Dimensões relacionais humanas religião paz e justiça

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  • 1. RELAO ENTRE RELIGIO, JUSTIA E PAZ NO MUNDO. Daniele Santos Fbio LopesJos Roberto Thoms Freud Disciplina: Humanidade e Transcendncia Prof.: Antnio MotaRESUMO1. O QUE RELIGIO?Abordando a palavra religio sobre uma perspectiva lxica, percebemos que a etimologia tradicionalfaz derivar a palavra religio do latim: religio, religare [religar, ligar bem], o que nos permite afirmarque a religio , assim, uma ligao entre os homens1. Deste modo, percebemos a religio como algoque communis, ou que faz de um grupo uma unidade, ou comunidade, formada em volta de umacrena comum.Por outro lado, podemos abordar a religio sob uma perspectiva mais doutrinria, observado o queela de fato , segundo os padres institucionais que a constituem, como sendo [...] um sistema decrenas [dogmas] e de prticas [ritos] relativos ao sentimento da divindade [ou realidade sagrada] eque une na mesma comunidade moral [Igreja] todos aqueles que a ela aderem2;Entretanto, propomos analisar a questo da religio sob um prisma mais originrio, o qual aborde aquesto da religio sobre um sentido primeiro, sobre o porque de ela existir e fazer parteincessantemente do cotidiano na vida humana. Assim, podemos imagin-la como uma teia simblica(interligada, religada), carregada de significados e provedora de sentido existencial ao homem, almde possibilitar e, alm disso, fomentar a comunho entre os eles. Fugindo, mesmo que pareamaterialmente difcil ou improvvel, aos ritos e regras inerentes a institucionalizao do sagrado, dadoutrina religiosa, poderamos enxergar na religio, um universo simblico, criado a partir do desejohumano inatingvel e imaterial, alm de no passvel de materializao e que, por isso, substancialmente simblico, no concreto.Nigel Hegel foi quem abordou, pela primeira vez, a teoria das trs potncias do esprito humano 3 ede como esta trindade do esprito fez e faz do homem o animal simblico que este . O homem sonhaem decorrncia do desejo, desejo daquilo que no tem; graas linguagem ele imprime significadoaos desejos e, por meio do trabalho, (o labor), a capacidade em concretizar o ertico por meio datcnica, ele torna material, ele concretiza o objeto de seus sonhos. O desejo a condio primeirapara a produo cultural. Entretanto, h aquilo que, em vista da impossibilidade de concretizao, dentro de um horizontetemporal, permanece na seara do desejo, impassvel de concretizar-se e, segundo Rubem Alves4,desejo pertence aos seres que se sentem privados, que no encontram prazer naquilo que o espao eo tempo presente lhes oferecem. Com isso, o homem lana mo daquilo que est seu alcance, usa1 http://www.eurosofia.com2 _______MONDIN, Battista, O homem: quem ele?: Elementos de antropologia filosfica; - So Paulo: EdiesPaulinas, 1980. P. 242.3Sonho, Linguagem e Trabalho.4_______ALVES, Rubem. O que Religio?. Ed. Brasiliense.

