Disser Tac Aot Ass i a Marques Final

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Influência das propriedades térmicas da envolvente opaca no desempenho de habitações de interesse social em São Carlos, SP Tássia Helena Teixeira Marques

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Transcript of Disser Tac Aot Ass i a Marques Final

  • Influncia das

    propriedades

    trmicas da

    envolvente opaca no

    desempenho de

    habitaes de

    interesse social em

    So Carlos, SP

    Tssia Helena Teixeira Marques

  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DE SO CARLOS

    Tssia Helena Teixeira Marques

    Influncia das propriedades trmicas da envolvente opaca no

    desempenho de habitaes de interesse social em So Carlos, SP

    Dissertao apresentada ao Instituto de

    Arquitetura e Urbanismo de So Carlos da

    Universidade de So Paulo, como parte

    dos requisitos para a obteno do ttulo

    de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

    rea de concentrao:

    Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia

    Orientadora:

    Profa. Dra. Karin Maria Soares Chvatal

    Apoio:

    Fundao de Amparo Pesquisa do

    Estado de So Paulo - FAPESP

    So Carlos

    2013

  • FOLHA DE JULGAMENTO

  • DEDICATRIA

    amiga Marieli Lukiantchuki, exemplo de

    pessoa, profissional e pesquisadora, que

    me ensinou, entre tantas outras belas

    coisas, que podem ser necessrias 99

    tentativas para que a centsima atinja o

    seu objetivo.

  • AGRADECIMENTOS

    Diante da vastido do tempo e da imensido do universo, um imenso prazer dividir um

    planeta e uma poca com voc.

    Carl Sagan

    Agradeo, sincera e profundamente:

    Deus.

    Aos meus pais, Cleber e Tnia, e aos meus irmos Daniel, Danilo, Thas, Telma e Denys, pelo

    apoio incondicional, pela presena, pelas oraes, e pela importncia que sempre tero

    em minha vida. Em especial ao meu irmo Denys, pela companhia durante o mestrado,

    pela ajuda em todos os momentos e principalmente na reviso deste trabalho.

    professora Karin Chvatal, grande responsvel pelo meu amadurecimento enquanto

    pesquisadora, pela excelncia na orientao e pelo exemplo profissional passado.

    s professoras Lucila Chebel Labaki, Kelen Dornelles e Rosana Caram, pela contribuio e

    pelo incentivo imprescindveis ao longo da pesquisa, na Qualificao e na Defesa final.

    FUNDAO DE AMPARO PESQUISA DO ESTADO DE SO PAULO FAPESP, por apoiar

    este trabalho.

    Aos amigos e amigas presentes durante o Mestrado (ou alm dele), listados aqui em

    ordem alfabtica por medo de que outra ordem possa atribuir maior ou menor

    importncia qualquer um deles: Adriana Almeida, Adrielle Favini, Ana Paula Tavares,

    Ariel Lazzarin, Cristiane Bueno, Daniel Polistchucky, Debora Verniz, Fernanda Faria,

    Fernando Cavalcanti, Gabriela Miglino, Helenice Sacht, Isabel Morim, Isabella Denzin,

    Jacqueline Souza, Josiane Nogueira, Juliana Lukiantchuki, Kattia Villadiego, Leticia

    Mattaraia, Lizeth Rodriguez, Lyda Patio, Mariana Goulart, Marieli Lukiantchuki, Natlia

    Calvi, Nicole Oliveira, Rafaela Izeli, Raquel Arata, Rodrigo Jabur e Rosilene Brugnera.

    Obrigada pela presena (prxima ou distncia, constante ou passageira mas sempre

    especial) em minha vida.

    Carla e Florent Mrmol, que me receberam em sua casa durante minha estadia em

    Marselha. Um agradecimento muito especial, pelas conversas, pelos passeios, pelas

    risadas e pelas boas lembranas.

    Ao Victor Roriz, pela ajuda nas exploraes do modelo e do software EnergyPlus.

    Ao Fernando Westphal, por ter intermediado meu primeiro contato com o software

    EnergyPlus, e por, atravs de sua empolgao, ter me despertado o interesse para a rea

    de simulao.

    Ao arquiteto Silmar Fattori, da Caixa Econmica Federal, e aos arquitetos Irene Rizzo e

    Paulo Pignanelli, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), pela

  • gentileza em fornecerem informaes sobre tipologias habitacionais durante a fase de

    levantamentos da pesquisa.

    Aos professores Mohamed Belmaziz, Alain Guyot e Aziz Boukara, da cole Nationale

    Suprieure dArchitecture de Marseille (ENSA), pela acolhida em Marselha e pelo auxlio na

    reviso de parmetros de modelagem e na anlise de dados climticos.

    A todos os funcionrios do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So

    Paulo, pela gentileza em auxiliar sempre que necessrio. Ao Srgio Celestini, Alessandro

    Souza, Lucinda Silva, Ftima Mininel, Mara Santos, Jos Zanardi, Paulo Ceneviva, Daniel

    Picon, Oswaldo de Andrade e Evandro Bueno. Em especial a: Marcelo Celestini (o querido

    Marcelinho) e Geraldo Pereira, pela ateno sempre solcita, pela pacincia e pelo apoio

    fundamentais para o desenvolvimento deste mestrado.

    Aos funcionrios do Laboratrio de Construo Civil do IAU: Srgio Trevelin, Srgio

    Pratavieira, Paulo Albertini, e aos agregados Donizetti Becaro, Jos Renato Dibo, Odinei

    Carlos e Pedro Mattia, pelos cafezinhos, pelas conversas e por tantos bons momentos

    vividos no LCC.

    Ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo e todos os seus

    professores, pelo importante papel desempenhado em minha formao.

    A todos que de alguma forma contriburam com esta pesquisa, os meus sinceros

    agradecimentos.

  • A recompensa reside no esforo, e no no resultado

    obtido. O esforo total a vitria plena.

    Mahatma Gandhi

  • RESUMO

    MARQUES, Tssia Helena Teixeira. Influncia das propriedades trmicas da envolvente

    opaca no desempenho de habitaes de interesse social em So Carlos, SP. 2013. 143p.

    Dissertao (Mestrado) Instituto de Arquitetura e Urbanismo de So Carlos, Universidade

    de So Paulo, So Carlos, 2013.

    O objetivo principal desta pesquisa analisar a influncia da transmitncia trmica da

    envolvente opaca (paredes e coberturas) e de outros parmetros (cor das superfcies

    exteriores, ventilao natural e inrcia trmica) que interferem no desempenho trmico de

    edifcios habitacionais de interesse social no clima da cidade de So Carlos, SP. Aps

    levantamento de dados em construtoras e em rgos pblicos e privados ligados

    habitaes, foi selecionado um modelo unifamiliar trreo representativo desta tipologia

    para a anlise. Como a pesquisa baseia-se em simulaes paramtricas de desempenho

    trmico, inicialmente feito um estudo sobre padres de modelagem de habitaes,

    identificando quais elementos so mais relevantes. Definidos os parmetros da

    modelagem, procede-se verificao dos valores mximos de propriedades da

    envoltria prescritos na norma NBR 15575 Edificaes habitacionais - Desempenho, e no regulamento RTQ-R: Regulamento tcnico da qualidade para o nvel de eficincia

    energtica em edificaes residenciais. Esta anlise fornece indcios sobre a dificuldade

    em fixar valores desta propriedade para o fechamento opaco, uma vez que seu

    desempenho definido pelas caractersticas da envoltria como um todo. Por fim, so

    realizadas trs sries de simulaes paramtricas, variando-se a transmitncia trmica de

    paredes e coberturas, a inrcia das paredes externas, as cores das superfcies expostas

    radiao solar, o aproveitamento de ventilao natural e o uso de cargas internas

    (ocupao, iluminao e equipamentos). De acordo com os resultados, verifica-se que os

    melhores desempenhos trmicos esto associados a baixos valores de transmitncia da

    envoltria opaca das habitaes. Contudo, percebe-se que as faixas de valores tornam-

    se muito tnues quando analisa-se o desempenho conjunto dos parmetros da envoltria.

    Conclui-se que h uma dificuldade no estabelecimento dos limites de transmitncia sem

    considerar a totalidade de fatores que influem no comportamento trmico da habitao.

    Isso implica em uma anlise conjunta dos materiais de paredes e coberturas e das cores

    das superfcies exteriores (transmitncia, capacidade trmica e absortncia). Alm disso,

    critrios que considerem perodos de vero e inverno de acordo com predominncia no

    clima da cidade e ainda outras caractersticas, como porcentagem de rea envidraada

    por orientao de fachada, devem ser considerados nas anlises.

    Palavras-chave: Envolvente opaca de habitaes; Transmitncia trmica; Absortncia

    trmica; Simulao de desempenho trmico; Paredes; Coberturas; NBR 15575; RTQ-R.

  • ABSTRACT

    MARQUES, Tssia Helena Teixeira. Influence of the thermal properties of the opaque

    envelope in the thermal performance of social housing in So Carlos, SP. 2013. 143p. Master

    thesis Architecture and Urban Planning Institute of So Carlos, University of So Paulo, So Carlos, 2013.

