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Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do
comportamento mecânico de rebocos em fachadas -
Esclerómetro e ultra-sons
Jorge Manuel Porteiro Galvão
Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Júri:
Presidente: Doutor Augusto Martins Gomes
Orientadora: Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen
Co-Orientador: Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito
Vogal: Doutor João Paulo Janeiro Gomes Ferreira
NOVEMBRO DE 2009
i
Resumo
O desempenho dos revestimentos exteriores de paredes afecta directamente as construções, uma
vez que estes constituem a primeira barreira aos agentes de degradação. Ao longo do tempo, há uma
redução progressiva do seu desempenho, até que deixam de conseguir cumprir as funções de
impermeabilização, protecção e acabamento das paredes que lhe são exigidas.
A avaliação do desempenho de um revestimento ao longo do tempo é uma actividade complexa,
tanto pela multiplicidade de factores intervenientes na sua exposição em serviço, como pela
dificuldade de aferir in-situ as características de desempenho relevantes. Nesta perspectiva, a
utilização de técnicas de ensaio in-situ constitui uma auxiliar precioso, já que permite obter
directamente informação sobre o desempenho em serviço.
Este trabalho pretende aprofundar o conhecimento existente sobre a utilização do ensaio de
ultra-sons e do esclerómetro pendular PT na avaliação do comportamento mecânico de
revestimentos de paredes. Nesta perspectiva, pretende-se analisar a aplicabilidade das técnicas
utilizadas, bem como a sua sensibilidade aos factores envolvidos nessa utilização.
Foram realizadas duas campanhas experimentais em rebocos aplicados em estações de
envelhecimento natural, o que permitiu realizar duas análises distintas. Em primeiro lugar, foi
efectuada uma análise da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ, o que permitiu identificar
alguns dos principais factores que influenciam os resultados, relativos tanto ao sistema de
revestimento como ao procedimento de inspecção.
Posteriormente, foi analisado o comportamento mecânico dos rebocos ensaiados, com base nos
resultados obtidos. Esta análise comprovou a utilidade destas técnicas de ensaio in-situ na avaliação
do desempenho mecânico de revestimentos, permitindo estabelecer uma metodologia para essa
avaliação.
Palavras-chave:
Fachada;
Reboco exterior;
Desempenho mecânico;
Ensaios in-situ;
Ultra-sons;
Esclerómetro pendular.
ii
iii
Abstract
Constructions are directly affected by the external rendering because these are the first barrier against
to the degradation agents. With time, there is a progressive reduction of its performance until they are
no longer able to achieve the functions during the life cycle, such as of waterproofing, protection and
the finishing of the walls.
The evaluation to understand how a render worked throughout the time is a complex activity, not only
due to the multiple factors concerning its exposition, but also for the difficulty to know in-situ the
important characteristics of how it worked. According to this, the use of in-situ tests is very important
because it gives the possibility to obtain the information about in-service performance.
The present work aims to increase the existing knowledge about how to use the testing of ultrasonic
method and of pendular rebound hammer, in order to evaluate the mechanical performance of facade
plastering. The goal is to analyze the application of the used techniques and how well it interacts with
the factors involved by that use.
Two experimental campaigns were made in renders applied on several walls located in places of
natural ageing, which allowed two different analyses. First, it was analyzed the sensivity of in-situ
tests, which allowed to identify some of the main factors that influence the results of those techniques,
related both to the rendering system and to the inspection procedure.
.
Furthermore, it was analyzed how the rendering mechanical behaviour worked based on the
campaigns’ results. The present analysis has proved the utility of these in-situ tests to evaluate the
mechanical performance of the façades rendering, allowing the establishment of a methodology to
perform that evaluation over time.
Key-words:
Façade;
External render;
Mechanical performance;
In-situ tests;
Ultrasonic method;
Pendular rebound hammer.
iv
v
Agradecimentos
Esta dissertação é o resultado de cerca de um ano de trabalho. Durante este período, diversas
pessoas contribuíram, a diferentes níveis mas de forma decisiva, para a sua realização, merecendo
por isso o meu sincero agradecimento:
À Professora Inês Flores-Colen, minha orientadora científica, pela energia e empenho demonstrados
ao longo de todo o trabalho, pela partilha de conhecimento sobre o tema e, sobretudo, pela atenção e
disponibilidade constantes na análise de resultados e na revisão do texto.
Ao Professor Jorge de Brito, meu co-orientador científico, pela disponibilidade, informação e
conhecimento transmitido e, especialmente, pelo rigor e espírito crítico colocados no desenvolvimento
e revisão de todo o trabalho.
À Engenheira Maria do Rosário Veiga, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, pela
possibilidade de utilizar a Estação de Envelhecimento Natural para a realização dos ensaios, sem a
qual este trabalho não seria possível, assim como pela informação disponibilizada sobre os
revestimentos analisados.
Ao Engenheiro Luís Silva, da Weber, responsável pela Estação de Envelhecimento Natural no
armazém do Carregado, pela disponibilidade de monitorização dos revestimentos da referida estação.
Ao meu colega Ruben Duarte, pela amizade e apoio durante a realização de todos os ensaios in-situ,
assim como pelas sugestões dadas ao longos dos mesmos.
Ao senhor Leonel Silva e ao Engenheiro Luís Monteiro, do laboratório do IST, pela facilidade na
requisição do equipamento utilizado.
A todos os autores e investigadores que, com o seu trabalho, contribuíram para um melhor
conhecimento do tema e para o desenvolvimento de todo este trabalho.
A todos os colegas e amigos do Instituto Superior Técnico, pelo apoio, amizade e disponibilidade ao
longo de todo o meu percurso académico.
À minha família mais próxima que, de algum modo, ajudou na realização deste trabalho. Agradeço,
em especial, aos meus pais, pelo esforço realizado durante estes anos de curso, assim como pelo
amor, apoio e compreensão que sempre souberam dar.
Finalmente, de uma forma muito especial, à Alexandra, pelo apoio incondicional, compreensão e
paciência durante todos os momentos em que dediquei a este trabalho algum do tempo que
poderíamos ter passado juntos.
vi
vii
Índice geral
Resumo.....................................................................................................................................................i
Abstract .................................................................................................................................................. iii
Agradecimentos .....................................................................................................................................v
Índice geral ............................................................................................................................................ vii
Índice de figuras .................................................................................................................................... xi
Índice de quadros ................................................................................................................................. xv
Abreviaturas ........................................................................................................................................ xvii
Simbologia ........................................................................................................................................... xix
1. Introdução .......................................................................................................................................... 1
1.1. Enquadramento e justificação da investigação ............................................................................ 1
1.2. Objectivos ..................................................................................................................................... 2
1.3. Estrutura e organização do texto ................................................................................................. 3
2. Desempenho de argamassas de revestimento exterior de paredes ............................................ 5
2.1. Introdução ..................................................................................................................................... 5
2.2. Revestimentos exteriores em argamassas de reboco ................................................................. 5
2.2.1. Argamassas de reboco tradicionais ...................................................................................... 6
2.2.1.1. Origem e evolução ........................................................................................................ 6
2.2.1.2. Constituição ................................................................................................................... 6
2.2.1.3. Aplicação ....................................................................................................................... 9
2.2.2. Argamassas de reboco não-tradicionais ............................................................................. 12
2.2.2.1. Constituição ................................................................................................................. 12
2.2.2.2. Aplicação ..................................................................................................................... 13
2.3. Características de desempenho em serviço .............................................................................. 13
2.3.1. Síntese das características gerais ...................................................................................... 14
2.3.2. Características de desempenho relevantes para o comportamento mecânico .................. 17
2.4. Comportamento mecânico em serviço de argamassas de reboco ............................................ 23
2.4.1. Exposição em serviço .......................................................................................................... 23
2.4.2. Degradação do revestimento e consequências no desempenho mecânico....................... 27
2.5. Conclusões do capítulo .............................................................................................................. 33
3. Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes .... 35
3.1. Introdução ................................................................................................................................... 35
3.2. Importância da utilização de técnicas de ensaio in-situ ............................................................. 35
3.3. Classificação das técnicas de ensaio in-situ .............................................................................. 37
3.4. Técnicas in-situ utilizadas para avaliação do comportamento mecânico .................................. 40
3.4.1. Ensaio de medição da velocidade de propagação das ondas (ultra-sons) ........................ 40
viii
3.4.1.1. Princípios do ensaio .................................................................................................... 40
3.4.1.2. Factores que afectam o ensaio ................................................................................... 43
3.4.1.3. Aplicações ................................................................................................................... 44
3.4.1.4. Vantagens e desvantagens ......................................................................................... 45
3.4.1.5. Interpretação e variabilidade dos resultados .............................................................. 46
3.4.2. Ensaio com esclerómetro pendular do tipo PT ................................................................... 48
3.4.2.1. Princípios do ensaio .................................................................................................... 48
3.4.2.2. Factores que afectam o ensaio ................................................................................... 49
3.4.2.3. Aplicações ................................................................................................................... 50
3.4.2.4. Vantagens e desvantagens ......................................................................................... 51
3.4.2.5. Interpretação e variabilidade dos resultados .............................................................. 51
3.5. Conclusões do capítulo .............................................................................................................. 53
4. Caracterização do trabalho experimental ..................................................................................... 55
4.1. Introdução ................................................................................................................................... 55
4.2. Caracterização dos casos de estudo ......................................................................................... 55
4.2.1. Muretes da estação de envelhecimento natural do LNEC, em Lisboa ............................... 56
4.2.2. Muretes da estação de envelhecimento natural de um fabricante, no Carregado ............. 58
4.3. Metodologia de inspecção .......................................................................................................... 59
4.3.1. Técnicas utilizadas e parâmetros medidos ......................................................................... 59
4.3.2. Plano de ensaios e factores estudados .............................................................................. 60
4.3.3. Descrição dos ensaios ........................................................................................................ 62
4.3.3.1. Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas ................................... 62
4.3.3.2. Esclerómetro pendular do tipo PT ............................................................................... 64
4.3.3.3. Condições de inspecção ............................................................................................. 65
4.3.3.3. Textura / rugosidade dos paramentos ........................................................................ 66
4.3.4. Registo da informação ......................................................................................................... 67
4.4. Conclusões do capítulo .............................................................................................................. 68
5. Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ ........................................................ 71
5.1. Introdução ................................................................................................................................... 71
5.2. Campanha experimental na EEN do LNEC, em Lisboa (Campanha 1) .................................... 72
5.2.1. Factores associados ao sistema de revestimento .............................................................. 73
5.2.1.1 Características do reboco ............................................................................................ 73
5.2.1.2. Características do suporte .......................................................................................... 80
5.2.1.3. Textura / rugosidade do acabamento ......................................................................... 82
5.2.1.4. Influência das anomalias ............................................................................................. 85
5.2.1.5. Acabamento com pintura ............................................................................................ 88
5.2.1.6. Condições de aplicação .............................................................................................. 89
5.2.2. Factores associados ao procedimento de inspecção ......................................................... 90
5.2.2.1. Condições de inspecção ............................................................................................. 90
5.2.2.2. Procedimento inerente à técnica ................................................................................. 92
ix
5.3. Campanha experimental na EEN de um fabricante, no Carregado (Campanha 2) .................. 95
5.3.1. Comparação com os resultados da campanha 1 ................................................................ 96
5.3.2. Contribuição para a análise da sensibilidade das técnicas in-situ ...................................... 96
5.3.2.1. Contribuição do suporte .............................................................................................. 96
5.3.2.2. Textura / rugosidade do acabamento ......................................................................... 97
5.4. Síntese e discussão geral dos resultados obtidos ..................................................................... 99
5.5. Conclusões do capítulo ............................................................................................................ 101
6. Avaliação do desempenho mecânico em serviço ..................................................................... 103
6.1. Introdução ................................................................................................................................. 103
6.2. Avaliação do desempenho expectável a partir das características das argamassas aplicadas
......................................................................................................................................................... 103
6.3. Avaliação do desempenho com base nos resultados obtidos in-situ ...................................... 107
6.4. Correlação entre os resultados das técnicas de ensaio in-situ ................................................ 111
6.5. Evolução do desempenho mecânico ao longo do tempo ........................................................ 113
6.6. Metodologia para avaliação do desempenho mecânico de revestimentos ............................. 114
6.7. Conclusões do capítulo ............................................................................................................ 118
7. Conclusões e desenvolvimentos futuros ............................................................................... 121
7.1. Considerações finais ................................................................................................................ 121
7.2. Conclusões finais ..................................................................................................................... 121
7.3. Propostas para desenvolvimentos futuros ............................................................................... 124
Bibliografia ......................................................................................................................................... 127
x
xi
Índice de figuras
Figura 2.1 - Produção da argamassa em betoneira .............................................................................. 10
Figura 2.2 - Aplicação da argamassa de reboco: manual (à esquerda) e mecânica (à direita) ........... 11
Figura 2.3 - Fendilhação de revestimentos aplicados numa camada (à esquerda) ou em várias
camadas (à direita) ................................................................................................................................ 11
Figura 2.4 - Soluções de reboco monocamada pigmentada em massa ............................................... 13
Figura 2.5 - Desempenho ao longo do tempo de um elemento, instalação ou sistema construtivo .... 14
Figura 2.6 - Avaliação de desempenho de rebocos exteriores ............................................................. 15
Figura 2.7 - Grupos de características de desempenho de rebocos em fachadas .............................. 16
Figura 2.8 - Aderência mecânica do reboco consoante a sucção do suporte ...................................... 18
Figura 2.9 - Representação esquemática do equipamento utilizado no ensaio pull-off ...................... 19
Figura 2.10 - Tipos de rotura no ensaio pull-off .................................................................................... 19
Figura 2.11 - Ensaio de choque de esfera para avaliação da resistência superficial ........................... 21
Figura 2.12 - Representação esquemática do processo de degradação da construção .................... 23
Figura 2.13 - Exemplos de erros comuns em cada fase construtiva .................................................... 24
Figura 2.14 - Representação esquemática da actuação dos agentes de degradação mais comuns
numa fachada rebocada ....................................................................................................................... 25
Figura 2.15 - Síntese dos mecanismos de deterioração dos diversos agentes de degradação ......... 26
Figura 2.16 - Perda de desempenho de rebocos, conforme as condições de exposição .................... 27
Figura 3.1. - Processo de avaliação do desempenho de um elemento construtivo. ........................... 38
Figura 3.2. - Recolha de amostras ........................................................................................................ 37
Figura 3.3 - Propagação das ondas P por vibração longitudinal das particulas (à esquerda) e
movimentos de compressões horizontais do material (à direita) .......................................................... 41
Figura 3.4 - Representação esquemática do ensaio de ultra-sons (à esquerda) e unidade central
PUNDIT (à direita) ................................................................................................................................ 42
Figura 3.5 - Métodos de disposição dos transdutores no ensaio de ultra-sons .................................... 42
Figura 3.6 - Detecção de fendas pelo método indirecto, referida no manual do equipamento ........... 45
Figura 3.7 - Esclerómetro pendular do tipo PT (à esquerda) e realização do ensaio (à direita) ........ 49
xii
Figura 3.8 - Relação entre o índice esclerométrico PT e a resistência do material: ábaco fornecido
pelo fabricante (à esquerda) e relação deterinada em laboratório (à direita) ....................................... 52
Figura 4.1 - Campanhas experimentais realizadas e tipos de rebocos analisados ............................. 56
Figura 4.2 - Esquema da disposição e orientação dos muretes na EEN do LNEC ............................. 56
Figura 4.3 - Muretes ensaiados na EEN do LNEC .............................................................................. 57
Figura 4.4 - Muretes ensaiados na EEN do fabricante (à esquerda) e esquema da orientação dos
muretes analisados (à direita) ............................................................................................................... 58
Figura 4.5 - Exemplo da utilização de técnicas auxiliares de diagnóstico ............................................ 60
Figura 4.6 - Esquema exemplificativo do esquema de medição pelo método indirecto
utilizado em cada percurso, de acordo com a norma EN 12504-4 ....................................................... 63
Figura 4.7 - Percursos utilizando vaselina em pasta (em cima) e pasta de dentes (em baixo) como
material de contacto .............................................................................................................................. 63
Figura 4.8 - Ilustração do ensaio de ultra-sons, pelo método indirecto ............................................... 64
Figura 4.9 - Localização dos ensaios em muretes com um único tipo de revestimento (à esquerda) e
com dois tipos de revestimentos (à direita) .......................................................................................... 65
Figura 4.10 - Realização do ensaio com esclerómetro pendular do tipo PT (à esquerda) e pormenor
da leitura do índice esclerométrico (à direita) ....................................................................................... 66
Figura 4.11 - Exemplos das situações verificadas: condições numa situação de chuva (à esquerda) e
de sol (à direita) .................................................................................................................................... 66
Figura 4.12 - Impossibilidade de utilização do rugosímetro digital num acabamento “casca de
carvalho” ................................................................................................................................................ 67
Figura 4.13 - Classes qualitativas definidas para a avaliação da rugosidade dos paramentos .......... 67
Figura 4.14 - Elementos a registar na ficha de inspecção (página 1 / 2) ............................................. 68
Figura 4.15 - Elementos a registar na ficha de inspecção (página 2 / 2) ............................................. 69
Figura 5.1 - Abordagem de análise da informação obtida na campanha experimental ....................... 71
Figura 5.2 - Velocidade aparente de propagação dos ultra-sons para os diferentes tipos de rebocos
tradicionais analisados, incluindo dispersão (± DP). ............................................................................ 74
Figura 5.3 - Variação da velocidade de propagação para as diferentes medições efectuadas em
rebocos tradicionais .............................................................................................................................. 75
Figura 5.4 - Velocidade aparente de propagação dos ultra-sons para os diferentes tipos de rebocos
pré-doseados analisados, incluindo dispersão (± DP) .......................................................................... 76
Figura 5.5 - Variação da velocidade de propagação para as diferentes medições efectuadas em
rebocos pré-doseados ........................................................................................................................... 77
xiii
Figura 5.6 - Índice esclerométrico PT para os diferentes tipos de rebocos tradicionais analisados,
incluindo dispersão (± DP) ................................................................................................................... 78
Figura 5.7 - Concentração de fibras de polipropileno (FPP) à superfície do revestimento ................. 79
Figura 5.8 - Índice esclerométrico PT para os diferentes tipos de rebocos pré-doseados analisados,
incluindo dispersão (± DP) ................................................................................................................... 80
Figura 5.9 - Velocidade de propagação dos ultra-sons para o mesmo tipo de reboco, aplicado em dois
tipos distintos de suporte, incluindo dispersão (± DP) ......................................................................... 81
Figura 5.10 - Valor do índice esclerométrico PT consoante a existência ou não de ligação ao suporte
(à esquerda) e o material de suporte empregue (à direita), incluindo dispersão (± DP) ..................... 82
Figura 5.11 - Perfil qualitativo da rugosidade para dois muretes com acabamentos distintos ............ 83
Figura 5.12 - Dificuldade de contacto associada a um revestimento de rugosidade elevada .............. 83
Figura 5.13 - Murete com acabamento raspado (rugosidade média) (à esquerda) e acabamento
“casca de carvalho” (rugosidade elevada) (à direita) ........................................................................... 84
Figura 5.14 - Velocidade aparente de propagação em paramentos de rugosidades distintas, incluindo
dispersão (± DP) ................................................................................................................................... 84
Figura 5.15 - Índice esclerométrico PT em paramentos de rugosidades distintas, incluindo dispersão
(± DP) ................................................................................................................................................... 85
Figura 5.16 - Estado geral de degradação dos muretes analisados na EEN no LNEC (à esquerda) e
na EEN no Carregado (à direita) .......................................................................................................... 86
Figura 5.17 - Influência da presença de fissuras na velocidade de propagação dos ultra-sons,
incluindo dispersão (±DP) .................................................................................................................... 87
Figura 5.18 - Diminuição da velocidade aparente de propagação das ondas consoante a abertura das
fissuras ................................................................................................................................................. 87
Figura 5.19 - Velocidade aparente de propagação em paramentos com e sem pintura, incluindo
dispersão (± DP) ................................................................................................................................... 88
Figura 5.20 - Índice esclerométrico PT em paramentos com e sem pintura, incluindo dispersão (± DP)
............................................................................................................................................................... 89
Figura 5.21 - Síntese dos resultados dos ensaios de ultra-sons (à esquerda) e com esclerómetro
pendular (à direita), para diferentes condições de aplicação, incluindo dispersão (± DP) .................. 90
Figura 5.22 - Variação dos resultados dos ensaios, dependendo das condições de inspecção, para o
ensaio de ultra-sons (à esquerda) e para o ensaio com esclerómetro pendular PT (à direita), incluindo
dispersão (± DP) ................................................................................................................................... 91
Figura 5.23 - Variação dos resultados dos ensaios com a distância entre medições, incluindo
dispersão (± DP) .................................................................................................................................... 93
xiv
Figura 5.24 - Variação dos resultados dos ensaios, consoante o material de contacto utilizado,
incluindo dispersão (± DP) .................................................................................................................... 94
Figura 5.25 - Variação dos resultados dos ensaios, consoante o sentido de medição, incluindo
dispersão (± DP) .................................................................................................................................... 94
Figura 5.26 - Evolução das medições do ressalto ao longo de impactos sucessivos, incluindo
dispersão (± DP) .................................................................................................................................... 95
Figura 5.27 - Comparação dos resultados do ensaio de ultra-sons (à esquerda) e do ensaio com
esclerómetro pendular PT (à direita) para as duas campanhas experimentais, incluindo dispersão (±
DP) ........................................................................................................................................................ 96
Figura 5.28 - Mapeamento das medições realizadas com esclerómetro pendular PT em ambas as
faces de um dos muretes analisados na campanha 2 .......................................................................... 97
Figura 5.29 - Variação dos resultados dos ensaios de ultra-sons, à esquerda, e com esclerómetro
pendular, à direita, para paramentos de rugosidades distintas, incluindo dispersão (± DP) ................ 98
Figura 5.30 - Sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ aos diferentes parâmetros analisados ... 100
Figura 6.1 - Fissuração generalizada no reboco do tipo PD5 aplicado em 1995, devido à baixa
capacidade de deformação ................................................................................................................. 107
Figura 6.2 - Resultados obtidos na avaliação de desempenho com o ensaio de ultra-sons .............. 109
Figura 6.3 - Resultados obtidos na avaliação de desempenho com esclerómetro pendular PT ........ 110
Figura 6.4 - Relação entre os resultados do ensaio de ultra-sons e os resultados do ensaio com
esclerómetro pendular PT ................................................................................................................... 112
Figura 6.5 - Comparação dos resultados obtidos no ensaio de ultra-sons nos muretes da EEN no
Carregado com os resultados obtidos há um ano por Flores-Colen (2009) ....................................... 114
Figura 6.6 - Comparação dos resultados obtidos no ensaio de ultra-sons nos muretes da EEN no
Carregado com os resultados obtidos há um ano por Flores-Colen (2009) ....................................... 115
Figura 6.7 - Procedimento proposto para avaliação do desempenho mecânico de rebocos aplicados
com base na análise do desempenho especificado em projecto e na utilização em serviço de ensaios
in-situ (ultra-sons e esclerómetro pendular PT) .................................................................................. 116
xv
Índice de quadros
Quadro 2.1 - Classificação dos ligantes inorgânicos ...............................................................................7
Quadro 2.2 - Exemplo de correspondência entre função, exigências funcionais, características e
requisitos de desempenho .................................................................................................................... 16
Quadro 2.3 - Requisitos de aderência segundo especificações técnicas e a normalização existente 19
Quadro 2.4 - Requisitos de resistência à compressão segundo a normalização existente ................. 20
Quadro 2.5 - Requisitos de resistência superficial segundo a normalização existente ........................ 21
Quadro 2.6 - Requisitos de capacidade de deformação segundo a normalização existente ............... 22
Quadro 2.7 - Causas mais prováveis da humidade em revestimentos exteriores................................ 29
Quadro 2.8 - Causas mais prováveis da fendilhação e fissuração de revestimentos exteriores ......... 29
Quadro 2.9 - Causas mais prováveis das eflorescências e criptoflorescências em revestimentos
exteriores ............................................................................................................................................... 30
Quadro 2.10 - Causas mais prováveis da biodegradação de revestimentos exteriores ...................... 31
Quadro 2.11 - Causas mais prováveis da perda de aderência em revestimentos exteriores .............. 31
Quadro 2.12 - Causas mais prováveis da perda de coesão de revestimentos exteriores ................... 32
Quadro 2.13 - Causas mais prováveis da erosão de revestimentos exteriores ................................... 32
Quadro 2.14 - Causas mais prováveis da sujidade de revestimentos exteriores ................................. 33
Quadro 3.1 - Técnicas de ensaio in-situ aplicáveis a rebocos exteriores ............................................. 39
Quadro 3.2 - Resultados de estudos anteriores de avaliação de rebocos exteriores utilizando o ensaio
de ultra-sons em paramentos em serviço ............................................................................................. 47
Quadro 3.3 - Tipos de esclerómetro e suas aplicações ........................................................................ 49
Quadro 3.4 - Avaliação da qualidade de argamassas com base em ensaios in-situ, utilizando
esclerómetro pendular do tipo P e PT ................................................................................................... 53
Quadro 4.1 - Técnicas utilizadas e parâmetros analisados na campanha experimental .................... 59
Quadro 5.1 - Velocidade aparente de propagação dos ultra-sons para os diferentes tipos de rebocos
tradicionais analisados ......................................................................................................................... 73
Quadro 5.2 - Velocidade aparente de propagação dos ultra-sons para os diferentes tipos de rebocos
pré-doseados analisados ..................................................................................................................... 76
Quadro 5.3 - Índice esclerómetrico pendular para os diferentes tipos de rebocos tradicionais
analisados ............................................................................................................................................ 78
xvi
Quadro 5.4 - Índice esclerómetrico PT para os diferentes tipos de rebocos
pré-doseados analisados (1 / 2) ............................................................................................................ 79
Quadro 5.5 - Índice esclerómetrico PT para os diferentes tipos de rebocos
pré-doseados analisados (2 / 2) ............................................................................................................ 79
Quadro 5.6 - Síntese da sensibilidade do ensaio de ultra-sons para os casos de estudo ................... 99
Quadro 5.7 - Síntese da sensibilidade do ensaio com esclerómetro pendular PT para os casos de
estudo .................................................................................................................................................. 100
Quadro 6.1 - Especificações e recomendações adicionais aplicáveis em Portugal para as
características relevantes para o desempenho mecânico de revestimentos exteriores .................... 104
Quadro 6.2 - Características mecânicas, no estado endurecido, das argamassas analisadas na
campanha experimental ...................................................................................................................... 106
Quadro 6.3 - Critérios para a avaliação do desempenho mecânico de rebocos exteriores propostos
por Flores-Colen (2009) ...................................................................................................................... 108
xvii
Abreviaturas
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
APFAC - Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção
ASTM - American Society for Testing and Materials
BSI - British Standards Institution
CEN - Comité Européen de Normalisation
CSTB - Centre Scientifique et Technique du Bâtiment
DIN - Deutsches Institut für Norming
DPC - Directiva de Produtos da Construção
DTU - Document Technique Unifié
EEN - Estação de Envelhecimento Natural
IST - Instituto Superior Técnico
LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil
RILEM - Réunion Internationale des Laboratoires D’Essais et de Recherches sur les Matériaux et les
Constructions
xviii
xix
Simbologia
Alfabeto latino
DP - desvio padrão dos resultados
d - distância percorrida pela onda ultra-sónica (distância entre transdutores)
+d e -d - desvios em relação aos valores limites
E - energia de impacto no ensaio de choque de esfera
Ed - módulo de elasticidade dinâmico da argamassa
fu - tensão de aderência ou de resistência ao arrancamento no ensaio de tracção pull-off
IEP - índice esclerométrico obtido com o esclerómetro pendular do tipo P
IEPT
- índice esclerométrico obtido com o esclerómetro pendular do tipo PT
L.I. - limite inferior recomendado
L.S. - limite superior recomendado
Map - massa volúmica aparente
R - posição do receptor de ondas ultra-sónicas
RM - rugosidade média do paramento medida com o rugosímetro
Rc - resistência à compressão da argamassa
Rt - resistência à tracção por flexão da argamassa
T - posição do transdutor de ondas ultra-sónicas
t - tempo de transição no percurso das ondas ultra-sónicas
Vap - velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas
Alfabeto grego
- coeficiente de poisson
xx
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
1
1. Introdução
1.1. Enquadramento e justificação da investigação
Os revestimentos exteriores constituem a “pele” dos edifícios, assegurando a protecção contra os
agentes de degradação de natureza física, mecânica, química e biológica (Magalhães, 2002). Deste
modo, são fundamentais para a durabilidade das construções, influenciando também de forma
decisiva a salubridade e o conforto dos locais onde se vive e trabalha (Veiga, 2003). Para que
cumpram a sua função, os revestimentos devem assegurar a impermeabilização e protecção das
paredes, acabamento dos paramentos e durabilidade face às acções externas e adequabilidade de
uso (Veiga, 2005).
Os revestimentos de ligante mineral, conhecidos geralmente por rebocos, constituem a solução de
revestimento mais usada em Portugal, devido essencialmente ao seu baixo custo inicial e à baixa
complexidade construtiva necessária à sua aplicação (Gaspar, 2003). Este tipo de solução de
revestimento (reboco tradicional) consiste na aplicação de argamassa em camadas, com
composições decrescentes em termos de ligante do interior para o exterior. Nos últimos anos, tem-se
assistido também a um aumento da utilização de rebocos não-tradicionais, argamassas pré-doseadas
em fábrica, com constituintes tradicionais, enriquecidas com adições e adjuvantes que visam
melhorar o seu comportamento.
Durante muitos anos, os revestimentos de ligante mineral foram considerados um material sem muita
importância técnica, uma vez que o pedreiro “sabia” como executar o reboco (Tristão, 1995). Esta
atitude, aliada à diminuição da mão-de-obra especializada e ao ritmo da construção actual, impede
que se executem os rebocos de acordo com a arte de bem construir, resultando na redução da
durabilidade do revestimento e, por consequência, da própria construção. A todos estes motivos
junta-se ainda a falta de manutenção durante a vida útil, conduzindo a uma redução significativa das
características de desempenho do revestimento.
Capítulo 1 - Introdução
2
A redução progressiva ao longo do tempo das características de desempenho do revestimento leva a
que, ultrapassados os limites mínimos aceitáveis, seja necessário intervir para repor níveis aceitáveis.
O momento e a extensão da intervenção dependem do estado actual do revestimento, pelo que se
torna indispensável avaliar in-situ o desempenho em serviço do mesmo. A avaliação in-situ é uma
actividade complexa, normalmente restringida a uma avaliação visual, ou recorrendo a técnicas
auxiliares de diagnóstico (Flores-Colen, 2006b).
A utilização de técnicas auxiliares de diagnóstico, nomeadamente técnicas in-situ, permite avaliar
com maior precisão e de forma objectiva o nível de desempenho do revestimento em causa. De entre
as características que condicionam esse desempenho, a sua maioria diz respeito ao comportamento
mecânico, existindo diversas técnicas in-situ que permitem tirar conclusões nesse domínio.
Neste trabalho, é avaliado o comportamento mecânico do tipo de revestimento exterior mais usual na
construção em Portugal, o reboco, recorrendo ao ensaio de ultra-sons e ao esclerómetro pendular.
Estas técnicas in-situ são já largamente utilizadas noutras áreas, nomeadamente no betão, onde
constituem um auxiliar precioso. Contudo, a sua aplicação em rebocos não é ainda usual, salvo em
alguns trabalhos de investigação.
Devido à reduzida importância dada durante muito tempo aos rebocos, foram poucos os avanços
científicos nessa área. No entanto, fruto da importância que hoje em dia se reconhece a este
revestimento, têm surgido nos últimos anos diversos trabalhos sobre as suas características e os
seus processos de degradação.
Apesar do interesse recente pelas argamassas de revestimento, são ainda poucos os trabalhos
científicos que se debruçam sobre a avaliação in-situ das suas características e do seu
comportamento. Este trabalho pretende seguir essa via, contribuindo para aumentar o conhecimento
existente sobre esta temática. Nesta perspectiva, foi realizado um estudo experimental com vista à
avaliação do desempenho mecânico em serviço de revestimentos exteriores de paredes, utilizando
duas técnicas de ensaio in-situ, o esclerómetro pendular PT e o equipamento de ultra-sons.
1.2. Objectivos
Este trabalho pretende aprofundar os conhecimentos sobre as características de desempenho de
rebocos exteriores, baseando esse estudo na informação fornecida pelas técnicas in-situ utilizadas.
Assim, pretende-se relacionar essa informação com o nível de desempenho dos rebocos,
nomeadamente no que diz respeito às características relevantes para o comportamento mecânico.
Quanto às técnicas in-situ, deseja-se avaliar a sua viabilidade e aplicabilidade na avaliação do
desempenho mecânico dos rebocos. Para além da aplicabilidade, este trabalho, pretende contribuir
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
3
para o melhoramento das técnicas utilizadas, nomeadamente com o estudo da sensibilidade das
técnicas de ensaio in-situ aos factores que envolvem a sua utilização.
Os objectivos referidos podem pois resumir-se em três principais:
contribuir para o estudo mais aprofundado do desempenho mecânico em serviço de rebocos em
fachadas;
estudar a potencialidade do ensaio de ultra-sons e do ensaio com esclerómetro pendular PT na
avaliação das características mecânicas das argamassas de revestimento aplicadas, assim como
na avaliação do seu desempenho em serviço;
estudar a sensibilidade do ensaio de ultra-sons e do ensaio com esclerómetro pendular PT aos
diversos factores que envolvem a sua utilização.
1.3. Estrutura e organização do texto
Este trabalho está organizado em sete capítulos que, genericamente, podem ser divididos em duas
partes. A primeira parte engloba os capítulos 1 a 3 e pretende fazer a síntese do estado da arte, com
base nas referências bibliográficas disponíveis, contribuindo para um conhecimento mais
aprofundado do material a estudar e do seu comportamento, assim como das técnicas de ensaio
in-situ utilizadas.
O capítulo 1 faz o enquadramento e introdução ao tema, caracterizando a problemática alvo de
investigação, assim como os seus objectivos. Pretende ser a base para a compreensão deste
trabalho pelo que engloba também a forma como a informação foi distribuída pelos diferentes
capítulos.
O capítulo 2 engloba a informação sobre o desempenho de argamassas de revestimento exterior de
paredes. Em primeiro lugar, aborda, de forma geral, as argamassas de revestimento geralmente
utilizadas, focando as suas origens, constituição e condições de aplicação. Em seguida, são
desenvolvidos os aspectos relacionados com o desempenho dos revestimentos em serviço, com
especial destaque para o desempenho mecânico.
O capítulo 3 caracteriza a utilização de técnicas de ensaio in-situ na avaliação do desempenho de
revestimentos de paredes. Em primeiro lugar, é descrita a utilidade e importância deste tipo de
técnicas, sendo depois caracterizadas, com mais pormenor, as duas técnicas de ensaio in-situ
utilizadas nesta dissertação, em termos dos seus princípios de base, aplicações, vantagens e
desvantagens e interpretação e utilidade dos resultados.
A segunda parte engloba os capítulos 4 a 7, onde se descreve o trabalho experimental realizado e se
faz a análise dos resultados obtidos.
Capítulo 1 - Introdução
4
No capítulo 4 é feita a caracterização do trabalho experimental efectuado. Neste capítulo, são
caracterizados os casos de estudo, em termos das suas características construtivas principais e dos
materiais empregues no seu revestimento. É também descrita a metodologia de inspecção utilizada,
em termos das técnicas utilizadas, dos procedimentos adoptados e dos parâmetros medidos.
No capítulo 5, é analisada a sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ utilizadas, com base nos
resultados obtidos para diversos paramentos e situações. É feita uma análise paramétrica em relação
a diversos factores identificados como podendo exercer influência nos resultados, tanto relacionados
com o sistema de revestimento como com o procedimento de inspecção.
O capítulo 6 engloba a análise do desempenho mecânico em serviço, com base nos resultados
obtidos para os diversos paramentos analisados. É analisado o desempenho mecânico expectável,
com base nas características das argamassas estudadas, assim como o desempenho em serviço, a
partir de critérios propostos na bibliografia consultada. Por fim, é proposta uma metodologia para
avaliação do desempenho mecânico de revestimentos, com base nos resultados dos ensaios in-situ
utilizados.
Por último, o capítulo 7 inclui as conclusões do trabalho desenvolvido de acordo com os objectivos
traçados, assim como algumas propostas para desenvolvimentos futuros tendo em conta os aspectos
que se considera relevante aprofundar.
No final do trabalho são apresentadas as referências bibliográficas que serviram de base para o
desenvolvimento deste estudo e, em anexo, alguns aspectos complementares dos diferentes
capítulos.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
5
2. Desempenho de argamassas de
revestimento exterior de paredes
2.1. Introdução
O presente capítulo pretende abordar os aspectos mais importantes relacionados com o revestimento
de paredes exteriores em argamassas de reboco. São desenvolvidos os aspectos relacionados com a
origem, constituição e aplicação das argamassas de reboco (tradicionais e não-tradicionais), sendo
estes aspectos abordados na perspectiva da influência de cada um deles no comportamento
mecânico em serviço. Posteriormente, é feita uma análise do desempenho em serviço desta solução
de revestimento em termos das características de desempenho, com maior incidência nas
características (e requisitos) relevantes para o comportamento mecânico. Por último, é esclarecida a
problemática da exposição em serviço de argamassas de revestimento e da sua consequente
degradação, focando as anomalias mais comuns neste tipo de revestimento e a sua influência no seu
comportamento mecânico em serviço.
Na metodologia seguida nesta dissertação, este capítulo pretende fornecer as bases para o
conhecimento do revestimento exterior com reboco, não só em termos das características do material
como também do seu comportamento mecânico em serviço. Deste modo, constituem objectivos deste
capítulo fornecer a informação necessária à compreensão do comportamento mecânico em serviço
de revestimentos exteriores em argamassas de reboco, assim como à avaliação do seu desempenho
em serviço.
2.2. Revestimentos exteriores em argamassas de reboco
Os revestimentos de ligante mineral, conhecidos geralmente por rebocos, constituem a solução de
revestimento mais usada em Portugal, devido essencialmente ao seu baixo custo inicial e à baixa
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
6
complexidade construtiva necessária à sua aplicação (Gaspar, 2003). Dos revestimentos com reboco,
o reboco tradicional, doseado e preparado em obra de acordo com tecnologias tradicionais, tem sido
a solução adoptada na maioria das construções em Portugal, em especial nos edifícios de habitação,
constituindo cerca de 62% do total de revestimentos exteriores existentes (Gonçalves et al., 2007).
Apesar disso, hoje em dia é cada vez mais comum o recurso a produtos não-tradicionais que, pela
disponibilidade e rapidez de aplicação, se adaptam mais facilmente ao ritmo de construção que
actualmente se pratica.
2.2.1. Argamassas de reboco tradicionais
2.2.1.1. Origem e evolução
O reboco tradicional, tal como hoje é conhecido, foi desenvolvido pelos Romanos, que herdaram a
técnica dos Etruscos (Nero, 2001c). As argamassas eram inicialmente em terra crua e argilosa,
misturada com matérias vegetais. Este material era facilmente degradado pelos agentes
atmosféricos, sendo necessário substituí-lo periodicamente (Botelho, 2003).
Mais tarde, a invenção do fogo permitiu a descoberta dos efeitos do calor nos calcários e gessos,
evidenciando, as suas características aglutinantes, em contacto com a água (Pinto et al., 2006). Este
facto permitiu a utilização, com funções de revestimento e de protecção das alvenarias e adobes, de
argamassas formadas essencialmente por cal aérea, areia e água. As argamassas em causa foram
sendo aperfeiçoadas ao longo dos tempos com a adição de outros produtos, tais como pozolanas,
cinzas e aditivos orgânicos (como, por exemplo, sangue de animais, gorduras e leite para melhorar a
trabalhabilidade ou óxidos para obter a coloração desejada) (Gaspar, 2002).
A partir do século XIX, com os estudos de Vicat e Feret, entre outros, paralelamente às conquistas
tecnológicas da revolução industrial, as argamassas de reboco sofreram uma grande evolução. O
surgimento da cal hidráulica, e posteriormente do cimento, levou à progressiva substituição da cal
aérea, de tal modo que hoje em dia é mais difícil encontrar quem tenha conhecimentos suficientes
para a utilizar (Pinto et al., 2006). Nas últimas décadas, sempre que a opção de revestimento recaía
sobre o reboco, tornou-se regra a utilização de argamassas exclusivamente de cimento. Contudo,
devido à maior importância que hoje se dá à preservação da cultura e do património, as cais aérea e
hidráulica têm sido objecto de estudo e a sua utilização tem sido novamente incentivada,
nomeadamente na recuperação de edifícios antigos.
2.2.1.2. Constituição
As argamassas de reboco são argamassas de ligante mineral, constituídas por uma mistura de vários
constituintes. Para compreendê-las melhor, é essencial conhecer as características dos seus
constituintes. Não se pretende esgotar tudo o que há a saber sobre esses mesmos constituintes, mas
apenas aprofundar os aspectos que condicionam o seu comportamento.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
7
i) Ligantes
Os ligantes são substâncias que têm propriedades aglutinantes, conferindo coesão (ligação) entre as
partículas que constituem a argamassa, permitindo também a ligação desta ao suporte. Para além da
coesão, os ligantes devem ainda garantir que os rebocos apresentam estabilidade, quando em
contacto com o meio ambiente em que se inserem.
Os ligantes minerais obtêm-se a partir de pedras naturais. Reduz-se essa pedra a pó e fornece-se
energia sob a forma de calor, para desequilíbrio das ligações químicas dos seus constituintes,
obtendo-se um produto que tende facilmente a combinar-se com elementos naturais, resultando
produtos com composição química análoga às pedras que lhe deram origem (Nero, 2001c). Os
principais tipos de ligantes inorgânicos podem ser classificados em três categorias principais, em
função do seu comportamento em contacto com a água, como mostra o Quadro 2.1.
Quadro 2.1 - Classificação dos ligantes inorgânicos (Nero, 2001c)
Um ligante classifica-se como aéreo se, após ter atingido certo grau de endurecimento, o perder, total
ou parcialmente, quando em contacto permanente com a água. Por oposição, um ligante diz-se
hidráulico quando, após ter atingido um determinado estágio de endurecimento, não o perde em
contacto permanente com a água (Nero, 2001d). O comportamento hidráulico é conseguido através
da mistura de argilas, recorrendo a altas temperaturas para formar compostos com essas
propriedades.
Como se referiu, a cal aérea foi o principal ligante utilizado nas argamassas de reboco desde a
Antiguidade até ao aparecimento dos ligantes hidráulicos. Hoje em dia, as argamassas unicamente
de cal aérea são pouco usadas, justificando-se a sua utilização principalmente em situações de
reabilitação do património. As argamassas produzidas com este tipo de ligante apresentam um
endurecimento lento, por carbonatação, e são bastante susceptíveis às condições do meio onde se
inserem, podendo no entanto, se correctamente prescritas, atingir excelentes comportamentos. Este
tipo de argamassas possui também baixa resistência à flexão, compressão e desgaste, razão pela
qual também se tende a substituí-las por argamassas mais “fortes”.
Tipos de ligantes Exemplos
Ligantes aéreos Cal aérea
Gesso
Ligantes hidráulicos
Cal hidráulica (fracamente, medianamente, propriamente,
eminentemente hidráulica)
Cimento (tipos I, II, III, IV)
Escória de alto forno
Materiais com comportamento de
ligante
Terras argilosas
Pozolanas naturais, cinzas volantes
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
8
Os ligantes hidráulicos, nomeadamente a cal hidráulica e o cimento, são ligantes com compostos
mais estáveis e de presa mais rápida do que a cal aérea pelo que rapidamente tenderam a
substituí-la, generalizando-se a utilização de argamassas de reboco à base de cimento. No entanto,
apesar de estas serem argamassas mais resistentes e mais compactas, são também mais rígidas,
detentoras de uma retracção elevada (logo mais susceptíveis à fendilhação) e possuidoras de sais
prejudiciais para as alvenarias antigas. Estas razões tornam estas argamassas, muitas das vezes,
demasiado “fortes” para esta utilização.
