DISCIPLINA: ENSINO DA HISTÓRIA E DA GEOGRAFIA · ruim de caça e pesca, o inverno ou a luta contra...

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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ - UVA UNIVERSIDADE ABERTA VIDA - UNAVIDA CURSO: PEDAGOGIA DISCIPLINA: ENSINO DA HISTÓRIA E DA GEOGRAFIA MEIO AMBIENTE

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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ - UVA

UNIVERSIDADE ABERTA VIDA - UNAVIDA

CURSO: PEDAGOGIA

DISCIPLINA:

ENSINO DA HISTÓRIA E DA GEOGRAFIA

MEIO AMBIENTE

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Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Ensino da História e da Geografia – Professor: Tibério

MEIO AMBIENTE

O meio ambiente na história Nas sociedades primitivas, os campos, os rios e as florestas pertenciam ao conjunto da coletividade e não podiam ser comprados ou vendidos. Houve importantes diferenças entre as organizações sociais nos continentes e ao longo dos tempos. As terras tinham de ser defendidas de tribos vizinhas ou de invasores. As áreas de caça, e mais tarde de agricultura, esgotavam-se e as comunidades buscavam outras terras, numa prática itinerante. A população era escassa, a tecnologia rudimentar e o que entendemos por meio ambiente era percebido e tratado como base de sustento da comunidade. A divisão do trabalho era simples e os agrupamentos buscavam a geração de excedente alimentar – a produção e armazenamento de alimentos em quantidade superior às necessidades imediatas de consumo das comunidades. Nas primeiras formações sociais, o excedente era a garantia para enfrentar o período ruim de caça e pesca, o inverno ou a luta contra outros grupos. Posteriormente, excedentes significativos foram viabilizados pela domesticação de animais e pela irrigação, constituindo a base do comércio, da manufatura, do escravismo e das sociedades de classes. A forma como o excedente é produzido, repartido e acumulado e a organização das formações sociais constituem os principais temas da sociologia e das ciências sociais. Ainda não foi devidamente estudada, no entanto, a evolução dos impactos desses sistemas no meio ambiente, seus reflexos nas espécies animais e vegetais, no solo, nos climas. O capitalismo e a industrialização geraram impactos ambientais em um patamar e em uma intensidade antes desconhecidos da humanidade. As fábricas ocuparam o lugar das manufaturas e se converteram em sorvedouros insaciáveis de matérias-primas trazidas de longa distância e em quantidades crescentes. A produção em escala consumiu energia, gerou vapores químicos, esgotos industriais e resíduos perigosos em uma progressão geométrica, sem precedente na economia pré-industrial.

Na sociedade capitalista, a natureza passa a ser considerada uma mercadoria, e as relações sociedade-natureza fundamentam-se na propriedade privada dos meios de produção.

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As sociedades pré-capitalistas produziram substanciais impactos com a substituição de florestas por pastagens e com a extração mineral, inclusive para abastecer as manufaturas de armas de guerra. A incipiente urbanização concentrou a população em pequenos pontos do território; nesses espaços saturados o acúmulo de lixo e dejetos humanos provocou surtos de doenças. A peste e outros males foram expressão desses desequilíbrios ambientais, como são hoje a malária, a dengue, a leptospirose e a hepatite, consequências do desmatamento, das valas de esgoto, da água contaminada. As pessoas são parte integrante do meio ambiente. Essa afirmação óbvia é por vezes esquecida por ambientalistas naturalistas que se preocupam com árvores e bichos, mas não com os problemas da população. Algumas das mais significativas tragédias ambientais antecederam o capitalismo industrial: a colonização da América, com a dizimação das comunidades indígenas que a povoavam, e a transformação do continente africano em celeiro do escravismo colonial, gerando autênticos desertos demográficos. As comunidades indígenas foram submetidas a um etnocídio que acelerou o processo predatório da fauna e da flora preservadas por esses povos. Nos territórios onde as nações indígenas foram alijadas por atividades empresariais, a relação com a fauna e a flora ficou completamente desequilibrada. A história dos dramas das populações deveria ocupar espaços maiores nas análises ambientais. Infelizmente há pessoas que choram ao ver na televisão a extinção do mico-leão-dourado, mas não se sensibilizam com os sem-terra, os meninos de rua ou os desempregados. A questão ecológica tem base cultural e educacional. As práticas predatórias, que em nome do lucro aterraram lagos, poluíram rios, desfiguraram praias e queimaram florestas, foram legitimadas socialmente pela herança da cultura colonial e escravocrata. Os dramas sociais se fundem nas agressões ambientais, resultando numa combinação perversa em que a preservação das diferentes formas de vida (humana, animal e vegetal) pesa pouco nas decisões econômicas. Se o trabalhador sindicalizado, o aposentado e o jovem desempregado são pouco considerados e ouvidos, imaginem o lobo-guará, a tartaruga-de-pente, o mogno e outras espécies ameaçadas de extinção, que não fazem greve, não votam nem reivindicam! Temos de falar por eles. O homem e o meio ambiente

