DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 588 ESTRATIGRAFIA E …

89
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA E GEOQUÍMICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 588 ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMAÇÃO POTI E RELAÇÕES DE CONTATO COM AS FORMAÇÕES LONGÁ E PIAUÍ, BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAÍBA Dissertação apresentada por: ISABELLA DE FÁTIMA SANTOS DE MIRANDA Orientador: Prof. Dr. Joelson Lima Soares (UFPA) BELÉM-PARÁ 2020

Transcript of DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 588 ESTRATIGRAFIA E …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute INSTITUTO DE GEOCIEcircNCIAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOLOGIA E GEOQUIacuteMICA

DISSERTACcedilAtildeO DE MESTRADO 588

ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMACcedilAtildeO POTI E RELACcedilOtildeES DE CONTATO COM AS FORMACcedilOtildeES

LONGAacute E PIAUIacute BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAIacuteBA

Dissertaccedilatildeo apresentada por ISABELLA DE FAacuteTIMA SANTOS DE MIRANDA Orientador Prof Dr Joelson Lima Soares (UFPA)

BELEacuteM-PARAacute 2020

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP) de acordo com ISBD Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraacute

Gerada automaticamente pelo moacutedulo Ficat mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

M672e Miranda Isabella de Faacutetima Santos de

Estratigrafia e paleoambiente da Formaccedilatildeo Poti e relaccedilotildees de contato com as Formaccedilotildees Longaacute e Piauiacute borda Leste da Bacia do Parnaiacuteba Isabella de Faacutetima Santos de Miranda mdash 2020

xx69 f il color

Orientador(a) Prof Dr Joelson Lima Soares Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 2020

1 Paleoambiente 2 Short-term transgression 3 Bacia do Parnaiacuteba 4

Formaccedilatildeo Poti I Tiacutetulo

CDD 55172

Universidade Federal do Paraacute Instituto de Geociecircncias Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia e Geoquiacutemica

ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMACcedilAtildeO POTI E RELACcedilOtildeES DE CONTATO COM AS FORMACcedilOtildeES

LONGAacute E PIAUIacute BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAIacuteBA

Dissertaccedilatildeo apresentada por

ISABELLA DE FAacuteTIMA SANTOS DE MIRANDA

Como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do Grau de Mestre em Ciecircncias na Aacuterea de GEOLOGIA e Linha de Pesquisa em Anaacutelise de Bacias Sedimentares

Data de Aprovaccedilatildeo 27 07 2020 Banca Examinadora

Prof Dr Joelson Lima Soares (Orientador ndash UFPA)

Profordf Drordf Ana Maria Goacutees (Membro ndash USP)

Prof Dr Joseacute Bandeira Cavalcante Juacutenior

(Membro ndash UFPA)

iv

Ao Grande Arquiteto do Universo

Aos meus pais

v

AGRADECIMENTOS

O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo

dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente

que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma

forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho

Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de

Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia

Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu

pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do

meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo

inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande

irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia

Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila

feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus

avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais

incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a

minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo

Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte

tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e

Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada

Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees

geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e

conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto

Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia

Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de

raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia

Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo

Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao

longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento

especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo

vi

aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as

quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da

Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e

tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo

da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo

vii

ldquoThe truth is out thererdquo

(X-Files)

viii

RESUMO

Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do

Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o

contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de

recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do

Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera

Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em

ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as

sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave

Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os

municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram

descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees

proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os

meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais

e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e

identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas

em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute

composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos

maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar

(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados

em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete

elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de

areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente

deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada

(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)

compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com

paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre

sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo

plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com

recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)

ix

Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com

ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de

fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente

contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a

classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves

associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias

estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos

de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia

tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado

por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um

limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos

depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um

TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial

entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1

(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O

empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de

uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com

pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com

posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos

depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser

interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a

Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva

Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP) de acordo com ISBD Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraacute

Gerada automaticamente pelo moacutedulo Ficat mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

M672e Miranda Isabella de Faacutetima Santos de

Estratigrafia e paleoambiente da Formaccedilatildeo Poti e relaccedilotildees de contato com as Formaccedilotildees Longaacute e Piauiacute borda Leste da Bacia do Parnaiacuteba Isabella de Faacutetima Santos de Miranda mdash 2020

xx69 f il color

Orientador(a) Prof Dr Joelson Lima Soares Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 2020

1 Paleoambiente 2 Short-term transgression 3 Bacia do Parnaiacuteba 4

Formaccedilatildeo Poti I Tiacutetulo

CDD 55172

Universidade Federal do Paraacute Instituto de Geociecircncias Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia e Geoquiacutemica

ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMACcedilAtildeO POTI E RELACcedilOtildeES DE CONTATO COM AS FORMACcedilOtildeES

LONGAacute E PIAUIacute BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAIacuteBA

Dissertaccedilatildeo apresentada por

ISABELLA DE FAacuteTIMA SANTOS DE MIRANDA

Como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do Grau de Mestre em Ciecircncias na Aacuterea de GEOLOGIA e Linha de Pesquisa em Anaacutelise de Bacias Sedimentares

Data de Aprovaccedilatildeo 27 07 2020 Banca Examinadora

Prof Dr Joelson Lima Soares (Orientador ndash UFPA)

Profordf Drordf Ana Maria Goacutees (Membro ndash USP)

Prof Dr Joseacute Bandeira Cavalcante Juacutenior

(Membro ndash UFPA)

iv

Ao Grande Arquiteto do Universo

Aos meus pais

v

AGRADECIMENTOS

O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo

dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente

que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma

forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho

Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de

Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia

Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu

pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do

meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo

inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande

irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia

Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila

feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus

avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais

incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a

minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo

Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte

tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e

Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada

Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees

geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e

conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto

Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia

Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de

raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia

Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo

Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao

longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento

especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo

vi

aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as

quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da

Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e

tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo

da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo

vii

ldquoThe truth is out thererdquo

(X-Files)

viii

RESUMO

Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do

Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o

contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de

recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do

Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera

Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em

ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as

sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave

Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os

municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram

descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees

proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os

meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais

e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e

identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas

em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute

composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos

maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar

(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados

em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete

elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de

areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente

deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada

(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)

compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com

paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre

sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo

plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com

recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)

ix

Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com

ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de

fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente

contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a

classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves

associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias

estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos

de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia

tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado

por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um

limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos

depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um

TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial

entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1

(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O

empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de

uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com

pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com

posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos

depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser

interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a

Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva

Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

Universidade Federal do Paraacute Instituto de Geociecircncias Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia e Geoquiacutemica

ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMACcedilAtildeO POTI E RELACcedilOtildeES DE CONTATO COM AS FORMACcedilOtildeES

LONGAacute E PIAUIacute BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAIacuteBA

Dissertaccedilatildeo apresentada por

ISABELLA DE FAacuteTIMA SANTOS DE MIRANDA

Como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do Grau de Mestre em Ciecircncias na Aacuterea de GEOLOGIA e Linha de Pesquisa em Anaacutelise de Bacias Sedimentares

Data de Aprovaccedilatildeo 27 07 2020 Banca Examinadora

Prof Dr Joelson Lima Soares (Orientador ndash UFPA)

Profordf Drordf Ana Maria Goacutees (Membro ndash USP)

