Dissertação Hidratasção Farmacia Excelente
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UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE CINCIAS FARMACUTICAS
Programa de Ps-Graduao em Frmaco e Medicamentos rea de Produo e Controle Farmacuticos
Desenvolvimento e estudo de eficcia clnica por mtodos
instrumentais de bases de uso tpico contendo extrato de
soja fermentado
Rafael Pinto Vieira
Dissertao para obteno do grau de MESTRE
Orientadora: Profa. Dra. M. Valria Robles Velasco
So Paulo 2008
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Rafael Pinto Vieira Desenvolvimento e estudo de eficcia clnica por mtodos
instrumentais de bases de uso tpico contendo extrato de
soja fermentado
Comisso Julgadora
da Dissertao para obteno do grau de Mestre
Prof. Dr. Maria Valria Robles Velasco
orientador/presidente
Prof. Dr. Patrcia Maria Berardo Maia Campos 1 examinador
Prof. Dr. Telma Mary Kaneko 2 examinador
So Paulo, 28 de outubro de 2008
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RESUMO
Mscaras faciais so preparaes cosmticas utilizadas desde a Antigidade e,
atualmente, tm seu uso difundido em funo de suas caractersticas
multifuncionais. Dentre os efeitos atribudos a estas preparaes, temos: limpeza
profunda; aes tonificante, adstringente, hidratante e tensora na pele e sensao
de bem-estar. Podem ser classificadas conforme sua aplicao, componentes ou
grau de risco. As mscaras peel off base de lcool polivinlico so formulaes
que, aps a aplicao e secagem, formam um filme oclusivo sobre a face e, aps
sua remoo, conferem maciez, limpeza e ao tensora pele, retirando clulas
mortas do estrato crneo, resduos e outros materiais depositados. O extrato de soja
obtido pela fermentao do leite de soja pelo Bifidobacterium animale possui
acares, aminocidos, peptdeos, protenas e alto teor de isoflavonas na forma
livre, quando comparado ao leite no fermentado. Seu uso em formulaes
cosmticas visa combater os efeitos do envelhecimento cutneo, propiciando
hidratao, efeito tensor e emolincia pele. Bases cosmticas de mscaras faciais
peel off e emulso leo em gua, acrescidas ou no de extrato de soja fermentado
5% p/p foram avaliadas em estudos de estabilidade fsica e fsico-qumica em
diversas condies de temperatura e perodos de avaliao, visando obter as de
melhor desempenho para estudos clnicos. Os resultados indicaram que as
preparaes aditivadas com o extrato mantiveram-se estveis quanto s suas
caractersticas nos testes de estabilidade, no apresentando variaes significativas.
As preparaes foram submetidas aos estudos clnicos em voluntrios com o
objetivo de avaliar seus efeitos tensor, na hidratao e na perda de gua
transepidrmica. Os resultados comprovaram que, em um estudo cintico, a base
cosmtica de mscara facial peel off, contendo ou no o extrato de soja fermentado,
no apresentou diferena estatisticamente significativa para as formulaes de
emulso quantos promoo de elasticidade e firmeza pele e diminuio da perda
de gua transepidrmica, mas promoveu maior hidratao das camadas superficiais
da pele que as preparaes de emulso leo em gua.
Palavras-chave: mscara facial; lcool polivinlico; extrato de soja; hidratao
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ABSTRACT Development and clinical studies using instrumental
methods of topical formulations containing fermented soybean extract
Facial masks are used since antiquity and, currently, its use has spread according to
their multifunctional characteristics. Among the effects attributed to these
preparations there are deep cleaning; invigorating, stringent, moisturizing and tensor
actions and well-being sense. They can be classified according to their application,
components or risk degree. Peel off facial masks based on polyvinyl alcohol are
formulations that form a film on the face after application and drying. After their
removal, they cause tenderness, cleaning and tensor action on the skin, removing
dead cells of the stratum corneum other materials deposited. Soybean extract
obtained from soymilk fermentation by Bifidobacterium animale has sugars, amino
acids, peptides, proteins and high levels of free isoflavones, when compared to non-
fermented milk. Its use in cosmetic formulations aims to avoid aging effects on skin,
providing moisturizing, softness and tensor effect. Peel off facial masks and
emulsions oil in water preparations, containing or not fermented soymilk 5% w/w
were evaluated in physical and physical-chemistry stability studies in various
temperature and time conditions, targeting the best formulations for clinical tests.
Results indicated that preparations containing extract remained stable about their
characteristics, showed no significant variations. Preparations were submitted to
clinical studies in volunteers to evaluate tensor, moisturizing and transepidermal
water loss effects. In a short-term study, results confirmed that peel off facial masks
formulations, containing or not soybean fermented extract, showed no statistically
significant difference in comparison to emulsion formulations on elasticity and
firmness promotion and decreasing on transepidermal water loss. However, peel off
facial masks provided greater hydration on skin surface layers than the oil in water
emulsion preparations.
Keywords: peel off facial mask; polyvinyl alcohol; soybean fermented extract;
moisturizing
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Agradecimento especial Agradeo minha orientadora, Prof. Dr. Maria Valria Robles Velasco, pelo empenho e auxlio na realizao de todos os trabalhos que desenvolvi ao longo deste projeto
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AGRADECIMENTOS
Agradeo e dedico aos meus pais, Francisco Dornas Vieira e Maria da Conceio
Pinto Vieira, pela dedicao e exemplos de honestidade, amor e amizade.
Aos meus irmos Eliane, Heloisa, Maria Ins, Mrcia, Francisco e aos meus
sobrinhos Nathlia, Gabriel, Augusto e Marina. Formamos uma famlia grande e uma
grande famlia.
Aos meus grandes amigos Bernardo, Bruno, Marcelo, Leonardo, Luis Osrio, Pablo
e Wendel. Sempre alimentamos amizades saudveis. E sempre soubemos
aproveitar os bons momentos de festa e nos apoiarmos nos momentos difceis.
A todos os colegas do laboratrio e do Mestrado, que tornaram o trabalho durante o
projeto mais prazeroso e contriburam para o meu crescimento profissional.
Claudinia Pinto, tcnica do laboratrio de Farmacotcnica, pelo suas enormes
qualidades, que influenciam direta e positivamente na qualidade do trabalho de
todos no Laboratrio de Farmacotcnica. Sua pacincia, competncia, compreenso
e dedicao so singulares.
Vivian Zague, colega no Mestrado. Trata-se de uma grande profissional cujo
conhecimento contribuiu em vrias etapas deste trabalho, alm de seu bom humor e
amizade inigualveis.
s estagirias Alessandra, Dbora, Fernanda e Lvia, sem as quais a concluso
deste trabalho seria invivel.
A todos os funcionrios e professores da USP cujas atividades influenciaram direta
ou indiretamente este projeto. Graas a eles, pude vivenciar com intensidade a USP,
como grande instituio que .
EVIC Brasil e todos os seus funcionrios, principalmente Sra. Idalina Maria
Nunes Salgado Reis dos Santos, Dra. Carla Goulart Pern e Juliana Salles
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Moscardi, que propiciaram a realizao deste trabalho e com quem trabalhei e pude
vivenciar excelentes experincias profissionais e pessoais.
Statistika Consultoria e seus funcionrios que, com competncia, possibilitaram a
realizao da anlise estatstica dos resultados deste trabalho.
Ao Cristlia Produtos Qumicos Farmacuticos e a todos os amigos e profissionais
que l conheci. Foi esta empresa que me trouxe a So Paulo e com a qual pude
aprender a trabalhar.
A So Paulo, uma cidade que nos seduz. As pessoas e lugares que conheci e s
experincias que vivi nesta cidade nica no Brasil e do mundo, que hoje compem
uma importante parte do mosaico que sou.
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SUMRIO Pgina LISTA DE FIGURAS 12 LISTAS DE QUADROS 17 LISTA DE TABELAS 18 I INTRODUO 22 II REVISO DA LITERATURA 25 1 PELE 26 1.1 Constituio 26 1.2 Hidratao da pele 29 1.3 Elasticidade da pele 30 2 MSCARAS FACIAIS 31 2.1 Histria 31 2.2 Mercado atual 31 2.3 Usos e classificao 34 2.4 Mscaras faciais peel off 37 2.5 Substncias ativas utilizadas nas mscaras faciais 38 3 LCOOL POLIVINLICO (PVA) 39 4 EXTRATO DE SOJA 41 5 ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMTICOS 42 6 AVALIAO INSTRUMENTAL 44 6.1 Corneometria 45 6.2 Determinao da perda de gua transepidrmica 47 6.3 Cutometria 48 III OBJETIVOS 52 IV MATERIAL E MTODOS 54 1 MATERIAL 55 1.1 Reagentes (grau de pureza analtico, P.A.) 55 1.2 Matrias-primas (grau de pureza farmacutico) 55 1.3 Equipamentos 66 1.4 Outros materiais 66
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1.5 Descrio quali e quantitativa das bases de mscara facial peel
off e pr formulaes de emulso 67
2 MTODOS 74 2.1 Preparo das bases de mscaras faciais peel off 74 2.2 Preparo da base e da formulao de emulso 74
2.3 Estudo de Estabilidade Preliminar (EP) 75 2.3.1 Condies para Avaliao - Estudo de Estabilidade
Preliminar 76
2.3.1.1 Centrifugao 76 2.3.1.2 Estresse trmico 76 2.3.1.3 Estufa a 50C/ 72 horas 76 2.3.2 Variveis analisadas 76 2.3.2.1 Caractersticas organolpticas 76 2.3.2.2 Valor de pH 78 2.3.2.3 Teste de secagem e formao de filme 78
2.4 Estudo de Estabilidade Preliminar (EP) formulaes de
mscaras faciais 78
2.5 Estudo de Estabilidade Acelerada (EA) 81 2.5.1 Condies do teste 81 2.5.1.1 Geladeira (5,0 1,0 C) 82 2.5.1.2 Freezer (-10 1,0 C) 82 2.5.1.3 Temperatura ambiente (22,0 2,0 C) 82 2.5.1.4 Estufa (45,0 2,0 C) 82
2.5.1.5 Ciclos gela e degela (45,0 2,0C/-5,0 2,0 C) 82 2.5.2 Variveis analisadas 82 2.5.2.1 Caractersticas organolpticas 82 2.5.2.2 Valor de pH 83 2.5.2.3 Viscosidade aparente 83 2.5.2.4 Tempo de secagem e formao de filme 83 2.6 Testes Clnicos Sujeitos 84 2.6.1 Desenho do estudo 84 2.6.2 Tipo do estudo 84 2.6.3 Centro de investigao 84
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2.6.4 Cronograma de realizao do estudo 84 2.6.5 tica em pesquisa 85 2.6.6 Amostra 85
2.6.6.1 Critrios especficos de incluso dos
voluntrios no estudo 85
2.6.6.2 Critrios especficos de no-incluso dos
voluntrios no estudo 86
2.6.6.3 Riscos mnimos previstos para o estudo 87 2.6.7 Aplicao das formulaes 87 2.6.8 Avaliao instrumental 91
2.6.8.1 Efeito de hidratao das camadas superiores
da pele 91
2.6.8.2 Efeito da perda de gua transepidrmica 92 2.6.8.3 Efeito na elasticidade e na firmeza da pele 92 2.6.9 Anlise estatstica dos dados 92 V RESULTADOS E DISCUSSO 94 1 Teste de Estabilidade Preliminar (EP) 95 1.1 Bases de mscaras faciais peel off 95 1.1.1 Caractersticas organolpticas e valor de pH 95 1.1.2 Tempo de secagem e formao de filme 103
1.2 Adequao da base F35 e Estudo de Estabilidade Preliminar 104 1.2.1 Caractersticas organolpticas e valor de pH 104 1.2.2 Tempo de secagem e formao de filme 107 1.3 Base da emulso leo em gua 108 2 Estudo de Estabilidade Acelerada 110 2.1 Variveis analisadas nas formulaes F35/17G e F35/18 110 2.2 Variveis analisadas na formulao de emulso leo em gua
contendo extrato de soja fermentado 122
3 Testes clnicos 131 3.1 Dados obtidos nas medidas instrumentais 131 3.2 Anlise estatstica dos dados 143 3.2.1 Efeito na firmeza e elasticidade da pele 143 3.2.2 Efeito na perda de gua transepidrmica 149
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3.2.3 Efeito no aumento da hidratao da pele 152 VI CONCLUSES 159 VII REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 161 VIII ANEXOS 175 1 Carta do Comit de tica 2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Voluntrios
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LISTA DE FIGURAS Figura 1. Estrutura esquemtica dos principais componentes da pele. Pgina 27.
