DISSERTAÇÃO_ Processamento de tecidos em micro-ondas para o ...

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JOANA RESENDE PAGLIS PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO- ONDAS PARA O DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO E IMUNO- HISTOQUÍMICO RÁPIDO DE LESÕES EM LINFONODOS DE SUÍNOS NA INSPEÇÃO SANITÁRIA. LAVRAS – MG 2013

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  • JOANA RESENDE PAGLIS

    PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-

    ONDAS PARA O DIAGNSTICO

    HISTOPATOLGICO E IMUNO-

    HISTOQUMICO RPIDO DE LESES EM

    LINFONODOS DE SUNOS NA INSPEO

    SANITRIA.

    LAVRAS MG 2013

  • JOANA RESENDE PAGLIS

    PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-ONDAS PARA O DIAGNSTICO HISTOPATOLGICO E IMUNO-HISTOQUMICO

    RPIDO DE LESES EM LINFONODOS DE SUNOS NA INSPEO SANITRIA.

    Dissertao apresentada Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Cincias Veterinrias, rea de concentrao em Cincias Veterinrias, para a obteno do ttulo de Mestre.

    Orientador

    Dr. Pedro Soares Bezerra Jr.

    LAVRAS - MG

    2013

  • Paglis, Joana Resende. Processamento de tecidos em micro-ondas para o diagnstico histopatolgico e imuno-histoqumico rpido de leses em linfonodos de sunos na inspeo sanitria / Joana Resende Paglis. Lavras : UFLA, 2013.

    74 p. : il.

    Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Lavras, 2013. Orientador: Pedro Soares Bezerra Jnior. Bibliografia.

    1. Micro-ondas. 2. Linfonodo. 3. Sunos. 4. Inspeo sanitria. 5. Circovrus Suno tipo 2. I. Universidade Federal de Lavras. II. Ttulo.

    CDD 636.0896075

    Ficha Catalogrfica Elaborada pela Coordenadoria de Produtos e Servios da Biblioteca Universitria da UFLA

  • JOANA RESENDE PAGLIS

    PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-ONDAS PARA O DIAGNSTICO HISTOPATOLGICO E IMUNO-HISTOQUMICO

    RPIDO DE LESES EM LINFONODOS DE SUNOS NA INSPEO SANITRIA.

    Dissertao apresentada Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Cincias Veterinrias, rea de concentrao em Cincias Veterinrias, para a obteno do ttulo de Mestre.

    APROVADA 25 de Julho de 2013 Dr. Djeison Lutier Raymundo

    Dr. Enio Ferreira

    Dra. Mary Suzan Varaschin

    Dr. Pedro Soares Bezerra Jr.

    Orientador

    LAVRAS MG

    2013

  • Dedico s minhas meias, as meias que me acompanharam a vida toda, as meias

    que adquiri ao longo desses ltimos dois anos, as meias que sempre estaro

    comigo me apoiando para que eu nunca perca a f de que andar preciso;

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus e a Nossa Senhora;

    Aos meus pais, Carlos e Dorotia, que sempre me apoiaram e me

    motivaram a seguir em frente;

    Jlia, minha irm que sempre aturou minhas loucuras e me

    proporcionou momentos de descontrao;

    Ao Rodrigo, amor, amigo e companheiro, que neste ltimo ano foi como

    um flego reserva em todos os momentos, que me apoiou e encorajou;

    Aos que j se foram, so insubstituveis, que zelaram por mim durante

    toda essa jornada;

    A minha Tia Zlia, uma segunda me para mim;

    Ao Professor Pedro, pela orientao, pelo ensino, pela pacincia;

    Aos membros da banca, pela disponibilidade, por sempre se fazerem

    prontos para ajudar no que fosse necessrio;

    s amizades, estas so essenciais para aliviar a seriedade do mestrado;

    Aos estagirios e ps-graduandos do Setor de Patologia especialmente

    Dbora, Priscila e Rafael. Sem vocs os dias de trabalho seriam menos

    divertidos. Obrigada, pela ajuda, pelo apoio e pela pacincia;

    Ao Welson, por manter os laboratrios sempre limpos e agradveis ao

    trabalho;

    Universidade Federal de Lavras;

    A CAPES, pela concesso da bolsa de estudos;

  • RESUMO

    As pesquisas por novas tcnicas de diagnstico tm avanado em diversos sentidos, entre eles o de obter metodologias mais eficientes diminuindo o tempo de processamento de amostras, economizando reagentes e utilizando reagentes menos nocivos sade humana. Com este estudo avaliou-se a eficincia e utilizao do processamento de tecidos em micro-ondas em leses de linfonodos de carcaas sunas desviadas ao departamento de inspeo final em um frigorfico. Para tal, foi realizado um estudo comparativo entre o processamento em micro-ondas e o processamento convencional de tecidos na anlise histopatolgica e imuno-histoqumica diagnstica e da qualidade do local de processamento. Os linfonodos foram coletados em um frigorfico na cidade de Lavras, Minas Gerais e encaminhados para ambos os processamentos no setor de patologia veterinria do Departamento de Medicina Veterinria da Universidade Federal de Lavras, durante um perodo de seis meses. Quando avaliados os diagnsticos de carcaa no houve diferena significativa entre processamentos. No diagnstico dos linfonodos apenas houve diferena significativa quanto deteco de depleo linfoide e linfadenite supurativa sendo que no processamento convencional tm-se mais chances de se encontrar linfonodos com depleo linfoide e no processamento em micro-ondas foi possvel encontrar as linfadenites supurativas. Em relao qualidade dos cortes histolgicos em termos de morfologia celular e nuclear no houve diferena estatstica significativa pelo teste de Qui-quadrado no nvel de significncia de 0,05 entre os processamentos. No entanto, as lminas processadas pelo mtodo convencional foram mais bem avaliadas em termos de qualidade da colorao pela hematoxilina e eosina. Os linfonodos que apresentaram depleo em folculos linfoides foram submetidos imuno-histoqumica para circovrus suno tipo 2. Nos tecidos processados de modo convencional houve um maior nmero de casos positivos que no processamento em micro-ondas, sendo 24 positivos e 7 positivos respectivamente. Os dados do presente estudo indicam que a aplicao do processamento em micro-ondas em tecidos de sunos bastante promissora por trazer uma reduo substancial do tempo de processamento sem diferenas substanciais em relao aos diagnsticos obtidos e na qualidade dos cortes histolgicos. Desta forma o processamento de tecidos em micro-ondas pode ser til como auxlio na tomada de deciso para a destinao de carcaas desviadas ao departamento de inspeo final. Palavras chave: Micro-ondas. Linfonodo. Suno. Inspeo Sanitria. Circovrus suno tipo 2. Linfadenite.

  • ABSTRACT

    Research for new diagnostic techniques have advanced significantly in several ways, including obtaining more efficient methodologies decreasing sample processing time, saving reagent and utilizing less harmful reagents to human health. In this study it was evaluated the efficiency and use of microwave tissue processing in lymph node lesions of swine carcasses diverted to the final inspection department in a abattoir. For such, it was done a comparative study between microwave tissue processing and conventional tissue processing to evaluate possible differences in diagnosis and slide quality. Lymph nodes were collected in a abattoir in the city of Lavras, Minas Gerais, in the sector of pathology of the Department of Veterinary Medicine of the Federal University of Lavras, and forwarded to both tissue processing methods for a period of 6 months. When evaluated the carcass diagnosis there were no significant diference between tissue processing methods. The lymph node diagnosis were only statistically different when regarding lymphoid depletion and suppurative lymphadenitis being the conventional tissue processing has more chances of encountering lymph node with lymphoid depletion and microwave tissue processing has more chances of encountering suppurative lymphadenitis. In regards the quality of the histological slides in terms of cellular e nuclear morphology there was no significant difference between tissue processing methods. However slides from the conventional tissue processing were better evaluated in terms of hematoxilyn e eosin staining quality. The lymph nodes that presented depletion in lymphoid follicles were submitted to immunohistochemistry for swine circovirus type 2. The tissues processed conventionally held a larger number of positive cases than the microwave processed tissues, being 24 and 7 positives respectively. The data of the present study indicate that the application of microwave tissue processing in swine tissue is promising bringing a substantial reduction of processing time with no substantial differences concerning the diagnosis found and quality of histological slides. Hence microwave tissue processing may be used in the decision making for the destination of carcasses forwarded to the final inspection department. Key words: Microwave. Lymph node. Swine. Sanitary Inspection. Swine circovirus type 2. Lymphdenitis.

  • LISTA DE FIGURAS

    SEGUNDA PARTE

    ARTIGO

    Figura 1 Linfonodo inguinal, suno, processamento convencional. Marcao imuno-histoqumica para circovirose em clulas no centro de um folculo linfoide. Obj. 20........................................................................

    65 Figura 2 Linfonodo inguinal, suno, processamento convencional. Marcao

    imuno-histoqumica para circovirose em clulas no centro de um folculo linfoide. Obj. 40........................................................................

    65

    Figura 3 Linfonodo inguinal, suno, processamento no micro-ondas. Hematoxilina e eosina. Obj. 20...............................................................

    66

    Figura 4 Linfonodo inguinal, suno, processamento histopatolgico convencional. Hematoxilina e eosina. Obj. 20........................................

    67

  • LISTA DE TABELAS

    SEGUNDA PARTE

    ARTIGO

    Tabela 1 Quantidade de carcaas desviadas ao departamento de inspeo final por causas patolgicas ou no patolgicas e seu destino final no perodo de maro a setembro de 2012....................................................

