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Dissertação - Micro Sistema Elétrico Eficiente
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8/7/2019 Dissertao - Micro Sistema Eltrico Eficiente
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ALEXANDRE DOS SANTOS RIBEIRO
Solues para Micro Sistema Eltrico Eficiente
abastecendo Centro Cirrgico Mvel na Amaznia
Dissertao apresentada Escola
Politcnica da Universidade de So Paulo
para obteno do ttulo de Mestre em
Engenharia Eltrica
SO PAULO
2010
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ALEXANDRE DOS SANTOS RIBEIRO
Solues para Micro Sistema Eltrico Eficiente
abastecendo Centro Cirrgico Mvel na Amaznia
Dissertao apresentada Escola
Politcnica da Universidade de So
Paulo para obteno do ttulo deMestre em Engenharia Eltrica
rea de Concentrao:
Sistemas de Potncia
Orientador:
Prof. Dr. Marco Antonio Saidel
SO PAULO
2010
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Dedicatria
Dedico este trabalho a todos aqueles que realizam trabalhos voluntrios
para o benefcio do prximo e de toda humanidade e, em especial, dedico aos
profissionais de sade e seus colaboradores que realizam o valioso trabalho
voluntrio de prover assistncia mdica e cirrgica s populaes indgenas
brasileiras.
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Agradecimentos
Muitos foram os colaboradores deste trabalho que surgiu de uma
necessidade de suporte por parte dos Expedicionrios da Sade. Em nosso
trabalho conjunto o grupo de mdicos e colaboradores abriram as portas de
sua organizao, deram apoio e me acolheram durante a execuo da
expedio Comunidade de Vila Nova, em So Gabriel da Cachoeira AM.
Agradeo aos meus pais, que me iniciaram na educao e ainda hoje
me incentivam na busca por novos conhecimentos e aos meus irmos e
familiares pela compreenso e carinho.
minha esposa Luciana, que esteve presente e me apoiou durante toda
a execuo dessa dissertao e me inspira para a realizao de novos
trabalhos.
Ao amigo Jean Carlo Morassi, que me acompanhou na expedio e
execuo de vrias etapas do trabalho, viabilizando a finalizao desta
pesquisa.
Dedico ainda um especial agradecimento aos grandes amigos e
membros do GEPEA-USP, Andr Gimenes, Renata K. Manieri, Paulo Rangel,
Luiz F. Kurahassi, Prof. Alberto Hernandez e todos os outros que muito me
ajudaram.
Aos professores Luiz Cludio Ribeiro Galvo e Miguel Bussolini pelas
valiosas crticas e recomendaes por oportunidade da qualificao e ao meu
ilustre orientador Prof. Marco Saidel pela oportunidade que me ofereceu com
este trabalho.
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RESUMO
O auxlio a populaes carentes de alguns benefcios modernos,
alcanados pela humanidade, uma prtica de promoo da cidadania. Neste
trabalho abordado um estudo tcnico sobre a execuo de instalaes
eltricas temporrias em locais isolados que visa subsidiar a atividade
desenvolvida por um grupo de mdicos cirurgies que levam atendimento s
populaes indgenas amaznicas.
O grupo Expedicionrios da Sade realiza desde 2004 expedies scomunidades amaznicas que buscam levar atendimento cirrgico
especializado s populaes indgenas locais permitindo seu retorno vida
social, com a recuperao da viso e de outras habilidades essenciais para
suas atividades.
Um diagnstico das condies encontradas durante uma dessas
expedies mostrou que muitas das falhas que normalmente atrapalham o bom
andamento das atividades executadas podem ser corrigidas com aes
simples e ao alcance da equipe.
As estratgias apresentadas em detalhes, como a implantao de aes
de Eficincia Energtica que reduzem a demanda energtica, reduzem a
grande necessidade de combustvel e as dificuldades logsticas envolvidas no
transporte dos energticos, os cuidados na execuo das instalaes eltricas
e dimensionamento dos grupos geradores, propiciam o aumento da
disponibilidade do sistema eltrico, sua segurana e dos seus usurios e
colaboram com o sucesso da expedio mdica realizada.
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ABSTRACT
The help to populations that need for some modern benefits,
achievements of mankind, is a practice of promoting citizenship. This paper
shows a technical study on the implementation of temporary electrical
installations in isolated locations that is intended to subsidize the activity
developed by a group of surgeons that take care of indigenous peoples of
Amazonia.
The group "Expedicionrios da Sade" held since 2004 expeditions tothe Amazon communities seeking to bring specialized surgical care to
indigenous populations by allowing their return to social life, with recovery of
vision and other skills essential for their activities.
A diagnosis of conditions found during one of these expeditions showed
that many of the failures that often hinder the normal progress of activities can
be corrected with simple actions that can be done by the team itself.
The strategies presented in detail, as the implementation of energy
efficiency actions that reduce energy demand, reduce the large need for fuel
and the logistical difficulties involved in its transporting, the cares in carrying out
electrical installations and optimal sizing of generators, provide increasing the
availability of the electrical system, its security and its users and collaborate
with the success of the expedition doctor performed.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Regio da Cabea do Cachorro ...................................................... 14
Figura 2 - Densidade Demogrfica do Brasil ...................................................... 15Figura 3 Vista superior de Rios Amaznicos ................................................... 16
Figura 4 Leitos por 1.000 habitantes em estabelecimentos de sade, segundo
as Unidades da Federao .................................................................................. 17
Figura 5 - Populao beneficiada pelas expedies mdicas............................ 20
Figura 6 Realizao de cirurgia no Centro Cirrgico Mvel ............................ 22
Figura 7 - Montagem do Centro Cirrgico Mvel em Novembro de 2005 ......... 23
Figura 8 Nmero de cirurgias e consultas realizadas pelos Expedicionrios daSade .................................................................................................................... 23
Figura 9 Marcos das expedies realizadas pelos Expedicionrios da Sade
.............................................................................................................................. 24
Figura 10 Centro Cirrgico Mvel montado sob cobertura contra a incidncia
direta dos raios solares ........................................................................................ 26
Figura 11 Facoemulsificador em teste em laboratrio da Escola Politcnica da
USP ....................................................................................................................... 31
Figura 12 Gerador Honda, ventilador e instrumentos esquerda. direita o
Faco em primeiro plano ....................................................................................... 32
Figura 13 Tela do software Anawin com as medies do analisador de
energia .................................................................................................................. 33
Figura 14 Componentes harmnicas do sinal de corrente em stand by ......... 34
Figura 15 Equipe de mdicos e colaboradores embarcando em avio cedido
pela FAB ............................................................................................................... 36
Figura 16 - Treinamento de Primeiros Socorros e riscos na Amaznia ............ 36
Figura 17 Local de instalao do gerador 1 de 7,2 kVA do Centro Cirrgico. 39
Figura 18 Arranjo para medio de grandezas eltricas no gerador 2 ........... 39
Figura 19 Arranjo para medio do gerador 3 ................................................. 40
Figura 20 Esquema de distribuio de cargas e geradores do sistema eltrico
.............................................................................................................................. 41
Figura 21 Topologia do local com equipamentos, estruturas e distncias ..... 42
Figura 22 Rio Xi visto da comunidade de Vila Nova ...................................... 43
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Figura 23 - Escola da comunidade de Vila Nova ................................................ 43
Figura 24 - Vistas da estrutura central da comunidade de Vila Nova ................ 44
Figura 26 - Conjunto utilizado para iluminao e tomada na barraca
oftalmolgica......................................................................................................... 45
Figura 27 Exemplo de ligaes emergenciais para utilizao de gerador da
comunidade .......................................................................................................... 45
Figura 28 Participao dos usos finais na Carga Instalada ............................ 48
Figura 29 Participao no consumo desagregado por usos finais ................. 52
Figura 30 - Iluminao incandescente: o tipo mais encontrado nas instalaes
.............................................................................................................................. 54
Figura 31 - Protees contra incidncia solar e material da barraca limitam a
iluminao natural ................................................................................................ 55
Figura 32 - Lmpadas utilizadas na Farmcia e no Refeitrio ........................... 56
Figura 33 Caracterstica da partida dos aparelhos de ar condicionado: grande
potncia inicial ...................................................................................................... 57
Figura 34 - Projeto Luminotcnico dos Consultrios .......................................... 61
Figura 35 - Projeto Luminotcnico do Almoxarifado ........................................... 62
Figura 36 - Projeto Luminotcnico do Centro Cirrgico Mvel ........................... 63
Figura 37 - Projeto Luminotcnico para Cozinha ................................................ 64
Figura 38 Entrada da Farmcia ........................................................................ 65
Figura 39 rea de trabalho da Farmcia.......................................................... 65
Figura 40 - Projetos Luminotcnicos da Farmcia ............................................. 65
Figura 41 - Projeto Luminotcnico do refeitrio .................................................. 66
Figura 42 - Projeto Luminotcnico da Tenda Oftalmolgica .............................. 66
Figura 43 - Iluminao do Centro Cirrgico trocada ........................................... 68
Figura 44 Medio simultnea da potncia fornecida no gerador 1 e potnciaconsumida no CCM .............................................................................................. 71
Figura 45 Unifilar de Painel de Distrituio genrico sugerido ........................ 74
Figura 46 Instalao de disjuntores e fiaes expostas .................................. 74
Figura 47 - Efeitos fisiolgicos diretos da eletricidade [18] RTP 05 / pgina 14
.............................................................................................................................. 77
Figura 48 - Representao de choques por contato direto e contato indireto
[18] RTP05 pgina 15 .......................................................................................... 78
