Dificuldades Produtivas e de Gestão dos Setores Priorizados...
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ACAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
4.1PRODUTO
Relatório sobre Dificuldades Produtivas e de Gestão dos Setores Priorizados da Indústria
Brasileira
4.1PRODUTO
Relatório sobre Dificuldades Produtivas e de Gestão dos Setores Priorizados da Indústria
Brasileira
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Presidente
Michel Temer
MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS
Ministro
Marcos Jorge de Lima
AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL – ABDI
Presidente
Luiz Augusto de Souza Ferreira
Diretor de Desenvolvimento Produtivo e Tecnológico
Miguel Antônio Cedraz Nery
Diretor de Planejamento
Walterson da Costa Ibituruna
Gerente de Desenvolvimento Produtivo e Tecnológico
Cynthia Araújo Nascimento Mattos
Gerente de Planejamento e Inteligência
Jackson de Toni
Coordenador de Planejamento e Inteligência
Rogério Dias de Araújo
Gerente de Inovação
Elisa Carlos Pereira
Chefe de Gabinete
Tainá Serra Pimentel
Equipe Técnica
Rodrigo Alves Rodrigues (Responsável)
Isabela Mendes Gaya Lopes dos Santos
Lanna Dioum
Ana Luísa Cavalcante Nogueira
Gabriel de Sousa
Izis Fabiana Fonseca Lira
Juliana Lopes de Medeiros
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
Presidente
Carlos Ivan Simonsen Leal
Diretoria FGV Projetos
Cesar Cunha Campos
Ricardo Simonsen
Coordenação de Projeto
Luiz Gustavo Medeiros Barbosa
Marcel Levi
Especialista
Marcel Levi
Equipe Econômica e Estatística
Ique Guimarães
Everson Machado
Equipe Técnica
André Meyer Coelho
Erick Lacerda
Fabíola Barros
Luciana Vianna
Saulo Rocha / Pesquisador Convidado
Thays Venturim
Projeto Gráfico
Café.art.br
Ficha Técnica
01 Introdução ....................................................................................................... 06 1.1 Inovação Aberta, Startups e Indústrias ................................................................14
02 Inovação aberta no Brasil – Panorama do setor ................................... 28
03 Estudo De Casos Selecionados ................................................................. 40 3.1 Natura ................................................................................................................. 43
3.2 Duratex .............................................................................................................. 47
3.3 Positivo Tecnologia ............................................................................................50
3.4 Unilever Brasil ...............................................................................................................52
3.5 Braskem Labs ................................................................................................................54
3.6 Votorantim Metais .........................................................................................................55
04 Conclusões e Recomendações .................................................................. 58 05 Referências Bibliográficas ����������������������������������������������������������������������� 74
06 Anexo único - Roteiro de Entrevistas ���������������������������������������������������� 78
Sumário
6 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
01
7CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
Introdução
8 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
01. IntroduçãoOs últimos 20 anos tem sido marcado pela ace-
leração de mudanças profundas na dinâmica dos
ambientes de negócios e dos mercados mundiais.
Considera-se como aceleração, pois, o processo de
mudança no ambiente de negócios mundial iniciado
na segunda metade da década de 1980 com o início
da massificação do computador pessoal foi poten-
cializado pela popularização da internet 10 anos
depois, para destacarmos apenas duas das grades
revoluções ocorridas no período.
A entrada massiva de pessoas físicas e jurídicas à
internet provocou uma revolução na forma como as
pessoas interagem com empresas, adquirem produ-
tos – sobretudo os de consumo pessoal – e buscam
informações sobre qualquer aspecto de suas vidas,
desde saúde a compras de bens duráveis.
Para que se tenha dimensão do que significa essa
mudança, os dados coletados na União Internacional das Telecomuni-
cações¹, indicam que em 2016 havia um total de 3,5 bilhões de pessoas
com acesso à internet em seus cotidianos, frente a um total de 400
milhões de pessoas em 2001.
ESSE CRESCIMENTO
EXPRESSIVO TEM
LEVADO A PROFUNDAS
ALTERAÇÕES NA
FORMA COMO AS
EMPRESAS ATUAM EM
SEUS MERCADOS E,
SOBRETUDO, NA FORMA
COMO OS CONSUMIDORES
ENXERGAM AS EMPRESAS.
1. A União Internacional das Telecomunicações – UIT é a Agência do Sistema das Nações Unidas dedicada a temas relacionados às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
9CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
GRÁFICO 1.1
EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO COM ACESSO À INTERNET NO MUNDO (EM BILHÕES DE PESSOAS)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
0,5
0,70,8
0,91,0
1,21,4
1,61,8
2,0
2,2
2,5
2,7
2,9
3,2
3,5
Fonte: Elaborado pela FGV a partir de dados da UIT/ONU.
Esse crescimento expressivo tem levado a profun-
das alterações na forma como as empresas atuam
em seus mercados e, sobretudo, na forma como os
consumidores enxergam as empresas. Além disso,
a entrada massiva de usurários na internet mudou
a forma como o consumidor interage e avalia as
empresas e a concorrência do mercado.
Os novos modelos de negócios baseados em
tecnologia e com uso da internet alteraram a
competição, foçando as empresas a redesenhar
sua lógica de atuação. A internet transformou
também a percepção de qualidade e valor atri-
buído aos produtos e às empresas.
10 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
A questão central de toda esta mudança se dá em como a competitivi-
dade das empresas foi afetada pela internet, e por consequência, como
o novo perfil de consumidor enxerga valor nas empresas de quem
consome produtos. Nesses dois aspectos a mudança no ambiente de
negócios foi bastante marcante. Por um lado, empresas sólidas e bem
constituídas com anos de mercado e reputação, com mais
recursos – humanos, financeiros e técnicos – à disposição
para manter sua posição de mercado, passaram a competir
com iniciantes e startups em quase igualdade de condições,
pois a internet removeu boa parte das barreiras de entrada
à maior parte dos mercados e abriu a concorrência global
como nunca antes havia ocorrido.
Por outro lado, as iniciantes e startups, puderam se posi-
cionar neste novo mercado com inovações de produto,
processo e, principalmente, modelo de negócios disruptivos
que mudaram a competição e, mais importante, mudaram
a estrutura da competitividade. Do ponto de vista macro-
econômico o Índice de Competitividade Global do Fórum Econômico
Mundial monitora variáveis que demonstram a capacidade de países
em serem competitivos. Porém, do ponto de vista microeconômi-
co, existem aspectos diretamente ligados à ação das empresas que
definem sua capacidade de se manter competitiva nos mercados em
que atuam. Neste caso, as empresas e seus ambientes microeconômicos
sofreram profundas alterações na sua estrutura de competição.
Avaliando a estrutura do “diamante da competitividade” de Michael
Porter², pode-se concluir que as relações de força entre os cinco
elementos foram significativamente alteradas em função da nova
estrutura de mercado que emerge a partir da internet e das inovações
nos modelos de negócios com base em estruturas de Tecnologia da
Informação e Comunicação – TIC.
EXISTEM ASPECTOS
DIRETAMENTE LIGADOS À AÇÃO
DAS EMPRESAS QUE DEFINEM
SUA CAPACIDADE DE SE MANTER
COMPETITIVA NOS MERCADOS
EM QUE ATUAM
2. Cinco fatores, ou forças, competitivas. Teoria desenvolvida por Michael Porter e apresentada em seu livro “Estratégia Competitiva – Técnicas para análise de indústrias e da concorrência”, de 1986.
11CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
FIGURA 1.1
CINCO FORÇAS COMPETITIVAS – MICHAEL PORTER
AMEAÇA DE NOVOS
COMPETIDORES
AMEAÇA DE PRODUTOS
E SERVIÇOSSUBSTITUTOS
RIVALIDADE ENTRE OS
COMPETIDORES
PODER DE BARGANHA DOSFORNECEDORES
PODER DE BARGANHA DOS CONSUMIDORES
Fonte: Adaptado de Michael Porter, 1986.
12 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Para Porter, uma estratégia de competitividade
se desenvolve com base nesses cinco elementos,
ou forças, como chamou. O nível de rivalidade
entre as empresas do setor, ou sua disposição
para cooperar, deverá ser determinante para que
as outras forças sejam mais ou menos impor-
tantes. Ou seja, a exemplo da Teoria dos Jogos³,
quanto mais disposta a cooperar estiverem as
empresas dominantes do setor, mais as quatro
forças restantes irão repelir novos concorrentes,
e a inversa é verdadeira.
No contexto do novo ambiente de negócios, a in-
ternet permitiu que as forças da competitividade
fossem relativizadas a ponto de não se tornarem
mais barreiras tão eficazes na manutenção de
mercados fechados. Primeiramente porque
os novos modelos de negócios modificaram a
estrutura de competição e derrubou as barreiras
de entrada de novos competidores, pois os novos
competidores criaram os novos mercados. O co-
mércio eletrônico mudou as bases da competição
do varejo, assim como tornou mais fácil o produ-
tor vender diretamente ao consumidor final, o
chamado mercado “B2C” – business to consumer.
Os livros eletrônicos mudaram a forma de intera-
gir com obras literárias e reinventou o mercado
editorial. A venda de músicas em arquivos mp3 e,
posteriormente, os serviços de streaming de mú-
sica mudaram a indústria fonográfica. Claro que
o mercado continua precisando comprar roupas,
calçados, comida, mas a forma como se compra e
de quem se compra, mudou completamente nos
últimos 20 anos.
O pesquisador Richard Foster da Universidade
de Yale4 estimou que o tempo de vida médio das
empresas que fazem parte do Índice S&P 500
caiu de 67 anos em 1920 para 15 anos, atual-
mente. Ainda, segundo dados coletados pelo
Global Startup Ecosystem Ranking (2015), estudo
da Babson College aponta que, em 10 anos,
40% das empresas listadas na Fortune 500 não
deverá mais existir. Estes dados refletem o novo
ambiente de competitividade mundial, com ciclos
de vida mais curtos para empresas e produtos. A
inovação não garante mais a vantagem competiti-
va, apenas tenta assegurar uma posição competi-
tiva, sem vantagem.
Em segundo lugar porque a internet aumentou
o poder de barganha dos consumidores, em
dois aspectos fundamentais: acesso a produtos
concorrentes ou substitutos e acesso direto a
fabricantes e novos competidores.
O relatório intitulado “The Global Startup Ecosys-
tem Ranking 2015”5, apresenta números que
comprovam que durante os últimos 40 anos a
competitividade global – medida pela concen-
tração de mercado – mais que dobrou, principal-
mente devido à redução das barreiras à novos
entrantes. O custo de se empreender baixou sig-
nificativamente neste período, e as possiblidades
e modelos de negócios criaram oportunidades
para novos concorrentes apresentarem produtos
inovadores e substitutos aos tradicionais dispo-
níveis no mercado.
A redução no custo de matérias primas, a possi-
bilidade de terceirização remota de produção, a
expansão e redução dos custos do “cloud compu-
ting”, as possibilidades de conexões globais para
produção e o acesso a mercados em qualquer
local do globo transformaram uma startup – que
não existia um dia atrás – em uma grande concor-
rente hoje, e deram ao consumidor o poder de
escolha que nunca existiu.
4. Informação extraída do Global Startup Ecosystem Ranking 2015.5. The Global Startup Startup Ecosystem 2015, disponível em: <https://startup-ecosystem.compass.co/ser2015/>.
3. Teoria dos jogos é uma teoria matemática desenvolvida para estudar modelos de tomada de decisão quando mais de um “agente de decisão” está envolvido. A partir da publicação denominada “The theory of games and economic behaviour” de 1944, escrito por John von Neumann e Oscar Morgenstern, este modelo passa a ser adotado com maior aplicabilidade em economia e matemática.
13CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
E o consumidor está cada vez mais utilizando
esse poder. Dados da Ebit6 apontam para um
crescimento sustentado do comércio eletrônico
no país, atingindo em 2016 um total de R$ 44,4
bilhões em compras nacionais e US$ 2,4 bilhões
em compras em sites internacionais, mesmo com
o dólar tendo alcançado valores de R$ 4,00.
Estes números representam alta de 7,4% no
ecommerce nacional e 17% nas compras em sites
internacionais, e os números devem aumentar
uma vez que o número de e-consumidores ativos
cresceu 22% em 2016 comparativamente com
2015, alcançando a marca de 47,93 milhões de
pessoas no Brasil.
Por fim, a internet aumentou os limites da fron-
teira de possibilidades de produção ao permitir
que a rede de fornecedores globais seja acionada
de qualquer lugar do mundo. Para compreender
esse fenômeno e como ele implica na mudança
dos paradigmas da indústria tradicional, basta
imaginar que uma startup sediada em Pernambu-
co pode comprar matérias-primas na China, usar
máquinas compartilhadas em São Paulo e montar
o produto final em Recife e vender, via web, para
o mundo inteiro. Uma empresa de têxtil, por
exemplo, pode comprar uma determinada estam-
pa de um designer italiano, enviar esse desenho a
uma fábrica chinesa e escolher em que tecido ela
quer a estampa, receber o material em São Paulo
e utilizar máquinas compartilhadas, antes ociosa
da indústria local, para produzir suas peças. Após
esse processo fabril pouco tradicional, a empresa
pode apresentar suas peças para qualquer com-
prador do mundo conectado à internet e realizar
suas vendas via e-commerce.
Hoje, existem inúmeros modelos de negócios que
permitem a produção compartilhada, a co-cria-
ção e até mesmo a inovação fora dos muros da
empresa, chamada de inovação aberta.
Este cenário de tem exigido das empresas uma alta
capacidade de inovar para competir. Os ciclos de
vida dos produtos cada vez mais curtos obrigam
as empresas a desenvolverem novos produtos e
soluções para ofertar ao mercado e os departa-
mentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) já
não conseguem mais, sozinhos, acompanhar as
demandas do mercado.
6. Disponível em: <http://www.fecomercio.com.br/public/upload/editor/pdfs/webshoppers_35_edicao.pdf>.
14 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Inovação Aberta, Startups e Indústrias
O modelo de inovação construído pelas indús-
trias de classe mundial ao longo das décadas que
sucederam as duas grandes guerras, baseou-se
fortemente na diferenciação e competição a partir
de investimentos em P&D que gerassem produtos
de ponta, diferenciando estas empresas de suas
concorrentes e mantendo um mercado cativo de
clientes através de seu poder econômico para
continuar investindo em novos produtos e levando
inovações ao mercado de consumo.
O final do século XIX trouxe à humanidade
muitos conhecimentos oriundos da evolução dos
métodos e procedimentos da pesquisa básica, tais
como os microrganismos, raios, átomo e eletrici-
dade. Algumas dessas descobertas serviram de
base para inovações que foram incorporadas em
armamentos militares utilizados nas duas grandes
guerras no início do século XX.
Passadas as guerras, o presidente americano
Franklin D. Roosevelt compreendeu que os esfor-
ços realizados no decorrer dos confrontos levaram
a inovações revolucionárias em curto período de
tempo e se interessou em como os EUA poderiam
acelerar inovações também em tempos de paz. Foi
criado, então, um departamento no governo ameri-
cano para estudar de que forma os EUA poderiam
traduzir ciências militares em progresso civil e
inovações de mercado.7
As conclusões deram aos EUA a base para o
desenvolvimento de uma indústria centrada na
inovação de produtos a partir do resultado de
pesquisas básicas. As conclusões do estudo são
apresentadas na Figura 1.1.1 a seguir.
