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DINÂMICAS SOCIOECONÔMICAS E PRODUTIVAS DAS MICRORREGIÕES CAMPANHA MERIDIONAL E SERRA DO SUDESTE - RS Alessandra Matte 1 , Paulo Dabdab Waquil 2 , Márcio Zamboni Neske 3 Sessão temáticas K Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Resumo Objetivo deste artigo é analisar as transformações socioeconômicas e produtivas que têm ocorrido nas microrregiões Campanha Meridional e Serra do Sudeste, localizadas no extremo sul do Rio Grande do Sul. Para tanto, o contexto empírico do estudo toma como referência os municípios de Bagé e Dom Pedrito localizados na microrregião Campanha Meridional, e Piratini e Pinheiro Machado situados na microrregião Serra do Sudeste. Nos aspectos produtivos, se observa que a pecuária de corte tem cedido espaço para outras atividades produtivas, particularmente para as lavouras agrícolas e reflorestamento. Os avanços das lavouras de soja, da silvicultura, da fruticultura estão presentes nas estatísticas analisadas. Os impactos sociais da presença dessas atividades merecem ser investigados e, em longo prazo, novos estudos devem ser realizados para verificar quais aspectos têm sido modificadas juntamente com essas novas atividades. Palavras-chave: pecuária, desenvolvimento rural, desigualdades socioeconômicas. Abstract This article aims to analyze the socioeconomic and productive changes have occurred in the regions Campanha Meridional and the Serra do Sudeste, located in southern Rio Grande do Sul Thus, the empirical context of the study takes as reference the municipalities of Bagé and Dom Pedrito located in the micro Campanha Meridional, and Piratini and Pinheiro Machado located in the micro Serra do Sudeste. In the productive aspects, it is observed that the beef cattle industry has given way to other productive activities, particularly for agricultural and forestry crops. Advances in soybean crops, forestry, horticulture are present in the statistics analyzed. The social impacts of the presence of these activities deserve to be investigated and, in the long term, further studies should be conducted to determine what aspects have been modified with these new activities. Key words: livestock, rural development, socioeconomic inequalities. 1 Mestra e Doutoranda em Desenvolvimento Rural pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: [email protected] 2 Doutor em Economia Agrícola (University of Wisconsin, EUA). Professor dos Programas de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) e Agronegócios (CEPAN) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: [email protected] 3 Mestre e Doutorando em Desenvolvimento Rural pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: [email protected]

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DINÂMICAS SOCIOECONÔMICAS E PRODUTIVAS DAS

MICRORREGIÕES CAMPANHA MERIDIONAL E SERRA DO SUDESTE - RS

Alessandra Matte1, Paulo Dabdab Waquil2, Márcio Zamboni Neske3

Sessão temáticas K – Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural

Resumo

Objetivo deste artigo é analisar as transformações socioeconômicas e produtivas que

têm ocorrido nas microrregiões Campanha Meridional e Serra do Sudeste, localizadas

no extremo sul do Rio Grande do Sul. Para tanto, o contexto empírico do estudo toma

como referência os municípios de Bagé e Dom Pedrito localizados na microrregião

Campanha Meridional, e Piratini e Pinheiro Machado situados na microrregião Serra do

Sudeste. Nos aspectos produtivos, se observa que a pecuária de corte tem cedido espaço

para outras atividades produtivas, particularmente para as lavouras agrícolas e

reflorestamento. Os avanços das lavouras de soja, da silvicultura, da fruticultura estão

presentes nas estatísticas analisadas. Os impactos sociais da presença dessas atividades

merecem ser investigados e, em longo prazo, novos estudos devem ser realizados para

verificar quais aspectos têm sido modificadas juntamente com essas novas atividades.

Palavras-chave: pecuária, desenvolvimento rural, desigualdades socioeconômicas.

Abstract

This article aims to analyze the socioeconomic and productive changes have occurred

in the regions Campanha Meridional and the Serra do Sudeste, located in southern Rio

Grande do Sul Thus, the empirical context of the study takes as reference the

municipalities of Bagé and Dom Pedrito located in the micro Campanha Meridional,

and Piratini and Pinheiro Machado located in the micro Serra do Sudeste. In the

productive aspects, it is observed that the beef cattle industry has given way to other

productive activities, particularly for agricultural and forestry crops. Advances in

soybean crops, forestry, horticulture are present in the statistics analyzed. The social

impacts of the presence of these activities deserve to be investigated and, in the long

term, further studies should be conducted to determine what aspects have been modified

with these new activities.

Key words: livestock, rural development, socioeconomic inequalities.

1 Mestra e Doutoranda em Desenvolvimento Rural pelo Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail:

[email protected] 2 Doutor em Economia Agrícola (University of Wisconsin, EUA). Professor dos Programas de Pós-

Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) e Agronegócios (CEPAN) da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: [email protected] 3 Mestre e Doutorando em Desenvolvimento Rural pelo Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail:

[email protected]

1 Introdução

Este artigo analisa as transformações socioeconômicas e produtivas que têm

ocorrido nas microrregiões Campanha Meridional e Serra do Sudeste, localizadas no

extremo sul do Rio Grande do Sul. O contexto empírico do estudo toma como

referência os municípios de Bagé e Dom Pedrito localizados na microrregião Campanha

Meridional, e Piratini e Pinheiro Machado situados na microrregião Serra do Sudeste.

De acordo com a Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Rio Grande do

Sul, uma microrregião é definida através de especificidades quanto à organização do

espaço, como, por exemplo, a estrutura de produção, agropecuária, industrial,

extrativismo mineral ou pesca. A organização das microrregiões considera a produção

propriamente dita, distribuição, troca e consumo, incluindo atividades urbanas e rurais

(FEE, 2008). A microrregião da Campanha Meridional abarca cinco municípios

Aceguá, Bagé, Dom Pedrito, Hulha Negra e Lavras do Sul, sendo selecionados para

esse estudo Bagé e Dom Pedrito. Por sua vez, os municípios da microrregião Serra do

Sudeste são Amaral Ferrador, Caçapava do Sul, Candiota, Encruzilhada do Sul, Pedras

Altas, Pinheiro Machado, Piratini e Santana da Boa Vista, sendo investigados os

municípios de Piratini e Pinheiro Machado (FEE, 2008).