Figura 2. Estrutura esquemtica das principais camadas (estratos) da epiderme.
Pgina 28.
Figura 3. Remoo mecnica de mscaras faciais peel off, aps secagem. Pgina
38.
Figura 4. Frmula estrutural do lcool polivinlico (PVA), onde n varia de 500 a 5000
(grau de polimerizao). Pgina 40.
Figura 5. Deformao da pele avaliado por Cutometer SEM 575 (Courage and
Khazaka). Pgina 50.
Figura 6. Locais de aplicao das formulaes nos voluntrios. Pgina 89.
Figura 7. Tempo de secagem (min) das bases 1 a 36 (mdia da triplicata) em estufa
(36,5 1,0C). Pgina 103.
Figura 8. Tempo de secagem (min) das formulaes obtidas a partir das modificaes na de mscara facial peel off F35 (mdia da triplicata), na condio de
estufa (36,5 1,0 C). Pgina 107.
Figura 9. Variao percentual do valor de pH para as formulaes F35/18 e
F35/17G na condio de armazenamento em estufa (45,0 2,0 C), durante o
Estudo de Estabilidade Acelerada. Pgina 112.
Figura 10. Variao percentual do valor de pH para as formulaes F35/18 e
F35/17G nas condies de armazenamento em Geladeira (Ge 5,0 1,0 C),
Freezer (F -10,0 1,0 C) e Temperatura Ambiente (TA 22,0 2,0 C) no Estudo
de Estabilidade Acelerada. Pgina 113.
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Figura 11. Variao percentual do valor de pH para as formulaes-teste F35/18 e
F35/17G na condio de armazenamento Ciclos gela e degela (45,0 2,0 C / -10,0
1,0 C) no Estudo de Estabilidade Acelerada. Pgina 114.
Figura 12. Variao percentual do valor de viscosidade para as formulaes F35/18
e F35/17G na condio de armazenamento em estufa (45,0 2,0 C) no Estudo de
Estabilidade Acelerada. Pgina 115.
Figura 13. Variao percentual do valor de viscosidade para as formulaes F35/18
e F35/17G nas condies de armazenamento em Geladeira (Ge 5,0 1,0 C),
Freezer (F -10,0 1,0 C) e Temperatura Ambiente (TA 22,0 2,0 C) no
Estudo de Estabilidade Acelerada. Pgina 116.
Figura 14. Variao percentual do valor de viscosidade para as formulaes F35/18
e F35/17G na condio de armazenamento Ciclos gela e degela (45,0 2,0 C / -
10,0 1,0 C) no Estudo de Estabilidade Acelerada. Pagina 114.
Figura 15. Variao percentual do tempo de secagem para as formulaes-teste
F35/18 e F35/17G na condio de armazenamento estufa (45,0 2,0 C), geladeira
(Ge 5,0 1,0 C), freezer (F -10,0 1,0 C) e temperatura ambiente (TA 22,0
2,0 C) no Estudo de Estabilidade Acelerada. As variaes so decorrentes da
diferena obtida do 15 dia para t0, em todas as condies. Pgina 118.
Figura 16. Variao percentual do valor de pH para a formulao de emulso
contendo extrato de soja fermentado por Bifidobacterium animale na condio de
armazenamento em estufa (45,0 2,0 C), durante o Estudo de Estabilidade
Acelerada. Pgina 124.
Figura 17. Variao percentual do valor de pH para a formulao de emulso contendo extrato de soja fermentado por Bifidobacterium animale nas condies de
armazenamento em Geladeira (Ge 5,0 1,0 C), Freezer (F -10,0 1,0 C) e
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Temperatura Ambiente (TA 22,0 2,0 C) no Estudo de Estabilidade Acelerada.
Pgina 125.
Figura 18. Variao percentual do valor de pH para a formulao de emulso contendo extrato de soja fermentado por Bifidobacterium animale na condio de
armazenamento Ciclos gela e degela (45,0 2,0 C / -10,0 1,0 C) no Estudo de
Estabilidade Acelerada. Pgina 118.
Figura 19. Variao percentual do valor de viscosidade para a formulao de
emulso contendo extrato de soja fermentado por Bifidobacterium animale na
condio de armazenamento em estufa (45,0 2,0 C) no Estudo de Estabilidade
Acelerada. Pgina 127.
Figura 20. Variao percentual do valor de viscosidade para a formulao de
emulso contendo extrato de soja fermentado por Bifidobacterium animale nas
condies de armazenamento em Geladeira (Ge 5,0 1,0 C), Freezer (F -10,0
1,0 C) e Temperatura Ambiente (TA 22,0 2,0 C) no Estudo de Estabilidade
Acelerada. Pgina 128.
Figura 21. Variao percentual do valor de viscosidade para a formulao de
emulso contendo extrato de soja fermentado por Bifidobacterium animale na
condio de armazenamento Ciclos gela e degela (45,0 2,0 C / -10,0 1,0 C) no
Estudo de Estabilidade Acelerada. Pgina 129.
Figura 22. Fotografias das manifestaes (dermatite atpica) dos voluntrios aps
aplicao e retirada da formulao de mscara facial peel off sem extrato de soja
fermentado por Bifidobacterium animale. Os pontos azuis delimitam a rea de
aplicao do produto. Pgina 141.
Figura 23. Fotografias das manifestaes (dermatite atpica) dos voluntrios aps
aplicao e retirada da formulao de mscara facial peel off com extrato de soja
fermentado por Bifidobacterium animale. Os pontos azuis delimitam a rea de
aplicao do produto. Pgina 142.
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Figura 24. Variao da estimativa aps tratamento estatstico dos dados brutos do valor de M1 (deformao final ou extensibilidade mxima) em relao ao tempo para as formulaes de emulso, contendo ou no extrato de soja fermentado por
Bifidobacterium animale (com e sem, respectivamente). Pgina 145.
Figura 25. Variao da estimativa aps tratamento estatstico dos dados brutos do valor de M1 (deformao final ou extensibilidade mxima) em relao ao tempo
para as formulaes de mscara facial contendo ou no extrato de soja fermentado
por Bifidobacterium animale (com e sem, respectivamente). Pgina 146.
Figura 26. Variao da estimativa aps tratamento estatstico dos dados brutos do valor de M2 (deformao resultante em comparao com o valor inicial) em
relao ao tempo para as formulaes de emulso contendo ou no extrato de soja
fermentado por Bifidobacterium animale (com e sem, respectivamente). Pgina 147.
Figura 27. Variao da estimativa aps tratamento estatstico dos dados brutos
do valor de M2 (deformao resultante em comparao com o valor inicial) em
relao ao tempo para as formulaes de mscara facial contendo ou no extrato de
soja fermentado por Bifidobacterium animale (com e sem, respectivamente). Pgina
148.
Figura 28. Variao da estimativa aps tratamento estatstico dos dados brutos
do valor de TEWL (perda de gua transepidrmica) em relao ao tempo para as
formulaes de emulso contendo ou no extrato de soja fermentado por
Bifidobacterium animale (com e sem, respectivamente). Pgina 151.
Figura 29. Variao da estimativa aps tratamento estatstico dos dados brutos
do valor de TEWL (perda de gua transepidrmica) em relao ao tempo para as
formulaes de mscara facial contendo ou no extrato de soja fermentado por
Bifidobacterium animale (com e sem, respectivamente). Pgina 152.
Figura 30. Variao da estimativa aps tratamento estatstico dos dados brutos
do valor de CW (hidratao das camadas superiores da pele) em relao ao tempo
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para as formulaes de emulso contendo ou no extrato de soja fermentado por
Bifidobacterium animale (com e sem, respectivamente). Pgina 155.
Figura 31. Variao da estimativa aps tratamento estatstico dos dados brutos
do valor de CW (hidratao das camadas superiores da pele) em relao ao tempo
para as formulaes de mscara facial contendo ou no extrato de soja fermentado
por Bifidobacterium animale (com e sem, respectivamente). Pgina 155.
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LISTA DE QUADROS Quadro 1. Composio geral de mscara facial usualmente comercializada no
mercado europeu. Pgina 33.
Quadro 2. Classificao das mscaras faciais conforme sua aplicao. Pgina 35.
Quadro 3. Classificao das mscaras faciais conforme sua composio. Pgina 36.
Quadro 4. Composio do extrato (leite) de soja antes e aps fermentao por
Bifidobacterium animale. Pgina 61.
Quadro 5. Fototipos, sua descrio e respectiva sensibilidade ao sol. Pgina 86.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Bases de mscara facial peel off (1 a 11) submetidas ao Estudo de
Estabilidade Preliminar (EP), com as concentraes dos componentes variveis em
negrito. Pgina 69.
Tabela 2. Bases de mscara facial peel off (12 a 22) submetidas ao Estudo de
Estabilidade Preliminar (EP), com as concentraes dos componentes variveis em
negrito. Pgina 70.
Tabela 3. Bases de mscara facial peel off (23 a 33) submetidas ao Estudo de
Estabilidade Preliminar (EP), com as concentraes dos componentes variveis em
negrito. Pgina 71.
Tabela 4. Bases de mscara facial peel off (34 a 36) submetidas ao Estudo de
Estabilidade Preliminar (EP), com as concentraes dos componentes variveis em
negrito. Pgina 72.
