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UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E GESTÃO AGROINDUSTRIAL DIMENSIONAMENTO DO COMPLEXO DA SOJA DE MATO GROSSO DO SUL COM A UTILIZAÇÃO DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO Janaina Outeiro de Andrade Bacharel em Administração de Empresas Pós-Graduada em Contabilidade Gerencial e Controladoria CAMPO GRANDE MATO GROSSO DO SUL 2018

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E

GESTÃO AGROINDUSTRIAL

DIMENSIONAMENTO DO COMPLEXO DA SOJA DE

MATO GROSSO DO SUL COM A UTILIZAÇÃO DA

MATRIZ INSUMO-PRODUTO

Janaina Outeiro de Andrade

Bacharel em Administração de Empresas

Pós-Graduada em Contabilidade Gerencial e Controladoria

CAMPO GRANDE – MATO GROSSO DO SUL

2018

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E

GESTÃO AGROINDUSTRIAL

DIMENSIONAMENTO DO COMPLEXO DA SOJA DE

MATO GROSSO DO SUL COM A UTILIZAÇÃO DA

MATRIZ INSUMO-PRODUTO

Janaina Outeiro de Andrade

Orientador: Prof. Dr. Celso Correia de Souza

Coorientador: Prof. Dr. José Francisco Reis Neto

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em nível de Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial da Universidade Anhanguera-Uniderp, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Produção e Gestão Agroindustrial.

CAMPO GRANDE – MATO GROSSO DO SUL

Abril – 2018

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera-Uniderp

Elaborada por: Bibliotecária Bartira da Costa Melo – CRB-1/2196

Andrade, Janaina Outeiro de.

A567d Dimensionamento do complexo da soja de Mato Grosso do Sul com

a utilização da Matriz Insumo-Produto. / Janaina Outeiro de Andrade. -

- Campo Grande, 2018.

50f.

Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera-Uniderp, 2018.

“Orientação: Prof. Dr. Celso Correia de Souza. ”

1. Desenvolvimento regional. 2. Agronegócio – Mato Grosso do Sul.

3. Soja. 4. Matriz Insumo-Produto. I. Título.

CDD 21.ed. 338.9

338.1098171

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FOLHA DE APROVACÄO

Candidata: Janaina Outeiro de Andrade

Dissertação defendida e aprovada em 9 de abril de 2018 pela Banca Examinadora:

Prof. Doutor Celso Correia de Souza

(Orientador)

Prof. Doutor Daniel Massen Frainer Universidade Anhanguera - Uniderp (Economia)

Profa. Doutora Adriana Kirchof de Brum Universidade Federal da Grande Dourados (Economia)

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SUMÁRIO

Página

LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................ v

LISTA DE QUADROS...................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS........................................................................................ vii

LISTA DE FIGURAS........................................................................................ viii

RESUMO......................................................................................................... ix

ABSTRACT...................................................................................................... x

1. INTRODUÇÃO GERAL................................................................................ 1

2. REVISÃO GERAL DE LITERATURA........................................................... 3

2.1. Aspectos da História da Soja................................................................. 3

2.2. Complexo Agroindustrial (CAI) .............................................................. 4

2.2.1. O complexo da soja em Mato Grosso do Sul................................ 9

2.2.2. Fator empregabilidade e renda no agronegócio.......................... 13

2.3. Matriz Insumo-Produto da Soja.............................................................. 15

2.4. Procedimentos para o Cálculo do PIB do Complexo da Soja do MS....... 18

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS.............................................. 19

4. ARTIGO 1.................................................................................................... 22

RESUMO......................................................................................................... 22

ABSTRACT...................................................................................................... 23

4.1. Introdução.............................................................................................. 24

4.2. Material e Métodos................................................................................. 26

4.3. Resultados e Discussão......................................................................... 42

4.4. Conclusões............................................................................................ 48

4.5. Referências Bibliográficas...................................................................... 49

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LISTA DE ABREVIATURAS

C - Consumo dos Produtos dos Setores pelas Famílias

CAI - Complexo Agroindustrial

CAIs - Complexos Agroindustriais

CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplica

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

E - Total Exportado pelos Setores

EUA – Estados Unidos da América

FAMASUL - Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

G - Gasto do Governo Junto aos Setores

I - Demanda por Bens de Investimento Produzidos nos Setores

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

M - Importação Realizada pelos Setores

MIP – Matriz Insumo-Produto

MS – Mato Grosso do Sul

PIB – Produto Interno Bruto

VBP – Valor Bruto de Produção

SAGs – Sistemas Agroindustriais

SEMADE – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Econômico do Estado de Mato Grosso do Sul

SIGA – Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio de MS

T - Total de Impostos Indiretos Líquidos Pago pelos Setores

W - Valor Adicionado Gerado pelos Setores

X - Total de Produção dos Setores

Z - Fluxo Monetário Entre os Setores da Economia

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. PIB do agronegócio nos segmentos (A), (B), (C) e (D), em

milhões de reais de 2006 a 2016 - no Brasil .............................

4

14

Quadro 2. Exemplo de uma matriz insumo-produto .................................... 16

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. A estrutura para agregação no PIB do complexo da soja de Mato Grosso do Sul em 2010 a preços de consumidor (em R$ milhões e percentual)................................................................................

42

Tabela 2. Índices de ligação em Mato Grosso do Sul em 2010.................. 43

Tabela 3. Multiplicadores de valor adicionado por atividades para uma variação da demanda final de mil reais, no Mato Grosso do Sul – 2010...................................................................................

45

Tabela 4. A estrutura para agregação do pessoal ocupado no complexo da soja em Mato Grosso do Sul em 2010..................................

46

Tabela 5. Multiplicadores de emprego por atividades para uma variação da demanda final em milhões de reais, no Mato Grosso do Sul - 2010.............................................................................................

47

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cadeia Produtiva da Soja.............................................................. 5

Figura 2. Sistema Agroindustrial.................................................................. 6

Figura 3. Área plantada - soja em Mato Grosso do Sul no período de 2006 a 2016...........................................................................................

9

Figura 4. Produtividade média da soja em MS no período de 2006 a 2016.............................................................................................

11

Figura 5. Representação esquemática da agropecuária à montante e à jusante.........................................................................................

17

Figura 6. Relação esquemática matricial do modelo de insumo-produto... 27

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DIMENSIONAMENTO DO COMPLEXO DA SOJA DE MATO GROSSO DO

SUL COM A UTILIZAÇÃO DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO

RESUMO: A soja compõe um produto expressivo da pauta exportadora

brasileira e, consequentemente, bastante relevante na geração de divisas para

o país. Isso pode ser explicado pela elevada produtividade, que associada aos

baixos custos de produção, permitiram ao Brasil adentrar no mercado

internacional com a soja à preços competitivos. O conceito de Complexo

Agroindustrial (CAI) surgiu na década de 1950 nos países centrais, como

resultado de estudos sobre a participação das atividades agrícolas nas relações

intersetoriais. Este trabalho teve como objetivo dimensionar o Complexo

Agroindustrial da Soja (CAI) de MS a partir da matriz de insumo-produto. Em

virtude da importância do CAI da Soja e de sua relação na determinação do

Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio de MS, fez-se necessário

dimensionar o valor das relações existentes deste complexo com os demais

setores da economia regional, bem como, estimou-se a geração de emprego e

renda em MS. Observou-se que o complexo da soja está altamente integrado

com os demais setores da economia de MS. Os setores estudados da cadeia

apresentaram forte ligação para trás com índice de ligação de 1,7373 e de

1,5381 para frente, sendo considerada está uma forte ligação para trás dos

insumos, compostos de farelo de soja e rações. Sobre a participação do pessoal

ocupado no complexo da soja, observou-se que a distribuição concentra 67,5%

do total de pessoal ocupado, apresentando os maiores multiplicadores de

emprego dentre todos os setores analisados.

Palavras-Chave: PIB do Agronegócio de MS; Matriz Insumo-Produto de MS;

Desenvolvimento Regional de MS.

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x

SIZE OF THE SOYBEAN COMPLEX OF MATO GROSSO DO SUL WITH THE

USE OF THE MATRIX INPUT-PRODUCT

ABSTRACT: Soybeans make up an expressive product of the Brazilian export

agenda and, consequently, it is very relevant in the generation of foreign

exchange for the country. This can be explained by the high productivity, which,

together with low production costs, allowed Brazil to enter the international market

with soybeans at competitive prices. The concept of the Agroindustry Complex

(CAI) emerged in the 1950s in the central countries, as a result of studies on the

participation of agricultural activities in intersectoral relations. The objective of this

work was to size the Soya Agroindustry Complex (CAI) of MS from the input-

output matrix. Due to the importance of the Soybean CAI and its relation in the

determination of the Gross Domestic Product (GDP) of the agribusiness of MS, it

was necessary to dimension the value of the existing relations of this complex

with the other sectors of the regional economy, the generation of employment

and income in MS. Was observed that the soy complex is highly integrated with

the other sectors of the MS economy. The studied sectors of the chain had a

strong back bond with a binding index of 1.7373 and 1.5381 forward, which was

considered a strong backward linkage of soybean meal and feedstuffs.

Regarding the participation of personnel employed in the soybean complex, it

was observed that the distribution concentrates 67,5% of the total number of

employed persons, presenting the largest multipliers of employment among all

sectors analyzed.

Keywords: Agribusiness GDP of MS; Input-Product Matrix of MS; Regional

Development of MS.

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1. INTRODUÇÃO GERAL

O agronegócio está presente como um importante seguimento da

economia nacional. Além da produção, transformação e melhoramento dos

alimentos, possui uma representatividade na economia mundial, entre seus

inúmeros produtos que compõem a mesa de toda população mundial, temos

uma cultivar com uma representatividade importante.

A cultura da soja é responsável por 57% da área cultivada do país,

permanece como principal responsável pelo aumento de área. A produção

agrícola nacional de soja no mundo, entre os anos de 2015 e 2016 chegou a

312,362 milhões de toneladas, sendo plantada em uma área de 119,732 milhões

de hectares. A produção de soja no Brasil é de 95,631 milhões de toneladas,

cultivada em uma área de 33,177 milhões de hectares (CONAB, 2016;

EMBRAPA, 2017).

A colheita de soja safra 2015 e 2016, segundo o Levantamento

Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE) em MS, a área plantada no

Estado corresponde a 2.620,890 milhões de hectares. Assim, a produção dessa

safra estava estimada em 8,6 milhões de toneladas (IBGE, 2017).

Em 2016, o estado de MS exportou 3,247 milhões de toneladas e,

juntamente com o milho, foi responsável por quase 40% do total de produtos

exportados pelo Estado, com a soja em grão internalizando em MS U$$ 1,054

bilhão, na safra 2015/2016. Levando-se em consideração o Valor Bruto de

Produção (VBP) da agropecuária, que é a expressão monetária da soma de

todos os bens e serviços produzidos pela agropecuária, a agricultura de MS

alcançou R$ 27,99 bilhões, valor este abaixo do esperado já que havia uma

projeção de R$ 28,45 bilhões, essa redução tem uma representatividade de

1,61%, o Valor Bruto de Produção do Estado é de 62,78%, que deve atingir R$

17,575 bilhões, onde este valor Bruto de Produção virá da agricultura (CNA,

2018).

