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PROGRAMA DE DESEVOLVIMETO EDUCACIOAL - PDE SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARAÁ - SEED/PR ÚCLEO REGIOAL DE EDUCAÇÃO DE MARIGÁ UIVERSIDADE ESTADUAL DE MARIGÁ - UEM DISSEMIAÇÃO DAS COFISSÕES RELIGIOSAS O ESPAÇO GEOGRÁFICO-CULTURAL DE MARIGÁ - PR APARECIDO DAMACENO MARINGÁ/PR, 2009

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PROGRAMA DE DESE�VOLVIME�TO EDUCACIO�AL - PDE

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARA�Á - SEED/PR

�ÚCLEO REGIO�AL DE EDUCAÇÃO DE MARI�GÁ

U�IVERSIDADE ESTADUAL DE MARI�GÁ - UEM

DISSEMI�AÇÃO DAS CO�FISSÕES RELIGIOSAS �O

ESPAÇO GEOGRÁFICO-CULTURAL DE MARI�GÁ - PR

APARECIDO DAMACENO

MARINGÁ/PR, 2009

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – PARA�Á

SUPERI�TE�DÊ�CIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIO�AIS

PROGRAMA DE DESE�VOLVIME�TO EDUCACIO�AL (PDE)

IDENTIFICAÇÃO

Professor: Aparecido Damaceno ([email protected])

NRE: Maringá-Pr

Município: Maringá-Pr

Estabelecimento: Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal- Ens. Fund. E Médio

Orientação: Yolanda Shizue Aoki- Prof. MS em geografia ([email protected])

Co-Orientação: Sandra TerezinhaMalysz MS em [email protected])

IES: Universidade Estadual de Maringá-Pr

Disciplina: Geografia (0401)- Ensino Médio

Relação interdisciplinar: História- Filosofia- Sociologia

Conteúdo Estruturante: Dimensão Cultural e Demográfica do Espaço Geográfico

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AGRADECIME�TOS

À SEED-Secretaria de Estado da educação do Paraná, por oferecer as condições

político-administrativas à formação continuada aos professores da rede pública estadual. À

UEM-Universidade Estadual de Maringá, por assumir a parceria e a cumplicidade

educacional com o PDE-Programa de Desenvolvimento Educacional da SEED. À Prof.@

MS. Yolanda Shizue Aoki, minha especialíssima Orientadora, pelo profissionalismo,

comprometimento, dedicação e paciência com que subsidiou este humilde trabalho. À Prof.@.

Sandra Teresinha Malysz, minha co-Orientadora, pela dedicação, competência e presença

incentivadora na elaboração deste artigo. Ao Colégio Gastão Vidigal, por oferecer condições

didático-pedagógico-administrativas à realização deste trabalho. Aos alunos da 3ª série - Ens.

Médio, pela aceitação, compromisso e esforço na realização deste trabalho. A Deus, por tudo!

E por mais esse passo na vida profissional

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RESUMO

Este artigo discorre sobre a questão da disseminação rápida e intensa das confissões

religiosas no espaço urbano da cidade de Maringá/PR. Efetua uma breve recuperação da

história desse fenômeno no espaço nacional brasileiro enfatizando os princípios de liberdade e

pluralidade confessional e religiosa assegurados na constituição republicana de 1.891. Aponta

fatores influentes ao tema da diversidade religiosa no espaço sócio-cultural-religioso do Brasil

contextualizando a recente disseminação de novos templos e novos grupos religiosos na

cidade de Maringá/PR. Não há intenção de abordar o universo quantitativo de fiéis (ou

prosélitos) das diferentes religiosidades especificamente, e sim, identificar e compreender as

motivações determinantes da intensa e acelerada proliferação e diversificação das novas

denominações e modalidades doutrinárias e/ou teológicas que surgiram nas últimas décadas

em Maringá/PR, bem como as determinantes desse fenômeno geográfico-cultural-religioso.

Palavras-chaves: Geografia das religiões; Disseminação; Produção Flexível; Teologia da

Prosperidade; Neopentecostalismo

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I�TRODUÇÃO

A intenção do trabalho foi identificar e compreender as motivações e determinantes da

intensa e acelerada proliferação e diversificação das novas denominações e modalidades

religiosas (de caráter doutrinárias e/ou teológicas) que surgiram nas últimas décadas no

espaço urbano de Maringá/PR.

Considerando a escassez e imprecisão de dados sobre o quantitativo de

prosélitos (membros e/ou fiéis) das confissões religiosas pesquisadas, optou-se pelo

levantamento das denominações religiosas existentes nos 104 bairros trabalhados no espaço

urbano da cidade de Maringá e suas formas de proliferação e apropriação do espaço

geográfico-cultural-urbano

Segundo o Censo 2000 (IBGE), os dados mostram o Brasil como um país onde 73,6%

da população declaram-se católica apostólica romana, entretanto é significativa a

representação na população das pessoas que se declararam evangélicas pentecostais e de

missão (10,4 e 4,2% respectivamente).

Os espíritas representam 1,4% da população que declarou possuir religião; sendo que

estas apresentam os mais altos índices de escolaridade desta parcela da população: 9,6 anos de

estudo (em média) contra 5,3 anos de estudo dos evangélicos pentecostais, os quais possuem

menor escolaridade.

Segundo o IBGE, este fato está relacionado com a maior concentração dos

pentecostais nas periferias das cidades. Os dados do Censo 2000 revelam um decréscimo da

população católica no Brasil nos últimos 50 anos, enquanto a população evangélica vem

crescendo nas últimas décadas atingindo 15% em 2000.

Nos municípios maiores, o número de pessoas que se declararam sem religião

também vem aumentando o que, de certa forma, evidencia o caráter de pluralidade e de

secularização da população brasileira.

Esses dados revelam a paisagem estruturada pela religião num espaço determinado

que segundo Rosendahl (1996:11):

Geografia e religião são (...) duas práticas sociais. O homem sempre fez geografia, mesmo que não o soubesse ou que não reconhecesse formalmente uma disciplina denominada geografia. A religião (...) sempre foi parte integrante da vida do homem, como se fosse uma necessidade sua para entender a vida. Ambas, geografia e religião se encontram através da dimensão espacial, uma porque analisa o espaço, a outra porque, como fenômeno cultural, ocorre espacialmente.

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Também no espaço urbano maringaense, objeto deste trabalho, fica evidente a

interdependência da geografia e da religiosidade na formatação urbanística da cidade como

elementos da paisagem urbana local.

Nesta perspectiva foi desenvolvido o trabalho objeto deste artigo com o Título; A

disseminação das confissões religiosas no espaço geográfico-cultural de Maringá/PR, sendo

sinteticamente apresentado numa abordagem do contexto pedagógico e espacial ao qual foi

proposto:

O trabalho teve sua origem no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná- SEED-, com realização no biênio 2008-2009.

Como instrumento da política educacional de Formação Continuada, esse programa

possibilita ao professor regente da rede pública paranaense retomar a sua formação acadêmica

no período de um ano e aplicar, em forma de “Projeto de Implementação Pedagógica na

Escola”, um tema previamente escolhido e preparado pelo professor com Orientação das IEES

(Instituições de Ensino Superior), no segundo ano consecutivo, como inovação pedagógica e

metodológica, visando à melhoria da qualidade da educação pública estadual.

O trabalho em questão foi gestado em 2008 na Universidade Estadual de Maringá

(UEM) e “implementado” no primeiro semestre do ano letivo de 2009 (Fevereiro a Julho), no

Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal – ensino Fundamental e Médio, com alunos

matriculados na terceira série do ens. Médio.

Nesta análise da paisagem cultural-religiosa de Maringá-, considerou-se como marca

simbólica os espaços sagrado e profano, os quais, definidos segundo Rosendahl (1996:30-3),

como sendo a primeira expressão de uma necessidade do homem de estar em contato com o

divino impresso nas construções e ornamentações onde a experiência religiosa gera um campo

de força e de valores que eleva o homem religioso acima de si mesmo por meios de símbolos

e ritos que servem de mediação entre o humano e o divino. Diretamente em oposição a este

espaço sagrado ocorre o espaço profano, que é o espaço cotidiano comum, o espaço não

sacro; uma infinitude de lugares neutros, com circulação e movimentação de pessoas. O

espaço sagrado é um lugar singular, que exige do fiel algum sacrifício para freqüentá-lo

transcendendo do espaço profano para o sagrado.

Estes espaços se opõem e se atraem, porém nunca se misturam. O sagrado e o profano

estão sempre vinculados a um espaço social e cultural. No entanto, é possível distinguir no

espaço urbano de Maringá, a presença das diferentes confissões religiosas por intermédio da

espacialização das suas sedes ou templos que apresenta características simbólicas e aspectos

santuosos próprios. Todavia, é possível avaliar o grau de importância de cada grupo religioso

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por meio do número de pessoas que congrega bem como pelo volume de produtos colocados à

venda nos diferentes espaços de sua abrangência física e virtual.