7. CHESBROUGH, 2012.
15CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
FIGURA 1.1.1
MODELO PARA INOVAÇÃO DOS EUA
Fonte: Elaborado pela FGV, a partir de Chesbrough (20012.
AUMENTO DO NÚMERO DE
PESQUISADORES
AUMENTO DO FINANCIAMENTO DE PESQUISAS BÁSICAS
INVESTIMENTO NA FORMAÇÃO DE
PESQUISADORES
FINANCIAMENTO DE ESTUDOS
(PRINCIPALMENTE A VETERANOS DE GUERRA)
AUMENTO DO Nº DE UNIVERSIDADES
CRIAÇÃO DE ÓRGÃONACIONAL DE PESQUISA
AUMENTO DOFINANCIAMENTO PÚBLICO
DE PESQUISA
ESFORÇOS CONJUNTOS DO GOVERNO COM AS ACADEMIAS, FORÇAS
ARMADAS E INDÚSTRIA
POLÍTICA DE INOVAÇÃO
EUA
16 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
A partir da definição deste modelo para o de-
senvolvimento das inovações em tempos de paz,
o governo dos EUA iniciou o investimento para
estruturar essa cadeia de universidades e pes-
quisadores, sempre com aproximação das forças
armadas e das indústrias que transformariam a
pesquisa básica em pesquisa aplicada na constru-
ção de produtos inovadores para o mercado.
De fato, o governo americano foi responsável
pela maior parte do investimento em P&D
nos EUA no pós-guerra até a década de 1980,
quando a indústria assume então o papel de
grande força no desenvolvimento de pesquisa
para inovação, conforme apresentado no Grá-
fico 1.1.1 a seguir.
GRÁFICO 1.1.1
INVESTIMENTOS EM P&D, POR SETOR NOS EUA (EM MILHÕES DE DÓLARES A PREÇOS CONSTANTES DE 1992)
0,0
30,4
60,3
90,2
120,1
150,0
UNIVERSIDADES INDÚSTRIA GOVERNO
20001995199119851980197519701960195519401930
Fonte: Elaborado pela FGV a partir de CHESBROUGH (2012).
17CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
Analisando as informações do gráfico chama a atenção que, desde a
década de 1930 já haviam investimentos em P&D sendo realizados pe-
las indústrias e universidades, não apenas pelo governo, porém a maior
parte destes investimentos se destinavam ao desenvolvimento de arma-
mentos e produtos destinados às forças armadas. A partir da década de
1950, com a política de investimentos em P&D do governo americano,
percebe-se que o investimento cresce substancialmente. No período de
1955 a 1980, o governo dos EUA foi responsável por 60% dos investi-
mentos em P&D, seguindo o plano apresentado na Figura 1.1.1.
A partir da década de 1980, o crescimento econômico das gran-
des indústrias impulsiona a criação e formação de centros de P&D
“fechados”, ou seja, centros de pesquisa pertencentes às indústrias e
cujo objetivo era fazer pesquisa aplicada para o desenvolvimento de
produtos inovadores que fossem capazes de manter estas indústrias
na liderança de seus mercados e não ser alcançada pela concorrência.
Estes centros de P&D “in house” foram a mola propulsora do desenvolvi-
mento industrial mundial nas décadas de 1960 a meados de 1980 pois fo-
ram responsáveis pelo desenvolvimento de um círculo virtuoso que levou
a grandes descobertas, ao aumento da produção em massa e a criação de
mercados mundiais para produtos inovadores.
18 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
FIGURA 1.1.2
CÍRCULO VIRTUOSO DO INVESTIMENTO EM P&D
Fonte: Chesbrough, 2012.
AVANÇOSTECNOLÓGICOS FUNDAMENTAIS
INVESTIMENTOS EM P&D
NOVOS PRODUTOSE ATRIBUTOS
VENDAS E RECEITASCRESCENTES VIA
MODELO DE NEGÓCIOSEM VIGOR
19CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
A partir deste círculo virtuoso as indústrias
estabeleceram seus centros de P&D como forma
de conseguir desenvolver vantagens competiti-
vas e fizeram a gestão destes centros de forma
científica e com a maior quantidade possível de
pesquisadores e doutores, em estreita parceria
com as universidades e centros de pesquisa bási-
ca. A lógica por trás desse círculo virtuoso era a
de que “precisamos contratar os melhores e mais
brilhantes profissionais a fim de que tenhamos
trabalhando conosco, os mais capazes da indús-
tria para colocar novos produtos no mercado,
desenvolvendo-os por nossa conta. Sempre que
fizermos as descobertas adequadas, chegaremos
ao mercado antes de qualquer eventual concor-
rente e a companhia que levar inovação ao mercado em primeiro lugar
normalmente será a vencedora” (CHESBROUGH, 2012).
Este modelo de inovação fechada ficou conhecida como o “funil da ino-
vação” pois as indústrias apenas se interessavam pelas descobertas que
pudessem levar a inovações em produtos para seus mercados atuais
e que estivessem em acordo com os modelos de negócios vigentes, ou
seja, qualquer inovação que surgisse nos centros de P&D e que, em
uma primeira análise, não resultasse em novos produtos para o negó-
cio atual da indústria, era descartado, ou catalogado em um banco de
dados “morto”.
ESTE MODELO DE INOVAÇÃO
FECHADA FICOU CONHECIDA
COMO O “FUNIL DA INOVAÇÃO”
POIS AS INDÚSTRIAS APENAS
SE INTERESSAVAM PELAS
DESCOBERTAS QUE PUDESSEM
LEVAR A INOVAÇÕES EM
PRODUTOS PARA SEUS
MERCADOS ATUAIS
20 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
FIGURA 1.1.3
FUNIL DA INOVAÇÃO
Fonte: Chesbrough, 2012.
PESQUISA DESENVOLVIMENTO COMERCIALIZAÇÃO
Projetos de pesquisa
Mercado atual
Porém, esse modelo começou a apresentar
sinais de esgotamento quando o plano do gover-
no dos EUA de ampliar a oferta de financiamen-
to a pesquisa e formação de novos pesquisado-
res começou a dar resultados a partir da década
de 1980. Além disso, esse período foi marcado
pelo grande aumento nos investimentos em
P&D por parte das indústrias, o que gerou uma
quantidade de projetos de pesquisa e inovações
“abandonadas” como nunca anteriormente
havia acontecido. Esse movimento fez com que
surgissem os primeiros dissidentes (pesquisa-
dores que ao ter sua pesquisa encerrada nos
centros de pesquisa das indústrias por não se
adequarem aos “mercados atuais”) que prefe-
riram sair dos centros de P&D das indústrias
e continuar suas pesquisas por conta própria,
recorrendo à incipiente oferta de capital de
risco que começava a buscar oportunidades de
maximização de lucros com investimentos em
tecnologias disruptivas para qualquer mercado.
Sendo assim, o círculo virtuoso foi completa-
mente alterado e teve suas premissas básicas
rompidas, uma vez que os investimentos em
P&D estavam agora resultando não apenas em
novos produtos para a empresa, mas também
na saída de engenheiros e pesquisadores para
explorar inovações que não eram do interesse
da indústria e essa fuga de capital humano alta-
mente qualificada e especializada foi acolhida
pelos investidores de risco que ajudaram a de-
senvolver produtos novos para novos mercados
e potencializaram o crescimento de pequenas
empresas “startups” que rapidamente escala-
ram seus negócios e foram vendidas ou lança-
ram IPO8 em curto espaço de tempo, revolucio-
nando a forma como as inovações acontecem.
8. Oferta pública inicial (IPO) é o processo de abertura de uma empresa com a primeira venda de ações em bolsa de valores.
21CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
Estas mudanças no ambiente de P&D transfor-
mou o modelo de inovação fechada (baseado no
funil da inovação) em um modelo de inovação
aberto, com a participação de diversos atores de
dentro e de fora das empresas em projetos de
co-criação, criação compartilhada, aquisição de
pesquisas e produtos em fase inicial de desen-
volvimento e mais modelos de interação entre a
indústria e o seu ambiente.
FIGURA 1.1.4
INOVAÇÃO ABERTA NA GESTÃO DO P&D INDUSTRIAL
Fonte: Chesbrough, 2012.
A Figura 1.1.4 apresenta de que forma a inova-
ção aberta alterou os parâmetros da P&D nas
indústrias no mundo. Primeiramente convém
notar que as linhas que delimitam os limites da
empresa se tornam tracejadas, em uma ideia de
que a empresa não inova mais apenas dentro de
suas dependências, mas está aberta a participar
do meio em que se encontra. Em segundo lugar é
marcante observar as diversas possibilidades de
inovações que se originam de projetos de pesqui-
sa dentro dos limites da empresa e em deter-
minado ponto do processo de P&D saem dos
“muros” destas industrias e se desenvolvem
para acessar novos mercados fora da indústria
que iniciou essa pesquisa. Da mesma forma,
projetos de pesquisa não apenas se originam
mais dentro das empresas, mas podem ser
trazidos de fora.
PESQUISA DESENVOLVIMENTO COMERCIALIZAÇÃO
Novos Mercados
Limites da empresa
Mercado atual
22 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
1 Explosão do número de universidades e de graduados após o incentivo do governo Americano e ampliação da educação superior.
2 Maior quantidade de conheci-mento útil disponivel, resultado dos investimentos em pesquisa.
DISPONIBILIDADE DE TRABALHADORES ESPECIALIZADOS
1 Aumento dos investimentos de capital de risco de US$ 700 milhões em 1980 para US$ 80 bilhões em 2000.
2Altas recompensas financeiras proporcionadas aos pesquisa-dores pelos investidores de risco, gerando mobilidade de engenheiros e pesquisadores para startups.
EXISTÊNCIA DE UM MERCADO
DE CAPITAL DE RISCO
1O descompasso existente entre a fase de pesquisa e a de desenvolvimento levou à geração de um estoque de pesquisas que não chegaram a se transformer em produto pela morosidade das empresas em fazer tudo sozinha.
2O modelo de startup com financiamento do capital de risco é ágil e transforma a pesquisa em produto rapidamente.
ESTOQUEDE PESQUISAS
NÃO UTILIZADAS
1Em parte, o modelo de inovação fechada resolvia o problema da não existência de fornecedores com capacidade de produção em massa e com a qualidade requerida. Porém, o acesso à conhecimento, engenheiros e pesquisasdores modificou essa realidade e criou um ambiente de negócios com fornecedores altamtente qualificados
FORNECEDORES EXTERNOS MAIS
CAPACITADOS
Esse ambiente de intensa troca leva a potencia-
lização das inovações, que não se “perdem” nem
ficam catalogas em arquivos “mortos”, mas ga-
nham espaço para sair dos muros das indústrias e
criar novos produtos para novos mercados. Essa
é a inovação aberta.
FIGURA 1.1.5
PILARES DA INOVAÇÃO ABERTA
Para Chesbrough (2012) a inovação aberta se
baseia em quatro pilares, que fizeram com que
o modelo de inovação fechada ruísse, conforme
apresentado na Figura 1.1.5.
Fonte: Elaborado pela FGV a partir de Chesbrough (2012).
23CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
A configuração do mercado com essas quatro ca-
racterísticas alavancou o desenvolvimento de ino-
vações e a geração de riquezas em todo o globo.
As empresas de startup com produtos centrados
em componentes tecnológicos foram as primeiras
a nascer e aproveitar a crescente disponibilidade
de capital de risco. As chamadas empresas “pon-
tocom” lideraram uma primeira onda de startups
que levaram ao mercado produtos inovadores e
modelos de negócios disruptivos.
Essa onda de investimentos foi impulsionada,
também, pelas grandes empresas que não
conseguiram assimilar o novo modelo de P&D
e inovação aberta rapidamente e começaram a
sofrer concorrência das startups nascentes.
No decorrer da década de 1990 as indústrias e
empresas no mundo recorreram a processos de
redução de custos para aumentar sua lucrativi-
dade, como downsizing, reengenharia, terceiriza-
ções e programas de demissões voluntárias. Esse
movimento gerou, por um lado, a maior libera-
ção de capital intelectual (que foi reaproveitado
pelas startups e empresas novas) e, por outro
lado, a liberação de riquezas (capital que foi em
grande parte parar nos fundos de investimento
que impulsionaram as startups nascentes).
Os dados da S&P 500 apontam para uma recompra
de ações sem precedentes na história da bolsa de
Nova Iorque, ocorrida na década de 1990.
GRÁFICO 1.1.2
RECOMPRA DE AÇÕES DAS EMPRESAS DA S&P 500 (EM BILHÕES DE DÓLARES)
Fonte: Hammel, 2000.
200019951991198519801975197019601955194019300,5
24,4
48,3
72,2
96,1
120,0
OUTRAS ONG UNIVERSIDADES INDÚSTRIA GOVERNO
24 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Após o colapso das empresas “pontocom” com a quebra da bolsa Nas-
daq em 2000, o mercado se reorganizou. Os investimentos de capital de
risco caíram de R$ 80 bilhões em 2000 para cerca de R$ 36 bilhões em
20019 e os investidores começaram a exigir níveis maiores de maturida-
de das startups para concretizar investimentos. As grandes indústrias
mundiais assimilaram gradualmente a necessidade de compartilhar P&D
e se abriram a processos de inovação aberta que aqueceram ainda mais
o mercado de startups e inovações compartilhadas.
Empresas líderes de mercado enfrentam a con-
corrência de pequenas empresas entrantes e a
vantagem competitiva oriunda de seus centros de
P&D já não lhe garantem a liderança do mercado,
e deverão se adaptar às novas bases de com-
petição em um mercado com fluidez de mão de
obra super-qualificada, transparência e acesso à
informações quase sem limites e custos de produ-
ção cada vez mais baixos em um mundo em que a
economia do compartilhamento se desenvolve e
reduz níveis de produção.
Para alguns estudiosos do tema a era da indústria
tradicional terminou e vivemos o alvorecer da nova era da informação
para produtos e serviços. Esta nova era de informação e inovações dis-
ruptivas requer formas completamente novas de trabalhar, nova cultura,
novas ferramentas, nova economia, novo tudo.10
As startups estão redesenhando a competição e a formatação dos merca-
dos mundiais e as grandes empresas precisam descobrir de que forma po-
dem se juntar a esse movimento e se conectar a este formato de inovação
aberta que atrai cada vez mais pessoas a este ecossistema.
PARA ALGUNS ESTUDIOSOS
DO TEMA A ERA DA INDÚSTRIA
TRADICIONAL TERMINOU E
VIVEMOS O ALVORECER DA
NOVA ERA DA INFORMAÇÃO
PARA PRODUTOS E SERVIÇOS
9. Chesbrough, 2012.10. The Global Startup Ecosystem Report, 2015.
25CAPÍTULO 01 | INTRODUÇÃO
FIGURA 1.1.6
STARTUPS DA ERA DA INFORMAÇÃO E A MUDANÇA NA COMPETIÇÃO
ERA INDUSTRIAL TRADICIONALNOVA ERA DA INFORMAÇÃO
MÚSICA
FOTOGRAFIA
LIVROS
VIAGEM
TRANSPORTE
RECRUTAMENTO
CONSUMO DE INFORMAÇÃO
COMPRAS
Taxi
Empresas de Recrutamento
Jornais
Lojas de Varejo
Uber/Lyft
Redes Sociais
E-commerce
Tower Records
Kodak
Borders Books
Redes de Hotéis
Apple/Spotify
Amazon
Airbnb
Fonte: Elaborado pela FGV a partir de “The Global Startup Ecosystem Report”, 2015.