Prof Dr Joseacute Bandeira Cavalcante Juacutenior

(Membro ndash UFPA)

iv

Ao Grande Arquiteto do Universo

Aos meus pais

v

AGRADECIMENTOS

O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo

dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente

que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma

forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho

Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de

Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia

Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu

pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do

meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo

inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande

irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia

Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila

feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus

avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais

incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a

minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo

Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte

tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e

Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada

Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees

geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e

conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto

Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia

Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de

raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia

Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo

Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao

longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento

especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo

vi

aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as

quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da

Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e

tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo

da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo

vii

ldquoThe truth is out thererdquo

(X-Files)

viii

RESUMO

Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do

Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o

contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de

recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do

Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera

Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em

ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as

sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave

Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os

municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram

descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees

proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os

meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais

e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e

identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas

em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute

composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos

maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar

(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados

em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete

elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de

areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente

deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada

(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)

compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com

paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre

sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo

plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com

recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)

ix

Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com

ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de

fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente

contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a

classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves

associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias

estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos

de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia

tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado

por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um

limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos

depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um

TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial

entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1

(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O

empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de

uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com

pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com

posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos

depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser

interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a

Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva

Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

iv

Ao Grande Arquiteto do Universo

Aos meus pais

v

AGRADECIMENTOS

O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo

dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente

que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma

forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho

Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de

Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia

Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu

pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do

meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo

inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande

irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia

Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila

feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus

avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais

incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a

minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo

Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte

tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e

Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada

Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees

geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e

conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto

Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia

Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de

raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia

Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo

Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao

longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento

especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo

vi

aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as

quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da

Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e

tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo

da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo

vii

ldquoThe truth is out thererdquo

(X-Files)

viii

RESUMO

Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do

Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o

contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de

recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do

Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera

Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em

ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as

sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave

Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os

municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram

descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees

proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os

meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais

e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e

identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas

em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute

composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos

maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar

(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados

em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete

elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de

areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente

deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada

(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)

compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com

paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre

sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo

plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com

recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)

ix

Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com

ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de

fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente

contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a

classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves

associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias

estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos

de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia

tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado

por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um

limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos

depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um

TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial

entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1

(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O

empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de

uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com

pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com

posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos

depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser

interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a

Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva

Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

v

AGRADECIMENTOS

O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo

dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente

que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma

forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho

Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de

Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia

Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu

pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do

meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo

inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande

irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia

Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila

feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus

avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais

incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a

minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo

Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte

tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e

Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada

Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees

geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e

conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto

Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia

Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de

raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia

Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo

Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao

longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento

especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo

vi

aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as

quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da

Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e

tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo

da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo

vii

ldquoThe truth is out thererdquo

(X-Files)

viii

RESUMO

Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do

Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o

contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de

recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do

Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera

Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em

ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as

sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave

Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os

municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram

descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees

proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os

meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais

e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e

identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas

em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute

composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos

maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar

(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados

em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete

elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de

areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente

deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada

(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)

compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com

paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre

sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo

plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com

recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)

ix

Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com

ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de

fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente

contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a

classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves

associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias

estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos

de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia

tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado

por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um

limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos

depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um

TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial

entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1

(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O

empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de

uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com

pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com

posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos

depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser

interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a

Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva

Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

vi

aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as

quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo

Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da

Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e

tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo

da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo

vii

ldquoThe truth is out thererdquo

(X-Files)

viii

RESUMO

Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do

Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o

contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de

recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do

Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera

Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em

ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as

sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave

Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os

municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram

descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees

proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os

meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais

e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e

identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas

em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute

composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos

maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar

(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados

em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete

elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de

areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente

deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada

(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)

compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com

paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre

sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo

plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com

recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)

ix

Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com

ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de

fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente

contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a

classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves

associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias

estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos

de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia

tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado

por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um

limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos

depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um

TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial

entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1

(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O

empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de

uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com

pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com

posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos

depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser

interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a

Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva

Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

vii

ldquoThe truth is out thererdquo

(X-Files)

viii

RESUMO

Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do

Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o

contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de

recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do

Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera

Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em

ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as

sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave

Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os

municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram

descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees

proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os

meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais

e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e

identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas

em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute

composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos

maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar

(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados

em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete

elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de

areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente

deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada

(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)

compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com

paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre

sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo

plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com

recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)

ix

Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com

ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de

fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente

contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a

classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves

associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias

estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos

de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia

tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado

por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um

limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos

depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um

TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial

entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1

(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O

empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de

uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com

pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com

posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos

depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser

interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a

Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva

Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

viii

RESUMO

Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do

Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o

contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de

recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do

Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera

Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em

ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as

sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave

Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os

municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram

descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees

proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os

meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais

e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e

identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas

em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute

composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos

maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar

(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados

em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete

elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de

areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente

deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada

(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)

compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com

paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre

sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo

plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com

recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)

ix

Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com

ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de

fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente

contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a

classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves

associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias

estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos

de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia

tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado

por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um

limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos

depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um

TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial

entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1

(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O

empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de

uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com

pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com

posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos

depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser

interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a

Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva

Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

ix

Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com

ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de

fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente

contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a

classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves

associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias

estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos

de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia

tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado

por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um

limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos

depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um

TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial

entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1

(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O

empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de

uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com

pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com

posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos

depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser

interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a

Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva

Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

x

ABSTRACT

Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba

Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the

geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning

of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the

deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the

Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous

Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales

deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the

depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding

to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located

between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine

points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts

exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The

methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic

elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral

identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies

associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens

(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar

stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding

stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with

preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these

facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)

accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm

CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and

wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross

stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with

paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just

below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel

lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy

lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)

sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to

flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia

xi

bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally

The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this

sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1

deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied

exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces

Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing

a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti

Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta

front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and

wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a

transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2

is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1

boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a

TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the

existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal

environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of

Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise

to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted

as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba

Basin is regressive

Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation

xii

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti

na borda leste da Bacia do Parna3

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7

Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil

(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o

intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute

1994)15

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute

do Piauiacute20

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a

Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7

conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo

nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo

frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies

limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal

(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223

xiii

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito

arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar

e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a

arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes

dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser

observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram

identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e

estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo

contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por

superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente

limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo

lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti

(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies

de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma

assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente

simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos

afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior

dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais

elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de

canais ativos29

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente

deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade

de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30

xiv

Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos

depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e

mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido

principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos

deltaicos nas aacutereas de estudo 31

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)

arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B

Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem

(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada

Floriano Piauiacute (P8)32

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato

entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3

P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria

pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com

microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and

pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico

(P5)37

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal

bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de

argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e

sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se

ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute

com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D

Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura

(P5)38

xv

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute

(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B

Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com

material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de

ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D

Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de

Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado

de Vaz et al 2007)48

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e

principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de

variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do

Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da

Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de

sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50

xvi

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de

fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A

Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato

principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando

para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na

associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios

subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila

de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com

porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo

Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos

subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas

em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68

xvii

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras

representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado

(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A

anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e

calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica

expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97

Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos

principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1

arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a

natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em

amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo

um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia

de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)

bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de

amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a

muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do

plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em

relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da

amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos

albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise

de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em

clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de

montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser

realizados afim de atestar esta tendecircncia69

xviii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud

Miall 2006)8

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de

Baratildeo do Grajaacuteu25

xix

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIAiv

AGRADECIMENTOS v

EPIacuteGRAFEvii

RESUMO viii

ABSTRACT x

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii

LISTA DE TABELAS xviii

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 APRESENTACcedilAtildeO 1

12 OBJETIVOS 2

13 LOCALIZACcedilAtildeO 2

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12

231 Anaacutelise petrograacutefica 12

232 Difratometria de Raios- X 12

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13

31 GRUPO CANINDEacute 14

32 FORMACcedilAtildeO POTI 16

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19

411 Interpretaccedilatildeo 27

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29

421 Interpretaccedilatildeo 32

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34

431 Interpretaccedilatildeo 40

xx

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55

REFEREcircNCIAS 57

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69

CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO

11 APRESENTACcedilAtildeO

Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava

separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka

2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos

epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e

Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990

Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental

do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano

(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)