O homem interfere nas cadeias alimentares ao extinguir espécies animais ou vegetais por meio da caça predatória e da degradação ambiental, ou eliminando, por processos químicos, insetos que se alimentam de parasitas e que são alimentos dos sapos, das lagartas e dos pássaros. O combate aos insetos por agrotóxicos elimina outras espécies atingidas pelo veneno. Na ausência de predadores naturais (eliminados), outros insetos aumentam sua população e se convertem em novas pragas, que por sua vez serão objetos de novos agrotóxicos mais poderosos, provocando mais desequilíbrios e a fertilização do sistema. Quem ganha e quem perde? Perdem a natureza, os agricultores endividados e contaminados e os consumidores de alimentos mais caros e com maiores doses de veneno.

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Ganham os fabricantes e os vendedores de agrotóxicos, que no Brasil movimentam anualmente bilhões de reais. O despejo de efluentes (esgotos) industriais, contento metais pesados e substâncias cancerígenas, interfere diretamente nas cadeias alimentares.

A grande cidade é um organismo vivo, muito doente. Ela é a expressão de desequilíbrios econômicos, ecológicos e espaciais que fazem do país um ser disforme: um corpo atrofiado com macrocefalia (uma imensa cabeça). As metrópoles (cidades que concentram poder econômico e político e organizam as relações espaciais) funcionam como se fossem colonialistas em relação ao próprio país. Elas drenam (atraem) recursos e populações, produzem espaços congestionados e geram, no rastro do êxodo, desertos demográficos – áreas decadentes e desarticuladas. Aí se concentram os velhos e as mulheres (os jovens migram antes), que ficam à mercê do desemprego sazonal (derivado da monocultura) e dos baixos salários praticados pela monoindústria (única opção de emprego regional). Usando a imaginação, a grande metrópole pode ser comparada a um indivíduo doente que tem vários de seus órgãos atingidos por infecções, lesões ou distúrbios graves e que apresenta os seguintes sintomas:

Conjuntivite: a cidade tem os olhos inflamados pela poluição do ar e agredidos por espigões e obras que desfiguram a paisagem;

Fratura dos membros: as pernas foram quebradas em tombos nos buracos das ruas e os

braços foram fraturados nas quedas do surfe ferroviário (modalidade semi suicida praticada por jovens dos subúrbios que viajam sobre o teto dos trens);

Otite: Os bairros têm os tímpanos inflamados pelos excessivos decibéis (medida da intensidade do ruído) do trânsito e das fábricas.

Amnésia: A cidade perdeu a memória histórica por causa da especulação imobiliária, que desfigurou prédios e sítios de relevante significado histórico e arquitetônico;

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Câncer: As células enfermas (bairros degradados e favelas) replicam-se velozmente, qual tumores urbanos;

Estresse: A cidade está à beira de um ataque de nervos, assaltada em cada esquina, tensionada pelo trânsito e pela competição;

Fome: Uma parte da cidade padece da miséria e da desnutrição – gente literalmente sem ter o que comer;

Obesidade: O outro lado da “cidade partida” adoece por excesso de gordura, envenenando-se com conservantes, corantes e acidulantes e aumentando o colesterol com alimentação desregrada;

Diarreia: A “cidade da pobreza” esvai-se em disenterias provocadas por coliformes fecais na água da rede (das torneiras) e pela falta de saneamento, higiene e prevenção;

Esquizofrenia: Partida ao meio em guetos e favelas, cidade sofre de crise de identidade e perda de valores;

Depressão Geriátrica: A cidade sofre com os velhinhos confinados em terríveis asilos, que enriquecem os donos da indústria da solidão;

Aids: A defesa imunológica fraqueja com as transfusões de sangue sem testagem, com o sexo não-seguro e com o rodízio de seringas das drogas intravenosas;