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das medies realizadas durante ensaio em laboratrio da
USP ..................................................................................................... 34Tabela 2 Caractersticas, cargas abastecidas e carregamento inicial dos
geradores utilizados ............................................................................ 37
Tabela 3 Caractersticas, cargas abastecidas e carregamento definitivo
durante a expedio acompanhada ................................................... 38
Tabela 4 Carga instalada na Barraca Oftalmolgica ....................................... 48
Tabela 5 Carga instalada na Sala de Apoio / Informtica ............................... 49
Tabela 6 Carga instalada na Cozinha e Reifeitrio ......................................... 49Tabela 7 Carga instalada na Farmcia ............................................................ 50
Tabela 8 Carga instalada no Centro Cirrgico Mvel ...................................... 51
Tabela 9 Panorama da iluminncia nos ambientes ......................................... 53
Tabela 10 Iluminncias adequadas conforme a norma NBR 5413 ................. 60
Tabela 11 Iluminao implantada no Centro Cirrgico Mvel ......................... 68
Tabela 12 Variao da luminosidade para os principais projetos
luminotcnicos .................................................................................... 69
Tabela 13 Variao da carga instalada para os principais projetos
luminotcnicos .................................................................................... 69
Tabela 14 Queda de tenso e perdas em cabos ............................................. 72
Tabela 15 Cabos de alimentao indicados .................................................... 73
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica;
FUNASA Fundao Nacional de Sade
GEPEA Grupo de Energia do Departamento de Engenharia e
Automao Eltricas da Escola Politcnica da
Universidade de So Paulo;
ONG Organizao no governamental;
CCM Centro Cirrgico Mvel;
USP Universidade de So Paulo;
FACO Facoemulsificador;
FAB Fora Area Brasileira;
G1 Gerador 1;
G2 Gerador 2;
G3 Gerador 3;
Gcom Gerador da comunidade;
DSEI Distrito Sanitrio Especial Indgena;
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas;
PROCEL Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica;
FUNDACENTRO Fundao Jorge Duprat Figueiredo, de Segurana e
Medicina do Trabalho;
LED Light Emitting Diode ou Diodo Emissor de Luz
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Sumrio
1. O Desafio ........................................................................................................ 12
1.1.O local ................................................................................................ 131.2.Problemas de Acesso Sade ......................................................... 16
1.3.Estrutura do trabalho ......................................................................... 18
2. Os Expedicionrios da Sade ........................................................................ 20
2.1.Histrico de atuao .......................................................................... 21
2.2.Problemas enfrentados no local ....................................................... 24
2.3.O papel da Energia Eltrica .............................................................. 27
3. Duas Semanas na Amaznia ........................................................................ 293.1.Ensaio do Facoemulsificador ............................................................ 30
3.2.Preparativos para a Expedio ......................................................... 35
3.3.A montagem das Instalaes ............................................................ 36
3.4.Medies e identificao dos problemas .......................................... 47
4. Resultados da expedio e perspectivas de melhorias ................................ 58
4.1.Facoemulsificador Corrigido ............................................................. 58
4.2.Melhorias na iluminao .................................................................... 604.3.Melhorias nos sistemas de ar condicionado e refrigerao ............. 69
4.4.Melhorias nas instalaes eltricas .................................................. 70
4.4.1. A questo dos geradores ................................................................. 75
4.4.2. Indicaes sobre segurana das instalaes .............................. 76
5. Avaliao das melhorias implantadas nas expedies seguintes e
compilao das principais indicaes ...................................................................... 79
5.1.Panorama das melhorias obtidas ..................................................... 79
5.1.1.Sistema de iluminao ............................................................. 79
5.1.2.Geradores ................................................................................. 80
5.1.3.Instalao eltrica e eficincia energtica ............................... 81
5.2.Principais estratgias de atuao ..................................................... 82
5.2.1.Dimensionamento dos Geradores ........................................... 82
5.2.2.Instalaes eltricas e equipamentos de usos finais .............. 83
6. Concluses ..................................................................................................... 86
6.1.Resultados ......................................................................................... 87
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6.1.1. Sistema de Iluminao...................................................................... 87
6.1.2. Ar condicionado e refrigerao ....................................................... 88
6.1.3. Instalaes eltricas .......................................................................... 88
6.1.4. Outras indicaes............................................................................... 89
6.2.Sugestes de aprofundamentos ....................................................... 90
7. Referncias Bibliogrficas .............................................................................. 92
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1. O Desafio
Em um local isolado no corao da floresta amaznica, a vrias horas debarco da (pequena) cidade mais prxima, populaes ribeirinhas esto
margem de quaisquer benefcios advindos dos avanos sociais e tecnolgicos
obtidos nos ltimos sculos. O extrativismo a maneira pela qual a populao
local se mantm e gozar das mnimas condies de sade um requisito
obrigatrio para que possam continuar com os hbitos prprios de sua
sociedade. Problemas de sade que causam dficit visual e reduo da
autonomia locomotora problemas estes que no impossibilitam a vida doshabitantes de grandes centros urbanos comprometem demasiadamente a
sua vida normal, alm do agravante de que essa populao ribeirinha est
longe do acesso a atendimentos mdicos. Uma realidade rdua.
Tal situao tambm a enfrentada pelas populaes indgenas que se
encontram numa situao muito delicada: garantir sua sobrevivncia e a
continuidade de sua cultura um trabalho bastante difcil, uma vez que as
terras onde se localizam so muito procuradas por madeireiras, garimpeiros,
extratores vegetais e agricultores em geral, que quase sempre atuam de forma
descontrolada e sem qualquer preocupao com os interesses locais e o
desenvolvimento humano daquela regio e sua populao. Um exemplo destes
conflitos por terras a situao da Terra Indgena Raposa Serra do Sol que,
mesmo tendo sido demarcada em 1998 e modificada em 2005 por decreto da
Presidncia da Repblica, continuou convivendo com a luta entre indgenas e
no indgenas pela posse de terras da rea demarcada.
Buscando mudar esse histrico de conflitos, um grupo de profissionais
de medicina desafia as limitaes de acesso, infraestrutura e grandes
distncias envolvidas para prestar servios mdicos ambulatoriais e cirrgicos
atravs da montagem de um completo Complexo Mdico estruturado com
centro cirrgico, farmcia, esterilizao e consultrios em diferentes
comunidades ribeirinhas duas vezes ao ano, em mdia. Os locais escolhidos
so aqueles mais distantes dentro do territrio brasileiro e cuja populao
carece dos atendimentos mdicos e cirrgicos prestados.
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O desafio de prover o acesso a sade aos ribeirinhos, principalmente os
atendimentos cirrgicos que podem resgatar a dignidade do cidado ao
reintegr-lo na sociedade, tem vrias faces:
Como levar os equipamentos mdicos necessrios para este
atendimento a um local isolado no meio da floresta amaznica?
Como criar toda a infraestrutura com locais adequados e
disponibilidade de energia para realizar os atendimentos?
Como levar o atendimento mdico, que tem durao limitada e
ocorre em local onde a populao est extremamente dispersa,
ao maior nmero de beneficiados possvel?
Respondidas estas questes, que fazem parte do planejamento das
atividades realizadas pela equipe de mdicos e seus colaboradores, ainda
existe a preocupao com a confiabilidade do Complexo Mdico instalado, pois
em casos de falhas de equipamentos, e estes estaro sujeitos a condies
extremas de funcionamento, eles no podero ser reparados.
Este o rico cenrio onde se deu o desenvolvimento deste trabalho, que
tem por objetivo auxiliar o grupo Expedicionrios da Sade na ampliao dos
atendimentos mdicos atravs da Operao Eficiente do Micro Sistema Eltrico
utilizado durante as expedies. Essa situao vivenciada no territrio
amaznico brasileiro tambm encontrada em outras regies do planeta, de
forma que as boas prticas aqui encontradas tambm podem ser teis na
soluo de problema correlato em outras localidades.
1.1. O local
Vrias so as reas que carecem de atendimentos mdicos e tem a
populao local vivendo em regies distantes dos grandes centros, mas no
caso da populao indgena da Amaznia as dificuldades sofridas ganham uma
proporo sem igual. Assim, as expedies mdicas ocorrem prioritariamente
nesta regio, atendendo a comunidades do municpio de So Gabriel da
Cachoeira AM.
A expedio acompanhada atendeu comunidade Vila Nova que ficabem prxima fronteira trplice entre Brasil, Colmbia e Venezuela, regio
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conhecida como Cabea do Cachorro. Essa denominao se d em virtude
dos contornos da divisa dos territrios, que lembra a silhueta de uma cabea
de cachorro e pode ser verificada na figura 1. Esta figura apresenta ainda
algumas localidades atendidas pelos Expedicionrios da Sade, entre elas a
comunidade de Vila Nova onde ocorreu a expedio objeto deste estudo.
Figura 1 Regio da Cabea do Cachorro
A densidade demogrfica da regio norte, figura 2, de somente 3,31
hab/km2 (IBGE 2000) [01], o que dificulta a implantao de estruturas mdicas
para o atendimento da populao indgena. O municpio de So Gabriel da
Cachoeira, por exemplo, possui, segundo [02] IBGE 2007, 39.129 habitantes
numa rea de 109.185,00 km2, uma densidade de somente 0,36 habitantes por
km2.
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Figura 2 - Densidade Demogrfica do Brasil
O meio de transporte basicamente fluvial devido grande quantidadede rios e presena de densa floresta (rea de preservao ambiental) que se
ope construo de estradas, figura 3. Mesmo a vasta rede fluvial apresenta
suas limitaes pois os rios passam por quedas d`gua e em muitos trechos
possuem calha bastante rasa, permitindo somente a passagem de pequenos
barcos.
