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DISCURSOS DA PEDAGOGIA MODERNA EM IMPRESSOS NÃO PEDAGÓGICOS DO RIO DE JANEIRO (1920 -1930) Giselle Baptista Teixeira – UFF [email protected] Palavras-chave: Pedagogia moderna, impressos, século XX No Brasil oitocentista vimos emergir projetos que elegeram a educação primária e popular como uma das responsáveis pela modernização e desenvolvimento do país. Tais falas defendiam a renovação pedagógica, com novos métodos de ensino, e a composição de currículos modernos, tendo como modelos países considerados mais avançados. De acordo com Souza (2000), ainda no decorrer do século XIX, difundiu-se em vários países a crença no poder da escola como fator de progresso, modernização e mudança social, e no Brasil não foi diferente. “A ideia de uma escola nova para a formação do homem novo articulou-se com as exigências do desenvolvimento industrial e o processo de urbanização” (Souza, p. 11, 2000). No início do século XX, com o projeto republicano de modernização do país, esses discursos se tornaram mais frequentes. Para Freitas e Biccas (2009), em seus estudos sobre a chegada, difusão e consolidação da escola popular de massas no país, desde a década de 1920, (...) se somavam os discursos que colocavam em circulação imagens da precariedade de um povo que, perdido na própria inconsistência, carecia de ser curado, escolarizado, moralizado e inserido na ordem do trabalho urbano que, por suposto, estaria a influenciar a reconfiguração do país em termos mais modernos (p. 40). Diante da “precariedade” desse povo, era preciso modificar suas práticas, sendo a escola eleita como uma das vias para tal intento i , já que, como nos informa Faria Filho (2012), o pensamento político e educacional moderno fez da escola a porta de entrada da cidadania, bem como fez coincidir a noção de urbanidade com a de escolaridade. Em 1920, segundo Silva (2009), o foco das preocupações se deslocava para a necessidade de racionalização da cidade e para a inculcação de atitudes de modernidade na população, já que para o autor, até então, as preocupações governamentais estivera nas obras públicas de modernização e nas reformas dos espaços urbanos. Nessa década temos a criação da Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1924, que segundo Carvalho (2005), “(...) foi, nos anos 1920 e 1930, a principal instância de organização do chamado movimento de renovação educacional no Brasil, congregando, na

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DISCURSOS DA PEDAGOGIA MODERNA EM IMPRESSOS

NÃO PEDAGÓGICOS DO RIO DE JANEIRO (1920 -1930)

Giselle Baptista Teixeira – UFF

[email protected]

Palavras-chave: Pedagogia moderna, impressos, século XX

No Brasil oitocentista vimos emergir projetos que elegeram a educação primária e

popular como uma das responsáveis pela modernização e desenvolvimento do país. Tais falas

defendiam a renovação pedagógica, com novos métodos de ensino, e a composição de

currículos modernos, tendo como modelos países considerados mais avançados. De acordo

com Souza (2000), ainda no decorrer do século XIX, difundiu-se em vários países a crença no

poder da escola como fator de progresso, modernização e mudança social, e no Brasil não foi

diferente. “A ideia de uma escola nova para a formação do homem novo articulou-se com as

exigências do desenvolvimento industrial e o processo de urbanização” (Souza, p. 11, 2000).

No início do século XX, com o projeto republicano de modernização do país, esses

discursos se tornaram mais frequentes. Para Freitas e Biccas (2009), em seus estudos sobre a

chegada, difusão e consolidação da escola popular de massas no país, desde a década de 1920,

(...) se somavam os discursos que colocavam em circulação imagens da precariedade de um povo que, perdido na própria inconsistência, carecia de ser curado, escolarizado, moralizado e inserido na ordem do trabalho urbano que, por suposto, estaria a influenciar a reconfiguração do país em termos mais modernos (p. 40).

Diante da “precariedade” desse povo, era preciso modificar suas práticas, sendo a

escola eleita como uma das vias para tal intentoi, já que, como nos informa Faria Filho (2012),

o pensamento político e educacional moderno fez da escola a porta de entrada da cidadania,

bem como fez coincidir a noção de urbanidade com a de escolaridade.

Em 1920, segundo Silva (2009), o foco das preocupações se deslocava para a

necessidade de racionalização da cidade e para a inculcação de atitudes de modernidade na

população, já que para o autor, até então, as preocupações governamentais estivera nas obras

públicas de modernização e nas reformas dos espaços urbanos.

