Dilson Missio Dei

download Dilson Missio Dei

If you can't read please download the document

description

missio Dei

Transcript of Dilson Missio Dei

Agradecimentos

Ao nosso Deus e Pai, que enviou o Seu Filho, e nos deu o Seu Esprito para que a Igreja, em todo o tempo, anuncie o evangelho todas as pessoas, em todas as partes do mundo (Mc 16.15); Igreja da qual so participantes, ilustres pastores, doutores, mestres (Ef 4.11) e leigos (I Co 1.26), que de modo direto, ou indireto, contriburam para o desenvolvimento deste trabalho de concluso de curso (TCC), aos quais com alegria e gratido fao lembrar: Blanches de Paula (rea de Teologia Pastoral e Cincias Humanas e Sociais); Claudio de Oliveira Ribeiro (rea de Teologia e Histria);Douglas Nassif Cardoso (rea de Teologia e Histria);Helmut Renders (rea de Teologia e Histria);Jorge Schultz Dias (Leitor deste TCC);Jos Carlos de Souza (rea de Teologia e Histria);Lauri Emilio Wirth (rea de Teologia e Histria e orientador deste TCC);Luiz Carlos Ramos (rea de Pastoral e Liturgia);Magali do Nascimento Cunha (rea de Teologia Pastoral e Cincias Humanas e Comunicao);Marcelo Furlin (Docente de Lngua Portuguesa);Margarida Ftima Souza Ribeiro (rea de Teologia e Histria);Nicanor Lopes (rea de Teologia Pastoral, Cincias Humanas e Sociais e Coordenador do Curso de Teologia da Fateo);Paulo Augusto de Souza Nogueira (rea de Bblia);Paulo Ayres Mattos (rea de Teologia e Histria e Prof. do mdulo de TCC);Paulo Roberto Garcia (rea de Bblia e Diretor da Fateo);Rui de Souza Josgrilberg (Teologia Sistemtica);Sandra Duarte de Souza (rea de Teologia Pastoral e Cincias Humanas e Sociais);Suely Xavier do Santos (rea de Bblia) eTrcio Machado Siqueira (rea de Bblia).

______________________________


ROCHA. Marcio Monteiro.Missio Dei:uma teologia de misso para o sculo XXI.SoBernardo doCampo, 2014. 44 f. Trabalho de Concluso de Curso (Bacharelado em Teologia) UniversidadeMetodistadeSoPaulo,SoBernardo doCampo, 2014.

Resumo

Este trabalho de Concluso de Curso, uma reflexo sobre o temamissio Dei,abordado na teologia de misso, desenvolvida em meados do sculo XX, como resposta crise que se estabeleceu na teologia e misso, ao final da Segunda Guerra Mundial. No primeiro captulo, o autor busca o sentido e o significado damissio Dei,em perspectiva com o desenvolvimento missionrio empreendido no sculo XIX, conhecido como o sculo das misses. O segundo captulo, aborda de forma panormica, o desenvolvimento do movimento missionrio ecumnico e do evangelical, que mesmo sob tenso, deu grande nfase ao temamissio Dei,na ltima metade do sculo XX. Finalmente, o terceiro captulo aborda a relevncia e a urgncia da discusso do temamissio Dei,como resposta a atual crise da teologia e misso, e seu avano no contexto do sculo XXI.

Palavras chave: Deus misso missio Dei Igreja teologia


SumrioIntroduo(7)Captulo 1 - O Sculo das Misses e aMissio Dei(9)1. Breve introduo Missio Dei(9)2. Lutero e aMissio Dei(10)3. A Tarefa Inconclusa(11)Captulo 2 - Ecumenismo, Evangelicalismo eMissio Dei(17)1. Eventos e movimentos a servio daMissio Dei(17)2. Igreja eMissio Dei(20)3.Missio Dei: A trajetria de um conceito(22)Captulo 3 - Uma Teologia de Misso para o Sculo XXI(34)1. A contextualizao daMissio Deino Brasil(34)2. A relevncia do conceitoMissio Deino Brasil(35)3.Missio Dei:Deus Conoscono Sculo XXI(39)Concluso(41)Referncias(42)

IntroduoEste trabalho de concluso de curso ser dividido em trs captulos, cada qual com trs subdivises. O primeiro captulo procurar abordar a temtica damissio Deia partir do fenmeno que ficou conhecido, no sculo XIX, como o sculo das misses. A primeira parte, trata-se de uma breve introduo missio Dei, introduo que busca situar o tema muita alm da poca de sua sistematizao. A segunda parte, procurar trazer memria a perspectiva missionria presente nos dias da Reforma Protestante, empreendida inicialmente por Martinho Lutero. A terceira parte, procurar demostrar que a tarefa missionria do sculo das misses no foi concluda e carece de um paradigma de misso adequado para sua continuidade no tempo presente.O segundo captulo deste trabalho, procurar abordar o desenvolvimento dos grandes movimentos missionrios mundiais. A primeira parte, pretende descrever o movimento missionrio ecumnico e o evangelical, e qual a posio damissio Deineste contexto. A segunda parte, procura brevemente demonstrar o lugar da igreja crist namissio Dei,e qual a relevncia damissio Deipara a Igreja. A terceira parte, busca demonstrar a trajetria do conceitomissio Dei,a partir de sua sistematizao na teologia de misso em meados do sculo XX, at os dias atuais.O terceiro e ltimo captulo deste trabalho, ocupar-se- em demostrar que amissio Dei uma teologia de misso adequada ao tempo presente, e pode encarregar-se de dar o impulso necessrio ordem missionria. Para tanto, a primeira parte procura demonstrar a necessidade de contextualizao de aspectos relevantes damissio Deipara a realidade da Amrica Latina. A segunda parte, ocupa-se em demonstrar a importncia do conceitomissio Deipara o Brasil, e de que maneira ela afeta a realidade crist nas igrejas. A terceira e ltima parte deste captulo, procura reafirmar amissio Deicomo uma teologia de misso adequada a igreja brasileira e latino-americana, promovendo libertao no somente para o mundo sofredor, mas tambm para a igreja sofredora, em sua ao missionria no mundo.Os problemas encontrados na pesquisa, situam-se nas relaes entre o movimento missionrio ecumnico mundial e o evangelical, que parecem carecer de uma compreenso mais clara do potencial damissio Deiparao desenvolvimento de seu mandato missionrio, tanto de forma ecumnica, como tambm evangelical, em que a participao de todos os setores da cristandade estejam sob amissio Dei,e no sobre ela.O principal referencial terico deste trabalho, foi a obra do telogo protestante alemo Georg F. Vicedom, do telogo reformado sul-africano David J. Bosch, e do telogo luterano brasileiro Roberto E. Zwetsch, cada um deles com uma viso teolgica prpria, mas que se convergem participao comunitria e voluntria namissio Dei.O objetivo geral deste trabalho, apresentar amissio Deicomo uma teologia de misso plausvel e mensurvel para o universo cristo, em suas aes missionrias no mundo vigente, seja na Europa, na Amrica do Norte ou na Amrica Latina, porm com uma viso compassiva e acolhedora aos povos tradicionais remanescentes, vtimas de um sistema colonizador e imperialista, ainda presente e insustentvel.O objetivo especfico deste trabalho, motivar a igreja brasileira e latino-americana a abraar amissio Dei,e deixar-se por ela abraar, a fim de que o Senhor da Misso realize a tarefa missionria, contando com a participao do maior nmero de pessoas, sem importar quem sejam ou onde estejam.A metodologia adotada para realizao deste trabalho, foi a pesquisa bibliogrfica na qual se destacam as obras missio Dei de George F. Vicedom, Misso Transformadora de David J. Bosch e Misso como Compaixo de Roberto E. Zwetsch. Foram tambm utilizadas vrias outras obras como fontes de apoio pesquisa aqui empreendida, e que esto elencadas na bibliografia deste trabalho.A realizao deste trabalho de concluso de curso, se justifica pela presente crise missionria, tanto por parte da igreja como da teologia crist, e desenvolvido com o propsito de produzir subsdios auxiliares para a formulao de um novo paradigma de misso para o tempo presente, a fim de satisfazer as necessidades e exigncias comuns ao sculo XXI.

Captulo 1O Sculo das Misses e aMissio Dei

1. Breve introduo Missio DeiPara que amissio Deipossa ser discutida de forma compreensvel no tempo presente, preciso que se busque conhecer suas origens dentro do universo em que se revela. Em funo dos limites de tempo e de espao a que este trabalho de concluso de curso est submetido, amissio Deiser estudada a partir de sua localizao cronolgica na Reforma Protestante[1]do sculo XVI, na Alemanha de Martinho Lutero[2]. Os trs sculos seguintes no sero abordados, pois a discusso principal a que este trabalho se ocupa, dar-se- a partir do desenvolvimento missionrio mundial do sculo XIX.A vantagem em se iniciar a abordagem a partir de Lutero, que ela pode oferecer um panorama menos obscuro quele encontrado na histria do cristianismo praticado antes da Reforma Protestante, quando muitas doutrinas que obscureciam a cristandade Catlica Romana, no haviam ainda sido confrontadas. A desvantagem, que deixar de aprofundar a pesquisa at as pocas mais remotas humanidade, deixa-se tambm de se experienciar parte significativa da misso doDeus Trino dentro da histria dos seus atos.Se aos homens fosse dada tal graa, seguramente amissio Deipoderia ser contemplada em plena atividade, muito antes da Reforma Protestante, e at mesmo antes da existncia humana e, porque no dizer, da prpria fundao do mundo[3](cf. Ef 1.4). Isto porque - independentemente da conceituao e sistematizao teolgica que amissio Deiveio a receber em meados do sculo XX, cujo teor parte significativa da abordagem deste trabalho de concluso de curso - amissio Deipreexiste a tudo e a todos na pessoa daquele a quem se refere: DEUS.

2. Lutero e aMissio DeiDesde o incio do sculo XVI, a perspectiva missionria da Reforma Protestante, foi tratada por muitos representantes da missiologia do sculo XIX, como uma experincia decepcionante, e seu maior representante, Martinho Lutero, como um telogo de pouca ou nenhuma conscincia missionria. O principal articulador desta crtica, foi o missilogo Gustav Warneck[4], apontado por Brandt[5]como aquele para quem Lutero sequer tinha conhecimento daobrigao missionria, sendo desprovido de qualquer ato missionrio,ou de qualquernoo de misso.[6]Apesar de Brandt reconhecer que o termomisso,e o interesse ematividades missionrias,no se encontram em Lutero, aquesto da misso... tem nele o seu lugar vivencial em sua interpretao da Sagrada Escritura, e em sua reforma da igreja,poisa fonte de seus enunciados sobre misso, so sua interpretao da Bblia e suas prdicas[7]. Neste sentido, Brandt defende queo sujeito da misso o prprio Deus em sua palavra,e estabelece a figura de Lutero como um precursor da posterior tese da missio Dei.[8]Assim tambm compreende Scherer[9], afirmando que para Lutero, a misso sempre de forma preeminente obra do Deus trino missio Dei , e seu alvo e resultado so a vinda do reino de Deus[10][11][12]. Em Lutero, a Igreja, a Palavra de Deus e os crentes so vistos juntoscomo instrumentos divinos cruciais para a misso[...]em nenhum lugar o reformador faz da igreja o ponto de partida ou o alvo final da misso[...] sempre a misso do prprio Deus que domina o pensamento de Lutero, e a vinda do reino de Deus representa sua culminao final[13].Para Lutero, a natureza missionria da igreja se revela atravs da Palavra de Deus, que lhe pregada e consequentemente, anunciada ao restante do mundo por meio da igreja atravs de cada sacerdote leigo no mundo, que o crente batizado. Desta percepo de Lutero, advm sua informaltrademissionria composta pela Palavra, pela Igreja e pelo crente. Apesar de sua concepo missionria partir da funo que a comunidade crist exerce na misso, Lutero jamais entendeu a Igreja como algo alm de um instrumento operado, do incio ao fim, pela vontade do prprio Deus.[14]

