e Setoriais na Indústria Brasileira · existence of big regional...

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Diferenciais Regionais e Setoriais na Indústria Brasileira João Saboia e Lucia Kubrusly Resumo O artigo desenvolve dois tipos de índices que permitem comparar a indústria de transformação e extrativa mineral em termos regionais e setoriais. Inicialmente, é apresentado um índice bastante simples baseado na metodologia do IDH. Em seguida, a partir de técnicas de estatística multivariada, é proposto um índice mais elaborado. A utilização dos dois índices mostra resultados coerentes, confirmando os diferenciais setoriais e regionais existentes na indústria brasileira. Por outro lado, a utilização da análise de grupamento permite agregar os diversos segmentos industriais segundo seu nível de desenvolvimento. Palavras-chave: indústria brasileira, descentralização industrial, diferenciais regionais da indústria. Abstract Two indicators for the Brazilian industry are developed. The first one uses the methodology of HDI while the second is based on multivariate statistics techniques. Both confirm the existence of big regional inequalities in Brazilian industry. The application of cluster analysis on the data separates the industry in various groups according to its level of development. Key-words: Brazilian industry, industrial decentralization, industrial regional differences.

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Diferenciais Regionais e Setoriais na Indústria Brasileira

João Saboia e Lucia Kubrusly

Resumo O artigo desenvolve dois tipos de índices que permitem comparar a indústria de transformação e extrativa mineral em termos regionais e setoriais. Inicialmente, é apresentado um índice bastante simples baseado na metodologia do IDH. Em seguida, a partir de técnicas de estatística multivariada, é proposto um índice mais elaborado. A utilização dos dois índices mostra resultados coerentes, confirmando os diferenciais setoriais e regionais existentes na indústria brasileira. Por outro lado, a utilização da análise de grupamento permite agregar os diversos segmentos industriais segundo seu nível de desenvolvimento. Palavras-chave: indústria brasileira, descentralização industrial, diferenciais regionais da indústria.

Abstract

Two indicators for the Brazilian industry are developed. The first one uses the methodology of HDI while the second is based on multivariate statistics techniques. Both confirm the existence of big regional inequalities in Brazilian industry. The application of cluster analysis on the data separates the industry in various groups according to its level of development. Key-words: Brazilian industry, industrial decentralization, industrial regional differences.

Diferenciais Regionais e Setoriais na Indústria Brasileira

João Saboia e Lucia Kubrusly1

1. Introdução Muitos autores têm estudado o fenômeno dos deslocamentos regionais ocorridos na economia brasileira, em especial no setor industrial. Embora as atividades econômicas continuem concentradas na região Sudeste, especialmente no estado de São Paulo, teria havido um processo de descentralização em direção às regiões menos desenvolvidas e ao interior dos estados. Enquanto alguns acreditam na continuidade do processo de descentralização, outros identificam sinais de reversão da tendência observada no passado. Por outro lado, tem se buscado entender as razões para os deslocamentos regionais ocorridos na atividade econômica nas últimas décadas.2 Diversas explicações têm sido levantadas pelos especialistas que têm estudado o tema. Entre elas podem ser mencionadas: a busca por regiões onde os salários são mais baixos; o deslocamento para locais distantes dos centros metropolitanos onde a mão-de-obra e os sindicatos são menos organizados; os diversos incentivos fiscais ou de outra natureza oferecidos pelos governos locais; a atração da região Sul por estar próxima dos principais centros consumidores e dos países do Mercosul; e a localização nas proximidades das fontes de matérias-primas, como no caso da região Centro-Oeste, que tem atraído atividades ligadas à agroindústria por conta do deslocamento da fronteira agrícola do país. Tendo em vista os motivos apontados para os deslocamentos espaciais da indústria brasileira nos últimos anos, poderia estar ocorrendo uma tendência a uma maior homogeneidade regional. As regiões receptoras de novas empresas industrias estariam recebendo novas plantas, em princípio mais modernas que as existentes na origem. Por outro lado, com a maior demanda por mão-de-obra local poderia estar ocorrendo uma elevação dos níveis salariais nas regiões menos desenvolvidas, aproximando-se do encontrado nas áreas mais desenvolvidas. Seria, portanto, de se esperar uma menor heterogeneidade na comparação das empresas de um determinado setor entre as diferentes regiões. Este trabalho procura identificar os diferenciais no nível de desenvolvimento dos diversos setores da indústria de transformação e extrativa mineral em termos regionais. Busca-se com isso confirmar ou não os desníveis existentes tanto entre setores industriais quanto

1 João Saboia é professor titular e Lucia Kubrusly é professora adjunta do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os autores agradecem a Rafel Cezar pelo auxílio no tratamento dos dados. 2 Ver, por exemplo, Diniz e Crocco (1996), Cano (1997), Pacheco (1999), Andrade e Serra (2000), Saboia (2000 e 2001), Caiado (2002), Ramos e Ferreira (2005a e 2005b) e Rezende e Willie (2005). Enquanto a maior parte dos estudos é específica da indústria, alguns tratam da economia em geral.

entre regiões. Por outro lado, pretende-se determinar a existência de “semelhanças” entre os setores industriais, procurando agregá-los em grupos com características relativamente homogêneas.3 Com esse objetivo, a indústria será desagregada segundo o conceito de “divisão”, sendo representada por um total de 27 segmentos industriais. A fonte de dados é a RAIS e o período estudado é o qüinqüênio 1999/2003. Três características dos trabalhadores (remuneração, escolaridade e ocupação) são utilizadas para a determinação do nível de desenvolvimento da indústria. Em outras palavras, supõe-se que os setores mais desenvolvidos nas diferentes regiões são aqueles que pagam os melhores salários, empregam a mão-de-obra mais escolarizada e possuem os maiores percentuais de trabalhadores técnicos e científicos. Sempre poderá ser argumentado que os resultados apresentados neste artigo estão baseados em apenas três estatísticas levantadas da RAIS. Tais dados, entretanto, são bastante representativos do setor analisado. Remuneração, escolaridade e incidência de trabalhadores técnicos ou científicos estão claramente associadas com o nível de modernização e de produtividade da indústria, podendo ser utilizadas como proxies para determinar o grau de desenvolvimento da indústria de um país. Para a comparação intersetorial/regional, as três variáveis referentes às características dos trabalhadores são transformadas em indicadores da indústria utilizando-se duas técnicas distintas. Inicialmente, de maneira bem simples, através de metodologia similar à utilizada no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU. Em seguida, com o uso de técnicas de estatística multivariada (análise de componentes principais e de grupamentos), que permitem, não apenas a ordenação dos setores industriais, como também sua agregação em conjuntos de setores “semelhantes”. Como será visto adiante, as duas metodologias fornecem resultados coerentes e que se complementam. O artigo possui mais quatro seções. Na próxima, são apresentados e discutidos os dados utilizados no trabalho. A seção 3 apresenta a primeira versão dos indicadores, enquanto na seção 4 é desenvolvida a análise multivariada, permitindo a ordenação e o agrupamento dos setores industriais. Nesta seção, é feita também uma comparação entre os resultados encontrados com as duas metodologias. Finalmente, na seção 5, são apresentados os comentários finais e as principais conclusões. Há ainda um anexo metodológico.

3 Diferentemente da maior parte da bibliografia mencionada acima, este artigo está menos voltado para a discussão do processo de descentralização em si, e mais para a diferenciação regional da indústria, seguindo a linha desenvolvida em Saboia (2001). A principal novidade é a utilização de técnicas estatísticas multivariadas num período mais recente e com um maior nível de desagregação da indústria.