O advento da comunicação de massa da sociedade de informação gerada pela

revolução técnico-científico-informacional aliada às mudanças conceituais e doutrinárias das

confissões religiosas pentecostais e neo-pentecostais, notadamente o neopentecostalismo de

Terceira Onda (Teologia da Prosperidade), permitiram que certos grupos confessionais

apropriassem-se de programas e canais de TV, emissoras de rádio, jornais e produção de

várias mídias, criando redes religiosas que assumiram aspectos de empresas, movimentando

produtos e capitais.

Entender como esse processo ocorre no espaço maringaense tornou-se importante

para que se pudesse avaliar o tamanho da influência dessas confissões religiosas no

“consciente coletivo” da população, notadamente, dos jovens e das gerações futuras. Apesar

da difícil mensuração do “sagrado” no espaço urbano, este trabalho aponta os dados

levantados no “Projeto de Implementação Pedagógica” como atividade desenvolvida no

Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE- da SEED/PR no 1* semestre do ano letivo

de 2009.

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1- DIME�SÃO DIALÉTICA - O LAICO E O SAGRADO

Sendo o Brasil um país “laico’ é compreensível as diferentes e variadas manifestações

religiosas na composição étnico-cultural do seu povo, porém, quais fatores justificam o

fenômeno da intensa e rápida proliferação de novas confissões religiosas na organização

espacial e sócio-cultural de Maringá. Essa proliferação se reveste de características especiais

no que se refere à quantidade de pessoas que se convertem para essas novas confissões. As

atividades desenvolvidas nesses diferentes grupos religiosos, vão desde a construção de

templos à venda de diferentes materiais produzidos e destinados aos fiéis.

Existem relações com o desenvolvimento técnico-informacional vigente na Revolução

Tecnológica ou apenas uma adaptação a essa nova realidade cultural?

Quais as relações desse fenômeno com as transformações produzidas pela revolução

técnico-científico-informacional no mundo do trabalho? A recente e intensa onda de

diversidade religiosa e a multiplicidade de novas religiões bem como sua mudança de foco

quanto aos bens materiais e à formação de grandes empresas com capitais privados possuem,

de certa forma, estreita relação com a transformação mental e reflexiva do homem pós-

moderno como afirma Marx.

Na manufatura e no artesanato, o trabalhador se serve da ferramenta; na fábrica, serve à Máquina. Naqueles, procede dele o movimento do instrumental de trabalho; nesta, tem de acompanhar o movimento do instrumental. Na manufatura, os trabalhadores são membros de um mecanismo vivo. Na fábrica, eles se tornam complementos vivos de um mecanismo morto que existe independente deles (MARX, 1989, p. 483).

Nesta afirmação de Marx fica demonstrado, de forma evidente, que as inovações

tecnológicas e as transformações delas decorridas no mundo do trabalho, modificam os

sujeitos-indivíduos e a sociedade nas suas variadas dimensões enquanto “pessoa humana’. E,

a formação deste novo trabalhador tem tudo a ver com os objetivos da sociedade. Esses

objetivos não coincidem com a ampliação da “humanidade do trabalhador’, antes as anulam

GALUCH e PALANGANA, 2008, p. 10).

Como vemos, essas mudanças na organização do trabalho e dos instrumentos

significam a difusão de uma nova racionalidade e padrão de individualidade que prescindem

da atividade reflexiva, da experiência fundada na compreensão. Este modelo de produção

evoluiu-se na escala mundial e na segunda metade do século xx, novas mudanças são

efetivadas no setor produtivo industrial atingindo agora, diretamente a vida social, política e

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cultural dos espaços envolvidos. Um novo sistema de regulamentação, de ordenamento

produtivo se impôs. A chamada “produção flexível’ estabelece confronto direto com a rigidez

do modelo Fordista. Vejamos as considerações de Harvey:

(...) Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracterizam-se pelo surgimento de setores de produção, inteiramente novos, novas maneiras de fornecimentos de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões de desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento do emprego no chamado “setor de serviços’, bem como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas (HARVEY, 2001, p. 140).

No contexto da acumulação flexível ou da Revolução-Técnico-Científico-

Informacional os países periféricos experimentam essas transformações com maior

intensidade e menor responsabilidade social, devido à situação de dependência histórica em

relação aos países representantes do capitalismo central. Assim, observa-se o desemprego

estrutural; o aumento da competição; a exigência de novas habilidades; a estagnação dos

salários; a perda do poder sindical; a flexibilização dos regimes de contratos de trabalhos; a

intensificação dos contratos temporários; os subcontratos; a terceirização; a automação; etc.

Tudo isso submetido ao domínio de grandes empresas (nacionais ou multinacionais) numa

relação intrínseca com as novas tecnologias que marcam ou demarcam o mundo e os espaços

de forma diferente e globalizada. Todavia, como evidenciam GALUCH e

PALANGANA(2008, p.08)“no trajeto da mitologia à logística, o pensamento perdeu o

elemento da reflexão sobre si mesmo, e hoje a maquinaria mutila os homens mesmo quando

os alimenta’.

Paralelamente a essa nova postura mental e reflexiva do homem pós-moderno em

relação ao mundo do trabalho identificamos um novo pensamento cultural-religioso que se

materializa, nas últimas décadas, na disseminação das novas e múltiplas confissões religiosas,

notadamente com o surgimento e a intensificação do Pentecostalismo e do Neo-

Pentecostalismo - a sua Terceira Onda – fundamentado na Teologia da Prosperidade.

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2- HERA�ÇAS HISTÓRICO-CULTURAL-RELIGIOSA �O BRASIL

O Brasil, antes do descobrimento pelos portugueses em 1500, era habitado por índios

que praticavam ritos politeístas. A ocupação do território foi acompanhada pelo processo de

catequização monoteísta cristã pelos missionários católicos europeus. A religião Católica

Apostólica Romana, religião oficial de Portugal foi, então, introduzida no Brasil Colônia por

força do Pacto Colonial. E, mesmo depois da Independência política em 1822, o Imperador D.

Pedro I manteve a Igreja católica oficialmente unida ao novo Estado-Nação. Durante o

processo de ocupação territorial houve a aproximação de diversas tendências culturais-

religiosas –o branco europeu, o indígena nativo e o negro africano- justificando a

miscigenação ou aculturação de diferentes povos e a conseqüente miscigenação religiosa.

No decorrer do período do Brasil Colônia (1500-1808) e em quase todo o período do

Brasil Império (1822-1889), a Igreja Católica Apostólica Romana foi a depositária legal e

oficial dos princípios de autoridade, de ordem e de hierarquia da sociedade brasileira,

legitimando o poder estabelecido pelo Estado.

A Igreja Católica representava uma Instituição subordinada-de certa forma- ao Estado

e, como tal, funcionava como instrumento de hegemonização social, política e cultural do

povo brasileiro. Simbolicamente, esse modelo entrou em crise com a expulsão dos Jesuítas do

Brasil Colônia em 1759. Em 1840, houve a “Romanização” da Igreja Católica no Brasil (a

Igreja volta às ordens diretas do Papa e perde o vínculo à Coroa Luso-brasileira). Mas,

somente em 1889, com a proclamação da República do Brasil foi introduzido no texto da

Constituição brasileira (1891) a expressão “liberdade de culto religioso”. Nesse momento da

história o Brasil deixava de ser um Estado Teocêntrico e passava à categoria de Estado Laico.

Para todas as igrejas e religiões, o advento da República brasileira representou o início de uma

era de expansão organizacional, de respeito a todas as formas de expressão religiosa, de

afloramento das diversidades e convicções mais íntimas do ser humano, à liberdade de

consciência.

Hoje o Brasil vive um quadro religioso de liberdade jurídico-constitucional, de

pluralidade e competitividade entre as mais diversas tendências religiosas e culturais. Em

nossos dias observa-se uma dinâmica de conversão e reconversão religiosa no conjunto das

Religiões Tradicionais, além da incorporação de novas formas de religiosidades e da criação

de novas igrejas e templos no espaço geográfico brasileiro, notadamente no espaço urbano.

Vive-se num período de plena liberdade religiosa e de disseminação de novos e variadíssimos

endereços da fé.

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Diante às profundas transformações verificadas na religiosidade do povo brasileiro e

das evidências de laicização e secularização da nossa sociedade, a ONG chilena Corporación

Latinobarometro apresentou pesquisa realizada em 2001, com o objetivo de mensurar a

confiança do povo brasileiro e latino americano nas instituições, incluindo às igrejas de modo

geral.