De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o

Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994

Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com

diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas

(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar

no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela

Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-

ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)

Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da

Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com

intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge

1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades

(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente

regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre

depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua

vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)

Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma

sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de

Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um

modelo deposicional

2

12 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os

paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de

depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes

objetivos especiacuteficos

Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas

deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas

para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)

Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da

Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

13 LOCALIZACcedilAtildeO

A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre

os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e

BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute

(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e

em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)

3

Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da

Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)

4

CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico

acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de

campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo

leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e

posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as

ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo

Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e

interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos

afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees

delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove

afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens

de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura

1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente

preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees

litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para

correlaccedilotildees estratigraacuteficas

21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA

Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de

faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker

(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de

Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo

paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies

sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero

juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos

sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies

As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies

relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais

As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e

arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa

OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall

5

(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra

seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram

construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos

diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos

seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para

depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais

O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011

Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e

suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando

seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de

sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)

22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS

O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas

(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees

baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e

complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto

apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de

sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza

tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia

usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais

existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem

relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na

sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)

A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em

sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos

sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de

acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente

aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos

depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada

de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio

6

(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees

estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de

planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e

vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das

faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo

ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado

nestes conhecimentos

Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e

macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de

onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior

escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as

macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos

que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand

flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de

sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)

A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos

arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra

cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito

arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados

por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente

geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa

quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os

sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais

7

Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)

A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu

a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos

externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de

crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)

Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e

caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies

limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna

Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois

podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o

tipo de sistema fluvial

8

Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais

Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)

9

Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)

221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes

De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies

limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo

caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo

desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de

superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas

marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e

superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o

trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo

conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a

maior (6deg ordem)

10

Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a

sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia

Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos

significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees

de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo

Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais

acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das

macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo

Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de

faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares

As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas

separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em

baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas

Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo

complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo

relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais

Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas

mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de

canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica

11

Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies

aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)

12

23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES

231 Anaacutelise petrograacutefica

A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas

das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada

da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas

associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes

arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes

textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo

para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes

As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo

a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de

onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial

entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos

depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)

A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos

foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA

MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias

Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute

232 Difratometria de raios- X

A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos

da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise

foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da

Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de

argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado

com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada

rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da

compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center

on Diffraction Data (ICDD)

13

CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO

A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de

668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental

fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo

Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda

tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com

espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide

com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte

proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da

bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes

A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas

metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de

Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o

Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo

Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al

(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia

Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico

ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica

com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas

A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao

leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo

Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-

estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba

o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o

sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz

et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-

Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos

estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos

deposicionais na bacia

14

Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al

2003 modificado de Goacutees 1995)

Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais

de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter

global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia

Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia

Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz

et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias

delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos

mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)

31 GRUPO CANINDEacute

O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e

Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al

(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo

15

Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do

Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos

bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de

mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute

composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos

que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A

Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com

folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e

plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais

(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A

Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras

lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo

1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)

A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no

Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do

Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)

discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o

fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de

erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes

Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a

deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e

terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela

16

Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al

2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio

tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano

Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e

intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)

32 FORMACcedilAtildeO POTI

A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos

siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM

perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti

ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta

formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300

metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)

Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios

intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)

depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995

Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com

deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na

porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-

glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al

2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)

O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante

podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo

(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e

discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como

pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos

plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste

da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma

superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa

forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et

al (2007) estaria restrita as bordas da bacia

Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base

da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes

17

autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da

Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por

novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos

tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos

avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da

Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie

discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de

regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-

eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano

Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do

Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de

soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo

recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone

amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de

planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)

Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico

dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A

primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos

plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso

da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf

ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-

deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos

sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de

melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica

influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas

de mareacute e wadis

A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos

sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem

na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees

leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves

incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem

paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da

deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda

18

mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano

da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro

Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)

De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi

definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo

posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)

e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A

macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem

de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o

Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites

magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo

comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em

bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp

Loboziak 2018)

19

CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES

A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do

Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens

secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas

Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em

algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados

pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares

(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies

fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)

41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO

A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo

do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades

da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos

de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de

espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as

faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)

arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)

tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)

Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam

granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com

extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos

indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os

constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados

orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute

sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e

ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais

Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram

esmectitas ilita e caulinita

20

Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute

21

Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti

Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo

Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo

em condiccedilotildees de baixa energia

Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Alp)

Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e

continuidade lateral

Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo

superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de

baixo acircngulo (Aba)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo

cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros

Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada (Aca)

Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

acanalada

Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo

inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

planar (Acp)

Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e

estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set

Relacionado agrave forma de leito plano em regime de

fluxo superior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular (Atb)

Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada

tabular e geometria tabular

Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo

unidirecional e regime de fluxo inferior

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial (Atg)

Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada

tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila

Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por

fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior

Transporte por traccedilatildeo

Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)

Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada

gradando lateralmente para plano-paralela

Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de

fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito

onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de

ondas ou correntes

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

sigmoidal (As)

Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo

entre regime de fluxo inferior e superior em

condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo

Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela

(Ap)

Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando

acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo

Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa

energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado

a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de

sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em

um regime de fluxo inferior

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante (Alc)

Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados

exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de

fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para

laminaccedilatildeo sigmoidal

Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo

com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de

marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno

porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a

reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes

em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade

Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem

selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e

acamamentos convolutos

Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas

moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape

de fluiacutedos

Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela

(App)

Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas

lateralmente

Sedimentos depositados em regime de fluxo superior

atraveacutes de fluxo unidirecional trativo

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky (Ah)

Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando

laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para

estratificaccedilatildeo cruzada swaley

Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de

correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante

accedilatildeo de ondas de tempestade

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada

swaley (Aes)

Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos

erosivos

22

As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos

entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo

acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees

cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies

Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-

paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular

Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados

para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a

AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e

principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal

(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de

preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)

As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e

superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal

(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por

superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam

mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes

com os estratos cruzados

O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com

espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies

de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados

limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento

arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a

direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados

Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os

elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e

os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da

geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios

23

entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees

cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e

estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma

grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras

Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida

lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)

Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute

sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e

Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo

granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia

da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta

porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2

24

A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por

vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais

extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal

limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua

granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais

migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais

litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)

Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto

com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti

Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com

estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica

(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por

superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal

sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia

a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados

por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta

por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos

alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos

com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base

por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento

concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando

para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como

preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)

As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que

compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de

4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com

estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e

tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido

para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo

interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de

dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)

Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com

espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)

25

gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade

arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de

deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano

(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de

arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar

(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de

enchentes

Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu

26

Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e

baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos

cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis

de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente

30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de

acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem

27

Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de

preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo

(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma

relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo

411 Interpretaccedilatildeo

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com

estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de

lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e

um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall

(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais

apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela

presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e

facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a

formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do

suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a

condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al

2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave

superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde

28

o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall

1991)

O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o

que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante

com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado

relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este

modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo

arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com

geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente

de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa

ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da

instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em

rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de

acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma

barra complexa

No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute

relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A

migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)

com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a

presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de

meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta

velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem

complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais

As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo

horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime

superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em

fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)