2. Apresentação dos Dados Utilizados

Nesta seção são apresentados os dados da RAIS que servem de referência para o restante do trabalho. Conforme mencionado acima, foi coberto o qüinqüênio 1999/2003, sendo utilizados os dados de remuneração média, escolaridade e ocupação dos trabalhadores. Exceto pelos resultados mais favoráveis do ano 2000, trata-se de um período em que a economia brasileira passou por sérias dificuldades e o PIB apresentou baixo crescimento.

2.1 Rendimento

Há grandes desníveis entre as remunerações nas várias regiões e setores da indústria. Em 2003, o nível médio variava entre R$ 413 na região Nordeste e R$ 790 no Sudeste (Gráfico 1). Em termos setoriais, os valores extremos eram encontrados na extração de petróleo (R$ 2718) e na confecção de artigos de vestuário (R$ 296), uma relação de quase de dez para um.4

Gráfico 1 - Rendimento Real Médio por Região - 1999/2003

300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

800

850

900

1999 2000 2001 2002 2003

Norte Nordeste Sudeste Sul CO

Em Reais de 1999 (deflacionado pelo INPC)

Fonte: Rais

Em geral, os diferenciais de rendimento inter regionais de cada segmento da indústria são elevados. No caso da indústria de extração de petróleo e gás natural, por exemplo, o rendimento médio chegava a R$ 4208 na região Norte, enquanto não passava de R$ 425 na região Centro Oeste em 2003. Em outros casos, como na indústria de couros e calçados e na

4 Para efeito comparativo, os rendimentos estão medidos em reais de 1999. O deflacionamento é feito pelo INPC.

confecção de artigos de vestuário, há certa uniformidade nos baixos salários pagos nas diferentes regiões. O nível médio de rendimento sofreu pequena queda de 5% no período. O resultado, entretanto não foi homogêneo entre as regiões com elevação na região Nordeste, estabilidade no Centro-Oeste e queda nas demais. Da mesma forma, embora a regra geral tenha sido de queda no rendimento médio dos diversos setores, houve alguns casos de crescimento. Quando considerados as 27 divisões industriais, verifica-se que o aumento do nível de remuneração está concentrado na indústria do petróleo – extração de petróleo e gás natural (39%) e fabricação de coque, refino de petróleo etc (85%). As maiores quedas ocorreram na indústria de reciclagem (18%) e edição, impressão e reprodução de gravações (16%) (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Variação Percentual do Rendimento Médio Real por Divisão - 1999/2003

-18-16

-14-12

-9-9-8-8-8-7

-6-6-5-4-4-4

-1-1-1

033

56

839

85

ReciclagemEdição, impressão e reprodução de gravações

Fabrç. de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de com....Extração de minerais metálicosFabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos

Fabricação de produtos alimentares e bebidasConfecção de artigos do vestuário e acessóriosFabricação de artigos de borracha e plástico

Fabricação de maquinas e equipamentosFabricação de produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos

Fabrç. e montagem de veículos automotores, reboques e carroceria...

Fabricação de pastas, papel e produtos de papelFabricação de produtos têxteis

Metalurgia básicaFabricação de produtos de minerais não metálicosFabricação de moveis e industrias

Extração de outros minerais

Fabricação de produtos químicos

Extração de carvão mineral

Preparação de couros e fabrç. de artefatos de couro, artigos de...Fabricação de produtos do fumo

Fabricação de equipamentos de instrumentação para usos médico-hospitalarFabricação de outros equipamentos de transporte

Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informáticaFabricação de produtos de madeira

Extração de petróleo e gás natural

Fabrç. de coque, refino de petróleo...

Fonte: Rais

(deflacionado pelo INPC)

Em termos regionais houve redução das desigualdades salariais, na medida em que a relação entre a remuneração média do Sudeste e do Nordeste baixou, o mesmo ocorrendo com a relação entre os rendimentos médios do Sudeste e do Centro-Oeste. Em termos setoriais, entretanto, há sinais de aumento das desigualdades. A relação entre os valores médios da remuneração na extração de petróleo e gás e na confecção de artigos de vestuário, por exemplo, aumentou de 6,5 para 9,8. A Tabela 1 ilustra os diferenciais nos níveis médios de remuneração nas diferentes divisões da indústria de transformação e extrativa mineral nas distintas regiões em 2003.

Tabela 1 - Remuneração Média na Indústria de Transformação e Extrativa Mineral Por Divisão e Região - 2003

Divisão Norte Nordeste Sudeste Sul CO BrasilExtração de carvão mineral 199 208 369 778 225 676

Extração de petróleo e gás natural 4208 2195 3155 1215 425 2918

Extração de minerais metálicos 1093 985 1113 477 927 1071

Extração de outros minerais 776 365 498 458 520 475

Fabricação de produtos alimentares e bebidas 391 336 597 453 399 478

Fabricação de produtos do fumo 514 371 1318 1139 818 1047

Fabricação de produtos têxteis 297 339 517 469 337 469

Confecção de artigos do vestuário e acessórios 227 223 321 303 239 296

Preparação de couros e fabrç. de artefatos de couro, artigos de... 285 266 335 375 317 339

Fabricação de produtos de madeira 294 443 455 355 327 359

Fabricação de pastas, papel e produtos de papel 585 668 916 643 476 799

Edição, impressão e reprodução de gravações 530 509 935 579 640 797

Fabrç. de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nu.... 2024 1016 2015 860 589 1352

Fabricação de produtos químicos 680 1098 1324 924 554 1205

Fabricação de artigos de borracha e plástico 548 405 716 531 351 632

Fabricação de produtos de minerais não metálicos 328 306 576 466 358 490

Metalurgia básico 875 838 1040 771 557 974

Fabricação de produtos de metal - exclusive maquinas e equipamentos 623 386 654 549 387 605

Fabricação de maquinas e equipamentos 698 553 977 779 583 893

Fabrç. de maquinas para escritório e equipamentos de informática... 520 750 1302 1320 1979 1195

Fabricação de maquinas, aparelhos e materiais elétricos 628 631 857 702 367 801

Fabrç. de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de com.... 732 528 1176 825 540 971

Fabrç. de equipamentos de instrumentação para usos medico-hospital.... 584 329 830 696 437 767

Fabrç. e montagem de veículos automotores, reboques e carroceria... 774 854 1281 966 489 1191

Fabricação de outros equipamentos de transporte 1035 297 1417 616 429 1243

Fabricação de moveis e industrias diversas 407 268 481 386 284 423

Reciclagem 254 275 502 341 273 411

Total 511 413 790 514 405 643

Fonte: RAIS

Obs: Remuneração em reais de 1999 deflacionados pelo INPC

2.2 Escolaridade Os diferenciais entre os níveis de escolaridade interregionais e intersetoriais são bem menores do que no caso dos rendimentos. Em 2003, por exemplo, o número médio de anos de estudo variava entre 7,1 na região Nordeste e 8,8 na região Sudeste e entre 7,1 na fabricação de produtos de minerais não metálicos e 11,4 na fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática.5 A evolução no período é nítida no sentido do aumento do nível de escolaridade dos trabalhadores. Por sinal, este movimento não é novidade e já vem ocorrendo há muitos anos. Entre 1999 e 2003, o número médio de anos de estudo aumentou de 7,6 para 8,3, tendência essa verificada em todas as regiões (Gráfico 3). Analogamente, houve aumento do nível médio de escolaridade em todas as 27 divisões da indústria. 5 Embora a RAIS não informe o número de anos de estudo dos trabalhadores, este valor pode ser estimado a partir das informações da RAIS, supondo uma determinada distribuição nas faixas de escolaridade informadas.