Os números apresentados indicam que a religião continua com alto índice de confiança

popular. Vejamos a tabela 01:

Tabela 01: INSTITUIÇÕES MAIS CONFIÁVEIS NA AMÉRICA LATINA

INSTITUIÇÕES % de confiança das pessoas pesquisadas

IGREJA (enquanto instituição) 72%

TELEVISÃO 49%

FORÇAS ARMADAS 38%

CONGRESSO (NACIONAL) 24%

PARTIDOS POLÍTICOS 21%

Fonte: ONG Corporación Latinobarômetro (2º semestre 2001)

Apesar da aparente secularização e laicização das religiosidades humanas face às

influências científicas e tecnológicas das últimas décadas a pesquisa aponta a Igreja

(entendida como Instituição de fé) como a Instituição mais confiável da América Latina, com

72%, seguida da televisão com 49% e das Forças Armadas com 38%, enquanto somente 24%

confiam no Congresso e 21% nos Partidos Políticos.

O mapa do IBGE (2000) demonstra a hegemonia cristã da população brasileira, mas

evidencia um surpreendente crescimento das religiões protestantes (cristãs não-católicas). Em

determinadas regiões do país, os Evangélicos atingem aproximadamente 20% da população

total.

Essa mobilidade religiosa interna evidencia o caráter pluralista e diverso do Brasil

religioso que apresenta além do crescimento das confissões religiosas cristãs não católicas o

crescimento de outras religiões não-cristãs.

O censo do IBGE/2000, apesar de confirmar a grande maioria de católicos, mais de

90% da população- na região nordeste- como em todas as regiões do país, evidencia também

o crescimento das confissões cristãs evangélicas em todo o território nacional nas últimas

décadas, atingindo mais de 27% da população na região norte do país.

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Os estados do nordeste brasileiro oferecem maior resistência ao avanço do

cristianismo evangélico, talvez por sua fortíssima miscigenação religiosidade afro-brasileira.

É aí que o catolicismo tradicional apresenta sua maior prevalência e o evangelismo

possui sua menor taxa de crescimento (segundo IBGE/2000).

Porém, nas últimas décadas, a religião católica apostólica romana vem diminuindo a

intensidade hegemônica no país.

O cristianismo continua sendo a matriz religiosa preponderante, porém, outras

denominações cristãs começam a ganhar terreno nos últimos 30 anos.

A figura 01 nos mostra no mapa da diversidade religiosa no Brasil-censo do

IBGE/2000-, a incidência de católicos e evangélicos, por regiões. Confira a Figura 01:

Figura 01: Mapa da diversidade religiosa -cristã no Brasil (IBGE/censo 2000)

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Apesar da confiança e da credibilidade do povo brasileiro, a Igreja no Brasil vivenciou

uma grande mudança no perfil religioso-cultural da sociedade nos últimos trinta anos. Com o

processo de pentecostalização paralelo e pertinente à modernização do mundo produtivo, a

identidade nacional foi separada da identidade cristão-católica especificamente. Veja os dados

apresentados pelo IBGE (2002) sobre essa realidade brasileira:

Tabela 02 - MUDANÇA NO PERFIL RELIGIOSO DO BRASIL (1950 - 2000)

ano católicos evangélicos espíritas outras Sem religião 1950 95,5% 3,4% 1,6% 0,8% 0,8% 1970 91,8% 5,25% 1,6% 1,0% 0,8% 1980 88,9% 6,7% 1,3% 1,2% 1,9% 2000 73,0% 15,4% 1,7% 1,4% 3,4%

Fonte: IBGE (2002)

Diante desses dados e com o processo de urbanização e de modernização da sociedade

brasileira, principalmente nos grandes centros, várias alterações são observadas com reflexos

na atuação sócio-político-economico das diversas igrejas do Brasil. Está sendo consolidado

um processo de caráter pluralista e heterogêneo das religiosidades na sociedade brasileira. De

acordo com o IBGE, convivem e coexistem, em torno de 1.200 religiões no Brasil (censo de

2000).

No aspecto político partidário, os católicos e os evangélicos formam duas grandes

bancadas no poder legislativo do país que, às vezes, votam juntos nos projetos de caráter

moral (aborto, casamento, homossexualidade, eutanásia, etc.) e nos projetos que envolvem

questões sociais (saúde, educação, trabalho, moradia, assistência social, etc.) desde que não

envolvam interesses específicos das igrejas.

No aspecto econômico, as diferentes igrejas movimentam diferentes setores da

economia, desde a construção civil, a indústria, o comércio de artigos religiosos, etc. Outro

setor que se adquire importância é o de eventos religiosos, com a reunião de grandes

multidões em estádios, ginásios durante muitos dias. Esses eventos atraem, em alguns casos,

pessoas de várias regiões, inclusive de outros países. Movimentam hotéis, bares, restaurantes

e o comércio em geral.

Nesse contexto de Liberdade Religiosa vale ressaltar a afirmação do antropólogo

“Emerson Giumbelli”, segundo o qual, as condições associadas ao princípio da liberdade

religiosa são os seguintes:

(...) separação entre Estado e igrejas, não intervenção do Estado em assuntos religiosos, restrição dos grupos confessionais ao espaço privado, igualdade das associações religiosas perante a lei, garantia de pluralismo confessional e de escolha individual (...) (GIUMBELLI, 2001:4).

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Ainda segundo o mesmo autor, o princípio da “liberdade religiosa” faz parte dos

elementos que compõem a idéia de democracia moderna. Mantém parentesco com os

princípios de “liberdade de consciência”, “liberdade de associação”, “liberdade de expressão”,

e resulta como solução para as situações problemáticas que envolvem discriminações civis em

Estados que mantinham religiões oficiais com conflitos muitas vezes sangrentos definidos por

fraturas confessionais.

Estas cessariam no momento em que o Estado e igrejas fossem autonomizados e as

crenças e as práticas religiosas passassem a depender apenas da consciência individual (Id.

Ibid. p.1). No Brasil Colônia, como se sabe, não havia liberdade religiosa. Como diz Mariano,

naquele período:

(...) o Estado regulou com mão de ferro o campo religioso: estabeleceu o catolicismo como religião oficial, concedeu-lhe o monopólio religioso, subvencionou-o, reprimiu as crenças e práticas religiosas de índios e escravos negros e impediu a entrada das religiões concorrentes, sobretudo a protestante, e seu livre exercício no país (MARIANO, 2001:127-128).

Idêntica situação se manteve no Brasil Império. “O artigo 5 da Constituição Imperial

de 25 de março de 1824, outorgada por D. Pedro I, dizia: a religião católica apostólica romana

continuará a ser a religião do Império”.

Um corolário deste artigo é de que professar a religião católica torna-se condição para

alguém ser eleito deputado (Artigo 95, parágrafo 3. da Constituição). Mas, em função do

regime de padroado, segundo o qual o Poder Executivo possui a obrigação de proteger a

religião do Estado ao mesmo tempo detém prerrogativas constitucionais como nomear bispos

e fiscalizar a igreja em assuntos administrativos e econômicos bem como de aprovar ou não

bulas pontifícias, mesmo àquelas dedicadas exclusivamente a temas religiosos (Artigo 102). A

relação entre o poder civil e o poder eclesiástico foi de crescente oposição e mesmo de

conflitos, ficando este último, cada vez mais em situação de submissão ao poder público.

Por isso mesmo, durante o período Imperial, ocorreram sérios conflitos entre Igreja e o

Estado que contribuíram para a separação entre esses poderes. Ainda durante o Império,

avanços nesse sentido foram introduzidos na Constituição de 1824 em favor da liberdade

religiosa. Por exemplo, foi garantido que - ninguém poderia ser perseguido por motivos

religiosos desde que respeitasse a religião do Estado e não ofendesse a moral pública, e desde

que os estrangeiros adeptos de credos não-católicos expressem suas crenças em suas próprias

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línguas, no âmbito doméstico e não em espaço físico com características de templos (Artigo

56). Desta forma, como destaca Mariano,

Por mais precária e limitada que fosse a liberdade religiosa estabelecida na Constituição de 1824, não há como negar que ela possibilitou o ingresso e a difusão de novos grupos religiosos no Brasil –leiam-se protestantes- e, com isso, provocou as primeiras fissuras no secular monopólio católico (MARIANO, 2002: 130).

Foi, porém, com a República, sobretudo com a primeira constituição promulgada em

1891, que ocorreu a oficialização da separação entre Igreja e Estado, pondo fim ao monopólio

católico, extinguindo o regime de padroado, secularizando os aparelhos estatais e garantindo,

pela primeira vez, a liberdade religiosa para todos os cultos.

Note-se que, apesar da pluralidade e liberdade religiosa estarem garantidas

constitucionalmente no país, a Igreja católica, por força da tradição e fatores históricos, ainda

continuava muito influente na gestão do Estado brasileiro, pois mesmo após a separação

republicana a Igreja ocupava espaços consideráveis nas áreas de saúde, educação, lazer e

cultura.

