Dissertação de Mestrado · Aos professores e amigos de turma do NUGEO e do PPGEM pelas...

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Dissertação de Mestrado SISTEMA DE MONITORAMENTO DE DINÂMICA DE ROCHA (SMDR) APLICADO AO CONTROLE GEOTÉCNICO DE UMA CAVIDADE NATURAL SUBTERRÂNEA NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO - MG AUTOR: ADAM BARROS FERNANDES ORIENTADOR: Prof. Dr. Hernani Mota de Lima (UFOP) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP OURO PRETO - FEVEREIRO DE 2020

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Dissertação de Mestrado

SISTEMA DE MONITORAMENTO DE

DINÂMICA DE ROCHA (SMDR) APLICADO

AO CONTROLE GEOTÉCNICO DE UMA

CAVIDADE NATURAL SUBTERRÂNEA NO

MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DO RIO

ABAIXO - MG

AUTOR: ADAM BARROS FERNANDES

ORIENTADOR: Prof. Dr. Hernani Mota de Lima (UFOP)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP

OURO PRETO - FEVEREIRO DE 2020

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SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO

Bibliotecário(a) Responsável: Maristela Sanches Lima Mesquita - CRB:1716

F363s Fernandes, Adam Barros . Sistema de monitoramento de dinâmica de rocha (SMDR) aplicado ao

controle geotécnico de uma cavidade natural subterrânea no município de São Gonçalo do Rio Abaixo - MG. [manuscrito] / Adam Barros Fernandes. - 2020.

150 f.: il.: color., gráf., tab., mapa.

Orientador: Prof. Dr. Hernani Mota de Lima. Dissertação (Mestrado Acadêmico). Universidade Federal de Ouro

Preto. Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas. Programa de Geotecnia. Área de Concentração: Geotecnia.

1. Cavernas (Habitações subterrâneas) . 2. Sistemas de coleta

automática de dados . 3. Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR). 4. Mineração a céu aberto. I. Lima, Hernani Mota de. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título.

CDU 624.13

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“Dieu est l'intelligence suprême, cause

première de toutes choses.”

Le Livre des Esprits, 1857

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, aos meus pais e a Gabi, por serem luz no meu caminho e a todos aqueles

que de alguma forma influenciaram positivamente durante o desenvolvimento desse

trabalho.

Ao Núcleo de Geotecnia (NUGEO) da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro

Preto (UFOP) por proporcionar a oportunidade de me qualificar nessa instituição que é a

alma mater da mineração brasileira.

Aos professores e amigos de turma do NUGEO e do PPGEM pelas experiências e

conhecimentos passados nas disciplinas. Com destaque para o meu orientador, professor

Dr. Hernani Mota de Lima, por ter aceitado o desafio da orientação e pelo grande auxílio

na execução da dissertação.

À empresa Vale S.A., pelo auxílio financeiro, por tornar possível a realização desta

dissertação e pelo investimento em pesquisa e inovação no âmbito do estudo de cavidades

naturais subterrâneas. Agradeço especialmente ao Iuri Brandi e ao Raul Valentim, pelo

enorme auxílio durante todo o desenvolvimento desse trabalho.

À empresa Spelayon Consultoria, pelo auxílio de grande valia na aquisição dos dados

sismográficos e no detalhamento dos dados espeleológicos, em especial ao Frederico

Ribeiro e ao Fernando Cardoso.

À empresa MecRoc, pela disponibilidade em ajudar, me apoiando desde o entendimento

do funcionamento do Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR) até a

interpretação dos dados sismográficos e de deslocamento. Sendo relevante agradecer ao

Alexandre Gontijo e ao Leandro Fonseca.

Ao Ivan Trindade, a Maria da Consolação e ao José Garibaldi, por sempre estarem bem

dispostos para uma conversa agradável e por serem a minha família em Ouro Preto.

Ao Reinaldo pelo grande auxílio no geoprocessamento, bem como pela amizade.

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RESUMO

As atividades de mineração são imprescindíveis para a economia brasileira, tendo em

vista a enorme influência desse setor na geração de empregos, no PIB e no equilíbrio

econômico nacional. Porém, nos últimos anos ocorreram mudanças na legislação

ambiental do Brasil que estipularam um raio de proteção no entorno das cavidades

naturais subterrâneas, determinado de forma empírica, no valor de 250 metros, onde não

se pode ocorrer nenhum impacto ambiental irreversível a caverna, podendo inviabilizar o

aproveitamento de grande parte das jazidas minerais. Dessa forma, com o intuito de

verificar a influência do desmonte com uso de explosivos na estabilidade física da

cavidade BRU_0034, nas proximidades da Mina de Brucutu da empresa Vale S.A., foram

propostos, por intermédio desse estudo, monitoramentos sismográficos e de

deslocamento através do uso do Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha

(SMDR). No que se refere aos resultados obtidos com o SMDR, foi possível verificar

através dos dados sismográficos e dos desmontes que o modelo de atenuação proposto,

apesar de possuir uma pequena população amostral, é estatisticamente aceito. Além disso,

com base na análise dos dados de deslocamento, pode-se concluir que não houve uma

grande movimentação aparente nos sensores durante o monitoramento, atestando assim

uma boa estabilidade geomecânica da cavidade.

Palavras-chave: Cavidades Naturais Subterrâneas; Monitoramento; SMDR; Mineração.

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ABSTRACT

Mining activities are essential for the Brazilian economy, in view of the enormous

influence of the sector in job creation, PIB and the national economic balance. However,

in recent years there have been changes in brazil's environmental legislation that

stipulate a protective radius around the underground natural cavities, determined

empirically, in the amount of 250 meters, where no irreversible environmental impact

can occur at the cave and may make it impossible to use most of the mineral deposits.

Thus, in order to verify the influence of the rock blasting with the use of explosives on

the physical stability of the BRU_0034 cavity, near the Brucutu Mine of Vale S.A.,

seismographic and displacement monitoring stemming from the use of the Rock

Dynamics Monitoring System (SMDR) were proposed through this study. Regarding the

results obtained with the SMDR, it was possible to verify through the seismographic data

and the rock blasting that the proposed attenuation model, despite having a small sample

population, is statistically accepted. In addition, based on the analysis of displacement

data, it can be concluded that there was no major apparent movement in the sensors during

monitoring, thus attesting to a good geomechanical stability of the cavity.

Key-words: Underground Natural Cavities; Monitoring; SMDR; Mining.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Imagem de localização e vias de acesso de Belo Horizonte até a Mina de

Brucutu em São Gonçalo do Rio Abaixo. Fonte: Google Maps, (2019). ......................... 6

Figura 2.2 – Localização da Mina de Brucutu (Cava, Usina e Barragem Sul) e das

principais cavidades dessa região, com destaque para a BRU_0034 (ponto amarelo).

Fonte: Vale S.A., (2016). .................................................................................................. 7

Figura 2.3 – Mapa regional do Cráton São Francisco mostrando a localização dos lóbulos

nordeste e sul, as fronteiras com os cinturões orogênicos e a localização do Quadrilátero

Ferrífero (QF) dentro do Cráton São Francisco, delimitado pelo retângulo ao sul. Fonte:

Alkmim & Marshak, (1998) modificado de Alkmim et al., (1993). ................................ 8

Figura 2.4 – Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero, com a localização

das principais minas de ferro e municípios, destaque para a área de estudo (vermelho).

Figura original com o traçado da geologia do Quadrilátero Ferrífero, em linhas gerais,

baseado em Dorr, (1969). Fonte: Adaptado de Caxito & Dias, (2018). .......................... 9

Figura 2.5 – Coluna estratigráfica proposta para o Quadrilátero Ferrífero. Fonte: Alkmim

& Marshak, (1998). ......................................................................................................... 14

Figura 2.6 – Mapa de localização do Sinclinal Gandarela, Quadrilátero Ferrífero – MG,

com destaque para a mina de Brucutu e arredores, basedo em Dorr, (1969). Fonte:

Modificado de Oliveira et al., (2005). ............................................................................ 18

Figura 2.7 – Foto aérea da mina de Brucutu. Fonte: Vale S.A., (2016). ........................ 21

Figura 2.8 – Mapa de localização e vias de acesso da Mina de Brucutu. Fonte de dados:

Plataforma IDE-Sisema e IBGE, (2019). ........................................................................ 22

Figura 2.9 – Mapa Geológico com a localização das cavidades nas proximidades da mina

de Brucutu, com destaque para a BRU_0034 (extremo nordeste do mapa). Fonte: Vale

S.A., (2016). .................................................................................................................... 25

Figura 2.10 – Seção vertical da mina de Brucutu apresentando furos de sondagem. Fonte:

Angeli, (2011). ................................................................................................................ 25

Figura 2.11 – Disposição geográfica e influência das cavernas no empreendimento da

mina de Brucutu. Fonte: Google Earth e Vale S.A., (2019). .......................................... 26

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Figura 2.12 – Ambiente de deposição da Formação Ferrífera Bandada do tipo Lago

Superior. Figura original inspirada nos modelos propostos por Gross, (1983); Young,

(1976); e Klein & Beukes, (1993). Fonte: Adaptado de Caxito & Dias, (2018). ........... 27

Figura 2.13 – Mapa Hipsométrico com a localização da Mina de Brucutu. Fonte de dados:

United States Geological Survey – USGS, (2019). ........................................................ 30

Figura 2.14 – Mapa de Vegetação com a localização da Mina de Brucutu. Fonte de dados:

Plataforma IDE-Sisema e IBGE, (2019). ........................................................................ 31

Figura 2.15 – Mapa Pedológico com a localização da Mina de Brucutu. Fonte de dados:

Embrapa e IBGE, (2019). ............................................................................................... 32

Figura 2.16 – Distribuição espacial das classes climáticas de Köppen para Minas Gerais.

Fonte: Cardoso et al., (2015). ......................................................................................... 34

Figura 2.17 – Mapa Hidrográfico e de Domínios Hidrogeológicos com a localização da

Mina de Brucutu. Fonte de dados: Plataforma IDE - Sisema e IBGE, (2019). .............. 35

Figura 3.1 – Evolução da quantidade de cavernas conhecidas no Brasil de 1898 a 2018.

Fonte: ICMBio, (2018). .................................................................................................. 40

Figura 3.2 – Distribuição das cavernas brasileiras por Região Hidrográfica. Fonte:

ICMBio, (2018). ............................................................................................................. 41

Figura 3.3 – Distribuição das cavernas brasileiras por Bioma. Fonte: ICMBio, (2018). 41

Figura 3.4 – Distribuição das cavernas brasileiras por Unidade da Federação. Fonte:

ICMBio, (2018). ............................................................................................................. 42

Figura 3.5 – Distribuição das cavernas brasileiras por Classes de Solo. Fonte: ICMBio,

(2018). ............................................................................................................................. 42

Figura 3.6 – Distribuição das cavernas brasileiras por Classes de Rocha. Fonte: ICMBio,

(2018). ............................................................................................................................. 43

Figura 3.7 – Percentual de cavernas quanto a localização em relação as Unidades de

Conservação. Fonte: ICMBio, (2018). ............................................................................ 44

Figura 3.8 – Distribuição das cavernas brasileiras por Classe de Unidade de Conservação.

Fonte: ICMBio, (2018). .................................................................................................. 44

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Figura 3.9 – Distribuição das cavernas situadas em empreendimentos considerados

efetivos ou potencialmente impactantes ao Patrimônio Espeleológico ou sua área de

influência. Fonte: ICMBio, (2018). ................................................................................ 45

Figura 3.10 – Distribuição das cavernas brasileiras localizadas em polígonos com

Requerimento ou Concessão de Lavra junto à Agência Nacional de Mineração. Fonte:

ICMBio, (2018). ............................................................................................................. 45

Figura 3.11 – Distribuição das cavernas brasileiras que tiveram autorização de impacto

negativo irreversível emitido pelos órgãos licenciadores por litologia. Fonte: ICMBio,

(2018). ............................................................................................................................. 46

Figura 3.12 – Formação de cavernas através da evolução das zonas de baixa densidade na

interface crosta-saprólito. Fonte: Mauriy & Kotschoubey, (1995). ................................ 48

Figura 3.13 – Mapa de detalhe da cavidade BRU_0034, situada próxima às vias de acesso

até a cava da mina de Brucutu. Fonte de dados: Vale S.A. e USGS, (2019). ................. 50

Figura 3.14 – Croqui esquemático mostrando as cavidades BRU_0014 e BRU_0034

(destaque em vermelho para a cavidade do presente estudo), litologias (com mergulho em

direção para a cava da mina - SE). Fonte: Vale S.A., (2016). ........................................ 50

Figura 3.15 – Aspecto da vertente onde se situa a cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A.,

(2016). ............................................................................................................................. 51

Figura 3.16 – A) Vista da entrada da caverna; B) Interior da cavidade com crosta branca;

C) Canga com crosta e coraloides; D) Detalhe de coraloide. Fonte: Vale S.A., (2016). 52

Figura 3.17 – Entrada da cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A., (2016). .................... 53

Figura 3.18 – Perfil da cavidade BRU_0034 com detalhes do relevo do piso da cavidade

formando uma barreira física (indicado pela seta vermelha) em sua zona de entrada

dificultando o aporte de serapilheira. As setas azuis representam vias possíveis de

importação de matéria orgânica dissolvida. Fonte: Vale S.A., (2016). .......................... 54

Figura 3.19 – Mapa topográfico (5D) da cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A., (2016).

........................................................................................................................................ 56

Figura 3.20 – Área de contribuição hídrica da cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A.,

(2016). ............................................................................................................................. 58

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Figura 3.21 – Perfil da área de contribuição hídrica da cavidade BRU_0034. Fonte: Vale

S.A., (2016). .................................................................................................................... 58

Figura 3.22 – Cenário de sismografia no entorno de local de ocorrência de caverna. Fonte:

ICMBio, (2016a). ............................................................................................................ 60

Figura 3.23 – Efeito de espalhamento esférico na atenuação da propagação sísmica.

Fonte: ICMBio, (2016a). ................................................................................................ 60

Figura 3.24 – Efeito de descontinuidades do solo na propagação da vibração sísmica.

Fonte: ICMBio, (2016a). ................................................................................................ 62

Figura 3.25 – Fragilidade estrutural e a definição do critério de segurança correspondente.

Fonte: ICMBio, (2016a). ................................................................................................ 62

Figura 3.26 – Representação gráfica dos limites de velocidade de vibração de partícula

de pico por faixas de frequência. Fonte: ABNT NBR 9653:2018. ................................. 66

Figura 3.27 – Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR) e os seus 4

componentes principais: A) Sistema Eletrônico Central - datalogger, onde são instalados

os sensores; B) Sensor Ótico de Distância - Medidor de Convergência a laser; C) Sensor

de Vibração - Geofone Triaxial; D) Sensor de Temperatura e Umidade. Fonte: MecRoc,

(2019). ............................................................................................................................. 69

Figura 3.28 – Sistema Eletrônico Central (datalogger) e locais de instalação dos sensores.

Fonte: MecRoc, (2019). .................................................................................................. 70

Figura 3.29 – Coleta dos dados de vibração e deslocamento na unidade de armazenamento

do Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR). Fonte: Vale S.A., (2019).

........................................................................................................................................ 70

Figura 3.30 – Layout do software do Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha

(SMDR). Fonte: MecRoc, (2019). .................................................................................. 71

Figura 3.31 – Sensor Ótico de Distância instalado próximo ao piso de uma cavidade

ferruginosa. Fonte: Vale S.A., (2019). ............................................................................ 72

Figura 3.32 – Geofone instalado no teto de uma cavidade ferruginosa. Fonte: Vale S.A.,

(2019). ............................................................................................................................. 73

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Figura 3.33 – Localização da instalação do SMDR em uma galeria sobrejacente à área de

lavra na Mina Cuiabá da AngloGold Ashanti. Fonte: Gontijo et al., (2014). ................. 74

Figura 3.34 – Mapa de uma cavidade natural subterrânea nas proximidades de uma

operação em mina da Vale S.A. no Quadrilátero Ferrífero e o local onde foi realizada a

instrumentação utilizando o SMDR. Fonte: Gontijo et al., (2014)................................. 74

Figura 4.1 – Fluxograma com as etapas metodológicas da dissertação. Fonte: Autor,

(2019). ............................................................................................................................. 75

Figura 4.2 – Mapa de localização contendo a cavidade BRU_0034 e os locais das

detonações. Fonte de dados: Vale S.A. (2016) e USGS, (2019). ................................... 78

Figura 4.3 – Instalação do Geofone no teto e do Sensor Ótico de Distância na parede da

cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A., (2019). ............................................................ 79

Figura 5.1 – Curva de atenuação das vibrações para os 7 desmontes captados no interior

da cavidade BRU_0034. ................................................................................................. 83

Figura 5.2 – Gráfico dos limites de velocidade de vibração de partícula de pico resultante

por faixas de frequências, de acordo com a ABNT NBR 9653/2018, com destaque para a

velocidade limite de impacto em função da faixa de frequência média de pico............. 86

Figura 5.3 – Determinação da carga máxima por espera por faixa de distância (avanço a

cada 50 metros) no entorno da Cavidade BRU_0034. Fonte de dados: Vale, USGS e

resultados dessa dissertação, (2019). .............................................................................. 88

Figura 5.4 – Resultados absolutos de deslocamento obtidos pelo sensor ótico no período

de 25/07/2019 a 27/08/2019 na cavidade BRU_0034, com indicação das duas detonações

realizadas nos dias 29/07/2019 (30-07) e 23/08/2019 (18-08), na mina de Brucutu. ..... 89

Figura 5.5 – Resultados absolutos de deslocamento obtidos pelo sensor ótico no período

de 27/08/2019 a 19/09/2019 na cavidade BRU_0034, com indicação das duas detonações

realizadas nos dias 07/09/2019 (09-09) e 17/09/2019 (20-09), na mina de Brucutu. ..... 90

Figura 5.6 – Resultados absolutos de deslocamento obtidos pelo sensor ótico no período

de 19/09/2019 a 30/09/2019 na cavidade BRU_0034, com indicação das três detonações

realizadas nos dias 20/09/2019 (22-09), 25/09/2019 (28-09) e 26/09/2019 (29-09), na

mina de Brucutu. ............................................................................................................. 91

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Diversidade de substratos orgânicos encontrados no interior da cavidade

BRU_0034. ..................................................................................................................... 54

Tabela 3.2 – Dados espeleométricos da cavidade BRU_0034. ...................................... 57

Tabela 3.3 – Dados da morfometria da área de contribuição da cavidade BRU_0034. . 57

Tabela 3.4 – Atributos Classificatórios para o grau de relevância da cavidade BRU_0034.

........................................................................................................................................ 59

Tabela 3.5 – Limites de velocidade de vibração de partícula de pico por faixas de

frequência. ....................................................................................................................... 66

Tabela 5.1 – Descrição resumida dos pontos de detonação captados pelo SMDR. ....... 82

Tabela 5.2 - Dados de distância (D) e carga máxima por espera (Q) de cada fogo para

obtenção da Distância Escalonada (DE). ........................................................................ 82

Tabela 5.3 – Dados utilizados para a elaboração da curva de atenuação. ...................... 83

Tabela 5.4 - Análise de Variância (ANOVA) dos valores de velocidade de pico de

partícula resultante e distância escalonada. .................................................................... 85

Tabela 5.5 – Resumo das cargas máximas por espera considerando as faixas de avanço

de 50 m no entorno da cavidade BRU_0034. ................................................................. 87

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LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANA Agência Nacional de Águas

ANM Agência Nacional de Mineração

BRU_0005 Cavidade Natural Subterrânea 5

BRU_0008 Cavidade Natural Subterrânea 8

BRU_0014 Cavidade Natural Subterrânea 14

BRU_0034 Cavidade Natural Subterrânea 34

°C Graus Celsius

CANIE Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas

CECAV Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

CGG Complexo Granito-Gnáissico

CNS Cavidade Natural Subterrânea

CWa Clima subtropical de inverno seco e verão quente

CWb Clima subtropical de altitude com inverso seco e verão ameno

D Distância horizontal da cavidade até o ponto mais próximo da detonação

DE Distância Escalonada

DIN Norma Técnica da Alemanha

E Leste

Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPDA Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental

FFB Formação Ferrífera Bandada

FS Fator de Segurança

GIF Granular Iron Formation

Hz Frequência de vibração de partícula em Hertz

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

k e m Variáveis em função dos parâmetros de fogo e das características do

terreno na lei de atenuação

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km Quilômetros

m Metros

mm Milímetros

MMA Ministério do Meio Ambiente

MDIR_0028 Cavidade Natural Subterrânea 28

N Norte

NBR Norma Técnica Brasileira

NE Nordeste

NW Noroeste

PCH Pequena Central Hidrelétrica

PH Projeção Horizontal

Q Carga máxima de explosivo a ser detonada por espera

QF Quadrilátero Ferrífero

Qte Quantidade

Rel.