Tabela 5. Base cosmtica (ES) e formulao de emulso contendo extrato de soja
fermentado por Bifidobacterium animale (EC) submetidas ao Estudo de Estabilidade
Preliminar (EP) e testes de eficcia clnica, e com as concentraes dos
componentes variveis em negrito. Pgina 73.
Tabela 6. Formulaes de mscara facial peel off (adaptaes da base F35 de
mscara facial peel off) submetidas ao Estudo de Estabilidade Preliminar (EP), com
as concentraes dos componentes variveis em negrito. Todas as formulaes
contm o extrato de soja fermentado. Pgina 80.
Tabela 7. Codificao da base e da formulao de mscaras facial peel off e da
base e da formulao de emulso leo em gua utilizadas nos ensaios clnicos.
Pgina 88.
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Tabela 8. Descrio da quantidade e modo de aplicao das preparaes utilizadas
no teste clnico. Pgina 90.
Tabela 9. Descrio das preparaes de acordo com os respectivos locais de
aplicao, conforme aleatorizao. Pgina 91.
Tabela 10. Avaliao das caractersticas organolpticas e valor de pH das bases de mscara facial peel off (1 a 8) durante o Estudo de Estabilidade Preliminar.
Pgina 96. Tabela 11. Avaliao das caractersticas organolpticas e valor de pH das bases de mscara facial peel off (9 a 16) durante o Estudo de Estabilidade Preliminar.
Pgina 97.
Tabela 12. Avaliao das caractersticas organolpticas e valor de pH das bases de mscara facial peel off (17 a 24) durante o Estudo de Estabilidade Preliminar.
Pgina 98.
Tabela 13. Avaliao das caractersticas organolpticas e valor de pH das bases de mscara facial peel off (25 a 32) durante o Estudo de Estabilidade Preliminar.
Pgina 99.
Tabela 14. Avaliao das caractersticas organolpticas e valor de pH das bases de mscara facial peel off (33 a 36) durante o Estudo de Estabilidade Preliminar.
Pgina 100.
Tabela 15. Avaliao das caractersticas organolpticas e valor de pH das formulaes de mscara facial peel off (modificaes da base F35) no Estudo de Estabilidade Preliminar. Pgina 105.
Tabela 16. Avaliao das caractersticas organolpticas e valor de pH das preparaes de emulso O/A sem extrato de soja fermentado (ES, base) e contendo extrato de soja fermentado (EC, formulao) durante o Estudo de Estabilidade Preliminar. Pgina 109.
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Tabela 17. Avaliao das caractersticas organolpticas, pH e viscosidade aparente
das formulaes 35/17G e 35/18, no Estudo de Estabilidade Acelerada. Pgina
111.
Tabela 18. Avaliao das caractersticas organolpticas, pH e viscosidade aparente
da formulao de emulso contendo extrato de soja fermentado, no Estudo de Estabilidade Acelerada. Pgina 123. Tabela 19. Avaliao clnica da hidratao (CW) e perda de gua transepidrmica
(TEWL) para a amostra MS base cosmtica de mscara facial peel off (sem extrato
de soja fermentado por Bifidobacterium animale). Pgina 132.
Tabela 20. Avaliao clnica da hidratao (CW) e perda de gua transepidrmica
(TEWL) para a amostra MC base cosmtica de mscara facial peel off (com
extrato de soja fermentado por Bifidobacterium animale). Pgina 133.
Tabela 21. Avaliao clnica da hidratao (CW) e perda de gua transepidrmica
(TEWL) para a amostra ES emulso sem extrato de soja fermentado por
Bifidobacterium animale. Pgina 134.
Tabela 22. Avaliao clnica da hidratao (CW) e perda de gua transepidrmica
(TEWL) para a amostra EC emulso com extrato de soja fermentado por
Bifidobacterium animale. Pgina 135.
Tabela 23. Avaliao clnica da elasticidade e firmeza da pele (CUTO) para a
amostra MS base cosmtica de mscara facial peel off (sem extrato de soja
fermentado por Bifidobacterium animale). Pgina 136.
Tabela 24. Avaliao clnica da elasticidade e firmeza da pele (CUTO) para a
amostra MC base cosmtica de mscara facial peel off (com extrato de soja
fermentado por Bifidobacterium animale). Pgina 137.
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21
Tabela 25. Avaliao clnica da elasticidade e firmeza da pele (CUTO) para a
amostra ES emulso sem extrato de soja fermentado por Bifidobacterium animale.
Pgina 138
Tabela 26. Avaliao clnica da elasticidade e firmeza da pele (CUTO) para a
amostra EC emulso com extrato de soja fermentado por Bifidobacterium animale.
Pgina 139.
Tabela 27. Tratamento estatstico obtido dos valores mensurados para M1
(deformao final ou extensibilidade mxima). Pgina 144.
Tabela 28. Comparao entre os tempos de aplicao e avaliao das preparaes produtos para M1, com os respectivos nveis de significncia (deformao final ou
extensibilidade mxima). Pgina 146
Tabela 29. Tratamento estatstico obtido dos valores mensurados para M2
(deformao resultante em comparao com o valor inicial). Pgian 146
Tabela 30. Tratamento estatstico obtido dos valores mensurados para TEWL (perda
de gua transepidrmica). Pgina 149.
Tabela 31. Comparao entre os tempos de aplicao e avaliao dos produtos
para TEWL (perda de gua transepidrmica), com os respectivos nveis de
significncia. Pgina 151.
Tabela 32. Tratamento estatstico obtido dos valores mensurados para CW
(hidratao das camadas superiores da pele). Pgina 153.
Tabela 33. Comparao entre os tempos de aplicao e avaliao dos produtos
para CW (hidratao das camadas superiores da pele), com os respectivos nveis de
significncia. Pgina 154.
Tabela 34. Comparao entre os tempos de aplicao e avaliao dos produtos
para CW (hidratao das camadas superiores da pele). Pgina 154.
-
22
I INTRODUO
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23
O uso de mscaras faciais remonta da Antigidade, quando se atribuam
propriedades milagrosas a alguns tipos de argila (WILKINSON MOORE, 1982).
Atualmente, o interesse por estas formulaes de uso tpico foi retomado pela
Cosmetologia, devido atribuio de vrios efeitos, como limpeza profunda,
estimulante, tonificante, adstringente, hidratante e tensora (BONADEO, 1982;
DRAELOS, 1999; MARTINE et al., 1995; POUCHER, 1991).
Mscaras faciais peel off so constitudas por lcool polivinlico (PVA) ou
acetato de polivinila, utilizados como formadores de filme (WILKINSON MOORE,
1982; ARANHA & LUCAS, 2001). As mscaras peel off produzem ocluso e ao
tensora aps a secagem, tornando a pele mais suave ao toque e, caso alguma
substncia ativa seja adicionada formulao, esta ao se acentua (BABY et al.,
2004; DeNAVERRE, 1975). A principal vantagem deste tipo de formulao est
relacionada com a facilidade de sua remoo completa aps a formao do filme,
sem deixar resduos (DeNAVERRE, 1975). So adequadas para peles sensveis,
desidratadas e envelhecidas (POUCHER, 1991). Estas formulaes geralmente
contm plastificantes, umectantes, conservantes, tensoativos, fragrncias, corantes
e, conforme o propsito, substncias ativas.
Uma etapa determinante no desenvolvimento de uma formulao cosmtica
o estudo de estabilidade, requisito fundamental qualidade da preparao,
relacionada manuteno dos seus atributos fsicos, qumicos, microbiolgicos e
toxicolgicos durante todo o seu prazo de validade, e que reflete no desempenho,
segurana, eficcia, alm da sua aceitao pelo consumidor. Considerando as
mscaras faciais peel off, importante a avaliao das caractersticas como
aspecto, cor, odor e o desempenho do produto na pele, bem como o tempo de
formao de filme (AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA, 2004).
O extrato de soja, utilizado em formulaes de uso tpico, obtido pela
fermentao do extrato (leite) de soja por Bifidobacterium animale. O leite
fermentado apresenta acares, aminocidos, peptdeos, protenas e alto teor de
isoflavonas na forma livre, quando comparado ao leite no fermentado. Sua alta
concentrao de isoflavonas livres atribuda atividade da -glucosidase do
microorganismo, enzima que hidrolisa os glicosdeos a agliconas, entre elas a
genistena e a daidzena (OTIENO, 2006). Estudos recentes tm demonstrado a
atividade antioxidante das agliconas presentes em extratos de soja fermentado,
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24
prevenindo fotocarcinognese e fotoenvelhecimento. Alm disso, so atribudas
propriedades hidratantes dos produtos cosmticos incorporados deste extrato, em
funo da sua rica composio (BAUMANN, 2001). Para a comprovao da aes
atribudas ao extrato, importante que se realizem estudos envolvendo a avaliao
da hidratao, efeito tensor e emolincia.
A aplicao de um produto cosmtico na pele contendo substncias ativas
pode interferir no metabolismo cutneo. Assim, devem ser realizados estudos
clnicos de produtos cosmticos que envolvam a avaliao da eficcia das
formulaes, por meio de anlises subjetivas, como as avaliaes de desempenho e
objetivas, utilizando instrumentos de avaliao das propriedades biomecnicas da
pele (SOUZA, 2000).
As mscaras faciais peel off podem ser utilizadas como veculo para
aplicao do extrato de soja fermentado, permitindo que ocorram as aes da
preparao, alm de possibilitar a avaliao dos efeitos tensor, hidratante e de perda
de gua transepidrmica. A avaliao da estabilidade das formulaes de mscaras
faciais peel off e emulso leo em gua contendo o extrato fermentado, em conjunto
com estudos clnicos dos efeitos propiciados pele, fornecem informaes
importantes ao meio cientfico, que carece de estudos deste tipo de formulao
cosmtica, bem como do extrato de soja fermentado incorporado em formulaes de
uso tpico.
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II REVISO DA LITERATURA
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1 PELE
1.1 Constituio
A pele um rgo que ocupa, em mdia, uma superfcie equivalente a 2 m2 e
to complexo quanto o crebro, com relao variedade de tipos celulares que a
compe. Ela o contato direto do nosso organismo com o meio exterior e
desempenha funes vitais, como a de prevenir a perda de gua e proteger contra
agresso de agentes externos (HADGRAFT, 2001). responsvel pela
termorregulao do organismo, devido s glndulas, aos vasos sangneos e ao
tecido adiposo que a compem; recebe informaes do meio ambiente, devido s
suas terminaes nervosas sensitivas e protege o organismo contra os raios
ultravioleta, devido produo do pigmento melanina. Na pele, tambm formada a
vitamina D3, pela ao da radiao ultravioleta sobre os precursores encontrados no
organismo e os adquiridos, principalmente, na dieta alimentar (JUNQUEIRA &
CARNEIRO, 2004; SHAH & MAIBACH, 1993).
