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    Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

    Eficincia Energtica em Lojas de RetalhoAlimentar: Os Desafios e Possveis Solues Em

    Portugal

    Jos Miguel Barros Ribeiro da Silva

    Dissertao realizada no mbito doMestrado Integrado em Engenharia Electrotcnica e de Computadores

    Major Energia

    Orientador: Prof. Dr. Hlder Filipe Duarte Leite

    Setembro de 2012

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    Jos Miguel Barros Ribeiro da Silva, 2012

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    Resumo

    O setor dos servios um dos principais consumidores de energia eltrica em Portugal.

    Dentro do setor, as lojas de retalho assumem um papel importante, sendo o seu consumoessencialmente de energia eltrica. Neste trabalho so analisadas as duas tipologias de lojas

    de retalho, reconhecidas no Sistema Nacional de Certificao Energtica e da Qualidade do Ar

    Interior, sendo elas os hipermercados e os supermercados.

    A presente dissertao pretende fazer uma anlise da eficincia energtica de uma loja

    de retalho em Portugal, ao abrigo do Sistema de Certificao Energtica e da Qualidade do Ar

    Interior, e analisar quais as limitaes da legislao atual, para alm de determinar quais as

    principais barreiras associadas implementao de eficincia energtica neste setor. Assim,

    este trabalho encontra-se estruturado na seguinte forma:

    Anlise do processo de certificao energtica nas lojas de retalho.

    Apresentao da caracterizao de um edifcio atravs do software Design

    Builder.

    Caracterizao de um supermercado tipo e determinao da respetiva classe de

    eficincia energtica, mediante simulao do edifcio.

    Anlise das limitaes associadas ao processo de certificao e determinao das

    principais barreiras para a implementao de medidas de eficincia energtica

    nas lojas de retalho.

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    Abstract

    The services sector is one of the major consumers of electricity in Portugal. Within thesector, retail stores play an important role since their main source of power is electricity. In

    this work we analyze two types of retail stores that are recognized by the National System of

    Energy Certification and Indoor Air Quality Supermarkets and Hypermarkets.

    This thesis aims to analyze the energy efficiency of retail stores in Portugal and to

    determine the limitations of current legislation, and also to determine which are the main

    barriers associated with the implementation of energy efficiency in this sector. This work is

    structured in the following way:

    Analysis of the energy certification process in retail stores. Characterization of a building, using the Design Builder software.

    Characterization of a supermarket and determination of its energy efficiency classthrough simulation.

    Analysis of the limitations associated witht the certification process anddetermination of the main barriers regarding implementation of energy efficiencymeasures in retail stores.

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    Agradecimentos

    Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, ao Prof. Dr. Hlder Leite, pela pacincia e pela

    confiana depositada em mim ao longo destes anos e a disponibilidade que sempredemonstrou ao longo desta viagem.

    Ao Eng Nelson Pedro e o Eng Joo Carlos Fonseca, pela partilha de conhecimento ao

    longo destes trs anos de certificao energtica. Aos meus colegas de trabalho, em

    particular ao Z e ao Andr que iniciaram esta viagem comigo, apesar de termos seguidos

    caminhos diferentes.

    Aos meus amigos, que me acompanharam ao longo destes anos de estudo, numa amizade

    que no se limitou faculdade.

    Ao meu pai, por me ter dado a possibilidade de estar hoje onde estou.

    Finalmente, e principalmente, o meu muito obrigado Rita, por todo o apoio e por toda a

    motivao que me deu, quando eu j no achava que era possvel e por ter acreditado em

    mim quando eu j no o fazia.

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    The world must learn to work together, or finally it will not work at all.

    Dwight D. Eisenhower

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    ndice

    Resumo ............................................................................................ iii

    Abstract ............................................................................................. v

    Agradecimentos .................................................................................. vii

    ndice ............................................................................................... xi

    Lista de figuras .................................................................................. xiii

    Lista de tabelas .................................................................................. xv

    Abreviaturas e Smbolos ...................................................................... xvii

    Captulo 1........................................................................................... 1Introduo ......................................................................................................... 1

    1.1. Alteraes Climticas ................................................................................. 11.2. Consumo Energtico em Portugal ................................................................... 51.3. O Setor das Lojas de Retalho Alimentar ........................................................... 81.4. Certificao Energtica ............................................................................. 101.4.1. O Certificado Energtico ...................................................................... 111.5. Motivao e Objectivos da Dissertao .......................................................... 121.6. Estrutura da Dissertao ............................................................................ 13

    Captulo 2.......................................................................................... 15

    Certificao Energtica e as Lojas de Retalho ........................................................... 15

    2.1. Legislao ............................................................................................. 152.1.1. Classificao Energtica ....................................................................... 162.2. Plano de Racionalizao Energtica .............................................................. 222.2.1. Contedo de um Plano de Racionalizao Energtica .................................... 242.2.2. Exemplos de medidas de racionalizao energtica ..................................... 262.3. Caracterizao das Lojas de Retalho ............................................................. 262.3.1. Tipologias de Lojas de Retalho Alimentar .................................................. 262.3.1.1. Outras Tipologias ........................................................................ 292.3.2. Desagregao dos Principais Consumos Energticos ...................................... 302.3.3. Perfis Nominais das Tipologias Supermercado e Hipermercado ........................ 322.3.3.1. Perfis Constantes ........................................................................ 332.3.3.2. Perfis Variveis .......................................................................... 342.4. Resumo ................................................................................................ 39

    Captulo 3.......................................................................................... 41

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    Simulao Dinmica e Caracterizao de Supermercado Tipo ........................................ 413.1. Simulao Dinmica de Edifcios no mbito da Certificao Energtica .................. 413.2. Modelao de Edifcios no Design Builder.................................................... 443.3. Resumo ................................................................................................ 51

    Captulo 4.......................................................................................... 53

    Caracterizao e Simulao do Supermercado Tipo ..................................................... 534.1. Identificao e Localizao ........................................................................ 534.1.1. Iluminao ....................................................................................... 554.1.2. Envidraados ..................................................................................... 554.1.3. Equipamentos ................................................................................... 564.1.4. Caractersticas da Envolvente do Edifcio .................................................. 574.1.5. Ocupao ......................................................................................... 574.1.6. Consumos Energticos ......................................................................... 584.2. Simulao e Anlise de Resultados do Supermercado ......................................... 584.3. Resumo ................................................................................................ 71

    Captulo 5.......................................................................................... 73

    Desafios Relacionados com a Eficincia Energtica em Lojas de Retalho ........................... 735.1. Barreiras Associadas Implementao de Eficincia Energtica ........................... 735.2. Incentivos Eficincia Energtica ................................................................ 755.2.1. Implementao de Eficincia Energtica nas Lojas de Retalho ........................ 765.3. Concluses ............................................................................................ 775.3.1. Limitao e Desatualizao do Processo de Certificao................................ 775.3.2. Promoo de Hbitos Eficientes ............................................................. 795.3.3. Perspectiva de Trabalhos Futuros ........................................................... 79

    Referncias ....................................................................................... 81

    Anexo .............................................................................................. 85

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    Lista de figuras

    Figura 1.1 - Aumento da temperatura na superfcie terrestre, relativamente temperatura mdia entre 1950 e 1980 [1]. ......................................................... 2

    Figura 1.2 - Evoluo das concentraes de CO2ao longo dos anos [1]. ............................. 3

    Figura 1.3 - Variao mensal da temperatura em Portugal entre 1900 e 2009 [4]. ................ 3

    Figura 1.4 Variao da taxa de dependncia energtica entre 2000 e 2010 [8]. ................. 5

    Figura 1.5 Evoluo do Consumo de Energia Primria em Portugal [8]. ........................... 6

    Figura 1.6 Intensidade Energtica de Portugal e mdia europeia [10]. ............................ 6

    Figura 1.7 Consumo de Energia Final por Setor [8] .................................................... 7

    Figura 1.8 Quotas de mercado de distribuio alimentar em Portugal (2007) [14]. ............. 9

    Figura 2.1 Fluxograma do processo de verificao da necessidade de Plano deRacionalizao Energtica [20]. .................................................................... 23

    Figura 2.2 Exemplo de Supermercado. ................................................................. 28

    Figura 2.3 Exemplo de Hipermercado. ................................................................. 29

    Figura 2.4 Desagregao dos principais consumos de um supermercado tipo. ................. 31

    Figura 2.5 Desagregao dos principais consumos de um hipermercado tipo. .................. 31

    Figura 3.1 Fluxograma do processo de emisso de um certificado energtico. ................ 43

    Figura 3.2 Definio da localizao do edifcio....................................................... 44

    Figura 3.3 Construo tridimensional do supermercado. ........................................... 45

    Figura 3.4 Caracterizao da atividade de um espao. ............................................. 46

    Figura 3.5 Aspetos construtivos do edifcio. .......................................................... 47

    Figura 3.6 Definio dos vos envidraados ........................................................... 48

    Figura 3.7 Definio da iluminao. .................................................................... 49

    Figura 3.8 Caracterizao do sistema de AVAC. ...................................................... 50

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    Figura 4.1 Imagem area do supermercado. .......................................................... 54

    Figura 4.2 Medidor de Vidros. ........................................................................... 56

    Figura 4.3 Resultados da simulao real do supermercado. ....................................... 59

    Figura 4.4 Resultados obtidos no Energy Plusreferentes simulao nominal. ............... 62

    Figura 4.5 Zonas climticas de Vero [10]. ........................................................... 65

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    Lista de tabelas

    Tabela 1.1 - Emisses de CO2dos estados membros da Unio Europeia (megatoneladas

    equivalentes de CO2) [6]. .............................................................................. 4

    Tabela 1.2 - Estimativas do potencial de poupana de energia nos setores utilizadores[12]. ....................................................................................................... 8

    Tabela 2.1 Classes energticas para edifcios do Tipo A ou C. .................................... 17

    Tabela 2.2 Classe energtica para edifcios do Tipo B. ............................................. 18

    Tabela 2.3 Valores do parmetro S. .................................................................... 20

    Tabela 2.4 Tipos de Indicador de Eficincia Energtica [20]. ..................................... 21

    Tabela 2.5 Valores limite dos consumos globais especficos de algumas tipologias dosedifcios de servios existentes [21]. .............................................................. 22

    Tabela 2.6 Valores de referncia limite dos consumos nominais especficos de algumastipologias dos novos edifcios de servios [21]. .................................................. 22

