Dissertação - Fabíola Otelac - unip.br · O processo de globalização pode ser exemplificado...

113
UNIVERSIDADE PAULISTA PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO INTEGRAÇÃO E OPERAÇÃO CONJUNTA DE ORGANIZAÇÕES DE SETORES DISTINTOS SOB A PERSPECTIVA DE REDES Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista UNIP, para obtenção do título de Mestre em Administração. FABÍOLA OTELAC SÃO PAULO 2016

Transcript of Dissertação - Fabíola Otelac - unip.br · O processo de globalização pode ser exemplificado...

UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

INTEGRAÇÃO E OPERAÇÃO CONJUNTA DE

ORGANIZAÇÕES DE SETORES DISTINTOS SOB

A PERSPECTIVA DE REDES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP, para obtenção do título de Mestre em Administração.

FABÍOLA OTELAC

SÃO PAULO

2016

UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

INTEGRAÇÃO E OPERAÇÃO CONJUNTA DE

ORGANIZAÇÕES DE SETORES DISTINTOS SOB

A PERSPECTIVA DE REDES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP, para obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Renato Telles

Área de Concentração: Estratégia e seus Formatos Organizacionais.

Linha de Pesquisa: Gestão em Redes de Negócios.

FABÍOLA OTELAC

SÃO PAULO

2016

Otelac, Fabíola. Integração e operação conjunta de organizações de setores distintos, sob a perspectiva de redes / Fabíola Otelac. - 2016. 111 f. : il. color. + CD-ROM

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista, São Paulo, 2016.

Área de concentração: Estratégias e Seus Formatos Organizacionais. Orientador: Prof. Dr. Renato Telles.

1. Redes. 2. Integração. 3. Operação conjunta. I. Telles, Renato (orientador). II. Título.

FABÍOLA OTELAC

INTEGRAÇÃO E OPERAÇÃO CONJUNTA DE

ORGANIZAÇÕES DE SETORES DISTINTOS SOB

A PERSPECTIVA DE REDES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP, para obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada em: __/__/__

BANCA EXAMINADORA

________________________

Prof. Dr. Renato Telles (orientador)

Universidade Paulista – UNIP

___________________________

Prof. Dr. Arnaldo Luiz Ryngelblum

Universidade Paulista – UNIP

___________________________

Prof. Dr. Edman Altheman

Faculdades Integradas Rio Branco

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Renato Telles, a paciência e orientação

no desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço a todos os professores do Programa de Mestrado de Administração

da UNIP ao empenho e conhecimento transmitido.

Agradeço ao Danny Macqueen Mota acompanhar, apoiar e incentivar-me

nesta etapa importante ao meu desenvolvimento pessoal e profissional.

RESUMO

Os estudos de redes e parcerias público-privadas apresentam um importante volume de pesquisas realizadas, entretanto, sob a perspectiva de redes são escassos. O presente trabalho busca a melhor compreensão sobre os fatores condicionantes da manutenção e sustentação da relação entre atores de naturezas distintas (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil) com objetivos diferentes, mas que em dado momento, convergem entre si. A pesquisa é de abordagem exploratória, natureza qualitativa e utiliza, como uma das bases instrumentais, o estudo de caso. Como objeto de pesquisa escolheu-se o que será chamado no trabalho de PC2 (Processo de Capacitação de Pessoas de Caieiras). Como resultado pode-se observar que a articulação entre os atores envolvidos no arranjo integrativo gera benefícios comuns ou não que podem ser classificados como sociais, econômicos e políticos. Este trabalho complementa os poucos estudos realizados na área de pesquisa sobre o tema e contribui academicamente em pesquisas futuras.

Palavras-chave: Redes. Integração. Operação conjunta.

ABSTRACT

The study of networks and public-private partnerships shows a significant amount of accomplished researches, however, from the perspective of networks is scarce. The present study seeks a better understanding of the conditions of the maintenance factors and support of the relationship between participants of different natures (public agencies, private companies, third sector and civil society) with different objectives but that at some point, converge with each other. The research will be qualitative exploratory. Taking as one of the instrumental bases the use of the case study. As object of research, the name given will be PC2 (Process of training people from Caieiras). As a result, it can be observed that the relationship among the participants involved in the integrative arrangement, generates common benefits or not, which could be classified as social, economic and political. This work supplements the few accomplished studies in the research area and it could contribute academically in the future researches.

Keywords: Networks. Integration. United operation.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Propriedades das redes de negócios ..................................................... 24

Quadro 2 – Resumo: referencial teórico .................................................................... 43

Quadro 3 – Instrumento para apropriação de informações das categorias de

análise ....................................................................................................................... 66

Quadro 4 – Análise de conteúdo: recorte OP ............................................................ 68

Quadro 5 – Análise de conteúdo: recorte EP ............................................................ 70

Quadro 6 – Análise de conteúdo: recorte TS ............................................................ 72

Quadro 7 – Análise de conteúdo: recorte SC ............................................................ 74

Quadro 8 – Análise de conteúdo: síntese comparada ............................................... 77

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura em redes ................................................................................... 23

Figura 2 – Tipos de redes.......................................................................................... 25

Figura 3 – Exemplo de grau de centralidade ............................................................. 26

Figura 4 – Exemplo de índice de centralização ......................................................... 26

Figura 5 – Perspectiva teórica de redes .................................................................... 30

Figura 6 – Paradigmas de pesquisa em redes .......................................................... 34

Figura 7 – Abordagem esquemática de relacionamento da topologia da rede em

função das categorias dos atores .............................................................................. 42

Figura 8 – Mapeamento esquemático da ligação direta do Núcleo Mário Meneguini

com os demais atores de rede interorganizacional ................................................... 50

Figura 9 – Mapeamento esquemático da ligação direta do Núcleo Mário Meneguini

com os órgãos públicos ............................................................................................. 51

Figura 10 – Desenho da rede estudada .................................................................... 54

Figura 11 – Mapeamento do questionário semiestruturado ...................................... 59

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Pesquisa bibliográfica na base de dados Scielo ..................................... 19

Tabela 2 – Pesquisa bibliográfica na base de dados Spell ....................................... 19

LISTA DE SIGLAS

CIEE Centro de Integração Empresa-Escola

CMPC Companhia Melhoramentos de Papel e Celulose

EJA Educação para Jovens e Adultos

EP Empresa privada

ETEC Escola Técnica Estadual

NFCP Núcleo de Formação e Capacitação Profissional

OP Órgão público

PAT Posto de Atendimento ao Trabalhador

PC2 Processo de Capacitação de Pessoas de Caieiras

PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

SC Sociedade civil

SEMUDEC Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e de Emprego de

Caieiras

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

TS Terceiro setor

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

1.1 Problema de pesquisa .................................................................................. 15

1.2 Questão de pesquisa .................................................................................... 15

1.3 Objetivo geral ............................................................................................... 16

1.4 Objetivos específicos .................................................................................... 16

1.5 Justificativa ................................................................................................... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 18

2.1 Revisão bibliográfica ..................................................................................... 18

2.2 Redes: conceitos e estrutura ........................................................................ 20

2.3 Redes: gênese e evolução ........................................................................... 28

2.4 Paradigmas de redes .................................................................................... 31

2.5 Políticas públicas, parcerias público-privadas e redes ................................. 34

2.6 Abordagem conceitual: síntese .................................................................... 44

2.7 Objeto de pesquisa ....................................................................................... 46

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 55

3.1 Classificação de pesquisas científicas .......................................................... 55

3.2 Descrição do percurso metodológico adotado nesta pesquisa ..................... 57

3.3 Síntese da metodologia da pesquisa ............................................................ 60

3.4 Descrição operacional da pesquisa .............................................................. 61

3.5 Análise de dados .......................................................................................... 62

4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS ............................................................. 64

4.1 Instrumento de pesquisa e análise de dados ............................................... 64

4.2 Discussão dos resultados ............................................................................. 78

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 81

5.1 Limitações da pesquisa e sugestões para estudos futuros .......................... 81

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 83

APÊNDICE ................................................................................................................ 92

11

1 INTRODUÇÃO

Traçando uma linha do tempo, observa-se que no final do século passado as

empresas criaram uma nova estrutura organizacional e passaram a manter

relacionamentos entre si, diante da crescente expansão das terceirizações dos

processos produtivos. Assim, o mercado foi marcado pela economia de custos de

produção e um dos objetivos era o aumento da remuneração do capital das

empresas. Desta forma, a nova estrutura organizacional é caracterizada por se

apresentar de forma horizontal e descentralizada. Desde então desenvolve-se o

formato em redes de negócios, no qual as empresas envolvidas são chamadas de

atores e mantêm relações comerciais entre si, além de compartilharem recursos e

cooperarem coletivamente (GULATI, 1998).

Zaccarelli et al. (2008) assinalaram a existência de redes de negócios desde a

Idade Média e observaram que o sistema organizacional era dotado de capacidade

competitiva superior quando comparado à atuação de atores trabalhando de forma

isolada.

Na mesma linha de raciocínio pode-se citar D´Aveni (1994), que defende o

ambiente hipercompetitivo, como sendo aquele que ultrapassa todas as regras

tradicionais da competição. O autor afirma que a importância da capacidade

competitiva deve ser entendida como provisória e pode ser considerada uma

oportunidade para as empresas que desenvolvem suas capacidades pautadas no

desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços, conforme a

necessidade dos clientes. A hipercompetição de D´Aveni está associada à

dificuldade de estabelecer e manter vantagens concorrenciais duráveis; essa

perspectiva de compreensão do processo competitivo encontra como um dos seus

fatores determinantes a disputa pelo valor entregue ao mercado na percepção do

cliente.

Assim, este novo modelo de gestão, chamado de redes de negócios, é

caracterizado por empresas de alguns setores que passam a se unir e a competir

em grupo com outros grupos, adotando a ação como estratégia, pois perceberam a

grande dificuldade de conseguirem se manter competitivos no mercado em que

atuam. Em meados da década de 1990 emergiu o conceito da sociedade em redes,

no qual as empresas se associam e desenvolvem ações cooperativas (NOHRIA,

1992; CASTELLS, 2000).

12

Nos anos 1990, devido ao progressivo avanço tecnológico e a preocupação

com a inovação e expansão do processo de globalização, as empresas começaram

a repensar a forma de atuação e incorporaram perspectivas cooperadas às

tradicionais abordagens baseadas apenas em competição, ao considerar o alcance

e a importância da construção de objetivos coletivos.

A intensidade do processo de competição, somada à incerteza crescente no

ambiente, estimula e encoraja a construção de arranjos inovadores entre negócios

orientados para o desenvolvimento de condições coletivas dotadas de maior

capacidade no enfrentamento dessa nova realidade ambiental. Competências

expandidas em processos de inovação, desenvolvimento de produto,

compartilhamento de recursos e redução de dispêndios nos processos de interação

entre empresas podem ser entendidos como desdobramentos desse movimento de

integração entre empresas. Desta forma, torna-se necessária a construção de

diferentes alternativas de manutenção ou construção de desempenhos eficientes e,

fundamental, a criação de alternativas viáveis para a convivência entre a competição

e a cooperação – coopetição. Sob essa perspectiva, as empresas passam a sentir a

necessidade de constituir uma associação em cooperação ou rede de negócios – as

redes competem com as redes, sendo uma forma de diminuir os riscos e ganhar

sinergia, ao formar alianças entre si e consolidar novos conceitos de gestão dos

negócios (CASAROTTO FILHO e PIRES, 1999).

O novo conceito de negócios se caracteriza pela presença de cadeias ou

redes que competem com outras cadeias ou redes. A competição entre

fornecedores e compradores ainda existe, mas é necessário o estabelecimento de

espaços nos quais haja cooperação genuína e que contribua para a entrega de valor

e redução da incerteza futura, por meio de compartilhamento de recursos,

informações e conhecimento. Esse processo pode ser chamado de coopetição e/ou

hipercompetição. São duas abordagens distintas para entender o mesmo quadro

evolucionário quando se trata das novas estruturas organizacionais (D´AVENI,

1994).

O processo de globalização pode ser exemplificado com as grandes

corporações que se estabelecem em diversos países, mantêm relacionamento

social, distribuem suas atividades e interligam-se por meio dos nós, cujo objetivo é a

busca pela eficiência nos processos de administração, produção e distribuição

(CASTELLS, 1999).

13

Assim, na sociedade contemporânea ocorre a presença de estratégias

cooperativas, não necessariamente deliberadas, entre empresas cujo objetivo é a

conquista de capacidades competitivas neste contexto econômico e empresarial

atual e globalizado (LOIOLA e MOURA, 1996; FISCHER, 1997; LOPES e BALDI,

2009). O fenômeno é considerado por alguns autores como um assunto

relativamente recente, cujos estudos têm se intensificado, desde a década de 1980

(ORTIGARA e CARON, 2011; VECCHIA, 2008).

Nas últimas duas décadas verifica-se o aumento do número de estudos que

envolvem a cooperação como processo decisivo na construção de alternativas

eficientes de compartilhamento de ganhos entre as organizações, desenvolvimento

de alianças e parcerias baseadas na expectativa de crescimento, sobrevivência e/ou

geração de lucros (ESCHER, 2011; MELO, 2012; BIALOSKORSKI NETO, 2009;

CASAGRANDE e MUNDO NETO, 2012; DRUCKER, 1996; DYER, 1997). A

cooperação, por meio de uma visão de processo ou de categoria social,

progressivamente tem sido entendida como um condicionante da construção de uma

nova perspectiva sobre a operação das empresas vinculadas à compreensão de que

sozinhas elas não conseguem o resultado que conseguiriam ao atuar de forma

conjunta, com vínculos de relacionamento com outras empresas, compartilhamento

de informações, investimento e demais recursos, e assim, construir conhecimento

conjunto entre si para a sobrevivência organizacional (NOHRIA, 1992; MORGAN,

1995; EBERS e JARILLO, 1998; GULATTI e GARGIULO, 1999).

Este cenário é compatível à concepção de Castells (2000), que afirma que

toda sociedade está em rede. Nesse sentido, conscientemente ou não, todo e

qualquer negócio opera em rede e pode ser entendido como um ator dessa, ou seja,

um componente desse arranjo estruturado e dinâmico. Essa abordagem, que

prioriza o sistema constituído pelos atores e suas conexões, oferece

consistentemente explicações ou bases de apoio para a compreensão de aumento

da capacidade competitiva e/ou ampliação do valor social entregue.

Segundo Nohria e Eccles (1992), atuando em rede as empresas expandem a

sua condição de atingir objetivos que a priori seriam inviáveis se agissem de forma

isolada. Essa capacidade, emergente de uma atuação coletiva, decorre de

movimentos ou interações como troca de recursos, compartilhamento de

informações e desenvolvimento de soluções integradas entre os atores envolvidos e

caracterizam uma relação marcada pela presença de cooperação, comprometimento

e confiança, entre outros. O desenvolvimento dessas condições nos negócios pode

14

ser entendido como um processo histórico e evolucionário das interações entre

esses atores e, deste modo, não implica necessariamente em decisões racionais e

deliberadas.

No contexto contemporâneo surgiu o interesse pelo associativismo

empresarial como alternativa de enfrentamento às dificuldades das pequenas

empresas, como problemas ou demandas de ordem econômica, financeira,

operacional ou administrativa, enquanto o processo integrativo dos negócios

constitui potencialmente uma estratégia orientada para a manutenção e/ou aumento

da competitividade das empresas que participam do arranjo interorganizacional

(BALESTRIN e VARGAS, 2002 e 2004; MELO, 2012; BALESTRIN et al., 2010;

LEON, 1998; POWEL, 1990; ZACCARELLI, 2008).

O associativismo empresarial traz uma nova visão sobre a competição e o

relacionamento empresarial. Trata-se de um paradigma para entender as

organizações que passam a trocar entre si, diante de uma visão integrativa, cujo

objetivo é atender ao consumidor. Nesse sentido, Dhanaraj e Parkhe (2006)

descrevem o fenômeno de redes pelo mapeamento de conexões entre atores e

oferecem indicadores de compreensão e análise estrutural como densidade dos

relacionamentos e centralidade de atores. Pode-se tomar como exemplo, a

integração de atores públicos e privados, que se unem por objetivos comuns e

mantêm uma relação de interdependência entre si, compartilhando recursos e

formando uma rede complexa com várias interações. Na construção de parceria,

como exemplificada, seria esperada maior capacidade na solução de problemas e

maior propensão ao desenvolvimento dos processos integrativos entre os atores

envolvidos, o que resulta em maior capacidade de alcance de objetivos, como

obtenção de valor social e remuneração de capital.

A literatura sobre parcerias, processos cooperados, integração entre órgãos

públicos e empresas privadas pode ser considerada modesta ou pouco

representativa, restringindo-se basicamente à discussão sobre parcerias público-

privadas, conforme pôde-se perceber pela pesquisa bibliográfica realizada. Desta

forma, a compreensão desses processos sob a abordagem de redes potencialmente

se constitui uma perspectiva de estudo que pode oferecer informação adicional,

compreensão e eventual base de mapeamento e prescrição de alternativas na

decisão de movimentos estratégicos orientados para a competitividade do arranjo

interorganizacional. A revisão da literatura explorada nesse trabalho será discutida

no capítulo 2, tópico 2.1.

15

A presença de parcerias que poderiam ser admitidas como inusitadas há duas

décadas, constituídas pela presença de órgãos públicos de natureza política,

empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, vem se constituindo numa

realidade cada vez mais presente. Embora os interesses coletivos não pareçam ser

absolutamente convergentes, a vitalidade que essas articulações têm demonstrado

sugerem a existência de algum tipo de sustentação em resultados que atendem aos

interesses dos diferentes agentes envolvidos. O presente estudo se orienta para a

pesquisa desse tipo de arranjo resultante da integração de órgãos públicos,

empresas privadas, sociedade civil e terceiro setor.

1.1 Problema de pesquisa

O tema da pesquisa é organizações em redes. Trata-se de um recorte do

conhecimento científico chamado Administração que consiste no estudo de redes

constituídas por organizações de diferentes setores atuando conjuntamente.

A operação de arranjos decorrentes de parcerias ou processos cooperados

entre órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil tem sido

abordada pelas perspectivas racional econômica, social e sociedade em redes. Essa

compreensão do fenômeno, em geral, não oferece informações ou explicações

sobre fatores condicionantes do desenvolvimento e manutenção desse tipo de

articulação entre os agentes (potencialmente associados a motivações sociais,

políticas e/ou econômicas dos atores).

O problema abordado na presente investigação pode ser descrito como o

levantamento e/ou compreensão sobre fatores de sustentação e de evolução da

cooperação e gestão de parceria e/ou processos de ação cooperada entre os atores

estudados: órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil e, de

que forma essa estrutura dinâmica, sob a perspectiva da teoria de redes, pode

assegurar maior entendimento sobre os resultados obtidos.

1.2 Questão de pesquisa

Partindo-se da proposta de investigação da operação integrada entre órgãos

públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, a perspectiva de redes

interorganizacionais pode oferecer avanço na compreensão do funcionamento desse

16

arranjo dinâmico e cada vez mais presente como alternativa de desenvolvimento

social, econômico e político.

Orientando-se o presente trabalho para a expansão, em alguma medida, do

entendimento sobre esse tipo de articulação, optou-se pela adoção da seguinte

questão de pesquisa: quais são os fundamentos das relações de integração e

operação conjunta entre órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e

sociedade civil sob a perspectiva de redes?

1.3 Objetivo geral

O presente estudo tem por objetivo a pesquisa em redes com foco no

relacionamento entre os atores de diferentes naturezas que compõem a rede e

contribuir para o avanço da compreensão da integração e operação conjunta dos

processos entre os agentes investigados (órgãos públicos, empresas privadas,

terceiro setor e sociedade civil). Neste sentido, o reconhecimento de motivações e

dificuldades inerentes a esse processo integrativo aparentemente incorpora a

compreensão articulada de objetivos sociais, econômicos e políticos, como

fundamento potencial dessa relação.

1.4 Objetivos específicos

A presente pesquisa busca fornecer subsídios necessários por meio de

ferramentas adequadas para encontrar e compreender os objetivos comuns para o

desenvolvimento das relações entre os atores envolvidos numa rede

interorganizacional. Dessa forma, os seguintes objetivos específicos foram

considerados como produtos da pesquisa:

1) Inventário das variáveis presentes na integração e operação conjunta

para cada um dos agentes envolvidos no arranjo;

2) Avaliação comparativa das variáveis para cada um dos agentes

identificando convergência e divergência;

3) Inventário e análise dos fatores condicionantes na manutenção do

relacionamento existente entre os atores da rede interorganizacional.

17

1.5 Justificativa

A proposta da pesquisa se justifica pelo fato do estudo das parcerias ou redes

de cooperação entre órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade

civil, considerados agentes de naturezas distintas, poderem gerar benefícios para

todos os envolvidos, sendo eles: social, econômico e/ou político.

O presente estudo busca contribuir para o crescimento, desenvolvimento e

melhoria de contextos semelhantes e compatíveis. A contribuição é pautada em

aperfeiçoamento de processos de operações existentes para melhoria do

relacionamento entre os atores de uma rede interorganizacional, como a integração

e operação conjunta em redes baseadas em processos cooperados e com agentes

envolvidos distintos, podendo conduzir à entrega de valores social, econômico e

político relevante.

O processo mencionado pode ser chamado de círculo virtuoso, ou seja, trata-

se de um procedimento que se retroalimenta, e que pode potencializar o interesse

de novos atores para fazerem parte da rede interorganizacional, ao criar a entrega

de valores e resultados diversos para os envolvidos.

18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica foi construída para atender aos temas centrais do

presente trabalho, cujo objetivo pode ser descrito como uma contribuição ao

entendimento de parcerias entre agentes de setores distintos, comparáveis em

algumas dimensões às parcerias público-privadas sob a perspectiva de redes. A

revisão teórica está dividida em cinco blocos temáticos: (1) Revisão bibliográfica; (2)

Redes: conceito e estrutura; (3) Redes: gênese e evolução; (4) Paradigmas de

redes; (5) Políticas públicas, parcerias público-privadas e redes; (6) Abordagem

conceitual: síntese; e (7) Objeto de pesquisa.

2.1 Revisão bibliográfica

Foi realizada uma revisão bibliográfica com o objetivo de analisar a literatura

existente em trabalhos recentes que tratam do tema: integração e operação conjunta

entre órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil sob a

perspectiva de redes, abordando redes de negócios e parcerias público-privadas

como ponto de partida.

As pesquisas foram realizadas em base de dados de literatura científica,

como SCIELO (Scientific Eletronic Library Online) e SPELL (Scientific Periodicals

Eletronic Library).

Ao final da busca realizada, 20 foram os trabalhos que atenderam aos

critérios de pesquisa, no período entre 2010 e outubro de 2015, com as seguintes

palavras-chave: parcerias público-privadas, redes de negócios, operação conjunta e

integração. Na Tabela 1 apresenta-se esquematicamente o resultado da pesquisa

bibliográfica realizada na base de dados Scielo, na qual foram encontrados 12

trabalhos sobre os assuntos pesquisados por meio da combinação das palavras.

19

Tabela 1 – Pesquisa bibliográfica na base de dados Scielo

SCIELO (www.scielo.org)

PALAVRAS-CHAVE TOTAL INTERVALO

5 anos Parcerias público-privadas

10 2010-2015

Redes de negócios

Pública 1 2010-2015

Redes de negócios

Privada 0 2010-2015

Redes de negócios

Operação 1 2010-2015

Operação conjunta

0 2010-2015

Operação conjunta

Parcerias Integração 0 2010-2015

Integração Operação 0 2010-2015

TOTAL 12

Fonte: Autora (2016).

Na Tabela 2 apresenta-se esquematicamente o resultado da pesquisa

bibliográfica realizada na base de dados Spell, na qual foram encontrados oito

trabalhos sobre o assunto pesquisado, com a combinação das mesmas palavras-

chave: parcerias público-privadas, redes de negócios, operação conjunta e

integração.

Tabela 2 – Pesquisa bibliográfica na base de dados Spell

SPELL (www.spell.org.br)

PALAVRAS-CHAVE TOTAL INTERVALO

5 anos Parcerias público-privadas

8 2010-2015

Redes de negócios

Pública 0 2010-2015

Redes de negócios

Privada 0 2010-2015

Redes de negócios

Operação 0 2010-2015

Operação conjunta

0 2010-2015

Operação conjunta

Parcerias Integração 0 2010-2015

Integração Operação 0 2010-2015

TOTAL 8

Fonte: Autora (2016).

20

Durante a pesquisa realizada nas fontes referenciadas encontrou-se cerca de

duzentos trabalhos abordando parcerias público-privadas. Entretanto, a perspectiva

dominante desses artigos limitava-se a discussões envolvendo a legislação federal

associada e geralmente estavam vinculados à área da saúde, inviabilizando o

aproveitamento de seu conteúdo para a investigação a que se propõe este trabalho.

Foram realizadas, também, pesquisas na base de dados internacionais DOAJ

- Direct of Open Acess Journals nas quais foram encontrados 102 artigos utilizando-

se como base a combinação das palavras acima referenciadas, dos quais 11 artigos

sobre redes de negócios, 81 artigos relacionados a parcerias, nove artigos

pertinentes à operação conjunta e um artigo referente à parceria e integração,

portanto, nenhum deles refere-se, especificamente, à parceria ou operação conjunta

e integração sob a perspectiva de redes.

