DISPUTAS EM TORNO DA RITALINA: entre a obediência ... · assunto. É bastante comum a crítica...
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DISPUTAS EM TORNO DA RITALINA: entre a obediência farmacológica e a
inteligência drogada1
Igor Fidelis Maia (PPGCS/UFRN)
Palavras-chave: Medicalização. Psicofármacos. Ritalina.
INTRODUÇÃO
Esse artigo tem como objetivo produzir uma análise sobre a construção histórica
do metilfenidato, substância mais conhecida pelo nome comercial de Ritalina, pensando
em como a trajetória desse medicamento pode auxiliar a compreensão da conjuntura
atual de medicalização. Resgatar esses acontecimentos tem como propósito elucidar o
debate sobre a possibilidade desse fármaco produzir obediência a normas sociais. Será
feita uma breve reconstituição histórica do seu surgimento e das controvérsias que
surgiram desde esse período, descrevendo a participação do saber médico, do Estado, da
mídia e também dos críticos desse medicamento. Para, dessa forma, contribuir com a
discussão sobre o seu potencial normalizador, questionando a alcunha atribuída à
Ritalina de droga da obediência.
Esse psicofármaco2 de efeito estimulante é um dos mais consumidos no mundo,
e também um dos que reúne o maior número de críticas e controvérsias. Denominado
popularmente como a “pílula da obediência”, está associado diretamente à
medicalização de crianças em ambiente escolar e já foi acusado de produzir um
genocídio do futuro3. É atualmente indicado para o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), mas possui outras utilizações não oficiais, como para
maximizar a concentração em atividades de estudo.
Esse texto é parte integrante de uma pesquisa mais ampla, que tem como tema as
alterações comportamentais e cognitivas de usuários adultos de metilfenidato, focando
em seus usos médicos e não médicos. Nesse meu trabalho de mestrado procuro realizar
uma comparação entre o discurso largamente difundido de que esse fármaco produz
1 “Trabalho apresentado na 30ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de
agosto de 2016, João Pessoa/PB.” 2 Psicofármacos são considerados aqui enquanto medicamentos que atuam no funcionamento do cérebro e
estão associados ao tratamento de doenças mentais. 3 Sobre esse assunto consultar a matéria no portal da Unicamp “A ritalina e os riscos de um 'genocídio do
futuro'”
Fonte: http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2013/08/05/ritalina-e-os-riscos-de-um-genocidio-do-
futuro. Acesso em 01 de maio de 2016.
2
obediência a normas sociais, e o relato dos usuários que estou tendo contato ao longo da
pesquisa. Tenho investigado se é possível afirmar que o metilfenidato produz
normalização a partir da fala de seus consumidores. Porém, não irei tratar aqui dos
discursos desses usuários de Ritalina, mas sim das polêmicas que acompanharam o
metilfenidato desde o princípio de sua utilização. Tomar conhecimento dessa trajetória e
das discussões que a acompanharam, pode facilitar a compreensão do alto índice de
consumo do metilfenidato e do atual cenário de disputa em torno desse medicamento.
Ao mesmo tempo, historicizar essas relações enriquece o debate sobre o potencial
disciplinar dos psicofármacos, e propicia melhor compreensão dos processos de
medicalização da vida na contemporaneidade.
CONTEXTUALIZANDO
Segundo a bula da Ritalina, a principal indicação desse medicamento é para o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Sabe-se que o TDAH é
considerado pela psiquiatria como um transtorno neurobiológico fortemente
influenciado por fatores genéticos. É caracterizado por um padrão persistente de
desatenção, hiperatividade e impulsividade, que acontece há um longo tempo, e que
estão presentes em dois ambientes ou mais (casa, escola e trabalho, por exemplo).
Apesar de ter sido considerado historicamente uma desordem da infância, grande
quantidade de estudos sobre TDAH também têm sido focados na população adulta.
Atualmente se tem a compreensão de que os sintomas sentidos nos primeiros anos
persistem para o resto da vida (CLEAVE, 2008).
O metilfenidato é utilizado como um psicoestimulante para elevar o nível de
alerta do sistema nervoso central, produzindo uma maior concentração, coordenação
motora e controle dos impulsos. É uma substância controlada, possui semelhanças
estruturais com as anfetaminas e só pode ser vendida com retenção de receita. Segundo
seus defensores, é o tratamento para TDAH mais amplamente pesquisado, clinicamente
efetivo e mais comumente prescrito (NIH, 1998). Para ter acesso a essa droga é
necessário passar pela avaliação de um médico especializado em psiquiatria ou
neurologia, atender às expectativas do diagnóstico e dessa forma ter acesso às receitas.
