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JOANA RESENDE PAGLIS
PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-
ONDAS PARA O DIAGNSTICO
HISTOPATOLGICO E IMUNO-
HISTOQUMICO RPIDO DE LESES EM
LINFONODOS DE SUNOS NA INSPEO
SANITRIA.
LAVRAS MG 2013
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JOANA RESENDE PAGLIS
PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-ONDAS PARA O DIAGNSTICO HISTOPATOLGICO E IMUNO-HISTOQUMICO
RPIDO DE LESES EM LINFONODOS DE SUNOS NA INSPEO SANITRIA.
Dissertao apresentada Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Cincias Veterinrias, rea de concentrao em Cincias Veterinrias, para a obteno do ttulo de Mestre.
Orientador
Dr. Pedro Soares Bezerra Jr.
LAVRAS - MG
2013
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Paglis, Joana Resende. Processamento de tecidos em micro-ondas para o diagnstico histopatolgico e imuno-histoqumico rpido de leses em linfonodos de sunos na inspeo sanitria / Joana Resende Paglis. Lavras : UFLA, 2013.
74 p. : il.
Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Lavras, 2013. Orientador: Pedro Soares Bezerra Jnior. Bibliografia.
1. Micro-ondas. 2. Linfonodo. 3. Sunos. 4. Inspeo sanitria. 5. Circovrus Suno tipo 2. I. Universidade Federal de Lavras. II. Ttulo.
CDD 636.0896075
Ficha Catalogrfica Elaborada pela Coordenadoria de Produtos e Servios da Biblioteca Universitria da UFLA
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JOANA RESENDE PAGLIS
PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-ONDAS PARA O DIAGNSTICO HISTOPATOLGICO E IMUNO-HISTOQUMICO
RPIDO DE LESES EM LINFONODOS DE SUNOS NA INSPEO SANITRIA.
Dissertao apresentada Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Cincias Veterinrias, rea de concentrao em Cincias Veterinrias, para a obteno do ttulo de Mestre.
APROVADA 25 de Julho de 2013 Dr. Djeison Lutier Raymundo
Dr. Enio Ferreira
Dra. Mary Suzan Varaschin
Dr. Pedro Soares Bezerra Jr.
Orientador
LAVRAS MG
2013
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Dedico s minhas meias, as meias que me acompanharam a vida toda, as meias
que adquiri ao longo desses ltimos dois anos, as meias que sempre estaro
comigo me apoiando para que eu nunca perca a f de que andar preciso;
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AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a Deus e a Nossa Senhora;
Aos meus pais, Carlos e Dorotia, que sempre me apoiaram e me
motivaram a seguir em frente;
Jlia, minha irm que sempre aturou minhas loucuras e me
proporcionou momentos de descontrao;
Ao Rodrigo, amor, amigo e companheiro, que neste ltimo ano foi como
um flego reserva em todos os momentos, que me apoiou e encorajou;
Aos que j se foram, so insubstituveis, que zelaram por mim durante
toda essa jornada;
A minha Tia Zlia, uma segunda me para mim;
Ao Professor Pedro, pela orientao, pelo ensino, pela pacincia;
Aos membros da banca, pela disponibilidade, por sempre se fazerem
prontos para ajudar no que fosse necessrio;
s amizades, estas so essenciais para aliviar a seriedade do mestrado;
Aos estagirios e ps-graduandos do Setor de Patologia especialmente
Dbora, Priscila e Rafael. Sem vocs os dias de trabalho seriam menos
divertidos. Obrigada, pela ajuda, pelo apoio e pela pacincia;
Ao Welson, por manter os laboratrios sempre limpos e agradveis ao
trabalho;
Universidade Federal de Lavras;
A CAPES, pela concesso da bolsa de estudos;
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RESUMO
As pesquisas por novas tcnicas de diagnstico tm avanado em diversos sentidos, entre eles o de obter metodologias mais eficientes diminuindo o tempo de processamento de amostras, economizando reagentes e utilizando reagentes menos nocivos sade humana. Com este estudo avaliou-se a eficincia e utilizao do processamento de tecidos em micro-ondas em leses de linfonodos de carcaas sunas desviadas ao departamento de inspeo final em um frigorfico. Para tal, foi realizado um estudo comparativo entre o processamento em micro-ondas e o processamento convencional de tecidos na anlise histopatolgica e imuno-histoqumica diagnstica e da qualidade do local de processamento. Os linfonodos foram coletados em um frigorfico na cidade de Lavras, Minas Gerais e encaminhados para ambos os processamentos no setor de patologia veterinria do Departamento de Medicina Veterinria da Universidade Federal de Lavras, durante um perodo de seis meses. Quando avaliados os diagnsticos de carcaa no houve diferena significativa entre processamentos. No diagnstico dos linfonodos apenas houve diferena significativa quanto deteco de depleo linfoide e linfadenite supurativa sendo que no processamento convencional tm-se mais chances de se encontrar linfonodos com depleo linfoide e no processamento em micro-ondas foi possvel encontrar as linfadenites supurativas. Em relao qualidade dos cortes histolgicos em termos de morfologia celular e nuclear no houve diferena estatstica significativa pelo teste de Qui-quadrado no nvel de significncia de 0,05 entre os processamentos. No entanto, as lminas processadas pelo mtodo convencional foram mais bem avaliadas em termos de qualidade da colorao pela hematoxilina e eosina. Os linfonodos que apresentaram depleo em folculos linfoides foram submetidos imuno-histoqumica para circovrus suno tipo 2. Nos tecidos processados de modo convencional houve um maior nmero de casos positivos que no processamento em micro-ondas, sendo 24 positivos e 7 positivos respectivamente. Os dados do presente estudo indicam que a aplicao do processamento em micro-ondas em tecidos de sunos bastante promissora por trazer uma reduo substancial do tempo de processamento sem diferenas substanciais em relao aos diagnsticos obtidos e na qualidade dos cortes histolgicos. Desta forma o processamento de tecidos em micro-ondas pode ser til como auxlio na tomada de deciso para a destinao de carcaas desviadas ao departamento de inspeo final. Palavras chave: Micro-ondas. Linfonodo. Suno. Inspeo Sanitria. Circovrus suno tipo 2. Linfadenite.
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ABSTRACT
Research for new diagnostic techniques have advanced significantly in several ways, including obtaining more efficient methodologies decreasing sample processing time, saving reagent and utilizing less harmful reagents to human health. In this study it was evaluated the efficiency and use of microwave tissue processing in lymph node lesions of swine carcasses diverted to the final inspection department in a abattoir. For such, it was done a comparative study between microwave tissue processing and conventional tissue processing to evaluate possible differences in diagnosis and slide quality. Lymph nodes were collected in a abattoir in the city of Lavras, Minas Gerais, in the sector of pathology of the Department of Veterinary Medicine of the Federal University of Lavras, and forwarded to both tissue processing methods for a period of 6 months. When evaluated the carcass diagnosis there were no significant diference between tissue processing methods. The lymph node diagnosis were only statistically different when regarding lymphoid depletion and suppurative lymphadenitis being the conventional tissue processing has more chances of encountering lymph node with lymphoid depletion and microwave tissue processing has more chances of encountering suppurative lymphadenitis. In regards the quality of the histological slides in terms of cellular e nuclear morphology there was no significant difference between tissue processing methods. However slides from the conventional tissue processing were better evaluated in terms of hematoxilyn e eosin staining quality. The lymph nodes that presented depletion in lymphoid follicles were submitted to immunohistochemistry for swine circovirus type 2. The tissues processed conventionally held a larger number of positive cases than the microwave processed tissues, being 24 and 7 positives respectively. The data of the present study indicate that the application of microwave tissue processing in swine tissue is promising bringing a substantial reduction of processing time with no substantial differences concerning the diagnosis found and quality of histological slides. Hence microwave tissue processing may be used in the decision making for the destination of carcasses forwarded to the final inspection department. Key words: Microwave. Lymph node. Swine. Sanitary Inspection. Swine circovirus type 2. Lymphdenitis.
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LISTA DE FIGURAS
SEGUNDA PARTE
ARTIGO
Figura 1 Linfonodo inguinal, suno, processamento convencional. Marcao imuno-histoqumica para circovirose em clulas no centro de um folculo linfoide. Obj. 20........................................................................
65 Figura 2 Linfonodo inguinal, suno, processamento convencional. Marcao
imuno-histoqumica para circovirose em clulas no centro de um folculo linfoide. Obj. 40........................................................................
65
Figura 3 Linfonodo inguinal, suno, processamento no micro-ondas. Hematoxilina e eosina. Obj. 20...............................................................
66
Figura 4 Linfonodo inguinal, suno, processamento histopatolgico convencional. Hematoxilina e eosina. Obj. 20........................................
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LISTA DE TABELAS
SEGUNDA PARTE
ARTIGO
Tabela 1 Quantidade de carcaas desviadas ao departamento de inspeo final por causas patolgicas ou no patolgicas e seu destino final no perodo de maro a setembro de 2012....................................................
63 Tabela 2 Diagnstico microscpico dos linfonodos submetidos aos
processamentos rpidos e convencionais no perodo de maro e setembro de 2012....................................................................................