Ainda, quanto a pesquisas em banco de dados internacionais, foram

encontrados dentre artigos, reportagens e entrevistas, 8 publicações na base de

dados que contempla todos os jornais do mundo – Press Reader em 14 de junho de

2016 nos principais jornais dos Estados Unidos da América, sendo 6 delas

referentes a redes de negócios e 2 relacionados a parcerias privadas.

2.2 Redes: conceitos e estrutura

Foram apresentados diversos conceitos sobre redes de negócios por

Hoffman, Molina-Morales e Martinez-Fernandes (2004):

Os trabalhos de Miles e Snow (1986), Thorelli (1986), Jarillo (1988) e posteriormente Powell (1990) levaram à construção de uma terminologia própria. Nas palavras de Miles e Snow (1986), uma rede de empresas é a combinação única de estratégia, estrutura e processo de gestão ao qual se refere. No conceito de Thorelli (1986), uma rede de empresas é o que há de intermediário entre uma simples empresa e o mercado, isto é, duas ou mais empresas as quais, através da intensidade de sua interação, constituem um subconjunto de um (ou vários) mercado (s). Generalizando, uma rede pode ser vista como posições ocupadas por empresas, famílias, ou unidades estratégicas de negócio, inseridas em contextos diversificados, associações comerciais e outros tipos de organizações. Jarillo (1988) descreve as redes como sendo acordos de longo prazo, com propósitos claros, entre empresas distintas mais relacionadas, que permitem àquelas empresas estabelecer ou sustentar uma vantagem competitiva frente às empresas presentes fora da rede. Powell (1990) escreve que as redes são o caminho intermediário entre as estruturas competitivas de mercado e a posição individual ocupada pela empresa, e as hierarquias presentes nas relações entre as partes (HOFFMAN, MOLINA-MORALES e MARTINEZ-FERNANDES, 2004, p.105).

21

Apesar da utilização do termo rede de forma mais habitual atualmente, o

conceito é usado desde a década de 1930, em diferentes áreas do conhecimento.

Segundo Mitchell (2009) e Fombrun (2004), redes de negócios é um conceito

utilizado de maneira multidisciplinar, sendo aplicado em diversas áreas da ciência,

com objetivos distintos. Em ciências sociais, no estudo das relações

interorganizacionais, evidencia-se a estrutura e os padrões da rede, abordando as

organizações como um sistema de relacionamentos variados entre pessoas ou

grupos ao longo do tempo (TICHY, TUSHMAN e FOMBRUN, 1979). Fombrun (1992)

define rede como um conjunto de nós e as relações que os unem.

Segundo Nohria (1992), tendo em vista a perspectiva de redes, existem cinco

premissas básicas, a saber: (1) As organizações são consideradas redes sociais e

precisam ser abordadas e analisadas como tal. O autor sugere que o centro da

análise deve ser nos relacionamentos entre os atores; (2) As organizações mantêm

relações com fornecedores e concorrentes ao mesmo tempo, o que pode ser

considerado benéfico para todos os envolvidos; (3) Os resultados obtidos podem ser

melhores desde que se tenha conhecimento de quem é quem na rede, ou seja, sua

posição e papel; (4) A rede implica em uma estrutura e processo que se

intercambiam por meio de relações sistêmicas, determinando ações e sendo

determinadas por elas. (5) Sob a perspectiva de redes, pouco importa quem são os

atores envolvidos, devendo ser consideradas as características do relacionamento e

os laços formados, pois poderão garantir ou não o sucesso da rede.

Segundo Gulati (1998) algumas organizações não operam de forma isolada,

mas por meio de alianças estratégicas com demais agentes e organizações,

incluindo clientes, fornecedores e concorrentes, que pressupõe o compartilhamento,

a troca e o desenvolvimento conjunto de tecnologia, produtos ou serviços. Vários

são os estudos na área de redes interorganizacionais, vistas sob o prisma de

sistemas de cooperação e confiança (GIGLIO, PUGLIESE e SILVA, 2012; KRAUSZ,

1988).

Tendo em vista a estruturação das empresas em rede que desenvolve ações

conjuntas, os atores envolvidos obtêm ganho de produtividade se comparados às

organizações que se mantêm isoladas em um determinado sistema econômico

(MARSHALL, 1982).

Diante do grande número de cadeias de relacionamentos das organizações,

percebe-se que a empresa que atua de forma individualizada está cada vez mais

22

escassa (GRANOVETTER, 1985; GULATI e SINGH, 1998). As organizações

buscam o melhor desempenho e se pautam no gerenciamento dos recursos

existentes, cujo objetivo é a sustentabilidade e o crescimento da própria organização

(DYER, 1996).

Conforme Grandori e Soda (1995), os estudos de redes, pautados nos fatores

que influenciam a formação dessa estrutura organizacional, podem ser realizados

sob as seguintes perspectivas: econômica, organizacional e social. O importante na

estrutura de redes é a interação e operação conjunta entre os atores envolvidos que

terá como resultado a entrega de valor social e valor econômico.

Morgan (1980) entende que os atores inseridos num determinado grupo,

considerado como rede tem o comportamento atrelado diretamente aos

relacionamentos sociais. Pressupõe, ainda, a existência real e concreta de uma

sociedade que produz um estado de coisas ordenado e regulado.

Conforme afirmação de Nohria e Eccles (1992), atualmente todas as

organizações estão em rede, ligadas por algum tipo de relacionamento, seja ele

formal ou informal, com finalidade social ou econômica. A cooperação

interorganizacional é sustentada por uma combinação de mecanismos existente na

própria rede de negócio (GRANDORI e SODA, 1995).

Todeva (2006) considera redes de negócios como estruturas

socioeconômicas, que estabelecem relações sociais entre as pessoas, alinha

estratégias, compartilha recursos e interage entre as organizações conectadas entre

si.

Conforme apresentado graficamente na Figura 1, posições dos atores na

rede, assim como configurações estruturais assumidas alteram e fornecem

informações relevantes sobre a operação e a dinâmica da rede, e oferecem ainda

dados importantes quanto ao papel dos atores.

A Figura 1 apresenta as características estruturais que identificam as

propriedades de redes apresentadas por Tichy, Tushman e Fombrun (1979). Ainda

na mesma figura, cada ponto corresponde a um ator e a linha entre dois pontos

significa a representação gráfica das conexões entre atores. Essa representação

oferece exemplos de papéis e/ou posições de atores na rede: (1) hub: ator que liga a

rede a domínios externos; (2) estrela: ator com maior número de nominações; (3)

ponte: ator membro de múltiplos subgrupos de rede; e (4) isolado: ator separado da

rede. Embora a figura não retrate, algumas linhas/conexões podem receber

23

destaque para indicar a natureza da ligação (ou laços). Arbitrariamente, em função

do escopo adotado para rede, pode se utilizar linhas tracejadas com objetivo de

delimitação dos domínios interno e externo.

Figura 1 – Estrutura em redes

Fonte: Adaptado de Arten (2013, p.35) e Tichy, Tushman e Fombrun (1979, p.508).

Com relação à análise estrutural das redes de negócios alguns conceitos são

considerados fundamentais, como a nomenclatura dos elementos que compõem a

rede, além das medidas utilizadas nos estudos, que também servem para

mensuração e estudo de fenômenos de abrangência interdisciplinar.

Tichy et al. (1979) apresentam três grupos de propriedades das redes, quais

sejam: (1) conteúdo transacional, que comunica o tipo de informação trocada entre

os atores; (2) natureza dos laços, que qualifica as ligações entre os atores; (3)

características estruturais, que classificam a rede formada pela visão das ligações

diversas entre os atores, conforme Quadro 1.

24

Quadro 1 – Propriedades das redes de negócios

Fonte: Adaptado de Tichy, Tushman e Fombrun (1979).

PROPRIEDADE EXPLICAÇÃO

A

- C

on

teú

do

da

tran

saçã

o

Qu

atro

tip

os

de

tro

cas

1 – Troca de afeto

2 – Troca de influência ou poder 3 – Troca de informação

4 – Troca de produtos ou serviços

B

- N

atu

reza

das

liga

çõe

s

A força das relações entre indivíduos

O grau pelo qual uma relação é percebida ou combinada de comum acordo, pelas partes do relacionamento (isto é, o grau de simetria).

O grau de expectativas de um ator sobre o comportamento do outro ator ao qual está ligado.

O grau que mede as vias ou papéis sociais pelos quais um ator está ligado a outro, como amizade, trabalho, esporte, vizinhança, entre outros.

C -

Car

acte

ríst

icas

est

rutu

rais

Quantidades de atores da rede

Valor obtido dividindo-se a quantidade de ligações existentes em uma rede pelo número de ligações possíveis matematicamente.

O número de regiões densas na rede.

O número de laços externos de uma rede dividido pela quantidade matematicamente possível de ligações externas.

O grau pelo qual os padrões de uma rede mudam ao longo do tempo.

A média do número das ligações entre atores, obtida pela quantidade de ligações pela quantidade de atores na rede.

O grau que mede o quanto as ligações seguem um padrão hierárquico

1 - Intensidade

2 - Reciprocidade

3 – Clareza de expectativas

4 - Multiplexidade

1 – Tamanho

2 – Densidade (Conexões)

3 - Clusterizações

4 - Abertura

5 - Estabilidade

6 - Acessibilidade

7 - Centralidade

8 - Estrela

9 - Ligação

10 - Ponte

11 – Porteiro (Hub)

12 - Isolado

O ator com o maior número de indicações (mais conhecido).

Um indivíduo que não é membro de um cluster, mas que liga dois ou mais clusters.

Um indivíduo que é membro de um número importante de clusters na rede de negócios (elemento de ligação).

Um ator tipo estrela, mas que também liga a rede a domínios externos.

Um indivíduo que está separado da rede.

25

A estrutura das redes pode ser definida de forma centralizada,

descentralizada e distribuída, conforme observa-se na Figura 2. Na estrutura

centralizada todos os contatos da rede são centralizados em um único nó, enquanto

na estrutura descentralizada existe a formação de aglomerações que apresentam

nós que concentram os laços. Por fim, a rede distribuída possui uma distribuição

uniforme de conexões, não existindo uma formação visível de concentração de laços

em um único nó (BARAN, 1964).

Figura 2 – Tipos de redes

Fonte: Baran (1964).

A centralidade tem papel fundamental, pois pode ser utilizada como forma de

compreensão da influência de um determinado ator na rede e auxiliar no

entendimento da operação, da distribuição de informação, da capacidade de

inovação e da topologia da rede (BORGATTI, 2005).

Na Figura 3 pode-se perceber o grau de centralidade entre os atores

envolvidos, por exemplo: o ator C tem grau 3 de entrada e grau 1 de saída, ou seja,

ele recebe nominação de três atores da rede e nomina um dos atores da mesma

rede.

(1) Centralizada (2) Descentralizada (3) Distribuída

26

Figura 3 – Exemplo de grau de centralidade

Fonte: Alejandro e Norman (2005).

São quatro os tipos de medidas de centralidade, quais sejam: (1) grau de

conectividade; (2) proximidade; (3) intermediação e (4) poder da conectividade.

Borgatti (2005) define grau de conectividade como sendo a centralidade de um nó

da rede que pode ser medida conforme a quantidade de conexões que saem ou

chegam nele. Segundo Freeman, Roeder, Mulholland (1979), a centralidade por

proximidade considera o trajeto entre dois pontos quaisquer da rede, cujo valor

equivale ao número de nós existente neste percurso.

A centralidade do nó será maior ou menor dependendo da distância média

entre ele e os demais nós da rede (Figura 4). A centralidade por intermediação,

conforme Freeman; Borgatti, White (1991), baseia-se na quantidade de ligações

vinculadas a um nó. O conceito de centralidade pode ser associado ao constructo de

poder. Bonacich (1987) sugere que o poder de um ator pode ser aproximado pela

compreensão integrada das centralidades dos atores diretamente relacionados ao

primeiro.

Figura 4 – Exemplo de índice de centralização

Fonte: Alejandro e Norman (2005).

27

A análise de redes de negócios pode ser realizada considerando: o nível dos

atores, o nível dos relacionamentos e o nível da rede como um todo. Os

relacionamentos podem ser chamados de laços ou ligações, que representam troca

de informações e processos, e podem acontecer de maneira formal ou informal

(TODEVA, 2006).

Neste sentido, o formato organizacional de redes é composto de atores

ligados entre si. Os atores são as empresas e as ligações entre elas que podem ser

mais fortes ou mais fracas. Quando a ligação é considerada mais fraca, existe o

indício de que ainda não houve a emergência da rede (CASTELLS, 1999; NOHRIA e

ECLES, 1992).

Segundo Burt (1995), Dyer e Nobeoka (2000) e Granovetter (1973), a

intensidade de um laço pode ser medida de diversas formas: pelo tempo de

relacionamento, intensidade, confiança mútua e reciprocidade, todos analisados em

conjunto. Os laços fortes são caracterizados por relações mais intensas e confiáveis,

sendo frequente a troca de informações. Assim, pode-se compreender que existe a

presença de empresas com cultura e níveis de conhecimento similares. Os laços

fracos também têm a sua importância, mesmo que numa proporção menor de

interação, os resultados para os atores são benéficos e favorecem a inovação e

expansão da rede.

O fenômeno de buracos estruturais se dá com o agrupamento de nós,

tornando a disseminação de informação mais satisfatória, além de diminuir a

redundância de ligações entre os nós da rede (BURT e CELOTTO, 1992).

O que determina o formato de uma rede é o fluxo de negócios e a natureza do

relacionamento existente entre os atores e podem ser verticais e horizontais ou

ainda formais e informais (MARCON e MOINET, 2000). Os autores esclarecem que

redes verticais são como uma hierarquia baseada no grau de formalidade

estabelecido nas relações entre negócios, como as cadeias de suprimento. As redes

horizontais, nas quais os processos cooperativos são relativamente mais presentes,

envolvem com frequência compartilhamento de recursos, riscos e mercados, não

demandando necessidade importante de formalização entre negócios.

A opção de abordagem do arranjo estabelecido pela parceria entre órgãos

públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, sob a perspectiva de

redes impõe a necessidade de uma concepção clara desse conceito. Ortigara e

Caron (2011) e Zaccarelli et al. (2008) entendem rede como um sistema resultante

28

da integração orgânica entre diferentes agentes na qual o resultado agregado é

superior à soma dos resultados obtidos em atuações independentes dos mesmos

atores; nesse sentido, união e cooperação das organizações envolvidas conduzem a

benefícios objetivados por essas por meio de soluções coletivas de

compartilhamento de recursos e desenvolvimento conjunto de processos inovativos.

2.3 Redes: gênese e evolução

Zaccarelli et al. (2008) indicam a presença de redes de negócios desde a

criação da Companhia das Índias Ocidental, no início do século XVII, explicando que

o fenômeno não é novo, sendo observado com a regularização do comércio entre as

Colônias e a Europa.

Nos últimos vinte anos é crescente o número de estudos referentes à

competitividade das empresas por meio da cooperação ou devido à configuração

econômica desenvolvida por elas em determinados locais, as redes de negócios

(VECCHIA, 2008). O conceito de redes passou a ser utilizado por diversos

pesquisadores para definir o fenômeno da cooperação interempresarial.

Diante do entendimento citado, Balestrin e Verschoore (2008) conceituam

redes como sendo a união de empresas que tem por objetivo a busca por um

diferencial competitivo com foco em assegurar condições de desenvolvimento em

atuação conjunta para a obtenção de vantagens diante de um mercado com nível

concorrencial elevado.

As novas estratégias empresariais passam a compreender a formação de

redes entre as empresas com o objetivo de garantir a sobrevivência e a

competitividade, por meio de uma nova forma de relacionamento e de arquitetura

organizacional entre os envolvidos (OLAVE e AMATO NETO, 2001). Este conjunto

de ações realizado de forma consciente, inteligente e organizada torna as empresas

progressivamente mais competitivas ao longo do tempo (ZACCARELLI et al., 2008).

É possível entender a rede interorganizacional formada por empresas com

objetivos comuns e pressupõe-se que as que integra uma rede dependem umas das

outras para sobreviver, compartilhando e negociando serviços, produtos e recursos

(BASTOS e SANTOS, 2007).

Com o passar dos anos, o fenômeno de redes passa a ter maior visibilidade e

ganham força com a situação atual, marcada por mudanças de diferentes naturezas.

29

As transformações ocorridas em âmbitos distintos, mas principalmente em níveis

tecnológicos e comportamentais, favorecem a atuação em grupos e contribui para a

formação de redes, cujos atores são conectados por objetivos comuns,

compartilham processos, ideias, recursos e conhecimento e podem obter mais

vantagens competitivas e de sobrevivência (TICHY, TUSHMAN e FOMBRUN, 1979).

A evolução de redes de negócios está relacionada ao crescimento das

organizações que se dá em decorrência do acúmulo dos recursos da rede, sobre os

quais elas não têm domínio completo e que de forma isolada não conseguiriam ter

acesso (HITE, 2005). Os laços formados nas redes verticais pressupõem uma

diminuição nos custos de transação (WILLIAMSON, 1975) e os níveis de fidelização

nas relações entre os atores gera maior cooperação e contribui para a evolução das

redes interorganizacionais (ZACCARELLI et al., 2008).

As redes evoluem e um dos resultados que caracterizam esse processo é o

crescente ganho de competitividade do grupo uma vez que as organizações seguem

um fluxo lógico e contínuo de alinhamento e orientação. A evolução se pauta na

auto-organização e na capacidade adaptativa dos atores (ZACCARELLI et al.,

2008).

Diante da evolução dos conceitos e aplicações de redes, Candido, Goedert e

Abreu (2000) adaptaram as categorias que envolvem os conceitos de rede à

perspectiva organizacional de Nohria e Eccles (1992), conforme apresenta a Figura

5.

30

Figura 5 – Perspectiva teórica de redes

Figura 6 – Perspectiva teórica de redes Figura 6 – Perspectiva teórica de redes

TEORIA DE REDES

Fonte: Adaptada de Candido, Goedert e Abreu (2000) da proposta original de Nohria e Eccles (1992).

REDES SOCIAIS

SOCIOLOGIA ANTROPOLOGIA PSICOLOGIA BIOLOGIA MOLECULAR TEORIA DE SISTEMAS

INTERAÇÃO RELACIONAMENTO AJUDA MÚTUA COMPARTILHAMENTO INTEGRAÇÃO COMPLEMENTARIDADE

Redes interorganizacionais Bilateral / Multilateral Homogênea / Heterogênea Formal / Informal

Redes interorganizacionais Bore, Grandi e Lorenzi, 1992

Redes nterorganizacionais (Características da sua cadeia de valor e do processo produtivo)

REDES

ALIANÇAS

*Redes flexíveis de PMEs (Redes de Subcontratações) *Redes de inovação *Redes de relacionamento *Redes de informação *Redes de comunicação *Redes de pesquisa

*De fornecimento *De posicionamento *De aprendizado

*Estratégia *Vertical *Horizontal *Transacional

Joint venture Consórcios Acordos cooperativos Fusões e aquisições Franchising Organização virtual Clusters Etc.

TEORIA DE REDES

31

A Figura 5 evidencia a perspectiva teórica de redes e mostra como a teoria de

redes envolve diferentes campos do conhecimento e de processos de construção,

desenvolvimento e integração de seus agentes. Ela pode ser vista sob diferentes

perspectivas, desde redes constituídas de maneira intencional até redes resultantes

de integração espontânea e redes como uma estratégia organizacional, como é o

caso de alianças e das redes formais e/ou informais. O termo redes é amplo e

envolve processos de interação e relacionamento em diversas áreas do

conhecimento científico, como: sociologia, antropologia, psicologia.

No processo de evolução sobre o avanço do conhecimento de redes é

importante considerar as diversas perspectivas e campos do conhecimento que

abordam o tema, além dos processos envolvidos. O arranjo interorganizacional

compondo setores e atores distintos pode ser entendido como uma rede, pois

atende às características que identificam uma rede em operação, como:

complementaridade, integração de soluções, comportamento emergente,

aprendizado e confiança.

2.4 Paradigmas de redes

O estudo de redes pode ser realizado do ponto de vista de três abordagens:

racional econômica, social e sociedade em rede. Na abordagem racional econômica,

os objetivos estão centrados no aspecto econômico e processual e o planejamento

da rede tem um fim específico. As alianças que Gulati e Gargiulo (1999) propõem

podem ser citadas como exemplos (alianças estratégicas com outros agentes e

organizações, incluindo clientes, fornecedores e concorrentes). Nesta abordagem, o

objetivo das empresas envolvidas é estabelecer relacionamentos para lograrem

êxito e obterem melhor resultado financeiro.

Segundo Giglio (2010), a formação de rede, sob a perspectiva do paradigma

racional econômico, tem por objetivo a obtenção de redução de custos e acesso à

informação e recursos. Trata-se de uma espécie de decisão planejada de forma

estratégica, tendo em vista as mudanças ocorridas no ambiente devido às condições

de competição.

Apesar da parceria na rede, cada ator integrante e envolvido continua

mantendo a sua ‘soberania organizacional’ (LOPES e BALDI, 2009). Diante de um

novo cenário com mercados cada vez mais globalizados e nos quais as operações

32

de gestão ganham novas perspectivas, torna-se difícil identificar onde termina a

concorrência e começa a cooperação, ao se misturar clientes e fornecedores

(WOOD Jr. e ZUFFO, 1998). Com o objetivo de reduzir custos, otimizar prazos e

potencializar o valor percebido pelo cliente, frequentemente é preciso romper

barreiras entre departamentos para que o modelo possa ter sucesso (WOOD Jr. e

ZUFFO, 1998), tornando as áreas de marketing, logística e produção cada vez mais

próximas (BALLOU, GILBERT e MUKHERJEE, 2000).

Segundo Lambert e Cooper (2000), a gestão de negócios entrou na era da

competição entre redes, ou seja, uma rede da cadeia de suprimento contra outra

rede da cadeia de suprimento em um ambiente de cooperação, cujo objetivo é a

minimização de custos por meio do sistema (FISHER, 1997); as organizações, na

visão de sociólogos organizacionais, estabelecem ligações para controlar incertezas

ambientais e satisfazer as suas necessidades de recursos em um parceiro, ou seja,

ator integrante da mesma rede de negócios (GULATI e GARGIULO, 1999).

As redes de negócios têm a capacidade de coordenar e promover inovações

de produtos e serviços a custos reduzidos, o que não seria obtido caso as empresas

desenvolvessem as inovações de forma isolada (KOGUT, 2000; WESTERLUND e

RAJALA, 2010). A formação em redes pressupõe a redução do tempo necessário

para levar ao mercado estes novos produtos (GANESAN, MALTER e

RINDFLEISCH, 2005). As redes possuem capacidade de aumentar o valor das

firmas que as constituem e isso é uma fonte esquecida de recursos (KOGUT, 2000).

Na abordagem social, as características principais são as relações existentes

entre os atores, pautadas em variáveis como confiança e comprometimento. Nem

todos os atores estão conectados, mas por outro lado, alguns se unem por múltiplas

relações (TICHY, TUSHMAN e FOMBRUN, 1979). Ao mesmo tempo que os laços

fortes trazem maiores benefícios à rede, podem, por outro lado, restringir a inovação

com o surgimento de novas ideias, tendo em vista que esses atores se encontram

numa situação estável, o que pode implicar em problemas para os envolvidos na

rede (GRANOVETTER, 1983).

O paradigma social esclarece que a relação das empresas implica na

associação do capital social com o desempenho daquelas que estão

interconectadas. É fundamentada na premissa de que o comportamento da

economia é resultado das relações sociais (GRANOVETTER, 1985). Apesar da

teoria de custos de transação proposta por Williamson (1975) não considerar a

33

relação de confiança e reciprocidade entre os atores, as redes de relacionamentos

sociais fazem com que as relações econômicas se estendam além das limitadas

relações financeiras.

Na mesma linha de raciocínio, Uzzi (1996) e Helper (1991) afirmam que a

presença de confiança auxilia no aumento do capital social entre as empresas que

mantêm relacionamento econômico, diminuindo custos de transação, por meio da

redução de riscos e incertezas.

Ainda sobre o paradigma social, Tichy, Tushman e Fombrun (1979) afirmam

que as redes de negócios se desenvolvem por meio da teoria dos sistemas sociais,

na qual se investiga a interação das condições e dos processos organizacionais que

afetam o comportamento dos atores. Granovetter (1985) sugere aplicações

organizacionais, desde análises que envolvem poder e processos políticos, até

questões econômicas em seus argumentos sobre resultados de empresa e sua

imersão em redes de negócios.

Quanto ao paradigma da sociedade em rede, Castells e Cardoso (2005)

afirmam que as pessoas passaram a interagir mais em um novo cenário, com o

surgimento de novas tecnologias e a internet, criando uma nova forma de

organização social baseada em redes e interligada pelas redes de comunicações

digitais, o que chamou de ‘sociedade em rede’. Esse novo formato de sociedade

apresenta elevado poder de flexibilidade e adaptação, transcendendo fronteiras

entre países, manifestando-se de diferentes formas, de acordo com a história, a

cultura e as instituições de cada sociedade.

Castells (2000), Klein (2003) e Ozcan (2004) defendem que a sociedade em

rede se caracteriza e se fundamenta pela presença de atributos como: cooperação,

confiança e comprometimento, tendo em vista que a troca entre os atores das redes

de negócios é cada vez mais relacional. Castells (2000) afirma, ainda, que as

estruturas sociais nascem com os seres humanos em conflito e em busca de

interação, formada pelas relações de produção, consumo, experiência, poder,

cultura e tecnologia.