26 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Todas estas empresas que agora dominam mercados antes ocupados
por empresas tradicionais nasceram em movimentos de startup ocor-
ridos a partir da década de 1980 e quando iniciaram suas operações já
existiam indústrias fortemente associadas a estes
setores. A Apple surge em 1976 mas apenas entra
no mercado de computação pessoal em 1981 e no
mercado de música apenas em outubro de 2001
com o lançamento do iPod e mais fortemente em
2003 com o lançamento do iTunes para venda de
músicas online. Enquanto isso a Tower Records
era uma empresa de varejo de discos sólida, líder
de mercado e atuando desde 1960.
A Apple mudou o modelo de negócios, inovou nos
produtos e na relação com o mercado consumidor
de forma tal que, mesmo sem ter a sólida base
financeira e infraestrutura da concorrência que
então dominava o setor, alterou as bases da com-
petição e se tornou a maior empresa de vendas de
músicas do mundo, mudando para sempre a indústria fonográfica.
Este é o desafio que se apresenta às indústrias atualmente. De que
forma a conexão com startups podem ajudar a reinventar o modelo
de negócio, o mercado e sua posição nesta nova era de informação,
compartilhamento e produção consciente. Como já explicado, esperar
que a solução surja dentro de seus muros é uma receita para o fracasso.
Enquanto que se abrir e permitir que a troca de informações e a cone-
xão com startups mais ágeis e antenadas com este novo mercado parece
ser uma opção não apenas viável, mas necessária.
SE ABRIR E PERMITIR QUE A
TROCA DE INFORMAÇÕES E
A CONEXÃO COM STARTUPS
MAIS ÁGEIS E ANTENADAS COM
ESTE NOVO MERCADO PARECE
SER UMA OPÇÃO NÃO APENAS
VIÁVEL, MAS NECESSÁRIA
28 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
02
29CAPÍTULO 02 | INOVAÇÃO ABERTA NO BRASIL – PANORAMA DO SETOR
Inovação Aberta no Brasil – Panorama do Setor
30 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
02. Inovação Aberta no Brasil – Panorama do Setor
Para compreendermos o panorama da inovação aberta no Brasil é
preciso compreender de que forma os diversos atores que participam
deste setor estão organizados. O chamado “Ecossistema de startups”
é diverso e formado por instituições complementares e concorrentes,
que ofertam desde incentivos e facilidades até serviços complexos e
investimento financeiro. Estima-se ser necessário cerca de 20 anos
para que um ecossistema de startups se torne vibrante e se consolidar
em uma economia de uma dada região.11
11. Informação constante em publicação de Brad Feld citada no The Global Startup Ecosystem Report (2017).
31CAPÍTULO 02 | INOVAÇÃO ABERTA NO BRASIL – PANORAMA DO SETOR
FIGURA 2.1
MODELO SIMPLIFICADO DE ECOSSISTEMA DE STARTUPS
Governo
InvestidorSérie “A”
Governo
Investidor Série “B”
Investidor Série “C”
Governo
Governo
Investidor-Anjo(Seed Money)
Aceleradoras
Parques Tecnológicos
Instituições Ensino
Coworking
Incubadoras
Startup
Fonte: Elaborado pela FGV.
Para se desenvolver um completo ecossistema
de startups é necessária a atuação de diversas
instituições, promovendo diversas atividades.
A Figura 2.1 representa um ecossistema com
as instituições básicas que o compõem. Per-
cebe-se que a construção deste ecossistema
demanda a atuação de distintas instituições,
públicas e privadas.
32 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Desde instituições de ensino que devem forne-
cer educação e cultura a entidades governamen-
tais que devem facilitar o ambiente de negócios
e permitir a fácil movimentação de pessoas, com
a rápida concessão de vistos de trabalho a téc-
nicos e equipes de empresas instaladas no país,
passando pelos investidores de risco em seus
diversos níveis (investidores-anjo, investidores
série “A”, série “B” e série “C”12).
A startup ao nascer é formada por um time que
possui competências técnicas e networking. O pri-
meiro contato desta startup com o ecossistema é
considerar como será seu mecanismo de funcio-
namento, formal ou informal, regime tributário,
entre outras questões reguladas pelo governo.
Cada círculo da figura representa níveis de inser-
ção no ecossistema, ou seja, a cada novo círculo
a startup já está mais “dentro” do ecossistema.
Não significa, por exemplo, que para acessar uma
aceleradora a startup tenha que, necessariamen-
te, ter passado por uma incubadora, ou que para
receber um investimento Série “A” tenha que
ter recebido um investimento-anjo, mas apenas
representa que ao iniciar sua jornada, a startup
vai se integrando ao ecossistema aos poucos e cada
círculo representa um esforço maior de integração.
O primeiro círculo de contato da startup com o
ecossistema apresenta uma primeira diversida-
de de atores:
1 Instituições de ensino: estas instituições pos-suem papel fundamental no ecossistema como principais responsáveis pela matéria-prima de conhecimento, pesquisas, fontes de informação, pessoal qualificado (professores, pesquisadores
e estudantes) para que a startup possa desenvol-ver seu modelo de negócio, testes laboratoriais, acesso a equipamentos e recursos que de outra
forma estão indisponíveis;
12. Investidor-anjo são pessoas físicas que investem seu próprio dinheiro em empresas nascentes com alto potencial de cresci-mento. Normalmente são investimentos entre R$ 200 mil e R$ 500 mil, podendo chegar a R$ 1 milhão. Investimento Série “A” são aportados após a empresa demonstrar capacidade de crescimento. São investimentos realizados após o investimento-anjo e servem principalmente para estruturar a empresa para escalar seus negócios. Investimento Série “B” são aportes em uma nova rodada de investimento realizadas por empresas de venture capital com o foco em ampliar o negócio ajudando a empresa efetivamente a escalar e ampliar seus mercados Investimento Série “C” são realizados após a empresa ter demonstrado capacidade de escalar e podem ser utilizados para adicionar rápido crescimento através da aquisição de outras companhias ou tornar o negócio global. São investimentos normalmente vultosos realizados por fundos hedge, fundos de investimento de bancos e private equity.
2 Incubadoras: as incubadoras de empresas são estruturas dedicadas a ajudar na criação/estruturação de negócios e são uma opção
para startups iniciarem a concepção de seu modelo de negócios e organização de suas atividades. Em geral, estas estruturas fazem parte de instituições de ensino, parques tecnológicos ou instituições de classe (como Federação de Indústrias, CDL), podendo também ser privadas; e
3 Espaços de coworking: como o nome suge-
re, os espaços de coworking são estruturas abertas ao compartilhamento de áreas de trabalho. São escritórios compartilhados por diversas empresas, que utilizam uma mesma estrutura física e são especialmente interes-santes para o compartilhamento de negócios e formação de parcerias, uma vez que em-presas de diversas áreas estão trabalhando em um mesmo espaço físico e, naturalmente,
trocam informações sobre suas atividades.
Em um segundo círculo de contato da startup
com o ecossistema, estão as aceleradoras, par-
ques tecnológicos e os investidores-anjo, além do
governo que neste momento atua com editais de
fomento à inovação e desenvolvimento de novos
negócios, inclusive podendo também ser um
financiador-anjo.
1 Aceleradoras: como o nome sugere, estas instituições existem para “acelerar” o proces-
so de escalada das startups. Normalmente abrem suas portas para startups que já estão mais maduras em relação a seu modelo de negócio e, não raramente, já exigem que a startup esteja atuando no mercado, com faturamento. Mais uma vez, não existem re-gras, e cada aceleradora atua conforme suas próprias definições;
33CAPÍTULO 02 | INOVAÇÃO ABERTA NO BRASIL – PANORAMA DO SETOR
2 Parques Tecnológicos: estes atores já são um ecossistema por si próprio, e cada vez mais complexos. São espaços compostos por uma miríade de outras instituições que fortalecem
o ecossistema das startups. Nestes ambientes é possível encontrar desde apenas empresas funcionando em cooperação, até mesmo um completo ecossistema com a presença de
universidades, centros de pesquisa, startups, empresas consolidadas, fab-labs, espaços
de coworking, incubadoras, aceleradoras, investidores, etc.;
3 Investidor-anjo: Investidor-anjo são pessoas físicas que investem seu próprio dinheiro em empresas nascentes com alto potencial de crescimento. Normalmente são investimen-tos entre R$ 200 mil e R$ 500 mil, podendo chegar a R$ 1 milhão.
Por fim, o terceiro círculo do ecossistema é
formado, basicamente, pelos maiores volumes de
investimento e pelas regulações do governo.
1 Investimento Série “A” são aportados após a empresa demonstrar capacidade de crescimento. São investimentos realizados após o investimento-anjo e servem princi-palmente para estruturar a empresa para
escalar seus negócios;
2 Investimento Série “B” são aportes em uma nova rodada de investimento realiza-das por empresas de venture capital com o foco em ampliar o negócio ajudando a empresa efetivamente a escalar e ampliar seus mercados;
3 Investimento Série “C” são realizados após a empresa ter demonstrado capacidade de escalar e podem ser utilizados para adicionar rápido crescimento através da aquisição de outras companhias ou tornar o negócio global. São investimentos normalmente vul-
tosos realizados por fundos hedge, fundos de
investimento de bancos e private equity.
Uma vez compreendido como se organiza o
ecossistema de startups, para que uma indústria
consiga se conectar a uma startup é necessário
identificar de que forma as indústrias estão in-
vestindo em inovação, ou seja, quais partes deste
ecossistema estão sendo acessadas pelas indús-
trias em busca de oportunidades de inovação.
Reconhecendo que existe um conjunto básico de
instituições que formam esse ecossistema, e que
cada instituição participa e coordena uma rede de
outras instituições, é possível mapear o caminho
percorrido pelas empresas na busca pela inovação
fora de seus muros.
Alguns dados extraídos do Summary Report of the
Unesco Institute for Statistics (UIS) 2013 ajudam a
compreender a dinâmica da inovação aberta no
Brasil. Para a confecção deste relatório, a UNES-
CO acessa diversas bases de dados de países em
todo o globo e compila estas estatísticas em for-
matos comparativos. No caso do Brasil, os dados
são obtidos do IBGE, principalmente da Pesquisa
de Inovação - PINTEC.
34 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
GRÁFICO 2.1
FONTES DE INOVAÇÃO DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS COM ATIVIDADES DE INOVAÇÃO – COMPARATIVO BRASIL X
OUTROS PAÍSES DE RENDA BAIXA E MÉDIA (EM %)
Fonte: Elaborado pela FGV com base nos dados da UIS Report 2013.
SOUTH AFRICAMÉXICOINDIA
CHINA ARGENTINABRASIL
0
20
40
60
80
100
Aquisição de conhecimento
externo
Aquisição de maquinário, equipamento e software
Contratação externaIn house
Comparativamente a outras economias emergen-
tes selecionadas, percebe-se que as empresas no
Brasil optam pelo forte investimento em aquisição
de maquinário, equipamentos e software e possui
um baixo investimento, mesmo em comparação
com economias menos dinâmicas, no desenvolvi-
mento de inovações “in house”, ou seja, a partir de
seus próprios centros de P&D. Chama a atenção,
também, o baixo percentual de empresas no Brasil
que alegaram realizar contratação externa de
P&D e a aquisição de conhecimento externo, se
mostrando uma economia ainda muito fechada à
tendência da inovação aberta.
O investimento em aquisição de máquinas,
equipamentos e software é a principal fonte de
investimento para inovação em todo o globo,
sendo responsável por 58% dos investimentos
em países de alta renda e 64% nos países de
renda baixa ou média. Porém, o que se verifica
nos países de alta renda é uma melhor distribui-
ção de investimentos entre as diversas possi-
bilidades de atividades de inovação, conforme
apresentado no Gráfico 2.2.
35CAPÍTULO 02 | INOVAÇÃO ABERTA NO BRASIL – PANORAMA DO SETOR
0
20
40
60
80
100
Aquisição de conhecimento
externo
Aquisição de maquinário, equipamento e software
Contratação externaIn house
NORUEGA
REPÚBLICA DA CORÉIA JAPÃO
ISRAEL FRANÇA
BRASIL
GRÁFICO 2.2
FONTES DE INOVAÇÃO DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS COM ATIVIDADES DE INOVAÇÃO – COMPARATIVO
BRASIL X OUTROS PAÍSES DE RENDA BAIXA E MÉDIA
Fonte: Elaborado pela FGV com base nos dados da UIS Report 2013.
Percebe-se claramente que países como França,
Japão e Noruega possuem um comportamen-
to mais “linear” em seus investimentos, sendo
grandes desenvolvedores de inovações “in house”
e com grande abertura para aquisição de conheci-
mentos externos e contratação de P&D externo.
Essas economias estão mais abertas aos proces-
sos de co-criação e inovação aberta.
Um princípio basilar da inovação aberta é o grau
de envolvimento das instituições de ensino com
o tecido produtivo da economia. Um dos pontos
identificados como de fundamental importância
para o desenvolvimento da inovação aberta é
o acesso a conhecimento útil e a existência de
uma grande quantidade de pesquisas básicas e
aplicadas disponíveis para consulta e parceria
entre academia e empresas. Porém, como pode
ser percebido no Gráfico 2.3, esta interação ainda
é residual no Brasil.
36 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
GRÁFICO 2.3
EMPRESAS QUE REALIZARAM PARCERIAS COM UNIVERSIDADES E OUTROS INSTITUTOS DE ENSINO SUPERIOR
Fonte: UIS Report 2013.
Na maior parte dos países de renda alta, a relação
entre o número de empresas que cooperaram
com instituições de ensino superior e a classifi-
cação atribuída a este ator como fonte inovação
“altamente importante” é bastante balanceada,
ou seja, as empresas destes países acreditam que
os IES são importantes e se conectam a estas
instituições em busca de inovação. No caso dos
países de renda baixa e média, essa relação é des-
balanceada, e a maior parte das empresas dizem
acreditar que os institutos de ensino superior são
fontes de inovação “altamente importante”, porém
poucas empresas afirmaram terem realizado
conexões com estas instituições.
O panorama que estes dados agrupados nos
apresentam é de que as empresas no Brasil
ainda são muito fechadas a processos de ino-
vação aberta com a participação de terceiros e,
consolidam seus investimentos em inovação na
aquisição de bens e equipamentos ou ampliação
de plantas industriais, ou seja, modernizam seu
parque industrial sem inovar em produtos ou
processos que sejam capazes de lhe conferir
vantagens competitivas internacional.
0
25
50
75
100
CY
PA
US
FIN
BE
LLU
XJP
NSV
KLT
UIS
RC
RO
CZ
EF
RA
EST
PO
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OR
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OR
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UN
IDN
MA
RG
HA
SRB
UK
RC
UB
BU
LA
RG
RO
MT
UR
BR
AE
GY
Cooperation partners, high income Cooperation partners, low and middle income
Highly important sources of information, high income Highly important sources of information, low and middle income
37CAPÍTULO 02 | INOVAÇÃO ABERTA NO BRASIL – PANORAMA DO SETOR
GRÁFICO 2.4
INVESTIMENTOS EM FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO – VALORES CONSTANTES (EM R$ 1.000.000,00)
Fonte: IBGE.
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
T1 T2 T3 T4
Este argumento parece ser reforçado pela
avaliação dos investimentos em Formação Bruta
de Capital Fixo (FBCF). Este indicador mede
os investimentos realizados pelas empresas em
maquinas, equipamentos e material de constru-
ção, ou seja, mede os investimentos em bens de
capital (bens capazes de produzir outros bens).
