Dinamica_2002 Das Maq Elétricas

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Estudo suscinto sobre o comportamento dinâmico das máquinas elétricas

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  • Dinmica das

    Mquinas Elctricas

    Gil Marques

    Abril 2002

  • ii

    ii

    Prefcio

    Este trabalho resultou de um esforo feito ao longo de vrios anos na leccionao

    de algumas disciplinas de Mquinas Elctricas do IST. Parte-se do princpio que os alunos j esto familiarizados com as principais

    mquinas, isto , j conhecem a sua constituio, o seu princpio de funcionamento, o seu comportamento em regime permanente e j tm algumas noes da sua regulao.

    Este texto pode ser dividido em duas partes. Na primeira, que corresponde aos quatro primeiros captulos, trata-se o problema da obteno de modelos matemticos para a descrio da dinmica das Mquinas Elctricas em particular e dos sistemas electromecnicos em geral. Na segunda parte, estes modelos so utilizados para a obteno das respostas dinmicas dos sistemas em vrias situaes.

    Os leitores que aceitarem enviar-me as suas crticas e sugestes tero desde j o meu agradecimento.

    Abril de 2002

  • ndice

    Gil Marques 28-04-02

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    ndice

    Prefcio ................................................................................................................... ii ndice ..................................................................................................................... iii Captulo 1................................................................................................................1 Princpios de Converso Electromecnica de Energia .......................................1

    1.1. Introduo ...................................................................................................1 1.2. Princpio da Conservao de Energia.......................................................2 1.3. Expresses da fora mecnica e energia...................................................5

    Mquinas em "translao" e em "rotao" .......................................5 Expresses da fora electromagntica em funo da energia ..........7

    Exemplo 1.1........................................................................8 Exemplo 1.2......................................................................10

    Expresses de binrio em funo da co-energia magntica ...........10 Exemplo 1.3......................................................................12

    Expresses do binrio electromagntico ........................................12 1.4. Expresses simplificadas (circuitos lineares) .........................................13

    Balano Energtico: ...................................................................15 Exemplo 1.4......................................................................15

    1.5. Sistemas de campo magntico de excitao mltipla ............................16 Exemplo 1.5......................................................................18

    1.6. Caso do circuito magntico linear...........................................................19 1.7. Aplicao ao caso de circuitos magnticos com manes permanentes. 21

    Classificao dos dispositivos electromecnicos consoante o uso de man permanente........................................................................22

    Anexo 1: Expresses matemticas para a energia magntica .....................23 Caso do circuito magntico linear. .................................................24

    Exerccios de Reviso ......................................................................................25

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    Captulo 2..............................................................................................................31 Sensores e Actuadores Electromecnicos...........................................................31

    2.1 - Sistemas de relutncia.............................................................................31 Modelo Matemtico........................................................................31 Propriedades gerais dos sistemas relutantes ...................................32 Exemplos ........................................................................................32

    Exemplo 1: Electromans...........................................................32 A - Ncleo em forma de U ...............................................33 B - Electromans em forma de E ......................................33 C - Electromans cilndricos .............................................34 D. Electromans de duplo efeito e reversveis. .................34 Influncia da forma do circuito magntico.......................35

    Exemplo 2: Rels .......................................................................35 Exemplo 3: Contactores.............................................................35 Exemplo 4: Electrovlvulas .......................................................36 Exemplo 5: Motor oscilante relutante........................................36 Exemplo 6: Motores passo-a-passo ...........................................37

    Anlise de um motor de relutncia rotativo, alimentado em corrente alternada.....................................................................................38 A - Clculo do binrio a partir da relutncia .............................38 B - Sistema de relutncia alimentado por uma fonte de

    tenso alternada sinusoidal....................................................39 C - Clculo do binrio a partir da indutncia.............................41

    Alimentao com corrente contnua.................................42 Alimentao com uma fonte de corrente alternada ..........42

    2.2. Sistemas Electrodinmicos ......................................................................43 Generalidades. ................................................................................43 Equaes.........................................................................................43 Propriedades gerais.........................................................................44

    Exemplo 7: Altifalante...............................................................44 Princpio e caractersticas .................................................44 O Transdutor do altifalante...............................................45

    Exemplo 8: Aparelhos de medida de quadro mvel ..................45 Exemplo 9: Traador .................................................................46

    2.3. Sistemas Electromagnticos.....................................................................47 Generalidades .................................................................................47 Propriedades gerais.........................................................................47

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    Exemplo 10: Motores passo a passo polifsicos........................48 Exemplo 11: Motores passo-a-passo monofsicos ....................48 Exemplo 12: Captores................................................................49

    2.4. Sistemas Relutantes Polarizados ou Hbridos........................................50 Generalidades .................................................................................50 Propriedades gerais.........................................................................50 Comportamento ..............................................................................50 Estruturas possveis ........................................................................51 man fixo.........................................................................................51 man mvel .....................................................................................52

    Exemplo 13: Electromans polarizados .....................................52 Exemplo 14: Motores oscilantes................................................52 Exemplo 15: Motores de binrio ...............................................53

    2.5. Sistemas Electrostticos ...........................................................................54 Generalidades .................................................................................54 Equaes.........................................................................................54 Propriedades gerais.........................................................................55

    Exemplo 16: Voltmetro Electrosttico .....................................56 Exemplo 17: Motor passo-a-passo electrosttico ......................56 Exemplo 18: Sensores electrostticos........................................56

    Exerccios de Reviso:.....................................................................................57 Captulo 3..............................................................................................................61 Modelos Dinmicos das Mquinas Elctricas de Corrente Alternada............61

    3.1 Introduo ..................................................................................................61 3.2 Coeficientes de induo das Mquinas Elctricas ..................................62

    A - Mquina Assncrona.................................................................62 Coeficientes de auto-induo.....................................................62 Coeficientes de induo mtua entre enrolamentos do

    mesmo lado ...........................................................................62 Coeficientes de induo mtua entre enrolamentos do

    estator e enrolamentos do rotor. ............................................63 Modelo da mquina de induo em grandezas abc....................65

    B - Mquina Sncrona de plos salientes .......................................66 Indutncias prprias...................................................................67

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    Indutncia mtua, estator-estator...............................................68 Indutncias mtuas entre o estator e o rotor ..............................69 Modelo das Mquinas Sncronas ...............................................70

    3.3 Transformaes de variveis ....................................................................71 Introduo.......................................................................................71

    Condio de invarincia de potncia .........................................72 Transformao da expresso do binrio ....................................73 Caso das transformaes cujas matrizes no variam no

    tempo.....................................................................................73 Exemplo 3.1 Aplicao da matriz de conexo de

    Kron no clculo de um circuito elctrico. .............74 Aplicao de uma transformao com matrizes

    diferentes ao estator e ao rotor. .............................................76 Classificao das principais transformaes..............................77

    3.4 Transformao de um sistema trifsico num sistema bifsico equivalente. Transformao de Concordia. ...........................................79

    Definio da transformao............................................................79 Exemplo 3.2 "Transformao de Concordia das

    tenses em regime equilibrado"..............................82 Interpretao geomtrica da transformao de

    Concordia ..............................................................................84 Resumo das propriedades da transformao de

    Concordia ..............................................................................87 3.5 Aplicao da transformao de Concordia Mquina de Induo .....89

    Transformao dos coeficientes de induo do estator de uma mquina de plos lisos..............................................89

    Transformao da matriz dos coeficientes de induo mtua entre o estator e o rotor da mquina de induo ..................................................................................90

    Modelo matemtico da mquina de induo em coordenadas . ..................................................................91

    3.6 Mquina Sncrona de plos salientes em coordenadas . ...................95 Exemplo 3.3 Obteno da matriz dos coeficientes

    de induo da mquina sncrona de plos salientes por inspeco............................................97

    3.7 Transformao de Rotao de Referencial .......................................100 A. Definio .................................................................................100

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    Exemplo 3.4 Composio da transformao de Concordia e da Transformao de rotao de referencial - Transformao de Blondel-Park. ......................................................................101

    B. Transformao de um modelo de uma mquina em coordenadas , para coordenadas d,q........................................................102 Expresses do binrio ..............................................................104

    Exemplo 3.5 - "Aplicao da transformao de Park a um sistema equilibrado de tenses ou correntes". ........................................................104

    3.8. Modelo da Mquina de induo em coordenadas de Blondel-Park. .108 Introduo.....................................................................................108

    Exemplo 3. 6 Modelo da mquina de induo no referencial do estator......................................109

    Exemplo 3.7 Transformao de frequncias...............110 3.9. Aplicao da transformao de Park Mquina Sncrona de plos

    salientes. ...................................................................................................112 Exemplo 3.8 Obteno do modelo da mquina

    Sncrona atravs dos produtos matriciais..............112 Esquema Equivalente da Mquina Sncrona ................................115 Mquina Sncrona com enrolamentos amortecedores ..................116

    3.10. Introduo da notao complexa. .......................................................118 A. Introduo:...............................................................................118 B. Componentes simtricas instantneas......................................121

    Exemplo 3.9 Aplicao da transformao de componentes simtricas instantneas a vrios sistemas de tenso. .....................................122

    Modelo da mquina de induo em componentes simtricas ......125 C. Transformao Complexa Rotativa (fb) ..................................126

    C1. Definio ...........................................................................126 C2. Definio a partir das componentes dq ............................127 C3. Definio a partir das componentes +/- ...........................127 C4. Relao entre as componentes simtricas e as

    variveis de fase abc............................................................127 Exemplo 3. 10 Aplicao da transformao fb a

    sistemas de tenso. ( =t) ...................................128 C5. Modelo da Mquina de induo em coordenadas fb .........129

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    C.6 Modelo da mquina de induo num referencial do estator (+ - f b).....................................................................130

