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    O Plgio em Contexto Escolar: Estudo de caso numa escola

    do Ensino Secundrio

    Ana Isabel Lzaro Canadas Valadar

    Dissertao apresentada Escola Superior de Educao de Bragana para obteno do

    Grau de Mestre em TIC na Educao e Formao.

    Orientado por

    Manuel Florindo Alves Meirinhos

    Bragana

    2012

  • 2

    Agradecimentos

    Depois de todo o trabalho realizado, importante agradecer a algumas pessoas e

    instituies, sem as quais no teria sido possvel concretizar este longo e rduo estudo, que

    nos acompanhou durante meses.

    Importa agradecer Escola Superior de Educao de Bragana, bem como ao

    Agrupamento de Escolas do distrito de Bragana, onde se realizou a investigao, que

    possibilitaram a realizao deste trabalho. Alm disso, destaca-se a disponibilidade e simpatia

    do orientador, Professor Doutor Manuel Meirinhos.

    Devo tambm agradecer a todos os amigos que, de mais perto, seguiram o meu

    trabalho, me apoiaram e perderam por vezes o seu tempo ouvindo as minhas dvidas, lendo

    os meus rascunhos ou dando sugestes. E no posso esquecer os alunos e professores que

    participaram na minha aventura.

    E, por fim, tenho de agradecer profundamente minha famlia, em especial ao Miro e

    ao Fbio, os meus amores, por todo o apoio, carinho, pois nunca permitiram que eu

    fraquejasse, mesmo nos piores momentos.

  • 3

    Resumo

    As tecnologias de informao (TIC) so as ferramentas chave da sociedade onde

    atualmente nos inserimos. Em contexto escolar a sua presena comea ser notvel, embora

    muitas vezes se possa questionar os processos de utilizao. A Internet, como qualquer

    tecnologia pode ser bem ou mal utilizada. A Informao utilizada por este meio, pode ser

    utilizada para a construo de conhecimento ou como recurso para prticas menos honestas e

    censurveis, como o caso da prtica do plgio. Com o presente estudo pretendemos

    averiguar a prtica do plgio em contexto escolar. Conhecer o nvel de conscincia dos alunos

    e professores relativamente ilegalidade desta prtica. Observar as causas e consequncias do

    plgio. Aclarar formas de combate ao plgio e conhecer mais em pormenor as prticas do

    plgio no ensino secundrio.

    A investigao seguiu a metodologia de estudo de caso, recorrendo a um inqurito aos

    alunos do ensino secundrio de um agrupamento de escolas do distrito de Bragana, na

    consulta de documentao e numa entrevista a 4 professores do Ensino Secundrio. Atravs

    dos inquritos e das entrevistas conseguimos analisar causas e consequncias do plgio no

    ensino secundrio, apuramos tambm a necessidade sentida pela escola, pelos professores e

    pelos alunos em se manterem ao corrente desta prtica, tentando encontrar algumas formas de

    a combater.

    Definimos os objetivos pretendidos para a nossa investigao. Acrescentmos a descrio

    da opo metodolgica que nos levou a escolher o estudo de caso. Tambm contextualizmos

    o estudo, descrevendo a escola onde ele levado a cabo. Descrevemos o estudo e clarificmos

    as tcnicas e instrumentos usados na recolha e tratamento de dados.

  • 4

    Abstract

    The Information Technologies (IT) are key tools in the society where we currently operate.

    In the educational context their presence begins to be impressive, though often the processes

    of its use may be questionable. The Internet, just like any other technological tool, can be used

    positively or negatively. The information used by this means can be applied in the conception

    of knowledge or for a less honest and objectionable purpose, such as the practice of

    plagiarism. With the present study we intend, firstly, to carry out research on the practice of

    plagiarism in a school context. Secondly, we intend to acknowledge the level of awareness of

    students and teachers regarding the illegality of this practice. Thirdly, we shall observe the

    causes and consequences of plagiarism. And finally, we intend to clarify the ways of striving

    plagiarism and learn in detail about the practices of plagiarism in secondary schools.

    The research followed the methodology of case study, using a survey of secondary school

    pupils of the group of schools of district Bragana, the reading of documentation was also

    used, as well as and an interview with four teachers of Secondary Education. With the results

    of the surveys and interviews we were able, in the first place, to analyse the causes and

    consequences of plagiarism in secondary education; secondly, we have become aware of the

    need felt by the school board, by teachers and students to be updated about this practice, in

    order to find some ways to hinder it.

    The intended goals for our research are set. A description of the methodological approach

    that led to the selection of the case study was also added. We contextualized and defined the

    study, and illustrated the school where it is carried out. In addition, we clarified the techniques

    and instruments used in collecting and processing data.

  • 5

    ndice

    NDICE DE TABELAS ................................................................................................... 8

    INTRODUO ............................................................................................................... 9

    Contextualizao da investigao ......................................................................................................... 9

    Objetivos da investigao .................................................................................................................... 10

    Estrutura da investigao ..................................................................................................................... 10

    Captulo 1 Os Jovens e a Internet na Sociedade da Informao ................................. 12 1.1- Sociedade da Informao e a escola ................................................................................. 12 1.2- A importncia da utilizao das Tecnologias da Informao na construo do conhecimento .................................................................................................................................... 18

    Captulo 2 O plgio e a legislao ............................................................................... 24 2.1- Origem do termo plgio .......................................................................................................... 24 2.2- Diferentes tipos de plgio ........................................................................................................ 26

    2.2.1- Plgio intencional .............................................................................................................. 26 2.2.2- Plgio acidental .................................................................................................................. 26 2.2.3 - Plgio quanto ao modelo de cpia .................................................................... 27

    2.3- Legislao e plgio .................................................................................................................... 27 2.4- Legislao da Unio Europeia ................................................................................................ 28

    Captulo 3 Causas do plgio no ensino secundrio ................................................... 31 3.1- Perfil dos alunos plagiadores ................................................................................................... 31 3.2- A regulamentao na escola sobre a prtica de plgio ........................................................ 35 3.3- Software existente para deteo de plgio ............................................................................ 36

    Capitulo 4 Metodologia ............................................................................................... 38 4.1- Definio dos objetivos ........................................................................................................... 38 4.2- Opo metodolgica ................................................................................................................ 40 4.3- Instrumentos de recolha de informao ............................................................................... 43 4.4- Descrio do estudo ................................................................................................................. 46

    4.4.1- O contexto da escola ........................................................................................................ 47 4.4.2- Realizao da investigao ............................................................................................... 49

    Capitulo 5 - Apresentao e anlise dos resultados ....................................................... 54 5.1- Conhecer o nvel de conscincia dos alunos em relao ilegalidade da prtica de plgio. 58 5.2- Conhecer o nvel de conscincia dos professores em relao prtica de plgio por parte dos alunos. ............................................................................................................................... 61 5.3- Conhecer prticas de plgio no Ensino Secundrio. ..................................................... 63 5.4- Analisar as causas e consequncias do plgio no Ensino Secundrio. ........................ 67 5.5- Verificar as consequncias derivadas da prtica do plgio. ........................................... 78 5.6- Apurar formas de combate ao plgio em ambiente escolar. ........................................ 80

  • 6

    CONCLUSO ................................................................................................................ 87

    Limitaes da investigao ................................................................................................. 90

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................... 91

    ANEXOS ........................................................................................................................ 96

    Anexo 1 .................................................................................................................................................. 96

    Anexo 2 ................................................................................................................................................ 108

    Anexo 3 ................................................................................................................................................ 109

    ndice de figuras

    Figura 1 Ilustrao do conhecimento sobre o plgio ................................................................... 37

    ndice de grficos

    Grfico1 Gnero ................................................................................................................................ 54

    Grfico 2 - Morada ............................................................................................................................... 55

    Grfico 3 - Ano de escolaridade ......................................................................................................... 55

    Grfico 4 - Nmero de anos de reteno .......................................................................................... 56

    Grfico 5 - reas de estudo ................................................................................................................. 57

    Grfico 6 - Internet em casa ................................................................................................................ 57

    Grfico 7 - Ouviste falar em plgio acadmico ................................................................................ 58

    Grfico 8 - Informao sobre o plgio .............................................................................................. 59

    Grfico 9 - Definio do conceito de plgio..................................................................................... 60

    Grfico 10 - Frequncia com que os professores verificam se os trabalhos so plagiados ....... 62

    Grfico 11 - Os professores deveriam preocupar-se mais com esta prtica do plgio ............... 63

    Grfico 12 - Frequncia com que recorrem ao plgio ..................................................................... 64

  • 7

    Grfico 13 - Frequncia com que os alunos copiam trabalhos j feitos na Internet .................. 64

    Grfico 14 - Frequncia com que os alunos recorrem ao processo Copiar-Colar ...................... 65

    Grfico 15 - Frequncia com que os alunos compram trabalhos j feitos ................................... 65

    Grfico 16 - rea que recorrem mais prtica do plgio ............................................................... 66

    Grfico 17 - Preocupao por parte dos alunos com a fonte da informao recolhida ............. 67

    Grfico 18 - Pela facilidade que a Internet oferece para copiar informao ................................ 68

    Grfico 19 - Por falta de tempo para escrever o trabalho .............................................................. 69

    Grfico 20 - Porque os professores no se interessam pelo facto do trabalho estar copiado ... 69

    Grfico 21 - Porque todos os colegas o fazem de forma natural .................................................. 70

    Grfico 22 - Porque costumo deixar os trabalhos para a ltima hora .......................................... 70

    Grfico 23 - Porque os professores no costumam fornecer regras para realizar os trabalhos 71

    Grfico 24 - Porque no tenho grande capacidade de escrita ........................................................ 72

    Grfico 25 - Porque os trabalhos so muito complicados de fazer ............................................... 72

    Grfico 26 - Porque tudo o que existe na Internet pode ser copiado livremente ....................... 73

    Grfico 27 - Porque nos trabalhos copiados a classificao costuma ser melhor ....................... 73

    Grfico 28 - Porque os professores no orientam na realizao dos trabalhos........................... 74

    Grfico 29 - Porque se pode fazer um melhor trabalho com menos esforo ............................. 74

    Grfico 30 - Porque os prazos para a realizao dos trabalhos costuma ser curto ..................... 75

