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Disseminação da Covid-19 no Brasil

Disseminação da Covid-19 no Brasil

Resumo

/ Pela primeira vez, vemos uma estabilidade do número de mortes no Brasil nas duas principais fontes de dados – Registro Civil e Ministério da Saúde.

/ A disseminação da doença é heterogênea entre os estados e regiões. Enquanto alguns estados mostram tendência de redução de mortes, outros estão em clara ascensão.

/ Proxies para distanciamento social e nossas estimativas para a proporção da população já imunizada ao Covid-19 não são capazes de explicar as diferenças nas tendências de crescimento dos óbitos.

/ Em contraste com a dinâmica das mortes, não há ainda indício de estabilidade do número de novos casos.

/ Para o RJ e SP, os dados de hospitalizações corroboram a dinâmica vista no número de mortes e não são compatíveis com o forte aumento do número de novo casos das últimas semanas.

/ Sobre a interiorização da doença, não é claro para nós que o fato de um maior alastramento geográfico da doença torne o seu controle muito mais difícil. A abertura dos dados de SP e RJ corroboram essa visão.

/ A abertura da economia vai encontrar estados em estágios muito diferentes. No RJ já há uma tendência mais clara de redução da propagação da doença e uma proporção maior da população já imunizada contra o vírus. Em SP, o número de mortes e hospitalizações ainda não mostram declínio e a incidência é menor. O risco de uma reaceleração é maior em SP.

Paulo [email protected] www.marasset.com.br

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MAR ASSET MANAGEMENT

JUNHO 2020

Primeiros indícios de estabilidade do número de óbitos por Covid-19 no Brasil

A disseminação da Covid-19 varia bastante entre os estados do Brasil. Enquanto alguns estados já mostram redução do número de mortes na margem, outros ainda apresentam clara tendência de aumento.

Isso fica claro quando dividimos os estados em três grupos de acordo com a tendência do número de mortes <gráfico 3>.

Os últimos dias mostraram os primeiros sinais de alívio da Covid-19 no Brasil. O número de novos óbitos estabilizou no final de maio de acordo com os dados da Central de Informações do Registro Civil <gráfico 1> e do Ministério da Saúde <gráfico 2>.

Gráfico 1: Número de óbitos por Covid-19 no Brasil registrados em cartórios

Gráfico 2: Número de óbitos por Covid-19 no Brasil registrados junto ao Ministério da Saúde

Mortes/dia Mortes/dia, média móvel 7 dias

Fonte: Central de Informações do Registro Civil, Mar Asset Management Fonte: Ministério da Saúde, Mar Asset Management

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/ O grupo verde possui os estados cujo número de mortes já está em declínio. O grupo é formado pelo Rio de Janeiro e a maior parte dos estados da Região Norte.

/ O grupo amarelo é constituído pelos estados cujo número de óbitos estejam próximos a estabilidade nos últimos dias. Entre eles, estão os estados de São Paulo e os estados da região Centro-Oeste.

/ O grupo vermelho é formado pelos estados com tendência ainda altista do número de mortes. Os estados mais representativos são os da região Nordeste.

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Gráfico 3: Óbitos por Covid-19 no Brasil Mortes/dia, média móvel 7 dias

Fonte: Ministério da Saúde, Central de Informações do Registro Civil, Mar Asset Management

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3/30/2020 4/6/2020 4/13/2020 4/20/2020 4/27/2020 5/4/2020 5/11/2020 5/18/2020 5/25/2020 6/1/2020

O grupo verde já vinha apresentando desaceleração no início de maio e, prova-velmente, atingiu o pico de mortes no dia 25. O grupo amarelo, muito influencia-do pela dinâmica de SP, mostrou desaceleração na última semana. Não é possível descartar uma eventual reaceleração ao longo de junho.

Os estados no grupo verde foram, via de regra, mais afetados pela doença em comparação com o restante do País. A taxa de incidência mediana (mortes por Covid-19 por milhão de habitantes) no grupo verde é de 198. Nos grupos amarelo e vermelho foram, respectivamente, 43 e 75. Ou seja, os estados que apresentam melhor dinâmica tendem a ser aqueles em um estágio mais avançado da doença.

Não é possível determinar a razão pela qual os estados com maior incidência tendem a apresentar uma maior desaceleração. É possível que seja em função da reação da população que, ao perceber um maior risco de contágio da doença, adotou medidas para evitar uma maior propagação. Pode ser também por conta de imunização de uma parcela maior da população, o que tenderia a reduzir o número de pessoas suscetíveis a ficarem doentes.

No entanto, nem proxies para distanciamento social, nem nossas estimativas de percentual da população apresentam evidências robustas que corroborem essas duas conjecturas. De fato, o grupo amarelo, que possui a menor incidência foi também o que apresentou o maior aumento da mobilidade social de acordo com o índice do Google <gráfico 4>. O grupo vermelho, que ainda não apresentou indícios de estabilização foi o que mais reduziu a mobilidade social. Em relação a imunização, nossas estimativas sugerem que todos os estados possuem menos de 10% da população já previamente infectada e com anticorpos contra o Sars-Cov-2 <gráfico 5>.