Gráfico 3 - Escolaridade Média por Região - 1999/2003

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

1999 2000 2001 2002 2003

Norte Nordeste Sudeste Sul CO

Em Anos de Estudo

Fonte: Rais Apesar da melhoria do nível de escolaridade dos trabalhadores, a situação ainda continuava muito precária em alguns casos, como na extração de carvão mineral no Norte, Sudeste e Centro-Oeste; na extração de outros minerais no Nordeste; na fabricação de produtos de madeira no Norte; e na fabricação de coque e refino de petróleo no Norte. Neles, a escolaridade média não atingia cinco anos de estudo em 2003 (Tabela 2). A escolaridade dos trabalhadores industriais na região Nordeste tende a ser mais baixa do país. O número médio de anos de estudo no Nordeste é o mais baixo entre as cinco regiões em 13 divisões. Na comparação com a região Sudeste, a região Nordeste leva a pior em 19 das 27 divisões pesquisadas. Em outras palavras, também na questão da escolaridade dos trabalhadores os diferenciais existentes podem ser considerados elevados.

Tabela 2 - Escolaridade Média na Indústria de Transformação e Extrativa Mineral por Divisão e Região - 2003

Divisão Norte Nordeste Sudeste Sul CO BrasilExtração de carvão mineral 5,1 4,9 6,3 7,7 6,3 7,3

Extração de petróleo e gás natural 11,6 10,8 11,3 10,5 7,7 11,2

Extração de minerais metálicos 8,6 8,5 8,9 6,4 9,1 8,8

Extração de outros minerais 8,1 6,0 6,7 6,8 7,2 6,6

Fabricação de produtos alimentares e bebidas 7,6 5,4 8,1 8,0 7,8 7,4

Fabricação de produtos do fumo 7,5 5,2 10,5 10,3 9,6 9,5

Fabricação de produtos têxteis 7,2 8,1 8,0 8,1 8,1 8,1

Confecção de artigos do vestuário e acessórios 8,5 8,1 8,0 8,2 8,4 8,1

Preparação de couros e fabrç. de artefatos de couro, artigos de... 6,5 7,9 8,0 7,0 7,6 7,5

Fabricação de produtos de madeira 5,1 6,7 7,6 6,8 6,0 6,5

Fabricação de pastas, papel e produtos de papel 9,0 9,2 9,1 8,4 9,0 8,9

Edição, impressão e reprodução de gravações 10,3 10,2 10,0 9,8 10,2 10,0

Fabrç. de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nu.... 8,6 5,0 9,3 7,6 6,0 7,4

Fabricação de produtos químicos 9,5 9,5 10,2 9,7 9,5 10,0

Fabricação de artigos de borracha e plástico 9,9 8,5 8,6 8,5 8,3 8,6

Fabricação de produtos de minerais não metálicos 6,8 5,8 7,4 7,4 7,1 7,1

Metalurgia básico 9,1 8,7 9,0 8,6 8,3 8,9

Fabricação de produtos de metal - exclusive maquinas e equipamentos 9,5 8,2 8,4 8,4 8,1 8,4

Fabricação de maquinas e equipamentos 10,8 9,0 9,3 9,3 8,6 9,3

Fabrç. de maquinas para escritório e equipamentos de informática... 11,0 11,0 11,4 11,7 12,4 11,4

Fabricação de maquinas, aparelhos e materiais elétricos 10,4 9,7 9,4 9,7 9,0 9,5

Fabrç. de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de com.... 11,1 10,6 10,6 10,4 9,5 10,7

Fabrç. de equipamentos de instrumentação para usos medico-hospital.... 10,4 9,7 9,9 10,2 9,7 9,9

Fabrç. e montagem de veículos automotores, reboques e carroceria... 10,2 10,0 9,7 9,8 9,0 9,8

Fabricação de outros equipamentos de transporte 10,4 8,0 9,9 8,0 8,7 9,7

Fabricação de moveis e industrias diversas 8,2 7,7 8,2 7,9 8,0 8,0

Reciclagem 8,4 6,6 7,5 7,1 8,0 7,4

Total 8,0 7,1 8,8 8,2 7,8 8,3

Fonte: RAIS

Obs: Anos de estudo estimados a partir das faixas informadas pela RAIS

2.3 Trabalhadores Técnicos e Científicos A participação de trabalhadores das profissões técnicas e científicas é relativamente baixa na indústria brasileira.6 Em 1999, apenas 5,4% dos trabalhadores faziam parte desse grupo. Em termos regionais, a situação era mais favorável no Sudeste (6,6%) e mais precária no Centro-Oeste (3,0%). Em termos setoriais há grandes desníveis. Na extração de petróleo e gás, de minerais metálicos e na fabricação de máquinas de escritório, de equipamentos de informática e de material eletrônico entre outros, parcela considerável de seus trabalhadores são de nível técnico ou científico. Em contrapartida, são pouquíssimos os empregados com essas características em setores tradicionais como na confecção de artigos de vestuários, couros, calçados, produtos de madeira etc. 6 Até 2002, foram utilizados os grandes grupos 0 e 1 da CBO 94. Em 2003, foram usados os grandes grupos 2 e 3 da nova CBO 2002. As duas classificações não são estritamente comparáveis.

Houve poucas mudanças na participação percentual de tais trabalhadores no período estudado. A comparação com o ano de 2003, entretanto, fica prejudicada, tendo em vista as mudanças efetuadas na classificação ocupacional dos trabalhadores (CBO). Se considerado apenas o grupo 2 (profissões científicas), o total no último ano não passava de 2,7%. Incluindo também os trabalhadores técnicos, chega-se a 10,6%. Os desníveis regionais e setoriais são elevados, favorecendo as regiões mais desenvolvidas e os setores já mencionados acima (Tabela 3).

Tabela 3 - Percentual de Trabalhadores das Profissões Técnicas e Científicasda Indústria de Transformação e Extrativa Mineral por Divisão e Região - 2003

Divisão Norte Nordeste Sudeste Sul CO BrasilExtração de carvão mineral 0,0 1,8 3,7 6,9 1,9 6,0

Extração de petróleo e gás natural 52,1 26,0 36,5 47,9 11,4 34,6

Extração de minerais metálicos 26,7 19,6 26,5 6,7 14,8 24,6

Extração de outros minerais 17,7 4,7 6,1 4,3 6,8 5,9

Fabricação de produtos alimentares e bebidas 7,0 4,9 8,9 6,6 7,1 7,2

Fabricação de produtos do fumo 6,3 10,3 30,7 22,4 43,9 22,7

Fabricação de produtos têxteis 8,9 7,3 8,1 8,1 5,7 8,0

Confecção de artigos do vestuário e acessórios 2,7 3,3 5,7 4,3 3,0 4,8

Preparação de couros e fabrç. de artefatos de couro, artigos de... 3,2 2,5 4,0 3,0 5,2 3,2

Fabricação de produtos de madeira 3,1 7,7 5,8 3,6 2,8 3,9

Fabricação de pastas, papel e produtos de papel 10,3 12,9 14,4 8,0 7,0 12,1

Edição, impressão e reprodução de gravações 18,0 20,0 18,5 16,2 19,5 18,2

Fabrç. de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nu.... 20,7 11,1 28,5 11,1 5,7 17,6

