Dissertação Final da Mestranda Lívia Patricia Rodrigues Batista

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PRPPG PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN LÍVIA PATRÍCIA RODRIGUES BATISTA ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS EM ASSENTAMENTOS RURAIS DE TERESINA. TERESINA 2014

Transcript of Dissertação Final da Mestranda Lívia Patricia Rodrigues Batista

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN

LÍVIA PATRÍCIA RODRIGUES BATISTA

ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS

EM ASSENTAMENTOS RURAIS DE TERESINA.

TERESINA

2014

LÍVIA PATRÍCIA RODRIGUES BATISTA

ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS

EM ASSENTAMENTOS RURAIS DE TERESINA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Alimentos e Nutrição –

PPGAN/UFPI, como requisito para obtenção do

título de Mestre em Alimentos e Nutrição.

Linha de Pesquisa: Nutrição e Saúde

Orientadora: Profa. Dr

a. Adriana de Azevedo Paiva

TERESINA

2014

LÍVIA PATRÍCIA RODRIGUES BATISTA

ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS

EM ASSENTAMENTOS RURAIS DE TERESINA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Alimentos e Nutrição– PPGAN/UFPI, como requisito

para obtenção do título de Mestre em Alimentos e

Nutrição.

Aprovada em: 24/03/14

BANCA EXAMINADORA

DEDICATÓRIA

A todas as famílias dos Projetos de Assentamento de Teresina, desejando que este trabalho

seja um instrumento de transformação;

A todos aqueles que acreditaram, torceram e contribuíram com esta pesquisa, esperando

superar as expectativas;

Dedico este trabalho, com muito empenho e carinho!

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, primeiramente, pela coragem, força, ânimo e persistência durante

essa trajetória “Eu te agradeço Deus por se lembrar de mim e pelo teu favor e o que me faz

crescer, eu vivo pela fé e não vacilo, eu não paro eu não desisto eu sou de Deus, eu sou de

Cristo. Você mudou a minha história e fez o que ninguém podia imaginar você acreditou e

isso é tudo”.

Agradeço a minha orientadora Profa. Dr

a. Adriana de Azevedo Paiva, pelos valiosos

ensinamentos, liberdade e confiança referente ao presente trabalho, além da amizade e

indiscutível compreensão em momentos difíceis. Tem sido muito gratificante ser orientada

por uma pessoa tão competente e preocupada com o bem-estar do próximo. Obrigada!

Agradeço a coordenação do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, na

pessoa de sua coordenadora profa. Dr

a. Regilda Saraiva dos Reis Moreira Araújo, pela

dedicação com que trabalha para que possamos ter um mestrado cada vez melhor, e por toda

ajuda concedida.

Agradeço aos coordenadores do INCRA e aos presidentes dos Projetos de

Assentamento pelo apoio, dedicação e incrível receptividade oferecida. Aos pais e crianças de

todos os PA’s que nos receberam com enorme carinho. Ao querido irmão que nos cedeu o

espaço da igreja para que pudéssemos realizar parte da pesquisa. Obrigada!.

Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela

concessão da Bolsa de Estudos, tornando possível minha capacitação profissional.

Agradeço aos meus colaboradores, que se dispuseram a me ajudar de forma

significativa, em especial “Taynah, Rafaelly, Leiliane e Maria” que estiveram ao meu lado até

o fim e um enorme agradecimento a minha “sócia” Laísla Teles, na qual juntas formamos

uma grande parceria, nos completando e nos fortalecendo. “Meninas a nossa associação das

QC vai longe viu!!”

Agradeço a todos os meus professores que ao longo dessa jornada têm contribuído na

minha formação pessoal e profissional. Vocês são motivo de inspiração para buscarmos cada

vez mais ciência e conhecimento!

Agradeço também às professoras Dra. Patrícia Helen de Carvalho Rondó e Dr

a. Marize

Mello dos Santos pelas contribuições a respeito deste trabalho e pela disposição em participar

desse processo comigo.

Agradeço ao chefe do Setor de Transportes da UFPI, Sr. Luís pela disposição em nos

ajudar e a todos os motoristas que participaram desse processo conosco, especialmente ao

motorista “Irmão Erasmo”, ou como dizia Sr. Luís: “o motorista das meninas da Nutrição”

por ter tornado nossos dias de pesquisa bastante agradáveis, mesmo nas situações de fome,

sede, sol escaldante e cansaço. Obrigada vaso, sua presença foi essencial!!

Agradeço também a direção do Hospital Universitário da UFPI pela realização das

análises laboratoriais desta pesquisa, em especial àqueles que compõe o Setor de Análises

Clínicas, na pessoa do Dr. Luciano da Silva Lopes.

Agradeço as técnicas de laboratório que nos auxiliaram na pesquisa em campo,

especialmente à Tina por sua tranquilidade, disposição, paciência, bom humor nas situações

adversas e inquestionável competência. Você foi brilhante, obrigada!

Agradeço aos meus amigos da turma de mestrado, biênio 2012-2014, pela parceria e

amizade, especialmente as amigas de sempre: Natália Quaresma, Nara Barros e Kyria

Jayanne. Foi muito bom conhecê-los e estudar com vocês!

Agradeço também ao estatístico Paulo Germano Sousa pela disposição e paciência em

fazer, refazer e acrescentar análises ao trabalho, quantas vezes o solicitei. Você é um

profissional muito competente. Obrigada e espero tê-lo como estatístico no meu doutorado!

Agradeço também aos funcionários do departamento de Nutrição pela colaboração e

carinho com que me tratam, em especial à Dona Maísa, Sr. Osvaldo, Lainna, Nilson e Jéssica.

Continuem a pessoa maravilhosa que são!

Àos jovens da II Congregação da Assembleia de Deus do Promorar, por

compreenderem minha ausência, pelo apoio e oração, a todos os irmãos que se lembram de

mim em suas orações e ao meu pastor que me apoiou em todo esse processo.

E por fim agradeço a minha família, em especial minha mãe (Meiry Ana), pai (Manoel

Batista) e irmã (Leilinha). Deixei vocês por último, porque sempre deixo o melhor para o

final, e vocês são o melhor da minha vida. Obrigada mãe, pelo seu apoio incondicional ao

longo deste processo de dissertação e de muitos outros. Por acreditar em mim, mesmo quando

eu não acreditava. Obrigada pai, por me ajudar nesse processo de pesquisa, nos transportando

para os assentamentos quando necessário, por ter estado até mesmo à noite conosco,

anunciando em carro de som a pesquisa nos assentamentos, e por tudo que você me deu e me

ensinou. Obrigada “Linha”, pelo amor e cumplicidade, por estar ao meu lado sempre, mesmo

nas madrugadas, me ajudando no desenvolvimento desse trabalho! Amo vocês!!!

A todos vocês agradeço pelo amor incondicional, pelo carinho e afeto, não existem

palavras que consigam agradecer, simplesmente fico completamente envolvida por um

enorme sentimento: gratidão. Muito obrigada!

RESUMO

BATISTA, L. P. R. Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos em

assentamentos rurais de Teresina. 2014. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-

graduação em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina – PI.

A anemia é um importante problema de Saúde Pública que afeta principalmente populações

menos desenvolvidas. No entanto, pouco se conhece sobre a prevalência de anemia em

crianças que residem em assentamentos rurais no Brasil, ainda que as inadequadas condições

de vida a que normalmente estão submetidas, sejam provavelmente fator de risco para a

doença. Desse modo esse trabalho tem como objetivo estimar a prevalência de anemia e

investigar os fatores associados em crianças menores de cinco anos de assentamentos rurais

de Teresina. Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, com enfoque

quantitativo, descritivo e analítico, realizado em domicílios dos nove Projetos de

Assentamentos do Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária de Teresina, tendo

participado da pesquisa 131 crianças. Os dados foram coletados por meio da aplicação de

questionários sobre as condições socioeconômicas e demográficas, segurança alimentar e

aspectos de saúde da criança. Foram realizadas aferições de peso e estatura, para avaliação do

estado nutricional, sendo classificados segundo os índices P/I, E/I, P/E e IMC/I. O diagnóstico

de anemia foi dado por meio da dosagem de hemoglobina em sangue venoso, através de

contador automático, sendo consideradas anêmicas crianças com valores de hemoglobina

inferior a 10,3 g/dL (menor de 6 meses – Saarinen) e 11,0 g/dL (6 a 59 meses - WHO). Os

dados foram analisados pelos programas estatísticos SPSS v.20 e R-Projc, v.3.0.2. Utilizou-se

modelo múltiplo de Regressão de Poisson para determinar as variáveis associadas à doença. A

prevalência de anemia na população estudada foi de 29,0% e o modelo de Poisson mostrou

maior prevalência da doença nas crianças menores de 24 meses, que habitavam em domicílios

de taipa ou alvenaria inacabada, com aglomeração de uma ou mais pessoas por cômodo, que

eram filhos de mães adolescentes, em famílias com menor renda per capita, em situação de

insegurança alimentar e entre àquelas que não estudavam em creche ou escola. A prevalência

de anemia nas crianças configura a situação como problema moderado de saúde pública,

estando associada a aspectos socioeconômicos e demográficos e de insegurança alimentar,

demonstrando a importância de ações de desenvolvimento social e combate a fome, além das

ações de intervenções de controle da anemia, para uma efetiva resolução do problema.

Palavras-chave: Anemia. Assentamentos rurais. Lactente. Pré-escolar. Fatores de risco.

ABSTRACT

BATISTA, L. P. R. Anemia and associated factors among children under five years in

rural settlements in Teresina. 2014. Thesis (Masters) – Master Programme in Food and

Nutrition, Federal University of Piauí, Teresina – PI.

Anemia is a major public health problem that affects mainly less developed populations.

However, little is known about the prevalence of anemia in children living in rural settlements

in Brazil, although the inadequate living conditions that are normally subjected are likely to

be a risk factor for the disease. Thus this work aims to estimate the prevalence of anemia and

associated factors among children less than five years in rural settlements of Teresina. This is

a population-based cross-sectional study, with quantitative, descriptive and analytical

approach, achieved in the nine households Settlement Projects of Teresina’s National Institute

for Colonization and Agrarian Reform, with 131 children participating in the survey. Data

were collected through questionnaires on socioeconomic and demographic conditions, food

security and health aspects of the child. Weight and height measurements were performed to

assess the nutritional status and classified according to the weight-for-age, height-for-age,

weight-for-height and BMI-for-age indices. The diagnosis of anemia was given by

hemoglobin measured in venous blood using an automatic counter, children with a

hemoglobin concentration less than 10.3 g/dL (less than 6 months - Saarinen) and 11.0 g/dL

(6 to 59 months - WHO) were considered anemic. Data were analyzed by statistical software

SPSS v. 20 and R-Projc, v. 3.0.2. We used multiple Poisson regression model was used to

determine the variables associated with the disease. The prevalence of anemia in the study

population was 29.0% and Poisson model showed a higher prevalence of the disease in

children under 24 months who lived in houses made of mud or unfinished brickwork, with

agglomeration of one or more persons per room, who were children of teenage mothers in

families with lower per capita income, food insecurity and among those who did not study in

daycare centers or school. The prevalence of anemia in children configures the situation as a

moderate public health problem and is associated with socioeconomic and demographic

aspects and food insecurity, demonstrating the importance of actions of social development

and fighting hunger, beyond the actions of interventions to control anemia to an effective

resolution of the problem.

Keywords: Anemia. Rural Settlements . Infant. Child. Risk factors.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Caracterização da amostra segundo variáveis socioeconômicas e demográficas.

Projetos de Assentamento, Teresina (2013)............................................................................. 46

Tabela 2 – Caracterização da amostra segundo condições ambientais e de moradia. Projetos

de Assentamento, Teresina (2013)........................................................................................... 48

Tabela 3 – Insegurança alimentar intrafamiliar, segundo sexo e grau de severidade, em

crianças menores de cinco anos dos Projetos de Assentamento de Teresina, 2013................. 50

Tabela 4 – Caracterização da amostra quanto ao estado nutricional. Projetos de Assentamento,

Teresina (2013)........................................................................................................................ 50

Tabela 5 – Caracterização da amostra quanto ao aleitamento materno. Projetos de

Assentamento, Teresina (2013)................................................................................................ 51

Tabela 6 – Caracterização da amostra quanto às intercorrências de saúde, uso de complexo

vitamínico e sulfato ferroso, e institucionalização da criança em creche/escola. Projetos de

Assentamento, Teresina (2013)................................................................................................ 52

Tabela 7 – Prevalência de anemia na amostra estudada segundo sexo e grau de severidade.

Projetos de Assentamento, Teresina (2013)............................................................................. 53

Tabela 8 – Distribuição de anemia na amostra estudada, segundo os aspectos

socioeconômicos e demográficos e insegurança alimentar. Projetos de assentamento, Teresina

(2013)....................................................................................................................................... 54

Tabela 9 - Distribuição de anemia na amostra estuda segundo variáveis ligadas à criança.

Projetos de Assentamento, Teresina (2013)............................................................................. 56

Tabela 10 – Razões de prevalência ajustada segundo associação das variáveis à ocorrência de

anemia na amostra estudada. Projetos de Assentamento, Teresina (2013).............................. 58

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fluxograma de obtenção da população de crianças menores de cinco anos residentes

nos Assentamentos de Teresina (PI), 2013.............................................................................. 34

Quadro 1 – Prevalência global e regional de anemia em crianças menores de cinco anos...... 23

Quadro 2: Caracaterização dos Projetos de Assentamento de Teresina, segundo dados de

implantação e implementação.................................................................................................. 33

Quadro 3 - Descrição e categorização das variáveis socioeconômicas e demográficas,

insegurança alimentar familiar e aspectos ligados à criança. Projetos de Assentamento,

Teresina, 2013.......................................................................................................................... 41

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADF - Anemia pro Deficiência de Ferro

AG7 - Aglomerado 7

BA - Bahia

CNS - Conselho Nacional de Saúde

CPT - Comissão Pastoral da Terra

DHAA - Direito Humano a Alimentação Adequada

DP - Desvio Padrão

E/I - Estatura / Idade

EBIA - Escala Brasileira de Insegurança Alimentar

EDTA - Ácido Etileno Diamino Tetracético

FAO - Food and Agriculture Organization

Hb - Hemoglobina

HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana

IA - Insegurança Alimentar

IMC/I - Índice de massa corporal/ idade

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INDA - Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Ações Contra a Fome.

MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

P/E - Peso/ Estatura

P/I - Peso/ Idade

PA - Projeto de Assentamento

PNDS – Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde

PNSF - Programa Nacional de Suplementação de Ferro

PR - Paraná

SC - Santa Catarina

SISVAN - Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS - Unidades Básicas de Saúde

UFPI - Universidade Federal do Piauí

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

WHO - World Health Organization

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 18

2.1 ANEMIA................................................................................................................... 18

2.1.1 Conceito, População de Risco e Diagnóstico .......................................................... 18

2.1.2 Consequências e Estratégias de Intervenção ......................................................... 19

2.1.3 Determinantes ....................................................................................................... 20

2.2 MAGNITUDE DA ANEMIA NA POPULAÇÃO INFANTIL EM IDADE PRÉ-ESCOLAR. 22

2.3 ASSENTAMENTO: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ....................................... 25

2.3.1 Um Breve Histórico ............................................................................................... 25

2.3.2 A vida em Assentamento ....................................................................................... 26

3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 30

3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 30

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 30

4 METODOLOGIA ...................................................................................................... 32

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ............................................................................... 32

4.2 LOCAL DO ESTUDO.................................................................................................. 32

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................... 33

4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO ESTUDO .............................................................. 35

4.5 PROTOCOLO DO ESTUDO ....................................................................................... 35

4.5.1 Seleção e treinamento da equipe de campo........................................................... 35

4.5.2 Contato com o assentamento e a comunidade...................................................... 36

4.5.3 Coleta de dados .................................................................................................... 36

4.6 VARIÁVEIS PESQUISADAS ................................................................................. 37

4.6.1 Aspectos socioeconômicos e demográficos ............................................................ 37

4.6.2 Insegurança Alimentar ......................................................................................... 38

4.6.3 Aspectos de saúde da criança................................................................................... 38

4.6.3.1 Estado nutricional (antropometria) ....................................................................... 38

4.6.3.2 Diagnóstico de anemia ........................................................................................ 39

4.6.3.3 Questionário da criança ...................................................................................... 40

4.6.4 Variáveis de interesse no estudo ............................................................................ 40

4.6.4.1 Variável dependente ................................................................................................ 40

4.6.4.2 Variável independente ............................................................................................. 40

4.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ..................................................................................... 43

4.8 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................ .... 44

5 RESULTADOS ............................................................................................................... 46

5.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO DAS FAMÍLIAS ...................... 46

5.2 INSEGURANÇA ALIMENTAR FAMILIAR ............................................................. 49

5.3 VARIÁVEIS LIGADAS À CRIANÇA ........................................................................ 50

5.4 PREVALÊNCIA DE ANEMIA NAS CRIANÇAS ..................................................... 53

5.5 ANÁLISES BIVARIADAS .......................................................................................... 53

5.5.1 Anemia segundo características socioeconômicas e demográficas e de

insegurança alimentar ......................................................................................................

53

5.5.2 Anemia segundo varáveis ligadas à criança ........................................................... 55

5.6 ANÁLISES MÚLTIPLAS ............................................................................................ 57

6 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 61

7 CONCLUSÃO E SUGESTÕES .................................................................................... 70

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 72

ANEXOS ............................................................................................................................ 82

APÊNDICES ...................................................................................................................... 88

IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

Introdução | 15

1 INTRODUÇÃO

A anemia é definida como a redução na concentração de hemoglobina e/ou número de

eritrócitos, capazes de levar o organismo a um quadro de hipoxia tissular, em virtude da baixa

capacidade de transporte de oxigenio. Na prática clínica define-se como a concentração de

hemoglobina inferior ao mais baixo valor recomendado como normalidade, baseado em

inquéritos populacionais epidemiológicos ou valores laboratoriais locais (VIEIRA e

FERREIRA, 2010; MILMAN, 2011).

Segundo a World Health Organization a anemia é a carência nutricional mais

prevalente no mundo. Estimativas referente ao período de 1993-2005, indicam que a doença

afetava 24,8% da população global, sendo as crianças em faixa etária pré-escolar, o grupo

etário mais atingido, com prevalências que variavam de 21,7% na Europa à 67,6% na África.

Nas Américas o percentual encontrado foi de 29,3%, enquanto que no Brasil o valor chegava

a 55% (WHO, 2008).