A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais

baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda

relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga

elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes

29

com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE

(Figura 9)

As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em

elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete

elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute

total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia

de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das

superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que

pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade

Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da

Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e

AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por

avulsotildees de canais ativos

42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA

A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos

depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura

12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens

da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e

de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por

centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os

30

depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a

associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)

As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo

(Am)

Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de

espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou

maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)

Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem

em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-

C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia

subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos

monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados

(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-

hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos

predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade

intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade

intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

mostram paleocorrentes preferenciais para NW

Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica

(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da

aacuterea de estudo P9)

31

Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos

(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees

convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria

lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo

32

Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com

estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos

deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria

lobada Floriano Piauiacute (P8)

421 Interpretaccedilatildeo

Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da

importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta

associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por

mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente

deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de

processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem

selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)

33

As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada

cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com

geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o

topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera

2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas

importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a

geometria lobada

A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere

semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera

2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida

desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte

sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos

manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais

(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos

secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas

primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com

acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets

arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes

e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos

durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de

estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que

a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade

Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples

unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo

domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)

observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem

que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de

arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)

Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a

migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para

NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser

interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em

34

menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um

lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina

drsquoaacutegua (Elliott 1986)

43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA

As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do

Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de

arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular

respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com

espessura que varia de 6 a 20 m

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos

depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e

sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies

argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)

laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela

(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal

(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)

Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de

argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com

padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para

wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de

arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)

As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo

com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e

chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com

presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para

NW

As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se

truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and

swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de

camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante

satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com

35

extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio

(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e

localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem

selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e

suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos

comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais

identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram

esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita

Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano

paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen

wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura

15D-E)

Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo

cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda

das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas

por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e

argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e

superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a

centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras

distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares

ricos em areia

Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de

ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de

lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e

bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo

e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de

cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de

ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada

ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da

espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem

espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos

menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de

argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de

espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem

36

designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares

mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma

ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares

Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura

17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam

lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20

cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel

observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura

17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie

(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo

ondulatoacuteria estatildeo presentes

A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7

a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada

Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de

aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das

laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria

cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com

estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que

apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas

Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente

tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se

adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos

foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW

No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)

Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por

camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que

acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A

paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees

cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda

e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso

dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao

topo e maior inflencia por onda

37

Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as

associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo

cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em

arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape

de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)

38

Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo

cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com

acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade

com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem

superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e

quadratura (P5)

39

Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)

B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas

cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley

40

431 Interpretaccedilatildeo

Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a

intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente

passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento

crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo

para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada

cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com

laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo

comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp

Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a

deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo

comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991

Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e

flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios

ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de

ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos

claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com

laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud

drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti

Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode

indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve

forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila

de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir

ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em

um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de

2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta

alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e

quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e

16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs

Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute

inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram

cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de

quadratura (Tessier et al 1988)

41

As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura

como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)

de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp

Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar

retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso

(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de

ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma

sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp

Moiola 1986)

Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem

com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles

(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas

(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente

exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os

foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade

com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste

conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com

acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)

Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela

ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de

mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade

As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo

de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem

das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na

combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute

apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua

ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo

por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de

sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de

mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste

gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que

ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por

42

subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de

sedimentaccedilatildeo altas

Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada

hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico

com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas

geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar

as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente

descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente

oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por

tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985

Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente

relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo

cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada

hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a

fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo

orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)

Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e

retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas

hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo

tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os

sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de

base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de

fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)

Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo

plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies

erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma

ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de

ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo

resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)

Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos

tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente

sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de

43

pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve

permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo

possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo

(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de

faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou

inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)

Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface

inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute

O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de

tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota

proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados

44

CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS

Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem

que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da

Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo

compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e

19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de

Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de

Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)

51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS

As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que

delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu

reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A

superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite

de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e

frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie

transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de

plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1

de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute

sobrejacente

A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com

resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e

carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de

rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo

este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre

dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute

apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos

plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta

superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie

As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo

do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por

45

essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo

estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com

estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo

cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas

progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais

(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)

52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA

A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica

representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos

homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por

tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da

Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos

fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti

O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende

depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com

conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima

por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a

grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos

granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e

laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes

dois depoacutesitos

A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo

consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)

Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall

2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo

dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a

geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de

planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do

niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo

De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos

individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal

46

alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito

arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em

forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam

corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e

canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de

planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal

disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De

uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)

observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo

O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente

deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo

Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo

deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida

progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A

sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees

costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)

O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)

sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da

sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de

onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de

pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para

arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e

ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre

em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio

amp Yang 1991)

Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente

retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo

laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia

que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas

estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo

aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de

onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais

rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas

47

sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel

do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha

A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados

por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar

epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para

um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo

retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de

acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail

1988)

O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a

discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura

20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de

arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com

lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano

houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em

vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este

evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o

Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)

48

Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e

Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)

49

Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies

estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)

50

Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq

2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)

51

CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO

As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem

as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel

relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1

(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu

origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por

eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)

A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos

fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos

depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW

com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de

paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos

sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia

Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014

Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e

neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com

contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais

jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)

Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por

dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo

recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)

resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas

e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a

leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)

A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com

vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas

proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas

pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)

descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para

tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao

Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o

Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de

52

aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de

intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi

amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona

climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem

miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados

em periacuteodos interglaciais

Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria

lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de

sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della

Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema

deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode

estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo

Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia

de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della

Faacutevera 2001)

O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et

al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em

efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)

a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de

espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais

acima nas superfiacutecies de leque aluvial

Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos

laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do

Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg

dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de

furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)

O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos

influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite

sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o

recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do

niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior

53

restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais

amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda

Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361

e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que

estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos

no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos

ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave

regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo

que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)

aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de

sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em

regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A

presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-

aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um

fluvial entrelaccedilado

Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20

Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute

e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a

deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de

extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp

Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo

da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a

movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se

desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais

entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti

e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda

e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo

cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute

revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de

continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies

fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um

TSMB

54

Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas

porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)

com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o

supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente

na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier

(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos

que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age

(LPIA)

55

CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute

Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute

do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-

deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas

formaram mares rasos epicontinentais

Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais

individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e

Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)

A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de

Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de

sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado

(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais

elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante

(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia

laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis

A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias

tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e

AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo

Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais

AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie

trangressiva (S3)

A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em

2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e

ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a

accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley

evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema

Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression

provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3

separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A

Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da

56

Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico

de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)

57

REFEREcircNCIAS

Allen JRL1982 Mud drapes in sand wave deposits a physical model with application to the

Folkestone Beds (early Cretaceous southeast England) Philosophical Transactions of the

Royal Society of London 306 291-345

Allen JRL1980 Sand waves a model of origin and internal structure Sedimentary Geology

26 281ndash328

Allen JRL1965 The sedimentation and paleogeography of the old red sandstone of

angelsey North Wales Proceedings of the Yorkshire Geological Society 35 139-185

Allen JRL1970 Studies in fluviatile sedimentation a comparison of fining-upwards

cyclotherms with special reference to coarse-member composition and interpretation Journal

of sedimentary Petrology 40 298-323

Allen JRL 1983 Studies in fluviatile sedimentation bars bar-complexes and sandstone

sheets (low sinuosity braided streams) in the Brownstones (L Devonian) Welsh Borders

