Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Centro de Desenvolvimento Tecnológico Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica integrada da bacia hidrográfica Mirim- São Gonçalo com influência do vento Thais Magalhães Possa Pelotas, 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Centro de Desenvolvimento Tecnológico

Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos

Dissertação

Modelagem hidrológica e hidrodinâmica integrada da bacia hidrográfica Mirim-

São Gonçalo com influência do vento

Thais Magalhães Possa

Pelotas, 2019

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Thais Magalhães Possa

Modelagem hidrológica e hidrodinâmica integrada da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com influência do vento

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título em Mestre em Recursos Hídricos.

Orientador: Prof. Dr. Gilberto Loguercio Collares - UFPEL Co-orientadora: Prof. Drª. Viviane Santos Silva Terra - UFPEL

Pelotas, 2019

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Thais Magalhães Possa

Modelagem hidrológica e hidrodinâmica integrada da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com influência do vento

Dissertação aprovada, como requisito parcial, para obtenção do grau de Mestre em Recursos Hídricos, Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos, Centro de Desenvolvimento Tecnológico, Universidade Federal de Pelotas. Data da Defesa: 19/02/2019 Banca examinadora: .......................................................................................................................................Prof. Dr. Gilberto Loguercio Collares (Orientador) Doutor em Ciência do Solo pela Universidade Federal de Santa Maria ........................................................................................................................................Prof. Dr. Walter Collischonn Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul ........................................................................................................................................ Prof. Dr. Fernando Mainardi Fan Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul ........................................................................................................................................ Prof. Dr. Hugo Alexandre Soares Guedes Doutor em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa

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Agradecimentos

Aos meus pais Antônio e Tania por estarem sempre do meu lado. Vocês são a

minha base. Quero agradecer por tudo que já fizeram, e dizer quanto são especiais

para mim. Ao meu irmão Marco e a minha cunhada Ana, pelos conselhos e por serem

a minha inspiração.

Ao meu orientador Gilberto Loguercio Collares e co-orientadora Viviane Santos

Silva Terra pela amizade, orientação e pelo conhecimento compartilhado. Gostaria de

agradecer por ter me apresentado a modelagem e sugerido um tema tão importante.

Ao pessoal do grupo de Hidrometria e Hidrossedimentologia, em especial, o

técnico em hidrologia Reginaldo Galski Bonczynski, Guilherme K. Bartels, George M.

Gonçalves, pela amizade e ajuda ao longo deste trabalho.

Às amigas que fiz no mestrado e estiveram comigo durante todo este tempo,

Jéssica e Nelva, pela alegria e pelos abraços acolhedores.

Às minhas queridas amigas Kauana e Daniela, pelo carinho e companheirismo

em todos os momentos.

Ao Prof. Dr. Fernando Fan por ter dado contribuições importantes. Além de me

fornecer dados essenciais para o desenvolvimento deste trabalho, mostrando estar

sempre disposto a ajudar.

Ao meu namorado Pedro Jardim, pela amizade, carinho e compressão neste

último ano. Por me incentivar a buscar o melhor e não desistir mesmo nos maus

momentos.

E por fim, ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da

Universidade Federal de Pelotas pela acolhida e à Universidade Federal de Pelotas

pelo ensino, desde a graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária.

A todos, aqui citados ou não, que contribuíram de alguma forma, direta ou

indiretamente, para realização deste trabalho.

.

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Resumo

POSSA, Thais Magalhães. Modelagem hidrológica e hidrodinâmica integrada da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com influência do vento. 2019. 123f. Dissertação (Mestrado em Recursos Hídricos) - Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos, Centro de Desenvolvimento Tecnológico, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2019. A bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo possui grande importância ambiental, econômica e social, na qual estão inseridos 21 municípios brasileiros, com área aproximada de 25.736 km2, e 5 departamentos uruguaios com área de 30.523 km2. Sua importância se deve em parte ao fornecimento de água para o cultivo do arroz irrigado, abastecimento humano e dessedentação animal. A modelagem hidrológica-hidrodinâmica de bacias, rios e grandes sistemas lagunares busca representar os processos hidrológicos que ocorrem na bacia hidrográfica. Tais processos, transformam a água proveniente da precipitação em vazão, considerando a sua interação com os diversos processos do ciclo hidrológico. Quando o interesse é a simulação de níveis d’água e áreas alagadas, por exemplo, o uso de apenas um modelo hidrológico-hidráulico é uma boa opção por ser um processo que dispende bastante tempo e recursos. O vento é um dos elementos climáticos dominantes de circulação de água na bacia Mirim-São Gonçalo, e também interfere nos níveis de água observados. O presente estudo utilizou o modelo MGB-IPH para simulação hidrológica da bacia Mirim-São Gonçalo e dos rios que afluem para a Lagoa Mirim, sendo avaliado com a inclusão da influência do vento na modelagem. Tal procedimento foi realizado através da inserção do coeficiente de atrito do vento no algoritmo inercial de propagação de vazões, presente no modelo. Foram realizados diferentes testes com a intenção de encontrar a melhor representação dos processos envolvidos e dos níveis observados. Os resultados mostraram que, com a inclusão de conexões laterais entre unidades de simulação da Lagoa Mirim, houve transferência de água entre elas, diminuindo a vazão na foz da bacia Mirim-São Gonçalo e melhorando a simulação dos níveis d’água. Nos testes realizados em relação à condição de jusante, constatou-se que a utilização dos níveis observados na estação linimétrica da barragem-eclusa, localizada no canal São Gonçalo, possibilitou melhorar os níveis simulados nas estações do próprio canal, como também no restante da Lagoa, demonstrando a influência da Laguna dos Patos sobre os níveis da Lagoa Mirim. Por fim, verificou-se que a inclusão da influência do vento, com uso de informações de estações convencionais, aprimorou os resultados da modelagem em relação às cotas observadas nas estações linimétricas. Com o uso de informações horárias das estações automáticas os mesmos resultados não foram observados. Assim, o modelo MGB-IPH se mostrou capaz de simular, com sucesso, os níveis na bacia Mirim-São Gonçalo e demonstrou a importância da inclusão do vento para a modelagem hidrológica quando pretende-se representar os processos hidrodinâmicos de grandes ambientes lacustres, como é o caso da região de estudo. Palavras-chave: Simulação hidrológica; MGB-IPH; vento; Lagoa Mirim

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Abstract POSSA, Thais Magalhães. Hydrological and hydrodynamic modeling of the Mirim-São Gonçalo basin with influence of the wind. 2019. 123f. Dissertation (Master of Science in Water Resources) – Water Resources Graduate Program, Center for Technological Development, Federal University of Pelotas, Pelotas, 2019. The Mirim-São Gonçalo watershed has a great environmental, economic and social importance, in which are included 21 Brazilian cities, with an approximate area of 25,736 km2, and 5 Uruguayan departments with an area of 30,523 km2. Its importance is due in part to the provision of water for irrigated rice cultivation, human supply and animal watering. The hydrological-hydrodynamic modeling of basins, rivers and large water bodies seeks to represent the hydrological processes that occur in the watershed. These processes transform the water from the precipitation into the stream, considering its interaction with the various processes of the hydrological cycle. When wanted simulation in water levels and flooded areas, for example, the use of only a hydrological-hydraulic model is advised as a time-consuming and resource-intensive process. Wind is one of the dominant climatic elements of water circulation in the Mirim-São Gonçalo basin, and also interferes with observed water levels. The present study used the MGB-IPH model for hydrological simulation of the Mirim-São Gonçalo basin and the rivers that flow to the Mirim Lagoon, evaluating with the inclusion of the influence of the wind in the modeling. This procedure was performed through the insertion of the coefficient of friction of the wind in the inertial flow propagation algorithm, present in the model. Different tests were carried out with the intention of finding the best representation of the processes involved and of the observed levels. The results showed that, with the inclusion of lateral connections between Mirim Lagoon simulation units, there was water transfer between them, reducing the flow in the mouth of the Mirim-São Gonçalo basin and improving the simulation of water levels. In the tests carried out in relation to the downstream condition, it was verified that the utilization of the levels observed in the linimetric station of the dam-sluice, located in the São Gonçalo channel, allowed to improve the simulated levels in the stations of the channel itself, as well as in the rest of the Lagoa, demonstrating the influence of the Patos Lagoon on the Mirim Lagoon levels. Finally, it was verified that the inclusion of the influence of the wind, using information from conventional stations, improved the results of the modeling in relation to the dimensions observed in the linimetric stations. With the use of hourly information from the automatic stations same results were not observed. Thus, the MGB-IPH model was able to successfully simulate the levels in the Mirim-São Gonçalo basin and demonstrated the importance of wind inclusion for hydrological modeling in order to represent the hydrodynamic processes of large lacustrine environments, such as is the case of the study region. Key-words: hydrological simulation; MGB-IPH; wind; Lagoa Mirim

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Lista de Figuras

Figura 1 Comportas e canal de eclusagem da barragem-eclusa do canal São Gonçalo........................................................................................................ 20

Figura 2 Bacia discretizada em células ligadas entre si por canais de drenagem..... 29 Figura 3 Formas de discretização da bacia hidrográfica (a) dentro de um modelo

hidrológico: (b) grade regular; (c) quad-tree; (d) minibacias (método das confluências)................................................................................................ 30

Figura 4 Esquema do balanço de água no solo do modelo MGB-IPH para uma Unidade de Resposta Hidrológica................................................................ 32

Figura 5 Esquema de discretização das minibacias de comprimento Δx e das variáveis de vazão (Q e QM), profundidade (h) e nível (z) do modelo Inercial implementado no modelo hidrológico MGB-IPH.............................. 36

Figura 6 Discretização da rede de drenagem em minibacias com definição da vazão (Q e Qviz).......................................................................................... 38

Figura 7 Fluxograma das fases do estudo................................................................. 41 Figura 8 Localização da área de estudo, bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo...... 42 Figura 9 Fluxograma da fase inicial do trabalho......................................................... 43 Figura 10 Batimetria interpolada da Lagoa Mirim......................................................... 46 Figura 11 Unidades de Resposta Hidrológica.............................................................. 47 Figura 12 Localização das 91 estações pluviométricas na bacia Mirim-São

Gonçalo........................................................................................................ 48 Figura 13 Localização das 8 estações fluviométricas na bacia Mirim-São

Gonçalo........................................................................................................ 48 Figura 14 Postos fluviométricos com dados de nível................................................... 50 Figura 15 Modelo digital de elevação e rede de drenagem

recondicionada......................... 51 Figura 16 Bacia Mirim-São Gonçalo com a rede de drenagem gerada no processo

de discretização........................................................................................... 52 Figura 17 Discretização da bacia Mirim-São Gonçalo em sub-bacias......................... 53 Figura 18 Discretização da bacia Mirim-São Gonçalo em minibacias......................... 54 Figura 19 Localização das estações meteorológicas convencionais........................... 60 Figura 20 Quantidade de medições diárias disponíveis para os postos de Pelotas,

Rio Grande e Santa Vitória do Palmar no período entre 1990 a 2015............................................................................................................. 61

Figura 21 Localização dos postos meteorológicos automáticos mais próximos à Lagoa Mirim.................................................................................................. 62

Figura 22 Disponibilidade de dados por estação por dia............................................. 62 Figura 23 Valores do coeficiente de Nash-Sutcliffe (NS) do logaritmo das vazões..... 66 Figura 24 Valores do erro do volume (%)..................................................................... 67 Figura 25 Hidrogramas observados e simulados nos rios Olimar Grande e Cebollatí

da bacia Mirim-São Gonçalo no período com dados entre 1990 e 2015............................................................................................................. 69

Figura 26 Hidrogramas observados e simulados nos rios Tacuarí e Arroyo India Muerta da bacia Mirim-São Gonçalo no período com dados entre 1990 e 2015............................................................................................................. 69

Figura 27 Hidrogramas observados e simulados nos rios Jaguarão e Piratini da bacia Mirim-São Gonçalo no período com dados entre 1990 e 2015.......... 70

Figura 28 Cotagramas de níveis observados na estação Picada da Areia e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.................................... 73

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Figura 29 Cotagramas de níveis observados na estação de Cerro Chato e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.................................... 73

Figura 30 Cotagramas de níveis observados na estação de Pedro Osório e anomalias simuladas onde se localiza......................................................... 74

Figura 31 Cotagramas de níveis observados na estação de Passo dos Carros e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.................................... 74

Figura 32 Cotagramas de níveis observados na estação de Santa Isabel e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.................................... 75

Figura 33 Cotagramas de níveis observados na estação de Santa Vitória do Palmar e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza................................. 75

Figura 34 Cotagramas de níveis observados na estação do Porto de Pelotas e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.................................... 76

Figura 35 Cotagramas de níveis observados na estação à montante da barragem-eclusa do canal São Gonçalo e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza..................................................................................................... 76

Figura 36 Cotagramas de níveis observados na estação à jusante da barragem-eclusa do canal São Gonçalo e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza..................................................................................................... 77

Figura 37 Vazão simulada na condição de declividade constante de 0,005 m.km-1 (em azul) e com a conexão lateral de 100 (em vermelho) sem a introdução do vento......................................................................................

80

Figura 38 Área alagada no canal São Gonçalo em um dia de seca (imagem à esquerda) e um de cheia (imagem à direita)................................................ 81

Figura 39 Comparação área alagada na condição de declividade constante de 0,005 m.km-1 (dia de cheia na imagem à esquerda) e dia de seca (imagem à direita) na Lagoa Mirim e seus afluentes................................... 82

Figura 40 Comparação área alagada simulada na condição de jusante da barragem-eclusa (dia de cheia na imagem à esquerda) e dia de seca (imagem à direita) na Lagoa Mirim e seus afluentes................................... 82

Figura 41 Comparação área alagada simulada na condição de declividade constante de 20m (dia de cheia na imagem à esquerda) e dia de seca (imagem à direita) na Lagoa Mirim e seus afluentes................................... 83

Figura 42 Mapa da máxima área inundada registrado pelo GSW (a); Máximas áreas inundadas calculadas pelo MGB-IPH sobrepostas (b) (convencional e HAND).......................................................................................................... 84

Figura 43 Mapa da mínima área inundada registrado pelo GSW (a); Mínimas áreas inundadas calculadas pelo MGB-IPH sobrepostas(b) (convencional e HAND).......................................................................................................... 85

Figura 44 Vazão simulada com a condição de jusante da barragem-eclusa (em vermelho) e sem condição de jusante (em azul).......................................... 87

Figura 45 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa jusante.................................. 89

Figura 46 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa jusante.......................................................................................................... 90

Figura 47 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa montante............................... 90

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Figura 48 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do

efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa montante....................................................................................................... 91

Figura 49 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto do Porto de Pelotas................................................ 91

Figura 50 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto do Porto de Pelotas.................... 92

Figura 51 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD

igual a 2x10-6, no posto de Santa Isabel...................................................... 92 Figura 52 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do

efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Isabel.......................... 93

Figura 53 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Vitória do Palmar.................................... 93

Figura 54 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Vitória do Palmar........ 94

Figura 55 Vazões simuladas na condição de jusante da barragem-eclusa (em azul) e com a introdução do vento sub-diário (em vermelho)............................... 95

Figura 56 Zoom sobre a vazões simuladas na condição de jusante da barragem-eclusa (em azul) e com a introdução do vento sub-diário (em vermelho).... 95

Figura 57 Vazões simuladas na condição de jusante da barragem-eclusa (em azul) e com a introdução do vento horário (em vermelho).................................... 98

Figura 58 Zoom das vazões simuladas na condição de jusante da barragem-eclusa (em azul) e com a introdução do vento horário (em vermelho).................... 98

Figura 59 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa jusante.............................................................................. 99

Figura 60 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-

6, no posto da barragem-eclusa jusante.............................................. 99 Figura 61 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento

horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa montante.......................................................................... 100

Figura 62 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-

6, no posto da barragem-eclusa montante........................................... 100 Figura 63 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento

horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto do Porto de Pelotas........................................................................................... 101

Figura 64 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-

6, no posto do Porto de Pelotas........................................................... 101

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Figura 65 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento

horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Isabel................................................................................ 102

Figura 66 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Isabel............................................................... 102

Figura 67 Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Vitória do Palmar.............................................................. 103

Figura 68 Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Vitória do Palmar.............................................

103

Figura 69 NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica da barragem-eclusa montante nas diferentes simulações realizadas........................................ 105

Figura 70 NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica da barragem-eclusa jusante nas diferentes simulações realizadas........................................... 105

Figura 71 NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica de Santa Isabel nas diferentes simulações realizadas............................................................... 106

Figura 72 NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica de Porto de Pelotas nas diferentes simulações realizadas............................................................... 106

Figura 73 NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica de Santa Vitória do Palmar nas diferentes simulações realizadas............................................ 107

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Lista de Tabelas

Tabela 1 Identificação das estações de nível................................................. 49

Tabela 2 Informações das estações utilizadas para obtenção das relações geomorfológicas.............................................................................. 55

Tabela 3 Análise geral dos estações convencionais utilizadas.......................................................................................... 61

Tabela 4 Postos fluviométricos e suas métricas de desempenho para o período de calibração...................................................................... 65

Tabela 5 Métricas de desempenho da comparação entre as anomalias dos níveis simulados e observados nos postos meteorológicos................................................................................ 71

Tabela 6 Nash-Sutcliffe para diferentes larguras de conexões laterais. Melhores valores das métricas para cada posto encontram-se destacado em verde.................................................................. 78

Tabela 7 NSlog para diferentes larguras de conexões laterais. Melhores valores das métricas para cada posto encontram-se destacado em verde.................................................................................... 78

Tabela 8 Erro do volume para diferentes larguras de conexões laterais. Melhores valores das métricas para cada posto encontram-se destacado em verde.................................................................. 78

Tabela 9 RMSE para diferentes larguras de conexões laterais. Melhores valores das métricas para cada posto encontram-se destacado em verde.................................................................................... 79

Tabela 10 Médias das métricas de desempenho para as simulações com e sem conexões laterais. Melhores resultados em verde.......................................................................................... 79

Tabela 11 Métricas de desempenho das anomalias dos níveis com a condição de jusante da barragem-eclusa do canal São Gonçalo........................................................................................... 83

Tabela 12 Áreas totais da máxima área inundada e porcentagens de sobreposição em relação ao GSW.................................................. 85

Tabela 13 Áreas totais da mínima área inundada e porcentagens de sobreposição em relação ao GSW.................................................. 86

Tabela 14 Coeficiente de Nash-Sutcliffe das anomalias dos níveis sub-diários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.......................................... 88

Tabela 15 Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das anomalias dos níveis sub-diários (NSlog) para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.......................................................................................... 88

Tabela 16 Erro de volume (ΔV) das anomalias dos níveis sub-diários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde............................................................... 88

Tabela 17 Raiz da média dos erros quadráticos (RMSE) das anomalias dos níveis sub-diários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde......................... 88

Tabela 18 Coeficiente de Nash-Sutcliffe para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde......... 97

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Tabela 19 Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das anomalias dos níveis horários (NSlog) para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde................................................................................................ 97

Tabela 20 Erro de volume (ΔV) das anomalias dos níveis horários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde...................................................................... 97

Tabela 21 Raiz da média dos erros quadráticos (RMSE) das anomalias dos níveis horários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde......................... 97

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Sumário

1 Introdução ...................................................................................................... 14

2 Objetivos ......................................................................................................... 17

2.1Objetivo geral.................................................................................................17

2.2 Objetivos específicos.....................................................................................17

2.3 Hipótese.........................................................................................................17

3 Revisão de Literatura..................................................................................... 18

3.1 Bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo .......................................................... 18

3.2 Hidrodinâmica do complexo lagunar Patos-Mirim ......................................... 20

3.3 Vento ............................................................................................................. 21

3.4 Modelagem hidrológica computacional ......................................................... 23

3.5 Modelo hidrológico de grandes bacias (MGB-IPH) ....................................... 28

3.6 Método inercial de propagação de vazões .................................................... 33

3.7 Introdução do vento no método inercial ........................................................ 39

4 Metodologia .................................................................................................. 41

4.1 Descrição e caracterização do ambiente de estudo ..................................... 42

4.2 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB-IPH sem a inclusão da influência do vento ................................................................ 43

4.2.1 Preparação do modelo ............................................................................... 44

4.2.1.1 Modelo digital de elevação ...................................................................... 44

4.2.1.2 Batimetria ................................................................................................ 45

4.2.1.3 Uso e tipo do solo ................................................................................... 46

4.2.1.4 Dados hidro-climáticos ............................................................................ 47

4.2.1.5 Discretização da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo ......................... 50

4.2.1.6 Relações Geomorfológicas ..................................................................... 54

4.3 Calibração do modelo ................................................................................... 56

4.4 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB - IPH com as conexões laterais ........................................................................................... 57

4.4.1 Análise de sensibilidade à largura das conexões laterais .......................... 58

4.5 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB-IPH com as condições de contorno ................................................................................... 58

4.6 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB-IPH com a inclusão da influência do vento ........................................................................... 59

4.6.1 Dados de direção e velocidade do vento ................................................... 60

4.6.1.1 Estações convencionais .......................................................................... 60

4.6.1.2 Estações automáticas ............................................................................. 61

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4.6.2 Processamento dos dados de vento .......................................................... 63

4.6.3 Testes de sensibilidade do modelo MGB-IPH com influência do vento ..... 63

5 Resultados e discussão ................................................................................ 65

5.1 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB-IPH sem a inclusão da influência do vento ........................................................................... 65

5.1.1 Métricas de desempenho das vazões simuladas ....................................... 65

5.1.2 Hidrogramas calibrados ............................................................................. 67

5.1.3 Período de Calibração: Níveis d’água simulados e observados ................ 71

5.1.3.1 Métricas de desempenho ........................................................................ 71

5.1.3.2 Cotagramas ............................................................................................ 72

5.2 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB- IPH com as conexões laterais ........................................................................................... 77

5.2.1 Análise de sensibilidade à largura das conexões laterais .......................... 77

5.3 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB - IPH com as condições de contorno ................................................................................... 80

5.4 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB - IPH com a inclusão da influência do vento ........................................................................ 87

5.4.1 Modelo com inclusão do vento e dados sub-diários .................................. 87

5.4.2 Modelo com inclusão do vento e dados horários disponíveis em estações automáticas ......................................................................................................... 96

6 Considerações Finais e Conclusão ............................................................ 108

7 Recomendações............................................................................................110

Referências.......................................................................................................111

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1 Introdução

Nos últimos anos, os impactos das alterações climáticas e as ações

inconscientes praticadas pelo ser humano sobre os recursos naturais têm

intensificado as alterações nos fluxos de matéria e energia. Esses impactos causam

efeitos nas características físicas de ecossistemas aquáticos como lagos e

reservatórios, bem como nos níveis, qualidade da água e nos regimes de

estratificação e mistura (NICKUS et al., 2010).