Embora a carência de nutrientes como as vitaminas A e B12, folato, zinco, cobre e

proteínas estejam associadas à anemia, a deficiência de ferro é a sua maior causadora, sendo

responsável por cerca de 50% a 90% de todos os tipos de anemias existentes, notadamente em

regiões mais pobres. Nesse sentido, no Brasil a anemia é comumente utilizada como proxy

para a anemia por deficiência de ferro, principalmente em virtude da ausência de dados da

magnitude e distribuição geográfica da deficiência de ferro (BRASIL, 2007; LEAL e

OSÓRIO, 2010; MIGLIOLI et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2011).

A anemia é uma importante doença, não apenas por sua magnitude epidemiológica,

mas também por suas severas consequências à saúde, especialmente na população infantil, por

comprometer seu crescimento e desenvolvimento físico, aspectos cognitivos e aumentar o

risco de morbimortalidade, entre outras (BORGES et al., 2009; CASTRO et al., 2011).

Embora esteja distribuída de forma endêmica em países de diferentes níveis de

desenvolvimento, sua prevalência é mais acentuada nos contigentes mais pobres da

população, mostrando a sua estreita relação com as condições socioeconômicas e ambientais

negativas (BATISTA-FILHO, 2008; LEAL e OSÓRIO, 2010).

Diversos estudos têm mostrado relação entre as precárias condições ambientais,

socioeconômicas, demográficas, de assistência à saúde da criança, estado nutricional,

insegurança alimentar, presença de morbidades e fatores biológicos, como fatores de risco

para o desenvolvimento de anemia, principalmente nos grupos mais vulneráveis, que são as

mulheres em idade fértil, gestantes e crianças em idade pré-escolar (BORGES et al., 2009;

Introdução | 16

CASTRO et al., 2011; RODRIGUES et al., 2011; GONDIM et al., 2012a; LEITE et al.,

2013).

A população que vive em assentamento comumente sofre com adversidades ligadas ao

próprio ambiente (seca, aridez da terra, geadas, enchentes), que muitas vezes a impede de

utilizar a terra e o que nela produz no seu maior potencial. Além disso, as condições de

infraestrutura e moradia são normalmente precárias, e os serviços de saúde são de difícil

acesso, tornando essa população vulnerável à situação de fome e insegurança alimentar,

trazendo como consequência deficiências nutricionais, que repercutem, por exemplo, em

anemia (BRASIL, 2004; CARNEIRO et al., 2008; SOARES e LOPES, 2011).

Segundo dados do INCRA, em 2012 existiam no Brasil 8.790 assentamentos com

921.225 mil famílias. No Piauí, para o mesmo período, havia 490 projetos de assentamento

(PA), distribuídos nas cinco macrorregiões, com 30.763 famílias residentes. A capital,

Teresina, contava com nove PAs, abrigando 554 famílias (BRASIL, 2012).

Embora não existam inquéritos representativos da situação da anemia em

assentamentos brasileiros, o único dado disponível, com publicação em periódicos nacionais

(CASTRO et al., 2004), sugere que a doença é um importante problema de saúde pública

nesta população. De forma geral, no Brasil, dados da última Pesquisa Nacional de Demografia

e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), realizada em 2006, mostrou persistência da anemia

como problema de saúde pública entre menores de cinco anos no Brasil (20,9%),

principalmente na região Nordeste (25,5%), que apresentou a maior prevalência do país

(BRASIL, 2009).

Diante do exposto, evidencia-se que apesar das inadequadas condições de vida, a que

normalmente estão submetidos grupos populacionais específicos, sejam provavelmente fator

de risco para a ocorrência de anemia, pouco se conhece sobre a saúde e nutrição de crianças

que residem em assentamentos e acampamentos rurais no Brasil (BATISTA-FILHO, 2008;

FIETZ; SALAY; WATANABE, 2010; VIEIRA et al., 2011).

Desse modo, estudos que se proponham a diagnosticar a prevalência da doença e

fatores associados em crianças assentadas são oportunos e de grande relevância.

Considerando-se ainda a inexistência de pesquisas com a população assentada no estado do

Piauí, esse trabalho visa contribuir para uma efetiva avaliação, planejamento e implementação

das políticas públicas de saúde e nutrição nas comunidades assentadas, especialmente para o

grupo infantil.

RREEFFEERREENNCCIIAALL TTEEÓÓRRIICCOO

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ANEMIA

2.1.1 Conceito, população de risco e diagnóstico

Anemia é a condição na qual a capacidade do organismo em carrear oxigênio, é

limitada, devido ao número de células vermelhas do sangue não serem suficientes para

atender as demandas fisiológicas do corpo humano, que variam de acordo com a faixa etária,

sexo, situação biológica (gravidez), comportamento (tabagismo) e altitude na qual o ser

humano reside (WHO, 2011).

Os principais grupos de risco para o desenvolvimento da anemia são as crianças em

idade pré-escolar, as gestantes e as mulheres em idade reprodutiva. Os dois primeiros em

virtude do aumento das necessidades nutricionais em ferro, devido à rápida expansão dos

tecidos, acompanhada pela velocidade de crescimento e aumento de massa eritrocitária, e o

último devido à diminuição dos estoques de ferro ocasionada pela mesnstruação (MILMAN

2011; OLIVEIRA et al., 2011).

A dosagem de hemoglobina (Hb) é o parâmetro indicado pela WHO para o

diagnóstico de anemia, sendo universalmente aceito. No entanto devido à falta de

especificidade e sensibilidade do método, a utilização deste parâmetro isoladamente não é

específica para deficiência de ferro (PAIVA; RONDÓ; GUERRA-SHINOHARA, 2000).

Ainda assim, sua utilização tem se mostrado satisfatória e amplamente utilizada em pesquisas

populacionais, sendo considerado de fácil operacionalização e baixo custo (BRASIL, 2007).

A World Health Organization estabelece como pontos de corte para a anemia em

crianças de seis a 59 meses, valores de hemoglobina abaixo de 11 g/dL, sendo classificado

como anemia grave valores menores que 7 g/dL, moderada entre 7 e 9 g/dL, e leve valores

igual ou acima de 9 g/dL (WHO, 2011). Em relação às crianças menores de seis meses, não

há ainda um consenso aceito internacionalmente para a classificação da anemia, no entanto

estudos realizados com essa população (TORRES et al., 2006; REIS et al., 2010; IANICELLI

et al., 2012) utilizam normalmente o critério Saarinen, que considera anêmica a criança com

hemoglobina menor que 10,3 g/dL (SAARINEN, 1978).

Em termos de importância epidemiológica, a WHO classifica a anemia como

problema de saúde pública quando sua prevalência alcança ou ultrapassa o valor de 5% em

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 19

uma determinada população, sendo considerado como problema de saúde pública leve,

valores de 5-19,9%; modera, de 20-39,9%; e grave, a patir de 40% (WHO, 2008).

2.1.2 Consequências e estratégias de intervenção

A anemia é considerada como um importante problema de saúde pública, não apenas

devido a sua abrangência epidemiológica, mas também em virtude de seus efeitos deletérios à

saúde, de sua marcante expressão na prática clínica e do impacto socioeconômico causado por

ela (BATISTA-FILHO, 2008).

O inadequado transporte de oxigênio aos tecidos, em virtude da anemia, compromete

em qualquer que seja o ciclo de vida, o metabolismo energético, a produção de hormônios

tireoidianos, a regulação da temperatura corporal, a diferenciação celular, o crescimento, o

desenvolvimento neuropsicomotor, a competência imunológica, a absorção, a

biotransformação, a capacidade de realizar trabalho e o desempenho cardíaco. Na criança

especialmente, o acometimento mental prejudica o desempenho cognitivo, a capacidade de

concentração e, portanto, o rendimento escolar (VIEIRA e FERREIRA, 2010; FERRAZ,

2011).

Levando-se em consideração os aspectos socioeconômicos, os custos da anemia vão

desde o aumento dos gastos públicos e privados em saúde; redução da produtividade, com

perdas econômicas significativas nos países onde há alta prevalência da doença; alcançando

até mesmo consequências sociais, em virtude do aumento da mortalidade materna, fetal e

neonatal, deterioração da qualidade de vida e redução nas taxas de sobrevivência (BATISTA-

FILHO, 2008; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2010).

Segundo Szarfarc (2010) embora o panorama da prevalência de anemia e de seus

efeitos adversos à saúde sejam incontestavelmente reconhecidos, o interesse dos governos em

tratá-la como tema de políticas públicas é bastante recente, passando a configurar as

prioridades mundiais de saúde e nutrição, somente após a Reunião de Cúpula de Nova Iorque,

promovida pelas Nações Unidas, em 1990 (UNICEF, 2009).

Em relação ao Brasil, a assinatura em 1992 do compromisso de reduzir em 1/3 a

anemia por deficiência de ferro em pré-escolares e gestantes, até o ano 2003, intensificou

ações de promoção da alimentação saudável, suplementação de ferro para grupos específicos

e enriquecimento de alimentos com ferro, que se traduziram na implantação das políticas de

fortificação compulsória das farinhas de trigo e milho com ferro – 4,2 mg/100g e ácido fólico

(2002/2004) e da suplementação medicamentosa de ferro por meio do Programa Nacional de

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 20

Suplementação de Ferro – PNSF (2005), que inclui também ações de educação nutricional

(BRASIL, 2007, 2008).

A fortificação de alimentos é segundo a ótica da saúde pública, a adição de um ou

mais micronutrientes que estejam deficientes na dieta da população, a um produto comestível

que seja largamente consumido e regularmente produzido pela indústria alimentícia, com o

objetivo de fornecer o nutriente em deficiência à população-alvo de tal forma, que cubra a

lacuna entre a estimativa de sua necessidade média pelo organismo e a real ingestão e

absorção (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2010).

No Brasil a suplementação profilática de ferro do PNSF para o grupo infantil, se dá

por meio da distribuição ininterrupta de sulfato ferroso, através das Unidades Básicas de

Saúde (UBS), a todas as crianças de 6 a 18 meses. A recomendação da estratégia de

intervenção é a administração semanal de 25mg de ferro elementar (5 mL de xarope de sulfato

ferroso), por considerar que doses menores a um maior intervalo de tempo, além de efetivo e

de baixo custo, repercutem positivamente sobre os níveis de hemoglobina, e diminuem os

efeitos colaterais (náuseas, vômitos, constipação, diarreia, fezes escurecidas) de sua

utilização, aumentando a adesão ao programa (CEMBRANEL; DALLAZEN; GONZÁLES-

CHICA, 2013).

O objetivo da intervenção de Educação Alimentar e Nutricional é melhorar a ingestão

e absorção de ferro, por meio do estímulo ao consumo de alimentos-fonte, devendo minimizar

o efeito dos fatores antinutricionais. A estratégia deve ser inserida para apoiar intervenções

específicas de controle da anemia, por se mostrar capaz de melhorar e complementar

efetivamente o impacto de outros programas de intervenção adotados, especialmente aqueles

realizados por meio dos serviços de atenção primária à saúde, visto que mudanças nos hábitos

alimentares são obtidas em longo prazo (BRASIL, 2007; PAN AMERICAN HEALTH

ORGANIZATION, 2010).

2.1.3 Determinantes

Segundo Batista-Filho (2008) a anemia é uma das doenças com descrição mais antiga

na medicina, sendo provavelmente a doença mais difundida no mundo. No entanto, embora o

tema seja estudado há tempos, e por vezes, considerado esgotado, a anemia continua sendo

um problema significativo de saúde pública global, revelando-se em um formidável desafio,

de etiopatogenia não totalmente esclarecida.

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 21

Diversos fatores, isoladamente ou em associação, têm sido apontados como causas da

anemia, dentre eles a deficiência de ferro tem se destacado como principal motivo para o

desenvolvimento da doença em todo o mundo, embora existam outras causas nutricionais

relacionadas com a mesma. Infecções parasitárias, inflamações agudas e crônicas (malária,

câncer, HIV) e hemoglobinopatias hereditárias também estão incluidas na etiologia da anemia

(WHO, 2008).

A anemia ferropriva é o estágio final do resultado de um desequilíbrio prolongado

entre a ingestão de ferro e os requerimentos do mineral pelo organismo. São considerados

fatores predisponentes para anemia, a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo,

uso frequente de alimentos inibidores de ferro, ausência no consumo de alimentos fonte do

mineral, baixa escolaridade materna, precárias condições de saneamento básico e infestações

parasitárias (CARVALHO et al., 2010; RODRIGUES et al., 2011).

Para Leal e Osório (2010) a complexidade da anemia e a dificuldade de seu controle

no mundo, levam os estudiosos a investigarem quais as razões de sua elevada prevalência e

quais os fatores de risco associados, considerando para isto a influência dos fatores externos,

visto que inúmeros programas de intervenção focados apenas na ingestão de ferro, não têm

sido suficientes para combater o problema.

Embora a anemia ocorra principalmente em função de fatores nutricionais deficientes,

sua etiologia envolve de fato, além dos aspectos biológicos e hereditários, a influência da

situação econômico-social e de padrões ambientais deficientes, que propiciam ingestão

dietética de baixa qualidade e elevada prevalência de processos infecciosos e parasitários.

Inúmeros trabalhos têm mostrado a associação desses fatores à elevada prevalência de anemia

(LEAL et al., 2011; FROTA, 2013; OLIVEIRA et al., 2013). Na infância, uma série de

determinantes têm se mostrado associados à anemia, dentre eles estão as condições de

assistência à saúde da criança, estado nutricional, presença de morbidades, consumo

alimentar, condições socioeconômicas e variáveis biológicas (ARAÚJO, 2012).

Gondim et al. (2012b) apresentam em seu estudo sobre a magnitude, tendência

temporal e fatores associados à anemia em crianças do estado da Paraíba, uma série de

variáveis que tem se relacionado com o estado nutricional de ferro, tais como: idade da

criança, gênero, peso ao nascer, idade materna, escolaridade dos pais, renda per capita,

condições de moradia e número de pessoas na residência.

Leal et al. (2011) estudando anemia em crianças de 6 a 59 meses, das zonas urbanas e

rural de Pernambuco, encontraram como fatores associados a doença na zona urbana: a renda

familiar, idade e escolaridade materna, condições de moradia, bens de consumo, tratamento

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 22

da água de beber, tipo de esgotamento sanitário e idade e número de crianças menores de

cinco anos. Já para a área rural, apenas a idade materna e a idade da criança associaram-se

significativamente a doença.

No estudo de Rocha et al. (2012) encontrou-se como fatores determinantes da anemia,

idade inferior a 24 meses e crianças com índice altura/idade abaixo de -1 escore z, sendo que

estas apresentaram duas vezes mais chance de ter anemia do que aquelas crianças com z

escore ≥ – 1. No estudo de Matta et al. (2005) sobre anemia em crianças menores de cinco

anos que freqüentam creches públicas do município do Rio de Janeiro, médias

significantemente mais baixas de z escore para peso/idade e altura/idade foram encontradas

nas crianças anêmicas quando comparadas às não-anêmicas.

Segundo Frota (2013) outra variável de importante associação como fator causal da

anemia, mas que ainda é pouco estudada é a insegurança alimentar. Essa relação pode ser

explicada pelo fato de que as variáveis associadas à insegurança alimentar são em grande

parte as mesmas associadas com a causa de anemia (renda familiar, escolaridade, condições

de moradia, etc.), tornando as crianças, em especial, vulneráveis a ambas as situações

simultaneamente.

A Segurança Alimentar e Nutricional é definida como a garantia ao acesso regular e

permanente a alimentos, em quantidade e qualidade suficientes, obtido por meio socialmente

aceitável, sem comprometer a satisfação de outras necessidades essenciais, de forma que

assegure o bem-estar e saúde dos indivíduos. No Brasil o conceito está baseado no Direito

Humano a Alimentação Adequada (DHAA), referindo-se a um conjunto de condições que se

fazem necessárias para que todo ser humano possa se desenvolver de forma plena e participe

de modo ativo e digno da vida em sociedade (CNSA, 2004; BRASIL, 2006; ABRANDH,

2010).

O conhecimento prévio das condições socioeconômicas, situação nutricional e

alimentar da população, em termos de quantidade e qualidade, são fatores indispensáveis para

o planejamento e execução de estratégias e políticas públicas de combate à fome e aos

agravos dela decorrentes (VIANNA e SEGALL-CORRÊA, 2008; VIEIRA et al., 2011).

2.2 MAGNITUDE DA ANEMIA NA POPULAÇÃO INFANTIL EM IDADE PRÉ-

ESCOLAR

Dados da World Health Organization, publicados em 2008, sobre a prevalência global

de anemia, com base em estudos realizados entre 1993 a 2005, mostraram que 47,4% da

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 23

população global de crianças em idade pré-escolar eram afetadas pela anemia. Segundo a

publicação, o continente com o maior percentual de anemia era a África, afetando 67,6% das

crianças em idade pré-escolar, seguido da Ásia (sudeste) com 65,5%. Detalhes da publicação,

com a magnitude da anemia por continentes, estão apresentados no quadro1.

QUADRO 1 – Prevalência regional e global de anemia em crianças menores de cinco anos.

REGIÃO PREVALÊNCIA DE

ANEMIA (%)

Nº AFETADOS

(MILHÕES)

ÁFRICA 67,6 83,5

AMÉRICAS 29,3 23,1

ÁSIA (SUDESTE) 65,5 115,3

EUROPA 21,7 11,1

MEDITERRÂNEO ORIENTAL 46,7 0,8

PACÍFICO OCIDENTAL 23,1 27,4

GLOBAL 47,4 293,1 Fonte: Adaptado da WHO (2008).

Na América Latina e Caribe estudo da Pan American Health Organization, realizado

em 2009, sobre a situação da anemia em crianças de 6 a 59 meses, encontrou prevalência

ponderada de anemia de 44,5% para os 25 países estudados, representando 70,5% da

população de crianças nessa faixa etária em toda a região. Considerando-se a prevalência

ponderada para as sub-regiões estudadas, a anemia atingia 33,9% das crianças no

México/América Central, 46,2% na América do Sul e 42,9% no Caribe. Ainda segundo a

pesquisa, no Equador, Haiti, Bolívia e Brasil a anemia é um problema de saúde pública grave

(com prevalência acima de 40%) entre crianças de 6-59 meses (PAN AMERICAN HEALTH

ORGANIZATION, 2010).

No Brasil, são poucos os estudos sobre o tema com representatividade nacional, e não

existem trabalhos que permitam estimar de forma consistente a dimensão do problema. Na

população infantil, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (2006), que avaliou 3.499

crianças menores de cinco anos, apontou 20,9% destas com anemia, sendo a região Nordeste a

mais afetada com o problema (25,5%), seguida do Sudeste (22,6%), Sul (21,5%), Centro-

Oeste (11,0%) e Norte (10,4%) (BRASIL, 2009).

Batista-Filho (2003) apresentando um estudo sobre a transição nutricional no Brasil,

com base em três estudos transversais das décadas de 1970, 1980 e 1990, mostrou que houve

um rápido declínio da prevalência de desnutrição em crianças, enquanto que a prevalência de

anemia continuava elevada, entre 40% e 50%, entre os menores de cinco anos.