Nessa década temos a criação da Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1924,

que segundo Carvalho (2005), “(...) foi, nos anos 1920 e 1930, a principal instância de

organização do chamado movimento de renovação educacional no Brasil, congregando, na

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década de 1920, numa mesma campanha pela “causa cívico-educacional”, grupos de

educadores que se antagonizariam mais tarde, após a Revolução de 1930(...)” (p.87).

Várias reformas educacionais foram elaboradas na década de 1920 em diferentes

estados brasileiros, composta por sujeitos que almejavam uma nova educação para o paísii. No

Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal, nas décadas de 20 e 30 tivemos três reformas de

destaque, a de Carneiro Leão em 1922, a de Fernando de Azevedo em 1927 e a de Anísio

Teixeira em 1932, pelas quais seus autores, segundo Paulilo (2007), “esforçaram-se para

alterar o significado social da escola e as práticas escolares” (p. 385).

Como analisou Clarice Nunes (2000), “almejava-se da escola primária mais do que

novas carteiras, quadros ou salas. Pretendia-se construir nela um estado de espírito moderno”

(p. 374). Parte desses educadores que almejavam uma reforma social por meio de uma

renovação educacional, lançam em 1932 o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”,

pelo qual expressam os seus princípios dessa escola novaiii.

Para cumprir seus objetivos, a escola que estava sendo construída utilizou

determinadas estratégias para divulgação e inculcação de suas ideias. Uma dessas estratégias

foi à imprensa, com seus jornais e revistas, que se encontrava em significativa ascensão nesse

período, fazendo cada vez mais parte do cotidiano da população. Trabalhando com esse

entendimento, elejo determinados jornais com a intenção de investigar em suas páginas as

representações em voga sobre a tão propalada pedagogia moderna, com o intuito de melhor

compreender, por meio de suas crônicas, propagandas, notícias e artigos, os interesses e a

política de intervenção de determinados grupos e do governo na educação. Para tanto, os

jornais escolhidos para análise são: A Noite, Correio da Manhã e Diário Cariocaiv, os quais

se encontram disponíveis na Biblioteca Nacional.

A imprensa, a pedagogia moderna e os seus interessados

O desenvolvimento da imprensa acompanhou também as transformações da cidade. A

partir de 15 de novembro de 1889, com a proclamação da República, a imprensa de caráter

monarquista, salvo exceções, se transformaria em imprensa republicana, estampando-se nela

com exaustão “as ideias e imagens do progresso pretendidas pela nova ordem” (Martins,

2012, p. 79).

Ao analisar jornais dos anos 20 e 30 do século XX é possível encontrar várias matérias

em que a pauta das discussões era a pedagogia moderna. Tais matérias eram vinculadas tanto

as autoridades governamentais e educacionais, que se utilizavam desse meio de comunicação

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com o objetivo de divulgar suas ações e ideias, como de variados sujeitos e setores que

buscavam se inserir no debate, aproveitando-se do mesmo.

Da parte das autoridades, foi possível encontrar nos três jornais analisados A Noite,

Correio da Manhã e Diário Carioca, por exemplo, a convocação para a IV Conferência

Nacional de Educação aos Estadosv. Esta Conferência foi promovida pela ABE, “sob os

auspícios do Ministerio da Educação e Saude Publica”, na figura de Francisco Campos, e foi

realizada entre os dias 13 a 20 de dezembro de 1931 na Capital Federal.

Juntamente com a convocação para a Conferência, muitas dessas matérias vinham

também divulgando as “theses especiais” que seriam discutidas no evento, que teria como

tema geral “As grandes directrizes da educação popular”. Como é possível verificar na edição

de 19 de julho de 1931 do jornal Correio da Manhã, a primeira tese já fazia referência à

pedagogia moderna:

A preocupação com a pedagogia moderna também estava presente no discurso de

posse do “Primeiro Director Geral da Educação”, Dulcidio Cardoso, como é possível verificar

em edição de 12 de janeiro de 1933 do jornal A Noite:

Sem um quadro de inspectores e administradores e bem assim de professores identificados com os preceitos da pedagogia moderna e seus múltiplos aspectos, toda nova reforma de ensino não será mais do que uma expressão apenas enunciada pelo reformador e sem repercussão na ambiência escolar.

Como demostra o discurso do referido Diretor Geral da Educação, havia por parte das

autoridades educacionais uma preocupação em formar os professores para que eles pudessem

dar andamento a esse grande projeto de renovação educacional. Preocupação expressa, por

exemplo, em cursos que eram oferecidos a classe docente. Em 6 de abril de 1933 é publicado

no jornal Correio da Manhã, uma nota divulgando uma chamada feita pelo Diretor Geral da

Instrução de Fortaleza, Moreira de Souza, as professores primárias desta capital, para que

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fossem “estudar alguns assumptos de pedagogia moderna na capital do paiz”. Informa ainda

que “As despesas da viagem e permanência do Rio de Janeiro serão custeadas pelo Estado”.