64 Tabela 3 Avaliao da colorao da qualidade das lminas de linfonodos
submetidas ao processamento em micro-ondas e convencional no perodo de maro a setembro de 2012....................................................
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SUMRIO
PRIMEIRA PARTE
1 INTRODUO GERAL................................................................ 13 2 REFERENCIAL TERICO....................................................... 17
2.1 Principais agentes bacterianos envolvidos nas linfadenites de sunos................................................................................................. 17
2.2 Principais causas de condenao infecciosa em sunos............. 18 2.2.1 Pleuropneumonia Suna............................................................ 19
2.2.1.1 Actinobacillus pleuropneumoniae.............................................. 19 2.2.1.2 Epidemiologia........................................................................... 20 2.2.1.3 Patogenia.................................................................................. 21 2.2.1.4 Leses ao Abate................................................................................ 23 2.2.1.5 Histopatologia................................................................................. 24 2.2.1.6 Diagnstico...................................................................................... 24 2.2.2 Pneumonia Enzotica................................................................ 25 2.2.2.1 Mycoplasma hyopneumoniae..................................................... 25 2.2.2.2 Epidemiologia............................................................................. 26 2.2.2.3 Patogenia..................................................................................... 27 2.2.2.4 Leses ao Abate........................................................................ 28 2.2.2.5 Histopatologia............................................................................... 28 2.2.2.6 Diagnstico................................................................................... 28 2.2.3 Micobacterioses................................................................................ 29 2.2.3.1 Mycobacterium sp........................................................................ 29 2.2.3.2 Epidemiologia............................................................................ 31
2.2.3.3 Patogenia...................................................................................... 32 2.2.3.4 Leses ao Abate......................................................................... 33 2.2.3.5 Histopatologia.................................................................................. 34 2.2.3.6 Diagnstico............................................................................... 34 2.3 Circovrus Suno tipo 2 (PVC2)............................................... 35 2.3.1 Circovrus Suno tipo 2.............................................................. 35 2.3.2 Epidemiologia............................................................................. 35 2.3.3 Patogenia.................................................................................... 36 2.3.4 Leses ao Abate........................................................................ 37 2.3.5 Histopatologia.................................................................................. 37 2.3.6 Diagnstico....................................................................................... 37
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2.4 Importncia da inspeo das linfadenites infecciosas de sunos na sade pblica.............................................................................
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2.5 Teste Imuno-histoqumico............................................................. 49 2.6 Processamento em Micro-ondas.................................................... 41
REFERNCIAS............................................................................... 45 SEGUNDA PARTE ARTIGO ARTIGO "PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-ONDAS PARA O DIAGNSTICO HISTOPATOLGICO RPIDO DE LESES EM LINFONODOS EM SUNOS NA INSPEO SANITRIA.".................................................................................. 55 Resumo.............................................................................................. 55
1 Introduo........................................................................................ 57 2 Material e Mtodos.......................................................................... 58 3 Resultados......................................................................................... 62 4 Discusso........................................................................................... 68 5 Concluso.......................................................................................... 70 6 Referncias....................................................................................... 70
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1 INTRODUO GERAL
O Brasil atualmente o quarto maior produtor de carne suna do mundo,
com uma produo de 3.227 mil toneladas em 2011. O polo suincola brasileiro
localizado na regio sul do pas, , porm, Minas Gerais atualmente o quarto
estado de maior produo, assim como em nmeros de matrizes alojadas
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA - IBGE,
2013). A suinocultura industrial cresce a cada ano quando comparado com a
suinocultura de subsistncia, prova disso o nmero de sunos que foram
abatidos sob os cuidados do sistema de inspeo federal no ano de 2011
totalizando 30.807.512 milhes de animais.
A inspeo sanitria utilizada para avaliar a sade do rebanho
comercializado contribuindo para estudos epidemiolgicos (SANCHEZ-
VASQUEZ et al., 2011) e para garantir segurana em termos de sade pblica e
uma maior valorizao do produto final gerado. O uso de monitorias patolgicas
em abatedouros uma importante fonte de informaes para o acompanhamento
sanitrio dos sunos, com finalidade de identificar e quantificar as prevalncias
das doenas, bem como a severidade das leses encontradas. As perdas
econmicas decorrentes das condenaes recaem tanto sobre os produtores
como sobre a indstria.
As monitorias sanitrias tambm auxiliam ao produtor como um
mecanismo de vigilncia da sade de seus rebanhos. Existem diversos modos de
realizar essas monitorias seja uma avaliao clnica, laboratorial, patolgica e de
abate, porm, quando usados em combinao duas ou mais monitorias podemos
ter uma viso ampla do impacto de uma doena. Algumas doenas que
acometem sunos que permitem a visualizao macroscpica so facilmente
reconhecidas na inspeo, embora algumas vezes necessitem de confirmao
histopatolgica. H, porm, algumas enfermidades igualmente importantes que
podem no ser visualizadas macroscopicamente. Para estas, exames
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histopatolgicos podem permitir uma destinao mais adequada dos rgos e
carcaa acometida.
Nas ltimas dcadas a tecnologia de processamento de tecidos em
microondas tem sido estudada e aplicada para substituir o processamento
convencional de tecidos, particularmente na patologia humana. Esta
relativamente recente aplicao da irradiao de tecidos com micro-ondas para o
processamento de tecidos para histopatologia tem trazido avanos em termos de
reduo do tempo para obteno dos cortes, alm de vantagens em relao
preservao de antgenos e cidos nucleicos (HAFAJEE; LEONG, 2004;
MORALES et al., 2002; SURI et al., 2006). Essa forma de processamento pode
proporcionar a obteno de cortes histolgicos em tempo menor quando
comparado processamento convencional, permitindo um diagnstico
histopatolgico rpido e seguro.
A histopatologia e a imuno-histoqumica tm sido empregadas como
importantes tcnicas de auxlio no diagnstico de leses em linfonodos de sunos
no abatedouro em diversos artigos (KOMIJN et al., 2007; MORS et al., 2007).
Tais tcnicas tm fornecido um diagnstico seguro, permitindo a tomada de
deciso em relao destinao da carcaa e ao controle de doenas com
potencial zoontico (MORS et al., 2007).
Desta forma, a aplicao deste mtodo de processamento rpido poderia
possibilitar um diagnstico rpido, das principais causas de leses em linfonodos
de sunos em tecidos fixados em formol. Alm disso, a possibilidade da pesquisa
e diagnstico rpido em tecidos fixados em formol poderia reduzir riscos
inerentes ao manuseio e transporte do material fresco contaminado que apresenta
risco biolgico, visto que pode conter agentes zoonticos.
O objetivo com este trabalho avaliar a viabilidade do processamento
rpido de tecidos em micro-ondas como ferramenta de auxlio na avaliao de
carcaas de sunos desviadas ao servio de inspeo permanente de um
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abatedouro visando sua utilizao futura para uma destinao de carcaas mais
segura e para minimizar possveis perdas econmicas relativas a esta destinao.
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PRIMEIRA PARTE
REFERENCIAL TERICO
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2 REFERENCIAL TERICO
2.1 Principais agentes bacterianos envolvidos nas linfadenites de sunos
A linfadenite uma importante afeco que assola a suinocultura no
Brasil e em todo o mundo, particularmente pelo alto prejuzo econmico com a
condenao de carcaas e por ser uma doena crnica debilitante (LARA et al.,
2009). Dentre os agentes infecciosos envolvidos com as linfadenites de sunos,
destaca-se o Complexo Mycobacterium avium-intracellulare. No entanto, vrios
outros agentes bacterianos, como Mycobacterium bovis, Rhodococcus equi e
Streptococcus -hemoltico, Staphylococcus sp., Nocardia sp., Streptococcus
sp., Arcanobacterium pyogenes, e virais, como circovrus suno, podem
provocar leses em linfonodos desta espcie animal (BALIAN et al., 1997;
LARA et al., 2009; MORS et al., 2007).
As linfadenites infecciosas, principalmente as granulomatosas, vm
adquirindo importncia, no por afetar o desempenho dos animais, mas pelo seu
potencial zoontico e pelos prejuzos provocados aos produtores e para a
indstria suincola (KOMIJIN et al., 2007; SOBESTIANSKY; BARCELLOS,
2007).
As micobactrias envolvidas na etiologia da doena em sunos foram
agrupadas em dois complexos: Mycobacterium tuberculosis (MTC) e
Mycobacterium avium (MAC), sendo o primeiro composto principalmente pelo
M. tuberculosis e M. bovis e o segundo por M. avium, M. intracellulare e M.
scrofylaciu (MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006). O complexo MTC
responsvel pela tuberculose clssica. No entanto, os agentes do complexo MAC
so considerados como os principais causadores da linfadenite granulomatosa
suna, que na maioria das vezes assintomticas, sendo diagnosticadas somente
na linha de abate (BALIAN et al., 1997; MARTINS et al., 2004; MORS;
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SILVA, 2001; THOEN et al., 2006). Aproximadamente 15 tipos de sorovares do
complexo M. avium foram isolados em diversos pases demonstrando a
distribuio mundial das micobacterioses (THOEN et al., 2006).
