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UNIVERSIDADE DE COIMBRA
FACULDADE DE ECONOMIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GESTÃO DA INFORMAÇÃO NAS
ORGANIZAÇÕES
ANÁLISE À CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS PROFESSORES DO 1º CICLO
MARIA DA PENHA BOINA DALVI
COIMBRA 2004
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
FACULDADE DE ECONOMIA
ANÁLISE À CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS PROFESSORES DO 1º CICLO
DISSERTAÇÃO APRESENTADA NA FACULDADE DE ECONOMIA DA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
GESTÃO DA INFORMAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES, SOB ORIENTAÇÃO DO
PROFESSOR DOUTOR JOÃO VERÍSSIMO OLIVEIRA LISBOA (FEUC).
MARIA DA PENHA BOINA DALVI
COIMBRA 2004
Agradecimentos
“Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e
desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me de
acabar; deveria inibir-me até de dar começo. Mas distraio-me e
faço. O que consigo é um produto, em mim, não de uma
aplicação de vontade, mas de uma cedência dela. Começo porque
não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para
suspender”…
Fernando Pessoa – O livro do desassossego, trecho 152.
Agradecer a todos que ajudaram e contribuíram no desenvolvimento deste
trabalho não é tarefa fácil. O maior perigo que se coloca para o agradecimento selectivo
não é decidir quem incluir, mas decidir quem não mencionar; mas se devo ser selectiva,
então é melhor começar.
Os sinceros agradecimentos ao Professor Doutor João Veríssimo Oliveira
Lisboa, que acreditou no projecto a ponto de conferir a honra de sua orientação.
A todos os professores que ministraram suas disciplinas no decorrer do curso, e
que agora pude integrar e enriquecer o conteúdo deste trabalho assim como a minha
vida.
Agradeço aqueles que, de uma ou outra forma, ajudaram na difícil tarefa de
encontrar, fontes bibliográficas, não fontes oportunas, mas também facilitando
exemplares muito valiosos.
Aos meus amigos, familiares e filhos, Virgínia e Thomas, abençoados sejam
pela compreensão e afecto, por minha ausência em momentos especiais e rotineiros.
Sem dúvida, invejo e agradeço as milhares de pessoas que contribuíram e
contribuem para que conheçamos e façamos uso das novas tecnologias, dada tamanha
velocidade de transformação e dependências geradas, sem ofuscar o colorido de nossas
vidas, modificando o perfil da sociedade e nos possibilitando a continuidade desses
desenvolvimentos e difusão da nossa aprendizagem.
Resumo O presente trabalho propõe os princípios mínimos a serem considerados na
concepção e desenvolvimento do ensino / aprendizagem na utilização das Tecnologias
de Informação e Comunicação, propriamente o computador e a Internet por parte dos
professores que actuam nas escolas do 1º ciclo. Os princípios propostos estão
fundamentados na Abordagem Actuante da Ciência Cognitiva e na Metodologia
Problematizadora.
Estudou-se como os professores estão incluindo o emprego do recurso
tecnológico no desenvolvimento das suas actividades na sala de aula, analisando os
factores motivacionais em que acreditamos que só podem existir se o professor estiver
satisfeito e quiser fazer parte do meio profissional que o envolve e deseja atingir os
objectivos educacionais.
Na educação, os professores são chamados a participar nas novas mudanças que
estão ocorrendo com a inserção das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC) na escola e para isso a formação continuada, contextualizada e fixada na escola
tem um papel importante. Formar professores criativos, autónomos, reflexivos sobre a
sua prática e ousados na busca de novas metodologias, em prol de um ensino mais
aliciante, criativo e eficiente para os alunos, constitui o objectivo da escola, sob pena de
não desempenhar sua função neste século.
Este trabalho apresenta uma análise na aquisição de conhecimento através das
TIC pelos professores do 1º ciclo, com ênfase na formação contínua, que possam ser
reflectidas de modo a articular o fazer e o pensar na profissão de professor.
Com base numa amostra de 80 professores num universo de recolha de 1.338
professores, encontrámos os resultados necessários para a análise do estudo, existindo a
necessidade de desenvolver uma intensa acção colaborativa e cooperativa no âmbito de
projectos na formação de professores do 1º ciclo num ambiente propício para a
utilização das tecnologias de informação e comunicação na sala de aula, até que exista
autonomia dos professores para a verdadeira utilização dessas novas tecnologias como
mais um suporte no ensino/aprendizagem.
PALAVRAS -CHAVE: aprendizagem, motivação, formação, educação, tecnologia de
informação e comunicação.
Abstract This work proposes the minima principles to be observed in the conception and
development of the teaching/learning of the Information and Communication
Technologies, properly the computer and the Internet, by the educators in the "1º ciclo"
schools. The proposed principles are based upon the "Abordagem Actuante da Ciência
Cognitiva" and the "Metodologia Problematizadora".
We have been studied how the educators are inserting the use of technological
resources in the development of his classroom works, analysing the motivational
factors, wich ones we believe that only can exist if the educator is satisfied and willing
to take part in the professional environment that encloses him and wish to achieve the
educational objectives.
In education, educators are called to participate in the new changes that are
occurring with the insertion of the New Information and Communication Technologies
in the school, thus the continuated education, with focus in the school, has an important
role. To promote creative and autonomous educators, thinkers about his pratice and
daring in the serch of new methodologies for a more seductive, creative and efficient
teaching for the students, is the school goal, liable of not accomplish its mission in this
century.
This work presents an analysis of knowledge acquisition through the ICT by the
educators of the "1º ciclo" with emphasis on the continuos education that can be thought
in a way to link the doing and thinking in the educating profession.
Being based on the sample of 80 educators selected from a group of 1.338
educators, we have found the answers needed for the analysis of the study, being in
need of developing an intense and co-operative action related to the projects on the
formation of primary school educators inside an appropriate environment for the use of
information and communication technologies in the classroom until educators have
autonomy for the real use of those technologies as another support for the
teaching/learning process.
KEYWORDS : learning, motivation, formation, education, information and
communication technology.
Índice
Capítulo I ...................................................................................... 11 Introdução.........................................................................................11
Capítulo II .................................................................................... 16 Fundamentação teórica.....................................................................16
2.1. Aprendizagem................................................................................ 17 2.2. Motivação....................................................................................... 21 2.3. Educação e as Tecnologias de Informação e Comunicação........... 27 2.4. Formação de professores............................................................... 29 2.5. Formação de professores e o processo da motivação, aprendizagem e as tecnologias de informação e comunicação........................................... 30
Capítulo III ................................................................................... 45 Características das escolas do 1º ciclo e as novas tecnologias .........45
3.1. Estrutura tecnológica nas escolas do 1º ciclo.................................... 45 3.2. Característica das escolas do 1º ciclo em Portugal ............................ 47
Capítulo IV ................................................................................... 51 Metodologia ......................................................................................51
4.1. População em estudo e a amostra identificada .................................. 51
Capítulo V..................................................................................... 57 Resultados .........................................................................................57
Atitude positiva face às TIC ................................................................... 67 Atitude negativa face às TIC .................................................................. 68
Capítulo VI ................................................................................... 82 Conclusões.........................................................................................82
6.1. Constatações ................................................................................... 82 6.2. Perspectivas .................................................................................... 89 6.3. Proposições ..................................................................................... 90
Referências Bibliográficas............................................................ 92 Bibliografia ................................................................................... 95 Sites consultados na Internet ....................................................... 99 Anexo A....................................................................................... 104
Questionário para os professores das escolas de 1º ciclo ....................... 104
Anexo B....................................................................................... 109 Relatório de Visitas .............................................................................. 109
Anexo C....................................................................................... 111 Portal UARTE...................................................................................... 111
Anexo D....................................................................................... 112 Página das Escolas do 1º ciclo .............................................................. 112
Lista de tabelas
Tabela II-1: Comparações das teorias da aprendizagem................................................ 20
Tabela II-2: Comparações dos modelos motivacionais ................................................. 31
Tabela II-3: Variáveis motivacionais............................................................................. 32
Tabela II-4: CTAP Information Literacy Guidelines K-12 ........................................... 39
Tabela IV-1: Escolas por Concelhos.............................................................................. 52
Tabela IV-2: Número de professores inquiridos............................................................ 55
Tabela V-1: Sexo – Situação profissional e Formação inicial ....................................... 58
Tabela V-2: Cruzamento da questão “possui computador” com, A, F, J, L e M........... 75
Tabela V-3: Cruzamento da questão “autoformação” com J, L, M e N ........................ 75
Tabela V-4: Cruzamento da questão “acções de formação do ME” com J, L, M e N... 76
Tabela V-5: Cruzamento da questão “realizou acções de formação” com J, L, M e N. 76
Tabela V-6: Cruzamento da questão “usa bastante o computador” com J, L, M e N.... 77
Tabela V-7: Representação das dificuldades com equipamentos .................................. 78
Tabela VI-1: Tópicos importantes das conclusões ........................................................ 91
Lista de gráficos
Gráfico V-1: Distribuição dos professores da amostra por idade .................................. 58
Gráfico V-2: Características do computador pessoal..................................................... 59
Gráfico V-3: Distribuições como os professores da amostra fizeram sua iniciação nas
TIC .......................................................................................................................... 59
Gráfico V-4: Acções de formação que realizou em inormática..................................... 60
Gráfico V-5: Realização de acções de formação ........................................................... 60
Gráfico V-6: Balanço das acções de formação .............................................................. 60
Gráfico V-7: Âmbito das acções de formação em informática que os professores
realizaram................................................................................................................ 61
Gráfico V-8: Distribuição de como os professores definiu a sua relação com o
computador ............................................................................................................. 61
Gráfico V-9: Distribuição das horas por semana que os professores utilizam o
computador ............................................................................................................. 62
Gráfico V-10: Distribuição em relação ao uso da Internet ............................................ 62
Gráfico V-11: Distribuição de como os professores utiliza o e-mail............................. 63
Gráfico V-12: Na preparação das aulas com que fins usa o computador ...................... 64
Gráfico V-13: Aplicações informáticas que utiliza directamente com os alunos.......... 64
Gráfico V-14: Distribuição em relação a quantidade de vezes que o professor utilizou o
computador com os alunos no ano lectivo 2002/2003............................................ 65
Gráfico V-15: Tipos de actividades que o professor realiza com os seus alunos quando
utilizam o computador ............................................................................................ 65
Gráfico V-16: Contexto de utilização dos professores com os seus alunos quando
utilizam o computador ............................................................................................ 66
Gráfico V-17: Atitudes positivas dos professores face as TIC ...................................... 67
Gráfico V-18: Atitudes negativas dos professores face as TIC ..................................... 68
Gráfico V-19: Em que áreas da TIC os professores necessitam de mais formação ...... 71
Gráfico V-20: Obstáculos à real integração nas TIC analisadas pelos professores....... 72
Gráfico V-21: Cruzamento sexo e idade........................................................................73
Gráfico V-22: Cruzamento sexo e formação profissional ............................................. 74
Gráfico V-23: Cruzamento formação inicial e idade..................................................... 74
Lista de figuras
Figura II-1: Representação do diálogo .......................................................................... 19
Figura II-2: Motivação e Competência: dois factores que determinam o nível de
desempenho ............................................................................................................ 22
Figura II-3: Combinação de factores higiénicos e motivadores no trabalho ................. 23
Figura II-4: Modelo de literacia da informação............................................................. 40
Figura IV-1: Mapa do Distrito de Leiria........................................................................ 52
Lista de siglas
CMC ________Comunicação Mediada por Computador
EB1 _________Ensino Básico do 1º ciclo
ESE _________Escola Superior de Educação
ESEL ________Escola Superior de Educação de Leiria
FCCN _______Fundação para a Computação Científica Nacional
FTP _________File Transfer Protocol
ISDN ________Integrated System Digital Network
LD __________Literacia Digital
MCT ________Ministério da Ciência e da Tecnologia
PHP _________Hypertext Preprocessor
RCTS________Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade
RDIS ________Rede Digital de Serviços Integrados
TI ___________Tecnologia da Informação
TIC _________Tecnologia da Informação e Comunicação
Capítulo I
Introdução
Vivemos uma era de profundas transformações. De um lado, a chamada
globalização, termo que se tornou obrigatório em todos os círculos intelectuais, políticos
e económicos. Fenómeno facilitado pelas novas tecnologias da informação pressupõe
uma evolução do tradicional processo de internacionalização de mercados oriundos dos
primórdios do capitalismo. Esse novo processo não é mais conduzido apenas por
nações, mas, sobretudo, pelas organizações antes denominadas multinacionais,
transnacionais ou mundializadas. Essas organizações gerem espaços que atravessam as
fronteiras territoriais. (Ianni, 1996).
A velocidade crescente de aceleração, a globalização que envolve as
comunicações, os mercados, os fluxos de capitais e tecnologias, as trocas de ideias e
imagens, impõem a dissolução de fronteiras e de barreiras proteccionistas. Em todo
momento se estabelecem tensos diálogos entre o local e o global, a homogeneidade e a
diversidade, o real e o virtual, a ordem e o caos. (Curvello, 1997).
Assim como o mundo muda, também as organizações mudam e com certeza
nesse cenário são as pessoas as que mais sofrem os impactos dessas transformações. O
funcionamento de qualquer organização depende fundamentalmente da qualidade das
pessoas que a compõe. Os sistemas de ensino não poderiam ser uma excepção a essa
norma e, talvez mais do que em qualquer outro tipo de organização, seu êxito dependerá
não apenas da qualidade das pessoas que as integram, mas da motivação revelada no
desempenho de seus papéis. Por isso mesmo, é essencial que as pessoas que fazem parte
de uma organização, neste caso específico as instituições de ensino do 1º ciclo, mais
propriamente o papel do professor envolvido com as tecnologias da informação e
comunicação, sejam do melhor nível de qualidade possível e tenham o desempenho
esperado.
A escola precisa transcender o seu antigo papel de selectora e transmissora de
informação, procurando uma nova postura na qual são mais importantes as ligações
hierárquicas e relações entre as informações. As novas tecnologias da informação e
Introdução
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12
comunicação, situadas no contexto das mudanças educacionais, podem contribuir para
uma caminhada em direcção às novas formas de busca e produção do conhecimento.
Para isso é preciso contar com profissionais competentes, capacitados,
motivados, seguros e criativos que desenvolvam potencialidades educacionais abertas
pelas novas tecnologias, onde mais importantes não são as tecnologias tomadas em si
mesmo, mas sim as relações humanas e os valores pessoais e colectivos necessários
para uma intervenção transformadora no contexto sócio-educacional.
O aspecto fundamental, em termos de políticas públicas, a ter em conta é o
sistema de ensino e formação profissional. O pleno aproveitamento e aplicação das
tecnologias de informação só podem ocorrer perante uma população altamente
qualificada. A necessidade de uma postura perante a vida que nos transforme a todos
enquanto indivíduos independentes (de regras, de normas, de grupos, de valores ditos
tradicionais, da sociedade que nos envolve) em indivíduos independentes, ou seja, em
pessoas que perfilhem as suas próprias regras, valores próprios e específicos e que não
se deixem subjugar pelo ambiente circundante. Só estas poderão situar-se num plano
superior ao do constrangimento social. (Martins, 2001).
O que Martins defende é o homem uno, criativo, inovador, aquele que faz a
diferença e é capaz de transformar a sociedade, sem esquecer-se da ética social e
profissional.
Nyhan (in: Martins, 2001), estamos a caminhar no sentido de “criar” o
trabalhador intelectual autodidacta, aquele que necessita de constantemente, adquirir
novos conhecimentos.
Este trabalho surge de preocupações quanto às transformações radicais que vem
acontecendo no nosso quotidiano actual e, em específico, o quotidiano dos professores,
visto que a escola hoje vem sendo palco de transformações inovadoras, sejam de
carácter pedagógico ou da utilização das novas tecnologias no ensino/aprendizagem.
As novas tecnologias educacionais têm sido objecto de preocupações de diversos
investigadores nas últimas décadas, mas até meados de 1990, essas tecnologias eram
pouco disseminadas, o que gerou uma lacuna entre especulações teóricas e a utilização
dessas inovações nos processos de ensino/aprendizagem e do trabalho docente.
Portanto, as novas tecnologias estão sendo apresentadas ao trabalhador docente
de forma muito veloz – esteja ele iniciado ou não – nas escolas e em diversos ambientes
sociais. Devido à estreita vinculação entre o trabalhador em geral e trabalho docente. É
Introdução
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13
importante analisar as implicações dessas tecnologias no processo de trabalho do
professor nas escolas, em especial, nas escolas do 1º ciclo. Vale lembrar que as
vinculações acima mencionadas não reduzem a escola à sua função formadora para o
trabalho, mas inserem o trabalho como princípio educativo e a sua centralidade nas
relações sociais contemporâneas.
A falta de familiaridade com computadores é vista, cada vez mais, em certos
contextos sociais, como um tipo de analfabetismo, impondo ao indivíduo
tecnologicamente iletrado o mesmo estigma que recai sobre o analfabeto tradicional.
Assim, a valorização simbólica do computador e de seus usos bem como a migração de
práticas quotidianas para o ambiente do computador contribuem para a “naturalização”
de seu uso e, consequentemente, para que professores não familiarizados com
computadores não se sintam socialmente diminuídos, devem buscar activamente, junto
a seus pares ou a seus alunos, a ajuda de que necessitam para se tornarem letrados
electronicamente. (Buzato, 2001).
A aprendizagem autodirigida, que à primeira vista pode ser entendida como
solitária e isolada, na literatura mais relevante sobre esta temática tem centrado a sua
atenção sobre a necessidade da aprendizagem autodirigida, o indivíduo interagir com o
outro. O aprendente autodirigido tem acesso a perspectivas para entender a sua situação
e para dar sentido e direcção à sua vida, adquirir sensibilidade e competência na
interacção social, e ter as competências e capacidades necessárias para controlar as
tarefas produtivas associadas com o controlo e manipulação do ambiente. (Moura,
1998).
Em 1997, a Internet entra de forma mais decisiva nas escolas portuguesas, nesse
mesmo ano era lançado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia o programa Internet na
Escola, e tinha como objectivo principal a distribuição de um computador multimédia
com capacidade de acesso à Internet em todas as escolas do 1º e 2º ciclos e ainda
secundários. A partir de então, todo o novo manancial de nova informação estava
acessível ao simples “click” do rato e à disposição dos professores e alunos na escola.
O Programa Internet na Escola tem em todas as novas tecnologias e realizações
informáticas actualizações anuais desde que foi implementada sendo constantes os
debates, colóquios e conferências realizados nesse âmbito com objectivo de se tentar
encontrar uma harmoniosa convivência entre a tecnologia de informação e todo o
processo educativo em sentido mais lato. Tudo se encontra num estado considerado
Introdução
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14
ainda embrionário, pois tanto se encontra a efectuar o desenvolvimento estrutural do
país bem como a formação mais específica dos professores, visto ser recente a
convivência de um grande número da população em geral com a Internet. Todos os dias
surgem inovações tecnológicas que põem à prova e desafiam a capacidade de adaptação
das escolas, como instituições em si, mas também de adaptação por parte dos
professores, pais e alunos, que têm de optar, nas constantes massas de informação, pelos
melhores caminhos e para discernirem dos benefícios em determinada escolha.
Partindo dos pressupostos que muitas escolas e profissionais ainda no mundo da
dinâmica pedagógica tradicional, com curricula fechados, com a lógica das turmas
isoladas, com muros que separam a escola do mundo externo, com tempos escolares
rígidos, com modelos de relação aluno/professor tradicional, em que o professor
transmite e o aluno assimila, com a ideia de sequencialidade/linearidade do
conhecimento, acreditamos que muita coisa pode ser feita na mudança desse perfil
escolar dentro dos diagnósticos exigidos pelas novas realidades mundializadas no
ensino/aprendizagem.
Acreditamos na incorporação mais significativa e mais crítica do uso das medias
na prática pedagógica do professor, problematizando as conexões entre as culturas
existentes e os novos conhecimentos, durante ou pós-período de consciencialização,
familiarização e domínio na utilização, em particular, das redes de comunicações
humanas, quer tradicionais quer as mais novas, concretizando um desenvolvimento
contínuo de sua acção e reflexão pedagógica efectiva com vistas à formação de cidadãos
questionadores que ajudem nas transformações necessárias à construção de uma
sociedade menos injusta e mais igualitária.
Com essa visão, analisamos alguns processos mobilizadores da capacitação e
utilização das novas tecnologias inseridas nas escolas do primeiro ciclo.
No âmbito desta problematização os objectivos deste trabalho em termos gerais serão:
• Analisar a formação e a motivação profissional do docente no uso do computador na
sala de aula nas escolas do 1º ciclo, em que o profissional educador “saiba ser”, “saiba
fazer” e “seja criativo”, num processo de produção e disseminação de conhecimento
com o uso das novas tecnologias.
Introdução
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Mais especificamente iremos procurar:
• Compilar, caracterizar e reflectir sobre algumas experiências pedagógicas com o uso
do computador, Internet e telemáticas significativas, com enfoque na actuação de
professores tanto no que concerne a sua formação contínua quanto a sua prática em
sala de aula junto a alunos de escolas do 1ºciclo;
• Reflectir soluções viáveis para projectos de capacitação do professor com vistas à
melhoria na transmissão de conhecimento;
• Confrontar dados, qualitativos e quantitativos, obtidos nas escolas de primeiro ciclo;
• Confrontar dados obtidos, analisando o nível de satisfação dos professores.
Este trabalho encontra-se organizado da seguinte maneira: neste Capítulo
apresentamos o interesse e os objectivos do nosso estudo. No Capítulo II descrevemos a
fundamentação teórica das teorias da aprendizagem e da motivação, enfatizando a
educação e formação baseada no modelo relacional que leva a compreensão da escola
de forma sistémica. No Capítulo III analisamos as características das escolas do 1º ciclo
e as plataformas tecnológicas instaladas. No Capítulo IV discutimos a metodologia da
pesquisa que adoptamos. No Capítulo V analisamos o material de recolha de
informação, questionário e anotações, verificamos a utilização e inserção das
tecnologias no âmbito das escolas públicas do 1º ciclo, através da investigação sobre o
domínio da utilização das novas tecnologias e as suas necessidades para essa nova
concepção da realidade. No Capítulo VI desenvolvemos nossas constatações,
perspectivas e proposições, esboçando algumas recomendações com base nos resultados
alcançados na pesquisa, que no nosso entender, podem contribuir para utilização e
inserção dessas novas tecnologias no ensino de forma eficiente ao serem incorporados
pelos professores, através da formação num ambiente de aprendizagem propício.