2. a linguagem, o desejo infindvel e incompreensvel, sua transcendncia e liberdade, exercida pormeio dessa, e cria meios de fugir a privao de seu desejo, atribui significado as coisas, tornando-assagradas. Assim, procura harmonizar a realidade concreta com o universo dos desejos, assim, areligio o resultado desta tentativa de harmonia, de sentido.Com isso, o homem exerce a radicalidade de sua capacidade de ser livre, ele vai alm das limitaesmateriais e cria o smbolo religioso, como testemunha daquilo que ainda tarda por vir a realizar-se5, eencontra nesse, um sentido para a vida, um significado, uma ordem. Encontra no sagrado o exercciomximo de libertao do esprito, quando este, encontra-se oprimido pela incapacidade derealizarmos o desejo que ainda no pode ser concretizado pelas potencias do esprito.2. DIMENSES RELACIONAIS HUMANASO HOMEM, ENQUANTO SER DE RELAES QUE , assume uma existncia onde predominamo carter social e dialtico entre ele e o mundo6 no qual est inserido. Deste modo, enxergamos ohomem sob um prisma contextualizado e interligado em um processo de dualidade constante eininterrupto.Partindo desse pressuposto, podemos estabelecer quatro dimenses relacionais do homem, as quaisso:A RELAO DE AUTOCONSCINCIA a percepo que o homem tem de si a si mesmo. aconscincia racional que o homem possui que o faz perceber-se como um ser em si e para si; providode vontade e liberdade. Podemos afirmar que essa dimenso relacional aborda a questo de o homemperceber-se como um ser de vontade prpria, indeterminado e um projeto de si mesmo. O Processode autoconscincia desenvolve-se a partir do convvio que o homem tem com os demais seres de suaespcie, tal percepo decorre dos conflitos relacionais que so produtos das diferenas eincompatibilidade de pensamentos. Assim, temos outra dimenso relacional do homem que a;A RELAO COM O OUTRO/ANTROPOLGICA/SOCIAL7 O homem, [ser de relaes] desdeseu nascimento at o fim de seus dias vive, convive e coexiste em uma malha social dialticaformada por ele e os demais seres de sua espcie. Nesta dimenso o homem soma sua produocultural, cria e recria seu mundo atravs do trabalho e da linguagem. Trata-se da esfera social queresulta na associao do homem aos outros homens e aqui, cabe abordarmos a questo da alteridade,sendo esta, a percepo que o indivduo tem de que um ser que vive em um cosmo, um todo doqual faz parte com outros seres, com os quais interage e se inter-relaciona de forma dialtica e,sobretudo, construtiva de seu ser e de seu mundo. a relao do ego cum aliis, entendendo o outrocomo a sociedade e o mundo, de uma forma geral.TEMOS TAMBM A RELAO DO HOMEM COM A NATUREZA Uma vez disse AlbertCamus: o homem a nica criatura que se recusa a ser o que . Formidvel a sutileza com que5O final, as respostas ltimas que o perseguem em toda a sua existncia terrena. O Sagrado, o Transcendente, o alm-homem.6Dizemos que mundo um conceito humano, pois este vai alm das condies materiais e biolgicas de tudo que h nomeio no qual o homem encontra-se inserido. Mundo , pois, para o homem, tudo aquilo que h no mundo e que tem umsignificado especfico que lhe foi atribudo. Trata-se de um conceito metafsico e provido de uma profundidadelingustica que vai alm da percepo sensorial que temos de tudo.7Dimenso que define o Homo socialis, que o homem enquanto ser de relaes sociais. 2 3. CAMUS abordou uma verdade universal, aqui, contextualizada sob o prisma existencial. Desde quepercebeu-se como um ser racional e passou a por em prtica tal processo cognitivo, o homemidealiza/sonha com aquilo que foge a sua estrutura fsica, que o limita; o homem um serindeterminado e inacabado, e essa indeterminao fez com que ele desconhecesse os limites de suaevoluo. Ao idealizar/sonhar, o homem atribui, por meio da linguagem, um significado a seussonhos e os pe em prtica por meio do labor8 (trabalho). E desta forma que ele produz a cultura,dobra a natureza a sua vontade, adaptando-a a suas necessidades e assim construindo cultura eampliando seu mundo.RELAO COM O TRANSCENDENTE ou AUTOTRANSCENDNCIA9 Por fim, o homem,poeticamente falando, feito de sonhos, de idealizaes. Mesmo dobrando a natureza a sua vontade,produzindo cultura e escrevendo seu destino, o homem, em determinado momento, embate-se comuma questo insolvel e um enigma que mais parece uma