3. A Tarefa InconclusaDesde a poca de Constantino, raramente a poltica imperial e os interesses do reino de Deus Csar e Cristo[15] estiveram numa convergncia to prxima e confortvel[16]. com esta perspectiva missionria, que James A. Scherer, no livro Evangelho, Igreja e Reino: estudos comparativos de teologia de misso, de 1987, descreve o resultado do desenvolvimento missionrio no mundo contemporneo, desde o incio do cristianismo institucional, at o incio do sculo XX, com a realizao da primeira grande Conferencia Missionria Mundial, em Edimburgo, Esccia, em 1910.Scherer chama deantiga era missionria,aquela que culmina com osculo das misses[17](XIX), perodo em que se verificou um grande desenvolvimento na misso crist em todo o mundo, e denova era missionriaaquela que existe desde ento e est em pleno desenvolvimento. Ao descrever a transio de umaerapara a outra, Scherer cita brevemente alguns dos muitos perodos missionrios que ocuparam os dois ltimos milnios da histria da igreja, passando inicialmente pela era dos primeiros apstolos, no sculo I, pelo monasticismo da era medieval, pelas misses jesuticas que atuaram junto aos colonizadores do sculo XVI, na conquista do Novo Mundo, e pelos evangelicais das misses protestantes do sculo XVIII, adentrando era missiolgica do sculo XIX,o sculo das misses,que produziu um dos movimentos missionrios mundiais mais intensos de toda a histria.[18]Este movimento missionrio mundial, comprometeu-se com a evangelizao global e com o objetivo de conclu-lo ainda em seus dias. Apesar deste audacioso resultado no ter sido alcanado, ele produziu o maior nmero de frentes missionrias j registrado na histria da igreja, e o evangelho avanou no mundo como jamais havia acontecido desde os dias de Cristo. No entanto, aps dcadas de avano missionrio vigoroso e frutfero, o papel das misses mundiais havia se tornado inadequado, sendo considerado obsoleto e desnecessrio pelo emergente movimento ecumnico mundial. A partir de ento, verifica-se o vertiginoso declnio espiritual da igreja ocidental e suas instituies em termos de misso. O movimento ecumnico mundial se estabelece e interpreta que uma nova era missionria necessria.[19]Antes dosculo das misses, descreve Scherer, a Rssia ainda era o maior pas cristo da Europa, os Estados Unidos da Amrica ainda seriam evangelizados, a Europa estava em franco processo de secularizao e o Marxismo difundia o atesmo pelo mundo todo, mas mesmo assim, sociedades missionrias j atuavam em muitos lugares do globo, e na reta final do sculo XIX, e limiar do sculo XX, o movimento missionrio mundial eclodiu de um modo excepcional. Sociedades bblicas foram criadas para a traduo das Escrituras em todas as lnguas conhecidas, protestantes e catlicos dos Estados Unidos e da Europa operavam juntos na misso, com o firme propsito de cumprir a tarefa global de evangelizao.[20]A teoria de misso protestante do sculo XIX havia determinado metas para as novas comunidades crists, e jovens igrejas que iam surgindo. A tripla autonomia, era a teoria de misso que estabelecia que as novas igrejas deveriam se tornar auto-governadoras, auto-sustentadoraseauto-propagadoras. Este seria o perfil da igreja ideal do mundo cristo que criaria o palco para a existncia do movimento ecumnico mundial do sculo XX,o grande fato novo de nossa poca, segundo William Temple.[21][22]Neste ponto, faz-se necessrio compreender as razes que levaram a esta dinmica missionria repentina e inesperada no sculo XIX. De acordo com Scherer, muitos estudos foram realizados para chegar a um consenso sobre a interpretao deste fenmeno e como resultado, muitos estudiosos concluram que no fora outra coisa seno a atuao sobrenatural do Esprito Santo de Deus. Scherer no discorda, mas completa, afirmando que o Esprito Santo no operou isoladamente, mas considerou a estrutura das poderosas foras polticas ento atuantes[23]e os desenvolvimentos tcnicos acontecidos no final do sc. XIX.[24]Aliado a estes dois fatos histricos do sculo XIX, combinam-se ainda outros fatores, tais como as estruturas favorveis docolonialismo europeu[25]e doimperialismo americano[26],nas quais jovens estudantes universitrios cristos norte-americanos e europeus, confiaram suas vidas e ministrios sob a orientao de lderes como Dwight L. Moody[27], A. T. Pierson[28]e John R. Mott, todos sob o lema A evangelizao do mundo nesta gerao[29]. Significativo nestes movimentos, sua relao com a natureza da teologia de misso que viria a ser conhecida comomissio Dei,em meados do sculo XX, pois estes no eram movimentos eclesiocntricos, ou que estavam sendo criados ou controlados pelas igrejas crists de ento, mas eram movimentos totalmente impulsionados e dirigidos pela voluntariedade e espontaneidade dos seus participantes.[30]Movidos por grande entusiasmo missionrio, muitos destes participantes, que em sua maioria eram estudantes, tornaram-se mrtires nos tempos iniciais destes movimentos, acreditando que o mundo inteiro seria alcanado atravs da evangelizao, durante o tempo de suas vidas, o que obviamente no aconteceu. No entanto, com o objetivo de organizar esforos missionrios para completar a tarefa inconclusa,tarefa inspirada principalmente no texto bblico[31]de Mateus[32]28.16-20[33], realizou-se a Conferncia Missionria Mundial de Edimburgo, Esccia (1910), com o propsito dedelinear a estratgia para uma campanha final por parte das foras concertadas do reino de Deus,pois todos concordavam que a Grande Comisso[34]precisava ser cumprida durante o tempo de suas vidas. Edimburgo concentrou-se nos continentes no cristos (sia e frica) que receberiam a mensagem de pases cristos (Europa, EUA). Mesmo sem a incluso direta da Amrica Latina, Edimburgo demonstrou uma unidade de esprito, propsito e compromisso to intensa que nenhuma declarao teolgica formal foi emitida como resultado deste encontro.[35]Com a responsabilidade de gerenciar e garantir a continuidade dos resultados de Edimburgo, e desta formapromover a proclamao do evangelho de Jesus Cristo ao mundo todo, a fim de que todos os homens creiam nele e sejam salvos,em 1921 foi constitudo o Conselho Missionrio Internacional (CoMIn) com a responsabilidade principal de convocar uma conferncia missionria mundial. Esta responsabilidade lhe rendeu uma influncia duradoura sobre o movimento missionrio mundial e, assim, o CoMIn tornou-se o mais respeitvel conselho ecumnico para cooperao e consulta missionria, ajudando a organizar importantes conferncias missionrias mundiais como em Jerusalm (1928), em Tambaram-Madras (1938)[36], em Whitby (1947), em Willingen (1952), em Gana (1958) e Nova Dlhi (1961).[37]Juntamente com o desenvolvimento industrial urbano, com o avano da cincia a da tecnologia e do constante processo de secularizao observado em meados do sculo XX, observou-se tambm o declnio espiritual da comunidade crist, abatida e desarticulada pela desintegrao da antiga era missionria. Tanto a misso como a evangelizao tornaram-se desprovidas de clareza, objetivo e propsito e j no havia mais motivao definida para dar testemunho de Cristo e do reino de Deus. Atarefa inconclusaque impulsionava aes missionrias em todo o globo j no era sequer reconhecida pela cristandade. Em meio obscuridade, uma nova era de misso era necessria. A teologia de misso cincia to desprezada antes de 1950, tornava-se agora fundamental para telogos sistemticos e praticantes da misso global.[38]No incio dos anos 1950, o Conselho Nacional de Igrejas de Cristo dos Estados Unidos (CNI)[39]produziu para o Conselho Missionrio Internacional um relatrio intituladoPor que Misso?como parte da preparao para a Conferncia Mundial de Misso, em Willingen, Alemanha, em 1952, cujo tema eraA Obrigao Missionria da Igreja.Apesar de contar com a contribuio dos maiores telogos da poca, a Conferncia de Willingen no foi capaz de chegar a um termo consensual sobre o tema proposto. No entanto, moveu-se proficuamente no sentido de estabelecer uma base slida para a misso e o fez sobre a Doutrina da Trindade[40]em conexo com amissio Dei,tema emergente na poca. Os esforos empreendidos em Willingen somados prxima Conferncia Mundial de Misso, em Gana, (1958) e aos do Conselho Mundial de Igrejas na Assembleia de Nova Dlhi (1961) ainda refletiriam nos dias atuais.[41]Em escala mundial, tanto Edimburgo quanto o Conselho Missionrio Internacional foram responsveis por estimular a formao de uma rede de cooperao mtua entre diversas organizaes missionrias. Esta rede viria a favorecer as bases do movimento missionrio ecumnico mundial. No entanto, a partir do incio do processo de descolonizao dos pases do terceiro mundo, a partir de 1945, a estrutura segura que ocolonialismo europeuhavia oferecido aos jovens estudantes em suas aes missionrias pelo mundo deixou de existir e, a partir de ento, observou-se a desintegrao daantiga era missionria.Assim, a sintonia entre a poltica imperial e os interesses do reino de Deus,ou o elo entreCsar e Cristo, do qual falou Scherer, entrou em colapso e desmantelou-se.[42]

Captulo 2Ecumenismo, Evangelicalismo eMissio Dei

1.Eventos e movimentos a servio daMissio DeiNa Conferncia Missionria Mundial em Nova Dlhi (1961), o Conselho Missionrio Internacional (CoMIn) foi incorporado ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI)[43]. Nesta ocasio foi criada uma Diviso do CMI que veio a se chamar Comisso de Misso e Evangelismo, a qual realizou as Conferncias Mundiais de Misso e Evangelizao no Mxico (1963), em Bangcoc (1972), Melbourne (1980), San Antonio (1989) e Salvador (1996). Em solo latino-americano realizaram-se congressos sobre o trabalho cristo na Amrica Latina e diversas conferncias evanglicas e institucionais[44].O primeiro dos congressos aconteceu no Panam (1916) como forma de reao Conferncia Ecumnica de Edimburgo (1910), reafirmando a Amrica Latina como campo de misso. Depois, vieram os congressos de Montevidu (1925) e Havana (1929). As Conferncias Evanglicas Latino-americanas (CELA) realizadas foram as de Buenos Aires, Argentina (1949) (CELA I), a de Lima, Peru (1961) (CELA II) e novamente Buenos Aires (1969) (CELA III). Outras conferncias s foram realizadas pela iniciativa ecumnica institucional do Isal[45]no Peru (1961), Rio de Janeiro (1963) eEl Tabo(1966). O Clai[46]tambm realizou conferncias emOaxtepec(1978), Lima (1982), Indaiatuba (1988),Concepcin(1995), e Barranquilla (2001)[47]. No houve mais realizaes de CELA porque a iniciativa ecumnica considerou-as demasiadamente comprometidas por correntes teolgicas europeias e norte-americanas.No Brasil, realizou-se conferncias pela Confederao Evanglica do Brasil[48](CEB) sobre a Responsabilidade Social da Igreja (1955), A Igreja e as rpidas transformaes sociais do Brasil (1957) e Cristo e o processo revolucionrio brasileiro (Conferncia do Nordeste 1962), alm da 1 Jornada Ecumnica (1994) e a 2 Jornada Ecumnica (2002).Desde a incorporao do Conselho Missionrio Internacional (CoMIn) ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a iniciativa evangelical comeou a articular na Amrica Latina esforos para a cooperao entre as igrejas rumo construo de uma nova proposta de misso e trabalho como forma de reao, desafio e at mesmo condenao Assembleia sobre Igreja e Sociedade realizada pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em 1966, em Genebra, Sua. Em razo dos evangelicais no se sentirem representados nas propostas da iniciativa ecumnica[49],os congressos organizados por evanglicos conservadores fizeram-se como uma estratgia de luta contra o movimento ecumnico internacional e o latino americano, em particular[50].Faz-se necessrio considerar neste ponto a relevncia da perspectiva teolgica damissio Dei,entendida neste trabalho de concluso de curso como uma teologia de misso para o sculo XXI, cuja natureza revela Deus como aquele que ama o mundo, como aquele que se envolve no e com o mundo e a Igreja, compreendendo ambos em suaMissio. DestaMissioa Igreja tem o privilgio de participar, enunciando a boa nova de que Deus um Deus para as pessoas e pelas pessoas.[51]Nesse sentido amissio Dei maior que a misso da Igreja[52], seja ela latino-americana, norte-americana ou europeia e, somente por este motivo, tanto o movimento missionrio ecumnico, quanto o evangelical deveriam ter permanecido desde o incio at agora sob a mesma unidade de propsitos, sob a mesma misso, sob amissio Dei.[53][54]Ainda que importantes espaos de dilogo tenham sido construdos, e importantes convergncias teolgicas tenham acontecido ao longo do tempo[55], sob este esprito de luta contra o movimento ecumnico internacional e latino-americano, em particular,que foram realizados todos os Congressos Latino Americanos de Evangelizao (Clade). Desse modo, fez-se realizar a Consulta Latino-Americana sobre Evangelizao (Clase), em 1962; o Clade I, em Bogot, na Colmbia (1969); em 1970 foi constituda a Fraternidade de Telogos Latino-americanos (FTL); o Clade II, em Lima, no Peru (1979); o Clade III, em Quito, Equador (1992); o Clade IV novamente em Quito, Equador (2000) e o Clade V, em So Jose, na Costa Rica (2012).Assim tambm foram realizados o Congresso sobre Misso Mundial em Wheaton (1966), Congresso Mundial de Evangelizao em Berlim (1966), Congresso Internacional de Evangelizao Mundial em Lausanne (1974), Consulta sobre Evangelizao Mundial em Pattaya (1980), Conferncia Internacional sobre Natureza e Misso da Igreja em Wheaton (1983), Conferncia Internacional de Evangelistas Itinerantes em Amsterd (1983) e Congresso Internacional de Evangelizao Mundial em Manilla (1989). Realizou-se tambm no Brasil o Congresso Brasileiro de Evangelizao (1983) e o Congresso Nordestino de Evangelizao (1988).Faz-se necessrio destacar aqui, o fato de que todas estas conferncias, conclios, consultas, congressos, reunies, por fim todos os esforos realizados desde os primeiros anos da dcada de 1920 at os dias atuais, tanto pela iniciativa missionria ecumnica, quanto pela evangelical, tendo como justificativa a busca pela unidade crist, seja para criar uma campanha final por parte das foras concertadas do reino de Deus,ouparapromover a proclamao do evangelho de Jesus Cristo ao mundo todo,todas elas s fazem sentido se servem missio Dei[56].

