Dimensões de inovação nos trabalhos vencedores do II ...rl.art.br/arquivos/5595951.pdf003/2014, a...
Transcript of Dimensões de inovação nos trabalhos vencedores do II ...rl.art.br/arquivos/5595951.pdf003/2014, a...
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 246
18
Dimensões de inovação nos trabalhos vencedores do II Prêmio Inovação do Turismo do RS
Débora Toffoli Snel* – Aline Vieira Malanovicz**
Resumo: Este estudo se refere ao II Prêmio Inovação do Turismo do Rio Grande do Sul (RS), instituído pela Secretaria de Turismo do estado. O objetivo é investigar o edital de chamada pública número 003/2014, a fim de identificar as dimensões da inovação existentes nos trabalhos vencedores do prêmio e, também, se essas categorias de premiação estabelecem uma relação entre o turismo e a inovação. Os resultados demonstram que as principais dimensões de inovação foram identificadas nos trabalhos vencedores, incluindo dimensões de impacto (radical e incremental), de objeto (produto, processo, organização, marketing), e de foco (regulares e de nicho). Conclui-se que o turismo no RS tem muitas possibilidades de inovação, oriundas do conhecimento que vai sendo adquirido e da aplicação de experiências nacionais e internacionais bem-sucedidas. Ademais, a importância do prêmio está principalmente em valorizar e estimular boas práticas em turismo também em órgãos públicos, proporcionando maior integração entre o trade turístico e a governança estadual do turismo. Palavras-chave: Turismo. Inovação. Políticas públicas. Prêmio. Trabalhos. Abstract: This study refers to the II Tourism Innovation Award of Rio Grande do Sul (RS), established by the Tourism Department of Rio Grande do Sul State. The aim is to investigate the public call notice number 003/2014, in order to identify the dimensions of the innovation within the award winning works, and also, if these award categories establish a relationship between tourism and innovation. The results show that the major innovation dimensions were identified in the winning entries, including impact dimensions (radical e incremental), object (product, process, organization, marketing), and focus (regular and niche). It is concluded that tourism in the RS has many innovative possibilities, derived from the knowledge that is being acquired and the application of national and international successful experiences. Moreover, the importance of the award is mainly to value and encourage good practice in tourism also in public organizations, providing greater integration between the tourism industry and state governance tourism. Keywords: Tourism. Innovation. Public politics. Award works.
1 Introdução
O turismo é uma atividade econômica que cresce substancialmente no mundo,
superando o número de 1,08 bilhão de turistas em 2013. O setor movimenta 9% do
Produto Interno Bruto (PIB) mundial, sendo responsável por 1 a cada 11 empregos
diretos ou indiretos e 6% das exportações mundiais, conforme dados da Organização
Mundial do Turismo (OMT). (BRASIL, 2014).
Apesar desse crescimento mundial, o Brasil ainda não está entre os dez países que
lideram as chegadas internacionais de turistas, ocupando, atualmente, o 45º lugar no
* Bacharel em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Especialista em Gestão Pública pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Servidora Pública na Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected] ** Doutora em Administração. Tutora de Orientação de Trabalhos de Conclusão de Curso de Especialização em Gestão Pública, da UAB/UFRGS. E-mail: [email protected]
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 247
ranking (BRASIL, 2014), demonstrando que muito ainda é preciso ser feito para o
desenvolvimento dessa atividade no País.
O Rio Grande do Sul configura-se como o quarto Estado brasileiro que mais
recebe turistas internacionais (BRASIL, 2014), o que pode ser explicado pela localização
geográfica privilegiada, fazendo fronteira com o primeiro e o quinto países que mais
enviam turistas para o Brasil, a Argentina e o Uruguai, respectivamente. (RIO GRANDE
DO SUL, 2014).
Nesse contexto, a importância desta pesquisa está centrada na concepção de
inovação no turismo, utilizada pela Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Rio
Grande do Sul (Setur-RS) (nomenclatura utilizada até dezembro de 2014), órgão
fomentador do turismo no Estado, tornando-a mais evidente nos produtos turísticos
concorrentes do II Prêmio Inovação do Turismo do RS.
O Prêmio Inovação do Turismo foi criado pela Setur-RS, ancorado no Plano de
Desenvolvimento do Turismo do RS e no Plano de Marketing do Turismo do RS, como
forma de reconhecer o trabalho dos municípios e de empresários que contribuem
efetivamente, para a construção da atividade turística no estado, mas também como uma
forma de integrar o setor e de promover a atividade turística.