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 24

Nos estudos de Szarfarc et al. (2004) e Spinelli et al. (2005), com crianças menores de

um ano das cinco regiões brasileiras, as prevalências de anemia foram de 55,6% (5146

crianças estudadas) e 65,4% (2715 crianças estudadas), respectivamente. Ambos os trabalhos

utilizaram a mesma metodologia para dosagem de hemoglobina (fotômetro portátil Hemocue)

e mesmo ponto de corte para classificação da doença (Hb <11 g/dL).

Estudos isolados nas diversas regiões do Brasil sobre a magnitude da anemia em

crianças com idade pré-escolar, e que utilizaram a mesma metodologia na determinação da

anemia (fotômetro portátil Hemocue), têm mostrado as seguintes prevalências: na região Sul,

Kmetiuk (2005) encontraram anemia em 42,9% das crianças em creches de Guarapuava (PR);

no Nordeste, Vieira et al (2010) encontraram 45,0% de anemia nas crianças de Alagoas; na

região Norte, Souza et al (2012) encontraram 51,8% de anemia em crianças de Rio Branco

(AC); e no Sudeste, Oliveira et al (2014), encontraram prevalência de 38,3% em crianças de

creches de Belo Horizonte (MG). Os valores apresentados reafirmam que no Brasil a anemia

ainda é um importante problema de saúde pública.

Especificamente para o Estado do Piauí, a literatura traz um único estudo com amostra

representativa em nível estadual, realizado em 1991, com 742 crianças de 2 a 6 anos, no qual

encontrou-se prevalência de anemia de 33,8%, medida através da dosagem de hemoglobina

por método de cianometahemoglobina (PIAUÍ, GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ/

UNICEF, 1992 apud SANTOS, 2002). Outras publicações sobre o tema da anemia no Estado

foram feitas por meio de estudos pontuais na capital Teresina. Moreira-Araújo et al. (2002)

estudando crianças de duas creches da referida cidade encontraram prevalência de anemia de

62,3%, utilizando o método de cianometahemoglobina para a dosagem da Hb. Mais de uma

década depois, Landim (2013), utilizando a mesma metodologia, encontrou prevalencia de

11,5%.

É válido ressaltar que os estudos realizados em Teresina, tinham como foco a

utilização de alimentos biofortificados em ferro e não a estimativa da prevalência de anemia

nas crianças institucionalizadas. Ainda assim, em virtude da ausência de estudos com

delineamento experimental semelhante ao desta pesquisa, é válido a utilização destes dados a

fim de contextualizar minimamente a situação de anemia na população em estudo.

Vieira e Ferreira (2010) estudando a prevalência de anemia em diferentes cenários

epidemiológicos, encontraram nas crianças de creches de diferentes regiões do Brasil, média

ponderada de anemia de 52,0%. Quando as investigações se deram nos serviços de saúde, a

prevalência média ponderada foi de 60,2%, sendo esperado maior ocorrência em virtude da

maior probabilidade de se estudar crianças debilitadas e portadoras de agravos que

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 25

predisponham a anemia. Em crianças de populações com iniqüidades sociais, os autores

encontraram a maior prevalência média ponderada de anemia, 63,5%. Por fim, nos estudos de

base populacional, a média ponderada foi de 40,1%.

Conforme traz Carneiro et al. (2008) a produção científica no Brasil sobre a população

rural ainda que insuficiente para explicar as complexas relações entre as condições de saúde e

seus determinantes no campo, tem evidenciado de um modo geral um perfil de saúde mais

precário da população rural, se comparada à urbana.

O único estudo brasileiro, disponível em períodico nacional, que avaliou a situação da

anemia em crianças de assentamento mostra que a doença pode ser considerada como um

importante problema de saúde pública nesta população, sendo encontrada prevalência de

anemia de 47,5% no trabalho realizado por Castro et al. (2004) e utilizada como dado no

estudo de Coelho et al. (2005), ambos em assentamentos de Minas Gerais. Ressalta-se a

inexistência de dados ou publicações sobre o tema na população de assentamento em

Teresina.

Observa-se que mesmo com a implantação de estratégias de prevenção e controle da

anemia, adotados pelo Brasil, os índices de anemia entre as crianças brasileiras persistem,

ressaltando-se a necessidade da vigilância nutricional infantil e de uma maior discussão sobre

as alternativas para controle da doença em curto prazo.

2.3 ASSENTAMENTO: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS

2.3.1 Um breve histórico

No Brasil, ao longo de sua história, pouco se deu importância à concentração de terras

e a necessidade de redistribuição por meio de reforma agrária, poucos foram os governos que

criaram políticas no intuito de resolver estas questões, que são consequências de um processo

de colonização e ocupação territorial que favorecia ao latifúndio, além do modelo capitalista

pelo qual avançou a produção no campo, trazendo sérios problemas sociais como a exclusão,

desemprego, exploração, destruição e assalariamento do campesinato e concentração de renda

(FILHO, 2011).

Os movimentos sociais surgiram então, nas décadas de 50 e 60, em resposta a

despreocupação dos governantes brasileiros com a questão agrária, tornando-se uma forma de

pressioná-los a tomarem medidas que beneficiasse os agricultores familiares (RODRIGUES e

ALENCAR, 2010).

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 26

No período do governo militar (1964-1984) criou-se então, o Instituto Nacional de

Desenvolvimento Agrário (INDA), em virtude da aprovação do Estatuto da Terra. Esse órgão

mais tarde sofreu transformações e passou a ser o Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária (INCRA), em 1970, recebendo a partir de então as atribuições de definir as

terras destinadas à reforma agrária, negociar o imóvel, fazer o cadastro das famílias que

receberiam os lotes, assim como organizar os créditos e benefícios a estes destinados

(SANTOS, 2011).

No final do período militar nasce o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

(MST), que na realidade deu-se pela unificação de vários movimentos populares de luta pela

terra já existentes, e que na época da ditadura (primeira metade da década de 80),

promoveram várias ocupações de terras nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul,

Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul (MIRALHA, 2006).

O MST recebeu apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Rio Grande do Sul e

no cenário nacional ganhou repercussão em meados da década de 90, ganhando apoio da

população. Oficialmente sua fundação se deu durante o I Encontro Nacional do Movimento

dos Trabalhadores rurais Sem Terra, em Cascável (PR) em 1984. Apresenta como objetivos

principais, a luta pela terra, pela reforma agrária e por uma sociedade mais justa e fraternal,

constituindo-se no principal movimento social de luta pela terra atualmente estabelecido no

Brasil (COMPARATO, 2001; SANTOS, 2011).

A categoria assentado emergiu no País a partir da década de 1980, devido a

intervenções do governo federal em resposta aos problemas ligados à luta pela posse da terra,

enfrentados pelas diferentes organizações trabalhistas, e que pressionavam o governo com o

intuito da concessão do título da terra. Neste sentido a denominação assentado é atribuída pela

própria política de governo, como um programa específico de reforma agrária, utilizado pelo

Brasil desde a Nova República (COSTA, 2006).

2.3.2 A vida em Assentamento

Para que se possa entender como é organizada a vida em assentamento e suas

características inerentes, é necessário que se compreenda o que este significa. Neste sentido

Neves (1999), abordando o aspecto psicossocial e as relações comunitárias, define o

assentamento com a seguinte proposição:

O assentamento constitui uma unidade social local de construção de identidades de

pertencimento, a partir da vivência de experiências comuns (...). Expressa ainda

efeitos de que a aquisição da terra assegura benefício, cuja possibilidade depende de

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 27

intervenções imediatas ou anunciadas por uma autoridade estatal, de rede de

relações onde interagem seus demandantes, opositores, apoiadores e mediadores

(s/p).

O assentamento pode ser ainda conceituado, como a criação de novos espaços

agrícolas, por intermédio de políticas públicas governamentais a trabalhadores rurais que

possuem pouca ou nenhuma terra, como meio de reforma agrária, fixando o trabalhador nestas

terras e por meio da qual promoverão seu desenvolvimento econômico e estabelecimento de

relações comunitárias (BERGAMASCO, 1998).

A consolidação do assentamento traz consigo um novo processo recheado de

demandas e mudanças que começam a surgir, como saúde, educação, condições de moradia,

estradas e transporte; condições que são de grande impacto interno nos assentame ntos então

implantados (RAMALHO, 2002).

Um estudo sobre a Reforma Agrária (1999), com o intuito de identificar a situação de

saúde dos assentamentos e acampamentos do Brasil, conforme apresentado por Scopinho

(2010), demonstrou como a falta de saneamento básico (acesso a rede de água, esgoto e coleta

de lixo) contribuía no alastramento das doenças infecciosas e parasitárias. A pesquisa trouxe

ainda a precariedade das condições de trabalho e a dificuldade de acesso aos serviços de

saúde. Não havia programas e ações de planejamento familiar, saúde da mulher e os

coeficientes de mortalidade e morbidade, tanto geral quanto infantil, eram superiores a média

nacional.

Peixoto (2002) traz que desde 1995 o INCRA vem adotando o princípio do

planejamento sustentável na implantação de assentamentos. A falta de apoio mais consistente

da parte governamental, principalmente desde as ações iniciais de reforma agrária do I Plano

Nacional de Reforma Agrária, gerou um acúmulo de demandas de infraestrutura e

organização interna, produção, saúde e educação nos assentamentos implantados.

No estudo de Ferreira et al (2002) em favela do movimento dos “Sem Teto”, Alagoas,

foram encontradas condições de vida de extrema miséria. Todos os domicílios eram feitos de

barracos de caibros cobertos com papelão, não havia água encanada em domicílio e nem

banheiros, sendo os dejetos jogados ao ar livre; havia uma prevalência de analfabetismo entre

as mulheres e a renda familiar era baixa.

Scopinho (2010), estudando um assentamento de Ribeirão Preto (SP), encontrou

dificuldades relacionadas com a falta de condições adequadas para produção e

comercialização, e aspectos de infraestrutura que viabilizam a vida social, como estradas,

transporte, educação, energia elétrica e assistência à saúde.

R e f e r e n c i a l T e ó r i c o | 28

A pesquisa do INCRA (2010), sobre a qualidade de vida, produção e renda dos

assentamentos da reforma agrária mostra que em relação ao saneamento básico, 76% dos

assentados se utilizavam de fossa (rudimentar ou não) e apenas 1,14% tinham acesso à rede

de esgoto. As principais queixas eram em relação às condições de estrada e vias de acesso aos

lotes e serviços de saúde. Houve uma percepção de melhoria das condições de vida pelos

assentados em relação à moradia (73,5%), alimentação (65,86%), educação (63,29%), renda

(63,9%) e saúde (47,28%) quando comparadas com a vida antes do assentamento (BRASIL,

2010).

Para Santos (2011), a identificação de melhoria das condições gerais de vida que o

assentamento proporciona em comparação a outras formas de moradias, como os

acampamentos, não significa que os problemas de saúde, moradia e trabalho estejam

superados, pois a recorrente morosidade dos programas de governo e a falta de recurso

financeiro dos trabalhadores, associada com a subordinação destes ao mercado, normalmente

reduzem suas capacidades competitivas, diminuindo o ganho, aumentando a espoliação do

trabalho e, portanto, contribuindo para as precárias condições de vida e saúde nas localidades

de reforma agrária.

As políticas públicas relacionadas à reforma agrária, embora minimizem a pobreza que

afeta estes trabalhadores, não vem contribuindo na diminuição das desigualdades sociais e

fortalecimento da autonomia política dos sujeitos, o que justifica a importância da vigilância

nutricional para este grupo, visto o risco de insegurança alimentar e carências nutricionais

advindos da prevalente condição insatisfatória da vida em assentamento (SCOPINHO, 2010).

OOBBJJEETTIIVVOOSS

Objetivos | 30

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Investigar a prevalência de anemia e os fatores associados em crianças menores de

cinco anos de assentamentos rurais de Teresina.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever as características socioeconômicas e demográficas da população em estudo;

Determinar a concentração de hemoglobina das crianças;

Avaliar a situação de segurança alimentar intrafamilar;

Diagnosticar o estado nutricional das crianças com base na antropometria;

Avaliar a associação da anemia com os aspectos socioeconômicos e demográficos, a

insegurança alimentar e o estado nutricional das crianças assentadas.

MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

Metodologia | 32

4 METODOLOGIA

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, com enfoque quantitativo,

descritivo e analítico, realizado em domicílios dos Projetos de Assentamentos (PA) do

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) da cidade de Teresina, Piauí.

4.2 LOCAL DO ESTUDO

Teresina está localizada no centro norte do estado do Piauí, ocupando uma área de

1.765,18 km². A população estimada em 2013 era de 836.475 habitantes, com densidade

demográfica de 584,94 habitantes/Km2. Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH) da cidade, foi de 0,751 (faixa de desenvolvimento humano alto - IDHM entre 0,7 e

0,799), ocupando a melhor posição no Estado do Piauí e a 526ª posição no Brasil. Em relação

a desigualdade social, Teresina apresentou índice de Gini de 0,61 em 2010 (numericamente, o

índice varia de 0 a 1, e quanto mais próximo de zero, melhor é a distribuição da renda). A

renda média per capita e a extrema pobreza, em 2010, foram R$757,57 e 4,44%,

respectivamente (PNUD, 2013; IBGE, 2014).

Segundo a classificação em regionalização de terras feita pelo INCRA no Estado do

Piauí, com base na Lei complementar nº 87 de 22 de Agosto de 2007, Teresina pertence ao

Aglomerado 7 (constituído por 10 municípios), que está inserido no território de

desenvolvimento Entre Rios, pertencente a macrorregião denominada Meio-Norte. Ainda

segundo a Coordenação Geral de Implantação do INCRA/PI, no ano de 2012, Teresina

possuía nove projetos de assentamento (PA), contando ao todo 475 famílias beneficiadas em

uma área total de 6.746,97 hectares, sendo eles: PA Fazenda Nova (21 famílias), PA Santana

Nossa Esperança (146 famílias), PA 17 de Abril/Junco (80 famílias), PA Olga Benário (41

famílias), PA Vale da Esperança (62 famílias), PA Passagem de Santo Antônio (8 famílias),

PA Nossa Vitória (64 famílias), PA Santa Helena I (13 famílias) e PA Limoeiro (40 famílias).

Esses assentamentos foram criados entre os anos de 2005 e 2008, predominantemente por

meio da desapropriação de terras.

O quadro 2 traz as principais características dos PA’s estudados:

Metodologia | 33

Quadro 2: Caracaterização dos Projetos de Assentamento de Teresina, segundo dados de

implantação e implementação.

PA Área (ha) Nº

famílias

Ato de

Criação

Data de

criação

Fase de

Implementação

Forma de

Obtenção

Fazenda Nova 425,63 21 Ret nº 24 01/08/2005 03 Desapropriação

Santana Nossa

Esperança 1.479,09 146 Port. nº 38 25/08/2005 03 Desapropriação

17 de Abril 1.014,69 80 Port. nº 48 13/09/2005 03 Desapropriação

Olga Benário 1.072,4 41 Port. nº 00063 24/11/2005 03 Desapropriação

Vale da

Esperança 1.162,47 62 Port. nº 04 01/03/2006 03 Desapropriação

Passagem de

Santo Antônio 53,40 08 Port. nº 21 13/12/2007 03 Compra

Nossa Vitória 613,29 64 Port. 09 26/05/2008 03 Transferência

Santa Helena I 174,0 13 Port.18 11/11/2008 03 Doação

Limoeiro 752,0 40 Port. nº 26 20/11/2008 03 Desapropriação

Total 6.746,97 475 - - - -

Fonte: Dados da Coordenação Geral de Implantação (DTI/SIPRA), INCRA (2012).

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

O universo do estudo é formado por todas as crianças menores de cinco anos

residentes nos assentamentos rurais de Teresina. Devido à indisponibilidade de dados sobre a

população infantil desses assentamentos e por motivos éticos (benefício da pesquisa à

comunidade), os pesquisadores optaram por trabalhar com toda a população infantil na faixa

etária da pesquisa.

O levantamento do número de crianças elegíveis para o estudo foi realizado pelos

pesquisadores durante o período de coleta de dados, por meio de informações da Associação

de Moradores, dos líderes comunitários e/ou de visita às residências. A população infantil

menor de cinco anos, residentes nos PA’s era de 143 crianças.

A amostra do estudo foi constituída por todas as crianças menores de cinco anos, cujos

responsáveis legais autorizaram formalmente a participação na pesquisa e cujas crianças por

meio do termo de assentimento, concordaram em fazer parte do estudo (somente para crianças

Metodologia | 34

maiores de um ano). Da população total de crianças houve três recusas dos responsáveis em

participar da pesquisa e o número de perdas durante a execução da mesma foi de nove

crianças, correspondendo ao final em uma amostra de 131 crianças, com 6,3% de perdas e

2,1% de recusas. Considerou-se como perda, quando os pesquisadores, após quatro visitas ao

assentamento, em dias previamente agendados, não encontraram os responsáveis legais pelas

crianças no domicílio. Os principais motivos de perda foram: responsáveis pelas crianças

ausentes do assentamento e mudança de endereço durante o período da coleta de dados.

Diferente desse estudo, pesquisas em comunidades de assentamento relataram perdas

elevadas de amostra (em torno de 20%), e em semelhança a este trabalho, devido à

dificuldade de localização das famílias e alta rotatividade dentro dos PA’s (FERREIRA et al.,

2002; MELLO, 2008).

A figura 1 traz o fluxograma de obtenção da população do estudo, com o total de

crianças por assentamento e suas respectivas perdas e recusas.

Metodologia | 35

4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO DO ESTUDO

Ser criança assentada com idade inferior a cinco anos, cujos pais tenham aceitado sua

participação na pesquisa por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE – Apêndice D) e cuja criança tenha concordado em participar do estudo

por meio do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (Apêndice E); e ainda que não

possuísse deficiência física que impossibilitasse a verificação de suas medidas

antropométricas.

4.5 PROTOCOLO DO ESTUDO

4.5.1 Seleção e treinamento da equipe de campo

Foram selecionados para participar do estudo, por meio de entrevista com a

coordenadora da pesquisa, oito alunos do curso de Nutrição da Universidade Federal do Piauí

(UFPI) e quatro nutricionistas recém-formadas, além das coordenadoras de campo (duas

mestrandas com projetos a serem desenvolvidos em comunidade de assentamento, orientadas

pela coordenadora dessa pesquisa). Toda a equipe de campo foi uniformizada com camisetas

para melhor identificação por parte da população dos assentamentos.

