Dissertação

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PS-GRADUA˙ˆO MESTRADO EM ENSINO DE CI˚NCIAS Um Ambiente Virtual de Aprendizagem Voltado a Intervenªo dos Conteœdos DidÆticos WELLINGTON PINTO DE OLIVEIRA Orientador: Prof. Dr. Juliano Schimiguel Dissertaªo apresentada ao Mestrado em Ensino de CiŒncias, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenªo do ttulo de Mestre em Ensino de CiŒncias. SˆO PAULO 2010

Transcript of Dissertação

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS

Um Ambiente Virtual de Aprendizagem Voltado a

Intervenção dos Conteúdos Didáticos

WELLINGTON PINTO DE OLIVEIRA

Orientador: Prof. Dr. Juliano Schimiguel

Dissertação apresentada ao Mestrado em

Ensino de Ciências, da Universidade Cruzeiro

do Sul, como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em Ensino de

Ciências.

SÃO PAULO

2010

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

O52a

Oliveira, Wellington Pinto de. Um ambiente virtual de aprendizagem voltado a intervenção dos

conteúdos didáticos / Wellington Pinto de Oliveira. -- São Paulo; SP: [s.n], 2010.

128 p. : il. ; 30 cm. Orientador: Juliano Schimiguel. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Educação à distância 2. Ambiente virtual de aprendizagem

3. Análise de conteúdo 4. Aprendizagem significativa 5. Tecnologia educacional - Internet. I. Schimiguel, Juliano. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências. III. Título.

CDU: 37.018.43(043.3)

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Um Ambiente Virtual de Aprendizagem Voltado a

Intervenção de Conteúdos Didáticos

Wellington Pinto de Oliveira

Dissertação de mestrado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 12/11/2010.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Juliano Schimiguel

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. Prof. Dr. Carlos Fernando Araújo Jr

Universidade Cruzeiro do Sul

Profa. Dr. Cecilia Sosa Arias Peixoto

Universidade Metodista de Piracicaba

AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos à minha esposa Ana Paula Nunes de Oliveira, pela

compreensão e carinho. Aos professores e colegas, em especial ao meu orientador

Prof. Dr. Juliano Schimiguel que acompanha meus trabalhos acadêmicos desde

2004, as professoras Dra. Maria Delourdes Maciel e Dra. Laura Marisa Calejon que

atuaram em minha orientação teórica e ao coordenador Dr. Luiz Henrique Amaral

que atuou na elaboração do programa de Mestrado em Ensino de Ciências na qual

estou finalizando com êxito.

Meus familiares que me incentivaram e sempre me apoiaram a minha

carreira acadêmica.

OLIVEIRA, W. P. Um ambiente virtual de aprendizagem voltado a intervenção

de conteúdos didáticos. 2010. 128 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2010.

RESUMO

A prática docente deve buscar a excelência do ensino, um profissional da área de

educação engajado na busca por um ensino de qualidade deve constantemente

rever seus conteúdos didáticos e analisar a eficiência destes, tanto na educação

presencial quanto na educação à distância. A Educação a Distância mediada pela

Internet traz novas ferramentas e formas de se tratar o processo de ensino-

aprendizagem. Porém poucas ferramentas estão destinadas a auxiliar os

educadores em seu processo formativo, alguns buscam analisar a usabilidade dos

aprendizes no ambiente, outros através de registros em fóruns. Neste trabalho é

discutida a prática docente em Educação a Distância mediada pela Internet bem

como ações que o educado pode buscar para atingir a excelência do processo

através da intervenção do conteúdo didático utilizado em suas aulas. Além da

contextualização teórica o trabalho aborda o desenvolvimento e uso de uma

ferramenta que auxilia o educador no processo de intervenção do conteúdo didático

em Ambientes Virtuais. A aplicação desta ferramenta e das práticas propostas na

teoria demonstrou que é possível melhorar o desempenho de aprendizes pela

intervenção do conteúdo.

Palavras-chave: Prática educativa, Conteúdo didático, Mapa conceitual,

Aprendizagem significativa, Educação a distância, Avaliação.

OLIVEIRA, W. P. A virtual learning environment oriented intervention

educational content. 2010. 128 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2010.

ABSTRACT

The teaching practice should strive for excellence in teaching, a education

professional engaged in the search for a quality education should constantly review

their educational content and analyze the efficiency of these, distance Education

mediated by the Internet brings new tools and ways to treat the process of teaching

and learning. But few tools are designed to help educators in their training process,

some seek to analyze the usability of the learners in the environment, through

records in forums and chats. This dissertation discuss the practice docent teaching in

Distance Learning mediated by the Internet as well as actions that the educated can

search for excellence through the intervention of the process of educational content

used in their classes. Besides the theoretical background the paper addresses the

development and use of a tool that helps the teacher to intervene in the process of

educational content in Virtual Environments. The application of this tool and practices

proposed in the theory that it is possible to improve the performance of learners by

the intervention of the content.

Keywords: Educational practice, Education content, Concept map, Meaningful

learning, Distance education, Assessment.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Aprendizagem receptiva e aprendizagem por descoberta

situam-se em diferentes contínuos que partem da

aprendizagem automática ou da aprendizagem significativa

(AUSUBEL, 1980, p. 21). ......................................................................... 27

Figura 2 - Foco do educador na avaliação prognóstica....................................... 33

Figura 3 - Mapa Conceitual que aborda as Transformações Químicas ............. 34

Figura 4 - Foco do educador na avaliação formativa .......................................... 36

Figura 5 - Interações formativas em um grupo de conceitos, o gráfico da

direita um número X de conceitos são aplicados em quatro

avaliações, na direita o mesmo número de conceitos são

aplicados em 10 avaliações ................................................................... 37

Figura 6 - Relacionamento lógico do Conceito com Questão e Conteúdo

Didático ................................................................................................... 38

Figura 7 - Foco do educador na avaliação somativa .......................................... 39

Figura 8 - Aprendizagem Subordinada ................................................................. 43

Figura 9 - Aprendizagem Superordenada ............................................................ 43

Figura 10 - Esquema de assimilação ..................................................................... 44

Figura 11 - Esquema de dissociação ..................................................................... 45

Figura 12 - Esquema de associação sobreordenada ........................................... 45

Figura 13 - Esquema de assimilação sobreordenada .......................................... 46

Figura 14 - Mapa Conceitual Subordinado ............................................................ 51

Figura 15 - Mapa Conceitual "Estados físicos da água" ..................................... 52

Figura 16 - Mapa Conceitual "Grupo mamíferos" ................................................. 53

Figura 17 - Mapa Conceitual "Exemplos de Mamíferos"...................................... 54

Figura 18 - Total known sites. ................................................................................ 62

Figura 21 - Selecionando a visão ........................................................................... 68

Figura 22 - Tela do sistema que exibe alguns Artigos na Base de

Conhecimento......................................................................................... 69

Figura 23 - Relação entre Conceito-Conteúdo e Conceito-Questão ................... 70

Figura 24 - Relação de conteúdos didáticos do conceito Palm OS .................... 70

Figura 25 - Mapa Conceitual "Algoritmo".............................................................. 72

Figura 26 - Acesso ao editor de questões............................................................. 73

Figura 27 - Propriedades de uma questão ............................................................ 74

Figura 28 - Texto de uma questão ......................................................................... 74

Figura 29 - Resposta de uma questão ................................................................... 75

Figura 30 - Referência a um Link Externo ............................................................. 75

Figura 31 - Referência a um artigo na base de conhecimento ............................ 76

Figura 32 - Referência para Livros, Artigos e outros ........................................... 76

Figura 33 - Trecho de um Mapa Conceitual com informações obtidas em

uma avaliação prognóstica ................................................................... 78

Figura 34 - Relatório de desempenho dos aprendizes no conceito Inteiro........ 78

Figura 35 - Lista de aprendizes que finalizaram a avaliação prognóstica ......... 79

Figura 36 - Trecho do Mapa Conceitual Plataforma Palm OS ............................. 80

Figura 37 - Trecho de um Mapa Conceitual com informações obtidas em

uma avaliação formativa no dia 26/05/2010 ......................................... 80

Figura 38 - Comparação entre os resultados obtidos na Avaliação

Prognóstica e na Avaliação Formativa ................................................. 82

Figura 39 - Divisão de aulas no curso "Desenvolvendo Aplicações com NS

Basic" na visão de um aprendiz ............................................................ 84

Figura 40 - Principais dados sobre um Curso ...................................................... 85

Figura 41 - Relação de turmas em um curso ........................................................ 85

Figura 42 - Módulos de um curso .......................................................................... 86

Figura 43 - Índices para um curso ......................................................................... 86

Figura 44 - Configuração de um módulo ............................................................... 87

Figura 45 - Aulas em um módulo ........................................................................... 87

Figura 46 - Contextualização da aula .................................................................... 88

Figura 47 - Questionários e referências relacionadas a conceitos definidos

pelo educador ......................................................................................... 88

Figura 48 - Exercícios abertos ............................................................................... 89

Figura 49 - Cadastro de um aprendiz .................................................................... 90

Figura 50 - Arquivos externos da aula "Algoritmo e Portugol" do curso de

"Introdução a lógica de Programação" ................................................ 90

Figura 51 - Lista de reforços que o aprendiz Anonimo237 deve atuar ............... 91

Figura 52 - Processo de Intervenção de Reforço ................................................. 92

Figura 53 - Mapa Conceitual NS Basic .................................................................. 93

Figura 54 - Rótulos gerados para o conceito Plataforma Palm OS .................... 94

Figura 55 - Concepção dos Cursos ....................................................................... 96

Figura 56 - Processo de intervenção baseado em avaliações informais ........... 96

Figura 57 - Processo de Ensino-Aprendizagem do Ambiente AIED ................... 97

Figura 58 - Seqüência didática do curso de Introdução a Lógica ....................... 98

Figura 59 - Baixo desempenho de uma turma na avaliação prognóstica do

conceito Repetição ................................................................................. 99

Figura 60 - Questões do conceito Caracter ........................................................ 100

Figura 61 - Desempenho dos aprendizes por data. ............................................ 101

Figura 62 - Trecho de um Mapa Conceitual, as cores representam o

desempenho dos aprendizes na avaliação formativa ....................... 102

Figura 63 - Trecho de um Mapa Conceitual, as cores representam a

diferença entre a avaliação diagnóstica e a avaliação formativa ..... 102

Figura 64 - Relatório gerado para o conceito "Algoritmo" ................................ 103

Figura 65 - Relatório gerado para o conceito "Portugol" .................................. 104

Figura 66 - Relatório gerado para o conceito "Editor Código" ......................... 104

Figura 67 - Trecho de um Mapa Conceitual, as cores representam a

diferença entre a avaliação diagnóstica e a avaliação formativa

após a melhoria do conteúdo didático ............................................... 105

Figura 68 - Relatório gerado para o conceito "Editor Código" após a

correção ................................................................................................ 105

Figura 69 - Trecho de um Mapa Conceitual ........................................................ 106

Figura 70 - Questões do conceito "Real" ............................................................ 107

Figura 71 - Histórico do desempenho dos aprendizes nas avaliações

relacionadas ao conceito Real ............................................................ 108

Figura 72 - Processo de intervenção do conteúdo didático .............................. 109

Figura 73 - Trecho do Mapa Conceitual após intervenção do conteúdo

didático .................................................................................................. 109

Figura 74 - Questões do conceito "Real" ............................................................ 110

Figura 75 - Desempenho dos aprendizes nas avaliações do conceito

Repetição .............................................................................................. 110

Figura 76 - Distribuição de Aprendizes em um Curso ....................................... 111

Figura 77 - Lista de intervenções ......................................................................... 112

Figura 78 - Propriedades do conceito "Palm OS" .............................................. 113

Figura 79 - Rendimento do aprendiz "anônimo187" na avaliação formativa

do conceito "Versões" ......................................................................... 114

Figura 80 - Rendimento do aprendiz "anônimo187" na avaliação formativa

do conceito "Projeto" ........................................................................... 114

Figura 81 - Rendimento do aprendiz "anônimo187" na avaliação formativa

do conceito "Conversão" .................................................................... 114

Figura 82 - Aulas do curso "Programação NS Basic" na visão do aprendiz

anônimo187 .......................................................................................... 115

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Informações sobre uso da ferramenta MOODLE. ............................. 62

Tabela 2 - Top 10 from registered sites in 214 countries. ................................. 63

Tabela 3 - Top 5 sites by courses. ....................................................................... 63

Tabela 4 - Relação de Cores para a Avaliação Prognóstica e Formativa ........ 78

Tabela 5 - Relação de Cores para Relatório da avaliação Formativa x

avaliação prognóstica ....................................................................... 103

Tabela 6 - Relação de Cores para questão com maior índice de erro............ 106

LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

EaD Educação a Distância

EaDI Educação a Distância mediada pela Internet

MOODLE Modular Object Oriented Distance Learning Environment

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14

1.1 Trabalhos correlatos ...................................................................................... 16

1.2 O Problema de pesquisa ................................................................................ 18

1.3 Objetivo geral ................................................................................................. 18

1.4 Objetivos específicos da pesquisa ............................................................... 18

1.5 Justificativa da pesquisa ............................................................................... 19

1.6 Organização da pesquisa .............................................................................. 19

2 A PRÁTICA EDUCATIVA REGULADORA ..................................................... 21

2.1 A diversidade .................................................................................................. 23

2.2 As Seqüências Didáticas ............................................................................... 24

2.3 Conteúdo didático .......................................................................................... 25

2.3.1 Método expositivo .......................................................................................... 25

2.4 Organização dos conteúdos ......................................................................... 29

2.5 Avaliação ......................................................................................................... 29

2.5.1 Avaliações formais e informais ..................................................................... 31

2.5.2 Avaliação prognóstica ................................................................................... 32

2.5.3 Avaliação formativa........................................................................................ 35

2.5.4 Avaliação somativa ........................................................................................ 39

3 MAPA CONCEITUAL E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA .......................... 41

3.1 Teoria da assimilação .................................................................................... 42

3.2 Aquisição e o uso de conceitos .................................................................... 46

3.3 Abordagem da aprendizagem significativa .................................................. 47

3.4 Mapas conceituais.......................................................................................... 50

4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ............................................................................. 55

4.1 Educação a distância mediada pela internet ............................................... 57

4.2 Ambiente virtual de aprendizagem ............................................................... 59

4.3 Moodle ............................................................................................................. 61

4.4 Ambiente virtual de aprendizagem AIED ...................................................... 66

4.4.1 Gestão de cadastros de pessoas .................................................................. 67

4.4.2 Gestão de conteúdo didático ........................................................................ 68

4.4.3 Editor de mapa conceitual ............................................................................. 69

4.4.4 Editor de questões ......................................................................................... 72

4.4.5 Relacionando conteúdos e conceitos .......................................................... 75

4.4.6 Visões dos resultados nos mapas conceituais ........................................... 76

4.4.7 Curso, módulo e aula ..................................................................................... 83

4.4.8 Intervenção ..................................................................................................... 91

5 METODOLOGIA E ESTUDO DE CASO .......................................................... 95

5.1 Metodologia .................................................................................................... 95

5.1.1 Sujeitos ........................................................................................................... 95

5.1.2 Processo de construção dos cursos ............................................................ 95

5.1.3 Tarefas dos Aprendizes e Educador............................................................. 96

5.2 Estudo de caso AIED ..................................................................................... 97

5.2.1 A Seqüência didática ..................................................................................... 98

5.2.2 A Analise da avaliação prognóstica ............................................................. 99

5.2.3 A Análise contínua da avaliação formativa ................................................ 100

5.2.4 A Intervenção de Conteúdos Didáticos ...................................................... 108

5.2.5 Acompanhamento do ritmo do aprendiz .................................................... 110

5.2.6 Intervenção no ritmo do aprendiz ............................................................... 112

6 CONCLUSÃO ................................................................................................ 116

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 108

APÊNDICES ................................................................................................. 112

14

1 INTRODUÇÃO

A educação a distância toma força no cenário educacional, a cada dia novos

recursos e novas idéias são lançados no meio acadêmico em uma busca constante

pela superação de sua própria qualidade.

A educação a distância é um modelo que busca romper as barreiras de

distância e tempo permitindo alcançar não só aqueles que estão fora do alcance

físico do modelo presencial, mas também aqueles aprendizes que estão fora da

fronteira temporal.

Segundo Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida.

O advento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) reavivou as

práticas de EaD devido à flexibilidade do tempo, quebra de barreiras espaciais, emissão e recebimento instantâneo de materiais, o que permite

realizar tanto as tradicionais formas mecanicistas de transmitir conteúdos,

agora digitalizados e hipermediáticos, como explorar o potencial de

interatividade das TIC e desenvolver atividades à distancia com base na

interação e na produção de conhecimento (ALMEIDA, 2003).

Para o Ministério da Educação (MEC) "a Educação a Distância coloca-se

como uma modalidade importante" (MEC, 2007), este órgão público atua

constantemente definindo critérios e diretrizes que sejam referências de qualidade1.

Quando discutimos o assunto �educação a distância� logo vem em mente à

Internet, porém educação à distância não é sinônimo de Internet. Seu uso foi

ampliado graças a este novo meio que vem se consolidando no cenário mundial, o

que atrai a Educação à Distância Mediada pela Internet (EaDI) é a possibilidade de

difundir conhecimento com maior acessibilidade e com mais recursos que a

educação a distância mediada por outros meios de comunicação. A Educação a

Distância mediada pela Internet ganha não só força através de novas ferramentas,

mas também adeptos, no dia 27 de maio de 2009 o MEC lançou em seu Site a

informação que em 8 anos a educação a distância �saltou de 1.682 para 760.599

1 Tais Referências de Qualidade circunscrevem-se no ordenamento legal vigente em complemento às

determinações específicas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, do Decreto 5.622, de 20 de

dezembro de 2005, do decreto 5.733 de junho de 2006 e das Portarias Normativas 1 e 2, de 11 de janeiro de 2007 (MEC, 2007).

15

alunos� (ALMEIDA, 2009). Tais dados reforçam que a educação a distância vem

crescendo em um ritmo acelerado.

Neste modelo de educação quando apoiado no meio de comunicação

disposta pela Internet materializa-se em um ambiente que prove recursos digitais

que auxiliam o educador e o aprendiz em suas tarefas educacionais. A organização

de tais recursos se dá através de um local, também conhecido como Site. Neste site

pode-se implementar um ambiente no qual o aprendiz de tempos em tempos deve

acessar para acompanhar as aulas, e o educador de tempos em tempos deve

acessar para dar suporte aos aprendizes e preparar novos recursos. Chamamos

este �Site� dedicado à educação de Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Ambientes virtuais de aprendizagem são sistemas computacionais disponíveis na Internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permite integrar múltiplas

mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira

organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de

conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir

determinados objetivos (ALMEIDA, 2003).

O processo de ensino e aprendizagem em Ambientes Virtuais pode

encontrar barreiras se a abordagem não for utilizada de forma correta, a principal

barreira é o domínio do próprio ambiente e da tecnologia. Ambientes Virtuais de

Aprendizagem são repletos de ferramentas que evoluem constantemente, logo a

aprendizagem sobre o próprio ambiente é constante.

Além do domínio tecnológico o educador deve estar atento ao novo

paradigma educacional, este novo ambiente traz novas ferramentas e métricas.

Porem pode-se observar que algumas necessidades do modelo presencial são

vistas no modelo de ensino a distância, logo este sofre grande influência do

consolidado modelo tradicional. Um exemplo é a necessidade de intervenção nas

práticas educacionais tanto do educador quanto do aprendiz.

Mesmo no Ambiente Virtual2 o educador como profissional deve buscar a

excelência no ensino, com o intuito de dispor a melhor educação possível para

nossos aprendizes. Segundo Antoni Zabala, �(...) a melhoria de nossa atividade profissional,

2 O estudo desenvolvido neste trabalho também pode ser aplicado ao ensino presencial

16

como todas as demais, passa pela análise do que fazemos, de nossa prática e do contraste com

outras práticas� (ZABALA, 1998, p. 13).

Um conteúdo didático tem profunda influência na aprendizagem e ainda

acredita-se que um conteúdo nem sempre é significativo para todos os aprendizes. A

eficiência de um conteúdo pode ser medida utilizando avaliações informais ou

avaliações formais tais como avaliação formativa e somativa. Na busca pela

excelência no ensino o educador engajado atua constantemente em seus recursos

didáticos buscando atingir um maior grau de significância, essa ação é conhecida

como intervenção no conteúdo didático.

Tendo em vista o conteúdo didático como uma fonte de pesquisa neste

trabalho procura-se discutir a intervenção de conteúdos didáticos em cursos

baseados no modelo de Educação a Distância mediada pela Internet.

1.1 Trabalhos correlatos

A busca pela qualidade de ensino não é uma prática recente, vários

trabalhos e pesquisas já foram desenvolvidos e estão sendo desenvolvidos. Para

esta pesquisa acadêmica alguns trabalhos anteriores foram avaliados e embora

contribuíssem para a tal alvejada qualidade no ensino os meios para se chegar ao

objetivo comum não satisfazem as necessidades desta pesquisa.

A pesquisa �Gerenciador de Avaliação: Uma Ferramenta de Auxílio à

Avaliação Formativa para Ambiente de Educacional TelEduc� (FERREIRA, 2003) foi

desenvolvida pela pesquisadora Thaisa Barbosa Ferreira em sua defesa de

Mestrado em Ciência da Computação apresentada ao Instituto de Computação,

UNICAMP.

No trabalho da pesquisadora é apresentado um estudo sobre uma

ferramenta desenvolvida para o gerenciamento de informações no ambiente

TelEduc.

