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DISLIPIDEMIASPROF. RENATA TORRES ABIB BERTACCO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO - UFPEL
Roteiro da aula
• Bioquímica (lipídios) - recapitulação
• Fisiopatologia das dislipidemias
• Atividade 1
• Dietoterapia
• Atividade 2
• Tratamento farmacológico• Dra Carolina Gomes
2013
O que é dislipidemia?
• Alterações metabólicas no metabolismo de lipídios que repercutemnos níveis séricos de lipoproteínas (SBC, 2009)
• Deve ser tratada pois é um fator de risco para aterosclerose que podelevar ao desenvolvimento de DCV.
Bioquímica – metabolismo de lipídios
• Fosfolípides: membranas celulares
• Colesterol: precursor dos hormônios esteroidais, dos ácidos biliares e da vitamina D, fuidez das membranas
• Triglicérides (TG): formados a partir de três ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol
• Ácidos graxos (AG):• Saturados (sem duplas ligações)
• Mono insaturados (1 dupla ligação)
• Poli-insaturados (+ de 1 dupla ligação)
Lipoproteínas
• Permitem a solubilização e o transporte dos lípides: compostas por lípides e proteínas denominadas apolipoproteínas (Apos)
• Apos: “identificam” e dão “função” às lipoprtoeínas• Formação intracelular das partículas lipoproteicas (B100 e B48)• Ligantes a receptores de membrana (B100 e E)• Cofatores enzimáticos (CII, CIII e AI)
• Classes de lipoproteínas (conforme a densidade):• Quilomícrons: Ricas em TG (85%), maiores e menos densas, origem intestinal • VLDL: Carrega TG (50%) e colesterol (20%) - densidade muito baixa, origem hepática• IDL : Carrega TG(30%) e colesterol (30%) - Densidade intermediária• LDL : Ricas em colesterol (50%) e pouco TG (8%), densidade baixa • HDL: Densidade alta:• Lipoproteína (a) [Lp(a)], que liga LDL a ApoA
LpA não é utilizada de rotina para avaliação de risco pra DAC; seus niveis séricos tem forte relação com a genética (história familiar…).
D= m/vA massa das Lp são semelhantes, o que varia é
o volume… ou seja:Volume grande ([TAG]), densidade baixa
TAGColesterol – éster
Apos
Colesterollivre
Estrutura das lipoproteínas
Fígado
QM
QMremanes
centeVLDL IDL LDL HDL
B48
A I
A IV
E
C
B48
E
B100
C III
C II
E
C I
B100
E
B100 A I
A II
C I
CII
CIII
E
TAGdieta
Intestino
QM
Tec.Periféricos
QMr
EC C
Fígado:TAG r
+ TAG f+ Col
VLDL
Tec.Periféricos
Y Y Y
LPLY
TAG
Col
HDL
A IA IIC I
CIICIIIE
CIITAG
HDL
A IA IIC I
CIICIIIE
IDLY
LPL
TAG TAG
Col
HDL
A IA IIC I
CIICIIIE
E
LDL
receptor de LDL (endocitose)
ColLCAT
LCAT
Col livre + LCAT = Col ester
Colester
TAG r
Colester
identidadeSinaliza a quebra de TAG pela Lpl (tec adip. e músculo)
Reabsorção hepática
identidade
Se liga em receptores do fígado
LPL = lipase lipoproteica sintetizada nos tecidos muscular e adipose presente no endotélio capilar quebra os TG das Lpque tiverem ApoCII libera AG e glycerol estoque ou energia
Transporte de Lipídios
• TAG da Dieta QM recebe do HDL a ApoE e ApoCII distribuiTAG tecidos periféricos QM remanescente (continu com a apo E edevolve pro HDL a ApoCII) fígado (TAG restantes – via receptor d ApoE)
• No fígado TAG restantes + Colesterol/TAG sintetizados no fígadoVLDL distribui TAG pros tecidos periféricos (LPL) e recebe colesteroldos tecidos em troca devolve a Apo CII e doa TG para o HDL Forma IDL (só tem Apo E)
• IDL continua distribuindo TAG e recebendo cholesterol, perde Apo E pro HDL LDL reabsovido no fígado pelo receptor de LDL (endocitose – pq ele não tem a Apo E)
Transporte de lipídios - HDL
• Possui a ApoA e poucos lipídios (30% cholesterol, 50%proteina) recolheo cholesterol livre dos tecidos periféricos.