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Figura 3 Vista superior de Rios Amaznicos
1.2. Problemas de Acesso Sade
Vive-se uma poca em que a humanidade conquistou grandes avanos
cientficos e tecnolgicos que possibilitaram atingir alto grau de modernidade e
qualidade do padro de vida. Entretanto, a universalizao do acesso aos
avanos na rea de medicina est longe de se concretizar, pois os altos custos
de equipamentos e dos profissionais qualificados limitam o acesso medicina
especializada at mesmo a pessoas que vivem nos grandes centros urbanos.
Essa situao fica ainda mais precria quando se est localizado em regio
remota, com acesso crtico e onde as cidades prximas contam com extremacarncia no atendimento de sade: os mdicos normalmente presentes so
todos clnicos gerais devido dificuldade em se atrair profissionais para
essas regies distantes e os aparelhos necessrios para exames, por
exemplo, inexistem. Segundo a FUNASA [03], o senso sanitrio realizado em
2.408 aldeias apontou a existncia de Postos de Sade em somente 37% das
localidades.
Dados da Pesquisa de Assistncia Mdico-Sanitria de 2005 [04] (IBGE)comprovam a grande carncia enfrentada na regio amaznica quanto
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infraestrutura de sade, conforme o levantamento de nmero de leitos por mil
habitantes da figura 4 Fonte Pesquisa AMS 2002/2005.
Figura 4 Leitos por 1.000 habitantes em estabelecimentos de sade, segundo as
Unidades da Federao
A figura 4 mostra que a regio Norte do Brasil apresenta um nmero
mximo de 2 leitos para cada mil habitantes, contra 2 a 2,4 leitos em outros
estados e mais de 2,5 leitos na regio sul. Esses dados aliados baixa
densidade demogrfica da regio Norte implicam na ocorrncia de vastas
regies que no contam com leitos para atendimento mdico da populao
local.
Devido a caracterizao de cultura baseada em atividades extrativistas,
problemas em funes como viso e locomoo so as que possuem um
impacto muito negativo qualidade de vida dos ribeirinhos. Outras leses
causadas pelo forte esforo fsico so comuns nessa populao. Os
atendimentos que buscam interiorizar a medicina no Brasil vm sendo
discutidos nacionalmente [05] e trabalhos que propiciem fundamentos tcnicos
para montagem da infraestrutura necessria a atividade mdica nos locais
onde ocorre a maior falta de servios de sade (e onde essa falta mais
danosa s populaes locais) so essenciais.
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1.3. Estrutura do trabalho
As atividades desse trabalho tiveram incio no planejamento de uma das
expedies mdicas, conhecendo a equipe envolvida, as experinciasadquiridas durante as jornadas anteriores e os principais problemas
enfrentados: falhas intermitentes de equipamentos cirrgicos que prejudicam o
resultado das expedies e a qualidade do atendimento prestado; o reduzido
nmero de geradores disponveis durante as expedies, que torna crtica a
disponibilidade do sistema eltrico; a qualidade e segurana da instalao
eltrica executada; a necessidade de reduo do consumo de combustvel que
transportado a cada expedio; entre outros.
No captulo 2 apresentado o trabalho realizado pelos Expedicionrios
da Sade, com histrico das expedies, evoluo dos atendimentos e
perspectivas e necessidades do grupo de mdicos e sua equipe.
Inicialmente, atravs de reunies, foram delineados os parmetros para
a colaborao entre equipe tcnica dos Expedicionrios e do GEPEA Grupo
de Energia do Departamento de Engenharia de Energia e Automao Eltricas
da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo que envolveu a
investigao e o diagnstico do mau funcionamento de um dos principais
equipamentos utilizado nas expedies: o Facoemulsificador, equipamento
cirrgico para correo da catarata que agiliza a recuperao dos pacientes ao
reduzir o tamanho do corte necessrio para quebra (emulsificao) do cristalino
opacificado e retirada das suas partculas.
Alm deste diagnstico, o captulo 3 apresenta detalhes da expedio
em que o autor participou em Abril de 2008, o passo a passo do incio desta
expedio, o grande planejamento logstico necessrio para o transporte das
cargas e instrumentos, as condies encontradas na comunidade atendida
Vila Nova em So Gabriel da Cachoeira / AM e os procedimentos tomados
durante a expedio.
Os resultados da empreitada em conjunto com o grupo mdico
encontram-se no captulo 4, com as oportunidades de melhorias levantadas
durante a expedio e o ensaio de correo do equipamento
Facoemulsificador.
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Nas trs expedies realizadas aps o desenvolvimento deste trabalho
algumas prticas apresentadas foram gradualmente incorporadas pela equipe
tcnica dos Expedicionrios. Uma avaliao da consistncia dessas aes e os
resultados obtidos so apresentados no captulo 5, juntamente com uma
compilao das indicaes e dos procedimentos consolidados aps essa
avaliao.
As concluses do trabalho, bem como as possibilidades de
aprofundamento nos estudos e novas abordagens vislumbradas durante a
realizao deste trabalho so apresentadas no captulo 6.
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2. Os Expedicionrios da Sade
Um grupo que enfrenta os diversos desafios oferecidos pela florestaamaznica durante a busca por levar atendimento mdico especializado s
populaes ribeirinhas, formado por mdicos de vrias especialidades e outros
colaboradores que viabilizam o trabalho desenvolvido o Expedicionrios da
Sade [06].
Durante uma expedio exploratria regio do Pico da Neblina, um
grupo de mdicos e empresrios se deparou com as dificuldades enfrentadas
pela populao local em obter atendimento mdico e decidiram organizar uma
equipe para tentar minimizar aquela situao que levava esses povos a serem
excludos das atividades extrativistas prprias de sua comunidade e deixa-os
margem de sua sociedade. Dentre eles estavam o Dr. Ricardo Afonso e o Dr.
Francisco Mais, que fundaram, atuam em todas as expedies e so alguns
dos principais responsveis pelo sucesso do grupo Expedicionrios da Sade.
A organizao no governamental (ONG) Expedicionrios da Sade
atua da seguinte forma: atravs de expedies mdicas organizadas pela
equipe formada por mdicos e outros colaboradores, promove o atendimento
cirrgico e ambulatorial principalmente s populaes indgenas em localidades
isoladas da Amaznia Brasileira, figura 5. Tais expedies exigem grande
planejamento logstico de pessoal, equipamentos e mantimentos, alm da
garantia de uma infraestrutura para realizao das atividades mdicas.
Figura 5 - Populao beneficiada pelas expedies mdicas
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A ONG monta nas localidades atendidas um verdadeiro complexo
mdico temporrio capaz de prestar os principais atendimentos necessrios
populao local, com consultrios peditricos, clnicos e oftalmolgicos, centro
cirrgico capaz de abrigar dois atendimentos simultneos, farmcia,
esterilizao e outras instalaes para acomodao e mantimento da equipe de
profissionais envolvidos na expedio. realizado um contato prvio com cada
comunidade que ir receber a expedio para planejamento da logstica e do
atendimento.
No passado, os povos indgenas foram reduzidos
demograficamente devido s grandes epidemias decorrentes
dos contatos com a sociedade nacional. As epidemias de
doenas infecciosas, que se seguiam imediatamente aps o
estabelecimento do contato permanente, constituram a principal
causa deaumento das taxas de mortalidade.
(IBGE - Indicadores Sociodemogrficos e de sade no
Brasil, 2009) [07]
O contato do homem da cidade com os povos indgenas promovido pelo
grupo de mdicos, ao contrrio daquele contato quando o homem civilizado
adentra a floresta em busca de riquezas e acaba por disseminar doenas e
contaminar a cultura original, procura trazer benefcios sade dessa
populao sem promover grandes alteraes em sua cultura, uma vez que
esses povos no precisaro se deslocar a um grande centro urbano para
receber o atendimento necessrio e nem ficaro submetidos cultura externa
por um grande perodo. Toda a estrutura moderna, como geradores e
instalao eltrica, montada em carter provisrio e desmontada aps o
perodo de atendimento local, sempre com a preocupao em no causargrande interveno e poluio ao ambiente virgem.
2.1. Histrico de atuao
Sempre preocupados com o ambiente em torno do local de atuao, os
Expedicionrios da Sade j realizaram, desde 2004, 15 expedies em
diferentes localidades (Alto Rio Negro, Alto Solimes, Tapajs e Parintins), que
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totalizaram 2111 atendimentos cirrgicos beneficiando vrias etnias indgenas:
Tukano, Tariano, Desano, Piratapuia, Arapaso, Hupda, Baniwa, Tuyuka, Bar,
Werekena, Cubeo, Ticuna, Sater-Maw e populaes ribeirinhas. Esse um
trabalho srio que continua buscando recursos para poder aumentar o nmero
de expedies e ampliar o benefcio de promoo da sade e cidadania para
os povos indgenas. Alm dos recursos financeiros, o apoio tcnico em
diferentes reas do conhecimento importante para colaborar no sucesso e
qualidade dos atendimentos prestados, figura 6.
Figura 6 Realizao de cirurgia no Centro Cirrgico Mvel
A primeira expedio ocorreu em fevereiro de 2004 e foram realizadas
52 cirurgias e 109 consultas durante os 15 dias de presena na localidade
(distrito) de Iauaret em So Gabriel da Cachoeira Amaznia. O nmero de
atendimentos est diretamente relacionado aceitao da assistncia por
parte da populao local e capacidade de atendimento em virtude da
infraestrutura organizada. Em novembro de 2004 a equipe mdica retornou
Iauaret e o nmero de atendimentos cresceu para 87 cirurgias e 155
consultas, resultado do conhecimento prvio da populao proporcionado pela
expedio anterior.