Há uma intensa produção discursiva que aponta o TDAH como um exemplo
pertinente de como a psiquiatria e os psicofármacos podem ser utilizados de forma
problemática. Emanando de diversas fontes, como livros, matérias em jornais e revistas,
3
vídeos ou artigos científicos, críticas bastante severas tem sido produzidas em torno do
assunto. É bastante comum a crítica ácida e a afirmação de que está ocorrendo uma
patologização indevida de comportamentos que são característicos de crianças, e que
estão sendo transformados em uma condição médica passível de ser tratada. Para que as
crianças se tornem mais obedientes, principalmente no contexto escolar, os médicos
estão prescrevendo drogas que induzem um comportamento bem ajustado para esse
ambiente. Por desconsiderarem fatores pedagógicos que influenciam no rendimento
escolar e interesse dos estudantes, pais e professores estão pressionando psiquiatras para
medicar esses jovens que poderiam se adaptar à escola através de outras formas.
Além disso, dados que demonstram um enorme crescimento na quantidade de
pessoas diagnosticadas e nas vendas desse medicamento, conduziu muitos à
interpretação de que o déficit de atenção é uma condição inventada para produzir lucros
para a indústria farmacêutica. Nas discussões que ocorrem sobre o metilfenidato são
frequentes referências a estatísticas que fundamentam a existência da epidemia de
TDAH e de uso dessa droga. É raro encontrar notícias, artigos científicos ou relatórios
que não fazem uso desse artifício, pois o crescimento gigantesco nos diagnósticos e
vendas de Ritalina é expresso em dados que impressionam muito. Ao contrário dos
períodos anteriores, que não dispunham de dados confiáveis em âmbitos nacionais
(DILLER, 1998), a partir dos anos noventa e principalmente na virada do século esses
dados alarmantes vieram à tona.
Segundo o relatório internacional de uso de narcóticos da ONU (2008, APUD
ITABORAHY, 2009), a produção mundial de metilfenidato passou de 2,8 toneladas, em
1990, para 19,1 toneladas em 1999, o que representa um aumento de mais de 580%4. Já
em 2004, chegou a 33,4 toneladas; em 2005, a 28,8 toneladas, e quase 38 toneladas
produzidas em 2006. Este crescimento da produção mundial, de 1990 a 2006, consiste
em um aumento de mais de 1.200% (ITABORAHY, 2009). Até esse período, 82,2% de
toda essa quantidade eram consumidas nos EUA. Nesse país, a produção cresceu 700 %
entre 1990 e 1998, e quase cinco milhões de pessoas – a maioria crianças – usavam o
fármaco (Diller, 1998).
No Brasil, a produção do metilfenidato passou de 40 kg em 2002 para 226 kg em
2006, ou seja, entre esses anos, a produção brasileira cresceu 465% (ITABORAHY,
4
2009). O número de caixas vendidas teve um aumento de 1.000 caixas em 2000 para
2.000.000 de caixas em 2010. Esse nível de compra fez do Brasil o segundo maior
consumidor desse medicamento no mundo, ficando atrás apenas dos EUA (Conselho
Federal de Psicologia, 2011). Segundo um relatório da ANVISA (2012, p.10), “No ano
de 2011, o gasto direto total estimado das famílias brasileiras com a aquisição de
metilfenidato foi de aproximadamente R$ 28,5 milhões [...]”.
Esses números expressam o cenário que a partir do final dos anos noventa se
estabeleceu no Brasil e no mundo em torno da Ritalina. Se foi difícil constatar a
epidemia de TDAH no começo dos anos noventa, na atualidade essas questões se
tornaram mais claras. Porém, há ainda pesquisadores que defendem a legitimidade dessa
quantidade de diagnósticos e vendas. De acordo com a versão oficial da psiquiatria, o
TDAH é subdiagnosticado no Brasil e vários portadores do transtorno continuam sem
passar pelo tratamento. As preocupações pelo excesso de uso de estimulantes carecem
de base científica, sendo necessárias mais campanhas educativas para identificar aos
indivíduos com TDAH não tratados no Brasil (MATTOS, ROHDE & POLANCZYK,
2012). Essa tese é adotada pelas associações de TDAH5 e se encontra frequentemente
nas notícias sobre o assunto. Portanto, mesmo com o crescimento das vendas, é possível
constatar que existe atualmente um extenso cenário de disputa em torno da legitimidade
do transtorno de déficit de atenção e de seu tratamento com Ritalina.
