Discurso 3 Não Havia Ninguém com Ele

download Discurso 3 Não Havia Ninguém com Ele

of 2

Transcript of Discurso 3 Não Havia Ninguém com Ele

  • 8/6/2019 Discurso 3 No Havia Ningum com Ele

    1/2

    No Havia Ningum com Elelder Jeffrey R. Holland

    Do Qurum dos Doze ApstolosProclamada do cume do Calvrio, soa a verdade que afirmaque nunca estaremos ss ou desassistidos, mesmo que svezes nos sintamos assim.Obrigado, irm Thompson. Agradeo tambm a todas asextraordinrias mulheres desta Igreja. Irmos e irms, minhamensagem de Pscoa hoje para cada um, masespecialmente para aqueles que esto ss ou que se sentemsolitrios, ou mais ainda, para os que se sentemabandonados. Entre esses talvez estejam os que anseiam porcasar-se, os que perderam o cnjuge e aqueles que perderamfilhos ou nunca os tiveram. Nossa empatia inclui a esposaabandonada pelo marido, o marido cuja esposa o deixou, efilhos privados da companhia do pai ou da me ou deambos. Nesse grupo, podemos encontrar o soldado que estlonge de casa, o missionrio no incio da misso e que sentemuita saudade ou o pai que, desempregado, teme que omedo em seus olhos transparea famlia. Em resumo, podeincluir qualquer um de ns em diferentes pocas da vida.A todos esses, falo a respeito da mais solitria jornada j feitae das bnos infinitas que ela proporcionou a toda a famliahumana. Falo da obra solitria do Salvador, que suportousozinho o fardo da nossa salvao. Com propriedade, Ele diria:Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ningum houvecomigo. () E olhei, e no havia quem me ajudasse; eadmirei-me de no haver quem me sustivesse.1

    Como observou magistralmente o Presidente Uchtdorf, agorah pouco, sabemos pelas escrituras que a chegadamessinica de Jesus a Jerusalm, no domingo anterior Pscoa, um dia equivalente ao que celebramos hoje, foi umgrande momento pblico, mas logo as pessoas comeariam aperder o mpeto de continuar a acompanhar o Senhor.Logo Jesus seria acusado ante os lderes israelitas da poca:primeiro Ans, o antigo sumo sacerdote, e depois Caifs, onovo sumo sacerdote. Em seu apressado e brutal julgamento,esses homens e seus conselhos proferiram o rpido e iradoveredicto: Para que precisamos ainda de testemunhas?,vociferaram. ru [digno] de morte.2

    E assim, Ele foi levado frente dos estrangeiros quegovernavam o pas. Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia,interrogou-O uma vez, e Pncio Pilatos, governador romano da

    Judeia, fez isso duas vezes, declarando na segunda, multido: Examinando-o na vossa presena, nenhuma culpa,das de que o acusais, acho neste homem.3Em seguida, numato to inconsequente quanto ilgico, Pilatos [mandou]aoitar a Jesus[e] entregou-o para ser crucificado.4As mosde Pilatos, recm-lavadas, nunca estiveram to manchadas eto sujas.Essa rejeio eclesistica e poltica tornou-se mais pessoalquando o povaru nas ruas tambm se voltou contra Jesus.Uma das ironias da histria que estava na priso, com Jesus,outro prisioneiro, Barrabs, nome ou ttulo que em aramaicosignifica filho do pai.5O esprito da Pscoa dava a Pilatos odireito de libertar um prisioneiro, e ele indagou ao povo: Qualdesses dois quereis vs que eu solte? E eles disseram:Barrabs.6Dessa forma, um mpio filho do pai foi libertado,enquanto o verdadeiro Filho divino de Seu Pai Celestial eracondenado morte na cruz.Esse foi tambm um momento revelador entre aqueles queconheciam Jesus pessoalmente. O personagem mais difcil decompreender nesse grupo era Judas Iscariotes. Sabemos queo plano divino exigia que Jesus fosse crucificado, mas doloroso pensar que uma de Suas testemunhas especiais, quese sentara a Seus ps, ouvira-O orar, vira-O curar e sentiraSua presena pudesse tra-Lo e a tudo o que Ele era, por 30

    peas de prata. Nunca, na histria do mundo, to poucodinheiro comprou tanta infmia. No somos os juzes dodestino de Judas, mas Jesus disse a respeito de Seu traidor:Bom seria () se no houvera nascido.7