    Grfico 31 - Porque a escola no nos informa das consequncias do plgio .............................. 76

    Grfico 32 - Pela facilidade que hoje existe de partilhar, copiar e colar informao .................. 76

    Grfico 33 - Porque domino muito bem a Internet e tecnologias associadas ............................. 77

    Grfico 34 - Porque j o fazia no Ensino Bsico ............................................................................. 77

    Grfico 35 - O plgio contribui para o aumento dos conhecimentos cientficos dos alunos ... 78

    Grfico 36 - O plgio uma prtica que deveria ser eliminada das escolas porque desonesta

    ................................................................................................................................................................. 79

    Grfico 37 - A prtica do plgio ajuda a obter melhores classificaes nas disciplinas ............. 79

    Grfico 38 - Os professores devem ensinar os alunos a consultar e organizar informao seja

    de que fonte for: Internet, pesquisa bibliogrfica, comunicao social, etc. ................................ 80

    Grfico 39 - Conhecimento dos alunos sobre o software existente para a deteo do plgio .. 81

    Grfico 40 - Os trabalhos plagiados deveriam ser anulados .......................................................... 82

    Grfico 41 - As escolas deveriam consciencializar toda a comunidade escolar sobre a

    problemtica do plgio ......................................................................................................................... 82

    Grfico 42 - O Ministrio da Educao deveria tomar medidas para que o tema fosse debatido

    nas escolas .............................................................................................................................................. 83

  • 8

    Grfico 43 - Os professores deveriam fornecer regras claras sobre a realizao dos trabalhos 84

    Grfico 44 - Os professores deveriam acompanhar a realizao dos trabalhos .......................... 84

    Grfico 45 - Os alunos plagiadores deveriam chumbar na disciplina onde cometem plgio .... 85

    ndice de tabelas

    Tabela 1 - Relao entre os objetivos e o nmero das questes .................................................... 52

    Tabela 2 - Categorias da entrevista dos professores ........................................................................ 53

  • 9

    Introduo

    A sociedade da informao tem-se caracterizado como por uma constante mudana

    suportada pelas novas tecnologias. Estas desempenham um papel fundamental no acesso,

    criao e difuso da informao.

    A escola, enquanto instituio ligada informao e ao conhecimento, no pode estar

    alheada dos fenmenos emergentes desta nova sociedade. necessrio que a escola reconhea

    que, num contexto mais amplo, no apenas a sociedade que muda, mas tambm, num

    mbito mais especfico, os alunos desenvolvem novas estratgias de aceder e tratar e difundir a

    informao. Esta nova relao dos alunos com a informao, difundida pelas redes nova

    para a escola e dela emergem alguns fenmenos, entre os quais o plgio acadmico.

    neste contexto que se encontra o nosso estudo, o qual procuraremos explicitar melhor,

    nesta introduo, atravs da contextualizao, da apresentao dos objetivos e da descrio da

    estrutura da investigao.

    Contextualizao da investigao

    Atualmente a escola, os docentes e os alunos debatem-se com um enorme desafio

    relacionado com a prtica do plgio em contexto escolar. A multimdia e as novas tecnologias

    so uma realidade inegvel na nossa sociedade, e fazem parte da grande maioria de crianas e

    jovens. A imensa quantidade de informao, em formato digital, que disponibilizada atravs

    da Internet, suscita nos jovens novos hbitos de trabalho e novas formas de lidar com essa

    informao de fcil acesso. A facilidade de trabalhar a informao digital diferente de

    trabalhar com a informao em suporte papel. Tanto professores como alunos devem estar

    conscientes das ocorrncias que podem emergir dessa facilidade, como a prtica do plgio.

    Com o presente estudo pretendemos averiguar se os alunos do ensino secundrio recorrem

    ou no prtica do plgio no seu percurso escolar. Pretendemos tambm conhecer se de facto

    eles tm conscincia da ilegalidade desta prtica. Contudo iremos demonstrar quais as causas e

    as consequncias da prtica do plgio. Vamos aclarar algumas das possveis formas de

    combate ao plgio.

  • 10

    Parece-nos, portanto, deveras importante que toda a comunidade escolar se consciencialize

    que esta prtica do plgio com recurso Internet est cada vez mais enraizada nos nossos

    alunos, pois fazem desta uma prtica usual e comum.

    Objetivos da investigao

    No mbito da temtica do nosso trabalho sobre a prtica do plgio em contexto escolar no

    ensino secundrio, tivemos necessidade de elaborar um conjunto de objetivos que nos

    permitissem direcionar e orientar o nosso trabalho de pesquisa e investigao, mas apesar de

    estarem definidos separadamente, estes esto interrelacionados dependendo uns dos outros.

    Assim, pretendendo-se com esta investigao conhecer a informao que os professores e

    os alunos do ensino secundrio tm sobre a prtica de plgio, para um melhor esclarecimento

    procurou-se responder aos objetivos do estudo a seguir listados:

    Conhecer o nvel de conscincias dos alunos em relao ilegalidade da prtica de

    plgio.

    Conhecer o nvel de conscincias dos professores em relao prtica de plgio por

    parte dos alunos.

    Conhecer prticas de plgio no Ensino Secundrio.

    Analisar as causas e consequncias do plgio no Ensino Secundrio.

    Apurar formas de combate ao plgio em ambiente escolar.

    Foram estes cinco objetivos gerais que orientaram a nossa investigao e que descrevemos,

    mais pormenorizadamente, na metodologia do trabalho.

    Estrutura da investigao

    O presente trabalho constitudo por seis partes complementares.

    Na introduo feita a contextualizao da investigao, so apresentados os objetivos da

    investigao, assim como a estrutura da investigao.

    No primeiro captulo fazemos uma abordagem ao tema, as crianas e a Internet na

    Sociedade da Informao. Comeamos por retratar a sociedade da informao, demonstrando

    os seus desafios para a educao. Expusemos a importncia da utilizao das Tecnologias da

    Informao na construo do conhecimento dos jovens.

  • 11

    No segundo captulo, o plgio e a legislao, fizemos uma abordagem origem do termo

    plgio. Descrevemos os diferentes tipos de plgio, se este praticado de forma intencional ou

    acidental e contextualizamos a plgio na legislao.

    No terceiro captulo, centramo-nos no assunto o plgio no ensino secundrio, fizemos uma

    caracterizao do perfil dos alunos plagiadores. Tentamos identificar a existncia ou no de

    regulamentao na escola sobre a prtica de plgio. Apresentamos ainda diferentes tipos de

    software existente para deteo de plgio.

    No quarto captulo, referimo-nos metodologia, onde apresentamos os objetivos da

    investigao e as opes metodolgicas. Indicam-se as tcnicas de recolha de dados e

    descrevem-se os instrumentos. Neste captulo descrevemos ainda o estudo, apresentando o

    contexto da escola onde se realizou a investigao e fizemos uma breve explicitao da

    realizao da investigao.

    No quinto captulo, expusemos a apresentao e anlise de dados. Procedemos

    apresentao dos dados graficamente fazendo a sua anlise e tendo como principal referncia

    os objetivos gerais e especficos que delinemos para este trabalho.

    Por ltimo, respeitante concluso, procedeu-se s consideraes e reflexes, s limitaes

    da investigao.

    Terminamos com as referncias bibliogrficas e, em anexo, os instrumentos que utilizamos

    no nosso estudo.

  • 12

    Captulo 1 Os Jovens e a Internet na Sociedade da Informao

    1.1- Sociedade da Informao e a escola

    A Sociedade da Informao, tambm conhecida por Sociedade do Conhecimento surge em

    consequncia do nascimento da to falada sociedade da Globalizao. Esta sociedade tem-se

    caracterizado como estando em constante mudana impulsionada pelas novas tecnologias e

    onde a informao se transformou cada vez mais num meio de criao de conhecimento.

    As transformaes socorridas a nvel de suportes de informao, velocidade de criao e

    circulao da informao, facilidade de acesso a essa mesma informao suscitam o repensar

    de uma srie de atitudes que suportam decises e determinam, em certa medida, vida forma

    como nos relacionamos com a informao e o conhecimento.

    Ao longo dos tempos, as Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC), conseguiram

    transformar os nossos hbitos, tornando-se imprescindvel na nossa vida tanto pessoal como

    profissional, conseguindo muita da nossa ateno. Segundo Junior (2007) O computador e a

    Internet, enquanto ferramentas de informao, foram sem dvida as tecnologias que tiveram aceitao mais

    rpida e que continuam a ser implementadas e aperfeioadas a cada dia, penetrando em todas as esferas sociais

    (p.25).

    Nos ltimos 20 anos, as tecnologias de informao foram responsveis por uma profunda

    reorganizao do modo como as pessoas vivem, comunicam e aprendem. Estas alteraes tm

    permitido o aparecimento de novas prticas e hbitos associados com as novas geraes. O

    impacto do uso intensivo de tecnologias de informao e comunicao, bem como a maior

    oferta de servios e informao a que se assiste, provoca naturalmente uma modificao na

    vida das novas geraes.

    O facto que a utilizao das TIC tem transformado profundamente a forma como as

    pessoas vivem, como aprendem, trabalham, ocupam os tempos livres e interagem, tanto nas

    relaes pessoais como profissionais.

    Segundo Galanter (1984):

    ()hoje estamos no limiar de uma nova idade da alfabetizao alfabetizao computacional , cujas exigncias em matria escolar, j e no futuro imediato, podem muito bem ultrapassar as do passado. As necessidades dos educandos perante este novo tipo de instruo crescem constantemente e as nossas escolas, o

  • 13

    agente central de tal crescimento, vo naturalmente receber dele uma nova vitalidade, requerem uma reordenao das foras intelectuais (p. 89).

    Enquanto seres sociais, os seres humanos procuram constantemente interagir com outros,

    nas mais diversas ocasies. Esta realidade tambm se aplica ao mundo da Internet, tanto mais

    que esta permite que as pessoas comuniquem umas com as outras de qualquer parte do

    mundo.

    Seja l qual for o nome que se d, era digital, cibercultura, sociedade de informao ou

    sociedade em rede, o facto que no nosso tempo a interatividade desafio no s para os

    jovens, mas para todos os agentes do processo de comunicao.