O metilfenidato é uma substância que ao longo de sua história sofreu defesas e
críticas muito fortes. Ao mesmo tempo em que há uma grande suspeita ou oposição em
torno de seu uso, o discurso da medicina aliado à indústria farmacêutica parece ter
construído um regime de verdade em seu entorno que o legitimou e protegeu de
qualquer limitação significativa. O Estado, seja norte-americano ou em outros países,
frequentemente se subordinou aos imperativos da medicina e contribuiu para a
hegemonia de um paradigma “médico-legal”. Isso pode ser pensado como resultado do
crescimento de uma forte medicalização em nossa sociedade, em que progressivamente
5 Existem associações que buscam disseminar informações sobre o TDAH dentro de uma perspectiva
biológica. Para essas organizações é de suma importância esclarecer a sociedade da existência física desse
transtorno e, para demonstrar esse fato, com frequência é mencionado o reconhecimento oficial da doença
pela OMS e por importantes médicos em todo o mundo. No Brasil, a ABDA é um exemplo desse tipo de
associação, mas também existem quase cem grupos semelhantes localizados em todos os continentes e a
ADHD World Federation, que é uma instituição internacional que reúne todo esse conjunto. Todos esses
grupos divulgam em seus endereços virtuais definições didáticas do TDAH, bem como o quadro de
sintomas e as opções de tratamento.
5
a medicina passa a assumir um papel de regulação social que antes era exercido pela
igreja ou pela lei (AGUIAR, 2004).
6
HISTÓRIA DA RITALINA
Embora as discussões e polêmicas em torno da Ritalina tenham se intensificado
a partir dos anos noventa, e tomado consistência da virada do milênio até a atualidade,
esse medicamento possui uma trajetória que remonta ao final da primeira metade do
século vinte. Para ter uma noção mais precisa de como esse cenário marcado pelo
excesso de diagnósticos e prescrições se constituiu, pode ser elucidativo investigar as
condições de possibilidade históricas que precedem o momento atual. Tal procedimento
metodológico pode ser adequado para uma contraposição aos discursos do saber médico
sobre esse psicofármaco, como, por exemplo, o de que a sua utilização foi desde sempre
para o tratamento de TDAH6.
Uma referência importante para nos aproximarmos da trajetória do
metilfenidato, é o texto Not Just Naughty: 50 Years of Stimulant Drug Advertising de
Ilina Singh, pesquisadora dos aspectos sociais e éticos da neurociência e psiquiatria.
Nesse artigo percebemos que algumas rotas para descrever de onde uma droga
psiquiátrica veio, segundo Singh (2007), podem ser traçadas a partir do
acompanhamento da sua criação num nível molecular em laboratórios, da emergência
da substância no território da clínica ou, até mesmo, nos seus anúncios e propagandas
direcionadas para médicos e o público em geral7. Nesse capítulo tentarei delinear alguns
aspectos da história da Ritalina tendo com base esses três âmbitos mencionados pela
autora. Singh posiciona os anúncios como uma parte importante desse processo, tendo
em vista que há uma escassez de informações sendo divulgadas pela Novartis8 acerca de
sua história.
6 Essa afirmação pode ser encontrada no artigo sobre o Metilfenidato da Wikipédia em inglês. De acordo
com o texto: “Foi autorizado pela primeira vez pela FDA em 1955 para o tratamento do que era então
conhecido como hiperatividade”. Em tradução livre. “It was first licensed by the U.S. Food and Drug
Administration (FDA) in 1955 for treating what was then known as hyperactivity”.
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Methylphenidate#cite_note-131. 7 No Brasil e na maior parte do mundo a propaganda de medicamentos controlados é proibida para o
público em geral, sendo restrita apenas aos profissionais de saúde que podem receita-los. Porém a
publicidade desses medicamentos é permitida nos Estados Unidos e na Nova Zelândia. 8“Novartis foi criada em 1996 a partir da fusão da Ciba-Geigy e Sandoz Laboratories, ambas empresas
suíças com longas histórias. Ciba-Geiby foi formada em 1970 a partir da fusão de J.R. Geigy LTD
(fundada na Basiléia em 1758) e CIBA (Fundada na Basiléia em 1859). Combinando a história dos dois
sócios fundidos, a história completa da empresa alcança 250 anos”. Em tradução livre. “Novartis was
created in 1996 from the merger of Ciba-Geigy and Sandoz Laboratories, both Swiss companies with
long histories. Ciba-Geigy was formed in 1970 by the merger of J. R. Geigy Ltd (founded in Basel in
1758) and CIBA (founded in Basel in 1859). Combining the histories of the merger partners, the
company's effective history spans 250 years”.
