Discipulado Um a Um

download Discipulado Um a Um

of 8

description

Discipulado Um a Um

Transcript of Discipulado Um a Um

  • 5.000 CLULAS QUEIMAM FOGOS DE ARTIFCIO SIMULTANEAMENTE!

    "Ontem noite eu subi, juntamente com o Pastor Abe e a equipe da TV Amaznia, para o altodo edifcio mais alto da cidade de Santarm, no Brasil. A Igreja da Paz j ultrapassou a casa dos50.000 membros naquela cidade. Aquela igreja possui seu prprio canal de televiso, usadopara dirigir e sincronizar as 5.000 clulas para soltar fogos de artifcio em um mesmo exatomomento por toda a cidade. "Uau! Por todo o horizonte ao redor havia fogos sendo queimados por todas as clulas. Oespetculo teve uma durao de mais de cinco minutos: exploses de som e de cores paratodos os lados que olhvamos, 360 graus a partir do alto daquele prdio. "Todos os 200.000 habitantes da Santarm urbana experimentam esta proclamao pblica viafogos de artifcio duas vezes ao ano, quando as clulas se multiplicam e fazem umamanifestao externa de sua presena em todos os bairros da cidade. " distncia, todo aceso, estava o grande estdio de futebol onde vamos estar sexta e sbado noite para uma celebrao das clulas. A capacidade de assentos inferior aos 60.000participantes esperados, por isso teles so colocados nos ptios externos para a multidoexcedente, depois que o estdio lota! Eu estarei pregando no estdio ... Centenas de lderes declulas esto preparados para orar com aqueles que se convertem, e pelos crentes que vo frente se arrependendo de um estilo de vida carnal. "Eu sempre soube que antes do Senhor Jesus me levar para Casa eu experimentaria umacidade totalmente impactada pelos Corpos Santos de Cristo - as clulas! Eu estarei sorrindo nomeu caixo!"

    (Publicado no blog do Dr. Ralph Neighbour Jr., em 21 de outubro de 2010, durante a Conferncia Nacionalda Viso do MDA, em Santarm-Pa, da qual ele foi preletor: http://neighbourgrams.blogspot.com/.Traduo de Ivanildo Gomes).

    Agradecimentos Minha eterna - mas nunca suficiente - gratido quele que comeou uma boa obra em

    mim, e que tem sido fiel em aperfeio-Ia atravs do seu Filho Jesus e do Esprito; minha querida esposa Andra, por ser uma companheira constante nos desafios, nas lutas,nos sonhos, nas conquistas, nas alegrias: minha parceira de todas as horas, em qualquercircunstncia;

    Aos meus lderes e discipuladores, Paulo e Rebeca, por segurarem as cordas de minhacaminhada, seja como uma pipa, seja como um balde. Eles me lanam ao ar no vento certo eme puxam para baixo na hora exata, com toda sabedoria. Eles me ajudam a descer aos poosprofundos de orientao e sabedoria e me puxam de volta para cima, sempre cheio; irm BiaPaiva, pelo trabalho eficiente, plsticocirrgico, e por todo amor empenhado na reviso destelivro;

    Aos irmos Gustavo Miranda (Porto Alegre) e Ivanildo Gomes (Fortaleza), pelo trabalhode organizao e edio deste livro; A todos os discipuladores, lderes de clulas, supervisares e pastores: vocs so aqueles quetornam ainda mais verdade as lies deste livro, pelo seu abnegado trabalho de cuidar bem dasovelhas de Jesus e crescer com qualidade.

    APRESENTAODuas palavras podem caracterizar o pastor Abe: paixo e f. Paixo, porque ele intenso

    e arrojado em tudo o que faz. Seu amor por Jesus vibrante, arrebatador, contagiante. Sua f firme e inabalvel, capaz de remover montanhas de dvidas, de incredulidade e de limitaes. Nada impediu que o pastor Abe edificasse, no interior da Amaznia, uma das maiores igrejas doBrasil. Mas, melhor do que edificar uma estrutura organizacional, ele edificou vidas, pessoas queesto conduzindo com a mesma f e paixo o trabalho por ele estabelecido.