(..) é apresentado um sistema Gerenciador de Avaliações para o ambiente

de EaD TelEduc, que foi desenvolvido levando em consideração as ações

dos formadores durante o processo de avaliação formativa, e que visa

diminuir a sobrecarga dos formadores na realização da avaliação formativa

17

das atividades (FERREIRA, 2003, p. XI).

A principal contribuição desta pesquisa está no (re)design das ferramentas

de comunicação do TelEduc realizada a fim de apoiar formadores e aprendizes no

processo de avaliação formativa.

Outra pesquisa importante envolve o desenvolvimento da ferramenta

�InterMap� (ROMANI, 2000). A pesquisa que apóia a construção dessa ferramenta

foi desenvolvida pela pesquisadora Luciana Alfim Santos Romani em sua defesa de

Mestrado em Ciência da Computação apresentada ao Instituto de Computação,

UNICAMP.

Nesta pesquisa o pesquisador baseado em suas análises encontra um

problema na Educação a Distância, segundo este �vários problemas relacionados

com a interação e o acompanhamento dos alunos são relatados na literatura�

(ROMANI, 2000, p. X).

A hipótese sugerida pelo mesmo é que "as ferramentas de comunicação

utilizadas nestes cursos ainda não oferecem as pistas necessárias para que haja

confiança de se formar uma comunidade� (ROMANI, 2000, p. X).

Em sua pesquisa o autor propõe o desenvolvimento de uma ferramenta

chamada InterMap integrável com o ambiente da instituição UNICAMP. O objetivo

desta ferramenta é exibir de forma gráfica dados armazenados pelo ambiente que

auxiliam na tarefa de avaliação das trocas de mensagens e uso do ambiente por

parte do aprendiz.

Outra pesquisa que reforça a necessidade do processo formativo foi

desenvolvida pela pesquisadora Joice Lee Otsuka em sua defesa do Doutorado em

Ciência da Computação apresentada ao Instituto de Computação, UNICAMP.

A avaliação formativa é encarada pela pesquisadora como o meio para se

atingir maior qualidade de ensino. Em sua pesquisa a autora define um modelo que

dá suporte formativo as avaliações em ambientes de EaD e espera-se que haja um

aumento na adoção deste modelo avaliativo. Baseado em registros o educador

compreende o processo de formação do aprendiz.

18

A possibilidade de se registrar tudo o que ocorre em um ambiente virtual de aprendizagem é explorada juntamente com técnicas de Inteligência Artificial

empregadas na construção de um sistema multiagente (SMA) composto por

agentes de interface (OTSUKA, 2006, p. 6).

A organização de conceitos baseado nas premissas da teoria da

aprendizagem significativa pode ser contemplado em um quarto trabalho correlato

exposto nesta obra. Trata-se de um trabalho realizado pela pesquisadora Noemi

Pinheiro Do Nascimento Fujii (FUJII, 2006) em sua defesa de Mestrado de Ensino de

Ciências e Matemática na Universidade Cruzeiro do Sul. Em seu trabalho Noemi

aborda com detalhes como utilizou os conceitos de Aprendizagem Significativa e

Mapas Conceituais para organizar conceitos relacionados a estatística, seu estudo

demonstra a importância do uso de esteios na aprendizagem de um novo conceito.

1.2 O Problema de pesquisa

Determinar ferramentas e técnicas para intervenção de conteúdos didáticos

baseado nas necessidades dos aprendizes com o objetivo de proporcionar um

ensino a distância dinâmico com materiais mais significativos para os aprendizes.

1.3 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivos principais propor, implementar e

testar um modelo de suporte à intervenção de conteúdos didáticos baseados em

análises de resultados prognósticos e formativos dos aprendizes.

1.4 Objetivos específicos da pesquisa

Neste trabalho temos os seguintes objetivos específicos propostos:

Buscar na literatura uma metodologia para intervenção de

conteúdos na educação presencial;

Determinar um método para analisar a necessidade de

intervenção de conteúdos em Ambientes Virtuais de

Aprendizagem para intervenção do processo de ensino-

aprendizagem;

19

Utilizar os métodos e as ferramentas em cursos na modalidade de

Ensino a Distância com o objetivo de validar o estudo teórico;

1.5 Justificativa da pesquisa

Com a prática docente focada na busca pela qualidade constante no ensino,

um educador engajado no processo de ensino-aprendizagem atua na melhoria de

seu conteúdo didático em busca de um material mais significativo.

Na Educação a Distância mediada pela Internet esta busca pode ser

apoiada baseando-se no entendimento das reais necessidades conceituais dos

aprendizes, tais necessidades são expressas pelas avaliações prognósticas e

formativas porem para esse entendimento exige-se uma organização complexa tanto

dos conceitos, conteúdos e questões.

1.6 Organização da pesquisa

O primeiro capítulo apresenta uma visão geral sobre a própria pesquisa e

busca situar o leitor no contexto que será abordado em detalhes nos próximos

capítulos.

No segundo capítulo é apresentado um estudo aprofundado da prática

educativa. Embora o estudo baseia-se em teorias advindas do modelo de educação

presencial a teoria discutida pelos autores são válidas também para a educação

mediada pela Internet.

No terceiro capítulo discute-se a Teoria da Aprendizagem Significativa por

ser a base da construção dos Mapas Conceituais, que também são abordados neste

capítulo. A intervenção do conteúdo requer a organização dos conceitos baseados

em um modelo de pré-requisitos.

O quarto capítulo aborda a educação à distância com o foco na usabilidade

de ferramentas que auxiliam o educador na intervenção da aprendizagem,

principalmente na intervenção de conteúdos didáticos. Também é discutido o

conceito de Ambientes Virtuais de Aprendizagem bem como dois importantes

20

aplicativos destinados a educação. Neste capítulo é apresentado um ambiente

virtual construído a partir do referencial teórico abordado nos capítulos dois e três.

O quinto capítulo é apresentado um estudo de caso envolvendo dois cursos

ministrados com o ambiente proposto no capítulo quatro, neste tópico é possível

visualizar as teorias aplicadas e como estas auxiliaram na melhoria do conteúdo

didático dos cursos ministrados.

O trabalho é finalizado com o sexto capítulo na qual as conclusões obtidas

após a análise do estudo de caso estão descritas.

21

2 A PRÁTICA EDUCATIVA REGULADORA

É natural que um educador engajado na proposta de oferecer o melhor

ensino atue sempre na intervenção de seus materiais e de suas próprias práticas.

Segundo Zabala, �(...) a melhoria de nossa atividade profissional, como todas as demais, passa

pela análise do que fazemos, de nossa prática e do contraste de outras práticas� (ZABALA, 1998, p.

13).

Esta avaliação de si mesmo torna-se um critério fundamental para a

melhoria do ensino. Neste cenário o maior problema enfrentado pelo educador é a

determinação de variáveis que auxiliem este a chegar nos critérios que deseja

estabelecer, tais critérios serão utilizados para alcançar a tal alvejada melhoria. A

complexidade do processo de ensino faz com que o profissional da área de

educação desprenda muito tempo em analises de resultados obtidos. O tempo é um

recurso dinâmico e que não pode ser retornado, logo, o educador não pode

desprender muito tempo em analises complexas, pois o curso3 está sempre em

andamento. Tais análises são fundamentais para o amadurecimento das práticas

educacionais.

O processo de ensino deve ser constantemente amadurecido, segundo

Zabala,

(...) esta prática, se deve ser entendida como reflexiva, não pode ser reduzir

ao momento em que se produzem os processos educacionais na aula. A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem peças

substanciais em toda a prática (ZABALA, 1998, p. 17).

A intervenção reflexiva baseia-se no planejamento, aplicação e avaliação

das práticas tanto do educador quanto dos aprendizes, logo, a intervenção é uma via

de mão dupla no qual se podem analisar as duas partes e qualquer intervenção

afetarão ambas. Porém para a análise de informações tão complexas para uma

posterior reflexão requer a definição de variáveis em atividades fixas que

possibilitam a manipulação das entradas para analise de resultados. Esta tarefa de

definição e monitoramento de variáveis é um processo complexo devido à mutação

3 Curso será utilizado neste material como uma delimitação de um momento vivido pelo educador e

aprendiz em uma dada disciplina.

22

destas variáveis e da inter-relação entre elas.

Ao compreender o antes e o depois e a relação entre conceitos podemos

determinar se as práticas estão sendo significativas no processo de ensino e

aprendizagem, neste contexto nos remetemos ao uso de ferramentas que

possibilitam este entendimento. As ferramentas avaliativas aliadas ao gerenciamento

do conhecimento proposto podem demonstrar claramente o desempenho dos

aprendizes e auxiliar o educador na tomada de decisões relacionadas às

intervenções das práticas educacionais.

Todo processo educacional inicia-se com um bom planejamento, nele

atribuem-se objetivos e metas a serem alcançados. Também se destacam os

caminhos que serão trilhados pelo educador e aprendizes. De uma simples ementa

a uma complexa projeção de aulas levando em consideração conceitos chaves

auxiliam o educador, porém estes devem ser construídos antes do inicio das aulas.

�Um modo de determinar os objetivos ou finalidades da educação consiste em fazê-

lo em relação às capacidades que se pretende desenvolver nos alunos� (ZABALA,

1998, p. 28).

Embora a principio pareça antagônico quando comparado com a teoria da

Aprendizagem Significativa4 este planejamento é uma meta esperada pelo educador,

no qual este utiliza para se orientar em suas aulas, definindo conceitos chaves,

esteios, ou até pré-requisitos.

No primeiro contato do educador com os aprendizes tais objetivos e o

planejamento feito pelo educador pré-aula deve ser revisto a fim de suprir os anseios

dos aprendizes.

A sociedade espera o treinamento de indivíduos em um determinado

conhecimento, e a escola contemporânea assume essas necessidades e os

preparam, mas este não é o foco real da educação. �Educar quer dizer formar cidadãos e

cidadãs, que não estão parcelados em compartimentos estantes, em capacidades isoladas�

(ZABALA, 1998, p. 28).

4 Abordamos a Teoria da Aprendizagem Significativa pois a ferramenta Mapa Conceitual apóia-se em

tal teoria

23

Devem-se formar pessoas capazes de pensar e agir em prol da sociedade,

para isso a pessoa deve ser formada para ter uma capacidade crítica e sociativa. A

educação que é passada para os aprendizes deve ser humana e reflexiva a ponto

de melhorar a cada contato entre aprendiz e educador, Zabala afirma que, �(...) é

preciso insistir que tudo quanto fazemos em aula, por menor que seja, incide em maior ou menor grau

na formação de nossos alunos� (ZABALA, 1998, p. 29).

Pensando neste objetivo educacional os conteúdos didáticos não podem ser

forjados para a necessidade da sociedade tendo em vista o mercado, deve-se focar

em materiais didáticos que suprem as necessidades dos aprendizes.

2.1 A diversidade

Segundo Zabala as várias teorias de aprendizagem discutem linhas de

pesquisas muitas vezes divergentes, porém,

(...) não pode nos fazer perder de vista que há uma série de princípios nos

quais as diferentes correntes estão de acordo: as aprendizagens dependem

das características singulares de cada um dos aprendizes; correspondem, em grande parte, às experiências de cada um viveu desde o nascimento; a

forma como se aprende e o ritmo da aprendizagem variam segundo as capacitações, motivações e interesses de cada um dos meninos e meninas (ZABALA, 1998, p. 34).

Para o pesquisador David Ausubel (AUSUBEL, 1980) essa diferença é

fundamental, pois na teoria da aprendizagem significativa as estruturas cognitivas

esperadas nos aprendizes não são iguais, ou seja, podemos esperar traços

semelhantes, porém não iguais.

Tal motivo leva a entender porque um material tão significativo para o

educador ou para um grupo de aprendizes pode não ser tão significativo para um ou

outro aprendiz.

A analise de tais esquemas e desta �diferença conceitual� é um dos

principais alvos de pesquisa do educador em campo de ação. Segundo Zabala o

ideal é que, �(...) em cada caso utilizamos uma forma de ensinar adequada às necessidades do

aluno� (ZABALA, 1998, p. 35).

As práticas de intervenção pedagógicas ajustam o aprendiz ao mais

24

próximo do esperado. Se conseguirmos atuar um por um a fim de atingir um padrão

chegaremos a um momento em que o curso passa a ser mais produtivo e os

materiais mais significativos.

David Ausubel é um construtivista, sua concepção visa estudar como os

conceitos são aprendidos pelos aprendizes, em seu trabalho5 David Ausubel

descreve com detalhes como conceitos são assimilados e retidos pelos aprendizes.

Zabala utiliza conceitos da Aprendizagem Significativa para reforçar que para um

material ser produtivo para um aprendiz este deve ter um significado que possa ser

relacionado com o que o aprendiz já sabe.

Para que o processo de aprendizagem se desencadeie, não basta que os

alunos se encontrem frente a conteúdos para aprender; é necessário que

diante destes possam atualizar seus esquemas de conhecimento, compará-los com o que é novo, identificar semelhanças e diferenças e integrá-las em seus esquemas (ZABALA, 1998, p. 37).

Neste sentido Zabala busca através do Construtivismo de Ausubel6 alcançar

a intervenção de suas práticas dentro do contexto do aprendiz e não do geral.

Quando trabalhamos com a concepção de aulas devemos estar atentos a

sequência didática adotada, visto que a própria sequência é utilizada pelo aprendiz

para organizar a assimilação dos conteúdos, desencadeando um processo cíclico de

aprendizagem.

2.2 As Seqüências Didáticas

O processo de aprendizagem é complexo, delimitado por inúmeras variáveis

complexas e muitas difíceis de serem detectadas, isso torna o processo um sistema

nebuloso de difícil entendimento. Tais complexidades explicam o fato de haver

várias teorias e aprendizagem e sem o consenso comum sobre os processos

cognitivos dos aprendizes.

A �sequência de ensino�, �materiais didáticos� e a própria �abordagem do

5 A Teoria da Aprendizagem Significativa será discutida neste trabalho. 6 Não vem ao caso se aprofundar na teoria da aprendizagem significativa e mapas conceituais neste

ponto do trabalho.

25

educador� são variáveis complexas que influenciam o processo, lógico que neste

texto é abordado apenas três possíveis variáveis, porém é indefinido a quantidade

de variáveis existentes e a forma como estas aparecem no cenário da educação.

A sequência de ensino pode ser dada como a seqüência de atividades que

circunscrevem o processo, segundo Zabala, �(...) os tipos de atividades, mas

sobretudo sua maneira de se articular, são um dos traços diferenciais que

determinam a especificidade de muitas propostas didáticas� (ZABALA, 1998, p. 53).

O desenvolvimento das tarefas educacionais pelos aprendizes são

momentos marcados por atividades, seja elas exposição, discussão, apresentação,

avaliação, etc., bem como a forma como é aplicada cada uma destas atividades

podem-se assumir várias características frente a educador e aprendiz.

Segundo Zabala, �(...) o primeiro elemento que identifica um método é o tipo

de ordem em que se propõe as atividades� (ZABALA, 1998, p. 53).

O que leva a entender que se pode iniciar a classificação do tipo de

aprendizagem baseados nas seqüências de ensino, esta se caracteriza como uma

boa variável de pesquisa sobre o processo de ensino-aprendizagem.

2.3 Conteúdo didático

A seqüência de ensino pode ser formada por várias unidades de ensino

menores e com um foco mais centralizado em um determinado tema, a abordagem

das atividades que envolvem a aprendizagem de um determinado conceito pode

assumir várias características dada à necessidade das circunstancias que envolvem

educador e aprendizes. Muitas vezes pode-se abordar uma aprendizagem expositiva

ou por descoberta.

2.3.1 Método expositivo

O método expositivo está caracterizado pelo conhecimento exposto pelo

educador, seus conceitos, seus dogmas e sua prática materializada em informações

que são transferidas para os educandos de forma pronta. Segundo David Ausubel,

26

�(...) na aprendizagem receptiva (automática ou significativa) todo o conteúdo daquilo

que vai ser aprendido é apresentado ao aluno sob forma final� (AUSUBEL, 1980, p.

20).

Este método de ensino não exige do aprendiz nenhuma capacidade ou

atitude de descoberta, pois se trata de um modelo no qual o aprendiz deve estar

disposto somente a abstrair os conceitos transmitidos pelo educador. Segundo David

Ausubel no modelo de ensino expositivo a teoria de Aprendizagem Significativa se

dá no momento da internalização dos conhecimentos transmitidos pelo educador.

O modelo de ensino expositivo possui a característica de permitir maior

transferência de informações no sentido educador-aprendiz, embora pareça que o

modelo de ensino expositivo seja arcaico e obsoleto por aplicar o foco no

conhecimento do educador, isso não se torna verdade nas práticas educacionais. O

uso do método expositivo é imprescindível no modelo de ensino a distância por se

tratar de um modelo simples que organiza o processo de ensino-aprendizagem

segundo definições do educador. Este método de ensino sempre foi amplamente

utilizado no modelo de ensino presencial, segundo Gonçalves

(...) é o método mais usado pelos professores no ensino superior e para

muitos, no início do século XXI, ainda é impensável lecionar no ensino superior sem recorrer à apresentação expositiva (GONÇALVES, 2008, p. 8).

Quando um dos objetivos de uma metodologia é o �ensino em massa� ou

ainda quando o meio de comunicação exige uma tarefa assíncrona entre o educador

e o aprendiz o método de ensino expositivo caracteriza-se como uma boa opção,

mesmo em uma época moderna como a vivenciada nos tempos atuais, no qual o

emprego da tecnologia na educação se faz não como uma opção, mas como uma

necessidade.

Gonçalves complementa que:

O método expositivo é o mais apropriado quando estão em causa objectivos

como disseminar informação rapidamente perante grandes audiências,

apresentar informação nova, antes de serem usados outros meios ou

actividades, enquadrar um dado assunto no seu quadro conceptual de referência ou estimular o interesse pelo tema numa audiência leiga no

assunto (GONÇALVES, 2008, p. 9).

Ausubel destaca que a aprendizagem receptiva intermediada pelo modelo

27

expositivo pode levar o aprendiz tanto para a aprendizagem automática quanto a

aprendizagem significativa resta ao educador atuar para que os conceitos abordados

em suas explicações expositivas façam sentido para o aprendiz, neste ponto a

aprendizagem significativa se faz através do processo de internalização dos

conceitos. Para este modelo (ver Figura 1) a �Clarificação de relações entre

conceitos� é fundamental.

Figura 1 - Aprendizagem receptiva e aprendizagem por descoberta situam-se

em diferentes contínuos que partem da aprendizagem automática ou da

aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1980, p. 21).

Mas para que este método seja eficaz este deve ser significativo para os

aprendizes, ou seja, deve ter um valor cognitivo. Segundo Gonçalves, �(...) o desafio

no uso do método expositivo consiste em torná-lo um meio eficaz de aprendizagem

para a maioria dos alunos� (GONÇALVEZ, 2008, p. 10).

Sobre a aprendizagem significativa tanto expositiva quanto por descoberta

David Ausubel afirma que:

(...) (1) que o material de aprendizagem por si só pode ser relacionado a

qualquer estrutura cognitiva apropriada (que possua um sentido �lógico�), de

forma não arbitrária (plausível, sensível e não aleatória) e substantiva (não

literal), e (2) que as novas informações podem ser relacionadas a(s) idéia(s)

básica(s) relevantes já existentes na estrutura cognitiva dos alunos (AUSUBEL, 1980, p. 32).

Para o educador gestor do conhecimento é fundamental o conhecimento

prévio sobre o que os futuros aprendizes já sabem sobre determinados conceitos,

28

estes conceitos são os �esteios� no qual o material de aprendizagem7 se apoiarão

durante a execução das aulas. O educador não pode �esperar� que um determinado

conceito relevante necessário para compreensão da idéia do novo conceito já esteja

nas estruturas cognitivas de todos os aprendizes, este educador deve analisar

antecedentes e se possível aplicar ferramentas investigativas, como conversas ou

até avaliações prognosticas.

Hadji credita a avaliação prognostica a função de conhecer o aprendiz.

Fala-se então de avaliação prognostica e, mais raramente hoje em dia, diagnóstica, pois compreendeu-se que toda a avaliação podia ser

diagnóstica, na medida em que identifica certas características do aprendiz

e faz um balanço, certamente mais ou menos aprofundado de seus pontos fortes e fracos (HADJI, 2001, p. 18).

A analise dos esteios pode ser feita antes das aulas expositivas a fim de

procurar esteios ou até mesmo identificar a falta destes, o educador como gestor

compreende a necessidade de seus aprendizes. Tal busca deve ser feita antes de

qualquer manipulação de conhecimento, ou seja, antes de aplicar qualquer

informação sobre o curso ou sobre os conteúdos que serão apreendidos. �A avaliação

prognostica tem como função permitir o ajuste recíproco entre aprendiz/programa de estudo� (HADJI,

2001, p. 19).

O educador eficiente pode decidir entre manipular o conteúdo que será

aplicado em suas aulas expositivas ou utilizar a técnica proposta por Ausubel para

manipular a estrutura cognitiva de seus aprendizes.

A principal estratégia advogada neste livro, para deliberadamente manipular

a estrutura cognitiva de modo a aumentar a facilitação proativa e a

minimizar a interferência proativa, envolve o uso de materiais adequados e

relevantes e inclusive introdutórios que são maximamente claros e estáveis. Estes organizadores são normalmente introduzidos antes do próprio

material de aprendizagem e são usados para facilitar o estabelecimento de

uma disposição significativa par a aprendizagem (AUSUBEL, 1980, p. 143) .

O resultado final da aplicação de organizadores prévios é alteração da

estrutura cognitiva de seus aprendizes para melhor ancoragem de novos conceitos,

tais conceitos estarão presentes nas aulas expositivas.