    Segundo Penzias (1992), na verdade, a tecnologia tem vindo rapidamente a tornar quase irrelevantes as

    barreiras impostas pela distncia. Hoje as barreiras fsicas so, de longe, muito menos significativas do que as

    barreiras lgicas que separam as fontes dos utilizadores de dados (p.151).

    Atualmente a Internet um fenmeno marcante nas sociedades desenvolvidas, estando a

    modificar a forma professores e alunos lidam com a informao. Hoje, no parece haver

    dvidas que o futuro da aprendizagem escolar ou acadmica passar significativamente pela

    Internet e tecnologias associadas.

    A par de todas as possibilidades e benefcios da utilizao das TIC, nomeadamente no

    acesso ao conhecimento, na colaborao entre pessoas e organizaes, na incluso social e na

    criao de riqueza, necessrio assegurar, como para qualquer outro meio de interao,

    mecanismos e estratgias apropriados para minimizao de eventuais abusos ou ilegalidades

    que ocorram com a utilizao destas tecnologias.

    Os jovens cresceram rodeados de tecnologias de comunicao, como a Internet ou os

    telemveis. verdade que atualmente a tecnologia faz parte da vida das pessoas de grupos

    etrios muito variados, mas um jovem de 16 anos que esteja agora no ensino secundrio

    constitui um exemplo do que Prensky (2001) designa de nativo digital, por oposio s

    pessoas que no foram to precocemente expostas a tecnologias como a Internet, e que, por

    isso, tendem a fazer um uso menos instintivo da tecnologia.

    A Internet, tal como qualquer outra tecnologia crida pelo Homem, pode ser bem ou mal

    utilizada. Milhes de utilizadores de todas as idades usam diariamente esta ferramenta. Apesar

    de ser um meio verstil e uma fonte de inesgotveis recursos, apresenta alguns perigos

    associados, decorrentes de uma utilizao menos correta. Qualquer cidado dever estar

    consciente desses perigos, a fim de se proteger da melhor forma e educar os mais jovens a

    fazer o mesmo. Ao desenvolver certas atitudes e hbitos de utilizao da informao da

  • 14

    Internet, poder desfrutar com maior segurana das inmeras vantagens que a Internet lhe

    permite.

    Previsivelmente, a mudana que ocorreu na Internet, em termos tecnolgicos, com o

    aparecimento das ferramentas de Web 2.0 est tambm associada a mudanas psicolgicas

    importantes, nas pessoas que as usam. Os alunos que pertencem Gerao Net tm sido

    expostos s tecnologias digitais em praticamente todas as facetas das suas vidas, o que

    influenciou a forma como estabelecem relaes interpessoais, e o modo como perspetivam o

    mundo (Tapscott,1997). De acordo com Prensky (2001), estes jovens desenvolveram

    particularmente a capacidade para realizar diversas tarefas em simultneo, e habituaram-se a

    esperar interaes rpidas e eficazes atravs dos seus canais de comunicao (Tapscott, 1997;

    Prensky, 2001).

    Tapscott (1997) props que o primeiro grupo de seres humanos que cresceu num mundo

    com Internet apresenta globalmente alguns traos distintivos. Embora, uma vez mais, no se

    possam prever caractersticas pessoais a partir de aspetos geracionais, o impacto do ambiente

    tecnolgico na Gerao Net manifesta-se, segundo este autor, pela maior prevalncia neste

    grupo geracional de comportamentos e atitudes como:

    - Capacidade para desempenhar diversas tarefas em simultneo.

    - Preferncia marcada para a construo ativa de conhecimento, e reduzida tolerncia a

    ambientes instrutivos.

    - Baixa tolerncia a atrasos na comunicao.

    - -vontade em ambientes interativos, em que devem assumir o papel de atores, e no

    apenas de espectadores.

    Oblinger e Oblinger (2005) refletem sobre a divergncia, que muitos educadores tm vindo

    a constatar, entre a naturalidade com que os jovens usam a tecnologia e as dificuldades que

    tm em julgar a qualidade da informao que obtm a partir de servios de pesquisa como o

    Google competncia muitas vezes designada como capacidade de descobrir informao ou

    detetar informao crtica. Referem que, ainda que estes jovens possam ser digitais nativos,

    isso no significa que eles compreendam a forma como o uso da tecnologia afeta a sua literacia

    e os seus hbitos de aprendizagem dissociando o processo do prprio contedo. Os

    mesmos autores acrescentam ainda que seria um erro tentar motivar os jovens da Gerao Net

    com base apenas em artifcios tecnolgicos apelativos, em vez de se por a nfase no

    desenvolvimento da sua literacia e das suas competncias de raciocnio crtico.

    J referia Campos (1994) que, a utilizao da tecnologia informtica em todas as reas do currculo

    vir a ter um forte impacto nas intenes e objetivos curriculares, nas estratgias de ensino e no ambiente de

  • 15

    aprendizagem (p.13).A verdade que esse impacto ainda no se tem evidenciado com muito

    sucesso nas nossas escolas. Houve sim um grande avano e uso das TIC na sociedade mas,

    ainda h muito para fazer para as implementar com mais sucesso em contexto de

    aprendizagem escolar.

    Aceita-se, hoje, que a escola no pode recuar perante as descobertas tcnicas, ela tem que

    aceitar a sua presena dentro e fora dos seus muros. Esta deve pensar nos problemas atuais e

    adaptar-se a esta sociedade de avanos tecnolgicos. Pois, segundo Ponte (1986), O

    conhecimento, tal como a sociedade, est em permanente evoluo. O professor tem de estar constantemente a

    aprender e a renovar-se. Professores e alunos passam a ser companheiros de um processo de aprendizagem. (p.

    107). As novas tecnologias so um destes avanos que, ao serem introduzidas nas atividades

    escolares, podem contribuir para uma reflexo sobre a influncia que exercem no pensamento

    dos jovens. Contudo, a utilizao destas na escola, embora esteja j difundida, muitas vezes, e

    ainda hoje alguns dos professores utilizam-nas apenas no estrito servio de documentao.

    Os meios de comunicao, ao serem introduzidos nas atividades letivas, devem abarcar

    essencialmente os conhecimentos relevantes que os alunos tm que adquirir para interpretar o

    mundo onde tm que viver.

    Para que isso comece a acontecer nas escolas, indispensvel que a formao aborde a

    temtica das TIC e fenmenos associados.

    Sendo a escola considerada como o local privilegiado de aprendizagem e de

    desenvolvimento do esprito crtico dos alunos sobre os mais variados aspetos da nossa

    sociedade, lgico que se considere como indispensvel, uma formao bastante ampla dos

    professores tocando os aspetos que em cada momento preocupam a nossa sociedade. Por

    isso, entende-se que as novas tecnologias deviam ser objeto de estudo durante a formao

    inicial de professores e terem a ateno devida na formao contnua, proporcionando aos

    professores uma viso crtica das mesmas, de forma a adquirirem competncias para tratar o

    uso correto das novas tecnologias com os alunos de uma forma segura, demonstrando-lhes os

    seus benefcios mas tambm os possveis perigos, que com o seu mau uso muitas vezes da

    possam advir. O jovem por natureza curioso, esta curiosidade natural de certa forma

    satisfeita por parte dos que o rodeiam. O universo das novas tecnologias permite esse tipo de

    interao imediata, pois por exemplo no caso da Internet, e atravs dela e da sua utilizao,

    eles sentem que tm um mundo aos seus ps, tudo ali possvel, por isso o seu uso os

    deslumbra, muitas vezes sem calcularem os perigos que possam estar a correr. Assim, ao

    integrar-se as TIC no processo educativo, ser possvel por parte dos alunos a obteno de

    respostas e muitas vezes questionar de forma crtica os assuntos apresentados.

  • 16

    Hoje em dia, a tecnologia na educao estendeu-se a novas modalidades de formao e

    comunicao atravs de redes informticas, a utilizao de computadores no ensino

    aprendizagem est cada vez mais patente, da que os alunos sintam cada vez mais necessidade

    que a escola e os professores os acompanhem nesta nova era informtica.

    O grande desafio que se coloca como aproveitar o potencial destas tecnologias de

    comunicao no contexto escolar.

    A utilizao das novas tecnologias da informao e comunicao na escola no um

    fenmeno recente. Tambm no tem sido um problema fcil nem um tema pacfico, na

    medida em que exige uma mudana de prticas e mentalidades.

    Para Ramiro Marques (2001), A escola deve educ-los para que eles estejam preparados para exercer

    ocupaes tpicas de sociedades tecnologicamente desenvolvidas, dando-lhes ao mesmo tempo, as capacidades para

    continuarem a estudar e a aprender (p. 37).

    Ento teremos que pensar em educar para o novo mundo, onde as descobertas digitais

    definem os limites do saber e aprender. Neste novo paradigma que nos proposto, s tem

    capacidade de optar, participar, trabalhar, aqueles que tm informao, ou acesso

    disponibilizado a ela.

    Os softwares educativos, bem como a Internet, podem ser utilizados com diversas

    finalidades, de forma a proporcionar a construo do conhecimento, possibilitam a

    informao de contedos, a aplicao de jogos para favorecer a aprendizagem de modo mais

    divertido, podem ser repetidos quantas vezes for necessrio para uma melhor compreenso

    dos conceitos que se pretendem transmitir.

    Em relao ao computador, uma das suas grandes vantagens a interatividade e a

    capacidade de ser utilizado como uma ferramenta para facilitar a aprendizagem

    individualizada, uma vez que ele s executa o que lhe solicitado. Uma das outras vantagens

    do computador, a possibilidade de representar e experimentar novos conceitos criando a

    possibilidade de um mundo abstrato e simblico, criando interao entre as pessoas. Esta

    interao desenvolve a racionalidade tcnico-operacional e lgico-formal e amplia a

    compreenso dos aspetos scio afetivos e tornam evidentes fatores pedaggicos, sociolgicos

    e epistemolgicos.

    O uso das redes como uma nova forma de interao no processo educativo, amplia a ao

    de comunicao entre o aluno e o professor e o intercmbio educacional e cultural, desta

    forma, o ato de educar (com a ajuda da Internet), proporciona a quebra de barreiras, de

    fronteiras e remove o isolamento da sala de aula, acelerando a autonomia da aprendizagem dos

  • 17

    alunos ao seu prprio ritmo, assim a educao pode assumir um carcter coletivo e tornar-se

    acessvel a todos.