Durante as primeiras expedies os atendimentos cirrgicos eram
realizados em estruturas que serviam de abrigo para o Centro Cirrgico, mas
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estas nem sempre estavam providas das condies mnimas para se evitar
contaminaes, por exemplo. Assim o Centro Cirrgico Mvel CCM foi
montado em uma barraca adaptada a esse fim, provendo o isolamento e
condies de higiene necessrias para a execuo das cirurgias, conforme a
figura 7.
Figura 7 - Montagem do Centro Cirrgico Mvel em Novembro de 2005
A realizao de vrias expedies trouxe experincia equipe de
logstica, que promoveu mudanas e melhoramentos visando a ampliao dos
atendimentos mdicos prestados, que tem os resultados apresentados na
figura 8.
Figura 8 Nmero de cirurgias e consultas realizadas pelos Expedicionrios da Sade
Conforme a figura 8, o nmero geral de atendimentos apresentou
variaes em algumas expedies. Tal fato se deve a mudanas implantadas,
como o uso do Centro Cirrgico Mvel com incio em novembro de 2005,
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realizao de expedies diferenciadas em agosto de 2007, novembro de 2007
e agosto de 2008, conforme indicaes na figura 9.
Figura 9 Marcos das expedies realizadas pelos Expedicionrios da Sade
Fica claro pela figura 9 o aumento do nmero de atendimentos aps o
inicio do uso do CCM, mesmo com a mudana na durao das expedies
para 7 dias a partir de abril de 2006. As expedies de novembro de 2007 e
agosto de 2008 ocorreram em parceria com o Projeto Sade e Alegria [08] que
atua na rea de sade, organizao comunitria, educao, cultura, etc. para
comunidades ribeirinhas e rurais do Par. Durante estas expedies conjuntas
foi utilizado o Navio Hospital Abar, que provido de melhor infraestrutura
como gerador eltrico de grande porte e sistema eltrico com alta
disponibilidade e estabilidade.
Em agosto de 2007, ainda na figura 9, foi realizada uma expedio que
contemplou somente atendimentos oftalmolgicos e resultou em 116 consultas
e 66 cirurgias.
2.2. Problemas enfrentados no local
Com a montagem da complexa estrutura mdica durante as expediesem ambientes hostis, os problemas tcnicos no podem ser solucionados
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rapidamente e a custos razoveis. necessrio se manter equipamentos
sobressalentes e combustvel extra que garantam a continuidade das
atividades durante os vrios dias de trabalho. O desafio presente o de
conciliar as solues aos problemas tcnicos s grandes limitaes logsticas
enfrentadas e necessidade de inmeros equipamentos sobressalentes. O
correto planejamento da infraestrutura que deve garantir a operao do Centro
Cirrgico Mvel CCM e de todo o Centro Mdico, com uso dos aspectos
tcnicos consolidados no meio e de prticas eficientes de consumo da energia
eltrica, pode ser a chave para permitir o sucesso da atividade.
Um exemplo de melhoria foi a implantao de cobertura extra para a
tenda do CCM. A figura 7 mostra que o Centro Cirrgico provido de aparelhos
de Ar Condicionado para manuteno da temperatura e qualidade do ar no
interior da barraca. Mas a barraca funciona como uma estufa, pois possui uma
cobertura escura e quando exposto radiao solar direta atinge altas
temperaturas, obrigando o funcionamento ininterrupto do equipamento de ar
condicionado com conseqente maior consumo de energia e combustvel.
Ademais, esta situao acaba por deixar o equipamento de condicionamento
de ar mais propenso a falhas que, principalmente na condio local onde
qualquer sobressalente precisa ser transportado por longas distncias e de
forma demorada, so extremamente danosas ao bom andamento das
atividades mdicas.
A cobertura extra para o CCM reduziu as falhas dos aparelhos de Ar
Condicionado e ampliou a qualidade do atendimento cirrgico, figura 10.
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Figura 10 Centro Cirrgico Mvel montado sob cobertura contra a incidncia direta dos
raios solares
A constante ampliao no nmero de atendimentos e o uso de
equipamentos cirrgicos e outros, doados e emprestados (equipamentos
muitas vezes j com vrios anos de utilizao) fez crescer os problemas
tcnicos enfrentados e, de forma ainda maior, ampliar os impactos causados
pelas dificuldades tcnicas no bom andamento das atividades.
Um dos problemas enfrentados diz respeito fonte energtica utilizada
durante as expedies. Os geradores de pequeno porte utilizados, movidos a
leo diesel e a gasolina, requerem o transporte de grande quantidade de
combustvel para garantir a continuidade das atividades durante todos os dias
de atuao. Uma soluo buscada pelo grupo de mdicos foi o uso de formas
alternativas de gerao eltrica, capazes de reduzir o impacto ao meioambiente e a necessidade de transportar e armazenar milhares de litros de
combustvel. Hoje, a equipe faz uso de pequenas luminrias de jardim
abastecidas por energia solar e busca estudos de viabilidade para ampla
utilizao de energia solar fotovoltaica ou elica, mas estas tm ainda uma
viabilidade bastante limitada para as condies enfrentadas.
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2.3. O papel da Energia Eltrica
Suprindo todas as atividades planejadas pelos Expedicionrios est a
energia eltrica que, com a falta de um cuidado especializado pode deixar deser a grande facilitadora da empreitada (que permite o atendimento mdico) e
passar a ser considerada a grande vil (levando a expedio a um fracasso).
As atividades da ONG so baseadas fortemente no trabalho voluntrio e na
colaborao e doaes de equipamentos de algumas empresas, situao que
acaba por limitar o compromisso tcnico no cuidado com os sistemas eltricos
envolvidos.
A infraestrutura eltrica necessria para a realizao das expedies
no simples: Todos os equipamentos utilizados no Centro Mdico montado
so movidos energia eltrica, mas fornecimento de energia extremamente
escasso e de baixa qualidade nas poucas comunidades amaznicas em que
est presente - segundo [09] no Estado do Amazonas somente 0,7% das 4.600
comunidades contabilizadas so supridas com energia eltrica por meio de
concessionria responsvel pela eletrificao dos municpios do interior
amazonense.
A instalao eltrica realizada pela equipe nas comunidades, um
verdadeiro sistema eltrico temporrio, vai alimentar uma srie de cargas
complexas e que requerem certo nvel de estabilidade: um centro cirrgico
provido de toda estrutura necessria para vrios tipos de cirurgias,
equipamentos de ar condicionado para garantia da qualidade do ar dentro do
centro cirrgico, autoclaves1 para esterilizao de instrumentos, etc. Outra
preocupao quanto a segurana da instalao eltrica realizada que, por
seu carter temporrio, passa por muitas montagens e desmontagens que
podem danificar os componentes utilizados.
Mesmo a logstica responsvel pelo transporte dos mantimentos,
instrumentos, remdios, equipamentos cirrgicos, etc. prejudicada quando o
consumo de energia realizado em demasia: como toda energia consumida
deve ser gerada a partir de geradores gasolina e a diesel, o consumo elevado
de energia eltrica resulta em toneladas de combustvel para o transporte.
1 Aparelho que utiliza vapor de gua sob presso e alta temperatura para esterilizarinstrumentos e normalmente requer grande potncia para seu funcionamento.
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Da a necessidade em se realizar uma abordagem geral frente ao
sistema eltrico montado, com cuidados na execuo das instalaes eltricas,
na escolha e dimensionamento dos geradores utilizados, no dimensionamento
da iluminao sem exageros e buscando a qualidade necessria atividade
desenvolvida, nos benefcios de se incorporar a eficincia energtica como
prtica fundamental.
A seguir apresenta-se o desenvolver desse trabalho conjunto que incluiu
o acompanhamento de uma expedio na Amaznia em abril de 2008, numa
jornada que teve a durao de duas semanas acompanhando a expedio -
envolvendo os trabalhos de finalizao da montagem das instalaes eltricas
e operao das instalaes durante a prestao do atendimento cirrgico
mas se iniciou com atividades de avaliao de equipamentos e planejamento
em geral.
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3. Duas Semanas na Amaznia
O grupo Expedicionrios da Sade buscou auxlio especializado parasoluo das falhas de equipamentos e melhoria das instalaes eltricas e
utilizao da energia com o GEPEA que atua com pesquisas nas reas de
eficincia energtica, sistemas de potncia e gerao eltrica alternativa.
A proposta de trabalho foi de participar do planejamento de uma
expedio, realizar um diagnstico energtico in locodo micro sistema eltrico
instalado pelos Expedicionrios em cada comunidade atendida para identificar
o perfil de carga do CCM e outros equipamentos utilizados. A partir dessesdados coletados atravs de analisadores de energia as estratgias de atuao
frente aos problemas enfrentados podem ser mais eficazes.
Para o planejamento da atuao conjunta foram realizadas reunies
onde tambm puderam ser identificados os principais problemas que ocorriam
durante as Expedies.
Uma das intervenes cirrgicas que mais beneficia a populao local
a cirurgia de catarata: a devoluo da capacidade de viso aos ribeirinhos
significa a possibilidade de se reintegrar sociedade. O equipamento muito
usado na cirurgia de catarata durante as expedies o Facoemulsificador,
que reduz a gravidade da interveno no olho do paciente e melhora o
processo de recuperao [10]. Esse equipamento, emprestado por um
colaborador, apresentou funcionamento intermitente durante as expedies
que fizeram uso do micro sistema eltrico com geradores de pequeno porte.
A primeira etapa dos trabalhos realizados envolveu um ensaio em
laboratrio da Escola Politcnica da USP do equipamento Facoemulsificador
em conjunto com um gerador de pequeno porte de grande estabilidade de
frequncia e tenso. Com o uso de equipamentos de medio ocorreu a
tentativa de identificar o problema do funcionamento intermitente do
Facoemulsificador.