    C.8. Modelo da mquina de induo num referencial do campo girante (fb,fb): ..........................................................130

    Exemplo 3.11 Esquema equivalente da mquina de induo em regime sinusoidal equilibrado ..........................................................131

    Exemplo 3.12 Esquema equivalente da mquina de induo em regime sinusoidal desequilibrado com componentes homopolares nulas...............................................131

    Vectores espaciais....................................................................134 3. 11. Transformao de dois eixos standard. .............................................137 3.12 Vectores espaciais ..................................................................................140

    1. Definio ..................................................................................140 2. Interpretao geomtrica ..........................................................140 3. Rotao de referencial ..............................................................141 4. Modelo de mquina de induo utilizando vectores espaciais.142

    Exemplo 3.13 Modelo de mquina de induo no referencial do estator e no referencial genrico.................................................................143

    Esquema equivalente da mquina de induo: ........................144 Anexo 1: Visualizao dos coeficientes de induo de uma mquina

    elctrica. .................................................................................................146 Anexo 2: Aplicao da Transformao de Concordia Mquina

    Sncrona .................................................................................................147 1. Clculo do termo CTLeeC.........................................................147 2. Coeficiente de induo mtua entre estator e rotor.................150 Clculo de CTMef................................................................150

    Exerccios de reviso .....................................................................................150 Mquina assncrona monofsica...................................................152

    Captulo 4............................................................................................................157 Modelizao de sistemas electromecnicos com comutao ..........................157

    4.1. Modelizao da Mquina de Corrente Contnua com plos de comutao e enrolamentos de compensao ........................................158

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    Obteno do modelo da mquina de corrente contnua...........162 4.2. Modelizao da geratriz de rectificao ...............................................168

    Modelo da Geratriz de Rectificao .............................................170 Exerccios de Reviso:...................................................................................173

    Bibliografia:..................................................................................176 Captulo 5............................................................................................................177 Regimes transitrios das Mquinas de Corrente Contnua ...........................177

    5.1 Introduo ................................................................................................177 5.2 A mquina de corrente contnua ideal..................................................178

    Modelo dinmico da mquina de corrente contnua.....................179 Funes de transferncia. Resposta no tempo..............................180

    5.3 Motor de corrente contnua de excitao independente ......................180 Estudo do polinmio caracterstico. Determinao dos plos do

    sistema. ....................................................................................183 Exemplo 5.1....................................................................184

    Transitrio de arranque directo com binrio de carga proporcional velocidade. ..................................................186

    Exemplo N 5.2...............................................................187 Concluses ...............................................................................188 Transitrio resultante da aplicao de um escalo de

    binrio. ................................................................................189 Exemplo N 5.3...............................................................190

    Concluses acerca da aplicao de escalo de binrio ............191 5.4 Estudo da mquina de corrente contnua de excitao srie...............193

    Introduo.....................................................................................193 Modelo Matemtico......................................................................193

    Exemplo N 5.4...............................................................196 Linearizao do modelo de estado do motor de corrente contnua de

    excitao em srie. ...................................................................196 Determinao dos plos do modelo linearizado...........................198

    Exerccios........................................................................................................199 ANEXO ...............................................................................................................202 Resposta ao escalo de sistemas de segunda ordem........................................202

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    Captulo 6............................................................................................................207 Estudo dos transformadores em regime transitrio .......................................207

    6.1 Transformador monofsico de dois enrolamentos ...............................207 Modelo matemtico ......................................................................207 Determinao de expresses analticas aproximadas para os plos209 Transformador em carga...............................................................210

    Exemplo 6.1....................................................................211 Funes de transferncia ..............................................................212 Mapas de plos e zeros.................................................................213 Transformador em vazio...............................................................213

    Exemplo 6.2....................................................................215 Resoluo...................................................................215

    Arranque do transformador em vazio. Saturao magntica........215 Transformador em curto-circuito .................................................218

    Exemplo 6.3....................................................................220 Transformador de intensidade de corrente ...................................221

    6.2 Transformador monofsico de 3 enrolamentos. ...................................223 Equaes.......................................................................................223 Esquema equivalente simplificado ...............................................225 Reactncia Operacional de um transformador monofsico de 3

    enrolamentos ............................................................................226 Expresses aproximadas para as indutncias operacionais

    desprezando as resistncias......................................................229 6.3 Transformador trifsico de 3 colunas...................................................230

    Constituio..................................................................................230 Modelo matemtico ......................................................................230 Transformador trifsico de ncleo magntico simtrico ..............230 Banco de trs transformadores monofsicos ................................231 Aplicao da transformao de Concordia ao transformador

    trifsico de ncleo magntico simtrico. .................................231 Exerccios........................................................................................................233

    Anexo 6A. Simulao do transformador em vazio considerando a saturao magntica......................................................................................................................234

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    Captulo 7............................................................................................................235 Regimes transitrios das Mquinas Sncronas................................................235

    7.1 Introduo ................................................................................................235 7.2 Modelo das Mquinas Sncronas com enrolamentos de excitao e

    enrolamentos amortecedores .................................................................236 Modelo da mquina em valores por unidade................................239 Impedncias operacionais.............................................................240 Constantes de tempo da mquina sncrona:..................................243

    Constantes de tempo longitudinais ..........................................243 Constantes de tempo transversais ............................................243

    Admitncias operacionais.............................................................246 Diagramas de Bode e de Nyquist. ................................................248

    Determinao experimental dos parmetros da mquina. ..............................................................................249

    Exemplo 7.1....................................................................252 7.3 Curto-circuito trifsico simtrico e equilibrado a partir do vazio......253

    Condies iniciais.........................................................................253 Equaes operacionais..................................................................254 Soluo das equaes: ..................................................................255

    Clculo das correntes ...............................................................255 Clculo dos fluxos ...................................................................260 Clculo do Binrio ...................................................................262 Corrente de excitao...............................................................263

    Interpretao de resultados ...........................................................267 Componentes de frequncia fundamental, contnuas em

    dq.........................................................................................268 Componentes de frequncia zero e componentes de

    frequncia dupla da fundamental, frequncia fundamental em dq ..............................................................270

    7.4 Transitrio de aplicao de carga Mquina sncrona.......................273 Exerccios........................................................................................................277

    Anexo 7A: Programa de simulao SindqfDQ............................................279 Anexo 7B: Parmetros utilizados no traado das figuras ..............................281 Anexo 7C: Tabela de transformadas de Laplace utilizadas...........................281

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

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    Apndice A..........................................................................................................283 Introduo dos valores por unidade.................................................................283

    Introduo ......................................................................................................283 Definio de valores relativos (por unidade)...............................................283

    Grandezas elctricas: ....................................................................283 Grandezas mecnicas....................................................................284

    Definio dos valores de base .......................................................................284 Grandezas elctricas .....................................................................284 Grandezas mecnicas....................................................................285

    Modelo de uma mquina elctrica em valores por unidade. .....................285 Equaes elctricas.......................................................................285 Equao da posio ......................................................................287 Equao do binrio. ......................................................................287 Equao do movimento ................................................................288

    Equaes da mquina de corrente contnua ..............................................289 Definio dos valores de base ......................................................289 Aplicao equao elctrica do induzido ..................................289

    Bibliografia .........................................................................................................291

  • Cap. 1 Princpios de Converso Electromecnica de Energia

    Gil Marques 28-04-02

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    Captulo 1

    Princpios de Converso Electromecnica de Energia

    1.1. Introduo

    Com este captulo inicia-se o estudo das mquinas elctricas e outros dispositivos

    electromecnicos atravs da teoria dos circuitos.

    Nesta teoria as mquinas so vistas como circuitos elctricos ligados

    magneticamente para o caso se sistemas magnticos, ou electricamente para o caso dos

    sistemas electrostticos. Os coeficientes de auto-induo e de induo mtua, (ou os

    coeficientes de capacidade), so funes de uma ou mais variveis.

    O processo da converso electromecnica de energia realiza-se atravs do campo

    elctrico ou magntico de um dispositivo de converso.

    Embora os vrios dispositivos de converso funcionem baseados em princpios

    similares, as estruturas dos dispositivos dependem da sua funo.

    Os transdutores so dispositivos que se empregam na medio e controlo.

    Normalmente funcionam em condies lineares, sada proporcional entrada, e com

    sinais relativamente pequenos. Entre os muitos exemplos referem-se microfones,

    taqumetros, acelermetros, sensores de temperatura, de presso etc.

    Os actuadores so dispositivos que produzem fora. Como exemplos tm-se os

    rels, electromans, motores passo-a-passo etc.

    A terceira categoria de dispositivos inclui equipamentos de converso contnua de

    energia, tais como motores e geradores.

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

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    Enquanto que no dimensionamento dos transdutores e actuadores, a preocupao

    principal a fidelidade, neste terceiro grupo a preocupao principal o rendimento.

    Isto compreende-se pela natureza diferente da sua aplicao. Em princpio os

    dispositivos so reversveis, isto , os actuadores poderem funcionar como actuadores

    ou transdutores e os motores como motores ou geradores. Contudo, deve referir-se que

    nas aplicaes raramente esta reversibilidade utilizada.

    Os objectivos que se pretendem atingir com este captulo so:

    Ajudar na compreenso de como ocorre a converso electromecnica de energia.

    Mostrar como desenvolver modelos dinmicos para os conversores electromecnicos com os quais possa ser calculado o seu desempenho.

    O conceito fundamental para a anlise dos conversores electromecnicos o

    campo de acoplamento. Este campo corresponde ao campo magntico na maioria dos

    dispositivos. Contudo existem alguns dispositivos baseados no campo elctrico.

    A partir das funes energia ou co-energia deduzem-se as variveis de estado do

    sistema e a fora ou binrio de origem electromecnica.