No modelo expositivo tanto a concepção como a execução depende do

7 Conteúdo Didático no qual pretende-se aplicar na disciplina

29

educador, segundo Gonçalves, �(...) a eficácia do professor depende em grande

parte, também, das competências pedagógicas que revela, do modo como faz a

planificação e gestão da aula� (GONÇALVES, 2008, p. 11).

2.4 Organização dos conteúdos

A organização de conteúdos segundo Zabala é �a forma de vincular os

diferentes conteúdos de aprendizagem que formam as unidades didáticas�

(ZABALA, 1998, p. 139), embora conteúdos sejam apresentados separadamente,

estes quando organizados e com forte relacionamento tornam-se bons materiais de

ensino.

Se do com a teoria da Aprendizagem Significativa esta citação faz sentido,

pois quanto maior a coerência na idéia que relaciona dois conceitos8 abordados

maior é a significância do conteúdo didático.

A forma como estes conteúdos se dispõem em uma unidade de ensino tem

fundamental importância, não basta ter um bom conteúdo. Segundo Zabala �a forma

de apresentação e a relação que existe entre eles (conteúdo didático) nunca são

arbitrárias� (ZABALA, 1998, p. 139). Logo para a compreensão do conceito

�Lançamento Obliquo� é fundamental que os conceitos de �Força� e �Equação de

Segundo Grau� sejam ministrados antes. Essa organização de conteúdos baseados

em relação pré-requisito pode ser arquitetada utilizando a hierarquia do Mapa

Conceitual.

2.5 Avaliação

As tarefas avaliativas sempre foram questões delicadas no processo de

ensino-aprendizagem, o processo avaliativo consiste especialmente em determinar

em que medida os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo

programa do currículo e do ensino. Embora as atividades avaliativas não sejam as

únicas responsáveis pela qualidade no ensino seu uso correto pode contribuir

8 Um conteúdo de ensino pode ter vários conceitos associados;

30

significativamente para o aumento na qualidade do ensino.

O uso indiscriminado, muitas vezes o faz para mudar o comportamento de

um ou mais indivíduos, como uma punição para ações anteriores tomadas por tais

indivíduos, nestes casos as atividades avaliativas trocam de sentido e o que antes

deveria ser a busca por informações sobre o processo de ensino-aprendizagem

passa a ser moeda de troca em atitudes políticas.

É comum o uso da avaliação com o caráter somativo, geralmente como

único instrumento avaliativo. Esta técnica sempre foi explorada pelos educadores,

pois é uma técnica simples que não requer a necessidade de realizar intervenções

pedagógicas nos aprendizes o que consumiria tempo e esforço.

Porém a avaliação possui outras abordagens que são geralmente ignoradas

por não terem o foco voltado para a nota. Podemos classificar três grandes focos

que a avaliação pode assumir independente do canal de comunicação, são eles:

Investigação: Neste foco a avaliação tem o objetivo de entender o que

o aluno sabe sobre determinados conceitos e sentimentos;

Formação: Neste foco a avaliação regula as práticas da

aprendizagem, tanto para o educador quanto para o aprendiz;

Qualificação: Neste foco a avaliação traz números reais que refletem

o resultado final do processo de ensino-aprendizagem.

Para cada foco existe uma metodologia própria que difere cada uma das

avaliações e os resultados refletem diferentes informações e ações no processo de

ensino.

Na Educação a Distância o uso das três abordagens é fundamental para o

educador entender as necessidades dos aprendizes e atuar nesta necessidade, pois

agindo nas falhas o educador pode alcançar o objetivo final do processo de ensino-

aprendizagem.

Temos ainda que levar em consideração o caráter formal e o informal, na

educação presencial o caráter informal sempre está implícito nas relações humanas

31

existentes entre os aprendizes e os educadores, geralmente uma abordagem

diagnóstica requer um caráter mais informal que uma avaliação somativa.

2.5.1 Avaliações formais e informais

Avaliações informais partem do pressuposto que as regras para

determinação das notas vem dos pré-conceitos do professor, não existem regras

bem definidas e o professor age de acordo com seu conhecimento. Sobre este

aspecto informal Ronald A. Menezes et. al. afirma que "uma das principais

características do ensino a distância é a ausência desse aspecto� (MENEZES,

Ronald A.; FUKS, Hugo; GARCIA, Ana Cristina B., 1998, p. 1).

Embora nebuloso este mecanismo de avaliação serve para identificar

informações que estão além dos textos e conceitos apresentados em aula. São

excelentes ferramentas para se conhecer o aluno, podemos citar como exemplos:

A satisfação do aluno com relação ao conteúdo: É natural que

aprendiz satisfeito queira ir a escola e está mais receptivo ao processo de ensino-

aprendizagem;

A carência conceitual de um aluno: Embora uma avaliação formal seja

capaz de identificar tais carências seus métodos são estáticos. Em uma avaliação

informal o professor pode investigar os esquemas conceituais do aluno com poucas

perguntas, perguntas que se alteram dadas a resposta anterior, este processo

investigativo é flexível e se adapta a qualquer aluno;

O entendimento de conceitos: A mudança na fisionomia de uma

pessoa pode dizer várias palavras, com isso o professor recebe um feedback quase

que instantâneo;

Problemas pessoais ou emocionais: Em nenhuma prova de vestibular,

ou avaliação escolar formal é abordado o atual estado emocional ou afetivo de um

aluno, tais informações jamais poderiam ser detectadas em tais meios, na avaliação

informal o educador entende a dificuldade na qual o aprendiz enfrenta.

Já a avaliação formal requer um regulamento, pode ser aplicado aos três

32

focos avaliativos descritos na unidade 2.5 Avaliação. Geralmente requer um canal

igual para todos os aprendizes, atuam através de questionários fixos, possui uma

data para ser iniciado.

Com a mudança nos paradigmas propostos pela EaD o impacto nas

avaliações informais foi maior que o impacto nas avaliações formais, ou seja, as

avaliações informais agora dependem de um novo meio mais complexo do apenas o

uso de sentidos como visão, audição e até o tato. Em uma sala de aula, a

convivência diária com o aprendiz em um meio físico faz como que o educador

�saiba� sem o uso de palavras as reações dos aprendizes, e com essas informações

o educador avalia sua própria prática.

Na educação a distância a avaliação informal pode ser realizada através de

ferramentas especiais, tais como vídeo conferência ou até mesmo chats.

2.5.2 Avaliação prognóstica

Segundo Hadji a avaliação prognóstica é,

(...) mais rara-mente hoje em dia, diagnóstica, pois compreendeu-se que toda a avaliação podia ser diagnóstica, na medida em que identifica certas

características do seu aprendiz e faz um balanço, certamente mais ou

menos aprofundado, de seus pontos fortes e fracos (HADJI, 2001, p. 19).

A avaliação prognóstica tem a função de permitir um ajuste recíproco

aprendiz/programa de estudos, seja pela modificação do programa, que será

adaptado aos aprendizes, seja pela orientação dos aprendizes para subsistemas de

formação mais adaptados a seus conhecimentos e competências atuais. Esta

avaliação tem como objetivo entender a necessidade dos aprendizes e validar se o

material proposto será capaz de satisfazer esta necessidade, ou seja, no primeiro

contato entre educador e aprendizes o educador é capaz de avaliar se o seu

material proposto e não o conhecimento do aprendiz (ver Figura 2). Neste sentido o

foco do educador neste momento é o seu próprio material.

33

Figura 2 - Foco do educador na avaliação prognóstica

Se o educador achar necessário criar um material intermediário entre o que

os aprendizes já possuem em suas estruturas cognitivas e o material proposto em

seu curso, este é o momento. Na Teoria da Aprendizagem Significativa este material

é chamado de Organizadores Prévios.

Organizadores Prévios segundo a Teoria da Aprendizagem Significativa

proposta por David Ausubel (1980) são utilizados como:

(...) estratégia para deliberadamente manipular a estrutura cognitiva de

modo a aumentar a facilitação proativa e a minimizar a interferência proativa,

envolve o uso de matérias adequados relevantes e inclusive introdutórios que são

muito claros e estáveis. Estes organizadores são normalmente introduzidos antes do

próprio material de aprendizagem e são usados para facilitar o estabelecimento de

uma disposição significativa para a aprendizagem (AUSUBEL, 1980, p. 143).

Quando trabalhamos com organizadores para um grupo de aluno, devido à

diversidade das estruturas cognitivas envolvidas, trabalhamos com uma abstração

mais elevada e mais inclusiva do que o material de aprendizagem. Estes materiais

altamente inclusivos contêm conceitos chaves que serão os elos entre o que os

alunos já sabem com o novo material, isso transformara o material do educador em

um material potencialmente significativo.

34

Figura 3 - Mapa Conceitual que aborda as Transformações Químicas

No exemplo dado no Mapa Conceitual exibido na Figura 3, o educador

identifica que os conceitos �Mudança de Estado�, �Mudança de Cor� e �Liberação de

Gás� são conceitos mais gerais. Se alguns aprendizes não possuírem em seus

esquemas mentais tais conceitos estes devem ser explorados em materiais

introdutórios para facilitar o entendimento do conceito �Transformações Químicas�

que o foco de seu trabalho.

Quando o educador identifica que um aprendiz ou um grupo pequeno de

aprendizes não possui algum dos conceitos �Mudança de Estado�, �Mudança de

Cor� e �Liberação de Gás�, o educador pode trabalhar individualmente, aprendiz por

aprendiz reduzindo a carga da turma em geral.

É visível que este esquema avaliativo pode ser utilizado em todo o curso,

porém seu maior destaque é dado no inicio do curso, isto porque o educador não

conhece seus aprendizes e as informações obtidas aqui trazem grandes alterações

de seus conteúdos. Com o andamento do curso, se o educador utilizar técnicas

investigativas às informações retiradas serão próximas do esperado, pois o aprendiz

já está consumindo seus conteúdos.

Uma avaliação prognostica não deve refletir diretamente na nota do

aprendiz, o educador deve solicitar que o aprendiz não estude para tal avaliação,

que venha com os conceitos adquiridos até o momento e sejam sinceros. Questões

abertas são as mais indicadas para este modelo, pois permite que o aluno se

expresse sem a alteração dos conceitos prévios. Questões fechadas interferem nos

esquemas mentais dos alunos, pois ao expor possíveis respostas alteramos os

esquemas mentais dos alunos, se questões fechadas forem utilizadas neste ponto

35

deve existir ao final de cada questão uma opção �Não tenho conhecimento para

responder a esta questão�.

Na educação à distância podemos utilizar avaliações com questões abertas,

visto que não requer o feedback deixando a cargo do educador a analise de tais

respostas. Conforme abordado na unidade 2.5.1 o uso de avaliações informais são

excelentes canais para este tipo de avaliação, o uso de Fórum de Discussão e

construção de Wiki não são boas ferramentas investigativas neste contexto.

Quando o processo requer um nível de investigação mais complexa o uso

das ferramentas Chat e Vídeo Conferência são fundamentais.

2.5.3 Avaliação formativa

Segundo Philippe Perrenoud,

(...) toda avaliação que ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver, ou melhor, que participe da regulação das aprendizagens e do

desenvolvimento no sentido de um projeto educativo é dito como avaliação formativa (PERRENOUD, 1999, p. 103).

Segundo Charles Hadji,

(...) esta modalidade de avaliação tem característica informativa e

reguladora, ou seja, fornece informações aos dois atores do processo de

ensino-aprendizagem: ao professor, que será informado dos efeitos reais de

suas ações, podendo regular sua ação pedagógica; e ao aprendiz, que terá

oportunidade de tomar consciência de suas dificuldades e, possivelmente,

reconhecer e corrigir seus próprios erros (HADJI, 2001, p. 20).

Philippe Perrenoud também destaca que �(...) a observação (avaliação) é

formativa quando permite orientar e otimizar as aprendizagens �em curso� sem

preocupação de classificar, certificar, selecionar� (PERRENOUD, 1991, p. 104).

A avaliação formativa situa-se no centro da ação de formação que se inicia

após o ajuste aprendiz-programa de ensino que é executado baseado na avaliação

prognostica, neste sentido o foco da avaliação formativa são os aprendizes, o

conteúdo e suas próprias ações no processo de ensino.

36

Figura 4 - Foco do educador na avaliação formativa

Segundo Joice Lee Otsuka alguns obstáculos impede o uso do caráter

formativo nas avaliações.

Três obstáculos principais à adoção de uma abordagem de avaliação mais

formativa podem ser identificados: (1) a �cultura da certificação�, que

valoriza muito mais a obtenção de um certificado ou título do que no

desenvolvimento de um processo efetivo de aprendizagem; (2) a formação

de professores qualificados para adotar essa abordagem de ensino-aprendizagem; (3) falta de infra-estrutura, seja de condições de trabalho,

número de alunos atendidos, tempo disponível para o acompanhamento

dos alunos, falta de ferramentas de apoio, entre outros (OTSUKA, 2006, p. 26).

Como funciona o processo formativo? Simples, inicia-se com uma avaliação

diagnóstica simples, com base nestes dados realiza-se um estudo visando uma

intervenção que não cause muito impacto no programa e nem uma intervenção

profunda no aprendiz. Nesta avaliação o aprendiz pode através de seus

conhecimentos consultar materiais didáticos, dada esta possibilidade a avaliação

não possui um termino previsto.

Por não ser recomendada uma intervenção crítica o processo formativo deve

ser contínuo e sistemático, quanto mais intenso for à interação deste modelo de

avaliação mais preciso se torna às conclusões levantadas, menores são os impactos

na intervenção, e as intervenções geradas são aplicadas imediatamente quando

necessário.

Se o educador utilizar um intervalo de tempo grande entre as avaliações

formativas a carga sobre os aprendizes será muito intensa em um determinado

momento e o impacto destas avaliações terão grande chance de alterar

significativamente os materiais do educador, o que leva ao grande esforço e a perca

37

da precisão da intervenção, neste caso o efeito formativo da avaliação se perderá.

Uma abstração teórica do impacto pode ser simulado em um diagrama de curva de

aprendizagem teórico (ver Figura 5).

Figura 5 - Interações formativas em um grupo de conceitos, o gráfico da direita

um número X de conceitos são aplicados em quatro avaliações, na direita o

mesmo número de conceitos são aplicados em 10 avaliações.

Quando o educador decide utilizar a avaliação formativa ele deve ter em

mente que este modelo de avaliação requer muito trabalho, tempo e

atenção, pois se trata de um modelo contínuo e repetitivo (OLIVEIRA et. al., 2010).

Em ambientes virtuais este modelo pode ser reforçado, visto que uma das

vantagens dos sistemas digitais é a realização de serviços repetitivos e complexos,

mas um software não pode excluir o educador do modelo e é neste ponto em que os

mecanismos avaliativos digitais do MOODLE9 e BlackBoard10 falham. As

ferramentas citadas utilizam o recurso de banco de questões que não possuem

ligação direta com um conceito ou conteúdo, logo a avaliação aplicada neste

ambiente é voltada a uma nota e pouco ajuda o educador a localizar as

necessidades de um aprendiz.

Outro fator importante que o Ambiente Virtual contribui para este modelo de

avaliação é que tais Sites não requerem um local físico ou um período definido com

inicio e fim, o aprendiz pode realizar tais avaliações em qualquer local que possua

acesso a Internet, o educador que possui 50 minutos de aula presencial pode

continuar com suas aulas normalmente deixando a tarefa de avaliação formativa

para o Ambiente Virtual de Aprendizagem.

As questões utilizadas na avaliação formativa podem ser as mesmas

9 Ambiente Virtual de Aprendizagem desenvolvido e distribuído por http://www.moodle.org 10 Ambiente Virtual de Aprendizagem desenvolvido e comercializado por http://www.blackboard.com/

38

utilizadas na avaliação prognóstica11, porém nesta avaliação o aluno recebe um

feedback instantâneo sobre a correção de sua resposta, o uso de questões fechadas

agiliza o processo de correção e detecção de falhas.

Em Ambientes Virtuais de Aprendizagem tradicionais o movimento é

contrário ao apresentado, por este motivo a avaliação formativa é deliberadamente

excluída não por falta de mecanismo, mas sim pela filosofia do ambiente. Tais

ambientes fazem o professor se auto-excluir da tarefa mais importante que é a

avaliação, o erro inicia-se quando uma questão não está relacionada a nenhum

conceito em específico, ou seja, quando temos �Bancos de Questões�. O problema

se agrava quando o sistema realiza toda a correção e entrega uma nota e não um

parecer sobre os possíveis problemas enfrentados pelo aprendiz.

Um Ambiente Virtual de Aprendizagem ideal não deve excluir o educador, o

trabalho deve ser ao contrário, incluindo o educador em cada decisão e

comunicando através de notificações, gráficos e relatórios.

Para o sucesso da avaliação formativa os dados devem estar perfeitamente

relacionados, tais como, conceitos, questões e conteúdos. Este esquema é

exemplificado na Figura 6.

Figura 6 - Relacionamento lógico do Conceito com Questão e Conteúdo

Didático

Esta organização é necessária, pois se não for possível identificar através de

uma questão qual o material didático o aprendiz utilizou para reforçar seus conceitos

o processo formativo é inviável, essa idéia é contrária ao modelo de �Banco de

Questões�.

11 Para conceitos que não são Organizadores Prévios e questões que não sejam abertas

39

É a través das informações demonstradas no processo avaliativo que se

determina se o conteúdo didático teve ou não o impacto esperado nas estruturas

cognitivas dos aprendizes.

2.5.4 Avaliação somativa

Segundo Charles Hadji (2001) a avaliação somativa, tem a função

classificatória, realiza-se ao final de um curso, período letivo ou unidade de ensino, e

consiste em classificar os alunos de acordo com níveis de aproveitamento

previamente estabelecidos, geralmente tendo em vista sua promoção de uma série

para outra, ou de um grau para o outro.

O foco desta avaliação é sobre o que o aluno sabe, não importando se os

conceitos foram adquiridos antes ou durante o processo de ensino-aprendizagem.

Figura 7 - Foco do educador na avaliação somativa

Educadores se confundem e aplicam este modelo de avaliação várias vezes

em um período, ou seja, substituem as avaliações formativas por somativas. A

avaliação somativa não regula as práticas e não devem ser utilizadas em um

momento que não seja no termino do processo de ensino-aprendizagem, na verdade

quando esta avaliação é utilizada de qualquer forma ela se torna uma agente de

mudança do comportamento visando à política interna e não a aprendizagem.

Embora seja uma visão extremamente dura e rígida, este modelo de

avaliação é indispensável no processo de ensino-aprendizagem quando utilizado

corretamente. Visto que as avaliações prognósticas e formativas não contribuem

40

para a definição de uma nota ou índice para o aluno. Esta nota ou índice é

indispensável para a o modelo educacional atual e possui um fator considerável para

as motivações humanas.

O maior problema dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem é garantir a

segurança neste modelo de avaliação, não só a segurança para o educador, mas

também para o aprendiz. Imagine um aprendiz se passando por outro aprendiz, ou a

formação de grupos para realização de provas. O aprendiz também tem que se

preocupar, afinal, será que sua prova será bem corrigida? Será que o sistema não

vai cair? Sabemos que na educação a distância este tipo de avaliação não traz

segurança para nenhuma das partes, por estes motivos não é recomendável a

aplicação de avaliações somativas em ambientes propensos a falhas.

No artigo 24 do Decreto Nº 5.622 (BRASIL, 2005) o Ministério da Educação

e Cultura impõe a realização de tarefas presenciais para os cursos de educação a

distância, uma destas tarefas é a execução de exames presenciais, entende-se que

exames são avaliações somativas realizadas ao final de um módulo ou curso.

41

3 MAPA CONCEITUAL E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Para entender o conceito de Mapa Conceitual deve-se remeter a teoria de

aprendizagem na qual o Mapa Conceitual utiliza. A Teoria da Aprendizagem

Significativa foi proposta por David Ausubel, este pesquisador é um cognitivista

clássico que trabalhou com teorias de aprendizagem a partir da década de 60, sua

teoria aborda essencialmente a aprendizagem com uma visão cognitivista. A

aprendizagem cognitiva é aquela que resulta no armazenamento organizado de

informações na mente do aprendiz, trabalha-se com um complexo conhecido como

estrutura cognitiva.

Em sua teoria intitulada de �Aprendizagem Significativa� Ausubel visa

analisar os conhecimentos prévios para determinar a abordagem nas práticas de

ensino, essa idéia enquadra-se na proposta deste trabalho, isso porque os conceitos

dos aprendizes se constituem como �matéria-prima� para as ferramentas propostas.

Esta teoria foi desenvolvida por Ausubel durante a década de 60 e preencheu um

vazio existente no estudo de como os novos conceitos se relacionam com os

conceitos já existentes, esta abordagem se contrapunha à visão behaviorista que na

época predominava. Na teoria de Ausubel o educador conhece o aprendiz e o

aprendiz pode se expressar, não só conceitos relativos ao contexto as aulas do

educador mas também conceitos prévios que provem da vivencia de cada aprendiz.

Segundo David Ausubel,

(...) a aquisição de novas informações depende amplamente das idéias

relevantes que já fazem parte da estrutura cognitiva, e que a aprendizagem

significativa nos seres humanos ocorre por meio de uma interação entre o

novo conteúdo e aquele já adquirido (AUSUBEL, 1980, p. 57).

Com isso a Aprendizagem Significativa depende tanto da disposição do

aprendiz, do educador e de um material potencialmente significativo.

O material de aprendizagem por si só pode ser relacionado a qualquer

estrutura cognitiva apropriada (...), de forma não arbitrária (...) e substantiva,

e (...) que as novas informações pode ser relacionadas a(s) idéia(s)

relevantes já existentes na estrutura cognitiva do aluno (AUSUBEL, 1980, p.

32).