Os dados coletados nas contas nacionais do
IBGE colocados em perspectiva mostram uma
realidade que se coaduna com àquela encontrada
nos números do UIS.
38 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Avaliando o gráfico com as informações em
valores constantes13, percebe-se claramente os
aumentos de investimentos em FBCF com os
períodos de retomada de crescimento do país,
como a partir do primeiro trimestre de 2004
(após a crise causada pela insegurança da eleição
de 2002 no ano de 2003), segundo trimestre de
2009 (após a crise financeira mundial de 2008)
13. Valores constantes representam os valores praticados utilizando uma base de valor como referência e descontando a inflação
GRÁFICO 2.5
INVESTIMENTOS EM FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO – VALORES CORRENTES (EM R$ 1.000.000,00)
Fonte:IBGE.
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
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20
05
20
06
20
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20
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20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
T1 T2 T3 T4
e o decréscimo dos investimentos após o quarto
trimestre de 2014 em razão da instabilidade eco-
nômica e financeira em que o país se encontrava
naquele momento. Em valores correntes, perce-
be-se que o volume de investimento aumentou
em quase toda a série histórica, só apresenta
retração a partir do primeiro trimestre de 2014.
40 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
03
41CAPÍTULO 03 | ESTUDO DE CASOS SELECIONADOS
Estudo de Casos Selecionados
42 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
03. Estudo de Casos Selecionados
Como forma de aprofundar os conhecimentos
sobre como as indústrias no Brasil estão aces-
sando o ecossistema de startups e fomentando
a inovação aberta em suas cadeias produtivas,
e também para compreender as dificuldades e
barreiras enfrentadas por estas indústrias, a FGV
realizou entrevistas com um grupo selecionado de
empresas que, reconhecidamente, tem mantido
esforços para a conexão com startups.
Foi adotado o modelo de entrevistas semi-estrutu-
radas, com a elaboração de um roteiro de entrevista
guia, apresentado no Anexo Único deste relató-
rio. Por se tratar de uma pesquisa exploratória e
qualitativa, adotou-se um modelo de depuração
de informações baseada no ponto de saturação
teórica, com a condução a análise de clusters. Esta
técnica permite que sejam identificados padrões
de respostas e consenso em relação aos temas
pesquisados, e, partindo-se do princípio de que as
empresas entrevistadas se constituem em líderes no
assunto explorado, pode-se concluir que os padrões
de comportamento das indústrias de mesmo porte
será o mesmo.
A partir do uso desta metodologia, foi possível
alcançar a saturação teórica em torno dos temas
pesquisados com a realização de 6 (seis) entre-
vistas, tornando suficiente esta amostra para as
conclusões do estudo, isto em razão de os temas
centrais serem mais importantes do que os
temas acessórios. Neste caso, a análise desen-
volvida no momento pós-pesquisa foi focado nos
temas centrais, quais sejam:
1 De que forma as empresas estão se conec-tando às startups;
2 Quais os principais objetivos desta conexão; e
3 O que representa uma startup para a empresa.
Foram realizadas entrevistas com as seguintes
empresas:
1 Natura;
2 Duratex;
3 Positivo Tecnologia;
4 UNILEVER Brasil;
5 Braskem Labs; e
6 Votorantim Metais.
Os principais resultados destas entrevistas são
apresentados em relatos resumidos na sequên-
cia deste relatório.
43CAPÍTULO 03 | ESTUDO DE CASOS SELECIONADOS
Natura
A Natura é uma empresa de cosméticos brasi-
leira com atuação global e presença no mercado
de mais de 70 países, seja com pontos de venda
diretos e indiretos, seja com plantas de produção.
Fundada em 1969 sob o nome de Indústria e
Comércio de Cosméticos Berjeaout Ltda., rapi-
damente a empresa adotou o nome Natura em
razão dos ativos vegetais presentes na composi-
ção de seus produtos.
Historicamente a Natura se diferenciou das
demais marcas de cosméticos por ter adotado,
desde o início de suas operações, um modelo de
negócios de vendas diretas a partir de uma rede
de consultoras. Este modelo de negócio exige da
empresa um grande esforço de inovação para
oferecer sempre novidades ao seu canal de ven-
das, evitando o envelhecimento de seu catálogo e
fornecendo novas opções de produtos a sua rede.
Com o passar do tempo a empresa desenvolveu
processos de inovação para oferecer novidades
ao seu canal de vendas a cada 21 dias, mantendo
a rede sempre motivada e com novas opções de
produtos a serem ofertados.
Ao longo de sua história, a Natura tem buscado
a inovação como um dos pilares de sua atuação.
Atualmente são desenvolvidos esforços de
inovação em três vertentes:
1 Inovações logística e industrial: melhorias de processo que permitam a empresa ser mais eficiente em sua produção e mais eficaz em suas entregas, uma vez que a logística é um processo crítico na atuação de vendas
diretas, com entregas em todo o país e com prazos inferiores a 4 dias úteis;
2 Inovações comerciais: criação de segmentos diferentes na rede de vendas diretas, como a especialista e a empreendedora, além de ações de inovação nas vendas online e, mais recentemente a entrada no varejo inauguran-do a rede multicanais da empresa;
3 Inovações em sustentabilidade: por se tratar de uma empresa que desde o início de suas operações optou pelo uso de ativos vegetais na composição de seus produtos, a Natura assumiu o compromisso pela sustentabilida-de de seus produtos e se desafia a cumprir metas de mitigar o impacto de suas ativida-des e também gerar impactos positivos a partir da atuação da empresa; e
4 Inovações de produtos cosméticos: pro-cessos estruturados a partir de dois “funis de inovação”: o funil de tecnologia para o desenvolvimento de ingredientes, princípios ativos, insumos, materiais de embalagens que depois serão aplicados ao funil de desen-volvimento de produtos, com o desenvolvi-mento do conceito do produto, a embalagem, posicionamento de marca finalizando no
lançamento do produto.
Estes esforços são garantidos com o compro-
misso de investimento em torno de 3% de seu
faturamento líquido em ações dedicadas a
inovações. Para gerar informações para servir
de insumos a estes processos de inovação, a
Natura investe na obtenção de informações em
distintas fontes.
44 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
A empresa estabeleceu um processo para a
elaboração do Planejamento Estratégico de
Inovação, em que se realiza o planejamento
tecnológico, a partir de um processo de inteligên-
cia competitiva tecnológica, capturando infor-
mações diversas sobre o setor, desk research em
patentes, publicações científicas, entre outras
fontes secundárias, e identificam inovações que
podem ser relevantes para a empresa. Ao mesmo
tempo, existe na empresa um grupo de profis-
sionais, pesquisadores sêniores, com mestra-
do, doutorado ou pós-doutorado em áreas de
ciências e tecnologias, que frequentam feiras e
seminários para realização de análise qualitativa
dos temas e aplicações possíveis no processo
produtivo da empresa.
Complementarmente, existe a área de gestão de
redes que faz a interface com o público externo
e firma as parcerias com institutos, academia e
realiza prospecção de oportunidades a partir das
tecnologias identificadas no processo de inteli-
gência competitiva tecnológica, identificando o
melhor parceiro para desenvolver as inovações,
em razão dos conhecimentos e atuação de cada
entidade parceira.
Atualmente, a Natura desenvolve projetos
de inovação com diversos parceiros, e realiza
P&D internamente em três áreas: a diretoria de
inovação congrega os pesquisadores sêniores
que atuam principalmente no funil de tecnolo-
gia; a área de desenvolvimento de produtos que
desenvolve P&D para definição dos elementos
do produto (embalagem, conceito, design, formu-
lação, etc.) e a área de segurança do consumidor
que faz o P&D para garantir a segurança e eficá-
cia dos produtos, além de ser responsável pelos
procedimentos regulatórios.
A Natura desenvolve desde pesquisa básica a
testes de laboratórios, sempre utilizando a sua
rede de parceiros. No campo da pesquisa básica,
há projetos denominados de “Prospecção e
Ideação”, além de projetos de novas tecnologias,
em que a empresa estuda áreas das ciências da
natureza e das ciências sociais que possam levar
ao desenvolvimento de oportunidades concretas
para a empresa. Como exemplo de oportunidades
já exploradas no Funil de Tecnologias, a Natura
implementou um Centro de Pesquisa em Bem-es-
tar e Comportamento Humano, com pesquisado-
res das áreas de Psicologia e Neurociências para
entender o que é bem-estar para o ser humano, o
que lhe traz felicidade e quais os comportamentos
relacionados a isso, para que a empresa possa de-
senvolver produtos mais assertivos futuramente.
Este instituto foi implementado através de uma
parceria da Natura com a Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP e
está sediado na Universidade de São Paulo - USP,
com participação da Universidade Mackenzie
e da Universidade Federal de São Paulo - UNI-
FESP, com perspectiva de financiamento de 10
anos de pesquisa.
As pesquisas aplicadas são realizadas tanto
internamente quanto em parcerias com institutos
públicos e privados e se utilizam como insumos
os conhecimentos mapeados no processo de
inteligência competitiva tecnológica, citado ante-
riormente. Estes projetos são então submetidos
aos funis de inovação (funil de tecnologia e funil
de desenvolvimento de produtos).
45CAPÍTULO 03 | ESTUDO DE CASOS SELECIONADOS
Fechando o ciclo de inovação aberta na compa-
nhia, existem oportunidades que são detecta-
das, mas por não fazerem parte de oportuni-
dades para o negócio atualmente mapeadas da
empresa, ainda não tem conexão clara com o
Funil de Produtos. Para estes casos, a Natura
estabeleceu um processo interno que destina
uma parte de recursos humanos e financeiros
para o que se denomina “Agenda de Futuro
ou apostas”, em que os pesquisadores podem
manter algumas linhas de pesquisa de opor-
tunidades que não se relacionam, atualmente,
diretamente com o negócio da empresa, mas
que identificam como potenciais oportunidades
para futura atuação, funcionando como “pra-
teleiras” de tecnologias disponíveis para usos
futuros do negócio.
Por fim, a empresa está estruturando um
projeto para permitir que ideias possam ser
desenvolvidas por qualquer pessoa da com-
panhia sem que se contamine com o cotidiano
da empresa, inclusive se estudando a criação
de uma estrutura fisicamente à parte, em um
endereço próprio ou compartilhado com a rede.
O objetivo é que essas ideias possam receber
recursos humanos e financeiros para crescer e
se tornar oportunidades para a Natura, dentro
de uma lógica de desenvolvimento de lean star-
tups, que depois serão incorporadas ao sistema
produtivo da empresa.
Em relação a valores investidos e startups
contratadas, a empresa não possui indicadores
que permitam filtrar nos projetos contratados
os montantes, sendo assim, não se consegue
estimar quanto já se investiu em startups.
Como a empresa se conecta as startupsA primeira experiência da Natura em se conectar
ao ecossistema de startups ocorreu em 2013.
A partir da observação e das pesquisas de desk
research, a Natura começou a acompanhar a
movimentação do ecossistema brasileiro, com o
surgimento de novos fundos de investimentos,
ações do governo para fomentar o investimento
em empresas de tecnologia (lei de informática, lei
do bem, entre outros).
Em 2014 a empresa decidiu estudar o ecossistema
para compreender de que forma o contato com star-
tups poderia ser introduzido nos processos produ-
tivos da empresa e que resultados a Natura poderia
obter com essas interações. Inicialmente, a ideia era
que deveria ser criada uma incubadora de negócios,
porém, a partir de muitas visitas e conversas com
pessoas e empresas do ecossistema (incubadoras,
aceleradoras, venture capital, entre outros), se
chegou à conclusão de que não fazia sentido para a
empresa manter uma incubadora.
46 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
A partir desta constatação, as discussões
internas tomaram novos direcionamentos,
questionando como a empresa poderia então
se conectar a este ecossistema. A decisão foi
de realizar um primeiro startup showcase com
algumas startups que o grupo responsável pelo
desenvolvimento deste projeto teve contato
quando das visitas à incubadoras, aceleradoras
e empresas de venture capital. Foram então sele-
cionadas 5 (cinco) startups que se apresentaram
ao board da empresa e desta primeira interação
foram concretizados 2 (dois) contratos.
Esta primeira experiência serviu para que a
empresa compreendesse como atuam as startups
e também como a Natura deveria se preparar
para atuar com startups, tanto em assuntos
relacionados à gestão (como por exemplo, o
tempo de resposta de uma startup demanda um
processo decisório acelerado da empresa) como
em questões operacionais (como por exemplo o
credenciamento da startup como fornecedor da
Natura não poderia ser igual ao processo reali-
zado com os demais fornecedores, em termos
de documentos solicitados, tempo de análise de
documentação, exigências de background, entre
outras questões).
A partir destas reflexões a empresa então estru-
turou processos internos para ter uma relação
segura e duradoura com startups, inclusive
pensando em como a startup poderia escalar
sem a necessidade de dependência da Natura. A
conclusão foi a de que a Natura poderia iniciar
sua experiência com startups ajudando estas
empresas a escalar além de apresenta-las a um
mercado mais amplo de empresas que seriam
potenciais demandantes destes produtos/servi-
ços contratados pela Natura.
Esta primeira experiência gerou mudanças em
procedimentos internos e comprovou à Natura
o potencial de benefícios em se trabalhar com
startups. Porém, esse modelo de conexão ativa,
em que os colaboradores da Natura fazem
pessoalmente o scouting de oportunidades, não
poderia ser replicado, pois demanda muito custo
e tempo para viajar todo o país e identificar
startups com produtos/serviços a serem contra-
tados. A partir de discussões internas, a empresa
desenvolveu um segundo formato para conexão:
abertura de uma chamada aberta à startups.
A empresa buscou a parceria com a Associação
Nacional de Entidades Promotoras de Empreen-
dimentos Inovadores - ANPROTEC para acessar
a rede de startups no Brasil. Foram identificados
desafios prioritários e divulgada a chamada.
Como resultado a empresa recebeu um volume
de cerca de 170 startups candidatas. A empresa
então fez a conexão das startups candidatas com
as áreas da empresa para que se verificassem as
possibilidades de conexão.
Porém, esse modelo se mostrou bastante
complexo de se manter em função do volume de
empresas candidatas e da dificuldade de se fazer a
curadoria destas startups (checar as informações,
fazer a filtragem das empresas que realmente
ofertam produtos/serviços relacionados aos
desafios propostos, fazer contato com as startups,
verificar o andamento das conexões com as áreas
internas na empresa, entre outras).
Atualmente, a empresa mantém aberta a pos-
sibilidade de conexão com startups ao longo de
todo o ano, porém com um processo estrutura-
do online. As startups podem acessar o canal da
Natura dedicado a estas conexões, selecionar
a área em que deseja ofertar seu produto/ser-
viço e encaminhar sua documentação sobre o
tema. A área responsável na Natura recebe esta
documentação e analisa se interessa avançar
neste contato e em caso positivo, cada área faz
o contato e define se a conexão será ou não
levada adiante. Este processo descentralizado
ajuda a dar mais rapidez de resposta e faz com
que seja possível lidar com um volume grande
de contatos de startups.
47CAPÍTULO 03 | ESTUDO DE CASOS SELECIONADOS
Desta forma, cada área recebe a proposição
da startup, avalia a oportunidade, faz o contato
com a empresa, agenda o pitch com o board da
empresa e, caso seja aprovado, é encaminhado
para contratação.
Quais os principais objeti-vos com a conexãoEssencialmente, o objetivo da Natura é o de ace-
lerar a inovação da empresa, em processos, em
produtos, serviços ou sustentabilidade.