interrogao irracional e infinita, o fato deter de aceitar-se como um ser finito; e tal finitude o perturba desde que o homem homem. Eis quesurge a sua experincia do homem com o alm-homem. Transcendente aquilo que est alm domundo/cosmo conhecido e pensado pelo homem, o sacro. aquilo que foge a nossa razo e que impassvel das possibilidades humanas. a busca/representao do sentido ltimo que o homembusca para encontrar o significado existencial. Entendemos, tambm, a transcendncia como aesperana, como o sonho que se sonha, mas que no se consegue trabalhar. Como trabalhar o quepossui difcil significao? Assim, est ltima dimenso relacional, que a mais complexa e dasmais importantes para a manuteno da vida e de significado, a esperana a qual o homem seagarra em momentos de crise e abalo existencial. importante nos determos com mais profundidade no estudo desta dimenso do homem, pois nelaencontra-se um dos fatores determinantes da radicalidade do homem em relao ao universo dascoisas, e ao mundo. Deste modo, h dois pontos que devemos destacar em relao aautotranscendncia: Primeiro, a de que o homem transcende em relao aos animais e todos os seresvivos deste mundo: Ele os supera no pensamento, na liberdade, no trabalho, na linguagem, nasociabilidade, na tcnica, no divertimento e em inumerveis outras coisas10.; Segundo: atranscendncia do homem em relao a ele mesmo, percebendo-se como um ser de infinitaspossibilidades: em tudo o que ele faz, diz, pensa, quer e deseja, ele no est nunca satisfeito com osfins j alcanados11.DENTRE AS VRIAS interpretaes do fenmeno da autotranscendncia, podemos destacar duascorrentes de pensamentos: Marxistas: Para os pensadores marxistas da atualidade, o conceito de autotranscendnciadesigna a conscincia que o homem tem de si como um ser no realizado, a conscincia da8 A dimenso do Homo Culturalis decorrncia direta da dimenso Homo Faber, esta que a dimenso tcnica dohomem. O trabalho, segundo a Enciclopdia Filosfica, toda atividade material e espiritual que procura um resultadotil9O movimento com que o homem ultrapassa sistematicamente a si mesmo, tudo o que , tudo o que adquiriu, tudo o quepensa, quer e realiza.10 _______MONDIN, Battista, O homem: quem ele?: Elementos de antropologia filosfica; - So Paulo: EdiesPaulinas, 1980. P.25011 _______MONDIN, Battista, O homem: quem ele?: Elementos de antropologia filosfica; - So Paulo: EdiesPaulinas, 1980. P.250 3 4. incompletude de seu ser, a percepo da dimenso do infinito. Assim, dentro do horizonte infinitoque se abre, o homem se define, mostrando que o homem , no somente o que ele , mas tambmtudo o que no , tudo o que ainda lhe falta; ele o que o transcende, a potncia de todo o seuporvir. Para os marxistas, a raiz da autotranscendncia o no-ainda, ou seja, o espao depossibilidade em que se encontra inserido de forma constante o ser do homem e do mundo.Pensadores Catlicos: Consideram a autotranscendncia como propriedade essencial do serhumano como ltimo fundamento da sua espiritualidade e sobrevivncia depois da morte. Considerao homem como um ser aberto, que no se fecha nunca sobre si mesmo para dizer a palavra fim.Com isso o homem se projeta sempre para frente, para uma abertura que desemboca no Absoluto, oqual encontrado como nico mistrio capaz de sald-la e fech-la.ENTRE AS VRIAS tentativas de interpretao do fenmeno da autotranscendncia, podemosabordar trs concepes que se destacaram entre a filosofia:Concepo egocntrica: Interpreta a transcendncia como superao, pelo homem, do queele atualmente. Ir alm, com a finalidade de atingir um estgio superior, buscar a perfeio acompletude mxima. Buscando atingir um grau de possibilidade de ser feliz por completo. Assim, ohomem supera constantemente a si mesmo no para se desfazer da prpria realidade, mas pararealiza-la mais plenamente. Concepo filantrpica: Movimento de superao dos confins do individualismo e doegosmo e uma tentativa de dar origem a uma nova humanidade liberada das misrias individuais edas desigualdades sociais, em condies de conseguir a perfeita felicidade; Concepo teocntrica: [Deus, independente de que seja ou no chamado por esse nome, oencontro inevitvel de cada ato do homem]; O homem sai incessantemente de si mesmo e ultrapassaos confins da prpria realidade, porque para isso levado por uma foa superior, Deus. 