    Tabela 2.7 - Valores de referncia limite dos consumos nominais especficos de algunsespaos complementares dos novos edifcios de servios [21]. ............................... 22

    Tabela 2.8 Perfis constantes nos Supermercados e Hipermercados [21]. ....................... 33

    Tabela 2.9 Perfis de utilizao nos Supermercados e Hipermercados [21]. ..................... 33

    Tabela 2.10 Perfis de utilizao nos Supermercados e Hipermercados [21]. ................... 34

    Tabela 2.11 Perfis variveis de ocupao nos Hipermercados [21]. .............................. 35

    Tabela 2.12 Perfis variveis de ocupao nos Supermercados [21]. .............................. 35

    Tabela 2.13 Perfis variveis de equipamentos nos Hipermercados [21]. ........................ 36

    Tabela 2.14 Perfis variveis de equipamentos nos Supermercados [21]. ........................ 37

    Tabela 2.15 Perfis variveis de iluminao nos Hipermercados [21]. ............................ 38

    Tabela 2.16 Perfis variveis de iluminao nos Supermercados [21]. ............................ 38

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    Tabela 3.1 Coeficientes de transmisso trmica de vos envidraados verticais comcaixilharia metlica sem corte trmico. .......................................................... 48

    Tabela 3.2 Caudais mnimos de ar novo. .............................................................. 51

    Tabela 4.1 Caractersticas da Zona Climtica. ....................................................... 54

    Tabela 4.2 Resumo da Iluminao Interior. ........................................................... 55

    Tabela 4.3 Resumo da Iluminao Exterior. .......................................................... 55

    Tabela 4.4 Potncia mdia diria medida. ............................................................ 58

    Tabela 4.5 Consumo anual estimado. .................................................................. 58

    Tabela 4.6 Resultados de consumos desagregados da simulao real do supermercado. .... 59

    Tabela 4.7 Consumos no contabilizados na simulao real. ...................................... 61

    Tabela 4.8 Oscilao entre os resultados da simulao real e as faturas. ...................... 61

    Tabela 4.9 Resultados obtidos no Energy Plusreferentes simulao nominal. ............... 62

    Tabela 4.10 Consumos no contabilizados na simulao nominal. ............................... 63

    Tabela 4.11 Determinao do fator de forma do supermercado. ................................. 64

    Tabela 4.12 Fatores de correo do supermercado. ................................................ 65

    Tabela 4.13 Determinao dos consumos do espao complementar Armazm. ................ 66

    Tabela 4.14 IEE Nominal do espao complementar Armazm. .................................... 66

    Tabela 4.15 Determinao do IEE Nominal ponderado referente tipologiaSupermercado. ........................................................................................ 67

    Tabela 4.16 Consumos da tipologia supermercado. ................................................. 69

    Tabela 4.17 Indicadores de eficincia energtica. .................................................. 69

    Tabela 4.18 Quadro resumo. ............................................................................. 70

    Tabela 4.19 Valores ponderados do edifcio. ......................................................... 70

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    Abreviaturas e Smbolos

    Lista de abreviaturas

    ADENE Agncia para a Energia

    AQS guas Quentes Sanitrias

    AVAC Aquecimento, Ventilao e Ar Condicionado

    CE Certificado Energtico

    DCR Declarao de Conformidade Regulamentar

    DGEG Direco Geral de Energia e Geologia

    GEE Gases de Efeito Estufa

    GTP Green Tax Package

    IEE Indicador de Eficincia Energtica

    PRE Plano de Racionalizao EnergticaRCCTE Regulamento das Caractersticas de Comportamento Trmico dos Edifcios

    RSECE Regulamento dos Sistemas Energticos de Climatizao em Edifcios

    SCE Sistema Nacional de Certificao Energtica e da Qualidade do Ar Interior

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    Captulo 1

    Introduo

    1.1.Alteraes Climticas

    As alteraes climticas so uma das principais ameaas ambientais, sociais e econmicas

    que enfrentamos atualmente [1,2]. A atividade humana uma das causas destas alteraes e

    o esforo coletivo global que vem sendo feito ao longo dos anos no o suficiente para

    manter os Gases de Efeito Estufa (GEE) em nveis seguros, sendo a sua concentrao uma das

    principais causas para o aquecimento global [1]. Os principais gases, segundo a National

    Aeronautics and Space Administration (NASA) [1], que contribuem para o efeito estufa so:

    Vapor de gua: o mais abundante dos GEE. O vapor de gua aumenta com o

    aquecimento da atmosfera, aumentando tambm a possibilidade de formao de

    nuvens e precipitao, sendo estas um dos principais mecanismos de feedback do

    efeito estufa.

    Dixido de Carbono (CO2): libertado atravs de processos naturais tais como a

    respirao e erupes vulcnicas, mas tambm atravs da atividade humana como a

    desflorestao ou queima de combustveis fsseis. o mais importante dos gases de

    longa durao.

    Metano: Um hidrocarboneto produzido por processos naturais, assim como pela

    atividade humana como a agricultura, cultivo de arroz, digesto de animais de

    espcie ruminante, entre outros. O metano um GEE mais ativo que o dixido de

    carbono, mas existe em quantidades muito mais reduzidas na atmosfera.

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    2 Introduo

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    xido Nitroso: GEE produzido pelo cultivo dos solos, especialmente pelo uso de

    fertilizantes, combusto de combustveis fsseis, produo de cido ntrico e queima

    de biomassa.

    Clorofluorcarboneto (CFC): Compostos sintticos de origem industrial usados nasmais variadas aplicaes. Para alm de provocarem o efeito estufa, estes gases

    tambm so responsveis pela destruio da camada de ozono, estando a sua

    produo fortemente regulada devido a esse facto.

    Estes gases podem refletir ou absorver calor, quer emitido pelo Sol, quer pela Terra. O

    efeito estufa essencial para a existncia de vida no planeta, pelo que a ausncia de GEE

    levaria a temperaturas cerca de 33C mais baixas. O excesso de concentrao de GEE o

    verdadeiro problema [2]. A concentrao de GEE, com o CO2 em particular destaque, estdiretamente ligada com o aumento da temperatura mdia global, e ambas tm crescido a um

    ritmo praticamente constante, desde os tempos da Revoluo Industrial.

    Figura 1.1 - Aumento da temperatura na superfcie terrestre, relativamente temperatura

    mdia entre 1950 e 1980 [1].

    Comparando a Figura 1.1 com a Figura 1.2, visvel a relao entre o aumento da

    temperatura e a concentrao de CO2na atmosfera, atingindo atualmente valores acima dos

    recordes histricos.

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    Alteraes Climticas 3

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    Figura 1.2 - Evoluo das concentraes de CO2ao longo dos anos [1].

    A temperatura mdia da superfcie terrestre subiu cerca de (0,74 0,18)C desde osfinais do sculo XIX [3].Em Portugal, segundo a Figura 1.3, entre 1900 e 2009 verificou-se um

    aumento mdio de 1,43C [4].

    Figura 1.3 - Variao mensal da temperatura em Portugal entre 1900 e 2009 [4].

    Seguindo a tendncia do aumento da temperatura, espera-se que a temperatura

    mdia global aumente entre 1,8C e 4C at ao ano 2100 se nada for feito. Este aumento traz

    consigo consequncias gravssimas nos mais variados aspectos [5]:

    Agricultura: maior necessidade de irrigao; aumento de pestes e ervas daninhas;

    alteraes das reas de cultivo;

    Biodiversidade: extino de algumas espcies de plantas e animais; perca de

    habitats naturais, destruio de vida marinha;

    Fenmenos naturais extremos: vagas de calor e secas prolongadas; aumento decheias; tufes, tornados e tempestades cada vez mais violentas;

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    4 Introduo

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    Recursos de gua: Alteraes na disponibilidade de gua e diminuio da sua

    qualidade; aumento de secas e cheias;

    Florestas:alterao na localizao e composio das florestas; desaparecimento de

    algumas florestas; aumento de incndios; destruio de habitats naturais;

    Nvel do mar e zonas costeiras: aumento do nvel do mar; inundao de cidadescosteiras, ilhas, esturios costeiros, pntanos e corais; eroso nas praias;

    Populao Humana: aumento da mortalidade devido ao calor e doena; mais

    refugiados ambientais; aumento de migrao; propagao de doenas tropicais para

    zonas temperadas; aumento de doenas respiratrias; aumento de poluio martima

    derivada de inundaes costeiras.

    O protocolo de Quioto veio impor uma reduo nos nveis de emisso de GEE,

    podendo os pases que no atinjam as metas previstas incorrer em pesadas coimas.

    Tabela 1.1 - Emisses de CO2 dos estados membros da Unio Europeia (megatoneladasequivalentes de CO2) [6].

    De acordo com dados provisrios avanados pela Agncia Europeia do Ambiente,

    Portugal emitiu 74,9 megatoneladas equivalentes de CO 2 em 2010, encontrando-se 3,23%

    abaixo do objectivo estabelecido pelo Protocolo de Quioto [7].

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    Consumo Energtico em Portugal 5

    5

    1.2.Consumo Energtico em Portugal

    Portugal sofre de uma elevada dependncia energtica do exterior (Figura 1.4),

    principalmente no que diz respeito s importaes de fontes primrias de origem fssil por

    ser um pas com escassos recursos energticos endgenos, como o petrleo, o carvo e o gs.Apesar da taxa de dependncia energtica ter vindo a decrescer desde 2005 (89%), continua

    em valores muito elevados (76,7% em 2010) [8]. A escassez de recursos fsseis obriga a uma

    contnua aposta nas fontes de energias renovveis, como a hdrica, elica, solar, geotrmica,

    biomassa [8].

    Figura 1.4 Variao da taxa de dependncia energtica entre 2000 e 2010 [8].

    A Figura 1.4 mostra que desde 2005 a taxa de dependncia energtica tem vindo a

    decrescer. Podemos fazer uma anlise comparativa com a Figura 1.5, onde exibida a

    evoluo do consumo de energia primria em Portugal.

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    6 Introduo

    6

    Figura 1.5 Evoluo do Consumo de Energia Primria em Portugal [8].