A formação cultural, social, econômica dessas microrregiões foi forjada a partir

da introdução de bovinos de corte no período colonial no século XVII, e desde então, a

atividade da pecuária de corte extensiva permanece sendo uma das principais atividades

produtivas. No entanto, em período mais recente, as dinâmicas de desenvolvimento

nessas microrregiões vêm sendo alteradas, verificando-se mudanças envolvendo

estratégias produtivas que tem reconfigurado as dinâmicas socioeconômicas, fundiárias

e ambientais.

Nesse sentido, têm-se assistido atualmente não somente a permanência das

tentativas históricas de modernizar os processos produtivos da atividade tradicional

pastoril, mas as constantes tentativas de inovação produtiva e tecnológica de novas

atividades, como vêm ocorrendo no caso dos empreendimentos de silvicultura4 e os

cultivos agrícolas em grande escala. Nessas condições, os campos naturais da região sul

vêm cedendo espaço e sendo substituídos de forma intensa e imediata pelo monocultivo

4 “A silvicultura é a ciência destinada ao estudo dos métodos naturais e artificiais de regenerar e melhorar

os povoamentos florestais, visando às necessidades do mercado e à manutenção, ao aproveitamento e

ao uso racional das florestas (nativas ou comerciais)” (PEREIRA, 2010, p. 89).

das lavouras de soja e de árvores exóticas5 (BERTÊ, 2004; OVERBECK et al., 2009;

MORALES GROSSKOPF et al., 2011).

O artigo está organizado em quatro seções, além dessa introdução. A primeira

seção ilustra alguns aspectos da formação histórica dos municípios estudados, de

maneira que seja possível auxiliar na compreensão das transformações recentes. Na

segunda seção são apresentados e analisados aspectos relacionados às mudanças na

dinâmica populacional, socioeconômicas e da situação fundiária dos municípios

estudados. Na seção seguinte a analise recai sobre os processos envolvendo as

transformações produtivas dos municípios. Por fim, na quarta e última seção são

apresentadas algumas considerações finais que apontam para uma síntese dos principais

resultados, sugerindo novos estudos a partir dos dados aqui analisados.

2 Evolução dos aspectos históricos nas microrregiões Campanha Meridional e

Serra do Sudeste

O Sul do Rio Grande do Sul, incluindo as microrregiões estudadas, tem marcantes

características históricas relacionadas à atividade pecuária, propiciadas pela forma de ocupação

e pela presença de pastagens naturais (SUERTEGARAY, PIRES DA SILVA, 2009). A região

sul foi inicialmente ocupada por índios que viviam da caça e pesca, alimentando-se de animais

de pequeno porte como veados, emas, capivaras, antas e pequenos roedores (BEHLING et al.,

2009). A partir do século XVI, os jesuítas espanhóis iniciam várias tentativas de ocupação do

território gaúcho, trazendo consigo significativo número de cabeças de gado direcionada a sua

própria alimentação e daquele povo que ali se encontrava (PESAVENTO, 1985). A missão dos

jesuítas era cristianizar, civilizar e incorporar à coroa espanhola os índios que habitavam aquele

território.

Ao longo do século XVII ocorrem diversos enfrentamentos entre jesuítas e portugueses,

pela ocupação do território gaúcho. Resultado disso foi à escravidão de muitos índios, lavados

ao estado de São Paulo para trabalhar na agricultura, enquanto outros conseguiram fugir. Essa

situação levou ao abandono de inúmeras cabeças de gado que se propagaram pelos campos do

Bioma Pampa6 e ali se reproduziram de forma considerável. De acordo com Pesavento (1985) e

Wiederspahn (1979) os índios que fugiram da escravidão buscaram refugio em regiões de difícil

acesso, as quais representavam pouco interesse dos europeus, vindo a ocupar a região

compreendida como Serra do Sudeste. No entanto, a ocupação dessa área ainda não era

5 As espécies exóticas que têm sido utilizadas para os plantios comerciais são Pinus spp., Eucalyptus spp.

e Acacia spp. 6 O Bioma Pampa é único no mundo, abrangendo parte significativa do Rio Grande do Sul, Uruguai e

Argentina, sendo esse bioma reconhecido como um grande produtor de carnes, provenientes de seus

campos naturais.

significativa, o que levaria, mais tarde, a vinda de agricultores portugueses para produzir nessas

terras, os casais de açorianos. Assim, por volta de 1750 são trazidos de Portugal casais

açorianos, formando as primeiras vilas e povoados nessas áreas. A chegada desses casais à

região vem no intuito de ocupar as áreas mais dobradas (MORAES, 1959; WIEDERSPAHN,

1979; PESAVENTO, 1985). Esses casais açorianos praticavam a agricultura de subsistência,

principalmente.

Com isso, a reprodução do rebanho bovino é favorecida pela ausência de caça e pela

“exuberância das pastagens rio-grandenses, condições mais que favoráveis à sua sobrevivência e

proliferação” (REVERBEL, 1986, p. 22), formando, assim, uma imensa reserva de gado. Na

mesma medida em que o tamanho do rebanho de gado solto, agora selvagem, aumentava,

crescia também o interesse por parte da coroa portuguesa em comercializá-los, despertando um

olhar sobre o grande potencial econômico desses animais. A partir disso, tem início à caça desse

gado xucro (também chamado de “chimarrão”), extraindo somente o seu couro e deixando a

carne no campo para outros animais consumirem (PESAVENTO, 1985; MAESTRI, 2006).

Nessa ocasião, o que atribuía valor a esses animais era o couro, utilizado e comercializado pelos

índios e portugueses, sendo esse período então denominado de “idade do couro” (REVERBEL,

1986, p. 19).