    63 Tabela 2 Diagnstico microscpico dos linfonodos submetidos aos

    processamentos rpidos e convencionais no perodo de maro e setembro de 2012....................................................................................

    64 Tabela 3 Avaliao da colorao da qualidade das lminas de linfonodos

    submetidas ao processamento em micro-ondas e convencional no perodo de maro a setembro de 2012....................................................

    67

  • SUMRIO

    PRIMEIRA PARTE

    1 INTRODUO GERAL................................................................ 13 2 REFERENCIAL TERICO....................................................... 17

    2.1 Principais agentes bacterianos envolvidos nas linfadenites de sunos................................................................................................. 17

    2.2 Principais causas de condenao infecciosa em sunos............. 18 2.2.1 Pleuropneumonia Suna............................................................ 19

    2.2.1.1 Actinobacillus pleuropneumoniae.............................................. 19 2.2.1.2 Epidemiologia........................................................................... 20 2.2.1.3 Patogenia.................................................................................. 21 2.2.1.4 Leses ao Abate................................................................................ 23 2.2.1.5 Histopatologia................................................................................. 24 2.2.1.6 Diagnstico...................................................................................... 24 2.2.2 Pneumonia Enzotica................................................................ 25 2.2.2.1 Mycoplasma hyopneumoniae..................................................... 25 2.2.2.2 Epidemiologia............................................................................. 26 2.2.2.3 Patogenia..................................................................................... 27 2.2.2.4 Leses ao Abate........................................................................ 28 2.2.2.5 Histopatologia............................................................................... 28 2.2.2.6 Diagnstico................................................................................... 28 2.2.3 Micobacterioses................................................................................ 29 2.2.3.1 Mycobacterium sp........................................................................ 29 2.2.3.2 Epidemiologia............................................................................ 31

    2.2.3.3 Patogenia...................................................................................... 32 2.2.3.4 Leses ao Abate......................................................................... 33 2.2.3.5 Histopatologia.................................................................................. 34 2.2.3.6 Diagnstico............................................................................... 34 2.3 Circovrus Suno tipo 2 (PVC2)............................................... 35 2.3.1 Circovrus Suno tipo 2.............................................................. 35 2.3.2 Epidemiologia............................................................................. 35 2.3.3 Patogenia.................................................................................... 36 2.3.4 Leses ao Abate........................................................................ 37 2.3.5 Histopatologia.................................................................................. 37 2.3.6 Diagnstico....................................................................................... 37

  • 2.4 Importncia da inspeo das linfadenites infecciosas de sunos na sade pblica.............................................................................

    37

    2.5 Teste Imuno-histoqumico............................................................. 49 2.6 Processamento em Micro-ondas.................................................... 41

    REFERNCIAS............................................................................... 45 SEGUNDA PARTE ARTIGO ARTIGO "PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-ONDAS PARA O DIAGNSTICO HISTOPATOLGICO RPIDO DE LESES EM LINFONODOS EM SUNOS NA INSPEO SANITRIA.".................................................................................. 55 Resumo.............................................................................................. 55

    1 Introduo........................................................................................ 57 2 Material e Mtodos.......................................................................... 58 3 Resultados......................................................................................... 62 4 Discusso........................................................................................... 68 5 Concluso.......................................................................................... 70 6 Referncias....................................................................................... 70

  • 13

    1 INTRODUO GERAL

    O Brasil atualmente o quarto maior produtor de carne suna do mundo,

    com uma produo de 3.227 mil toneladas em 2011. O polo suincola brasileiro

    localizado na regio sul do pas, , porm, Minas Gerais atualmente o quarto

    estado de maior produo, assim como em nmeros de matrizes alojadas

    (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA - IBGE,

    2013). A suinocultura industrial cresce a cada ano quando comparado com a

    suinocultura de subsistncia, prova disso o nmero de sunos que foram

    abatidos sob os cuidados do sistema de inspeo federal no ano de 2011

    totalizando 30.807.512 milhes de animais.

    A inspeo sanitria utilizada para avaliar a sade do rebanho

    comercializado contribuindo para estudos epidemiolgicos (SANCHEZ-

    VASQUEZ et al., 2011) e para garantir segurana em termos de sade pblica e

    uma maior valorizao do produto final gerado. O uso de monitorias patolgicas

    em abatedouros uma importante fonte de informaes para o acompanhamento

    sanitrio dos sunos, com finalidade de identificar e quantificar as prevalncias

    das doenas, bem como a severidade das leses encontradas. As perdas

    econmicas decorrentes das condenaes recaem tanto sobre os produtores

    como sobre a indstria.

    As monitorias sanitrias tambm auxiliam ao produtor como um

    mecanismo de vigilncia da sade de seus rebanhos. Existem diversos modos de

    realizar essas monitorias seja uma avaliao clnica, laboratorial, patolgica e de

    abate, porm, quando usados em combinao duas ou mais monitorias podemos

    ter uma viso ampla do impacto de uma doena. Algumas doenas que

    acometem sunos que permitem a visualizao macroscpica so facilmente

    reconhecidas na inspeo, embora algumas vezes necessitem de confirmao

    histopatolgica. H, porm, algumas enfermidades igualmente importantes que

    podem no ser visualizadas macroscopicamente. Para estas, exames

  • 14

    histopatolgicos podem permitir uma destinao mais adequada dos rgos e

    carcaa acometida.

    Nas ltimas dcadas a tecnologia de processamento de tecidos em

    microondas tem sido estudada e aplicada para substituir o processamento

    convencional de tecidos, particularmente na patologia humana. Esta

    relativamente recente aplicao da irradiao de tecidos com micro-ondas para o

    processamento de tecidos para histopatologia tem trazido avanos em termos de

    reduo do tempo para obteno dos cortes, alm de vantagens em relao

    preservao de antgenos e cidos nucleicos (HAFAJEE; LEONG, 2004;

    MORALES et al., 2002; SURI et al., 2006). Essa forma de processamento pode

    proporcionar a obteno de cortes histolgicos em tempo menor quando

    comparado processamento convencional, permitindo um diagnstico

    histopatolgico rpido e seguro.

    A histopatologia e a imuno-histoqumica tm sido empregadas como

    importantes tcnicas de auxlio no diagnstico de leses em linfonodos de sunos

    no abatedouro em diversos artigos (KOMIJN et al., 2007; MORS et al., 2007).

    Tais tcnicas tm fornecido um diagnstico seguro, permitindo a tomada de

    deciso em relao destinao da carcaa e ao controle de doenas com

    potencial zoontico (MORS et al., 2007).

    Desta forma, a aplicao deste mtodo de processamento rpido poderia

    possibilitar um diagnstico rpido, das principais causas de leses em linfonodos

    de sunos em tecidos fixados em formol. Alm disso, a possibilidade da pesquisa

    e diagnstico rpido em tecidos fixados em formol poderia reduzir riscos

    inerentes ao manuseio e transporte do material fresco contaminado que apresenta

    risco biolgico, visto que pode conter agentes zoonticos.

    O objetivo com este trabalho avaliar a viabilidade do processamento

    rpido de tecidos em micro-ondas como ferramenta de auxlio na avaliao de

    carcaas de sunos desviadas ao servio de inspeo permanente de um

  • 15

    abatedouro visando sua utilizao futura para uma destinao de carcaas mais

    segura e para minimizar possveis perdas econmicas relativas a esta destinao.

  • 16

    PRIMEIRA PARTE

    REFERENCIAL TERICO

  • 17

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 Principais agentes bacterianos envolvidos nas linfadenites de sunos

    A linfadenite uma importante afeco que assola a suinocultura no

    Brasil e em todo o mundo, particularmente pelo alto prejuzo econmico com a

    condenao de carcaas e por ser uma doena crnica debilitante (LARA et al.,

    2009). Dentre os agentes infecciosos envolvidos com as linfadenites de sunos,

    destaca-se o Complexo Mycobacterium avium-intracellulare. No entanto, vrios

    outros agentes bacterianos, como Mycobacterium bovis, Rhodococcus equi e

    Streptococcus -hemoltico, Staphylococcus sp., Nocardia sp., Streptococcus

    sp., Arcanobacterium pyogenes, e virais, como circovrus suno, podem

    provocar leses em linfonodos desta espcie animal (BALIAN et al., 1997;

    LARA et al., 2009; MORS et al., 2007).

    As linfadenites infecciosas, principalmente as granulomatosas, vm

    adquirindo importncia, no por afetar o desempenho dos animais, mas pelo seu

    potencial zoontico e pelos prejuzos provocados aos produtores e para a

    indstria suincola (KOMIJIN et al., 2007; SOBESTIANSKY; BARCELLOS,

    2007).

    As micobactrias envolvidas na etiologia da doena em sunos foram

    agrupadas em dois complexos: Mycobacterium tuberculosis (MTC) e

    Mycobacterium avium (MAC), sendo o primeiro composto principalmente pelo

    M. tuberculosis e M. bovis e o segundo por M. avium, M. intracellulare e M.

    scrofylaciu (MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006). O complexo MTC

    responsvel pela tuberculose clssica. No entanto, os agentes do complexo MAC

    so considerados como os principais causadores da linfadenite granulomatosa

    suna, que na maioria das vezes assintomticas, sendo diagnosticadas somente

    na linha de abate (BALIAN et al., 1997; MARTINS et al., 2004; MORS;

  • 18

    SILVA, 2001; THOEN et al., 2006). Aproximadamente 15 tipos de sorovares do

    complexo M. avium foram isolados em diversos pases demonstrando a

    distribuio mundial das micobacterioses (THOEN et al., 2006).