    Desde 2005 o pastor Abe reside em Fortaleza, onde plantou, regou e est fazendo acolheita abundante de milhares de vidas em mais uma base da Igreja da Paz. Junto com eleforam 100 pessoas da sua equipe em Santarm, incluindo pastores, obreiros, msicos, cantores,e outros. A maioria era de voluntrios que decidiram fazer tendas em prol da evangelizao doNordeste, do Brasil e do mundo.

    1

  • Em obedincia ao que Deus ordenou a Isaas, a equipe da Paz em Fortaleza alargou oespao de suas tendas - em todos os sentidos - e seis anos depois a igreja est consolidadacomo uma das maiores congregaes crists do Estado do Cear. Alm de duas igrejas nacapital, j so mais de 30 igrejas no Estado (maio de 2011).

    Quando tinha apenas dois meses residindo em Fortaleza, o pastor Abe esteveministrando numa grande conferncia na Igreja dos Irmos, e?1 Porto Alegre. As ministraesforam cuidadosamente transcritas e editadas em formato de livro, graas ao eficiente labor doirmo Gustavo Miranda e sua equipe. A publicao ficou a cargo da Editora Adonai. Que Deus osabenoe muito por disponibilizar esta obra tremenda para o pblico leitor cristo da igrejabrasileira.

    Neste livro o autor nos conc1ama a olhar segundo a tica de Deus: olhar para nsmesmos, para Deus e para as demais pessoas, crentes ou no. Devemos ver como Deus v. Apartir dessas lentes ele explica em detalhes como surgiu o MDA Modelo de DiscipuladoApostlico, tendo sido ele mesmo a cobaia em quem se aplicaram inicialmente todos osprincpios, "frmulas" e "injees" da viso.

    O livro apresenta, com muito colorido, o exemplo de Barnab que, olhando pela tica doEsprito, acolheu Saulo logo depois de sua converso, e percebeu o potencial da nascente igrejade Antioquia, alm de outros atos que foram importantes para a propagao do evangelho noprimeiro sculo. Ele mostra como esses mesmos princpios e valores so relevantes enecessrios para a igreja do sculo XXI. Eles so reproduzveisl

    Veremos ainda neste livro que o plano de Deus nunca foi ter uma casta seleta desacerdotes elevados, mas que todos fossem ministros de Seu amor, sacerdotes santos. O autornos conc1ama a devolver o ministrio para o povo de Deus e pelo povo de Deus, onde todospossam exercitar os dons e servir em obedincia Grande Comisso de Jesus. Ele mostra queuma revoluo de clulas nos lares e discipulado um a um resultado dessa obedincia. Bons relacionamentos, tica, santidade, integridade e f so temas recorrentes no livro,essenciais para todo e qualquer sucesso no Reino de Deus. O corao pastoral apaixonado porJesus e pelos discpulos outro segredo. Um lder corretamente motivado crucial para o moverque o Esprito Santo quer fazer hoje.

    O pastor Abe no apenas faz pesquisas e depois prega; ele vive, e depois prega. Todo ocontedo deste livro so experincias, labutas, erros e acertos, mas, acima de tudo, a posturacrist alargada de quem ousou crer e esperar em Deus por coisas grandes. Voc tambm pode experimentar o sobrenatural de Deus. Voc pode ganhar multides e cuidarbem delas, a comear pela formao fie um exrcito de leais soldados, que o ajudaro a cuidardos demais.

    Faa deste livro um manual, um companheiro, e com certeza isto s o comeo, paravoc tambm, de todas as aventuras e realizaes grandes que Deus tem para voc e seuministrio.

    Editor

    2

  • Sumrio

    Captulo Um

    Aprendendo a Olhar Pela tica Espiritual

    EVANGELISMO E DISCIPULADO

    Eu costumo dizer que uma honra poder estar entre os irmos e ministrar a Palavra deDeus. E creio que no um exagero dizer isto, pois, realmente, um privilgio poder lavar osps dos meus amados irmos. Mas desta vez eu falo com muito mais nfase e estou aqui comtemor e tremor, porque admiro muito o trabalho que tem sido feito por todos vocs. Mais adiante vou compartilhar sobre nossa experincia, algumas das lutas e vitrias em CristoJesus que tivemos l em Santarm, no Par, de onde nos mudamos, em 2005, para Fortaleza,no Cear.