O objetivo deste trabalho é analisar a segunda edição do Prêmio Inovação do
Turismo do RS, identificando quais são as principais dimensões do conceito de
inovação que se destacam nos projetos ganhadores do edital número 003/2014,
periciados neste estudo. Os trabalhos premiados, objeto dessa perícia, foram escolhidos
por uma comissão julgadora definida pela Setur-RS. Portanto, este estudo apenas se
relaciona aos aspectos mais relevantes de inovação encontrados nas premiações já
definidas, não cabendo o julgamento se os trabalhos são inovadores, ou não, mas
encontrando traços inovadores nos mesmos.
2 Método
O turismo começa a ser encarado como um campo de estudos científicos cujos
resultados devem se orientar tanto pela pesquisa básica e aplicada quanto pela resolução
dos mais variados problemas: desde os mais imediatos em curto prazo, até os que
envolvem planejamentos em médio e longo prazos, dentro de uma visão estratégica que
defina áreas-chave de pesquisa. (REJOWSKI, 1998).
A metodologia aplicada ao presente trabalho foi um estudo de caso (YIN, 2005)
do edital do Prêmio Inovação, a partir da análise documental de dados secundários, tais
como: editais e anexos, legislação, fichas de inscrição, arquivos digitais e trabalhos
apresentados pelos concorrentes ao prêmio.
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 248
Foi efetuada uma Análise de Conteúdo (BARDIN, 2004) no universo de 23
trabalhos vencedores do II Prêmio Inovação do Turismo do RS, a fim de investigar os
traços de inovação presentes em cada um. As categorias de análise utilizadas estão
descritas na seção 3.1.3.
Em alguns trabalhos, não se encontrou informação sobre o momento em que a
mudança ocorreu, não havendo, portanto, parâmetro para comparações “antes/depois”
da inovação. Isso dificultou, principalmente, a identificação de inovações incrementais:
Em que momento houve melhorias ou foram percebidos avanços significativos no
consumo do produto turístico ou na forma como o mesmo passou a ser oferecido pela
organização/empresa? Nesse caso, analisaram-se a intenção de inovar e os resultados
esperados.
Para a coleta e interpretação dos dados, foi utilizado o seguinte procedimento:
Quadro 1 – Procedimento para coleta e interpretação dos dados Etapa Dinâmica
Identificação dos dados a coletar Consulta ao site da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer, consulta a servidores da casa, reunião com servidores
Planejamento da pesquisa Busca de dados disponíveis para composição do trabalho Estudo da documentação existente Edital 003/2014, anexos I, II e III, Lei 13.601/2011 Busca de exemplos de inovação em turismo
Livros, produções acadêmicas, sites dos governos federal, estadual e municipal
Elaboração de tabela com os principais conceitos sobre inovação
Com base nos autores Perez (2004), OCDE (2005) e Decelle (2004)
Estudo dos trabalhos premiados Busca nas caixas do II Prêmio Inovação do Turismo do RS (23 trabalhos estavam misturados com os do I Prêmio)
Interpretação dos dados coletados Classificação dos trabalhos pesquisados segundo as dimensões de inovação encontradas
Elaboração das conclusões finais Com base na classificação dos dados coletados e nos conceitos sobre inovação dos autores pesquisados
Fonte: Pesquisa bibliográfica.
3 Revisão teórica
O conceito de turismo estabelecido pela OMT (2011), adotado oficialmente pelo
Brasil, compreende as atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadas em
lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a um ano, para lazer,
negócios ou outras motivações. Como a finalidade deste estudo é investigar o edital de
chamada pública referente ao Prêmio Inovação do Turismo do RS, bem como os
trabalhos inscritos no mesmo, é importante o entendimento de como o Ministério do
Turismo define, de modo geral, os produtos e roteiros turísticos: com base na oferta (em
relação à demanda), de modo a caracterizar segmentos ou tipos de turismo específicos.
(BRASIL, 2015).