Embora o material seja potencialmente significativo isso não quer dizer que

42

realmente seja significativo, este possui apenas componentes significativos (por

exemplo, pares de adjetivos), mas a tarefa de aprendizagem como um todo não é

logicamente significativa. Ausubel define que:

(...) material de aprendizagem logicamente significativo, conseqüentemente,

pode relacionar-se, de modo não arbitrário, às idéias especificamente

(Itálico pelo autor) relevantes, (...), mais particularmente, generalizações; ou

relacionável a um conjunto mais amplo (Itálico pelo autor) de idéias

relevantes, no sentido de ser mais coerente com elas de maneira geral� (AUSUBEL, 1980, p. 37).

É natural que para um material ser realmente significativo este precisa ter

idéias que se relacione com os conceitos já pré estabelecidos no aprendiz, tais

conceitos ou idéias já existentes nos esquemas dos aprendizes são chamados de

subsunçores, logo a nova informação se relaciona com tais subsunçores, porém o

relacionamento deve ser claro e formar uma idéia valiosa para o aprendiz.

Tanto na educação presencial tradicional quanto na educação a distância o

educador deve sempre avaliar os subsunçores dos aprendizes, reformulando a cada

passo seus conteúdos didáticos com a finalidade de fortalecer tais subsunçores. O

conteúdo da disciplina torna-se mutável sempre procurando o melhor resultado no

processo de ensino aprendizagem.

Trata-se de atividades com caráter diagnóstico e formativo e o uso de banco

de questões não auxiliam o educador nestas tarefas.

3.1 Teoria da assimilação

Antes de abordar o mecanismo para aprendizagem adotado por Ausubel

precisamos estabelecer alguns subsunçores sobre a própria aprendizagem

significativa.

Conforme vistos até o momento podemos observar que a teoria da

aprendizagem significativa tem seu pilar central o conhecimento já adquirido pelo

aprendiz, esta teoria está dividida em três formas básicas:

Aprendizagem Subordinada: Nesta aprendizagem a nova informação está

ligada a idéias gerais (ver Figura 8). Comumente vamos ver no texto as palavras

esteio ou subsunçor quando nos referimos aos conceitos a qual o novo conceito se

43

relaciona.

A Aprendizagem Subordinada se divide em duas aprendizagens, são elas

derivativa e correlativa. A primeira não altera os atributos essências do conceito

subsunçor mas os exemplos do novo conceito são considerados importantes. Já o

correlativo o novo conceito não é uma extensão, modificação ou qualificação do

subsunçor porém atributos essenciais do conceito podem ser ampliados ou

modificados.

Figura 8 - Aprendizagem Subordinada

Aprendizagem Superordenada: Nesta forma de aprendizagem significativa

o novo conceito é mais geral e inclusivo que os conceitos subsunçores (ver Figura

9), logo o conceito mais genérico se relaciona através de idéias claras com tais

subsunçores.

Figura 9 - Aprendizagem Superordenada

Na Figura 9 a nova idéia A é associada a idéias mais específicas que estão

representadas por a1, a2, a3 e a4.

Aprendizagem combinatória: A nova idéia não é nem mais específica e

nem mais geral com as idéias que mantém relacionamento, o novo conceito mantém

relacionamento com demais conceitos pela similaridade de atributos.

Proposta de assimilação

44

David Ausubel propõe um mecanismo para a assimilação e neste

mecanismo podemos entender o processo de aquisição e retenção de

conhecimentos.

Quando uma nova idéia a (itálico pelo autor) é aprendida significativamente

e relacionada à idéias relevantes estabelecida A (itálico pelo autor), tanto as idéias são modificadas como a e assimilada (itálico pelo autor) pela idéia

estabelecida A (itálico pelo autor) (...) A (itálico pelo autor) e a (itálico pelo

autor) nova idéia a sofrem modificações, formando o produto da interação

A�a� (itálico pelo autor) (...) (AUSUBEL, 1980, p. 104).

Figura 10 - Esquema de assimilação

A idéia resultante (A�a�) se torna uma nova idéia que é mais complexa que

as idéias iniciais, neste ponto percebemos que as somas das idéias é menor que a

nova idéia. Este mesmo conceito já foi trabalhado por Gestalt12 intitulado

Supersoma.

As idéias iniciais se transformam ganhando um novo sentido formando uma

idéia clara, esse processo é apontado por David Ausubel como processo de

interacional,

(...) portanto, o produto interacional real do processo de aprendizagem significativa não é exatamente o novo significado de a� (itálico pelo autor),

mas inclui a modificação da idéia básica e é o significado composto A�a�

(itálico pelo autor) (AUSUBEL, 1980, p. 106).

É natural que uma idéia realize uma força de influência em outra idéia, assim

como é natural a dissociação da nova idéia que se apóie em uma idéia esteio13.

Essa diferenciação progressiva refina os significados e servem de base para

posteriores aprendizagens (formação de novos esteios). �Por um período variável de

tempo, são dissociáveis de suas idéias básicas e portanto são reproduzíveis enquanto entidades

12 Gestalt é uma teoria da psicologia idealizada por Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka; 13 O Subsunçor (idéia relevante já existente na estrutura cognitiva) é considerado um esteio para o

novo conceito;

45

individualmente identificáveis� (AUSUBEL, 1980, p.107).

Figura 11 - Esquema de dissociação

Após a aprendizagem o conhecimento sofre também por um mecanismo de

esquecimento no qual as idéias são reduzidas gradualmente. Essa tendência é

explicada por Ausubel baseado na idéia que é mais fácil armazenar conceitos

estáveis e bem estabelecidos (bem ancorado nos esteios) do que armazenar

informações sobre novas idéias que estão relacionadas com as idéias básicas.

Quando o conceito a� já não faz sentido e sua força de dissociação cai abaixo de um

certo nível crítico então A�a� é reduzido para A�, a� perde o significado e é reduzido.

Até o momento abordamos a Aprendizagem Significativa subordinada no

qual existe um novo conceito mais específico que A�. Bom e quando o novo conceito

for sobreordenado? Neste caso o novo conceito é mais geral, Ausubel define este

tipo de aprendizagem como Aprendizagem Significativa Sobreordenada no qual os

esteios (conceitos já existentes e fixos na estrutura cognitiva) são mais específicos

que o novo conceito.

Que o novo conceito será relacionado através de idéias a um(s) conceito(s)

mais específico(s) isso pode abstrair da mesma forma que a aprendizagem

subordinada.

Figura 12 - Esquema de associação sobreordenada

O processo de assimilação é semelhante, com o uso de esteios.

46

Figura 13 - Esquema de assimilação sobreordenada

A diferença inicia na obliteração do novo conceito que passa a ser reduzido

a suas idéias básicas (esteios) e quando compreendida pelo aprendiz sendo

diferenciada de seus esteios. Com isso a uma inversão do processo obliterador que

passa a reduzir as idéias básicas (esteios específicos) a fim de obter idéias mais

gerais e inclusivas.

3.2 Aquisição e o uso de conceitos

Segundo David Ausubel:

Os conceitos constituem nas abstrações dos atributos essenciais que são

comuns a uma determinada categoria de objetos, eventos ou fenômenos,

independentemente da diversidade de dimensões outras que não aquelas

que caracterizam os atributos essências compartilhados por todos os

membros da categoria (AUSUBEL, 1980, p. 72).

David Ausubel define de forma simplificada que,

(...) conceitos como objetos, eventos, situações ou propriedades que

possuem atributos essências e sãos designados numa determinada cultura

por algum signo ou símbolo aceito. Casa, triangulo, guerra e verdade (Itálico

pelo autor) são alguns dos conceitos culturalmente aceitos que usamos

(AUSUBEL, 1980, p. 74).

Desta forma os conceitos possuem relação íntima com o mundo real, sendo

assim os conceitos são esquemas do mundo real. Tais conceitos também possuem

valores definidos e abstraídos de acordo com o meio em que vive o aprendiz,

geralmente um conceito válido para uma pessoa pode não ser válido para uma outra

pessoa imersa em um ambiente diferente. O educador durante a concepção dos

conteúdos pode analisar tais os aprendizes para melhor confecção dos conteúdos

didáticos.

A aquisição de conceitos se dá a partir de dois tipos principais de

mecanismos de aquisição, são eles:

47

Formação de Conceitos: A formação de conceito envolve

mecanismos formados com idéias mais genéricas e se dá

espontaneamente no processo de aprendizagem. Inicia-se nas

crianças na fase pré-escolar no qual todas as experiências

assimiladas se dão por descobertas. Também é vivenciada pelo

indivíduo após uma certa idade porém com um grau muito elevado de

sofisticação;

Assimilação de Conceitos: O processo de assimilação já abordado

neste texto requer idéias relevantes para os atributos reconhecidos no

novo conceito. Geralmente é o mecanismo mais usado durante a fase

escolar.

3.3 Abordagem da aprendizagem significativa

Na teoria proposta por David Ausubel um processo ideal de retenção de

conhecimento se daria,

(...) se a estrutura cognitiva for clara, estável e adequadamente organizada,

significados preciso e não ambíguos emergem, tendendo a reter sua força

de dissociação ou disponibilidade (...) (1) a disponibilidade, na estrutura

cognitiva do aprendiz, de idéias de esteio especificamente relevantes num

nível ótimo de inclusividade, generalidade e abstração; (2) a extensão na

qual tais idéias são discrimináveis de conceitos similares e diferentes (...) no

material de aprendizagem; e (3) a estabilidade e clareza das idéias de

esteio (AUSUBEL, 1980, p. 138).

Como a abordagem da aprendizagem significativa fundamenta-se em

esteios firmes e estáveis como devemos atuar quando recebemos um aprendiz? Ou

quando uma nova área do conhecimento é trabalhada? É natural que o material de

aprendizagem do educador nem sempre seja significativo para todos os alunos, não

por falha do material, mas sim pela falta de esteios sólidos no aprendiz. Para formar

tais esteios o educador deve trabalhar com o aprendiz a fim de formar tais esteios,

para isso Ausubel o uso de organizadores prévios são primordiais para a

aprendizagem, tais organizadores são idéias altamente inclusivas, abstratas e

gerais, porém também levar em consideração idéias relevantes existentes nas

estruturas cognitivas dos aprendizes e tais organizadores devem ser apresentados

antes dos materiais a ser aprendidos.

Estudos feitos na década de 70 são citados por Ausubel como referências

48

que aumentam a credibilidade de seu trabalho, David Ausubel (AUSUBEL, 1980) cita

que Barnes (1972) com o uso de organizadores em 98% dos casos foi reconhecido

uma melhora de 10% a 18%.

A importância do trabalho com organizadores prévios demonstra que para se

atingir um bom resultado com a Teoria da Aprendizagem Significativa deve-se

realizar um ótimo trabalho pesquisando e analisando organizadores prévios, porém

alguns fatores interferem no que chamamos de caso ideal, um exemplo claro é a

pluralidade existentes em um grupo de aprendizes. Quando um grupo de aprendizes

se reúne em sala para participarem do processo de aprendizagem estes possuem

esquemas diversos, quando se trata dos primeiros contatos dos aprendizes com os

educadores essa diversidade é muito maior o que causa um efeito tipo �choque�

durante a transferência das primeiras idéias. Se a aprendizagem significativa

fundamenta-se no que o aprendiz já sabe resta então compreender o que estes

aprendizes já sabem. Neste ponto o uso de organizadores prévios pode ser mais

interessante do que em todo o resto do convívio educacional, visto que neste ponto

além dos organizadores serem mais gerais e inclusivos14 estes podem atuar como

niveladores, reduzindo a carga futura de análise dos esquemas.

É natural que o educador defina organizadores prévios naturais que são

aqueles já definidos antes de conhecer os aprendizes e os organizadores prévios

niveladores que serão úteis para nivelar as idéias em uma área específica do

conhecimento entre os aprendizes. Quando a maioria dos aprendizes possui uma

idéia semelhante sobre um determinado conhecimento o processo seguinte de

aprendizagem de novos conceitos que serão ancorados nestas idéias se dará com

mais eficiência quando analisamos os resultados do grupo de alunos. O educador

deverá disponibilizar um grande esforço, visto que não se pode generalizar todas as

informações sobre estruturas cognitivas, ou seja, deve-se trabalhar aprendiz por

aprendiz, idéia por idéia a fim de nivelar. Sabemos que no modelo de ensino atual

visa alcançar metas internacionais que dizem respeito a números de alunos em sala

de aula e não em qualidade, desta forma o educador é sobrecarregado com salas de

aulas superlotadas e o trabalho individual se torna menos eficiente no ponto de vista

do modelo educacional. Neste ponto valores behavioristas se fortalecem e a

14 Com isso espera-se que sejam mais receptivos para as idéias futuras

49

aprendizagem receptiva mecânica é a mais marcante ou a aprendizagem por

descoberta mecânica15.

A vantagem de se trabalhar com o nivelamento antes das aulas que

abordem os conhecimentos específicos é que podemos trabalhar com um nível

intelectual mais próximo dos melhores alunos durante as aulas. Para Ausubel,

(...) parece razoável supor que, num ambiente de aprendizagem não

individualizado, os recursos educacionais e outros métodos aperfeiçoados

de ensino tendem a beneficiar mais o aluno ruim e de nível médio que os

alunos inteligentes (AUSUBEL, 1980, p. 326).

Embora pareça16 que organizadores prévios não requerem conhecimentos

prévios isso não é verdade, embora esteja empregado nos primeiros contatos com o

aprendiz para início de um novo material estes organizadores também requerem

idéias já existentes nos aprendizes, só que em um nível de abstração e generalidade

muito alto,

(...) para terem o máximo de eficiência, eles devem ser formulados em

termos de linguagem e conceitos já familiares ao aluno e usar ilustrações e

analogias apropriadas, se necessário, ao seu desenvolvimento (AUSUBEL,

1980, p. 308).

Uma ótima ferramenta para análise de conhecimentos é a Avaliação

Prognóstica, esta poderosa ferramenta não somativa é capaz de revelar

conhecimentos prévios existentes-ausentes nos aprendizes antes das primeiras

aulas, o problema desta ferramenta é que o tempo entre a primeira aula e a aula

seguinte pode não ser um tempo suficiente para o educador rever seus conteúdos

didáticos. Dois problemas devem ser superados pelo educador neste pequeno

espaço de tempo:

Analisar os resultados obtidos com a aplicação da Avaliação

Diagnóstica;

Definir uma estratégia para aulas futuras;

Adaptar seu conteúdo didático para melhor se adaptar aos

aprendizes.

15 Aprendizagem em que a idéia seja trabalhar a descoberta, porém aprendizes não conseguem for

falta de esteios (conhecimento) e ao final o educador dá o resultado do trabalho. Para completar o educador propõe um trabalho semelhante, isso se torna mecânico e pouco racional.

16 Por sempre encontrar textos que abordam o uso do Organizador Prévio antes da abordagem

conceitual do material de instrução.

50

Esta primeira intervenção nas ações do educador e em seus conteúdos

didáticos são considerados drásticos, pois podem afetar o plano de ensino, porém o

deve ser feito para se atingir um bom resultado ao termino do processo de ensino-

aprendizagem. Uma ferramenta eletrônica pode auxiliar o educador nestas tarefas,

agilizando a análise dos resultados através de gráficos, exibindo dados estatísticos e

ainda cruzando informações com dados obtidos por turmas anteriores. A análise de

todo o currículo acadêmico do aprendiz também pode ser feita por tal ferramenta.

3.4 Mapas conceituais

O Mapa Conceitual surge com o trabalho de investigação sobre a

Aprendizagem Significativa feita pelo pesquisador Joseph D. Novak, ao utilizar a

Teoria da Aprendizagem de Ausubel, Novak percebe que:

(...) os mapas conceituais eram uma boa forma de organizar o conhecimento para a instrução e uma boa maneira de os alunos

descobrirem conceitos e princípios-chave nas conferências, leituras ou

noutro material instrutivo (NOVAK, 1999, p. 27).

Este mapa é a materialização da teoria da aprendizagem de Ausubel, nele

podemos de forma visual descrever os conceitos, as idéias formadas entre conceitos

e proposições. Claramente podemos localizar subsunçores (esteios), conceitos

gerais, específicos. Por este motivo a introdução à teoria da aprendizagem é

requisito no estudo de mapas conceituais. A necessidade do mapa conceitual

impresso em papel ou ferramenta eletrônica é uma necessidade humana de

armazenar informações de conhecimento em um documento que será utilizado por

outros indivíduos ou pelo próprio para futuras análises.

Pela teoria proposta por Ausubel conceitos mais gerais servem de bons

esteios para conceitos mais específicos. O mapa conceitual por tal motivo é um

digrama top-down, no qual encontramos conceitos mais gerais no topo e conceitos

mais específicos abaixo.

51

Figura 14 � Mapa Conceitual Subordinado

Um conceito geral é mais inclusivo que um conceito específico, por tal

motivo chamamos esta aprendizagem de �aprendizagem subordinada�, primeiro é

apresentado o material mais inclusivo e geral, logo após especificamos conceitos

mais específicos. Na Figura 14 está claro que um conceito geral é um bom esteio

para os conceitos específicos, por isso o conceito geral está acima dos conceitos

específicos. Não é utilizado nenhuma indicação de sentido ao relacionamento lógico

entre estes, pois é trivial que o conceito geral está acima.

A aprendizagem dos conceitos: �Específico A� e �Específico B� dependem da

relação de idéias que estes podem fazer com o conceito �Geral�, veja no exemplo da

Figura 14, tal exemplo nos revela que: Conceitos mais Gerais são bons esteio para

conceitos específicos.

Para Ausubel o conhecimento é armazenado (apreendido) pelo ser humano

de forma organizada hierarquicamente, onde os conceitos mais gerais estão ligados

a conceitos mais específicos. Ausubel também destaca que,

(...) a eficiência da aprendizagem subordinativa pode ser atribuída

provavelmente ao fato de que, quando as idéias estão agrupadas, elas

mesmas, estabelecidas adequadamente na estrutura cognitiva (...) Têm o

máximo de relevância (...) Possuem poder explanatório suficiente para

representar detalhes factuais (...) Possuem estabilidade interna suvicienete para proporcionar o tipo mais firme de esteio (...) Organizam os novos fatos relacionados em torno de um tema em comum (AUSUBEL, 1980, p. 49).

Pensando assim é natural que se inicie a confecção do mapa conceitual a

partir de conceitos mais gerais e a partir daí desencadeia-se uma seqüência de

conceitos mais específicos.

Gagné (1970, 1977) argumentou que não só o conhecimento é estruturado,

52

mas a seqüência para o aprendizado também deve ser firmemente estruturada.

No exemplo de mapa conceitual demonstrado na Figura 15 o educador

afirma que o conceito �água� é um bom esteio para o ensino dos conceitos �Gasoso�,

�Líquido� e �Sólido�. Água é um conceito geral que faz parte do cotidiano do aprendiz

e por isso se classifica como bom esteio.

Figura 15 - Mapa Conceitual "Estados físicos da água"

Seguindo com a explicação pode-se pelo mapa abordar �que a água pode

assumir os estados: sólido, líquido ou gasoso�. É natural que algum aprendiz não

saiba o que seja �gasoso� porém o conceito de água este o tem em suas estruturas

e logo o conceito gasoso será tão firme em suas estruturas quanto o conceito água.

Neste caso o conceito Gasoso se torna um bom esteio para o aprendizado de outros

conceitos, como no exemplo da Figura 15 �forma� e �volume�.

Até o momento os mapas apresentados e os exemplos apontam para uma

aprendizagem significativa subordinada, porém é comum o uso da aprendizagem

significativa superordenada.

Uma criança que acabou de conhecer um cachorro provavelmente não tem

conhecimento que este pertence a um grupo chamado mamíferos. Naturalmente ele

53

conhece outros animais, do cotidiano ou exótico em um zoológico.

Em sua fase escolar esta criança tem contato com o conhecimento de

Ciências, no qual conhece o conceito de �Mamíferos� baseados em animais que já

conhecem. Neste caso o conceito �Mamífero� que é mais geral que �Cachorro� é

assimilado após o conhecimento do conceito mais específico. Este tipo de

aprendizagem significativa é dita superordenada.

Figura 16 - Mapa Conceitual "Grupo mamíferos"

Conforme observamos na Figura 16 os conceitos existentes na

estrutura cognitiva (esteios) estão acima do novo conceito �mamífero�, porém, neste

caso o relacionamento de idéias se faz utilizando um sentido, que expressa não o

sentido da aprendizagem, mas sim a generalidade.

Os esteios �Cachorro�, �Coelho� e �Gato� bem como o conceito �Mamífero�

será alterado, suas idéias passaram pelo processo assimilação descrito por Ausubel

e detalhado na unidade 3.1, tais conceitos se tornarão mais sólidos na estrutura

cognitiva do aprendiz.

Segundo Novak,

(...) a aquisição de um novo conceito, vasto e geral, que depois subsume,

através de novas formas mais eficazes, nos significados dos conceitos

apreendidos anteriormente e acrescenta novos e mais ricos significados a estes conceitos (NOVAK, 1999, p. 69).

Depois de assimilado o conceito �Mamífero� a classificação de outros

animais na qual não abordamos e que pertençam a este grupo se torna fácil, isso

54

porque o conceito �Mamífero� é muito inclusivo e embora seja um conceito novo ele

está fortemente estável pelo uso dos esteios estáveis �Cachorro�, �Coelho� e �Gato�.

Figura 17 - Mapa Conceitual "Exemplos de Mamíferos"

Novak cita que Cullen (1983),

(...) concebeu um guia de estudo para caloiros de Química, que procurava

ajudar os alunos a compreenderem o significado de entropia (itálico pelo

autor) como um importante conceito superordenado, que auxiliaria os alunos a compreenderem grande parte da Química (NOVAK, 1999, p. 69).