O formato mais utilizado pela empresa para alcançar esse
objetivo foi o de contratação de startups como fornece-
dores. Ainda não há experiências de desenvolvimento
conjunto (co-criação) com financiamento da Natura.
O que a empresa entende por startupPara a Natura, considera-se startup qualquer empre-
sa nascente com faturamento entre R$ 0,00 e R$
3,5 milhões.
Duratex
A Duratex é uma empresa de produção de
painéis de madeira e louças e metais sanitários,
fundada em 1951 já como empresa de capital
aberto. Inicialmente as atividades se concen-
travam na fabricação de chapas de fibra de
madeira e a primeira fábrica entrou em operação
em 1954 na cidade de Jundiaí/SP. Em 1972, a
Duratex incorporou a Deca S.A. empresa que
abarcava a produção de metais em geral (chaves,
parafusos, etc.) torneiras, misturadores e chu-
veiros (que também já produzia, desde 1967 com
a incorporação da Válvulas Hydra S.A.) e louças
sanitárias a partir da incorporação da Companhia
Cerâmica Jundiaiense em 1968.
Atualmente o grupo é controlado pela ITAUSA,
Grupo Ligna e tem capital aberto. A empresa
é dona de quatro marcas: Duratex (painéis de
madeira), Durafloor (pisos laminados), Deca
(louças e metais sanitários) e Hydra (chuveiros,
torneiras e válvulas).
A atuação da empresa em mercados de produ-
tos considerados commodities sempre forçou o
desenvolvimento de inovações em produtos e
a eficiência em seus processos.
O tema da inovação está presente na declaração de
valores da empresa e faz parte do dia-a-dia como
estratégia de competitividade a partir da diferencia-
ção de produtos.
A empresa assegura o investimento de 2% do lucro
líquido em inovação, alocados nas diversas em-
presas do grupo e com poder de decisão sobre o
investimento descentralizado, ou seja, cada área
decide onde alocar o recurso destinado à inovação,
permitindo o desenvolvimento de ações focadas e
de rápidos resultados.
Neste sentido, a busca por fontes de informações
capazes de transformar oportunidades em inova-
ções sempre foi um desafio que a empresa entende
ser um processo essencial ao negócio.
Desta forma, a Duratex realiza um amplo mapea-
mento de feiras e congressos nacionais e internacio-
nais nas suas áreas de atuação para participação de
pessoal técnico selecionado.
48 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Além dessas fontes, a empresa também tem por
princípio a realização de parcerias com univer-
sidades públicas e privadas. A empresa tem
parcerias firmadas com diversas universidades,
tais como PUC-RIO, Universidade Federal de
Sergipe - UFSE, Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC, Universidade Federal de Per-
nambuco - UFPE, USP, Universidade Estadual
Paulista - UNESP, Universidade Federal de Viço-
sa, Universidade Federal de São Carlos, Faculda-
des de Campinas - FACAMP e Instituto Europeu
de Design, em parcerias para o desenvolvimento
de estudos e soluções para problemas e desafios
cotidianos da empresa.
Também desenvolve parcerias com institutos e
instituições privadas ou públicas, tais como o Por-
to Digital, C.E.S.A.R., SergipeTec, entre outros,
para o desenvolvimento de estudos complemen-
tares para soluções de problemas identificados ou
busca de tecnologias para melhoria dos processos
industriais. Na realidade estas parcerias servem
para agilizar inovações e trazer para a empresa
conhecimentos oriundos de outras redes de infor-
mações e conhecimento.
Todas as unidades de negócios da empresa
possuem departamento de P&D próprios, nas
unidades de produção de madeira, na área
florestal, na Deca e na Hydra, e estas unidades
de negócios se conversam para identificar po-
tenciais oportunidades cruzadas para o grupo.
Estes departamentos realizam desde pesquisa
básica a testes laboratoriais e são coordenados
por gerentes de área e com equipes de pes-
quisadores dedicados a cada uma das áreas da
empresa, em função da grande diversidade do
portfólio da empresa.
Estes departamentos de P&D se utilizam desta
rede de universidades, institutos e até mesmo
de fornecedores, no desenvolvimento de inova-
ções, e considera essas parcerias fundamentais,
uma vez que a extensão dos produtos ofertados
torna muito complexo manter desenvolvimento
de inovações para todo o portfólio da empresa
apenas com conhecimento “in house”.
Como a empresa se conecta a startupsO principal motivo que levou a empresa a bus-
car startups para o desenvolvimento de projetos
na Duratex se originou de provocações inter-
nas da controladora do Grupo, a ITAUSA. Em
reuniões do conselho a empresa foi provocada
pela controladora a buscar esse ecossistema
em razão dos benefícios que podem ser obtidos
com a troca de experiências com essas empre-
sas. Notadamente, a rapidez no desenvolvi-
mento das soluções, o modelo de trabalho lean,
o pensamento disruptivo no desenvolvimento
de soluções, o mindset focado em resultados
rápidos e o fato de estarem mais antenados com
tendências e inovações.
Inicialmente, a empresa buscou se informar so-
bre o ecossistema e realizar benchmarking junto
a empresas reconhecidamente inovadoras, tais
como a EMBRAER, 3M, FIAT, além do próprio
Banco Itaú. Nestas visitas a empresa começou
a conhecer o ecossistema e foi recomenda-
do à Duratex começar a conversar com esse
universo. Neste sentido a empresa começou
a se conectar com experts no assunto, como
o professor Silvio Meira que descortinou esse
universo e encorajou a gestão da empresa a
conhecer o Porto Digital em Recife.
Paralelamente, a FIAT também apresentou à Du-
ratex sua experiência em participar do C.E.S.A.R.
Summer Job, projeto que traz à empresa estu-
dantes universitários do Brasil e do mundo, para
a solução de um problema no prazo das férias
acadêmicas. Complementarmente a empresa
também começou a se conectar com consulto-
rias, entidades de fomento à inovação, corporate
venture, entre outros atores.
49CAPÍTULO 03 | ESTUDO DE CASOS SELECIONADOS
A partir destas recomendações, a Duratex
decidiu visitar o Porto Digital e se decidiu por
começar uma primeira experiência participan-
do do C.E.S.A.R. Summer Job. Foi observado
pela Duratex, desafios pela dificuldade de uma
grande empresa em contratar uma pequena
organização, muitas vezes sem background de
clientes e sem cumprir com exigências docu-
mentais de credenciamento de fornecedor,
até a rotina de trabalho com o choque cultural
entre os dois mundos.
Os resultados da participação no Summer Job
foram considerados muito satisfatórios e inspi-
rou a empresa a dar um passo maior na conexão
com startups. A partir de discussões internas e
também com a participação do Porto Digital, a
Duratex ampliou seu interesse pela inovação
aberta, com a proposição de desafios e a cura-
doria do Porto Digital na seleção de startups que
atendam a este chamado.
Atualmente a empresa tem conduzido discussões
internas para decidir qual o caminho que será tri-
lhado pelo grupo Duratex em relação ao ecossiste-
ma de startups em busca de inovação aberta.
Estas experiências têm influenciado de forma
positiva a cultura organizacional e ajudado a em-
presa a tornar seus processos mais ágeis. Porém,
a empresa não informa qual o valor investido
nestas conexões, por serem consideradas infor-
mações sigilosas.
Quais os principais objeti-vos com a conexãoAtualmente o foco das conexões com startups são
no desenvolvimento de novos processos indus-
triais, seja no aprimoramento, seja no desenvolvi-
mento de novos processos e introdução de novas
tecnologias no processo produtivo. Entende-se
que a empresa deverá avançar em conexões para
desenvolvimento de produtos e novos negócios,
mas trata-se de um processo em construção.
O que a empresa entende por startupEmpresas emergentes com potencial de esca-
labilidade em razão do alto grau de tecnologia
embarcada nos produtos/serviços ofertados.
50 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Positivo Tecnologia
A Positivo Tecnologia nasceu em 1989 sob o
nome de Positivo Informática. A oportunidade
de mercado detectada surgiu dentro do Grupo
Positivo, que abarca editora, universidades, colé-
gio e gráfica. Inicialmente a Positivo Informática
se propôs a desenvolver computadores para a
atender as empresas do Grupo Positivo e rapi-
damente se tornou fornecedor de equipamentos
para outras universidades e colégios. Apenas em
2004 a empresa iniciou a oferta de computado-
res no varejo no Brasil.
Em 2006 a Positivo Tecnologia se tornou uma
empresa de capital aberto com uma captação
expressiva no mercado e em 2008 expandiu
sua produção implantando uma operação fabril
em Manaus, que mais tarde viria a se tornar a
principal planta da empresa. Em 2010 a Positivo
Informática criou uma joint-venture com uma
empresa argentina, chamada BGH, para expandir
suas operações para América Latina e África.
No ano de 2012 a empresa iniciou a produção de
aparelhos de telefonia móvel com a marca Posi-
tivo e em 2015 iniciou a produção dos celulares
sob a marca Quantum, em associação com uma
startup brasileira. Neste mesmo ano a empresa
se tornou licenciado da marca “Vaio” para toda
a América do Sul, diversificando ainda mais o
portfólio de produtos. No ano de 2017 a Positivo
Informática se torna então Positivo Tecnologia,
congregando todas as marcas e produtos.
Ainda faz parte do portfólio de empresas a socieda-
de formada, no início de 2016, com uma startup do
setor de saúde, denominada Hi Technologies, que
atua no desenvolvimento de tecnologias médicas
humanizadas e telemedicina.
Atualmente a empresa é possui estas cinco
marcas: Positivo, Vaio, Quantum, Positivo BGH
e Hi Tecnologies.
Atuar neste mercado de tecnologia exige que a
empresa tenha sempre investimentos em inova-
ção. Este é um dos mercados mais competitivos
no mundo, e a telefonia móvel é atualmente um
dos mercados de maior concorrência mundial.
Desta forma, a Positivo Tecnologia atribui à
inovação um papel vital, sendo a área de novos
negócios uma diretoria que se reporta direta-
mente à presidência do grupo.
Esta busca contínua por inovações vem de diversas
fontes. Desde o estabelecimento da Lei de Infor-
mática, a empresa realiza investimentos diretos
em institutos de pesquisa, universidades e outras
instituições. São investidos 5% da receita da em-
presa, com produtos incentivados, em processos de
inovação junto a instituições de ensino e institutos
no desenvolvimento de inovações.
As atividades de P&D na organização são descen-
tralizadas, de modo que dentro das unidades de
negócios existem engenheiros e pesquisadores que
são mantidos com recursos dos incentivos da Lei de
Informática, que se dedicam à tarefa de pesquisa,
desenvolvimento de produtos e testes laboratoriais.
Como a empresa se conecta a startupsEm 2014 a empresa decidiu iniciar sua inser-
ção no ecossistema de inovação aberta, com a
conexão com startups, como forma de inserir a
empresa neste universo, dinâmico e necessário à
sobrevivência de uma empresa de tecnologia.
51CAPÍTULO 03 | ESTUDO DE CASOS SELECIONADOS
A opção da empresa foi pela inserção no ecos-
sistema como player investidor estratégico no
desenvolvimento de novas tecnologias e neste
sentido, a diretoria de novos negócios foi desig-
nada para conduzir estas conexões direcionadas
à identificação de oportunidades para o desen-
volvimento de novos negócios de tecnologia em
setores diversos.
Até 2017, a conexão com o universo de startups
sempre ocorreu de forma passiva, ou seja, o grupo
sempre foi procurado por startups ou empresas de
venture capital com ofertas de parcerias e/ou aqui-
sições de empresas. Uma primeira experiência foi
consolidada na parceria realizada com a Quantum
no desenvolvimento de aparelhos de telefonia
móvel, em 2015, e em 2016 com a aquisição de
participação na Hi Technologies.
A partir destas primeiras experiências, a empresa
passou a realizar discussões internas sobre qual
seria o formato de conexão a ser adotado pela
Positivo Tecnologia para avançar nas conexões
com startups e se posicionar institucionalmente
no ecossistema de empreendedorismo e inova-
ção como empresa investidora, se seria mantido
esse formato passivo ou se a empresa partiria
para uma atuação ativa em mapear e se conectar
com o ecossistema.
A partir destas discussões, se decidiu buscar
uma conexão ativa, em quea Positivo Tecnologia
optou por realizar, além das conexões diretas
com as startups, contato indireto com o ecossis-
tema, se utilizando de contatos com investidores
e empresas de venture capital, que já faziam uma
curadoria prévia para apresentar opções de
investimento à Positivo Tecnologia.
Como parte deste novo posicionamento, a Positivo
Tecnologia lançou, em maio de 2017, o Programa
Inove Positivo, sua primeira experiência em cha-
mada de startups. O programa é aberto permanen-
temente para receber propostas de startups com
produtos/serviços que possam ser apoiados pela
Positivo nas áreas de interesse preferenciais.
A partir do l0ançamento do programa, a Positivo
passa a se posicionar como importante player no
ecossistema atuando de forma ativa e passiva na
observação de potenciais negócios com startups.
Os negócios gerados a partir destas conexões
já respondem por parte relevante do fatura-
mento atual da empresa, principalmente os
produtos gerados pela Quantum, uma vez que a
Hi Technologies ainda está em fase de desen-
volvimento de produtos para o mercado. Porém,
os resultados preliminares são animadores e
reforçam a estratégia de conexão com startups
como estratégia de negócio.
Quais os principais objetivos com a conexãoAcesso a novos mercados e diversificação de
atuação. Claramente a estratégia da Positivo
Tecnologias consiste em utilizar sua estrutura
e conhecimento para fomentar novos negócios
de tecnologias em setores e mercados diversos
como estratégia de expansão. Neste sentido, a
própria história recente da empresa já demons-
tra essa capacidade de alavancar negócios e
atuar em distintos segmentos mantendo como
“coluna dorsal” o tema de tecnologia (como foi
feito com a Quantum e com a Hi Tecnologies).
O que a empresa entende por startupNo contexto da Positivo Tecnologia considera-se
startup para conexão, empresas já operacionais,
com produto desenvolvido e validado e com
potencial de escalabilidade.
52 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
UNILEVER Brasil
A UNILEVER é uma empresa multinacional de
origem britânica e holandesa de bens de con-
sumo com sedes em Roterdã e Londres.
O portfólio de produtos da empresa se esten-
de desde alimentos e bebidas a produtos de
higiene pessoal e limpeza doméstica. Possui
mais de 400 marcas e está presente em mais
de 190 países. Fundada em 1930 a partir da
fusão da empresa holandesa Margarine Unie e
da britânica Lever Brothers14.
A UNILEVER possui seis centros principais de
pesquisa e desenvolvimento de produtos no
mundo, localizados dois no Reino Unido, um na
Holanda, um nos EUA, um na China e um na Índia.
Ainda formam parte neste complexo de inovação
uma rede de centros tecnológicos globais que se
espalham desde São Paulo a Xangai15.
A estrutura de inovação na UNILEVER acontece
em várias áreas, como marketing, desenvolvi-
mento de produtos e tecnologia da informa-
ção. Existem times globais que se conectam e
desenvolvem inovações para suporte às plantas
industriais e pensam em soluções para proble-
mas locais. Estas soluções são partilhadas por
toda a rede e podem ser levadas a outros centros
de tecnologia da empresa no mundo.
O grupo UNILEVER investe cerca de 1 bilhão de eu-
ros anualmente em P&D ao redor do mundo, o que
representa cerca de 2% de seu faturamento anual16.
No caso da UNILEVER Brasil, são desenvolvidas
inovações pontuais para o mercado local em áreas
como tecnologia da informação e varejo.