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 249
O turismo desenvolve-se a partir de meados do século XIX, mas, apenas a partir da década de 1950 é que se transformaria em atividade de massa, significativa em termos socioeconômicos e culturais. O desenvolvimento do capitalismo industrial possibilitou o uso de sua tecnologia em outras áreas, entre elas, o turismo. […] Mas foi a partir de 1960 que o turismo explodiu como atividade de lazer para milhões de pessoas e como fonte de lucros e investimentos, como lugar garantido no mundo financeiro internacional. Hoje o turismo converteu-se na terceira maior indústria do mundo, perdendo somente para o petróleo e a indústria automobilística. (MOESCH, 2000, p. 19).
Sobre inovação existe uma variedade conceitual, e sua utilização depende do fim
para o qual será aplicada e da abrangência que se desejar atingir. Em termos
econômicos, “em regra, o novo não nasce do velho, mas aparece ao lado deste e o
elimina da concorrência”. (SCHUMPETER, 1982, p. 143). E o processo de
destruição/criação, em que há a introdução e a implementação de novos elementos,
capaz de transformar uma estrutura econômica: O impulso fundamental que põe e mantém em funcionamento a máquina capitalista procede dos novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados e das novas formas de organização industrial criadas pela empresa capitalista. (SCHUMPETER, 1961, p. 110).
Na era da informação e das telecomunicações, o turismo encontra o cenário ideal
para seu desenvolvimento, pois já que a inovação de produto no turismo está mais
voltada à customização de atrativos, equipamentos e serviços turísticos que atendam às
necessidades específicas dos viajantes, é necessário divulgar esse produto no mercado,
tornando as Tecnologias de Informação e Comunicação fundamentais para a difusão da
informação turística.
As inovações estão não apenas na criação de novos produtos ou serviços, mas
também na melhoria de produtos e serviços já existentes tanto no setor privado como no
público. Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. (OCDE, 2005, p. 55).
Nessa direção, novidades tecnológicas não param de surgir, como aplicativos para
celulares móveis que indicam promoções em hotelaria, gastronomia, pacotes e outros
produtos turísticos, sem contar os aplicativos periféricos para localização de linhas de
ônibus, aluguéis de bicicletas para passeios, chamadas de táxi. Tudo simplificado,
necessitando apenas de um toque no celular, o que demonstra que no Brasil essas
inovações no turismo são uma tendência.
Os diferentes tipos de inovação podem ser resumidos no Quadro 2.
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 250
Quadro 2 – Dimensões e tipos de inovação
Fonte: Pesquisa bibliográfica.
Quanto à inovação no turismo, enquanto em outros setores da economia a
capacidade de prestar serviços de qualidade a um preço mais baixo é uma vantagem
bastante competitiva, no turismo nem sempre o preço mais baixo define a venda de um
produto ou serviço, pois nesse setor a competitividade está na qualidade do serviço e no
potencial de personalização do produto turístico. Quanto maior for o valor agregado e
maior o grau de segmentação desse produto, aí poderá estar o seu diferencial e
inovação. As formas de se fazer turismo estão mudando junto com o perfil do turista.
Para Tidd, Bessant e Pavitt (2008, p. 32), “a novidade está no olho de quem vê”.
O importante não é o que realmente é, e sim o que os consumidores pensam que é, que afeta suas ações, seus hábitos de compra, seus hábitos de lazer e assim por diante. E, como os indivíduos tomam decisões e agem de acordo com aquilo que eles consideram ser a realidade, é importante que os profissionais de marketing compreendam toda a noção de percepção e seus conceitos relacionados para determinar mais prontamente quais fatores levam os consumidores a comprar. (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 108).
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 251
O fomento, o incentivo e a geração de políticas públicas para o desenvolvimento
do turismo no Rio Grande do Sul são responsabilidade desse estado. “A União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como
fator de desenvolvimento social e econômico”. (BRASIL, 1988, art. 180). A Setur-RS é o
órgão ao qual compete planejar, coordenar e executar os programas públicos do Rio
Grande do Sul para o desenvolvimento da atividade turística. (RIO GRANDE DO SUL,
2011).
Para nortear o planejamento, um dos eixos estratégicos é “competitividade,
empreendedorismo e inovação”, com a orientação de que “o turismo, por meio dos
setores público e privado, deve estimular o empreendedorismo e a capacidade de
inovação, a fim de que os destinos turísticos possam manter-se competitivos,
proporcionando ao turista uma experiência positiva”. (RIO GRANDE DO SUL, 2012).