Outra iniciativa para formação docente desse período, por exemplo, refere-se à criação

do “Laboratório de Biologia Infantil” pelo Juizado de Menores, que foi noticiado em 12 de

dezembro de 1937 no jornal Diário Carioca. Nesse laboratório foi criado o curso “Pedagogia

e medicina”, destinado aos professores que “desejam estudar mais de perto os problemas da

infância anormal e seus methodos de educação e tratamento”. Curso este que, segundo seus

idealizadores, seria necessário para “serem applicados, nas escolas, os methodos scientificos

da pedagogia moderna”.

Em 19 de abril 1934 no jornal A Noite, foi publicada uma matéria em que Anísio

Teixeira, então Diretor da Instrução Publica do Distrito Federal, juntamente com Cecília

Meirelles, prestavam esclarecimentos a população sobre a recente criada “Biblioteca Infantil”,

Segundo Anísio Teixeira, ela seria um desdobramento da pedagogia moderna, que buscava

“(....) despertar no cerebro das creancas o maximo de sua capacidade”.

Como já mencionado, não era somente as autoridades educacionais que publicavam

nesses jornais, mas também diferentes sujeitos ligados à educação, com a intenção de se

vincularem a essa nova pedagogia. Artigos em que professores de diferentes áreas

explanavam sobre seus benefícios para o ensino, eram recorrentes nos impressos pesquisados.

Como por exemplo, a palestra proferida por Maria Junqueira Schmidt que foi publicada no

jornal Correio da Manhã, em 1929, intitulada “Escola Activa: methodo novo para o ensino

das línguas vivas”. Nela a autora afirma que o ponto de partida para o ensino de um idioma

estrangeiro, ou de qualquer disciplina, “(...) deve ser baseado nas atividades espontâneas da

creanca: suas inclinações manuais e constructivas, suas energias mentaes, suas affeições e

interesses”, devendo-se evitar o verbalismos puro e simples.

Sobre o ensino da história, nesse mesmo jornal na coluna “A Semanal dos Professores

Nocturnos”, publicada em 19 de dezembro de 1921, lamenta-se que ainda houvesse quem

exigia do aluno reproduzir literalmente as palavras do livro, “(...) sem o menor signal de

raciocínio, pois não basta conhecer os factos pela sua chonologia, sendo mister aprender a sua

razão pela sucessão logica”.

Em nota publicada em 22 de abril de 1930, há a divulgação da palestra que seria

proferida na “Sociedade de Geographia do Rio de Janeiro” intitulada “A Geographia

Economica na pedagogia moderna”, pelo professor Dr. Everardo Backheuser. Já no jornal A

Noite de 1937, há uma matéria intitulada “O Ensino moderno de Geographia”, de autoria de

Kurt Severin, no qual o mesmo defende que:

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A pedagogia moderna descobre meios suaves e práticos de abrir as intelligencias, de enriquecer creancas e adultos dos conhecimentos indispensáveis para a luta pela vida. O ensino da geografia, por exemplo, vae se fazendo de maneira mais racional em todo o mundo, dando uma visão pratica da disciplina.

Em edição de 25 de outubro de 1936, no Correio da Manhã, há uma matéria intitulada

“A mathematica entre sorrisos”, informando sobre a visita de Martin Gil no Instituto de

Educação. Segundo a mesma, Martin Gil era um “astronomo emerito”, que se interessava

“enormemente pelas questões e problemas que agitam a pedagogia moderna”.

Como podemos perceber pelos citados exemplos, havia uma intenção dos

representantes das diferentes áreas do conhecimento em associar o saber com a pedagogia

moderna. Tal associação se mostra como a forma de dar legitimidade a esse conhecimento

nesse período, se afastando do que poderia ser considerado como atrasado e retrógrado.

Demonstra também, uma intenção de tais representantes se mostrarem como participantes do

debate atual, bem como em sintonia com as diretrizes governamentais.

Essa associação entre os diferentes campos do saber e a pedagogia moderna, se dava

também por meio da publicação de livros escolares. É possível encontrar nos jornais uma

série de “pareceres” e propagandas de obras que se intitulavam como divulgadores desse novo

método. Como, por exemplo, o de Heitor Pereira intitulado “Escola Activa”, que foi

publicado na edição de 11 de dezembro de 1929, no jornal A Noite, segundo o qual seria um

“Livro útil e precioso não só aos alunos, mas, sobretudo aos professores”.