Como a empresa se conecta a startupsMundialmente a UNILEVER tem duas estruturas
para se conectar com startups: UNILEVER Foun-
dry e UNILEVER Ventures. A primeira entidade
tem por objetivo construir e cultivar parceiros
estratégicos para o futuro, oferecendo a startups
a oportunidade de se conectar a marcas globais
da empresa a partir da proposição de soluções a
problemas apresentados17.
Já a segunda organização é uma empresa de
venture capital e private equity, que realiza investi-
mentos em companhias jovens, com potencial de
escalabilidade para acelerar o crescimento destas
empresas a partir da abertura do ecossistema
global da Unilever, seus ativos e expertise18.
Localmente, a Unilever Brasil iniciou operações
de conexão com startups para o desenvolvimento
de soluções pontuais e sob demanda, a partir da
identificação de necessidades de tecnologia, tais
como o desenvolvimento de um site ou aplicati-
vo, no caso da área de suporte a negócios. Neste
sentido, a ideia era explorar soluções já criadas
por startups convidadas.
14. Extraído de Unilever.com.br.15. Idem.16. Idem.17. Extraído de https://foundry.unilever.com/.18. Extraído de http://www.unileverventures.com/.
53CAPÍTULO 03 | ESTUDO DE CASOS SELECIONADOS
A partir destas experiências chegou-se à con-
clusão de que este tratamento não aproveita
o potencial das startups no desenvolvimento
de inovações disruptivas, uma vez que estas
empresas apenas são contatadas para solucionar
problemas pequenos e pontuais, tratadas como
fornecedores de pequena escala. Porém, persistia
o intuito de trabalhar de uma forma diferente com
as startups para explorar seu potencial com maior
profundidade; co-criando soluções; aprendendo
juntos; compartilhando experiências.
Esta avaliação fez com que a Unilever Brasil
se dedicasse a compreender melhor o que é
o ecossistema e vivenciar as oportunidades e
possibilidades de realizar um desenvolvimento
ativo de inovação para a área de tecnologia de
informação e suporte ao negócio.
Com esse intuito a Unilever Brasil buscou o Porto
Digital para desenvolver um programa de inova-
ção aberta que trouxesse à Unilever Brasil uma
troca de experiências capaz de gerar inovações
para o negócio e também “oxigenar” a cultura or-
ganizacional, estruturando um programa baseado
em desafios identificados pela Unilever Brasil e
invertendo as primeiras experiências de deman-
das fechadas por soluções conhecidas.
Quais os principais objeti-vos com a conexãoO principal objetivo na conexão com as startups, estruturado no programa de inovação aberta em
parceria com o Porto Digital, que se considera
a experiência de conexão mais assertiva, foi se
inserir no ecossistema e conhecer o potencial de
inovação aberta localmente para desenvolvimen-
to de fornecedores qualificados.
Como resultados destas conexões, são citados:
1 Eventos realizados na principal universida-de da região;
2 Hackathons;
3 Protótipos desenvolvidos em conjunto com startups pré-selecionadas.
4 Palestras sobre o mundo da tecnologia dentro de uma CPG (Consumer Packaged
Goods) realizadas.
O que a empresa entende por startupGlobalmente a Unilever, através da Unilever
Foundry, conceitua startup como empresas pre-
paradas para escalar seus negócios globalmente.
Localmente, procurou-se empresas operacionais
com capacidade técnica para propor soluções
diferenciadas a problemas apresentados19.
19. Extraído de https://foundry.unilever.com/.
54 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Braskem Labs
A Braskem é uma empresa brasileira do setor
químico e petroquímico constituída em 2002
com sede no Brasil e escritórios nos EUA e Ar-
gentina, porém com um histórico que remonta
a 1979 com a compra de 33% das ações da
Companhia Petroquímica de Camaçari, pela
Odebrecht. Atualmente é líder na produção de
resinas termoplásticas nas Américas, possui
40 plantas industriais espalhadas pelos EUA,
Brasil, Alemanha e México. É também a maior
produtora mundial de biopolímeros, com o
Polietileno - PE verde.
Desde sua formação que a Braskem investe na
inovação com foco na sustentabilidade, tendo
assumido seu compromisso publicamente com
assinatura da Declaração de Produção Mais
Limpa, viabilizada pela ONU. Com esse intuito foi
lançado em 2015 o Braskem Labs, programa que
investe em empreendedores para o desenvolvi-
mento de soluções socioambientais inovadoras
que possam gerar melhorias na vida das pessoas
por meio do melhor uso do plástico.
O tema da inovação sempre esteve presente na
agenda da Braskem, sendo eleita pela Fast Com-
pany como uma das 50 empresas mais inovado-
ras do mundo em 2014 e tendo seus esforços de
desenvolvimento de PE verde reconhecidos com
uma parceria com a NASA para envio desse ma-
terial ao espaço para ser utilizado em impressão
3D por astronautas.
Outro ponto importante na cultura da Braskem
que é abordado no Braskem Labs é a sustenta-
bilidade. De que forma é possível comunicar ao
público que o trabalho com plástico pode ser
socioambientalmente responsável. Estas moti-
vações levaram a criação do Braskem Labs como
incentivo a essas ações.
A Braskem possui dois centros de inovação e
tecnologia, localizados no Brasil e nos EUA,
além de uma rede de 23 laboratórios e cerca
de 300 profissionais especializados para P&D.
Possui mais de 900 documentos de patentes
depositados no Brasil e no exterior e atualmen-
te mantém cerca de 276 projetos de inovação e
tecnologia ativos.
O orçamento destinado ao programa do Braskem
Labs é oriundo das áreas de marketing e desenvol-
vimento sustentável e a empresa possui indicado-
res para medir eficácia e eficiência dos resultados
do programa, porém os dados financeiros e investi-
mento realizado são confidenciais.
Como a empresa se conecta a startupsInicialmente a Braskem destacou uma equipe
para desenvolver o projeto do que viria a ser
o Braskem Labs. Para isso este time mapeou e
visitou empresas (Brasdesco, Grupo Abril, entre
outros) que estavam iniciando seus contatos com
startups e procurou acessar diversos atores do
ecossistema de inovação aberta no país (incu-
badoras, aceleradoras e entidades promotoras).
O grande desafio era descobrir como se inserir
neste ecossistema de forma a agregar e trazer
benefícios, e não simplesmente replicar modelos
de conexão estabelecidos sem relação com os
pilares da empresa.
55CAPÍTULO 03 | ESTUDO DE CASOS SELECIONADOS
Neste contexto, a equipe da Braskem teve con-
tato com as iniciativas da Endeavor e desenvol-
veram em conjunto um piloto do Braskem Labs,
chamado de “Programa de Incentivo a Empreen-
dedores”. Este programa previa uma capacitação
de 45 dias a empreendedores selecionados em
uma chamada que teve 160 ideias inscritas. Nes-
ta fase o programa não restringiu a participação
em função da fase do projeto inscrito, ou seja,
recebeu propostas de estudantes universitários
com ideias não formatadas a negócios em opera-
ção com produtos já disponíveis no mercado.
Foram selecionados 19 projetos para rodar este
piloto. Esta primeira experiência foi decisiva na
formatação do atual formato de conexão adota-
do pelo Braskem Labs, pois gerou reflexões para
o aperfeiçoamento do programa.
No segundo ano a chamada já havia ampliado o
tempo de capacitação para 4 (quatro) meses e
buscou centrar em startups que já estivessem
mais maduras, com produto já sendo ofertado ao
mercado e em fase operacional, ou seja, já tendo
algum faturamento. Este modelo foi mantido e
o programa mudou o nome para “Aceleração de
Empreendedores”.
Quais os principais objeti-vos com a conexãoO principal objetivo da Braskem no financia-
mento das ações de conexão com startups
desenvolvidas no Braskem Labs é social, ou seja,
desenvolvimento de soluções que atuem na
sustentabilidade e soluções para uso sustentável
de produtos com plástico e derivados. Neste
sentido, o programa não exige participação nas
empresas aceleradas e todos os custos do pro-
grama são financiados pela empresa.
O que a empresa entende por startupO Braskem Labs atua com o conceito de orga-
nizações temporárias em busca de um modelo
de negócios escaláveis e repetíveis. Porém, para
a participação no programa, a Braskem busca
empresas já constituídas com produtos já sendo
ofertados ao mercado.
Votorantim Metais
A Votorantim é uma empresa brasileira de capital
fechado com atuação em 23 países e portfólio
diversificado de negócios, sendo algumas destas
unidades de capital aberto, atuando nas áreas de
cimento, metais e mineração, siderurgia, energia,
celulose, suco de laranja e financeiro. Iniciou
as operações em 1918 com a aquisição de uma
fábrica de tecidos no interior de São Paulo, tendo
iniciado as operações do ramo de cimento em
1936, Siderurgia em 1937, Alumínio em 1955, Zin-
co em 1969, Celulose em 1988, Laranja em 1989,
serviços financeiros em 1991 e Energia em 1996.
56 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Atualmente cada uma das unidades da Votorantim
S.A atuam de forma completamente independen-
te, com conselho administrativo e presidências
próprias. Esta independência permite às empresas
desenvolverem ações individuais e aproveitarem
também experiências partilhadas pelo grupo.
No caso da Votorantim Metais, o tema da ino-
vação está consolidado nas bases de atuação
da empresa, se conformando em estratégia de
atuação definida pelo conselho administrativo
no desenvolvimento de tecnologias para au-
mentar a competitividade com sustentabilidade.
Esta definição é desdobrada em ações para toda
a organização.
Existe uma diretoria de tecnologia e exploração
mineral com equipe dedicada ao desenvolvimento
de tecnologia e inovação. A empresa criou um
processo para implementar uma governança de
inovação que permeia todas as áreas da organiza-
ção e fomenta as ações de inovação internamen-
te. Para a implantação desta governança foram
alterados processos internos e criados novos
processos para permitir que as inovações possam
fluir de dentro para fora e de fora para dentro.
Dentro da área de governança existem 48 pes-
soas dedicadas à inovação que estão espalha-
das pelas unidades da empresa fomentando as
inovações em todos os ambientes da empresa e
servindo como guardiões da governança. Não
existe um departamento de P&D tradicional
como estrutura organizacional. Semanalmente se
faz reunião remota com toda essa equipe . Men-
salmente é realizada uma reunião com a diretoria,
trimestralmente uma reunião com o comitê de
diretores e semestralmente com o presidente,
para então ser apresentado ao conselho as ações
de inovação em curso.
A governança de inovação estabeleceu um
processo denominado “Radar Tecnológico”
para identificar oportunidades de captar novas
tecnologias, a partir de desk research de patentes
e artigos científicos, conversas com fornece-
dores, participação em seminários, congressos
e feiras que possam trazer mais informações
sobre assuntos considerados estratégicos para o
desenvolvimento das ações da empresa.
A Votorantim também acessa redes de univer-
sidades e institutos no Brasil e no exterior para
identificar oportunidades de inovação a partir
de pesquisas básicas e aplicadas. Mensalmente
se fazem discussões em fóruns de compartilha-
mento de novas ideias e conhecimentos entre
as áreas da empresa. A partir destas ações de
governança se forma um planejamento estraté-
gico de tecnologia e inovação com a definição
de quais oportunidades deverão ser desenvolvi-
das pela empresa.
Internamente a empresa também realiza levanta-
mento formal de ideias a serem desenvolvidas e
oportunidades de inovação.
Com o planejamento de inovação aprovado a
empresa lança mão de diversas parcerias com en-
tidades públicas e privadas para a execução dos
projetos definidos como prioritários, podendo
financiar bolsas de mestrado e doutorado para
o desenvolvimento do tema, contratar institutos
de pesquisa, fazer parcerias com universidades
ou desenvolver internamente nos laboratórios
da empresa. Atualmente a empresa tem utilizado
muito a rede da Empresa Brasileira de Pesquisa
e Inovação Industrial - EMBRAPII, mas também
utiliza estruturas privadas quando detectada a
expertise da organização.
57CAPÍTULO 03 | ESTUDO DE CASOS SELECIONADOS
Os recursos destinados à inovação são oriundos
da Lei do Bem ou de financiamentos da Financia-
dora de Estudos e Projetos - FINEP, inclusive os
salários das equipes envolvidas nos processos de
inovação. Porém, o volume de recursos investi-
dos é considerado confidencial.
Como a empresa se conecta a startupsA busca por novas tecnologias realizada pelo Radar
Tecnológico da governança fez com que a Voto-
rantim tivesse contato com startups em assuntos
que estavam sendo buscados pela empresa. Os
primeiros contatos, ainda como experimentos, foram
realizados em contratações de serviços e as startups
eram meros fornecedores de tecnologia que a Voto-
rantim Metais não possuía.
Uma primeira experiência se deu com automa-
ção de atividades finalísticas que o mercado
não ofertava solução. Experiências como essas
despertaram na empresa a oportunidade de
manter um programa de abertura para conexão
com startups e acelerar a inovação.
Foi realizado um grande benchmarking com atores
do ecossistema para pensar na formatação de um
programa para a Votorantim Metais. A primeira
decisão foi a de que o programa seria desenvolvi-
do sem a contratação de atores externos e seria
conduzido pela própria organização. Foi criada uma
equipe multidisciplinar com presença de vários
setores que desenvolveu a estrutura para a criação
do programa denominado “Mining Lab”, com a
primeira edição aberta em novembro de 2016.
O programa não exige participação nas startups e
ajuda na abertura de mercado para as empresas
selecionadas. Para implementar o programa foi
necessário adaptar processos internos e desenvol-
ver um conhecimento em lidar com startups e para
isso foi fundamental a presença de funcionários
de diversos setores para pensar antecipadamente
em eventuais problemas que poderiam surgir no
desenvolvimento das parcerias.
A chamada foi divulgada na rede da 100Open
Startups e contou com a parceria com a Fe-
deração das Indústrias do Estado de Minas
Gerais - FIEMG, notadamente no programa de
treinamento às startups selecionadas. O progra-
ma prevê a realização de uma capacitação de
3 (três) meses e a identificação de “padrinhos”
das startups dentro da Votorantim Metais. Esta
interação é uma via de mão dupla, uma vez que
o padrinho repassa conhecimentos e se respon-
sabiliza pelo desenvolvimento das startups sele-
cionadas e em contrapartida a startup trás aos
padrinhos a cultura das startups de trabalho e
de mindset de operação e modelos de negócios.
Quais os principais objeti-vos com a conexãoAumentar a competitividade da empresa,
desenvolvendo fornecedores e utilizando tec-
nologias já existentes e que não são de domínio
da Votorantim Metais.
O que a empresa entende por startupA empresa aceitou como startup organizações
que tenham um MVP funcional, que possa ser
apresentado. Não se exigiu que a empresa já
estivesse em fase operacional e com fatura-
mento comprovado.
58 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
04
59CAPÍTULO 04 | CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Conclusões e Recomendações
60 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Os ecossistemas de startup e inovação aberta no Brasil ainda estão
em fase inicial de desenvolvimento. Se levarmos em consideração
as estimativas de que são necessários 20 anos para se construir um
ecossistema em uma cidade/região, capaz de iniciar uma transforma-
ção produtiva local, então ainda estamos em um estágio denominado
“ativação” e temos ainda algum caminho a ser trilhado neste sentido.