Ao final do século XVII a conjuntura nacional sofre transformações por conta,

principalmente, do surgimento de minas no centro do país e da decadência do açúcar,

despertando um novo olhar sobre o sul o país (PESAVENTO, 1985; REVERBEL, 1986). O

interesse, então, sobrecai no gado xucro disponível no sul do estado do Rio Grande do Sul, que,

a partir desse momento, passa a ser levado para o centro do país para a região de Minas Gerais,

com o intuito de atender a demanda por alimento para os escravos e para tração. Segundo

Reverbel (1986, p. 69), o quadro geral do Rio Grande do Sul era de “pastagens abundantes e

enormes rebanhos sem dono”, onde a apreensão do gado ocorria sem controle algum e sem

preocupações acerca de sua manutenção e reprodução.

Assim, verifica-se um novo direcionamento no uso do gado influenciado por uma nova

conjuntura nacional, caracterizado pelo povoamento do território, subdivisão dos campos e

intensificação da exploração rural, dando início às estâncias de criação extensiva de gado. Desse

modo, com o objetivo de ocupar o território gaúcho, tentando impedir a invasão dos espanhóis

e, sobretudo, domesticar o gado selvagem que poderia contribuir com a economia da nação, tem

início a distribuição de sesmarias7 por parte da coroa portuguesa, surge então as estâncias de

criação de gado (PESAVENTO, 1985; REVERBEL, 1986). Também fez parte desse cenário a

presença do escravo negro, encontrado como mão de obra (peão) nas estâncias de criação de

gado (MORAES, 1959; MAESTRI, 2006). Ressalta-se que juntamente com o rebanho bovino

7 De acordo com Sandra Pesavento (1985, p. 15), “as sesmarias eram terras devolutas, medindo em regra

3 léguas por 1 légua (cerca de 13.000 hectares)”.

desenvolvia-se a ovinocultura, utilizada principalmente para o autoconsumo. O surgimento das

estâncias de criação de gado permitiu a mercantilização da pecuária através da comercialização

do charque, atribuindo um novo valor à carne (PESAVENTO, 1985). As charqueadas

consistiam de uma transformação artesanal da carne de gado para uma carne seca, sendo

utilizada na alimentação de escravos para todo o país, tendo seu início por volta de 1780 (IBGE,

2010).

Ao fim da concessão de sesmarias os estancieiros distribuem alguns lotes de sua

estância às famílias que estavam alocadas no estabelecimento. Concomitante a esse pequeno

desmembramento das estâncias ocorre a ocupação de áreas irregulares como na Serra do

Sudeste, principalmente por forasteiros, famílias de pequenos pecuaristas que foram expulsos

das estâncias, açorianos e negros agora livres. Com o passar do tempo, o número e a força

desses pequenos pecuaristas mestiçados tomou proporções significativas. Percebendo que estes

praticavam uma pecuária com baixo ou nenhum investimento, com uso basicamente da mão de

obra familiar e sem estarem diretamente dependentes do mercado, esses criadores passam a ser

denominados de “pecuaristas familiares.” (RIBEIRO, 2009; NESKE, 2009).

Assim, a 1° Lei de Terras de 1850 dá início a um novo ciclo no que concerne a

ocupação de áreas de terra. A atividade pecuária passa, então, a dividir espaço com o cultivo do

trigo e com as atividades de subsistência, mas permanece sendo um motor pujante da região sul

do estado do Rio Grande do Sul. Em meados do século XX chega ao fim às charqueadas, com

isso, desse momento em diante, a atividade pecuária é marcada por melhorias no manejo, como

o cercamento dos campos, e no processamento da carne através da implantação de frigoríficos.

O fim das charqueadas em meados do século XX é resultado de um conjunto de acontecimentos

como as altas tarifas sobre o sal e a entrada e concorrência de produto platino (vindo do

Uruguai), resultando em queda dos preços e do consumo. De maneira geral, as charqueadas

contribuíram, em um primeiro momento, para o crescimento econômico bem como para a

abertura e desenvolvimento de novos setores. A decadência do charque dá abertura à criação de

frigoríficos, representando importante alavanca para a reestruturação e desenvolvimento da

pecuária ao possibilitar a exportação de carne congelada.

De maneira geral, a pecuária de corte extensiva é a atividade produtiva predominante

desde o período de colonização no século XVIII, sendo exercida sobre áreas de campos naturais.

No entanto, a estabilização e consolidação da pecuária foi possível mediante, principalmente, às

extensas áreas cobertas por pastagem nativa, característica do Bioma Pampa. Esse bioma

abrange significativa porção do estado do Rio Grande do Sul, cobrindo 63% do seu território

(IBGE, 2004). De tal maneira, a consolidação da pecuária data da ocupação dessa região,

contribuindo com o desenvolvimento e dando abertura para a introdução de outras atividades

produtivas, como o cultivo de trigo e arroz. Desse modo, há mais de 300 anos a pecuária vem

fazendo parte não só da construção de uma região, mas também de sua história e das

características de sua população (PESAVENTO, 1985).

Com isso, cabe salientar que a conjuntura atual das microrregiões Campanha

Meridional e Serra do Sudeste vêm sendo dinamizada, apresentando uma diversidade de

atividades produtivas concomitante à prevalência da pecuária. Diante desse contexto, verifica-se

que a pecuária vem cada vez mais dividindo espaço com a silvicultura, lavouras de arroz, soja e

trigo, fruticultura, dentre tantas outras atividades que denotam a diversidade econômica e social

registrada nos municípios investigados, como será apresentado nas próximas seções.

3 Dinâmica populacional, aspectos socioeconômicos e situação fundiária

Os municípios de Bagé, Dom Pedrito, Piratini e Pinheiro Machado possuem uma área

territorial, respectivamente, de 4.095,553 km², 5.192,120 km², 3.561,5 km² e 2.227,9 km²,

correspondendo a uma densidade demográfica de 28,5 hab/km², 7,5 hab/km², 5,6 hab/km² e 5,7

hab/km² (FEE, 2011), estando localizados ao sul do Rio Grande do Sul (Figura 1).