Para mensurar o PIB da agropecuária é necessária uma metodologia

específica, entre várias, pode-se utilizar a Matriz de Insumo Produto (MIP), que

envolve a mensuração dos valores gerados ao longo de toda a cadeia produtiva,

desde a compra de insumos para a produção agropecuária até o destino final do

produto gerado, que pode ser o consumidor, à exportação ou à estoques. Assim,

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essa metodologia poderá facilitar a compreensão da estrutura produtiva que

envolve as atividades dessa cadeia.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o órgão

responsável pela elaboração da Matriz Insumo-Produto (MIP), cuja abrangência

é nacional e de periodicidade quinquenal, em que são utilizados dados de toda

cadeia agropecuária para o cálculo da matriz. Deve-se entender que a matriz de

insumo-produto é o instrumento da contabilidade social que permite conhecer os

fluxos de bens e serviços produzidos em cada setor da economia, destinados a

servir de insumos a outros setores, em especial ao Complexo Agroindustrial

(CAI) da Soja é um termo utilizado quando existem elos entre os setores da

agricultura, indústria, comércio e serviços, estabelecendo um padrão moderno

da agricultura que hoje é encontrada no campo. O CAI da Soja integra vários

setores que vão da produção da soja, até à sua venda e dos seus subprodutos.

Assim, produzindo os insumos que são adquiridos pelos produtores, recebendo

a produção dos produtores, armazenando, processando e distribuindo no

mercado.

O presente trabalho teve como objetivo dimensionar o Complexo

Agroindustrial da Soja em Mato Grosso do Sul a partir da matriz de insumo-

produto para o ano base de 2010. Para a consecução desse objetivo, foi

necessário mensurar os encadeamentos para montantes e jusantes no CAI da

Soja; calcular os multiplicadores de impacto sobre o valor adicionado da

produção, do emprego e renda.

Este trabalho foi desenvolvido do seguinte modo: no capítulo seguinte

será apresentada a Revisão Geral de Literatura, com um pequeno histórico da

soja em MS e uma sustentação teórica sobre a MIP, instrumento que serviu de

base para a análise do Complexo Agroindustrial da Soja em MS.

Na sequência, seguindo as normas do Mestrado em Produção e Gestão

Agroindustrial da Universidade Anhanguera - UNIDERP, será apresentado um

artigo no sentido de alcançar as consecuções dos objetivos específicos deste

trabalho.

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2. REVISÃO GERAL DE LITERATURA

2.1. Aspectos da História da Soja

O ano de 2015 não foi bom para economia brasileira, que fechou o ano

com retração de 3,55% do PIB nacional. Entre todos os setores econômicos do

país, apenas o PIB da agropecuária apresentou crescimento, em torno de 1,8%,

ao passo que o PIB da indústria recuou 6,2% e o PIB dos serviços com recuo de

2,7%, para destacar aqueles com maiores índices. A pressão inflacionária, o

desemprego crescente e as taxas de juros elevadas deterioraram o poder de

compra do consumidor e prejudicou os investimentos. As despesas de consumo

das famílias recuaram 4% no ano e a formação bruta de capital fixo retraiu

expressivos 14,1% (IBGE, 2015).

Com destaque no PIB da agropecuária se destaca a soja. A soja (Glycine

max (L.) Merrill) é uma das mais importantes culturas na economia mundial. Seu

grão é usado pela agroindústria (produção de óleo vegetal e rações para

alimentação animal), indústria química e de alimentos, e também como fonte

alternativa de biocombustível (COSTA NETO; ROSSI, 2000).

Entre os grandes produtores de soja, os Estados Unidos é o maior

produtor desta cultivar; o Brasil aparece na segunda posição, e apresenta a

maior capacidade de aumentar a sua atual produção, tanto pelo aumento da

produtividade, quanto pelo potencial de expansão da área cultivada. Até 2020, a

produção brasileira de soja deve ultrapassar a barreira dos 100 milhões de

toneladas, podendo assumir a liderança mundial na produção do grão

(VENCATO, 2010).

No Brasil, o primeiro relato sobre o surgimento do cultivo da soja é de

1882, no Estado da Bahia (BLACK, 2000). Logo em seguida, foi levada por

imigrantes japoneses para São Paulo, e somente em 1914, a soja foi introduzida

no estado do Rio Grande do Sul, sendo este por fim, o lugar onde as variedades

trazidas dos Estados Unidos melhor se adaptaram às condições edafoclimáticas,

principalmente, em relação ao fotoperíodo (BONETTI, 1981).

A soja se destaca como uma das principais atividades do agronegócio

brasileiro, como uma de suas principais commodities. A soja vem ampliando sua

produtividade e suas fronteiras de produção, atingindo recordes de safras, ano

após ano (CEPEA, 2016).

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A cultivar soja apresentou, em MS, um crescimento de 11,03% na

produção dos grãos, considerado muito expressivo para o ano 2015, já que

outros produtos ligados ao agronegócio não apresentaram tamanho

desempenho. Pode-se afirmar que este resultado está ligado ao maior volume

de produção do grão, ressaltando que em 2015 houve um aumento na área de

cultivo de soja de 6,36%, sendo registrado, neste ano, recorde de produção da

soja brasileira (CEPEA, 2016).

Em pelo menos 16 estados brasileiros a principal cultura agrícola é a soja,

que começou a se desenvolver com maior vigor no Sul do Brasil há mais de 100

anos e passou a registrar os números maiores há 50 anos na região. Hoje se

consolidou no Centro-Oeste brasileiro, em parte do Sudeste e, mais

recentemente, abre espaços no Nordeste e do Norte brasileiro. O maior produtor

de soja é, há vários anos, o estado de Mato Grosso (MT), no Centro-Oeste,

região que sucedeu o Sul na liderança produtiva, com o avanço das áreas de

clima temperado do cerrado (SANTOS, 2015).

O agronegócio abrange os mais variados níveis da cadeia produtiva; não

possui como fonte determinante apenas uma atividade; existe uma observação

em todo cenário agroindustrial aonde a pecuária e a agricultura e, até mesmo,

as atividades de transformação e serviços venham compor este arranjo

produtivo, que surge e transforma determinada matéria-prima em produto final

(CALLADO; CALLADO, 2011).

Em MS, a produção de soja ocupa uma posição de suma importância na

esfera nacional, mas não poderia ser diferente já que é um setor dinâmico e

demandista de inovações e investimentos constantes, participando de um alto

grau de competitividade a que está notório.

2.2. Complexo Agroindustrial (CAI)

A agroindústria tem como missão englobar todas as atividades ligadas

direta ou indiretamente para obtenção do produto e à utilização das matérias

primas agropecuárias, inclusive fazer uma combinação dos fatores de produção

e junto a todo o setor governamental que se relaciona com este sistema.

O CAI é a unificação das relações interdepartamentais com os ciclos

econômicos e as esferas de produção, distribuição e consumo, relações estas

associadas às atividades agrárias, sendo o CAI uma unidade de análise na qual

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as atividades (agricultura, pecuária, reflorestamento) se vinculam com as

atividades industriais (MÜLLER, 1989a). A Figura 1 apresenta, de modo geral, o

fluxograma da cadeia produtiva da soja.

Figura 1. Cadeia produtiva da soja (FONTE: G&M CONSULTORIA, 2015).

A noção de Complexo Agroindustrial serve para caracterizar uma tipologia

marcada pelas relações intersetoriais indústria-agricultura-comércio-serviços,

num padrão agrário moderno, no qual o setor agropecuário passa a ser visto de

maneira integrada à indústria (MEDEIROS, 1995).

No Brasil, alguns autores como Kageyama (1987) e Silva (1982)

consideram a existência de um “Complexo Rural”, anteriormente à constituição

dos chamados Complexos Agroindustriais, numa situação em que haveria uma

dinâmica muito simples na qual a atividade agrícola, ou o setor rural, mantinha

pequenas relações com atividades externas às fazendas, a não ser com o

mercado externo para um único produto. A Figura 2 apresenta o fluxograma que

representa um sistema agroindustrial.

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Figura 2. Sistema Agroindustrial (FONTE: MAPA, 2007).

Faz parte da delimitação do sistema agroindustrial os seguintes

segmentos e transações:

• Indústrias de insumos agrícolas: representam a indústria de fertilizantes,

defensivos, máquinas etc., relacionando-se diretamente com a produção

agrícola (transação T1).

• Produção: representa o segmento agrícola propriamente dito,

transacionando “para trás” com a indústria de insumos (T1) e “para frente” com

indústrias esmagadoras (T2), tradings (T3), cooperativas (T4) e outros

intermediários (corretores, armazenadores, etc.) – (T5).

• Originadores: na maior parte dos casos, o estágio de “originarão” está

verticalmente integrado ao de esmagamento (T8). No entanto, as tradings,

cooperativas, os corretores e armazenadores, em contato direto com produtores,

no processo de aquisição, armazenagem distribuição de matérias-primas,

exercem a função de originadores. As tradings transacionam com

produtores/cooperativas, de forma a adquirir matéria-prima (T3) e efetuar vendas

para o mercado externo (T9), podendo atuar também como prestadoras de

serviços para indústrias esmagadoras (T7) e cooperativas (T6) nas suas vendas

internacionais (T9).

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No entanto, são os corretores e armazenadores que exercem de forma

mais expressiva o papel de prestadores de serviços às indústrias esmagadoras

e, até mesmo, às tradings, na formação de lotes de matéria-prima para venda,

originários do segmento produtivo (T5).

• Indústria esmagadora, refinadoras e produtores de derivados de óleo:

no processo de esmagamento da soja, parte do farelo resultante é exportada

pelas indústrias (T7), seja por meio das tradings ou pelos departamentos

comerciais internos das próprias indústrias. A transação (T11) representa a

possibilidade de importação de soja em grãos em regime de draw back.

O farelo de soja comercializado domesticamente tem como destino as

indústrias de ração (T12). Já o óleo obtido por meio do processo de

esmagamento ainda segue as etapas de moagem e refino. O óleo que é

parcialmente refinado pode ainda ser transformado em margarinas, maioneses

e gorduras vegetais. Esses produtos mais elaborados, incluindo o óleo de soja

refinado, são direcionados principalmente para o mercado interno, por meio de

distribuidores atacadistas e varejistas (T17).

A transação (T10) representa o segmento de derivados de óleo

produzidos pelas indústrias integradas verticalmente, que apresentam todos

esses estágios em suas plantas industriais. Esses produtos processados

também podem ser direcionados às indústrias de alimentos, química e

farmacêutica (T15).

• Distribuidores: são representados pelos segmentos atacadistas e

varejistas, comuns também a outros Sistemas Agroindustriais (SAGs). A

transação (T17) representa a ponte entre a indústria esmagadora e a de

derivados de soja, enquanto a transação (T18) representa os consumidores

finais. Os distribuidores recebem indiretamente outros produtos de soja, por meio

da indústria de rações/carnes (T14) e de outras indústrias em geral (T16).