Enfarte do Miocárdio: o sistema circulatório entrou em colapso, atacado pelo vírus do automóvel, que polui e engarrafa. Esses seres metálicos demandam obras caras, túneis e viadutos que projetam os engarrafamentos quilômetros adiante. São pontes de safena para a circulação dos poluidores sobre rodas, que na hora do rush trafegam mais do que o cavalo e a bicicleta;

Falocracia Aguda (violência machista): As ruas da cidade grande são palco de estupros cotidianos, alimentados pelo erotismo barato das revistas pornô e da televisão e acobertados pela impunidade. O homossexualismo é tolerado apenas em guetos urbanos ou durante o carnaval, e a violência contra homossexuais não é investigada;

Apartheid Social: Os excluídos da sociedade de consumo veem na televisão e nas vitrines produtos sedutores a que jamais terão acesso. São os suspeitos, independentemente da culpa, das operações policiais de rotina;

Síndrome da Alienação Adquirida: Essa hipnótica enfermidade telemaníaca transforma as pessoas em terminais receptores de mensagens e códigos dirigidos do poder.

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Esse sombrio diagnóstico revela as múltiplas armadilhas da cidade dos letreiros de néon que promete infinitas oportunidades. A terapia para esse complexo conjunto de doenças chama-se CIDADANIA – a Cidade do Cidadão Associado.

A base ambiental da saúde da população e os desequilíbrios originados pela crescente intervenção da instituição médica no cotidiano dos indivíduos são fenômenos que derivam da concepção da medicina curativa (que atua sobre os efeitos, ao contrário da medicina preventiva) e favorece a invasão farmacêutica. Numerosas doenças têm origem em fatores ambientais, como a poluição, a falta de saneamento, a má qualidade da água e da alimentação. Por exemplo, o desmatamento e a falta de higiene sanitária permitem a proliferação do mosquito da dengue. Outras doenças são produtos da moderna farmacologia, da contaminação por produtos químicos, da má alimentação e do estresse. Crescimento populacional e as ações sobre o meio ambiente

O crescimento populacional é a principal razão da degradação ambiental uma vez que, à medida que a população aumenta, cresce a demanda por recursos naturais e a ocupação humana da superfície terrestre. O aumento da população era considerado, até poucos anos como um problema de certas regiões da Terra, porém, atualmente, está se transformando num problema global.

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Como se observa, o crescimento populacional ao longo dos anos se deu em um ritmo diferente. Antes da Revolução Industrial tínhamos um crescimento relativamente lento, ao passo que o pós-Revolução Industrial, esse crescimento se intensificou provocando um impacto nas relações do homem com o meio ambiente. Esse impacto pode ser entendido como esgotamento de recursos.

Não se pode atribuir o atual grau de degradação ambiental global apenas ao crescimento da população, mas principalmente aos padrões de produção e consumo que vêm caracterizando a industrialização e o consumo.

O planeta está no seu limite de suporte e seu capital natural/humano acaba sofrendo profunda alteração, cujos impactos socioambientais vão desde fome, miséria, desigualdade, violência e desemprego às reações adversas da natureza que por sua vez vêm castigando várias regiões em nível global.

O consumo hoje vem tornando-se um dos grandes problemas causadores da destruição do meio ambiente. Por quê? Simplesmente porque todo o material necessário para a fabricação de celulares, computadores, roupas, carros, asfalto, casas etc., vêm da natureza; e como, a cada dia que passa, o mundo tem mais gente, a necessidade das indústrias de retirarem matérias-primas do meio ambiente torna-se mais agressiva. E para onde vai todo o material que descartamos? Para os bueiros, rios, para o ar que respiramos.

O consumo precisa ser consciente. Precisamos ter a ideia de que não é simplesmente porque temos dinheiro que podemos comprar tudo o que vemos pela frente e ninguém estará saindo em desvantagem. É claro que nos sentimos bem quando compramos algo novo, mas o planeta Terra não está suportando mais a exploração do ser humano de seus recursos naturais.

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A questão da água

A escassez de água doce é atualmente um problema em todos os continentes e passou a ser uma das prioridades das Nações Unidas para o novo século. A água doce sempre foi estratégica para o desenvolvimento dos países, mas só nas últimas décadas sua escassez se tornou um fator limitante para o crescimento econômico. Sem disponibilidade de água doce não há urbanização adequada nem expansão agroindustrial.