Na edição de 6 de junho de 1925 do Correio da Manhã, em coluna intitulada “Livros

Novos”, há uma matéria elogiando o livro infantil “A Fada Hygia” de Renato Kehl, o qual

faria parte de uma reduzida parte de escritores “(...) que tem procurado adaptar com êxito, á

nossa vida rudimentar, os mais adiantados methodos da pedagogia moderna (...)”.

Entre várias outras propagandas de livros novos caracterizados como pertencentes à

pedagogia moderna, destaca-se entre as folhas do Correio da Manhã a coleção “Thesouro da

Juventude”. Segundo sua propaganda, essa coleção teria “18 sugestivos volumes, com 5.904

paginas de texto educativo e mais de 6000 gravuras em cores ou a preto”, que seria destinada

ao ensino de várias áreas do saber, como história pátria, noções de geografia, curiosidades

sobre a vida de zonas longínquas, química, física e história natural.

Publicado pela “firma W. M. Jackson Inc. Editores” é possível encontrar diferentes

propagandas desta coleção em várias edições do Correio da Manhã. Tais anúncios ocupavam

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um grande espaço do jornal, com ilustrações e a clara intenção de chamar a atenção dos

leitores.

Segundo sua propaganda, esta “obra prima da pedagogia moderna” ensinaria “dando

prazer” e educaria “completando, no lar, o programma educativo do mestre na escola”.

Intitulado como mensageiro da cultura, esta coleção seria lida “nas cinco partes do mundo”,

por “meninos e adolescentes que fallan qualquer das línguas”.

Ao fazer referência a outros locais em que a coleção é publicada, podemos perceber

por parte de sua editora uma estratégia de divulgação, ao buscar passar a ideia da boa

aceitação que a mesma tinha, inclusive em continentes como a Europa, considerada por

muitos como local do moderno e do progresso.

Essa ampla propaganda da coleção “Thesouro da Mocidade” nos dá uma amostra do

mercado que estava se criando em torno da propalada pedagogia moderna, nas quais,

juntamente com as editoras, outras empresas buscavam se beneficiar. Em anúncio de 4 de

março de 1930 no jornal A Noite, a chamada “Brasileira Fornecedora Escolar Ltda”

propagandeia seu catálogo de móveis escolares voltados para o “progresso da escola

moderna”. Para justificar a importância dos móveis que produzem informam: O extraordinário e crescente desenvolvimento verificado, ultimamente, na pedagogia moderna, trouxe para o campo educacional uma serie numerosa de problemas, que os educadores vêm procurando resolver da maneira que mais se enquadre nos rígidos princípios pedagógicos modernos. Em verdade, muitos desses problemas, principalmente os de ordem didática, foram resolvidos satisfatoriamente pelos educadores. Os de ordem material (mobiliário, sua construção e distribuição nas salas de aula) todavia, por sua alta complexidade, necessitaram da colaboração de uma organização especializada.

Como podemos verificar pelo texto citado, a mencionada fornecedora se descreve

como colaboradora da pedagogia moderna, ao prometer solucionar parte dos problemas

enfrentados pelos educadores que desejassem trabalhar com esse novo método, no caso, os

problemas de ordem material.

Os professores também estavam inseridos nessa lógica, e ao oferecerem seus serviços

em anúncios, descrevem como qualificação ensinarem pelo método da pedagogia moderna,

como exemplo publicado no Diário Carioca, em 16 de maio de 1930:

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Outra instituição que também utilizou da pedagogia moderna para justificar suas ações

foi a Caixa Econômica Federal, que na década de 30, com o objetivo de “incutir por meio da

propaganda os hábitos de poupança à população”, começou a promover a “Semana de

economia”, antes intitulada “Campanha do pé de meia”, na qual se entregava cadernetas aos

alunos das escolas municipais que se distinguissem em “tests” realizados. Em discurso de

premiação das cadernetas, publicado em matéria do jornal Correio da Manhã de 28 de

dezembro de 1937, o representante da caixa assim proferiu parte de sua fala: Ninguem ignora que no programma da pedagogia moderna não entra só o problema sobre o preparo do saber, entra também o do sentir. E que hoje em dia não cabe ao professor ensinar somente a lêr, a escrever, a contar; e a ministrar ao alumno noções de disciplina elementar, cabe-lhe paralelamente, guial-o no caminho do dever, despertar-lhe o amor á pátria, amoldal-o ás normas do civismo, de tal sorte que ele venha a ser na sociedade um cidadão honesto, verdadeiro e justo.