• Consumidores finais: envolvem os consumidores finais de derivados de

óleo e carnes no mercado interno, além dos compradores industriais, nas vendas

externas de tradings e indústrias processadoras.

A modernização na agropecuária definiu o suporte para a constituição dos

chamados “complexos agroindustriais”. Por meio do processo, de

industrialização da agricultura, que caracterizara o momento em que a

modernização agrícola se torna irreversível, pois como um ramo de produção na

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divisão do trabalho, a agricultura converte-se em compradora de insumos

industriais e produtora de matérias-primas para outros ramos industriais - a

agroindústria processadora, dessa maneira, a atividade agrícola incorpora-se ao

modo industrial de produzir (MÜLLER, 1989b).

A industrialização do campo é um momento específico do processo de

modernização, a reunificação agricultura-indústria num patamar mais elevado

que do simples consumo de bens industriais pela agricultura. É o momento da

modernização a partir do qual a indústria passa a comandar a direção, as formas

e o ritmo da mudança na base técnica agrícola, o que ela só pode fazer após a

implantação do setor industrial produtor de bens de capital e insumos básicos

para a agricultura no país (SILVA, 1982).

Segundo Araújo et al. (1990), a propriedade agrícola mudou sua atividade

de subsistência para uma operação comercial, em que os agricultores

consomem, cada vez menos o que produzem. O moderno agricultor é um

especialista, confinado às operações de cultivo e criação. Por outro lado, as

funções de armazenar, processar e distribuir alimento vão se transferindo, em

larga escala, para organizações além da fazenda.

Essas organizações transformaram-se em operações altamente

especializadas. Criou-se um novo arranjo de funções fora, e a montante, da

fazenda: a produção de insumos agrícolas e fatores de produção, incluindo

máquinas e implementos, tratores, combustíveis, fertilizantes, suplementos para

ração, vacinas e medicamentos, sementes melhoradas, inseticidas, herbicidas,

fungicidas e muitos itens mais, além de serviços bancários, técnicos de pesquisa

e informação (ARAUJO et al., 1990).

O complexo agroindustrial desempenha uma relevância na economia do

país, referindo-se a todas as instituições que desenvolvem atividades no

processo de produção, elaboração e distribuição dos produtos da agricultura e

pecuária, envolvendo desde a produção e fornecimento de recursos até o

produto final, que chega na mão do consumidor final. Entre as diversas

instituições que constituem o CAI incluem-se, além daquelas diretamente

envolvidas no processo, aquelas de apoio indireto à realização das atividades na

tomada de decisões, como o governo e suas políticas e o sistema financeiro e

de crédito.

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2.2.1. O complexo da soja em Mato Grosso do Sul

Em Mato Grosso do Sul, a soja destaca-se entre as principais culturas na

geração de Valor Bruto de Produção (VBP) e Produto Interno Bruto (PIB) da

agropecuária. Somente em 2014, de acordo com estimativas do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a soja em grão foi responsável

por aproximadamente 30% do VBP do setor agropecuário do Estado (G&M

CONSULTORIA, 2015).

O MS em 2016 apresentou um aumento em sua estimativa de produção

em 6,5% que deve atingir 8.262.000 toneladas, um novo recorde para o Estado.

Com a manutenção das boas condições climáticas, a produtividade das lavouras

de soja em MS foi elevada em 5,9% no ano de 2016. O mesmo ocorreu nos

estados do Paraná (PR) (1,4%), Rio Grande do Sul (RS) (1,1%), e Goiás (GO)

(2,1%). Além das excelentes condições do clima, os preços elevados à época do

plantio proporcionaram um alto investimento dos produtores em tecnologia,

alcançando recorde de produção em muitos estados onde foram feitos o cultivo

da soja (IBGE, 2017).

A Figura 3 apresenta a evolução da área plantada de soja no período de

2006 a 2016 no estado de MS em Hectares.

Figura 3. Área plantada - soja em Mato Grosso do Sul no período de 2006 a 2016

(FONTE: IBGE, 2017).

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Observe na Figura 3, que no ano de 2006 o MS teve em sua área plantada

de soja, em torno de 1.907,688 milhões de hectares e, no ano de 2007 houve

uma redução para 1.718,031 milhões de hectares.

A cultivar soja tem grande representatividade na economia do estado de

MS, não apenas pela sua participação no PIB do Estado, mas pela área plantada

desse cereal. Na Figura 3, a área plantada de soja em MS vem apresentando

uma evolução principalmente após o ano de 2013 que resultou em torno de

1.987,296 milhões de hectares, esta cultivar atingiu o seu ápice em 2016, com

uma área de 2.448,30 milhões de hectares com uma representatividade entre

todas as culturas de grãos de MS. Nesta mesma linha de raciocínio pode

perceber que na Figura 4, o período de 2006 foi colhido pelos produtores rurais

do Mato Grosso do Sul 2.181 kg por hectare de soja. Após este período a colheita

acompanhou a redução de área para os anos seguintes como 2007 até 2011

(IBGE, 2017).

O fato relatado no parágrafo anterior pode levar a pensar que o produtor

tenha encontrado outra alternativa de renda, para assim reduzir o volume da

área plantada e colhida entre 2007 até 2011, uma vez que os gráficos da figura

4, demonstra que em 2007 e 2010, houve um aumento na produção de soja por

quilogramas por hectare, onde em 2007 apresentou uma produção de 2.820

quilograma por hectare em 2010 a produção foi de 3.082 quilograma por hectare

desta cultivar nessas áreas. A produtividade da soja em MS é uma das mais

altas do Brasil, justificando, assim, a missão do Estado de ser um grande

produtor dessa leguminosa (IBGE, 2017).

A Figura 4 apresenta a produtividade da soja no estado de MS no período

de 2006 a 2016.

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Figura 4. Produtividade média da soja em MS no período de 2006 a 2016 (FONTE:

IBGE, 2017).

De acordo com a Figura 4, pode-se averiguar que a produtividade média

da soja em MS teve momentos relevantes como no ano de 2015 que alcançou

rendimentos médios de 3.108 kg por hectare. No período de 2016 houve uma

redução nessa produtividade onde esta marca alcançou 3.062 kg/hectare, antes

desses resultados o melhor ano desta cultivar foi em 2010 onde a produção

média chegou a 3.082 kg por hectare. Os próximos anos entre 2011 a 2013 este

rendimento teve uma ligeira redução inclusive chegando a uma produção de

abaixo de 2.534 quilos por hectare. Estas situações podem ter sido causadas

por algumas variáveis, entre essas pode-se destacar o clima ostensivo, de chuva

ou de longos períodos de seca na região do Estado (IBGE, 2017).

Em 2014 a cultivar voltou a apresentar melhores rendimentos, com isso

algumas variáveis como, geração de receitas e emprego trouxe novos ânimos

aos produtores, onde rendimento chegou ao montante de 2.938 quilos por

hectare. Com isso, pode-se notar que as culturas temporárias como soja, milho,

trigo e aveia, tiveram algumas oscilações devido a fatores externos como

política, câmbio, aquisição de insumos e preço para comercialização, mas, após

todos esses altos e baixos, a soja vem se recuperando e proporcionado ao

empresário rural excelentes ganhos financeiros (IBGE, 2017).

Em MS, o complexo produtivo da soja, inicia-se com o fornecimento de

insumos agrícolas aos produtores rurais, tais como fertilizantes, defensivos,

máquinas e sementes. Os produtores rurais então transacionam “para trás” com

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os fornecedores de insumos e “para frente” com tradings, cooperativas, outros

intermediários e indústrias esmagadoras (FAMASUL,2015).

A escolha do tipo de soja pode variar de acordo com o tipo de cultivo,

podendo ser soja convencional ou transgênica (RR1 e RR2 - tecnologias).

Segundo informações do Sistema Famasul, no Estado prevalece o cultivo da

soja transgênica (G&M CONSULTORIA, 2015). Conforme Richetti (2014), a soja

transgênica pode ser definida como planta que recebeu, por meio da

biotecnologia genes que a torna tolerante a um tipo de herbicida no caso, o

glifosato. Sendo assim, se diferencia no fornecimento de insumos, dadas às

especificidades de cada cultivo.

Segundo Richetti (2014), o complexo produtivo da soja divide-se em cinco

principais elos, sendo:

-O primeiro elo é composto pelo setor de insumos, um setor em que área

de tecnologia tem destaque, devido ao uso da biotecnologia. Este é responsável

significativamente pelo aumento da produtividade da terra, dos insumos e da

mão de obra, e, cooperam para a diminuição dos riscos da atividade e se

adaptam o tempo absorvido na consecução de cada etapa do ciclo de produção;

-O segundo elo é representado pelos produtores rurais compostos de

acordo com o local, onde está instalada a unidade agrícola de produção

propriamente dita;

-O terceiro elo é representado pelas tradings, cooperativas, os corretores

e armazenadores (pequenas tradings), em contato direto com produtores, no

processo de compra, armazenagem e distribuição de matérias-primas e exercem

a função de originadores;

-O quarto elo está relacionado com a indústria processadora, refinadoras

e produtores de derivados de óleo. No processo de esmagamento da soja, parte

do farelo resultante é exportada pelas indústrias tradings ou departamentos

comerciais internos das próprias indústrias e;

-O quinto elo é formado pelos distribuidores, compostos pelos segmentos

atacadistas e varejistas, que comercializam para os consumidores finais de

derivados de óleo e carnes no mercado interno, além dos compradores

industriais, nas vendas externas de tradings e indústrias processadoras.

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2.2.2. Fator empregabilidade e renda no agronegócio

A cada dia um novo posto de trabalho é fechado, devido a uma crise que

se identifica como política e econômica. Empresas de vários setores vêm

demitindo seus colaboradores devido ao momento difícil que o país vem

atravessando. Segundo o CAGED (2016) os trabalhadores que tem atividade

laboral ligada ao setor do agronegócio somente em dezembro de 2015 tiveram

cerca de 92.951 postos de trabalho foram fechados.

Segundo o IBGE (2016), os dados relacionados ao número de pessoas

sem emprego, chegam a 13,3 milhões, essa quantidade de pessoas sem

ocupação representa 9,5% de desempregado no pais até dezembro de 2015

mesmo com estes números.

Em estudos recentes feitos pelo Centro de Estudos Avançados em

Economia Aplicada (CEPEA), com referência ao ano de 2015, o agronegócio

conta com 19 milhões de trabalhadores, deste total, 9,09 milhões estão atuando

no segmento primário, dentro da porteira, e o restante que corresponde a 5,67

milhões no setor de serviços, enquanto a agroindústria emprega 4,12 milhões de

pessoas (BARROS et al., 2017).

As estimativas anuais para produção de soja, safra 2015/2016, ajustadas

para o período, apontam queda de 0,62%. Segundo a CONAB (2016), mesmo

com ganho de área, o atraso no plantio do grão em diversos estados e também

o veranico acabaram por reduzir a produtividade média das lavouras, refletindo

na produção desta safra.