    Desde 2005 que o consumo de petrleo tem vindo a decrescer, apesar de ainda ser a

    energia primria mais significativa, representando 49.1% do consumo total de energia

    primria em 2010. Esse decrscimo contrabalanado, embora no de forma to

    significativa, com um aumento do contributo das energias renovveis (24,1% em 2010) e do

    gs natural (19,7%), sendo este o principal agente na reduo da dependncia exterior em

    relao ao petrleo, como podemos observar na Figura 1.5, contribuindo para diversificar a

    estrutura da oferta de energia [8].

    A intensidade energtica um indicador de eficincia energtica que traduz a incidncia

    do consumo de energia final sobre o PIB (Produto Interno Bruto). Isto , quanto menor for a

    intensidade energtica, maior a eficincia energtica de uma economia ou produto [9].

    Figura 1.6 Intensidade Energtica de Portugal e mdia europeia [10].

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    Consumo Energtico em Portugal 7

    7

    A intensidade energtica em Portugal, em 1997, era de 138 tep1por milho de euros de

    PIB, ou seja, para produzir um milho de euros de PIB, era necessrio incorporar mais de 11

    toneladas equivalentes de petrleo do que a mdia europeia (ver Figura 1.6). At 2005 a

    divergncia entre a intensidade energtica portuguesa e a da mdia europeia atingiu o valor

    de 28 toneladas equivalentes de petrleo. Observa-se na Figura 1.6, no entanto, uma

    inverso na tendncia entre 2005 e 2007, resultado da diminuio do consumo de energia

    final observado durante esse perodo (Figura 1.5) e do aumento do PIB [11].

    Em 2010 a energia final consumida em Portugal atingiu o valor de 17276 ktep,

    verificando-se uma reduo de 1,3% face ao ano anterior. Desagregando esta reduo de

    consumos, verificamos que se registou um decrscimo de 2,7% relativamente ao consumo de

    petrleo, um aumento de 4,1% em electricidade e de 5,3% de gs natural.

    Analisando o consumo de energia final por setor de atividade verifica-se que o principalconsumidor o setor dos Transportes, responsvel por 37,4% do consumo, seguido da

    Indstria com 30,1%, setor Domstico com 17%, Servios com 11,7% e 3,8% nos restantes

    setores, nos quais se inclui a Agricultura, Pescas, Construo e Obras Pblicas (Figura 1.7)

    [8].

    Figura 1.7 Consumo de Energia Final por Setor [8]

    1Toneladas equivalentes de petrleo.

    30.10%37.40%

    17%

    3.80%

    11.70%

    Consumo de Energia Final por Setor em

    2010 (%)

    Indstria

    Transportes

    Domstico

    Outros

    Servios

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    26/105

    8 Introduo

    8

    Os Servios so um setor em que, para alm de um elevado consumo, est associado um

    enorme desperdcio de energia. Segundo a Comisso Europeia tcnica e economicamente

    exequvel poupar pelo menos 20% da energia primria total at 2020, correspondendo a 390

    megatoneladas equivalentes de petrleo (Mtep) por ano. Esta poupana deve-se, em grande

    parte, ao potencial de poupana dos edifcios, residenciais e de servios, com um potencial

    de poupana de 27% e 30% da energia utilizada, respetivamente (Tabela 1.2).

    Tabela 1.2 - Estimativas do potencial de poupana de energia nos setores utilizadores [12].

    Setor

    Consumo de

    energia em

    2005 (Mtep)

    Consumo de

    energia em 2020

    mantendo o

    status quo(Mtep)

    Potencial de

    poupana de

    energia em

    2020 (Mtep)

    Potencial total

    de poupana

    em 2020 (%)

    (aprox.)

    Famlias

    (residencial)280 338 91 27%

    Edifcios

    comerciais

    (tercirio)

    157 211 63 30%

    Transportes 332 405 105 26%

    Indstria

    transformadora

    297 382 95 25%

    Com base nestas poupanas a Unio Europeia espera diminuir as emisses de CO2em 780

    megatoneladas, relativamente ao cenrio de referncia, valor esse que o dobro das

    redues previstas pelo Protocolo de Quioto.

    1.3.O Setor das Lojas de Retalho Alimentar

    A contribuio do setor dos Servios para a intensidade energtica nacional revela umagrande disparidade da Europa dos 27, verificando-se no perodo 1997-2005 um aumento de

    7.4% em Portugal, contrariando a tendncia europeia, que verificou uma diminuio de 0.1%,

    mais do que qualquer um dos outros setores, sendo de realar que, apesar do peso dos

    Servios na economia portuguesa ser muito semelhante economia europeia, a energia

    consumida por valor acrescentado bruto cerca de um tero [11].

    O setor dos Servios muito diversificado, composto por setores de atividade que vo

    desde a Pequena Loja at um Hipermercado, e mesmo dentro da mesma atividade possvel

    encontrar edifcios eficientes e outros grandes consumidores de energia. Dentro dos servios,

    de realar que os setores de atividade com consumos mais significativos so os

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    27/105

    O Setor das Lojas de Retalho Alimentar 9

    9

    restaurantes, hotis, hipermercados, supermercados, piscinas, hospitais e escritrios, sendo

    que os que apresentam um maior consumo especfico em energia, com cerca de 800 kWh/m 2,

    so os restaurantes, seguidos pelas piscinas e hipermercados, com 460 kWh/m2e 320 kWh/m2

    respetivamente [13].

    i. O Setor do Retalho Alimentar no Panorama Nacional

    Em Portugal, as cinco maiores empresas de retalho alimentar detm uma quota de 64% do

    mercado, sendo os seus principais operadores o grupo Sonae e o grupo Jernimo Martins, com

    as suas marcas principais, Continente e Pingo Doce. Os dois grupos correspondem a uma

    quota total de 37% do mercado de retalho alimentar [14]. Apesar de, em 2010,

    comparativamente com o ano anterior, se verificar uma desacelerao no crescimento do

    parque de lojas deste setor, o aumento continua a ser evidente, registando-se 33 novos

    espaos comerciais pertencentes a empresas de distribuio do top 20 da Associao

    Portuguesa de Empresas de Distribuio [15].

    Figura 1.8 Quotas de mercado de distribuio alimentar em Portugal (2007) [14].

    As principais marcas de distribuio alimentar, para empresas pertencentes Associao

    Portuguesa de Empresas de Distribuio, detinham, em 2010, 1315 lojas, o que corresponde a

    um crescimento de cerca de 3% face ao ano anterior [15].

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    28/105

    10 Introduo

    10

    1.4.Certificao Energtica

    De acordo com a Diretiva n. 2002/91/CE, relativa ao desempenho energtico dos

    edifcios, foi estabelecido que os pases membros da Unio Europeia devem implementar um

    sistema de certificao energtica capaz de informar o cidado da qualidade trmica dosedifcios aquando da sua construo ou transao (venda ou arrendamento), exigindo que os

    edifcios pblicos sejam tambm abrangidos pelo sistema. A certificao energtica permite

    obter informao sobre potenciais consumos, no caso de edifcios novos ou sujeitos a grandes

    obras de reabilitao, dos seus consumos reais ou previstos, de acordo com padres de

    utilizao tpicos para cada tipo de setor de atividade. Os custos energticos passam assim a

    ser um dos principais aspetos que caracterizam os edifcios. No caso dos edifcios existentes,

    a certificao energtica destina-se a informar o utente das possveis medidas de melhoria

    aplicveis, com viabilidade econmica, de modo a reduzir os consumos energticos e

    melhorar a classe de eficincia energtica do edifcio [16].

    Em 2006 esta diretiva foi transposta para a ordem jurdica nacional atravs de um pacote

    legislativo composto por trs pilares sobre os quais assenta a nova legislao relativa

    qualidade trmica dos edifcios em Portugal, sendo eles o Sistema Nacional de Certificao

    Energtica e da Qualidade do Ar Interior nos Edifcios (SCE), o Regulamento das

    Caractersticas de Comportamento Trmico dos Edifcios (RCCTE) e o Regulamento dos

    Sistemas Energticos de Climatizao dos Edifcios (RSECE).

    i. Sistema Nacional de Certificao Energtica e da Qualidade do ArInterior

    O Sistema Nacional de Certificao Energtica e da Qualidade do Ar Interior, Decreto-Lei

    n. 78/2006, tem como objectivo:

    a) Assegurar a aplicao regulamentar, nomeadamente no que respeita s condies de

    eficincia energtica, utilizao de sistemas de energias renovveis e, ainda, s

    condies de garantia da qualidade do ar interior, de acordo com as exigncias e

    disposies contidas no RCCTE e no RSECE;

    b) Certificar o desempenho energtico e a qualidade do ar interior nos edifcios;

    c) Identificar as medidas correctivas ou de melhoria de desempenho aplicveis aos

    edifcios e respetivos sistemas energticos, nomeadamente caldeiras e equipamentos

    de ar condicionado, quer no que respeita ao desempenho energtico, quer no que

    respeita qualidade do ar interior.

    Por este regulamento esto abrangidos todos os edifcios, novos ou existentes, sujeitos a

    grandes intervenes de reabilitao, nos termos do RSECE e do RCCTE, edifcios de servios

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    29/105

    O Certificado Energtico 11

    11

    existentes, sujeitos a auditorias peridicas, conforme especificado no RSECE, e edifcios

    existentes, para habitao e para servios, aquando da transao do imvel, quer por venda

    como por locao [17].

    ii. Regulamento dos Sistemas Energticos de Climatizao dos Edifcios(RSECE)

    O RSECE vem definir um conjunto de requisitos, aplicveis a edifcios de servios e de

    habitao dotados de sistemas de climatizao, que abrangem tanto a eficincia e

    manuteno dos sistemas, como a qualidade da envolvente e a limitao dos consumos

    energticos. tambm obrigatria a realizao de auditorias peridicas aos edifcios de

    servios. A qualidade do ar interior tambm abrangida por requisitos que abrangem as taxas

    de renovao do ar interior e a concentrao mxima dos principais poluentes [18].

    iii. Regulamento das Caratersticas de Comportamento Trmico dosEdifcios (RCCTE)

    O RCCTE vem estabelecer requisitos de qualidade para os novos edifcios de habitao e

    de pequenos servios sem sistemas de climatizao, nomeadamente ao nvel das

    caratersticas da envolvente, limitando as perdas trmicas e controlando os ganhos solares

    excessivos. Este regulamento impe, tambm, limites aos consumos energticos da habitao

    para climatizao e produo de guas quentes, de modo a incentivar a implantao de

    fontes de energia com menor impacto em termos ambientais. A utilizao de fontes de

    energia renovvel valorizada pelo regulamento, sendo obrigatria a instalao de

    colectores solares trmicos em novos edifcios de habitao, ou aqueles sujeitos a grande

    reabilitao, estando os edifcios existentes isentos [18].