7
O metilfenidato foi sintetizado pela primeira vez em 1944 na Suíça pelo químico
da antiga empresa CIBA (atualmente, Novartis S/A) Leandro Panizzon. Esse
acontecimento é precedido por um conjunto de trabalhos de outro cientista dessa mesma
companhia, Max Hartmann, que desde o começo do Século XX manipulava compostos
químicos derivados da piperidina. Ele descobriu a possibilidade de alguns desses
compostos serem usados enquanto tratamentos para doenças como a diátese do ácido
diurético, e, em 1924, o estudo dessas substâncias também resultou na síntese de
nikethamide, um estimulante que altera o ciclo respiratório e que posteriormente foi
deixado de lado por ser considerado perigoso. O metilfenidato, que também é um
derivado da piperidina, apareceu posteriormente a esse conjunto de pesquisas. E foi
somente em 1950 que, ao lado de Max Hartmann, Panizzon aprimorou a síntese dessa
substância e conseguiu uma patente dos EUA para começar os testes em humanos e a
preparação do medicamento. Como acontece com muitos psicotrópicos, as suas
invenções não resultam de um estudo para a cura de uma doença específica, já que
geralmente em sua descoberta molecular os usos mantêm-se em aberto (DUPANLOUT,
2009).
O nome de Ritalina foi criado nesse período e fazia referência a um apelido da
esposa do Dr. Panizzon, que utilizava a substância como um estimulante antes de suas
partidas de tênis. Quatro anos depois, o medicamento é aprovado para uso enquanto
agente para tratamento de desordens psicológicas sob esse nome fantasia de Ritalina, e
passa a ser comercializado na Suíça e Alemanha. Em 1956, ocorre a aprovação da Food
and Drug Administration (FDA) e o medicamento chega aos Estados Unidos, fazendo
grande sucesso.
Nesse período, a Ritalina era indicada para diversas condições e considerada útil
para a maioria dos diagnósticos psiquiátricos (SINGH, 2007, p.134). Seu uso era
prescrito para sintomas como depressão, cansaço e letargia, principalmente em
pacientes de meia idade e idosos. Desde o início da comercialização nos EUA até os
anos setenta, é frequente nos anúncios do medicamento a sugestão de uso para pessoas
com fadiga crônica, pacientes com depressão, auxílio para a verbalização na
psicoterapia e até mesmo sujeitos esquizofrênicos. Não há nesse conjunto de
propagandas nenhuma criança sendo retratada, apenas adultos que aparentam estar da
meia-idade à velhice, com um ar de cansaço ou tristeza, podendo apresentar em outro
quadro do anúncio sorrisos largos e aparência de satisfação. Slogans frequentes nesse
8
contexto são Ritalin Sparks Energy ou Helps Brighten the Day9, e várias vezes há um
texto que promete o alívio da fadiga crônica e aprimoramento do espírito e da
performance.
É nesse contexto que a CIBA anuncia a entrada do Ritonic no mercado. Esse
tônico consistia num coquetel de metilfenidato, hormônios e vitaminas. Seu uso estava
relacionado à melhora do humor, aumento da vitalidade e da condição nutricional de
seus usuários, que eram os pacientes geriátricos, de meia idade e que haviam passado
pela menopausa (MENHARD, p.35). No anúncio sobre o Ritonic foram referenciados
estudos que conduziram testes em asilos de idosos, e que verificaram os seus riscos e
benefícios (BARE, W. 1960; BACHRACH, S. 1957; NATENSHON, A. L. 1958). Os
resultados desses três estudos são bastante otimistas e relatam que a grande parte dos
participantes melhorou nitidamente seus sentimentos de bem estar e vitalidade,
deixando de apresentar sintomas de fraqueza, lassitude ou cansaço. No estudo de
Wesley W. Bare há ainda um agradecimento à Ciba Pharmaceutical Products pelas
doses usadas na pesquisa. Porém, mesmo com essas publicações, o Ritonic foi retirado
do mercado pela FDA com a justificativa de que não havia provas substanciais de que o
tônico fosse tão efetivo como alegavam.
Anúncio de 1959 da CIBA.
9 “Ritalina faísca energia” e “Ajuda a iluminar o dia”, em tradução livre.
