Dimensionar Solar Para Piscinas

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Dimensionamento de Solar T. para aquecimento de Piscinas Pedro Miranda Soares Sistemas Solares 1 Dimensionamento de Sistemas Solares Térmicos para aquecimento de Piscinas No dimensionamento de colectores solares para aquecimento de piscinas é necessário dividir em dois tipos de sistemas totalmente distintos: para piscinas interiores ou para piscinas exteriores. Uma piscina interior é aquecida durante todo o ano e por isso a temperatura da piscina deve ser assegurada por uma fonte alternativa (tipo caldeira ou bomba de calor) e a energia solar irá permitir uma redução dos consumos. Numa piscina exterior a situação é bem diferente. Durante os meses mais frios não há utilização da mesma. Neste caso, o objectivo do aquecimento é o alargar o período de utilização. Em vez de a piscina ter conforto para utilização apenas entre os meses de Junho e Setembro poderemos ter um aproveitamento desde Abril a Outubro (esta estimativa é muito dependente do clima anual) e seguramente temperaturas mais altas nos meses de Julho e Agosto. Os elementos importantes para o cálculo são: Área da superfície da piscina; Volume da piscina; Existência e frequência de utilização de manta térmica sobre a piscina; Temperatura pretendida para a piscina; Localização geográfica; Sombreamentos da zona dos colectores solares e da piscina; Características dos colectores solares. Área da superfície da piscina É muito importante porque a evaporação da água é função desta área. A evaporação é um processo que rouba calor à piscina. Logicamente que quanto maior o espelho de água, mais perdas tem a piscina. Volume da piscina A quantidade de energia necessária para aumentar a temperatura é função de toda a massa de água, logo o volume de água é essencial para o dimensionamento. Manta térmica São mantas isolantes que quando a piscina não é utilizada cobrem o espelho de água. Tem duas funções: reduzem a evaporação e reduzem as perdas de calor por convecção para o ar.

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Dimensionar solar para piscinas

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  • Dimensionamento de Solar T. para aquecimento de Piscinas Pedro Miranda Soares

    Sistemas Solares 1

    Dimensionamento de Sistemas Solares Trmicos para aquecimento de

    Piscinas

    No dimensionamento de colectores solares para aquecimento de piscinas necessrio dividir em dois

    tipos de sistemas totalmente distintos: para piscinas interiores ou para piscinas exteriores.

    Uma piscina interior aquecida durante todo o ano e por isso a temperatura da piscina deve ser

    assegurada por uma fonte alternativa (tipo caldeira ou bomba de calor) e a energia solar ir permitir uma

    reduo dos consumos.

    Numa piscina exterior a situao bem diferente. Durante os meses mais frios no h utilizao da mesma. Neste caso, o objectivo do aquecimento o alargar o perodo de utilizao. Em vez de a piscina ter conforto para utilizao apenas entre os meses de Junho e Setembro poderemos ter um aproveitamento desde Abril a Outubro (esta estimativa muito dependente do clima anual) e seguramente temperaturas mais altas nos meses de Julho e Agosto.

    Os elementos importantes para o clculo so:

    rea da superfcie da piscina;

    Volume da piscina;

    Existncia e frequncia de utilizao de manta trmica sobre a piscina;

    Temperatura pretendida para a piscina;

    Localizao geogrfica;

    Sombreamentos da zona dos colectores solares e da piscina;

    Caractersticas dos colectores solares.

    rea da superfcie da piscina

    muito importante porque a evaporao da gua funo desta rea. A evaporao um processo que

    rouba calor piscina. Logicamente que quanto maior o espelho de gua, mais perdas tem a piscina.

    Volume da piscina

    A quantidade de energia necessria para aumentar a temperatura funo de toda a massa de gua, logo

    o volume de gua essencial para o dimensionamento.

    Manta trmica

    So mantas isolantes que quando a piscina no utilizada cobrem o espelho de gua.

    Tem duas funes: reduzem a evaporao e reduzem as perdas de calor por conveco para o ar.

  • Pedro Miranda Soares Dimensionamento ST Piscinas Maio 2014

    2 Sistemas Solares

    Idealmente a piscina deve estar quase sempre coberta. Para que isto seja vivel a manta dever ser

    motorizada para que o processo de utilizao no seja penoso.

    Outro aspecto importante que as mantas existentes no mercado s so aplicveis em piscinas

    rectangulares. Este facto deve ser explicado ao dono de obra antes da construo da piscina para que em

    conscincia possa definir o formato da mesma.

    Temperatura da piscina

    Este factor importante no dimensionamento das piscinas interiores. Normalmente a temperatura

    pretendida varia entre 28 e 30C. Quando so piscinas que se destinam a crianas habitual dimensionar

    para 32C.

    Quanto mais alta for a temperatura mais energia necessitamos. As perdas da piscina sobem

    exponencialmente por conveco e conduo. Ainda aumentamos a evaporao da gua e consequente

    arrastamento de calor com o processo.

    Outra consequncia da temperatura da gua a temperatura do espao ambiente das piscinas interiores.

    A temperatura ambiente deve ser 2C superior temperatura da gua. Trabalhar com temperaturas

    ambientes muito altas promove as perdas trmicas do espao, aumentando o consumo energtico.

    A concluso que pequenos incrementos de temperatura correspondem a grandes perdas de calor. O

    cliente final deve perceber este processo para poder definir as temperaturas pretendidas.