Analisando17 o ambiente MOODLE não foi possível localizar uma ferramenta

apropriada que satisfaça a teoria abordada por Novak e Ausubel, com isso o

planejamento e a analise posterior a aula não pode ser feita tal riqueza de detalhes

conceituais.

O educador antes de mais nada é um profissional gestor do conhecimento

que será aprendido por um aprendiz, o educador é o responsável pelas seqüências

didáticas e conteúdo. O Mapa Conceitual associado a ferramentas estatísticas

podem analisar conceito por conceito baseando-se em resultados obtidos nas

diversas avaliações feitas pelo educador.

17 Como o ambiente BlackBoard é restrito não foi possível realizar estudo sobre tal ambiente

55

4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Educação à distância (EaD) é um modelo de educação praticado sem a

necessidade de uma presença, muitas vezes tal distância refere-se à própria

distância espacial, neste caso um aprendiz pode estar há quilômetros de seu

educador ou até mesmo distância temporal, no qual o aprendiz realiza um

determinado estudo baseado em uma disciplina na qual foi confeccionada no

passado. Já no modelo educacional presencial ou como autores chamam de ensino

tradicional (PRETI, 1996) e (VALENTI, 2003), tanto o aprendiz quanto o educador

devem estar em um mesmo ambiente18 em um dado tempo.

A educação a distância é um termo genérico, pois este tipo de ensino não

possui somente um modelo, baseiam-se em vários modelos que utilizam técnicas e

conceitos diferentes.

O início da educação a distancia não pode ser apontado, pois segundo suas

teorias até uma pintura rupestre em uma caverna pode ser uma forma de educação

passada de geração para geração e que pode garantir a sobrevivência de um grupo

de indivíduos, ou até mesmo citação a Bíblia Sagrada que contem ensinamentos

para os cristãos.

Segundo Ivone Barros Nunes a educação tem raízes antigas, �sua origem

recente, já longe das cartas de Platão e das epístolas de São Paulo, está nas

experiências de educação por correspondência iniciadas no final do século XVIII�

(NUNES, 1994, p. 7).

A autora Terezinha Nunes recorda datas históricas que marcam iniciativas

em prol da educação à distância, segundo a autora na Europa. �Em 1856, em

Berlim, por iniciativa de Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt, é criada a

primeira escola de línguas por correspondência� (SARAIVA, 1996).

Já nos Estados Unidos.

18 Entende-se como ambiente todo recinto no qual o aprendiz pode se comunicar com o educador

sem o uso de tecnologia ou de qualquer instrumento.

56

(...) em 1873, em Boston, Anna Eliot Ticknor funda a Society toEncourage Study at Home. Em 1891, Thomas J. Foster, em Scamton (Pennsylvania), inicia, com um curso sobre medidas de segurança no trabalho de mineração, o Internacional Correspondence Institute. Em 1891, a administração da Universidade de Wisconsin aprova proposta apresentada pelos professores de organização de cursos por correspondência nos

serviços de extensão universitária (SARAIVA, 1996).

A autora Ivone Barros Nunes aponta um fato que marcou a educação a

distância no Brasil e o considera como o marco inicial.

Considera-se como marco inicial a criação, por Roquete-Pinto, entre 1922 e 1925, da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e de um plano sistemático de utilização educacional da radiodifusão como forma de ampliar o acesso à educação (NUNES, 1996).

Embora a Educação a Distância tenha raízes antigas a Educação a

Distância mediada pela Internet se comparada com as demais pode ser considerada

�jovem� pois apóia-se em um meio de comunicação difundido entre a população nos

últimos vinte anos. Por ter raízes menos profundas está se tornando palco de

inúmeros trabalhos que visam agregar valores a este modelo que cresce não só em

qualidade, disponibilidade, mas também em números de adeptos.

A educação presencial se analisada em uma visão superior pode ser

comparada a um acompanhamento educacional no qual o educador se situa como

fonte de conhecimento e transcreve19 conteúdos de livros e revistas em quadros.

O modelo de Educação a Distância mediada pela Internet assume um papel

fundamental na educação moderna, pois esta supre muitas deficiências ou

necessidades do mundo moderno. À distância, a falta de tempo, problemas de

locomoção, a globalização são problemas comuns vividos pelos aprendizes atuais, a

educação a distância pode suprir tais necessidades e o uso da Internet é um

principal meio de acesso capaz de dar ao educador e ao aprendiz mecanismos que

facilitarão a educação.

A Internet hoje é uma fonte de informação tão extensa que cobre quase

todas as áreas do conhecimento, qualquer informação hoje pode ser encontrada

19 Longe de discutir qual o papel do educador no ensino presencial localizamos este educador apenas

para demonstrar que as informações utilizadas na aprendizagem são antes avaliadas pelo

educador.

57

neste ambiente. Neste ponto percebe-se que o papel do educador se faz forte, o

educador tem um papel fundamental na construção do currículo, das tarefas

educacionais, na seleção de conteúdos e ainda serve de principal ponto de suporte

educacional. Tal sobrecarga de tarefas requer que neste modelo de ensino outros

elementos auxiliem o educador, formando uma equipe que darão suporte no

processo de criação, manutenção das disciplinas bem como auxílio aos aprendizes.

4.1 Educação a distância mediada pela internet

A Internet é um imprescindível meio de comunicação que afeta todos os

níveis sociais que o tem acesso. Bem de consumo, serviço, tarefas bancaria, tudo,

pode ser realizado pela Internet sem a necessidade do deslocamento, por isso é

natural que a educação seja afetada por tal meio.

Mesmo a educação presencial é afetada pela Internet, trabalhos acadêmicos

na década de 70 e 80 tinham como principal referência livros, revistas, jornais e

artigos. Com o advento e a popularização da Internet percebe-se que há um grande

número de trabalhos que são influenciados pela Internet, sabe-se que nem toda a

informação adquirida na Internet é verdadeira e, portanto o meio se torna não

confiável. Cabe o educador direcionar o aprendiz para nichos de informações que

sejam confiáveis, em um Ambiente Virtual de Aprendizagem essa tarefa pode ser

feita por referências recomendadas pelo educador.

O problema de haver informações não confiáveis na Internet é que o custo

de confecção de materiais digitais para a Internet é considerado baixo quando

comparado com o meio impresso (livros e revistas). Um plano de hospedagem de

um Site varia em seu preço, podendo custar 0,33 centavos o Giga Byte até 5,00

reais o Giga Byte. Um Giga Byte de informação equivale a 1.073.741.824 Bytes o

que é suficiente para armazenar 134.217.728 Caracteres, com certeza um livro

didático possui menos caracteres. A manutenção da informação em meio digital

também é facilitada, enquanto em um livro uma correção drástica pode significar em

uma reedição em um Site um texto pode ser alterado sem a necessidade de

reimpressão, basta conhecimento e ferramentas para tal tarefa, o educador pode

informar aos leitores para acessarem a nova versão do conteúdo. Embora tais

58

informações pareçam favorecer a confecção de conteúdos educacionais na Internet

tais facilidades podem atrapalhar, existe hoje pouco rigor na construção de

conteúdos educacionais justamente pela facilidade possibilitada pelo meio.

Para isso sistemas voltados à difusão de conhecimento investem em

inteligência artificial para localizar fraudes contextuais, como é o caso do

Wikipédia20, tal Site destina-se a construção do conhecimento baseado em esforço

de entusiastas, qualquer pessoa pode entrar neste Site para editar e criar

conhecimento. Porém todo conteúdo do Site é analisado antes por um sistema de

inteligência artificial que em poucos minutos elimina a alteração indesejada, o

retorno a versões antigas do texto é automático pois baseada em um sistema de

armazenamento versionado. Porém por ter uma latência de minutos ou até de horas

tal Site não contem informações confiáveis, cabe ao educador utilizar tais Sites para

a triagem de conteúdos.

Percebemos que encontramos vantagens e desvantagem no uso da Internet

no ensino, segundo Carmem Maia (MAIA, 2000, p. 16) as vantagens no uso do

modelo de educação à distância mediada pela Internet se comparadas com o

modelo presencial podem ser:

É flexível: a qualquer hora e a partir de qualquer lugar pode-se

acessar o curso, desde que haja os recursos mínimos, como

computador conectado à rede e programa de navegação na Internet;

É dinâmico: principalmente por duas razões: é facilmente atualizável e

possibilita o contato direto, a qualquer momento e por razões

imediatas, a troca com professores/tutores/equipe de apoio ao curso e

outros colegas.

É aberta: pois, além do ambiente virtual criado para o curso, abre-se

para a pesquisa em diferentes lugares (sites) - (link) na Internet,

ampliando conceitos e informações oferecidas na estrutura do curso e

possibilitando que os alunos percorram bibliotecas e sites

internacionais, sem custos adicionais, desde que não existam

barreiras lingüísticas.

59

É sem fronteiras internacionais: podem-se atingir pessoas presentes

em qualquer parte do mundo, desde que não haja obstáculos da

língua, para colaborar na resolução de dúvidas, participação em

fóruns de debates, etc.

É amigável: pois requer do aluno mínimos conhecimentos de

navegação, como a manipulação do programa visualizado da Internet

browser) e familiaridades com os recursos comunicativos da Internet.

É adaptável as necessidades do aluno: a educação a distância on-line

adequar-se à formação continuada de profissionais que não podem

interromper suas atividades de trabalho e também não podem se

deslocar para participar de cursos presenciais.

Segundo a autora Ariana Ramos Massensini (MASSENSINI, 2008) outras

vantagens são encontradas na EaD:

Aumento da adequação de conteúdos de unidades curriculares

básicas, possibilitando o nivelamento de perfis de entrada,

Melhoria nos recursos didáticos, nas unidades curriculares oferecidas

a distância,

Padronização e otimização em unidades curriculares básicas, através

da formação de turmas compostas, em cursos diversos;

Até o momento a palavra Site foi utilizada dando a idéia de um local remoto

no qual possui serviços genéricos, porém quando decide-se implantar um curso a

distância o educador ou equipe decide por utilizar um tipo de Site que ofereça

ferramentas dedicadas a educação. Embora a educação a distância possa ser

implementada com ferramentas não específicas o uso destas ferramentas contribui

para um ensino de qualidade. Tais tipos de Sites são denominados de Ambientes

Virtuais de Aprendizagem (AVA).

4.2 Ambiente virtual de aprendizagem

Um Site pode ser comparado à uma maleta de ferramentas, e utilizando um

exemplo genérico pode-se entender o porque temos tipos de Sites específicos. Uma

20 Serviço disponibilizado pela Wikimedia Foundation, disponível em:

http://wikimediafoundation.org/wiki/Home

60

maleta de ferramentas de um marceneiro não contribui da mesma forma que uma

maleta de um serralheiro a um profissional de serralheria. Pode até ajudar, conter

algumas ferramentas úteis, mas não substitui uma maleta para serralheiro por

completo. Da mesma forma, um portal de noticias ou de relacionamento pode

contribuir para a aprendizagem, mas só um Ambiente Virtual de Aprendizagem pode

suprir as necessidades do processo de ensino e aprendizagem de forma �efetiva�.

Um Ambiente Virtual de Aprendizagem possui uma série de ferramentas que

podem ser utilizadas no processo de aprendizagem, e ainda, são em parte

desenvolvidos baseados em fundamentos vindos de estudos sobre o tema

�aprendizagem�. Um Blog ou um Site de relacionamento pode contribuir, mas não

substituir um AVA.

Para Cleibson A. Almeida.

Dentro do conceito de E-learning abordamos vários fatores técnicos-pedagógicos e o fator fundamental para que ocorra o processo de

aprendizagem on-line é o correto uso dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem � AVA (ALMEIDA, 2006, p. 117).

Segundo os autores Alice T. C. Pereira, Valdenise Schmitt e Regina A. C.

Dias. �Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) consiste em uma opção de mídia

que está sendo utilizada para mediar o processo ensino-aprendizagem a distância�

(PEREIRA; SCHMITT; DIAS, 2005, p. 5).

Atualmente encontramos grandes ferramentas AVAs comerciais e não

comerciais, de código fechado e de código aberto. Isso torna difícil a decisão de qual

ferramenta utilizar, para isso a equipe educacional deve analisar inúmeras variáveis

que constituem o seu nicho educacional.

Segundo Alexandre Farbiarz (FARBIARZ, 2008) os dois ambientes mais

utilizados hoje no Brasil são os ambientes Moodle21 e BlackBoard22. Segundo este

autor a diferença entre as duas ferramentas está na filosofia pedagógica adotada.

21 Desenvolvido e distribuído por Moodle http://www.moodle.org 22 Desenvolvido e comercializado por BlackBoard http://www.blackboard.com/

61

4.3 Moodle

MOODLE é um acrônimo para Modular Object Oriented Distance Learning

Environment, trata-se de uma importante ambiente educacional de aprendizagem,

segundo Michelle Moore:

Moodle is a course management system designed with learners in mind. Based on the social constructionist philosophy, Moodle was developed to encourage interaction between students and to improve learning through the construction of ideas and concrete �things� for others to experience (MOORE, p. 1).

Neste modelo o aprendiz atua no ambiente, interagindo com ferramentas

que possam produzir idéias validas sobre conceitos propostos. Todo o ambiente é

muito simples e intuitivo para o aprendiz e para o educador.

Este ambiente não requer o investimento alto, pois se apóia sob a licença

GNU-GPL23 o que faz deste ambiente um dos ambientes mais utilizados.

Segundo os autores João B. B. Junior e Clara P. Coutinho:

O grande sucesso do Moodle também se deve ao facto de que o sistema

teve o seu código disponibilizado para que programadores nas várias partes

do mundo contribuíssem com novas aplicações para o programa, fazendo

com que o sistema seja hoje um dos mais utilizados nos cursos a distância (JUNIOR, João B. B.; COUTINHO, Clara P., 2007, p. 46).

O órgão responsável pelo desenvolvimento, manutenção e distribuição do

ambiente MOODLE disponibiliza informações sobre o uso e seu ambiente em seu

Site, segundo as estatísticas do Moodle.org24 o número de usuários da ferramenta

crescem e destacam a importância do ambiente na educação à distância.

Recurso Números

Sites registrados (válidos) 50.758

Número de países 214

Número de cursos criados 3.604.085

Usuários 35.943.501

23 GNU-GPL é um termo utilizado inicialmente por Richard Stallman, em 1984, para designar software

Livre. 24 Site oficial do MOODLE www.moodle.org

62

Professores 1.223.353

Matriculas 19.270.338

Threads em Fóruns 58.029.499

Recursos (textos, arquivos, links relacionados) 30.281.095

Questões/Quiz 51.014.064

Tabela 1 - Informações sobre uso da ferramenta MOODLE. Fonte: http://www.moodle.org/stats/. Acessado em 13/07/2010

O gráfico da

Figura 18 demonstra o número de Sites conhecidos pelo Moodle.org,

entre os anos 2006 e 2009 ocorre um grande crescimento da implantação de Sites

MOODLE com uma leve estabilização entre os anos de 2009 e 2010.

Figura 18. Total known sites. Fonte http://www.moodle.org/stats/. Acessado em 13/07/2010

Segundo Rodolfo Nakamura suas analises de mercado apontam �o ambiente

Moodle como a principal solução utilizada pelo mercado� (NAKAMURA, 2008, p. 21).

O Brasil se destaca entre os maiores usuários de MOODLE, conforme pode-

se observar na Tabela 2.

País Registros

Estados Unidos da América 9.106

Espanha 4.433

Brasil 3.262

Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte 3.220

63

Alemanha 2.319

Portugal 1.822

México 1.800

Austrália 1.319

Colômbia 1.218

Itália 1.190

Tabela 2 - Top 10 from registered sites in 214 countries. Fonte: http://www.moodle.org/stats/. Acessado em: 13/07/2010

No Brasil duas instituições de ensino se destacam, a Universidade Federal

de Minas Gerais25 e a Universidade Presbiteriana Mackenzie26 adotaram o uso do

MOODLE e são referenciadas pelas estatísticas do Moodle.org, ambos estão entre

os cinco maiores Sites no �quesito quantidade de cursos� conforme Tabela 3.

Site Usuários Cursos

VDU Moodle 3.566 59.920

Minha UFMG 62.887 56.385

UNCC Moodle 60.319 26.112

Universidade Presbiteriana Mackenzie 54.978 23.813

ATENEA � Campus Virtual de la UPC 70.474 21.948

Tabela 3 - Top 5 sites by courses. Fonte: http://www.moodle.org/stats/. Acessado em: 13/07/2010

Papeis

Com o aumento da complexidade do modelo EaDI é necessário que a

instituição de ensino eleja uma equipe que dará o suporte aos professores, não só

em esclarecimento de dúvidas mas assumindo algumas de suas responsabilidades.

Os profissionais de educação que fazem parte desta equipe de educares

são organizados segundo níveis hierárquicos, esta organização facilitará o

gerenciamento da equipe e também atribuirá devidas competências a cada um dos

integrantes. Cada integrante recebe um papel, este papel caracteriza-se por definir

os poderes de um determinado ator no ambiente. O MOODLE por padrão possui

sete tipos de papeis27, são eles:

25 O ambiente pode ser acessado pela URL: http://moodle.grude.ufmg.br/ 26 O ambiente pode ser acessado pela URL: http://ead.mackenzie.br/mackenzievirtual/ 27 No MOODLE é possível criar novos papeis através de um editor simples e intuitivo

64

Administrator: Papel que permite total controle do ambiente, este

usuário pode realizar configurações importantes para o

funcionamento do ambiente;

Course creator: Papel que permite criar novos cursos e definir a

equipe de educadores (papeis inferiores a este) que atuarão neste

novo curso;

Teacher Teachers: Papel que permite ao educador criar conteúdos,

incluir atividades, gerenciar aprendizes, abaixo do papel "Course

creator" este é o papel que possui maior flexibilidade e poder sobre o

curso;

Non-editing teacher: Gerenciado pelo educador principal "Teacher

Teachers", este educador atua no acompanhamento educacional dos

aprendizes, respondendo questões, dúvidas, entre outras atividades;

Student Students: Todo o ambiente tem um principio, ensinar. O

Aprendiz ou também chamado de "Student" é a razão do ambiente

ser implantado. Este utiliza os recursos do ambiente configurados

pelos papeis acima citados para movimentar o processo de

aprendizagem;

Guest: Este papel possui o mínimo de privilégio, não pode fazer nada

a não ser ler textos;

Authenticated user: Todo papel acima utiliza deste papel, representa

usuários que estão Autenticados pelo mecanismo de logon.

Módulos

O uso do ambiente pelos aprendizes é feito por módulos, a configuração de

tais módulos constitui as seqüências didáticas definida pelo educador. A

aprendizagem será feita pelas experiências do aprendiz no uso dos módulos, e por

este motivo o planejamento estratégico da aprendizagem deve ser bem analisada a

fim de obter o melhor do ambiente. O MOODLE é um ambiente rico neste quesito,

principalmente com a possibilidade de instalação de novos módulos que podem ser

obtidos através do Site http://www.moodle.org.

Os módulos MOODLE são divididos em três tipos básicos:

Activity: São tipos de módulos que podem ser adicionados ao curso

65

via opção "Add Activity";

Block: São módulos que podem ser ancorados na interface principal

do Site;

Filter: Filtros que podem ser aplicados às bases de informações.

Por padrão o MOODLE já é instalado com uma série de módulos, os

principais módulos são citados abaixo:

Assignment: Usado para criar tarefas, pode ser composto por

exercicios e testes;

Chat: Uma ferramenta síncrona utilizada para comunicação entre

indivíduos no ambiente educacional a distância;

Choice: Ferramenta facilitadora para a criação de questões baseadas

em escolhas;

Forum: Ferramenta assíncrona responsável por publicação de

informações e suporte, ideal para discussões de idéias e

gerenciamento de participação;

Glossary: Usado para criar dicionários do curso;

Lesson: Ferramenta que cria uma série de lições em páginas ligadas,

com questões integradas. Com esta ferramenta, cada resposta a uma

pergunta pode enviar o aprendiz para uma série diferente de páginas

na lição. Assim a lição pode fornecer conteúdo de forma interessante

e flexível para cada aprendiz, sem nenhuma ação direta do educador,

uma vez que a lição tenha sido criado;

Quiz: Ferramenta capaz de criar questionários com diferentes tipos de

perguntas, pode fornecer feedback imediato ao aprendiz;

Resource: Principal ferramenta para publicação de conteúdo no

curso, pode ser um texto, um arquivo enviado por upload ou um link

na web;

SCORM: Usado para incorporar pacotes do padrão SCORM;

Survey: Ferramenta que questiona o aprendiz sobre o curso, sobre

suas práticas. Serve como ponto fundamental para analise das

práticas educacionais.

Workshop: Possibilita a avaliação de trabalhos por aprendizes.

Wiki: Ferramenta que possibilita a construção colaborativa de

66

conhecimento, baseado no modelo Wikipédia.

Esta riqueza em ferramenta permite ao educador a utilização de várias

técnicas, ou seja, o educador possui flexibilidade para a construção das seqüências

didáticas.

4.4 Ambiente virtual de aprendizagem AIED

O Ambiente Virtual AIED28 foi concebido com base nos referenciais teóricos

do trabalho, mantendo-se a filosofia cientifica do autor deste trabalho acadêmico.

Este ambiente é classificado como um modelo instrucionista centrado no conteúdo e

na prática educacional. As ferramentas desenhadas para o ambiente estão

centradas na intervenção e análise de desempenho dos aprendizes nas avaliações

prognósticas e formativas.

O ambiente permite a integração entre os atores do processo educativo por

meio de ferramentas próprias e ferramentas externas.

Segundo Alice T. C. Pereira um dos requisitos para se classificar um Site

como sendo um Ambiente Virtual de Aprendizagem é que este ambiente deve

"permitir interação entre os atores do processo educativo" (PEREIRA, 2005).