    1.2. Princpio da Conservao de Energia

    O princpio da conservao de energia afirma que esta no criada nem destruda,

    apenas muda de forma. Este princpio constitui uma ferramenta conveniente para

    determinar as caractersticas do acoplamento electromecnico. tambm necessrio ter

    em ateno as leis do campo elctrico e magntico, as leis dos circuitos elctricos e

    magnticos, e a mecnica newtoniana.

    Como as frequncias e velocidades so relativamente baixas comparadas com a

    velocidade da luz, pode admitir-se a presena de regimes em que o campo quase

    estacionrio, sendo a radiao electromagntica desprezvel. Assim, a converso

    electromecnica de energia envolve energia em quatro formas e o princpio de

    conservao de energia leva seguinte relao entre essas formas:

    +

    +

    =

    Calor emConvertidaEnergia

    ArmazenadaEnergia de

    Aumento

    MecnicaEnergia

    de Sada

    ElctricaEnergia

    de Entrada (1.1)

  • Cap. 1 Princpios de Converso Electromecnica de Energia

    Gil Marques 28-04-02

    3

    A equao 1.1 aplicvel a todos os dispositivos de converso. Est escrita na

    conveno motor. Nesta conveno todas as parcelas tm valores positivos em

    funcionamento motor. Em funcionamento gerador esta equao continua a ter validade,

    mas as parcelas referentes energia elctrica e mecnica tomam valores negativos. Para

    o estudo deste tipo de funcionamento (gerador), mais fcil utilizar a mesma expresso,

    mas escrita na conveno gerador, eq.1.2.

    +

    +

    =

    Calor emConvertidaEnergia

    ArmazenadaEnergia de

    Aumento

    ElctricaEnergia

    de Sada

    MecnicaEnergia

    de Entrada (1.2)

    Neste texto adopta-se a conveno motor.

    A converso irreversvel de energia em calor tem trs causas:

    1. Perdas por efeito de Joule nas resistncias dos enrolamentos que constituem

    parte dos dispositivos. Estas perdas so frequentemente chamadas de perdas

    no cobre.

    2. Parte da potncia mecnica desenvolvida pelo dispositivo absorvida no atrito

    e ventilao e ento convertida em calor. Estas perdas so chamadas de

    perdas mecnicas.

    3. Perdas magnticas (em dispositivos magnticos) ou dielctricas (em

    dispositivos elctricos). Estas perdas esto associadas ao campo de

    acoplamento.

    Alm destes tipos de perdas deve-se, em estudos mais aprofundados, considerar

    tambm perdas suplementares que tm vrias causas.

    Nos dispositivos magnticos, que so de longe as mais frequentes, as perdas

    magnticas so devidas a correntes de Foucault e histerese magntica.

    Na teoria que se segue so desprezadas as perdas magntica e as perdas

    dielctricas.

    As equaes 1.1 e 1.2 podem ser escritas na forma da equao 1.3 onde se admite

    a conveno motor.

    +

    =

    ArmazenadaEnergia de

    Aumento

    Mecnicasperdas mais

    Mecnica Energiade Sada

    Elctricasperdas menos

    Elctrica Energiade Entrada

    (1.3)

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

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    4

    O primeiro membro da equao 1.3 pode ser expresso em termos das correntes e

    tenses nos circuitos elctricos do dispositivo de acoplamento.

    Considere-se o esquema geral de um dispositivo de converso mostrado na figura

    1.1.

    Sistema deConverso de

    energia

    Sistemamecnico

    Sistemaelctrico

    Perdas deJoule

    Perdasmecnicas

    ru e

    i

    Fig. 1.1. Representao geral da converso electromecnica de energia.

    Pode escrever-se:

    u i dt diferencial de energia de entrada da parte elctrica ri2 dt diferencial de energia de perdas de Joule dWele = u i dt - i2 r dt =(u - r i)i dt=e i dt Diferencial de energia elctrica

    lquida de entrada no dispositivo de acoplamento.

    Para que o dispositivo de acoplamento possa absorver energia do circuito

    elctrico, o campo de acoplamento deve produzir uma reaco sobre o circuito. Esta

    reaco a fora electromotriz indicada pela tenso e na figura 1.1. A reaco sobre a

    entrada uma parte essencial do processo de transferncia de energia entre um circuito

    elctrico e outro meio qualquer.

    Da discusso precedente, dever ser evidente que as resistncias dos circuitos

    elctricos e o atrito e ventilao do sistema mecnico, embora sempre presentes, no

    representam partes importantes no processo de converso de energia. Este processo

    envolve o campo de acoplamento e sua aco e reaco nos sistemas elctrico e

    mecnico.

    A equao 1.3 pode pr-se na forma diferencial:

    dWele = dWcampo + dWmec (1.4)

    onde

    dWele - diferencial de energia recebida pelo campo de acoplamento

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    Gil Marques 28-04-02

    5

    dWcampo - diferencial de energia do campo de acoplamento

    dWmec - diferencial de energia convertida em mecnica

    Para a anlise completa dum dispositivo electromecnico, alm da equao (1.4)

    que traduz o princpio de converso de energia (bloco central da figura 1.1), dever

    ter-se em conta as equaes que traduzem a interligao ao sistema elctrico e as

    equaes que o interligam ao sistema mecnico. A interligao ao sistema elctrico pode

    ser feita por uma ou mais vias, correspondendo a cada uma delas uma equao

    diferencial. A interligao ao sistema mecnico na maioria dos casos feita atravs de

    uma nica via (apenas um grau de liberdade) correspondendo a esta interligao apenas

    uma varivel. Esta interligao traduzida pela 2 lei de Newton.

    Quando o dispositivo for de natureza magntica, as equaes que traduzem a

    interligao elctrica so deduzidas da lei de Faraday. No caso de dispositivos

    electrostticos estas equaes so deduzidas da lei da conservao da carga. Resumindo

    tem-se:

    Para a anlise de um dispositivo electromecnico de natureza magntica dever

    ter-se como base:

    Equao 1.4 2 lei de Newton Lei de Faraday

    Por sua vez, a anlise de um dispositivo electromecnico de natureza elctrica

    dever ter como base:

    Equao 1.4 2 lei de Newton Lei da conservao da carga

    1.3. Expresses da fora mecnica e energia

    Mquinas em "translao" e em "rotao"

    As figuras 1.2 e 1.3 representam dispositivos electromecnicos. O primeiro de

    translao e o segundo de rotao.

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    6

    Na figura 1.2, a energia magntica depende das grandezas elctricas e da posio

    da pea mvel x. A energia magntica Wm armazenada na carcaa uma funo do

    fluxo , criado pela corrente i, e da relutncia R do circuito que por sua vez tambm funo da posio x da armadura. Assim a energia magntica funo de 2 quantidades.

    Wm = f (, x) (1.5)

    Armadura

    Guia

    ir

    nu

    x

    Permetro=4l

    Fig. 1.2. Rel Electromecnico.

    Ver-se- que a fora electromecnica Fem, que se exerce sobre a armadura tem

    uma expresso simples em funo desta energia.

    ir

    nu

    Fig. 1.3. Conversor electromecnico elementar de rotao.

    Na figura 1.3, tem-se o mesmo princpio. A nica diferena est no parmetro

    geomtrico que define a posio do rotor, que agora o ngulo e que as variaes de energia magntica armazenada no circuito produzem agora um binrio electromagntico

    Mem. Tambm aqui se encontrar uma expresso fcil para o binrio em funo da

    energia magntica.

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    7

    Expresses da fora electromagntica em funo da energia

    Considere-se o caso elementar da figura 1.2. Considerando as perdas de Joule

    concentradas na resistncia r, tem-se:

    dt

    de = A energia elctrica elementar fornecida pela fonte ao campo, vale:

    i d e i dt dWele == Se a pea mvel se deslocar uma distncia dx, o diferencial de energia mecnica

    consumido vale:

    dx F dW emmec = Nestas condies a expresso que traduz o princpio da conservao de energia 1.4

    toma a forma:

    mem dW dxF i d += (1.6) O diferencial da funo energia magntica escreve-se, na forma geral

    dxx

    WdW,x)(dW mmm +

    = (1.7)

    Introduzindo a equao (1.7) na equao (1.6) tem-se:

    dxx

    WdW dxF i d mmem +

    += (1.8)

    ou

    0=

    ++

    dxx

    WFdiW memm (1.9)

    As variveis e x so varveis independentes. Assim podem variar independentemente uma da outra. Como consequncia, para que a igualdade 1.9 seja

    sempre verdadeira necessrio que as funes que multiplicam d e dx sejam sempre nulas. Tem-se:

    = ),( xWi m (1.10)

    x

    xWF mem = ),( (1.11)

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    A expresso (1.11) traduz a fora como sendo a derivada parcial da funo energia

    magntica em funo da posio. Esta funo energia magntica uma funo de estado

    e dever estar escrita em termos do fluxo ligado e da coordenada de posio x. As equaes 1.10 e 1.11 so as chamadas equaes paramtricas.

    Exemplo 1.1

    O dispositivo representado na figura 1.2 tem um comprimento da linha mdia do seu circuito magntico 4l de 40 cm, uma seco de

    30/ cm2, 200 espiras. Considere a permeabilidade magntica relativa do ferro de rfe=500.

    Determine: 1. A expresso da energia magntica armazenada no dispositivo.

    Considere o circuito magntico do ferro linear. 2. O valor da fora e o seu sentido em funo da coordenada de

    posio x. 3. Verifique a aproximao de linearidade do circuito magntico

    sabendo que o ferro utilizado pode considerar-se linear para valores de induo magntica inferiores a 1.5T. Determine o valor da corrente i de modo a que a aproximao de linearidade do circuito magntico se mantenha verdadeira.

