Discípulo

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TEMA: DISCÍPULOS DE JESUS CRISTO 1-Apresentação do Pregador : Nome: Ierecê Jussara Correia Gilberto Idade: 42 anos Estado Civil: Casada Formação: Direito – Universidade Estadual de Maringá-PR – UEM. Profissão: Advogada Participação na RCC: desde 1983, no MUR desde 1996. Coordenadora Nacional do Ministério Universidades Renovadas desde 2006, membro ativo no GOU Miles Domini- UEM desde agosto de 1983. 2-Apresentação da Pregação : Tema: “D “DISCÍPULOS ISCÍPULOS DE DE JESUS JESUS CRISTO CRISTOObjetivo: Mostrar a importância do encontro pessoal com Cristo como fundamento da vida cristã e seus desdobramentos para o modo de ser do jovem universitário e profissional. Motivação: "Já não vos chamo servos, mas amigos" Jo 15,15 e Documento de Aparecida Dimensão: Formativa Reflexão: A experiência pessoal com Cristo precisa estar na base da vivência de nossa fé, a qual precisa ser alimentada por uma vida sacramental ativa e oração pessoal. A caminhada cristã precisa ser um caminhar com Cristo, em Cristo e para Cristo. No cultivo dessa intimidade com o Senhor vamos nos tornando semelhante a Ele em nossas atitudes e no nosso modo de ser, e adquirimos conseqüentemente uma nova postura frente aqueles que estão a nossa volta e a realidade do mundo. " 20 Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." Gálatas 2,20 1

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Material desenvolvido pela cord.nacional do MUR Ierecê.

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TEMA: DISCÍPULOS DE JESUS CRISTO

1-Apresentação do Pregador:

Nome: Ierecê Jussara Correia Gilberto Idade: 42 anos Estado Civil: Casada

Formação: Direito – Universidade Estadual de Maringá-PR – UEM.

Profissão: Advogada

Participação na RCC: desde 1983, no MUR desde 1996. Coordenadora Nacional do Ministério Universidades Renovadas desde 2006, membro ativo no GOU Miles Domini-UEM desde agosto de 1983.

2-Apresentação da Pregação:

Tema: “D“DISCÍPULOSISCÍPULOS DEDE JESUSJESUS CRISTOCRISTO””

Objetivo: Mostrar a importância do encontro pessoal com Cristo como fundamento da vida cristã e seus desdobramentos para o modo de ser do jovem universitário e profissional.

Motivação: "Já não vos chamo servos, mas amigos" Jo 15,15 e Documento de Aparecida

Dimensão: Formativa

Reflexão: A experiência pessoal com Cristo precisa estar na base da vivência de nossa fé, a qual precisa ser alimentada por uma vida sacramental ativa e oração pessoal. A caminhada cristã precisa ser um caminhar com Cristo, em Cristo e para Cristo. No cultivo dessa intimidade com o Senhor vamos nos tornando semelhante a Ele em nossas atitudes e no nosso modo de ser, e adquirimos conseqüentemente uma nova postura frente aqueles que estão a nossa volta e a realidade do mundo. " 20 Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." Gálatas 2,20

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1 – CHAMADOS AO DISCIPULADO:

“Naqueles dias, Ele foi à montanha para orar e passou a noite inteira em oração a Deus. Depois que amanheceu, chamou os discípulos e dentre eles escolheu doze, aos quais deu o nome de apóstolos.”(Lc 6,12)

No Evangelho de Marcos, Jesus nos descreve o itinerário do discípulo: chamado para permanecer, escolhido, enviado com autoridade. Aqui em Lucas ele vem nos mostrar que os doze Apóstolos foram tirados do meio dos seus discípulos.

Sabemos que são fases distintas, que se completam entre o discipulado e o apostolado.

O primeiro passo do itinerário de formação de Jesus, chamado para permanecer, é exclusivo do Discipulado, após cumprir esse primeiro passo, os discípulos são convidados a se tornarem apóstolos. Mas isto não significa dizer que o apóstolo deixa de ser discípulo, uma vez que este é um chamado para a vida, para o ser, enquanto o apostolado é um chamado para o fazer.