    A introduo das novas tecnologias no diminui em nada a importncia do professor.

    Sendo assim, no se pode colocar o professor e o computador em dois pontos extremos, mas

    sim fazer com que a combinao dos dois permita um aumento das potencialidades de ambos.

    Tal como refere Joo Ponte (1986), O conhecimento, tal como a sociedade, est em permanente evoluo.

    O professor tem de estar constantemente a aprender e a renovar-se. Professores e alunos passam a ser

    companheiros de um processo de aprendizagem (p. 107).

    Muitas experincias de utilizao da Internet no contexto escolar falham porque os

    professores restringem a atividade dos alunos a critrios extremamente estruturados, o que faz

    com que estas sejam, para os alunos, uma experincia de escrita por obrigao, que eles

    abandonaro assim que a sua avaliao final esteja concluda. Neste contexto, o papel do

    professor dever ser o de facilitar a aprendizagem e a experimentao dos alunos, dando-lhes

    algum espao de liberdade.

    Atualmente as novas tecnologias no so s uma concorrente na transmisso de

    conhecimentos da escola, mas uma prtica social que necessrio ter em considerao.

    Segundo Lvy (1987) A utilizao multiforme dos computadores no ensino estende-se escola e casa,

    na formao profissional e contnua (p. 26 e 27).

    Assim, se partimos de uma filosofia que tem como um dos seus princpios bsicos a

    incluso natural de todos os indivduos numa sociedade, no podemos deixar de recusar que,

    sistematicamente, determinadas parcelas dessa sociedade sejam privadas dos avanos

    tecnolgicos e das alteraes das formas de conviver, de brincar, de trabalhar, de aprender e

    de ensinar, de viajar, de comunicar, etc., que vo alterando profundamente a nossa forma de

    viver, tornando vulgar e acessvel o que at h pouco era do domnio tcnico e restrito a

    determinados grupos profissionais. Esses meios tecnolgicos que individualizam e

    simultaneamente generalizam, possibilitando o relacionamento do particular com o geral,

    numa atitude to sistemtica que chega necessariamente s atitudes e aos valores das pessoas,

    podem no entanto, no passar para o dia-a-dia de determinados grupos sociais, que pelas suas

    caractersticas dependem inicialmente da fora poltica, social e tambm do saber profissional

    de quem os rodeia e que podero constituir-se, como as grandes resistncias s vrias

    possibilidades de acesso a uma nova maneira de viver e conviver.

  • 18

    1.2- A importncia da utilizao das Tecnologias da Informao na construo do conhecimento

    A Internet veio provocar verdadeira revoluo na organizao no mundo da informao e

    do conhecimento. O acesso aberto informao cada vez mais uma realidade. Surgiu um

    como conceito que veio revolucionar a difuso da informao, falamos pois do termo open

    access, "Acesso Livre" (ou Acesso Aberto). Significa a disponibilizao livre, na Internet,

    de literatura de carcter acadmico ou cientfico (em particular os artigos de revistas cientficas

    com reviso pelos pares), permitindo a qualquer utilizador ler, descarregar, copiar, distribuir,

    imprimir, pesquisar ou referenciar o texto integral dos documentos.

    Por outro lado, com a emergncia recente de fenmenos como os Blogues ou os Wikis, e

    redes sociais, os jovens passam a dispor de um meio que lhes permite a expresso fcil. A

    Internet passou a ser um espao mais descentralizado, em que os indivduos podem facilmente

    aceder, e de forma colaborativa, editar e transformar a informao.

    Surge ento o interesse em contextualizar a escola na sociedade da informao, e forma

    como toda a comunidade escolar reage relativamente insero das novas tecnologias na

    educao. Atualmente, professores e alunos podem utilizar ativamente as novas tecnologias,

    no contexto ensino aprendizagem. Estas assumem-se, hoje, como importantes instrumentos

    que tornam mais atrativo e motivador o processo de ensino aprendizagem, conduzindo ao

    crescimento e edificao da personalidade humana.

    O facto que as ferramentas de Web Social, como os Blogues ou os Wikis, redes sociais,

    podem ser integrados em ambientes presenciais e virtuais de aprendizagem. No entanto, a sua

    utilizao em contextos mistos, de Blended-Learning, em que os alunos podem interagir de

    diversas maneiras com outros alunos, professores e a comunidade em geral, aquela que tem

    tido mais aceitao junto dos educadores. Neste tipo de modelo, os alunos podem ser autores

    criativos de contedos, produzindo e manipulando imagens de vdeo (disponibilizando-as

    depois em servios como o YouTube), usando palavras-chave (Tags) para criar taxonomias

    que tornam mais fcil e eficaz a procura de informao em Blogues, ou participando dinmica

    e coletivamente na construo de espaos Wiki. tambm possvel, com o uso de ferramentas

    como estas, ir de encontro s expectativas dos estudantes da Gerao Net, no que respeita a

    facilidade de acesso a informao e abertura e flexibilidade dos contedos (Oblinger e

    Oblinger, 2005; Tapscott, 1997).

  • 19

    Nos dias de hoje, a introduo das tecnologias, principalmente do computador e da

    Internet, desperta expectativas demasiado otimistas como por exemplo um maior sucesso

    escolar, tornar o ensino mais motivador e o trabalho menos repetitivo.

    A implementao das novas tecnologias na educao indispensvel porque uma forma

    de aproximar o contexto escolar sociedade global, onde as tecnologias se vo expandindo

    cada vez mais.

    As tecnologias devem orientar as prticas docentes no se limitando apenas a uma melhoria

    do ensino dito tradicional ou a uma simples utilizao dos instrumentos informticos, mas sim

    utilizar esses meios para dinamizar e motivar todos os intervenientes e melhorar o processo de

    ensino aprendizagem.

    Na educao, as tecnologias assumem um papel fulcral, pois podem proporcionar novos

    saberes na formao de alunos participativos, com esprito crtico e com uma conduta

    cooperativa. Nesta linha de pensamento, as tecnologias, permitem novos contactos com

    outras escolas e instituies, interao fcil entre professores e alunos e entre alunos, aceder

    facilmente informao e, em consequncia, possibilitam expandir a escola para alm dos

    prprios muros

    A escola no tem como funo nica a transmisso de saberes, tem tambm

    responsabilidades na promoo do desenvolvimento psicossocial e moral, na valorizao do

    ensino e aprendizagem e na construo do conhecimento.

    A educao sustentada pelo uso das novas tecnologias tornou-se cada vez mais uma prtica

    educativa, ou seja, de interao pedaggica, em que os objetivos, os contedos e os resultados

    obtidos se identificam com aqueles que constituem, nos diversos tempos e espaos, a

    educao como projeto e processo humanos, histrica e politicamente definidos na cultura de

    diferentes sociedades.

    Segundo Ramiro Marques (2001) A escola deve educ-los para que eles estejam preparados para

    exercer ocupaes tpicas de sociedades tecnologicamente desenvolvidas, dando-lhes ao mesmo tempo, as

    capacidades para continuarem a estudar e a aprender (p. 37).

    As tecnologias esto a tornar-se, de forma crescente, importantes instrumentos da nossa

    cultura e na nossa sociedade, fazendo da sua utilizao um meio concreto de incluso e

    interao com o mundo. Neste sentido, podem ser um instrumento de grande utilidade numa

    construo do conhecimento, vez que facilitam uma aprendizagem construtiva e novos

    modelos de ensinar e aprender.

    A integrao das Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC) no processo de ensino

    aprendizagem promove novas formas de aprender, de ensinar e de pensar. Uma vez que h

  • 20

    fortes razes para se esperar que os alunos que cresceram com tecnologias como a Internet (e

    mais recentemente com a Web 2.0), apresentem formas de se expressar e de pensar distintas

    em relao s geraes precedentes.

    A acessibilidade s novas tecnologias fundamental, pois o seu papel deveras importante

    na sua utilizao como recurso pedaggico, uma vez que criou novas valncias e novas

    perspetivas na eterna procura de solues, que visam potencializar a interao do indivduo

    com o meio e possibilitar-lhe o acesso a funes compatveis com as suas competncias

    tornando-o um cidado pleno com direitos e deveres.

    Embora a educao resulte da comunicao de informaes e conhecimentos, do estmulo

    ao desenvolvimento de habilidades e atitudes, constituem o que denominamos ensino, implica

    tambm a apropriao, por parte dos sujeitos, das informaes e conhecimentos comunicados,

    das habilidades e atitudes estimuladas, apropriao denominada aprendizagem. Alm disto, a

    educao envolve processos pessoais e sociais de relao entre os professores e os alunos.

    Ao longo do tempo, a forma de ensinar e aprender tem mudado. Esta mudana deve-se

    principalmente ao uso das novas tecnologias na educao.

    De facto, a Internet exerce um papel cada vez mais importante em diversas reas, nas quais

    se inclui, obviamente, a educao. A possibilidade de acesso a uma quantidade quase ilimitada

    de informao e de interao entre pessoas faz com que o leque de ferramentas de ensino

    aprendizagem disposio de docentes e alunos cresa de uma forma abrupta. No entanto,

    para que essas ferramentas possam estar disponveis a todos, independentemente do seu grau

    de conhecimento ou limitao fsica e/ou cognitiva, imprescindvel que seja acessvel a todos

    e que permita a participao de todos os alunos, proporcionando, assim, oportunidades iguais.

    A educao informatizada oferece comunidade educativa uma educao acessvel, flexvel

    e de qualidade que atende s suas necessidades e expectativas. Promove o crescimento pessoal

    dos alunos e provoca mudanas tanto a nvel familiar como profissional e social.

    Segundo Villate (2005) () cada ano os nossos alunos esto mais motivados para as tecnologias

    informticas e menos motivados para os mtodos tradicionais de ensino. Para conseguir cumprir a nossa misso

    de formar os alunos, temos a obrigao de adaptar os nossos mtodos de ensino s novas tecnologias (p. 39).