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Quadro 1. PIB do agronegócio nos segmentos (A), (B), (C) e (D), em milhões de reais de 2006 a 2016 – no Brasil.

Cadeia da Soja

Ano Insumos

(A)

Agropecuária

(B)

Indústria

(C)

Serviços

(D)

Total

2006 0,80 4,29 7,00 8,51 20,60

2007 0,90 4,31 6,54 8,37 20,12

2008 1,07 4,50 6,31 8,34 20,23

2009 0,87 3,82 6,26 8,10 19,06

2010 0,82 4,32 5,99 8,03 19,17

2011 0,86 4,78 5,50 7,49 18,62

2012 0,86 4,17 5,24 6,92 17,19

2013 0,87 4,21 5,07 6,83 16,98

2014 0,84 4,16 4,01 6,87 16,88

2015 0,85 4,33 5,39 7,61 18,17

2016 0,91 4,95 5,79 8,34 20,00

FONTE: CEPEA/ESALQ (2017)

A cadeia de produção da soja, de 2006 a 2016, durante este período

alguns segmentos desta cadeia de produção, apresenta determinado aumento

em determinado ano, os insumos em 2008 tiveram uma participação no

complexo no PIB do país de 1,07 milhões de reais, sendo bem significativo, já

que entre 2006 e 2007 ficou entre 0,80 e 0,90 milhões de reais respectivamente,

e após participação de 2008 este alcançou entre 0,82 até 0,91 do período de

2009 a 2016.

Com esse resultado, pode-se observar que o crescimento está

direcionado a fatores externos, uma vez que muitos dos principais insumos têm

sua cotação em moeda estrangeira. E os principais destinos da produção é o

mercado externo, com isso, o custo de produção passa a ser maior a cada

período de plantio, reduzindo o valor agregado da produção no campo e da

margem da agroindústria.

O agronegócio demonstra sua força quando analisado de maneira

minuciosa. É possível ter uma dimensão de como os dados econômicos desta

atividade tem uma significativa representatividade no produto interno bruto do

país.

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No período de 2012 a 2014, o setor teve uma ligeira redução na

participação do PIB, apresentando dados para esta ocasião entre 17,19 a 16,88

quando verificamos os próximos anos em 2015 e 2016, está representatividade

chegou a valores próximos daqueles alcançados em 2006, que foi justamente

20,60 % do PIB, neste momento temos uma representatividade do agronegócio

do PIB em 2016 no percentual de 20% (CEPEA/ESALQ, 2017).

2.3. Matriz Insumo-Produto

A matriz insumo-produto é o instrumento da contabilidade social que

permite conhecer os fluxos de bens e serviços produzidos em cada setor da

economia, destinados a servir de insumos a outros setores, e para atender a

demanda final, sendo considerado um instrumento para analisar os efeitos

estruturais de choques na economia, como mudanças no preço, alterações em

tarifas, aumentos de salários e variações na taxa de câmbio, bem como, para

fazer projeções sobre o comportamento de uma atividade econômica

(CAVALHEIRO,1998).

Uma tabela insumo-produto desempenha duas funções separadas, a

primeira função mostra uma estrutura descritiva que mostra a relação entre

indústrias, setores e insumos e, a segunda função, dada a certas suposições

econômicas sobre natureza das funções de produção, esta será instrumento

analítico para mensurar o impacto sobre a produção e a renda de uma economia

(RICHARDSON,1978).

O Quadro 3 apresenta a estrutura de uma MIP, que significa uma estrutura

matemática composta de um conjunto de n equações lineares com n incógnitas,

que pode ser representado através de notação matricial (MILLER; BLAIR, 2009).

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Quadro 2. Exemplo de uma matriz insumo-produto

FONTE: Adaptado de Guilhoto (2011).

Onde: Z é o fluxo monetário entre os setores da economia; C é o consumo

dos produtos dos setores pelas famílias; G é o gasto do governo junto aos

setores; I é a demanda por bens de investimento produzidos nos setores; E é o

total exportado pelos setores; X é o total de produção dos setores; T é o total de

impostos indiretos líquidos pago pelos setores; M é a importação realizada pelos

setores e; W é o valor adicionado gerado pelos setores.

Com base no Quadro 3, permite-se estabelecer a igualdade equação (1).

X+C+G+I+E = X+M+T+W (1)

Com a exclusão do X de ambos os lados, tem-se a equação (2).

C + G + I +E = M + T + W (2)

Rearranjando tem-se a equação (3).

C + G + I + (E – M) = T + W (3)

Segundo o Sistema Famasul, a Matriz de Insumo-Produto (MIP)

administra um conjunto sistemático de informações detalhadas sobre a estrutura

produtiva do Estado, consentindo a identificação exata de diversos fluxos de

produção tanto para bens finais quanto para bens intermediários. A matriz é um

instrumento valioso para a análise econômica em geral e para a elaboração de

políticas públicas (FAMASUL, 2016).

Com os resultados da MIP e de indicadores de interligação setorial da

economia local é possível avaliar seus efeitos e sua demanda em relação a

emprego, renda e valor adicionado. A MIP pode ser utilizada para estimar o

impacto sobre a produção de determinada área ou região. Em estudos realizados

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por Guilhoto, Furtoso e Barros (2000), citam a mensuração da importância do

agronegócio na economia brasileira.

A cadeia produtiva da soja estima-se o PIB de acordo com os conceitos e

procedimentos usuais da contabilidade nacional exercidos pelo IBGE. O produto

da cadeia retrata a produção de todas as unidades produtoras de bens e serviços

inter-relacionados com a agropecuária em ligações a montante e a jusante, num

determinado período, avaliado a preços de mercado. Assim, o cálculo do PIB a

preços de mercado pode ser realizado sob três óticas: produção, despesa e

renda (FAMASUL, 2015).

Desta forma, há muitos pontos em comum entre os dois delineamentos,

tendo assim a necessidade primordial de dados estatísticos, de fontes

bibliográficas e documentais de instituições governamentais e organizações

empresariais referentes ao complexo produtivo da soja no estado de Mato

Grosso do Sul.

Para a elaboração da MIP foi utilizado o método de Leontief (1936), que

consiste em um modelo de planejamento econômico baseado no método

entrada-saída, a fim de estudar o fluxo de bens e serviços entre os vários setores

da economia. Para o dimensionamento do CAI da Soja deve-se considerar a

contribuição de cada segmento da sua cadeia produtiva e as inter-relações sobre

aquisições e vendas para outros setores da economia. A Figura 5 apresenta a

representação esquemática da agropecuária à montante e a jusante do Núcleo

Agropecuário.

Figura 5. Representação esquemática da agropecuária à montante e à jusante

(FONTE: ARAÚJO NETO; COSTA, 2005).

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É fundamental a construção da MIP, com um detalhamento das cadeias

produtivas e o agregado de atividades que participam dos sistemas que

constituem o agronegócio.

2.4. Procedimentos para o Cálculo do PIB do Complexo da Soja do MS

Para adequar a metodologia de estimativa do Produto Interno Bruto do

Complexo Agroindustrial sul-mato-grossense, os procedimentos usuais de

contabilidade nacional praticados pelo IBGE foram utilizados sobre a base de

dados regional. Assim, o produto do CAI representa a produção de todas as

unidades produtivas de bens e serviços inter-relacionadas com a agropecuária

em ligações a montante e a jusante, no ano de 2010, avaliados a preços de

consumidor.

O cálculo do Produto Interno Bruto tem por objetivo disponibilizar a sociedade informações de grandeza macroeconômica que representem em termos monetários a magnitude da produção de bens e serviços, a composição setorial e a dinâmica de crescimento da economia, e que periodicamente passa por um processo natural de revisão metodológica e análise crítica das estatísticas com estabelecimento de um novo ano de referência (SEMADE, 2016).

O procedimento para o cálculo do PIB do complexo da soja do MS está

fundamentado na intensidade da interligação para trás (antes da porteira) e para

frente (depois da porteira) na produção de soja. Na mensuração do PIB da soja

tem-se quatro agregados principais: I) insumos para a agricultura; II) produção

de soja (agropecuária); III) processamento (agroindústria) e; IV) distribuição e

serviços (agro serviços e comércio).

Objetivando comparar os resultados de indicadores econômicos da matriz

de insumo-produto foram calculados os multiplicadores de produção e emprego

e os índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman.

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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS

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22

4. ARTIGO

DIMENSIONAMENTO DO COMPLEXO SOJA DO ESTADO DE MATO

GROSSO DO SUL EMPREGANDO A MATRIZ INSUMO PRODUTO

RESUMO: A presença da cultura da soja é muito forte no estado de Mato Grosso

do Sul (MS), podendo ser observada pelas enormes áreas plantadas e a alta

produção com a oleaginosa no Estado. Quando se trata do Complexo

Agroindustrial (CAI) da soja em MS, não se tem a exata dimensão do seu valor

monetário, bem como, de quantos empregos são gerados nesse complexo, o

quanto dessa produção é processada no MS, o quanto é exportado para outros

estados da federação ou para o exterior. Neste trabalho foi analisada a dimensão

do Complexo Soja de MS em termos monetários, do volume de processamento

no Estado e da geração de emprego e renda. Para isso, utilizou-se como

metodologia a matriz insumo-produto da economia sul-mato-grossense para o

ano de 2010. Os resultados mostraram que o PIB de MS apresenta

multiplicadores de impacto que foram estimados para um modelo de Leontief

fechado. Os impactos no valor adicionado decorrentes do aumento da demanda

final em valores foram os setores de: Outros serviços, Comércio e Agropecuária

sem a soja. A composição dos agregados que compõem o PIB desse complexo

mostrou uma participação dos agregados no complexo da soja de 47,36%. No

cenário nacional e de participação relativa dos agregados no PIB do agronegócio

de 6,54%. Nesse sentido, pode-se notar que a produção e comercialização

desse produto, advindo do campo, tem representatividade expressiva na

economia do estado de MS.

Palavras-chave: PIB do Agronegócio de MS; Matriz Insumo-Produto de MS;

Desenvolvimento Regional de MS.

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23

SIZE OF THE SOYLE COMPLEX OF THE STATE OF MATO GROSSO DO

SUL EMPLOYING THE MATRIX INPUT PRODUCT

ABSTRACT: The presence of the soybean crop is very strong in the state of Mato

Grosso do Sul (MS), which can be observed by the enormous planted areas and

the high production with the oilseed in the State. When it comes to the

Agroindustrial Complex (CAI) of soybeans in MS, the exact size of their monetary

value is not known, as well as how many jobs are generated in this complex, how

much of that production is processed in the MS, how much is exported to other

states of the federation or abroad. In this work the size of the MS Soybean

Complex in monetary terms was analyzed, the volume of processing in the State,

the export and the generation of employment and income. For this, the input-

output matrix of the South-Mato Grosso economy for the year 2010 was used as

methodology. The results showed that the GDP of MS presents impact multipliers

that were estimated for a closed Leontief model. The value added impacts of the

increase in the final demand for values were: Other services, Commerce and

Agriculture without soybean. The composition of the aggregates that compose

the GDP of this complex showed a participation of the aggregates in the soy

complex of 47.36%. In the national scenario and relative participation of the

aggregates in agribusiness GDP of 6.54%. In this sense, it can be noted that the

production and commercialization of this product, coming from the field, has

significant representation in the MS state economy.