Por isso o discipulado e o apostolado estão de tal maneira entrelaçados, que muitas vezes nos confundimos. Vamos tentar aqui estabelecer a identidade de cada um.

No Evangelho de Marcos 3,13-19, Jesus estabelece um itinerário para a formação dos seus seguidores.

”Depois subiu à montanha, e chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele.”

O primeiro passo para a formação, consiste, justamente, no chamado. A pessoa precisa sentir-se chamada para o discipulado; é o primeiro passo na formação. Não importa o seu apostolado, o seu ministério; o primeiro chamado se refere à etapa de formação, é o momento em que Deus vai trabalhar para formar a pessoa para depois ela assumir a missão. O que percebemos é que muitas vezes esta etapa é queimada, ou seja, quando do chamado já queremos de imediato assumir um ministério. Na seqüência desta mesma passagem, vemos que Jesus chamou para uma finalidade, com um objetivo: primeiro – “ficar em sua companhia”. A Palavra não diz que Jesus os chamou para enviá-los, mas para ficarem em sua companhia, e depois “enviá-los.”

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Se nos detivermos nos Evangelhos, vamos perceber que existe uma grande distância em termos de tempo, entre o CHAMADO e o ENVIO.

A primeira vocação do homem ao ser chamado por Jesus é para estar com Ele, este é o passo mais importante para o discipulado. O discipulado é o laboratório onde o seguidor de Jesus Cristo é formado. É verdade que ele poderá ou não passar para um próximo passo, mas uma coisa é definitiva: ninguém pode assumir um ministério sem antes ser discípulo.

Portanto, o discípulo é aquele que é chamado para ficar com Jesus, para ser formado por Ele, para ser trabalhado pelo Divino Oleiro.

Não podemos considerar o discipulado como uma fase transitória de nossa vida; nunca deixaremos de ser discípulos, só que quando estivermos preparados, poderemos assumir missões. Durante e após, deveremos estar sempre com Jesus. O discípulo trabalha sempre com Jesus e não para Jesus. Se todos nós que assumimos missões na Igreja, na RCC, no GOU, fôssemos antes discípulos, com toda certeza, a probabilidade de acertos seria bem maior.

No livro do Êxodo 33, 7-11, vamos encontrar um fato bastante interessante para a compreensão do discipulado. Moisés armou a tenda que era o local de consulta a Deus. Moisés tinha vários discípulos, ou seguidores, mas de um modo particular, ele tinha um discípulo muito especial, que tinha compreendido muito bem o processo formador de Deus (verso 11b)... “mas seu servidor Josué, filho de Nun, moço ainda, não se afastava do interior da tenda.” Josué tinha entendido que sua formação seria ao lado do Senhor seu Deus e ao contrário do que podemos imaginar, isso não significa que Josué não fosse também um homem de ação. No combate entre Israel e Amalec (Ex. 17,8-10), vamos ver que ele era o homem de frente do Exército de Israel, assim como foi o homem escolhido para fazer o reconhecimento da terra prometida (Nm 13,1-16).

Josué tinha suas missões, e após cumpri-las, voltava para a tenda. Este é o melhor exemplo de discípulo. E porque soube permanecer ao lado do Senhor, Deus o escolheu para uma missão.

“...Yahweh respondeu a Moisés: Toma Josué, filho de Num, homem em quem está o Espírito.” (Nm 27,18)

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O segundo passo, depois que somos escolhidos é permanecermos ao lado do Senhor. É aí que Ele nos forma e nos prepara para a missão, somos escolhidos para realizar a missão.

“O Espírito na Igreja forja missionários decididos e valentes, indica os lugares que devem ser evangelizados e escolhe aqueles que devem fazê-lo.” (DA 150)

Foi assim que Jesus agiu. Escolheu doze entre os seus discípulos, para enviá-los com autoridade. Antes de enviá-los, Jesus os formou, os capacitou. Portanto, essa fase do chamado é justamente a fase que o Senhor nos proporciona para sermos formados como discípulos. Uma vez formados, preparados, Jesus nos constitui, nos escolhe para determinadas missões. Assim começa a fase de apostolado, ou seja, a fase de assumir o ministério, a função dentro do plano de Deus.