    1.4.1.O Certificado Energtico

    O certificado energtico serve para informar os consumidores sobre as condies trmicasdo edifcio, permitindo essa anlise que o consumidor faa uma comparao objectiva entre

    as diversas opes do mercado, atravs de uma avaliao do tipo custo/benefcio (no caso de

    se tratar de uma transao de imvel). No entanto o objetivo da certificao energtica vai

    alm da atribuio de uma classe de eficincia aos edifcios. So tambm includas no

    certificado recomendaes sobre medidas de melhoria com viabilidade econmica que

    permitam que seja atingido um melhor desempenho energtico dos edifcios. No caso de

    edifcios existentes, a identificao e estudo de medidas de melhoria so obrigatrios, com

    base na metodologia definida no Anexo IX do Despacho 11020/2009 Nota Tcnica NT-SCE-01[19].

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    30/105

    12 Introduo

    12

    Numa vertente econmica, a certificao energtica serve tambm para promover a

    reabilitao dos edifcios mais antigos e o investimento em solues tcnicas que sejam

    favorveis melhoria da qualidade trmica e energtica dos edifcios. Num contexto

    ambiental, pretende-se que o certificado energtico sirva para aumentar a eficincia mdia

    do setor dos edifcios, reduzindo a dependncia externa da Unio Europeia, contribuindo para

    o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Protocolo de Quioto [10].

    Existem diversas entidades intervenientes num processo de certificao. A Direco Geral

    de Energia e Geologia (DGEG) e a Agncia Portuguesa do Ambiente (APA) so as entidades

    supervisoras. A Agncia para a Energia (ADENE) a Entidade Gestora. A Ordem dos

    Engenheiros (OE), Ordem dos Arquitectos (OA) e a Ordem dos Engenheiros Tcnicos (OET) so

    as entidades que reconhecem os Peritos Qualificados (PQ) responsveis pelo processo de

    certificao, tendo estes, obrigatoriamente, que pertencer a uma destas entidades para o

    exerccio da sua funo. A fiscalizao da responsabilidade da ADENE, atravs dasubcontratao de entidades pblicas ou privadas [10].

    1.5.Motivao e Objectivos da Dissertao

    Nos ltimos tempos temos verificado um crescimento no nmero de superfcies de retalho

    alimentar em Portugal. Este crescimento verificado no apenas nas principais empresas de

    distribuio alimentar mas tambm em outras de menor expresso nacional que tm surgido

    e crescido ao longo dos ltimos anos. Atravs da mudana de imagem, e aproveitando asituao de crise econmica em que vivemos, cada vez mais surgem promoes, campanhas

    publicitrias e novos formatos de loja que pretendem acompanhar os novos hbitos de

    consumo dos portugueses, que nos ltimos tempos passaram a valorizar, cada vez mais, o

    fator preo e a convenincia/comodidade de ter um supermercado ou hipermercado perto de

    casa. Outro fator diretamente ligado ao crescimento do setor o horrio alargado de

    funcionamento dos hipermercados, originando uma maior fonte de receita. No entanto, a

    legislao em vigor, relativa certificao energtica, no foi atualizada de modo a refletir

    estas mudanas no perodo de funcionamento.

    Com o aumento do volume de negcios est implcito um aumento nos consumos e,

    consequentemente, nas emisses de CO2. necessrio que este consumo seja realizado de

    uma forma eficiente e que o investimento financeiro em medidas de melhoria de eficincia

    energtica seja encarado, no como uma obrigao, mas sim como uma oportunidade de

    reduzir os consumos e consequentemente a factura energtica e a emisso de um dos

    principais gases de efeito estufa que tm vindo a contribuir para o aquecimento global que

    assola o planeta.

    O principal objetivo deste trabalho de dissertao analisar a eficincia energtica das

    lojas de retalho alimentar em Portugal atravs da anlise de uma das tipologias tpicas deste

    setor de atividade, sendo este um dos principais consumidores de energia eltrica.

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    31/105

    Estrutura da Dissertao 13

    13

    Inicialmente sero caracterizadas as vrias tipologias tipo do setor, tanto a nvel de

    consumos energticos, como relativamente aos perfis de utilizao. Atravs desta

    caracterizao ser possvel realizar uma anlise das diferentes tipologias distinguidas na

    legislao em vigor e comparar com os perfis tpicos de utilizao que se encontram

    identificados no Decreto-Lei n. 79/2006. De seguida pretende-se realizar o modelo de

    simulao para um supermercado tpico e determinar a respetiva classe energtica. Com isto

    pretende-se analisar a eficincia de uma loja de retalho padro e determinar quais as

    barreiras e incentivos associados implementao de medidas de eficincia energtica no

    setor.

    1.6.Estrutura da Dissertao

    No segundo captulo analisada a certificao energtica no mbito das lojas de retalho,sendo apresentadas as tipologias tipo distinguidas na legislao em vigor, e feita uma

    anlise comparativa de cada uma das tipologias, tanto a nvel dos principais consumos, como

    do tipo de utilizao.

    No terceiro captulo apresentado o conceito de simulao dinmica e a sua importncia

    no processo de certificao energtica. So tambm apresentados os passos para a

    modelao de um edifcio no software Design Builder.

    No quarto captulo apresentada a caracterizao do edifcio tipo, um supermercado, e

    determinada a sua classe de eficincia energtica atravs dos resultados obtidos pelasimulao dinmica.

    No quinto e ltimo captulo, so identificadas as barreiras associadas implementao de

    eficincia energtica nas lojas de retalho e as limitaes da legislao em vigor, sendo

    apresentadas as concluses retiradas ao longo do trabalho desenvolvido e perspetivas de

    trabalho futuro.

    Em anexo encontram-se as tabelas resumo dos espaos considerados no caso de estudo e

    dos seus consumos, que serviram de auxlio para a determinao da classe de eficincia

    energtica.

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    32/105

    14 Introduo

    14

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    33/105

    Captulo 2

    Certificao Energtica e as Lojas deRetalho

    Neste captulo apresentado o mbito de aplicao do Regulamento dos Sistemas

    Energticos e de Climatizao de Edifcios e indicado como determinada a classificao

    energtica dos edifcios. So tambm apresentadas as duas tipologias de lojas de retalho

    alimentar identificadas no Regulamento, atravs da sua caracterizao e da identificao dos

    seus principais consumos. Finalmente, so apresentados os perfis nominais de ambas as

    tipologias e realizada uma anlise comparativa entre elas.

    2.1.Legislao

    No mbito de aplicao do Regulamento dos Sistemas Energticos e de Climatizao de

    Edifcios (RSECE) necessrio analisar o tipo de edifcio a certificar. De acordo com o n. 1 do

    Artigo 2 do RSECE, este regulamento aplicvel a:

    i. Grandes edifcios ou fraces autnomas de servios, sejam eles existentes (projeto

    de licenciamento das instalaes mecnicas de climatizao anterior a 4 de Junho de

    2006) ou novos (projeto de licenciamento das instalaes mecnicas de climatizaoposterior a 4 de Junho de 2006), com uma rea til superior a 1000 m2, ou, no caso de

    edifcios do tipo centros comerciais, supermercados, hipermercados e piscinas

    aquecidas cobertas, com rea superior a 500 m 2(GES);

    ii. Novos pequenos edifcios ou fraes autnomas de servios com sistemas de

    climatizao com potncia instalada superior a 25 kW (PEScC);

    iii. Novos edifcios de habitao ou cada uma das suas fraes autnomas com sistemas

    de climatizao com potncia instalada superior a 25 kW (HcC);

    iv. Novos sistemas de climatizao a instalar em edifcios ou fraces autnomas

    existentes, de servios ou de habitao, com potncia instalada igual ou superior a 25

    kW em qualquer tipologia de edifcios;

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    34/105

    16 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    16

    v. Grandes intervenes (quando o custo da interveno superior a 25% do valor do

    edifcio) de reabilitaes relacionadas com a envolvente, as instalaes mecnicas de

    climatizao ou os demais sistemas energticos dos edifcios de servios;

    vi. Ampliaes dos edifcios existentes em que a interveno no atinja o limiar definido

    para ser considerada um grande interveno de reabilitao.

    Para o processo de certificao de um edifcio de servios necessrio analisar

    previamente um conjunto de aspetos que vo servir para determinar se estamos perante uma

    avaliao no mbito do Regulamento das Caractersticas de Comportamento Trmico dos

    Edifcios (RCCTE) ou do RSECE, e se se tratar de um ou mais certificados energticos (CE) ou

    uma Declarao de Conformidade Regulamentar (DCR) [20]. Na emisso de um certificado

    energtico no mbito do RSECE, os edifcios tm que verificar o cumprimento de uma srie de

    requisitos que se encontram todos identificados no regulamento:

    i. Requisitos energticos;

    ii. Requisitos para a manuteno da qualidade do ar interior;

    iii. Requisitos para a conceo das instalaes mecnicas de climatizao;

    iv. Construo, ensaios e manuteno das instalaes [21].

    2.1.1.Classificao Energtica

    A classe energtica para os edifcios ou fraes de edifcios que sejam objeto de DCR ou

    CE dos Tipos A2ou C3, determinada atravs da razo entre o valor das necessidades anuais

    globais estimadas de energia primria para climatizao e guas quentes sanitrias (Ntc) e o

    valor limite mximo regulamentar para as necessidades anuais globais de energia primria

    para climatizao e guas quentes sanitrias (Nt), ambos em kgep/m2.ano:

    , (2.1)

    Onde:

    NtcNecessidades anuais globais estimadas de energia primria para climatizao e guas

    quentes sanitrias (kgep/m2.ano);

    NtValor limite mximo regulamentar para as necessidades anuais globais de energia

    primria para climatizao e guas quentes sanitrias (kgep/m2.ano).