O aparecimento de móveis, livros, cursos, professores e também ações de um banco,

como o que foi relatado, buscando se associar a pedagogia moderna, nos evidencia a

diversidade de interessados pelo novo método. Evidencia-nos também, o grande comércio que

se formou em torno dessa pedagogia, no qual diferentes sujeitos procuravam se destacar,

usando estratégias como, por exemplo, a publicidade em jornais, com o objetivo de lucrarem

nesse disputado mercado.

Inovações na escola com a nova pedagogia

Segundo Nunes (2000), entre as propostas dos intelectuais e educadores da época,

estava o anseio por disciplinar a pobreza no corpo, na mente, nos gestos e nos sentimentos.

Para isso, propõem uma série de inovações na escola, com o intuito de mudarem suas práticas

internas. Entre essas inovações, encontrava-se, por exemplo, a introdução do cinema como

valor pedagógico.

Em 16 de fevereiro de 1929, foi publicado um artigo no jornal Diário Carioca com o

título “O valor Pedagógico do cinema”, o qual buscava justificar esse novo conceito. Segundo

o mesmo:

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Considerada até há pouco, como um simples divertimento, de arte mais ou menos apurada, o cinema vae sendo encarado a luz dos modernos methodos de ensino, como um poderoso factor da pedagogia, um elemento de primeira ordem na obra de disseminação dos conhecimentos mais variados. A observação dos efeitos dos filmes, sobre as crianças tinha assignalado de há muito uma sensibilidade extraordinária, muitas vezes quasi doentia, do espirito infantil em face dessa prestigiosa arte. Dahi, a idea de aproveitar o maravilhoso invento como um auxiliar da pedagogia moderna, a qual vae procurando, cada vez mais, dilatar os recursos de fixação das impressões mentaes.

Assim como com os livros, era também recorrente nos jornais a recomendação de

filmes que poderiam, segundo seus defensores, beneficiar as práticas pedagógicas. Em 26 de

março de 1929 foi publicado no jornal Diário Carioca a indicação do filme alemão “O

inferno das virgens”, que segundo o jornal, traria um enredo que “focaliza um thema de alta

significação social pois trata de um assumpto valioso como seja a pedagogia moderna”. Já em

9 de janeiro de 1937, a sugestão desse mesmo jornal foi o filme “Illusão da Mocidade” de

Emil Jannings, que pertenceria “a essa categoria de espetaculos destinados a todas as camadas

de publico e que ninguém deve deixar passar em branco pela influencia benéfica que as suas

imagens, a serviço de um palpitante thema da actualidade, exercerá sem duvida sobre os

caracteres em formação”.

Outra prática inserida e incentivada nesse período foi à educação escoteira, também

chamada de escotismo. No Distrito Federal essa educação foi organizada pelo secretário do

prefeito do Distrito Federal, Mário Cardim, a pedido de Fernando de Azevedo, quando

Diretor da Instrução Pública. A Federação Escolar de Escoteiros tinha por objetivo, “além de

estreitar o vínculo entre escola e comunidade, complementar a educação física, moral e cívica

das crianças” (Vidal, 2000)vi.

Em 4 de novembro de 1932, o intitulado Andrade, publica um artigo – “A necessidade

da educação escoteira”, defendendo o escotismo como o responsável exclusivo pelo preparo

do “espirito, do physico e da moral”, não sendo justo que “os senhores paes, ou tutores,

mestres, professores, etc. desta adeantada localidade, sejam indiferentes á educação escoteira”

Já em matéria de 3 de fevereiro de 1933 no mesmo jornal, mas sem autoria, o

periódico expressa o que o escotismo representaria na pedagogia moderna: O escotismo representa, na pedagogia moderna, a escola por excellencia, a organização perfeita de uma verdadeira “escola activa”, destinada a educar, sobre todos os pontos de vista, fazendo do menino – um pequeno homem, do homem – um indivíduo completo.

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Ao analisar os referidos jornais nas décadas de 20 e 30, é possível perceber

semelhanças nas políticas públicas educacionais, mesmo com diferentes Diretores de

Instrução Pública atuando nessas duas décadas. Tal acontecimento pode ser explicado,

segundo Paulilo (2007), pelo fato de haver entre 1922 e 1935 uma “(...) sucessão de três

experiências de reforma da instrução na capital do país (Carneiro Leão, Fernando de Azevedo

e Anísio Teixeira) que compartilharam compromissos, redes de sociabilidade e dilemas” (p.

24). Compromissos e dilemas como os discutidos pelo “Centro de professores nocturnos”.