Figura 1 – Localização dos municípios de Bagé, Dom Pedrito, Piratini e Pinheiro

Machado.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Segundo o Censo Populacional (IBGE, 2000a; 2010a) o número total de habitantes

diminuiu nas últimas cinco décadas nos municípios de Bagé, Dom Pedrito e Pinheiro Machado,

apenas em Piratini houve um pequeno aumento da população total, conforme pode ser

visualizado na Tabela 1. Nos quatro municípios investigados, entre o período de 1970 a 2010,

houve um aumento da população urbana.

Tabela 1 – Dinâmica populacional dos municípios Bagé, Dom Pedrito, Piratini e Pinheiro

Machado no período de 1970 a 2010.

Ano do Censo Populacional

1970 1980 1991 2000 2010

N° % N° % N° % N° % N° %

Bagé

Rural 30.549 34 30.282 30 26.643 22 21.477 18 19.029 16

Urbana 59.731 66 69.851 70 92.324 78 97.290 82 97.765 84

Total 90.280 100 100.133 100 118.967 100 118.767 100 116.794 100

Dom Pedrito

Rural 12.216 37 9.101 26 5.763 15 4.615 11 3.643 9

Urbana 20.585 63 26.049 74 32.291 85 35.795 89 35.255 91

Total 32.801 100 35.150 100 38.054 100 40.410 100 38.898 100

Piratini

Rural 21.542 88 14.554 72 10.631 60 9.561 49 8.271 42

Urbana 2.902 12 5.570 28 7.024 40 9.853 51 11.570 68

Total 24.444 100 20.124 100 17.655 100 19.414 100 19.841 100

Pinheiro Machado

Rural 9.888 69 8.265 58 6.931 45 4.393 30 2.996 23

Urbana 4.372 31 6.094 42 8.465 55 10.201 70 9.784 77

Total 14.260 100 14.359 100 15.396 100 14.594 100 12.780 100

Fonte: IBGE (Censo Populacional), 2000a; 2010a. Elaborado pelos autores.

Em contrapartida, o meio rural tem reduzido de modo crescente e significativo sua

população, sobretudo nos municípios de Dom Pedrito e Pinheiro Machado, que atingiram a

maior queda populacional no meio rural, ambos reduzindo 70%. A redução verificada em Bagé

e Piratini fica um pouco abaixo dos valores dos demais municípios, sendo 38% e 62%,

respectivamente. Cabe considerar que nos últimos anos houve em Bagé duas emancipações

(Aceguá/1996 e Hulha Negra/1992), decorrendo em parte na redução populacional no rural

desse município. De modo relevante, deve-se considerar o aumento da presença de

assentamentos nos municípios investigados, os quais influenciam na dinâmica populacional e no

número de estabelecimentos ativos nos municípios. No entanto, ainda não há dados que tratem

de separar estas informações para, assim, realizar uma análise mais precisa.

Somado a essa redução populacional no meio rural, há que se considerar que a situação

torna-se complexa na medida em que atentamos para uma redução seletiva da população,

distinguindo-se por sexo e por idade. De tal maneira, constata-se cada vez mais que as

consequências desse processo de redução populacional no meio rural resultam no

envelhecimento e na masculinização da população, haja vista a saída principalmente de jovens e

indivíduos do sexo feminino (IBGE, 2010).

No que se refere aos dados socioeconômicos, o Índice de Desenvolvimento Humano8

(IDH) em nível municipal apontou que os municípios investigados possuem IDH classificado

como alto desenvolvimento (PNUD, 2003). Em seus indicadores individuais, IDH Longevidade

e IDH Educação, apresentam valores muito próximos entre si para os municípios. Cabe destacar

que o IDH Educação é o componente com valor mais elevado para todos os municípios (Tabela

2).

Tabela 2 – Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, 2003) e Índice de Gini (2000) para

os municípios de Bagé, Dom Pedrito, Piratini e Pinheiro Machado.

Município IDH IDH Renda IDH Longevidade IDH Educação Índice de Gini

Bagé 0,802 0,722 0,786 0,898 0,41

Dom Pedrito 0,783 0,712 0,761 0,875 0,42

Piratini 0,756 0,650 0,780 0,838 0,57

Pinheiro Machado 0,752 0,669 0,717 0,869 0,56

Fonte: PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2003. Elaborado pela autora.

O índice de Gini9 que informa a distribuição de renda nos municípios de Bagé e Dom

Pedrito ficou entre 0,41 a 0,42, sendo menor que o valor calculado para o estado do Rio Grande

do Sul, que é de 0,55 (IBGE, 2000b). Segundo demonstrado pelo coeficiente, observa-se maior

desigualdade de renda nos municípios de Piratini e Pinheiro Machado.

Ao que confere a situação fundiária conforme dados do IBGE (2006) apresentados na

Tabela 3, os municípios de Piratini e Pinheiro Machado concentram o maior número de

estabelecimentos no estrato de zero a 200 hectares, representando 88,9% e 80,9% do número

total de estabelecimentos, respectivamente. Contudo, ao observar de modo mais detalhado,

constata-se que os estabelecimentos de até 50 hectares representam mais da metade do número

total de estabelecimentos com 65,9% e 55,5%, ocupando apenas 14,2% e 9,1% da área total de

Piratini e Pinheiro Machado, respectivamente. Em contrapartida, as propriedades acima de 500

hectares representam 4,4% e 6% dos estabelecimentos, no entanto ocupam um montante 45% e

40% da área de cada município.