    A distncia fsica professor-aluno, a presena fsica do professor, da pessoa com quem o

    aluno vai dialogar no necessria e indispensvel. Ela pode dar-se de outra forma,

    virtualmente. Com um estudo individualizado e independente, reconhece-se a capacidade do

    aluno em construir o seu conhecimento, de se tornar autor de suas prticas e reflexes.

  • 21

    O processo de ensino aprendizagem mediatizado deve oferecer suportes e estruturar um

    sistema que viabilize e incentive a autonomia dos alunos no processo de construo do

    conhecimento.

    O uso de tecnologias permitem romper as barreiras da distncia, da dificuldade de acesso

    educao e dos problemas de aprendizagem por parte dos alunos que estudam

    individualmente, mas no isolados e sozinhos. Oferecem possibilidades de se estimular e

    motivar o aluno, de armazenar e divulgar dados, acesso s informaes mais distantes e com

    rapidez.

    A utilizao de pesquisas na Internet no ensino cada vez mais importante nos dias de

    hoje. Um aluno motivado tornar-se sujeito da sua prpria aprendizagem, ao aplicar o que

    apreende consegue autoavaliar-se, deve receber, atravs do processo, um suporte pedaggico,

    administrativo, cognitivo e afetivo, atravs da integrao dos meios e da comunicao

    bidirecional. No entanto, a Internet que oferece recursos e oportunidades de aprendizagem

    excecionais, contm tambm muita informao que pode no ser til nem fivel. Dado que

    qualquer pessoa pode colocar comentrios ou informaes na internet, os alunos tm de

    desenvolver competncias de pensamento crtico, para avaliarem informao que encontram

    online.

    Para Durkheim e Skinner () a criana um ser que preciso modelar, integrar por diferentes formas

    de coao, numa dada organizao social (p.43).

    Esta abordagem no d importncia atividade do sujeito, nem condio de receo das

    mensagens. Segundo Durkheim (citado por Lazar,1987), o social coage sobre os indivduos e

    influencia-os, mas no reconhece as interaes inter-individuais, nem as componentes psicolgicas dentro do

    processo de socializao (Lazar,1987, p.32).

    A socializao das crianas/alunos realiza-se com a interao dos mesmos com o seu meio.

    Durante este processo, vrios mecanismos interferem e formaro os diferentes indivduos que

    iro constituir a futura sociedade, sendo um deles e cada vez mais a utilizao das novas

    tecnologias.

    Segundo Piaget, () a socializao da criana no uma evoluo passiva, deixada ao encargo da

    famlia, da escola, das diferentes instituies, mas em parte ela compreende a participao ativa da criana. O

    meio que a rodeia impe-lhe a sua realidade, mas ela constri o seu terreno e o seu campo de representao. (cit.

    por Lazar, 1987) (p. 38).

    Para Lazar (1987), reside numa certa inteno de outrem, no sentido de uma dependncia

    acompanhado da tcnica da comunicao. Ao crescer, a criana pouco a pouco afasta-se da

    coao familiar e atribui uma maior importncia ao peer-group.

  • 22

    Todas as crianas/alunos so em simultneo, pessoas independentes, membros de uma

    classe social, a famlia, de uma categoria social de idade e de sexo.

    No processo de socializao intervm trs fatores: as crianas, os educadores e o mundo

    exterior. As novas tecnologias, em especial a Internet, so consideradas meios de socializao.

    No passado, a famlia era a fonte de transmisso de todos os conhecimentos. Depois surgiu

    a escola como outro lugar de transmisso social. Com o aparecimento das novas tecnologias a

    complexidade da socializao aumentou ainda mais.

    Para Lazar (1987), a aprendizagem das condutas culturais est ligada a um progresso na

    disposio da criana em tornar-se atenta s mensagens de outrem e a lev-la a partilhar os

    seus prprios sentimentos ou invenes, ou seja, tudo se centra nos progressos da

    comunicao.

    Constata-se hoje, que os jovens de todo o mundo passam a maior parte dos seus tempos

    livres diante de um ecr de computador, confirmando assim a influncia deste na sua vida

    quotidiana. Existe uma grande semelhana dos resultados nos diversos pases, quer isto dizer

    que as condies econmicas no so determinantes, mas antes os () horizontes culturais e as

    opes comportamentais que se colocam s pessoas (e as condicionam) na sociedade atual (Bandeira, 1998,

    p.25).

    Quando observamos a facilidade com que as crianas e jovens manipulam as novas

    tecnologias, ficamos, na maior parte dos casos, impressionados pela forma como elas se

    sentem fascinadas, pela seduo e poder quase hipntico que a sua utilizao exerce sobre as

    suas mentes.

    Cada vez mais as Tecnologias surgem e identificam-se como uma ferramenta dinamizadora

    para uma pedagogia de sucesso, porm estas no substituem o professor, mas sim, so mais

    um meio de chegar a cada aluno em particular.

    Convm salientar que, o uso das TIC no soluciona os problemas educacionais, no entanto,

    elas devem ser encaradas como ferramentas capazes de modelar e alargar o processo de ensino

    aprendizagem. Compete a este processo ser o mais participado possvel, onde dever ser o

    aluno, com a ajuda necessria construir o seu prprio saber. Esse processo dever

    compreender atividades que sejam motivadoras para o aluno, dever ainda recorrer ao uso de

    recursos que tornem possvel essa tarefa. De forma a que, leve o aluno a pesquisar, a explorar

    novos ambientes, a interagir, despertando-lhes sempre o paradigma interacionista e

    construtivista.

  • 23

    Os alunos de hoje tm uma grande vivncia, rica e socivel transmitida pelo uso da

    Internet. Ser pertinente encarar as TIC como uma rea transversal presente em todo o

    processo formativo, tendo como principal objetivo incluir o aluno nas demais tarefas.

    Muitas questes surgem, nos interessam e intrigam sobre a relao e a forma como os

    jovens utilizam as novas tecnologias e s consequncias que da possam advir. Todo este tema

    e tudo o que o rodeia considera-se bastante atual, na medida em que se tem gerado muita

    polmica em relao aos benefcios e s consequncias que a sua utilizao possa ter junto da

    chamada Gerao Net. A utilizao destas assume-se hoje como um importante instrumento

    que torna mais complexo todo o processo de crescimento e edificao da personalidade

    humana.

    O uso das tecnologias de Web 2.0 no ensino pode servir para promover a autonomia dos

    alunos, as suas capacidades para trabalharem de forma colaborativa e a eficcia pedaggica do

    processo de ensino-aprendizagem. Mas a simples utilizao de novas tecnologias em atividades

    de sala de aula tradicionais no produz, por si s, resultados positivos na aprendizagem dos

    alunos, sendo necessrio adaptar as prticas educativas s potencialidades oferecidas pelas

    novas ferramentas, criando novas dinmicas de interao social e de colaborao. nossa

    convico que s ferramentas inovadoras que emergem no momento, tem de necessariamente

    se associar tambm estratgias inovadoras no processo de ensino-aprendizagem: s dessa

    forma, se poder estar altura dos desafios que a educao da Gerao Net exige.

    Pois para um aluno da Gerao Net, a sala de aula centrada na transmisso de saberes

    estar cada vez mais chata, os alunos estaro cada vez mais desinteressados nesse modelo

    tradicional de ensino.

    A atualidade carateriza-se cada vez mais pela chamada: era digital, a sociedade em rede, a

    sociedade de informao, a cibercultura.

  • 24

    Captulo 2 O plgio e a legislao

    2.1- Origem do termo plgio

    O plgio uma prtica que existe h muito tempo. Com a utilizao crescente da Internet e

    da facilidade em copiar e colar tem merecido destaque e preocupao no meio escolar.

    Entende-se por plgio a utilizao de uma obra de outrem, ou parte dela, assumindo-a como

    sua.

    Segundo Ernesto Hartmann (2006),

    A reproduo integral de uma propriedade intelectual e ou artstica denominada plgio. A palavra plgio teve origem no grego plgios, que significa oblquo, assinar ou apresentar como seu (obra artstica ou cientfica de outrem), imitar (trabalho alheio). Esta definio necessariamente convoca os conceitos de autenticidade e originalidade.1

    Independente da forma que apresenta, o plgio uma prtica ilegal que fere os direitos de

    autor ou de quem realmente o criador da obra.

    Segundo a enciclopdia livre Wikipdia,

    O plgio o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, msica, obra pictrica, fotografia, obra audiovisual, etc.) contendo partes de uma obra que pertena a outra pessoa sem colocar os crditos para o autor original. No ato de plgio, o plagiador apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma.

    A origem etimolgica da palavra demonstra a conotao de m inteno no ato de plagiar; o termo tem origem do latim plagiu que significa oblquo, indireto, astucioso. O plgio considerado antitico (ou mesmo imoral) em vrias culturas, e qualificado como crime de violao de direito autoral em vrios pases.

    Plgio no a mesma coisa que pardia. Na pardia, h uma inteno clara de homenagem, crtica ou de stira, no existe a inteno de enganar o leitor ou o espectador quanto identidade do autor da obra.

    Para evitar acusao de plgio quando se utilizar parte de uma obra intelectual na criao de uma nova obra, recomenda-se colocar sempre crditos completos para o autor, seguindo as normas da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas), especialmente no caso de trabalhos acadmicos onde normalmente se utiliza a citao bibliogrfica (s/p).2

    O significado desta palavra teve sempre um sentido pejorativo e depreciativo. Atualmente

    se fizermos uma busca nos dicionrios, associa plgio a atos moralmente condenveis, como o

    roubo literrio ou cientfico (Dicionrio, 2008)

    1 Retirado in : http://www.confrariadovento.com/revista/numero8/ensaio03.htm

    2 Retirado in: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%A1gio

  • 25

    Segundo Shneider (1990),

    Originalmente, a palavra plgio e o verbo plagiar designavam o crime de quem transviava os filhos dos outros, aliciava os seus escravos ou deles se apropriava, a venda de uma pessoa por quem dela no dispunha. Foi s mais tarde que passou a designar a apropriao por outro e a apresentao como prprios de fragmentos de livros ou pensamentos escritos. A palavra deriva do baixo latim plagium, que por sua vez, seria uma deformao grega, plgios (oblquo, trapaceiro) (p. 129).