Outro eixo orientador é “fFomentar o empreendedorismo, a inovação e a qualificação
dos serviços turísticos”. Desse planejamento surge o Prêmio Inovação do Turismo do RS,
analisado nesta pesquisa.
Em relação a prêmios que estimulam especificamente a inovação em turismo, há
poucos, o que faz pensar que os prêmios de inovação do turismo por si sós já são
inovadores. São eles: o Prêmio Inovação do Turismo do RS, em sua segunda edição (do
qual trata este estudo); I Prêmio Inovação em Turismo do Recife 2014 (PERNAMBUCO,
2014); o Prêmio PANROTAS de Inovação em Tecnologia para o Turismo (PANROTAS,
2014); e o UNWTO Ulysses Awards for Innovation, organizado anualmente pela OMT, em
sua 11ª edição. (UNWTO, 2015).
O Prêmio Inovação do Turismo do RS, analisado nesta pesquisa, tem como objetivo
valorizar conquistas obtidas para o turismo no Rio Grande do Sul em termos de práticas
inovadoras em diversas categorias. Seu principal mérito é descobrir novos talentos e
oportunidades que mereçam fomento e atenção especiais das políticas públicas para o setor.
O conceito de inovação da Setur-RS é entendido de forma ampliada, com
abrangência e flexibilidade, incluindo tanto produtos como processos, tanto mudanças
radicais como também mudanças incrementais. (RIO GRANDE DO SUL, 2014). A prática de inovar pode ser entendida como uma forma de alcançar os objetivos e não necessariamente um produto final, através das mudanças em condutas e metodologias anteriores, por meio da incorporação de novos elementos, combinação dos mecanismos existentes, que produzam resultados significativos. Portanto, é nesta concepção que as propostas devem ser apresentadas. (RIO GRANDE DO SUL, 2014, s.p.).
O edital de chamada pública 003/2014 Setur-RS tem como objeto de concurso a
seleção de 22 projetos com práticas inovadoras e 3 produções científicas divididas em 6
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 252
categorias, em conformidade com o Plano de Desenvolvimento do Turismo e Plano de
Marketing da Setur-RS. O prêmio teve por objetivo eleger as melhores práticas de
turismo gaúcho em consonância com a política estadual do setor. (RIO GRANDE DO SUL,
2014).
Tiveram oportunidade de participar da premiação entes da administração pública
direta e indireta; colegiados (fóruns, conselhos, associações, comitês, grupo gestor,
entre outros); iniciativa privada; terceiro setor (associações privadas, ONGs, entre
outros); alunos e ex-alunos de Instituições de Ensino Superior (IESs) do Rio Grande do
Sul. As inscrições poderiam ser efetuadas em até duas subcategorias, concorrendo,
assim, em duas categorias, através do preenchimento de uma ficha de inscrição
disponível no site da Setur-RS e também no edital, sendo que os projetos deveriam,
obrigatoriamente, estar alinhados ao Plano Diretor do Turismo 2012 a 2015, composto
pelo Plano de Desenvolvimento do Turismo do RS e também pelo Plano de Marketing
do Turismo do RS. (RIO GRANDE DO SUL, 2014).
O processo seletivo envolveu uma comissão para análise da categoria Produção
Científica, e outra comissão para análise das propostas das categorias analisadas neste
trabalho (formada pelo presidente da Convention & Visitors Bureau de Porto Alegre, o
presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa),
empresários das áreas: agências de viagem, hotelaria e eventos, uma professora
turismóloga, jornalistas, publicitários, um músico da cultura nativista e uma servidora
turismóloga da Setur-RS já aposentada).
Os critérios de avaliação, o intervalo numérico de notas atribuíveis, e o peso
multiplicativo de cada critério são mostrados no Quadro 3. As propostas que receberam
as maiores notas da categoria na soma das notas ponderadas foram consideradas as
vencedoras. (RIO GRANDE DO SUL, 2014).
Quadro 3 – Critérios, pesos e notas para avaliação dos trabalhos no Prêmio Inovação do Turismo do RS
Fonte: Rio Grande do Sul (2014).
4 Análise dos resultados
O Quadro 4 apresenta as categorias do Prêmio Inovação do Turismo do RS
analisadas nesta pesquisa. Também mostra subcategorias e trabalhos vencedores.
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 253
Quadro 4 – Categorias do Prêmio Inovação do Turismo do RS analisadas nesta pesquisa
Fonte: Rio Grande do Sul, (2012, p. 76-81).