A tomada de consciência, nos últimos anos, de que as argamassas de cimento não poderiam ser
indiscriminadamente utilizadas em rebocos, levou a que se procurassem formulações intermédias,
através da mistura de ligantes. Destas argamassas bastardas, destacam-se as argamassas de
cimento e cal hidráulica ou aérea hidratada, por serem mais permeáveis e menos susceptíveis à
fendilhação (Gaspar, 2002).
ii) Agregados
Os agregados usados na execução de rebocos tradicionais são geralmente areias naturais, extraídas
de leitos de rios ou de areeiros (Anunciada, 2004). Estas areias constituem-se como
micro-agregados, à semelhança do que acontece com os agregados no betão, razão pela qual alguns
autores (Nero, 2001c) sugerem que os rebocos podem ser tratados como micro-betões em termos da
escolha dos agregados.
As areias funcionam como “o esqueleto” da argamassa, ao mesmo tempo que contribuem para sua a
compacidade e resistência. A forma dos grãos e a sua curva granulométrica influenciam o aspecto, a
porosidade e a trabalhabilidade da argamassa. Quanto menor for o módulo de finura da areia
utilizada, maior será o volume de vazios da argamassa, logo maior será a porosidade e mais
trabalhável será a argamassa.
Para além da granulometria, há ainda que ter em atenção a eventual presença de argilas ou sais. A
percentagem de argila deverá estar abaixo de 5% (Anunciada, 2004), uma vez que teores superiores
poderão conduzir a maiores retracções. Quanto aos sais, a sua presença poderá acelerar a
deterioração do revestimento, como é o caso dos sulfatos.
iii) Água
A água é um elemento fundamental no fabrico de argamassas, pois permite a formação da pasta e,
no caso dos ligantes hidráulicos, também a hidratação do ligante. De uma forma geral, a água
utilizada não deverá conter quaisquer contaminações susceptíveis de afectar a presa, o
endurecimento e a durabilidade do revestimento, pelo que a utilização de água potável das redes de
abastecimento público é geralmente adequada.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
9
iv) Adjuvantes e adições
A utilização de adjuvantes e adições, embora não seja muito comum nos rebocos tradicionais, pode
melhorar significativamente algumas características dos rebocos. Os adjuvantes são produtos
orgânicos ou inorgânicos que podem ser adicionados, geralmente em pequenas quantidades, com o
objectivo de modificar propriedades intrínsecas (químicas) das argamassas. Entre os adjuvantes
aplicáveis a argamassas de reboco, destacam-se os promotores de aderência (melhoram a aderência
sem aumentar o teor de cimento, diminuindo a retracção e a susceptibilidade à fendilhação), os
hidrófugos de massa (melhoram a capacidade de impermeabilização pois obturam os capilares,
impedindo a penetração e circulação de água no revestimento), os introdutores de ar (melhoram a
capacidade de impermeabilização, a resistência ao gelo-degelo e aos sais pois as bolhas de ar
introduzidas promovem um corte de capilaridade), os plastificantes (aumentam a trabalhabilidade da
argamassa, permitindo a diminuição da quantidade de água de amassadura e, eventualmente, de
ligante), os retentores de água (limitam o risco de uma dessecação prematura da argamassa,
contribuindo para uma hidratação mais completa) e os fungicidas (impedem a fixação de
microorganismos nas argamassas).
Por seu lado, as adições são materiais orgânicos finamente moídos, que são adicionados com o
objectivo de obter ou melhorar propriedades físicas das argamassas. Como exemplo de adições,
têm-se as fibras (visam aumentar a resistência à tracção e a ductilidade do revestimento, melhorando
a resistência à fendilhação), as cargas leves (diminuem o módulo de elasticidade, permitindo uma
maior capacidade de deformação) e as pozolanas (melhoram o comportamento aos sulfatos e às
reacções sílica-agregados) (Veiga, 1998) (Anunciada, 2003) (Pinto et al., 2006) (Martins, 2008).
A utilização destas adições e adjuvantes em Portugal é reduzida e, por conseguinte, o seu domínio é
baixo, pelo que não se recomenda o uso destes produtos sem a realização de ensaios prévios, que
possam fundamentar a sua adequabilidade (Veiga, 1998).
2.2.1.3. Aplicação
O desempenho futuro do reboco depende, em grande parte, da sua correcta aplicação. A aplicação
tradicional, baseada na experiência acumulada ao longo dos séculos, mostrou já ser adequada às
exigências funcionais que se colocam a este tipo de revestimento. Com o avanço tecnológico
introduzido nos últimos anos na construção, foram desenvolvidas técnicas de aplicação por projecção
que, pelo seu maior rendimento, se adequam melhor ao ritmo de construção que hoje se pratica.
i) Preparação do suporte
A aplicação do reboco deverá ser antecedida da preparação do suporte. O suporte deve possuir uma
certa homogeneidade, sem cavidades que possam conduzir à fissuração posterior do reboco, e deve
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
10
ser áspero, para permitir uma melhor aderência. A superfície deve ainda estar limpa, isenta de
poeiras, sais, óleos, tintas ou quaisquer outros produtos que possam limitar a aderência do reboco.
Para suportes novos, a aplicação do reboco só deve ocorrer pelo menos um mês após a sua
execução, garantindo-se desta forma que a retracção do suporte já ocorreu (Anunciada, 2004).
Antes da aplicação do reboco, o suporte deve ser humedecido, para evitar que absorva parte da água
de amassadura da argamassa. No entanto, este não deve estar encharcado, para que não aconteça
a situação contrária.
ii) Produção da argamassa
A argamassa deve ser produzida com o máximo cuidado de modo a obter uma mistura homogénea
de todas as matérias-primas (Pinto et al., 2006). Tradicionalmente, a mistura é realizada em obra, de
forma manual ou em betoneira, embora hoje em dia praticamente só se utilize o fabrico mecânico. A
amassadura em betoneira (Figura 2.1) permite obter uma melhor homogeneidade da argamassa,
para além de reduzir as perdas e de necessitar de menos água de amassadura. Independentemente
do processo de produção, os equipamentos utilizados devem estar limpos, de modo a evitar
contaminações da argamassa.
Figura 2.1 - Produção da argamassa em betoneira (Flores e Brito, 2004)
iii) Aplicação da argamassa
A aplicação da argamassa de reboco pode ser feita por processos manuais ou por projecção
mecânica (Figura 2.2). A projecção mecânica tem diversas vantagens, das quais se destacam a
maior produtividade, maior uniformidade e menores desperdícios. No entanto, em edifícios de valor
histórico, a aplicação manual é o único processo que reproduz a textura e a patine decorrente do
envelhecimento (Pinto et al., 2006).
Para que o reboco possa atingir o desempenho adequado, a aplicação da argamassa deve obedecer
a alguns cuidados especiais. A aplicação deve realizar-se em condições atmosféricas favoráveis, de
modo a salvaguardar as reacções de hidratação e carbonatação, evitando temperaturas demasiado
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
11
baixas (abaixo de 5 ºC) ou demasiado altas (acima de 30 ºC), assim como situações de humidade
elevada. A superfície deve ser preparada de acordo com o descrito, devendo estar abrigada do vento
forte e da incidência directa dos raios solares, evitando a dessecação prematura da argamassa.
Figura 2.2 - Aplicação da argamassa de reboco: manual (à esquerda)
e mecânica (à direita) (APFAC, 2003)
Como refere Veiga (1998), é difícil dosear uma argamassa de reboco para que o revestimento
resultante seja, em simultâneo, pouco susceptível à fendilhação, pouco permeável à água, bastante
permeável ao vapor de água, bem aderente ao suporte, entre outros requisitos. Esta dificuldade é
ultrapassada, tradicionalmente, através da aplicação de várias camadas de reboco, com funções
complementares. A utilização de várias camadas permite, por exemplo, que as fendas que surgem
nas várias camadas estejam desfasadas (Figura 2.3), o que torna o revestimento mais resistente à
penetração da água e de outros agentes agressivos (poluição, sais, entre outros). Os rebocos
exteriores tradicionais são normalmente aplicados em três camadas: salpisco (ou crespido), camada
de base (ou de regularização) e camada de acabamento.
Figura 2.3 - Fendilhação de revestimentos aplicados numa camada (à esquerda) ou em várias
camadas (à direita) (Veiga, 2005)
O salpisco deve ser executado após preparação do suporte e pulverização do mesmo, como descrito.
Esta camada deve ser pouco espessa, pretendendo apenas garantir uma boa aderência entre o
suporte e a camada de base. Assim, deve ser projectada vigorosamente contra o suporte uma
argamassa fluida, rica em cimento e que proporcione alguma rugosidade, através da incorporação de
grãos de uma granulometria superior.
A camada de base constitui o corpo do revestimento, com função de regularização e de
impermeabilização da parede. Só deve ser aplicada após o salpisco ter secado, para que já se tenha
verificado a parte mais significativa da retracção, recomendando-se um intervalo de 2 a 3 dias,
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
12
consoante alguns autores (Botelho, 2003) (Anunciada, 2004). O salpisco deve ser humedecido
previamente antes da aplicação da camada de base, devendo esta ser apertada à talocha, de modo a
que fique regular mas não completamente lisa, para não comprometer a aderência da camada
seguinte. A sua espessura não deve ultrapassar 20 mm mas, se tal for necessário, devem ser
aplicadas várias camadas, com um intervalo de 7 dias para que a camada anterior possa sofrer a
retracção inicial. Para que a função de impermeabilização seja conseguida, as camadas devem ser
compactas e fendilhar pouco, pelo que o teor de cimento deve ser sucessivamente menor do interior
para o exterior (regra da degressividade do teor de cimento) (Veiga, 1998).
A camada de acabamento tem por função proteger as camadas subjacentes e conferir o acabamento
pretendido. Esta camada só deve ser aplicada cerca de 7 dias após a camada de base, permitindo
assim um funcionamento relativamente independente em termos de retracção. A argamassa utilizada
deve ter um baixo teor de ligante, enquanto a areia deve ter uma granulometria de acordo com o
acabamento pretendido. Terminado o reboco, este deve ser humedecido regularmente, para garantir
uma cura adequada. Deverá decorrer um intervalo de, pelo menos, 28 dias antes da aplicação de
qualquer acabamento final, por pintura por exemplo.
2.2.2. Argamassas de reboco não-tradicionais
2.2.2.1. Constituição
Os rebocos não-tradicionais são argamassas pré-doseadas em fábrica, de acordo com uma
formulação estudada. Estas argamassas são produzidas com constituintes tradicionais
seleccionados, enriquecidos com adições e adjuvantes que lhe conferem propriedades que as
diferenciam das argamassas tradicionais feitas em obra (APFAC, 2003). Assim, embora se baseiem
nos mesmos constituintes, estes rebocos pré-doseados têm uma formulação mais complexa, que visa
permitir-lhe um desempenho melhorado (Gomes et al., 2005b), tentando opor-se às principais
desvantagens dos rebocos tradicionais (a susceptibilidade à fendilhação e a capilaridade).
As principais vantagens deste tipo de soluções são os cuidados associados à sua composição, que
garantem maior fiabilidade de composição e de comportamento (Nero, 2001c). Como desvantagens,
apresentam um custo inicial elevado relativamente aos rebocos tradicionais, exigem mão-de-obra
experiente, suportes desempenados e um planeamento de obra rigoroso (Veiga, 1998) (Anunciada,
2004).
Dos rebocos não-tradicionais, os rebocos do tipo monocamada são os mais utilizados em Portugal,
pois desempenham numa só camada as funções das três camadas tradicionais. Este factor, aliado à
sua aplicação por projecção, tornam estes produtos de muito rápida aplicação, logo apetecíveis face
ao ritmo de construção actual. Estes revestimentos podem ser também pigmentados em massa,
dispensando a aplicação de pintura, garantindo simultaneamente o acabamento e decoração dos
paramentos (Figura 2.4). No entanto, esta solução da pigmentação em massa, para além de fazer
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
13
depender muito o aspecto final das condições de aplicação, é uma tendência importada que nem
sempre condiz com o que habitualmente se pratica em Portugal (Veiga, 1998).
Existem actualmente rebocos com composições muito variadas e, em consequência, características e
comportamentos diversificados, o que leva a que a sua utilização deva ser avaliada caso a caso.
Figura 2.4 - Soluções de reboco monocamada pigmentada em massa
(APFAC, 2003) (Quintela et al., 2005)
2.2.2.2. Aplicação
Neste tipo de reboco, as argamassas secas são normalmente pré-doseadas em fábrica, bastando
juntar água segundo as instruções do fabricante para produzir a argamassa. No entanto, a tendência
para, muitas vezes, adicionar mais água do que seria necessário para obter uma melhor
trabalhabilidade, pode conduzir a argamassas demasiado porosas e, consequentemente, menos
resistentes mecanicamente.
As argamassas de reboco não-tradicional podem ser aplicadas manualmente, da forma tradicional.
No entanto, como se referiu anteriormente, estão particularmente vocacionadas para a aplicação de
projecção, o que implica uma maior plasticidade das argamassas.
A aplicação dos rebocos não-tradicionais deve obedecer aos mesmos cuidados de preparação do
suporte e de aplicação referidos para os rebocos tradicionais. A tendência para, muitas vezes,
descurar os cuidados necessários em todas as fases, desde a selecção do produto até à cura,
passando pela preparação do suporte e pela aplicação, é a causa principal de, por vezes, se atribuir
um menor desempenho mecânico em serviço a este tipo de soluções, apesar das melhores
características mecânicas do material (Antunes e Corvacho, 2003).
2.3. Características de desempenho em serviço
O conceito de desempenho está relacionado com o modo como os edifícios e os seus componentes
cumprem as funções que lhe são exigidas. Este conceito não é novo, sendo usado desde a
Antiguidade mas, apesar disso, não tem sido prática comum na indústria da construção. Contudo,
tem adquirido uma maior importância nos últimos anos, associado à cada vez mais premente
sustentabilidade na construção (Flores-Colen, 2009).
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
14
O nível de desempenho não é constante ao longo do tempo, decaindo desde a construção até ao
final da vida útil, altura em que se atinge o nível mínimo aceitável. Esta diminuição é resultado da
deterioração ao longo do tempo, como consequência da acção de diversos agentes de degradação,
podendo e devendo ser contrariada por diversas intervenções de manutenção e renovação. Esta
situação é descrita por diversos autores, tal como refere Flores-Colen (2009), sendo já objecto de
normas internacionais. A título de exemplo, apresenta-se na Figura 2.5 a forma como a questão
anteriormente descrita é abordada nas normas brasileiras (ABNT).
Figura 2.5 - Desempenho ao longo do tempo de um elemento, instalação ou sistema construtivo
(ABNT (2004), citado por Flores-Colen (2009))
O desempenho previsto, mínimo (M), intermédio (I) e superior (S) conforme a Figura 2.5, dependem
de diversos factores como a normalização existente ou o tipo e qualidade de construção, pelo que
pode mesmo variar ao longo da vida útil. Por outro lado, a evolução da degradação depende da
intensidade dos agentes de degradação.
2.3.1. Síntese das características gerais
Os revestimentos exteriores constituem a “pele” dos edifícios, assegurando a protecção contra os
agentes de degradação de natureza física, mecânica, química e biológica (Magalhães, 2002). Para
que cumpram a sua função, os revestimentos devem assegurar a impermeabilização e protecção das
paredes, acabamento dos paramentos e durabilidade face às acções externas e adequabilidade de
uso (Veiga, 2005). O cumprimento de tais funções traduz-se pela imposição de exigências funcionais
ao revestimento, que traduzem o desempenho desejado, tanto ao nível do material como do seu
comportamento conjunto com o suporte. No anexo A2.1, é apresentada a lista de exigências
funcionais de revestimentos de paredes proposta por Lucas (1990).
O primeiro passo para o desempenho adequado dos revestimentos aplicados passa pela definição,
na fase de projecto, das propriedades relevantes para que sejam cumpridas as funções exigidas.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
15
Para tal, é necessário que sejam definidas logo nesta fase, em caderno de encargos, especificações
detalhadas sobre o produto a utilizar no revestimento, a sua composição e forma de aplicação (Veiga,
1994), pelo que é necessário conhecer as características dos produtos aplicáveis.
As características de desempenho traduzem precisamente a capacidade de resposta face às funções
e exigências necessárias. Representam as propriedades necessárias para um desempenho
adequado, estabelecendo o que é admissível. Assim, a apreciação do desempenho faz-se avaliando
essas mesmas características. No entanto, é importante definir não só o que é aceitável mas também
até que ponto o é, permitindo decidir, face a um conjunto de resultados de ensaios, qual o nível de
desempenho do elemento em questão. Nesta óptica, é indispensável a definição de requisitos de
desempenho que permitem uma avaliação quantitativa e verificar, através de valores de ensaios, se
as condições pré-estabelecidas foram atendidas (Carneiro e Cincotto, 1995). A Figura 2.6 mostra a
sequência da avaliação de desempenho de rebocos exteriores.
Figura 2.6 - Avaliação de desempenho de rebocos exteriores, adaptado de Flores-Colen (2009)
Embora existam normas e documentos normativos, portugueses e estrangeiros, que definem
métodos de ensaios para avaliar algumas características, são menos frequentes os documentos que
estabelecem valores limites aceitáveis (Veiga, 2001). Assim, se para algumas das características de
desempenho anteriormente referidas existem os requisitos correspondentes, que permitem uma
avaliação quantitativa, a maioria das características é ainda avaliada de forma qualitativa. O Quadro
2.2 exemplifica a correspondência entre função, exigências, características e requisitos de
desempenho.
A especificação das características de desempenho de rebocos exteriores depende,
necessariamente, de todos os factores que influenciam o seu comportamento em serviço. Deste
modo, devem ser incluídas características que tenham em conta três grupos fundamentais, como
mostra a Figura 2.7 (Flores-Colen, 2009): (1) características relacionadas com o processo de
endurecimento; (2) características relacionadas com o comportamento em serviço do reboco aplicado
e (3) características relacionadas com a influência dos restantes elementos da fachada.
O comportamento do reboco após a sua aplicação, até ao endurecimento, condiciona, desde logo, o
seu comportamento futuro. Neste contexto, interessa avaliar características como a retenção de
água, a retracção ou o teor de ar incorporado. A avaliação destas características é feita através de
ensaios de laboratório, que muitas vezes não traduzem as reais condições in-situ.
Funções / Objectivos
Exigências Funcionais
Características de desempenho
Requisitos de desempenho
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
16
Quadro 2.2 - Exemplo de correspondência entre função, exigências funcionais, características e
requisitos de desempenho (Veiga, 2001) (Veiga, 2005) (Flores-Colen, 2009)
O comportamento em serviço da fachada rebocada depende não só do comportamento de reboco,
mas também da influência dos restantes elementos da fachada. Esta influência faz-se sentir
essencialmente pela compatibilidade mecânica, geométrica e química entre o reboco e o suporte,
sendo que aspectos arquitectónicos e outros elementos existentes, como elementos metálicos
embebidos, podem também influenciar o desempenho global da fachada.
Figura 2.7 - Grupos de características de desempenho de rebocos em fachadas (Flores-Colen, 2009)
Mas é, sem dúvida, o comportamento do próprio reboco que mais influencia o desempenho da
fachada rebocada. Este aspecto deverá ser abordado em termos do comportamento da sua
superfície e do comportamento do material reboco propriamente dito. Em termos de comportamento
da superfície do reboco, interessa caracterizar a sua susceptibilidade à degradação, em função da
Função / Objectivo Exigências funcionais Características de
desempenho
Requisitos de
desempenho
Protecção das paredes Resistência mecânica Resistência à
compressão
Classe de resistência da
argamassa de reboco
Impermeabilização das
paredes Resistência à água
Permeabilidade à água
líquida
Coeficiente de
permeabilidade à água
líquida
Acabamento Regularização da
superfície Planeza e verticalidade
Desvios horizontais e
verticais do reboco
Adequabilidade ao uso /
durabilidade
Resistência às acções de
utilização Resistência ao choque
Energia absorvida no
choque
DESEMPENHO DE REBOCOS EXTERIORES
Comportamento da argamassa durante o
processo de endurecimento
Comportamento em serviço da fachada rebocada
Comportamento em serviço do reboco aplicado
Comportamento em serviço da superfície rebocada
Comportamento do produto reboco
Comportamento dos restantes elementos da
fachada
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
17
sua resistência aos agentes de degradação, da susceptibilidade à fendilhação, da aparência e
limpeza, e da homogeneidade de textura, cor e brilho.
Já em termos de comportamento do material, importa definir características tendo em conta as
acções a que este está sujeito. Assim, pode distinguir-se entre as duas acções principais que afectam
o desempenho do reboco: as acções mecânicas e a acção da água. Em termos de acções
mecânicas, é importante caracterizar a aderência, a capacidade de deformação e as resistências à
compressão, à flexão, ao impacto ou à fendilhação. Em relação ao comportamento face à água, são
relevantes características como a permeabilidade à água líquida e capilaridade (Flores-Colen, 2009).
A lista das características gerais de desempenho encontra-se no anexo A2.2.
Como referido, apesar de estarem definidas as características de desempenho a exigir aos rebocos,
não estão determinados requisitos quantificáveis para grande parte delas. Acresce também o facto
de, muitas vezes, a avaliação quantitativa das características de desempenho apenas ser possível
em laboratório, o que, para além de exigir uma intervenção para a recolha de amostras, acaba por
não reproduzir as condições de serviço e o funcionamento conjunto do sistema fachada. Deste modo,
nos últimos anos, tem-se assistido a um desenvolvimento de técnicas de ensaio in-situ, que permitem
a avaliação directa do desempenho em serviço.
2.3.2. Características de desempenho relevantes para o comportamento
mecânico
O presente ponto pretende aprofundar, das características gerais enumeradas anteriormente, aquelas
que são mais relevantes para o comportamento mecânico: aderência, resistência mecânica interna,
resistência superficial e capacidade de deformação (Flores-Colen, 2009).
i) Aderência
Uma boa aderência ao suporte é fundamental para o cumprimento das funções de impermeabilização
e protecção das paredes, sendo por isso condicionante para a durabilidade das construções. Além
disso, influencia bastante a resistência à fendilhação, na medida em que condiciona a distribuição de
tensões na argamassa (Veiga, 1998) (Gaspar et al., 2007).
Nos rebocos tradicionais não adjuvados, a aderência processa-se por penetração dos elementos
finos da argamassa nos poros do suporte, constituindo-se assim um sistema de “ancoragem
mecânica” (Gomes, 1995). Deste modo, a aderência é influenciada essencialmente por aspectos
relacionados quer com a argamassa de reboco quer com o suporte. Quanto mais rica em ligante e
com maior teor de finos for a argamassa, maior será a sua aderência. Porém, tal dosagem conduz a
uma maior fendilhação por retracção, que só por si poderá causar falta de aderência (Carasek, 1997).
Pretende-se pois encontrar um equilíbrio entre estes dois factores.
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
18
Nos rebocos não-tradicionais, é possível adicionar adjuvantes que funcionam como promotores de
aderência, melhorando essa característica. Em geral, este é um problema já resolvido nos produtos
pré-doseados, mas a aderência destes continua a ser sensível às condições de aplicação e de
preparação do suporte.
Uma vez que a aderência depende da penetração da leitança da argamassa no suporte, parece
natural que a porosidade e sucção capilar deste exerça também influência. Assim, a aderência será
melhor em suportes absorventes, pois permitem melhor ligação mecânica. Porém, uma capacidade
de absorção exagerada tenderá a dessecar rapidamente o revestimento, impedindo a hidratação dos
seus constituintes e favorecendo a formação de uma interface pulverulenta (Figura 2.8). Esta
eventualidade pode ser evitada com a humidificação prévia do suporte, já vastamente referida, sem
que no entanto esta seja excessiva para não evitar que se estabeleça a aderência mecânica (Veiga,
1998).
a) b) c)
Figura 2.8 - Aderência mecânica do reboco consoante a sucção do suporte (Veiga, 1998)
a) Falta de aderência pela baixa absorção do suporte
b) Aderência adequada devido à ligação mecânica conferida por uma absorção adequada
c) Dessecação da argamassa devido a uma absorção excessiva
Ainda em relação ao suporte, Miranda (2004) refere que as texturas rugosas conferem melhor
aderência, pelo facto de aumentarem a área de contacto do reboco ao suporte. A compatibilidade
com o suporte, em termos de resistência e módulo de elasticidade, é também importante, para evitar
que se gerem tensões na interface que prejudiquem a aderência. Por último, também a cura do
revestimento deve ser cuidada, de modo a evitar que se gerem tensões prejudiciais por retracção
(Scartezini, 2003).
Um método expedito de se avaliar a aderência consiste em sondar por percussão a superfície, sendo
que as zonas não aderentes soam a oco (Gomes, 1995). No entanto, esta técnica é apenas
qualitativa, pelo que geralmente se avalia a aderência através de ensaios de arrancamento por
tracção (pull-off) (Figura 2.9). Esta técnica tem o inconveniente de ser localmente destrutiva mas
permite quantificar a tensão de aderência e o tipo de rotura. Esta pode ser coesiva (pela argamassa
ou pelo suporte, por falta de “coesão interna”) ou adesiva (pela interface entre ambos, por falta de
“adesão”) (Figura 2.10).
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
19
Figura 2.9 - Representação esquemática do equipamento utilizado no ensaio pull-off (LNEC, 1986)
Rotura adesiva Rotura coesiva
Figura 2.10 - Tipos de rotura no ensaio pull-off (ABNT (1995), citada por Bauer (2005))
Os rebocos cimentícios apresentam geralmente uma tenção de aderência (fu) entre 0.3 a 0.5 N/mm2,
sendo que normalmente deve ser superior a 0.3 N/mm2 ou com rotura coesiva, segundo os requisitos
existentes nas normas internacionais, sintetizados no Quadro 2.3.
Quadro 2.3 - Requisitos de aderência segundo especificações técnicas e a normalização existente
(Veiga, 1998) (Flores-Colen, 2009)
Requisitos Referência
fu ≥ 0.3 N/mm2 ou rotura coesiva
Relatório 427/05
(LNEC, 2005)
fu ≥ VD (valor declarado pelo fabricante) e tipologia de rotura coesiva EN 998-1 (CEN, 2003)
fu ≥ 0.3 N/mm2, sem que nenhum dos valores individuais seja inferior a 0.2
N/mm2
DTU 26.1 (CSTB, 1994)
fu ≥ 0.3 N/mm2, para rebocos com pintura ou cerâmico NBR 13528 (ABNT, 1995)
ii) Resistência mecânica interna
A resistência mecânica interna do reboco diz respeito à sua propriedade de possuir um estado de
endurecimento interno capaz de suportar os esforços mecânicos e as tensões que lhe estão
associadas (Gomes, 1995). Como tem sido dito ao longo deste capítulo, os rebocos estão sujeitos a
inúmeras acções, tendo de resistir aos esforços e tensões que daí provêm. Assim, devem possuir
características resistentes adequadas, para evitar a sua rápida degradação.
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
20
A resistência da argamassa é função tanto da intensidade das tensões que nela são introduzidas,
como das características resistentes da própria argamassa. Em princípio, a argamassa será tanto
mais resistente quanto maior for a dosagem de ligante. Porém, o excesso de ligante produzirá uma
elevada retracção, levando à fendilhação da argamassa. A resistência à fendilhação é, de resto, uma
das propriedades mais importantes das argamassas de reboco, pois como dito, influi directamente no
seu desempenho. Para que a argamassa seja resistente à fendilhação, deve ter elevada resistência à
tracção e um módulo de elasticidade baixo, resistindo assim melhor às tensões instaladas (Veiga,
1998) (Botelho, 2003).
A resistência mecânica do reboco está também directamente relacionada com a sua compacidade.
Quanto maior for a compacidade da argamassa que o constitui, maior será a sua resistência aos
esforços e tensões a que está sujeito. A compacidade depende do teor de ar incorporado. Como
referem Carneiro e Cincotto (1995), quanto menor for o teor de ar incorporado mais compacta será a
argamassa, pelo que maiores serão também a massa volúmica aparente, a resistência mecânica
interna e o módulo de elasticidade. Por esta razão, a resistência mecânica pode ser estimada tendo
em conta a massa volúmica e o módulo de elasticidade.
A resistência mecânica interna da argamassa de reboco é, geralmente, determinada em laboratório,
utilizando provetes moldados previamente, ou através de amostras recolhidas in-situ. São
normalmente caracterizadas as resistências à compressão e à tracção por flexão, por serem aquelas
que mais influência têm no comportamento do reboco. As argamassas de base cimentícia
apresentam valores de resistência à compressão (Rc) entre 2 e 10 N/mm2, dependendo do tipo de
argamassa (Quadro 2.4). Quanto à resistência à tracção, não existem requisitos quantitativos,
recomendando-se geralmente que seja elevada (LNEC, 2005).
Quadro 2.4 - Requisitos de resistência à compressão segundo a normalização existente
(Veiga, 1998) (Flores-Colen, 2009)
Requisitos Referência
1.5 ≤ Rc ≤ 5.0 N/mm2 para argamassas de renovação e de isolamento térmico
3.5 ≤ Rc ≤ 7.5 N/mm2 para argamassas leves
Rc ≥ 6.0 N/mm2 para argamassas de uso geral e monomassas
(em qualquer caso, a argamassa não deve ter uma resistência superior à alvenaria)
EN 998-1
(CEN, 2003)
Rc ≥ 2.5 N/mm2 para argamassas de alta resistência
Rc ≥ 1.0 N/mm2 para argamassas de cal moderadamente hidráulica
Rc ≤ 2.5 N/mm2 para argamassas de alvenaria de cal hidráulica
Rc ≤ 10.0 N/mm2 para argamassas de cimento
DIN 18550-1
(1985)
Rc ≥ 12.0 N/mm2 para argamassa forte de elevada retracção
Rc ≥ 6.0 N/mm2 para argamassa moderadamente forte
Rc ≥ 4.0 N/mm2 para argamassa de resistência média, com menor tendência para
fendilhar
Rc ≥ 6.0 N/mm2 para argamassa de resistência baixa a moderada
BS 5262 (1991)
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
21
iii) Resistência superficial
A resistência superficial do reboco está relacionada com a sua capacidade de resistir, sem
deterioração significativa, às acções de choque e de atrito inerentes à ocupação e circulação normais.
A deficiente resistência superficial do reboco acelera o processo de degradação, conduzindo a uma
descida significativa do nível de desempenho e ao não cumprimento das funções que lhe são
atribuídas (Flores-Colen et al., 2006).
A resistência superficial será tanto maior quanto mais coeso for o reboco. Em princípio, os
revestimentos de argamassas tradicionais possuem resistência ao choque suficiente, para poder
suportar acções decorrentes do uso normal (Botelho, 2003). Apenas quando os revestimentos são
aplicados em camadas muito finas, como alguns revestimentos monocamada, ou sobre suportes
muito deformáveis, há razões para questionar a sua resistência superficial.
A resistência superficial pode ser avaliada através de ensaios de corpo duro, cortante
(quadriculagem) e não cortante (choque de esfera - Figura 2.11), ou através de ensaios de
punçoamento dinâmico, avaliando-se a resistência superficial através da energia mínima (E) a que o
revestimento resiste, face aos estragos causados, ou do diâmetro da mossa. Os requisitos de
resistência superficial encontram-se ainda pouco definidos na normalização existente, como se pode
inferir do Quadro 2.5.
Figura 2.11 - Ensaio de choque de esfera para avaliação da resistência superficial (LNEC, 1980)
Quadro 2.5 - Requisitos de resistência superficial segundo a normalização existente
(Flores-Colen, 2009)
Requisitos Referência
E ≥ 10 J em revestimentos de paramentos acessíveis (até 2 m de altura
(h), em relação ao piso de circulação)
E ≥ 3 J em revestimentos de paramentos não-acessíveis (para h > 2 m)
CSTC (1980)
iv) Capacidade de deformação
A capacidade de deformação é a aptidão da argamassa de reboco para se deformar sem que ocorra
rotura (Godoy e Barros, 1999). Os revestimentos devem apresentar uma boa capacidade de
deformação, para que se deformem sem ocorrência de fissuras ou microfissuras que comprometam a
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
22
aderência, a estanqueidade e a durabilidade dos revestimentos. Esta capacidade de deformação do
revestimento endurecido é caracterizada pelo módulo de deformação ou de elasticidade, o qual será
tanto maior quanto mais rígido for o revestimento (Carneiro e Cincotto, 1995). No entanto, Godoy e
Barros (1999) referem que a avaliação da capacidade de deformação não se deve fazer apenas
recorrendo ao módulo de elasticidade, uma vez que este só dá informação sobre a relação entre a
tensão e deformação, não dando nenhuma indicação sobre a possível deformação na ruptura. Veiga
(1998) partilha a mesma opinião.
O módulo de elasticidade pode ser definido como a relação entre a tensão existente e a deformação
produzida por essa tensão. Um módulo de elasticidade baixo significa que, para um dado valor de
tensão, a argamassa apresenta um valor de deformação alto.
A determinação do módulo de elasticidade pode ser efectuada através de ensaios estáticos e
dinâmicos, dependendo da velocidade de aplicação das solicitações e da forma de medir a resposta.
O módulo de elasticidade estático corresponde à inclinação do diagrama tensão-deformação, obtido
carregando um provete e medindo simultaneamente a deformação. Por seu lado, o módulo de
elasticidade dinâmico corresponde a deformações instantâneas muito pequenas e é considerado
igual ao módulo tangente inicial determinado no ensaio estático, sendo portanto maior do que o
módulo de elasticidade estático (Bastos, 2003). O módulo de elasticidade dinâmico (Ed) pode ser
determinado recorrendo à velocidade de propagação dos ultra-sons ou à frequência ressonante da
argamassa, uma vez que estes parâmetros dependem directamente da “elasticidade” do material
(Monte et al., 2007).
As argamassas de revestimento apresentam valores correspondentes ao módulo de elasticidade
dinâmico (Ed) que variam entre 3500 e 10000 N/mm2. Os valores mais altos recomendam-se em
situações de revestimentos mais solicitados por choques ou vibrações enquanto que os valores mais
baixos são adequados para situações de suportes mais fracos, como alvenarias antigas (Quadro 2.6).
Quadro 2.6 - Requisitos de capacidade de deformação segundo a normalização existente
(Veiga, 1998) (Biga e Abrantes, 2003) (Flores-Colen, 2009)
Requisitos Referência
Ed ≤ 10000 N/mm2 LNEC (relatório 427/05)
Ed ≤ 10000 N/mm2 para argamassas correntes
Ed ≥ 5000 N/mm2 para revestimentos de paredes expostos a choques
e deterioração
Ed ≥ 7500 N/mm2 para revestimentos em local próximo da via pública
ou de circulações de pessoas
Ed ≤ 10000 N/mm2 para revestimentos de suportes muito absorventes
Ed ≤ 7000 N/mm2 para suportes de resistência mecânica mais fraca
Ed ≥ 12000 N/mm2 para revestimentos de paredes expostas a
vibrações
Classificação MERUC para
argamassas
pré-doseadas
CSTB (1993)
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
23
2.4. Comportamento mecânico em serviço de argamassas de reboco
O comportamento em serviço de argamassas de reboco depende do comportamento destas face às
acções mecânicas, térmicas e dinâmicas a que estão sujeitas. Para que o desempenho em serviço
seja adequado, a argamassa de revestimento deve possuir determinadas características que
permitam a sua adaptação ao suporte e ao meio em que se insere, resistindo às acções daí
resultantes.
O comportamento mecânico das argamassas de reboco tem especial importância no seu
desempenho global, uma vez que determina o comportamento face a outros agentes. Por exemplo,
se um reboco não tiver uma resistência à fendilhação adequada, a sua função de impermeabilização
e o seu comportamento face à água estarão desde logo comprometidos, ainda que tenha boas
características de permeabilidade, capilaridade e absorção face à água.
2.4.1. Exposição em serviço
Os rebocos apresentam comportamentos que, dependendo das características das argamassas que
os constituem, também são função de outros factores, entre os quais se destacam os que se
relacionam com a natureza e estado dos suportes, e os que se prendem com o meio onde se inserem
(Nero, 2001c). De facto, os agentes desse mesmo meio constituem agentes de degradação que, ao
actuarem sobre o revestimento, resultam numa diminuição do nível de desempenho.
O processo de degradação (Figura 2.12) de um dado componente da construção,
inicia-se com o surgimento de anomalias, seja por um processo de envelhecimento natural ou por
erros que sucedem durante a vida da construção, associados a qualquer uma das fases do processo
construtivo (Figura 2.13).
Figura 2.12 - Representação esquemática do processo de degradação da construção
• Envelhecimento natural
• Erros
Causas da degradação (anomalias)
• Sensibilidade do elemento
• Agentes de degradação
Evolução da degradação
• Rotura física
• Rotura funcional
Rotura
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
24
As anomalias, originadas pelos erros atrás referidos, terão uma evolução tanto maior consoante a
sensibilidade do elemento construtivo à degradação e a actuação dos agentes de degradação
(Hermans, 1995). A sensibilidade à degradação depende das condições de exposição, conforme a
maior ou menor agressividade dos agentes de degradação, dependendo da localização, orientação,
altura e condições de protecção do edifício.
Figura 2.13 - Exemplos de erros comuns em cada fase construtiva, adaptado de Flores-Colen (2009)
Por outro lado, essa evolução depende também do tipo e intensidade desses mesmos agentes. Os
factores de deterioração podem ter diversas origens, destacando-se os agentes físicos, químicos e
mecânicos, entre outros. A actuação desses agentes, normalmente de forma conjunta, resulta na
evolução da degradação e na deterioração do desempenho, de tal modo que pode levar a uma rotura
funcional e/ou física. A Figura 2.14 representa a actuação dos agentes de deterioração mais comuns
numa fachada rebocada, descrevendo-se de seguida as características dos mais relevantes
(sintetizados na Figura 2.15).
A radiação solar está inevitavelmente ligada à exposição dos revestimentos exteriores. A sua
absorção pelo revestimento aumenta a temperatura superficial em grande escala e resulta, muitas
vezes na degradação superficial (perda de cor ou degradação da pintura) ou na perda de
características do próprio revestimento, como o enfraquecimento e perda de elasticidade, diminuindo
tanto a resistência mecânica como a resistência à penetração da água (Gaspar, 2002). Estes
aspectos podem ser combatidos através da especificação de materiais e soluções construtivas com
desempenhos adequados, de acordo com as condições a que estarão expostos.
• Erros de cálculo
• Erros de concepção
• Erros de pormenorização
Projecto
• Deficiente execução
• Deficiente mão-de-obra
• Não cumprimento do projecto
Execução
• Uso de materiais inadequadosMateriais
• Uso inadequadoUtilização
• Falta de manutenção
• Intervenções deficientesManutenção
• Impacto / colisão de objectos ou veículos
• Ambientes excessivamente agressivosCausas externas
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
25
A temperatura, proveniente da radiação solar, causa degradação dos revestimentos devido aos
valores extremos que atinge e às suas variações bruscas (choque térmico). Tais variações originam
contracções e dilatações diferenciadas nos diversos materiais, e mesmo entre as camadas do
reboco, provocando tensões que levam à fendilhação e perda de aderência. Para além de agente de
degradação directo, a temperatura desempenha também um papel fundamental na actuação de
outros agentes, ao influenciar o teor de humidade, a evolução das reacções químicas ou o
desenvolvimento de agentes biológicos (Gaspar, 2002).
Figura 2.14 - Representação esquemática da actuação dos agentes de degradação mais comuns
numa fachada rebocada
A água, considerada aqui como factor químico apesar de poder ter acção física e mecânica, é o
principal agente de degradação dos revestimentos (Sousa et. al., 2005) e da construção em geral. A
sua presença na construção, normalmente associada à existência de humidade, é tida como normal
até certos níveis. Essa humidade pode ter diversas fontes, sendo as mais comuns a humidade de
construção, do terreno, de precipitação, de condensação, humidade devida a fenómenos de
higroscopicidade ou devida a causas fortuitas (Magalhães, 2002).
A entrada de água na fachada, seja por gravidade, capilaridade ou por pressão da chuva e vento,
leva à presença de humidade. Esta potencia o surgimento e desenvolvimento de diversas anomalias,
uma vez que altera o comportamento físico, químico e mecânico do revestimento. O aparecimento de
eflorescências, o desenvolvimento de colonização biológica, a fissuração pelo gelo / degelo ou a
lixiviação e deposição de sujidade devido à circulação de água são exemplos de anomalias criadas
pela presença de água no revestimento. A acumulação de água pode ser evitada, através da escolha
de materiais e pormenores construtivos adequados, reduzindo assim a exposição a este agente
agressivo.
O vento é um fluxo de ar atmosférico gerado por um diferencial de pressões, com comportamentos
dependentes das várias escalas climáticas. A sua intensidade depende do local e envolvente exterior
do edifício. A acção do vento nas construções faz-se sentir através da acção combinada com a
Agentes físicos
• Temperatura
• Humidade
• Radiação solar
• Gelo / degelo
Agentes químicos
• Água
• Agentes poluentes
• Ácidos
• Sais
Agentes mecânicos
• Deformações
• Gravidade
• Vibrações
• Vento
Outros agentes
• Acção humana
• Animais
• Vegetação parasitária, bactérias e fungos
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
26
chuva, potenciando a entrada de água no revestimento, ou através da erosão devida às partículas
que arrasta consigo, provocando o desgaste do reboco, tornando-o mais rugoso e menos resistente.
Para além disso, o vento actua também como meio de transporte de sais e agentes poluentes, que se
depositam e deterioram o reboco (Flores-Colen, 2009).
Figura 2.15 - Síntese dos mecanismos de deterioração dos diversos agentes de degradação
Os agentes químicos provenientes do ar, como sais, ácidos e agentes poluentes, tendem a
combinar-se com a humidade, formando soluções que se depositam e atacam o reboco. As principais
fontes destes agentes são os sais marinhos e os poluentes resultantes da actividade do Homem, pelo
que esta acção é mais visível em zonas particularmente industrializadas e poluídas.
Os rebocos constituem também um meio propício à fixação de diversos agentes de natureza
biológica (bactérias, fungos, vegetação parasita). Estes provêm do solo, do ar ou da água e fixam-se
no reboco se estiverem reunidas as condições de humidade, temperatura, luz e nutrientes
necessárias. Segundo Flores-Colen (2009), as superfícies que permanecem húmidas por longos
períodos, com menor exposição ao sol e com rugosidade, facilitam a fixação de alguns destes
agentes. Se os seres mais simples, como bactérias e fungos, são responsáveis por deteriorações
• Degradação dos componentes
• Perda de característicasRadiação solar
• Choques térmicos
• Condições para a actuação de outros agentesTemperatura
• Eflorescências• Colonização biológica• Fissuração por gelo / degelo• Lixiviação e deposição de sujidade
Água
• Entrada de água
• Erosão
• Transporte de sais e agentes poluentes
Vento
• Acções de ocupação
• Ausência de manutenção
• Poluição
• Vandalismo
Acção humana
• Ataque químicoSais, ácidos e agentes poluentes
• Ataque químico
• Acção mecânica (desagregação)Bactérias, fungos e vegetação
parasitária
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
27
químicas e / ou mecânicas, há também que ter em conta que, com o evoluir da degradação podem
fixar-se plantas, cuja acção das raízes conduz a uma desagregação do material. A acção dos animais
(nomeadamente os pombos) pode também ter influência na degradação, por acção mecânica e
química, pois as suas fezes são uma fonte de matéria orgânica e atacam quimicamente os rebocos
(Sousa et al., 2005)
A acção humana influencia o desempenho dos rebocos desde o início, através da escolha, mistura e
aplicação dos materiais. Os rebocos, pela sua função de protecção das alvenarias, funcionam muitas
vezes como camada de sacrifício, sendo afectados por acções de choque e atrito, inerentes à
ocupação normal ou mesmo a acções de vandalismo. A ausência de manutenção ou as deficientes
intervenções são também consideradas causas de degradação por acção humana. Por último, a
poluição atmosférica por acção humana influi também no avanço da degradação, como referido.
2.4.2. Degradação do revestimento e consequências no desempenho
mecânico
Devido à exposição a que estão sujeitos em serviço, os rebocos são os componentes de natureza
inorgânica aplicados na construção que mais rapidamente se deterioram e que mais frequentemente
carecem de reparação / substituição (Nero, 2001c). A perda de desempenho ao longo dos anos é
notória, dependendo a sua evolução das condições de exposição. A Figura 2.16 mostra a perda de
desempenho de rebocos exteriores, ao longo do tempo, de acordo com diversos autores.