ROM

Grau de Relevância de uma cavidade

Run Of Mine

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural

s Segundos

S Sul

SBE Sociedade Brasileira de Espeleologia

SE Sudeste

SEE Sociedade Excursionista & Espeleológica

SGM Supergrupo Minas

SGRV Supergrupo Rio das Velhas

SISEMA Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

SMDR Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha

SUPRAM Superintendência Regional de Meio Ambiente

SW Sudoeste

UC Unidade de Conservação

UFOP Universidade Federal de Ouro Preto

UHE Usina Hidrelétrica

UIS International Union of Speleology

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USGS United States Geological Survey

UTM Universal Transversa de Mercator

VR Velocidade de Vibração de Partícula Resultante de Pico

VVP Velocidade de Vibração de Partícula de Pico

W Oeste

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO I - CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DO SMDR ...................................... I.1

ANEXO II - CADASTROS DE DETONAÇÃO E RELATÓRIOS DE DESMONTE II.1

ANEXO III - RELATÓRIOS DE VIBRAÇÃO DO SMDR ....................................... III.1

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 .................................................................................................................. 1

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 1

1.2 JUSTIFICATIVA DA DISSERTAÇÃO ................................................................... 3

1.3 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO ........................................................................... 3

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................ 4

CAPÍTULO 2 .................................................................................................................. 6

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................ 6

2.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO .................................................................... 6

2.2 ASPECTOS GEOLÓGICOS ...................................................................................... 7 2.2.1 Cráton São Francisco ........................................................................................... 7

2.2.2 Quadrilátero Ferrífero .......................................................................................... 8

2.2.3 Evolução Tectono-Estrutural do Quadrilátero Ferrífero .................................... 14

2.2.4 Geologia Estrutural da Área .............................................................................. 16 2.2.5 Geologia Local ................................................................................................... 17

2.2.6 Mina de Brucutu ................................................................................................ 21

2.3 GEOMORFOLOGIA .............................................................................................. 28

2.4 PEDOLOGIA E VEGETAÇÃO .............................................................................. 30

2.5 CLIMA .................................................................................................................... 33

2.6 HIDROLOGIA E HIDROGEOLOGIA .................................................................. 34

CAPÍTULO 3 ................................................................................................................ 36

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 36

3.1 ESPELEOLOGIA ..................................................................................................... 36 3.1.1 Introdução .......................................................................................................... 36

3.1.2 Cavernas em Minério de Ferro .......................................................................... 46 3.1.3 Formação das Feições no Carste em Terreno Laterítico .................................... 47

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA CAVIDADE BRU_0034 .............................................. 49 3.2.1 Introdução .......................................................................................................... 49 3.2.2 Geoespeleologia ................................................................................................. 51

3.2.3 Bioespeleologia .................................................................................................. 53

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3.2.4 Dados Espeleométricos ...................................................................................... 55 3.2.5 Determinação da Área de Contribuição Hídrica ................................................ 57 3.2.6 Grau de Relevância ............................................................................................ 58

3.3 SISMOGRAFIA APLICADA AO ESTUDO ESPELEOLÓGICO ......................... 59 3.3.1 Introdução .......................................................................................................... 59

3.3.2 Execução do Monitoramento Sismográfico do Desmonte Padrão .................... 65

3.4 SISTEMA DE MONITORAMENTO DE DINÂMICA DE ROCHA ..................... 68 3.4.1 Introdução .......................................................................................................... 68 3.4.2 Sensor Ótico de Distância .................................................................................. 71 3.4.3 Sensor de Vibração ............................................................................................ 72

3.4.4 Aplicações do SMDR ........................................................................................ 73

CAPÍTULO 4 ................................................................................................................ 75

4 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 75

4.1 PRIMEIRA ETAPA ................................................................................................. 76

4.1.1 Levantamento Bibliográfico .............................................................................. 76 4.1.2 Levantamento Cartográfico ............................................................................... 77

4.1.3 Organização do Banco de Dados ....................................................................... 77

4.2 SEGUNDA ETAPA ................................................................................................. 77

4.2.1 Monitoramento com o SMDR ........................................................................... 77

4.3 TERCEIRA ETAPA ................................................................................................. 80

4.3.1 Análise e Interpretação dos Dados ..................................................................... 80

4.4 INFLUÊNCIA DO DESMONTE NA CAVIDADE E CONCLUSÃO ................... 80

CAPÍTULO 5 ................................................................................................................ 81

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 81

5.1 MONITORAMENTO DA CAVIDADE BRU_0034 COM SMDR ........................ 81 5.1.1 Elaboração do Modelo de Atenuação ................................................................ 81

5.1.2 Prevenção de Impactos Físicos à Cavidade - Q x D .......................................... 86 5.1.3 Análise de Deslocamento x Vibração ................................................................ 89

CAPÍTULO 6 ................................................................................................................ 92

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS 92

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 92

6.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ...................................................... 95

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 97

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1

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

É notável perceber que a mineração constitui um setor fundamental para a economia

brasileira e de Minas Gerais. Isso ocorre devido à vasta aplicação dos minérios, logo,

seria inviável pensar numa sociedade contemporânea e futura sem essa atividade

econômica. A indústria da mineração é um dos setores básicos da economia do nosso

país, podendo contribuir decisivamente e positivamente para o bem-estar e a melhoria da

qualidade de vida das presentes e futuras gerações, desde que haja uma atuação baseada

na responsabilidade social e pautada nos preceitos do Desenvolvimento Sustentável

(JEBER & PROFETA, 2018).

O aproveitamento econômico dos recursos minerais pode implicar em alterações do meio

socioambiental do território minerador, seja de forma positiva ou negativa (JEBER &

PROFETA, 2018). Como previsto pelos aspectos geológicos e evidenciado no Decreto

9.406/2018, as jazidas minerais são caracterizadas pela sua rigidez locacional, ou seja, só

é possível minerar onde existe minério e isso diferencia a mineração das demais

atividades industriais. Além disso, as alterações ou impactos adversos nos recursos

ambientais e sociais do território devem ser alvo de controle direto, do empreendedor, e

indireto, dos órgãos ambientais e das partes interessadas. O cumprimento da legislação e

dos processos de licenciamento ambientais são passos fundamentais para o controle e a

minimização de impactos (JEBER & PROFETA, 2018).

Uma das alterações do meio que a atividade minerária pode causar é a modificação na

estabilidade física e/ou a supressão de cavidades naturais subterrâneas, objeto de estudo

dessa dissertação.

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De acordo com o Decreto nº 6.640, de 7 de novembro 2008 (BRASIL, 2008):

Entende-se por cavidade natural subterrânea todo e qualquer espaço

subterrâneo acessível pelo ser humano, com ou sem abertura identificada,

popularmente conhecido como caverna, gruta, lapa, toca, abismo, furna ou

buraco, incluindo seu ambiente, conteúdo mineral e hídrico, a fauna e a flora

ali encontrados e o corpo rochoso onde os mesmos se inserem, desde que

tenham sido formados por processos naturais, independentemente de suas

dimensões ou tipo de rocha encaixante. (Art. 1° - Parágrafo Único).

O decreto trata também da classificação das cavidades de acordo com o seu grau de

relevância em máximo, alto, médio ou baixo, determinado pela análise de atributos

ecológicos, biológicos, geológicos, hidrológicos, paleontológicos, cênicos, histórico-

culturais e socioeconômicos, avaliados sob enfoque regional e local (BRASIL, 2008).

A mina de Brucutu, segunda maior mina de ferro do Brasil, em capacidade instalada de

usina (29 milhões de toneladas/ano), integra o Complexo Minas Centrais e está situada

na porção nordeste do Quadrilátero Ferrífero e sendo ainda mais específico, a mesma está

localizada na extremidade oriental do segmento nordeste (NE) do Sinclinal Gandarela

(BIZZI et al. 2003; CAXITO & DIAS, 2018). Nesse local há uma vasta ocorrência de

cavidades naturais subterrâneas em litologias ferríferas já retratadas pela bibliografia por

meio de publicações desenvolvidas por pesquisas acadêmicas e até mesmo por intermédio

de resultados de trabalhos técnicos elaborados por funcionários da empresa Vale S.A.

Nesse contexto encontra-se a cavidade BRU_0034, situada próxima à mina de Brucutu,

foco desse estudo e que é alvo das análises sismográficas e de deslocamento. Nesta

dissertação buscou-se avançar e aprofundar no entendimento da sismografia aplicada ao

estudo da integridade física de cavidades em litologias ferríferas.

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1.2 JUSTIFICATIVA DA DISSERTAÇÃO

Tendo em vista a vasta ocorrência de cavidades em litologias ferríferas no Quadrilátero

Ferrífero e o aumento crescente do número de cavidades registradas em formações

ferríferas no Brasil, que já somam mais de duas mil, associado, evidentemente, ao grande

potencial brasileiro para ocorrência dessas feições, e da necessidade de monitorar a

influência do uso de explosivos na estabilidade física de cavernas nas proximidades de

uma mina de minério de ferro, insere-se a presente pesquisa.

Vale ressaltar também que apesar de já haver material bibliográfico de grande relevância

sobre sismografia aplicada ao estudo de cavidades abrangidas pelas operações mineiras

em minas de minério de ferro, em especial por meio de publicações de artigos científicos,

dissertações de mestrado e teses de doutorado nos Programas de Pós-Graduação da

UFOP, é necessária uma ampliação no estudo sismográfico de uma caverna situada nas

proximidades da mina de Brucutu.

É importante destacar também a grande importância do convênio existente entre a

empresa Vale S.A. e a Universidade Federal de Ouro Preto no âmbito do estudo de

cavidades naturais subterrâneas nas suas mais diversas áreas de aplicação. Tendo como

intuito a preservação e ampliação do conhecimento do patrimônio espeleológico nacional

com relação às cavernas situadas especialmente em litotipos ferríferos. Sendo importante

destacar também que a presente dissertação é mais um produto desse convênio que produz

tantos trabalhos de relevância para a espeleologia brasileira.

1.3 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação tem como objetivo geral estudar a influência da vibração provocada pelo

desmonte com uso de explosivos na estabilidade física de cavidades naturais subterrâneas

presentes na mina de Brucutu. Para tanto, tomou-se como base os dados obtidos por

intermédio do Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR) da empresa

MecRoc, na cavidade BRU_0034.

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Os objetivos específicos incluíram:

• A verificação do valor mínimo aceitável para o raio de influência da caverna

analisada;

• A análise dos valores de Velocidade de Vibração de Partícula de Pico (VVP) e

frequência (Hz), levando em consideração os diferentes litotipos e estruturas

encontrados e;

• O exame dos aspectos legais relacionados aos estudos de cavidades, conforme a

legislação minerária e ambiental vigente, bem como a NBR 9653:2018 Versão

Corrigida: 2018 e os termos de referência de sismografia aplicada à proteção do

patrimônio espeleológico desenvolvidas pelo CECAV (ABNT, 2018).

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A dissertação a ser discorrida está estruturada em sete capítulos conforme apresentado a

seguir:

Capítulo 1 – Introdução – apresenta aspectos básicos aplicados à mineração,

espeleologia e mina de Brucutu, focando na área de influência e integridade física da

cavidade. Além disso, são apresentadas as justificativas e os objetivos da presente

pesquisa.

Capítulo 2 – Contextualização da Área de Estudo – trata das características

geográficas, geológicas, geomorfológicas, pedológicas, climatológicas, e

hidrológicas/hidrogeológicas da região estudada.

Capítulo 3 – Fundamentação Teórica – apresenta definições importantes quanto às

cavidades naturais subterrâneas e principais características da cavidade estudada. Além

da revisão bibliográfica sobre sismografia aplicada ao estudo espeleológico e aspectos da

legislação aplicada às cavidades, minerária e ambiental do Brasil.

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Capítulo 4 – Materiais e Métodos – apresenta toda a metodologia utilizada para a

elaboração da dissertação, desde a revisão bibliográfica, passando pelas atividades de

campo até as conclusões finais.

Capítulo 5 – Resultados e Discussões – apresenta os resultados obtidos com

monitoramento da cavidade, realizado pela empresa Vale S.A. e os discute via

comparações com valores da literatura. Em adição apresenta uma análise da estabilidade

física da caverna em função da carga máxima de explosivos utilizada, da distância do

desmonte e do raio de influência da cavidade.

Capítulo 6 – Considerações Finais e Sugestões para Pesquisas Futuras – este capítulo

apresenta as principais conclusões obtidas e sugestões para estudos futuros em temas

correlatos ao da presente dissertação.

Referências – material bibliográfico utilizado para fornecer o embasamento à pesquisa

científica.

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CAPÍTULO 2

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

2.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO

A Mina de Brucutu localiza-se no município de São Gonçalo do Rio Abaixo - MG,

aproximadamente a 100 km de Belo Horizonte. O acesso, partindo de Belo Horizonte é

feito pela BR-262/BR-381 sentido Vitória. Após percorrer aproximadamente 75 km,

toma-se a MG-436 à direita em direção a cidade de Barão de Cocais, percorrendo cerca

de 20 km vira à esquerda pegando uma estrada vicinal entre Barão de Cocais e São

Gonçalo do Rio Abaixo (Figura 2.1).

Figura 2.1 – Imagem de localização e vias de acesso de Belo Horizonte até a Mina de Brucutu em São

Gonçalo do Rio Abaixo. Fonte: Google Maps, (2019).

Na mina de Brucutu, as cavidades BRU_0014 e BRU_0034 estão situadas ao norte da

cava enquanto as cavidades BRU_0005; BRU_0008 e MDIR_0028 encontram-se a oeste

da Usina (Figura 2.2).

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Figura 2.2 – Localização da Mina de Brucutu (Cava, Usina e Barragem Sul) e das principais cavidades

dessa região, com destaque para a BRU_0034 (ponto amarelo). Fonte: Vale S.A., (2016).

2.2 ASPECTOS GEOLÓGICOS

2.2.1 Cráton São Francisco

A Província Estrutural/Cráton do São Francisco compõe parte do Escudo Atlântico,

localizado na porção centro-leste da Plataforma Sul-Americana. Este segmento crustal foi

individualizado como uma unidade geotectônica por Almeida (1977), cujos traçados

limítrofes foram redefinidos por Alkmim et al. (1993) e Alkmim (2004). As faixas de

dobramento adjacentes ao Cráton do São Francisco representam o registro dos terrenos

acrescionados às bordas do referido Cráton através das colisões diacrônicas do ciclo

Brasiliano (neoproterozóico-cambriano) e foram designadas da seguinte forma: Araçuaí

(Província Mantiqueira, ALMEIDA 1977), Brasília (Província Tocantins, ALMEIDA

1977), Rio Preto (Província Tocantins, INDA et al. 1984), Riacho do Pontal e Sergipana

(Província Borborema, BRITO-NEVES 1979) (Figura 2.3).

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Figura 2.3 – Mapa regional do Cráton São Francisco mostrando a localização dos lóbulos nordeste e sul, as

fronteiras com os cinturões orogênicos e a localização do Quadrilátero Ferrífero (QF) dentro do Cráton São

Francisco, delimitado pelo retângulo ao sul. Fonte: Alkmim & Marshak, (1998) modificado de Alkmim et

al., (1993).

2.2.2 Quadrilátero Ferrífero

O Quadrilátero Ferrífero (QF) cobre uma área de aproximadamente 7.190 km2, delimitada

pelas latitudes 19º45‟S e 20º30‟S e longitudes 43º22‟30‟‟W e 44º7‟30‟‟W na porção

central do Estado de Minas Gerais (DORR, 1969). O seu contorno em mapa é o de um

polígono de quatro vértices representado pelas cidades de Sabará, Itabira, Mariana e

Congonhas (Figura 2.4).

O QF compreende, em linhas gerais, três grandes conjuntos de unidades rochosas: os

complexos metamórficos de idade arqueana, uma sequência metavulcanosedimentar do

tipo greenstone-belt de idade arqueana, correspondente ao Supergrupo Rio das Velhas,

além de supracrustais de idade paleoproterozoica do Supergrupo Minas, Grupo Sabará e

Grupo Itacolomi (e.g. DORR, 1969; NOCE, 1995; MACHADO et al. 1996; ENDO e

CARNEIRO, 1996; ALKMIM e MARSHAK, 1998).

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Figura 2.4 – Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero, com a localização das principais minas

de ferro e municípios, destaque para a área de estudo (vermelho). Figura original com o traçado da geologia

do Quadrilátero Ferrífero, em linhas gerais, baseado em Dorr, (1969). Fonte: Adaptado de Caxito & Dias,

(2018).

Complexos metamórficos

Os complexos metamórficos compreendem rochas cristalinas de idade arqueana, gnaisses

polideformados, granitos, granodioritos, anfibolitos e intrusões de rochas de natureza

máfica e ultramáfica (HERZ, 1970; CORDANI et al. 1980; EVANGELISTA e

MULLER, 1986; CARNEIRO, 1992) que ocorrem na forma de estruturas dômicas que

pontuam a região do QF. Estes complexos estão posicionados geograficamente no QF da

seguinte forma: Complexo Bonfim a oeste (MACHADO e CARNEIRO, 1992),

Complexo Belo Horizonte a noroeste (MACHADO e NOCE, 1993), Complexo Caeté ao

norte, Complexo Santa Bárbara na porção leste e Complexo Bação na região central

(MACHADO et al., 1992).

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Supergrupo Rio das Velhas

O Supergrupo Rio das Velhas compreende rochas metavulcânicas e metassedimentares

que caracterizam o greenstone-belt de idade arqueana (e.g. DORR, 1969;

SCHORSCHER, 1978; LADEIRA, 1980; SCHORSCHER et al., 1982; MACHADO et

al., 1989 e 1992). As rochas desta unidade apresentam ampla distribuição regional,

ocorrendo em toda a borda leste-sudeste do cráton São Francisco.

Esta sequência vulcanossedimentar se dispõe tectonicamente sobre as rochas dos

complexos metamórficos (e.g. ALMEIDA et al., 2001 e 2002; ALMEIDA, 2004; ENDO

et al., 2005). É composto, da base para o topo, pelos grupos Quebra Osso

(SCHORSCHER, 1978), Nova Lima (DORR, 1969; LADEIRA, 1980) e Maquiné

(DORR et al., 1957). O Grupo Quebra Osso é constituído por metakomatiítos,

metabasaltos toleíticos e metariolitos (SCHORSCHER, 1978). Já o Grupo Nova Lima

compreende rochas metassedimentares de composição carbonática, siliciclástica e

formações ferríferas bandadas do tipo Algoma. Sobre o Grupo Nova Lima, em

discordância erosiva, ocorrem níveis metaconglomeráticos na base, quartzitos maciços e

sericíticos, sericita-quartzo xistos, metaconglomerados oligomíticos e polimíticos e

filitos, pertencentes ao Grupo Maquiné (DORR, 1969; MAXWELL, 1972).

Supergrupo Minas

O Supergrupo Minas é uma sequência metassedimentar de idade paleoproterozoica

constituída predominantemente por sedimentos plataformais clásticos e químicos. (e.g.

DORR, 1969; BABINSKI et al., 1991; ALKMIM e MARSHAK, 1998). O contato com

a unidade subjacente, qual seja, o Supergrupo Rio das Velhas, é estruturalmente

discordante (DORR, 1969).

Sua organização estratigráfica, em essência, permanece a mesma desde a definição

original de Derby (1906) e é constituída por xistos, quartzitos, dolomitos e formação

ferrífera. Uma subdivisão em unidades foi proposta por Harder e Chamberlin (1915), na

qual, da base para o topo, consistia-se de: quartzito Caraça (Caraça Quartzite), xisto

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Batatal (Batatal schist), formação ferrífera (Itabira formation), xisto e quartzito Piracicaba

(Piracicaba formation).