Desta forma podemos sintetizar o itinerário de formação de Jesus, nos seguintes pontos: somos chamados a permanecer com Ele, (fase do discipulado), depois somos escolhidos para uma missão e enviados com autoridade (fase do apostolado). Não podemos esquecer que o primeiro chamado é para ficar com Jesus, para ser formado por Ele. E não podemos querer inverter a ordem e começar pelo envio, como faz Marta em relação à Maria (Lc 10, 38-41).

“Sua irmã, chamada Maria, ficou sentada aos pés do Senhor, escutando-lhe a Palavra. Marta estava ocupada pelos muitos serviços.”

Aqui temos claramente o relatado anteriormente. O ser e o fazer. O ser discípulo representado pela figura de Maria sentada aos pés de Jesus, inebriando-se com suas palavras, e o fazer representado por Marta, preocupada com o serviço, com as atividades. Não creio que Jesus esteja censurando Marta por estar trabalhando, mas por não permanecer aos seus pés e escutar o que Ele queria. É apenas uma inversão de ordem: primeiro permanece e depois age.

2 – DÍSCIPULO E MULTIDÃO:

Encontrar Jesus em seu tempo, saber onde Ele estava, não era tarefa difícil, era algo simples e fácil, bastava descobrir o local onde estava a multidão e, com certeza, no centro estava Jesus.

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Podemos destacar alguns textos que narram esta verdade:

- Mt 8,1: “Tendo Jesus descido a montanha, uma grande multidão o seguia.”

- Mt 8,18: “Certo dia, vendo-se no meio da grande multidão...”

- Mt 9,36: “Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão...”

- Mt 11,7: “Tendo eles partido, disse Jesus à multidão...”

- Mt 5,1: “Vendo aquelas multidões...”

- Mt 14,14: “Quando desembarcou, vendo Jesus numerosa multidão...”

Estas são algumas citações do Evangelho de Mateus que nos mostram Jesus se relacionando com a multidão. Com certeza Jesus nunca abandonou a multidão, muito pelo contrário, Ele sempre teve compaixão dela e sempre procurou levar uma palavra, um gesto de amor, ou mesmo saciar a fome da multidão, e foi de dentro da multidão que Ele escolheu os seus. Jesus sempre soube que a multidão é volúvel e muda rapidamente de opinião e Ele teve esta experiência várias vezes. Podemos destacar dois momentos importantes em que este fato acontece.

“A vista deste milagre de Jesus, aquela gente dizia: este é verdadeiramente o Profeta que há de vir ao mundo.” Jesus percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte. (Jo 6, 14-15).

Aqui temos um desses acontecimentos: Após a multiplicação dos pães que sacia a fome daquela multidão a reação é imediata, eles consideram Jesus um profeta; querem fazê-lo rei. Sem dúvida uma tentação para todos os humanos, ser aclamado pela multidão como rei, mas Jesus conhecia a intenção, o coração deles, e não aceita a proposta. E Jesus estava certo, pois no dia seguinte temos a prova que a multidão não sabia o que queria, e estava agindo apenas pelo interesse do pão e não por aquilo que Jesus era, mas por aquilo que Ele podia oferecer.

No dia seguinte a multidão procura novamente Jesus e Ele diz:

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“Em verdade, em verdade vos digo, buscai-me não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães.” (Jo 6, 26-66).

Logo após, Jesus começa a discursar sobre o pão da vida e, como o pão descido do céu, aquele que não comer da sua carne e beber do seu sangue não é digno Dele. São palavras duras, que exigem um compromisso, uma adesão a sua pessoa, e diante de tal ensino a mesma multidão que o aplaudia, e queria fazê-lo rei, se afastou.

“Muitos dos Seus discípulos, ouvindo-o, disseram: isso é muito duro!... Desde então muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com Ele.” (Jo. 6,60 e 66).

A mesma multidão, e muitos dos que se diziam seus discípulos, que provavelmente estiveram no dia anterior comendo do pão, agora o abandonaram.