Em relação aos ecossistemas aquáticos, em um sistema com lagos e

reservatórios é importante entender a origem das águas e os processos

hidrodinâmicos que refletem as forçantes atuantes nos ecossistemas, como

fitoplânctons, heterogeneidade espacial, transporte de sedimentos e correntes de

densidade (CURTARELLI et al., 2015; PINARDI et al., 2015).

A comunidade científica vem desenvolvendo modelos hidrológicos e

hidrodinâmicos para grandes bacias (COLLISCHONN et al., 2007; COSTI et al., 2018;

FAN et al., 2014) com uma infinidade de aplicações voltadas para sistemas de

previsão hidrológica (FAN et al., 2014; SAMBONÍ, 2017), mapeamento de áreas de

risco de inundação (TRIGG et al., 2016), prognóstico de impactos de mudanças

climáticas em recursos hídricos (SORRIBAS et al., 2016) ou até funcionando como

ferramenta de gestão para estudar os processos hidrológicos envolvidos em uma

bacia hidrográfica (MARINHO FILHO et al., 2012) como a evapotranspiração, o

armazenamento de água no solo e os escoamentos nos rios e planícies alagáveis

(PAIVA et al., 2013).

Embora exista a possibilidade de um acoplamento externo entre modelos

hidrológicos-hidráulicos e modelos hidrodinâmicos de duas ou três dimensões para

avaliar simultaneamente bacias, rios e grandes corpos lagunares, essa é uma

abordagem custosa e exige um tempo maior de processamento para simular os níveis

e áreas alagadas (LOPES, 2017).

De maneira geral, os modelos hidrológicos utilizam abordagens em que os

processos hidrológicos que ocorrem na bacia são modelados separadamente do lago.

Apesar disso, os estudos de modelagem ainda são considerados uma ferramenta

adequada para o estudo da hidrodinâmica e/ou da dinâmica de ambientes lacustres

(FERNANDES; DYER; NIENCHESKI, 2001; FERNANDES et al., 2002; LI et al., 2017;

LOPES, 2017).

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Para propagar vazões em modelos matemáticos existem diferentes formas

como, as equações de Saint-Venant, desprezando apenas o termo que representa a

inércia advectiva. Esse tipo de simplificação é denominado na literatura como “modelo

inercial” (BATES et al., 2010, NEAL; SCHUMANN, BATES, 2012).

Fan et al. (2014) avaliaram a formulação do modelo inercial para a

representação do escoamento unidimensional em diferentes testes hipotéticos de

declividade de rio e efeitos de jusante, como remanso e maré. Já Pontes et al. (2017)

incorporaram a troca lateral entre as minibacias utilizadas no modelo, o que permitiu

aprimorar a simulação de ambientes com planícies de inundação e Lopes et al. (2018)

aprimoraram esta versão através da incorporação do vento para simular toda a bacia

hidrográfica da Laguna dos Patos, mas sem aplicar o vento ao complexo lagunar

Mirim-São Gonçalo.

A Lagoa Mirim e os corpos d‘água ao seu entorno compõem uma das principais

bacias hidrográficas transfronteiriças da América do Sul, a bacia Mirim-São Gonçalo.

Esta possui um importante valor ambiental e econômico para o Estado do Rio Grande

do Sul e para o Uruguai (OLIVEIRA et al., 2014). O canal São Gonçalo conecta a

Lagoa Mirim com a Laguna dos Patos e mantém uma ligação indireta com o oceano

Atlântico (HARTMANN et al., 1986).

Seu regime hidrológico inverte periodicamente o sentido do fluxo de

escoamento (HARTMANN; HARKOT, 1998) em função das oscilações de níveis da

Laguna dos Patos e da Lagoa Mirim, das condições de escoamento do principal

contribuinte, o rio Piratini, da ação dos ventos e do regime pluvial (HARTMANN;

HARKOT, 1990).

Fenômenos atmosféricos como as frentes frias e os fortes ventos sudoeste-sul,

movimentam a água do sistema, conduzindo para a região norte da Lagoa Mirim e

dos Patos (MÖLLER JR et al., 2001). Esse fenômeno quando se manifesta, aumenta

a vazão da bacia hidrográfica da Lagoa Mirim e ao mesmo tempo, impulsiona as águas

da plataforma contra a costa, força a entrada da água do mar para o estuário e

equilibra o gradiente de pressão (HIRATA; MÖLLER JR; MATA, 2010). Estes fatores

e particularidades agregam complexidade à simulação hidrológica deste sistema

lagunar.

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A região em que está localizada a bacia possui um regime de chuvas bem

distribuído ao longo do ano, apesar de possuir baixos índices de umidade no solo em

períodos de seca devido aos elevados níveis de evapotranspiração, na primavera e

verão. Nessas condições, se faz necessário irrigação para manter níveis adequados

de produção e produtividade agrícola. Por outro lado, a ocorrência de chuvas intensas

e concentradas ao longo de um mesmo dia, também no período da primavera e verão,

exige cuidados especiais na manutenção dos cultivos. Essas precipitações causam

encharcamento dos solos em áreas mal drenadas e sérios prejuízos devido aos

alagamentos e inundações.

Já no lado uruguaio da bacia Mirim-São Gonçalo, que abrange a Zona Leste

do Uruguai, a bacia compreende aproximadamente 20% do território do país, sendo

esta região menos desenvolvida em relação à pecuária extensiva e produção agrícola

(arroz). Assim, devido à sua extensão, essa área apresenta grande importância

estratégica para o desenvolvimento econômico e rural do Uruguai. Dessa maneira, a

bacia apresenta forte relevância para ambos os países em razão da disponibilidade

hídrica que potencializa a produção agropecuária bem como para o abastecimento de

conglomerados urbanos.

O estudo das variações de níveis e vazões que ocorrem no sistema lagunar e

no canal São Gonçalo, ligação natural da Lagoa Mirim à Laguna dos Patos, é

essencial para compreender a hidrodinâmica de um sistema complexo como este,

bem como as interações entre os diferentes ambientes desse sistema. Esta interação

é influenciada diretamente pela ação do vento nesse sistema, tanto na abrangência

da Lagoa Mirim como na Laguna dos Patos.

Desta forma, esse trabalho propõe a avaliação do modelo hidrológico-hidráulico

MGB-IPH para simular vazões, níveis d’água e os remansos na região da bacia

hidrográfica Mirim-São Gonçalo com a introdução da influência do vento, utilizando o

método inercial local apresentado por Pontes et al. (2017) e Lopes et al. (2018).

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2 Objetivos

2.1 Objetivo geral

Estudar a modelagem integrada de grandes bacias e corpos lagunares sobre a

influência do vento na bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo.

2.2 Objetivos específicos

Realizar a modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo empregando

o modelo MGB-IPH;

Agregar gradualmente complexidade ao modelo em busca de uma melhoria na

representação de um sistema bacia-lagoa;

Avaliar os efeitos destas melhorias sobre as vazões e níveis d’água simulados

em relação aos observados;

Avaliar a interação da Lagoa Mirim sobre a Laguna dos Patos.

2.3 Hipótese

A utilização de um modelo hidrológico-hidráulico de grande escala pode

representar os níveis d’água e áreas alagadas de uma bacia hidrográfica, até

mesmo seus lagos, lagunas e estuário, desde que o modelo considere a

variabilidade espacial de seus parâmetros;

O método inercial de propagação de vazões produz um esquema analítico

estável e sua aplicação pode ser suficiente para avaliar a influência do vento

nos níveis d’água simulados;

O emprego da influência do vento pode melhorar a representação dos níveis

d’água.

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3 Revisão de Literatura

Nos itens a seguir serão abordados conceitos e conteúdos científicos que

apontam relevância e estão correlacionados ao presente estudo. Primeiramente se

descreve a área de estudo e sua importância para a região na qual está inserida, bem

como são apresentados conceitos relacionados a hidrodinâmica e influência do vento

em um sistema bacia-lagoa como este.

A seguir, é feita uma breve revisão sobre modelagem hidrológica

computacional através da apresentação de modelos hidrológicos existentes,

conceitos e métodos empregados. Em seguida, são exemplificadas abordagens de

representação de sistemas complexos como é o caso de ambientes de baixa

declividade e com planície de inundação, com ênfase no modelo MGB-IPH com o

método de propagação inercial de vazão, o qual será utilizado na presente pesquisa.

Por fim, é apresentado o equacionamento para a inserção da influência do

vento no modelo inercial.

3.1 Bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo

A água é um dos recursos naturais que detém dos mais variados e correntes

usos, sendo utilizada principalmente para irrigação, abastecimento público, fins

industriais, geração de energia elétrica, dessedentação animal, diluição de dejetos e

preservação da fauna e flora (TUCCI, 2009).

O Brasil possui a maior reserva de água doce do mundo. A região Amazônia,

por exemplo, ocupa 45% do território nacional e apresenta uma rede hidrográfica

formada por rios extensos e com grande abundância de água, com 81% em relação à

disponibilidade de águas superficiais do país (ANA, 2017).

A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), instituída pela lei nº 9.433,

de 8 de janeiro de 1997, define à Bacia Hidrográfica como sendo a unidade geográfica

para implementação da norma e do sistema nacional de gerenciamento de recursos

hídricos (JORGE et al., 2015).

A bacia hidrográfica é a principal unidade de estudo para avaliar os

componentes do ciclo hidrológico. Definida como uma área de captação natural da

água da chuva, o sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e

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seus tributários, que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída, seu

exutório (TUCCI, 2009).

O principal corpo de água da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo é a Lagoa

Mirim, que possui uma área de aproximadamente 4.000km2, um comprimento

aproximado de 190km ao longo do eixo maior, na sua porção mais larga uma extensão

média de 40km e na porção mais estreita extensões médias de 20km. A profundidade

média da Lagoa Mirim é de 4,5m e a máxima chega até 15m. O volume do lago pode

atingir 17km3 e varia conforme a vazão e as condições hidrológicas (VIEIRA;

RANGEL, 1988).

A Lagoa Mirim é um dos principais corpos hídricos do sistema lagunar

meridional da América do Sul, apresentando um regime de águas compartilhado entre

o Brasil e o Uruguai com uma infinidade de afluentes. Suas águas escoam através do

canal São Gonçalo, em direção à Laguna dos Patos, e depois são lançadas no

Oceano Atlântico, pelo canal de Rio Grande.

A lagoa detém grande importância em relação a vários aspectos ecológicos

ligados a ambientes úmidos, destacando-se, nesse sentido, o Banhado do Taim, onde

está situada a Estação Ecológica do Taim, entre a Lagoa Mirim e a Lagoa Mangueira

(KOTZIAN; MARQUES, 2004).

A Lagoa Mirim é conectada à Laguna dos Patos através do canal São Gonçalo,

que está situado no sudeste do estado do Rio Grande do Sul e mantém ligação indireta

com o oceano Atlântico. O canal possui aproximadamente 76km de comprimento,

largura média de 240m e profundidade em torno de 6m (HARTMANN et al., 1986).

O canal São Gonçalo possui um regime hidrológico que inverte periodicamente

o sentido do fluxo de escoamento (HARTMANN; HARKOT, 1998) em função de o

relevo ser predominantemente plano, o que influencia à ação dos ventos e dos níveis

d’água entre a Laguna dos Patos e a Lagoa Mirim (HARTMANN et al., 1986).

Antes de 1977, em situações de estiagem, com a inversão do fluxo do canal

São Gonçalo, o escoamento se observava no sentido da Laguna Patos para a Lagoa

Mirim e, como consequência a entrada de água salobra na Lagoa Mirim.

Para controlar o nível d’água, bem como evitar a intrusão de água salina em

significativa porção do canal São Gonçalo e Lagoa Mirim, foi construída uma barragem

e eclusa na extremidade nordeste do canal São Gonçalo, a uma distância de

aproximadamente 8km do porto de Pelotas, disposta transversalmente ao canal

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(Figura 1), com 245m de comprimento, construída por paredes de diafragma e

estrutura de concreto armado. Essa estrutura contém portões basculantes e

comportas by-pass em ambas as margens, a fim de regular os níveis d’água dentro

da eclusa e assegurar a qualidade da água tanto para abastecimento público quanto

para irrigação (GOUVÊA; ZARNOT; ALBA, 2010).

Figura 1 – Comportas e canal de eclusagem da barragem-eclusa do canal São Gonçalo.

3.2 Hidrodinâmica do complexo lagunar Patos-Mirim

Os termos lagoa e lago são normalmente atribuídos ao mesmo significado

porém, conforme Phleger (1969), as lagoas costeiras são classificadas de acordo com

a geomorfologia, as formações das barreiras e o grau de enclausuramento em relação

ao mar. A classificação entre as lagoas costeiras com base em aspectos

geomorfológicos e hidrológicos foi feita por Kjerfve (1986), o qual considera as taxas

e intensidades das trocas de água com o oceano como condicionante a serem

definidas como lagoas estranguladas, restritas ou abertas.

A bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo apresenta uma lagoa estrangulada.

Este tipo de lagoa apresenta elevadas trocas de água e são fortemente influenciadas

pelo vento e pela descarga fluvial, sendo a maré o forçante menos significativo

na circulação estuarina (KJERFVE, 1986; MÖLLER; STECH; MATA, 1996). Em geral,

suas águas escoam do canal São Gonçalo em direção à Laguna dos Patos, onde o

deságue no Oceano Atlântico ocorre através do canal de Rio Grande (KOTZIAN;

MARQUES, 2004).

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A precipitação sobre a bacia conduz a níveis d’água oscilando entre 2m e 3m,

que por sua vez, provocam alagamentos nas planícies aluviais, chegando a um

volume de 17x109m3 na Lagoa Mirim, que se altera conforme a vazão do canal São

Gonçalo e as condições hidrológicas do local (VIEIRA; RANGEL, 1988).

Os alagamentos em áreas mais baixas do canal São Gonçalo são mais

propícios nos meses chuvosos (janeiro, fevereiro e julho). Esse período apresenta

uma precipitação média anual de 1.366mm, causando o aumento do escoamento

superficial e consequentemente, as cheias e inundações (SIMON; SILVA, 2015).

Entre os fatores que influenciam na vazão do São Gonçalo, se destacam o nível

d’água na Laguna dos Patos, a condição de escoamento no principal contribuinte, o

Rio Piratini, o nível d’água do canal na sua foz, as condições impostas na barragem-

eclusa, além do vento, sendo este o que mais influência (HARTMANN; HARKOT,

1990).

Marques e Möller Jr (2008) procuraram relacionar a vazão e o nível da Laguna

dos Patos com o fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS). Os autores verificaram um

aumento destas variáveis em anos de existência do fenômeno El Niño e uma

diminuição com a ocorrência do La Niña.

De acordo com Oliveira et al. (2014) os processos hidrodinâmicos na Lagoa

Mirim são modulados principalmente em função da descarga fluvial, o que permite

considerar os efeitos do vento. Estes fenômenos provocam grandes variações de

nível ao longo do tempo, fazendo com que a Lagoa Mirim atue como um grande

reservatório de água doce.

3.3 Vento

O vento é definido como o ar em movimento constante causado por diferenças

na pressão atmosférica. Esta diferença faz com que o ar mais frio, se desloque do

centro de alta pressão ao ar mais quente envolvente do centro de baixa pressão. Uma

vez que este fenômeno acontece, as pressões e a velocidade de deslocamento do ar

se tornam grandezas diretamente proporcionais (PEREIRA et al., 2002).

A influência do vento na dinâmica de circulação da bacia hidrográfica Mirim-

São Gonçalo está relacionado às massas de ar que se deslocam fortemente na

direção sudoeste-sul e aos fenômenos atmosféricos como as frentes frias que

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movimentam a água do sistema, conduzindo para a região norte da Lagoa Mirim e

Patos (MÖLLER JR et al., 2001).

O fenômeno quando se manifesta, aumenta a vazão da bacia hidrográfica da

Lagoa Mirim e, ao mesmo tempo, impulsiona as águas da plataforma contra a costa,

forçando a entrada da água do mar que equilibra o gradiente de pressão (HIRATA;

MÖLLER JR; MATA, 2010).

O controle da morfologia dos corpos hídricos costeiros (lagos e lagunas)

respondendo aos principais forçantes da circulação, ou seja, ao vento juntamente com

a descarga fluvial e as marés, se mostram significativos fatores que distinguem as

lagoas costeiras de rios e estuários (KJERFVE, 1994).

O vento induz diferenças no nível superficial da água em diferentes regiões de

lagos e lagoas. As variações de nível podem ocorrer por efeitos locais ou não. O efeito

local ocorre quando cessa a atuação do vento sobre a lagoa, provocando oscilações

de nível, também conhecidas como “seiches”. Os seiches podem ocasionar sérios

problemas à circulação eólica e ao transporte hídrico (FERNANDES, 2001). Já o efeito

não local atua na região costeira variando o nível d’água, por meio do transporte de

Ekman (MÖLLER JR et al., 2001).

Nas latitudes que cobrem a costa do estado do Rio Grande do Sul atuam o

Anticiclone do Atlântico Sul, predominante nos meses de verão e o Anticiclone Móvel

Polar atuante nos meses de inverno. Os anticiclones provocam mudanças periódicas

nas condições hidrometeorológicas (HARTMANN; SANO, 1986; TOMAZELLI, 1993),

ocasionando flutuações sobre as massas de água da Laguna dos Patos e,

consequentemente, mudanças diárias na sua circulação. Tais mudanças são

decorrentes do regime de chuvas da região e das variações climáticas.

O Anticiclone do Atlântico Sul é considerado um centro de alta pressão, semi-

fixo, localizado sobre o oceano Atlântico. Este fenômeno é caracterizado por dias

ensolarados com condições de estabilidade atmosférica. Já o Anticiclone Móvel Polar,

está situado ao sul da Argentina, e se dá devido às variações do comportamento das

massas frias que levam frio da Antártica, deslocando no sentido SW-NE até ao

território sul-brasileiro (NIMER, 1989).