Este rgo pode ser considerado como uma membrana heterognea, uma
vez que possui vrias camadas, cada uma com tipos particulares de clulas e,
conseqentemente, funes diferentes (HADGRAFT, 2001). Possui uma camada de
origem ectodrmica, a epiderme, e outra de origem mesodrmica, a derme.
Dependendo da espessura da epiderme, distingue-se a pele espessa, encontrada na
palma da mo e planta dos ps, e a pele fina, que recobre o restante do corpo. A
pele apresenta ainda algumas estruturas anexas, que so os plos, unhas,
glndulas sudorparas e sebceas (GARTNER & HIATT, 1999; JUNQUEIRA &
CARNEIRO, 2004). A Figura 1 apresenta as principais estruturas da pele (BRASIL,
2008).
A derme formada pelo tecido conjuntivo e une a pele ao tecido celular
subcutneo. Na derme, encontram-se os nervos e os vasos sangneos e linfticos.
Apresenta fibrilas de colgeno e fibras elsticas, responsveis em parte pela
elasticidade da pele. Possui duas camadas, a papilar, mais superficial, e a reticular,
mais profunda. A camada papilar constituda por tecido conjuntivo frouxo que
forma as papilas drmicas, que so reentrncias da derme na epiderme. A camada
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27
Figura 1. Estrutura esquemtica dos principais componentes da pele (BRASIL, 2008).
reticular constituda por tecido conjuntivo denso e mais espessa (JUNQUEIRA &
CARNEIRO, 2004).
A epiderme constituda por epitlio pavimentoso estratificado. Apresenta
quatro tipos de clulas: os queratincitos, os melancitos, as clulas de Langerhans
e as de Merckel, sendo os queratincitos as clulas mais numerosas (GARTNER &
HIATT, 1999; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004).
Os melancitos se encontram entre os queratincitos da camada basal e so
responsveis pela sntese da melanina, pigmento que resulta na cor da pele. As
clulas de Langerhans localizam-se em toda extenso da epiderme e tm origem na
medula ssea, transportadas at a pele pela circulao sangnea. So capazes de
captar antgenos, process-los e apresent-los aos linfcitos T, sendo, portanto,
importantes para as reaes imunes cutneas. As clulas de Merckel existem em
maior quantidade na pele espessa, localizam-se na parte profunda da epiderme,
apoiadas na membrana basal e presas aos queratincitos por desmossomos.
Funcionam como mecano-receptores, enviando informaes sensitivas para o
sistema nervoso central (BAREL et al., 2001; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004)
A espessura da epiderme varia, podendo chegar a 1,5 mm na pele espessa.
A epiderme possui cinco camadas (ou estratos), sendo que na pele fina as camadas
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granulosa e lcida podem estar ausentes. A camada basal rica em clulas-tronco,
tambm chamada de camada germinativa. responsvel, juntamente com a
camada espinhosa, pela constante renovao da epiderme. A camada espinhosa
apresenta clulas-tronco e clulas cubides ligeiramente achatadas com filamentos
de queratina unidas por desmossomos, importantes na coeso entre as clulas,
fornecendo resistncia ao atrito. Na camada granulosa, as clulas passam ao
formato poligonal achatado e apresentam grnulos lamelares, que, juntamente com
o contedo lipdico, contribui para a formao de uma barreira contra a penetrao
de substncias e torna a pele impermevel gua, impedindo a desidratao. A
camada lcida, por sua vez, formada por clulas mais achatadas, com numerosos
filamentos de queratina, e mais evidente na pele espessa. Finalmente, a camada
crnea possui espessura varivel, formada por clulas mortas, achatadas e sem
ncleo, com citoplasma repleto de queratina (BAREL et al., 2001; JUNQUEIRA &
CARNEIRO, 2004). A Figura 2 apresenta as camadas da epiderme
(UNIVERSIDADE DE SO PAULO, 2007).
Figura 2. Estrutura esquemtica das principais camadas (estratos) da epiderme (UNIVERSIDADE DE SO PAULO, 2007)
Destas camadas, destaca-se o estrato crneo, camada mais externa,
diretamente relacionada funo de barreira penetrao de agentes externos no
organismo. Os trabalhos relacionados penetrao de substncias no organismo
atravs da pele tm como foco principal a investigao das propriedades do estrato
crneo (HADGRAFT, 2001, BAREL et al., 2001).
Na camada crnea, a pele possui fatores de hidratao natural (NMF) que
participam do manto hidrolipdico e possuem carter higroscpico. Dentre esses,
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temos aminocidos e seus derivados, cido lctico, uria e acares. Estes
compostos atuam na umectao e hidratao da camada crnea, pois absorvem a
umidade presente na atmosfera e dissolvem a prpria gua de hidratao, produzida
na pele (RAWLINGS, 2004).
1.2 Hidratao da pele
A gua um dos principais constituintes da epiderme. A hidratao da
epiderme est diretamente relacionada flexibilidade da pele e aos processos de
renovao (descamao). Portanto, a hidratao um fator determinante na
aparncia saudvel da pele (BAREL et al., 2001).
A epiderme constantemente suprida de gua pela camadas inferiores, ao
mesmo tempo em que este fornecimento gradualmente perdido para atmosfera,
por evapo-transpirao. Alm da gua, outro importante componente da epiderme
uma mistura de substncias higroscpicas denominadas NMF (Natural Moisturizing
Factor fator de hidratao natural), que constituem at 10% do peso seco dos
cornecitos e se apresenta como um filme fino, de espessura variada. Entre os
componentes no NMF, destacam-se aminocidos, cidos carboxlicos (PCAs),
lactatos, carboidratos e uria. O NMF formado a partir de protenas de camadas
inferiores da pele e sua produo regulada conforme a hidratao do estrato
crneo. A funo bsica do NMF elevar o contedo de gua na epiderme e
retardar sua perda para o ambiente (BAREL et al., 2001; MAGALHES, 2000).
Os produtos cosmticos que visam aumentar a hidratao superficial da pele,
potencializando a ao promovida pelo NMF, empregam umectantes, emolientes e
oclusivos na formulao e atuam exclusivamente no estrato crneo. As substncias
umectantes promovem reteno de gua pela camada crnea, atuando
superficialmente, enquanto as oclusivas diminuem a perda de gua para o ambiente.
As emolientes possuem ao oclusiva complementar, contribuindo tambm para a
hidratao da camada crnea. Devemos considerar tambm as substncias de ao
hidratante profunda, que atuam de dentro para fora, com ao complementar aos
umectantes. Qualquer que seja a natureza da pele, recomendvel a aplicao dos
agentes promotores de hidratao ao menos duas vezes ao dia (POUCHER, 1991;
RAWLINGS & HARDING, 2004).
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30
Dentre as substncias umectantes, os mais utilizados so os glicis, como
glicerina, propilenoglicol e butilenoglicol; as protenas, os aminocidos, peptdeos e
polissacardeos. Como hidratantes, pode-se citar a uria, lactatos, fatores de
hidratao natural e hialuronatos. Os agentes oclusivos, como a vaselina, formam
uma camada sobre a superfcie da pele e retardam a perda de gua. Os emolientes
so leos e lpides que espalham facilmente na pele e provocam ocluso parcial e
uma melhor aparncia da pele, com sensao de maciez. Os mais utilizados so os
estearatos e a lanolina (RAWLINGS & HARDING, 2004).
As tecnologias cosmticas para hidratao variam os tipos e as
concentraes dos agentes umectantes, hidratantes, emolientes e oclusivos e assim
diferem nos seus efeitos. (RAWLINGS & HARDING, 2004).
1.3 Elasticidade da pele
A pele freqentemente submetida a agresses do ambiente externo como
choques, traes e esmagamentos. Ela deve aliviar esses efeitos, preservando sua
integridade e dos demais tecidos (PEYREFITTE et al., 1998).
Todas as camadas da pele, inclusive o tecido subcutneo e a derme, tm
funes e componentes que conferem a sua resistncia trao (PEYREFITTE et
al., 1998). A elastina um componente natural da derme responsvel por promover
o retorno da pele sua configurao inicial aps a trao (DRAELOS, 1999).
No entanto, na epiderme que a pele possui a principal estrutura de
resistncia s agresses mecnicas do ambiente a camada crnea. Quanto mais
esta distendida, maior a resistncia da pele. No entanto, caso a extenso
ultrapasse a ordem de 5% , a elasticidade comea a desaparecer e as marcas da
agresso passam a ser definitivas ou, at mesmo, atingem um ponto de ruptura
(PEYREFITTE et al., 1998).
Vrios fatores interferem na perda elasticidade da pele. medida que a idade
avana, a rede formada pelas fibras de elastina da derme torna-se mais compacta,
diminuindo a capacidade de extenso da pele (SCOTTI e VELASCO, 2003). Alm
disso, a hidratao determinante na extensibilidade da epiderme, sendo que ela se
torna 10 vezes mais extensvel quando a hidratao ultrapassa valores 40%
superiores aos valores usuais (PEYREFITTE et al., 1998).
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31
Portanto, formulaes que promovem hidratao por meio da ocluso,
quando ocorre a formao de barreira sobre a pele para impedir a perda e gua
transepidrmica; umectao, que absorvem gua do ambiente, ou hidratao ativa,
quando as substncias so absorvidas pela pele e promovem hidratao intrnseca,
tendem a promover melhora na elasticidade do tecido cutneo (SCOTTI e
VELASCO, 2003).
2 MSCARAS FACIAIS 2.1 Histria
Desde a Antiguidade existem relatos do uso de mscaras faciais como
formulaes de uso tpico, em funo da propriedades atribudas a alguns tipos de
argila (WILKINSON MOORE, 1982).
No Egito Antigo, as mulheres utilizavam estas preparaes e as gregas
empregavam a argila da ilha de Lemnos em sua higienizao rotineira. No incio da
era Crist, o poeta Ovdio descreve na sua obra Arte de Amar o emprego de
diferentes preparaes de lamas impregnadas de mel, ovos e bulbos de plantas em
procedimentos de beleza. No perodo do Renascimento italiano, as mulheres
aplicavam o liccio no rosto, mscara base de sais de mercrio, com o intuito de
promover o clareamento da pele. Finalmente, no sculo XIX, surgiram as primeiras
formulaes de acordo com o conceito atual, ou seja, utilizando matrias-primas
como caolim, argilas e as demais, ainda presentes nos produtos atuais (MARTINE et
al., 1995).
O atual interesse no desenvolvimento de formulaes de mscaras faciais
atribudo aos vrios efeitos propostos pelos produtos, como limpeza profunda,
estimulante, tonificante, adstringente, hidratante e tensora (POUCHER, 1991).
2.2 Mercado atual
Existem poucos dados do mercado sobre as mscaras faciais. Estas
formulaes so amplamente empregadas nas clnicas de esttica em etapas finais
dos tratamentos de beleza, mas seu emprego no cotidiano tem aumentado
gradativamente devido os efeitos benficos do produto. As informaes disponveis
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32
demonstram a utilizao destas preparaes por uma porcentagem significativa da
populao feminina, com nmeros variando de 14 a 25%. Estes dados indicam
tambm o crescimento na utilizao de mscaras em gel contendo lcool e poliis,
alm da crescente utilizao das frmulas promotoras de peeling, envolvendo a
descamao das camadas superficiais da pele (DeNAVERRE, 1975).