Em 6 de março de 1922, o jornal A Noite publica teses elaboradas pelo “Centro dos

professores nocturnos”, com o intuito de que as mesmas fossem discutidas na “Conferência de

Instrucção Primaria”. Essa Conferência, segundo consta no artigo, seria promovida pelo

próprio Centro, com o objetivo de “concorrer, de alguma fórma, para o brilhantismo das

festas comemorativas do Centenario da nossa Independencia”. Entre as teses indicadas, que

tinham o objetivo de propor soluções para diferentes questões sobre o ensino primário e suas

necessidades, temos as seguintes:

6ª – Educação pratica e profissional. Necessidade de ser harmonizado o ensino intuitivo, atendendo-se às condições do alumno operário para escolas-officinas. 7 ª – A crença e a escola como deve ser administrada a educação infantil de acordo com a pedagogia moderna. O tempo lectivo para as escolas e classes maternais. Ensino exclusivamente intuitivo e pratico (...). 12ª – Predios escolares. Hygiene escolar infantil (...).

Como é possível perceber, a menção ao ensino intuitivo e pratico aparece tanto da 6ª,

como a 7ª tese, bem como no discurso daqueles que argumentavam a favor da pedagogia

moderna. De acordo com Vidal (2000a), a escola deveria oferecer situações em que o aluno, a

partir da visão, observação, e ação (experimentação), “pudesse elaborar seu próprio saber”. O

ensino intuitivo, que no final do século XIX já era defendido por educadores brasileiros,

ganhava força nesse período. As práticas escolares deveriam deslocar-se do “ouvir” para o

“ver”, e o “ver” associava-se a “fazer” (Vidal, 2000a, p. 498).

Outro ponto citado nas teses refere-se aos prédios escolares e a higiene infantil. Um

ligava-se ao outro, pois como as escolas funcionavam em prédios com más condições,

proliferavam-se as doenças. A propagação de epidemias era uma das justificativas para a

construção de novos prédios, que não colocassem em risco a saúde de seus frequentadores.

A preocupação com a higiene ocupava um lugar central nas discussões da época. Para

que ela pudesse ser divulgada aos frequentadores da escola e, consequentemente, aos seus

familiares, deveria também ser apreendida pelos professores, que teria um papel primordial

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em seus ensinamentos. Para isso, foi incluído no currículo das escolas normais a disciplina

“puericultura”, que tratava do assunto. Em 4 de novembro de 1925, divulga-se no jornal A

Noite, nota sobre uma aula/visita que seria feita pelas “discípulas” da Escola Normal ao

“Instituto de Protecção e Assistencia à Infancia”, no qual o Dr. Moncorvo Filho, “o conhecido

pediatra”, daria as educandas “(...) uma noção geral sobre a orientação moderna de proteção á

infância, hygiene individual e coletiva, privada e publica (...)”. Cabe ressaltar que tais

aulas/visitas também faziam parte dos princípios da pedagogia moderna, “(...) em que se

aliava os conhecimentos theoricos aos práticos”.

Em artigo publicado no jornal Correio da Manhã de 10 de agosto de 1927 intitulado

“A saúde das creancas, antes de mais nada”, o texto, sem autoria, informa as mudanças que

estavam sendo feitas nas escolas do Rio de Janeiro:

Estão sendo, actualmente, construídas muitas escolas fiscais, de acordo com os últimos ensinamentos da pedagogia moderna, sendo cada uma dela dotadas de pavilhões especiaes, para o cuidado hygienico das creancas.

Cabe destacar que não foram somente as questões de saúde que justificavam a

construção desses novos imóveis, mas também questões pedagógicas. Atividades de educação

física, desenho, trabalhos manuais, por exemplo, faziam parte das recomendações dos

educadores. A existência de salas de aula nas escolas não era suficiente para o bom ensino.

Deveriam existir também anfiteatros, bibliotecas, laboratórios, salas de leitura, refeitório,

jardins, entre outros, exigindo, desta forma, uma nova arquitetura escolar. Os espaços de

aprendizagem ampliaram-se para outros locais, como as rádios educativas, teatros, cinema, os

salões de festas, os pátios, as quadras de esporte, as ruas, as praças e os estádios desportivos

(Nunes, 2000).

Eram recorrentes propagandas de escolas particulares divulgadas nos jornais, em que

se ressaltavam a estrutura física da escola como forma de exaltar a qualidade dos mesmos. O

“Collegio Sylvio Leite”, por exemplo, publicou em 14 de fevereiro de 1934 um anúncio no

jornal A Noite informando que o mesmo possuía “(...) optimas installações, satisfazendo a

todas as exigências da pedagogia moderna”. O “Colegio Flamengo” divulgou no mesmo

jornal, em 25 de fevereiro de 1939, nota sobre sua transferência de sede para “(...) predio que

oferece mais conforto e melhores instalações”, podendo assim “(...) proporcionar aos seus

alunos ótimas acomodações” e “hum ambiente de acordo com a pedagogia moderna”.