Algumas influências perduram na atualidade da sociedade como certos feriados

nacionais, de caráter religioso católico, ainda garantido pela lei civil. Porém, o Brasil Laico,

emerge com o advento da República.

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3- O PROTESTA�TISMO E PE�TECOSTALISMO �O BRASIL

O Protestantismo é o segundo maior segmento religioso do Brasil com,

aproximadamente 26,2 milhões de pessoas (15,4% da população), segundo o último censo do

IBGE, em 2000.

O Protestantismo caracteriza-se pela grande diversidade das nomenclaturas e livre

interpretação da Bíblia e nenhuma instituição, concílio ou convenção geral que agregue e

represente os Protestantes como um todo. Cada denominação religiosa protestante tem plena

autonomia administrativa e eclesiástica em relação às outras igrejas congêneres, porém todas

fazem parte de um mesmo movimento religioso interno ao cristianismo, que começou com a

“Reforma Protestante” de Martinho Lutero em 1.517. A maioria das denominações religiosas

protestantes mantém relações fraternais umas com as outras.

As primeiras igrejas protestantes chegaram ao Brasil quando, com a vinda da família

real portuguesa para o Brasil e a abertura dos portos às nações amigas por meio do Tratado de

Comércio e Navegação, comerciantes ingleses estabeleceram a Igreja Anglicana no país, em

1.811. Seguiu-se a implantação de outras igrejas de imigração: alemães trouxeram a Igreja

Luterana, em 1824, e também a Igreja Adventista, em 1.890, e imigrantes americanos

trouxeram as Igrejas Batista e Metodista. Mais tarde, missionários trouxeram as Igrejas

Congregacional e Presbiteriana, agora voltadas ao público brasileiro. Em 1.910, o Brasil

receberia o Pentecostalismo, com a chegada da Congregação Cristã no Brasil e da Assembléia

de Deus.

O Pentecostalismo no Brasil se divide em três grupos distintos que surgiram em três

épocas diferentes (STEFANO, Gilberto).

I Grupo: Os pentecostais históricos que surgiram na primeira década do século XX

(Assembléia de Deus e Congregação Cristã do Brasil).

II Grupo: Os Pentecostais de segunda geração, surgidos a partir da década de 1.950

(Quadrangular Brasil para Cristo, Casa da Benção, Deus é Amor).

III Grupo: Os Neo-pentescostais, surgidos a partir da década de 1.970, sendo sua principal

representante a Igreja Universal do Reino de Deus, porém, nas últimas décadas, com intensa

diversificação denominacional e fortíssimo apelo de conquista espacial-territorial.

O Pentecostalismo tem desenvolvido uma ampla política de apropriação espacial nas

periferias e centros das grandes cidades do Brasil.

Enquanto movimento religioso de recente história apresenta a expressiva cifra de

aproximadamente 17 milhões de adeptos em todo território nacional pelos indicativos do

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IBGE (2000). Segundo Souza (2004, p.134) “trata-se de um grande fenômeno religioso

brasileiro”; e como religiosidade emergente, lança novos métodos de evangelização e assume

a política midiática ganhando grande visibilidade.

Esse crescimento é fruto do proselitismo utilizado pelo segmento “clássico” e,

principalmente, nas últimas décadas, do segmento “neo” do Pentecostalismo, que durante o

processo de difusão espacial atingiram territorialidades diferentes.

O crescimento “periférico-centro” do Pentecostalismo mostrou tanto uma evolução

quanto uma mudança em sua metodologia de difusão espacial e territorial. A nova forma do

Pentecostalismo demonstrou a superação da teologia tradicionalista e a opção por uma

teologia liberal, inovadora propensa a uma aculturação nos parâmetros da pós-modernidade

informacional.

Essa nova tendência religioso-liberal, na verdade caracteriza-se como o Neo-

pentecostalismo surgido na década de 1970 que enfatiza a guerra espiritual entre Deus e o

diabo com seus representantes na Terra, fundamentando-se do ponto de vista Teológico, na

“Teologia da Prosperidade”, Siepierski (2001, p. 42), difusora da crença de que o cristão deve

ser próspero, saudável, feliz e vitorioso em seus empreendimentos terrenos, e por rejeitar usos

e costumes de santidade pentecostais, tradicionais símbolos de conversão e pertencimento ao

pentecostalismo Silveira (2007, p. 19).

A Teologia da Prosperidade é uma nova Doutrina surgida da interpretação de “Gênesis

17.7; Marcos 11.23-24; Lucas 11.9-10, que teve sua origem nos Estados Unidos em 1940,

sendo reconhecida como “Doutrina” na década de 1970, quando se difundiu no meio

evangélico. Enfatizam os recursos da auto-ajuda, a valorização individual e pessoal, prega a

crença sobre cura, prosperidade e poder da fé por meio da confissão pública e alta voz no

“Nome de Jesus” para receber as bênçãos almejadas. Ensina que o cristão tem o direito a tudo

de bom e de melhor que a vida possa oferecer: saúde perfeita, riqueza material, poder para

subjugar Satanás, uma vida plena de felicidade e sem problemas.

Para os divulgadores da Teologia da Prosperidade, está na hora de parar de falar sobre

justiça-injustiça social, sobre direitos humanos e sobre as abominações da riqueza mal

adquirida. Deus protege o fiel seguidor da lei, aquele que paga o dízimo, é submisso às

regulamentações dos líderes e acata humildemente as prescrições de antemão escolhidas.

Segundo Oppermann (2004), alegres empresários se reúnem e ouvem sobre o poder divino,

que livra das dívidas e garante empresas saudáveis, contanto que tenham compromisso com a

entidade.

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Deus livraria de golpes da Bolsa e de outras dificuldades das empresas e atenderia

prontamente suas orações. Nada mais daqueles temidos problemas e sobressaltos da vida.

Sofrer é parte que cabe aos descrentes, pois os que crêem no Senhor serão envolvidos em

graça e perdão. Com o desenvolvimento do Neopentecostalismo dirigido por uma lógica

empresarial o gerenciamento do movimento é redefinido e ampliado aos centros urbanos de

maior fluxo.

A visão empreendedora dessas neo-religiosidades proporcionou uma nova dinâmica ao

sagrado no espaço das grandes metrópoles, de início, e em seguida, atingindo também as

cidades médias e pequenas, ressurgindo na densa laicização e secularização do espaço urbano.

No aspecto econômico, citando Max Weber em sua obra “A Ética Protestante e o

Espírito do Capitalismo” (publicada em 1905), temos a referência seminal da ligação entre

religião e economia. Weber afirma: ...é maior o desenvolvimento capitalista nos países de

confissão protestantes desde o século XIX e é maior a proporção de protestantes entre os

empresários e a mão-de-obra mais qualificada.

Essa tese de Weber é de que o estilo de vida católico joga para outra vida a conquista

da felicidade. A culpa católica inibiria a acumulação de capital e à lógica da divisão do

trabalho, motores fundamentais do desenvolvimento capitalista. A predisposição ao trabalho

mundano e ao estudo também não seriam vantagens comparativas da ética católica.

Recorrendo a um ditado da primeira metade do século XX: “entre bem comer ou bem dormir,

há que escolher”, segundo Weber “o protestante quer comer bem enquanto o católico quer

dormir sossegado”.

Weber ressalta a importância da reforma protestante no desenvolvimento capitalista

não como um esquema causal, mas como um sistema de adoção de afinidades eletivas entre as

inovações nas estruturas religiosas e econômicas.

Como vemos, a maior ligação entre o espírito empresarial e a organização religiosa

seria uma marca dos novos ramos religiosos hoje no Brasil – e na América Latina-,

notadamente materializada na “disseminação das confissões religiosas no espaço urbano”

oriundas do Pentecostalismo e mais recentemente do Neopentecostalismo.

A Teologia da Prosperidade responde a essa realidade supracitada, comum em países

do capitalismo periférico, indicando alternativas e possibilidades de ascensão e superação, por

meio de um processo onde o fiel confronta, declara e anuncia antecipadamente a posse de

uma benção futura.

A pregação regida pela Confissão Positiva (Teologia da Prosperidade) tem atraído

indivíduos das mais distintas classes sociais, principalmente aqueles que desejam obter

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prosperidade financeira através de um contato com o mundo espiritual numa espécie de

sociedade com Deus.

Na conquista de novas territorialidades, as Igrejas Neopentecostais se organizam em

torno da lógica empresarial, desenvolvendo todo um Marketing nos testemunhos de milagres

vivenciados em suas reuniões. Esse comercial religioso transmitido via rádio, Internet e

incisivamente pelas TVs propagandeia as curas, reconciliações matrimoniais e principalmente

a prosperidade financeira como sucesso dos fiéis.