    Mudamos para Fortaleza em 2005, juntamente com um grupo de aproximadamente cemirmos, oriundos de Santarm e outras congregaes ligadas a ns. Muitos deles j erampastores, presbteros, homens experientes, que eram responsveis por centenas de clulas emSantarm e que decidiram participar da fundao de um novo trabalho numa grande cidade.Alguns que ainda no eram pastores foram consagrados j em Fortaleza, como resultado de seutrabalho e desempenho ministerial.

    Com a nossa sada de Santarm, juntamente com todos aqueles irmos que nosacompanharam, no houve prejuzo para a igreja local. Na realidade, a igreja de Santarmcresceu ainda mais. Eu sabia que aquele trabalho iria continuar crescendo, mas o que ocorreudurante este curto perodo em que estamos fora de Santarm superou todas as nossasexpectativas. Entre 2005 e 2010, a igreja ali triplicou. H um nimo novo, to grande, que ficomuito feliz por saber que no sou essencial nem para Santarm, nem para qualquer outro lugar.O essencial e o mais importante Jesus. Alis, quero deixar bem claro que tudo que Deus tem feito por nosso intermdio em Santarm ouem qualquer outro

    Existem bilhes de pessoas morrendo e indo para o inferno. Temos que ter uma radicalmudana de mentalidade para alcanar as multides e cuidar bem delas. Alis, o nosso coraotem queimado com a certeza - que Deus tem nos dado - de que possvel ganhar as multidese cuidar bem delas.

    Um das mentiras diablicas que hoje aceita em grande parte do mundo evanglico que se voc quer realmente ganhar as multides, ter que comprometer um pouco a qualidade;e se voc quiser priorizar a qualidade, ter que se conformar com nmeros menores. Mas Deusquer que os maiores ministrios, as maiores congregaes, os trabalhos que realmentesacodem o planeta Terra e alcanam milhes para Jesus, sejam aqueles que melhor iro cuidardas pessoas, uma por uma. "Quantidade" e "qualidade" devem andar juntas. Jesus nunca disse "ide e fazei convertidos". Ele disse "ide e fazei discpulos". Nislo vemos oaspecto da qualidade. Mas ele tambm no disse "ide e fazei alguns poucos discpulos". Eledisse "ide e fazei discpulos das naes". Aqui vemos o aspecto da quantidade.

    Deus est edificando a sua igreja e vai chegar um momento em que ela poder discipularnaes inteiras, pessoa por pessoa, um a um, com qualidade. Houve uma poca em que eupensava que para alcanar mais pessoas talvez fosse melhor discipular em grupo. Esse tipo de

    3

  • discipulado importante, mas eu estou convencido - e no decorrer destas pginas vocs vosaber por qu - que a nossa prioridade tem que ser o discipulado um a um. Em 2005, quando ministramos na igreja dos irmos de Porto Alegre, a Igreja da Paz Central emSantarm tinha cerca de 7.500 (sete mil e quinhentas) "microclulas": grupos formados por duaspessoas, uma discipulando a outra, toda semana. As microclulas fazem parte da igreja no lar,que ns chamamos de "clula". Naquele momento, as clulas da Igreja da Paz Central deSantarm eram em torno de 1.400 (mil e quatrocentos). Alm da congregao central, qual sereferem estes nmeros, havia outras 24 (vinte quatro) congregaes na regio urbana deSantarm, totalizando cerca de vinte mil pessoas.

    Em 2011, seis anos depois, a Igreja da Paz em Santarm passou por uma fuso (todasas congregaes se uniram debaixo de uma s liderana e comando). uma nica igrejareunindo-se em mltiplos recintos para a mesma celebrao, mesma programao. Agora so6.005 (seis mil e cinco) clulas, mais de 29.000 (vinte e nove mil) microclulas MDAs quase9.000 (nove mil) Grupos de Evangelismo - GEs. A igreja se rene em 26 ncleos, mais o templocentral, e conta com uma membresia por volta de 55.000 (cinquenta e cinco mil membros).

    Considerando-se que Santarm tem cerca de 295000 (duzentos e noventa e cinco mil)habitantes, sendo 200.000 destes na rea urbana, reconfortante saber que j existem mais dedez pr cento da populao sendo discipulada. Glria a .Jesus por isso! Mas, olhando por outroprisma, isto ainda 6 horrvel, pois, mesmo somando os discpulos que esto vinculados emtantas outras boas congregaes de Santarm, no chegamos a quarenta por cento dapopulao. Em outras palavras, os outros sessenta por cento esto indo para o inferno, e nopodemos aceitar isto.