A COLIPA, associao europia que representa os interesses da indstria
cosmtica e de perfumaria na Unio Europia, estabeleceu no Cosmetic Frame
Formulations Guideline (Guia de frmulas estruturais dos cosmticos) informaes a
respeito dos componentes e suas concentraes mximas presentes nas
formulaes dos cosmticos comercializados no continente atualmente. O objetivo
principal foi fornecer informaes que seriam teis aos centros de atendimento
mdico, em caso de emergncias relacionadas intoxicao pelo uso dos
cosmticos, direcionando o tratamento. A relao compreende os vrios tipos de
produtos, entre eles os destinados ao tratamento da pele, cabelos, barba,
perfumaria, maquiagem e produtos infantis. Estas frmulas, alm da aplicao nos
tratamentos por intoxicao e reaes de hipersensibilidade, podem ser utilizadas
como informativo sobre a composio das preparaes comercializadas no mercado
europeu, na atualidade. O Quadro 1 apresenta a composio geral de uma mscara
facial, com o limite mximo de seus componentes na frmula, comercializada
atualmente no mercado europeu (COLIPA, 2008).
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33
FRMULA GERAL DE MSCARA FACIAL
COMPONENTES CONCENTRAO MXIMA (% p/p)
Ceras (ex. cera branca), leos (minerais e vegetais) e gorduras 90
Agentes controladores da viscosidade (ex. bentonita, carbmero,
celulose) 60
Umectantes (ex: glicerina, propilenoglicol) 40
Agentes suspensores (ex: amido, xido e zinco, caolim) 30
Tensoativos e emulsificantes (ex: estearato de glicerila, lauril sulfato
de sdio) 25
Etanol (ex: lcool, lcool desnaturado) 20
Componentes adicionais (ex: extratos de plantas, filtros UV,
antioxidantes) 5
Emolientes (ex: miristato de isopropila) 5
Conservantes 2
Essncia 1
Corantes 1
Agentes quelantes 0,5
gua q.s.p. 100
Quadro 1. Composio geral de mscara facial usualmente comercializada no mercado europeu (COLIPA, 2008).
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34
2.3 Usos e classificao
As formulaes de mscaras faciais, para que possuam desempenho
adequado e aceitabilidade no mercado, devem atender aos seguintes requisitos:
suavidade na aplicao (sem grumos ou partculas); secagem rpida (entre 10 e 30
minutos) e formao de pelcula aderente sobre a pele; remoo fcil, sem causar
dor ou desconforto; sensao de maciez e limpeza sobre a pele; e no devem
provocar reao sensibilizante (BONADEO, 1982; CHARLET, 1996; MARTINE et al.,
1995; WILKINSON MOORE, 1982). So cosmticos aos quais so atribudos
efeitos similares s emulses hidratantes, mas apresentam o efeito de forma mais
pronunciada e em menos tempo (BONADEO, 1982). Devido a este efeito intenso, as
mscaras faciais no devem ser utilizadas diariamente, como as demais
formulaes promotoras de hidratao, entre elas gis e emulses, que devem ter
aplicao diria (CHARLET, 1996).
As mscaras faciais podem ser classificadas conforme sua aplicao ou
composio, que se completam quanto s informaes (DRAELOS, 1999; MARTINE
et al., 1995). A classificao das mscaras faciais conforme sua aplicao est
descrita no Quadro 2 (BONADEO, 1982; CHARLET, 1996; MARTINE et al., 1995) e de acordo com sua composio est descrita no Quadro 3 (DRAELOS, 1999).
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Caractersticas
Tipos de mscaras faciais
Mscaras de aplicao a frio Mscaras autotrmicas
Mscaras formadoras de
filme de aplicao a quente
Cremes Argilosas Gel Formadoras de filme (peel off) Gelificantes a frio Gesso Ltex
Com
posi
o
prin
cipa
l
Alginatos, acrilatos, umectantes, extratos
vegetais
Bentonita, caolim, silicatos, lamas
termais ou marinhas, adstringentes, umectantes
Gelatina, gomas, resinas acrlicas
Polmeros formadores de filme (lcool
polivinlico, gomas, ltex), substncias
ativas, plastificantes
Gelatina, gomas, resinas acrlicas (a
gelificao feita no momento da aplicao)
Sulfato de clcio Ltex, cera de
abelhas, xido de titnio e de zinco
Indi
ca
o
todos os tipos de pele Principalmente para peles oleosas
todos os tipos de pele, principalmente desidratadas, devido
ocluso
Peles desidratadas (ao oclusiva) e
envelhecidas (efeito tensor)
todos os tipos de pele, principalmente desidratadas, devido
ocluso
A mistura gesso/gua
promove aumento de temperatura,
facilita absoro de substncias.
Oclusiva
Todos os tipos de pele, exceto
indivduos com problemas vasculares
Efe
ito
espe
rado
Hidratao ou conforme substncia
adicionada (anti-rugas, clareador, etc)
Adstringncia
Hidratao ou conforme substncia
adicionada (anti-rugas, clareador, etc)
Hidratao, efeito tensor ou conforme
substncia ativa adicionada.
Hidratao ou conforme substncia
adicionada (anti-rugas, clareador, etc)
Hidratao ou conforme
substncia ativa adicionada
Vasodilatador (facilita absoro de substncias) e
oclusivo (hidratao)
Tem
po d
e ap
lica
o
(min
)
10 a 15 10 a 20 10 a 20 10 a 20 10 a 20 20 a 30 10 a 20
Ret
irada
Utilizando lenos umedecidos ou
esponjas
Utilizando lenos umedecidos ou
esponjas
Utilizando lenos umedecidos ou
esponjas
Remoo mecnica, sem resduos
Utilizando lenos umedecidos ou
esponjas
Remoo mecnica, sem
resduos
Remoo mecnica, sem
resduos
Quadro 2. Classificao das mscaras faciais conforme sua aplicao (BONADEO, 1982; CHARLET, 1996; MARTINE et al., 1995).
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36
Caractersticas
Classificao das mscaras faciais conforme composio
base de cera base de vinil ou borracha Hidrocolides base de argila
Composio principal Cera de abelha ou parafina Ltex, lcool polivinlico ou acetato de polivinila Gomas, umectantes, aveia
(fornecidas a seco) Bentonita, caulim, xido de
zinco, cido saliclico
Indicao Peles secas Todos os tipos de pele Todos os tipos de pele Pele oleosa
Efeitos esperados Relaxante e hidratao (ocluso)
Refrescante (evaporao do veculo), tensor e hidratante (ocluso)
Tensor e hidratante (ocluso) Adstringente
Quadro 3. Classificao das mscaras faciais conforme sua composio (DRAELOS, 1999).
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2.4 Mscaras faciais peel off
As preparaes compostas em resinas vinlicas (mscaras peel off) so
constitudas por lcool polivinlico (PVA) ou acetato de polivinila, utilizados como
formadores de filme (WILKINSON MOORE, 1982). Alm disso, estas formulaes
geralmente contm plastificantes, umectantes, conservantes, tensoativos,
fragrncias, corantes e, conforme o propsito, substncias ativas.
Os plastificantes mais utilizados nas formulaes de mscaras faciais peel off
so os glicis, destacando-se a glicerina, o propilenoglicol e o butilenoglicol. Esses
componentes atuam conjuntamente com os formadores de pelcula (lcool
polivinlico), evitando a formao de um filme quebradio, o que dificultaria sua
retirada (FAZENDA, 1993). Alm disso, atuam como umectantes da formulao,
evitando a perda de gua para o ambiente. Ao butilenoglicol so tambm atribudas
funes de retardar a perda da fragrncia e atuar como conservante, evitando
contaminao microbiana (BAREL et al., 2001).
O uso de tensoativos neste tipo de formulao tem a funo de dispersar as
essncias e outros componentes lipoflicos, uma vez que a base da mscara facial
peel off hidroflica. A utilizao de um tensoativo tambm evita possveis irritaes
na retirada da mscara, promovendo a retirada suave aps a secagem do produto
na face, requisito fundamental para a adeso dos usurios ao tratamento
(WILKINSON MOORE, 1982). Os demais componentes exercem as mesmas
funes consagradas em outras preparaes cosmticas.
A mscara peel off ocasiona ocluso e ao tensora aps a secagem. A pele
torna-se mais suave ao toque e, caso alguma substncia ativa seja adicionada
formulao, esta ao pode ser acentuada (BABY et al., 2004; DeNAVERRE, 1975).
A principal vantagem deste tipo de formulao est relacionada com a facilidade de
sua remoo completa aps a formao do filme, sem deixar resduos na pele
(DeNAVERRE, 1975). Esta caracterstica torna a mscara facial peel off uma das
preparaes mais indicadas para uso domstico (DRAELOS, 1999). So tambm
adequadas para peles sensveis, desidratadas e envelhecidas (POUCHER, 1991).
Embora no existam estudos disponveis, so importantes os trabalhos para
confirmar a ao hidratante por meio de ocluso das mscaras peel off, ou mesmo o
efeito tensor, atribudo ao uso destas formulaes.
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A Figura 3 apresenta as fotografias de mscaras faciais peel off aps
secagem, no momento da remoo mecnica da formulao da face (PARIS. CLUB DES CRATEURS DE BEAUT, 2008).
Figura 3. Remoo mecnica de mscaras faciais peel off, aps secagem (PARIS. CLUB DES CRATEURS DE BEAUT, 2008).
2.5 Substncias ativas utilizadas nas mscaras faciais
Substncias ativas so componentes encontrados em diversas formulaes
de mscaras faciais disponveis no mercado (DeNAVERRE, 1975).
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39
A ao destas substncias ocorre no perodo de tempo de secagem do
produto e sua utilizao apresenta uso definido conforme os tipos de pele. Para
formulaes destinadas pele acnica, so adicionados perxido de benzola (5 a
10%), extrato de hamamlis, extrato de prpolis, extrato de camomila, enxofre,
mentol e cnfora. Para pele oleosa, so incorporadas s mscaras faciais
substncias como hamamlis, cloridrxido de alumnio e mentol. Para peles secas,
so utilizados uria e alantona. Outras substncias so amplamente utilizadas e,
dentre elas, destacam-se azuleno, triclosano, sais de amnio quaternrio, enzimas
proteolticas, aminocidos, calamina, sais adstringentes, vitaminas do complexo B e
vitamina E (DeNAVERRE, 1975; MAGALHES, 2000).
importante ressaltar que no h estudos disponveis na literatura a respeito
da eficcia de substncias ativas adicionadas s formulaes de mscaras faciais.