Capítulo II
Fundamentação teórica
Não se pode projectar a informatização educativa de uma escola ou a
implantação de um programa pedagógico telemático sem integra-lo numa política
educacional mais ampla da consciencialização, capacitação e motivação dos actores
directamente envolvidos neste contexto.
Hoje vivemos num ambiente de mudanças rápidas, em que os sinais de
surgimento de uma “Sociedade do Conhecimento” são muito fortes e a gestão pró-
activa dos recursos de conhecimento é uma parte fundamental para o crescimento de
negócios e pessoas.
Todavia, novos meios de comunicação e colaboração são necessários para suprir
alguns desafios de gestão do conhecimento que são: os enormes volumes de informação
que estão sendo criados, armazenados e distribuídos actualmente, a incrível velocidade
com que o conteúdo está mudando, e as transformações contínuas do local de trabalho.
Com o aumento explosivo na capacidade e necessidade de comunicação via
Internet que é um ponto significativo no desenvolvimento humano, as novas tecnologias
baseadas nos padrões da Internet estão facilitando imensamente a troca de informações
entre as organizações e pessoas e as possibilidades de colaboração entre as pessoas em
modo síncrono ou assíncrono, independentemente de localização. Todavia, na educação,
as utilizações das tecnologias de informação e comunicação não têm sido suficientes
para preparar as pessoas para essa nova realidade.
A Internet está mudando os padrões de interacção social e criando uma
sociedade caracterizada por um maior individualismo em rede, indicando que a Internet
aumentou imensamente a capacidade de aprendizagem de indivíduos, e a liberdade e
capacidade de eles criarem suas próprias redes e se comunicarem. (Castell, 1999).
Mas quando Castell fala de individualismo, não trata da exclusão social, mas sim
da liberdade de criação com uma visão humanística para o desenvolvimento do
conhecimento, para atingir elevados níveis de colaboração orientado na direcção de um
aprendizado colectivo com impacto nos níveis de confiança e, consequentemente, níveis
mais altos de colaboração e criação do conhecimento.
Fundamentação teórica
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A colaboração não significa ausência de competição. Para que a colaboração
eficaz ocorra, é necessário que cada indivíduo/grupo colaborador se esforce para atingir
níveis de desempenho cada vez melhor e mantenha esse desempenho de forma contínua.
No caso específico da educação, não basta apenas o desenvolvimento de novas
ferramentas e utilização das tecnologias disponíveis, torna-se essencial, em primeiro
lugar, definir princípios que irão nortear a aprendizagem e a motivação para aprender.
2.1. Aprendizagem
Uma análise importante no nosso estudo inclui o entendimento de como a
aprendizagem ocorre segundo a sua evolução teórica.
A chamada teoria do apriorismo aborda o conhecimento como: as capacidades
básicas de cada ser humano encontram-se praticamente “prontas” no momento do
nascimento. (Gardner, 1996).
Assim, ao nascer, o indivíduo já trás com ele as condições do conhecimento e da
aprendizagem que se manifestarão imediata e progressivamente pela maturação.
Toda a actividade de conhecimento é exclusiva do sujeito, o meio não
participa. (Moura, Azevedo e Mahlecke, 2001, p. 3).
Nessa corrente a relação sujeito versus objecto, não há nada no objecto que o
defina como tal e a imagem que fazemos dele não dá conta de seu conteúdo, em que o
pensamento (racional) não se conduz respectiva e passivamente perante a experiência,
mas sim espontânea e altivamente.
Dentro do apriorismo surge a teoria da Gestalt, a qual crê na preformação do
conhecimento. A ideia essencial é de que o conhecimento se produz porque existe no
ser humano, uma capacidade interna inata que predispõe o sujeito ao conhecimento,
sendo a experiência desconsiderada.
Experiências realizadas por pesquisadores “gestaltistas” demonstram que as
experiências passadas de um indivíduo afectam a sua percepção de estímulo e, como
resultado afecta a sua resposta ao estímulo.
Fundamentação teórica
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A aprendizagem é determinada pela maturação e neste contexto o professor é
apenas um auxiliar na aprendizagem do aluno. Se o aluno não aprende é porque não
nasceu com as capacidades necessárias, isentando o professor de qualquer
responsabilidade.
As contribuições importantes desta teoria são a atenção apresentada às
diferenças individuais e maturativas das funções cognitivas. (Moreira, 1997).
De acordo com esta abordagem não há métodos de ensino, o aluno, de acordo
com as suas capacidades, segue seus próprios caminhos.
A teoria empirista opõe-se a tese a qual o pensamento é a verdadeira fonte do
conhecimento, e sim que, provêm da experiência. (Bizzotto, 2003).
A epistemologia empirista foi adoptada pelo comportamentalismo ou
behaviorismo, que de acordo com os empiristas, uma vez conhecidos o estímulo,
podemos prever a resposta, e uma vez conhecida a resposta, podemos identificar o
estímulo.
O ser humano é fruto de uma modelagem, resultante de associações entre
estímulo e resposta ocorrido ao longo de sua existência. (Moreira, 1997).
Aplicando-se os princípios do behaviorismo à educação, a ênfase do processo
passa a ser sobre o planeamento do ambiente da aprendizagem, mas a transmissão de
conteúdo se baseia em quem sabe para quem não sabe, através de uma prática
cristalizada ao longo do tempo (resultados experimentais). Os behavioristas
demonstraram a inadequação da abordagem inatista, demonstrando que qualquer pessoa
pode aprender um determinado assunto, desde que, o ambiente de aprendizagem seja
rigorosamente planeado. Mas ignoram a interdependência do organismo vivo e seu
ambiente, não podendo o ser humano ser autónomo, uma vez que seria impossível uma
manipulação do comportamento tão precisa quanto à física ou a biologia. (Bizzotto,
2003).
O construtivismo ou teria interaccionista, representa uma postura epistemológica
que compreende o conhecimento como sendo originado da interacção do sujeito com o
objecto no processo de conhecimento.
O epistemólogo Piaget (1976) não era educador, mas a sua teoria epistemológica
de como, quando e porque o conhecimento se constrói obteve grande repercussão na
área educacional. Seus estudos e teorias partem da génese (formação e construção do
conhecimento) do pensamento da criança. A criança desde que nasce, é um organismo
Fundamentação teórica
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19
em constante interacção como o objecto do conhecimento (natureza, objectos, ideias,
valores e relações humanas) e a partir desta interacção com o meio físico e social é que
a criança constrói formas cada vez mais elaboradas de adaptar sua inteligência à
complexidade do mundo que a rodeia.
A metodologia Actuante surge com o trabalho de Varela, Thompson e Rosch,
(in: Bizzotto, 2003), na qual a cognição não é entendida como a solução de problemas
com base em representações, mas sim como a criação de um mundo a partir de uma
história de acoplamento estrutural. Esta teoria foi proposta por Paulo Freire designada
como metodologia problematizadora.
Segundo a concepção problematizadora e libertadora da educação, ensinar não é
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção, a sua
construção. (Freire, 1997).
Essa concepção fundamenta-se no diálogo entre o educador e o aluno, que para
Freire, a “dialogicidade” é a essência da educação como prática da liberdade. Esse
diálogo é constituído de duas dimensões: acção e reflexão, em que, quando uma delas
for sacrificada, a outra irá ressentir imediatamente. (Bizzoto, 2003) (Figura II-1).
Figura II-1: Representação do diálogo
Se a acção for prejudicada, o diálogo transforma-se em verbalismo, não
existindo a acção para haver uma transformação. Quando a reflexão é prejudicada, o
diálogo se transforma em activismo. Freire coloca activismo como acção pela acção, ao
minimizar a reflexão, nega também a praxis verdadeira e impossibilita o diálogo.
Assim, o diálogo para Freire (1987), não pode existir se não há amor, humildade,
fé, esperança e pensar verdadeiro.
A partir dessas características essenciais ao diálogo, pode-se perceber que o
aprendizado é um processo aberto para a imprevisibilidade, onde o ser humano é
Palavra
Acção
Reflexão
Praxis
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condicionado, mas não determinado. O ser condicionado tem consciência de seu
inacabado e sabe que pode ir além e construir e reconstruir. Mas que o ir além, construir
e reconstruir, não se faz no isolamento, levando os indivíduos à cooperação e assim a
adquirir autonomia. (Bizzotto, 2003).
As diferentes abordagens das teorias da aprendizagem diferem entre si em
função dos princípios pelos quais elas se fundamentam.
Como pode ser visto na Tabela II-1, as comparações entre os princípios básicos
das diferentes teorias da aprendizagem.
Abordagem Princípios
Apriorismo Fatalismo
Individualismo Personalização
Fatalismo – Se o aprendente não nasceu com as habilidades necessárias, a educação pouco pode fazer por ele. Individualismo – O aluno já possui o conhecimento, precisando apenas traze-lo “à tona”. Por isso, o professor deve interferir o mínimo possível. Personalização – A forma como um aprendente interpreta um estímulo (bem como o tipo de resposta fornecida) depende de sua experiência anterior.
Empirismo
Heteronomia Autodidatismo Reprodução Massificação
Heteronomia – O indivíduo é subordinado a um poder externo, ou seja, não existe autonomia. Autodidatismo – Material didáctico é elaborado de forma a privilegiar o estudo individual. Portanto, não existe interacção entre os participantes (aluno – aluno ou aluno – professor). Reprodução – O aluno não constrói nada de novo. Ele apenas reproduz o conteúdo repassado pelo professor. Massificação – O conteúdo não é adaptado às diferenças individuais, sendo o mesmo para todos os alunos. Neste sentido, o material didáctico é elaborado antes mesmo de se conhecer os alunos.
Construtivismo
Autonomia Interacção Construção
Personalização
Autonomia – Fundamentada na igualdade e na reciprocidade dos parceiros, libertando-se tanto da anomia, própria ao egocentrismo, quanto da heteronomia, própria da coação. Interacção – A comunicação é multidireccional, ocorrendo tanto entre professor e aluno quanto entre os alunos. Construção – A ênfase não é sobre a reprodução, mas sim na construção de artefactos que sejam significativos para o aluno. Personalização – O processo de aprendizagem leva em consideração as características especificas de cada aluno. Assim, ao invés de um material didáctico massificado, existe a construção do conteúdo ao longo do processo.
Actuante
Autonomia Interacção Construção Cooperação
Personalização Constante Devenir
Autonomia – Fundamentada na igualdade e na reciprocidade dos parceiros, libertando-se tanto da anomia própria ao egocentrismo quanto da heteronomia própria da coação. Interacção – A comunicação é multidireccional, ocorrendo tanto entre professor e aluno quanto entre os alunos. Construção – A ênfase não é sobre a reprodução, mas sim na construção de artefacto que sejam significativos para o aluno. Cooperação – O ser humano isolado não chegaria jamais a conhecer, sendo essencial à comunhão entre as pessoas. Personalização – O processo de aprendizagem leva em consideração as características especificas de cada aluno. Assim, ao invés de um material didáctico massificado, existe a construção do conteúdo ao longo do processo. Constante Devenir – A realidade não é estática, estando aberta para a imprevisibilidade.
Tabela II-1: Comparações das teorias da aprendizagem
Fundamentação teórica
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2.2. Motivação
A palavra motivação (derivada do latim motivus, movere, que significa mover)
indica o processo pelo qual um conjunto de razões ou motivos explica, induz, incentiva,
estimula ou provoca algum tipo de acção ou comportamento humano. (Maximiano,
2001). Para podermos entender mais profundamente a motivação, dependemos do
conhecimento de factores que a influenciam directamente, como é o caso do
desempenho, aptidão e competência que os indivíduos possuem ou adquirem durante a
sua vida e carreira profissional.
Desempenho é o resultado que uma pessoa consegue com a aplicação de algum
esforço intelectual ou físico, sendo a motivação para o trabalho o processo pelo qual o
esforço ou acção o que leva ao desempenho profissional de uma pessoa e é
impulsionado por certos motivos, podendo produzir o desempenho positivo ou negativo.
Há dois grupos de motivos que influenciam o desempenho, são os motivos
internos, que surgem das próprias pessoas como os das necessidades humanas dentro de
uma hierarquia defendida por Maslow (1943, in: Maximiano, 2001): necessidades
básicas, de segurança, de participação, de estima e de auto-realização, em que uma vez
atendida uma das necessidades a outra deixa de se fazer sentir. A pessoa passa a ser
motivada pela ordem seguinte de necessidades.
As aptidões (habilidades em potencial) e habilidades (aptidões que se
desenvolveram), aliadas aos conhecimentos, representam o limite superior do
desempenho. Esse é o ponto até o qual cada um pode chegar: seu desempenho
potencial. Chegar até esse ponto possível, no entanto, depende das atitudes
(características pessoais que emprestam significado a diferentes estímulos e se traduzem
em opiniões e escolhas) e interesses (atitudes favoráveis em relação a profissões,
actividades, à organização e a quaisquer outros aspectos do trabalho), que determinam
aonde a pessoa quer chegar. (Maximiano, 2001).
Motivação sem competência significa que há interesse, mas falta habilidade,
conhecimento ou experiência para realizar a tarefa, alguém quer realizar uma tarefa,
mas não sabe como. Competência sem motivação representa o problema inverso,
alguém sabe fazer, mas não tem vontade. Competência e motivação são dois vectores
importantes, que agem simultaneamente para influenciar o nível de desempenho de cada
pessoa, conforme procura ilustrar a Figura II-2.
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Pessoas com formação e experiência, mas sem motivação
Pessoas motivadas, experientes e altamente Capacitadas
Pessoas sem motivação, formação e Experiência
Pessoas motivadas, mas sem formação ou experiência
MOTIVAÇÃO
Figura II-2: Motivação e Competência: dois factores que determinam o nível de desempenho (adaptado de Maximiano, p. 357, 2001)
Os motivos externos são criados pela situação ou ambiente em que a pessoa se
encontra, são os estímulos ou incentivos que o ambiente oferece ou objectivos que a
pessoa persegue porque satisfazem as necessidades, despertam um sentimento de
interesse ou representam a recompensa a ser alcançada. (Chiavenato, 1999).
Os motivos externos que afectam o desempenho podem ser divididos em duas
categorias principais – o trabalho e as condições de trabalho, segundo uma classificação
teórica proposta por Herzberg 1959 (in: Maximiano, 2001), chamada teoria dos dois
factores. É um dos mais influentes estudos sobre a motivação para o trabalho.
A base da teoria dos dois factores é a premissa de que, em situações de trabalho,
somente os factores intrínsecos produzem a satisfação com o trabalho. Em outras
palavras, apenas o trabalho em si e os factores que lhe são directamente relacionados
podem fazer as pessoas sentirem-se satisfeitas. Os factores extrínsecos, porém, não
fazem a pessoa sentir-se satisfeita com o trabalho. Os factores extrínsecos influenciam
apenas o estado de satisfação com as condições dentro das quais o trabalho é realizado.
(Chiavenato, 1999).
Portanto, de acordo com a teoria de Hezberg (in: Maximiano, 2001), é a
combinação do ambiente de trabalho e do conteúdo do trabalho que faz funcionar o
motor interno – um sem o outro tende a ser ineficaz. Para que os factores de motivação
sejam eficazes, é preciso haver uma base de segurança psicológica e material,
representada pela presença dos factores extrínsecos. Da mesma forma, para que os
factores de satisfação tenham efeito positivo desejado sobre o desempenho, é preciso
CO
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ÊN
CIA
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que o trabalho ofereça algum grau de desafio ou interesse para o trabalhador, conforme
representado na Figura II-3.
Presença
O trabalho é factor de motivação, mas o ambiente não é bom.
Trabalho e ambiente são percebidos como satisfatórios.
Ambiente e trabalho percebidos como insatisfatórios.
O ambiente é bom, mas o trabalho não é suficiente para motivar.
Ausência Presença Factores Higiénicos
Figura II-3: Combinação de factores higiénicos e motivadores no trabalho (adaptado de Maximiano, 2001, p. 362)
Outra ordem importante de motivos externos que influenciam a motivação é
representada pelos factores sociais. A sociedade constrói atitudes e valores diferentes
em latitudes diferentes e produz as chamadas necessidades socialmente adquiridas, são
perseguidos não por sua natureza intrínseca, mas pela capacidade de valorizar o seu
possuidor aos olhos de seus vizinhos, colegas ou conterrâneos, e são influências da
educação, religião, folclore, usos e costumes, valores e propaganda.
Estas teorias estudam a motivação como um processo, não se limitando ao
levantamento dos factores de motivação.
As metas que podem permitir a realização do professor no domínio
profissional, não são a existência do incentivo que motiva o professor, mas
o facto de este desejar alcançá-lo. (Neves de Jesus, 1996, p. 99).
A Teoria Relacional de Nuttin é uma teoria cognitivista da motivação que se
aproxima da corrente humanista por defender a realização de investigações com sujeitos
humanos. A tese central da teoria, tal como das teorias interaccionistas em geral, é de
que o sujeito e o mundo estão sempre em relação, só tendo sentido um a partir do outro,
considerando as necessidades cognitivas como sendo tão primárias como as
Fac
tore
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nais
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biofisiológicas… A aprendizagem resulta da extensão dos esquemas motivacionais, já
existentes, a novos objectos, tendo em conta a indeterminação objectal que ocorre no
processo de concretização dos motivos… do desinvestimento de certos meios ou da não
valoração de actividades intermediárias não deve referir-se a ausência de motivação. Ela
poderá existir, o que falta é a percepção clara do para quê, da relação entre os meios e o
fim… No nível do funcionamento motivacional é imprescindível a elaboração de
projectos, pois a incapacidade de elaboração de projectos é um sintoma de problema ao
nível do funcionamento motivacional. Mas, na elaboração de projectos é importante,
não só a definição de metas a alcançar, como também o estabelecimento de tarefas
intermediárias que permitam alcançar essas metas ou objectos-fim… Nesse sentido, a
Teoria de Nuttin apresenta-se como uma das teorias da motivação mais completas e
originais, pois, para além de integrar, num quadro coerente, variáveis propostas por
outras teorias, propõe novas variáveis que permitem explicar e prever de forma mais
global a complexidade do comportamento humano. (Neves de Jesus, 1996).
Ainda, segundo Neves de Jesus (1996, p. 75 - 76).
Os incentivos mais reclamados pelos professores são: oportunidade para
melhorar o currículo existente; aumento da eficiência como professor;
sentir que as contribuições e sugestões pessoais são úteis; participar na
tomada de decisões ligadas ao trabalho do docente; oportunidade para
desenvolver novas competências e liderança; fornecimento de materiais
para serem usados na escola; sentido de realização; diversificação de
tarefas; aumento de autoconfiança; conhecimento de que as sugestões
pessoais apresentadas foram tidas em conta… e para a motivação dos
professores na escola: considerar as tarefas ligadas ao processo de ensino /
aprendizagem como as principais actividades realizadas na escola;
envolver os professores nas decisões tomadas na escola, nomeadamente
sobre as políticas de ensino, o uso de recursos e os planos de estudo,
permitindo que os professores participem e se identifiquem com os
objectivos da escola enquanto organização; fornecer confiança, suporte e
encorajar os professores a desenvolverem o seu estilo e estratégias pessoais
de ensino, o que se traduz numa certa autonomia ou delegação
relativamente às actividades desenvolvidas na sala de aula; fornecer um
sentido de afiliação com os outros professores da escola, fomentando a
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cooperação através das reuniões centradas na discussão de problemas
comuns, sendo valorizada a opinião de cada professor, manifestar
reconhecimento e, inclusivamente, orgulho pela qualidade do trabalho de
cada professor; fornecer expectativas elevadas, embora realistas, de forma
a fomentar uma postura de sucesso; fornecer feedback construtivo; fornecer
oportunidade para o desenvolvimento profissional, através de participação
em cursos de formação; fornecer um sentido de rotina ou estabilidade,
através de regras e políticas, reduzindo a necessidade de continuamente
haver problemas para resolver, nomeadamente quanto à avaliação e ao
controlo dos comportamentos de disciplina dos alunos; fornecer um sistema
de incentivos, não apenas intrínsecos, mas também extrínsecos, como seja o
salário.
Um factor relevante a ser considerado para o aspecto motivacional é de se
construir ambientes de trabalhos dignos da fabulosa complexidade humana. A sociedade
do conhecimento conclama os professores, como líderes educacionais, a desvendar os
mistérios cerebrais e emocionais do ser humano. É hora de visualizar e investir no poder
de mudança e desenvolvimento do ser humano total. Falar de estabelecer nas
instituições um novo conceito de trabalho. Uma cultura corporativa onde a Política de
Recursos Humanos não seja mero documento administrativo e burocrático. O factor
humano precisa ser meta-estratégia nas instituições de ensino. O desafio é grande, mas o
sonho também. Se o que desejamos é gerar resultados através das pessoas, os primeiros
passos devem determinar o resultado de desempenho que se deseja de cada colaborador,
como também, conhecer melhor as pessoas, suas necessidades, expectativas, desejos, o
que fazer para atrair e mantê-las no quadro de colaboradores. E por fim, o que as realiza
e quais as dificuldades no processo de aprendizagem. (Gomes, 2003).
Em época em que a adversidade está em alta, o que não vale é aplicar a mesma
receita mágica para tudo e todos. Chegou a hora de encarar a grande máxima: O homem
é a última invenção da revolução tecnológica. Assim, esse é o momento de melhorar as
práticas de gestão de pessoas. Precisa-se pensar estrategicamente a função Recursos
Humanos nas instituições de ensino. As organizações precisam resgatar o espírito
guerreiro para esses tempos de crise. Tudo dependerá do nível de motivação, que
evidenciará um clima que ditará uma cultura, que por sua vez, afectará a produtividade.
(Iahn, 2003).
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O testemunho da vida, a maneira de ser, de falar, de se relacionar com os outros,
de passar o sentimento sobre o significado do trabalho. Enfim, o nível de motivação
para o trabalho é que regerá o produto final da comunicação entre professor e seus
pares. O aluno aprende o que o professor é. Nossos filhos e alunos absorvem lenta e
cumulativamente o nosso exemplo. Especialistas afirmam que o mais persuasivo ensino
moral que os adultos podem dar é pelo exemplo. A ética deve ser estabelecida. O
ambiente de trabalho e estudo precisa reflectir a atmosfera que desejamos criar. Trata-se
de uma simples escolha.
Segundo Gomes (2003) em seu artigo “Escolas onde faz bem trabalhar”, para
melhorar o ambiente de trabalho nas instituições de ensino neste século deve seguir os
tópicos abaixo:
• Estruturar e disseminar um conjunto de valores que fundamentem o código de
ética da organização. Em que acreditamos?