A coluna estratigráfica para o Supergrupo Minas, proposta por Dorr (1969), é resultado

de sucessivos aprimoramentos, sobretudo com as contribuições de Barbosa (1954) e

Guild (1957). Com a incorporação de resultados alcançados pelos estudos de Renger et

al. (1994), Almeida et al. (2002 e 2005), propõe-se que estratigrafia do Supergrupo Minas

seja formada por cinco grandes unidades. Da base para o topo, encontram-se sedimentos

clásticos do Grupo Tamanduá, sedimentos clásticos do Grupo Caraça, sedimentos

químicos do Grupo Itabira, sedimentos clásticos e químicos do Grupo Piracicaba e

sedimentos do tipo flysh do Grupo Sabará (e.g. BARBOSA, 1968; DORR, 1969;

RENGER et al., 1994; ALMEIDA, 2004).

Dorr (1969) subdividiu o Grupo Tamanduá em duas unidades: a Formação Cambotas

(basal), formada por quartzitos com camadas de conglomerados com seixos de formação

ferrífera e a formação sem nome que Endo et al. (2004a) designou de Formação Morro

Grande, sendo esta constituída por xistos diversos, filitos e formações ferríferas

subordinadas.

O Grupo Caraça (DORR et al., 1957) é constituído por rochas clásticas que repousam

discordantemente sobre as unidades vulcanosedimentares do Supergrupo Rios das

Velhas. É dividido em duas formações: Moeda e Batatal. A formação quartzítica basal,

definida por Quartzito Caraça por Harder e Chamberlin (1915) e renomeada de Formação

Moeda por Wallace (1958), ocupa a base do Grupo Caraça. É composta dominantemente

por litologias de composição quartzítica, que incluem metaconglomerados, filitos,

quartzitos de grão fino a grosso com conteúdos variáveis de sericita (DORR, 1969). A

Formação Batatal (MAXWELL, 1958) é constituída por filitos sericíticos, filitos

grafitosos, formação ferrífera e, subordinadamente por metacherts (DORR, 1969).

O Grupo Itabira (DORR et al., 1957), composto dominantemente por sedimentos

químicos, é dividido em duas unidades intergradacionais, as formações Cauê na base e

Gandarela no topo (DORR, 1969). A Formação Cauê, compreende itabiritos, itabiritos

dolomíticos e anfibolíticos, além de lentes de filito e marga (DORR, 1969). O contato

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com a Formação Batatal é gradacional. Sobreposta gradacionalmente à Formação Cauê,

a Formação Gandarela é formada essencialmente por itabiritos dolomíticos, dolomitos e

mármores (DORR, 1969). O Grupo Piracicaba (DORR et al., 1957) é a sequência clástica

de topo, dividido da base para o topo nas formações Cercadinho, Fecho do Funil, Tabões

e Barreiro. A Formação Cercadinho (POMERENE, 1958a) é composta por quartzito,

quartzito ferruginoso, filito ferruginoso, filito dolomítico, filito prateado e dolomito

(DORR, 1969). A Formação Fecho do Funil (SIMMONS, 1968) é formada por filito

dolomítico, filito e dolomito. A Formação Taboões (POMERENE, 1958a) consiste,

essencialmente, de ortoquartzitos finos e equigranulares. A Formação Barreiro

(POMERENE, 1958b) é formada, predominantemente, por xisto, filito e filito grafitoso.

No topo do Supergrupo Minas ocorre uma sequência de rochas imaturas com contribuição

vulcanogênica (RENGER et al., 1994), que constitui o Grupo Sabará. Esta sequência tem

uma espessura de 3 – 3.5 Km e é composta por xistos, filitos, metarenitos,

metavulcanoclásticas, metaconglomerados e metadiamictitos. O contato inferior e

superior do Grupo Sabará com as unidades do Grupo Piracicaba e com o Grupo Itacolomi,

respectivamente, dá-se por meio de uma discordância erosiva (DORR, 1969).

Grupo Sabará

O Grupo Sabará constitui a unidade de maior distribuição na área, e foi mapeado em toda

a porção oeste. Este grupo apresenta uma direção NW-SE com mergulhos moderados

para NE em quase toda sua extensão, acompanhando a mesma inflexão para leste que as

outras unidades do Supergrupo Minas apresentam. O contato a leste com a Formação

Barreiro é gradacional. Em um contexto regional, representa o núcleo do sinclinal Santa

Rita.

A litologia predominante do Grupo Sabará é clorita xisto, em geral, em elevado grau de

alteração e colorações variadas (arroxeado, cinza, prateado, róseo e cores palhas), sendo

a cor arroxeada a mais característica. Ocorrem, ainda, filitos de coloração escura, próxima

do negro, que se intercalam aos xistos.

No extremo sudoeste da área aflora um pacote de pouco mais de 100 metros de espessura,

de direção N-S com mergulho para E de formação ferrífera. O contato da formação

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ferrífera com os xistos é abrupto e normal. Petrograficamente são itabiritos silicosos

formados por bandas centimétricas de hematita e especularita, alternadas com sílica.

Pelas características estratigráficas associadas às observações macroscópicas, por

exemplo, as laminações pouco definidas desta formação ferrífera, sugere-se que estas

sejam de origem sedimentar do tipo GIF (Granular Iron Formation).

Grupo Itacolomi

O Grupo Itacolomi (DORR, 1969), unidade encontrada no topo da sequência, é

constituído, essencialmente, por quartzitos e, subordinamente, de metaconglomerados de

origem continental. Na localidade tipo, que é a Serra do Itacolomi, as rochas deste grupo

sobrepõem as unidades Sabará, Barreiro e Fecho do Funil, em discordância angular

erosiva.

Rochas Intrusivas Pós-Minas

Rochas intrusivas pós-Minas foram mapeadas cortando as rochas do Supergrupo Minas

e embasamento (HERZ, 1970). Constituem diques máficos de direção N-NW. Silva et al.

(1992) datou um destes diques fornecendo a elas uma idade de 1.714 Ga.

Dorr (1969) atribui às rochas metaultramáficas (greenschists), que afloram a leste da

Serra do Caraça, uma idade pós-Minas, as quais, posteriormente, foram interpretadas por

Schorscher (1978) como corpos pertencentes ao greenstone Rio das Velhas e

denominadas de Grupo Quebra Osso.

Sedimentos Cenozoicos

Ocorrem na porção leste do QF rochas de idade Cenozoica, as quais têm espessura média

de 85 metros e, em geral, são recobertas por canga dura ou laterita ferruginosa. Estas

rochas correspondem a siltitos arenosos, arenitos grossos e brechas da Formação Fonseca,

arenitos avermelhados e diamictitos da Formação Cata Preta (CASTRO et al. 1998a e

1998b) e paleodepósitos estratificados, laterizados, compostos por seixos polimíticos,

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arredondados e de vários tamanhos, denominados de Formação Chapada de Canga

(SAN‟TANNA, 1994).

As unidades litoestratigráficas supracitadas podem ser resumidas e representadas na

Figura 2.5.

Figura 2.5 – Coluna estratigráfica proposta para o Quadrilátero Ferrífero. Fonte: Alkmim & Marshak,

(1998).

2.2.3 Evolução Tectono-Estrutural do Quadrilátero Ferrífero

A evolução tectono-estrutural do Quadrilátero Ferrífero se deu nas seguintes etapas

segundo alguns autores:

(A) Formação dos terrenos granito-greenstone arqueanos: o embasamento de rochas

cristalinas mais antigas da região do Quadrilátero Ferrífero tem idade de 3,2 Ga, todos os

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fragmentos de crosta continental desta idade serviram como embasamento, no qual, entre

2800-2700 Ma depositaram-se sucessões sedimentares e de rochas verdes (Supergrupo

Rio das Velhas), provavelmente em uma margem convergente (RUCHKYS, 2007). O

plutonismo granitóide criou um clássico cinturão arqueano granito-greenstone, com

domos de granitos cercados por porções de greenstone (RUCHKYS, 2007);

(2) Formação da Bacia Minas: entre 2600-2400 Ma, a região do Quadrilátero Ferrífero

passou de uma porção plataformal continental para uma bacia de margem passiva. O

início desta bacia representa um evento extensional, como indicado pelas fácies e

ambientes de deposição do Grupo Caraça (RUCHKYS, 2007);

(3) Evento Transamazônico (D1): aproximadamente em 2100 Ma, a região do

Quadrilátero Ferrífero é envolvida por um cinturão de dobramentos e cavalgamentos com

vergência para noroeste e com transporte de massa de SE para NW, resultando no

desenvolvimento de zonas de cisalhamento e dobras em escala regional, bem como,

subordinadamente, em dobras parasíticas (RUCHKYS, 2007). O desenvolvimento de um

cinturão de dobramentos e cavalgamentos transamazônico ocorreram logo após a

deposição do Grupo Sabará, em 2125 Ma (RUCHKYS, 2007).

(4) Colapso Orogênico Transamazônico (DC): entre 2095 e 2051 Ma, estabeleceu-se,

regionalmente, um regime extensional com o desenvolvimento de terrenos em domos e

quilhas, que permitiu o soerguimento de blocos do embasamento granítico-gnáissico. Este

soerguimento estruturou a serra do Curral e as sinclinais Moeda, Dom Bosco, Santa Rita

e Gandarela (RUCHKYS, 2007);

(5) Rifte Espinhaço (DE): a formação da Bacia Espinhaço se reflete no Quadrilátero

Ferrífero com a intrusão de diques de diabásio em torno de 1750 Ma. Entre 1000-900 Ma

ocorre desenvolvimento extensional propiciando a formação de uma bacia oceânica

(RUCHKYS, 2007);

(6) Brasiliano (D2): o segundo evento contracional ocorreu entre 700-430 Ma e criou um

cinturão de dobramentos e cavalgamentos com vergência para oeste que reativou antigas

estruturas do Quadrilátero Ferrífero. Este evento representa um dos últimos orógenos

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colisionais que formaram o supercontinente Gondwana resultando, também, na

reativação de zonas de cisalhamento e falhas que bordejam os domos com trends para

oeste. A deformação Brasiliana é representada regionalmente por uma foliação de direção

NW, NS e NE, e mergulhos medianos para leste (RUCHKYS, 2007). A atitude dessa

foliação é relacionada a rampas frontais e oblíquas das frontes de empurrão (RUCHKYS,

2007).

2.2.4 Geologia Estrutural da Área

Segundo Endo et al. (2004), o arcabouço tectônico da terminação do Sinclinal Gandarela

é resultado da atuação de quatro eventos tectônicos distintos. O evento E1 corresponde

ao evento tectono-metamórfico transamazônico ou a orogênese Minas, responsável pela

geração de toda a trama penetrativa do Supergrupo Minas, ou seja, uma xistosidade S1

paralela ao acamamento e uma segunda xistosidade S2 oblíqua à primeira. A polaridade

tectônica e a vergência dos dobramentos da fase 2 deste evento rumam para SW (ENDO,

1997; FRANCO, 2002; ALMEIDA et al. 2002), contrária às proposições de Chemale et

al. (1992, 1994), Marshak & Alkmim (1989) e Alkmim & Marshak (1998) que são para

NW. Este evento é constituído de duas fases de deformação sucessivas: D1 e D2. Na fase

D1, foram geradas dobras recumbentes de escala regional e transportadas sobre uma

superfície de descolamento basal ao estilo de uma nappe. A fase seguinte, D2, caracteriza-

se pelo redobramento coaxial das dobras anteriormente nucleadas.

O evento E2 corresponde ao evento de caráter distensivo, associado ao evento Espinhaço,

caracterizado pelo magmatismo máfico-ultramáfico e granítico. Os granitos são do tipo

Borrachudo de natureza alcalina (DUSSIN, 1994) designados de granitos Peti e

Tamanduá.

O evento E3 corresponde à compressão E-W, responsável pelo desenvolvimento de falhas

de empurrão, dobras assimétricas subregionais, formação de clivagens de crenulação de

direção NE-SW associadas às dobras de pequena amplitude e comprimento de onda

vergentes para W e amplos dobramentos com eixos, apresentando caimentos para SE.

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O quarto evento corresponde ao evento de caráter distensivo E4, caracterizado pela

geração de um sistema de grabens E-W e N-S para a deposição de sedimentos argilosos

avermelhados e fluxo de detritos. Exemplos desses grabens encontram-se expostos na

mina de Brucutu.

2.2.5 Geologia Local

Este tópico é baseado no relatório do mapeamento geológico, estratigrafia e arcabouço

estrututal do Projeto Brucutu-Dois Irmãos, realizado por Endo et al (2004), da mesma

forma que o texto sobre o Sinclinal Gandarela e a litoestratigrafia local da Mina do

Brucutu foi baseada na dissertação de mestrado de Hashizume (1998).

A Mina do Brucutu situa-se na extremidade oriental do segmento nordeste do Sinclinal

Gandarela (Figura 2.6). O depósito está posicionado na Formação Cauê (Formação

Ferrífera), Grupo Itabira, Supergrupo Minas e repousa em contato tectônico com a

seqüência de xistos vulcanossedimentares do Grupo Nova Lima, Supergrupo Rio das

Velhas. Ao Norte a estrutura é bordejada pela falha das Cambotas que empurra o pacote

de supracrustais por sobre o Complexo Granito-Gnáissico de Cocais (Complexos

Metamórficos).

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Figura 2.6 – Mapa de localização do Sinclinal Gandarela, Quadrilátero Ferrífero – MG, com destaque para

a mina de Brucutu e arredores, basedo em Dorr, (1969). Fonte: Modificado de Oliveira et al., (2005).

Na área de estudo, três grandes unidades litoestratigráficas estão representadas:

Complexo Granito-Gnáissico (CGG), Supergrupo Rio das Velhas (SGRV) e Supergrupo

Minas (SGM). Além destas unidades estratigráficas, ocorrem granitóides tipo

“Borrachudo” (Granito Peti ou Santa Bárbara), alguns pequenos corpos de rochas máficas

intrusivas e a Formação Cata Preta representando as coberturas de idade terciária.

O Complexo Granito-Gnáissico aflora ao norte da Mina de Brucutu e é constituído por

gnaisses (Cocais), migmatitos e gnaisses milonitizados.

Os gnaisses milonitizados posicionados na zona de empurrão da Falha das Cambotas

possuem coloração cinza esbranquiçada e granulação fina. A milonitização provocou a

orientação da muscovita, a recristalização parcial dos quartzos e a formação de bandas

alongadas de quartzo.

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Ao Norte dessa faixa de gnaisses milonitizados, ocorrem os gnaisses e migmatitos. A

composição mineral mais frequente dessas rochas não milonitizadas é representada por

quartzo, feldspato, biotita, granada e muscovita.

O Supergrupo Rio das Velhas está exposto em duas faixas com orientação ENE-WSW

nas porções norte e sul da área estudada. Na Serra de Tamanduá, a norte, ocorre intensa

deformação e alteração que se reflete em microestruturas típicas de milonitos,

mascarando as texturas e estruturas primárias. Ocorrem clorita-quartzo xistos, sericita

xistos, filitos e quartzitos milonitizados. Na parte sul ocorre sericita-clorita xistos, clorita

xistos, talco xistos, quartzo-sericita xistos com intercalações de quartzitos micáceos

(localmente silicificado), metamáficas e ultramáficas.

O Supergrupo Minas é representado pela Formação Batatal (Grupo Caraça), Formação

Cauê (Grupo Itabira) e pela Formação Cercadinho (Grupo Piracicaba).

A Formação Batatal é constituída por filitos carbonosos prateados. O filito é composto

essencialmente por sericita extremamente fina e, próximo às zonas de cisalhamento

apresenta-se bastante crenulado.

A Formação Cauê é constituída por itabiritos e minérios de ferro de alto teor (corpos de

hematita). Os contatos do itabirito Cauê com o filito Batatal ou com os xistos Nova Lima

são de natureza tectônica.

Na Mina de Brucutu, a seqüência itabirítica apresenta uma variação composicional

vertical e lateral (HASHIZUME, 1998). A porção basal é caracterizada por horizontes de

itabiritos contaminados por níveis argilosos cauliníticos interdigitados com itabiritos

pobres silicosos. Na porção mediana predominam itabiritos anfibolíticos e anfibólio

xistos intercalados. No topo da seqüência ocorrem essencialmente itabiritos silicosos

friáveis enriquecidos superficialmente, passando para minério rico friável (hematita

pulverulenta), com intercalações de lentes e mullions de hematita compacta (POHL et al.,

1996).

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Na parte central da mina predomina o itabirito do tipo “chapinha”, denominação esta

devido à facilidade de desagregar-se em placas de dimensões centi a decimétricas, ao

longo das clivagens espaçadas bem desenvolvidas.

A base da seqüência superior (friável e enriquecida), com profundidade média de 70m,

apresenta uma tendência em acompanhar a superfície topográfica. Nos bancos superiores

da parte oeste da mina, ocorrem os minérios ricos friáveis hidratados, de aspecto maciço,

formados por agregados de hematita porosa, magnetita martitizada, goethita e quartzo.

Tanto no minério compacto quanto no friável a xistificação é pronunciada, com

evidências de transposição podendo-se, entretanto, definir domínios parcialmente

preservados da deformação e da recristalização onde se reconhece o bandamento dobrado,

com flancos frequentemente cisalhados.

A formação ferrífera, na área da mina, está capeada por solo e canga (detrítica ou

estruturada) que chegam a atingir espessuras de até 50 m (solo) e 20 m (canga), em vários

locais. As cangas detríticas são constituídas por blocos angulosos a subarredondados de

hematita compacta e itabirito, parcialmente oxidados, cimentados por limonita e goethita

e com uma matriz areno-argilosa subordinada. A canga estruturada preserva a estrutura

da rocha original.

A Formação Cercadinho é composta por quartzitos, quartzitos micáceos e filitos

(HASHIZUME, 1998). Os quartzitos apresentam coloração cinza esbranquiçada e

granulometria fina. Os cristais de quartzo são quase equigranulares (0,05 a 0,2 mm),

recristalizados e com contornos poligonais, entretanto, observa-se alguns grandes

porfiroclastos com até 1,2 mm. Raras sericitas e cianitas apresentam-se intercrescidas nos

planos de foliação e opacos (hematita) ocorrem entre e inclusos nos cristais de quartzo.

Os corpos ígneos de rochas básicas se distribuem ao norte da área, sob a forma de diques

e pequenos stocks, truncando o Complexo Granito-Gnáissico. Cortando a seqüência

itabirítica, na cava da mina, concordantemente ou não com a foliação/bandamento,

ocorrem rochas intrusivas básicas bastante alteradas, apresentando-se xistificadas ou não

(HASHIZUME, 1998).

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Na área estudada, rochas graníticas intrusivas estão representadas pelo corpo plutônico

de Peti (Granitóide tipo “Borrachudo”), do Proterozóico Médio, de composição

essencialmente álcali-feldspática, constituído principalmente por mesopertita, quartzo,

biotita e acessoriamente por muscovita, anfibólios e opacos. Petrograficamente variam

entre granito e quartzo monzonito, apresentando textura porfirítica grosseiramente

granular (HASHIZUME, 1998).

2.2.6 Mina de Brucutu

O Complexo Minerador de Brucutu, situado na Serra do Tamanduá, divisa dos municípios

de Barão de Cocais e São Gonçalo do Rio abaixo, compreende a cava da mina Brucutu,

a usina de concentração, a Pilha de Estéril 1 - Centro, Pilha 3, Barragem de Rejeitos Sul,

o pátio de carregamento, a ferrovia e demais instalações de apoio (Parecer Único

SUPRAM CM N° 007/2013). Esse complexo pertencente à empresa Vale engloba 3

áreas: Brucutu I, II e III. Brucutu é a maior mina da Vale no Sistema Sudeste, pertencente

ao Complexo das Minas Centrais, que conta ainda com as minas de Gongo Soco, Água

Limpa e Andrade, sendo Brucutu I chamada efetivamente de Brucutu (Figura 2.7).

Figura 2.7 – Foto aérea da mina de Brucutu. Fonte: Vale S.A., (2016).

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A mina está inserida na parte sul da serra do Tamanduá, limitada a sudeste pelo rio Santa

Bárbara, pela estrada intermunicipal entre Barão de Cocais e São Gonçalo do Rio Abaixo,

e pela Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Peti, da Vale, incluindo, em sua

margem direita, a Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental (EPDA) Peti, da

CEMIG.