Cada equipe de pesquisadores era composta por um nutricionista, supervisor de

campo, e dois estudantes de nutrição; todos subordinados à coordenação de campo. A coleta

de dados iniciou-se com quatro equipes, mas ao longo do estudo apenas duas permaneceram,

sendo então agrupadas com um supervisor e de um a dois estudantes por equipe, totalizando

seis pesquisadores.

O treinamento dos pesquisadores ocorreu em duas etapas: i) treinamento teórico-

prático para padronização da técnica de aplicação dos questionários, e; ii) treinamento teórico-

prático para padronização das técnicas antropométricas de medição de peso e estatura das

crianças, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Vigilância

Alimentar e Nutricional - SISVAN (2005). O treinamento foi ministrado pelas coordenadoras

de campo, que elaboraram e disponibilizaram às equipes, o Manual de Campo no intuito de

obter-se padronização na coleta dos dados. Os questionários foram adaptados durante os

treinamentos à medida que dúvidas e sugestões foram surgindo.

Metodologia | 36

4.5.2 Contato com o assentamento e a comunidade

O contato inicial dos pesquisadores com os assentamentos deu-se por meio de visita

pré-agendada, com a liderança de cada comunidade (representantes do MST, presidentes de

associações, entre outros) por meio de um técnico do INCRA, que participava da reunião a

fim de intermediar a aproximação dos pesquisadores com a comunidade assentada e de

auxiliar na assimilação da estrutura organizacional, reconhecimento do local, estilo de vida e

funcionamento do assentamento.

Nesta visita os pesquisadores (apenas os responsáveis pela pesquisa) explicavam aos

líderes locais, do que se tratava a pesquisa, seus objetivos, importância e como pretendiam

executá-la; firmando parceria com estes para divulgação e apoio logístico do trabalho. Ainda

na primeira visita acordava-se com a liderança local, data para reunião com toda a

comunidade alvo do estudo.

A segunda visita aos assentamentos dava-se para reunião com a comunidade para

apresentar a pesquisa e convidá-los a participar. Neste momento os contatos e endereços dos

moradores eram cadastrados pela equipe da pesquisa, agendando-se visita domiciliar para

aplicação de questionários. Para estas reuniões foi elaborado folder explicativo da pesquisa,

contendo uma síntese dos seus principais aspectos e o contato dos pesquisadores.

4.5.3 Coleta de dados

A coleta de dados em campo ocorreu entre os meses de maio e outubro de 2013. O

período relativamente grande para a coleta de dados deu-se em virtude de dificuldades de

acesso a alguns assentamentos (construção de Rodoanel na via de acesso a alguns

assentamentos), ausência das famílias no assentamento e a distância dos mesmos. Fietz,

Watanabe e Salay (2010) relatou dificuldade semelhante em estudo com comunidade de

assentamento, sendo o tempo de coleta de dados semelhante ao desta pesquisa.

A visita aos assentamentos não seguiu um roteiro previamente estabelecido, devido à

dificuldade de contatar os representantes de cada comunidade, ocorrendo então à medida que

o técnico do INCRA conseguia fazê-lo, por meio telefônico ou por ocasião da visita desses ao

órgão federal. Vale destacar a distância de algumas localidades da zona urbana de Teresina

(40 a 70 km) e ausência ou precariedade da linha telefônica. Os assentamentos visitados

foram em ordem: Santana Nossa Esperança, Vale da Esperança, Santa Helena I, Limoeiro,

Nossa Vitória, 17 de Abril, Passagem de Santo Antônio, Fazenda Nova e Olga Benário.

Metodologia | 37

A coleta de dados da pesquisa foi dividida em dois momentos. No primeiro momento,

os pesquisadores dirigiam-se aos domicílios dos assentados para coleta da assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

pelos responsáveis das crianças e por estas, respectivamente. Aplicavam então o Questionário

Socioeconômico e a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar.

No segundo momento da pesquisa, realizou-se a aferição antropométrica das crianças,

colhieta de sangue e aplicação do Questionário da Criança (Apêndice C). Os responsáveis

pelas crianças eram informados previamente sobre o(s) dia(s), o horário e o local da pesquisa,

sendo este no próprio assentamento, em igrejas, capelas, sede da Associação de Moradores,

entre outros. Também eram comunicados a levarem a Caderneta de Saúde da Criança. Vale

ressaltar que se considerou a disponibilidade de tempo dos responsáveis pelas crianças para o

agendamento desta fase da pesquisa, sendo por isso, incluídos domingos e feriados, quando

necessários.

Ao final de cada dia de trabalho, os pesquisadores revisavam os formulários aplicados

e os entregavam aos coordenadores de campo que verificavam os dados preenchidos e os

codificavam, a fim de evitar falhas no preenchimento, que quando detectadas ocorria o

retorno ao domicílio. A primeira semana em campo foi utilizada como um piloto da pesquisa,

sendo feitas as adaptações necessárias nos questionários e ambientação da equipe com o local

e a estratégia de ação.

4.6 VARIÁVEIS PESQUISADAS

4.6.1 Aspectos socioeconômicos e demográficos

Os dados socioeconômicos e demográficos foram levantados através da aplicação de

formulário (Apêndice A) a um dos chefes da família, abordando questões relativas às

condições ambientais e de moradia: tipo de construção do domicílio, número de cômodos,

aglomeração de pessoas/cômodo, presença de água encanada, uso de banheiro/sanitário,

destino dos dejetos sanitários e lixo doméstico; e as condições econômicas e demográficas:

sexo do chefe da família, ocupação do chefe da família, escolaridade dos responsáveis pelas

crianças, idade materna, tamanho da família, renda familiar e renda per capita, classe

econômica, acesso ao serviço de saúde e participação em programas governamentais de

transferência de renda.

Metodologia | 38

Quanto a classificação das famílias em termos de classe econômica, adotou-se os

critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de Empresas e Pesquisas (ABEP, 2013).

Essa classificação prevê originalmente sete classes decrescentes de poder aquisitivo (A, B1,

B2, C1,C2, D e E).

4.6.2 Insegurança alimentar

A prevalência de insegurança alimentar foi estimada por meio da aplicação da Escala

Brasileira de Insegurança Alimentar – EBIA (anexo A), ao responsável pela criança que tinha

conhecimento das condições alimentares no domicílio. A escala contém 15 perguntas relativas

à segurança alimentar percebida pela família nos últimos três meses, com a possibilidade de

resposta “sim” ou “não”; e atribui a cada resposta positiva do questionário o valor de “um

ponto”, cujo somatório leva a um escore, que classifica os domicílios com menores de 18

anos, conforme metodologia proposta e validada para o Brasil (SEGALL-CORRÊA et al.,

2004), em situação de segurança alimentar, nenhuma resposta positiva ou zero pontos;

insegurança alimentar leve, 1 a 5 pontos; insegurança alimentar moderada, 6 a 10 pontos; e

insegurança alimentar grave, 11 a 15 pontos. Foi utilizado o sistema de filtro desse

instrumento, encerrando-se a pesquisa quando às respostas dos entrevistados foi negativo às

quatro primeiras perguntas da escala, o que indica a pouca possibilidade de convivência da

família com a situação de insegurança alimentar.

4.6.3 Aspectos de saúde da criança

Foi realizado por meio da avaliação antropométrica do estado nutricional das crianças,

diagnóstico de anemia e aplicação do Questionário da Criança (Apêndice C), que continha

perguntas referentes aos dados biológicos da criança, aleitamento materno, presença de

morbidades e uso de suplementos vitamínicos e/ou sulfato ferroso e frequência da criança a

creche/escola.

4.6.3.1 Estado nutricional (antropometria)

A avaliação antropométrica das crianças foi realizada por meio da obtenção de

medidas de peso e estatura por uma dupla de antropometristas, treinados e padronizados

Metodologia | 39

segundo os procedimentos técnicos recomendados pela World Health Organization (WHO,

1995) e adotado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2008). Um dos avaliadores ficou

responsável pela aferição das medidas e o outro pela anotação destas em instrumento próprio

da pesquisa (Apêndice B).

Todas as medidas foram realizadas em duplicatas, sendo tomada uma terceira medida

apenas quando a diferença entre as duas primeiras medidas era superior a 100 g (na aferição de

peso) e 1,0 cm (na aferição da estatura). A média de cada medida foi utilizada para análise. O

peso foi obtido através de balança digital (Marca Plena®) com capacidade para 150 Kg e

precisão de 100g, com as crianças usando apenas roupa íntima. Para as crianças de colo, o peso

foi obtido através da pesagem desta nos braços do responsável, cujo peso foi deduzido do peso

total.

Para aferição da estatura, as crianças menores de dois anos, foram medidas em decúbito

dorsal, com as pernas juntas e em extensão, através de infantômetro (manufaturado) fabricado

para a pesquisa, com amplitude de 100 centímetros e subdivisões em milímetros. As crianças

maiores de dois anos foram medidas em pé e descalças, utilizando-se estadiômetro (SECA 206

®) com amplitude de 2,20 m e subdivisões em milímetros, fixado em suporte de madeira rígido

e nivelado, contendo base para apoio dos pés. Este suporte foi elaborado a fim de que se

evitasse problema na aferição da estatura, quando o local para esta não possuísse paredes, ou

mesmo chão não nivelado.

A partir das medidas antropométricas (peso e estatura) as crianças foram classificadas

pelos índices estatura/idade (E/I); peso/idade (P/I); peso/estatura (P/E) e IMC/idade (IMC/I)

expressos em escore-Z, calculados com o auxílio do software Anthro versão 3.2.2 (WHO,

2011b). O padrão de crescimento infantil utilizado como referência para classificação das

medidas de peso e estatura foi o da World Health Organization (2006), adotando-se os pontos

de corte para categorização dos resultados: Desnutrição: < -2 escores Z; risco nutricional: -2

escores Z a < -1 escores Z; adequado: -1 escore Z a 2 escores Z; excesso de peso: ≥ 2 escores Z.

4.6.3.2 Diagnóstico de anemia

Para o diagnóstico de anemia foram coletados 2 mL de sangue venoso periférico. A

colheita de sangue foi realizada nos Assentamentos, no horário matinal, por técnico em

laboratório, com experiência na área, principalmente com crianças, sob a supervisão dos

pesquisadores deste estudo. As amostras de sangue foram depositados em tubos com

Metodologia | 40

anticoagulante EDTA e colocadas em caixas de isopor com gelo reciclável e transportadas para

o laboratório de análises clínicas do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí,

em Teresina, imediatamente após o término das colheitas e mantendo-se a cadeia de frio.

As concentrações de hemoglobina foram determinadas em contador automático XS-

1000i SysmexTM

(Japão). Foram consideradas anêmicas as crianças menores de seis meses com

valores de Hb < 10,3 g/dL (padrão SAARINEN, 1978) e as crianças entre seis e 59 meses com

Hb < 11,0 g/dL (WHO, 2008). Classificou-se a severidade da doença como anemia leve (Hb ≥

9-10,9 g/dL), anemia moderada (Hb ≥ 7-8,9 g/dL) e anemia grave (Hb < 7 g/dL).

4.6.3.3 Questionário da Criança

As informações sobre a criança foram obtidas por meio da Aplicação do Questionário

da Criança (Apêndice C), a um dos responsáveis pela mesma. Os dados de identificação da

criança (nome, data de nascimento e gênero) foram coletados no Cartão de Saúde da Criança

ou na Certidão de Nascimento e o recebimento de vitaminas e minerais pelo posto de saúde

foram pegos no Cartão de Saúde da Criança. Outras informações como criança frequentando

escola, morbidades nos últimos 15 dias e uso de suplementos vitamínicos ou medicamentos e

aleitamento materno foram obtidos segundo relato do entrevistado.

4.6.4 Variáveis de interesse no estudo

4.6.4.1 Variável dependente

A variável dependente foi a ocorrência de anemia nas crianças.

4.6.4.2 Variáveis independentes

Foram analisadas variáveis socioeconômicas e demográficas e de insegurança

alimentar das famílias, variáveis do estado nutricional, aleitamento materno, fatores

biológicos e intercorrências de saúde das crianças.

Para a categorização das variáveis foram consideradas suas especificidades e

descrição na literatura, conforme é apresentado no quadro 03.

Metodologia | 41

Quadro 3 - Descrição e categorização das variáveis socioeconômicas e demográficas,

insegurança alimentar familiar e aspectos ligados à criança. Projetos de Assentamento,

Teresina, 2013.

VARIÁVEIS CATEGORIAS

(ANÁLISE DESCRITIVA)

CATEGORIAS

(ANÁLISE BIVARIADA)

Aspectos Socioeconômicos e Demográficos 1

Sexo chefe da família Sexo da Criança

Masculino Feminino

Masculino Feminino

Idade das crianças (meses)

0-5 6-11 12-23 24-35 36-47 48-59

< 24 ≥ 24

Tipo de construção do domicílio# Taipa

Alvenaria inacabada Alvenaria acabada

Taipa/alvenaria inacabada Alvenaria acabada

Nº de cômodos 1 a 4 ≥5

1 a 4 ≥5

Existência de água encanada Sim

Não

Sim

Não

Uso de banheiro/sanitário Exclusivo da residência

Comunitário Não dispõe

Sim Não

Destino dos dejetos Sanitários Fossa

Céu aberto Não dispõe

Céu aberto Fossa

Destino do lixo doméstico

Coleta pública Céu aberto Queimado Enterrado

Outro

Coleta pública (sim ou não)

Acesso ao serviço de saúde

Posto de saúde no assentamento Posto de saúde no município

Hospital do município Inexistente

Hospital particular

- ***

Escolaridade materna (anos de estudo)

Escolaridade paterna (anos de estudo)

≤ 4 5-8

9 anos e +

≤ 4 5-8

9 anos e +

Idade materna (anos)

< 20

20 a 29 ≥ 30

< 20

20 a 29 ≥ 30

Ocupação chefe da família (ramo de atividade)

Agricultura/extrativismo/criação de animais

Dona de casa/desempregado Construção civil

Comércio/Indústria/serviço Outra

Renda fixa (sim ou não)

Tamanho da família

Até 4 pessoas 5 a 6 pessoas

7 ou + pessoas

Até 4 pessoas 5 a 6 pessoas

7 ou + pessoas

Número de pessoas por cômodo do domicílio

< 1 pessoa/cômodo 1 |- 2 pessoas/cômodo 2 |-3 pessoas/cômodo

< 1 pessoa/cômodo 1 |- 2 pessoas/cômodo 2|-3 pessoas/cômodo

Renda familiar (Salário mínimo)*

< 1 1 a 2 > 2

< 1 1 a 2 > 2

Renda per capita (Salário mínimo)*

< 0,25 0,25 -0,50

≥ 0,50

< 0,25 0,25 -0,50

≥ 0,50

(Continua)

Metodologia | 42

VARIÁVEIS CATEGORIAS

(ANÁLISE DESCRITIVA)

CATEGORIAS

(ANÁLISE BIVARIADA)

Aspectos Socioeconômicos e Demográficos 1

Classe econômica2 D e C E

D e C E

Auxílio governamental

Sim

Não

Sim

Não

Anemia na Criança3

Ocorrência de anemia Não anêmica Anemia leve

Anemia moderada/grave

Sim

Não

Insegurança Alimentar Intrafamiliar4

Escala Brasileira de Insegurança Alimentar

Segurança Insegurança leve

Insegurança Moderada Insegurança grave

Segurança/Insegurança leve Insegurança Moderada/grave

Variáveis da Criança

Estado Nutricional5

- Peso para Estatura (P/E)

Baixo peso Risco para baixo peso

Normal Risco para excesso de peso

Excesso de peso

Baixo peso Risco para baixo peso

Normal Risco para excesso de peso

Excesso de peso

- Peso para Idade (P/I)

Baixo peso Risco para baixo peso

Normal

Risco para excesso de peso Excesso de peso

Baixo peso Risco para baixo peso

Normal

Risco para excesso de peso Excesso de peso

- Estatura para Idade (E/I)

Baixa estatura Normal

Risco para alta estatura Alta estatura

Baixa estatura Normal

Risco para alta estatura Alta estatura

- IMC para idade (IMC/idade)

Baixo peso Risco para baixo peso

Normal Risco para excesso de peso

Excesso de peso

Baixo peso Risco para baixo peso

Normal Risco para excesso de peso

Excesso de peso

Questionário da Criança1

- Uso de sulfato ferroso últimos 6

meses

Sim

Não

Sim

Não

- Uso de complexo vitamínico/mineral últimos 3 meses

Sim Não

Sim Não

- Intercorrências de saúde nos últimos 3 meses

Diarreia (sim ou não) Parasitoses (sim ou não)

Doenças respiratórias (sim ou não)

Outras (sim ou não)

Diarreia (sim ou não) Parasitoses (sim ou não)

Doenças respiratórias (sim ou não)

Outras (sim ou não)

- Aleitamento Materno Total (meses)

< 3 3-5 6-12 > 12

< 3 meses 3-5 meses

6-12 meses > 12 meses

- Aleitamento Materno Exclusivo (meses)

< 1 mês ou nunca 1-5 meses 6 meses

> 6 meses

< 1 mês ou nunca 1-5 meses 6 meses

> 6 meses

- Criança institucionalizada em creche ou escola **

Sim Não

Sim Não

1 - Baseado em Castro et al. (2011), Gondim et al. (2012), Leal et al. (2011), Miglioli et al. (2010) e Oliveira et al. (2010).

2- ABEP, 2013; 3- WHO (2008); 4- EBIA (SEGALL-CORRÊA, et al., 2004); 5- WHO (2006);

* Salário mínimo vigente em 2013: R$ 678,00

** Criança institucionalizada em creche ou escola: variável analisada para todas as crianças independentemente do fato de terem ou

não idade de serem aceitas pela creche ou escola.

*** Não foi realizada análise bivariada por não se tratar de risco para a ocorrência de anemia.

(continuação)

Metodologia | 43

4.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os dados foram analisados com a utilização dos aplicativos: Statistical Package for the

Social Science (SPSS), versão 20.0 e R-Projc, versão 3.0.2. A análise dos dados constaram de

etapas univariada, bivariada e múltipla. Ressalta-se que as variáveis abertas foram

categorizadas, a fim de viabilização das análises estatísticas e que a ocorrência de anemia foi

a variável dependente em todas as análises. Para todos os testes estatísticos adotou-se o nível

de significância de 5% (p<0,05).

Desse modo, no primeiro momento utilizou-se de análise descritiva univariada

(frequências, medidas de tendência central e dispersão) a fim de caracterizar a população do

estudo. No segundo momento, utilizou-se de análise bivariada a fim de verificar a associação

entre as variáveis estudadas e a ocorrência de anemia, identificando os potenciais fatores

predisponentes para a ocorrência da doença. Nesta etapa utilizou-se o teste qui-quadrado de

Pearson (χ2) ou o teste exato de Fisher, conforme adequação, para as variáveis qualitativas

(ARMITAGE; BERRY; MATHEWS, 2002; PESTANA; GAGEIRO, 2003) e o teste de t de

Student para comparar as médias das variáveis quantitativas. Foi utilizado o teste de

Kolmogorov-Sminorv para verificar a normalidade das variáveis.