Fabricação de produtos químicos 11,4 17,3 23,2 18,8 12,3 21,4

Fabricação de artigos de borracha e plástico 19,8 16,8 14,3 10,7 10,8 13,6

Fabricação de produtos de minerais não metálicos 4,1 4,8 7,5 5,9 3,8 6,4

Metalurgia básico 11,5 12,2 17,0 12,3 8,7 15,7

Fabricação de produtos de metal - exclusive maquinas e equipamentos 14,1 6,9 9,5 7,6 6,3 8,8

Fabricação de maquinas e equipamentos 18,2 12,0 16,6 13,9 9,6 15,5

Fabrç. de maquinas para escritório e equipamentos de informática... 18,7 24,7 42,7 37,0 40,2 37,9

Fabricação de maquinas, aparelhos e materiais elétricos 14,8 13,6 15,9 13,5 15,3 15,2

Fabrç. de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de com.... 20,5 25,7 27,3 21,9 33,3 24,4

Fabrç. de equipamentos de instrumentação para usos medico-hospital.... 18,3 14,1 23,2 23,7 26,9 22,5

Fabrç. e montagem de veículos automotores, reboques e carroceria... 33,6 11,8 15,8 18,1 10,6 16,4

Fabricação de outros equipamentos de transporte 56,5 5,1 25,7 7,5 9,1 27,7

Fabricação de moveis e industrias diversas 5,7 4,9 7,1 4,4 5,5 5,8

Reciclagem 3,4 2,8 7,1 8,9 5,5 7,0

Total 12,2 7,0 12,8 8,0 7,0 10,6

Fonte: RAIS

Obs: Utilizou-se como trabalhadores das profissões técnicas e científicas os grandes grupos 2 e 3 da CBO 2002

3. Índices de Desenvolvimento Regionais e Setoriais Utiliza-se nesta seção a mesma metodologia desenvolvida em Saboia (2001). A principal diferença é o fato de se trabalhar com a classificação setorial de divisões, que desagrega a indústria de transformação e extrativa mineral em 27 setores.7 7 Saboia (2001) utilizou a classificação de subsetores onde a indústria de transformação e extrativa mineral é desagregada em apenas 13 segmentos no período 1989/99.

São utilizadas as três variáveis informadas pela RAIS apresentadas na seção 2 – remuneração média; escolaridade; e ocupações técnicas e científicas (CBO) O índice de remuneração para o setor i na região j (IWij) é construído a partir da equação IWij = (Wij – Wmin)/(Wmax – Wmin) Sendo Wij - remuneração média no setor i na região j; Wmax – remuneração média máxima entre os setores e regiões; Wmin – remuneração média mínima entre os setores e regiões. Analogamente, pode-se obter o índice de escolaridade IEij e de ocupações técnicas e científicas IOij para o setor i na região j.8 Pode-se verificar facilmente que os índices construídos variam no intervalo entre zero e a unidade. Quanto maior seu valor melhor é a situação representada pelo índice. O índice de desenvolvimento IDij para o setor i na região j pode ser calculado pela média aritmética dos três índices parciais i.e.9 IDij = (IWij + IEij + IOij)/3 Utilizando-se esta metodologia, foram estimados os índices de desenvolvimento da indústria no período 1999/2003. Há relativamente poucas mudanças ao longo do período. Em geral, os índices são mais favoráveis na região Sudeste. Em segundo lugar, nas regiões Norte e Sul. Finalmente, nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Na média do período 1999/2003, enquanto no Sudeste atingia 0,543, no Nordeste não passava de 0,389. O resultado relativamente favorável encontrado na região Norte (0,469) está associado à importância da Zona Franca de Manaus naquela região, na medida em que concentra segmentos industriais modernos como material de transporte, mecânica, produtos eletrônicos etc (Tabela 4). A superioridade da região Sudeste em relação às demais é nítida. Em 15 das 27 divisões analisadas seu índice é o mais elevado no período. Por outro lado, a região Nordeste apresenta o menor índice em dez divisões. Conforme esperado, em termos setoriais, os diferenciais são bem mais elevados que os regionais. Na média do qüinqüênio 1999/2003, encontra-se entre 0,276 na fabricação de produtos de madeira e 0,811 na extração de petróleo e gás natural. É importante destacar que o fato de um setor apresentar um índice relativamente elevado no país não impede que seja baixo em algumas regiões como no caso da extração de petróleo e gás natural que varia entre 0,414 na região Centro-Oeste e 0,834 na região Sudeste. Os diferenciais regionais são 8 Tendo em vista que os diferenciais de rendimento e de trabalhadores técnicos e científicos são muito maiores que de escolaridade, as duas primeiras variáveis foram logaritmadas antes de se calcular os índices. Dada a mudança metodológica na CBO para o ano de 2003, houve necessidade de se mudar os limites superiores e inferiores utilizados no cálculo dos indicadores das profissões técnicas e científicas daquele ano. 9 O índice pode também ser obtido por médias aritméticas ponderadas definindo-se os pesos segundo a importância atribuída pelo analista à variável considerada.

também elevados na extração de carvão mineral, fabricação de produtos de fumo e fabricação de produtos de madeira, onde a relação entre o maior e o menor índice é superior a dois. Além do setor de extração de petróleo e gás natural, outros segmentos industriais apresentam índices relativamente favoráveis, confirmando sua melhor situação no interior da indústria. Com índices médios próximos a 0,700 podem ser mencionadas a extração de minerais metálicos, a fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática, a fabricação de material eletrônico e equipamentos de comunicação e a fabricação de outros equipamentos de transporte. Outras seis divisões possuem índices com valores superiores a 0,600. Entre as divisões com os menores índices médios estão segmentos tradicionais como fabricação de produtos de madeira, já mencionado acima, couros, artefatos de couros e artigos de calçados (0,286), confecção de artigos de vestuário (0,307), reciclagem (0,355) e extração de outros minerais (0,362).

Tabela 4 - Índice de Desenvolvimento da Indústria de Transformaçãoe Extrativa Mineral Por Divisão e Região - 1999/2003

Divisão Norte Nordeste Sudeste Sul CO BrasilExtração de carvão mineral 0,119 0,202 0,243 0,494 0,133 0,462

Extração de petróleo e gás natural 0,795 0,770 0,834 0,632 0,414 0,811

Extração de minerais metálicos 0,695 0,636 0,694 0,417 0,623 0,682

Extração de outros minerais 0,561 0,293 0,362 0,345 0,449 0,362

Fabricação de produtos alimentares e bebidas 0,381 0,275 0,458 0,415 0,390 0,402

Fabricação de produtos do fumo 0,419 0,262 0,676 0,624 0,433 0,595

Fabricação de produtos têxteis 0,325 0,409 0,427 0,424 0,344 0,424

Confecção de artigos do vestuário e acessórios 0,271 0,311 0,299 0,317 0,258 0,307

Preparação de couros e fabrç. de artefatos de couro, artigos de... 0,345 0,288 0,306 0,270 0,303 0,286

Fabricação de produtos de madeira 0,173 0,210 0,379 0,290 0,195 0,276

Fabricação de pastas, papel e produtos de papel 0,524 0,548 0,567 0,478 0,470 0,539

Edição, impressão e reprodução de gravações 0,617 0,616 0,643 0,583 0,626 0,631

Fabrç. de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nu.... 0,456 0,424 0,618 0,535 0,385 0,536