O anticiclone atuante sobre o Oceano Atlântico resulta na predominância do

vento nordeste (NE) na região com velocidades médias de vento que se encontram

em 5 m.s-1 (MÖLLER JR,1996). Com a entrada das frentes frias há dominância do

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vento sudoeste (SW), com uma velocidade média de 8 m.s-1 (STECH; LORENZETTI,

1992).

Na Lagoa Mirim o vento predominante é o Nordeste e, quando associado as

baixas profundidades em situações de baixa pluviosidade e alto consumo de água,

pode ocasionar um grande “empurrão” de suas massas de água na direção NE-SW.

Isso causa a geração de ondas e consequentemente aos empilhamentos dessas no

sentido inverso da direção do vento (DNIT, 2014).

A influência da ação dos ventos na hidrodinâmica das lagoas vem sendo

abordado em estudos de modelagem numérica. Por exemplo, desde os modelos

bidimensionais (2D) como o IPH-A (PAZ, 2003) até aos modelos tridimensionais (3D)

como o POM (CASTELÃO; MÖLLER JR, 2006) e IPH-ECO (FRAGOSO JR et al.,

2009). Xavier (2002) também com o objetivo de avaliar a circulação das águas da

Lagoa Mirim forçada pela ação dos ventos, aplicou o modelo numérico 3D SisBAHIA.

Esse modelo permitiu uma análise das trocas de águas e, ao mesmo tempo, estimar

o deságue do esgoto sanitário a margem próxima a cidade de Santa Vitória do Palmar.

Com isso, se torna importante considerar as condições do vento em modelos

hidrológicos-hidráulicos, de forma que visem a compreensão e representação dos

processos hidrodinâmicos presentes em um sistema complexo como a bacia

hidrográfica Mirim-São Gonçalo.

3.4 Modelagem hidrológica computacional

Os modelos hidrológicos são ferramentas que nos permitem representar o

funcionamento físico da natureza em uma bacia hidrográfica. Apesar dessa

representação simplificada, os modelos possuem limitações de uso e exigem uma

qualidade e quantidade especifica de dados hidrológicos (TUCCI, 2005).

A história da modelagem hidrológica varia desde o método racional

(MULVANY, 1850), muito utilizado nas últimas décadas em projetos de drenagem

urbana (LIMA, 2011), até os recentes modelos distribuídos que consideram as

características físicas da bacia (TODINI, 2007).

Em geral, os modelos desenvolvidos descreviam os processos de cada

componente do ciclo hidrológico, como a infiltração de água no solo por Horton na

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década de 30, o hidrograma de escoamento superficial direto por Sherman e o

escoamento em rios pelo modelo de Saint-Venant (SINGH; FREVERT, 2002).

Estes modelos são classificados de acordo com as suas limitações que podem

ser decorrentes da dificuldade em formular matematicamente alguns processos e

representar a variabilidade espacial das variáveis (CLARK et al., 2007). Por causa

desta variabilidade espacial, muitos modelos hidrológicos têm sido acoplados com

ferramentas de sistemas de informações geográficas (SIGs), desde os mais simples

de bases conceituais até os modelos distribuídos de base física (VIANA et al., 2018).

Os modelos de base física possuem forte embasamento matemático. As

equações diferenciais e as formas simplificadas são algumas das ferramentas

matemáticas usadas na modelagem dos fenômenos (RENNÓ; SOARES, 2003).

Entretanto, esta abordagem pode gerar incertezas associadas à simulação hidrológica

e ao tempo de processamento (TODINI, 2007).

Na modelagem existem processos entendidos e representados considerando o

tipo de relações entre as variáveis (empíricos ou conceituais). Os modelos conceituais

exigem o mínimo de parâmetros matemáticos no ajuste dos dados simulados aos

observados (KHAKBAZ et al., 2012; TUCCI, 2005).

Por sua vez, modelos empíricos utilizam uma série de observações da variável

hidrológica a ser modelada, onde o ajuste dos dados simulados aos observados é

frequentemente realizado por funções que não têm nenhuma relação com

os processos físicos envolvidos (RENNÓ; SOARES, 2003).

Já os modelos hidrológicos classificados de acordo com a variabilidade

espacial dos parâmetros, podem ser: distribuídos, semi-distribuídos e concentrados.

Os modelos distribuídos e semi-distribuídos levam em consideração a variabilidade

espacial da bacia hidrográfica, já os concentrados consideram a bacia homogênea em

toda a sua extensão (KHAKBAZ et al., 2012), com um único valor médio de

precipitação e vazão (SILANS, 2000).

Um exemplo de modelo distribuído é o modelo TOPMODEL, que gera a vazão

em função do escoamento superficial do tipo Dunne (DUNNE; BLACK, 1970), ou seja,

pelo volume escoado superficialmente quando o solo está saturado (SILVA;

KOBIYAMA, 2007).

O primeiro artigo publicado a respeito do modelo TOPMODEL foi em 1979

(BEVEN; KIRKBY, 1979), mas somente em 1984 teve origem ao seu acrônimo

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(Topography-based hydrological model) por BEVEN et al. (1984). O modelo pretende

reproduzir a heterogeneidade da bacia através das variáveis topográficas,

considerando constante a precipitação e a transmissividade (SILVA; KOBIYAMA,

2007).

Na classe dos modelos distribuídos, além do TOPMODEL, encontram-se os

modelos SHE (BATHURST; WICKS; O’CONNELL, 1995) e o MGB-IPH

(COLLISCHONN, 2001).

O modelo SHE (Système Hydrologique Européen) apresenta forte

embasamento físico, sendo formulado pelo Consórcio Europeu do Instituto de

Hidrologia (BATHURST, 1986; BATHURST; WICKS; O’CONNELL, 1995). A versão

atualizada é denominada de SHETRAN que, em geral, é aplicado em estudos de

mudança do uso do solo (FIGUEIREDO; BATHURST, 2006).

Existem ainda modelos de superfície como VIC e ISBA aplicados para

representar os fenômenos em escala regional e global, desde a energia sobre o solo

e a vegetação até o balanço hídrico. Há também modelos hidrodinâmicos como o

HEC-RAS, TELEMAC, LISFLOOD-FP, que visam a simulação hidrodinâmica de rios

e várzeas de inundação na escala local, a global como o CaMa-Flood (YAMAZAKI et

al., 2011).

Outro modelo é o SWAT, que inclui sub-modelos voltados à gestão agrícola, a

concentração de sedimentos e a erosão do solo. Neste tem-se dois módulos, um de

balanço hídrico e outro de representação do escoamento superficial que apresenta

uma solução numérica mais simples (ARNOLD et al., 1998).

Viola et al. (2012) citaram os principais modelos hidrológicos que foram

aplicados nas diferentes regiões do mundo, sendo eles: SWAT no Uruguai

(STACKELBERG et al., 2007), NRM3 no Quênia (NOTTER et al., 2007), AGNPS no

sul da Itália (LICCIARDELLO et al.,2007), o MGB-IPH no sul, sudeste e norte do Brasil

(COLLISCHONN et al., 2005; NÓBREGA et al., 2011; RIBEIRO NETO et al., 2008) e

LASH no sudeste do Brasil (MELLO et al., 2008; VIOLA et al., 2009).

A escala da bacia hidrográfica é o parâmetro que norteia a escolha entre

modelos distribuídos e concentrados, pois modelos hidrológicos para as

pequenas bacias (concentrados) não são, em geral, adequados para os de grande

escala (LOPES, 2015).

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Os modelos hidrológicos de transformação chuva-vazão além de

representarem os processos do ciclo hidrológico, incluindo a evapotranspiração, o

balanço de água no solo, a geração de escoamento superficial, permitem representar

a propagação de cheias em rios.

Em determinadas situações existe a necessidade de simular grandes bacias

com extensas redes fluviais e corpos d’águas como lagos e lagunas, com a finalidade

de, por exemplo, prever o nível d’água a curto prazo, estudar a circulação ou avaliar

as mudanças climáticas e seus efeitos sobre as áreas alagadas. Quando áreas como

essas são simuladas, a abordagem realizada usualmente é combinar um modelo

hidrológico-hidráulico para simular a bacia hidrográfica e seus rios com um modelo

hidrodinâmico de duas ou três dimensões, que simula os grandes corpos d’água,

devido às particularidades e limitações desses modelos. Os dados de saída do modelo

hidrológico-hidráulico servem como entrada do modelo hidrodinâmico 2D ou 3D e são

aplicados em sistemas altamente dinâmicos e de grande escala (DARGAHI; SETEGN,

2011; LI et al., 2014).

O método de acoplamento hidrológico para representar o fluxo lateral de rios,

com modelos hidráulicos para calcular os níveis d’água ao longo da extensão do rio,

também é amplamente utilizado com o objetivo de modelar as planícies de inundação

(LERAT et al., 2012). Lerat et al. (2012) compararam diferentes estratégias para

acoplar o modelo chuva-vazão GR4J, com o modelo de propagação linear de onda

difusa no Rio Illinois. De maneira geral o estudo demonstrou uma boa performance

para o canal principal quando utilizados pontos de medições como condições de

entrada do modelo, de forma conjunta com outros tributários modelados. O estudo

enfatizou a importância da correta escolha do número de tributários de entrada para

obtenção do resultado, o que demonstra uma das limitações do acoplamento entre

modelos.

Recentemente, Munar et al. (2018) realizaram o acoplamento de um modelo

hidrológico de larga escala (MGB-IPH) com um modelo hidrodinâmico (IPH-ECO) para

avaliar a influência de forças externas como descarga fluvial e vento na bacia da

Lagoa Mirim. Os resultados mostraram que a integração entre os modelos permitiu

representar a variabilidade espacial e temporal dos níveis d’água na superfície da

lagoa, sendo o vento responsável pelas variações de níveis na escala de dias,

enquanto as vazões na escala sazonal. O trabalho ainda incluiu usos diversos da

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27

água, como a irrigação, para avaliar seu impacto sobre os níveis d’água do sistema

modelado.

Além destes estudos, existem abordagens integradas de modelos hidrológicos-

hidráulicos aplicados na simulação de sistemas hidrodinamicamente complexos.

Lopes et al. (2018) propuseram uma abordagem integrada usando um único modelo

hidrológico, o modelo MGB-IPH, com o objetivo de simular a bacia da Laguna dos

Patos e incluir a influência do cisalhamento do vento. De acordo com os autores, foi

possível usar a abordagem para simular os hidrogramas, níveis d’água e as áreas

alagadas na bacia. Os resultados das métricas de desempenho nos lagos e lagoas

estavam dentro da faixa estabelecida na literatura e apresentaram melhoras quando

inserido o efeito do vento no algoritmo de propagação de fluxo. Com esse estudo, os

autores concluíram que é possível utilizar o modelo proposto para simular sistemas

de previsão de cheias e outros sistemas hidrológicos similares. Ressalta-se, porém,

que os autores não aplicaram a influência do vento sobre a bacia Mirim-São Gonçalo,

objeto de estudo do presente trabalho.

A propagação do escoamento superficial em rios, cujo escoamento é

unidimensional e ocorre preponderantemente na direção longitudinal, pode ser

representada matematicamente, baseada em equações de uma, duas ou três

dimensões (CASTRO, 2015; CHOW, 1988). A representação desta propagação é

usualmente feita através de um conjunto de duas equações, conhecidas como

equações de Saint-Venant (BATES; HORRITTM; FEWTRELL, 2010). A primeira é a

equação da conservação da massa e a segunda representa a quantidade do

movimento, sendo expressas como:

𝜕𝐴

𝜕𝑡+

𝜕𝑄

𝜕𝑥= 𝑞 (1)

∂Q

∂t+

∂(𝑄2

𝐴⁄ )

𝜕𝑥+ 𝑔. 𝐴.

∂h

∂x= 𝑔. 𝐴. 𝑆𝑂 − 𝑔. 𝐴. 𝑆𝑓 (2)

(a) (b) (c) (d) (e)

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28

onde: Q é a vazão (m3.s-1); A é a área da seção transversal ao escoamento

(m²); x é a distância no sentido longitudinal (m); t é o tempo (s); 𝑞 é a vazão lateral por

comprimento longitudinal; h é a profundidade do rio (m); 𝑆𝑂 é a declividade do fundo

do rio (adimensional); 𝑆𝑓 representa a perda de energia por atrito na calha do rio

(adimensional) e g é a aceleração da gravidade (m.s-2).

A Equação 2 pode ser interpretada como o conjunto de forças e processos que

atuam em um pequeno volume de controle. O termo “a” representa a inércia local, o

termo “b” a advecção da quantidade de movimento para dentro do volume de controle,

o termo “c” a força associada à pressão, o termo “d” a força resultante do peso da

massa da água no volume de controle e o último termo, a força de atrito com o fundo

e as margens do rio (FAN et al., 2014).

Um exemplo de modelo hidrológico bastante utilizado que aplica

esta abordagem é o HEC-RAS. Este modelo emprega soluções numéricas das

equações de Saint-Venant para propagar a vazão em rios (CESTARI JUNIOR;

SOBRINHO; OLIVEIRA, 2015; LEON; GOODELL, 2016).

Há também modelos simplificados como o da Onda Cinemática e do

Muskingum-Cunge. Entretanto, não permitem representar o escoamento em rios

sujeitos a efeito de remanso na entrada de reservatórios e em estuários sujeito ao

efeito de marés (PONCE, 1989; PONTES; COLLISCHONN, 2012).

3.5 Modelo hidrológico de grandes bacias (MGB-IPH)

Para a modelagem de rios e planícies, foi utilizado como modelo chuva-vazão

o Modelo Hidrológico de Grandes Bacias, MGB-IPH, que é um modelo distribuído,

baseado na estrutura dos modelos LARSIM e VIC-2L (LIANG; WOOD;

LETTENMAIER, 1995) com algumas modificações e simplificações.

O modelo é constituído por dois módulos principais: balanço no solo e balanço

na água, incluindo a evapotranspiração, escoamento superficial, subsuperficial e

subterrâneo, e escoamento na rede de drenagem. O intervalo de tempo é diário ou

menor. A evapotranspiração e a lâmina interceptada é calculada através da equação

de Penman-Monteith (WIGMOSTA; VAIL; LETTENMAIER, 1994). Na sua estrutura

original, a bacia hidrográfica era discretizada em elementos regulares (células

Page 31: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

29

quadradas) de aproximadamente 10 por 10km, interconectadas entre si por uma rede

de drenagem, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 - Bacia discretizada em células ligadas entre si por canais de drenagem. Fonte: COLLISCHONN, 2001.

Em sua versão mais recente, minibacias são extraídas do Modelo Digital de

Elevação (MDE) (FAN; COLLISCHONN, 2013) e cada uma dessas possui um único

trecho de rio correspondente. A discretização em minibacias pode ser feita através de

dois pacotes de ferramentas, o ArcHydro Tools pertencente ao software de SIG

ArcGIS (ESRI, 2007) ou pelo IPH-Hydro Tools que funciona como um plugin do

software livre de SIG MapWindow GIS (SIQUEIRA et al., 2016). Adicionalmente, o

modelo utiliza uma unidade de discretização espacial maior, que são as sub-bacias.

As sub-bacias são definidas em função da rede de drenagem, da variabilidade

interna das características físicas e da localização dos postos fluviométricos que

fornecerão os dados observados. Essa divisão permite a calibração do modelo

hidrológico nas diferentes regiões com tipos de vegetação e usos do solo específicos,

através de parâmetros que devem ser definidos em cada uma delas.

Fan et al. (2015) apresentaram formas de discretização em bacias de grandes

escalas, considerando elementos menores como: grades regulares, grades com sub-

níveis ou quad-tree e minibacias (Figura 3).

Page 32: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

30

Figura 3 - Formas de discretização da bacia hidrográfica (a) dentro de um modelo hidrológico: (b) grade regular; (c) quad-tree; (d) minibacias (método das confluências). Fonte: FAN et al., 2015.

O modelo simula os processos verticais do ciclo hidrológico através de relações

conceituais, com base nas Unidades de Resposta Hidrológica (URH). Essas são áreas

de comportamento hidrológico similar em relação ao uso do solo, cobertura vegetal e

tipo de solo que atribuem a variabilidade das características físicas na minibacia. Uma

URH é caracterizada por vários parâmetros, modulados pelos parâmetros como

armazenamento máximo de água no solo (Wm), parâmetro de escoamento

subterrâneo (Kbas) e subsuperficial (Kint), parâmetro de relação entre fração de área

saturada e armazenamento médio de umidade no solo (b) e tempo de residência do

escoamento superficial (Cs), subsuperficial (Ci) e de base (Cb).

Os volumes escoados resultantes de todas as URH em cada minibacia são

somados e armazenados em reservatórios lineares simples com base nas Equações

a seguir:

𝑉𝑠𝑢𝑝𝑖

𝑡′ = 𝑉𝑠𝑢𝑝𝑖

𝑡−1 + ∆𝑡. 𝛴𝑗𝐷𝑠𝑢𝑝𝑖𝑗 (3)

𝑉𝑖𝑛𝑡𝑖𝑡′ = 𝑉𝑖𝑛𝑡𝑖

𝑡−1 + ∆𝑡. 𝛴𝑗𝐷𝑖𝑛𝑡𝑖𝑗 (4)

𝑉𝑏𝑎𝑠𝑖𝑡′ = 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑖

𝑡−1 + ∆𝑡. 𝛴𝑗𝐷𝑏𝑎𝑠𝑖𝑗 (5)

Page 33: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

31

onde: 𝑉𝑠𝑢𝑝𝑖, 𝑉𝑖𝑛𝑡𝑖

, 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑖 são os volumes armazenados nos reservatórios

superficial, subsuperficial e subterrâneo (m³), respectivamente; 𝐷𝑖𝑛𝑡𝑖𝑗 é o volume

gerado de escoamento subsuperficial; 𝐷𝑠𝑢𝑝𝑖𝑗 do escoamento superficial; 𝐷𝑏𝑎𝑠𝑖𝑗

o

volume percolado ao aquífero(mm); onde o índice i se refere às minibacias, j as URH

e t-1 ao início do intervalo de tempo.

Considerando estas três equações, a vazão de saída de cada reservatório é

representada através de uma função linear do armazenamento:

𝑄𝑠𝑢𝑝𝑖=

1

𝑇𝐾𝑆𝑖.𝑉𝑠𝑢𝑝𝑖

𝑡′ (6)

𝑄𝑖𝑛𝑡𝑖=

1

𝑇𝐾𝐼𝑖.𝑉𝑖𝑛𝑡𝑖

𝑡′ (7)

𝑄𝑏𝑎𝑠𝑖=

1

𝑇𝐾𝐵𝐼.𝑉𝑏𝑎𝑠𝑖

𝑡′ (8)

onde: 𝑄𝑠𝑢𝑝𝑖 é a vazão de saída do reservatório superficial(m3.s-1); 𝑄𝑖𝑛𝑡𝑖

a vazão

de saída do reservatório subsuperficial(m3.s-1); 𝑄𝑏𝑎𝑠𝑖 a do reservatório subterrâneo em

(m3.s-1); 𝑇𝐾𝑆𝑖 (s), 𝑇𝐾𝐼𝑖 (s), 𝑇𝐾𝐵𝑖 (s), o tempo de retardo do reservatório superficial,

subsuperficial e subterrâneo, na respectiva ordem.

Cada reservatório possui características distintas em relação ao retardo e o

amortecimento, alterando o escoamento gerado em cada minibacia. Os tempos de

retardo dos reservatórios superficial e subsuperficial são calculados pelo modelo

através do tempo de concentração da minibacia, 𝑇𝑖𝑛𝑑𝑖 (m), estimado pela equação

de Kirpich, que estabelece relação com os parâmetros calibráveis 𝐶𝑠 e𝐶𝑖.

𝑇𝐾𝑆𝑖 = 𝐶𝑆. 𝑇𝑖𝑛𝑑𝑖 (9)

𝑇𝐾𝐼𝑖 = 𝐶𝐼 . 𝑇𝑖𝑛𝑑𝑖 (10)

O intervalo de tempo que acarreta o retardo do reservatório subterrâneo pode

ser estimado em função das recessões dos hidrogramas em períodos de estiagem.

Page 34: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

32

A vazão que chega ao trecho de rio de cada minibacia é calculada através da

soma do escoamento resultante dos três reservatórios (superficial, subsuperficial e

subterrâneo), conforme mostrado a seguir, a qual é direcionada à minibacia de jusante

que se propaga na rede de drenagem, utilizando o método de Muskingum-Cunge ou

as equações hidrodinâmicas 1D da forma descrita em PONTES et al. (2017).