Por fim, para determinação das variáveis independentes associadas a anemia, utilizou-

se Regressão de Poisson Múltipla (RPM), explicando o efeito conjunto das variáveis sobre a

característica de interesse (anemia). O critério para inclusão de variáveis no modelo Poisson

foi a associação das características socioeconômicas/demográficas e das variáveis ligadas à

criança com a anemia ao nível de p˂0,20 na análise bivariada (HOSMER; LEMESHOW,

2000). O critério de significância das variáveis no modelo, por sua vez, foi associação em

nível de p˂0,05.

O modelo final de Regressão de Poisson Múltipla foi ajustado pelo método Enter, que

força a entrada de todas as variáveis no modelo, uma vez que a finalidade é explicar, não

prever ou classificar futuros casos (AYÇAGUER; UTRA, 2007). O teste de

multicolinearidade necessário para a RPM foi realizado pelo VIF (Variance Inflation Factor),

adotando-se como ponto de corte para o diagnóstico de multicolinearidade um VIF acima de

quatro (GARSON, 2010), não tendo sido detectada multicolinearidade entre as variáveis

estudadas.

Metodologia | 44

4.8 ASPECTOS ÉTICOS

O Estudo foi realizado conforme a legislação de ética em pesquisa para seres humanos

(Resolução 466/2012, CNS 2012). O projeto foi apresentado ao Instituto Nacional de

Colonização e Reforma agrária (INCRA/PI) do qual obteve Carta de Anuência para realização

do trabalho (Anexo C) e foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Piauí, com o parecer nº 383.869.

Os responsáveis das crianças participantes do estudo assinaram os termos de cientes e

concordantes com a realização da pesquisa. O original dos termos ficava com os

pesquisadores e uma cópia deste era disponibilizada aos entrevistados, para ficar em seu

poder. As crianças com idade suficiente para compreensão da pesquisa (a partir de 12 meses)

também assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido, conforme a Resolução

466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). As crianças e seus responsáveis que eram

incapazes de assinar o nome colocaram a impressão digital no local da assinatura.

O laudo do hemograma foi entregue a um dos responsáveis pela criança. Os

responsáveis das crianças anêmicas foram orientados para encaminhamento à Unidade Básica

de Saúde mais próxima do domicílio.

RREESSUULLTTAADDOOSS

Resultados | 46

5 RESULTADOS

5.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO DAS FAMÍLIAS

Foram estudadas 131 crianças menores de cinco anos distribuídas nos nove Projetos de

Assentamento do INCRA no município de Teresina, sendo 56,5% do sexo feminino. As

características socioeconômicas e demográficas das famílias e as condições de moradia estão

descritas nas tabelas 01 e 02, respectivamente.

Tabela 01 – Caracterização da amostra segundo variáveis socioeconômicas e demográficas.

Projetos de Assentamento, Teresina (2013).

Condição Econômica e

demográfica*

N % Média (±DP) Mediana Mínimo Máximo

Idade das crianças (meses)

0 a 5 11 8,4

28,23 ( ±17,66)

27

2

59

6 a 11 19 14,5

12 a 23 28 21,4

24 a 35 25 19,1

36 a 47 19 14,5

48 a 59 29 22,1

Total 131 100,0

Sexo das crianças

Feminino 74 56,5

Masculino 57 43,5

Total 131 100,0

Sexo do chefe da família

Masculino 97 74,0

Feminino 34 26,0

Total 131 100,0

Ocupação chefe da família

Agricultura/extrativismo/criação de

animais

38 29,0

Atividades comerciais/industriais 37 28,2

Construção civil 28 21,4

Dona de casa/desempregado 15 11,5

Outra 13 9,9

Total 131 100,0

Idade materna (anos)

< 20 9 6,9

26,3 (5,6)

26,0

14

45 20 a 29 87 66,4

≥ 30 31 23,6

Ignorado 4 3,1

Total 131 100,0

(continua)

Resultados | 47

(continuação)

Condição Econômica e demográfica N % Média (±DP) Mediana Mínimo Máximo

Escolaridade materna (anos) 0 5 3,8

1 a 4 27 20,6

7,1 (3,0)

7,0

0

15 5 a 8 59 45,0

≥ 9 36 27,5

Ignorado 4 3,1

Total 131 100,0

Escolaridade paterna (anos)

0 11 8,4

6,6 (3,646)

7,0

0

15

1 a 4 29 22,1

5 a 8 46 35,1

≥ 9 30 22,9

Ignorado 15 11,5

Total 131 100,0

Tamanho da família

Até 4 pessoas 71 54,2

5 a 6 pessoas 39 29,8 4,8 (1,92) 4,0 2 11

7 e + pessoas 21 16,0

Total 131 100,0

Classe econômica

C e D 14 10,7

E 117 89,3

Total 131 100,0

Renda familiar (SM)**

< 1 39 29,8

1 a 2 76 58,0 872,11(450,691) 812,00 102,00 2330,00

> 2 16 12,2

Total 131 100,0

Renda per capita (SM)**

< 0,25 64 48,9

198,33(122,849)

169,50

25,00

776,67 0,25 |- 0,50 57 43,5

≥ 0,50 10 7,6

Total 131 100,0

Auxilio governamental

Sim 95 72,5

Não 36 27,5

Total 131 100,0

Acesso ao serviço de saúde

Posto de saúde nos PA’s 3 2,3

Posto de saúde no município 110 84,0

Hospital do município 16 12,2

Inexistente 1 0,8

Hospital particular 1 0,8

Total 131 100,0

* Possui distribuição normal pelo teste do Kolmogorov-Smirnov (p-valor= 0,216); ** SM= Salário Mínimo (R$ 678,00)

Resultados | 48

As crianças estudadas tinham em média 28,23 (±17,6) meses, com mediana de idade

situada em 27 meses. Os chefes das famílias eram na maioria do sexo masculino (74,0%) e

exerciam atividades ligadas principalmente à agricultura/extrativismo/criação de animais

(29,0%), à atividade comercial/industrial (28,2%) e a construção civil (21,4%). A maioria das

crianças (66,4%) eram filhas de mulheres na faixa etária de 20 a 29 anos, que haviam

estudado em média 7,1 (±3,0) anos. Quanto aos pais, a escolaridade média foi de 6,6 (±3,64)

anos, notando-se baixa instrução escolar entre eles, sendo o ensino fundamental o maior grau

escolar para 71,7% e 71,0%, das mães e pais, respectivamente.

As famílias eram compostas em média por 4,8 (±1,92) pessoas, a maioria pertencentes

à classe econômica E (89,3%), com renda familiar de 1 a 2 salários mínimos (58,0%) e renda

per capita inferior a 0,5 salário mínimo (92,4%). Observou-se que 72,5% das famílias

participavam de programas governamentais de transferência de renda e utilizavam como

principal meio de acesso aos serviços de saúde, os postos de saúde municipais (84,0%).

É válido ressaltar que em apenas um assentamento o posto de saúde estava instalado

em sua área territorial, e que embora não tenha sido objeto do estudo, muitas famílias

relataram dificuldades de acesso ao serviço de saúde, citando principalmente à distância, a

dificuldade na marcação das consultas, devido ao pouco número de vagas, e por vezes a

burocracia do serviço em não querer atendê-los fora do dia especificado para cada

assentamento.

Tabela 2 – Caracterização da amostra segundo condições ambientais e de moradia. Projetos

de Assentamento, Teresina (2013).

Condições Ambientais e de

Moradia N % Média (±DP) Mediana Mínimo Máximo

Construção do domicílio

Taipa 31 23,7

Alvenaria inacabada 33 25,2

Alvenaria acabada 67 51,1

Total 131 100

Número de cômodos

1 a 3 25 19,1

4,94 ± 1,38 5 1 9 4 a 6 98 74,8

7 a 9 8 6,1

Total 131 100

Nº de pessoas/cômodo

< 1 56 42,7

1|-2 66 50,4

2|-3 9 6,9

Total 131 100,0

(continua)

Resultados | 49

(continuação)

Condições Ambientais e de

Moradia N % Média (±DP) Mediana Mínimo Máximo

Existência de água encanada

Sim 105 80,2

Não 26 19,8

Total 131 100

Uso de banheiro/ sanitário

Exclusivo da residência 101 77,1

Comunitário 7 5,3

Não dispõe 23 17,6

Total 131 100

Destino dos dejetos sanitários

Fossa 98 74,8

Céu aberto 10 7,6

Não se aplica* 23 17,6

Total 131 100

Lixo doméstico**

Coleta pública 61 46,6

Céu aberto 7 5,3

Queimado 93 71,0

Enterrado 3 2,3

Outro 4 3,1

* Refere-se às famílias que não dispunham de estrutura de banheiro ou sanitário na residência

** Resposta Múltipla

Em relação às condições ambientais e de moradia, todas as residências tinham luz

elétrica, abastecimento de água por meio de poço e esgotamento doméstico a céu aberto

(dados não apresentados em tabela); 51,1% das crianças residiam em domicílios de alvenaria

acabada, com água encanada em 80,2% das residências. A maioria das crianças (74,8%)

moravam em casas com 4 a 6 cômodos, 57,3% das famílias tinham aglomeração de duas ou

mais pessoas por cômodo.

A maioria das famílias fazia uso de banheiro exclusivo do domicílio (77,1%), no

entanto 17,6% não dispunham da estrutura. O principal destino dos dejetos sanitários era a

fossa (74,8%), e os meios mais utilizados como destino do lixo doméstico eram a queima

(71,0%) e a coleta pública (46,6%). Vale ressaltar que a coleta pública de lixo era realizada

apenas uma vez por semana, e que nem todos os assentamentos estudados possuíam o serviço

público.

5.2 INSEGURANÇA ALIMENTAR FAMILIAR

Das 131 famílias com crianças menores de cinco anos, apenas 20,6% viviam em

situação de segurança alimentar. Embora a insegurança alimentar leve tenha sido a mais

Resultados | 50

frequente (41,2%), um percentual expressivo de famílias vivia em situação grave de

insegurança alimentar (12,2%).

Tabela 3 – Insegurança alimentar intrafamiliar, segundo grau de severidade, em crianças

menores de cinco anos dos Projetos de Assentamento de Teresina, 2013.

Segurança alimentar Total

N %

Segurança alimentar 27 20,6

Insegurança alimentar leve 54 41,2

Insegurança alimentar moderada 34 26,0

Insegurança alimentar grave 16 12,2

Total 131 100,0

5.3 VARIÁVEIS LIGADAS À CRIANÇA

As tabelas 4, 5 e 6 abordam as variáveis do estado nutricional infantil; aleitamento

materno; e intercorrências de saúde/uso de vitaminas e suplemento de

ferro/institucionalização das crianças em creche ou escola, respectivamente.

Tabela 4 – Caracterização da amostra quanto ao estado nutricional. Projetos de Assentamento,

Teresina (2013).

Variáveis N %

Peso para estatura (Z escore)

Desnutrição 3 2,3

Risco para desnutrição 9 6,9

Eutrofia 94 71,8

Risco para excesso de peso 17 13,0

Excesso de peso 8 6,1

Total 131 100,0

Peso para idade (Z escore)

Desnutrição 4 3,1

Risco para desnutrição 17 13,0

Eutrofia 92 70,2

Risco para excesso de peso 15 11,5

Excesso de peso 3 2,3

Total 131 100,0

Estatura para idade (Z escore)

Desnutrição 9 6,9

Risco para desnutrição 28 21,4

Eutrofia 82 62,6

Risco de alta estatura para a idade 9 6,9

Alta estatura para a idade 3 2,3

Total 131 100,0

Resultados | 51

(continuação)

Variáveis N %

IMC para idade (Z escore)

Desnutrição 3 2,3

Risco para desnutrição 10 7,6

Eutrofia 90 68,7

Risco para excesso de peso 19 14,5

Excesso de peso 9 6,9

Total 131 100,0

Em relação ao estado nutricional, verificou-se prevalência de desnutrição aguda (P/E)

de 2,3%, de desnutrição global (P/I) de 3,1% e de desnutrição crônica (E/I) de 6,9%.

Observou-se prevalência de excesso de peso de 6,9% segundo o índice IMC/I. É importante

notar que 21,4% das crianças apresentavam risco de déficit estatural, e que houve maior

prevalência de risco e excesso de peso entre as crianças do que de déficits nutricionais.

Tabela 5 – Caracterização da amostra quanto ao aleitamento materno. Projetos de

Assentamento, Teresina (2013).

Variáveis N % Média (±DP) Mínimo Máximo

Aleitamento Materno Exclusivo

< 1 mês 24 18,3

1 a 5 meses 39 29,8

6 meses 7 5,3

> 6 meses 58 44,3

Ignorado* 3 2,3

Total 131 100,0

Aleitamento materno Total

< 3 meses 11 8,4

3 a 5 meses 19 14,5

6 a 12 meses 37 28,2 13,65 (±9,52) 0 42

> 12 meses 64 48,9

Total 131 100,0

* mãe ou responsável legal não soube informar

Em relação ao aleitamento materno, encontrou-se elevado percentual de crianças com

duração inoportuna de aleitamento materno exclusivo (48,1% menos de 6 meses e 44,3% por

mais de 6 meses), apenas 5,3% das crianças mamaram exclusivamente por seis meses. Quanto

ao aleitamento materno total observou-se duração mínima de seis meses para 77,1% das

crianças, com média de 13,65 (±9,52) meses.

Resultados | 52

Tabela 6 – Caracterização da amostra quanto às intercorrências de saúde, uso de complexo

vitamínico e sulfato ferroso, e institucionalização da criança em creche/escola. Projetos de

Assentamento, Teresina (2013).

Variáveis N %

Intercorrências de saúde

Diarreia 7 8,3

Vômito 5 6,0

Parasitose 5 6,0

Doenças respiratórias 69 82,1

Uso de complexo vitamínico/suplemento (últimos 3 meses)

Sim 22 16,8

Não 109 83,2

Total 131 100,0

Uso de sulfato ferroso (últimos 6 meses)*

Crianças de 6 a 18 meses

Sim 3 2,3

Não 32 24,4

Crianças nas demais idades

Sim 9 6,9

Não 85 64,9

Não soube informar 2 1,5

Total 131 100,0

Sulfato Ferroso/ Caderneta de Saúde**

Criança de 6 a 18 meses

Sim 3 8,6

Não 32 91,4

Total 35 100,0

Institucionalização em creche/escola***

Sim 51 39,0

Não 80 61,0

Total 131 100,0

* Uso de sulfato ferroso, segundo relato dos entrevistados e conforme faixa etária : 6-18 meses e demais idades (2-6 meses

+19-59 meses)

** Refere-se à anotação na Caderneta de Saúde da Criança, da distribuição de sulfato ferroso pelo posto de saúde.

*** Refere-se a todas as crianças da amostra, independentemente de terem ou não idade para a institucionalização nas

creches/escolas. As crianças que eram institucionalizadas tinham idade entre 12 e 59 meses e as crianças não

institucionalizadas, idade entre 2 e 59 meses.

As principais morbidades referidas pelos entrevistados foram às doenças respiratórias

(82,1%) e diarreia (8,3%). Entre as crianças o uso de complexo vitamínico deu-se em 16,8%

os casos. Das 35 crianças na faixa etária alvo do Programa Nacional de Suplementação de

Ferro (entre 6 e 18 meses), apenas 2,3% (3 crianças) haviam feito uso de sulfato ferroso,

sendo observado a mesma quantidade de crianças com registro de recebimento do suplemento

Resultados | 53

na Caderneta de Saúde da Criança. Nas demais faixas etárias o percentual de uso de sulfato

ferroso foi de 6,9%. Do total de crianças estudadas 39,0% frequentavam creche ou escola,

recebendo alimentação escolar em todas elas.

5.4 PREVALÊNCIA DE ANEMIA NAS CRIANÇAS

A prevalência de anemia foi de 29,0%, ocorrendo em 16,8% das crianças de forma

leve e em 12,2% de forma moderada a grave. Apenas uma criança foi diagnosticada com

anemia grave (hemoglobina 5,8 g/dL). Houve maior ocorrência de anemia entre as crianças do

sexo masculino, no entanto, sem significância estatística (p=0,449). Os valores de

hemoglobina variaram de 5,8 g/dL a 14,5 g/dL, com média de 11,3(±0,56) g/dL.

Tabela 7 – Prevalência de anemia na amostra estudada segundo sexo e grau de severidade.

Projetos de Assentamento, Teresina (2013).

Anemia Feminino Masculino Total

N % N % N % p valor

Não anêmico 51 68,9 42 73,7 93 71,0

Anemia leve 15 20,3 7 12,3 22 16,8 0,449

Anemia moderada/grave 8 10,8 8 14,0 16 12,2

Total 74 100,0 57 100,0 131 100,0

5.5 ANÁLISES BIVARIADAS

5.5.1 Anemia segundo características socioeconômicas e demográficas e de insegurança

alimentar

As únicas variáveis que tiveram associação estatisticamente significante com a

ocorrência de anemia foram, idade materna: maior prevalência nas crianças com mães mais

jovens, mostrando associação inversa (p=0,031); tipo de construção do domicílio: maior

ocorrência de anemia nas crianças que residiam em casa de taipa ou alvenaria inacabada

(p<0,01); e número de pessoas por cômodo do domicílio: maior ocorrência de anemia nas

crianças que residiam em casas com aglomeração de duas ou mais pessoas por cômodo

(p=0,001) (tabela 8).

Resultados | 54

Tabela 8 – Distribuição de anemia na amostra estudada, segundo os aspectos

socioeconômicos e demográficos e insegurança alimentar. Projetos de assentamento, Teresina

(2013).