Powell (1990) afirma que as vantagens obtidas pelos atores que atuam em

rede independem do tipo de abordagem. A geração de poder e influência, além do

acesso às novas informações e maior competitividade, “a retórica de redes como

uma forma de organização é uma tentativa de atenção no centro totalmente distinto

da ação coletiva (em redes), que permite a cooperação a ser sustentada em longo

34

prazo” (POWELL, 1990, p.301). Portanto, o paradigma da sociedade em redes não

oferece, para o trabalho, uma abordagem metodologicamente instrumentalizada

para a pesquisa a que se propõe.

A Figura 6 exibe simplificadamente a síntese dos paradigmas racional

/econômico, social e sociedade em redes.

Figura 6 – Paradigmas de pesquisa em redes

Fonte: Adaptado de Giglio e Sacomano (2014).

2.5 Políticas públicas, parcerias público-privadas e redes

O conceito de redes de políticas públicas apresenta uma vasta diversidade e

é reconhecida por alguns autores, como Borzel e Kickert, Klijn e Doppenjan (2007).

Borzel cita que essa diversidade de conceitos remete à ideia de desordem ou

confusão conceitual (BORZEL, 1998; KICKERT et al., 1997). Nesse sentido, o

conceito do termo redes de políticas públicas apresenta alguns pontos em comum,

como: variada gama de atores no processo de políticas públicas com capacidade

para influenciar seus resultados (KICKERT et al., 1997; ADAM e KRIESI, 2007).

Segundo Borzel (1998), redes de políticas públicas compreendem diversos

atores que compartilham interesses comuns e trocam recursos entre si para o

35

alcance dos interesses referentes à política. A relação se apresenta relativamente

estável com natureza interdependente e não hierárquica entre os atores envolvidos

e a cooperação é reconhecida como o meio mais apropriado para alcançar os

interesses que se busca. Adam e Krieski (2007) afirmam que os processos de

políticas públicas são controlados por atores públicos e privados, ou seja, diversas

são as naturezas dos atores que atuam nesse tipo de rede.

As redes de políticas públicas podem ser abordadas por duas escolas

distintas: alemã e anglo-saxã. A escola alemã considera as redes de políticas

públicas como uma forma de governança entre atores públicos e privados, enquanto

a escola anglo-saxã as compreende como uma maneira de interação entre grupos

de interesse e o Estado (BORZEL, 1998).

Borja (1997) afirma que o momento histórico é marcado pela descentralização

política e pelo aumento de demandas sociais distintas que não são satisfeitas pelo

poder público. Nesse contexto, a sociedade deixa de ser vista como receptora

apenas e passa a ser um ator importante no processo de consolidação de políticas

públicas que visam o seu bem-estar. Diante desse cenário, surge a necessidade de

uma articulação atuante e efetiva entre os atores públicos e privados (LOIOLA e

MOURA, 1997). Para tanto se faz necessária a criação de uma rede com um ator

central responsável por articular os diversos atores do poder público e da sociedade

civil em busca de melhorias e concretização quanto às ações públicas integradas e

que beneficiem a todos. Os autores afirmam, ainda, que a sociedade civil só

conseguirá exercer o papel de cogestora nas políticas públicas com a propagação

da democracia.

Assim sendo, o poder público passa a ter o desafio de repensar as formas de

gerenciamento que possui, promovendo propostas e ações que incluam a sociedade

civil e empresas privadas, ou seja, tendo uma gestão participativa e democrática no

processo de elaboração e implementação de políticas públicas. Esse novo modelo

de gestão pode ser entendido como governança urbana ou interativa (FREY, 2004).

Fischer et al. (1997) afirmam que governança abrange a relação e os papéis dos

agentes envolvidos no processo, além da construção de espaços de negociação.

Kenis e Schneider (1991) identificam as redes políticas como um conjunto de

relações estáveis e contínuas, cujos atores compartilham recursos entre si,

organizando-se para a solução de uma política comum. Esse novo modelo propõe

uma gestão compartilhada entre setor público, setor produtivo e terceiro setor

36

(FREY, 2003). Fleury (2002) entende a rede política como uma solução adequada

diante de novos arranjos institucionais que pode auxiliar na administração de

projetos com recursos escassos, problemas complexos e muitos atores

interessados.

No mesmo sentido, Borzel (1998) explica que alguns resultados só serão

obtidos diante do desenvolvimento do trabalho dos atores envolvidos em uma rede

por meio de uma política pública. Burley e Mattli (1993) entendem redes políticas

como heterogêneas, ou seja, os atores envolvidos dispõem de diferentes interesses

e recursos que criam uma relação de interdependência entre eles. O conceito de

redes chama a atenção para a interação entre organizações de naturezas distintas,

mas que dependem umas das outras, coordenando as suas ações por meio de

interdependências de recursos e interesses.

Nessa direção, as parcerias no âmbito econômico podem ser entendidas

como associações comerciais ou união de empresas, que firmam um acordo entre

pessoas jurídicas que de forma livre e deliberada aceitam trocar recursos,

compartilhar experiências, desenvolver e aprimorar conhecimentos, com o objetivo

de superar desafios. Os envolvidos na parceria têm a possibilidade de usufruir de

oportunidades diversas e de interesses comuns e coletivos (RAPOSO, 2006).

Vasconcellos e Vasconcellos (2009) entendem parceria entre Estado e

organizações sociais como:

Parceria é uma forma de organização nas quais os objetivos alcançados pelos parceiros engajados dependem da existência de confiança entre eles e auto-organização. Neste contexto, os motivos da parceria não são moldados por ideais de ganhos materiais ou coerção entre os parceiros, mas por um senso comum de propósito, apoiado pela confiança entre os atores. Parceria baseada em confiança evoca a noção de parceria como um processo prolongado que resulta em um relacionamento de longo prazo entre os atores (VASCONCELLOS e VASCONCELLOS, 2009, p. 133).

Entende-se por parcerias público-privadas:

Uma articulação estável de atores mutuamente dependentes, mas funcionalmente autônoma, entre o Estado, o mercado e a sociedade civil, a qual interage orientada por conflitos negociados, ocorre num contexto institucionalizado de regras, normas, conhecimentos partilhados e imaginários coletivos; facilita a autorregulação de decisões políticas hierarquizadas, e contribui para a produção de ‘valor público’ em um sentido amplo de definição de problemas, visões, ideias, planos e regulamentações concretas que são considerados relevantes para amplas camadas da população (SORENSEN e TORFING, 2009, p.236).

37

Nelson e Winter (1982) e Zollo e Winter (2002) propõem a parceria como um

processo dinâmico de busca e seleção determinado pelo aprendizado. Entende-se

que a gestão das parcerias evolui e emerge de maneira progressiva, como resultado

do processo de aprendizado que se dá simultaneamente à sua evolução. Esse

processo possibilita o alcance dos objetivos propostos para a rede alterando-se, ao

longo do tempo, a percepção dos atores em relação aos problemas, suas

identidades e estrutura (MAHNKE, 2000).

Torfing (2005) enfatiza a interdependência entre os atores envolvidos na

parceria público-privada em termos de recursos e capacidades, mantendo cada qual

a sua autonomia e não estando sujeitos às mesmas estruturas hierárquicas. As

relações dos atores se caracterizam por sua horizontalidade e possuem consciência

de que os resultados só serão alcançados em parceria e sem poder suficiente para

impor controle sobre os demais envolvidos. Contudo, apesar do poder de imposição

de decisões aos parceiros por parte do poder público, os demais atores possuem

informações e conhecimento específicos, capital, suporte político, dentre outros.

Desta forma, a partir do momento em que os parceiros envolvidos apresentam os

recursos para o poder público esperam obter influência política, tendo em vista que o

poder público não adotará e implementará políticas contrárias aos interesses dos

demais atores envolvidos (BORZEL e PANKE, 2007).

Na parceria público-privada os interesses públicos diferem dos interesses

privados, conforme as premissas básicas: (1) o setor público apresenta um amplo

envolvimento com normas e valores; (2) as organizações públicas, por meio de seus

líderes, defendem interesses de cidadãos e eleitores, em vez de grupos específicos;

e (3) a transparência, igualdade de tratamento, imparcialidade e previsibilidade são

fatores que demandam ser enfatizados nas organizações públicas (CHRISTENSEN

et al., 2007). Assim, o governo compreende que os complexos problemas sociais

não são passíveis de resolução de forma isolada. Dependem, também, de parcerias

com demais organizações públicas, com o setor privado e com as organizações não

governamentais (ONGs).

Quanto ao interesse da iniciativa privada, ele pode ser manifestado por meio

de apresentação de propostas, estudos ou levantamentos, por pessoas físicas ou

jurídicas. Segundo Neto (2010), a manifestação de interesse abre a possibilidade de

o parceiro particular apresentar um projeto ao governo e pode o mesmo ser

realizado mediante autorização, sem que tenha sido elencado como uma prioridade.

38

Faz-se necessário esclarecer que as parcerias público-privadas previstas em

legislação federal, conforme a Lei n.º 11.079/2004, podem ser utilizadas como uma

referência importante para compreender as motivações das empresas privadas em

manter parcerias com o poder público. Porém, o presente estudo busca

compreender o processo integrativo entre organizações de diferentes naturezas

(órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil), mas que não

se caracterizam como parcerias público-privadas previstas na legislação federal

vigente.

Aparentemente, na rede estudada, os atores envolvidos apresentam

interesses e buscam benefícios diversos em firmar parcerias entre si. Os interesses

podem ser caracterizados como objetivos potenciais: (1) órgãos públicos:

apresentam interesses de natureza social, econômica e política; (2) empresas

privadas: apresentam interesses financeiro e social; (3) terceiro setor: apresentam

interesses social e político; (4) sociedade civil: apresentam interesses financeiro e

social.

Além dos interesses diferentes dos atores envolvidos na parceria público-

privada, muitas e variadas também são as formas de acordo entre eles, podendo

ser: relacionamentos formais justificados por contratos ou informais; inter ou

intraorganizacionais; deliberados ou emergentes; de curto ou longo prazo, dentre

outros (SORENSEN e TORFING, 2007).

O crescimento das parcerias entre órgãos públicos, sociedade civil, empresas

privadas e demais organizações é um fenômeno global caracterizado pela maior

fragmentação, complexidade e dinamismo da sociedade e pode ser explicado como

uma tentativa de suprir os limites e falhas do Estado ou do mercado como agentes

reguladores. Segundo Sorensen e Torfing (2007), as características mencionadas se

fundamentam no aumento da quantidade de órgãos públicos e empresas privadas

que necessitam de soluções baseadas em conhecimentos específicos e que

apresentam distintas racionalidades, procedimentos, estratégias e instituições que

levam os atores a uma maior interação, sobretudo ampliando as possibilidades de

conflitos, incertezas e riscos. Assim, surge uma forma de articulação caracterizada

pela formação de parcerias entre o setor público e o privado, acordos ou arranjos de

cooperação, alianças estratégicas e redes interorganizacionais.

Sorensen e Torfing (2007) afirmam que é preciso considerar as parcerias

como sendo espaços complexos nos quais se encontram, fundem e colidem

39

diferentes interesses, racionalidades e identidades. Este encontro acontece em um

contexto caracterizado por instituições, regras, rotinas, contratos, facilitando e

constrangendo a interação entre os atores e o alcance dos resultados, quando

consideradas as diferentes percepções entre eles.

Conforme McGuiree Agranoff (2011), entende-se que os governos deixam de

ter controle absoluto em favor de processos de negociação e articulação com outros

atores ao apoiarem-se cada vez mais em arranjos cooperativos. No mesmo sentido,

Sorensen e Torfing (2007) afirmam que este tipo de parceria permite a identificação

rápida de problemas e oportunidades para a produção de respostas, além de

agregar informações e conhecimento que qualificam as escolhas realizadas,

minimizando, desta forma, possíveis conflitos. É uma forma de trabalhar questões

políticas complexas, diminuindo a resistência e promovendo sentimento de

reciprocidade entre os atores afetados e envolvidos.

A interação entre os atores da parceria se dá em um ambiente que se

caracteriza por negociações em busca de consenso, de construção de confiança,

aprendizado e entendimento comum. O contexto compreende um cenário com

diferentes perspectivas e visões de mundo propensos a conflitos e antagonismos

(TORFING, 2005).

O entendimento do sucesso da parceria pode ser justificado por diversos

elementos, dentre eles, o relacionamento entre as instituições pautado nas

características do conhecimento dos atores envolvidos (NOTEBOOM, BERGER e

NOODERHAVEN, 1997); Dyer e Singh (1998) analisaram a influência do capital

relacional; Gulati (1995) levou em consideração a possibilidade de interações

repetitivas; Larson (1992) considerou a reputação e relacionamentos prévios, e

Powell, Koput e Smith (1996) e Simonin (1997) entendem que a experiência é um

fator importante para o alcance do sucesso na parceria estabelecida.

Gulati e Gargiulo (1999) entendem que interações prévias entre os atores

envolvidos em uma parceria podem minimizar riscos associados a futuras

transações e maximizar o interesse na formação de novos acordos. Na mesma linha

de raciocínio, Gulati (1995) afirma que a experiência em acordos firmados

anteriormente pode promover confiança e facilitar o processo que envolve a escolha

de parceiros, assim como o entendimento de suas necessidades e capacidades,

pois permite o aprendizado sobre o contexto em que as parcerias se inseriram e

sobre as especificidades dos parceiros.

40

Granovetter (2005, p. 33) propõe que ‘diferentes contextos levam a diferentes

mecanismos de controle’ e afirma que os agentes econômicos avaliam as

características do contexto em que se encontram e decidem com quem se

relacionar, atuando de forma cooperativa ou não. Para Nielsen (2010), a opção por

formação de parcerias pressupõe a presença de convergência estratégica. No

mesmo sentido, Klijn (2010) afirma que os objetivos de cada um dos agentes

precisam convergir em busca de um objetivo comum para a rede.

Lindenberg e Foss (2011) consideram a cooperação como essencial para o

alcance dos objetivos quando há o estabelecimento de parceria. A cooperação é

originária da combinação dos seguintes fatores: (1) integração entre tarefas e

desenho do time encarregado de executá-las; (2) interdependência das atividades

vinculadas ao alcance do objetivo geral da parceria; (3) estrutura de governança; (4)

sistema de recompensa; e (5) sistema de autoridade baseado em conhecimento. Os

autores entendem, ainda, que os agentes precisam se perceber como parte efetiva

na construção da parceria, com consciência de que tanto a execução das atividades

individuais como da rede devem estar ligadas aos objetivos da parceria, assim como

o estabelecimento de indicadores e metas. Tanto a integração entre tarefas como o

desenho do time relaciona-se à motivação e a sua manutenção, ao entendimento

contínuo das conexões e interdependência entre os agentes, o que pressupõe o

desenho de um processo de comunicação que garanta a troca recorrente de

informações entre os envolvidos.

Quanto ao processo de troca de informações, Williamson (1985) defende que

a simetria é essencial para a prevenção de comportamentos oportunistas. As

parcerias requerem investimento no processo de comunicação para que haja

circulação de informação e conhecimento, por serem considerados como recursos

que contribuirão para o alcance dos objetivos comuns. No mesmo sentido,

Lindenberg (2000) entende que o processo de comunicação deve privilegiar fatores

que levam à integração e à convergência de objetivos, cuja manutenção levará à

criação de espaços para a confiança, minimizando o aparecimento de

comportamentos oportunistas.

Lindenberg e Foss (2011) observam que mesmo diante de objetivos alinhados

entre os agentes envolvidos na parceria é essencial a construção de espírito de

equipe, além da importância da presença de liderança, que deve ser voltada para a

cooperação e a colaboração para o alcance do objetivo da parceria. Nesse contexto,

41

deve-se evitar que objetivos individuais permitam recompensas individuais em

detrimento do grupo.

Com o estabelecimento de parcerias vários são os agentes envolvidos para a

formação de uma rede, que tem por objetivo assegurar e ampliar os direitos dos

cidadãos, oferecendo serviços que atendam às demandas da sociedade civil. Ela

resulta da articulação entre indivíduos que compõem as instituições que trabalham

com um objetivo comum (MARTINS, 2004).

A interação entre os agentes que formam a rede é elemento essencial para

construir o tecido social, formado após um longo período de convivência e com o

estabelecimento de relações de confiança entre eles. Essa interação se dá por meio

de parcerias, nas quais instituições complementares se apoiam mutuamente.

Mizruchi (2006) traz uma contribuição para o entendimento do funcionamento das

redes, ao afirmar que analisar redes é muito mais do que simplesmente enquadrá-

las em categorias e termos e é preciso apreender o conceito do trabalho em rede

que:

[...] seria a matéria principal da vida social: as redes concretas de relações sociais, que ao mesmo tempo incorporam e transcendem organizações e instituições convencionais. O governo, por exemplo, não é uma instituição fixa e unitária, mas uma série de subunidades, muitas vezes operando em oposição umas às outras, cujos membros desenvolvem coalizões e disputas não apenas dentro das agências e entre elas, mas também com diversos agentes externos ao Estado (MIZRUCHI, 2006, p. 73).

Redes estruturam-se em um relacionamento horizontal, viabilizam ações de

parceria, articulam múltiplos saberes, experiências e poderes e, com esse conjunto

de fatores, conseguem lidar de forma mais adequada com os sistemas complexos

apresentados à gestão social (VINHAS, 2010).

A Figura 7 elucida a abordagem esquemática de relacionamento da topologia

da rede em função das categorias sociais, com os elementos de ligação entre os

atores envolvidos na rede interorganizacional, com possíveis parcerias público-

privadas, sob a perspectiva de redes, com entrega de valores social, econômico

e/ou político.

42

Figura 7 – Abordagem esquemática de relacionamento da topologia da rede em função das categorias dos atores

Fonte: Autora (2016).

O Quadro 2, apresentado a seguir, identifica as referências conforme os

blocos temáticos desenvolvidos na fundamentação teórica.

43

Quadro 2 – Resumo: referencial teórico

BLOCOS TEMÁTICOS

REFERÊNCIAS

Redes: conceito e estrutura

Hoffman, Molina-Morales e Martinez-Fernandes (2004); Mitchell (2009); Fombrun (2004); Tichy, Tushman e Fombrun

(1979); Gulati (1998); Marshall (1982); Giglio, Pugliese e Silva (2012); Krausz (1988); Granovetter (1985); Dyer

(1996); Grandori e Soda (1995); Morgan (1980); Nohria e Eccles (1992); Todeva (2006); Baran (1964); Borgatti

(2005); Freeman, Roeder e Mulholland (1979); Bonacich (1987); Alejandro e Norman (2005); Burt (1995); Celotto

(1992); Marcon e Moinet (2000); Caron (2011); Zaccarelli et al. (2008).

Redes: gênese e evolução

Zaccarelli et al. (2008); Vecchia (2008); Balestrin e Verschoore (2008); Olave e Amato Neto (2011); Bastos e Santos

(2007); Tichy, Tushman e Fombrun (1979); Hite (2005); Candido e Abreu (2000); Nohria e Eccles (1992).

Paradigmas de redes

Gulati e Gargiulo (1999); Giglio (2010); Lopes e Baldi (2009); Wood Jr. e Zuffo (1998); Powell (1987); Ballou, Gilbert e

Mukherjee (2000); Lambert e Cooper (2000); Fisher (1997); Kogut (2000); Westerlund, Rajala (2010); Ganesan,

Malter e Rindfleisch (2005); Tichy, Tushman e Fombrun (1979); Granovetter (1983); Uzzi (1996); Helper (1991);

Castells e Cardoso (2005); Klein (2003); Ozcan (2004).

Políticas públicas, parcerias público-privadas e redes

Borzel (1998); Kickert et al. (1997); Adam e Kriesi (2007); Borja (1997); Loiola e Moura (1997); Frey (2004); Fischer et

al. (1997); Kenis e Schneider (1991); Fleury (2002); Burley e Mattli (1993); Raposo (2006); Vasconcellos e

Vasconcellos (2009); Sorensen e Torfing (2009); Nelson e Winter (1982); Zollo e Winter (2002); Mahnke (2000);

Torfing (2005); Borzel e Panke (2007); Christensen et al. (2007); Neto (2010); McGuiree Agranoff (2011); Noteboom,

Berger e Nooderhaven (2997); Dyer e Singh (1998); Gulati (1995); Larson (1992); Powell, Koput e Smith (1996);

Simonin (1997); Gulati e Gargiulo (1999); Granovetter (2005); Nielsen (2010); Klijn (2010); Lindenberg e Foss (2011);

Martins (2004); Mizruchi (2006); Vinhas (2010).

Fonte: Autora (2016).

44

2.6 Abordagem conceitual: síntese

As redes em operação que demonstram vitalidade, constituídas por órgãos

públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, assim como parcerias

público-privadas e particulares, podem ser teoricamente abordadas como redes ou

redes de negócios por apresentarem características que identificam esse tipo de

operação como: objetivos coletivos ou convergentes, compartilhamento de recursos

e informações, desenvolvimento de categorias sociais, presença de processos

cooperados, existência de comprometimento e desenvolvimento de confiança

(NOHRIA e ECCLES, 1992; ZACCARELLI et al., 2008; TELLES, 2008; GRANDORI

e SODA, 1995). O presente estudo rerefe-se a parcerias público-privadas que

podem, a priori, serem utilizadas como referências e apontam características que

remetem a um possível tratamento de redes, por apresentar pontos que as

identificam como tal. Nesse sentido, pode-se mencionar que o conceito de redes

passa a ganhar relevância no que se refere às redes de políticas públicas diante de

novas formas de gestão em que os processos de democratização e

descentralização as caracterizam. Nas redes de políticas públicas a tendência é a

redução das tradicionais hierarquias administrativas que se fundamentam em novas

práticas de governança interativa e de colaboração interinstitucional (KOOIMAN,

2002; FREY, 2004).

Na sociedade contemporânea a concepção desse tipo de rede passa a ter

crescente relevância quanto aos processos político-administrativos e decisórios.

Diante das características de redes de políticas públicas pode-se citar a flexibilidade

na gestão, além da facilidade em adaptar-se à complexidade dos problemas

administrativos enfrentados pelo poder público (GOLDSMITH e EGGERS, 2004;

KLIJN e KOPPERNJAN, 2000). Assim, Stoker (2000, p. 93) afirma que: “Governar

torna-se um processo interativo porque nenhum ator detém sozinho o conhecimento

e a capacidade de recursos para resolver problemas unilateralmente”.

Desta forma, o presente estudo se baseia na escola anglo-saxã em que redes

de políticas públicas compõem-se por poder público e grupos de interesse

interagindo entre si (BORZEL, 1998). A pesquisa tem por objetivo a exploração de

determinantes e condicionantes da evolução e manutenção das parcerias entre os

atores sociais de diferentes naturezas (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro

setor e sociedade civil) e, eventualmente, que possuem interesses aparentemente

convergentes. Essas articulações interorganizacionais, embora apresentem atributos

45

comparáveis a algumas características das parcerias público-privadas, estão

associadas com estruturas e dinâmicas peculiares, não necessariamente por

estarem vinculadas a acordos formais, baseados em contratos, por exemplo; o

exercício da governança nesse tipo de arranjo decorre prioritariamente dos aspectos

do contexto específico da operação e da constituição coletiva, que deve ser

negociada entre os atores de um processo de orientação desse movimento. Nesse

sentido, a dinâmica de redes com esse caráter tende a manifestar uma natureza

informal aparentemente (BORGATTI, 2005).

Supostamente, a relação de integração e operação conjunta entre os atores

integrantes do arranjo articulado pode conduzir à entrega de valores social,

econômico e político. Conforme Schwartz (1992), valores podem ser considerados

objetivos gerais que vão além de situações específicas. Servem como princípios que

norteiam a ação com importância relativa e variável. Segundo Rokeach (1973),

quando algo é valorizado pelo indivíduo há uma priorização e isto se dá em relação

ao seu oposto. Desta forma, pode-se afirmar que os valores servem como critérios

orientadores, que fornecem justificativa social para escolhas e comportamentos, com

o julgamento do que é considerado bom ou mau, justificado ou ilegítimo.

Schwartz (2005) menciona que é necessária a elaboração de um

mapeamento da relação existente entre os valores considerados importantes pelo

indivíduo. No mesmo sentido, afirma que existe uma relação dinâmica entre os

valores e que podem apresentar relações de proximidade ou antagonismo, pois as

ações que buscam um determinado valor geram consequências práticas e sociais,

que podem entrar em conflito ou apresentar compatibilidade com a busca de outro

valor (SCHWARTZ, 1992).

Segundo Joireman e Duell (2005), a orientação de valor social reflete um

objetivo motivacional e é considerada uma medida de preferências para tipos

específicos de alocação de recursos. Nesse sentido, Offerman et al. (1996) afirmam

que as preferências gerariam diferenças de interpretações sobre objetivos a atingir,

quando as decisões afetam outras pessoas, alocando pesos diferentes para seus

próprios resultados e os dos outros. Sendo assim, pode-se afirmar que as pessoas

são diferentes quanto a sua orientação de valor social e, portanto, apresentam

diferenças em suas tendências a valorizar cooperação e, consequentemente, variam

em sua propensão a cooperar (MESSICK e MCCLINTOCK, 1968).

