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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação e Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental Mestrado em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental DISSERTAÇÃO O PROCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS - A EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS (2003 – 2008) Autor: Renato Teixeira Brandão Ouro Preto, MG 2011

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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação e

Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental Mestrado em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental

DISSERTAÇÃO

O PROCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

INDUSTRIAIS - A EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS

(2003 – 2008)

Autor: Renato Teixeira Brandão

Ouro Preto, MG 2011

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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação e

Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental Mestrado em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental

Renato Teixeira Brandão

O PRCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS

- A EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS (2003 – 2008)

Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Freitas de Oliveira Júnior

Coorientadora: Profª. Drª. Maria Eleonora Deschamps Pires Carneiro

Ouro Preto, MG 2011

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental, Universidade

Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos necessários para

a obtenção do título: “Mestre em Sustentabilidade

Socioeconômica e Ambiental – Área de Concentração:

Ambientometria”

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Catalogação: [email protected]

B817p Brandão, Renato Teixeira. O processo de gestão de resíduos sólidos industriais [manuscrito] : a

experiência de Minas Gerais (2003-2008) / Renato Teixeira Brandão. – 2011. xiv, 125f. : il., color.; grafs.; tabs.; mapas. Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Freitas de Oliveira Júnior. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Programa de

Pós-Graduação em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental. Área de concentração: Resíduos sólidos

1. Resíduos sólidos - Teses. 2. Resíduos industriais - Aspectos ambientais - Teses. 3. Gestão ambiental - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

CDU: 502:628.54(815.1)

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AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares por estarem sempre ao meu lado. Em especial à minha esposa pela

compreensão e carinho.

Ao meu orientador professor Arnaldo pela sabedoria e ensinamentos. À minha

coorientadora professora Eleonora pela sua grande contribuição tanto neste trabalho quanto

na minha formação profissional.

Aos meus colegas da FEAM por serem presença constante de colaboração e apoio nessa

trajetória. Em especial aos companheiros Antônio Carlos, Bruno, Karine, Álvaro e

Vandineia por todas as colaborações e considerações.

À FEAM e UFOP por me proporcionarem essa oportunidade.

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RESUMO

Em 2002, com a publicação da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) № 313, o Estado de Minas Gerias deu início ao trabalho de elaboração de seu

primeiro Inventário de Resíduos Sólidos Industriais, que veio a ser publicado em outubro

de 2003. Após a elaboração desse Inventário e sua exposição ao COPAM – Conselho de

Política Ambiental, foi apresentada e aprovada a Deliberação Normativa № 90 de 2005 que

dispõe sobre a declaração de informações relativas às diversas fases de gerenciamento dos

resíduos sólidos industriais no Estado de Minas Gerais. Assim, em 2008 foi criado o

sistema on-line para o encaminhamento das informações referentes ao inventário. Os dados

obtidos no inventário da Fundação Estadual do Meio Ambiente, ano base 2007, para as

empresas classes 3, 4, 5, e 6, apresentaram várias inconformidades quando comparados

àqueles das vistorias preliminares. A partir destas constatações, foi proposto esse trabalho

que tem o objetivo de avaliar se as informações prestadas pelos empreendimentos no

inventário de resíduos sólidos industrias de Minas Gerais está em conformidade com a

realidade observada nas vistorias. Das 854 empresas que preencheram o inventário em

2007, foram realizadas vistorias em duas empresas que mais geraram resíduos por

tipologia, totalizando 47 empresas. Nas vistorias foi preenchido um questionário para

avaliação das inconsistências com relação aos dados do inventário. Dos empreendimentos

vistoriados, cerca de 61,70% das empresas não apresentaram todos os resíduos gerados no

processo produtivo; 36,17% não apresentaram todos os resíduos administrativos; e

34,04% não apresentaram resíduos de manutenção. As empresas, que, de acordo com as

vistorias, apresentaram todos os resíduos, representam somente 21,28%, sendo dez

empresas no total. Os resultados apresentados neste trabalho apontam distorções

significativas relacionadas a todas as etapas de declarações do inventário, quando

comparados aos dados apresentados e os observados nas vistorias. Assim, essas distorções

podem comprometer e interferir de forma negativa no planejamento e na execução de

políticas relacionadas aos resíduos sólidos industriais.

Palavras-chave: Gestão; Inventário; Resíduos Sólidos Industriais.

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ABSTRACT

In 2002, with the publication of the Resolution of the National Environmental Council

(CONAMA) № 313, the State of Minas Gerais began the work of preparing its first

Industrial Waste Inventory, which came to be published in October 2003. After the

preparation of the inventory and its exposure to COPAM - Environmental Policy Council,

was presented and adopted the Normative Deliberation № 90 in 2005 which provides for

the declaration of information on the various phases of industrial solid waste management

in the State of Minas Gerais. Thus, in 2008 created the online system for routing

information pertaining to the inventory. The data in the inventory of the State Foundation

on the Environment, base year 2007, for business classes 3, 4, 5 and 6 showed several

mismatches when compared to those of the preliminary surveys. From these findings, it

was proposed that this work aims to assess whether the information provided by

enterprises in the inventory of solid waste industries of Minas Gerais is consistent with the

observed reality in surveys. Of the 854 companies that completed the inventory in 2007,

surveys were conducted in two companies that generate waste by type, comprising 47

companies. A questionnaire was fill out the surveys to assess inconsistencies with respect

to inventory data. Of the projects surveyed, approximately 61.70% of companies did not

provide all the waste generated in the production process; 36.17% did not have all the

administrative waste, and 34.04% had no maintenance waste. The companies, which,

according to the surveys showed all residues, representing only 21.28%, with ten

companies in total. The results presented here show significant distortions related to all

stages of the inventory statements, when compared to the data presented and seen in

surveys. Thus, these distortions can compromise and interfere negatively in planning and

implementation of policies related to industrial solid waste.

Keywords: Management, Inventory, Industrial Solid Waste.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... ix LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... xi LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... xi LISTA DE QUADROS ....................................................................................................... xii LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS .................................................. xiii

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 15 2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 19

2.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 19 2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 20 3.1 Resíduos sólidos ................................................................................................... 20 3.2 Classificação dos resíduos .................................................................................... 20 3.3 Políticas de Resíduos Sólidos ............................................................................... 25

3.3.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ............................................ 25

3.3.2 Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) ............................................. 28

3.4 Inventários de resíduos sólidos industriais ........................................................... 31

3.4.1 Inventários Nacionais de Resíduos Sólidos Industriais – A Experiência de Portugal. ....................................................................................................................... 32

3.4.2 Inventários Nacionais de Resíduos Sólidos Industriais – A Experiência do Brasil ........................................................................................................................35

3.5 Inventário de Resíduos Sólidos Industriais – A experiência de Minas Gerais ..... 37

3.5.1 Inventário 2003 .............................................................................................. 37 3.5.2 Inventário 2007 .............................................................................................. 46 3.5.3 Inventário 2008 .............................................................................................. 55

3.6 Tipos de destinação final dos resíduos sólidos ..................................................... 66

3.6.1 Reciclagem .................................................................................................... 66 3.6.2 Incineração..................................................................................................... 67 3.6.3 Coprocessamento ........................................................................................... 68 3.6.4 Compostagem ................................................................................................ 69 3.6.5 Aterros ........................................................................................................... 70 3.6.6 Barragens de rejeito ....................................................................................... 73

3.7 Normas Técnicas para classificação, armazenamento e destinação de resíduos .. 74

4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 75 4.1 Seleção do banco de dados ................................................................................... 75 4.2 Seleção das empresas a serem vistoriadas ............................................................ 77

4.3 Procedimentos das vistorias .................................................................................. 81 5 Resultados e discussão ................................................................................................ 82

5.1 Processo Produtivo, insumos e produtos .............................................................. 82

5.2 Geração de Resíduos ............................................................................................. 85 5.3 Armazenamento de Resíduos ................................................................................ 94 5.4 Destinação ............................................................................................................. 95 5.5 Resíduos gerados em anos anteriores ................................................................... 98

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 100

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 102

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Fluxograma geral para a caracterização e classificação de resíduos. .............. 24

Figura 3.2 - Concepção geral da metodologia do Inventário de Portugal. .......................... 34

Figura 3.3 - Mapa das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e respectivas sedes. .......................................................................................... 40

Figura 3.4 - Percentual de resíduos perigosos e não perigosos em 2003. ........................... 42

Figura 3.5 - Percentual de resíduos por formas de destinação em 2003. ............................ 43

Figura 3.6 - Empresas inventariadas por SUPRAM em 2007. ............................................ 48

Figura 3.7 - Porcentagem de resíduos perigosos e não perigosos 2007. ............................. 50

Figura 3.8 - Porcentagem de resíduos perigosos por SUPRAM 2007. ............................... 51

Figura 3.9 - Relação dos tipos de destinos de resíduos 2007. ............................................. 51

Figura 3.10 - Destinos dos resíduos encaminhados a destinação interna 2007. .................. 52

Figura 3.11 - Relação dos tipos de destino 2007 excluindo pilhas, cavas e barragens. ...... 52

Figura 3.12 - Destinos dos resíduos encaminhados a destinação externa 2007. ................. 53

Figura 3.13 - Destinos dos resíduos encaminhados a destinação interna 2007 exceto pilhas, cavas e barragens. ................................................................................................................ 54

Figura 3.14 - Empresas inventariadas por SUPRAM em 2008. .......................................... 58

Figura 3.15 - Porcentagem de resíduos industriais por classe 2008. ................................... 59

Figura 3.16 - Porcentagem de resíduos minerários por classe 2008. .................................. 59

Figura 3.17 - Porcentagem de rejeito por classe 2008. ........................................................ 60

Figura 3.18 - Porcentagem de estéril por classe 2008. ........................................................ 60

Figura 3.19 - Relação dos tipos de destinos de resíduos indústrias 2008. ........................... 63

Figura 3.20 - Destinos dos resíduos indústrias encaminhados à destinação interna 2008. . 63

Figura 3.21 - Destinos dos resíduos industrias encaminhados à destinação externa 2008. . 65

Figura 3.22 - Relação dos tipos de destinos de resíduos industriais 2008........................... 65

Figura 4.1 - Mapa de distribuição dos municípios que tiveram empresas vistoriadas no Estado de Minas Gerais. ...................................................................................................... 79

Figura 5.1 – Porcentagem de empresas que apresentaram os insumos no seu processo produtivo. ............................................................................................................................. 82

Figura 5.2 - Número de empresas que não apresentaram 1, 2, 3 ou mais insumos. ............ 83

Figura 5.3 - Porcentagem de empresas que apresentaram os produtos no seu processo produtivo. ............................................................................................................................. 83

Figura 5.4 - Porcentagem de empresas que apresentaram as etapas do seu processo produtivo. ............................................................................................................................. 84

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Figura 5.5 – Número de empresas por tipo de problema na apresentação das etapas do processo produtivo. .............................................................................................................. 85

Figura 5.6 - Principais problemas com a quantificação dos resíduos. ................................. 87

Figura 5.7 - Relação de consistência da classificação de resíduos pelas empresas. ............ 88

Figura 5.8 - Relação de empresas quanto à apresentação dos laudos.................................. 89

Figura 5.9 - Número de empresas que não declararam seus resíduos, divididos por setor. 90

Figura 5.10 - Número de tipos de resíduos não declarados, divididos por setor. ................ 90

Figura 5.11 - Número de empresas que não apresentaram 1, 2, 3 ou mais resíduos. .......... 91

Figura 5.12 - Número de resíduos perigosos e não perigosos não declarados do processo produtivo. ............................................................................................................................. 92

Figura 5.13 - Porcentagem de resíduos perigosos e não perigosos não declarados. ........... 93

Figura 5.14 - Empresas que não declararam a quantidade de lâmpadas, pilhas e baterias e outros resíduos gerados. ...................................................................................................... 93

Figura 5.15 - Número de áreas que apresentaram ou não estrutura adequada para armazenamento dos resíduos. .............................................................................................. 94

Figura 5.16 - Porcentagem de destinação DE, DI e SDD.................................................... 95

Figura 5.17 - Porcentagem de empresas que apresentaram ou não todos os destinos dos resíduos. ............................................................................................................................... 96

Figura 5.18 – Tipos de resíduos com DE por tipo de destinação. ....................................... 96

Figura 5.19 - Tipos de resíduos com DI por tipo de destinação. ......................................... 97