    2Tipo A Certificado ou DCR a emitir em caso de uma Habitao sem Climatizao (HsC) ou um Pequeno

    Edifcio de Servios sem Climatizao (PESsC)

    3 Tipo C Certificado ou DCR a emitir em caso de uma Habitao com Climatizao)

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    35/105

    Classificao Energtica 17

    17

    Caso se esteja a tratar de um novo edifcio ou uma fraco de um novo edifcio objecto

    de DCR ou CE dos Tipos A ou C, o valor de N tc determinado de acordo com as metodologias

    definidas para o efeito no Decreto-Lei 80/2006 de 4 de Abril, no podendo o valor de R ser

    superior a 1, sendo que nestes casos os valores de N t so determinados de acordo com o

    definido para o efeito no Artigo 15 do mesmo Decreto-Lei. Em edifcios existentes, ou

    fraes de edifcios existentes, objeto de emisso de um CE do Tipo A ou C, a determinao

    do valor de Ntcque ir definir a classificao energtica poder ser efectuada mediante as

    metodologias estabelecidas no Decreto-Lei 80/2006 de 4 de Abril, ou, por opo do perito

    qualificado responsvel pela emisso do certificado, e apenas nos casos em que seja

    aplicvel, de acordo com as simplificaes estabelecidas na Nota Tcnica NT-SCE01. Nestes

    casos, o clculo de Nt ser realizado como nos edifcios novos, tendo em conta eventuais

    adaptaes ou simplificaes previstas na Nota Tcnica NT-SCE01 [19].

    A escala de classificao energtica dos edifcios ou fraces autnomas de edifcios composta por nove classes s quais corresponde um intervalo de valores de R (Tabela 2.1).

    Tabela 2.1 Classes energticas para edifcios do Tipo A ou C.

    Classe Energtica Valor de R

    A+.

    A.

    B.

    B-...C.

    D.

    E.

    F.

    G.

    R 0,25

    0,25 < R 0,50

    0,50 < R 0,75

    0,75 < R 1,001,00 < R 1,50

    1,50 < R 2,00

    2,00 < R 2,50

    2,50 < R 3,00

    R > 3,00

    Para edifcios ou fraes de edifcios novos ou existentes, que sejam objeto de DCR ou CE

    do Tipo B4, como o caso dos edifcios que vamos analisar nesta dissertao, a classe

    energtica determinada com base nas seguintes variveis:

    a) Valor do indicador de eficincia energtica obtido na base dos padres nominais de

    utilizao definidos no Anexo XV do Decreto-Lei 79/2006 de 4 de Abril (IEE nom) e

    calculado de acordo com o previsto no Anexo IX do mesmo decreto;

    b) Valor do indicador de eficincia energtica de referncia para edifcios novos

    (IEEref,novos), conforme definido no Anexo XI do Decreto-Lei 79/2006 de 4 de Abril;

    4Tipo B Certificado ou DCR a emitir em caso de Pequeno Edifcio de Servios com Climatizao (PESsC) ouGrande Edifcio de Servios (GES)

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    36/105

    18 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    18

    c) Valor do parmetro S, conforme definido no Anexo IV do Despacho n. 10250/2008.

    De acordo com estas variveis, a determinao da classe energtica respectiva obtida

    atravs da Tabela 2.2, sendo a classe atribuda aquela que corresponda a uma das condies

    verificadas, numa escala de nove classes possveis.

    Tabela 2.2 Classe energtica para edifcios do Tipo B.

    Edifcios Classe Energtica Condio a Verificar

    Novos

    Exist

    entes

    A+ IEEnom IEEref,novos0,75 x S

    A IEEref,novos0,75 x S < IEEnom IEEref,novos0,50 x S

    B IEEref,novos0,50 x S < IEEnom IEEref,novos0,25 x S

    B- IEEref,novos0,25 x S < IEEnom IEEref,novos

    C IEEref,novos< IEEnom IEEref,novos+ 0,50 x SD IEEref,novos+ 0,50 x S < IEEnom IEEref,novos+ 1,00 x S

    E IEEref,novos+ 1,00 x S < IEEnom IEEref,novos+ 1,50 x S

    F IEEref,novos+ 1,50 x S < IEEnom IEEref,novos+ 2,00 x S

    G IEEref,novos+ 2,00 x S < IEEnom

    Os indicadores de eficincia energtica (IEE) so valores indicativos do consumo

    energtico por unidade de rea de um determinado espao e traduzem uma estimativa da

    energia utilizada para o funcionamento de um edifcio durante um ano tipo, por unidade derea ou por unidade de servio prestado [20]. O IEE calculado a partir dos consumos

    efectivos de energia de um edifcio durante um ano, convertidos para uma base de energia

    primria (kgep) atravs de fatores de converso que dependem da fonte de energia utilizada,

    sendo, no caso da eletricidade, 0.290 kgep/kWh, e 0.086 kgep/kWh no caso de combustveis

    slidos, lquidos e gasosos [21]. O IEE calculado atravs da seguinte frmula:

    , (2.2)

    em que:

    indicador de eficincia energtica (kgep/m2.ano),

    indicador de eficincia energtica de aquecimento (kgep/m2.ano),

    indicador de eficincia energtica de arrefecimento (kgep/m2.ano),

    consumo de energia no ligado aos processos de aquecimento e arrefecimento (kgep/

    ano),

    rea til de pavimento (m2).

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    37/105

    Classificao Energtica 19

    19

    Por sua vez, temos que:

    , (2.3)

    , (2.4)

    Em que:

    Consumo de energia de aquecimento (kgep/ano)

    Fator de correo do consumo de energia de aquecimento

    Consumo de energia de arrefecimento (kgep/ano)

    Fator de correo do consumo de energia de arrefecimento

    Os fatores de correo e so calculados tendo em conta a regio climtica de

    referncia, I1 V1 Norte, 1000 graus dia de aquecimento e 160 dias de durao da estao de

    aquecimento. Estes fatores tm em conta as diferenas de necessidades de aquecimento ou

    arrefecimento derivadas da severidade do clima, corrigidas pelo grau de exigncia na

    qualidade da envolvente aplicvel a cada zona climtica, mesmo que o edifcio no esteja

    sujeito s exigncias do RCCTE [21]. A correo feita da seguinte maneira:

    i. Correo da energia de aquecimento (

    , (2.5)

    Em que:

    - Necessidades mximas de aquecimento permitidas pelo RCCTE, calculadas para o

    edifcio em estudo, como se estivesse localizado na zona de referncia I1-V1 Norte

    (kWh/m2.ano),

    Necessidades mximas de aquecimento permitidas pelo RCCTE, calculadas para o edifcio

    em estudo, na zona onde est localizado o edifcio (kWh/m 2.ano).

    ii. Correo da energia de arrefecimento (

    , (2.6)

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    38/105

    20 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    20

    Em que:

    - Necessidades mximas de arrefecimento permitidas pelo RCCTE, calculadas para o

    edifcio em estudo, como se estivesse localizado na zona de referncia I1 V1 Norte

    (kWh/m2.ano),

    Necessidades mximas de aquecimento permitidas pelo RCCTE, calculadas para o

    edifcio em estudo, na zona onde est localizado o edifcio (kWh/m2.ano) [21].

    O parmetro S corresponde soma dos consumos especficos para aquecimento,

    arrefecimento e iluminao, conforme determinados na simulao dinmica que deu origem

    aos valores limites de referncia para edifcios novos que constam no regulamento. Estes

    valores encontram-se tabelados por tipologia e fazem parte do Anexo IV do Despacho n.

    10250/2008 [22].

    Tabela 2.3 Valores do parmetro S.

    Para efeitos de verificao regulamentar e classificao energtica dos edifcios ou

    fraes de edifcio, existem diferentes tipos de IEE, indicados na Tabela 2.4.

    TipologiaAquecimento +

    Arrefecimento

    S

    Aquecimento

    Hipermercados 58 49

    Supermercados 30 23

    Pequenas Lojas 26 21

    Restaurantes 33 31

    Pronto a Comer 52 31Escritrios 15 12

    EspaoN horas de

    utilizao/diaS

    10 (segunda a sexta) 4

    9 (todos os dias) 5

    > 10 (todos os dias) 66 (segunda a sexta) 58 (segunda a sexta) 9

    6 (todos os dias) 10

    7 (todos os dias) 59 (todos os dias) 7

    Perfil Esttico

    Perfil Dinmico

    Estacionamento

    Cozinhas

    Armazns

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    39/105

    Classificao Energtica 21

    21

    Tabela 2.4 Tipos de Indicador de Eficincia Energtica [20].

    Tipo IEE Designao Como se determina? Para que serve?

    IEEreal,facturas IEE real obtido

    pelas facturas

    Por anlise simples das

    faturas energticas

    (ltimos 3 anos de

    registos), sem correo

    climtica

    Verificao simplificada documprimento do requisito energticoem edifcios existentes e danecessidade ou no de um PRE

    IEEreal,simulao IEE real obtido

    por simulao

    Por simulao

    dinmica, utilizando os

    perfis reais previstos ou

    determinados em

    auditoria, com correo

    climtica

    Para efeitos da1 auditoria deedifcios novos (ao fim do terceiroano de funcionamento)

    Verificao detalhada documprimento do requisito energtico

    em edifcios existentes e danecessidade ou no de um PRE

    IEEnom IEE nominal Por simulao dinmica

    em condies nominais,

    utilizando os perfis

    padro do Anexo XV,

    com correo climtica

    Verificao do cumprimento dorequisito energtico em edifciosnovos

    Classificao energtica do edifcio(tanto novos como existentes)

    Verificao detalhada documprimento do requisito energticoem edifcios existentes e danecessidade ou no de um PRE

    IEEref,novo IEE de referncia

    limite para

    edifcios novos

    Definido no Anexo XI do

    Regulamento

    Verificao do cumprimento dorequisito energtico em edifciosnovos

    Referncia para classificaoenergtica (aplicvel a edifcios novose existentes)

    IEEref,existente IEE de referncia

    limite para

    edifcios

    existentes

    Definido no Anexo X do

    Regulamento

    Verificao simplificada e detalhadado cumprimento do requisitoenergtico em edifcios existentes eda necessidade ou no de um PRE

    Os indicadores de referncia so indicadores definidos no Decreto-Lei n. 79/2006, nos

    Anexos X e XI. No caso dos edifcios existentes, os valores dos IEE de referncia para as

    diferentes tipologias foram obtidos com base em dados estatsticos do consumo de energia em

    edifcios que resultaram de um inqurito promovido pela Direo-Geral de Energia e Geologia

    (DGEG) (Tabela 2.5). No caso de edifcios novos (Tabelas 2.6 e 2.7), o clculo dos IEE de

    referncia para as diferentes tipologias foi resultante de simulaes dinmicas de edifcios,

    que permitiram definir a estrutura dos consumos desagregada pelos usos finais, em funo

    dos padres nominais de referncia de utilizao das diferentes tipologias, que se encontramno Anexo XV do RSECE.