    The main objective of this research is to analyze the influence of the thermal transmittance

    of the opaque envelope (walls and roof) and other parameters (color of the exterior

    surfaces, natural ventilation and thermal mass) that affect the thermal performance of

    social housing in the city of So Carlos, SP. After a research in public and private agencies

    related to housing construction, a single-family model was selected for the studies. First, it

    was carried out a study on parameters of the simulation models, identifying which elements

    are most relevant for the software. Defined the parameters of the models, it was made a

    verification of maximum values of properties of the envelope prescribed in the standard NBR

    15575 - Residential Buildings - Performance and in the regulation RTQ -R: Technical

    Regulation for the quality level of energy efficiency in residential buildings. This analysis

    provides evidence of the difficulty of setting values of this property (U-value) for the opaque

    envelope, since its performance is defined by the thermal characteristics of the envelope as

    a whole. Finally, it was made three series of parametric simulations varying the thermal

    transmittance of walls and roofs, the thermal inertia of the external walls, the colors of the

    surfaces exposed to solar radiation, the use of natural ventilation and the use of internal

    loads (occupancy, lighting and equipment). The results indicate that the best performances

    are associated with low thermal transmittance of the opaque envelope of housing.

    However, it is clear that the ranges of transmittance values become very tenuous when we

    analyze the performance of all parameters of the envelope. We conclude that to establish

    limits of transmittance values results is an incomplete analysis of the thermal performance of

    the building. It is necessary to consider all factors that influence the thermal behavior of

    housing, which involves the analysis of the materials of walls and roofs and the colors of

    exterior surfaces. It is also important to adopt different criteria to consider summer and

    winter according to predominance in the climate of the city, and to consider in the analysis

    the percentage of glass area of the exterior envelope.

    Keywords: Housing opaque envelope; Thermal transmittance; Thermal absorptance;

    Simulation of thermal performance; Walls; Roof; NBR 15575 ; RTQ -R.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Parmetros especificados pela norma NBR 15220............................................................................................... 36

    Figura 2: Mapa das oito zonas bioclimticas brasileiras ........................................................................................................ 37

    Figura 3: Procedimento de avaliao de desempenho trmico segundo a NBR 15575 ................................. 41

    Figura 4: Exemplo de etiqueta para edificaes. ..................................................................................................................... 46

    Figura 5: Vistas das tipologias modeladas para o EnergyPlus ........................................................................................... 64

    Figura 6: Formato de apresentao do plug-in Open Studio ........................................................................................... 65

    Figura 7: Anlise do arquivo climtico epw pelo diagrama de Givoni ....................................................................... 81

    Figura 8: Formato de apresentao do IDF Editor .................................................................................................................... 85

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo a NBR 15220 ................................................. 39

    Tabela 2: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo a NBR 15220 ............................................ 39

    Tabela 3: Tamanho de aberturas para ventilao segundo a NBR 15220 ................................................................ 39

    Tabela 4: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo a NBR 15575 ................................................. 42

    Tabela 5: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo a NBR 15575 ............................................ 43

    Tabela 6: Tamanho de aberturas para ventilao segundo a NBR 15575 ................................................................ 43

    Tabela 7: Desempenho trmico mnimo, intermedirio e superior ................................................................................. 44

    Tabela 8: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo o RTQ-R............................................................ 47

    Tabela 9: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo o RTQ-R ...................................................... 48

    Tabela 10: Tamanho de aberturas para ventilao segundo o RTQ-R........................................................................ 48

    Tabela 11: Comparativo de valores para o desempenho trmico de paredes: NBR 15220, NBR 15575 e

    RTQ-R ..................................................................................................................................................................................................................... 52

    Tabela 12: Comparativo de valores para o desempenho trmico de coberturas: NBR 15220, NBR 15575

    e RTQ-R ................................................................................................................................................................................................................. 53

    Tabela 13: Comparativo de tamanhos de aberturas para ventilao: NBR 15220, NBR 15575 e RTQ-R 54

    Tabela 14: Tipologias selecionadas .................................................................................................................................................... 64

    Tabela 15: Dados gerais sobre as tipologias ................................................................................................................................. 65

    Tabela 16: Orientaes das tipologias ............................................................................................................................................. 66

    Tabela 17: Padro de ocupao RTQ-R ......................................................................................................................................... 69

    Tabela 18: Atividades dos usurios RTQ-R ....................................................................................................................................... 69

    Tabela 19: Padro de uso RTQ-R .......................................................................................................................................................... 70

    Tabela 20: Padro de uso de iluminao RTQ-R ........................................................................................................................ 71

    Tabela 21: Potncia de iluminao RTQ-R ..................................................................................................................................... 71

    Tabela 22: Padro de equipamentos RTQ-R................................................................................................................................. 71

    Tabela 23: Principais dados de entrada .......................................................................................................................................... 72

    Tabela 24: Principais parmetros das simulaes ..................................................................................................................... 73

    Tabela 25: Etapa 1 das simulaes paramtricas ..................................................................................................................... 74

    Tabela 26: Etapa 2 das simulaes paramtricas ..................................................................................................................... 76

    Tabela 27: Etapa 3 das simulaes paramtricas ..................................................................................................................... 78

    Tabela 28: Dados de temperaturas e umidade para a cidade de So Carlos ..................................................... 80

    Tabela 29: Graus-hora de desconforto anual para So Carlos ........................................................................................ 84

    Tabela 30: Faixas de conforto mensais para a cidade de So Carlos ......................................................................... 84

    Tabela 31: Desempenho trmico mnimo, intermedirio e superior para a Zona 4 ............................................. 87

    Tabela 32: Roteiro de cada etapa das simulaes ................................................................................................................. 89

    Tabela 33: Temperaturas finais do solo obtidas para cada situao ........................................................................... 91

    Tabela 34: Temperaturas do solo a 0,50m de profundidade de acordo com arquivo climtico ............... 91

    Tabela 35: Resultados para os testes de temperatura do solo ......................................................................................... 92

    Tabela 36: GH de desconforto em cada orientao - TA ................................................................................................... 93

    Tabela 37: Temperaturas mximas e mnimas em cada orientao TA ................................................................. 93

    Tabela 38: GH de desconforto em cada orientao TB ................................................................................................... 94

    Tabela 39: Temperaturas mximas e mnimas em cada orientao TB .................................................................. 95

    Tabela 40: TA - Resultados para os testes: medidas da geometria, caixilhos, venezianas e beirais .......... 98

    Tabela 41: TB - Resultados para os testes: medidas da geometria, caixilhos, venezianas e beirais ......... 100

    Tabela 42: Propriedades trmicas de paredes e coberturas segundo a NBR 15575 e o RTQ-R ................. 102

    Tabela 43: Atendimento aos mtodos simplificado e de simulao da NBR 15575 .......................................... 109

    Tabela 44: Vistas e perspectiva TA .................................................................................................................................................... 134

    Tabela 45: Dados das zonas TA ........................................................................................................................................................... 134

  • Tabela 46: Dados das janelas TA........................................................................................................................................................ 134

    Tabela 47: rea envidraada em relao s fachadas TA ............................................................................................. 135

    Tabela 48: Vistas e perspectiva TB ..................................................................................................................................................... 135

    Tabela 49: Dados das zonas TB, considerando um apartamento trreo .................................................................. 135

    Tabela 50: Dados das janelas TB, considerando um apartamento trreo............................................................... 135

    Tabela 51: rea envidraada em relao s fachadas TB, considerando um apartamento trreo .... 136

    Tabela 52: Propriedades dos materiais para o modelo ....................................................................................................... 137

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1: Graus-hora de resfriamento e aquecimento em So Carlos, SP ................................................. 84

    Grfico 2: Avaliao das paredes pelo dia tpico de vero ....................................................................... 104

    Grfico 3: Avaliao das paredes pelos graus-hora anuais de calor ......................................................... 104

    Grfico 4: Avaliao das paredes pelo dia tpico de inverno ...................................................................... 105

    Grfico 5: Avaliao das paredes pelos graus-hora anuais de frio ............................................................. 105

    Grfico 6: Avaliao das coberturas pelo dia tpico de vero .................................................................... 106

    Grfico 7: Avaliao das coberturas pelos graus-hora anuais de calor .................................................... 107

    Grfico 8: Avaliao das coberturas pelo dia tpico de inverno ................................................................. 107

    Grfico 9: Avaliao das coberturas pelos graus-hora anuais de frio ........................................................ 108

    Grfico 10: Etapa 1 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas

    Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 112

    Grfico 11: Etapa 1 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -

    Desconforto relativo por frio

    Grfico 12: Etapa 1 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -

    Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................ 113

    Grfico 13: Etapa 1 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -

    Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 115

    Grfico 14: Etapa 2 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -

    Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 117

    Grfico 15: Etapa 2 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -

    Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 118

    Grfico 16: Etapa 2 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -

    Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 119

    Grfico 17: Etapa 2 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -

    Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 120

    Grfico 18: Etapa 2 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -

    Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 121

    Grfico 19: Etapa 2 - TA - Paredes com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes coberturas -

    Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 122

    Grfico 20: Etapa 3 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -

    Desconforto relativo por calor ............................................................................................................................. 123

    Grfico 21: Etapa 3 - TA - Coberturas com =0.30 e =0.90 associadas a diferentes paredes -

    Desconforto relativo por frio ................................................................................................................................ 124

    Grfico 22: Etapa 1 - TA - Paredes com =0.60 associadas a diferentes coberturas - Desconforto

    relativo por calor .................................................................................................................................................... 140

    Grfico 23: Etapa 1 - TA - Paredes com =0.60 associadas a diferentes coberturas - Desconforto

    relativo por frio ........................................................................................................................................................ 141