𝑄 𝑐𝑒𝑙 = 𝑄𝑠𝑢𝑝 + 𝑄𝑖𝑛𝑡 + 𝑄𝑏𝑎𝑠 (11)

A Figura 4 apresenta o balanço de água vertical e horizontal simulados em cada

minibacia.

Figura 4 - Esquema do balanço de água no solo do modelo MGB-IPH para uma Unidade de Resposta Hidrológica. Fonte: Adaptado de COLLISCHONN, 2001.

A propagação de escoamento do modelo hidrológico em sua estrutura original

é baseada no modelo de Muskingum-Cunge, um método de propagação de vazão

relativamente simples de ser aplicado e que vem sendo aplicado em várias bacias

hidrográficas brasileiras, como as bacias do rio Taquari-Antas (RS), rio Taquari (MS),

a bacia do Uruguai (COLLISCHONN et al., 2007) e a bacia do rio Piancó (PB) (FELIX;

PAZ, 2016).

De maneira semelhante, foi aplicado com a finalidade de prever as vazões

afluentes aos reservatórios hidrelétricos da bacia do Rio São Francisco, mostrando

ser suficiente para estimativa de vazões em locais sem dados (SILVA;

COLLISCHONN; TUCCI, 2014).

Page 35: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

33

O modelo hidrodinâmico unidimensional utilizado no presente trabalho é um

modelo inercial (BATES et al., 2010) com seção retangular. O modelo inercial é

apresentado detalhadamente no item 3.7 com base em Pontes et al. (2015) que

realizaram adaptações no esquema numérico proposto por Bates et al. (2010).

Diante da dificuldade da modelagem hidrológica em grande escala em regiões

com planícies de inundação (NEAL et al., 2012; PAIVA et al., 2013), muitos modelos

adotam simplificações das equações de Saint Venant para propagar o escoamento,

observando-se resultados bastante satisfatórios em trabalhos anteriores tais como o

de Yamazaki et al. (2013), Pontes et al. (2015) e Lopes (2017).

Lopes (2017), aplicou um só modelo hidrológico-hidráulico, o MGB-IPH Inercial

na bacia hidrográfica da Laguna dos Patos- RS, incluindo a influência do vento no

algoritmo inercial de propagação de vazões na simulação, encontrando bons

resultados na simulação dos níveis d’água.

Os modelos que utilizam as equações de Saint Venant demonstram potencial

para representar o escoamento em regiões de baixa declividade, com trechos de

reservatórios e sujeitos a efeitos de marés. No entanto, as equações completas de

Saint-Venant resultam em um algoritmo e código computacional muito mais complexo

quando comparado a uma simplificação destas (FAN et al., 2014).

3.6 Método inercial de propagação de vazões

Quando as propriedades do fluido não mudam com o tempo, o escoamento é

considerado permanente. Esta condição de escoamento superficial ocorre

principalmente em rios e canais e é baseada em duas equações físicas: a da

continuidade (Equação 1) e a dinâmica (Equação 2), onde essa combinação origina

as equações conhecidas como Saint-Venant (TUCCI, 2005). Estas equações são

utilizadas, em sua grande maioria, por modelos hidrodinâmicos unidimensionais para

fornecer as variáveis do escoamento no tempo e no espaço (BUARQUE, 2015).

Fan et al. (2014) com base em Bates et al. (2010) discretizaram as equações

do modelo inercial e propuseram a decomposição da equação dinâmica conforme

descrito abaixo:

𝐹1 = ∂Q

𝜕𝑡 (12)

Page 36: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

34

𝐹2 = 𝜕(

𝑄²

𝐴)

∂x (13)

𝐹3 = 𝑔. 𝐴.∂h

∂x (14)

𝐹4 = 𝑔. 𝐴. 𝑆𝑂 (15)

𝐹5 = 𝑔. 𝐴. 𝑆𝑓 (16)

onde: Q é a vazão (m3.s-1); A é a área da seção transversal ao escoamento

(m²); x é a distância no sentido longitudinal (m); t é o tempo (s); S0 é a declividade do

fundo do rio (adimensional); Sf representa a perda de energia por atrito na calha do rio

(adimensional) e g é a aceleração da gravidade (m.s-2).

Na aproximação inercial, a Equação 2 é simplificada, desprezando a inércia

advectiva (Equação 13) já que os valores são insignificantes frente aos outros termos

da equação (MOUSSA; BOCQUILLON, 1996):

𝜕𝐴

𝜕𝑡+

𝜕𝑄

𝜕𝑥= 𝑞 (17)

(18)

A Equação 18, por sua vez, é reescrita considerando que o valor da declividade

de fundo do canal (𝑆𝑓) pode ser calculado por equações empíricas de escoamento em

regime permanente como a de Manning (CUNGE, 1980), conforme é demostrado na

Equação 19:

𝑆𝑓 =𝑄.|𝑄|.𝑛²

𝐴2.𝑅ℎ

43

(19)

onde: Q (m3.s-1) a vazão; A área em m²; 𝑅ℎo raio hidráulico em metros (m); e n

o coeficiente de rugosidade de Manning.

𝜕𝑄

𝜕𝑡+ 𝑔𝐴

𝜕ℎ

𝜕𝑥− 𝑔𝐴𝑆0 + 𝑔𝐴𝑆𝑓 = 0

Page 37: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

35

Assim o termo 𝑆𝑓 isolado da equação de Manning pode ser substituído na

Equação 18, obtendo-se a seguinte equação:

𝜕𝑄

𝜕𝑡+ 𝑔(𝐵. ℎ)

𝜕𝑦

𝜕𝑥+ 𝑔(𝐵. ℎ).

𝑄.|𝑄|.𝑛2

(𝐵.ℎ)2.𝑅ℎ

43

= 0 (20)

onde: o termo |Q| representa o módulo da vazão; e a adoção do produto |Q|. Q

permite representar a magnitude e o sinal da perda de energia.

A equação dinâmica também pode ser representada considerando o canal

como sendo retangular, admitindo que normalmente as seções naturais de rios e

canais apresentam larguras maiores que a profundidade. Dessa forma, o perímetro

molhado da seção é considerado igual à largura do rio (𝐵) e o raio hidráulico

aproximado diretamente a profundidade (𝑅ℎ=h) resultando em:

𝜕𝑄

𝜕𝑡+ 𝑔ℎ

𝜕𝑦

𝜕𝑥+ 𝑔

𝑄.|𝑄|.𝑛2

𝑅ℎ

43

= 0 (21)

A equação da continuidade pode ser estimada em função da diferença entre as

vazões:

𝜕𝑉

𝜕𝑡= ∑ 𝑄𝑖𝑛 − ∑ 𝑄𝑜𝑢𝑡 (22)

onde: V é o volume de água em um pequeno sub-trecho do rio (m3); 𝑄𝑖𝑛são as

vazões que entram nesse trecho de rio (m3.s-1), incluindo a vazão de todas as

minibacias localizadas imediatamente a montante e a vazão gerada na própria

minibacia, e 𝑄𝑜𝑢𝑡 são as vazões que saem desse trecho de rio (m3.s-1), o que inclui a

vazão que segue para jusante e eventuais perdas por evaporação.

Como as duas últimas equações (21 e 22) não possuem solução analítica, o rio

é discretizado em sub-trechos (Figura 5) para que cada minibacia possua apenas um

sub-trecho de rio, estando a minibacia B situada à jusante da minibacia A.

Adaptando o esquema numérico propostos por Bates et al. (2010), considera-

se que as variáveis h (profundidade), y (cota do nível d’ água) e z (cota do fundo) são

Page 38: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

36

definidas nos centros dos sub-trechos e a vazão de troca entre elas que corresponde

a 𝑄𝑖 é definida nos contornos de cada sub-trecho.

O único trecho de rio em cada minibacia faz com que as trocas de vazão

ocorram da minibacia a montante para a jusante. Nesse caso, o nível d’ água do trecho

do rio é calculado somando h (profundidade) e z (cota do fundo) através da equação

𝑦𝑖 = 𝑧𝑖 + ℎ𝑖 para minibacia A e pela equação 𝑦𝑖+1 = zi+1 + hi+1 para B (PONTES et

al., 2015).

Figura 5 - Esquema de discretização das minibacias de comprimento Δx e das variáveis de vazão (Q e QM), profundidade (h) e nível (z) do modelo Inercial implementado no modelo hidrológico MGB-IPH. Fonte: PONTES et. al., 2015.

Para a resolução das equações 21 e 22 foram adotadas as seguintes

aproximações apresentadas nas Equações 23, 24 e 25, onde o índice i representa em

qual minibacia ocorre o cálculo e o índice t informa qual o intervalo de tempo:

𝜕𝑦

𝜕𝑥≅

𝑦𝑖+1𝑡 −𝑦𝑖

𝑡

∆𝑥𝑖 (23)

𝜕𝑄

𝜕𝑡≅

𝑄𝑖𝑡+∆𝑡−𝑄𝑖

𝑡

∆𝑡 (24)

𝜕𝑉

𝜕𝑡≅

𝑉𝑖𝑡+∆𝑡−𝑉𝑖

𝑡

∆𝑡 (25)

Page 39: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

37

Assim, o método de Euler que fornece aproximações numéricas do tipo

“Forward” ou aproximação de Euler, é aplicado para representar o nível e a vazão

distribuída no tempo e no espaço. Com isso, aplicando e reorganizando a equação

23, obtêm-se a seguinte equação:

𝑄𝑖𝑡+∆𝑡 = (

((𝑄𝑖𝑡)−𝑔.𝑾.∆𝑡.(𝒉𝒇𝒍𝒐𝒘𝒊.𝑆𝑓𝑙𝑜𝑤𝑖))

1+(𝑔.∆𝑡.𝒉𝒇𝒍𝒐𝒘𝒊.(|𝑄𝑖

𝑡|.𝒏2)

𝑾.(𝒉𝒇𝒍𝒐𝒘𝒊)2 )

) (26)

onde: o sobrescrito t corresponde ao tempo; o subscrito i ao espaço; Q é a

vazão (m3.s); W é a largura da calha do rio, n é o coeficiente de Manning (𝑚−1

3 . 𝑠);

𝑆𝑓𝑙𝑜𝑤𝑖 é a declividade da linha d’água; hflowi (m) corresponde à profundidade na seção

transversal entre a minibacia i e a minibacia i+1.

O hflowi é calculado pela Equação 27 e a declividade da linha d’água (𝑆𝑓𝑙𝑜𝑤𝑖)

através da equação 28, representada por:

ℎ𝑓𝑙𝑜𝑤𝑖=𝑚𝑎𝑥[ 𝑦𝑖𝑡;𝑦𝑖+1

𝑡 ] − 𝑚a𝑥[𝑍𝑡𝑎𝑏𝑖,1;𝑍𝑡𝑎𝑏𝑖+1,1] (27)

𝑆𝑓𝑙𝑜𝑤𝑖=𝑦𝑖+1

𝑡 − 𝑦𝑖𝑡

∆𝑥𝑖 (28)

onde: 𝑍𝑡𝑎𝑏𝑖,1, 𝑍𝑡𝑎𝑏𝑖+1,1,1, 𝑦𝑖+1𝑡 e 𝑦𝑖

𝑡 são, respectivamente, a cota de fundo nas

minibacias i e i+1 e os níveis de água nas minibacias i e i+1.

Por fim a equação da continuidade pode ser aproximada para cada segmento

de rio por:

𝑉𝑖𝑡+∆𝑡−𝑉𝑖

𝑡

∆𝑡= ∑ 𝑄𝑖𝑛

𝑡+∆𝑡 − ∑ 𝑄𝑜𝑢𝑡𝑡+∆𝑡 − ∑ 𝑄𝑣𝑖𝑧

𝑡+∆𝑡 − 𝐸𝑣𝑞𝑖 (29)

onde: Σ𝑄𝑖𝑛𝑡+ ∆𝑡 refere-se as vazões que entram na minibacia i no tempo t+∆t;

Σ𝑄𝑜𝑢𝑡𝑡+ ∆𝑡 refere-se as vazões que saem da minibacia i e das adjacentes; 𝐸𝑣𝑞𝑖 é a

evaporação da área inundada na minibacia i e 𝑉𝑖

𝑡+ ∆𝑡 − 𝑉𝑖𝑡

∆𝑡 é a variação do volume no

tempo e na minibacia i. Este equacionamento ainda possibilita a troca lateral entre

Page 40: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

38

minibacias através do termo ∑ 𝑄𝑣𝑖𝑧𝑡+∆𝑡

, podendo ainda representar bifurcações na rede

de drenagem, conforme ilustrado na Figura 6.

Figura 6 - Discretização da rede de drenagem em minibacias com definição da vazão (Q e Qviz). Fonte: PONTES et al., 2017.

Dessa forma, o modelo inercial permite achar todos os valores de nível d’ água

em qualquer minibacia i através de uma condição inicial de vazão de referência, onde

o valor de ℎ𝑓𝑙𝑜𝑤 é encontrado pela equação 27, os valores de 𝑄𝑡+ ∆𝑡 em cada

minibacia i pela equação 28 e os volumes pela equação 29.

Este adota um esquema numérico explícito para evitar a instabilidade numérica,

onde a condição de Courant-Friedrichs-Levy (CFL) deve ser respeitada:

∆𝑡 = 𝛼∆𝑥

√𝑔ℎ (30)

onde: g é a aceleração da gravidade (m.s-2); h corresponde a profundidade

máxima entre todas encontradas nos trechos analisados (m); Δx o comprimento do

menor trecho de rio (m); e Δt é o passo de tempo de cálculo (s).

A Equação 30 pode ser reescrita em função de ∆𝑡, onde a condição do intervalo

de tempo de cálculo é imposta e é dada pela Equação 31:

∆t = α∆x

√g.h ≤ 1 (31)

Page 41: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

39

3.7 Introdução do vento no método inercial

A representação da ação do vento na modelagem hidráulica por meio das

equações de Saint-Venant pode ser feita através da incorporação da força de atrito

que esse exerce sobre o sistema hídrico na parcela dinâmica do conjunto de

equações. Segundo Abbott e Price (1994) a tensão causada pelo vento é

representada pela Equação 32:

τ = d𝑎𝑟 . 𝐶𝐷 . |U|. U (32)

onde: 𝜏 é a tensão causada pelo vento no escoamento, U é valor da

componente do vetor da velocidade do vento na direção do escoamento (m.s-1), daré

a densidade do ar (massa especifica do ar dividida pela massa específica da água),

𝐶𝐷 é o coeficiente de arraste do vento ou coeficiente de resistência ar-água

(adimensional). A velocidade do vento U multiplica o módulo da mesma para que o

sentido dessa velocidade seja preservado (contra ou a favor do escoamento).

A inclusão deste termo no modelo MGB-IPH com propagação inercial foi feita

por Lopes (2017) através da modificação da Equação 26 conforme mostra a Equação

33.

𝑄𝑖𝑡+ ∆𝑡 =

((𝑄𝑖𝑡)−𝑔.𝐵.∆𝑡.(ℎ𝑓𝑙𝑜𝑤𝑖 .𝑆𝑓𝑙𝑜𝑤𝑖)+ ∆𝑡.𝐵.𝑑𝑎𝑟.𝐶𝐷.|𝑈|.𝑈)(−cos (Azvi−Azmi)))

(1+ 𝑔.∆𝑡.(|𝑄𝑖

𝑡|).𝑛²

𝐵+(ℎ𝑓𝑙𝑜𝑤)73

)

(33)

onde: 𝐴𝑧𝑣𝑖 é o azimute da direção do vento na minibacia i; 𝐴𝑧𝑚𝑖 é o azimute

equivalente à linha imaginária que possui a finalidade de ligar os centróides das

minibacias de montante (i) e a jusante (i+1), definindo a direção do escoamento.

A principal modificação associada a Equação 32 é a introdução do termo (−cos

(𝐴𝑧𝑣𝑖−𝐴𝑧𝑚𝑖)), que representa a decomposição do vetor da velocidade do vento na

direção do escoamento. Dessa forma, caso a direção do vento seja a mesma do

escoamento, ele agregará vazão ao escoamento. Caso contrário este atuará contra a

propagação, diminuindo a vazão na minibacia.

Page 42: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

40

Com isso, o MGB-IPH com propagação inercial mostra-se um modelo com

potencial para ser aplicado na bacia Mirim-São Gonçalo visto que representa os níveis

d’água, os efeitos de jusante, permite as trocas laterais entre minibacias e a simulação

do efeito do vento.

Page 43: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

4 Metodologia

Aqui será descrita a metodologia utilizada no presente trabalho que trata da

modelagem hidrológica da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo empregando o

modelo MGB-IPH e a análise da inclusão dos ventos observados na Lagoa Mirim.

Primeiramente, está apresentada a descrição da área de estudo. A seguir, organizou-

se um banco de dados que permitisse a aplicação do modelo tal qual sua última

disponibilização, que incorpora a propagação inercial de vazões. Com o modelo apto

à aplicação, foi calibrado manualmente visando os melhores resultados em relação

aos dados observados de vazão.

Uma vez calibrado o modelo, foi gradativamente aprimorado com a inclusão de

novos processos e dados, cuja utilização não é permitida via interface. Estas

modificações e inclusões foram realizadas de maneira a buscar melhores resultados

a cada nova rodada. Primeiramente, foram implementadas no modelo as trocas

laterais entre as minibacias na lagoa. A seguir, foi analisada a influência da condição

de jusante sobre os níveis da Lagoa Mirim. Por fim, foi realizada a inclusão e a

modelagem do vento na bacia.

A Figura 7 apresenta um fluxograma com as fases do estudo.

Figura 7 - Fluxograma das fases do estudo.

Page 44: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

42

4.1 Descrição e caracterização do ambiente de estudo

A área de estudo é a bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo que possui uma

área aproximada de 56.000km² sendo 46% em território brasileiro e 54% em território

uruguaio, localizada na fronteira do sudeste do Rio Grande do Sul (Figura 8), entre as

coordenadas 31º30' a 34º35' de latitude Sul e 53º31'a 55º15' de longitude Oeste.

Figura 8 - Localização da área de estudo, bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo.

Portanto, esta é uma bacia transfronteiriça já que parte de seus contribuintes

estão em território Uruguaio (SOSINSKI, 2009). Seu regime de águas apresenta uma

infinidade de afluentes e, na porção brasileira os principais são os rios Piratini e

Jaguarão, situados na margem esquerda (HARTMANN et al., 1986).

A Lagoa Mirim possui um comprimento aproximado de 190km ao longo do eixo

maior, na sua porção mais larga uma extensão média de 40 km e na porção mais

estreita extensões médias de 20km e, em média, largura de 40km, sendo que

armazena um volume médio de 12,4 bilhões m3, o qual mantém um espelho d‘água

de superfície aproximada de 4.000km². Alguns autores como Kotzian e Marques

(2004) apresentam valores aproximados destes apresentados.

Page 45: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

43

Segundo a classificação de Köppen o clima é do tipo subtropical. A região

possui temperatura e precipitação média anual de 18°C e 1.378mm, respectivamente

(WREGE et al., 2011). Os solos predominantes são Organossolos com manchas de

Gleissolos Háplicos (IBGE, 2002).

4.2 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB-IPH sem

a inclusão da influência do vento

Nessa etapa, o modelo é aplicado tal qual é utilizado. Os dados necessários

para modelagem foram reunidos e processados com intenção de permitir a criação do

projeto de modelagem. Após rodar o modelo, o mesmo foi calibrado manualmente

através da manipulação do conjunto de parâmetros para valores que resultariam na

melhor representatividade dos dados simulados em relação aos observados e, por

consequência, nos melhores valores das métricas de desempenho. Estas foram o

coeficiente de eficiência de Nash-Sutcliffe, o coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo

das vazões e o erro relativo de volume. Além disso, foi efetuada a comparação dos

níveis d’água simulados e observados, para verificar a capacidade do modelo em

simular corretamente os níveis na lagoa.

O fluxograma desta fase inicial está apresentado na Figura 9.

Figura 9 - Fluxograma da fase inicial do trabalho.

Page 46: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

44

4.2.1 Preparação do modelo

Primeiramente, para aplicar o modelo MGB-IPH com o método de propagação

Inercial de vazões, foi necessário construir um banco de dados utilizado pelo modelo.