3 LCOOL POLIVINLICO (PVA)
O lcool polivinlico (PVA) a resina sinttica produzida em maior volume no
mundo, na ordem centenas de toneladas ao ano. Existem cerca de 10 marcas
registradas de PVA produzidas por empresas qumicas situadas na Alemanha,
Espanha, Eslovquia, Itlia, Estados Unidos, Japo e China (CHIELLINI et al.,
2003).
A obteno do PVA dada a partir de uma reao radicalar, promovendo a
polimerizao do acetato de vinila em acetato de polivinila, com posterior hidrlise
induzida por metanol metanlise (ARANHA & LUCAS, 2001; CHIELLINI et al.,
2003). O peso molecular da cadeia polimrica controlado pelo tempo de
permanncia do polmero no reator, taxa de alimentao de acetato de polivinila,
quantidade de solvente (metanol), concentrao do radical iniciador da reao e
temperatura em que a reao ocorre. O grau de hidrlise do PVA tambm
controlado pelo tempo de permanncia no reator, concentrao do catalisador e
temperatura (CHIELLINI et al., 2003).
As propriedades bsicas do PVA dependem dos graus de polimerizao e
hidrlise (ARANHA & LUCAS, 2001). O PVA estvel a temperaturas de at 150 C
(CHIELLINI et al., 2003). A Figura 4 representa a frmula estrutural do polmero, onde o valor de n (unidades vinlicas) pode variar de 500 a 5000 (MANTINDALE,
1989).
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40
Figura 4. Frmula estrutural do lcool polivinlico (PVA), onde n varia de 500 a 5000 (grau de polimerizao) (MARTINDALE, 1989).
O PVA apresenta-se como p branco-amarelado ou em grnulos translcidos,
solvel em gua, atxico para os seres humanos, e biodegradvel, sendo
largamente utilizado na indstria como estabilizante, formador de filmes, adesivo e
tensoativo no-inico (KUMAR et al., 2007; LYOO et al., 2002). Na rea de
biomdica, utilizado na fabricao de lentes e no desenvolvimento de sistemas de
liberao prolongada de frmacos e bio/nano-materiais (ARANHA & LUCAS, 2001;
KUMAR et al., 2007; LYOO et al., 2002). Na rea cosmtica, polmeros como o
lcool polivinlico so utilizados como agentes de disperso, agentes formadores de
filme ou espessantes (LIU & HOFFMANN, 2004).
Utilizado como agente de permeao cutnea, a eficcia do PVA est
relacionada ligao cruzada do polmero com outros agentes, como o cloreto de
succinila, formando hidrogis que podem ser utilizados como veculos para
princpios ativos. O PVA pode aumentar a solubilidade de substncias ativas de
natureza hidroflica e aumentar a sua permeao, provavelmente pela interao do
polmero com o estrato crneo na pele (ORIENTI et al., 2000).
NOKHODCHI et al. (2006) produziram micropartculas de etilcelulose
contendo perxido de benzola, utilizando o lcool polivinlico como agente
emulsificante, com o objetivo de diminuir a irritao causada pelo frmaco no
tratamento de patologias cutneas, como a acne, atravs da liberao prolongada
da substncia. Observou-se que a presena do agente emulsificante determinante
na formao das microesponjas, designaes aos poros na superfcie das
micropartculas, formadas devido difuso do solvente. A formao de
microesponjas interfere no perfil de liberao do princpio ativo.
Desta forma, alm das suas funes usuais como componente de
formulaes de uso tpico, o PVA surge como uma substncia potencial para uso
O H
n
-
41
como carreador de princpios ativos em produtos cosmticos, uma vez que pode
interferir na liberao destes compostos para a epiderme.
4 EXTRATO DE SOJA
A partir dos anos 80, a crescente demanda do mercado cosmtico por
produtos mais efetivos impulsionou a indstria na busca de novas substncias
ativas. Neste contexto, o extrato de soja, rico em componentes como isoflavonas e
protenas, surgiu como candidato a componente de formulaes que promovem
ao antioxidante e/ou hidratante (BAUMANN & LAZARUS, 2001; LUPO, 2001).
A soja um gro que possui 40% de protenas, 20% de lipdios (leo), 5% de
minerais e 34% de carboidratos (glicose, frutose e sacarose, fibras e oligosacardeos
rafinose e estaquiose). Cada 100 ml de extrato de soja, tambm conhecido como
leite de soja, contm 2,5% de carboidratos, 3,4% de protenas, 2,3% de lipdios,
40mg de clcio, 105 mg de potssio e 1,2 mg de ferro, 40 mg de vitamina B1 e 120
mg de vitamina B2 (EMBRAPA SOJA, 2007).
As isoflavonas so fitoestrgenos e podem ser encontrados em
concentraes elevadas na soja. Os fitoestrgenos so conhecidos por suas
atividades estrognica, anticarcinognica, antiviral, antifngica, antiosteoporose e
antioxidante. As isoflavonas exercem efeito antioxidante por possurem a
capacidade de doar um hidrognio aos radicais livres derivados do oxignio, pela
complexao com metais, que possuem atividade de oxidao e reduo, e pela
inibio das lipooxigenases. A soja e produtos derivados so fontes importantes de
isoflavonas, sendo as principais a glicitena, genistena e daidzena, que exercem
ao antioxidante (PRAKASH et al., 2007).
As isoflavonas esto presentes na soja em quatro formas qumicas. As
estruturas agliconas da daidzena, glicitena e genistena podem ser conjugadas
para formar derivados malonil-, acetil- e -glicosdeo. As diferenas estruturais entre
as formas das isoflavonas resultam em biodisponibilidade varivel em sistemas
biolgicos. Alm disso, as isoflavonas agliconas que so biologicamente ativas,
pois atuam em receptores estrognicos e so mais facilmente absorvidas que as
formas glicosdicas em humanos (CHIEN et al., 2006). As isoflavonas agliconas de
soja, principalmente a genistena e a daidzena, representam 2 a 3% do total de
-
42
isoflavonas contidas na soja. A maior parte se encontra na forma de glicosdeos
(MIYAZAKI et al., 2002).
A converso das formas glicosdicas para as formas de agliconas pode ser
dada por duas vias. Ao ingerir a soja, as formas glicosdicas podem ser convertidas
a agliconas pela ao da enzima -glucosidase, presente no intestino (MIYAZAKI et
al., 2002). Da mesma forma, o leite de soja submetido ao processo de fermentao
por Bifidobacterium animale possui maior concentrao de isoflavonas na forma de
agliconas (OTIENO et al., 2006). Isso ocorre devido atividade -glucosidase do
microorganismo no substrato, provocando a converso das formas isoflavonides
malonil, acetil e glicosdeo em aglicona (CHIEN, 2006).
MIYAZAKI et al. (2002) verificaram a influncia da genistena, daidzena e
suas formas glicosdeas na produo de cido hialurnico (HA) em culturas de
queratincitos humanos e em camundongos sem plo. Somente as formas agliconas
apresentaram efeito significativo no estmulo da sntese de HA, tanto in vitro quanto
in vivo.
O crescente interesse da incorporao do extrato de soja fermentado em
formulaes de uso tpico baseado nos vrios estudos relacionados atividade
antioxidante das isoflavonas que compem o extrato (WEI, 1998). No entanto,
estudos que comprovam a eficcia do extrato de soja fermentado como hidratante
so escassos. Atualmente, muitas empresas de produtos cosmticos incorporam o
extrato em formulaes hidratantes de preo elevado. Apesar de se tratar de uma
grande promessa como agente promotor de hidratao da pele, isso torna
necessrio o estudo dos efeitos do extrato na epiderme (BAUMANN & LAZARUS,
2001).
5 ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMTICOS
Os estudos de estabilidade de uma formulao cosmtica tem o objetivo de
predizer as possveis alteraes fsicas, fsico-qumicas, qumicas e microbiolgicas
que podem ocorrer com a preparao desde sua fabricao at o trmino do seu
prazo de validade. Estas alteraes podem ser provocadas por fatores extrnsecos e
intrnsecos. Os primeiros envolvem temperatura, luz, oxignio, umidade, reaes
com material de acondicionamento primrio, degradao por microrganismos e
vibraes ocasionadas por transporte inadequado. Dentre os fatores intrnsecos,
-
43
ocasionados pela prpria incompatibilidade dos componentes entre si ou com as
caractersticas fsicas da preparao e/ou do material de acondicionamento,
destacam-se a variao do valor de pH, a incompatibilidade fsica, reaes de xido-
reduo e reaes de hidrlise (AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA,
2004).
Alm de permitir a avaliao do desempenho, segurana e eficcia do
produto cosmtico, o estudo de estabilidade orienta o desenvolvimento das
formulaes cosmticas, direcionando aos materiais de acondicionamento mais
apropriados formulao e fornecendo informaes para aperfeioamento das
formulaes em casos de manifestaes de instabilidade e/ou incompatibilidade
entre componentes (AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA, 2004).
Para que o teste de estabilidade seja significativo, importante estabelecer as
variveis que sero avaliadas, definindo os critrios de aceitao e/ou os mtodos
aptos a mensurar as variaes destes atributos ao longo do tempo. A definio dos
testes a serem avaliados so de responsabilidade e critrio do analista, uma vez que
cada formulao possui suas caractersticas particulares. Estes critrios devem levar
em considerao, tambm, as principais caractersticas do produto analisado, pois
so estes atributos que devem permanecer inalterados ou alterados de forma que
no comprometam o desempenho e a apresentao das preparaes (BAREL et al.,
2001).
A realizao do estudo de estabilidade importante desde o desenvolvimento
das formulaes, em laboratrio, at a fabricao dos lotes-piloto e dos primeiros
lotes industriais. Alm disso, o estudo deve ser novamente conduzido em caso de
alteraes nos componentes da formulao, material de acondicionamento,
processos de fabricao e equipamentos, uma vez que tais alteraes podem
modificar completamente as caractersticas da formulao (AGNCIA NACIONAL
DE VIGILNCIA SANITRIA, 2004).
Os estudos de estabilidade devem ser conduzidos no menor tempo possvel,
em condies que acelerem a manifestao dos processos de instabilidade, mas
que no sejam to extremas ao ponto que provoquem reaes que no ocorreriam
nem mesmo no tempo de prateleira do produto. Esta sistemtica permite concluses
sobre a estabilidade do produto e uma avaliao gradativa dos processos de
instabilidade. Assim, recomenda-se, seqencialmente, a conduo dos Testes de
Estabilidade Preliminar, caracterizada por uma triagem das formulaes bsicas, em
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44
condies mais adversas que os demais testes, o que permite a seleo das
formulaes de melhor desempenho; os Testes de Estabilidade Acelerada, que
permitem uma previso das possveis manifestaes de instabilidade da formulao
no mercado e a determinao do provvel prazo de validade do produto; e,
finalmente, os Testes de Estabilidade Normal, Longa Durao ou Shelf-life (tempo
de prateleira), que permitem avaliar as variaes nas caractersticas da formulao
em condies normais do mercado durante todo o prazo de validade do produto,
validando-o (AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA, 2004).