    As bactrias pertencentes ao gnero Mycobacterium so lcool-cido

    resistentes, aerbios e imveis, no formam esporos, possuem potencial

    zoontico e cursam com o desenvolvimento de processos infecciosos crnicos

    com formao de reaes granulomatosas tpicas (CORRA; CORRA, 1992;

    QUINN et al., 2005). Bactrias do gnero Mycobacterium so altamente

    resistentes ao lcool, cido e dissecao podendo sobreviver vrios meses nas

    instalaes dos animais e durante anos no solo (LARA et al., 2009; MIRANDA,

    2010). Desinfetantes a base de hipoclorito de sdio, cresis, fenis e aldedos,

    como formol, apresentam boa ao bactericida sobre as micobactrias

    (MIRANDA, 2010; MORS; SILVA, 2001). Estas podem ser destrudas

    tambm pelo calor quando expostas a temperatura em torno de 65,5 C por 10

    minutos (LARA et al., 2009; MIRANDA, 2010).

    O Rhodococcus equi uma bactria cocobacilar intracelular facultativa

    Gram positiva presente no solo que pode causar quadros de broncopneumonia e

    enterite piogranulomatosa em potros. Em sunos, semelhante s micobactrias, o

    Rhodococcus equi pode provocar uma linfadenite cervical granulomatosa que na

    avaliao macroscpica durante a inspeo pode ser confundida com tuberculose

    O R. equi possui tambm um potencial zoontico podendo provocar quadros de

    pneumonia em indivduos imunossuprimidos (SOBESTIANSKY;

    BARCELLOS, 2007).

    2.2 Principais causas de condenao infecciosa em sunos

    Existem diversas causas infecciosas que tem por consequncia a

    condenao total ou parcial de carcaas de sunos. Na sequncia desta reviso

    sero descritas com maiores detalhes algumas das principais causas de

  • 19

    condenaes observadas no perodo de estudo, alm da micobacteriose devido

    ao seu importante potencial zoontico.

    2.2.1 Pleuropneumonia Suna

    A pleuropneumonia suna uma doena respiratria amplamente

    disseminada mundialmente nos rebanhos industriais. uma doena que acomete

    todas as categorias de uma granja, principalmente na etapa de terminao

    resultando prejuzos considerveis para suinocultura tais como reduo do ganho

    de peso, aumento do ndice de converso alimentar e custos com tratamentos e

    profilaxia de rebanho (CHIERS et al., 2010; COELHO; VIEIRA-BRITO;

    RODRIGUES, 2004; SOUZA et al., 2008).

    2.2.1.1 Actinobacillus pleuropneumoniae

    O agente causador da doena denominado Actinobacillus

    pleuropneumoniae, porm, foi primeiro reconhecido e citado na literatura como

    Haemophilus pleuropneumoniae. Na dcada de 80 ela foi reclassificada no

    gnero actinobacillus depois de estudos de DNA que demonstrou semelhana

    com a bactria Actinobacillus lignieresii (COELHO; VIEIRA-BRITO;

    RODRIGUES, 2004; MARSTELLER; FENWICK, 1999).

    A bactria A. pleuropneumoniae considerada um cocobacilo gram

    negativo, no mvel, aerbico ou anaerbico facultativo e fermentador de

    glicdeos. Dito tambm como uma bactria hemoltica pela sua capacidade de

    obteno de ferro pela transferrina suna. Em meio de cultura necessrio a

    presena de nicotinamida-adenina-dinucleotdeo (NAD), 37 C e presena de

    gs carbnico a 5% para haver o crescimento da mesma (CHIERS et al., 2010;

    COELHO; VIEIRA-BRITO; RODRIGUES, 2004; VAZ; SILVA, 2004).

    O A. pleuropneumoniae possui dois bitipos e quinze sorotipos. O

    bitipo 1 so aquelas que dependem de NAD para sua multiplicao e o bitipo

  • 20

    2 so aquelas que no so dependentes de NAD, porm, essa diferena no torna

    a bactria incapaz de causar a doena s determinar se ela ser mais ou menos

    patognica. Os sorotipos so determinados pelas diferenas nos antgenos

    capsulares, sendo que os sorotipos 12 e 13 pertencem ao bitipo 2 e o restante ao

    bitipo 1. A importncia de se conhecer qual sorotipo est presente no rebanho

    facilitar a profilaxia e os testes sorolgicos a serem utilizados sendo que as

    vacinas so soro-especficas (CHIERS et al., 2002; COELHO; VIEIRA-BRITO;

    RODRIGUES, 2004; COSTA et al., 2004; VAZ; SILVA, 2004).

    Alm dos dois bitipos e 15 sorotipos, estes ltimos so capazes de

    produzir trs tipos de exotoxinas diferentes a ApxI, ApxII e ApxIII. As exotinas

    possuem nveis de citoxicidade e capacidade hemoltica diferente entre elas.

    Essas associadas lipossacardeos e protenas de superfcie so os fatores que

    constroem a patogenicidade da bactria (CHIERS et al., 2010; COSTA et al.,

    2004; DECUADRO-HANSEN; WERLANG; WOLLMANN, 2009; FERRAZ et

    al., 2010).

    2.2.1.2 Epidemiologia

    A transmisso da pleuropneumonia por meio do contato direto com

    secrees do trato respiratrio de animais infectados tambm existindo a

    possibilidade de transmisso por aerossis por meio de curtas distncias. O A.

    pleuropneumoniae pode permanecer vivel no ambiente por meio da presena de

    secrees e matria orgnica. A introduo de sunos portadores em um rebanho

    sem incidncia prvia a forma mais importante de transmisso (SOUZA et al.,

    2008; VAZ; SILVA, 2004). Em rebanhos cronicamente infectados a doena

    ocorre preferencialmente na etapa de terminao, mas existem sorotipos que

    podem infectar categorias de animais mais jovens. Isso se deve s condies

    multifatoriais, tais como superlotao, agrupamento de lotes e condies de

    manejo adversas (CHIERS et al., 2010; MAES et al., 2001).

  • 21

    O desenvolvimento da doena multifatorial, dependendo de fatores

    como a patogenicidade do sorotipo introduzido, estado imunolgico dos

    animais, condio sanitria da granja, manejo e densidade animal. Os sorotipos

    prevalentes no Brasil so os 3, 5 e 7 sendo que outros j foram isolados

    (SOUZA et al., 2008; VAZ; SILVA, 2004).

    O controle da pleuropneumonia geralmente feito com medicao,

    vacinao e um manejo adequado. A antibioticoterapia apresenta maior eficcia

    nos casos agudos, ou seja, nas fases iniciais da doena (MAES et al., 2001). A

    utilizao de antibiticos com fins de preveno, seja de modo intermitente ou

    contnuo, tem sido tambm empregada, porm, com riscos relacionados

    resistncia bacteriana (CHIERS et al., 2002; MAES et al., 2001). O diagnstico

    feito a partir de cultura bacteriana de swabs de secrees nasais e tonsilares

    (CHIERS et al., 2010).

    A vacinao de rebanho empregada devido larga escala de vacinas

    disponveis hoje no mercado. Em rebanhos endemicamente afetados, os leites

    recm-nascidos recebem uma cobertura imunolgica a partir da me que perdura

    at aproximadamente 9 semanas aps receberem o colostro (FERRAZ et al.,

    2010; MARSTELLER; FENWICK, 1999). Nestes h necessidade da vacinao,

    pois surtos da doena normalmente podem ocorrer entre 12 a 16 semanas de

    idade. No entanto, assim como no uso de antibiticos, essas apenas impedem a

    apresentao da doena com visualizao dos sinais clnicos, mas no impede

    que o trato respiratrio seja colonizado e que o animal se torne um portador

    (FERRAZ et al., 2010; MAES et al., 2001).

    2.2.1.3 Patogenia

    A patognicidade da pleuropneumonia dependente da virulncia de

    seus sorotipos, das exotoxinas produzidas pelas mesmas e outros fatores de

  • 22

    virulncia tais como capsula e os lipopolissacardeos (MARSTELLER;

    FENWICK, 1999).

    Na maioria das vezes ela dose dependente, ou seja, a manifestao

    clnica e estado infeccioso do animal depender da quantidade de bactria

    presente no momento do primeiro contato. Doses menores tm como

    consequncia a soroconverso sem a presena da doena clnica ao contrrio de

    doses maiores que resulta na doena clnica (MARSTELLER; FENWICK,

    1999). A doena pode se manifestar nas formas superaguda, aguda, subaguda ou

    crnica. A doena aguda se caracteriza por doena clnica associada a uma alta

    mortalidade enquanto que a forma crnica por pouco ou quase nenhum sinal

    clnico evidente (MAES et al., 2001).

    A forma superaguda, que se caracteriza por uma evoluo rpida, leva

    morte os animais acometidos sem nenhum sinal clnico aparente. A apresentao

    clnica da doena aguda se d com o aumento de temperatura corporal, quadros

    de insuficincia cardaca e respiratria, anorexia podendo tambm culminar na

    morte dos animais. Os animais que superam a fase aguda ainda podem

    desenvolver a forma subaguda e crnica que possui como j citado acima sinais

    clnicos menos expressivos, porm, gera perda de ganho de peso dirio e

    cicatrizes pulmonares que desacelera o crescimento habitual e assim acarreta em

    prejuzo econmico (FERTAZ et al., 2010; VAZ; SILVA, 2004).