Keywords: Agribusiness GDP of MS; Input-Product Matrix of MS; Regional

Development of MS.

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24

4.1. Introdução

O agronegócio abrange os mais variados níveis da cadeia produtiva da

economia brasileira, não possuindo como fonte determinante apenas uma

atividade, mas sim, todo um cenário agroindustrial aonde a pecuária, agricultura

e até mesmo as atividades de transformação e serviços que compõem esse

arranjo produtivo, que transforma determinada matéria prima em produtos finais

(CALLADO; CALLADO, 2011).

Ao contrário do que muitos imaginam, o agronegócio não está somente

relacionado com o campo, mas também com o meio urbano, sendo um dos

vetores de promoção da subordinação das atividades rurais à dinâmica das

cidades. Isso ocorre porque, à medida que o agribusiness se moderniza, mais

ele torna-se dependente de atuações industriais e produtivas advindas das

cidades.

O agronegócio brasileiro tem importante representatividade na economia

nacional, segundo estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), que apontou em 2015 um crescimento do setor que se deve

principalmente, entre outros, ao desempenho da agricultura, que registrou

aumento na produção. Foram destaques as lavouras de soja, com aumento de

11,9%, milho 7,3% e cana-de-açúcar, 2,4%, ao passo que na pecuária, os

destaques em crescimentos estão nos segmentos de suínos 5,3% e frango 3,8%

(PORTAL BRASIL, 2016).

O consumo global de soja em 2017 foi estimado em 332,4 milhões de

toneladas, demanda recorde influenciada por aumento em todos os grandes

mercados mundiais, inclusive da China, que é o maior mercado, com demanda

esperada de 101,1 milhões de toneladas se soja, alta de 6,4% sobre 2015/2016.

A expectativa da demanda dos EUA foi menor do que o previsto no relatório

anterior, ainda assim, representa um recorde, com 56 milhões de toneladas. No

Brasil, esse consumo deve ser recorde, somando 45,1 milhões de toneladas

(FIESP, 2017).

A produção de soja no Brasil, referente a safra 2016/2017, é de um

montante de 113,923 milhões de toneladas, sendo o estado de Mato Grosso o

maior produtor desse grão no país, com uma produção de 30,514 milhões de

toneladas. O estado do Paraná teve uma produção de 19,534 milhões de

toneladas, seguido pelo estado do Rio Grande do Sul com uma produção de

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25

18,714 milhões de toneladas, Goiás ocupa o quarto lugar com a produção de

10.593,5 milhões de toneladas e, em quinto lugar aparece o estado de Mato

Grosso do Sul, com uma produção de 7.760,2 milhões de toneladas de soja

(IBGE/LSPA, 2017).

Para o dimensionamento do complexo da soja no estado de MS, utilizou-

se uma ferramenta ligada a econometria, denominada de matriz insumo produto

(MIP), que faz uma radiografia das atividades agrícolas, e permite identificar os

diversos fluxos de produção em MS, permitindo mostrar a importância

econômica do agronegócio para Estado por meio de um conjunto sistemático de

informações detalhadas sobre a sua estrutura produtiva. A MIP é um instrumento

valioso para a análise econômica em geral e para a elaboração de políticas

públicas (FAMASUL, 2016).

Neste contexto econômico, o objetivo principal deste estudo foi

dimensionar o Complexo Agroindustrial da Soja em Mato Grosso do Sul para o

ano de 2010. Para auxiliar nessa consecução foram determinados: a estrutura

para agregação no PIB, os índices de ligação, multiplicadores de impactos e

renda no Estado em 2010.

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26

4.2. Material e Métodos

Este estudo tem caráter descritivo e exploratório, pois, pretende-se

analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipular as variáveis do

problema, ao mesmo tempo em que desenvolve, esclarece e modifica conceitos

e ideias, com vistas à formulação de problemas mais precisos ou hipóteses

pesquisáveis para estudos posteriores.

Foram utilizados dados secundários fornecidos pela Companhia Nacional

de Abastecimento (CONAB), Federação da Agricultura e Pecuária de Mato

Grosso do Sul (FAMASUL), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico

(SEMADE) e, pesquisas documentais.

Em virtude da metodologia de pesquisa ser descritiva foi realizado um

levantamento e uma revisão bibliográfica sobre a matriz insumo-produto,

desenvolvido por Leontief (1936), que permite a identificação da

interdependência das atividades produtivas compostas de insumos utilizados e

produtos decorrentes do processo de produção, mediante um modelo de

planejamento econômico baseado no método entrada-saída, cuja finalidade é

estudar o fluxo de bens e serviços entre os vários setores da economia.

De acordo com Miller e Blair (2009), um modelo de insumo-produto é

construído a partir de dados observados em um contexto econômico, podendo

ser um modelo que represente determinada área, como uma nação, por

exemplo. A atividade econômica deve ser capaz de ser separada em um número

de segmentos ou setores que compõe a estrutura de produção da economia. Os

dados necessários são fluxos de produtos, mensurados em unidades monetárias

ou não, de cada um dos setores (como produtor/vendedor), para cada um dos

setores (como um comprador). Estes fluxos interindustriais, ou transações, ou

mesmo, fluxos intersetoriais são denominados de análise insumo-produto (input-

output analysis), e normalmente são representados por determinado período de

tempo (geralmente um ano).

As relações do modelo de insumo-produto são representadas, de modo

esquemático matricial na Figura 1. De acordo com ela, pode-se observar que as

vendas de um dado setor são utilizadas como insumo no processo produtivo de

outro setor ou podem também ser consumidas pelos vários componentes da

demanda final. De outro lado, observando-se as colunas nota-se que o processo

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produtivo de um determinado setor exige uma determinada quantidade de

insumos que podem ser originados da própria economia ou importados. Este

mesmo processo produtivo é responsável tanto pelo pagamento de impostos

quanto pela geração de valor adicionado, na forma de geração de salários e de

excedentes.

SETORES

COMPRADORES DEMANDA FINAL

PRO

D.TO

TAL

X1

X

2

… X

j

… X

n

Investim

ento

Exporta

ção

Variaç

ão de

estoq

ue

Consu

mo do

Gover

no

Cons

. das

famíli

as

SE

TO

RE

S

VE

ND

ED

OR

ES

X1

X2

XI

Xn

Importações

Importações

Ind. liq.

VA

LO

R A

DIC

ION

AD

O

Remun

era-

ções

Excede

nte

Operac

ional

Bruto

PRODUÇÃO

TOTAL

Figura 6. Relação esquemática matricial do modelo de insumo-produto. (FONTE:

Adaptada de HILGEMBERG, 2004).

Na Figura 6, a demanda de um dado setor j, (j = 1, 2, 3, …, n), por insumos

originados de outros setores é relacionada com o montante de bens produzidos

por este mesmo setor j e a demanda final, isto é, a demanda das famílias, do

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governo ou de outros países (exportações), é determinada por considerações

não relacionadas com o montante produzido nestas unidades (MILLER; BLAIR,

2009).

Deste modo, assumindo que a economia é dividida em n setores, tem-se

o modelo representado pela equação (4).

niXEIGCzn

j

iiiiiij ,,3,2,11

(4)

Onde zij é a produção do setor i utilizada como insumo intermediário pelo

setor j; Ci é a produção do setor i consumida pelas famílias; Ii é a produção do

setor i destinada ao investimento; Gi é a produção do setor i destinada às

administrações públicas; Ei é a produção do setor i exportada e; Xi é a produção

total do setor i (demanda final e insumos intermediários).

A demanda total de produção do setor i, denotada por Yi, equação (5), é

obtida pelo somatório das produções do setor i que são demandadas pelas

famílias, pelo governo, para investimentos e para exportações.

iiiii EIGCY (5)

O modelo de insumo-produto assume que os fluxos interindustriais do

setor i para o setor j obedecem a uma relação exata, dada por coeficientes

técnicos aij, que expressam a quantidade de insumos do setor i necessária à

produção de uma unidade de produto do setor j, e é definido pela equação (6).

njiX

za

j

ij

ij ,,3,2,1, (6)

Onde Xj é a produção total do setor j.

O conjunto de coeficientes técnicos aij ),,3,2,1,( nji forma uma

matriz A de dimensão n x n, que postulam medidas fixas das relações entre a

produção de um setor e seus insumos. Isolando zij na equação (6) obtém-se

jijij Xaz que substituído em (4), juntamente com a equação (5), obtém-se a

equação (7).

niXYXa

n

j

iijij ,,3,2,1

1

(7)

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29

Desenvolvendo a equação (7), para ),,3,2,1,( nji e isolando-se,

em cada vetor, os valores de Y1, Y2, Y3, …, Yn obtém-se o sistema de equações

(8).

nnnnnnn

nn

nnn

nn

YXXaXaXa

YXaXaXa

YXXaXXaXa

YXaXaXXa

2211

33232131

222222121

112121111

(8)

Colocando fatores comuns em evidência, obtém-se o sistema matricial

aberto de Leontief, representando a proporção fixa dos insumos por unidade do

produto final, modelo (9).

nnnnnnn

n

n

n

Y

Y

Y

Y

X

X

X

X

aaaa

aaaa

aaaa

aaaa

3

2

1

3

2

1

321

3333231

2232221

1131211

1

1

1

1

(9)

A representação matricial do sistema aberto de Leontief (9), para os n

setores que compõem a economia, é dada matricialmente pela equação (10).

YXAI )( (10)

Sendo,

n

n

n

n

nnnnn

n

n

n

y

y

y

y

Ye

x

x

x

x

X

aaaa

aaaa

aaaa

aaaa

A

2

1

2

1

321

3333231

2232221

1131211

;

Isolando-se X da equação (10), obtém-se a produção total X necessária

para suprir a demanda final Y, equação (11).

YAIX 1)( (11)

Onde 1)( AI é a matriz de coeficientes técnicos diretos e indiretos,

denotada por Z, também conhecida como matriz de Leontief ou matriz inversa

de Leontief, a qual indica os requerimentos diretos (provenientes da demanda

final) e indiretos (provenientes da demanda intermediária) para a produção de

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bens e serviços na economia, isto é, cada elemento da matriz corresponde aos

requisitos diretos e indiretos da produção total do setor i necessários para

produzir uma unidade de demanda final do setor j.

A partir dos coeficientes diretos e da matriz inversa de Leontief é possível

estimar, para cada setor da economia, o quanto é gerado direta ou indiretamente

de emprego, renda e valor adicionado para cada unidade produzida para a

demanda final. Pode-se ainda estimar os multiplicadores de impacto que medem

a cada aumento unitário na demanda final qual o resultado sobre o valor

adicionado, o emprego, os rendimentos ou qualquer outra variável apresentada

na matriz na forma de vetor linha (FEIJÓ; RAMOS, 2013).