Sedimentary Geology Amsterdam 33 237-293

Allen PA amp Bass JP 1993 Sedimentology of the upper marine molasse of the Rhocircne-Alp

region Eastern France Implications for basin evolution Eclogae Geologicae Helvetiae 86

121ndash172

Almeida FFM amp Carneiro CDR 2004 Inundaccedilotildees marinhas Fanerozoacuteicas no Brasil e

recursos minerais associados In Mantesso Neto V Bartorelli A Carneiro CDR Brito

Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando

Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 43-48

Andrade SM 1972 Geologia do sudeste de Itacajaacute Bacia do Parnaiba Estado de Goiaacutes

Tese de doutorado Escola de Engenharia de Satildeo Carlos USPSatildeo Paulo

Amadou BI amp Truckenbrodt W 1992 Aspectos facioloacutegicos e diageneacuteticos dos arenitos da

Formaccedilatildeo Faro (Eo-Carboniacutefero) Bacia do Amazonas In SBG 37deg Congresso Brasileiro de

Geologia Satildeo Paulo Anais v2 p 454-455

Arauacutejo VBV 2018 Sedimentaccedilatildeo estratigrafia e diagecircnese dos reservatoacuterios da

Formaccedilatildeo Poti Viseano Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

Universidade de Brasiacutelia BrasiacuteliaDF 152p

Arnott RWC amp Southard JB 1990 Exploratory flow-duct experiments on combined-flow

bed configurations and some implications for interpreting storm-event stratification Journal

of Sedimentary Petrology 60 211ndash219

Barbosa EN Coacuterdoba V C Sousa DC 2015 Evoluccedilatildeo estratigraacutefica da Sequecircncia

Neocarboniacutefera-Eotriaacutessica da Bacia do Parnaiacuteba Brasil Brazilian Journal of Geology 46(2)

181-198 DOI 1015902317-4889201620150021

Bhattacharya JP 2006 Deltas In Posamentier HW amp Walker RG (eds) Facies models

revisited Tulsa Oklahoma USA SEPM SP84 p 237

58

Battacharya J P 2010 Delta In James N P amp Dalrymple R W (eds) Facies models 4

Geological Association of Canada p 233-264

Bhattacharya JP amp Walker RG 1992 Deltas In Walker RG amp James NP (eds) Facies

Models response to sea level change GEOText 1 Geological Association of Canada p 157-

177

Bhattacharya H N amp Bhattacharya B 2006 A Permo-Carboniferous tide-storm interactive

system Talchir formation Raniganj Basin India Journal of Asian Earth Sciences 27(3)

303ndash311 DOI101016jjseaes200504006

Borghi L2000 Visatildeo geral da anaacutelise de faacutecies sedimentares do ponto de vista da arquitetura

deposicional Boletim do Museu Nacional Geologia Rio de Janeiro 53 1-26 ISSN 0080-

3200

Brierley G J 1996 Channel morphology and elemento assembleges a constructivist

approach to facies modelling In Carling P A amp Dawson M R (eds) Advances in Fluvial

dynamics and Stratigraphy West Sussex England John Wiley amp Sons 263-298

Campbell DF 1949 Revised report on the reconnaissance geology of the Maranhatildeo Basin

Rio de Janeiro CNP Relatoacuterio interno

Cant DJ amp Walker RG 1978 Fluvial processes and facies sequences in the sandy braided

South Saskatchewan River Canada Sedimentology 25 625-648

Caputo MV 1985 Late Devonian Glaciation in South America Paleogeography

Paleoclimatology Paleoecology 51 291-317 DOI 1010160031-0182(85)90090-2

Caputo MV 1984 Stratigraphy tectonics paleoclimatology and paleogeography of

Northern basins of Brazil Doc Thesis University of California 586 p

Caputo MV amp Lima EC 1984 Estratigrafia idade e correlaccedilatildeo do Grupo Serra Grande In

Congresso Brasileiro de Geologia 33 Anais Rio de Janeiro SBGv2

Caputo MV Iannuzzi R Fonseca VMM 2005 Bacias sedimentares brasileiras Bacia do

Parnaiacuteba Phoenix 811-6

Caputo M V Melo J H G Vaz L F 2006b Late Devonian and Early Carboniferous

glaciations in South America Geological Society of America Abstracts with Programs 38

266

Caputo M V Melo J H Goncalves de Streel M Isbell J L 2008 Late Devonian and early

Carboniferous glacial records of South America Special Paper of the Geological Society of

America 441 161-173

Caputo M V Streel M Melo J H G Vaz L F 2006a Glaciaccedilotildees Eocarboniacuteferas nas

bacias do Norte do Brasil In SBG 9deg Simpoacutesio de Geologia da Amazocircnia Anais Beleacutem ndash

PA SBG Disponiacutevel em httparquivossbg-

noorgbrBASESAnais20920Simp20Geol20Amaz20Marco-2006-Belempdf

Acesso em 012019

59

Castro JC 2004 Glaciaccedilotildees Paleozoacuteicas no Brasil In Mantesso Neto V Bartorelli A

Carneiro CDR Brito Neves BB (eds) Geologia do continente Sul-Americano evoluccedilatildeo da

obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida [Sl] Ed Beca p 151-162

Catuneanu O 2006 Principles of Sequence Stratigraphy Elsevier Amsterdam p 386

Catuneanu O Abreu V Bhattacharya JP Blum MD Dalrymple RW Eriksson PG

Fielding CR Fisher WL Galloway WE Gibling MR Giles KA Holbrok JM Jordan

R Kendall CGSC Macurda B Martinsen OJ Miall AD Neal JE Nummedal D

Pomar L Posamentier HW Pratt R Sarg JF Shanley KW Steel RJ Strasser A

Tucker ME Winker C 2009 Towards the standardization of sequence stratigraphy e

discussion Earth Science Review 94 95-97

Catuneanu O Galloway WE Kendall CGSC Miall AD Posamentier HW Strasser A

Tucker ME 2011 Sequence stratigraphy methodology and nomenclature Newsletters on

Stratigraphy 44173- 245

Cerri R I Warren L V Varejatildeo F G Marconato A Luvizotto G L Assine M L

2020 Unraveling the origin of the Parnaiacuteba Basin Testing the rift to sag hypothesis using a

multi-proxy provenance analysis Journal of South American Earth Sciences Vol 101

102625 doi101016jjsames2020102625

CPRM Web site httpgeosgbcprmgovbrgeosgbdownloadshtml Acesso em 2017

Cheel RJ amp Leckie DA 1993 Hummocky crossstratification Sedimentology Review

Oxford UK Blackwell Scientific Publications p 103ndash122

Choi K 2010 Rhythmic climbing-ripple cross-lamination in inclined heterolithic

stratification (IHS) of a macrotidal estuarine channel Gomso Bay west coast of Korea

Journal of Sedimenary Research 80550-561

Cunha F M B 1986 Evoluccedilatildeo paleozoacuteica da Bacia do Parnaiacuteba e seu arcabouccedilo tectocircnico

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de

Janeiro

Daemon RF 1974 Palinomorfos guias do Devoniano superior e Carboniacutefero Inferior das

Bacias do Amazonas e Parnaiacuteba Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 46 549-807

Dalrymple RW 2000 Tidal depositional systems In James NP amp Dalrymple R W (eds)

Facies models response to sea level Geological Association of Canada ST Johnrsquos p 201-

232

Daly M C Andrade V Barousse C A Costa R Mcdowell K Piggott N Poole A J

2014 Brasiliano crustal structure and the tectonic setting of the Parnaiacuteba basin of NE Brazil

results of a deep seismic reflection profile Tectonics 33 2102-2120

Daly MC Fuck RA Juliaacute J Macdonald DIM Watts AB 2018 Cratonic basin

formation a case study of the Parnaiacuteba Basin of Brazil Geological Society London Special