Figura 2.16 - Perda de desempenho de rebocos, conforme as condições de exposição
(Flores-Colen, 2009)
A Figura anterior mostra que a perda de desempenho depende das condições de exposição. Denota
que condições de poluição atmosférica ou ambiente marítimo conduzem a uma maior perda de
desempenho que condições normais, por exemplo.
Curvas de perda de desempenho
0
20
40
60
80
100
0 5 10 15 20 25 30 35
tempo (anos)
% d
e d
es
em
pe
nh
o (Gaspar & Brito, 2008) -
ambiente marítimo
(Anunciada, 2004) -
condições normais
(Shohet & Paciuk, 2004) - condições normais
(Shohet & Paciuk, 2004) - falta de capeamentos
(Shohet & Paciuk, 2004) - poluição atmosférica
(Shohet & Paciuk, 2006) - ambiente marítimo
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
28
Para além da exposição contínua aos agentes agressores, resultante da sua função de protecção,
também a forma e estrutura do revestimento com reboco contribui para a sua degradação. Nero
(2001c) destaca que a forma de placa, com espessuras muito reduzidas face às demais dimensões
(entre 5 e 40 mm), evidencia grandes superfícies expostas ao exterior, quando comparadas com os
reduzidos volumes de material envolvidos. Desta forma cada elemento de volume de reboco terá de
dar resposta aos agentes agressivos exteriores num muito reduzido volume de matéria, o da
argamassa que o constitui. Por outro lado, Magalhães (2002) destaca que a própria estrutura porosa
do reboco permite a introdução de elementos de natureza diversa no seu interior, tornando-o mais
susceptível à acção dos diversos agentes de degradação.
Por todas as razões atrás referidas, o aparecimento de anomalias nos rebocos exteriores é bastante
comum, sendo por isso útil conhecer a sua forma de manifestação e as suas causas. Só assim será
possível um diagnóstico correcto e uma intervenção adequada. As anomalias mais correntes em
rebocos, que se descrevem resumidamente, são as seguintes (Magalhães, 2002):
i. Humidade
ii. Fendilhação e fissuração
iii. Eflorescências e criptoflorescências
iv. Perda de aderência
v. Perda de coesão ou desagregação
vi. Biodegradação
vii. Erosão
viii. Sujidade
i) Humidade
A água tem sido apontada como o agente de deterioração que mais afecta a construção. Como
referido a propósito deste agente de deterioração, a humidade que lhe está associada constitui
anomalia quando passa o teor de água desejado no revestimento, manifestando-se sob a forma de
manchas. Para além disso, a sua presença na estrutura porosa do reboco pode levar à sua
destruição, se o material estiver submetido a ciclos molhagem / secagem ou gelo / degelo. Apesar
disso, talvez de maior importância ainda seja o facto de a presença de humidade ser condição
necessária para a acção de outros agentes deteriorantes (Gaspar, 2002), pois por exemplo: os gases
poluentes são prejudiciais quando dissolvidos na água; os fenómenos de eflorescências dependem
da migração de sais dissolvidos na água (Souza, 1997); o crescimento biológico dos organismos
requer a presença de humidade, entre muitos outros fenómenos de degradação associados à
humidade. Assim, a água é a causa primária de muitas anomalias e causa secundária de muitas
outras (Magalhães, 2002). O Quadro 2.7 sintetiza as causas mais comuns associadas à presença de
humidade nos rebocos exteriores.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
29
Quadro 2.7 - Causas mais prováveis da humidade em revestimentos exteriores
(Gaspar, 2002) (Magalhães, 2002) (Malva, 2009)
Anomalia Causas mais prováveis
Humidade Aplicação do reboco antes da secagem adequada do suporte (humidade de
construção)
Existência de zonas em contacto com o solo (humidade do terreno)
Revestimento com elevada permeabilidade à água líquida (humidade de
precipitação)
Existência de sais higroscópios que fixam a água
Causas fortuitas (rotura de canalizações, tubos de queda, entre outras)
ii) Fendilhação e fissuração
A fendilhação é um dos tipos de patologia com maior influência no comportamento dos rebocos, já
que afecta a sua capacidade de impermeabilização, prejudica gravemente a aderência e, ao permitir
infiltrações de água e de outros agentes e a fixação de microrganismos, reduz a durabilidade do
revestimento e da própria parede (Veiga, 2003). Resumidamente, é simultaneamente causa e fonte
de anomalias (Gaspar et al., 2006)
Denomina-se fendilhação qualquer abertura longitudinal que atravessa toda a espessura do reboco,
rompendo-o e dividindo-o em duas partes distintas. Por oposição, considera-se fissuração se a
abertura for apenas superficial, fina e de desenvolvimento discreto. Estas anomalias são comuns nos
revestimentos com reboco, estando a sua ocorrência associada a diversas causas, decorrentes tanto
do próprio revestimento como do suporte, devido à ligação entre ambos (Bauer, 1997) (Magalhães,
2002) (Veiga, 2003) (Gaspar et al., 2006), listadas no Quadro 2.8.
Quadro 2.8 - Causas mais prováveis da fendilhação e fissuração de revestimentos exteriores
(Bauer, 1997) (Magalhães, 2002) (Gaspar et al., 2006)
Anomalia Causas mais prováveis
Fendilhação e fissuração
Causas atribuíveis ao reboco
Retracção do reboco
Dilatações e contracções higrotérmicas
Gelo / degelo
Deficiente dosagem na execução da argamassa
Espessura inadequada do revestimento
Causas atribuíveis ao suporte
Deslocamentos do suporte
Reacções com sais existentes no suporte
Absorção excessiva do suporte
Outras causas
Concentração de tensões junto a aberturas
Corrosão de elementos metálicos
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
30
iii) Eflorescências e criptoflorescências
As eflorescências são depósitos salinos na superfície do revestimento, que resultam da migração de
sais solúveis presentes, por diversas causas (Quadro 2.9), no revestimento ou na alvenaria. Para que
as eflorescências ocorram é necessária a ocorrência simultânea de três factores: (1) existência de
sais solúveis no revestimento ou na alvenaria; (2) a presença de água para solubilizá-los e (3)
pressão hidrostática para que a solução migre para a superfície (Bauer, 1997).
As eflorescências podem apresentar-se como depósitos pulverulentos ou incrustações, com
alterações de cor da superfície do revestimento, nos tons esbranquiçado, acinzentado, esverdeado,
amarelado ou preto, consoante os sais que lhe dão origem (Souza, 1997).
Em geral, as eflorescências são apenas inestéticas, mas a sua presença pode indicar que noutro
local a cristalização está a ocorrer no interior da estrutura porosa do reboco (criptoflorescências),
provocando a desagregação da camada superficial devida ao aumento de volume que geralmente
acompanha a formação dos sais (Sousa et al., 2005). Por vezes surgem também outros depósitos
brancos, facilmente confundíveis com as eflorescências, devidos à carbonatação do carbonato de
cálcio, sendo que se distinguem por ser efervescentes na presença de ácido clorídrico (Gonçalves et
al., 2007).
Quadro 2.9 - Causas mais prováveis das eflorescências e criptoflorescências em revestimentos
exteriores (Bauer, 1997) (Souza, 1997) (Magalhães, 2002)
Anomalia Causas mais prováveis
Eflorescências e
criptoflorescências
Presença prolongada de humidade
Sais solúveis presentes no reboco, no suporte e na água infiltrada
Cal não carbonatada
iv) Biodegradação
A presença de organismos ou microrganismos, animais ou vegetais é prejudicial para o revestimento
uma vez que estes o deterioram, seja pela sua presença, pelos produtos que expelem ou pelo seu
ataque directo. Em geral, os microrganismos provenientes do solo, do ar ou da água fixam-se nas
superfícies do revestimento, se tiverem condições para tal. Estas condições são enumeradas no
Quadro 2.10.
Os produtos do metabolismo destes organismos atacam progressivamente o reboco, transformando a
sua superfície num “solo”, que permite a germinação de plantas. Estas têm uma acção mecânica, por
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
31
acção das raízes. Finalmente, estabelece-se um ecossistema com a presença de microfauna
especializada (Sousa et al., 2005). É ainda de destacar a acção de animais de maior porte, como os
pombos que, para além da acção mecânica, atacam quimicamente o revestimento com os seus
excrementos.
Quadro 2.10 - Causas mais prováveis da biodegradação de revestimentos exteriores
(Magalhães, 2002)
Anomalia Causas mais prováveis
Biodegradação
Presença prolongada de humidade
Falta de ventilação
Iluminação
Acumulação de pó, terra, sujidade e poluentes na superfície do revestimento
Porosidade elevada do revestimento
v) Perda de aderência
A aderência é a propriedade do revestimento de resistir a tensões normais e tangenciais na superfície
de interface com o suporte (Miranda, 2004). A falta de aderência entre o reboco e o suporte pode
estar associada a diversas causas (Quadro 2.11), manifestando-se de diversas formas (Magalhães,
2002) (Gaspar et al., 2007). Pode caracterizar-se pelo descolamento entre o reboco e o suporte,
deixando de existir ligação entre ambos, podendo também formar-se convexidades em determinadas
áreas do reboco, identificadas como um abaulamento / empolamento do reboco. O reboco pode ainda
separar-se completamente do suporte, constituindo um destacamento do reboco. Gaspar et al. (2007)
considera também a perda de coesão como uma perda de aderência, na medida em que a
argamassa se solta da fachada, embora geralmente se considere apenas a aderência entre o reboco
e o suporte.
Quadro 2.11 - Causas mais prováveis da perda de aderência em revestimentos exteriores
(Magalhães, 2002) (Gaspar et al., 2007)
Anomalia Causas mais prováveis
Perda de aderência
Presença de humidade
Presença de sais
Dilatações e contracções térmicas
Movimentos do suporte
Erros de execução: excesso de água de amassadura, falta de preparação do
suporte, composição inadequada da argamassa
Impermeabilidade à água (líquida ou em vapor) do suporte
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
32
vi) Perda de coesão ou desagregação
A perda de coesão consiste na desunião dos componentes do reboco, seguida por uma considerável
perda das partículas que o compõem, convertendo-o num material frágil e susceptível à degradação
(Magalhães, 2002). Esta anomalia deve-se essencialmente à baixa dureza superficial do reboco, que
pode ser consequência da dosagem ou da lavagem do ligante. Porém, muitas das anomalias
referidas podem causar desagregação, constituindo causas secundárias desta anomalia (Quadro
2.12).
Quadro 2.12 - Causas mais prováveis da perda de coesão de revestimentos exteriores
(Magalhães, 2002) (Gaspar et al., 2007)
Anomalia Causas mais prováveis
Perda de coesão ou
desagregação
Cristalização de sais
Insuficiente dureza superficial do reboco
Acção de organismos e microorganismos
Reacção química do reboco com os materiais naturais e artificiais (poluição) da
envolvente
vii) Erosão
A erosão resulta da acção de agentes físicos, químicos e mecânicos sobre a superfície do reboco,
originando o seu desgaste e, possivelmente, a perda de material. Este tipo de anomalia pode estar
associado à perda de coesão, anteriormente abordada, à acção dos agentes atmosféricos (chuva,
vento, variações de temperatura) ou humana (acções de choque ou atrito) (Quadro 2.13).
Quadro 2.13 - Causas mais prováveis da erosão de revestimentos exteriores
(Magalhães, 2002) (Gaspar et al., 2007)
Anomalia Causas mais prováveis
Erosão
Humidade
Esforços mecânicos (atrito, golpes, entre outros)
Acção física dos agentes atmosféricos (vento, chuva, entre outros)
Perda de coesão
viii) Sujidade
A existência de sujidade superficial nos rebocos é bastante comum, uma vez que a superfície destes
está exposta a condições bastante agressivas. Poeiras, fuligem ou poluentes fixam-se no reboco,
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
33
constituindo depósitos superficiais que, apesar de não atacarem mecanicamente o reboco, são
bastante inestéticos.
A acumulação de sujidade é favorecida pelo transporte pelo vento e pela água, sendo que esta acaba
por criar caminhos preferenciais de escorrimento, limpando zonas e acumulando sujidade noutras.
Este processo pode ser evitado tomando disposições construtivas que evitem a circulação de água
por caminhos preferenciais inadequados.
Também a rugosidade e a porosidade do reboco têm influência, uma vez que delas depende não só a
facilidade de acumulação de sujidade como a maior ou menor dificuldade de limpeza (Quadro 2.14).
Quadro 2.14 - Causas mais prováveis da sujidade de revestimentos exteriores (Magalhães, 2002)
Anomalia Causas mais prováveis
Sujidade
Escorrimento da água da chuva
Acção do vento
Rugosidade inadequada do reboco
2.5. Conclusões do capítulo
O revestimento exterior com argamassa, geralmente designado por reboco, é uma solução utilizada
desde a Antiguidade, sendo ainda a solução mais usada em Portugal para revestimento das
fachadas. A experiência acumulada ao longo de séculos permitiu aperfeiçoar as técnicas de produção
e aplicação, possibilitando que o reboco fosse uma solução que, apesar da sua baixa complexidade e
dos problemas que lhe são conhecidos, desempenha bem as funções de protecção,
impermeabilização e acabamento das paredes que se lhe exigem.
Nos últimos anos, as argamassas só com cimento como ligante foram preferidas em relação às
argamassas de cal ou às argamassas bastardas. Têm também surgido inúmeros produtos
não-tradicionais que, beneficiando da maior fiabilidade proveniente da mistura em fábrica, têm
tentado ultrapassar alguns dos inconvenientes do reboco tradicional. Pela disponibilidade e facilidade
e rapidez de execução, esta é uma solução cada vez mais adoptada, embora o reboco tradicional
continue a ser a solução predominante na construção portuguesa.
Como se viu, a aplicação é a fase mais condicionante para o desempenho em serviço do reboco.
Esta requer muitos cuidados assimilados ao longo dos anos, mas que hoje em dia já nem sempre são
cumpridos, fruto do ritmo de construção e da utilização de mão-de-obra pouco especializada,
desconhecedora da boa arte de construir. Por conseguinte, há uma tendência crescente para a
utilização de produtos pré-doseados, de aplicação mais prática e rápida.
Capítulo 2 - Desempenho de argamassas de revestimento exterior de parede
34
O desempenho do reboco relaciona-se directamente com a forma como este cumpre as suas
funções. O nível de desempenho tende a diminuir ao longo do tempo, fruto da deterioração resultante
da exposição aos agentes de degradação. Este tipo de solução funciona, muitas das vezes, devido à
sua função de protecção, como camada de sacrifício, pelo que está continuamente sujeito a acções
de degradação.
Neste capítulo, sintetizaram-se as principais características das argamassas de reboco. Para avaliar
o desempenho em serviço dos rebocos exteriores, é necessário definir características de
desempenho, em consonância com aquilo que se espera desta solução construtiva. Para além disso,
é necessário definir os requisitos de desempenho correspondentes, para que seja possível a
avaliação quantitativa do nível de desempenho, através dos resultados dos ensaios.
Em termos de características relevantes para o comportamento mecânico, foram abordadas a
aderência, a resistência mecânica interna, a resistência superficial e a capacidade de deformação.
Porém, a avaliação de algumas das características de desempenho relevantes é feita somente por
ensaios em laboratório ou ensaios destrutivos in-situ, como se viu para a resistência à compressão ou
para a tensão de aderência e resistência superficial, respectivamente. Para além disso, em alguns
casos, faltam também requisitos que permitam quantificar o desempenho, como é o caso da
resistência superficial.
A exposição em serviço do reboco exterior a acções de degradação conduz ao aparecimento de
anomalias que, se não forem tomadas medidas, tenderão a diminuir o nível de desempenho do
reboco até aos limites mínimos aceitáveis (rotura física e/ou funcional). As principais anomalias do
reboco são, como se viu, a fendilhação ou fissuração, a perda de aderência, a humidade, a erosão,
as eflorescências e criptoflorescências, a biodegradação, a perda de coesão e a acumulação de
sujidade.
Devido à redução progressiva do desempenho dos revestimentos exteriores, torna-se essencial
avaliar o seu desempenho em serviço. Esta avaliação será melhorada com a utilização de técnicas de
ensaio in-situ, permitindo assim determinar as características de desempenho com base nas
características do material aplicado. A utilização deste tipo de técnicas é objecto do próximo capítulo.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
35
3. Técnicas de ensaio in-situ para avaliação
do desempenho de revestimentos de paredes
3.1. Introdução
As técnicas de ensaio in-situ são um meio auxiliar indispensável a uma correcta avaliação do
desempenho em serviço de revestimentos de paredes. Este capítulo pretende focar, numa primeira
parte, a importância da utilização de técnicas de ensaio in-situ, abordando as diferentes técnicas
aplicáveis a revestimentos de paredes.
Na segunda parte do capítulo, são abordadas com maior profundidade as técnicas
in-situ que constituem o âmbito desta dissertação, o ensaio de velocidade de propagação dos
ultra-sons e o ensaio com esclerómetro pendular do tipo PT.
Os objectivos do presente capítulo passam por cimentar os conhecimentos de base sobre a utilização
de técnicas de ensaio in-situ, em especial aquelas que interessam a este trabalho, sintetizando tanto
as principais características da sua utilização como vantagens, limitações e campo de aplicação.
3.2. Importância da utilização de técnicas de ensaio in-situ
De acordo com o capítulo 2, o nível de desempenho em serviço dos elementos construtivos, e em
particular dos rebocos, sofre uma redução progressiva ao longo da sua vida útil, fruto da exposição a
diversos agentes de degradação. Tal situação potencia o aparecimento de anomalias que se
agravam gradualmente, até comprometerem a funcionalidade do revestimento. Deste modo, torna-se
essencial a avaliação do desempenho em serviço, permitindo a caracterização do estado de
degradação e das suas causas, para uma correcta definição das acções correctivas ou preventivas
necessárias.
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
36
Na avaliação do desempenho de um elemento construtivo (Figura 3.1), é necessário conhecer os
parâmetros de desempenho em serviço para, em relação aos valores de referência, verificar qual a
posição relativamente ao desempenho esperado.
Avaliação in-situ
Avaliação em
laboratório
Desempenho
esperado
Valores de
referência
Desempenho
em serviço
Avaliação do
desempenho
Exigências funcionais
Características de
desempenho
Requisitos de
desempenhoValores em
serviço
Figura 3.1 - Processo de avaliação do desempenho de um elemento construtivo
A avaliação do desempenho em serviço pode ser realizada de diversos modos. Em muitos casos,
através dos sintomas manifestados, a inspecção visual é suficiente para detectar os problemas
patológicos que afectam os revestimentos (Tavares et al., 2005). Contudo, esta avaliação pode
revelar dados duvidosos ou de difícil interpretação, sendo também muito condicionada pela formação
e experiência do técnico que faz a inspecção, assim como pela acessibilidade dos locais a
inspeccionar. Além disso, muitos dos problemas que afectam o desempenho, na maioria das vezes
não são visíveis, tendo que ser medidos (Tavares et al., 2005) (Flores-Colen et al., 2006b).
Nesta perspectiva, a utilização de técnicas auxiliares de diagnóstico permite reduzir a subjectividade
das inspecções visuais, facilitando a obtenção de uma avaliação mais precisa. Por estas razões, a
utilização de técnicas auxiliares de diagnóstico tem-se mostrado cada vez mais vantajosa na
caracterização do desempenho em serviço, como complemento da inspecção visual (Flores-Colen et
al., 2006b).
As técnicas auxiliares de diagnóstico a utilizar podem permitir a avaliação dos elementos in-situ ou
apenas em laboratório, através de amostras recolhidas. Embora as técnicas de avaliação em
laboratório sejam geralmente mais precisas, uma vez que as condições e os procedimentos de
ensaio são objecto de um maior controlo, a avaliação in-situ tem a vantagem de permitir a avaliação
directa e em condições reais do desempenho dos elementos. Além disso, a recolha de amostras
(Figura 3.2) para análise em laboratório encerra um carácter destrutivo, que será sempre de evitar,
embora algumas técnicas in-situ também provoquem alguma destruição localizada.
Tavares et al. (2005) consideram que os principais objectivos da aplicação de métodos de ensaio
in-situ são: a) determinar os materiais utilizados bem como as suas técnicas de aplicação; b)
diagnosticar as alterações sofridas pelo revestimento e as suas causas e, c) conduzir à selecção dos
métodos de intervenção mais adequados.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
37
Figura 3.2 - Recolha de amostras (Tavares et al., 2005)
As técnicas de ensaio in-situ são, pelo referido, um auxiliar precioso na definição de forma clara e
objectiva das características de desempenho dos elementos construtivos. Contudo, a utilização deste
tipo de ensaios pode tornar a inspecção morosa e produzir informação de difícil interpretação, para
além de estar dependente das limitações das técnicas utilizadas (Flores-Colen et al., 2006b). Por
outro lado, as técnicas de ensaio in-situ são também influenciadas por diversos factores (condições
de inspecção e factores diversos associados às técnicas) que devem ser tidos em conta, pelo que, na
maioria dos casos, é preferível fazer uma análise comparativa e não absoluta. Por estas razões, deve
analisar-se o tipo de técnicas a utilizar, em função das características e do tipo de informação a
recolher.
Apesar das vantagens apontadas da utilização de técnicas in-situ, a sua aplicação em revestimentos
não é ainda prática corrente, uma vez que a maioria não tem ainda procedimentos normalizados e
não permite uma avaliação quantitativa. Geralmente, é utilizada apenas a inspecção visual,
complementada, se necessário, com ensaios de amostras em laboratório. Grande parte das técnicas
de ensaio in-situ carece de mais experimentação, pelo que são necessários mais estudos de
investigação que permitam aprofundar o nível de conhecimento existente, tanto ao nível da
interpretação dos resultados como das características a avaliar (Malva, 2009).
3.3. Classificação das técnicas de ensaio in-situ
Existe actualmente uma grande variedade de técnicas de ensaio in-situ que podem ser utilizadas na
avaliação do desempenho em serviço de rebocos exteriores. A diversidade de princípios e
características dessas técnicas dificulta a constituição de uma classificação global, sendo por isso
mais comum a adopção de classificações em termos das características comuns. As técnicas de
ensaio in-situ podem ser classificadas em termos de (Branco e Brito, 2005) (Flores-Colen et al.,
2006b) (Silva, 2004):
grau de destruição que provocam (destrutivas, semi-destrutivas e não-destrutivas);
solicitação artificial que provocam (invasivas e não invasivas);
princípios em que se baseiam (mecânicos, eléctricos, magnéticos, electromecânicos, ultra-
sónicos, radioactivos, sensoriais, térmicos, químicos, entre outros);
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
38
tipo de resultados obtidos (propriedades a avaliar);
tipo de tecnologia utilizada (baixa ou alta);
objectivos da sua utilização (resistência, durabilidade, geometria, entre outros);
elementos a que se aplicam (revestimento, suporte, entre outros);
actividades em que intervêm (controlo de qualidade, inspecção de edifícios, entre outros).
O Quadro 3.1 apresenta uma síntese das principais técnicas in-situ aplicáveis a rebocos exteriores e
da relação dos parâmetros medidos com a avaliação do desempenho. As técnicas de ensaio in-situ
geralmente utilizadas em revestimentos são, na sua grande maioria, ensaios práticos e pouco
onerosos. Muitos dos equipamentos utilizados são ligeiros, pequenos e de fácil transporte, permitindo
o seu uso em locais de difícil acesso. No entanto, alguns resultados produzidos são escassos e
alguns equipamentos têm limitações em relação à realização dos ensaios e à interpretação dos
resultados (Tavares et al., 2005).
A classificação das técnicas de ensaio in-situ de acordo com as suas características permite
organizar a informação sobre as técnicas in-situ, facilitando a escolha do tipo de técnicas a utilizar.
Este depende do nível de conhecimento pretendido, assim como das características próprias de cada
técnica.
No que respeita ao tipo de conhecimento pretendido, é preciso ter presente que cada técnica está
vocacionada para a avaliação de certas características de desempenho em serviço, de acordo com
os parâmetros medidos (Quadro 3.1).
Por outro lado, a adequabilidade de cada técnica depende das características inerentes à sua
utilização. Uma técnica in-situ é tanto mais adequada quanto mais fácil e expedita for a sua utilização
e quanto mais útil para a avaliação do desempenho em serviço for a informação que daí resulta.
Normalmente, a escolha da técnica a utilizar em cada caso é ainda feita de forma mais ou menos
empírica pelos responsáveis pelas inspecções, tendo em conta a experiência acumulada na
aplicação das técnicas. De forma a tornar este processo mais claro e objectivo, Flores-Colen (2009)
define um indicador de adequabilidade em função de critérios de avaliação das técnicas, que pode
ser usado na escolha da técnica de ensaio in-situ aplicável em cada caso e na comparação entre
técnicas de ensaio.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
39
Quadro 3.1 - Técnicas de ensaio in-situ aplicáveis a rebocos exteriores, adaptado de Flores-Colen et al. (2006b); Malva (2009) e Silva (2004)
Técnica de avaliação in-situ
Grau de destruição
Parâmetro medido
Características de desempenho relacionadas
Comportamento do reboco avaliado
Pull-off Destrutivo Tensão de aderência (MPa) Resistência ao arrancamento
Comportamento mecânico
Esclerómetro pendular
Não-destrutivo Índice esclorométrico (IE) Dureza / resistência superficial
Ensaio de choque de esfera (Martinet Baronnie)
Semi-destrutivo Diâmetro da mossa (mm) Resistência superficial
Ultra-sons (método indirecto)
Não-destrutivo Velocidade aparente da propagação das ondas (m/s)
Módulo de elasticidade dinâmico
Termómetro de infravermelhos
Não-destrutivo Temperatura superficial dos paramentos (˚C)
Resistência à humidade e à colonização biológica
Comportamento da superfície
Pirómetro de radiação infravermelha
Não-destrutivo Resistência à humidade e à colonização biológica
Termo-higrómetro Não-destrutivo Temperatura (˚C) e humidade relativa do ar (%)
Resistência aos agentes climáticos
Colorímetro Não-destrutivo Variação de cor (ΔE) Resistência às acções químicas, à humidade e às acções climáticas
Tubo de Karsten Não-destrutivo Absorção de água a baixa pressão (cm
3)
Permeabilidade à água líquida / porosidade (medida indirecta)
Comportamento face à água Humidímetro Não-destrutivo Teor de água superficial (%) Resistência à humidade, absorção de água
Microscópio óptico Não-destrutivo Abertura média das fissuras (mm) Absorção de água, resistência à humidade
Fitas colorimétricas Semi-destrutivo Tipo e teor semi-quantitativo de sais (mg/l)
Resistência às acções químicas, à humidade e à colonização biológica
Comportamento químico
Kit de campo Semi-destrutivo Tipo e teor quantitativo de sais (mg/l)
Resistência às acções químicas, à humidade e à colonização biológica
Medidor de PH / condutividade / total de sais
Semi-destrutivo PH / condutividade (uS/cm) / total de sais (ppm)
Resistência às acções químicas, à humidade e à colonização biológica
Comportamento da superfície do reboco
Comparados de fissuras Não-destrutivo Abertura média das fissuras (mm) Absorção de água, resistência à humidade, resistência mecânica
Comportamento face à água / comportamento mecânico
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
40
3.4. Técnicas in-situ utilizadas para avaliação do comportamento mecânico
As diferentes técnicas de ensaio in-situ apresentadas estão vocacionadas para a avaliação de
diferentes características de desempenho (Quadro 3.1), sendo que muitas vezes não estabelecem
uma correspondência directa com os requisitos de desempenho associados, estando mais
vocacionadas para a caracterização da degradação (Flores-Colen et al., 2006b). Neste subcapítulo,
são abordadas as técnicas in-situ utilizadas nesta dissertação para a avaliação do comportamento
mecânico, o ensaio de medição da velocidade de propagação das ondas (ultra-sons) e o ensaio com
esclerómetro pendular do tipo PT. São abordados os princípios em que cada técnica se baseia, assim
como as vantagens e desvantagens e as suas aplicações mais comuns. Estas técnicas, apesar de se
basearem em princípios diferentes, são muitas vezes utilizadas simultaneamente, permitindo uma
melhor interpretação dos resultados. O cruzamento dos resultados pode ser uma vantagem,
principalmente quando a variação de uma determinada propriedade tem efeitos conhecidos nos
resultados dos dois ensaios.
3.4.1. Ensaio de medição da velocidade de propagação das ondas (ultra-sons)
O ensaio de utra-sons consiste na determinação da velocidade de propagação dum impulso
ultra-sónico, entre dois pontos, tendo em vista a obtenção da informação sobre as características dos
elementos ensaiados (Mendonça, 2007). Trata-se de um ensaio bastante útil, pois permite avaliar as
características dos materiais de forma não-destrutiva.
As primeiras tentativas de aplicar a técnica dos ultra-sons datam de 1940, quando Obert realizou
experiências em betão. A onda sonora era então produzida pelo impacto de um objecto na superficie
de betão e o equipamento de medida não oferecia grande precisão. O grande interesse pelas
potencialidades desta técnica de ensaio e as melhorias proporcionadas pelo surgimento de novos
equipamentos de medição permitiram que nos anos 70 fossem produzidas as primeiras versões
portáteis e de leitura digital, idênticas às que hoje são utilizadas (Nepomuceno, 1999).
A utilização clássica do ensaio de ultra-sons é a avaliação das características e propriedades de
peças de betão. Porém, ao longo do tempo, tem sido aplicado a diversos tipos de material, como
madeira, cerâmica, pedra ou metal. A utilização em argamassas de revestimento de paredes tem
também sido desenvolvida, tendo em vista a avaliação do desempenho e a localização de possíveis
zonas degradadas.
3.4.1.1. Princípios do ensaio
O ensaio de ultra-sons baseia-se no princípio da propagação das ondas elásticas, segundo o qual a
sua velocidade de propagação depende das propriedades elásticas do meio (Gomes, 1995). A
velocidade de propagação é tanto maior quanto mais denso for o material, uma vez que a onda se
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
41
propaga por vibração das particulas sólidas que o constituem. Assim, é possível detectar alterações
significativas nas características dos materiais ensaiados, através da variação da velocidade de
transmissão.
O ensaio é realizado com a emissão de vibrações acústicas da mesma natureza que o som, mas com
uma frequência superior (acima de 20 kHz), que atravessam os materiais. Apesar de serem
produzidas ondas de compressão (P), ondas de corte (S) e ondas de superficie (R), são as primeiras
as que permitem tirar conclusão, pois propagam-se bastante mais rapidamente que as outras e
provocam deslocamentos nas particulas segundo a sua direcção de propagação (Brito, 1987), como
mostra a Figura 3.3 .
Figura 3.3 - Propagação das ondas P por vibração longitudinal das particulas
(à esquerda) (Andreucci, 2003) e movimentos de compressões horizontais do material (à direita)
(Silva, 2004)
O ensaio de ultra-sons é descrito nas normas ASTM C597, BS 1881-203 e EN 12504-4. Segundo
Proverbio e Venturi (2005), embora a base seja comum, as referidas normas apresentam algumas
diferenças nos procedimentos.
No ensaio, é geralmente utilizado um equipamento do tipo PUNDIT (Portable Ultrasonic
Non-destructive Digital Indicating Tester), que emite um impulso eléctrico de baixa frequência ultra-
sónica. Segundo a norma EN 12504-4 (CEN, 2004) as frequências geralmente utilizadas para betão
estão entre 20 e 150 kHz, sendo os transdutores de frequências entre 40 e 60 kHz aqueles que têm
mais aplicações.
O impulso é conduzido a um transmissor emissor (Tx) e, depois de atravessar o corpo ensaiado, é
captado por outro transmissor receptor (Rx), onde é transformado novamente em impulso eléctrico e
conduzido de volta à unidade central (Figura 3.4).
Previamente ao início do ensaio, deve calibrar-se o aparelho utilizando uma barra padrão em que o
tempo de propagação é conhecido. Esta operação consiste em fazer coincidir a leitura do mostrador
digital com o valor de referência para a barra padrão, através do botão de ajuste do aparelho. No
caso do aparelho utilizado neste trabalho, o tempo de transição da barra padrão foi de 26.2 μs.
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
42
Figura 3.4 - Representação esquemática do ensaio de ultra-sons (Bastos, 2003) (à esquerda) e
unidade central PUNDIT (à direita)
O ensaio inicia-se com a colocação dos trandutores em contacto com o material a ensaiar. A
EN 12504-4 (CEN, 2004) indica três posições adequadas para disposição dos transdutores na
medição do tempo de propagação das ondas ultra-sónicas: (a) transmissão directa, (b) transmissão
semi-directa e (c) transmissão indirecta (Figura 3.5).
Figura 3.5 - Métodos de disposição dos transdutores no ensaio de ultra-sons,
adaptado de CEN (2004)
Normalmente, a transmissão directa é a mais adequada uma vez que a máxima energia do impulso é
transmitida segundo a direcção normal ao transdutor emissor e o comprimento do percurso pode ser
medido com maior precisão (Nepomuceno, 1999). No caso da aplicação em revestimentos de
paredes, esta não é, obviamente, uma situação possível, pelo que se adopta normalmente o método
indirecto, embora conduza a uma maior incerteza nos resultados (Santos et al., 2003). Neste caso, a
velocidade de propagação das ondas é uma velocidade “aparente”, uma vez que o percurso das
ondas está sujeito a maior incerteza e se adopta geralmente para o mesmo a distância entre
transdutores.
O tempo gasto no percurso é medido pela unidade central, permitindo assim calcular a velocidade
através da Equação 3.1 (EN 12504-4:2004), já que a distância percorrida é conhecida.
(Eq. 3.1)
(a) Transmissão directa (b) Transmissão
semi-directa
(c) Transmissão indirecta ou
superficial
dV
t
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
43
Em que V é a velocidade aparente de propagação (km/s), d é a distância entre transdutores (mm) e t
é o tempo de transição entre transdutores (μs). Os resultados devem ser arredondados aos 0,01
km/s.
3.4.1.2. Factores que afectam o ensaio
A velocidade de propagação dos ultra-sons depende de vários factores, devendo este efeito ser tido
em conta na análise dos resultados obtidos. Segundo Proverbio e Venturi (2005) e Tavares et al.
(2005), a influência de diversos factores nos resultados pode dificultar a sua interpretação, não
permitindo estabelecer relações inequívocas entre variáveis.
Uma vez que as ondas se propagam por vibração das partículas sólidas, a velocidade de propagação
depende principalmente da constituição do material analisado. No caso das argamassas e betões, a
velocidade de propagação depende do tipo de agregados, da razão água / ligante e da compacidade
conseguida, sendo maior para dosagens de ligante mais altas e para argamassas mais compactas e
menor para maiores quantidades de água que tornam as argamassas mais porosas (Vergara et al.,
2001) (Hernandez et al., 2002). Assim, a velocidade de propagação é geralmente superior em
argamassas de cimento, comparativamente às argamassas de cal, mais porosas (Gomes, 1995)
(Faria et al., 2007).
Monte et al. (2007) refere que, no caso das argamassas ensaiadas em laboratório, a forma do
elemento a ensaiar influencia os resultados obtidos já que interfere na densidade do material. No
caso de argamassas de revestimento, esse factor tenderá a fazer-se sentir pelo número e espessura
das camadas que constituem o reboco. Refere também que outro factor que influencia os valores
obtidos é o coeficiente de Poisson, sobretudo nas argamassas não-tradicionais que incorporam
diferentes tipos e teores de adjuvantes.
Brito (1987) menciona que, em betão armado, a existência de armaduras metálicas afecta também a
velocidade de propagação das ondas, já que estas se propagam mais rapidamente nos metais do
que no betão. A norma EN 12504-4 (CEN, 2004) recomenda, por isso, que se evite analisar zonas
com armaduras, em especial se estas forem paralelas à direcção de propagação das ondas. No caso
das argamassas de reboco, este efeito pode também fazer-se sentir no caso de rebocos armados,
não sendo geralmente tido em conta.
A espessura do elemento a atravessar e a existência de descontinuidades (como fissuras)
influenciam também a velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas, diminuindo em ambos os
casos, uma vez que perturbam a propagação das ondas. Por outro lado, a distância entre
transdutores deve ser suficiente para a medição da velocidade de propagação não ser influenciada
pela natureza heterogénea do material, razão pela qual a EN 12504-4 (CEN, 2004) recomenda uma
distância mínima de 100 mm, no caso do betão. No caso de estudos em argamassas, têm sido
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
44
utilizadas distâncias menores, embora a influência deste factor não esteja ainda suficientemente
estudada.
Também as condições superficiais, como a rugosidade, a humidade e a temperatura da superfície,
são tidas geralmente como factores que influem nos resultados. A rugosidade da superfície deve ser
tida em conta, para que não comprometa o contacto entre os transdutores e a superfície. É
geralmente preconizada a utilização de uma camada fina e bem distribuída de material de contacto
entre os transdutores e a superfície a ensaiar (Monte et al., 2007).
A humidade é também um factor a ter em conta. A presença de água nos espaços vazios modifica as
características de propagação das ondas sónicas no meio, pelo que esse efeito deverá ser tido em
conta na análise dos resultados obtidos em medições sucessivas de materiais que possam
apresentar variações no seu teor de água (Magalhães et al., 2003). Ohdaira e Masuzawa (2000)
referem que, para betão, a velocidade de propagação dos ultra-sons aumenta com o teor de água do
betão. Gomes (1995) e Flores-Colen (2009) concluem que, em argamassas, os resultados variam da
mesma forma.
Também a temperatura dos elementos a ensaiar, como aspecto condicionante de outros fenómenos
como a humidade, deve ser tida em consideração. A EN 12504-4 refere que, para temperaturas do
betão entre 10 e 30 ºC, a diferença não é significativa, enquanto que Brito (1987) verifica a mesma
tendência para temperaturas entre 5 e 25 ºC. Geralmente, a velocidade de propagação dos ultra-sons
tem tendência a aumentar para temperaturas inferiores às referidas, enquanto que para temperaturas
superiores se dá a situação contrária. Contudo, Gomes (1995) verificou que para argamassas de
revestimento com temperaturas de 50 ºC se dá o aumento da velocidade de propagação das ondas,
em relação a uma temperatura inicial de 20 ºC. Para temperaturas negativas, a influência pode ser
significativa, por congelamento da água contida nos poros.
3.4.1.3. Aplicações
O ensaio de medição da velocidade de propagação de ultra-sons é correntemente aplicado na
avaliação da qualidade do betão, uma vez que permite um controlo de conformidade, a partir da
detecção de alterações de compacidade, condições de cura, relação água / cimento ou materiais
utilizados (Brito, 1987).
Uma outra utilização possível consiste na estimativa da resistência dos materiais ensaiados, baseada
no princípio de que tanto a velocidade de propagação das ondas como a resistência são tanto
maiores quanto mais compacto for o material. Contudo, dada a multiplicidade e complexidade dos
factores que influenciam o ensaio, descritos anteriormente, não é possível estabelecer uma relação
inequívoca (Nepomuceno, 1999) (Proverbio e Venturi, 2005). Por esta razão, a EN 12504-4 (CEN,
2004) indica que o ensaio de ultra-sons pode ser utilizado na estimativa da resistência de elementos
de betão, embora não seja uma alternativa à determinação directa dessa resistência.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
45
No caso concreto de revestimentos de paredes, esta técnica reflecte o estado de conservação dos
elementos ensaiados, já que a presença de vazios e fissuras, que constituem descontinuidades, tem
consequências na velocidade de propagação das ondas (Magalhães et al., 2003). Materiais mais
degradados ou de coesão mais fraca apresentam valores de velocidade de propagação inferiores aos
materiais compactos ou menos degradados (Martins, 2008). Por esta razão, o ensaio de ultra-sons é
utilizado no diagnóstico de anomalias, permitindo a localização das possíveis zonas degradadas
(fendas, destacamentos, perdas de coesão) (Santos et al., 2003). Mais recentemente, Flores-Colen
(2009) confirmou a utilidade do ensaio de ultra-sons para caracterizar melhor a degradação e o
desempenho dos revestimentos de fachadas constituídos por argamassas de base cimentícia.
O ensaio de ultra-sons é particularmente sensível à presença de fendas perpendiculares à
propagação das vibrações, com um significativo decréscimo de velocidade de propagação, pelo que é
utilizado na sua detecção, através do método indirecto (Silva, 2004) (Figura 3.6).
Figura 3.6 - Detecção de fendas pelo método indirecto, referida no manual do equipamento
Uma vez que a presença de descontinuidades é detectada pela diminuição da velocidade de
propagação das ondas, este método poderá também ser útil na detecção de zonas do revestimento
com perda de aderência. Contudo, os estudos de Gomes (1995) e Santos et al. (2003) não são
conclusivos quanto à relação entre o abaixamento da velocidade de propagação e a existência de
destacamentos, uma vez que a existência de anomalias em profundidade pode não afectar o tempo
de transição das ondas, dependendo da espessura do revestimento ou do número de camadas até
ao suporte.
Para além das aplicações descritas, o ensaio de ultra-sons pode ainda avaliar a capacidade de
deformação, através do módulo de elasticidade (ou de deformação) dinâmico, uma vez que a
propagação das ondas ultra-sónicas depende das propriedades elásticas do meio. Uma vez que a
propagação das ondas ultra-sónicas se faz a partir de pequenas deformações localizadas, a
velocidade de propagação das ondas será maior quanto maior for o módulo de elasticidade dinâmico
(Bastos, 2003) (Monte et al., 2007).
3.4.1.4. Vantagens e desvantagens
Tal como todas as técnicas de ensaio in-situ, o ensaio de medição da velocidade de propagação dos
ultra-sons tem vantagens e desvantagens, que devem ser ponderadas em cada caso. Em termos de
vantagens, destaca-se desde logo o facto de ser um ensaio não destrutivo (Tavares et al,. 2005), uma
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
46
vez que não provoca danos assinaláveis nos materiais analisados, podendo apenas provocar
algumas marcas causadas pelo material usado para promover o contacto entre as superfícies e os
transdutores. Pode também considerar-se que este é um ensaio económico, apesar de implicar um
investimento inicial em equipamento de alta precisão (Brito, 1987).
Trata-se ainda de um ensaio de fácil e rápida execução e que requer apenas equipamento portátil e
de fácil transporte (Flores-Colen et al., 2006). A sua execução só depende da possibilidade de
colocação dos transdutores que, em geral, não oferece dificuldades e o ensaio pode ser realizado em
qualquer altura (Brito, 1987).
Por outro lado, em termos de desvantagens, o ensaio não permite a determinação quantitativa dos
parâmetros mecânicos, estando nesse aspecto muito dependente das correlações estabelecidas. O
equipamento, apesar de portátil, não dispensa a utilização de meios de acesso e tem uma autonomia
limitada, necessitando de ser ligado periodicamente a uma fonte de alimentação para que esta seja
restabelecida (Flores-Colen et al., 2006).
Quanto aos resultados obtidos, nem sempre são fáceis de interpretar isoladamente (Flores-Colen et
al., 2006), necessitando de bastantes leituras para que se tornem fiáveis (Brito, 1987), pois estão
muito dependentes tanto da calibração do aparelho como dos factores externos que influenciam os
resultados.
3.4.1.5. Interpretação e variabilidade dos resultados
i) Interpretação dos resultados
A partir dos resultados da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas, calculados com os
tempos de percurso medidos, podem retirar-se conclusões sobre as características mecânicas ou
estado de degradação e de desempenho dos revestimentos analisados. Contudo, os resultados são
por vezes difíceis de analisar isoladamente, devido à multiplicidade de factores intervenientes, pelo
que o cruzamento com resultados de outras técnicas pode levar a conclusões mais fiáveis (Tavares
et al., 2005) (Proverbio e Venturi, 2005). O Quadro 3.2 apresenta os resultados de estudos anteriores
utilizando o ensaio de ultra-sons na avaliação de rebocos exteriores.