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Figura 11 Facoemulsificador em teste em laboratrio da Escola Politcnica da USP
Os testes planejados consistiam em realizar medies de consumo
energtico e qualidade da energia ao se alimentar o Facoemulsificador, ou
simplesmente Faco, com energia da rede eltrica e com energia do gerador de
pequeno porte. O tempo disponvel para os ensaios foi bastante curto devido
logstica de envio dos equipamentos para So Gabriel da Cachoeira/AM.
A avaliao do equipamento para cirurgias de catarata operando em
conjunto com o gerador Honda com estabilizao de tenso figura 12
apresentou um resultado timo, sem ocorrncia de falhas durante o tempo em
que o aparelho ficou alimentado e operou simulando seu uso natural.
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Figura 12 Gerador Honda, ventilador e instrumentos esquerda. direita o Faco em
primeiro plano
O gerador utilizado era o Honda EU30is [11], monofsico e apresentava
potncia nominal de 2,8 kVA, tenso de 120V e corrente nominal de 23,4 A.Para avaliarmos algumas condies de operao foram utilizadas outras
cargas alm do Facoemulsificador. Os testes ocorreram com o equipamento
em stand by e operando normalmente com o gerador nas seguin tes
condies:
Vazio: o Facoemulsificador era a nica carga eltrica ligada ao
gerador;
Carga simples: alm do Facoemulsificador tambm foi ligado aogerador um ventilador para ampliar a carga demandada;
Carga deformante: alm do Facoemulsificador e do ventilador, foi
ligado ao gerador tambm um computador pessoal;
As medies realizadas com Osciloscpio e Analisadores de Energia
RMS [12] para a situao onde o Facoemulsificador era a nica carga do
gerador apontaram a ocorrncia de correntes com componentes harmnicas ecerta deformao na forma de onda de tenso (figura 13), entretanto, estas
ocorrncias no implicaram no acontecimento de falhas de operao do
equipamento.
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Figura 13 Tela do software Anawin com as medies do analisador de energia
A figura 13 apresenta a tela do software Anawin, utilizado para
visualizao e estudo dos dados armazenados no Analisador de Energia RMS.
O grfico da parte superior mostra a curva de carga obtida com a medio do
Facoemulsificador em duas situaes:
Stand by: A corrente medida foi de 0,93 A;
Operao normal: A corrente medida foi de 2,36 A.
As linhas vermelhas verticais no grfico da curva de carga, parte
superior da figura 13, mostram os momentos (instantes 110 segundos e 236
segundos) onde so amostrados os sinais apresentados nos quadros da parte
inferior da figura. As curvas apresentadas na parte inferior da figura so mdias
dos sinais calculadas para os instantes indicados na curva de carga.
Os quadros Va e Ia da esquerda apresentam as curvas de tenso e
corrente, respectivamente, durante a situao em que o Facoemulsificador est
em stand by (instante 110 segundos). J os quadros Va e Ia da direita
apresentam as curvas de tenso e corrente durante a situao em que o
Facoemulsificador est em funcionamento (instante 236 segundos).
As curvas de tenso registradas apresentam bom aspecto senoidal,
enquanto as curvas de corrente apontam para distores prprias da fonte
interna do Facoemulsificador. Entretando, j possvel perceber visualmente
que a curva de corrente da direita (aparelho em operao normal) apresenta
uma componente harmnica menor que a curva obtida com o aparelho emstand by. A figura 14 apresenta como o software Anawin apresenta o
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detalhamento das componentes harmnicas dos sinais amostrados, neste caso
so apresentadas as componentes harmnicas do sinal de corrente do
aparelho em stand by.
Figura 14 Componentes harmnicas do sinal de corrente em stand by
A tabela 1 apresenta o resumo dos principais resultados obtidos nas
medies realizadas. Em todas as situaes o Facoemulsificador funcionou
perfeitamente.
Tabela 1 Resumo das medies realizadas durante ensaio em laboratrio da USP
SituaoCargas ligadas no
Gerador
Operao do
FacoemulsificadorCorrente (A)
% de
Harmnicas
1
S Faco
Stand by 0,93 180
2 Operando 2,36 113
3Ventilador e Faco
Stand by 2,02 42
4 Operando 3,29 62
5 Ventilador,
computador e Faco
Stand by 2,79 68
6 Operando 4,00 76
Para se minimizar as componentes harmnicas e seus malefcios foi
recomendado que o Facoemulsificador no fosse a nica carga conectada nogerador e que se realizasse uma manuteno preventiva do Faco pela
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empresa fabricante. Essa manuteno, que foi negociada e se concretizou
aps a realizao da expedio, apresentadano item 4.1.
Outro fator no qual o gerador Honda apresentou timo resultado foi na
questo do rudo emitido que, mesmo em operao no interior de um
laboratrio, no atrapalhava sequer a conversa entre as pessoas prximas: a
especificao do fabricante aponta para nvel de rudo (a 7 metros do gerador)
de 58 dB. Dessa forma, a compra do gerador Honda de 2,8 kVA foi realizada a
tempo da sua utilizao na expedio de abril de 2008.
3.2. Preparativos para a Expedio
Alm do ensaio com o Facoemulsificador, a participao do GEPEA na
expedio contou com a disponibilizao de analisadores de energia,
osciloscpios, notebooks, multmetros, luxmetros e conjuntos de luminrias
(luminria, reator e lmpadas) fluorescentes de alta eficincia para avaliao in
locode medidas para aumento da eficincia.
A crtica questo da logstica obrigou que todos os instrumentos
utilizados na expedio partissem com mais de 30 dias de antecedncia para a
sede dos Expedicionrios, em Campinas, para viabilizar o transporte, por meio
da empresa area que doa o servio, at Manaus AM. De Manaus at So
Gabriel da Cachoeira AM o transporte realizado em avio da FAB Fora
Area Brasileira (figura 15), que tambm colabora com a iniciativa.
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Figura 15 Equipe de mdicos e colaboradores embarcando em avio cedido pela FAB
Os preparativos para a expedio tambm incluram palestras sobre
todos aspectos envolvidos na viagem, como o contato com a cultura indgena,
os cuidados necessrios para reduzir os riscos da estadia no ambiente da
floresta amaznica e noes de primeiros socorros (figura 16).
Figura 16 - Treinamento de Primeiros Socorros e riscos na Amaznia
3.3. A montagem das Instalaes
O incio dos trabalhos na comunidade indgena de Vila Nova, s
margens do rio Xi, se deu quando a equipe de colaboradores dos
Expedicionrios ainda estava montando as instalaes mdicas, realizando o
lanamento de cabos, conexo dos geradores, tomadas, lmpadas, etc.
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Inicialmente acompanhou-se a finalizao da montagem das instalaes
e o estabelecimento do carregamento dos geradores. A configurao
inicialmente planejada, apresentada na tabela 2, procurava no sobrecarregar
os geradores e otimizar o consumo dos combustveis disponveis gasolina e
leo diesel. Contudo, no momento do teste do gerador trifsico de 12 kVA este
funcionou somente por poucos minutos antes de apresentar falha mecnica
com quebra do eixo, o que deixou o gerador totalmente fora de operao.
Tabela 2 Caractersticas, cargas abastecidas e carregamento inicial dos geradoresutilizados
Gerador Caractersticas Ambientes/CargasCarga
instalada (W)
G1
- Trifsico;
- 12 kVA;
- Regulao eletrnica de
tenso e velocidade;
- leo Diesel.
Centro cirrgico com ar
condicionado e
autoclaves
7.658
G2
- Trifsico;
- 7,2 kVA;
- Gasolina
Cozinha da equipemdica e instalaes
dos consultrios,
farmcia e barraca
oftalmolgica
3.004
G3
Trifsico;
7,2 kVA;
- Gasolina.
Bomba d`gua, cozinha
dos pacientes e ps
operatrio
1.804
G4
Bifsico;
2,8 kVA;
220 V;
- Gasolina;
- Regulao eletrnica.
Facoemulsificador e
aparelhos cirrgicos
importantes
170
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Com a necessidade de remanejamento das cargas, a cozinha dos
pacientes (com carga total de 600 W) deixou de ser abastecida pelos
geradores usados na expedio, o que aconteceria em carter de doao e
tambm para no manter o gerador com baixo carregamento.
A nova configurao estabelecida apresentada na tabela 3.
Tabela 3 Caractersticas, cargas abastecidas e carregamento definitivo durante aexpedio acompanhada
Gerador Caractersticas Ambientes/CargasCarga
instalada (W)
G1
- Trifsico;
- 7,2 kVA;
- Gasolina.
Centro cirrgico com ar
condicionado
4.558
G2
- Trifsico;
- 7,2 kVA;
- Gasolina.
Cozinha da equipe
mdica e instalaes
dos consultrios,
barraca oftalmolgica,
autoclaves e bomba
d`gua
11.740*
(6.036)
G3
- Bifsico;
- 2,8 kVA;
- 220 V;
- Gasolina;
- Regulao Eletrnica.
Facoemulsificador e
aparelhos cirrgicos
importantes
300
* A operao das cargas conectadas ao gerador 2 estava limitada a uma
demanda de 6.036W com o controle impossibilitando o funcionamento simultneo
das cargas
O gerador 1, apresentado na figura 17, abasteceu as principais cargas
da expedio, os equipamentos do CCM. Por se tratar de cargas prioritrias o
carregamento deste gerador no foi to alto e ficou em 63%.
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Figura 17 Local de instalao do gerador 1 de 7,2 kVA do Centro Cirrgico
Para o segundo gerador de 7,2 kVA foram estabelecidas regras para
conteno da demanda de energia, evitando-se a simultaneidade na ligao da
bomba d`gua, autoclaves e o aparelho de ar condicionado da barraca
oftalmolgica, o que limitou a demanda mxima no gerador a 6,04 kW com
carregamento de 84%. O gerador 2 apresentado na figura 18, ao lado do
gerador utilizado pela comunidade.