2. Igreja eMissio DeiDe acordo com Engelsviken[57], o desenvolvimento da missiologia[58]durante a segunda metade do sculo XX ocorreu de forma dramtica, especialmente a partir da Conferncia Mundial de Misso, em Willingen, na Alemanha, realizada pelo Conselho Missionrio Internacional (CoMIn), em 1952, em que o conceito demissio Deifoi claramente ancorado na doutrina da Trindade. Engelsviken, destaca que durante a dcada de 1960 e incio dos anos 1970 percebeu-se uma mudana radical na tradicional compreenso de misso do sculo XIX, em que a perspectiva missiolgica passou de uma tendncia antropocntrica[59]e eclesiocntrica[60]para uma perspectiva mais teocntrica[61]e cosmocntrica[62], a partir da qual a preocupao com questes sociais, polticas e religiosas passou a estabelecer novas tendncias.[63]Desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1948, o pensamento missionrio mundial foi capaz de identificar pelo menos trs estgios de desenvolvimento ecumnico que surgiram em resposta deficincia missionria registrada na primeira metade do sculo XX. Entre 1948 e 1961 a Igreja foi considerada como agente damissio Dei, uma nova teologia de misso que ganhou cada vez mais espao no mundo ecumnico. Entre 1961 e 1975 a Igreja deslocada do centro para a periferia damissio Deique restabelece o campo missionrio mundial como centro das atenes. O perodo de 1975 at os dias atuais tem sido marcado pelo esforo de devolver Igreja o lugar central da ao missionria, em que a cristologia, revalorizada pela misso ecumnica, assume uma funo mais prxima ao centro.[64]Este retorno ao eclesiocentrismo no contexto damissio Deij recebia fortes crticas desde Willingen que, do ponto de vista de Scherer e outros telogos, tambm no foi capaz de desempenhar a tarefa dereformular a base terica de missoassim como havia proposto, pois continuar colocando a igreja como ponto de partida da misso ou fazer com que a igreja seja o objetivo da misso, constitui um esforo ilegtimo namissio Deique leva degradao da evangelizao, transformando a misso em um mero processo de implantao de igrejas e de difuso de propaganda institucional em torno de interesses e exigncias institucionais e denominacionais.[65]Assim, David J. Bosch[66]descreve sua percepo sobre eclesiocentrismo namissio Dei:

No possvel negar que a noo demissio Deitenha ajudado a articular a convico de que nem a Igreja nem qualquer outro agente humano pode, alguma vez, ser considerado o autor ou o portador da misso. Ela , primordialmente e em ltima anlise, a obra do Deus Trino, Criador, Redentor e Santificador por amor ao mundo, um ministrio do qual a Igreja tem o privilgio de participar. A misso possui sua origem no corao de Deus. Deus uma fonte de amor que envia. Esse o manancial mais profundo da misso. impossvel penetrar mais fundo; existe misso porque Deus ama as pessoas. Reconhecer que a misso de Deus representa um avano crucial em relao aos sculos precedentes. inconcebvel que pudssemos voltar de novo a uma concepo estreita e eclesiocntrica de misso.[67]

Se h um lugar para a igreja ser ou acontecer namissio Dei, este lugar deve ser entendido em termos de sua funo apostlica dentro da lgica missionria:Reino Evangelho Apostolado Mundo. A igreja deve assumir sua natureza apostlica como proclamadora do evangelho e emissora dos sinais do reino de Deus e abandonar qualquer pretenso de ser uma instituio permanente.[68]Um dos principais problemas em se resgatar o sentido pleno damissio Dei vencer esta tendncia de identific-la com o trabalho da igreja em geral.O termo misso quase sempre cooptado para dar sentido e significado a ministrios e atividades da igreja sem no entanto tornar plausvel e mensurvel o fato de que a misso ocorre quando o evangelho da salvao em Jesus Cristo testemunhado na linha divisria entre f e descrena, quandoa Igreja sai de si, indo alm de sua vida interior, e testemunha o evangelho no mundo.Tal compreenso sobre o que misso deve permear a cristandade e estar muito bem clara e definida, poisquando tudo misso, nada misso[69]. Deste entendimento alcana-se a garantia de que a misso no v ser absorvida ou deturpada por interesses que visam apenas atender s exigncias institucionais ou denominacionais.[70]