Sendo assim, identificamos a operacionalização da “Teologia da Prosperidade” como

a forma ativa da territorialidade dessa estratégia, e os templos, recintos onde se dá essa

dinâmica, como territórios simbólicos e politicamente delimitados no espaço geográfico-

cultural-religioso.

Essa territorialidade dos Neopentecostais é formada sob a égide de um poder

centralizador no que se refere à administração das suas instituições e do orçamento financeiro

envolvido.

Essa característica marca também a constituição da sua hierarquia eclesiástica e

espacial, pois a centralização é responsável pela coesão e unidade das suas redes

congregacionais. Desta forma, na análise da disseminação das confissões religiosas no espaço

brasileiro, merece destaque o aparecimento e desenvolvimento do Pentecostalismo no início

do século XX e, principalmente do Neopentecostalismo a partir da década de 1970.

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4- O PROJETO DE IMPLEME�TAÇÃO PEDAGÓGICA �A ESCOLA.

Nesta perspectiva foi desenvolvido o trabalho objeto deste artigo com o Título:

“DISSEMINAÇÃO DAS CONFISSÕES RELIGIOSAS NO ESPAÇO GEOGRÁFICO-

CULTURAL DE MARINGÁ/PR que será sinteticamente apresentado na abordagem do

contexto pedagógico e espacial ao qual foi proposto:

O trabalho tem sua origem no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da

SEED- Secretaria de Estado da Educação do Paraná com realização no biênio 2008-2009.

Como instrumento da política educacional da Formação Continuada esse programa possibilita

ao professor regente da rede pública paranaense retomar a formação acadêmica no período de

um ano e aplicar, em forma de “Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola”, um tema

previamente escolhido e preparado pelo professor com orientação das IES (Instituições de

Ensino Superior) no segundo ano, como inovação pedagógica e metodológica, visando à

melhoria da qualidade da educação na rede pública estadual.

O trabalho em questão foi gestado em 2008 na UEM (Universidade Estadual de

Maringá) e “Implementado” no primeiro semestre do ano letivo de 2009 (Fevereiro a Julho).

4.1 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O primeiro passo metodológico foi fazer a escolha do espaço a ser pesquisado. O

critério adotado foi o bairro de residência do aluno. Cada aluno protagonista do trabalho

pesquisou as confissões religiosas do seu bairro residencial, independente dos colegas de

grupo. Assim, um único grupo (seis ou sete alunos) pesquisou vários bairros, dependendo da

espacialidade residencial do grupo. Como segundo passo, definiu-se que seriam pesquisadas

as diferentes denominações de confissões religiosas de cada bairro com o objetivo de

identificar e registrar a diversidade cultural-religiosa do bairro sem, no entanto, aprofundar

nos dados numéricos e quantitativos dos fiéis (prosélitos) das respectivas religiões, dada a

escassez de fontes estatísticas e da exigüidade de tempo, já que o trabalho foi desenvolvido

pelos alunos em contra-turno.

A primeira abordagem foi efetivada pela entrevista sistematizada pelo professor e

realizada pelos alunos com pessoas moradoras nos respectivos bairros. Na seqüência, foi

realizado o trabalho escolar propriamente dito, previamente preparado pelo professor através

da “Produção Didático Pedagógica” escrita no 2º semestre de 2008, quando este sistematizou

o documento sobre o tema proposto “Disseminação das Confissões Religiosas no espaço

geográfico-cultural-religioso de Maringá”, visando à implementação, em 2009, na sala de aula

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como professor regente das turmas de 3ª série do Ensino Médio. Na realização do trabalho

escolar pelos alunos, além da entrevista com moradores dos bairros constou a realização de

várias atividades propostas na Produção Didático Pedagógica (total de dezenove atividades),

incluindo o registro das igrejas através de fotos com inserção no sistema informatizado para

confecção de cartazes e banners. Para viabilizar melhor compreensão dos alunos e subsidiá-

los no desenvolvimento da pesquisa foi trabalhado no salão nobre do colégio, vários slides

sobre as principais religiões do mundo, suas especialidades, suas determinantes sócio-

político-economico-culturais nas diferentes escalas espaciais-global, nacional e local.

Este “Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola” com o título “Disseminação da

Confissões Religiosas no espaço geográfico-cultural de Maringá/PR, foi implementado no

Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal - Ensino Fund. E Médio - situado à Rua Líbero Badaró-

252, Zona Sete-Maringá PR, com a Orientação da Universidade Estadual de Maringá-UEM.

A clientela escolhida foram os alunos matriculados na 3ª série do Ensino médio – turno

matutino- num total de nove (09) turmas com 40 alunos (média) por turma, totalizando 360

alunos.

Cada turma foi organizada em seis (06) grupos com seis ou sete (06 ou 07) alunos por

grupo. Foram então, organizados cinqüenta e quatro (54) grupos de alunos que, com a devida

orientação, desenvolveram o trabalho na cidade de Maringá.

Como último passo foi efetivada a apresentação do trabalho em sala de aula pelos

respectivos grupos.

4.2 - A IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA NA PRÁTICA ESCOLAR-CONCLUSÃO

No final do semestre (término da Implementação do Projeto) constatou-se como

resultado geral do trabalho, o seguinte quadro sintético conforme representado abaixo:

Observe a Figura 02:

Figura 02: PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA-RESUMO GERAL

Projeto de Implantação Pedagógica na Escola

TÍTULO: Disseminação das Confissões Religiosas no espaço Geográfico-cultural de Maringá-PR

COLÉGIO: Estadual Dr. Gastão Vidigal- Ensino Fund. E Médio- Maringá/PR

Professor: Aparecido Damaceno

CLIENTELA: alunos matriculados na 3* série do Ensino Médio

TURMAS: 3* A, B, C, D, E, F, G, H e I.

GRUPOS: seis grupos com seis ou sete alunos por turma

Total de alunos: 360 alunos

Total de grupos: 54 grupos com 06 ou 07 alunos cada

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Total de Entrevistas realizadas: 136 (cento e trinta e seis) entrevistas

Total de Igrejas identificadas: 96 (noventa e seis) igrejas

Total de Igrejas fotografadas: 72 (setenta e duas) igrejas

Total de Igrejas classificadas e representadas em Banners e/ou cartazes: 72 (setenta e duas) igrejas

Total de Trabalhos Escolares concluídos: 52 (cinqüenta e dois) trabalhos [dois grupos não concluíram)

As entrevistas realizadas, num total de 136 (cento e trinta e seis), foram coordenadas

pelos alunos que seguiram um modelo padrão, visando oferecer uniformidade ao resultado

final.

Os grupos de alunos foram à campo com o objetivo de identificar, fotografar (se

possível), pesquisar e registrar informações sobre as igrejas (templos) nos seus respectivos

bairros de residência, tendo como início do trabalho, a realização da Pesquisa como ponto de

partida para a sistematização do Trabalho Escolar.

Após a identificação de bairro e da pessoa entrevistada, o aluno entrevistador procurou

informações sobre as primeiras (mais antigas) confissões religiosas representadas com

Templos (Igrejas) no bairro, o surgimento de novos templos e novas religiões no decorrer do

tempo, registrando a cronologia do estabelecimento das religiosidades no bairro pesquisado.

Como critérios de agrupamento doutrinário/teológico para análise das igrejas

identificadas organizou-se um esquema classificatório com base na fundamentação

doutrinária e teológica das principais Matrizes religiosas da comunidade local, reconhecendo

as dificuldades em se delimitar as abrangências espaciais das religiosidades quanto ao número

de adeptos.

Assim, foi definido, para realização da presente pesquisa a seguinte classificação

esquemática, agrupando as confissões religiosas para efeito deste estudo.

Matriz 01 - Igrejas Cristãs Católicas Apostólica Romana

Matriz 02 - Igrejas Cristãs Evangélicas Tradicionais

Matriz 03 - Igrejas Cristãs Evangélicas Pentecostais

Matriz 04 - Igrejas Cristãs Outras Origens

Matriz 05 - Igrejas (Templos) de Origens Orientais

Matriz 06 - Igrejas (Centros) de Origens Espíritas

Matriz 07 - Igrejas (Centros) de Origens Afro-brasileira

Respeitando essa classificação, o trabalho foi direcionado com o objetivo de

identificar as principais matrizes religiosas nos bairros e, no universo doutrinário/teológico de

cada matriz, relacionar as diversas denominações existentes em cada matriz e em cada bairro.