Dessas análises, tem-se o modelo fechado da matriz, que pode ser

utilizado para mensurar os efeitos diretos, indiretos e induzidos sobre a geração

de emprego e renda nos setores a partir de alterações nas variáveis de demanda

final, onde pela matriz de Leontief tem a capacidade de gerar coeficientes que

endogenizam o consumo das famílias, permitindo medir os efeitos

multiplicadores desse consumo sobre o restante da economia (MILLER; BLAIR,

2009; GUILHOTO, 2011).

4.2.1 Medidas derivadas: indicadores síntese

Esses indicadores foram desenvolvidos procurando sintetizar a

informação contida nas matrizes de coeficientes técnicos. Os indicadores síntese

ou índices de ligações para frente e para trás, forward e backward linkages,

identificam os setores-chave na economia. São também denominados índices

de Hirschman-Rasmussen e indicam o grau de encadeamento dos setores da

economia, tanto para trás como para frente, ou seja, evidenciam o grau com que

um setor demanda ou oferta insumos para os demais setores do sistema

econômico.

Os valores calculados para os índices de ligações para trás indicam

quanto o setor demanda de outros setores da economia, enquanto os índices de

ligações para frente mostram o quanto o setor é demandado pelas outras

indústrias. De outra forma, diz-se que estes índices medem o encadeamento

entre os setores considerados na matriz de Leontief (RASMUSSEN 1956;

HIRSCHMAN, 1958; GUILHOTO et al., 2002; FEIJÓ; RAMOS, 2013).

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O índice de ligação para frente, foward linkage (FL), de um setor i também

pode ser interpretado como sendo o aumento total da produção de todos os

setores da economia quando há um aumento unitário pela demanda final do

setor i, equação (12).

nizFL

n

j

iji ,,2,1

1

(12)

Quanto ao índice de ligação para trás, backward linkages, este pode ser

visto como sendo o aumento da produção do setor j quando acontece um

aumento unitário na demanda final da economia, equação (13).

njzBLn

i

ijj ,,2,11

(13)

Para comparações de matrizes são desenvolvidos índices normalizados,

ou seja, calcula-se para cada linha ou coluna da matriz de Leontief a relação

entre o seu coeficiente médio e a média total dos coeficientes.

4.2.2 Multiplicadores de impacto

Os multiplicadores de impacto adicionam novas informações à análise

insumo-produto ao incorporar as componentes do valor adicionado à equação

básica do modelo. São dois os principais efeitos calculados: efeito direto e efeito

indireto.

O efeito direto mede o impacto sobre uma variável em relação a uma

situação de alteração na demanda final de uma determinada atividade,

considerando apenas as atividades que fornecem insumos diretamente a esta

atividade. O efeito indireto, mede o impacto sobre uma variável a uma variação

na demanda final de uma determinada atividade, considerando todas as

atividades que fornecem insumos, direta e indiretamente a essa atividade

(GUILHOTO; SESSO, 2010; FEIJÓ; RAMOS, 2013).

Pela ótica de análise da endogeneização, também é possível verificar os

impactos sobre emprego e renda segundo o tipo de multiplicador: o Multiplicador

Tipo I considera apenas o fluxo econômico entre os setores (primeira rodada de

transações); e, o Multiplicador Tipo II inclui o consumo das famílias nas

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transações econômicas (segunda rodada de transações) (MILLER; BLAIR, 2009;

GUILHOTO, 2011).

4.2.3 Multiplicador de renda

Definido em Feijó e Ramos (2013), o vetor W de dimensão n×1, onde wi

é a relação entre salário e o valor da produção da atividade i ( ni ,,2,1 ),

tem-se que o valor total dos salários (S) é escrito pela equação (14).

gWS (14)

Onde,

i

ii

g

Sw

(15)

Sendo Si = salários pagos na atividade i e gi = valor bruto de produção do

produto i. Substituindo g por fZ em (11), obtém-se a equação (16).

fZWS (16)

Onde Z corresponde a matriz de Leontief e f = corresponde aos itens de

demanda final. Nesse caso, a matriz A é chamada de matriz dos coeficientes

técnicos diretos e (I – A)-1 a matriz de Leontief ou matriz de coeficientes técnicos

diretos mais indiretos.

Desenvolvendo a matriz de Leontief em uma série de potências até a

ordem k, com o valor de k dependendo da precisão, tem-se a equação (17).

fAAAAIWS k )(' 32 (17)

As potências de A, definidas na equação (17), correspondem as diversas

rodadas de consumo a partir da estrutura da economia. A partir dessa

formulação define-se então a equação (18).

saláriodediretodormultiplicaAW (18)

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Esse multiplicador é interpretado como o impacto de um aumento unitário

da demanda final da atividade i sobre os salários pagos pelas atividades que

fornecem insumos diretamente para a atividade i. A equação (19) dá o

multiplicador direto e in direto de salário.

saláriodeindireto e diretodormultiplica)( 1 AIW (19)

Esse multiplicador é interpretado como o impacto de um aumento unitário

da demanda final da atividade i sobre os salários pagos por todas as atividades

encadeadas direta e indiretamente com essa atividade.

A mesma formulação pode ser utilizada para calcular multiplicadores para

qualquer uma das variáveis que compõem o valor adicionado como os impostos

por atividade, ou seja, tem-se três tipos de indicadores para análise de impactos

sobre os salários W das atividades que aumentam sua produção; AW é o

impacto nos salários das atividades que fornecem insumos diretamente e;

1)( AIW é o impacto nos salários de todas as atividades que são afetadas.

4.2.4 Multiplicador de emprego

Dispondo do número de pessoas ocupadas em cada atividade é possível

calcular o vetor L, em que cada componente li é a relação entre o número de

pessoas ocupadas e o valor da produção da atividade i. Assim, o número de

pessoas ocupadas pode ser descrito como pela equação (20).

gLPO (20)

Em que,

i

ii

g

POl

(21)

com POi = pessoal ocupado na atividade i.

Pode-se então descrever as equações (22) e (23).

ocupadopessoaldediretodormultiplica AL (22)

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ocupadopessoalde

indiretoediretodormultiplica)( 1 AIL (23)

O multiplicador direto pode ser interpretado como o impacto de um

aumento unitário da demanda final da atividade i sobre o número de pessoas

ocupadas nessa atividade. Já o impacto direto mais indireto pode ser

interpretado como o impacto de um aumento unitário da demanda final da

atividade i sobre o pessoal ocupado por todas as atividades encadeadas direta

e indiretamente com essa atividade.

Vários tipos de multiplicadores podem ser utilizados para estimar os

efeitos das mudanças ocorridas como: (a) produtos dos setores da economia;

(b) rendas recebidas pelas famílias em cada setor por causa dos novos produtos;

(c) empregos (postos de trabalho em termos físicos) que estão sendo gerados

em cada setor devido aos novos produtos; (d) o valor adicionado que é criado

por cada setor da economia através dos novos produtos (MILLER; BLAIR, 2009).

O procedimento metodológico para elaboração dos efeitos diretos e

indiretos de emprego e renda do trabalho, descrita por Porsse (2002), para

quantificar os empregos gerados a partir de um aumento da demanda final em

cada setor da economia.

O emprego será relacionado à produção por meio de uma relação linear

com o cálculo de um coeficiente de emprego, definido como a relação entre o

número de trabalhadores e a produção desse setor. Permanecendo constante

esse coeficiente, a qualquer aumento na produção corresponderá

proporcionalmente um aumento no nível de emprego.

Miller e Blair (2009) descrevem os três efeitos gerados na economia:

emprego direto, emprego indireto e o efeito-renda. A metodologia consiste em

associar a matriz inversa de Leontief aos coeficientes de emprego dos setores

da economia, os quais fornecem o número de empregos gerados direta e

indiretamente para uma variação da demanda final. Utilizando, por sua vez, a

matriz de coeficientes técnicos para calcular a inversa da matriz de Leontief, tem-

se calculado o número de empregos gerados direta, indiretamente e, pela

indução, a partir de um incremento na demanda final das famílias.

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A geração de emprego dentro das atividades econômicas tem como ponto

de partida o aumento na demanda final que, primeiramente, gera empregos

diretos que correspondem à divisão do total de empregados pelo valor bruto da

produção por atividade. Já a demanda por insumos intermediários da atividade,

indiretamente, aumenta a demanda final, resultando no crescimento da produção

das demais atividades.

O multiplicador direto D

je da variável é dado como o valor da renda

requerida por unidade de produto para cada setor da economia, expressa pela

equação (24).

j

jD

jX

Ee (24)

Onde: eD = vetor dos coeficientes diretos do emprego; jE = valor da renda do

setor j; X = valor da produção do setor j.

Através do multiplicador direto e indireto do emprego tem-se o impacto do

acréscimo na demanda final do setor j sobre o emprego total da economia, dado

todo encadeamento intersetorial do modelo de Leontief. Dessa forma, o efeito

total, direto mais indireto, pode ser obtido pela equação (25).

-1D A)-(IeDIe (25)

Onde: eDI = vetor do multiplicador direto e indireto do emprego; (I – A)-1 =

matriz dos coeficientes técnicos do modelo de Leontief.

No emprego indireto, qualquer aumento da produção de um bem final

estimula a produção de todos os insumos requeridos para a sua produção.

Desse modo, um aumento na demanda em um setor específico provoca aumento

da produção não apenas do setor, mas também dos bens intermediários

(insumos) gerando empregos indiretos.

Assim, o cálculo dos multiplicadores indiretos deve ser realizado

subtraindo o resultado em (24) pelo resultado em (25). Para os multiplicadores

de renda diretos e indiretos são analogias aos multiplicadores de emprego

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substituindo trabalho por renda do trabalho que considera os salários pagos no

ano.

Consideram a estrutura interna da economia dentro de um modelo de

insumo-produto determinando o encadeamento dos setores a montante e a

jusante, sendo classificados como setores para trás, que estimam o quanto um

setor demanda dos outros setores, e índices para frente, que informam o quanto

um setor é demandado pelos outros setores da economia.

Para Rasmussen (1956) e Hirschman (1958), valores maiores do que um

dos índices de ligações indicam setores acima da média e, portanto, setores-

chave para o crescimento da economia.

Para comparações das matrizes, são desenvolvidos índices

normalizados. Calcula-se para cada linha ou coluna da matriz de Leontief a

relação entre o seu coeficiente médio e a média total dos coeficientes (FEIJÓ;

RAMOS, 2013).