    Grfico 24: Etapa 1 - TA - Coberturas com =0.60 associadas a diferentes paredes - Desconforto

    relativo por calor .................................................................................................................................................... 142

    Grfico 25: Etapa 1 - TA - Coberturas com =0.60 associadas a diferentes paredes - Desconforto

    relativo por frio ........................................................................................................................................................ 143

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Principais dados da NBR 15220 .............................................................................................................................. 35

    Quadro 2: Principais dados da NBR 15575 .............................................................................................................................. 40

  • LISTA DE EQUAES

    Equao 1 ................................................................................................................................................................................................... 32

    Equao 2 ................................................................................................................................................................................................... 32

    Equao 3 ................................................................................................................................................................................................... 33

    Equao 4 ................................................................................................................................................................................................... 33

    Equao 5 ................................................................................................................................................................................................... 33

    Equao 7 ................................................................................................................................................................................................... 33

  • LISTA DE SIGLAS

    = condutividade trmica

    = absortncia radiao solar

    Ch= graus-hora

    A= abertura para ventilao

    a= difusividade trmica

    b= efusividade trmica

    c= calor especfico

    C= capacidade trmica

    e= espessura

    EP= EnergyPlus

    FS= fator de calor solar

    FT= fator de correo da transmitncia

    FV= fator de ventilao

    GH= graus-hora

    R= resistncia trmica

    Ren/h= renovao por hora

    Rse= resistncia superficial externa

    Rsi=resistncia superficial interna

    Rt= resistncia trmica total

    T= temperatura

    TA= Tipologia A

    TB= Tipologia B

    U= transmitncia trmica

    = densidade de massa aparente

    = atraso trmico

  • SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................................................... 16

    LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................................................... 17

    LISTA DE GRFICOS ................................................................................................................................................................ 19

    LISTA DE QUADROS ................................................................................................................................................................ 20

    LISTA DE EQUAES .............................................................................................................................................................. 21

    LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................................................................................... 22

    SUMRIO ................................................................................................................................................................................... 24

    1. INTRODUO.................................................................................................................................................................. 28

    1.2. OBJETIVOS .......................................................................................................................................................................... 29

    1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAO .................................................................................................................................. 30

    2. REVISO BIBLIOGRFICA............................................................................................................................................ 31

    2.1. A ENVOLTRIA E SUAS PROPRIEDADES TERMOFSICAS .......................................................................... 31

    2.1.1. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS OPACOS ............................................................................................... 31

    2.2. NORMAS E REGULAMENTO SOBRE DESEMPENHO TRMICO DE HABITAES NO BRASIL ..... 34

    2.2.1. NBR 15220: DESEMPENHO TRMICO DE EDIFICAES ...................................................................... 34

    2.2.1.1. ZONEAMENTO BIOCLIMTICO BRASILEIRO ............................................................................................ 37

    2.2.1.2. DIRETRIZES CONSTRUTIVAS ........................................................................................................................... 38

    2.2.2. NBR 15575: EDIFICAES HABITACIONAIS - DESEMPENHO ............................................................ 40

    2.2.2.1. PROCEDIMENTO NORMATIVO SIMPLIFICADO ....................................................................................... 42

    2.2.2.2. PROCEDIMENTO DE SIMULAO COMPUTACIONAL ......................................................................... 43

    2.2.3. RTQ-R: REGULAMENTO TCNICO DA QUALIDADE PARA O NVEL DE EFICINCIA

    ENERGTICA EM EDIFICAES RESIDENCIAIS ............................................................................................................. 46

    2.2.3.1. PR-REQUISITOS .................................................................................................................................................. 47

    2.2.3.2. MTODO PRESCRITIVO ..................................................................................................................................... 48

    2.2.3.3. MTODO DE SIMULAO ................................................................................................................................ 49

    2.2.4. COMPARAES ENTRE OS DOCUMENTOS: NBR 15220, NBR 15575 E RTQ-R ......................... 50

    2.3. IMPACTO DAS PROPRIEDADES TERMOFSICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO

    TRMICO DO EDIFCIO .......................................................................................................................................................... 55

    2.3.1. INFLUNCIA DA TRANSMITNCIA E DA INRCIA NO DESEMPENHO TRMICO DAS

    EDIFICAES.............................................................................................................................................................................. 56

    3. METODOLOGIA .............................................................................................................................................................. 63

    3.1. MODELOS ANALISADOS ......................................................................................................................................... 63

    3.1.1. TIPOLOGIAS ........................................................................................................................................................... 63

  • 3.1.2. ORIENTAO ........................................................................................................................................................ 65

    3.2. PARMETROS ANALISADOS ................................................................................................................................. 66

    3.2.1. ENVOLTRIA ......................................................................................................................................................... 66

    3.2.1.1. PAREDES EXTERNAS ........................................................................................................................................... 66

    3.2.1.2. COBERTURA ........................................................................................................................................................... 67

    3.2.1.3. COR DAS SUPERFCIES EXTERIORES ............................................................................................................ 68

    3.2.1.4. PAREDES INTERNAS ........................................................................................................................................... 68

    3.2.2. VENTILAO MNIMA: CONDIES DE INFILTRAO DE AR ......................................................... 68

    3.2.3. APROVEITAMENTO DA VENTILAO NATURAL .................................................................................... 69

    3.2.4. GANHOS INTERNOS ........................................................................................................................................... 69

    3.3. DADOS DE ENTRADA: TESTES DA INFLUNCIA DE PARMETROS DA MODELAGEM PARA A

    SIMULAO .............................................................................................................................................................................. 72

    3.4. DADOS DE ENTRADA: AVALIAO DOS VALORES-LIMITE DE TRANSMITNCIA

    ESTABELECIDOS PELA NBR 15575 E PELO RTQ-R ..................................................................................................... 73

    3.5. DADOS DE ENTRADA: ANLISES PARAMTRICAS DE DESEMPENHO TRMICO DA TIPOLOGIA

    ESCOLHIDA EM FUNO DOS VALORES DE TRANSMITNCIA DA ENVOLTRIA OPACA ..................... 74

    3.5.1. SRIE 1 ...................................................................................................................................................................... 74

    3.5.2. SRIE 2 ...................................................................................................................................................................... 76

    3.5.3. SRIE 3 ...................................................................................................................................................................... 77

    3.6. DADOS CLIMTICOS ................................................................................................................................................ 79

    3.6.1. ARQUIVO CLIMTICO TRY ............................................................................................................................... 79

    3.6.2. CLIMA DA CIDADE DE SO CARLOS, SP .................................................................................................... 80

    3.6.3. ANLISE DO CLIMA ATRAVS DE NDICES DE CONFORTO TRMICO .......................................... 82

    3.6.3.1. NDICE DE CONFORTO DA ASHRAE-55 ..................................................................................................... 82

    3.6.3.2. NDICE DE CONFORTO BASEADO EM GIVONI ........................................................................................ 83

    3.6.3.3. NDICE DE CONFORTO BASEADO EM TEMPERATURAS FIXAS AO LONGO DE TODO ANO 83

    3.6.3.4. RESULTADOS ......................................................................................................................................................... 83

    3.7. SIMULAO COMPUTACIONAL .......................................................................................................................... 85

    3.7.1. PROGRAMA DE SIMULAO .......................................................................................................................... 85

    3.8. FORMAS DE ANLISES DOS RESULTADOS ..................................................................................................... 86

    3.8.1. GRAUS-HORA DE DESCONFORTO ANUAL (GH) .................................................................................... 86

    3.8.2. DESCONFORTO ANUAL RELATIVO............................................................................................................... 86

    3.8.3. TEMPERATURAS PARA O DIA TPICO DE VERO E INVERNO DADAS PELA NBR 15575 ....... 87

    4. RESULTADOS E DISCUSSO ...................................................................................................................................... 88

    4.1. TESTES DA INFLUNCIA DE PARMETROS DA MODELAGEM PARA A SIMULAO ..................... 88

  • 4.1.1. INTRODUO ....................................................................................................................................................... 88

    4.1.2. MTODOS ............................................................................................................................................................... 88

    4.1.3. IMPACTO DA TEMPERATURA DO SOLO NOS MODELOS ................................................................... 90

    4.1.3.1. RESULTADOS ......................................................................................................................................................... 91

    4.1.4. IMPACTO DOS PARMETROS: MEDIDAS INTERNAS, CAIXILHOS, VENEZIANAS E BEIRAIS . 92

    4.1.4.1. DEFINIO DA ORIENTAO PARA ANLISE ......................................................................................... 92

    4.1.4.2. HABITAO TRREA ........................................................................................................................................... 97

    4.1.4.3. HABITAO MULTIFAMILIAR ......................................................................................................................... 99

    4.2. AVALIAO DOS VALORES-LIMITE DE TRANSMITNCIA ESTABELECIDOS PELA NBR 15575 E

    PELO RTQ-R .............................................................................................................................................................................. 102

    4.2.1. INTRODUO ..................................................................................................................................................... 102

    4.2.2. MTODOS ............................................................................................................................................................. 102