AC, BA, MT, PB, PI, RN, SC, SE, CESP, AL, AP, DF, GO, MG, MS, PR, RSPA, AM, ES, MA, PE, RJ, RO, RR, TO

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JUNHO 2020

Gráfico 4: Índice de mobilidade mediano por grupo Gráfico 5: Estimativa da % da população imunizada Média móvel de 7 dias % do total

Fonte: Google Mobility, Mar Asset Management Fonte: Ministério da Saúde, Mar Asset Management

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10-Mar 24-Mar 7-Apr 21-Apr 5-May 19-May0%

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Gráfico 6: Registro de óbitos vs. de novos casos de Covid-19 no Brasil Mortes, casos/dia, média móvel 7 dias

Fonte: Ministério da Saúde, Central de Informações do Registro Civil, Mar Asset Management

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Novos casos (lhs) Novas Mortes (rhs)

Dicotomia entre número de novas mortes e de novos casosUm risco muito relevante para as conclusões acima é que os dados de registro de novos casos mostram dinâmicas bastante diferentes dos dados de óbitos. De acordo com o Ministério da Saúde, não há indício de estabilidade dos novos casos, em contraste com o número de novas mortes <gráfico 6>.

Não é clara a razão para essa diferença. É possível que a redução de mor-tes seja explicada pela melhora nos protocolos de atendimento hospitalar. Alternativamente, o aumento de novos casos em maio pode ser por conta de um maior número de testes.

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Esse resultado não parece ser específico para estados/grupo de estados. Com exceção do grupo vermelho, todos apresentaram dinâmica parecida, com forte descolamento entre novos casos e novos óbitos a partir de maio <gráficos 7 a 9>.

Hospitalizações em SP e RJ mais em linha com número de óbitosDados sobre hospitalização no Rio de Janeiro e em São Paulo estão mais em linha com a dinâmica de mortes nestes dois estados. O número agregado entre internações e pessoas na lista de espera por leitos para tratamento de Covid-19 na cidade do Rio de Janeiro mostra declínio desde o início de maio <gráfico 10>. Isso é compatível com o declínio de óbitos visto no estado no mesmo período <Gráfico 11>.

Gráfico 7: Número de óbitos vs. casos no grupo verde

Gráfico 8: Número de óbitos vs. casos no grupo amarelo

Gráfico 9: Número de óbitos vs. casos no grupo vermelho

Mortes, casos/dia, média móvel 7 dias (mil) Mortes, casos/dia, média móvel 7 dias (mil) Mortes, casos/dia, média móvel 7 dias (mil)

Fonte: Ministério da Saúde, Mar Asset Management Fonte: Ministério da Saúde, Mar Asset Management Fonte: Ministério da Saúde, Mar Asset Management

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Casos

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Gráfico 10: Número de pessoas internadas e em lista de espera na rede do SUS – Cidade do RJ

Gráfico 11: Mortes por Covid-19 por data efetiva de óbito no estado do RJ

Número de pacientes Mortes/dia

Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro, Mar Asset Management Fonte: Central de Informações do Registro Civil, Mar Asset Management

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Hospitalizados Lista de Espera

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Disseminação da doença para o interior não parece ser determinante em SP e RJTambém nesses dois estados, a interiorização da doença não parece ter sido o fa-tor mais determinante na dinâmica dos óbitos por Covid-19 nas últimas semanas.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, o número de óbitos semanais aumentou em 451 entre a primeira e a última semana de maio na região metro-politana da capital de São Paulo. No restante do Estado, o aumento foi de 161 no mesmo período <gráficos 14 e 15>. O alastramento da doença ainda depende muito mais do crescimento na capital e arredores do que no restante do estado.

Gráfico 12: Número de pessoas internadas em SP em todos os hospitais Número de pacientes

Fonte: Governo de São Paulo, Mar Asset Management

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UTI Enfermaria

Gráfico 12: Gráfico 13: Mortes e casos por Covid-19 no estado de SP

Mortes, casos/dia, média móvel 7 dias

Fonte: Ministério da Saúde, Mar Asset Management

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Novasmortes(lhs)

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Gráfico 14: Número de óbitos por Covid-19 nas regiões do estado de São Paulo

Gráfico 15: Número de óbitos por Covid-19 nas regiões do estado de São Paulo

Mortes/semana

Fonte: Ministério da Saúde, Mar Asset Management Fonte: Ministério da Saúde, Mar Asset Management

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RegiãoMetropolitanaex-capital

Outrosmunicípios

30-Mar 6-Apr 13-Apr 20-Apr 27-Apr 4-May 11-May 18-May 25-May 1-JunSPcapital 103 141 212 259 457 511 600 573 699 749GrandeSPex-capital 7 33 47 85 212 201 345 323 436 414Outros 2 18 45 85 119 117 144 179 258 278

População 30-Mar 6-Apr 13-Apr 20-Apr 27-Apr 4-May 11-May 18-May 25-May 1-JunSPcapital 28% 92% 80% 75% 69% 64% 63% 61% 59% 57% 56%GrandeSPex-capital 21% 6% 13% 14% 17% 21% 22% 25% 26% 27% 27%Outros 51% 2% 7% 11% 14% 15% 15% 14% 15% 16% 16%