A jazida de minério de ferro de Brucutu integra o Complexo Minas Centrais, situado na

região nordeste do Quadrilátero Ferrífero, parte central de Minas Gerais. Localiza-se a

sudoeste da sede do município de São Gonçalo do Rio Abaixo, coordenadas geográficas

19°51'33.2"Sul e 43°22'33.3" Oeste. O acesso à mina é realizado a partir de São Gonçalo

do Rio Abaixo, seguindo-se pela MG-129, com destino ao município de Barão de Cocais,

direção sul, por aproximadamente 10 km, até a entrada da mina (Figura 2.8).

Figura 2.8 – Mapa de localização e vias de acesso da Mina de Brucutu. Fonte de dados: Plataforma IDE-

Sisema e IBGE, (2019).

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A Mina de Brucutu foi inaugurada em 5 de outubro de 2006 e à época de sua inauguração,

o complexo mina/usina foi considerado o maior em capacidade inicial de produção

implantado no mundo (ALVARENGA, 2011). A capacidade produtiva da unidade gira

em torno de 30 milhões de toneladas. Vale destacar também que em 2015 a Vale expandiu

Brucutu. Hoje, Brucutu tem reservas provadas e prováveis de 432,4 milhões de toneladas

de minério de ferro. A unidade continua sendo a maior mina de ferro de Minas Gerais em

produção e a segunda maior do país, atrás apenas de Carajás, no Pará.

De acordo com o trabalho técnico desenvolvido pelo Departamento de Ferrosos Sudeste

do Complexo Minas Centrais da empresa Vale S.A. em 2016, denominado “Estudos de

Perímetro de Proteção para Cinco Cavidades Naturais Subterrâneas da Mina de Brucutu

Projeto Cava da Divisa”, temos as seguintes informações sobre a litoestratigrafia da mina

de Brucutu:

A) Grupo Diamantina (Formação Cambotas);

B) Grupo Itabira (Formação Gandarela e Formação Cauê);

C) Grupo Caraça (Formação Batatal e Formação Moeda);

D) Grupo Nova Lima (unidades Córrego do Sítio, Mindá e Morro Vermelho);

E) Complexo Belo Horizonte;

F) Diques/stocks e sills de gabro e gabro pórfiro.

As rochas pertencentes à Formação Cambotas (Grupo Conselheiro Mata), compostas por

quartzito e quartzito sericítico, ocorrem em uma estreita faixa a Norte da área da cava,

por baixo da Unidade Morro Vermelho (Grupo Nova Lima).

Os xistos e quartzo-mica xistos, quartzitos e filitos que compõem a Unidade Morro

Vermelho ocorrem também em uma estreita faixa entre as rochas da Formação Cambotas

e a Formação Cauê. O contato com a Formação Cambotas se dá por falha de empurrão.

Na porção Sul da Serra do Machado ocorrem rochas pertencentes aos grupos Itabira e

Caraça, constituídos por filitos e itabiritos dolomíticos da Formação Gandarela; itabiritos

(compactos e friáveis) e hematitas compactas da Formação Cauê; filitos da Formação

Batatal e por quartzitos da Formação Moeda.

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A norte da área da cava da mina Brucutu as rochas que compõem o Complexo Belo

Horizonte ocorrem ocupando em uma extensa área. Esta unidade é composta por gnaisse-

granítico, granito, biotita gnaisse, biotita-hornblenda gnaisse, migmatito e pegmatito.

Endo et al. (2004) definem duas unidades distintas para o Complexo Belo Horizonte nesta

área, o Gnaisse Piedade e o Gnaisse Cocais. Além disso, em uma pequena área na

extremidade leste ocorre, ainda, o gnaisse Santa Bárbara.

Na região a sul da área de ampliação ocorrem xistos pertencentes ao Grupo Nova Lima,

em geral, em avançado estado de alteração intempérica.

Por fim, vários diques, stocks e sills de gabro e gabro pórfiro ocorrem tanto a norte quanto

a sul da área de ampliação.

Em toda a área há um forte controle litoestrutural definindo a dissecação da paisagem que

ocorre em quase sua totalidade no sentido Leste – Oeste. Neste caso, a maioria dos vales

apresenta-se encaixados e profundos (a diferença de nível entre os topos do morro e o

talvegue é bem expressiva, especialmente na parte nordeste).

Conforme dados fornecidos pela empresa Vale S.A. no ano de 2018, o mapa geológico

da mina e uma seção geológica vertical são apresentados a seguir com a localização da

cavidade BRU_0034 (Figuras 2.9 e 2.10).

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Figura 2.9 – Mapa Geológico com a localização das cavidades nas proximidades da mina de Brucutu, com

destaque para a BRU_0034 (extremo nordeste do mapa). Fonte: Vale S.A., (2016).

Figura 2.10 – Seção vertical da mina de Brucutu apresentando furos de sondagem. Fonte: Angeli, (2011).

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Influência da Espeleologia na Mina de Brucutu

Tendo em vista a existência da legislação ambiental para proteção das cavidades naturais

subterrâneas, é notável perceber que a ocorrência de cavernas na região onde está situado

o empreendimento minerário de Brucutu causa considerável impacto nas reservas

lavráveis da mina. Isso ocorre, principalmente, pelo fato da mina de Brucutu e suas

estruturas de apoio estarem situadas nas proximidades das cavidades dessa região (Figura

2.11). Dessa forma, a existência dessas cavernas pode causar uma diminuição na

produtividade da mina e aumento no tempo de licenciamento ambiental dos projetos que

abranjam essa região.

Figura 2.11 – Disposição geográfica e influência das cavernas no empreendimento da mina de Brucutu.

Fonte: CECAV, Google Earth e Vale S.A., (2019).

Gênese do Depósito Mineral

No Quadrilátero Ferrífero, são lavrados corpos de minério de ferro de alto teor,

compactos, semi-friáveis e friáveis, além de itabiritos enriquecidos, todos hospedados na

Formação Cauê do Supergrupo Minas (RENGER et al., 1994). Sucessão de rochas

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metamórficas de origem sedimentar continental e majoritariamente marinha, plataformal

paleoproterozoica, esse supergrupo depositou-se entre 2,5 e 2,0 Ga e é do tipo Lago

Superior.

As Formações Ferríferas Bandadas (FFB’s) do tipo Lago Superior estão associadas a

espessas camadas de rochas sedimentares depositadas em plataformas continentais

marinhas e em bacias do tipo rifte, em ambiente de margem passiva, principalmente no

Paleoproterozoico (Figura 2.12). Nesses ambientes encontram-se associadas à dolomitos,

quartzitos, folhelhos negros e, em menores quantidades, tufos e outras rochas de origem

vulcânica. As FFB’s desse tipo abrigam alguns dos maiores e mais potentes depósitos de

minério de ferro do mundo. A instalação dos primeiros continentes e supercontinentes no

final do Arqueano, através da amalgamação de blocos continentais menores, permitiu o

desenvolvimento pela primeira vez, no início do Paleoproterozoico, de extensas áreas de

plataforma continental onde grandes bacias de margem passiva puderam ser

desenvolvidas. A disponibilidade desse espaço de acomodação foi importantíssima para

a deposição das grandes quantidades de FFB’s do tipo Lago Superior entre 2,5 e 2,0 Ga.

Figura 2.12 – Ambiente de deposição da Formação Ferrífera Bandada do tipo Lago Superior. Figura

original inspirada nos modelos propostos por Gross, (1983); Young, (1976); e Klein & Beukes, (1993).

Fonte: Adaptado de Caxito & Dias, (2018).

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2.3 GEOMORFOLOGIA

O relevo do Quadrilátero Ferrífero apresenta-se como um conjunto de fragmentos

planálticos elevados sustentados por formações ferríferas e quartzitos, circundando

depressões ocupadas por morros e colinas moldados em complexos ígneo-metamórficos,

onde as altitudes, comumente, são inferiores a 900 metros. Os fragmentos planálticos são

representados por platôs e linhas de cristas que ultrapassam, usualmente, a cota 1200 m

e, excepcionalmente, a cota 2000 m como na do Caraça, na borda leste. As altitudes mais

baixas se situam a noroeste de Ouro Preto, nos arredores do distrito de Amarantina, e no

município de Sabará, onde as cotas abaixam até 600 m.

A própria denominação de Quadrilátero Ferrífero teve sua origem na configuração de

uma estrutura muito complexa de cadeia dobrada, cujas camadas de quartzitos e itabiritos

desenharam um sistema quadrado de cristas, cuja morfogênese realçou em posição

topográfica dominante com relação às depressões alveolares, abertas nos granitos,

gnaisses e xistos, entre outras rochas.

O arcabouço geológico que abrigou esta construção geomorfológica se assenta sobre uma

estratigrafia composta por quatro grandes conjuntos litológicos: embasamento gnáissico-

migmatítico arqueano; sequência metavulcanossedimentar de idade também arqueana do

Supergrupo Rio das Velhas e supracrustais metassedimentares paleoproterozoicas dos

supergrupos Minas e Grupo Itacolomi.

A evolução geomorfológica cenozoica processada em contexto bioclimático

predominantemente tropical úmido deixou como importante herança uma grande

variedade de coberturas lateríticas. Em meio a essas, às de composição aluminosa

(bauxitas) já foram largamente exploradas. As de composição ferruginosa (cangas)

apresentam fácies diversificadas, em função de sua gênese – predominantemente

pedogênica, morfogênica ou mista – e de sua relação com a topografia e os materiais

litológicos de origem.

Os processos de intemperismo atuaram sobre as litologias carbonáticas (dolomitos), os

quartzitos, as formações ferríferas e os pacotes mais espessos de lateritas ferruginosas no

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sentido de iniciar a abertura de cavidades, que foram, frequentemente, ampliadas por

consecutivas instabilidades mecânicas.

Esta configuração geomorfológica apresenta forte controle lito-estrutural e influência

morfoclimática secundária através das formações de coberturas detrito-lateríticas

terciárias. Os sucessivos ciclos erosivos atuantes na região desde o Proterozoico geraram

sequência de formas sob o modelo de dissecação em megaestruturas dobradas formando

anticlinais escavados e sinclinais alçados. A área de estudo, se encontra no limite nordeste

do Sinclinal Gandarela, onde possui caráter de sinclinal invertido com gradual

estrangulamento da dobra e as coberturas de canga possuem ampla distribuição sobre as

litologias subjacentes, representadas pelos grupos Piracicaba, Itabira, Caraça e Nova

Lima.

Geomorfologicamente, há a conformação imbricada dessas litologias amplamente

recobertas em serra alongada de perfil triangular que corresponde a Serra do Tamanduá

(SILVA, 2007) e se destaca pelas suas importantes jazidas de minério de ferro. Desta

maneira, o autor salienta que a Serra do Tamanduá possui uma grande importância

econômica com uma superfície topograficamente elevada, com altitudes que alcançam

até 1100 metros, sustentadas basicamente por rochas ricas em minério de ferro, fato que

favoreceu a instalação de uma das maiores minas da Vale, a mina de Brucutu (Figura

2.13).

Vale destacar também que quanto a espeleologia a área de estudo encontra-se na Unidade

Espeleológica Quadrilátero Ferrífero e Unidade Geomorfológica Serra do Gandarela.

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Figura 2.13 – Mapa Hipsométrico com a localização da Mina de Brucutu. Fonte de dados: United States

Geological Survey – USGS, (2019).

2.4 PEDOLOGIA E VEGETAÇÃO

Os limites do Quadrilátero Ferrífero são quase sempre marcados por bordas íngremes,

relacionadas a serras alinhadas que assumem um arranjo aproximadamente quadrangular,

grande parte delas sustentadas por rochas ferríferas.

Sua paisagem altaneira encontra-se posicionada na transição entre os domínios das

coberturas vegetais da Floresta Atlântica e do Cerrado, cujos elementos intercalam-se na

paisagem em padrão intrincado. Deste modo, submetidas a condições climáticas

marcadas por temperaturas amenas e índices pluviométricos moderados a altos, bem

como às influências da posição na paisagem e das características diferenciais dos solos,

formações florestais e vegetação campestre ou áreas de cerrado convivem lado a lado

(VAREJÃO et al., 2009) (Figura 2.14).

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Figura 2.14 – Mapa de Vegetação com a localização da Mina de Brucutu. Fonte de dados: Plataforma IDE-

Sisema e IBGE, (2019).

Um elemento marcante das serras que compõem o relevo regional e que lhes confere certa

originalidade, talvez seja o extenso capeamento de laterita ferruginosa (ou canga) –

formação superficial oriunda seja da concentração relativa de hidróxidos de ferro por

processos de iluviação seja pela cimentação ferruginosa de fragmentos de rocha - que

recobre grande parte dos topos arredondados com suave ondulação, e que, às vezes,

estende-se pelas encostas, inclusive em porções de declives acentuados.

Disseminados sobre as áreas de canga, cupinzeiros construídos com materiais terrosos

vermelhos denunciam a ocorrência desses materiais pedológicos em condições

subjacentes. Em superfície, pequenos bosques de vegetação arbustiva são sustentados por

estreitas manchas de solos delgados, cujas análises laboratoriais destacam o alto teor de

matéria orgânica no horizonte superficial.

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A vegetação de campo rupestre estabelecida sobre substrato ferruginoso, além das

adaptações fisiológicas, morfológicas e reprodutivas típicas de afloramentos rochosos

lato sensu, ainda apresenta adaptações que lhe permitem desenvolver-se sobre um

substrato rico em metais pesados (PORTO & SILVA, 1989; TEIXEIRA & LEMOS

FILHO, 1998).

Nas áreas cobertas por floresta, há maior variabilidade das características e dos tipos de

solos. Esses tendem a apresentar maiores espessura e frequência de fragmentos de rocha

em diferentes estágios de intemperização em meio ao material terroso. Deve-se ressaltar

que a característica mais destacada dos solos sob mata, em relação àqueles sob campo

cerrado e campo, refere-se às maiores espessura e teor de matéria orgânica (Figura 2.15).

Figura 2.15 – Mapa Pedológico com a localização da Mina de Brucutu. Fonte de dados: Embrapa e IBGE,

(2019).

No caso da área de estudo, a vegetação florestal restringe-se aos fundos de vale, sobre

solos em geral litólicos, delgados, nos quais se destaca o alto teor de matéria orgânica.

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2.5 CLIMA

Conforme Herz (1978), no Quadrilátero Ferrífero predomina o clima do tipo Cwa, de

acordo com Köppen, caracterizado como temperado-quente, com duas estações bem

definidas: verão chuvoso e inverno seco. A temperatura média anual situa-se em torno de

20º C e a precipitação média varia entre 1300 mm na porção leste, a 2100 mm na porção

sul, em Ouro Preto (Figura 2.16).

No contexto regional, o clima é influenciado pelas expressivas variações de altitude

favorecendo o surgimento de microclimas locais, que apresentam condições de

temperatura e umidade diferentes daquelas encontradas em áreas relativamente próximas.

Nas áreas mais elevadas é comum a existência de forte radiação solar, constante

incidência de ventos, elevada amplitude térmica diária e tempestades de raios (DUTRA

et al., 2002).

O clima na região de inserção da Mina do Brucutu, de acordo com o sistema Köppen, é

do tipo Cwb caracterizado como tropical de altitude com verões frescos e estações secas

bem definidas (ANTUNES, 1986).

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34

Figura 2.16 – Distribuição espacial das classes climáticas de Köppen para Minas Gerais. Fonte: Cardoso et

al., (2015).

2.6 HIDROLOGIA E HIDROGEOLOGIA

Especificamente, a área da Mina Brucutu encontra-se em um divisor de águas, cabeceira

de uma sub-bacia onde há um alinhamento de cristas bem escarpadas. Estas cristas fazem

parte de um divisor de águas da sub-bacia do Rio Una e sub-bacia do Córrego Brucutu,

que fazem parte da Bacia hidrográfica Santa Barbara e dividem também os municípios de

São Gonçalo do Rio Abaixo e Barão de Cocais (Figura 2.17).

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Figura 2.17 – Mapa Hidrográfico e de Domínios Hidrogeológicos com a localização da Mina de Brucutu.

Fonte de dados: Plataforma IDE - Sisema e IBGE, (2019).

Muitos estudos de caráter hidrogeológico vêm sendo desenvolvidos no Quadrilátero

Ferrífero a exemplo de Mourão (2007) e Rebouças (1994). O principal motivo é o

aumento na demanda levando-se em conta o abastecimento público de água e o

rebaixamento do nível d’água subterrânea em áreas de mineração, especialmente de

minério de ferro. Além disso, certas surgências de água subterrânea são utilizadas como

fontes de águas minerais, a exemplo do que ocorre na fonte de Água Quente, localizada

no interior do Sinclinal da Moeda, e nas fontes Ingá e Igarapé, localizadas no extremo

sudoeste da Serra do Curral.

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CAPÍTULO 3

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 ESPELEOLOGIA

3.1.1 Introdução

O termo Espeleologia, deriva do Grego spēlaion (Caverna, cova, antro) e lógos (estudo,

tratado). Esta ciência busca conhecer e estudar a formação geológica das cavernas, meio

ambiente onde estão inseridas, formas de vida que a habitaram e habitam, características,

formas de preservação, etc. A espeleologia é interdisciplinar e abrange áreas como, por

exemplo, Geologia, Geografia, Biologia, Ecologia, entre outras. O profissional que atua

nesta área é chamado de espeleólogo (SEE, 2018).

Atualmente, a definição mais usada internacionalmente para caverna consiste em uma

abertura natural formada em rocha abaixo da superfície do terreno, larga o suficiente para

a entrada do homem. A União Internacional de Espeleologia – UIS é o órgão que agrupa

as instituições nacionais de espeleologia e adota a definição supracitada (PILÓ &

AULER, 2011).

A partir destes conceitos pode-se reconhecer o caráter multidisciplinar e científico da área

que abrange disciplinas como: biologia, geologia, arqueologia, paleontologia,

meteorologia hipógea, geomorfologia cárstica, hidrologia subterrânea,

espeleomineralogia (estudo de espeleotemas), espeleoturismo, entre outros. Para tais

estudos, é necessário o entendimento de técnicas específicas do ambiente cavernícola tais

como: mapeamento espeleológico, técnicas de exploração e segurança e espeleofotografia

(SEE, 2018).

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Os trabalhos mais importantes desde o início dos estudos de paleontologia e espeleologia

brasileira foram do dinamarquês Peter Wilhem Lund. Suas atividades sistemáticas, no

período de 1835 e 1844, levaram-no ao reconhecimento de mais de uma centena de

cavernas em Minas Gerais e a descoberta de inúmeras ossadas de animais do período

pleistocênico. Seus achados arqueológicos tiveram um grande destaque, principalmente

pelo fato de ossos humanos, conhecido como “homem de Lagoa Santa”. (PIRES, 1922;

MATTOS, 1939; LUND, 1950; PEREZ & GROSSI 1980; MARCHESOTTI, 2005;

LUNA FILHO, 2007). As primeiras grutas visitadas por ele na região foram a Lapa

Vermelha e a Lapa Nova de Maquiné, tendo escrito com detalhes, os espeleotemas

encontrados: "Todos estes deslumbrantes primores da natureza são realçados pelos mais

delicados ornatos tanto de formas fantásticas quanto de bom gosto, franjas, grinaldas e

uma infinidade de outros enfeites, cuja enumeração seria fastidiosa e incapaz de dar ideia

da beleza do conjunto àqueles que não o viram com os próprios olhos".

Em 1937, houve a fundação da Espeleologia nacional, onde o ponto principal que marca

essa nova fase é a criação da primeira entidade voltada aos estudos espeleológicos da

América Latina, a Sociedade Excursionista & Espeleológica dos alunos da Escola de

Minas de Ouro Preto (SEE). Fundada em 12 de outubro, ela tem como objetivo promover

estudos científicos de cavernas. Por muito tempo, a fundação lutava contra as dificuldades

técnicas, a falta de equipamento e o transporte precário. Entretanto, no dia 25 de janeiro

de 1938 foi realizada a primeira excursão da SEE, onde foram visitadas várias grutas no

município de Matozinhos – MG, sendo a Gruta dos Estudantes a primeira caverna

mapeada. Desde então, sucessivas gerações de alunos da Escola de Minas e

posteriormente da UFOP, seguindo o exemplo dos fundadores Victor Dequech, Walter

Von Krüger, Paulo Anníbal M. de Almeida Rolff, Lisanel de Melo Motta, Murilo de

Andrade Abreu e Sandoval C. de Almeida, efetuando pesquisas espeleológicas pioneiras.