    Resoluo: 1. Expresso da energia magntica a) Clculo da relutncia magntica a.1 Relativa ao ar

    Rmar = Sx

    o

    a.2 Relutncia magntica relativa ao ferro

    Rmfe = Sxl

    or 4

    a.3 Relutncia magntica total

    Rm =

    +

    rro

    xlxS

    41

    +

    ro

    lxS

    41

    b) Expresso da energia magntica armazenada

    Wm = 12i = 12Fmm = 12Rm 2 = 12Rm 2

    2

    n =

    L

    2

    21 = 12L i2

    Para a aplicao da equao 1.11, a expresso da energia magntica

    dever ser funo de x e , ou seja, a expresso 12Li2 no a

  • Cap. 1 Princpios de Converso Electromecnica de Energia

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    9

    expresso utilizvel. Em vez disso utilizaremos as expresses que se seguem.

    Ln

    W mmm2

    2

    22

    21

    21

    21 === RR

    2. Clculo da fora

    Fem = - Wmx = -

    12

    2n2

    Rmx -

    12

    2n2

    1o S

    A fora ser sempre uma fora de atraco pois sempre negativa e, no referencial adoptado, as foras negativas tm o significado de foras de atraco. tambm proporcional ao quadrado do fluxo. Esta fora ser de amplitude constante se o fluxo se mantiver constante.

    Se o dispositivo for alimentado por uma fonte de corrente de intensidade i, ter-se-:

    Fmm =ni

    e ento

    = niRm ; = n2iRm

    donde

    S

    in- Fo

    em 1

    21 22

    2mR

    =

    3. Para um campo de induo magntica inferior a 1.5T correspondente um fluxo inferior a: = S B

    Como

    ni = Rm B

    +

    r

    lx 41

    0

    Podemos concluir que para que o campo B seja constante e igual a B=1.5T, a corrente i que dever circular ser tanto maior quanto maior for o entreferro. A menor corrente obtm-se quando x=0.

    Introduzindo os valores do enunciado do problema, tem-se:

    ni =

    50021040

    710451 .

    = 954.9 Ae

    ou

    i< 4.77 A

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    10

    Exemplo 1.2

    Um transdutor rotativo com apenas um circuito de excitao semelhante ao da figura 1.3, tem uma relao no linear entre o fluxo

    ligado , a corrente i, e a posio , que pode ser expressa por: 61210 .-AAi )cos(=

    Determine a expresso do binrio em funo de . Resoluo:

    Wm = 0 id = 0 106.1 )2cos( dAA = 0 6.110 2cos d)-A (A Wm

    6.2 2cos

    6.210

    )-A(AWm =

    6.2 2sen2

    6.21

    AW

    M mem ==

    Expresses de binrio em funo da co-energia magntica

    Se se definir a funo co-energia magntica (fig 1.4) como:

    = im dixixiW 0' ),(),( (1.12)

    i

    W'm

    (i)Wm

    Fig. 1.4. Definio de energia e co-energia magntica.

    Tem-se

    i W W mm =+ ' (1.13) donde

    diiddWdW mm ++= ' (1.14)

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    11

    introduzindo na expresso (1.6) obtm-se:

    diiddWdxFid mem ++= ' (1.15) como

    dxx

    Wdii

    WxidW mmm +

    =''

    ' ),( (1.16)

    tem-se

    didxx

    Wdii

    WdxF mmem +

    =''

    0 (1.17)

    ou

    0''

    =

    +

    di

    iWdx

    xWF mmem (1.18)

    Atendendo independncia das variveis x e i e fazendo um raciocnio semelhante

    ao que fizemos da expresso equivalente em funo da energia, tem-se:

    x

    WF mem =

    ' (1.19)

    i

    Wm

    ='

    (1.20) Obtm-se assim uma outra expresso para a fora que se exerce sobre a armadura,

    igual derivada parcial em relao a x da funo co-energia magntica. As expresses

    (1.11) e (1.19) so equivalentes e vlidas em todos os casos. Pode utilizar-se

    indiferentemente uma ou outra conforme o caso em que se escolha como variveis

    independentes e x ou i e x. A funo co-energia magntica tambm uma funo de estado. A fora de origem electromagntica pode ser assim calculada atravs da

    expresso 1.11 ou alternativamente pela expresso 1.19.

    Normalmente prefere utilizar-se a expresso co-energia magntica pois funo

    da corrente elctrica que uma grandeza utilizada na teoria dos circuitos. tambm

    mais fcil de medir do que os fluxos que so grandezas internas.

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    12

    Exemplo 1.3

    Calcule a fora que se exerce sobre a armadura do dispositivo no exemplo 1.1. Utilize para isso a expresso 1.19.

    Resoluo: Considerando o circuito magntico linear, tem-se:

    2' )(21 ixLWm =

    +

    ==

    r

    m lxS

    nx

    nxL

    41)(

    )(

    0

    22

    R

    dxd

    xin

    dxxdLi

    xW

    F m

    m

    mem

    RR )(

    121)(

    21

    2222

    '==

    =

    como

    Rm

    x 1

    o S Tem-se:

    S

    ni - Fom

    em 1)(

    21

    2

    2

    R=

    que equivalente expresso obtida no exemplo 1.1.

    Expresses do binrio electromagntico

    Para um circuito magntico mvel em rotao, como o desenhado na figura 1.3, os

    resultados precedentes so aplicados directamente ao binrio electromagntico Mem, a

    partir de raciocnios semelhantes (dWmec escreve-se dWmec=Mem d). Se se considerar a funo energia como uma funo da posio e do fluxo ,

    tem-se:

    = ),(mem WM (1.21)

    Se se considerar a funo co-energia magntica funo de i e , tem-se:

    = ),(

    ' iWM mem (1.22)

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    13

    1.4. Expresses simplificadas (circuitos lineares)

    Felizmente pode considerar-se na grande maioria dos casos, que os circuitos

    magnticos dos transdutores ou das mquinas girantes no esto saturados

    magneticamente. Nestas condies a curva de magnetizao (i) reduz-se a uma recta, e o fluxo directamente proporcional corrente i. O factor de proporcionalidade (coeficiente de auto-induo) funo de x.

    = n = L(x) i (1.23) ou ainda n i = R(x) . A energia e a co-energia magntica, apesar de serem funes de variveis

    diferentes, tomam neste caso valores iguais, e as expresses simplificam-se pelo facto

    da varivel x aparecer independente de i ou . A energia escreve-se:

    Wm = 12 R(x) 2 (1.24)

    A fora electromagntica, segundo (1.11), vale:

    Fem(,x) = - 12 2 Rx = -

    12 2

    dRdx (1.25)

    A co-energia escreve-se

    Wm = 12 L(x) i

    2 (1.26)

    Desta expresso conclui-se, aplicando (1.19)

    Fem = 12 i

    2 dL(x)

    dx (1.27)

    As duas expresses (1.25) e (1.27) so naturalmente idnticas tendo em conta as

    expresses (1.23) e derivando L(x) = n2/R(x).

    A primeira corresponder, como se ver mais tarde, ao ponto de vista dos circuitos

    "excitados em tenso", e a segunda ao ponto de vista dos circuitos "excitados em

    corrente".

    Em particular, a expresso (1.27) mostra claramente que a fora electromagntica

    resulta da corrente na bobina e da variao da indutncia do circuito.

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    14

    No caso de uma mquina girante, coordenada x corresponde e fora corresponde o binrio:

    Mem(,) = - 12 2 dRd (1.28)

    Mem(i,) = 12 i2 dLd (1.29)

    Das expresses 1.28 e 1.29 pode concluir-se que para o clculo da fora ou do

    binrio no necessrio conhecer todos os parmetros geomtricos do conversor

    electromecnico. necessrio conhecer apenas a funo R(x) ou L(x). O mesmo se

    pode dizer para o clculo das grandezas elctricas. Com efeito, para o caso do conversor

    electromecnico da figura 1.2, tem-se:

    u = ri + ddt = ri +

    ddt (L(x) i) (1.30)

    u = ri + L(x) didt + i

    dL(x)dt (1.31)

    u = ri + L(x) didt + i

    dL(x)dx

    dxdt (1.32)

    Da expresso 1.32 pode concluir-se que o facto de a pea mvel se deslocar com a

    velocidade x& provoca uma fora contra-electromotriz de movimento que vale:

    i dL(x)

    dx dxdt (1.33)

    Para o estudo completo do sistema da figura 1.2 necessrio introduzir a equao

    de acoplamento mecnico juntamente com a 2 lei de Newton.

    m dx2

    dt2 = Fem - Fc (1.34)

    Assim, o estudo do sistema pode ser feito resolvendo as equaes diferenciais:

    u = ri + L(x) didt + i

    dL(x)dx

    dxdt e m

    dx2

    dt2 = Fem - Fc (1.35)

    Para a resoluo destas equaes necessrio conhecer a funo L(x) (prpria do

    dispositivo) e a funo Fc que depende da aplicao onde o dispositivo se empregue.

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    15

    Balano Energtico:

    Se se multiplicarem ambos os membros da equao 1.31 por i obtm-se:

    u i = ri2 + L(x) i didt + i

    2 dL(x)

    dx dxdt (1.36)

    que o mesmo que

    u i = ri2 + L(x) i didt +

    12 i

    2 dL(x)

    dx dxdt +

    12 i

    2 dL(x)

    dx dxdt (1.37)

    ou

    u i = ri2 + ddt

    1

    2 L(x) i2 +

    12 i

    2 dL(x)

    dx dxdt (1.38)

    onde

    u i potncia de entrada r i2 perdas de Joule ddt

    1

    2 L(x) i2 Variao da energia magntica armazenada no campo

    12 i

    2 dL(x)

    dx dxdt potncia mecnica

    A expresso 1.38 traduz o princpio da conservao de energia.