9
Outro uso veiculado na época se trata de uma injeção de metilfenidato indicada
para induzir pacientes de psicoterapia à fala. A chamada Parenteral Ritalin teria como
propósito ajudar os seus consumidores a verbalizar e torná-los mais cooperativos num
curto espaço de tempo, que poderia ser tão pequeno quanto cinco minutos, segundo o
seu anúncio. Essa utilização parece estar relacionada a um período em que a psicanálise
ainda ocupava uma posição privilegiada na psiquiatria, e que as terapias com drogas
deveriam disputar o lugar com as já tradicionais. É curioso como nesse período de
transição na psiquiatria, onde a psicanálise perdeu sua hegemonia para uma vertente
biológica (RUSSO & VENANCIO, 2006), esses dois paradigmas, que hoje entendemos
como nitidamente opostos, imiscuíam-se em algumas situações. Em um anúncio de
1959 há a declaração de que a Ritalina injetável promove a verbalização do material
reprimido e subconsciente10. Outro cartaz de 1956 utiliza um linguajar psicanalítico,
prometendo a sua eficácia no tratamento de depressão leve à moderada em neuróticos e
psicóticos11.
Sobre outros usos da Ritalina parenteral, há outra propaganda, também de 1959,
que a indica para o pós-operatório de cirurgias que envolviam barbitúricos como
anestésicos, diminuindo o efeito desses sedativos e facilitando a recuperação12. As
injeções de Ritalina foram retiradas do mercado em 1988, possivelmente devido ao
potencial de abuso que uma dosagem tão forte pode provocar. De acordo com Ilina
Singh:
One can only imagine what a shot of amphetamine would do to a patient in
the doctor´s office; this form of Ritalin appears to have been taken off the
market very quickly, for reasons about which we can only speculate. For one,
abuse potential would be high. By doctors or patients or both?
(SINGH, 2007, p.136) Em tradução livre13.
10 A Ritalina Parenteral o torna mais acessível à psicoterapia por promover a verbalização do material
subconsciente reprimido. Tradução livre: “Parenteral Ritalin renders him more accessible to
psychotherapy by promoting verbalization of repressed and subconscious material”. 11 Ritalina é um estimulante cortical suave e mais seguro, que é particularmente útil para o tratamento de
depressões suaves e moderadas em pacientes neuróticos e psicóticos. Tradução livre: “Ritalin is a mild,
safer cortical stimulant which is particularly ‘efficacious in the treatment of mild to moderate depressions
in neurotic and psychotic pacients’” 12 Administrada imediatamente após a cirurgia, Ritalina parenteral rapidamente desperta os pacientes
anestesiados, diminuindo os efeitos de barbitúricos, complicações pós-operatórias e minimizando a
necessidade de extender o uso de internação. Tradução livre: “Administered immediately after surgery,
parenteral Ritalin quickly arouses your anesthetized patients decreasing barbiturate effects and
postoperative complications and minimizing the need for extended recovery-room care”. 13 Só podemos imaginar o que uma injeção de anfetamina faria em um paciente num consultório médico;
essa forma de Ritalina parece ter sido retirada do mercado muito rapidamente, por razões que só podemos
especular. Por um lado, o potencial de abuso seria alto. Por médicos, pacientes ou ambos?
10
Porém, não havia uma associação com risco ou abuso em torno da droga, mas,
pelo contrário, havia uma insistente produção discursiva que retratava a Ritalina como
um medicamento inofensivo, que não poderia causar nenhum problema (WEBER,
2000). Em manuais de química dos anos sessenta ela era agrupada na classe dos tônicos,
ao lado da cafeína, geleia real e do extrato de malte (DUPANLOUT, 2009). E em outra
publicação dos anos cinquenta há a afirmação de que “A Ritalina age com mais doçura
e por mais tempo que a cafeína e as anfetaminas, e não leva ao costume”. Já havia nessa
época o emprego relacionado a emagrecimento, melhoria da performance atlética e
como automedicação para melhorar o desempenho intelectual (ITAPORAHY, 2009,
p.62). Existiam também propagandas que afirmavam a possibilidade de utilização por
pessoas saudáveis:
“(...) segundo a recomendação da época [anos 50], os sujeitos saudáveis
também podiam aproveitar da Ritalina: ‘quando você quiser estar em plena
forma no dia seguinte de ter passado uma noite acordado, refletindo’.”
(Weber, 2000) APUD ITAPORAHY.
Havia claramente uma ligação entre o uso da substância e o aprimoramento do
estilo de vida ou aparência em seus usuários (SINGH, 2007). Por mais que
posteriormente haja a construção do estreitamento entre o metilfenidato e doenças
objetivas com fundamentação científica, nesse primeiro momento as indicações são
bastantes vagas e imprecisas. Ao invés da descrição de efeitos precisos como “[...]
melhora a atenção e a concentração, além de reduzir comportamento impulsivo [...]”
(Bula da Ritalina), vemos com frequência frases como “aprimoramento do
comportamento e da maneabilidade14”.
14 “[...] improvement in behaviour and manegeability”.