    Sem dvida, outros, dentre os que acreditavam, tambmtiveram momentos difceis. Aps a ltima Ceia, Jesus deixouPedro, Tiago e Joo esperando, enquanto Ele adentrava o

    Jardim do Getsmani sozinho. Prostrado sobre o rosto emorao, [cheio] de tristeza at a morte8, diz o registro queSeu suor exsudava como grandes gotas de sangue9enquantoEle rogava ao Pai que passasse Dele aquela taa esmagadorae brutal. Mas, claro, isso no podia acontecer. Ao retornaraos discpulos, aps essa angustiosa prece, encontrou-os

    dormindo, o que O levou a perguntar: Ento nem uma horapudeste velar comigo?10 E assim aconteceu duas outrasvezes, at que, ao retornar pela terceira vez, Ele, compassivo,disse: Dormi agora, e repousai,11embora no houvessequalquer descanso para Ele.Mais tarde, aps a priso e o julgamento de Jesus, Pedro,acusado de conhecer Jesus e de ser um de Seus confidentes,nega essa acusao, no uma, mas trs vezes. No sabemostudo o que ocorreu ento, nem sabemos que conselhos desegurana o Salvador teria dado a Seus Apstolos emparticular 12, mas sabemos que Jesus tinha conscincia de quemesmo aqueles discpulos preciosos no estariam ao Seu ladono final, e Ele avisara Pedro sobre isso.13 Depois, quando ogalo cantou, [Virou-se] o Senhor para Pedro, e Pedrolembrou-se da palavra do Senhor. () E saindo Pedro parafora, chorou amargamente.14

    Assim, por determinao divina, o grupo de apoio em torno de

    Jesus fica cada vez menor, ampliando o significado daspalavras de Mateus: Todos os discpulos, deixando-o,fugiram.15Pedro ficou perto o suficiente para ser reconhecidoe confrontado. Joo ficou ao p da cruz com a me de Jesus.De maneira especial e contnua, as abenoadas mulheres davida do Salvador permaneceram to prximas a Ele quantopossvel. Porm, essencialmente, Sua jornada solitria devolta a Seu Pai continuou sem consolo ou companhia.Falo agora com cautela, at com reverncia, sobre aquele quepode ter sido o mais difcil momento em toda essa solitria

    jornada at a Expiao. Falo daqueles momentos finais paraos quais Jesus deve ter sido preparado fsica eintelectualmente, mas que talvez Ele no tenha totalmentepressentido emocional e espiritualmente aquela descidaat o paralisante desespero da retrao divina, no qual Eleclama em solido final: Deus meu, Deus meu, por que medesamparaste?16

    A perda do apoio mortal Ele havia pressentido, mas semdvida no havia compreendido este. No havia Ele dito aosdiscpulos: Eis que chega a hora, e j se aproxima, em quevs sereis dispersos cada um para sua parte, e me deixareiss; mas no estou s, porque o Pai est comigo, e O Pai nome tem deixado s, porque eu fao sempre o que lheagrada?17

    Com toda a convico de minha alma testifico que Eleagradou ao Pai perfeitamente e que o Pai perfeito noabandonou Seu Filho naquela hora. De fato, minha crenapessoal que em todo o ministrio mortal de Cristo, o Pai talveznunca estivesse mais prximo de Seu Filho do que nessesagonizantes momentos finais do sofrimento. No entanto, paraque o supremo sacrifcio de Seu Filho fosse to completoquanto foi voluntrio e solitrio, o Pai retirou de Jesus, por umbreve momento, o conforto de Seu Esprito, o apoio de Suapresena pessoal. Era necessrio, de fato era primordial, para

    o significado da Expiao, que esse Jesus, Filho perfeito, quenunca falara nem fizera mal, que no tocara em nada imundo,precisasse saber como o restante da humanidade, ns, sesentiria quando cometesse tais pecados. Para que Sua