Fabricação de produtos químicos 0,567 0,643 0,671 0,623 0,506 0,657

Fabricação de artigos de borracha e plástico 0,563 0,423 0,505 0,455 0,346 0,489

Fabricação de produtos de minerais não metálicos 0,335 0,298 0,429 0,392 0,328 0,396

Metalurgia básico 0,592 0,579 0,615 0,561 0,465 0,604

Fabricação de produtos de metal - exclusive maquinas e equipamentos 0,512 0,425 0,487 0,446 0,369 0,474

Fabricação de maquinas e equipamentos 0,628 0,500 0,604 0,573 0,500 0,592

Fabrç. de maquinas para escritório e equipamentos de informática... 0,659 0,693 0,777 0,775 0,808 0,762

Fabricação de maquinas, aparelhos e materiais elétricos 0,568 0,576 0,612 0,578 0,442 0,601

Fabrç. de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de com.... 0,689 0,625 0,718 0,696 0,669 0,707

Fabrç. de equipamentos de instrumentação para usos medico-hospital.... 0,572 0,472 0,626 0,640 0,547 0,619

Fabrç. e montagem de veículos automotores, reboques e carroceria... 0,598 0,565 0,651 0,639 0,458 0,647

Fabricação de outros equipamentos de transporte 0,676 0,391 0,718 0,469 0,444 0,688

Fabricação de moveis e industrias diversas 0,419 0,288 0,411 0,349 0,295 0,381

Reciclagem 0,220 0,262 0,394 0,304 0,253 0,355

Total 0,469 0,389 0,543 0,449 0,395 0,497

Fonte: RAIS

Obs 1: Foram considerados pesos iguais para as três variáveis utilizadas no cálculo dos índices

Obs 2: Foram utilizados os grandes grupos 0 e 1 da CBO 94 para os anos 1999 a 2002 e os grandes grupos 2 e 3 da CBO 2002 para o ano 2003 no cálculo dos índices

4. Análise Multivariada – Índices e Grupos de Setores Esta seção está dividida em duas partes. Inicialmente, são calculados índices setoriais e regionais a partir da análise de componentes principais. Em seguida, os setores são agrupados pela técnica de análise de grupamento. 4.1 Cálculo dos Índices A partir da análise de componentes principais, foram criados índices para as 27 divisões industriais no conjunto do país e nas cinco regiões naturais no período 1999/2002.10 Os índices foram calculados de tal forma que permitem uma ordenação das divisões segundo os valores das três variáveis utilizadas na seção 3 – remuneração, escolaridade e percentual de trabalhadores técnicos e científicos. O índice resultante é uma média ponderada das três variáveis. Diferentemente da seção anterior em que os pesos foram arbitrados, os pesos aqui são determinados pela análise de componentes principais. Quanto maior o valor do índice maior tende a ser o nível de remuneração e de escolaridade dos trabalhadores e o percentual de trabalhadores técnicos e científicos da respectiva divisão. Os índices calculados para as 27 divisões são padronizados, isto é, são tais que há valores positivos e negativos, a média é nula e o desvio padrão é unitário. Os resultados para o conjunto do país no período mostram que o maior índice é encontrado na extração de petróleo e gás natural, certamente influenciado pelas excelentes condições de trabalho encontradas na Petrobras. Seu valor variou entre 2,08 em 2000 e 2,96 em 2002, diferenciando-se dos demais setores. Com valores relativamente elevados no período, em geral acima da unidade, podem ainda ser mencionados os setores de extração de metais metálicos, fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática, fabricação de material eletrônico e aparelhos de comunicação e fabricação de outros equipamentos de transporte. Portanto, ou são setores extrativos dominados por grandes empresas nacionais como a Petrobras e a Vale do Rio Doce, ou da indústria de transformação nas áreas de informática, eletrônica e de comunicações, com forte presença de multinacionais estrangeiras, ou ainda da Embraer na área de equipamentos de transporte. Em seguida, há um continuum de valores para o índice, com destaque para alguns setores mais dinâmicos e modernos da indústria de transformação como produtos químicos, fabricação de veículos automotores, metalurgia básica, edição e impressão etc. Os piores resultados foram encontrados em setores tradicionais, conhecidos por oferecerem piores condições de trabalho como fabricação de alimentos e bebidas, de móveis, de produtos minerais não metálicos, confecção de vestuário, fabricação de artigos de couro e calçados, de produtos de madeira, reciclagem e extração de outros minerais. Em todos os

10 Ver a metodologia de cálculo dos índices em anexo ao final do artigo. Tendo em vista as mudanças na CBO ocorridas com os dados da RAIS de 2003, este ano foi eliminado da análise multivariada.

caso mencionados, o índice apresenta valores negativos, chegando a -1,44 na fabricação de produtos de madeira em 2000 (Tabela 5).

Tabela 5 - Índice de Desenvolvimento da Indústria de Transformaçãoe Extrativa Mineral por Divisão - 1999/2002

Divisão 1999 2000 2001 2002Extração de petróleo e gás natural 2,52 2,08 2,78 2,96

Fabrç. de maquinas para escritório e equipamentos de informática... 1,63 1,79 1,59 1,89

Fabrç. de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de com.... 1,34 1,24 1,19 1,12

Extração de minerais metálicos 1,26 1,41 1,20 1,00

Fabricação de outros equipamentos de transporte 0,95 1,15 1,11 0,98

Fabricação de produtos químicos 0,76 0,82 0,68 0,65

Fabrç. e montagem de veículos automotores, reboques e carroceria... 0,70 0,86 0,63 0,64

Edição, impressão e reprodução de gravações 0,57 0,63 0,42 0,43

Metalurgia básico 0,47 0,36 0,20 0,26

Fabrç. de equipamentos de instrumentação para usos medico-hospital.... 0,34 0,34 0,37 0,43

Fabricação de maquinas, aparelhos e materiais elétricos 0,30 0,33 0,22 0,26

Fabricação de produtos do fumo 0,30 0,21 0,24 -0,28

Fabricação de maquinas e equipamentos 0,28 0,26 0,15 0,14

Fabricação de pastas, papel e produtos de papel -0,12 -0,09 -0,15 -0,13

Fabricação de artigos de borracha e plástico -0,44 -0,43 -0,46 -0,40

Fabricação de produtos de metal - exclusive maquinas e equipamentos -0,49 -0,53 -0,54 -0,48

Fabrç. de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nu.... -0,56 -0,27 0,00 -0,49

Extração de carvão mineral -0,64 -0,59 -0,54 -0,56

Fabricação de produtos têxteis -0,77 -0,80 -0,76 -0,67

Fabricação de produtos alimentares e bebidas -0,85 -0,88 -0,90 -0,88

Fabricação de moveis e industrias diversas -0,89 -0,88 -0,86 -0,75

Fabricação de produtos de minerais não metálicos -0,97 -0,98 -0,96 -0,93

Confecção de artigos do vestuário e acessórios -0,99 -1,06 -0,97 -0,87

Reciclagem -1,04 -1,09 -1,05 -0,94

Preparação de couros e fabrç. de artefatos de couro, artigos de... -1,12 -1,20 -1,12 -1,02

Extração de outros minerais -1,13 -1,21 -1,15 -1,08

Fabricação de produtos de madeira -1,38 -1,44 -1,35 -1,26

Fonte: RAIS

Obs 1: Os índices foram obtidos pela técnica de estatística multivariada descrita no anexo. A comparação dos resultados acima com aqueles desenvolvidos na seção 3 mostra que apesar das diferenças metodológicas, a ordenação dos índices nas 27 divisões é bastante semelhante nos dois casos. Em outras palavras, as divisões que se destacam, tanto positiva quanto negativamente são as mesmas. A ordenação das 19 divisões com os melhores índices são exatamente as mesmas nos dois casos. Entre as restantes, também há grande semelhança na ordenação (Tabela 6). Isto fica ainda confirmado pelo coeficiente de correlação entre os índices médios encontrados para o período 1999/2002 que atingiu 0,96.