    4.2.2.1. PAREDES COM DIFERENTES VALORES DE U E ABSORTNCIAS .................................................... 103

    4.2.2.2. COBERTURAS COM DIFERENTES VALORES DE U E ABSORTNCIAS ........................................... 105

    4.2.2.3. COMPARAO ENTRE OS PROCEDIMENTOS DE SIMULAO E SIMPLIFICADO DA NBR

    15575 108

    4.3. DESEMPENHO DA TIPOLOGIA ESCOLHIDA EM FUNO DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA

    ENVOLTRIA OPACA TRANSMITNCIA, ABSORTNCIA E CAPACIDADE TRMICA .............................. 111

    4.3.1. SRIE 1 .................................................................................................................................................................... 111

    4.3.2. SRIE 2 .................................................................................................................................................................... 117

    4.3.3. SRIE 3 .................................................................................................................................................................... 121

    5. CONCLUSES ................................................................................................................................................................ 125

    5.1. SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................... 126

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................................................................. 128

    7. APNDICES ..................................................................................................................................................................... 134

    APNDICE A Tipologias: vistas, perspectivas e dados gerais dos modelos ................................................ 134

    APNDICE B Propriedades dos materiais utilizados nas simulaes ............................................................. 136

    APNDICE C Grficos de resultados completos da Srie 1 ............................................................................... 140

  • 28

    1. INTRODUO

    Projetistas da rea civil lidam com um grande nmero de variveis na realizao de

    um projeto, dentre elas as relacionadas ao conforto trmico. Define-se conforto trmico

    como o estado da mente que expressa a satisfao do homem com o ambiente trmico

    (ASHRAE, 2010). Assim, o desconforto pode ser sentido quando h diferena no balano

    entre a energia produzida e a energia perdida pelo corpo, tendo assim a sensao de

    calor ou frio. O adequado desempenho trmico de edificaes garante o conforto dos

    usurios e surge como uma ferramenta importante para o projeto de edifcios, contribuindo

    ainda para a economia de energia e alinhando-se ao tema da eficincia energtica.

    Em linhas gerais, o desempenho trmico de uma edificao depende da

    orientao do edifcio como um todo (seus ambientes de maior permanncia e seu

    entorno), das condies de ventilao, das caratersticas dos materiais opacos e

    transparentes e das trocas de calor que ocorrem atravs deles. Em um projeto de

    habitao social as caractersticas das superfcies opacas da envoltria (paredes e

    cobertura) e as estratgias de ventilao natural so os principais elementos que

    influenciam o conforto, uma vez que dificilmente esta tipologia apresenta sistema de ar

    condicionado e as superfcies transparentes no representam uma rea significativa.

    No Brasil, h duas normas e um regulamento que tratam do desempenho trmico

    de habitaes: a NBR 15220 (ABNT, 2005), a NBR 15575 (ABNT, 2013) e o RTQ-R (INMETRO,

    2010). A primeira refere-se especificamente a habitaes unifamiliares de interesse social.

    Ela estabelece o zoneamento bioclimtico brasileiro, dividindo o territrio em oito zonas

    para as quais apresenta estratgias de adequao ao conforto trmico de acordo com o

    clima. A segunda norma, NBR 15575, trata de edificaes residenciais, independente da

    rea do projeto, e abrange diversos outros itens alm do desempenho trmico, como

    aspectos estruturais e acsticos, por exemplo. Essa norma apresenta mtodos para

    verificao do desempenho trmico dessas habitaes, classificando-o em mnimo,

    intermedirio ou superior. J o RTQ-R Regulamento Tcnico da Qualidade para o Nvel de

    Eficincia Energtica de Edificaes Residenciais (INMETRO, 2010), especifica critrios de

    conforto trmico em habitaes, apresentando um mtodo de classificao das mesmas,

    que varia de A (melhor desempenho/eficincia energtica) a E. Todos estes documentos,

    ao fornecerem indicaes sobre as propriedades dos materiais da envoltria, fixam valores

    mximos para a transmitncia (U) dos fechamentos. Tais valores variam para cada uma

    das oito zonas definidas no zoneamento bioclimtico prescritas na NBR 15220, e entram em

    desacordo entre si (no caso, a NBR 15220 contra a NBR 15575 e o RTQ-R, que apresentam

    as mesmas exigncias).

    A limitao da transmitncia trmica da envoltria a valores mximos baseada

    em normas internacionais europias ou norte-americanas, onde o clima frio exige um maior

  • 29 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    isolamento da envolvente, isto , a fixao de um baixo valor de U. No presente trabalho,

    procura-se verificar se esse modelo tambm seria adequado tambm para o caso

    brasileiro. Em estudos anteriores (CHVATAL, 2007; CHVATAL; CORVACHO, 2009), verificou-se

    o impacto do aumento do nvel de isolamento da envoltria no conforto trmico e no

    consumo de energia em edifcios em Portugal e no Sul Europeu. A pesquisa demonstrou

    que apesar do alto isolamento ser bom para o perodo de inverno, no vero uma

    envolvente altamente isolada pode dificultar a dissipao do calor para o exterior,

    aumentando a temperatura interior acima do limite de conforto. O estudo demonstra

    ainda a necessidade de especificaes distintas quanto ao desempenho trmico para

    edifcios habitacionais e comerciais, devido aos diferentes ganhos internos e diferente

    participao do usurio no conforto trmico em cada caso.

    1.2. OBJETIVOS

    O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a influncia conjugada da

    transmitncia trmica da envolvente opaca (paredes e coberturas) e de outros

    parmetros (cor das superfcies exteriores, inrcia das paredes externas, e insero ou no

    de ventilao natural e ganhos internos) que interferem no desempenho trmico de

    edifcios habitacionais de interesse social em So Carlos, SP. Os estudos so feitos para uma

    geometria de edifcio unifamiliar trrea isolada, obtida atravs de pesquisa junto Caixa

    Econmica Federal.

    Tendo-se em conta o tipo de projeto e o clima considerados, so objetivos especficos

    do trabalho:

    verificar o impacto da transmitncia trmica das paredes e de coberturas

    separadamente;

    comparar os valores de transmitncia trmica estudados com os limites

    mximos prescritos pela norma NBR 15575 e pelo regulamento RTQ-R,

    verificando a adequabilidade da forma de indicao dessa propriedade

    nesses documentos;

    indicar recomendaes referentes a parmetros de desempenho trmico

    das envoltrias de habitaes de interesse social para o clima de So

    Carlos.

  • 30

    1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAO

    Aps a introduo e apresentao dos objetivos da pesquisa, inicia-se o Captulo 2:

    Reviso Bibliogrfica, que trata das propriedades termofsicas da envoltria, das normas e

    regulamento brasileiros referentes ao tema, e da influncia da transmitncia trmica e da

    inrcia trmica no desempenho trmico de edificaes.

    No captulo seguinte, Captulo 3: Metodologia, apresentam-se os parmetros principais

    das simulaes (tipologias, dados de entrada dos modelos e suas variveis, o clima da

    cidade de So Carlos) e as formas de anlise dos resultados.

    O Captulo 4: Resultados e Discusso apresenta trs subitens. No item 4.1: Testes da

    influncia de parmetros da modelagem para a simulao, realiza-se a etapa de

    adequao da modelagem abrangendo dois modelos de habitaes. Nesta etapa foram

    definidos quais parmetros de entrada so mais significativos para o modelo a ser

    simulado. No item 4.2: Avaliao dos valores-limite de transmitncia estabelecidos pela

    NBR 15575 e pelo RTQ-R, so apresentados os resultados das simulaes paramtricas

    correspondentes ao modelo unifamiliar trreo, analisados a partir de dois mtodos: dias

    tpicos de vero e inverno e graus-hora de resfriamento e aquecimento anuais. No item 4.3:

    Desempenho da tipologia escolhida em funo das propriedades trmicas da envoltria

    opaca transmitncia, absortncia e capacidade trmica, so apresentados os resultados

    das simulaes paramtricas de sries de estudos para o modelo trreo, variando a

    transmitncia e a absortncia (cor) das paredes e coberturas associadas a alteraes de

    padro de ventilao, de ganhos internos e de inrcia trmica das paredes externas.

    A seguir, o Captulo 5: Concluses, apresenta as concluses da pesquisa e tambm

    algumas consideraes para futuros trabalhos na rea.

    Por fim, os Captulos 6 e 7 contm as referncias bibliogrficas e os anexos.

  • 31 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. A ENVOLTRIA E SUAS PROPRIEDADES TERMOFSICAS

    Segundo a definio do INMETRO (2010), a envoltria da edificao consiste nos

    planos externos do edifcio, formados por fachadas, empenas, cobertura, brises, marquises,

    aberturas, e quaisquer elementos que os compem. A envoltria constitui uma diviso

    entre os ambientes interno e externo da edificao e, por esse motivo, tem uma grande

    influncia em seu desempenho trmico. necessrio conhecer o papel que cada um de

    seus elementos desempenha nas trocas de energia com o ambiente interno para que se

    possa projetar uma edificao confortvel e eficiente energeticamente. fundamental

    tambm diferenciar os elementos da envoltria da edificao em opacos e transparentes

    (ou translcidos). Materiais opacos no possibilitam a transmisso direta da radiao solar

    ao ambiente interno, j os transparentes transmitem uma grande parcela de radiao. A

    intensidade das trocas de energia atravs desses fechamentos ser funo da:

    radiao solar incidente;

    condutividade, resistncia, transmitncia, difusividade, efusividade e

    capacidade trmica dos materiais da envoltria;

    absortncia e refletncia dos fechamentos opacos correspondente sua

    cor;

    temperaturas interna e externa da edificao.

    A seguir so descritas as propriedades que atuam nas trocas de calor da envoltria

    opaca.