Este consiste no modelo digital de elevação (MDE), mapa de uso e tipo de solo, além

de uma série de arquivos com dados observados de precipitação, vazão e clima

(temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento, pressão atmosférica e

insolação). O MDE é utilizado para gerar a rede drenagem, delimitar a bacia e

discretizar a bacia em sub-bacias e minibacias. Já os mapas de tipo, de uso do solo e

de vegetação são combinados e reclassificados para gerar as chamadas Unidades de

Resposta Hidrológica. As informações provenientes desses arquivos são processadas

para que possam ser utilizadas pelo modelo. Os arquivos de precipitação são

interpolados para as minibacias pelo método do inverso da distância ao quadrado,

enquanto que para as informações climatológicas são utilizados os dados da estação

climatológica mais próxima a cada minibacia. Os dados necessários para a aplicação

do modelo serão descritos abaixo.

4.2.1.1 Modelo digital de elevação

A obtenção de dados do relevo foi através do Modelo Digital de Elevação (MDE)

da missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) (FARR et al., 2007), com

resolução espacial de 90m e resolução vertical de 1m.

O Modelo de Grandes Bacias é rodado inteiramente dentro do software livre de

SIG MapWindow (SIQUEIRA et al., 2016), das etapas de pré-processamento à

simulação. Apesar dos erros e limitações do SRTM decorrentes de problemas na

reflexão dos sinais de radar em corpos d’água ou em vertentes com declividade

elevada (FARR et al., 2007), o seu uso ainda é adequado para modelagem proposta.

O fato da região lagunar apresentar altitude constante e próxima a zero em

virtude do sinal não ultrapassar sua superfície, foi necessário incorporar dados de

batimetria nesta área para que posteriormente fosse possível gerar dados de cota-

área alagada para cada minibacia com base nas informações do MDE.

Page 47: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

45

4.2.1.2 Batimetria

A batimetria inserida na Lagoa Mirim foi extraída a partir da digitação da carta

de hidrografia e navegação da Marinha do Brasil que contém dados anteriores ao ano

de 1941. Os dados da carta foram reunidos em um ambiente SIG (Sistema de

Informações Geográficas), o ArcGIS. Neste ambiente, foram interpolados através do

Topo to Raster, disponível na barra de ferramentas 3dAnalyst.

Os dados interpolados foram inseridos no MDE do SRTM através de uma

operação de mapas, na qual o modelo do SRTM foi subtraído pelo interpolado. Esta

operação resultou em valores negativos da altimetria que representa a área das

lagoas no MDE, uma vez que o valor de altimetria do SRTM era zero.

Dessa forma, para evitar posteriormente erros de processamento pelos

programas de geoprocessamento usados, tais como o pacote IPH-HydroTools

(SIQUEIRA et al., 2016), foi somado o valor constante de 20m ao MDE tornando todas

as células positivas. O resultado final da batimetria interpolada pode ser observado na

Figura 10. O MDE com a batimetria foi utilizado para a geração de informações de

área alagada e cota do nível d’água em cada minibacia com o uso da ferramenta

PREPRO, disponível no IPH-Hydro Tools.

Page 48: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

46

Figura 10 - Batimetria interpolada da Lagoa Mirim.

4.2.1.3 Uso e tipo do solo

Para a determinação das Unidades de Resposta Hidrológica (URH’s) da bacia

Mirim-São Gonçalo, apresentadas na Figura 11, foi utilizado o mapa de URH’s da

América do Sul desenvolvido por Fan et al. (2015) e disponibilizado pelo portal de

Hidrologia de Grande Escala (HGE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS, 2017). Os mapas de uso, tipo de solo e vegetação são reclassificados e

combinados, gerando as Unidades de Resposta Hidrológica que são regiões que

possuem o mesmo comportamento hidrológico influenciando diretamente nos

processos hidrológicos simulados pelo modelo.

Page 49: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

47

Figura 11 - Unidades de Resposta Hidrológica.

4.2.1.4 Dados hidro-climáticos

Foram utilizados 91 postos pluviométricos e 14 fluviométricos, sendo 8 das

estações fluviométricas e 45 das pluviométricas operadas pelo Instituto Nacional de

Meteorologia do Uruguai (INUMET), o restante dos dados foram obtidos da rede

hidrológica nacional operada pela Agência Nacional de Águas (ANA). As estações

pluviométricas utilizadas na bacia Mirim-São Gonçalo estão representadas na Figura

12 e as estações fluviométricas com o respectivo código na Figura 13.

Page 50: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

48

Figura 12 - Localização das 91 estações pluviométricas na bacia Mirim-São Gonçalo.

Figura 13 - Localização das 14 estações fluviométricas na bacia Mirim-São Gonçalo.

Page 51: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

49

Também foram utilizados dados de temperatura do ar, umidade relativa,

velocidade do vento, insolação e pressão atmosférica para obter a evapotranspiração

através do método de Penman-Monteith nas URH (Unidades de Resposta

Hidrológica) de cada minibacia. As variáveis foram obtidas através do próprio banco

de dados do MGB-IPH que apresenta um conjunto de normais climatológicas de 1960

a 1990 calculadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para todo o Brasil.

Os dados de níveis foram obtidos através de 10 estações linimétricas,

localizadas em Picada da Areia, Cerro Chato, Pedro Osório, Passo dos Carros e Ponte

Cordeiro de Farias, obtidos pelo sistema Hidroweb e mantido pela Agência Nacional

de Águas (ANA). Os dados de níveis d’água da estação de Santa Isabel, Santa Vitória

do Palmar e, a montante e a jusante da barragem do canal São Gonçalo foram obtidos

junto a Agência de Desenvolvimento da Lagoa Mirim (ALM), da UFPel. Os níveis

d'água do canal São Gonçalo foram fornecidos pelo Porto de Pelotas, que possui uma

régua instalada junto ao cais.

O número referente ao código e nome de cada estação encontra-se na Tabela

1.

Tabela 1–Identificação das estações de nível.

Ad: Área de drenagem

ID Código Estação de nível Latitude (S) Longitude (W) Ad (Km²)

1 88220000 Picada da Areia 32° 23' 8.00'' 53° 38' 16.00'' 5420

2 88575000 Cerro Chato 31° 51' 52.92'' 53° 16' 5.88'' 1050

3 88641000 Pedro Osório 31° 51' 47.88'' 52° 48' 57.96'' 4700

4 88750000 Passo dos Carros 31° 42' 50.04'' 52° 28' 36.12'' 131

5 88850000 Ponte Cordeiro de Farias 31° 34' 24.96'' 52° 27' 45.00'' 386

6 - Barragem-eclusa montante 31º 48' 46.800'' 52° 23’ 20.400'' -

7 - Barragem-eclusa jusante 31º 48' 39.600'' 52º 23’ 16.800'' -

8 88040000 Santa Vitória do Palmar 33° 30' 30.96'' 53° 26' 9.96'' -

9 88810000 Porto de Pelotas 31° 46' 55.92'' 52° 20' 0.00'' -

10 88900000 Santa Isabel 32° 9' 16.92'' 52° 37' 48.00'' -

Page 52: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

50

Na Figura 14 são apresentados os postos linimétricos com os respectivos

códigos.

Figura 14 - Postos fluviométricos com dados de nível.

4.2.1.5 Discretização da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo

Neste item foram inseridos os dados obtidos no processo de discretização da

bacia Mirim-São Gonçalo. Uma das primeiras etapas para a extração de informações

a partir do MDE consiste na determinação da direção do escoamento e na área

acumulada de cada pixel, seguido da definição da rede de drenagem e a divisão em

sub-bacias e minibacias (PAIVA et al., 2011). Como os corpos hídricos da bacia se

encontram em áreas planas do MDE, uma forma de melhorar a definição das direções

de fluxo em regiões como essas é através do recondicionamento do MDE, pelo

método conhecido como “stream-burning” (HUTCHINSON,1989).

Assim foi empregada a ferramenta “stream-burning” da extensão ArcHydro

incorporada ao ArcGIS e nela inserida uma camada de hidrografia vetorizada

manualmente. Isso foi realizado para definir uma rede de drenagem correta além de

permitir a conexão entre a Lagoa Mirim e o canal São Gonçalo, de forma que a

Page 53: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

51

hidrografia passasse no meio da bacia. A Figura 15 representa o zoom da área da

lagoa com a rede de drenagem recondicionada para facilitar a visualização.

Figura 15 - Modelo digital de elevação e rede de drenagem recondicionada.

A extração da rede de drenagem através do MDE é gerada a partir da definição

de um limiar de área acumulada, que representa o número mínimo de células

necessárias para começar o curso de água (FAN et al., 2013). No presente estudo foi

adotado o valor de 20km2. O resultado da rede de drenagem é apresentado na Figura

16.

Page 54: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

52

Figura 16 – Bacia Mirim-São Gonçalo com a rede de drenagem gerada no processo de discretização.

Dentre os métodos de discretização, os que definem comprimentos diferentes

de trechos de rios para as minibacias não reproduzem um funcionamento adequado

do método inercial uma vez que o passo de tempo do método é estabelecido em

função do comprimento dos trechos (Equação 30). Caso haja o uso deste, o modelo

aplica o menor trecho de rio no cálculo do passo de tempo de simulação, de acordo

com o critério de estabilidade de Courant e, consequentemente, diminui o passo de

tempo resultante e aumenta o tempo de simulação.

Para evitar este problema, foi aplicado um algoritmo de segmentação de

drenagem, o qual está disponível no pacote IPH-Hydro Tools (SIQUEIRA et al., 2016).

Este algoritmo necessita da indicação de um comprimento máximo de trecho de rio,

que no caso foi adotado 10km. A discretização é refinada até que este limite não seja

superado, caso exceder o trecho de rio é subdividido em sub-trechos para manter o

modelo estável.

O algoritmo de segmentação começa a partir do exutório da bacia, onde

percorre a drenagem de jusante à montante segmentando-a em trechos de

comprimentos de rios fixos. Primeiramente, segmenta o maior afluente de cada

confluência, ou seja, com maior área de drenagem. Essa área é calculada através do

Page 55: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

53

mapa de fluxo acumulado gerado anteriormente. Ao segmentar de jusante à montante,

o algoritmo retorna à montante, reconhecendo o afluente com menor área de

drenagem e segue pelo mesmo, até toda a rede de drenagem ser segmentada.

O processo de discretização originou 15 sub-bacias (Figura 17) e 1777

minibacias (Figura 18). As sub-bacias são definidas como sendo unidades maiores de

drenagem que abrangem uma grande quantidade de minibacias. Foram definidas com

base na localização das estações fluviométricas da área de estudo e utilizadas

principalmente no processo de calibração do modelo hidrológico, a qual é atribuído

vários parâmetros a cada URH’s de acordo com o comportamento hidrológico

conferido a elas.

Figura 17 - Discretização da bacia Mirim-São Gonçalo em sub-bacias.

Page 56: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

54

Figura 18 - Discretização da bacia Mirim-São Gonçalo em minibacias.

4.2.1.6 Relações geomorfológicas

Com o pré-processamento do MDE foram obtidas informações relevantes para

a simulação hidrológica como a área de drenagem total da minibacia, área de

drenagem total acumulada, comprimento do trecho de rio, código do trecho de rio

situado a jusante da minibacia em análise, declividade do trecho de rio e um arquivo

que define a área alagada para cada cota do nível d’água. Por este motivo foi

importante a utilização do MDE com a batimetria inserida. Para definir as larguras e

profundidades de cada trecho das minibacias foram utilizados os dados provenientes

das estações de resumo de descarga da ANA, adquiridas no portal Hidroweb. Destas,

foram correlacionadas as maiores larguras e profundidades observadas às suas

respectivas áreas de drenagem. Com isto, foi possível ajustar duas equações

potenciais relacionando área de drenagem à largura e profundidade, conhecidas como

relações geomorfológicas. A Tabela 2 apresenta as estações utilizadas bem como as

informações adquiridas de cada uma.

Page 57: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

55

Tabela 2 - Informações das estações utilizadas para obtenção das relações geomorfológicas.

Estação Nome Rio Área (km²)

Profundidade (m)

Largura (m)

Máxima Máxima

88176000 Arroio Candiota montante Arroio Candiota 297 1,84 16

88177000 Sanga Funda montante Arroio Sanga Funda 297 1,57 20

88220000 Picada da Areia Rio Jaguarão 5420 4,29 90

88260000 Passo das Pedras Rio Jaguarão 6920 5,71 132,7

88400000 Granja Santa Marta Arroio Chasqueiro 281 1,11 21,6

88550000 Ponte do Império Rio Piratini 1870 2,29 102

88560001 Picada Nova Rio Piratini 2240 2,99 62

88575000 Cerro chato Arroio Basílio 1050 2,03 61,36

88680000 Passo do Ricardo Rio Piratini 5410 4,11 150

88750000 Passo dos Carros Arroio Fragata 131 2,74 38,54

88850000 Ponte Cordeiro de Farias Arroio Pelotas 386 5,24 63,5

88600001 Contrato Arroio Basílio 2380 5,35 61

Os formatos das equações das relações geomorfológicas são apresentadas

nas Equações 34 e 35:

Hrioi = cAdid (34)

Brioi = aAdib (35)

onde: 𝐻𝑟𝑖𝑜𝑖 é a profundidade da calha (m) na minibacia i; 𝐵𝑟𝑖𝑜𝑖 é a largura da

calha (m) na minibacia i; 𝐴𝑑𝑖 é a área de drenagem (km²) na minibacia i e os

parâmetros a, b, c e d são os parâmetros do ajuste da equação potencial. Os valores

obtidos para os parâmetros a, b, c e d considerando os dados observados foram

2,3786; 0,4486; 0,1597 e 0,3818, respectivamente.

Estas foram utilizadas para definir as larguras e profundidades de todas as

minibacias que compõem a bacia na etapa de pré-processamento. Contudo, uma vez

que estas variáveis não se comportam da mesma maneira na região da lagoa, onde

a profundidade é definida pela batimetria e a largura é toda extensão de cada

minibacia, foram alteradas manualmente as profundidades das minibacias situadas

dentro da lagoa para 1m. Dessa maneira, todas as minibacias da lagoa seriam

imediatamente inundadas mesmo para vazões baixas. A partir daí, o que definiria a

cota e o volume de cada minibacia dentro da lagoa, em resposta à vazão de entrada,

seria o arquivo de cota e a área alagada que incluiria as informações da batimetria.

Page 58: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

56

4.3 Calibração do modelo

O modelo foi calibrado para um período de 26 anos, entre 1º de janeiro de 1990

a 31 de dezembro de 2015, o qual foi escolhido de modo que envolvesse um maior

número de dados fluviométricos. A modelagem foi melhorada com a calibração

manual, através da comparação entre hidrogramas simulados e observados. Além do

ajuste do modelo pela comparação visual entre vazões observadas e calculadas, os

seguintes parâmetros estatísticos foram empregados nas análises: coeficiente de

eficiência de Nash-Sutcliffe (NS) (NASH; SUTCLIFFE, 1970), coeficiente de Nash-

Sutcliffe do logaritmo das vazões (NSlog) e o erro relativo de volume (EV).

Com a aplicação do coeficiente de Nash-Sutcliffe (NS) foi possível ajustar as

altas vazões dos hidrogramas. Verifica-se que para representar os picos de vazões

entre os dados simulados e observados o valor ideal de NS deve ser igual e máximo

a 1. O coeficiente de ajuste considera o quadrado das diferenças entre as vazões

observadas e simuladas, conforme mostra a Equação 36:

𝑁𝑆 = 1 − [∑ (𝑌𝑖

𝑜𝑏𝑠− 𝑌𝑖𝑠𝑖𝑚)²𝑛

𝑖=1

∑ (𝑌𝑖𝑜𝑏𝑠− 𝑌𝑖

𝑚𝑒𝑎𝑛)²𝑛𝑖=1

] (36)

onde: n é o número total de observações; 𝑌𝑖𝑜𝑏𝑠, a vazão observada; 𝑌𝑖

𝑠𝑖𝑚 é a

vazão simulada; e 𝑌𝑖𝑚𝑒𝑎𝑛 é a média das vazões observadas.

O coeficiente Nash-Sutcliffe do logaritmo das vazões (NSlog) é calculado da

mesma maneira mas por meio do logaritmo das vazões observadas e simuladas, com

isso contempla melhor as situações das vazões em períodos de estiagem. O

desempenho do modelo é considerado bom se o valor do NS é maior que 0,75 e é

considerado aceitável se o valor fica entre 0,36 e 0,75 (COLLISCHONN, 2001). O

NSlog também possui valor ideal igual e máximo a 1. Já o EV confere um melhor

ajuste na quantidade de vazão gerada pelo modelo em relação às vazões observadas

ao longo do tempo quando aproxima ao valor zero.

Uma vez que o referencial zero do MGB-IPH não é o mesmo dos quais são

referenciadas as estações de observação, as anomalias dos níveis d’água simulados

no ambiente de estudo foram corrigidos utilizando a média das séries observadas

referente ao mesmo período. Para isso, cada valor das anomalias simuladas nas

Page 59: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

57

minibacias referentes às estações foi subtraído pela média da série observada em

cada estação. Desta maneira foi possível comparar diretamente a anomalia e o nível

observado. A verificação do desempenho do modelo, ao simular os níveis d’água, foi

realizada através do coeficiente de Nash-Sutcliffe (NS), Nash-Sutcliffe do logaritmo

das vazões (NSlog), erro do volume (ΔV) e raiz quadrada da média aritmética do

quadrado dos desvios (RMSE). O coeficiente NSlog foi calculado somando às séries

o menor valor de nível d’água, conferindo todos valores como positivos, permitindo

calcular seus logaritmos.

4.4 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB- IPH com

as conexões laterais

Para representar a região de planície na área de estudo, o método

de discretização convencional do modelo MGB-IPH foi modificado. Essa modificação

consiste em incluir as trocas de vazões laterais entre as minibacias dentro do MGB-

IPH Inercial.

De acordo com Pontes et al. (2015), isso pode ser realizado incorporando

canais de ligação entre todas as minibacias adjacentes situadas na área de planícies

e com isso, conectando-as. Para identificar as minibacias que possuem conectividade

lateral admitiu-se que uma minibacia está conectada a uma minibacia vizinha em

regiões com planícies de inundação e no interior da lagoa, em que, embora não haja

trechos de rio, ainda ocorre transferência de água livremente entre elas.

Em geral, as características geométricas (largura, comprimento e cota de

fundo) dos canais fictícios não são conhecidas. No intuito de achar valores adequados

foi feito uma análise de sensibilidade, descrita no item 4.4.1, com base nas larguras

dos canais que interligam as minibacias de planície (parâmetro b). Já o comprimento

dos canais foi calculado conforme a Equação 37 (PONTES et al., 2015), que

representa a soma do raio de dois círculos que possuem áreas equivalentes ao de

duas minibacias conectadas.

L = √A1

π+ √

A2

π (37)

Page 60: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

58

onde: L é o comprimento do canal (km); e A1e A2 as áreas das minibacias

interconectadas pelo mesmo.

4.4.1 Análise de sensibilidade à largura das conexões laterais

O parâmetro b que representa a largura dos trechos de rios fictícios entre as

minibacias com conexão lateral não é calculado automaticamente e necessita de

calibração para buscar o melhor valor. Este é utilizado nas soluções numéricas das

equações de Saint-Venant do modelo inercial local. O modelo foi simulado com

diferentes valores de b e o melhor valor do coeficiente a ser atribuído nas simulações

foi verificado através dos valores do coeficiente de Nash-Sutcliffe (NS), Nash-Sutcliffe

do logaritmo das vazões (NSlog), erro do volume (ΔV) e raiz quadrada da média

aritmética do quadrado dos desvios (RMSE), que foram avaliados em todos os postos

de nível. Os valores dos parâmetros avaliados foram: 10m, 25m, 50m, 100m, 150m,

250m, 500m, 1000m.

4.5 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB-IPH com

as condições de contorno

Essa fase do estudo pode ser dividida em três testes. Primeiro foram analisadas

as saídas de nível d’água com a programação atual do MGB-IPH, na qual é mantida

uma declividade constante de 0,005 m.km-1 da minibacia do exutório em relação a

minibacia fictícia posterior a esta. No segundo teste foi feito uma substituição da

declividade constante por uma equivalente aquela em relação ao nível constante do

mar, ou seja, 20m já que o MDE original foi somado por este valor para compensar o

escavamento da calha dentro da lagoa. O último teste foi desenvolvido com a

finalidade de verificar o desempenho do modelo ao se incluir dados diários de nível

d’água observados da barragem-eclusa do canal São Gonçalo como condição de

jusante. Dessa forma a declividade seria calculada em relação aos próprios valores

observados na barragem. Neste caso também foi necessário somar 20 metros aos

valores observados.