Mais de 97% das águas do planeta são salgadas, e dessalinizá-las ainda custa caro. Apenas

2,7% da água é doce, e a maior parte (99,7%) está imobilizada nas geleiras e nos lençóis freáticos profundos. Assim, apenas cerca de 0,3% está acessível em rios, lagos e lençóis subterrâneos pouco profundos.

Nas últimas cinco décadas, a população humana aumentou de forma rápida, até atingir o número atual: cerca de 7,4 bilhões de pessoas. Esse intenso crescimento está em parte relacionado às novas tecnologias industriais, que levaram à criação de novas drogas e à melhoria das condições de saneamento, em especial nas regiões urbanas mais desenvolvidas. Uma das consequências da explosão populacional foi a demanda crescente de água para atender necessidades básicas, como beber e cozinhar, e para as demais atividades ligadas à produção e ao lazer.

Quando se fala em aproveitamento da água, é importante diferenciar o uso e o consumo. O uso é a retirada de água do ambiente para suprir necessidades humanas, e esse termo implica que uma parte do que é aproveitado volta para o ambiente (caso da água usada para cozinhar ou para o banho). Já o consumo refere-se à parcela que não retorna de modo direto para o ambiente (como a água usada na irrigação de uma plantação, que passa a fazer parte dos tecidos vegetais).

A necessidade de alimentar uma população cada vez maior fez o setor agrícola, com a ajuda de novas tecnologias, aumentar bastante sua produtividade. Isso tem sido obtido, no entanto, à custa do uso e do consumo elevados de água. Anualmente, a agropecuária é responsável por 71% do consumo total de água no mundo. Além disso, muitas atividades industriais, que fornecem produtos tidos como indispensáveis ao homem moderno, requerem enormes quantidades de água. Em termos globais, a indústria consome 16% da água hoje

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aproveitada. O baixo percentual de consumo, em relação ao uso, indica que a maior parte da água utilizada em processos industriais retorna ao ambiente, embora frequentemente poluída. Já as áreas urbanas e rurais têm consumo de cerca de 13%.

A água doce, apesar de sua importância, é mal utilizada. O mau uso caracteriza-se tanto pelo uso excessivo, ou seja, o abuso ou desperdício (que reduz a quantidade disponível), quanto pelo uso inadequado, ou inescrupuloso, que leva à degradação do recurso (o que reduz sua qualidade).

O uso excessivo pode acarretar a diminuição do volume, ou o esgotamento, dos aquíferos subterrâneos, e mesmo dos estoques de água existentes na superfície, em lagos e rios. A questão da água subterrânea é crucial, pois grande parte da população mundial depende dessa fonte para seu abastecimento.

Os impactos humanos sobre os ambientes aquáticos têm reflexos negativos em todas as atividades que utilizam água. No caso da agricultura irrigada, por exemplo, a iminente escassez do recurso ameaça o suprimento global de alimentos.

Um outro fator que propicia o uso excessivo da água é a chamada água virtual que é aquela usada, direta ou indiretamente, na produção de um bem ou serviço. Ou seja, é aquela água que você não vê a que foi usada durante os processos da cadeia produtiva, da produção de matéria-prima até o consumo final. De acordo com esta teoria uma xícara de café, por exemplo, equivale a um gasto de 140 litros de água. Os cálculos do consumo da água vão desde o cultivo à produção e ao empacotamento do café.

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Para se obter meio quilo de queijo são necessários 2.500 litros de água e um quilo de

carne de vaca, até chegar ao consumidor, consome mais de 17 mil litros. Por dia, um ser humano consome entre dois mil e cinco mil litros de "água virtual" Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 1,1 bilhão de habitantes não têm

acesso à água tratada e cerca de 1,6 milhão de pessoas morrem no mundo todos os anos em razão de problemas de saúde decorrentes da falta desse recurso.

O País possui 12% das reservas de água doce disponíveis no mundo, sendo que a Bacia Amazônica concentra 70% desse volume. O restante é distribuído desigualmente para atender a toda população brasileira. O Nordeste possui menos de 5% das reservas e grande parte da água é subterrânea, com teor de sal acima do limite aceitável para o consumo humano.