Variáveis

Anemia

Sim Não p***

N n % n %

Sexo do chefe da família

Feminino 34 6 17,6 28 82,4 0,090

Masculino 97 32 33,0 65 67,0

Raça/cor do chefe da família

Branca 17 5 29,4 12 70,6 0,976**

Parda 98 28 28,6 70 71,4

Negra 16 5 31,3 11 68,8

Renda fixa

Não 98 29 29,6 69 70,4 0,800

Sim 33 9 27,3 24 72,7

Idade materna

< 20 anos 9 6 66,7 3 33,3 0,031**

20 – 29 anos 87 27 31,0 60 69,0

≥ 30 anos 31 5 16,1 26 83,9

Escolaridade materna

0-4 anos 32 12 37,5 20 62,5 0,234

5-8 anos 59 19 32,2 40 67,8

≥ 9 anos 36 7 19,4 29 80,6

Escolaridade paterna

0-4 anos 40 12 30,0 28 70,0 0,115

5-8 anos 36 14 38,9 22 61,1

≥ 9 anos 40 7 17,5 33 82,5

Tamanho da família

Até 4 pessoas 71 19 26,8 52 73,2 0,809

5 a 6 pessoas 39 12 30,8 27 69,2

7 e + pessoas 21 7 33,3 14 66,7

Classe econômica

C e D 14 3 21,4 11 78,6 0,508

E 117 35 29,9 82 70,1

Renda familiar (SM)

< 1 39 12 30,8 27 69,2 0,761**

1 a 2 76 25 32,9 51 67,1

>2 16 2 12,5 14 87,5

Renda per capita

< 0,25 64 19 29,7 45 70,3 0,377**

0,25 |- 0,50 57 18 31,6 39 68,4

≥ 0,50 10 1 10,0 9 90,0

Resultados | 55

(continuação)

Variáveis

Anemia

Sim Não p***

N n % n %

Auxílio governamental

Sim 95 30 31,6 65 68,4 0,292

Não 36 8 22,2 28 77,8

Insegurança alimentar*

Insegurança alimentar 50 19 38,0 31 62,0 0,075

Segurança alimentar 81 19 23,5 62 76,5

Tipo de construção do domicílio

Taipa ou alvenaria inacabada 64 28 43,8 36 56,2 < 0,001

Alvenaria acabada 67 10 14,9 57 85,1

Nº de cômodos no domicílio

1-4 38 15 39,5 23 60,5 0,092

≥ 5 93 23 24,7 70 75,3

Nº de pessoas/cômodo

< 1 56 11 19,6 45 80,4 0,001**

1|-2 66 21 31,8 45 68,2

2|-3 9 6 66,7 3 33,3

Água encanada

Sim 105 31 29,5 74 70,5 0,794

Não 26 7 26,9 19 73,1

Uso de banheiro/sanitário

Sim 108 31 28,7 75 71,3 0,958

Não 23 7 30,4 16 69,6

Destino dejetos sanitários

Céu aberto 33 12 36,4 21 63,6 0,282

Fossa 98 26 26,5 72 73,5

Coleta pública de lixo

Sim 61 17 27,9 44 72,1 0,951

Não 70 21 30,0 49 70,0

*Insegurança alimentar = insegurança alimentar modera e grave; segurança alimentar = segurança alimentar +

insegurança leve

** Teste de Fisher

*** O valor de p refere-se ao teste de qui-quadradro de Pearson

5.5.2 Anemia segundo variáveis ligadas à criança

As únicas variáveis que se associaram estatisticamente com a anemia foram a idade da

criança, mostrando maior prevalência de anemia nas crianças menores de 24 meses (p<0,001)

e a institucionalização da criança em creche ou escola, em que observou-se prevalência de

anemia acentuadamente menor nas crianças que eram institucionalizadas (tabela 9).

Resultados | 56

Tabela 9 - Distribuição de anemia na amostra estudada segundo variáveis ligadas à criança.

Projetos de Assentamento, Teresina (2013).

Variáveis

Anemia

Sim Não p*

N n % n %

Idade da criança (meses)

< 24 58 29 50,0 29 50,0 <0,001

≥ 24 73 9 12,3 64 87,7

Sexo da criança

Feminino 74 23 31,1 51 68,9 0,551

Masculino 57 15 26,3 42 73,7

Peso/estatura (z escore)

Desnutrição 3 1 33,3 2 66,7 0,806**

Risco para desnutrição 9 4 44,4 5 55,6

Eutrofia 94 25 26,6 69 73,4

Risco para excesso de peso 17 5 29,4 12 70,6

Excesso de peso 8 3 37,5 5 62,5

Peso/idade (z escore)

Desnutrição 4 2 50,0 2 50,0 0,492**

Risco para desnutrição 17 6 35,3 11 64,7

Eutrofia 92 23 25,0 69 75,0

Risco para excesso de peso 15 5 33,3 10 66,7

Excesso de peso 3 2 66,7 1 33,3

Estatura/idade (z escore)

Desnutrição 9 4 44,4 5 55,6 0,423**

Risco para baixa estatura 28 6 21,4 22 78,6

Eutrofia 82 23 28,0 59 72,0

Risco para alta estatura 9 5 55,6 4 44,4

Alta estatura 3 0 0,0 3 100,0

IMC/idade (z escore)

Desnutrição 3 1 33,3 2 66,7 0,566**

Risco para desnutrição 10 5 50,0 5 50,0

Eutrofia 90 24 26,7 66 73,3

Risco para excesso de peso 19 9 26,3 14 73,7

Excesso de peso 9 3 33,3 6 66,7

Aleitamento materno exclusivo

< 3 meses 28 9 32,1 19 67,9 0,087

3-5 meses 34 9 26,5 25 73,5

≥ 6 meses 69 20 29,0 49 71,0

Aleitamento materno total

< 3 meses 11 3 27,3 8 72,7 0,191**

3-5 meses 19 5 26,3 14 73,7

6-12 meses 37 16 43,2 21 56,8

> 12 meses 64 14 21,9 50 78,1

Resultados | 57

(continuação)

Variáveis

Anemia

Sim Não p*

N n % n %

Intercorrências de saúde

Diarreia 7 2 28,6 5 71,4 0,311**

Vômito 5 3 60,0 2 40,0

Parasitose 5 2 40,0 3 60,0

Doença respiratória 69 20 29,0 49 71,0

Uso de complexo

vitamínico/suplemento

Sim 22 4 18,2 18 81,8 0,220

Não 109 34 31,2 75 68,8

Usou sulfato ferroso nos últimos 6

meses

6-18 meses

Sim 3 3 100,0 0 0,0 0,897**

Não 32 18 56,3 14 43,8

Demais idades

Sim 9 2 22,2 7 77,8 0,315**

Não 85 15 17,6 70 82,4

Criança institucionalizada

Sim 51 5 9,8 46 90,2 <0,001

Não 80 33 41,3 47 58,8

* O valor de p refere-se ao teste do qui-quadrado de pearson

** Teste de Fisher

5.6 ANÁLISES MÚLTIPLAS

As variáveis que apresentaram valor de p menor que 0,20 nas análises bivariadas

foram selecionadas para participarem do modelo de Regressão de Poisson, sendo elas: sexo

do chefe da família, idade materna, escolaridade paterna, insegurança alimentar, tipo de

construção do domicílio, número de cômodos, número de pessoas/cômodo, idade da criança,

aleitamento materno total e institucionalização da criança em creche ou escola.

É importante destacar que embora a renda per capita (categorizada) não tenha se

associado estatisticamente a ocorrência de anemia na análise bivariada, verificou-se a que a

renda média per capita das famílias com crianças anêmicas (R$ 160,84) era estatisticamente

diferente daquelas com crianças não anêmicas (R$ 213,67) (p<0,025), e portanto essa variável

foi elencada para fazer parte do modelo múltiplo, visto sua importância na explicação da

ocorrência de anemia. As razões de prevalência com seus respectivos intervalos de confiança

e valor p são apresentados na tabela 10.

Resultados | 58

Tabela 10 – Razões de prevalência ajustada segundo associação das variáveis estudadas à

ocorrência de anemia na amostra pesquisada. Projetos de Assentamento, Teresina (2013).

Variáveis RPaj (IC 95%) P-valor

Sexo do chefe da família

Feminino 1 0,301

Masculino 1,22 (0,85 - 1,76)

Idade das crianças (meses)

< 24 meses 3,99 (2,65 - 4,91) <0,001

≥ 24 meses 1

Tipo de construção do domicílio

Taipa ou alvenaria inacabada 3,01 (2,09 - 4,02) 0,002

Alvenaria acabada 1

Número de pessoas/cômodo

< 1 1 <0,001

1|-2 1,67 (1,16 - 2,13)

2|-3 3,58 (2,98 - 4,05)

Escolaridade paterna

0-4 anos 1,41 (0,82 - 2,19)

0,487 5-8 anos 2,01 (0,97 - 2,98)

9 anos e + 1

Idade materna

<20 anos 4,21 (3,12 - 5,26)

0,013 20-29 anos 2,17 (1,53 - 3,92)

≥ 30 1

Renda per capita (+ R$ 100,00) 0,87 (0,82 - 0,88) 0,035

Segurança alimentar

Insegurança 1,72 (1,20 - 2,11) 0,021

Segurança 1

Aleitamento materno total

< 3 meses 1,21 (0,95 - 1,57)

0,196 3-5 meses 1,09 (0,83 - 1,30)

6-12 meses 1,82 (0,96 - 2,36)

> 12 meses 1

Institucionalização em creche/escola

Sim 1 <0,001

Não 3,92 (2,21 - 5,58)

RPaj: razão de prevalência ajustada.

IC 95%: intervalo de 95% de confiança.

P-valor: probabilidade de significância do modo de regressão de Poisson.

Teste de Hosmer e Lemeshow (p-valor= 0,949).

Resultados | 59

Após ajustes dos fatores de confusão no modelo de Poisson, permaneceram associadas

à anemia a idade da criança, o tipo de construção do domicílio, número de pessoas/cômodo,

idade materna, renda familiar per capita, insegurança alimentar e institucionalização da

criança em creche ou escola.

Constatou-se por meio de Regressão Múltipla de Poisson que crianças com idade

inferior a 24 meses tinham razão de prevalência para ocorrência de anemia 3,99 vezes maior

que às crianças com 24 ou mais meses (p<0,001); observou-se também que crianças que

residiam em domicílio de taipa ou alvenaria inacabada apresentaram 3,01 vezes maior chance

de prevalência de anemia quando comparada às crianças que moravam em domicílios de

alvenaria acabada (p=0,002) e, que a prevalência de anemia crescia à medida em que

aumentava-se a aglomeração de pessoas por cômodo, passando de 1,67 vezes, com uma a

duas pessoas/cômodo, para 3,58 vezes, quando a aglomeração era igual ou superior a duas

pessoas por cômodo (p<0,001).

Evidenciou-se ainda que crianças com mães jovens tinham prevalência de anemia 4,21

vezes maior quando estas eram adolescentes e 2,17 vezes maior quando tinham idade de 20 a

29 anos, mostrando que a medida que diminui a idade materna aumenta-se a prevalência de

anemia nas crianças (p=0,013). Observou-se também que embora as famílias sejam bastante

homogêneas quanto ao aspecto financeiro, o incremento de R$ 100,00 na renda per capita é

capaz de diminuir a razão de prevalência de anemia nas crianças em 13,0% (p=0,035).

Em relação à segurança alimentar, constatou-se maior prevalência de anemia nas

crianças que viviam em situação de insegurança alimentar (23%) quando comparada as

crianças em situação de segurança alimentar (p=0,021), e ainda que as crianças que não

frequentavam creche ou escola tinham razão de prevalência de anemia 3,92 vezes maior do

que as crianças que a frequentavam (p<0,001).

DDIISSCCUUSSSSÃÃOO

D i s c u s s ã o | 61

6 DISCUSSÃO

Este é o primeiro estudo no estado do Piauí a analisar anemia em crianças de

assentamentos, e um dos poucos trabalhos no Brasil a abordar a temática nesse grupo

populacional, tendo pesquisado aspectos de saúde e nutrição infantil, relacionando-os aos

contextos socioeconômico, ambiental e demográfico, e de segurança alimentar das famílias. A

ocorrência de anemia em 29,0% das crianças estudadas evidencia que nessa população, em

termos de importância epidemiológica, trata-se de um problema de saúde pública moderado,

definido segundo a classificação da OMS (percentuais no intervalo de 20% a 39,9%) (WHO,

2008).

A prevalência de anemia no grupo estudado segue a tendência dos dados para a

população brasileira, obtidos pela PNDS (2006), a qual apontou um problema de saúde

pública também moderado, identificando taxa de anemia de 20,9% em crianças menores de

cinco anos. A região Nordeste é, segundo a pesquisa, a localidade com a maior prevalência

(25,5%) (BRASIL, 2009).

Vale ressaltar que, embora até o ano de 2008 (JORDÃO; BERNADI; BARROS

FILHO, 2009) não existissem diferenças marcantes nas taxas de anemia nas crianças menores

de cinco anos entre as macrorregiões brasileiras, que alcançavam prevalências de 40% a 50%

(MONTEIRO et al., 2000; OSÓRIO et al., 2001; ASSIS et al., 2004), estudos recentes de base

populacional têm mostrado acentuadas diferenças, tanto entre as diversas localidades de cada

região do País, como dentro de cada macrorregião. Oliveira et al. (2011) encontraram 57,3%

de anemia em crianças de seis a 59 meses no município de Jordão (Acre), região Norte do

País, enquanto Leal et al. (2011), estudando população infantil de Pernambuco (Nordeste), na

mesma faixa etária e utilizando o mesmo método de determinação da concentração da

hemoglobina do estudo anterior (Hemocue), encontraram percentuais de 32,8% na zona

urbana e 36,6% na zona rural.

Considerando-se ainda a região Nordeste, na qual se insere a presente pesquisa, as

prevalências de anemia têm variado de 36,5% na Paraíba (GONDIM et al., 2012a) à 51,6% no

Maranhão (FROTA, 2013), ambos os estudos de base populacional, em crianças menores de

cinco anos. Outros estudos na região mostraram ocorrência de 46,3% e 37,1% de anemia em

crianças de Gameleira e São João do Tigre, respectivamente (OLIVEIRA et al., 2010) e de

45,0% em crianças pré-escolares de Alagoas (VIEIRA et al., 2010).

Estudos recentes realizados em outras regiões brasileiras, os quais consideraram

crianças institucionalizadas (creches e pré-escolas) apontam prevalência em torno de 30%.

D i s c u s s ã o | 62

Em Minas Gerais, Rocha et al. (2012), estudando 312 crianças de creches do distrito sanitário

Leste de Belo Horizonte encontraram prevalência de 30,8% de anemia e Rodrigues et al.

(2011) de 29,7% entre as 256 crianças de 25 creches do município de Cascavel (Paraná).

Com relação à população assentada o único trabalho que avaliou a prevalência de

anemia no grupo infantil, data de uma década. Castro et al. (2004) encontraram 47,5% de

anemia entre as crianças de zero a 60 meses, em assentamentos do Vale do Rio Doce em

Minas Gerais. Ferreira et al. (2002) encontraram 96,4 % de anemia entre as crianças do

“Movimento Sem Teto”, em Alagoas.

A ausência de estudos de base populacional com crianças menores de cinco anos, em

Teresina, dificulta a comparação entre o cenário encontrado e o panorama no âmbito

municipal. Contudo no estudo de Landim, em 2013, realizado em duas creches municipais da

capital, a prevalência de anemia foi de 11,5%. Acredita-se que essa diferença, se deva, em

parte, aos aspectos metodológicos (diferenças no método de dosagem da Hb e no

delineamento do estudo), mas principalmente em virtude das diferenças biológicas, sociais e

econômicas entre as populações estudadas. Em nosso estudo as crianças tinham menor idade,

pertenciam a famílias de mais baixa renda, com menor escolaridade materna, e maiores

inadequações nas condições de moradia, em comparação ao estudo de Landim (2013),

confirmando a ligação de variáveis biológicas e sociais na determinação da doença.

O que se infere é que a prevalência de anemia nas crianças dos assentamentos de

Teresina mostra-se semelhante, embora ligeiramente menor às prevalências nacionais na

população infantil e aos percentuais da região Nordeste. Entretanto, considerando-se os

estudos isolados sobre o tema na capital (MOREIRA-ARAÚJO et al., 2002; LANDIM, 2013),

os avanços na redução da anemia entre essas distintas populações são desiguais, com

predominância da doença na população infantil assentada, e isto possivelmente devido às

desfavoráveis condições de vida destas crianças, evidenciando a necessidade de atenção das

políticas públicas à essa parcela da população.

As diferentes prevalências de ocorrência de anemia observada nas diversas regiões

geopolíticas do Brasil podem estar associadas, além das diferenças metodológicas dos

estudos, aos condicionantes sociais e demográficos das localidades pesquisadas. Conforme

traz Leal e Osório (2010) os fatores determinantes da anemia variam de acordo com as

características geográficas, condições econômicas e nível de desenvolvimento. Segundo

Fujimori et al. (2008), a ocorrência de anemia está atrelada a desfavoráveis aspectos sociais e

econômicos, sendo a conseqüência final da resposta do organismo frente a interferência

dessas variáveis. Tais premissas têm sido confirmadas em diversos estudos nacionais

D i s c u s s ã o | 63

(CASTRO et al., 2011; ROCHA et al., 2012; LEITE et al., 2013) e internacionais

(KOUNNAVOUNG et al., 2011; ZHAO et al., 2011).

Estudos realizados em assentamentos brasileiros têm mostrado com frequência

desfavoráveis condições socioeconômicas e ambientais em que residem as famílias. Estudo

realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Ações Contra a Fome (MDS) em

assentamentos do nordeste do Brasil, em 2005, mostraram que as crianças assentadas viviam

em condições altamente desfavoráveis. Apenas 45,6% das famílias tinham iluminação elétrica

nas residências, 7,5% tinham acesso à rede de água potável, e a maior parte das famílias não

tratava a água oferecida às crianças (54,1%). De fato, 90,8% pertenciam à classe econômica

E, e as demais às classes D e C. Ainda segundo o estudo, a baixa escolaridade era fator

agravante para as precárias condições de vida (30,7% dos chefes de família eram analfabetos

e 62,1% das mães tinham entre 1 e 4 anos de estudo) (BRASIL, 2007).

No presente estudo, os dados mostram melhorias significativas quanto a alguns

aspectos de infraestrutura e moradia. Todas as residências possuíam iluminação elétrica e

acesso a água, ainda que por meio de poços construídos ou melhorados pelo INCRA, sendo

que na maior parte dos domicílios a água era distribuída por meio de encanamento. Grande

parte das residências tinha banheiro com fossa e de uso exclusivo da família. Entretanto o

esgotamento doméstico, a coleta pública de lixo e o tipo de construção dos domicílios, ainda

deixam a desejar (tabelas 01 e 02). Vale ressaltar que essas melhorias podem estar

relacionados ao programa do Governo Federal Luz para Todos e a políticas do INCRA.

Em relação à situação socioeconômica das famílias, os avanços foram mais discretos.

Assim como nos demais estudos, as famílias são predominantemente classe E, de baixa renda,

com baixa escolaridade e vivenciando por vezes situação de fome (aspecto observado

segundo presença de insegurança alimentar grave). Embora o cenário encontrado apresente-se

positivo em comparação a outros assentamentos brasileiros, é notória a presença de fatores

ambientais e socioeconômicos que freqüentemente estão associados à ocorrência de anemia

(baixa renda e escolaridade dos pais, residências inacabadas ou em taipa, esgotamento a céu

aberto, entre outras).