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

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    22 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    22

    Tabela 2.5 Valores limite dos consumos globais especficos de algumas tipologias dosedifcios de servios existentes [21].

    Tabela 2.6 Valores de referncia limite dos consumos nominais especficos de algumastipologias dos novos edifcios de servios [21].

    Tabela 2.7 - Valores de referncia limite dos consumos nominais especficos de algunsespaos complementares dos novos edifcios de servios [21].

    2.2.Plano de Racionalizao Energtica

    O Plano de Racionalizao Energtica (PRE) um conjunto de medidas de racionalizao

    de energia que visam a reduo dos consumos de um edifcio ou os custos de energia do

    mesmo [20]. Ao longo do desenvolvimento de um processo de certificao de um edifcio

    necessrio determinar diversos indicadores de eficincia energtica, conforme foi possvel

    verificar nas seces anteriores. Este processo deve ser feito em paralelo com o estudo do

    Hipermercados 255

    Supermercados 150Pequenas Lojas 75

    Restaurantes 170

    Pronto a Comer 210

    Servios Escritrios 40

    IEE

    (kgep/m2.ano)

    Comercial

    Servio de Refeies

    Tipo de ActividadeTipologia do

    Edifcio

    Aquecimento

    IEE (kgep/m2.ano)

    Hipermercados 110 93

    Supermercados 70 55

    Pequenas Lojas 35 31

    Restaurantes 120 120

    Pronto a Comer 170 159Servios Escritrios 35 30

    IEE (kgep/m2.ano)

    Aquecimento eArrefecimento

    Comercial

    Servio deRefeies

    Tipo deActividade

    Tipologia doEdifcio

    10 horas/dia (segunda a sexta) 12

    9 horas/dia (todos os dias) 15

    10 a 12 horas/dia (todos os dias) 19

    6 horas/dia (segunda a sexta) 121

    8 horas/dia (segunda a sexta) 159

    6 horas/dia (todos os dias) 174

    7 horas/dia (todos os dias) 159 horas/dia (todos os dias) 19

    IEE

    (kgep/m2.ano)

    Estacionamento

    Cozinhas

    Armazns

    Espaos

    Complementares

    Tipo deActividade

    Tipo de Espao Perfil de Utilizao

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    41/105

    Plano de Racionalizao Energtica 23

    23

    edifcio. O fluxograma da Figura 2.1 exemplifica cada etapa do processo de verificao da

    necessidade de elaborao de um PRE.

    Figura 2.1 Fluxograma do processo de verificao da necessidade de Plano deRacionalizao Energtica [20].

    i. Determinao do IEEreal,faturas

    Para a determinao do IEEreal,faturas necessrio conhecer o consumo anual do edifcio

    mediante anlise das suas faturas. Esta verificao no necessita de qualquer processo de

    simulao dos edifcios, sendo apenas necessrio conhecer o seu IEE de referncia de edifcios

    existentes da mesma tipologia [21].

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

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    24 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    24

    (kgep/m2.ano), (2.7)

    Se se verificar que IEEreal,faturas> IEEref,existente, necessrio prosseguir com a verificao.

    Caso contrrio, o edifcio no necessita da elaborao de um Plano de Racionalizao

    Energtica.

    ii. Determinao do IEEreal,simulao

    O IEEreal,simulao obtido atravs da simulao do edifcio nas suas condies reais.

    semelhana do que realizado para a simulao nominal, este indicador determinado

    atravs dos consumos do edifcio e dos fatores de correo de aquecimento e de

    arrefecimento:

    (kgep/m2.ano) , (2.8)

    Verificando-se que IEEreal,simulao> IEEref,existente, continua-se com a verificao. Sendo o

    IEEreal,simulao < IEEref,existente, o edifcio no necessita de um Plano de Racionalizao

    Energtica.

    iii. Determinao do IEEnom

    O IEEnom obtido atravs da simulao do edifcio nas suas condies nominais, seguindo

    todo o processo que ser descrito no Captulo 3 desta dissertao, no caso apresentado.

    Novamente, comparado este valor com o IEE de referncia dos edifcios existentes, e

    verificando-se que IEEnom > IEEref,existente, ento necessrio elaborar um Plano de

    Racionalizao Energtica. Se, por outro lado, o IEEnom < IEEref,existente, no se verificam as

    condies para ser necessrio a sua elaborao.

    2.2.1.Contedo de um Plano de Racionalizao Energtica

    Apesar de, ao contrrio de um Certificado Energtico, no existir um formato pr-

    definido pela DGEG para a elaborao de um Plano de Racionalizao Energtica, h alguns

    aspetos que devem ser considerados [20]:

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    43/105

    Contedo de um Plano de Racionalizao Energtica 25

    25

    i. A submisso do PRE deve ocorrer num prazo de trs meses aps a data da auditoria

    energtica ou da emisso do certificado provisrio com a marca de gua Aguarda

    aprovao de PRE;

    ii. As medidas propostas tm que ter implementao prevista num prazo de trs anos

    aps a auditoria ou emisso do certificado;

    iii. As medidas que apresentem um perodo de retorno simples de menor ou igual a 8

    anos, so de execuo obrigatria.

    A viabilidade econmica das medidas de eficincia energtica, que integram o PRE,

    calculada atravs do Perodo de Retorno Simples (PRS) [21]:

    (anos) , (2.9)

    Em que:

    CaCusto adicional de investimento, calculado pela diferena entre o custo inicial da soluo

    base e o da soluo mais eficiente (euros);

    P1Poupana anual resultante da aplicao da alternativa mais eficiente, estimada com base

    em simulaes anuais do funcionamento do edifcio e dos seus sistemas energticos, em

    funo da sua tipologia e rea til (euros).

    Apesar de no estar definido um formato prprio para o PRE, recomendado que o

    mesmo contenha as seguintes informaes:

    i. Identificao completa do edifcio e a sua localizao;

    ii. Identificao e contactos do proprietrio do edifcio;

    iii. Identificao do perito qualificado que realizou a auditoria;

    iv. Cpia do certificado energtico e da qualidade do ar interior, na verso que indica a

    necessidade de aprovao do PRE;

    v. Cpia do relatrio de auditoria que identificou a necessidade de PRE, com

    identificao do perito qualificado do SCE que realizou o trabalho;

    vi. Medidas de racionalizao propostas com indicao de:

    a. Descrio da medida, com indicao da situao a corrigir e das soluespropostas para o efeito;

    b. Identificao dos trabalhos a realizar, incluindo materiais/equipamentos a

    substituir e/ou instalar;

    c. Prazos de execuo dos trabalhos, incluindo cronograma das actividades a

    serem executadas e respectivo prazo de execuo;

    vii. Identificao do tcnico responsvel pelo funcionamento do edifcio;

    viii. Identificao dos tcnicos de instalao e manuteno de sistemas de climatizao.

  • 7/24/2019 Dissertao_EficienciaEnergticaRetalhoAlimentar

    44/105

    26 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    26

    2.2.2.Exemplos de medidas de racionalizao energtica

    No ato da auditoria, o perito qualificado deve ter em ateno o indicador de eficincia

    energtica de referncia do edifcio que audita e promover medidas que conduzam a uma

    reduo efetiva dos consumos de energia. A ADENE [10], nas suas Perguntas e Respostas [20],

    enumera algumas que recomenda, embora devam ser analisadas caso a caso:

    i. Utilizao de energias renovveis, como o caso da energia solar trmica, para

    produo de guas quentes sanitrias ou para produo de eletricidade;

    ii. Melhorias da envolvente ao nvel do isolamento trmico das paredes e coberturas;

    iii. Melhorias nos vos envidraados em termos de caixilharias, sombreamentos fixos ou

    mveis, protees solares;

    iv. Melhorias ao nvel do isolamento trmico dos equipamentos, depsitos, tubagens e

    condutas;

    v. Recurso a ventilao natural nos perodos favorveis;vi. Controlo de ar novo em funo da ocupao;

    vii. Utilizao de lmpadas de baixo consumo;

    viii. Controlo de iluminao em funo da luz natural e da ocupao;

    ix. Monitorizao de temperaturas, caudais, estados de filtros e de funcionamento de

    equipamentos;

    x. Limitao de temperaturas ambientais interiores a nveis considerados econmicos de

    utilizao;

    xi. Reduo dos perodos de funcionamento das instalaes de produo de frio ou calor,

    sem inibio do sistema de ventilao;

    xii. Reduo dos consumos eltricos associados aos equipamentos com maior utilizao.

    2.3.Caracterizao das Lojas de Retalho

    O setor das Lojas de Retalho alimentar, apesar de servir o mesmo propsito, tem algumas

    diferenas entre as tipologias existentes, hipermercados e supermercados, que no se resume

    somente rea dos edifcios. Neste ponto iremos apresentar essas diferenas, quer em

    termos de legislao associada certificao energtica, quer em termos de estrutura dos

    mesmos.

    2.3.1.Tipologias de Lojas de Retalho Alimentar

    O setor das Lojas de Retalho distinguido, em termos do RSECE, em duas tipologias

    distintas: Supermercados e Hipermercados (Figuras 2.2 e 2.3, respectivamente). Segundo o

    Decreto-Lei n. 21/2009, o formato de estabelecimento do ramo alimentar ou misto

    determinado de acordo com a rea de vendas, sendo que:

    i. Para uma rea de vendas inferior a 400 m 2- minimercado ou pequeno supermercado;

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    45/105

    Tipologias de Lojas de Retalho Alimentar 27

    27

    ii. Para uma rea de vendas igual ou maior que 400 m2 e menor que 2000 m2

    supermercado;

    iii. Para uma rea de vendas igual ou maior que 2000 m2hipermercado [23].

    No entanto, nos termos do RSECE, no existe a tipologia minimercado ou pequeno

    supermercado, estando estes abrangidos pela tipologia supermercado. Em ambos os casos,

    supermercados e hipermercados, so considerados lojas de retalho de livre servio, em que os

    clientes fazem as suas compras individualmente sem necessitar do auxlio de um funcionrio

    da loja, excepto em situaes de atendimento nas zonas de produtos perecveis, como o

    talho, charcutaria, take away, peixaria, caf e tambm no acto de pagamento.