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Veja o quadro de classificação na Figura 03:

Figura 03: CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIO-TEOLÓGICA

Organização doutrinária- principais igrejas pesquisadas em Maringá-PR

1- Igrejas Cristã Católica Apostólica Romana

2- Igrejas Evangélicas Tradicionais

3- Igrejas Evangélicas Pentecostais

4- Igrejas Cristãs Outras

5- Igrejas (Templos) com Matrizes Orientais

6- Igrejas (Templos) Matrizes Espíritas

7- Igrejas (Templos) Matrizes Afro-brasileiras

O trabalho realizado pelos alunos nos seus respectivos bairros de residência

apresentaram, com base, nos critérios estabelecidos e em conformidade com o Quadro

Esquemático definido, algumas evidências previamente aventadas, mas, também alguns

aspectos inovadores quanto à disseminação e à espacialidade das confissões religiosas em

Maringá. Vejamos a Tabela representativa do universo pesquisado na área urbana da cidade

de Maringá/PR, utilizando a classificação teológico-doutrinária das confissões religiosas:

Tabela 03: QUADRO DAS IGREJAS EXISTENTES, EM 104 BAIRROS PESQUISADOS DE MARINGÁ/PR - PRIMEIRO SEMESTRE DE 2009. Área total da pesquisa Percentuais Igrejas/Templos

1- Igreja Católica Apostólica Romana 10,4% 10

2- Igreja Evangélica Tradicional 21,8% 21

3- Igreja Evangélica Pentecostal 57,3% 55

4- Igrejas Cristão-Outras-Outras 4,2% 04

5- Igrejas (Templos) Orientais 2,1% 02

6- Igrejas (Centros) Espíritas 3,1% 03

7- Igrejas (Templos) Afro-brasileiros 1,4% 01

TOTAL 100% 96

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/ 2009

Como resultado das entrevistas realizadas “in loco” nos bairros de Maringá (total de

cento e trinta e seis entrevistas) por parte dos alunos da 3* série- Ensino “médio- identificou-

se o quantitativo e a denominação dos templos (igrejas) localizadas nos cento e quatro (104)

bairros de abrangência da pesquisa na cidade de Maringá/PR, de um total de 355 bairros

existentes na cidade.

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Para identificar a incidência das diversas confissões religiosas nas áreas urbanas

centrais da cidade e nos bairros sub-centrais e mais afastados do centro comercial e

administrativo, utilizou-se a aferição dos dados de quatro bairros determinados, como

amostragem do avanço e disseminação das novas confissões religiosas no espaço urbano.

Determinou-se assim, quatro bairros como amostragem: o bairro Zona Sete, como área

central, os bairros Jardim Alvorada e Grande Mandacaru, como áreas sub-centrais de alta

densidade demográfica e ainda, o bairro Conjunto Requião, como área afastada (periférica),

mas com alto índice de ocupação. Pode-se observar que nos bairros mais centrais, o

Pentecostalismo atinge menor incidência numérica de templos- isso não significa

necessariamente menor crescimento no número de fiéis- e nos bairros mais afastados ele

ganha terreno na competição com religiões tradicionais. Vejamos as tabelas desses bairros,

separadamente:

ZONA SETE

Tabela 04: – distribuição das igrejas na ZONA SETE de Maringá-PR

1- Igrejas Católica Apostólica Romana 02 igrejas 13,3%

2- Igrejas Evangélicas Tradicionais 03 igrejas 20,0%

3- Igrejas Evangélicas Pentecostais 07 igrejas 46,6%

4- Igrejas Cristãs – Outras 01 igreja 6,6%

5- Igrejas com Matriz Orientais 01 igreja 6,6%

6- Igrejas (Templos) com Matriz Espíritas 01 igreja 6,6%

7- Igrejas (Templos) Matriz Afro-brasileiras 01 igreja 0,3%

TOTAL: 16 igrejas 100,0%

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos-2009

Algumas peculiaridades desse bairro maringaense; sua localização é central (ao lado

do Novo Centro de Maringá) numa área super valorizada da cidade (maior valor imobiliário

por metro quadrado do Noroeste do Paraná) com uma população aproximada de 27.000

habitantes. Apesar da centralização do bairro verifica-se um extraordinário aumento das

confissões religiosas da Doutrina Evangélica Pentecostal.

Um outro bairro central também evidencia essa realidade. O Jardim Alvorada, apesar de

não tão central quanto a Zona Sete, possui alta densidade populacional (acima de 25.000

habitantes) e localização no perímetro sub-central da cidade. Seu gráfico mostra a mesma

tendência do anterior.

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JARDIM ALVORADA

Tabela 05:- distribuição das igrejas no bairro: JARDIM ALVORADA de Maringá/PR (semi-

central e um dos mais populosos)

1- Igrejas Católica Apostólica Romana 03 igrejas 25,0%

2-Igrejas Evangélicas Tradicionais 02 igrejas 16,6%

3 Igrejas Evangélicas Pentecostais 06 igrejas 50,0%

4-Igrejas Cristão-Outras-Outras 01 igreja 8,3%

5-Igrejas com Matriz Orientais 0,0%

6-Igrejas (Templos) com Matriz Espíritas 0,0%

7-Igrejas (Templos) Matriz Afro-brasileiras 0,0%

TOTAL: 12 igrejas 100,0%

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/2009

Nesses dois bairros centrais e mais antigos de Maringá fica evidente o crescimento da

Matriz cristã Pentecostal atingindo o patamar de 40 a 50% entre as demais confissões

religiosas em números de Templos nesse espaço.

Quando comparamos essa informação com a seguinte pergunta feita aos entrevistados:

“Quais as primeiras igrejas que surgiram no bairro”? Verificamos que essas igrejas

Pentecostais que se destacam numericamente, são citadas, em 92% das respostas, como

surgidas a partir da década de 1980.

Essa informação nos remete ao fato de que na década de 1970 surgia no Brasil à

chamada “terceira onda” do Evangelismo ou o “Neopentecostalismo”.

Se nos bairros centrais de Maringá a avanço do Neopentecostalismo foi rápido e

intenso, nos bairros mais afastados (periféricos) esse fenômeno fica mais patente e evidente se

conferirmos os números de dois bairros típicos das áreas urbanas dos extremos da cidade.

O resultado do trabalho no Bairro da Grande Mandacaru, localizado a noroeste da área

central da cidade também corrobora a tendência da disseminação do Pentecostalismo e de

forma enfática do Neopentecostalismo. Seu gráfico apresentou o seguinte resultado:

GRANDE MANDACARU

Tabela 06:- distribuição das igrejas no BAIRRO GRANDE MANDACARU

Igrejas do Bairro Grande Mandacaru – Maringá (12 igrejas Pesq.) Percentuais

1- Igrejas Católica Apostólica Romana 01 igreja 8,3%

2- Igrejas Evangélicas Tradicionais 02 igrejas 16,6%

3- Igrejas Evangélicas Pentecostais 07 igrejas 58,3%

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4- Igrejas Cristãs Outras 01 igreja 8,3%

5- Igrejas de Matrizes Orientais 01 igreja 4,5%

6- Igrejas (Templos) Matriz Espíritas 4,0%

7- Igrejas (Templos) Matrizes Afro-brasileiras 0,0%

TOTAL: 12 igrejas 100,0%

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/2009

Observa-se que o Pentecostalismo atinge o alto percentual de 58, % nesse bairro que,

conforme afirmação da maioria dos entrevistados, esses templos surgiram após 1985.

Ratifica-se, também neste bairro, o avanço recente do Neopentecostalismo. Trabalhou-se

também no extremo nordeste de Maringá o bairro “Conjunto Requião”, com ocupação mais

recente (década de 1990) e menos populoso (aproximadamente 8.000 habitantes), onde o

avanço do Neopentecostalismo mostra-se ainda mais recente e intenso:

CONJUNTO REQUIÃO

Tabela 07: - distribuição das igrejas no BAIRRO “CONJUNTO REQUIÃO”

Igrejas do Bairro “Conjunto Requião” de Maringá (percentuais) 11 igrejas pesq.

1- Igrejas Cristãs Católica Apostólica Romana 01 igreja 9,0%

2- Igrejas Evangélicas Tradicionais 02 igrejas 18,0%

3- Igrejas Evangélicas Pentecostais 07 igrejas 63,0%

4- Igrejas Cristãs outras 01 igreja 9,0%

5- Igrejas de Matrizes Orientais 0,0%

6- Igrejas (Templos) Matriz Espíritas 0,0%

7- Igrejas (Templos) Matriz Afro-brasileira 1,0%

TOTAL: 11 IGREJAS 100,0%

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/2009

Nesse bairro, o Neopentecostalismo elevou sua disseminação recente acima dos 61%,

ratificando seu crescimento ainda maior nas regiões urbanas mais novas e mais afastadas.