Desse modo o conhecimento sobre os fatores de risco associados à anemia, contribui

para a redução da doença, interrompendo sua associação com os efeitos adversos à saúde, e

guiando a escolha de medidas eficazes para sua prevenção e controle (LEAL e OSÓRIO,

2010; GONDIM et al., 2012a).

O maior risco de anemia nas crianças cujas mães eram mais jovem, principalmente

adolescente, pode ser explicado pela inexperiência e falta de conhecimento dessas mulheres

D i s c u s s ã o | 64

em relação aos cuidados com a criança, e escolhas inadequadas na alimentação complementar

infantil (GONDIM et a.l, 2012a). Outra hipótese relevante é o fato de que mães adolescentes

têm maior risco de parto prematuro e/ou de terem filhos com baixo peso ao nascer,

predispondo às crianças a uma menor reserva de ferro e, portanto, maior risco de

desenvolverem anemia (FUJIMORI et al., 2008). Essa associação tem sido encontrada em

outros estudos. No estudo de Leal et al (2011) a idade materna mostrou-se associada à

ocorrência de anemia tanto na zona urbana quanto na rural, mesmo após modelo final de

regressão múltipla.

A forte relação entre escolaridade dos pais e anemia nas crianças tem sido bem

documentada em diversos estudos, principalmente relacionando-os à escolaridade materna

(KONSTANTYNER et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2010; COTTA et al., 2011).Tem sido

mostrado que tal associação se deve a qualidade dos cuidados dispensados à própria saúde e a

da criança, em virtude da capacidade de apreensão dos conhecimentos necessários para tal e

do seu efeito sobre a renda familiar. A maior escolaridade aumenta a probabilidade de melhor

inserção no mercado de trabalho e assim melhor condição socioeconômica e disponibilidade

qualitativa e quantitativamente adequadas de alimentos (PEREIRA et al., 2012; LEAL et al.,

2011).

No presente trabalho embora a baixa escolaridade paterna tenha se associado a anemia

na criança, a associação desapareceu na análise multivariada, sugerindo que seu efeito é

mediado por meio de outras variáveis, tal como a renda familiar. Segundo Cotta (2011) o

papel da escolaridade paterna está diretamente ligado à renda, enquanto a escolaridade

materna ao acolhimento da criança, principalmente quando em uma população o provedor da

renda é o homem, cabendo a mulher os cuidados domésticos e familiares. A ligação da

escolaridade paterna com a renda se explica, como anteriormente apresentado, pelas melhores

oportunidades de trabalho e assim possibilidade de melhor condição ambiental e de vida.

Em relação a escolaridade materna, acredita-se que a homogeneidade da amostra

(71,7% com menos de 9 anos de estudo) não tenha permitido uma associação significante

entre as variáveis. Ainda assim os resultados do presente trabalho mostram menor prevalência

de anemia entre crianças cujas mães tinham nove ou mais anos de estudo. Resultado

semelhante foi encontrado no estudo de Castro et al. (2004) em assentamento no Vale do Rio

Doce (MG), em que também não houve associação entre o nível de escolaridade materna

(72,0% com menos de 4 anos de estudo) e a ocorrência de anemia nas crianças.

Segundo Rocha et al. (2012) a descrição da renda como fator causal para a anemia não

se deve apenas a sua influência sobre os aspectos alimentares inadequados, qualitativa e

D i s c u s s ã o | 65

quantitativamente, mas também por sua associação com aspectos sanitários negativos,

deficiência de acesso aos serviços de saúde e maior vulnerabilidade a doenças que

comprometam o apetite e absorção de nutrientes.

Corroborando o achado de outros estudos (OLIVEIRA et al., 2010; LEAL et al., 2011;

LEITE et al., 2013), encontrou-se nessa pesquisa associação inversa entre renda familiar per

capita e ocorrência de anemia nas crianças assentadas (a cada R$ 100,00 incrementados à

renda a prevalência de anemia diminuia 13,0% - tabela 10). Entretanto ressalta-se que a

associação nem sempre é observada pois em populações homogêneas quanto ao nível de

renda, nem sempre é possível, do ponto de vista estatístico, observar a relação, tal como no

estudo de Pereira et al. (2012).

A ausência de associação da anemia com algumas variáveis que traduzem o status

socioeconômico das famílias (presença de renda fixa, classe econômica e auxílio

governamental) pode estar associada a homogeneidade da população do estudo quanto às

variáveis pesquisadas e a interferência direta da renda sobre estes aspectos econômicos. Note-

se que 92,4% das famílias tinha renda per capita inferior a meio salário mínimo. Observe-se

ainda, que 89,3% delas pertenciam a classe econômica E e que não havia famílias nas classes

A ou B, comprovando a homogeneidade da população estudada quanto ao aspecto econômico

(tabela 1).

Quanto a participação em programas governamentais de transferência de renda,

Oliveira et al. (2011) estudando déficits nutricionais em crianças participantes do programa

Bolsa Família, constatou que apesar da homogênea situação financeira das famílias, o grupo

que recebia o benefício era o mais vulnerável socioeconomicamente, e que a participação no

programa governamental foi capaz de igualar a renda per capita desse grupo com a renda das

famílias que não recebiam o benefício. Acredita-se que tal fato explique a falta de associação

estatística entre auxílio governamental e ocorrência de anemia nas crianças do presente

estudo.

No estudo de Pereira et al. (2012) com 99 crianças indígenas da etnia Karapotó, com

idade de seis a 59 meses, não houve associação entre anemia e a participação das crianças em

programas governamentais de transferência de renda. Já no estudo de Cotta et al. (2011) sobre

a determinação social e bológica da anemia em crianças cadastradas no Programa Bolsa

Família, a ocorrência da doença foi significativamente maior nas crianças não beneficiárias.

A maior prevalência de anemia nas crianças que residiam em condições desfavoráveis

(maior aglomeração de pessoas por cômodo, domicílio de taipa ou alvenaria inacabada) é

explicada pela maior vulnerabilidade a disseminação das doenças infecciosas e parasitárias,

D i s c u s s ã o | 66

que levam a uma menor produção de hemoglobina, diminuição da absorção de ferro e

ocorrência de micro-hemorragias (FUJIMORI et al., 2008). A variável número de cômodos

provavelmente não se associou a ocorrência de anemia no modelo de Poisson, devido ajustes

para outras variáveis proxy da situação de moradia.

A associação da insegurança alimentar com a ocorrência de anemia no modelo

múltiplo, confirma sua estreita relação, especialmente nas formas moderadas e grave, com a

anemia. Tal associação também foi verificada no estudo de Oliveira et al. (2010), mostrando

que essa intrínseca relação deva-se provavelmente ao fato de que a insegurança alimentar está

intimamente relacionada aos aspectos socioeconômicos e de saúde e nutrição de uma

população, assim como a anemia (MALUF, 2007; GUBERT; BENÍCIO; SANTOS, 2010;

OLIVEIRA et al., 2011).

Em relação as variáveis ligadas à criança, as maiores prevalências de anemia, entre os

menores de 24 meses está relacionada ao intenso crescimento da criança nesse período

requerendo maior aporte de nutrientes, inclusive de ferro, assim como pela inadequada

alimentação da criança e desmame precoce (REIS et al., 2010; ROCHA et al., 2012; LEITE et

al., 2013). Leal et al. (2011) em revisão sistemática sobre anemia e fatores associados,

encontrou que de todas as variáveis estudadas, a idade da criança foi a única que se

apresentou relacionada a ocorrência de anemia em todos os estudos analisados.

Em relação ao aleitamento materno, embora esse tenha se associado inicialmente à

ocorrência de anemia, não permaneceu no modelo final de análise múltipla. A maior

prevalência de anemia nas crianças amamentadas por 6-12 meses em comparação as demais

faixas etárias, pode estar relacionada à alimentação complementar inadequada, ou ainda a

manutenção do aleitamento materno em detrimento da alimentação complementar. É

importante notar que 44,3% das mães referiram amamentação exclusiva por mais de seis

meses. No estudo de Netto et al. (2011), encontrou-se situação semelhante a dessa pesquisa,

em que a presença de aleitamento materno por mais de quatro meses era fator de risco para a

ocorrência de anemia.

Em relação ao estado nutricional infantil, o Brasil tem passado por um processo de

transição nutricional em que se observa uma significativa redução nas prevalências de

desnutrição, entretanto sem redução significativa das carências nutricionais específicas, tal

como a anemia carencial (GONDIM et al., 2012b). No período de 1996 a 2007, houve

redução de 50% na prevalência de desnutrição, conforme mostra Monteiro et al. (2009).

No presente estudo os déficits nutricionais encontrados foram superiores aos dados da

PNDS (2006) para a região nordeste de 5,8%, 1,6% e 2,2% para os índices estatura/idade,

D i s c u s s ã o | 67

peso/estatura e peso/idade, respectivamente (BRASIL, 2009). Em comparação a estudos

realizados em assentamentos, Lang, Almeida e Taddei (2011) encontraram percentuais mais

elevados entre crianças de dois assentamentos e dois acampamentos do Centro-Oeste do

Paraná (8,0% das crianças com déficits nos índices peso/idade e altura/idade). Em

assentamentos do Nordeste do Brasil os valores de desnutrição energético protéica foram de

7,3%, 8,6 % e 15,5% para os indicadores peso/altura, peso/idade e estatura/idade,

respectivamente (BRASIL, 2009).

Diversos trabalhos têm encontrado associação direta entre estado nutricional

inadequado e presença de anemia, principalmente em relação ao índice estatura para a idade

(CASTRO et al., 2011; ROCHA et al., 2012). A possível relação, embora ainda no campo de

investigação, se dê provavelmente ao fato de ambas as doenças estarem associadas a

problemas nutricionais de mesma origem, tal como o consumo alimentar inadequado e a

manifestação de doenças infecciosas (GONDIM et al., 2012b; OLIVEIRA et al., 2013). No

presente estudo, tal associação não foi observada, assim como nos estudos de Assunção et al.

(2007) e Mondini et al. (2009).

A falta de significância estatística entre uso de sulfato ferroso e ocorrência de anemia

pode ser atribuída ao pequeno percentual de crianças que fizeram uso do suplemento,

prejudicando a análise estatística, pela ausência de contrastes para demonstrar associação

significante. Entretanto é válido notar que a ocorrência de anemia entre as crianças que

fizeram uso de sulfato ferroso, indica que esse estava sendo utilizado apenas quando

diagnosticada a doença e não como suplemento, assim como é recomendado pelo Programa

Nacional de Suplementação de Ferro - PNSF (BRASIL, 2009). Outro dado importante de se

notar é que a ausência de registros sobre o recebimento de ferro na Caderneta de Saúde da

Criança, e os poucos relatos maternos sobre a utilização do ferro, mostram que a cobertura do

programa está muito aquém da suplementação universal para crianças de seis a 18 meses,

preconizadas pelo PNSF para o Brasil.

A ocorrência significativamente menor de anemia nas crianças que frequentavam

creche ou escola se deve provavelmente aos cuidados recebidos na instituição e pelo aporte

calórico e de nutrientes da alimentação oferecida na escola. Rocha et al. (2012) traz que

apesar de não existir um consenso na literatura sobre o efeito protetor da creche/escola na

prevenção de doenças carenciais, como a desnutrição energético-proteica e anemia, estudos

têm demonstrado sua importância na melhoria do estado nutricional e na prevenção de anemia

em crianças, especialmente as de baixa renda. É válido notar que apesar da anemia afetar

D i s c u s s ã o | 68

principalmente as crianças menores de dois anos, esse é o grupo infantil que normalmente tem

menor acesso a institucionalização.

Embora não haja pretensão deste estudo em determinar a etiologia da anemia na

população estudada, acredita-se que essa seja majoritariamente de origem alimentar. E desse

modo, baseando-se nas evidências da WHO (2008) de que 50-90% de todas as anemias

existentes são por deficiência de ferro, acredita-se que essa também seja a principal causa

nesse estudo. Sustentando essa hipótese, apresenta-se a associação da insegurança alimentar

modera/grave com a ocorrência de anemia, o que indica a participação da carência de

alimentos e desse modo de nutrientes, na etiologia da anemia, evidenciada ainda pela

associação inversa entre anemia e institucionalização da criança em creche ou escola. Ainda

como argumento para a hipótese, levanta-se as inadequadas práticas de aleitamento materno

observadas, com expressivo percentual de mulheres que amamentaram aquém ou além das

recomendações do Ministério da Saúde para o aleitamento materno exclusivo.

CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇOOEESS FFIINNAAIISS

Considerações Finais | 70

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A anemia é um importante problema de saúde pública nos assentamentos rurais de

Teresina, embora tenha apresentado prevalências mais baixas em relação a outras localidades

da região nordeste. As variáveis que se associaram a doença, para esta população foram, a

idade da criança, idade materna, tipo de construção do domicílio, número de pessoas por

cômodo, renda per capita, insegurança alimentar e institucionalização da criança. Os

prejuízos causados à saúde, crescimento e ao desenvolvimento das crianças menores de cinco

anos em decorrência desse agravo nutricional, deve colocá-la como uma questão de alta

prioridade entre os gestores de políticas públicas, voltando maior atenção das ações de

prevenção e controle da doença na população estudada.

Uma alternativa seria a implantação de ações que culminem em melhor acessibilidade

da população aos serviços de saúde, tal como a implantação de Unidades Básicas de Saúde

dentro dos assentamentos, visitas semanais de equipes do Programa Saúde da Família às

comunidades assentadas, visto a distância das comunidades aos serviços de saúde; além de

um efetivo acompanhamento da população por agentes comunitários de saúde e

funcionamento mais eficaz do Programa Nacional de Suplementação de Ferro, visto que

poucas mães relataram o uso profilático de sulfato ferroso na faixa etária estabelecida pelo

programa (6-18 meses) e poucos foram os casos em que havia registro de recebimento do

suplemento, na caderneta de saúde da criança.

Considerando-se ainda que os fatores socioeconômicos e de segurança alimentar

mostraram-se associados à ocorrência de anemia nas crianças, a adoção das propostas

aprovadas na III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, o incentivo ao

aleitamento materno, assim como a efetiva implantação e implementação de propostas e

projetos de promoção do desenvolvimento econômico e social das famílias, por parte do

governo federal (cinturão verde, hortas comunitárias, piscicultura e etc), contribuiriam na

eficácia das ações que já venham sendo implantadas.

Outros estudos devem ser realizados nesta população, não apenas com crianças, mas

com a comunidade em geral, visto a riqueza de informações ainda não exploradas que podem

ser subtraídas dos assentamentos rurais no estado do Piauí. Sugere-se ainda um estudo mais

aprofundado sobre a etiologia da anemia nos assentamentos rurais de Teresina, embora se

acredite que seja em sua maioria pela deficiência em ferro.

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

Referências | 72

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AANNEEXXOOSS

Anexos | 82

ANEXO A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN

PROJETO ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS DE ASSENTAMENTO DE

TERESINA (PI).

ESCALA BRASILEIRA DE INSEGURANÇA ALIMENTAR - EBIA

ASSENTAMENTO ___________________________

ENDEREÇO: _______________________________________ CONTATO: _______________

NOME ENTREVISTADO:_______________________________________ DATA:____/_____/_____

GRAU DE PARENTESCO COM A CRIANÇA: (1) mãe (2) pai (3) avô/avó (4) outro _____________

QUEM O ENTREVISTADO CONSIDERA COMO RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO (provedor da

renda): (1) mãe (2) pai (3) avô/avó (4) tio/tia (5) outro

OBSERVE: ESTE FORMULÁRIO DEVE SER RESPONDIDO POR RESPONSÁVEL PELA CRIANÇA

QUE TENHA CONHECIMENTO DAS CONDIÇÕES ALIMENTARES NO DOMICÍLIO.

Em todos os quesitos, você deve se referir aos ÚLTIMOS 3 MESES para orientar a resposta da (o)

entrevistada (o).

Agora vou ler para você algumas perguntas sobre a alimentação em sua casa. Elas podem ser

parecidas umas com as outras, mas é importante que você responda a todas elas.

QUESTÕES COM BASE NOS ÚLTIMOS 3 MESES SIM NÃO S.R*

1. Nos últimos 3 meses, houve a preocupação de que os alimentos

acabassem antes que os moradores desse domicílio pudessem comprar ou

receber mais comida?

2. Os alimentos acabaram antes que sua família tivesse dinheiro para

comprar mais comida, nos últimos 3 meses?

3. Sua família ficou sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e

variada, nos últimos 3 meses?

4. No seu lar nos últimos 3 meses, os moradores comeram apenas alguns

alimentos que ainda tinham porque o dinheiro acabou?

ENCERRAR ENTREVISTA SE TODAS AS RESPOSTAS ACIMA FOREM “Não ou Não sabe”, CASO

CONTRÁRIO (alguma resposta positiva – “sim”) IR PARA QUESTÃO 5.

5. Algum morador de 18 anos ou mais de idade diminuiu alguma vez nos

últimos 3 meses, a quantidade de alimentos nas refeições ou deixou de

fazer alguma refeição porque não havia dinheiro para comprar comida?

6. Algum morador de 18 anos ou mais de idade alguma vez nos últimos 3

meses comeu menos porque não havia dinheiro para comprar comida?

7. Algum morador de 18 anos ou mais de idade alguma vez nos últimos 3

meses sentiu fome, mas não comeu porque não havia dinheiro para

comprar comida?

8. Algum morador de 18 anos ou mais de idade perdeu peso nos últimos 3

meses, porque não comeu quantidade suficiente de comida devido à falta

de dinheiro para comprar comida?

CÓDIGO: ____________________

Anexos | 83

9. Algum morador de 18 anos ou mais de idade alguma vez nos últimos 3

meses fez apenas uma refeição ou ficou um dia inteiro sem comer porque

não havia dinheiro para comprar comida?

10. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos

últimos 3 meses deixou de ter uma alimentação saudável e variada porque

não havia dinheiro para comprar comida?

11. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos

últimos 3 meses não comeu quantidade suficiente de comida porque não

havia dinheiro para comprar comida?

12. Algum morador com menos de 18 anos de idade diminuiu a quantidade

de alimentos nas refeições, nos últimos 3 meses, porque não havia dinheiro

para comprar comida?

13. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos

últimos 3 meses deixou de fazer uma refeição porque não havia dinheiro

para comprar comida?

14. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos

últimos 3 meses sentiu fome, mas não comeu porque não havia dinheiro

para comprar comida?

15. Algum morador com menos de 18 anos de idade alguma vez nos

últimos 3 meses, ficou um dia inteiro sem comer porque não havia dinheiro

para comprar comida?

* S.R = Entrevistado não sabe ou se recusou a responder.