• Deixar claro para todos os envolvidos no sistema escolar o conceito de trabalho
preconizado por sua instituição.
• Estabelecer um sistema de comunicação interna. Uma gestão da comunicação que
assente na divulgação da missão, cultura e projectos da escola, respeitando as
diferenças individuais e maximizando as relações entre os diferentes processos.
• Utilizar os recursos existentes, melhorar o ambiente físico (salas de aula, sala de
professores, etc.).
• Medir o clima organizacional através de pesquisas com vários canais de
ouvidores.
• Instituir a cultura da participação. Encorajar a participação das pessoas.
• Elaborar programas de reconhecimento.
• Assegurar o gerenciamento por equipas através de TGI’s –Times de Gestão
Integrada.
• Programar encontros de integração e lazer para a equipa de trabalho visando
melhorar o relacionamento entre colegas e com gestores.
Em concordância com essas visões, concluímos que, com uma boa estrutura de
trabalho, com um sistematizado processo de educação e formação, é mister que se
estabeleçam directrizes para a melhoria do ambiente interno de uma escola, porque o
que incomoda as pessoas no sistema de trabalho não é a responsabilidade, nem as
atribuições. O que aniquila a atmosfera é a raiva, o mau humor, o autoritarismo, a falta
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de informação e de objectivos claros, e ainda o deficiente sistema de desenvolvimento
das pessoas.
2.3. Educação e as Tecnologias de Informação e Comunicação
A educação é um caminho para a preparação e adaptação dos indivíduos numa
sociedade em constante transformação, mas uma adaptação que seja pró-activa, não
reactiva e acomodada. Uma educação pluralista que se volte para a orientação do
desenvolvimento de habilidades e técnicas de adaptação, de escolha e de tomadas de
decisão a partir de projecções de alternativas, possibilidades e probabilidades do futuro.
Uma educação que se dedique à formação de indivíduos “tecnicamente inteligentes”,
que ensine aos jovens como utilizar os instrumentos práticos e mentais indispensáveis
para poder viver, trabalhar e sobretudo não se sentirem estranhos, nessa sociedade
fortemente competitiva. (Cortelazzo, 2000).
Mas segundo Moressi (1999), a inteligência é a combinação de três elementos
(dado, informação e conhecimento), resultante do processo de análise e validação pelo
especialista.
Somente para fortalecer a citação de Moressi; dados são abstracções formais
quantificadas que podem ser armazenadas e processadas por computador; um dado é
necessariamente uma entidade matemática e, desta forma, é puramente sintáctico. Como
exemplos de dados tem-se: texto, foto, figura, som gravado e animação. O dado pode
ser totalmente descrito através de representações formais, estruturais, significando que o
processamento de dados num computador limita-se exclusivamente a manipulações
estruturais dos mesmos, e é feito por meio de programas e estes são sempre funções
matemáticas e, portanto, também são “dados”. Sendo que a informação é uma
abstracção informal (isto é, não pode ser formalizada através de uma teoria lógica ou
matemática), que está na mente de alguém, representando algo significativo para essa
pessoa. Se a representação da informação for feita por meio de dados, pode ser
armazenada num computador, sendo que, o que é armazenado na máquina não é a
informação, mas a sua representação em forma de dados. Essa informação pode ser
transformada pela máquina, como na formatação de um texto (uma manipulação
matemática de dados). Assim, não é possível processar informação directamente num
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computador, para isso é necessário reduzi-la a dado. Uma distinção fundamental entre
dado e informação é que o primeiro é puramente sintáctico e o segundo contém
necessariamente semântica. É interessante notar que é impossível introduzir e processar
semântica num computador, porque a máquina mesma é puramente sintáctica. Assim, a
chamada “semântica formal” das “linguagens” de programação, é de facto, apenas um
tratamento sintáctico expresso por meio de uma teoria axiomática ou de associações
matemáticas de seus elementos com operações realizadas por um computador.
O conhecimento é a abstracção interior, pessoal, diálogo que foi experimentado,
vivenciado, por alguém. Nesse sentido, o conhecimento não pode ser descrito; o que se
descreve é a informação. Também não depende apenas de uma interpretação pessoal,
como a informação, pois requer uma vivência do objecto do conhecimento.
A inteligência pode ser entendida como sendo a informação como oportunidade,
ou seja, o conhecimento contextualmente relevante que permite actuar como vantagem
no ambiente considerado. A inteligência resulta da síntese de corpos de conhecimento,
sendo usados julgamento e intuição daquele que toma decisões e obtida uma
visualização completa da situação.
Hoje o professor precisa ser capaz de interagir dinamicamente frente às novas e
mutantes realidades sociais que se configuram a partir de formas diferenciadas de
comunicação, de tecnologias, de constituição dos seres humanos e reestruturação de
laços sociais. O professor, ele mesmo, enquanto um dos sujeitos dos processos de
ensinar e aprender precisa constituir-se outro, se pôr nesse novo cenário. A partir de
então, cada vez mais se forja a necessidade da formação de um professor com um “novo
habitus”, sendo que, o habitus não é algo que o indivíduo tem, mas algo que ele é. Na
verdade, o habitus é a própria inteligência accionada, potencializada em campos
específicos, constituindo-se em conjunto de operações específicas, capazes de
activamente gerar vários novos esquemas de acções.
Seguindo os estudos da Cortelazzo (2000), o professor tem sido formado para
exercer a função de distribuidor de informação e, mais ainda, em um ambiente de
aprendizagem que não corresponde ao mundo real fora da escola. Esse profissional se
vê colocado diante de alunos que, de uma forma ou de outra, estão expostos às mais
recentes tecnologias de comunicação. Sua reacção só pode ser de dois tipos: ou
amedronta-se de tal forma e recusa-se a aceitar, a reconhecer a importância e a conhecer
seu funcionamento bem como apropriar-se dela, ou passa a usá-la dentro daquele
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paradigma de comunicação tradicional, aumentando os defeitos desse paradigma e
transformando objectos ou meios de comunicação ricos de significados em suportes
aborrecidos e frustrantes, sem perceber a função, a especificidade e a linguagem de cada
media quer no processo de comunicação social quer no escolar ou em sua vida pessoal.
2.4. Formação de professores
A formação de professores no novo contexto da realidade virtual apontam para
uma verdadeira revolução, alguns apostam que pode haver o aumento da exclusão
social, os abismos entre ricos e pobres. Muitos resistem à inovação tecnológica, outros
acreditam que novas formas de laço social podem ser firmadas no sentido de maior
fraternidade e resolução colectiva de problemas que a sociedade enfrenta.
A preocupação com a profissionalização docente frente a esses novos desafios e
atendendo que hoje há uma tendência que aponta para a formação profissional crítico-
reflexiva, em que os problemas da prática docente são visto através de uma crítica
reflexiva, que leva a uma apropriação teórica da realidade.
Para que surta efeito e para que exista profissionais altamente motivados e
capacitados nas instituições de ensino num posicionamento competitivo diante dessa
nova realidade, as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas salas de
aula devem ser encaradas como mais um meio de transmissão de conhecimento e
ferramenta facilitadora e motivadora ao desempenho desse profissional. Se os
professores vislumbram seu espaço no mercado têm que ter motivação para aprender.
“Aprender a aprender”, isto é, saber que o aprendizado não é uma experiência finita e
que deve ser continuamente elaborada, com resultados gratificantes. A Tecnologia de
Informação (TI) pode colaborar decisivamente ao contribuir à Gestão do Conhecimento,
ao permitir a sistematização do “saber” e do “decidir” ajudando a instituição a conhecer
melhor suas virtudes e falhas, a desenvolver suas competências. (Jamil, 2001).
Para que os professores venham a superar a própria exclusão frente as TIC,
devem manter uma postura inteligente na busca da literacia digital e a autoformação.
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2.5. Formação de professores e o processo da motivação, aprendizagem
e as tecnologias de informação e comunicação
A linguagem, a comunicação e os elementos comunicacionais formam um dos
eixos fundamentais de proposta educativa para ajudar o se humano a libertar-se da
manipulação e domesticação, desenvolvendo sua capacidade crítico-reflexiva,
especialmente em relação ao tema da formação do professor no uso de elementos mais
sofisticados de comunicação. As competências de um professor são as da leitura e da
escrita, bem como a competência de saber enfrentar os factos quotidianos através da
comunicação humana, seja esta por meio da escrita ou de redes telemáticas, ou seja, que
se trabalhe em favor do alfabetismo conceptual e político, porém sempre em relação a
dialéctica. Nesta óptica, a questão é desvendar, desarmar e recriar factos complexos de
leitura e escrita.
A formação não pode fornecer normas de actuação ou ser centrada em
“situações ideias de ensino”, uma vez que as situações educativas são complexas e
diferenciadas, havendo várias formas de o professor responder adequadamente às
circunstâncias com que se confronta diariamente, isto é, há vários estilos ou estratégias
de ensino igualmente eficazes. Por exemplo, há professores que, para desenvolver
alunos nos conteúdos programáticos, preferem usar métodos auxiliares, como o vídeo e
o retroprojector, enquanto outros preferem servir-se da sua capacidade e facilidade em
verbalizar e expor ideias. É evidente que uma estratégia não é incompatível com a outra,
mas não há receitas universais sobre qual é a melhor. (Neves de Jesus, 1996).
Segundo ainda Neves de Jesus, que faz o confronto de dois modelos de
formação do professor; o modelo normativo que pretende que os formandos devem
assistir passivamente às receitas pedagógicas apresentadas pelo formador e este se
compare com o modelo de “bom professor” com o qual não se identifica, e o modelo
relacional que enfatiza a importância da motivação, da autoconfiança e de cognições
adequadas sobre si próprio e sobre a profissão docente, sentindo-se um agente educativo
activo, não se limitando a cumprir programas de funções pedagógicas de uma forma
padronizada ou normativa.
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Os formandos devem cooperar e trabalhar em equipa na descoberta de
alternativas para a resolução das situações profissionais problemáticas do processo de
ensino/aprendizagem.
Principais diferenças entre os modelos normativo e relacional. (Neves de Jesus, 1996, p. 319).
MODELO NORMATIVO MODELO RELACIONAL
Pressupostos Há um modelo de “bom professor” idealizado e universal
Há várias formas de ser “bom professor” (especificidade situacional)
Objectivos gerais
Levar todos os formandos a adquirir as características do “bom professor”
Ajudar cada formando a descobrir e potencializar as suas qualidades relacionais
Estratégias de formação
inicial
Transmissão de “receitas pedagógicas” aos formandos
Antecipação e previsão de possíveis situações profissionais pelo formando
Estratégias de formação
contínua
Reciclagem de “receitas” pedagógicas
Resolução de problemas reais em equipa
Implicações Menor motivação dos formandos Maior motivação dos formandos
Tabela II-2: Comparações dos modelos motivacionais
A formação de professor deve ser tanto inicial como contínua. A formação
inicial deve ser de nível superior, enquanto a contínua deve permitir complementar e
actualizar a primeira.
A formação inicial é a formação fundamentalmente teórica que antecede o início
da prática profissional, e a formação em estágio pedagógico, em que a prática
profissional é orientado e supervisionado. Enquanto a formação inicial pode ser um
cariz preventivo, procurando preparar os potenciais professores para os possíveis
problemas da profissão docente, a formação contínua pode ter um sentido resoluto
desses problemas profissionais.
A formação contínua não deve ser encarada como uma forma de compensar ou
preencher as lacunas ou deficiências da formação inicial, deve ser orientada para a
resolução de problemas ou para a promoção de inovações no meio escolar, segundo o
paradigma da mudança. Só assim a formação contínua poderá constituir um instrumento
ao serviço da inovação educativa escolar e do desenvolvimento pessoal e profissional
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do professor, cujo objectivo da formação contínua deverá ser o de promover a
cooperação entre os professores e que deverá incidir no trabalho dos professores em
equipa. (Neves de Jesus, 1996).
O trabalho em equipa permite a redução do isolamento, o fornecimento de apoio
ou suporte social, a convergência nas estratégias utilizadas para a resolução de
problemas e o desenvolvimento profissional dos professores, sendo a motivação na
formação de professores um dos aspectos fundamentais para a carreira profissional
docente.
Para motivar os potenciais professores é necessário relacionar as metas
profissionais com os meios que as podem permitir alcançar, deve ser estabelecida uma
relação entre o provável futuro profissional e os conteúdos e estratégias de formação
que podem contribuir para um desempenho mais adequado e eficaz. Neste sentido, a
motivação do formando para o processo formativo (meio), também depende da sua
motivação para a profissão docente (fim). A simulação de desempenhos profissionais
permite ao formando adquirir autoconfiança e logo, maior motivação. (Neves de Jesus,
1996).
Variáveis do funcionamento motivacional e estratégias de intervenção na
promoção da motivação para a profissão docente. (Neves de Jesus, 1996, p, 350).
VARIÁVEIS ESTRATÉGIAS
Projecto profissional
- Ajudar o professor a reexaminar o seu percurso vocacional (Ajudar o professor a analisar outras alternativas profissionais) - Promover o auto-conhecimento das metas profissionais que podem permitir a realização do professor na profissão docente
Valor das metas
- Analisar a importância dessas metas
Expectativas de sucesso
- Analisar a probabilidade de concretização dessas metas
Planos de acção
- Analisar os passos a seguir para conseguir concretizar essas metas
Tabela II-3: Variáveis motivacionais
Fundamentação teórica
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33
Com o advento da sociedade da informação deve caracterizar-se pela ênfase
curricular no aprender a aprender, daí decorrendo também a importância do processo e
da génese do conhecimento nas várias disciplinas. Isto implica uma formação científica
esmerada por parte dos professores que serão muito mais que transmissores de
conhecimento, tendendo, de acordo com as novas didácticas, a ser assistente da
construção do conhecimento e inspiradores de estratégias de acção, principalmente na
resolução de problemas. (Pereira, 1999)
Portanto, este parecer, justifica a necessidade de professores com formação para
a carreira profissional segundo o modelo relacional e as teorias motivacionais
analisadas, motivados para a docência e não ser docente por falta de opção profissional;
conhecer as variáveis e os factores que envolvem o percurso da carreira profissional,
saber controlar estas variáveis, sejam elas, de bem ou mal-estar, as quais o contexto os
envolve.
Segundo Pereira (1999), deverá ser assegurada a todos os actuais professores,
formação contínua de curta duração em tecnologia de informação e comunicação, pois
será imperativo o recurso a programas informáticos, muitos deles multimédia, que
poderão ajudá-los a cumprir a sua missão de assistentes de construção de
conhecimentos com seus pares e alunos, superando também algumas lacunas
relativamente a uma formação inicial muito especializada. Deverá ser dada prioridade a
formação contínua de curta duração e as acções de grande duração (talvez 100 horas)
para a reconversão do perfil de professor bidisciplinar e polidisciplinar.
De acordo com o exposto, concordamos com Neves de Jesus, ao analisar que
muitos dos professores não tiveram a oportunidade da formação inicial com as TIC, a
formação de longa duração torna-se imprescindível para a sua inserção e domínio no
novo contexto ensino/aprendizagem. A formação de curta duração é amnésica, e para se
obter o verdadeiro conhecimento, esse deve ser instilado, o que ocorre somente com o
tempo necessário e que seja suficiente para atingirem a solicitude, adquirindo assim a
leniência e coragem para fortalecer a suas próprias individualidades no âmbito da
docência.
Um ponto importante a considerar na formação contínua associada as TIC,
refere-se à problemática do erro. De acordo com Praia (1999), numa perspectiva
tradicional da didáctica, há uma tendência para evitar o erro, para o dissimular, para o
encobrir de forma que ninguém se aperceba que se cometeu o “pecado de errar”. Dessa
Fundamentação teórica
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forma, procura-se sobrepor a verdade ao erro. Pelo contrário, a epistemologia do erro,
atribuindo um valor positivo a este, considerando-o, mesmo, indispensável à construção
da verdade, encaminha para uma perspectiva didáctica em não ocultar o erro, que o trás
à consciência de quem errou a procurar analisar e o transformar num instrumento
privilegiado de aquisição e construção do conhecimento.
Este é o diferencial existente entre a criança e o adulto, a criança não tem medo
de errar, e por conseguinte consegue ver o todo quando está diante de um tela de
computador através da sua inerente curiosidade, fá-los desvendar os mistérios ali
presentes, levando ao erro e ao aprendizado, enquanto, o adulto, é altamente crítico e
recriminador dos seus próprios actos, não podendo errar e erroneamente deixando assim
de explorar o novo e aprender com os erros, não aglutinando dessa forma o
desenvolvimento de seus alunos na cooperação e interacção no uso das TIC, elevando a
desmotivação para aprender o novo.
O perfil do novo professor deve ser hoje de acreditar e mostrar que confia no seu
aluno e que promova o efeito “Pigmalião”. Uma criança, depois de ver que acreditamos
nela, pode fazer coisas espantosas. (Figueiredo, 1999)
Resgatar outros tipos de parcerias, segundo ainda Figueiredo, que não são
exploradas e que não são modernas: as parcerias de aprendizagem de Sócrates, por
exemplo, eram parcerias de construtivismo social, bastante antigas e que foram
praticamente excluídas. Um outro exemplo é o do aprendiz medieval na sua relação
com o mestre: aprendia o aprendiz e aprendia o mestre; o aprendiz tinha outras
competências e a sua juventude para criar um ambiente de aprendizagem colectiva, de
estímulos, de mobilização e de aperfeiçoamento em conjunto com o mestre e seus
aprendizes.
Acredita Freire (1997), que conhecer o contexto do processo comunicacional em
que a leitura e a escrita se produzem é de fundamental importância. É importante
reconhecer, por exemplo, que existe uma sociedade fortemente atravessada pelo
mercado que marca a produção das palavras, ao ponto de oferecer e procurar
conhecimento. Por isso, há com certeza necessidade de formação em certas
competências específicas para estar a par, pelo menos, de alguns dos novos emergentes
meios comunicacionais, permitindo, desta forma, que os professores retomem seu
próprio saber.
Fundamentação teórica
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Partindo de uma das premissas do pensamento freireano, segundo a qual o
conhecimento é “entender o mundo-palavra”, reconhece-se a necessidade da
apropriação, pelos educadores, dos avanços científicos do conhecimento humano que
possam contribuir para a qualidade da escola que se quer.
Por outro lado, o protagonismo do professor na leitura e escrita nos meios
comunicacionais, desde a óptica freireana da “leitura do mundo”, pode oferecer um
caminho para descobrir, descodificar e explorar o texto previamente escrito e gravado
no computador, o que virá, por sua vez, caracterizar a competência do professor. Se
bem que a escrita aparece como um processo inacabado, mas não há de deixar de
afrontar este desafio, bem como o de começar a reflectir e actuar para quando a
tecnologia não seja problema. De qualquer modo, os computadores e a leitura não são
incompatíveis, nem perturbam ou impedem a leitura e a escrita. Mas, se se pretendem
desenvolver a competência comunicativa por meio do desempenho nos computadores,
tem que se começar por considerar as teorias crítico-construtivistas em relação à
transformação do discurso escrito, tanto na alfabetização básica como no desempenho
de habilidades de escritas mais avançadas. Neste sentido, a media pode contribuir como
ferramenta para aprender, bem como servir de objecto de conhecimento. (Gomez, 2001)
Segundo Buzato (2001), literacia electrónica – hoje mais conhecida como
literacia digital (LD) – é o conjunto de conhecimentos que permite às pessoas
participarem nas práticas letradas mediadas por computadores e outros dispositivos
electrónicos no mundo contemporâneo.
Em geral as pessoas pensam na literacia digital como conhecimento “técnico”,
relacionado ao uso de teclados, interfaces gráficas e programas de computador. Porém,
a literacia digital é mais abrangente do que isso, ela inclui a habilidade para construir
sentido a partir de textos que mesclam palavras, elementos pictóricos e sonoros numa
mesma superfície, a capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informação
disponibilizada electronicamente, familiaridade com as “normas” que regem a
comunicação com outras pessoas através do computador (Comunicação Mediada por
Computador ou CMC).
Fundamentação teórica
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Podemos verificar que muitos professores afirmam serem totalmente
“analfabetos” para o uso dos computadores. Mas segundo Kleiman (1995, in: Buzato),
“o analfabetismo tende a ser visto como um índice da incapacidade intelectual do
indivíduo e não como consequência natural da não inserção real do sujeito em contextos
sociais que demandam o conhecimento da escrita, ou que promovem a participação em
práticas sociais nas quais esse tipo de conhecimento tem um papel significativo”.
Buzato (2001), afirma ainda que, para entender o conceito de literacia
electrónica, esse não se trata apenas de ensinar a pessoa a codificar e descodificar a
escrita, mas de inserir-se em práticas sociais nas quais a escrita tem um papel
significativo. Fica assim entendido, que mesmo sabendo ler e escrever, isso não
significa que essas pessoas saibam construir uma argumentação, redigir uma carta,
interpretar um gráfico, pesquisar sobre um assunto, etc. Esse tipo de conhecimento
constrói-se na prática social e não na aprendizagem do código por si só.
Mas quando falamos de alguns professores, estamos falando em semi-letrados
nos termos da literacia digital, pois é letrado para os termos tradicionais estando em
posição de privilégio em relação a seus alunos, que ainda não possuem a base da
literacia alfabética. Conforme estas colocações, os professores são capazes de discernir
quais conteúdos são ou não relevantes.
Mas para serem letrados electronicamente têm que ter disposição para aprender,
querer fazer e querer ser, ter acesso a computadores e pares mais competentes. Também
é necessário que os professores tenham uma atitude flexível e corajosa que propicie uma
atmosfera de colaboração e co-investigação com os seus alunos.
Tomando a afirmação de Kaplan (1995, in: Buzato) segundo a qual, “a literacia
electrónica não substitui a literacia alfabética mas adiciona a ela outras habilidades e
tipos de conhecimento”.
O iletrado electrónico é aquele indivíduo não familiarizado minimamente com o
sistema simbólico que permite manipular o computador, acarretando que o iletrado
electrónico é, a rigor, também um iletrado alfabético, pois, ao menos no presente
momento, a tela do computador mimetiza boa parte das convenções associadas à página
impressa; e como semi-letrado electrónico, aqueles indivíduos que, já dispondo do
letramento alfabético, adquiriram no mínimo alguns conhecimentos básicos que
permitem a interacção com textos no meio electrónico, mas ainda confundem coisas do
tipo, traços de géneros impressos e géneros electrónicos, sentindo-se mais a vontade
Fundamentação teórica
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utilizando o computador como um recurso adicional à escrita alfabética; sendo o letrado
electrónico capaz de interagir com uma gama ampla de textos e está mais apto a adquirir
conhecimento sobre novos tipos de textos e géneros discursivos no meio electrónico.