As bactrias pertencentes ao gnero Mycobacterium so lcool-cido
resistentes, aerbios e imveis, no formam esporos, possuem potencial
zoontico e cursam com o desenvolvimento de processos infecciosos crnicos
com formao de reaes granulomatosas tpicas (CORRA; CORRA, 1992;
QUINN et al., 2005). Bactrias do gnero Mycobacterium so altamente
resistentes ao lcool, cido e dissecao podendo sobreviver vrios meses nas
instalaes dos animais e durante anos no solo (LARA et al., 2009; MIRANDA,
2010). Desinfetantes a base de hipoclorito de sdio, cresis, fenis e aldedos,
como formol, apresentam boa ao bactericida sobre as micobactrias
(MIRANDA, 2010; MORS; SILVA, 2001). Estas podem ser destrudas
tambm pelo calor quando expostas a temperatura em torno de 65,5 C por 10
minutos (LARA et al., 2009; MIRANDA, 2010).
O Rhodococcus equi uma bactria cocobacilar intracelular facultativa
Gram positiva presente no solo que pode causar quadros de broncopneumonia e
enterite piogranulomatosa em potros. Em sunos, semelhante s micobactrias, o
Rhodococcus equi pode provocar uma linfadenite cervical granulomatosa que na
avaliao macroscpica durante a inspeo pode ser confundida com tuberculose
O R. equi possui tambm um potencial zoontico podendo provocar quadros de
pneumonia em indivduos imunossuprimidos (SOBESTIANSKY;
BARCELLOS, 2007).
2.2 Principais causas de condenao infecciosa em sunos
Existem diversas causas infecciosas que tem por consequncia a
condenao total ou parcial de carcaas de sunos. Na sequncia desta reviso
sero descritas com maiores detalhes algumas das principais causas de
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condenaes observadas no perodo de estudo, alm da micobacteriose devido
ao seu importante potencial zoontico.
2.2.1 Pleuropneumonia Suna
A pleuropneumonia suna uma doena respiratria amplamente
disseminada mundialmente nos rebanhos industriais. uma doena que acomete
todas as categorias de uma granja, principalmente na etapa de terminao
resultando prejuzos considerveis para suinocultura tais como reduo do ganho
de peso, aumento do ndice de converso alimentar e custos com tratamentos e
profilaxia de rebanho (CHIERS et al., 2010; COELHO; VIEIRA-BRITO;
RODRIGUES, 2004; SOUZA et al., 2008).
2.2.1.1 Actinobacillus pleuropneumoniae
O agente causador da doena denominado Actinobacillus
pleuropneumoniae, porm, foi primeiro reconhecido e citado na literatura como
Haemophilus pleuropneumoniae. Na dcada de 80 ela foi reclassificada no
gnero actinobacillus depois de estudos de DNA que demonstrou semelhana
com a bactria Actinobacillus lignieresii (COELHO; VIEIRA-BRITO;
RODRIGUES, 2004; MARSTELLER; FENWICK, 1999).
A bactria A. pleuropneumoniae considerada um cocobacilo gram
negativo, no mvel, aerbico ou anaerbico facultativo e fermentador de
glicdeos. Dito tambm como uma bactria hemoltica pela sua capacidade de
obteno de ferro pela transferrina suna. Em meio de cultura necessrio a
presena de nicotinamida-adenina-dinucleotdeo (NAD), 37 C e presena de
gs carbnico a 5% para haver o crescimento da mesma (CHIERS et al., 2010;
COELHO; VIEIRA-BRITO; RODRIGUES, 2004; VAZ; SILVA, 2004).
O A. pleuropneumoniae possui dois bitipos e quinze sorotipos. O
bitipo 1 so aquelas que dependem de NAD para sua multiplicao e o bitipo
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2 so aquelas que no so dependentes de NAD, porm, essa diferena no torna
a bactria incapaz de causar a doena s determinar se ela ser mais ou menos
patognica. Os sorotipos so determinados pelas diferenas nos antgenos
capsulares, sendo que os sorotipos 12 e 13 pertencem ao bitipo 2 e o restante ao
bitipo 1. A importncia de se conhecer qual sorotipo est presente no rebanho
facilitar a profilaxia e os testes sorolgicos a serem utilizados sendo que as
vacinas so soro-especficas (CHIERS et al., 2002; COELHO; VIEIRA-BRITO;
RODRIGUES, 2004; COSTA et al., 2004; VAZ; SILVA, 2004).
Alm dos dois bitipos e 15 sorotipos, estes ltimos so capazes de
produzir trs tipos de exotoxinas diferentes a ApxI, ApxII e ApxIII. As exotinas
possuem nveis de citoxicidade e capacidade hemoltica diferente entre elas.
Essas associadas lipossacardeos e protenas de superfcie so os fatores que
constroem a patogenicidade da bactria (CHIERS et al., 2010; COSTA et al.,
2004; DECUADRO-HANSEN; WERLANG; WOLLMANN, 2009; FERRAZ et
al., 2010).
2.2.1.2 Epidemiologia
A transmisso da pleuropneumonia por meio do contato direto com
secrees do trato respiratrio de animais infectados tambm existindo a
possibilidade de transmisso por aerossis por meio de curtas distncias. O A.
pleuropneumoniae pode permanecer vivel no ambiente por meio da presena de
secrees e matria orgnica. A introduo de sunos portadores em um rebanho
sem incidncia prvia a forma mais importante de transmisso (SOUZA et al.,
2008; VAZ; SILVA, 2004). Em rebanhos cronicamente infectados a doena
ocorre preferencialmente na etapa de terminao, mas existem sorotipos que
podem infectar categorias de animais mais jovens. Isso se deve s condies
multifatoriais, tais como superlotao, agrupamento de lotes e condies de
manejo adversas (CHIERS et al., 2010; MAES et al., 2001).
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O desenvolvimento da doena multifatorial, dependendo de fatores
como a patogenicidade do sorotipo introduzido, estado imunolgico dos
animais, condio sanitria da granja, manejo e densidade animal. Os sorotipos
prevalentes no Brasil so os 3, 5 e 7 sendo que outros j foram isolados
(SOUZA et al., 2008; VAZ; SILVA, 2004).
O controle da pleuropneumonia geralmente feito com medicao,
vacinao e um manejo adequado. A antibioticoterapia apresenta maior eficcia
nos casos agudos, ou seja, nas fases iniciais da doena (MAES et al., 2001). A
utilizao de antibiticos com fins de preveno, seja de modo intermitente ou
contnuo, tem sido tambm empregada, porm, com riscos relacionados
resistncia bacteriana (CHIERS et al., 2002; MAES et al., 2001). O diagnstico
feito a partir de cultura bacteriana de swabs de secrees nasais e tonsilares
(CHIERS et al., 2010).
A vacinao de rebanho empregada devido larga escala de vacinas
disponveis hoje no mercado. Em rebanhos endemicamente afetados, os leites
recm-nascidos recebem uma cobertura imunolgica a partir da me que perdura
at aproximadamente 9 semanas aps receberem o colostro (FERRAZ et al.,
2010; MARSTELLER; FENWICK, 1999). Nestes h necessidade da vacinao,
pois surtos da doena normalmente podem ocorrer entre 12 a 16 semanas de
idade. No entanto, assim como no uso de antibiticos, essas apenas impedem a
apresentao da doena com visualizao dos sinais clnicos, mas no impede
que o trato respiratrio seja colonizado e que o animal se torne um portador
(FERRAZ et al., 2010; MAES et al., 2001).
2.2.1.3 Patogenia
A patognicidade da pleuropneumonia dependente da virulncia de
seus sorotipos, das exotoxinas produzidas pelas mesmas e outros fatores de
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virulncia tais como capsula e os lipopolissacardeos (MARSTELLER;
FENWICK, 1999).
Na maioria das vezes ela dose dependente, ou seja, a manifestao
clnica e estado infeccioso do animal depender da quantidade de bactria
presente no momento do primeiro contato. Doses menores tm como
consequncia a soroconverso sem a presena da doena clnica ao contrrio de
doses maiores que resulta na doena clnica (MARSTELLER; FENWICK,
1999). A doena pode se manifestar nas formas superaguda, aguda, subaguda ou
crnica. A doena aguda se caracteriza por doena clnica associada a uma alta
mortalidade enquanto que a forma crnica por pouco ou quase nenhum sinal
clnico evidente (MAES et al., 2001).
A forma superaguda, que se caracteriza por uma evoluo rpida, leva
morte os animais acometidos sem nenhum sinal clnico aparente. A apresentao
clnica da doena aguda se d com o aumento de temperatura corporal, quadros
de insuficincia cardaca e respiratria, anorexia podendo tambm culminar na
morte dos animais. Os animais que superam a fase aguda ainda podem
desenvolver a forma subaguda e crnica que possui como j citado acima sinais
clnicos menos expressivos, porm, gera perda de ganho de peso dirio e
cicatrizes pulmonares que desacelera o crescimento habitual e assim acarreta em
prejuzo econmico (FERTAZ et al., 2010; VAZ; SILVA, 2004).