    2.1.1. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS OPACOS

    Absortncia () e refletncia ()

    Em um fechamento opaco, a transmisso de calor ocorre quando h diferena de

    temperatura entre as superfcies internas e externas, sendo o sentido do fluxo da superfcie

    mais quente para a superfcie mais fria. Em um primeiro momento, a superfcie externa do

    fechamento recebe calor do meio por radiao e por conveco. Parte da radiao solar

    incidente no fechamento opaco absorvida e a outra refletida, de acordo com a

    absortncia () e a refletncia () do material. Portanto, a soma das duas variveis

    sempre: +=1. Superfcies de cores escuras, muito comuns em materiais de construo,

    possuem alta absortncia ou grande capacidade de absorver calor, enquanto que

    superfcies claras apresentam uma maior refletncia, ou seja, grande capacidade de

    refletir o calor. Quando o ar prximo a esta superfcie externa da parede se aquece,

    formam-se movimentos convectivos, e o ar fluido trocar calor com a parede slido.

  • 32

    A radiao solar responsvel pela maior parte dos ganhos de calor de uma

    edificao, de forma que a absortncia e a refletncia das superfcies externas exercem

    grande influncia na carga trmica total da mesma. A aplicao de cor sobre as

    superfcies externas funciona como um filtro das radiaes solares, influenciando, de

    acordo com seu ndice de reflexo e absoro, as condies trmicas no interior do

    edifcio.

    Condutividade (), Resistncia (R) e Transmitncia trmica (U)

    Conduo a segunda fase do processo de transferncia de calor em um

    fechamento opaco. Aps os raios solares terem incidido no fechamento troca de calor

    com o meio exterior, por radiao e conveco , ocorre um aumento da temperatura

    superficial do mesmo. Pela diferena de temperatura gerada entre a superfcie externa e a

    interna do fechamento, ocorrer uma troca de calor entre as elas denominada de

    transferncia por conduo. A intensidade do fluxo trmico envolvido nesse processo

    depende, alm da diferena de temperatura, da condutividade trmica () e da

    espessura (e) do material. A condutividade trmica (), segundo a ABNT (2005),

    corresponde propriedade fsica de um material homogneo e istropo, no qual se

    verifica um fluxo de calor constante, com densidade de 1 W/m, quando submetido a um

    gradiente de temperatura uniforme de 1 Kelvin por metro. expressa em W/(m.K). Os

    materiais que apresentam altas ou baixas condutividades so classificados como

    condutores ou isolantes trmicos, respectivamente.

    Ao contrrio da condutividade, a resistncia trmica estabelece a resistncia do

    fechamento passagem de calor. Sabendo-se a espessura (e) do material e sua

    condutividade (), tem-se a possibilidade de calcular o valor de sua resistncia trmica (R)

    pela expresso a seguir:

    R =

    (m K / W) (Equao 1)

    Nos fechamentos com camadas heterogneas, isto , de materiais distintos, a

    resistncia trmica total a soma da resistncia de cada camada homognea mais as

    resistncias superficiais externa (Ser) e interna (Rsi) (ABNT, 2005).

    O inverso da resistncia trmica (R) se denomina transmitncia trmica (U), definida

    como o fluxo de calor que, na unidade de tempo e por unidade de rea, passa atravs do

    componente (ABNT, 2005):

    U=

    W/(mK) (Equao 2)

    Quanto menor a transmitncia de determinado material, maior o isolamento que

    ele oferece.

  • 33 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    Difusividade (a), Efusividade (b) e Capacidade trmica (C) ou Inrcia

    Em um regime varivel, o valor das temperaturas varia no interior e no exterior do

    fechamento, e parte do calor que entra por uma das faces da parede serve para aquec-

    la, de modo que a quantidade de calor que sai pela outra face menor: o fluxo trmico

    varivel. Neste regime, chamado de regime trmico varivel, os dois pontos que trocam

    calor alteram temperaturas durante essa troca. Este fenmeno depende da difusividade

    trmica (a) do material, isto , da velocidade de difuso do calor atravs desse material, e

    da efusividade trmica do material (b) capacidade de absorver ou restituir um fluxo de

    calor ou uma potncia trmica, sendo:

    a = / . c (m/s) (Equao 3)

    b = . . (W/mK) (Equao 4)

    Onde: a = difusividade trmica do material (m/s); b = efusividade trmica do

    material ((W/mK)1/2); = condutividade trmica do material (W/m K); = densidade de

    massa aparente do material (Kg/m); e c = calor especfico do material (J/Kg K).

    A difusividade e a efusividade so aplicadas no clculo do atraso e do

    amortecimento trmicos. O atraso indica o tempo necessrio para uma onda trmica

    atravessar um componente construtivo. J o amortecimento () de um sistema construtivo

    o quociente entre as amplitudes de variao das temperaturas interna e externa (Ai e

    Ae):

    = Ai / Ae (adimensional) (Equao 5)

    Um valor alto de amortecimento significa grandes oscilaes da temperatura

    interna.

    O atraso e o amortecimento compem a inrcia trmica, que depende da

    espessura (e), do calor especfico (c) e da densidade da parede (). A capacidade

    trmica (C) da vedao, que corresponde sua inrcia, dada por:

    C = e. c . (J/mK) (Equao 6)

    Trata-se da capacidade de um componente construtivo de armazenar energia em

    forma de calor e liber-lo aps certo tempo. Contando com uma inrcia trmica

    adequada e elementos com adequado isolamento, pode-se assegurar conforto interior

    durante as horas de maior temperatura e radiao solar no exterior. Quanto maior for a

    inrcia da construo, maior ser seu atraso trmico e menor o amortecimento.

  • 34

    2.2. NORMAS E REGULAMENTO SOBRE DESEMPENHO TRMICO DE

    HABITAES NO BRASIL

    As propriedades termofsicas dos materiais opacos esto relacionadas com as

    condies de conforto trmico proporcionadas pelo sistema construtivo de uma

    edificao, e requisitos mnimos para algumas delas (transmitncia trmica, capacidade

    trmica, atraso trmico, absortncia) esto presentes nas normas e regulamentos trmicos

    nacionais. Segundo Dilkin e Schneider (1999), a especificao das caractersticas trmicas

    do envelope de edificaes residenciais, reunidas em forma de norma, fundamental

    para garantir condies adequadas de conforto aos ocupantes e proporcionar economia

    de energia.

    Em 2005 surge a primeira norma para avaliao de desempenho trmico de

    habitaes no Brasil, intitulada NBR 15220 - Desempenho trmico de edificaes (ABNT,

    2005). Em 2013, lanada a norma NBR 15575 - Edifcios habitacionais Desempenho

    (ABNT, 2013), a qual apresenta uma seo exclusiva voltada para o desempenho trmico.

    Alm delas, o governo brasileiro lanou em 2003 o programa Procel Edifica: Plano de Ao

    para Eficincia Energtica em Edificaes, como meio de reduzir o consumo de energia

    nas edificaes. Desta forma desenvolveu-se o terceiro documento nacional relacionado

    ao desempenho trmico de habitaes: o Regulamento Tcnico da Qualidade para o

    Nvel de Eficincia Energtica de Edificaes Residenciais / RTQ-R, publicado em

    novembro de 2010. Apresenta-se na sequncia, em linhas gerais, cada um dos

    documentos, destacando-se os itens mais relevantes relacionados a esta pesquisa. Aps a

    apresentao das duas normas e do regulamento feita uma comparao entre eles, em

    termos de propriedades da envoltria recomendadas para cada zona bioclimtica.

    2.2.1. NBR 15220: DESEMPENHO TRMICO DE EDIFICAES

    A seguir, tem-se um quadro-resumo (Quadro 1) referente norma NBR 15220

    Desempenho Trmico de Edificaes (ABNT, 2005):

  • 35 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    NORMA/ANO PARTES ABRANGNCIA APLICAO

    Desempenho

    trmico de

    edificaes/ 2005

    Parte 1: Definies, smbolos e unidades

    Parte 2: Mtodos de clculo da transmitncia

    trmica, da capacidade trmica, do atraso trmico

    e do fator solar de elementos e componentes de

    edificaes

    Parte 3: Zoneamento bioclimtico brasileiro e

    diretrizes construtivas para habitaes unifamiliares

    de interesse social

    Parte 4: Medio da resistncia trmica e da

    condutividade trmica pelo princpio da placa

    quente protegida

    Parte 5: Medio da resistncia trmica e da

    condutividade trmica pelo mtodo fluximtrico

    Habitaes

    unifamiliares de

    interesse social

    No

    obrigatrio*

    *Normas tcnicas no so leis, mas tm fora obrigatria, embasadas pelo Cdigo Civil: Art.615: Concluda a

    obra de acordo com o ajuste, [...], o dono obrigado a receb-la. Poder, porm, rejeit-la, se o empreiteiro se

    afastou [...] das regras tcnicas em trabalhos de tal natureza (BRASIL, 2004, Art.615).