Figura 18 Arranjo para medio de grandezas eltricas no gerador 2
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O gerador 3 representado na figura 19 ficou com baixo carregamento,
6% somente, pois o principal objetivo deste equipamento era prover energia
estvel para o Facoemulsificador.
Figura 19 Arranjo para medio do gerador 3
A configurao final do sistema montado pode ser melhor visualizado na
figura 20 que apresenta a topologia do sistema eltrico.
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Figura 20 Esquema de distribuio de cargas e geradores do sistema eltrico
O leiaute da aldeia e estruturas montadas aponta para outro problema:
para se evitar manter o intenso barulho dos geradores prximo s cargas
(principalmente Centro Cirrgico) estes so acomodados a grandes distncias
do local de trabalho, causando o inconveniente do lanamento de cabos de
distribuio da energia por comprimentos acima dos normatizados. A figura 21
apresenta a distribuio das estruturas na Aldeia de Vila Nova.
Gerador 1
7,2 kVA
Gerador 2
7,2 kVA
Gerador 3
2,8 kVA
Centro Cirrgico
incluindo
aparelhos de ar
condicionados
Cozinha
Consultrios
Farmcia
Barraca
Oftalmolgicaincluindo
aparelho de ar
condicionado
Almoxarifado
Facoemulsificador
Bomba da torneira
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Figura 21 Topologia do local com equipamentos, estruturas e distncias
As estruturas que compem a aldeia de Vila Nova so:
G1, G2, G3 e Gcom Representam os geradores que alimentavam as
estruturas apresentadas na figura. Somente G1, G2 e G3 eram de
propriedade dos Expedicionrios e passaram por uma avaliao
minuciosa. A operao do Gcom no era de responsabilidade dos
integrantes da expedio;
01 Escola da aldeia, que foi utilizada como dormitrio pelos integrantes da
expedio. A escola era alimentada por gerador da comunidade (Gcom);
02 Estrutura montada pela prpria comunidade para abrigar a Barraca
Oftalmolgica, Consultrios e a rea de triagem daqueles que seriam
atendidos. A funo desta estrutura promover abrigo para
atendimentos e impedir que as barracas de atendimento sofram com a
incidncia direta do sol;
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03 Barraca para atendimentos oftalmolgicos, consultas e pequenas
intervenes cirrgicas;
04 Consultrios para atendimentos clnicos diversos, com destaque para os
atendimentos peditricos;
05 Estrutura montada pela comunidade para abrigar o Centro Cirrgico
Mvel, oferecendo proteo contra a incidncia solar direta;
06 Barracas que compem o Centro Cirrgico Mvel;
07 Cozinha utilizada pelos Expedicionrios;
08 Nesta estrutura localizava-se a Farmcia, a Esterilizao e o Expurgo;
09 Almoxarifado com um ponto nico de iluminao e utilizado tambm pelas
equipes tcnicas que acompanhavam a expedio: cinegrafistas,
fotgrafos e engenheiros;
10 Base utilizada pelos integrantes do DSEI Distrito Sanitrio Especial
Indgena;
11 Quadra de voleibol da comunidade;
12 Alimentador do CCM ao G1: cabo multipolar PP de 2,5 mm2;
13 Alimentadores conectados ao G2: cabos multipolares PP de 2,5 mm2;
14 Rio Xi;
15 Floresta Amaznica.
As linhas vermelhas da figura 21 representam os caminhos de
passagem dos cabos de distribuio eltrica.
Figura 22 Rio Xi visto da comunidadede Vila Nova
Figura 23 - Escola da comunidade de
Vila Nova
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Figura 24 - Vistas da estrutura central da comunidade de Vila Nova
A figura 22 apresenta o rio Xi, que margeia a comunidade de Vila Nova,
a figura 23 apresenta a escola que serviu de abrigo para os integrantes da
expedio e na figura 24 o galpo central que serviu de abrigo para a barraca
oftalmolgica e para os consultrios de atendimento.
As instalaes eltricas so realizadas em carter temporrio e
necessitam de flexibilidade para montagem e desmontagem sem causar
grandes perdas de materiais como cabos, conectores, interruptores, etc. Os
Expedicionrios j vm desenvolvendo maneiras de conseguir essa
flexibilidade, conforme o conjunto de iluminao da figura 26, que possuem
cabos em comprimentos definidos e suportes nos interruptores e soquetes para
encaixe direto na estrutura das barracas.
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Figura 25 - Conjunto utilizado para iluminao e tomada na barraca oftalmolgica
Entretanto nem sempre possvel manter as instalaes em boas
condies devido aos imprevistos que ocorrem. Um exemplo dessa situao foi
a quebra do gerador a diesel no incio das atividades. O gerador da
comunidade (Gcom) foi utilizado de maneira emergencial para esta expedio
e a forma como sua ligao foi realizada, conforme a figura 27, d uma idia de
como so realizadas as instalaes temporrias: cabos, disjuntores e emendas
sujeitos s chuvas dirias da regio.
Figura 26 Exemplo de ligaes emergenciais para utilizao de gerador da comunidade
De uma forma geral os cabos utilizados na distribuio de energia
eltrica so instalados de forma area ou lanados no solo sem a construo
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de valetas para enterrar os cabos. A grande maioria das conexes ainda
realizada atravs de emendas, sem o uso de conexes rpidas padronizadas.
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3.4. Medies e identificao dos problemas
De uma forma geral os equipamentos apresentaram um bomfuncionamento e uma avaliao das condies encontradas e aes tomadas
durante a expedio apresentada no captulo 4.
Um problema que continuou atrapalhando o andamento das atividades
cirrgicas foi o aparelho Facoemulsificador, que funcionou a contento somente
na primeira manh de uso: depois de algumas horas de utilizao passou a
apresentar o funcionamento intermitente j reportado pelos mdicos. Aps o
encerramento das cirurgias daquele dia foram realizadas novas leituras com osanalisadores de energia, mas nesse teste o aparelho funcionou normalmente
de forma que no conseguimos registrar o que acontecia durante uma falha.
Com esta falta de previsibilidade do funcionamento do aparelho ele no foi
mais utilizado durante esta expedio. No item 4.1 apresentado o ensaio
realizado aps a expedio quando o equipamento foi corrigido e pde voltar a
ser utilizado normalmente durante as expedies seguintes.
O gerador 3, com a falha do Facoemulsificador, passou a alimentar
outros equipamentos do CCM que podiam ser ligados em 220V e, assim,
obteve-se um carregamento mais adequado dos geradores ficando o gerador 1
= 63%, gerador 2 = 71% (com cuidados para ligao de cargas simultneas) e
gerador 3 = 32%.
Para a correta identificao das alternativas para atuao, foram
realizados levantamentos de cargas e seus hbitos de uso, alm de medies
de grandezas eltricas com o uso de analisadores de energia modelo RMS.
A figura 28 apresenta o grfico de pizza da participao da capacidade
instalada por tipo de equipamento em Vila Nova (Abril/2008), sendo a carga
total instalada de 18,9 kW.
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Figura 27 Participao dos usos finais na Carga Instalada
Os levantamentos de cargas eltricas utilizadas por ambientes so
apresentados nas tabelas a seguir.
Tabela 4 Carga instalada na Barraca OftalmolgicaAparelho Potncia Quantidade Potncia Instalada (W)
Lmpada
Incandescente60 W 2 120
Lmpada de Fenda 30 W 1 30
Ventilador 72 W 1 72
Ar condicionado 18.000 BTU 1 2.000
Foco Oftalmolgico 50 W 1 50
TOTAL 2.272
As cargas instaladas da Barraca Oftalmolgica totalizaram 2.272 W, com
grande participao do aparelho de ar condicionado de 18.000 BTU.
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Tabela 5 Carga instalada na Sala de Apoio / Informtica
Aparelho Potncia QuantidadePotncia Instalada
(W)
LmpadaIncandescente
60 W 1 60
Notebook 100 1 100
TOTAL 160
A Sala de Informtica foi um local utilizado pelos fotgrafos, cinegrafistas
e equipe do GEPEA, que participaram da expedio, para armazenamento em
mdia das informaes coletadas e, no apresentando cargas significativas,
totalizou carga instalada de 160 W.
Tabela 6 Carga instalada na Cozinha e ReifeitrioAparelho Potncia Quantidade Potncia Instalada (W)
Freezer Horizontal 300 W 2 600
Liquidificador 400 W 1 400
Lmpada
Incandescente60 W 2 120
Geladeira 200 W 1 200
Lmpada
Fluorescente
Tubular
20 W 2 40
Bomba Dgua do
Poo1,5 CV 1 1.100
TOTAL 2.460
Na rea da Cozinha e Refeitrio tambm ficava ligada a Bomba Dgua
do Poo que abastecia o pessoal da expedio, totalizando uma carga
instalada de 2.460 W.
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Tabela 7 Carga instalada na FarmciaAparelho Potncia Quantidade Potncia Instalada (W)
Lmpada
Incandescente 60 W 3 180
Notebook 100 W 2 200
Computador 100 W 1 100
Ventilador 72 W 1 72
Autoclave 1.200 W 2 2.400
Autoclave 1.600 W 1 1.600
Autoclave Vertical 1.500 W 2 3.000
Lmpada Fluor.
Tubular20 W 1 20
CD Player 20 W 1 20
Lmpada Fluor.
Tubular20 W 1 20
TOTAL 7.632
Na rea classificada como Farmcia, alm desta tambm estavam
locadas a Esterilizao e o Expurgo. As principais cargas instaladas desta rea
so as Autoclaves, que com seus 5 equipamentos contribuem fortemente para
a carga instalada de 7.632 W.