As variaes e as manifestaes observadas durante um estudo de
estabilidade podem no ocorrer com os produtos em condies de uso (shelf life).
Neste sentido, o estudo de estabilidade uma ferramenta para triagem do todas as
possveis manifestaes de estabilidade de uma formulao, mesmo que elas nunca
ocorram nas condies de uso do produto, prevenindo os analistas das
manifestaes possveis e garantindo uma triagem minuciosa das caractersticas e
possveis alteraes a que o produto est sujeito antes que seja liberado para o
consumidor (BAREL et al., 2001; AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA
SANITRIA, 2004).
6 AVALIAO INSTRUMENTAL
A aplicao de um produto cosmtico sobre a pele pode promover efeitos
negativos ou positivos. Desta maneira, importante definir procedimentos e mtodos
experimentais que sejam capazes de determinar a extenso destas alteraes.
A avaliao da eficcia de produtos cosmticos pode ser realizada in vitro
(fase pr-clnica), como os estudos em membranas celulares isoladas. Estudos de
absoro percutnea e de toxicidade esto entre os mais comuns testes in vitro.
Apesar de serem estudos mais dinmicos, pois permitem a triagem de vrias
substncias simultaneamente, eles no avaliam o impacto das substncias no
organismo como um todo, sendo necessrio, em algumas ocasies, mais de um
teste pr-clnico para que seja realizada a equivalncia dos resultados com o estudo
in vivo (AUBIN, 1994; MAJMUDAR & SMITH, 1998).
A fase clnica, que envolve a avaliao em seres humanos, fornece
resultados mais conclusivos a respeito do desempenho do produto, mas s pode
ser realizada caso sejam seguidas as normas estabelecidas pelos comits de tica
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45
em pesquisa. A partir da, a comprovao da eficcia pode ser determinada por
anlises subjetivas (como as avaliaes sensoriais) ou objetivas, utilizando
instrumentos e equipamentos especficos (SOUZA, 2000). Existem muitos mtodos para avaliar eficcia de produtos cosmticos.
Parmetros relevantes incluem aspectos sensoriais, efeito percebido, aparncia
visual e integridade da pele. O mtodo a ser utilizado depende dos objetivos da
avaliao e geralmente os ensaios clnicos utilizam vrias metodologias
simultaneamente. Na eficcia percebida, muito utilizada quando existem muitos
sujeitos de estudo (n>100), geralmente o consumidor aplica o produto em casa com
freqncia e perodo de tempo determinados e preenche questionrios
periodicamente. A avaliao pessoal importante tambm para correlacionar os
benefcios percebidos com aqueles mensurveis por equipamentos especficos
(RAWLINGS & HARDING, 2004).
As tcnicas para avaliar a eficcia podem ser visuais, como na fotografia, na
videomicroscopia, na observao visual por especialista ou na auto-avaliao
subjetiva. Podem ser mais especficas como na avaliao da hidratao por
higrmetros (medidas de capacitncia e condutncia) e por espectroscopia
(acstica, infra-vermelho, ressonncia magntica nuclear). Para avaliar a funo de
barreira da pele, pode-se medir a perda de gua transepidrmica (TEWL) e para
avaliar a elasticidade, existem algumas tcnicas biomecnicas, como o ballistometer,
o dermal torque meter e o pinch recoil (RAWLINGS & HARDING, 2004).
A durao dos testes de eficcia pode variar desde um dia, caracterizando os
estudos de cintica de avaliao, com aplicao nica do produto, at vrias
semanas, com vrias aplicaes em tempos determinados (RAWLINGS &
HARDING, 2004).
6.1 Corneometria
importante a presena de gua no estrato crneo para conferir maciez,
flexibilidade e aspecto saudvel pele. Portanto, a determinao in vivo do grau de
hidratao do estrato crneo est relacionada no somente com a aparncia
esttica da epiderme, mas tambm com a identificao de patologias, grau de
envelhecimento da pele e, principalmente, a verificao da eficcia de formulaes
com ao hidratante (BAREL & CLARYS, 1995).
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46
A corneometria baseia-se no princpio de um capacitor comum, que consiste
em duas placas metlicas eletricamente isoladas por vcuo, ar, vidro ou plstico
(dieltrico). Quando uma carga uniforme conduzida em um capacitor ideal, existe
excesso de eltrons na placa negativa e, conseqentemente, pequena quantidade
na placa positiva, condio que deve permanecer inalterada quando a fonte for
removida. Capacitncia a capacidade de armazenar carga eltrica. Como a carga
negativa atrai a positiva e vice-versa, cria-se um campo eltrico entre as cargas, o
que afeta as molculas do dieltrico. A placa positiva atrai os eltrons e a negativa,
os ncleos atmicos. Ocorre a polarizao de molculas inicialmente neutras, que
passam para plos opostos, positivos e negativos, o que permite ao capacitor
armazenar mais carga, aumentando sua capacidade. As caractersticas de cada
dieltrico influenciam o aumento de capacitncia pelo capacitor. A maior parte dos
materiais aumenta a capacitncia de um capacitor por um fator menor que 7, quando
comparado ao vcuo. Um fator de aumento de cerca de 81 observado quando o
dieltrico for a gua. Isso significa que a quantidade de gua na pele proporcional
capacitncia (BERARDESCA et al., 1995).
O Corneometer um equipamento que determina a variao do contedo de
gua no estrato crneo por meio de capacitncia em uma grande variedade de
condies patolgicas, fisiolgicas e/ou experimentais. Suas vantagens envolvem a
determinao da quantidade de gua com alta reprodutibilidade, em um curto
perodo de tempo cerca de 1 s. Alm disso, um equipamento econmico e de
fcil manuseio (BERARDESCA, 1995).
SERUP & OGOSHI (2005) realizaram as medidas de capacitncia na pele
sob condies normais utilizando trs equipamentos Corneometer, utilizando duas
unidades do modelo of CM820 e uma do modelo CM810. O objetivo foi verificar a
reprodutibilidade dos resultados obtidos entre os trs instrumentos. Os resultados
indicaram que as trs unidades apresentavam valores de capacitncia similares,
apresentando boa correlao entre si.
COUTEAU et al. (2006) analisaram diferentes formulaes produtos
hidratantes contendo uria. O objetivo foi comparar, realizando medidas de
capacitncia por meio do Corneometer CM825 em indivduos saudveis, a
influncia do efeito hidratante da uria, quando veiculada por diferentes formas
cosmticas, como gis e emulses leo em gua. As medidas obtidas indicaram que
gis de poliacrilamida associados a polissorbato 85 apresentaram capacidade
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47
hidratante mais elevada que algumas emulses, enquanto gis de
carboximetilcelulose apresentaram a menor capacidade de hidratao da pele
dentre as preparaes avaliadas.
SHIMIZU et al. (2005) avaliaram a hidratao, flexibilidade, espessura e perda
de gua transepidrmica em pacientes com ictiose congnita, distrbio que causa
desordens no processo de queratinizao, comprometendo a integridade do estrato
crneo. As medidas de hidratao do estrato crneo foram realizadas com o
Corneometer ASA-M2. Verificou-se que os voluntrios analisados apresentavam
hidratao reduzida do estrato crneo. Pde-se afirmar que, em conjunto com as
demais medidas, a determinao da hidratao do estrato crneo um fator
importante na determinao da severidade de ictiose congnita.
Portanto, a determinao da capacitncia da pele utilizando-se a
corneometria uma importante ferramenta na determinao de patologias do
tegumento bem como da eficcia de formulaes cosmticas hidratantes.
6.2 Determinao da perda de gua transepidrmica
Uma das funes da pele evitar a perda de gua do organismo para o
ambiente. Assim, a medida da perda de gua transepidrmica importante na
avaliao de patologias, fenmenos fisiolgicos e eficcia de tratamentos
dermatolgicos e cosmticos (BERARDESCA et al., 1995). A perda de gua
transepidrmica dependente da umidade relativa do ar, da integridade da barreira
cutnea, da temperatura e, inversamente, da espessura do estrato crneo. H trs
tcnicas para determinao da perda de gua transepidrmica (transepidrmica
water loss TEWL):
Mtodo da cmara fechada: avaliao da pele que no permite uma
avaliao contnua pois, uma vez que realizado em ambiente
fechado, a saturao do ar faz com que a perda de gua pela pele seja
interrompida.
Mtodo da cmara ventilada: a mistura de um gs com quantidade
definida de gua passa pela pele, em cmara fechada. A gua
interceptada por um higrmetro. Permite mensuraes contnuas, mas
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48
um gs muito seco pode induzir evaporao anormal da pele,
causando interferncia.
Mtodo da cmara aberta: mtodo realizado em aberto, sendo um
princpio largamente utilizado em equipamentos. Deve-se atentar para
o movimento do ar e umidade, que so interferentes do mtodo
(BERARDESCA et al., 1995).
O Tewameter TM 210 tem seu princpio baseado no mtodo da cmera
aberta. O equipamento possui um probe (dispositivo) que colocado sobre a pele do
voluntrio. O local de contato do probe com a pele um cilindro (10 mm de dimetro
e 20 mm de altura), dentro do qual esto o sensores de temperatura e umidade. A
configurao do probe, em formato cilndrico, tem o objetivo de impedir a
interferncia do ar e umidade atmosfricos e ele conectado a um equipamento que
decodifica os dados obtidos, convertendo-os em unidades arbitrrias de medida de
umidade (BERARDESCA et al., 1995).
FLUHR et al. (2005) avaliaram a alterao da permeabilidade da barreira
cutnea por meio da exposio de voluntrios irritao por lauril sulfato de sdio,
em concentraes variando de 0 a 5%, na tentativa de simular injrias provocadas
por xenobiticos no ambiente de trabalho. A permeabilidade da barreira cutnea foi
avaliada pela medida da perda de gua transepidrmica, utilizando o Tewameter
TM 210. Verificou-se, pelos resultados obtidos com o equipamento, o aumento
estatisticamente significativo da perda de gua transepidrmica cinco dias aps a
exposio ao agente, indicando alteraes nas propriedades da barreira do
tegumento.
Desta forma, a utilizao do mtodo de determinao da perda de gua
transepidrmica em cmara aberta til no entendimento de processos
fisiopatolgicos e na avaliao de desempenho de formulaes cosmticas.
6.3 Cutometria
A avaliao da elasticidade da pele importante na determinao de doenas
ou manifestaes relacionadas a processos como no envelhecimento cutneo.
Assim, a avaliao mecnica da elasticidade proporciona correlaes com
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49
processos bioqumicos e fisiolgicos que ocorrem na pele e em todo o organismo
(BERARDESCA et al., 1995).