Outra passagem que nos revela como a multidão era volúvel está no Evangelho de Lucas 19, 36-38. “À sua passagem muitas pessoas estendiam seus mantos no caminho. Quando já se aproximavam da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, tomada de alegria, começou a louvar a Deus em altas vozes.”

Mais uma vez ela estava ali e a multidão estava alegre e até louvava a Deus e, com certeza, pensava em seus corações: este será o momento. Agora ele será rei. Mais uma vez Jesus não se deixa levar pelos louvores e glórias dos homens. Ele conhecia o coração dos homens e sabia que alguns dias depois essa multidão iria pedir a sua morte. (Lc 23, 17)

Quem diria, estavam ali agora muitos dos que se diziam discípulos, a pedir a morte daquele que há dias atrás, o chamavam de rei e louvavam a Deus por ele.

Esta é a realidade dos que estão simplesmente na multidão. Jesus sabia disso, tanto que Ele dedicou um bom tempo do seu ministério, não à multidão, mas para formar os seus discípulos.

É verdade que muitos são os chamados, mas poucos são os escolhidos, ou seja, poucos são os que permanecem pois comer pão é fácil, duro é comer da Sua carne e beber do Seu sangue. “Podes por acaso beber do meu cálice?” (Mt 20, 22b)

Quantos universitários não existem lá na sua universidade? Todos eles são igualmente chamados a seguirem Jesus, mas são bem poucos os que atendem o chamado e menos

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ainda os que permanecem. E somente dentre os que permanecem é que serão escolhidos alguns para cada Missão.

Amados, viemos aqui não para sermos formados como discípulos, mas alguns estão aqui para iniciar uma caminhada como discípulo e outros para aprimorarem esta caminhada, que tem início aqui e termina nos braços do Pai. Seria interessante neste momento, avaliar nossa caminhada e, à luz do Evangelho, descobrir se temos estado com a multidão, ou se temos sido verdadeiros discípulos. Uma avaliação com toda sinceridade e deixando de lado toda hipocrisia, toda máscara, pois Jesus conhece o nosso pensamento e o nosso coração.

MULTIDÃO DISCÍPULO

Escuta a Palavra de Deus, bate palmas e louva a Deus por Jesus, o aclama Rei. Acha bonita a Palavra.

Conhece, Ama e Obedece a Palavra de Deus.

Busca Jesus pelos milagres, pelas curas, pelo pão, por interesse próprio (boas notas, um emprego, um namorado, conversão de um familiar).

Busca Jesus somente por aquilo que Ele é, não espera nada em troca.

Conhece a Jesus por ouvir falar. Conhece a Jesus por com Ele andar.

3 - O SER DÍSCIPULO:

O Discípulo Autêntico é aquele que não procura alimentar o Mestre, empregando para isso uma atividade frenética, mas aquele que se alimenta do Mestre sentando-se a seus pés.

Para começo de conversa, vamos tentar estabelecer o perfil de um discípulo, isto é, sua fisionomia, sua personalidade. Em princípio podemos estabelecer que o perfil do discípulo, necessariamente, tem que se aproximar ao máximo, do perfil do Mestre. Se queremos nos avaliar como discípulos, devemos nos perguntar: meu modo de agir, de falar, de andar, de trabalhar, de estudar, de me divertir, de me vestir, me denuncia como um seguidor de Jesus Cristo? As pessoas percebem que sou um Cristão sem que eu fale alguma coisa?

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Um dia Pedro estava decepcionado com o Mestre e não queria parecer, ou se revelar como um discípulo de Jesus e se escondeu por detrás do fogo que crepitava na fogueira. Era noite e a sombra da noite o cobria, e ele estava ali tranqüilo, não queria ser reconhecido como seguidor do Messias; pelo menos não daquele Messias, não era bem esse que ele esperava. Era verdade que aprendera a amar aquele Galileu, e por algum tempo até achou que verdadeiramente Jesus fosse o Messias. E olha! Até estava disposto a lutar com espada por ele, mas tudo foi um sonho e agora estava disposto a esquecer, não queria nem lembrar que um dia seguiu aquele homem. Com certeza, ninguém o reconheceria naquela noite, e a penumbra da fogueira era um bom local para se esconder.