No que respeita à avaliação da degradação, quando existem fendas no reboco no percurso
analisado, a velocidade de propagação tende a diminuir uma vez que as ondas não se propagam no
ar. Quanto às características mecânicas, pode ser avaliada a resistência e a capacidade de
deformação do reboco. Quanto mais compacto for o reboco maior a sua resistência, estando
associada a velocidades de propagação das ondas mais altas. A capacidade de deformação pode ser
avaliada calculando o módulo de elasticidade (ou de deformação) da argamassa que constitui o
reboco.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
47
Quadro 3.2 - Resultados de estudos anteriores de avaliação de rebocos exteriores utilizando o ensaio
de ultra-sons em paramentos em serviço
Referência Aplicabilidade Velocidade de propagação
(km/s)
Indicador de
qualidade
Gomes (1995) Rebocos exteriores tradicionais
de base cimentícia
1.7 ≤ Vap ≤ 2.5 Revestimentos em bom
estado
1.5 ≤ Vap ≤ 2.0 Revestimentos em mau
estado
Flores-Colen
(2009)
Rebocos exteriores
pré-doseados de base
cimentícia
3.0 (0.3) ≤ Vap ≤ 3.3 (0.2) Desempenho mecânico
adequado
Rebocos exteriores tradicionais
e pré-doseados mais
compactos, de base cimentícia
Vap ≥ 2.9 Desempenho mecânico
adequado
Legenda: Vap (km/s) - velocidade aparente de propagação dos ultra-sons; “(X)” - desvios máximos tolerados
A física clássica relaciona a velocidade das ondas ultra-sónicas, no caso particular das ondas
longitudinais P, com o módulo de elasticidade longitudinal e a densidade do material pela Equação
3.2. (Gomes, 1995) (Monte et al., 2007).
(Eq. 3.2)
Em que V é a velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (km/s), E é o módulo de elasticidade
do material (N/mm2) e Map é a massa volúmica aparente do sólido (kg/m
3).
O módulo de elasticidade efectivo é diferente do módulo de elasticidade dinâmico longitudinal
(Módulo de Young), uma vez que depende do constrangimento lateral, ou seja, depende do módulo
de elasticidade longitudinal (E) e do coeficiente de Poisson ( ). A norma BS 1881-203 (BSI, 1986)
apresenta por isso uma equação corrigida para a determinação do modulo de elasticidade dinâmico
(Equação 3.3):
(Eq. 3.3)
Em que Ed é o módulo de elasticidade dinâmico (N/mm2), V é a velocidade de propagação das ondas
ultra-sónicas (km/s), Map é a massa volúmica aparente do sólido (kg/m3) e é o coeficiente de
Poisson. Este último coeficiente é normalmente admitido como 0.2, tal como para o betão. Monte et
al. (2007) consideram no entanto que a influência deste parâmetro na determinação do módulo de
elasticidade dinâmico deve ser aprofundada, especialmente para argamassas não-tradicionais que
incorporam diferentes tipos e teores de aditivos. Flores-Colen (2009) utilizou a Equação 3.3 para
determinar o coeficiente de Poisson das argamassas pré-doseadas que avaliou em laboratório,
obtendo valores da ordem de 0.3.
ap
EV
M
2 (1 )(1 2 )
(1 )d apE V M
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
48
ii) Variabilidade dos resultados
Na bibliografia consultada, não existe muita informação sobre a variabilidade do próprio ensaio. No
caso do ensaio de betão em laboratório, pelo método directo, Nepomuceno (1999) indica valores
típicos para o coeficiente de variação da velocidade de propagação da ordem de 2 a 2.5%. Também
em laboratório, mas na caracterização de argamassas, Monte et al. (2007) obtiveram coeficientes de
variação entre 8 e 12%. Mais recentemente, Flores-Colen (2009) obteve, para argamassas de
revestimento, coeficientes de variação de 13% em laboratório e de 16% in-situ, pelo método indirecto.
3.4.2. Ensaio com esclerómetro pendular do tipo PT
Os ensaios de esclerómetro, e em particular o ensaio com esclerómetro pendular do tipo PT,
baseiam-se no método do ressalto. O método do ressalto surgiu em 1948 e foi desenvolvido pelo
Engenheiro Suíço Ernst Schmidt, que projectou um aparelho de ensaio para medir a dureza
superficial do betão pelo princípio do ressalto, o qual ficou conhecido por “Martelo de Ressalto de
Schmidt” ou, mais correntemente, “Esclerómetro de Schmidt”. Este método ganhou aceitação
considerável desde então e as versões mais modernas têm sido utilizadas por todo o mundo, tendo a
sua utilização sendo estendida a revestimentos, pavimentos, rochas ou pavimentos rodoviários
(Nepomuceno, 1999). No Quadro 3.3, apresentam-se os tipos de esclerómetro actualmente
existentes, bem como a aplicação mais comum para cada um deles.
Nesta dissertação, foi utilizado o esclerómetro pendular do tipo PT, uma vez que este, pela menor
energia e maior área de impacto relativamente aos modelos para betão, é o mais indicado para
materiais porosos com baixa resistência, como revestimentos de paredes com argamassas de reboco
(Silva, 2004) (Flores-Colen, 2009).
3.4.2.1. Princípios do ensaio
O ensaio de esclerómetro é descrito nas normas ASTM C805 e EN 12504-2 e é classificado como um
“ensaio de dureza”. O ensaio é baseado no princípio de que a reflexão de uma massa elástica,
lançada contra uma superfície, depende da “dureza superficial” do material a analisar (Gomes, 1995).
Assim, este ensaio dá uma medida da “dureza” da superfície e não da resistência do material, sendo
geralmente assumido que estas grandezas são directamente proporcionais (Brito, 1987). Nos
revestimentos, pela sua forma delgada, é avaliada a dureza do sistema de revestimento, incluindo o
suporte. O resultado obtido expressa-se pelo índice esclerométrico, número de recuo ou número de
retorno, medida arbitrária pois depende da massa e da energia armazenada pela mola do aparelho.
Quanto mais brando for o material, maior é a quantidade de energia que ele absorve e menor é a
altura do ressalto (Magalhães et al., 2003).
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
49
Quadro 3.3 - Tipos de esclerómetro e suas aplicações, adaptado de Nepomuceno (1999)
Tipo Energia de
impacto [N.m] Aplicação comum
N 2,207 Adequado para betões correntes de edifícios e pontes
NR 2,207 Versão do tipo N com um acessório especial de registo
L 0,735 Adequado para elementos de betão sensíveis ao impacto ou para pedras
artificiais
LR 0,735 Versão do tipo L com um acessório especial de registo
LB 0,735 Adequado para utilização em produtos cerâmicos
M 29,43 Adequado para pavimentos de estadas e pistas de viação
P 0,883 Adequado para materiais de com baixas resistências
PT 0,883 Adequado para materiais com resistências à compressão extremamente baixas
(maior área de impacto)
O ensaio consiste em encostar o equipamento à superfície a ensaiar e libertar o pêndulo, carregando
no botão de disparo, que percorre 180º até embater na superfície. É possível medir a quantidade de
energia recuperada no ressalto da massa, dada pelo índice esclerométrico, através de uma escala
graduada acoplada ao aparelho (Figura 3.7).
3.4.2.2. Factores que afectam o ensaio
Os factores que influenciam o ensaio de esclerómetro pendular, no caso particular o tipo PT, podem
ser divididos em três grupos: os relacionados com as características do reboco, os associados às
características do sistema de revestimento e os decorrentes do próprio aparelho de ensaio.
Figura 3.7 - Esclerómetro pendular do tipo PT, (à esquerda) e realização do ensaio (à direita)
A constituição do reboco, tal como o tipo e quantidade de ligante, a quantidade de água ou o tipo de
agregado, influi na resistência superficial e, por conseguinte, nos resultados do ensaio. Por outro
lado, também a espessura do reboco pode ser condicionante, na medida em que, para pequenas
espessuras, a dureza do suporte pode ter influência. (Mendonça, 2007) considera que os valores
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
50
obtidos neste ensaio são representativos de uma camada até 5 cm de profundidade o que significa
que o suporte poderá exercer influência nos resultados em argamassas de reboco.
A rugosidade é também um parâmetro a ter em conta. O ensaio deve ser realizado sobre superfícies
lisas pelo que a norma NP EN 12504-2 (IPQ, 2001) recomenda, quando necessário, o alisamento
prévio da superfície com uma pedra abrasiva de carboneto de silício ou material equivalente. Botelho
(2003) propõe a utilização, por exemplo, de uma lixa de grão fino. Porém, este procedimento tem um
efeito negativo no caso de argamassas de revestimento, já que provoca alteração da cor e textura
inicial.
Aspectos relacionados com o sistema de revestimento, como a humidade e temperatura, interferem
também nos resultados obtidos. Superfícies secas originam maiores valores de recuo, enquanto que
superfícies geladas dão resultados exageradamente altos. Também a existência de variações locais
da superfície, como vazios ou agregados salientes ou alterações de textura, podem influenciar o
ensaio. A carbonatação da superfície pode também originar valores de ressalto mais elevados (Brito,
1987) (Silva, 2004) (Proverbio e Venturi, 2005).
Também os aspectos do próprio esclerómetro influem nos resultados. Estes dependem da massa e
da energia armazenada na mola do aparelho, pelo que, num mesmo conjunto de ensaios, deve ser
mantido sempre o mesmo esclerómetro. Os resultados são também afectados pela gravidade,
variando com a inclinação do aparelho entre valores máximos para superfícies horizontais inferiores e
valores mínimos para superfícies horizontais superiores (Brito, 1987).
A calibração do aparelho é igualmente bastante importante. A norma NP EN 12504-2 (IPQ, 2001)
prevê a calibração, se necessário, utilizando uma bigorna de calibração fornecida com o aparelho,
segundo as recomendações do fabricante (em geral, a cada 1000 medições).
3.4.2.3. Aplicações
O esclerómetro é um aparelho usado, em conjunto com outros ensaios, destrutivos e não-destrutivos,
fundamentalmente para estimar a resistência de um material através da sua dureza superficial ou
para comparar a qualidade dos materiais. A sua utilização é expedita e tem sido utilizado tanto em
betão como, mais recentemente, na caracterização in-situ de revestimentos de paredes (Magalhães
et al., 2003) (Flores-Colen, 2009). Nestes, tem sido utilizado para avaliar qualitativamente as
condições de aderência do reboco, bem como a sua homogeneidade e uniformidade (Gomes et al.,
1995) (Botelho, 2003).
A avaliação da uniformidade do reboco é a principal aplicação do esclerómetro a este tipo de
revestimento. Áreas deterioradas e de menor qualidade podem ser facilmente detectadas uma vez
que possuem um valor de ressalto menor. A perda de aderência ao suporte pode também ser
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
51
avaliada da mesma forma, uma vez que a ausência de ligação ao suporte provoca uma diminuição do
ressalto, podendo mesmo levar a que não se consiga obter resultados.
Uma vez que geralmente a uma maior “dureza superficial” corresponde uma maior resistência do
material, o ensaio de esclerómetro pode ainda ser utilizado para estimar a resistência do reboco, à
semelhança do que acontece com o betão. Porém, esta é a aplicação menos fiável uma vez que sua
precisão depende muito das condições em que as correlações foram estabelecidas. Além disso, a
multiplicidade de factores que influenciam os resultados leva a que muitas vezes as curvas dos
fabricantes conduzam a resultados desajustados (Proverbio e Venturi, 2005).
Para além de ser útil na caracterização da degradação, o ensaio de esclerómetro pode também ser
utilizado para inferir sobre o desempenho mecânico de revestimentos. Flores-Colen (2009) refere que
o esclerómetro pendular PT permite detectar facilmente, devido à possibilidade de mapeamentos,
zonas de mau desempenho associadas à presença de humidade ou a falta de aderência.
3.4.2.4. Vantagens e desvantagens
Este ensaio, como todos os outros, tem vantagens e desvantagens A utilização do esclerómetro é
bastante expedita, tornando o ensaio de grande simplicidade e rapidez de execução (Magalhães et
al., 2003). É um ensaio relativamente económico, pois não envolve grande investimento inicial na
aquisição do equipamento (Brito, 1987), sendo que este é portátil e não necessita de fonte de
alimentação de energia (Flores-Colen et al., 2006b). O grau de destruição provocado pela utilização
deste tipo de equipamento é bastante reduzido, limitando-se a algumas mossas resultantes do
impacto do pêndulo, o que constitui uma vantagem importante para a sua utilização in-situ.
Em termos de desvantagens, destaca-se a pouca fiabilidade dos resultados obtidos, permitindo
geralmente apenas uma avaliação qualitativa. Os resultados nem sempre são fáceis de interpretar,
exigindo bastantes leituras para ter alguma fiabilidade (Brito, 1987), ou o cruzamento com resultados
de outras técnicas (Proverbio e Venturi, 2005). Os resultados estão também dependentes de uma
boa calibração do aparelho.
Por outro lado, o ensaio avalia o revestimento a partir da sua superfície, não dando indicação precisa
sobre o que se passa no seu interior, para além de não dispensar a necessidade de meios auxiliares
de acesso (Flores-Colen et al., 2006b).
3.4.2.5. Interpretação e variabilidade dos resultados
i) Interpretação dos resultados
Como referido, este é um ensaio cujos resultados nem sempre são de fácil interpretação, sendo essa
a sua principal limitação. Em geral, pode entender-se que valores de ressalto baixos indicam
materiais pouco resistentes e/ou degradados. Porém, esta é uma avaliação apenas qualitativa,
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
52
necessitando geralmente de resultados complementares de outros ensaios (como o ensaio de
ultra-sons), o que torna este ensaio indicado apenas para análises comparativas e detecção de zonas
críticas (Nepomuceno, 1999).
Embora os fabricantes forneçam geralmente ábacos que relacionam o índice esclerométrico com a
resistência do material analisado e existam outros estudos no mesmo sentido (Figura 3.8), os valores
assim obtidos podem conter erros apreciáveis devido aos diversos factores que afectam o ensaio
(Proverbio e Venturi, 2005). Assim, é preferível aplicar este equipamento para análises comparativas
e na detecção de zonas críticas (Nepomuceno, 1999).
Figura 3.8 - Relação entre o índice esclerométrico PT e a resistência à compressão do material:
ábaco fornecido pelo fabricante (à esquerda) e relação determinada em laboratório (à direita)
(Flores-Colen, 2009)
Apesar do carácter qualitativo do ensaio, este pode ser bastante útil na avaliação fácil e expedita da
qualidade dos materiais analisados. O Quadro 3.4 resume algumas propostas de estudos anteriores
na avaliação da qualidade de argamassas.
ii) Variabilidade dos resultados
Apesar de alguns autores classificarem o ensaio com esclerómetro como um método dispersivo
(Magalhães et al., 2003), não existe na bibliografia consultada muita informação sobre a variabilidade
desta técnica. O coeficiente de variação das leituras individuais, em laboratório, do ensaio de betão
com esclerómetro pode variar de 2 a 15%, situando-se normalmente por volta de 10% (Nepomuceno,
1999).
Em termos da utilização de esclerómetro pendular em argamassas, Mendonça (2007) obteve, em
laboratório, um coeficiente de variação de 18%. Em relação a ensaios in-situ, Flores-Colen (2009)
obteve um coeficiente de variação da ordem de 19%.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
53
Quadro 3.4 - Avaliação da qualidade de argamassas com base em ensaios in-situ, utilizando
esclerómetro pendular do tipo P e PT
Referência Aplicabilidade Valor do ressalto Indicador de qualidade
Gomes (1995) Rebocos exteriores
tradicionais de base cimentícia
IEP <80
Revestimentos deteriorados
ou descolados
80≤ IEP <90
Revestimentos em estado
duvidoso
IEP ≥90
Revestimentos em bom
estado
RILEM:MS-D.7
referida por
Vekey (1997) e
Silva (2004)
Juntas com argamassas de
base cimentícia
IEP <15 Argamassa muito fraca
15≤ IEP <25 Argamassa fraca
25≤ IEP <35 Argamassa moderada
35≤ IEP <45 Argamassa normal
45≤ IEP <55 Argamassa dura
IEP ≥55 Argamassa muito dura
Flores-Colen
(2009)
Rebocos exteriores
pré-doseados de base
cimentícia
64 ≤ IEPT
≤ 75 (7) Desempenho mecânico
adequado
Rebocos exteriores
tradicionais e pré-doseados
mais compactos, de base
cimentícia
IEPT
≥ 75 (7) Desempenho mecânico
adequado
Legenda: IEP - Índice esclerométrico obtido com o esclerómetro pendular do tipo P; IE
PT - Índice
esclerométrico obtido com o esclerómetro pendular do tipo PT; “(X)” - desvios máximos tolerados
3.5. Conclusões do capítulo
No presente capítulo, são abordadas as principais técnicas de ensaio in-situ que permitem a
avaliação do desempenho em serviço de revestimentos de paredes, com especial destaque para
aquelas que são utilizadas nesta dissertação.
A utilização de técnicas de ensaio in-situ permite a determinação das características dos
revestimentos, para além de ser um auxiliar precioso na avaliação do estado de degradação e de
desempenho em serviço. Existe uma grande diversidade de técnicas aplicáveis a revestimentos de
paredes, sendo que a generalidade das técnicas abordadas é viável na avaliação da degradação dos
mesmos. Porém, os parâmetros medidos por essas técnicas não estão, geralmente, directamente
relacionados com os requisitos de desempenho, pelo que na maioria dos casos não é possível
realizar uma avaliação quantitativa. Assim, embora a maioria das técnicas referidas seja de utilização
expedita, a informação produzida nem sempre é fácil de interpretar na perspectiva da avaliação do
desempenho em serviço.
Capítulo 3 - Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho de revestimentos de paredes
54
Em relação às técnicas de ensaio in-situ utilizadas na avaliação do desempenho mecânico, foram
descritos os diversos aspectos relacionados com a utilização de ultra-sons ou de esclerómetro
pendular, desde os princípios de funcionamento até aos factores condicionantes e às vantagens e
desvantagens de cada técnica.
O ensaio de medição da velocidade de propagação dos ultra-sons (ou simplesmente ensaio de
ultra-sons) é bastante útil na obtenção de informação sobre as características mecânicas e sobre o
estado de degradação dos materiais de revestimento. Baseia-se no princípio de que as ondas
ultra-sónicas, uma vez que se propagam por vibração das partículas sólidas, têm maior velocidade de
propagação em meios sólidos compactos. Assim, permite a detecção de descontinuidades, como
fendas, e a estimativa de propriedades mecânicas, como resistência mecânica interna ou capacidade
de deformação.
O ensaio com esclerómetro pendular do tipo PT é um ensaio de rápida e fácil execução que, utilizado
em conjunto com outros ensaios, pode ser bastante útil para estimar a dureza superficial e a
qualidade dos materiais. Baseia-se no princípio de que a reflexão da massa que choca com a
superfície é tanto maior quanto maior foi a dureza desta. Deste modo, áreas deterioradas ou com
falta de aderência terão valores de ressalto inferiores a zonas sãs, pelo que serão detectadas com
este método. Além disso, pode ser feita uma análise qualitativa da resistência à compressão do
material de revestimento.
Os ensaios a utilizar têm uma utilização mais comum em betão e, embora recentemente alguns
autores os tenham adaptado à caracterização de argamassas de revestimento, não existem
procedimentos nem requisitos normalizados para essa avaliação. Por outro lado, os resultados
dependem de múltiplos factores, claramente identificados na bibliografia existente mas cuja influência
não está quantificada para argamassas de revestimento. Por último, interessa sintetizar a informação
recolhida por estes ensaios em termos da avaliação de desempenho de revestimentos de paredes,
contribuindo para que a análise possível se torne cada vez mais quantitativa do que qualitativa. Estes
aspectos foram alvo de uma campanha experimental, caracterizada no próximo capítulo.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
55
4. Caracterização do trabalho experimental
4.1. Introdução
Neste capítulo, pretende-se introduzir as questões abordadas no estudo experimental realizado,
caracterizando não só a amostra mas também as técnicas e procedimentos.
O estudo experimental teve como principal objectivo a utilização do esclerómetro pendular do tipo PT
e da medição da velocidade de propagação aparente dos ultra-sons na avaliação in-situ do
comportamento mecânico de rebocos em fachadas. Neste sentido, pretendia-se analisar a utilidade
destas técnicas na avaliação do comportamento mecânico de argamassas de reboco, discutindo a
sua sensibilidade e a metodologia mais adequada para essa avaliação.
A campanha experimental abrangeu ensaios in-situ em muretes já existentes na Estação de
Envelhecimento Natural de Revestimentos de Paredes (EENRevPa) do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa, e na Estação de Envelhecimento Natural de um fabricante de
argamassas industriais de revestimento, no Carregado. Foi analisado um total de 78 paramentos de
características diferentes.
A campanha na estação do LNEC decorreu entre Abril e Maio de 2009 e foram analisados rebocos
tradicionais e não-tradicionais, enquanto que a campanha na estação do Carregado decorreu em
Junho de 2009 e foram apenas analisados rebocos não-tradicionais produzidos pelo fabricante, como
mostra a Figura 4.1.
4.2. Caracterização dos casos de estudo
Conforme referido, foram realizadas duas campanhas distintas, uma no LNEC e outra no estaleiro de
um fabricante, tendo sido utilizadas as mesmas técnicas e procedimentos de inspecção em ambas. A
Capítulo 4 - Caracterização do trabalho experimental
56
utilização de rebocos aplicados em estações de ensaio natural (EEN) permitiu estudar o seu
comportamento em serviço, ou seja, sujeitos à acção efectiva dos agentes de degradação. Por outro
lado, permitiu uma análise mais aprofundada das técnicas de ensaio in-situ do que seria possível no
estudo de rebocos em fachadas, seja pela maior facilidade de inspecção, pela diversidade da
amostra ou pelo conhecimento da maioria das características mecânicas dos materiais aplicados.
Figura 4.1 - Campanhas experimentais realizadas e tipos de rebocos analisados
4.2.1. Muretes da estação de envelhecimento natural do LNEC, em Lisboa
A estação de envelhecimento natural (EEN) foi construída no LNEC no final dos anos 70 e desde aí
tem servido para diversos estudos sobre argamassas de revestimentos, permitindo estudar o seu
comportamento em serviço. Inicialmente, o estudo recaiu sobre os rebocos tradicionais, os mais
utilizados na época, mas mais recentemente foi alargado ao estudo de rebocos pré-doseados de
vários fabricantes, com vista à sua homologação. Actualmente, são estudados tanto os novos
materiais de revestimento, com novas características, como os materiais tradicionais e a sua
viabilidade actual. Esta EEN possui uma grande diversidade de rebocos aplicados, desde rebocos
tradicionais com trinta anos a rebocos pré-doseados de formulações recentes (Miller, 2008).
A EEN é constituída por um número alargado de muretes, orientados de modo a que se tenha um
paramento virado a Norte e outro virado a Sul, permitido estudar diferentes condições de exposição
(Figura 4.2).
Figura 4.2 - Esquema da disposição e orientação dos muretes na EEN do LNEC
Campanha experimental
Campanha 1:
EEN do LNEC (Lisboa)
- Rebocos tradicionais
- Rebocos não-tradicionais
Campanha 2:
EEN do fabricante (Carregado)
- Rebocos não-tradicionais
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
57
Os muretes são construídos na sua maioria em alvenaria de tijolo, com uma espessura de 20 cm,
sendo protegidos no topo por telhas cerâmicas. Os revestimentos são aplicados sobre este suporte,
sendo os rebocos tradicionais aplicados geralmente em 2 camadas, com espessura total de cerca de
2,5 cm, enquanto que os rebocos pré-doseados são geralmente aplicados num sistema
monocamada, numa espessura de cerca de 2 cm. A aplicação é geralmente feita por técnicos com
experiência na aplicação dos produtos, de modo a reproduzir o mais fielmente possível as condições
que ocorreriam em obra. A Figura 4.3 mostra o tipo de muretes analisados na campanha
experimental.
Figura 4.3 - Muretes ensaiados na EEN do LNEC
A EEN possui uma grande variedade de soluções de revestimentos. De entre os muretes existentes,
foram seleccionados principalmente revestimentos de reboco à base de cimento, por serem os que se
enquadram no âmbito deste trabalho. Não obstante, foram realizados ensaios noutros tipos de
reboco, para comparação, de modo a aferir a sensibilidade das técnicas utilizadas. Foram estudados
os seguintes tipos de argamassas de reboco:
TC - reboco tradicional à base de cimento; foram analisados dois tipos deste reboco: TC1,
correspondente a um traço de 1:5, e TC2, correspondente a um traço 1:4;
TC(I) - reboco tradicional à base de cimento, independente do suporte, armado com rede de
arame soldado;
TCH - reboco tradicional de cal hidráulica, de traço 1:4;
TC (FV) - reboco tradicional de cimento, de traço 1:4, com fibra de vidro incorporada na pasta (0.3
%);
TC (FPP) - reboco tradicional de cimento, de traço 1:4, com fibra de polipropileno incorporada na
pasta (1 %);
TBC-CA - reboco tradicional bastardo, à base de cimento e cal aérea, de traço 1:1:6;
PD - reboco pré-doseado à base de cimento; foram analisados dez tipos diferentes de rebocos
pré-doseados, designados PD1 a PD10; quando possível, foram também analisadas várias
formulações do mesmo produto, o que aconteceu para os pré-doseados PD1, PD4 e PD6, sendo
nesta situação as formulações designadas por (a) e (b); por conseguinte, foram analisados ao
Capítulo 4 - Caracterização do trabalho experimental
58
todo os seguintes rebocos pré-doseados: PD1a, PD1b, PD2, PD3, PD4a, PD4b, PD5, PD6a,
PD6b, PD7, PD8, PD9 e PD10.
Para além dos diferentes tipos de reboco, a EEN possui ainda grande variedade em relação à idade,
acabamento ou revestimento do reboco. A caracterização geral dos muretes ensaiados, em termos
de tipo de revestimento, idade, tipo de suporte, tipo de acabamento e revestimento utilizado, é
apresentada no anexo A4.1 (Quadro A4.1).
4.2.2. Muretes da estação de envelhecimento natural de um fabricante, no
Carregado
A estação de envelhecimento natural (EEN) foi construída pelo fabricante no início de 2004 com o
objectivo de permitir a monitorização do comportamento dos produtos ao longo do tempo. Desde esta
data, os muretes da EEN foram também objecto das campanhas in-situ desenvolvidas por Quintela
(2006) e Flores-Colen (2009).
Os muretes são constituídos por um suporte em alvenaria de tijolo com 7 cm de espessura, protegido
no topo por telhas cerâmicas, sobre o qual foi aplicado o revestimento, com cerca de 2 cm de
espessura. A aplicação do revestimento foi efectuada por uma equipa do fabricante, especializada na
aplicação deste tipo de produtos. Existem muretes orientados segundo os quatro pontos cardeais,
conforme representado na Figura 4.4, o que permite obter resultados para diferentes condições de
exposição.
Figura 4.4 - Muretes ensaiados na EEN do fabricante (à esquerda) e esquema da orientação dos
muretes analisados (à direita)
O revestimento actual foi aplicado em Julho de 2004, tendo sido utilizado o mesmo produto
pré-doseado em todos os muretes. Trata-se de um dos produtos analisados também na EEN do
LNEC, designado por PD4b. As variantes, nos diferentes muretes, são apenas a granulometria da
areia (normal ou fino), a coloração (branco ou “cor tijolo”), o acabamento (areado ou raspado) e as
condições de exposição conforme a orientação. A caracterização geral dos muretes ensaiados é
apresentada no anexo 4.2 (Quadro A4.2).
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
59
4.3. Metodologia de inspecção
As duas campanhas in-situ, realizadas nas EEN atrás descritas, seguiram a mesma metodologia de
inspecção. Esta metodologia, que a seguir se descreve, visou a avaliação do desempenho das
argamassas de reboco dos paramentos analisados, em especial o seu desempenho mecânico. Para
além da medição de parâmetros de desempenho mecânico, nomeadamente a velocidade aparente
de propagação dos ultra-sons e o índice esclerométrico pendular, foi também feita a caracterização
do estado geral de degradação dos muretes, de modo a relacionar os parâmetros medidos com o
desempenho observado. Refira-se que, com este trabalho, não se ambiciona fazer uma
caracterização exaustiva da degradação, mas apenas recolher dados que permitam relacionar a
degradação existente com os resultados obtidos.
4.3.1. Técnicas utilizadas e parâmetros medidos
Na campanha experimental, foram utilizadas diferentes técnicas de inspecção, consoante os
objectivos. O Quadro 4.1 resume as técnicas utilizadas e os parâmetros analisados na campanha
experimental.
Quadro 4.1 - Técnicas utilizadas e parâmetros analisados na campanha experimental
Técnica utilizada Parâmetro avaliado
Técnicas principais
Ultra-sons Velocidade aparente de propagação das ondas
(Vap)
Esclerómetro pendular PT Índice esclerométrico (IEPT
)
Técnicas auxiliares
Observação visual Estado geral de degradação
(anomalias e respectivas causas)
Máquina fotográfica Registo fotográfico do estado de degradação
Rugosímetro digital Rugosidade média
Martelo de borracha Som de percussão
(avaliação da aderência)
Lupa / microscópio óptico Textura da superfície
Termo-higrómetro Temperatura e humidade relativa
do ar
Comparador fissuras / microscópio óptico
Abertura média das fissuras
Hipoclorito de sódio (lixívia) a 5% Detecção de colonização biológica
Outras técnicas Humidímetro
Teor de humidade superficial (Não analisado)
Tubo de Karsten Permeabilidade à água líquida
(Não analisado)
Para a avaliação e caracterização “directa” do comportamento mecânico, foram utilizados ensaios
in-situ, mais concretamente o ensaio de ultra-sons e o ensaio com esclerómetro pendular do tipo PT.
Estes ensaios permitiram, através dos parâmetros medidos, inferir sobre o referido desempenho.
Capítulo 4 - Caracterização do trabalho experimental
60
Na caracterização geral da degradação e do desempenho dos paramentos, foram também utilizadas
técnicas auxiliares de diagnóstico, como apoio à inspecção visual. Estas técnicas, sendo simples e
não-destrutivas, permitem retirar da inspecção o máximo de informação útil para o entendimento da
degradação e desempenho (Silva, 2004). Estas técnicas, enumeradas no Quadro 4.1, permitiram
avaliar melhor parâmetros como a textura e rugosidade do revestimento, assim como detectar a
existência de anomalias, como falta de aderência, fissuração ou presença de colonização biológica. A
Figura 4.5 exemplifica as várias técnicas auxiliares de diagnóstico utilizadas.
Figura 4.5 - Exemplo da utilização de técnicas auxiliares de diagnóstico
Por último, é de referir que foram também utilizadas outras técnicas in-situ, nomeadamente o
humidímetro e o tubo de Karsten, no âmbito da avaliação do comportamento dos paramentos face à
água, que decorreu em paralelo com a avaliação do comportamento mecânico abordada neste
trabalho.
4.3.2. Plano de ensaios e factores estudados
Tal como referido, o objectivo deste estudo experimental consistiu em analisar a utilidade das
técnicas in-situ (esclerómetro pendular PT e ensaio de ultra-sons) na avaliação do comportamento
mecânico de argamassas de reboco, dissertando sobre a sua sensibilidade e a metodologia mais
adequada para essa avaliação. Assim, de acordo com estes objectivos, foi traçado um plano de
ensaios, tendo em vista a avaliação de diversos agentes. Os factores analisados dependeram ainda
da variedade existente nos casos de estudo, de modo a permitir analisar diferentes situações.
A campanha dividiu-se em duas vias: por um lado, a avaliação da sensibilidade das técnicas in-situ;
por outro, a avaliação do comportamento mecânico dos rebocos aplicados. Dentro de cada um destes
objectivos foram estudados os factores explanados de seguida.
Avaliação da textura do revestimento
Medição da rugosidade do média do paramento
Avaliação da aderência do revestimento ao suporte
Medição da abertura das fissuras (microscópio optico)
Medição da abertura das fissuras (comparador de fissuras)
Teste com lixívia para detectar a presença colonização biológica
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
61
A) Sensibilidade das técnicas in-situ utilizadas na avaliação do desempenho mecânico
Factores relacionados com o sistema de revestimento:
tipo de reboco - analisou-se vários tipos de rebocos tradicionais e não-tradicionais, como
referido, de modo a tentar estabelecer a influência desse parâmetro;
composição do reboco - com o objectivo de avaliar a influência deste factor analisou-se
várias composições e comparou-se rebocos de diferentes ligantes; foi ainda possível
avaliar o comportamento de rebocos com fibra de vidro ou armados com rede metálica;
tipo de suporte - procurou-se verificar a influência do suporte nos resultados; para tal,
comparou-se resultados de rebocos independentes do suporte com resultados de
rebocos aderentes, assim como resultados obtidos com suportes de características
diferentes;
rugosidade / textura do acabamento - foram analisados vários tipos de acabamento, tanto
para rebocos tradicionais como para pré-doseados; foi caracterizada a rugosidade de
cada acabamento, com vista à avaliação da influência deste parâmetro;
acabamento por pintura - foram analisados vários paramentos do mesmo reboco, com e
sem pintura, a fim de verificar a influência deste parâmetro nos resultados; analisou-se
diferentes tipos de pintura existentes na amostra analisada;
tipo de aplicação - procurou estudar-se a influência da aplicação, como o tipo de
aplicação e o número de camadas aplicadas; no entanto, este factor varia pouco nos
casos de estudo, já que os rebocos tradicionais foram geralmente aplicados de forma
tradicional, em duas camadas, enquanto que os rebocos pré-doseados também foram
aplicados de forma semelhante entre si e aproximadamente com a mesma espessura;
contudo, foi possível comparar resultados de rebocos aplicados em diferentes épocas do
ano (Verão e Inverno);
presença de anomalias - foram analisados resultados de ensaios com e sem a presença
de anomalias visíveis, de modo a tentar relacioná-la com as diferenças observadas nos
resultados.
Factores associados ao procedimento de inspecção:
condições de inspecção - foi registada a temperatura e a humidade relativa do ar
aquando das diversas inspecções, em ambas as campanhas;
localização / número de ensaios - procurou-se analisar a sensibilidade das técnicas à
localização dos ensaios e ao número de ensaios realizados;
procedimento inerente à técnica - para ambas as técnicas de ensaio in-situ, foram
analisados vários factores associados ao procedimento, de modo a verificar a sua
influência nos resultados; no caso do ensaio de ultra-sons, variou-se, por exemplo, a
distância fixa entre transdutores ou o material de contacto utilizado.
Capítulo 4 - Caracterização do trabalho experimental
62
aparente
dV
t
B) Avaliação do desempenho mecânico dos rebocos analisados
relação com as características mecânicas - foi analisada a relação entre os parâmetros
estudados e as características mecânicas dos materiais analisados, designadamente a
resistência à compressão e o módulo de elasticidade dinâmico (segundo os critérios
propostos por Flores-Colen (2009));
aplicabilidade e correlação entre técnicas - foi analisada a aplicabilidade das técnicas na
avaliação do desempenho mecânico e a correlação entre os resultados obtidos pelas
duas técnicas in-situ aplicadas;
desempenho ao longo do tempo - foi analisada a evolução do desempenho mecânico ao
longo do tempo, comparando os resultados obtidos com resultados de estudos anteriores.
4.3.3. Descrição dos ensaios
Descreve-se neste ponto os procedimentos de ensaio utilizados na execução dos principais ensaios
in-situ realizados no âmbito desta dissertação, ou seja, o ensaio de ultra-sons e o ensaio de
esclerómetro pendular PT. Uma vez que não existe regulamentação para a aplicação destas técnicas
a argamassas de revestimento, seguiu-se os procedimentos recomendados para betão, com as
devidas adaptações.
4.3.3.1. Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas
O ensaio de ultra-sons permite a medição do tempo de transição em cada percurso, permitindo
calcular a velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas, conhecida a distância
percorrida (vd. Capítulo 3). Para tal, foi utilizado um equipamento do tipo PUNDIT que mede
directamente o tempo de transição, com transdutores com uma frequência de emissão de 54 kHz e 5
cm de diâmetro. A velocidade de propagação aparente é calculada pela expressão da equação 4.1:
(Eq. 4.1)
Em que:
Vaparente - velocidade aparente de propagação dos ultra-sons (km/s);
d - distância entre transdutores no percurso (mm);
t - tempo de transição do percurso ( s).
Este ensaio foi realizado em todos os paramentos analisados. O número de percursos analisados
dependeu do objectivo em causa, tendo sido analisado pelo menos um percurso por paramento, em
zona corrente.
O procedimento de ensaio iniciou-se com a calibração do aparelho de medição, através de uma barra
de calibração própria, com tempo de transição conhecido. Deste modo, é necessário ajustar a
medição do aparelho até que a leitura coincida com o tempo de transição pré-determinado.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
63
Em seguida, foi necessário marcar o percurso a analisar. Foram analisados preferencialmente
percursos em zonas aparentemente não degradadas, optando-se em alguns casos por realizar
medições em zonas com degradação visível, para comparação. Para cada percurso, foram realizadas
duas medições, uma no sentido directo e outra no sentido inverso, como mostra a Figura 4.6.
Figura 4.6 - Esquema exemplificativo do esquema de medição pelo método indirecto
utilizado em cada percurso, de acordo com a norma EN 12504-4 (CEN, 2004)
Foram analisados percursos preferencialmente de 400 mm, divididos em distâncias de 100 mm,
distância tida como mínima na análise de elementos de betão pelo método indirecto. Em alguns
casos, foram analisados percursos de 350 mm, divididos neste caso em distâncias de 70 mm
definidas tendo em conta o diâmetro dos transdutores, de modo a se poder confrontar os resultados
obtidos.
Na medição do tempo de transição para cada percurso marcado no revestimento, é extremamente
importante que haja um bom contacto entre este e os transdutores. Este procedimento é tanto mais
importante quanto mais rugoso for o revestimento, pois nesse caso o contacto será mais difícil.
No decorrer do estudo experimental, foram utilizados diferentes materiais de contacto. Apesar de ter
sido utilizada preferencialmente vaselina em pasta para essa função, foi também testada a utilização
de pasta de dentes, material já utilizado por alguns investigadores, de modo a aferir a sensibilidade
da técnica a este parâmetro. Neste caso, os percursos foram marcados o mais próximo possível, sem
que houvesse contacto, para que fosse possível a comparação. A Figura 4.7 exemplifica esta
situação.
Figura 4.7 - Percursos utilizando vaselina em pasta (em cima) e pasta de dentes (em baixo) como
material de contacto
Legenda: T - posição do transdutor
Ri - posições do receptor
d - distancia analisada
Vaselina em pasta
Pasta de dentes
Capítulo 4 - Caracterização do trabalho experimental
64
O material de contacto foi geralmente colocado no início e não foi reposto para a medição no sentido
inverso. Porém, em paramentos de rugosidade elevada, foi necessário proceder a essa reposição, a
fim de tornar possível a obtenção de uma leitura mais fiável.
Realizados os procedimentos atrás descritos, foi possível efectuar a medição do tempo de transição
em cada percurso. Nesta medição deve ter-se o cuidado de colocar os transdutores, o mais
exactamente possível, nas posições marcadas e deixar estabilizar o valor medido, dentro da gama
praticável pelo aparelho.
Por fim, foi necessário proceder à limpeza dos paramentos avaliados. Apesar deste cuidado, o
revestimento acaba por absorver parte do material de contacto, o que faz com que o ensaio deixe
marcas bastante inestéticas. Este problema é tanto maior quanto mais poroso for o material de
revestimento. A Figura 4.8 ilustra todo o procedimento do ensaio de ultra-sons.
Figura 4.8 - Ilustração do ensaio de ultra-sons, pelo método indirecto
4.3.3.2. Esclerómetro pendular do tipo PT
O ensaio de esclerómetro permite obter a dureza superficial do revestimento. Uma vez que a dureza
superficial é, tal como a resistência, proporcional à compacidade do material, o índice esclerométrico
é muitas vezes utilizado para estimar a resistência do material analisado. Neste caso, foi utilizado o
esclerómetro pendular do tipo PT por ser o mais adequado a materiais de baixas resistências (vd.
Capítulo 3).
O procedimento de ensaio iniciou-se com a escolha dos locais a ensaiar. Uma vez que se trata de um
ensaio de fácil aplicação, pela facilidade de transporte e de utilização, e com um reduzido grau de
Calibração do equipamento com barra própria
Marcação do percurso e da posições dos transdutores
Locais de ensaio com material de contacto
Medição do tempo de transição em cada posição
Pormenor dos transdutores Aspecto final de um dos paramentos ensaiados
T R1 R2 R3 R4
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
65
destruição, provocando apenas pequenas mossas, foi possível realizar um grande número de
medições nos diversos paramentos analisados.
Foram efectuadas, em geral, nove medições por murete no caso de só existir um tipo de
revestimento, e doze medições no caso de existirem revestimentos com características diferentes
(Figura 4.9). As medições foram efectuadas em zona corrente, evitando zonas de descontinuidade ou
a menos de 25 mm da margem, tal como preconizado para betão pela norma NP EN 12504-2 (IPQ,
2001).
Figura 4.9 - Localização dos ensaios em muretes com um único tipo de revestimento (à esquerda) e
com dois tipos de revestimentos (à direita)
Na realização dos ensaios, optou-se por não realizar o alisamento da superfície, ao contrário do que
é recomendado para betão. Esta opção fundamenta-se no facto de este procedimento ter graves
condicionalismos estéticos em revestimentos (uma vez que altera a cor e textura do produto) e de a
rugosidade do revestimento ser um dos parâmetros de sensibilidade a analisar.
Seleccionadas as zonas a ensaiar, o esclerómetro é colocado na posição adequada (de modo que o
corpo de impacto embata perpendicularmente na superfície analisada) e o pêndulo é solto até
embater na superfície. Por fim, é registado o valor do ressalto (medido pelo índice esclerométrico). A
Figura 4.10 ilustra a realização do ensaio com o esclerómetro pendular PT.
4.3.3.3. Condições de inspecção
No sentido de avaliar a influência das condições de inspecção, foram registadas a temperatura
ambiente e a humidade relativa do ar aquando das diversas inspecções, em ambas as campanhas.
Murete 33: Produto PD5 Murete 29: Produto PD4a com diferentes acabamentos
Capítulo 4 - Caracterização do trabalho experimental
66
No entanto, apenas na campanha 1 (EEN no LNEC) foi possível avaliar diferentes condições, já que a
campanha 2 ocorreu apenas num dia.
Figura 4.10 - Realização do ensaio com esclerómetro pendular do tipo PT (à esquerda) e pormenor
da leitura do índice esclerométrico (à direita)
Para análise das condições de inspecção, considerou-se, em função das condições de inspecção
verificadas, duas situações: sol e chuva. As condições de sol são caracterizadas por situações de céu
limpo, com temperatura ambiente geralmente superiores a 20 ºC e humidade relativa do ar moderada,
inferior a 50%. Em sentido contrário, as condições de chuva são caracterizadas por situações de
precipitação ou próximo disso, o que corresponde, com base nas situações analisadas, a uma
temperatura ambiente moderada, inferior a 20 ºC, e humidade relativa do ar elevada, superior a 50%.
A Figura 4.11 ilustra as situações descritas.
Figura 4.11 - Exemplos das situações verificadas: condições numa situação de chuva (à esquerda) e
de sol (à direita)
4.3.3.3. Textura / rugosidade dos paramentos
A avaliação da textura dos paramentos foi feita através da medição da sua rugosidade média. Para
tal, foi utilizado um rugosímetro de leitura digital que mede a rugosidade, em mm, em cada ponto, e
foram efectuadas 6 a 9 medidas, distribuídas aleatoriamente.
Contudo, o rugosímetro utilizado permite apenas a medição de rugosidades até 2 mm, o que torna
impossível a medição em acabamentos de rugosidade elevada, utilizados em rebocos pré-doseados
(por exemplo, nos acabamentos “carapinha” ou “casca de carvalho”). Este facto impediu a medição
da rugosidade média nestes acabamentos (Figura 4.12), impossibilitando por isso a distinção
quantitativa, para todos os casos de estudo, de diversas classes de rugosidade com base nos valores
da rugosidade média.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
67
Figura 4.12 - Impossibilidade de utilização do rugosímetro digital num acabamento “casca de
carvalho”
Devido à impossibilidade, atrás descrita, de medir a rugosidade em acabamentos muito rugosos,
optou-se por classificar a rugosidade dos paramentos em três classes, ilustradas na Figura 4.13. Por
outro lado verifica-se que o valor médio da rugosidade (indicado na Figura 4.13) depende dos locais
de medição escolhidos, pelo que nem sempre corresponde à avaliação visual.