    Os supermercados so caracterizados por ter uma rea compreendida entre os 400 m2e os

    2000 m2, dispem de uma grande variedade de produtos (alimentar, limpeza e higiene) a

    preos competitivos, e encontram-se localizados dentro das cidades e ao alcance rpido dos

    seus clientes. Os hipermercados so lojas mais complexas que os supermercados, semelhantes

    no tipo de servio que prestam, mas com algumas diferenas:

    i. rea de vendas superior a 2000 m2;

    ii. Situados na periferia das cidades;

    iii. Abrangem todo o tipo de clientes;

    iv. Praticam uma poltica de preos baixos;

    v. Dispem de uma grande oferta de produtos (alimentares e no alimentares), quer em

    termos de diversidade como de variedade;vi. Facilidades de parqueamento automvel;

    vii. Podem incluir lojas de retalho especializado (equipamento e vesturio desportivo,

    eletrodomsticos e eletrnica de consumo, equipamento informtico, vesturio,

    construo, bricolage, etc.);

    viii. Horrio de funcionamento mais alargado.

    Relativamente constituio dos mesmos, hipermercados e supermercados no diferem

    muito relativamente aos espaos que os constituem, sendo a principal diferena a rea dos

    mesmos. Regra geral so constitudos por rea de vendas livre servio, zonas de atendimentopersonalizado (talho, charcutaria, peixaria), instalaes sanitrias de clientes, instalaes

    sanitrias de funcionrios, vestirios, gabinetes administrativos, gabinete mdico, sala de

    reunies, zonas tcnicas, arrumos, armazm, refeitrio/sala de convvio, circulaes

    (refrigeradas e no refrigeradas), cmaras frigorficas, reas de apoio e preparao

    (refrigeradas e no refrigeradas), casa das mquinas e central de frio. Nos hipermercados

    tambm usual haver portaria, sala de seguranas e salas de formao.

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    46/105

    28 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    28

    Figura 2.2 Exemplo de Supermercado.

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    47/105

    Outras Tipologias 29

    29

    Figura 2.3 Exemplo de Hipermercado.

    2.3.1.1.Outras Tipologias

    Os hipermercados geralmente so compostos por diversos espaos de tipologias

    diferentes, como o caso do hipermercado-tipo analisado na presente dissertao. Nestescasos so assumidas outras tipologias para alm da tipologia hipermercado, como por

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    48/105

    30 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    30

    exemplo escritrios, pequenas lojas e pronto a comer, cada uma com os seus prprios perfis

    nominais, definidos no Decreto-Lei n. 79/2006.

    2.3.2.Desagregao dos Principais Consumos Energticos

    Normalmente os supermercados e hipermercados dispem de um sistema de

    Aquecimento, Ventilao e Ar Condicionado (AVAC). Neste aspecto, ambas as tipologias so

    constitudas por algumas zonas climatizadas, nomeadamente a rea de vendas, alguns

    gabinetes e refeitrio/sala de convvio. A climatizao normalmente assegurada por

    unidades do tipo mono-split ou multi-split, no caso dos gabinetes e refeitrio/sala de

    convvio, e por unidades de Volume de Refrigerante Varivel (VRV) ou do tipo Roof-Top para a

    rea de vendas. O ar novo introduzido nos edifcios normalmente proveniente de unidades

    recuperadoras de calor ou de unidades de tratamento de ar novo. Existem ainda diversos

    ventiladores de insuflao e extrao que asseguram a circulao do ar. As zonas de

    preparao da padaria e charcutaria esto dotadas de um hotte a que esto tambm

    associados ventiladores de extrao, devido ao odor derivado dos fornos de preparao de

    produtos, e ventiladores de insuflao para compensao do caudal de ar extrado da diviso

    em que se encontram. A entrada ao pblico est normalmente provida de uma cortina de ar

    que minimiza possveis corrente de ar indesejveis e trocas com ar exterior no tratado.

    Os edifcios so tambm dotados de um sistema de guas Quentes Sanitrias (AQS),

    normalmente compostos por termoacumuladores eltricos, que abastecem de gua quente os

    balnerios dos funcionrios, podendo tambm haver termoacumuladores eltricos associados

    a zonas de lavagem das seces.

    Os supermercados e hipermercados so edifcios dotados de uma elevada concentrao de

    equipamentos de refrigerao, tais como cmaras frigorficas, bancadas frigorficas,

    expositores de refrigerados e de congelados. Para alm da forte concentrao de

    equipamentos, os mesmos necessitam de estar em funcionamento durante todo o dia, de

    modo a manter os produtos frescos ou congelados, conforme o tipo de equipamento. O

    consumo eltrico associado ao sistema de frio do edifcio responsvel por cerca de 50% do

    consumo total de energia eltrica. Em termos de iluminao, as zonas de vendas, acessveisao pblico, so fortemente dotadas de iluminao, com grande foco nas zonas de frutas e

    legumes e nas seces de atendimento ao pblico (talho, peixaria, charcutaria e padaria).

    De uma forma geral, os supermercados e os hipermercados so muito similares em termos

    de desagregao de consumos por tipo, sendo que o sistema de frio o principal consumidor

    de energia eltrica, como pode ser observado nas Figuras 2.4 e 2.5.

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    Desagregao dos Principais Consumos Energticos 31

    31

    Figura 2.4 Desagregao dos principais consumos de um supermercado tipo.

    Figura 2.5 Desagregao dos principais consumos de um hipermercado tipo.

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    32 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    32

    2.3.3.Perfis Nominais das Tipologias Supermercado e Hipermercado

    Segundo o n. 1 do artigo 6 do Decreto-Lei n. 79/2006, os requisitos energticos so

    calculados na base de padres nominais de utilizao dos edifcios. Estes padres podem, no

    entanto, ser modificados a ttulo excecional quando existir a necessidade de solues

    especficas, desde que se explicitem as causas que justifiquem estas alteraes, desde que

    aceites pela entidade licenciadora. Estes parmetros para diferentes tipologias de edifcio

    encontram-se definidos no Anexo XV do regulamento, nomeadamente perfis variveis, perfis

    constantes e densidades de ocupao e equipamentos. A simulao do funcionamento de um

    edifcio de acordo com os padres de referncia resulta num consumo nominal especfico que

    traduz uma estimativa da energia utilizada para o funcionamento de um edifcio durante um

    ano tipo, por unidade de rea ou por unidade de servio prestado [20].

    A utilizao de padres nominais vai facilitar a comparao entre diferentes edifcios da

    mesma tipologia, reduzindo as variveis que os distinguem, permitindo uma anlise

    comparativa entre edifcios do mesmo tipo, baseada nos aspetos tcnicos que se considera

    que mais podem afetar o consumo energtico, como por exemplo as caractersticas do

    sistema de climatizao, a densidade de iluminao, as caractersticas trmicas da

    envolvente, etc. [20].

    Os perfis variveis encontram-se distinguidos entre Ocupao, Iluminao e Equipamento.

    Os valores da densidade de ocupao e de equipamento so os definidos em Decreto-Lei,

    iguais para todos os espaos considerados teis, enquanto os valores das densidades de

    iluminao so os reais, determinados aquando da auditoria energtica realizada no local,diferentes de espao para espao. A estes perfis variveis esto associados os padres de

    referncia que se encontram divididos em intervalos de uma hora e diferenciados em trs

    perodos distintos, sendo eles:

    i. Segunda a Sexta;

    ii. Sbado;

    iii. Domingo.

    De seguida sero apresentados os perfis nominais para as tipologias supermercado ehipermercado.

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    51/105

    Perfis Constantes 33

    33

    2.3.3.1.Perfis Constantes

    Na Tabela 2.8 esto apresentados os valores das densidades e horas de funcionamento a

    utilizar em ambas as tipologias em anlise. A iluminao exterior no tem uma densidade

    definida visto que no se trata de um espao fechado. Neste ponto apenas usado o valor dapotncia de iluminao exterior instalada no edifcio, determinando o consumo para o

    nmero de horas indicado. Relativamente loja, estipulada uma densidade de 6 W/m 2para

    o sistema de frio, em utilizao durante 6280 horas. Para o clculo do consumo associado ao

    sistema de frio no edifcio considerada apenas a rea til do mesmo. Relativamente aos

    espaos complementares, para ambas as tipologias apenas so considerados os armazns e o

    estacionamento, quando este interior. A densidade de iluminao considerada a

    densidade de iluminao real dos espaos e o nmero de horas de funcionamento o indicado

    na Tabela 2.9, escolhendo o mais aproximado ao real horrio de funcionamento [21].

    Tabela 2.8 Perfis constantes nos Supermercados e Hipermercados [21].

    Tabela 2.9 Perfis de utilizao nos Supermercados e Hipermercados [21].

    Densidade N. Horas

    Iluminao Exterior 5400Loja

    Sistema de Frio 6 W/m2 6280

    Armazns

    Iluminao Anexo XI

    Equipamento 5 W/m2 Anexo XI

    Ventilao 8 W/m2 Anexo XI

    EstacionamentoIluminao Anexo XI

    Equipamento 2 W/m2 Anexo XI

    Ventilao 8 W/m2 Anexo XI

    Tipo de Espao Perfil de Utilizao7 horas/dia (todos os dias)

    9 horas/dia (todos os dias)10 horas/dia (segunda a sexta)

    9 horas/dia (todos os dias)10 a 12 horas/dia (todos os dias)

    Estacionamento

    Armazns

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    52/105

    34 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    34

    2.3.3.2.Perfis Variveis

    Ao contrrio dos perfis constantes, os perfis variveis so distintos para cada uma das

    tipologias. A densidade de iluminao, como nos perfis constantes, a densidade real de

    cada espao. Quanto s densidades de ocupao e equipamento, encontram-se definidos noDecreto-Lei n. 79/2006 os valores indicados na tabela 2.10.

    Tabela 2.10 Perfis de utilizao nos Supermercados e Hipermercados [21].

    Os padres de referncia de ocupao, iluminao e equipamento, so tambm

    diferentes para cada uma das tipologias. importante reter que, data do Decreto-Lei N.