    Expiao fosse infinita e eterna, Ele teve de sentir como erasofrer no somente a morte fsica, mas tambm a espiritual,sentir como era ter Seu Esprito divino retirado, deixando-Onuma solido total, abjeta e desesperadora.Mas Jesus perseverou. Ele prosseguiu com firmeza. A bondadeexistente Nele permitiu que a f triunfasse, mesmo emcondies de completa agonia. A confiana pela qual viveuLhe dizia que, apesar de Seus sentimentos, a compaixodivina nunca est ausente, que Deus sempre fiel, que Elenunca foge nem falha. Quando o ltimo denrio foi assimpago, quando a determinao de Cristo de ser fiel era tobvia quanto absolutamente invencvel, ento, finalmente, demodo misericordioso, tudo foi consumado.18 Contra todas as

    probabilidades e sem ningum para ajud-Lo e sust-Lo, Jesusde Nazar, o Filho vivo do Deus vivente, restaurou a vidafsica onde a morte havia dominado e trouxe a alegreredeno espiritual do pecado para onde havia treva infernale desespero. Com f no Deus que Ele sabia estar presente, Elepde dizer em triunfo: Pai, nas tuas mos entrego o meuesprito.19

    Irmos e irms, um dos grandes consolos desta poca dePscoa que, por ter Jesus trilhado esse caminho to longo esolitrio completamente sozinho, ns no temos de fazer isso.Sua jornada solitria proporcionou-nos uma grandecompanhia para nossa curta verso da trilha: o misericordiosocarinho de nosso Pai Celestial, a fiel companhia de Seu AmadoFilho, o consumado dom do Esprito Santo, anjos do cu,familiares nos dois lados do vu, profetas e apstolos,professores, lderes e amigos. Todos esses e outros nos foramdados por companhia durante nossa jornada mortal graas

    Expiao de Jesus Cristo e Restaurao do Seu evangelho.Proclamada do cume do Calvrio, soa a verdade que afirmaque nunca estaremos ss ou desassistidos, mesmo que svezes nos sintamos assim. Em verdade, o Redentor de todosns disse: No vos deixarei rfos; [Meu Pai e eu voltaremos]para vs() e faremos [morada em vs].20

    Rogo ainda nesta poca da Pscoa, que as cenas do sacrifciosolitrio de Cristo, entrelaadas com momentos de negao,abandono e, pelo menos uma vez, de inequvoca traio,nunca precisem ser reencenadas por ns. Uma vez, Elecaminhou sozinho. Rogo para que Ele nunca tenha deconfrontar o pecado sem nossa ajuda e auxlio; que nuncaencontre somente espectadores insensveis quando Ele olharpara vocs e para mim, ao longo de Sua Via Dolorosa nos diasatuais. Ao aproximar-se essa santa semana a quinta-feirasanta com o Cordeiro Pascal, a sexta-feira da Expiao comsua cruz, o domingo da Ressurreio com sua tumba vazia

    declaremo-nos mais decisivamente discpulos do Senhor JesusCristo, no em palavras, no apenas em tempos amenos, masem atos, em coragem e em f, inclusive quando a trilha forsolitria e a cruz, difcil de suportar. Nesta semana de Pscoa e sempre que estejamos ao lado de Jesus Cristo emtodos os momentos e em todas as coisas e em todos oslugares em que [nos encontremos], mesmo at a morte21,porque, seguramente, foi dessa maneira que Ele nosdefendeu, sim, at a morte, at quando teve de ficar inteira ecompletamente s. Em nome de Jesus Cristo. Amm.Notas1. Isaas 63:3, 5; ver tambm D&C 76:107; 88:106; 133:50.2. Mateus 26: 6566.3. Lucas 23:14.4. Mateus 27:26.5. Ver Bible Dictionary, Barabbas, p. 619.6. Mateus 27:21.

    7. Mateus 26:24.8. Mateus 26:38.9. Ver Lucas 22:44; Mosias 3:7; D&C 19:18.10. Mateus 26:40.

    http://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#noteshttp://classic.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1037-27,00.html#notes
  • 8/6/2019 Discurso 3 No Havia Ningum com Ele

    2/2

    11. Mateus 26:45.12. Ver Spencer W. Kimball,Pedro, Meu Irmo, Vida eEnsinamentos de Jesus e Seus Apstolos, p 540.13. Ver Marcos 14:2731.14. Lucas 22:616215. Mateus 26:56.16. Mateus 27:46; grifo do autor.17. Joo 16:32; 8:29.18. Ver Joo 19:30.19. Lucas 23:46.20. Joo 14:18; ver tambm versculo 23.21. Mosias 18:9.