11
Nesse anúncio de 1957 vemos a indicação para o aprimoramento (improve) dos espíritos e
performance. Mais abaixo há a indicação para os apáticos (apathetic) e mal-humorados (moody).
O uso de tal psicofármaco sem ligação direta com um transtorno psiquiátrico,
não se deu pela subversão das orientações do dispositivo médico, mas eram
determinadas por este. É possível observar essas questões claramente nas suas
promessas de energizante para o espírito (boosts the spirit), alívio para a fadiga física
(relieves physical fatigue), estimulante para idosos apáticos ou mal-humorados, ou até
mesmo numa das primeiras utilizações de sua história: a ação tonificante do
comprimido para as partidas de tênis de Margarite, esposa do primeiro cientista a
sintetizar o metilfenidato.
Portanto, essa droga que hoje em dia é classificada ao lado da cocaína pela
Drug Enforcement Administration (DEA), e que portá-la sem prescrição médica em
países como o Reino Unido pode levar a uma prisão de cinco anos ou mais, já foi
consumida sem muito controle e sem nenhuma associação com o TDAH. A mesma
forma de consumo que era sugerida nas propagandas da Novartis nos anos cinquenta,
hoje em dia é condenada e implica em punição jurídica dos usuários. De acordo com
12
Dupanlout (2009, p.122), é “o decreto médico [que] traça a fronteira entre um
melhoramento químico de si legítimo e ilegítimo15”.
A construção da aliança entre a Ritalina e o TDAH enquanto um fato científico
precisaria ainda de alguns anos para ser consolidada. Esse processo não aconteceu de
forma repentina, como a partir de alguma descoberta ou fruto de uma pesquisa
específica, mas demandou o envolvimento ativo de diversos atores que não
necessariamente fazem parte do mundo da ciência.
Apenas em 1963, quase dez anos após as primeiras vendas, a CIBA anuncia que
a Ritalina também pode ser prescrita para crianças com problemas de comportamento
(MENHARD, p.35). E, ao mesmo tempo, essa não era a sua principal utilização como é
possível perceber nos anúncios dessa década, que não retratam nenhuma criança.
Durante os anos 60, pesquisadores começaram a pensar na Ritalina como um tratamento
para a síndrome da criança hiperativa, reação hipercinética, desordem do impulso
hipercinético ou hiperatividade, nomenclaturas antigas para TDAH. (MENHARD,
p.36). Segundo Dupanloup (2004), entre os anos 50 e 70 foram publicados nos EUA
centenas de estudos sobre que efeitos gerais ou específicos os estimulantes podem ter
nos comportamentos infantis16. Principalmente entre 1957 e 1964 foram publicadas
várias pesquisas sobre o uso de metilfenidato em crianças com distúrbios de
comportamento.
Esse conjunto de pesquisas culmina com a publicação, em 1966, pelo serviço
público de saúde dos Estados Unidos, do documento intitulado “Minimal Brain
Dysfunction (MBD17) in Children: Terminology and Identification” de autoria de
Samuel Clements. Esse texto de trinta páginas parecia ter como intenção unir um
conjunto de referências sobre MBD, e fundamentar cientificamente essa doença
enquanto uma entidade diagnóstica. São citados cento e vinte e quatro artigos que foram
escritos desde 1921 a 1964, e havia uma tentativa de construir uma classificação mais
homogênea e precisa desse transtorno.
15 “Le décret médical trace la frontière entre une amélioration chimique de soi légitime et illégitme”. (p.
122). 16 “Entre 1950 e 1970, segundo Loney (1980, 267), são publicados nos Estados Unidos centenas de
estudos sobre o efeito gerais e específicos dos estimulantes (principalmente a Ritalina e a Dexedrina) no
comportamento infantil” (p.128) (Em tradução livre). Original: “Entre 1950 et 1970, selon Loney (1980,
267), des centaines d’études portant sur les effets généraux ou spécifiques que ces stimulants
(principalement la Ritaline et la Dexedrine) peuvent avoir sur les comportements infantiles sont publiées
aux USA” (p.128) 17 Nomenclatura antiga para o TDAH
13
Ao mesmo tempo, os oficiais do sistema público de saúde estadunidense
passam a fazer campanhas sobre o MDB entre o público médico e geral, distribuindo
panfletos e exibindo pequenos filmes sobre como reconhecer, avaliar e tratar essa
doença (SINGH, 2007). Os anúncios da Ciba desse período sofrem mudanças e passam
a retratar pela primeira vez crianças. Os textos e imagens dessas propagandas estão
centrados, a partir dos anos setenta, a convencer os médicos da necessidade do
diagnóstico. Eles parecem ter um conteúdo educativo e se contrapor ao discurso que
defende a MDB como um mito da medicina, como é possível ver na imagem abaixo.