A bactria atinge o trato respiratrio inferior aps a inalao de
aerossis e por meio do muco, protenas e as clulas do hospedeiro coloniza os
bronquolos terminais e as clulas epiteliais alveolares causando danos nestas
reas. A adeso das bactrias s clulas ocorre por meio de fatores que
favorecem a mesma, tais como as fmbrias. dito tambm que essa colonizao
se d por meio da formao de biofilme (CHIERS et al., 2010).
Atualmente so relatados 15 sorotipos relacionados a esta enfermidade.
Na maioria das vezes um rebanho, ou seja, uma granja acometida por um nico
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sorotipo. Porm, uma alta movimentao de animais nesta mesma granja permite
a presena de mais de um sorotipo (CHIERS et al., 2010).
O gene apxA do Actinobacillus pleuropneumoniae produz 3 exotoxinas
tanto in vivo quanto in vitro, ApxI, ApxII e ApxIII (VAZ; SILVA, 2004).
Existem relatos de uma ApxIV que produzida apenas in vivo e por todos os
sorotipos.
A secreo das exotoxinas mencionadas acima resulta na lise das clulas
epiteliais alveolar, clulas endoteliais, hemcias, neutrfilos e macrfagos. Os
lipopolissacardeos presente na capsula bacteriana aumentam a sua virulncia
provocando a produo ativa de citocinas inflamatrias e necrose das clulas do
epitlio pulmonar por meio da ligao de receptores Toll-like. Proteases tambm
participam da virulncia na injria tecidual, pois quebram barreiras celulares
assim como a actina e hemoglobina (CHIERS et al., 2010).
2.2.1.4 Leses ao Abate
A inspeo sanitria no momento do abate fundamental para a
identificao de leses compatveis com a pleuropneumonia. O A.
pleuropneumoniae causa uma broncopneumonia necrtica hemorrgica com
pleurite fibrinosa (CHIERS et al., 2002, 2010; VAZ; SILVA, 2004).
As principais leses relacionadas pleuropneumonia so observadas nos
pulmes, pleura e pericrdio. As leses normalmente so bilaterais e acometem
os lobos apicais, mas podem ser unilaterais. As leses pulmonares so
delimitadas, escuras, focais e associadas pleurite fibrinosa (COELHO;
VIEIRA-BRITO; RODRIGUES, 2004). A presena de aderncia adjacente
rea pulmonar e pleural acometida uma das principais observaes na inspeo
durante o abate, assim como a presena de exsudato fibrinoso avermelhado
(VAZ; SILVA, 2004).
-
24
2.2.1.5 Histopatologia
Pode-se visualizar uma broncopneumonia necro-hemorrgica ou
purulenta junto pleurite fibrinosa ou fibrino-hemorrgica (VAZ; SILVA,
2004).
2.2.1.6 Diagnstico
O diagnstico da pleuropneumonia normalmente se d por meio do
conjunto histrico clnico, leses macro e microscpicas e isolamento bacteriano
como a maioria das doenas bacterianas (VAZ; SILVA, 2004).
O isolamento bacteriano tem de ser feito por meio de animais
clinicamente infectados com sinais clnicos evidentes. As amostras isoladas
normalmente so oriundas de leses pulmonares, tonsilas e em menor
quantidade outros locais do trato respiratrio. O cultivo para posterior
isolamento se d por meio da utilizao de um Agar suplementado com NAD
visto que conforme j elucidado este agente necessita deste para que ocorra seu
crescimento. Animais cronicamente infectados possuem seu isolamento
dificultado que pode resultar em um falso negativo visto que outros agentes
habitantes normais do trato respiratrio inibem o seu crescimento (COELHO;
VIEIRA-BRITO; RODRIGUES, 2004; VAZ; SILVA, 2004).
A sorologia de rebanho como ferramenta de diagnstico amplamente
utilizada assim como para determinar a situao de imunidade do rebanho e
disperso da infeco. A ELISA o mais utilizado pela sua rapidez e alta
sensibilidade sendo possvel identificar vrios sorotipos e polissacardeos
(COELHO; VIEIRA-BRITO; RODRIGUES, 2004; VAZ; SILVA, 2004).
A biologia molecular por meio da reao em cadeia de polimerase
(PCR) tambm realiza diagnstico de alta sensibilidade detectando o gene A das
exotoxinas que participam da virulncia do A. pleuropneumoniae (VAZ;
SILVA, 2004). A partir da amplificao do material gentico encontrado nas
-
25
amostras analisadas possvel ter um resultado eficiente que elimina os falsos
negativos que podem ser encontrados nos exames de sorologia (FERRAZ et al.,
2010).
2.2.2 Pneumonia Enzotica
A pneumonia enzotica uma doena respiratria bacteriana de grande
importncia nas granjas sunas de criao intensiva em todo o mundo. A doena
caracterizada clinicamente por sinais respiratrios, com evoluo crnica
associada broncopneumonia supurativa (ECCO; LAZZARI; GUEDES, 2009).
Esta doena leva a uma perda de produtividade de plantel e pode levar a
condenao de carcaa no perodo de abate por suas sequelas (ALMEIDA et al.,
2012; CARRIJO; NASCIMENTO; TORTELLY, 2008).
2.2.2.1 Mycoplasma hyopneumoniae
A pneumonia enzotica causada pelo Mycoplasma hyopneumoniae
(ECCO; LAZZARI; GUEDES, 2009), uma bactria pequena, pleomrfica, gram
positiva com ausncia de parede celular (SOBESTIANSKY et al., 2011).
Devido a esta ausncia de parede celular ela se torna resistente a vrios
antibiticos disponveis no mercado tais como, penicilinas e cefalosporinas.
Crescem lentamente sob condies de cultivo sendo necessrio um meio
especfico denominado meio de Friis, a uma temperatura de 37 C, pH 7,5 e uma
atmosfera de 5 a 10% de dixido de carbono (CONCEIO; DELLAGOSTIN,
2006).
A bactria possui uma alta capacidade de evadir o sistema imunolgico
de seu hospedeiro por ter a capacidade de mudar os seus antgenos de superfcie
devido sequncias de DNA repetidas em seu genoma e com isso tambm pode
levar a uma ao imunodepressora que acaba resultando em um pr-disposio
-
26
instalao de outros agentes microbiolgicos (CONCEIO; DELLAGOSTIN,
2006).
2.2.2.2 Epidemiologia
A pneumonia enzotica uma doena infecto crnica multifatorial que
pode afetar de 70 a 100% dos animais de um nico rebanho. Fatores de manejo e
ambientais influenciam a presena e severidade da doena em um plantel, como
superlotao, ventilao precria, mesclagem de lotes em baias de terminao,
animais de diferentes origens sanitrias, entre outros (ASSUNO et al., 2005;
VILLARREAL et al., 2011). Apesar de ser uma enfermidade que possui alta
morbidade ela apresenta uma baixa mortalidade. Os animais geralmente
apresentam uma tosse seca que se torna produtiva quando existe contaminao
bacteriana secundria, febre, dificuldade respiratria aps movimentao, perda
de ganho de peso dirio e um aumento na converso alimentar (CARRIJO;
NASCIMENTO; TORTELLY, 2008; CONCEIO; DELLAGOSTIN, 2006;
ECCO; LAZZARI; GUEDES, 2009; VILLARREAL et al., 2011).
A transmisso do agente ocorre sobre condies de contato direto de
secrees respiratrias de um animal acometido ou por aerossis
(CONCEIO; DELLAGOSTIN, 2006). Os animais diagnosticados com
micoplasmose ainda podem desenvolver uma broncopneumonia secundria pela
colonizao do trato respiratrio por outros agentes bacterianos devido
imunossupresso (CARRIJO; NASCIMENTO; TORTELLY, 2008).
A vacinao amplamente utilizada nos rebanhos industriais devido aos
prejuzos de larga escala que esta doena causa, porm, as vacinas inativadas
comerciais disponveis para compra s conferem uma proteo parcial no
impedindo a instalao do agente, nem a transmisso da doena, muito menos
que um animal torne-se portador da mesma. Com a vacinao, no entanto,
ocorre uma diminuio dos sinais clnicos, leses pulmonares e uma melhoria da
-
27
converso alimentar (CONCEIO; DELLAGOSTIN, 2006; SIMIONATTO et
al., 2012; VILLARREAL et al., 2011).
2.2.2.3 Patogenia
A virulncia de diferentes cepas do M. hyopneumoniae determina a
manifestao da doena clnica, cepas com maior potencial de virulncia com
sinais clnicos e leses pulmonares severas ao contrrio de cepas menos
virulentas apresentam sinais clnicos e leses pulmonares mais brandas
(VILLARREAL et al., 2011).
A bactria coloniza o epitlio respiratrio, traqueia, brnquios e
bronquiolos, tendo como consequncia uma diminuio e perda da atividade
ciliar e degenerao das clulas epiteliais (ECCO; LAZZARI; GUEDES, 2009).
A diminuio e perda de atividade ciliar so de extrema importncia, visto que o
aparelho muco-ciliar quele que protege, ou seja, atua como uma primeira
linha defesa contra provveis agentes microbiolgicos. Sendo assim uma
alterao neste levaria a uma diminuio desta proteo e consequentemente
predispondo a colonizao no s do micoplasma, mas de outros agentes
tambm (ALMEIDA et al., 2012).