Quanto a isso, dos 83 trabalhos finalistas nas cinco categorias analisadas, foram
selecionados 22 trabalhos como sendo as melhores práticas inovadoras em turismo no
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 254
Rio Grande do Sul, e mais 1 foi considerado como Hors Concours pelos jurados (a
“Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo”, realizada há 33 anos). As categorias
analisadas atendem às diretrizes do Plano de Desenvolvimento do Turismo nas suas
metas e desafios. (RIO GRANDE DO SUL, 2012, p. 76-81).
O Quadro 5 apresenta as dimensões da inovação (impacto, abrangência, objeto,
dimensão) nos trabalhos ganhadores do II Prêmio Inovação do Turismo do RS.
Quadro 5 – Dimensões de Inovação identificadas nos trabalhos analisados
Fonte: Dados da pesquisa.
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 255
5 Conclusões
Este trabalho atingiu seu objetivo, que era analisar a segunda edição do Prêmio
Inovação do Turismodo RS, identificando quais as principais dimensões do conceito de
inovação que se destacam nos projetos ganhadores do edital. Percebe-se que a maioria
das premiações refere-se a inovações de caráter incremental e, mesmo as de caráter
radical podem ser consideradas assim para o município, ou para a região, e não para o
Brasil ou para o mundo. No entanto, todas as iniciativas causam impacto na economia,
visto que buscam incrementar o turismo para atrair mais visitantes.
A importância do Prêmio Inovação está, principalmente, em valorizar e estimular
as boas práticas em turismo também em órgãos públicos, como Prefeituras Municipais e
consórcios, o que acaba mexendo de forma positiva com a governança de turismo no
estado, proporcionando maior integração entre o trade turístico. Para estimular ainda
mais a inovação no turismo, pode ser inserida uma categoria específica para a
valorização de novas tecnologias e pesquisas nessa área interdisciplinar, que envolve
tantos setores da economia.
Analisando-se as categorias do prêmio, percebe-se que, em uma nova edição da
premiação, seria importante a criação de categorias que estimulassem a criatividade para
o turismo do futuro, baseado em como será o perfil do viajante. A Future Traveller
Tribes (2030) aponta seis perfis diferentes: Buscadores de capital social; Puristas
culturais; Viajantes éticos; Buscadores de simplicidade; Participantes por obrigação; e
Caçadores de Recompensa. (FUTURE TRAVELLER TRIBES, 2015).
Diante de tantos trabalhos que concorreram e se classificaram para o Prêmio
Inovação, em suas duas edições, é possível concluir que o turismo no RS tem muitas
possibilidades de inovação, as quais podem vir também do conhecimento que vai sendo
adquirido e da aplicação de experiências nacionais e internacionais bem-sucedidas. A
premiação dá visibilidade a práticas que podem ser reproduzidas nas regiões turísticas
do estado, estimulando o setor de forma geral. Entretanto, Tidd, Bessant e Pavitt (2008,
p. 32) referem: “A inovação está no olho de quem vê”. Caso ocorra nova edição do
Prêmio Inovação, será necessário um trabalho intensificado da Secretaria Estadual de
Turismo quanto à difusão do conceito de inovação, para que trabalhos inovadores de
fato não deixem de ser inscritos por não se perceberem dessa forma.