Publications 472 DOI101144SP47220

60

Della Faacutevera JC 1984 Eventos de sedimentaccedilatildeo episoacutedica nas bacias brasileiras Uma

contribuiccedilatildeo para atestar o caraacuteter pontuado do registro sedimentar In SBG 33degCongresso

Brasileiro de Geologia Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro v 1 p 489-501

Della Faacutevera J C 2001 Fundamentos de estratigrafia moderna Rio de Janeiro Ed UERJ

264p

Della Faacutevera JC 1990 Tempestitos da bacia do Parnaiacuteba PhD Thesis Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Geociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2v

Della Faacutevera JC amp Uliana MA 1979 Bacia do Maranhatildeo- Possibilidades de Treinamento

em faacutecies e ambientes sedimentares 103-3945 211p Relatoacuterio Petrobraacutes

Di Pasquo M amp Iannuzzi R 2014 New palynological information from the Poti Formation

(upper Visean) at the Roncador creek Parnaiacuteba Basin northeastern Brazil Boletiacuten Geoloacutegico

y Minero 125 (4) 405-435

Duke WL 1985 Hummocky cross-stratification tropical hurricanes and intense winter

storms Sedimentology 32 167ndash194

Dumas S amp Arnott RWC 2006 Origin of hummocky and swaley cross-stratification-the

controlling influence of unidirectional current strength and aggradation rate Geology 34(12)

1073-1076

Elliott T 1986 Deltas In Reading HG (ed) Sedimentary enviroments and facies Oxford

Blackwell Scientific p 113-154

Eriksson P G Reczko B F F Boshoff A Jaco Schreiber U M Van der Neut M Snyman

C P 1995 Architectural elements from Lower Proterozoic braid-delta and high-energy tidal

flat deposits in the Magaliesberg Formation Transvaal Supergroup South Africa

Sedimentary Geology 97(1-2) 99ndash117

Folk RL 1968 Petrology of sedimentary rocks Austin Texas Hemphill Publishing

Company 182 p

Galehouse JS 1971 Sedimentation analysis p 69-94 In Carver RE (ed) Procedures in

sedimentary petrology New York Wiley-Interscience 653p

Gibling M 2006 Width and thickness of fluvial channel bodies and valley fills in the

geological record a literature compilation and classification Journal of Sedimentary

Research 76731-770 DOI 102110jsr2006060

Gobo K Ghinassi M Nemec W 2015 Gilbert‐type deltas recording short‐term base‐level

changes delta‐brink morphodynamics and related foreset facies Sedimentology 621923ndash

1949

Goacutees A M O Travassos W A S Nunes KC 1992 Projeto Parnaiacuteba reavaliaccedilatildeo e

perspectivas exploratoacuterias Beleacutem Petrobras v 1 358p (circulaccedilatildeo restrita)

61

Goacutees A M O amp Feijoacute F J 1994 Bacia do Parnaiacuteba Rio de Janeiro Boletim de

Geociecircncias Petrobraacutes v 8 n 1 Relatoacuterio interno

Goacutees AM 1995 A Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba PhD

Thesis Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 145p

Goacutees AM Coimbra AM Nogueira ACR 1997 Depoacutesitos costeiros influenciados por

tempestades e mareacutes da Formaccedilatildeo Poti (Carboniacutefero Inferior) da Bacia do Parnaiacuteba In Costa

ML amp Angeacutelica RS (coord) Contribuiccedilotildees agrave geologia da Amazocircnia v 1 Beleacutem

FINEPSBG-NO 285-306

Golonka J 2007 Phanerozoic paleoenvironment and paleolithofacies maps Late

Phanerozoic Geologia Tom 33 Zeszyt 2 145-209

Harms JC Southard JB Spearing DR Walker RG 1975 Depositional environments as

interpreted from primary sedimentary structures and stratification sequences Society for

Sedimentary Geology (SEPM) Short Course 2 161 p

Hirst JPP 1991 Variations in alluvial architecture across the Oligo-Miocene Huesca fluvial

system Ebro basin Spain In Miall AD Tyler N (eds) The three-dimensional facies

architecture of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon Discovery

and recovery Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3 1 1 1-121

Hollanda MHBM Goacutees AM Silva DB Negri FA 2014 Proveniecircncia sedimentar dos

arenitos da Bacia do Parnaiacuteba (NE do Brasil) Boletim de Geociecircncias Petrobras 22(2) 191-

211

Iannuzzi R 1994 Reavaliaccedilatildeo da Flora Carboniacutefera da Formaccedilatildeo Poti Bacia do Parnaiacuteba

MS Dissertation Instituto de Geociecircncias Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 233 p

Iannuzzi R Azcuy CL Suaacuterez Soruco R 2003 Fitozona de Nothorhacopteris

kellaybelenensis ndash Triphyllopteris boliviana una nueva unidad bioestratigraacutefica para el

Carboniacutefero de Bolivia Revista Teacutecnica de Yacimientos Petroliacuteferos Fiscales Bolivianos

21125-131

Iannuzzi R amp Pfefferkorn HW 2002 A pre-glacial warm- temperate floral belt in

Gondwana (Late Viseacutean Early Carboniferous) Palaios 17571-590

Iannuzzi R amp Roumlsler O 2000 Floristic migration in South America during the

Carboniferous phytogeographic and biostratigraphic implications Palaeogeography

Palaeoclimatology Palaeoecology 16171-94

Jackson RG II 1975 Hierarchial atributes and a unifying model of bedform composed of

cohesionless material and produced by shearing flow Geological Society of America Bulletin

Boulder 861523-1533

Kasse C Hoerk WZ Bohncke SJP Konert M Weijers JWH Caassee ML Van der

Zee RM 2005 Late glacial fluvial response of the Niers-Rhine (western Germany) to climate

and vegetation change Journal of Quaternary Science 20377-394

62

Kegel W 1954 Lamelibracircnquios da Formaccedilatildeo Poti Carboniacutefero Inferior do Piauiacute Notas

Preliminares e estudos da DHM Rio de Janeiro 241-14

Klein G de V 1970 Depositional and dispersal dynamics of intertidal sand bars Journal of

Sedimentary Petrology 40 1095-1127

Kreisa RD amp Moiola RJ 1986 Sigmoidal tidal bundles and other tide generated

sedimentary structures of the Curtis Formation Utah Geological Society of America Bulletin

97381ndash387

Li S Yu X Chen B Li S 2015 Quantitative characterization of architecture elements and

their response to base-level change in a sandy braided fluvial system at a mountain front

Journal of Sedimentary Research 851258ndash1274 DOI 102110jsr201582

Lima EAM amp Leite JF 1978 Projeto estudo global dos recursos Minerais da Bacia

Sedimentar do Parnaiacuteba Integraccedilatildeo geoloacutegico-metalogeneacutetica DNPM-CPRM Etapa III

Recife 16212 Relatoacuterio Final

Lobato G amp Borghi L 2007 Anaacutelise estratigraacutefica de alta resoluccedilatildeo do limite 1255

Formacional LongaacutePoti Bacia do Parnaiacuteba - um caso de investigaccedilatildeo de possiacuteveis corpos

1256 isolados de arenito 4ordm PDPETRO Campinas p 1-10

Lobato G amp Borghi L 2014 Estratigrafia de sequecircncias do contato formacional LongaacutePoti

(Carboniacutefero Inferior) em testemunhos de sondagem da Bacia do Parnaiacuteba In Boletim de

Geociecircncias ndashPetrobraacutes 22(2)213-235

Loboziak S Streel M Caputo MV Melo JHG 1992 Middle Devonian to Lower

Carboniacuteferous miospore stratigraphy in the Central Parnaiacuteba Basin (Brazil) Annales de la

Societeacute Geacuteologique de Belgique 115 215-226

Longhitano S G Mellere D Steel R J Ainsworth R B 2012 Tidal depositional systems in

the rock record A review and new insights Sedimentary Geology 279 2ndash22 DOI

101016jsedgeo201203024

Mabesoone J M amp Neumann V H 2005 Cyclic Developments of sedimentar basins In

Developments in sedimentology Elsevier Primeira ediccedilatildeo ISBN 0-444-52070-8 Series