    Quadro 1: Principais dados da NBR 15220. Fonte: Adaptado de ABNT, 2005

    Para a pesquisa, a anlise concentra-se principalmente na parte 3, onde feita a

    diviso do pas em oito zonas bioclimticas, abrangendo um conjunto de estratgias

    construtivas destinadas s habitaes unifamiliares de interesse social. Nesta parte, a NBR

    15220 indica para cada zona bioclimtica os seguintes parmetros: aberturas para

    ventilao, proteo das aberturas, vedaes externas e estratgias de condicionamento

    trmico passivo. A seguir (Figura 1), tem-se um resumo geral dos parmetros e suas

    especificaes:

  • 36

    Figura 1: Parmetros especificados pela norma NBR 15220

    10 A 15% DA REA DO PISO

    15 A 25% DA REA DO PISO

    ACIMA DE 40% DA REA DO PISO

    PEQUENA

    MDIA

    GRANDE

    ABERTURAS PARA

    VENTILAO

    SOMBREAR

    PERMITIR SOL NO INVERNO

    PROTEO DAS

    ABERTURAS

    COBERTURAS

    PAREDES

    LEVE - U3,00 4,3 FS5,0

    LEVE REFLETORA - U3,60 4,3 FS4,0

    PESADA - U2,20 6,5 FS3,5

    LEVE ISOLADA - U2,00 3,3 FS6,5

    LEVE REFLETORA - U2,30 3,3 FS6,5

    PESADA - U2,00 6,5 FS6,5

    VEDAES

    EXTERNAS

    A: AQUECIMENTO ARTIFICIAL

    B: AQUECIMENTO SOLAR

    C: MASSA TRMICA PARA AQUECIMENTO

    D: CONFORTO TRMICO/BAIXA UMIDADE

    E: CONFORTO TRMICO

    F: DESUMIDIFICAO

    G+H: RESFRIAMENTO EVAPORATIVO

    I+J: VENTILAO

    L: UMIDIFICAO DO AR

    H+I: MASSA TRMICA DE REFRIGERAO

    K: REFRIGERAO

    ESTRATGIAS DE

    CONDICIONAMENTO

    TRMICO PASSIVO

  • 37 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    2.2.1.1. ZONEAMENTO BIOCLIMTICO BRASILEIRO

    Para realizar a diviso do Brasil

    em zonas bioclimticas, estabelecida na

    parte 3 da NBR 15220, foram usados

    dados das normais climatolgicas de

    1931-1960 e de 1961-1990, alm de

    outras fontes de medies no perodo

    de 1961 a 1990 (ABNT, 2005). Analisando-

    se as mdias das temperaturas mximas

    e mnimas e as mdias das umidades

    relativas do ar mensais, bem como as

    coordenadas geogrficas de cada

    cidade, o Brasil foi dividido em 6500

    clulas (cada clula de 36Kmx36Km),

    agrupadas em oito zonas. As zonas

    foram numeradas de 1 a 8, sendo 1 a

    mais fria, com cidades localizadas no Sul

    do Brasil, e 8 a mais quente, compreendendo partes das regies Norte e Nordeste (ver

    Figura 2). So Carlos (SP), clima foco desta pesquisa, classificado na zona bioclimtica 4.

    Para cada zona, foram criadas recomendaes tcnico-construtivas visando

    otimizar o desempenho trmico das edificaes a partir de sua adequao climtica.

    Entretanto, diversos estudos mostram deficincias no zoneamento bioclimtico

    apresentado e nas diretrizes construtivas da NBR 15220. Bogo (2008) analisou as limitaes

    da norma de desempenho trmico, constatando a ausncia de diretrizes construtivas

    visando o controle solar no vero para a zona bioclimtica 3 e a ausncia de

    recomendao de valores mximos de fator solar para elementos transparentes da

    edificao. Sacht e Rossignolo (2009) tambm apontam disparidades no zoneamento, a

    partir de resultados distintos de desempenho em cidades de mesma zona,

    especificamente as cidades de So Paulo e Florianpolis de climas bastante

    diferenciados , inseridas na zona bioclimtica 3, e So Carlos e Braslia, na zona

    bioclimtica 4. Sorgato (2009), em estudo sobre a influncia da rea de superfcie exposta

    ao exterior e do tamanho do ambiente no desempenho trmico de edificaes

    residenciais ventiladas naturalmente, obteve resultados que contradizem os limites mximos

    de atraso trmico estabelecidos pela NBR 15220-3 para a zona bioclimtica 3

    (Florianpolis). Os casos simulados com paredes e coberturas com maior atraso trmico

    que o da norma apresentaram melhor desempenho que os casos com componentes que

    atendem os critrios da norma (SORGATO, 2009).

    Figura 2: Mapa das oito zonas bioclimticas

    brasileiras. Fonte: ABNT, 2005

  • 38

    Roriz (2012b; 2012c) afirma a necessidade de reviso da norma, e destaca os

    seguintes motivos: para o zoneamento, a equipe de pesquisadores baseou-se apenas em

    Normais Climatolgicas de pouco mais de 300 municpios, obtendo por interpolao os

    demais dados climticos, o que agregou elevados nveis de incerteza ao mapa resultante;

    o zoneamento foi proposto especificamente para habitaes unifamiliares de interesse

    social, mas, por ser o nico disponvel nas normas tcnicas brasileiras, tem sido aplicado

    para qualquer tipo de edificao, provocando anlises equivocadas; os limites

    geogrficos de cada zona foram estabelecidos a partir de critrios baseados na Carta

    Bioclimtica de Givoni1 e nas Planilhas de Mahoney2 foram definidas as estratgias

    bioclimticas recomendveis para cada ponto do mapa e, posteriormente, foram

    agrupados em uma mesma zona os pontos correspondentes a estratgias semelhantes ,

    este procedimento resultou em zonas com baixa homogeneidade climtica e em um

    nmero total de zonas insuficiente para refletir a diversidade climtica do Brasil. Assim,

    espera-se em breve a reviso da norma e o lanamento de um novo zoneamento, mais

    criterioso e adequado s caractersticas climticas de cada cidade.

    2.2.1.2. DIRETRIZES CONSTRUTIVAS

    As diretrizes apresentadas na parte 3 da NBR 15220 so diretrizes construtivas para

    habitaes unifamiliares de interesse social e tm carter orientativo para projetos, visando

    um adequado conforto trmico dos usurios.

    De forma geral, a norma fornece recomendaes de limites para as propriedades

    de transmitncia trmica, atraso trmico e fator de calor solar, alm de propor estratgias

    bioclimticas de projeto conforme cada zona. Segundo Giglio e Barbosa (2006), trata-se

    de um mtodo simplificado, pois depende apenas do clculo das propriedades trmicas

    de um componente construtivo isoladamente.

    A seguir (Tabela 1, Tabela 2, Tabela 3), so colocadas as indicaes relativas s

    paredes externas, coberturas e aberturas para as zonas bioclimticas 1 a 8.

    1 Givoni concebeu uma carta bioclimtica para edifcios no condicionados baseada nas temperaturas internas

    dos ambientes. Segundo ele, os usurios desses edifcios aceitam melhor as oscilaes de temperatura e

    velocidade do ar, devido sua adaptao. A carta bioclimtica relaciona a temperatura do ar e a umidade

    relativa, identificando nove zonas de atuao que correspondem estratgias bioclimticas a serem adotadas

    no edifcio (GIVONI, 1992). 2 Segundo o mtodo tradicional dos Quadros de Mahoney, ou Planilhas de Mahoney (UNITED NATIONS, 1971), a

    anlise feita a partir de trs planilhas: a primeira preenchida com os dados climticos locais, a segunda

    determina a frequncia dos indicadores do clima local a partir da anlise desses dados, e a terceira fornece as

    recomendaes para o projeto arquitetnico. Trata-se de um mtodo de anlise climtica simplificada, que

    indica diretrizes para projeto de edificaes.

  • 39 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    Tabela 1: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo a NBR 15220

    DESEMPENHO TRMICO DE PAREDES EXTERNAS

    ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8

    Transmitncia trmica (U)

    (/. ) U 3,0 U 3,6 U 2,2 U 3,6 U 2,2 U 3,6

    Fator solar (FS)

    (%) FS 5,0 FS 4,0 FS 3,5 FS 4,0 FS 3,5 FS 4,0

    Atraso trmico ()

    (horas) 4,3 6,5 4,3 6,5 4,3

    Notas

    FS= Fator Solar, calculado como FS=4.U. , onde U=transmitncia trmica do elemento e =

    absortncia radiao solar da superfcie do elemento.

    = Atraso trmico, calculado como =0,7284 , onde Rt=resistncia trmica de superfcie a

    superfcie do componente e Ct=capacidade trmica do componente.

    Fonte: Adaptado de ABNT, 2005

    Tabela 2: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo a NBR 15220

    DESEMPENHO TRMICO DE COBERTURAS

    ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8

    Transmitncia trmica (U)

    (/. ) U 2,0 U 2,3 FT*

    Fator solar (FS)

    (%) FS 6,5

    Atraso trmico ()

    (horas) 3,3 6,5 3,3

    Notas

    *FT: Na zona 8, tambm sero aceitas coberturas com transmitncias trmicas acima dos valores

    tabelados, desde que atendam s seguintes exigncias: a) contenham aberturas para ventilao em

    no mnimo dois beirais opostos; b) as aberturas para ventilao ocupem toda a extenso das

    fachadas respectivas. Nesses casos, em funo da altura total para ventilao, os limites aceitveis da

    transmitncia trmica podero ser multiplicados pelo fator FT, FT = 1,17 1,07h1,04, onde FT: fator de

    correo da transmitncia aceitvel para as coberturas da Zona Bioclimtica 8; h: altura da abertura

    em dois beirais opostos (cm). Para coberturas sem forro ou com ticos no ventilados, FT=1.