Um outro fator digno de registro é que, neste bairro, a Igreja Católica (de construção

recente) foi construída num espaço secundário do bairro, bem fora do centro mais dinâmico e

clássico da área de ocupação e as Confissões Evangélicas Tradicionais e Pentecostais ocupam

o espaço central do bairro, numa clara evidência da perda da clássica hegemonia espacial

católica frente ao avanço quantitativo e espacial, principalmente Neopentecostal.

Quando analisamos todas as igrejas pesquisadas nos 104 bairros de abrangência da

pesquisa num total de 96 igrejas, considerando os mesmos critérios de classificação das

igrejas por matriz doutrinário-teológica temos o seguinte resultado, em termos percentuais:

A matriz Afro-brasileira aparece com 1,4% apenas; a matriz oriental com 2,1%; os

espíritas contam com 3,1%; a matriz cristã “Outras” registra 4,2% .

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Essas quatro matrizes juntas representam aproximadamente 10,0% das igrejas

existentes.

Ressalta-se que a matriz católica apostólica romana (com 10,4% dos templos); e a

matriz evangélica tradicional (com 21,85), representa aproximadamente 32,0% dos templos

pesquisados, o que ratifica a resistência das confissões tradicionais na territorialidade urbana.

Porém, a matriz pentecostal surpreende com mais da metade de todos os templos

existentes na área pesquisada.

Ratifica-se nítido predomínio quantitativo das igrejas evangélicas pentecostais

representando 57,3% das confissões religiosas (Templos) na área maringaense de abrangência

da pesquisa.

Evidente que o pentecostalismo apresenta-se como principal disseminador da

pluralidade e liberdade religiosa no espaço urbano de Maringá. Reiteramos o fato de 72% dos

“entrevistados” (de um universo de 136 pessoas entrevistadas nos bairros) terem respondido

que as igrejas pentecostais surgiram a partir de 1980.

Essa afirmativa, quando associada à forma de classificação dos Evangélicos

Pentecostais no Brasil, Mariano (2004, p. 123), que apresenta os três grupos (ondas) do

pentecostalismo, torna evidente que a Terceira Onda denominado “�eopentecostalismo”, é

realmente o seguimento religioso específico, responsável pelo fenômeno da intensa e recente

“Disseminação Religiosa no espaço urbano de Maringá. Analisando o item 3 –Tabela 03-

observamos que dos 57,3% de Evangélicos Pentecostais identificados na pesquisa, temos

apenas 18,5% deles que se classificam como pertencentes as primeira e segunda “Ondas” e

que 81,5% deles, são pertencentes à Terceira Onda ou “Neopentecostalismo”.

Vejamos as Tabelas representativas do fenômeno da disseminação das religiosidades

em Maringá, conforme os itens de classificação ordenados na Tabela nº. 03, com suas

diversas matrizes e denominações com os números de seus respectivos Templos (Igrejas)

identificados nos 104 bairros pesquisados:

Pela ordem de classificação adotada, apresenta-se a primeira matriz religiosa de

origem cristã Católica Apostólica Romana que possui dez igrejas na área pesquisada em

Maringá.

Veja na Figura 04 abaixo:

Figura 04 - QUADRO DAS IGREJAS CRISTÃS CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA

TEMPLOS IGREJAS

1- Paróquia Santo Antonio de Pádua 01

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Fonte:

Pesquisa

realizada

pelos

alunos/20

09

Essa

categoria denominacional prevalece, via de regra, nos bairros mais antigos e centrais da

cidade, o que denota a clássica organização urbana européia herdada pelo Brasil nos períodos

colonial e imperial quando o poder religioso ainda era atrelado ao poder civil. Porém, essa

regra apresenta-se menos intensa em vários bairros de Maringá, evidenciando a perda da

hegemonia tradicional católica romana e o avanço pentecostal das últimas décadas.

Na segunda categoria da classificação, aparecem as igrejas da matriz cristã

Evangélicas Tradicionais. Essa matriz possui 21 igrejas na área da pesquisa.

Veja a Figura 05 a seguir:

Figura 05: QUADRO DAS IGREJAS CRISTÃS EVA�GÉLICAS TRADICIO�AIS

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/2009

Nessa matriz cristã dos evangélicos tradicionais, o trabalho ratifica a prevalência de

seus templos em locais mais populosos e centrais, apesar de, em menor número, seus templos

são mais suntuosos, seu ritual mais rígido com cerimonial mais sistematizado que as novas

2- Paróquia São Miguel Arcanjo 01

3- Paróquia Santa Izabel de Portugal 01

4- Paróquia Santa Maria Goretti 01

5- Paróquia São Judas Tadeu 01

6- Paróquia Divino Espírito Santo 01

7- Paróquia Nossa Senhora Aparecida 01

8- Paróquia São Francisco de Assis 01

9- Paróquia Sagrado Coração de Jesus 01

10-Paróquia São José Operário 01

TOTAL: 10 TEMPLOS 10

Denominações Templos

1- Igreja Evangélica Luterana do Brasil 01

2- igreja Adventista do Sétimo Dia 02

3- Igreja Evangélica Adventista da Promessa 01

4- Igreja Evangélica Batista 02

5- Igreja Evangélica Batista Renovada 03

6- Igreja Evangélica Batista Ebenézer 02

7- Igreja Evangélica Internacional Batista da Fé 02

8- Igreja Evangélica Presbiteriana Independente Jeová Raphá 01

9- Terceira Igreja Presbiteriana Independente de Maringá 01

10-Igreja Evangélica Presbiteriana Renovada 05

11-Igreja Batista Renovada - Ministério Missão da Fé 01

TOTAL: Denominações 11 Total 21

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“ondas” do neopentecostalismo. Apesar de algumas denominações dessa categoria apresentar

adjetivo “Renovada”, a sua inserção e sua prática no meio sócio-econômico urbano traduz

valores menos liberais e mais rígidos quanto ao comprometimento doutrinário de seus

prosélitos.

Na seqüência do quadro de classificação doutrinário-teológica aparece a matriz

Evangélica Pentecostal.

A maioria dos templos (57,3%) existentes na área pesquisada em Maringá pertence a

essa matriz religiosa que agrega as igrejas Cristãs Evangélicas Pentecostais.

De um total de 96 templos na área de pesquisa, 55 deles ou (57,3%) são pentecostais.

Se considerarmos que o pentecostalismo compreende três “Ondas” ou grupos distintos,

percebemos que a sua terceira “Onda” ou o Neopentecostalismo representa a denominação de

maior incidência no espaço em questão (104 bairros de Maringá), com 45 templos ou (46,8%)

do total.

A Figura 06 representa o quadro das igrejas Evangélicas pentecostais devidamente

organizadas em suas três “Ondas” distintas: a) - o pentecostalismo clássico; b) - o

deuteropentecostalismo; c) - o Neopentecostalismo.

Observe a Figura 06 abaixo:

Figura 06:- QUADRO DAS IGREJAS CRISTÃS EVANGÉLICAS PENTECOSTAIS

Grupos Denominações Pentecostais Templo 1- Igreja Congregação Cristã no Brasil 02 2- Igreja Assembléia de Deus 02

1*O�DA-1910 Pentecostalismo

Clássico Total Igrejas (Templos) Pentecostais Clássicos-1* Onda 04

1- Igreja do Evangelho Quadrangular 02 2- Igreja - O Brasil para Cristo 01 3- Igreja Pentecostal Deus é Amor 02 4-Igreja Casa da Benção 01

2* O�DA Deuteropentecost

alismo Total Igrejas (Templos) Pentecostais- 2* Onda 06

1- Igreja Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra 01 2- Igreja Universal do Reino de Deus 05 3- Igreja Internacional da Graça de Deus 02 4- Igreja Renascer em Cristo 03 5- Igreja Evangélica Pentecostal Cristo Te Chama 01 6- Igreja comunidade Cristã Evangélica Ministério da Fe 01 7- Igreja Pentecostal de Jesus Cristo 02 8- Igreja Betesda 02 9- Igreja Pentecostal - na Casa de Meu Pai Há Muitas Moradas 01 10- Igreja Manancial de Maringá 01 11- Igreja Evangélica Unidos em Cristo 02 12- Igreja Pentecostal Ministério Santo de Jesus 01 13- Igreja Jerusalém de Deus 02 14- Igreja de Jesus Cristo 01 15-Igreja Só o Senhor é Deus 04 16-Igreja Evangélica Comunidade Missão de Jesus 01

3* O�DA �eopentecostalis

mo

17-Igreja Comunidade Cristã Paz e Vida 01

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18-Igreja Casa de Davi-Centro Missionário de Reintegração Social 01 19-Igreja Evangélica Apostólica 02 20-Igreja Evangélica Cristã Maranata 02 21-Igreja Evangélica Avivamento Bíblico 03 22-Igreja Evangélica- O Verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo 01 23-Igreja Pentecostal Encontro com Deus 02 24-Igreja Pentecostal Primitiva Divina Rosa de Sarom 01 25-Igreja Primitiva Casa de Oração Divino companheiro 01 26- Igreja Missionária 01 Total Igrejas (Templos) Evangélicos �eopentecostais-3* Onda 45

Templos Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/2009

Segundo afirmações da maioria dos moradores entrevistados (72,0% deles), esses

Templos são de construções mais recentes e mais simples, tendo surgido após as décadas de

1980-1990. Na sua maioria, ocupam espaços alugados e não possuem sede própria.