Figura 5.20 – Número de empresas que não declararam os resíduos: lâmpadas, pilhas e baterias e óleos lubrificantes................................................................................................ 98

Figura 5.21 - Número de empresas que apresentaram ou não todos os resíduos gerados. .. 99

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Trabalho de campo do Inventário de Portugal ................................................ 35

Tabela 3.2- Geração de Resíduos por Estado no Brasil no período de 2001 a 2005. .......... 36

Tabela 3.3 - Empresas inventariadas em 2003 por regional ................................................ 41

Tabela 3.4 - O percentual dos dez resíduos mais gerados em 2003. ................................... 41

Tabela 3.5 - Empresas inventariadas em 2007 por atividade .............................................. 47

Tabela 3.6 - Resíduos mais gerados em 2007 ..................................................................... 49

Tabela 3.7 - Resíduos mais gerados, excluindo estéril e rejeito, em 2007 .......................... 49

Tabela 3.8 - Empresas minerárias inventariadas por atividade em 2008 ............................ 56

Tabela 3.9 - Indústrias inventariadas por atividade em 2008 .............................................. 57

Tabela 3.10 - Resíduos mais gerados pelas indústrias 2008................................................ 61

Tabela 3.11 - Resíduos mais gerados pelas minerações 2008 ............................................. 62

Tabela 4.1 - Relação do números de empresas e geração de resíduos por atividade nos aos de 2007 e 2008 ..................................................................................................................... 76

Tabela 4.2 - Relação entre o total de resíduos inventariados no ano de 2007 e o total de resíduos vistoriados por atividade ....................................................................................... 78

Tabela 4.3 - Números de empresas vistoriadas por município ............................................ 80

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1 - Atividades que devem preencher o Inventário segundo a DN № 90/2005 .... 17

Quadro 3.1 - Número de indústrias por banco de dados utilizados no inventário 2003 ..... 37

Quadro 3.2 - Empresas inventariadas em 2003 por atividade ............................................. 39

Quadro 3.3 - Quadro de determinação da classe a partir do potencial poluidor e do porte. 44

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AR Aviso de Recebimento

BDA Banco de Dados Ambientais

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COPAM Conselho de Política Ambiental

DI Destino Interno

DE Destino Externo

DM Dentro da Mineração

DN Deliberação Normativa

EPA Environmental Protection Agency

FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente

FIEMG Federação das Indústrias de Minas Gerais

FNMA Fundo Nacional do Meio Ambiente

GERES Gerência de Resíduos Sólidos

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

INE Instituto Nacional de Estatística

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia e Normalização e Qualidade Industrial

LDR Land Disposal Restrictions

MMA Ministério do Meio Ambiente

NBR Norma Técnica Brasileira

PERS Política Estadual de Resíduos Sólidos

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

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PROSAM Programa de Saneamento Ambiental

RIB Resíduos Industriais Banais

RIP Resíduos Industriais Perigosos

SDD Sem Destino Definido

SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

SIAM Sistema de Informação Ambiental

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

SUASA Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária

SUPRAM Superintendência de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

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1 INTRODUÇÃO

Desde o início do processo de industrialização da sociedade até há algumas décadas , a

poluição era considerada consequência inevitável das atividades industriais, causando,

assim, impactos negativos em várias regiões do mundo, tendo como principal

preocupação os relacionados à saúde humana. Os órgãos ambientais surgiram com a

preocupação de fiscalizar as empresas e impor padrões de atendimento e as empresas,

por sua vez, se preocupavam somente em atender a esses limites.

O mundo atual é marcado por uma sociedade extremamente consumista, estruturada na

massificação do consumo de bens e produtos para atender as suas necessidades básicas,

bem como à satisfação de seus desejos pelo supérfluo. Segundo Silva (2005), quanto

mais consumista for uma sociedade maior volume de resíduos ou dejetos ela produzirá.

O avanço tecnológico e industrial não nos trouxe apenas o desejado. Junto com os

novos produtos vieram os diversos tipos de poluição ambiental, os agravos à saúde

humana e aos sistemas ecológicos. Para completar, tal avanço trouxe, também, o

aumento da capacidade do homem para explorar os recursos naturais.

Os problemas ambientais que ocorrem hoje no mundo poderiam, em sua maioria, ser

evitados se a educação ambiental e a consequente conscientização ecológica fizessem

parte das preocupações das sociedades desenvolvidas desde a revolução industrial. O

desconhecimento dos efeitos ambientais de certas ações está na origem de grandes

desastres ecológicos. Parece ser consensual a necessidade de disseminar, entre todos,

desde a infância, uma nova consciência e mudança de atitudes, visando à construção de

um desenvolvimento sustentável (MISSIAGGIA, 2002).

A resolução dos problemas ambientais na sua origem facilita a compatibilização dos

procedimentos e práticas ambientalmente aceitos, com o conceito de desenvolvimento

sustentável.

A questão ambiental torna-se um desafio lançado à sociedade moderna; assim, dentro da

proteção ambiental, um tema muito relevante é o gerenciamento da crescente geração de

resíduos sólidos. O aumento populacional das cidades ocasiona uma quantidade

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crescente de geração de resíduos sólidos que, aliado à evolução econômica , aumenta,

ainda mais, as dificuldades para o gerenciamento desses resíduos.

Neste contexto, o gerenciamento de resíduos sólidos industriais tem sido alvo de

preocupação em todo o mundo. O grande potencial de contaminação do meio ambiente

pelo homem levou a elaboração de acordos internacionais, sendo o mais conhecido na

área de resíduos a Convenção da Basileia, emitido em 1989. Esse acordo traça diretrizes

para o controle de movimentação transfronteiriças de resíduos sólidos perigosos e sua

disposição (TANIMOTO, 2004).

Em todas as áreas de atividades humanas, resíduos são gerados de acordo com os

métodos de produção e práticas de consumo, apresentando variação quanto à

composição e volume. Os resíduos perigosos são particularmente importantes, pois,

quando incorretamente gerenciados, podem causar danos à saúde humana e ao meio

ambiente.

Em 2002, com a publicação da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) № 313, o Estado de Minas Gerais deu início ao trabalho de elaboração de

seu primeiro Inventário de Resíduos Sólidos Industriais, que veio a ser publicado em

outubro de 2003. A partir dos dados obtidos foi possível fazer uma primeira

caracterização do gerenciamento dos resíduos sólidos industriais.

Após a elaboração do Inventário de Resíduos Sólidos Industriais e sua apresentação no

COPAM (Conselho de Política Ambiental), foi apresentada e aprovada a Deliberação

Normativa № 90 de 2005 que dispõe sobre a declaração de informações relativas às

diversas fases de gerenciamento dos resíduos sólidos industriais no Estado de Minas

Gerais. Essa Deliberação Normativa discrimina quais as tipologias (Quadro 1.1)

previstas na Deliberação Normativa № 74/2004 devem apresentar as informações sobre

geração, características, armazenamento, transporte, tratamento e destinação dos

resíduos sólidos industriais, além de estabelecer a periodicidade de entrega dessas

informações e demais providências (FEAM, 2008).

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Quadro 1.1 - Atividades que devem preencher o Inventário segundo a DN № 90/2005. Código DN № 74 Descrição da atividade DN №74

A-01 Lavra subterrânea A-02 Lavra a céu aberto B-01 Indústria de produtos minerais não metálicos B-02 Siderurgia com redução de minério B-03 Indústria metalúrgica - metais ferrosos B-04 Indústria metalúrgica - metais não ferrosos B-05 Indústria metalúrgica – fabricação de artefatos B-06 Indústria metalúrgica - tratamentos térmicos,

químicos e superficial B-07 Indústria mecânica B-08 Indústria de material eletroeletrônico B-09 Indústria de material de transporte B-10 Indústria da madeira e de mobiliário C-01 Indústria de papel e papelão C-02 Indústria da borracha C-03 Indústria de couros e peles C-04 Indústria de produtos químicos C-05 Indústria de produtos farmacêuticos e

veterinários C-07 Indústria de produtos de matérias plásticas C-08 Indústria têxtil C-09 Indústria de vestuário, calçados e artefatos de

tecidos em couros C-10-03-0 Fabricação de próteses C-10-04-9 Fabricação de materiais fotográfico,

cinematográfico ou fonográfico C-10-05-7 Fabricação de instrumentos e material ótico C-10-09-1 Fabricação de outros artigos de plástico,

borracha, madeira ou outros materiais (exclusive metais), não especificados ou não classificados.

D-02-08-9 Destilação de álcool F-05 Processamento, beneficiamento, tratamento

e/ou disposição final de resíduos Fonte: (FEAM, 2008)

No início de 2008 foi disponibilizado pela FEAM (Fundação Estadual do Meio

Ambiente) um formulário on line para o preenchimento dos dados solicitados no

Inventário pelas empresas, o que possibilitou a sua compilação. Com base nessa nova

ferramenta foi elaborado, no fim de 2008, o Inventário de Resíduos Sólidos Industriais

Minas Gerais, referente ao ano de 2007.

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Na elaboração do Inventário de 2007 foram compilados os dados de 854 empresas que

se dividiam em 24 tipologias (2 não apresentaram empresas). Uma das conclusões e

recomendações do Inventário é que 346 (42%) das empresas apresentaram até 4

resíduos gerados, o que indica que grande parte das empresas não tem conhecimento da

quantidade de resíduos que geram.

Em 2008 a Gerência de Resíduos Sólidos (GERES) da FEAM começou a realizar

vistorias em algumas empresas que apresentaram o Inventário para a verificação dos

dados apresentados e do sistema de gerenciamento de resíduos. A partir dessas vistorias

observaram-se incompatibilidades entre os dados apresentados pelos empreendimentos

e as verificações nas vistorias.

É muito importante para a indústria conhecer a caracterização dos resíduos por ela

gerados, principalmente quanto à sua periculosidade, além da formas adequadas de

armazenamento, transporte e disposição (GALVÃO FILHO& ASSUNÇÃO, 2003).

Para o Estado, o conhecimento da situação atual do gerenciamento de resíduos em seu

território é de suma importância para a definição de políticas públicas que objetivem o

melhoramento da sua gestão dos resíduos.

Este trabalho está estruturado em 5 capítulos: o Capítulo 1 refere-se à introdução; o

Capítulo 2 aos Objetivos, o Capítulo 3 à Revisão Bibliográfica, o Capítulo 4 trata da

Metodologia utilizada para o seu desenvolvimento, o Capítulo 5 trata dos resultados e

discussão do(s) problema(s) apresentado(s) e, por último, no capítulo 6 são apresentadas as

considerações finais e destacadas as principais conclusões bem como as possíveis

contribuições do autor a partir da elaboração deste trabalho.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar se as informações prestadas pelos empreendimentos no inventário de resíduos

sólidos industrias de Minas Gerais está em conformidade com a realidade observada nas

vistorias.

2.2 Objetivos específicos

• Selecionar o banco de dados com maior representatividade em relação ao estado;

• Selecionar as empresas a serem vistoriadas;

• Definição de metodologia para a avaliação;

• Elaborar questionário a ser aplicados nas vistorias;

• Realizar vistorias nas empresas selecionadas;

• Copilar os dados apurados nas vistorias.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta uma conceituação sobre os resíduos e suas classificações; faz

uma apresentação do inventário de resíduos sólidos em outros países, no Brasil e em

Minas Gerais apresentando a evolução dos dados para o Estado; descreve pontos

relevantes para o gerenciamento de resíduos industriais dentro da Política Nacional de

Resíduos Sólidos e da Política Estadual de Resíduos Sólidos; apresenta as formas de

tratamento e disposição final de resíduos mais utilizadas e identifica uma lista de

normas aplicáveis a resíduos sólidos industriais.

3.1 Resíduos sólidos

A Norma Técnica Brasileira (NBR) 10.004 (ABNT, 2004), bem como as Políticas

Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos, define resíduos sólidos como todos os

resíduos no estado sólido ou semi-sólido que resultam de atividades industriais,

domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas, de serviços e de varrição, incluindo os

lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos

cujas características tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou

corpos d’água ou que exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis

em face de melhor tecnologia disponível. Segundo Missiaggia (2002) resíduos sólidos

são os restos das atividades humanas, considerados como inúteis, indesejáveis ou

descartáveis.

3.2 Classificação dos resíduos

Os resíduos sólidos podem ser classificados de várias formas possíveis, sendo as duas

principais: o primeiro por risco à saúde pública e ao meio ambiente e o segundo pela

origem.