A patogenia da micoplasmose envolve a adeso, colonizao,
citotoxicidade, evaso da resposta imune do hospedeiro (CONCEIO;
DELLAGOSTIN, 2006). Na micoplasmose h a liberao de citocinas, como
interleucinas 1e 6 e fator de necrose tumoral, que podem ser mais prejudiciais ao
hospedeiro que o prprio agente. A quantidade de citocinas maior em pulmes
com leses que em pulmes sem leses (CHOI et al., 2006).
Algumas protenas de membrana tais como 36-KD lactato
desidrogenase, fator citotxico 54-KD e lipoprotenas de membrana so ditas
como fatores de virulncia desta bactria, porm, sua funo exata ainda no foi
totalmente determinada (CHOI et al., 2006).
-
28
2.2.2.4 Leses ao Abate
A leso macroscpica mais comunmente observada ao abate so reas
demarcadas, vermelhas escuras a arroxeadas at tons acinzentados de
consolidao crnio-ventral dos pulmes. Ao corte pode fluir exsudato purulento
das vias areas, particularmente quando h infeces secundrias (ALMEIDA et
al., 2012; CHOI et al., 2006).
2.2.2.5 Histopatologia
Durante a apresentao aguda da doena possvel observar na
histologia uma perda da morfologia do epitlio ciliar como a degenerao de
suas clulas assim como presena de neutrfilos e macrfagos no interior e
adjacente s vias respiratria. Na fase crnica desta enfermidade observa-se uma
hiperplasia dos acmulos linfoides associados aos brnquios (BALT) sendo esta
a principalmente caracterstica microscpica relacionada a esta doena, embora
tambm se observe o espessamento das bordas dos septos interalveolares
(ALMEIDA et al., 2012; CHOI et al., 2006; ECCO; LAZZARI; GUEDES,
2009; REDONDO et al., 2009).
Existem coloraes especiais que podem ser utilizadas na tentativa de
visualizar a bactria, tais como a colorao de Giemsa, dienes e azul de
metileno. A colorao de Gram, normalmente utilizada para distinguir bactrias
positivas de negativas, no possui um bom resultado quando empregada na
identificao do M. hyopneumoniae (CONCEIO; DELLAGOSTIN, 2006).
2.2.2.6 Diagnstico
O diagnstico em geral se realiza pelo conjunto de dados, que inclui
histrico clnico, leses macro e microscpicas. A confirmao laboratorial do
M. hyopneumoniae feita normalmente por meio de cultivo e posteriormente
-
29
isolamento do agente, sendo tambm utilizados testes sorolgicos para
quantificar a titulao dos animais. Porm, a desvantagem destes mtodos de
cultivo e isolamento o fato que o agente considerado fastidioso e com um
tempo de concluso de tcnica demorado podendo ainda ser dificultado pela
presena de outras espcies de micoplasma naturais do trato respiratrio suno
(ASSUNO et al., 2005).
A PCR tambm uma tcnica de diagnstico amplamente utilizada que
fornece resultados rpidos e com alta especificidade e sensibilidade
(ASSUNO et al., 2005).
2.2.3 Micobacterioses
Sunos so animais susceptveis a infeces por diversos
microorganismos, tais como Mycobacterium bovis, Mycobacterium tuberculosis
e outras micobactrias pertencentes ao complexo Mycobacterium avium (MAC).
O termo tuberculose utilizado para sunos apenas quando a enfermidade for
causada por Mycobacterium bovis e Mycobacterium tuberculosis, quando o
agente causal pertence ao complexo MAC a enfermidade classificada com
micobacteriose (FERREIRA NETO; OLIVEIRA, 2008).
Animais infectados por Mycobacterium bovis e Mycobacterium
tuberculosis desenvolvem uma doena progressiva e as carnes desses animais
acometidos oferecem riscos ao consumidor. Carcaas contaminadas por
Complexo MAC tambm podem apresentar risco a sade pblica.
2.2.3.1 Mycobacterium sp
As micobactrias envolvidas na etiologia da doena em sunos
foram agrupadas em dois complexos: Mycobacterium tuberculosis (MTC) e
Mycobacterium avium intracellulare scrofulaceum (MAIS), sendo o primeiro
composto principalmente pelo M. tuberculosis e M. bovis e o segundo por M.
-
30
avium, M. intracellulare e M. scrofulaceum. O complexo MTC responsvel
pela tuberculose clssica, no entanto os agentes do complexo MAIS so
considerados como os principais causadores da linfadenite granulomatosa suna,
detectados durante a inspeo sanitria nos abatedouros (MORS; SILVA,
2001; THOEN et al., 2006). Aproximadamente 15 tipos de sorovares do
complexo M. avium foram isolados em diversos pases demonstrando a
distribuio mundial das micobacterioses (THOEN et al., 2006).
As bactrias pertencentes ao gnero Mycobacterium so lcool-cido
resistentes, aerbios e imveis, no formam esporos, possuem potencial
zoontico e cursam com o desenvolvimento de processos infecciosos crnicos
com formao de reaes granulomatosas tpicas, conhecidos como tubrculos
(CORRA; CORRA, 1992; QUINN et al., 2005). As micobactrias possuem
parede celular impermevel composta por cidos miclicos, responsveis pela
hidrofobicidade, crescimento lento, sobrevivncia em condies ambientais
desfavorveis e pela resistncia a diversos desinfetantes (LARA et al., 2009;
MIRANDA, 2010). So microrganismos ubquos e euritrmicos, que podem se
desenvolver em diferentes valores de temperaturas e pH. O complexo MAIS
possui maior taxa de crescimento em meios com pH entre 4,0 e 7,5, sendo os
valores entre 5,4 e 6,5 ideais para o seu desenvolvimento. No entanto, as
micobactrias podem ser destrudas pelo calor quando expostas a temperatura
em torno de 65,5 C por 10 minutos (LARA et al., 2009; MIRANDA, 2010).
As bactrias do gnero Mycobacterium so altamente resistentes aos
alcois, aos cidos e dissecao podendo sobreviver vrios meses nas
instalaes dos animais e durante anos no solo (LARA et al., 2009; MIRANDA,
2010). Desinfetantes a base de hipoclorito de sdio, cresis, fenis e aldedos
apresentam boa ao bactericida sobre as micobactrias (MIRANDA, 2010;
MORS; SILVA, 2001).
-
31
2.2.3.2 Epidemiologia
As micobactrias pertencentes ao complexo MAIS acometem uma
ampla variedade de espcies domsticas, incluindo aves, bovinos, sunos,
ovinos, caprinos, equinos e o homem (MIRANDA, 2010). Os sunos so
susceptveis infeco pelo gnero Mycobacterium, com destaque para os
agentes do complexo MAIS, sendo as espcies pertencentes ao complexo MTC
mais patognicas, diagnosticadas frequentemente em bovinos e humanos
(CORRA et al., 2006; LARA et al., 2009). A via de transmisso das
micobactrias horizontal, por meio da ingesto de gua de bebida, solo, rao
contaminada, material de cama e pelo contanto com outros animais infectados,
como aves domsticas e silvestres, roedores e outros sunos infectados. Os
animais acometidos na granja so considerados como importantes fontes de
infeco, pois o agente eliminado constantemente pelas fezes e urina,
contaminando o ambiente e consequentemente outros sunos (MIRANDA, 2010;
MORS; SILVA, 2001).
A linfadenite granulomatosa considerada uma das principais
enfermidades que cursam com grande impacto econmico na suinocultura, em
funo do alto prejuzo aos produtores pela condenao das carcaas (LARA et
al., 2009). Os critrios para eliminao das carcaas acometidas esto
relacionadas ao potencial zoontico de vrios agentes envolvidos na linfadenite
suna, particularmente as bactrias do gnero Mycobacterium sp., mas tambm
outras como o Rhodococcus equi, e pela impossibilidade de diferenciao das
leses macroscpicas, encontradas no abatedouro, causadas por outros agentes
bacterianos com pouco ou nenhum risco zoontico (LARA et al., 2009).
Segundo Martins (2001), a perda econmica na suinocultura decorrente da
linfadenite na regio sul do Brasil foi estimada em 6,9 a 8,0 milhes de reais no
ano de 1999, demonstrando o impacto negativo dessa doena para a produo de
sunos na regio.
-
32
A transmisso da micobacteriose e da rodococose para o homem pode
ocorrer na granja no contato direto com sunos portadores e a partir do consumo
de produtos e derivados de origem suna. Alm disso, esses microrganimos esto
sendo crescentemente isolados em pacientes humanos acometidos pela sndrome
da imunodeficincia na adquirida (AIDS), aumentando o cuidado da vigilncia
sanitria em relao ao controle da linfadenite suna. Nesse contexto, a
fiscalizao sanitria durante diferentes fases da cadeia produtiva de carne, entre
elas o abate, desempenha papel fundamental no controle de zoonoses para o
homem (LARA et al., 2009).