    Fonte: Adaptado de ABNT, 2005

    Tabela 3: Tamanho de aberturas para ventilao segundo a NBR 15220

    ABERTURAS PARA VENTILAO

    ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8

    Aberturas para ventilao (A)

    (% da rea do piso)

    Mdias:

    15 < A < 25

    Pequenas:

    10 < A < 15

    Grandes:

    A > 40

    Sombreamento das aberturas

    dos dormitrios

    Permitir sol

    durante o

    inverno

    Sombrear aberturas

    Notas

    A=nxAp, em %, onde A a abertura para ventilao, n o valor de porcentagem recomendado e Ap

    a rea de piso do ambiente.

    Fonte: Adaptado de ABNT, 2005

  • 40

    2.2.2. NBR 15575: EDIFICAES HABITACIONAIS - DESEMPENHO

    A norma NBR 15575 - Edificaes habitacionais Desempenho (ABNT, 2013),

    estabelece requisitos de desempenho de acordo com cada sistema das habitaes,

    dividindo-as em sistemas estruturais, sistemas de pisos, sistemas de vedaes verticais

    internas e externas, sistemas de coberturas e sistemas hidrossanitrios. Entre as exigncias a

    serem cumpridas, uma refere-se especificamente ao desempenho trmico das

    edificaes. Abaixo, os principais dados da NBR 15575 (Quadro 2):

    NORMA/ANO PARTES ABRANGNCIA APLICAO

    Edifcios habitacionais

    Desempenho/2012

    Parte 1: Requisitos gerais

    Parte 2: Requisitos para os sistemas

    estruturais

    Parte 3: Requisitos para os sistemas de

    piso

    Parte 4: Requisitos para os sistemas de

    vedaes verticais internas e externas

    Parte 5: Requisitos para os sistemas de

    coberturas

    Parte 6: Requisitos para os sistemas

    hidrossanitrios

    Habitaes

    unifamiliares ou

    multifamiliares em

    geral, alguns

    requisitos so

    especficos para

    habitaes de

    at cinco

    pavimentos

    No obrigatrio*

    *Normas tcnicas no so leis, mas tm fora obrigatria, embasadas pelo Cdigo Civil: Art.615: Concluda a

    obra de acordo com o ajuste, [...], o dono obrigado a receb-la. Poder, porm, rejeit-la, se o empreiteiro

    se afastou [...] das regras tcnicas em trabalhos de tal natureza (BRASIL, 2004, Art.615).

    Quadro 2: Principais dados da NBR 15575. Fonte: Adaptado de ABNT, 2013

    O foco da NBR 15575 no est na prescrio de como os sistemas so construdos,

    mas sim nas exigncias dos usurios para o edifcio habitacional e para o comportamento

    em uso de seus subsistemas.

    Quanto ao comportamento trmico da habitao, considera-se que o mesmo

    depende do comportamento interativo entre fachada, cobertura e piso. A NBR 15575

    permite que o desempenho trmico seja avaliado para um sistema, de forma

    independente, ou para a edificao como um todo, definindo requisitos de conforto

    trmico de acordo com a regio de implantao da obra e as caractersticas

    bioclimticas dadas na NBR 15220 3.

    A NBR 15575 tem sido bastante discutida no meio acadmico e da construo civil

    em geral. Com sua validao espera-se um grande impacto no mercado construtivo,

    porm ela apresenta ainda algumas lacunas sobre certos procedimentos, o que gerou seu

    processo de reviso. Contudo, a verso revista, liberada para consulta pblica entre 16 de

    julho e 13 de setembro de 2012, apresenta algumas falhas. Uma de suas deficincias

    principais em relao ao desempenho trmico corresponde definio de dias tpicos de

    projeto de vero e inverno nos quais a edificao deve ser avaliada. Brito et al (2012)

    analisaram a caracterizao dos dias de projeto a serem utilizados no procedimento de

    simulao da norma, constatando a importncia dos dados climticos referentes a estes

  • 41 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    dias na avaliao da edificao. Pelos resultados de sua pesquisa, Brito et al (2012)

    destacam que ao menos dois fatores devem ser obrigatoriamente considerados na

    definio dos dias tpicos: a amplitude diria da temperatura do ar e a radiao solar total

    global diria. Na verso revista, so apresentados dados de dias tpicos para capitais

    apenas, permitindo que cidades que no possuem dados climticos disponveis utilizem

    dados de cidades prximas dentro da mesma zona bioclimtica no informando,

    contudo, critrios para definir a semelhana entre climas de cidades distintas e nem

    mtodos para estabelecer os dias tpicos a partir dos dados disponveis.

    Para avaliar as edificaes quanto adequao ao desempenho trmico, a

    norma estabelece dois procedimentos: normativo simplificado que uma espcie de lista

    de pr-requisitos a serem cumpridos , e informativo por medio para edificaes

    existentes e/ou prottipos. O mtodo de avaliao por meio de simulao computacional

    oferecido como uma alternativa caso o edifcio no cumpra os requisitos pelo mtodo

    simplificado, sendo considerado tambm um mtodo informativo. Destes, os que

    interessam pesquisa so o procedimento normativo simplificado, por apresentar as

    recomendaes de valores de transmitncia da envoltria, e o mtodo da simulao

    computacional. A Figura 3 a seguir esquematiza a avaliao de desempenho trmico

    estipulada pela norma:

    Figura 3: Procedimento de avaliao de desempenho trmico segundo a NBR 15575

    A seguir, apresenta-se a descrio dos mtodos simplificado e de simulao.

  • 42

    2.2.2.1. PROCEDIMENTO NORMATIVO SIMPLIFICADO

    No procedimento simplificado, verifica-se o atendimento aos requisitos e critrios

    para fachadas (vedaes verticais externas) e coberturas, conforme descrito nas partes 4

    e 5 da NBR 15575. De modo resumido, os procedimentos para a avaliao de desempenho

    trmico por meio do procedimento simplificado seguem os seguintes passos:

    - determinao de U e C da parede (transmitncia e capacidade trmica);

    - se U e C estiverem dentro do limite recomendado, determina-se a rea das

    aberturas para ventilao;

    - se as aberturas estiverem dentro dos valores recomendados por Cdigos de

    Obras, Cdigos Sanitrios Estaduais ou, em ltimo caso, pelos valores estabelecidos na

    norma, considera-se que a edificao possui o nvel de desempenho mnimo

    recomendado, M.

    Caso algum destes itens no esteja dentro dos valores recomendados, o

    desempenho ser considerado insatisfatrio.

    Neste procedimento deve ser feita tambm a avaliao da cobertura:

    - determina-se U da cobertura (transmitncia trmica);

    - analisa-se em funo da cor, se o U encontrado for menor que o U limite, o

    desempenho sobe para o nvel I, intermedirio;

    - se o U calculado for maior que o U limite, o desempenho considerado

    insatisfatrio.

    Abaixo, so colocados os valores de transmitncia e capacidade trmica de

    paredes recomendados para cada zona bioclimtica (Tabela 4).

    Tabela 4: Valores de propriedades trmicas de paredes segundo a NBR 15575

    DESEMPENHO TRMICO DE VEDAES VERTICAIS (NVEL MNIMO OBRIGATRIO)

    ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8

    Transmitncia trmica (U)

    (/. ) U 2,5

    U 3,7 se 0,6

    U 2,5 se > 0,6

    Capacidade trmica (CT)

    (/. ) CT 130

    sem

    exigncia

    Fonte: Adaptado de ABNT, 2013

    No caso de paredes que tenham na sua composio materiais isolantes trmicos

    de 0,065 W/(m.K) e Rt>0,5 (m.K)/W, o clculo da capacidade trmica deve ser feito

    desprezando-se todos os materiais voltados para o ambiente externo, posicionados a partir

    do isolante ou espao de ar.

    Para as coberturas, a norma indica apenas o valor de transmitncia trmica, sem

    mencionar a capacidade trmica do sistema (Tabela 5).

  • 43 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    Tabela 5: Valores de propriedades trmicas de coberturas segundo a NBR 15575

    DESEMPENHO TRMICO DE COBERTURAS (NVEL MNIMO OBRIGATRIO)

    ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8

    Transmitncia trmica (U)

    (/. ) U 2,3

    U 2,3 se 0,6

    U 1,5 se > 0,6

    U 2,3 FV se 0,4

    U 1,5 FV se > 0,4

    Notas:

    A norma indica que o Fator de Ventilao (FV) estabelecido na ABNT NBR 15220, porm esta ltima

    no faz nenhuma referncia ao FV, mas sim ao FT (fator de correo da transmitncia). Valores de

    transmitncia trmica considerando-se fluxo trmico descendente.

    Fonte: Adaptado de ABNT, 2013

    Quanto ao tamanho de aberturas para ventilao, a norma indica que os

    ambientes de permanncia prolongada devem seguir as exigncias da legislao

    especfica do local da obra, incluindo Cdigos de Obras, Cdigos Sanitrios e outros. Caso

    no haja requisitos de ordem legal, devem ser adotados os seguintes valores (Tabela 6):

    Tabela 6: Tamanho de aberturas para ventilao segundo a NBR 15575

    ABERTURAS PARA VENTILAO (NVEL MNIMO OBRIGATRIO)

    ZONAS BIOCLIMTICAS 1 2 3 4 5 6 7 8

    Aberturas para ventilao (A)

    (% da rea do piso)

    Aberturas Mdias:

    A 7

    Aberturas Grandes:

    A 12 regio Norte

    A 8 regies Nordeste e

    Sudeste

    Notas:

    Para o tamanho de aberturas, deve-se seguir legislao especfica do local do obra (Cdigos de

    obras, Cdigos Sanitrios, etc), e apenas na inexistncia destes aplica-se o disposto na Norma.