(Buzato, 2001).
A aquisição da literacia electrónica, os cursos e programas de formação de
educadores para a superação dos obstáculos humanos, tais como os sentimentos de
incompetência e desqualificação frente às novas tecnologias de informação e
comunicação é importante criar uma “comunidade de prática” em que as pessoas
possam ir se integrando no uso da tecnologia assim como participarem de práticas
letradas no seu dia-a-dia, na família, círculos de amigos. É importante mostrar que para
aprender a lidar com o computador é preciso interagir com pessoas que sejam “fluentes”
no uso da máquina. Essas pessoas podem ser seus próprios alunos, um projecto de troca
de e-mail com pessoas de outras escolas / comunidades, sendo uma excelente forma de
começar.
A literacia da informação é um processo de aprendizagem pelo qual se identifica
uma necessidade ou se define um problema; procura recursos eficazes; reúne e consome
informação; analisa e interpreta a informação: sintetiza e comunica com eficácia a
informação e avalia o processo.
Adultos informados são leitores ávidos e consumidores de informação artística e
cultural. São pensadores críticos e criativos, aprendentes interessados e investigadores
organizados. Usam a informação de forma responsável e são comunicadores eficazes.
Colaboram com outros, não só pessoalmente como através das TIC, desenvolvendo e
avaliando projectos e produtos, o que os tornam utilizadores sistemáticos das novas
tecnologias.
As competências da informação constituem ferramentas de aprendizagem ao
longo da vida, induzindo o desenvolvimento cognitivo do aluno. A literacia da
informação deve ser integrada transversalmente no currículo. As aprendizagens tornam-
se mais significativas quando operacionalizadas de forma interdisciplinar e/ou ligadas a
necessidades ou problemas da vida real.
Achamos importante ressaltar estarmos em consonância com as afirmações de
Buzato (2001), mas que para derrubar a resistência ao uso do computador, é uma tarefa
muito complexa, pois argumentos não faltam para muitos dos professores se afastarem
de seu domínio.
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Desenvolvimento da Literacia da Informação.
Características do aluno Tipos de informação Fontes
Orientação
Nível inicial: Nível inicial: Nível inicial:
1. Tem pouca ou nenhuma experiência em recorrer a diferentes fontes de informação.
1. Utilização de um número de fontes pré-seleccionadas.
1. Realiza pequenas sessões sobre a utilização de fontes específicas.
2. Necessita de grande apoio do professor.
2. Simples, directas, claras e concisas e de leitura fácil.
2. Apoio de alunos-monitores sobre a localização da informação.
3. Revela pouca capacidade em definir, organizar e realizar um projecto.
3. Adequação da informação impressa, visual e auditiva ao nível conceptual.
3. Sensibiliza para as diferentes componentes da literacia da informação.
4. Tem pouca experiência na análise e interpretação da informação.
4. Forma e apresentação apelativas.
4. Utiliza modelos simples de apresentação.
5. Tem falta de hábito de reflexão crítica.
5. Mecanismos de estrutura simples: o aluno pode facilmente encontrar a informação.
6. Lê avidamente de forma não sistemática.
7. Necessita desenvolver capacidades nas TIC.
Nível intermédio: Nível intermédio: Nível intermédio:
1. Desenvolve o projecto com entusiasmo, mas tem dificuldade em delimitar o tema.
1. Acede a fontes de informação simples e complexas.
1. Assegura o acesso a fontes de informação múltiplas.
2. Tem experiência em utilizar correctamente algumas fontes de informação.
2. Atinge resultados com alguma complexidade.
2. Organiza pequenas sessões acerca da localização e pesquisa da informação.
3. Desiste com facilidade face às dificuldades de desenvolvimento do projecto.
3. O nível conceptual das fontes de informação requer maior capacidade de leitura, audição, observação.
3. Apoia os alunos na identificação e filtragem da informação relevante.
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4. Tem dificuldade em reunir informação relevante.
4. As fontes de informação podem usar símbolos codificados ou familiares que necessitam ser traduzidos pelo utilizador.
4. Promove a análise e interpretação da informação.
5. Desenvolve capacidades de análise e interpretação da informação.
5. Acede a múltiplas fontes de informação e tecnologias.
5. Orienta e guia os alunos face à informação que detêm.
6. É um leitor independente e interessado.
6. Ajuda os alunos nas dificuldades que encontram.
7. Desenvolve capacidades nas TIC.
7. Ensina as componentes da literacia da informação e a utilização das TIC.
8. Mostra múltiplos modelos de apresentação da informação.
Nível avançado: Nível avançado: Nível avançado:
1. Lê com avidez. 1. Tem acesso a fontes de informação complexas.
1. Encoraja a utilização de múltiplas fontes de informação em suportes variados.
2. Pensa de forma crítica. 2. Domina diferentes perspectivas e opiniões.
2. Estimula a utilização de estratégias mais complexas de investigação.
3. Aprende com interesse. 3. Explora a riqueza das fontes de informação.
3. Desafia o pensamento crítico dos alunos.
4. Investiga de forma organizada.
4. Códigos e formatos complexos já não constituem barreira.
4. Faz feedback no processo de desenvolvimento do projecto.
5. Comunica com eficácia. 5. Manipula fontes de informação primárias tão bem como as secundárias.
5. Induz a apresentação dos produtos finais com qualidade e recurso a diferentes suportes.
6. Usa a informação com responsabilidade.
6. Usa um leque vasto das TIC.
7. Usa as TIC com destreza.
Tabela II-4: CTAP Information Literacy Guidelines K -12
Fundamentação teórica
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ORGANIZAR PARA A INVESTIGAÇÃO
(PROCESSO)
Figura II-4: Modelo de literacia da informação
Identifica uma necessidade ou um problema – No primeiro contacto com a literacia
da informação o aluno deverá:
Reflecte no
processo & no produto
(como fiz e como poderia ter
feito?)
Comunica a Informação
(em diferentes suportes)
Resume &
Conclui (elabora
Informação em diferentes suportes)
Reflecte & Cria (compara, avalia, escolhe, associa,
escreve…)
Recolhe e
selecciona a Informação
(lê, ouve, observa, reúne…)
Localiza a Informação em
diferentes suportes
(livros, mapas, CD-ROM, Internet…)
Questiona & Reflecte
(formula as questões)
ALUNO
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1. Perguntar sobre uma gama vasta de tópicos, assuntos, problemas, etc.
2. Reconhecer a necessidade de gerir e completar a informação a um certo nível
(razoável) de compreensão.
3. Fazer brainstorming sobre o assunto e formular questões.
Procura recursos fáceis – Identificado o assunto e formuladas as questões o aluno
deverá:
1. Identificar potenciais fontes de informação, incluindo documentos impressos,
não impressos e electrónicos, dentro e fora da escola (i.e. em suporte informático
- Internet, CD-ROM - audiovisual...).
2. Utilizar estratégias eficazes de pesquisa recorrendo a palavras-chave, frases e
conceitos.
3. Aceder à informação usando índices, tabelas de conteúdos, pesquisa cruzada e
suporte informático.
4. Avaliar as fontes a utilizar (i.e. leituras, pontos de vista / opiniões, formatos de
documentos).
5. Rejeitar fontes que não servem as suas necessidades.
Reúne a informação – Depois da identificação e avaliação das fontes o aluno deverá:
1. Ler, observar e ouvir uma grande variedade de materiais apropriados.
2. Reunir material de suporte ao assunto.
3. Começar a elaborar / construir / produzir informação sobre certos aspectos do
assunto.
Analisa a informação – Enquanto os materiais/documentos estão a ser lidos,
observados, tratados, o aluno deverá:
1. Descobrir e explorar palavras-chave e ideias principais.
2. Determinar a correcção, relevância e qualidade da informação (autor, data, etc.)
e rejeitar a informação desnecessária.
3. Diferenciar entre facto e opinião, concordância e discordância, fontes principais
e secundárias, causa e efeito.
4. Identificar pontos de vista, diversidade e influência cultural.
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5. Reconhecer omissões e erros de lógica.
6. Reconhecer a inter-relação entre os conceitos.
7. Reflectir sobre as questões que surgem, rejeitando algumas ou todas; decidir
recolher mais informação / documentação para substituir a anterior.
Interpreta e sintetiza a informação – Depois de analisar a informação, o aluno deverá:
1. Encontrar formas eficazes/correctas para tirar e tomar notas.
2. Resumir e registar a informação por palavras suas.
3. Tirar conclusões baseadas na informação recolhida.
O conteúdo citado até esse momento, foi feita alusão para a formação de
professores de forma presencial, mas colocou-se que a prática é a melhor forma do
semi-letrado electrónico superar as barreiras para alcançar a literacia digital. As
tecnologias de informação e comunicação são uma realidade nas escolas e vieram para
ficar, bastando agora que os profissionais se consciencializem de que os obstáculos são
muitos, mas, de uma forma ou de outra terão que ser superados para serem “bons
professores” no novo contexto de ensino/aprendizagem.
Levando em conta a prática, um bom argumento para a literacia electrónica seria
utilizar as plataformas existentes nas escolas e proporcionar aos professores a formação
à distância, como a aprendizagem via electrónica, o e-learning, levando a autoformação
através da prática no mundo digital. A formação on-line facilita em muitos aspectos a
autoformação. Em primeiro lugar, porque a formação pode ser acedida a qualquer hora,
em qualquer lugar, eliminando a necessidade de cumprir horários e sem estar limitada a
um espaço físico ou situação geográfica. Com um PC ligado à Internet, é possível que
populações isoladas dos grandes centros urbanos e culturais acedam a conhecimento e
formação qualificados.
O e-learning também permite que cada formando aprenda a seu próprio ritmo e
escolha o seu estilo de aprendizagem, tanto em modo de colaboração assíncrona – em
que não existe interacção em tempo real entre formador e formandos e a comunicação
baseia-se em fórum ou e-mail – e síncrona, na qual o formador e formandos estão
interligados através de salas virtuais, conferências de áudio e vídeo, por satélite e
Internet.
Além disso, o e-learning reduz as despesas com viagem, o tempo necessário
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para formar as pessoas e diminui a utilização de salas de aulas e pode cortar em até 50%
os custos de formação. O número de utilizadores é ilimitado, sendo sempre possível
acomodar mais pessoas. Outras vantagens são, a personalização dos conteúdos, os quais
podem ser adaptados às diferentes necessidades de aprendizagem. Como o conteúdo é
baseado na Web, pode ser actualizado sempre que necessário, tornando a informação
útil por um maior período de tempo e passível de ser reutilizável; o estímulo à auto-
aprendizagem, dado que o processo formativo passa a ser centrado no formando e não
no formador. O formando é quem define o que quer aprender, agindo o formador como
um guia ou um tutor para o aluno atingir o conhecimento e competência que deseja
alcançar. (Guia de e-Business, 2001).
Mas existe a outra face do ensino a distância, onde as críticas centram-se
principalmente sobre a ausência de uma relação humana entre professor e alunos típica
de uma sala de aula, a escassa largura de banda que impede a transmissão de conteúdos
mais elaborados e dificulta as videoconferências.
Os investimentos iniciais são elevados em termos de recursos humanos que
devem ser qualificados, tanto pedagógicos como informático, para a criação de
conteúdos e das plataformas. Mas além das barreiras tecnológicas e financeiras, também
existem as sociais. A resistência à mudança e a falta de conhecimento sobre e-learning,
levando à comparação com o ensino comercial de fraca fiabilidade, prejudicando a
aceitação por parte das pessoas. Além disso, verificam-se muitas dificuldades na auto-
motivação dos alunos, o e-learning exige dos formandos uma autodisciplina. Outro
factor importante é os conteúdos e a pedagogia utilizada nesses cursos. (Exame
Informática, 2002).
Em primeira instância a auto-aprendizagem pode ser entendida como uma
aprendizagem solitária e isolada, mas a auto-aprendizagem necessita e requer a
colaboração com os outros. O aprendente não deve ser visto como independente ou
dependente, mas sim como interdependente, adquirindo os novos conhecimentos através
do diálogo, feedback e reflexão com formadores, facilitadores, mentores, colegas de
aprendizagem, etc. Assim, existindo a interacção entre formando e formador, formando
e formando, não existe o isolamento imaginado, elevando a auto-estima e auto-
motivação.
Pesquisas do Canadá e Inglaterra sobre rendimento na aprendizagem em casos
de educação à distância através da Internet, estão revelando que o formando / aluno
Fundamentação teórica
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ganha mais conhecimento com a compreensão profunda de conceitos complexos,
quando participa de discussões analíticas com os seus colegas sobre os tópicos da
matéria em estudo. Isto é, mais do que o material textual de leitura obrigatória/opcional
colocado à disposição do formando / aluno, mais do que a intervenção do professor nas
discussões, e é a discussão analítica entre os alunos que provoca alto rendimento
escolar.
No Capítulo III enfatizaremos a respeito da estrutura tecnológica nas escolas do
1º ciclo, assim como, das perspectivas de programas pedagógicos na realização do
projecto Internet na Escola.
Discorreremos sobre as características das escolas do primeiro ciclo e das suas
vantagens e desvantagens na presença da pedagogia e comunicação e como as
características dessas escolas reflectem as tecnologias de informação e comunicação no
ensino / aprendizagem.
Capítulo III
Características das escolas do 1º ciclo e as novas tecnologias
3.1. Estrutura tecnológica nas escolas do 1º ciclo
Promovida pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT) em colaboração
com as Autarquias, foi concluída, no final de 2001, a ligação das escolas públicas do 1º
ciclo do Ensino Básico à Internet, através da Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade
(RCTS).
Nessa perspectiva, o MCT lançou um programa de acompanhamento da
utilização educativa da Internet na Escola públicas do 1º ciclo do Ensino Básico (EB1),
tendo para o efeito celebrado, no ano de 2002, protocolos de colaboração com todas as
Escolas Superiores de Educação dos Institutos Politécnicos do Continente e, nos
Distritos onde aquelas não existem, com as Universidades neles sedeadas.
O programa, até este momento, implica a realização de acções de
acompanhamento pedagógico nas escolas EB1 a efectuar por monitores com nível
superior, com formação pedagógica e de informática. As acções de acompanhamento
dotam cada escola EB1 de capacidades para produzir páginas Web e certificar a
aquisição de competências básicas em tecnologias de informação pelos professores e
alunos, designadamente os que concluem o 1º ciclo do ensino básico.
A Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), enquanto entidade
gestora da RCTS coordena a execução deste programa, e oferece às instituições
envolvidas serviços tecnológicos que permitem, por exemplo, o alojamento na RCTS de
materiais de apoio educativo e a obtenção dos indicadores de utilização pelas escolas do
1º ciclo do Ensino Básico dos recursos disponibilizados.
A Unidade de Apoio à Rede Telemática Educativa (UARTE), assegura o
acompanhamento do Programa Internet na Escola através da promoção coordenada:
• Da produção de conteúdos científicos e tecnológicos a disponibilizar na Rede;
Características das escolas do 1º ciclo e as novas tecnologias
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• Do desenvolvimento de actividades telemáticas nas escolas, de formas de interacção
e parceria entre os vários parceiros educativos.
A UARTE tem contribuído de forma manifesta, a disponibilização de ideias que
têm vindo a ser exploradas pelos professores e pelos alunos nas escolas. Levanta-se,
contudo, a questão da criação de contextos macro, que se apresentem como “mundos”
para a integração de actividades pedagógicas.
Com base nos protocolos estabelecidos com o MCT, a FCCN dotou estas
instituições de um equipamento multimédia e ligação digital ISDN (Integrated System
Digital Network) também conhecida na tradução para o português RDIS (Rede Digital
de Serviços Integrados) à RCTS e à Internet, utilizando um adaptador Ethernet para
ligação em Rede Local. Desde o início do ano 2000, as novas ligações à RCTS, então a
ser feitas através de um Office Router que possibilita a partilha da ligação RDIS entre
vários computadores multimédia, potenciando desta forma a criação de Redes Locais
nas instituições.
O computador possui softwares de apoio há instalações, sistema operativo da
Microsoft (Windows 98), e aplicativos da Microsoft (Office) além do FTP (File
Transfer Protocol) “já configurado” para o alojamento da página, e um disco (CD-Rom)
de reposição em caso de perda de configuração do equipamento, sendo a Portugal
Telecom a entidade responsável pela instalação da infra-estrutura física desta rede. A
maioria das escolas possui um único computador, as excepções daquelas que
participaram do projecto Nónio Século XXI e que possuem mais de um computador que
estão interligados em Rede Local. Mesmo as que possuem este tipo de plataforma de
interligação de computadores, na maior parte das vezes apenas um computador partilha
a rede mundial.
A Escola Superior de Educação de Leiria em conjunto com uma empresa de
desenvolvimento de software, desenvolvera uma plataforma para facilitar a gestão da
página das escolas pelos professores e alunos, dentro de um ambiente amigável PHP
(termo que designa: Hypertext Preprocessor) é uma linguagem de server-side e open-
source, em que a página fica directamente alojada no servidor, e que, após a página ser
divulgada pelos monitores / formadores basta que o professor ou aluno escreva
conteúdos directamente na janela da página ou, crie um texto, elementos pictóricos e
sons em aplicativos em que tenham conhecimento e depois é só copiar e colar na
página. Vide Anexo D.
Características das escolas do 1º ciclo e as novas tecnologias
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3.2. Característica das escolas do 1º ciclo em Portugal
Considerar, por um momento, uma situação pedagógica antiga que durante
muitos anos apresentou resultados positivos e que hoje poderia ser aproveitada, tendo
em vista o facto de que se têm a disposição as novas tecnologias de comunicação e as
novas formas de aprender e trabalhar. A referencia às escolas de uma sala só que
ofereciam educação formal fundamental na área rural de muitos países do século
passado, neste século, e até agora oferecem em países carentes e ainda em Portugal,
sendo que, muitas destas escolas possuem tais características devido ao factor
localização geográfica.
As principais características das escolas de uma só sala são:
• Agrupamento em uma sala única de alunos de vários anos (1º ano a 4º ano, assim
como alunos com necessidades especiais);
• Realização de actividades diferentes simultaneamente pelos alunos, individualmente
ou em grupo;
• Compartilhando dos mesmos recursos materiais por todos os alunos: mapas, pequena
biblioteca, computadores, etc.
Existem relatos do sucesso didáctico destas escolas, obrigadas, por
circunstâncias geográficas e financeiras, a ter estas características. Além de aprender o
conteúdo obrigatório do currículo, os alunos aprendem a trabalhar verdadeiramente em
colaboração, e os mais velhos reforçam os seus conhecimentos ajudando os menores a
entender os conceitos mais complexos, assim como, a presença de alunos maiores
aumenta o nível de maturidade geral na sala de aula. Todos os alunos exercem um papel
activo para adquirir conhecimento, deixando o professor no seu papel de gerenciador
das actividades de aprendizagem e não no papel de transmissor de informação. (Litto,
1999).
Sendo estas as características de um enorme número de escolas do 1º ciclo em
Portugal e aproveitando o contexto em que se inserem apoiadas nas novas tecnologias
de informação e comunicação e que hoje tudo indica que a educação será baseada,
principalmente, nos seguintes pilares:
• Será centrada no aluno, cuja aprendizagem na escola consistirá em identificar
Características das escolas do 1º ciclo e as novas tecnologias
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problemas, achar informação pertinente para solucionar problemas, tirar soluções
adequadas e escrever para terceiros relatórios sobre achados;
• Exigirá habilidade no trabalho colaborativo, às vezes com pessoas de origem, idade,
experiências e pontos de vista diferentes e localizadas em lugares distantes;
• Durará a vida inteira, devido ao aumento contínuo de complexidade na execução do
trabalho profissional e ao desejo de cada trabalhador de se manter actualizado para
não perder seu espaço no mercado.
A educação daqui adiante, tanto para jovens como para adultos, será realizada
em ambientes presenciais ou virtuais que terão muitas características da escola de uma
sala só e, com a presença do computador, com acesso à Internet e o seu vasto
repositório de informação actualizada e histórica, dará à educação um dinamismo e
riqueza inimagináveis. Dentro deste contexto, o alargamento das vantagens de
cooperação e comunicação de uma só via, em que a comunicação não mais será
entendida como emissor – receptor e sim emissor – emissor, tornando todos indivíduos
activos na comunicação e interacção. Como bem colocou o pesquisador argentino
Ricardo Noseda (1972), elucidando as diferenças entre comunicação e informação.
"Comunicação não é ato, mas processo pelo qual o indivíduo entra em co-
operação mental com outro até que ambos alcancem uma consciência
comum – Informação, pelo contrário, é qualquer transcrição unilateral da
mensagem de um emissor a um receptor – A irradiação da mensagem sem
retorno de diálogo, proveniente de informantes centralizados, não pode ser
identificada com a co-atividade intra-subjetiva característica da
comunicação".
Neste aspecto, é possível perceber que a comunicação se constitui numa
instância da aprendizagem, pois, se praticada como ética, pode provocar uma tendência
favorável à participação, dar maior sentido ao trabalho, favorecer a credibilidade (desde
que seja transparente), fomentar a responsabilidade e aumentar as possibilidades de
melhoria do ensino/aprendizagem ao favorecer o pensamento criativo entre os
professores – professores, professores – alunos e alunos – alunos. Mas, uns dos grandes
desafios desta nova realidade, será fazer da criatividade o principal foco do
desenvolvimento do aprendiz, pois este é o caminho para formar profissionais
Características das escolas do 1º ciclo e as novas tecnologias
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competitivos, capazes de gerar ideias criativas e a melhor maneira de atrair e manter
professores criativos é proporcionando-lhes um ambiente adequado para trabalhar. Esse
ambiente adequado pressupõe liberdade e competência para comunicar. Hoje, uma das
principais exigências para o exercício de função profissional é certamente a habilidade
comunicacional. As outras habilidades seriam a predisposição para a mudança e para a
inovação; a busca do equilíbrio entre a flexibilidade e a ética, a desordem e a incerteza;
a capacidade permanente de aprendizagem. Pode-se afirmar ainda, que as bases para a
construção de um ambiente propício à criatividade, à inovação e à aprendizagem estão
na auto-estima, na empatia e na afectividade. Sem esses elementos, não se estabelece a
comunicação nem o entendimento.
Mas outros factores primordiais devem ser levados em conta quando se está
inserido na realidade da escola de uma só sala, como: falta de recursos humanos para
apoiar os alunos na presença do computador e a formação dos professores para gerir e
disseminar conhecimentos com o uso das TIC principalmente na utilização de uma
estratégia de como gerir a dicotomia alunos / recursos escassos.