Para Marcelo Nogueira Gortimiglia (CORTIMIGLIA, 2005), AVA é software

que reúne diferentes ferramentas e funções desenvolvidas para o gerenciamento e

transmissão de conteúdos educacionais, tais como: ferramenta de comunicação,

mecanismos de avaliação, registro de andamento das atividades e funcionalidades

administrativas. O diferencial dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem em relação a

materiais para auto-estudo disponibilizados na Web, como livros e apostilas

eletrônicas, é o foco na capacidade de interação.

Baseado nestas definições classifica-se o Ambiente AIED como um

Ambiente Virtual de Aprendizagem, pois este possui os seguintes recursos básicos:

Gestão de cadastros de pessoas (aprendizes e educadores);

Gestão de cursos:

28 AIED não é um acrônimo, é um nome próprio.

67

o Cadastro de matéria;

o Cadastro de turmas e gestão de aprendizes;

o Edição de Mapas Conceituais;

o Gestão de conteúdos didáticos;

o Editor de questões;

o Módulos avaliativos (Avaliação Prognóstica, Avaliação

Formativa);

o Ferramentas voltadas ao acompanhamento da aprendizagem;

Ferramenta de envio de comunicados.

Para outras necessidades serão utilizadas ferramentas externas, tais como

MSN, OOVOO e Fórum phpBB29.

4.4.1 Gestão de cadastros de pessoas

O ambiente permite o cadastramento de qualquer pessoa que queira realizar

os cursos gratuitos oferecidos pelo Site, durante o cadastro cada pessoa deve

informar alguns dados, os campos nome e e-mail são obrigatórios, pois servem para

identificar o aprendiz. No caso do e-mail o ambiente não obriga o novo integrante a

acessar a caixa de e-mail para confirmar imediatamente, esta confirmação ocorre

em 30 dias. O objetivo desta flexibilização é dar o acesso rápido ao novo

aprendiz/educador.

A partir do momento que a pessoa entrar no sistema ela pode assumir um

dos dois papéis possíveis, são eles:

Aprendiz: papel que permite este se cadastrar em qualquer curso

aberto;

Educador: papel que permite a construção de novos cursos.

O sistema não valida se a pessoa é ou não um educador, qualquer pessoa

autenticada pode criar seu próprio curso e convidar aprendizes. Cada educador

pode atuar no gerenciamento do seu curso não podendo influenciar em cursos de

outros educadores.

29 phpBB é um projeto de código aberto mantido pelo Site http://www.phpbb.com/ que disponibiliza

uma ferramenta gratuita para Fórum.

68

Assim como no MOODLE encontramos neste portal um esquema de visão,

para mudar da visão Aprendiz para a visão Educador ou vice-versa basta selecionar

em uma caixa de seleção a opção desejada, conforme Figura 19. Cada visão possui

um layout de página diferente.

Figura 19 - Selecionando a visão

Uma pessoa autenticada como educador pode:

Gerenciar Cursos;

Gerenciar Turmas;

Desenvolver Mapas Conceituais;

Construir Conteúdos Didáticos na forma de texto ou importar

arquivos.

Já os aprendizes são cadastrados em turmas e estas turmas estão

relacionadas a cursos. Para que um aprendiz participe de um curso este deve estar

registrado em uma turma que pertença ao curso. O cadastro de uma pessoa em um

curso pode ser feito de duas formas:

A própria pessoa após realizar autenticação como aprendiz se

cadastra em uma turma aberta;

O educador cadastra pessoas para serem aprendizes, neste caso não

importa se a turma está aberta ou não.

4.4.2 Gestão de conteúdo didático

Todo o conteúdo didático deve estar centralizado30 no ambiente para evitar

links quebrados. Para isso o ambiente permite que o educador faça:

Seu próprio artigo em uma ferramenta interna do portal que persiste

os dados em formato HyperText Markup Language31 (HTML);

30 Embora recomendado o ambiente é flexível e permite a inserção de um link da Internet 31 HTML é uma linguagem de marcação utilizada para produzir páginas na Web

69

Envio por Upload32 de arquivos Portable Document Format33 (PDF).

Na Figura 20 é possível ver alguns artigos adicionados ao portal bem como

dois links para a criação de novos conteúdos.

Estes conteúdos didáticos são utilizados nas aulas, porém antes de utilizar

tais conteúdos estes devem ser associados a conceitos, essa associação será

demonstrada mais adiante. Um conteúdo didático pode estar associado a mais de

um conceito, porém não é concebível o uso de conceitos sem associação a

conteúdos didáticos.

Figura 20 � Tela do sistema que exibe alguns Artigos na Base de

Conhecimento

4.4.3 Editor de mapa conceitual

O editor de Mapa Conceitual é uma ferramenta desenvolvida como produto

principal resultante do trabalho teórico, neste módulo o educador realiza toda a

organização dos conceitos e conteúdos bem como analise do desempenho dos

aprendizes e atua em suas intervenções. Trata-se de um editor de Mapas

Conceituais com opções avançadas para associação de conteúdos didáticos e

ferramenta de edição de questões. Desta forma é criado um elo entre o conceito que

se pretende trabalhar com conteúdos e questões. Na Figura 21 é demonstrado um

esquema no qual o conceito é o foco do trabalho do educador, a este conceito são

associados conteúdos didáticos bem como questões que serão utilizadas nas

avaliações.

32 Upload é o processo de envio de arquivos da estação cliente para a estação servidor 33 Formato de arquivo desenvolvido pela empresa Adobe Systems, site da empresa:

http://www.adobe.com

70

Figura 21 - Relação entre Conceito-Conteúdo e Conceito-Questão

No ambiente após a representação do conceito no Mapa Conceitual o

educador entra na interface de propriedades do conceito e relaciona explicitamente

o conteúdo já importado pela ferramenta com o conteúdo (ver Figura 22).

Figura 22 - Relação de conteúdos didáticos do conceito Palm OS

Nesta proposta o educador aplica seu foco no conceito e não na aula, no

ambiente MOODLE esse foco é invertido, ou seja, o educador tem o foco na aula.

Também foram associadas ao Mapa Conceitual ferramentas estatísticas que

facilitam a analise do rendimento processo de ensino-aprendizagem de forma que

no próprio editor de conceitos o educador pode analisar os resultados já obtidos em

tempo de execução. Este recurso está dividido em dois níveis, o nível zero que é

exibida através de cores no próprio Mapa Conceitual (ver Figura 23) e o nível 1 que

através de janelas o educador pode buscar detalhes mais aprofundados sobre o

desempenho dos aprendizes (ver Figura 62).

O editor é simples, o educador encontra apenas dois objetos de interface

que são os objetos conceito34 e relacionamento lógico

35. A ferramenta de Mapa

Conceitual foi desenvolvida utilizando recursos de usabilidades baseadas na filosofia

34 Representados por uma caixa de bordas arredondadas 35 Representados por uma linha ligando dois conceitos e um texto

71

Drag-and-Drop36, todo objeto pode ser selecionado com um clique e arrastado

facilmente com o mouse.

O uso desta ferramenta pode ser feito através dos principais Browsers37

existentes, podemos citar o Microsoft Internet Explorer38 e o Mozilla Firefox39.

Também pode ser acessível nas plataformas Microsoft Windows XP, NT, 7 e Vista e

nas plataformas Linux com o uso do MoonLight40.

O objeto virtual �conceito� possui uma ou duas palavras que representam o

próprio conceito, já o relacionamento possui uma proposição que faz o

relacionamento de conceitos lógico, ou seja, forma uma idéia válida entre os dois

conceitos ligados. O Mapa Conceitual exibido na Figura 23 demonstra como os

conceitos estão relacionados formando idéias claras41 em um mapa gerado no

ambiente AIED.

Figura 23 - Mapa Conceitual "Algoritmo"

36 Filosofia de programação que permite a interação do mouse como entrada de dados, o usuário

pode clicar sobre objetos virtuais e arrastá-los 37 Browser é o termo dado a Navegadores de Internet 38 Desenvolvido e distribuído por Microsoft Corporation http://www.microsoft.com 39 Desenvolvido e distribuído por Mozilla Foundation http://www.mozilla.org/ 40 Implementação open-source do Silverlight e mantido pela Novel 41 Tais idéias são expressas pelo educador, essa ferramenta é utilizada apenas pelo educador como

gerenciador de conhecimento.

72

O conceito �Necessidade� está relacionado com o conceito �Algoritmo� e a

idéia que deve ser passada ao aprendiz é que �Necessidade requer uma

implementação lógica em Algoritmo�.

4.4.4 Editor de questões

O Editor de Questões é uma ferramenta associada ao Mapa Conceitual que

permite que o educador crie, edite ou exclua questões relacionadas a conceitos.

Permite a construção de questões Abertas e Fechadas.

O acesso ao editor é feito pelo conceito no Mapa Conceitual, para isso basta

acessar as configurações do conceito e selecionar a opção �Questões� conforme

Figura 24.

Figura 24 - Acesso ao editor de questões

No editor de questões o educador encontra três telas (ver Figura 25, Figura

26 e Figura 27), são elas: Propriedades, Questão e Respostas.

Na tela de Propriedades o educador configura a questão, são informações

importantes para localização e execução da questão.

Nome: Define o rótulo da questão, ou seja, como esta deve ser visível no

Mapa Conceitual.

Estado: Define o estado da questão, uma questão só é utilizada pelos

mecanismos avaliativos se estiver no estado �Questão finalizada e pronta para

avaliação�.

73

Avaliação: Este campo informa em quais tipos de avaliações esta questão

deverá ser utilizada, a opção �Todas� informa ao sistema que a questão poderá ser

utilizada tanto na avaliação prognóstica quanto na avaliação formativa. Este campo

possui ainda as opções �Somente avaliação prognóstica� e �Somente avaliação

formativa�.

Questão: Define o tipo de questão, pode ser �Aberta� ou �Fechada�.

Figura 25 - Propriedades de uma questão

Após a configuração das propriedades o educador parte para a construção

da questão, inicia pela edição do texto que pode ser simples editado na caixa de

texto conforme Figura 26 ou através de um editor HTML na qual o educador

encontra recursos como anexar imagens e fórmulas.

Figura 26 - Texto de uma questão

Se a questão é �Fechada� então o editor abre a opção de edição de

respostas, da mesma forma uma resposta pode ter um texto simples (ver Figura 26)

ou um texto com mais recursos no formato HTML.

74

Uma resposta pode ou não estar associada a um outro conceito, desta forma

pode-se entender o motivo que faz o aprendiz a errar uma questão.

Um exemplo pode ser uma questão relacionada ao conceito �Lançamento

Oblíquo�, algumas respostas erradas podem ser relacionadas a outros conceitos, por

exemplo, o conceito de �Força�. Neste caso a resposta possui um erro no

entendimento de �Força� e não no conceito �Lançamento Oblíquo�. Se isso for

detectado o educador pode atuar na idéia que existe entre �Força� e �Lançamento

Oblíquo�.

Figura 27 - Resposta de uma questão

4.4.5 Relacionando conteúdos e conceitos

Cada conceito deve conter uma ou mais referências para estudo, as

questões descritas no tópico anterior são desenvolvidas a partir destas referências

para que os resultados obtidos nas avaliações possam realmente apontar as

necessidades dos aprendizes frente aos conteúdos adotados.

No ambiente o acesso ao editor de referências pode ser feito a partir das

configurações do conceito (ver Figura 24). Estas referências podem ser de links

externos (ver Figura 28), neste caso o educador deve manter constante atenção

sobre a validade do link, não só com relação a existência mas também da alteração

da página.

75

Figura 28 - Referência a um Link Externo

Uma referência também pode estar associada a artigos na base de

conhecimento do próprio ambiente (ver Figura 29), que neste caso é de controle do

próprio educador.

Figura 29 - Referência a um artigo na base de conhecimento

Referência a livros, artigos e outros tipos de conteúdos (ver Figura 30). Este

tipo de referência não permite a edição do conteúdo em uma possível necessidade

de intervenção, porem é útil por se basear em materiais já prontos.

Figura 30 - Referência para Livros, Artigos e outros

76

Em todas as referências o educador pode adicionar observações, nestas

observações o educador pode localizar o aprendiz em um conteúdo extenso,

conforme exemplo exibido na Figura 30.

4.4.6 Visões dos resultados nos mapas conceituais

O uso de cores em conceitos (conforme visto na Figura 23) reflete

informações sobre o desempenho dos aprendizes nestes conceitos. Conforme

mencionado as cores representam uma visão do desempenho, o educador pode

escolher um tipo de visão em quatro tipos possíveis42: Avaliação Prognóstica,

Avaliação Formativa, Avaliação Prognóstica versus Avaliação Formativa e Questão

com maior índice de erros.

4.4.6.1 Visão dos resultados da avaliação prognóstica

O resultado obtido na avaliação prognóstica reflete o conhecimento prévio

do aprendiz frente a um conceito. Esta avaliação não reflete valores que possam ser

utilizados como notas, mas sim informações que devem auxiliar o educador a

planejar os conceitos que serão abordados em aula.

Os conceitos abordados na avaliação diagnóstica podem ser conceitos

novos ou conceitos subsunçores43. Um conceito subsunçor é utilizado na avaliação

prognóstica a fim de se descobrir se os aprendizes possuem em suas estruturas

cognitivas idéias fortes que possam ser utilizados para a ancoragem dos novos

conceitos, funcionando como uma busca por pré-requisitos conceituais. Se um

conceito subsunçor não está bem definido nas estruturas cognitivas dos aprendizes

este educador deve reforçar seus organizadores prévios antes da introdução de

novos conceitos. Um organizador prévio é utilizado para deliberadamente alterar os

esquemas buscando melhor organização de idéias.

Já se o educador decide por usar conceitos novos na avaliação prognóstica

em busca de saber quanto os aprendizes já sabem sobre os conceitos que serão

abordados em aula, estes se tornarão um bom referencial para se definir quanto os

42 Disponíveis na versão 1.0.94 compilada em 15/05/2010

77

conteúdos didáticos influenciam nas estruturas cognitivas dos aprendizes e quais

conteúdos devem receber mais atenção do educador.

Figura 31 - Trecho de um Mapa Conceitual com informações obtidas em uma

avaliação prognóstica

No trecho de um Mapa Conceitual exibido na Figura 31 são demonstrados

seis conceitos, as cores representam o desempenho dos aprendizes na avaliação

prognóstica, ambos os conceitos são conceitos novos para os aprendizes. As cores

possuem uma faixa de valores que podem ser consultadas na Tabela 4.

Cor Valor Mínimo (%) Valor Máximo (%)

Vermelho 0,00 49,99

Amarelo 50,00 79,99

Cinza 80,00 89,00

Verde 90,00 100,00

Tabela 4 - Relação de Cores para a Avaliação Prognóstica e Formativa

Ao selecionar um conceito o educador pode visualizar as informações com

mais detalhes conforme visto na Figura 32.

43 Um subsunçor é um conceito que é abordado apenas para servir de ancora para um outro conceito

78

Figura 32 - Relatório de desempenho dos aprendizes no conceito Inteiro

Caso seja necessário e educador pode acessar uma lista de aprendizes que

realizaram sua avaliação prognóstica em busca de informações que sejam úteis para

a intervenção de seus conteúdos.

Figura 33 - Lista de aprendizes que finalizaram a avaliação prognóstica

O educador pode carregar o Mapa Conceitual atual levando em

consideração somente as informações do aprendiz (na Figura 33 botão �Carregar

Mapa�) ou apenas consultar informações sobre o aprendiz (na Figura 33 botão

�Consultar�), como por exemplo: e-mail, MSN e Skype.

Além da busca por informações de novos conceitos na avaliação prognóstica

o educador também pode analisar a relevância de esteios para a confecção de seus

conteúdos didáticos, na Figura 31 temos um trecho do Mapa Conceitual Plataforma

Palm OS, neste mapa temos em evidência o conceito �Sistema Operacional� com

79

uma visão zero dos dados obtidos a partir da avaliação prognóstica. Este conceito

�Sistema Operacional� aborda a teoria sobre os sistemas operacionais em geral.

Serve como um bom subsunçor para o conceito �Palm OS� pois este é considerado

um sistema operacional.

A avaliação prognóstica revela que o conceito �Sistema Operacional� é um

bom subsunçor, visto que a taxa de acerto dos aprendizes na avaliação prognóstica

deste conceito supera os 80% de aproveitamento.

Figura 34 - Trecho do Mapa Conceitual Plataforma Palm OS

O conteúdo didático abordado no novo conceito �Palm OS� pode fazer

referências ao subsunçor estável �Sistema Operacional�, seja implicitamente ou

explicitamente através de uma introdução geral.

4.4.6.2 Visão dos resultados obtidos na avaliação formativa

O objetivo desta avaliação é revelar dados sobre o processo de ensino

aprendizagem em tempo de execução, tais dados são analisados para intervenção

do processo. Trata-se de um processo sistemático no qual o educador sempre atua

na intervenção44.

44 A intervenção é uma busca pela prática docência de qualidade

80

Figura 35 - Trecho de um Mapa Conceitual com informações obtidas em uma

avaliação formativa no dia 26/05/2010

Assim como a avaliação prognóstica este modelo exibe cores que

demonstram os resultados de um grupo de aprendizes ou de um aprendiz. É nesta

visão que se concentra a maior parte do trabalho do educador neste ambiente,

sempre analisando em busca de informações que auxiliem este na busca pela

compreensão de como os conteúdos didáticos influenciam seus aprendizes.

4.4.6.3 Visão dos resultados obtido na avaliação prognóstica versus avaliação

formativa

É comum que um conteúdo didático contribua pouco ou até negativamente

ao processo de ensino-aprendizagem. Não existe uma fórmula que diga que um

material é ou não significativo a um grupo de aprendizes, somente a prática e o uso

de tais materiais é que realmente se pode dizer que o material contribuiu ou não.

Embora o desempenho dos aprendizes na avaliação formativa seja

considerado satisfatório pelo educador este deve estar atento ao �antes� e o

�depois�. Entre o �antes� e o �depois� situa-se o conteúdo didático do educador.

Nesta visão pode-se entender o real impacto de um conteúdo didático nas estruturas

cognitivas dos aprendizes.

Como o processo é dinâmico o educador não precisa aguardar o termino da

avaliação formativa de todos os aprendizes para analisar os resultados, ele pode

atuar durante o andamento do processo de ensino-aprendizagem ou aguardar.

Então temos dois esquemas, o primeiro que levam em consideração todos os dados

possíveis para o conceito de todos os aprendizes e o segundo esquema que leva

81

em consideração apenas dados de aprendizes que finalizaram todo o processo

avaliativo do conceito.

No primeiro esquema o educador pode realizar intervenções prematuras no

processo de ensino-aprendizagem, visto que a informação não é totalmente

confiável por não estar finalizada. Porém essa intervenção é fundamental para a

busca da qualidade, se um educador analisa um questionário que foi realizado por

10% de seus aprendizes e descobre que o conteúdo didático não aborda algumas

questões ou leva o aprendiz a uma resposta equivocada este educador pode atuar

diretamente no conteúdo procurando aumentar a qualidade para 90% dos

aprendizes que ainda não realizaram a avaliação. Como a idéia de avaliação

formativa não é qualificação45 o educador apenas precisa entrar em contato com os

10% dos aprendizes que realizaram a avaliação para retratar o problema buscando

uma intervenção nos conhecimentos dos aprendizes.

Já no segundo esquema, qualquer correção no conteúdo didático

dificilmente será aproveitada por estes aprendizes, visto que 100% dos aprendizes já

efetuaram a avaliação diagnóstica e formativa. A intervenção da aprendizagem

baseada em intervenções serão mais drásticas, pois agora o educador deve atuar

com uma quantidade mais expressiva que teoricamente seria de 100%. Porém este

esquema reflete o resultado final, como o conteúdo didático influenciou os esquemas

dos aprendizes e como estes se comportaram frente ao processo. A análise destes

dados ajuda o educador a planejar conteúdos para a próxima turma.

Se o desempenho dos aprendizes na avaliação formativa for inferior ao

desempenho da avaliação prognóstica o educador deve rever seus conteúdos

didáticos, para isso este educador deve antes entrar em contato com os aprendizes

para buscar informações que o auxilie nesta intervenção. Esta interação entre o

educador e os aprendizes pode ser feita através de ferramentas síncronas que

possui um tempo de latência baixa.

45 Qualificação baseada em nota

82

Figura 36 - Comparação entre os resultados obtidos na Avaliação Prognóstica

e na Avaliação Formativa

4.4.6.4 Visão dos Resultados Obtidos nas Questões com Maior Índice de Erros

Até o momento demonstramos como a ferramenta auxilia o educador na

intervenção do conteúdo didático baseado em dados superficiais a conceitos, neste

tópico será demonstrado como a ferramenta auxilia na análise de unidades menores

que conceitos, ou seja, as questões. Esta intervenção do conteúdo é um ajuste fino,

ou seja, determina exatamente o ponto em que um conteúdo deve sofrer uma

intervenção.

Uma questão com alto índice de erro pode ser reflexo de um conteúdo

didático pouco eficiente em um dado ponto, ou seja, o conteúdo é significativo porém

peca em algo específico. Baseado em um modelo de cores a ferramenta de Mapa

Conceitual demonstra quais conceitos o educador atuar na intervenção de

conteúdos baseado na questão com maior índice de erros.

4.4.7 Curso, módulo e aula

Uma unidade de aula consiste em um grupo de conceitos e logicamente

conteúdo e avaliação organizados em um dado momento no curso. Estas aulas

estão organizadas no curso baseadas na coesão entre estas, um grupo de aula

coesas formam unidades maiores chamadas de módulos.