    A bactria atinge o trato respiratrio inferior aps a inalao de

    aerossis e por meio do muco, protenas e as clulas do hospedeiro coloniza os

    bronquolos terminais e as clulas epiteliais alveolares causando danos nestas

    reas. A adeso das bactrias s clulas ocorre por meio de fatores que

    favorecem a mesma, tais como as fmbrias. dito tambm que essa colonizao

    se d por meio da formao de biofilme (CHIERS et al., 2010).

    Atualmente so relatados 15 sorotipos relacionados a esta enfermidade.

    Na maioria das vezes um rebanho, ou seja, uma granja acometida por um nico

  • 23

    sorotipo. Porm, uma alta movimentao de animais nesta mesma granja permite

    a presena de mais de um sorotipo (CHIERS et al., 2010).

    O gene apxA do Actinobacillus pleuropneumoniae produz 3 exotoxinas

    tanto in vivo quanto in vitro, ApxI, ApxII e ApxIII (VAZ; SILVA, 2004).

    Existem relatos de uma ApxIV que produzida apenas in vivo e por todos os

    sorotipos.

    A secreo das exotoxinas mencionadas acima resulta na lise das clulas

    epiteliais alveolar, clulas endoteliais, hemcias, neutrfilos e macrfagos. Os

    lipopolissacardeos presente na capsula bacteriana aumentam a sua virulncia

    provocando a produo ativa de citocinas inflamatrias e necrose das clulas do

    epitlio pulmonar por meio da ligao de receptores Toll-like. Proteases tambm

    participam da virulncia na injria tecidual, pois quebram barreiras celulares

    assim como a actina e hemoglobina (CHIERS et al., 2010).

    2.2.1.4 Leses ao Abate

    A inspeo sanitria no momento do abate fundamental para a

    identificao de leses compatveis com a pleuropneumonia. O A.

    pleuropneumoniae causa uma broncopneumonia necrtica hemorrgica com

    pleurite fibrinosa (CHIERS et al., 2002, 2010; VAZ; SILVA, 2004).

    As principais leses relacionadas pleuropneumonia so observadas nos

    pulmes, pleura e pericrdio. As leses normalmente so bilaterais e acometem

    os lobos apicais, mas podem ser unilaterais. As leses pulmonares so

    delimitadas, escuras, focais e associadas pleurite fibrinosa (COELHO;

    VIEIRA-BRITO; RODRIGUES, 2004). A presena de aderncia adjacente

    rea pulmonar e pleural acometida uma das principais observaes na inspeo

    durante o abate, assim como a presena de exsudato fibrinoso avermelhado

    (VAZ; SILVA, 2004).

  • 24

    2.2.1.5 Histopatologia

    Pode-se visualizar uma broncopneumonia necro-hemorrgica ou

    purulenta junto pleurite fibrinosa ou fibrino-hemorrgica (VAZ; SILVA,

    2004).

    2.2.1.6 Diagnstico

    O diagnstico da pleuropneumonia normalmente se d por meio do

    conjunto histrico clnico, leses macro e microscpicas e isolamento bacteriano

    como a maioria das doenas bacterianas (VAZ; SILVA, 2004).

    O isolamento bacteriano tem de ser feito por meio de animais

    clinicamente infectados com sinais clnicos evidentes. As amostras isoladas

    normalmente so oriundas de leses pulmonares, tonsilas e em menor

    quantidade outros locais do trato respiratrio. O cultivo para posterior

    isolamento se d por meio da utilizao de um Agar suplementado com NAD

    visto que conforme j elucidado este agente necessita deste para que ocorra seu

    crescimento. Animais cronicamente infectados possuem seu isolamento

    dificultado que pode resultar em um falso negativo visto que outros agentes

    habitantes normais do trato respiratrio inibem o seu crescimento (COELHO;

    VIEIRA-BRITO; RODRIGUES, 2004; VAZ; SILVA, 2004).

    A sorologia de rebanho como ferramenta de diagnstico amplamente

    utilizada assim como para determinar a situao de imunidade do rebanho e

    disperso da infeco. A ELISA o mais utilizado pela sua rapidez e alta

    sensibilidade sendo possvel identificar vrios sorotipos e polissacardeos

    (COELHO; VIEIRA-BRITO; RODRIGUES, 2004; VAZ; SILVA, 2004).

    A biologia molecular por meio da reao em cadeia de polimerase

    (PCR) tambm realiza diagnstico de alta sensibilidade detectando o gene A das

    exotoxinas que participam da virulncia do A. pleuropneumoniae (VAZ;

    SILVA, 2004). A partir da amplificao do material gentico encontrado nas

  • 25

    amostras analisadas possvel ter um resultado eficiente que elimina os falsos

    negativos que podem ser encontrados nos exames de sorologia (FERRAZ et al.,

    2010).

    2.2.2 Pneumonia Enzotica

    A pneumonia enzotica uma doena respiratria bacteriana de grande

    importncia nas granjas sunas de criao intensiva em todo o mundo. A doena

    caracterizada clinicamente por sinais respiratrios, com evoluo crnica

    associada broncopneumonia supurativa (ECCO; LAZZARI; GUEDES, 2009).

    Esta doena leva a uma perda de produtividade de plantel e pode levar a

    condenao de carcaa no perodo de abate por suas sequelas (ALMEIDA et al.,

    2012; CARRIJO; NASCIMENTO; TORTELLY, 2008).

    2.2.2.1 Mycoplasma hyopneumoniae

    A pneumonia enzotica causada pelo Mycoplasma hyopneumoniae

    (ECCO; LAZZARI; GUEDES, 2009), uma bactria pequena, pleomrfica, gram

    positiva com ausncia de parede celular (SOBESTIANSKY et al., 2011).

    Devido a esta ausncia de parede celular ela se torna resistente a vrios

    antibiticos disponveis no mercado tais como, penicilinas e cefalosporinas.

    Crescem lentamente sob condies de cultivo sendo necessrio um meio

    especfico denominado meio de Friis, a uma temperatura de 37 C, pH 7,5 e uma

    atmosfera de 5 a 10% de dixido de carbono (CONCEIO; DELLAGOSTIN,

    2006).

    A bactria possui uma alta capacidade de evadir o sistema imunolgico

    de seu hospedeiro por ter a capacidade de mudar os seus antgenos de superfcie

    devido sequncias de DNA repetidas em seu genoma e com isso tambm pode

    levar a uma ao imunodepressora que acaba resultando em um pr-disposio

  • 26

    instalao de outros agentes microbiolgicos (CONCEIO; DELLAGOSTIN,

    2006).

    2.2.2.2 Epidemiologia

    A pneumonia enzotica uma doena infecto crnica multifatorial que

    pode afetar de 70 a 100% dos animais de um nico rebanho. Fatores de manejo e

    ambientais influenciam a presena e severidade da doena em um plantel, como

    superlotao, ventilao precria, mesclagem de lotes em baias de terminao,

    animais de diferentes origens sanitrias, entre outros (ASSUNO et al., 2005;

    VILLARREAL et al., 2011). Apesar de ser uma enfermidade que possui alta

    morbidade ela apresenta uma baixa mortalidade. Os animais geralmente

    apresentam uma tosse seca que se torna produtiva quando existe contaminao

    bacteriana secundria, febre, dificuldade respiratria aps movimentao, perda

    de ganho de peso dirio e um aumento na converso alimentar (CARRIJO;

    NASCIMENTO; TORTELLY, 2008; CONCEIO; DELLAGOSTIN, 2006;

    ECCO; LAZZARI; GUEDES, 2009; VILLARREAL et al., 2011).

    A transmisso do agente ocorre sobre condies de contato direto de

    secrees respiratrias de um animal acometido ou por aerossis

    (CONCEIO; DELLAGOSTIN, 2006). Os animais diagnosticados com

    micoplasmose ainda podem desenvolver uma broncopneumonia secundria pela

    colonizao do trato respiratrio por outros agentes bacterianos devido

    imunossupresso (CARRIJO; NASCIMENTO; TORTELLY, 2008).

    A vacinao amplamente utilizada nos rebanhos industriais devido aos

    prejuzos de larga escala que esta doena causa, porm, as vacinas inativadas

    comerciais disponveis para compra s conferem uma proteo parcial no

    impedindo a instalao do agente, nem a transmisso da doena, muito menos

    que um animal torne-se portador da mesma. Com a vacinao, no entanto,

    ocorre uma diminuio dos sinais clnicos, leses pulmonares e uma melhoria da

  • 27

    converso alimentar (CONCEIO; DELLAGOSTIN, 2006; SIMIONATTO et

    al., 2012; VILLARREAL et al., 2011).

    2.2.2.3 Patogenia

    A virulncia de diferentes cepas do M. hyopneumoniae determina a

    manifestao da doena clnica, cepas com maior potencial de virulncia com

    sinais clnicos e leses pulmonares severas ao contrrio de cepas menos

    virulentas apresentam sinais clnicos e leses pulmonares mais brandas

    (VILLARREAL et al., 2011).

    A bactria coloniza o epitlio respiratrio, traqueia, brnquios e

    bronquiolos, tendo como consequncia uma diminuio e perda da atividade

    ciliar e degenerao das clulas epiteliais (ECCO; LAZZARI; GUEDES, 2009).