Para auxiliar na avaliação de qual condição de jusante resultaria nas melhores

simulações, foram gerados mapas da área inundada em um dia de cheia e um de

Page 61: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

59

seca pela versão convencional do modelo. Na sua primeira versão, o modelo gerava

a área inundada através da comparação entre o nível d’água (NA) simulado e as cotas

do MDE, em cada minibacia (PONTES et al., 2015).

Mais recentemente, foi incorporado ao MGB-IPH o desenvolvimento e

utilização do modelo de terreno denominado HAND (Height Above Nearest Drainage

ou Altura Acima da Drenagem Mais Próxima). Esse, por sua vez, foi desenvolvido pelo

INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pelo INPA (Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia) (NOBRE et al., 2011) e calcula alturas relativas ao rio por

meio da diferença entre a altitude extraída do Modelo Digital de Elevação (MDE) e a

rede de drenagem, seguindo as direções de fluxo (RENNÓ et al., 2008; NOBRE et al.,

2011).

Dessa forma, levando em consideração a existência de dois métodos, ambos

foram avaliados frente ao produto Global Surface Water (GSW), constituído da análise

de 3 milhões de imagens obtidas pelo satélite Landsat na resolução de 30 metros, ao

longo dos últimos 32 anos (PEKEL et al., 2016).

4.6 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB-IPH com

a inclusão da influência do vento

Nesta etapa foi feita a simulação do modelo MGB-IPH com propagação inercial

e incorporação da influência do vento com uso de dados sub-diários e horários com a

condição de jusante que resultou os melhores resultados na etapa 2. O primeiro passo

foi definir os azimutes da Equação 32. Para calcular o 𝐴𝑧𝑚𝑖 foram utilizados os pares

de coordenadas do centroide da minibacia de origem e os da de destino, podendo

essas serem minibacias a jusante ou laterais. Isso foi feito com o uso do software

Excel, considerando-se o quadrante em que a minibacia de destino está em relação a

de origem. Enquanto o 𝐴𝑧𝑣𝑖 que é o azimute da direção do vento na minibacia i é

informado pelos próprios órgãos que geram os dados. Durante a fase de execução

foram inseridas séries históricas de direção e velocidade do vento e estas informações

estão descritas a seguir.

Page 62: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

60

4.6.1 Dados de direção e velocidade do vento

4.6.1.1 Estações convencionais

Os dados de direção e velocidade do vento foram obtidos através do portal

BDMEP do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) de estações meteorológicas

que estão localizadas na Figura 19.

Figura 19 - Localização das estações meteorológicas convencionais.

A Figura 20 mostra os números de medições diárias disponíveis para cada um

dos postos, Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar no período entre 1990 e

2015. Nos postos as medições eram em 3 horários diários, às 00:00, 12:00 e 18:00

UTC e estão disponíveis para o período de calibração com um número elevado de

falhas em 2015 para a estação de Rio Grande e entre 1990 e 1992 em todos os postos.

Page 63: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

61

Figura 20 - Quantidade de medições diárias disponíveis para os postos de Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar no período entre 1990 a 2015.

A Tabela 3 apresenta a análise geral dos dados de vento em cada posto, o que

inclui o período de dados bem como a velocidade mínima, máxima e média e a direção

predominante. Como era esperado, as estações de Rio Grande e Pelotas possuem

mesma direção predominante (Nordeste), dada a proximidade entre as duas regiões.

Tabela 3 - Análise geral dos estações convencionais utilizadas.

4.6.1.2 Estações automáticas

As estações automáticas situadas próximas a Lagoa Mirim foram visualizadas

no site do INMET. Os dados horários de direção e velocidade do vento destas

estações foram obtidos mediante solicitação ao órgão.

A localização das estações utilizadas está representada na Figura 21.

Posto Meteorológico Data

Mínima Data

Máxima

Velocidade (m.s-1) Direção (◦)

Mínima Máxima Média Moda

Rio Grande 01/01/1991 19/01/2015 0 21 3,0887 45 Pelotas 01/01/1994 31/12/2015 0 17,5 3,2837 45

Santa Vitória do Palmar 01/01/1992 27/11/2015 0 20 3,9229 135

Page 64: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

62

Figura 21 - Localização dos postos meteorológicos automáticos mais próximos à Lagoa Mirim.

O número de medições por dia disponíveis em cada um dos postos está

representado na Figura 22.

Figura 22 - Disponibilidade de dados por estação por dia.

Page 65: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

63

Observa-se que as estações com medições diárias disponibilizam uma

quantidade de dados inferiores às estações com medições sub-diárias, sendo que as

situadas em Rio Grande e Santa Vitória do Palmar também compreendem uma

disponibilidade limitada de dados nas estações automáticas.

4.6.2 Processamento dos dados de vento

O preenchimento de falhas dos dados de velocidade e direção do vento horário

foi realizado através do software Matlab enquanto o do vento sub-diário foi através do

software Excel. Para preencher às falhas de velocidade do vento sub-diário, foi

realizado, primeiramente, uma regressão linear com os dados dos horários anteriores

e posteriores do mesmo dia. Caso não existisse nenhum dado em um mesmo dia,

este era preenchido através das informações do posto mais próximo, podendo ainda

ser pelo segundo posto mais próximo caso o primeiro também apresentasse falhas no

período analisado. Quando não foi possível preencher as falhas por estes métodos,

foi considerado vento com intensidade igual a zero. O uso de dados das outras

estações também foi aplicado para preencher as falhas de dados de vento horário.

Após o preenchimento de todos os dados, estes foram interpolados usando o

software Matlab para cada minibacia através do método do vizinho mais próximo.

Cabe ressaltar que existe a necessidade de trabalhar com passos de tempo sub-diário

no módulo de propagação inercial do modelo MGB-IPH, com isso é necessário ter

dados em um período de 24h.

4.6.3 Testes de sensibilidade do modelo MGB-IPH com influência do vento

Esta fase foi realizada com o intuito de avaliar a sensibilidade e a aplicação do

modelo com a inserção do vento. A análise de sensibilidade buscou contribuir para

avaliar o quão sensível os níveis simulados são em relação à mudança do coeficiente

de atrito do vento CD de forma a achar um valor que gerasse os melhores resultados.

O modelo foi rodado com os seguintes valores de 𝐶𝐷: 2x10-6, 4x10-6, 1x10-5, 2x10-5 e

4x10-5.

No presente estudo, o melhor coeficiente de atrito do vento foi verificado com

base no comportamento da vazão de saída do sistema e nos níveis simulados, bem

Page 66: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

64

como nas métricas de desempenho (NS, NSlog, EV, RMSE). Estes testes foram

realizados levando em consideração as informações da barragem-eclusa do canal

São Gonçalo como condição de contorno de jusante uma vez que com a utilização

destas foram observados os melhores níveis simulados. Nestes testes foram

empregados dados de vento sub-diários (três vezes ao dia) das estações

convencionais e horários das estações automáticas, permitindo a comparação dos

níveis simulados empregando a simulação do modelo com cada conjunto de dados.

Page 67: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

5 Resultados e discussão

5.1 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB-IPH sem

a inclusão da influência do vento

5.1.1 Métricas de desempenho das vazões simuladas

A Tabela 4 apresenta os resultados das métricas de desempenho NS, NSlog e

ΔV do modelo MGB-IPH em relação às vazões simuladas. Em geral, o modelo

apresentou um bom desempenho, sendo o NS maior que 0,5 para a maioria dos

postos. São estes, no lado Uruguaio, Puente Ruta 8 (Vieja), Picada de Corbo, Paso

Borches e Paso Dragon e, no Brasil, Picada da Areia, Pedro Osório, Passo dos Carros

e Ponte Cordeiro de Farias.

Nos postos Vergara, India-Muerta, Puente R.13, Passo Del Avestruz e Passo

Averías, localizados no Uruguai, o modelo apresentou um baixo desempenho em

relação às vazões de pico, tendo bons resultados apenas na simulação das vazões

de base no posto Vergara e Passo Del Avestruz. Isto pode estar associado à menor

resolução do mapa de URH na região do Uruguai ou à uma menor disponibilidade de

dados das estações pluviométricas na região. Ainda, pode haver dados incorretos

quanto às medições fluviométricas.

Tabela 4 - Postos fluviométricos e suas métricas de desempenho para o periodo de 1990 à 2015. Código Nome Rio NS Nslog ∆V (%)

10 Puente Ruta 8 (Vieja) Río Olimar Grande 0.529 0.623 3.514

14 Picada de Corbo Río Cebollatí 0.602 0.681 4.717

15 Paso Averías Río Cebollatí 0.407 0.633 -7.422

96 Paso Borches Río Tacuarí 0.646 0.681 9.253

97 Paso Dragón Río Tacuarí 0.619 0.623 9.915

100 Paso Centurión Río Yaguarón 0.275 0.551 18.569

109 Vergara Arroyo Parao 0.345 0.535 -4.761

111 India Muerta-Puente R.13 Arroyo India Muerta 0.175 0.228 -17.013

128 Paso Del Avestruz Arroyo Del Aiguá 0.216 0.569 -46.688

88220000 Picada da Areia Rio Jaguarão 0.587 0.625 -6.038

88575000 Cerro Chato Arroio Basílio 0.392 0.642 -47.577

88641000 Pedro Osório Rio Piratini 0.585 0.692 18.341

88750000 Passo dos Carros Arroio Fragata 0.572 0.609 3.007

88850000 Ponte Cordeiro de Farias Arroio Pelotas 0.579 0.442 27.048

Média 0.47 0.58 -2.51

Máximo 0.65 0.69 27.05

Minimo 0.18 0.23 -47.58

NS: Coeficiente de eficiência Nash-Sutcliffe; NSlog: Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das vazões; ΔV: Erro de volume (%). Estatística calculada com base nos valores absolutos.

Page 68: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

66

Em relação aos valores de NSlog (Figura 23), nota-se que o modelo apresentou

um bom desempenho na maioria dos postos (mais de 60%) da bacia Mirim-São

Gonçalo, com valores médios de 0,58. Tais valores apresentaram-se melhores do que

os valores de NS e indicam um bom ajuste das vazões mínimas.

Também é mostrado um bom desempenho do modelo em ambos os postos no

rio Tacuarí, com valores superiores a 0,6. Já os postos localizados nos rios Arroyo

India Muerta e Arroio Pelotas tiveram valores insatisfatórios de NSlog, provavelmente

devido à menor quantidade de dados pluviométricos disponíveis nestas estações ou

até mesmo pela incapacidade do modelo de representar a região por ausência de

algum processo que ocorra neste ambiente.

Figura 23- Valores do coeficiente de Nash-Sutcliffe (NS) do logaritmo das vazões.

A Figura mostra os valores de erro do volume (ΔV). Os melhores resultados de

ΔV foram os valores entre -10% e 10%. Os maiores erros ocorreram nos postos dos

rios Arroyo Del Aiguá (-46,88%), Arroio Basílio (-47,77%) e Arroio Pelotas (27,04%).

Percebe-se que, de maneira geral, o modelo apresentou um bom desempenho para

esta métrica.

Page 69: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

67

Figura 24- Valores do erro do volume (%).

5.1.2 Hidrogramas calibrados

A Figura 25 apresenta os hidrogramas observados e simulados nos rios Olimar

Grande e Cebollatí e a Figura 26 nos rios Tacuarí e Arroyo India Muerta da bacia

Mirim-São Gonçalo no período com dados entre 1990 e 2015. Verifica-se a

subestimativa dos picos de vazão no rio Olimar Grande, embora o mesmo tenha

apresentado uma boa concordância com as vazões de base, a partir dos resultados

obtidos nas métricas de desempenho.

Os picos dos hidrogramas simulados do rio Cebollatí (Figuras 25b e 25c)

ficaram subestimados em relação aos observados. Observa-se ainda, nos períodos

de recessão, que o ajuste do modelo foi satisfatório na calibração, o que evidencia o

bom desempenho do mesmo na simulação de vazões mínimas.

Entretanto, verifica-se também nos hidrogramas que o posto fluviométrico

Picada de Corbo (Figura 25b) representa melhor o regime hidrológico, tanto para os

picos de vazão quanto para a vazão de base, quando comparado com o hidrograma

do posto Paso Averías (Figura 25c) no mesmo período da calibração, refletindo em

índices de NS e NSlog melhores.

Page 70: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

68

O rio Tacuarí é um outro importante contribuinte da bacia Mirim-São Gonçalo.

Observando as Figuras 26d e 26e, verifica-se que as mesmas apresentam

comportamento similar entre elas, havendo nos dois postos fluviométricos uma ótima

correlação entre os dados observados e simulados com o modelo. Nota-se também

que o modelo obteve boa representação na maioria das datas, entretanto, em outras

o desempenho continua prejudicado podendo ser devido a difícil execução da

calibração em função da menor quantidade de dados de chuva na região sul da bacia,

no lado do Uruguai. A vazão simulada pelo modelo depende diretamente da chuva

que incide sobre a bacia, ou seja, isso faz com que quanto maior a quantidade de

postos disponíveis nesta região, maior seja a capacidade do modelo de representar a

chuva que comprovadamente incidiu sobre a bacia.

O rio Arroyo India Muerta está situado no Departamento de Rocha, no Uruguai.

Ao analisar o hidrograma observado (Figura 26f) é possível verificar um número

elevado de vazões de pico entre 1993 e 1996 devido à intensa concentração da

precipitação nestes anos, o que torna difícil o ajuste do modelo em função da resposta

mais rápida da bacia aos eventos consecutivos de precipitação. Verifica-se também

nos hidrogramas, a superestimava das vazões mínimas. Provavelmente o mau ajuste

observado, tanto para as vazões mínimas como para as máximas, seja novamente

pela menor quantidade de dados de chuva nas áreas de abrangência da bacia

hidrográfica, na porção uruguaia.

Page 71: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

69

Figura 25 - Hidrogramas observados e simulados nos rios Olimar Grande e Cebollatí da bacia Mirim-São Gonçalo no período com dados entre 1990 e 2015.

Figura 26 - Hidrogramas observados e simulados nos rios Tacuarí e Arroyo India Muerta da bacia Mirim-São Gonçalo no período com dados entre 1990 e 2015.

Page 72: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

70

A Figura 27 apresenta os hidrogramas observados e simulados nos rios

Jaguarão e Piratini da bacia Mirim-São Gonçalo no período com dados entre 1990 e

2015. Na porção brasileira os principais afluentes da bacia são os rios Piratini e

Jaguarão, situados na margem esquerda (HARTMANN et al., 1986). O rio Jaguarão

divide os municípios de Jaguarão, no Brasil, e Rio Branco, no Uruguai. Constatou-se,

através da observação dos hidrogramas (Figura 27a), que a vazão de pico está

subestimada e que a ascensão é tipicamente mais rápida que a recessão. Em

contrapartida observa-se que mesmo com a escassez de dados de chuva na região,

o modelo utilizado representou de forma satisfatória as vazões em períodos de secas

com uma razoável concordância entre os hidrogramas simulado e observado.

O rio Piratini deságua no canal São Gonçalo e é considerado um dos principais

elementos de controle da vazão do canal em direção a Laguna dos Patos

(HARTMANN; HARKOT, 1990). Observa-se uma boa correlação entre os valores

observados e simulados no rio Piratini, tanto para as vazões de base como para as

de picos, o que demonstra ser um resultado positivo em função da importância que

este rio representa para o sistema lagunar Mirim-Patos.

Figura 27 - Hidrogramas observados e simulados nos rios Jaguarão e Piratini no período com dados entre 1990 e 2015.

Page 73: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

71

5.1.3 Período de Calibração: Níveis d’água simulados e observados

5.1.3.1 Métricas de desempenho

A Tabela 5 mostra os valores das métricas de desempenho (NS, NSlog, ΔV,

RMSE) utilizados na avaliação da comparação entre as anomalias dos níveis

simulados e observados de cada posto meteorológico. Os resultados das simulações

indicaram que o MGB-IPH em determinados postos representou corretamente os

níveis d’água e em outros não.

Tabela 5 - Métricas de desempenho da comparação entre as anomalias dos níveis simulados e observados nos postos meteorológicos.

NS: Coeficiente de eficiência Nash-Sutcliffe; NSlog: Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das vazões; ΔV: Erro de volume (%); RMSE: Raiz quadrada da média aritmética do quadrado dos desvios (m).

Os valores de NS nos postos oscilaram entre 0,4354 a 0,7197, sem considerar

os postos a jusante, a montante da barragem-eclusa do canal São Gonçalo e do Porto

de Pelotas, que apresentaram os piores resultados. Essa diferença pode ser explicada

pelo fato de que importantes corpos hídricos afluem diretamente para a Lagoa Mirim,

onde o escoamento acontece apenas pelo canal São Gonçalo. Em função disso, a

não observação no presente estudo das regras e agenda de operação das 18

comportas que compõe a barragem-eclusa disposta na parte norte do canal São

Gonçalo, que impedem a intrusão de água no sentido Patos-Mirim, por não

corresponder ao objetivo proposto, pode levar a reprodução dessas oscilações.

Os melhores resultados de NSlog foram observados nos postos de Cerro

Chato, Pedro Osório e Passo dos Carros. Os valores de RMSE oscilaram de 0,7895m

no posto Picada de Areia a 0,3118m em Passo dos Carros.

Samboní (2017) também encontrou valores que se enquadram na mesma faixa

que os resultados apresentados neste estudo. O autor com o MGB-IPH acoplado com

Postos NS NSlog ∆V (%) RMSE

Picada da Areia 0,47 0,46 1,11E-13 0,79 Cerro Chato 0,44 0,47 -2,44E-13 0,38 Pedro Osório 0,70 0,74 1,11E-13 0,59 Passo dos Carros 0,62 0,63 2,22E-13 0,31 Santa Isabel 0,72 0,41 -3,22E-13 0,47 Santa Vitória do Palmar 0,67 0,20 1,67E-12 0,53 Porto de Pelotas -0,22 -0,08 -1,67E-13 0,32 Barragem-eclusa jusante -0,15 -2,00 1,78E-13 0,45 Barragem-eclusa montante -0,02 -1,70 -3,66E-13 0,43

Média 0,25 -0,63 1,33E-13 0,42

Page 74: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

72

o modelo hidrodinâmico IPH-ECO simulou a bacia e os principais componentes

hidrodinâmicos da Lagoa Mirim. Os resultados de NS, ∆V e RMSE obtidos por

Samboní (2017) demonstram que o nível da água foi bem representado, no entanto,

com desempenho levemente maior. Valores de NS de 0,90 para a estação de Santa

Isabel e 0,91 para Santa Vitória do Palmar foram obtidos com o RMSE variando entre

0,321 a 0,355 e o ΔV entre -0,32 a -0,10.

5.1.3.2 Cotagramas

Nas Figura 28 a Figura 36 são apresentados os cotagramas dos níveis

observados e simulados para as fases de calibração em cada estação.

Observou-se que da simulação dos níveis do posto Picada da Areia,

apresentada na Figura 28, às do Porto de Pelotas, na Figura 34, o modelo apresentou

uma boa representação dos níveis observados através das anomalias simuladas, com

melhores resultados no período de estiagem nessas estações, que se localizam fora

da Lagoa (Picada da Areia, Cerro Chato, Pedro Osório e Passo dos Carros). No

período de cheia, a maioria dos eventos extremos destas estações foram

subestimados, com exceção de Porto de Pelotas.

As estações próximas à Lagoa Mirim apresentaram forte ruído na simulação,

possivelmente em virtude de ser um ambiente de baixa declividade com um grande

número de afluentes que ocasiona flutuações das direções de escoamento. Já nas

estações à montante e jusante da barragem-eclusa (Figura 35 e 36) a falha na correta

representação dos níveis pode ser explicada pela mudança no tipo de ambiente de

lagoa para um canal e pelas interações que acontecem com a Laguna dos Patos logo

em seguida, com as oscilações de níveis desta podendo afetar os níveis do canal São

Gonçalo. Ainda, a ausência da simulação do vento na bacia pode ser um fator que

afeta negativamente os resultados nas estações no entorno da Lagoa Mirim e no canal

São Gonçalo.