Pedro estava totalmente errado: “Pouco depois os que ali estavam, aproximaram-se de Pedro e disseram: sim, tu és daqueles, teu modo de falar te dá a conhecer.” (Mt 26,73)

Verdadeiramente Pedro era um discípulo e isto estava denunciado no seu jeito de ser, de agir, de falar. “Tu falas como Ele, Pedro! Não precisas te esconder, teu modo de ser te denuncia.”

Este é o verdadeiro discípulo. Aquele que nos faz recordar o Mestre. Portanto, o perfil do discípulo deve ser o perfil do Mestre.

Vamos, com generosidade, tentar delinear esse perfil.

Primeiramente precisamos expandir nossos horizontes quanto às características do discípulo, ou do seguidor. Normalmente olhamos se a pessoa tem vida moral e social ajustada. Se paga suas contas em dia, se leva os filhos para passear, se é bom marido, se leva a família para jantar fora, se é bom vizinho e ótimo profissional, se tira boas notas, se vai à missa aos domingos com a família e pronto, é um discípulo! Não, não é tão simples assim. Tudo isto é fazer o ordinário, é obrigação cristã. Ser discípulo é fazer o extraordinário.

“Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?” (Mt 5,46)

“Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário?” (Mt 5, 47)

“Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa mereceis?” (Lc 6,33)

O discípulo não é superior ao seu Mestre, mas todo discípulo perfeito será como seu mestre.

Aqui temos uma grande diferença entre ser discípulo de Jesus ou ser simplesmente seu seguidor. Muitas vezes na Palavra vemos falar de discípulos que abandonavam o mestre,

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pois eram apenas seguidores, mas não queriam ser de fato verdadeiramente discípulos do Mestre. O ser discípulo, não é para todos, mas para os escolhidos.

Ser discípulo exige o extraordinário e não apenas o ordinário. É neste pequeno, mas fundamental detalhe, que se conhece o verdadeiro discípulo.

E você, é um discípulo de verdade ou simplesmente um seguidor de Jesus Cristo?

EXIGÊNCIAS:

- Ser discípulo de Jesus extrapola os hábitos, os costumes, exige sair da rotina, do quadrado, do dia a dia;

- Ser discípulo de Jesus é ir além do deserto, como Moisés;

- Ser discípulo de Jesus é ser chamado por vezes de louco, alienado, carola e outros adjetivos do tipo;

- É desinstalar-se do comodismo e questionar a fé passiva;

- É obedecer a Seus princípios imutáveis, mas também ser livre como as ondas do mar;

Um discípulo, ao mesmo tempo em que vive obediente a Deus, descobre a pessoa dinâmica que deve ser, conforme a expressão de sua inerente potencialidade, e mediante os variados dons espirituais que a graça de Deus acrescenta à vida de cada cristão.

4 - O DÍSCIPULO É UM SER LIVRE:

Jesus não violenta os corações. “Eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo.” (Apoc 3,20)

- não faz apelos emocionalmente irresistíveis;

- não coage as almas humanas;

- não faz lavagem cerebral;

- Seu convite ao discipulado começa com a partícula condicionadora: se.

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“ Se alguém quer...” (Lc 9,23)

- O ser humano deve avaliar se deseja segui-Lo. Ninguém é forçado a aceitar.

“Quereis vós também retirar-vos?” (Jo 6,67)

- É verdade que é livre, mas uma vez escolhido é irrevogável.

“Aquele que põe a mão no arado e olha para trás não é digno de ser meu discípulo.” (Lc 9,62)

Ele dá a liberdade para optar, mas não aceita o tíbio, pois o Reino de Deus é arrebatado pelos violentos. (Mt 11,12)

Para ser discípulo de Jesus Cristo é preciso garra, coragem, ousadia para violentar a si próprio.