2.2.3.3 Patogenia
A transmisso das micobactrias do complexo avirio ocorre por via
oral. Aps a ingesto, o agente penetra na mucosa do trato digestrio, sendo
posteriormente drenados para os linfonodos mesentricos regionais.
Ocasionalmente pode ocorrer disseminao do agente para os linfonodos
mediastnicos, provavelmente por via digestiva, em funo da drenagem
linftica da poro torcica do esfago (MORS; SILVA, 2001). Diferindo da
infeco causada pelo M. bovis, que utiliza principalmente a via de infeco
respiratria, afetando rgos parenquimatosos, como os pulmes (THOEN et al.,
2006).
As leses presentes na linfadenite suna esto relacionadas com a
capacidade de multiplicao do bacilo nos tecidos infectados e na induo de
resposta tecidual pelo hospedeiro (THOEN et al., 2006). Inicialmente as
micobactrias so atacadas por granulcitos e componentes humorais, no
entanto, macrfagos ativados so considerados a linhagem de defesa mais
importante para o hospedeiro contra o agente (MORS; SILVA, 2001; THOEN
et al., 2006).
-
33
Os bacilos possuem como fatores de virulncia os constituintes da
parede celular, composta de cidos miclicos, fosfolipdios e sulfolipdios
(MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006). Segundo Thoen et al. (2006), a
combinao desses componentes, liberados pelas micobactrias, interfere na
formao do fagolissomo e na ativao/liberao de enzimas lisossomais
presentes no citoplasma dos macrfagos. Portanto, aps a adeso bacteriana, os
bacilos fagocitados pelos macrfagos produzem uma reao granulomatosa
local, culminando com a proliferao de clulas inflamatrias. Os ndulos
iniciais podem permanecer estacionrios ou evoluir para reas necrticas
compostas por material caseoso (MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006).
O Mycobacterium spp. no produz toxinas ou enzimas conhecidas que atuem
diretamente nos tecidos acometidos, sendo a resposta imune do hospedeiro a
principal causa de acometimento tissular (MORS; SILVA, 2001).
2.2.3.4 Leses ao Abate
A linfadenite granulomatosa suna considera assintomtica, sendo as
leses presentes nas carcaas detectadas pelo servio de inspeo de carnes no
abatedouro. Na avaliao macroscpica post-mortem so comumente
encontradas linfonodos cervicais e mesentrios aumentados de tamanho e de
consistncia firme (MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006).
O M. avium produz leses granulomatosas proliferativas caseosas, de
colorao branca amarelada, com tamanho varivel desde pequenos focos
milimtricos at leses difusas por todo linfonodo acometido. Somente pela
anlise macroscpica impossvel diferenciar leses causadas por micobactrias
com leses ocasionadas por outros agentes, entre eles o Rhodococcos equi
(MORS; SILVA, 2001; THOEN et al., 2006).
-
34
2.2.3.5 Histopatologia
A utilizao da histopatologia como ferramenta no diagnstico permite a
caracterizao microscpica das leses nos linfonodos acometidos. So
observadas frequentemente proliferao de clulas epitelioides e clulas gigantes
multinucleadas tipo Langhans, necrose caseosa e calcificao distrfica,
principalmente em leses mais antigas (MIRANDA, 2010; MORS; SILVA,
2001). As micobactrias no so visveis na colorao de rotina (hematoxilina e
eosina), mas so evidenciadas nas leses coradas pela da tcnica de Ziehl-
Neelsen, sendo denominadas por isto bacilos lcool-cido resistentes (BAAR).
Essa colorao determinada pela forte ligao da fucsina carblica com
lipdios presentes na parede celular da bactria, no ocorrendo remoo pela
descolorao com soluo lcool-cida (MIRANDA, 2010; QUINN et al.,
2005).
2.2.3.6 Diagnstico
O diagnstico realizado pelos achados macro e microscpicos. As
micobactrias podem ser evidenciadas pela tcnica de Ziehl-Neelsen, mas para a
identificao das espcies do gnero Mycobacterium outras tcnicas so
necessrias. A imuno-histoqumica (IHQ), associada ao exame histopatolgico,
poder fornecer um diagnstico etiolgico seguro e rpido. O isolamento
bacteriano a prova ideal para identificao especfica, mas exige
procedimentos especiais de laboratrios, demandando muito tempo para o
crescimento das micobactrias, e possui ainda as desvantagens de ter baixa
sensibilidade e alto custo de execuo. Tcnicas moleculares tambm tm sido
empregadas para este fim (THOEN et al., 2006).
-
35
2.3 Circovrus Suno tipo 2 (PVC2)
O primeiro relato de circovrus foi feito h 25 anos descrevendo-o como
um contaminante de uma cultura celular de clulas renais de suno. Ao longo dos
anos comearam surgir relatos correlacionando o vrus a condies clnicas,
porm, os isolados encontrados possuam estrutura genmica e antignica
diferente daquele encontrado na cultura de clulas renais. Assim, o vrus
contaminante de cultura de clulas foi denominado circovrus suno tipo 1 (no
patognico) e o responsvel pelas condies clnicas, circovrus suno tipo 2
(ALLAN; ELLIS, 2000).
2.3.1 Circovrus suno tipo 2
O circovrus suno tipo 2 classificado na famlia Circoviridae, sendo
um vrus pequeno, no envelopado, DNA fita simples associado a enfermidades
que causam leses principalmente em tecidos linfoides e imunossupresso do
animal acometido (ALLAN; ELLIS, 2000; CORREA et al., 2006; FENAUX et
al., 2002; FERNANDES et al., 2006; SEGALS; ALLAN; DOMINGO, 2005).
No seu genoma j conhecido a sequencia de 3 fases de leitura (ORFs) estas
alm de possuir papel de replicao viral e estrutural ainda possui uma protena
que responsvel pela induo da apoptose celular (SOBESTIANSKY;
BARCELLOS, 2007). O PCV2 estvel ao pH 3, a temperaturas de 56 C a
70C, ao ressecamento, ao aquecimento, alta umidade e a desinfetantes
comuns, mas sendo inativado por desinfetantes alcalinos, agentes oxidantes e
amnia quaternria (LOPES, 2009).
2.3.2 Epidemiologia
A principal enfermidade associada ao vrus a sndrome multissistmica
do definhamento. Esta foi primeiro relatado em 1991 sendo considerada uma
-
36
doena emergente em sunos (FENAUX et al., 2002). A sndrome
multissistmica do definhamento se manifesta na forma de diminuio
progressiva de perda de peso, dispneia, taquipneia, pneumonia intersticial e
linfoadenopatia. Pode acometer animais das mais diversas categorias, porm,
predominante nas categorias de creche e engorda, possuindo morbidade e
mortalidade de 80% e 40%, respectivamente (FENAUX et al., 2002;
FERNANDES et al., 2006; SEGALS; ALLAN; DOMINGO, 2005;
SOBESTIANSKY; BARCELLOS, 2007).
Considerado um vrus ubquo a sua transmissibilidade pode ser tanto de
forma vertical quanto horizontal, sendo a via oronasal a mais frequente. Existem
outras vias de infeco tais como a intranasal e subcutnea, porm, essas
somente foram confirmadas experimentalmente. Sendo observada a excreo do
vrus nas fezes at 13 dias aps infeco (SEGALS; ALLAN; DOMINGO,
2005; SOBESTIANSKY; BARCELLOS, 2007).
A circovirose apesar de que no apresenta potencial zoontico, causa
uma imunodepresso que leva ao animal acometido uma predisposio a
infeces secundrias por agentes oportunistas, aumentando a utilizao de
antibiticos o que tambm acarreta prejuzos econmicos para o produtor e para
a indstria (CORRA et al., 2006; SEGALS; ALLAN; DOMINGO, 2005).
2.3.3 Patogenia
A patogenia do circovrus suno tipo 2 est principalmente associada a
alterao do sistema imune por meio da depleo de linfcitos B e T
aumentando-se a quantidade de moncitos e macrfagos nos tecidos, e um
padro de resposta de citocinas alterado, por exemplo o circovrus provoca uma
resposta da interleucina 10 em clulas mononucleares perifricas
(KEKARAINEN et al., 2008).
-
37
2.3.4 Leses ao abate
No abate no existe presena de uma leso patognomnica caracterstica
da circovirose. Normalmente observa-se carcaa aparentemente com escore
menor e com presena dos linfonodos aumentados de tamanho, principalmente
os inguinais. Pode observar tambm a presena de alguma afeco respiratria
concomitante visto que a circovirose considerada uma doena debilitante e
imunodepressora (SOBESTIANSKY; BARCELLOS, 2007).
2.3.5 Histopatologia
As leses histolgicas normalmente observadas so depleo de
linfcitos B e T associada presena de macrfagos e presena de clulas
gigantes (SOUZA et al., 2008).
2.3.6 Diagnstico
O diagnstico feito baseado em leses histolgicas em rgos linfoides
tais como, linfonodos, bao e timo, associado quantidade de vrus presente nas
leses. Visto que tcnicas moleculares como, a reao em cadeia pela
polimerase mais sensvel, , porm, sua resposta diagnstica com o circovirose
no ideal. A imuno-histoqumica a tcnica ideal para deteco de antgenos e
diagnstico definitivo da circovirose visto que o diagnstico necessrio a
presena do vrus associado doena clnica (SOUZA et al., 2008).