Dados biomecnicos da pele so relativos tenso que exercida sobre o
rgo e como ele reage. Esta reao dada pelo estiramento. Aps o estiramento, a
pele no retorna imediatamente sua conformao original, mantendo-se
ligeiramente deformada, um fenmeno denominado histerese (BERARDESCA et al.,
1995). medida que a idade avana, a rede formada pelas fibras de elastina da
derme torna-se mais compacta, diminuindo a capacidade de extenso da pele, e
conseqentemente, sua capacidade de retorno configurao inicial aps ser
submetida a uma deformao (SCOTTI e VELASCO, 2003).
Os instrumentos utilizados em bioengenharia para determinao das
propriedades mecnicas da pele diferem bastante quanto forma como provocam a
deformao na pele. Conforme o dispositivo, empregada toro, elevao,
impresso, suco e/ou vibrao. As vantagens e desvantagens de cada processo
so variadas (BERARDESCA et al., 1995).
Equipamentos baseados em extenso tm seus resultados diretamente
relacionados ao ngulo aplicado no local de teste. Eles promovem toro e
abrangem uma extensa rea de teste, o que exclui locais de avaliao como a face,
dedos ou genitlias. Instrumentos baseados em elevao, suco ou vibrao no
possuem muitos impedimentos, mas so dependentes de estruturas prprias.
(BERARDESCA et al., 1995).
Nas avaliaes da elasticidade da pele, fatores biolgicos e comportamentais
como idade, fototipo, sexo, rea do corpo, espessura da pele, distrbios internos ou
da pele, cicatrizao ou cura de feridas, uso de medicamentos e cosmticos devem
ser levados em considerao na avaliao ou podem ser objetos da avaliao, uma
vez que esto relacionados aos processos bioqumicos e fisiolgicos da pele
(BERARDESCA et al., 1995).
O Cutometer um equipamento que, por meio de um probe (dispositivo),
aplica uma suco perpendicular na pele, empregando vcuo. No existem danos,
pois a rea aplicao do vcuo de cerca de 3 mm2. A Figura 5 apresenta uma
curva deformao (E) tempo, obtida com o equipamento.
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Figura 5. Deformao da pele avaliado por Cutometer SEM 575 (Courage and Khazaka)
(BERARDESCA et al., 1995, adaptada).
A Figura 5 representa a deformao da pele em resposta suco. A curva
composta de uma rpida deformao, seguida de uma parte de retrao do tecido,
retornando configurao inicial.
O valor de ma definido como a deformao imediata da pele ou
extensibilidade, mb como distenso retardada, M1 como deformao final ou extensibilidade mxima e (M1 M2) a retrao imediata. O valor de M2
considerado a deformao resultante em comparao com o valor inicial. O
programa do equipamento capta todos estes dados e os armazena em arquivo
eletrnico. A razo entre os valores prov significativos resultados biolgicos. A
razo (M1-M2)/M1 a taxa de retrao imediata deformao total, denominada elasticidade biolgica. Alm disso, considera-se que, se M1 decresce, a firmeza
cutnea aumenta, e vice-versa. De forma semelhante, se M2 decresce, a
elasticidade cutnea aumenta, e vice-versa (BERARDESCA et al., 1995, adaptada).
CUA el al (1990) avaliaram as alteraes das propriedades mecnicas em
funo do envelhecimento em 11 regies anatmicas de 33 voluntrios. Foram
aplicadas trs diferentes presses nos locais de avaliao. Verificou-se que a
elasticidade diminua com a idade, sem a observao de nenhuma diferena relativa
ao sexo entre as respostas biomecnicas.
OH et al (2002) avaliaram a variao na elasticidade da pele da face em
decorrncia de Diabetes mellitus em 96 pacientes com aparncia normal. O grupo
de pacientes apresentou diminuio significativa da elasticidade da pele, quando
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comparado ao grupo controle. Estes resultados reforam a teoria que os resultados
das avaliaes da pele esto diretamente relacionados s patologias do organismo.
Da mesma forma que as demais avaliaes instrumentais realizadas em
Bioengenharia, a Cutometria pode ser utilizada como ferramenta para elucidar
manifestaes do organismo ou comprovar a eficcia de substncias e formulaes
cosmticas na promoo de melhoria da elasticidade da pele.
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III OBJETIVOS
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O objetivo geral deste trabalho foi:
Desenvolver formulaes de mscaras faciais peel off e emulses leo em gua
contendo extrato de soja fermentado pelo Bifidobacterium animale, avaliando a
estabilidade acelerada e o efeito hidratante, tensor e na perda de gua
transepidrmica.
Os objetivos especficos deste trabalho foram:
Desenvolver e padronizar o mtodo de determinao do tempo de secagem in
vitro de mscaras faciais peel off;
Realizar os Estudos de Estabilidade Preliminar e Estabilidade Acelerada das
bases cosmticas e formulaes e selecionar a de melhor desempenho;
Avaliar o efeito hidratante, tensor e na perda de gua transepidrmica das bases
de mscara facial peel off e emulso leo em gua sem adio do extrato de soja
fermentado e adicionado deste componente ativo.
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IV MATERIAL E MTODOS
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1 MATERIAL
1.1 Reagentes (grau de pureza analtico, P.A.)
cido clordrico fumegante 37%, Merck;
Hidrxido de sdio, Merck.
1.2 Matrias-primas (grau de pureza farmacutico)
Acriloildimetiltaurato de amnio/Copolmero VP;
Adipato de dibutila;
lcool cetlico etoxilado e propoxilado;
lcool de cereais;
lcool polivinlico;
Base autoemulsionante;
Butilenoglicol;
Cera autoemulsificante no-inica;
Complexos conservantes
Dimetil dimetil hidantona / Iodo propinil butil carbamato;
Fenoxietanol/ parabenos;
Corante azul;
EDTA tetrassdico diidratado;
Essncia Givaudan;
Extrato de soja contendo isoflavonas;
Glicerdeos etoxilados derivados do leite;
Glicerina;
Goma Guar;
Lactato de miristila;
Metilparabeno;
Oleato de decila;
leo mineral;
Palmitato de isopropila;
Propilenoglicol;
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Silicone de copolmero glicol;
Silicone politer.
A seguir, tem-se a descrio detalhada das matrias-primas acima citadas.
ACRILOILDIMETILTAURATO DE AMNIO/ COPOLMERO VP
Aspecto: p branco a 20 oC
pH (1% em gua destilada): 4,0 6,0
Viscosidade (1% em gua destilada): 48000 80000 mPas
Estudo crtico: copolmero de cido sulfnico usado como modificador
reolgico em sistemas aquosos e como espessantes/estabilizantes de
emulso em emulses leo/gua.
Nome comercial: Aristoflex AVC
Concentraes de uso: 0,5 a 1,0%
Pode ser usado numa faixa de pH de 4,0 a 9,0 (CLARIANT, 2007)
ADIPATO DE DIBUTILA
CAS No: 105-99-7
Nome INCI: DIBUTYL ADIPATE
Aspecto: leo de baixo peso molecular, incolor, inodoro.
Nome comercial: Cetiol B
Estudo crtico: plastificante, solvente, melhora a espalhabilidade da
formulao (BRANDO, 2000; SPECIAL CHEM, 2007)
LCOOL CETLICO ETOXILADO E PROPOXILADO
CAS No. 9087-53-0
Nome comercial: Procetyl AWS
Aspecto: lquido claro a levemente turvo
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Estudo crtico: solvel em gua, um tensoativo emoliente e solubilizante de
essncias lipoflicas. Utilizado em formulaes de xampus, gis de banho e
desodorantes
Concentraes de uso: 0,5 a 5,0% (CRODA, 2006)
LCOOL DE CEREAIS
Frmula molecular: C2H60
Definio: etanol desodorizado
Estudo crtico: solvente, conservante, agente secante (BRANDO, 2000)
LCOOL POLIVINLICO
Definio: polmero derivado do acetato de polivinila
Nome comercial: Poval 224
Frmula mnima: (-C2H4O)n
Frmula estrutural:
Aspecto: p branco a amarelado
Ponto de fuso: aproximadamente 190 C
Solubilidade em gua: 10 g/ 100 mL
Estudo crtico: Agente emulsificante e de polimerizao; dispersante;
formador de filme (ARANHA & LUCAS, 2001; IPIRANGA QUMICA, 2006)
BASE AUTOEMULSIONANTE
Composio: associao balanceada de doadores de viscosidade,
emulsionantes, steres fosfricos e emolientes no comedognicos. Atua
como tensoarivo aninico
Nome comercial: Hostacerin NCB
Estabilidade: estvel na faixa de pH de 4,0 a 9,0
OH
n
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Estudo crtico: utilizada em formulaes de emulses O/A (leo/gua) no
comedognicas estveis, que tm como principais caractersticas uma fcil
espalhabilidade e um toque agradvel pele, no promovendo sensao
pegajosa e deixando sobre a pele um toque de suavidade. Tem carter
aninico e compatvel com diversos aditivos como extratos vegetais, Aloe
vera, alguns solventes orgnicos, como etanol, e tambm princpios ativos
farmacuticos incluindo aqueles que requerem valores de pH mais baixos,
como os AHA`s (CLARIANT, 2006)
BUTILENOGLICOL
CAS No: 107-88-0
Sinonmia: 1,3-butilenoglicol
Aspecto: lquido viscoso, incolor, odor caracterstico
Solubilidade: miscvel em gua e lcoois
Estudo crtico: agente regulador da viscosidade, umectante, solvente
(BRANDO, 2000)
CERA AUTOEMULSIONANTE NO-INICA
Nome INCI: EMULSIFYING WAX NF
Nome comercial: Uniox C
Definio: cera auto-emulsionante de carter no inico, estvel com a
maioria dos princpios ativos cosmticos e farmacuticos.
Estudo crtico: agente de consistncia
Concentrao usual: de 5 a 15% (CHEMYUNION, 2007)
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COMPLEXOS CONSERVANTES
DMDMH / IPBC DIMETIL DIMETIL HIDANTONA / IODO PROPINIL BUTIL CARBAMATO
Composio: combinao dos ativos dimetil dimetil hidantona (DMDMH) com
o iodo propinil butil carbamato (IPBC)
Nome comercial: Glydant plus
Aplicao: conservante, bacteriosttico e fungicida.
Frmula estrutural:
Aparncia fsica: lquido lmpido incolor
pH: 6,5 7,5
Solubilidade: solvel em gua, surfactantes catinicos, aninicos e no
aninicos
Concentrao de IPBC no Glydant Plus: 2,8% (mxima)
Concentrao de DMDMH no Glydant Plus: 70% (LONZA, 2006)
FENOXIETANOL / PARABENOS
CAS No: 122-99-6; 99-76-3; 120-47-8; 94-26-8; 94-13-3; 4247-02-3
Nome comercial: Phenova
Nome INCI: Phenoxyethanol & Methylparaben & Ethylparaben & Butylparaben
& Propylparaben & Isobutylparaben
Aspecto: lquido incolor a levemente amarelado
Estudo crtico: antimicrobiano de amplo espectro (CRODA, 2007)
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CORANTE AZUL
CAS No. 3844-45-9
Color Index: 42090
Nome comercial: Corante Bleu Soluble W6002