    Sombreamentos

    Os sombreamentos reduzem a radiao incidente, logo o calor fornecido piscina. Isto vlido para

    sombreamentos dos campos de colectores, como tambm os sombreamentos das prprias piscinas. Toda

    a rea do espelho de gua funciona como um absorvedor de calor e por isso quanto maior radiao incidir

    sobre ela mais quente ser a piscina.

    Caractersticas dos colectores

    Para aquecer piscinas no necessrio temperaturas altas. A temperatura objectivo nunca passa dos

    32C (piscinas interiores para crianas) por isso a temperatura mxima dos colectores no deve passar

    dos 40C (para manter os colectores mais eficientes).

    Para este nvel de temperaturas, e se os colectores so s para a piscina (e no para AQS ou apoio ao

    aquecimento) faz todo o sentido favorecer colectores com rendimentos pticos altos relegando para

    segundo plano o nvel dos factores de perdas.

  • Maio 2014 Dimensionamento ST Piscinas Pedro Miranda Soares

    Sistemas Solares 3

    Dimensionamento de Sistemas Solares em Piscinas Interiores

    Como referido, nestes sistemas interiores o objectivo a reduo de consumos. O dimensionamento deve

    ser feito igualando as necessidades dos meses mais quentes aos ganhos da mesma altura. No exemplo

    da figura 1 o sistema solar foi dimensionado para igualar as necessidades dos meses de Julho e Agosto.

    Sobredimensionando a rea de colectores haver um excesso de energia a dissipar nos meses mais

    quentes, uma provvel temperatura acima do desejado nessa altura, com consequente maior evaporao

    de gua, aumentando os consumos de desumidificao do espao ambiente da piscina. pois uma

    situao a evitar.

    Figura 1. Grfico dos ganhos solares e das necessidades de energia para aquecer uma piscina interior.

    O clculo da rea de colectores feito recorrendo a software especfico, como o utilizado na obteno do

    grfico da figura 1.

    Cumprindo a premissa de evitar que os ganhos ultrapassem as necessidades previsivelmente os ganhos

    mdios anuais energticos estaro prximos dos 50% das necessidades totais.

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  • Pedro Miranda Soares Dimensionamento ST Piscinas Maio 2014

    4 Sistemas Solares

    Dimensionamento de Sistemas Solares em Piscinas Exteriores

    Nestes sistemas o objectivo o incremento de temperatura da gua para maior tempo de utilizao ao

    longo do ano e maior conforto nos meses mais quentes. No h interesse em acumular energia nos meses

    mais frios, porque a piscina no ser utilizada.

    Se o sistema solar for dedicado exclusivamente piscina, uma boa soluo so colectores plsticos solar

    do tipo directo. Estes colectores, que trabalham directamente com a gua da piscina, caracterizam-se por

    rendimentos muito altos no Vero (rendimentos pticos muito altos) e factores de perdas tambm muito

    altos (so colectores sem qualquer tipo de isolamento). Como consequncia, so colectores que nos

    meses mais frios no fornecem energia nenhuma piscina. Mas por oposio, nos meses mais quentes

    so quase to eficientes como os colectores planos convencionais.

    As vantagens destes colectores plsticos de piscinas so:

    Eficincia alta nos meses quentes (perodo de utilizao da piscina);

    Preo mais baixo dos colectores para a mesma rea de absoro;

    No necessitam de permutador de piscinas (que so caros, porque tem que ser altamente

    resistentes corroso);

    No tem problemas de corroso.

    Ateno: Nos sistemas de piscinas interiores no possvel utilizar colectores plsticos de piscinas, porque no fornecem energia nos meses mais frios, que a altura de maiores necessidades energticas das piscinas interiores.

  • Maio 2014 Dimensionamento ST Piscinas Pedro Miranda Soares

    Sistemas Solares 5

    Em moradias possvel aproveitar sistemas solares para o apoio ao aquecimento central (por pavimento

    radiante, por exemplo) e no Vero a energia que j no necessria para o aquecimento da casa

    aproveitado para o aquecimento da piscina.

    Nestas situaes (s possveis com colectores planos tradicionais ou colectores de tubo de vcuo, mas

    nunca colectores de plstico) o dimensionamento baseado nas necessidades do aquecimento da casa,

    enquanto para a piscina apenas necessrio dimensionar o permutador. Os ganhos para a piscina sero

    o desperdcio da energia dos colectores.

    Para o dimensionamento do permutador necessrio considerar:

    700 W/m2 de rea de absoro;

    45C 40C de temperatura do circuito do solar;

    28C 32C de temperatura do circuito secundrio (circuito piscina-permutador).

    A seleco do permutador de calor tem de respeitar estes valores. Habitualmente, comercialmente a

    potncia indicada para os permutadores para temperaturas mais altas. Isto pode levar a um

    subdimensionamento do permutador. A ttulo de exemplo, um permutador de 80 kW, para temperaturas de

    primrio de 90C-70C (temperatura de caldeira), pode ver a sua capacidade de permuta de calor cair para

    cerca de 20 kW com temperaturas de primrio de 45C-40C.

    O subdimensionamento do permutador tem como consequncia:

    Incremento da temperatura do circuito primrio;

    Consequente menor eficincia do sistema solar;

    Possveis bloqueios de segurana do circuito solar por temperatura demasiado alta dos colectores;

    Possveis descargas de fluido do circuito primrio por excesso de presso.