O Neopentecostalismo empreende surpreendente conquista da territorialidade urbana

nas últimas décadas, caracterizando-se como determinante do processo de disseminação das

confissões religiosas no espaço urbano geográfico-cultural de Maringá/PR.

Fundamentado na “Teologia da Prosperidade”, o Neopentecostalismo configura-se por

uma lógica empresarial com visão empreendedora redefinindo o georeferênciamento com

uma nova dinâmica das religiosidades no contexto do espaço geográfico-cultural-religioso

maringaense.

Na quarta categoria da classificação doutrinária apresenta-se a matriz cristãs Outras.

São confissões cristão com diferentes fundamentações teológicas. Confira a Figura 07

abaixo:

QUADRO DAS IGREJAS CRISTÃS OUTRAS

Figura 07: QUADRO DAS IGREJAS CRISTÃS – OUTRAS MATRIZES

Denominações Templos

1- LBV-Legião da boa Vontade: A Religião de Deus 01

2- Salão do Reino-Testemunhas de Jeová 02

3- Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias-Mórmons 01

Denominações: 03 04

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/2009

Esse quadro com as Igrejas cristãs de outras matrizes, consideradas mais raras no

Brasil, o que se verifica também na área urbana maringaense, objeto desta pesquisa, com

apenas três denominações diferentes num total de quatro templos evidencia o caráter diverso e

pluralista das religiosidades no espaço urbano maringaense. O trabalho identificou apenas três

denominações diferentes com 04 templos, sendo que o Templo dos Mórmons é recente, ainda

em fase de conclusão de construção.

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Na quinta ordem de classificação estão as confissões matriz Orientais. Apresentam

religião e filosofia com concepções da civilização oriental.

Foram identificados dois templos na área de trabalho.

Veja a Figura 08 a seguir:

Figura 08: QUADRO DAS IGREJAS (Templos) ORIENTAIS

1- Templo Seicho-no-iê 01

2- Templo Budista Honganji 01

TOTAL 02

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/2009

Quanto às religiosidades de Matrizes orientais, apenas duas denominações diversas

com um único Templo todas foram registradas no espaço urbano dos 104 bairros pesquisados.

Apesar da pequena incidência, essa matriz religiosa complementa o espaço urbano da

cidade com traços dessa nova territorialidade confessional e diversa.

Há que ressaltar a importância desses templos orientais na configuração do dinamismo

turístico da cidade bem como no enriquecimento cultural no contexto local e regional.

No sexto item da classificação adotada apresentam-se os templos da matriz Espíritas.

Aparecem no espaço pesquisado, três templos.

Observe a Figura 09 abaixo:

Figura 09: QUADRO DOS TEMPLOS (CENTROS) ESPÍRITAS

1- Centro Espírita Caminheiro 02

2- Associação Espírita de Maringá 01

Denominações 03

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/2009

As denominações Espíritas estão representadas na área de pesquisa com duas

denominações, num total de três templos no espaço de abrangência deste trabalho.

Destaca-se o forte caráter sócio-cultural e filantrópico dessa matriz religiosa na

sociedade local.

No último item da classificação doutrinária/teológica registra-se a matriz Afro-

brasileira.

Identificou-se um templo dessa matriz relifiosa no presente trabalho.

Confira abaixo a Figura 10:

Figura 10: QUADRO DOS CENTROS (TERREIROS) DA MATRIZ AFRO-BRASILEIRA

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Umbanda 1- Centro de Umbanda Tambor de Mina 01

Denominação: 01 Centro: 01

Fonte: pesquisa realizada pelos alunos/2009

Nesse quadro da matriz Afro-brasileira, houve o registro de apenas uma denominação

com um único Templo público. Reitera-se que aparecem outras manifestações de Umbanda e

Candomblé em vários pontos da área pesquisada, mas sem um endereço fixo ou estabelecido

que caracterize templo público permanente dessa matriz religiosa.

Como conseqüência histórica, o sincretismo afro-brasileiro é característica também do

espaço cultural-religioso da cidade de Maringá.

CO�SIDERAÇÕES FI�AIS

O crescimento do Neopentecostalismo se deu intensamente no espaço urbano da

cidade de Maringá a partir das décadas de 1980-1990.

Fundamentado na moderna Teologia da Prosperidade, o Neopentecostalismo forja um

novo modelo de igreja para atender as demandas espirituais de uma sociedade capitalista

fundamentada na produção flexível.

Com a flexibilização de ritos e prédicas doutrinárias abre-se à aculturação religiosa e

incentiva o sincretismo que une (aproveita) e às vezes repele os elementos da cultura secular.

Como forma de captar fiéis em massa, direciona a apropriação e instalação de suas igrejas nos

centros urbanos.

Estrategicamente, loca ou compra grandes imóveis para transformá-los em templos e

essa disseminação de igrejas interfere no fluxo local chocando o sagrado e o profano

(sacralizando a paisagem urbana altamente secularizada).

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A Teologia da Prosperidade, como corrente teológica, mostra-se capaz de acompanhar a

acelerada transformação da sociedade contemporânea fundamentada na Revolução Técno-

científico-informacional.

O Neopentecostalismo, dirigido por uma mentalidade empreendedora e de

mercantilização do sagrado (Mariano, 2003, p. 53), direciona a conquista de uma

territorialidade que não mais se restringe aos espaços urbanos periféricos, mas, ganha as áreas

centrais da cidade de Maringá, a exemplo da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus).

Antes, observa-se o Neopentecostalismo promovendo a desterritorialização religiosa

ou recriando territórios que se dá na linha das novas regras de convivência e associação,

transgredindo as fronteiras definidas pela geografia e pelas delimitações socioculturais.

Ocupam os territórios urbanizados através da tele mídia, vencendo as fronteiras entre o

público e o privado, o concreto e o virtual, a cultura de massa e a popular.

O rompimento desse espaço dá-se dentro dos lares maringaenses, pois, dividimos os

programas televisivos da alta mídia nacional e regional com pastores utilizando português

sofrível, sendo veiculado pela televisão com todo aparato sofisticado, reservado, até a pouco,

à cultura erudita.

Certamente, a cultura metropolitana oferece sua aceitação a essas mudanças do espaço

geográfico-sócio-cultural-religioso protagonizado pela terceira onda do pentecostalismo ou

“Neopentecostalismo”.

Vê-se, portanto, a determinante da perda da capacidade reflexiva imposta pela

revolução técnico-científica e da acumulação flexível que impõe a busca de valores imediatos

em detrimento às regras universais estabelecidas, como base sócio-cultural que pressupõe

novos padrões teológicos adaptados ao atual momento capitalista produtivo.

O atendimento individualizado e personalizado imposto pela revolução científico-

tecnológica no mundo do trabalho requer novas adaptações na cultura religiosa como se

apresenta na teologia da prosperidade, segundo Araujo (2007, p. 06),... a Teologia da

Prosperidade é uma corrente teológica que mostra-se capaz de acompanhar a acelerada

transformação da sociedade contemporânea na revolução técnico-científico-informacional.

Nesta sucinta reflexão não se pretende ater-se às análises teológicas sobre as

confissões religiosas ou questionamentos sociológicos a respeito das transformações da

acumulação flexível, pós-fordista.

Apenas destacar as relações pertinentes do mundo produtivo atual como se apresenta

competitivo, concorrencial, individualista, efêmero e imediatista com os pressupostos

teológicos da Teologia da Prosperidade.

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Relações que se complementam se assimilam e se fortalecem no sentido da superação

de valores tradicionais e universais estabelecidos e na implementação do caráter de

flexibilização, competição, personalização e individualização impostos pela acumulação

flexível da revolução técnico-informacional da pós-modernidade.

Ressaltamos a contribuição do trabalho extra-sala para a clientela escolar do ensino

médio como oportunidade de compreender as inter-relações das dimensões econômica, social,

cultural e política com as determinantes da dimensão das religiosidades humanas na

construção e transformação do espaço geográfico.

Depoimentos de vários alunos bem como as conclusões de vários trabalhos escolares

produzidos pelos grupos atestam a transposição dos conceitos espontâneos para os conceitos

científicos por deles, superando a condição passiva pela nova postura protagonista como

cidadãos interativos no espaço local (cidade de Maringá) e percebendo e concebendo os

espaços regionais e globais na dinâmica cultural-religiosa.

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