3.Missio Dei: A trajetria de um conceitoSeis anos aps amissio Deiter sido reconhecida na teologia de misso e tambm por todas as ramificaes crists[71]como resultado da Conferncia Mundial de Misso, em Willingen, Alemanha, o missilogo luterano Georg F. Vicedom[72], lanou o livromissio Dei,um trabalho originalmente editado em Munique, no ano de 1958, oferecido como umaintroduo a uma teologia de misso.Quase quatro dcadas aps seu lanamento na Alemanha, o livro chega ao Brasil (1996), mais de uma dcada aps o final do Regime Militar, com o ttulo A Misso como Obra de Deus:introduo a uma teologia de misso, trazendo em seu escopo o significado e a razo de ser desta teologia, isto , Deus como nica e suficiente fonte e autoridade na misso.Como campons, filho de camponeses, trabalhador da roa e empreendedor da agricultura familiar, Vicedom tinha sensibilidade s agruras do campo e s necessidades dos povos da terra. Foi enviado como missionrio aos papuanos na Nova Guin, onde permaneceu por dez anos, criou dois postos missionrios e produziu uma importante obra etnolgica.[73][74]Foi aps 1946, tendo servido na Segunda Guerra Mundial, que passou a lecionar no seminrio em que se formou, tornando-se o primeiro catedrtico de missiologia e docente da universidade da Baviera, na Alemanha. Cooperou com muitos grupos de trabalho, congressos, assembleias e snodos, tanto no mbito da comunidade luterana internacional quanto no Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Entre centenas de obras teolgicas publicadas inclui-se A justificao como fora conformadora da misso(1952) e Missio Dei (1958), considerada neste trabalho de concluso de curso.Apesar de ter contribudo na formao de muitos alunos que atualmente compe a liderana da Igreja Evanglica de Confisso Luterana no Brasil (IECLB), de ter estimulado a prtica comunitria[75]e o zelo pelos povos indgenas brasileiros, a partir de uma perspectiva latino americana, Vicedom no ficou muito conhecido no novo mundo. Apesar disso, nenhuma parte de seu trabalho pode ser desprezada enquantomissio Deifor considerada uma teologia de misso, pois so poucos os telogos que abordaram o tema com a mesma profundidade e abrangncia de Vicedom.[76][77]Karl Mller, telogo catlico, e Hans-Werner Gensichen[78], missilogo luterano, descrevem em Teologia da Misso:uma introduo que a perspectiva de Vicedom sobre amissio Deiest em franca sintonia com a misso entre os povos no cristos: os pensamentos desenvolvidos nos primeiros cinco captulos de Ad Gentes correspondem no essencial s colocaes de Vicedom sobre a missio Dei[79].OAd Gentes[80]o decreto conciliar da Igreja Catlica que trata da atividade missionria da Igreja crist em sete captulos produzidos pelo Conclio Vaticano II[81], em 1965[82], que define a atividade missionria comonada mais, nada menos, que a manifestao ou epifania do plano divino e seu cumprimento no mundo e em sua histria[83]Em seu livroMissio Dei,Vicedom aponta para as primeiras tentativas de fundamentar a misso crist a partir do leigo luterano Justinian von Welz[84](1621-1668) que contestou o posicionamento da ortodoxia luterana[85]que negava a validade atual da Grande Comisso de Mateus 28.16-20. Vicedom legitima tambm as iniciativas do telogo alemo Gustav Warneck (1834-1910), a partir das quais a teologia de misso evanglica conhecida no mundo moderno foi desenvolvida e sistematizada, levando s primeiras concepes sobremissio Deina Igreja crist[86]De acordo com Bosch, no entanto, um dos primeirosexpoentes daquilo que hoje se conhece como missio Deiremonta ao sculo XVI na obra de Gisbertus Voetius[87],o primeiro protestante a desenvolver uma ampla teologia de misso,cujos pontos de vista so por um ladoirremediavelmente obsoletos, mas por outro surpreendentemente modernos, principalmente no que tange sua formulao do trplice objetivo da missodescrito com o objetivo imediato de alcanar a converso dos gentios, seguido do objetivo intermedirio de implantar a Igreja, culminando com o objetivo supremo de manifestar a graa e a glria de Deus. At tempos modernos no foi possvel encontrar formulao mais adequada para se descrevermissio Dei.[88]De acordo com Flett, o primeiro uso contemporneo do termomissio Dei encontrado em um artigo da Revista Evanglica de Misses, de 1934, intitulado "Wozu ntigt die Finanzlage der Mission"[89]ouA atual situao Financeira da Missoescrito pelo missilogo alemo Karl Hartenstein[90]em resposta reflexes do telogo alemo Karl Barth[91], feitas em 1932, que apresentam tambm a misso como obra empreendida pelo prprio Deus. Em sua abordagem, Hartenstein inaugura o uso do termomissio Deideclarando queAMisso hoje chamada a examinar-se em todos os sentidos, e sempre de novo diante de Deus, para determinar se o que deveria ser: missio Dei[92]Em Hartensteinmissio Deio envio de Deus, que o envio de Cristo, o Senhor, que ordena aos Apstolos: "Como o Pai me enviou, tambm eu vos envio"[93].Assim, Hartenstein atribui a origem de toda obra missionria ao Filho, que enviado pelo Pai e que envia seus apstolos a repassar a mensagem da salvao Igreja de todos os tempos[94],cujo mandato se encontra em textos bblicos como o de Marcos 16.15Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.[95][96]Aconcepo missiolgica de Hartenstein nasce da realidade do Cristoressuscitado[97].Apesar de Hartenstein ter sido o primeiro a cunhar o termomissio Deina primeira metade do sculo XX, Flett demonstra que ele no o fez com base na doutrina da Trindade, mas com base em sua compreenso do texto de Joo 20.21...assim como o Pai me enviou, eu tambm vos envio[98], divergindo significativamente da tradicional compreenso da Doutrina da Trindade defendida por Agostinho[99], a qual dezoito anos mais tarde nortearia o conceito demissio Deina declarao final da Conferncia Mundial de Misso (CoMIn), realizada pelo Conselho Missionrio Internacional, em Willingen, Alemanha, em 1952.Bosch esclarece que em Willingen que, pela primeira vez, amissio Deifoi claramente compreendida como obra derivada do Deus Trino, e no mais a partir da eclesiologia ou da soteriologia, como era comum na missiologia do sculo XIX. De Trinitate, o mais importante tratado de Agostinho sobre a doutrina da Trindade foi retomado em Willingen e se tornou a principal sustentao terica damissio Deia partir da segunda metade do sculo XX. Assim, a autoridade damissio Deifoi reconhecida tanto na teologia de misso quanto em diversas igrejas crists at os dias atuais.[100] a partir dos resultados deWillingen, sob a forte crise que se estabelecia na misso e na teologia alem do ps-guerra, quecomeou a engendrar-se um novo modelo de misso[101]com dois claros objetivos:reformular o mandato missionrio e revisar as polticas tradicionais de misso[102][103]. Este o marco cronolgico e referencial a partir do qual Vicedom desenvolve a teologia damissio Dei, tornando-se um de seus principais articuladores.A doutrina tradicional damissio Deiera que o Pai envia seu Filho[104]ao mundo (I Jo 4.9; Jo 4.34)[105]e o Pai e o Filho enviam o Esprito Santo[106](Jo 14.26; 15.26; 16.7)[107]. Depois de Willingen, o Pai, Filho e Esprito Santo, enviam a Igreja[108]para dentro do mundo[109]. Mesmo com estainovao importante[110]Vicedom nos descreve a animosidade que se estabelecia na misso e na teologia alem, onde se difundia um subjetivismo tal que hoje ningum mais sabe dizer em que consiste a f dos cristos, da qual a Igreja vive. Por isso mesmo ela no pode ser transmitida a outros[111]Este diagnstico de Vicedom foi realizado sob fortes ataques missiologia alem, provocados por sua paralisia e esterilidade, diante da situao que se seguiu ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Tal conjuntura, levou Vicedom a considerar a possibilidade de estabelecer umconfronto crticocom os opositores, apontando para a necessidade de se [...]elaborar a auto compreenso da misso sem que nos percamos em discusses sem fim,e [...]construir uma nova fundamentao da misso,estabelecendo [...]primeiro o que a Bblia diz a respeito, para ento fazer a comparaocom as oposies, s quais classificou comoestmulos muito frutificantes[112]. Eram os primeiros sinais de um novo paradigma de misso no ps-guerra.Esta crise na misso e na teologia vivenciada por Vicedom, e expressa no livromissio Deino final da dcada de cinquenta (1958), captada tambm na tese do livroMisso Transformadorade David J. Bosch, no incio da dcada de noventa (1991). Contemporneo a Vicedom, Bosch foi um telogo da Igreja Reformada Holandesa[113]e atuava como professor de missiologia na Universidade da frica do Sul, desde 1971, aps prestar servio missionrio em Transkei[114], entre 1957 e 1971.[115]Em 1974, ano do falecimento de Vicedom, Bosch tornou-se decano na Faculdade de Teologia, at 1977, depois entre 1981 e 1987. Foi Secretrio Geral da Sociedade Missiolgica Sul-Africana a partir de 1968 e editor da revistaMissionalia,a partir de 1973. Foi Presidente Nacional da Assembleia de Liderana Crist da frica do Sul, em 1979, e da Iniciativa Nacional pela Reconciliao em 1989, buscando a paz entre grupos raciais, denominacionais e teolgicos na frica do Sul.[116]As primeiras evidncias de um novo paradigma de misso que emergia como resultado da crise na misso e na teologia crist no perodo que se seguiu Segunda Guerra Mundial e que foram vivenciadas por Vicedom so interpretadas posteriormente por Bosch no como algo acerca do qual algum pudesse esperar reverso ou retorno ao estado original, mas o define comoresultado de uma fundamental mudana de paradigma, no apenas na misso ou na teologia, mas na experincia e no pensamento do mundo inteiro[117].A percepo de Bosch nos anos noventa parece complementar aquela vivenciada por Vicedom nos anos cinquenta. Ele se encontra em um momento histrico favorvel atualizao da percepo de Vicedom ao consider-la junto com o fato de que o fenmeno paradigmtico[118]havia tambm causado mudanas em escala mundial ao reconhecer quemuitos de ns s estamos conscientes da crise com que nos defrontamos agora, isto , na crise que tem produzido mudanas tambm na experincia e no pensamento do mundo inteiro[119].Assim como Vicedom tinha poucas chances de prever nos anos cinquenta, com as mesmas condies de Bosch nos anos noventa, as transformaes paradigmticas que o mundo sofreria alm daquelas que j decorriam na misso e na teologia alem como resultado incgnito deixado pela Segunda Guerra Mundial, assim tambm no poderia prever, com as mesmas condies dos telogos do sculo XXI, os desdobramentos decorrentes do extraordinrio processo de globalizao mundial que afetaria tambm o universo das religies mundiais.Em seus dias, Vicedom pde compreender outras religies apenas a partir das ligaes que estabeleciam com o que ele chamou deoutro reino, ou dereino do diabo,um reino coeso queconcentra em si todas as foras opostas a Deuse suaMissio. Esteoutro reinomilita contra a instaurao do reino de Deus, o reino que visa a redeno do mundo, o reino que alvo de Deus para os seres humanos e objetivo final[120]de suaMissio. Para Vicedom, deixar de considerar a realidade desteoutro reino ser incapaz de atuar namissio Deie, consequentemente, de fazer parte do reino de Deus.