    Plagiar, diz o Dicionrio da Lngua Portuguesa da Porto Editora, apresentar como seu aquilo

    que copiou ou imitou de obras alheias. Plagiar um verbo que muitos alunos portugueses conjugam

    frente do computador, recorrendo a motores de busca da Internet e usando apenas trs

    teclas: "Ctrl" e "C" para copiar e "Ctrl" e "V" para colar no trabalho que se vai apresentar ao

    professor. "Copiar e colar" 3

    O Plgio uma atitude individual ou coletiva de apropriao do conhecimento alheio. O

    Plgio , por isso, uma questo de legitimidade dos direitos morais do autor (Morais: s/d) e

    normalmente associado produo intelectual e ao seu resultado.

    Contudo, no poderemos esquecer que o prprio plgio configura vrias formas, desde a

    cpia integral ao texto reescrito mantendo as mesmas ideias, mas tem sempre uma

    caracterstica comum que omitir referncias e fontes. (Sureda e Comas, 2011).

    No atual estado de desenvolvimento da Sociedade de Informao, o plgio est cada vez

    mais ligado Internet. Poder assim falar-se em Ciberplgio que consistir,

    () no uso das TIC (principalmente e os recursos a ela associados sobretudo o WWW para o plgio (total ou parcial de trabalhos acadmicos por parte dos alunos. Isto , a localizao, adoo e apresentao de ideias, teorias, hipteses, resultados, textos, etc. alheios como prprios em qualquer trabalho acadmico. (Comas e Sureda, 2007)4

    O plgio atual, sobretudo o acadmico, dispe de novas formas, meios e facilidades e por

    essa razo as repercusses e profundidade so novas e parecem mais perigosas do que foram no passado.

    (Comas e Sureda, 2007)5

    3 Retirado in: Jornal Pblico, 2008-01-27

    4 Retirado in: http://www.cibersociedad.net/textos/articulo.php?art=121

    5 Retirado in: http://www.cibersociedad.net/textos/articulo.php?art=121

  • 26

    2.2- Diferentes tipos de plgio

    Existem dois modelos de plgio que abordaremos nesta seco, como o plgio intencional

    e o plgio acidental. Numa outra vertente de classificao alguns autores falam de plgio

    integral, parcial e conceptual.

    2.2.1- Plgio intencional

    Podemos considerar plgio intencional, quando nos apresentado como prprio qualquer

    tipo de trabalho acadmico e no s, com contedo literalmente copiado ou reescrito sem a

    devida indicao do autor original (citao) e identificao completa do documento consultado

    (referncia) configura plgio.

    Plagiar uma atitude desonesta e censurvel que pode envolver prejuzo aos sujeitos

    envolvidos (pelo menos trs pessoas: o autor, o leitor e o redator) e instituio de ensino na

    qual ocorre.

    2.2.2- Plgio acidental

    Nem sempre o plgio intencional. Pode ocorrer por descaso ou desconhecimento

    tcnico, ou seja, incompetncia metodolgica em relao elaborao de citaes diretas,

    indiretas (parfrases ou resumos) e sobre a importncia da identificao das fontes de

    informao (referncias). Embora, nestas circunstncias plgio possa ter a atenuante da

    involuntariedade, continua a ser caracterizado como: Foi sem querer ou eu no sabia,

    podem servir como explicao, mas no negam nem justificam o facto em si. Alm disso,

    obrigao ou pelo menos deveria ser, o aluno universitrio saber escrever cientificamente.

    A Internet pode vir a ser um excelente recurso de pesquisa cientfica devido facilitao de

    acesso informao e compartilhamento de conhecimento. Entretanto, devido justamente a

    estas facilidades, facilidades de encontrar tudo, todas as novidades, as informaes, tudo o que

    se possa imaginar, encontramos na Internet, mas tambm h muita informao publicada sem

    valor acadmico, simplesmente porque qualquer pessoa pode publicar na Internet o que

    quiser, sem controlo de qualidade editorial, contribuindo para incrementar o chamado lixo

    informativo. Por esta razo, no contexto acadmico atual, no basta estar consciente das

    prticas do plgio. tambm necessrio estar consciente da credibilidade da fonte

    informativa.

  • 27

    2.2.3 - Plgio quanto ao modelo de cpia

    Numa outra vertente mas no menos importante podemos delinear tambm trs diferentes

    tipos de plgio:

    Plgio integral - entende-se por plgio integral, quando feita uma transcrio total de

    um texto sem ser referida a fonte.

    Plgio parcial entende-se por plgio parcial, quando feita a cpia de algumas frases ou

    pargrafos de fontes diferentes, para dificultar a sua identificao.

    Plgio conceitual entende-se por plgio conceitual, quando existe uma apropriao de

    um ou vrios conceitos, ou de uma teoria, que o autor apresenta como seu sem de facto o ser.

    2.3- Legislao e plgio

    Com vista a proteger os direitos de autor na era digital, os pases necessitaram de atualizar a

    sua legislao relativamente a estes direitos. Estas medidas devem permitir que os trabalhos

    protegidos no sejam copiados e disponibilizados na Internet sem a respetiva permisso do

    seu autor.

    Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literria, artstica ou

    cientfica, dependendo de autorizao prvia e expressa do mesmo, para que a obra seja

    utilizada, por quaisquer modalidades, dentre elas a reproduo parcial ou integral.

    Se considerarmos que plgio um roubo de pensamentos, ideias, opinies, palavras, frases,

    factos, dados, resultados, nmeros e trabalho de outros, sem que o autor seja mencionado, no

    nosso pas isso crime, e como tal punido, ou deveria ser.

    Um plagiador um homem que a todo o custo quer ser um autor e no tendo nem gnio nem talento, copia no s frases, mas tambm pginas e passagens inteiras de outros autores e tem a m f de no os citar; ou aquele que com pequenas mudanas e adio de pequenas frases apresenta a produo dos outros como algo que fosse imaginado ou inventado por ele prprio; ou ainda aquele que reclama para ele a honra da descoberta feita por outro. (segundo Randall, que menciona o conceito de plagiador da enciclopdia de Diderot, do sculo XVI)6

    Relativamente legislao portuguesa sobre os Direitos de Autor, lei que se aplica tambm

    a prtica de plgio , Decreto-Lei n. 63/85, de 14 de Maro, retificado por Declarao de Retificao de

    6 Citado por Carlos Fatorelli in: http://carlosfatorelli27013.blogspot.pt/2012/02/o-plagio-e-o-plagiador.html

  • 28

    30 de Abril de 1985 - Aprova o Cdigo do Direito de Autor e dos Direitos Conexos (disposies criminais

    nos artigos 195. a 203., 218. e 219. e 224. a 226.)

    Esta foi alterada e regulamentada por: Lei n. 16/2008, de 1 de Abril - Transpe para a ordem

    jurdica interna a Diretiva n. 2004/48/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril,

    relativa ao respeito dos direitos de propriedade intelectual () (altera os artigos 180., 185., 187., 201.,

    205., 206., 209. e 211. / adita os artigos 210.-A a 210.-L, 211.-A e 211.-B / republicao)7

    A legislao sobre o plgio define-se como nos indicado no Artigo 1.,

    1 Consideram-se obras as criaes intelectuais do domnio literrio, cientfico e artstico, por qualquer modo exteriorizadas, que, como tais, so protegidas nos termos deste Cdigo, incluindo -se nessa proteo os direitos dos respetivos autores.

    2 As ideias, os processos, os sistemas, os mtodos operacionais, os conceitos, os princpios ou as descobertas no so, por si s e enquanto tais, protegidos nos termos deste Cdigo.

    3 Para os efeitos do disposto neste Cdigo, a obra independente da sua divulgao, publicao, utilizao ou explorao. (Lei n. 16/2008, de 1 de Abril)

    Portugal dispe de um gabinete que presta apoio e esclarece sobre os direitos de autor. O

    Gabinete do Direito de Autor um servio de apoio tcnico do Ministrio da Cultura no

    domnio do direito de autor e dos direitos conexos. Atravs do seu site disponibiliza

    informao, sempre atualizada, no que respeita ao Direito de Autor e Direitos Conexos a nvel

    interno, comunitrio e internacional; informaes sobre congressos e seminrios, e

    disponibilizada elenco de entidades de Gesto Coletiva e Associaes. Site do GDA:

    http://www.gda.pt/8

    2.4- Legislao da Unio Europeia

    Na Unio Europeia definem-se certos objetivos, como a promoo do progresso

    econmico e social equilibrado e sustentvel, com a criao de um espao sem fronteiras

    internas, o reforo da coeso econmica e social e o estabelecimento da unio econmica e

    monetria. Reforam-se as polticas comuns e destaca-se a defesa dos direitos e dos interesses

    dos nacionais dos estados membros, com a institucionalizao de uma cidadania da Unio.

    7 Retirado in: http://www.dgpj.mj.pt/sections/leis-da-justica/livro-iv-leis-criminais/leis-criminais/legislacao-penal-

    avulsa/direito-de-autor-e 8 Retirado in: http://www.apel.pt/pageview.aspx?pageid=90&langid=1

  • 29

    Todos estes objetivos respeitam o princpio da subsidiariedade. A harmonizao das polticas

    e das legislaes, a nvel da Unio Europeia, contribuir para a prossecuo do mercado

    interno; para a livre circulao de pessoas, capitais, servios e mercadorias; para a livre

    prestao de servios; para a liberdade de concorrncia, para a igualdade ou no discriminao

    e, finalmente, para a solidariedade entre os povos. A Comisso Europeia, de modo a cumprir

    os objetivos da Unio, instituiu dois objetivos. Por um lado, preconizou a transformao do

    direito de autor em matria de competncia comunitria. Por outro, estabeleceu um nvel de

    proteo muito mais elevado (Ascenso, 2008 a) e (Vicente, 2008).

    Num primeiro tempo, a relao da Comunidade Europeia com o direito de autor no se

    processou da melhor forma, tanto mais que este domnio podia constituir um obstculo aos

    princpios comunitrios da livre concorrncia. O Tribunal de Justia das Comunidades

    Europeias desempenhou aqui um papel muito importante, numa tentativa de conciliar as

    partes. Num segundo tempo, a Comunidade Europeia encara de outro modo o direito de

    autor, procedendo a algumas alteraes, nomeadamente ao nvel do reforo da proteo, com

    vista harmonizao (Ascenso, 2008 a).