Quando fala-se na classificação quanto à origem, os resíduos são divididos da seguinte

forma (IPT/CEMPRE, 2000):

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• domiciliar: aquele originado na vida diária das residências, constituído por

restos de alimentos (casca de frutas, verduras, sobras, etc.), produtos

deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico,

fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Contém, ainda,

alguns resíduos que podem ser tóxicos.

• comercial: aquele originado nos diversos estabelecimentos comerciais e de

serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares,

restaurantes, etc.

O lixo desses locais tem grande quantidade de papel, plásticos, embalagens

diversas e resíduos de asseio dos funcionários, tais como papel-toalha, papel

higiênico, etc.

• público: aquele originado dos serviços de:

o limpeza pública urbana, incluindo-se todos os resíduos de varrição das

vias públicas; limpeza de praias; limpeza de galerias, córregos e terrenos;

restos de podas de árvores; corpos de animais, etc.

o limpeza das áreas de feiras livres, constituído por restos vegetais

diversos, embalagens, etc.

• serviços de saúde e hospitalares: constituem os resíduos sépticos, ou seja,

aqueles que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos,

oriundos de locais como: hospitais, clinicas, laboratórios, farmácias, clínicas

veterinárias, postos de saúde, etc. Trata-se de agulhas, seringas, gazes,

bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, meios de culturas e animais

usados em testes, sangue coagulado, luvas descartáveis, remédios com prazo de

validade vencido, instrumentos de resina sintética, filmes fotográficos de raios

X, etc.

Os resíduos assépticos desses locais, constituídos por papéis, restos da

preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós, cinzas, etc.) e outros

materiais, desde que coletados segregadamente e não entrem em contato direto

com pacientes ou com os resíduos sépticos anteriormente descritos, são

semelhantes aos resíduos domiciliares.

• portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários: constituem os

resíduos sépticos, ou seja, aqueles que contêm ou potencialmente podem conter

germes patogênicos, produzidos nos portos aeroportos e terminais rodoviários e

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ferroviários. Basicamente, constituem-se de materiais de higiene, asseio pessoal,

e restos de alimentos, os quais podem veicular doenças provenientes de outras

cidades, estados e países.

Também neste caso, os resíduos assépticos desses locais, desde que coletados

segregadamente e não entrem em contato direto com os resíduos sépticos

anteriormente descritos, são semelhantes aos resíduos domiciliares.

• industrial: aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais

como metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, alimentícia, etc.

O lixo industrial é bastante variado podendo ser representado por cinzas, lodos,

óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papéis, madeiras, fibras, borrachas,

metais, escórias, vidros e cerâmica, etc. Nesta categoria, inclui-se a grande

maioria de resíduos considerados tóxicos (Classe I).

• agrícola: São resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária. Incluem

embalagens de fertilizantes e de defensivos agrícolas, rações, restos de colheita,

etc.

Em várias regiões do mundo, esses resíduos já constituem uma preocupação

crescente, destacando-se as enormes quantidades de esterco animal geradas nas

fazendas de pecuária intensa.

As embalagens de agroquímicos, geralmente altamente tóxicos, têm sido alvo de

legislação específica quanto aos cuidados na sua destinação final. A tendência

mundial, neste particular, é para a corresponsabilização da indústria fabricante

nesta tarefa.

• entulho: resíduos da construção civil, composto por materiais de demolição,

restos de obras, solos de escavações diversas, etc. O entulho é geralmente um

material inerte, passível de reaproveitamento, porém geralmente contém uma

vasta gama de matérias que podem lhe conferir toxicidade, com destaque para os

restos de tintas e de solventes, peças de amianto e metais diversos, cujos

componentes podem ser remobilizados caso o material não seja disposto

adequadamente.

Para a classificação dos resíduos quanto ao risco à saúde pública e ao meio ambiente

utiliza-se a Norma da ABNT № 10.004, de 2004, na qual esses resíduos são divididos

em dois grupos: Classe I para resíduos perigosos e Classe II para os não perigosos. A

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Classe II apresenta duas subdivisões: Classe II A para os resíduos não inertes e Classe II

B para os resíduos inertes.

Os resíduos Classe I são definidos como aqueles cujas propriedades físicas, químicas ou

infecto-contagiosas possam acarretar riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Para

que um resíduo seja apontado como Classe I, este deverá constar nos anexos A ou B da

NBR 10.004/2004 ou apresentar uma ou mais das seguintes características:

corrosividade, reatividade, inflamabilidade, toxicidade ou patogenicidade.

Os resíduos da Classe II B inertes são quaisquer resíduos que, quando amostrados de

uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10.007/2004, e submetidos a um

contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente,

conforme ABNT NBR 10.006/2004, não tiverem nenhum de seus constituintes

solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água,

excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G (ABNT 10.004,

2004).

Já os resíduos da Classe II A são aqueles que não se enquadram nas classificações de

resíduos da Classe I - Perigosos ou de resíduos da Classe II B - inertes, nos termos dos

itens anteriores. Os resíduos da Classe II A – não inertes podem ter propriedades, tais

como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

Além dos seus anexos, a NBR 10.004/2004 apresenta como complementação outras

normas que definem: os procedimentos para a obtenção de extrato lixiviado de resíduos

sólidos - NBR 10.005/2004, procedimentos para a obtenção de extrato solubilizado de

resíduos sólidos – NBR 10.006/2004 e procedimentos de amostragem de resíduos

sólidos – NBR 10.007/2004. Na Figura 2.1 está apresentado o fluxo geral para a

caracterização e classificação de resíduos.

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Figura 3.1 - Fluxograma geral para a caracterização e classificação de resíduos. Fonte: NBR 10.004 (ABNT, 2004)

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A NBR10.004 foi atualizada no fim de 2004, quando passou por uma mudança

conceitual na qual, na antiga versão, o foco principal era a classificação dos resíduos

para a disposição em aterros. A nova versão apresenta como objetivo principal a

classificação para o gerenciamento adequado dos resíduos, englobando as etapas de

manuseio, armazenamento e transporte. A utilização dos resíduos pode ser determinada

em função de vários fatores de acordo com o tipo de destinação.

Para a classificação do resíduo deve ser apresentado laudo contendo a indicação da

origem do mesmo, descrição do processo de segregação e descrição do critério adotado

na escolha de parâmetros analisados, quando for o caso, incluindo os laudos de análises

laboratoriais elaborados por responsáveis técnicos habilitados. Quando o resíduo consta

nas listagens dos anexos A ou B da NBR10.004/2004, o laudo pode apresentar somente

a identificação do processo produtivo.

3.3 Políticas de Resíduos Sólidos

3.3.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

A Política Nacional de Resíduos Sólidos – recentemente sancionada pelo Presidente da

República em 2 de agosto de 2010, por meio da Lei 12.305/10 – teve um longo histórico

de tramitação no Congresso Nacional que se iniciou em 1991com a apresentação do

Projeto de Lei – PL 203 e, posteriormente, apensadas 74 proposituras relacionadas ao

assunto. Essa lei dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos bem como sobre

as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,

incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos

instrumentos econômicos aplicáveis.

Para a PNRS, o gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações exercidas,

direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e

destinação final, ambientalmente adequada, dos resíduos sólidos e disposição final,

também ambientalmente adequada, dos rejeitos, de acordo com o plano municipal de

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gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos

sólidos; além da definição de gestão integrada de resíduos sólidos – conjunto de ações

que visam a soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões

política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa

do desenvolvimento sustentável.

Dentro dos princípios instituídos da lei, alguns já foram anteriormente estabelecidos

como os da prevenção e da precaução e do poluidor-pagador até princípios novos como

o da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

Os inventários, o sistema declaratório de resíduos sólidos e os planos de resíduos

sólidos são considerados, na Lei, como uns de seus instrumentos.

Conforme o artigo 20 dessa Lei, estão sujeitos à elaboração do plano de gerenciamento

de resíduos sólidos:

I - os geradores de resíduos sólidos previstos nas alíneas "e", "f", "g" e "k" do inciso I

do art. 13;

II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que:

a) gerem resíduos perigosos;

b) gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua natureza,

composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder

público municipal;

III - as empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de normas

estabelecidas pelos órgãos do Sisnama;

IV - os responsáveis pelos terminais e outras instalações referidas na alínea "j" do inciso

I do art. 13 e, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas pelos órgãos do

Sisnama e, se couber, do SNVS, as empresas de transporte;

V - os responsáveis por atividades agrossilvopastoris, se exigido pelo órgão competente

do Sisnama, do SNVS ou do Suasa.

Parágrafo único. Observado o disposto no Capítulo IV desse Título, serão estabelecidas,

por regulamento, exigências específicas relativas ao plano de gerenciamento de resíduos

perigosos, cujos geradores "e", "f", "g" e "k" do inciso I do art. 13 são respectivamente

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geradores de resíduos sólidos de serviços públicos de saneamento básico, resíduos

indústrias, resíduos de serviços de saúde e resíduos de mineração.

O artigo 21 define os requisitos mínimos que deverão ser apresentados no plano de

gerenciamento de resíduos sólidos:

I - descrição do empreendimento ou atividade;

II - diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados, contendo a origem, o

volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos ambientais a eles

relacionados;

III - observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa

e, se houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos:

a) explicitação dos responsáveis por etapa do gerenciamento de resíduos sólidos;

b) definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento de

resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador;

IV - identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com outros geradores;

V - ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento

incorreto ou acidentes;

VI - metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resíduos sólidos

e, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, à

reutilização e reciclagem;

VII - se couber, ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos

produtos, na forma do art. 31;

VIII - medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos;

IX - periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo de vigência da

respectiva licença de operação a cargo dos órgãos do Sisnama.

Há a exigência também da designação de responsável técnico para a elaboração,

implementação, operacionalização e monitoramento de todas as etapas do plano de

gerenciamento de resíduos, sendo que os responsáveis deverão manter essas

informações atualizadas e disponíveis ao órgão municipal competente, ao órgão

licenciador do Sisnama e a outras autoridades.

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O artigo 27 define a responsabilidade do gerador dos resíduos dos empreendimentos

obrigados a realizar o plano de gerenciamento de resíduos sólidos contemplados no

artigo 20 desta lei, independentemente das contratações de serviços de coleta,

armazenamento, transporte, transbordo, tratamento ou destinação por danos que vierem

a ser provocados pelo gerenciamento inadequado dos respectivos resíduos ou rejeitos.

A instalação e o funcionamento de empreendimento ou atividade que gere ou opere com

resíduos perigosos somente podem ser autorizados ou licenciados pelas autoridades

competentes se o responsável comprovar, no mínimo, capacidade técnica e econômica,

além de condições para prover os cuidados necessários ao gerenciamento desses

resíduos.

Ficam proibidas, ainda, as seguintes formas de destinação ou disposição final de

resíduos sólidos ou rejeitos:

I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;

II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;

III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados

para essa finalidade;

3.3.2 Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS)

Anterior à Política Nacional de Resíduos, a Política Estadual de Resíduos Sólidos –

amparada pela Lei 18.031 e sancionada pelo Governador em doze de janeiro de 2009 –

apresenta muitas definições em comum com a Política Nacional.

A definição de resíduos sólidos utilizada na PERS é apresentada conforme a NBR

10.004/2004. Os rejeitos apresentam a mesma definição nas duas políticas: são os

resíduos sólidos que, depois de esgotadas as possibilidades de tratamento e recuperação

por processos tecnológicos viáveis econômica e ambientalmente, se destinem à

disposição final ambientalmente adequada.

Resíduos industriais estão definidos como os provenientes de atividades de pesquisas,

de transformação de matérias-primas em novos produtos, de extração mineral, de

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montagem e manipulação de produtos acabados, inclusive aqueles gerados em áreas de

utilidade, apoio, depósito ou administração das referidas indústrias ou similares.

A gestão integrada de resíduos sólidos é definida como o conjunto articulado de ações

políticas, normativas, operacionais, financeiras, de educação ambiental e de

planejamento desenvolvidas e aplicadas aos processos de geração, segregação, coleta,

manuseio, acondicionamento, transporte, armazenamento, tratamento e destinação final

dos resíduos sólidos.