[121]Neste aspecto, amissio Dei,em Vicedom, recebeu fortes crticas e encontrou opositores em praticamente todas as religies do mundo, inclusive dentro do prprio cristianismo, que foram se intensificando medida que as transformaes na vida econmica, social, poltica, religiosa e na experincia e no pensamento do mundo inteiro[122]surgiam, exigindo uma nova conformao, inclusive por parte das demais religies, e apontava para a necessidade de aprofundamento do dilogo inter-religioso, tanto como meio de assegurar a continuidade da paz entre as naes como de contribuir mutuamente na luta pela preservao dos recursos naturais e do meio ambiente como um todo[123].Assim, Bosch chega concluso de quemais do que em qualquer poca anterior, sabemos atualmente que vivemos em um planeta que fica cada vez menor e que s dispe de recursos finitos. Agora estamos conscientes de que as pessoas e seu meio ambiente so interdependentes[124].Portanto, amissio Deiem Vicedom requer contextualizao do aspecto inter-religioso para a realidade do sculo XXI, tanto para garantir que o contedo da mensagem crist e o testemunho cristo dos mensageiros, seja eficazmente compartilhado entre as naes e religies mundiais, quanto para garantir a viabilidade do cristianismo e de suas instituies na busca pela sustentabilidade planetria e pela preservao da paz mundial.A perspectiva ecumnica na teologia de misso de Vicedom marcante. O campo missionrio de Deus o mundo todo e, como Senhor de todo o mundo, ele far uso de tudo que nele h para cumprir sua determinao em salvar[125]os povos que nele habitam. A Igreja includa neste processo como convidada de honra missio Dei,sendo ela mesma evidncia e testemunha de sua salvao.Em Vicedom, amissio Deino algo que dado Igreja como misso a ser realizada por ela, mas uma tarefa que permanece nas mos de Deus, operacionalizada nica e exclusivamente por ele, por meio dele e para ele. De acordo com VicedomTodo servio da Igreja s tem sentido se levar misso e nisso encontrar seu objetivo ltimosemtornar-se o ponto de partida da misso, seu objetivo, seu sujeito.Namissio DeiaIgreja apenas um instrumento na mo de Deuse, de igual modo, a misso[126].Em Vicedom, a participao namissio Dei ddiva concedida a todo aquele que cr. Assim, ela acontece todo o tempo em todos os lugares. Seus participantes so pessoas cujos pecados foram perdoados, pessoas que entraram na vivncia da graa atravs da f, no importando a que povo pertenam, ou o lugar onde se encontrem, nem quais sejam suas ocupaes, dons, talentos, capacidades ou incapacidades. Namissio Deiordens no so emitidas nem regras so ditadas (cf. Mt 28.16-20). Somente a graa de Deus o bastante para conduzir os participantes atravs de suaMissio(II Co 12.9)[127].Em Vicedom,missio Dei obra de Deus[128], executada por Jesus Cristo e difundida pelo Esprito Santo que, por sua vez, chama e congrega o povo de Deus de todos os cantos e religies do mundo para dentro do seu reino para, outra vez, envi-lo na condio de mensageiros. Deus opera sem descanso de muitas e diferentes maneiras em meio aos povos e religies de todo o mundo a fim de salv-los. sua Igreja concede participao neste processo de salvao a fim de que, junto com Ele, transmita os mesmos sinais da sua graa, amor e misericrdia.Para Vicedom o Evangelho de Jesus Cristo no est limitado apenas ao evangelizadora da Igreja. Seu alcance perpassa civilizaes e culturas, etnias e naes de muitas e variadas formas, espalha a santidade bblica, fertiliza a vida e d vigor s mais diversas formas de expresso cultural em todos os lugares da terra. A Igreja trabalha e descansa, mas o Deus Trino est sempre em misso. Acima de toda e qualquer particularidade, Vicedom declara universal o alcance e a autonomia damissio Dei.[129]Em Vicedom,missio Deiest sempre alicerada sobre a doutrina da Trindade, considerada originalmente por Agostinho. Segue, portanto, que o Pai envia seu Filho ao mundo e o Pai e o Filho enviam o Esprito Santo. Em Vicedom o Deus Trino envia sua Igreja ao mundo como testemunho vivo e incontestvel de sua salvao. A Igreja desenvolvimento de Deus, assim como tambm o sua misso salvadora. Neste processo, nem a influncia da religio nem a influncia dos opositores da religio interferem. A Misso de Deus. Ele soberano sobre tudo e sobre todos e onipotente na deciso de enviar a si mesmo como obra salvadora do mundo.Neste processo de envio de si mesmo ao mundo, Deus necessariamente provoca mudanas e alteraes nostatus quosocial, poltico, econmico e religioso, naturalmente envolto em iniquidades (Rm 12.1,2). Por causa disso, Vicedom no concorda com movimentos como o Evangelho Social[130]que parece tomar para si esta misso de transformar o mundo, pois para ele a aceitao do Evangelho de Jesus Cristo j implica, necessariamente, na transformao da vida social, poltica, econmica e religiosa. Os povos do mundo todo so confrontados com a verdade do Evangelho de Jesus Cristo e, sob sua luz, recebem graa e misericrdia para a salvao[131]ou no podem ser includos no reino de Deus.Esta operao de Deus refletida na teologia de misso de Vicedom e confere todo o contorno missio Dei(Rm 11.32). Igreja de Deus e aos salvos que vo sendo includos nela, nada mais resta seno receber este amor e compartilha-lo durante sua vida e existncia. Desprezar este amor, pode significar a perda da graa de Deus e da alegre participao namissio Dei.[132]Como Misso de Deus, tudo o que a Cruz de Cristo e representa se manifesta na teologia damissio Dei. a partir da encarnao do Filho e do envio do Esprito Santo que Deus promove a evangelizao aos pobres, a cura aos quebrantados de corao, a liberdade aos cativos e aos oprimidos e a restaurao da vista aos cegos (Lc 4.18-19). Igreja importa seguir este mesmo caminho, imitar os sinais da graa e misericrdia de Deus, transmitir o significado da vida, obra, morte e ressurreio de Jesus Cristo, colocado por Deus como o cabea da Igreja (Ef 1.22; 5.23).Vicedom destaca que do mesmo modo que o envio do Esprito Santo trouxe o revestimento necessrio aos apstolos para que pudessem se tornar testemunhas eficazes de Jesus e anunciar o Evangelho a todas as naes (At 1.8), assim tambm a Igreja, como resultado bvio do apostolado, enviada ao mundo para dele chamar os perdidos a fim de completar a Igreja de Deus. Assim, so enviados novamente ao mundo semelhana dos primeiros apstolos[133], para trazer dele mais uma vez queles que vo sendo salvos. Certamente, esta dinmica demonstra o empreendimento missionrio que est sendo operacionalizado por Deus e o lugar que sua Igreja possui em suaMissio medida que nela puder ser encontrada[134].O contexto histrico e social a partir do qual Vicedom difunde esta teologia de misso situa-se num momento do ps-guerra em que a compreenso da misso, da teologia e do Evangelho esto dilacerados por ideologias fascistas, comunistas e socialistas e por um certo ideal democrtico de inspirao norte-americana, conhecido comoamerican way of life[135]que levou a populao mundial a optar pela busca de um estilo de vida pautado na valorizao pessoal, na evoluo da qualidade de vida e na crena na supremacia de um sistema econmico financeiro totalmente invivel paz e justia social. refletindo neste mesmo contexto que Vicedom, na dcada de cinquenta, declara viver numa poca em que todas as coisas surgidas historicamente so desvalorizadas. O cerne de sua declarao ecoa na crise da teologia e misso[136]que persiste sobre a Igreja no tempo presente e se torna ainda mais compreensvel quando declara que esta desvalorizao acontece tambm na teologia[137]Na Amrica Latina, noveanos depois da publicao demissio Dei,Vicedom esteve no Brasil com o pastor luterano e colonizador[138]NorbertoSchwantes[139], no Parque Indgena do Xingu e entre os Xavante, no Mato Grosso, em 1967. A experincia missionria de Vicedom nestas reservas representou uma nova oportunidade de introduzir na prtica missionria[140]latino-americana, o exerccio da indigenizao[141]do Evangelho, difundido por Vicedom entre os aborgenes da Nova Guin, como resultado da experincia adquirida com Christian Keysser[142], seu professor de missiologia no seminrio da Baviera, cerca de quarenta anos antes[143].Apesar de no fazer qualquer referncia a Vicedom em toda sua obra, seno para citar outro autor, Bosch tambm descreve a evoluo histrica do pensamento missionrio na perspectiva damissio Dei,como um esforo para se compreender a misso como obra empreendida pelo prprio Deus. Em uma breve retrospectiva histrica da Igreja, Bosch elenca algumas das diversas maneiras pelas quais a misso foi entendida e descrita pela teologia crist no decorrer dos sculos.A misso j foi considerada soteriologicamente como a tbua de salvao para os seres humanos condenados ao inferno. Foi interpretada culturalmente como ddiva de Deus para os povos estrangeiros que habitam os confins da terra, cujo centro sempre se localizou no ocidente. Foi tomada eclesiologicamente como meio de expanso do reino de Deus e dos domnios territoriais da Igreja. Foi reconhecida como um processo escatolgico que culmina com a destruio total da terra habitada para o surgimento denovos cus e uma nova Terra, nos quais habita a justia.[144]De acordo com Bosch, muitos missilogos atentaram para mudanas que ocorriam na teologia bblica e sistemtica como resultado da Primeira Guerra Mundial. Durante o perodo entre guerras, Karl Barth (1932) se tornou um dos principais telogos a desenvolver a ideia de misso como uma atividade produzida pelo prprio Deus, rompendo com a abordagem iluminista da teologia, e Karl Hartenstein fez o mesmo no ano seguinte (1933).Bosch fala da ecumenicidade damissio Dei, salientando o fato de quetodas as unies de Igrejas que vem acontecendo desde a dcada de 1920 e todos os conselhos de Igrejas nacionais que se formaram durante, mais ou menos, o ltimo meio sculo s fazem sentido se servem missio Dei[145]Para Bosch, tal ecumenicidade no uma derivao da conformao a uma nova situao mundial, mas ddiva divina de unidade no corpo uno de Cristo.Para Bosch no aceitvel, e at mesmo anmalo, referir-se unidade das Igrejas, pois s pode existirunidade da Igrejadesenvolvida no sentido de preservar toda a diversidade existente, cujo centro sempre Jesus Cristo[146].Bosch, no entanto, parece distanciar-se significativamente de Vicedom quanto compreenso sobre a soberania damissio Deiquando atribui aos seres humanos a possibilidade de serem tentados aenclausurar a missio Dei nos estreitos caminhos de nossas predilees[147].Vicedom sequer contempla tal possibilidade, mas descreve amissio Deicomo expresso do governo de Deus, em que ele o enviador, o enviado e o determinador do contedo e sentido do trabalho da Igreja e da misso. Na compreenso de Vicedom qualquer tentativa de seenclausurar a missio Deinecessariamente representa uma restrio ao agir de Deus para o servio e salvao[148]o que para ele implica to somente em prejuzo para o desenvolvimento missionrio[149].