Finalmente, o Prêmio Inovação do Turismo do RS, por estimular a criatividade de
empresas e do setor público na geração de novos produtos interessantes para o turismo,
reunir o setor público, o privado e as instituições que fazem parte da Governança do
Turismo do Rio Grande do Sul, tem potencial para ser instituído como uma política
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 256
pública de incentivo e desenvolvimento do turismo no estado, que pode ser o pioneiro
no Brasil nessa experiência. Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. BRASIL. Estatísticas básicas do turismo. 2014. Disponível em: <http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/estatisticas_indicadores/estatisticas_basic as_turismo/>. Acesso em: 17 fev. 2015. BRASIL. MTUR. Ministério do Turismo. Coordenação-Geral de Regionalização. Programa de Regionalização do Turismo. Roteiros do Brasil: Módulo Operacional 8: promoção e apoio à comercialização. Brasília: MTUR/Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, 2007. DECELLE, Xavier. art. A Conceptual and Dynamic Approach to Innovation in Tourism. Paris: Institut de Recherches et d’Etudes Supérieures du Tourisme (Irest); Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, 2004. FUTURE Traveller Tribes. Understanding tomorrows travelle:. future foundation. Amadeus. 2015. Disponível em: <http://www.amadeus.com/documents/future-traveller-tribes-2030/travel-report-future-traveller-tribes-2030.pdf>. Acesso em: abr. 2015. MOESCH, Marutschka. O fazer-saber turístico: possibilidades e limites de superação. In: GASTAL, Susana (Org.). Turismo: 9 propostas para um saber-fazer. Porto Alegre: Edipucrs, 2000. OCDE. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Manual de Oslo: Diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Paris: OCDE, 2005. OMT. Organização Mundial do Turismo. Introdução ao turismo. Madrid: OMT, 2001. PANROTAS. Notícias. Turismo. Tecnologia. Seis concorrem ao Prêmio PANROTAS de Inovação. Disponível em: <http://www.panrotas.com.br/noticia-turismo/tecnologia/seis-concorrem-a-premio-panrotas-de-inovacao-veja_98147.html>. Acesso em: 21 maio 2015. PEREZ, Carlota. Revoluciones tecnológicas, câmbios de paradigmas y de marco socioinstitucional. In: ABOITES, J.; DUTRÉNIT, G. Inovación, prendizaje y creación de capacidades tecnológicas. México: Universidad Auntónoma Metropolitana; Unidade Xochimilco, 2004. PERNAMBUCO. I Prêmio Inovação em Turismo do Recife: Regulamento. 2014. Disponível em: <http://www2.recife.pe.gov.br/wp-content/uploads/I-Pr%C3%AAmio-Inova%C3%A7%C3%A3o-em-Turismo.pdf>. Acesso em: 3 maio 2015. REJOWSKI, Mirian. Turismo e pesquisa científica. 2. ed. Campinas: Papirus, 1998. RIO GRANDE DO SUL. Institucional: SETUR-RS. Disponível em: <http://www.turismo.rs.gov.br/conteudo/2167/Setur-RS>. Acesso em: 17 fev. 2015. RIO GRANDE DO SUL. Análises setoriais do Observatório de Turismo do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.setur.rs.gov.br/upload/1419267773_CADERNO%20PRONTO.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015. RIO GRANDE DO SUL. Plano de desenvolvimento do turismo do Rio Grande do Sul: 2012-2015. Rio de Janeiro: FGV Projetos, 2012.
XIV Encontro sobre os Aspectos Econômicos e Sociais da Região Nordeste do Rio Grande do Sul 257
RIO GRANDE DO SUL. SETUR. Publicações. II PRÊMIO INOVAÇÃO DO TURISMO RS. Anexos. Edital nº 003/2014. Disponível em: <http://www.setur.rs.gov.br/conteudo/2784/ii-premio-inovacao-do-turismo-rs/termosbusca=pr%C3%AAmio%20inova%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 20 abr. 2015. RIO GRANDE DO SUL. SETUR. Publicações. II PRÊMIO INOVAÇÃO DO TURISMO DO RS. Anexo
III. Edital 003/2014. Ficha de Inscrição. RIO GRANDE DO SUL. SETUR Publicações. II PRÊMIO INOVAÇÃO DO TURISMO DO RS. Anexos. Conceitos e subcategorias. Disponível em: <http://www.setur.rs.gov.br/conteudo/2784/ii-premio-inovacao-do-turismo-rs/termosbusca=pr%C3%AAmio%20inova%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 20 abr. 2015. RIO GRANDE DO SUL. Notícias. SETUR apresenta edital do II Prêmio Inovação do Turismo RS. Disponível em: <http://www.setur.rs.gov.br/conteudo/2780/setur-apresenta-edital-do-ii-premio-inovacao-do-turismo-rs/termosbusca=pr%C3%AAmio%20inova%C3%A7%C3%A3o>. 15 de setembro de 2014. Acesso em: 20 abr. 2015. SCHIFFMAN, L. G.; KANUK, L. L. Comportamento do consumidor. Trad. de Dalton Conde de Alencar. Rio de Janeiro: LTC, 2009. SCHUMPETER, Joseph A. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982. SCHUMPETER, Joseph A. Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. UNWTO. World Tourism Organization Network. 28 de janeiro de 2015. Disponível em: <http://know.unwto.org/es/node/29210>. Acesso em: 21 mar. 2015. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.