29-Mar 5-Apr 12-Apr 19-Apr 26-Apr 3-May 10-May 17-May 24-May 31-MaySPcapital 8 20 37 58 96 137 186 233 290 351GrandeSPex-capital 1 4 9 18 41 62 98 133 179 223Outros 0 1 3 7 12 17 24 32 43 56

Incidência(Mortesporsemana/milhõesdehabitantes)

%dosóbitossemanaisnoestadodeSP

TotaldeóbitossemanaisporCovid-19

No estado de São Paulo, tanto as internações como o número de óbitos diários, aumentaram em cerca de 35% entre o início e o fim de maio <gráficos 12 e 13>. O número de novos casos diários mais do que dobrou nesse mesmo período.

TOTAL DE ÓBITOS SEMANAIS POR COVID-1930MAR 06ABR 13ABR 20ABR 27ABR 04MAI 11MAI 18MAI 25MAI 01JUN

SP CAPITAL 103 141 212 259 457 511 600 573 699 749

GDE. SP EX-CAPITAL 7 33 47 85 212 201 345 323 436 414

OUTROS 2 18 45 85 119 117 144 179 258 278

ÓBITOS SEMANAIS NO ESTADO DE SP (%)POPULAÇÃO 30MAR 06ABR 13ABR 20ABR 27ABR 04MAI 11MAI 18MAI 25MAI 01JUN

SP CAPITAL 28% 92% 80% 75% 69% 64% 63% 61% 59% 57% 56%

GDE. SP EX-CAPITAL 21% 6% 13% 14% 17% 21% 22% 25% 26% 27% 27%

OUTROS 51% 2% 7% 11% 14% 15% 15% 14% 15% 16% 16%

INCIDÊNCIA (MORTES POR SEMANA / MILHÕES DE HABITANTES)29MAR 05ABR 12ABR 19ABR 26ABR 03MAI 10MAI 17MAI 24MAI 31MAI

SP CAPITAL 8 20 37 58 96 137 186 233 290 351

GDE. SP EX-CAPITAL 1 4 9 18 41 62 98 133 179 223

OUTROS 0 1 3 7 12 17 24 32 43 56

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Não é claro para nós que o fato de um maior alastramento geográfico da doen-ça torne o seu controle muito mais difícil. Principalmente no caso das regiões dentro do mesmo estado, já que estão sujeitas a mesma política de combate a disseminação da doença.

Finalmente, a reabertura da economia sendo atualmente implementadas em fa-ses no RJ e em SP ocorrem em momentos bastante distintos de disseminação da doença. No RJ já há uma tendência mais clara de redução da propagação da doença e uma proporção maior da população já imunizada contra o vírus. Em SP, o número de mortes e hospitalizações ainda não mostram declínio e a incidência é menor. Em nosso ver, o risco de uma reaceleração é maior em SP.

Gráfico 16: Óbitos por Covid-19 no estado do Rio de Janeiro Mortes /dia, média móvel 7 dias

Fonte: Central de Informações do Registro Civil, Mar Asset Management

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19-mar-20 2-abr-20 16-abr-20 30-abr-20 14-mai-20 28-mai-20

Capital Outrosmunicípios

No Rio de Janeiro, o número de óbitos diários já apresenta declínio na capital e no restante do estado desde, pelo menos, a segunda metade de maio <gráfico 16>. Os picos de mortes nessas duas regiões não parecem ter sido muito distan-tes um do outro.



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CAPITAL OUTROS MUNICÍPIOS

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Gráfico 17: Óbitos por Covid-19 nos EUA Mortes /dia, média móvel 7 dias

Fonte: John Hopkins, Mar Asset Management

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ConclusãoOs dados mais recentes mostram um cenário um pouco melhor, mas ainda desa-fiador, para o Brasil. O fato de alguns estados já mostrarem desaceleração pode ser um sinal de que um pico nas demais regiões também esteja perto. Se o Brasil seguir o padrão dos EUA, é isso que tende a ocorrer <gráfico 17>. Um exercício de divisão de estados em grupos similar ao feito acima para o Brasil mostra que, eventualmente, os estados mais atrasados acabaram atingindo o pico de óbitos algumas semanas após o grupo mais avançado.

O maior risco segue sendo uma segunda onda. Esse risco é exacerbado pelo processo de reabertura da economia que ocorre na maior parte dos estados. Continuaremos seguindo de perto os desdobramentos no Brasil e no resto do mundo. Convidamos nossos clientes a acompanhar a nossa visão na nossa apresentação <link>, que é atualizada diariamente em nosso site.

AK / CT / ID / KS / LA / MA / ME / MI / NJ / NY / OK / VT / WV / WY

AL / AR / AZ / IL / MO / MS / DE / IA / ND / NM / NH / OH / PA / RI

CA / CO / DC / FL / GA / HI / IN / KY / MD / MN / MT / NC / NE / NV / OR / TN / TX / WA / WI

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