Page 75: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

73

Figura 28 - Cotagramas de níveis observados na estação Picada da Areia e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.

Figura 29 - Cotagramas de níveis observados na estação de Cerro Chato e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.

Page 76: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

74

Figura 30 - Cotagramas de níveis observados na estação de Pedro Osório e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.

Figura 31 - Cotagramas de níveis observados na estação de Passo dos Carros e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.

Page 77: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

75

Figura 32 - Cotagramas de níveis observados na estação de Santa Isabel e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.

Figura 33 - Cotagramas de níveis observados na estação de Santa Vitória do Palmar e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.

Page 78: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

76

Figura 34 - Cotagramas de níveis observados na estação do Porto de Pelotas e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.

Figura 35– Cotagramas de níveis observados na estação à montante da barragem-eclusa do canal São Gonçalo e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.

Page 79: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

77

Figura 36 - Cotagramas de níveis observados na estação à jusante da barragem-eclusa do canal São Gonçalo e anomalias simuladas na minibacia onde se localiza.

5.2 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB - IPH com

conexões laterais

5.2.1 Análise de sensibilidade à largura das conexões laterais

Pode-se observar nas Tabela 6 e Tabela 7 os valores das métricas de

desempenho (NS e NSlog) dos níveis observados e anomalias simuladas para os

diferentes valores de larguras de conexões laterais. De acordo com os valores de NS

e NSlog, pode-se perceber que para as estações à montante e jusante da barragem-

eclusa os melhores resultados das métricas de desempenho ocorreram quando

utilizados os valores de 10m. Valores de NS de 0,250 para a estação à montante da

barragem-eclusa e 0,160 para estação à jusante da barragem-eclusa foram obtidos

enquanto o NSlog para as mesmas foi de -0,181 e -0,468 respectivamente.

Para as demais os melhores resultados de NS foram observados para as

larguras de 500 e 1000m, o que indica que não existe um único valor que resulte nos

mesmos valores para todas as estações, simultaneamente. Percebe-se que a métrica

NSlog apresentou valores melhores para a largura de 1000m no posto de Santa Isabel

(0,463) e para 500m em Santa Vitória (0,792).

Page 80: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

78

Tabela 6 - Nash-Sutcliffe para diferentes larguras de conexões laterais. Melhores valores das métricas para cada posto encontram-se destacado em verde.

NS Largura das conexões laterias (b)

Postos 10m 25m 50m 100m 150m 250m 500m 1000m

Barragem-eclusa montante 0,250 0,234 0,215 0,184 -0,022 0,121 0,059 -0,010

Barragem-eclusa jusante 0,160 0,144 0,124 0,093 -0,147 0,026 -0,035 -0,103

Santa Isabel 0,656 0,669 0,685 0,705 0,600 0,736 0,757 0,773

Santa Vitória 0,779 0,793 0,807 0,822 0,664 0,837 0,841 0,836

Porto -0,192 -0,192 -0,191 -0,191 -0,218 -0,190 -0,189 -0,189

NS: Coeficiente de eficiência Nash-Sutcliffe; NSlog: Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das vazões; ΔV: Erro de volume (%); RMSE: Raiz quadrada da média aritmética do quadrado dos desvios (m).

Tabela 7 - NSlog para diferentes larguras de conexões laterais. Melhores valores das métricas para cada posto encontram-se destacado em verde.

NSlog Largura das conexões laterais (b)

Postos 10m 25m 50m 100m 150m 250m 500m 1000m

Barragem-eclusa montante -0,181 -0,203 -0,228 -0,268 -1,699 -0,346 -0,417 -0,480

Barragem-eclusa jusante -0,468 -0,491 -0,518 -0,559 -2,003 -0,642 -0,715 -0,778

Santa Isabel 0,328 0,340 0,357 0,379 -1,316 0,415 0,440 0,463

Santa Vitória 0,663 0,695 0,724 0,753 0,199 0,783 0,792 0,790

Porto -0,055 -0,055 -0,055 -0,053 -0,078 -0,054 -0,054 -0,055

NS: Coeficiente de eficiência Nash-Sutcliffe; NSlog: Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das vazões; ΔV: Erro de volume (%); RMSE: Raiz quadrada da média aritmética do quadrado dos desvios (m).

Nas Tabela 8 e Tabela 9 são apresentados os valores das métricas de

desempenho (ΔV e RMSE) dos níveis observados e anomalias simuladas para os

diferentes valores de larguras de conexões laterais. Percebe-se que, para as estações

barragem-eclusa montante e Porto, os melhores resultados de ΔV ocorreram quando

utilizados os valores de 500m. Já nas estações Santa Isabel e Santa Vitória o melhor

valor de largura para o ΔV foi de 50m. Quando utilizados valores de 250m, ocorreu

uma melhora para a métrica RMSE nos postos de Santa Isabel, Santa Vitória e Porto.

Tabela 8 - Erro do volume para diferentes larguras de conexões laterais. Melhores valores das métricas para cada posto encontram-se destacado em verde.

ΔV (%) Largura das conexões laterais (b)

Postos 10m 25m 50m 100m 150m 250m 500m 1000m

Barragem-eclusa montante -2,4E-13 -6,1E-13 7,8E-13 2,7E-13 -3,7E-13 -1,4E-12 8,9E-14 -4,1E-13

Barragem-eclusa jusante -3,0E-13 -6,1E-13 8,4E-13 2,2E-13 1,8E-13 -1,4E-12 3,8E-13 -5,7E-13

Santa Isabel -1,6E-13 2,0E-13 2,2E-14 2,4E-13 -2,7E-13 1,1E-13 -1,3E-13 -2,6E-13

Santa Vitória -8,0E-13 -3,9E-13 -2,4E-13 -3,6E-13 1,7E-12 -4,6E-13 -8,4E-13 8,2E-13

Porto -3,6E-13 1,1E-13 4,4E-14 -3,4E-13 -1,7E-13 -1,2E-13 2,2E-14 2,7E-13

NS: Coeficiente de eficiência Nash-Sutcliffe; NSlog: Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das vazões; ΔV: Erro de volume (%); RMSE: Raiz quadrada da média aritmética do quadrado dos desvios (m).

Page 81: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

79

Tabela 9 - RMSE para diferentes larguras de conexões laterais. Melhores valores das métricas para cada posto encontram-se destacado em verde.

RMSE (m) Largura das conexões laterais (b)

Postos 10m 25m 50m 100m 150m 250m 500m 1000m

Barragem-eclusa montante 0,373 0,377 0,382 0,389 0,435 0,404 0,418 0,433

Barragem-eclusa jusante 0,389 0,393 0,397 0,404 0,455 0,418 0,432 0,446

Santa Isabel 0,517 0,507 0,494 0,478 0,557 0,452 16,785 15,012 Santa Vitória 0,430 0,416 0,402 0,386 0,530 0,369 13,453 12,655

Porto 0,322 0,322 0,322 0,322 0,326 0,321 7,956 7,365

NS: Coeficiente de eficiência Nash-Sutcliffe; NSlog: Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das vazões; ΔV: Erro de volume (%); RMSE: Raiz quadrada da média aritmética do quadrado dos desvios (m).

Para definir o melhor valor de largura de conexão efetiva foi determinada a

média de todos os valores das medidas de desempenho em cada estação, conforme

mostra a Tabela 10. Na mesma tabela também são apresentados os valores das

métricas de desempenho para a simulação sem conexão lateral.

Tabela 10 - Médias das métricas de desempenho para as simulações com e sem conexões laterais. Melhores resultados em verde.

Médias das métricas de desempenho

Largura da Conexão NS NSlog ΔV RMSE

Sem conexão lateral 0,2549 -0,6336 1.33E-13 0,4206

10 0,33054 0,05743 -3,71E-13 0,40609

25 0,32978 0,05722 -2,60E-13 0,40286

50 0,32789 0,05579 2,89E-13 0,39949

100 0,32269 0,05012 6,66E-15 0,39593

150 0,17558 -0,97949 2,09E-13 0,46049

250 0,30670 0,03083 -6,39E-13 0,39308

500 0,28663 0,00894 -9,77E-14 7,80854

1000 0,26142 -0,01192 -2,89E-14 7,18196

NS: Coeficiente de eficiência Nash-Sutcliffe; NSlog: Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das vazões; ΔV: Erro de volume (%); RMSE: Raiz quadrada da média aritmética do quadrado dos desvios (m).

De acordo com os valores observados, a medida que obteve o melhor

incremento com a mudança da largura foram os coeficientes NSlog e RMSE para a

largura de 100m. Nesse valor, o coeficiente de Nash-Sutcliffe melhora apenas 0,008

em relação à melhor largura para essa métrica, de 10m. Todos os valores do erro de

volume foram extremamente baixos. Assim, foi adotada a largura de 100m para a

conexão lateral por ter resultado o melhor incremento geral para as métricas

simuladas em todas estações.

A Figura 37 apresenta os hidrogramas simulados no exutório da bacia Mirim-

São Gonçalo nas condições sem (azul) e com conexão lateral (vermelho) de 100m.

Page 82: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

80

Figura 37 - Vazão simulada na condição de declividade constante de 0,005 m.km-1 (em azul) e com a conexão lateral de 100 (em vermelho) sem a introdução do vento.

Nota-se que, apesar de o comportamento das vazões serem praticamente

idênticos em termos de subidas e recessões, a inclusão das conexões laterais levou

a vazões mais baixas em todos os intervalos de tempo simulados. Isto pode ser

atribuído justamente às trocas laterais que ocorrem entre as minibacias, sem que a

água flua diretamente para a minibacia de jusante, comportamento esperado em

lagoas. Desta forma pode-se dizer, verificando-se esse comportamento e pelo

observado nas estações linimétricas, que as vazões são mais bem representadas

após a inclusão das conexões laterais, ainda que não exista no local uma estação

fluviométrica que permita essa comprovação diretamente.

5.3 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB - IPH com

as condições de contorno

A fim de avaliar qual condição de contorno adotada gerou os melhores

resultados na modelagem hidrológica, foram realizadas as comparações visuais entre

as áreas alagadas pelo modelo com as observadas na realidade em imagens de

satélite. Na Figura 38 são apresentadas composições das bandas 4, 5 e 6 do satélite

Landsat 8 em um dia de estiagem (24/05/2018) e das bandas 3, 4 e 5 do satélite

Landsat 5 em um dia de cheia (27/09/2000) para a região do entorno do canal São

Page 83: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

81

Gonçalo. Já as Figuras 39, 40 e 41 mostram as áreas alagadas pelo modelo MGB-

IPHpara toda a bacia simulada em um dia de estiagem, em 24 de março de 2005

(imagens à direita), e um dia de cheia (imagens à esquerda) em 27 de abril de 2002.

Ao comparar os resultados à imagem apresentada na Figura 38 percebe-se

que a inundação foi mais bem representada pelo modelo quando utilizada a condição

de jusante da barragem-eclusa (Figura 40), apesar de ter superestimado um pouco

no período de seca na região do canal. Nota-se que, em todas as condições de

jusante, mesmo em dias de seca, o modelo continuou representando a área alagada

da Lagoa Mirim de maneira satisfatória e dentro dos seus limites.

Através da análise visual das figuras pode-se verificar também que o modelo

representa as áreas alagadas nas regiões de planícies dos rios Jaguarão, Tacuarí e

Cebollatí. Devido ao bom desempenho do modelo na representação das planícies de

inundação da Lagoa Mirim e seus afluentes quando considerado a condição de

jusante da barragem-eclusa do canal São Gonçalo, pode-se notar a interação do

maior complexo lagunar da América do Sul, o Mirim-Patos-Mangueira.

Figura 38 - Área alagada no canal São Gonçalo em um dia de seca (imagem à esquerda) e um de cheia (imagem à direita).

Page 84: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

82

Figura 39 - Comparação área alagada na condição de declividade constante de 0,005 m.km-1 (dia de cheia na imagem à esquerda) e dia de seca (imagem à direita) na Lagoa Mirim e seus afluentes.

Figura 40 - Comparação área alagada simulada na condição de jusante da barragem-eclusa (dia de cheia na imagem à esquerda) e dia de seca (imagem à direita) na Lagoa Mirim e seus afluentes.

Page 85: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

83

Figura 41 - Comparação área alagada simulada na condição de declividade constante de 20m (dia de cheia na imagem à esquerda) e dia de seca (imagem à direita) na Lagoa Mirim e seus afluentes.

A Tabela 11 apresenta as métricas de desempenho das anomalias dos níveis

com a condição de jusante da barragem-eclusa. Observa-se que houve melhoria

significativa no NS das estações da barragem-eclusa montante e jusante e Porto

quando comparada com as simulações apenas com as conexões laterais. Já nas

estações Santa Isabel e Santa Vitória a melhoria não foi tão pronunciada. Em geral,

as estações apresentaram um ótimo NSlog com o uso da condição de jusante,

também com aumento se comparado com as simulações apenas com as conexões

laterais. Isso evidencia a forte influência dos níveis da Laguna dos Patos sobre os

níveis da Lagoa Mirim e do canal São Gonçalo.

Tabela 11 - Métricas de desempenho das anomalias dos níveis com a condição de jusante da barragem-eclusa do canal São Gonçalo.

Postos Condição de jusante da barragem-eclusa do canal São Gonçalo

NS NSlog ΔV(%) RMSE

Barragem-eclusa montante 0,9477 0,9189 1,31E-12 0,0985

Barragem-eclusa jusante 0,9991 0,9991 1,24E-12 0,0125

Santa Isabel 0,7953 0,7394 2,66E-13 0,3983

Santa Vitória 0,8464 0,8122 8,88E-13 0,3584

Porto 0,6515 0,5693 -9,10E-13 0,1742

NS: Coeficiente de eficiência Nash-Sutcliffe; NSlog: Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das vazões; ΔV: Erro de volume (%); RMSE: Raiz quadrada da média aritmética do quadrado dos desvios (m).

Page 86: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

84

Cabe ressaltar que os mapas de inundação apresentados foram gerados com

a metodologia convencional, sem a utilização do modelo HAND, mais recentemente

incorporado ao MGB-IPH. Dessa forma, a fim de avaliar as diferenças entre a máxima

e mínima área inundada nas duas técnicas, foram aplicadas as duas metodologias e

comparadas ao produto Global Surface Water (GSW).

A Figura 42(a) apresenta o mapa referente a máxima área inundada registrada

pelo GSW e a Figura 42(b) representa as áreas inundadas geradas pelo MGB-IPH

nas duas técnicas distintas (convencional e HAND) em sobreposição. Através destas

é possível constatar a existência de áreas inundadas equivalentes, registradas em

ambas as técnicas, ainda que o modelo de terreno HAND apresente maior área

inundada, conforme é apresentado na Tabela 12.

Figura 42–Mapa da máxima área inundada registrado pelo GSW (a); Máximas áreas inundadas calculadas pelo MGB-IPH sobrepostas (b) (convencional e HAND).

A Tabela 12 apresenta a porcentagem de sobreposição destas áreas geradas

pelo MGB-IPH em relação ao GSW. Percebe-se que em relação a área total de cada

modelo, o convencional apresentou maior porcentagem de sobreposição, de 79.18%

contra 74.80% do modelo com a utilização do HAND.

(a) (b)

Page 87: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

85

Tabela 12 - Áreas totais da máxima área inundada e porcentagens de sobreposição em relação ao GSW.

Metodologias Área total (km²) Sobreposição (%)

GSW 6942, 550 100

Convencional 8526, 925 79,18

HAND 8977, 157 74,80

A Figura 43(a) mostra a mínima área inundada pelo GSW e a Figura 43(b) as

mínimas áreas inundadas geradas pelo MGB-IPH nas duas técnicas distintas

(convencional e HAND) em sobreposição. Novamente houve grande sobreposição da

área inundada entre as duas técnicas, mas, no entorno do canal São Gonçalo, o uso

da metodologia com o uso do HAND alagou menos locais, ficando mais coerente com

o produto GSW e o observado nas imagens de satélite. Já ao redor da lagoa, o uso

do HAND alagou mais áreas.

Figura 43 - Mapa da mínima área inundada registrado pelo GSW (a); Mínimas áreas inundadas calculadas pelo MGB-IPH sobrepostas (b) (convencional e HAND).

Dessa forma, ambos tiveram porcentagens semelhantes de sobreposição ao

GSW, como mostra a Tabela 13.

(a) (b)

Page 88: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

86

Tabela 13 - Áreas totais da mínima área inundada e porcentagens de sobreposição em relação ao GSW.

Metodologia Área total (km²) Sobreposição (%)

GSW 4.850,199 100

Convencional 6.322,782 75, 92

HAND 6.251,932 76, 39

A Figura 44 apresenta os hidrogramas simulados com a condição de jusante

da barragem-eclusa (vermelho) e sem a condição de jusante (azul), ambos com

conexão lateral de 100m de largura. Através da análise dos hidrogramas, pode-se

verificar que ao incluir a condição de jusante o hidrograma foi mais sensível aos

ruídos, com alterações abruptas entre os dias simulados. Também se percebe que,

no começo da simulação, a existência prévia de níveis a jusante leva a altas vazões

negativas, mas que logo são normalizadas pela simulação. Os demais valores

negativos indicam que haveria fluxo da Laguna dos Patos em direção à Lagoa Mirim,

situação que não ocorre sem a introdução da condição de jusante.

Essa simulação confere com as condições naturais observadas, já que ocorre

fluxo invertido no canal São Gonçalo, de jusante para montante (da Laguna dos Patos

para Lagoa Mirim), em alguns períodos do ano, forçado pelas precipitações na bacia,

pela direção dos ventos e demais influências climáticas (El Niño e La Niña). Essa foi

a condição que conferiu necessidade de construção da barragem e eclusa no canal

São Gonçalo, impedindo a intrusão salina para montante do canal, na direção da

Lagoa Mirim, possibilitando usos múltiplos da água nessa vasta região, em especial

para a irrigação e abastecimento público.

Page 89: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

87

Figura 44 - Vazão simulada com a condição de jusante da barragem-eclusa (em vermelho) e sem condição de jusante (em azul).

5.4 Modelagem da bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo com o MGB - IPH com

a inclusão da influência do vento

5.4.1 Modelo com inclusão do vento e dados sub-diários

Os resultados referentes às métricas de desempenho obtidas no teste de

sensibilidade do modelo ao coeficiente de atrito do vento CD nas simulações com

vento com informações em nível sub-diário estão apresentados nas Tabela 14 à

Tabela 17. Essas simulações foram realizadas com a condição de jusante da

barragem-eclusa e com conexão lateral de 100m de largura do canal fictício. Também

são apresentados nessas tabelas as métricas da simulação sem vento, encontradas

na etapa 2. Os valores analisados de CD foram 2x10-6, 4x10-6, 10x10-6, 20x10-6 e

40x10-6. Estes valores foram escolhidos por estarem no intervalo utilizado na literatura,

sendo o de 4x10-6 o mais observado (PAZ et al., 2005).

Conforme pode ser verificado nas tabelas, o uso do coeficiente de atrito de

2x10-6 foi o que resultou melhores métricas de desempenho, com exceção do erro do

volume, que é extremamente baixo em todas as estações de nível. Em comparação

Page 90: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

88

com a simulação sem o vento, nota-se a grande melhoria e excelentes resultados nas

métricas de desempenho no modelo com a simulação do vento.

Tabela 14 - Coeficiente de Nash-Sutcliffe das anomalias dos níveis sub-diários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.

Nash-Sutcliffe Condição jusante sem vento

Coeficiente de atrito do vento CD(E-06)

Postos 2 4 10 20 40

Barragem-eclusa montante 0,9477 0,9921 0,9920 0,9919 0,9916 0,9908

Barragem-eclusa jusante 0,9991 0,9990 0,9990 0,9988 0,9979 0,9945

Santa Isabel 0,7953 0,9626 0,9621 0,9602 0,9571 0,9511

Santa Vitória 0,8464 0,9742 0,9738 0,9717 0,9673 0,9561

Porto 0,6515 0,9808 0,9807 0,9802 0,9787 0,9742

Tabela 15 - Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das anomalias dos níveis sub-diários (NSlog) para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.