    A Bblia mostra, em II Pedro 3.9, a razo por que Jesus no voltou ainda: Ele no querque nenhum perea. verdade que .Jesus pode voltar a qualquer hora. Mas, se na poca emque as cartas de Pedra foram escritas, a populao mundial pra era de aproximadamentetrezentos milhes e ele no voltava porque no queria que ningum perecesse, imagine agoraque h bilhes perecendo.

    Por outro lado, eu creio que Ele vai voltar logo. Parece contraditrio? No. Eu creio quenestes prximos anos ns vamos ver uma verdadeira exploso de "discipulado". A igreja vaifazer discpulos de todas as naes. Naes inteiras sendo discipuladas e experimentando umgrande avivamento! Na Igreja Primitiva, quando um discpulo cumprimentava outro com a expresso Maranata (logovem, Senhor Jesus), ele no estava se lamentando ou pedindo, por misericrdia, que o Senhorviesse o mais rpido possvel, porque no aguentava a perseguio e as tentaes do diabo. Eucreio que quando eles saudavam uns aos outros desta forma, estavam dizendo: "Ns estamosganhando todo o mundo para Jesus e logo todos os reinos sero d'Ele. Toda a Terra ser cheiada Sua glria, como as guas cobrem o mar; todo joelho se dobrar e toda lngua confessarque Jesus Cristo o Senhor". Estamos fazendo nossa tarefa? Ento Jesus est vindo logo. Vemlogo, Senhor Jesus!

    A NINGUM MAIS VEJO SEGUNDO A CARNE

    Eu creio de todo o corao que Deus quer que tenhamos uma mudana de mentalidadepara alcanar as multides e cuidar bem delas. Em Romanos 12.2 a Bblia fala da transformaopela renovao da mente. medida que vamos mudando nossa mentalidade para que seja umamentalidade bblica, ns vamos abrindo as comportas do nosso corao para que a f bblicapossa fluir com poder e alcanar grandes coisas para o Reino de Deus. E um dos segredos queDeus tem gerado nesta nova mentalidade para alcanar multides e cuidar bem delas a formade enxergar as pessoas.

    O trecho mais conhecido de 11 Corntios, captulo 5, o versculo 17, que afirma quetudo se fez novo e as coisas antigas j passaram. Outro texto muito conhecido, e do qual nsgostamos muito, o do versculo 7, que diz que ns andamos pela f e no pelo que vemos.Mas eu queria chamar a ateno para o versculo 16, onde o apstolo Paulo afirma o seguinte: "Assim que ns, daqui por diante, a ningum conhecemos segundo a carne. E, se antesconhecemos Cristo segundo a carne, j agora no o conhecemos deste modo".

    Eu quero enfatizar, especialmente, a primeira frase do versculo 16: "Assim que ns,daqui por diante, a ningum conhecemos segundo a carne". Esta frase tem um contedoextremamente radical e profundo.

    4

  • Trs aspectos so importantes, j que a expresso "a ningum mais conhecemos" incluieu mesmo, meus irmos em Cristo e aqueles que esto no mundo e no receberam Jesus comoSenhor de suas vidas.

    1. Vendo a Mim Mesmo Segundo a tica do Esprito Em primeiro lugar, no devemos mais conhecer a ns mesmos segundo a carne. Quando

    olhamos para ns mesmos segundo os olhos naturais, a tendncia ficarmos deprimidos.Vemos que depois de tudo que recebemos, depois de todo o discipulado, todo o conhecimento,tantas palavras recebidas, ainda temos falhas nesta ou naquela rea. Comeamos a ver quedeveramos ter mais amor com nosso cnjuge e nossos filhos, deveramos ser mais fiis emnosso tempo a ss com Deus, ou ter mais intensidade neste relacionamento com ele. Meu Deus,como ainda "pisamos na bola" em tantas reas de nossa vida!

    por isso que quando olhamos a ns mesmos segundo a tica natural, ficamosdeprimidos, pois estamos longe de um andar segundo aquilo que somos em Cristo. Mas ogrande problema exatamente este. Esquecemos o que somos e o que temos EM CRISTO, e oapstolo Paulo diz que pecado olhar as coisas segundo a tica da carne e no segundo a ticado Esprito, ou seja, atravs das lentes da Palavra de Deus.