Nesse sentido, quanto à identificação e avaliação de valores sociais, pode-se

citar a reciprocidade e integração entre os parceiros, colaboração,

46

comprometimento, melhoria de relacionamento, encorajamento de cooperação e

quebra de barreira para expansão de confiança.

Em relação à entrega de valor econômico, pode-se admitir que a

remuneração do capital recebida pelos atores envolvidos (órgãos públicos,

empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil) pode acontecer de forma

diversa, como o aumento do recolhimento de tributos para o município, tendo em

vista a ampliação da arrecadação devido ao crescimento das indústrias, comércios e

prestadoras de serviços. Nesse sentido, Human e Provan (1997) afirmam que as

organizações se inserem em redes interorganizacionais também por motivações

econômicas, como as trocas relativas às transações diretas entre os participantes;

acesso aos recursos, mercados, tecnologia e suprimentos e melhora do

desempenho financeiro em curto prazo. Barber (1995) afirma que as trocas

econômicas deveriam ser determinadas parcialmente por normas e valores e serem

vistas como troca social.

Em entrevista concedida à Revista Exame, Heni Ozi Cukier (2015) afirma que

o valor político trata-se de atividade humana e onde houver interação haverá

política. A única diferença é o contexto no qual a política acontece. Aristóteles

afirmava que a política não é meramente uma luta para satisfazer as necessidades

materiais em um contexto de escassez. Segundo preceitos morais, a política deve

buscar algum objetivo nobre ou possuir uma estrutura organizada para proteção de

certas atividades. Como valores inseridos na estrutura, podem-se citar as ideias de

justiça, igualdade, liberdade, felicidade, fraternidade e autodeterminação. O poder é

considerado o meio pelo qual os fins são atingidos. Nesse sentido, consideram-se

valores políticos os seguintes: justiça, igualdade, imparcialidade, cidadania,

liberdade.

Quanto à entrega de valor político pode-se mencionar os benefícios que a

gestão pública municipal obtém com a arrecadação de tributos que pode ser

revertida em projetos sociais para o município.

2.7 Objeto de pesquisa

O objeto de pesquisa selecionado para a presente investigação pode ser

descrito como um arranjo interorganizacional que incorpora atores de quatro

naturezas distintas (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade

47

civil), cuja principal característica é um trabalho articulado e cooperativo, que

apresenta relações informais e interesses diferentes, mas aparentemente

convergentes identificados no presente trabalho como PC2 (Processo de

Capacitação de Pessoas de Caieiras).

O PC2 pode estruturalmente ser descrito como composto pelos seguintes

atores: (1) órgãos públicos: Núcleo de Formação e Capacitação Profissional de

Caieiras - Mário Meneguini (NFCP), Secretaria Municipal de Desenvolvimento

Econômico e de Emprego de Caieiras (Semudec), Educação para Jovens e Adultos

(EJA), Conselho Tutelar, Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), Fundo Social,

Secretaria de Esportes; (2) empresas privadas: Melhoramentos CMPC Ltda.

(CMPC), Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE); (3) terceiro setor: Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Nacional de Aprendizagem

Comercial (Senac); (4) sociedade civil: pais e alunos.

O presente objeto de pesquisa está descrito nas seguintes seções: (a)

Identificação dos atores; (b) Descrição da operação do PC2; e (c) Inventário de

potenciais motivações para participação no PC2.

(a) Identificação dos atores: o objeto de pesquisa compreende o arranjo composto

por órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil, que

operam no município de Caieiras, cujo objetivo é a capacitação de recursos

humanos.

No PC2, a priori, todos os agentes envolvidos estão interessados na

capacitação de pessoas, pois têm como resultado valores social, político e/ou

econômico. Nesse sentido, a capacitação é considerada o elo que une todos os

atores da rede estudada.

Diante das rápidas e inúmeras mudanças no cenário econômico, diversos são

os estudos que convergem para a conclusão de que a solução para as empresas é o

desenvolvimento da gestão do indivíduo, capacitando-o para oferecer retorno às

organizações e oferecendo subsídios intelectuais para o crescimento na velocidade

em que elas necessitam (BRANDÃO e GUIMARÃES, 2001).

Os atores envolvidos no arranjo objeto do presente estudo são os

relacionados a seguir.

Órgãos públicos:

48

1) O NFCP (Núcleo de Formação e Capacitação Profissional de Caieiras –

Mário Meneguini) foi criado pela Prefeitura do Município de Caieiras por

meio da Lei n.º 4.568 de 21 de setembro de 2012, junto à Secretaria

Municipal de Desenvolvimento Econômico e Emprego. O NFCP tem por

objetivos: (a) capacitar e qualificar os munícipes por meio de cursos,

palestras, seminários, oficinas nos mais variados níveis; (b) promover

atividades pedagógicas voltadas ao desenvolvimento cultural e

profissional tanto dos agentes e servidores públicos como da

comunidade; (c) oferecer aos participantes os recursos necessários por

meio de programação de formação, aperfeiçoamento e especialização,

para assegurar a qualidade de suas atividades junto à sociedade ou

mesmo na recolocação profissional; (d) realizar cursos, palestras,

seminários e oficinas por meio de convênios e parcerias com instituições

científicas e educacionais ou pela administração direta.

2) A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e de Emprego de

Caieiras (Semudec) é responsável pelo planejamento e execução das

atividades voltadas ao desenvolvimento econômico sustentável do

município, por meio do incremento de ações voltadas para proporcionar o

crescimento do setor privado, capacidade e desenvolvimento das

pessoas, geração de riqueza e qualidade de vida (PREFEITURA DE

CAIEIRAS, 2016a).

3) A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo por meio da EJA

(Educação para Jovens e Adultos) visa educar jovens e adultos que não

tiveram oportunidade de concluir o Ensino Fundamental I e II e/ou Ensino

Médio na idade correta (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE

SÃO PAULO, 2015).

4) O Conselho Tutelar foi criado conjuntamente ao Estatuto da Criança e

Adolescente (ECA) por meio da Lei n.º 8.069 de 13 de julho de 1990,

responsável por zelar pelos direitos da criança e do adolescente.

Formado por membros eleitos pela comunidade para mandato de três

anos, o Conselho Tutelar é um órgão permanente (uma vez criado não

pode ser extinto), não sendo subordinado a qualquer outro órgão estatal

(CAIEIRAS ON LINE, 2016a).

49

5) O Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) é uma rede de

atendimento do governo de São Paulo, coordenada pela Secretaria

Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (SERT), que concentra

serviços gratuitos à população em todas as regiões do Estado. O PAT

presta serviços de intermediação entre as empresas que precisam de

mão de obra e profissionais que procuram emprego, solicitação de

seguro-desemprego e emissão de Carteira de Trabalho, conforme

informações (CAIEIRAS ON LINE, 2016b).

6) O Fundo Social tem como missão o desenvolvimento de projetos sociais

para melhorar a qualidade de vida dos segmentos mais carentes da

população (PREFEITURA DE CAIEIRAS, 2016b).

7) A Secretaria de Esportes tem a função de integrar a população às

atividades recreativas, de lazer e de desporto, democratizando a prática

esportiva como direito do cidadão (PREFEITURA DE CAIEIRAS, 2016c).

8) A ETEC – Escola Técnica Estadual é subordinada ao Centro Estadual de

Educação Tecnológica Paula Souza e ministra cursos técnicos e ensino

médio (CENTRO PAULA SOUZA, 2016).

Empresas privadas:

1) A Melhoramentos CMPC Ltda. (CMPC) é uma empresa privada atuante

no setor papeleiro (CMPC, 2016).

2) O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) é uma associação

filantrópica de direito privado, sem fins lucrativos, beneficente de

assistência social e reconhecida de utilidade pública que, dentre vários

programas, possibilita aos jovens estudantes uma formação integral,

encaminhando-os ao mercado de trabalho, por meio de treinamentos,

programas de estágio e aprendizado, segundo (CIEE, 2016).

Terceiro setor:

1) O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) configura-se

como sistema estruturado em base federativa, que desenvolve ampla

gama de programas de formação profissional, que busca atender as

carências da mão de obra industrial brasileira, sempre em função das

peculiaridades de cada região do país, conforme (SENAI, 2016).

50

2) O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) tem por

objetivo educar com o foco no trabalho e atividades comerciais, tanto em

bens, quanto serviços e turismo (SENAC, 2016).

Sociedade civil:

1) Os alunos inseridos na sociedade civil procuram o NFCP de forma isolada

ou por meio de indicação do Conselho Tutelar, Previdência Social, PAT,

dentre outros.

2) Os pais dos alunos que buscam cursos no município de Caieiras por meio

do NFCP têm participação ativa no processo de capacitação desses

alunos.

(b) Descrição da operação do PC2:

O PC2 apresenta uma operação com estrutura descentralizada, ou seja, cada

um dos atores envolvidos na rede estudada têm objetivos distintos, mas que

aparentemente convergem para interesses comuns. Nesse sentido, a relação de

integração e operação conjunta entre os agentes do arranjo interorganizacional pode

ser objetivamente identificada nas Figuras 8 e 9.

Figura 8 – Mapeamento esquemático da ligação direta do Núcleo Mário Meneguini com os demais atores de rede interorganizacional

Fonte: Autora (2016).

51

Figura 9 – Mapeamento esquemático da ligação direta do Núcleo Mário Meneguini com os órgãos públicos

Fonte: Autora (2016).

Nesse sentido, os atores da rede estudada operam entre si da seguinte

forma:

1) O NFCP opera com os demais atores da rede estudada sendo solicitado

para atender as necessidades latentes dos demais agentes envolvidos no

arranjo (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade

civil). Quando da demanda por cursos, existe um aporte de investimento

(alimentos, professores, material didático, dentre outros) por parte dos

atores interessados, conforme o tipo de projeto a ser executado.

2) A Semudec gerencia e distribui informações para os demais atores,

autorizando ou não projetos a serem executados.

3) A EJA envia alunos interessados para realização de cursos no NFCP.

4) O Conselho Tutelar envia jovens menores de idade em situação de risco

social para realização de cursos no NFCP.

5) O PAT se relaciona com as empresas privadas em busca de vagas de

trabalho disponíveis em Caieiras e região, além de indicar aos

participantes de processo seletivo em empresas privadas a realização de

cursos de qualificação no NFCP.

52

6) O Fundo Social promove cursos de formação profissional para a

comunidade, além de enviar interessados em cursos para o NFCP. Utiliza,

ainda, o espaço do NFCP para realização de projetos próprios.

7) A Secretaria de Esportes, quando recebe jovens a procura da prática de

esportes como a única perspectiva de futuro profissional, atua em

parceria com o NFCP, cujo objetivo é preparar e qualificar esse jovem

para o mercado de trabalho.

9) O NFCP atua em parceria com a ETEC oferecendo curso preparatório

para os alunos participates do Vestibulinho.

10) A CMPC atua em parceria com o NFCP e demais atores cujo objetivo é

preparar pessoas para participação no processo seletivo e integrar o

quadro de profissionais da empresa, além de buscar mão de obra

qualificada no próprio NFCP.

11) O CIEE atua em parceria com o NFCP, oferecendo cursos na plataforma

de ensino a distância (EAD) por meio do Projeto Trabalhando o meu

futuro para jovens de 14 a 24 anos de idade. Tem por objetivo, ainda,

inserir esses jovens no mercado de trabalho.

12) O Senai oferece cursos gratuitos aos munícipes caieirenses e da região

por meio de parceria com o NFCP. Os cursos são diversos e têm duração

de aproximadamente 160 horas, podendo variar conforme o título do

curso. Também são encaminhados aos cursos técnicos do Pronatec

(Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).

13) O Senac, em parceria com o NFCP, oferece cursos de qualificação

profissional voltados para as áreas de gestão e comércio para os

munícipes caieirenses e da região, por meio de programas de gratuidade

e Pronatec.

14) Os pais e alunos de forma isolada ou por meio da sociedade civil

organizada buscam qualificação e inserção no mercado de trabalho que

pode se dar por meio de parcerias firmadas entre os agentes da rede

estudada.

O PC2 tem como um dos objetivos comuns a qualificação de pessoas no

município de Caieiras e região, que visa suprir as necessidades das empresas

quanto à contratação de profissionais qualificados. Os benefícios gerados com as

53

contratações locais são inúmeros para todos os envolvidos na rede, quais sejam:

melhor qualidade de vida para o empregado, otimização de custo para a empresa,

geração de recursos para o município e comércio local, ou seja, a maioria dos

benefícios gerados na presente relação fica no próprio município.

(c) Inventário de potenciais motivações para participação no PC2:

No modelo organizacional de redes, os atores envolvidos no processo

integrativo e cooperado, valem-se do relacionamento entre si para concretizarem os

seus objetivos. Diante da rede estudada, inúmeros são os parceiros envolvidos na

relação (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil), todos

em busca de qualificação profissional, unidos em uma rede interorganizacional,

mesmo que sem consciência.

Aparentemente, os agentes de naturezas distintas apresentam potenciais e

diferentes motivações para participação no PC2:

(1) Órgãos públicos: firmam parcerias com agentes de setores distintos cujo

objetivo é a prestação de serviços para a sociedade, obtendo como

resultado valores políticos e sociais e, posteriormente, econômicos.

(2) Empresas privadas: se associam com demais atores ou firmam parcerias

por motivação racional, ou seja, por interesse econômico. O objetivo é

beneficiar a organização, aumentando o resultado e diminuindo custos.

(3) Terceiro setor: sem interesses financeiros, os atores do terceiro setor

firmam parcerias com demais agentes do arranjo interorganizacional, com

o objetivo de desenvolvimento de valores sociais e a qualificação do

indivíduo.

(4) Sociedade civil: a motivação dos indivíduos é econômica e social. Na

motivação econômica os interesses se apresentam como itens de

necessidade básica e na motivação social o indivíduo busca melhores

condições de vida para si e seus familiares.

A Figura 10 ilustra as relações descentralizadas entre os atores atuantes em

uma rede com estrutura dinâmica. Para elaboração da Figura 10 foi utilizado o

programa Ucinet com a inserção de dados referentes à relação existente entre os

atores da rede estudada.

54

Figura 10 – Desenho da rede estudada

Fonte: Autora (2016).

55

3 METODOLOGIA

Uma pesquisa se fundamenta em um conjunto de informações necessárias

para a justificativa de respostas a uma dada pergunta, permitindo, desta forma,

chegar à solução de um problema (BOOTH, COLOMB e WILLIANS, 2005).

O objetivo da pesquisa é descobrir respostas para perguntas, através do emprego de processos científicos. Tais processos foram criados para aumentar a probabilidade de que a informação obtida seja significativa para a pergunta proposta e, além disso, seja precisa e não-viesada (SELLTIZ et al., 1967, p.5).

Lakatos e Marconi (2003, p.156) pressupõem que “toda pesquisa deve ter um

objetivo determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende

alcançar”. O projeto de pesquisa deve orientar para a coleta de informações

necessárias para a construção de uma teoria preliminar relacionada ao tema central

do estudo proposto, proporcionando meios e condições para a identificação de

dados a serem coletados, quais as unidades de análise e por fim o que deve ser

feito após a coleta de dados (YIN, 2010; CRESWELL, 2007).

A metodologia utilizada na elaboração de um trabalho acadêmico deve conter

um planejamento com a definição de tarefas imprescindíveis para o desenvolvimento

da investigação de pesquisa, tendo por objetivo contribuir para o avanço do

conhecimento. Segundo Yin (2010), o planejamento deve apresentar uma estrutura

lógica constituída por: (1) questões a estudar; (2) identificação de dados relevantes;

(3) dados a coletar e (4) análise de resultados. Giglio e Hernandes (2012), ainda,

defendem que a escolha metodológica realizada pelo pesquisador deve contemplar:

método, estratégia, técnicas de coleta, organização, análise e interpretação de

dados.

Em síntese, a pesquisa científica pode ser definida, segundo Bunge (1980),

como dotada de enfoque analítico e, por consequência, estruturada. Além do

método científico, a aplicação da pesquisa depende do assunto, por isso a

multiplicidade de técnicas. Assim, deve ser planejada, considerando claramente os

objetivos a serem alcançados, de forma experimental, fundada em conhecimento

anterior e suposições a serem confirmadas.

3.1 Classificação de pesquisas científicas

As pesquisas científicas podem ser classificadas quanto ao propósito, quanto

à abordagem e quanto à natureza das variáveis.

56

Quanto ao propósito, as pesquisas científicas são classificadas em cinco

categorias diferentes, quais sejam: pesquisa básica, pesquisa aplicada, avaliação de

resultados, avaliação formativa e pesquisa-ação (PATTON, 1990). Segundo Roesch

(1996), as categorias referenciadas podem ser apresentadas da seguinte forma: (1)

pesquisa básica: o objetivo é entender e explicar os fenômenos estudados com a

descoberta da verdade, contribuindo, de alguma forma, para a teoria; (2) pesquisa

aplicada: diferentemente da pesquisa básica, o objetivo é reconhecer os elementos

do problema e identificar ferramentas necessárias para lidar com ele; (3) pesquisa

de avaliação de resultados: na presente categoria de pesquisa o objetivo é analisar

a efetividade de intervenções humanas, contribuindo para soluções implementadas

com os resultados obtidos; (4) pesquisa de avaliação formativa: sua finalidade se

baseia no aperfeiçoamento de uma intervenção, analisando-se pontos fortes e

pontos fracos de um determinado elemento da pesquisa; (5) pesquisa-ação: o

objetivo é oferecer respostas ou propostas de solução aos problemas específicos

identificados na pesquisa, estimulando as mudanças possíveis.

A classificação da pesquisa quanto à abordagem, segundo Selltiz et al.

(1975), é definida como: estudo exploratório, estudo descritivo e estudo causal. O

estudo exploratório busca apresentar conhecimentos mais profundos sobre o

elemento analisado, viabilizando futuros estudos a respeito do assunto. O estudo

descritivo tem por objetivo o mapeamento do campo de interesse a ser estudado e o

estudo causal busca, por meio de análise detalhada e profunda, identificar e definir

relacionamentos de causa e efeito.

Quanto à natureza das variáveis, a pesquisa pode ser classificada como

qualitativa ou quantitativa. A pesquisa qualitativa se define por apresentar objetivos

pautados no entendimento e em conceitos reconhecidos sobre determinado assunto

que podem envolver elementos diversos. Seguindo na mesma linha de raciocínio,

Gordon e Langmaid (1988) pressupõem como característica da pesquisa qualitativa

a consideração de pequenas amostras, utilizando-se técnicas diversas para a coleta

de dados, que possibilitem aos entrevistados a liberdade de expressão em suas

respostas. Já a pesquisa quantitativa, necessariamente, envolve relacionamentos

quantitativos, cujo objetivo é a identificação de relações de causa e efeito após a

estruturação de dados numéricos. Este tipo de pesquisa pressupõe a necessidade

de amostragens probabilísticas e técnicas estruturadas de coleta de dados.

57

3.2 Descrição do percurso metodológico adotado nesta pesquisa

O planejamento metodológico do presente trabalho está dividido em três

etapas, em função dos objetivos específicos, vinculados à questão de pesquisa, qual

seja a identificação das bases de integração e operação conjunta de empresas

privadas, órgãos públicos, terceiro setor e sociedade civil. As fases resultantes

dessa opção metodológica foram:

a) Pesquisa bibliográfica: levantamento estruturado de literatura utilizando-se

palavras-chave relacionadas a redes. Compreende a busca por literatura

relacionada ao tema organizações em redes. A pesquisa foi direcionada para

artigos, dissertações e teses no banco de dados nacional Scielo e Spell,

utilizando-se a combinação das seguintes palavras-chave: parcerias público-

privadas, rede de negócios, operação conjunta e integração.

b) Pesquisa exploratória: investigação de natureza qualitativa (pesquisas em

profundidade) orientada para o inventário de motivações e objetivos dos

agentes sociais na participação ou manutenção de sua presença no arranjo

interorganizacional estudado, assim como a presença ou ausência de sinais

característicos de redes.

A segunda etapa da pesquisa é caracterizada por ser exploratória de natureza

qualitativa, na qual foram estabelecidos critérios para encontrar as informações

quanto ao objeto de estudo. Buscou-se o levantamento de sinais indicadores da

existência de uma rede e a identificação de fatores ou dimensões que, em alguma

medida, explicassem, justificassem e/ou sustentassem a operação integrada entre

agentes de diferentes setores com objetivos distintos.

Segundo Terence e Escrivão (2006), na investigação exploratória é

recomendada a utilização do método qualitativo, cujo objetivo é possibilitar e

provocar a evolução de novas compreensões sobre a variedade e a profundidade

dos fenômenos sociais. Nessa fase, a estrutura da investigação pode ser tipificada

como qualitativa, tendo em vista que admitem pequenas amostras, conforme Gordon

e Langmaid (1988).

Na pesquisa qualitativa, as questões são formuladas de forma específica,

obtendo respostas específicas, mas com certo grau de subjetividade, cujo objetivo é

a busca pela realidade do campo pesquisado por meio das respostas dos

respondentes (MINAYO, 1994).

58

A entrevista foi realizada pelo mesmo pesquisador, sendo solicitada aos

respondentes informações sobre potenciais dimensões associadas a benefícios,

esforços, resultados e ganhos adicionais, entre outros fatores envolvidos

diretamente na constituição, manutenção e expansão da operação integrada entre

os atores.

c) Tratamento de dados e resultados: o tratamento de dados e resultados foi

realizado por meio de análise de conteúdo das pesquisas em profundidade

orientada para a identificação dos principais conceitos manifestados por

categoria investigada.

O processamento dos dados foi desenvolvido com fundamento na abordagem

exploratória, orientada para o inventário crítico das dimensões condicionantes, que

apresentou como a síntese da posição manifestada pelo conjunto de respondentes

representante de cada um dos setores envolvidos diretamente na rede investigada

(órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e sociedade civil). A posição de

cada ator da rede (decorrente da integração das posições individuais de cada

entrevistado representante desse ator) deriva das análises de conteúdo integradas

para cada categoria utilizada, segundo critérios e procedimentos propostos por

Bardin (1977). Diante da presença de categorias qualitativas, os dados coletados

devem ser tratados seguindo as regras de organização e análise do material

(BARDIN, 2008).

A Figura 11 representa o mapeamento do questionário semiestruturado,

identificando as categorias de análise com as respectivas dimensões da pesquisa

que obteve como resultado, após a pesquisa realizada, a presença ou não de

variáveis para cada uma das categorias analisadas.

Para cada ator entrevistado, representante das organizações de naturezas

distintas, as categorias de análise e dimensões da pesquisa utilizadas são,

respectivamente: (1) Benefícios: social, econômico, político; (2) Esforços: custos,

recursos humanos, tempo, riscos associados; (3) Resultados esperados: avaliação,

expectativa, decisão; (4) Atributos das relações: confiança, cooperação,

comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações,

qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada

para longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de

fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança; (5) Ganhos

adicionais esperados: aprendizado e inovação.

59

AT

OR

ES

BENEFÍCIOS

ESFORÇOS

RESULTADOS

ESPERADOS

ATRIBUTOS

DAS

RELAÇÕES

GANHOS

ADICIONAIS

ESPERADOS

ÓRGÃOS

PÚBLICOS

EMPRESAS

PRIVADAS

TERCEIRO

SETOR

SOCIEDADE

CIVIL

DIMENSÕES DA PESQUISA

Avaliação, expectativa, decisão

Confiança, cooperação, comprometimento,

resultados compartilhados, reciprocidade,

troca de informações, qualidade de

comunicação, compartilhamento de

conhecimento, relação orientada a longo

prazo, oportunismo, equilíbrio de poder,

interdependência, nível de fidelização,

satisfação com a relação, percepção de

governança

Aprendizado, inovação

CA

TE

GO

RIA

S D

E A

LIS

E

Custos, recursos humanos, tempo, riscos

associados

Social, econômico, político

VARIÁVEIS

Figura 11 – Mapeamento do questionário semiestruturado

Fonte: Autora (2016).

60

Os Quadros 3 e 8 apresentados nas páginas 66 e 77, respectivamente,

servirão como instrumento para apropriação de informações. O Quadro 3 evidencia

a apropriação das categorias de análise com a pesquisa realizada com quatro

representantes de cada um dos atores da rede estudada (órgãos públicos, empresas

privadas, terceiro setor e sociedade civil). O Quadro 8 serve como instrumento para

síntese dos resultados das informações obtidas em entrevista com os

representantes de cada um dos agentes (órgãos públicos, empresas privadas,

terceiro setor e sociedade civil).

3.3 Síntese da metodologia da pesquisa

Os trabalhos científicos são desenvolvidos fundamentando-se em fontes de

informações diversas, que podem ser primárias (documentos, entrevista,

questionário ou acompanhamento) e secundárias (artigos), sendo elaborados

conforme a metodologia e objetivos propostos (LAKATOS e MARCONI, 2003).

A presente pesquisa objetivou identificar a presença ou ausência de

características estruturais e operacionais de uma rede interorganizacional, por meio

da identificação de fatores que interferem no relacionamento entre atores envolvidos

na rede estudada, ou seja, como se dá e como se mantém a relação de integração e

operação conjunta entre eles. Sob a perspectiva de redes foi identificada a relação

de troca entre os atores envolvidos na rede interorganizacional, na qual todos se

beneficiam de alguma forma, recebendo valor social, valor político e/ou valor

econômico.