O artigo 2.º da Lei determina a aplicação das normas homologadas pelos órgãos do

Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária – ANVISA, do Instituto Nacional de Metrologia e Normalização e Qualidade

Industrial – INMETRO e da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Esse

artigo formaliza a utilização das normas da ABNT pelo Estado de Minas Gerais, com a

aplicação de todas as referentes a resíduos.

Os princípios adotados na política são apresentados na seguinte ordem:

I - a não geração;

II - a prevenção da geração;

III - a redução da geração;

IV - a reutilização e o reaproveitamento;

V - a reciclagem;

VI - o tratamento;

VII - a destinação final ambientalmente adequada;

VIII - a valorização dos resíduos sólidos.

A Política Estadual define como competência dos geradores de resíduos das atividades

industrial e minerária a responsabilidade pelo seu gerenciamento, desde a sua geração

até a destinação final, incluindo:

I - a separação e a coleta interna de resíduos de acordo com suas classes e

características;

II - o acondicionamento, a identificação e o transporte interno, quando for o

caso;

III - a manutenção de áreas para a sua operação e armazenagem;

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IV - a apresentação de resíduos para coleta externa, quando for o caso, de

acordo com as normas pertinentes e na forma exigida pelas autoridades

competentes;

V - o transporte, o tratamento e a destinação final dos resíduos, na forma

exigida pela legislação pertinente.

O gerenciamento deverá ser realizado por meio do Plano de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos e integrará os documentos que comporão o processo de licenciamento.

Esse processo apresenta um levantamento da situação, naquele momento, do sistema de

manejo dos resíduos sólidos, a pré-seleção das alternativas mais viáveis e o

estabelecimento de ações integradas e diretrizes relativas aos aspectos ambientais,

educacionais, econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais e legais para

todas as fases de gestão dos resíduos sólidos, desde a sua geração até a destinação final.

Ressaltam-se como instrumentos da política os seguintes itens:

I - os indicadores para o estabelecimento de padrões setoriais relativos à

gestão dos resíduos sólidos;

II - os Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, elaborados com base

em padrões setoriais, com definição de metas e prazos;

V - o inventário estadual de resíduos sólidos industriais, instituído pela

Resolução Conama n.º 313, de 2002;

VII - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios destinados a atividades

que adotem medidas de não geração, redução da geração, reutilização,

reaproveitamento, reciclagem, geração de energia, tratamento ou disposição final

de resíduos sólidos;

VIII - o controle e a fiscalização;

IX - os programas de incentivo à adoção de sistemas de gestão ambiental pelas

empresas;

X - os incentivos para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias ligadas

à gestão de resíduos sólidos.

Os resíduos perigosos são tratados nos artigos 45 e 46 nos quais os órgãos estaduais

competentes editarão as normas relativas à gestão dos resíduos sólidos perigosos; o

transporte, o armazenamento, o depósito, a guarda e o processamento de resíduos

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perigosos no Estado dependem de prévia autorização dos órgãos ambientais

competentes. O artigo 46 em seu parágrafo único ressalta que a importação e a

exportação de resíduos perigosos deverão ser comunicadas ao Conselho Estadual de

Política Ambiental – Copam; porém, esse item não dá a prerrogativa ao COPAM de

proibir a entrada de resíduos perigosos no Estado.

3.4 Inventários de resíduos sólidos industriais

Tanto no âmbito estadual quanto na esfera nacional, há limitação de informações

precisas acerca do universo de indústrias geradoras de resíduos por tipologia; quanto à

localização; características e quantificação desses resíduos; e identificação das áreas de

risco, com passivos ambientais por disposição final inadequada.

O controle efetivo dos resíduos industriais com características de periculosidade é uma

preocupação de toda a sociedade e depende da manutenção dos dados atualizados de

geração e destinação final, de modo a possibilitar a avaliação da fonte poluidora e a

identificação da real necessidade de cada ramo industrial aperfeiçoar o seu

gerenciamento.

Uma das ferramentas básicas recomendadas para avaliar o cenário dos resíduos sólidos

é a realização prévia do inventário – instrumento que, por meio da obtenção de dados

cadastrais e de pesquisa de campo das fontes geradoras, sistematiza as informações

sobre a geração, acondicionamento, transporte, armazenamento e destino final. Essas

avaliações podem ser empregadas em importantes trabalhos de planejamento das ações

de controle da poluição industrial, auxiliando, por exemplo, na priorização dessas ações,

ao considerar o cruzamento das potencialidades da poluição por geração de resíduos

sólidos no planejamento de usos do solo e no planejamento empreendido pelos órgãos

estaduais de meio ambiente, visando ao desenvolvimento industrial sustentado

(FEPAM, 1997). Assim, o inventário é o início do planejamento para o gerenciamento

dos resíduos, uma vez que todas as ações seguintes usarão como base as informações

geradas nessa fase.

O estudo de inventariação de resíduos apresenta uma série de vantagens para empresas e

órgãos governamentais, tais como (PEREIRA, 2008):

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• possibilidade de identificar a magnitude do impacto no meio ambiente a fim de

facilitar a aplicação de medidas mais adequadas por parte das fontes poluidoras e

das autoridades ambientais para a coleta, o transporte, tratamento e

armazenamento temporário ou final dos resíduos;

• conhecer e caracterizar os resíduos com a finalidade de buscar formas mais

eficientes e seguras de reutilização, reciclagem, tratamento e destinação final;

• incentivar o desenvolvimento de tecnologias industriais “mais limpas” que

contribuam para a redução de resíduos produzidos;

• permitir a criação de uma base de dados quantitativa e qualitativa dos resíduos

produzidos para outros estudos;

• planejar corretamente a criação e manutenção de aterros e depósitos controlados;

• classificar os resíduos de acordo com a legislação vigente;

• identificar os reais riscos à saúde e segurança pública;

• Identificar, controlar e fiscalizar os sítios de impactos;

• estabelecer corretos mecanismos de base para a atualização dos aspectos legais,

como a definição das Leis atuantes sobre o tema;

• viabilizar novos empreendimentos de gerenciamento e reutilização dos resíduos

que contribuem indiretamente para a criação de emprego e renda.

3.4.1 Inventários Nacionais de Resíduos Sólidos Industriais – A Experiência de Portugal

O trabalho realizado em Portugal foi um dos primeiros no âmbito nacional para os

resíduos sólidos industriais. O processo de inventariação teve com objetivo obter

informações sobre a produção de resíduos industriais banais (RIB) e perigosos (RIP)

produzidos em 2001. Esse projeto fez parte do desenvolvimento e atualização da

política de gestão de resíduos industriais naquele país. O trabalho de campo e as

análises dos resultados foram realizados por seis grandes universidades portuguesas

distribuídas pelo território.

A concepção da metodologia adaptada no estudo decorreu não apenas da carência de

informação regular sobre a produção de RIB e RIP, nomeadamente o reduzido número

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de mapas anuais de registro de resíduos disponível, mas também das deficiências

detectadas no respectivo preenchimento. Adicionalmente, o carregamento em base de

dados daqueles mapas (referentes a 2001), à data do início do estudo, era parcial, o que,

necessariamente, implicava dificuldades inultrapassáveis em um curto espaço de tempo.

No entanto, o aspecto determinante, relativo à informação disponível, centrou-se, como

referido, na carência de representatividade e consistência dos dados existentes,

inviabilizando a respectiva utilização dentro de margens de erro aceitáveis. Assim, e

considerando:

(i) que o preenchimento presencial de mapas de resíduos acrescentaria qualidade à

informação a obter;

(ii) que o Instituto Nacional de Estatística (INE) não dispunha de informação da

produção industrial suficientemente desagregada por produtos, nem

regionalizada e

(iii) que direcionando o estudo ao desenvolvimento de soluções de tratamento e

destino final de RIB e RIP produzidos no país para o que é necessário

conhecer, para além de quantidades globais – a localização da produção – foi

concebida a metodologia que se mostra na Figura 2.2 (Instituto dos

Resíduos, 2003).

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Figura 3.2 - Concepção geral da metodologia do Inventário de Portugal. Fonte: (Instituto dos Resíduos, 2003) Este estudo foi desenvolvido a partir de quatro fases, assim divididas (Instituto dos

Resíduos, 2003):

Fase 1 – Preparação do Inventário - Esta Fase, preparatória do estudo a desenvolver,

incluiu as seguintes atividades: a) identificação de entidades (Câmaras Municipais,

Associações Industriais, Associações Setoriais e outras) pertinentes à realização do

estudo; b) sensibilização das entidades referidas em (a) e recolhimento de informações

disponíveis sobre produção de RIB e RIP; c) verificação da implantação geográfica de

unidades industriais, no âmbito de intervenção do estudo; d) planejamento da realização

do estudo; e) recrutamento e seleção de pessoal para realização de trabalho de campo; f)

formação do pessoal selecionado; g) concepção e estabelecimento de uma estrutura para

planejamento e coordenação do trabalho de campo; h) contratação de meios necessários

à execução do estudo.

Fase 2 – Trabalho de Campo – Execução de Trabalho de Campo. Consistiu nas

visitas às unidades industriais e carregamento em base de dados da informação obtida,

repartido pelas universidades intervenientes (Tabela 2.1).

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Tabela 3.1 - Trabalho de campo do Inventário de Portugal. Universidade Unidades Industriais Visitantes

Porto 2581 Nova de Lisboa 2006 Minho 2414 Aveiro 1680 Algarve 1219

Total 9900

Fonte: (Instituto dos Resíduos, 2003)

Fase 3 – Desenvolvimento de Indicadores de Produção RIB e RIP - Essa Fase

correspondeu ao desenvolvimento de indicadores de produção de RIB e RIP (Fatores de

Emissão), ou seja, do estudo e proposta de tipos e quantidades de resíduos produzidos

por unidade de produto, de forma a permitir extrapolar a produção de resíduos com base

em produtos produzidos no país. O desenvolvimento dos mencionados indicadores

baseou-se na informação obtida por meio das seguintes atividades:

• pesquisa bibliográfica;

• análise da produção de RIB e RIP em unidades industriais especialmente

representativas do(s) setor(es) em observação e eventual preenchimento dos

correspondentes mapas de resíduos, para ratificar a informação.

Fase 4 – Tratamento das Informações – Tratamento dos dados obtidos na Fase 2, para

estimativa de quantidades de RIB e RIP, por setor e por produto, visando à aplicação de

indicadores desenvolvidos .

3.4.2 Inventários Nacionais de Resíduos Sólidos Industriais – A Experiência do Brasil

Para a realização da um inventário de resíduos no âmbito nacional, o CONAMA

publicou em julho de 1988 a Resolução № 006, a qual estabelecia que, no processo de

licenciamento ambiental de atividades industriais, os resíduos produzidos ou existentes

deveriam ser objeto de um controle específico. Conforme o Artigo 2.º “as empresas têm

um prazo de 60 dias, após a notificação do órgão ambiental competente, para apresentar

o inventário dos resíduos produzidos”.

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A publicação da Resolução № 313 de 2002 do CONAMA, conforme constate no

Anexo I, revogou a Resolução № 006 e instituiu o Inventário Nacional de Resíduos

Sólidos Industriais que visa coletar informações sobre geração, características,

armazenamento, transporte e destinação dos resíduos sólidos gerados por determinadas

tipologias industriais no parque industrial brasileiro, por meio dos órgãos estaduais de

meio ambiente. Essa regulamentação iniciou os trabalhos de compilação dos dados

estaduais que tiveram apoio do Ministério do Meio Ambiente – MMA.

Segundo Abrelpe (2009), os Estados Acre, Amapá, Ceará, Goiás, Minas Gerais,

Pernambuco e Rio Grande do Sul apresentaram seus inventários entre os anos de 2001 e

2005; São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro utilizaram dados do Panorama das Estimativas

de Geração de Resíduos Industriais – ABETRE/FGV, como mostra a Tabela 2.2.

Tabela 3.2- Geração de Resíduos por Estado no Brasil no período de 2001 a 2005.

UF Perigosos (t/ano) Não Perigosos (t/ano)

Total (t/ano)

AC 5.500 112.765 118.265

AP 14.341 73.211 87.552

CE 115.238 393.831 509.069

GO 1.044.947 12.657.326 13.702.273

MG 828.183 14.337.011 15.165.194

PE 81.583 7.267.930 7.349.513

RS 182.170 946.899,76 1.129.070

PR 634.543 15.106.393 15.740.936

RJ 293.953 5.768.562 6.062.515

SP 535.615 26.084.062 26.619.677

Total 3.736.073 82.747.991 86.484.064

Fonte: (ABRELPE,2009)

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3.5 Inventário de Resíduos Sólidos Industriais – A experiência de Minas Gerais

3.5.1 Inventário 2003

O Inventário Estadual de 2003 foi o primeiro realizado em Minas Gerias e teve como

principal embasamento legal a Resolução CONAMA № 313 de 2002 e o apoio Fundo

Nacional do Meio Ambiente – FNMA do Ministério do Meio Ambiente – MMA.