    79/2006, 4 de Abril, a legislao portuguesa no permitia que os hipermercados estivessem

    abertos ao pblico aos domingos e feriados, a partir das 13 horas, como possvel evidenciar

    nos padres de referncia apresentados abaixo.

    i. Ocupao

    Relativamente ocupao, a percentagem de ocupao dos Hipermercados e

    Supermercados apenas diferem nos domingos e feriados. Nos hipermercados, a ocupao

    entre as 13 e as 15 horas devem-se a alguns clientes que finalizam o seu pagamento, e aos

    funcionrios que procedem reposio de produtos nas prateleiras e actividades de limpeza

    da loja, sendo que a partir das 15 horas, a mesma encontra-se vazia. Nos supermercados, o

    mesmo j no sucede, visto que as lojas encontram-se abertas ao pblico durante a tarde,

    sendo este o perodo de maior afluncia, igual, em termos de padro, aos sbados. Para

    qualquer uma das tipologias, o perodo de maior afluncia durante a semana, corresponde

    hora de almoo e ao final da tarde, devem-se maior disponibilidade dos seus clientes a

    essas horas (almoo e ps-laboral).

    Hipermercado Supermercado

    Ocupao 5 m2/Ocupante 5 m2/Ocupante

    Iluminao - -

    Equipamento 13 W/m2 9 W/m2

    Densidades

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    Perfis Variveis 35

    35

    Tabela 2.11 Perfis variveis de ocupao nos Hipermercados [21].

    Tabela 2.12 Perfis variveis de ocupao nos Supermercados [21].

    Horas Segunda a Sexta Sbados Domingos e Feriados0h 1h 0 0 0

    1h s 2h 0 0 0

    2h s 3h 0 0 03h s 4h 0 0 04h s 5h 0 0 05h s 6h 0 0 06h s 7h 10 10 57h s 8h 15 15 158h s 9h 35 35 90

    9h s 10h 50 50 9510h s 11h 65 70 10011h s 12h 75 85 10012h s 13h 95 95 8513h s 14h 95 100 3514h s 15h 75 100 5

    15h s 16h 60 100 016h s 17h 60 100 017h s 18h 80 100 018h s 19h 95 100 019h s 20h 100 95 020h s 21h 100 80 021h s 22h 100 65 022h s 23h 75 20 023h s 24h 30 10 0

    % de Ocupao

    Horas Segunda a Sexta Sbados Domingos e Feriados0h 1h 0 0 0

    1h s 2h 0 0 02h s 3h 0 0 03h s 4h 0 0 04h s 5h 0 0 05h s 6h 0 0 06h s 7h 10 10 107h s 8h 15 15 158h s 9h 35 35 35

    9h s 10h 50 50 5010h s 11h 65 70 70

    11h s 12h 75 85 8512h s 13h 95 95 9513h s 14h 95 100 10014h s 15h 75 100 10015h s 16h 60 100 10016h s 17h 60 100 10017h s 18h 80 100 10018h s 19h 95 100 10019h s 20h 100 95 9520h s 21h 100 80 8021h s 22h 100 65 6522h s 23h 75 20 2023h s 24h 30 10 10

    % de Ocupao

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    36 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    36

    ii. Equipamentos

    Quanto aos equipamentos, o mesmo acontece nos hipermercados aos domingos e

    feriados, aps as 13 horas. Embora a percentagem de equipamentos no seja nula, como

    acontece com a percentagem de ocupao, o seu valor muito inferior ao observado para os

    restantes dias da semana. Para os restantes perodos, o perfil exactamente igual, para

    qualquer das tipologias, independentemente do dia. observvel que os perodos que

    antecedem a abertura das lojas so onde se verificam os valores mais elevados, pois

    corresponde ao perodo em que so preparados os produtos perecveis para exposio, ou, por

    exemplo, confecionado o po dirio. Devido maior densidade de equipamentos nos

    hipermercados, um mesmo perfil vai resultar em maiores consumos.

    Tabela 2.13 Perfis variveis de equipamentos nos Hipermercados [21].

    Horas Segunda a Sexta Sbados Domingos e Feriados0h 1h 15 15 15

    1h s 2h 15 15 152h s 3h 15 15 153h s 4h 15 15 154h s 5h 15 15 155h s 6h 90 90 906h s 7h 100 100 100

    7h s 8h 85 85 858h s 9h 95 95 95

    9h s 10h 65 65 6510h s 11h 75 75 7511h s 12h 70 70 7012h s 13h 40 40 4013h s 14h 45 45 1514h s 15h 45 45 1515h s 16h 45 45 1516h s 17h 60 60 1517h s 18h 55 55 1518h s 19h 45 45 1519h s 20h 50 50 1520h s 21h 45 45 1521h s 22h 40 40 1522h s 23h 35 35 1523h s 24h 35 35 15

    % de Equipamento

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    Perfis Variveis 37

    37

    Tabela 2.14 Perfis variveis de equipamentos nos Supermercados [21].

    iii. Iluminao

    Na iluminao acontece o mesmo que nos equipamentos. Verifica-se um decrscimo na

    iluminao aps as 13 horas, nos hipermercados, aos domingos e feriados, sendo que nos

    restantes perodos no h qualquer distino, quer entre tipologias, quer entre cada dia. A

    utilizao de iluminao numa superfcie de venda a retalho bastante uniforme ao longo do

    perodo de abertura ao pblico, pretendendo-se que os espaos e os produtos se mantenham

    bem iluminados.

    Horas Segunda a Sexta Sbados Domingos e Feriados0h 1h 15 15 15

    1h s 2h 15 15 15

    2h s 3h 15 15 153h s 4h 15 15 154h s 5h 15 15 155h s 6h 95 95 956h s 7h 100 100 1007h s 8h 85 85 858h s 9h 95 95 95

    9h s 10h 65 65 6510h s 11h 75 75 7511h s 12h 70 70 7012h s 13h 40 40 4013h s 14h 45 45 4514h s 15h 45 45 4515h s 16h 45 45 4516h s 17h 60 60 6017h s 18h 55 55 5518h s 19h 45 45 4519h s 20h 50 50 5020h s 21h 45 45 4521h s 22h 40 40 4022h s 23h 15 15 1523h s 24h 15 15 15

    % de Equipamento

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    38 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    38

    Tabela 2.15 Perfis variveis de iluminao nos Hipermercados [21].

    Tabela 2.16 Perfis variveis de iluminao nos Supermercados [21].

    Horas Segunda a Sexta Sbados Domingos e Feriados0h 1h 15 15 15

    1h s 2h 15 15 152h s 3h 15 15 153h s 4h 15 15 154h s 5h 15 15 155h s 6h 15 15 156h s 7h 70 70 707h s 8h 75 75 758h s 9h 90 90 90

    9h s 10h 90 90 9010h s 11h 90 90 9011h s 12h 90 90 9012h s 13h 90 90 9013h s 14h 90 90 9014h s 15h 90 90 1515h s 16h 90 90 1516h s 17h 90 90 1517h s 18h 90 90 1518h s 19h 100 100 1519h s 20h 100 100 1520h s 21h 100 100 1521h s 22h 100 100 1522h s 23h 100 100 1523h s 24h 15 15 15

    % de Iluminao

    Horas Segunda a Sexta Sbados Domingos e Feriados0h 1h 15 15 15

    1h s 2h 15 15 152h s 3h 15 15 153h s 4h 15 15 154h s 5h 15 15 155h s 6h 15 15 156h s 7h 35 35 357h s 8h 70 70 708h s 9h 75 75 75

    9h s 10h 90 90 9010h s 11h 90 90 9011h s 12h 90 90 9012h s 13h 90 90 9013h s 14h 90 90 9014h s 15h 90 90 9015h s 16h 90 90 9016h s 17h 90 90 9017h s 18h 90 90 9018h s 19h 100 100 10019h s 20h 100 100 10020h s 21h 100 100 10021h s 22h 100 100 10022h s 23h 15 15 1523h s 24h 15 15 15

    % de Iluminao

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    Resumo 39

    39

    2.4.Resumo

    Concluindo, relativamente aos perfis utilizados na certificao energtica, no h grande

    distino entre os supermercados e os hipermercados. Quanto aos seus consumos,

    conseguimos perceber que o sistema de frio e a iluminao so, de facto, as principais fontesde consumo de energia eltrica de uma loja de retalho, independentemente da tipologia da

    mesma. O sistema de frio pela constante necessidade de manter as cmaras frigorficas e

    expositores refrigerados a uma temperatura constante de conservao, sendo isto mais

    evidente nos hipermercados, em que a quantidade de cmaras frigorficas e expositores

    refrigerados superior, assim como a densidade de ocupao da zona de vendas, dado o

    maior nmero de clientes, o que leva a que haja mais produtos a serem retirados e repostos

    nos expositores refrigerados (e consequentemente das cmaras frigorficas), originando

    diferenas de temperatura que tm que ser repostas o mais rapidamente possvel. Analisando

    os perfis de iluminao, tambm percetvel que a iluminao uma fatia importante do

    bolo, visto que se encontra praticamente em utilizao mxima durante o horrio de

    funcionamento dos espaos.

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    40 Certificao Energtica e as Lojas de Retalho

    40

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    Captulo 3

    Simulao Dinmica e Caracterizao de

    Supermercado Tipo

    Neste captulo sero identificados os procedimentos que antecedem o processo da

    simulao dinmica de um edifcio e em que que esta consiste, apresentando-se

    posteriormente os passos para a caracterizao do mesmo no software Design Builder.

    3.1.Simulao Dinmica de Edifcios no mbito da CertificaoEnergtica

    A simulao dinmica um mtodo de anlise computacional do perfil e do desempenho

    energtico de edifcios, que permite avaliar, quantitativamente, os seus potenciais consumos

    de energia e dos seus sistemas, para determinadas condies de utilizao e funcionamento.

    Atravs desta simulao possvel determinar as necessidades de aquecimento earrefecimento de um edifcio, os seus ganhos internos provenientes da sua utilizao e dos

    elementos exteriores, perdas pela envolvente, a desagregao de consumos, etc. uma

    ferramenta que permite ensaiar diferentes solues de projeto de iluminao, climatizao

    ou construo, estudar alternativas na operao e gesto de funcionamento do edifcio,

    estudar potenciais medidas de melhoria e, no mbito da certificao energtica, determinar

    o indicador de eficincia energtica [20].

    Previamente simulao dinmica do edifcio necessrio realizar um levantamento de

    campo, do edifcio ou frao, do ponto de vista da envolvente, dos sistemas de aquecimento,

    ventilao e ar condicionado, iluminao e e