Tabela 6 - Valores Médios e Ordenação dos Dois Índices por Divisão 1999/2002Divisão Ordenação Índice 1 Ordenação Índice 2

Extracao de petroleo e gas natural 1 0,810 1 2,603

Fabrç. de maquinas para escritorio e equipamentos de informatic... 2 0,764 2 1,738

Fabrç. de material eletronico e de aparelhos e equipamentos de com.... 3 0,714 3 1,250

Extracao de minerais metalicos 4 0,696 4 1,228

Fabricacao de outros equipamentos de transporte 5 0,690 5 1,041

Fabricacao de produtos quimicos 6 0,654 6 0,736

Fabrç. e montagem de veiculos automotores, reboques e carroceri... 7 0,649 7 0,716

Edicao, impressao e reproducao de gravacoes 8 0,634 8 0,519

Fabrç. de equipamentos de instrumentacao para usos medico-hospital.... 9 0,616 9 0,378

Metalurgia basico 10 0,608 10 0,322

Fabricacao de maquinas, aparelhos e materiais eletricos 11 0,603 11 0,289

Fabricacao de maquinas e equipamentos 12 0,592 12 0,212

Fabricacao de produtos do fumo 13 0,583 13 0,059

Fabricacao de pastas, papel e produtos de papel 14 0,535 14 -0,119

Fabrç. de coque, refino de petroleo, elaboracao de combustiveis nu.... 15 0,526 15 -0,380

Fabricacao de artigos de borracha e plastico 16 0,478 16 -0,432

Fabricacao de produtos de metal - exclusive maquinas e equipamentos 17 0,469 17 -0,510

Extracao de carvao mineral 18 0,468 18 -0,580

Fabricacao de produtos texteis 19 0,417 19 -0,752

Fabricacao de moveis e industrias diversas 22 0,371 20 -0,845

Fabricacao de produtos alimentares e bebidas 20 0,397 21 -0,878

Fabricacao de produtos de minerais nao metalicos 21 0,393 22 -0,963

Confeccao de artigos do vestuario e acessorios 25 0,290 23 -0,976

Reciclagem 24 0,342 24 -1,032

Preparaçao de couros e fabrç. de artefatos de couro, artigos de... 26 0,273 25 -1,120

Extracao de outros minerais 23 0,357 26 -1,142

Fabricacao de produtos de madeira 27 0,265 27 -1,362

Obs: Os índices 1 e 2 equivalem aos índices globais para o Brasil desenvolvidos nas seções 3 e 4, respectivamente A análise por região tende a confirmar os resultados nacionais, como é o caso da região Sudeste. Há, entretanto, algumas características regionais que merecem ser explicitadas. Na região Norte, só a partir de 2001, a extração de petróleo e gás natural passa a se destacar dos demais setores. Até então, o destaque era a extração de minerais metálicos. As divisões típicas da Zona Franca de Manaus como a fabricação de material eletrônico e aparelhos de comunicação, de máquina para escritório, de equipamentos de informática e de outros equipamentos de transporte apresentam resultados relativamente favoráveis. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, há um forte destaque para a fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática, com o índice chegando a superar o valor três na

região Sul e quatro na Centro-Oeste em 200211. Este setor é um dos melhores em todas as regiões, mas os resultados encontrados nessas duas regiões são excepcionais. A Tabela 7 ilustra os valores dos índices das 27 divisões nas cinco regiões em 2002 .

Tabela 7 - Índice de Desenvolvimento da Indústria de Transformaçãoe Extrativa Mineral por Divisão e Região - 2002

Divisão Norte Nordeste Sudeste Sul CO BrasilExtração de petróleo e gás natural 3,68 2,94 2,92 1,52 0,12 2,96

Fabrç. de maquinas para escritório e equipamentos de informática... 0,67 1,38 1,79 3,10 4,19 1,89

Fabrç. de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de com.... 0,92 0,88 1,06 1,60 0,89 1,12

Extração de minerais metálicos 1,35 1,46 0,80 -0,85 1,19 1,00

Fabricação de outros equipamentos de transporte 0,66 -0,35 1,06 -0,35 -0,05 0,98

Fabricação de produtos químicos 0,07 1,09 0,59 0,81 0,22 0,65

Fabrç. e montagem de veículos automotores, reboques e carroceria... 0,20 0,78 0,48 1,03 -0,09 0,64

Fabrç. de equipamentos de instrumentação para usos medico-hospital.... 0,16 0,05 0,32 0,91 0,20 0,43

Edição, impressão e reprodução de gravações 0,44 0,76 0,37 0,34 0,89 0,43

Fabricação de maquinas, aparelhos e materiais elétricos 0,19 0,55 0,18 0,34 -0,59 0,26

Metalurgia básico 0,18 0,61 0,14 0,28 0,03 0,26

Fabricação de maquinas e equipamentos 0,44 0,04 0,07 0,35 0,11 0,14

Fabricação de pastas, papel e produtos de papel -0,17 0,32 -0,11 -0,22 0,03 -0,13

Fabricação de produtos do fumo -0,31 -1,10 0,65 0,05 0,18 -0,28

Fabricação de artigos de borracha e plástico 0,01 -0,33 -0,47 -0,40 -0,38 -0,40

Fabricação de produtos de metal - exclusive maquinas e equipamentos -0,30 -0,31 -0,57 -0,37 -0,35 -0,48

Fabrç. de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nu.... -0,02 -0,52 0,30 -0,21 -0,70 -0,49

Extração de carvão mineral -1,38 -1,38 -1,25 -0,04 -1,20 -0,56

Fabricação de produtos têxteis -0,93 -0,32 -0,76 -0,54 -0,54 -0,67

Fabricação de moveis e industrias diversas -0,56 -0,70 -0,75 -0,79 -0,47 -0,75

Confecção de artigos do vestuário e acessórios -0,72 -0,60 -0,96 -0,85 -0,48 -0,87

Fabricação de produtos alimentares e bebidas -0,80 -1,01 -0,74 -0,64 -0,39 -0,88

Fabricação de produtos de minerais não metálicos -1,00 -0,90 -0,93 -0,79 -0,58 -0,93

Reciclagem -0,84 -0,83 -0,96 -1,07 -0,54 -0,94

Preparação de couros e fabrç. de artefatos de couro, artigos de... -0,51 -0,64 -1,01 -1,10 -0,61 -1,02

Extração de outros minerais -0,01 -0,82 -1,21 -0,97 -0,19 -1,08

Fabricação de produtos de madeira -1,40 -1,04 -1,00 -1,16 -0,87 -1,26

Fonte: RAIS

Obs 1: Os índices foram obtidos pela técnica de estatística multivariada descrita no anexo. 4.2 Grupos de Setores A partir do cálculo dos índices obtidos na seção anterior, as divisões da indústria foram agregadas através da técnica de análise de grupamento. Inicialmente, foram utilizados apenas os dados setoriais no conjunto do país e, em seguida, para o conjunto de dados setoriais nas cinco regiões naturais.12 Apesar das diferenças regionais existentes, os resultados das duas análises foram surpreendentemente semelhantes. Foram identificados três grupos de setores, havendo apenas mudanças mínimas nas duas análises.