2.4 Importncia da inspeo das linfadenites infecciosas de sunos na sade
pblica
A inspeo ante-mortem dos animais j permite que sejam
individualizados aqueles animais que podem estar doentes dos aparentemente
saudveis sendo que esses podem ter leses ou sequelas de infeces que
-
38
somente podero ser detectadas durante a inspeo das vsceras e da carcaa
(HURD et al., 2008).
O monitoramento em abatedouros pode permitir ao veterinrio realizar
um levantamento de dados para estudar um determinado agente, a leso causada
por este, a sua incidncia e o seu impacto econmico, assim como na sade
pblica (ALBERTON; MORES, 2008; SANCHEZ-VAZQUEZ et al., 2011).
A importncia das infeces ocupacionais tambm deve ser considerada
visto que muitos agentes que podem estar presentes tanto na granja quanto na
linha de inspeo podem causar doenas nas pessoas envolvidas no processo de
produo. Muitas dessas infeces ocorrem por ingesto, inalao, por contato
direto ou indireto com animais doentes e seus fluidos fisiolgicos (CARDOSO,
2009; FERNANDES et al., 2006). As medidas de sanidade e segurana que so
adotadas tanto nas granjas quanto nos frigorficos permitem reduzir, mas no
extinguir estes riscos. Tais medidas incluem sistemas de vazios sanitrios,
vacinaes, recebimento de animais de origem conhecida portadores de
atestados sanitrios adequados, a utilizao de equipamentos de proteo
individual (toucas, luvas, mscaras) e controle de entrada e sada de funcionrios
nas reas do frigorfico, pocilgas, rea suja, rea limpa, refrigerao, desossa
(CARDOSO, 2009).
Apesar da grande diversidade de agentes que podem ser encontrados em
linfonodos e causar a linfadenites, h muitas semelhanas entre as leses
macroscpicas. A existncia de potencial zoontico em algumas destas infeces
demonstra a necessidade de um diagnstico rpido e seguro. Porm, a
confirmao do diagnstico para esses agentes muitas vezes demorada, com a
utilizao de exames de baixa sensibilidade e alto custo de execuo no qual
indica que a linfadenite nessa espcie seja considerada um problema sanitrio
por sua dificuldade diagnstica (LARA et al., 2009; MORS et al., 2007). A
rapidez na confirmao laboratorial do diagnstico permite que a destinao das
-
39
carcaas seja feita de forma mais adequada podendo haver um melhor
aproveitamento da carcaa em seu potencial mximo.
2.5 Teste Imuno-histoqumico
A imuno-histoqumica surgiu com pesquisas sobre a
imunopatologia no meados da dcada de 40 (WERNER et al., 2005). A tcnica
usada como ferramenta de diagnstico na patologia humana desde a dcada de
70, sendo gradativamente introduzida na rotina de diagnstico veterinrio (RUIZ
et al., 2005).
O fundamento da imuno-histoqumica a demonstrao de antgenos
presentes em tecidos e clulas por meio de anticorpos. A necessidade cada vez
crescente de especificidade e sensibilidade torna a tcnica simples mais
complexa (RAMOS-VARA, 2005).
Os anticorpos usados na tcnica dependero do antgeno em questo,
porm, seja qual for o antgeno a imunoglobulina mais utilizada a IgG. A
estrutura de uma imunoglobulina determinada por duas cadeias idnticas sendo
uma pesada e uma leve, e uma poro chamada Fc. Esta ultima poro que
proporcionar a ligao e colorao de fundo na imunoistoqumica (RAMOS-
VARA, 2005).
Existem dois tipos de anticorpos utilizados na tcnica os monoclonais e
os policlonais. Os anticorpos monoclonais so aqueles produzidos de um nico
clone de linfcito B parenteral normalmente de camundongos, a partir dele so
produzidos as cpias de anticorpo. Os anticorpos policlonais so aqueles
produzidos por diversos clones de linfcitos B, frente imunizao com
determinado antgeno. Estes podem ser produzidos em diversas espcies
animais, sendo as mais comumente utilizadas, coelhos, caprinos e camundongos.
Sendo direcionados a diferentes eptopos, os anticorpos policlonais possuem
-
40
maior afinidade e reatividade, porm, menor especificidade quando comparados
com os monoclonais (RAMOS-VARA, 2005).
Alm da escolha do tipo de anticorpo a ser utilizado, a recuperao
antignica tambm um quesito importante para a tcnica. Vrios mtodos hoje
so utilizados na recuperao antignica tais como vapor mido (panela de
presso e banho-maria), calor irradiado por microondas e digesto enzimtica
(NONOGAKI et al., 2007).
A interao antgeno-anticorpo no pode ser vista sobre microscopia
ptica a no ser que essa interao seja marcada. Essa marcao baseia-se na
ligao primria, secundria ou at terciria ao anticorpo utilizado.
Vrios marcadores so utilizados como substncias fluorescentes, tais
como metais e enzimas. Os mais utilizados so as enzimas. Alm disso, a
marcao pode ser direta ou indireta.
A marcao direta rpida e utiliza a marcao do prprio anticorpo
primrio utilizado. Essa feita com fluorocromos, enzimas e biotina. A
marcao indireta se baseia na marcao de um anticorpo secundrio que se
encontrar ligado ao complexo antgeno-anticorpo (RAMOS-VARA, 2005). Um
dos mtodos indiretos mais comumente utilizados a avidina-biotina.
A avidina uma glicoprotena extrada da clara de ovo, possuindo 4
stios de ligao. A biotina uma vitamina de baixo peso molecular que possui
um stio de ligao com a avidina. Juntas possuem uma alta sensibilidade capaz
de se ligar ao complexo antgeno-anticorpo (RAMOS-VARA, 2005).
A imunohistoqumica associada ao exame histopatolgico tem sido
empregada no diagnstico etiolgico rpido e confivel das micobacterioses.
Embora a colorao de Ziehl-Neelsen evidencie as micobactrias na leso, esta
no faz a distino entre espcies e ainda somente demonstrar aquelas bactrias
cujas paredes celulares esto intactas. A imunohistoqumica poder evidenciar
antgenos micobacterianos livres, fragmentos celulares e microrganismos com
-
41
alteraes de parede celular tornando essa tcnica mais sensvel e ideal para a
caracterizao etiolgica da doena (MORS et al., 2007). A imuno-
histoqumica tambm tem se mostrado uma ferramenta importante no
diagnstico para circovirose suna, permitindo a associao da presena de
antgenos virais com leses teciduais (KIM; CHAE, 2004).
2.6 Processamento em Micro-ondas
O aparelho de micro-ondas foi inventado por Percy Spencer na dcada
de 40. Desde ento sendo amplamente utilizado no processamento de alimentos,
alm nas indstrias qumicas e farmacuticas. Os primeiros relatos da utilizao
do micro-ondas para a fixao de tecidos no processamento histolgico foi na
dcada de 70 com Mayers (NAIK et al., 2012; ROHR et al., 2001). Mas somente
na dcada de 80 que por meio dos pesquisadores Kok, Boon e Leong que este
comeou a ser utilizado na fixao e processamento histolgico de tecidos
(KANGO; DESHMUKH, 2011).
A relativamente recente aplicao da irradiao de tecidos com micro-
ondas para o processamento tem trazido avanos em termos de reduo do
tempo para obteno dos cortes, os quais mantm histomorfologia comparvel
do processamento convencional sendo possvel a avaliao histopatolgica em
cerca de 4 horas aps colheita da amostra. Alm disto, obtm-se vantagens em
relao preservao de antgenos e cidos nucleicos (ABREU et al., 2012;
HAFAJEE; LEONG, 2004; KOK; BOON, 2003; MORALES et al., 2002; SURI
et al., 2006).
Apesar de vrios artigos demonstrarem as vantagens do processamento
de tecidos em micro-ondas para histopatologia, o seu uso tem sido grandemente
restrito a laboratrios voltados patologia cirrgica humana, onde fortemente
preconizado um diagnstico rpido visto que isto possibilita que o paciente seja
encaminhado ao tratamento mais adequado em menor tempo, reduzindo assim o
-
42
tempo que o mesmo ficaria nas dependncias de um hospital e reduziria custos
de atendimento (BUESA, 2007; NAIK et al., 2012; ROHR et al., 2001).
Outra vantagem do processamento em micro-ondas a possibilidade de
excluso de reagentes de maior toxidez, como o xilol e formol, do
processamento tecidual. Em vrios laboratrios de patologia humana este tipo de
processamento vem sendo empregado na rotina de diagnstico com excelentes
resultados (HAFAJEE; LEONG, 2004; KOK; BOON, 2003; MORALES et al.,
2002; NAIK et al., 2012).
O funcionamento do micro-ondas convencional possui algumas
particularidades diferentes de outras formas convencionais de aquecimento. Em
uma forma mais simples a gerao de calor oriundo da energia do micro-ondas
acontecer a partir da agitao das molculas no interior da amostra processada,
com isso o aquecimento da mesmo se dar de dentro para fora (CLARK; FOLZ;
WEST, 2000; MUNKHOLM; TALMAN; HASSELAGER, 2008).