    A diminuio e perda de atividade ciliar so de extrema importncia, visto que o

    aparelho muco-ciliar quele que protege, ou seja, atua como uma primeira

    linha defesa contra provveis agentes microbiolgicos. Sendo assim uma

    alterao neste levaria a uma diminuio desta proteo e consequentemente

    predispondo a colonizao no s do micoplasma, mas de outros agentes

    tambm (ALMEIDA et al., 2012).

    A patogenia da micoplasmose envolve a adeso, colonizao,

    citotoxicidade, evaso da resposta imune do hospedeiro (CONCEIO;

    DELLAGOSTIN, 2006). Na micoplasmose h a liberao de citocinas, como

    interleucinas 1e 6 e fator de necrose tumoral, que podem ser mais prejudiciais ao

    hospedeiro que o prprio agente. A quantidade de citocinas maior em pulmes

    com leses que em pulmes sem leses (CHOI et al., 2006).

    Algumas protenas de membrana tais como 36-KD lactato

    desidrogenase, fator citotxico 54-KD e lipoprotenas de membrana so ditas

    como fatores de virulncia desta bactria, porm, sua funo exata ainda no foi

    totalmente determinada (CHOI et al., 2006).

  • 28

    2.2.2.4 Leses ao Abate

    A leso macroscpica mais comunmente observada ao abate so reas

    demarcadas, vermelhas escuras a arroxeadas at tons acinzentados de

    consolidao crnio-ventral dos pulmes. Ao corte pode fluir exsudato purulento

    das vias areas, particularmente quando h infeces secundrias (ALMEIDA et

    al., 2012; CHOI et al., 2006).

    2.2.2.5 Histopatologia

    Durante a apresentao aguda da doena possvel observar na

    histologia uma perda da morfologia do epitlio ciliar como a degenerao de

    suas clulas assim como presena de neutrfilos e macrfagos no interior e

    adjacente s vias respiratria. Na fase crnica desta enfermidade observa-se uma

    hiperplasia dos acmulos linfoides associados aos brnquios (BALT) sendo esta

    a principalmente caracterstica microscpica relacionada a esta doena, embora

    tambm se observe o espessamento das bordas dos septos interalveolares

    (ALMEIDA et al., 2012; CHOI et al., 2006; ECCO; LAZZARI; GUEDES,

    2009; REDONDO et al., 2009).

    Existem coloraes especiais que podem ser utilizadas na tentativa de

    visualizar a bactria, tais como a colorao de Giemsa, dienes e azul de

    metileno. A colorao de Gram, normalmente utilizada para distinguir bactrias

    positivas de negativas, no possui um bom resultado quando empregada na

    identificao do M. hyopneumoniae (CONCEIO; DELLAGOSTIN, 2006).

    2.2.2.6 Diagnstico

    O diagnstico em geral se realiza pelo conjunto de dados, que inclui

    histrico clnico, leses macro e microscpicas. A confirmao laboratorial do

    M. hyopneumoniae feita normalmente por meio de cultivo e posteriormente

  • 29

    isolamento do agente, sendo tambm utilizados testes sorolgicos para

    quantificar a titulao dos animais. Porm, a desvantagem destes mtodos de

    cultivo e isolamento o fato que o agente considerado fastidioso e com um

    tempo de concluso de tcnica demorado podendo ainda ser dificultado pela

    presena de outras espcies de micoplasma naturais do trato respiratrio suno

    (ASSUNO et al., 2005).

    A PCR tambm uma tcnica de diagnstico amplamente utilizada que

    fornece resultados rpidos e com alta especificidade e sensibilidade

    (ASSUNO et al., 2005).

    2.2.3 Micobacterioses

    Sunos so animais susceptveis a infeces por diversos

    microorganismos, tais como Mycobacterium bovis, Mycobacterium tuberculosis

    e outras micobactrias pertencentes ao complexo Mycobacterium avium (MAC).

    O termo tuberculose utilizado para sunos apenas quando a enfermidade for

    causada por Mycobacterium bovis e Mycobacterium tuberculosis, quando o

    agente causal pertence ao complexo MAC a enfermidade classificada com

    micobacteriose (FERREIRA NETO; OLIVEIRA, 2008).

    Animais infectados por Mycobacterium bovis e Mycobacterium

    tuberculosis desenvolvem uma doena progressiva e as carnes desses animais

    acometidos oferecem riscos ao consumidor. Carcaas contaminadas por

    Complexo MAC tambm podem apresentar risco a sade pblica.

    2.2.3.1 Mycobacterium sp

    As micobactrias envolvidas na etiologia da doena em sunos

    foram agrupadas em dois complexos: Mycobacterium tuberculosis (MTC) e

    Mycobacterium avium intracellulare scrofulaceum (MAIS), sendo o primeiro

    composto principalmente pelo M. tuberculosis e M. bovis e o segundo por M.

  • 30

    avium, M. intracellulare e M. scrofulaceum. O complexo MTC responsvel

    pela tuberculose clssica, no entanto os agentes do complexo MAIS so

    considerados como os principais causadores da linfadenite granulomatosa suna,

    detectados durante a inspeo sanitria nos abatedouros (MORS; SILVA,

    2001; THOEN et al., 2006). Aproximadamente 15 tipos de sorovares do

    complexo M. avium foram isolados em diversos pases demonstrando a

    distribuio mundial das micobacterioses (THOEN et al., 2006).

    As bactrias pertencentes ao gnero Mycobacterium so lcool-cido

    resistentes, aerbios e imveis, no formam esporos, possuem potencial

    zoontico e cursam com o desenvolvimento de processos infecciosos crnicos

    com formao de reaes granulomatosas tpicas, conhecidos como tubrculos

    (CORRA; CORRA, 1992; QUINN et al., 2005). As micobactrias possuem

    parede celular impermevel composta por cidos miclicos, responsveis pela

    hidrofobicidade, crescimento lento, sobrevivncia em condies ambientais

    desfavorveis e pela resistncia a diversos desinfetantes (LARA et al., 2009;

    MIRANDA, 2010). So microrganismos ubquos e euritrmicos, que podem se

    desenvolver em diferentes valores de temperaturas e pH. O complexo MAIS

    possui maior taxa de crescimento em meios com pH entre 4,0 e 7,5, sendo os

    valores entre 5,4 e 6,5 ideais para o seu desenvolvimento. No entanto, as

    micobactrias podem ser destrudas pelo calor quando expostas a temperatura

    em torno de 65,5 C por 10 minutos (LARA et al., 2009; MIRANDA, 2010).

    As bactrias do gnero Mycobacterium so altamente resistentes aos

    alcois, aos cidos e dissecao podendo sobreviver vrios meses nas

    instalaes dos animais e durante anos no solo (LARA et al., 2009; MIRANDA,

    2010). Desinfetantes a base de hipoclorito de sdio, cresis, fenis e aldedos

    apresentam boa ao bactericida sobre as micobactrias (MIRANDA, 2010;

    MORS; SILVA, 2001).

  • 31

    2.2.3.2 Epidemiologia

    As micobactrias pertencentes ao complexo MAIS acometem uma

    ampla variedade de espcies domsticas, incluindo aves, bovinos, sunos,

    ovinos, caprinos, equinos e o homem (MIRANDA, 2010). Os sunos so

    susceptveis infeco pelo gnero Mycobacterium, com destaque para os

    agentes do complexo MAIS, sendo as espcies pertencentes ao complexo MTC

    mais patognicas, diagnosticadas frequentemente em bovinos e humanos

    (CORRA et al., 2006; LARA et al., 2009). A via de transmisso das

    micobactrias horizontal, por meio da ingesto de gua de bebida, solo, rao

    contaminada, material de cama e pelo contanto com outros animais infectados,

    como aves domsticas e silvestres, roedores e outros sunos infectados. Os

    animais acometidos na granja so considerados como importantes fontes de

    infeco, pois o agente eliminado constantemente pelas fezes e urina,

    contaminando o ambiente e consequentemente outros sunos (MIRANDA, 2010;

    MORS; SILVA, 2001).

    A linfadenite granulomatosa considerada uma das principais

    enfermidades que cursam com grande impacto econmico na suinocultura, em

    funo do alto prejuzo aos produtores pela condenao das carcaas (LARA et

    al., 2009). Os critrios para eliminao das carcaas acometidas esto

    relacionadas ao potencial zoontico de vrios agentes envolvidos na linfadenite

    suna, particularmente as bactrias do gnero Mycobacterium sp., mas tambm

    outras como o Rhodococcus equi, e pela impossibilidade de diferenciao das

    leses macroscpicas, encontradas no abatedouro, causadas por outros agentes

    bacterianos com pouco ou nenhum risco zoontico (LARA et al., 2009).

    Segundo Martins (2001), a perda econmica na suinocultura decorrente da

    linfadenite na regio sul do Brasil foi estimada em 6,9 a 8,0 milhes de reais no

    ano de 1999, demonstrando o impacto negativo dessa doena para a produo de

    sunos na regio.

  • 32

    A transmisso da micobacteriose e da rodococose para o homem pode

    ocorrer na granja no contato direto com sunos portadores e a partir do consumo

    de produtos e derivados de origem suna. Alm disso, esses microrganimos esto

    sendo crescentemente isolados em pacientes humanos acometidos pela sndrome

    da imunodeficincia na adquirida (AIDS), aumentando o cuidado da vigilncia

    sanitria em relao ao controle da linfadenite suna. Nesse contexto, a

    fiscalizao sanitria durante diferentes fases da cadeia produtiva de carne, entre

    elas o abate, desempenha papel fundamental no controle de zoonoses para o

    homem (LARA et al., 2009).