Rugosidade baixa
(areado) RM = 0.65 mm
Rugosidade média
(raspado) RM = 0.56 mm
Rugosidade elevada
(casca de carvalho) RM=nd
Legenda: RM - rugosidade média medida com rugosímetro; nd - valor não determinado.
Figura 4.13 - Classes qualitativas definidas para a avaliação da rugosidade dos paramentos
Consideraram-se paramentos de rugosidade baixa aqueles que apresentam um acabamento
praticamente liso, característico de um acabamento “areado”, e acabamentos de rugosidade elevada
aqueles que apresentam grandes irregularidades, típicas de acabamentos “carapinha” ou “casca de
carvalho”. Como rugosidade média classificaram-se as situações intermédias, características de
acabamentos “raspados” ou “talochados”. Os tipos de acabamento de cada murete analisado, assim
como a respectiva classificação da rugosidade, são apresentados juntamente com a caracterização
geral dos muretes (Anexos A4.1 e A4.2).
4.3.4. Registo da informação
O registo da informação recolhida, de forma sistemática e organizada, é um dos processos mais
importantes de uma campanha experimental. Para que tal fosse possível, foi elaborada uma ficha de
ensaio em que foi possível inserir, ao longo da inspecção, toda a informação relevante. As Figuras
4.14 e 4.15 identificam os diferentes campos da ficha de inspecção tipo.
Capítulo 4 - Caracterização do trabalho experimental
68
No anexo A4.3, Figuras A4.1 e A4.2, é apresentado o exemplo de uma ficha de inspecção preenchida
aquando da análise de um dos muretes. Dada a grande quantidade de informação recolhida (78
fichas no total, uma por cada paramento analisado), optou-se por não apresentar todas as fichas de
inspecção produzidas.
Figura 4.14 - Elementos a registar na ficha de inspecção (página 1 / 2)
4.4. Conclusões do capítulo
Neste capítulo, foi caracterizado o trabalho experimental, em termos de planeamento e execução.
Foram desenvolvidas duas campanhas experimentais em estações de envelhecimento natural, no
LNEC e no estaleiro de um fabricante, o que permitiu realizar ensaios in-situ mas com disponibilidade
para ir mais além do que é geralmente aceitável em fachadas, por motivos estéticos. A EEN do LNEC
permitiu um estudo mais aprofundado, devido à grande variedade de soluções existentes, enquanto
que a EEN do fabricante de argamassas permitiu complementar e aprofundar os ensaios realizados,
em termos da comparação de resultados e da avaliação da evolução ao longo do tempo.
O estudo focou-se essencialmente em argamassas de revestimento à base de cimento. Foram
analisados diferentes tipos de rebocos, tradicionais e não-tradicionais, de diferentes idades,
Identificação da ficha de inspecção.
Recolha das características relevantes do elemento a inspeccionar: caracterização do revestimento e do suporte.
Campo para registo da rugosidade média, medida com o rugosímetro.
Campo para registo das condições climatéricas de inspecção
Registo do estado de degradação existente: anomalias detectadas, sua localização e medição da abertura de fendas (comparador de fissuras e microscópio óptico)
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
69
características e estado de degradação, num total de 78 paramentos. Ao todo, foram analisados 7
tipos de rebocos tradicionais e 10 formulações diferentes de rebocos pré-doseados.
Figura 4.15 - Elementos a registar na ficha de inspecção (página 2 / 2)
A avaliação recorreu a diversas técnicas de diagnóstico in-situ. Foram utilizadas as técnicas principais
previstas no âmbito deste trabalho, o ensaio de ultra-sons e o ensaio com esclerómetro pendular PT,
sendo estas complementadas com técnicas auxiliares de diagnóstico que permitiram recolher
informação sobre a degradação e o desempenho de cada paramento rebocado. Para além da
inspecção visual e do registo fotográfico do estado de degradação, foram utilizadas outras técnicas
auxiliares: martelo de borracha para avaliar a aderência; lupa e microscópio óptico para avaliar a
textura e fissuração; ou lixívia para detectar a presença de colonização biológica.
Os ensaios in-situ foram realizados com base na normalização para betão, com as devidas
adaptações. Assim, o ensaio de ultra-sons baseou-se na EN 12504-4 (CEN, 2004) e a utilização do
esclerómetro pendular na NP EN 12504-2 (IPQ, 2001). Apesar de se terem seguido as normas
referidas, analisaram-se algumas variantes, como o material de contacto utilizado ou a distância entre
medições, no caso do ensaio de ultra-sons, de modo a analisar sensibilidade das técnicas aos
factores que influem nos resultados.
Cadastro do registo fotográfico efectuado
Campo destinado ao registo do procedimento de ensaio de ultra-sons: localização, tipo, resultados e respectivo tratamento estatístico
Campo destinado ao registo do procedimento de ensaio de esclerómetro pendular PT: localização, tipo, resultados e respectivo tratamento estatístico
Capítulo 4 - Caracterização do trabalho experimental
70
As inspecções foram realizadas especialmente com tempo seco, ocorrendo o inverso apenas em
situações esporádicas. Toda a informação recolhida foi registada em fichas de inspecção, elaboradas
para esse efeito, de modo a sistematizar e organizar a informação recolhida.
No geral, a campanha experimental permitiu analisar um grande conjunto de situações, em condições
variáveis, o que permitirá inferir sobre a sensibilidade e utilidade das técnicas aplicadas na avaliação
do desempenho mecânico de revestimentos com reboco. Foi produzida uma grande quantidade de
informação útil, que interessa analisar e discutir, o que é feito nos capítulos seguintes.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
71
5. Avaliação da sensibilidade das técnicas de
ensaio in-situ
5.1. Introdução
A campanha experimental, descrita no capítulo anterior, permitiu analisar um conjunto alargado de
paramentos, com diferentes características e em diferentes condições, levando à recolha de um
grande volume de informação relevante. No presente capítulo, assim como no seguinte, pretende-se
analisar toda essa informação, sintetizada nos anexos A5.1 e A5.2, para o ensaio de ultra-sons e
para o ensaio com esclerómetro pendular PT, respectivamente.
A informação recolhida foi analisada com dois objectivos: a avaliação da sensibilidade das técnicas
in-situ, desenvolvida no presente capítulo, e a avaliação do desempenho mecânico, desenvolvida no
capitulo seguinte, conforme a Figura 5.1.
Campanha experimental
Sensibilidade das técnicas in-situ (Cap. 5)
Factores associados ao procedimento de inspecção
Factores associados ao sistema de revestimento
Avaliação do desempenho mecânico (Cap. 6)
Campanha 1
(EEN do LNEC)
Campanha 2
(EEN de um fabricante)
Figura 5.1 - Abordagem de análise da informação obtida na campanha experimental
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
72
O presente estudo incide na utilização de duas técnicas de ensaio in-situ, o ensaio de ultra-sons e o
ensaio com esclerómetro pendular PT. O ensaio de ultra-sons tem sido aplicado principalmente em
betão, enquanto que o esclerómetro pendular adopta o princípio de ensaios semelhantes para betão
(esclerómetro de Schmidt), permitindo a utilização deste tipo de ensaio a argamassas em paredes.
Existe já larga experiência na utilização do ensaio de ultra-sons e de esclerómetro (embora de outros
tipos) em betão, existindo inclusive normas internacionais próprias para a sua aplicação. A
sensibilidade das técnicas foi também já largamente estudada, sendo conhecidos os factores que
influenciam os resultados e em que medida essa influência se faz sentir, tanto em laboratório com
in-situ (vd. Capítulo 3).
A utilização deste tipo de técnicas na avaliação do desempenho de revestimentos de fachadas é
relativamente recente, não estando ainda completamente disseminada, embora nos últimos anos
tenham sido produzidos alguns estudos sobre o assunto (Gomes, 1995) (Magalhães, 2003)
(Flores-Colen, 2009). A aplicação destas técnicas a um sistema “revestimento + suporte” e não de
uma peça monolítica, como acontece em elementos de betão, torna necessário o estudo da sua
aplicabilidade e sensibilidade nesta nova situação.
A sensibilidade das técnicas depende de diversos factores que podem ser agrupados em dois
grandes grupos, consoante estejam associados ao sistema de revestimento empregue ou ao
procedimento de inspecção utilizado (Figura 5.1). Este capítulo pretende abordar ambas as vertentes.
O presente capítulo pretende assim avaliar a influência de diversos parâmetros de sensibilidade das
técnicas utilizadas, cruzando a informação recolhida na campanha experimental. Os objectivos do
capítulo passam pois por estabelecer qual a influência nos resultados de tais factores, identificados
em capítulos anteriores.
5.2. Campanha experimental na EEN do LNEC, em Lisboa (Campanha 1)
A realização de uma análise paramétrica obriga que se estudem diversos casos em que, idealmente,
apenas varia o parâmetro estudado. Exige assim uma grande variedade de soluções, bastante difícil
de obter, especialmente em situações de ensaios in-situ. Há ainda a necessidade de avaliar apenas
zonas visualmente consideradas boas, para que a influência das anomalias não se faça sentir. Por
esta razão, as duas campanhas realizadas não contribuem de igual modo para a avaliação da
sensibilidade das técnicas.
A campanha experimental realizada na EEN do LNEC, pelo maior número de paramentos analisados
e maior diversidade de soluções, foi aquela que permitiu uma análise mais detalhada e aprofundada
da sensibilidade das técnicas in-situ analisadas. Ainda assim, existem factores que não foi possível
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
73
analisar, e outros há que deveriam ter sido mais aprofundados, se mais casos existissem, como se vê
ao longo do capítulo.
5.2.1. Factores associados ao sistema de revestimento
5.2.1.1 Características do reboco
O desempenho de um sistema de revestimento face aos agentes de degradação depende
fundamentalmente das características dos seus constituintes e do modo como é aplicado. Destes, o
reboco é o elemento preponderante, pelo que são as suas características que mais influenciam os
resultados obtidos numa avaliação in-situ. Nesta medida, foram analisados vários tipos de rebocos,
tradicionais e não-tradicionais, de modo a verificar qual a sensibilidade das técnicas in-situ utilizadas.
i) Ensaio de ultra-sons
A velocidade de propagação aparente das ondas ultra-sónicas (Vap) depende das características
elásticas do meio em que se propagam, variando por isso com a constituição do material de
revestimento. Na campanha experimental foram analisados diferentes tipos de reboco,
essencialmente à base de cimento, tradicionais e não-tradicionais. Os resultados obtidos para os
rebocos tradicionais analisados, encontram-se sintetizados no Quadro 5.1 e na Figura 5.2.
Quadro 5.1 - Velocidade aparente de propagação dos ultra-sons para os diferentes tipos de rebocos
tradicionais analisados
Os resultados obtidos mostram que a constituição do reboco tem grande influência na velocidade
aparente de propagação, uma vez que desta dependem as condições de propagação das ondas.
É possível verificar que a velocidade aparente de propagação é tanto maior quanto mais compacto e
resistente for o material. Assim, verifica-se que os resultados obtidos para o reboco TC2 (1:4) são
superiores, ainda que ligeiramente, aos do reboco TC1 (1:5), uma vez que o primeiro possui um teor
de ligante superior.
Parâmetros TC1 TC2 TC(I) TCH TC(FV) TC(FPP) TBC-CA
Vapmed (km/s) 2.53 2.58 3.02 1.86 2.62 2.71 2.03
DP (km/s) 0.58 0.44 0.29 0.12 0.36 0.38 0.16
CV (%) 23 17 10 6 14 14 8
Legenda: Vap - velocidade aparente de propagação dos ultra-sons; DP - desvio padrão;
CV - coeficiente de variação; TC1 - reboco tradicional de cimento (1:5); TC2 - reboco tradicional de cimento
(1:4); TC(I) - reboco tradicional de cimento, independente do suporte, armado com rede metálica; TCH - reboco
tradicional de cal hidráulica (1:4); TC (FV) - reboco tradicional de cimento (1:4) com fibra de vidro incorporada
na pasta (0.3%); TC (FPP) - reboco tradicional de cimento (1:4) com fibra de polipropileno incorporada na pasta
(1%); TBC-CA - reboco tradicional bastardo de cimento e cal aérea (1:1:6).
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
74
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
TC1 TC2 TC(I) TCH TC(FV) TC(FPP) TBC-CA
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Tipo de reboco
Figura 5.2 - Velocidade aparente de propagação dos ultra-sons para os diferentes tipos de rebocos
tradicionais analisados, incluindo dispersão (± DP)
Por outro lado, verifica-se que as argamassas contendo cal (TCH e TBC-CA) possuem uma
velocidade aparente de propagação inferior, tal como já haviam verificado Gomes (1995) e
Magalhães et al. (2003), nas suas campanhas in-situ. Estes resultados confirmam que a introdução
de cal nas argamassas as torna mais porosas, diminuindo o módulo de elasticidade e as resistências
mecânicas (Quarcioni e Cincotto, 2005) (Faria et al., 2007), conduzindo por isso a menores valores
de velocidades aparentes de propagação, relativamente às argamassas de cimento.
Quanto à incorporação de outros materiais no reboco tradicional, com o objectivo de melhorar as
suas características mecânicas e susceptibilidade à fendilhação, observaram-se comportamentos
distintos. A introdução de fibras dispersas no reboco (fibra de vidro e de polipropileno) não provocou
uma alteração significativa dos resultados, embora se verifique um ligeiro aumento da velocidade de
propagação. A introdução destas fibras provoca um decréscimo da resistência e do módulo de
elasticidade das argamassas, devido à introdução de ar na pasta (Veiga, 1998), pelo que seria de
esperar uma diminuição da velocidade aparente de propagação das ondas. Contudo, as próprias
fibras influenciam as condições de propagação das ondas ultra-sónicas, pelo que podem ser
responsáveis pelo referido aumento.
No que respeita à utilização de rede metálica distendida no reboco, verifica-se que esta provoca um
aumento significativo da velocidade de propagação dos ultra-sons. Este resultado já era esperado,
uma vez que as ondas ultra-sónicas se propagam mais rapidamente nos metais do que na
argamassa (Andreucci, 2003) (Silva, 2004). No entanto, já que o reboco armado com rede metálica é
independente do suporte, este efeito pode também fazer-se sentir. Para esclarecer este ponto, a
Figura 5.3 mostra a variação da velocidade de propagação para as diferentes medições efectuadas
em rebocos tradicionais.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
75
Figura 5.3 - Variação da velocidade de propagação para as diferentes medições efectuadas em
rebocos tradicionais
A Figura 5.3 indica que há uma tendência quase generalizada para a diminuição gradual da
velocidade aparente de propagação ao longo dos percursos analisados, até estabilizar a partir de 200
a 300 mm, consoante os tipos de reboco analisados. Esta tendência apenas não se verifica para as
argamassas de cal, que têm velocidades de propagação mais estáveis, nem para as argamassas
com fibras, provavelmente por influência das fibras na propagação das ondas, referida anteriormente.
A progressiva diminuição da velocidade aparente de propagação ao longo do percurso poderia ser
explicada pela interacção da onda com o suporte a partir de dada distância, o que levaria a que o
reboco independente apresentasse uma maior velocidade de propagação. De facto, a Figura 5.3
mostra que o reboco independente (TC(I)) tem o mesmo comportamento dos restantes rebocos, pelo
que a sua maior velocidade de propagação decorre da presença das armaduras metálicas.
O andamento da velocidade de propagação ao longo das medições (Figura 5.3) parece também
evidenciar que as medições a partir de 200 a 300 mm do emissor são mais representativas do
comportamento do revestimento, o que pode ser justificável pelo facto de para distâncias maiores as
ondas se propagarem a maior profundidade, avaliando uma maior porção de material na qual a
existência de defeitos se pode fazer sentir de forma mais assinalável..
A variação da velocidade de propagação ao longo das medições efectuadas é em grande parte
responsável pela variabilidade da técnica, atingindo coeficientes de variação máximos de 40% para
um único percurso, embora para a maioria dos rebocos tradicionais analisados se situe entre 20 e
30%.
Para além dos rebocos tradicionais, foram também analisados dez tipos de rebocos pré-doseados,
cujos resultados são sintetizados no Quadro 5.2 e na Figura 5.4.
1.50
1.70
1.90
2.10
2.30
2.50
2.70
2.90
3.10
3.30
3.50
100 200 300 400
Ve
loc
ida
de
ap
are
nte
de
pro
pa
ga
çã
o
(km
/s)
Distância ao emissor (mm)
TC1
TC2
TC(I)
TCH
TC(FV)
TC(FPP)
TBC-CA
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
76
Quadro 5.2 - Velocidade aparente de propagação dos ultra-sons para os diferentes tipos de rebocos
pré-doseados analisados
Parâmetros PD1a PD1b PD3 PD4a PD4b PD5 PD6a PD6b PD7a PD7b PD8 PD9 PD10
Vapmed (km/s)
2.68 2.79 2.26 2.15 2.63 3.14 2.28 2.29 2.39 2.42 2.41 2.31 2.74
DP (km/s) 0.39 0.15 0.40 0.27 0.28 0.37 0.36 0.28 0.38 0.40 0.14 0.12 0.16
CV (%) 15 6 18 12 10 12 16 12 16 16 6 5 6
Legenda: Vap - velocidade aparente de propagação dos ultra-sons; DP - desvio padrão;
CV - coeficiente de variação; PD1 a PD10 - diferentes tipos de produtos pré-doseados, caracterizados no
capítulo 4.
Os resultados obtidos mostram desde logo diferentes comportamentos, consoante os produtos, uma
vez que as características dos produtos analisados também diferem bastante, consoante a sua
formulação. Este tipo de produtos engloba uma grande diversidade de adições e adjuvantes que
modificam as suas características (Veiga, 1998), alterando também as condições de propagação das
ondas ultra-sónicas.
Figura 5.4 - Velocidade aparente de propagação dos ultra-sons para os diferentes tipos de rebocos
pré-doseados analisados, incluindo dispersão (± DP)
Constata-se que a velocidade aparente de propagação dos ultra-sons é, em geral, inferior à verificada
em produtos tradicionais. Enquanto que a velocidade aparente de propagação nos rebocos
tradicionais era da ordem de 2,5 a 3,0 km/s, a maioria dos produtos pré-doseados apresenta
velocidades aparentes de propagação das ondas entre 2,0 e 2,5 km/s.
A presença das adições atrás referidas poderá também ter influência na evolução da velocidade
aparente de propagação ao longo das medições. Contudo, como se pode verificar na Figura 5.5, a
generalidade dos produtos analisados apresenta, neste aspecto, um comportamento semelhante ao
que se verificou para os rebocos tradicionais. Este facto denuncia que a diminuição gradual da
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
PD1a PD1b PD3 PD4a PD4b PD5 PD6a PD6b PD7a PD7b PD8 PD9 PD10
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Tipo de reboco
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
77
velocidade aparente de propagação ao longo das medições não é causada pelos produtos
analisados, sendo antes uma característica do próprio método de medição, como já se referiu.
Figura 5.5 - Variação da velocidade de propagação para as diferentes medições efectuadas em
rebocos pré-doseados
De referir também que, na generalidade dos casos, os coeficientes de variação obtidos para rebocos
pré-doseados são mais baixos e os resultados homogéneos do que se verificou para rebocos
tradicionais. Este facto pode ser explicado por uma maior homogeneidade do produto, fruto não só da
selecção dos constituintes em fábrica, como da mistura da pasta e da sua aplicação, correntemente,
por projecção mecânica.
ii) Ensaio com esclerómetro pendular PT
O valor do ressalto medido com o esclerómetro pendular está também directamente relacionado com
as características do revestimento analisado, uma vez que este será tanto maior quanto maior rígida
for a superfície de impacto. Tal como para o ensaio de ultra-sons, foram realizados ensaios em
diversos paramentos, sintetizando-se no Quadro 5.3 e na Figura 5.6 os resultados obtidos para
rebocos tradicionais.
Os resultados mostram que a constituição do reboco tem bastante influência nos resultados obtidos.
O reboco TC2 é aquele que origina maiores valores de ressalto, enquanto que o reboco TC1, com
menor teor de ligante, conduz a um ressalto menor, ainda que com uma diferença de apenas 6%.
Conclui-se assim que, tal como para a velocidade de propagação dos ultra-sons, a quantidade de
ligante influi nos resultados, embora a diferença seja pequena.
Por outro lado, os resultados confirmam que as argamassas contendo cal são mais brandas e menos
resistentes a forças de impacto (Magalhães et al., 2003), pelo que conduzem a menores valores de
ressalto. Estes resultados vêm também confirmar o que se obteve nos ensaios de ultra-sons.
1.80
2.00
2.20
2.40
2.60
2.80
3.00
3.20
3.40
100 200 300 400
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Distância ao emissor (mm)
PD1aPD1bPD3
PD4bPD5
PD6aPD6bPD7aPD7bPD8
PD9
PD10
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
78
Quadro 5.3 - Índice esclerómetrico pendular para os diferentes tipos de rebocos tradicionais
analisados
Parâmetros TC1 TC2 TC(I) TCH TC(FV) TC(FPP) TBC-CA
IEPT
médio 89.88 95.67 78.01 66.08 94.58 67.83 84.08
DP 7.78 9.70 6.34 16.42 8.37 6.62 5.58
CV(%) 9 11 8 24 9 10 7
Legenda: IEPT
- Índice esclerométrico com esclerómetro tipo PT; DP - desvio padrão;
CV - coeficiente de variação; TC1 - reboco tradicional de cimento (1:5); TC2 - reboco tradicional de cimento
(1:4); TC(I) - reboco tradicional de cimento, independente do suporte, armado com rede metálica; TCH - reboco
tradicional de cal hidráulica (1:4); TC (FV) - reboco tradicional de cimento (1:4) com fibra de vidro incorporada na
pasta (0.3%); TC (FPP) - reboco tradicional de cimento (1:4) com fibra de polipropileno incorporada na pasta
(1%); TBC-CA - reboco tradicional bastardo de cimento e cal aérea (1:1:6).
Figura 5.6 - Índice esclerométrico PT para os diferentes tipos de rebocos tradicionais analisados,
incluindo dispersão (± DP)
No que respeita às argamassas com fibras incorporadas, os resultados são algo surpreendentes já
que, se a argamassa com fibra de vidro (FV) tem resultados próximos das argamassas tradicionais,
como acontecia com a velocidade de propagação dos ultra-sons, a argamassa com fibra de
polipropileno (FPP) apresenta valores de ressalto bastante mais baixos, ao nível da argamassa de cal
hidráulica (TCH). Estes resultados podem ser originados pela grande quantidade de fibras que fica à
superfície durante a aplicação (Figura 5.7) e que possivelmente amortece o impacto, originando
menores valores de ressalto.
O reboco independente do suporte conduz também a resultados inferiores aos rebocos mais comuns
(TC1 e TC2). Este facto é atribuído a uma provável falta de contribuição de rigidez por parte do
suporte, que será analisada mais adiante.
Quanto à variabilidade da técnica, correspondente a uma única série de ensaios, obteve-se um
coeficiente de variação máximo de 38%, embora na maioria dos casos este parâmetro assuma
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
TC1 TC2 TC(I) TCH TC(FV) TC(FPP) TBC-CA
IE P
Tm
éd
io
Tipo de reboco
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
79
valores compreendidos entre 5 e 15%. De referir que estes valores estão em consonância com o
estudo recente de Flores-Colen (2009), que obteve valores médios de 19%.
Figura 5.7. - Concentração de fibras de polipropileno (FPP) à superfície do revestimento
Foram também analisados, à semelhança do que foi feito no ensaio de ultra-sons, diversos
paramentos contendo rebocos pré-doseados. Os resultados são apresentados nos Quadros 5.4 e 5.5
e ilustrados na Figura 5.8.
Quadro 5.4 - Índice esclerómetrico PT para os diferentes tipos de rebocos
pré-doseados analisados (1 / 2)
Parâmetros PD1a PD1b PD2 PD3 PD4a PD4b PD5
IEPT
médio 96.83 81.92 106.22 61.71 63.25 86.21 101.69
DP 6.44 5.77 19.06 5.94 5.51 3.65 7.34
CV(%) 7 7 18 11 9 4 7
Legenda: IEPT
- Índice esclerométrico com esclerómetro tipo PT; DP - desvio padrão;
CV - coeficiente de variação; PD1 a PD5 - diferentes tipos de rebocos pré-doseados
Os elementos anteriores mostram uma grande diversidade de resultados, consoante os produtos
analisados, o que mostra que estes produtos têm características distintas conforme a formulação,
devido às diferentes adições e adjuvantes que incluem.
Quadro 5.5 - Índice esclerómetrico PT para os diferentes tipos de rebocos
pré-doseados analisados (2 / 2)
Os produtos pré-doseados, excepto os que se destinam a revestimentos “pesados”, são geralmente
menos rígidos do que os produtos tradicionais, pelo que seria de esperar valores de ressalto
inferiores. No entanto, dos produtos analisados, a maior parte conduz a índices esclerométricos entre
80 e 100, tal como se verificou para os rebocos tradicionais correntes (TC1 e TC2), o que denota que
os produtos analisados são mais compactos face ao expectável pela análise dos resultados do ensaio
de ultra-sons.
Parâmetros PD6a PD6b PD7a PD7b PD8 PD9 PD10
IEPT
médio 78.25 65.16 87.83 100.92 94.17 85.17 57.08
DP 4.74 5.12 3.95 5.03 4.60 6.56 3.20
CV(%) 6 8 4 5 5 8 6
Legenda: IEPT
- Índice esclerométrico com esclerómetro tipo PT; DP - desvio padrão;
CV - coeficiente de variação; PD6 a PD10 - diferentes tipos de rebocos pré-doseados
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
80
Figura 5.8 - Índice esclerométrico PT para os diferentes tipos de rebocos pré-doseados analisados,
incluindo dispersão (± DP)
Por último, é importante referir que se obtiveram coeficientes de variação bastante baixos neste tipo
de produtos, quase sempre inferiores a 10%, o que mostra que a mistura e aplicação destes produtos
os torna bastante homogéneos em termos das suas características.
5.2.1.2. Características do suporte
O suporte, como parte integrante do sistema de revestimento, poderá influenciar os resultados
obtidos numa avaliação in-situ, uma vez que, devido à forma de placa do revestimento, com
espessuras reduzidas (Nero, 2001), essa avaliação recaí sempre no sistema como um todo, e não
apenas sobre o material de revestimento.
i) Ensaio de ultra-sons
A utilização do ensaio de ultra-sons em materiais de revestimento de paredes, pelo método indirecto,
leva a que, dada a forma delgada do revestimento, possa existir interferência do suporte na
velocidade aparente de propagação das ondas. Este problema não se põe, à partida, no betão, já
que, devido à dimensão das peças, é expectável que as ondas se propaguem sempre no mesmo
material.
A incerteza aliada à influência do suporte está ligada ao facto de não se saber à partida se as ondas
ultra-sónicas o atingem ou não. Esta questão poderia ser esclarecida através da comparação dos
resultados de rebocos aderentes com rebocos independentes do suporte. No entanto, como se viu no
ponto anterior, o reboco independente analisado possui rede metálica incorporada, o que altera as
condições de propagação das ondas ultra-sónicas. Deste modo, apesar de a evolução das medições
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
140.00
PD1a PD1b PD2 PD3 PD4a PD4b PD5 PD6a PD6b PD7a PD7b PD8 PD9 PD10
IE P
Tm
éd
io
Tipo de reboco
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
81
ser semelhante em ambos os casos, o que significaria que as ondas não atingem o suporte, não se
pode dizer com certeza se existe ou não influência deste último.
Outro aspecto que poderá ajudar a clarificar a interferência ou não do suporte é a comparação de
resultados para o mesmo tipo de revestimento, mas em suportes diferentes. Esta comparação é feita
na Figura 5.9, para suporte de alvenaria de argila expandida (à esquerda) e para suporte de alvenaria
de tijolo (à direita).
Os resultados para os casos comparados estão bastante próximos, o que indica que aparentemente,
as ondas ultra-sónicas não atingem o suporte, e assim este não influencia os resultados do ensaio de
ultra-sons.
Estes resultados vêm ao encontro das constatações de Gomes (1995) que conclui que o método não
é eficaz na obtenção de informação acerca da aderência ao suporte. Contudo, dado o reduzido
número de casos estudados, torna-se importante que esta conclusão seja confirmada e aprofundada
por outros estudos futuros.
Figura 5.9 - Velocidade de propagação dos ultra-sons para o mesmo tipo de reboco, aplicado em dois
tipos distintos de suporte, incluindo dispersão (± DP)
ii) Ensaio com esclerómetro pendular PT
O ensaio de esclerómetro pendular avalia a resistência ao impacto do sistema de revestimento,
através da medição do ressalto, pelo que é expectável que o suporte tenha influência nos resultados,
uma vez que a sua rigidez contribui para a resistência ao impacto.
A comparação dos resultados consoante a existência ou não de suporte aderente (TC1 e TC(I)), na
Figura 5.10 à esquerda, mostra que há uma diminuição de 13% do valor do ressalto, no caso de o
revestimento ser independente do suporte. Assim, pode dizer-se que o ressalto medido com o
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
PD3[21S-d] (Alvenaria de blocos de argila expandida)
PD3[24S-d] (Alvenaria de tijolo)
Ve
loci
dad
e a
par
en
te d
e p
rop
agaç
ão
(km
/s)
Paramento analisado
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
82
esclerómetro pendular depende não só do tipo de revestimento aplicado, mas também da rigidez que
o suporte confere ao sistema de revestimento no seu conjunto
Figura 5.10 - Valor do índice esclerométrico PT consoante a existência ou não de ligação ao suporte
(à esquerda) e o material de suporte empregue (à direita), incluindo dispersão (± DP)
Por outro lado, a Figura 5.10 à direita faz a comparação dos resultados para dois tipos diferentes de
suporte, mas ambos correspondentes a suportes de grande espessura e robustez. Neste caso, não
há praticamente variação dos resultados, o que evidencia que ambos os tipos de suporte contribuem
de igual modo nos resultados.
Em face do referido, pode afirmar-se que o suporte contribui decisivamente para os resultados
obtidos no ensaio de esclerómetro pendular PT, através da rigidez que concede à superfície
analisada. No entanto, se o suporte for suficientemente robusto há a tendência para que os
resultados reflictam essencialmente a resistência superficial conferida pelo produto de revestimento.
5.2.1.3. Textura / rugosidade do acabamento
A textura dos paramentos influencia o desempenho do seu revestimento, uma vez que dela depende
a maior ou menor facilidade da fixação de sujidade e colonização biológica. Além disso, pode também
afectar a aplicação das técnicas de ensaio in-situ para avaliação do desempenho do revestimento,
pelo que a seguir se pretende avaliar em que medida essa interferência se faz sentir.
Se nos rebocos tradicionais são mais comuns os acabamentos “lisos”, uma vez que o acabamento
final é geralmente conferido por outro material que pode então dar a textura desejada (pinturas
texturadas, por exemplo), nos rebocos não-tradicionais, que geralmente constituem só por si a
“solução final”, são geralmente utilizados diversos acabamentos "rugosos”. Os casos de estudo
traduzem também esta realidade, pelo que não foi possível comparar acabamentos distintos para
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
TC1 TC(I)
IEP
Tm
éd
io
Tipo de reboco
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
PD3[21S-d] (Alvenaria de blocos de
argila expandida)
PD3[24S-d] (Alvenaria de tijolo)
IEP
Tm
éd
io
Tipo de reboco
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
83
rebocos tradicionais. Já para rebocos pré-doseados, foi possível distinguir vários tipos de
acabamento para o mesmo produto, o que permitiu comparar a influência da rugosidade.
A caracterização da rugosidade dos paramentos foi realizada com um rugosímetro digital, tal como
descrito no capítulo 4. Para além da determinação da rugosidade média, a utilização do rugosímetro
digital permite também avaliar qualitativamente a rugosidade, unindo os diversos pontos medidos
(Figura 5.11).
Figura 5.11 - Avaliação qualitativa da rugosidade para dois muretes com acabamentos distintos
Uma vez que não foi possível caracterizar a rugosidade média de todos os paramentos, já que muitos
possuem uma rugosidade superior à gama de leitura do rugosímetro, optou-se por caracterizar a
rugosidade dos paramentos de acordo com uma escala visual (vd. Capítulo 4, Figura 4.13). Na
análise dos resultados, foi utilizada essa mesma classificação.
i) Ensaio de ultra-sons
À primeira vista, não é expectável que os resultados do ensaio de ultra-sons sejam alterados pela
rugosidade da superfície, já que se avalia a velocidade aparente de propagação das ondas
ultra-sónicas, mas em profundidade. No entanto, a rugosidade da superfície pode dificultar, e muito, o
contacto dos transdutores com a superfície a analisar, como se constata na Figura 5.12, o que torna
especialmente difícil a obtenção de leituras estáveis, podendo levar a uma distorção dos resultados.
Tal facto torna muitas vezes necessário a reposição sistemática do material de contacto utilizado até
ser possível obter resultados confiáveis, como de resto foi referido.
Figura 5.12 - Dificuldade de contacto associada a um revestimento de rugosidade elevada
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ru
go
sid
ad
e (
mm
)
Leituras
Rugosidade média (acabamento raspado)
Rugosidade baixa (acabamento areado)
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
84
Na campanha realizada na EEN do LNEC, foram analisados diversos tipos de paramentos com dois
tipos distintos de acabamento, para o mesmo material de revestimento. Estes casos são geralmente
constituídos por um paramento raspado, de rugosidade média de acordo com a classificação definida,
e por um paramento de rugosidade elevada, de acabamento “carapinha” ou “casca de carvalho”
(Figura 5.13).
Figura 5.13 - Murete com acabamento raspado (rugosidade média), à esquerda, e
acabamento “casca de carvalho” (rugosidade elevada), à direita
A Figura 5.14 compara os resultados da velocidade aparente de propagação dos ultra-sons para os
tipos de rugosidade analisados. Os resultados são bastante próximos, sendo que as diferenças são
em geral pequenas e ficam dentro da variabilidade da técnica. Por outro lado, seria de esperar que,
se houvesse influência da rugosidade, os resultados fossem superiores para paramentos de
rugosidade média pois o contacto dos transdutores é mais fácil do que para rugosidade elevada, o
que também não se verifica. Assim, a rugosidade parece não influenciar significativamente os
resultados do ensaio de ultra-sons.
Figura 5.14 - Velocidade aparente de propagação em paramentos de rugosidades distintas, incluindo
dispersão (± DP)
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
PD1a PD3 PD4a PD6a PD4b
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Tipo de reboco
Rugosidade elevada
Rugosidade média
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
85
ii) Ensaio com esclerómetro pendular PT
O ensaio com esclerómetro pendular PT tende a ser influenciado pela condição da superfície
ensaiada, e em particular pela rugosidade desta. Por esta razão, a regulamentação existente para
betão, através da NP EN 12504-2 (IPQ, 2001), recomenda o alisamento da superfície a ensaiar,
procedimento que não é desejável em revestimentos, pois destruiria a homogeneidade de cor e
textura que lhes é exigida.
A Figura 5.15 sintetiza os resultados obtidos nas superfícies com diferentes rugosidades analisados
anteriormente para o ensaio de ultra-sons. Esses resultados mostram que a rugosidade influencia o
valor do ressalto, podendo mesmo obter-se grandes diferenças entre superfícies em que apenas
varia a rugosidade, apesar de também existiram casos em que praticamente não há variabilidade dos
resultados associada a este factor.
Figura 5.15 - Índice esclerométrico PT em paramentos de rugosidades distintas, incluindo
dispersão (± DP)
Em geral, as superfícies de rugosidade média parecem ter tendência para produzir um maior ressalto,
o que será explicado tanto pela maior homogeneidade da superfície, como pela maior compacidade
conseguida devido ao maior aperto durante a aplicação. No entanto, as diferenças são muito
distintas, deixando transparecer a variação dos resultados consoante as zonas de ensaio escolhidas,
especialmente nos acabamentos mais rugosos. Por outro lado, para o reboco PD4b, verifica-se a
situação oposta, provavelmente devido à existência de outros factores, não detectados visualmente,
mas que podem influenciar estes resultados.
5.2.1.4. Influência das anomalias
A presença de anomalias tem influência nas características mecânicas dos revestimentos,
dependendo essa influência do tipo e extensão das anomalias. Uma vez que a existência de
anomalias interfere no comportamento mecânico das argamassas de revestimento, a sua influência
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
PD1a PD3 PD4a PD6a PD4b
IEP
Tm
éd
io
Tipo de reboco
Rugosidade elevada
Rugosidade média
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
86
far-se-á também sentir nos resultados das técnicas de diagnóstico que avaliam esse comportamento,
sendo útil conhecer em que medida a sua presença se faz sentir.
Os muretes analisados em ambas as campanhas estão, de um modo geral, em bastante bom estado
de conservação. As anomalias existentes resumem-se, geralmente, a alguma sujidade no topo (junto
às telhas), alguma colonização biológica próximo das bases dos muretes (devido à presença de
humidade causada pelos salpicos da água da chuva) e alguma fissuração, geralmente ligeira (Figura
5.16).
Figura 5.16 - Estado geral de degradação dos muretes analisados na EEN no LNEC (à esquerda) e
na EEN no Carregado (à direita)
Das anomalias existentes, a fissuração é a que se faz sentir com maior frequência nos paramentos
analisados, daí que seja essencial analisar a sua influência. Por outro lado, o facto de as outras
anomalias também estarem associadas geralmente à fissuração dificulta a análise da sua influência
nos resultados. Pela experiência adquirida na sequência das inspecções realizadas, a influência
destas anomalias não se faz sentir de forma tão significativa nos resultados do ensaio com
esclerómetro pendular PT, pelo que esse facto não foi analisado.
A fissuração influencia principalmente o desempenho mecânico dos revestimentos. Além disso,
exerce também uma influência decisiva no comportamento físico e face à água, uma vez que permite
a entrada desta nos paramentos (Flores-Colen (2009) salienta que, para fissuras acima de 0.1 mm, a
água penetra na parede por acção do vento). A Figura 5.17 sintetiza os resultados para o mesmo
paramento com e sem fissuras, para várias aberturas de fissuras, medidas com microscópio óptico.
A Figura 5.17 mostra que, como é sabido, a presença de fissuras provoca uma diminuição da
velocidade aparente de propagação dos ultra-sons (vd. Capítulo 3). Além disso, indicia que a
influência da presença de fissuras na velocidade aparente de propagação dos ultra-sons se faz sentir
especialmente para aberturas de fendas acima de 0.1 mm e que, a partir deste valor, há uma maior
variabilidade dos resultados, fruto da dispersão provocada pela existência das fissuras.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
87
Figura 5.17 - Influência da presença de fissuras na velocidade de propagação dos ultra-sons,
incluindo dispersão (±DP)
A Figura 5.18 sintetiza o decréscimo da velocidade aparente de propagação, em termos percentuais,
para os diferentes casos analisados, e torna mais claro que a diferença na velocidade de propagação
das ondas, no caso de existirem fissuras abaixo de 0.1 mm, é bastante menos significativa do que no
caso de existirem fissuras de abertura superior.
Figura 5.18 - Diminuição da velocidade aparente de propagação das ondas consoante a abertura das
fissuras
A diminuição da velocidade aparente de propagação das ondas para fissuras até 0.1 mm situa-se
abaixo de 10%, enquanto para fissuras entre 0.2 e 0.6 mm, se localiza entre 10 e 25%. Por fim,
fissuras de abertura bastante superior, da ordem de 1 mm, provocam uma diminuição da velocidade
aparente de propagação ainda maior, atingindo valores próximos de 35%. Apenas o caso em que se
analisou a diminuição provocada pela fissura de 0.2 mm sai do padrão definido, possivelmente devido
a heterogeneidades internas do material, não detectadas à superfície.
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
0.04 0.06 0.08 0.10 0.20 0.30 0.40 0.60 1.00
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Abertura das fissuras (mm)
Zona boa visualmente
Zona fendilhada
-40%
-35%
-30%
-25%
-20%
-15%
-10%
-5%
0%
0.04 0.06 0.08 0.10 0.20 0.30 0.40 0.60 1.00
Din
min
uiç
ão
da
velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e
pro
pag
ação
Abertura das fissuras (mm)
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
88
Este facto mostra que a abertura de fendas medida à superfície estará relacionada com a sua
profundidade e, por isso, com a interferência na propagação das ondas. Deste modo, a técnica
mostra potencialidade na avaliação das consequências da presença de fissuras no desempenho
mecânico de revestimentos, tal como já havia sido constatado por Flores-Colen (2009). Esta autora
obteve, no entanto, resultados para o decréscimo da velocidade aparente de propagação das ondas
ultra-sónicas superiores aos aqui obtidos, podendo ir até cerca de 45 % para fissuras até 0.5 mm.
5.2.1.5. Acabamento com pintura
A existência de um material de acabamento, como uma pintura, pode influenciar os resultados dos
ensaios in-situ realizados no revestimento, uma vez que constitui uma “barreira” entre a superfície
ensaiada e o revestimento propriamente dito. A solução evidente deste problema seria a remoção da
pintura antes da realização dos ensaios. Contudo, esta não é a solução ideal, devido aos
condicionalismos estéticos e aos custos de reparação associados. É por isso de grande importância
avaliar a influência da existência de pinturas sobre os acabamentos avaliados.
A variedade de soluções existentes na EEN do LNEC permitiu estudar paramentos com o mesmo tipo
de revestimento, com e sem pintura, para quatro tipos diferentes de tintas.
i) Ensaio de ultra-sons
A necessidade de realizar o ensaio de ultra-sons em revestimentos pelo método indirecto tem o
inconveniente de aquele ser afectado pelos materiais de revestimento das superfícies. A influência
nos resultados depende da interacção do material na propagação das ondas ultra-sónicas, que por
sua vez depende do tipo e das características do material de revestimento.
A Figura 5.19, referente aos resultados obtidos para os diferentes tipos de tintas, mostra que a
existência de pintura influencia os resultados, tal como já havia sido referido por Gomes (1995).
Figura 5.19 - Velocidade aparente de propagação em paramentos com e sem pintura,
incluindo dispersão (± DP)
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
4.50
Tinta plástica Tinta aquosa Tinta de impermeabilização
Tinta ceramicalVelo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Tipo de acabamento
Com pintura
Sem pintura
Tinta sintética
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
89
Apesar de se poder dizer com clareza que há uma influência da presença da tinta nos resultados, a
Figura 5.19 mostra também que essa interferência depende do tipo de tinta. Assim, se pinturas à
base de polímeros (revestimento plástico ou de impermeabilização) tendem a “amortecer” as ondas e
as pinturas aquosas ou de base sintética, tendem a ter o efeito contrário.
Uma vez que apenas foi possível analisar um reduzido número de casos, de acordo com a
disponibilidade existente nos casos de estudo, será necessário aprofundar estas conclusões,
recorrendo a mais casos e a diferentes tipos de tintas.
ii) Ensaio com esclerómetro pendular PT
O ensaio com esclerómetro avalia a dureza superficial do sistema de revestimento logo, se o
revestimento tiver pintura o valor do ressalto traduz também o efeito da pintura existente.
A Figura 5.20 sintetiza os resultados dos casos analisados, com e sem pintura, e indica que, na
maioria dos casos estudados, a tinta “amortece” o impacto, reduzindo o índice esclerométrico obtido.
Apenas para a tinta aquosa o resultado apresenta a tendência contrária, provavelmente por conferir
uma protecção mais fina e mais rígida.
Figura 5.20 - Índice esclerométrico PT em paramentos com e sem pintura, incluindo dispersão (± DP)
Pelos resultados obtidos pode dizer-se que os resultados do ensaio com esclerómetro pendular PT
são afectados pela presença de pintura nos paramentos, tal como acontece no ensaio de ultra-sons.
5.2.1.6. Condições de aplicação
Um dos factores que mais afecta o desempenho das soluções de revestimento é a sua aplicação.
Nesta perspectiva, interessaria avaliar a influência de diversos aspectos, como o número de camadas
ou a espessura do revestimento, mas tal não foi possível uma vez que os casos de estudo não
dispunham de variabilidade suficiente para realizar uma análise paramétrica destes aspectos.
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
Tinta plástica Tinta aquosa Tinta de impermeabilização
Tinta ceramical
IEP
Tm
éd
io
Tipo de acabamento
Com pintura
Sem pintura
Tinta sintética
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
90
Apesar de não ser possível avaliar diversos aspectos importantes quanto à aplicação dos produtos,
existem na EEN do LNEC rebocos aplicados em diferentes condições (Verão / Inverno), o que
permite estudar este factor.