Embora as referências de pesquisas sobre o tema não sejam tão vastas, o

presente trabalho identificou uma lacuna que pôde ser preenchida pelo estudo

desenvolvido. A justificativa dos esforços para responder à questão de pesquisa se

fundamenta na dificuldade de se encontrar trabalhos que tratam diretamente das

relações mantidas entre os atores envolvidos em uma rede inteorganizacional dessa

natureza, ou seja, baseada em processos cooperativos envolvendo atores de

diferentes setores e não relacionados a contratos ou acordos formais. Para tanto,

foram identificados dois aspectos essenciais para a construção do sentido da

pesquisa: a presença ou ausência de características de uma rede

interorganizacional e, posteriormente, a compreensão de como se dá e como se

mantém a relação integrada e conjunta dos atores envolvidos na rede.

61

A pesquisa deste estudo foi exploratória, baseada em conceitos, no qual

buscou-se o levantamento de variáveis latentes e sinais efetivos e conclusivos de

que o objeto de estudo é realmente uma rede. Na pesquisa exploratória foram

levantadas as variáveis presentes que indicam a relação, manutenção e sustentação

da operação integrada entre os atores envolvidos na rede interorganizacional. Desta

forma, buscou-se investigar um tema pouco estudado, ou seja, um fenômeno em

que atores de natureza distinta trabalham em conjunto com objetivos coletivos, mas

não necessariamente os mesmos, sem formalização por meio de contratos e sem

sanções.

A pesquisa exploratória foi de natureza qualitativa com o objetivo de

considerar como base pequenas amostras para desenvolvimento do estudo.

Apresentou-se ainda por meio de estudo de caso. Segundo Yin (2010), o

estudo de caso geralmente é considerado uma ferramenta adequada quando o

objetivo do pesquisador é tentar compreender um dado fenômeno da vida real em

profundidade. Nesse tipo de estratégia de pesquisa o pesquisador se defrontará com

questões do tipo “como” e “por que” que favorecerá a compreensão dos fenômenos

individuais, coletivos, empresariais e sociais. Assim, conforme Martins (2008), o

estudo de caso possibilita a inserção em uma realidade social não atingida de forma

plena por meio de um levantamento amostral e avaliação exclusivamente

quantitativa.

Dessa forma, a presente pesquisa é resultante da composição de um estudo

bibliográfico, documental e de campo, podendo ser chamada de pesquisa de

avaliação formativa, semelhante à avaliação de resultados. A finalidade desse tipo

de pesquisa constitui-se em aperfeiçoar uma intervenção por meio de análise crítica

dos “pontos fracos” e “pontos fortes” encontrados durante a busca de informações.

3.4 Descrição operacional da pesquisa

Inicialmente foi realizado um contato prévio, por telefone, com os

representantes dos atores envolvidos no arranjo estudado. A pesquisa foi

desenvolvida com quatro indivíduos representantes da natureza de cada ator da

rede, exceto no caso das empresas privadas em que um dos representantes não

participou da pesquisa, totalizando 15 respondentes. Após o contato inicial por

62

telefone, a pesquisa foi realizada pessoalmente, e foi retomado o contato com o

respondente, nos casos de necessidade.

A população da pesquisa pode ser descrita como atores integrantes de rede

de cooperação de natureza informal, com agentes de diferentes naturezas. A

amostra foi representada por um caso único de estudo composto por sete

organizações de diferentes setores.

3.5 Análise de dados

A análise crítica de dados da pesquisa buscou a construção de um

diagnóstico que indicasse os principais fatores apontados pelos atores de diferentes

setores para a efetiva criação, manutenção e sustentação da relação entre os

agentes da rede interorganizacional, com objetivos distintos e com entrega de

valores social, econômico e político. Após a coleta de dados, a análise de conteúdo

foi utilizada como técnica de análise de dados. Segundo Bardin (2006), a análise de

conteúdo consiste em:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. [...] A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não) (BARDIN, 2006, p.38).

Seguindo a mesma linha de raciocínio, Chizzotti (2006) afirma que o objetivo

da análise de conteúdo é ultrapassar as incertezas e enriquecer a leitura dos dados

obtidos, para a compreensão de forma crítica das informações coletadas com seus

respectivos sentidos.

A orientação da análise dos dados compreende várias etapas, cujo objetivo é

a conferência da significação aos dados coletados (ALVES-MAZZOTTI;

GEWANDSZNAJDER, 1998; CRESWELL, 2007; FLICK, 2009; MINAYO, 2001).

Assim, seguem as etapas da técnica propostas por Bardin (2006), a saber: (1) pré-

análise, (2) exploração do material e (3) tratamento dos resultados, inferência e

interpretação.

A primeira fase, chamada de pré-análise, tem por objetivo a estruturação das

ideias iniciais e o estabelecimento de indicadores para a interpretação das

informações coletadas, com a transcrição das entrevistas já realizadas.

63

A fase de exploração do material consiste na elaboração das operações de

codificação, representada pela transformação realizada por meio de recorte,

agregação e enumeração, com base em regras determinadas sobre as informações

textuais, representativas das características do conteúdo (BARDIN, 1977). A

categorização foi realizada com a divisão do conteúdo coletado na transcrição das

entrevistas realizadas, dando origem às categorias iniciais, que são agrupadas por

assunto relatado, que levam às categorias intermediárias e finais, possibilitando as

inferências. Neste processo chamado de indutivo ou inferencial busca-se a

compreensão da fala dos entrevistados, como também outra significação para a

mensagem inicial (FOSSÁ, 2003).

A terceira fase, de tratamento dos resultados, inferência e interpretação

compreende a captação dos conteúdos manifestos e latentes integrantes do material

coletado nas entrevistas. A análise comparativa constata as diversas categorias

existentes em cada análise, considerando os aspectos convergentes e divergentes.

64

4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS

O presente capítulo tem por objetivo a apresentação e análise dos dados e

resultados da pesquisa, baseado no tratamento de dados obtidos no levantamento

realizado e análise crítica do conteúdo coletado, com as respectivas indicações e

principais conclusões.

4.1 Instrumento de pesquisa e análise de dados

Optou-se pela técnica de entrevista semiestruturada em função da

possibilidade do entrevistador obter melhor entendimento e captação da perspectiva

dos entrevistados. Segundo Roesch (1999) as entrevistas livres ou sem estrutura

decorrem de um acúmulo de dados difíceis de averiguar que, muitas vezes, não

provê visão clara do ponto de vista do entrevistado.

O instrumento de pesquisa utilizado constituiu-se em um questionário

semiestruturado, seguindo uma sequência previamente estabelecida com

questionamentos e tópicos, composto por cinco categorias de análise, às quais

foram atribuídas dimensões da pesquisa para que fosse observada a presença ou

não das variáveis buscadas.

As categorias de análise e dimensões da pesquisa foram determinadas,

considerando-se a questão de pesquisa e os objetivos geral e específicos do

trabalho, conforme seguem:

1) Categoria de análise: benefícios; dimensões da pesquisa: social,

econômica e política;

2) Categoria de análise: esforços; dimensões da pesquisa: custos, recursos

humanos, tempo, riscos associados;

3) Categoria de análise: resultados esperados; dimensões da pesquisa:

avaliação, expectativa, decisão;

4) Categoria de análise: atributos das relações; dimensões da pesquisa:

confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados,

reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação,

compartilhamento de conhecimento, relação orientada para longo prazo,

oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização,

satisfação com a relação, percepção de governança;

65

5) Categoria de análise: ganhos adicionais esperados; dimensões da

pesquisa: aprendizado e inovação.

O objetivo da entrevista foi, por meio das categorias e dimensões de análise,

levantar características que identifiquem ou não o arranjo estudado como uma rede

interorganizacional e como se desenvolve e se sustenta a relação existente entre os

atores envolvidos no processo articulado e cooperado.

As entrevistas foram realizadas conforme as possibilidades dos respondentes,

em local reservado, tiveram duração média de 40 minutos, foram gravadas em áudio

e com anotações pertinentes realizadas pelo pesquisador, que foram devidamente

acrescentadas às transcrições realizadas posteriormente. Buscando-se a

preservação da confidencialidade das informações colhidas, os entrevistados foram

identificados como: (1) OP1, OP2, OP3 e OP4 (respondentes representantes dos

órgãos públicos); (2) EP1, EP2, EP3 e EP4 (respondentes representantes das

empresas privadas); (3) TS1, TS2, TS3 e TS4 (respondentes representantes do

terceiro setor); (4) SC1, SC2, SC3 e SC4 (respondentes representantes da

sociedade civil). A transcrição das entrevistas realizadas pode ser visualizada no

Apêndice A.

A distribuição das entrevistas foi realizada tendo em vista as quatro

organizações de setores distintos (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro

setor e sociedade civil), sendo quatro respondentes para cada agente.

As entrevistas individuais possibilitaram alcançar uma variedade de

impressões e percepções que os diversos grupos apresentam em relação às

categorias de análise e dimensões da pesquisa. Conforme Richardson (1999, p.

160), “é uma técnica importante que permite o desenvolvimento de uma estreita

relação entre as pessoas. É um modo de comunicação no qual determinada

informação é transmitida”.

O Quadro 3, utilizado como instrumento para apropriação de informações das

categorias de análise, foi desmembrado conforme os atores de naturezas distintas,

para melhor entendimento, nos Quadros 4, 5, 6 e 7.

Para os Quadros 4, 5, 6, 7 e 8 deve-se considerar a seguinte informação: a

ordenação das dimensões da categoria de análise benefícios respeita a prioridade

atribuída por cada respondente.

66

Quadro 3 – Instrumento para apropriação de informações das categorias de análise

Fonte: Autora (2016).

BENEFÍCIOS

ESFORÇOS

RESULTADOS

ESPERADOS

GANHOS

ADICIONAIS

ESPERADOS

CATEGORIAS DE

ANÁLISE OP4

Entrevistado 4

EP1

Entrevistado 1

EP2

Entrevistado 2

ATRIBUTOS DAS

RELAÇÕES

ATORES

ÓRGÃOS PÚBLICOS EMPRESAS PRIVADAS TERCEIRO SETOR SOCIEDADE CIVIL

SC1

Entrevistado 1

SC2

Entrevistado 2

SC3

Entrevistado 3

SC4

Entrevistado 4

TS2

Entrevistado 2

TS3

Entrevistado 3

TS4

Entrevistado 4

EP3

Entrevistado 3

EP4

Entrevistado 4

TS1

Entrevistado 1

OP1

Entrevistado 1

OP2

Entrevistado 2

OP3

Entrevistado 3

67

O Quadro 4 apresenta a análise de conteúdo, conforme informações coligidas

nas entrevistas realizadas com representantes dos órgãos públicos. O material

coletado representa a avaliação crítica das indicações da análise comparativa, por

categorias das entrevistas semiestruturadas, e identifica aspectos convergentes ou

não na visão dos respondentes.

Por meio do Quadro 4 observa-se que há indicações da presença de variáveis

que caracterizam o arranjo estudado como uma rede interorganizacional e a maioria

das respostas, quanto às categorias de análise, são convergentes entre si. Nota-se

no mesmo quadro, na análise da categoria esforços, que apenas um dos

respondentes não considera nenhum risco com a participação nos projetos

propostos.

68

Quadro 4 – Análise de conteúdo: recorte OP

Fonte: Autora (2016).

CATEGORIAS

DE ANÁLISE

RESULTADOS

ESPERADOS

ATRIBUTOS

DAS

RELAÇÕES

GANHOS

ADICIONAIS

ESPERADOS

ATORES

ORGÃOS PÚBLICOS

OP1

Entrevistado 1

OP2

Entrevistado 2

(1) Social: qualificação e inserção no

mercado de trabalho;

(2) Econômico: profissionalização com

ganho financeiro;

(3) Político: consolidação da imagem do

poder público perante a sociedade.

(1) Econômico: qualificação e inserção do cidadão

no mercado de trabalho, aumentando o consumo no

comércio local e a tributação para o município;

melhoria da competitividade das empresas da região;

(2) Político: geração de emprego e renda a partir da

qualificação - perspectiva do voto certo;

(3) Social: redução do número de pessoas

dependentes de programas sociais por meio de

qualificação e oferecimento de vagas de emprego na

região.

(1) Social: qualificação e diminuição de cidadãos da

condição de risco e dos programas de assistência

oferecidos pela prefeitura;

(2) Econômico: inserção no mercado de trabalho;

(3) Político: consolidação da imagem do poder

público perante a sociedade.

(1) Social: qualificação e inserção no

mercado de trabalho.

(1) Ascensão: social e financeira.

OP3

Entrevistado 3

OP4

Entrevistado 4

(1) Terceiro setor: receptividade, confiança,

reciprocidade, proximidade, comprometimento e

estrutura adequada;

(2) Empresas privadas: sonegação parcial de

informações;

(3) Fortalecimento e fidelização: empresas privadas,

poder público e terceiro setor;

(4) Projetos: recurso restrito, sem formalização e

resultado satisfatório.

(1) Relação dissociada da dimensão política:

distanciamento da política e desenvolvimento de

trabalhos profissionais e técnicos;

(2) Relacionamento: credibilidade, confiança,

qualidade nos trabalhos desenvolvidos e comunicação

eficiente.

(1) Participação nos projetos: adequação

de horário e viabilização de transporte.

(1) Gestão municipal: além do compromisso social,

tratamento e atendimento humanizados.

(1) Melhora da condição social: qualificação e

inserção no mercado de trabalho.

(1) Crescimento profissional: qualificação

e inserção no mercado de trabalho.

(1) Crescimento profissional: qualificação

e inserção no mercado de trabalho.

(1) Dificuldade de acesso aos recursos: dimensão

da equipe e orçamento restrito;

(2) Persuasão dos indivíduos: distinção entre

capacitação, geração de emprego e renda fora da

esfera política;

(3) Associação: operação dependente de terceiros;

(4) Operação informal: não formalizada por meio de

documentos.

(1) Custo elevado: recursos humanos, despesas

fixas, material de escritório e limpeza.

Observação: não considera nenhum risco com a

participação nos projetos propostos.

(1) Planejamento adequado: reuniões

constantes para melhor definição de plano

de ação e redução de riscos;

(2) Investimento: aporte de capital.

(1) Relacionamento: confiança,

cooperação, parceria, comprometimento,

reciprocidade e fidelização.

(1) Relacionamento: confiança,

cooperação, parceria, comprometimento,

reciprocidade e fidelização.

BENEFÍCIOS

ESFORÇOS

(1) Superação da equipe de trabalho: composta por

membros com culturas organizacionais distintas;

(2) Aprendizado: desenvolvimento, amadurecimento e

construção de competências para o trabalho em

equipe;

(3) Visibilidade: desenvolvimento e entrega de

projetos satisfatórios.

(1) Perspectiva: abertura de novos núcleos de

formação e capacitação profissional em outras

regiões da cidade.

(1) Reconhecimento: desenvolvimento e

difusão de projetos em outras regiões.

69

O Quadro 5 apresenta a análise do conteúdo coletado nas pesquisas

realizadas com os representantes das empresas privadas. A maioria das respostas é

convergente para os mesmos objetivos. Verifica-se a presença de categorias sociais

que identificam o arranjo estudado como uma rede interorganizacional. A pesquisa

foi possível apenas com três representantes das empresas privadas, tendo em vista

a dificuldade na tentativa de marcar e remarcar a entrevista. Desta forma, a coluna

representada pelo quarto representante do setor privado consta com a informação:

“Observação: limitação de pesquisa.”

Diante da análise de conteúdo pode-se observar que na categoria de análise

benefícios a resposta dos três entrevistados converge para benefícios sociais,

elencado como primeiro benefício obtido do relacionamento existente entre os atores

que fazem parte dos projetos propostos, demonstrando, mais uma vez, a

convergência das respostas.

Pode-se citar, ainda, inovação como dimensão da pesquisa diante da

categoria de análise ganhos adicionais esperados, como resposta que se repete ao

longo da entrevista com representantes das empresas privadas.

70

Quadro 5 – Análise de conteúdo: recorte EP

Fonte: Autora (2016).

ESFORÇOS

RESULTADOS

ESPERADOS

ATRIBUTOS

DAS

RELAÇÕES

GANHOS

ADICIONAIS

ESPERADOS

(1) Inovação: desenvolvimento de novos

projetos melhorando a visibilidade perante

as empresas conveniadas ou não.

(1) Desenvolvimento social: qualificação

profissional e inserção no mercado de

trabalho.

(1) Inovação: desenvolvimento de novos

projetos com aprendizado mútuo para

todos os envolvidos.

Observação: limitação de pesquisa.

EP3

Entrevistado 3

EP4

Entrevistado 4

(1) Relacionamento: reciprocidade,

comunicação efetiva e sinergia.

(1) Relacionamento: cooperação,

comprometimento, confiança, reciprocidade,

fidelização e comunicação eficiente.

Observação: limitação de pesquisa.

(1) Oportunidade: qualificação e

inserção no mercado de trabalho.

(1) Expansão: aumento de parcerias com

empresas da região.

(1) Excelência: qualidade na prestação

de serviços;

(2) Pojetos: perspectiva de continuidade.

Observação: limitação de pesquisa.

(1) Investimento: recursos humanos e

material para divulgação;

(2) Planejamento: adequação aos

projetos e administração do tempo.

(1) Parcerias: encaminhamento de jovens

qualificados para o mercado de trabalho.

(1) Investimento: recursos próprios com

reembolso posterior.

BENEFÍCIOS

CATEGORIAS

DE ANÁLISE

(1) Relacionamento: cooperação,

compartilhamento de informações e troca

de recursos.

Observação: Falta de sincronismo entre

o serviço prestado e a contrapartida

remuneratória por parte do poder público.

Observação: limitação de pesquisa.

ATORES

EMPRESAS PRIVADAS

EP1

Entrevistado 1

EP2

Entrevistado 2

Observação: limitação de pesquisa.(1) Social: estímulo à qualificação e

colocação no mercado de trabalho;

(2) Econômico: apesar de não visar

lucro, o valor arrecadado é essencial para

o desenvolvimento dos projetos

propostos;

(3) Político: imparcialidade perante a

política, embora a gestão pública seja

importante.

(1) Social: desenvolvimento e qualificação

para inserção no mercado de trabalho.

(1) Social: desenvolvimento e qualificação

para inserção no mercado de trabalho.

(2) Político: promoção política por meio

de capacitação oferecida aos munícipes.

71

O Quadro 6 apresenta a análise de conteúdo das respostas obtidas com as

entrevistas realizadas com representantes do terceiro setor, sendo quatro

respondentes para essa natureza. Observa-se que a maioria das respostas

converge entre si. Na análise de conteúdo da categoria benefícios verifica-se a

resposta do benefício social considerado como o mais importante diante das

relações mantidas entre os atores de distintas naturezas envolvidas no arranjo

integrado. Ainda, pela análise de conteúdo das respostas dos representantes das

empresas privadas, percebe-se a presença de categorias sociais como confiança,

comprometimento, cooperação, fidelização, resultados compartilhados,

reciprocidade e sincronismo entre os agentes envolvidos na relação de cooperação,

o que caracteriza o presente arranjo como uma rede interorganizacional. Nota-se no

mesmo quadro, na análise da categoria esforços, que apenas um dos respondentes

não considera nenhum risco com a participação nos projetos propostos.

72

Quadro 6 – Análise de conteúdo: recorte TS

Fonte: Autora (2016).

BENEFÍCIOS

ESFORÇOS

RESULTADOS

ESPERADOS

ATRIBUTOS

DAS

RELAÇÕES

GANHOS

ADICIONAIS

ESPERADOS

(1) Aprendizagem: professores e alunos;

troca de experiência e oportunidade de

profissionalização dos alunos envolvidos.

(1) Fortalecimento e manutenção:

consolidação do nome da instituição de

ensino perante a sociedade e da sinergia

entre os envolvidos nos projetos propostos.

(1) Projetos propostos: municípes

beneficiados e continuidade dos projetos

oferecidos na região.

(1) Inovação: desenvolvimento e

apresentação de projetos para empresas

locais;

(2) Conhecimento: possibilidade de

melhorias na qualificação profissional,

melhores práticas de trabalho e melhora na

qualidade de vida;

(3) Estímulo: incentivo à educação

continuada.

TS3

Entrevistado 3

TS4

Entrevistado 4

(1) Relacionamento: confiança,

comprometimento, cooperação,

comunicação efetiva, resultados

compartilhados, satisfação com a relação e

fidelização entre os envolvidos nos projetos

propostos.

(1) Relacionamento: confiança,

cooperação, comprometimento,

comunicação efetiva, fidelização na

parceria e reciprocidade nas relações entre

os envolvidos nos projetos propostos.

(1) Investimento: mapeamento da

necessidade da região e oferecimento de

curso para qualificação conforme demanda;

(2) Parcerias: manter os padrões de ensino

e qualidade do Senai.

(1) Expectativa: garantia de educação de

qualidade;

(2) Crescimento profissional: alunos

qualificados contribuindo para a melhoria

contínua da indústria na economia

brasileira.

(1) Oportunidade de divulgação: nome

da escola Senai junto à sociedade,

aumentando a captação de alunos.

(1) Expectativa: atendimento da demanda

do município por meio de programas

sociais e estabelecimento de convênios

com empresas privadas e órgãos públicos.

(1) Atendimento das indústrias: aumento

do índice de empregabilidade dos alunos.

(1) Investimento: qualificação de mão de

obra, material didático, maquinário,

estrutura adequada;

(2) Risco: Investimento realizado.

(1) Disponibilização de vagas: cursos

conforme possibilidades do terceiro setor e

demanda da região;

(2) Investimento: recursos humanos.

(1) Parcerias entre empresas privadas e

órgãos governamentais: investimento e

desenvolvimento de projetos.

Observação: não considera nenhum risco

com a participação nos projetos propostos.

CATEGORIAS

DE ANÁLISE

(1) Relacionamento: Sincronisco, respeito

mútuo, comprometimento, reciprocidade,

fidelização e parceria.

(1) Profissionais comprometidos:

cooperação, comprometimento, confiança,

reciprocidade, comunicação efetiva,

resultados compartilhados, satisfação com

a relação, fidelização.

ATORES

TERCEIRO SETOR

TS1

Entrevistado 1

TS2

Entrevistado 2

(1) Social: qualificação e evolução do

indivíduo pessoal e profissional;

(2) Econômico: integração do indivíduo no

mercado de trabalho e na sociedade.

(1) Associação dos benefícios: social e

econômico;

(2) Educação de qualidade e retorno

financeiro: provimento da demanda da

indústria, atendendo um número crescente

de alunos.

(1) Social: desenvolvimento da autoestima

a partir da qualificação, crescimento

pessoal e profissional;

(2) Econômico: retorno financeiro.

(1) Social: qualificação profissional;

(2) Econômico: geração de emprego e

renda.

73

O Quadro 7 apresenta a análise de conteúdo conforme informações obtidas

nas entrevistas efetuadas com representantes da sociedade civil. O material

coletado representa a avaliação crítica das indicações da análise comparativa por

categorias das entrevistas semiestruturadas, identificando aspectos convergentes ou

não na visão dos respondentes.

Na análise da categoria benefícios a resposta obtida como mais importante

diante das relações entre os agentes que participam do arranjo estudado foi o

benefício social. Diante das respostas coletadas na categoria atributos das relações

pode-se perceber a presença de categorias sociais nas relações existentes entre os

atores envolvidos na rede, caracterizando-a como tal.

Dois dos respondentes, representantes da sociedade civil, responderam que

não consideram nenhum risco com a participação nos projetos.

74

Quadro 7 – Análise de conteúdo: recorte SC

Fonte: Autora (2016).

BENEFÍCIOS

ESFORÇOS

RESULTADOS

ESPERADOS

ATRIBUTOS

DAS

RELAÇÕES

GANHOS

ADICIONAIS

ESPERADOS

CATEGORIAS

DE ANÁLISE

(1) Aprendizado: desenvolvimento pessoal

e profissional.

(1) Aprendizado: compartilhamento de

conhecimento e informações possibilitando

a perspectiva de trabalho em uma nova

área.

(1) Aperfeiçoamento: troca de experiência. (1) Socialização: relação e criação de

vínculos com alunos da rede pública, de

classes sociais e realidade diferentes;

(2) Aprendizagem: valorização do trabalho

voluntário.

SC3

Entrevistado 3

SC4

Entrevistado 4

(1) Relacionamento: confiança,

comprometimento, reciprocidade e

comunicação efetiva entre os envolvidos

nos projetos.

(1) Relacionamento: confiança,

cooperação, comprometimento,

reciprocidade e relação satisfatória entre

os envolvidos nos projetos;

(2) Credibilidade: Poder Público e

empresas parceiras atuantes na colocação

de indivíduos no mercado de trabalho.

(1) Investimento: transporte;

(2) Dedicação: busca pela comunicação

eficiente.

Observação: não considera nenhum risco

com a participação nos projetos.

(1) Evolução: melhor colocação no

mercado de trabalho e melhor desempenho

profissional.

(1) Progressão: colocação no mercado de

trabalho, melhor conhecimento, autoestima,

segurança social e econômica perante a

família.

(1) Expectativa: incentivo ao estudo e

divulgação da abrangência do curso – área

de atuação.

(1) Superação de expectativas: alcance

do resultado desejado.

(1) Dedicação: organização do tempo e

aprendizagem.

(1) Investimento: tempo e transporte. (1) Aprimoramento: busca pelo

conhecimento.

Observação: não considera nenhum risco

com a participação nos projetos propostos.

(1) Credibilidade: consolidação do nome dos

parceiros;

(2) Relacionamento: comprometimento,

cooperação e comunicação eficiente.