3. A QUESTO DA JUSTIADefinir o que justia enquanto uma virtude tarefa impossvel, pelo menos em se tratando de umajustia absoluta. Filsofos socrticos e contemporneos dedicaram uma vida a tentar definir o que justia, mas embateram-se em uma questo de difcil racionalizao: o que justo?. Imagine ummundo em que convivem, dialeticamente, milhes de pessoas, cada uma com uma conscincia e umaou vrias formas de ver a vida e suas circunstncias. Cada pessoa com uma ideia do que bom ouno bom, do que certo ou, mesmo que seja inadequado outras culturas, na sua sociedade perfeitamente admissvel.Assim, vemos o quo difcil definirmos se uma conduta justa, se um ser justo ou se umasentena justa ou no.Em se tratando do Direito positivo, normas e leis gerais, existem macetes legais que norteiam olegislador e poder executivo, quanto a aplicar sanes em relao a condutas seguindo os princpiosdo que, para o ordenamento jurdico, seja justo ou injusto. Tais macetes so: 4 5. Dar a cada um o que seu por direito: Tal ideia de justia parece adequado para definirmos o que vem a ser justo ou no, entretanto, bastando que faamos um questionamento, e essa definio de justia mostra-se completamente inadequada e ineficiente para a questo. Poder-se-ia perguntar: E o que de cada um por direito? Ou melhor, o que de cada um? Princpio da Igualdade [Tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual]: No entrando em delongas, a pergunta que mostra a falha de tal princpio seria: Em que caractersticas devemos considerar dois indivduos como iguais ou no iguais12? H tambm o princpio da retaliao: O qual afirma que o bem se paga com o bem e o mal se paga com o mal. O que , essencialmente, adequado para ser compatvel com uma punio aplicada para um ato considerado ruim? Na cultura regional do Oriente Mdio, a punio para uma mulher que trai o marido a morte por apedrejamento e tal punio, para a cultura local, perfeitamente justa. Entretanto, para a cultura ocidental, atitudes como essas so abominveis e incontestavelmente injustas.ENTO ENFRENTAMOS UM EMBATE, percebemos que difcil auferirmos o que justo e,portanto o que e justia, pensando nesta como algo universal e absoluto, j que, quando se relativizaa situao, possvel chegarmos a um consenso de justia, ainda que precrio. Com isso,encontramos na religio uma fonte de justia que se sustenta sobre a TOLERNCIA.Tolerncia uma palavra de origem latina, tolerare que significa sustentar, suportar. um termo quedefine o grau de aceitao de uma pessoa ou sociedade diante de um elemento contrrio a uma regrageral de carter moral, cultural ou civil. Assim, a capacidade que um individuo ou grupo social aoqual pertena, aceitar em outra pessoa ou grupo, um comportamento que seja divergente das que elesconsiderem como normas dentro de seu prprio meio. Ou seja, o respeito para com as diferenas,mesmo que em outros grupos, a cultura seja acentuadamente divergente da nossa. o respeito pluralidade de valores dentro de um mesmo contexto social ou no.Podemos perceber que a ideia de tolerncia nos remete outro ponto de importncia capital, paranossa abordagem, esta que a ALTERIDADE.ALTERIDADE13 a concepo de que todo homem, enquanto ser poltico que , interage einterdepende do outro, deste modo, retornamos aqui a dimenso relacional do homem com o outro14e de como essa relao importante na construo do eu-individual de cada um. Entendemos que aformao do carter individual se d por conta dos conflitos e da integrao do homem com o todo,12 Poderamos exemplificar tal situao da seguinte forma: O Imposto de Renda Pessoa Fsica, imposto de competnciada Unio e possui como caractersticas a generalidade, universalidade e progressividade; A Progressividade umprincpio segundo o qual o imposto pago por quem aufere maior renda ou disponibilidades, deve ser superior ao que pago por quem goza de menor renda. Ou seja, a alquota ser progressiva de acordo com a variao da renda docontribuinte. Imagine agora dois indivduos que auferem a mesma renda mensal, segundo o princpio daIsonomia/igualdade, eles devero ser tributados na mesma proporo. Agora imagine que, enquanto o primeiro indivduotenha dois filhos o segundo tenha 15 filhos? Por mais que a legislao do IRPF permita as dedues, na legislaobrasileira, por exemplo, tais dedues possuem um limite. Podemos perceber agora como este princpio mostra-seineficiente e relativo, apresentando falhas sua aplicabilidade.13 Em filosofia: relao de oposio entre o sujeito pensante (o eu) e o objeto pensado (o no eu).14 Entendemos o outro aqui como sendo a sociedade como um todo, formada pela interao de todas as pessoas vivendocomo uma unidade, ou, em comunidade. 