Em Bagé e Dom Pedrito, constata-se também uma proporção significativa de

estabelecimentos com até 200 hectares, sendo 69,6% e 64,8%, respectivamente. Verifica-se uma

concentração de estabelecimento também no estrato de até 50 hectares, representado por 52% e

41,1% em apenas 3,1% e 2,3% da área total do município. Por outro lado, o número de

estabelecimentos acima de 500 hectares representa 15% e 18% do total de estabelecimentos,

8 O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é utilizado na classificação do grau de desenvolvimento.

Sua elaboração tem na composição dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB per capita

(como um indicador do padrão de vida), variando de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1 o valor deste

indicador, maior será o nível de desenvolvimento humano do país ou região (PNUD, 2000). 9 Coeficiente de Gini é comumente utilizado no cálculo da distribuição de renda, correspondendo a um

número de 0 a 1, sendo 0 (zero) completa igualdade de renda e 1 completa desigualdade.

proporção bem superior a dos municípios de Piratini e Pinheiro Machado. A distribuição dos

distintos estratos de estabelecimentos agropecuários pode estar diretamente relacionada às

diversas formas de relevo e cobertura vegetal presentes nos municípios, podendo permitir a

compreensão das atuais atividades desenvolvidas nesses municípios, aspecto que será abordado

na próxima seção.

Tabela 3 – Estrutura fundiária dos municípios de Bagé, Dom Pedrito, Piratini e Pinheiro

Machado no ano de 2006.

Tamanho de

Propriedade (ha)

Bagé Dom Pedrito Piratini Pinheiro Machado

%

estabelecimentos

%

área

%

estabelecimentos

%

área

%

estabelecimentos

%

área

%

estabelecimentos

%

área

< 10 23,6 0,3 16,5 0,2 13,9 0,7 12,7 0,5

10 a < 50 28,4 2,8 24,6 2,1 52 13,5 42,8 8,6

50 a < 100 9,7 2,7 12,6 3,1 14,2 10,1 14,9 8,2

100 a < 200 7,9 4,4 11,1 5,2 8,8 12,3 10,5 11,4

200 a < 500 12,2 15,5 14,7 16,3 6,1 18,9 10,7 25,5

500 a < 1000 8,2 22,5 10 23,5 3 20,4 4,5 23,7

1000 a < 2500 6,0 35,4 7 36,1 1,1 14,1 1,5 16

2500 ha e mais 1,2 16,5 1,2 13,5 0,3 10 0,1 0

Produtor sem área 2,8 0 2,3 0 0,6 0 2,3 0

Fonte: IBGE (2006). Elaborado pelos autores.

No que diz respeito a alguns aspectos econômicos os quatro municípios investigados

têm sua economia diretamente relaciona à atividade pecuária, desenvolvida sobre campos

cobertos pelo Bioma Pampa. Recentemente outras atividades vêm diversificando e estimulando

a economia municipal e a composição do PIB. Ao observar a Tabela 4, verifica-se que o

município de Dom Pedrito apresenta um PIB per capita significativamente alto se comparado

aos demais municípios chegando a R$ 15.468,00.

Tabela 41 – Evolução da renda per capita (2008) e do valor agregado para os municípios

de Bagé, Dom Pedrito, Piratini e Pinheiro Machado nos anos de 2000 e 2009.

Município Ano PIB per capita

(R$)

Estrutura do VAB (R$ mil)

Agropecuária Indústria Serviços

Bagé 2000 4.888 48.546 84. 691 400.141

2009 10.015 107.297 154.968 822.504

Dom

Pedrito

2000 5.570 62.930 38.904 112.853

2009 15.468 242.975 108.341 277.358

Piratini 2000 3.627 26.083 5.513 36.984

2009 8.671 65.161 15.823 102.903

Pinheiro

Machado

2000 4.955 13.521 20.684 32.415

2009 11.326 39.546 35.173 74.647

Fonte: FEE, 2008b. (VER PIB, 2008 e VAB 2000 e 2009). Elaborado pelos autores.

Esse município também apresenta maior participação de Valor Agregado Bruto (VAB)

agropecuário. Contudo, essa categoria de análise não separa a atividade pecuária das atividades

agrícolas, o que pode explicar valor significativamente alto, além da extensão territorial do

município em relação aos demais.

Quanto à dinâmica de crescimento no setor agropecuário, todos os municípios

obtiveram um crescimento entre 2000 a 2009. Apesar do crescimento do VAB agropecuário

observado as atividades relacionadas vêm deparando-se com adversidades climáticas frequentes,

principalmente por conta de períodos de estiagem, causando retração do PIB. Segundo dados da

FEE (2012), o setor de maior impacto sobre o desempenho geral da economia no estado foi o

PIB agropecuário, refletindo em uma redução no segundo trimestre de 2012, em comparação

com o mesmo período de 2011, de 46,4% do PIB agropecuário.

4 Dinâmicas produtivas em metamorfose no “pampa”

Essa seção inicia destacando, primeiramente, as transformações que tem ocorrido sobre

a estrutura do Bioma Pampa, já que é sobre esse ecossistema que teve origem a atividades

produtivas hoje em desenvolvimento nas microrregiões analisadas. Um mapeamento da

cobertura vegetal natural remanescente para toda a abrangência do Bioma Pampa foi realizado

pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e EMBRAPA Clima Temperado e

EMBRAPA Pecuária Sul. O resultado desse mapeamento revelou o predomínio de uma

estrutura vegetal em transição nos municípios de Pinheiro Machado e Piratini, entretanto com

uma baixa ocupação de áreas campestres (Tabela 5).

Tabela 5 – Proporção da cobertura vegetal para o ano de 2007.

Município Área

(km²)

Tipo de cobertura vegetal (km²) Total

(km²)*

Áreas não remanescentes

(%) Campestre

(ha) %

Florestal

(ha) %

Transição

(ha) %

Bagé 4078,2 555,4 14 229,5 5,6 1942,2 47,6 2727,1 33,1

Dom Pedrito 5167,8 996,3 19 118,8 2,3 1497,8 28,9 2612,9 49,4

Piratini 3554,3 167,9 4,7 312,6 8,8 1939,8 54,6 2420,3 31,9

Pinheiro

Machado 2223,6 179,5 8,1 78,9 3,5 1730,3 77,8 1988,8 10,6

*A área total não atinge 100%, pois não estão contabilizadas as áreas com uso agropecuário intensivo

e áreas urbanizadas.