• Ela carrega e transfere Apos (E e CII) pro QM e VLDL
• Possui LCAT transforma o colesterol livre em ester de colesterol
• Sai do fígado (forma de disco com pouco colesterol) começa a recolher o colesterol de tecidos periféricos para esterificá-lo (pela LCAT) colesterol“Redondo” transfere o colesterol esterificado pro VLDL e recebe emtroca TAG (combustível pra LCAT)
• VLDL vai perdendo TAG e ganhando Colesterol formando LDL absorvido pelo fígado e redistribui pros tecidos quando necessário
• Quanto mais LDL e menos HDL aterosclerose (outra aula!!)
LCAT = lecitina acetil transferase
Via exógena
Lehninger, Principles of Biochemistry
Lipoproteinas e transporte de lipídios
Lehninger, Principles of Biochemistry
Bases fisiopatológicas das dislipidemias primárias • Acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL:
• Hipertrigliceridemia
• Decorre da diminuição da hidrólise dos TAGs pela lipase lipoproteica (LPL) ou do aumento da síntese de VLDL
• Acúmulo de LDL: • hipercolesterolemia
• Doenças monogênicas: no gene do LDL-R (hipercolesterolemia familiar) ou no gene da apo B100 (identifica o LDL)
• Hipercolesterolemias poligênicas: mais comuns, interação entre fatores genéticos e ambientais
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
• Coleta de sangue: jejum de 12 horas (TG e LDL)
• Cálculo do (LDL-C): fórmula de Friedewald. (válida se TG <400mg/dL).
• Colesterol total (CT), apo B, apo A-I e HDL-C podem ser coletadas sem jejum prévio.
• Perfil lipídico deve ser feito em indivíduos com dieta habitual, estado metabólico e peso estáveis por pelo menos 2 semanas antes da realização do exame.
• Devem-se evitar ingestão de álcool e atividade física vigorosa nas 72 e 24 horas que antecedem a coleta de sangue, respectivamente.
Valores de referência
Etiologia das dislipidemias
• Primária• Origem genética e/ou ambiental
• Secundária
Classificação das dislipidemias
• hipercolesterolemia isolada: elevação isolada do LDL-C (≥ 160 mg/dl);
• hipertrigliceridemia isolada: elevação isolada dos TGs (≥ 150 mg/dl) que reflete o aumento de VLDL, IDL e quilomícrons.
• hiperlipidemia mista: valores aumentados de LDL-C (≥ 160 mg/dl) e TG (≥ 150 mg/dl). Nos casos em que TGs ≥ 400 mg/dl, o cálculo do LDL-C pela fórmula de Friedewald é inadequado, devendo-se, então, considerar a hiperlipidemia mista quando CT ≥ 200 mg/dl;
• HDL-C baixo: redução do HDL-C (homens < 40 mg/ dl e mulheres < 50 mg/dl) isolada ou em associação a aumento de LDL-C ou de TG.
Etiologia genética
– Hipercolesterolemia familiar (CT>300 e LDL > 200)
– Hipertrigliceridemia familiar (TG > 500)
– Apresentação clínica: • eventos coronarianos em jovens da mesma família
• Xantomas e xantelasmas
3 ou mais = SM
ATIVIDADE 11. Um paciente do sexo masculino apresenta colesterol total de 236 mg/dL, HDL de 30 mg/dL, e triglicerídeos de 160
mg/dL.
1. Através da formula de Friedwald, calcule o LDL:
2. Compare as lipoproteinas aos valores de referência:
3. Classifique a dislipidemia deste paciente:
2. Uma paciente do sexo feminino de 31 anos de idade, apresenta CT = 180 mg/dL, HDL= 40 mg/dL, PA:140/120
mmHg não tratada, fumante e não diabética. Calcule o risco de morte por DCV nos próximos 10 anos. Classifique
este risco.
3. Descreva resumidamente como ocorre o metabolismo dos lipídios e descreva quais tipos de dislipidemia podem ser
desenvolvidas em função de alterações deste metabolismo?