ISSN 0070-4571

Mckenzie D amp Priestley K 2016 Speculations on theformation of cratons and cratonic

basins Earth and Planetary Science Letters 435 94ndash104 DOI 101016jepsl201512010

Medeiros R S P Nogueira A C R Silva Junior J B C Sial A N 2019 Carbonate-clastic

sedimentation in the Parnaiba Basin northern Brazil Record of carboniferous epeiric sea in

the Western Gondwana Journal of South American Earth Sciences 91 188-202

Melo JHG amp Loboziak S 2018 Visan miospore biostratigraphy and correlation of the Poti

Formation (Parnaba Basin northern Brazil) Review of Palaeobotany and Palynology 112

(2000) 147ndash165

63

Melo JHG amp Loboziak S 2000 Visean miospore biostratigraphy of the Poti Formation

Parnaiacuteba Basin northern Brazil Review of Palaeobotany and Palynology 112147-165

Mesner J G amp Wooldridge L C 1964 Estratigrafia das bacias paleozoacuteicas e cretaacuteceas do

Maranhatildeo Boletim Teacutecnico da Petrobraacutes 7 (2) 137 - 164

Miall AD 198l Analysis of fluvial depositional systems Am Assoc Petrol Geol Educ

Course Notes Ser 20

Miall AD 1985 Architectural-element analysis a new method of facies analysis applied to

fluvial deposits Earth Science Reviews 22 (4) 261-300

Miall AD 1988 Architectural elements and bouding surfaces in fluvial deposits Anatomy of

the Kayenta Formation (Lower Jurassic) Southwest Colorado Sedimentary Geology 55 (2)

233- 262

Miall AD 1996 The geology of fluvial deposits Berlin Springer-Verlag 582p

Miall AD 2006 The geology of fluvial deposits sedimentary facies basin analysis and

petroleum geology 4 ed Berlin Springer 582 p

Miall AD 199l Hierarchies of architectural units in clastic rocks and their relationship to

sedimentation rate In Miall AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture

of terrigenous clastic sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery

p 6-12 (Soc Econ Paleontol Mineral Cone Sedimentol Paleontol 3)

Miall AD 2000 Principles of sedimentary basin analysis 3ᵃ ed Berlim Heidelberg

Springer-Verlag 615p

Miall AD 1977 A review of the braided-river depositional environment Earth Science

Reviews 13 (1)1-62

Miall AD amp Tyler N 1991 The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastics

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Concepts in

Sedimentology and Paleontology Oklahoma USA SEPM v 3 Tulsa 309p

Milani E J Melo J H G Souza P A Fernandes L A Franccedila A B 2007 Bacia do

Paranaacute Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)265-287

Milani EJ amp Zalaacuten PV 1999 An outline of the geology and petroleum systems of the

Paleozoic interior basins of South America Episodes 22199-205

Mutti E amp Normark WR 1987 Comparing examples of modern and ancient turbidite

systems ndash problems and concepts In Leggett JK amp Zuffa GG (eds) Marine clastic

sedimentology London Graham amp Trotman p1-38

Nichols G 2009 Sedimentology and stratigraphy 2nd ed Wiley-Blackwel 419p

64

Nio SD amp Yang CS 1991 Diagnostic attributes of clastic tidal deposits a review In Smith

DG Reinson GE Zaitlin BA Rahmani RA (eds) Clastic tidal sedimentology Canadian

Society of Petroleum Geology Memories p 3ndash28

Oliveira CV amp Moura CAV 2019 Provenance of detrital zircons of the Canindeacute Group

(Parnaiacuteba basin) northeastern Brazil Journal of South American Earth Sciences 90 162-

180

Owen G 2003 Load structures gravity-driven sediment mobilization in the shallow

subsurface In Van Rensbergen P Hillis RR Maltamn AJ Morley CK Subsurface

sediment mobilization London p21-34 (Geological Society Special Publication 216) ISBN

1-862391416

Paiva G 1937 Estratigrafia da sondagem ndeg 125 Rio de Janeiro Boletim Serv Form Prod

Min DNPM ndeg18 p107

Paiva RG 2018 Estratigrafia de sequecircncias aplicada agrave Formaccedilatildeo Poti Viseano da Bacia do

Parnaiacuteba MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

104p

Palmer BA amp Neall VE 1991 Contrasting lithofacies architecture in ringplain deposits

related to edifice construction and destruction the Quaternary Stratford and Opunake

formations Egmont volcano New Zealand Sedimentary Geology Amsterdam 7471-88

Parrish J M Parrish J T Ziegler A M 1986 Permian-Triassic Paleogeography and

Paleoclimatology and implications for therapsid distributions In Hotton N H McLean P

D Roth J J Roth E C (eds) The ecology and biology of mammal-like reptiles

Washington Smithsonian Press v 1 p109-132

Peng Y Steel RJ Rossi VM Olariu C 2018 Mixed-energy process interactions read from

a compound-clinoform delta (Paleondash Orinoco delta Trinidad) Preservation of river and tide

signals by mud-induced wave damping Journal of Sedimentary Research 8875ndash90 DOI

httpdxdoiorg102110jsr20183

Pieacutegay H Grant G Nakamura F Trustrum N 2009 Braided river management from

assessment of river behaviour to improved sustainable development In Sambrook Smith

GH Best JL Bristow CS Petts GE (eds) Braided rivers process deposits ecology and

management Blackwell Publishing Ltd Oxford UK p 257ndash275 DOI

1010029781444304374ch12

Ponciano L C M O amp Della Faacutevera J C 2009 Flood-dominated fluvio-deltaic system a

new depositional model for the Devonian Cabeccedilas Formation Parnaiacuteba Basin Piauiacute Brazil

Anais da Academia Brasileira de Ciecircncias 81(4) 769ndash780 DOI101590s0001-

37652009000400014

Porritt EL Jones BG Price DM Carvalho RC 2020 Holocene delta progradation into an

epeiric sea in Northeastern Australia Marine Geology 422 DOI

101016jmargeo2020106114

65

Posamentier HW amp Vail PR 1988 Eustatic controls on clastic deposition II - sequence and

system tract models In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW

Ross CA Van Wagoner JC (Eds) Sealevel Changes - an Integrated Approach vol 42

SEPM Special Publication pp 125-154

Raff JFM de Boersma JR Gelder VA 1977 Wave generated structures and sequences

from a shallow marine sucession Lower Carboniferous Country Cork Ireland

Sedimentology 4 1-52 Disponiacutevel em httpsdoiorg101111j1365-30911977tb00134x

Acesso em 052019

Rahmani R A 1988 Estuarine tidal channel and near shore sedimentation of a Late

Cretaceous epicontinental sea Drumheller Alberta Canada In Tide-influenced Sedimentary

Environments and Facies P L de Boer A Van Gelder and S D Nio (eds) Reidel

Publishing Company p 433-474

Ribeiro C M M 2000 Anaacutelise facioloacutegica das formaccedilotildees Poti e Piauiacute (Carboniacutefero da

Bacia do Parnaiacuteba) na regiatildeo de Floriano ndash PI MS Dissertation Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia

e Geoquiacutemica Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 104p

Reineck H E amp Wunderlich F 1968 Classification and origin of flaser and lenticular

bedding Sedimentology 11(1-2) 99ndash104 DOI101111j1365-30911968tb00843x

Rodrigues RMM 2003 Estudo facioloacutegico das Formaccedilotildees Longaacute e Poti (Famenniano e

Tournasiano) na regiatildeo de Floriano oeste do Estado do Piauiacute MS Dissertation

Universidade Federal de Pernambuco Recife PE

Santos M E C M amp Carvalho M S S C 2009 Paleontologia das Bacias do Parnaiacuteba