Analisando este esquema bottom-up na aula concentram-se os conceitos

83

propriamente ditos, organizados em uma seqüência definida pelo educador, na

introdução teórica deste trabalho essa seqüência é definida como �seqüência

didática�. Entre as aulas as idéias são semelhantes, logo a mudança de uma aula

para outra traz o conhecimento em uma linha contínua.

Entre as aulas não é necessária nenhuma avaliação prognóstica, pois o

aprendiz já esta fortemente influenciado pela seqüência didática do educador

naquele módulo. Porem de um módulo para outro existe um salto para um grupo de

aulas que tratam de conceitos não tão coesos. O ambiente AIED estimula o

educador a realizar avaliações prognósticas no início de cada módulo, o impacto

gerado por esta avaliação pode ser forte, pois os novos conceitos presentes no novo

módulo podem ter fraco acoplamento com os anteriores.

Na Figura 37 temos um exemplo de como as seqüências didáticas foram

úteis na organização de um curso ministrado pelo ambiente desenvolvido neste

trabalho. O primeiro módulo reúne aulas referentes ao ambiente, preparando o

aprendiz para os demais módulos, porem as aulas deste primeiro módulo de

introdução não possuem conceitos relacionados a linguagem, tais conceitos são

abordados no segundo módulo do curso.

84

Figura 37 - Divisão de aulas no curso "Desenvolvendo Aplicações com NS

Basic" na visão de um aprendiz

4.4.7.1 Projetando um curso

O curso é uma disciplina ministrada pelo educador no ambiente, as

configurações realizadas no curso são válidas para todos os módulos e aulas. O

ambiente AIED é flexível e permite a configuração de vários parâmetros utilizados no

decorrer do curso, como por exemplo, o esquema de cores exibidos no editor de

Mapa Conceitual.

Figura 38 - Principais dados sobre um Curso

Durante a concepção do curso o educador deve associar este a uma matéria

85

bem como informar uma descrição. Nesta configuração o educador informa o

número máximo de questões utilizadas nas avaliações prognósticas que

acontecerão no decorrer do curso bem como o número máximo de questões para a

avaliação formativa de cada conceito (ver Figura 38).

Figura 39 - Relação de turmas em um curso

A relação entre Curso e Aprendiz se faz pelo intermédio de uma Turma,

desta forma o educador pode organizar as informações ao longo da execução do

curso por unidades menores. Um curso pode conter várias turmas conforme

podemos ver na Figura 39.

Após associar o curso a turmas o educador inicia a construção do curso,

iniciando pela definição dos módulos baseado em sua ementa. Na Figura 40

podemos observar cinco módulos dispostos em um curso ministrado pelo ambiente.

Figura 40 - Módulos de um curso

Após a definição dos módulos o educador inicia a configuração de seus

86

critérios na qual o ambiente utilizará para realizar intervenções automáticas e

exibição de cores no Mapa Conceitual. Na Figura 41 temos um

critério de cores baseado no desempenho em porcentagem, se por exemplo um

aprendiz alcançar o desempenho de 63,00% em um determinado conceito este será

marcado com a cor �Amarelo�.

Figura 41 - Índices para um curso

4.4.7.2 Configurando um módulo

Um módulo reúne aulas que possuem alto grau de coesão, é recomendado

que no início de cada módulo o aprendiz faça uma avaliação prognóstica referente

aos conceitos do módulo, sejam eles novos ou organizadores prévios.

Na configuração de cada módulo (ver Figura 42) pode-se informar quais

conceitos serão abordados na avaliação prognóstica que quais os tipos de questões,

este último pode ser Todos os tipos, Apenas questões fechadas ou Apenas

questões abertas.

87

Figura 42 - Configuração de um módulo

Após a configuração do módulo e educador deve através de seu plano de

ensino criar as aulas, apenas informando o rótulo da aula (ver Figura 43). A

disposição das aulas ou seqüência didática é concebida neste momento através da

ordem em que tais aulas são organizadas.

Figura 43 - Aulas em um módulo

4.4.7.3 A aula

A descrição de uma aula neste texto será dividida em cinco partes, no topo

da página situa-se os objetivos e a descrição geral da aula. Ambos servem como

organizadores prévios, algo que faça o aprendiz se situar em um dado contexto (ver

Figura 44).

88

Figura 44 - Contextualização da aula

Após o aprendiz ler e entender os objetivos da aula este pode iniciar o

estudo dos conteúdos didáticos propostos pelo educador. Após realizar o uso dos

conteúdos o aprendiz realiza questionários relacionados aos conceitos organizados

pelo educador (ver Figura 45).

Figura 45 - Questionários e referências relacionadas a conceitos definidos pelo

educador

Embora o método expositivo seja uma boa escolha de ensino este método

89

por si só não satisfaz todo o processo de ensino, a prática de exercícios estimula o

aprendiz e faz com que este utilize os conteúdos abstraídos, esse processo é

fundamental para a fixação da aprendizagem.

Algumas avaliações em aulas podem ser baseadas em exercícios que o

aprendiz pode enviar para o educador. Esta prática é flexível e as informações

abstraídas sobre o processo não são imputadas automaticamente no sistema, essas

tarefas são manuais (ver Figura 46).

Figura 46 - Exercícios abertos

Se o educador decidir realizar qualquer intervenção de conteúdo a um

aprendiz baseado nestes exercícios abertos à ferramenta disponibiliza um meio para

o educador realizar esta prática. Na Figura 47 o aprendiz �anônimo24� não

possui nenhuma intervenção, porem o educador pode adicionar se achar

necessário. Desta forma o educador pode partir da pluralidade para a

individualização da aprendizagem.

90

Figura 47 - Cadastro de um aprendiz

Após os exercícios práticos o educador pode adicionar arquivos e links

externos, estes arquivos não são conteúdos didáticos como, por exemplo,

programas.

Figura 48 - Arquivos externos da aula "Algoritmo e Portugol" do curso de

"Introdução a lógica de Programação"

Durante a aula um aprendiz pode ter alguma dúvida, para isso ele pode

recorrer ao educador através da própria aula. Não faz sentido o uso de fórum para

este tipo de dúvida, pois para acessar um fórum o aprendiz deverá clicar em vários

links e perderá o foco da aula.

No modelo adotado neste ambiente o aprendiz na própria aula questiona o

educador, desta forma as questões sempre estarão organizadas dentro de um

contexto, uma questão levantada pelo aprendiz pode ou não ser visualizada por

outros aprendizes, para isso o educador ao responder pode selecionar a opção que

torna a mensagem pública.

91

4.4.8 Intervenção

A intervenção é uma ação que no ambiente AIED pode partir tanto do

educador quanto do próprio ambiente. Isso porque há dois significados para a

palavra intervenção, uma delas é intervenção que o educador realiza em seus

conteúdos baseado em informações obtidas no ambiente. A segunda idéia dada a

intervenção parte do ambiente, que através de parâmetros definidos pelo educador

decide quais conteúdos o aprendiz deve rever para prosseguir no processo, para

este sentido vamos adotar a expressão �reforço pedagógico�.

4.4.8.1 A Intervenção como reforço pedagógico

Quando o aprendiz realiza uma avaliação formativa e seu aproveitamento

não atinge o mínimo solicitado pelo educador este sofre automaticamente uma

primeira intervenção do ambiente. Quando o aprendiz recebe uma intervenção do

tipo reforço o ambiente impede que ele prossiga nas aulas seguintes, o aprendiz

deve então finalizar todas as intervenções para prosseguir, na Figura 49 é possível

visualizar uma lista de reforços que um aprendiz deve completar para prosseguir no

curso, esta lista é exibida em todas as páginas do site para facilitar o acesso, já na

Figura 75 é apresentado uma imagem que demonstra como estas intervenções

aparecem na visão do educador.

Figura 49 - Lista de reforços que o aprendiz Anonimo237 deve atuar

Se o aprendiz não atingir a meta definida pelo educador na avaliação de

reforço então o sistema removo o bloqueio e comunica ao educador, deste ponto em

diante o educador assume a tarefa avaliativa para entender a real necessidade do

aprendiz (ver Figura 50). O educador atento as práticas pedagógicas deve

entender o que ocorreu, se constatado que o material didático não influenciou o

aprendiz conforme o esperado este conteúdo pode ser revisado para posterior

92

intervenção no conteúdo.

Figura 50 - Processo de Intervenção de Reforço

O ambiente através de configurações e disposição dos conceitos no Mapa

Conceitual pode realizar mais de uma intervenção em um único momento. Neste

ponto o ambiente AIED parte para a particularidade, pois é capaz de gerar

intervenções em conceitos não abordados na linha natural do curso, tais como

novos conceitos e organizadores prévios.

93

Figura 51 - Mapa Conceitual NS Basic46

Na Figura 51 a linha vermelha indica a execução normal do curso. Um

aprendiz que atinja a meta em todas as avaliações deverá apenas consumir os

conteúdos referentes aos conceitos normais. Agora um aprendiz que não atinge a

meta estipulada pelo educador naturalmente recebe um reforço no conceito que não

atingiu a meta, e ainda o ambiente analisa o seu desenvolvimento nos conceitos

requisitos para este.

Se no conceito requisito o desempenho do aprendiz não tenha sido

satisfatório47 ou até que o conceito não faça parte da linha natural do curso este

também é adicionado a lista de reforço do aprendiz. Este mecanismo é executado

em cascata no sentido contrário da linha natural de estudo, porem existe um

limitador de 3 níveis acima ou que encontre um conceito requisito no qual o aprendiz

tenha tido um bom desempenho. No exemplo exibido na Figura 51 se um aprendiz

46 Esta imagem não é gerada pelo ambiente AIED

94

finaliza todos os conceitos com desempenho superior a meta do educador este não

conhecerá os conteúdos didáticos do conceito �Forms�. Mas um aprendiz que não

atinja a meta no conceito �Formulários� acabará recebendo uma intervenção que

ocasionará o estudo dos conteúdos didáticos referentes ao conceito �Forms�.

4.4.8.2 A Intervenção no conteúdo didático

Através das informações obtidas nos processos de reforço aplicado aos

aprendizes e através de avaliações informais através de Chats, fóruns ou até diálogo

direto o educador entende a real influência de seus conteúdos nos aprendizes. Cabe

ao educador realizar a intervenção em seus materiais e referências.

Ao realizar a intervenção em seus conteúdos didáticos o educador pode criar

um �Rotulo� que deverá marcar esta alteração tornando-se um divisor de águas. Na

Figura 52 é demonstrado três rótulos referentes a correções importantes nos

conceitos referentes a �Plataforma Palm OS�.

Figura 52 - Rótulos gerados para o conceito Plataforma Palm OS

Com este rótulo o educador poderá realizar consultas sobre o

desenvolvimento dos aprendizes antes e depois deste rótulo, com isso ele será

capaz de definir se a alteração foi ou não eficiente.

47 Configurado pelo educador (ver Figura 41)

95

5 METODOLOGIA E ESTUDO DE CASO

O objetivo deste capítulo é descrever como o ambiente AIED auxiliou o

educador na gestão do conteúdo em dois cursos ministrados pela Internet.

5.1 Metodologia

O estudo do caso AIED baseia-se em um Ambiente Virtual de Aprendizagem

construído segundo a teoria abordada no referencial teórico. Para a execução da

demonstração o projeto piloto foi submetido ao uso por sujeitos descritos no tópico

5.1.1.

Dois cursos foram criados, são eles: �Introdução a Lógica de Programação�

e �Programação NS Basic�. O período de inscrição nos cursos teve início em

01/01/2009 e término 30/08/2010. Os cursos foram projetados e mantidos pelo autor

da pesquisa. O ambiente modelo pode ser acessado pela URL:

http://ambiente.aied.com.br

5.1.1 Sujeitos

Os sujeitos envolvidos neste estudo foram 290 alunos distribuídos nos dois

cursos. Não houve nenhum processo de seleção, através de links em Sites os

candidatos a aprendizes navegavam até o Portal e realizavam o cadastro. Também

não foi aplicado nenhum mecanismo de seleção quanto à idade, sexo, local ou raça.

Por não ter uma seleção prévia os sujeitos da pesquisa forma um publico

diverso e heterogêneo porém com uma necessidade em comum. Não está no

escopo deste trabalho tratar de forma diferente nenhum aprendiz.

5.1.2 Processo de construção dos cursos

Os cursos foram desenvolvidos baseados em conhecimentos prévios

adquiridos pelo educador, no curso de Programação NS Basic o documento principal

96

foi o livro �Desenvolvendo Aplicações Palm OS com NS Basic� (OLIVEIRA, 2005), já

no curso de Lógica os textos utilizados são próprios. Em ambos os cursos além do

uso de textos há também o uso de recursos multimídia, em especial vídeos.

Conhecendo os conteúdos que seriam abordados e as necessidades dos aprendizes

seguiu-se o processo de desenvolvimento exibido na Figura 53.

Figura 53 - Concepção dos Cursos

Com o início dos cursos houve a necessidade de alteração no curso

�Programação NS Basic�, pois através de avaliações informais baseadas em

conversas em MSN percebeu-se a necessidade de desenvolvimento de um novo

módulo para o final do curso.

Figura 54 - Processo de intervenção baseado em avaliações informais

5.1.3 Tarefas dos Aprendizes e Educador

Tanto os aprendizes quanto o educador dentro do ambiente seguem uma

série de tarefas, tais tarefas são interações dos personagens do processo educativo.

A Figura 54 demonstra as tarefas básicas adotadas no processo, na qual os dois

personagens devem seguir, o aprendiz inicia o seu estudo (ou inicia um módulo)

97

realizando uma avaliação prognóstica, não recebe neste momento nenhum feedback

do ambiente e segue atuando estudando o conteúdo de cada conceito. Uma aula é

formada por vários conceitos, para cada conceito o aprendiz deve responder um

questionário com um número de questões determinado pelo educador. Se o

aprendiz não atingiu a meta então este é bloqueado (para novas aulas) e ele deve

novamente estudar o material, o educador é informado sobre este problema e pode

entrar em contato para auxiliar o aprendiz antes que este refaça a avaliação

formativa. Se mesmo assim o aprendiz não atingir a meta estipulada pelo educador

então este é liberado para novas aulas e o educador atua através de e-mails ou

Chat na busca por informações que demonstrem porque o material não influenciou

como esperado nos esquemas do aprendiz. O educador deve definir se o material

requer intervenção e se sim atua nesta intervenção.

Figura 55 - Processo de Ensino-Aprendizagem do Ambiente AIED

5.2 Estudo de caso AIED

O projeto AIED foi concebido com o propósito de validar as propostas

teóricas deste trabalho. A idéia inicial não era a construção de nenhum novo

ambiente, antes da construção analisamos os módulos dos principais Ambientes

Virtuais de Aprendizagem em busca de módulos que poderiam se adaptar as

98

necessidades, também foi feita uma busca no Repositório de Plugin48 Moodle49

porém nenhuma opção possuía os requisitos necessários para validar o uso do

mapa conceitual e modelos avaliativos para a intervenção do conteúdo didático.

Iniciou-se a construção após determinar as teorias de aprendizagem e cada detalhe

do ambiente possui um relacionamento lógico com o referencial teórico. O estudo de

caso baseia-se em como o novo ambiente auxilia o educador na intervenção de

conteúdos de dois cursos segundo o tópico Erro! Fonte de referência não

encontrada..

5.2.1 A Seqüência didática

A seqüência didática das aulas em ambos os cursos procuram reunir a teoria

com aulas teóricas expositivas com aulas práticas, nas aulas práticas o conteúdo

resume-se a vídeos.

Figura 56 - Seqüência didática do curso de Introdução a Lógica

Os questionários fechados da avaliação formativa e prognóstica enviaram

dados instantâneos para os relatórios no Mapa Conceitual, por este motivo o inicio

do curso com aulas teóricas facilitam o entendimento rápido das necessidades dos

aprendizes e para os aprendizes estas aulas servem de base para as aulas práticas.

Outra vantagem do uso de introdução teórica antes das aulas práticas é que

estes aprendizes durante as aulas práticas podem associar suas ações e

48 Plugin são partes de softwares que podem ser integrados em outro softwares 49 Disponível em: http://moodle.org/mod/data/view.php?id=6009

99

informações práticas com conhecimentos teóricos adquiridos anteriormente,

tornando o modelo de ensino por descoberta mais efetivo.

5.2.2 A Análise da avaliação prognóstica

A analise dos resultados obtidos nas avaliações prognósticas do curso de

Introdução a Lógica demonstram que os aprendizes obtiveram um bom desempenho

em alguns conceitos, tais como os conceitos �Texto� e �Inteiro� (ver Figura 31).

Baseado nesta análise inicial as aulas relacionadas a tais conceitos receberam

menos conteúdo, exigindo menos tempo dos aprendizes. Já os demais conceitos

(como por exemplo os marcados em vermelho na Figura 31) não estão sólidos nas

estruturas cognitivas dos aprendizes e estes vão requerer mais tempo para a

aprendizagem. Um conceito novo que não esteja sólido nas estruturas cognitivas

não é um fato ruim, muito pelo contrário, demonstra a necessidade dos aprendizes.

Com esta análise o educador pode definir o que realmente é importante

aplicar em sala e quais conteúdos didáticos são realmente importantes visto que o

tempo é um recurso escasso.

No curso de Introdução a Lógica o conceito �Repetição� demonstrou que os

aprendizes necessitavam de um material especial, pois na avaliação prognóstica

estes alcançaram níveis baixos de desempenho (ver Figura 57). Para este conceito

um material extra foi desenvolvido em vídeo, veremos mais adiante que este

conceito foi bem assimilado pelos aprendizes, embora não se tenha uma precisão

em dizer que este novo material foi importante veremos que a diferença entre o

antes com o depois é considerável.

Figura 57 - Baixo desempenho de uma turma na avaliação prognóstica do

conceito Repetição

100

5.2.3 A Análise contínua da avaliação formativa

A avaliação formativa auxilia no entendimento do processo de aprendizagem

durante do progresso do aprendiz ou aprendizes e também permite entender a real

influência dos conteúdos nestes aprendizes.

Na Figura 35 temos um trecho de Mapa Conceitual que demonstra que os

aprendizes não obtiveram um bom desempenho no conceito �Caracter� durante o

processo formativo. Na Tabela 4 podemos observar que o desempenho neste

conceito está abaixo de 50% que é considerado pelo educador abaixo da meta.

Realizando uma análise profunda nos resultados e as questões (ver

Figura 58) percebe-se que existe uma grande quantidade de respostas erradas em

uma determinada questão.

Figura 58 - Questões do conceito Caracter

No dia 26 de Maio de 2010 o conteúdo didático deste conceito foi alterado

baseado nas observações acima, tal alteração pode ser contemplada no Apêndice

A Também foi utilizado o recurso de vídeo conferência porem nenhum aprendiz

realizou a conexão do dia e hora programado, neste caso nada se pode constatar

além do relatado anteriormente.

Após a intervenção do conteúdo percebe-se que houve uma singela melhora

nos resultados gerais dos aprendizes (posteriores a intervenção). Esta conclusão

está baseada no relatório de desempenho por datas, conforme se pode observar na

Figura 59.

101

Figura 59 - Desempenho dos aprendizes por data.

Nesta figura encontramos um relatório baseado em datas e percentuais,

para cada data existem quatro colunas que demonstram dados relacionados as

avaliações formativas e prognósticas. Em A encontramos um somatório de

resultados formativos realizados antes da data, neste caso no dia 26 de Março de

2010 o processo formativo demonstra que o desempenho geral50 é de 43%. Em B

encontramos um somatório de resultados formativos das avaliações realizadas

durante e após a data. Neste exemplo houve uma melhora dos resultados que

demonstram que a intervenção do conteúdo foi efetiva.

A intervenção escolhida de acordo como documentado no Apêndice A foi o

registro do problema bem como a confecção de um material de apoio mais robusto

visando melhor qualidade do material didático. Para os aprendizes que já passaram

pelo processo avaliativo do conceito restou apenas a comunicação através de e-mail

sobre um novo material relacionado ao conceito.

50 Também pode ser aplicado filtros de grupos de pessoas ou até uma pessoa específica

102

5.2.3.1 Relatório de avaliação diagnóstica versus avaliação formativa

Embora os gráficos demonstrem que os aprendizes obtiveram um bom

desempenho em uma avaliação formativa isso não quer dizer que o conteúdo

didático influenciou de forma positiva as estruturas cognitivas dos aprendizes. Há

casos em eu a avaliação prognóstica demonstra resultados superiores a avaliação

formativa e esta última tenha resultados superiores as metas estabelecidas.

Figura 60 - Trecho de um Mapa Conceitual, as cores representam o

desempenho dos aprendizes na avaliação formativa

Comparando as Figura 60 e Figura 61 observa-se que o conceito �Editor

Código� embora tenha tido um bom resultado na avaliação formativa comparando

com o resultado obtido na avaliação diagnóstica percebe-se que o desempenho

após a aplicação dos conteúdos didáticos foi inferior (utiliza-se a Tabela 5 para esta

comparação).

Figura 61 - Trecho de um Mapa Conceitual, as cores representam a diferença

entre a avaliação diagnóstica e a avaliação formativa

103

Cor Descrição

Verde O desempenho dos aprendizes na

avaliação formativa é superior ao

desempenho dos mesmos na

avaliação prognóstica

Vermelho O desempenho dos aprendizes na

avaliação formativa é inferior ao

desempenho dos mesmos na

avaliação diagnóstica.