LDL = 236 – 30 – 160/5 = 174
LDL ALTO; CT limítrofe; HDL: baixo; TG: limítrofe
HDL baixo (HDL baixo + LDL ALTO) e hiperlipidemia mista (TG>150 e LDL>160)
8 pontos; 6,7% de risco; risco intermediário
Dietoterapia
Não está de acordo com o
guia alimentar!
Dietoterapia
• Em indivíduos de risco aderentes a dieta, a terapia nutricional podediminuir de 10-15% da hipercolesterolemia em 45-60 dias. A hipertrigliceridemia tende a baixar mais rapidamente. (SBC)
Dieta x dislipidemia
• Tipos de gordura da dieta:• Colesterol (origem animal/ absorção metade/ fontes)
• Ácidos graxos • Saturados
• Insaturados
• Monoinsaturados
• ômega 9
• Poliinsaturados
• ômega 6
• ômega 3
• Trans
AG saturados de cadeia curta
• Os AGCC são produzidos por bactérias intestinais, principalmente em resposta a FOS (fruto oligossacarídeos) proteção da mucosa intestinal
• Principais:• Butirato
• Propionato
• Acetato
• Lactato
AG saturados de cadeia média
• Os TG de cadeia média (TCM), contém de 6 a 12 átomos de carbono, e são encontrados na gordura do coco. (C12:0 – láurico)
• São absorvidos diretamente para a corrente sangüínea e levados para o fígado.
• Não se incorporando significativamente às lipoproteínas para serem transportados porém resultam indiretamente no aumento de lipoproteínas
Tholstrup T, Ehnholm C, Jauhiainen M, et al. Effects of medium-chain fatty acids and oleic acid on blood lipids, lipoproteins, glucose, insulin, andlipid transfer protein activities. Am J Clin Nutr.2004;79(4):564-9.
AG saturados de cadeia longa
• Mirístico (14:0), encontrado no leite e seus derivados;
• Palmítico (16:0), cujas principais fontes são a gordura animal e o óleo de palma Mais abundante na alimentação
• Esteárico (18:0), presente na gordura do cacau.
AG saturados
• De maneira geral, a gordura saturada (C12:0 - láurico, C14:0 - mirístico e C16:0 -palmítico)
eleva a concentração plasmática de colesterol, especialmente o C14:0, enquanto o C18:0 (esteárico) é neutro em seus efeitos sobre o colesterol.
• Mecanismos propostos para essa alteração • redução dos receptores de LDL hepáticos; • maior atividade da ACAT (acilcolesteril-aciltransferase) aumentando a
esterificação do colesterol; • aumento na quantidade de colesterol esterificado transportado nas LDL• Permitem maior entrada de colesterol nas partículas de LDL
AG insaturados
• AG insaturados • Monoinsaturados
• ômega 9 – oleico
• Poliinsaturados • ômega 6 Pró inflamatório
• linoleico (essencial e precursor dos demais poli)
• Araquidônico
• ômega 3 Anti inflamatório• Alfalinolênico (ALA) (fonte vegetal)
• Eicosapentaenóico (EPA)
• Docosahexaenóico (DHA) (fonte marinha)
EQUILÍBRIO NA DIETA= w6/w3= 5
AG Trans• Presentes na gordura da carne e leite de animais
ruminantes
• ↑LDL, ↓HDL
• Formados na fritura dos alimentos e na desodorização óleos vegetais
• Indústria: sintetizados na hidrogenação óleos vegetais
• Ác. graxo elaídico: isômero do ác. graxo oléico
Atividade 2
• Marque V ou F e justifique:• ( ) O coco e o abacate possuem colesterol bom por isso podem ser
consumidos livremente na dieta
• ( ) O Ac Graxo Saturado é pior que o trans porque além de elevar o LDL, ainda diminui o HDL
• ( ) O azeite de oliva é uma excelente fonte de ômega 3
• ( ) A proporção ideal de w6/w3 na dieta é 5
• ( ) o w6 é mais pró inflamatório enquanto o w3 anti inflamatório
• Quais as recomendações nutricionais que você daria ao paciente da questão 1?
F
F
F
V
V
Tratamento farmacológico na dislipidemia
• Médica convidada: Dra. Carolina Gomes
Referências
Obrigada!
Aula e materiais complementares disponíveisem:
http://wp.ufpel.edu.br/renataabib/
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