Captulo 3Uma Teologia de Misso para o Sculo XXI

1. A contextualizao daMissio Deino BrasilA desvalorizao da histria e da teologia, conforme descrita por Vicedom, tambm foi observada na Amrica Latina, e pde ser estudada por telogos como Roberto E. Zwetsch[150]. Na apresentao da edio brasileira do livromissio Dei,de Vicedom, o telogo luterano aponta para o fato de que, na atual conjuntura da Igreja latino-americana necessrio que determinados aspectos da teologia de misso, em Vicedom, sejam cuidadosamente contextualizados.Ao relembrar a misso crist europeia, empreendida no Novo Mundo a partir do sculo XVI, e as assolaes pelas quais culturas milenares e povos inteiros foram submetidos sob a imagem da cruz de Cristo, Zwetsch destaca o fato de que, o cristianismo latino-americano deve sempre primar por uma mensagem do Evangelho que seja valorizadora, defensora e at mesmo promotora das culturas, religies e interesses dos povos tradicionais remanescentes[151], como forma de testemunhar o Cristo verdadeiro[152].Assim sendo, a universalidade damissio Deiem Zwetsch j no mais se coloca acima de toda e qualquer forma deexpressocultural ou religiosa, como ocorre em Vicedom, mas em cada uma das expresses culturais e religiosas em particular, de modo que a soberania de Deus se mostre, no sobre, mas na cultura e na religio de cada povo oprimido[153],pois Deus no enviou o Filho ao mundo para conden-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele. (Jo 3.17)[154]Tambm pelo fato de determinadas denominaes crists da Amrica Latina, serem apontadas como instituies organizadas com o fim demanipular a noo de pecadonos cristos, e assim usurpar-lhes o vigor financeiro, Zwetsch orienta interpretar com cautela o que Vicedom chama deo comeo da misso de Deus,determinado pelo arrependimento de pecados[155]e pelo juzo de Deus[156], a fim de que estas realidades no sejam ento manipuladas em prejuzo da Igreja, em vista da sociedade[157].

2. A relevncia do conceitoMissio Deino BrasilApesar damissio Deiem Zwetsch seguir a mesma perspectiva trinitria da Conferncia de Willingen, ele reconhece que a conceituao e o consenso sobre teologia de misso na Amrica Latina no tarefa simples, pois, as discusses teolgicas em misso tem seguido ao menos por dois caminhos distintos que, algumas vezes podem conflitar, mas tambm podem se complementar[158].Em um destes caminhos distintos, Zwetsch identifica a teologia de misso integral[159], descrita como uma atividade da Igreja, muito produtiva e centrada na sua capacidade de frutificao, cujo sentido, aproxima-se mais do conceito de missiones Ecclesiae[160],do que do conceito damissio Dei. Neste caminho, Zwetsch identifica que o ponto de concentrao incide mais acentuadamente sobre o segundo momento do trplice objetivo da misso, de Voetius, abordado neste trabalho de concluso de curso, como a melhor definio j criada paramissio Dei,isto , incide primeiramente, e de modo mais vigoroso, sobre o sentido de plantatio Ecclesiae[161], ou plantao de Igrejas.Para as missiones Ecclesiae, diz Bosch, amissio Deiacarreta consequncias importantes, pois seu propsito no poder ser primeiramente, a implantao de igrejas, ou a salvao de almas, mas ter que ser primeiramente, o servio missio Dei[162],que procura englobar em si as missiones Ecclesiae,os programas missionrios da Igreja. No a Igreja que empreende a misso; amissio Deique constitui a Igreja[163].Neste sentido, Zwetsch parece reconhecer que aquilo que se conhece como misso integral, vem afirmar-se como um modelo missionrio orientado para resultados, desarticulando assim, a plenitude conceitual de Voetius sobre misso, abrindo espao para outras definies sobre o que venha a sermissio Dei,no sculo XXI. Aqui o foco da misso recai novamente, sobre a obedincia ao chamado Grande Comisso de Mateus 28.16-20, agora amalgamada a uma clara perspectiva scio-poltica de misso, e seu propsito a proclamao do Evangelho a toda criatura, independentemente de quem seja ou onde quer que esteja[164].No outro caminho, Zwetsch identifica amissio Dei,descrita como uma ao desvinculada instituio, e que se volta para um alvo muito mais diversificado, e que no se encontra unicamente no caminho das metas e objetivos que as missiones Ecclesiaealmeja alcanar, mas em meio s estruturas sociais vulnerveis injustia e desigualdade. Neste contexto, a diaconia[165][166] entendida como participao no envio de Deus (missio Dei) superando toda forma de descaso social.Neste sentido, primeiro importa o testemunho vivo da verdade, depois a palavra falada; antes o exerccio e a prtica da f, depois a metodologia; primeiro a promoo e a defesa da vida, depois a formao de comunidades e aplantatio Ecclesiae. Aqui misso amor de Deus em ao no mundo e no ensino de Jesus Igreja que se torna participante e instrumento damissio Dei[167].Para Zwetsch, deve-se ressaltar a importncia da discusso sobre amissio Dei, cuja superioridade reside na realidade de sua praticidade e eficincia em tornar o testemunho do Evangelho de Jesus Cristo compreensvel para o mundo presente, alvo e propsito damissio Dei[168].Onde se efetivou a libertao para a verdadeira humanidade, podemos concluir que a missio Dei alcanou seu objetivo[169]Durante a realizao daSemana Acadmica de Teologia, CADES - 2012, Roberto Zwetsch palestrou sob o tema Panorama do Contexto da Amrica Latina e falou sobre Igreja e Teologia. Em sua palestra, ele alerta para a profunda crise que afeta as igrejas em todo o mundo, especialmente no mundo ocidental, seja na Europa, na Amrica do Norte ou na Amrica Latina.Zwetschassevera que, no fundo desta crise no mundo, que tambm a crise da Igreja e do Cristianismo mundial, est a crise da misso[170], e que neste contexto faz-se urgente resgatar o conceito damissio Dei,isto , que Deus est operando no mundo e que, ainda que a Igreja, muitas vezes, no compreenda este agir de Deus, precisa debater o assunto e chegar a um consenso sobre qual seja seu lugar na misso, pois Deuscontinua realizando sua misso conosco, sem ns ou as vezes contra ns[171].Isto porque, para Zwetsch, apesar da misso determinar a natureza e a razo de ser da Igreja, quase impossvel dizer o que ela . Assim, Zwetsch considera a autocomunicao de Deus em sua relao com Israel, com a vida, morte e ressurreio de Jesus Cristo e com o povo de Deus inserido no mundo para fazer entender que missodiz respeito s relaesentre Deus e o mundo.Portanto, tarefa de cada gerao determinar o que entende por misso, sabendo queo envolvimento da igreja na misso de Deus um ato de f para o qual no h garantia, e o bom uso da Bblia[172](2 Tm 2.15) poder torn-la em um instrumento valioso quelevar cada gerao a encontrar seu lugar namissio Dei, tornando-se participante na existncia de Deus no mundo, vendo o mundo com os olhos de Deus[173].Assim sendo, apobreza, a discriminao, a fome, a violncia, a guerra, a corrupo, a desesperana e toda forma de mazela e sofrimento pelos quais a humanidade sem Deus tem escrito sua histria, no sero mais razo de vergonha ou humilhao e ningum se atrever a virar o rosto ou dar as costas situao porque agora se pensa com a mente de Deus (1 Co 2.16)[174], se v com os olhos de Deus, se age com as mos de Deus, visto haver plena participao em suaMissio. o que a Bblia expressa com a encarnao do Filho de Deus que torna presente o reinado de Deus, uma realidade nova de justia e paz j atuantes no mundo, onde os filhos e filhas de Deus atuam (actio Dei), no mais como pessoas que pertencem ao mundo, mas missio Dei(Jo 17.15s), pois, nem igreja separada ou sectria, nem igreja secularizada podem articular bem a missio Dei[175].Zwetschconcorda com Vicedom quanto a soberania de Deus em suaMissio, tornando impossvel sreligies, governos, potestades, cincia, incredulidade, piedade (especialmente a piedade crist)conter a ao livre de Deus. Ele age atravs do envio de Jesus de Nazar, do Esprito Santo, da Igreja, dos profetas do antigo Israel, e atravs de outras realidades totalmente impessoais e expressa com isso que tambm atua diretamente sobre o mundo[176](cf. Jr 9.16; Jl 2.19; Sl 57.3; Sl 43.3; Sl 107.20; Am 8.11; Sl 111.9)[177]e, ainda que no haja provas disso, possvel crer, confiar e procurar entender, por meio da f, que Deus aquele que sustenta o mundo todo e trabalha para conduzir os seres humanos ao seu reino. Para Zwetsch imperativo recobrar a compreenso de quem somos em relao a Deus e que 1 Co 3.9 expressa com tanta propriedade: [...]ns somos cooperadores de Deus; [...] lavoura de Deus e edifcio de Deus, e tambm aquilo que Vicedom resumidamente definiu comomissio Dei:[178]