Grajauacute e Satildeo Luiacutes CPRM Serviccedilo Geoloacutegico do Brasil Rio de Janeiro p 10 ndash 18

Silva A J P Lopes R C Vasconcelos A M Bahia R B C 2003 Bacias sedimentares

paleozoicas e Meso-Cenozoicas interiores In Bizzi L A Schobbenhaus C Vidotti R M

Gonccedilalves J H (ed) Geologia tectocircnica e recursos minerais do Brasil BrasiacuteliaDF CPRM

Schobbenhaus C Campos DA Queiroz ET Winge M Berbertborn M 1984 Siacutetios

geoloacutegicos e paleontoloacutegicos do Brasil BrasiacuteliaDF DNPMCPRM

Scotese CR 2000 Paleomap project climate history Early Late Carboniferous

(Serpukhovian) Climate web site httpwwwcscotesecomearthhtm Acesso em

08082019

Scotese CR 2019 Plate tectonics paleogeography and ice ages YouTube viacutedeo

httpsyoutubeUevnAq1MTVA Acesso em 08082019

Shanley KW amp McCabe PJ 1993 Alluvial architecture in a sequence stratigraphic

framework a case history from the Upper Cretaceous of southern Utah USA In Flint SS

Bryant ID (eds) The geological modelling of hydrocarbon reservoirs and outcrop analogues

Int Assoc Sedimentol Spec Publ l5 21-56

66

Shanley KW amp McCabe PJ 2004 Perspectives on the sequence stratigraphy of continental

strata reporto f a working group at the 1991 NUNA Conference on High Resolution

Sequence Stratigraphy Am Assoc Petrol Geol Bull 74 544-568

Smith ND1970 The braided stream depositional environment comparison of the Platte

River with some Silurian clastic rocks north central Appalachians Geol Soc Am Buil 81

2993-3014

Southard JB Lambie JM Federico DC Pile HT Weidman CR 1990 Experiments on

bed configurations in fine sands under bidirectional purely oscillatory flow and the origin of

hummocky cross-stratification Journal of Sedimentary Petrology 60 1ndash17

Streel M Caputo MV Melo JHG Perez-Leyton M 2012 What do latest Famennian and

Mississippian miospores from South American diamictites tell usPalaeobio Palaeoenv DOI

101007s12549-012-0109-1

Tessier B Monfort Y Gigot P Larsonneur C 1988 Enregistrement vertical des cyclicites

tidales adaptation dun outil de traitement mathematique exemples en Baie du Mont Saint-

Michel et dans la molasse marine Miocene de Digne Journee L Dangeard Dynamique des

Milieux Tidaux Societe Geologique de France p 69-70

Tessier B amp Gigot P 1989 A vertical record of different tidal cyclicities An example from

the Miocene marine mollasse of Digne (Haute Provence France) Sedimentology 36 767ndash

776 DOI 101111j1365ndash3091 1989tb01745x

Torsvik T H amp Cocks L R M 2013 Gondwana from top to base in space and time

Gondwana Research 24 (3-4) 999-1030

Torsvik T H Van der Voo R Preeden U Niocaill CM Steinberger B Doubrovine P

V van Hinsbergen DJJ Domeier M Gaina CTohver E Meert J McCausland P JA

Cocks LRM 2012 Phanerozoic polar Wander palaeogeography and dynamics Earth-

Science Reviews DOI101016jearscirev201206007

Tucker M E 2014 Rochas sedimentares guia Geoloacutegico de Campo Satildeo Paulo Oficina de

Textos 336p ISBN9788582601273

Vail PR Mitchum RM Todd RG Widmier JM Thompson S Sangree JB Bubb JN

Hatlelid WG 1977 Seismic stratigraphy and global changes of sea level In Payton CE

(Ed) Seismic stratigraphy - applications to hydrocarbon exploration Tulsa Oklaroma

American AAPG- Association of Petroleum Geologists Memoir 26 49-212

Vakarelov B K Ainsworth R B MacEachern J A 2012 Recognition of wave-dominated

tide-influenced shoreline systems in the rock record Variations from a microtidal shoreline

model Sedimentary Geology 279 23ndash41 DOI101016jsedgeo201103004

Van Loon AJ amp Brodzokowski K 1987 Problems and progress in the research on soft-

sedment deformation Sedimentary Geology 50167-193

Van Wagoner JC Posamentier HW Mitchum RM Vail PR Sarg JF Loutit TS

Hardenbol J 1988 An overview of the fundamentals of sequence stratigraphy and key

definitions In Wilgus CK Hastings BS Kendall CGSC Posamentier HW Ross CA

67

Van Wagoner JC (eds) Sea-level changesdan integrated approach Special Publications of

SEPM p 39- 45

Van Wagoner JC 1995 Sequence stratigraphy and marine to nonmarine facies architecture

of foreland basin strata Book Cliffs Utah USA In JC Van

Wagoner GT Bertram (Eds) Sequence Stratigraphy of Foreland Basin Deposits Outcrop

and Subsurface Examples from the Cretaceous of North America American Association of

Petroleum Geologists Memoir 64 137-223

Vaz PT Rezende NGAM Wanderley Filho JR Travassos W A S 2007 Bacia do

Parnaiacuteba Boletim de Geociecircncias da Petrobraacutes Rio de Janeiro 15(2)253-263

Visser M J 1980 Neap-spring cycles reflected in Holocene subtidal large-scale bedform

deposits A preliminary note Geology 8(11)543 DOI1011300091

7613(1980)8lt543ncrihsgt20co2

Xavier MFS 2019 Paleogeografia e Paleoambiente de depoacutesitos siliciclaacutesticos da

transiccedilatildeo Mississipiano-Pensilvaniano da Bacia do Parnaiacuteba MS Dissertation Universidade

Federal do Paraacute Beleacutem Paraacute

Yang BC Dalrymple RW Chun S 2006 The significance of Hummocky cross

stratification (HCS) wavelengths evidence from an open-coast tidal flat South Korea

Journal of Sedimentary Research 76 2ndash8 DOI 102110jsr200601

Yang BC Gingras MK Pemberton SG Dalrymple RW 2008 Wave-generated tidal

bundles as an indicator of wave-dominated tidal flats Geology 36(1)39-42

Walker RG 1992 Facies facies models and modern stratigrahic concepts In Walker RG

amp James NP (Eds) Facies models response to sea level change Ontario Geological

Association of Canada p 1-14

Walker RG 2006 Facies models revisited an introdution In Posamentier HW amp Walker

RG (Eds) Facies models revisited Tulsa Oklahoma SEPM Society for Sedimentary

Geology ndashSEPM Special Publications84

Wilzevic MC 1991 Photomosaic of outcrops useful photomographic techniques In Miall

AD amp Tyler N (eds) The three-dimensional facies architecture of terrigenous clastic

sediments and its implications for hydrocarbon discovery and recovery Oklahom USA

SEPM Society for Sedimentary Geology p22-24

Windley B 1995 The evolving continentes 3rd ed John Wiley amp Sons Ltd Chichester 526

p

Zaacutelan P 2004 Evoluccedilatildeo Fanerozoacuteica das bacias sedimentares Brasileiras In Mantesso-Neto

V Bartorelli A Carneiro C D R Brito-Neves B B Geologia do Continente Sul-

Americano evoluccedilatildeo da obra de Fernando Flaacutevio Marques de Almeida 1 ed Satildeo Paulo

Beca cap 33 p595-613

Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I

units and bounding surfaces Marine and Petroleum Geology 391-25

68

APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA

Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1

arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a

arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e

localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de

faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade

intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3

Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados

muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo

69

APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X

Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da

Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e

mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada

com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001

indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de

rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio

AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001

da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A

vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a

existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um

menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor

individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e

49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71

Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda

em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar

montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em

lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior

presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de

atestar esta tendecircncia