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  • 7/29/2019 Diretoria de Biblioteca

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    DIRETORIA DE BIBLIOTECA

    Biblioteca na Cidade O Entusiasmo do bomencontro

    Resenha do evento: Violncia hoje: Dilogo entre apsicanlise e as polticas pblicas de sade acerca dofenmeno na atualidade.

    Jacqueline Mendes David e Zilda Regina de Souza

    Em 5 de setembro, So Jos dos Campos contou com a presena da psicanlisede orientao lacaniana, representada por Cynthia Nunes de Freitas Farias,Diretora de Biblioteca da EBP-SP, e pela convidada Ondina Machado, membro da

    EBP-RJ, que juntamente com o Ncleo Viva Paz, do Grupo de VigilnciaEpidemiolgica (GVE XXVII), abordaram o fenmeno da violncia na atualidade.Antnio Carlos Vanzeli, coordenador do GVE XXVII, abriu o evento dizendo quesua presena foi motivada, principalmente, por sua expectativa em relao aodilogo com psicanalistas sobre o tema, pois considera que a violncia algo queno tem cura.

    Ftima Aparecida Ribeiro, mdica sanitarista do GVE e do Ncleo Viva Paz, faloudos avanos na rea da sade com o advento da constituio de 1988, queimplantou o Sistema nico de Sade (SUS). Evidenciou os dados epidemiolgicossobre os agravos ocasionados pelas violncias, inclusive as interpessoais, sendoos homens em idade produtiva, suas principais vtimas. Destacou a necessidade

    de imbuir esforos para uma prtica mais humanizada visando incluso dossujeitos em todas as suas dimenses. Ou seja, apontou a necessidade dedilogos com outras reas, como a psicologia e a psicanlise.

    Dbora Assis de Oliveira Furlan, psicloga do Ncleo Viva Paz, destacou oconflito como inerente ao ser humano, ao contrrio da violncia. Evidenciou adiferena entre acidentes e violncia, sendo a segunda intencional. A notificaopara os casos de violncia tornou-se obrigatria desde 2011 e, por ser umfenmeno complexo, necessita da interveno de diversas reas do saber. ONcleo Viva Paz foi criado em 2008, como estratgia para a articulao dosmunicpios vinculados ao GVE, visando utilizao de metodologias quepossibilitassem intervenes como, por exemplo, aJustia Restaurativa.

    Ondina Machado, psicanalista, membroda EBP, uma das organizadoras dolivro A violncia: Sintom a so cial d apoca, falou sobre o ncleo de pesquisasobre violncia do qual faz parte no Riode Janeiro. Enfatizou que a violnciasempre existiu e que se faz importanteobservar como este fenmeno seapresenta na atualidade. Destacou quetanto Freud como Lacan reconheceram

    que o mal intrnseco ao ser humano e que sua prpria evoluo, isto , aevoluo da sua cultura e do conhecimento, tambm se fizeram pela violncia.Diferenciou a violncia dos dias atuais da violncia das guerras. Nas guerras h

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    regras, motivaes claras, e na violncia cotidiana no. Mata-se por qualquercoisa! Exemplificou casos veiculados namdia como o do menino boliviano quefoi morto aps um assalto, tomando-o como paradigma desseexcesso, fenmeno da atualidade. No se trata de uma questo quantitativa e,sim, qualitativa. Que tipo de violncia essa que nos assusta tanto atualmente?Que se apresenta sem causa?

    Vivemos em uma poca plural, muito diversificada, diferente da anterior ondehavia padres e valores. Hoje h uma disparidade, uma disperso de causas, videas tabuletas, as bandeiras, nas manifestaes de rua. Cada um apresenta suacausa individual, mas que pode promover encontrosfortuitos, momentneos.

    Uma das possibilidades - que no a soluopara a violncia -, refere-se aos dispositivossociais que minimizam as tenses sociais(desigualdades sociais, misria), e, porconseguinte, reduzem a manifestao e o

    excesso das violncias. Porm, ressalta que taisdispositivos quando aplicados de forma rgidapodem gerar violncia. Ondina enfatiza que,apesar de no ter cura para o fenmeno da

    violncia, h tratamento! No h como prevenir nem como eliminar, mas h comotratar. Comparou isso s doenas crnicas e degenerativas.

    Cynthia Farias, como moderadora deste dilogo, destacou a complexidade dotermo violncia e, tambm, a diferena entre conflito e violncia apontados porDbora. Enfatizou a importncia de singularizar as intervenes junto s vtimasde violncia visto que este fenmeno se inscreve em uma histria prpria a cadasujeito. Para no cair na vitimizao, necessrio implicar o sujeito tanto na

    violncia que sofreu, como na violncia que reproduz.

    A plateia, composta por trabalhadores da rea da sade, da vara da infncia efamlia, da educao, assistentes sociais, psiclogos clnicos, participou commuito entusiasmo. Dentre as consideraes feitas, destacamos: o sistemacapitalista como um elemento coisificador dos sujeitos e gerador de violncias;a pseudo-incluso social no Brasil; a diferena entre agressividade e violncia.Surgiram tambm, questes como: os dispositivos sociais possibilitam aregulao da agressividade? Se a violncia no tem cura, apenas tratamento, qualo lugar da educao nesse contexto? E ainda: as instituies jurdicas propemcuidar dos excessos e o que se observa que a pessoa que praticou violnciatambm sofreu violncia num efeito de repetio; as instituies tambm violam

    direitos, portanto, a violncia um fenmeno multifatorial. H o desejo dasfamlias de que seus filhos nasam j reconhecendo seus deveres e no s seusdireitos; o contrrio da violncia a cidadania; a violncia nasce onde morre apalavra e o afeto. Alm disso, foram indicadas metodologias para o enfrentamentoda violncia como a justiarestaurativa.

    O evento, que ocorreu no auditrio do Centro de Educao Empreendedora(Cedemp) e contou com mais de 100 inscritos, encerrou-se apesar de existiremainda muitas questes, ficando o desejo de um novo bom encontro.

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