A Figura 5.21 faz a síntese dos resultados para rebocos semelhantes, com aplicação no Inverno e no
Verão. Os resultados evidenciam tendências distintas para os dois ensaios realizados. Enquanto que,
no caso do ensaio de ultra-sons, os resultados não mostram diferenças significativas consoante a
aplicação, no caso do ensaio com esclerómetro essas diferenças atingem os 13%. No entanto, estas
diferenças são diferentes do esperado num dos casos, uma vez que, na caracterização das
argamassas se verificou que as argamassas aplicadas no Inverno possuíam maior resistência,
provavelmente devido a uma melhor hidratação do cimento (Veiga, 1998).
Figura 5.21 - Síntese dos resultados dos ensaios de ultra-sons (à esquerda) e com esclerómetro
pendular (à direita) para diferentes condições de aplicação, incluindo dispersão (± DP)
Pelo que se referiu, os resultados analisados não permitem retirar conclusões acerca da influência
das condições de aplicação nos resultados dos ensaios realizados. Por esta razão, seria importante
aprofundar futuramente este aspecto, com a análise, por exemplo, das características mecânicas de
amostras recolhidas.
5.2.2. Factores associados ao procedimento de inspecção
5.2.2.1. Condições de inspecção
As condições em que são realizadas as inspecções podem influenciar os resultados, particularmente
em ensaios in-situ. De facto, se esta questão é menos importante nos ensaios laboratoriais, em que
as condições são controladas, nos ensaios in-situ, em que as condições são muito variáveis, este
factor assume uma importância redobrada.
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
TC2 TBC-CA
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Tipo de reboco
Aplicação no Inverno
Aplicação no Verão
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
TC2 TBC-CA
IE P
Tm
éd
io
Tipo de reboco
Aplicação no Inverno
Aplicação no Verão
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
91
Factores exteriores, como a temperatura ambiente e humidade relativa do ar, podem influenciar tanto
o princípio de funcionamento de algumas técnicas (como os ultra-sons, em que as condições de
propagação das ondas podem ser alteradas), como as características mecânicas do elemento em
análise, podendo aumentar a dispersão dos resultados.
Durante a realização das inspecções, foram as condições de inspecção foram apenas classificadas
como “sol” e “chuva”, com o auxílio dos registos das condições de temperatura ambiente e humidade
relativa do ar (vd. Capítulo 4). As inspecções foram realizadas essencialmente com sol, tendo apenas
ocorrido o inverso em poucas situações, altura em que se procurou analisar muretes já analisados em
condições de tempo seco, para permitir a comparação.
Para além de se verificarem poucas situações de chuva, acresce o facto de não ser também possível
realizar o ensaio de ultra-sons em condições de precipitação, devido à sensibilidade do equipamento
ao contacto com a água. Para este ensaio, foi apenas possível realizar medições entre diversas
alturas de precipitação, o que reduziu ainda mais os resultados. Os resultados para as diferentes
condições de inspecção são sintetizados na Figura 5.22.
Figura 5.22. - Variação dos resultados dos ensaios, dependendo das condições de inspecção, para o
ensaio de ultra-sons (à esquerda) e para o ensaio com esclerómetro pendular PT (à direita), incluindo
dispersão (± DP)
No único caso comparado para o ensaio de ultra-sons, verifica-se que há um aumento de cerca de
11% no caso de inspecção com tempo húmido. Este facto era esperado uma vez que se sabe que as
ondas ultra-sónicas se propagam mais rapidamente na presença de água nos poros do reboco, razão
pela qual argamassas com menos tempo de secagem têm geralmente velocidades de propagação
superiores (Mendonça, 2007; Martins, 2008). Gomes (1995) também verificou a influência da
temperatura ambiente e da humidade relativa do ar nos tempos de propagação das ondas
ultra-sónicas, propondo factores de correcção consoante a temperatura ambiente e humidade relativa
verificada.
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
TC1[1S] (com pintura) TC1[2S] TC1[2S] (com pintura)
IE P
Tm
éd
io
Paramento analisado
Sol
Chuva
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
TC1[1S]
Velo
cid
ad
e ap
are
nte
de
pro
pa
gação
(k
m/s
)
Paramento analisado
Sol
Chuva
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
92
Em relação aos resultados do ensaio com esclerómetro verifica-se que, para reboco sem
acabamento, o valor do índice esclerométrico é superior em situações de tempo seco, enquanto em
situações de acabamento com pintura ocorre o inverso. Ainda assim, as diferenças nos resultados
são muito pequenas (inferiores a 5%), ficando largamente dentro da variabilidade dos resultados, pelo
que se pode dizer que as condições de inspecção não afectam significativamente os resultados deste
ensaio.
Concluindo, os resultados analisados indiciam que o ensaio de ultra-sons é afectado pelas condições
de inspecção, enquanto que no ensaio com esclerómetro PT a influência não é significativa. Contudo,
dados os poucos casos analisados, entende-se que estas conclusões devem ser validadas com um
maior número de casos de estudo.
5.2.2.2. Procedimento inerente à técnica
O procedimento de ensaio é, naturalmente, um dos factores que mais influi nos resultados, sendo que
este factor é tanto mais importante quanto mais complexo e quantas mais etapas tiver o ensaio. Para
evitar a variação dos resultados inerentes ao procedimento de ensaio, é essencial a existência de
normas internacionalmente aceites, que estabeleçam um procedimento inequívoco de ensaio.
Não existem ainda normas internacionais que regulamentem a utilização do ensaio de ultra-sons e do
esclerómetro pendular PT em revestimentos de paredes. Por esta razão, os procedimentos utilizados,
descritos no capítulo 4, basearam-se nos procedimentos normalizados para betão pela EN 12504,
com as devidas adaptações.
i) Ensaio de ultra-sons
O ensaio de ultra-sons é o que possui o procedimento com mais etapas, pelo que foi possível analisar
a sua sensibilidade a mais parâmetros. Estudou-se a sensibilidade dos resultados à distância entre
medições, assim como ao material de contacto utilizado.
Distância entre medições
O ensaio de ultra-sons foi realizado pelo método indirecto, através de percursos anteriormente
escolhidos, como descrito no capítulo 4. Foi usada uma distância entre medições de 100 mm, mínima
recomendada para betão na EN 12504-4 (CEN, 2004). Para verificar a sensibilidade a este parâmetro
foram também realizadas algumas medições com distâncias de 70 mm, tanto num reboco tradicional
como num reboco pré-doseado.
A comparação dos resultados para diferentes distâncias entre medições (Figura 5.23) indicia que os
resultados obtidos para a velocidade aparente de propagação dos ultra-sons são superiores, em
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
93
cerca de 10%, para medições espaçadas de 100 mm. Contudo, atendendo a que esta diferença é
pequena quando comparada com a dispersão dos resultados e pelo facto de apenas terem sido
realizados poucos resultados, será necessário confirmar futuramente estas conclusões.
Figura 5.23 - Variação dos resultados dos ensaios com a distância entre medições, incluindo
dispersão (± DP)
Tipo de material de contacto utilizado
Como referido, é essencial assegurar o contacto entre os transdutores e a superfície, pelo que se
preconiza a utilização de material de contacto entre ambos (vd. Capítulo 4). Assim, nos ensaios
realizados, foram testados dois tipos diferentes de material de contacto de utilização comum, vaselina
e pasta de dentes.
Os resultados, apresentados na Figura 5.24, mostram uma variação consoante o tipo de material
utilizado, não existindo um material ao qual correspondem sempre resultados superiores. Uma
explicação possível para a variação dos resultados pode ser o facto de não ter sido utilizado
exactamente o mesmo percurso, para não misturar os materiais (vd. Capítulo 4), embora a distância
entre percursos seja pouco significativa (menor do que 5 cm). No entanto, isso significaria uma
grande variabilidade das características do revestimento num tão curto espaço, o que também não
parece plausível. Pode assim dizer-se que o material de contacto utilizado influencia os resultados,
mas não é possível estabelecer uma tendência clara, pelo que será necessário aprofundar esta
questão em estudos futuros.
Ao longo da realização dos ensaios, foi também verificado, como referido, que em alguns paramentos
mais rugosos era necessário repor o material de contacto nas medições do sentido inverso, para que
fosse possível obter leituras estáveis. Isto leva a pensar que a colocação de material de contacto
apenas no início do ensaio pode influenciar os resultados. A Figura 5.25 mostra diferentes medições
feitas em diferentes paramentos e constata este facto, já que se observa que os resultados são
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
TC2[35N] (com pintura) PD5[33N]
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Paramento analisado (murete e tipo de reboco)
Medições a cada 70 mm
Medições a cada 100 mm
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
94
geralmente inferiores para as medições no sentido inverso, potencialmente por falta de material de
contacto em quantidade semelhante à utilizada no sentido directo.
Figura 5.24 - Variação dos resultados dos ensaios, consoante o material de contacto utilizado,
incluindo dispersão (± DP)
De acordo com o referido, pode afirmar-se que a colocação do material apenas no início do ensaio
pode não ser suficiente, preconizando-se a sua reposição entre sentidos de medição. Isto facilitará
também a leitura em paramentos de rugosidade elevada.
Figura 5.25 - Variação dos resultados dos ensaios, consoante o sentido de medição, incluindo
dispersão (± DP)
ii) Ensaio com esclerómetro pendular PT
O ensaio com esclerómetro pendular PT tem um procedimento bastante simples e sistematizado,
pelo que os resultados não serão à partida influenciados pelo procedimento de ensaio. As duas
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
4.50
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Paramento analisado (Murete e tipo de reboco)
Sentido directo
Sentido inverso
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
4.50
TC1[5N] TC1[6N] TC(I)[7S] TC(I)[7S] (com pintura)
TC(I)[7N] TC(I)[10S] TC(I)[10N]
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Paramento analisado (murete e tipo de reboco)
Vaselina
Pasta de dentes
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
95
principais variantes possíveis ao procedimento são a realização ou não do alisamento prévio da
superfície e o número de medições em cada posição. Uma vez que, pelas razões descritas, se optou
por não alisar a superfície a ensaiar, restou apenas analisar a influência nos resultados do número de
ensaios em cada posição.
Número de ensaios por posição
A realização de várias medições por posição tem geralmente a vantagem de diminuir a variabilidade
dos resultados obtidos. Contudo, em materiais porosos como os revestimentos, a realização de
impactos sucessivos tem geralmente como consequência a compactação do material (Magalhães et
al., 2003) e a consequente alteração dos resultados. A Figura 5.26 ilustra a evolução das medições
do ressalto ao longo das várias medições na mesma posição.
Figura 5.26 - Evolução das medições do ressalto ao longo de impactos sucessivos, incluindo
dispersão (± DP)
A Figura 5.26 indica que, como seria de esperar, o valor do ressalto vai aumentando ao longo que se
fazem as medições, já que o material vai sendo compactado. Ao longo das medições, há uma
tendência para estabilizar os resultados, mais acentuada no caso dos rebocos com pintura, o que
poderia ser uma vantagem na redução da dispersão dos resultados. Contudo, não é considerado
adequado para a avaliação das características do material de revestimento, uma vez que compacta o
material existente.
5.3. Campanha experimental na EEN de um fabricante, no Carregado
(Campanha 2)
A campanha experimental realizada na EEN de um fabricante de argamassas
pré-doseadas (campanha 2) não permitiu um estudo tão aprofundado da sensibilidade das técnicas
de ensaio in-situ como na campanha descrita anteriormente (EEN no LNEC), tanto pela menor
extensão como pela menor diversidade de soluções. Contudo, permitiu comparar os resultados
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
140.00
160.00
TC1[1S] (com pintura)
TC1[2S] TC1[2S] (com pintura)
TC1[2N] TC1[2N] (com pintura)
TC1[5N]
IE P
Tm
éd
io
Paramento analisado (murete e tipo de reboco)
Medição 1
Medição 2
Medição 3
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
96
obtidos e confirmou algumas das conclusões retiradas na análise da campanha 1. Para além disso
contribuiu decisivamente na análise do desempenho dos revestimentos, abordada no capítulo 6.
5.3.1. Comparação com os resultados da campanha 1
A EEN do fabricante de argamassas pré-doseadas é constituída apenas por um tipo de reboco
pré-doseado, designado PD4b. Este produto foi também analisado na campanha experimental
realizada na EEN no LNEC, sensivelmente com a mesma idade (aplicação em 2004), o que permite a
comparação dos resultados.
A comparação entre os resultados obtidos nas duas campanhas experimentais (Figura 5.27) mostra
que o produto PD4b aplicado na EEN do LNEC (campanha 1) apresenta características ligeiramente
superiores (Vap e IEPT
) às do mesmo produto aplicado na EEN do fabricante (campanha 2). Tais
diferenças, inferiores a 10% em ambos os casos, traduzem as diferenças originadas tanto pelas
condições de aplicação como pelas condições de exposição (uma vez que a idade é semelhante) e
mostram que, no essencial, o comportamento do produto é bastante semelhante.
Figura 5.27 - Comparação dos resultados do ensaio de ultra-sons (à esquerda) e do ensaio com
esclerómetro pendular PT (à direita) para as duas campanhas experimentais,
incluindo dispersão (± DP)
5.3.2. Contribuição para a análise da sensibilidade das técnicas in-situ
5.3.2.1. Contribuição do suporte
Os muretes da EEN do fabricante (campanha 2), embora sejam de alvenaria de tijolo, são bastante
diferentes dos muretes analisados na EEN do LNEC (campanha 1). Esta diferença, prende-se
essencialmente com a reduzida espessura (cerca de 7 cm) e com o facto de constituírem um sistema
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
PD4b
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Tipo de reboco
Campanha 1 (Lisboa)
Campanha 2 (Carregado)
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
PD4b
IEP
Tm
éd
io
Tipo de reboco
Campanha 1 (Lisboa)
Campanha 2 (Carregado)
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
97
contínuo em que há ligação entre muretes, ao contrário da campanha 1, em que os muretes são
isolados (vd. Capítulo 4).
A reduzida espessura dos muretes analisados nesta campanha torna-os claramente menos rígidos,
comparativamente com os da campanha 1. Além disso, a ligação entre muretes faz com que num
mesmo murete a rigidez do suporte varie, sendo as zonas de bordos “livres” sensivelmente menos
rígidas do que as zonas em que tanto a base como a ligação a outro murete constituem um
“travamento”.
O mapeamento das medições efectuadas com esclerómetro pendular PT, em ambas as faces de um
dos muretes com as condições atrás descritas (Figura 5.28), evidencia que, nas zonas de menor
rigidez do murete, ocorrem medições mais baixas do valor do ressalto, podendo a diferença ir até
25%, relativamente às zonas mais “rígidas”. Este facto permite evidenciar a conclusão avançada no
ponto 5.2.1.2., de que a rigidez do suporte tem influência no resultado do ensaio com esclerómetro
pendular PT.
Figura 5.28 - Mapeamento das medições realizadas com esclerómetro pendular PT em ambas as
faces de um dos muretes analisados na campanha 2
5.3.2.2. Textura / rugosidade do acabamento
A EEN do fabricante de argamassas pré-doseadas, apesar de ser constituída apenas por um tipo de
reboco pré-doseado, possui paramentos com acabamentos de rugosidades diferentes, permitindo
avaliar a influência desse factor, à semelhança do que foi feito para a campanha 1.
Por outro lado, se na EEN do LNEC apenas foi possível comparar resultados entre acabamentos de
rugosidade média e elevada, a EEN do fabricante possui apenas acabamentos de rugosidade baixa e
média, de acordo com a classificação proposta anteriormente (Figura 4.13). As duas campanhas
afiguram-se portanto como complementares neste aspecto.
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
98
A comparação dos resultados da campanha 1 para paramentos de rugosidade média e elevada
permitiu concluir que, face aos dados de que se dispõe, os resultados do ensaio de ultra-sons não
parecem ser significativamente alterados em função da rugosidade dos paramentos, ao contrário do
que acontece para o ensaio com esclerómetro pendular PT (vd. §5.2.1.2.). A Figura 5.29 ilustra a
mesma comparação mas referente aos paramentos de rugosidade baixa e média, analisados na
campanha 2.
Figura 5.29 - Variação dos resultados dos ensaios de ultra-sons, à esquerda, e com esclerómetro
pendular, à direita, para paramentos de rugosidades distintas, incluindo dispersão (± DP)
A análise da Figura 5.29 conduz a conclusões em tudo semelhantes às apresentadas para a
campanha 1. Verifica-se uma diferença insignificante entre os resultados da velocidade aparente de
propagação dos ultra-sons para os diferentes tipos de rugosidade, ao contrário do que acontece para
o valor do ressalto do esclerómetro pendular PT, em que a diferença máxima é de 16%.
Verifica-se também que as superfícies de rugosidade baixa apresentem maior valor de ressalto, o que
pode ser explicado pela maior homogeneidade da superfície. Esta tendência também já havia sido
verificada na campanha 1, o que permite dizer que superfícies lisas correspondem maiores valores de
ressalto.
Os resultados obtidos confirmam que a rugosidade das superfícies analisadas influi nos resultados do
ensaio com esclerómetro pendular PT. Para diminuir esta influência, tanto o manual do equipamento
como as normas de aplicação do ensaio para betão, NP EN 12504-2 (IPQ, 2001), recomendam o
alisamento prévio da superfície a ensaiar. No caso de, como neste trabalho, se optar por não alisar a
superfície para não danificar o revestimento, a influência da rugosidade nos resultados deverá ser
tida em conta pelo que será vantajoso definir eventuais factores de correcção, o que não é possível
com os casos analisados neste trabalho.
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
PD4b
Velo
cid
ad
e ap
are
nte
de
pro
pa
gação
(k
m/s
)
Tipo de Reboco
Rugosidade média
Rugosidade baixa
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
PD4b PD4b
IE P
Tm
éd
io
Tipo de Reboco
Rugosidade média
Rugosidade baixa
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
99
5.4. Síntese e discussão geral dos resultados obtidos
Ao longo dos pontos anteriores, foi sendo abordada a sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
utilizadas na campanha experimental, com base nos resultados obtidos. Foi abordada a sensibilidade
de ambas as técnicas de ensaios in-situ a diversos parâmetros, consoante a disponibilidade das
soluções ensaiadas. Os Quadros 5.6 e 5.7 fazem a síntese das conclusões extraídas da análise de
sensibilidade feita ao longo de todo o capítulo, para o ensaio de ultra-sons e o ensaio com
esclerómetro pendular PT, respectivamente. Apresentam também a diferença máxima verificada na
análise de sensibilidade a cada factor.
A análise do Quadro 5.6 revela que os resultados do ensaio de ultra-sons são influenciados pela
grande maioria dos parâmetros analisados, existindo apenas dois parâmetros que aparentam não ter
influência e outro que, pela escassez de dados não permite retirar conclusões. Por outro lado, as
diferenças máximas verificadas entre os casos analisados na análise paramétrica são bastante
assinaláveis, o que mostra que a influência destes factores nos resultados tem de ser tida em conta.
Quadro 5.6 - Síntese da sensibilidade do ensaio de ultra-sons para os casos de estudo
Factor analisado
ENSAIO DE ULTRA-SONS
Influencia os resultados
Não influencia os resultados
Não foi conclusivo
Diferença máxima (%)
Tipo de reboco
38
Contribuição do suporte
-
Rugosidade do acabamento
-
Anomalias (fissuras)
33
Acabamento por pintura
46
Condições de aplicação
-
Condições de inspecção
11
Distância entre medições
12
Material de contacto utilizado
23
Reposição do material de contacto
29
Nota: são apresentadas apenas as diferenças verificadas nos casos em que se considerou existir influência nos resultados para não induzir em erro o leitor
A diferença máxima verificada ocorreu no caso da sensibilidade à existência de pintura dos
paramentos o que, a juntar ao facto de não se ter verificado uma tendência clara para o aumento ou
diminuição da velocidade aparente de propagação, conduz a uma grande incerteza quanto à análise
deste tipo de paramentos. Verifica-se também que o tipo de reboco e a sua constituição apresentam
uma diferença máxima elevada (38%), o que mostra que estes são parâmetros a ter em conta na
análise dos resultados, não permitindo a comparação de resultados obtidos para tipos de produtos
diferentes.
A análise do Quadro 5.7, relativo à sensibilidade do ensaio com esclerómetro pendular PT, mostra
resultados semelhantes aos descritos para o ensaio de ultra-sons. Também este ensaio é largamente
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
100
influenciado pela maioria dos parâmetros analisados, sendo as diferenças máximas verificadas ainda
mais assinaláveis do que no caso do ensaio de ultra-sons, o que mostra que a influência neste caso é
ainda maior.
Quadro 5.7 - Síntese da sensibilidade do ensaio com esclerómetro pendular PT para os casos de
estudo
Factor analisado
ENSAIO COM ESCLERÓMETRO PENDULAR PT
Influencia os resultados
Não influencia os resultados
Não foi conclusivo Diferença máxima
(%)
Tipo de reboco
46
Contribuição do suporte
25
Rugosidade do acabamento
29
Acabamento por pintura
58
Condições de aplicação
-
Condições de inspecção
-
Medições por posição
25
Nota: são apresentadas apenas as diferenças verificadas nos casos em que se considerou existir influência nos resultados para não induzir em erro o leitor
A Figura 5.30 sintetiza, de forma conjunta, a sensibilidade dos dois ensaios in-situ. Verifica-se que,
dos parâmetros analisados, os que mais influenciam os resultados são o tipo de reboco, presença de
acabamento por pintura e a existência de fissuras. Por outro lado, mesmo para os restantes
parâmetros, as diferenças verificadas são geralmente superiores a 20%. Deste modo, pode
concluir-se que os resultados tanto do ensaio de ultra-sons como do ensaio com esclerómetro
pendular PT, são bastante sensíveis à influência dos parâmetros exteriores.
Figura 5.30 - Sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ aos diferentes parâmetros analisados
0 10 20 30 40 50 60 70
Tipo de Reboco
Contribuição do suporte
Rugosidade do acabamento
Fissuração
Acabamento por pintura
Condições de aplicação
Condições de inspecção
Distância entre medições
Material de contacto utilizado
Reposição do material de contacto
Medições por posição
Diferença máxima verificada (%)
Esclerómetro pendular PT Ultra-sons
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
101
5.5. Conclusões do capítulo
Este capítulo apresentou a análise de sensibilidade dos ensaios de ultra-sons e esclerómetro
pendular PT, com base nos resultados obtidos para diferentes soluções e em diferentes condições de
inspecção em serviço.
Numa análise geral dos resultados, pode concluir-se que as técnicas utilizadas se mostram viáveis
para o estudo do comportamento mecânico de revestimentos com reboco, na medida em que
permitem distinguir diferentes materiais e situações, estando os resultados de acordo com as
características conhecidas. Verifica-se que as técnicas são sensíveis às diferentes características
mecânicas, identificando quando existem variações significativas das mesmas.
Por outro lado, a metodologia de inspecção utilizada mostrou-se adequada aos objectivos deste
capítulo, uma vez que permitiu a recolha de informação relevante para efectuar a análise de
sensibilidade a diversos parâmetros. A grande maioria dos parâmetros analisados influi
decisivamente nos resultados obtidos, uma vez que estes são afectados pela variação dos primeiros.
Verifica-se que o ensaio de ultra-sons é mais sensível ao tipo de reboco e à existência de
acabamento com pintura, para além da existência de fissuras que, por constituírem descontinuidades,
provocam a diminuição da velocidade aparente de propagação. Contudo, factores relacionados com a
realização do próprio ensaio, como o material de contacto utilizado, a reposição deste ou a distância
entre medições, podem também influenciar significativamente os resultados. Dos parâmetros
analisados, apenas o tipo de suporte e a rugosidade do acabamento parecem não influenciar os
resultados obtidos, sendo que não se obteve uma conclusão viável quanto à influência das condições
de aplicação, constituindo um aspecto a desenvolver em estudos futuros.
Quanto ao ensaio com esclerómetro pendular PT, embora seja sensível a menos parâmetros que o
ensaio de ultra-sons, a maioria dos factores analisados altera de forma mais significativa os
resultados. Tal como acontecia para o ensaio de ultra-sons, o tipo de reboco e a existência de
revestimento por pintura são os aspectos que maior influência exercem nos resultados, enquanto
que, também neste caso, as condições de inspecção não fazem variar significativamente os
resultados. Contudo, o facto de as inspecções terem variado pouco não permite concluir se esta
situação se inverte no caso de condições mais adversas, pelo que se considera necessário que se
aprofunde futuramente esta questão.
De toda a análise feita ao longo deste capítulo, pode concluir-se que, embora as técnicas utilizadas
se mostrem adequadas à avaliação do comportamento mecânico de revestimentos de paredes, o
facto de os resultados serem bastante sensíveis a diversos factores, torna difícil a sua utilização
numa avaliação quantitativa. Estas conclusões estão naturalmente limitadas aos casos estudados,
sendo necessário aprofundá-las com outros estudos.
Capítulo 5 - Avaliação da sensibilidade das técnicas de ensaio in-situ
102
Apesar de todos os factores, atrás referidos, que influenciam os resultados das técnicas utilizadas,
estudos anteriores mostraram que ambas as técnicas podem ser utilizadas na avaliação do
desempenho mecânico em serviço de revestimentos de paredes, podendo ser complementadas com
outras técnicas de diagnóstico. De resto, só a complementaridade entre os resultados destas e de
outras técnicas in-situ permite melhorar o diagnóstico do desempenho em serviço. No capítulo
seguinte será efectuada essa análise de desempenho, tendo em conta os resultados obtidos para os
paramentos analisados.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
103
6. Avaliação do desempenho mecânico em
serviço
6.1. Introdução
Neste capítulo é avaliado o desempenho mecânico em serviço dos revestimentos analisados na
campanha experimental, com base nos resultados obtidos. A informação recolhida durante a
campanha experimental permite cruzar os resultados obtidos com as características mecânicas e o
desempenho dos revestimentos aplicados, estabelecendo a relação entre ambos.
Como referido nos capítulos anteriores, foram realizadas duas campanhas experimentais, com
características distintas. Enquanto que a campanha na EEN no LNEC, pela sua maior extensão e
variabilidade de soluções, possibilitou um estudo mais aprofundado do desempenho expectável para
as diferentes soluções, a campanha na EEN no Carregado permitiu monitorizar o desempenho ao
longo do tempo, uma vez que anteriormente foram já realizadas campanhas semelhantes.
Pretende-se, neste capítulo, analisar a relevância e utilidade da informação recolhida para a análise
do desempenho mecânico, cruzando essa informação com as características de desempenho
relevantes neste aspecto. Por outro lado, este capítulo tem também por objectivo avaliar a
potencialidade e viabilidade da utilização do ensaio de ultra-sons e com esclerómetro pendular PT na
avaliação do desempenho mecânico em serviço, tanto separadamente como de forma conjunta, a
partir do cruzamento dos resultados.
6.2. Avaliação do desempenho expectável a partir das características das
argamassas aplicadas
O comportamento mecânico do revestimento depende das características das argamassas aplicadas.
A especificação das características dos produtos a aplicar é feita geralmente em relação às
Capítulo 6 - Avaliação do desempenho mecânico em serviço
104
características no estado endurecido, as quais devem respeitar requisitos estabelecidos. Em termos
de desempenho mecânico, são importantes as resistências à compressão e à tracção, assim como o
módulo de elasticidade dinâmico, pelo que são geralmente referidos requisitos para estas
características. Acontece, porém, que tais características são geralmente aferidas em laboratório, não
podendo por isso ser avaliadas in-situ de forma directa e não destrutiva, pelo que é difícil assegurar
que o material aplicado tem mesmo as características indicadas.
Embora existam diferentes especificações consoante a normalização dos diversos países, a
introdução da obrigatoriedade da marcação CE, de acordo com a directiva dos produtos da
construção (DPC, 1989), permitiu uma uniformização neste aspecto. A norma EN 998-1 (CEN, 2003),
que serve de base à marcação CE, identifica um conjunto de características que os rebocos de
ligantes inorgânicos devem respeitar para que assegurem um bom desempenho.
Adicionalmente, em Portugal, o LNEC tem feito algumas exigências adicionais (assim como a DIN, a
RILEM ou a BSI, a nível internacional), através de requisitos que considera relevantes para o bom
comportamento dos revestimentos exteriores, tendo em conta as funções que lhe são exigidas. Estes
requisitos servem de base não só à especificação em projecto como à monitorização em serviço. O
Quadro 6.1 resume as especificações e recomendações aplicáveis em Portugal para as
características relevantes para o desempenho mecânico de revestimentos exteriores de edifícios
correntes.
Quadro 6.1 - Especificações e recomendações adicionais aplicáveis em Portugal para as
características relevantes para o desempenho mecânico de revestimentos exteriores
Normalização Característica relevante para o
comportamento mecânico Valores recomendados (MPa)
EN 998-1
(CEN, 2003) Resistência à compressão (Rc)
CSI 0.4 < Rc < 2.5
CSII 1.5 < Rc < 5.0
CSIII 3.5 < Rc < 7.5
CSIV Rc ≥ 6
Recomendações
adicionais do LNEC
(2005) (relatório
427/05 - NCCt)
Resistência à tracção (Rt) Preferencialmente elevada
Módulo de elasticidade dinâmico (E) E ≤ 10000
A comparação das características das argamassas estudadas com os requisitos apresentados
permite inferir sobre a adequabilidade das argamassas como argamassas de revestimento, em
termos de comportamento mecânico, tendo em conta o seu uso.
O Quadro 6.2 apresenta as características mecânicas, no estado endurecido, das argamassas
ensaiadas. Os valores apresentados correspondem a caracterizações efectuadas aquando da sua
aplicação, no caso dos rebocos tradicionais, ou aos valores declarados nos documentos de
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
105
homologação / aplicação, no caso dos produtos pré-doseados. Isto salienta desde logo a maior
facilidade com que se obtém informação sobre os produtos pré-doseados, relativamente aos
tradicionais.
Em termos de resistência à compressão, a EN 998-1 define que argamassas de uso geral e
monocamadas podem ter classes de CSI a CSIV. Analisando os valores correspondentes aos 28 dias
das argamassas estudadas, verifica-se que todas as argamassas pertencem a estas classes. Mesmo
a argamassa de cal hidráulica, com resistência bastante inferior às restantes, possui uma classe
adequada (CSI). Numa análise mais detalhada, verifica-se que a maioria das argamassas pertence à
classe CSIII, à excepção das argamassas contendo cal, que pertencem a classes mais baixas, e de
alguns pré-doseados de formulação mais forte (PD1b, PD5 e PD10).
A maioria das argamassas apresenta também valores de resistência à compressão próximos dos
valores médios do mercado recolhidos por Flores-Colen (2009): Rc = 5.06 MPa para argamassas de
uso geral e Rc = 5.07 MPa para monomassas. Por estas razões, as argamassas estudadas parecem
adequadas em termos de resistência à compressão. No que respeita à resistência à tracção por
flexão, embora não existam valores definidos, recomenda-se que esta seja média a elevada com
vista a menor susceptibilidade à fendilhação.
A maioria das argamassas estudadas apresenta valores de resistência à tracção que podem ser
considerados adequados, estando inclusive próximos dos valores médios de mercado: Rt = 2.15 MPa
para argamassas de uso geral e Rc = 2.70 MPa (Flores-Colen, 2009). Contudo, as argamassas
contendo cal possuem, como seria de esperar, uma resistência inferior, tal como as argamassas com
fibras, possivelmente devido à introdução de ar na pasta que estas promovem aquando da mistura
dos componentes.
Em relação ao módulo de elasticidade dinâmico, verifica-se que a maioria das argamassas estudadas
possui um módulo de elasticidade moderado, correspondente a uma boa capacidade de deformação.
Este facto estará certamente ligado à reduzida ocorrência de fendilhação verificada na maioria dos
produtos. Contudo, os produtos PD4b e PD5 apresentam módulos de elasticidade bastante elevados
(o produto PD5 ultrapassa mesmo o limite de 10000 MPa recomendado pelo LNEC), o que explica a
ocorrência de microfissuração generalizada, observada durante as inspecções (Figura 6.1).
Da análise anterior, pode concluir-se que a grande maioria das argamassas estudadas tem, na sua
especificação, características mecânicas adequadas ao revestimento exterior de edifícios recentes,
pelo que é expectável que desempenhem, de forma adequada, as funções que lhe são exigidas em
serviço. Contudo, nada garante que em condições reais estas características sejam mantidas, pelo
que é necessário efectuar uma avaliação com base em resultados in-situ.
Capítulo 6 - Avaliação do desempenho mecânico em serviço
106
Quadro 6.2 - Características mecânicas, no estado endurecido, das argamassas analisadas na campanha experimental
7dias 28 dias 7dias 28 dias 7dias 28 dias 7dias 28 dias
TC1 nd nd nd nd nd nd nd nd
TC2 (Verão) 1770 1820 3.8 4 1.2 1.2 5820 5950
TC2 (Inverno) 2010 2010 8 14.6 2.3 3.6 2980 3255
TC(I) nd nd nd nd nd nd nd nd
TCH 1678 1694 0.8 0.6 0.3 0.2 nd 3027
TC (FV) 1750 1780 3.4 4.2 1.1 0.9 5290 5165
TC (FPP) 1880 1910 3.8 4.1 0.8 0.8 5340 6655
TBC_CA (Verão) 1730 1730 1.8 2.3 0.5 0.6 3145 3160
TBC_CA (Inverno) 1920 2020 2 2.2 0.7 0.9 5615 6580
PD1a 1650 nd 8 a 10 nd 2.5 a 3.5 nd nd nd
PD1b 1810±10 1670±10 2.6±0.5 8.0±1.0 1.2±0.2 2.7±0.3 nd 8330
PD2 nd nd nd nd nd nd nd nd
PD3 1450 a 1600 nd 5 a 7 nd 2.2 a 3.2 nd 4200 a 6200 nd
PD4a nd 1250±10 nd 3.1±0.3 nd 1.6±0.2 nd 4540±100
PD4b 1830±10 1590±10 4.5±0.5 7.3±0.5 2.0±0.2 3.4±0.3 nd 9100±100
PD5 1740±10 1710±10 8.1±0.5 8.5±0.5 2.5±0.2 2.7±0.3 10200±100 10200±100
PD6a 1660±10 nd 3.5±0.2 nd 1.6±0.1 nd 4890±100 nd
PD6b 1455±5 nd 3.0±0.2 nd 1.5±0.2 nd 3680±100 nd
PD7a 1730±50 1640±10 3.8±0.5 6.4±0.5 nd 2.5±0.5 nd nd
PD7b 1640±50 1520±10 2.9±0.5 4.5±0.5 nd 2.0±0.5 nd nd
PD8 nd 1600±10 nd 7.3±1.0 nd 2.4±0.3 nd 8100
PD9 1800±50 1670±10 3.0±0.5 5.2±0.5 nd 2.3±0.5 nd nd
PD10 1950±50 1780±10 4.4±0.5 10.3±0.5 nd 4.0±0.5 nd nd
Módulo de elasticidade dinâmico (MPa)Designação
Massa volúmica aparente (kg/m 3) Resistência à compressão (MPa) Resistência à tracção por flexão (MPa)
Legenda: TC1 - reboco tradicional de cimento (1:5); TC2 - reboco tradicional de cimento (1:4); TC(I) - reboco tradicional de cimento, independente do suporte, armado com
rede metálica; TCH - reboco tradicional de cal hidráulica (1:4); TC (FV) - reboco tradicional de cimento (1:4) com fibra de vidro incorporada na pasta (0.3%); TC (FPP) - reboco
tradicional de cimento (1:4) com fibra de polipropileno incorporada na pasta (1%); TBC-CA - reboco tradicional bastardo de cimento e cal aérea (1:1:6);
PD1 a PD10 - diferentes tipos de produtos pré-doseados; “nd” - valor não disponível.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
107
. Figura 6.1 - Fissuração generalizada no reboco do tipo PD5 aplicado em 1995, devido à baixa
capacidade de deformação
6.3. Avaliação do desempenho com base nos resultados obtidos in-situ
A avaliação do desempenho mecânico de revestimentos exteriores deve ser feita com base nas
características reais do material aplicado. Porém, não é geralmente possível determinar, in-situ e de
forma não-destrutiva, características de desempenho como a resistência à compressão ou à flexão e
o módulo de elasticidade dinâmico, por exemplo. Por esta razão, é comum recorrer-se a técnicas
auxiliares que, embora não determinem essas características, facultam informação sobre as mesmas
e sobre o desempenho dos revestimentos.
Existem diversas técnicas in-situ, aplicáveis em diferentes situações, que se podem relacionar com as
diferentes características de desempenho. No caso concreto do ensaio de ultra-sons e do ensaio com
esclerómetro pendular PT, são técnicas especialmente talhadas para a avaliação do comportamento
mecânico em serviço, já que os seus resultados dependem essencialmente das características
mecânicas do revestimento (vd. Capítulo 3).
O estudo de Flores-Colen (2009) conclui que a velocidade aparente de propagação de ultra-sons
(Vap) tem uma correlação elevada (R2
> 0.7) com a capacidade de deformação da argamassa e uma
correlação média (R2 entre 0.5 e 0.7) com outras características, como a resistência interna, a
aderência ao suporte ou a resistência superficial. Do mesmo modo, refere que o índice esclerométrico
obtido com o esclerómetro pendular PT (IEPT
) tem uma correlação elevada com a resistência interna
e com a resistência superficial, ao passo que possui uma correlação média com a capacidade de
deformação e a aderência ao suporte.
A utilização de técnicas in-situ na avaliação do desempenho em serviço depende da maior ou menor
facilidade com que se consegue interpretar os resultados obtidos, em relação às características de
desempenho relevantes. A principal desvantagem desta utilização prende-se com o facto de
geralmente não ser possível estabelecer uma relação directa entre esses resultados e o desempenho
em serviço. Para contornar esta situação, Flores-Colen (2009) propôs recentemente diferentes
critérios de desempenho em serviço, com base em parâmetros físicos, químicos e mecânicos
resultantes de diversos ensaios laboratoriais ou in-situ, entre os quais o ensaio de ultra-sons e o
ensaio com esclerómetro pendular PT (Quadro 6.3).
Capítulo 6 - Avaliação do desempenho mecânico em serviço
108
Quadro 6.3 - Critérios para a avaliação do desempenho mecânico de rebocos exteriores propostos
por Flores-Colen (2009)
Método de verificação
Parâmetro de medição
Grupo I (pré-doseados ligeiros
e monomassas)
Grupo II (tradicionais cimentícios e
pré-doseados mais compactos)
-d L.I. L.S. +d -d L.I. L.S. +d
Ultra-sons Vap (km/s) 0.3 3.0 3.3 0.2 0.4 3.3 s.l. -
Esclerómetro pendular PT
IEPT
- 64 75 7 7 75 s.l. -
Legenda: Vap - velocidade aparente de propagação dos ultra-sons; IEPT
- índice esclerométrico obtido com o esclerómetro pendular PT; “L.I.” - limite inferior recomendado; “L.S.” - limite superior recomendado; “+d e -d” - desvio máximo recomendado; “s.l.” - não existe limite definido; “-“ - valor não aceitável
Os critérios propostos foram definidos em laboratório e aferidos in-situ e permitem avaliar o
desempenho em serviço, directamente através dos resultados das técnicas de ensaio in-situ. Em
termos de caracterização mecânica, as argamassas do grupo I são consideradas mais “fracas” do
que as do grupo II. Assim, a autora define que as argamassas do grupo I têm, geralmente, massa
volúmica aparente inferior a 1550 kg/m3 e resistência à compressão inferior a 4 MPa, ao contrário do
que acontece com as argamassas do grupo II que são mais compactas e resistentes.
A seguir, faz-se a análise dos resultados obtidos nos paramentos analisados, tendo em conta os
limites referidos. A avaliação do desempenho deve contabilizar os parâmetros de medição
determinados em zonas sem anomalias, pelo que se analisam apenas os resultados obtidos em
zonas consideradas boas visualmente e sem quaisquer parâmetros que influenciam os resultados.
Por este facto, excluem-se da análise os paramentos com fissuração generalizada ou de rebocos
com fibras, independente do suporte ou com pintura, uma vez que, como se viu no capítulo anterior,
os resultados dos ensaios nestes paramentos reflectem a influência desses factores.
i) Ensaio de ultra-sons:
A Figura 6.2 mostra os resultados obtidos no ensaio de ultra-sons, para todos os dos paramentos
analisados, sem anomalias. Na mesma figura, é indicada a divisão entre grupo I e grupo II, de acordo
com os critérios propostos por Flores-Colen (2009), citados no Quadro 6.3. A figura indica que a
generalidade dos paramentos analisados com rebocos tradicionais apresenta valores de velocidade
aparente de propagação dos ultra-sons abaixo dos limites propostos. Apesar disso, os muretes
analisados parecem, numa inspecção visual, estar em bom estado de conservação e com
desempenho em serviço adequado às funções que exercem, para além das características
mecânicas adequadas na sua especificação, como referido.
Uma análise mais detalhada permite detectar algumas situações que podem ser tidas como causa
dos desvios detectados. Ao analisar as características mecânicas dos materiais aplicados, detecta-se
que as argamassas analisadas possuem, na sua especificação, características intermédias entre o
grupo I e II. De facto, o produto designado TC2 (Verão) possui resistências relativamente baixas para
um reboco tradicional, nomeadamente no que respeita à resistência à compressão (4 MPa, aos 28
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
109
dias), enquanto que o produto TC1, do qual não se dispõe de dados, deverá ter uma resistência
semelhante ou mesmo inferior, dado que tem menos quantidade de ligante (traço 1:5 para TC1,
contra 1:4 para TC2). Apesar disso, ficam também abaixo dos valores para o grupo II, pelo que se
poderá especular se existirão problemas internos, relacionados com a microestrutura porosa, que
originam a redução da velocidade aparente de propagação das ondas.
Figura 6.2 - Resultados obtidos na avaliação de desempenho com o ensaio de ultra-sons
Por outro lado, apesar de os rebocos tradicionais analisados se encontrarem, de uma forma geral, em
bom estado de conservação, já têm alguma idade. Os paramentos com reboco TC1 foram aplicados
em 1979 (30 anos de idade), enquanto que os paramentos com reboco TC2 foram aplicados em 1993
/ 1995 (entre 14 e 16 anos de idade), pelo que a exposição contínua aos agentes de degradação em
serviço pode ter conduzido à perda de algumas características mecânicas. Esta pode também ser a
causa da variabilidade dos resultados para paramentos com o mesmo tipo de reboco mas com
diferentes idades de aplicação.
Quanto aos rebocos não-tradicionais, a Figura 6.2 indica que, tal como para os rebocos tradicionais, a
generalidade dos paramentos estudados fica abaixo dos limites propostos. Ao contrário do que
acontece no caso dos rebocos tradicionais, seria de esperar que os resultados para os rebocos
pré-doseados até fossem superiores aos limites propostos, uma vez que a maioria dos produtos
analisados é, na sua especificação, “mais forte” do que habitualmente se verifica (existem produtos
com resistências à compressão, aos 28 dias, acima de 7 a 8 MPa).
Por outro lado, verifica-se também uma dispersão em relação a paramentos com o mesmo produto,
que pode ser causada pelas diferentes condições de exposição dos paramentos aos agentes de
degradação. Contudo, a variação dos resultados pode ter como causa a própria aplicação dos
produtos pré-doseados. Silva et al. (2003) referem que estes produtos são bastante sensíveis ao
processo de mistura e aplicação (água de amassadura, tempo de mistura e tempo de repouso do
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
0 10 20 30 40 50
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(km
/s)
Paramentos analisados (sem anomalias)
EEN no LNEC
EEN no Carregado
Vap = 3.3 km/s
PD1a
PD1b
PD3
PD4a
PD4b
PD5
PD6a PD6b
PD7a
PD7b
PD8
PD9
PD10
PD4b
TC2 (verão)
TC1
Capítulo 6 - Avaliação do desempenho mecânico em serviço
110
amassado), tendo estes factores influência na compacidade e características mecânicas dos
materiais aplicados. Esta sensibilidade deve-se essencialmente ao efeito dos adjuvantes utilizados,
como os introdutores de ar.