(1) Comunicação e investimento: não

considera o suficiente;

(2) Comprometimento e cooperação:

numa escala menor do esperado.

ATORES

SOCIEDADE CIVIL

SC1

Entrevistado 1

SC2

Entrevistado 2

(1) Social: desenvolvimento humano;

(2) Político: benefício volta como político,

mas não enxerga como algo importante.

(1) Social: disponibilização de cursos

gratuitos;

(2) Político: essencial para a

disponibilização de cursos;

(3) Econômico: melhor salário devido à

melhor qualificação.

(1) Econômico: capacitação e emprego;

(2) Social: melhor colocação no mercado

de trabalho e sociedade.

(1) Social: desenvolvimento pessoal e

profissional do aluno;

(2) Econômico: estímulo ao interesse do

aluno por conta da faixa de salário conforme

formação profissional;

(3) Político: não considera a conscientização

por parte dos individuos, havendo um

incentivo ao conhecimento.

75

O Quadro 8 apresenta a síntese comparada diante da análise de conteúdo

dos representantes de cada agente estudado (órgãos públicos, empresas privadas,

terceiro setor e sociedade civil). Na síntese é possível perceber respostas

convergentes mesmo sendo de respondentes representantes de setores de

naturezas distintas. Na sequência são apontadas algumas observações quanto à

síntese.

1) Categoria de análise: benefícios – nessa categoria percebe-se a presença

do benefício social como sendo o principal diante das respostas obtidas,

ou seja, os atores se movem no arranjo estudado por objetivos sociais

considerados como o mais importante; o objetivo econômico aparece

secundariamente em três dos quatro setores estudados; e por último, o

objetivo político. Apesar de o objetivo político aparecer nas respostas

obtidas, verifica-se a seguinte informação na síntese da sociedade civil:

“não visualiza a política como algo importante”; respostas convergentes.

2) Categoria de análise: esforços - a maioria das respostas obtidas converge

para o investimento, podendo ser em recursos humanos, material de

divulgação, material didático, maquinário, estrutura adequada, transporte

e tempo; a variável parceria também aparece com frequência na síntese

da análise de conteúdo.

3) Categoria de análise: resultados esperados – as respostas que aparecem

com frequência se referem à qualificação profissional e inserção no

mercado de trabalho, fundamentando-se no aumento das parcerias e

continuidade dos projetos propostos; respostas convergentes.

4) Categoria de análise: atributos das relações – estão presentes em todas

as sínteses as categorias sociais: confiança, cooperação,

comprometimento, compartilhamento de informações, reciprocidade,

fidelização e troca de recursos como características essenciais de uma

rede interorganizacional e presentes na relação entre os atores

envolvidos no arranjo integrado; na síntese das empresas privadas é

importante mencionar a observação realizada durante a análise de

conteúdo (divergência): “falta de sincronismo entre o serviço prestado e a

contrapartida remuneratória por parte do poder público”; a observação

destacada na síntese da sociedade civil aparece como a insuficiência na

comunicação, investimento, comprometimento e cooperação, ou seja, que

estão presentes, mas que podiam ser mais efetivos.

76

5) Categoria de análise: ganhos adicionais esperados – as dimensões da

pesquisa aprendizado e inovação aparecem com frequência na síntese

das respostas obtidas durante as entrevistas, demonstrando, novamente,

a convergência das respostas dos atores representantes de cada um dos

setores estudados. Assim, cita-se a presença de variáveis como:

desenvolvimento de trabalho em equipe e novos projetos para aumentar o

número de pessoas beneficiadas com os trabalhos realizados. Resultado:

ascensão social e financeira dos indivíduos diante da qualificação e

inserção no mercado de trabalho; respostas convergentes.

77

Quadro 8 – Análise de conteúdo: síntese comparada

Fonte: Autora (2016).

SÍNTESE

(1) Social: qualificação e inserção no mercado de trabalho;

redução do número de dependentes de programas sociais;

melhoria da qualidade de vida dos cidadãos;

(2) Econômico: profissionalização e inserção no mercado

de trabalho com ganho financeiro; expansão de consumo

por qualificação de mão de obra; aumento da arrecadação

para o município;

(3) Político: geração de emprego e renda; consolidação da

imagem do poder público perante a sociedade.

ATORES

ÓRGÃOS PÚBLICOS EMPRESAS PRIVADAS TERCEIRO SETOR SOCIEDADE CIVIL

SÍNTESE SÍNTESE SÍNTESE

GANHOS

ADICIONAIS

ESPERADOS

(1) Relacionamento: reciprocidade, comunicação

efetiva, sinergia, cooperação, comprometimento,

confiança, fidelização, compartilhamento de

informações e troca de recursos.

Observação: Falta de sincronismo entre o serviço

prestado e a contrapartida remuneratória por parte do

poder público.

(1) Inovação: desenvolvimento de novos projetos

(melhoria da visibilidade perante as empresas

conveniadas ou não e aprendizado mútuo para todos os

envolvidos);

(2) Desenvolvimento social: qualificação profissional

e inserção no mercado de trabalho.

(1) Dificuldade de acesso aos recursos e custo

elevado: dimensão da equipe e orçamento restrito;

(2) Persuasão dos indivíduos: distinção entre

capacitação, geração de emprego e renda fora da esfera

política;

(3) Associação: operação dependente de terceiros;

(4) Operação informal: não formalizada por meio de

documentos;

(5) Planejamento adequado: reuniões constantes para

melhor definição de plano de ação e redução de riscos;

(6) Participação nos projetos: adequação de horário e

viabilização de transporte.

(1) Gestão municipal: além do compromisso social,

tratamento e atendimento humanizados;

(2) Melhora da condição social e crescimento

profissional: qualificação e inserção no mercado de

trabalho.

(1) Social: desenvolvimento e qualificação para

inserção no mercado de trabalho;

(2) Político: imparcialidade perante a política, embora a

gestão pública seja importante; promoção política por

meio de capacitação oferecida aos munícipes;

(3) Econômico: apesar de não visar lucro, o valor

arrecadado é essencial para o desenvolvimento dos

projetos propostos.

(1) Oportunidade: qualificação e inserção no mercado

de trabalho;

(2) Expansão: aumento de parcerias com empresas da

região;

(3) Excelência: qualidade na prestação de serviços;

(4) Projetos: perspectiva de continuidade.

(1) Superação da equipe de trabalho: composta por

membros com culturas organizacionais distintas;

(2) Aprendizado: desenvolvimento, amadurecimento e

construção de competências para o trabalho em equipe;

(3) Visibilidade: desenvolvimento e entrega de projetos

satisfatórios;

(4) Perspectiva: abertura de novos núcleos de formação e

capacitação profissional; desenvolvimento e difusão de

projetos em outras regiões;

(5) Ascensão: social e financeira.

(1) Expectativa: atendimento da demanda do município por

meio de programas sociais e estabelecimento de convênios

com empresas privadas e órgãos públicos; garantia de

educação de qualidade;

(2) Atendimento das indústrias: aumento do índice de

empregabilidade dos alunos;

(3) Oportunidade de divulgação: nome da instituição de

ensino (terceiro setor) junto à sociedade, aumentando a

captação de alunos.

(1) Relacionamento: confiança: comprometimento,

cooperação, comunicação efetiva, resultados compartilhados,

satisfação com a relação, fidelização, sincronismo, respeito

mútuo e parceria.

ATRIBUTOS DAS

RELAÇÕES

RESULTADOS

ESPERADOS

ESFORÇOS

BENEFÍCIOS

(1) Relacionamento: credibilidade, confiança, cooperação,

comunicação eficiente, parceria, comprometimento,

reciprocidade, fidelização e qualidade nos trabalhos

desenvolvidos;

(2) Relação dissociada da dimensão política:

distanciamento da política e desenvolvimento de trabalhos

profissionais e técnicos;

(3) Empresas privadas: sonegação parcial de

informações;

(4) Projetos: recurso restrito, sem formalização e resultado

satisfatório.

CATEGORIAS DE

ANÁLISE

(1) Aprendizagem: troca de experiência e ganho entre

professores e alunos;

(2) Fortalecimento e manutenção: consolidação do nome da

instituição de ensino perante a sociedade a partir da sinergia

entre os envolvidos nos projetos propostos;

(3) Projetos propostos: munícipes beneficiados e

continuidade dos projetos oferecidos na região;

(4) Inovação: desenvolvimento e apresentação de projetos

para empresas locais;

(5) Conhecimento: possibilidade de melhorias na qualificação

profissional, melhores práticas de trabalho e melhora na

qualidade de vida;

(6) Estímulo: incentivo à educação continuada.

(1) Social: disponibilização de cursos gratuitos;

desenvolvimento pessoal e profissional; melhor

colocação no mercado de trabalho;

(2) Econômico: capacitação, emprego e renda;

(3) Político: essencial para a disponibilização de cursos;

incentivo ao aprendizado político.

Observação: não visualiza a política como algo

importante.

(1) Investimento: transporte e tempo;

(2) Aprimoramento: aprendizagem;

(3) Dedicação: busca pela comunicação eficiente.

(1) Evolução: melhor conhecimento, melhor colocação

no mercado de trabalho e melhor desempenho

profissional; autoestima, segurança social e econômica

perante a família;

(2) Expectativa: incentivo ao estudo e divulgação da

abrangência do curso – área de atuação;

(3) Superação de expectativas: alcance do resultado

desejado.

(1) Relacionamento: comprometimento, reciprocidade,

comunicação efetiva, credibilidade, cooperação,

confiança.

Observações: (1) Insuficiência: comunicação,

investimento, comprometimento e cooperação.

(1) Aprendizado: desenvolvimento pessoal e

profissional; valorização do trabalho voluntário;

(2) Aperfeiçoamento: troca de experiência;

(3) Socialização: relação e criação de vínculos com

alunos da rede pública, de classes sociais e realidade

diferentes.

(1) Investimento: recursos humanos e material para

divulgação; recursos próprios com reembolso posterior;

(2) Planejamento: adequação aos projetos e

administração do tempo;

(3) Parcerias: encaminhamento de jovens qualificados

para o mercado de trabalho.

(1) Social: qualificação, desenvolvimento e evolução do

indivíduo pessoal e profissional;

(2) Econômico: geração de emprego e renda.

(1) Investimento: recursos humanos, material didático,

maquinário e estrutura adequada, conforme proposta e

desenvolvimento de projetos;

(2) Risco: investimento realizado;

(3) Parcerias: manter os padrões de ensino e qualidade.

78

4.2 Discussão dos resultados

Os dados coletados nas entrevistas realizadas foram analisados, segundo

Bardin (2010), utilizando-se a análise de conteúdo para a sua interpretação,

conforme planejamento metodológico e para responder ao problema de pesquisa e

aos objetivos propostos no estudo.

Deve-se ter atenção quanto às variáveis coletadas, pois dizem respeito à

proposição da temática estudada, não servindo como resposta a outros arranjos,

mesmo que atuantes de forma similar.

No Quadro 8 pode-se verificar a síntese comparada dos resultados obtidos

nas entrevistas realizadas com todos os 15 respondentes, representantes de cada

um dos setores investigados (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro setor e

sociedade civil).

Diante dos resultados obtidos na análise das categorias e dimensões da

pesquisa, pôde-se verificar a convergência da maioria das respostas, com algumas

repetidas ao longo da síntese pelos representantes dos setores investigados,

mesmo que de naturezas distintas.

Segundo Nohria (1992), para entender redes se faz necessário o estudo

sobre as organizações e suas várias ligações com base em cinco princípios: (1)

Toda organização está em rede; (2) A organização é aberta e é parte da rede; (3) O

indivíduo é o resultado de suas relações sociais; (4) Ocorre uma relação sistêmica

de causa e efeito; e (5) Inserção na rede e suas ligações.

Desse modo, conclui-se que o objeto da pesquisa pode ser considerado como

uma rede inteorganizacional, tendo em vista a presença de várias características

elencadas por autores e estudiosos do assunto, como uma relação pautada pela

confiança, cooperação, comprometimento, fidelização, reciprocidade, comunicação

eficiente, sincronismo, compartilhamento de conhecimento e troca de recursos. A

base teórica dos constructos de confiança e comprometimento são as afirmativas de

Granovetter (1985). Segundo Oliver (1990) e Doz (1996), processos que possibilitam

uma gestão conjunta, de compartilhamento de recursos e construção de confiança

entre os agentes, são pautados na colaboração, comprometimento e cooperação.

Estes são considerados fatores que auxiliarão na manutenção da rede e que estão

presentes na análise de conteúdo realizada.

79

Conforme Zawislak (2000), diante da presença das categorias sociais

confiança, cooperação e comprometimento existirá o aprendizado e o

desenvolvimento de competências coletivas e passa-se a ter trocas de ativos

tangíveis e intangíveis, o que gera novas competências. Esse processo fará com

que os atores integrados na rede desempenhem melhor as suas funções.

O resultado da pesquisa contribui para o entendimento da coesão entre os

atores integrantes da rede estudada e caracteriza uma relação de comprometimento

e interdependência entre os agentes. A rede pode ser definida pela atribuição de

diversos fatores e um deles é de que os atores, de forma isolada, não conseguiriam

o resultado que obtêm trabalhando em conjunto, ou seja, atuando em rede. Nesse

sentido pode-se citar Granovetter (1985), Uzzi (1997) e Castells (1999), que afirmam

que toda organização está em rede, tendo ou não consciência dessa condição. O

ponto crucial para as ligações é a interdependência, ou seja, as organizações têm

necessidade de agir em conjunto, pois isoladas não têm os mesmos recursos e não

conseguem cumprir todas as etapas do processo.

Percebe-se, ao longo da análise do conteúdo coletado, que existe a presença

de interdependência dos atores, ou seja, o recurso que um agente necessita está

em posse de outro agente, ou surge na ação conjunta entre eles, somente sendo

possível a entrega do produto/serviço final com a participação de todos os atores

envolvidos na rede.

A reciprocidade na relação entre os atores, identificada como variável nas

entrevistas, presume a formação da rede cujo objetivo é a busca da realização de

interesses e objetivos comuns. No arranjo estudado pôde-se observar que os

objetivos podem ser comuns ou não, portanto, mesmo quando os objetivos não são

comuns para os agentes envolvidos, em algum momento os mesmos convergem

entre si. Explica-se: os objetivos podem apresentar uma ordenação de importância

diferente, mas convergentes. A título de exemplificação pode-se citar a análise da

categoria benefícios, na qual as respostas são convergentes, mas apresenta

ordenação diferente: na síntese comparada dos representantes dos setores de

naturezas distintas tem-se para os órgãos públicos os benefícios social, econômico

e político como resposta com as respectivas variáveis, conforme descrito no Quadro

8. Quanto às empresas privadas pode-se observar as respostas ordenadas em

benefício social, político e econômico. Para o terceiro setor as respostas foram

80

benefício social e econômico e para sociedade civil os benefícios foram elencados e

ordenados como social, econômico e político.

Desse modo, conclui-se que a maioria das variáveis encontradas na análise

de conteúdo realizada é convergente e algumas divergências apontadas (Quadro 8).

A fundamentação teórica do trabalho justifica como se estabelece e se

mantém o relacionamento existente entre os atores envolvidos no arranjo integrado

e de cooperação. Conforme as análises, observa-se que todos os envolvidos

apresentam algum interesse em participar e em continuar participando diante dos

resultados obtidos. Faz-se necessário apontar que os agentes envolvidos na rede

interorganizacional estudada recebem valores de ordem social, econômica e política,

que aparecem com maior ou menor frequência, sendo mais ou menos importantes,

mas estão presentes. Trata-se de uma rede informal que funciona sem contratos ou

documentos que a formalizem.

81

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente trabalho foi contribuir para o avanço da compreensão

da manutenção e sustentação dos processos cooperados e integrativos existentes

entre os atores de naturezas distintas (órgãos públicos, empresas privadas, terceiro

setor e sociedade civil) envolvidos na rede interorganizacional. Objetivou-se

reconhecer as motivações e dificuldades inerentes a esse processo integrativo que

aparentemente incorpora a compreensão articulada de objetivos sociais,

econômicos e políticos, como fundamento potencial dessa relação.

O presente estudo baseou-se na teoria de redes para contribuir com os

conhecimentos e fundamentos que estabelecem, mantêm e sustentam a relação

existente entre os agentes integrantes do arranjo articulado estudado, chamado de

PC2 no decorrer do trabalho.

Após as pesquisas bibliográficas, entrevistas realizadas e a análise crítica do

conteúdo coletado constatou-se que o arranjo estudado é uma rede

interorganizacional, ao se considerar as características das relações existentes entre

os atores. Essas relações se mantêm e se sustentam ao longo do tempo devido aos

interesses dos atores e aos resultados obtidos com a participação no arranjo

cooperado.

Conclui-se que os interesses dos agentes que integram a rede estudada PC2

são diversos e podem ser elencados na presença das seguintes variáveis

levantadas por este estudo: desenvolvimento humano, qualificação profissional e

inserção de indivíduos no mercado de trabalho, geração de emprego e renda,

melhorias na qualidade de vida e autoestima dos indivíduos, promoção e visibilidade

das empresas parceiras (empresas privadas e terceiro setor), atendimento da

demanda das empresas da região quanto ao preenchimento das vagas existentes

por pessoas qualificadas, continuidade no desenvolvimento de projetos no município

e relação satisfatória.

5.1 Limitações da pesquisa e sugestões para estudos futuros

A investigação realizada por meio das etapas determinadas e a natureza do

processo de amostragem considerou a necessidade de reconhecimento de

restrições de validade externa. Trata-se de um modelo que apresenta validade

82

interna, ou seja, na rede estudada a análise de dados e resultados obtidos deve ser

considerada sob uma perspectiva indicativa, embora consistentemente

estabelecidos e justificados.

Como limitações, destaca-se a dificuldade para marcar e/ou remarcar as

entrevistas. Alguns representantes das empresas privadas apresentaram receio em

participar da entrevista, o que gerou como resultado apenas três respondentes

representantes do setor mencionado.

A literatura disponível em número reduzido quanto ao assunto estudado,

também dificultou o acesso às informações pertinentes e que pudessem valorizar e

auxiliar no desenvolvimento do estudo.

Sugere-se que futuros trabalhos sejam realizados em outras organizações de

composição semelhante e que haja aprofundamento do estudo para validação dos

resultados obtidos, considerando que o número de respondentes para cada setor

estudado pode ser maior.

83

REFERÊNCIAS

ADAM, S.; KRIESI; H. The Network Approach, in SABATIER, Paul A. (org.) Theories of the Policy Process. Westview Press, 129-154. 2007.

ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.

BALESTRIN, A.; VARGAS, L. M. Evidências teóricas para a compreensão das redes interorganizacionais. Encontro nacional de estudos organizacionais. Anais… Recife: ENEO, v. 1. p. 1-15, 2002.

______. A dimensão estratégica das redes horizontais de PMEs: teorização e evidências. Rio de Janeiro: Revista de Administração Contemporânea (RAC), v.8, Edição Especial, p. 203-227, 2004.

BALESTRIN A.; VERSCHOORE. J. Redes de cooperação empresarial: estratégias de gestão na nova economia. Porto Alegre: Bookman, 2008.

BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J. R.; REYES E. J. O Campo de Estudo sobre Redes de Cooperação Interorganizacional no Brasil. Curitiba: Revista de Administração Contemporânea (RAC), Curitiba, v. 14, n. 3, art. 4, p. 458-477, 2010.

BALLOU, R. H.; GILBERT, S. M.; MUKHERJEE, A. New managerial challenges from supply chain opportunities. Industrial Marketing Management, n.29, p. 7-18, 2000. BARBER, B. All economies are “embedded”: the career of a concept, and beyond. Social Research, n. 2, vol. 62, 1995. BARBOSA, M. T.; BYINGTON, M. R.; STRUCHINER, C. J. Modelos dinâmicos e redes sociais: revisão e reflexão a respeito de sua contribuição para o entendimento da epidemia do HIV. Caderno Saúde Pública, pp. 37-51, 2000.

BARDIN L. L’Analyse de contenu. Editora: Presses Universitaires de France, 1977.

______. Análise de conteúdo. REGO, L. de A; PINHEIRO, A. (trads). Lisboa: Edições 70. (Obra original publicada em 1977). 2006.

BASTOS, A. V. B..; SANTOS, M. V. Redes sociais informais e compartilhamento de significados sobre mudança organizacional. Revista de Administração de Empresas - RAE, vol. 47, n. 3, jul./set., 2007.

BONACICH, P. Power and Centrality: A Family of Measures. American Journal of Sociology, v. 92, n. 5, p. 1170, 1987.

BOOTH, W. C.; COLOMB, G. G.; WILLIANS, J. M. A arte da pesquisa. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

84

BORGATTI, S. P. Centrality and network flow. Social networks, v. 27, n. 1, p. 55–71, 2005.

BORZEL, T. Organizing Babylon: on the different conceptions of policy networks. Public Administration, Vol.76, summer 1998, pp. 253-273. 1998.

BORZEL, T.; PANKE, D. Network governance: effective or legitimate? In: SORENSEN, E. e TORFING, J. (Ed.). Theories of democratic network governance. New York: PalgraveMacmillan, 2007.

BUNGE, M. La Ciencia – su método y su filosofia. Buenos Aires: Ediciones Siglo Veinte, 1980. BURT, R. S. Structural Holes. [s.l.] Harvard University Press, 1995.

CAIEIRAS ON LINE. Caieiras 2016. Disponível em: <www.caieirasonline.com.br/1/56/municipais/conselho-tutelar.html>. Acesso em: 18 mar. 2016a.

______. Caieiras 2016. Disponível em: <www.caieirasonline.com.br/1/772/estaduais/pat-posto-de-atendimento-ao-trabalhador.html>. Acesso em: 18 mar. 2016b.

CÂNDIDO, G. A.; ABREU, A. F. Os conceitos de redes e as relações interorganizacionais: um estudo exploratório. Anais… ENANPAD, vol. 24, Florianópolis, 2000.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: 1ª ed.; Editora Paz e Terra, 1999.

______. Materials for an exploratory theory of the network society. British Journal of Sociology, v.51, n.1, Jan/Fev, p.5-24, 2000.

CASTELLS, M.; CARDOSO, G. The network society: From Knlowdge to policy.Center for Transatlantic relations. The Johns Hopkins University. Washington, DC, 2005.

CASAROTTO FILHO, N.; PIRES, L. H. Redes de pequenas e médias empresas e desenvolvimento local. São Paulo: Atlas, 1999. CENTRO PAULA SOUZA. São Paulo, 2016. Disponível em: http://www.cps.sp.gov.br/cursos/etec/. Acesso em: 18 mar. 2016.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais (8a ed.). São Paulo: Cortez, 2006.

CHRISTENSEN, T. et al. Organization Theory and the Public Sector - Instrument, Culture and Myth. New York: Routledge, 2007.

CIEE. Centro de Integração Empresa-Escola. São Paulo, 2016. Disponível em: <www.ciee.org.br/portal/institucional/index.asp>. Acesso em: 18 mar. 2016.

85

CMPC. Companhia Melhoramentos de Papel e Celulose. Disponível em: <www.melhoramentoscmpc.com.br/unidades_fabris>. Acesso em: 18 mar. 2016.

D´AVENI, R. Hipercompetition. Editora Simon & Schuster. EUA, 1994.

DYER, J. H. Specialized supplier networks as a source of competitive advantage: Evidence from the auto industry. Strategic Management Journal, v. 17, n. 4, p. 271–291, 1996.

DYER, J. H.; SINGH, H. The Relational View: cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. The Academy of Mangement Review, v. 23, n. 4, p. 660-679, 1998. DOAJ. EUA, 2016. Disponível em: https://doaj.org/. Acesso em: 14 jun. 2016. DOZ, Y. The evolution of cooperation in strategic aliances: initial cnditions or learning processes? Strategic Management Journal, v. 17, n. Special Issue, p. 55-83, 1996.

ESCHER, F. A evolução institucional do sistema de cooperativas de leite da agricultura familiar com interação solidária - SISCLAF: atores sociais, mercados e ação coletiva no sudoeste do Paraná, ISSN: 2175-6880, 2011.

FISHER, M. L. What is the right supply chain for your product? A simple framework can help you figure out the answer. Harvard Business Review, mar.abr, p. 105-128, 1997.

FISCHER, T. Gestão contemporânea: cidades estratégicas e organizações locais. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, p. 53-68, 1997.

FLEURY, S. Gestão das Redes de Políticas. In: XXVI. EnANPAD, 2002, Salvador, Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, p.1-13, 2002. FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Artmed, 2009.

FOSSÁ, M. I. T. Proposição de um constructo para análise da cultura de devoção nas empresas familiares e visionárias. Tese (Doutorado em Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.

FREY, K. Governança interativa: uma concepção para compreender a gestão pública participativa? Política & Sociedade. Revista de Sociologia Política, v.1, n.5, p.117- 136, 2004.

______. Desenvolvimento sustentável local na emergente sociedade em rede: o potencial das novas tecnologias da informação e comunicação na formação de redes comunitárias. Revista de Sociologia e Política, n.º.21, Nov 2003, p.165-185. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n21/a11n21.pdf>. Acesso em: 10 de janeiro de 2016.

86

GANESAN, S.; MALTER A. J.; RINDFLEISCH A. Does distance still matter? Geographic proximity and new product development. Journal of Marketing, v.69, oct. 2005. p.44-60. 2005.