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De acordo com a Organização das Nações Unidas, cada pessoa necessita de 3,3 m³/pessoa/mês (cerca de 110 litros de água por dia para atender as necessidades de consumo e higiene). No entanto, no Brasil, o consumo por pessoa pode chegar a mais de 200 litros/dia. A questão do lixo O crescimento da população aumenta o consumo de bens e produtos, acarretando, assim, o aumento e acúmulo de resíduos. A transformação desses resíduos, na maioria das vezes, é muito lenta, principalmente se observarmos o tempo que materiais não biodegradáveis, como plástico, levam pra se decompor. Diante do exagerado crescimento do acúmulo de resíduos, o homem se vê na necessidade de encontrar um destino para estes resíduos. Um deles, bastante utilizado, é a queima de resíduos, técnica que acarreta a liberação de uma grande quantidade de gases tóxicos e resíduos contaminantes do solo. Hoje, devido à preocupação com o desenvolvimento sustentável, se utiliza uma técnica menos danosa – o aterro sanitário –, na qual a escolha de um local adequado para a colocação dos resíduos acaba afetando menos o solo e as águas superficiais e subterrâneas.

No caso dos resíduos sólidos, ou seja, o lixo, o caso é mais grave ainda. Estima-se que, no mundo, entre o lixo domiciliar e comercial são produzidos 3,5 milhões de toneladas/dia. Imagine o que significa esse volume de lixo. Já parou para pensar? Isso equivale a 583 gramas por habitante de áreas urbanas. Só a população de Nova York, devido ao alto poder aquisitivo e tendo acesso a este consumismo desenfreado, tem uma média bem superior a essa. Estima-se que cada cidadão nova-iorquino gere 3 kg de lixo/dia. Vindo para o Brasil, estima-se que o paulistano gere 1,5 kg/dia. O Brasil concentra 3% da população mundial e é responsável por 6,5% da produção de lixo no mundo. Aliás, países pobres e ricos têm estimativas diferentes para a quantidade de lixo. Os habitantes dos países pobres produzem de 100 a 220 kg de lixo a cada ano ou de 0,27 kg a 0,6 kg por dia. E os dos países ricos produzem de 300 mil a 1 tonelada por ano ou de 0,82 kg a 3,2 por dia.

O lixo disposto a céu aberto constitui um sério problema de saúde pública, pois propicia o surgimento de vetores, como artrópodes e roedores que podem transmitir doenças como leptospirose entre outras.

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O serviço de coleta no Brasil se modernizou consideravelmente, mas ainda está longe do ideal, até porque o mundo atual é bem mais diversificado, e o problema do lixo também. Enquanto no Japão e no Canadá a coleta é de 100%, na União Europeia é de 99% e nos Estados Unidos é de 95%, no Brasil a taxa é de 62%.

Quanto mais desenvolvido o país, mais complexo e difícil de separar, reciclar ou decompor seu lixo. No Brasil são gerados cerca de 260 mil toneladas de lixo anualmente, sendo que 59% deste lixo é orgânico ou úmido. São reciclados 13% da produção, o que significa que deixamos no lixo aproximadamente 10 bilhões de dólares por ano, pelo simples fato de não reciclar. Existem aproximadamente 600 cooperativas recicladoras no Brasil. Somente 2% do lixo são destinados a coleta seletiva.

O Japão recicla 50% de seu lixo e a Europa recicla 30%. Nos EUA são produzidos 420 mil t de lixo por ano, dos quais 27% são reciclados, 16% são incinerados e 57% enterrados. A Califórnia recicla 40% e pretende chegar a 100% em 2030.

O número de municípios no Brasil operando programas de coleta seletiva ainda é incipiente: 1055 no Brasil todo, ou seja, apenas cerca de 18% do total, sendo a maior parte na

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regiões Sul e Sudeste (81%). Distribuição dos municípios com coleta seletiva por regiões: Norte (14); Centro-Oeste (84); Nordeste (102); Sul (421); Sudeste (434). Os dados são de 2016.

O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 12 305, no final de 2010, a

Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que tem o objetivo de incentivar a reciclagem de lixo e o correto manejo de produtos usados com alto potencial de contaminação.

O artigo 54 da Política Nacional de Resíduos Sólidos impõe a exposição de resíduos de forma adequada em aterros até 2 de agosto de 2014, o que significa que até a Copa do Mundo os lixões deveriam ter sido eliminados das cidades brasileiras, o que não ocorreu e o prazo foi ampliando até as datas-limite, que variam entre 2018 e 2021, de acordo com o município, além de estabelecer responsabilidades compartilhadas entre governo, indústria, comércio e consumidores sobre o destino final do lixo.

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As capitais e municípios de região metropolitana terão até 31 de julho de 2018 para acabar com os lixões. Os municípios de fronteira e os que contam com mais de 100 mil habitantes, com base no Censo de 2010, terão um ano a mais para implementar os aterros sanitários. As cidades que têm entre 50 e 100 mil habitantes terão prazo até 31 de julho de 2020. Já o prazo para os municípios com menos de 50 mil habitantes será até 31 de julho de 2021.