Para a seleção das indústrias foram utilizados três bancos de dados: o primeiro

(Primário) e o terceiro (Têxtil) provenientes de pesquisas no sistema da FEAM; o

segundo (PROSAM) obtido a partir da listagem das empresas selecionadas no Programa

de Saneamento Ambiental das sub-bacias do Arrudas e Onça, totalizando 1305

indústrias, como mostrado no Quadro 2.5.

Quadro 3.1 - Número de indústrias por banco de dados utilizados no inventário 2003.

Banco de Dados Número de Indústrias

Primário 932

Prosam 160

Têxtil 213

Total 1305 Fonte: (FEAM, 2003)

A atualização das informações cadastrais, das quais as mais antigas datavam de 1978,

indicou que apenas 629 indústrias se enquadravam nos requisitos propostos de tipologia

e porte. Essas atualizações foram realizadas via ligações telefônicas, pesquisa na Junta

Comercial e, em último caso, por meio de visitas de campo. Foi observada a intensa

dinâmica no parque industrial, com destaque para o elevado número de empresas que

haviam encerrado suas atividades (RIBEIRO, 2005).

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As empresas foram convocadas, por meio de ofício encaminhado via correio, com

Aviso de Recebimento – AR. Os representantes das empresas foram convidados para

reuniões momento em que foi apresentado o programa de informática utilizado,

explicando o preenchimento do formulário, por meio do Manual de Instruções

desenvolvido especialmente para esse fim, procurando, dessa forma, dirimir as dúvidas

e questões gerais sobre o Inventário. Para o desenvolvimento do Inventário foi utilizado

o programa-base disponível pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA),

desenvolvido especialmente para fins de obtenção de dados de resíduos sólidos

industriais nos Estados que utilizam como ferramenta de banco de dados o Microsoft

Access. O período de execução do Inventário foi de agosto de 2002 a outubro de 2003.

O Inventário contou com duas formas de retorno dos formulários: relatório impresso,

gerado pelo próprio programa, emitido, conferido e assinado por responsável da

empresa; formulário eletrônico, enviado por e-mail para a Central de Atendimento, que

permaneceu dez meses em funcionamento para esclarecimentos e orientações para o

preenchimento do formulário (RIBEIRO, 2005). Os dados apresentados pelas empresas

compreenderam um período de 12 meses, sendo a data limite inicial de julho de 2001.

Os formulários foram avaliados individualmente, com o objetivo de se verificar a

consistência entre as quantidades de resíduos geradas e destinadas, além de erros em

quantificação, classificação dos resíduos e exclusão dos resíduos não coerentes, como

exemplo, os resíduos líquidos. Os contatos para as correções desses dados eram feitos

por meio de contato telefônico. Quando não era possível contatar a empresa para efetuar

as alterações, procurava-se, na medida do possível, preservar os dados iniciais

apontados.

As empresas foram distribuídas de acordo com os códigos do Classificação Nacional de

Atividades Econômicas – CNAE, conforme demonstrado no Quadro 3.2.

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Quadro 3.2 - Empresas inventariadas em 2003 por atividade.

CÓDIGO ATIVIDADE DESCRIÇÃO № DE EMPRESAS

13 Extração de minerais metálicos (incluídas indústrias com beneficiamento)

1

14 Extração de minerais não metálicos (incluídas indústrias com beneficiamento)

3

17 Fabricação de produtos têxteis 73 18 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 3 19 Fabricação de couros e artefatos de couro, artigos de viagem

e calçados 31

20 Fabricação de produtos de madeira 5 21 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 22 22 Edição, impressão e reprodução de gravações 4 23 Fabricação de coque, refino de petróleo, produção de álcool 1 24 Fabricação de produtos químicos 69 25 Fabricação de artigos de borracha e plástico 31 26 Fabricação de produtos de minerais não metálicos 82 27 Metalurgia básica 84 28 Fabricação de produtos de metal – exclusive máquinas e

equipamentos 47

29 Fabricação de máquinas e equipamentos 17 30 Fabricação de máquinas e equipamentos de informática 1 31 Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 32 32 Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e

equipamentos de comunicações 7

33 Fabricação de equipamentos de instrumentação médico- hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetro e relógios

1

34 Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias

43

35 Fabricação de outros equipamentos de transporte 3 36 Fabricação de móveis e indústrias diversas 14 37 Reciclagem 6 45 Construção 1 50 Comércio e reparação de veículos automotores e

motocicletas 3

93 Tinturaria 2 Fonte: (FEAM, 2003)

As atividades 27 (Metalurgia Básica), 26 (Fabricação de Produtos de Minerais não

Metálicos), 17 (Fabricação de Produtos Têxteis) e 24 (Fabricação de Produtos

Químicos) com 87, 86, 83 e 69 empresas respectivamente foram as atividades que

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apresentaram o maior número de empresas inventariadas, representando juntas mais de

50% do total das empresas.

As empresas foram divididas de acordo com a localização no Estado obedecendo a

divisão das Superintendências de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável –

SUPRAMs (Figura 3.3). A regional Central apresenta 42,15%, seguida pela Sul de

Minas com 23,55% e a regional Alto São Francisco, com 13,48%. As demais regiões do

estado apresentaram porcentagem inferior a 10% das empresas inventariadas (Tabela

3.3).

Figura 3.3 - Mapa das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e respectivas sedes. Fonte: (FEAM, 2008)

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Tabela 3.3 - Empresas inventariadas em 2003 por regional.

REGIÃO GEOGRÁFICA

NUMERO DE EMPRESAS

% RELAÇÃO AOTOTAL

Alto São Francisco 79 13,48 Central 247 42,15 Jequitinhonha 2 0,34 Leste Mineiro 27 4,61 Norte de Minas 14 2,39 Sul de Minas 138 23,55 Triângulo Mineiro 33 5,63 Zona da Mata 46 7,85 TOTAL 586 100 Fonte: (FEAM, 2003)

As 586 empresas geraram um total de 15.165.193,65 toneladas de resíduos,

considerando o ciclo de doze meses (data limite inicial de julho/2001).

A tabela 3.4 mostra os dez resíduos mais gerados que representam 80% do total,

apresentando como maiores destaques as escórias de alto-forno/aciaria, fosfogesso e

resíduos minerais não metálicos.

Tabela 3.4 - O percentual dos dez resíduos mais gerados em 2003.

Resíduo Quantidade (t) % Total Escória alto-forno/aciaria 4.328.146 28,54 Fosfogesso 2.365.770 15,60 Res. minerais não metálicos 2.338.472 15,42 Sucata de metais ferrosos 1.079.761 7,12 Rejeito da flotação 643.004 4,24 Res. emis. gas. não tóxico 429.174 2,83 Resíduos de bauxita 98.844 2,63 Res. past. ETE não tóxico 236.577 1,56 Lama terciária 163.784 1,08 Finos de minério de ferro 141.036 0,93

Total 12.124.572 80 Fonte: (FEAM, 2008)

Os resíduos gerados foram classificados e divididos em duas classes: resíduos perigosos

e resíduos não perigosos. Os resíduos perigosos tiveram um total de 828.182,75 t,

representando 5,46% do total (Figura 3.4).

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Figura 3.4 - Percentual de resíduos perigosos e não perigosos em 2003. Fonte: (FEAM, 2003)

Os resíduos gerados foram classificados segundo três opções de destino (FEAM, 2003):

1) Sem Destino Definido (SDD) – resíduos gerados no período do inventário que não

tiveram destino definido até a data de término do período de referência do inventário,

encontrando-se, portanto, armazenados na área da indústria;

2) Destino Interno (DI) – resíduos gerados no período de referência que foram

destinados à própria planta industrial, seja para tratamento, disposição ou reutilização;

3) Destino Externo (DE) – resíduos gerados no período de referência, que receberam

algum tipo de tratamento, reutilização, reciclagem ou disposição final fora da unidade

industrial.

Apresentando como a maior forma de destinação DI com aproximadamente 46% do

total (Figura 3.5).

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Figura 3.5 - Percentual de resíduos por formas de destinação em 2003. Fonte: (FEAM, 2003)

Dentre as formas de destinação DI, as principais são listadas a seguir (RIBEIRO, 2005):

- outras formas de disposição (37%);

- reutilização / reciclagem interna (29,07%);

- aterro industrial próprio (23,82%);

- incorporação em solo agrícola (3,34%);

- utilização em forno industrial (exceto fornos de cimento) (2,33%).

As principais formas de DE apontadas foram (RIBEIRO, 2005):

- coprocessamento em fornos de cimento (55,82%);

- outras formas de reutilização/reciclagem/recuperação (19,31%);

- incorporação em solo agrícola (11,67%).

- Ssucateiros intermediários (7,99%);

- aterro industrial próprio (4,32%);

Dentre as conclusões e recomendações do inventário destacam-se:

- o estabelecimento de uma política de educação e extensão ambiental visando ao

conhecimento da definição de Resíduos Sólidos, sua classificação e destinações mais

adequadas;

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- elaboração de proposta de política estadual para os resíduos sólidos industriais, tendo

como base os princípios da não geração, redução, reutilização, reaproveitamento,

tratamento e disposição final, em função do perfil dos resíduos gerados no Estado,

incentivando alternativas que possam minimizar os impactos produzidos;

- estímulo à implementação de sistema de gestão de resíduos permanente nas empresas.

Os primeiros dados sobre resíduos sólidos industriais no Estado de Minas Gerais foram

amplamente divulgados nas várias reuniões do COPAM e em outros fóruns de meio

ambiente, tendo tido como consequência a aprovação, pelo próprio COPAM, da

Deliberação Normativa № 90, de setembro de 2005, que dispõe sobre a declaração de

informações relativas às diversas fases de gerenciamento dos resíduos sólidos

industriais no Estado de Minas Gerais. Essa declaração tem como base a Resolução

CONAMA № 313.

A DN № 90/2005 discrimina quais as tipologias previstas na Deliberação Normativa №

74/2004 que devem apresentar as informações sobre geração, características,

armazenamento, transporte, tratamento e destinação dos resíduos sólidos industriais,

estabelecendo periodicidade de entrega e demais providências, e essas informações

deveriam ser apresentada de acordo com o Anexo I dessa Deliberação.

A DN №74/2004 classifica os empreendimentos de acordo com o porte e o potencial

poluidor da atividade, tendo sido enquadrados nas classes de 1 a 6 (Quadro 3.3).

Quadro 3.3 - Quadro de determinação da classe a partir do potencial poluidor e do porte.

Potencial poluidor/degradador geral da atividade P M G

Porte do P 1 1 3 Empreendimento M 2 3 5

G 4 5 6 Fonte: (DN №74, 2004)

A DN № 90/2005 define que as empresas enquadradas nas classes 5 e 6 deverão

apresentar os dados anualmente, enquanto as de atividade classe 3 e 4 a cada dois anos.

Nos dados apresentados pelas empresas referentes aos anos de 2005 e 2006, não foi

realizada compilação, mas somente uma avaliação individualizada de cada declaração

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com os automonitoramentos realizados pelas empresas dentro do processo de

licenciamento delas.

Em 2006, por meio do Decreto Estadual 44.343, a FEAM assumiu novas atribuições e

estrutura, surgindo, assim, a Gerência de Resíduos Sólidos – GERES que apresenta as

seguintes atribuições:

I - ampliar, sistematizar, atualizar e divulgar os dados do inventário de resíduos sólidos

industriais e minerários;

II - fomentar e participar de programas e projetos de pesquisa e de desenvolvimento

tecnológico referentes à geração e disposição final adequada de resíduos sólidos, de

forma a proteger a saúde humana e o meio ambiente;

III - fomentar o desenvolvimento de ações que resultem na prevenção, minimização,

reutilização, reciclagem e tratamento e disposição final de resíduos de forma a proteger

a saúde e o meio ambiente; e

IV - apoiar as ações do Centro Mineiro de Referência em Resíduos, em especial às

relativas à redução, reúso e reciclagem de resíduos sólidos industriais e minerários.