Anúncio de 1971 retirado da internet
Esse anúncio é um dos primeiros a representar o estereótipo da criança com
problemas de comportamento associado à Ritalina. Esse tipo de imagem passa a ser
veiculada a partir desse momento e continua por várias décadas, chegando até a
atualidade. Nela, a figura retratada é sempre um menino que parece estar fora de
controle, podendo aparecer gritando, pulando ou brigando com algum colega. A
particularidade da década setenta é que todos os anúncios encontrados dialogam com o
médico, tentando convencê-los da objetividade da disfunção cerebral mínima. São
usadas estratégias argumentativas que evocam experiências clínicas em comum desses
profissionais, como podemos ver no anúncio acima: “What medical practitioner has not,
at one time or another, been called upon to examine an impulsive, excitable
hyperkinetic child?”.
14
Paralelo ao progresso da aliança entre metilfenidato e controle infantil,
algumas críticas e polêmicas começaram a aparecer. Portais de notícias de amplo
alcance nos EUA publicaram matérias alarmistas, denunciando o uso de estimulantes
semelhantes à anfetamina em crianças. Podemos citar as publicações da revista Time
“Too many drugs”, em 1961, e “Pepills for students”, em 1970, e a do Washington
Posto “Omaha Pupils Given ‘Behavior Drugs”, em 1971. De acordo com Diller, o clima
político antiautoritário dos anos setenta também contribuiu para o aumento da
temperatura acerca do uso da Ritalina18.
Essa série de críticas resultou em mais uma participação do governo
estadunidense nas polêmicas sobre a Ritalina. Em 1971, acontece uma audiência pública
sobre o uso de drogas modificadoras do comportamento em crianças, denominada de
“Use of behavior modification drugs on gramar school children”. Nenhuma ação formal
foi tomada após as audiências.
Porém, mesmo com essas oposições claras ao enlace entre a Ritalina e o
TDAH, essa ligação se tornou com o passar dos anos mais difícil de ser dissociada. Um
conjunto de pesquisas no final dos anos setenta, representadas principalmente pela
figura de Virginia Douglas, produziram uma reformulação no conceito de reação
hipercinética. A partir desse momento, há um deslocamento dos sintomas de
hiperatividade para uma ênfase nas dificuldades de atenção e no controle dos impulsos.
Essa mudança de foco foi fundamental para que na terceira edição do DSM (1980),
ocorresse a mudança na nomenclatura para "distúrbio de déficit de atenção (DDA)", que
incluía um subtipo com e outro sem hiperatividade (LIMA, 2005).
Essa mudança garantiu mais especificidade à entidade diagnóstica, podendo ser
diferenciada de outros transtornos da infância que também tinham como sintoma a
hiperatividade, como o autismo e ansiedade. Ao mesmo tempo, foi possível incluir
outras inúmeras crianças que não apresentavam a hiperatividade, e até mesmo facilitou
a incorporação de adultos no transtorno. E foi após algumas críticas ao destaque dado à
atenção, que a nomenclatura atual foi adotada na revisão da terceira edição do DSM
(1987): "transtorno do déficit de desatenção/hiperatividade". Segundo Diller, foi a partir
18 “O clima cultural no começo dos anos setenta também colaborou para aumentar a temperatura em torno
da questão do uso da Ritalina. Os espíritos anti-autoritários dos anos sessenta encorajaram a propagação
de teorias ‘não repressivas’ do desenvolvimento das crianças e da educação”. (Em tradução livre)
Original: “The cultural climate in the early 1970´s also helped raise the temperature around the issue of
Ritalin use. The antiauthoritarian spirits of the sixties encouraged the spread of ‘nonrepressive’ theories of
child development and education […]” (DILLER, 1998)
15
desse ponto que o TDAH se tornou inextricavelmente ligado à Ritalina. Dupanlout
parece concordar com Diller quando afirma que:
“Depois dos anos 80, um arsenal de estudos e publicações foram implantados
para desarmar as crenças e resistências suscitadas contra o uso de um
derivado de antefamina em crianças19” (DUPANLOUT, p.140).
Após esse período, a utilização de Ritalina só aumentou nos Estados Unidos, e
começou a chegar a outros países, como o Brasil em 1998.