    A grande medida, no seio da Comunidade Europeia, consistiu na diretiva sobre programas

    de computadores, que podem ser protegidos como obras literrias. Mais tarde, interveio

    noutros domnios, como o aluguer e o comodato e certos direitos conexos, a radiodifuso por

    satlite e retransmisso por cabo, o prazo de proteo, as bases de dados, o direito de

    sequncia, a tutela dos direitos de propriedade intelectual e a gesto coletiva dos direitos de

    autor. Todas estas diretivas implementadas seguem as grandes linhas de orientao da

    Conveno de Berna e dos Tratados da Organizao Mundial da Propriedade Intelectual

    (OMPI) (Ascenso, 2008 b) e necessitam de serem transpostas para as ordens jurdicas

    internas dos estados membros, no sentido de proceder poltica de harmonizao da Unio

    Europeia.

    No sentido da poltica comunitria de harmonizao das legislaes, enunciamos as

    principais diretivas comunitrias:

    Comunidade Econmica Europeia (1986). Diretiva 87/54/CEE do Conselho de 16 de

    Dezembro de 1986, alusiva proteo jurdica das topografias de produtos semicondutores,

    importantes para o desenvolvimento industrial da Comunidade;

    Comunidade Econmica Europeia (1991). Diretiva 91/250/CE do Conselho de 14 de

    Maio de 1991, relativa proteo jurdica dos programas de computador;

  • 30

    Comunidade Europeia (1992). Diretiva 92/100/CEE do Conselho de 19 de Novembro

    de 1992, referente ao direito de aluguer, ao direito de comodato e a certos direitos conexos aos

    direitos de autor em matria de propriedade intelectual;

    Comunidade Europeia (1993a). Diretiva 93/83/CEE do Conselho de 27 de Setembro de

    1993, relativa coordenao de determinadas disposies em matria de direito de autor e

    direitos conexos aplicveis radiodifuso por satlite e retransmisso por cabo;

    Comunidade Europeia (1993b). Diretiva 93/98/CEE do Conselho de 29 de Outubro de

    1993, alusiva harmonizao do prazo de proteo dos direitos de autor e de certos direitos

    conexos;

    Unio Europeia (1996). Diretiva 96/9/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho de

    Maro de 1996, relativa s bases de dados;

    Unio Europeia (2000). Diretiva 2000/31/CE do Parlamento Europeu e do Conselho,

    relativa a certos aspetos legais da sociedade de informao, em especial do comrcio

    eletrnico, no mercado interno;

    Unio Europeia (2001a). Diretiva 2001/29/CE do Parlamento Europeu e do Conselho

    de 22 de Maio de 2001, respeitante harmonizao de certos aspetos do direito de autor e dos

    direitos conexos na sociedade de informao;

    Unio Europeia (2001b). Diretiva 2001/84/CE do Parlamento Europeu e do Conselho

    de 27 de Setembro de 2001, referente ao direito de sequncia em benefcio do autor de uma

    obra de arte original que seja objeto de alienaes sucessivas;

    Unio Europeia (2002). Diretiva 2002/58/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de

    12 de Julho de 2002, relativa ao tratamento de dados pessoais e proteo da privacidade no

    sector das comunicaes eletrnicas;

    Unio Europeia (2004). Diretiva 2004/48/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de

    30 de Abril de 2004, referente ao respeito dos direitos de propriedade intelectual;

    Unio Europeia (2006a). Diretiva 2006/115/CE do Parlamento Europeu e do Conselho,

    de 12 de Dezembro de 2006, relativa ao direito de aluguer, ao direito de comodato e a certos

    direitos conexos ao direito de autor em matria de propriedade intelectual;

    Unio Europeia (2006b). Diretiva 2006/116/CE do Parlamento Europeu e do Conselho,

    de 12 de Dezembro de 2006, relativa ao prazo de proteo do direito de autor e de certos

    direitos conexos, revogando a Diretiva 93/98/CEE.

    Como vimos, da parte dos pases da Unio Europeia existiu o reconhecimento da

    importncia do direito de autor.

  • 31

    Captulo 3 Causas do plgio no ensino secundrio

    3.1- Perfil dos alunos plagiadores

    Cristina Ponte, Coordenadora do EU Kids Online Portugal alerta para o aumento de

    utilizao da Internet por crianas e jovens na realizao de trabalhos escolares, sobretudo

    com o objetivo de plagiar. Segundo Cristina Ponte (2010), As crianas vo Internet fazer pesquisa

    para o trabalho escolar e muitas vezes essa pesquisa um plgio. Para a investigadora, muitos

    estudantes pensam que fazer uma pesquisa escrever o tema no google, ver o que aparece, fazer a

    impresso e entregar na escola, desconhecendo muitas vezes que esto a fazer um plgio.

    Muitas crianas pensam que fazer pesquisa ir Internet, est aqui, corta, cola, imprime e j est, disse a

    investigadora, chamando a ateno para os efeitos negativos na qualidade do conhecimento que se

    adquire.9

    A investigadora da Faculdade de Cincias Sociais e Humanas da Universidade Nova de

    Lisboa considerou que os pais devem intervir, perguntando aos filhos como esto a fazer o

    trabalho. Cristina Ponte disse tambm que os professores na escola devem contrariar este mtodo.10

    Para Tito Morais a insensibilizao para o plgio comea desde cedo. Muitas vezes ainda no pr-escolar.

    Por exemplo, na pesquisa de imagens para ilustrar trabalhos escolares. (Morais, 2008)11 E acrescenta algo

    que indiscutvel: os alunos esto cada vez mais, por vezes exclusivamente, dependentes da

    Internet como nica ferramenta de pesquisa. O facto, em si mesmo, no o problema. Esse

    est na educao e nos hbitos de utilizao que os alunos adquirem na utilizao das novas

    tecnologias e, a sim, reside o problema e se torna necessrio que a escola reflita.

    A verdade que os alunos praticam o plgio porque fcil e cmodo, basta muitas vezes ir

    Internet e procurar o que pretendem no motor de busca. Em alguns casos os professores

    tambm so permissivos com essa situao pela forma como observam os trabalhos que

    solicitam aos alunos.

    Segundo alguns investigadores, podem apontar-se vrios comportamentos dos professores

    que concorrem para a prtica do plgio por parte dos seus alunos: () a leviana ou escassa

    superviso dos trabalhos solicitados aos alunos; a fraca clareza das instrues dadas quando se solicitam os

    9 Cristina Ponte in: http://expresso.sapo.pt/internet-jovens-confundem-pesquisa-com-plagio=f562506

    10 Cristina Ponte in: http://expresso.sapo.pt/internet-jovens-confundem-pesquisa-com-plagio=f562506

    11 Tito Morais in: http://www.miudossegurosna.net/artigos/2008-05-16.html

  • 32

    trabalhos; a descoordenao com os outros professores do curso; o tipo e nmero de trabalhos que se pedem aos

    alunos e a sua prpria ingenuidade (Sureda, Comas e Morey, 2009)12

    A coordenadora do EU Kids Online Portugal, projeto que desde 2006 faz pesquisas a nvel

    europeu sobre os usos da Internet, telemvel e outras tecnologias em linha por parte das

    crianas, sublinhou que os pais portugueses no tm ideia de tudo o que as crianas fazem na Internet.

    Acrescenta ainda que, Os pais portugueses veem com muito entusiasmo o acesso dos filhos Internet, porque

    consideram a Internet como meio de aprendizagem. Mas no tm ideia, at porque so pouco utilizadores, de

    tudo o que as crianas fazem na Internet.13

    Segundo Cristina Ponte (2010), os pais dizem que os filhos utilizam a Internet para a preparao dos

    trabalhos da escola e para a comunicao com os colegas, mas quando se pergunta a uma criana o que faz com

    a Internet, v-se que tem muito mais atividades14 do que as enumeradas pelos pais.

    A EU Kids Online est atualmente a desenvolver uma investigao em 25 pases europeus,

    entre os quais Portugal, sobre o uso de tecnologias digitais, experincias e preocupaes sobre

    risco e segurana online dos filhos por parte dos pais. Entre as preocupaes sobre a

    utilizao das novas tecnologias encontra-se a prtica do plgio pelas crianas e jovens.

    O fenmeno do plgio nos trabalhos acadmicos existiu desde sempre, mas tem vindo a

    aumentar a necessidade de estudar este fenmeno medida que as crianas incrementam a

    utilizao da Internet na realizao dos trabalhos escolares. Este fenmeno latente, poder

    ainda no estar muito consciente nos responsveis pelas instituies dos vrios nveis de

    ensino devido e responsveis pela poltica educativa. A maior parte dos estudos feitos neste

    campo, enquadram-se na temtica do ensino superior, onde os efeitos prticos do plgio

    podero ser mais visveis e ter mais consequncias.

    O Plgio no ensino no superior uma prtica que deve ser refletida, pois para alm de ser

    moralmente condenvel, pode desenvolver o hbito, assente na impunidade, de o praticar mais

    tarde.

    Identificam-se na bibliografia vrias razes que justificam o recurso ao plgio, como a

    obteno de prestgio e boas avaliaes, a falta de tempo para fazer o trabalho, deixar andar e

    fazer na ltima hora e obteno de prmios. Esta prtica pode tambm estra associada ao

    desconhecimento ou falta de informao dos alunos sobre regras de elaborao de trabalhos.

    Os alunos so confrontados com a necessidade de desenvolverem trabalhos individuais ou

    de grupo ao longo das suas aprendizagens e dispem hoje de uma ferramenta que lhes d

    12

    Retirado in: http://www.rieoei.org/rie50a10.htm 13

    Cristina Ponte in http://expresso.sapo.pt/internet-jovens-confundem-pesquisa-com-plagio=f562506 14

    Cristina Ponte in http://expresso.sapo.pt/internet-jovens-confundem-pesquisa-com-plagio=f562506

  • 33

    quase tudo para cumprirem aquela exigncia acadmica, a Internet e os inmeros espaos de

    informao que a se encontram, para no falar j das inmeras ofertas, incluindo pagas, de

    trabalhos j prontos a entregar, incluam-se ou no no mbito do conceito de plgio.