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Figura 28 Participao no consumo desagregado por usos finais
Os principais usos finais encontrados, apresentados no grfico da figura
29, foram o ar condicionado representando 38% do consumo de energia e a
esterilizao de instrumentos com as autoclaves representando 24%. Os
sistemas de iluminao (com 11%), os equipamentos mdicos (com 8%) eequipamentos de informtica (com 7%) e os aparelhos de refrigerao e outros
(com 6% cada um) so os outros usos finais relacionados.
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Iluminao
Tabela 9 Panorama da iluminncia nos ambientes
LocalTipo de
Lmpada QuantidadePotncia
Instalada
Iluminncia
Medida
Centro
Cirrgico
Incandescente
60 W1
160 W 50 luxIncandescente
100 W1
Tenda
Oftalmolgica
Incandescente
60 W
2 120 W 100 lux
ConsultriosFluorescente
tubular 20 W3 180 W 40 lux
FarmciaIncandescente
60 W4 240 W 50 lux
EsterilizaoFluorescente
tubular 20 W1 21 W 40 lux
Os levantamentos realizados durante a expedio apresentaram um
panorama geral de ambientes mal iluminados, tabela 9, e ampla utilizao de
lmpadas incandescentes, figura 30, alm da utilizao em alguns ambientes
de lmpadas fluorescentes tubulares de 20 W com luminrias de baixa
eficincia.
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Figura 29 - Iluminao incandescente: o tipo mais encontrado nas instalaes
As lmpadas incandescentes utilizadas, como mostra a figura 30,
apresentam eficincia muito baixa, utilizando intensivamente a cara energia
eltrica gerada com uso de combustveis e contribuindo para o aumento da
temperatura dos ambientes que j necessitam de refrigerao para se tornarem
prprios para o trabalho.
Mesmo a proteo sobre a barraca do CCM, soluo implantada para
reduzir a temperatura interna do Centro Cirrgico, acaba por reduzir a
iluminao natural disponvel no interior da barraca, conforme figura 31.
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Figura 30 - Protees contra incidncia solar e material da barraca limitam a iluminao
natural
Uma opo imediata para aumentar a eficincia do sistema de
iluminao seria substituir as lmpadas incandescentes (figura 32) de 60W por
fluorescentes compactas de 15W e as de 100W por lmpadas fluorescentes
compactas de 25W. Assim sendo, como num ambiente iluminado por 8
lmpadas incandescentes de 60W e 1 de 100W, poderamos troc-las por 8
lmpadas fluorescentes compactas de 15W e 1 de 25W reduzindo a potncia
de 580W para 145W, uma reduo de 75%.
Entretanto, muitas lmpadas fluorescentes encontradas no mercado
possuem baixo fator de potncia e podem aumentar, de forma indesejada, o
carregamento de reativos dos geradores e a corrente circulante no sistema
eltrico.
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Figura 31 - Lmpadas utilizadas na Farmcia e no Refeitrio
Realizando projetos luminotcnicos em busca da melhor soluo para o
sistema de iluminao dos ambientes encontrados, optou-se, inicialmente, pelasubstituio das lmpadas incandescentes por lmpadas fluorescentes
tubulares. Como h uma grande restrio de espao no transporte das cargas
dos expedicionrios e dada a fragilidade da lmpada de 32W, optamos pela
lmpada fluorescente tubular de 16W para ser utilizada em luminrias para 2
lmpadas e com reator eletrnico de alto fator de potncia e baixa distoro
harmnica. Esses projetos luminotcnicos sero apresentados em detalhes no
captulo 4.
Cargas Intensivas
Algumas cargas apresentam consumos energticos bastante intensivos,
como o caso das autoclaves e dos aparelhos de ar condicionado, que
representam outra grande dificuldade na operao dos geradores.
Se por um lado os geradores operam com grande carregamento quando
alimentando essas cargas em regime, por outro lado necessrio haver um
grande controle quanto ao momento de ligamento dessas cargas, pois a
ocorrncia de grandes picos de potncia na partida dos aparelhos de ar
condicionado, conforme figura 33, pode provocar desligamento e danos aos
geradores utilizados. Durante a partida a potncia requisitada pelo aparelho de
ar condicionado chega a 7 kW, enquanto quando em regime essa potncia
de 1,5 kW.
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Figura 32 Caracterstica da partida dos aparelhos de ar condicionado: grande potnciainicial
Dessa forma necessrio que cargas que possuam grandes potnciasde partida sejam ligadas antes do completo carregamento do gerador,
permitindo certo flego para o fornecimento da potncia necessria. Tambm
importante que os equipamentos no sejam ligados simultaneamente, situao
em que teramos sobrecarga semelhante no gerador.
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4. Resultados da expedio e perspectivas de
melhorias
Aps a identificao dos principais problemas enfrentados durante a
expedio e obteno de vrios dados que permitiram caracterizar a utilizao
energtica realizada, este captulo apresenta detalhadamente as possibilidades
de ganho de qualidade e eficincia identificadas.
Sero abordados, entre outras orientaes gerais:
O ensaio do Facoemulsificador, no qual obteve-se sucesso na
reproduo do defeito intermitente que ocorria durante asexpedies, possibilitando a correo do defeito do equipamento;
As melhorias ligadas s instalaes eltricas, como segurana,
adequao da iluminao, dimensionamento dos geradores, etc;
As melhorias relacionadas ao ganho de eficincia no uso da
energia; etc.
De uma maneira geral a expedio foi um sucesso e a equipe tcnica
pde colaborar para a soluo de problemas e a busca pela melhoria geral dascondies de uso das instalaes. Um exemplo foi a melhoria do Sistema de
Iluminao do CCM com o uso de lmpadas e luminrias eficientes cedidas.
4.1. Facoemulsificador Corrigido
Apesar das providncias tomadas para sanar o defeito apresentado, o
Facoemulsificador continuou a apresentar mau funcionamento. Depois de
continuar apresentando funcionamento intermitente durante a expedio
comunidade de Vila Nova no Xi, quando foi abastecido por energia eltrica
obtida em gerador gasolina e regulao eletrnica de tenso, o
Facoemulsificador pde ser usado sem problemas quando o grupo de mdicos
se deslocou para a cidade de So Gabriel da Cachoeira AM. Visando
identificar e sanar definitivamente o defeito intermitente apresentado pelo
equipamento, foi agendado um ensaio que foi realizado na sede dos
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Expedicionrios da Sade e contou com a participao do GEPEA e do
engenheiro representante da Alcon, fabricante do equipamento.
O primeiro procedimento do ensaio foi reproduzir as condies
presentes durante a expedio: Alimentou-se o Faco com energia proveniente
do gerador Honda, de 220 V, utilizado durante a expedio. O aparelho
funcionou perfeitamente nestas condies, levando a equipe de mdicos
incredulidade quanto possibilidade de utilizao confivel deste equipamento.
Os dados de placa da fonte do equipamento apontavam para o
funcionamento com tenses de alimentao variando de 90V a 140V ou 190V a
240V. Buscando simular a falha intermitente do equipamento, fez-se uso de um
transformador de tenso varivel, VARIAC, para reduzir progressivamente a
tenso que alimentava o Faco. Partindo-se de 230V, o mximo obtido com o
Variac, a tenso foi reduzida at o nvel de 205V, quando as falhas se
iniciaram: emisso de alto chiado e desaparecimento dos caracteres do visor.
A equipe, ento, focou sua ateno na fonte interna do equipamento, quando o
engenheiro da Alcon procedeu um ajuste interno da tenso de referncia, que
deveria ser mantida em 5,0 V 0,2 V.
Utilizando um osciloscpio verificou-se que o valor da tenso interna de
referncia estava em 4,7 V, valor fora da margem necessria. Como o desvio
da tenso de referncia estava prximo do limite, o equipamento funcionava
muito bem quando alimentado por sistemas eltricos robustos, mas
definitivamente no era indicado para a condio de operao encontrada
durante as expedies.
Aps o ajuste do valor de referncia para 5,0 V atravs do potencimetro
de regulagem, realizou-se novo ensaio com variao da tenso de alimentao
do Faco. Durante o novo ensaio o equipamento deixou de operar somentequando a tenso foi reduzida a 164 V, mas dessa vez o aparelho no
apresentou a falha com emisso de rudos e problemas no visor.
Depois alimentou-se o equipamento com 120 V, procedendo novamente
a reduo da tenso de alimentao com o uso do VARIAC e o Faco deixou de
funcionar com tenso de 83 V, novamente sem apresentar falhas enquanto
estava dentro da faixa de tenso nominal de operao
Aps o ajuste o Facoemulsificador voltou a funcionar novamente deacordo com as especificaes e novos ensaios com variao de tenso no
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provocaram mais as falhas apresentadas durante a expedio. Contudo, por
medida de segurana, a Alcon doou uma nova fonte de alimentao que foi
instalada imediatamente no Faco.
A equipe do GEPEA realizou novamente o procedimento que simulava a
falha intermitente do Faco mas dessa vez, com o aparelho munido da nova
fonte, o resultado obtido foi ainda mais positivo: com a nova fonte o
Facoemulsificador funcionou ininterruptamente para tenses variando de 230V
a 63V.
4.2. Melhorias na iluminao
Conforme apresentado no item 3.4, na tabela 9, os nveis de
iluminamento dos ambientes estavam muito abaixo do necessrio para as
atividades praticadas. De acordo com a norma NBR 5413 da ABNT [13]
Associao Brasileira de Normas Tcnicas os nveis de iluminamento mnimo
para ambientes similares aos encontrados durante a expedio so
apresentados na tabela 10.