Para fundamentar melhor esta questão, a América do Norte está na liderança
mundial no aproveitamento bem sucedido de tudo o que a tecnologia moderna oferece,
cada escola norte-americana de educação fundamental e média tem um coordenador
tecnológico, um professor ou professora cuja função, além de ministrar aulas, é ser um
facilitador para assuntos tecnológicos, ajudando a direcção da escola e os demais
professores a planear, executar e avaliar o uso de tecnologias novas (computadores,
Internet, TV por cabo, retroprojectores, educação à distância em geral), além das escolas
estarem bem equipadas. A ajuda vai desde questões simples, como cabos e conectores,
até a selecção de uma plataforma principal para as actividades ligadas às tecnologias. É
neste professor que a escola investe em primeiro lugar, enviando-o para congressos,
formação especiais e reduzindo sua carga horária de aulas. Em troca, ele ou ela torna-se
multiplicador de conhecimento, a pessoa que reduz a complexidade aparente para
termos humanos e compreensíveis.
A existência deste tipo de profissional nas escolas norte-americanas tem
facilitado a gradativa e serena adopção da tecnologia no coração da aprendizagem de
cada escola, o que ainda está por se pensar e projectar para as escolas do 1º ciclo em
Portugal.
Características das escolas do 1º ciclo e as novas tecnologias
_________________________________________________________________________________________________________
50
Com certeza as maiores possibilidades de gerar autonomia e reflexão crítica nos
alunos está relacionada ao facto de poder enfatizar a revisão da construção dos discursos
inseridos na formação dos formadores de docentes, quanto nos conteúdos do desenho
curricular, assim como nos novos arranjos institucionais e organizacionais da escola,
que a sociedade da informação exige.
A educação para os meios representa um paradigma em transição, onde as novas
formas de interacção professor/aluno requerem a ruptura de discursos gerados na
intralógica da formação de docentes preparados para formatar sentidos e versões
acríticas, num mundo cada dia mais globalizado e numa sociedade cada vez mais
voltada ao acesso à informação.
Preparar os alunos para os meios será, sobretudo, um trabalho de abertura aos
novos sentidos, em relação à função social que a escola e o processo de
ensino/aprendizagem tem para com a construção de valores que reconheçam as
diferenças individuais, bem como as potencialidades criativas e verdadeiramente
inovadoras dos sujeitos inseridos no colectivo.
Encontrar referenciais que possibilitem este movimento instituinte, supõe uma
mobilização no plano da política junto à pesquisa educativa, que possa mapear, no caso
português, as diferentes propostas e seus pontos de encontro e confronto no ensino da
educação para os meios, identificando as práticas discursivas e os sentidos construídos
em relação a este foco que nos convoca à reflexão.
No Capítulo IV, discutiremos a metodologia abordada, posicionando,
dimensionando e capitulando o campo de estudo.
Capítulo IV
Metodologia
Este capítulo buscou alcançar os objectivos propostos, descrevendo a estrutura
da pesquisa e os procedimentos metodológicos empregados na busca dos resultados.
Madsen 1974 (in: Neves de Jesus), diferencia o discurso científico com base no
grau de sistematização e no grau de informação que apresentam, podendo ser
distinguido um texto do senso comum, como o jornalístico, em que não apresenta
sistematização, assim como, um texto de ficção que não é intuito revelar nem
sistematizar nem informar, sendo o senso comum um mero esboço explicativo.
Enquanto o discurso científico é sistemático e informativo, integrando proposições
descritivas, explicativas e meta-teóricas em que conduz à investigação, em termos dos
métodos para adquirir informação e para verificar o verdadeiro valor dessa informação,
variando no lugar e no tempo.
Desta forma, a estrutura conceptual deste trabalho, será bem definida, servindo
de guia para a investigação, recolha e análise de dados.
A tecnologia pode ser utilizada tanto como ferramenta para o “repasse de
conteúdos padronizados”, quanto de mediadora de um processo de “questionamento
reconstrutivo” entre os aprendentes, conforme proposta problematizadora. (Paulo Freire,
1987). O que diferencia estas duas abordagens não é a tecnologia em si, mas sim os
paradigmas educacional e científico a partir dos quais a tecnologia é desenvolvida e
utilizada.
Conforme ressaltado, por convergirem, este estudo está fundamentado na
abordagem actuante das ciências cognitivas e na metodologia problematizadora.
4.1. População em estudo e a amostra identificada
Visando reconhecer a realidade das TIC em sintonia com as realidades
tecnológicas do nosso tempo, a população de estudo é constituído por 1338 professores
Metodologia
_________________________________________________________________________________________________________
52
do Distrito de Leiria das escolas do 1º ciclo, colocados em estabelecimentos da rede
pública no ano lectivo 2002/2003.
Total de escolas do Distrito de Leiria representadas por Concelhos. Tabela IV-1.
CONCELHO TOTAL DE ESCOLAS Alcobaça 68 Alvaiázere 13 Ansião 23 Batalha 23 Bombarral 21 Caldas da Rainha 58 Castanheira de Pêra 8 Figueiró dos Vinhos 13 Leiria 119 Marinha Grande 24 Nazaré 9 Óbidos 23 Pedrógão Grande 9 Peniche 19 Pombal 99 Porto de Mós 36 Total Global 565
Tabela IV-1: Escolas por Concelhos
Visualização no mapa do Distrito de Leiria e respectivos Concelhos:
Figura IV-1: Mapa do Distrito de Leiria
Metodologia __________________________________________________________________________________________________________
53
Conforme foi salientado, a ESEL ficou responsável por gerir o trabalho de apoio
pedagógico e informático nas escolas do 1º ciclo do Distrito de Leiria. Contudo,
necessitou fazer a gestão e contratação de colaboradores para o devido trabalho no
terreno.
Constatando pela Tabela IV-1, os 16 Concelhos do Distrito de Leiria totalizam
565 escolas.
O critério de contratação dos monitores, ficou sinalizado da seguinte forma:
• Monitores com conhecimento pedagógico;
• Monitores com conhecimento em informática;
• Monitores com disponibilidade total (5 dias na semana), ou com disponibilidade
parcial, não podendo ser com menos de 3 dias semanais.
• Meio de locomoção próprio.
• Monitores com habilidade nas relações humanas e com espírito motivador.
• Monitores com nível superior ou em fase de conclusão.
Definidos que foram os critérios, deu-se a fase de análise de currículo e a
segunda fase que foi das entrevistas, onde coube a selecção de 40 monitores que
trabalhariam no terreno em grupo de duas pessoas, ficando assim definido que 20
equipas abrangeriam as 565 escolas existentes no distrito, ficando cada equipa com uma
média de 28 escolas.
Sabendo então, que algumas equipas não teriam disponibilidade total, foram
colocados os monitores com disponibilidade de 3 dias, 4 dias e 5 dias na semana para
trabalharem em conjunto, ficando assim equipas com disponibilidade total na semana
com 39 escolas e outras com menor número de escolas.
Os custos de deslocamento e alimentação ficaram por conta de cada equipa, e
que o valor contratual para recebimento estava estabelecido por visitas diárias as
escolas, sendo que, por dia só poderia ser atendida uma escola no horário de
funcionamento da mesma, salvo contratempos que deveriam ser relatados para a ESEL.
A relevância de tal afirmação refere-se ao critério para a selecção das escolas a serem
visitadas por cada equipa, considerando os custos que as equipas viriam a suportar por
visita.
Com o intuito de manter um equilíbrio nos custos de cada equipa, a ESEL optou
por estudar o endereço de residência de cada um dos monitores e colocando os pares
para a formação da equipa com residência o mais próximo possível, além de optar pelos
Metodologia __________________________________________________________________________________________________________
54
deslocamentos, dividindo cada equipa por quilometragem a percorrer durante as 4
visitas que deveriam ser feita em cada uma das escolas, através do estudo de distâncias
entre as escolas e as residências dos monitores, o que perfez médias de 1600
quilómetros em que cada equipa percorreria por cada bloco de visitas, totalizando até o
final do projecto que seriam 4 visitas por equipa um total de 6400 quilómetros. Não
houve a preocupação da ESEL quanto aos custos com a alimentação e desgastes de
automóvel, tendo que ser suportado pelas equipas e que estas se encontravam cientes
através da leitura do contrato de prestação de serviços.
De acordo com os critérios estabelecidos pela ESEL, este estudo engloba quatro
Concelhos do Distrito de Leiria: Ansião, Leiria, Pombal e Porto de Mós. Destes
Concelhos, 39 escolas foram abrangidas, cuja amostra perfaz num total de 80
professores.
Após as três primeiras visitas e reuniões frequentes realizadas com todas as
equipas, foi possível constatar que as escolas apresentavam características muito
semelhantes em todo o Distrito, possuindo suas constituições estruturais (físicas),
número de alunos, número de professores, condições de funcionamento, o ambiente
social e cultural, problemas internos e externos e as novas tecnologias, limitando assim,
variáveis que poderiam influenciar o resultado final, caso houvesse grande discrepância
no ambiente em que as escolas se encontram inseridas. Motivados com estas
constatações e na condição do estudo poder reflectir a realidade populacional, buscamos
desenvolver questões que interessariam serem analisadas. Entre as muitas questões que
nos interessavam, buscamos as que influenciariam na formação e a motivação
profissional docente no uso do computador na sala de aula nas escolas do 1º ciclo, onde
a prática está intimamente ligada à colaboração e à integração das tecnologias de
comunicação na mediação educativa.
A partir dessas delimitações, passamos para a análise do questionário que seriam
aplicados nos professores. O questionário foi baseado no da Doutora Jacinta Paiva no
estudo de responsabilidade do Programa Nónio-Século XXI, com sede no Departamento
de Avaliação Prospectiva e Planeamento do Ministério da Educação para levantamentos
estatísticos sobre as TIC na utilização no ensino desde o 1º ciclo ao secundário do
Continente em 2001/2002, e foi feita uma adaptação do mesmo para professores das
escolas do 1º ciclo a serem inquiridas.
Metodologia __________________________________________________________________________________________________________
55
O questionário encontra-se estruturado da seguinte forma:
• Um primeiro grupo de questões teve como intuito de conhecer as características
gerais dos professores da amostra, tais como: sexo, idade, situação profissional e
formação inicial;
• Um segundo grupo de questões de carácter específico e que levam a múltiplas
respostas, tais como: as acções de formação nas tecnologias de informação e
comunicação, o domínio no uso destas tecnologias com seus pares e alunos, as
necessidades de futuras formações e o grau de motivação quanto às formações
realizadas e as necessidades de futuras formações nas TIC no contexto ensino /
aprendizagem.
Uma cópia do questionário encontra-se no Anexo A. O questionário inclui questões
quantitativas e qualitativas e foi impresso em papel branco, sendo as questões fechadas
de forma que fossem facilmente identificáveis e para facilitar o seu preenchimento.
Para testar os questionários nos seus múltiplos aspectos, foi realizada uma passagem
do questionário a um grupo restrito de professores, em iguais condições às dos futuros
inquiridos da amostra. Foram obtidas algumas sugestões válidas, que suscitaram
algumas alterações no instrumento de notação. Todavia, após o tratamento do
questionário, foi notado que teria sido possível melhorar este instrumento de notação.
A Tabela IV-2 mostra o número de professores abrangidos.
Tipologia Dimensão / professores Quantidade de questionários obtidos %
Professor
80
52
65
Tabela IV-2: Número de professores inquiridos
A recolha dos dados decorre nos meses de Abril a Junho de 2003, e foram
obtidos 52 questionários preenchidos, cujos dados foram lançados numa folha de
cálculo do Excel. Numa segunda fase e depois de uma análise preliminar de lapsos na
introdução dos dados e erros do próprio inquirido, foi feita uma
Metodologia __________________________________________________________________________________________________________
56
recategorização/divisão/agrupamento de algumas questões dos questionários de forma a
permitir uma mais correcta interpretação dos resultados.
Os dados foram analisados utilizando gráficos e medidas descritivas, de modo a
possibilitar a sua síntese e retirar conclusões sobre o objectivo do trabalho.
No Capítulo seguinte, mostramos os resultados alcançados, através de gráficos e
tabelas que estão fundamentados na realidade dos questionários aplicados nos
professores do 1º ciclo, ressaltando na forma escrita o foco que achamos relevante a ser
observado.
Capítulo V
Resultados
Para usar as novas tecnologias de informação é preciso lidar com numerosos
equipamentos, sistemas e suportes lógicos, daí ser bastante difícil preparar os
professores para introduzir estas tecnologias na sua prática pedagógica, numa postura
reflexiva e inovadora. Estes problemas advêm da fraca, às vezes inexistente, formação
inicial nas TIC que levam a que se reflicta sobre os processos de mudança dentro da
escola, como dos aspectos psicológicos ligados às teorias da aprendizagem, das
questões mais ligadas ao profissionalismo quanto à responsabilidade e motivação e
também quanto à característica da escola e o número de equipamentos disponíveis para
a utilização com os alunos.
Este capítulo procura proceder a uma descrição não somente numa perspectiva
longitudinal, mas também o acompanhamento do grupo de professores desde o início ao
fim do projecto, procedendo a um cruzamento das suas atribuições e das suas práticas
no uso das novas tecnologias, precisamente o computador e à Internet e quanto ao
aproveitamento da formação recebida durante o decorrer do projecto. Ainda, procura
apresentar problemas relativos aos equipamentos, que foram sendo anotados durante
todas a visitas realizadas e que achamos relevante incluir neste trabalho, pois é um
factor importante que influencia directamente na formação do professor na utilização do
computador.
Em geral, a ênfase do uso da tecnologia na educação é a qualidade do
aprendizado enquanto se está utilizando a tecnologia, ou seja, as facilidades oferecidas
pelas ferramentas na solução de problemas e o que realmente importa são os efeitos
gerados a partir do uso da tecnologia, o aprendizado significativo e o interesse passam a
ser, contribuir para o desenvolvimento da capacidade de “questionamento
reconstrutivo”, mesmo que não esteja utilizando a tecnologia.
Para isso, a tecnologia não pode ser tratada como um fim em si mesma, mas sim
como mediadora da interacção entre os aprendentes no processo de construção do
conhecimento.
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
58
A aprendizagem utilizando as tecnologias se encontra apoiada na interacção,
construção, cooperação e extensibilidade, que são gerados a partir da Abordagem
Actuante e a metodologia problematizadora.
Começamos por apresentar as características da amostra, no que respeita ao
sexo, situação profissional e formação inicial. A Tabela V-1 faz uma síntese destes
resultados. Quanto ao sexo houve predominância do sexo feminino em 98% sendo que
na totalidade 98% dos professores possuem situação profissional profissionalizada e
65% obtiveram formação inicial em outras situações que não em Escolas Superiores de
Educação.
Sexo Situação profissional Formação inicial
Feminino Masculino Profissionalizado Não
profissionalizado ESE
Outra situação
92% 8% 98% 2% 35% 65%
Tabela V-1: Sexo – Situação profissional e Formação inicial
Quanto a idade dos participantes na amostra verificamos que (Gráfico V-1), 95%
dos professores têm idade compreendida entre 26 e 55 anos.
Distribuição dos professores da amostra por idade
2
2538 31
40
20
4060
80100
18-25 26-35 36-45 46-55 Mais de56
Por
cent
agem
Gráfico V-1: Distribuição dos professores da amostra por idade
Essa primeira análise nos possibilita ter uma visão geral das características dos
professores inquiridos, que determina um domínio do sexo feminino e situação
profissional profissionalizado. Quanto à formação inicial, 65% dos professores
assinalaram em outra situação, e concluímos, em termos da idade, que a maioria
encontram-se entre os 36 e 55 anos, e nesse período havia predominância na opção
profissional para a docência no magistério primário e que estava longe da realidade de
hoje o uso do computador, principalmente nas escolas do 1º ciclo.
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
59
No que respeita o equipamento informático pessoal (Gráfico V-2), verificamos
que 96% dos professores na amostra possuem computador pessoal.
Equipamento informático dos professores da amostra
4
96 92 88
6044
020406080
100N
ão te
mco
mpu
tado
r
Com
puta
dor
Impr
esso
ra
Inte
rnet
Sca
nner
Gra
vado
rde
CD
´s
Por
cent
agem
Gráfico V-2: Características do computador pessoal
Em relação à iniciação no mundo da informática (Gráfico V-3), houve um
equilíbrio nas respostas assinaladas no questionário entre acções de formação do
Ministério da Educação e apoio de família / amigo. Apenas 2% dos professores na
amostra não apresentavam contacto inicial com o computador, o que aconteceu ou não,
a partir da presença dos monitores nas escolas.
Distribuição da forma como os professores da amostra f izeram sua iniciação às TIC
2
4256
152
60
21
6
0
20
40
60
80
100
Ainda não fez
Auto-formação
Apoio família/am
igo
No curso superior
Form. sup. info.
Acções form. do ME
Outras Acções
De outra forma
Por
cent
agem
Gráfico V-3: Distribuições como os professores da amostra fizeram sua iniciação nas TIC
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
60
Realizou acções de formação em informática?
75
25
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Por
cent
age
m
Balanço da acções de formação em informática que realizou
23
64
103
0
20
40
60
80
100
Muito positivo Positivo Pouco positivo Nada positivo
Por
cent
agem
Balanço das acções de formação
113 5
82
0
20
40
60
80
100
Formadoresdemasiado técnicos na
linguagem utilizada
Formadoresdemasiado teóricos
Formadoresdemasiado práticos
Formadoresconseguiram um
equilíbrio (teoria eprática)
Por
cent
agem
Constatamos também que 75% dos professores na amostra realizou acções de
formação em informática (Gráfico V-4), tendo sido considerado por 87% como positiva
e muito positiva (Gráfico V-5) e ainda 82% dos professores que realizaram acções de
formação, destacaram que os formadores conseguiram um equilíbrio entra a teoria e a
prática, (Gráfico V-6).
Gráfico V-4: Acções de formação que realizou em inormática
Gráfico V-5: Realização de acções de formação
Gráfico V-6: Balanço das acções de formação
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
61
Em relação ao âmbito das acções de formação em informática, 51% dos
professores afirmaram ter sido generalista e 33% somente acções de formação
específicas para o 1º ciclo, sendo que apenas 15% realizou acções em ambas
especificações (generalista e especifica), (Gráfico V-7). Quanto a utilização do
computador (Gráfico V-8), metade dos professores destacaram utilizar bastante o
computador, 12% usam raramente sendo que 27% somente para edição de textos.
Verificamos também que a motivação para a prática do uso do computador não
se justifica no apetrechamento de equipamentos nas escolas e nem ao facto de possuir
computador pessoal, outros factores motivacionais devem ser analisados para que essa
prática ocorra.
Âmbito das acções de formação em informática que realizou
51
3315
0
20
40
60
80
100
Generalista Específ ica 1º ciclo Ambas
Por
cent
agem
Gráfico V-7: Âmbito das acções de formação em informática que os professores realizaram
Como definiria sua relação com o computador
212
2950
8
020406080
100
Não usa comp.
Raramente usa
Só para texto
Usa bastante
Outra situação
Po
rcen
tage
m
Gráfico V-8: Distribuição de como os professores definiu a sua relação com o computador
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
62
Verificamos o pouco tempo de horas semanais no uso do computador, onde 50%
dos professores na amostra afirmaram utilizarem de 0 a 3 horas. (Gráfico V-9)
Horas por semana que passa ao computador
2
50
2513 10
0
20
40
60
80
100
0h 0-3 h 3-5 h 5-10 h Mais de 10 h
Por
cent
agem
Gráfico V-9: Distribuição das horas por semana que os professores utilizam o computador
Quanto ao uso da Internet e onde mais a utiliza, verificamos que a maioria dos
professores inquiridos o fazem em casa 71% e 60% na escola, sendo que a Internet é
mais para o consumo de informação pessoal do que para o domínio educacional.
(Gráfico V-10).
Usa a Internet?
15
7160
6
0
20
40
60
80
100
Não usa Sim, em casa Sim, na escola Sim, noutroslocais
Por
cent
agem
Gráfico V-10: Distribuição em relação ao uso da Internet
Quanto ao modo como os professores usam o correio electrónico, verificamos
que quase a metade dos professores que usam a Internet não fazem uso do correio
electrónico (Gráfico V-11).
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
63
Modo como os professores da amostra usam o e-mail
44
8
3519 17 21
0
20
40
60
80
100
Não usa e-mail
Com alunos
Com am
igos
Com colegas prof.
Com escolas
Outras situações
Por
cent
agem
Gráfico V-11: Distribuição de como os professores utiliza o e-mail
Achamos importante ainda destacar que através de observações e conversas
informais com os professores, que o facto destes possuírem computador nas suas
residências, é mais para serem utilizados pelos filhos e que contam com o apoio dos
mesmos para realizarem as tarefas quando necessitam que sejam feitas no computador,
tornando-se dependentes na preparação de suas actividades profissionais. Assim como,
a questão da faixa etária em que se encontram os professores inquiridos. A estagnação
do professor, limitando-se a fazer o que dele é esperado e a “viragem” na carreira,
havendo uma preparação para a reforma.
Neves de Jesus, (1996) afirmou que o período entre os 35 e 40 anos de idade, em
que ocorre a desilusão com a profissão e é justamente nesse período que o professor
apresenta maior mal-estar e menor motivação. Neste estágio de “virada”, encontramos
muitos professores que foram inquiridos, que colocam a questão da reforma como factor
da não necessidade de participação em projectos e acções de formação nas TIC para a
sua utilização no ensino / aprendizagem, sendo que, muitos isolam os seus alunos dessa
participação, e assim, verificamos a veracidade da afirmação do autor.
Na preparação das aulas, observamos que 92% dos professores na amostra
utilizam o computador para elaborar fichas e testes e 65% para pesquisas na Internet,
(Gráfico V-12), assim como seria previsível e que verificamos que 92% dos professores
utilizam aplicações informáticas directamente com os alunos na aplicação de
processamento de texto (Gráfico V-13). Concluímos assim, que grande parte dos
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
64
professores do 1º Ciclo utilizam o computador como apoio para a escrita alfabética,
demonstrando serem semi-letrados electrónicos.
Com que f ins usa o computador na preparação de aulas?
2
92
65
12 12
0
20
40
60
80
100
Não usa
Elabora fichas/testes
Pesquisas na Net
Power Point, etc.