    Precisamos aprender a ver todas as pessoas - a comear por ns mesmos - como Deusv. Esta a realidade espiritual, a qual est bem clara no versculo 17 de II Corntios 5, ou seja,se algum est em Cristo uma nova pessoa, todas as coisas velhas passaram e tudo se feznovo. Se pudssemos ver a ns mesmos como Deus nos v, teramos que cuidar para noficarmos orgulhosos. Talvez este seja um motivo pelo qual demoramos algum tempo at nosenxergarmos na tica de Deus. Ele sabe que se no temos razes profundas, corremos o riscode cair por causa do orgulho. Mas, se pagamos o preo de receber essa revelao, tambmestaremos em posio de humildade diante de Deus para combater o orgulho que poderia sergerado por to elevada viso de si mesmo, pois essa realidade est ligada ao que Cristo emns.

    Infelizmente, o maior problema que temos o de no nos enxergarmos assim,contrariamente ao que Paulo indica que deveramos fazer. E o maligno vai trabalhar para quecontinuemos nos vendo segundo a tica natural. Ele tenta nos fazer crer que esta atitude espiritual. Esta pseudo espiritualidade pura religiosidade. Ficamos nos lamentando, dizendoque no somos nada, que somos fracos, que no conseguimos fazer a vontade de Deus. Pareceum quebrantamento, uma posio de humildade, mas no . Segundo o ensino de Paulo, taisdeclaraes s esto corretas se forem ditas no contexto de quem olha para o que ficou paratrs e o que seria sem o Senhor, mas lembra daquilo que agora em Cristo, de acordo com aPalavra de Deus. Em I Corntios 6.17 o apstolo afirma que aquele que se uniu ao Senhor setornou um s esprito com Ele. A Palavra tambm diz (I Joo 4-4) que maior Aquele que estem ns, do que aquele que est no mundo.

    Sempre til aquela ilustrao muito conhecida, de um pequeno papel colocado dentrode um livro. Antes enxergvamos o papel e o livro separados. Quando ele colocado dentro dolivro, vemos apenas este. a papel no existe mais? Existe, sim, e est l dentro, mas agora senxergamos o livro. Podemos dizer que assim como aquele papel est oculto no livro, nsestamos ocultos em Cristo. Tudo o que eu fizer com o livro, vai acontecer tambm ao papel queest escondido l dentro. a mesmo ocorre conosco em relao a Cristo. Crucificados com Ele,sepultados com Ele, ressuscitados com Ele, no trono com Ele, acima de todo o principado epotestade, poder, domnio e todo o mal que se possa referir no s neste sculo, mas tambmno vindouro, muito acima de todas as obras malignas! Isto foi o que aconteceu e acontececonosco. Esta a realidade espiritual; assim qU devemos nos enxergar.

    O outro aspecto dessa realidade que Cristo est dentro de ns. Eu em Cristo e Cristoem mim. Mas no basta ter conhecimento destas realidades; precisamos viver de acordo comelas. Uma coisa que temos procurado fazer sempre estarmos confessando estas realidades,sempre declarando, sempre relembrando um ao outro quem ns somos, porque estamos emCristo e porque Ele habita em ns.

    Lembro quando esta realidade comeou a queimar dentro de mim. Eu via tantasdeficincias em mim, tanta coisa ainda precisando ser feita. Uma experincia foi marcante nesseperodo. Naquele tempo no tinha muita prtica no enfrentamento e ex:pulso de demnios.Mesmo assim, fui chamado para atender a uma senhora, esposa de um garimpeiro, que estavah seis dias possessa por demnio, sem ingerir nada, numa situao horrvel. Ela j tinha sidovisitada por sacerdotes catlicos, macumbeiros, etc., mas nada havia melhorado o Seu quadro.

    5

  • a esposo j estava temendo que ela pudesse morrer, pois sua situao havia pioradogradativamente durante aquele perodo de manifestao demonaca, sem comer ou beber porseis dias.