Fonte: PROBIO - Cobertura vegetal do Bioma Pampa (2007).

Assim, as áreas em transição podem ser compreendidas pela presença de um tipo de

remanescente representado por um mosaico de campo e mata nativa, com formação herbácea-

arbustiva nativa, sob o uso pecuário e de floresta nativa. Sua ocorrência é predominante sobre

solos rasos com afloramento rochoso, em relevo de variação frequente entre colinas e vales,

característico da região do Serra do Sudeste ou Escudo Sul-Riograndense (PROBIO, 2007).

Como destacados por Matei e Filippi (2013), as áreas compreendidas pelo Bioma Pampa

passaram a sofrer mudanças desde a época da colonização, especialmente com as demarcações

de fronteiras, com a introdução da pecuária e o estabelecimento da estrutura fundiária de médias

e grandes propriedades.

É possível observar nos municípios de Bagé e Dom Pedrito maior proporção de áreas

denominadas de campestres. Essas áreas são caracterizadas por sua formação herbácea nativa,

com boa cobertura de solo, podendo haver faixas arenosas e ausência de cultivos ou evidência

de uso agrícola passado (PROBIO, 2007). Esses municípios tem sido palco de certa expansão de

cultivos agrícolas, tendo seu avanço facilitado pela presença de áreas formadas por relevos

planos, pouco ondulados e pouco pedregosos.

Dado que as denominações campestre, florestal e transição foram consideradas como

áreas remanescentes, considera-se áreas não remanescentes aquelas utilizadas, em passado

recente, com atividade agrícola e áreas degradadas pelo excesso de pastoreio. Com efeito, estas

áreas representam 33,1% em Bagé, 49,4% Dom Pedrito, 31,9% Piratini e 10,6% em Pinheiro

Machado. A figura abaixo ilustra a condição atual da cobertura vegetal do Bioma Pampa

(Figura 2).

Figura 2 – Cobertura vegetal do Bioma Pampa em 2007.

Fonte: PROBIO – Cobertura vegetal do Bioma Pampa (2007).

A comprovação das transformações em andamento nas microrregiões estudadas é

evidenciada em dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -

PNUD (Figura 3), indicando a classificação dos vinte municípios que mais suprimiram sua

vegetação natural dando espaço para outras atividades e formas de uso do solo. Dentre eles

estão Dom Pedrito com 51,5% da área suprimida, Bagé com 37,6% e Piratini com36,7%.

Apesar de Pinheiro Machado ficar fora dessa lista ele não está isento da supressão de área, sua

participação na reconversão produtiva atinge 14,9% de seu território. Segundo dados do

Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2010), atualmente a supressão da vegetação nativa do

Bioma Pampa já atinge 54% da área original de 177.767 km². Entre o período de 2002 e 2008 o

Bioma Pampa contabilizou uma perda de 251.400 hectares de vegetação nativa, sendo o

segundo bioma mais devastado do país (MMA, 2010).

Figura 3 – Distribuição espacial de vegetação nativa suprimida no Bioma Pampa entre

2002 e 2008.

Fonte: PNUD, 2008.

Assim, o avanço da produção agrícola e da silvicultura, a implantação de pastagens

cultivadas, o sobrepastejo e a erosão, tem denotado uma nova paisagem ao Bioma Pampa

(OVERBECK et al., 2009; SUERTEGARAY, PIRES DA SILVA, 2009). Segundo Behling et

al. (2009, p. 15), a vegetação original está sendo modificada pelo avanços dessas atividades:

[...] os atuais ecossistemas, tanto florestais como campestres, são fortemente

influenciados pelas atividades humanas. A remoção da floresta e a alteração

da paisagem [campo nativo], por meio da agricultura, pastoreio e plantios de

Pinus e Eucalyptus, têm mudado claramente a vegetação original.

As principais atividades que vêm ganhando espaço produtivo e econômico nas

microrregiões estudadas é o cultivo de grãos (soja, trigo) e a silvicutura. A lavoura temporária

de arroz é a que mais cresceu nos últimos anos, sendo acompanhada pela soja e a lavoura de

milho. Segundo Overbeck et al. (2009) a expansão das atividades agrícolas ocorre de modo

mais constante nas últimas três décadas, no entanto, sua ocorrência data de 1940, principalmente

dos cultivos de milho, soja, trigo e arroz. Segundo Verdum (2004, p. 53), há um deslocamento

de “novos exploradores” vindos do norte do estado, considerados pelo autor como principais

responsáveis pela implantação de cultivos mecanizados de lavouras de grãos. Esses indivíduos,

por meio da compra ou arrendamento da terra, dão início a uma pressão sobre solos frágeis e

sobre a vegetação herbácea dos municípios. Conforme a Tabela 6, no município de Dom Pedrito

o cultivo de lavoura temporária ocupa 157.188 hectares da área total do município,

representando 38% do seu território.

Tabela 6 – Formas de utilização da terra nos municípios de Bagé, Dom Pedrito, Piratini e

Pinheiro Machado no ano de 2006.

Grupo de atividade econômica

Bagé Dom Pedrito

Área dos estabelecimentos agropecuários

ha % ha %

Lavoura temporária 43.822 15 157.188 38

Horticultura e floricultura 1.981 0,7 2.504 0,6

Lavoura permanente 1.853 0,6 2.038 0,5

Sementes, mudas e outras formas de propagação

vegetal - - - -

Pecuária e criação de outros animais 248.156 83 248.582 60

Produção florestal - florestas plantadas 3.953 1,3 2.866 0,7

Produção florestal - florestas nativas 8 0,002 - -

Pesca - - - -

Aquicultura - - - -

TOTAL 299.771 100 413.782 100

Grupo de atividade econômica

Piratini Pinheiro Machado

Área dos estabelecimentos agropecuários

ha % ha %

Lavoura temporária 52.298 18 11.004 5

Horticultura e floricultura 2.024 0,7 3.892 2

Lavoura permanente 4.843 2 460 0,2

Sementes, mudas e outras formas de propagação

vegetal - - 225 0,1

Pecuária e criação de outros animais 166.840 59 160.542 78

Produção florestal - florestas plantadas 58.733 21 38.083 17

Produção florestal - florestas nativas - - - -

Pesca - - - -

Aquicultura 313 0,1 53 0,02

TOTAL 285.146 100 214.506 100

Fonte: IBGE, 2006. Elaborado pelos autores.