(DEQUECH, 1987a, b; LA SALVIA, 1997).

De acordo com a catalogação feita pelo Curso de Introdução à Espeleologia de 2018,

promovida pela SEE, os eventos mais relevantes relacionados com a espeleologia no

Brasil e no mundo foram:

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• 1944 - Tese de Crodowaldo Pavan, que abordava sobre peixes cavernícolas de

grutas de Iporanga e estudo sobre aspectos evolutivos, a partir de uma análise

comparativa com seu possível ancestral que vive fora das cavernas;

• 1953 - Primeiro Congresso Internacional de Espeleologia, Paris, França;

• 1959 - Chegada ao Brasil de Michel Le Bret, aderiu ao CAP – Clube Alpino

paulista, onde formou uma equipe de interessados pela espeleologia;

• 1964 - Michel Le Bret Organiza o Primeiro congresso Brasileiro de Espeleologia

em Iporanga SP;

• 1965 - Criação da UIS - Union Internationale de Spéléologie, a União

internacional de Espeleologia. Foi fundada em 16 de setembro de 1965, durante

a sessão de encerramento na Sala do Festival da Caverna de Postojna durante o

4º Congresso Internacional de Espeleologia;

• 1969 - Lançamento do primeiro número da revista Espeleologia, escrita pela SEE;

• 1969 - IV Congresso Brasileiro de Espeleologia em Ouro Preto, realizado pela

SEE, culminou com a criação da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE);

• Década de 70/80 - Surgimento de vários grupos espeleológicos brasileiros,

destacam-se: Grupo Pierre Martim de Pesquisa Espeleológica (GPME) no estado

de São Paulo, Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas (GBPE) e Guano, em

Minas Gerais, Espeleogrupo de Brasília (EGB);

• 1970 - Início da mudança nos cenários das grandes cavernas do Brasil, com

memoráveis descobertas e explorações em regiões poucas conhecidas,

principalmente nos estados de Goiás e Bahia;

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• 1975 - Integrantes do CEU (Centro Excursionista Universitário) montam a

Operação Tatus, onde 11 integrantes do CEU ficaram 15 dias realizando estudos

geológicos, biológicos e explorações de novas galerias da caverna Santana (SP);

• A SBE dá início ao seu boletim informativo, denominado Espeleo-Tema, sendo

transformada em 1976, em revista de divulgação tecnocientífica;

• 1987 - Evolução do espeleomergulho e espeleoresgate. Realização da Operação

Tatus II, onde 13 espeleólogos ficam 21 dias na Gruta do Padre (BA);

• 1988 - As cavernas passam a pertencer a União segundo a Constituição Federal

de 88. Elaborou-se um Programa Nacional de Proteção as Patrimônio

Espeleológico. Realização do I Congresso de Espeleologia da América Latina e

do Caribe (I CEALC), realizados em Belo Horizonte (MG);

• 1997 – Criação da Fundação do CECAV- Centro Especializado voltado ao

Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas, enquadrado na categoria de Unidade

Descentralizada do IBAMA;

• 2001 - Realização do 13º Congresso Internacional de Espeleologia (13º. ICS), em

conjunto com o 4º. Congresso de Espeleologia da América Latina e Caribe (4º.

CEALC) e 26º. Congresso Brasileiro de Espeleologia (26º. CBE);

• 2017 – Ocorre a 34ª edição Congresso Brasileiro de Espeleologia, é realizado na

cidade de Ouro Preto;

• Atualmente, a ciências espeleológica está em constante amplificação. Novos

estudos e pesquisas mais refinados, com uso de tecnologias estão sendo

desenvolvidas em suas diversas áreas, ampliando cada vez mais o seu campo de

atuação.

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Quanto à espeleologia brasileira, conforme o Anuário Estatístico do Patrimônio

Espeleológico Brasileiro de 2018, produzido pelo Centro Nacional de Pesquisa e

Conservação de Cavernas (CECAV), até dezembro de 2018 o Brasil detinha um total de

18.358 cavernas cadastradas no Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas

(CANIE).

A Base CECAV teve sua primeira publicação em 2006 computando 4.448 cavernas.

Todavia, com os interesses em obter uma base de dados espeleológicos consistente, esse

número chegou, em janeiro de 2009, a 6.280 cavernas.

A partir de 2010, com a edição da Instrução Normativa nº 2/2009/MMA, os estudos

espeleológicos para o licenciamento ambiental tiveram um grande aumento, ocorrendo

de forma exponencial o número de cavernas conhecidas no Brasil. Atualmente são 18.358

cavernas cadastradas no CANIE.

Desde Richard Krone (KRONE, 1898) com o estudo e reconhecimento de 41 cavernas, o

número de cavernas conhecidas no Brasil, pouco mais de um século, evoluiu

exponencialmente, e foram publicadas conforme o gráfico a seguir (Figura 3.1).

Figura 3.1 – Evolução da quantidade de cavernas conhecidas no Brasil de 1898 a 2018. Fonte: ICMBio,

(2018).

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Com base nos dados do CANIE é possível fazer uma análise da distribuição de diversas

cavernas em um contexto geoespacial. As Regiões Hidrográficas do Brasil (ANA, 2006)

demostram que mais de 6.995 cavernas estão inseridas na bacia do Rio São Francisco e

4.531 na bacia do Tocantins. Todas juntas, representam 63% das cavidades naturais

existentes (Figura 3.2). Já as regiões hidrográficas do Uruguai e Atlântico Sul detém a

menor quantidade de cavernas conhecidas, não passando de 3% (ICMBio, 2018).

Figura 3.2 – Distribuição das cavernas brasileiras por Região Hidrográfica. Fonte: ICMBio, (2018).

Com o avanço da geoespacialização dos dados é viável averiguar que 9.177 (50%) das

cavernas conhecidas no Brasil situam-se no Bioma Cerrado (Figura 3.3). Já o Pampa e

Pantanal, ambos juntos, abrigam menos 1% delas, com 59 e 16 cavernas, respectivamente

(ICMBio, 2018).

Figura 3.3 – Distribuição das cavernas brasileiras por Bioma. Fonte: ICMBio, (2018).

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Em Minas Gerais 7.622 cavernas são reconhecidas e estudadas, esse estado brasileiro

apresenta o maior número de cavernas mapeadas, seguido pelo Pará com 2.630, Bahia

com 1.367 e Rio Grande do Norte com 1.047 cavernas (ICMBio, 2018) (Figura 3.4).

Figura 3.4 – Distribuição das cavernas brasileiras por Unidade da Federação. Fonte: ICMBio, (2018).

Com relação as cavernas que ocorrem em solos com a classe COMP1 (Classe de solo

dominante das unidades de mapeamento), 94% retêm em apenas 04 tipos (Latossolos,

Cambissolos, Argissolos e Neossolos) das 16 classes categorizadas. Já com relação a

classificação de Dunas e Organossolos não há ocorrência registrada (ICMBio, 2018)

(Figura 3.5).

Figura 3.5 – Distribuição das cavernas brasileiras por Classes de Solo. Fonte: ICMBio, (2018).

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No que tange às classes de rocha, das 20 unidades de rochas definidas, as carbonáticas

detém o maior número de cavernas: 9.524, 51,9% do total registrado. Em seguida as

ferruginosas com 2.517 (13,7%) e as siliciclásticas com 2.485 (13,5%) (ICMBio, 2018)

(Figura 3.6).

Figura 3.6 – Distribuição das cavernas brasileiras por Classes de Rocha. Fonte: ICMBio, (2018).

Os dados de ocorrência de cavernas do CANIE juntamente com os dados de unidades de

conservação (UC) agrupados pelo CECAV constata-se que das 2.644 UC registradas,

apenas 215 delas, abrigam 6.380 (representa 8%) das cavernas registradas no CANIE. Do

total de cavernas no Brasil, 35% delas está situada em UC (Unidade de Conservação) e

65% fora de UC (Figura 3.7). Das cavernas localizadas dentro de unidades de

conservação, 54% encontra-se em unidades classificadas como de Uso Sustentável e 46%

em Proteção Integral (ICMBio, 2018) (Figura 3.8).

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Figura 3.7 – Percentual de cavernas quanto a localização em relação as Unidades de Conservação. Fonte:

ICMBio, (2018).

Figura 3.8 – Distribuição das cavernas brasileiras por Classe de Unidade de Conservação. Fonte: ICMBio,

(2018).

Analisando de forma globalizada, a ligação dos dados do CANIE com as tipologias de

empreendimentos apontados como efetivos ou potencialmente impactantes ao Patrimônio

Espeleológico ou sua área de influência, nota-se que 11.630 cavernas, aproximadamente

63% do total, tem justaposição com as áreas de hidrovias, assentamentos rurais, ferrovias,

mineração, petróleo, linhas de transmissão, rodovias e UHE ou PCH (ICMBio, 2018)

(Figura 3.9).

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Figura 3.9 – Distribuição das cavernas situadas em empreendimentos considerados efetivos ou

potencialmente impactantes ao Patrimônio Espeleológico ou sua área de influência. Fonte: ICMBio, (2018).

Outro ponto importante é quanto às atividades minerárias, pois elas se destacam com o

maior número de cavidades naturais subterrâneas reconhecidas. Além disso, essas

cavernas estão substancialmente localizadas em polígonos com Requerimento de Lavra

ou Concessão de Lavra junto à Agência Nacional de Mineração. Existem atualmente

8.011 cavernas, que correspondem a 44% do total registrado (ICMBio, 2018) (Figura

3.10).

Figura 3.10 – Distribuição das cavernas brasileiras localizadas em polígonos com Requerimento ou

Concessão de Lavra junto à Agência Nacional de Mineração. Fonte: ICMBio, (2018).

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Até o momento, 293 cavernas, cerca de 1,6% do total cadastrado no CANIE, possuíram

autorização de impacto negativo irreversível, emitido pelos órgãos licenciadores. Tendo

em vista esse cenário, o Pará apresenta 124, Minas Gerais 114, Bahia 28, Maranhão 22 e

São Paulo 5 autorizações de impacto negativo irreversível respectivamente. Quanto à

litologia, 90% são em formação ferrífera, 8% em arenito e 3% em rochas carbonáticas

(Figura 3.11). Conforme legislação vigente, 63% das cavernas com autorização de

impacto dispuseram a compensação destinada à conservação de cavidades.

Figura 3.11 – Distribuição das cavernas brasileiras que tiveram autorização de impacto negativo irreversível

emitido pelos órgãos licenciadores por litologia. Fonte: ICMBio, (2018).

3.1.2 Cavernas em Minério de Ferro

O Brasil possui uma das maiores reservas de minério de ferro do mundo, desse modo, há

um grande potencial espeleológico nesta litologia. Fato que vem sendo comprovado

através de estudos feitos nas duas principais áreas de explotação de minério de ferro do

país, Carajás e Quadrilátero Ferrífero (AULER, 2005). Segundo Piló & Auler (2009),

Carajás detém a maior concentração de cavidades em terreno laterítico do Brasil,

atualmente apresenta 1100 cavidades catalogadas na área.

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3.1.3 Formação das Feições no Carste em Terreno Laterítico

Um dos grandes pioneiros em atribuir a gênese de cavernas em minério de ferro e canga

a processos de dissolução através de trabalhos no Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais

foi Simmons (1963). Sua conclusão foi que não só a dissolução do dolomito, mas também

de quartzo e hematita, leva à formação de uma zona de minério de ferro alterada de alta

porosidade, que pode atingir 50% do volume da rocha. Duas décadas depois, McFarlane

& Twidale (1987) fizeram a grande descoberta que a dissolução dos óxidos de ferro,

aliada à de sílica e dolomita, são essenciais à carstificação em minério de ferro (AULER,

2009).

Feições geomorfológicas desenvolvidas no carste, principalmente em terreno laterítico é

verificado por dois fatores principais. O fator estrutural, podendo citar as fraturas, a qual

desenvolve o papel fundamental de conduto natural para a percolação da água e a partir

daí, seguem uma orientam preferencial de desenvolvimento das galerias. Além disso, as

zonas de baixa densidade são incumbidas pela evolução lateral das cavernas e das

depressões doliniformes (MAURIY & KOTSCHOUBEY, 1995).

Entende-se que a crosta laterítica é uma formação superficial ferruginosa e aluminosa

endurecida, que se configura acima do saprólito que, muitas vezes, representa o horizonte

de transição entre o solo e a rocha, mas preserva algumas características da rocha de

origem.

Segundo Mauriy & Kotschoubey (1995), estas zonas são altamente porosas e permeáveis

e encontram-se na interface crosta-saprólito, onde ocorre o encontro e o efeito conjunto

de fluxos laterais compostos por águas subterrâneas de soluções percolantes ricas em Fe

e Al. Este encontro propicia a precipitação de óxidos de ferro, como goethita, gibbsita e

hematita, nas fissuras e descontinuidades, além de fraturas no topo do saprólito. Com o

aumento da porosidade e permeabilidade do meio, elas tendem a tornar a ação física da

água mais competente, gerando a remoção das partes mais friáveis. Dessa forma, é cada

vez mais numeroso o aparecimento de vazios na interface crosta-saprólito, tipificando as

zonas de baixa densidade com estruturas esqueletais do tipo “boxwork" (Figura 3.12).

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Figura 3.12 – Formação de cavernas através da evolução das zonas de baixa densidade na interface crosta-

saprólito. Fonte: Mauriy & Kotschoubey, (1995).

As estruturas em box-work são formadas pelo preenchimento de fissuras e fraturas por

oxídos e hidróxidos de ferro, por meio da remoção parcial do material argilo-ferruginoso

intersticial segundo Kotschoubey et al. (1999). Logo, a região de contato entre a crosta

laterítica e o saprólito é bastante propícia ao desenvolvimento de cavernas (CUNHA JR.

et al, 2007).

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3.2 CARACTERIZAÇÃO DA CAVIDADE BRU_0034

3.2.1 Introdução

Com base no relatório técnico intitulado como “Estudos de Perímetro de Proteção para

Cinco Cavidades Naturais Subterrâneas na Mina de Brucutu” do Projeto Cava da Divisa

elaborado pelo Departamento de Ferrosos Sudeste do Complexo Minas Centrais da

empresa Vale S.A. em 2016 foi possível obter as informações referentes à Cavidade

BRU_0034, como mostrado a seguir.

A Cavidade BRU_0034 está situada na porção norte da cava da mina de Brucutu (Figura

3.13). Ela está localizada nas coordenadas 669854E/7804233N, na alta vertente de

encosta inclinada do platô/serra, com continuidade lateral da escarpa. O posicionamento

da cavidade na vertente é perpendicular a maior inclinação da vertente. A cavidade

BRU_0034 apresenta do ponto de vista espeleométrico, uma área de 53,54 m2, projeção

horizontal de 14,81m, volume de 79,29m3 e desnível de 0,70m. Essa cavidade constitui-

se de uma ruptura no relevo formando uma concavidade com direção sudeste. A presença

de blocos no piso é um indicativo que desmoronamentos são comuns e foram

responsáveis por sua ampliação. A mina de Brucutu situa-se a cerca de 40 m a montante

desta cavidade.

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Figura 3.13 – Mapa de detalhe da cavidade BRU_0034, situada próxima às vias de acesso até a cava da

mina de Brucutu. Fonte de dados: Vale S.A. e USGS, (2019).

Esta atitude das camadas indica que as águas infiltradas possuem a tendência de fluir em

direção SE, em direção a cava da mina de Brucutu (Figura 3.14). Nas proximidades não

existem nascentes ou drenagens corroborando que o nível das águas seja inferior ao das

cavidades.

Figura 3.14 – Croqui esquemático mostrando as cavidades BRU_0014 e BRU_0034 (destaque em vermelho

para a cavidade do presente estudo), litologias (com mergulho em direção para a cava da mina - SE). Fonte:

Vale S.A., (2016).

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3.2.2 Geoespeleologia

A vertente é de canga com gramíneas e inclinação em torno de 40° (Figura 3.15). Não há

solo superficial e sim a presença da leira da mina a cerca de 40 m a montante fornecendo

sedimentos inconsolidados que são carreados em direção à jusante.

Nas vertentes com presença de canga há predomínio de escoamento sobre a infiltração.

No interior da cavidade foram observados gotejamentos escassos relacionados a fraturas

na canga e alguns canalículos.

Figura 3.15 – Aspecto da vertente onde se situa a cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A., (2016).

Essa cavidade se desenvolve em canga detrítica clasto suportado de hematita,

granulometria variando de grânulo a matacão com predomínio de seixos. A hidrologia

mostrou apenas condensação que ocorre somente no nível superior da caverna. A

cavidade possui apenas um salão onde ocorrem canalículos, pendentes e alvéolos. O piso

é relativamente plano com depósitos de seixos, calhaus, matacões, cones de blocos na

entrada e fezes. Foram encontradas, crosta branca, crosta de óxido-hidróxido e os

coraloides estão concentrados nas porções internas da caverna. Sua gênese apresenta

abatimento e ampliação de canalículo (Figura 3.16).

BRU_0034

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Figura 3.16 – A) Vista da entrada da caverna; B) Interior da cavidade com crosta branca; C) Canga com

crosta e coraloides; D) Detalhe de coraloide. Fonte: Vale S.A., (2016).

A cavidade BRU_0034 insere-se na canga com teto, paredes e piso em canga. A espessura

da canga varia de cerca de 0,20 a 1,5 m (Figura 3.17). Possui pequena profundidade, com

cerca de 6 m entre a entrada e a porção mais distal.

As cangas recobrem as formações ferríferas na região sendo a idade definida como

Terciario (paleogeno e neogeno). A disposição mostra que acompanham o relevo e a

principal estrutura observada são juntas sub-horizontais separando uma geração de canga

da outra. Como dito anteriormente são clastos suportados. Apesar da existência de clastos

o cimento ferruginoso deixa as cangas impermeáveis para esta cavidade. A porosidade,

quando existente, ocorre por meio de fraturas.

Devido à pequena espessura e baixa permeabilidade as águas no interior da cavidade são

escassas e relacionadas à sazonalidade, ou seja, com o fim das chuvas as águas diminuem

e cessam os gotejamentos.

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Figura 3.17 – Entrada da cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A., (2016).

3.2.3 Bioespeleologia

Para avaliar a dinâmica trófica da cavidade, foram utilizados os dados já existentes no Estudo

de Relevância das Cavidades da Mina de Brucutu, para o licenciamento ambiental do Projeto

Cava da Divisa (ATIVO AMBIENTAL, 2014), além de dados primários obtidos diretamente

no campo pela equipe da empresa Vale S.A.

A cavidade BRU_0034 encontra-se inserida em litologia ferrífera, na alta vertente de

encosta inclinada do platô/serra, com continuidade lateral da escarpa. Seu piso é

relativamente plano onde se observam depósitos de seixos, calhaus, matacões e cones de

blocos na entrada (Figura 3.18). Cavidade com entrada ampla e completamente afótica,

encontra-se próxima à área operacional da Mina de Brucutu. Trata-se de um sistema pobre

em recursos orgânicos, sendo este composto principalmente por raízes podendo ocorrer

também à importação de matéria orgânica dissolvida através de percolação e

gotejamentos durante a estação úmida. Não foram observados morcegos e nem guano em

seu interior e o aporte de serapilheira é dificultado pela elevação do piso na zona de

entrada da cavidade.

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54

Figura 3.18 – Perfil da cavidade BRU_0034 com detalhes do relevo do piso da cavidade formando uma

barreira física (indicado pela seta vermelha) em sua zona de entrada dificultando o aporte de serapilheira.

As setas azuis representam vias possíveis de importação de matéria orgânica dissolvida. Fonte: Vale S.A.,

(2016).

A Cavidade possui entrada ampla e muito próxima à área operacional da Mina de Brucutu.

O piso é recoberto com cascalho e pequenos blocos, com solo seco durante a estação seca

e alguns pontos úmidos devido a gotejamentos durante a estação chuvosa. Cavidade pobre

em recursos, sendo composto principalmente por material vegetal, detritos e raízes

(Tabela 3.1).

Tabela 3.1 – Diversidade de substratos orgânicos encontrados no interior da cavidade BRU_0034.

Material

Vegetal

Detritos Raízes Guano Fezes Bolotas de

Regurgitação

Carcaça Qtde total de

substratos

orgânicos

x x x - - - - 3

Fonte: Vale S.A., (2016).