Como podemos perceber por meio dessas publicações, e como nos informa Nunes

(2000), “Os prédios escolares construídos na cidade do Rio de Janeiro, do final da década de

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20 a meados da década de 30, simbolizam o lócus de expressão do moderno” (p. 387), das

quais muitas escolas gostariam de estarem inseridas, se afastando daquilo que era associado

ao passado e se adaptando as “novas exigências” da educação brasileira.

Ainda de acordo com Nunes (2000), para que a vida infantil se tornasse completa,

atividades de educação física eram necessárias. Discursos sobre os benefícios da ginástica

começaram a ser divulgados por autoridades educacionais, com o intuito do convencimento

dessa ideia.

No jornal A Noite de 3 de outubro de 1932, há uma matéria intitulada “Cultura Physica

Feminina”, escrita por Lotte Kreizschmar, diretora do “Instituto Feminino de Cultura

Physica”, em que aborda os efeitos da ginástica no desenvolvimento físico e intelectual da

criança. Segundo a autora, o grande objetivo da cultura física seria a saúde. “Alliar a um

corpo são, treinado, sem o menor defeito physico, habituado á resistência, um espírito fino e

educado, será conseguirmos a regeneração da raça – uma geração ideal”.

No ano anterior, em 1931, foi publicado em 6 de dezembro, agora no jornal Correio

da Manhã um grande artigo sobre a “gymnastica pediátrica”, que era um novo método do

médico Octaviano Salema. Por esse método, que exigiria dos pais “alguns minutos

diariamente, empregando-os nas gymnstica dos seus bebês”, bastaria “para conseguir uma

prole sadia”. A matéria vem ilustrada com exemplos dos movimentos sugeridos pelo método,

como é possível ver em figura abaixo:

Podemos perceber tanto nas propostas da ginástica destinada as crianças quanto aos

bebês, características da chamada Eugenia, com frases como “regeneração da raça” e “prole

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sadia”, e os significados que as mesmas traziam. Segundo Santos (2005), no início do século

XX, a eugenia explicava o país e tentava transformá-lo. Ela foi “uma tentativa científica de

aprimorar os indivíduos por meio do melhoramento de seus traços genéticos” (SANTOS,

2008, p. 222). Ainda segundo esse autor, nas práticas da Eugenia brasileira houve uma “(...)

articulação da educação higiênica, das ações de esterilização e do combate às doenças para a

formação de um povo educado e higiênico” (SANTOS, 2012, p. 48).

Como podemos perceber, algumas propostas de ginástica apresentadas nessa época

estavam sob influência do eugenismo, que teve grande repercussão nesse período em que

“(...) as ações médicas invadiram o âmbito da vida privada” (Ibidem, p. 51). Não

coincidentemente uma das propostas relatadas é defendida por um médico, grupo

significativamente envolvido com este movimento.

Juntamente com a defesa da ginástica para crianças e bebês, era comum também a

defesa para ginástica feminina. Em artigo de Amalia Guido, publicado em 20 de maio de

1934 e intitulado “Cultura physica feminina – preparação para a vida”, a autora defende que

para que houvesse uma preparação para a vida, tão propalada pela pedagogia moderna, dever-

se-ia incluir “energias moraes, intellectuaes e physicas”. Sobre os benefícios desta última

conclui que:

A moça que, pela cultura physica, vae exercitando-se a usar as suas energias volitivas de maneira coordenada, para conseguir determinados resultados, que aprende a graduar seus movimentos e a intensidade dos seus impulsos nervosos, adquire, pouco a pouco, confiança em si mesma e vão descobrindo que o seu ser têm uma imensa reserva de energias que desconhecia. Depois de realizar certos apreciáveis progressos nos domínios dos exercícios de gymnastica, de verificar que pôde realizar em si mesma o que antes não podia, torna-se consciente de que póde utilizar cada vez melhor as suas reservar de formas interior e desenvolver ilimitadamente as suas capacidades bastando que, para isto, queira firmemente o que póde.

Outras matérias também podem ser encontradas relacionadas à prática da ginástica,

como artigo defendendo a importância dos campos de exercícios, da “gymnstica rythmica”, e

sobre a importância da formação técnica para o ensino da educação física. Segundo Vago

(2002), os corpos das crianças tornaram-se alvo de investimento da escola, sendo colocado no

centro das práticas educativas.