    Usa-se a frmula A=100x(Aa/Ap), em %, onde A a abertura para ventilao, Aa a rea de

    ventilao efetiva por janelas, e Ap a rea de piso do ambiente.

    Nas zonas 1 a 6 as reas de ventilao devem ser passveis de serem vedadas no perodo frio.

    Valores vlidos para ambientes de longa permanncia salas, cozinhas e dormitrios.

    Fonte: Adaptado de ABNT, 2013

    2.2.2.2. PROCEDIMENTO DE SIMULAO COMPUTACIONAL

    No mtodo da simulao computacional, verifica-se o atendimento aos requisitos e

    critrios por meio de simulao do desempenho trmico do edifcio como um todo. So

    feitas comparaes entre a temperatura externa e a temperatura interna dos ambientes

    de maior permanncia, para os dias tpicos de vero e inverno.

    Os dados climticos para a definio dos dias tpicos devem ser baseados na

    norma, que fornece dados climticos e de localizao geogrfica para as capitais. Caso a

    cidade analisada no possua dados climticos disponveis, recomenda-se escolher uma

    cidade da mesma zona bioclimtica que tenha clima semelhante como dito

    anteriormente, a norma no especifica os critrios de semelhana a serem avaliados e

    nem o mtodo para determinar o dia tpico a partir dos dados disponveis. Se a cidade em

    questo no possuir semelhana climtica com nenhuma outra cidade que tenha dados

    disponveis, a norma recomenda evitar o mtodo da simulao.

  • 44

    Quanto ao programa a ser utilizado, recomenda-se o uso do software EnergyPlus.

    Podem ser usados tambm outros programas validados pela ASHRAE Standard 140

    (ASHRAE, 2004), que determinem o comportamento trmico da construo em exposio

    dinmica ao clima e que reproduzam os efeitos da inrcia trmica.

    Para a modelagem, cada ambiente da edificao deve constituir uma zona

    trmica.

    Quanto s propriedades trmicas dos materiais e componentes construtivos, deve-

    se usar, na seguinte ordem:

    - dados obtidos por ensaios em laboratrio;

    - dados obtidos junto aos fabricantes; e

    - dados disponibilizados na NBR 15220-2.

    Para o desempenho trmico no vero e no inverno, a habitao deve apresentar as

    seguintes condies trmicas em seu interior, em relao s condies do ambiente

    externo (Tabela 7):

    Tabela 7: Desempenho trmico mnimo, intermedirio e superior

    ZONAS BIOCLIMTICAS

    VER

    O

    NVEL DE

    DESEMPENHO 1 2 3 4 5 6 7 8

    Mnimo , mx , mx

    Intermedirio , mx (, mx 2 ) , mx (, max 1 )

    Superior , mx (, mx 4 ) , mx , mx 2 ) e

    , (, min + 1 )

    INV

    ER

    NO

    Mnimo , (, mn + 3 )

    No necessita de verificao Intermedirio , (, mn + 5 )

    Superior , (, mn + 7 )

    Notas

    , mx o valor mximo dirio da temperatura do ar no interior da edificao, em graus Celsius.

    , mx o valor mximo dirio da temperatura do ar exterior edificao, em graus Celsius.

    , o valor mnimo dirio da temperatura do ar no interior da edificao, em graus Celsius.

    , o valor mnimo dirio da temperatura do ar exterior edificao, em graus Celsius.

    Fonte: Adaptado de ABNT, 2013

    Para o mtodo de avaliao por simulao de edifcios em fase de projeto, deve-

    se simular todos os ambientes da unidade e analisar os resultados de dormitrios e salas,

    considerando as seguintes condies:

    1. Recintos adjacentes de outras unidades (geminadas ou multipavimentos) devem

    ser considerados com a mesma condio trmica do ambiente simulado;

    2. A edificao deve ser orientada conforme a implantao. Caso no esteja

    definida, considerar a orientao mais crtica do ponto de vista trmico (que

    receba maior insolao nos ambientes de longa permanncia), sendo

    recomendado:

  • 45 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    a) Vero: janela do dormitrio ou sala voltada para oeste e a outra parede

    exposta voltada ao norte; caso no seja possvel, o ambiente deve ter ao

    menos uma janela voltada ao oeste;

    b) Inverno: janela do dormitrio ou sala voltada para sul e a outra parede exposta

    voltada para leste; caso no seja possvel, o ambiente deve ter ao menos uma

    janela voltada ao sul;

    c) Obstruo no entorno: considerar paredes e janelas expostas desobstrudas

    (sem a presena de edificaes ou vegetao nas proximidades que

    modifiquem a incidncia de sol e/ou vento). Pode-se considerar edificaes de

    um mesmo complexo, por exemplo um condomnio, desde que previstas para

    habitao no mesmo perodo;

    d) Obstruo por elementos construtivos previstos na edificao: dispositivos de

    sombreamento devem ser considerados na simulao;

    3. Adotar taxa de ventilao de 1 ren/hora, para o ambiente e para a cobertura;

    4. Absortncia da cobertura: considerar em relao ao material especificado para o

    telhado;

    5. Absortncia da parede: considerar a cor definida no projeto. Se no houver, simular

    para trs situaes:

    a) Cor clara = 0,3;

    b) Cor mdia = 0,5;

    c) Cor escura = 0,7;

    6. Desconsiderar fontes internas de calor - ocupantes, lmpadas, outros equipamentos

    em geral;

    7. Para unidades habitacionais isoladas, o procedimento ser feito para a unidade

    como um todo. Para conjuntos habitacionais de edificaes trreas, deve-se

    selecionar a unidade com maior nmero de paredes expostas para a anlise. Para

    edifcios multipisos, deve-se analisar a unidade do ltimo andar, que apresente

    cobertura exposta;

    8. Caso o edifcio no atenda aos requisitos estabelecidos para o dia tpico de vero,

    deve-se simular novamente considerando-se as seguintes alteraes:

    a) Ventilao: considerar taxa de ventilao de 5 ren/h e janelas sem

    sombreamento;

    b) Sombreamento: insero de proteo solar externa ou interna com dispositivo

    capaz de cortar no mnimo 50% da radiao solar direta, com taxa de

    ventilao de 1 ren/h;

    c) Ventilao e sombreamento: combinao das duas estratgias anteriores,

    insero de dispositivo de proteo solar e taxa de ventilao de 5 ren/h.

    Isto , pode-se optar por uma das trs opes para atingir o nvel de desempenho

    mnimo no vero. Como a norma no considera o uso de estratgia de ventilao natural,

  • 46

    entende-se que a especificao da taxa de 5 renovaes por hora seria para suprir esta

    lacuna. A questo do dispositivo de sombreamento entende-se como a considerao de

    veneziana na metade da janela, o que comum na maioria das habitaes, de acordo

    com os projetos levantados para esta pesquisa.

    2.2.3. RTQ-R: REGULAMENTO TCNICO DA QUALIDADE PARA O NVEL DE EFICINCIA

    ENERGTICA EM EDIFICAES RESIDENCIAIS

    O RTQ-R tem como objetivo criar

    condies para a etiquetagem do nvel de

    eficincia energtica de edificaes residenciais

    unifamiliares e multifamiliares. Dependendo do

    consumo de energia verificado, os edifcios

    residenciais recebem a Etiqueta Nacional de

    Conservao de Energia (ENCE) do Programa

    Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro em

    um nvel de "A" a "E", sendo "A" o mais eficiente

    (INMETRO, 2010) (Figura 4). O RTQ-R tambm fixa

    valores de capacidade trmica e transmitncia

    para paredes e coberturas segundo o

    zoneamento bioclimtico da NBR 15220, e

    apresenta um mtodo de simulao que se

    baseia no clculo de graus-hora de resfriamento

    e aquecimento para avaliar o desempenho do

    edifcio.

    O RTQ-R especifica requisitos tcnicos e

    mtodos para classificao de edificaes residenciais quanto eficincia energtica,

    destacando que as edificaes submetidas ao mtodo devem atender s demais normas

    da ABNT vigentes e aplicveis. Ele adota, assim como a NBR 15575, a diviso bioclimtica

    do Brasil dada pela NBR 15220-3.

    Os procedimentos para avaliar o nvel de eficincia para edificaes residenciais so:

    Unidades habitacionais autnomas: avaliam-se os requisitos relativos ao

    desempenho trmico da envoltria, eficincia do sistema de aquecimento de

    gua e a eventuais bonificaes;

    Edificao unifamiliar: mesmo procedimento feito para a unidade habitacional

    autnoma;

    Edificaes multifamiliares: pondera-se o resultado da avaliao dos requisitos de

    todas as unidades habitacionais autnomas da edificao;

    Figura 4: Exemplo de etiqueta para

    edificaes. Fonte: INMETRO, 2010.

  • 47 INFLUNCIA DAS PROPRIEDADES TRMICAS DA ENVOLVENTE OPACA NO DESEMPENHO DE HABITAES DE INTERESSE SOCIAL EM SO CARLOS, SP

    reas de uso comum: avaliam-se os requis