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A grande maioria das espécies encontradas durante o diagnóstico Bioespeleológico é

considerada como espécies generalistas e decompositores, ou predadores de pequenos

invertebrados, em especial aranhas. Somando as espécies encontradas nas estações seca

e úmida, 26 espécies foram registradas para esta cavidade, estando distribuídas nos

seguintes táxons: Arachnida: Acari (Neoacaridae – Neoacarus sp., Podocinidae), Araneae

(Ctenidae – Enoploctenus sp., Salticidae, Sicariidae – Loxosceles sp., Theridiidae),

Opiliones; Crustacea: Isopoda; Insecta: Collembola, Diplura (Projapygidae), Heteroptera

(Reduviidae – Zelurus sp.), Hymenoptera (Formicidae), Lepidoptera (Noctuidae,

Tineidae), Ensifera, Psocoptera (Lepidopsocidae) e uma espécie de aranha troglomórfica.

Durante o estudo de relevância, esta cavidade estava sendo utilizada como local de

nidificação por um urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus) (BECHSTEIN, 1793).

Dentre os abutres, esta espécie possui hábito necrófago (alimenta-se de carcaças) e pode

utilizar as cavidades rochosas de forma oportunista e efêmera como sítios de reprodução

(ZAMPAULO & SIMÕES, 2016). Apesar de ser um importante agente ecológico,

ajudando a limpar o ecossistema epígeo atuando na ciclagem de nutrientes, estas aves não

apresentam fidelidade a este tipo de sítio de reprodução, dificilmente contribuem com a

importação de carniça para o interior do sistema consumindo todo o alimento no ambiente

epígeo e regurgitando comida diretamente do bico dos filhotes. Além disso, suas fezes

não representam uma fonte nutritiva de alimento para a comunidade de invertebrados

cavernícolas tendo em vista a presença de ácido úrico em sua composição.

3.2.4 Dados Espeleométricos

Os dados espeleométricos da cavidade BRU_0034 estão sintetizados na Figura 3.19 e na

Tabela 3.2. Sendo PH a projeção horizontal da caverna medida em metros.

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Figura 3.19 – Mapa topográfico (5D) da cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A., (2016).

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Tabela 3.2 – Dados espeleométricos da cavidade BRU_0034.

UTM E UTM N Altitude (m) PH (m) Desnível (m) Área (m²) Volume (m³)

669854 7804233 997 14,81 0,7 53,54 79,29

Fonte: Vale S.A., (2016).

3.2.5 Determinação da Área de Contribuição Hídrica

Devido à pequena espessura de canga nos arredores da cavidade, ausência ou escassez de

solo, alta declividade da vertente tem-se que a tendência para a cavidade BRU_0034 é o

escoamento superficial. Além disso, a cavidade não possui área de armazenamento

significativa à montante.

A área de contribuição hídrica pode ser observada na Figura 3.20, onde se observa uma

área a montante da cavidade e nos seus arredores. Esta área corresponde a 1.396 m2 com

eixo maior com 34,4 m de comprimento e largura média de 46,92 m (Tabela 3.3). Além

disso, é perceptível através do perfil da área de contribuição hídrica da cavidade (Figura

3.21) que a mesma se insere na topografia em aproximadamente 997 m de altitude.

Tabela 3.3 – Dados da morfometria da área de contribuição da cavidade BRU_0034.

Área (m2) Eixo Maior (m) Largura Média (m) Largura Maior (m)

1.396 34,40 46,92 63,86

Fonte: Vale S.A., (2016).

Para uma chuva de 30 mm esta área pode fornecer uma quantidade de água de 41 m3

quantidade considerada suficiente para manter os escassos gotejamentos no interior da

cavidade.

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Figura 3.20 – Área de contribuição hídrica da cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A., (2016).

Figura 3.21 – Perfil da área de contribuição hídrica da cavidade BRU_0034. Fonte: Vale S.A., (2016).

3.2.6 Grau de Relevância

A seguir são mostrados os atributos classificatórios que foram levados em consideração

para definir que a cavidade BRU_0034 apresenta máxima relevância (Tabela 3.4).

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Tabela 3.4 – Atributos Classificatórios para o grau de relevância da cavidade BRU_0034.

Cavidade Atributos Classificatórios

Rel.Temática Rel.

Final

BRU_0034

Bioespeleologia - Habitat de troglóbio raro. Máxima

Máxima

Espeleometria

- Média projeção horizontal da

cavidade em relação às demais

cavidades que se distribuem

na mesma unidade

espeleológica; Média

- Médio volume da cavidade

em relação às demais cavidades

que se distribuem na mesma

unidade espeleológica;

Geoespeleologia

- Presença significativa de

Água de percolação ou

condensação;

- Muitos tipos de espeleotemas

ou processos de deposição em

termos de

diversidade de sedimentação

química.

Alta

Fonte: Parecer Único SUPRAM N° 002/2017, (2017).

3.3 SISMOGRAFIA APLICADA AO ESTUDO ESPELEOLÓGICO

3.3.1 Introdução

Sob a perspectiva da proteção e integridade física de cavernas quanto a vibrações sísmicas

resultante de atividades operacionais, de acordo com ICMBio (2016a), devem ser

analisadas em três dimensões principais (Figura 3.22):

• Fonte emissora;

• Propagação das ondas sísmicas pelo terreno;

• Receptor das ondas sísmicas, no caso, cavernas.

Os aspectos principais envolvidos em cada um dos três itens são descritos na sequência.

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Figura 3.22 – Cenário de sismografia no entorno de local de ocorrência de caverna. Fonte: ICMBio,

(2016a).

Fontes Emissoras de Vibração

Na produção de minérios, diversas operações constituem fontes de emissão de vibração,

por exemplo, a atividade de desmonte de rocha com usos de explosivos, as atividades

associadas ao carregamento ou descarregamento de material (produtos, estéril, rejeito,

ROM, etc), a operação de maquinários nas unidades de beneficiamento de minério, as

atividades ligadas ao nivelamento de pilhas de estéril ou de rejeito por meio de tratores,

o tráfego de veículos de carga (fora de estrada) em vias internas de acesso, etc. (ICMBio,

2016a).

Deduzindo um cenário fictício de terreno homogêneo e isotrópico, a interferência do meio

na atenuação da onda sísmica ao longo do espalhamento no terreno seria nula. Nesta

situação, a energia sísmica liberada no terreno sofreria atenuação somente pelo efeito do

espalhamento esférico da onda. A Figura 3.23 exibe o diagrama esquemático do efeito de

espalhamento esférico na propagação da onda sísmica para o caso da presença de uma

atividade potencialmente emissora de vibração localizada na proximidade de uma

caverna.

Figura 3.23 – Efeito de espalhamento esférico na atenuação da propagação sísmica. Fonte: ICMBio,

(2016a).

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A energia inicialmente concentrada transfigura-se rarefeita ao longo da expansão esférica

da frente de onda pelo terreno. À proporção que a onda sísmica se dissemina, ainda que

a energia permaneça constante, a expansão da área "esférica" de propagação resulta na

atenuação natural de amplitude da onda. Por esta razão que ao se afastar do local da

atividade emissora, o nível de vibração sísmica diminui.

Quando tem-se a fase correlacionada à operação dos desmontes, os resultados presumidos

na fase de projeto conceitual deverão ser validados, da mesma maneira que o processo

de controle deverá ser periodicamente modificado e atualizado ao longo de toda a vida

útil da cava, ao passo que os elementos de controle se mantenham inerentes a evolução

dinâmica da cava segundo o ICMBio, (2016a).

Propagação das Ondas Sísmicas pelo Terreno

Em termos de cenário real, além do efeito de atenuação sísmica derivado do espalhamento

esférico, a propagação da onda é influenciada pela composição não homogênea e

anisotrópica do terreno. A interação dos aspectos geomorfológicos, topográficos e

estratigráficos da área de abrangência da propagação da onda sísmica constitui um cenário

geomecânico do terreno que desempenha influência direta na atenuação da vibração.

A existência de descontinuidades e a composição geológica desempenham um grande

potencial de interferência no grau de atenuação, pelo fato que a tendência a oportunizar a

dispersão da vibração pelo terreno. A representação esquemática da Figura 3.24 mostra

um exemplo deste efeito resultante de descontinuidades existentes no terreno,

representadas, à vista disso, por diferentes camadas estratigráficas. Constata-se que, na

presença de descontinuidade, acontece o efeito de difração da onda, que atua na sua

dispersão, colaborando para a atenuação da vibração sísmica.

A atenuação decorrente do espalhamento esférico e a ação das descontinuidades

existentes ao longo do trajeto de propagação são características da propagação de ondas

sísmicas pelo terreno, ou pelo maciço.

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Figura 3.24 – Efeito de descontinuidades do solo na propagação da vibração sísmica. Fonte: ICMBio,

(2016a).

Alvo Receptor de Vibração: Caverna

As cavernas localizadas em ambientes passíveis de serem afetados pelos níveis de

vibração provocados por uma fonte emissora são conhecidas como receptores potenciais.

A análise de segurança estrutural de uma caverna pode ser compreendida a partir de dois

pilares principais:

• Características estruturais intrínsecas e o padrão geomecânico da caverna – as

quais definem as respectivas fragilidades;

• Condições (amplitude e frequência) de vibração a que a estrutura estará sujeita

– as quais estão relacionadas às respectivas vulnerabilidades (Figura 3.25).

Figura 3.25 – Fragilidade estrutural e a definição do critério de segurança correspondente. Fonte: ICMBio,

(2016a).

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Regiões da caverna reféns de níveis elevados de vibração em baixa frequência, e/ou partes

da caverna descritas por apresentar maior fragilidade, por exemplo, regiões de existência

de espeleotemas frágeis ou em cenário de dolinas, tem maior tendência a ser vulneráveis,

pelo fato dos efeitos ocasionados pela vibração em suas estruturas.

Quando se tem níveis elevados de vibração, existe grande chance de resultar em impactos

estruturais de criticidades diversas, variando em função das fragilidades do tipo de

receptor. O surgimento de trincas, o aumento de fissuras e/ou quedas de espeleotemas –

a impactos críticos à segurança da estrutura, podendo resultar até mesmo no colapso

parcial ou completo da caverna. Com base nisso, o critério de segurança deve, portanto,

ser capaz de reproduzir, por meio de métricas, as fragilidades estruturais características

de cada caverna.

Critério de Segurança Preliminar

Segundo ICMBio, (2016b), a premissa básica com relação ao critério de segurança de

uma caverna é que ela deve indicar a máxima vibração que a mesma pode suportar, sem

que ocorra impactos negativos irreversíveis que podem comprometer a integridade física

da caverna.

O critério de segurança deve estar apto a reproduzir a sensibilidade diferenciada da

caverna face aos aspectos diferenciados da vibração proveniente das diferentes atividades

existentes no entorno. Já com relação aos esforços dinâmicos suportados pelas estruturas

de uma caverna, eles dependem das características de vibração emitida pelos agentes

externos, em função da amplitude e da frequência de vibração, do tempo de exposição e

da periodicidade com que as atividades são realizadas.

A vibração transmitida por uma dada atividade varia com relação ao período de operação

(longa, média ou curta duração), tal como a relação à sua magnitude, sendo capaz de ser

subdividida em três grupos principais:

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● Vibração intermitente: amplamente caracterizada pela sucessão de eventos

vibratórios, de curta duração – caso da detonação de explosivos por meio de

microrretardos, da atividade de cravação de estacas por impacto e da atividade de

compactação dinâmica por batimento;

● Vibração transiente: quando os níveis de vibração se tornam um impacto súbito,

seguido de um tempo de repouso moderadamente prolongado – por exemplo, as

vibrações decorrentes de atividades como tráfego de veículos em vias de acesso

rodoviário, da passagem de um comboio ferroviário, assim como as derivadas do

carregamento ou descarregamento de material;

● Vibração contínua: quando um nível de vibração sensivelmente constante é

mantido por um período significativo.

Fatores como excitação estrutural, decorrente de vibrações contínuas, tendem a ser mais

prejudiciais às estruturas que as vibrações de caráter temporário, posto que o período de

exposição a que as estruturas ficam sujeitas à excitação vibracional é mais prolongado.

Desse modo, os limites de segurança são mais restritivos.

Pelo princípio da precaução e seguindo as normas ABNT NBR 9653 e DIN 4150 entende-

se que os limites recomendados para o critério de segurança estrutural de cavernas de

relevância máxima, considerando-se de maneira distinta a tipologia da atividade emissora

e a consequente especificidade da vibração emitida devem ser:

● Para atividades emissoras de vibração de caráter intermitente, recomenda-se o

nível de vibração (VVP) igual a 5,0 (cinco) mm/s como critério de segurança

preliminar;

● Para atividades emissoras de vibração de caráter transiente, recomenda-se o nível

de vibração (VVP) igual a 3,0 (três) mm/s como critério de segurança preliminar;

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● Para atividades emissoras de vibração de caráter contínuo, recomenda-se o nível

de vibração (VVP) igual a 2,5 (dois vírgula cinco) mm/s como critério de

segurança preliminar.

Destaca-se que o critério de segurança prévio é recomendado somente quando ocorre

ausência de diagnóstico geológico-geotécnico, que faça uma especificação e

determinação do real critério de segurança, que pode ser definido tendo em vista as reais

fragilidades estruturais envolvidas.

De maneira complementar, pretende-se estabelecer que o limite de segurança estrutural

definido a cavidades seja periódica e sistematicamente reavaliado, aliada a realização de

monitoramento da integridade física, de maneira a assegurar que o limite de segurança

proposto esteja concordante com as fragilidades da estrutura cavernícola.

3.3.2 Execução do Monitoramento Sismográfico do Desmonte Padrão

De acordo com o Plano de Fogo empregado nos desmontes realizados na mineradora é

definido o modelo de projeção sismográfica, que pode ser definido conforme os atributos

do meio físico relativos ao trajeto de propagação da onda sísmica. A determinação do

valor dos respectivos parâmetros deve ser realizada por meio de resultados de

monitoramento sismográfico nos pontos de medição definidos.

ABNT NBR 9653:2018

A norma em vigor no Brasil que limita os níveis de vibração causados pelas atividades

de desmonte de rochas com uso de explosivos é a ABNT NBR 9653. Sua primeira versão

foi publicada em 1986 e sua última revisão mais atualizada em 2018. Essa norma

relaciona a velocidade de partícula de pico com intervalos de frequência para a

delimitação dos níveis aceitáveis. Com intuito de efetuar o monitoramento sismográfico

é utilizada como referência a norma ABNT NBR 9653:2018 “Guia para avaliação dos

efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações em áreas urbanas”. Assim, a

revisão da ABNT 9653:2018 publicada em 08 de maio de 2018 (Versão Corrigida –

25/05/2018) estabelece que os limites da nova edição da ABNT podem ser utilizados

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como referência no teste de cavidades naturais subterrâneas. Essa norma especifica

limites de vibração para cavidades naturais subterrâneas iguais aos de estruturas,

variando, portanto, de VVP = 15 mm/s a VVP = 50 mm/s em função da frequência da

onda (Tabela 3.5 e Figura 3.26).

Tabela 3.5 – Limites de velocidade de vibração de partícula de pico por faixas de frequência.

Faixa de Frequência a Limite de Velocidade de Vibração de Partícula de Pico

4 Hz a 15 Hz Iniciando em 15 mm/s, aumenta linearmente até 20 mm/s

15 Hz a 40 Hz Acima de 20 mm/s, aumenta linearmente até 50 mm/s

Acima de 40 Hz 50 mm/s

a Para valores de frequência abaixo de 4 Hz, deve ser utilizado como limite o critério

de deslocamento de partícula de pico de no máximo 0,6 mm (de zero a pico).

NOTA 1 Hz corresponde a uma oscilação por segundo.

Fonte: ABNT NBR 9653:2018.

Figura 3.26 – Representação gráfica dos limites de velocidade de vibração de partícula de pico por faixas

de frequência. Fonte: ABNT NBR 9653:2018.

Além disso, essa norma recomenda que caso houver restrição na realização do

monitoramento sismográfico, pode ser considerada atendida a norma, se for obedecida

uma distância escalonada que cumpra com os seguintes requisitos:

10

100

1 10 100 1000

VV

P (

mm

/s)

Frequência (Hz)

NBR 9653/2018

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DE ≥ 40 m/kg0,5, para D ≤ 300 m

Sendo a Equação 3.1:

DE = D/Q0,5 (3.1)

Onde:

D é a distância horizontal entre o ponto de medição e o ponto mais próximo da

detonação, expressa em metros (m);

Q é a carga máxima de explosivos a ser detonada por espera, expressa em

quilogramas (kg).

As orientações do CECAV não levam em consideração as pressões acústicas como fator

de controle e, portanto, não sugere estudos nem limites para este fenômeno.

Lei de Atenuação das Vibrações

Segundo Dowding (2000), a velocidade de partícula pode ser estimada de duas formas:

uma com relação de atenuação e outra com relação de escalonamento. A relação de

atenuação descreve o decaimento da velocidade de pico com o aumento da distância da

fonte de energia, enquanto a relação de escalonamento descreve esse decaimento com a

distância de forma normalizada pela fonte de energia.

Esta última é a mais utilizada para situações onde, para uma mesma distância do ponto

de controle, a fonte de energia é mutável, como no caso das detonações em maciços

rochosos. Na prática, a “Lei de Atenuação da Vibração dos Terrenos”, compara a

velocidade de partícula com a distância do ponto de detonação e a carga máxima por

espera, sendo expressa pela Equação 3.2:

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VVP = k(DE)-m = k(D/Q0,5)-m (3.2)

Onde:

• VVP: Velocidade de vibração de partícula de pico (mm/s)

• DE: Distância escalonada (m/kg0,5)

• D: Distância entre o ponto de medição e o ponto de detonação (m)

• Q: Carga máxima de explosivo detonada por espera (kg)

• k e m: variáveis em função dos parâmetros de fogo e das características do terreno

A partir do monitoramento de detonações e da medição de valores de velocidade de

vibração de partícula para distâncias escalonadas conhecidas, os fatores k e m são obtidos

através da regressão linear da reta representativa da “Lei de Atenuação da Vibração dos

Terrenos”.

Através de valores estabelecidos, pode-se elaborar um gráfico associando a carga máxima

por espera e a distância em relação à cavidade, a fim de que ocorra um controle da

detonação que não comprometa a sua integridade.

3.4 SISTEMA DE MONITORAMENTO DE DINÂMICA DE ROCHA

3.4.1 Introdução

Com o intuito de entender maiores detalhes sobre o funcionamento do Sistema de

Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR) foram utilizados os trabalhos de Gontijo

et al. (2014), Gontijo (2017), e materiais técnicos disponibilizados pela empresa MecRoc

Engenharia Ltda.

Segundo Matos et al. (2018), o SMDR é um sistema que permite monitorar

simultaneamente, com precisão, de forma contínua e em tempo real, variações de

deslocamento de rochas e/ou estruturas, níveis de vibração, temperatura e a umidade

relativa do ar no local de instalação.

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Dessa forma, o SMDR é composto por 4 partes principais: Sistema Eletrônico Central

(datalogger), Sensor Ótico de Distância - Medidor de Convergência a laser, Sensor de

Vibração - Geofone Triaxial e Sensor de Temperatura e Umidade (Figura 3.27).

Figura 3.27 – Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR) e os seus 4 componentes

principais: A) Sistema Eletrônico Central - datalogger, onde são instalados os sensores; B) Sensor Ótico

de Distância - Medidor de Convergência a laser; C) Sensor de Vibração - Geofone Triaxial; D) Sensor de

Temperatura e Umidade. Fonte: MecRoc, (2019).

No datalogger podem ser conectados os sensores supramencionados. Sendo possível

simultaneamente utilizar até 3 Medidores de Convergência a laser, 1 Geofone Triaxial e

1 Sensor de Temperatura e Umidade, conforme mostrado pelo Figura 3.28. Dessa forma,

o sistema pode ser utilizado de forma conjunta, com todos os sensores operando

simultaneamente, ou mesmo com suas partes em separado, por exemplo, monitorando só

vibrações ou só convergência.

A B

C D

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Figura 3.28 – Sistema Eletrônico Central (datalogger) e locais de instalação dos sensores. Fonte: MecRoc,

(2019).