04. Conclusões e Recomendações
61CAPÍTULO 04 | CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
FIGURA 4.1
CICLO DE VIDA DO ECOSSISTEMA DE STARTUP
Fonte: The Global Startup Ecosystem Report, 2017 (Não se realizaou tradução em razão da terminologia do gráfico)
Size
& R
esou
rces
Immigration Constraints
Startup Exprience
ACTIVATION GLOBALIZATION EXPANSION INTEGRATIONLe
akag
esN
ation
alG
loba
l
PE
RFO
RM
AN
CE
Rate ofUnicorns
Rate ofExits
Rate ofEarly-stageSucessR
eso
urc
es
Att
ract
ion Global A
mbition &
Connectedness
Nesta fase inicial, o ecossistema ainda está se
consolidando e o número de startups ainda é
baixo, até 1.000, com atuação limitada a co-
nexões locais e muitos “gaps” de recursos para
consolidação de um ecossistema robusto. Nesta
etapa, o principal desafio é tornar o ambiente de ne-
gócios propício à proliferação de startups e promover
conexões entre as diversas comunidades que fazem
parte deste movimento, tais como empreendedores,
talentos e investidores.
Porém, isso não significa que as indústrias no
Brasil não estejam buscando oportunidades de
se conectar a startups e iniciar parcerias com o
ecossistema em seu estágio atual.
Na verdade, estas empresas estão tateando
em busca de informações para realizar estas
conexões, visto que o ecossistema brasileiro
ainda não se consolidou.
62 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Ainda não se sabe com exatidão qual o percen-
tual de indústrias no Brasil que estão realizando
conexões com startups nem de que forma estas
conexões estão se dando, e este estudo fornece
pistas a serem seguidas e informações que
aproximam mais o conhecimento da realidade.
O Brasil parece começar a seguir uma tendên-
cia mundial de promover a conexão entre in-
dústria e startups como importante mecanismo
de geração de inovação em processos e pro-
dutos. Dados da União Europeia estimam que
mais da metade das 500 maiores empresas do
mundo já trabalham com startups regularmente
e mais de 97% das corporações europeias tem
analisado cuidadosamente suas necessidades
de inovação e de que forma startups podem ser
incorporadas nesse sistema20.
Porém, o grande desafio em tentar compreen-
der como está se organizando o ecossistema
no Brasil e de que forma as indústrias estão
buscando as startups se dá pela diversidade
de experiências. Como forma de estruturar
as informações e desenvolver uma metodo-
logia para realizar este estudo, as entrevistas
realizadas com as empresas brasileiras selecio-
nadas ajudaram na compreensão que existem
tipologias de formatos de contato, de objetivos
com a conexão e de compreensão do que é uma
startup para fins de conexão.
Analisando estas tipologias é possível perceber
que existem formas mais adequadas de fomen-
tar estas conexões com maior eficácia para os
dois lados, a empresa que busca a conexão e a
startup que busca a empresa.
Tipologias de formato de conexãoA avaliação das informações levantadas nas en-
trevistas possibilitou compreender melhor como
as empresas estão se conectando a startups. É
possível verificar que existe um “caminho natural”
seguido pela maior parte das empresas, em que
a conexão se inicia com uma experiência piloto e
cresce para um programa estruturado. Foi assim
que aconteceu com a Natura, com a Duratex, com a
Unilever Brasil e com a Votorantim Metais.
Inicialmente as empresas estão testando a capaci-
dade de atendimento das startups e quanto menos
conhecimento possuem do ecossistema, maior a
propensão a utilizar as startups como simples for-
necedores de soluções para problemas pontuais.
À medida que se inserem no ecossistema e conhe-
cem melhor a atuação das startups, as indústrias se
abrem mais a aproveitar o potencial de geração de
inovações que as startups podem ofertar.
Avaliando experiências fora do Brasil, mais espe-
cificamente na Europa, uma iniciativa denominada
“OpenAxel: open innovation across Europe” tem se
dedicado a avaliar de que forma e em que estágio
se encontra o processo de conexão entre indústria
e startups. No caso das empresas europeias, a maior
parte delas afirmou que participam de hackathons e
competições de avaliação de planos de negócios (a
exemplo de Startup weekends, Demo Days, entre ou-
tros). Porém, também chama a atenção a quantida-
de de corporações que indicaram realizar parcerias
com entidades externas, tais como aceleradoras/
incubadoras de empresas.
20. OpenAxel: White paper on the connection of startups with industry, 2013.
63CAPÍTULO 04 | CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
FIGURA 4.2
FONTES DE CONEXÃO COM STARTUPS
Fonte: White paper on the connection of startups with industry, 2013 (tradução realizada pela FGV).
0% 20% 40% 60% 80% 100%
COMPETIÇÕES/HACKATHONS
PARCERIAS COM ENTIDADES EXTERNAS /ACELERADORAS/INCUBADORAS
ACELERADORAS/INCUBADORAS CORPORATIVAS (PATROCINADAS)
AQUISIÇÕES ATRAVÉS DE VENTURE CAPITAL
EMPRESAS DE CONSULTORIAE ACONSELHAMENTO
EM ANDAMENTO PLANEJA FAZER PAROU DE FAZER NÃO PLANEJA FAZER
64 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
No caso do Brasil, apesar de todos estes formatos
serem utilizados e coexistirem em nosso ecossis-
tema, é possível identificar tipologias de conexão
(Figura 4.3), conforme detalhado na sequência.
CONEXÃO DIRETA
O formato de conexão com startups mais
utilizado pelas empresas entrevistadas é o
contato direto a partir de programas próprios
com seleção de startups realizada pela própria
empresa. Este modelo replica as ações que
têm sido desenvolvidas em diversas instâncias,
governamentais e não-governamentais, com a
adoção de chamadas/editais de convocação e
a proposição de desafios como forma de orga-
nizar a curadoria e seleção das startups. Este
modelo é utilizado atualmente pela Natura,
pela Votorantim Metais, pela Positivo Tecnolo-
gia e pelo Braskem Labs.
CONEXÃO INDIRETA
O modelo de conexão indireta é bastante pare-
cido com o de conexão direta, porém as indús-
trias não promovem a conexão a partir de seus
próprios canais, mas se utilizam de programas
de uma terceira entidade, que realiza a chamada
e a curadoria das startups. O modelo de realiza-
ção da operacionalização da conexão é sempre
o mesmo, alterando apenas a empresa que faz a
chamada e curadoria, conforme descrito abaixo.
A Unilever Brasil e a Duratex utilizaram este
modelo para suas conexões com parceria com
o Porto Digital, que realizou a intermediação
entre os desafios propostos e as startups sele-
cionadas para a conexão.
Este modelo assume algumas particularidades
a depender da instituição que está liderando o
processo, mas de uma forma geral, parece ser
o modelo mais usual nas conexões no Brasil,
utilizado desde organizações como a 100Open
Startup, a editais do SENAI/SEBRAE, InovAtiva
Brasil desenvolvido pelo Ministério da Indús-
tria, Comércio Exterior e Serviços, e mesmo em
processos conduzidos pelas próprias organi-
zações como a Natura, a Positivo Tecnologia, a
Votorantim Metais e o Braskem Labs.
65CAPÍTULO 04 | CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
IDENTIFICAÇÃO DE EMPRESAS PARCERIAS
DO PROGRAMA
A entidade promotora estabelece parcerias com empresas que desejam se
conectar a startups e define o formato desta conexão
conjuntamente
EDITAL/CHAMADA DE SELEÇÃO
É elaborado e divulgado um edital/chamada de seleção
para que as startups de candidatem a solucionar os
desfios propostos
IDENTIFICAÇÃO DOS DESAFIOS PROPOSTOS
Em conjunto com as empresas parceiras, as entidades promotoras estabelecem os desafios a
serem propostos para as starutups, criando ‘categorias’
para seleção
SELEÇÃO DAS STARTUPS
Após o fechamento do período de inscrições é
realizada uma seleção para identificação das startups que seguirão no projeto
MATCHMAKING E DESENVOLVIMENTO
Startups e empresas parceiras do programa trabalham
conjuntamente para desenvolver um MVP
funcional para solução do desafio proposto
FIGURA 4.3
FORMATO DE CONEXÃO COM STARTUPS – MODELO BRASILEIRO
Fonte: Elaborado pela FGV.
66 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
É perceptível a razão pela qual este modelo tem se
estabelecido no Brasil como formato mais utiliza-
do. Primeiramente porque o Brasil tem dimensões
continentais e para evitar se conectar apenas com
startups que estão “em seu quintal” as empresas
precisam fazer com que o maior número possível
de startups tenha conhecimento de sua intenção
em realizar a conexão. Em segundo lugar, organiza
os processos internos das empresas para “receber
a conexão”, ou seja, já é sabido, de partida, quando
o “jogo vai começar”, e isso ajuda na estruturação
dos processos internos para lidar com as startups.
Uma terceira questão identificada como positiva
neste modelo foi a identificação da conexão entre
a startup e o desafio já no início do processo sele-
tivo, o que poupa bastante esforço na curadoria
e seleção das empresas que deverão seguir no
programa, uma vez que as próprias startups se
candidatam a desafios para os quais possuem
talentos e soluções a serem ofertadas.
Porém, esse modelo também apresenta pontos
negativos que devem ser avaliados. Um primei-
ro ponto negativo é o volume de startups que se
candidatam, dificultando a curadoria e seleção.
A Natura avaliou que este problema inviabiliza
manter um programa desta natureza por conta
própria, uma vez que, utilizando esse formato, a
empresa recebeu em uma chamada mais de 170
inscrições, demandando um tempo muito longo
para avaliar as propostas e checar as informa-
ções das startups que se candidataram.
Aliás esse é um segundo problema, a credibilida-
de das startups que estão se candidatando. De
que forma os responsáveis pela seleção das star-
tups podem checar se estas empresas possuem
realmente talento e ferramentas capazes de
solucionar os problemas propostos. Em alguns
casos a seleção de startups que se demonstrem
incapazes no decorrer do programa pode arrui-
nar todo o programa.
Por fim, o esforço de mobilização de redes para
tornar o edital/chamada conhecido pela maior
parte das startups não é desprezível. E esta
divulgação deve ser realizada da forma mais
abrangente possível sob pena de não atrair os
melhores talentos para o programa.
A conexão com startups pode ser um processo
simples ou complexo, a depender, principalmen-
te do tamanho das empresas que buscam esta
conexão. Em pequenas e médias empresas, os
processos internos são mais flexíveis e o número
de pessoas, níveis hierárquicos e decisores a
serem consultados, muito menor, o que torna a
conexão rápida, direta e objetiva. Porém, quanto
maior a corporação, mais processos internos
formatados, mais níveis hierárquicos e mais
decisores a serem consultados, o que gera mais
dificuldade em se levar a cabo um programa de
conexão com startups.
CONEXÕES POR REDES
Este formato foi indicado como um dos principais
pelas empresas europeias que participaram da
pesquisa realizada no projeto OpenAxel, confor-
me Figura 4.2 e basicamente se consolida nas
conexões realizadas pelas empresas com startups
a partir de participação em eventos promovi-
dos pelas redes de aceleradoras, incubadoras
e empresas de venture capital, tais como hacka-
thons e demo day. Apesar de ser citado como um
modelo adotado pela Positivo Tecnologia e pela
Duratex (que inclusive participou da experiência
do C.E.S.A.R Summer Job), nenhuma das demais
indústrias pesquisadas apontou esta tipologia
como parte de sua estrutura de conexão.
Desta forma, chama a atenção que o as empre-
sas estão tentando se inserir no ecossistema de
startups e inovação como um player de mercado,
sem utilizar o poder das redes já estabelecidas
67CAPÍTULO 04 | CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
e dos mecanismos desenvolvidos pelos próprios atores do ecossis-
tema, como incubadoras e aceleradoras de negócios. Ou seja, as in-
dústrias estão criando seus próprios “programas de aceleração” sem
utilizar as redes já estabelecidas que poderiam fornecer matéria-pri-
ma já trabalhada (startups mais maduras).
Em parte, esse posicionamento das indústrias se deve ao desconhe-
cimento do papel e da presença destas entidades e em parte se de-
vem ao fato de que ao trazer a startup para “dentro” de sua estrutu-
ra, a conexão pode se dar de forma mais customizada aos interesses
da indústria que realiza a conexão. Porém, este formato poderia ser
melhor explorado pelas empresas.
Tipologias de objetivos com a conexãoConhecer quais os objetivos que estão levando
as indústrias a buscar as startups pode ser bas-
tante esclarecedor na compreensão das tipolo-
gias de contato e dar uma pista sobre para onde
este processo caminha.
No caso da Europa, percebe-se que a maior
parte das empresas buscam a conexão com as
startups como recurso para lhes ajudar a lidar
com problemas de tecnologia e inovação em seus
negócios (83%), enquanto que 76% das empresas
alegaram buscar a conexão com startups como
forma de rejuvenescer a cultura da organização
e 66% afirmaram ser importante esta conexão
para acessar novos mercados. Chama a atenção o fato de que o re-
torno financeiro não ser considerado como um dos principais motivos
para a realização da conexão com startups.
AS INDÚSTRIAS ESTÃO CRIANDO
SEUS PRÓPRIOS “PROGRAMAS
DE ACELERAÇÃO” SEM UTILIZAR
AS REDES JÁ ESTABELECIDAS
QUE PODERIAM FORNECER
MATÉRIA-PRIMA JÁ TRABALHADA
(STARTUPS MAIS MADURAS)
68 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
FIGURA 4.4
MOTIVAÇÕES DAS CORPORAÇÕES EUROPEIAS EM TRABALHAR COM STARTUPS
Fonte: White paper on the connection of startups with industry, 2013 (Tradução realizada pela FGV).
Mudança cultural
Retorno de marca
Ajuda com problemas tecnológicos e inovação
Acesso a novos mercados
Responsablidadesocial empresarial
Retornos financeiros
No caso do Brasil, esta tendência permanece. As
entrevistas indicaram que o principal motivo de se
realizar a conexão com as startups é apoio/ajuda
para lidar com desafios tecnológicos e compreen-
der de que forma novas ferramentas podem
ajudar a empresa a ser mais competitiva e ágil na
relação com seu consumidor. As ações relatadas
pelas empresas entrevistadas ainda se concen-
tram em melhorias de processo e atualizações
tecnológicas como principal foco da atuação das
startups, assim como importância de se trazer um
olhar mais renovado e “oxigenar” a empresa com
ideias menos presas à cultura da organização.
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA COMPE-TITIVIDADE
A maior parte das empresas entrevistadas
relatou que seu principal objetivo é de gerar
inovações que permitam o aumento da compe-
titividade da empresa, com uso de tecnologias
embarcadas. Estas inovações podem se dar em
processos ou produtos, mas a busca por startups
quase sempre se configura como um apoio à
estruturação de negócios nascentes que venham
a se tornar fornecedores para as indústrias que
realizam as conexões.
69CAPÍTULO 04 | CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Esta tipologia é marcada pela preocupação com
a competição nos mercados em que as indústrias
atuam e são realizadas, normalmente, por empre-
sas que possuem processos de inovação estrutu-
rados, como a Natura e a Votorantim Metais. O
caso da Unilever Brasil também pode ser inserido
nesta tipologia porém com uma ressalva que, por se
tratar de uma empresa multinacional com uma es-
trutura de inovação e conexão com startups globais,
as conexões locais são mais limitadas a aspectos
operacionais e de suporte.
ACESSO A NOVOS MERCADOS E EXPAN-SÃO DAS ATIVIDADES
Algumas empresas estão buscando a conexão
com startups para ajudar na expansão de seus
negócios, seja a partir do investimento em parti-
cipação em startups que atuam em outros setores
(diversificação de portfólio), seja utilizando o
conhecimento destas startups para acessar outros
públicos no mercado em que atua.