5 - O DISCÍPULO É ALGUÉM QUE SABE O QUE QUER:

O discípulo tem que saber o que quer, ainda porque, dele, é exigido que abra mão de valores, a fim de se apoderar do Reino de Deus.

“O Reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu... E transbordante de alegria, vai, vende o que tem, e compra aquele campo.” (Mt 13,44)

Não se trata de salvação pelas obras, mas de entender e aceitar os custos da descoberta, da revelação. O tesouro valia mais que o campo. Logo, quem comprou o campo, ganhou o tesouro de graça. Assim é o Reino de Deus: a salvação (tesouro) é de graça, mas o discipulado (campo), tem um preço. Há valores a serem trocados. Há custo a ser pago.

É indispensável que o discípulo saiba o que quer, porque a vida de um discípulo de Jesus Cristo é comparável à vida de um sentenciado à morte. “Quem quiser preservar a sua vida, perde-la-á, e quem a perder, de fato a salvará.” (Lc 17,33). No Reino de Deus convive-se com o paradoxo de que, achar a vida é perdê-la, e perder a vida por Jesus é achá-la, assim, aquele que seguir o Senhor como seu discípulo, deverá estar disposto a ser perseguido e a ter a mesma sorte que seu Mestre.

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6 – A ORAÇÃO DO DISCÍPULO DE JESUS:

Ninguém pode ser discípulo de Jesus Cristo sem vida de oração. E por vida de oração, entenda-se a necessidade de intimidade com o Mestre e isto se dá especialmente pela Oração pessoal. Jesus, mesmo sendo Deus, buscava constantemente a intimidade com o Pai através da oração. Ele orava sempre e também ensinou seus discípulos a orarem.

- “Naqueles dias Jesus retirou-se para uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.” (Lc 6,12)

- “Passados uns oito dias, Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e subiu ao monte para orar.” (Lc 9,28)

- “Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar...” (Lc 11,1)

- “Depois se afastou deles à distância de um tiro de pedra e, ajoelhando-se, orava...” (Lc 22,40)

O discípulo de Jesus precisa necessariamente para ter vida de oração, de:

• Oração pessoal (não se confunde com orações devocionais e também não há regras quanto a tempo e local para a oração, mas que não se dedique ao Senhor apenas o “resto”, quando não tiver mais nada para fazer, mas um tempo de qualidade);

• Vivência constante dos sacramentos (também não se pode impor regras ou superstições do tipo 100 missas para isto ou para aquilo, mas a vivência dos sacramentos deve ocupar lugar privilegiado na vida do discípulo, que os reconhece como presentes do Mestre para seu alimentar sua alma. O discípulo não se contenta mais apenas com a Missa Dominical, a menos que não haja como participar mais vezes);

• Leitura, meditação e Estudo da Palavra de Deus (o discípulo de Jesus precisa conhecer sua Palavra e guardá-la em seu coração);

• Conhecimento e estudo do Magistério da Igreja;

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• Práticas penitenciais (jejum, abstinências, sacrifícios, não murmurar, etc. Jamais como superstição ou troca para com Deus, mas com o objetivo de exercitar o domínio do Espírito sobre a carne);

• Exercício e Prática da Caridade (visita aos enfermos, doação de bens materiais aos necessitados, doação do conhecimento aos menos favorecidos através de auxílio aos que têm maior dificuldade em alguma disciplina, etc.);

• Prática do Bem sem interesse pessoal (arrumar a casa para os pais ou para os colegas de república, fazer o almoço ou o jantar, presentear um colega, dar um telefonema a um familiar ou colega com quem não fala há algum tempo, ajudar na Paróquia ou no GOU, etc.).

7 – O DISCÍPULO TEM A PALAVRA DO MESTRE COMO IMUTÁVEL:

O discípulo, para aprender de Jesus, tem que ter a Palavra do Mestre como ponto de partida, ponto de apoio, ponto de referência, ponto de vista e ponto de chegada. “Se permanecerdes na minha Palavra, sereis meus verdadeiros discípulos.” (Jo 8,31).