VALOR DO ESCORE:___________

FAMÍLIA EM: ( ) SA - 0 pto

( ) IAL – 1 a 5 pts

( ) IAM - 6 a 10 pts

( ) IAG – 11 a 15 pts

CODIFICAÇÃO:

(0) SA /___/

(1) IAL /___/

(2) IAM /___/

(3) IAG /__

ENTREVISTADOR:__________________________________________

DATA:______/______/_______

Anexos | 84

ANEXO B

CARTA DE APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UFPI

Anexos | 85

Anexos | 86

ANEXO C

CARTA DE ANUÊNCIA DO INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E

REFORMA AGRÁRIA, PIAUÍ

AAPPÊÊNNDDIICCEESS

A p ê n d i c e s | 88

APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN

PROJETO ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS DE ASSENTAMENTOS DE TERESINA (PI)

FORMULÁRIO SOCIOECONOMICO E DEMOGRÁFICO

Instruções para entrevistadores:

1) Preencher com caneta esferográfica;

2) Os textos entre colchetes ou entre parênteses são para orientação;

3) Não preencher os espaços em cinza;

4) Não deixar perguntas sem respostas;

5) RM = Resposta Múltipla: marcar uma ou mais opções.

ASSENTAMENTO:___________________________________

NOME ENTREVISTADO: ___________________________________________________

PARENTESCO DO ENTREVISTADO C/ A CRIANÇA: (1) MÃE (2) PAI (3) OUTRO: _______

PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO: (1) PAI (2) MÃE (3) AVÔ/AVÓ (4) TIO/A (5) OUTRO

ENDEREÇO:______________________________________CONTATO: _______________

Nº CRIANÇAS NA RESIDÊNCIA: |___|___|

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA:

1) Qual o nome completo da criança ?

_______________________________________________________________

2) Qual a data de nascimento da criança (olhar no Cartão da Criança)?

____/_____/______ (1) pega no Cartão

(2) relatada pelo entrevistado

/__/__/-/__/__/-

/__/__/__/__/

(1) (2)

3) Idade da criança (conferir com a data de nascimento) Em meses:

|__|__|

4) Sexo da criança (anotar sem perguntar)

(0) Masculino (1) Feminino

(0)

(1)

DADOS DEMOGRÁFICOS E SOCIOECONÔMICOS:

CONDIÇÕES DE MORADIA

5) Tipo de construção do domicílio (anotar sem perguntar):

(1) taipa (2) madeira (3) alvenaria inacabada (4) alvenaria acabada

(1)

(2)

(3) (4)

6) Qual o Nº de cômodos do domicílio (incluindo banheiros e cozinha)?:____|____ |___|___|

7) Qual é o tipo de abastecimento de água deste domicílio? (RM):

(1) rede geral pública de distribuição (2) poço (3) rio ou lago

(4) carro pipa (5) cisterna (6) outro_____________

(1)

(2)

(3) (4)

(5)

(6)

CÓDIGO:___________________

A p ê n d i c e s | 89

8) Existe água encanada para pelo menos 1 cômodo do domicílio?

(0) sim (1) não

(0) (1)

10) Sua família utiliza banheiro/sanitário:

(1) de uso exclusivo desta residência

(2) de uso comunitário

(3) não utiliza a estrutura de um banheiro/vaso sanitário (ir para questão 12)

(1)

(2) (3)

11) Qual o principal destino dos dejetos sanitários?:

(1) rede pública (2) fossa (3) rio/lago (4) céu aberto no assentamento

(5) outro ____________ (6) Não se aplica

(1)

(2)

(3)

(4) (5)

(6)

12) O esgotamento doméstico é: (RM)

(1) em rede de esgoto (2) lançado a céu aberto no assentamento (3) em valas

(4) outro _______________

(1)

(2) (3)

(4)

13) Qual o destino do lixo doméstico?: (RM)

(1) coleta pública (2) céu aberto/terreno baldio (3) queimado (4) enterrado

(5) jogado em rio/lago (6) outro ________________

(1) (2)

(3)

(4) (5)

(6)

14) Qual a principal forma de iluminação da residência?:

(1) rede elétrica (2) gerador (3) querosene (4) outra_____________

(1)

(2) (3)

(4)

ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

15) Qual a escolaridade da mãe da criança?

(até que série estudou e reforçar se terminou a série referida): _________________

Escolaridade em anos:

Mãe |__|__|

16) Qual a escolaridade do pai da criança?

(até que série estudou e reforçar se terminou a série referida): _________________

Escolaridade em anos:

Pai |__|__|

17) Qual a idade da mãe da criança? |___|___| |___|___|

19) Qual a ocupação atual do responsável pelo domicílio (chefe da

família/provedor da renda)?

“DEIXAR A PESSOA RESPONDER SEM CITAR PROFISSÕES”

(1) agricultor (2) pedreiro (3)aposentado/pensionista (4) desempregado

(5) outra ________________

(1) (2)

(3)

(4) (5)

20) Qual o número de moradores da residência? |___|___| |___|___|

21) Quantos moradores contribuem com a renda da família? |___|___| |___|___|

22) Quantos na casa trabalham e quanto ganham por mês? (não incluir bolsa família, pensão alimentícia;

incluir trabalhos autônomos, “bicos”

Pessoa (Parentesco com a criança) Renda mensal ( R$)

A p ê n d i c e s | 90

1-

2-

3-

4-

5-

Existe outra fonte de renda (bolsa família, pensão, aluguel) ( ) não ( ) sim, qual?

______________________

Valores: R$: _________________ ; _____________________; ___________________

TOTAL renda família: ________________________

Total renda per capta: ________________________

Família:

| __ || __ || __ || __ |, | __ || __ |

Per capta:

|___||___||___||___|, |___||___|

23) O principal meio de acesso ao serviço de saúde se dá através de:

(1) posto de saúde no assentamento (2) posto de saúde do município

(3) visita agente de saúde (4) hospital município (5) inexistente (6) outra ________

(1) (2)

(3)

(4) (5)

(6)

CLASSIFICAÇÃO ABEP

Qual dos bens abaixo há na sua casa e em que quantidade? (RM)

- Geladeira/Freezer (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- Fogão 2/4/6 bocas (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- TV CORES (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- DVD (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- Computador/notebook/netbook (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- ventilador (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- liquidificador (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- ferro elétrico (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- celular (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- moto (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- carro particular (não táxi) (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

- Banheiro (com vaso sanitário) (0) (1) (2) (3) (4 ou +)

Anotar qtde de cada

item

______

______

______

______

______

______

______

______

______

______

______

______

TEMPO DE ENTREVISTA: _______________

ENTREVISTADOR:______________________________________ Data: _____/_____/______

A p ê n d i c e s | 91

APÊNDICE B

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN

PROJETO ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM ASSENTAMENTOS DE TERESINA (PI)

FORMULÁRIO PARA ANOTAÇÃO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS E VALORES DE

HEMOGLOBINA

ASSENTAMENTO:___________________________________

NOME ENTREVISTADO: ___________________________________________________

PARENTESCO DO ENTREVISTADO C/ A CRIANÇA: (1) MÃE (2) PAI (3) OUTRO: _______

PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO: (1) PAI (2) MÃE (3) AVÔ/AVÓ (4) TIO/A (5) OUTRO

ENDEREÇO:______________________________________CONTATO: _______________

NOME DA

CRIANÇA

IDADE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS* VALOR

Hb

OBS.

P01 P02 P03 A01 A02 A03

* A01, A02, A03= ALTURA; P01, P02, P03= PESO

A p ê n d i c e s | 92

APÊNDICE C

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN

PROJETO ANEMIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS DE ASSENTAMENTO DE

TERESINA (PI)

FORMULÁRIO SOBRE A CRIANÇA E EVENTOS DE SAÚDE

Instruções para entrevistadores:

6) Preencher com caneta esferográfica;

7) Os textos entre colchetes ou entre parênteses são para orientação;

8) Não preencher os espaços em cinza;

9) Não deixar perguntas sem respostas;

10) RM = Resposta Múltipla: marcar uma ou mais opções.

ASSENTAMENTO:_____________________________

NOME ENTREVISTADO: ___________________________________________________

PARENTESCO DO ENTREVISTADO C/ A CRIANÇA: (1) MÃE (2) PAI (3) OUTRO: _________

ENDEREÇO:________________________________________ CONTATO: _____________

1) Qual o nome completo da criança ?

_______________________________________________________________

2) Qual a data de nascimento da criança (olhar no Cartão da Criança)?

____/_____/______ (1) pega no Cartão

(2) relatada pelo entrevistado

|__|__|-|__|__|-|__|__|__|__|

(1)

(2)

3) Idade da criança (conferir com a data de nascimento) Em meses: |__|__|

4) Sexo da criança (anotar sem perguntar) (0) Masculino (1) Feminino

(0) (1)

5) A criança tomou sulfato ferroso nos últimos 6 meses? (olhar na caderneta da

criança).

(0) Sim (1) Não (2) Não possui caderneta de vacina (3) Não se aplica

(0)

(1)

(2) (3)

6) Anote o(s) registro(s) da(s) dose(s) de sulfato ferroso apontada no cartão de

vacina da criança (RM).

_______________________

_______________________

_______________________

7) A criança tomou nos últimos 3 meses algum outro complexo vitamínico ou

suplemento alimentar? (olhar frasco do medicamento/suplemento).

(0) Sim (Anotar nome e data abaixo) (1) Não (Ir para q. 11)

Nome:______________________________________ Período: _____________

Nome: ______________________________________ Período: _____________ Nome: ______________________________________ Período: _____________

Nome: ______________________________________ Período: _____________

(0)

(1)

8) A criança teve algum problema de saúde nos últimos 15 dias? (0) Sim (1) Não

(0) (1)

CÓDIGO:___________________

A p ê n d i c e s | 93

ENTREVISTADOR:______________________________________ Data: _____/_____/______

QUESTIONÁRIO CONFERIDO POR: ______________________________________________________

Data:_____/_____/__________

É necessário ajuste? ( ) não ( ) sim :_________________________

9) Qual desses problemas de saúde a criança apresentou (RM): (1) Diarréia (2) Vômito (3) Parasitoses (4) Doenças respiratórias

(5) Outro ______________ (6) Não se aplica

(1) (2)

(3)

(4) (5)

(6)

10) Há quanto tempo a criança mama, ou quanto tempo mamou no peito (em

meses)? ____________________

|__|__|

11) Desse tempo, quanto foi só exclusivo (só leite do peito, sem chá, água, leites

ou alimentos)?

(1) < 1 mês ou nunca (2) até 1 mês (3) até 2 meses (4) até 3 meses (5) até 4 meses (6) até 5 meses (7) até 6 meses (8) > 6 meses

(1)

(2)

(3)

(4) (5)

(6)

(7) (8)

12) A escolarização da criança se dá por meio de (se não estuda, investigar

opções 4, 5, 6):

(1) escola/creche pública regular (4) escola/creche particular regular (2) projetos/turmas especiais (5) não estudam, por opção familiar

(3) não estudam, por falta de acesso (6) outro_____________________

(7) Não se aplica

(1)

(2)

(3) (4)

(5)

(6) (7)

13) No local onde a criança estuda é oferecido merenda gratuitamente?

(0) sim (1) não

(0)

(1)

A p ê n d i c e s | 94

APÊNDICE D

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO

Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro Ininga – Teresina/PI

CEP: 64049-550 - Fone (86) 3237-2062

E-mail: [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do projeto: Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos em

Assentamentos Rurais de Teresina.

Pesquisador responsável: Dra. Adriana de Azevedo Paiva

Instituição/Departamento: UFPI/ Departamento de Nutrição

Pesquisadores participantes: Dra. Adriana de Azevedo Paiva, mestranda Lívia Patrícia

Rodrigues Batista.

Telefone para contato (inclusive a cobrar): (086) 81084106; (086) 99272712

Você está sendo convidado (a) a permitir a participação de seu filho (a), como

voluntário, em uma pesquisa. Você precisa decidir se a criança vai participar ou não. Por

favor, não se apresse em tomar a decisão. Leia cuidadosamente o que se segue e pergunte ao

responsável pelo estudo sobre qualquer dúvida que tiver. Este estudo será conduzido pela

Mestranda Lívia Patrícia Rodrigues Batista, sob orientação da Profa. Dra. Adriana de Azevedo

Paiva. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar que seu filho

faça parte do estudo, assine este documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra

é do pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será penalizada. Em caso de

dúvida, você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí

pelo telefone (086) 3215 5437.

DESCRIÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa tem por objetivo “Estimar a prevalência de anemia em crianças menores

de cinco anos de Assentamentos de Teresina, bem como determinar seus fatores associados”.

Para tanto, a criança será submetida à coleta de sangue por punção venosa digital para leitura

imediata dos níveis de hemoglobina e verificação de anemia, à avaliação antropométrica (peso

A p ê n d i c e s | 95

e estatura) para determinação do estado nutricional e, além disso, será estimado a insegurança

alimentar por meio da aplicação do formulário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar

(EBIA), sendo esta informação fornecida por um dos chefes da família, em entrevista.

Filmagens ou fotos serão feitas, caso necessário.

Ao participar da pesquisa, a criança não sofrerá nenhum prejuízo; no entanto, poderá

sentir leve desconforto em vista da coleta do material biológico, requerido para realização

desta pesquisa.

Os participantes do estudo terão como benefício imediato, o resultado do exame para

diagnóstico de anemia, que será dado após a realização do exame; e como benefício mediato,

a contribuição com a melhoria de vida das crianças, através do fornecimento dos resultados da

pesquisa ao INCRA/PI e CONSEA/PI auxiliando na política de Alimentação e Nutrição do

município.

Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela

pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. Se você tiver alguma consideração ou

dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

da Universidade Federal do Piauí (Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bairro

Ininga, Teresina, Piauí, Brasil), telefone: (86) 3215-5734; fax (86) 3215-5560).

Se você concordar com a participação do seu filho (a) no estudo, o nome e identidade

da criança e responsáveis serão mantidos em sigilo. A menos que requerido por lei ou por sua

solicitação, somente o pesquisador, a equipe do estudo, Comitê de Ética independente e

inspetores de agências regulamentadoras do governo (quando necessário) terão acesso a suas

informações para verificar as informações do estudo. O projeto terá duração de dois anos,

com término previsto para o primeiro semestre de 2014.

Nomes e assinaturas dos pesquisadores

______________________________________________________

Dra Adriana de Azevedo Paiva

______________________________________________________

Lívia Patrícia Rodrigues Batista

A p ê n d i c e s | 96

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu,_________________________________________, RG________________________,

CPF______________________, abaixo assinado, concordo na participação de meu filho (a)

________________________________________________________________no estudo

“Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos em assentamentos

rurais de Teresina.”, como sujeito. Fui suficientemente informado (a) a respeito das

informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo. Ficaram claros para

mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus

desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.

Ficou claro também que a participação do meu filho (a) é isenta de despesas. Concordo

voluntariamente na participação deste (a) no estudo e poderei retirar o meu consentimento a

qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de

qualquer benefício do governo, ou repassado pelo INCRA (PI).

Teresina ______/_____/______

________________________________________________________

Assinatura do responsável pela criança

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do sujeito

em participar.

Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome:_____________________________________________________________

Assinatura:_________________________________________________________

Nome:_____________________________________________________________

Assinatura: _________________________________________________________

Observações complementares_____________________________________________________

A p ê n d i c e s | 97

APÊNDICE E

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO

Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro Ininga – Teresina/PI

CEP: 64049-550 - Fone (86) 3237-2062

E-mail: [email protected]

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do projeto: Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos em

Assentamentos Rurais de Assentamento de Teresina.

Pesquisador responsável: Dra. Adriana de Azevedo Paiva

Instituição/Departamento: UFPI/ Departamento de Nutrição

Pesquisadores participantes: Dra. Adriana de Azevedo Paiva, mestranda Lívia Patrícia

Rodrigues Batista.

Telefone para contato (inclusive a cobrar): (086) 81084106; (086) 99272712; (086)

99190763.

Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa: “Anemia e fatores

associados em crianças menores de cinco anos em Projetos de Assentamentos rurais de

Teresina”. Seus pais permitiram que você participe, mas você não precisa participar da

pesquisa se não quiser, é você quem escolhe, não terá nenhum problema se desistir.

Nós queremos saber quantas crianças menores de cinco anos que moram no

assentamento estão em insegurança alimentar, que é quando a família da criança não pode por

várias vezes dar a criança uma alimentação na quantidade e qualidade que ela precisa, ou

ainda quando, para que a criança tenha alimentação sua família tem que deixar, por exemplo,

de comer bem e de se vestir bem. Nós queremos saber ainda se essas crianças têm anemia, e o

que pode explicar isso (chamado de fatores associados). Nós estamos estudando esse assunto

porque queremos saber como está à saúde e nutrição das crianças que moram em

assentamento.

Para sabermos disso nós vamos fazer uma entrevista com alguém da sua família, na

sua casa, onde vamos perguntar como a sua família vive (o que chamamos de questionário

socioeconômico) e fazer outras perguntas para ver se sua família vive em insegurança

A p ê n d i c e s | 98

alimentar (chamado de questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar). Nós

vamos também pesar e medir você, para ver como está o seu crescimento; e fazer um exame

de sangue (uma picadinha no dedo) para ver se você tem anemia. Esse exame pode doer um

pouco, a picadinha da agulha é parecida com a picada da formiga, mas a dor passa logo e não

traz prejuízo à sua saúde. Nós vamos pesar e medir você no assentamento em que você mora,

nós vamos avisar o dia e o local. Você ou sua família não pagarão nada para participar da

pesquisa.

Os resultados da pesquisa vão ser publicados, mas você ou sua família não serão

identificadas. Quando nós tivermos o resultado da pesquisa, voltaremos ao assentamento e

explicaremos a alguém da sua família, que cuide de você, como está a sua saúde.

Se você tiver alguma dúvida pode me perguntar. Meu nome é Lívia Patrícia. Você

também pode tirar suas dúvidas com a professora Adriana Paiva. Nossos telefones estão no

começo dessa folha.

Nomes e Assinaturas das pesquisadoras

__________________________________ __________________________________

Dra. Adriana de Azevedo Paiva Lívia Patrícia Rodrigues Batista

Eu,___________________________________________________________________, aceito

participar da pesquisa “Anemia e fatores associados em crianças menores de cinco anos

em Assentamentos rurais de Teresina”. Entendi o que é a pesquisa, os seus objetivos e

como será feita. Entendi as coisas boas e as coisas ruins que podem acontecer. Também

entendi que posso dizer “sim” e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer “não” e

desistir que ninguém vai ficar furioso. Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e também

conversaram com os meus responsáveis. Recebi uma cópia deste termo de assentimento, que

li ou que foi lido para mim e concordo em participar da pesquisa.

Teresina, _______, ____________________ de 2013.

___________________________________________________________________________

Assinatura da criança