Durante o processamento em micro-ondas certos meios so utilizados
para otimizar o tempo do processamento, tais como formol, lcool e parafina,
porm, o tipo de lcool utilizado diferente do lcool utilizado no
processamento convencional, normalmente utiliza-se alcois com pontos de
ebulio superiores aos de graduao convencional utilizadas, para que possa
ocorrer o aquecimento sem que o meio entre em ebulio e teoricamente evapore
ou cozinhe o tecido (ROHR et al., 2001).
A diminuio do tempo de processamento alcanada tambm pela
substituio de alguns dos solventes utilizados durante o processamento e a
utilizao do calor para diminuir o tempo de cada etapa. Utilizando substratos
com menos toxicidade e que possuem pontos de ebulio superiores para
aperfeioar a eficincia do processamento sendo que durante o processamento as
substncias so aquecidas at abaixo do seu ponto de ebulio permitindo um
maior aproveitamento da mesma (ROHR et al., 2001). Sendo que o calor acelera
-
43
a penetrao inicial do substrato no tecido e sua difuso, melhorando assim os
tempos de processamento, isso feito devido que a frmula da difuso acusa que
a distncia mdia ao quadrado que uma partcula de solvente alcana em soluo
proporcional ao tempo de difuso, ou seja, quanto menor a espessura da
amostra em questo maior a velocidade de difuso (KANGO; DESHMUKH,
2011). O papel do calor durante o processamento acelerar a difuso dos
solventes, diminuindo sua viscosidade permitindo uma maior penetrao desses
por meio da agitao das molculas polares da amostra processada (KOK;
BOON, 2003).
Sob o ponto de vista fsico o processamento se d por meio de 4 partes
chaves, calor, difuso, viscosidade e penetrao. Simplificando, o aumento de
temperatura de um meio de processamento acelera sua difuso para o interior da
amostra porque o calor diminui a viscosidade do meio utilizado isso que permiti
uma maior ou menos penetrao do meio no tecido ou amostra. Alm disso,
amostras diferentes, de composies teciduais diferentes tambm influenciaro o
processamento por meio de suas propriedades dieltricas. Exemplificando
podemos usar a seguinte relao frequncias mais elevadas do micro-ondas
associadas a valores de propriedades dieltricas superiores resultam em apenas
um aquecimento da superfcie da amostra, em contrapartida baixas frequncias e
valores inferiores de propriedade dieltricas resultam em um aquecimento mais
uniforme, no todo (CLARK; FOLZ; WEST, 2000; KANGO; DESHMUKH,
2011; NAIK et al., 2012).
O processamento neste caso realizado no micro-ondas domstico
afetado pelas caractersticas fsicas do micro-ondas, ou seja, ele possui uma
distribuio desuniforme de energia ou densidade de radiao devido a
fenmenos de reflexo, interfase e ressonncia no seu interior. O formato do
recipiente utilizado durante as etapas tambm influencia o processamento, a
utilizao de um recipiente cilndrico age como uma lente de gera pontos focais
-
44
de aquecimento concentrando o calor, podendo provocar reas de cozimento que
no permitem a leitura e consequentemente o diagnstico. O micro-ondas
convencional possui reas quentes e frias que so constantemente alteradas
dependendo das caractersticas do material a ser processado, do solvente e do
recipiente utilizado, logo certas etapas e certos locais podem no ser otimizadas
100% na temperatura e tempo pr-determinado. necessrio considerar sempre
que a profundidade de penetrao de uma onda de energia ir depender das
propriedades dieltricas da amostra e material utilizado (CLARK; FOLZ;
WEST, 2000; KANGO; DESHMUKH, 2011; NAIK et al., 2012; ROHR et al.,
2001).
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54
SEGUNDA PARTE ARTIGO
-
55
ARTIGO
(Este artigo ser submetido revista Arquivo Brasileiro de Vetrinria e Zootecnia)
PROCESSAMENTO DE TECIDOS EM MICRO-ONDAS PARA O
DIAGNSTICO HISTOPATOLGICO RPIDO DE LESES EM
LINFONODOS EM SUNOS NA INSPEO SANITRIA.
RAPID TISSUE PROCESSING IN MICROWAVES FOR
HISTOPATHOLOGIC DIAGNOSIS OF SWINE LYMPH NODE
LESIONS DURING SANITARY INSPECTION.
Joana R. Paglis1*, Dbora R. Orlando1, Priscila R. F. Lopes1, Rafael C. Costa1,
Mary S. Varaschin1, Djeison L. Raymundo1, Pedro S. Bezerra Jr1.
1Setor de Patologia Veterinria. Departamento de Medicina Veterinria.
Universidade Federal de Lavras. Lavras, MG, Brasil.
RESUMO
A inspeo sanitria presta um importante papel de garantir a sade da carne que
chega a mesa do consumidor assim como fornece ao produtor informaes
importantes para que este possa saber o real estado sanitrio de seu rebanho.
Para que esta seja feita de forma eficiente necessrio que as monitorias
patolgicas associadas sejam realizadas em menor tempo para otimizar o tempo
entre carcaa retida e destino final. O processamento em micro-ondas pode
fornecer auxlio neste sentido por possibilitar reduo no tempo para o
diagnstico histopatolgico. O presente trabalho foi realizado com os objetivos
de verificar a aplicao de um protocolo de processamento de tecidos em micro-
-
56
ondas associada a inspeo sanitria e compar-lo com o processamento
convencional assim como avaliar a qualidade dos cortes histolgicos para
diagnstico. Este estudo demonstrou que o processamento em micro-ondas
uma opo que pode ser utilizado como auxlio a inspeo sanitria uma vez que
no houve diferenas significativas em relao ao processamento convencional,
em termos de diagnsticos obtidos e na morfologia dos cortes analisados. As
limitaes do processamento observadas no presente estudo foram relacionadas
principalmente a menor intensidade de colorao pela hematoxilina e eosina e a
menor deteco de antgenos do circovrus.
Palavras chave: Micro-ondas; Linfonodo; Circovrus tipo 2; Imuno-
histoqumica; Frigorfico;
ABSTRACT
Sanitary inspection plays an important role ensuring the quality of the meat
purchased by the consumer as well as provides important information to the
producers so they will know the actual health status of their herd. For this to
occur efficiently it is necessary that pathological monitoring be accomplished in
minimal time to optimize the between a carcass being retained and its final
destination. Microwave tissue processing provides the solution decreasing
diagnostic time. The present study was fulfilled with the goal to verify the
efficiency of the microwave tissue processing associated to sanitary inspection
and compare it to conventional tissue processing as well as evaluate the quality
of the microscopic slides utilized for diagnosis. This study showed the
microwave tissue processing may be utilized as a technique helping sanitary
inspection in abattoirs, since there was no statistical difference when compared
the diagnosis obtained and morphology of the slides analyzed. The limitations of
this methodology observed in the present study were mainly related to the
-
57
diminished staining intensity of the Hematoxylin and Eosin and the diminished
detection of circovirus antigens.
Key words: Microwave; Sanitary Inspection; Lymph node; Swine;
Histopathology;
INTRODUO
O Brasil atualmente o quarto maior produtor de carne suna do mundo,
com uma produo de 863.825 mil toneladas em 2012, sendo o estado de Minas
Gerais responsvel por 19,2% do total desta (IBGE, 2013). A inspeo sanitria,
por meio de monitorias patolgicas em abatedouros, crucial para avaliar a
sade do rebanho comercializado, contribuindo para garantir segurana em
termos de sade pblica e ainda para gerar uma maior valorizao do produto
final (SANCHEZ-VASQUEZ et al., 2011).
A linfadenite uma importante afeco que afeta a suinocultura no
Brasil e no mundo, causando alto prejuzo econmico com a condenao de
carcaas (LARA et al., 2009). Dentre os agentes infecciosos envolvidos com as
linfadenites de sunos, destacam-se vrios agentes bacterianos, como os do
complexo Mycobacterium avium-intracellulare, Mycobacterium bovis,
Rhodococcus equi e Streptococcus -hemoltico, Staphylococcus sp., Nocardia
sp., Streptococcus sp., Arcanobacterium pyogenes, e virais, como circovrus
suno (BALIAN et al., 1997, MORS et al., 2007; LARA et al., 2009).
A histopatologia e a imuno-histoqumica tm sido empregadas como
importantes tcnicas de auxlio no diagnstico de leses em linfonodos de sunos
no abatedouro em diversos artigos (KOMIJN et al., 2007; MORS et al., 2007).
Tais tcnicas tm fornecido um diagnstico seguro, permitindo a tomada de
deciso em relao destinao da carcaa (MORS et al., 2007). Entretanto,
uma das limitaes destas tcnicas tempo necessrio para o processamento dos
tecidos. Neste sentido, a relativamente recente aplicao da irradiao de tecidos
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com micro-ondas para o processamento histopatolgico tem trazido avanos em
termos de reduo do tempo para obteno dos cortes, alm de vantagens em
relao preservao de antgenos e cidos nucleicos (BOON et al., 1986;
HAFAJEE; LEON