DISCUSSÃO
Para compreender essas questões pode ser profícuo pensarmos a partir do
conceito de psicofarmacologia cosmética, criado por Peter Kramer em Ouvindo o
Prozac (KRAMER, 1993). Segundo esse psiquiatra, para além de fins terapêuticos no
tratamento de doenças, o Prozac possui a capacidade de esculpir a personalidade de seus
usuários. O seu uso cosmético se daria por indivíduos sem uma patologia formal que
ingerem esse antidepressivo para aprimorarem suas capacidades pessoais, como de
iniciativa, concentração ou persistência. Kramer faz uma descrição detalhada de seus
pacientes, que através desse uso modificaram seu modo de ser para um estado
profundamente superior ao de antes. E narra a sua surpresa diante da descoberta da
possibilidade de alterar a personalidade dos pacientes a partir do uso de psicofármacos.
O uso cosmético dessas substâncias não está restrito ao Prozac, e a partir dessa premissa
podemos pensar também a farmacologia cosmética do metilfenidato.
Para Kramer (1993) essa ligação entre o uso de psicofármacos e as expectativas
sociais é claramente perceptível nos antidepressivos. Ele argumenta que há uma
mudança no uso desses medicamentos entre as mulheres estadunidenses, já que nos
décadas de 50 e 60 havia um forte consumo de ansiolíticos entre donas de casa e que
mais recentemente há uma demanda maior por substâncias como o Prozac. As primeiras
drogas produziriam efeitos tranquilizadores e estavam associados a um período em que
as mulheres eram mais impulsionadas ao confinamento no ambiente doméstico. E
antidepressivos como o Prozac geravam capacidade de iniciativa e bem-estar, que são
características mais bem ajustadas num contexto em que as mulheres se lançam com
mais intensidade no espaço público. Portanto, o uso dos fármacos está relacionado com
as exigências e objetivos de nossa sociedade, aqui e agora (KRAMER, 1993, p.58).
19 “Depuis les années 80, un arsenal d’études et de publication a été déployé pour désamorcer les craintes
et les résistances que suscite l’usage d’un dérivé d’amphétamine auprès des enfants” (p.140).
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A utilização cosmética dos psicofármacos pode ser mais perceptível no período
de surgimento desses compostos a partir da década de cinquenta, principalmente através
das propagandas produzidas pela indústria farmacêutica. Porém, essa utilização tem
crescido de forma intensa nos últimos anos, tendo em vista que a psicofarmacologia tem
se tornado um estilo de vida (ROSE, 2011), tornando-se bastante presente no âmbito
doméstico e em instituições como a escola, família ou a universidade.
Não estando indicada oficialmente para uma doença, mas para vários transtornos
mentais ou mesmo para pessoas sem enfermidades, a Ritalina já esteve oficialmente
relacionada a uma utilização cosmética. Ou seja, indicada para finalidades como a de
melhorar o humor, se manter disposto, aumentar a performance, em suma: fazer parte de
um estilo de vida farmacológico. Nesse sentido, há atualmente uma distinção moral
entre diferentes utilizações da Ritalina, já que enquanto o uso não oficial e com fins de
estudo é proibido, o outro polo que é marcado pelo intenso crescimento de diagnósticos
é estimulado. Essa proibição do primeiro caso é paradoxal, pois no seu surgimento esse
medicamento era utilizado com essas finalidades variadas que não envolviam
diretamente uma doença.
Dessa forma, é difícil a distinção entre o mau uso do metilfenidato e uso
considerado verdadeiro destinado a tratar de uma doença. Os dois casos são exemplos
de uso de drogas para atender a demandas sociais, e também demonstram como a
psicofarmacologia tem se inserido na vida dos sujeitos. A diferença está na legitimidade
dado pelo saber médico para um caso, e para outro não.
O metilfenidato faz parte de uma série de substâncias que influenciam
fortemente as relações sociais nas nossas sociedades capitalistas contemporâneas,
atuando na coprodução da nossa existência coletiva. Com a imensa utilização desse
medicamento no ambiente escolar, e em algumas situações de forma equivocada
(BARBARINI, 2011), se torna difícil negar o caráter normalizador que essas
substâncias podem ter.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do esboço desses acontecimentos que acompanharam a Ritalina desde
seu surgimento, é possível contestar algumas afirmações da psiquiatria sobre esse
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fármaco. Podemos perceber que há uma distinção fluida entre o uso associado a uma
doença objetiva e a utilização para outros propósitos. E que em toda a história do
metilfenidato o uso cosmético esteve presente.
Podemos concluir que a possibilidade da Ritalina produzir efeitos de
normalização em seus usuários é bastante plausível. Porém, para ter mais segurança
nessa afirmação é necessário atentar para a opinião das pessoas envolvidas na rede de
utilização dessa droga.
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19
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