A misso como obras da misericrdia divina, que Deus iniciou atravs do envio de seu Filho, continuada por ele agora ao incumbir sua comunidade, por meio de seu enviado, da propagao e da proclamao de sua vontade salvadora. Assim o senhor d aordem missionria[...] (mas)esse servio da Igreja somente possvel porque ela mesma experimentou compaixo atravs da ao redentora do Filho de Deus e agora representa a comunidade dos crentes e justificados[...].Por conseguinte, esse servio engajamento na atuao de Deus, obedincia da f, no estar desligado de Deus, mas ser tomado por ele,no algo que acrescentado ao de Deus,mas submeter-se ao agir de Deus.[179]

3.Missio Dei:Deus Conoscono Sculo XXIDe acordo com Zwetsch, a prpria histria do protestantismo, que tambm inaugura a primeira abordagem damissio Deineste trabalho de concluso de curso na pessoa de Martinho Lutero, revela que por mais que tenha havido extraordinrios esforos, laboriosa dedicao e, porque no dizer tambm, uma piedosa conscincia na conduo da misso crist em muitas partes do mundo, nem sempre estas aes representaram a vontade de Deus ou a suaMissio.Isto porque faz parte do conhecimento histrico que o protestantismo, de modo geral, tem uma dvida universal com os povos escravizados, sejam eles negros, indgenas[180]ou outra etnia subjugada pelo empreendimento missionrio colonizatrio e civilizatrio que, tem-se que admitir, apenas comeou no final do sculo XV.Zwetsch tambm lembra que o protestantismo, na sua relao com os governos, assumiu posies ambguas mais preocupado em garantir espaos institucionais do que com as consequncias da proclamao do evangelho do reino de Deus[181].Por mais de trs sculos, o sistema colonial, unido f catlica, subjugou a vida dos povos tradicionais latino-americanos em favor de um projeto missionrio mercantil absolutamente insustentvel[182]. Insustentvel no apenas por seu carter econmico e ambiental, mas, sem dvida, pela destruio e extermnio das populaes originrias que caracterizaram esse perodo, aes para as quais foram providenciadas justificativas polticas, jurdicas e, at mesmo, crists e teolgicas.[183]A crise espiritual, sem precedentes, que assola o cristianismo do sculo XXI, no outra crise seno aquela que foi deflagrada pela cruz aliada espada[184], deixando profundas marcas na histria, na cultura, na mentalidade e na conscincia dos povos latino-americanos. Estas marcas criminosas perpetradas contra a humanidade superam as descries mais fidedignas atestadas em inmeros relatos do perodo colonial e esto hoje presentes e espalhadas por toda sociedade latino-americana, em cuja face tanto catolicismo quanto protestantismo se revelam.Para Zwetsch, a compaixo[185] atributo primrio namissio Deie, portanto, seu evangelho apto para transformar toda a existncia humana. Compaixo fala da ao compassiva originalmente encontrada na base do amor de Deus e que estende a toda humanidade. nesta mesma base de amor compassivo que a Igreja deve estar, para que sua participao namissio Deiconduza ao reinado de paz e justia. Proclamando assim o evangelho, vivendo assim a f, a Igreja torna-se participante damissio Deie torna-se apta para ao servio libertador e toda boa obra, para a qual no hfronteiras geogrficas, culturais, de gnero ou de geraes, e pode, ento, propor uma nova experincia de liberdade e alegria comunitria, conforme Gl 3.28: Nisto no h judeu nem grego; no h servo nem livre; no h macho nem fmea; porque todos vs sois um em Cristo JesusNo incio deste sculo XXI a missio Dei desafia as igrejas crists a se libertarem de suas amarras organizativas, de sua viso eclesiocntrica e de uma teologia reducionista do evangelho do reinado de Deus, para uma nova e apaixonada convivncia. Evidentemente, este compromisso missionrio s se torna sustentvel medida que cada membro do Corpo de Cristo, aqui entendido como o cabea da Igreja (Ef 5.23), deixa-se tanto permear pelo evangelho do Deus Trino como pelo seu governo, que no outro governo seno aquele que vem para libertar, curar e salvar. Cabe a amada de Cristo (Jo 3.29) ser zelosa para com o noivo e assumir todas as consequncias de sua deciso.Na perspectiva da missio Dei, misso significa que tudo o que diz respeito humanidade e ao cosmos diz respeito vida, ao servio e esperana do povo de Deus. Portanto, no pode faltar no horizonte da misso das igrejas crists.[186]Assim, Zwetsch conclui sua obra sintetizando sua perspectiva missionria damissio Dei:

A misso o instrumento de Deus para alibertao da igrejapor meio do seu Esprito. o Esprito de Cristo que impulsiona o povo de Deus, hoje e aqui, a assumir e participar de uma ao missionria que se manifesta comocompaixono seguimento de Cristo para a transformao do mundo. Animados por aquele que, no Esprito, intercede por ns junto a Deus (Romanos 8.34), no temos por que nos atemorizar. H uma firme esperana que nos est posta como plataforma para a ao e a luta por dignidade humana e o resgate do sentido da vida para todos. Nessa esperana fomos salvos[187](Romanos 8.24).

ConclusoEste trabalho de concluso de curso procurou abordar o temamissio Deia partir da teologia de misso em que foi concebida em meados do sculo XX, buscando torn-la compreensvel ao universo cristo que, atualmente, sofre em uma crise missionria sem precedentes e que se estende teologia e ao da igreja crist no mundo, diminuindo sua influncia e alcance de acordo com aquilo que deveria ser, ao menos segundo a missiologia moderna.Atravs deste trabalho procurou-se demonstrar que amissio Dei,como teologia de misso, um referencial terico seguro prtica missionria, pois que repousa sobre a disciplina e orientao do prprio Deus Trino. Sua influncia sobre a presente situao missionria da Igreja Crist pode produzir situaes de convergncia teolgica entre as mais diversas orientaes doutrinrias, promover a criao de espaos de dilogo extremamente enriquecedores atual conjuntura poltica, econmica, social e religiosa atravs da difuso da mensagem bblica e do amor de Deus em todo o mundo.Ao leitor/leitora deste trabalho de concluso de curso recomenda-se dar continuidade pesquisa oferecida na bibliografia, a qual em si mesma inesgotvel, face a dinmica do mundo presente e, consequentemente, da Igreja que tem a ilustre responsabilidade de buscar meios e solues para seus sofrimentos, angstias e desafetos, promovidos por um sistema econmico financeiro extraordinariamente injusto e empobrecedor, no apenas em termos econmicos, mas tambm na ordem moral e tica na qual vivem e se movem os filhos e filhas de Deus.

RefernciasADITAL, Notcias da Amrica Latina e Caribe.Encontro no Vaticano: Papa convoca movimentos sociais de todo o mundo a combaterem causas estruturais da pobreza.Disponvel em:.Acesso em: 29/10/2014.AZEVEDO, Israel Belo de,O que misso integral?(Teologia ao alcance de todos). Rio de Janeiro: MK Ed., 2005. 112 p.BLAUW, Johannes.A Natureza Missionria da Igreja: exame da teologia bblica da Misso. So Paulo: ASTE, 2012, 177 p.BBLIA. Portugus.Bblia Sagrada.Traduo de Joo Ferreira de Almeida. 2. ed. So Paulo: Sociedade Bblica do Brasil, 1993. Edio revista e atualizada no Brasil.BOSCH, David J.Misso Transformadora:mudanas de paradigma na teologia da misso. So Leopoldo: Sinodal, 2009, 690 p.BRANDT, H.O Encanto da Misso:Ensaios de missiologia contempornea. Sinodal, So Leopoldo: 2006, 188p.CADES 2012, Semana Acadmica de Teologia: Palestra: Panorama do Contexto da Amrica Latina. (Min. 53ss.) Disponvel em: . Acesso em: 30/10/2014.CHAMORRO, Graciela; CAVALCANTE, Thiago Leandro Vieira; GONALVES, Carlos Barros.Fronteiras e Identidades: Encontros e Desencontros entre Povos Indgenas e Misses Religiosas. XIII Jornadas Internacionais sobre as Misses, So Bernardo do Campo: Nhanduti Editora, 2011, 352 p.CHAMORRO, Graciela; LANGER, Protasio Paulo.Misses, Militncia Indigenista e Protagonismo Indgena. XIII Jornadas Internacionais sobre as Misses Jesuticas, v. 2, So Bernardo do Campo: Nhanduti Editora, 2012, 368 p.CHAMORRO, Graciela.A Espiritualidade Guarani: uma teologia amerndia da palavra,So Leopoldo: Sinodal, IEPG/EST, 1998, 234 p.ENGELSVIKEN, T.Missio Dei:a compreenso e a incompreenso do conceito teolgico em igrejas europeias e missiologia.(2003),International Review of Mission, 92: 481-497.FLETT, John G.The Witness of God: the Trinity,missio Dei, Karl Barth and the Nature of Christian Community. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2010. 272 p.JORNAL DO BRASIL.Indgenas reivindicam a educao que respeite suas identidades culturais. Disponvelem:.Acesso em 29/11/2014.MLLER, Karl.Teologia da Misso: uma introduo. Petrpolis: Vozes, 1995, 213 p.NETO, Luiz L.O Novo Rosto da Misso: Os movimentos ecumnico e evangelical no protestantismo latino-americano. Viosa: Ultimato, 2002, 303 p.PADILLA, Carlos R.Misso Integral: ensaios sobre o Reino e a Igreja, Descoberta: 2005. 215 p.PADILLA, Carlos R; DEL PINO, Carlos A.Reino,Igreja e Misso, SPBC/Igreja Presbiteriana do Brasil, 1998, 80 p.______O que Misso Integral?Viosa: Ultimato, 2009. 136 p.PIEDRA, Arturo.Evangelizao protestante na Amrica Latina: anlise das razes que justificaram e promoveram a expanso protestante. So Leopoldo: Sinodal, 2008, 232 p. v. 2PIEDRA, Arturo.Evangelizao protestante na Amrica Latina: anlise das razes que justificaram e promoveram a expanso protestante. So Leopoldo: Sinodal, 2006, 234 p. v. 1RAMOS, Luiz Carlos.Modelo de Trabalho Acadmico:Verso 2009. So Bernardo do Campo, 47 p. Trabalho no publicado.REIS, Gildsio Jesus Barbosa dos.C. Ren Padilla:introduo sua vida, obra e teologia. So Paulo: Arte Editorial, 2011. 250 p.RUFINO, Paulo.Os Homens do Presidente. Casa de Cinema. Rio de Janeiro: Embrafilme, 1984. Filme original em 16mm, COR, 51min, 565m, 24q, sonoro, legendas em ingls e udio em portugus. Srie Plante que o Joo Garante. Disponvel em:.Acesso em: 30/10/2014.SCHERER, James A.Evangelho, Igreja e Reino. Estudos comparativos de teologia da misso. So Leopoldo: Sinodal, IEPG/EST, 1991, 204 p.VICEDOM, Georg.A Misso como Obra de Deus:introduo teologia de misso. So Leopoldo: Sinodal, 1996, 127 p.ZABATIERO, Jlio.Fundamentos da teologia prtica.So Paulo: Mundo Cristo, 2005. 135p.ZWETSCH, Roberto E.Misso Como Compaixo:por uma teologia da misso em perspectiva latino-americana.So Leopoldo: Sinodal; Quito: CLAI, 2008. 430 p.ZWETSCH. Roberto E.De F em F, Caminhamos!Por uma Teologia da Misso Evanglica Luterana no Cho Brasileiro. Estudos Teolgicos,Estudos Teolgicos, v. 45, n. 2, p. 166-183, 2005. Disponvel em:. Acesso em: 10/11/2014.