Outra situação
Por
cent
agem
Gráfico V-12: Na preparação das aulas com que fins usa o computador
Aplicações informáticas que usa directamente com os alunos
4
92
35
0
50
15
63
46
8
0
20
40
60
80
100
Nenhuma
Processador de texto
Prog. Gráficos/desenho
Folha de cálculo
Multimédia/CD-ROM
Internet
Software pedagógico
Outra aplicação
Por
cent
agem
Gráfico V-13: Aplicações informáticas que utiliza directamente com os alunos
Os resultados gráficos (Gráficos, V-14, V-15 e V-16) vêm confirmar que o
número de vezes que os professores utilizam o computador com seus alunos na sala de
aula não pressupõe que o faz na construção de novos conhecimentos pessoal e de forma
criativa. O facto do professor utilizar mais o computador para elaboração de fichas /
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
65
testes e elaboração de textos com os seus alunos é devido a falta de domínio que ainda
se apresenta no uso da máquina.
Nº de vezes que utilizou o computador com alunos em 2002/2003
132 4 4
54
23
0
20
40
60
80
100
0 1 2 3 Mais de 4 Sempre
Po
rce
nta
ge
m
Gráfico V-14: Distribuição em relação a quantidade de vezes que o professor utilizou o computador
com os alunos no ano lectivo 2002/2003
Actividades realizadas pelos alunos quando usam as TIC
4
67
10
60
12
88
6
0
20
40
60
80
100
Nenhuma
Prod. Edição/Infor.
Comunicação/rede
Consulta/pesquisa
Orga. Gest. Info.
Recreativa/jogos
Outra actividade
Por
cent
agem
Gráfico V-15: Tipos de actividades que o professor realiza com os seus alunos quando utilizam o computador
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
66
Contexto de utilização das TIC pelos alunos
4
73 71
3123
13
0
20
40
60
80
100
Nenhum
Disciplinar
Trab.projecto/AE
Apoio pedag. Acrescido
Apoio alunos especiais
Outro contexto
Por
cent
agem
Gráfico V-16: Contexto de utilização dos professores com os seus alunos quando utilizam o
computador
O domínio do conteúdo técnico por parte do professor como uma das partes que
constituem sua prática pedagógica, que é eminentemente política, faz com que a sua
capacitação revista-se de uma grande importância, uma vez que será nos momentos em
que está sendo capacitado que o docente se apropriará dos instrumentos necessários ao
desempenho da acção crítica, criativa e transformadora. (Libaneo, 1998).
As atitudes e a prática vão se modificando mais rapidamente do que as crenças,
assim se cessarem as condições de demanda, estimulação ou motivação, a prática pode
voltar a responder às crenças mais profundas arraigadas e ainda não modificadas.
Todavia, enquanto esses professores desejarem, as mudanças na prática pedagógica
docente e as inter-relações com seus pares, alunos e outros envolvidos acontecerá o
indicador não só dum aperfeiçoamento cognitivo mas dum amadurecimento
emocional/afectivo.
Do questionário (Anexo A), a questão “S” – “Quer use ou não as TIC em
contexto educativo, assinale, para as afirmações abaixo, uma cruz (X) em “sim” ou
“não”, consoante concorde ou discorde, deixe em branco as alternativas sobre as quais
não tem opinião:” Esta questão foi dividida em duas partes, agrupando respectivamente
em cada uma delas as afirmações que denotem atitudes positivas ou negativas face às
TIC. As afirmações ficaram agrupadas do seguinte modo:
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
67
As atitudes positivas: nº de afirmações: 1, 3, 4, 6, 7, 8, 10, 11, 13, 15, 19, 20, 21 e 22
As atitudes negativas: nº de afirmações: 2, 5, 9, 12, 14, 16, 17 e 18
A partir deste ponto, os Gráficos V-17 e V-18 respondem por si só as atitudes
positivas e negativas face às TIC.
Estes dados são grandes facilitadores de aprendizagem, pois atendem às
necessidades e interesses dos professores em dominar e fazer uso do computador. Desta
forma, qualquer mudança na educação deve contar com o apoio dos professores, pois a
formação docente passa por processos de investigação directamente articulados com as
práticas educativas. (Nóvoa, in: Caligiorne, 2002)
Atitude positiva face às TIC
Atitude positiva face às TIC96 92 92
60
75
90 88
21
83 85
31 31
52
13
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Por
cent
agem
Gostaria de saber mais acerca das TIC
As TIC ajudam-me a encontrar mais e melhor informação para a minha prática lectiva
Ao utilizar as TIC nas minhas aulas to rno-as mais motivantes para os alunos
M anuseio a informação muito melhor porque uso as TIC
Acho que as TIC tornam mais fáceis as minhas ro tinas de pro fessor(a)
Penso que as TIC ajudam os meus alunos a adquirir conhecimentos novos e efectivos
O uso das TIC, na sala de aula, exige-me novas competências como pro fessor(a)
Sinto-me apo iado(a) para usar as TIC
As TIC encorajam os meus alunos a trabalhar em colaboração
A minha escola tem uma atitude positiva relativamente ao uso das TIC
Consigo gerir com facilidade as novas tecno logias na sala de aula
Estou satisfeito com o apoio técnico recebido pelos órgãos competentes
Eu já conhecia antes do pro jecto Internet nas escolas, sítios educativos na Internet
Considero fácil gerir a página da esco la
Gráfico V-17: Atitudes positivas dos professores face as TIC
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
68
Em conformidade com o Gráfico V-17, 96% dos professores assumem querer
saber mais sobre às TIC; 92% considera que as TIC ajudam para que eles encontrem
melhor e mais informação para a prática lectiva; 92% dos professores considera que as
suas aulas passam a ser mais motivantes para os alunos; 60% afirma que manuseiam
muito melhor a informação por utilizar as TIC, 75% relata que com o uso das TIC as
rotinas de professor tornam-se mais fáceis; 90% pensa que as TIC ajudam os alunos a
adquirirem novos e efectivos conhecimentos; 88% diz que o uso das TIC na sala de aula
exige novas competências como professor, apenas 21% sente-se apoiado para usar as
novas tecnologias de informação e comunicação baseadas em computador; 83% afirma
que os seus alunos são encorajados a trabalharem em colaboração; 85% afirma que a
escola onde trabalha tem uma atitude positiva relativamente ao uso das TIC na sala de
aula; 31% dos professores não consegue gerir o computador na sala de aula, apenas
31% se sente satisfeito com o apoio técnico recebido em relação à Internet e o
computador; 52% dos professores já conhecia sítios educativos na Internet mesmo antes
do início do projecto Internet na Escola e uma minoria; 13% consegue gerir a página da
Escola.
Atitude negativa face às TIC
Atitude negativa face às TIC
13
3831
38
60
3823
48
0
20
40
60
80
100
Por
cent
agem
Os compudadores assustam-me
Uso as TIC em meu benefício , mas não sei como ensinar os meus alunos a usá-las
Nunca recebi formação na área das TIC e desconheço as potencialidades de que disponho
Encontro pouca informação na Internet de so ftwares educativos
A minha esco la não dispõe de condições para usar o computador em contexto educativo
Os meus alunos, em muitos casos, dominam os computadores melhor do que eu
Não me sinto motivado(a) para usar as TIC com os meus alunos
Não conheço a fundo as vantagens pedagógicas do uso das TIC com os meus alunos
Gráfico V-18: Atitudes negativas dos professores face as TIC
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
69
Quanto às atitudes negativas face às TIC, Gráfico V-18; 13% dos professores
pesquisados considera o computador uma ferramenta assustadora; 38% utiliza
computadores mas não sabe utilizar a ferramenta como um meio pedagógico para com
os seus alunos; 31% dos professores nunca recebeu formação na área das TIC e
desconhece os seus benefícios e potencialidades no ensino / aprendizagem; 38% afirma
ainda não encontrar informação na Internet de softwares educativos; 60% afirma que a
escola onde lecciona não dispõe de condições para usar o computador em contexto
educativo; 38% assume que em muitos casos, os alunos dominam mais o computador
que o próprio professor; 23% não tem motivação para utilizar o computador com os
alunos e 48% diz não conhecer as vantagens pedagógicas no uso do computador com os
alunos.
É preciso romper com a resistência dos professores. Esta resistência precisa ser
trabalhada na formação de professores, desenvolvendo habilidades cognitivas e
operativas para o uso das medias e também a formação de atitudes favoráveis ao seu
emprego e à inovação tecnológica. Na verdade, em Portugal, a associação entre
educação e desenvolvimento tecnológico vem de uma visão tecnicista, que gerou uma
resistência de natureza política e tecnológica. Há também outras características a
considerar como questões culturais, sociais, um certo temor pela máquina e
equipamentos electrónicos, medo da despersonalização de ser substituído pelo
computador, ameaça ao emprego e formação que não inclui a tecnologia.
Muitos professores, como já foi apresentado anteriormente, reconhece a
necessidade do domínio do computador e sabe que esse domínio não ocorre de maneira
imediata. Assim, o professor sente-se inseguro, o que dificulta a transição da postura
tradicional para uma postura que permita tirar proveito do computador como ferramenta
auxiliar do processo da construção do conhecimento. (Valente 1998).
A falta de conhecimento dos professores sobre os recursos que podem garantir
uma forma de melhorar a sua prática pedagógica, provoca uma relação de rejeição à
tecnologia. O acesso aos recursos tecnológicos não só é necessário, como também
permitirá aos professores terem uma visão das possibilidades da utilização do
computador no processo de ensino. Um ambiente propício é necessário ser criado, para
a prática no uso das TIC. Percebemos no âmbito das várias escolas, com as mesmas
características, que há necessidade de um trabalho muito profundo para que as escolas
se tornem de facto, organizações de aprendizagem.
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
70
Há algum tempo, o professor era pressionado a realizar “um fazer”, “um
ensinar” segundo alguma metodologia ou abordagem da moda. Os cursos de
capacitação dos professores vem aumentando, mas muitos deles vinculam uma enorme
quantidade de novos dogmas, substituindo os até então indiscutíveis, e apresentando
novas receitas para serem seguidas. Os professores acomodam-se nestes procedimentos
e quanto mais seguros ficam com uma nova abordagem mais acomodados e resistentes a
um outro novo se tornam. Constatamos, muitas vezes, que tudo funciona, bem ou mal,
dentro de uma normalidade inquestionável. Naquelas escolas onde há questionamentos,
respostas bem elaboradas, alternativa de programas já formulada em consenso, é
importante estar atento para não entrar em comodismo, mas sim dar continuidade ao
trabalho, ao pensar e a novos fazeres.
Praticar e pesquisar comunicação com medias na escola, dentre elas, a
telemática, requer tomar como ponto de partida a perspectiva e a história dos
professores. Ao trabalhar com eles um questionário, uma entrevista, uma posição, um
conceito, requer a parceria de professores comunicadores com o pesquisador. A
reflexão, persuasão, convencimento, transformação devem ser obtidas através de um
trabalho de cumplicidade, de entusiasmo, de redescoberta da paixão de ajudar as
crianças, os adolescentes e jovens a aprenderem e a comunicarem com medias com a
mesma curiosidade do seu tempo anterior à escola.
Talvez, essa empreitada seja árdua, mas deve ser enfrentada tanto com
professores já em serviço nas escolas quanto com professores iniciantes, alunos de
cursos de formadores de professores.
O caminho para aprofundar as características da escola como organização, para
que a aprendizagem ocorra de facto e possa ser transferida para outras instituições na
sociedade, é um processo longo e lento. Cabe a cada um na sua devida função iniciar os
primeiros passos no âmbito de actuação para que se chegue em conjunto a um objectivo
geral.
O objectivo do computador é promover um ambiente de aprendizado baseado na
resolução de problemas e não um instrumento que ensina o aprendiz, mas uma
ferramenta com o qual o aluno desenvolve uma tarefa.
Podemos observar que mesmo possuindo computador e estarem sendo
orientados para o seu uso, os professores não conseguem discernir as suas necessidades
para futuras formações (Gráfico V-19), ressaltando principalmente quanto à colocação
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
71
da pouca necessidade de formação em sistema operativo e introdução ao computador,
por desconhecerem as suas potencialidades e ainda observamos com os trabalhos
realizados em conjunto com os professores que existe uma grande desfasagem no
domínio dessas ferramentas. Outra questão que não se justifica é a falta do uso do
correio electrónico, pois os monitores fortaleceram a sua prática de uso.
Como professor em que áreas da TIC necessita de mais formação?
212
5262
2333
5044
410
00
20
40
60
80
100
Desconheço as TIC
Processador de textos
Prog. gráfico/desenho
Folha de cálculo
Multimédia/CD-ROM
Internet
Software pedagógico
Introd. ao computador
Sistema operativo
Não preciso de formação
Por
cent
agem
Gráfico V-19: Em que áreas da TIC os professores necessitam de mais formação
Conforme o Gráfico V-20, os principais obstáculos à real integração das TIC na
sala de aula estão relacionados com a falta de meios técnicos, principalmente no que
concerne ao apoio técnico vindo do exterior. A falta de recursos humanos,
fundamentado nas características das escolas de uma sala só, que possui um único
professor responsável por todas as actividades educativas. A falta de formação
pedagógica, o que está directamente relacionado com as idades predominantes dos
professores, em que a maioria realizou formação inicial sem o uso das novas
tecnologias. Os 40% de professores que assinalou a falta de software educativo
interpreta como, a falta de conhecimento das novas tecnologias quanto a diversidade de
conteúdos que estão disponibilizados para o uso no ensino / aprendizagem através da
rede mundial.
Apenas 13% assinalou a falta de motivação para o domínio das TIC, o que
podemos entender como a dificuldade dos professores em discernir o conceito de
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
72
motivação profissional para as mudanças que ocorrem e os novos desafios profissionais,
relato este, suportado nos pilares da observação e do diálogo com os professores.
Obstáculos à real integração TIC no 1º ciclo
63 69
44 40
134
0
20
40
60
80
100
Falta meios técnicos
Falta recursos humanos
Falta form. pedagógica
Falta software/outro
Falta motivação prof.
Outro motivo
Por
cent
agem
Gráfico V-20: Obstáculos à real integração nas TIC analisadas pelos professores
Após estes resultados, podemos observar que não acontecem as interacções
dinâmicas para a construção do conhecimento.
A interacção pressupõe a criação, ou seja, colocar o aprendiz na acção e posição
de agente e autor. A interactividade consiste na manipulação de todos os recursos
disponíveis dentro de uma modelagem, ou seja, tudo aquilo que é fornecido pela
máquina e colocado à disposição do aprendiz como autor, ou seja, permite a autonomia
do aprendente. (Guerra, 2001).
Mas, com base no trabalho de Paulo Freire, não há autonomia sem cooperação e
não há cooperação sem autonomia. Cooperar é definido como “Operar
simultaneamente; trabalhar em comum; auxiliar; ajudar”, que não pode ser confundido
com colaborar, que significa “Trabalhar na mesma obra… Concorrer para a realização
de qualquer coisa”.
O ambiente de aprendizagem deve, permitir a criação de “Comunidades do
Conhecimento”, nas quais a cooperação entre as pessoas seja mediada pela tecnologia.
A melhor maneira de criar uma comunidade do conhecimento e na criação de
comunidade de prática, que possibilita, discutir, compartilhar e cooperar caminhando
para a extensibilidade que é a capacidade que um ambiente de aprendizagem tem em
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
73
permitir a sua alteração e/ou ampliação, em função de mudança no ambiente do
aprendente.
Dentro dessa óptica, não devem ser apenas as diversas formas de utilização e
domínio do computador que devem ser questionadas no processo de formação de
educadores. Faz-se necessário analisar o processo de construção de um saber técnico,
visando dotar os docentes de habilidades e conhecimentos que lhes permitam melhor
desempenhar as suas actividades na escola. Mas o domínio mínimo como utilizador do
conteúdo técnico torna-se ponto de insatisfação por parte dos professores em formação,
para a construção de sua prática pedagógica.
Entendemos assim, que cursos de capacitação contribuirão para que o professor
possa inserir-se na realidade escolar, ser capaz de resolver problemas técnicos ao nível
de utilizador, ser capaz de avaliar os softwares educativos, sites educativos que poderão
ser utilizados na sala de aula, também ser capaz de definir a forma de empregar a
tecnologia no ensino / aprendizagem.
Na distribuição do género dos professores da amostra por idade e sexo, existe
uma prevalência significativa do sexo feminino nas idades entre os 26 e os 55 anos.
Entre os 18 e os 25 anos, um domínio total do sexo masculino e um equilíbrio (50%) do
sexo masculino e feminino para os que têm mais de 56 anos. (Gráfico V-21)
Idade - Sexo
92 100 100
50
100
850
0
20
40
60
80
100
18-25 26-35 36-45 46-55 Mais de 56
%
Sexo Feminino Sexo Masculino
Gráfico V-21: Cruzamento sexo e idade
Na distribuição do género dos professores da amostra por formação inicial e
sexo, revela uma predominância do sexo masculino de 89% em Escola Superior de
Educação (ESE) e 97% em outra situação enquanto apenas 11% do sexo feminino têm
formação pela ESE e 3% em outra situação. (Gráfico V-22)
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
74
Sexo - Formação Inicial
11
89 97
30
20
40
60
80
100
ESE OUTRA
%
Masculino
Feminino
Gráfico V-22: Cruzamento sexo e formação profissional
Na distribuição do género dos professores da amostra por formação inicial e
idade, a sua representação é expressiva nas idades entre 18 e 35 anos em que realizaram
a sua formação inicial em Institutos Politécnicos (ESE) e já neste sentido encontraram
nos currículos disciplinas relacionadas com as TIC na educação. Para a faixa etária dos
36 anos em diante houve uma queda expressiva, devido a não conformidade das
necessidades das TIC na educação na formação inicial da época em que realizaram as
suas formações inicial. (Gráfico V-23)
Formação Inicial - Idade
100
6235
19
3865
81100
0
20
40
60
80
100
18-25 26-35 36-45 46-55 Mais de 56
%
I. Politécnico ESE Outra situação
Gráfico V-23: Cruzamento formação inicial e idade
Sabemos que dos professores que possuem computador pessoal 51% são homens
e 49% são mulheres.
Conforme mostra a Tabela V-2, verificamos que relativamente ao sexo, idade e
formação inicial existe um grande equilíbrio quanto a possuir computador pessoal.
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
75
Dos que possuem computador pessoal 35% usa bastante e 65% não usa bastante,
o que revela que não é possuir um computador pessoal que leva à sua utilização mais
efectiva.
Dos que possuem computador pessoal somente 54% usam o e-mail e 46% não
utilizam o e-mail, revelando assim que não o fazem noutros computadores e não
utilizam o correio electrónico nos computadores da escola.
Dos que possuem computador pessoal 86% usam a Internet e 14% não usam.
Tem computador pessoal
Sexo Formação inicial
Usa bastante o computador
Usa o e-mail Usa a Internet
F M ESE Outra situação Sim Não Sim Não Sim Não
96% 100% 90% 100% 35% 65% 54% 46% 86% 14%
Tabela V-2: Cruzamento da questão “possui computador” com, A, F, J, L e M
Conforme a Tabela V-3, podemos constatar que, dos professores que fazem
autoformação 48% usam bastante o computador para realizar múltiplas tarefas e mais da
metade, 52% não utilizam o computador para realizar múltiplas tarefas, assim,
concluímos que não é o facto de fazer autoformação que eleva a motivação para a
utilização do computador para o seu uso e exploração.
A conclusão acima é reflectida nos questionamentos do uso do computador para
elaboração de fichas e/ou teste, uso da Internet e uso do correio electrónico, observando
que para o uso do correio electrónico apenas 39% fazem uso e 61% não o utiliza.
Autoformação
Usa bastante o computador para realizar múltiplas tarefas
Usa o computador para elaboração de fichas e / ou testes
Usa a Internet Usa e-mail
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não 48% 52% 46% 54% 48% 52% 39% 61%
Tabela V-3: Cruzamento da questão “autoformação” com J, L, M e N
Os que fazem acções de formação do ME mostraram uma tendência maior para
o uso do computador para realizar múltiplas tarefas, elaboração de fichas e/ou testes, a
Internet e o e-mail, enquanto comparados com os que fazem autoformação. (Tabela V-
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
76
4). Há um aumento de 14% na utilização do computador para realizar múltiplas tarefas,
16% na elaboração de fichas e / ou testes, 11% no uso da Internet e 15% para o uso do
correio electrónico em relação aos professores que fazem autoformação.
Acções de formação do Ministério da Educação
Usa bastante o computador
para realizar múltiplas tarefas Usa o computador para
elaboração de fichas e / ou testes Usa a Internet Usa e-mail
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não 62% 38% 62% 38% 59% 41% 54% 46%
Tabela V-4: Cruzamento da questão “acções de formação do ME” com J, L, M e N
A Tabela V-5 mostra a realização de acções de formação em informática e TIC,
englobando formações promovidas pelo ME e outras acções de formação em
informática.
Os professores que realizam acções de formação tendem a usar mais o
computador, visto o acréscimo dos percentuais envolvidos para a maior utilização no
uso do computador para realizar múltiplas tarefas, na elaboração de fichas e/ou testes,
usam mais a Internet e o e-mail. Concluímos assim, a importância da realização de
acções de formação e da formação contínua.
Realizou acções de formação
Usa bastante o computador
para realizar múltiplas tarefas Usa o computador para
elaboração de fichas e / ou testes Usa a Internet Usa e-mail
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não 72% 28% 75% 25% 75% 25% 75% 25%
Tabela V-5: Cruzamento da questão “realizou acções de formação” com J, L, M e N
Muitas acções de formação são disponibilizadas para os professores pelo ME,
Escolas Superiores de Educação, etc., mas existe uma falta de adesão a estas acções de
formação, o desinteresse na elaboração das páginas Web e na contribuição com
materiais produzidos pelos alunos, factores que podem ser destacados. Esta relutância
tendeu a dissipar-se gradualmente, com o tempo, à medida que a percepção do projecto
começou a atenuar-se. Os formadores que se deslocaram às escolas desempenharam,
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
77
neste aspecto, um papel missionário vital – bem distante da mera prestação de
formação.
No entanto, o problema da participação dos professores das EB1 continua a
afigurar-se, tanto mais que os professores do 1º ciclo do Ensino Básico, nada têm a
ganhar, em termos de carreira, pela participação em acções de formação, que
sobrecarregam o seu dia-a-dia. Afigura-se que este será um dos aspectos onde a
intervenção da tutela, com medidas que reconheçam o esforço adicional dos
professores, poderá ter um papel muito importante a desempenhar.