    Exemplo 1.4

    O coeficiente de auto-induo da bobina representada na figura 1.3 pode ser calculado pela expresso analtica aproximada

    L() = L1 + L2 cos(2) Determinar a expresso do binrio em funo da corrente e da

    posio.

    Resoluo: Segundo a expresso 1.29, o binrio vale

    221

    222 senLi

    ddLiMem ==

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    16

    1.5. Sistemas de campo magntico de excitao mltipla

    Os dispositivos que se acabam de analisar tem apenas um circuito elctrico. A

    fora que desenvolvem tem sempre o mesmo sentido e proporcional ao quadrado de

    um fluxo ou de uma corrente. So usados geralmente para desenvolver foras de

    impulso no controlveis. Como exemplos tm-se: Rels, contactores e actuadores de

    vrios tipos.

    Para obter foras proporcionais a sinais elctricos, e sinais proporcionais a foras e

    velocidades, necessrio que os dispositivos tenham dois ou mais caminhos para

    excitao ou troca de energia com as fontes. Os manes permanentes so usados

    frequentemente como um dos caminhos de excitao. Em muitos dispositivos, um

    caminho de excitao estabelece o nvel do campo elctrico ou magntico, enquanto o

    outro trabalha com sinais. Exemplos so:

    Altifalantes, taqumetros, acelermetros.

    Todos os tipos conhecidos de motores e geradores, com excepes pouco

    importantes, so exemplos de dispositivos de potncia, que realizam a converso

    contnua de energia.

    Na figura 1.5 mostra-se o modelo de um sistema elementar deste tipo. O sistema

    deve ser descrito em termos de trs variveis independentes que podem ser os fluxos

    ligados 1 e 2 e o ngulo mecnico , ou as correntes i1 e i2 e o ngulo , ou um conjunto hbrido de variveis.

    u

    i

    i

    u

    1

    1 2

    2

    Figura 1.5. Sistema electromecnico de excitao dupla.

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    17

    Quando se utilizam os fluxos ligados, um raciocnio semelhante ao apresentado no

    nmero anterior permite concluir que as equaes paramtricas so extenses das

    equaes 1.10, 1.11, 1.19 e 1.20. Assim:

    i1 = Wm(1,2,)

    1 (1.39)

    i2 = Wm(1,2,)

    2 (1.40)

    Mem = - Wm(1,2,)

    (1.41)

    onde a funo energia dada por:

    += 21 0 220 1121 ),,( didiWm (1.42) Quando se usam as correntes para descrever o estado do sistema, as equaes

    paramtricas ficam:

    1 = Wm(i1,i2,)i1 (1.43)

    2 = Wm(i1,i2,)i2 (1.44)

    Mem = Wm(i1,i2,)

    (1.45) e a co-energia dada por:

    += 21 0 220 1121' ),,( iim didiiiW (1.46) Nos casos que se tm vindo a analisar tem-se considerado apenas um grau de

    liberdade para o deslocamento x (para translao) ou (para rotao). Dos raciocnios que se apresentaram no difcil concluir que para os casos em

    que o deslocamento se possa fazer em duas ou 3 direces independentes se tem:

    Femx(i1,i2,x,y,z) = Wm(i1,i2,x,y,z)

    x (1.47)

    Femy(i1,i2,x,y,z) = Wm(i1,i2,x,y,z)

    y (1.48)

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    18

    Femz(i1,i2,x,y,z) = Wm(i1,i2,x,y,z)

    z (1.49)

    As foras Femx, Femy, Femz seriam substitudas por binrios M, M ,M se as direces de movimento fossem , , .

    Exemplo 1.5

    Elemento de relutncia varivel com dois graus de liberdade O sistema est definido na figura 1.6. Permite exercer

    simultaneamente uma fora de atraco vertical e uma fora de centragem lateral. Um sistema deste tipo prprio para a sustentao magntica e a guiagem de certos comboios de grande velocidade.

    i

    x y

    a b

    a

    N

    Figura 1.6. Elemento de relutncia varivel

    Determine as componentes da fora que se exerce sobre a pea mvel.

    Resoluo A. Hipteses: 1. As linhas de campo s existem na zona de entreferro mnimo e tm

    a direco de x. 2. A permeabilidade do ferro infinita. 3. O referencial encontra-se na pea fixa na qual se encontra o

    enrolamento. B. Determinao das foras Tendo em conta as hipteses consideradas tem-se para o valor da

    permencia.

    x

    yabo2

    )( = P

    '22221

    21

    mm WinLiW === P

    As foras que se exercem sobre a pea segundo x e y sero:

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    19

    Fmx = Wm(i,x,y)

    x Fmy = Wm(i,x,y)

    y

    Fmx = 12n2i2 dPdx Fmy =

    12 n

    2i2 dPdy

    2222

    21

    ax

    yaboin mxF)(

    =

    xboin myF 2

    2221 =

    CONCLUSES: . Tanto Fmx como Fmy tem resultados independentes do sentido de i, Fmx

    fora de atraco (sempre) e Fmy tende a centrar a pea. . A intensidade de Fmx tanto maior quanto mais centradas estiverem

    as peas.

    . Fmx e Fmy variam inversamente com a dimenso do entreferro. Fmx

    depende do quadrado do entreferro e Fmy varia inversamente com o

    entreferro. Nota: As expresses da permencia e das foras acima indicadas foram

    determinadas desprezando a relutncia do ferro (r=). Esta aproximao vlida quando o entreferro for grande. Quando x0 necessrio considerar tambm a relutncia do ferro.

    1.6. Caso do circuito magntico linear.

    Considere-se agora que os circuitos magnticos da figura 1.5 so lineares. Os

    fluxos ligados com cada um dos dois circuitos qualquer que seja a sua posio so

    iguais soma do fluxo criado pela prpria corrente e do fluxo criado pela corrente que

    circula no outro circuito. Ou seja

    1 = L1() i1+ M() i2 (1.50a) 2 = M() i1+ L2() i2 (1.50b)

    As funes energia magntica e co-energia magntica, embora funes expressas

    em termos de variveis diferentes, tomam o mesmo valor numrico.

    Wm(1,2,) = Wm(i1,i2,) = 12 1 i1 + 12 2 i2 (1.51)

    ou

    Wm = 12 L1() i12 + M() i1 i2 +

    12 L2() i22 (1.52)

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

    Gil Marques 28-04-02

    20

    donde se conclui que o binrio vale

    Mem = 12 i1

    2 dL1()

    d + i1 i2 dM()

    d + 12 i2

    2 dL2()

    d (1.53) esta expresso uma generalizao da expresso 1.29. As equaes elctricas

    so:

    u1 = r1 i1 + d1dt (1.54)

    u2 = r2 i2 + d2dt (1.55)

    introduzindo as equaes 1.50, obtm-se:

    u1 = r1 i1 +

    L1 di1dt + M

    di2dt +

    i1 dL1d + i2

    dMd

    ddt (1.56)

    u2 = r2 i2 +

    M di1dt + L2

    di2dt +

    i1 dMd + i2

    dL2d

    ddt (1.57)

    Nestas equaes as primeiras expresses entre parntesis representam as "f.e.m. de

    transformao" (que aparecem sempre como no caso dos transformadores), e as

    segundas representam as "f.e.m. de velocidade".

    As expresses 1.56 e 1.57 podem tomar uma forma mais condensada se se utilizar

    a notao matricial. Com efeito, definindo:

    I =

    i1

    i2 L() =

    L1() M()

    M() L2() U =

    u1

    u2 (1.58)

    e notando que:

    Wm = 12 I

    T L() I (1.59) Obtm-se

    Mem = 12 I

    T dL()d

    I (1.60)

    e

    U = R I + L() ddt I + . dLd I (1.61)

  • Cap. 1 Princpios de Converso Electromecnica de Energia

    Gil Marques 28-04-02

    21

    onde

    R I queda de tenso resistiva

    L() ddt I f.e.m. de transformao

    . dLd I f.e.m. de velocidade

    As expresses 1.60 e 1.61 so vlidas tambm para o caso em que existem mais

    do que dois circuitos ligados magneticamente. A definio das matrizes ser a

    correspondente.

    O estudo completo de um sistema com vrios circuitos ligados magneticamente

    faz-se com as equaes diferenciais (1.61) e a 2 equao de Newton associada

    expresso do binrio.

    J d2dt2

    = 12 I

    T

    dL()

    d I - Mc (1.62)

    Como o binrio depende apenas das correntes e da posio, e no das derivadas

    das correntes, pode dizer-se que h desacoplamento entre as equaes (1.61) e a equao

    (1.62).

    1.7. Aplicao ao caso de circuitos magnticos com manes permanentes.

    A expresso 1.53 pode tomar uma forma diferente utilizando as permencias

    definindo os coeficientes de induo do seguinte modo:

    L1() =n12 P1() L2() =n22 P 2() M() =n1 n2 P M() (1.63) Obtm-se aps substituio:

    Mem = 12 n1

    2 i12 dP 1()

    d + n1 i1 n2 i2 dP M()

    d + 12 n2

    2 i22 dP 2()

    d (1.64)

    ou seja

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

    Gil Marques 28-04-02

    22

    Mem = 12 Fm1

    2 dP 1()

    d + Fm1 Fm2 dP M()

    d + 12 Fm2

    2 dP 2()

    d (1.65) A expresso 1.65 adaptada para o estudo de dispositivos constitudos por um

    circuito magntico, um man permanente e um bobina. Designado com o ndice i o man

    e com o ndice b a bobina tem-se:

    Mem = 12 Fmi

    2 dP 1()

    d + Fmi nb ib dP M()

    d + 12 (nb ib)

    2 dP 2()

    d (1.66)

    O termo Fmi constante e depende do man utilizado.