Vale destacar também que os dados coletados pelo SMDR são armazenados em uma

memória interna do sistema, e podem ser descarregados frequentemente através de um

computador (Figura 3.29), ou quando se desejar o sistema pode ser conectado a uma

central através de um sistema de rádios, enviando informações em tempo real sobre as

grandezas medidas (GONTIJO, 2017).

Figura 3.29 – Coleta dos dados de vibração e deslocamento na unidade de armazenamento do Sistema de

Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR). Fonte: Vale S.A., (2019).

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Além disso, o sistema é acompanhado por um software de tratamento de dados que

fornece informações detalhadas dos dados coletados bem como relatórios automáticos

(Figura 3.30). Nesse software é possível visualizar ao mesmo tempo os deslocamentos

medidos por cada sensor bem como as vibrações medidas. Desta forma, é possível avaliar,

por intermédio de relatórios gerados pelo próprio programa, se as vibrações são

responsáveis pelos deslocamentos medidos, como proposto no presente estudo.

Figura 3.30 – Layout do software do Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR). Fonte:

MecRoc, (2019).

Com o intuito de gerar um melhor entendimento sobre o funcionamento dos sensores,

será discorrido brevemente apenas sobre os que serão utilizados no presente estudo, ou

seja, Sensor Ótico de Distância e Sensor de Vibração.

3.4.2 Sensor Ótico de Distância

O Sensor Ótico de Distância é capaz de medir os deslocamentos (convergência ou

divergência) entre dois pontos fixos distantes entre 1 m e 100 m (teto/lateral; teto/piso;

lateral/piso), com uma taxa de aquisição ajustável (Figura 3.31). Vale destacar também

que para cada central de aquisição e processamento do SMDR, é possível utilizar até 3

sensores de deslocamento e um sensor de vibração, simultaneamente.

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Figura 3.31 – Sensor Ótico de Distância instalado próximo ao piso de uma cavidade ferruginosa. Fonte:

Vale S.A., (2019).

3.4.3 Sensor de Vibração

O Sensor de Vibração é o instrumento que utiliza o geofone para aferir dados sobre

vibração do maciço rochoso, captados a partir de detonações induzidas (Figura 3.32). Por

meio do uso desse geofone triaxial de 4,5 Hz, calibrado de acordo com a norma ABNT

NBR 9653/2018, é possível coletar ondas verticais, longitudinais e transversais e também

as velocidades de vibração de partículas. O uso do sensor de vibração nos permite

determinar as frequências de onda longitudinal, transversal e vertical, bem como os

vetores da velocidade de vibração de partícula de pico e a velocidade de vibração

resultante.

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Figura 3.32 – Geofone instalado no teto de uma cavidade ferruginosa. Fonte: Vale S.A., (2019).

3.4.4 Aplicações do SMDR

O Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha - SMDR vem sendo utilizado no

monitoramento geomecânico de deslocamentos (convergência/divergência) e vibrações

em maciços rochosos de minas subterrâneas e de cavidades naturais subterrâneas

(GONTIJO et al., 2014). A aplicação desse método tem gerado excelentes resultados,

pois ele busca avaliar e analisar, as variações ocorridas no maciço, de forma contínua e

com uma alta taxa de aquisição de dados de deslocamento e vibração, quando comparado

com métodos de análises tradicionais (manuais). Além disso, o SMDR tem uma grande

vantagem quando comparado com métodos convencionais de medição, pois o mesmo

minimiza a intervenção humana na atividade de monitoramento, sendo dessa forma uma

alternativa mais segura para aplicação do controle geotécnico.

Com relação ao monitoramento em escavações subterrâneas, o mesmo é realizado com o

intuito de verificar possíveis movimentações induzidas por detonações em galerias, por

tensões induzidas pelas aberturas subterrâneas ou até mesmo por trânsito de

equipamentos, conforme mostrado pela Figura 3.33.

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74

Figura 3.33 – Localização da instalação do SMDR em uma galeria sobrejacente à área de lavra na Mina

Cuiabá da AngloGold Ashanti. Fonte: Gontijo et al., (2014).

Já com relação ao monitoramento de cavernas, ele é utilizado principalmente para avaliar

a estabilidade física das cavidades que sofrem algum tipo de intervenção por meio de

atividades mineração, tais como: trânsito de equipamentos pesados e desmonte com uso

de explosivos (Figura 3.34). Dessa forma, é possível definir se esses empreendimentos

mineiros causam algum impacto, dentro ou fora do raio de influência de 250 m, nas

cavidades avaliadas.

Figura 3.34 – Mapa de uma cavidade natural subterrânea nas proximidades de uma operação em mina da

Vale S.A. no Quadrilátero Ferrífero e o local onde foi realizada a instrumentação utilizando o SMDR.

Fonte: Gontijo et al., (2014).

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CAPÍTULO 4

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Três etapas principais compreendem o presente estudo: Primeira Etapa - compreende a

revisão bibliográfica, o levantamento cartográfico e a organização de banco de dados;

seguida pela Segunda Etapa - constituída por trabalho de campo para coleta de dados; e

por fim, a Terceira Etapa é constituída por trabalhos de gabinete para análise dos

resultados. A Figura 4.1 representa o fluxograma das etapas metodológicas descritas neste

capítulo.

Figura 4.1 – Fluxograma com as etapas metodológicas da dissertação. Fonte: Autor, (2019).

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4.1 PRIMEIRA ETAPA

4.1.1 Levantamento Bibliográfico

O Levantamento Bibliográfico foi realizado com o intuito de obter informações referentes

ao estado da arte sobre os seguintes assuntos: Contextualização da área de estudo,

cavidades naturais subterrâneas, sismografia aplicada ao estudo espeleológico e Sistema

de Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR).

Contextualização da Área de Estudo

A contextualização da área de estudo tem o intuito de situar a mesma quanto à localização

geográfica, aspectos geológicos, geomorfologia, pedologia e vegetação, clima, hidrologia

e hidrogeologia.

Cavidades Naturais Subterrâneas

As cavidades naturais subterrâneas (CNS) são abordadas da forma prevista na legislação

brasileira, sendo apresentadas as seguintes informações: definição de CNS, cavernas em

minério de ferro, formação das feições no carste em terreno laterítico e caracterização da

cavidade BRU_0034. Sendo importante destacar também a grande importância das

dissertações e teses desenvolvidas pelo Projeto de Estudos Geoespeleológicos do

convênio entre Vale S.A. e UFOP, que foram utilizadas como base conceitual para o

presente estudo.

Sismografia Aplicada ao Estudo Espeleológico

A sismografia aplicada ao estudo espeleológico leva em consideração três fatores

principais: 1 - Fonte Emissora de Vibração; 2 - Propagação das Ondas Sísmicas pelo

Terreno; 3 - Alvo Receptor de Vibração (Caverna).

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Sistema de Monitoramento de Dinâmica de Rocha (SMDR)

O tópico sobre o SMDR tem o objetivo de levantar as características do equipamento e

suas principais aplicações no âmbito da geotecnia.

4.1.2 Levantamento Cartográfico

O Levantamento Cartográfico teve como intuito orientar espacialmente a caverna descrita

durante o estudo e serve, também, de auxílio para a elaboração de mapas de situação e

para localização da área em foco.

4.1.3 Organização do Banco de Dados

No que se refere à Organização do Banco de Dados, ela foi feita com o objetivo de melhor

estruturar os dados bibliográficos e cartográficos obtidos.

4.2 SEGUNDA ETAPA

4.2.1 Monitoramento com o SMDR

Foram realizados monitoramentos contínuos, de deslocamento (convergência e

divergência) e sismográfico, pela equipe de espeleologia da empresa Vale S.A., no

interior da cavidade BRU_0034, foi considerado para o presente estudo os dados obtidos

de 25/07/19 até 30/09/19. Vale destacar que foram utilizados testes específicos de

detonação, cujas medidas foram efetuadas através do uso do Sistema de Monitoramento

de Dinâmica de Rocha – SMDR, desenvolvido por meio de uma parceria entre a Aeron

Sistemas Eletrônicos e Aeronáutica e MecRoc Engenharia Ltda.

Dessa forma, foram captados dados de 7 desmontes com uso de explosivos pelo Geofone

situado no interior da cavidade BRU_0034, durante o período supracitado, realizados na

cava da mina de Brucutu (Figura 4.2).

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Figura 4.2 – Mapa de localização contendo a cavidade BRU_0034 e os locais das detonações. Fonte de

dados: Vale S.A. (2016) e USGS, (2019).

Como no presente estudo foram medidos apenas os deslocamentos e as variáveis

sismográficas ocorridas no interior da cavidade BRU_0034, foram utilizados apenas 1

sensor ótico de distância e 1 sensor de vibração com geofone triaxial, não sendo

necessária a utilização do sensor de temperatura e umidade do SMDR.

O Geofone foi instalado no teto e o Sensor Ótico de Distância na parede da cavidade

BRU_0034, utilizando gesso (mistura feita no local com gesso em pó e água) para a sua

fixação na canga ferruginosa, por apresentar uma maior fixação quando se trata de rochas

e/ou solos compactos (Figura 4.3). Vale destacar que os sensores de vibração e de

distância foram instalados na canga por se tratar do material que será monitorado no caso

da movimentação, buscando correlacionar a intensidade das vibrações com a reação da

movimentação/deslocamento do maciço.

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Figura 4.3 – Instalação do Geofone no teto e do Sensor Ótico de Distância na parede da cavidade

BRU_0034. Fonte: Vale S.A., (2019).

Com o intuito de atender as necessidades de monitoramento geotécnico de cavidades

naturais foram obtidos registros de velocidade de partícula, frequência de vibração das

ondas e variação de deslocamento entre dois pontos dentro da caverna de 30 em 30

minutos. Gerando assim o embasamento necessário para a elaboração da equação de

atenuação das vibrações para o maciço rochoso local e o dimensionamento dos

parâmetros dos planos de fogo a serem utilizados durante as operações mineiras,

garantindo a conservação da estrutura física da cavidade. Vale destacar também que o

equipamento estava devidamente calibrado durante a aquisição dos dados, o que pode ser

comprovado pelo Certificado de Calibração do SMDR apresentado no Anexo I.

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4.3 TERCEIRA ETAPA

4.3.1 Análise e Interpretação dos Dados

Após a obtenção dos parâmetros sismográficos e de deslocamento, foram analisados e

interpretados os dados da cavidade natural subterrânea estudada.

4.4 INFLUÊNCIA DO DESMONTE NA CAVIDADE E CONCLUSÃO

Consequentemente, após a análise e interpretação dos dados, foi possível determinar o

modo com que o desmonte com uso de explosivos influencia na estabilidade física da

cavidade natural subterrânea analisada (BRU_0034). Dessa forma também são geradas

conclusões sobre o presente estudo.

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CAPÍTULO 5

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 MONITORAMENTO DA CAVIDADE BRU_0034 COM SMDR

Com base nas informações obtidas foi possível organizar o banco de dados com o intuito

de obter os parâmetros de maior relevância para o presente estudo e interpretá-los com o

auxílio do software do SMDR e do Microsoft Excel, no caso vibração e deslocamento.

Vale destacar que foram captados apenas 7 eventos de detonação durante o

monitoramento, pois a operação da mina de Brucutu foi afetada por diversas paralisações

no período de obtenção dos dados para a elaboração da presente dissertação, devido ao

rompimento da barragem de rejeitos I da mina Córrego do Feijão. Dessa forma, foram

utilizados os dados disponíveis mesmo tendo uma população amostral muito pequena em

meio a um ambiente geológico com tantas variáveis.

5.1.1 Elaboração do Modelo de Atenuação

Foi possível obter todos os eventos de detonação (fogos) na mina de Brucutu captados de

29/07/2019 a 26/09/2019 pelo SMDR na cavidade BRU_0034, conforme encontrados nos

Anexos II e III, sendo também resumidos por meio da Tabela 5.1, que mostra o evento

de desmonte (n° do fogo), as coordenadas dos pontos de desmonte em UTM (E e N) e a

data e hora do evento captado no sismógrafo. Sendo possível obter a VR (Velocidade de

vibração de partícula resultante de pico), a VVP (Velocidade de Vibração de Partícula de

Pico) nas componentes longitudinal, transversal e vertical e a Frequência da onda nas

componentes longitudinal, transversal e vertical.

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Tabela 5.1 – Descrição resumida dos pontos de detonação captados pelo SMDR.

N° DO

FOGO E N DATA HORA

VR

(mm/s) VVP (mm/s) Frequência (Hz)

Long. Trans. Vert. Long. Trans. Vert.

30-07 670070 7804230 29/07/2019 16:08:16 13,77 7,25 8,23 13,07 4 4 5

18-08 669909 7803997 23/08/2019 13:05:57 9,93 4,82 5,17 8,17 16 13 14

09-09 669844 7804001 07/09/2019 10:59:30 10,84 5,98 5,55 9,78 12 13 11

20-09 669977 7804140 17/09/2019 13:00:56 15,32 8,49 7,93 13,42 4 3 12

22-09 669952 7804020 20/09/2019 13:18:56 12,40 4,96 6,89 12,00 4 9 14

28-09 669952 7804020 25/09/2019 13:01:56 14,32 12,38 9,72 12,47 5 5 5

29-09 669871 7804034 26/09/2019 13:04:50 13,21 11,47 10,25 10,25 4 3 4

Com o intuito de obter o valor da distância escalonada (DE), conforme previsto na NBR

9653/2018, foi utilizada a Equação 5.1.

𝐷𝐸 = 𝐷/𝑄0,5 (5.1)

Sendo utilizado o D como a distância, em metros, entre o a cavidade BRU_0034 e os

pontos de coordenadas dos desmontes, além de Q, carga máxima de explosivos a ser

detonada por espera, que foi obtido através dos cadastros de detonação e relatórios de

desmonte encontrados no Anexo II e resumidos na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 - Dados de distância (D) e carga máxima por espera (Q) de cada fogo para obtenção da

Distância Escalonada (DE).

N° DO FOGO D (m) Q (Kg) DE (m/kg0,5)

30-07 216 184 15,92

18-08 242 137 20,67

09-09 232 161 18,28

20-09 154 230 10,15

22-09 234 207 16,26

28-09 234 184 17,25

29-09 200 184 14,74

A partir da interpretação dos dados de vibração obtidos no monitoramento, Anexo III, foi

possível elaborar a curva de atenuação das vibrações através dos maciços e determinar a

sua equação característica. O tratamento dos dados sismográficos foi realizado através da

utilização do software do próprio SMDR e do Microsoft Excel, que são compilados na

Tabela 5.3.

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Tabela 5.3 – Dados utilizados para a elaboração da curva de atenuação.

N° DO FOGO VR (mm/s) DE (m/kg0,5)

30-07 13,77 15,92

18-08 9,93 20,67

09-09 10,84 18,28

20-09 15,32 10,15

22-09 12,40 16,26

28-09 14,32 17,25

29-09 13,21 14,74

Além disso, a equação característica do maciço foi obtida através de uma regressão de

potência realizada para os pares Velocidade de Pico de Partícula Resultante (VR) versus

Distância Escalonada (DE) em gráfico bi-logarítmico, conforme Figura 5.1.

Figura 5.1 – Curva de atenuação das vibrações para os 7 desmontes captados no interior da cavidade

BRU_0034.

É possível verificar que a curva de atenuação (linha preta pontilhada), encontrada no

gráfico da figura acima, possui um excelente ajuste aos pontos de detonação plotados no

gráfico. Com base nessa linha pode-se chegar à Equação 5.2, característica da atenuação

das vibrações, com um intervalo de confiança de 95%:

1.00

10.00

100.00

10.00 100.00

VR

(m

m/s

)

DE (m/kg^0,5)

VR x DE

30-07 18-08

09-09 20-09

22-09 28-09

29-09 Potência (Curva de Atenuação)

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y = 57,035x-0,544 (5.2)

Dessa forma, é possível obter os parâmetros “k” e “m” da Equação 3.2:

k = 57,035 (5.3)

m = - 0,544 (5.4)

ln k = 4,04 (5.5)

Assim, resultando nas Equações de reta 5.6 e 5.7:

ln y = 4,04 – 0,544x (5.6)

ln VVP = 4,04 – 0,544 ln DE (5.7)

Por fim, utilizando os parâmetros “k” e “m”, pode-se obter, também, as funções na forma

de potência (Equações 5.8 e 5.9):

VVP = 57,035(DE) −0,544 (5.8)

VVP = 57,035(D

Q12

)

−0,544

(5.9)

Por intermédio do uso do programa Microsoft Excel, foi possível realizar a análise de

variância (ANOVA) dos dados, com o intuito de se obter o coeficiente de determinação

(R2), para verificar o quanto o modelo foi capaz de explicar os dados coletados dos

valores de velocidade de pico de partícula resultante e de distância escalonada (Tabela

5.4).

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Tabela 5.4 - Análise de Variância (ANOVA) dos valores de velocidade de pico de partícula resultante e

distância escalonada.

Fonte de Variação N° de Graus de Liberdade Soma Quadrática

Regressão 1 15,39739341

Resíduos 5 6,605749442

Total 6 22,00314286

De acordo com os dados apresentados na Tabela 5.4, é possível verificar que a

componente da soma quadrática devido à regressão é maior que a componente devido aos

resíduos, dessa forma o valor do coeficiente de determinação (R2) fica mais próximo de

1, mostrando que houve um bom ajuste do modelo da lei de atenuação. Destaca-se,

também, que o R2 encontrado foi de 0,7, sendo influenciado pelo baixo número de

amostras. Além disso, o coeficiente de correlação de Pearson (r) obtido é igual a -0,84,

que mostra haver uma forte correlação negativa entre os dados, pois o valor ficou próximo

de -1, coerente com a realidade, ou seja, quanto mais distante o desmonte, menor são as

vibrações sismográficas na cavidade.

Dessa forma, é possível verificar que apesar de serem coletadas as informações relativas

a apenas 7 desmontes, os resultados encontrados foram satisfatórios estatisticamente e

podem ser utilizados como referência para a realização de desmonte com explosivos nas

proximidades da cavidade BRU_0034.

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5.1.2 Prevenção de Impactos Físicos à Cavidade - Q x D

Com o auxílio da Equação 5.9 proposta por intermédio da lei de atenuação é possível

prever as cargas máximas por espera (kg) de acordo com a faixa de avanço (m).

Fazendo um paralelo entre os limites estabelecidos pela ABNT NBR 9653/2018 e os

escassos dados de vibração obtidos no monitoramento realizado (7 amostras), pode-se

estimar de forma experimental, em função das faixas de frequências médias das

propagações (8 Hz), uma velocidade limite de impacto físico de aproximadamente 17

mm/s para o cálculo das cargas controladas para o desmonte de rochas nas frentes de lavra

da Mina Brucutu, tendo como intuito garantir a integridade física da cavidade (Figura

5.2).

Figura 5.2 – Gráfico dos limites de velocidade de vibração de partícula de pico resultante por faixas de

frequências, de acordo com a ABNT NBR 9653/2018, com destaque para a velocidade limite de impacto

em função da faixa de frequência média de pico.

É importante destacar que no relatório técnico intitulado como “Estudos de Perímetro de

Proteção para Cinco Cavidades Naturais Subterrâneas na Mina de Brucutu” do Projeto

Cava da Divisa elaborado pelo Departamento de Ferrosos Sudeste do Complexo Minas

Centrais da empresa Vale S.A., em 2016 há a previsão de uma velocidade limite de

impacto físico de aproximadamente 16,00 mm/s para o cálculo das cargas controladas

para o desmonte de rochas nas frentes de lavra da Mina Brucutu, à distância menores que

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os 250 m garantida a integridade física das cavidades BRU_0014 e BRU_0034. Sendo

dessa forma muito condizente com o que foi definido na presente dissertação.

Assim como proposto no relatório técnico supracitado, com o objetivo de aumentar a

segurança das operações com o uso de explosivos aplica-se ao valor limite de impacto

para as cavidades, um fator de segurança de F.S = 1,2. Logo, o valor de velocidade de

pico de partícula utilizado nos cálculos foi de aproximadamente VPP = 13,6 mm/s. A

distância máxima de avanço da lavra com o uso de explosivos foi definida em um valor

por volta de 210 m, com alto grau de incerteza por conta das variações lito-estruturais,

sendo determinada com base no maior valor de carga por espera encontrada no presente

estudo, que foi Q = 230 kg.