Tabela 10 Iluminncias adequadas conforme a norma NBR 5413Locais Consultrios Farmcia Centro Cirrgico
Iluminncia Mnima 300 150 300
Iluminncia Indicada 500 300 500
Para adequao do padro de iluminamento dos ambientes foram
elaborados projetos de iluminao com o software DIALux [14] e Softlux [15]
que levam em conta a baixa iluminao natural de alguns ambientes e a baixa
refletncia encontrada. Os resultados so apresentados abaixo, com a
configurao das luminrias e quantidade de lmpadas nas figuras e nvel de
iluminncia para os ambientes:
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Almoxarifado
Figura 34 - Projeto Luminotcnico do Almoxarifado
A sala chamada Almoxarifado serve como depsito dos equipamentossobressalentes e outros materiais utilizados nas instalaes eltricas. Na
expedio acompanhada esta sala tambm foi usada como base da equipe do
GEPEA e documentaristas presentes. Para o almoxarifado seriam necessrias,
figura 35, 4 luminria com 2 lmpadas de 32 W para obteno de iluminncia
mdia de 220 lux.
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Centro Cirrgico
Figura 35 - Projeto Luminotcnico do Centro Cirrgico Mvel
O CCM montado sempre na mesma barraca de campanha, de forma
que este o projeto luminotcnico mais importante pois pode ser seguido emtodas expedies. Sua importncia ainda maior quando se avalia a melhoria
da luminosidade do Centro Cirrgico obtida com o projeto, figura 36. Com a
utilizao de 4 luminrias de 2 lmpadas de 32 W cada uma, a luminosidade
mdia passa para 530 lux.
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Cozinha
Figura 36 - Projeto Luminotcnico para Cozinha
A cozinha, figura 37, outro ambiente que varia durante as expedies,
mas a disponibilidade de espao normalmente a mesma. O projeto apontou
para a necessidade de 2 luminrias com 2 lmpadas fluorescentes tubulares de
32 W cada para obter luminosidade de 260 lux.
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Farmcia
Figura 37 Entrada da Farmcia
Figura 38 rea de trabalho da
Farmcia
Figura 39 - Projetos Luminotcnicos da Farmcia
A casa utilizada como Farmcia possu 3 cmodos e cada um deles foi
objeto de projeto luminotcnico, figuras 38, 39 e 40. Em cada cmodo deve ser
instalado uma luminria com duas lmpadas de fluorescentes tubulares de 32
W obtendo luminosidade mdia de 210 lux.
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Refeitrio
Figura 40 - Projeto Luminotcnico do refeitrio
O projeto luminotcnico da rea utilizada como refeitrio, figura 41,
mostra a necessidade do uso de 2 luminrias com 2 lmpadas fluorescentes
tubulares de 32 W para obteno de 220 lux.
Tenda Oftalmolgica
Figura 41 - Projeto Luminotcnico da Tenda Oftalmolgica
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A tenda oftalmolgica usada como trs ambientes separados, com
uma divisria central e outra separando uma rea de triagem de pacientes,
figura 42. Nestes ambientes ser utilizada uma luminria com duas lmpadas
fluorescentes tubulares de 32 W em cada um, obtendo uma luminncia mdia
de 270 lux em cada ambiente interno.
Alm dos projetos luminotcnicos apresentados a equipe do GEPEA
levou na expedio luminrias reflexivas para 2 lmpadas de 32 W para um
teste de melhoria na qualidade da iluminao durante a expedio. O ambiente
escolhido foi o centro cirrgico, que apresentava nvel de iluminao muito
precrio com apenas 50 lux mdios. No teste realizado foi instalada uma
luminria com 2 lmpadas fluorescentes de 32 W com reator de baixo fator de
potncia alm da troca de 2 lmpadas incandescentes (1 de 100 W e 1 de 60
W). Esta alterao resultou, conforme a tabela 11, em uma expressiva melhora
na qualidade da iluminao de 760% e uma reduo na potncia instalada de
16W ou quase 10%.
Aps essa interveno foi realizada uma avaliao atravs da aplicao
de questionrio aos usurios - mdicos cirurgies e anestesistas - que tiveram
contato com a iluminao inicial e com a iluminao implantada. Os resultados
foram muito satisfatrios com avaliao de excelente e muito boa por parte
de todos os usurios, A figura 43 apresenta a o novo sistema de iluminao
composto por lmpadas fluorescentes do centro cirrgico.
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Tabela 12 Variao da luminosidade para os principais projetos luminotcnicos
LocalLuminosidade
Medida
Luminosidade
Projetada
Variao de
Luminosidade
CentroCirrgico
50 lux 530 lux
+ 480 lux
Tenda
Oftalmolgica100 lux 300 lux
+ 200 lux
Consultrios 40 lux 260 lux + 220 lux
Farmcia 50 lux 210 lux + 160 lux
Variao Mdia (%) + 408 %
Tabela 13 Variao da carga instalada para os principais projetos luminotcnicos
Local
Carga
Instalada
Inicial
Carga
Instalada
Projetada
Variao da
Carga Instalada
Centro
Cirrgico160 W 144 W -16 W
Tenda
Oftalmolgica120 W 72 W - 48 W
Consultrios 3 x 60 W 216 W + 36 W
Farmcia 3 x 60 W 216 W + 36 W
Variao Total + 8 W
4.3. Melhorias nos sistemas de ar condicionado e refrigerao
Os aparelhos de ar condicionado tambm podem ser alvo de aes para
aumento da eficincia. Apesar do bom estado de conservao dos trs aparelhos
utilizados durante a expedio, os equipamentos reservas eram precrios e caso
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Figura 43 Medio simultnea da potncia fornecida no gerador 1 e potncia
consumida no CCM
Nessa linha de alimentao do CCM verificou-se uma corrente de
aproximadamente 20 amperes circulando em um cabo de seo 2,5 mm 2 com
extenso superior a 100 metros. Tal situao, considerando-se a resistividade
do cobre de 0,017875 [.mm2/m] ocasiona uma perda no cabo de 285 W que
resultar em consumo de quase 2 litros de gasolina ao dia (considerando-se
operao durante 10 horas por dia).
A alimentao das cargas atravs de cabos com grandes comprimentos
comum na tentativa de se reduzir o alto rudo dos geradores no local de
trabalho, mas a reduo das distncias envolvidas na instalao a atitude
mais eficaz e de menor custo para a reduo dos problemas encontrados
aumento de perdas e queda de tenso. Para um correto dimensionamento dos
cabos a se utilizar em funo da distncia entre o gerador e o centro de carga,
a tabela 14 indica as sees mnimas para os cabos que devem ser utilizados
em vrias situaes.
O aspecto da queda de tenso que ocorre nos cabos com grande
comprimento tambm deve ser considerado. Para a resistividade de 0,017857
[.mm2/m] dos os condutores de cobre, a tabela 14 apresenta a queda de
tenso e perdas para cabos de diferentes sees para a condio de
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carregamento verificada. O cabo utilizado no Gerador 1 de 7,2 kVA possui
seo de 2,5 mm2 e tem destaque apresentado na tabela 14.
Tabela 14 Queda de tenso e perdas em cabos
Seo docabo (mm2)
Comprimentodo cabo (m)
Corrente (A) Queda deTenso (%)
Perdas nocabo (W)
2,5 100 20 6,5 285,7
4,0 100 20 4,1 178,6
6,0 100 20 2,7 119,0
10,0 100 20 1,6 71,4
Na expedio acompanhada a situao limite encontrada foi aalimentao do Centro Cirrgico pelo Gerador 1 (7,2 kVA) por um cabo com
extenso de 100 metros com 4 x 2,5 mm2 (com 3 cabos carregados, 2 fases e
1 neutro). Nesta condio, de acordo com a tabela 15, a seo mnima para o
cabo de alimentao fica definida pelo critrio da queda de tenso e de 10,0
mm2.
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Tabela 15 Cabos de alimentao indicadosAvaliao do cabeamento indicado para utilizao em gerador de 7,2 kVA
Distncia
entreGerador
e CCM
[m]
Limite de
Corrente
do Gerador
[A]
* Limite de
Corrente
Sugerido
[A]
** Mnimo
Cabosegundo a
corrente
mxima [mm2]
Cabo indicado
segundo aqueda de
tenso mxima
(4%) [mm2]
Cabo
Necessriopara a
utilizao
[mm2]
100 18,9 13,6 2,5 10,0 10,0
80 18,9 13,6 2,5 10,0 10,0
55 18,9 13,6 2,5 6,0 6,0
35 18,9 13,6 2,5 4,0 4,0
* Corrente obtida considerando fator de potncia de 0,9 e carregamento dogerador de 80%** Segundo Tabela de Capacidade de conduo de corrente [17] para 3condutores carregados B2
Outra importante recomendao que pode contribuir com vrios
aspectos de segurana do sistema eltrico a utilizao de disjuntores
corretamente dimensionados na alimentao dos diversos circuitos que so
alimentados pelos geradores. Devido limitada quantidade de geradores e
possvel ocorrncia de falhas nos mesmos, o seccionamento dos diversos
circuitos atravs da utilizao de disjuntores permite maior proteo dos
equipamentos e facilidade na realizao de alteraes em determinado circuito
sem comprometer as demais cargas alimentadas pelo mesmo gerador.
Alm dos disjuntores, que permitem manobras das cargas e proteo
em geral, tambm deve ser observada uma maneira de se acompanhar o
carregamento dos geradores como forma de evitar uma sobrecarga. O
acompanhamento da potncia, ou corrente, fornecida pelos geradores atravs
de instrumentos de medio outra medida que deve ser adotada.
Dessa forma, sugere-se a utilizao de caixas de distribuio a serem
ligadas em cada gerador utilizado, com ampermetros indicando a corrente de
cada circuito para acompanhamento do carregamento desse