5 6. assim cada um de ns existimos a partir do outro, da conscincia do outro. Assim, somos e estamospela experincia de contato com o outro e com o mundo, de uma forma generalizada.A percepo do outro requisito para a constituio da vida social, na medida em que a vida efetiva-se a partir da dinmica social, a vida e a convivncia humana busca manter-se entre a constantetenso e conflitos cognitivos, o que paradoxal pensar, pois a convivncia nasce do conflito esempre haver este. 4. JUSTIA E O CRISTIANISMOVamos tomar como exemplo para abordamos a relao entre a religio e a justia no mundo, ocristianismo e sua concepo de amor como fonte de paz e justia. Traremos um trecho da primeiraepstola a corntios: O Amor paciente, benigno; o Amor no invejoso, no trata com leviandade, no se ensoberbece e nem se porta com indecncia, no busca os seus interesses, no se irrita, no suspeita mal, no folga com a injustia, mas folga com a verdade. Tudo tolera e tudo cr, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha.Com base nessa passagem bblica, encontramos uma verdadeira fonte de paz e justia para asrelaes humanas, caso a humanidade adote esses princpios como valores ticos no agir. Podemosextrair dessa passagem os seguintes princpios:PACINCIA, BONDADE, HUMILDADE, RESPEITO,GENEROSIDADE,PERDO,HONESTIDADE, CONFIANA. Pacincia a caracterstica de mostrar autocontrole diante de qualquer situao ou conflito; Bondade dar ateno, apreciao e incentivo, ou seja, tratar com empatia e reconhecimentodo valor de tudo o que vivo; Humildade ser autntico e sem pretenso ou arrogncia; Respeito tratar os outros como pessoas importantes, pois so importantes e providas dedignidade; Abnegao satisfazer as necessidades do outro, independente das suas; voc tirar o seu euda questo e pensar mais no outro; Perdo desistir de ressentimento quando prejudicado; Honestidade ser livre de engano; Compromisso sustentar suas escolhas.Sem dvida, nessas breves palavras encontramos o segredo para a paz e justia no convvio humanoe com todas as demais formas de vida. Somente amando o homem pode desprender-se do centro desi e tomar conscincia das necessidades do outro, segundo o ensinamento cristo. 6 7. 5. CONSIDERAES FINAISJ falamos neste trabalho sobre a contribuio do desejo como origem de toda produo humana; no desejo que o homem percebe o infinito como conjunto de possibilidades que se abre diante deseus olhos, deste modo, nele que o homem mantm contnuo o processo de autotranscendncia.E a religio ocupa lugar central neste processo, tanto no que diz respeito a relao do homem consigomesmo como a questo transcendental. Na definio de religio abordamos o papel que ela temcomo fonte de sentido para a vida, com a ideia do sagrado e do fim ltimo para a vida estas em umplano maior, um ideal divino.Assim, descemos para um plano originrio que nasce da relao entre a religio e a justia, tudoligado ao comportamento e paz coletiva, tal fonte emana do esprito humano.Aqui defendemos a ideia de que a paz e a justia no s decorrem como nascem a partir da pazinterior de cada um, deste modo no haveria conflitos que no pudessem ser superados em nome dapaz. E a paz espiritual o homem alcana a partir da experincia com o sagrado, com a experinciatranscendental mxima.No falamos aqui em paz como sendo a ausncia de conflitos blicos ou qualquer tipo de guerra, atporque, seria difcil conceber uma ideia de paz to provinciana. Aqui, abordamos a questo da pazcomo, sobretudo a ausncia de conflitos cognitivos, em se tratando da pessoa humana em suaunidade, pois, deste modo, a partir da paz de esprito de cada um, poderia surgir uma ideia cabal dapaz como um fenmeno coletivo. Para tanto, precisamos combater a misria, a fome e oindividualismo, levando po a quem tem fome e paz para quem agoniza em meio dor. No final,tudo o que vai importar em nosso ato de transcendncia ltimo, ser a forma como nos portamos emrelao ao nu e ao pobre, o mnimo de amor que tivemos pelo sedento, pelo faminto, pelo sozinho. 7