    2.2.3.3 Patogenia

    A transmisso das micobactrias do complexo avirio ocorre por via

    oral. Aps a ingesto, o agente penetra na mucosa do trato digestrio, sendo

    posteriormente drenados para os linfonodos mesentricos regionais.

    Ocasionalmente pode ocorrer disseminao do agente para os linfonodos

    mediastnicos, provavelmente por via digestiva, em funo da drenagem

    linftica da poro torcica do esfago (MORS; SILVA, 2001). Diferindo da

    infeco causada pelo M. bovis, que utiliza principalmente a via de infeco

    respiratria, afetando rgos parenquimatosos, como os pulmes (THOEN et al.,

    2006).

    As leses presentes na linfadenite suna esto relacionadas com a

    capacidade de multiplicao do bacilo nos tecidos infectados e na induo de

    resposta tecidual pelo hospedeiro (THOEN et al., 2006). Inicialmente as

    micobactrias so atacadas por granulcitos e componentes humorais, no

    entanto, macrfagos ativados so considerados a linhagem de defesa mais

    importante para o hospedeiro contra o agente (MORS; SILVA, 2001; THOEN

    et al., 2006).

  • 33

    Os bacilos possuem como fatores de virulncia os constituintes da

    parede celular, composta de cidos miclicos, fosfolipdios e sulfolipdios

    (MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006). Segundo Thoen et al. (2006), a

    combinao desses componentes, liberados pelas micobactrias, interfere na

    formao do fagolissomo e na ativao/liberao de enzimas lisossomais

    presentes no citoplasma dos macrfagos. Portanto, aps a adeso bacteriana, os

    bacilos fagocitados pelos macrfagos produzem uma reao granulomatosa

    local, culminando com a proliferao de clulas inflamatrias. Os ndulos

    iniciais podem permanecer estacionrios ou evoluir para reas necrticas

    compostas por material caseoso (MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006).

    O Mycobacterium spp. no produz toxinas ou enzimas conhecidas que atuem

    diretamente nos tecidos acometidos, sendo a resposta imune do hospedeiro a

    principal causa de acometimento tissular (MORS; SILVA, 2001).

    2.2.3.4 Leses ao Abate

    A linfadenite granulomatosa suna considera assintomtica, sendo as

    leses presentes nas carcaas detectadas pelo servio de inspeo de carnes no

    abatedouro. Na avaliao macroscpica post-mortem so comumente

    encontradas linfonodos cervicais e mesentrios aumentados de tamanho e de

    consistncia firme (MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006).

    O M. avium produz leses granulomatosas proliferativas caseosas, de

    colorao branca amarelada, com tamanho varivel desde pequenos focos

    milimtricos at leses difusas por todo linfonodo acometido. Somente pela

    anlise macroscpica impossvel diferenciar leses causadas por micobactrias

    com leses ocasionadas por outros agentes, entre eles o Rhodococcos equi

    (MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006).

  • 34

    2.2.3.5 Histopatologia

    A utilizao da histopatologia como ferramenta no diagnstico permite a

    caracterizao microscpica das leses nos linfonodos acometidos. So

    observadas frequentemente proliferao de clulas epitelioides e clulas gigantes

    multinucleadas tipo Langhans, necrose caseosa e calcificao distrfica,

    principalmente em leses mais antigas (MIRANDA, 2010; MORS; SILVA,

    2001). As micobactrias no so visveis na colorao de rotina (hematoxilina e

    eosina), mas so evidenciadas nas leses coradas pela da tcnica de Ziehl-

    Neelsen, sendo denominadas por isto bacilos lcool-cido resistentes (BAAR).

    Essa colorao determinada pela forte ligao da fucsina carblica com

    lipdios presentes na parede celular da bactria, no ocorrendo remoo pela

    descolorao com soluo lcool-cida (MIRANDA, 2010; QUINN et al.,

    2005).

    2.2.3.6 Diagnstico

    O diagnstico realizado pelos achados macro e microscpicos. As

    micobactrias podem ser evidenciadas pela tcnica de Ziehl-Neelsen, mas para a

    identificao das espcies do gnero Mycobacterium outras tcnicas so

    necessrias. A imuno-histoqumica (IHQ), associada ao exame histopatolgico,

    poder fornecer um diagnstico etiolgico seguro e rpido. O isolamento

    bacteriano a prova ideal para identificao especfica, mas exige

    procedimentos especiais de laboratrios, demandando muito tempo para o

    crescimento das micobactrias, e possui ainda as desvantagens de ter baixa

    sensibilidade e alto custo de execuo. Tcnicas moleculares tambm tm sido

    empregadas para este fim (THOEN et al., 2006).

  • 35

    2.3 Circovrus Suno tipo 2 (PVC2)

    O primeiro relato de circovrus foi feito h 25 anos descrevendo-o como

    um contaminante de uma cultura celular de clulas renais de suno. Ao longo dos

    anos comearam surgir relatos correlacionando o vrus a condies clnicas,

    porm, os isolados encontrados possuam estrutura genmica e antignica

    diferente daquele encontrado na cultura de clulas renais. Assim, o vrus

    contaminante de cultura de clulas foi denominado circovrus suno tipo 1 (no

    patognico) e o responsvel pelas condies clnicas, circovrus suno tipo 2

    (ALLAN; ELLIS, 2000).

    2.3.1 Circovrus suno tipo 2

    O circovrus suno tipo 2 classificado na famlia Circoviridae, sendo

    um vrus pequeno, no envelopado, DNA fita simples associado a enfermidades

    que causam leses principalmente em tecidos linfoides e imunossupresso do

    animal acometido (ALLAN; ELLIS, 2000; CORREA et al., 2006; FENAUX et

    al., 2002; FERNANDES et al., 2006; SEGALS; ALLAN; DOMINGO, 2005).

    No seu genoma j conhecido a sequencia de 3 fases de leitura (ORFs) estas

    alm de possuir papel de replicao viral e estrutural ainda possui uma protena

    que responsvel pela induo da apoptose celular (SOBESTIANSKY;

    BARCELLOS, 2007). O PCV2 estvel ao pH 3, a temperaturas de 56 C a

    70C, ao ressecamento, ao aquecimento, alta umidade e a desinfetantes

    comuns, mas sendo inativado por desinfetantes alcalinos, agentes oxidantes e

    amnia quaternria (LOPES, 2009).

    2.3.2 Epidemiologia

    A principal enfermidade associada ao vrus a sndrome multissistmica

    do definhamento. Esta foi primeiro relatado em 1991 sendo considerada uma

  • 36

    doena emergente em sunos (FENAUX et al., 2002). A sndrome

    multissistmica do definhamento se manifesta na forma de diminuio

    progressiva de perda de peso, dispneia, taquipneia, pneumonia intersticial e

    linfoadenopatia. Pode acometer animais das mais diversas categorias, porm,

    predominante nas categorias de creche e engorda, possuindo morbidade e

    mortalidade de 80% e 40%, respectivamente (FENAUX et al., 2002;

    FERNANDES et al., 2006; SEGALS; ALLAN; DOMINGO, 2005;

    SOBESTIANSKY; BARCELLOS, 2007).

    Considerado um vrus ubquo a sua transmissibilidade pode ser tanto de

    forma vertical quanto horizontal, sendo a via oronasal a mais frequente. Existem

    outras vias de infeco tais como a intranasal e subcutnea, porm, essas

    somente foram confirmadas experimentalmente. Sendo observada a excreo do

    vrus nas fezes at 13 dias aps infeco (SEGALS; ALLAN; DOMINGO,

    2005; SOBESTIANSKY; BARCELLOS, 2007).

    A circovirose apesar de que no apresenta potencial zoontico, causa

    uma imunodepresso que leva ao animal acometido uma predisposio a

    infeces secundrias por agentes oportunistas, aumentando a utilizao de

    antibiticos o que tambm acarreta prejuzos econmicos para o produtor e para

    a indstria (CORRA et al., 2006; SEGALS; ALLAN; DOMINGO, 2005).

    2.3.3 Patogenia

    A patogenia do circovrus suno tipo 2 est principalmente associada a

    alterao do sistema imune por meio da depleo de linfcitos B e T

    aumentando-se a quantidade de moncitos e macrfagos nos tecidos, e um

    padro de resposta de citocinas alterado, por exemplo o circovrus provoca uma

    resposta da interleucina 10 em clulas mononucleares perifricas

    (KEKARAINEN et al., 2008).

  • 37

    2.3.4 Leses ao abate

    No abate no existe presena de uma leso patognomnica caracterstica

    da circovirose. Normalmente observa-se carcaa aparentemente com escore

    menor e com presena dos linfonodos aumentados de tamanho, principalmente

    os inguinais. Pode observar tambm a presena de alguma afeco respiratria

    concomitante visto que a circovirose considerada uma doena debilitante e

    imunodepressora (SOBESTIANSKY; BARCELLOS, 2007).

    2.3.5 Histopatologia

    As leses histolgicas normalmente observadas so depleo de

    linfcitos B e T associada presena de macrfagos e presena de clulas

    gigantes (SOUZA et al., 2008).

    2.3.6 Diagnstico

    O diagnstico feito baseado em leses histolgicas em rgos linfoides

    tais como, linfonodos, bao e timo, associado quantidade de vrus presente nas

    leses. Visto que tcnicas moleculares como, a reao em cadeia pela

    polimerase mais sensvel, , porm, sua resposta diagnstica com o circovirose

    no ideal. A imuno-histoqumica a tcnica ideal para deteco de antgenos e

    diagnstico definitivo da circovirose visto que o diagnstico necessrio a

    presena do vrus associado doena clnica (SOUZA et al., 2008).