Esses índices podem ser normalizados tomando-se seu coeficiente médio

em relação à média total dos coeficientes. Então, definindo-se a média de cada

indicador de ligação e a média total dos coeficientes da matriz de Leontief tal

como sugerido por Porsse (2002), podem ser normalizados utilizando as

equações (12) e (13), respectivamente, que possibilitam a identificação de

setores-chave, ou seja, índices normalizados com valores superiores à unidade

evidenciam setores com comportamento acima da média, portanto, setores-

chave da economia regional, equações (26) e (27).

i j

ij

i

i

FLn

FLnFL

2

*

1

1

(26)

i j

ij

j

j

BLn

BLnBL

2

*

1

1

(27)

Segundo Guilhoto (2011) a identificação dos setores-chave pode ser

entendida como os setores em que os índices BL e FL apresentam valor superior

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a 1. Estes são setores cujas atividades econômicas exercem uma influência

maior do que a média em toda a economia.

Para isolar os impactos da cadeia da soja dentro da economia de Mato

Grosso do Sul foi dimensionamento do agronegócio deve-se considerar a

contribuição de cada segmento da sua cadeia produtiva e as inter-relações sobre

aquisições e vendas para outros setores da economia.

Para adequar a metodologia de estimativa do PIB do agronegócio sul-

mato-grossense os procedimentos usuais de contabilidade nacional, praticados

pelo IBGE, foram utilizados sobre a base de dados regional. Assim, o produto do

agronegócio representa a produção de todas as unidades produtoras de bens e

serviços inter-relacionadas com a agropecuária em ligações a montante e a

jusante, no ano de 2010, avaliando a preços de consumidor, separando os

efeitos do complexo da soja separadamente.

Nesse sentido, a metodologia para o cálculo do PIB do agronegócio

fundamentando-se na intensidade da interligação para trás e para frente da

agropecuária. O PIB do agronegócio resulta da soma de quatro agregados

principais: I) insumos para a agricultura e pecuária; II) agropecuária; III)

processamento (agroindústria) e; IV) distribuição (serviços e comércio).

A definição de setores e produtos leva em conta o cálculo de Valor

Adicionado a preços de consumidor (VAPC) é obtido pela soma do valor

adicionado a preços básicos (VAPB) aos impostos indiretos líquidos de subsídios

(IIL), resultando na equação (28).

IILVAVA PBPC (28)

Para o cálculo do PIB do agregado I (insumos para agricultura e pecuária)

são utilizadas as informações disponíveis na tabela de transações da matriz de

insumo-produto referentes aos valores dos insumos adquiridos pela

agropecuária sem a soja e pelo complexo da soja. As colunas com os valores

dos insumos são multiplicadas pelos respectivos coeficientes de valor

adicionado por setor i (CVAi) ( n,,1i ).

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38

Para obter-se os Coeficientes do Valor Adicionado por setor (CVAi) divide-

se o Valor Adicionado a Preços de Consumidor (VAPCi) pela Produção do Setor

(Xi), equação (29).

i

PC

iX

VACVA i (29)

Dessa forma, o problema de dupla contagem, comumente apresentado

nas mensurações do PIB do agronegócio, quando se leva em consideração os

valores dos insumos e não o valor adicionado efetivamente gerado na produção,

segundo Furtuoso e Guilhotto (2003), foi eliminado. Tem-se na equação (30) a

formulação da agregação dos valores de produção do PIB do agregado I.

n

i

iikIk CVAzPIB1

1,2k (30)

Onde IkPIB = PIB do agregado I (insumos) para agropecuária sem a soja

(k = 1) e complexo da soja (k = 2); ikz = valor total do insumo do setor i para a

agropecuária sem a soja ou complexo da soja e; CVAi = coeficiente de valor

adicionado do setor i.

Para o agregado I total tem-se na equação (31).

21 III PIBPIBPIB (31)

Onde IPIB = PIB do agregado I; 1I

PIB = PIB da agropecuária se a soja e;

2IPIB = PIB do complexo da soja.

Para o agregado II (agropecuária sem a soja e complexo da soja),

considera-se no cálculo os valores adicionados gerados pelos respectivos

setores e subtrai-se dos valores adicionados destes setores os valores que foram

utilizados como insumos, mas eliminando o problema da dupla contagem,

conforme a equação (32).

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n

i

iikPCIIk CVAzVAPIBk

1

1,2k (32)

Onde IIkPIB = PIB do agregado II para agropecuária se a soja (k = 1) e

complexo da soja (k = 2) e; demais variáveis descritas nas equações anteriores.

Para o agregado II total, a equação (33) descreve a agregação.

21 IIIIII PIBPIBPIB (33)

Onde IIPIB = PIB do agregado II; 1IIPIB = PIB da agropecuária sem a soja

e; 2IIPIB = PIB do complexo da soja.

Para a definição da composição das indústrias de base agrícola

(agregado III) adota-se vários indicadores, como: a) os principais setores

demandantes de produtos agrícolas, obtido através da matriz de insumo-produto

regional; b) as participações dos insumos agrícolas no consumo intermediário

dos setores agroindustriais; e c) as atividades econômicas que efetuam a

primeira, a segunda e a terceira transformação das matérias-primas agrícolas.

Dessa forma, os ramos industriais de base agrícola (agroindústrias) são

selecionados pelas seguintes atividades no Estado: i) alimentos e bebidas

(exceto óleos vegetais e rações); ii) óleos vegetais –exceto de milho; iii) demais

óleos vegetais e rações balanceadas; iv) produtos de madeira – exclusive

móveis; v) celulose e fabricação de papel e; vii) álcool. A equação (34), que é o

somatório dos valores adicionados pelos setores agroindustriais subtraídos dos

valores adicionados dos setores que foram utilizados como insumos do

agregado II, produz o PIB do agregado III.

kq

qqkPCIIIk CVAzVAPIBk

(34)

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Onde IIIkPIB = PIB do agregado III para agropecuária sem a soja (k = 1) e

complexo da soja (k = 2); qkz = valor dos insumos da agroindústria adquirido

pela agropecuária como um todo.

Para o agregado III total tem-se na equação (35) a descrição da

somatória.

21 IIIIIIIII PIBPIBPIB (35)

No caso do agregado IV, a distribuição final, considera-se para fins de

cálculo o valor agregado dos setores relativos ao Transporte e Armazenagem,

Comércio e Serviços. Do valor total obtido destina-se ao Agronegócio apenas a

parcela que corresponde à participação dos produtos agropecuários e

agroindustriais na demanda final de produtos. A sistemática adotada no cálculo

do valor de distribuição final do agronegócio industrial pode ser representada

pelas equações (36), (37) e (38), considerando conjuntamente a agropecuária

sem a soja e o complexo da soja.

DFDPIIILDFG DFDF (36)

MCVASVACVAT PCPCPC (37)

1,2 k 1

DFD

DFDF

MCPIBq

qK

IVk (38)

Onde DFG = Demanda Final Global; IILDF = Impostos Indiretos Líquidos

pagos pela Demanda Final; PIDF = Produtos Importados pela Demanda Final (do

Brasil e Exterior); DFD = Demanda Final Doméstica; VATPC = Valor Adicionado

do Setor de Transporte a preços de consumidor; VACPC = Valor Adicionado do

Setor de Comércio a preços de consumidor; VASPC = Valor Adicionado do Setor

de Serviços a preços de consumidor; MC = Margens de Comercialização; DFk =

Demanda Final da agropecuária sem a soja (k = 1) e do complexo da soja (k =

2); DFq = Demanda Final dos Setores Agroindustriais e; PIBIVk = PIB do agregado

IV para a agropecuária sem a soja (k = 1) e do complexo da soja (k = 2).

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41

O PIB total do Agronegócio é dado pela soma dos seus agregados,

definido na equação (39).

kkkk IVIIIIIIkComplexo PIBPIBPIBPIBPIB soja da (39)

Onde sojada ComplexoPIB = PIB do complexo da soja.

O presente trabalho tem como objetivo dimensionar em termos

monetários o Complexo Agroindustrial da Soja de Mato Grosso do Sul a partir da

matriz de insumo-produto para o ano base de 2010.

4.2.5 Base de dados

A base de dados utilizada foi a Matriz de Insumo-Produto para o estado

de Mato Grosso do Sul (MS), resultado dos trabalhos do Projeto de Pesquisa

Construção da Matriz de Insumo-Produto (MIP) do Estado de Mato Grosso do

Sul, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), elaborada por

Fagundes e colaboradores, com base nas Contas Nacionais e Contas Regionais,

do ano de 2010, publicada em 2015, a qual contempla 32 setores de atividades

econômicas em MS: Agricultura, silvicultura, exploração florestal; Pecuária e

pesca; Extrativa mineral; Alimentos e bebidas; Têxteis; Artigos do vestuário e

acessórios; Artefatos de couro e calçados; Produtos de madeira exclusive

móveis; Celulose e produtos de papel; Jornais, revistas, discos; Álcool; Produtos

químicos; Artigos de borracha e plástico; Minerais não-metálicos; Fabricação de

aço e derivados; Produtos de metal; Máquinas e equipamentos; Máquina,

aparelho material elétrico; Peças e acessórios para veículos automotores;

Outros indústria de transformação; Outros serviços industriais de utilidade

pública (SIUP); Construção civil; Comércio e serviços de manutenção e

reparação; Transporte, armazenagem e correio; Serviços de informação;

Intermediação financeira e serviços relacionados; Atividades imobiliárias e

aluguéis; Serviços de alojamento e alimentação; Serviços prestados às

empresas; Educação e saúde mercantil; Outros serviços; Administração pública.

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42

4.3. Resultado e Discussão

Esta seção apresenta os resultados da pesquisa em termos dos cálculos

dos indicadores sínteses para obtenção dos multiplicadores de impacto na

economia de Mato Grosso do Sul.

4.3.1. Resultado do PIB do agronegócio

Entre os principais medidores de riquezas, pode-se destacar que PIB de

determinado setor produtivo, temos o agronegócio que possui uma grande

representatividade do setor primário, assim temos a tabela 1, que demonstra de

forma clara e objetiva os dados de maior relevância.

Por meio dos resultados do PIB do agronegócio podem ser medidos os

preços ao consumidor, chegando a responder por 21,64% do PIB da economia

brasileira enquanto na economia sul-mato-grossense participa com 36%

(CEPEA, 2017).

Tabela 1. A estrutura para agregação no PIB do complexo da soja de Mato Grosso do Sul em 2010 a preços de consumidor (em R$ milhões e percentual)

Agregados

Valor agregado a

preços de

consumidor

(em R$ milhões)

Participação

relativa dos

agregados no

PIB do

complexo soja

(%)

Participação

relativa dos

agregados no

PIB do

agronegócio (%)

Agregado I 173 8,62 1,19

Agregado II 619 30,80 4,25

Agregado III 266 13,23 1,83

Agregado IV 952 47,36 6,54

Total 2.011 100,00 13,81

Do valor do complexo soja de R$ 2.011 milhões, 8,62% corresponde a

insumos (Agregado I) produzidos no Estado e aproximadamente 31% a

produção de soja na agricultura (Agregado II). O processamento da soja está

ligado, principalmente, ao esmagamento para produção de óleo vegetal e farelo

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de soja. Além disso, a indústria de rações compra parte do farelo para a

fabricação de rações balanceadas para animais.