O discípulo de Jesus Cristo tem que estruturar sua vida em cima da Palavra de Deus. É verdade que não podemos ser fundamentalistas e interpretarmos a Palavra ao nosso bel prazer, precisamos ter cuidado ao interpretá-la e fazê-lo sempre à luz do Magistério da Igreja. A Palavra é a base. Importa ter a mente de Cristo e não aceitar viver de outra maneira que não seja sobre as bases do ensino do Senhor Jesus (Palavra de Deus, Tradição e Magistério).

O consumismo e as ambições materiais têm que estar sob o completo domínio da sabedoria de Cristo para não sufocarem a Palavra de Deus no coração do discípulo.

É indispensável que, aqueles que pretendem seguir Jesus como Seus discípulos, avaliem, com coerência e seriedade, o projeto de vida para o qual estão sendo chamados. Decididamente, eles têm que querer, e querer mesmo. Este desejo deve ser mais forte do que a vontade de casar, de ter sucesso profissional, de ter filhos e até mesmo de ser feliz. Não que Deus não queira sua felicidade, mas que o desejo de seguí-lo como discípulo seja mais forte que tudo mais.

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Ser Seu discípulo deve ser o desejo dos desejos, a vontade das vontades, a decisão das decisões.

O segredo está em aprender a colocar todas essas coisas sem o peso do legalismo, do modismo, da santidade aparente. É o amor de Cristo que nos constrange a viver dentro deste padrão. Trata-se de vida, e que tem relação com a vida natural. Jesus não nos chama para um desempenho teatral, mas para uma PROPOSTA DE VIDA. E, se o amor for a fonte propulsora dessa existência e a substância dessa alma de discípulo, então, torna-se natural seguir-lhe os passos. Em vista disso, quando um discípulo cai, Jesus apenas questiona seu amor: “Tu me amas? Se me amas, então segue-me.”

8 – VIDA COMUNITÁRIA:

Nos evangelhos, em momento algum vamos encontrar Jesus Cristo vivendo sozinho.

Ele nasce em uma família, com um Pai e uma Mãe, avós, primos, tios, como todos nós. Sua primeira comunidade. (Lc 1, 1-46; 2, 1-21; 3, 23-37)

Antes disso, já o encontramos como Deus, antes de vir ao nosso mundo, em comunidade com o Pai e o Espírito Santo. (Jo 1, 1-3)

Com sua família, ele freqüentava o templo, vivendo também esta comunidade. (Lc 2, 41-46)

Quando dá início a sua vida pública, Jesus constitui uma nova “família”, a comunidade dos Apóstolos, iniciando então uma nova vivência comunitária. (Lc 6, 12-19)

Como discípulos de Jesus não podemos seguir caminho diferente de nosso Mestre. Também nós necessitamos de vivência comunitária e Deus Pai mesmo, juntamente com seu Filho Jesus, nosso Mestre, toma o cuidado necessário para que sempre estejamos inseridos numa comunidade. Nascemos numa família, somos batizados e assim inseridos na comunidade dos Cristãos, a Igreja, através de uma comunidade paroquial. Dentro da paróquia vamos conhecendo melhor a Igreja e suas riquezas e encontramos um movimento ou pastoral com o qual nos identificamos e passamos a participar mais ativamente.

Em nosso caso específico, a comunidade onde o Senhor nos chama a estar diretamente inseridos é o GOU. Somos Católicos, pertencentes a uma comunidade paroquial, dentro desta paróquia participamos da RCC e na RCC participamos do GOU. Algumas vezes ainda,

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participamos de um grupo de perseverança ou de um GPP. Mas este assunto será trabalhado mais adiante, no próximo tema.

BIBLIOGRAFIA

RETAMALES, Santiago Silva. Discípulo de Jesus e Discipulado segundo a obra de São Lucas. Coleção Quinta Conferência – CNBB. Editoras Paulinas e Paulus, São Paulo, 2007

Bíblia Sagrada – edição de Jerusalém. Editora Paulinas, São Paulo, 1985.

Bíblia Sagrada – edição Ave Maria. Editora Paulinas, São Paulo, 1990.

Documento de Aparecida – Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. Edições CNBB. Editoras Paulinas e Paulus, São Paulo, 2007.

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