O município de Pinheiro Machado apresenta menor presença dessa atividade em seu

território, sendo que essas lavouras representam apenas 5% da área total do município. De

acordo com Bertê (2004), o manejo realizado no solo, para o cultivo dessas lavouras, têm

alterado suas características físicas e químicas em proporções ainda não diagnosticadas, mas

provocando perdas na qualidade e conformação do solo gerada pela sua degradação.

Além das lavouras também é possível observar um avanço de florestas plantadas,

principalmente nos municípios da microrregião da Serra do Sudeste. Segundo Overbeck et al.

(2009), o plantio de árvores exóticas têm sido direcionadas a produção de celulose.

Corroborando com esta afirmação, a Associação Gaúcha de Empresas Florestais (AGEFLOR)

apresenta a dimensão da inserção das três principais espécies cultivadas na produção de celulose

nos últimos anos. Segundo Bertê (2004), a expansão de monoculturas florestais no estado tem

impulso em 1956, por conta da consolidação de uma lei de incentivo fiscais, que estimulam

significativamente o florestamento do território, favorecendo a indústria de celulose e papel.

Enquanto no sul do país os pecuaristas estão perdendo suas áreas de pastagem

natural, dando espaço para a entrada do cultivo de lavoura de grãos e da silvicultura,

paradoxalmente, no norte do país, principalmente na Amazônia, derrubam-se áreas com

florestas nativas para entrada da pecuária, transformando parcelas florestais naturais em

grandes extensões de pastagens cultivadas (MORALES GROSSKOPF, 2011;

FEARNSIDE, 2005; PIKETTY et al., 2005; SOARES-FILHO et al., 2006). O que há

em comum em ambas as situações é a supressão dos recursos naturais, movidos por um

conjunto particular de interesses de um projeto desenvolvimentista, gerando uma

importante e cada vez maior perda da identidade cultural e da continuação dos sistemas

produtivos originais desses contextos. As consequências da conversão dessas áreas

podem estar refletindo em alterações no ambiente, como períodos cada vez mais

rigorosos e extensos de seca (SOARES-FILHO et al., 2006; DAVIDSON et al., 2012).

Como demonstrado na tabela abaixo, a expansão dessa atividade é evidente, ocupando

atualmente mais de quinhentos mil hectares, tendo um crescimento de 36% em cinco anos (2002

a 2007).

Tabela 7 – Área plantada (ha) com silvicultura no Rio Grande do Sul entre 2002 e 2007.

Espécie plantada 2002

UFSM

2007

AGEFLOR

Crescimento

%

Pinus 150.000 182.378 17

Eucalipto 110.000 222.245 51

Acácia 100.000 158.961 37

Total 360.000 563.584 36

Fonte: AGEFLOR, 2009.

As constatações apontadas acima evidenciam uma atividade pecuária que vem cedendo

(ou perdendo) espaço para uma diversidade de outras atividades (agricultura, silvicultura,

fruticultura10). No entanto, apesar da expansão das atividades agrícolas e da silvicultura

mencionadas anteriormente, a pecuária permanece sendo a principal atividade desenvolvida nos

municípios estudados. Corroborando com essa afirmação, Girardi (2008) aponta que a região

sul tem atualmente como principais atividades a pecuária, a rizicultura e as lavouras de soja. Ao

observar de modo mais detalhado a Tabela 8 observa-se que a atividade pecuária e a criação de

outros animais se destaca dentre as demais atividades, ocupando mais da metade da área total

dos municípios investigados, sendo 83% em Bagé, 60% em Dom Pedrito, 59% em Piratini e

78% em Pinheiro Machado. Apesar de a pecuária representar a atividade produtiva

predominante nos municípios de Dom Pedrito e Piratini, sua ocupação é inferior à dos demais

municípios, podem estar diretamente relacionados ao avanço das demais atividades já

mencionadas.

No que diz respeito especificamente à criação de animais, a Tabela 9 apresenta o

número de estabelecimentos agropecuários e o respectivo número de estabelecimentos que

desenvolvem a atividade pecuária e a criação de outros animais, distribuídos em distintos

estratos de tamanho de área. Observa-se que em grande medida a maior parte dos

estabelecimentos agropecuários dos municípios investigados desenvolve atividade pecuária ou

criação de outros animais. Sendo apenas uma parcela reduzida de estabelecimentos

agropecuários que não desenvolvem a atividade pecuária nem criam outros tipos de animais,

correspondendo a 8% em Bagé, 27% em Dom Pedrito, 38% em Piratini e 21% Pinheiro

Machado.

Tabela 8 – Número de estabelecimentos com atividade pecuária e criação de outros

animais nos municípios de Bagé, Dom Pedrito, Piratini e Pinheiro Machado (2006).

Bagé Dom Pedrito

Tamanhos (ha) Total Com animais % Total Com animais %

< 10 259 259 100 232 181 78

10 a < 50 340 340 100 347 285 82

50 a < 100 116 100 82 178 137 77

100 a < 200 95 79 83 157 104 66

200 a < 500 146 119 82 207 141 68

500 a < 1000 98 84 86 141 88 62

1000 a < 2500 72 61 85 98 55 56

2500 ha e mais 14 10 71 17 7 41

Produtor sem área 34 32 94 32 30 94

TOTAL 1174 1084 92 1409 1028 73

10 Dentre as atividades que tem avançado, em menor escala, no espaço socioeconômico dos municípios

investigados, podemos citar a fruticultura e a vitinicultura.