Notas:[1]AReforma Protestantefoi ummovimento reformistacristoculminado no incio dosculo XVIporMartinho Lutero, quando atravs da publicao de suas95 teses, em 31 de outubro de1517,na porta da Igreja do Castelo deWittenberg,protestoucontra diversos pontos dadoutrina da Igreja CatlicaRomana, propondo uma reforma no catolicismo romano.[2]Martinho Lutero(1483, Eisleben, Alemanha-1546) foi um mongealemoagostinianoe professor deteologia que tornou-se uma das figuras centrais daReforma Protestante. Levantou-se veementemente contra diversos dogmas docatolicismo romano, contestando sobretudo a doutrina de que o perdo de Deus poderia ser adquirido por meio da compra e venda de indulgncias.[3]VICEDOM, Georg.A Misso como Obra de Deus:introduo teologia de misso. So Leopoldo: Sinodal, 1996, p. 104.[4]Gustav Adolf Warneck(1834, Naumburg1910, Halle),pioneiro namissiologia como disciplina acadmica, nasceu e cresceu em uma famlia de artesos alemes humildes; pastor, professor da misso em Halle (1897-1908), Alemanha; fundador da cincia de estudos de misso; primeiro a estimular a criao de missiologia catlica romana; primeiro a iniciar um tratamento objetivo e responsvel dos temas missiolgicos; primeiro a produzir um compndio abrangente sobre a cincia das misses (1892-1903) e promover cooperao eficaz entre misses; nunca entrou em um campo missionrio no exterior. (Biographical Dictionary of Christian Missions,New York: Macmillan, 1998, p. 718)[5]Hermann Brandt, (1940, Mnster - 2009, Erlangen), teologia nas Universidades de Mnster, Heidelberg e Gttingen (1960-1964). Defendeu tese de doutorado na rea de Teologia Sistemtica em Gttingen (1969), foi professor de Teologia Sistemtica na Faculdade de Teologia EST (1971-1977); concluiu seu PhD (1990) com a teseA presena de Deus na Amrica Latina.[6]WARNECK, apud BRANDT, H.O Encanto da Misso:Ensaios de missiologia contempornea. Sinodal, So Leopoldo: 2006, p. 55, 56.[7]WARNECK, apud BRANDT, p. 55.[8]BRANDT, 2006, p. 57.[9]James A. Scherer(1870-1944) escritor americano, pastor luterano e um dos fundadores daIgreja Luterana Evanglica do Japo.[10]ZWETSCH. Roberto E.De F em F, Caminhamos!Por uma Teologia da Misso Evanglica Luterana no Cho Brasileiro. Estudos Teolgicos,Estudos Teolgicos, v. 45, n. 2, p. 170. 2005. Disponvel em: . Acesso em: 10/11/2014.[54]ZWETSCH, 2005, p. 170.[72]Georg Friedrich Vicedom(1903,Baviera, Alemanha -1974),missilogo alemo protestante;treinado no Seminrio de Neuendettelsau; preparao etnolgica na Universidade de Hamburgo; servio missionrio pioneiro na Nova Guin (1929; missiologia centrada no fundamento bblico de misses; bibliografia com mais de 400 ttulos;exerceu uma profunda influncia sobre o luteranismo e Movimento Ecumnico Mundial. (Biographical Dictionary of Christian Missions,New York: Macmillan, 1998, p. 701-702)[87]Gisbertus Voetius (1589,Heusden, Pases Baixos - 1676), telogo reformado holands; primeiro a escrever uma teologia abrangente da misso; estudou teologia em Leiden; ministro Reformado em Vlijmen e em Heusden (1610-1634); fundador da Universidade de Utrecht, discute teologia da misso emSelectae Disputationes Theologicae(5 vols., 1648-1669), e emPolitica Eclesistica(3 vols., 1663-1676); compreende misses como obra de Deus, no direito do papa, de prncipes, de magistrados ou de instituies; misso objetivaconverso dos no-crentes, hereges e cismticos, o plantio de Igrejas, e a glorificao e manifestao da graa divina (trplice objetivo); Igrejas de misso no devem subordinar-se s Igrejas de envio(Biographical Dictionary of Christian Missions,New York: Macmillan, 1998, p. 708)[11]SCHERER, apudENGELSVIKEN, T.missio Dei:a compreenso e a incompreenso do conceito teolgico em Igrejas europeias e missiologia.(2003),International Review of Mission, 92,p. 481.[12]Oreino de Deus(gr. , basileia tou theou) designa um governo ou domnio que temDeuspor soberano ou governante. umconceitofundamental nas trs principaisreligiesmonotestas: Judasmo, Islamismo,e Cristianismo. No Cristianismo, o reino de Deus constituiu o tema principal da pregao de Jesus de Nazar, no sc. I, e atravs dos sculos por meio dos seus discpulos. O reino de Deus um dos temas mais discutidos hoje por telogos e telogas da Igreja crist, e tem sido considerado como alvo principal damissio Dei.[13]SCHERER, James A.Evangelho,Igrejae reino.Estudos comparativos de teologia da misso. So Leopoldo: Sinodal, IEPG/EST, 1991, p. 44.[14]SCHERER, 1991, p. 48.[15]Por meio da citao Csar e Cristo,de SCHERER, objetiva-se enfatizar a relao entre a misso e os dois principais veculos de sua difuso na poca, isto , ocolonialismo europeue oimperialismo norte-americano.[16]SCHERER, 1991, p. 13[17]BOSCH e ZWETSCH distinguem o uso do termo misso como misso de Deus na igreja e no mundo; e misses como empreendimentos missionrios da Igreja, como forma particular de participao namissio Dei.(cf. Bosch, 2009, p. 28; Zwetsch, 2008, p. 16.)[18]SCHERER, 1991, p. 09, 10[19]SCHERER, 1991, p. 10, 11[20]SCHERER, 1991, p. 13[21]William Temple (1881,Exeter, Reino Unido - 1944), arcebispo de Canterbury, estadista ecumnico,graduado e ordenado em Oxford; bispo de Manchester (1921), arcebispo de York (1929), e arcebispo de Canterbury (1942); lder do Movimento Cristo Estudantil; serviu na Conferncia Missionria Mundial de Edimburgo (1910); destaque no movimento missionrio mundial, na reunio do CoMIn, em Jerusalm (1928); leu a declarao da Conferncia de F e Ordem de Lausanne (1927); eleito presidente da comisso provisria do Conselho Mundial de Igrejas (1938).Falou da "irmandade mundial de cristos", resultante do empreendimento missionrio, como "o grande fato novo de nossa era", Canterbury (1942), morreu dois anos mais tarde. Considerado um dos maiores defensores da misso e da unidade crist do sculo XX. (Dicionrio Biogrfico de misses crists,New York: Macmillan, 1998, p. 661-662)[22]SCHERER, 1991, p. 11.[23]PIEDRA, Arturo.Evangelizao protestante na Amrica Latina: anlise das razes que justificaram e promoveram a expanso protestante. So Leopoldo: Sinodal, 2006, v. 1, p. 43, 53.[24]SCHERER, 1991, p. 11.[25]PIEDRA, 2006, p. 31, 33[26]Mesmo com a posterior desarticulao do colonialismo europeu(sc. XX),oimperialismo americanocontinuou sendo uma fora dominante em escala global. Contra este processo de globalizao mundial (cultura individual-consumista), a teologia latino-americana se manifestaria atravs da Teologia da Libertao (ex. Gustavo Gutirrez) e da Teologia de Misso Integral (ex. Ren Padilla).[27]Dwight Lyman Moody (1837,Northfield, Massachusetts - 1899), evangelista americano da Igreja Congregacional; iniciou uma escola dominical (1858) e serviu como evangelista na Comisso Crist Norte americana durante a Guerra Civil. A conferncia da YMCA (Associao Crist de Moos) para estudantes universitrios em Northfield (1886), levou formao doMovimento Estudantil Voluntrio para as Misses Exteriores (SVM), que adotou o lema"a evangelizao do mundo nesta gerao";fundou o Instituto Bblico Moody em Chicago (1889) que tem treinado mais missionrios do que qualquer outra instituio nos EUA at os dias atuais. (Dicionrio Biogrfico de misses crists,New York: Macmillan, 1998, p. 470-471)[28]Arthur Tappan Pierson (1837 - 1911), terico e promotor da misso, catalisou o movimento americano missionrio evanglico no final do sculo XIX; pastor noFort Street Presbyterian, Detroit (1869); pastor da Igreja Presbiteriana de Filadlfia que investiu na misso entre os pobres urbanos (1883); falou sobre misses a um grupo de colegiais da YMCA(Associao Crist de Moos - 1886); como resultado, 100 jovens se ofereceram para misses no Movimento Estudantil Voluntrio para as Misses Exteriores (SVM), sob o lema de Pierson "a evangelizao do mundo nesta gerao" (Dicionrio Biogrfico de misses crists,New York: Macmillan, 1998, p. 536)[29]SCHERER, 1991, p. 11, 12[30]SCHERER, 1991, p. 12[31]BBLIA. Portugus.Bblia Sagrada.Traduo de Joo Ferreira de Almeida. 2. ed. So Paulo: Sociedade Bblica do Brasil, 1993. Edio revista e atualizada no Brasil.[32]O texto de Mt 28.16-20, assim como todo o seu evangelho, uma referncia bblica crise da misso j vivenciada pelos primeiros cristos no sculo I. (cf. BOSCH, 1996, p. 83)[33]A traduo Almeida Revista e Atualizada (ARA), assim traduz o texto de Mt 28.16-20: Seguiram os onze discpulos para a Galileia, para o monte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no cu e na terra. Ide, portanto, fazei discpulos de todas as naes, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Esprito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias at consumao do sculo.[34]AGrande Comisso, natradio crist, a instruo dada peloJesus ressuscitadoaos seusdiscpulos para que eles espalhassem seus ensinamentos para todas as naes do mundo. Ela se tornou um ponto chave dateologia cristsobre otrabalho missionrio, oevangelismoe obatismo, tendo como principal fonte terica o texto de Mateus 28.16-20[35]SCHERER, 1991, p. 14[36]SCHERER, 1991, p. 15[37]NETO, Luiz L.O Novo Rosto da Misso: Os movimentos ecumnico e evangelical no protestantismo latino-americano. Viosa: Ultimato, 2002, p. 46, 70[38]SCHERER, 1991, p. 17-30[39]OConselho Nacional de Igrejas de Cristo nos EUA(CNI) uma associao com cem mil congregaes locais e quarenta e cinco milhes de aderentes. As denominaes de seus membros incluem uma grande variedade das principais Igrejas protestantes,Ortodoxas, frico-Americanas, Evanglicas e Igrejas histricas. O CNI tem sido visto como lder no movimento cristo ecumnico nos EUA. relacionado fraternalmente a centenas de conselhos locais e estaduais de Igrejas, organizaes e aoConselho Mundial de Igrejas (CMI).[40]ATrindade a doutrina acolhida pela maioria das Igrejas crists que professa a Deus nico preconizado em trs pessoas distintas:o Pai,o Filhoe oEsprito Santo. Para os seus defensores, um dosdogmascentrais da f crist, e considerado ummistrio.[41]SCHERER, 1991, p. 31[42]SCHERER, 1991, p. 18,19[43]OConselho Mundial de Igrejas(CMI) a uma organizaoecumnicainternacional, fundada em1948, emAmsterdam,Holanda. Com sede emGenebra,Sua, o CMI congrega mais de 340 Igrejas edenominaes protestantes, ortodoxas, pentecostaise independentes que representam mais de 500 milhes de fiis presentes em mais de 120 pases.[44]NETO, 2002, p. 46, 70[45]O Movimento Igreja e Sociedade na Amrica Latina (ISAL), foi criado em 1961 e pretendia ampliar a experincia do Brasil para a Amrica Latina, reunindo telogos e socilogos cristos de diversas Igrejas. O ISAL abriu um dilogo com o pensamento revolucionrio que amadurecia no continente e lanou as sementes para o que depois veio a ser conhecido como Teologia da Libertao. (Bittencourt, 1988).[46]O Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI) uma organizao de Igrejas e entidades ecumnicas da Amrica Latina e do Caribe, cuja finalidade promover a unidade entre o povo cristo do continente, preservando as identidades de cada tradio. (www.claibrasil.org.br)[47]NETO, 2002, p. 46, 70[48]A Confederao Evanglica do Brasil (CEB) foi uma entidade representativa do Protestantismo brasileiro, fundada em 1934, j extinta.[49]NETO, 2002, p. 152, 154[50]NETO, 2002, p. 154[51]BOSCH, 2009, p. 28.[52]BOSCH, 2009, p. 469.[53]BOSCH, 2009, p. 554[55]De acordo com Zwetsch, 2008, p. 91 A teologia damissio Deitem despertado renovado interesse entre evanglicos do Movimento de Lausanne, ainda que sua compreenso seja diferenciada em relao ao mbito ecumnico (Cf.ARAGO, Jarbas Luiz Lopes.Missio Dei: A trindade em misso. Dissertao de mestrado. Orientador: Ms. Roberto E. Zwetsch. Viosa: CEM, 2004; Cf. tambm DEIROS, Pablo Alberto, Historia del cristianismo en Amrica Latina. Buenos Aires: FTL, 1992.)[56]BOSCH, 2009, p. 554[57]Tormod Engelsviken; professor de missiologia naLutheran School of Theology, Oslo Noruega; professor da Escola de Jornalismo e ComunicaoGimlekollen, Kristiansand; membro do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e da Comisso Mundial sobre Misso e Evangelizao (CMME).[58]Missiologia(lat.missio"envio"; gr.logia"estudo"), outeologia de misso um ramo dateologiaque estuda asmisses. No Cristianismo, a missiologia uma subdisciplina dateologia pastoral e surgiu no protestantismo do sculo XIX.[59]Antropocentrismo(gr. ,anthropos, "humano"; e ,kentron, "centro") uma concepo que considera que a humanidade deve permanecer no centro do entendimento humano. O antropocentrismo coloca o homem no centro do universo, postulando que tudo o que existe foi concebido e desenvolvido para a sua satisfao.[60]Eclesiocentrismo, (gr.;ekklesiae ,kentron, "centro") no catolicismo, se funda na ideia de que fora da Igreja Catlica no pode haver salvao. No protestantismo, o eclesiocentrismo inclina-se sobre a pessoa de Jesus Cristo como forma de se expressar a ideia de que fora de Cristo no h salvao. O eclesiocentrismo catlico foi definido pelos Conclios de Latro (1215), e de Florena (1442), e o eclesiocentrismo protestante a partir da Reforma Protestante (1516)[61]Teocentrismo(gr. ,theos, "Deus"; e ,kentron, "centro") a doutrina que consideraDeuso fundamento de toda a ordem no mundo. No teocentrismo, o significado e o valor das aes feitas s pessoas ou ao ambiente so atribudas a Deus.[62]Cosmocentrismo (gr. "" e ,kentron, "centro"), uma concepo que considera o cosmo como um sistema ordenado ou harmonioso que significa ordem ou ornamentos e a anttese do caos.[63]ENGELSVIKEN, 2003, p. 481-497.[64]SCHERER, 1991, p. 71, 72[65]SCHERER, 1991, p. 73, 74[66]David Jacobus Bosch(1929, Kuruman, Cabo, frica do Sul - 1992), missilogoetelogomembro daIgreja Reformada Holandesa na frica do Sul;africner, adepto do movimentoApartheid; voltou-se contra este movimento e sua poltica de segregao racial a partir do seu envolvimento com misses; participou do Congresso de Lausanne e da World Evangelical Alliance; mais conhecido pela obraMisso Transformadora(1991), um grande trabalho emmissiologia crist ps-colonial, lanado um ano antes de sua morte em um acidente de carro.[67]BOSCH, 2009, p. 470.[68]SCHERER, 1991, p. 73, 74[69]Frase tradicionalmente atribuda aStephen Charles Neill (1900-Edimburgo, Esccia - 1984), missionrio na ndia, ordenado dicono na Catedral de Tinnevelly (1927), sacerdote, 1928, bispo em Tinnevelly (1939), trabalhou para o Conselho Mundial de Igrejas (1947-1954), professor de misso na Universidade de Hamburgo (1962-1967), professor de filosofia e estudos religiosos em Nairbi (1969-1973), pioneiro em educao teolgica vernculo na ndia e na frica, pregador inspirador e escritor, considerado um pastor profundamente espiritual. (Dicionrio Biogrfico de misses crists,, New York: Macmillan, 1998, p. 488)[70]SCHERER, 1991, p. 30[71]BOSCH, 2009, p. 468[73]Cf. VICEDOM, Georg F. O Mbowamb:A cultura das tribos Hagenberg no leste-central de Nova Guin; vol. 1: Cultura Material, Hamburgo, 1943-1948, 264 p; vol. 2: Sociedade, Religio e Viso de Mundo, Hamburgo, 1943, 484 p; vol. 3: Mitos e Histrias, Hamburgo, 1943, 196 p.[74]VICEDOM, 1996, p. 7.[75]ZABATIERO, Jlio.Fundamentos da teologia prtica. So Paulo: Mundo Cristo, 2005, p. 15.[76]BOSCH, David J.Misso Transformadora:Mudanas de Paradigma na Teologia da Misso, So Leopoldo: Sinodal, 2009, 690p., p. 389-393.[77]VICEDOM, 1996, p. 7.[78]Hans-Werner Gensichen (1915,Lintorf, Alemanha - 1999), missilogo alemo protestante; doutorado em histria da Igreja em Gttingen (1950); lecionou em faculdades teolgicas em Tranquebar e Madras; cadeira da histria das religies e missiologia na Faculdade de Teologia da Universidade de Heidelberg (1957-1983); secretrio do CMI (1961-1964) para assuntos da frica; promoveu formao teolgica no continente Africano; presidente da Sociedade Alem de Missiologia (1965-1991); membro fundador e primeiro presidente da Associao Internacional de Estudos da Misso (1972-1974). (Biographical Dictionary of Christian Missions, New York: Macmillan, 1998, p. 238)[79]MLLER, Karl. Teologia da Misso:umaintroduo. Petrpolis: Vozes, 1995, p. 68.[80]OAd Gentes(Para as Naes) um Decreto Conciliar da Igreja Catlica que trata da atividade Missionria da Igreja definida como "a evangelizao e a implantao da Igreja entre os povos ou grupos entre os quais ainda no se enraizou, reconhecendo e reafirmando que a Igreja de Jesus Cristo tem uma natureza missionria(Mc 16.15).O documento dividido em sete captulos e foi promulgado pelo Papa Paulo VI, em 07 de dezembro de 1965 no Conclio Vaticano II.[81]OConclio Vaticano II o 21 Conclio Ecumnico realizado pela Igreja Catlica. Foi convocado no dia25 de dezembrode1961, atravs dabula papal"Humanae salutis", peloPapa Joo XXIII. O Conclio teve quatro sesses e s terminou no dia8 de dezembrode1965, j sob o papado de Paulo VI. Mais de dois mil prelados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vrios temas com o objetivo de atualizar a Igreja Catlica. As suas decises esto expressas em quatro constituies, nove decretos e trs declaraes elaboradas e aprovadas pelo Conclio.[82]MLLER, apud VICEDOM, p. 7[83]BOSCH, 2009, p. 468[84]Justinian Ernst Baron von Welz(1621,Styria1668,Suriname),foi um advogado etelogo luterano voltado para amisso mundial que lutou pelo envio de estudantes cristos a pregar o Evangelho ao mundo no cristo, contribuindo para a formao das primeiras sociedades missionrias evanglicas; morreu comomissionrio na Amrica do Sul.[85]As Igrejas luteranas, ditas ortodoxas, abraam como confisso todos os textos contidos no Livro de Concrdia, enquanto as Igrejas luteranas no ortodoxas adotam somente a Confisso de Augsburgo e o Catecismo Menor de Martinho Lutero.[86]VICEDOM, 1996, p. 13.[88]JONGENEEL, apud BOSCH, 2009, p. 313, 314.[89]Cf. Hartenstein, Karl. Wozu ntigt die Finanzlage der Mission. Evangelisches Missions-Magazin 79 (1934): 217-229, apud Flett, p. 131.[90]Karl Hartenstein (1894, Cannstatt - 1952, Stuttgart), cunhou a concepo de misso evanglica no sculo XX. Inspetor da Misso da Basileia e membro do Conselho Missionrio Internacional (CoMIn).[91]Karl Barth (1886, Basileia, Sua 1968), foi um dos maiores telogoscristos protestantes do sculo XX e pastor daIgreja Reformada; um dos principais lderes dateologia dialticae daneo-ortodoxiaprotestante.[92]FLETT, John G.The Witness of God: the Trinity,missio Dei, Karl Barth and the Nature of Christian Community. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2010, p. 131.[93]FLETT, 2010, p. 131.[94]Idem[95]Idem[96]BBLIA. Portugus.Bblia Sagrada.Traduo de Joo Ferreira de Almeida. 2. ed. So Paulo: Sociedade Bblica do Brasil, 1993. Edio revista e atualizada no Brasil.[97]FLETT, 2010, p. 133.[98]BBLIA. Portugus.Bblia Sagrada.Traduo de Joo Ferreira de Almeida. 2. ed. So Paulo: Sociedade Bblica do Brasil, 1993. Edio revista e atualizada no Brasil.[99]Agostinho, bispodeHipona, conhecido universalmente como um dos mais importantestelogosefilsofosdosprimeiros anos do cristianismocujas obras foram muito influentes no desenvolvimento docristianismoefilosofia ocidental.[100]BOSCH, 2009, p. 263.[101]BOSCH, 2009, p. 444.[102]VICEDOM, 1996, p. 15.[103]SCHERER, 1991, p. 73.[104]Sobre o envio do Filho: Nisto se manifestou o amor de Deus em ns: em haver Deus enviado o seu Filho unignito ao mundo, para vivermos por meio dele (I Jo 4.9); Disse-lhes Jesus:A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. (Jo 4.34)[105]BBLIA. Portugus.Bblia Sagrada.Traduo de Joo Ferreira de Almeida. 2. ed. So Paulo: Sociedade Bblica do Brasi