Os resultados anteriormente analisados mostram que, apesar de o ensaio de ultra-sons ser útil para
recolher informação sobre o comportamento em serviço, os resultados são difíceis de interpretar e
nem sempre correspondem ao que seria de esperar apenas por uma análise do estado geral dos
paramentos. Os critérios existentes para correlacionar os resultados dos ensaios utilizados com o seu
desempenho mecânico são também difíceis de aplicar isoladamente, sem a ajuda dos resultados de
outros ensaios que permitam verificar tendências e propor explicações. A recolha de amostras, por
exemplo, permitiria analisar outros parâmetros, como a porosidade aberta dos produtos, permitindo
detectar as possíveis causas dos resultados obtidos.
ii) Esclerómetro pendular PT
A Figura 6.3 faz uma análise semelhante à anterior, mas agora para os resultados do ensaio com
esclerómetro pendular PT. No que respeita aos produtos tradicionais analisados a tendência é
contrária à verificada para o ensaio de ultra-sons, uma vez que todos os paramentos apresentam
resultados acima do limite definido como aceitável. Isto pode significar que, apesar das
características mecânicas internas, avaliadas no ensaio de ultra-sons, apresentarem resultados
considerados baixos, os rebocos analisados possuem uma resistência superficial aceitável. Estes
resultados podem confirmar a existência de heterogeneidades internas, cuja influência se faz sentir
nos ensaios de ultra-sons mas não no ensaio com esclerómetro pendular.
Figura 6.3 - Resultados obtidos na avaliação de desempenho com esclerómetro pendular PT
Os resultados da Figura 6.3 mostram ainda que os resultados para o reboco TC2 apresentam uma
maior dispersão do que os do reboco TC1, o que se pode dever tanto às condições de aplicação
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
110.00
0 10 20 30 40 50
IEP
T
Paramentos analisados (sem anomalias)
EEN no LNEC
EEN no Carregado
IE = 75
PD1a
PD1b
PD3
PD4a
PD4b PD5
PD6a
PD6b
PD7a
PD7b
PD8
PD9
PD10
PD4b
TC2 (verão)
TC1
PD2
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
111
(mistura da pasta, sucção do suporte, entre outros) como à degradação existente, nomeadamente à
fissuração.
Os resultados do ensaio com esclerómetro pendular PT para paramentos com rebocos pré-doseados
mostram uma enorme dispersão consoante o tipo de reboco analisado. Este facto tem a ver com as
diferentes características dos diferentes produtos, que se reflectem na sua resistência e, por isso, nos
resultados do esclerómetro. Da mesma forma, verifica-se alguma dispersão nos resultados mesmo
entre paramentos do mesmo produto, o que indicia a sensibilidade já citada destes produtos às
condições de amassadura, aplicação e de exposição em serviço (Silva et al., 2003).
Os resultados anteriores mostram também que há uma relação entre os resultados do esclerómetro e
as características resistentes dos materiais analisados, uma vez que os pré-doseados “mais
resistentes” são aqueles que geralmente apresentam resultados de ressaltos superiores, uma vez
que serão previsivelmente os mais compactos. Os produtos PD4b e PD5, por exemplo, apresentam
uma resistência elevada, o que conduz a maiores valores de ressalto do que pré-doseados “mais
fracos”, como o PD4a. Contudo, não se pode estabelecer uma relação clara pois também acontece
por vezes a situação contrária. Veja-se, por exemplo, o caso do pré-doseado PD10 que, apesar de
ser, de todos os produtos analisados, o mais resistente na especificação, é também aquele que
apresenta resultados mais baixos. Este facto pode, mais uma vez, dever-se à perda de
características na aplicação ou ao longo do tempo em serviço. Estas questões não são esclarecidas
com o cruzamento das técnicas, já que no ensaio de ultra-sons este produto obteve resultados
semelhantes aos restantes.
Os resultados do ensaio com esclerómetro pendular PT vêm confirmar aquilo que já havia sido
referido a propósito do ensaio de ultra-sons, uma vez que também aqui os resultados são de difícil
análise em termos de avaliação de desempenho, mesmo com a comparação com critérios já
existentes. As dificuldades advêm não só da problemática de ligação entre os critérios e o
desempenho em serviço, mas também da dispersão dos resultados verificados in-situ e da sua fraca
relação, por vezes contraditória, com as características declaradas para os vários produtos. Neste
sentido, teria sido benéfico ter realizado medições com outras técnicas de ensaio in-situ.
6.4. Correlação entre os resultados das técnicas de ensaio in-situ
Uma das principais desvantagens da utilização de técnicas de ensaio in-situ é a dificuldade de
interpretação dos resultados produzidos. A análise dos resultados é geralmente um processo
delicado, como se verificou nos pontos anteriores, sendo vantajoso cruzar os resultados de diferentes
técnicas. Contudo, as diferentes técnicas avaliam diferentes características, pelo que nem sempre o
cruzamento dos resultados permite um melhor esclarecimento das causas. Muitas vezes, os
resultados são contraditórios, aumentando a incerteza associada aos resultados, sendo esta apenas
reduzida com a análise de outros parâmetros de medição mais fiáveis.
Capítulo 6 - Avaliação do desempenho mecânico em serviço
112
O ensaio de ultra-sons e o ensaio com esclerómetro pendular PT são técnicas pouco destrutivas que
permitem inferir sobre o comportamento mecânico dos revestimentos, embora se baseiem em
princípios distintos, já que o ensaio de ultra-sons avalia a argamassa em profundidade, enquanto o
esclerómetro pendular PT avalia as mesmas características a partir da superfície. Por esta razão, não
será de esperar que exista uma correlação perfeita entre os resultados de ambas as técnicas.
Flores-Colen (2009) obteve uma relação média (R2=0.6) entre os resultados de ambas as técnicas.
A Figura 6.4 mostra a relaciona os resultados das duas técnicas de ensaio in-situ utilizadas, para
rebocos tradicionais e não-tradicionais. Esta relação não conduz a valores de correlação
significativos, pelo que apenas é representada a dispersão dos resultados.
Figura 6.4 - Relação entre os resultados do ensaio de ultra-sons e os resultados do ensaio com
esclerómetro pendular PT
É possível verificar, na figura 6.4, que os rebocos tradicionais conduzem a valores de ressalto entre
80 e 100, valores superiores aos obtidos para a maioria dos produtos pré-doseados. No entanto, em
termos de velocidade aparente de ultra-sons, existe uma grande variabilidade, para ambos os
produtos, o que impossibilita a definição de uma relação concreta entre os resultados de ambas as
técnicas.
Para o caso dos rebocos pré-doseados, a dispersão dos resultados é ainda maior, possivelmente
devido à grande multiplicidade de formulações e aos diversos factores que afectam os resultados
destes ensaio in-situ.
Apesar da dispersão verificada, a análise efectuada anteriormente mostra que é vantajoso cruzar os
resultados de ambas as técnicas, permitindo por vezes esclarecer algumas questões mais duvidosas.
Estas técnicas podem pois entender-se como complementares, pelo que devem ser utilizadas em
conjunto.
1.5
1.7
1.9
2.1
2.3
2.5
2.7
2.9
3.1
3.3
3.5
40 50 60 70 80 90 100 110 120
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
IEPT
Pré-doseados
Tradicionais
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
113
6.5. Evolução do desempenho mecânico ao longo do tempo
O desempenho ao longo do tempo de um qualquer elemento construtivo sofre uma diminuição
progressiva, fruto da exposição prolongada aos agentes de degradação, provocando o surgimento de
anomalias e a perda de características. Esta diminuição é tanto maior quanto mais sensível à
degradação for o elemento em questão e quanto mais extremas forem as condições de exposição em
serviço.
No caso específico dos revestimentos, estes são elementos especialmente sacrificados, já que,
devido à sua função protectora das paredes, funcionam como a “pele” dos edifícios (vd. Capítulo 2).
Uma das principais utilizações das técnicas de ensaio é a detecção da variação das características
dos materiais analisados, seja uma variação local, em que zonas distintas apresentam
comportamentos também diferentes, ou ao longo do tempo, em que há uma variação entre medições
das características analisadas.
No que respeita aos paramentos analisados nas duas campanhas experimentais realizadas, os
muretes da EEN do fabricante, no Carregado, têm sido monitorizados ao longo do tempo, tanto pelo
fabricante como por estudos anteriores. Deste modo, é possível comparar os resultados agora
obtidos com resultados anteriores, a fim de detectar uma possível variação das características
analisadas. Em seguida, são comparados os resultados do estudo actual, em que se analisaram
muretes com cerca de 4 anos (49 meses) com os resultados obtidos por Flores-Colen (2009) nos
mesmos muretes, quando estes tinham cerca de 3 anos (35 meses).
i) Ensaio de ultra-sons
A comparação dos resultados do ensaio de ultra-sons em diferentes alturas permite detectar
variações significativas das características mecânicas do revestimento nesse período. A comparação
desses resultados, para os muretes da EEN no Carregado, realizados com cerca de um ano de
intervalo, é sintetizada na Figura 6.5. Os resultados analisados reportam apenas às designadas
“zonas boas iniciais”, uma vez que a maior parte dos percursos analisados apresentavam fissuras,
sendo a sua presença traduzida numa diminuição da velocidade aparente de propagação.
A Figura 6.5 mostra pequenas diferenças, inferiores a 10%, entre os resultados actuais e os
resultados obtidos há cerca de um ano atrás. É também de notar que, na maioria dos casos houve
uma diminuição da velocidade aparente de propagação dos ultra-sons, o que pode ser explicado pela
perda de características devido à exposição aos agentes de degradação.
As diferenças verificadas podem também ser explicadas por uma possível presença de variações
locais nas características mecânicas do revestimento, uma vez que os resultados comparados foram
obtidos no mesmo murete, mas não necessariamente no mesmo local. Contudo, a diferença
verificada é pouco significativa, dada a multiplicidade de factores que afectam a realização de ensaios
Capítulo 6 - Avaliação do desempenho mecânico em serviço
114
in-situ e a própria variabilidade da técnica, pelo que se poderá afirmar, sem grande margem de erro,
que o desempenho mecânico dos paramentos analisados não sofreu alterações significativas durante
o período de tempo analisado.
.
Figura 6.5 - Comparação dos resultados obtidos no ensaio de ultra-sons nos muretes da EEN no
Carregado com os resultados obtidos há um ano por Flores-Colen (2009)
ii) Ensaio com esclerómetro pendular PT
Tal como o ensaio de ultra-sons, o ensaio com esclerómetro pendular PT pode também ser utilizado
na detecção da variação das características mecânicas do revestimento, sendo esta muitas vezes
tida como a principal utilização desta técnica, devida à dificuldade em relacionar os resultados com
directamente com as características de desempenho. A Figura 6.6 compara os resultados obtidos na
campanha experimental realizada com os resultados obtidos por Flores-Colen (2009), nos mesmos
muretes, cerca de um ano antes. Ao invés do que foi feito na comparação dos resultados do ensaio
de ultra-sons, os resultados apresentados correspondem à média das várias medições realizadas nos
muretes.
A Figura 6.6 expõe uma tendência contrária à que havia sido evidenciada para o ensaio de ultra-sons,
uma vez que a generalidade dos paramentos apresenta actualmente maior índice esclerométrico do
que há cerca de um ano. Este facto, aparentemente surpreendente, pode no entanto se explicado por
um ligeiro aumento da resistência superficial, provavelmente originado pela carbonatação da cal
contida neste tipo de produtos pré-doseados (Flores-Colen, 2009).
6.6. Metodologia para avaliação do desempenho mecânico de revestimentos
Os subcapítulos anteriores tornam clara a dificuldade de avaliação do desempenho mecânico de
revestimentos de paredes. Esta dificuldade decorre, em grande parte, da avaliação ser, não raras
vezes, apenas fundamentada na inspecção visual. Esta avaliação, embora preciosa, muitas das
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
1S 2E 3O 4N 6N 8N-e
Velo
cid
ad
e a
pa
ren
te d
e p
rop
ag
ação
(k
m/s
)
Murete analisado (produto PD4b)
Estudo Flores-Colen (2009) (35 meses)
Estudo actual (49 meses)
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
115
vezes não detecta a generalidade dos problemas existentes, pois muitos não são visíveis, para além
dos parâmetros aferidos não serem quantificáveis.
Figura 6.6 - Comparação dos resultados obtidos no ensaio de ultra-sons nos muretes da EEN no
Carregado com os resultados obtidos há um ano por Flores-Colen (2009)
Pelas razões anteriores, é essencial que, quando necessário, se utilizem metodologias
complementares à inspecção visual, tornando a avaliação clara e objectiva. Neste sentido, e com
base nos dados avaliados nos subcapítulos anteriores, propõe-se que a avaliação do comportamento
mecânico em rebocos exteriores com base nos resultados das técnicas in-situ utilizadas siga a
metodologia ilustrada na Figura 6.7.
Segundo a metodologia proposta, a avaliação do comportamento mecânico do revestimento deve
iniciar-se com uma inspecção corrente, que pode ser apenas visual ou utilizar meios complementares
(fissurómetro, lupa, entre outros). Esta inspecção preliminar permite detectar a presença de
anomalias e outras características (má pormenorização ou execução deficiente, por exemplo) que
denunciem, ou possam contribuir para, problemas no comportamento mecânico do reboco aplicado.
Terminada esta fase, é necessário avaliar se a informação recolhida é suficiente (C1). Se for (C1 = 1),
pode dar-se por terminado o processo de avaliação mas se, pelo contrário, se considerar que o
diagnóstico é insuficiente (C1 = 0) é necessário efectuar uma avaliação mais detalhada. Esta deverá
ser também a via escolhida no caso de apenas se pretender avaliar o comportamento mecânico,
independentemente da existência ou não de anomalias.
No caso de se julgar necessária uma inspecção mais detalhada, que permita aprofundar a informação
que decorre da inspecção visual, é importante seguir as duas vias abordadas neste capítulo: por um
lado, é necessário conhecer as características mecânicas do reboco aplicado, enquanto que por
outro, é importante realizar ensaios in-situ para aferir as características mecânicas efectivas em
condições reais em serviço.
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
1S 2E 3O 4N 5E 6N 7O 8N-e 8N-d
IE P
Tm
éd
io
Murete analisado (produto PD4b)
Estudo Flores-Colen (2009) (35 meses)
Estudo actual (49 meses)
Capítulo 6 - Avaliação do desempenho mecânico em serviço
116
Inspecção corrente do
paramento
(inspecção visual ou com
técnicas auxiliares)
O diagnóstico do
desempenho é
suficiente?
(C1) C1=1
Fim da avaliação
Inspecção detalhada do
paramento e das
argamassas aplicadas
Não
Sim
Avaliação do desempenho
expectável com base nas
características mecânicas
das argamassas
Utilização de ensaios
in-situ
(esclerómetro e ultra-sons)
As características
estão de acordo com as
exigências normativas?
(Quadro 6.1)?
(C2)
Os resultados obtidos
estão de acordo com os
critérios estabelecidos?
(Quadro 6.3)
(C3)
Avaliação dos resultados e
tomada de decisão:
Σci=0: Desempenho mecânico
inadequado (intervir)
Σci=1: Avaliação insuficiente
(monitorização)
Σci=2: Desempenho mecânico
adequado (deixar ficar)
SimSim
Não
C1=0
C2=1 C3=1
C2=0 C3=0
Não
Fim da avaliação
Figura 6.7 - Procedimento proposto para avaliação do desempenho mecânico de rebocos
aplicados com base na análise do desempenho especificado em projecto e na utilização em
serviço de ensaios in-situ (ultra-sons e esclerómetro pendular PT)
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
117
As características mecânicas das argamassas aplicadas não são, geralmente, fáceis de obter. No
caso dos rebocos tradicionais não há à partida qualquer informação disponível, ficando muitas das
vezes a aplicação ao critério de quem a executa, o que pode comprometer a obtenção das
características pretendidas. Já no caso dos produtos pré-doseados, a situação pode ser controlada
pela existência de valores declarados pelo fabricante ou por documentos de homologação / aplicação
destes produtos, que indicam quais serão as características dos produtos depois de aplicados.
Contudo, as características das argamassas aplicadas condicionam o seu desempenho em serviço,
pelo que será necessário tentar perceber as características dos rebocos existentes, através da
caracterização de amostras recolhidas, por exemplo.
Caso sejam conhecidas as características mecânicas dos produtos aplicados, nomeadamente
resistência à compressão, resistência à tracção por flexão e módulo de elasticidade dinâmico, estas
devem ser comparadas com os requisitos e exigências da normalização / especificação existentes
(Quadro 6.1) (C2).
No caso dos ensaios in-situ, a metodologia propõe a realização do ensaio de ultra-sons e do
esclerómetro, por serem os que se enquadram nesta dissertação, embora seja útil a realização de
outros ensaios, consoante os objectivos e a situação em causa. Os resultados dos ensaios realizados
devem ser comparados com os critérios existentes, nomeadamente com os citados no Quadro 6.3
(C3).
Concluída a avaliação mais detalhada, é necessário analisar a informação existente e decidir qual a
acção a realizar. A metodologia propõe uma decisão com base na classificação atribuída consoante
os resultados obtidos anteriormente, distinguindo três casos: 1) se a inspecção não detecta desvios
em relação aos critérios existentes, tanto em relação às características dos produtos aplicados
(C2 = 1) como aos resultados in-situ (C3 = 1), o desempenho mecânico mostra-se adequado, não
sendo necessário intervir; 2) se não existe concordância entre os resultados dos critérios analisados,
a avaliação não é conclusiva, sendo necessário aprofundar o estudo, com outros ensaios e recolha
de amostras, a fim de monitorizar o comportamento do revestimento; e 3) no caso dos resultados
obtidos por ambas as vias apontarem claramente para um desempenho em serviço inadequado (C2 =
0 e C3 = 0), será necessário intervir para reparar ou substituir o revestimento, conforme a gravidade e
urgência da situação.
No caso dos paramentos analisados na campanha experimental, a maioria recai, como se viu, na
opção (2), uma vez que não existe concordância entre os diversos critérios especificados em projecto
e os verificados em serviço. De facto, a influência dos factores em serviço (condições de execução e
de aplicação das argamassas de revestimento; actuação dos agentes reais de degradação;
condições de inspecção) tornam difícil estabelecer uma relação entre os resultados obtidos para a
maioria das argamassas analisadas (a maioria com mais de 10 anos de idade). Assim, seria
vantajoso aprofundar o estudo realizado com outros ensaios e com a recolha de amostras que
Capítulo 6 - Avaliação do desempenho mecânico em serviço
118
permita esclarecer as diversas situações encontradas. A determinação da porosidade aparente, da
massa volúmica aparente e da resistência à compressão, através da recolha de amostras, poderiam
certamente esclarecer o comportamento em serviço de alguns rebocos analisados.
6.7. Conclusões do capítulo
Neste capítulo, foi analisado o desempenho mecânico dos revestimentos analisados, com base nas
suas características mecânicas e nos resultados obtidos através do ensaio de ultra-sons e do ensaio
com esclerómetro pendular PT. O desempenho de um revestimento depende de diversos factores
intrínsecos e extrínsecos ao próprio revestimento. Destes, os mais importantes são as características
do material de revestimento e a degradação acumulada ao longo do tempo.
Para que um revestimento tenha o desempenho adequado é necessário que sejam definidos
requisitos, de acordo com as funções que é expectável este desempenhar. Nesta perspectiva, são
geralmente estabelecidos requisitos em termos das características do revestimento no estado
endurecido. A partir dessas características, pode inferir-se sobre o comportamento em serviço de um
revestimento.
No caso dos revestimentos analisados nas diversas campanhas experimentais, concluiu-se que a
grande maioria apresenta características mecânicas condizentes com um bom desempenho em
serviço, o que vem de acordo com o bom estado de conservação avaliado durante as inspecções.
Contudo, estas características são difíceis de determinar em serviço, pelo que normalmente são
utilizadas técnicas de ensaio in-situ na avaliação do desempenho mecânico. Estas, embora não
façam a determinação das características de desempenho estabelecidas, permitem inferir sobre as
mesmas.
A avaliação do desempenho em serviço com base nos resultados de técnicas de ensaio in-situ
mostrou alguns desvios face ao expectável, tanto pelas características conhecidas dos rebocos
analisados, como pelos critérios existentes. Este facto pode dever-se, segundo a análise efectuada, a
uma expectável perda de características devida à exposição permanente e prolongada aos diversos
agentes de degradação, assim como à possível existência de heterogeneidades internas nos
rebocos. Ainda assim, e embora fosse desejável complementar os resultados obtidos com os de
outros ensaios, os resultados das técnicas utilizadas mostraram-se úteis na avaliação do
desempenho mecânico dos revestimentos, devendo por isso alargar-se a sua aplicação aos sistemas
de revestimento de fachadas.
Quanto à correlação entre as duas técnicas de ensaio in-situ utilizadas nos ensaios referentes a esta
dissertação, concluiu-se que, embora seja desejável o cruzamento entre resultados de diversas
técnicas, nem sempre existe uma correlação directa entre estes, uma vez que a dispersão obtida
dificulta essa tarefa. Esta dispersão deve-se, possivelmente, à grande multiplicidade de formulações
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
119
e aos diversos factores que afectam os resultados destes ensaio in-situ., além do facto de utilizarem
princípios distintos para avaliar as mesmas propriedades.
Em termos da análise das características de desempenho ao longo do tempo, os resultados
apresentados para um conjunto de muretes, com cerca de um ano de diferença, mostram que,
embora exista alguma diferença nesse período de tempo, esta é pequena pelo que se pode
considerar que o desempenho mecânico destes revestimentos não sofreu alterações significativas ao
longo deste período. Este tipo de análise permite monitorizar o desempenho através da comparação
com resultados anteriores, evitando que a análise de desempenho fique refém da ausência de
critérios definidos na documentação técnica.
Por último, devido às dificuldades sentidas na avaliação do desempenho mecânico dos rebocos
analisados, foi proposta uma metodologia a seguir nessa avaliação, com base na experiência
adquirida ao longo da dissertação. Esta metodologia pretende ser simples, de modo a poder ser
facilmente aplicada, e instiga à realização de uma inspecção visual, complementada com a análise
das características do produto aplicado e com a utilização de ensaios in-situ. Contudo, para que esta
metodologia possa ser cada vez mais fiável e objectiva, os requisitos e critérios existentes devem ser
aprofundados e ajustados futuramente às diversas situações possíveis.
Capítulo 6 - Avaliação do desempenho mecânico em serviço
120
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
121
7. Conclusões e desenvolvimentos futuros
7.1. Considerações finais
O trabalho realizado incidiu na utilização do ensaio de ultra-sons e no ensaio com esclerómetro
pendular PT na avaliação do desempenho mecânico de revestimentos de paredes. As argamassas
de revestimentos de paredes são elementos com um papel chave no desempenho da construção,
pelo que o seu comportamento deve ser monitorizado ao longo do tempo. Nesta perspectiva, a
utilização de técnicas in-situ, como os ultra-sons e o esclerómetro pendular, permite obter informação
geral relacionada com esse desempenho em serviço, em especial sobre o desempenho mecânico.
A dissertação desenvolvida incidiu sobre dois aspectos principais das técnicas in-situ utilizadas: a sua
sensibilidade aos diversos factores inerentes ao tipo de revestimento e ao procedimento de
inspecção, e a sua utilização na avaliação do desempenho mecânico dos revestimentos analisados.
Neste sentido, procurou-se aumentar o conhecimento existente sobre a aplicação destas técnicas a
revestimentos de paredes, contribuindo assim para uma utilização mais disseminada e criteriosa
deste tipo de técnicas.
O estudo realizado incluiu a análise de paramentos rebocados, distribuídos por duas campanhas
experimentais, em estações de envelhecimento natural, situadas em Lisboa e no Carregado. Os
resultados obtidos foram analisados tendo em conta os aspectos referidos, obtendo-se diversas
conclusões que a seguir se sintetizam.
7.2. Conclusões finais
A utilização de argamassa no revestimento exterior de paredes é uma técnica antiga, aperfeiçoada ao
longo do tempo, e que tem demonstrado ser uma solução adequada às funções que se lhe exigem.
Como se viu, o pouco interesse relativamente a este material não é condizente com a sua
Capítulo 7 - Conclusões e desenvolvimentos futuros
122
importância no desempenho global das construções, devendo por isso o seu desempenho ser
acompanhado durante a vida útil da fachada.
Para que seja possível realizar uma avaliação do desempenho de um elemento construtivo é
necessário que estejam definidas as características de desempenho mais relevantes, de acordo com
as suas funções e exigências. Em relação às argamassas de revestimento, só muito recentemente
esta preocupação foi tida em conta, sendo que muitas vezes a sua especificação ainda é feita numa
base prescritiva, ficando muito ao critério de quem as aplica. Neste sentido, considera-se
indispensável que sejam definidos cada vez mais critérios quantitativos e requisitos de desempenho
para esta solução construtiva que permitam tanto a sua correcta especificação como o
acompanhamento do seu desempenho em serviço.
A avaliação do desempenho em serviço de revestimentos de paredes depende da possibilidade de
medir in-situ as características relevantes. Tal só é possível recorrendo a técnicas de ensaio in-situ,
que auxiliam a inspecção visual, permitindo caracterizar de forma mais precisa o estado de
degradação e de desempenho dos paramentos rebocados. Por este motivo, considera-se
indispensável que se generalize a utilização deste tipo de técnicas. Para que tal aconteça,
considera-se também necessário definir cada vez mais critérios de desempenho a partir dos
resultados destes ensaios, à semelhança do que foi feito por Flores-Colen (2009), pois só assim
estes poderão ser utilizados de forma objectiva. Da mesma forma, será vantajoso o aparecimento, o
quanto antes, de normas especificas para a utilização das técnicas de ensaio in-situ em
revestimentos, à semelhança do que já acontece com outros materiais, reduzindo a subjectividade da
inspecção in-situ.
As campanhas experimentais realizadas permitiram recolher bastante informação sobre a utilização
do ensaio de ultra-sons e do esclerómetro pendular PT na avaliação do desempenho mecânico de
revestimentos de paredes, contribuindo para aprofundar o conhecimento existente nessa área. Foi
analisada uma grande variedade de soluções e de tipos de rebocos, num total de 7 tipos de rebocos
tradicionais e 10 formulações diferentes de rebocos pré-doseados, distribuídos pelos 78 paramentos
analisados. A generalidade dos paramentos analisados encontra-se em bom estado de conservação,
tanto os mais recentes como aqueles que foram aplicados há mais de 30 anos.
Dada a extensão e diversidade de paramentos analisados, foi possível analisar a sensibilidade das
técnicas de ensaio in-situ a diversos factores. Neste aspecto, o ensaio de ultra-sons apresenta-se
como o ensaio sensível a mais parâmetros, desde logo por ter um procedimento mais complexo do
que o ensaio com esclerómetro pendular PT. Dos factores analisados, concluiu-se que o tipo de
reboco, a existência de pintura e as condições de inspecção influenciam os resultados, para além de
factores inerentes à própria técnica que também exercem influência, como a distância entre
medições, o material de contacto utilizado e a própria reposição desse mesmo material.
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
123
Dos factores referidos, o tipo de reboco, a existência de acabamento por pintura e a presença
fissuras do revestimento são aqueles para os quais se detectou maior influência, estando as
diferenças máximas analisadas entre 30 e 50%. Contudo, outros parâmetros exercem uma influência
significativa, como o material de contacto utilizado e a sua reposição, sendo registadas diferenças
entre 20 e 30%. Por último, existem factores que exercem uma influência menor, em cerca de 10%,
como é o caso das condições de inspecção e da distância entre medições.
Por outro lado, existem factores que, segundo os casos analisados, não exercem uma influência
significativa nos resultados do ensaio de ultra-sons, como é o caso do suporte e da rugosidade do
acabamento utilizado. Por fim, de referir que a análise das condições de aplicação, nomeadamente
quanto à época do ano em que o reboco havia sido aplicado, não foi conclusiva, especialmente pelo
reduzido número de casos disponíveis para este tipo de análise.
O ensaio com esclerómetro pendular PT apresenta-se como menos sensível em termos do número
de factores intervenientes, embora a influência destes seja superior ao que acontecia no ensaio de
ultra-sons. Dos parâmetros testados, conclui-se que a generalidade afecta os resultados do ensaio de
esclerómetro. É o caso do tipo de reboco, do suporte, da rugosidade do acabamento, da existência
de pintura e do número de medições por posição.
O tipo de reboco e a presença de acabamento por pintura são os factores cuja influência sentida nos
resultados do ensaio com esclerómetro pendular é maior, com valores entre 45 e 60%, enquanto que
para os restantes, se verificaram diferenças máximas da ordem de 25 a 30%. De referir também que,
pela análise efectuada, as condições de inspecção não influenciam significativamente os resultados
do ensaio, enquanto que, tal como para o ensaio de ultra-sons, não foi possível obter nenhuma
conclusão quanto às condições de inspecção.
Da análise de sensibilidade efectuada, pode concluir-se que as técnicas de ensaio in-situ utilizadas
são sensíveis à influência de diversos factores em serviço, devendo estes ser controlados, tanto
quanto possível, na realização dos ensaios, para além de serem tidos em conta na análise dos
respectivos resultados. Assim, se um paramento analisado possui fissuração, por exemplo, interessa
saber à partida que possivelmente se irão obter menores valores para a velocidade aparente de
propagação, tendo isso em conta na análise de resultados.
Para além da análise da sensibilidade das técnicas, foi também realizada a avaliação do desempenho
mecânico através da utilização do ensaio de ultra-sons e do ensaio com esclerómetro pendular PT,
podendo também sintetizar-se algumas conclusões. A informação produzida pelos ensaios mostra-se
bastante útil na avaliação do desempenho mecânico, uma vez que pode ser relacionada com as
características mecânicas dos produtos e com as características de desempenho relevantes.
Contudo, relacionar as características referidas nem sempre é fácil, já que muitas vezes se obtêm
resultados contraditórios ou diferentes do esperado.
Capítulo 7 - Conclusões e desenvolvimentos futuros
124
Neste contexto, as situações mais ambíguas podem geralmente ser clarificadas com o cruzamento
dos resultados de ambas as técnicas, pelo que se considera que, pelo seu carácter complementar,
devem ser utilizadas em conjunto. Além disso, o cruzamento com outras técnicas complementares,
como o ensaio de arrancamento por tracção, o ensaio de esfera ou a caracterização mecânica de
amostras recolhidas, pode reduzir ainda mais a incerteza aliada à avaliação in-situ, contribuindo para
um diagnóstico mais adequado.
As técnicas de ensaio in-situ utilizadas mostraram-se também ser úteis na monitorização do
desempenho ao longo do tempo. Este é um aspecto especialmente relevante, dado que permitem
acompanhar o desempenho dos revestimentos, evitando que a análise fique refém da ausência de
critérios definidos na documentação técnica.
Por fim, foi também proposta uma metodologia para a avaliação do desempenho mecânico dos
revestimentos, com base nas técnicas utilizadas. A metodologia proposta assenta em três vias: a
inspecção visual corrente, o estudo das características das argamassas aplicadas e a análise com
técnicas de ensaio in-situ. Contudo, para que a avaliação seja mais precisa, entende-se que é
necessário desenvolver mais critérios e exigências, tendo em conta as características necessárias
das argamassas de revestimento e a forma de as avaliar em serviço.
Pelo referido, o trabalho realizado atingiu os objectivos propostos à partida, uma vez que atesta a
utilidade da utilização do ensaio de ultra-sons e do esclerómetro pendular PT na avaliação do
desempenho mecânico de revestimentos, demonstrando as potencialidades dessa utilização e
identificando os principais factores de sensibilidade a ter em conta na análise dos resultados dessas
técnicas.
7.3. Propostas para desenvolvimentos futuros
Apesar de se terem obtido resultados bastante interessantes e úteis na utilização futura das técnicas
estudadas, o presente estudo pode ainda ser aprofundado em diversos aspectos. Assim, sugerem-se
diversas linhas de investigação que podem complementar este trabalho:
aferição da influência de cada tipo de reboco nos resultados do ensaio de ultra-sons e do ensaio
com esclerómetro pendular PT;
verificação da influência de outros tipos de suporte nos resultados do ensaio de ultra-sons;
avaliação da influência dos diversos tipos de tintas existentes nos resultados do ensaio de
ultra-sons e no ensaio com esclerómetro pendular PT;
estudo da influência das condições de aplicação dos revestimentos nos resultados do ensaio de
ultra-sons e no ensaio com esclerómetro pendular PT;
avaliação da influência do número e espessura das camadas que constituem o revestimento nos
resultados do ensaio de ultra-sons e no ensaio com esclerómetro pendular PT;
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
125
aprofundar a questão da influência das condições de inspecção, para diferentes tipos de
situações;
quantificar a influência da distância entre as medições efectuadas com o ensaio de ultra-sons;
definição e aferição de mais critérios de avaliação do desempenho em serviço com base nos
resultados dos ensaios in-situ;
definição de procedimentos normalizados para a aplicação do ensaio de ultra-sons e do ensaio
com esclerómetro pendular PT na avaliação do desempenho de revestimentos de paredes.