11 Cabe lembrar que o índice possui média zero e desvio padrão unitário (ver anexo). 12 A primeira análise utiliza apenas os valores dos índices para o conjunto do país nos quatro anos, totalizando apenas quatro observações para cada divisão. A segunda análise utiliza as informações nas cinco regiões nos quatro anos, representando vinte observações para cada divisão.

De acordo com primeira análise, são identificados três grandes grupos. O primeiro grupo possui cinco divisões, exatamente aquelas já mencionadas acima devido a seus índices mais favoráveis, com destaque para a extração de petróleo e gás natural. O índice médio dessas divisões variou em torno de 1,5, seus valores mínimos ficaram próximos à unidade, enquanto os máximos flutuaram entre dois e três (Figura 1). O segundo grupo é composto por nove divisões com características variadas e valores intermediários para os índices. São elas a fabricação de produtos químicos, de veículos automotores, a edição, impressão e reprodução, a metalurgia básica, a fabricação de máquinas, aparelhos e equipamentos elétricos, a fabricação de máquinas e equipamentos em geral, de equipamentos médicos, de fumo e de papel. Os valores médios de seus índices são bem mais baixos, variando entre 0,3 e 0,4, os valores mínimos são ligeiramente negativos, enquanto os máximos são pouco inferiores à unidade. O terceiro grupo inclui as treze divisões restantes com os piores índices. A regra geral é encontrar valores negativos para os índices dessas divisões. Os valores médios situam-se em torno de -0,8 e os mínimos próximos a -1,3. São divisões representativas da indústria tradicional, incluindo segmentos extrativos como de carvão mineral e de outros minerais; de bens de consumo não duráveis como alimentos e bebidas, vestuário, calçados etc; e de bens intermediários como fabricação de coque e refino de petróleo, borracha e plástico etc. Ao se desagregar a análise utilizando o conjunto de dados regionais, os grupos formados são praticamente os mesmos. A fabricação de outros equipamentos de transporte passa para o segundo grupo, possivelmente por sua grande heterogeneidade regional, sendo seus índices bem melhores nas regiões Norte e Sudeste que nas demais. Analogamente, a fabricação de coque e refino de petróleo passa do terceiro para o segundo grupo, pelas mesmas razões apontadas acima. De acordo com a Figura 1, poderiam ser considerados até cinco grupos. No primeiro grupo, a extração de petróleo natural e gás poderia ser destacada das outras quatro divisões, tendo em vistas seus resultados mais favoráveis. Analogamente, quatro divisões poderiam ser separadas no terceiro grupo com melhores resultados – fabricação de coque e refino de petróleo; fabricação de artigos de borracha e plástico; fabricação de produtos de metal (exclusive máquinas); e extração de carvão mineral. De qualquer forma, a pequena distância encontrada entre os novos grupos criados no dendograma, permite que possam ser considerados apenas os três grupos apontados acima. A análise de grupamento pode ser ainda estendida para a análise regional procurando identificar a maior ou menor proximidade entre os resultados encontrados nas cinco regiões naturais. Conforme esperado, são formados inicialmente cinco grupos, um para cada região. Logo em seguida, entretanto, são formados três grupos. O primeiro corresponde à região Sudeste, que se destaca das demais. Em seguida, as regiões Nordeste e Centro-Oeste se juntam para formar um segundo grupo. Finalmente, as regiões Norte e Sul formam um terceiro grupo (Figura 2). Cabe notar, que os três grupos de regiões formados pela análise de grupamento refletem com precisão os resultados encontrados na seção 3, quando foi mostrado que a região

Sudeste apresentava os melhores resultados, seguindo-se as regiões Norte e Sul com índices intermediários e as regiões Nordeste e Centro-Oeste com os piores índices.

petróleogas equipinform outransport mateletrônic mineramet papel fumo eqpmédico maqwquipam matelétricos metalurgia impressão veículos,reb química coque carvmineral prodmetal borracha têxtil móveis alimentos madeira reciclagem fabminñmet confc.vest couro outminerais

0 30 100

Figura 1 - Análise de Grupamento - Brasil

distância

0 20 60

Figura 2 - Análise de Grupamento - Regiões

sudeste 99 sudeste 00 sudeste 01 sudeste 02 nordeste 99 nordeste 00 nordeste 01 nordeste 02 c.oeste 99 c.oeste 00 c.oeste 01 c.oeste 02 norte 99 norte 00 norte 01 norte 02 sul 99 sul 00 sul 01 sul 02

distância

5. Conclusões Nesta seção são apresentadas as principais conclusões do trabalho. Em alguns casos, os resultados encontrados já eram esperados. Em outros, nem tanto. A indústria continua apresentando forte heterogeneidade regional. Os dados confirmam a superioridade da indústria na região Sudeste relativamente ao restante do país. A região Norte chega a surpreender, mostrando índices de desenvolvimento da indústria comparáveis aos encontrados na região Sul. Os resultados no Nordeste e Centro-Oeste são os piores do país. Também em termos setoriais, as diferenças são marcantes. Há um continuum de indicadores, desde os mais favoráveis, encontrados na extração de petróleo e gás e fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática, até os obtidos em segmentos da indústria tradicional como na fabricação de produtos de madeira, preparação de couro, reciclagem etc. A análise multivariada conseguiu agregar os setores da indústria de transformação e extrativa mineral em três grandes grupos. O primeiro, com os melhores indicadores, possui dois segmentos extrativos, dois da área eletro-eletrônica e um de transportes. No segundo grupo foram encontrados nove segmentos, sendo a maioria da indústria metal-mecânica, além de alguns produtores de bens intermediários ou de consumo. Os treze setores restantes apresentaram os piores indicadores, representando um conjunto bem amplo, incluindo, em geral, segmentos tradicionais, alguns produtores de bens intermediários e outros de bens de consumo. A maior surpresa talvez tenha sido a inclusão de refino de petróleo neste grupo. Alternativamente, podem ser identificados cinco grupos, destacando-se a extração de petróleo e gás no primeiro grupo e desagregando-se o terceiro em dois agrupamentos. As diferenças regionais são tão marcantes que, muitas vezes, setores que apresentam indicadores relativamente favoráveis nas regiões mais desenvolvidas como o Sudeste, mostram situação bem pior em outras regiões como no Nordeste. Este resultado mostra os limites do processo de descentralização industrial em termos de obtenção de grandes avanços nas regiões menos desenvolvidas. De qualquer forma, em geral, os setores mais desenvolvidos em uma determinada região também o são nas demais e vice-versa. Algumas extensões podem ser sugeridas a partir deste artigo. A mais natural seria a utilização de um maior nível de desagregação tanto regional quanto setorial para que se obtenham resultados mais finos e precisos. Ainda nesta direção, seria desejável comparar resultados encontrados nas capitais ou nas regiões metropolitanas do país com aqueles do interior, enfrentando a discussão colocada atualmente na ordem-do-dia de que as condições econômicas no interior do país seriam mais favoráveis que nas capitais, com melhores possibilidades de geração de emprego. Uma segunda extensão seria a utilização de outras fontes de dados, verificando até que ponto os resultados aqui encontrados seriam corroborados com o uso de novas estatísticas industriais.