    Classificao dos dispositivos electromecnicos consoante o uso de man permanente

    Os dispositivos electromecnicos podem ser de dois tipos, consoante a natureza do

    campo de acoplamento: dispositivos de natureza electrosttica, se se basearem no campo

    elctrico, e dispositivos de natureza electromagntica se se basearem no campo

    magntico.

    Nos sistemas de natureza electromagntica frequente a utilizao de manes

    permanentes.

    No considerando as mquinas rotativas tradicionais, distinguem-se os seguintes 4

    casos:

    Sistemas relutantes ou de relutncia. No possuem man permanente.

    Baseiam-se na variao de relutncia com a coordenada de posio. So caracterizados

    por no apresentar termo de binrio devido interaco mtua entre a parte fixa e a

    parte mvel.

    Sistemas electrodinmicos. So caracterizados por um man e um circuito

    ferromagntico fixos com uma (ou vrias) bobinas moveis. Neste caso a fora deve-se

    essencialmente interaco mtua entre a parte fixa e a parte mvel.

    Mem Fmi nb ib dP M()d (1.67) Sistemas electromagnticos. So caracterizados por um circuito ferromagntico e

    uma bobina fixa com um man permanente mvel. O man atravessado pela parte

    principal do fluxo criado pela bobina e constitudo por um material de fraca

  • Cap. 1 Princpios de Converso Electromecnica de Energia

    Gil Marques 28-04-02

    23

    permeabilidade magntica equivalente. A fora devida apenas bobina independente

    da posio. A fora total depende da posio do man bem como da posio mtua entre

    a bobina e o man.

    ddnn

    dd

    M Mbbmimiem)(

    21 )(12 PF

    PF += (1.68)

    Sistemas relutantes polarizados. Neste caso o termo de fora mtua e o termo de

    fora devido bobina tem uma ordem de grandeza comparveis. A expresso do binrio

    nestes sistemas semelhante expresso 1.66.

    Anexo 1: Expresses matemticas para a energia magntica

    Caso geral

    A energia magntica pode ser obtida pelo integral de volume da densidade de

    energia. Assim obtm-se:

    = Bm BdHW 0 . rr (A1.1) e

    dVBdHWV

    Bm = 0 .

    rr (A1.2)

    Para a utilizao desta equao necessrio conhecer toda a geometria do

    dispositivo que se estiver a estudar e os campos Br

    e Hr

    em todos os pontos do volume V

    onde calculado o integral da expresso A1.2.

    Na expresso A1.2, a energia magntica armazenada expressa em termos de

    propriedades especficas ou por unidade de volume do campo magntico. Este ponto de

    vista o do projectista que pensa em termos de materiais, intensidade de campo,

    intensidade de esforos e conceitos semelhantes. Constri ento a forma geomtrica e o

    arranjo de qualquer dispositivo especfico a partir do conhecimento que possa fazer com

    um volume unitrio dos materiais disponveis.

    A energia magntica tambm pode ser escrita em termos de fluxos ligados e das correntes i. Com efeito, tem-se da teoria dos circuitos:

    = 0 ),( dii,x)(Wm (A1.3)

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

    Gil Marques 28-04-02

    24

    onde a corrente uma funo da posio x e do fluxo ligado . Daqui resulta que a energia magntica uma funo do fluxo e da coordenada de posio. Basta conhecer

    a relao i(,x) e o integral da equao A1.3 para se obter a energia magntica. Na expresso A1.3, a energia expressa em termos do fluxo ligado e indutncias,

    conceitos particularmente teis quando a no-linearidade no importante. O ponto de

    vista aqui o do analista de circuitos. A teoria do funcionamento da maioria dos

    dispositivos de converso electromecnica pode ser desenvolvida supondo que o

    dispositivo um elemento do circuito (teoria de circuitos) com indutncia varivel com

    a posio. Este ponto de vista d pouca compreenso dos fenmenos internos e no d

    qualquer ideia do tamanho fsico.

    Uma posio intermdia entre a do projectista e a do analista de circuitos obtida

    a partir da equao 1.12 a partir de uma mudana de varivel. Com efeito, como =n,

    = 0 id,x)(Wm = 0 nid (A1.4) Como a Fm.m uma funo do fluxo, e a relao entre as vrias grandezas

    depende da configurao geomtrica da bobina, do circuito magntico e das

    propriedades magnticas do material do ncleo, obtm-se:

    dx,x)(W mmm = 0 ),(F (A1.5) Caso do circuito magntico linear.

    Devido simplicidade das equaes resultantes, a no-linearidade magntica e as

    perdas no ncleo so frequentemente desprezadas na anlise de dispositivos prticos. Os

    resultados finais de tais anlises aproximadas podem, se necessrio, ser corrigidos por

    mtodos semi-empricos para levar em conta os efeitos dos factores desprezados.

    A expresso A1.2 toma agora a forma:

    Wm = V dVB2

    21 (A1.6)

    Admitindo a linearidade do circuito magntico, a relao entre o fluxo e Fm.m. dada pela relutncia R ou pela permencia P, definidas como:

  • Cap. 1 Princpios de Converso Electromecnica de Energia

    Gil Marques 28-04-02

    25

    R = Fmm

    (A1.7)

    P = 1R (A1.8)

    a energia vem:

    Wm = 12 i =

    12 Fmm =

    12 R 2 (A1.9)

    Definindo a auto-indutncia da bobina

    L = i =

    ni = n

    2 P (A1.10)

    obtm-se tambm

    Wm = 12

    2L (A1.11)

    Exerccios de Reviso

    I Considere a mquina elctrica representada na figura seguinte:

    u

    i

    Determinou-se experimentalmente a indutncia da bobina e obteve-se a expresso:

    L() = L0 + L2 cos 2 + L6 cos 6

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

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    26

    em que L0, L2 e L6 so constantes e a posio do rotor. A - O enrolamento encontra-se alimentado por uma fonte de corrente.

    i(t) = I sen t A-1.Determine o modelo matemtico que lhe permita determinar o

    comportamento dinmico deste sistema.

    A-2.Obtenha uma expresso para a energia magntica armazenada.

    A-3.Qual a relao entre a energia magntica armazenada mdia e o binrio de origem electromagntica.

    B - O enrolamento encontra-se alimentado por uma fonte de tenso:

    u(t) = U sen t B-1.Determine o modelo matemtico que lhe permita determinar o

    comportamento dinmico deste sistema.

    B-2.Obtenha uma expresso para a energia magntica armazenada.

    B-3.Qual a relao entre a energia magntica armazenada mdia e o binrio de

    origem electromagntica.

    B-4.Em que condies esta mquina poder transformar energia elctrica em

    energia mecnica de uma forma contnua no tempo.

    B-5.Ser que esta mquina pode funcionar como gerador? Justifique a resposta.

    II Para o transdutor magntico de um circuito elctrico mostrado na figura, foi

    determinado experimentalmente que:

    = i3(1 - a x3) em que a = 104.

  • Cap. 1 Princpios de Converso Electromecnica de Energia

    Gil Marques 28-04-02

    27

    x f

    i

    u

    Esta representao vlida no intervalo 0 i 3A e 0 x 0,04m. Desprezar os

    efeitos da gravidade.

    a) Calcule uma expresso da fora f em funo das variveis do sistema.

    b) Considerando que a bobina se encontra alimentada com uma fonte de corrente

    de amplitude constante e igual a 3A, determine a expresso da fora. Determine se a

    fora actua no sentido do aumento ou da diminuio de energia magntica armazenada.

    c) Considerando que a bobina se encontra alimentada por uma fonte de tenso

    alternada sinusoidal de frequncia igual a 500 Hz e que a resistncia do condutor nula,

    determine uma expresso para a fora e se o sentido dessa fora actua no sentido de

    diminuio ou aumento de energia magntica mdia armazenada no sistema.

    III No dispositivo que se mostra na figura, os campos de disperso nas extremidades

    podem ser desprezados. O valor da capacidade pode ser assim determinada e expresso

    como:

    C = 0 Ad - x

    onde A a rea da armadura. Quando se aplicar uma tenso u=0 e uma fora f=0,

    o sistema encontra-se em equilbrio em x=0. Despreze qualquer atrito mecnico mas

    considere a fora da gravidade.

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

    Gil Marques 28-04-02

    28

    dxf

    Ki

    u M

    a) Determine as equaes dinmicas do dispositivo.

    IV Determinou-se experimentalmente que a relao entre o fluxo e a corrente de um

    determinado sistema electromecnico depende da posio da sua pea mvel x e da

    corrente i pela relao:

    =

    1000 i

    x3+1 2/3

    A bobina tem uma resistncia de r ohm.

    a) Obtenha uma expresso para a fora mecnica de origem elctrica.

    b) Escreve as equaes do movimento do sistema.

    V Um determinado sistema elctrico tem uma relao entre as cargas e os potenciais

    dada por:

    q(u, x) = qm (1-e-xu)

    onde e qm so constantes e u a tenso entre as armaduras do condensador. O ponto de equilbrio do sistema x = x0.

    Obtenha as equaes dinmicas deste sistema.

  • Cap. 1 Princpios de Converso Electromecnica de Energia

    Gil Marques 28-04-02

    29

    VI Um determinado sistema magntico com dois pares de terminais elctricos (u1, i1)

    e (u2, i2) e um grau de liberdade mecnico (f, x) definido pela seguinte relao entre as

    tenses e as correntes:

    u1 = 2 a i1 di1dt +

    ddt (b(x) i2)

    u2 = ddt (b(x) i1) + 2 c i2

    di2dt

    em que a e c so duas constantes reais positivas e b(x) independente de qualquer

    corrente e unvoca para cada x.

    a) Ser a co-energia magntica uma funo de estado de i1, i2 e x? Determine esta

    co-energia.

    b) Ser que a energia magntica armazenada igual co-energia?

    c) Obtenha uma expresso para a fora em termos das variveis i1, i2 e x.