GIGLIO, E. M. Análise e Crítica da Metodologia Presente nos Artigos Brasileiros sobre Redes de Negócios e uma Proposta de Desenvolvimento. Encontro de Estudos Organizacionais, Anais do VI ENEO, Florianópolis, 2010.

GIGLIO, E. M.; HERNANDES, J. L. G. Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócio Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 14, n. 42, p. 78-101, 2012.

GOLDSMITH, S.; EGGERS, D. Governing by network: the new shape of the public sector. Washington D.C.: Brookings, 2004 GORDON, W.; LANGMAID, R. Contemporary Qualitative Market Research. Hampshire: Gower Publishing Limited, 1988.

GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, p. 481–510, 1985.

______. The Impact of Social Structure on Economic Outcomes. Journal of Economic Perspectives, v. 19, n. 1, p. 33 - 50, 2005.

GULATI, R. Does familiarity breed trust? The implications of repeated ties for contractual choice in alliances. Academy of Management Journal, v. 38, n. 1, p. 85-112, 1995.

GULATI, R.; SINGH, H. The architecture of cooperation: Managing coordination costs and appropriation concerns in strategic alliances. Administrative Science Quarterly, v. 43, n. 4, p. 781–814, 1998.

GULATI, R.; GARGIULO, M. Where do interorganizational networks come from? The American Journal of Sociology, v. 104, n. 5, mar., p. 1439-1493, 1999.

HOFFMAN, V.; MOLINA-MORALES, F.; MARTINEZ-FERNANDES, M. Redes de empresas: Uma proposta de tipologia para sua classificação. Congresso EnAnpad. Anais, 2004. JOIREMAN, J. A.; DUELL, B. Mother Teresa vs. Ebenezer Scrooge: mortality salience leads proselfs to endorse self-transcendent values (unless prselfs are reassured). Personality and Social Psychology Bulletin, 31 (3), 307-320, 2005. KAUARK, F.; MANHÃES, F. C.; MEDEIROS, C. H. Metodologia da pesquisa: guia prático. Itabuna: Via Litterarum, 2010.

KENIS, P.; SCHNEIDER, V. Policy networks and policy analysis: scrutinizing a new analytical tool. In: MARIN, B; MAYNTZ, R (orgs.). Policy networks: empirical evidence and theoretical considerations. Frankfurt am Main: Campus; Boulder, Colorado: Westview Pres, p.25-59, 1991.

87

KICKERT, W; KLIJN, E; KOPPENJAN, J. (orgs). Managing Complex Networks: strategies for public sector. London: SAGE Publications, 1997.

KLEIN, M. V. Identificação do nível de relacionamento entre a Claro digital e seus clientes corporativos. 2003. 109 f. Dissertação (Mestrado em Administração). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2003.

KLIJN, E.-H.; KOPPENJAN, J. F. M. Public management and policy networks. Foundations of a network approach to governance. Public Management (an International Journal of Research and Theory), v.2, n.2, p.93, 2000.

KLIJN, E.-H.; STEIJN, B.; EDELENBOS, J. The impact of network management on outcomes in governance networks. Public Administration, v. 88, n. 4, p. 1063–1082, 2010.

KOGUT, B. The network as knowledge: generative rules and the emergence of structure. Strategic Management Journal n. 21, p. 405–425, 2000.

LAMBERT, D. M.; COOPER, M. C. Issues in supply chain management. Industrial Marketing Management, n. 29, p.65-83, 2000.

LARSON, A. Network dyads in entrepreneurial settings: a study of the governance of exchange relationships. Administrative Science Quarterly, v. 37, n. 1, p. 76-104, 1992.

LEON, M. E. Uma Análise de Redes de Cooperação das Pequenas e Médias Empresas do Setor das Telecomunicações. Dissertação Mestrado, Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Dez., 1998. LIBRARY PRESS DISPLAY. EUA, 2016. Disponível em: http://library.pressdisplay.com/pressdisplay/pt/viewer.aspx. Acesso em: 14 jun. 2016.

LINDENBERG, S. It takes both trust and lack of mistrust: the workings of cooperation and relational signaling in contractual relationships. Journal of Management and Governance, v. 4, p. 11-33, 2000.

LINDENBERG, S.; FOSS, N. J. Managing Joint Production Motivation: the Role of Goal Framing and Governance Mechanisms. Academy of Management Review, v. 36, n. 3, p. 500–525, 2011.

LOIOLA, E.; MOURA, S. Análise de redes: uma contribuição aos estudos organizacionais. Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1996.

_______. Análise de redes: uma contribuição aos estudos organizacionais. In: Tânia Fisher (org.). Gestão contemporânea, cidades estratégicas e organizações locais, Rio de Janeiro: FGV, 53-68, 1997.

LOPES, F. D.; BALDI, M. Redes como perspectiva de análise e como estrutura de governança: uma análise das diferentes contribuições. Rio de Janeiro: RAP - Revista de Administração Pública, v. 43 (5): p. 1007-1035, Set/Out 2009.

88

MARTINS, G. A. Estudo de caso: uma reflexão sobre a aplicabilidade em pesquisas no Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações, v.2, n.2, p.4-18, 2008.

MARTINS, P. H. As redes, o sistema da dádiva e o paradoxo sociológico. Caderno CRH, Salvador, v. 17, n. 40, p.33-48, jan./abr. 2004.

MCGUIRE, M.; AGRANOFF, R. The Limitations of Public Management Networks. Public Administration, v. 89, n. 2, p. 265-284, 2011.

MAHNKE, V. Limits to outsourcing and the evolutionary perspective on firm boundaries: Department Business School, Copenhagen Business School, 2000.

MELO, T. P. O Cooperativismo como Estratégia de Fortalecimento das Relações Comerciais. Maceió, p. 09-62, dezembro 2012. MESSICK, D. M.; McCLINTOCK, C. G. Motivacional bases of choice in experimental games. Journal of Experimental Social Psychology, 4 (I), I-25, 1968.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 1994. ______. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.

MIZRUCHI, M. S. Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 46, n. 3, set. 2006.

MORGAN, R. M.; HUNT, S. D. Theory of Relationship Marketing. Journal of Marketing, v. 58, n. 3, p. 20–38, 1994.

NELSON, R.; WINTER, S. An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University, 1982.

NETO, M. Q. G.; BATISTA, A. M. Procedimento de manifestação de interesse (PMI): diálogos com a iniciativa privada, III Congresso Consad de Gestão Pública. Anais… 15, 16 e 17 de mar. de 2010, Centro de Convenções. Ulysses Guimarães, Brasília/DF. 2010.

NIELSEN, B. B. Strategic fit, contractual, and procedural governance in alliances. Journal of Business Research, v. 63, n. (2010), p. 682–689, 2010.

NOHRIA, N.; Is a network perspective a useful wam y of studying organizations: In NOHRIA, N.; ECCLES, R. Networks and organization: Structure, form and action. Boston: Harvard Business School, 1992.

NOOTEBOOM, B.; BERGER, H.; NOORDERHAVEN, N. G. Effects of trust and governance on relational risk. Academy of Management Journal, v. 40, n. 2, p. 308-338, 1997.

89

OFFERMAN, T.; SONNEMANS, J.; SCHRAM, A. Value orientatios, expectations, and voluntary ccontributions in public goods. Economic Journal, 106 (437), 817-845. 1996.

OLAVE M. E. L.; AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva: uma estratégia de competitividade e sobrevivência para pequenas e médias empresas. Gestão e Produção, v. 8, n. 3, p. 289-303, 2001. OLIVER, C. Determinants of interorganizational relationships: Integration and future directions. Academy of management review, v. 15, n. 2, p. 241-265, 1990.

ORTIGARA, R. J.; CARON, A. Desenvolvimento Local e Sustentável: Revelando o Espaço das Redes de Cooperação – Condições de Existência na Teoria e na Prática. Programa de Apoio à Iniciação Científica – PAIC, 2010-2011.

OZCAN, K. Consumer-to-consumer interactions in a networked society: word-of-mouth theory, consumer experiences, and network dynamics. 2004. 185 f. Tese (Doutorado em Administração) - University of Michigan, United States. Michigan. 2004.

POWELL, W. W. Hybrid organizational arrangements: New form or transitional development? California Management Review, v.30, n.1, 1987.

______. Neither Market nor Hierarchy: Networks forms of organization. Research in Organizational Behavior, v.12, p. 295-336, 1990.

POWELL, W. W.; KOPUT, K. W.; SMITH-DOERR, L. Interorganizational collaboration and the locus of innovation: networks of learning biotechnology. Administrative Science Quarterly, v. 41, n. 1, p. 116-145, 1996.

PREFEITURA DE CAIEIRAS. Caieiras 2016. Disponível em: <www.caieiras.sp.gov.br/novo/secretaria/?id=desenvolvimento-economico>. Acesso em: 18 mar. 2016. 2016a.

______. Caieiras 2016. Disponível em: <www.caieiras.sp.gov.br/novo/secretarias/?id=fundo-social>. Acesso em: 18 mar. 2016. 2016b.

______. Caieiras 2016. Disponível em: <www.caieiras.sp.gov.br/novo/secretarias/?id=esporte>. Acesso em: 18 mar. 2016. 2016c.

RAPOSO, L. F. M. Parceria e Associações: Conceito, Regras e Considerações. MR2 Consultoria, Mai 2006, Atualização Mai 2007.

REVISTA EXAME. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/risco-politico-global/2015/10/06/o-que-e-a-politica/>. Acesso em: 25 mai. 2016.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

90

ROESCH, S. M. A. Projetos de estágio e de pesquisa em administração: guias para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de casos. São Paulo: Atlas, 1999. ROKEACH, M. The nature of human values. New York: Free Press. 1973. SCHWARTZ, S. H. Universals in the contente and structure of values: theory and empirical tests in 20 countries. In: ZANNA, M. (Ed.). Advances in experimental social psychology (Vol. 25, pp. I-65). New York: Academic Press. 1992. ______. Validade e aplicabilidade da teoria de valores. In: TAMAYO, A.; PORT, J. B. (Eds.). Valores e comportamento nas organizações (pp. 56-95). Petrópolis: Vozes. 2005. SCIELO. 2016. Disponível em: http://www.scielo.org/php/index.php. Acesso em: 10 jan. 2016.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. São Paulo 2015. Disponível em: <www.educacao.sp.gov.br/educacao-jovens-adultos>. Acesso em: 18 mar. 2016.

SELLTIZ, C.; JAHODA, M.; DEUTSCH, M.; COOK, W. S. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Editora Herder, 1967.

SENAC. Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. São Paulo 2016. Disponível em: <www.senac.br/institucional/senac.aspx>. Acesso em: 18 mar. 2016. SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. São Paulo 2016. Disponível em: <www.sp.senai.br/senaisp/institucional/127/0/o-sistema-senai>. Acesso em: 18 mar. 2016.

SIMONIN, B. L. The importance of collaborative know-how: an empirical test of the learning organization. Academy of Management Journal, v. 40, n. 5, p. 1150-1174, 1997. SPELL. 2016. Disponível em: http://www.spell.org.br/. Acesso em: 10 jan. 2016. TERENCE, A. C. F.; ESCRIVÃO F. E. Abordagem quantitativa, qualitativa e a utilização de pesquisa-ação. In: XXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP, 2006, Fortaleza. Anais...Fortaleza: Abepro, 2006.

TICHY, N.; TUSHMAN, M.; FOMBRUN, C. Social network analysis for organizations. Academy of Management Journal, vol. 4, n. 4, 1979.

TODEVA, E. Business networks: strategy and structure. [s.l.] Routledge, 2006.

TODEVA, E.; KNOKE, D. Strategic alliances and models of collaboration. v. 43, n. 1988, p. 1–22, 2005.

91

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. VASCONCELLOS, M.; VASCONCELLOS, A. M. Partnership, empowerment and local development. Interações, Campo Grande, [online]. 2009, vol.10, n.2, pp. 133-148. ISSN 1518-7012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1518-70122009000200002>. Acesso em: 20 fev. 2016. 2009.

VECCHIA, A. A argumentação na escrita. São Paulo: Scortecci, 2008.

VINHAS, F. D. Gestão social e as relações de poder: um estudo de caso de uma rede do terceiro setor. Dissertação (Mestrado em Administração) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

WESTERLUND, M.; RAJALA, R. Learning and innovation in inter-organizational network collaboration. Journal of Business & Industrial Marketing, v.25, n.6, p. 435–442, 2010.

WILLIAMSON, O. E. The economic institution of capitalism - Firms, Markets, Relational Contracting. New York: Free Press, 1985.

WOOD Jr, T.; ZUFFO, P. K. Supply chain management. RAE – Revista de Administração de Empresas, v.38, n. 3, jul./set. 1998.

ZACCARELLI, S. B.; TELLES, R.; SIQUEIRA, J. P. L.; BOAVENTURA, J. M. G.; DONAIRE, D. Clusters e Redes de Negócios: uma nova visão para a gestão dos negócios. São Paulo: Atlas, 2008.

ZAWISLAK, P. Alianças Estratégicas: contexto e conceitos para um modelo de gestão. Saberes, v. 1, n. 3, p. 10-21, 2000.

ZOLLO, M.; WINTER, S. Deliberate learning and the evolution of dynamics capabilities. Organization Science, v. 13, n. 3, p. 339-351, 2002.

YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman Editora, 2015.

92

APÊNDICE

APÊNDICE A – Transcrição das respostas obtidas por meio do questionário semiestruturado utilizado na coleta de dados da pesquisa Entrevista OP1 Órgão público Cargo: Secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho Data: 12/04/2016

Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.

Resposta: (1) Econômico: O cidadão qualificado conseguirá inserção no mercado de trabalho, desta forma, poderá consumir mais no comércio local aumentando a tributação para o município; melhoria da competitividade das empresas da região (profissionais capacitados produzem mais e melhor); (2) Político: aumenta a crença na gestão do município a partir do momento em que as pessoas se qualificam e conseguem uma melhoria social e econômica (geração de emprego e renda); perspectiva do voto certo; (3) Social: redução do número de pessoas dependentes de programas sociais; em 2012 eram em torno de 600 pessoas em situação de miséria extrema, hoje são em torno de 200; resultado do trabalho de qualificação e oferecimento de vagas de emprego na região; qualificação da “frente de trabalho” cujo objetivo é a recolocação das mesmas no mercado de trabalho (cerca de 480 pessoas ao ano). O projeto só vai para frente, pois o principal objetivo é econômico, se fosse somente social, não iria adiante. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: (1) Recursos escassos, pois outras demandas como saúde, educação e obras consomem grande parte do orçamento; (2) Esforço é grandioso no sentido de tirar a política da jogada, apesar dela fazer parte do cotidiano; tentar mudar a cultura de quem está dentro e fora do sistema (questões políticas – troca de favores); fazer as pessoas entenderem que a capacitação e a geração de renda e emprego não são questões políticas; As pessoas devem ser profissionais e resolverem as questões de forma técnica e não política; (3) Equipe escassa (menos profissionais trabalhando muito mais devido ao grande número de pessoas que procuram os serviços oferecidos diariamente), mas a equipe dá conta do recado; (4) Não enxerga riscos no presente projeto; orçamento restrito; programa de bolsa obedece à legislação; O único risco é a dependência de parceiros (empresas privadas e terceiro setor) que apresentam boa fé e boa vontade diante dos projetos propostos, mas algumas decisões independem deles, são interlocutores de agentes maiores, podendo gerar transtornos por não conseguir cumprir ou oferecer um curso, por exemplo. Não existe documento para firmação dos compromissos com os parceiros, somente formalização de cessão de espaço. Alguns projetos acontecem independente dos parceiros, com as próprias pernas.

93

Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: (1) O gestor municipal tem por objetivo fazer a diferença e a mudança no seu mandato; (2) Tratamento e atendimento humanizado às pessoas, não é apenas um compromisso social. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: (1) Empresas privadas trocam menos informações que os parceiros do terceiro setor (mais receptivos – proximidade e comprometimento maior); (2) Poder público estigmatizado por incompetência faz com que as empresas privadas não acreditem, num primeiro momento; (3) Essa relação começa a mudar; o nível de fidelização aumenta; (4) As empresas do terceiro setor, por exemplo, buscam o município de Caieiras pela estrutura, pela confiança, pelo comprometimento e reciprocidade; troca entre poder público, empresas privadas e terceiro setor; (5) A prefeitura faz a triagem dos profissionais para o processo seletivo de uma empresa privada da região, por exemplo; (6) Projeto realizado com pouco recurso e resultado positivo para todos os envolvidos; (7) Todos os projetos acontecem sem formalidades, sem contratos, com regras definidas, mas sem documentação pertinente; (8) Credibilidade dos demais agentes em relação ao poder público; (9) Inicialmente a relação começa por questões pessoais e profissionais, após o primeiro trabalho, os parceiros passam a acreditar nos projetos; (10) Com os resultados satisfatórios, cada vez mais pessoas / empresas se interessam em participar dos projetos desenvolvidos no município; (11) Cadastro de 8.000 pessoas passa a ser de 24.000 (para vagas na região). Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: (1) Para a equipe: vencer as barreiras – superação no trabalho / lidar com uma cultura diferente – estabilidade de alguns profissionais; vencer os desafios e sem esperar retorno das outras pessoas; (2) Elevado aprendizado para todos os envolvidos nos projetos propostos.

Entrevista OP2 Órgão público Cargo: Gestor de apoio a processos administrativos Data: 19/04/2016

94

Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: Na frente de trabalho, as pessoas se qualificando acabam tendo oportunidade de conseguir uma colocação no mercado de trabalho; terá diferencial na procura de um emprego; experiência a mais no momento de concorrer com outras pessoas; tentativa de tirar essas pessoas da condição de “assistência” diante dos programas de bolsa oferecidos pela Prefeitura. (1) Benefício social: tirar essas pessoas de condição de risco; (2) Benefício econômico 50%: conseguindo um emprego, terá melhor condição financeira; resultado econômico; (3) Benefício político 50%: mostra a partir dos projetos que a administração pública se preocupa com o munícipe, ajudando as pessoas a melhorarem de condição social e financeira. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Esforços com custos (custo alto com recursos humanos, despesas fixas, material de escritório e limpeza). Não considera nenhum risco a partir da participação nos projetos. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Expectativa em qualificar o maior número de pessoas para conseguir colocá-las no mercado de trabalho, melhorando as condições sociais. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Muitas empresas não querem se aproximar quando se fala em “política”, portanto, a partir do momento que conseguem visualizar um trabalho técnico, a confiança na relação aparece. O trabalho oferecido e desenvolvido é extremamente profissional. A empresa acredita, tem credibilidade e qualidade nas parcerias firmadas. A comunicação é um canal eficiente e efetivo utilizado entre os setores envolvidos no desenvolvimento dos projetos. O resultado diante dos projetos desenvolvidos é compartilhado entre todos os envolvidos. Cada um fazendo a sua parte. O ganho é igual para todos. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Com o desenvolvimento dos projetos, consegue-se justificar a abertura de novos núcleos de formação e capacitação profissional em outras regiões da cidade, oferecendo oportunidade para um número maior de pessoas.

95

Entrevista OP3 Órgão público Cargo: Gestor do PAT Data: 17/05/2016

Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.

Resposta: Em termos de empregabilidade e formação, para o PAT é muito importante a qualificação profissional dos alunos tanto para um primeiro emprego quanto para uma recolocação no mercado de trabalho, pois a meta principal do PAT é buscar alternativas para os trabalhadores, fazendo um encontro com o empregador de maneira ágil, minimizando o custo social causado pelo desemprego. Desta forma, a relação PAT/Núcleo vem ao encontro das necessidades do aluno que está se preparando para ingressar no mercado de trabalho, e do empregador que necessita preencher sua vaga como o profissional qualificado.

Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.

Resposta: Quando a iniciativa se dá pelo PAT/SEMUDEC, há uma discussão de forma participativa por meio de reunião envolvendo os agentes que elaboram as prioridades de cursos tendo em vista o perfil dos trabalhadores da região socialmente vulneráveis (baixa escolaridade e qualificação insuficiente, pessoas de maior idade, primeiro emprego etc.), e também levando em consideração a necessidade das empresas quanto a mão de obra qualificada conforme a área desejada. Há custos por parte da prefeitura e também das empresas privadas parceiras que ajudam. Todos os projetos são muito bem estudados, planejados e elaborados, e o risco sempre existe, porém, reduzido devido a todo o preparo realizado.

Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.

Resposta: Quanto aos resultados, esperamos que o maior número de alunos/trabalhadores possíveis ingresse ou se recoloquem no mercado de trabalho, principalmente em nosso município, e que as orientações por nós dadas estimulem e os incentivem para uma formação completa e crescimento profissional.

Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.

Resposta: Existe a confiança e cooperação da parceria PAT/Núcleo por todos os resultados positivos já obtidos até o momento; confiança e cooperação dos empregadores que vêm nos procurar e que já tiveram bons resultados com os projetos; comprometimento da equipe de trabalho, reciprocidade munícipe/prefeitura; fidelização entre trabalhadores/empregadores que sempre retornam e utilizam nossos serviços de empregabilidade/qualificação.

96

Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação.

Resposta: Primeiramente, temos o reconhecimento de todos os envolvidos nos projetos; com os resultados positivos obtidos tornamos um espelho para outros municípios que buscam a mesma metodologia aplicada e temos nossos projetos difundidos em outros lugares, sendo sempre considerado como referência.

Entrevista OP4 Órgão público Cargo: Diretor do Departamento EJA Data: 17/05/2016

Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.

Resposta: Social: Os cursos profissionalizantes podem inserir esses alunos sem uma profissão e desempregados ao mercado de trabalho. Econômico: Quando o aluno passa a se interessar em mudar de vida e adquirir conhecimentos em uma profissão e poder melhorar sua condição econômica. Político: Se tornar um cidadão crítico e atuante, reconhecendo seus direitos e deveres.

Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.

Resposta: Não classificaria como esforços e sim uma adequação de horários para que o aluno, estudante regular da EJA, tenha oportunidade de frequentar a escola e participar dos cursos. A questão do transporte às vezes dá um pouco de problema, devido ser no período noturno em que a Secretaria de Educação não possui motorista, mesmo assim o transporte é realizado. O aluno não tem nenhum custo, só recebe benefícios.

Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.

Resposta: As expectativas da EJA é que possamos oferecer aos alunos além da escolaridade também a esperança de uma vida melhor ao adquirir conhecimentos nos cursos profissionalizantes e conseguir um emprego melhor.

Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Todos os atributos citados são contemplados com muita satisfação. O Núcleo consegue realizar um trabalho com muita atenção e comprometimento. É difícil trabalhar com alunos da EJA, pois os mesmos não têm comprometimento com o que se propõem a fazer e mesmo assim tem dado certo. Os alunos stão gostando muito.

97

Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: A escola está muito satisfeita com os resultados dos alunos nos cursos. Os alunos estão interessados e comentam o que aprenderam. Ficam interessados em participar de novos cursos. Segundo o Plano Municipal de Educação é dever de a escola oferecer cursos aos alunos da EJA juntamente com a escolarização. Estamos muito felizes em poder contribuir para que nossos alunos obtenham as duas coisas e tenham oportunidade de melhorar de vida e oferecer melhores condições às suas famílias.

Entrevista EP1 Empresa privada Cargo: Coordenador de Vagas – Processo Seletivo Data: 20/04/2016

Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.

Resposta: Foco do CIEE: abertura de vagas com as empresas privadas e de outro lado, os alunos, interessados em estagiar. O objetivo é aproveitar os programas que a prefeitura já oferece, agregando aos serviços do CIEE (estágio e aprendiz legal). Trazer os estudantes da região para o banco de dados do CIEE. Os projetos oferecidos e a parceria com a prefeitura funcionam como forma de divulgação do CIEE no próprio município. Prefeitura é a porta de entrada do CIEE no município. Todos os projetos que agregam informação e divulgação são bem vindos para o CIEE. Não visa lucro, é uma ONG mantida pelo empresariado (foco: assistência social – inserção ao mercado de trabalho). Não cobra nada do estudante pelo serviço prestado. O empresariado tem uma contribuição mensal pelo estagiário contratado (convênio). Valores direcionados ao seguro dos estagiários e para manter o trabalho da empresa como um todo. (1) Social: auxiliar os jovens na qualificação e colocação no mercado de trabalho. (2) Econômico: o custo para o convênio com a prefeitura é simbólico (R$10,00 por estagiário), enquanto as empresas privadas pagam (R$ 100,00 por estagiário). Os objetivos são: ter visibilidade. Mostrar a importância do projeto. Desenvolver os programas com uma facilidade maior. (3) Político: se mantém imparcial no que tange à política. Não se envolve em questões políticas. Foco: inserção do jovem no mercado de trabalho. Claro que a gestão do prefeito é importante, mas a política / partido político não é levada em consideração.

Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.

Resposta: Riscos: o investimento não é alto. Somente com equipe de trabalho (recursos humanos), conforme a demanda. Trabalha-se com o mínimo de mão de obra. De acordo com a necessidade foi instalado um polo de atendimento do CIEE na prefeitura de Caieiras. Utilizam folders para divulgação. Custo mínimo. O tempo é administrado conforme os atendimentos a serem realizados: 10 municípios e empresas privadas da região (planejamento e agenda – controle e cumprimento de metas de atendimento).