Municípios com coleta seletiva PB/PE

Ciclosoft 2016

Efeito Estufa

Ao contrário do que popularmente se acredita, o efeito estufa não é causado pela poluição. Esse fenômeno atmosférico acompanha a vida do planeta desde seus primeiros tempos de existência e decorre da ação bloqueadora dos gases da atmosfera sobre o calor refletido na

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superfície terrestre. Esse efeito possibilita a manutenção da temperatura na Terra nos níveis que permitem a existência da vida.

O que ocorre é que, a partir do século XIX, esse efeito tem-se acentuado. A queima de florestas tropicais e a utilização de combustíveis fósseis em indústrias e usinas termelétricas lançam na atmosfera grandes quantidades de gás carbônico, ou dióxido de carbono (CO2). Esse gás é um dos principais responsáveis pelo aumento do efeito estufa e não permite que a radiação solar, depois de refletida na Terra, volte para o espaço, bloqueando o calor.

A consequência direta é a alteração do clima do planeta que vem provocando o derretimento das calotas polares, provocando a elevação do nível dos mares, inundando cidades costeiras e afetando atividades como a agricultura e a pesca. Os países mais atingidos seriam os menos desenvolvidos – justamente os que menos contribuem para o efeito estufa e que não têm meios de contornar os prejuízos, já que são os países ricos responsáveis por cerca de 75% do total de gases de origem fósseis emitidos anualmente. Ilhas de calor

Nas cidades maiores, as temperaturas podem variar nos diferentes bairros e no centro. As médias térmicas são bem mais altas nas regiões centrais que na periferia ou zona rural. Isso acontece em virtude da grande concentração de prédios que impedem a circulação do ar.

O asfalto, a falta de áreas verdes e a concentração de veículos também contribuem para esse aumento de temperatura. Essas áreas são as “ilhas de calor”.

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A poluição também é muito maior nessas regiões, que, às vezes, não se limitam às áreas

centrais das grandes cidades, mas ocorrem em outros pontos com muitas edificações e indústrias.

Com o aumento das temperaturas, a “ilha de calor” passa a atuar como uma zona de baixa pressão, atraindo ventos que podem levar para essa área maior quantidade de poluentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A Questão Ambiental. Disponível em: <http://www.tiberiogeo.com.br/AssuntoController/buscaAssunto/52> Acesso em 15 julho 2015. CARVALHO, PAULO G.M. Meio ambiente e políticas públicas - a atuação da FEEMA no controle da poluição industrial. Campinas: UNICAMP, 1987.

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Desenvolvimento e Meio Ambiente uma Falsa Incompatibilidade. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/gema/dcie_publicacoes.php > Acesso em 12 janeiro 2012. Desenvolvimento e Meio Ambiente: Suas Interfaces Econômicas, Sociais, Éticas, Ambientais e Jurídicas. Disponível em: <http://jusvi.com/pecas/20635> Acesso em 12 janeiro 2012. FELLENBERG, GÜNTER. Introdução aos Problemas da Poluição ambiental. São Paulo: E.P.U., 2007. MINC, Carlos. Ecologia e Cidadania. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2005. MILLER, G. TYLER. Ciência Ambiental. 11ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

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O PROGRESSO (Roberto Carlos – 1976)

Eu queria poder afagar uma fera terrível

Eu queria poder transformar tanta coisa impossível

Eu queria dizer tanta coisa que pudesse fazer eu ficar bem comigo

Eu queria poder abraçar meu maior inimigo.

Eu queria não ver tantas nuvens escuras nos ares

Navegar sem achar tantas manchas de óleo nos mares

E as baleias desaparecendo por falta de escrúpulos comerciais

Eu queria ser civilizado como os animais.

Eu queria não ver todo o verde da Terra morrendo

E das águas dos rios os peixes desaparecendo

Eu queria gritar que esse tal de ouro negro não passa de um negro veneno

E sabemos que por tudo isso vivemos bem menos.

Eu não posso aceitar certas coisas que eu não entendo

O comércio das armas de guerra, da morte vivendo

Eu queira falar de alegria ao invés de tristeza mas não sou capaz

Eu queria ser civilizado como os animais.

Não sou contra o progresso

Mas apelo pro bom-senso

Um erro não conserta o outro

Isso é o que eu penso.