Capítulo 7 - Conclusões e desenvolvimentos futuros
126
Técnicas de ensaio in-situ para avaliação do comportamento mecânico de rebocos em fachadas - esclerómetro e ultra-sons
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Anexos
I
A2.1. Exigências funcionais de revestimentos de paredes
Tipo de exigências Aspectos a ter em conta
Estabilidade
Segurança contra riscos de incêncio
Segurança no uso
Compatibilidade mecânica
Compatibilidade geométrica
Compatibilidade química
Exigências de estabilidade Estanquidade à àgua
Isolamento térmico
Secura dos paramentos interiores
Exigências de pureza do ar
Exigências de conforto acústico
Planeza
Verticalidade
Rectidão das arestas
Regularização e perfeição de superfície
Homogeneidade de enodoamento pela poeira
Homogeneidade de cor e brilho
Contra a aspereza dos paramentos
Contra a pegajosidade dos paramentos
Secura dos paramentos
Contra a fixação de poeiras e micro-organismos
Resistência à limpeza
Resistência ao choque e ao atrito
Resistência à acção da água
Aderência ao suporte
Resistência à formação de nódoas de produtos quimicos ou domesticos
Resistência ao endoamento pela poeira
Resistência à suspenção de cargas
Resistência aos agentes climáticos
Resistência aos produtos químicos do ar
Resistência à erosão
Resistência à fixação e ao desenvolvimento de bolores
Exigências de facilidade de limpeza
Exigências de aptidão para o armazenamento
Exigências de economia
Exigências de adaptação à utilização normal
Exigências de durabilidade
Exigências de segurança
Exigências de compatibilidade com o suporte
Exigências termo-higrométricas
Exigências de conforto visual
Exigências de conforto táctil
Exigências de higiene
Quadro A2.1 - Exigências funcionais de revestimentos de paredes (Lucas, 1990)
II
A2.2. Características de desempenho de rebocos exteriores
Figura A2.1 - Características de desempenho de rebocos exteriores (Flores-Colen, 2009)
•Retenção de água
•Variações dimensionais
•Retracção livre
•Retracção restringida
•Teor de ar incorporado
Relacionadas com o processo de endurecimento
•Massa volúmica aparente
•Resistência à compressão
•Resistência à compressão por flexão
•Resistência aos impactos e ao atrito
•Aderência ao suporte
•Módulo de elasticidade dinâmico
•Resistência à fissuração
•Reacção ao fogo
•Condutibilidade térmica
•Coeficiente de expanção higrométrico
•Coeficiente de absorção radiação solar
Relacionadas com o comportamento mecânico
•Susceptibilidade de crecimento de microorganismos
•Permeabilidade à água sob pressão
•Absorção capilar
•Teor de humidade higroscópico
•Permeabilidade ao vapr de água
•Teor de sais solúveis
Relacionadas com o comportamento à água
•Resistência a agentes químicos poluentes
•Resistência à formação de manchas
•Susceptibilidade à fendilhação
• Integridade das arestas
•Dureza adequada
•Rugosidade adequada
•Homogeneidade da textura e cor
•Boa aparência e ausência de degradação
•Adequado estado da pintura
•Grau de limpeza
Relacionadas com o comportamento da superfície do roboco
•Compatibilidade mecânica, geométrica e química com o suporte
•Elementos metálicos embebidos
•Promenores arquitectónicos da fachada
Relacionadas com os restantes elementos da fachada
III
A4.1. Caracterização geral dos muretes ensaiados na EEN do LNEC, em Lisboa
Quadro A4.1 - Caracterização geral dos muretes ensaiados na EEN do LNEC, em Lisboa (1 / 2)
Murete Idade Suporte Reboco Acabamento Revestimento Rugosidade
1S 1979 Alvenaria Tijolo TC1 (1:5) Talochado Pintura RPE (Rugoso) Elevada
1N 1979 Alvenaria Tijolo TC1 (1:5) Talochado - Média
2S 1979 Alvenaria Tijolo TC1 (1:5) Talochado Pintura (em parte) Média
2N 1979 Alvenaria Tijolo TC1 (1:5) Talochado Pintura (em parte) Média
4S 1979 Alvenaria Tijolo TC1 (1:5) Talochado Pintura RPE (Rugoso) Elevada
4N 1979 Alvenaria Tijolo TC1 (1:5) Talochado - Média
5N 1979 Alvenaria Tijolo TC1 (1:5) Talochado - Média
6S 1979 Alvenaria Tijolo TC1 (1:5) Talochado Sistema ETICS Média
6N 1979 Alvenaria Tijolo TC1 (1:5) Talochado - Média
7S-e 1988 Alvenaria Tijolo TC(I) Talochado - Média
7S-d 1988 Alvenaria Tijolo TC(I) Talochado Impermeabilização Elevada
7N 1988 Alvenaria Tijolo TC(I) Talochado - Média
10S 1988 Alvenaria Tijolo TC(I) Talochado - Média
10N 1988 Alvenaria Tijolo TC(I) Talochado - Média
19S-e 1993 Alvenaria Tijolo PD1a Casca Carvalho - Elevada
19S-d 1993 Alvenaria Tijolo PD1a Talochado - Média
19N 1989 Alvenaria Tijolo PD2 Talochado - Média
21S-e 1986 Alvenaria Blocos LECA PD3 Casca Carvalho - Elevada
21S-d 1986 Alvenaria Blocos LECA PD3 Talochado - Media
24S-e 1986 Alvenaria Tijolo PD3 Carapinha - Elevada
24S-d 1986 Alvenaria Tijolo PD3 Talochado - Média
29S-e 1990 Alvenaria Tijolo PD4a Casca Carvalho - Elevada
29S-d 1990 Alvenaria Tijolo PD4a Raspado - Média
29N-e 1990 Alvenaria Tijolo PD4a Raspado - Média
29N-d 1990 Alvenaria Tijolo PD4a Casca Carvalho - Elevada
33S 1995 Alvenaria Tijolo PD5 Areado - Baixa
33N 1995 Alvenaria Tijolo PD5 Areado - Baixa
34S-e 1993 Alvenaria Tijolo TCH(1:4) Talochado - Média
34S-d 1993 Alvenaria Tijolo TC2(1:4) Talochado - Média
34N-e 1993 Alvenaria Tijolo TC2(1:4) Talochado - Média
34N-d 1993 Alvenaria Tijolo TCH(1:4) Talochado - Média
35S-e 1995 Alvenaria Tijolo TC2(1:4) Talochado Tinta sintética Média
35S-d 1995 Alvenaria Tijolo TC2(1:4) Talochado - Média
35N-e 1995 Alvenaria Tijolo TC2(1:4) Talochado - Média
35N-d 1995 Alvenaria Tijolo TC2(1:4) Talochado Tinta sintética Média
IV
Quadro A4.2 - Caracterização geral dos muretes ensaiados na EEN do LNEC, em Lisboa (2 / 2)
Murete Idade Suporte Reboco Acabamento Revestimento Rugosidade
36S 1995 Alvenaria Tijolo PD5 Areado - Baixa
36N 1995 Alvenaria Tijolo PD5 Areado - Baixa
37S-e 1996 Alvenaria Tijolo TC(FPP) Talochado - Média
37S-d 1996 Alvenaria Tijolo TC(FV) Talochado - Média
37N-e 1996 Alvenaria Tijolo TC(FV) Talochado - Média
37N-d 1996 Alvenaria Tijolo TC(FPP) Talochado - Média
38S-e 1995 Alvenaria Tijolo TBC-CA Talochado - Média
38S-d 1995 Alvenaria Tijolo TBC-CA Talochado - Média
38N-e 1995 Alvenaria Tijolo TBC-CA Talochado - Média
38N-d 1995 Alvenaria Tijolo TBC-CA Talochado - Média
51S-e 2002 Alvenaria Tijolo PD6a Raspado - Média
51S-d 2002 Alvenaria Tijolo PD6a Casca Carvalho - Elevada
51N-e 2002 Alvenaria Tijolo PD6a Casca Carvalho - Elevada
51N-d 2002 Alvenaria Tijolo PD6a Raspado - Média
53S 2002 Alvenaria Tijolo PD6b Raspado - Média
53N 2002 Alvenaria Tijolo PD6b Raspado - Média
56S-e 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Raspado - Média
56S-d 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Raspado - Média
56N-e 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Raspado - Média
56N-d 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Raspado - Média
57S-e 2005 Alvenaria Tijolo PD7a Raspado - Média
57S-d 2005 Alvenaria Tijolo PD7b Areado - Baixa
57N-e 2005 Alvenaria Tijolo PD7b Areado - Baixa
57N-d 2005 Alvenaria Tijolo PD7a Raspado - Média
58S - Alvenaria Tijolo PD6b Raspado - Média
58N - Alvenaria Tijolo PD6b Raspado - Média
59S-e 2005 Alvenaria Tijolo PD1b Raspado - Média
59S-d 2006 Alvenaria Tijolo PD8 Raspado - Média
59N-e 2006 Alvenaria Tijolo PD8 Raspado - Média
59N-d 2005 Alvenaria Tijolo PD1b Raspado - Média
60S-e 2005 Alvenaria Tijolo PD9 Areado - Baixa
60S-d 2005 Alvenaria Tijolo PD10 Raspado - Média
60N-e 2005 Alvenaria Tijolo PD10 Raspado - Média
60N-d 2005 Alvenaria Tijolo PD9 Areado - Baixa
V
A4.2. Caracterização geral dos muretes ensaiados na EEN do fabricante, no
Carregado
Quadro A4.2 - Caracterização geral dos muretes ensaiados na EEN do fabricante, no Carregado
Murete Idade Suporte Reboco Variante Cor Acabamento Rugosidade
1S 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Normal Cor tijolo Raspado Média
2E 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Normal Cor tijolo Raspado Média
3O 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Normal Cor tijolo Raspado Média
4N 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Normal Cor tijolo Areado Baixa
5E 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Normal Branco Areado Baixa
6N 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Normal Branco Raspado Média
7O 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Fino Cor tijolo Raspado Média
8N-e 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Fino Cor tijolo Raspado Média
8N-d 2004 Alvenaria Tijolo PD4b Fino Branco Raspado Média
VI
VII
A4.3. Ficha de ensaio tipo - exemplo
Figura A4.1. - Exemplo do preenchimento da ficha de inspecção tipo (1 / 2)
VIII
Figura A4.2. - Exemplo do preenchimento da ficha de inspecção tipo (2 / 2)
IX
A5.1. Resultados obtidos no ensaio de ultra-sons
EEN no LNEC:
Abertura (mm)
100 mm 200 mm 300 mm 400 mm
T1 (μs) T2 (μs) T3 (μs) T4(μs)
Directo fenda 0-1 197.3 242.3 288.3 365.2 0.51 0.83 1.04 1.10 4 0.51 1.10 0.87 0.27 31%
Inverso fenda 3-4 43.4 113.7 147.6 297.9 2.30 1.76 2.03 1.34 4 1.34 2.30 1.86 0.41 22%
Directo fenda 1-2 75.5 143.0 307.4 424.4 1.32 1.40 0.98 0.94 4 0.94 1.40 1.16 0.23 20%
Inverso fenda 2-3 35.1 73.8 177.5 245.0 2.85 2.71 1.69 1.63 4 1.63 2.85 2.22 0.65 29%
Directo Boa - 42.4 96.6 184.8 262.5 2.36 2.07 1.62 1.52 4 1.52 2.36 1.89 0.39 21%
Inverso Boa - 52.8 106.1 186.1 258.4 1.89 1.89 1.61 1.55 4 1.55 1.89 1.73 0.18 10%
Directo Boa - 179.1 209.7 295.1 350.9 0.56 0.95 1.02 1.14 4 0.56 1.14 0.92 0.25 27%
Inverso Boa - 51.7 116.3 139.7 359.0 1.93 1.72 2.15 1.11 4 1.11 2.15 1.73 0.45 26%
Directo Boa - 32.1 117.6 178.9 235.3 3.12 1.70 1.68 1.70 4 1.68 3.12 2.05 0.71 35%
Inverso Boa - 31.8 74.3 137.8 234.9 3.14 2.69 2.18 1.70 4 1.70 3.14 2.43 0.63 26%
Directo Boa - 30.4 98.4 172.3 206.7 3.29 2.03 1.74 1.94 4 1.74 3.29 2.25 0.70 31%
Inverso Boa - 56.6 80.1 190.4 261.7 1.77 2.50 1.58 1.53 4 1.53 2.50 1.84 0.45 24%
Directo fenda 1-2 26.6 166.7 181.8 228.6 3.76 1.20 1.65 1.75 4 1.20 3.76 2.09 1.14 54%
Inverso fenda 3-4 34.3 102.4 236.2 271.1 2.92 1.95 1.27 1.48 4 1.27 2.92 1.90 0.73 38%
Directo Boa - 31.7 105.5 146.6 221.3 3.15 1.90 2.05 1.81 4 1.81 3.15 2.23 0.63 28%
Inverso Boa - 33.7 92.6 188.2 225.8 2.97 2.16 1.59 1.77 4 1.59 2.97 2.12 0.61 29%
Directo fenda 1-2 27.7 92.3 136.5 235.8 3.61 2.17 2.20 1.70 4 1.70 3.61 2.42 0.83 34%
Inverso fenda 3-4 28.4 71.3 206.8 269.6 3.52 2.81 1.45 1.48 4 1.45 3.52 2.32 1.02 44%
Directo Boa - 28.9 92.4 114.9 184.2 3.46 2.16 2.61 2.17 4 2.16 3.46 2.60 0.61 23%
Inverso Boa - 30.2 94.5 120.8 174.7 3.31 2.12 2.48 2.29 4 2.12 3.31 2.55 0.53 21%
Directo Boa - 28.6 62.8 178.3 253.1 3.50 3.18 1.68 1.58 4 1.58 3.50 2.49 1.00 40%
Inverso Boa - 31.4 110.9 185.3 257.0 3.18 1.80 1.62 1.56 4 1.56 3.18 2.04 0.77 38%
Directo Boa - 29.4 85.5 142.3 173.4 3.40 2.34 2.11 2.31 4 2.11 3.40 2.54 0.58 23%
Inverso Boa - 29.0 94.8 141.1 175.3 3.45 2.11 2.13 2.28 4 2.11 3.45 2.49 0.64 26%
Directo fenda 1-2 25.8 146.2 222.0 335.2 3.88 1.37 1.35 1.19 4 1.19 3.88 1.95 1.29 66%
Inverso fenda 2-3 38.1 77.5 247.4 353.4 2.62 2.58 1.21 1.13 4 1.13 2.62 1.89 0.83 44%
Directo Boa - 28.8 68.2 133.7 193.7 3.47 2.93 2.24 2.07 4 2.07 3.47 2.68 0.65 24%
Inverso Boa - 25.5 87.7 224.0 317.2 3.92 2.28 1.34 1.26 4 1.26 3.92 2.20 1.24 56%
Directo Boa - 41.1 79.9 108.4 138.9 2.43 2.50 2.77 2.88 4 2.43 2.88 2.65 0.21 8%
Inverso Boa - 27.8 74.0 105.4 180.0 3.60 2.70 2.85 2.22 4 2.22 3.60 2.84 0.57 20%
Directo Boa - 22.4 51.3 78.6 134.8 4.46 3.90 3.82 2.97 4 2.97 4.46 3.79 0.62 16%
Inverso Boa - 24.8 85.1 110.6 139.7 4.03 2.35 2.71 2.86 4 2.35 4.03 2.99 0.73 24%
Directo Boa - 162.5 179.1 348.2 389.3 0.62 1.12 0.86 1.03 4 0.62 1.12 0.91 0.22 24%
Inverso Boa - 40.9 108.3 183.1 411.7 2.44 1.85 1.64 0.97 4 0.97 2.44 1.73 0.61 35%
Directo Boa - 31.4 153.8 174.5 328.5 3.18 1.30 1.72 1.22 4 1.22 3.18 1.86 0.91 49%
Inverso Boa - 65.6 120.4 215.5 369.9 1.52 1.66 1.39 1.08 4 1.08 1.66 1.41 0.25 18%
Directo Boa - 30.3 50.2 100.1 181.3 3.30 3.98 3.00 2.21 4 2.21 3.98 3.12 0.74 24%
Inverso Boa - 27.2 81.9 144.3 186.6 3.68 2.44 2.08 2.14 4 2.08 3.68 2.59 0.74 29%
Directo fenda 1-2 33.3 111.3 128.1 196.7 3.00 1.80 2.34 2.03 4 1.80 3.00 2.29 0.52 23%
Inverso fenda 2-3 32.2 76.3 185.3 204.7 3.11 2.62 1.62 1.95 4 1.62 3.11 2.32 0.67 29%
Directo Boa - 26.5 91.4 120.1 177.3 3.77 2.19 2.50 2.26 4 2.19 3.77 2.68 0.74 28%
Inverso Boa - 31.7 92.5 187.5 252.5 3.15 2.16 1.60 1.58 4 1.58 3.15 2.13 0.74 35%
Directo Boa - 24.0 69.2 158.6 183.7 4.17 2.89 1.89 2.18 4 1.89 4.17 2.78 1.01 36%
Inverso Boa - 33.1 106.2 145.1 290.6 3.02 1.88 2.07 1.38 4 1.38 3.02 2.09 0.69 33%
DP CV(%)
0.2
0.04
0.3
0.4
0.4
0.6
Zona Boa/Fendilhada Abertuta (mm)Sentido V1 (km/s) V2 (km/s) V3 (km/s) V4 (km/s) N Min Max V(km/s)
4S-L2
4N-L1
4N-L2
5N-L1
5N-L2
1S-L1
1S-L2
1S-L3
1S-L1
1S-L2
1S-L3
1N-L1
1N-L2
1N-L3
1N-L4
1N-L5
1N-L2
2S-L1
2S-L2
2N-L1
2N-L2(AP)
4S-L1
Quadro A5.1 - Resultados obtidos no ensaio de ultra-sons na EEN no LNEC (1 / 5)
X
100 mm 200 mm 300 mm 400 mm
T1 (μs) T2 (μs) T3 (μs) T4(μs)
Directo Boa - 28.9 80.3 109.7 144.3 3.46 2.49 2.73 2.77 4 2.49 3.46 2.86 0.42 15%
Inverso Boa - 30.5 80.1 138.8 151.8 3.28 2.50 2.16 2.64 4 2.16 3.28 2.64 0.47 18%
Directo Boa - 26.2 48.5 101.0 138.8 3.82 4.12 2.97 2.88 4 2.88 4.12 3.45 0.62 18%
Inverso Boa - 29.5 70.5 152.4 179.9 3.39 2.84 1.97 2.22 4 1.97 3.39 2.60 0.64 24%
Directo Boa - 25.4 50.9 106.5 132.8 3.94 3.93 2.82 3.01 4 2.82 3.94 3.42 0.59 17%
Inverso Boa - 24.8 61.4 107.8 132.4 4.03 3.26 2.78 3.02 4 2.78 4.03 3.27 0.54 17%
Directo Boa - 27.4 54.1 106.2 119.3 3.65 3.70 2.82 3.35 4 2.82 3.70 3.38 0.40 12%
Inverso Boa - 37.3 61.3 106.7 134.3 2.68 3.26 2.81 2.98 4 2.68 3.26 2.93 0.25 9%
Directo Boa - 27.7 82.9 108.5 130.4 3.61 2.41 2.76 3.07 4 2.41 3.61 2.96 0.51 17%
Inverso Boa - 25.5 55.4 104.3 133.0 3.92 3.61 2.88 3.01 4 2.88 3.92 3.35 0.50 15%
Directo Boa - 35.8 79.6 107.4 130.4 2.79 2.51 2.79 3.07 4 2.51 3.07 2.79 0.23 8%
Inverso Boa - 30.7 93.0 155.0 178.3 3.26 2.15 1.94 2.24 4 1.94 3.26 2.40 0.59 25%
Directo Boa - 26.5 56.8 104.8 133.0 3.77 3.52 2.86 3.01 4 2.86 3.77 3.29 0.43 13%
Inverso Boa - 38.1 82.0 104.1 133.3 2.62 2.44 2.88 3.00 4 2.44 3.00 2.74 0.25 9%
Directo Boa - 24.1 49.4 78.8 106.5 4.15 4.05 3.81 3.76 4 3.76 4.15 3.94 0.19 5%
Inverso Boa - 24.4 82.9 101.2 175.0 4.10 2.41 2.96 2.29 4 2.29 4.10 2.94 0.83 28%
Directo Boa - 25.5 74.3 106.4 129.7 3.92 2.69 2.82 3.08 4 2.69 3.92 3.13 0.55 18%
Inverso Boa - 37.0 77.7 101.5 133.4 2.70 2.57 2.96 3.00 4 2.57 3.00 2.81 0.20 7%
Directo Boa - 27.6 74.3 107.0 149.0 3.62 2.69 2.80 2.68 4 2.68 3.62 2.95 0.45 15%
Inverso Boa - 36.4 80.8 120.3 188.0 2.75 2.48 2.49 2.13 4 2.13 2.75 2.46 0.25 10%
Directo Boa - 25.1 64.6 106.9 149.9 3.98 3.10 2.81 2.67 4 2.67 3.98 3.14 0.59 19%
Inverso Boa - 38.2 94.5 120.0 191.1 2.62 2.12 2.50 2.09 4 2.09 2.62 2.33 0.27 11%
Directo Boa - 26.3 81.6 120.7 142.9 3.80 2.45 2.49 2.80 4 2.45 3.80 2.88 0.63 22%
Inverso Boa - 33.2 104.0 166.9 191.2 3.01 1.92 1.80 2.09 4 1.80 3.01 2.21 0.55 25%
Directo Boa - 35.6 58.3 120.9 162.8 2.81 3.43 2.48 2.46 4 2.46 3.43 2.79 0.45 16%
Inverso Boa - 39.2 89.1 177.3 236.2 2.55 2.24 1.69 1.69 4 1.69 2.55 2.05 0.43 21%
Directo Boa - 28.3 77.1 131.2 170.8 3.53 2.59 2.29 2.34 4 2.29 3.53 2.69 0.58 22%
Inverso Boa - 29.7 82.8 118.1 175.2 3.37 2.42 2.54 2.28 4 2.28 3.37 2.65 0.49 18%
Directo fenda 2-3 29.1 64.3 125.8 202.7 3.44 3.11 2.38 1.97 4 1.97 3.44 2.73 0.67 24%
Inverso fenda 2-3 25.0 127.2 174.2 250.7 4.00 1.57 1.72 1.60 4 1.57 4.00 2.22 1.19 53%
Directo Boa - 25.3 59.7 109.7 140.9 3.95 3.35 2.73 2.84 4 2.73 3.95 3.22 0.56 17%
Inverso Boa - 32.0 84.5 114.8 146.7 3.13 2.37 2.61 2.73 4 2.37 3.13 2.71 0.32 12%
Directo mapeada 0.2 26.3 56.2 110.6 136.6 3.80 3.56 2.71 2.93 4 2.71 3.80 3.25 0.51 16%
Inverso mapeada 0.2 52.6 84.8 112.3 137.9 1.90 2.36 2.67 2.90 4 1.90 2.90 2.46 0.43 18%
Directo mapeada 0.2 32.9 120.7 153.3 214.8 3.04 1.66 1.96 1.86 4 1.66 3.04 2.13 0.62 29%
Inverso mapeada 0.2 60.6 81.2 155.4 248.5 1.65 2.46 1.93 1.61 4 1.61 2.46 1.91 0.39 21%
Directo Boa - 31.9 71.8 137.9 208.9 3.13 2.79 2.18 1.91 4 1.91 3.13 2.50 0.56 22%
Inverso Boa - 26.8 92.9 134.4 206.6 3.73 2.15 2.23 1.94 4 1.94 3.73 2.51 0.82 33%
Directo Boa - 35.8 69.8 134.2 167.9 2.79 2.87 2.24 2.38 4 2.24 2.87 2.57 0.31 12%
Inverso Boa - 34.3 106.1 142.8 171.4 2.92 1.89 2.10 2.33 4 1.89 2.92 2.31 0.44 19%
Directo Boa - 32.8 99.8 126.9 170.9 3.05 2.00 2.36 2.34 4 2.00 3.05 2.44 0.44 18%
Inverso Boa - 35.9 98.9 137.0 239.6 2.79 2.02 2.19 1.67 4 1.67 2.79 2.17 0.47 22%
Directo Boa - 29.4 63.1 129.7 204.2 3.40 3.17 2.31 1.96 4 1.96 3.40 2.71 0.69 25%
Inverso Boa - 45.6 105.5 202.4 269.3 2.19 1.90 1.48 1.49 4 1.48 2.19 1.76 0.35 20%
0.4
6N-L1
6N-L2
7S-e-L1
7S-e-L2
7S-d-L1
7S-d-L2
7N-L1
7N-L2
10S-L1
10S-L2
10N-L1
10N-L2
19S-e-L1
19S-e-L2
19S-d-L1
19S-d-L2
19N-L1
19N-L2
21S-e-L1
21S-e-L2
21S-d-L1
21S-d-L2
Zona Sentido Boa/Fendilhada Abertuta (mm) V1 (km/s) V2 (km/s) V3 (km/s) V4 (km/s) N CV(%)Min Max V(km/s) DP
Quadro A5.2 - Resultados obtidos no ensaio de ultra-sons na EEN no LNEC (2 / 5)
Abertura (mm)
XI
100 mm 200 mm 300 mm 400 mm
T1 (μs) T2 (μs) T3 (μs) T4(μs)
Directo Boa - 30.5 68.8 133.8 161.9 3.28 2.91 2.24 2.47 4 2.24 3.28 2.72 0.46 17%
Inverso Boa - 27.3 69.3 126.8 169.3 3.66 2.89 2.37 2.36 4 2.36 3.66 2.82 0.61 22%
Directo Boa - 58.8 91.0 140.5 390.0 1.70 2.20 2.14 1.03 4 1.03 2.20 1.76 0.54 31%
Inverso Boa - 56.1 114.0 236.0 316.2 1.78 1.75 1.27 1.27 4 1.27 1.78 1.52 0.29 19%
Directo Boa - 29.5 86.1 130.9 170.0 3.39 2.32 2.29 2.35 4 2.29 3.39 2.59 0.53 21%
Inverso Boa - 27.8 84.1 132.0 173.5 3.60 2.38 2.27 2.31 4 2.27 3.60 2.64 0.64 24%
Directo Boa - 59.0 124.5 193.7 300.4 1.69 1.61 1.55 1.33 4 1.33 1.69 1.55 0.15 10%
Inverso Boa - 48.9 119.6 202.1 284.9 2.04 1.67 1.48 1.40 4 1.40 2.04 1.65 0.29 17%
Directo fenda 1-2 30.3 85.1 147.6 197.9 3.30 2.35 2.03 2.02 4 2.02 3.30 2.43 0.60 25%
Inverso fenda 2-3 31.2 93.7 141.6 198.9 3.21 2.13 2.12 2.01 4 2.01 3.21 2.37 0.56 24%
Directo Boa - 33.0 53.0 76.0 153.7 3.03 3.77 3.95 2.60 4 2.60 3.95 3.34 0.63 19%
Inverso Boa - 27.0 69.2 116.4 155.2 3.70 2.89 2.58 2.58 4 2.58 3.70 2.94 0.53 18%
Directo Boa - 48.1 80.6 157.8 260.5 2.08 2.48 1.90 1.54 4 1.54 2.48 2.00 0.39 20%
Inverso Boa - 59.7 108.5 228.7 256.1 1.68 1.84 1.31 1.56 4 1.31 1.84 1.60 0.22 14%
Directo Boa - 33.9 66.5 138.8 195.0 2.95 3.01 2.16 2.05 4 2.05 3.01 2.54 0.51 20%
Inverso Boa - 28.0 84.5 125.8 158.7 3.57 2.37 2.38 2.52 4 2.37 3.57 2.71 0.58 21%
Directo Boa - 30.2 94.3 130.7 189.7 3.31 2.12 2.30 2.11 4 2.11 3.31 2.46 0.57 23%
Inverso Boa - 30.9 97.0 128.1 189.7 3.24 2.06 2.34 2.11 4 2.06 3.24 2.44 0.55 22%
Directo Boa - 52.7 107.3 147.5 175.8 1.90 1.86 2.03 2.28 4 1.86 2.28 2.02 0.19 9%
Inverso Boa - 83.3 112.5 142.8 176.8 1.20 1.78 2.10 2.26 4 1.20 2.26 1.84 0.47 26%
Directo Boa - 23.9 76.1 110.1 134.8 4.18 2.63 2.72 2.97 4 2.63 4.18 3.13 0.72 23%
Inverso Boa - 26.1 76.6 105.6 137.8 3.83 2.61 2.84 2.90 4 2.61 3.83 3.05 0.54 18%
Directo Boa - 31.5 82.3 121.5 193.5 3.17 2.43 2.47 2.07 4 2.07 3.17 2.54 0.46 18%
Inverso Boa - 42.4 89.9 123.5 261.5 2.36 2.22 2.43 1.53 4 1.53 2.43 2.14 0.41 19%
Directo Boa - 27.8 63.5 116.3 147.8 3.60 3.15 2.58 2.71 4 2.58 3.60 3.01 0.46 15%
Inverso Boa - 28.5 78.5 125.0 193.1 3.51 2.55 2.40 2.07 4 2.07 3.51 2.63 0.62 23%
Directo mapeada 72.9 88.8 134.0 180.5 1.37 2.25 2.24 2.22 4 1.37 2.25 2.02 0.43 21%
Inverso mapeada 33.5 61.1 139.2 233.1 2.99 3.27 2.16 1.72 4 1.72 3.27 2.53 0.72 28%
Directo mapeada 28.4 95.4 126.6 148.5 3.52 2.10 2.37 2.69 4 2.10 3.52 2.67 0.62 23%
Inverso mapeada 54.6 120.3 118.1 153.5 1.83 1.66 2.54 2.61 4 1.66 2.61 2.16 0.48 22%
Directo Boa - 33.9 70.6 102.4 162.8 2.95 2.83 2.93 2.46 4 2.46 2.95 2.79 0.23 8%
Inverso Boa - 36.6 64.5 126.7 163.5 2.73 3.10 2.37 2.45 4 2.37 3.10 2.66 0.33 12%
Directo Boa - 32.5 65.7 125.5 155.5 3.08 3.04 2.39 2.57 4 2.39 3.08 2.77 0.34 12%
Inverso Boa - 32.2 82.3 135.6 173.7 3.11 2.43 2.21 2.30 4 2.21 3.11 2.51 0.41 16%
Directo Boa - 35.2 87.0 124.3 185.1 2.84 2.30 2.41 2.16 4 2.16 2.84 2.43 0.29 12%
Inverso Boa - 31.5 60.5 117.0 182.4 3.17 3.31 2.56 2.19 4 2.19 3.31 2.81 0.52 19%
Directo Boa - 32.1 63.3 118.8 192.8 3.12 3.16 2.53 2.07 4 2.07 3.16 2.72 0.52 19%
Inverso Boa - 33.9 62.6 114.4 212.4 2.95 3.19 2.62 1.88 4 1.88 3.19 2.66 0.57 21%
Directo Boa - 62.0 122.1 226.6 313.4 1.61 1.64 1.32 1.28 4 1.28 1.64 1.46 0.19 13%
Inverso Boa - 61.6 115.8 206.7 316.0 1.62 1.73 1.45 1.27 4 1.27 1.73 1.52 0.20 13%
Directo Boa - 67.1 120.8 210.0 422.0 1.49 1.66 1.43 0.95 4 0.95 1.66 1.38 0.30 22%
Inverso Boa - 67.7 151.5 219.5 419.0 1.48 1.32 1.37 0.95 4 0.95 1.48 1.28 0.23 18%
Directo Boa - 41.0 80.2 112.5 162.9 2.44 2.49 2.67 2.46 4 2.44 2.67 2.51 0.10 4%
Inverso Boa - 41.2 68.8 131.4 180.4 2.43 2.91 2.28 2.22 4 2.22 2.91 2.46 0.31 13%
Directo Boa - 40.6 72.4 105.3 155.4 2.46 2.76 2.85 2.57 4 2.46 2.85 2.66 0.18 7%
Inverso Boa - 41.6 71.3 128.1 174.7 2.40 2.81 2.34 2.29 4 2.29 2.81 2.46 0.23 10%
0.6
24S-e-L1
24S-e-L2
24S-d-L1
38S-d-L1
38N-e-L1
38N-d-L1
24S-d-L2
33S-L1
33N-L1
34S-e-L1
34S-d-L1
34N-e-L1
34N-d-L1
35S-e-L1
35S-d-L1
35N-e-L1
36S-L1
36N-L1
37S-e-L1
37S-d-L1
37N-e-L1
V4 (km/s) N Min Max V(km/s) DP CV(%)Zona Sentido Boa/Fendilhada Abertuta (mm) V1 (km/s) V2 (km/s) V3 (km/s)
37N-d-L1
38S-e-L1
0.6
0.6
Abertura mm)
Quadro A5.3 - Resultados obtidos no ensaio de ultra-sons na EEN no LNEC (3 / 5)
XII
100 mm 200 mm 300 mm 400 mm
T1 (μs) T2 (μs) T3 (μs) T4(μs)
Directo Boa - 53.8 88.2 134.1 199.1 1.86 2.27 2.24 2.01 4 1.86 2.27 2.09 0.19 9%
Inverso Boa - 41.0 92.8 137.6 235.0 2.44 2.16 2.18 1.70 4 1.70 2.44 2.12 0.31 14%
Directo Boa - 26.4 95.1 126.0 246.5 3.79 2.10 2.38 1.62 4 1.62 3.79 2.47 0.93 38%
Inverso Boa - 52.7 134.1 195.2 250.0 1.90 1.49 1.54 1.60 4 1.49 1.90 1.63 0.18 11%
Directo Boa - 30.4 73.2 129.2 164.2 3.29 2.73 2.32 2.44 4 2.32 3.29 2.69 0.43 16%
Inverso Boa - 37.1 74.9 114.1 164.2 2.70 2.67 2.63 2.44 4 2.44 2.70 2.61 0.12 5%
Directo Boa - 27.3 94.4 110.3 199.6 3.66 2.12 2.72 2.00 4 2.00 3.66 2.63 0.76 29%
Inverso Boa - 38.2 121.5 170.9 222.0 2.62 1.65 1.76 1.80 4 1.65 2.62 1.96 0.45 23%
Directo Boa - 36.2 77.9 120.2 186.1 2.76 2.57 2.50 2.15 4 2.15 2.76 2.49 0.26 10%
Inverso Boa - 34.3 75.2 143.6 187.8 2.92 2.66 2.09 2.13 4 2.09 2.92 2.45 0.41 17%
Directo Boa - 38.2 74.3 113.2 185.5 2.62 2.69 2.65 2.16 4 2.16 2.69 2.53 0.25 10%
Inverso Boa - 35.2 72.3 112.8 189.8 2.84 2.77 2.66 2.11 4 2.11 2.84 2.59 0.33 13%
Directo Boa - 29.9 68.3 106.5 168.1 3.34 2.93 2.82 2.38 4 2.38 3.34 2.87 0.40 14%
Inverso Boa - 33.7 89.3 133.3 168.0 2.97 2.24 2.25 2.38 4 2.24 2.97 2.46 0.34 14%
Directo Boa - 32.5 73.6 118.7 162.4 3.08 2.72 2.53 2.46 4 2.46 3.08 2.70 0.28 10%
Inverso Boa - 35.6 76.7 144.5 184.1 2.81 2.61 2.08 2.17 4 2.08 2.81 2.42 0.35 14%
Directo Boa - 33.1 74.3 117.8 154.3 3.02 2.69 2.55 2.59 4 2.55 3.02 2.71 0.21 8%
Inverso Boa - 36.7 95.8 114.5 160.9 2.72 2.09 2.62 2.49 4 2.09 2.72 2.48 0.28 11%
Directo Boa - 30.4 74.0 128.0 169.5 3.29 2.70 2.34 2.36 4 2.34 3.29 2.67 0.44 17%
Inverso Boa - 33.9 67.4 110.0 170.5 2.95 2.97 2.73 2.35 4 2.35 2.97 2.75 0.29 11%
Directo Boa - 31.8 89.8 155.2 203.5 3.14 2.23 1.93 1.97 4 1.93 3.14 2.32 0.57 24%
Inverso Boa - 37.5 77.3 137.7 196.3 2.67 2.59 2.18 2.04 4 2.04 2.67 2.37 0.31 13%
Directo Boa - 30.9 90.9 129.6 167.5 3.24 2.20 2.31 2.39 4 2.20 3.24 2.53 0.47 19%
Inverso Boa - 37.4 97.7 138.3 171.2 2.67 2.05 2.17 2.34 4 2.05 2.67 2.31 0.27 12%
Directo Boa - 33.3 104.3 124.6 158.5 3.00 1.92 2.41 2.52 4 1.92 3.00 2.46 0.45 18%
Inverso Boa - 34.3 106.5 133.4 162.3 2.92 1.88 2.25 2.46 4 1.88 2.92 2.38 0.43 18%
Directo Boa - 30.9 81.9 123.0 175.9 3.24 2.44 2.44 2.27 4 2.27 3.24 2.60 0.43 17%
Inverso Boa - 36.9 101.4 134.6 184.4 2.71 1.97 2.23 2.17 4 1.97 2.71 2.27 0.31 14%
Directo Boa - 38.8 122.2 161.6 216.7 2.58 1.64 1.86 1.85 4 1.64 2.58 1.98 0.41 21%
Inverso Boa - 40.5 78.4 189.3 219.1 2.47 2.55 1.58 1.83 4 1.58 2.55 2.11 0.48 23%
Directo Boa - 34.3 74.4 117.5 243.4 2.92 2.69 2.55 1.64 4 1.64 2.92 2.45 0.56 23%
Inverso Boa - 58.4 122.6 169.1 247.4 1.71 1.63 1.77 1.62 4 1.62 1.77 1.68 0.07 4%
Directo Boa - 30.4 66.8 102.9 133.8 3.29 2.99 2.92 2.99 4 2.92 3.29 3.05 0.17 5%
Inverso Boa - 36.4 72.2 108.8 139.7 2.75 2.77 2.76 2.86 4 2.75 2.86 2.78 0.05 2%
Directo Boa - 36.3 66.9 107.4 174.2 2.75 2.99 2.79 2.30 4 2.30 2.99 2.71 0.29 11%
Inverso Boa - 42.4 75.8 136.5 185.4 2.36 2.64 2.20 2.16 4 2.16 2.64 2.34 0.22 9%
Directo Boa - 36.5 97.7 135.1 172.4 2.74 2.05 2.22 2.32 4 2.05 2.74 2.33 0.29 13%
Inverso Boa - 39.3 99.3 138.2 174.7 2.54 2.01 2.17 2.29 4 2.01 2.54 2.25 0.22 10%
Directo Boa - 35.4 74.8 114.7 177.5 2.82 2.67 2.62 2.25 4 2.25 2.82 2.59 0.24 9%
Inverso Boa - 32.8 71.3 109.0 173.4 3.05 2.81 2.75 2.31 4 2.31 3.05 2.73 0.31 11%
Directo Boa - 42.6 97.0 132.0 170.1 2.35 2.06 2.27 2.35 4 2.06 2.35 2.26 0.14 6%
Inverso Boa - 38.1 94.0 144.5 173.3 2.62 2.13 2.08 2.31 4 2.08 2.62 2.28 0.25 11%
Directo Boa - 36.5 71.4 105.3 138.5 2.74 2.80 2.85 2.89 4 2.74 2.89 2.82 0.06 2%
Inverso Boa - 37.4 67.4 105.3 142.4 2.67 2.97 2.85 2.81 4 2.67 2.97 2.82 0.12 4%
Directo Boa - 33.3 71.7 104.4 183.7 3.00 2.79 2.87 2.18 4 2.18 3.00 2.71 0.37 14%
Inverso Boa - 36.6 72.7 108.5 186.4 2.73 2.75 2.76 2.15 4 2.15 2.76 2.60 0.30 12%
Directo Boa - 42.2 87.8 126.7 163.1 2.37 2.28 2.37 2.45 4 2.28 2.45 2.37 0.07 3%
Inverso Boa - 41.0 89.1 130.4 166.1 2.44 2.24 2.30 2.41 4 2.24 2.44 2.35 0.09 4%
59S-d-L1
59N-e-L1
59N-d-L1
60S-e-L1
60N-e-L1
60S-d-L1
60N-d-L1
51S-e-L1
51S-d-L1
51N-e-L1
51N-d-L1
53S-L1
53N-L1
56S-e-L1
56S-d-L1
56N-e-L1
56N-d-L1
57S-e-L1
57S-d-L1
57N-e-L1
57N-d-L1
58S-L1
58N-L1
59S-e-L1
Zona Sentido Boa/Fendilhada Abertuta (mm) V1 (km/s) V2 (km/s) V3 (km/s) V4 (km/s) N Min Max V(km/s) DP CV(%)
Quadro A5.4 - Resultados obtidos no ensaio de ultra-sons na EEN no LNEC (4 / 5)
Abertura (mm)
XIII
EEN no Carregado:
100 mm 200 mm 300 mm 400 mm
T1 (μs) T2 (μs) T3 (μs) T4(μs)
Directo fenda 1-2 39.9 82.5 128.6 209.5 2.51 2.42 2.33 1.91 4 1.91 2.51 2.29 0.27 11.58%
Inverso fenda 2-3 40.3 86.0 131.8 212.7 2.48 2.33 2.28 1.88 4 1.88 2.48 2.24 0.26 11.41%
Directo fenda 3-4 44.7 85.1 133.5 178.5 2.24 2.35 2.25 2.24 4 2.24 2.35 2.27 0.05 2.40%
Inverso fenda 0-1 46.8 86.5 133.3 225.7 2.14 2.31 2.25 1.77 4 1.77 2.31 2.12 0.24 11.41%
Directo fenda 1-2 44.7 88.8 133.7 194.5 2.24 2.25 2.24 2.06 4 2.06 2.25 2.20 0.09 4.28%
Inverso fenda 2-3 39.6 82.8 130.5 196.8 2.53 2.42 2.30 2.03 4 2.03 2.53 2.32 0.21 9.13%
Directo fenda 3-4 35.1 84.6 123.4 209.3 2.85 2.36 2.43 1.91 4 1.91 2.85 2.39 0.38 16.07%
Inverso fenda 0-1 42.7 79.9 124.3 209.5 2.34 2.50 2.41 1.91 4 1.91 2.50 2.29 0.26 11.50%
Directo Boa - 37.7 83.3 116.6 176.8 2.65 2.40 2.57 2.26 4 2.26 2.65 2.47 0.17 7.07%
Inverso Boa - 41.0 76.8 125.3 178.7 2.44 2.60 2.39 2.24 4 2.24 2.60 2.42 0.15 6.22%
Directo fenda 1-2 41.8 86.0 125.8 174.4 2.39 2.33 2.38 2.29 4 2.29 2.39 2.35 0.05 2.02%
Inverso fenda 2-3 45.5 84.5 129.1 212.8 2.20 2.37 2.32 1.88 4 1.88 2.37 2.19 0.22 10.05%
Directo Boa - 34.7 75.8 140.8 185.2 2.88 2.64 2.13 2.16 4 2.13 2.88 2.45 0.37 15.04%
Inverso Boa - 41.0 79.0 141.4 191.3 2.44 2.53 2.12 2.09 4 2.09 2.53 2.30 0.22 9.69%
Directo fenda 1-2 E 2-3 36.8 79.3 122.7 162.1 2.72 2.52 2.44 2.47 4 2.44 2.72 2.54 0.12 4.88%
Inverso fenda 1-2 E 2-3 37.3 82.9 127.2 190.3 2.68 2.41 2.36 2.10 4 2.10 2.68 2.39 0.24 9.94%
Directo fenda 2-3 1.0 33.5 154.7 331.3 342.4 2.99 1.29 0.91 1.17 4 0.91 2.99 1.59 0.95 59.53%
Inverso fenda 1-2 1.0 36.8 186.8 221.4 344.0 2.72 1.07 1.36 1.16 4 1.07 2.72 1.58 0.77 48.83%
Directo Boa - 35.5 76.9 152.5 194.4 2.82 2.60 1.97 2.06 4 1.97 2.82 2.36 0.41 17.51%
Inverso Boa - 42.6 74.9 110.2 191.4 2.35 2.67 2.72 2.09 4 2.09 2.72 2.46 0.30 12.04%
Min Max V(km/s) DP CV(%)
1S-L1
1S-L2
2E-L1
2E-L2
Zona Sentido Boa/Fendilhada Abertuta (mm) V1 (km/s) V2 (km/s) V3 (km/s) V4 (km/s) N
3O-L1
4N-L1
4N-L2
6N-L1
6N-L2
8N-e-L1
0.08
0.06
0.08
0.04
0.1
0.06/0.08
Quadro A5.6 - Resultados obtidos no ensaio de ultra-sons na EEN no Carregado
Abertura (mm)
70 mm 140 mm 210 mm 280 mm 350 mm
T1 (μs) T2 (μs) T3 (μs) T4(μs) T5 (μs)
Directo Boa - 29.0 64.1 101.6 130.8 193.5 2.41 2.18 2.07 2.14 1.81 5 1.81 2.41 2.12 0.22 10%
Inverso Boa - 27.8 54.7 121.1 157.4 192.6 2.52 2.56 1.73 1.78 1.82 5 1.73 2.56 2.08 0.42 20%
Directo Boa - 32.1 59.7 87.8 107.5 192.5 2.18 2.35 2.39 2.60 1.82 5 1.82 2.60 2.27 0.29 13%
Inverso Boa - 30.5 36.3 108.1 150.1 192.2 2.30 3.86 1.94 1.87 1.82 5 1.82 3.86 2.36 0.86 36%
Directo Boa - 33.0 53.0 76.0 153.7 185.5 2.12 2.64 2.76 1.82 1.89 5 1.82 2.76 2.25 0.43 19%
Inverso Boa - 27.0 69.2 116.4 155.2 181.2 2.59 2.02 1.80 1.80 1.93 5 1.80 2.59 2.03 0.33 16%
Directo Boa - 41.0 57.9 109.4 130.5 178.3 1.71 2.42 1.92 2.15 1.96 5 1.71 2.42 2.03 0.27 13%
Inverso Boa - 35.3 57.1 109.8 127.8 201.1 1.98 2.45 1.91 2.19 1.74 5 1.74 2.45 2.06 0.27 13%
Directo Boa - 18.8 51.6 100.4 116.9 137.7 3.72 2.71 2.09 2.40 2.54 5 2.09 3.72 2.69 0.62 23%
Inverso Boa - 17.9 58.8 104.1 120.8 153.6 3.91 2.38 2.02 2.32 2.28 5 2.02 3.91 2.58 0.76 29%
Directo Boa - 21.5 42.7 87.8 105.7 149.5 3.26 3.28 2.39 2.65 2.34 5 2.34 3.28 2.78 0.46 16%
Inverso Boa - 20.9 54.4 81.2 111.0 146.6 3.35 2.57 2.59 2.52 2.39 5 2.39 3.35 2.68 0.38 14%
Zona Boa/Fendilhada Abertura(mm) V1 (km/s) V2 (km/s) V3 (km/s) V4 (km/s) V5 (km/s) N Min Max V(km/s)
29N-e-L1
29N-d-L1
33N-L2
35N-d-L1
Sentido DP CV(%)
29S-e-L1
29S-d-L1
Quadro A5.5 - Resultados obtidos no ensaio de ultra-sons na EEN no LNEC (5 / 5)
Abertura (mm)
XIV
XV
A5.2. Resultados obtidos no ensaio com esclerómetro pendular PT
EEN no LNEC:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1S 25 48 33 33 36 45 39 44 41 9 25 48 38.22 7.22 18.90%
1S 34 42 42 36 49 35 42 43 46 9 34 49 41.00 5.07 12.38%
1N 94 98 86 101 105 110 110 102 92 9 86 110 99.78 8.14 8.15%
1N 81 85 90 102 84 92 88 94 84 9 81 102 88.89 6.47 7.28%
2S 93 87 91 84 84 87 85 7 84 93 87.29 3.50 4.01%
2S 105 106 87 112 102 5 87 112 102.40 9.34 9.12%
2S 73 94 98 102 100 94 80 7 73 102 91.57 10.89 11.89%
2N 97 97 74 81 90 93 92 7 74 97 89.14 8.59 9.64%
4S 43 35 37 40 27 31 50 35 43 9 27 50 37.89 6.95 18.35%
4N 89 75 88 87 86 88 87 98 95 9 75 98 88.11 6.37 7.23%
5N 80 82 76 66 89 97 73 100 95 9 66 100 84.22 11.72 13.92%
6S 82 70 72 90 73 68 63 73 60 9 60 90 72.33 9.15 12.65%
6N 84 88 88 96 83 102 93 83 93 9 83 102 90.00 6.52 7.24%
7S-e 73 70 76 80 77 83 6 70 83 76.50 4.68 6.12%
7S-d 33 40 37 38 30 44 6 30 44 37.00 4.98 13.46%
7N 77 80 85 75 80 76 67 77 77 9 67 85 77.11 4.83 6.27%
10S 79 74 74 67 75 80 92 77 83 9 67 92 77.89 6.97 8.95%
10N 89 73 75 95 77 89 84 71 72 9 71 95 80.56 8.86 11.00%
19S-e 90 101 96 93 98 104 6 90 104 97.00 5.14 5.30%
19S-d 100 98 94 86 109 93 6 86 109 96.67 7.74 8.00%
19N 103 119 126 102 128 90 125 84 79 9 79 128 106.22 19.06 17.95%
21S-e 78 69 61 70 55 79 6 55 79 68.67 9.40 13.68%
21S-d 73 74 73 72 67 72 6 67 74 71.83 2.48 3.46%
24S-e 39 33 36 38 35 20 6 20 39 33.50 6.95 20.75%
24S-d 67 71 71 81 71 76 6 67 81 72.83 4.92 6.75%
29S-e 58 61 65 66 54 57 6 54 66 60.17 4.71 7.83%
29S-d 53 58 58 62 63 72 6 53 72 61.00 6.45 10.57%
29N-e 68 64 65 60 76 74 6 60 76 67.83 6.15 9.06%
29N-d 58 58 66 66 68 68 6 58 68 64.00 4.73 7.40%
33S 90 90 92 97 92 98 100 104 110 9 90 110 97.00 6.86 7.07%
33N 103 90 100 104 92 116 96 102 98 9 90 116 100.11 7.66 7.65%
34S-e 76 63 68 59 57 61 6 57 76 64.00 6.99 10.92%
34S-d 89 80 85 90 91 93 6 80 93 88.00 4.73 5.38%
34N-e 86 88 65 60 99 98 6 60 99 82.67 16.54 20.00%
34N-d 103 96 58 65 47 40 6 40 103 68.17 25.86 37.93%
ZonaMedições
N Min Max IE DP CV(%)
Quadro A5.7 - Resultados obtidos no ensaio com esclerómetro pendular PT na EEN no LNEC (1 / 2)
XVI
1 2 3 4 5 6 7 8 9
35S-e 79 75 77 66 71 76 6 66 79 74.00 4.73 6.40%
35S-d 96 84 110 96 86 99 6 84 110 95.17 9.43 9.91%
35N-e 100 92 90 110 97 88 6 88 110 96.17 8.11 8.43%
35N-d 72 73 77 78 67 74 6 67 78 73.50 3.94 5.36%
36S 107 94 109 111 111 119 106 111 106 9 94 119 108.22 6.65 6.14%
36N 94 104 94 109 111 98 106 109 88 9 88 111 101.44 8.19 8.07%
37S-e 57 60 61 73 66 76 6 57 76 65.50 7.61 11.62%
37S-d 99 100 100 94 87 110 6 87 110 98.33 7.61 7.74%
37N-e 106 85 93 93 79 89 6 79 106 90.83 9.13 10.05%
37N-d 71 77 69 76 64 64 6 64 77 70.17 5.64 8.03%
38S-e 79 78 80 93 94 80 6 78 94 84.00 7.40 8.81%
38S-d 70 75 68 80 82 83 6 68 83 76.33 6.35 8.31%
38N-e 70 69 76 81 76 69 6 69 81 73.50 4.93 6.71%
38N-d 88 81 83 86 88 79 6 79 88 84.17 3.76 4.47%
51S-e 86 83 85 83 89 86 6 83 89 85.33 2.25 2.64%
51S-d 77 65 76 67 71 86 6 65 86 73.67 7.69 10.43%
51N-e 69 66 73 60 62 76 6 60 76 67.67 6.22 9.19%
51N-d 85 87 83 84 90 89 6 83 90 86.33 2.80 3.25%
53S 69 65 59 64 66 68 60 63 8 59 69 64.25 3.54 5.50%
53N 63 67 55 53 59 69 61 68 8 53 69 61.88 5.99 9.68%
56S-e 82 84 82 83 88 90 6 82 90 84.83 3.37 3.97%
56S-d 98 103 104 105 98 98 6 98 105 101.00 3.35 3.31%
56N-e 84 87 86 84 87 79 6 79 87 84.50 3.02 3.57%
56N-d 81 79 76 71 70 70 6 70 81 74.50 4.85 6.51%
57S-e 82 84 82 83 88 90 6 82 90 84.83 3.37 3.97%
57S-d 98 103 104 105 98 98 6 98 105 101.00 3.35 3.31%
57N-e 103 104 110 92 102 94 6 92 110 100.83 6.71 6.65%
57N-d 86 95 92 88 97 87 6 86 97 90.83 4.54 4.99%
58S 55 56 55 60 49 52 58 57 8 49 60 55.25 3.45 6.25%
58N 79 88 82 80 89 76 74 66 8 66 89 79.25 7.50 9.46%
59S-e 80 78 82 81 82 88 6 78 88 81.83 3.37 4.12%
59S-d 93 92 91 96 98 98 6 91 98 94.67 3.08 3.25%
59N-e 104 96 92 94 90 86 6 86 104 93.67 6.12 6.53%
59N-d 78 79 95 88 72 80 6 72 95 82.00 8.17 9.97%
60S-e 74 83 85 93 96 98 6 74 98 88.17 9.15 10.38%
60S-d 60 58 57 56 56 58 6 56 60 57.50 1.52 2.64%
60N-e 50 62 58 62 55 53 6 50 62 56.67 4.89 8.62%
60N-d 81 88 81 84 83 76 6 76 88 82.17 3.97 4.83%
DP CV(%)ZonaMedições
N Min Max IE
Quadro A5.8 - Resultados obtidos no ensaio com esclerómetro pendular PT na EEN no LNEC (2 / 2)
XVII
EEN no Carregado:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1S 75 70 75 62 52 67 75 68 73 9 52 75 68.56 7.63 11%
2E 78 70 67 70 71 61 72 64 65 9 61 78 68.67 5.05 7%
3O 65 64 70 68 61 70 68 77 81 9 61 81 69.33 6.28 9%
4N 70 84 88 80 69 72 81 83 99 9 69 99 80.67 9.57 12%
5E 67 66 73 73 68 77 76 71 74 9 66 77 71.67 3.94 5%
6N 72 65 59 75 64 64 75 72 63 9 59 75 67.67 5.87 9%
7O 70 63 61 68 66 66 68 67 70 9 61 70 66.56 3.00 5%
8N-e 79 78 78 75 80 77 71 75 80 9 71 80 77.00 2.92 4%
8N-d 64 61 74 74 70 71 74 76 66 9 61 76 70.00 5.22 7%
MediçõesZona N Max IE CV(%)DPMin
Quadro A5.9 - Resultados obtidos no ensaio com esclerómetro pendular PT na EEN no Carregado