98

Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Expectativa: movimentar as vagas do município. Movimentando as vagas, o CIEE terá uma ampliação das vagas junto às empresas privadas e órgãos públicos (estágio e aprendiz legal). Objetivo do CIEE: abrir as vagas nas empresas e por outro lado, captar os estudantes para serem inseridos no mercado de trabalho. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Estudantes e seus responsáveis: contato próximo com o CIEE, pois a maioria dos alunos é menor de idade. Acompanhamento da capacitação e durante a contratação do jovem – reuniões com gestores das empresas privadas e pais de alunos. São realizados avaliações e feedbacks contínuos para acompanhamento da gestão do CIEE. A relação com o Núcleo é excelente, tem-se o controle das atividades e projetos desenvolvidos. A comunicação é eficiente. Interação com os jovens, empresas privadas e Núcleo – prefeitura. A comunicação com o terceiro setor é vaga, pois trata-se de um sistema que oferece alguns programas na mesma linha. Existe comprometimento, cooperação e reciprocidade na relação entre Núcleo – prefeitura, estudante, CIEE e empresas privadas. O CIEE consegue acompanhar o crescimento e maturidade do jovem inserido no mercado de trabalho. O CIEE realiza a abertura da vaga, cadastro do estudante e, posteriormente, acompanha o amadurecimento do jovem. Sinergia entre Núcleo - prefeitura: a prefeitura de Caieiras é referência no trabalho em que desenvolve. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Ganho de novos projetos e novas maneiras de alcançar os jovens - visibilidade. Projeto Trabalhando o meu futuro de Caieiras foi reconhecido pelo CIEE nacionalmente (único e exclusivo pela sinergia da prefeitura de Caieiras com o CIEE) – preocupação da prefeitura e engajamento perante os projetos desenvolvidos (capacitação dos jovens). Preparar os jovens para participarem do processo seletivo. O contato com a prefeitura abre as portas nas empresas privadas. Toda a informação que o CIEE precisa advém da prefeitura.

Entrevista EP2 Empresa privada Cargo: Assistente Administrativo Data: 17/05/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.

99

Resposta: Desenvolvimento dos estudantes para e no mercado de trabalho. O CIEE busca jovens com o intuito de colocar em prática a missão da empresa. O CIEE é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos, portanto os benefícios são classificados como social.

Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.

Resposta: O CIEE ganha com essas parcerias, pois consegue encaminhar candidatos qualificados para o mercado de trabalho.

Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.

Resposta: O aumento de parcerias com empresas da região com uma maior satisfação.

Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.

Resposta: Todos os atributos mencionados são importantes. Cresce a confiança das empresas da região com isso o comprometimento do CIEE com o Núcleo aumenta gerando resultados positivos no mercado de trabalho.

Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação.

Resposta: Qualificação profissional de jovens e a inserção no mercado de trabalho gerando desenvolvimento, além de proporcionar a realização de sonhos para uma classe menos favorecida.

Entrevista EP3 Empresa privada Cargo: Sócio consultor Data: 23/05/2016

Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.

Resposta: Não há como se negar a importância do trabalho social desenvolvido nos projetos oferecidos pelo Núcleo (leia-se também Prefeitura Municipal), pois a comunidade de distante acesso à capacitação e, portanto de conhecimentos têm esta oportunidade de se integrar à habilitação, mas também à informação atualizada por profissionais atuantes num mercado competitivo, e que por sua vez também oferece oportunidades de serviços por parte das Consultorias que de forma diferente do ente público, existem pelos seus fins lucrativos. Não há também que se negar que ao tratar-se de capacitações oferecidas por um ente público, que este não o utilize como promoção política.

100

Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: A empresa privada atua principalmente observando as necessidades de cada caso concreto. Nesta situação, os custos são quase todos cobertos com recursos próprios, até o recebimento de seus honorários contratuais, o que nem sempre ocorre dentro dos prazos estabelecidos, trazendo consequentemente um desequilíbrio econômico-financeiro. Para tanto, a empresa prestadora de serviço há de possuir um lastro financeiro que a permita manter unilateralmente o contrato até que o ente público cumpra a sua parte. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: A empresa privada, enquanto Consultoria Informacional tem como expectativas a busca do melhor serviço oferecido. É claro que em projetos de grande porte ou de longa duração são possíveis as correções de situações que assim necessitem, mas os projetos oferecidos pelo Núcleo, independentemente da participação ou não da empresa privada, devem ser continuados em favor da própria comunidade caieirense. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: O ponto alto dos projetos que envolvem a empresa priavada é a cooperação dos profissionais do Núcleo e mesmo os da Prefeitura, sendo de fundamental importância para o sucesso dos projetos desenvolvidos, pois além da capacitação da comunidade, a grande maioria dos instrutores veio da própria comunidade a partir de indicações locais e que foram de grande valia para a Consultoria. A maior dificuldade, como já exposta, é o não sincronismo entre a o serviço já prestado e sua contrapartida remuneratória por parte da Prefeitura. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Em todos os projetos em que a empresa privada se envolveu desde a sua criação em 1998, não há como não se reconhecer aprendizados e experiências que sempre qualificarão o seu trabalho, neste caso específico, a atuação em cursos que não fizeram parte de seu portfólio até então (Horta Doméstica, Acompanhante de Idosos, Arte do Grafite) e que são totalmente aprovados pelos seus usuários demonstra que o aprendizado sempre é e será mútuo, e com certeza para a grande massa atendida, trata-se não somente de uma novidade, mas a possibilidade de oferecer novas capacidades adquiridas para um mercado cada vez mais exigente.

101

Entrevista TS1 Terceiro setor Cargo: Instrutora de Formação Profissional II Data: 02/05/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: Os benefícios social e econômico se complementam, fazendo com que os alunos descubram novas profissões, adquiram novos conhecimentos, passando ao reconhecimento junto à sociedade como profissionais qualificados e aptos a ajudar a desenvolver a economia do país, melhorando a qualidade de vida, a situação econômica, tendo papel ativo na sociedade através da sua colaboração nas empresas nas quais poderão vir a atuar. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Cabe à instituição de ensino (terceiro setor) investir em material didático para professores e alunos, materiais técnicos e máquinas para alguns cursos, professores qualificados, treinamento contínuo aos professores e funcionários de apoio, profissionais nas atividades de coordenação técnica, pedagógica e administrativa, sem contar com o deslocamento de alguns funcionários e a garantia da mesma estrutura que os alunos encontram em escolas próprias. Não há riscos em participar dos projetos propostos, mas para que aconteçam deverá haver investimento das partes envolvidas. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Expectativa de garantir educação de qualidade à população e a certeza que com essas ações haverá contribuição para o crescimento profissional e para a melhoria contínua da indústria na economia brasileira. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Confiança: presença de confiança no desenvolvimento dos projetos propostos. Presença de pessoas comprometidas e assíduas no desenvolvimento dos projetos propostos. Cooperação e parceira são necessárias para que o trabalho seja desenvolvido de forma eficiente, tendo em vista que os projetos propostos acontecem à distância. Presença de comunicação efetiva. Os resultados são compartilhados entre os envolvidos, sendo satisfatórios, desde que presentes todos os atributos anteriormente citados.

102

Satisfação com a relação promovendo a divulgação do nome da instituição de ensino, além dos cursos oferecidos. Fidelização no desenvolvimento de projetos propostos.

Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação.

Resposta: Ganho aos professores da instituição de ensino (terceiro setor) que atuam no Núcleo, pois têm a oportunidade de conhecer e conviver com um público diferente dos que procuram a própria instituição, trazendo flexibilidade no olhar à sociedade e oportunidade de crescimento a muitas pessoas as quais talvez nunca teriam a possibilidade de estudar e ter uma profissão.

Entrevista TS2 Terceiro setor Cargo: Instrutora de Formação Profissional Data: 04/05/2016

Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.

Resposta: O principal benefício que pode ser notado com o desenvolvimento projeto é o social, onde gradualmente os alunos em questão recuperaram gradativamente a própria estima, e conseguem descobrir seu real valor, conhecendo e exercendo seu papeis sociais. Isso gera uma melhora global real na vida do aluno, gerando resultados positivos econômicos, pessoais e profissionais.

Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Para a instituição de ensino (terceiro setor) a parceria é muito positiva. Enviamos as vagas conforme as possibilidades e diante da demanda real existente na microrregião. Para isso ocorrer necessitamos ter recursos humanos disponíveis entre outras coisas.

Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.

Resposta: Buscamos sempre parcerias, e nossas expectativas são em aumentar a captação de novos alunos. Buscando cada vez mais a divulgação dos cursos oferecidos, fazendo com que a população tenha acesso. Nos acolhimentos realizados nota-se que a grande maioria da população desconhece o acesso à instituição de ensino (terceiro setor). E essa interface Núcleo / instituição de ensino (terceiro setor) foi bastante positiva em relação à divulgação.

Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.

103

Resposta: Todos os atributos foram satisfatórios na relação instituição de ensino (terceiro setor) / Núcleo. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Busca-se promover a educação profissional de qualidade. Tornando o aluno protagonista no processo de ensino aprendizagem. E a ótima sinergia entre Núcleo / instituição de ensino (terceiro setor) nos propicia isso. Entrevista TS3 Terceiro setor Cargo: Coordenador técnico Data: 04/05/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: Quando estabelecemos a parceria entre a instituição de ensino (terceiro setor) e a Prefeitura de Caieiras, visualizávamos apenas o atendimento ao PRONATEC, programa do governo que visa a expansão da oferta de cursos profissionalizantes / técnicos em território nacional. No entanto, percebemos rapidamente a carência da população da região, que não contava até aquele momento, com uma escola técnica que atendesse a região. O tempo passou e assistimos ao nascimento da primeira ETEC na região, que embora atendesse a necessidade de formação técnica, não conseguia e nem estava organizada para a oferta de cursos rápidos de Qualificação Profissional, ou seja, nosso espaço estava garantido no munícipio. Esta parceria nos garantiu nos anos de 2013 a 2014, a matrícula e a conclusão de aproximadamente setecentos alunos, atendendo principalmente a necessidade e carência da região. Devo citar o projeto de desenvolvimento econômico da região, que dentre os munícipios atendidos pela escola, demonstrou-se mais estruturado. Este previa não só a formação de mão-de-obra, mas, principalmente, o desenvolvimento econômico da região, com a geração de empregos fomentados com a atração de empresas da área de logística, e outras, beneficiadas pela localização privilegiada entre rodovias que abastecem a grande São Paulo. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Não existe risco para a instituição de ensino (terceiro setor), até porque, no atendimento cumprimos a nossa Missão, o que consideramos como sendo o maior desafio, é encontrarmos investimentos de empresas que acreditem no potencial da região, e órgãos governamentais que viabilizem este investimento e consequentemente o seu desenvolvimento. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Nossa expectativa é permanecermos atendendo ao município, quer seja através do PRONATEC, ou quem sabe até mesmo através de uma parceria que

104

possa ocorrer através do estabelecimento de um Convênio, no momento, contudo, não temos a autorização de nossa gerência para o desdobramento de nossas atividades, em outro local e, nenhuma das escolas da instituição de ensino do terceiro setor.

Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: Sem sombra de dúvidas desde o início das negociações, de ambas as partes perceberam o interesse real em realizar o que até aquele momento não passava de intenção. O Secretário de Desenvolvimento do Munícipio mostrou-se bastante atuante e, a cada nova visita, reunião, que era realizada, o relacionamento era fortalecido onde adjetivos como comprometimento, reciprocidade, fidelização, parceria, traduzem o sincronismo entre as partes, numa relação marcada pelo respeito mútuo e a certeza de que algo importante estava sendo edificado. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: O maior ganho com certeza ficou para os moradores do município, e o desejo de que novamente possamos levar a eles, novas oportunidades, como as alcançadas com o PRONATEC.

Entrevista TS4 Terceiro setor Cargo: Coordenador técnico Data: 09/05/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: (1) Benefício social: sempre que um curso é ofertado pela instituição de ensino (terceiro setor) de forma gratuita para a comunidade, entende-se que ocorre um grande e efetivo benefício social. Percebemos isso no acompanhamento da evolução dos alunos técnica e atitudinalmente, pois os docentes da instituição de ensino (terceiro setor) formam o indivíduo no conhecimento, na habilidade e na atitude. (2) Benefício econômico: entende-se que a integração do aluno no mundo do trabalho traz o benefício econômico a ele e à região, pois ele passa a ser economicamente ativo e a participar de toda a relação mercadológica do município onde mora. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados.

105

Resposta: A instituição de ensino (terceiro setor), ao detectar a necessidade local de treinamento, deve formatar o curso que mais atende a região em função das indústrias locais, planejar o curso (cronograma, docentes envolvidos, materiais), divulgar o curso na comunidade e empresas da região, envolver as indústrias dando conhecimento dos conteúdos dos cursos e do perfil de saída dos alunos, integrar as indústrias na abertura, realização de palestras e visitas técnicas e na formatura dos cursos, informar as empresas locais com dados dos alunos formandos – tudo para favorecer a empregabilidade dos alunos. Em cidades onde não há escolas da instituição de ensino (terceiro setor), regimes de parcerias devem ser implementados com prefeituras, sindicatos e entidades diversas, com vistas a conquistar um local para o desenvolvimento das aulas. A instituição de ensino (terceiro setor) deve garantir que as instalações onde o curso acontece tenha toda a estrutura de qualidade de escolas da referida instituição. Não há riscos para a instituição de ensino (terceiro setor). Apenas as diretrizes da diretoria regional da instituição de ensino (terceiro setor) devem ser seguidas e elas variam em função do momento econômico. Em função de o baixo poder aquisitivo de algumas regiões, é inviável ofertar cursos pagos e a gratuidade deve ser ofertada com autorização da alta administração da instituição de ensino (terceiro setor). Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Atender as indústrias locais e promover o aumento do índice de empregabilidade dos alunos. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: “Cooperação, comprometimento, confiança, reciprocidade, comunicação efetiva, resultados compartilhados, satisfação com a relação, fidelização”. Não consigo enumerar os atributos acima, pois pra nós todos eles aconteceram sempre e de forma concomitante – estariam todos na posição número 1! Aliás, se não fosse desta forma, e sem a instituição de ensino (terceiro setor) local, não teríamos tanto sucesso desde 2010 ainda quando o Núcleo era apenas uma escola da prefeitura vazia. Tivemos sucesso, pois trabalhamos com profissionais comprometidos com a educação e com o bem estar social da comunidade. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Pensamos que o aprendizado leva os alunos a criarem projetos de inovação, principalmente em cursos de média a longa duração. Constatamos isso na apresentação dos trabalhos de conclusão de curso – por sabermos que isso sempre acontece, os TCCs são apresentados para uma banca

106

de profissionais de empresas locais para que eles também participem. Percebemos que conseguimos ensinar nossos alunos que quando comprometimento e conhecimento aliados à iniciativa encontram uma oportunidade de trabalho, formam o que chamamos de sorte, e isso é o início da conquista da qualidade de vida para eles e para a família. Enfim, entendemos que não há estudo que não valha a pena! Não medimos esforços para que os alunos se sintam importantes pela conquista do conhecimento – assumimos isso como um de nossos objetivos. Isso é inclusive uma forma de despertar neles a necessidade de sempre continuar estudando – concluiu o curso técnico? Vamos então para a universidade e assim por diante. Só nos resta agradecer a oportunidade do trabalho em parceria com o Núcleo e a Prefeitura de Caieiras, pois foi esta parceria que nos ajudou a cumprir nossa missão de educar, afinal ela é o elemento que edifica o indivíduo, move e transforma positivamente a sociedade. Entrevista SC1 Sociedade civil Ocupação: aluno Data: 13/04/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: (1) Social: por conta do auxílio da prefeitura em disponibilizar o curso de forma gratuita; (2) Político: sem a política não seria possível a disponibilização de cursos; (3) Econômico: conhecimento, capacitação, possibilidade de melhor colocação no mercado de trabalho, maior salário. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: (1) Esforço no sentido da aprendizagem; (2) Organização do tempo para poder estudar; (3) Não tem custo com o transporte; (4) Melhoria no desempenho profissional e melhor colocação no mercado de trabalho. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: (1) Expectativa única: conseguir melhor colocação no mercado de trabalho; melhorar desempenho profissional. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.

107

Resposta: (1) “Uma andorinha só não faz verão...” a união dos envolvidos no processo precisa acontecer. De um lado a autorização do Poder Público em oferecer os cursos e de outro, as empresas parceiras ministrando os cursos; (2) Confiança, pois são empresas de renome no mercado (parceiras que ministram os cursos); o certificado abrirá portas no mercado de trabalho; (3) Reciprocidade (troca entre aluna que assiste aula e por outro lado a entrega do certificado a partir da conclusão do curso – com entrega de material didático e professor); (4) Processo de comunicação efetivo e eficiente, pois acredita que como aluna tem ganhado a partir do momento em que a prefeitura oferece algo de melhor para o cidadão; tem conhecimento a partir dos professores em sala de aula que o curso oferecido chega a custar mais de R$ 2.000,00; (5) Trabalho de fidelização do Núcleo com os alunos (redes sociais, site da prefeitura, atendimento da secretaria); (6) Comprometimento na relação entre aluno e Núcleo (o que é oferecido é cumprido). Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: (1) A educação/capacitação contribuirá para o desenvolvimento profissional e pessoal; (2) Aprendizado

Entrevista SC2 Sociedade civil Ocupação: aluno Data: 12/04/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: (1) Econômico/financeiro: capacitação e emprego; (2) Social: conhecimento para uma colocação melhor no mercado de trabalho e na sociedade. Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: (1) Investimento no transporte e no tempo: ganho em longo prazo / investimento no futuro; (2) Se não conseguir trabalho formal conseguirá trabalhar de forma informal por meio do curso realizado. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: (1) Quando consegue colocação no mercado de trabalho, adquire conhecimento, consequentemente melhora a autoestima, adquire maior segurança social e econômica perante a família;

108

(2) Expectativa: suprir as necessidades básicas da família e poder melhorar a situação social, tendo em vista que se encontra desempregado. Busca conhecimento e aprimoramento para ter renda / benefícios; (3) Ganho emocional perante a família. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: (1) Espera-se educação, saúde, saneamento básico do Poder Público; (2) Tem conhecimento que alguns professores são voluntários dependendo do projeto; (3) Os dois últimos itens justificam a facilitação e preocupação do Poder Público em oferecer algo a mais para o cidadão; (4) Comprometimento e reciprocidade entre aluno, NFCP e empresa parceira que ministra o curso; (5) Tem conhecimento que pessoas que fazem o curso têm melhor possibilidade de conseguir colocação no mercado de trabalho por conta da qualificação; (6) a Prefeitura cede o espaço; (7) A relação do munícipe em relação ao Poder Público e parceiro que ministra o curso é satisfatória; (8) O aluno chega com a necessidade de qualificação e sai com o resultado entregue / tratamento adequado (respeito ao próximo); (9) Preocupação do professor em saber se o aluno entende o conteúdo trabalhado em sala de aula. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: (1) Área de atuação diferente da área do curso: ganhará conhecimento em outra profissão – adicional de conhecimento/aprendizado; (2) Porta de entrada para uma nova área no mercado de trabalho; (3) Possibilidade de ganhar mais; (4) Conhecer pessoas de uma área diferente / agregação de conhecimento e troca de informações.

Entrevista SC3 Sociedade civil Cargo: Professor Data: 19/04/2016 Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político. Resposta: Qualificação do aluno; concede liberdade para o aluno se expressar; provocar o aluno para que ele saia da “casinha”. Relembrar matérias já estudadas (fator importante). Provocar o desejo de o aluno querer aprender / estudar.

109

(1) Social: desenvolver o aluno como pessoa (amizade, falar, se expor), além da qualificação. (2) Econômico: despertava-se o interesse do aluno por conta da faixa de salário – formação. (3) Político: muito pouco. Vê os alunos como limitados em relação a política. Mas o professor enxerga o benefício político como conscientização. Onde estamos e onde queremos chegar, onde podemos chegar, quem pode nos auxiliar??? Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Aprimorar e buscar mais conhecimento. O professor deve estar preparado para as perguntas dos alunos. A sala de aula é uma “caixa de surpresa”. Utilização de metodologias diversas em sala de aula para poder abranger da forma mais apropriada os alunos. Riscos: Nenhum. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão. Resposta: Expectativa: Provocar o desejo dos alunos em querer estudar. Retorno positivo. Os alunos se interessam em buscar mais conhecimento, além do curso. Alguns, ainda, percebem que o curso que estão fazendo não tem nada a ver com aquilo que querem como atuação no mercado de trabalho. Mostrar para o aluno a abrangência do curso – área de atuação. Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada a longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança. Resposta: O nome da instituição faz com que o aluno se empolgue a estudar, além do engajamento do poder público em propiciar a participação dos alunos em processos seletivos de empresas que necessitam de mão de obra. Mão de duas vias: comprometimento e cooperação entre todos os envolvidos nos projetos. Alunos que voltam ao Núcleo para fazer outro curso: feedback positivo. Comunicação: eficiente – redes sociais abrange bastante pessoas – canal favorável. Qualificação – tentativa de colocar o aluno no mercado de trabalho (mão de duas vias). Os alunos acreditam nessa relação. Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões da pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Dando aula se aprende e se ensina ao mesmo tempo. A troca de experiência, vivência, a preparação para a sala de aula são fatores de aprendizagem para o professor. Satisfação do professor quando o aluno compreende o conhecimento passado.

110

Entrevista SC4 Sociedade civil Ocupação: mãe Data: 19/04/2016

Categoria de análise: benefícios. Dimensões da pesquisa: social, econômico, político.

Resposta: A grande deficiência do mercado é a qualificação. Pessoas com dificuldade de acesso à informação. O Núcleo funciona como uma ponte entre o mercado, empresas parceiras e as pessoas que necessitam de qualificação. O objetivo é conceder a essas pessoas informação e renda. (1) Social e renda: deixa de ter o assistencialismo político (pior que existe), desenvolvimento do ser humano, autoestima de pessoas que estão em situação de risco social muito grande. Principal vantagem: alimentar as pessoas de uma forma diferenciada: tirar essas pessoas da zona de pobreza, da zona de falta de cultura. (2) Político: benefício volta como político, mas não enxerga como algo importante.

Categoria de análise: esforços. Dimensões da pesquisa: custos, recursos humanos, tempo, riscos associados. Resposta: Falta de conhecimento dos munícipes em relação a divulgação dos projetos que acontecem no município. Pais de alunos impressionados com os projetos desenvolvidos, mas que não tinham conhecimento sequer do Núcleo. Falta divulgação / comunicação em alguns bairros. Pensar em outros meios para atender a todos os públicos. Deixar de centralizar a informação na avenida principal da cidade. Principal esforço: na divulgação. Esforço com o custo: curso gratuito, custo somente com o transporte. O projeto ofereceu, inclusive, refeições durante o dia. Risco: nenhum, pois conhece a disciplina existente no Núcleo e regras impostas aos alunos. Ambiente saudável. Pais seguros ao deixarem seus filhos estudando no Núcleo. Sensação de algo “sério”. Categoria de análise: resultados esperados. Dimensões da pesquisa: avaliação, expectativa, decisão.

Resposta: Expectativa: resultado. O filho participou do curso preparatório para o processo seletivo da Etec e passou na primeira lista de chamada. Mas independente de passar ou não no processo seletivo, a mãe espera a experiência no processo seletivo, além do conhecimento adquirido em sala de aula. Conhecimento diferenciado: dicas recebidas pelos professores voluntários quanto a participação no processo seletivo; utilização da linguagem dos alunos. Trabalhou-se a ansiedade dos alunos (dicas de superação). Superou as expectativas (resolveu a equação, tirou dúvidas e ainda recebeu dicas). Categoria de análise: atributos das relações. Dimensões da pesquisa: confiança, cooperação, comprometimento, resultados compartilhados, reciprocidade, troca de informações, qualidade de comunicação, compartilhamento de conhecimento, relação orientada em longo prazo, oportunismo, equilíbrio de poder, interdependência, nível de fidelização, satisfação com a relação, percepção de governança.

111

Resposta: Falta comunicação mais efetiva para atingir um número maior de pessoas. Falta investimento para oferecer um pouco mais, ou seja, para uma maior fatia da população. Talvez exista a preocupação política, mas falta, ainda, investimento. Entende a educação como fator importante para a resolução dos problemas de uma sociedade. Qualidade melhor do que pensava no setor público (Núcleo e Etec). Passou a pensar diferente. Professores com bom currículo e capacitados. Talvez falte interesse de alguns alunos. Deveria se ter uma política de ensino melhor planejada, trazendo os alunos para a escola (trazer a família e o esporte para a escola). Entende que as vagas para as oportunidades na área da educação são limitadas. Existe relação de comprometimento e cooperação entre alunos e poder público, mas numa escala menor do que deveria ser (falta investimento para abranger um número maior de pessoas). Naquilo em que o poder público se compromete a entregar, ele cumpre, como por exemplo, número de vagas limitadas para participação em projetos. O resultado é muito maior que o esperado. Muitos outros valores agregados que não só o conhecimento da sala de aula (valores para a vida pessoal e profissional). Categoria de análise: ganhos adicionais esperados. Dimensões de pesquisa: aprendizado, inovação. Resposta: Relação diferenciada com o filho que sempre estudou em escola particular. Participando dos projetos do Núcleo teve relacionamento com alunos de realidade de vida diferente (alunos da rede pública), o que o ajudou quando ingressou na Etec, onde se encontram, também, pessoas de realidade diferente – classes sociais diferentes. Aprendeu a valorizar ainda mais o trabalho voluntário (professor voluntário); filho criou vínculos diferenciados.