A primeira dificuldade apurada quando das tentativas iniciais de compilação dos dados

encaminhados pelas empresas, referentes ao ano de 2006, foi a diferença nas formas de

apresentação desses dados que, em muitas vezes, não estavam contidos nas informações

solicitadas na DN № 90/2005; além disso, havia, também, a dificuldade da própria

compilação dos dados, por se encontrarem disseminados nos processos de

licenciamento.

Para a solução desse problema, foi disponível um formulário eletrônico para

preenchimento on line, em que o próprio sistema exigia as informações mínimas que

deveriam ser apresentadas quando da conclusão . Essas informações alimentavam

diretamente um banco de dados do qual poderiam ser retirados relatórios específicos. A

aplicação desse formulário foi realizada em 2008 para as declarações dos dados do ano

anterior.

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3.5.2 Inventário 2007

Em janeiro de 2008, ficou disponível no site da SEMAD e da FEAM o formulário

eletrônico referente às informações do Inventário de Resíduos Sólidos Industriais( ano

2007) e realizada divulgação na Federação das Indústrias de Minas Gerais – FIEMG

que repassou, por e-mail, a informação para todos os seus associados. Além disso, foi

realizado contato telefônico com as empresas cadastradas no Sistema de Informação

Ambiental – SIAM que se enquadravam dentro das atividades listadas na DN №

90/2005.

Foram contempladas 854 empresas para terem os dados tabulados em planilhas e

submetidas a um processo de análise de consistência, que resultou na exclusão de 48

empresas, por não serem passíveis de apresentarem o inventário; e na inclusão de outras

dezoito, por se enquadrarem após revisão (FEAM, 2008).

As empresas foram divididas de acordo com as atividades definidas na DN № 90/2005

(tabela 3.5), apresentando a atividade B-01 – Indústria de Produtos Minerais Não

Metálicos com 147 empresas representando 17,21%, e A-02 – Lavra a céu aberto com

113 representando 13,23%. Outras atividades que merecem destaque são C-04 –

Indústria de Produtos Químicos, com 7,38% igual a 63 empresas, seguido por B-02 –

Siderurgia com Redução do Minério, com 7,14%, ou seja, 61 empresas; e de C-09 –

Indústria de Vestuário, Calçados e Artefatos de Tecidos em Couro 6,56%,

correspondente a 56 empresas (FEAM, 2008).

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Tabela 3.5 - Empresas inventariadas em 2007 por atividade.

Tipologia Quantidade de empresas %

A-01 – Lavra subterrânea 6 0,70 A-02 – Lavra a céu aberto 113 13,23 B-01 – Ind. de prod. minerais não metálicos 147 17,21 B-02 – Siderurgia com redução de minério 61 7,14 B-03 – Ind. metalúrgica- metais ferrosos 40 4,68 B-04 – Ind. metalúrgica - metais não ferrosos 27 3,16 B-05 – Ind. metalúrgica - fáb. de artefatos 42 4,92

B-06 – Ind. metalúrgica - tratamentos térmicos, químicos e superficial 5 0,59 B-07 – Ind. mecânica 21 2,46 B-08 – Ind. de materiais eletroeletrônico 13 1,52 B-09 – Ind. de material de transporte 47 5,50 B-10 – Ind. de madeira e de mobiliário 24 2,81 C-01 – Ind. de papel e papelão 9 1,05 C-02 – Ind. de borracha 18 2,11 C-03 – Ind. de couros e peles 22 2,58 C-04 – Ind. de produtos químicos 63 7,38 C-05 – Ind. de produtos farmacêuticos e veterinários 12 1,41 C-07 – Ind. de produtos de materiais plásticos 18 2,11 C-08 – Indústria têxtil 47 5,50

C-09 – Ind de vestuários, calçados e artefatos de tecidos em couro 56 6,56 C-10-03 – Fabricação de próteses 1 0,12

C-10-09-1– Fabricação de outros artigos de plástico, borracha, madeira ou outros materiais (exclusive metais), não especificados ou não classificados. 3 0,35 D-02-08-9 – Destilação de álcool 19 2,22

F-05 – Processamento, beneficiamento, tratamento e ou disposição final de resíduos 40 4,68 Total de empresas 854 100,00

Fonte: (FEAM, 2008) Assim como no ano de 2003 (primeiro inventário realizado), as empresas foram

divididas por SUPRAMs, apresentando a SUPRAM central com o maior número de

empresas inventariadas, 279 empresas, o que corresponde a 34% do total, seguido de

perto pela SUPRAM Alto São Francisco com 26%, distribuindo 229 empresas em 24

municípios e, na sequência, tem-se a SUPRAM Sul de Minas com 14% das empresas,

que corresponde a 122 empresas distribuídas em 44 municípios (Figura 3.6).

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Figura 3.6 - Empresas inventariadas por SUPRAM em 2007. Fonte: (FEAM, 2008)

O Estado apresentou um total de 402.951.816,99 toneladas de resíduos inventariados,

considerando-se o ciclo de doze meses – janeiro de 2007 a dezembro de 2007.

Comparando-se este valor com o total de resíduos inventariados em 2003, igual a

15.165.193,65 toneladas, evidencia-se uma grande diferença entre eles, o que se

justifica pela inserção em 2007 da tipologia A-02 Lavra a Céu Aberto, que contribuiu

com 83,06% do total de resíduos gerados. Vale destacar que essa tipologia é geradora de

vultosos quantitativos em termos de resíduos classificados como estéril e rejeitos

(FEAM, 2008).

Dentre os 10 resíduos mais gerados no estado pode-se perceber claramente a

predominância da atividade A-02, sendo os seis primeiros resíduos característicos desta

atividade (Tabela 3.6).

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Tabela 3.6 - Resíduos mais gerados em 2007.

Código Resíduos Quantidade (t) % em

relação ao total

1 Estéril de jazida de minério de ferro 139.777.790,499 34,688 2 Estéril (demais jazimentos) 132.145.198,510 32,794

3 Rejeito do beneficiamento do minério de ferro 43.008.541,860 10,673

4 Estéril do decapeamento da mina 19.016.082,000 4,719 5 Rejeito (diversos) 16.612.347,000 4,123 6 Rejeito arenoso 7.199.352,000 1,787 7 Vinhaça 5.477.256,470 1,359

8 Água de lavagem de cana + água do lavador de gases 4.707.063,100 1,168

9 Escória de alto forno 4.188.741,090 1,040 10 Bagaço de cana 3.889.020,210 0,965

Total de resíduos gerados no Estado 402.951.916,990 93,320 Fonte: (FEAM, 2008)

Quando se retira da relação dos resíduos o estéril e o rejeito, observa-se que os dez

resíduos mais gerados correspondem a um percentual de apenas 65% devido a uma

diversidade de resíduos muito maior. As escórias apresentam-se como resíduo com a

maior geração, conforme demonstrado na Tabela 3.7.

Tabela 3.7 - Resíduos mais gerados, excluindo estéril e rejeito, em 2007.

Resíduo Quantidade (t) % total Escória de alto-forno/aciaria 5.622.945 12,5 Vinhaça 5.477.256 12,1

Água de lav. cana e gases 4.707.063 10,4 Bagaço de cana 3.889.020 8,6 Prod. fora especificação 2.551.012 5,6 Fosfogesso 2.126.348 4,7 Sucata de metais ferrosos 1.843.741 4,0

Res. sol. metais não tóxicos 1.336.108 3,0 Resíduo pastoso calcário 868.357 1,9 Res. emissões gas. não tóxico 783.238 1,7

Total Geral 45.120.068 65,0 Fonte: (FEAM, 2008)

Os resíduos foram divididos em relação à periculosidade: 99,46% deles foram

classificados como Classe II – não perigoso e 0,54% como Classe I – perigoso. Esse

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último valor é muito inferior ao percentual encontrado em 2003, de 5,5%. Isso se

justifica pela presença das empresas da atividade A-02 que geram um volume grande de

resíduos de estéril e rejeito (Figura 3.7).

Assim como ocorreu em 2003, há indícios de que o total de resíduos perigosos está

subestimado. Observou-se que as empresas algumas vezes inferiram a classificação de

seus resíduos. É preciso estimular a execução dos testes de classificação dos resíduos

segundo a Norma ABNT 10004/2004; além disso, o quantitativo dos resíduos foi muitas

vezes estimado devido a dificuldades operacionais. O estabelecimento de uma política

de educação visando a adequações na caracterização física, química e/ou mineralógica

do resíduo além de correta classificação possibilitará a obtenção de dados mais

próximos da realidade; portanto, mais precisos (FEAM, 2008).

Figura 3.7 - Porcentagem de resíduos perigosos e não perigosos 2007. Fonte: (FEAM, 2008)

Quando foram trabalhados somente os dados referentes aos resíduos perigosos

observar-se que a Supram Central e a Alto São Francisco apresentaram uma diminuição

dos seus percentuais com relação ao total de resíduos, enquanto as outras regionais

apresentaram um aumento (Figura 3.8).

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Figura 3.8 - Porcentagem de resíduos perigosos por SUPRAM 2007. Fonte: (FEAM, 2008)

As mesmas destinações apresentadas no inventário de 2003 foram utilizadas nos dados

de 2007. A destinação que apresentou maior percentual, 95,5%, foi a Destinação Interna

– DI (Figura 3.9) na qual, mais uma vez, pode-se observar a influência dos volumes de

estéril e rejeito no total de resíduos com destinação DI, encaminhados para pilhas, cavas

e barragens (Figura 3.10).

Figura 3.9 - Relação dos tipos de destinos de resíduos 2007. Fonte: (FEAM, 2008)

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Figura 3.10 - Destinos dos resíduos encaminhados a destinação interna 2007. Fonte: (FEAM, 2008)

Visando a avaliar os dados sem a interferência das destinações predominantes no

Inventário, ou seja, o depósito dos resíduos em pilhas, cavas e barragens; observa-se

uma nova distribuição, ou seja, 52,68% como Destino Interno – DI, 44,42% como

Destino Externo – DE e 2,90% como Sem Destino Definido – SDD (Figura 3.11).

Figura 3.11 - Relação dos tipos de destino 2007 excluindo pilhas, cavas e barragens. Fonte: (FEAM, 2008)

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Assim, para os tipos de destino DE e DI foram avaliadas as principais formas de

destinações. Para os destinos DE há prevalência de resíduos, sendo encaminhados para

a Reciclagem 30,4%; Incorporação em solo agrícola, 26,1%; e reutilização, 13,6%

(Figura 3.12).

Figura 3.12 - Destinos dos resíduos encaminhados a destinação externa 2007. Fonte: (FEAM, 2008) Para o destino DI, com a retirada das destinações de depósito em pilhas, cavas e

barragens, os resíduos são encaminhados principalmente para Fertiirrigação, 30,7%,

Utilização em caldeira, 15,5%, e reciclagem e aterro próprio cada um com 14,3%

(Figura 3.13).

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Figura 3.13 - Destinos dos resíduos encaminhados a destinação interna 2007 exceto pilhas, cavas e barragens. Fonte: (FEAM, 2008)

Dentre as conclusões do inventário pode-se destacar:

• 48 empresas geram 90% dos resíduos: 18,75% Destilação do Álcool; 18,75%

Siderurgia; 8,3% na Indústria de Minerais não Metálicos; e 8,3% Indústria de

Produtos Químicos.

• a tipologia B-04 Metalurgia é a maior geradora de resíduos perigosos (772.060

t), correspondendo a 32,3% do total. Nas Regionais se distribui: 44,4% Central,

Sul 25,9%, Norte 11,1%, ASF 7,2%, Zona da Mata 7,4% e Triângulo 3,7%.

• 346 empresas (42%) das 854 inventariadas apresentaram até quatro resíduos

gerados, sendo: 42 empresas da tipologia C-04 – Fabricação de pólvora e artigos

pirotécnicos; 37 empresas da tipologia F-05 – Reciclagem; 79 empresas da

tipologia B-01 – Fabricação de Material Cerâmico e 45 empresas da tipologia A-

02 – Lavra de rochas ornamentais.

• ressalta-se que a presente análise não se esgota no inventário; porém, pode-se

afirmar que cabe ao órgão ambiental identificar um instrumento de incentivo

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às empresas que conduza às “Boas Práticas Operacionais” que contemple em

seu escopo:

o conhecimento detalhado do processo;

o identificação de perdas/desperdícios;

o segregação dos resíduos por incompatibilidade e/ou destino;

o identificação, acondicionamento e armazenamento adequados dos

resíduos;

o organização e limpeza;

o elaboração de procedimentos;

o controle por meio dos registros;

o sensibilização de todas as pessoas da empresa, assumindo

responsabilidades;

o apresentação dos resultados.