Piratini Pinheiro Machado

Tamanhos (ha) Total Com animais % Total Com animais %

< 10 404 244 60 209 157 75

10 a < 50 1514 1062 70 703 531 76

50 a < 100 414 305 74 245 209 85

100 a < 200 255 168 66 172 144 82

200 a < 500 178 113 44 175 144 82

500 a < 1000 86 45 52 73 55 75

1000 a < 2500 32 17 53 25 18 72

2500 ha e mais 9 3 33 2 1 50

Produtor sem área 18 11 61 38 34 89

TOTAL 2.910 1.968 68 1.642 1.293 79

Fonte: IBGE, 2006.

Conforme os dados da tabela anterior, Bagé é o município com maior número de

estabelecimentos que desenvolvem a atividade pecuária, com uma média de 92% dos

estabelecimentos. Na sequência está Pinheiro Machado com 79%, Dom Pedrito com 73% e

Piratini com 68%. Observa-se que os estabelecimentos nos estratos de 50 a 200 hectares dos

municípios de Bagé e Pinheiro Machado possuem atividade pecuária em mais de 80% do total

de estabelecimentos. Diferente de Dom Pedrito e Piratini, que possuem uma proporção um

pouco menor de estabelecimentos que realizam a atividade pecuária e a criação de pequenos

animais. Quando observado o número de animais entre o período de 2000 a 2010, visualizamos

uma redução no montante de alguns rebanhos, como pode ser observado na Tabela 9.

Tabela 9 – Número de animais nos municípios de Bagé, Dom Pedrito, Piratini e Pinheiro

Machado nos anos de 2000 e 2010.

Descrição Bagé Dom Pedrito

2000 2010 % 2000 2010 %

Bovinos 400.467 332.615 -17% 406.067 423.684 4%

Equinos 19.849 14.059 -29% 16.107 18.430 14%

Bubalinos 1.351 1.305 -3% 4.426 979 -78%

Caprinos 4.112 3.055 -26% 294 253 -14%

Ovinos 220.153 113.701 -48% 181.690 147.859 -19%

Descrição Piratini Pinheiro Machado

2000 2010 % 2000 2010 %

Bovinos 160.415 174.884 9% 163.091 163.137 0,03%

Equinos 6.055 6.760 12% 7.663 4.302 -44%

Bubalinos 578 90 -84% 706 1.749 59%

Caprinos 1.317 1.890 44% 1.548 1.095 -29 %

Ovinos 119.612 94.131 -21% 129.407 148.292 14%

Fonte: IBGE, 2010. Elaborado pela autora.

Observa-se que apesar de Bagé ainda possuir o maior número de estabelecimentos com

atividade pecuária houve uma queda no número de bovinos e ovinos no município, sendo de

17% e 48%, respectivamente. Apesar dos demais municípios apresentarem crescimento no

número de bovinos, essa proporção é relativamente baixa para o período de tempo analisado

(dez anos). Ainda assim, visualiza-se uma significativa queda no número de ovinos nos

municípios de Dom Pedrito (19%) e Piratini (21%).

Conclusões

Nos aspectos produtivos, se observa que a pecuária de corte tem cedido espaço

para outras atividades produtivas, particularmente para as lavouras agrícolas e de

silvicultura, presentes nas estatísticas analisadas. Os impactos sociais da presença

dessas atividades merecem ser investigados e, em longo prazo, novos estudos devem ser

realizados para verificar quais aspectos têm sido modificadas juntamente com essas

novas atividades. Contudo, diante deste cenário, alguns dos impactos decorrentes dessas

transformações no sul do Rio Grande do Sul, em especial nas microrregiões estudadas,

apontam para consequências como a elevação do preço da terra, redução de áreas

destinadas à pecuária sobre campos naturais, pressão à modernização da atividade,

supressão do Bioma Pampa e perda da biodiversidade11, consequências essas

potencialmente capazes de gerar diferentes situações de vulnerabilidade à atividade

pecuária.

É evidente que a pecuária de corte, em todas as suas formas sociais e produtivas,

se encontra em exposição a diversas situações de vulnerabilidade. Desse modo, em anos

recentes, as microrregiões investigadas vêm passando por mudanças no contexto das

estratégias de desenvolvimento, o que tem acarretado em transformações de ordem

social, econômica e ambiental. As implicações dessas mudanças sobre o futuro da

pecuária ainda são incertos, assim como a inserção dessas novas atividades produtivas.

Pouco se sabe sobre os mercados que estão sendo construídos e quem são os principais

atores e protagonistas desse novo cenário que é possível visualizar na região sul do

estado. A atividade pecuária, que representa a principal atividade produtiva da região

tem sido influenciada pelas mudanças ocorridas nas microrregiões. Diante desse

contexto, é possível questionar qual o futuro ou mesmo que pecuária irá permanecer

diante desse novo contexto.

11 Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2010), atualmente a supressão da vegetação

nativa do bioma Pampa, provocado pela reconversão produtiva, já atinge 54% da área original de

177.767 km². Entre o período de 2002 e 2008 o bioma Pampa contabilizou uma perda de 251.400

hectares de vegetação nativa, sendo o segundo bioma mais devastado do país (MMA, 2010).

Nota-se a expansão de “novas” atividades tem influenciado indiretamente a

realização da atividade pecuária, passando a disputar áreas de terra e substituindo as

pastagens nativas por lavouras, além disso, tem afetado a flora e fauna do Bioma Pampa

frente ao uso de defensivos agrícolas, assim como a saúde da população rural que

convive com a atividade e têm ficado exposta as consequências dessa atividade. Por se

tratar de uma atividade em que a expansão em larga escala é recente, merece, portanto,

atenção para estudos acadêmicos que possam avaliar o impacto social e ambiental

dessas atividades, e o que isso implica em projetos e propostas de desenvolvimento

rural construídos na e para a região.

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