    Ao me dirigir para a casa da famlia, passei na residncia de outro pastor, maisexperiente nestes assuntos, porque tinha algum medo - confesso - de enfrentar aquela situaosozinho. Pedi a ele que tomasse a frente e eu ficaria na retaguarda, "apoiando em orao". Aochegarmos casa, que fica num bairro chamado Santarenzinho, vimos o quintal cheio depessoas. Vizinhos e amigos apreensivos com a situao daquela mulher. Enquanto falvamoscom o seu marido, no lado de fora da casa, ouvimos um barulho que lembrava o atrito depedaos de ferro. Difcil de crer, mas aquele barulho era um ranger de dentes, produzido pelaao dos demnios sobre o corpo da mulher.

    Ningum chegava perto da cama onde ela estava, exceto o seu marido. E eu, para"apoiar" o pastor que me acompanhara, tambm fiquei um pouco afastado, junto com a multidode espectadores, olhando pela janela e pela porta que estavam abertas. Enquanto isto, odemnio gritava, com voz masculinizada, que conhecia aquele pastor, mas que no iria sair damulher. Meia hora depois, apesar de uma intensa luta do pastor contra o demnio, nadaaconteceu que pudesse mudar aquele terrvel quadro.

    O demnio havia dito ao pastor que ele nunca enfrentara uma entidade daquele "nvel" eque era preciso algum mais capacitado ou experiente para expuls-Io, chegando a citar umcurandeiro e um ritual especfico que seria necessrio para a sua expulso. As mentiraslanadas pelo esprito maligno geraram um pouco de dvida naquele irmo - fato que ele meconfessou posteriormente - e isto abalou sua f. a pior de tudo que a multido comeou aacreditar nas coisas ditas pelo demnio, pois mesmo que o pastor tivesse usado o nome deJesus, nada tinha acontecido at ento.

    Eu fiquei muito bravo com aquele demnio e falei com o Senhor, l no meu ntimo: "Deus,precisas fazer alguma coisa para mudar esta situao". E Deus me respondeu que eu mesmodeveria agir. Ora, se o pastor que era mais experiente no enfrentamento de demnios noestava conseguindo nada, quanto mais eu - era o pensamento que me vinha mente. Mas Deusfalou de novo, de forma muito clara e direta: "Na realidade, meu filho, vocs no tm que fazermuita coisa, quase nada, porque maior aquele que est em vocs do que aquele que est nomundo". E concluiu: "Vocs s precisam deixar Aquele que est dentro de vocs realizar a obra".

    Tudo isto aconteceu no meu interior, em silncio. No foi dita uma palavra sequer. Maslembro que l dentro senti algo mudar. Fui me apropriando dessa verdade, que Ele mora .emmim e maior do que o inimigo que opera no mundo. Por isto conto esta histria, pois estoumuito convencido que qualquer cristo, qualquer discpulo de Jesus, pode tomar posse darealidade espiritual relativamente sua posio em Cristo.

    A partir daquele instante, Deus me deu uma coragem sobrenatural e, sem falar uma spalavra, fui me aproximando da cama onde estava aquela mulher. Fiquei com tanta compaixoque, mesmo ela estando inconsciente, chamei-a pelo nome dizendo em voz alta para que toda amultido tambm pudesse ouvir: "Jesus te ama e ns tambm te amamos; tu ests sendooprimida por um demnio, mas Jesus vai te libertar". O demnio retrucou uma resposta horrvel,e pude ver nos olhos da mulher todo o dio que ele - o esprito maligno - tinha contra mim econtra Jesus. Ento falei com ele mesmo, dizendo em voz calma, mas confiante na revelao que me foi dada pelo Senhor: "Demnio, voc vai ter que sair". Instantaneamente,aquele olhar de dio que o demnio produzia na mulher se transformou em pavor. O corpo damulher comeou a se contorcer e as ltimas palavras produzidas pelo demnio, no mais deforma arrogante, mas gaguejando, foram: "Voc est cheio de Jesus; eu estou vendo Jesus".

    Embora tendo conscincia de que o diabo o pai da mentira, neste caso sabia que suaafirmao era verdadeira, porque tinha acabado de me apropriar da verdade espiritual que estem I Joo 4-4. No restou outra coisa ao demnio seno deixar o corpo daquela mulher,jogando-a para cima. Ela caiu sentada na cama e, pela primeira vez, pude ouvir a voz da prpriamulher dizendo: "Onde eu estou, o que aconteceu?". Seu esposo, que estava ao meu lado,comeou a chorar vendo o milagre acontecer depois de seis dias de sofrimento.