Com base nas observações apresentadas no inventário, foi aprovada pelo COPAM a

Deliberação Normativa n.º 117/2008, que institui o preenchimento de formulário

específico para as empresas de mineração com as características próprias dessa

atividade e do tratamento dos seus resíduos. Além disso, foram inseridas novas

atividades que deverão apresentar as informações.

3.5.3 Inventário 2008

No início de 2009, a Secretaria e Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável de Minas Gerais – SEMAD implantou o Banco de Dados Ambientais –

BDA, que se constitui em uma ferramenta de informática de grande importância na

Gestão Ambiental do Estado. Trata-se de um Banco estruturado em módulos por meio

dos quais os usuários prestaram as informações solicitadas via on-line (FEAM, 2010).

Nos módulos de Resíduos Industriais e Minerários as informações prestadas referem-se

ao período de janeiro a dezembro de 2008, para empreendimentos classificados nas

classes 5 e 6, conforme preconizam as DNs 90/2005 e 117/2008.

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Assim sendo, as informações prestadas abrangeram vinte tipologias inventariadas no

módulo de Inventários de Resíduos Industriais e cinco no módulo de Inventário da

Mineração. O módulo de Inventário da Indústria contemplou um universo de 220

empresas e o módulo da Mineração 178 empresas, totalizando 398 empresas. Os dados

do módulo da mineração foram tabulados em planilhas, enquanto os dados do módulo

da indústria foram processados em quase sua totalidade por meio de ferramentas de

informática. Os dados de ambos passaram por um processo de análise de consistência,

que resultou em correções diversas, entre elas a exclusão de 294 empresas, que não

observaram as respectivas Deliberações Normativas no que diz respeito à

obrigatoriedade de preenchimento por classes e tipologias (FEAM, 2010).

A metodologia de trabalho com os dados do inventário seguiu a mesma do ano anterior

com a separação dos dados apresentados pelas atividades industriais e minerárias, além

disso, com a inserção do formulário específico para as indústrias minerárias, foi

possível separar os quantitativos de estéril e rejeito do total de resíduos.

As empresas foram divididas de acordo com as tipologias especificadas nas DNs

90/2005 e 117/2008 (Tabelas 3.8 e 3.9).

Tabela 3.8 - Empresas minerárias inventariadas por atividade em 2008.

Tipologia Quantidade de empresas %

A-01 Lavra subterrânea 13 7,30 A-02 Lavra a céu aberto 157 88,20

A-03 Extração de areia, cascalho e argila para utilização na construção civil 1 0,56 A-04 Extração de água mineral ou potável de mesa 1 0,56 A-05 Unidades Operacionais em área de mineração, inclusive unidades de tratamento de minerais 6 3,37 Total 178 100 Fonte: (FEAM, 2010)

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Tabela 3.9 - Indústrias inventariadas por atividade em 2008.

Tipologia Quantidade

de empresas %

B-01 – Indústria de produtos minerais não metálicos 24 10,91

B-02 – Siderurgia com redução de minério 45 20,45

B-03 – Indústria metalúrgica – metais ferrosos 6 2,73

B-04 – Indústria metalúrgica – metais não ferrosos 12 5,45

B-05 – Indústria metalúrgica – fabricação de artefatos 10 4,55

B-06 – Indústria metalúrgica - tratamentos térmicos,

químicos e superficial 1 0,45

B-07 – Indústria mecânica 7 3,18

B-08 – Indústria de material Eletroeletrônico 7 3,18

B-09 – Indústria de material de transporte 18 8,18

B-10 – Indústria da madeira e de mobiliário 6 2,73

C-01 – Indústria de papel e papelão 5 2,27

C-02 – Indústria de borracha 2 0,91

C-03 – Indústria de couros e peles 8 3,64

C-04 – Indústria de produtos químicos 13 5,91

C-05 – Indústria de produtos farmacêuticos e

veterinários 7 3,18

C-07 – Indústria de produtos de matérias plásticas 1 0,45

C-08 – Indústria têxtil 17 7,73

C-09 – Indústria de vestuário, calçados e artefatos de

tecidos em couros 6 2,73

D-02-08-9 – Destilação de álcool 19 8,64

F-05 – Processamento, beneficiamento, tratamento

e/ou disposição final de resíduos 6 2,73

Total 220 100

Fonte: (FEAM, 2010)

A atividade A-02 destacou-se com um total de 157 empresas correspondendo a,

aproximadamente, 40% do total das empresas com inventários avaliados. Seguidas da

A-02, as atividades B-02 e B-01 apresentaram 45 e 24 empresas, respectivamente.

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As empresas foram divididas também de acordo com as SUPRAMs, apresentando a

regional Central com 157 empresas representando 38%, e a regional Sul de Minas com

72 empresas, 18% do total (Figura 3.14).

14%

7%18%

4%

1%

4%13%1%

38%

ASF

Leste

Noroeste

Norte

Sul

Triângulo

Zona da Mata

Central

Jequitinhonha

Figura 3.14 - Empresas inventariadas por SUPRAM em 2008. Fonte: (FEAM, 2010)

O total de resíduos gerados para as indústriais foi de 57.919.180,57 toneladas e para as

minerações 805.230,131 toneladas, totalizando 58.724.410,701 toneladas. As empresas

declararam, ainda, 375.377.784,371 toneladas de estéril e 101.452.987,431 toneladas de

rejeito (FEAM, 2010).

Os resíduos industriais foram apresentados de acordo com a sua periculosidade: 9,11%

de Classe I (perigosos) e 90,89% de resíduos Classe II (não perigosos), sendo 89,93%

como Classe IIA (não inerte) e 0,96% Classe IIB (inerte) (Figura 3.15).

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Figura 3.15 - Porcentagem de resíduos industriais por classe 2008. Fonte: (FEAM, 2010)

As minerações também apresentaram a classificação dos seus resíduos, estéril e rejeitos.

Os resíduos perigosos tiveram uma proporção muito alta quando comparado com aos

dados dos anos anteriores, chegando a 34,75% do total de resíduos (Figura 3.16). A

proporção de rejeito (Figura 3.17) também apresenta altos índices quando comparados

com as outras declarações. Para o estéril gerado não foram apresentados os classificados

como perigosos, e a proporção ficou dividida entre os Classe IIA com 63,20% e Classe

IIB com 36,80% (Figura 3.18).

Figura 3.16 - Porcentagem de resíduos minerários por classe 2008. Fonte: (FEAM, 2010)

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Figura 3.17 - Porcentagem de rejeito por classe 2008. Fonte: (FEAM, 2010)

Figura 3.18 - Porcentagem de estéril por classe 2008. Fonte: (FEAM, 2010)

Segundo FEAM (2010), os dez resíduos mais gerados pelas atividades industriais

apresentam expressiva contribuição dos resíduos de minerais não metálicos, advindos,

principalmente, da atividade B-04 Indústria metalúrgica – metais não ferrosos e os

resíduos típicos da atividade D-02-08-9 – Destilação de álcool. Esses dez resíduos são

responsáveis por 81,39% do total gerado (Tabela 3.10).

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Tabela 3.10 - Resíduos mais gerados pelas indústrias 2008.

Código Resíduos mais gerados Quantidade dos 10 mais gerados (t)

%

1 Resíduos de minerais não metálicos 20.432.517,83 35,28 2 Bagaço de cana 4.909.520,16 8,48

3 Vinhaça 4.794.561,04 8,28

4 Água de lavagem de cana e água do lavador de gases 4.570.000,00 7,89

5 Escória de alto forno 3.392.179,29 5,86 6 Sucata de metais ferrosos 2.418.526,73 4,18 7 Efluentes da indústria têxtil 2.039.967,00 3,52

8 Escória de aciaria 1.611.946,76 2,78 9 Cinzas de caldeira 1.490.057,79 2,57 10 Águas residuárias 1.479.142,00 2,55

Total 47.138.418,60 81,39 Fonte: (FEAM, 2010)

Os dez resíduos mais gerados nas atividades minerárias apresentam destaque para o

óleo lubrificante usado e os resíduos de estação de tratamento de efluentes contendo

substâncias não tóxicas com 23,83% e 22,85%, respectivamente. Esses dez resíduos são

responsáveis por 94,99% do total gerado (Tabela 3.11).

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Tabela 3.11 - Resíduos mais gerados pelas minerações 2008.

Código Resíduos Mais Gerados Quantidade dos 10

mais gerados (t) %

1 Óleo lubrificante usado 191.911,848 23,83

2 Resíduo de ETE contendo substância não tóxica 184.001,500 22,85

3 Escória de alto forno 111.361,390 13,83 4 Sucata de metais ferrosos 104.985,959 13,04 5 Amostra de minério (processo físico) 70.331,660 8,73

6

Bombonas de plástico (vazias ou contaminadas com substâncias/produtos não perigosos 36.590,008 4,54

7 Lodos dos separadores de óleo de indústrias de refino de petróleo 26.680,000 3,31

8 Embalagens vazias contaminadas com tintas, borras de tintas e pigmentos 20.010,000 2,49

9 Sucatas metálicas contaminadas 10.000,000 1,28 10 Resíduos de papel/papelão e plástico 8.726,680 1,08

Total 764.599,045 94,99 Fonte: (FEAM, 2010)

Com relação às destinações, os dados referentes às indústrias apresentam a DI com

maior destinação (78,32%); as destinações DE e SDD apresentam, respectivamente,

20,16% e 1,53% (Figura 3.19).

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Figura 3.19 - Relação dos tipos de destinos de resíduos indústrias 2008. Fonte: (FEAM, 2010)

Os principais destinos dos resíduos com Destinação Interna se referem à

descontaminação com 43,5% do total, seguido por 24,51% à fertirrigação (Figura 3.20).

Figura 3.20 - Destinos dos resíduos indústrias encaminhados à destinação interna 2008. Fonte: (FEAM, 2010)

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No que diz respeito à descontaminação, apenas dois resíduos são responsáveis por

99,99% dos resíduos encaminhados para essa destinação, sendo eles: os resíduos de

minerais não metálicos contribuindo com 98,49% e soluções exauridas de banhos que

contenham cianeto provenientes das operações de extração de minerais e minerários,

com 1,51% (FEAM, 2010).

Com relação à fertirrigação, três resíduos são responsáveis por 99,99% do total de

resíduos encaminhados para essa destinação: a Vinhaça, responsável por 45, 04%; as

águas de lavagem de cana e do lavador de gases por 41,55%; e as águas residuárias por

13,31%.

Com relação aos resíduos enviados para a utilização em caldeira, três são responsáveis

por 92,93% encaminhados para essa destinação. O bagaço de cana destaca-se como o

principal resíduo utilizado para esse fim, com uma contribuição de 88,93%. Em seguida

tem-se os resíduos de madeira com 7,92% e resíduos de frutas com 3,08% (FEAM,

2010).

Com relação aos resíduos Sem Destino Definido, portanto armazenados

temporariamente dentro da empresa, correspondem a 1,53% do total gerado.

Finalizando, com relação aos resíduos com Destino Externo, que corresponde a

20,16% do total, merecem destaque a reutilização (31,16%), a fertirrigação (27,09%) e a

reciclagem (21,95%) (Figura 3.21).

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Figura 3.21 - Destinos dos resíduos industrias encaminhados à destinação externa 2008. Fonte: (FEAM, 2010)

Para os resíduos sólidos gerados pelas atividades minerárias, observa-se uma relação

muito próxima com as destinações das atividades industriais com DE, apresentando

78,40% e DM com 21,42%. O percentual de SDD apresenta um valor inferior com

0,18% (Figura 3.22).

Figura 3.22 - Relação dos tipos de destinos de resíduos industriais 2008. Fonte: (FEAM, 2010)

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As principais formas de destinação dos resíduos Dentro da Mineração (DM)

demonstram que 90,33% do total dos resíduos estão sendo depositados em bota-fora

particular, seguido por 3,80% sendo encaminhado para as pilhas, 2,32% para

descontaminação e 3,54% como outras formas de disposição.