Quanto aos professores da amostra que usam o computador para realizar
múltiplas tarefas, podemos observar que existe um grande equilíbrio associado às
variáveis usam Internet, o computador na elaboração de fichas e/ou testes, usam e-mail
e usam o computador para pesquisar assuntos de várias disciplinas. (Tabela V-6)
Usa bastante o computador para realizar múltiplas tarefas
Usa o computador para
pesquisar assuntos variados Usa o computador para
elaboração de fichas e / ou testes Usa a Internet Usa e-mail
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não 65% 35% 54% 46% 59% 41% 69% 31%
Tabela V-6: Cruzamento da questão “usa bastante o computador” com J, L, M e N
As Comunidades de Prática foram sendo criadas de forma transparente para os
professores, através de estímulos relacionados ao uso do correio electrónico entre os
professores e monitores, posicionando o professor na responsabilidade da sua
verificação diária, pois quaisquer eventualidades que ocorressem no decorrer do
planeamento do projecto seriam avisados por este meio para posicioná-los, tornando-os
desta forma, aprendizes e comunicadores, selectores de informação potencial para a
construção do conhecimento e constituindo-se em tomadores de decisão, adquirido pela
contextualização das informações recebidas, passando a utilizar a informação como
oportunidade e a constância em aprender a aprender, que segundo Jamil, 2001, a
aprendizagem não é uma experiência finita e que deve ser continuamente elaborada,
com resultados gratificantes. Mas o alcance dessa prática foi mínimo, conforme
apresentado, em face de várias razões em que a maior parte dos professores ainda utiliza
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
78
o computador como mero recurso adicional da escrita alfabética, por esta razão,
impossibilitando a sua utilização para a autoformação e formação à distância.
A Tabela V-7 é referente à recolha feita através de anotações que foram sendo
preenchidas em cada uma das quatro visitas feitas em cada uma das escolas e em
relatório enviados para a FCCN, referente às condições das plataformas instaladas.
Na questão de “nenhuma estação avariada e não reposta”, em muitas escolas
mesmo que a estação tenha sido reposta, nem sempre estava em condições para ser
utilizada, precisando ainda de alguns reparados, ainda assim, nem todo o equipamento
era reposto, como falta de impressora, cabos e outros.
Muitas escolas que não possuíam o router em condições de uso, foi utilizado o
router da ESEL para a realização dos trabalhos. Ferramenta indispensável para
quaisquer projectos que dependam da Internet para o seu desenvolvimento e que deve
estar disponível para uso dos monitores.
100% de escolas possui os softwares necessários de acordo com o projecto.
Em algumas escolas houve a necessidade de baixar da Internet, o FTP e o Adobe
Acrobat Reader. Em alguns casos teve que ser reinstalado o Windows 98 e o Office.
Problemas relacionados com o não acesso à Internet por motivo do servidor não
estar a funcionar, instalação do driver da impressora, travamento do equipamento,
oscilação do monitor de vídeo, rede eléctrica, extensão em curto-circuito, falta do cabo
serial para ligar ao router, foram sempre obstáculos para que a acção de formação
pedagógica ocorresse a contento.
Problemas de acesso à Internet
Acesso à Internet
Estação Multimédia
Router Impressora Páginas Criadas
Sim Não Avariada Não
Avariada Avariado
Não Avariado
Com Impressora
Não Sim Não
85% 15% 5% 95% 35% 65% 92% 8% 85% 15%
Tabela V-7: Representação das dificuldades com equipamentos
Além das dificuldades com os equipamentos, outras dificuldades foram
encontradas, como o saber trabalhar em grupo, pois a falta de domínio técnico do
computador levou um grande grupo de professores a preocupar-se com o
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
79
desenvolvimento de habilidades operativas no uso da máquina, enquanto outros sentiam
a necessidade de lidar com a tecnologia integrada ao processo ensino / aprendizagem,
mas muitas das vezes na escola não encontrávamos condições para desenvolver essas
habilidades. Uma outra dificuldade detectada foi, uma grande resistência observada na
formação do professor quando acompanhado de seus pares e alunos, devido à perda da
autoridade que consiste em ele próprio ser o detentor incontestável do conhecimento.
Quando não conseguimos romper esse velho paradigma, os professores isolam-se da
pragmática necessária para dominar o computador entre outras ferramentas didácticas
relacionadas com as TIC.
A experiência e este trabalho demonstraram que algumas instituições de Ensino
não apresentam um ambiente propício para a aprendizagem e para a construção e
socialização de novos conhecimentos. Entre os indicadores desta constatação, mais forte
em instituições estudadas, colocamos factos como:
• A diversidade dos actores mobilizados pelo processo (projecto) foi muito elevada e
as relações entre eles eram complexas, combinando interesses e motivações de difícil
conciliação;
• A complexidade sociológica das redes por eles constituídas, associada à sua grande
sensibilidade a dinâmicas sociais de elevada contingência, largamente dependentes
da existência e permanência, ou não, de lideranças individuais, aos diversos níveis,
reforça um cenário de grande complexidade;
• Compreendem-se as dificuldades acrescidas que terão resultado de o Ministério da
Educação, órgão tutelar do subsistema onde a intervenção tinha lugar, se ter mantido
afastado do processo. Na prática, tece-se um ministério mandatado para pôr em
prática as políticas nacionais para a Sociedade de Informação (o Ministério da
Ciência e da Tecnologia) a tentar actuar na área de intervenção de um outro
ministério (o Ministério da Educação) que não se manifestava interessado em acolhê-
las;
• Como consequência da situação anterior, as Instituições de Ensino Superior, que
assumiram a concretização do programa no terreno, ver-se-iam obrigadas a construir
pacientemente, a partir do zero, a complexa teia de relacionamentos indispensável ao
funcionamento do programa, sendo de facto, que ao tentarem iniciar a calendarização
das acções de terreno, depararem inesperadamente com compreensíveis reacções de
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
80
obstrução por parte das escolas e dos professores, que se interrogavam sobre a
legitimidade de tais intervenções;
• Descontinuidade de trabalho com a frequente mudança de professores;
• Falta de documentação e história, o que prejudica a aprendizagem através da
experiência do passado da própria instituição;
• Dificuldade de equipamentos e meios para acesso e difusão de informações para os
alunos e professores, tais como: avarias nos PC multimédia, furtos dos equipamentos
por deficiente protecção das escolas e atrasos na reposição, avarias nos equipamentos
de acesso básico RDIS, cuja vulnerabilidade a descargas atmosféricas excedeu
largamente o aceitável num produto comercial, avarias no routers RDIS, igualmente
expostos às descargas atmosféricas (das quais os equipamentos de acesso RDIS não
as protegiam), conforme apresentado anteriormente.
Todas estas dificuldades viriam atrasar de forma significativa a formação dos
professores e a entrada do projecto, que em muitas escolas só viria a verificar-se perto
do final do ano. As perdas de tempo dos formadores, nas escolas, na resolução de
problemas de natureza técnica, com grande prejuízo da acção pedagógica efectiva,
associadas às dificuldades do factor tecnologia.
Para ajudar a melhorar a actuação comunicacional escolar de professores, com
as diversas medias é preciso verificar: que significados os conceitos ensino escolar e
aprendizagem escolar têm para professores que já actuam há anos, ou que recém
começaram, na sala de aula; quais são seus objectivos de ensino e aprendizagem? Quais
diferenças explicitam entre método, abordagem, técnicas, medias de ensino e
aprendizagem? O que esses professores entendem por trabalho em rede, ou por redes de
comunicações? O que são tecnologias de comunicação para eles? O que são as novas
tecnologias de informação e comunicação? Para uma melhor apropriação das redes de
comunicações com as diversas tecnologias acreditamos ser essencial que o professor
tenha muito claro o paradigma educacional, e também, o comunicacional que norteia a
sua acção.
Os projectos de redes telemáticas que o Ministério de Educação, junto com a
Fundação da Computação Científica Nacional, Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade,
Escolas Superiores de Educação, Câmaras Municipais, Agrupamentos, UARTE –
Unidade de Apoio a Rede Telemática Educativa e outros se propuseram a implantar nas
escolas públicas portuguesas, parecem começar a preocupar-se com estas questões.
Resultados __________________________________________________________________________________________________________
81
Educadores em geral, legisladores e outros representantes têm discutido a necessidade
de se desenhar um projecto de preparação mais consistente do corpo pedagógico escolar
para a implantação das redes comunicacionais nas escolas, não como um modismo
como outras tecnologias foram introduzidas, mas preocupados com a diminuição do
fosso que se estabelece entre os estudantes das escolas públicas e as questões de
melhoria da qualidade da vida de todos no país.
Não é suficiente a colocação dos equipamentos (hardware e software) nas
unidades escolares, não é suficiente chamar profissionais de informática para ministrar
"cursinhos" de informática para os professores. Há que se realizar um trabalho de médio
e longo prazo para que os professores descubram e incorporem o novo papel do
professor comunicador para ser uma das forças transformadoras desta sociedade
tecnocrática em busca da diminuição das diferenças e das injustiças sociais e
comprometidos com a revalorização do ser humano, que se conceitua como "um ser que
conhece", e que se comunica.
Muitos estudos foram realizados desde que as TIC entraram nas escolas
portuguesas para a análise dos investimentos do Estado Português e a valoração destes
investimentos, com resultados dentro de uma visão muito optimista. O que não se
caracterizou com essa análise e que ainda muito se tem por fazer.
A importância desta fase da análise caracterizou-se pela obtenção de dados que
contribuem para a melhoria da nossa visão sobre o problema pesquisado e permite uma
percepção mais próxima da realidade em conformidade com os objectivos deste
trabalho.
Em seguida iremos apresentar as conclusões finais do trabalho realizado, bem
como referir algumas sugestões para investigações futuras.
Capítulo VI
Conclusões O objectivo desta pesquisa foi o de descrever e analisar algumas actuações de
professores na criação do conhecimento com as tecnologias de informação e
comunicação nas escolas, a partir das suas perspectivas integradas e a melhor prática
comunicacional educativa nas escolas. Decorrentes deste estudo são os que se voltam
para acções formadoras de professores, procurando fazer uso das mais diversas
tecnologias comunicacionais de tal modo que eles passem a reflectir sobre elas e a
integrá-las (ou não) na sua actividade comunicacional educativa em sala de aula e na
sua capacitação contínua na busca de realizar acções formadoras de professores que
aperfeiçoem suas práticas comunicacionais pedagógicas com as TIC, embasadas nas
teorias da aprendizagem e motivação são necessárias então, ampliações de pesquisas
nessa área, mobilizadas por questões como as que explicitamos a seguir e sobre as quais
desenvolvemos reflexões e apresentamos algumas perspectivas e proposições.
6.1. Constatações
Vislumbramos que a heterogeneidade de conhecimentos e vivências em
diferentes áreas de conhecimento permitiriam uma experiência rica para todos os
participantes. As perspectivas de enfoque e análise das questões propostas seriam
múltiplas, variadas, multifacetadas.
O discurso mais consciente desvelado em respostas ao questionário e
observações e nos debates em sala de aula, muitas vezes, não se mostrou tão coerente
com a prática, demonstrada nas actividades pedagógicas desenvolvidas. O projecto
serviu para que pudéssemos ter um certo perfil dos professores no momento em que
estávamos presentes em cada escola enquanto aconteciam os debates, os depoimentos e
a produção escrita e oral em sala de aula, permitindo acompanhar como esse perfil se
mantinha ou se revelava paradoxal no decorrer do projecto. As tais condições oferecem,
assim, um campo fértil para a pesquisa sobre as relações que esses profissionais
constroem em relação à Educação, Comunicação e Tecnologia e a consequente prática
no seu campo de trabalho no Ensino.
Conclusões
__________________________________________________________________________________________________________
83
Tanto na época de sua aplicação quanto na análise para este trabalho, podemos
observar mudanças no comportamento e na produção individual de alguns professores,
constatando sobre a interacção colaborativa e cooperativa e os seus reflexos nas atitudes
e até mesmo no comportamento dos colaboradores.
Em relação às tecnologias de informação e de comunicação, transformou-se de
simples recursos de apoio em mediadores nas relações interpessoais e na construção do
conhecimento e, mais ainda, em tecnologias de colaboração e cooperação, em alguns
casos, entusiástica.
É necessário promover um ambiente que conduza à aprendizagem − como
processo de transformação que envolve conhecimento, habilidade e atitudes do
indivíduo, com tempo para a reflexão e análise, para dissecar tanto as necessidades dos
alunos e professores quanto da sociedade onde se inserem como profissionais e
cidadãos e para avaliar os sistemas de ensino e pesquisa em uso e inventar novas
técnicas e novas abordagens que promovam a aprendizagem. A aprendizagem, o
desenvolvimento de habilidades e novas competências e a socialização de conhecimento
é incompatível com o sistema de monopólio do conhecimento e a sua concentração nas
mãos de poucos.
Muitas escolas mantêm ainda uma expressiva resistência, aliás, compreensível, a
um programa que se lhes apresenta como alienígena. A urgência em assegurar que o
projecto se inscreve harmoniosamente na hierarquia pedagógico-administrativa das
escolas é assim elevada.
Associadas à realidade das escolas, manifestaram-se também dificuldades em
algumas básicas integradas, onde o processo de intervenção foi difícil de gerir. Como no
caso em que um número significativo de professores das escolas manifestou grande
relutância em associar-se ao projecto, a ponto de se poder considerar que a participação
dos professores é uma das dimensões da intervenção no terreno onde as dificuldades se
apresentam como de mais difícil resolução.
A todas essas constatações, acrescentamos a relacionada aos ambientes em que o
projecto foi estudado. Em uma das instituições não era propício, ao contrário,
dificultava a prática do uso das TIC pelos professores e alunos, entre pares e outros.
Ainda assim, a prática ocorreu entre aqueles que de facto já incorporavam crenças,
atitudes e competências necessárias à colaboração e cooperação ou entre aqueles abertos
a aprender e desenvolver novas crenças, atitudes e competências. À medida que se
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84
desenvolvia a acção, agia-se sobre esse ambiente, modificando-o na medida das
possibilidades e estudando-o em relação às suas deficiências.
A esse ambiente, contrapôs-se o de outras escolas que ofereceu uma infra-
estrutura adequada para o desenvolvimento do projecto, não só em termos de
equipamento e espaço como de pessoal mais envolvido, motivado e melhor formado. O
desenvolvimento dos trabalhos com os professores nessas escolas foram
significativamente mais dinâmicos e a incorporação de novos conceitos, o repensar de
velhos conceitos e a discussão das inter-relações da educação, tecnologia e comunicação
reflectiram-se nos trabalhos finais do projecto.
Enfim, o resultado de alguns trabalhos de muito bom nível demonstram que
houve um desenvolvimento do projecto de formação de boa qualidade quando, em
paralelo com o desejo, a vontade e o esforço, a acção ocorreu e, dentro desse paradigma,
e a utilização das tecnologias, essa acção foi de facto optimizada e a prática foi
incorporada.
Conforme as características que envolvem as escolas analisadas e os resultados
apresentados, o projecto sustentou as suas estratégias de desenvolvimento de produção
do conhecimento, dentro dos incentivos mais reclamados pelos professores e seus
aspectos motivacionais, citados no Capítulo II segundo Neves de Jesus, e que esses
aspectos motivacionais foram galgados através da adaptabilidade e capacidade de
inovação, combinados à capacidade de satisfazer rapidamente a demanda com a
aprendizagem colectiva e o desenvolvimento de novos conhecimentos.
Os três pilares que sustentam um programa educativo são as infra-estruturas,
conteúdos e contextos, assunto bem trabalhado por Figueiredo (2003), asseguradas que
estão as infra-estruturas materiais que sustentam o programa e as infra-estruturas
técnicas e pedagógicas que o apoiam, garantido que está o acesso a um abundante
repositório de conteúdos, que a UARTE tem vindo a acumular (e deverá ser apoiada no
sentido de continuar a enriquecer).
Para dar continuidade, então, a esses estudos, acreditamos ser importante
constatar o que os professores pensam e fazem com as redes comunicacionais
mediáticas, como pensam outros conceitos relativos à educação e ao seu trabalho na
Escola, e como podem conseguir maior profundidade conceptual. Reflectir sobre esses e
outros conceitos fundamentais para a sua actuação profissional pode ajudá-los a melhor
nortear o seu trabalho. Alguns professores, já constatam e assumem a necessidade de
Conclusões
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85
resgatar esse tempo de reflexão. Outros ainda ignoram essa constatação e posicionam-
se, frontalmente, contra quaisquer actividades que os coloquem novamente diante dessa
situação. Há ainda aqueles que não só resistem, mas se transformam em obstáculo
principal a transformações, dificultando qualquer atitude, posicionamento ou
questionamento que possamos apresentar para abalar a sua posição de poder e decisão
dentro da hierarquia administrativo-pedagógica da escola.
O trabalho de repensar e reestruturar a educação escolar exige o passar pelo
caminho da sensibilização e consciencialização dos professores em relação às
constantes e rápidas transformações de ordem político-sócio-económica, cultural,
comunicacional e educacional que as novas tecnologias de comunicação vem
acelerando a velocidades nunca antes pensadas. O ser humano tem que reencontrar seu
equilíbrio e o papel do professor é fundamental. O conceito de rede como uma ligação
mais voltada às transformações sócio-culturais deve-se espalhar e expandir para todos
os lados. Compartilhar as experiências bem sucedidas pode tornar a vida humana, mais
saudável. Os professores não podem furtar-se a esta função, principalmente hoje, no
mundo em que a escola precisa ajudar a preencher as lacunas deixadas pela falta de
orientação de crianças, adolescentes e jovens quanto aos valores morais, aos princípios
éticos, à actuação política no sentido puro dessa palavra e ao exercício de uma cidadania
questionadora e modificadora.
A utilização da comunicação através das TIC e de computadores, por exemplo,
conforme a necessidade e a disponibilidade desses meios, pode tornar-se mais habitual
entre os alunos e professores. Para essa incorporação, faz-se necessário o uso constante
não só de actividades desempenhadas através dessas medias, através de consultas
constantes ao correio electrónico, a pesquisas, etc.
Os professores reconhecem a importância das redes de comunicação para
resolver problemas, mas muitos professores ainda não praticam mais intencionalmente
os modos comunicacionais por diversas razões (económicas, habilidades insuficientes,
etc.) que precisam ser superadas.
É fundamental que o professor continue a pesquisar, a comunicar-se com
diversas medias, com seus pares e a passar ele próprio pela aventura construtivista e
colaborativa da descoberta e da criação para servir de exemplo e motivação aos seus
alunos, e nessa comunicação, desenvolva a percepção de si mesmo, percepção de sua
relação com as medias que utiliza, do grau de controlo que tem sobre essas medias e do
Conclusões
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86
contexto em que as utiliza, bem como o conteúdo da mensagem e o quanto podem
controlá-la ou mesmo alterá-la.
O professor precisa ter muito clara essa questão da percepção no gerenciamento
dos projectos pedagógicos telemáticos que se realizam através de encontros electrónicos
mais ou menos interactivos, dependendo das medias empregues. Há que estar atento
ainda para as amplas possibilidades do desenvolvimento de processos de construção
colectiva do conhecimento.
A comunicação electrónica pode abrir portas para a superação de alguns
preconceitos ainda existentes nessa área. Quando alunos e/ou os professores usam um
computador trocando ideias e informações com pessoas de outras regiões da cidade, do
distrito, do país ou do mundo, podem ser estimulados a abrir o coração e a mente à
recepção das ideias, sentimentos. Apreciações do outro para julgá-las a partir das
mesmas e não a partir do preconceito (rejeição) pela aparência física, pela posição
social, pela etnia, pela idade, pelo sexo.
Quando os professores efectivamente se comunicam e trabalham com seus pares
colaborativamente e cooperativamente descobrem suas inteligências específicas que
lhes permitem também respeitar as diferenças de seus alunos e a ter sensibilidade para
as diversas inteligências. Essa comunicação permite-lhe apreender e estimular os pontos
fortes; atentar e cuidar dos pontos fracos. Permite-lhe trabalhar com a auto-estima dos
seus alunos de modo a fazê-los crescer e desenvolver-se integralmente. Um outro
elemento fundamental de comprometimento de professores e alunos é a pertinência.
Nesses projectos, em que o principal não é o uso da comunicação electrónica,
mas o uso da comunicação social, na conjuntura escolar, os professores podem aprender
a descobrir os seus talentos e a usá-los com eficácia, aumentando a sua própria auto-
estima e provocando o bom desempenho e entusiasmo de seus alunos, uma vez que a
comunicação é um caminho de ida e volta, bidireccional e de construção conjunta
envolvendo emissor e receptor em que passa a não existir emissor activo e receptor
passivo, em que ambos os sujeitos passam a ser sujeitos activos na comunicação.
As novas tecnologias de informação e de comunicação trazem uma quantidade
imensa de informação que vem fragmentada, dispersa, descontextualizada e,
recontextualizada, que adquire uma subdimensão ao se inter-relacionarem umas com as
outras e que manifestadas em som, imagem e textos se associam nas mais complexas
formas. Reiteramos, pois, a necessidade de se preparar o professor em programas de
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87
formação inicial e de formação em serviço para que eles aprendam a desembaraçar a
complexidade, detectar as ligações de uns dados com outros e a reconhecer contextos
com suas correspondentes repercussões e factos informativos, para poder trabalhar
comunicacional e educativamente com seus alunos, não apenas como um disseminador
de informação, mas como educador, como guia, que tem posse de critérios e orientações
e saiba analisar e contextualizar a informação para depurá-la através da selecção, da
valorização, do contraste, para ser um "despertador de espíritos" que levará seus alunos
a adquirir um domínio de representações e abstracções para transformar conhecimentos
adquiridos em saber elaborado.
Para que os projectos ou planos de comunicação escolar telemática possam ser
pedagogicamente efectivos é indispensável que sejam acompanhados por processos de
planeamento consistente, partindo-se de um embasamento teórico, tendo por consenso a
definição dos objectivos gerais e específicos, a escolha dos métodos e procedimentos
adequados, a designação de actividades e delegação de responsabilidades.
O acesso à Internet é, hoje, na cultura ocidental, pelo menos, uma prática
comunicativa social cada vez mais presente. Nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia,
na Austrália, na América Latina, aumenta o número de projectos pedagógicos
telemáticos que se utilizam dessa media. Entretanto, é sabido que a maioria dos
professores ainda não incorporou essa cultura e, portanto, essa cultura tem se reflectido
na cultura da sala de aula como actividade extra, como perda de tempo, como modismo,
sem se incorporar como uma prática desveladora de um mundo local descobrindo-se,
analisando-se, criticando-se e alterando-se mas afirmando-se, nas suas especificidades,
em relação ao transnacional, ao global, ao planetário.