A Positivo Tecnologia tem realizado investimen-
to em startups e estruturou seu programa de
conexão com o objetivo de identificar oportuni-
dades de negócio em qualquer setor que possa
se beneficiar do uso de tecnologia intensiva. Com
isso, tem expandido sua atuação para áreas de
telefonia móvel, saúde e outros segmentos.
A Natura se utilizou de serviços de startup para
melhorar sua comunicação com sua rede de
consultoras e agora usa este mesmo conheci-
mento para melhorar sua comunicação interna
e externa com diversos públicos da empresa,
principalmente no momento em que está expan-
dindo sua atuação para o varejo tradicional com
pontos de venda.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Um viés interessante que surgiu nas entrevistas
foi o posicionamento do Braskem Labs. A utili-
zação de um programa de conexão com startups
como parte da estratégia de responsabilidade
social e empresarial é bastante inusitada. Na
realidade, o objetivo do Braskem Labs é de
desenvolvimento de soluções que atuem na sus-
tentabilidade e soluções para uso sustentável
de produtos com plástico e derivados. Porém,
esta abordagem abre uma oportunidade para
interseções com ações de empreendedorismo
social e startups com foco em soluções voltadas
para o bem-estar social e ambiental com alto
potencial para ser replicado por outras entida-
des, sozinhas ou conjuntamente.
O desenvolvimento de soluções aceleradas pelo
Braskem Labs indica a possibilidade de que muitas
destas startups se tornem fornecedores da pró-
pria Braskem além de serem empresas que atraem
atenção de investidores pelo seu apelo de merca-
do e benefícios sociais. Os resultados preliminares
do Braskem Labs são animadores e merecem ser
acompanhados mais de perto pelos formuladores
de políticas públicas.
O que as empresas entendem por startupNa pesquisa da Sondagem da Inovação realizada
pela ABDI e executada pela FGV, no primeiro
trimestre de 2017, foi questionado as empresas qual
seu conceito de startup. O Gráfico 4.1 aponta os
resultados obtidos com um desenho amostral abran-
gendo 350 empresas industriais com 250 ou mais
pessoas ocupadas e atuante em território nacional.
70 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
GRÁFICO 4.1
O QUE AS EMPRESAS ENTENDEM POR STARTUP NO 4º TRIMESTRE DE 2016 (EM %)
Fonte: FGV.
PROJETO EM QUE ESTÁ EM FASE INICIAL
EMPRESA NASCENTE, COM MENOSDE 3 ANOS DE EXISTÊNCIA
GRUPO DE JOVENS QUE CONSTROEMAPLICATIVOS, SOFTWARES E GAMES
OUTRO
NÃO SEI DIZER
EMPRESA EM BUSCA DE MODELODE NEGÓCIO REPLICÁVEL E ESCALÁVEL EM CONDIÇÕES
DE EXTREMA INCERTEZA
0 10 20 30 40 50
3,1
6,2
8,4
18,5
24,9
38,9
Percebe-se que a maior parte das empresas
apontou a definição formal de startup mais
conhecida como resposta ao questionamento do
que se entende por startup. Porém, ainda assim
existe um percentual não desprezível de 6,2%
que desconhece o que seja startup.
Na realidade as entrevistas apontaram que em
parte esse desconhecimento existe porque do
ponto de vista prático as indústrias não se inte-
ressam em saber o que são startups e como essas
se diferenciam de pequenos negócios. O que
importa são resultados que possam ser apresen-
tados. A Natura conhece o conceito de startup,
mas optou por aproximar startups do conceito de
micro e pequena empresa para facilitar trâmites
e processos operacionais, como credenciamento
de fornecedor e elaboração de contratos para
prestação de serviços.
Da mesma forma a Votorantim Metais definiu
que apenas iria trabalhar com startups (também
conceitualmente próximas de micro e pequenas
empresas) que tivessem um MVP funcional, in-
dependente de já estarem em fase operacional e
terem faturamento. A Positivo Tecnologia optou
por investir apenas em empresas já constituí-
das com faturamento e produtos ofertados ao
mercado. O Braskem Labs iniciou sua jornada
aceitando proposições de ideias à empresas
constituídas e depois viu que sua ação seria mais
eficaz se focasse em empresas já mais maduras
com atuação no mercado.
71CAPÍTULO 04 | CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste caso conclui-se que as tipologias de con-
ceitos de startup servem aos diversos interesses
das indústrias que estão realizando as conexões
e, mesmo àquelas que conhecem o ecossistema e
possuem clareza sobre o que é uma startup, para
fins de suas conexões, utilizam conceitos mais
fluidos e mais aderentes a seus objetivos.
Como recomendações à formação de um ecos-
sistema mais participativo e com maiores cone-
xões, podem ser desenvolvidas ações agrupadas
em dois tipos de recomendações.
RECOMENDAÇÕES AOS FORMULADORES DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Primeiramente é notória a dificuldade das indús-
trias em se desenvolver indicadores de desem-
penho capaz de mensurar os diversos aspectos
financeiros e operacionais ligados às conexões
com startups. Esta dificuldade, em parte, se
origina no formato das conexões, quando as
startups são contratadas como fornecedores ou
mesmo quando são investidas com participação.
É possível avaliar o gasto inicial, mas torna-se
complexo avaliar qual o total de valores investi-
dos no decorrer da conexão.
Também é particularmente difícil para as empre-
sas avaliar o retorno do investimento e desenvol-
ver indicadores de performance. Desta forma,
pode ser interessante a estruturação de uma
proposição de métricas para começar a formar
uma base de dados sobre conexões entre indús-
tria e startups. Este modelo pode ser disponibili-
zado para uso das empresas e se firmar parcerias
para que as empresas cedam suas informações
na construção de uma base de informações que
sirva para a tomada de decisões na formulação
de políticas públicas.
Aliás, essa é justamente a segunda recomendação,
a realização de um trabalho de conscientização
sobre a importância de ceder as informações
financeiras destas parcerias. Qualquer formula-
dor de políticas públicas precisa de dados para
embasar suas decisões e convencer os pares da
importância da ação pública. Sem os dados, princi-
palmente os financeiros, dificilmente a formulação
de uma política pública consistente será levada
em consideração. Porém, a desconfiança do
empresariado brasileiro na cessão de informações
financeiras é notória. Neste caso, deve-se pensar
em ações conjuntas com o IBGE na realização da
PINTEC ou mesmo no uso da Sondagem da Inova-
ção para iniciar esse trabalho de conscientização e
obtenção dos dados de investimento.
Por fim, recomenda-se que sejam estudados, orga-
nizados e divulgados casos de sucesso de conexões
entre startups e indústrias. Apesar de parecer
uma ação isolada e bastante tímida, a força que
esses casos de sucesso, quando bem estruturados
e divulgados, exerce tanto nas startups quanto
nas empresas é muito forte, e temos muito pouca
informação estruturada e divulgada corretamente
nos canais mais pertinentes sobre casos de sucesso
de nossas empresas.
RECOMENDAÇÕES PARA MELHORAR A CONEXÃO ENTRE A INDÚSTRIA E AS STARTUPS
Algumas recomendações (Figura 4.5) podem aju-
dar a elucidar como as empresas podem se prepa-
rar melhor para realizar essas conexões e usufruir
melhor dos benefícios deste encontro de talentos.
72 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
FIGURA 4.5
RECOMENDAÇÕES ÀS EMPRESAS QUE DESEJAM REALIZAR CONEXÃO COM STARTUPS
Fonte: Elaborado pela FGV.
DEFINA QUAIS OS OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO COM A CONEXÃO E AVALIE QUAL O MELHOR FORMATO DE CONEXÃO A SER ADOTADO
Antes de procurar se conectar a startups deve ser definido quais os objetivos que a indústria tem na conexão. Comece sabendo onde quer terminar
1 DESENVOLVA PROCESSOS INTERNOS PARA LIDAR COM A STARTUP
A startup será um «intruso» em seu ambiente, portanto deve ser definido como será a relação com essa empresa antes da conexão. Quem na empresa será responsável por conduzir a interface com a startup, quais os procedimentos para lidar com informações confidenciais, como se tratará o tema da propriedade intelectual e reserva de mercado com o produto final, como a inovação será internalizada no processo produtivo da empresa, etc.
2
DEFINA INDICADORES DE PERFORMANCE OBJETIVOS PARA AVALIAR A CONEXÃO
Avaliar os resultados da conexão é extremamente importante para evitar que a empresa apenas «entre na dança» pela moda e não pelos resultados obtidos.
4
ASSEGURRE-SE DE QUE A ORGANIZAÇÃO QUER SE CONECTAR A STARTUPS
Antes de se conectar com a startup é preciso ter certeza de que a empresa deseja essa conexão e compreende o que isso envolve, afinal inovação aberta não é apenas aberta para a startup, mas deve ser aberta nas duas vias. Assegure-se de que a direção da empresa concorda com isso e, caso não tenha certeza, comece devagar em uma conexão menos arriscada.
3
74 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
05
75CAPÍTULO 05 | REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Referências Bibliográficas
76 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
05. Referências Bibliográficas
ANPROTEC. Estudo de impacto econômico: segmento de incubadoras
de empresas do Brasil. Brasília, 2015.
CHESBROUGH, Henry. Inovação aberta: como criar e lucrar com a
tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2012.
HAMEL, Gary. Liderando a revolução. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
Open Axel: White paper on the connection of startups with industry. 2013.
PORTER, Michael. Estratégia competitiva: técnicas para análise de
indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986.
78 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
06
79ANEXO ÚNICO | ROTEIRO DE ENTREVISTAS
Anexo Único – Roteiro de Entrevistas
80 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
06. Anexo Único – Roteiro de Entrevistas
Roteiro de Entrevistas – Conexão Startup e indústriaA ABDI e a FGV estão realizando uma série de
estudos e pesquisas para subsidiar a elaboração
de políticas e projetos relacionados ao desen-
volvimento produtivo, tecnológico e regional
e a inovação industrial no Brasil. Dentre estes
estudos, está sendo realizada uma análise para
compreender de que forma as startups podem
ser acionadas como elemento importante
no processo de inovação no Brasil e como as
indústrias atualmente estão se conectando a
este importante ecossistema para dinamizar seu
processo de inovação.
Este estudo deverá subsidiar a ABDI na cons-
trução de uma agenda para discussão de uma
política pública que permita às indústrias bra-
sileiras aumentar sua competitividade através
de inovações geradas de forma aberta, mais
rapidamente, com menores custos e utilizando a
rede de startups que se desenvolve no país.
Como parte dos trabalhos em fase de execução,
e para formar um diagnóstico amplo sobre o
atual estágio de desenvolvimento deste tema,
a equipe da FGV, contratada pela ABDI, deverá
realizar entrevistas com empresas que já pos-
suem experiência, ou que estão se aventurando
neste universo, e abrindo suas portas para a
co-criação de soluções com startups.
O objetivo desta entrevista é conhecer mais
profundamente como os processos de conexão
estão se desenvolvendo no Brasil e quais os prin-
cipais desafios a serem superados na construção
destas interfaces, bem como as oportunidades
que podem ser exploradas por políticas públicas
desenhadas para facilitar estas conexões. Sua
opinião é muito importante para o sucesso deste
trabalho. Desde já agradecemos a sua disponibili-
dade e participação.
81ANEXO ÚNICO | ROTEIRO DE ENTREVISTAS
DADOS DO ENTREVISTADO
NOME:
INSTITUIÇÃO:
CARGO:
TEL: E-MAIL:
BLOCO 1: ANTECEDENTES – O QUE LEVOU A EMPRESA A BUSCAR CONEXÃO COM STARTUP
Este primeiro bloco de perguntas objetiva compreender quais os motivos
que levaram a empresa a buscar conexões com startups e como a inovação
é importante para os objetivos da organização.
1 Breve histórico da empresa
2 Ramo de atuação
3 De que forma a empresa acredita que a inovação pode ajudar nos seus negócios?
4 Qual a visão da organização sobre a importância da inovação?
5 Quais as fontes de inovação que são acessadas pela empresa:
5.1 Feiras nacionais do setor
5.2 Feiras internacionais do setor
5.3 Seminários e congressos nacionais
5.4 Seminários e congressos internacionais
5.5 Universidades nacionais
5.6 Universidades internacionais
5.7 Publicações científicas
5.8 Institutos privados de pesquisa
5.9 Institutos públicos de pesquisa
82 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
5.10 Outros. Quais?
6 Por que a empresa decidiu buscar conexão com startups?
7 Qual o principal objetivo da empresa ao buscar a conexão com startups?
7.1 Pesquisa Básica
7.2 Pesquisa Aplicada
7.2 Desenvolvimento de novos produtos
7.2 Teste de produtos
7.2 Análises laboratoriais
7.2 Outros. Quais?
8 Por que a empresa decidiu buscar conexão com startups?
9 Qual o principal objetivo da empresa ao buscar a conexão com startups?
10 Quais os resultados esperados com essa troca de experiências?
11 O que você entende por startup?
BLOCO 2: O PROGRAMA – COMO A EMPRESA SE CONECTA A STARTUPS
Este bloco de perguntas tem por objetivo principal conhecer a estrutura
que a empresa desenvolveu para se conectar com startups, bem como
as principais dificuldades enfrentadas, e quais as soluções encontradas,
para tornar a conexão com startups possível.
1 Ao decidir buscar conexão com o ecossistema de startups, qual o primeiro passo dado?
2 A empresa tinha conhecimento do ecossistema (existência e conhecimento sobre incubadoras, aceleradoras, parques tecnológicos, FabLabs, entre outras iniciativas)?
3 Quais as maiores dificuldades, neste estágio de iniciar a conexão com startups, que a empresa teve que lidar?
4 Como essas dificuldades foram vencidas?
83ANEXO ÚNICO | ROTEIRO DE ENTREVISTAS
5 Quais as fontes de informações que foram consultadas para desenhar o formato da conexão com startup?
6 A forma como a empresa se conecta com startups hoje evoluiu desde uma primeira experiência anterior?
7 Quais as principais dificuldades neste estágio de realizar a conexão com as startups?
8 Como essas dificuldades foram vencidas?
9 Como funciona/funcionou o programa de conexão com startups que a empresa conduz/conduziu/participou?
10 Foi necessário criar/reorganizar algum setor na estrutura organizacional para tocar o projeto?
11 De que forma a empresa trata os seguintes temas, na conexão com as startups:
11.1 Recursos para desenvolvimento dos projetos;
11.2 Arranjo jurídico-institucional para cooperação com as startups
11.3 Informações consideradas sigilosas/confidenciais
11.4 Propriedade intelectual sobre as soluções desenvolvidas
12 Como a empresa lida/espera lidar com os resultados desta conexão. Ou seja, de que forma a em-presa internaliza, ou pretende internalizar, os resultados do programa de conexão com startups em seu processo produtivo?
13 A conexão com startups tem sido utilizada como instrumento para quais interesses organizacionais:
13.1 Desenvolvimento de fornecedores
13.2 Desenvolvimento de novos processos
13.3 Aprimoramento de processos produtivos
13.4 Aprimoramento de produtos
13.5 Desenvolvimento de novos produtos
13.6 Desenvolvimento de novos negócios e modelos de negócios (expansão de atuação)
86 PRODUTO 4.1 | RELATÓRIO SOBRE DIFICULDADES PRODUTIVAS E DE GESTÃO DOS SETORES PRIORIZADOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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