Uma terceira possibilidade seria desenvolver uma análise de médio/longo prazo para verificar as transformações existentes no período. A maior dificuldade para esse tipo estudo são as modificações metodológicas ocorridas nas fontes de dados. No caso da RAIS, por exemplo, houve mudanças na classificação setorial em meados da década passada e novas mudanças na classificação ocupacional em 2003. Finalmente, os resultados deste artigo apontam em direção à necessidade de se continuar estudando a indústria de forma tão desagregada quanto possível. O Brasil representa uma grande economia com todos os tipos de desníveis por conta de sua extensão e de seus desequilíbrios regionais. Análises que não considerem tais diferenças inevitavelmente deixarão de identificar aspectos fundamentais de sua realidade.

ANEXO - As Técnicas de Análises Estatísticas Multivariadas Utilizadas Neste trabalho usamos dois modelos de análise estatística multivariada - Análise de Componentes Principais, que fornece um índice para ordenação das 27 divisões da indústria (considerando os dados para o Brasil e para cada região); e a Análise de Grupamento, que identifica semelhanças entre as divisões e também entre as regiões. Apresentamos, primeiramente, o modelo de análise das componentes principais e sua utilização para construção de índices. 1. Análise de Componentes Principais Considere um conjunto de p variáveis observadas sobre n objetos. A análise de componentes principais (ACP) tem como objetivo descrever a configuração dos n objetos no espaço das p variáveis13. O princípio descritivo é o da máxima variância. Isto é, as componentes dão informações sobre as direções de maior espalhamento dos dados. Assim, as componentes principais são combinações lineares das p variáveis: C = a1 X1 + a2 X2 +....... + ap Xp Determinar as componentes equivale a obter os coeficientes a1, a2, ...... , ap. As combinações lineares que definem as componentes são tais que:

C1 tenha variância máxima C2 tenha variância máxima e cor(C1 , C2 ) = 0 C3 tenha variância máxima e cor(C1 , C3 ) = 0 e ainda cor(C2 , C3 ) = 0 ...etc

A solução deste problema é obtida extraindo-se os autovalores e autovetores da matriz de covariância ou da matriz de correlação dos dados14. 1.1. Usando ACP para Construir o Índice Seja um conjunto de n objetos O1,......., On que se deseja ordenar, segundo um conjunto de p variáveis X1 ,......., Xp.

13 Na presente aplicação, as variáveis são renda, escolaridade e %dos trabalhadores técnicos científicos, e os objetos são as 27 divisões da indústria. 14 O modelo de análise de componentes principais está detalhadamente apresentado em Jolliffe (1986) e Johnson,& Wichern (1992).

A cada objeto Oi, associamos um valor Ii = p1 Xi1 + p2 Xi2 + ........ + pp Xip Onde Xi1, Xi2, ...., Xip são os valores das variáveis observadas para Oi p1 , p2 , ...., pp são os pesos das variáveis. A definição do índice estará completa quando conhecemos os pesos das variáveis. 1.2 Usando ACP para Obter as Ponderações 15 Os pesos escolhidos devem traduzir a importância de cada variável, isto é, às variáveis mais importantes na ordenação devem ser atribuídos os maiores pesos. Uma medida de importância estatística de uma variável pode ser dada pela variância, que mede a quantidade de informação contida na variável. Assim podemos estabelecer a ligação entre importância e variância. Sendo a ACP uma técnica que fornece a primeira componente com variância máxima, usaremos essa componente (C1) como índice. Ii = a1 Xi1 + a2 Xi2 + ........ + ap Xip onde i = 1,...n, referem-se aos objetos que serão ordenados. Assim, os pesos de cada variável serão os coeficientes que definem a primeira componente principal.

A utilização da ACP na construção do índice garante que: . pesos maiores estarão associados às variáveis que contribuem mais para a variância do conjunto dos dados; . o índice resultante será padronizado: média zero, desvio-padrão unitário. Portanto, na leitura dos resultados, divisões da indústria com desempenhos “médios” receberão valores em torno de “0” para o índice, enquanto que as melhores receberão os valores mais altos (positivos) e as piores receberão os valores mais baixos (negativos). 2. Análise de Grupamento

A análise de grupamento é uma técnica de análise estatística multivariada que procura agrupar objetos semelhantes segundo um critério definido a partir do conjunto de variáveis observadas. O modelo de análise de grupamento pode ser descrito da seguinte forma16 Seja }pXXX ,...,{ 1= um conjunto de variáveis, e },...,{ 1 nOOO = o conjunto de objetos que se deseja agrupar.

15 Uma aplicação desta técnica para construção de índices pode ser vista em Kubrusly (2001) 16 Ver Lucas (1982) e Anderberg (1973).

Com base no conjunto X, determinar uma partição de O em subconjuntos ig tal que: se srisir OeOgOegO ⇒∈∈ são semelhantes, se srjsir OeOgOegO ⇒∈∈ são distintos. Para a solução desse problema é necessário calcular as distâncias entre os objetos no espaço das variáveis. Essas distâncias fornecem as medidas de similaridade entre os objetos. No presente trabalho, os objetos são, na primeira análise, as 27 divisões da indústria, e na análise posterior, as diferentes regiões nos diferentes anos. A solução da análise de grupamento em geral é apresentada em um diagrama em árvore chamado dendrograma. Nesse diagrama é possível identificar (quando existem) os grupos de objetos semelhantes. Bibliografia Anderberg M. R.(1973) . Cluster Analysis for Applications, Academic Press, Nova York. Andrade T. A. e Serra, R. V. (2000). Distribuição Espacial para a Indústria: Possibilidades Atuais para sua Investigação, Estudos Econômicos, v. 30, n. 2. Caiado, A. S. C. (2002), Desconcentração Industrial Regional no Brasil (1985 – 1998): Pausa ou Retrocesso?, Tese de Doutoramento, IE/UNICAMP, Campinas. Cano, W. (1997). Concentração e Desconcentração Econômica Regional no Brasil, Economia e Sociedade, v. 4, n. 8. Diniz, C. C. e Crocco, M. A. (1996). Reestruturação Econômica e Impacto Regional: O Novo Mapa da Indústria Brasileira, Nova Economia, v. 6, n. 1. Johnson, R.A. & Wichern, D.W. (1992). Applied Multivariate Statistical Analysis. Jolliffe, I. T. (1986). Principal Component Analysis, Springer Verlag, Berlim. Kubrusly, L.S. (2001). Um Procedimento para Calcular Índices a partir de uma Base de Dados Multivariados”, Revista Pesquisa Operacional, v. 21, n.1. Lucas, L.C.S. (1982). Análise de Grupamentos, Revista Brasileira de Estatística, ano 43, n.172. Pacheco, C. A. (1999). Novos Padrões de Localização Industrial? Tendências Recentes dos Indicadores de Produção e do Investimento Industrial, Texto para Discussão n. 633, IPEA, Brasília. Ramos, L. e Ferreira, V. (2005a). Geração de Empregos e Realocação Espacial no Mercado de Trabalho Brasileiro: 1992-2002, Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 35, n. 1.

Ramos, L. e Ferreira, V. (2005b). Padrão Espacial da Evolução do Emprego Formal – 1995-2003, Texto para Discussão n. 1102, IPEA, Rio de Janeiro. Rezende, M. e Willie, R. (2005) Aglomeração Industrial no Brasil: Um Estudo Empírico, Estudos Econômicos, v. 35, n. 3. Saboia, J. (2000). Desconcentração Industrial no Brasil nos Anos 90: Um Enfoque Regional, Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 30, n.1. Saboia, J. (2001). Descentralização Industrial no Brasil na Década de Noventa: Um Processo Dinâmico e Diferenciado Regionalmente, Nova Economia, v. 11, n. 2.