    Desde cedo que nas escolas se solicitam trabalhos aos alunos (grupo ou individuais), muitas

    vezes sem preocupao das regras de conceo. A maior parte das vezes, apenas sugerido o

    tema. Muitos alunos podero optar pelo mais fcil: colocam o tema num motor de busca

    (geralmente o Google), vem o que aparece, copiam, colam, imprimem e entregam o trabalho.

    Normalmente nem tm a preocupao de verificar a credibilidade da informao, de

    selecionar o que mais interessa. A maioria dos alunos esquece de fazer referncias

    bibliogrficas ou citaes mencionando a fonte e o autor, geralmente no o fazem ou porque

    no sabem ou porque no o querem fazer para que as suas cpias no sejam descobertas to

    facilmente. Por fim, ainda se enaltecem por terem boa classificao no trabalho, que foi to

    fcil de fazer para eles, pois foi s roubar ideias de algum.

    Os professores devem ensinar os alunos a consultar e organizar informao seja de que

    fonte for: Internet, pesquisa bibliogrfica, comunicao social, etc. bvio que no fcil

    trabalhar as informaes recolhidas, por isso, "Copiar" ser o mais fcil. Deste modo o

    professor deve ensinar a utilizar estes recursos, a refletir sobre a origem da fonte e como

    enquadrar a informao no plano de trabalho que se delineou. pois uma aprendizagem que

    se deveria ir fazendo ao longo da escolaridade: diferenciar fontes, utilidade da informao

    recolhida, trabalhar a informao, enquadr-la no plano de trabalho, previamente delineado,

    citar fontes, indicao da bibliografia consultada, etc.

    Esta ser uma forma de combater o plgio acadmico, mas podero utilizar-se outros

    mtodos, como por exemplo, incentivar e premiar os alunos a inclurem nas suas pesquisas

    para trabalhos escolares a utilizao de outras fontes de informao para alm da Internet.

    Um maior uso da internet est associado a nveis mais elevados de educao, pelo que ser de esperar que os progressos educativos venham a aumentar o grau de utilizao e de sofisticao no seu uso. No entanto, devem ser combatidas as lacunas na proviso de TIC e a sua presena insuficiente ou desatualizada nas escolas. Do mesmo modo, a educao para os mdia deve ser reconhecida e trabalhada como um elemento central da estrutura e dos currculos escolares ( EU Kids Online, 2006-2009)15

    No ensino superior, algumas instituies, utilizam ferramentas de deteo de plgio, quer

    de contedos disponveis na Internet, quer de trabalhos de colegas da mesma ou de outras

    instituies. Os prprios alunos o podero utilizar antes de entregarem os trabalhos.

    15

    Retirado in: http://www.fcsh.unl.pt/eukidsonline

  • 34

    Se se persistir em continuar a fingir que a prtica de plgio no existe, corremos o risco de

    os alunos terem cada vez mais dificuldade em expressar a sua forma de pensar, de interpretar,

    de investigar, e na sociedade em que vivemos, temos cada vez mais de desenvolver esprito

    crtico, autnomo e empreendedor. Se se continuar com a cabea debaixo da areia, fingindo

    que o plgio no existe, no estaremos, certamente, a contribuir para aumentar o nvel de

    literacia, e a fomentar a capacidade mental e o desenvolvimento da capacidade de pensar de

    forma estruturada e a responder s exigncias desta nova sociedade com cidados autnomos

    e ativos.

    A prtica do plgio poder conduzir a falhas bsicas em termos de literacia de informao:

    no definir com clareza o que se procura, no recorrer a fontes diversificadas, no utilizao

    de estratgias adequadas para localizar informao, no saber selecionar a informao mais

    pertinente em funo do objetivo final, no relacionar a informao com os conhecimentos

    que j se possui, para produzir ideias novas.

    Mesmo que muitos professores incentivem os alunos a pesquisarem, tendo em

    considerao as fontes e os autores dos trabalhos, a verdade que as noes de tica no

    adquiriro relevncia e por isso mesmo acabam por no vencer o facilitismo de escolher e

    copiar aquilo que os outros se esforaram para desenvolver.

    No entanto, atualmente a grande maioria das situaes de plgio esto associadas ao uso

    incorreto da informao que a Internet oferece e podem identificar-se quatro razes que

    conduzem os alunos a esta situao:

    1-Tentar obter melhores classificaes e resultados acadmicos; 2- Preguia e m gesto do tempo dedicado

    ao estudo e elaborao dos trabalhos; 3- Facilidade e comodidade de acesso a material via Internet; 4-

    Desconhecimento das normas bsicas a seguir para a elaborao de um trabalho acadmico (Dordoy in

    Comas e Sureda: 2007)16

    Um aluno plagiador prejudicado quando entrega um trabalho com plgio, uma vez que

    confia no contedo apresentado como sendo mrito seu e no de quem o escreveu, sabendo

    que isto no verdade. Com esta atitude o aluno alm de prejudicar o autor do trabalho,

    prejudica-se tambm a si mesmo, uma vez que deixa de desenvolver a prtica de escrita e

    desenvolver a capacidade de fazer anlise, e snteses, necessrias para o pensamento lgico e

    estruturado. A capacidade de ler, analisar e sintetizar ideias de vrios autores para depois

    articular esses contedos num novo texto prprio, uma capacidade importante para o

    desenvolvimento da competncia crtica e deveria ser valorizada no meio escolar.

    16

    Citado por A. Dordoy in: http://www.cibersociedad.net/textos/articulo.php?art=121

  • 35

    3.2- A regulamentao na escola sobre a prtica de plgio

    O plgio com recurso Internet parece ser um problema emergente nas escolas

    portuguesas. No entanto, estas parecem ainda no ter acordado para esta realidade, uma vez

    que em praticamente nenhuma existe nada regulamentado para a prtica do plgio.

    Fazendo uma investigao dos regulamentos internos das escolas, e para conseguirmos

    obter informaes sobre a sua regulamentao relativa prtica de plgio, pesquisamos um

    nmero considervel de diferentes agrupamentos de escolas ao nvel do pas. Para esta recolha

    de regulamentos internos dos agrupamentos, consultamos as pginas online de cada

    agrupamento de escolas. Posteriormente, e depois de se fazer uma anlise pormenorizada dos

    regulamentos internos, pode-se concluir que em nenhum dos agrupamentos de escolas

    mencionado nada relativamente prtica de plgio. No existe qualquer tipo de

    regulamentao referente a esta prtica. O que nos leva a refletir que ainda h muito trabalho a

    ser desenvolvido pelas escolas relativamente a esta prtica, que cada vez est mais enraizada no

    mundo estudantil.

    Mediante o panorama que nos surge, urge tomar medidas por parte das escolas para tentar

    travar esta prtica de plgio ou at quem sabe elimin-la na sua totalidade, uma vez que no

    favorvel nem a alunos, nem a professores e nem s instituies.

    Cabe s escolas alertar a comunidade estudantil sobre os possveis problemas que advm

    da prtica do plgio, ou seja, estas deveriam fazer sesses de esclarecimento sobre esta prtica

    e prevenindo os alunos que esta prtica considerada um crime que viola os direitos de autor.

    O Plgio na escola um comportamento que deveria ser rejeitado e punido, pois todo o

    aluno que plagia obtm prestgio e boas avaliaes a partir de trabalhos e ideias de outrem.

    Se continuarmos a fingir que no existe plgio, que os alunos sabem pensar, interpretar,

    investigar, que tm esprito crtico, autnomo e empreendedor, no estamos certamente a

    ajud-los e a prepar-los para o futuro. Se se continuar a no punir quem plagia e a fomentar

    esse ato. No estaremos, certamente, a contribuir para o aumento do nvel de literacia, e a

    fomentar a capacidade mental e os pensamentos estruturados de cidados ativos, para

    responder s exigncias desta nova sociedade que vive em busca de inovao de pesquisas e de

    tecnologia.

  • 36

    3.3- Software existente para deteo de plgio

    Atualmente existe uma grande variedade de mtodos e ferramentas para identificar se os

    trabalhos ou textos so copiados da Internet. Uma das mais simples escrever uma frase, ou

    parte dela e coloc-la num motor de busca de busca.

    Embora tenham sido desenvolvidos vrios softwares para detetar o plgio, entre os mais

    conhecido podemos referir: Copy Tracker (Software Open Source desenvolvido por

    estudantes da escola de Lile em parceria com a Universidade de Genebra); Approbo (software

    desenvolvido em Espanha); Agente de Busca de Similares (Software desenvolvido por um

    professor catedrtico brasileiro).

    Para alm dos mtodos ferramentas ou softwares, existem tambm alguns truques que

    podero ser utilizados pelos professores, para prevenir a prtica de plgio: Fazer perguntas que

    necessitem de um elevado nvel de pensamento e para as quais seja difcil encontrar resposta

    pronta; Ensinar os alunos a analisarem e subdividirem as perguntas; Pedir os projetos dos

    trabalhos e os guies de pesquisa; Dar melhores notas a quem cumprir o ponto anterior;

    Exigir indicao da bibliografia ou fonte de recolha; Fazer trabalhos ocasionais nas aulas como

    se fossem testes para conhecer o estilo de escrita de cada aluno; Discutir o assunto plgio e

    propriedade intelectual em contexto sala de aula, clarificando todos os aspetos negativos que

    envolvem a sua prtica.

    Existem j stios na Internet vocacionados para a deteo de plgio, algumas Universidades

    Portuguesas subscrevem j os seus servios para utilizao pelos seus docentes.

    Por outro lado, existe tambm software comercial, alguns a preos muitos acessveis, que

    cumprem funo semelhante. Existe tambm mais de uma dezena de programas gratuitos que

    satisfazem a mesma funo.

    Confrontamo-nos com um grande desafio, o de incentivar os alunos a usarem este tipo de

    software para detetarem eventuais problemas de plgio, antes de este ser detetados pelos seus

    professores.

    Existem j vrios programas informticos para detetar plgios, mas um tema que ainda

    est no seu incio e com alguns em fase de projeto no completamente desenvolvido.

    Nesta lista nem todos os programas esto atualizados ou trabalham da mesma forma no

    reconhecimento de termos ou esto adaptados ao idioma