    2.4 Importncia da inspeo das linfadenites infecciosas de sunos na sade

    pblica

    A inspeo ante-mortem dos animais j permite que sejam

    individualizados aqueles animais que podem estar doentes dos aparentemente

    saudveis sendo que esses podem ter leses ou sequelas de infeces que

  • 38

    somente podero ser detectadas durante a inspeo das vsceras e da carcaa

    (HURD et al., 2008).

    O monitoramento em abatedouros pode permitir ao veterinrio realizar

    um levantamento de dados para estudar um determinado agente, a leso causada

    por este, a sua incidncia e o seu impacto econmico, assim como na sade

    pblica (ALBERTON; MORES, 2008; SANCHEZ-VAZQUEZ et al., 2011).

    A importncia das infeces ocupacionais tambm deve ser considerada

    visto que muitos agentes que podem estar presentes tanto na granja quanto na

    linha de inspeo podem causar doenas nas pessoas envolvidas no processo de

    produo. Muitas dessas infeces ocorrem por ingesto, inalao, por contato

    direto ou indireto com animais doentes e seus fluidos fisiolgicos (CARDOSO,

    2009; FERNANDES et al., 2006). As medidas de sanidade e segurana que so

    adotadas tanto nas granjas quanto nos frigorficos permitem reduzir, mas no

    extinguir estes riscos. Tais medidas incluem sistemas de vazios sanitrios,

    vacinaes, recebimento de animais de origem conhecida portadores de

    atestados sanitrios adequados, a utilizao de equipamentos de proteo

    individual (toucas, luvas, mscaras) e controle de entrada e sada de funcionrios

    nas reas do frigorfico, pocilgas, rea suja, rea limpa, refrigerao, desossa

    (CARDOSO, 2009).

    Apesar da grande diversidade de agentes que podem ser encontrados em

    linfonodos e causar a linfadenites, h muitas semelhanas entre as leses

    macroscpicas. A existncia de potencial zoontico em algumas destas infeces

    demonstra a necessidade de um diagnstico rpido e seguro. Porm, a

    confirmao do diagnstico para esses agentes muitas vezes demorada, com a

    utilizao de exames de baixa sensibilidade e alto custo de execuo no qual

    indica que a linfadenite nessa espcie seja considerada um problema sanitrio

    por sua dificuldade diagnstica (LARA et al., 2009; MORS et al., 2007). A

    rapidez na confirmao laboratorial do diagnstico permite que a destinao das

  • 39

    carcaas seja feita de forma mais adequada podendo haver um melhor

    aproveitamento da carcaa em seu potencial mximo.

    2.5 Teste Imuno-histoqumico

    A imuno-histoqumica surgiu com pesquisas sobre a

    imunopatologia no meados da dcada de 40 (WERNER et al., 2005). A tcnica

    usada como ferramenta de diagnstico na patologia humana desde a dcada de

    70, sendo gradativamente introduzida na rotina de diagnstico veterinrio (RUIZ

    et al., 2005).

    O fundamento da imuno-histoqumica a demonstrao de antgenos

    presentes em tecidos e clulas por meio de anticorpos. A necessidade cada vez

    crescente de especificidade e sensibilidade torna a tcnica simples mais

    complexa (RAMOS-VARA, 2005).

    Os anticorpos usados na tcnica dependero do antgeno em questo,

    porm, seja qual for o antgeno a imunoglobulina mais utilizada a IgG. A

    estrutura de uma imunoglobulina determinada por duas cadeias idnticas sendo

    uma pesada e uma leve, e uma poro chamada Fc. Esta ultima poro que

    proporcionar a ligao e colorao de fundo na imunoistoqumica (RAMOS-

    VARA, 2005).

    Existem dois tipos de anticorpos utilizados na tcnica os monoclonais e

    os policlonais. Os anticorpos monoclonais so aqueles produzidos de um nico

    clone de linfcito B parenteral normalmente de camundongos, a partir dele so

    produzidos as cpias de anticorpo. Os anticorpos policlonais so aqueles

    produzidos por diversos clones de linfcitos B, frente imunizao com

    determinado antgeno. Estes podem ser produzidos em diversas espcies

    animais, sendo as mais comumente utilizadas, coelhos, caprinos e camundongos.

    Sendo direcionados a diferentes eptopos, os anticorpos policlonais possuem

  • 40

    maior afinidade e reatividade, porm, menor especificidade quando comparados

    com os monoclonais (RAMOS-VARA, 2005).

    Alm da escolha do tipo de anticorpo a ser utilizado, a recuperao

    antignica tambm um quesito importante para a tcnica. Vrios mtodos hoje

    so utilizados na recuperao antignica tais como vapor mido (panela de

    presso e banho-maria), calor irradiado por microondas e digesto enzimtica

    (NONOGAKI et al., 2007).

    A interao antgeno-anticorpo no pode ser vista sobre microscopia

    ptica a no ser que essa interao seja marcada. Essa marcao baseia-se na

    ligao primria, secundria ou at terciria ao anticorpo utilizado.

    Vrios marcadores so utilizados como substncias fluorescentes, tais

    como metais e enzimas. Os mais utilizados so as enzimas. Alm disso, a

    marcao pode ser direta ou indireta.

    A marcao direta rpida e utiliza a marcao do prprio anticorpo

    primrio utilizado. Essa feita com fluorocromos, enzimas e biotina. A

    marcao indireta se baseia na marcao de um anticorpo secundrio que se

    encontrar ligado ao complexo antgeno-anticorpo (RAMOS-VARA, 2005). Um

    dos mtodos indiretos mais comumente utilizados a avidina-biotina.

    A avidina uma glicoprotena extrada da clara de ovo, possuindo 4

    stios de ligao. A biotina uma vitamina de baixo peso molecular que possui

    um stio de ligao com a avidina. Juntas possuem uma alta sensibilidade capaz

    de se ligar ao complexo antgeno-anticorpo (RAMOS-VARA, 2005).

    A imunohistoqumica associada ao exame histopatolgico tem sido

    empregada no diagnstico etiolgico rpido e confivel das micobacterioses.

    Embora a colorao de Ziehl-Neelsen evidencie as micobactrias na leso, esta

    no faz a distino entre espcies e ainda somente demonstrar aquelas bactrias

    cujas paredes celulares esto intactas. A imunohistoqumica poder evidenciar

    antgenos micobacterianos livres, fragmentos celulares e microrganismos com

  • 41

    alteraes de parede celular tornando essa tcnica mais sensvel e ideal para a

    caracterizao etiolgica da doena (MORS et al., 2007). A imuno-

    histoqumica tambm tem se mostrado uma ferramenta importante no

    diagnstico para circovirose suna, permitindo a associao da presena de

    antgenos virais com leses teciduais (KIM; CHAE, 2004).

    2.6 Processamento em Micro-ondas

    O aparelho de micro-ondas foi inventado por Percy Spencer na dcada

    de 40. Desde ento sendo amplamente utilizado no processamento de alimentos,

    alm nas indstrias qumicas e farmacuticas. Os primeiros relatos da utilizao

    do micro-ondas para a fixao de tecidos no processamento histolgico foi na

    dcada de 70 com Mayers (NAIK et al., 2012; ROHR et al., 2001). Mas somente

    na dcada de 80 que por meio dos pesquisadores Kok, Boon e Leong que este

    comeou a ser utilizado na fixao e processamento histolgico de tecidos

    (KANGO; DESHMUKH, 2011).

    A relativamente recente aplicao da irradiao de tecidos com micro-

    ondas para o processamento tem trazido avanos em termos de reduo do

    tempo para obteno dos cortes, os quais mantm histomorfologia comparvel

    do processamento convencional sendo possvel a avaliao histopatolgica em

    cerca de 4 horas aps colheita da amostra. Alm disto, obtm-se vantagens em

    relao preservao de antgenos e cidos nucleicos (ABREU et al., 2012;

    HAFAJEE; LEONG, 2004; KOK; BOON, 2003; MORALES et al., 2002; SURI

    et al., 2006).

    Apesar de vrios artigos demonstrarem as vantagens do processamento

    de tecidos em micro-ondas para histopatologia, o seu uso tem sido grandemente

    restrito a laboratrios voltados patologia cirrgica humana, onde fortemente

    preconizado um diagnstico rpido visto que isto possibilita que o paciente seja

    encaminhado ao tratamento mais adequado em menor tempo, reduzindo assim o

  • 42

    tempo que o mesmo ficaria nas dependncias de um hospital e reduziria custos

    de atendimento (BUESA, 2007; NAIK et al., 2012; ROHR et al., 2001).

    Outra vantagem do processamento em micro-ondas a possibilidade de

    excluso de reagentes de maior toxidez, como o xilol e formol, do

    processamento tecidual. Em vrios laboratrios de patologia humana este tipo de

    processamento vem sendo empregado na rotina de diagnstico com excelentes

    resultados (HAFAJEE; LEONG, 2004; KOK; BOON, 2003; MORALES et al.,

    2002; NAIK et al., 2012).

    O funcionamento do micro-ondas convencional possui algumas

    particularidades diferentes de outras formas convencionais de aquecimento. Em

    uma forma mais simples a gerao de calor oriundo da energia do micro-ondas

    acontecer a partir da agitao das molculas no interior da amostra processada,

    com isso o aquecimento da mesmo se dar de dentro para fora (CLARK; FOLZ;

    WEST, 2000; MUNKHOLM; TALMAN; HASSELAGER, 2008).