Em relação ao agregado IV que corresponde a distribuição e serviços, tem

participação de 47,36% do complexo da soja, que corresponde em R$ 952

milhões, respectivamente ocupa 6,54% de sua participação do PIB do

agronegócio.

Em termos de participação, verifica-se que a maior parte dos resultados

do complexo da soja é obtido, em termos de valor adicionado, pelos setores

urbanos como a comercialização e industrialização que chega a representar 60%

do PIB do complexo da soja (Agregados III e IV).

4.3.2 Backward e Forward Linkages

Utilizando a metodologia desenvolvida, apresenta-se os resultados

obtidos pelos índices de ligação para a frente (FL) e para trás (BL) para os 10

setores considerados na matriz de insumo-produto regional de Mato Grosso do

Sul em 2010 (Tabela 2).

Tabela 2. Índices de ligação para trás (BL) e para frente (FL) em Mato Grosso do Sul, em 2010

Setores BL* FL* Direção

Agropecuária sem a soja 1,0027 1,0933 Setor Chave

Complexo da soja 1,2323 1,0911 Setor Chave

Extrativa mineral 0,9826 0,7783 Sem ligação

Alimentos e Bebidas sem a soja 1,3495 0,9947 Para Trás

Outras indústrias de transformação 0,8948 1,1312 Para Frente

SIUP 0,7729 0,8195 Sem ligação

Construção civil 0,9119 0,7510 Sem ligação

Comércio e serviços de manutenção e reparação

0,9937 1,1635 Para Frente

Transporte, armazenagem e correio

0,9415 0,9741 Sem ligação

Outros Serviços 0,9180 1,2035 Para Frente

*Í Índices normalizados.

Os valores de BL* e FL*, da Tabela 2, normalizados e que apresentaram

valores superiores a 1 são considerados setores-chave nos quatro setores

considerados da economia, pois, exercem uma influência maior do que a média

em toda a economia. A agropecuária sem a soja apresenta valores de ligação

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para trás e para frente acima de 1. Isso se deve ao fato de que os principais

mercados de insumos estão fora do Estado, defensivos mais fortemente e

fertilizantes parcialmente, ligando-se esses insumos ao resto do Brasil e exterior.

Quanto a orientação para frente, grande parte da produção está sendo destinada

para fora de MS, resultado em ligações novamente com o resto do Brasil e

exterior.

Com relação ao complexo da soja, os setores da cadeia apresentaram

forte ligação para trás, pela utilização de insumos, soja e farelo de soja, para a

produção de seus produtos de uso final como óleos vegetais e rações. Já para

frente, a venda de suas mercadorias para mercados externos, como do resto do

Brasil e o do mundo, são significativamente maiores do que outros setores da

economia.

O setor com maior índice de ligação para frente seria o de Outros serviços,

com 1,20, o que significa que para um choque de R$ 1,00 na demanda final de

todos os setores, gera um impacto de R$ 1,20 no valor de produção dos outros

serviços.

Existem quatro setores com ligação para trás: agropecuária sem a soja,

extrativa mineral, alimentos e bebidas sem a soja e construção civil. Estes

setores têm um maior poder de dispersão, ou seja, uma vez estimulados, geram

maior incremento (direto e indireto) na produção de todo o sistema de setores

que necessitam para atenderem a um incremento na demanda final. Somente

um setor foi considerado para frente, outras indústrias de transformação, e este

tem a maior sensibilidade de dispersão, ou seja, descreve a extensão relativa

em que o setor é afetado, direta ou indiretamente, por uma expansão no sistema

da economia.

4.3.3 Multiplicadores de impactos

Para mensurar essas relações diretas e indiretas, além dos efeitos

induzidos, foram estimados os multiplicadores de impactos, sendo apresentados

na Tabela 3 os relativos a valor adicionado.

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Tabela 3. Multiplicadores de valor adicionado por atividades para uma variação da demanda final de mil reais, no Mato Grosso do Sul – 2010

Setores Direto Indireto Induzido Total

Agropecuária sem a soja 574 491 327 1392

Complexo da soja 205 375 122 703

Outras indústrias de transformação 246 302 183 730

Comércio e serviços de manutenção e

reparação 661 647 396 1703

Transporte, armazenagem e correio 490 514 327 1331

Outros Serviços 690 674 505 1869

Os multiplicadores de impacto foram estimados para um modelo de

Leontief fechado. Os impactos no valor adicionado decorrentes do aumento da

demanda final em percentuais são os setores de: Outros serviços (R$ 1.869,00),

Comércio (R$ 1.703,00) e Agropecuária sem a soja, de (R$ 1.392,00).

Com relação aos efeitos sobre os demais setores da economia,

decompondo os resultados totais, verifica-se que os setores com maior

capacidade de promover valor adicionado em outras atividades (indireto), a partir

de um choque na demanda final, Outros serviços (R$ 674,00) e Comércio (R$

647,00).

Com relação aos efeitos induzidos, ou seja, gerados a partir da

endogenização do consumo das famílias, o setor que apresentou maior valor

adicionado é justamente o setor referente ao de Outros serviços com R$ 505,00

para cada mil reais de aumento na demanda final.

Já para o emprego, foram calculados os valores referentes a pessoal

ocupado em cada um dos agregados do PIB do complexo da soja (Tabela 4).

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Tabela 4. A estrutura para agregação do pessoal ocupado no complexo da soja em Mato Grosso do Sul em 2010

Agregados Pessoal

Ocupado

Participação relativa

dos agregados no

pessoal ocupado do

complexo da soja

estadual (%)

Participação relativa

dos agregados no

pessoal ocupado do

agronegócio estadual

(%)

Agregado I 2.963 11,61 0,70

Agregado II 4.028 15,78 0,95

Agregado III 1.307 5,12 0,31

Agregado IV 17.233 67,50 4,08

Total 25.531 100,00 6,05

A estrutura para agregação do pessoal ocupado no Complexo da Soja em

MS, apresenta na tabela 4 um percentual de 6,05% e que a maior parcela está

no agregado IV relacionado a distribuição, cerca de 4,08%. No pessoal ocupado

do complexo da soja, cerca de 17 mil pessoas estão envolvidas com atividades

urbanas que dão suporte a processamento e distribuição, representando 67,5%

do emprego.

O agregado III corresponde ao processamento (Agroindústria), neste item

nota-se que a, participação relativa ao número de pessoas ocupadas no

complexo da soja em MS é de 5,12% onde em relação ao agronegócio estadual

representa cerca de 0,31%, e assim corresponde a 1.307 pessoas ocupadas

neste agregado, assumindo então um papel de pequena relevância dentro deste

complexo.

4.3.4 Multiplicadores de impacto sobre emprego

Utilizando os multiplicadores de impacto seria possível estimar os valores

de acréscimos no pessoal ocupado diante de mudanças na demanda final por

produtos do complexo da soja. Esses valores foram novamente obtidos pela

aplicação do modelo de Leontief fechado (Tabela 5).

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Tabela 5. Multiplicadores de emprego por atividades para uma variação da demanda final de milhões de reais, no Mato Grosso do Sul – 2010

Setores Direto Indireto Induzido TOTAL

Agropecuária sem a soja 17 15 10 42

Complexo da soja 2 10 4 16

Outras indústrias de transformação 10 10 6 26

Comércio e serviços de manutenção e

reparação 28 22 12 62

Transporte, armazenagem e correio 14 17 10 41

Outros Serviços 22 21 16 60

Os setores que mais contribuiriam para geração de pessoal ocupado

seriam: Outros serviços (60), Comércio (62), Construção civil (42) e

Agropecuária sem a soja (42).

O setor de comercio e serviços em comparado com o complexo da soja

tem maior representatividade de maneira indireta onde o número de empregos

no comercio é serviço é de (22) por milhão de reais, ao passo que o complexo

da soja apresenta apenas (4) empregos por milhão de reais. Este mesmo setor

também apresenta uma representatividade maior em relação aos demais setores

pelo método direto, onde apresenta (28) empregos, acompanhado dos outros

serviços é de (22) empregos por milhão de reais.

O setor de transporte e armazenamento gera em torno de (14) por milhão

de reais de empregos diretos e (17) por milhão de reais de empregos indiretos,

em comparado com o complexo da soja que possui números de irrelevantes pois

emprega (2) por milhão de reais de forma direta e (10) pessoas por milhão de

reais de maneira indireta.

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4.4. Conclusões

Os resultados mostram a contribuição do Complexo da Soja para a

economia estadual, considerado os seus impactos tanto nos setores diretamente

ligados com seus impactos a jusante e a montante.

A análise dos agregados indica que o complexo da soja está integrado

com os demais setores da economia, uma vez que os agregados de distribuição

(comércio e serviços) tiveram 47% do valor do PIB do complexo.

Diante da abordagem realizada os setores da cadeia apresentaram forte

ligação para trás, com índice de ligação de 1,7373 e de 1,5381 para frente, sendo

considerada está uma forte ligação para trás dos insumos farelo de soja e

rações.

A respeito da participação dos componentes no pessoal ocupado do

complexo da soja, observa-se que a distribuição concentra 67,5% do total de

pessoal ocupado, apresentando os maiores multiplicadores de emprego dentre

todos os setores analisados.

O número de empregos que este complexo é responsável é de pouco

representatividade, uma vez que os recursos financeiros aplicados no setor e as

receitas que o mesmo atinge, acabada gerando de forma indireta baixos níveis

de empregabilidade, principalmente nos setores de transformação e transporte.

Assim nos remete a concluir que todo e qualquer setor da economia do

pais necessidade de analise em toda sua cadeia para garantir uma economia

setorial de forma concreta e relevante.

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5.5 Referência Bibliográfica

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CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. PIB do Agronegócio Brasileiro. Disponível em:<https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx>. Acesso em: 12 Março. 2018.

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FEIJÓ, C. A.; RAMOS, R. L. O. Contabilidade Social: A Nova Referência das Contas Nacionais do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 326p.

FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Safra Mundial de

Soja 2016/17: 12º Levantamento do USDA. São Paulo, Abr. 2017 (Informativo DEAGRO). Disponível em:<http://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/safra-mundial-de-soja/attachment/boletim_soja_abril2017/>. Acesso em: 24 Jun. 2017.

FURTUOSO, M. C. O.; GUILHOTO, J. J. M. Estimativa e mensuração do produto interno bruto do agronegócio da economia brasileira - 1994 a 2000. Revista Brasileira de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v. 41, n. 4, p.803-827, 2003. Disponível em:<http://dx.doi.org/10.1590/S0103-20032003000400005>.

GUILHOTO, J. J. M. Análise de Insumo-Produto: Teoria e Fundamentos. Germany: MPRA, 2011. 76p. Disponível em: <https://mpra.ub.uni-muenchen.de/32566/2/MPRA_paper_32566.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2016.

GUILHOTO, J. J. M.; SESSO, U. A. F. Desenvolvimento Econômico e Regional: Estimação da Matriz Insumo-Produto Utilizando Dados Preliminares das Contas Nacionais. São Paulo: Economia & Tecnologia, 2010. 10p.

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