    Aquele era um momento decisivo. Eu sabia que o medo abre portas ao diabo e, como elaainda no tinha Jesus no corao, era preciso apresent-Io imediatamente. Eu lhe disse: "Nose preocupe, voc estava oprimida pelo demnio, mas Jesus j o libertou; voc no querentregar sua vida a Jesus?" Ao que responderam - ela e o marido - de forma positiva, tomando adeciso de se entregarem a Cristo. Mas o Senhor fez mais. Por orientao do pastor a quem eu

    6

  • acompanhava, falamos do evangelho a todos os que estavam no ptio da casa e muitos outrostambm entregaram sua vida ao Senhor Jesus.

    Algo curioso aconteceu depois. Correu naquele bairro um boato de que os demnios quetinham sado da mulher pretendiam entrar em qualquer um que no tivesse Jesus. Embora notenhamos sido ns mesmos os criadores deste boato, muitos vizinhos nos procuraram e, a partirdeste contato, conheceram o verdadeiro evangelho, passando a fazer parte do Corpo de Cristo eserem cuidados como verdadeiros discpulos de Jesus. Hoje, naquele bairro, existe umapoderosa congregao e muitas clulas que levam adiante este mesmo evangelho, fazendodiscpulos para Jesus.

    Na realidade, a Bblia diz que ns ramos pecadores. Mas hoje, no mundo espiritual, nosomos mais vistos assim. Pecamos, verdade, mas de acordo com II Corntios 5.21, "aqueleque no conheceu pecado, ele o fez pecado por ns; para que, NELE, fssemos feitos justia deDeus".

    Ora, isto faz toda a diferena. Talvez algum possa pensar que, se somos a prpriajustia de Deus, ento no precisamos nos arrepender e pedir perdo por nossos pecados. Masno assim. Quando no agimos segundo a justia de Deus, que somos em Cristo, temos quenos arrepender e pedir perdo a Deus por nossos pecados. Ocorre que, se pedimos perdo pornossos pecados enxergando-nos (a ns mesmos) pela tica natural, pela tica da carne, vamospedir perdo com lamrias, reafirmando que somos miserveis e sem possibilidade de mudana,aparentando que houve profundo quebrantamento.

    Pode ser que algum pense que enfrentar a questo dos pecados pela tica espiritual,como mencionado acima, talvez no gere tanto arrependimento. Tambm neste pontoprecisamos deixar claro que no assim. O olhar a si mesmo pela tica espiritual causaarrependimento ainda mais profundo e gera um dio mais forte pelo pecado, pois a tica outra.Aqui est o segredo, a grande diferena causada por esta nova maneira de ver as coisas.Porque a Bblia fala que daqui por diante a ningum conhecemos segundo a carne. Esse"ningum" inclui a mim mesmo.

    Se olhar para mim mesmo segundo a tica bblica, descobrirei o que eu realmente souem Cristo: justia de Deus; uma nova criatura para quem as coisas velhas j passaram e tudo sefez novo. Eu tenho o Esprito Santo, que um com o meu esprito. Isto me leva a umarrependimento sincero e profundo, mas no mais com a imagem de um homem derrotado esem esperanas. Posso ficar triste pelo que fiz, posso chorar quebrantado, mas minhas palavrassero diferentes. Vou dizer: "Senhor, perdoe-me porque no agi segundo o que a Bblia diz queeu sou. Eu sou uma nova pessoa e no agi de acordo com essa realidade. Perdoe-me porqueeu aceitei a mentira do diabo em minha vida e agi conforme algum que eu no sou".

    A tristeza do mundo, a tristeza segundo a tica natural traz morte. O arrependimentodaquele que v pela tica espiritual, ao invs de trazer a tristeza da condenao, que leva morte, produz a tristeza do quebrantamento, que gera vida. Em II Corntios 4.18, Paulo nosadmoesta: "no atentando ns nas coisas que se vem mas nas que se no vem; porque asque se vem so temporais, e as que se no vem so eternas". Ns temos que crer naquiloque a Bblia diz. Se a Bblia a verdade, somos incrdulos e pecamos se continuamos a olharsegundo a tica da carne. Por isso, ao olharmos para ns mesmos, vamos olhar como o Senhornos v.