  • Cap. 2 Sistemas Electromagnticos

    Gil Marques 28-04-02

    31

    Captulo 2

    Sensores e Actuadores Electromecnicos

    Neste captulo faz-se uma abordagem ligeira dos sensores e actuadores

    electromecnicos de vrios tipos. A classificao que se adoptou encontra-se

    generalizada em alguns livros da especialidade. Os sistemas onde os fenmenos de

    converso de energia so essencialmente de origem magntica so classificados de

    acordo com a presena ou no de um ou vrios manes permanentes e da sua

    localizao. A matria que se encontra tratada neste captulo pode ser considerada como

    aplicaes da teoria descrita no primeiro captulo.

    2.1 - Sistemas de relutncia

    Modelo Matemtico

    Por definio, um sistema de relutncia no comporta nenhum man permanente

    sendo o seu binrio (ou fora) caracterizado por componentes resultantes da variao da

    indutncia prpria das bobinas. Assim, existir obrigatoriamente uma variao dos

    circuitos magnticos associados a estas indutncias. No caso do circuito magntico

    linear com apenas uma bobina, temos para as equaes do binrio e das tenses:

    ddLi Mem 2

    1 2= (2.1)

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

    Gil Marques 28-04-02

    32

    dtd

    ddL i

    dtdi L ri u ++= (2.2)

    Propriedades gerais dos sistemas relutantes

    Da equao 2.1 pode concluir-se:

    O binrio proporcional ao quadrado da corrente. O sentido do binrio

    independente do sentido da corrente que atravessa a bobina. O sistema no linear na

    converso electromecnica e no apropriado para a transmisso de informao

    analgica. Para a anlise destes sistemas no vlido o princpio da sobreposio.

    Para obter um binrio significativo, a variao da indutncia prpria dever ser a

    maior possvel. Esta variao faz-se custa de circuitos magnticos cuja relutncia varia

    com a posio da pea mvel.

    A grande variao de relutncia magntica que se referiu no ponto atrs

    traduz-se por fortes variaes de fluxo. vulgar o aparecimento de uma saturao

    importante em certas zonas do circuito magntico. Assim, estes sistemas so difceis de

    estudar apesar de serem de concepo simples.

    Exemplos

    Exemplo 1: Electromans

    Um Electroman um componente de um sistema mais complexo como por

    exemplo, um rel, um contactor, uma electrovlvula, etc.

    Como se viu num dos exemplos do captulo anterior, a fora num sistema de

    relutncia sempre uma fora de atraco. Um electroman pode ser constitudo apenas

    pelo sistema de atraco ou tambm pelo sistema ferromagntico que se desloca

    (atrado). No primeiro caso dizem-se electromans abertos.

    Os electromans podem ser classificados consoante a sua geometria, do seguinte

    modo:

  • Cap. 2 Sistemas Electromagnticos

    Gil Marques 28-04-02

    33

    A - Ncleo em forma de U

    Podem tomar vrias formas. So 4 as mais frequentes (fig. 2.1):

    Armadura plana

    Armadura de fecho

    Armadura penetrante

    Armadura girante

    a) armadura plana b) Armadura de fecho

    c) armadura penetrante d) Armadura girante

    Fig. 2.1. Electromans em forma de U.

    B - Electromans em forma de E

    So 4 os mais frequentes (Fig. 2.2):

    Armadura plana Ncleo de fecho

    Armadura penetrante Armadura girante

    Fig. 2.2. Electroman em forma de E de armadura plana.

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

    Gil Marques 28-04-02

    34

    Esta construo geomtrica conduz a uma melhor proteco mecnica e magntica

    da bobina. Pode ser realizada com ncleo magntico folheado.

    C - Electromans cilndricos

    Podem ser construdos de duas formas:

    Armadura plana (Fig. 2.3)

    Ncleo penetrante

    Fig. 2.3. Electroman cilndrico de armadura plana.

    Neste caso ptima a proteco da bobina, tanto do ponto de vista mecnico

    como magntico. possvel um funcionamento com corrente alternada recorrendo a

    materiais ferromagnticos de baixa condutividade.

    D. Electromans de duplo efeito e reversveis.

    Trata-se da duplicao de um electroman simples. O sistema composto de duas

    bobinas. Numa estrutura de duplo efeito necessrio assegurar uma posio mdia

    atravs de uma mola ou de outro processo exterior. A excitao de uma das bobinas

    provoca um deslocamento com um determinado sentido. A excitao da outra bobina

    provoca um deslocamento no sentido contrrio. Em caso de corrente nula a mola

    mantm a pea mvel numa determinada posio.

    Nas estruturas reversveis, o electroman compreende duas posies extremas

    correspondente alimentao de uma ou outra bobina. No h aqui o ponto mdio

    estvel como acontece na estrutura de duplo efeito.

    Fig. 2.4. Electroman reversvel.

  • Cap. 2 Sistemas Electromagnticos

    Gil Marques 28-04-02

    35

    Influncia da forma do circuito magntico

    A forma de circuito magntico de um dispositivo relutante fundamental na

    caracterstica de fora em funo da posio. O objectivo realizar um dispositivo com

    caracterstica adaptada aplicao em causa. Para isso recorre-se frequentemente

    saturao magntica de determinadas zonas do circuito magntico. As peas so

    projectadas de modo que as zonas que se querem saturadas tenham uma menor seco.

    Assim obtm-se caractersticas de fora ou binrio em funo da posio diferentes das

    consideradas no exemplo do captulo anterior onde no se considerou a saturao. Neste

    caso o andamento da fora segue uma lei prxima de:

    f()= k(+a)2 (2.3)

    Onde k e a so duas constantes.

    Exemplo 2: Rels

    Um rel constitudo por um electroman que actua associado a uma mola. A

    bobina ao ser percorrida por corrente elctrica faz deslocar uma pea mvel e assim

    fecha ou abre contactos elctricos. Tem-se assim um sistema de interruptores que

    fecham ou abrem consoante existe corrente ou no numa bobina. Este dispositivo

    continua a ser muito utilizado em automatismos industriais.

    Exemplo 3: Contactores

    Um contactor tem o mesmo princpio de funcionamento que um rel mas assegura

    nos seus contactos o fecho ou corte de correntes e tenses mais importantes. O elemento

    motor um electroman normalmente de armadura penetrante em E. A bobina pode ser

    alimentada em corrente alternada ou em corrente contnua. frequente o utilizador

    poder escolher vrias gamas de tenso a utilizar para os dois tipos de corrente (AC e

    DC).

    Alm dos contactos principais que devero ser realizados de forma a cortar

    correntes elevadas (e indutivas), o contactor dispe de um ou mais contactos auxiliares

    que podero ser utilizados na concepo do sistema de comando da instalao. O

    contactor o sistema mais usado para ligar os motores de induo rede de energia.

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

    Gil Marques 28-04-02

    36

    Pea fixaPea mvel

    Mola

    Bobina

    13

    14

    1 3 5

    2 4 6

    A

    B

    a) Esquema b) Smbolo

    Fig. 2.5. Contactor.

    Exemplo 4: Electrovlvulas

    A figura 2.6 representa um exemplo de electrovlvula munida de um electroman

    de relutncia varivel. do tipo cilndrico de ncleo penetrante. A posio de repouso

    (sem corrente na bobina) corresponde ao mbolo na posio de fecho. A excitao da

    bobina provoca o movimento do ncleo e a correspondente deslocao do mbolo faz

    abrir o circuito hidrulico.

    a) fechada b) aberta

    Fig.2.6. Electrovlvula.

    Exemplo 5: Motor oscilante relutante

    A figura 2.7 representa um motor oscilante de movimento angular. A posio de

    equilbrio sem corrente definida por um sistema de molas.

  • Cap. 2 Sistemas Electromagnticos

    Gil Marques 28-04-02

    37

    Fig.2.7. Motor oscilante.

    A excitao da bobina provoca a centragem da armadura mvel. Para que o

    sistema arranque necessrio que a frequncia prpria mecnica do sistema de massa e

    molas seja o dobro da frequncia de excitao.

    Exemplo 6: Motores passo-a-passo

    O motor relutante que se mostra na figura 2.8 trifsico. A alimentao de uma

    fase (A por exemplo) provoca um alinhamento dos dentes estatricos e rotricos como

    se mostra na mesma figura. A alimentao consecutiva da fase B e consequente corte da

    fase A provoca um movimento do rotor at que os dentes estejam de novo alinhados

    com a fase B. Obtm-se assim uma rotao de 1/12 de volta. A ordem de alimentao

    ABC assegura uma rotao no sentido directo enquanto que a ordem ACB provoca um

    sentido de rotao inverso.

    A

    A'

    C' B'

    B C

    Fig. 2.8. Motor passo-a-passo de relutncia.

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

    Gil Marques 28-04-02

    38

    Anlise de um motor de relutncia rotativo, alimentado em corrente alternada

    A - Clculo do binrio a partir da relutncia

    Considere-se o motor rotativo desenhado na figura 2.9. Para calcular o binrio

    electromagntico Mem exercido sobre o "rotor" pode utilizar-se a equao 1.28. Para

    isso necessrio estudar como que a relutncia do circuito magntico varia em funo

    do ngulo : claro que a relutncia do entreferro preponderante. Esta relutncia varia fortemente com :

    Rd Rqd

    qq

    dd

    q

    a) b) c)

    Fig. 2.9. Mquina de relutncia. Esta figura mostra apenas a parte do circuito magntico no estando representada a bobina de excitao.

    a) Se = 0 ou = 180, isto , logo que o rotor esteja alinhado segundo o eixo d (fig. 2.9) a relutncia mnima (pois o comprimento do caminho do fluxo no ar

    mnimo). Chamemo-lhe Rd sem a calcular:

    Rd = Rmin

    b) Quando = 90 ou = 270, isto o rotor encontra-se alinhado segundo o eixo q perpendicular a d, a relutncia mxima (fig. 1.9c). Chamemo-lhe Rq:

    Rq = Rmax

    c) Para valores intermdios de , a relutncia toma valores intermdios entre Rd e Rq. Depende da geometria do rotor e da distribuio do fluxo no ar.