Tem que se partir para uma formação do professor com ênfase na competência
cultural, o que significa que o professor tem que primeiramente perceber a sua própria
cultura, conhecendo-a, compreendendo-a, depois, abrir-se para o conhecimento e a
compreensão de outras culturas e aprender a criar ambientes multiculturais que
permitirão que seus alunos desenvolvam suas habilidades e seus estilos de
aprendizagem. Isso significa que o professor tem que se preparar para ser um
pesquisador, um comunicador, mas, sobretudo, um aprendiz por toda a sua vida e ajudar
seus alunos a desenvolverem a autonomia para também se tornarem eficientes
pesquisadores, comunicadores e aprendizes autónomos, não importa qual carreira,
profissão ou função que optem para a sua vida.
Conclusões
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88
O professor ao tornar-se competente em relação à utilização do computador
contribui melhor com seus alunos que já chegam à escola com uma certa competência
na utilização dessa tecnologia. Alguns desses alunos tornam-se professores dos seus
professores sobre uso de computadores e, o professor tem que estar aberto para ser
aprendiz nesse ambiente de aprendizagem multi-direccional.
As escolas abrangidas neste trabalho possuem características semelhantes, de
uma só sala. Algumas escolas em que as professoras acreditavam na utilização da rede
de computadores para abrir os horizontes de seus alunos, integraram um quadro em
forma de mapa para que os alunos pudessem ir ao computador nos dias específicos e
que no final da semana todos teriam feito uma actividade utilizando as novas
tecnologias inserida na sala de aula. Outras escolas optaram pela colaboração e
cooperação entre os alunos mais velhos com alunos mais novos na utilização do
computador, na utilização de softwares educativos e conversas em tempo real.
Em outros casos, se o professor se disponibilizava voluntariamente a participar,
os monitores agradeciam; se, ao contrário, os professores não acreditavam no projecto,
ou se mantinham cépticos e afastados, os monitores, em geral, levavam o projecto a
contento, satisfeito com os resultados alcançados com os alunos, nessa situação, o
projecto pedagógico com a utilização das TIC não se incorporava à prática
comunicacional educativa da escola, pois estivera restrito à actuação dos alunos. Assim
como, o inverso também aconteceu, em que os professores participavam activamente
das actividades dos monitores, mas não abriam espaço para a participação dos alunos.
O trabalho no campo da educação escolar tem mostrado que o mais importante é
mudar ou resgatar mentalidades e práticas que representem um novo paradigma
comunicacional e educacional e reflictam o discurso dos professores. Na verdade, ao
chegar à escola e lhes propor a conhecer a prática dos professores e avaliar o quanto ela
está próxima daquela que defendemos, encontramos um grupo diversificado de pessoas
ansiosas, resistentes, e cépticas. Após os primeiros contactos em que procuramos
resgatar a sua prática e envolvê-los nas actividades propostas, não desprezando toda a
sua experiência, mas valorizando-a ou fazendo-os reflectir sobre ela, questionando-a,
alguns professores passaram a participar de forma realmente colaborativa e cooperativa.
Um dos problemas enfrentados em muitas das escolas reflecte que o trabalho
com o professor tem que ter acompanhamento ao longo de todo o projecto. Um
acompanhamento constante, pois o professor tende a acomodar-se e voltar para a sua
Conclusões
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89
prática tradicional quando o agente estimulador não está presente. O que foi percebido é
que se o professor se compromete de forma completa com o projecto, isto é, se ele
acredita desde o início e a sua prática já está de certa forma voltada para uma postura
construtivista e de pesquisa, os resultados são, desde o início, positivos e os alunos estão
sempre estimulados e assimilam essa postura. Esse professor pode ser um auxiliar nos
acompanhamentos dos mais resistentes; entretanto, se o envolvimento é aparente e o
professor continua apegado a curricula e às actividades tradicionais obsoletas, o
acompanhamento dos monitores do projecto tem que ser mais constante e efectivo.
Acreditamos que as actividades propostas para os alunos devem ser
desempenhadas e realizadas em primeiro lugar pelos professores; só a partir do
momento em que o professor vivência a proposta que vai ser feita ao aluno é que ele
passa a ter mais consciência das possibilidades e limitações que serão enfrentadas pelos
mesmos e criam condições de uma melhor orientação para os alunos.
6.2. Perspectivas Através do trabalho desenvolvido com os professores, alunos e colegas
monitores podemos vislumbrar que mudanças significativas estão acontecendo em
algumas escolas, quer por iniciativa dos agrupamentos, quer por iniciativa individual de
professores. Há um movimento de repensar o Ensino como tempo e espaço de trabalho,
aprendizagem, pesquisa e construção de conhecimento segundo o prisma da
colaboração e cooperação e do desenvolvimento de uma inteligência colectiva que
valoriza o indivíduo em consonância com a comunidade da qual faz parte.
Tanto as novas tecnologias no contexto educativo como o trabalho em equipa
sob a liderança do professor (como membro activo) ainda estão para serem descobertos.
A partir das dificuldades enfrentadas durante esta pesquisa e redacção da
dissertação, recomendo a meus colegas pesquisadores a prática de documentação
através de relatórios constantes, impressos, bem como através de áudio e videogravação
das acções quotidianas, quer as situações de conflito ou de dificuldades quer as acções
de sucesso. Essa documentação pode ser utilizada tanto para uma análise conjunta
seguida de reflexão quanto de matéria-prima para futuros projectos sobre o processo de
ensino/aprendizagem utilizando as novas tecnologias de informação e comunicação nas
escolas do 1º ciclo.
Conclusões
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Com a utilização das tecnologias optimizam-se de sobremaneira as acções
colaborativas e cooperativas entre alunos e professores e devem ser utilizadas sempre
que existentes e disponíveis na instituição optimizando a comunicação tanto
presencialmente, quanto à distância.
A prática deve ser uma constante. O crescimento individual e colectivo são
significativamente maiores. Ainda que seja mais trabalhoso e envolva mais horas de
trabalho e dedicação do docente – e em decorrência dos alunos – os resultados
compensam.
6.3. Proposições
Ao concluirmos esta dissertação, encaminhamos como proposição de trabalho
junto à comunidade académica, a necessidade de se desenvolver uma intensa acção
colaborativa e cooperativa no desenvolvimento de projectos na formação de professores
do 1º ciclo e um ambiente propício para a utilização das tecnologias de informação e
comunicação na sala de aula, até que exista uma autonomia dos professores no uso das
TIC, e assim evitar a decadência de projectos tão valiosos como Internet na Escola e
coloque verdadeiramente em prática todos os objectivos do projecto além de uma
reflexão constante, que se amplie à participação dos alunos na cultura escolar com a
utilização das tecnologias como optimizadoras da sua acção e mediadoras da sua
reflexão. Uma participação que vá para além dos encontros temporários que alunos e
professores têm durante o período de cada ano lectivo, quer através de artigos
impressos, quer com artigos divulgados na WWW. Que se consolide em projectos
activos com contribuições significativas no âmbito de novas abordagens educacionais e
na implementação das tecnologias de informação e de comunicação como tecnologias
didácticas. Projectos que envolvam aprendizagem contínua, com certeza dinamizarão a
actividade escolar e contribuirão para a transformação de professores e alunos em
agentes activos de um projecto maior de reconstrução da Escola como instituição de
aprendizagem, facilitando a aprendizagem de todos os seus integrantes e que se
transforma continuamente. Vivemos em tempos de mudanças rápidas e constantes que
exigem um processo cognitivo e inter-subjectivo, que construa novos saberes
relacionados a essas mudanças e que, se necessário, redefina situações até mesmo com
medidas radicais temporárias ou definitivas. Esta acção deve ainda estar comprometida
Conclusões
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com as Escolas Superiores de Educação enquanto centro de pesquisa e de construção de
conhecimento com uma perspectiva de socialização do conhecimento que vai alimentar
a reconstrução de uma sociedade mais humana, mais justa e mais igualitária.
Tópicos importantes das conclusões
• Desenvolver a mudança no comportamento e na produção individual dos professores. • Desenvolver a interacção colaborativa e cooperativa nos professores. • Desenvolver reflexos nas atitudes e no comportamento dos professores. • Desenvolver relações interpessoais e na construção do conhecimento • Construir um ambiente propício que conduza à aprendizagem. • Perspectivar a incorporação de novos conceitos em detrimento dos velhos conceitos.
• Desenvolver a percepção de projectos pedagógicos telemáticos com planeamento.
• Difundir o aspecto de analisar e contextualizar a informação para a depurar através da selecção, da valorização e do contraste.
• Despertar o conhecimento da própria cultura para depois se abrir a outras culturas.
• Aprender a criar ambientes multiculturais.
• Tornar-se competente e autónomo para utilização das TIC.
• Desenvolver mentalidades de prática.
• Desenvolver a aprendizagem segundo o prisma da cooperação e colaboração.
• Desenvolver uma intensa acção colaborativa no desenvolvimento de projectos na formação de professores num ambiente propício para a aprendizagem das TIC.
• Projectos para desenvolver a aprendizagem contínua.
Tabela VI-1: Tópicos importantes das conclusões
"Se a sua opção política é uma opção transformadora e você é coerente com
sua opção –... - se é substantivamente democrática, você não renuncia a seu
trabalho de educador, você se afirma nele e desafia o educando a assumir-se
como sujeito do processo de conhecer”.
Paulo Freire
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Anexo A
Questionário para os professores das escolas de 1º ciclo
As questões que se seguem são de resposta confidencial. Destinam-se a um estudo para a defesa de tese de mestrado em Gestão da Informação nas Organizações - Faculdade de Economia – Universidade de Coimbra, sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ensino. Este estudo destina-se em analisar as necessidades de formação dos professores nas novas tecnologias inseridas nas escolas e o grau de satisfação dos mesmos nas respectivas acções de formação em informática, desde os formadores até as necessidades de como futuras acções de formação podem ser estruturadas para que se atinja os objectivos esperados pelos professores.
Agradeço desde já a sua colaboração! (tempo típico de preenchimento: ±±±± 7 minutos)
A - Sexo:
1 : Masculino 2 : Feminino
B - Idade:
1 : 18-25 2 : 26-35 3 : 36-45 4 : 46-55 5 : + de 56
C - Situação profissional:
1 : Profissionalizado 2 : Não profissionalizado 3 : Em profissionalização
D - A sua formação inicial foi feita:
1 : No Ensino Superior Universitário
2 : Num Instituto Politécnico (Escola Superior de Educação)
3 : Outra situação
Nesta como noutras questões pode escolher mais do que uma opção
E - Características do seu equipamento informático pessoal:
1 : Não tenho computador 4 : Equipamento de ligação à Internet
2 : Computador 5 : Scanner
3 : Impressora 6 : DVD 7 : Gravador de CD’s
Anexo A
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105
F - Como se fez a sua iniciação no mundo da informática?
1 : Ainda não se fez 5 : Tenho formação superior em informática ou afim
2 : Autoformação 6 : acções de formação ligadas ao Ministério da Educação
3 : Apoio de familiar/amigo(a) 7 : Outras acções de formação não contempladas em 6
4 : Durante o curso superior 8 : De outra forma�
G - Se realizou acção(ões) de formação em informática que balanço faz dessa(s) acção(ões) tendo em conta os efeitos que tiveram no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) junto dos seus alunos?
1 : Não realizei nenhuma acção de formação em informática
2 : Muito positivo 3 : Positivo 4: Pouco positivo 5 : Nada positivo
H - Se realizou acção(ões) de formação em informática que balanço faz dos formadores?
1 : Não realizei nenhuma acção de formação em informática
2 : Formadores demasiados técnicos na linguagem utilizada
3 : Formadores demasiados teóricos
4 : Formadores demasiados práticos com pouca teoria
5 : Os formadores conseguiram um equilíbrio da teoria com a prática
I - De que âmbito foi a maioria das acções de formação em informática que realizou?
1 : Não realizei nenhuma acção de formação em informática
2 : De âmbito generalista
3 : De âmbito específico às necessidades do 1º ciclo
J - Como definiria a sua relação com o computador?
1 : Não trabalho com o computador
2 : Raramente uso o computador
3 : Uso o computador apenas para processar texto
4 : Uso bastante o computador para realizar múltiplas tarefas
5 : Outra situação
Anexo A
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106
K - Quantas horas por semana passa ao computador:
1 : Zero horas 2 : De 0 h a 3 h 3 : De 3 h a 5 h 4 : De 5 h a 10 h 5 : Mais de 10 h
L - Usa a Internet?
1 : Não 2 : Sim, em casa 3 : Sim, na escola 4 : Sim, noutros locais
M - Com quem comunica por e-mail ?
1 : Não uso e-mail 4 : Com colegas professores (por razões profissionais)
2 : Com alunos 5 : Com a escola (órgão de gestão, serviços administrativos, etc.)
3 : Com amigos 6 : Outros
N - Na preparação das suas aulas com que fim usa o computador?
1 : Não uso o computador para preparar as minhas aulas
2 : Elaboração de fichas e/ou testes
3 : Pesquisas na Internet de assuntos das várias disciplinas
4 : Apresentações audiovisuais (Power Point, etc.)
5 : Outra situação
O – No ano lectivo 2002 / 2003, quantas vezes usou o computador com os seus alunos?
1 : Zero 2 : Uma 3 : Duas 4 : Três 5 : Quatro ou mais 6 : Sempre
P - Indique que tipo(s) de aplicação(ões) informática(s) usa em interacção direita com os seus alunos?
1 : Nenhuma 6 : E-mail
2 : Processador de texto (Word, etc.) 7 : Internet
3 : Programas gráficos/ de desenho 8 : Software pedagógico
4 : Folha de cálculo (Excel, etc.) 9 : Outra
5 : Multimédia/CD-ROM ��
Anexo A
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107
Q - Indique o(s) tipo(s) de actividade que realiza com os seus alunos quando estes utilizam as aplicações informáticas que referiu em P?
1 : Nenhuma 5 : Organização e gestão de informação
2 : Produção e edição de informação 6 : Recreativa / jogos
3 : Comunicação e intercâmbio em rede 7 : Outra
4 : Consulta e pesquisa de informação
R - Indique o(s) contexto(s) de utilização com os seus alunos das aplicações informáticas que citou em Q:
1 : Nenhum 5 : Apoio a alunos com necessidades educativas especiais
2 : Disciplinar 6 : Outro
3 : Trabalho projecto / Área-escola�
4 : Apoio pedagógico acrescido
S - Quer use ou não as TIC em contexto educativo dentro ou fora do âmbito disciplinar, assinale, para as afirmações abaixo, uma cruz (X) em “sim” ou “não”, consoante concorde ou discorde. Deixe em branco as alternativas sobre as quais não tem opinião: Afirmações Concordo
(Sim) Discordo
(Não) 1 Gostaria de saber mais acerca das TIC. 2 Os computadores assustam-me! 3 As TIC ajudam-me a encontrar mais e melhor informação para a minha prática lectiva. 4 Ao utilizar as TIC nas minhas aulas torno-as mais motivantes para os alunos. 5 Uso as TIC em meu benefício, mas não sei como ensinar os meus alunos a usá-las. 6 Manuseio a informação muito melhor porque uso as TIC. 7 Acho que as TIC tornam mais fáceis as minhas rotinas de professor(a). 8 Penso que as TIC ajudam os meus alunos a adquirir conhecimentos novos e efectivos. 9 Nunca recebi formação na área TIC e desconheço as potencialidades de que disponho. 10 O uso das TIC, na sala de aula, exige-me novas competências como professor(a). 11 Sinto-me apoiado(a) para usar as TIC. 12 Encontro pouca informação na Internet de softwares educativos. 13 As TIC encorajam os meus alunos a trabalhar em colaboração. 14 A minha escola não dispõe de condições para usar o computador em contexto educativo. 15 A minha escola tem uma atitude positiva relativamente ao uso das TIC. 16 Os meus alunos, em muitos casos, dominam os computadores melhor do que eu. 17 Não me sinto motivado(a) para usar as TIC com os meus alunos. 18 Não conheço a fundo as vantagens pedagógicas do uso das TIC com os meus alunos. 19 Achas que consegues gerir com facilidade as novas tecnologias na sala de aula? 20 Está satisfeito com o apoio técnico recebido pelos órgãos competentes? 21 Já conhecia antes do projecto Internet nas escolas, sítios educativos na Internet? 22 Considera fácil gerir a página da escola?
Anexo A
__________________________________________________________________________________________________________
108
T - Pensando nas TIC ao serviço do ensino e aprendizagem, em que áreas necessitam de mais formação (indique, no máximo, três áreas)?
1 : Desconheço tudo o que se relaciona com as TIC 6 : E-mail
2 : Processador de texto (Word, etc.) 7 : Internet
3 : Programas gráficos/de desenho 8 : Software pedagógico
4 : Folha de cálculo (Excel, etc.) 9 : Introdução ao computador (básico)
5 : Multimédia/CD-ROM 10 : Noções básicas do Sistema Operativo (Windows)
11: Não preciso de mais formação
U - No seu entender qual é, para a escola, o obstáculo mais difícil de ultrapassar no que respeita a uma real integração das TIC no ensino e aprendizagem?
1 : Falta de meios técnicos (computadores, salas, etc.)
2 : Falta de recursos humanos específicos para apoio do professor face às suas dúvidas de informática (por exemplo, a existência de um técnico de informática ao serviço dos professores).
3 : Falta de formação específica para a integração das TIC junto dos alunos
4 : Falta de software e recursos digitais apropriados
5 : Falta de motivação dos professores
6 : Outro
Anexo B
Relatório de Visitas Data: 1ª visita: Data: 2ª visita: Data: 3ª visita: Data: 4ª visita:
Visita Nº: 1ª 2ª 3ª 4ª
Escola Concelho:
Hora de chegada: 1ª visita: 2ª visita: 3ª visita: 4ª visita:
Hora de saída: 1ª visita: 2ª visita: 3ª visita: 4ª visita:
Nº de professores sem turma:
Nº de computadores: Anomalias de equipamento
Nenhuma anomalia Falta de acesso à Internet (servidor) Problemas de acesso (linha) Estação Internet (PC multimédia) avariada Estação Internet furtada e não reposta Router avariado Falta de impressora Falta de software Outros problemas
Possui página Sim Não A escola actualiza regularmente a página Sim Não Foi criada a página Sim Não
P
rofe
ssor
es
Escalão Homens Mulheres Envolvidos no projecto Homens Mulheres 20 – 24 25 – 34 35 – 44 45 – 49 50 – 54 55 – 65 ≥66
Alunos
Ano de escolaridade 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano
Total
Endereço de correio electrónico:
Anexo B
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110
A escola utiliza regularmente o correio electrónico Sim Não Endereço página: Sigma:
Código: Password:
Mail e FTP
Username: Password: Nº de utilizador:
A escola desenvolveu algum serviço com as TIC em relação ao período de intervalo entre as visitas?
Sim Não
Componente pedagógica – Estratégias e conteúdos para a formação dos alunos e professores e descrição de utilizações pedagógicas inovadoras:
1ª Visita: 2ª Visita:
3ª Visita:
Alu
nos
e P
rofe
ssor
es
4ª Visita:
Satisfação dos objectivos específicos do programa Internet nas EB1 1ª visita:
Empenho dos professores Relação com os alunos Competências adquiridas
Positivo Suficiente Negativo Positivo Suficiente Negativo Positivo Suficiente Negativo
2ª visita: Empenho dos professores
Relação com os alunos Competências adquiridas
Positivo Suficiente Negativo Positivo Suficiente Negativo Positivo Suficiente Negativo
3ª visita:
Empenho dos professores Relação com os alunos Competências adquiridas
Positivo Suficiente Negativo Positivo Suficiente Negativo Positivo Suficiente Negativo
4ª visita Empenho dos professores
Relação com os alunos Competências adquiridas
Positivo Suficiente Negativo Positivo Suficiente Negativo Positivo Suficiente Negativo
Anexo C
Portal UARTE
D
Netmóvel na Junta de Freguesia do Lumiar Netconversas - 11 de Março - "Expressões, ditos e provérbios populares" É Carnav@l... Atelier apoia Engenho e Obra
uARTE | Partida | Miúdos | Radical | Professores | Atelier WWW | Sugestões | Actividades
Notícias e Novidades | Livro de Visitas | Correio Electrónico | Ajuda Geral | Ideias e Materiais | Info do Programa | Catálogo e Pesquisa | Índice
Anexo D
Página das Escolas do 1º ciclo
PASSO 1 Seleccionar o Modelo
Responsável Edite Lopes Escola EB 1 de Estevães
Para seleccionar o modelo desejado basta clicar em cima
PASSO 2 Seleccionar a Cor
Responsável Edite Lopes Escola EB 1 de Estevães
Para seleccionar a cor desejada basta clicar em cima
C O N T I N U A R
PASSO 3 Confirmar
Responsável Edite Lopes Escola EB 1 de Estevães
Parabéns!!!
Agora que já seleccionou o seu modelo, basta confirmar para que se torne activo e começar a introduzir conteúdo.
C O N F I R M A R
2004-03-05
Anexo D
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113
Bem-vindo ao Sítio da EB 1 de Estevães!
Início Alunos Novidades
A nossa escola!
Novidades Carnaval
Escola EB1 de Estevães
A página da escola utiliza a linguagem PHP que é uma linguagem que permite
criar sites WEB dinâmicos, possibilitando uma interacção com o usuário através de
formulários, parâmetros da URL e links. A diferença de PHP com relação a linguagens
semelhantes a Javascript é que o código PHP é executado no servidor, sendo enviado
para o cliente apenas html puro. Desta maneira é possível interagir com bases de dados
e aplicações existentes no servidor, com a vantagem de não expor o código fonte para o
cliente. Isso pode ser útil quando o programa está lidando com senhas ou qualquer tipo
de informação confidencial.
O que diferencia PHP de um script CGI escrito em C ou Perl é que o código
PHP fica embutido no próprio HTML, enquanto no outro caso é necessário que o script
CGI gere todo o código HTML, ou leia de um outro arquivo. Qualquer coisa que pode
ser feita por algum programa CGI pode ser feita também com PHP, como colectar
dados de um formulário, gerar páginas dinamicamente ou enviar e receber cookies.
A PHP também tem como uma das características mais importantes que é o
suporte a um grande número de bases de dados, como dBase, Interbase, mSQL, mySQL,
Oracle, Sybase, PostgreSQL e vários outros. Construir uma página baseada numa base
de dados torna-se uma tarefa extremamente simples com PHP. Além disso, PHP tem
suporte a outros serviços através de protocolos como IMAP, SNMP, NNTP, POP3 e,
logicamente, HTTP. Ainda é possível abrir sockets e interagir com outros protocolos.