    2. Vendo Meus Irmos Segundo a tica do EspritoDa mesma forma como no devo ver a mim mesmo segundo a tica da carne, tambm

    no devo ver meus irmos em Cristo segundo a tica da carne. Quando um membro de uma congregao comea a ter uma viso crtica de seus irmos

    e notar suas falhas, nem sempre o faz com inteno m. Ele quer agir com honestidade, pois vos erros e comea a apont-Ios. Ele v as falhas dos lderes e falhas nos demais irmos daquelacomunidade de discpulos. Aos poucos, porm, isto vai se transformando em cinismo, amargura,rispidez. Sabe por que? Porque este irmo est desobedecendo a Bblia; ele est conhecendoos irmos segundo a carne. No posso enxergar meus segundo a tica natural, mas sim na ticado Esprito. Se eu insistir em olh-los segundo a carne, tambm vou ficar deprimido edesesperanado, porque eu vou ver o quanto a igreja est distante daquilo que Deus quer queela seja.

    Vamos-fazer o que Paulo disse: daqui por diante, voc e eu, vamos ver nossos irmoscorno eles so EM CRISTO. Se meus irmos falharam, devo lembrar-me que, no mundoespiritual eles no so assim. Eles esto em Cristo e nele no h pecado. O que acontece que

    7

  • eles no esto se apropriando de que so em Cristo, e eu posso ajud-los a tornar posse dessarealidade. Agindo assim, passamos a encar-los de urna nova forma, o que urna experinciaemocionante.

    Em nossa igreja ternos ensinado muito sobre isto, procurado inculcar nas mentes dosirmos esta verdade da Palavra de Deus. Algum tempo atrs, esteve entre ns um pastor queestava afastado de sua funo por no concordar com as diversas regrinhas - todas muitasrgidas - de sua congregao, o que o levou a exercer um trabalho secular em Santarm.Quando ele foi embora, afirmou que entre tantas coisas que aprendeu ali, o mais valioso parasua vida e ministrio foi descobrir esta nova maneira de ver as pessoas. Ele afirmou que em suacongregao eles estavam acostumados a olhar para os santos, vendo-os corno pecadores.Mas o correto olhar at para os pecadores, pela tica da f, corno se eles fossem santos(sobre isto falaremos adiante). Ele mesmo acrescentou que cria ser este o segredo docrescimento de urna congregao, quando no s o pastor, mas todas as ovelhas aprendem aolhar as pessoas sob a tica do Esprito.

    De fato, no h nada que cause maior destruio numa igreja do que fofocas, picuinhas ecoisas assim. Isto diablico! Mas, s vezes, isto vem das pessoas mais sinceras, que estodesejosas de crescimento espiritual, tanto em sua vida pessoal, quanto na igreja. O problema que nunca foram ensinadas que, para ser espiritual no se pode olhar as pessoas pela tica dacarne, corno se apontar a falha - ou falar disto aos outros - pudesse trazer crescimento ao irmoque errou. Se eu for corrigir esse irmo olhando para ele pela tica natural, especialmentenaquelas reas em que ele falha com frequncia, minha tendncia ser trat-lo com dureza ereafirmar que "ele assim mesmo". preciso olhar o irmo pela tica do Esprito, vendo quemele em Cristo e afirmar a verdade sobre a vida dele. Isto no significa que esse irmo nuncaser corrigido porque "perfeito em Cristo". Se sua experincia ainda no corresponde suaposio em Cristo, ele precisa, sim, ser confrontado, justamente para expressar tal realidade emsua vida diria. Mas a forma como ele ser corrigido que vai fazer toda a diferena.

    Se eu estiver enxergando esse irmo pela tica do Esprito, vou afirmar que o conheocorno ele realmente , em Cristo, e que naquele momento ele no agiu conforme esta novanatureza. Por exemplo, se ele agiu com falta de amor, vou lembr-lo que o amor j foi derramadoem seu corao, conforme Romanos 5.5, sendo este o esprito de poder, de amor e demoderao que Paulo fala em II Timteo 1.7. Deus amor (I Joo 4.8); logo, se somos umesprito com Ele (I Corntios 6.17), se nascemos dele, se o conhecemos, ento amamos cornoEle (I Joo 4.7). Lembrando ao irmo quem ele e corno ele agiu em desconformidade com estarealidade espiritual, basta encoraj-lo a se arrepender, pedir perdo pessoa com quem agiu deforma errada e tornar a agir corno uma nova criatura.

    8