Considerações finais

Em pesquisa realizada em jornais que circularam entre as décadas de 20 e 30 do século

XX, como mostrado ao longo deste trabalho, foi possível encontrar um significativo número

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de referências à pedagogia moderna, que se davam de diferentes formas, como por artigos,

propagandas de escolas, divulgação e pareceres de livros e filmes, oferecimento de trabalho,

catálogos de móveis, entre outras. Tais referências nos mostram como o tema estava no centro

das preocupações sociais, reforçando a ideia de que a imprensa era também utilizada como

um dos veículos de convencimento da população do projeto governamental em curso de

modernização do país.

A imprensa foi uma das principais estratégias utilizadas pelos intelectuais e

autoridades governamentais para difundir seus discursos. Para Martins e Luca (2012), “os

impressos que por aqui circularam em duzentos anos não só testemunham, registram e

veiculam nossa história, mas são parte intrínseca da formação do país (p. 8).

De acordo com Camara (2003), esses “(...) educadores reconheciam na imprensa um

importante aliado para a sedimentação de um discurso que objetivava implementar a ideia de

novidade de suas propostas, bem como promover o convencimento do leitor da urgência de

sua implementação” (p. 35).

Por meio da análise dessas fontes foi possível perceber que no projeto brasileiro de

inserção dos sujeitos na modernidade havia uma grande preocupação com as práticas

escolares. Utilizar novos materiais, como livros e móveis; incentivar novas ações, como o

escotismo e a ginástica; se apropriar de novas estratégias educativas, como o cinema e a

biblioteca, são alguns dos exemplos que foram implementados nas escolas desse período.

Como nos diz Nunes (2000), “A modificação do habitus pedagógico é o ponto central do

cotidiano da política educacional gestada na cidade carioca (...)” (p. 390). Política esta que

também estava comprometida, de acordo com Vidal e Paulilo (2003), com a reestruturação

dos mecanismos de controle das camadas populares no espaço urbano, visando o trabalho

produtivo e eficiente, bem como velocidades nas transformações sociais e a interiorização de

normas comportamentais, o que pode ser percebido pelas reformas educacionais desse

período.

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setembro de 2012.

i Segundo Rizzini; Silva; Silva (2012), nos anos de 1920 a população foi “sempre tutelada, acompanhada e dirigida, em maior ou menos escala, por instâncias reguladoras como a policial, a escolar, a arquitetônica ou a assistência social e a justiça, por exemplo” (p. 207). ii Reformas como a de Sampaio Dória em São Paulo no ano de 1920, Lourenço Filho no Ceará em 1922, Francisco Campos em Minas Gerais no ano de 1927, Carneiro Leão em Pernambuco em 1928, Anísio Teixeira na Bahia em 1928, entre outras. iii O movimento da escola nova foi um movimento de renovação do ensino, que surgiu na Europa e América do Norte no fim do século XIX e ganhou força na primeira metade do século XX. Apesar de ter chegado ao Brasil em 1882 pelas mãos de Rui Barbosa, foi na década de 1920, quando o país passava por uma série de transformações, e na década de 1930, com a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), que o movimento ganhou maior expressividade. Neste manifesto, entre outras questões, defendia-se a universalização da escola pública, laica e gratuita. Para Xavier (2003), “o campo dos que abraçaram a defesa da escola pública e democrática em oposição àqueles que não agregam o mesmo valor ao caráter público e à ação estatal no âmbito da educação escolar” (p. 10), constitui o principal ponto desse manifesto. iv O jornal A Noite foi fundado por Irineu Marinho, tendo sido publicado de1911 a 1964. O jornal Correio da Manhã foi fundado por Edmundo Bittencourt em 1901, e extinto em 1974. O jornal Diário Carioca foi fundado por José Eduardo de Macedo Soares em 1928, tendo circulado até 1965. Para saber mais sobre os jornais, consultar site da BN e do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC). v De acordo com Xavier (2003), foi nesta Conferência que o presidente Getúlio Vargas solicitou aos educadores nela reunidos, a apresentação de uma filosofia para a educação do país, o que resultou na publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Contudo, cabe ressaltar que somente uma parte dos educadores presente na mencionada Conferência assinou o Manifesto, já que no encontro houve uma cisão entre os intitulados educadores pioneiros e católicos. vi Informações retiradas do CD-ROM: “Reforma da Instrução Pública no Distrito Federal (RJ) 1927-1930”, organizado por Diana G. Vidal no ano de 2000.