    Durante o processamento em micro-ondas certos meios so utilizados

    para otimizar o tempo do processamento, tais como formol, lcool e parafina,

    porm, o tipo de lcool utilizado diferente do lcool utilizado no

    processamento convencional, normalmente utiliza-se alcois com pontos de

    ebulio superiores aos de graduao convencional utilizadas, para que possa

    ocorrer o aquecimento sem que o meio entre em ebulio e teoricamente evapore

    ou cozinhe o tecido (ROHR et al., 2001).

    A diminuio do tempo de processamento alcanada tambm pela

    substituio de alguns dos solventes utilizados durante o processamento e a

    utilizao do calor para diminuir o tempo de cada etapa. Utilizando substratos

    com menos toxicidade e que possuem pontos de ebulio superiores para

    aperfeioar a eficincia do processamento sendo que durante o processamento as

    substncias so aquecidas at abaixo do seu ponto de ebulio permitindo um

    maior aproveitamento da mesma (ROHR et al., 2001). Sendo que o calor acelera

  • 43

    a penetrao inicial do substrato no tecido e sua difuso, melhorando assim os

    tempos de processamento, isso feito devido que a frmula da difuso acusa que

    a distncia mdia ao quadrado que uma partcula de solvente alcana em soluo

    proporcional ao tempo de difuso, ou seja, quanto menor a espessura da

    amostra em questo maior a velocidade de difuso (KANGO; DESHMUKH,

    2011). O papel do calor durante o processamento acelerar a difuso dos

    solventes, diminuindo sua viscosidade permitindo uma maior penetrao desses

    por meio da agitao das molculas polares da amostra processada (KOK;

    BOON, 2003).

    Sob o ponto de vista fsico o processamento se d por meio de 4 partes

    chaves, calor, difuso, viscosidade e penetrao. Simplificando, o aumento de

    temperatura de um meio de processamento acelera sua difuso para o interior da

    amostra porque o calor diminui a viscosidade do meio utilizado isso que permiti

    uma maior ou menos penetrao do meio no tecido ou amostra. Alm disso,

    amostras diferentes, de composies teciduais diferentes tambm influenciaro o

    processamento por meio de suas propriedades dieltricas. Exemplificando

    podemos usar a seguinte relao frequncias mais elevadas do micro-ondas

    associadas a valores de propriedades dieltricas superiores resultam em apenas

    um aquecimento da superfcie da amostra, em contrapartida baixas frequncias e

    valores inferiores de propriedade dieltricas resultam em um aquecimento mais

    uniforme, no todo (CLARK; FOLZ; WEST, 2000; KANGO; DESHMUKH,

    2011; NAIK et al., 2012).

    O processamento neste caso realizado no micro-ondas domstico

    afetado pelas caractersticas fsicas do micro-ondas, ou seja, ele possui uma

    distribuio desuniforme de energia ou densidade de radiao devido a

    fenmenos de reflexo, interfase e ressonncia no seu interior. O formato do

    recipiente utilizado durante as etapas tambm influencia o processamento, a

    utilizao de um recipiente cilndrico age como uma lente de gera pontos focais

  • 44

    de aquecimento concentrando o calor, podendo provocar reas de cozimento que

    no permitem a leitura e consequentemente o diagnstico. O micro-ondas

    convencional possui reas quentes e frias que so constantemente alteradas

    dependendo das caractersticas do material a ser processado, do solvente e do

    recipiente utilizado, logo certas etapas e certos locais podem no ser otimizadas

    100% na temperatura e tempo pr-determinado. necessrio considerar sempre

    que a profundidade de penetrao de uma onda de energia ir depender das

    propriedades dieltricas da amostra e material utilizado (CLARK; FOLZ;

    WEST, 2000; KANGO; DESHMUKH, 2011; NAIK et al., 2012; ROHR et al.,

    2001).

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  • 54

    SEGUNDA PARTE ARTIGO

  • 55

    ARTIGO

    (Este artigo ser submetido revista Arquivo Brasileiro de Vetrinria e Zootecnia)

    PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-ONDAS PARA O

    DIAGNSTICO HISTOPATOLGICO RPIDO DE LESES EM

    LINFONODOS EM SUNOS NA INSPEO SANITRIA.

    RAPID TISSUE PROCESSING IN MICROWAVES FOR

    HISTOPATHOLOGIC DIAGNOSIS OF SWINE LYMPH NODE

    LESIONS DURING SANITARY INSPECTION.

    Joana R. Paglis1*, Dbora R. Orlando1, Priscila R. F. Lopes1, Rafael C. Costa1,

    Mary S. Varaschin1, Djeison L. Raymundo1, Pedro S. Bezerra Jr1.

    1Setor de Patologia Veterinria. Departamento de Medicina Veterinria.

    Universidade Federal de Lavras. Lavras, MG, Brasil.

    *[email protected]

    RESUMO

    A inspeo sanitria presta um importante papel de garantir a sade da carne que

    chega a mesa do consumidor assim como fornece ao produtor informaes

    importantes para que este possa saber o real estado sanitrio de seu rebanho.

    Para que esta seja feita de forma eficiente necessrio que as monitorias

    patolgicas associadas sejam realizadas em menor tempo para otimizar o tempo

    entre carcaa retida e destino final. O processamento em micro-ondas pode

    fornecer auxlio neste sentido por possibilitar reduo no tempo para o

    diagnstico histopatolgico. O presente trabalho foi realizado com os objetivos

    de verificar a aplicao de um protocolo de processamento de tecidos em micro-

  • 56

    ondas associada a inspeo sanitria e compar-lo com o processamento

    convencional assim como avaliar a qualidade dos cortes histolgicos para

    diagnstico. Este estudo demonstrou que o processamento em micro-ondas

    uma opo que pode ser utilizado como auxlio a inspeo sanitria uma vez que

    no houve diferenas significativas em relao ao processamento convencional,

    em termos de diagnsticos obtidos e na morfologia dos cortes analisados. As

    limitaes do processamento observadas no presente estudo foram relacionadas

    principalmente a menor intensidade de colorao pela hematoxilina e eosina e a

    menor deteco de antgenos do circovrus.

    Palavras chave: Micro-ondas; Linfonodo; Circovrus tipo 2; Imuno-

    histoqumica; Frigorfico;

    ABSTRACT

    Sanitary inspection plays an important role ensuring the quality of the meat

    purchased by the consumer as well as provides important information to the

    producers so they will know the actual health status of their herd. For this to

    occur efficiently it is necessary that pathological monitoring be accomplished in

    minimal time to optimize the between a carcass being retained and its final

    destination. Microwave tissue processing provides the solution decreasing

    diagnostic time. The present study was fulfilled with the goal to verify the

    efficiency of the microwave tissue processing associated to sanitary inspection

    and compare it to conventional tissue processing as well as evaluate the quality

    of the microscopic slides utilized for diagnosis. This study showed the

    microwave tissue processing may be utilized as a technique helping sanitary

    inspection in abattoirs, since there was no statistical difference when compared

    the diagnosis obtained and morphology of the slides analyzed. The limitations of

    this methodology observed in the present study were mainly related to the

  • 57

    diminished staining intensity of the Hematoxylin and Eosin and the diminished

    detection of circovirus antigens.

    Key words: Microwave; Sanitary Inspection; Lymph node; Swine;

    Histopathology;

    INTRODUO

    O Brasil atualmente o quarto maior produtor de carne suna do mundo,

    com uma produo de 863.825 mil toneladas em 2012, sendo o estado de Minas

    Gerais responsvel por 19,2% do total desta (IBGE, 2013). A inspeo sanitria,

    por meio de monitorias patolgicas em abatedouros, crucial para avaliar a

    sade do rebanho comercializado, contribuindo para garantir segurana em

    termos de sade pblica e ainda para gerar uma maior valorizao do produto

    final (SANCHEZ-VASQUEZ et al., 2011).

    A linfadenite uma importante afeco que afeta a suinocultura no

    Brasil e no mundo, causando alto prejuzo econmico com a condenao de

    carcaas (LARA et al., 2009). Dentre os agentes infecciosos envolvidos com as

    linfadenites de sunos, destacam-se vrios agentes bacterianos, como os do

    complexo Mycobacterium avium-intracellulare, Mycobacterium bovis,

    Rhodococcus equi e Streptococcus -hemoltico, Staphylococcus sp., Nocardia

    sp., Streptococcus sp., Arcanobacterium pyogenes, e virais, como circovrus

    suno (BALIAN et al., 1997, MORS et al., 2007; LARA et al., 2009).

    A histopatologia e a imuno-histoqumica tm sido empregadas como

    importantes tcnicas de auxlio no diagnstico de leses em linfonodos de sunos

    no abatedouro em diversos artigos (KOMIJN et al., 2007; MORS et al., 2007).

    Tais tcnicas tm fornecido um diagnstico seguro, permitindo a tomada de

    deciso em relao destinao da carcaa (MORS et al., 2007). Entretanto,

    uma das limitaes destas tcnicas tempo necessrio para o processamento dos

    tecidos. Neste sentido, a relativamente recente aplicao da irradiao de tecidos

  • 58

    com micro-ondas para o processamento histopatolgico tem trazido avanos em

    termos de reduo do tempo para obteno dos cortes, alm de vantagens em

    relao preservao de antgenos e cidos nucleicos (BOON et al., 1986;

    HAFAJEE; LEON