Dessa forma, para a continuidade da lavra em distâncias inferiores a distância de 210 m

será necessária à utilização de outras técnicas capazes de atenuar as vibrações como

utilização de mineradores contínuos e aplicação de barreiras de atenuação de vibração.

A Tabela 5.5 e a Figura 5.3 apresentam uma tabela resumo e um mapa, respectivamente,

das cargas máximas por espera considerando-se faixas de avanço de 50 m para a cavidade

BRU_0034. Vale destacar que essa faixa de avanço de 50 metros foi definida com o

intuito de tentar suavizar as incertezas com relação aos aspetos geológicos locais.

Tabela 5.5 – Resumo das cargas máximas por espera considerando as faixas de avanço de 50 m no

entorno da cavidade BRU_0034.

Faixa de Avanço (m) Carga Máxima por Espera (kg)

250 - 200 325,56 - 208,36

200 - 150 208,36 - 117,20

150 - 100 117,20 - 52,09

100 - 50 52,09 - 13,02

50 - 0 13,02 - 0

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Figura 5.3 – Determinação da carga máxima por espera por faixa de distância (avanço a cada 50 metros)

no entorno da Cavidade BRU_0034. Fonte de dados: Vale, USGS e resultados dessa dissertação, (2019).

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5.1.3 Análise de Deslocamento x Vibração

Como os dados de convergência (deslocamento) coletados do dia 25/07/19 ao dia

30/09/19 foram obtidos no SMDR em três momentos distintos, eles estão separados em

3 gráficos, sintetizados por intermédio das Figuras 5.4, 5.5 e 5.6, que mostram os

resultados de deslocamento no período em análise.

Durante o período de 25/07/19 a 27/08/19, conforme visto no tópico anterior, foram

realizadas duas detonações com uso de explosivos nas proximidades da cavidade

BRU_0034 (fogo n° 30-07 e fogo n° 18-08). Imediatamente após esses fogos não foram

identificados grandes deslocamentos, apenas sinais cíclicos, de baixa amplitude,

conforme mostrados na Figura 5.4, retratados por Gontijo, (2017) e interpretados como

ruídos do equipamento. Porém, do horário de 22:00:01 do dia 23/08/19 até o horário de

16:26:28 do dia 24/08/19, foi captada uma divergência (“pico”) de aproximadamente 2,5

mm de variação, correlacionada com a paralisação do SMDR no momento de

descarregamento dos dados.

Figura 5.4 – Resultados absolutos de deslocamento obtidos pelo sensor ótico no período de 25/07/2019 a

27/08/2019 na cavidade BRU_0034, com indicação das duas detonações realizadas nos dias 29/07/2019

(30-07) e 23/08/2019 (18-08), na mina de Brucutu.

1813

1814

1815

1816

1817

1818

1819

1820

15:58:34

25/07/2019

01:58:34

31/07/2019

11:30:01

05/08/2019

22:00:01

10/08/2019

08:30:01

16/08/2019

19:00:01

21/08/2019

Des

loca

men

to (

mm

)

Horário

Data

25/07/2019 a 27/08/2019

18-0830-07

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Durante o período de 27/08/19 a 19/09/19, conforme visto no tópico anterior, foram

realizadas duas detonações com uso de explosivos nas proximidades da cavidade

BRU_0034 (fogo n° 09-09 e fogo n° 20-09). Imediatamente após esses fogos não foram

identificados grandes deslocamentos, apenas sinais cíclicos de baixa amplitude, conforme

mostrados na Figura 5.5, retratados por Gontijo, (2017) e interpretados como ruídos do

equipamento. Porém, no horário de 22:58:16 do dia 03/09/19 foi captado uma divergência

(“pico”) de aproximadamente 1 mm de variação. Além disso, no horário de 06:58:16 do

dia 08/09/19, houve uma convergência inicial (“vale”) em torno de 1 mm de variação,

seguida de uma divergência de cerca de 2 mm de variação até o horário de 21:01:46 do

dia 08/09/19, correlacionada com uma “queda” no fornecimento de energia ao

equipamento.

Figura 5.5 – Resultados absolutos de deslocamento obtidos pelo sensor ótico no período de 27/08/2019 a

19/09/2019 na cavidade BRU_0034, com indicação das duas detonações realizadas nos dias 07/09/2019

(09-09) e 17/09/2019 (20-09), na mina de Brucutu.

1815

1816

1817

1818

1819

1820

1821

1822

12:58:16

27/08/2019

20:58:16

31/08/2019

05:28:16

05/09/2019

20:27:14

09/09/2019

04:27:14

14/09/2019

12:57:14

18/09/2019

Des

loca

men

to (

mm

)

Horário

Data

27/08/2019 a 19/09/2019

20-09

09-09

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Durante o período de 19/09/19 a 30/09/19, conforme visto no tópico anterior, foram

realizadas três detonações com uso de explosivos nas proximidades da cavidade

BRU_0034 (fogo n° 22-09, fogo n° 28-09 e fogo n° 29-09). Imediatamente após esses

fogos não foram identificados grandes deslocamentos, apenas sinais cíclicos de baixa

amplitude, conforme mostrados na Figura 5.6, retratados por Gontijo, (2017) e

interpretados como ruídos do equipamento. Porém, do horário de 03:28:34 do dia

25/09/19 até o horário de 11:16:17 do dia 26/09/19, foi captada uma divergência (“pico”)

de aproximadamente 4 mm, correlacionada com uma “queda” no fornecimento de energia

ao equipamento.

Figura 5.6 – Resultados absolutos de deslocamento obtidos pelo sensor ótico no período de 19/09/2019 a

30/09/2019 na cavidade BRU_0034, com indicação das três detonações realizadas nos dias 20/09/2019 (22-

09), 25/09/2019 (28-09) e 26/09/2019 (29-09), na mina de Brucutu.

É importante ressaltar também que apesar dessa metodologia de aferição de dados de

deslocamento ser eficaz para cavidades naturais subterrâneas, como mostrado no presente

estudo, ela foi desenvolvida inicialmente para a utilização em minas subterrâneas. Dessa

forma, sempre é necessário verificar todas as possibilidades causadoras de deslocamento

no monitoramento que possam causar interpretações errôneas de convergência ou

divergência, tais como: ruídos provindos do equipamento, “quedas” no fornecimento de

energia, presença de estruturas geológicas e movimentações de animais no interior da

caverna.

1815

1816

1817

1818

1819

1820

1821

1822

1823

13:58:34

19/09/2019

17:58:34

21/09/2019

21:58:34

23/09/2019

15:11:53

27/09/2019

23:13:48

30/09/2019

Des

loca

men

to (

mm

)

Horário

Data

19/09/2019 a 30/09/2019

22-09

28-0929-09

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CAPÍTULO 6

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O modelo de atenuação proposto neste estudo, com base nos resultados obtidos do

monitoramento de vibrações com uso do Sistema de Monitoramento de Dinâmica de

Rocha (SMDR) mostrou-se de grande valia. Via a utilização dos dados supracitados, foi

possível construir uma equação teórica para auxílio no planejamento do desmonte com

uso de explosivos na mina de Brucutu, nas proximidades da caverna estudada, conforme

mostrado pela Equação 5.9.

Vale destacar que a equação proposta foi formulada por intermédio da obtenção dos

parâmetros da reta que melhor se ajustou aos valores obtidos nas leituras sismográficas

de velocidade de pico de partícula resultante em função da distância escalonada em cada

desmonte monitorado.

Do ponto de vista estatístico, apesar da pequena população amostral utilizada, o modelo

proposto atende de forma satisfatória. Isso é comprovado através da análise de variância

(ANOVA) dos dados, sendo possível calcular o coeficiente de determinação (R2) e o

coeficiente de correlação (r) dos 7 pares ordenados de velocidade de pico de partícula

resultante e distância escalonada. Dessa forma, foi verificado que a componente da soma

quadrática devido à regressão é maior que a componente devido aos resíduos, dessa forma

gerando um valor de coeficiente de determinação (R2) igual a 0,7, que demonstra um bom

ajuste do modelo da lei de atenuação. Além disso, o coeficiente de correlação (r) obtido

é -0,84, mostrando que há uma boa correlação negativa entre os dados.

Com base nos dados do desmonte, de vibração, por analogia com ABNT NBR 9653/2018

e utilizando o fator de segurança de F.S = 1,2, foi possível verificar que o valor de

velocidade limite de impacto físico da canga encontrada na cavidade BRU_0034 é

estimado em VR = 13,6 mm/s. Dessa forma, a distância máxima de avanço da lavra com

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o uso de explosivos foi conjecturada em um valor por volta de 210 m, com alto grau de

incerteza por conta das variações lito-estruturais, determinada com base no maior valor

de carga por espera encontrada no presente estudo, que foi Q = 230 kg. Portanto, é

possível a continuidade da lavra em distâncias inferiores a 210 m da caverna, desde que

sejam utilizadas outras técnicas capazes de atenuar as vibrações, tais como a utilização

de mineradores contínuos e a aplicação de barreiras de atenuação de vibração. É

importante destacar também que nos casos específicos dos desmontes n° 20-09 e n° 29-

09, que chegaram a uma distância inferior aos 210 m estipulados, 154 m e 200 m,

respectivamente, não ocasionaram comprometimento da estabilidade física da cavidade,

mostrando que é necessário um banco de dados mais amplo para ser possível obter o valor

de raio de proteção mais condizente com as variações lito-estruturais e padrão de

desmonte utilizado na mina. Devendo também ser levado em consideração os erros

provenientes dos equipamentos utilizados.

Destaca-se que os critérios que estabelecem os limites de velocidade de vibração de

partícula de pico conforme a norma técnica ABNT NBR 9653/2018 são extremamente

conservadores quando aplicados a outras estruturas que não sejam semelhantes ao

material concreto em obras civis de áreas urbanas. Nos casos onde não existe um

programa de monitoramento contínuo já implantado, capaz de definir o valor limite de

impactos para a região estudada, a empresa Vale S.A. restringe os parâmetros dos planos

de fogo para as operações de lavra em áreas próximas a cavidades aos limites

estabelecidos pela norma técnica.

Apesar de não ter sido atingido o limite máximo de vibração imposto pela ABNT NBR

9653/2018 nos 7 desmontes estudados, é recomendada a reavaliação dos limites máximos

de vibração propostos por essa norma, caso sejam utilizados para análise de estabilidade

física de cavernas, tendo em vista que a mesma não prevê as variações de vibrações em

diferentes litotipos e estruturas geológicas encontradas nas proximidades das cavidades e

também pelo fato dessa norma levar em consideração as propriedades mecânicas do

concreto e não de diferentes tipos de rocha.

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No que se refere à análise geral dos dados de deslocamento (convergência ou

divergência), pode-se concluir que não existe uma grande movimentação aparente nos

sensores provocados pelo desmonte com explosivos no período de monitoramento.

Observam-se nos gráficos desvios máximos de deslocamento no sensor, menores que 1,0

mm, e que não existe uma tendência aparente que possa indicar a ocorrência de uma

movimentação que seja correlacionada com as detonações realizadas na mina de Brucutu.

Esse sinal cíclico, de baixa amplitude, verificado em todos os gráficos, pode ser

relacionado na maior parte dos casos, a ruídos do sensor ótico ou até mesmo a variações

de temperatura no interior da cavidade, em situações mais restritas. Já com relação aos

locais com alta amplitude nos gráficos (grandes “picos” e “vales”), os mesmos foram

correlacionados com “quedas” no fornecimento de energia ao equipamento ou até mesmo

com a paralisação do SMDR no momento de descarregamento dos dados. Vale destacar

que essa alta amplitude é causada, quando o sistema retorna após alguma paralisação

(falta de energia ou descarregamento de informações), pois, o laser do sensor ótico não

consegue encontrar a mesma referência que ele estava se baseando anteriormente. Então,

por isso ele retorna com uma nova referência. Isso pode ser comprovado quando é

verificada a ausência na aferição da tensão do equipamento, no software do SMDR, no

momento exato dessas grandes oscilações.

Dessa forma, durante o período de monitoramento de vibrações e deslocamentos entre

25/07/19 e 30/09/19, foi possível demonstrar que as intervenções realizadas dentro dos

250 m da área de influência da cavidade BRU_0034 não foram suficientes para causar

algum impacto físico na mesma.

Além disso, a utilização do SMDR se mostrou muito útil para o monitoramento de

vibrações e deslocamentos em uma cavidade natural subterrânea de forma contínua,

visando à preservação da sua integridade física.

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6.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Para pesquisas futuras sugere-se:

- Obtenção de uma maior quantidade de eventos de sismografia, com o intuito de estimar

de uma maneira ainda mais fidedigna a equação de atenuação e consequentemente uma

prevenção de riscos de impactos físicos à cavidade mais condizentes com o ambiente

local;

- Variação no posicionamento do geofone ao longo do tempo, indo do mais próximo

possível das detonações até as proximidades da cavidade, com o objetivo de compreender

melhor a propagação da onda em todo o meio até atingir a caverna, gerando um banco de

dados mais robusto para alimentar a curva de atenuação;

- Verificação da influência das vibrações causadas por equipamentos móveis de

mineração (tratores, escavadeiras, caminhões, motoniveladoras, entre outros utilizados

em operações de lavra e de apoio) na estabilidade física da cavidade BRU_0034, tendo

em vista a grande proximidade da caverna com a cava da mina;

- Aplicação de outro método de monitoramento associado ao SMDR, com o intuito de

comparar os dois métodos e melhor entender as movimentações das cavidades atingidas

por ondas de tensão, fornecendo parâmetros para controle das condições estruturais de

estabilidade da caverna, possibilitando a análise das condições de segurança e do

desempenho do maciço;

- Utilização de 3 sensores óticos de distância do SMDR simultaneamente, com o objetivo

de verificar as variações de deslocamento em três dimensões, tornando a metodologia

ainda mais conservadora com o intuito da redução de possibilidade de impacto físico a

cavidade;

- Utilização do sensor de clima do SMDR com o intuito de verificar se há alguma

correlação entre os sismos provocados pelo desmonte e possíveis variações de

temperatura e umidade relativa do ar, captados por esse sensor na cavidade em análise;

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- Associação dos dados de Geologia Estrutural com os de deslocamento do SMDR, com

o objetivo de verificar se as estruturas presentes na mina de Brucutu possuem orientação

espacial favorável ou desfavorável para a preservação física da cavidade em análise.

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I.1

ANEXO I - CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DO SMDR

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I.2

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I.3

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II.1

ANEXO II - CADASTROS DE DETONAÇÃO E RELATÓRIOS DE

DESMONTE

Fogo n° 30-07

Número do Fogo 30-07 Local GN_1040

Data 29/07/2019 Mina Brucutu

E 670070 ITABIRITO COMPACTA

N 7804230

Cota 1041

CME (Kg) 184

Carga total (Kg) 8395

Tipo de explosivo

AirDeck

Pré Corte

Tamanho da malha 49 furos

Amarração

CADASTRO DE DETONAÇÃO - ESPELEOLOGIA

Coordenadas do centróide Litologia

Presença de água

Tipo de detonador

Pirotécnico Eletrônico

Sim Não

Linha SD

Linha SE

V

Paralelo

Emulsão Encartuchado

Blend Outro:

ANFO

Sim Não

Sim Não

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II.2

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II.3

Fogo n° 18-08

Número do Fogo 18-08 Local GN_1030

Data 23/08/2019 Mina Brucutu

E 669909 ITABIRITO COMPACTA

N 7803997

Cota 1030

CME (Kg) 137

Carga total (Kg) 22057

Tipo de explosivo

AirDeck

Pré Corte

Tamanho da malha 161 furos

Amarração

CADASTRO DE DETONAÇÃO - ESPELEOLOGIA

Coordenadas do centróide Litologia

Presença de água

Tipo de detonador

Pirotécnico Eletrônico

Sim Não

Linha SD

Linha SE

V

Paralelo

Emulsão Encartuchado

Blend Outro:

ANFO

Sim Não

Sim Não

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II.4

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II.5

Fogo n° 09-09

Número do Fogo 09-09 Local EX_1030

Data 07/09/2019 Mina Brucutu

E 669844 ITABIRITO COMPACTA

N 7804001

Cota 1036

CME (Kg) 161

Carga total (Kg) 7475

Tipo de explosivo

AirDeck

Pré Corte

Tamanho da malha 54 furos

Amarração

CADASTRO DE DETONAÇÃO - ESPELEOLOGIA

Coordenadas do centróide Litologia

Presença de água

Tipo de detonador

Pirotécnico Eletrônico

Sim Não

Linha SD

Linha SE

V

Paralelo

Emulsão Encartuchado

Blend Outro:

ANFO

Sim Não

Sim Não

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II.6

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II.7

Fogo n° 20-09

Número do Fogo 20-09 Local GN_1020

Data 17/09/2019 Mina Brucutu

E 669977 ITABIRITO SEMI COMPACTA

N 7804140

Cota 1021

CME (Kg) 230

Carga total (Kg) 23368

Tipo de explosivo

AirDeck

Pré Corte

Tamanho da malha 112 furos

Amarração

CADASTRO DE DETONAÇÃO - ESPELEOLOGIA

Coordenadas do centróide Litologia

Presença de água

Tipo de detonador

Pirotécnico Eletrônico

Sim Não

Linha SD

Linha SE

V

Paralelo

Emulsão Encartuchado

Blend Outro:

ANFO

Sim Não

Sim Não

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II.8

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II.9

Fogo n° 22-09

Número do Fogo 22-09 Local GN_1020

Data 20/09/2019 Mina Brucutu

E 669952 ITABIRITO SEMI COMPACTA

N 7804020

Cota 1022

CME (Kg) 207

Carga total (Kg) 11707

Tipo de explosivo

AirDeck

Pré Corte

Tamanho da malha 57 furos

Amarração

CADASTRO DE DETONAÇÃO - ESPELEOLOGIA

Coordenadas do centróide Litologia

Presença de água

Tipo de detonador

Pirotécnico Eletrônico

Sim Não

Linha SD

Linha SE

V

Paralelo

Emulsão Encartuchado

Blend Outro:

ANFO

Sim Não

Sim Não

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II.10

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II.11

Fogo n° 28-09

Número do Fogo 28-09 Local GN_1020

Data 25/09/2019 Mina Brucutu

E 669952 ITABIRITO SEMI COMPACTA

N 7804020

Cota 1022

CME (Kg) 184

Carga total (Kg) 9292

Tipo de explosivo

AirDeck

Pré Corte

Tamanho da malha 52 furos

Amarração

CADASTRO DE DETONAÇÃO - ESPELEOLOGIA

Coordenadas do centróide Litologia

Presença de água

Tipo de detonador

Pirotécnico Eletrônico

Sim Não

Linha SD

Linha SE

V

Paralelo

Emulsão Encartuchado

Blend Outro:

ANFO

Sim Não

Sim Não

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II.12

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II.13

Fogo n° 29-09

Número do Fogo 29-09 Local GN_1020

Data 26/09/2019 Mina Brucutu

E 669871 ITABIRITO SEMI COMPACTA

N 7804034

Cota 1023

CME (Kg) 184

Carga total (Kg) 18837

Tipo de explosivo

AirDeck

Pré Corte

Tamanho da malha 105 furos

Amarração

CADASTRO DE DETONAÇÃO - ESPELEOLOGIA

Coordenadas do centróide Litologia

Presença de água

Tipo de detonador

Pirotécnico Eletrônico

Sim Não

Linha SD

Linha SE

V

Paralelo

Emulsão Encartuchado

Blend Outro:

ANFO

Sim Não

Sim Não

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II.14

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III.1

ANEXO III - RELATÓRIOS DE VIBRAÇÃO DO SMDR

Fogo n° 30-07

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III.2

Fogo n° 18-08

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III.3

Fogo n° 09-09

Page 147: Dissertação de Mestrado · Aos professores e amigos de turma do NUGEO e do PPGEM pelas experiências e conhecimentos passados nas disciplinas. Com destaque para o meu orientador,

III.4

Fogo n° 20-09

Page 148: Dissertação de Mestrado · Aos professores e amigos de turma do NUGEO e do PPGEM pelas experiências e conhecimentos passados nas disciplinas. Com destaque para o meu orientador,

III.5

Fogo n° 22-09

Page 149: Dissertação de Mestrado · Aos professores e amigos de turma do NUGEO e do PPGEM pelas experiências e conhecimentos passados nas disciplinas. Com destaque para o meu orientador,

III.6

Fogo n° 28-09

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III.7

Fogo n° 29-09