    O andamento destas variaes em funo de est representado na figura 2.10.

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    39

    0 90 180 270 360

    Posio [graus]

    Relu

    tnc

    ia

    Rd

    Rq

    Fig. 2.10. Variao de relutncia segundo .

    Tendo em conta que a relutncia toma o mesmo valor em cada meia volta,

    conclui-se que R () uma funo peridica do ngulo 2. A lei matemtica aproximada que normalmente se adopta, resulta de um desenvolvimento em srie de

    Fourier limitado a dois termos. Esta lei encontra-se representada na figura 2.10. Para o

    estudo analtico, vai admitir-se algum erro e considerar a expresso 2.4 como a lei

    aproximada.

    R () = 2

    qd RR + + 2

    qd RR cos2 (2.4)

    Aplicando a expresso 1.28 tem-se para o binrio:

    Mem = 12 2 (Rd-Rq) sen(2) (2.5)

    B - Sistema de relutncia alimentado por uma fonte de tenso alternada sinusoidal

    Suponhamos que a tenso aos terminais da bobina sinusoidal e de frequncia

    angular = 2 f. u= 2 U cos(t) (2.6)

    Se se desprezar a resistncia, o fluxo vem:

    = udtN1 = 2 sen(t) onde = UN (2.7) Substituindo na expresso do binrio tem-se:

  • Dinmica das Mquinas Elctricas

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    40

    Mem = 12 2 (Rd-Rq) sen(2) = 2 (Rd-Rq) sen(2) sen2(t) (2.8)

    Suponhamos que o rotor roda a uma velocidade constante. Temos

    ddt = m (2.9)

    ou

    = m t - m (2.10) Utilizando as expresses

    sen2 t = 1 - cos(2t)2

    sen a cos b = 12 [sen (a+b) + sen (a-b)]

    obtm-se:

    ( )( )

    ( )[ ]( )[ ]

    +

    =

    mm

    mm

    m

    qdem

    tsen

    tsen

    tsen

    M

    2221

    2221

    22

    21 2 RR (2.11)

    Se e m forem valores quaisquer, as 4 parcelas tm valores mdios nulos. Se m = , um dos dois ltimos termos torna-se igual a +(1/2) sen (2m) e os outros tm valor mdio nulo.

    O valor mdio do binrio ento:

    ( ) ( )mqdemavM 2sen41 2 RR = (2.12)

    Para que o dispositivo produza binrio de valor mdio no nulo, necessrio que

    o rotor gire a uma velocidade angular igual pulsao da fonte.

    m = Nr = 60 f [rpm] (2.13) Esta condio representa a condio de sincronismo e Nr a chamada

    "velocidade sncrona". Assim, o motor de relutncia pode desenvolver um binrio mdio

    no nulo apenas para duas velocidades de rotao m= e m=-. No tem a

  • Cap. 2 Sistemas Electromagnticos

    Gil Marques 28-04-02

    41

    capacidade de arrancar autonomamente. Se for posto em movimento por um meio

    auxiliar, continua a rodar tomando uma decalagem (m) correspondente ao binrio resistente Mc. Se se aumentar progressivamente o binrio de carga, o rotor aumenta a

    sua decalagem (m) no sentido negativo at se atingir o ponto:

    4,45 2 dq

    RR (2.14)

    onde o motor dessincroniza.

    Note-se que o binrio mdio proporcional ao quadrado da tenso aplicada

    bobina. tambm proporcional diferena entre a relutncia segundo o eixo q e a

    relutncia segundo o eixo d.

    -1,5

    -1

    -0,5

    0

    0,5

    1

    1,5

    -90 -45 0 45 90

    ngulo [graus]

    Bin

    rio

    ( )qd RR 241

    Fig. 2.11. Relao entre o binrio mdio e o ngulo de decalagem.

    C - Clculo do binrio a partir da indutncia

    O motor de relutncia pode ser estudado, utilizando a indutncia L() e aplicando a relao 2.1.

    Com efeito, a indutncia varia, priori, segundo uma lei peridica de ngulo 2 entre um valor Ld representando o mximo (para = 180, 0 etc.) e um valor Lq representando o mnimo (para = 90, 270).

    Pode considerar-se que a indutncia varia segundo uma lei sinusoidal da mesma

    forma que a relutncia. Na figura 2.12, representa-se a lei aproximada.

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    0 90 180 270 360

    Posio [graus]

    Indutncia

    Ld

    Lq

    Fig. 2.12. Variaes da indutncia em funo de . ou seja:

    2cos22

    qdqd LL LL

    ) L(++= (2.15)

    A partir da equao 2.1. obtm-se:

    2sen)(21 2

    qdem -LL i-M =

    Alimentao com corrente contnua

    Quando a mquina se encontrar alimentada com uma fonte de corrente contnua

    constante, o binrio tende a alinhar o rotor com o estator. Com efeito, quando houver

    uma pequena variao da posio em torno do ponto de alinhamento (=0), tem-se: >0 em

  • Cap. 2 Sistemas Electromagnticos

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    43

    i(t) = 2 I cos(t) (2.16) deduz-se que o binrio instantneo exercido sobre o rotor vale:

    Mem = - 12 i

    2 (Ld-Lq) sen(2) = - I2 (Ld-Lq) sen(2) cos2(t) (2.17) Atendendo semelhana formal com a equao 2.8 pode afirmar-se que este

    binrio oscilatrio e que o seu valor mdio, velocidade de sincronismo, vale:

    Memav = I2

    Ld-Lq4 sen(2m) (2.18)

    Em funo do ngulo m, o binrio mdio varia segundo uma lei semelhante ao caso anterior.

    2.2. Sistemas Electrodinmicos

    Generalidades.

    Por definio um sistema electrodinmico caracterizado por um circuito

    ferromagntico composto por um man permanente fixo e uma bobina mvel. O binrio

    (ou a fora) resulta da variao da permencia mtua entre o man e a bobina. Os

    binrios resultantes das variaes das indutncias prprias associados bobina e ao

    man ou so nulos ou de valor desprezvel.

    Equaes.

    Para o caso mais frequente que composto apenas por uma bobina e por um man,

    tem-se para a equao dos binrios:

    Mem = dPM

    d Fmi nb ib (2.19)

    onde

    P M - Permencia mtua entre o man e a bobina

    Fmi , nb ib, - Foras magnetomotrizes associadas ao man (i) e bobina (b)

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    Para a equao das tenses, tem-se

    miMbbbbbb Fdqd n

    dtdi L i r u &P++= (2.20)

    Propriedades gerais.

    Um sistema electrodinmico caracterizado pelas propriedades principais:

    1. O binrio (ou fora) proporcional corrente da bobina. Este conversor linear na

    converso electromecnica: presta-se assim a funes de medida, de regulao ou de

    transformao analgica.

    2. A indutncia prpria da bobina deve variar o menos possvel em funo da posio

    desta. Se isto no acontecer aparece uma no linearidade na caracterstica

    fora-corrente ou binrio-corrente.

    3. A zona do entreferro caracterizada por uma induo uniforme.

    4. Os sistemas electrodinmicos so caracterizados por inrcias muito baixas. Como

    consequncia, a constante de tempo mecnica tambm ser baixa.

    5. Sendo o binrio (ou a fora) proporcional corrente, uma inverso de sentido desta

    provocar uma inverso do sentido da fora. Isto presta-se a movimentos

    oscilatrios de vai e vem. O principal inconveniente para realizar este movimento

    oscilatrio encontra-se na alimentao da bobina mvel. Para um movimento

    contnuo de rotao ou translao, indispensvel um recurso a escovas.

    Exemplo 7: Altifalante.

    Princpio e caractersticas

    O altifalante um sistema que assegura uma converso de energia elctrica em

    energia acstica. O accionador do dispositivo assegura uma converso mecnica

    acstica. A figura 2.13 descreve o princpio de um altifalante electromecnico. O

    transdutor electromecnico provoca um movimento de vai e vem na membrana que se

    traduzir em sinal sonoro.

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    45

    O Transdutor do altifalante

    O transdutor electromecnico mais vulgar do tipo electrodinmico. Tambm

    poder ser do tipo electromagntico ou electrosttico.

    O transdutor electrodinmico compreende um man e um circuito magntico em

    forma de pote. Podem ser utilizadas variantes diferentes.

    A bobina axial concntrica com o ncleo central. colocada num campo de

    induo magntica criado pelo man. A alimentao da bobina em corrente alternada

    permite gerar um movimento oscilatrio da mesma frequncia, o que vai produzir um

    som atravs da membrana. A amplitude do som tem a ver com a amplitude da corrente

    na bobina e com a resposta mecnica de todo o sistema (membrana + bobina).

    NS

    man permanente

    circuito magntico

    bobina

    membrana

    Fig. 2.13. Circuito magntico do altifalante.

    Exemplo 8: Aparelhos de medida de quadro mvel

    So numerosos os dispositivos de medida analgicos baseados no princpio do

    aparelho de quadro mvel. Este composto por um man permanente e de um ncleo

    ferromagntico fixos. No entreferro duplo disposta uma bobina. A interaco entre o

    campo no entreferro e a corrente na bobina provoca um binrio proporcional

    intensidade da corrente da bobina. A parte mvel enc