Tabela 5 - Relação de Cores para Relatório da avaliação Formativa x avaliação

prognóstica

Já o conceito Algoritmo contabiliza uma singela melhora, embora

imperceptível no modelo de cores o modelo de relatório demonstra informações

precisas, segundo a Figura 62 o conteúdo didático não influenciou de

forma significativa, embora haja a melhora o tempo investido na aula poderia ser

melhor utilizado, ou o conte

Figura 62 - Relatório gerado para o conceito "Algoritmo"

Já o conteúdo do conceito �Portugol� (representado na Figura 63)

obteve um resultado, aumentando significativamente o desempenho dos aprendizes

frente às questões. Podemos observar na Figura 63 que a avaliação

104

formativa apresenta 81,61% de acertos enquanto na avaliação prognóstica51

obtivemos 68,18% de acertos.

Figura 63 - Relatório gerado para o conceito "Portugol"

No inicio deste tópico foi abordado o caso da queda de desempenho na

avaliação formativa, detalhes são exibidos na Figura 64.

Figura 64 - Relatório gerado para o conceito "Editor Código"

Neste caso o educador pode intervir no conteúdo didático procurando o

melhor resultado possível. Este estudo compreende a construção e aplicação da

ferramenta, sendo assim a correção no conteúdo didático foi realizada e os

51 Para alunos que completaram a avaliação diagnóstica e formativa

105

resultados demonstram uma tímida melhora conforme podemos observar nas

ilustrações Figura 65 e Figura 66. Detalhes da intervenção do conceito �Editor

Código� pode ser obtido no Apêndice .

Figura 65 - Trecho de um Mapa Conceitual, as cores representam a diferença

entre a avaliação diagnóstica e a avaliação formativa após a melhoria do

conteúdo didático

Figura 66 - Relatório gerado para o conceito "Editor Código" após a correção

5.2.3.2 Questões com alto índice de erros

A decisão sobre o que alterar em um conteúdo que não está contribuindo

para o processo é complicado, isso porque depende identificar o que precisa ser

alterado para satisfazer as necessidades dos aprendizes. Conforme mencionado no

texto até o momento o educador pode recorrer a Chats, Fóruns de discussão entre

outras ferramentas.

Outra opção é a análise do que os aprendizes acreditam que seja correto,

106

uma análise nas questões e respostas aplicadas auxiliam o educador a encontrar o

ponto do conteúdo que está falho.

A Figura 67 demonstra que o conceito �Real� possui questões

com alto índice de erros.

Figura 67 - Trecho de um Mapa Conceitual

Ao acessar informações sobre o conceito (ver Figura 68) observa-

se que uma questão atingiu a taxa de erro de 72% (ver Tabela 6 para esquema de

cores). Uma questão que possui um índice de erro tão elevado pode ser reflexo de

uma falha no conteúdo didático.

Cor Valor Mínimo (%) Valor Máximo (%)

Verde 0,00 9,99

Cinza 10,00 19,99

Amarelo 20,00 59,00

Vermelho 60,00 100,00

Tabela 6 - Relação de Cores para questão com maior índice de erro

107

Figura 68 - Questões do conceito "Real"

Analisando a questão e as respostas dadas tentam-se entender qual o

motivo que está levando os aprendizes ao erro. Analisando as respostas dadas

pelos aprendizes (mais detalhes no Apêndice ) percebe-se que nesta questão a

alternativa "235,08" está sendo aceita como um número52.

Analisando o conteúdo didático53 associado ao conceito �Real� não foi

encontrado nenhum tópico que aborde o uso da aspa dupla para marcação de texto

e a correção foi aplicada conforme descrito no Apêndice C. Este conceito é

devidamente abordado no conceito �Texto�, provavelmente o aprendiz não está

atento a este fato ou a idéia antes abordada já deve ter se perdido no esquecimento.

Para este curso a correção foi realizada no conteúdo didático (ver Apêndice

C) e um e-mail informado sobre o novo material foi enviado aos aprendizes.

Após a intervenção no conteúdo didático pode-se observar uma ligeira

melhora no desempenho dos aprendizes, conforme observado na Figura 69, Figura

71 e Figura 72.

52 Em Portugol a aspa dupla delimita um texto 53 Referenciado no conceito

108

Figura 69 - Histórico do desempenho dos aprendizes nas avaliações

relacionadas ao conceito Real

5.2.4 A Intervenção de Conteúdos Didáticos

No processo apresentado na Figura 55 a tarefa de �Realizar Intervenção no

Conteúdo� foi exposto em um nível superficial. Na Figura 70 esta tarefa está mais

detalhada e pode-se perceber que é para realizar a intervenção do conteúdo didático

exige-se muito esforço e organização por parte do educador.

109

Figura 70 - Processo de intervenção do conteúdo didático

No caso abordado no tópico 5.2.3.2 o educador encontrou uma falha no seu

conteúdo didático, a intervenção foi realizada seguindo o esquema da Figura 70 e os

resultados foram satisfatórios conforme já mencionado. Após gerar o rótulo no dia 30

de Maio de 2010 a tarefa de �Monitorar resultados� estendeu-se por semanas.

Figura 71 - Trecho do Mapa Conceitual após intervenção do conteúdo didático

Na Figura 71 temos o mesmo trecho de Mapa Conceitual exibido na

Figura 67. Após a intervenção do conteúdo didático o conceito �Real� passou de

vermelho para amarelo (ver valores referentes as cores na Tabela 6), isso significa

que após a correção o índice de erro na questão com maior índice de erros reduziu,

a cor amarela representa uma taxa de erro entre 20 a 59,99%.

110

Figura 72 - Questões do conceito "Real"

Comparando os resultados exibidos na Figura 72 com os resultados

exibidos na Figura 68 fica evidente que a intervenção do conteúdo foi

eficiente para os novos aprendizes.

Outro ponto do curso que exigiu intervenção está abordado no tópico 5.2.2,

mais precisamente no caso do conceito �Repetição� que demonstrou que os

aprendizes não dominavam o conceito, isso não é um problema visto que antes um

rendimento ruim antes da introdução do conceito revela uma necessidade, mas se o

conteúdo em forma de texto for aplicado pode não surtir um grande efeito. Seguindo

o processo exibido na Figura 70 uma nova estratégia foi elaborada, conforme já

mencionado o uso de vídeo foi introduzido ao conteúdo nas primeiras semanas

garantiram uma boa influência do conteúdo, conforme pode-se observar na Figura

73.

Figura 73 - Desempenho dos aprendizes nas avaliações do conceito Repetição

5.2.5 Acompanhamento do ritmo do aprendiz

Cada aprendiz possui uma capacidade intelectual diferente dos demais,

111

cada um possui conhecimentos diferentes. Por este motivo o aprendiz não deve ser

forçado no decorrer do curso a andar em um ritmo superior a sua capacidade.

Um aprendiz com alta capacidade não pode ser freado este deve através de

suas práticas de estudo andar em seu ritmo. Quando trabalhamos com um grupo de

aprendizes somos forçados a trabalhar no ritmo dos aprendizes com menos

capacidades, isso faz com que o aprendiz de alta capacidade e desempenho se

sinta desmotivado no processo de ensino aprendizagem. Na Educação a Distância

pode-se trabalhar com o individual, ou seja, o próprio aprendiz caminha em seu

ritmo.

(...) parece razoável supor que, num ambiente de aprendizagem não

individualizado, os recursos educacionais e outros métodos aperfeiçoados

de ensino tendem a beneficiar mais o aluno ruim e de nível médio que os

alunos inteligentes (AUSUBEL, 1980, p. 326).

Quando o curso possui um prazo final o educador deve criar metas, estas

metas servem de referência para se analisar quais aprendizes estão em um ritmo

inferior ou superior ao esperado. É natural que o aprendiz que tenha um bom

desempenho e ritmo não receba tanta atenção do educador, o educador deve

concentrar-se nos aprendizes que estão abaixo desta meta.

No ambiente AIED o aprendiz não é obrigado a manter-se em um ritmo, esta

tarefa de intervenção deve ser feita pelo educador. O educador conta com interfaces

e relatórios que o auxilia na consulta de tais metas (ver Figura 74).

Figura 74 - Distribuição de Aprendizes em um Curso

O conteúdo didático tem profunda influência no ritmo do aprendiz, o uso de

palavras cultas fora do cotidiano, a própria cultura de um nicho de aprendizes. Na

abordagem dos cursos utilizados nesta pesquisa não demonstraram tais problemas.

Quando um aprendiz realiza várias avaliações formativas e não alcança um

112

desempenho satisfatório o conteúdo didático deve ser analisado, porem com um

foco maior na base do material, ou seja, nos primeiros conteúdos que introduzem ao

módulo pode-se deixar o material de interesse mais significativo.

5.2.6 Intervenção no ritmo do aprendiz

A critério do educador se em um determinado conceito o desempenho dos

aprendizes for inferior a uma meta estabelecida pode-se programar intervenções no

ritmo destes aprendizes, a maioria dos conceitos ministrados pelos cursos

abordados por este trabalho utilizaram intervenções automáticas.

Esta �intervenção� no ritmo do aprendiz pode ser feita para regular a prática

do aprendiz e evitar que este avance no curso sem o uso dos conteúdos com o

objetivo apenas de chegar ao fim. Embora o foco do trabalho não está intervenção

da prática do aprendiz esta tarefa é inevitável em Ambientes Virtuais de

Aprendizagem, pois neste modelo de ensino o aprendiz assume mais

responsabilidades que o modelo tradicional.

Torna-se um feedback automático sobre sua própria prática e este se regula

através de uma auto-avaliação de sua maneira de portar frente a uma aula virtual.

Figura 75 - Lista de intervenções

Embora esta idéia assemelha-se as idéias behavioristas são

113

necessárias, no ambiente no decorrer dos cursos percebeu-se que alguns

aprendizes realizavam duas a três avaliações em um espaço curto de tempo.

Analisando a Figura 55 percebe-se que o aprendiz está pulando ou dando pouca

atenção à tarefa �Estudo baseado no conteúdo". Se nenhuma atitude for tomada

com relação a essa atitude do aprendiz nada se pode dizer sobre a eficácia do

conteúdo didático.

Figura 76 - Propriedades do conceito "Palm OS"

No ambiente AIED um conceito pode ou não realizar intervenções no

progresso do aprendiz automaticamente, para isso o educador pode acessar as

propriedades do conceito no Mapa Conceitual e marcar o campo �Gerar Intervenção�

conforme demonstrado na Figura 76.

Um exemplo de necessidade de intervenção é demonstrado no caso do

aprendiz �anônimo187� que no dia 15/02/2010 realizou quatro avaliações formativas

com três resultados abaixo da meta (ver Figura 77, Figura 78 e Figura 79).

114

Figura 77 - Rendimento do aprendiz "anônimo187" na avaliação formativa do

conceito "Versões"

Figura 78 - Rendimento do aprendiz "anônimo187" na avaliação formativa do

conceito "Projeto"

Figura 79 - Rendimento do aprendiz "anônimo187" na avaliação formativa do

conceito "Conversão"

Realizando uma analise mais apurada descobre-se que o aprendiz realizou

115

o cadastro no dia 15/02/2010 e neste mesmo dia realizou duas avaliações

prognosticas e seis aulas (ver Figura 80). Não se pode medir a velocidade de

aprendizagem porem pode-se medir a eficiência da aprendizagem, logo se percebe

a importância da realização de intervenções automáticas baseadas na eficiência do

desempenho do aprendiz.

Figura 80 - Aulas do curso "Programação NS Basic" na visão do aprendiz

anônimo187

No caso do aprendiz anônimo187 suas atividades no ambiente não

passaram do dia 15 de Fevereiro de 2010, acredita-se que o aprendiz abandonou o

curso. Um e-mail já foi enviado porem não houve retorno.

116

6 CONCLUSÃO

A busca pela qualidade de ensino na educação à distância mediada pela

Internet requer dedicação, conhecimento e ferramentas. A dedicação do educador

engajado no processo de ensino-aprendizagem que constantemente analisa o

desenvolvimento dos aprendizes em busca de entender como alcançar a excelência

no ensino, este educador deve ter total domínio do conhecimento tecnológico e

pedagógico dosando em medidas justas em busca de uma prática docente voltada a

excelência do processo de ensino-aprendizagem.

O processo pedagógico formativo não pode ser baseado apenas nos

registros de atividades dos aprendizes conforme estudos dos três primeiros

trabalhos correlatos, para um processo formativo eficaz este deve levar também em

consideração o desempenho dos aprendizes em avaliações conceituais e como os

conceitos avaliados estão relacionados conforme visto no quarto trabalho correlato.

A intervenção do conteúdo didático é um recurso muito eficiente, pois estes exercem

grande influência nas estruturas cognitivas dos aprendizes e tais idéias são

expressas nas avaliações. A organização dos conceitos bem como o relacionamento

lógico entre conceito e conteúdo e conceito e questão são peças chaves para o

entendimento do desempenho dos aprendizes e de suas necessidades.

O ambiente virtual desenvolvido para homologação das teorias abordadas

neste trabalho se mostrou eficiente e preciso ao demonstrar de forma simples

através de cores, gráficos e relatórios quais conceitos e quais aprendizes

necessitavam de mais atenção do educador. A intervenção do conteúdo didático em

quase todos os casos demonstrou que é possível aumentar o nível de significância

dos conteúdos e que essa melhora reflete diretamente nos resultados avaliativos.

Através de informações claras demonstradas pelas ferramentas do ambiente

pode-se determinar quais alterações seriam necessárias para o conteúdo didático do

conceito �Real� e após a utilização deste novo conteúdo pode-se observar melhoras

significativas conforme abordado no tópico 5.2.4.

No tópico 5.2.3.1 a ferramenta demonstra a clara evidência da influência do

117

conteúdo nas estruturas cognitivas, no exemplo abordado na Figura 62 não

existe uma influência significativa entre o que os aprendizes já sabiam sobre o

conceito avaliado e o que eles demonstraram após o uso do conteúdo didático. Já

na Figura 63 está claro que o conteúdo didático obteve uma boa influência

nas estruturas cognitivas dos aprendizes e que estes atingiram um índice muito

elevado.

Por demonstrar de forma clara a necessidade do aprendiz e que as

intervenções dos conteúdos didáticos alteraram os resultados chegamos a

conclusão que utilizando Mapas Conceituais para organização do conhecimento e o

uso correto dos modelos avaliativos pode-se chegar a melhora constante dos

processos de ensino-aprendizagem em Ambientes Virtuais de Aprendizagem.

118

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122

Apêndice A

A regulação do conteúdo baseou-se nos resultados obtidos na avaliação

formativa, em especial em uma questão que é:

�Quais valores abaixo podem ser atribuídos a uma variável do tipo

caracter?�.

Esta questão requer que o aprendiz escolha três alternativas dentre as

quatro respostas: �a�, 1, �1� e �UM�.

O estudo dos aprendizes antes da regulação do conteúdo baseava-se no

seguinte trecho de conteúdo:

Tipo Caracter

O tipo caracter é reservado a armazenamento de caracteres segundo a

tabela ASCII, por padrão seu valor inicial é � � (espaço).

Exemplos:

�a�

�b�

�e�

�x�

Listagem 1 - Trecho do documento utilizado na aula de variáveis antes da regulação

Baseado na dificuldade do aprendiz em identificar que uma variável do tipo

caracter só pode receber um único caractere o conteúdo foi alterado conforme a

Listagem 2.

Tipo Caracter

O tipo caracter é reservado a armazenamento de caracteres segundo a

tabela ASCII, por padrão seu valor inicial é � � (espaço).

Exemplos:

�a�

�b�

�e�

�x�

�1�

ATENÇÃO: Utilizamos este tipo para armazenar 1 caractere somente,

nos exemplos acima todos os valores podem ser adicionados a uma variável

caracter. Já os exemplos abaixo não podem ser armazenados em um tipo

123

caracter:

�abcd�

�092�

123

Listagem 2 - Trecho do documento utilizado na aula de variáveis após a regulação do conteúdo

124

Apêndice B

O conteúdo do conceito �Editor de Código� antes da regulação baseava-se

em um único arquivo texto.

O texto pode ser acessado pela URL:

http://ambiente.aied.com.br/UploadFiles/1_CodigoFonte.PDF

A análise inicial determinou que o conteúdo não continha informações claras

de um recurso visual. Definiu-se que a criação de um vídeo para explicar a interface

gráfica do IDE NS Basic seria uma boa estratégia para melhorar a qualidade do

curso.

O vídeo foi desenvolvido baseado nas necessidades do curso, este vídeo

pode ser acessado pela URL:

http://ambiente.aied.com.br/cursos/NSBasic/IDE/

Percebemos que a introdução de alguns vídeos no curso aumentaram o

desempenho dos aprendizes.

125

Apêndice C

Analisando o conteúdo didático percebemos que o tópico relacionado ao

Tipo Real estava em uma posição errada, este tipo de variável deve ser abordado

após o tipo de variável Caracter e Texto. Essa seqüência permite ao educador

apontar que as �� aspas duplas não podem ser utilizadas em tipos numéricos.

Sendo assim o trecho do material original exibido na Listagem 3 foi alterado

conforme pode-se ver na .

Tipo Real

O tipo real é um tipo reservado a números com ou sem precisão decimal, ou

seja, qualquer número contínuo. Abrange números entre -1.7e308 até 1.7e308.

Este tipo de variável consome 64 bits por unidade, ou seja, muito maior que

o número inteiro, porem a capacidade de armazenamento é muito superior.

Abaixo temos um exemplo de alguns números reais.

Exemplos de números reais:

1

-35

1,6

-502.998

9.845

-43.987,0067

0,876

-0,982

Um programador prevenido pode achar que ao criar uma variável Real

estará abrangendo todos os números, mas nem sempre o número real é indicado. O

programador deve ter uma idéia de que tipo de número será armazenado, se este

pode ser armazenado pelo tipo inteiro então o programador deve fazer o uso deste

tipo, somente se o tipo inteiro não for capaz de armazenar a informação desejada é

que o programador utilizará o tipo Real.

Vamos a alguns exemplos:

1) Um algoritmo deve solicitar e armazenar a idade de uma pessoa,

somente o número de anos ignorando os meses. Neste exemplo o uso de um inteiro

126

está claro.

2) Um algoritmo requer armazenar o tamanho de uma pessoa em

centímetros, como a unidade de medida não é contínuo, ou seja, é inteiro.

3) Uma aplicação requer armazenar o pelo de um animal, deve ser

representado em quilos e também em gramas, logo podemos armazenar em um

número Real visto que o inteiro não seria capaz de armazenar um número contínuo.

Tipo Caracter

O tipo caracter é reservado a armazenamento de caracteres segundo a

tabela ASCII, por padrão seu valor inicial é � � (espaço).

Exemplos:

�a�

�b�

�e�

�x�

ATENÇÃO: Utilizamos este tipo para armazenar 1 caractere somente.

Tipo Texto

O tipo texto é reservado a armazenamento de um conjunto de caracteres,

geralmente formando uma palavra ou uma frase. Seu valor inicial é �� (vazio).

Exemplos:

�Curso de algoritmo�

�www.aied.com.br�

�Wellington P. Oliveira�

ATENÇÃO: Repare que tanto caracteres como textos são delimitados por

aspas duplas.

Listagem 3 - Trecho do conteúdo didático utilizado para explicar o tipo de variável Real antes da

regulação.

Também passamos a marcar em vermelho observações.

Tipo Caracter

O tipo caracter é reservado a armazenamento de caracteres segundo a

tabela ASCII, por padrão seu valor inicial é � � (espaço).

127

Exemplos:

�a�

�b�

�e�

�x�

�1�

ATENÇÃO: Utilizamos este tipo para armazenar 1 caractere somente, nos

exemplos acima todos os valores podem ser adicionados a uma variável caracter. Já

os exemplos abaixo não podem ser armazenados em um tipo caracter:

�abcd�

�092�

123

Tipo Texto

O tipo texto é reservado a armazenamento de um conjunto de caracteres,

geralmente formando uma palavra ou uma frase. Seu valor inicial é �� (vazio).

Exemplos:

�Curso de algoritmo�

�www.aied.com.br�

�Wellington P. Oliveira�

ATENÇÃO: Repare que tanto caracteres como textos são delimitados por

aspas duplas.

Tipo Real

O tipo real é um tipo reservado a números com ou sem precisão decimal, ou

seja, qualquer número contínuo. Abrange números entre -1.7e308 até 1.7e308.

Este tipo de variável consome 64 bits por unidade, ou seja, muito maior que

o número inteiro, porem a capacidade de armazenamento é muito superior.

Abaixo temos um exemplo de alguns números reais.

Exemplos de números reais:

1

-35

1,6

-502.998

9.845

-43.987,0067

128

0,876

-0,982

ATENÇÃO: Uma variável do tipo Real não pode conter um número

delimitado por � � (aspas duplas). Exemplo de valores que NÃO são números:

�1�

�-35�

�1,6�

Dúvidas releia o tópico relacionado a Caracter e Texto.

Um programador prevenido pode achar que ao criar uma variável Real

estará abrangendo todos os números, mas nem sempre o número real é indicado. O

programador deve ter uma idéia de que tipo de número será armazenado, se este

pode ser armazenado pelo tipo inteiro então o programador deve fazer o uso deste

tipo, somente se o tipo inteiro não for capaz de armazenar a informação desejada é

que o programador utilizará o tipo Real.

Vamos a alguns exemplos:

1) Um algoritmo deve solicitar e armazenar a idade de uma pessoa,

somente o número de anos ignorando os meses. Neste exemplo o uso de um inteiro

está claro.

2) Um algoritmo requer armazenar o tamanho de uma pessoa em

centímetros, como a unidade de medida não é contínuo, ou seja, é inteiro.

3) Uma aplicação requer armazenar o pelo de um animal, deve ser

representado em quilos e também em gramas, logo podemos armazenar em um

número Real visto que o inteiro não seria capaz de armazenar um número contínuo.

Listagem 4 - Trecho do conteúdo didático utilizado para explicar o tipo de variável Real após a regulação.