NSlog Condição jusante sem vento

Coeficiente de atrito do vento CD (E-06)

Postos 2 4 10 20 40

Barragem-eclusa montante 0,9189 0,8356 0,8349 0,8327 0,8291 0,8205

Barragem-eclusa jusante 0,9991 0,9988 0,9988 0,9984 0,9969 0,9913

Santa Isabel 0,7394 0,7665 0,7625 0,7489 0,7275 0,6863

Santa Vitória 0,8122 0,7903 0,7853 0,7656 0,7279 0,6367

Porto 0,5693 0,7570 0,7561 0,7487 0,7256 0,6424

Tabela 16 - Erro de volume (ΔV) das anomalias dos níveis sub-diários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.

ΔV(%) Condição jusante sem vento

Coeficiente de atrito do vento – CD (E-06)

Postos 2 4 10 20 40

Barragem-eclusa montante 1,31E-12 -9,4E-13 -1,9E-13 -5,1E-12 6,7E-14 1,9E-12

Barragem-eclusa jusante 1,24E-12 -1,7E-12 -7,5E-13 -6,7E-12 7,1E-13 2,4E-12

Santa Isabel 2,66E-13 -3,0E-12 1,2E-12 1,1E-12 -7,4E-13 -9,5E-13

Santa Vitória 8,88E-13 -1,7E-12 -9,3E-13 -9,9E-13 1,7E-12 7,5E-13

Porto -9,10E-13 -3,01 -3,01 -3,0 -2,9 -2,94

Tabela 17 - Raiz da média dos erros quadráticos (RMSE) das anomalias dos níveis sub-diários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.

RMSE (m) Condição jusante sem vento

Coeficiente de atrito do vento – CD (E-06)

Postos 2 4 10 20 40

Barragem-eclusa montante 0,0985 0,1010 0,1013 0,1023 0,1042 0,1089

Barragem-eclusa jusante 0,0125 0,0132 0,0133 0,0147 0,0194 0,0315

Santa Isabel 0,3983 0,3739 0,3765 0,3858 0,4006 0,4274

Santa Vitória 0,3584 0,3528 0,3555 0,3690 0,3971 0,4601

Porto 0,1742 0,1736 0,1737 0,1748 0,1783 0,1890

Da Figura 45 à Figura 54 estão apresentados os cotagramas das anomalias

simuladas e ajustadas pela média dos níveis observados com a inclusão do efeito do

vento a partir de informações sub-diárias, considerando CD igual a 2x10-6, bem como,

os próprios dados observados em cada estação de nível. Também são apresentados

zooms em cada estação para melhor visualização dos cotagramas.

Page 91: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

89

A análise visual permite verificar que os níveis simulados com a inclusão do

vento, em vermelho, acompanham muito bem os níveis observados, em azul, em

todas as estações linimétricas. Os níveis simulados, porém, não apresentam o mesmo

ruído que os dados observados nas estações de Santa Isabel e Santa Vitória do

Palmar, ficando mais suavizados em relação a esses. Na estação da barragem-eclusa

jusante, a partir do qual os níveis foram utilizados como condição de jusante, os níveis

observados e simulados foram praticamente idênticos.

Figura 45 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa jusante.

Page 92: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

90

Figura 46 – Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa jusante.

Figura 47 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa montante.

Page 93: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

91

Figura 48 – Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa montante.

Figura 49 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto do Porto de Pelotas.

Page 94: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

92

Figura 50 – Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto do Porto de Pelotas.

Figura 51 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Isabel.

Page 95: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

93

Figura 52 - Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Isabel.

Figura 53 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Vitória do Palmar.

Page 96: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

94

Figura 54 - Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento a partir de informações sub-diárias e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Vitória do Palmar.

A Figura 55 apresenta o hidrograma das vazões simuladas na condição da

barragem-eclusa jusante, em azul, e com a inclusão do vento sub-diário para a mesma

condição, em vermelho. A Figura 56 mostra um zoom deste hidrograma a fim de

facilitar a visualização. Observa-se que, de maneira geral, as vazões simuladas são

muito parecidas entre si. Entretanto, ao incluir o vento, houve um leve aumento das

vazões máximas e uma diminuição das vazões mínimas.

Page 97: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

95

Figura 55 - Vazões simuladas na condição de jusante da barragem-eclusa (em azul) e com a introdução do vento sub-diário (em vermelho).

Figura 56 - Zoom sobre a vazões simuladas na condição de jusante da barragem-eclusa (em azul) e com a introdução do vento sub-diário (em vermelho).

Page 98: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

96

5.4.2 Modelo com inclusão do vento e dados horários disponíveis em estações

automáticas

Os resultados referentes às métricas de desempenho obtidas no teste de

sensibilidade do modelo ao coeficiente de atrito do vento CD nas simulações com vento

com informações em nível horário disponível em estações automáticas estão

apresentados na Tabela 18 à Tabela 21. Essas simulações foram realizadas com a

condição de jusante da barragem-eclusa e com conexão lateral de 100 metros de

largura do canal fictício. Também são apresentados nessas tabelas as métricas da

simulação sem vento, encontradas na etapa 2. Os valores analisados de CD foram

2x10-6, 4x10-6, 10x10-6, 20x10-6 e 40x10-6.

Da mesma forma que nas simulações com informações de vento sub-diário o

melhor coeficiente de atrito do vento foi 2x10-6, também foi observado este mesmo

resultado no modelo com inclusão do vento e dados horários. A única estação em que

isso não ocorreu foi a de Santa Vitória do Palmar, na qual o maior coeficiente NS e

RMSE foi o de 4x10-6, com valores de 0,8526 e 0,3511, respectivamente.

Diferentemente do que foi observado na modelagem da bacia Mirim-São

Gonçalo com o uso de dados sub-diários, a inclusão de informações horárias não

acarretou uma melhora tão pronunciada quanto na simulação anterior. Cabe ressaltar

que o modelo apresenta vazões e níveis em intervalo de tempo diário, assim como os

dados observados, o que pode explicar porque a maior discretização das informações

do vento não ocasionou melhores resultados, além de o fato de não serem os mesmos

conjuntos de estações em ambas simulações.

Lopes et al. (2018) mostraram que a inclusão do coeficiente do atrito do vento

no módulo de propagação inercial de vazão do modelo hidrológico-hidráulico de

grande escala (MGB-IPH) trouxe benefícios na representação dos níveis d’água

simulados na bacia hidrográfica da Laguna dos Patos. No entanto, o melhor valor de

CD avaliado no teste de sensibilidade foi o de 10x10-6, com melhorias associadas a

todos os postos modelados com o uso de dados horários do vento, o que indica a

importância de testar outras configurações no sistema como o coeficiente de atrito do

vento ou outras fontes de dados de vento.

Page 99: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

97

Tabela 18 - Coeficiente de Nash-Sutcliffe para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.

NS Postos Condição jusante Coeficiente de atrito do vento CD (E-06)

sem vento 2 4 10 20 40

Barragem-eclusa montante 0,9477 0,9464 0,9463 0,9458 0,9448 0,9416

Barragem eclusa jusante 0,9991 0,9990 0,999 0,9988 0,9981 0,9953

Santa Isabel 0,7953 0,8216 0,8201 0,8139 0,8007 0,7694

Santa Vitória 0,8464 0,8523 0,8526 0,8509 0,8393 0,7962

Porto 0,6515 0,8002 0,7989 0,7911 0,7702 0,7094

Tabela 19 - Coeficiente de Nash-Sutcliffe do logaritmo das anomalias dos níveis horários(NSlog) para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.

NSlog Condição jusante sem vento

Coeficiente de atrito do vento – CD (E-06)

Postos 2 4 10 20 40

Barragem-eclusa montante 0,9189 0,8362 0,8360 0,8353 0,8338 0,8298

Barragem-eclusa jusante 0,9991 0,9985 0,9984 0,9980 0,9965 0,9912

Santa Isabel 0,7394 0,7628 0,7609 0,7529 0,7372 0,7017

Santa Vitória 0,8122 0,7900 0,7918 0,7935 0,7866 0,7510

Porto 0,5693 0,7567 0,7549 0,7441 0,7130 0,6119

Tabela 20 - Erro de volume (ΔV) das anomalias dos níveis horários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.

ΔV(%) Condição jusante sem vento

Coeficiente de atrito do vento –CD (E-06)

Postos 2 4 10 20 40

Barragem-eclusa montante 1,31E-12 -3,3E-12 -8,3E-12 -1,9E-12 1,3E-13 2,0E-12

Barragem-eclusa jusante 1,24E-12 -3,3E-12 -9,1E-12 -2,2E-12 3,3E-13 2,0E-12

Santa Isabel 2,66E-13 -1,8E-13 -5,1E-13 -1,8E-13 -1,7E-13 9,5E-13

Santa Vitória 8,88E-13 1,5E-12 9,1E-13 -1,1E-14 -9,5E-13 1,4E-12

Porto -9,10E-13 -3,019 -3,008 -2,977 -2,933 -2,868

Tabela 21 - Raiz da média dos erros quadráticos (RMSE) das anomalias dos níveis horários para diferentes valores de CD. Melhores resultados de cada estação destacados em verde.

RMSE (m) Condição jusante sem vento

Coeficiente de atrito do vento – CD (E06)

Postos 2 4 10 20 40

Barragem-eclusa montante 0,0985 0,1008 0,1009 0,1013 0,1023 0,1052

Barragem-eclusa jusante 0,0125 0,0132 0,0133 0,0144 0,0185 0,0292

Santa Isabel 0,3983 0,3735 0,3750 0,3815 0,3948 0,4246

Santa Vitória 0,3584 0,3515 0,3511 0,3532 0,3666 0,4129

Porto 0,1742 0,1736 0,1738 0,1751 0,1793 0,1914

A Figura 57 apresenta o hidrograma das vazões simuladas na condição da

barragem-eclusa jusante, em azul, e com a inclusão do vento horário para a mesma

condição, em vermelho. A Figura 58 mostra um zoom deste hidrograma a fim de

facilitar a visualização. A partir da análise visual das figuras, nota-se um

comportamento similar aos hidrogramas simulados com o vento sub-diário, ou seja,

vazões simuladas semelhantes com um leve aumento das vazões máximas e uma

diminuição das vazões mínimas com a inclusão do vento.

Page 100: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

98

Figura 57 - Vazões simuladas na condição de jusante da barragem-eclusa (em azul) e com a introdução do vento horário (em vermelho).

Figura 58 - Zoom das vazões simuladas na condição de jusante da barragem-eclusa (em azul) e com a introdução do vento horário (em vermelho).

Da Figura 59 à Figura 68 estão plotados os cotagramas das anomalias

simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados,

considerando o uso do melhor coeficiente de atrito, 2x10-6, assim como, o zoom dos

respectivos cotagramas de cada estação. Os níveis simulados no modelo com vento

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99

horário apresentaram melhor concordância para as estações à montante e a jusante

da barragem-eclusa. Já no posto de Porto de Pelotas os níveis foram superestimados

nas máximas e subestimados nas mínimas. Em Santa Isabel e Santa Vitória do Palmar

ocorreu o oposto, com atenuação das máximas e aumento das mínimas.

Figura 59 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa jusante.

Figura 60–Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa jusante.

Page 102: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

100

Figura 61 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa montante.

Figura 62– Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto da barragem-eclusa montante.

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101

Figura 63 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto do Porto de Pelotas.

Figura 64–Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto do Porto de Pelotas.

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102

Figura 65 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Isabel.

Figura 66 - Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Isabel.

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103

Figura 67 - Cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Vitória do Palmar.

Figura 68 - Zoom sobre os cotagramas das anomalias simuladas com a inclusão do efeito do vento horário e níveis observados, considerando CD igual a 2x10-6, no posto de Santa Vitória do Palmar.

Da Figura 69 à Figura 73 podem ser observadas as evoluções das métricas de

desempenho NS, NSlog e RMSE nas diferentes estações linimétricas ao longo das

diferentes modelagens realizadas. De acordo com os valores apresentados, a gradual

incorporação de complexidade e informações ao modelo trouxe benefícios na

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104

representação dos níveis d’água da bacia nos locais analisados. A melhora mais

pronunciada ocorreu quando inserida a condição de jusante da barragem-eclusa do

canal São Gonçalo. A partir daí, o melhor desempenho foi observado com a inclusão

do efeito do vento em informações sub-diárias. Houve ainda uma melhora menos

significativa nos valores referentes a simulação com o uso de dados de vento horário.

Diferentemente do que foi observado por Munar et al. (2018), que realizaram o

acoplamento de um modelo hidrológico (MGB-IPH) com um modelo hidrodinâmico

(IPH-ECO) para avaliar a influência de forças externas como descarga fluvial e vento

na bacia da Lagoa Mirim, foi obtido no presente estudo um melhor desempenho na

representação dos níveis d’água para a estação de medição de Santa Vitória do que

para a estação de medição de Santa Isabel. De acordo com os autores, os níveis

d’água foram melhores estimados na estação de Santa Isabel, em função da forte

influência das grandes descargas fluviais de um dos principais tributários da Lagoa

Mirim, o rio Cebollati, que elevam o nível d’água na estação de Santa Vitória, conforme

observado anteriormente por Oliveira et al. (2015). Por esse motivo, o modelo

acoplado utilizado por eles não conseguiu representar tão bem os níveis em Santa

Vitória, ao contrário, do modelo integrado do presente estudo.

Möller et al. (2001) modelaram a Laguna dos Patos para simular a sua

hidrodinâmica, aplicando um modelo numérico tridimensional. Os autores analisaram

diferentes dados de vento, vazão e nível, e concluíram que, na maior parte do tempo,

quando a descarga fluvial é baixa, a Laguna tem sua circulação influenciada pelo

vento. No entanto, também foi observado que nos últimos meses do inverno, em que

há uma alta descarga, a circulação é principalmente modulada pela vazão. Já

sazonalmente, a influência das vazões define um nível d’água médio, cuja modulação

é dada, principalmente, pelo vento. Através desses resultados também pode-se

verificar o comportamento da Laguna do Patos com a influência do vento, sendo o

componente longitudinal o principal fator de influência em escalas de tempo de

passagem de sistemas frontais, entre 3 e 16 dias.

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105

Figura 69 -NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica da barragem-eclusa montante nas diferentes simulações realizadas.

Figura 70 - NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica da barragem-eclusa jusante nas diferentes simulações realizadas.

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

Com conexão lateral Com condição dejusante

Com vento sub-diário Com vento horário

Barragem-eclusa montante

Nash Nash-log RMSE

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

Com conexão lateral Com condição dejusante

Com vento sub-diário Com vento horário

Barragem-eclusa jusante

Nash Nash-log RMSE

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106

Figura 71 - NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica de Santa Isabel nas diferentes simulações realizadas.

Figura 72 - NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica de Porto de Pelotas nas diferentes simulações realizadas.

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

Com conexão lateral Com condição dejusante

Com vento sub-diário Com vento horário

Santa Isabel

Nash Nash-log RMSE

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

Com conexão lateral Com condição dejusante

Com vento sub-diário Com vento horário

Porto de Pelotas

Nash Nash-log RMSE

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107

Figura 73 - NS, NSlog e RMSE para a estação linimétrica de Santa Vitória do Palmar nas diferentes simulações realizadas.

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

Com conexão lateral Com condição dejusante

Com vento sub-diário Com vento horário

Santa Vitória do Palmar

Nash Nash-log RMSE

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6 Considerações Finais e Conclusão

A bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo possui grande importância ambiental,

econômica e social, sendo que 47% de sua área total pertence ao território brasileiro

e 53% ao território uruguaio. Sua importância se deve em parte ao fornecimento de

água para o cultivo do arroz irrigado, abastecimento humano e a dessedentação de

animais. O estudo das variações de níveis e vazões que ocorrem no sistema lagunar

e no canal São Gonçalo, que liga a Lagoa Mirim à dos Patos, aponta grande

importância para compreender a hidrodinâmica de um sistema complexo como este,

bem como as interações entre as duas lagoas. Esta interação é influenciada

diretamente pela ação do vento na Lagoa Mirim e na Laguna dos Patos. Este tipo de

atuação causa desníveis entre as extremidades do sistema, levando a rebaixamentos

ou elevações dos níveis dependendo da direção e magnitude do vento.

Assim, o presente trabalho teve o propósito de melhor compreender os efeitos

do vento sobre a bacia Mirim-São Gonçalo através da aplicação do modelo MGB-IPH

bem como aferir se esse traria resultados satisfatórios para a modelagem desse

grande sistema lagunar. Para isso o trabalho foi dividido em 4 etapas. Primeiramente

o modelo foi aplicado conforme disponibilizado para os usuários e calibrado. Após, foi

incorporado ao modelo a possibilidade de trocas laterias entre as minibacias que

compuseram a porção lagunar. Os resultados dessa etapa permitiram obter o valor de

100 metros como o melhor para a largura entre as conexões. Assim pode-se baixar

consideravelmente as vazões de saída no canal São Gonçalo e obter melhores

métricas de desempenho em relação às estações linimétricas no entorno da Lagoa

Mirim e no canal.

A seguir foi avaliada qual condição de jusante forneceria os melhores

resultados à modelagem dos níveis da Lagoa. Os resultados dessa etapa

demonstraram que o melhor cenário para simulação do sistema foi com a inclusão

dos níveis observados na estação à jusante da Barragem-Eclusa. Isto foi constatado

após a comparação entre as manchas de inundação geradas pelo modelo com

aquelas observadas através do sensoriamento remoto.

Por fim, foi incorporado ao modelo a representação do efeito do vento sobre a

geração de vazão e níveis da bacia. A incorporação de níveis sub-diários melhorou

substancialmente o desempenho da modelagem. Todas as estações ao entorno da

bacia apresentaram coeficientes de Nash-Sutcliffe superiores a 0,96 e dos logaritmos

Page 111: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

109

das vazões de 0,76. Já com os dados horários a mesma melhora não foi observada,

ainda que em algumas estações tenha ocorrido a melhoria dos níveis simulados. Isso

pode ser atribuído a diferença entre a forma de obtenção dos dados, por não serem o

mesmo conjunto de postos em ambas as simulações e pelo modelo apresentar saídas

em intervalo de tempo diário.

De maneira geral, com os resultados obtidos pode-se concluir que:

a. A inclusão das conexões laterais entre as minibacias inseridas na Lagoa

Mirim faz com que haja transferência de água entre elas, diminuindo a vazão na foz

da bacia Mirim-São Gonçalo e melhorando a simulação dos níveis d’água.

b. Ao inserir como condição de jusante os níveis observados na estação

linimétrica da barragem-eclusa do canal São Gonçalo, foi possível melhorar não só os

níveis simulados nas estações do próprio canal, como também no restante da lagoa,

demonstrando a influência da Laguna dos Patos sobre os níveis da Lagoa Mirim.

c. A partir da introdução do vento na simulação e com uso de informações de

estações convencionais, os resultados das métricas de desempenho das anomalias

dos níveis simulados em relação aos níveis observados melhoraram

significativamente, com resultados que podem ser considerados excelentes. Com o

uso de informações horárias das estações automáticas o mesmo resultado não foi

obtido.

d. O modelo MGB-IPH se mostrou capaz de simular com sucesso os níveis d’

água na bacia Mirim-São Gonçalo e demonstrou a importância da inclusão do efeito

do vento em modelos hidrológicos quando pretende-se representar os processos

hidrodinâmicos de grandes ambientes lacustres, como é o caso da região de estudo.

Page 112: Dissertação Modelagem hidrológica e hidrodinâmica ...

110

7 Recomendações

Apesar dos resultados obtidos no presente trabalho, recomenda-se ainda que

outros estudos sejam aplicados a fim de melhor descrever e representar esse sistema

lagunar e suas relações com o ambiente, podendo inclusive auxiliar na simulação de

outros locais que possuam mesmas características, ampliando assim o uso do modelo

aplicado.

Dentre as recomendações pode-se destacar:

Teste de outros conjuntos de dados de vento e de diferentes fontes para

analisar a disponibilidade, os impactos e possíveis melhorias da utilização destes;

Verificação da importância da inserção de dados de batimetria recentes

da Lagoa Mirim para a modelagem e quais benefícios seu uso trariam em relação as

estratégias empregadas no presente trabalho;

Inclusão de diversos usos da água na bacia, tais como a irrigação, que

demanda grande volume e pode influenciar os níveis e vazões.

Considerar regras de operação da barragem-eclusa do canal São-

Gonçalo, incorporando ao modelo MGB-IPH e, com isso melhor representar as trocas

entre a Lagoa Mirim e a Laguna dos Patos;

Empregar a influência do vento sobre a Lagoa Mirim para simular o

sistema da bacia da Laguna dos Patos como um todo.

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Referências

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