3.6 Tipos de destinação final dos resíduos sólidos

3.6.1 Reciclagem

A reciclagem em geral trata de transformar os resíduos aparentemente sem utilidade em

matéria-prima, gerando economia no processo industrial. Isso normalmente exige

grandes investimentos com retorno imprevisível, já que é limitado o repasse dessas

aplicações ao preço do produto, mas esse risco reduz-se, na medida em que o

desenvolvimento tecnológico abre caminhos mais seguros e econômicos para o

aproveitamento desses materiais (GOSSEN, 2005).

O termo reciclagem é frequentemente aplicado ao processamento de materiais em novos

produtos que podem, ou não, assemelharem-se ao material original. A reciclagem não

apenas reduz o volume de resíduos, ela também economiza energia, água e matérias-

primas, e reduz tanto a poluição do ar como a da água (MISSIAGGIA,2002).

A reciclagem de materiais ou resíduos pode ser realizada internamente ou externamente

em relação ao processo produtivo da empresa. Segundo MISSIAGGIA (2002) as ações

são:

• reutilização: os materiais e os produtos são reutilizados praticamente sem

transformação. Ex.: garrafas de vidro reenchidas e reutilizadas;

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• reciclagem interna: os materiais voltam para o processo original. Ex.:

manufatura de garrafas de vidro a partir de cacos oriundos de peças defeituosas

geradas na linha de montagem;

• reciclagem externa ou pós-consumo: os materiais sofrem algum processo

industrial de transformação visando à obtenção de um produto (reciclado) para a

mesma finalidade ou outra qualquer, desde que viável do ponto de vista técnico

e econômico. Ex.: garrafas de refrigerantes, plásticos que se transformam em

camisetas.

• redução do uso do material: os materiais voltam para outro processo produtivo.

Ex.: cacos de vidro usados como carga em construção de estradas.

A recuperação de materiais que apresentem algum valor comercial é, sem dúvida, uma

forma atraente de se evitar os problemas de tratamento e disposição final de resíduos.

Existem muitas dificuldades associadas à recuperação e reciclagem de materiais.

Talvez, a principal delas tenha origem na estocagem dos resíduos dentro da própria

indústria, onde eles são indiscriminadamente misturados. Dessa forma, o fato de uma

dada substância, que apresente interesse econômico, estar contaminada, dificulta, se não

exclui, qualquer possibilidade de recuperação (MISSIAGGIA,2002).

3.6.2 Incineração

A incineração é um método de tratamento que se utiliza da decomposição térmica a uma

temperatura superior a 1200 °C na presença de oxigênio, alterando a natureza física,

química e biológica dos resíduos tratados. No processo ocorre a oxidação dos

compostos orgânicos por combustão controlada até produtos simples, mineralizados,

como dióxido de carbono e água. O processo objetiva:

• destruir os resíduos, inertizando-os na forma de cinzas;

• reduzir drasticamente o volume de resíduo;

• gerar energia, considerando resíduos combustíveis.

Os compostos mais adequados ao processo são resíduos orgânicos, constituídos

basicamente de carbono, hidrogênio e/ou oxigênio; resíduos que contêm carbono,

hidrogênio, cloro com teor inferior a 30% em peso e/ou oxigênio e resíduos que

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apresentam seu poder calorífico inferior (PCI) maior que 4.700 kcal/kg (não

necessitando combustível auxiliar para a queima).

Portanto, aplica-se a um grande número de resíduos orgânicos, não sendo indicado para

tratar resíduos inorgânicos e metais. A composição química do resíduo irá influenciar o

comportamento da combustão bem como na geração de produtos indesejáveis como

fosfogênio, COCl2, que é um gás venenoso. Algumas medidas durante a combustão,

como manter a temperatura do processo entre 1200-1400 °C e tempo de detenção não

menos que 2s, minimizam o problema da geração desse composto.

A eficiência da combustão ou da destruição do resíduo depende basicamente do tempo

de residência, turbulência, temperatura e oxigênio, “ 3 Ts” . O tempo de residência é

fundamental para que ocorram as reações de destoxificação; a turbulência é importante

para garantir a mistura com o oxigênio, a fim de que ocorra a queima; e a temperatura

fornece o calor necessário para sustentar o processo.

A incineração tem se mostrado eficiente para tratamento de solos, sedimentos, lodos e

líquidos contaminados com compostos orgânicos voláteis halogenados ou não, cianeto

orgânico e compostos orgânicos corrosivos. Atualmente também está sendo usada para

tratamento de resíduos patogênicos. Por outro lado, traz consigo algumas preocupações:

os gases emitidos pela combustão dos resíduos e a destinação das cinzas e dos

particulados retidos nos sistemas de lavagem de gases.

3.6.3 Coprocessamento

O coprocessamento consiste na destruição térmica de resíduos por meio de fornos de

cimento. Seu diferencial sobre as demais técnicas de queima está no aproveitamento do

resíduo como fonte de energia e de substituição de matéria-prima na indústria

cimenteira.

Devido às altas temperaturas, a destruição dos resíduos é completa, sendo que as

emissões atmosféricas geradas durante a queima são normalmente tratadas por meio do

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uso de filtros eletrostáticos e torre de arrefecimento, em que parâmetros como Cloro,

Oxigênio, NOx e SOx são monitorados.

Tanto os resíduos sólidos e pastosos quanto os líquidos são passíveis de

coprocessamento. No entanto, por apresentarem características e composições bastante

diversificadas, muitos necessitam ser blendados, a fim de proporcionar uma alimentação

uniforme nos fornos de cimento. Alguns resíduos, por razões técnicas, não podem ser

coprocessados, como por exemplo: resíduos organoclorados, organofosforados,

radioativos, hospitalares, domésticos, pesticidas e explosivos (GOSSEN, 2005).

3.6.4 Compostagem

A compostagem é um processo de reciclagem da matéria orgânica presente nos resíduos

sólidos urbanos em quantidades majoritárias em relação aos restantes componentes

(cerca de 50%). Trata-se de um processo aeróbio controlado, em que diversos

microrganismos são responsáveis – em uma primeira fase, por transformações

bioquímicas na massa de resíduos; e humificação, na segunda. As reações bioquímicas

de degradação da matéria orgânica processam-se em ambiente predominantemente

termofílico, também chamada de fase de maturação, que dura cerca de 25 a 30 dias. A

fase de humificação em leiras de compostagem, processa-se entre 30 e 60 dias,

dependendo da temperatura, umidade, composição da matéria orgânica (concentração

de nutrientes) e condições de arejamento (RUSSO, 2003).

É um processo eficaz de reciclagem da fração putrescível dos resíduos sólidos urbanos,

com vantagens econômicas, pela produção do composto, aplicável na agricultura (não

está sujeito a lixiviação, ao contrário dos adubos químicos), ótimo para a contenção de

encostas e para o combate da erosão, entre outros. Quando incluído em uma solução

integrada, tem a vantagem de reduzir ou mesmo eliminar a produção de lixiviados e de

biogás nos aterros sanitários, o que torna a exploração mais econômica (RUSSO, 2003).

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3.6.5 Aterros

• Lixão: de acordo com o IPT (1995) é uma forma inadequada de disposição final

de resíduos sólidos, com a simples descarga sobre o solo, sem nenhuma medida de

proteção ambiental ou à saúde pública. Daí a proliferação de vetores de doenças, a

geração de maus odores, e, principalmente, a poluição do solo, águas superficiais e

subterrâneas e do ar. Pela falta de controle dos resíduos recebidos nos lixões, verifica-se

também a disposição de rejeitos dos serviços de saúde e industriais.

• Aterro controlado: é uma técnica de dispor os resíduos sólidos no solo,

cobrindo-os com uma camada de material inerte, e, assim, minimizando os danos ao

meio ambiente, à saúde pública e à segurança. Pelo fato de a área de disposição ser

reduzida, produz poluição localizada. Geralmente não dispõe de impermeabilização de

base nem de processos de tratamento de chorume ou gases (MONTEIRO 2006).

• Aterro sanitário: consiste basicamente na compactação dos resíduos em

camadas sobre o solo, empregando-se, por exemplo, um trator de esteira, o seu

recobrimento com uma camada de terra ou outro material inerte, na frequência

necessária, reduzindo o lixo ao menor volume possível e, principalmente, na adoção de

procedimentos para proteção do meio ambiente, da higiene e saúde pública e segurança.

Tais procedimentos são: a proteção de águas superficiais e subterrâneas por meio de

camada impermeabilizante e adequada drenagem; a disposição em células e a

compactação diária para permitir o tráfego de caminhões coletores e demais

equipamentos e reduzir recalques futuros do local; recobrimento diário do lixo com uma

camada de terra para impedir a procriação de vetores e a presença de outros animais ou

catadores; o controle de gases e líquidos por meio de drenos específicos; a manutenção

dos acessos em boas condições, inclusive em épocas de chuva; o isolamento e a

proteção do aterro a fim de evitar incômodos à vizinhança. Os aterros podem servir

também na recuperação de áreas deterioradas, como pedreiras abandonadas, grotas,

escavações decorrentes de extração mineral e regiões alagadiças, o que demanda

estudos apropriados. Assim, são denominados, quando projetados e implantados

especialmente para a disposição de resíduos sólidos urbanos; é uma forma de destinação

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de resíduos de baixo custo e de tecnologia conhecida. Ressalta-se que a falta de

tratamento adequado ao lixo é uma das principais causas de doenças nas grandes

cidades, principalmente nas periferias dos centros urbanos, onde crianças e adultos

convivem com resíduos sólidos e esgoto a céu aberto. As moléstias mais conhecidas são

diarreias infecciosas, amebíase, febre tifoide, malária, febre amarela, cólera,

leptospirose, entre outras (MONTEIRO 2006).

• Aterros industriais: podem ser classificados conforme a classe ou

periculosidade dos resíduos a serem dispostos (MONTEIRO 2006).

Qualquer que seja o aterro destinado a resíduos industriais, são fundamentais os

sistemas de drenagem pluvial e a impermeabilização do seu leito para evitar a

contaminação do solo e do lençol freático com as águas da chuva que percolam através

dos resíduos. O primeiro passo é evitar, por meio de barreiras e valas de drenagem, que as águas da

chuva que precipitam além dos limites do aterro contribuam com o volume que percola

no interior do aterro, reduzindo assim a quantidade de líquido a ser tratado. O segundo

passo é impermeabilizar o leito do aterro, preferencialmente com o auxílio de uma

manta plástica, impedindo que o percolado venha a contaminar o solo e o lençol d'água

subterrâneo. A maior restrição quanto aos aterros, como solução para disposição final de

lixo, é sua demanda por grandes extensões de área para sua viabilização operacional e

econômica, lembrando que os resíduos permanecem potencialmente perigosos no solo

até que possam ser incorporados naturalmente ao meio ambiente.

Um cuidado especial que se deve tomar na operação de aterros industriais é o controle

dos resíduos a serem dispostos, pois, em aterros industriais, só podem ser dispostos

resíduos quimicamente compatíveis, ou seja, aqueles que não reagem entre si, nem com

as águas de chuva infiltradas.

Os fenômenos mais comuns que podem ter origem na mistura de resíduos incompatíveis

são geração de calor, fogo ou explosão, produção de fumos e gases tóxicos e

inflamáveis, solubilização de substâncias tóxicas e polimerização violenta. Antes de se

dispor os resíduos no aterro, deve-se consultar as listagens de compatibilidade

publicadas pelos órgãos de controle ambiental.

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• Aterro classe II: é como um aterro sanitário para lixo domiciliar, mas

normalmente sem o sistema de drenagem de gases.

A 1,5m do nível máximo do lençol freático, a partir de baixo para cima, o aterro Classe

II é constituído das seguintes camadas:

- camada de impermeabilização de fundo, com manta plástica (0,8 a 1,2mm de

espessura) ou com argila de boa qualidade;

- camada de proteção mecânica somente se a impermeabilização for feita com manta

sintética);

- sistema de drenagem de percolado;

- camadas de resíduos (de 4,0 a 6,0m de altura) entremeadas com camadas de solo de

25cm a 30cm de espessura;

- camada de impermeabilização superior, com manta plástica (0,8 a 1,2mm de

espessura) ou com argila de boa qualidade (k = 10-6cm/s; e > 50cm);

- camada drenante de areia (necessária somente se houver impermeabilização superior);

- camada de solo orgânico;

- cobertura vegetal com espécies de raízes curtas.

O líquido percolado, coletado por meio de um sistema de drenagem, deve ser conduzido

para tratamento. O tipo de tratamento a ser adotado depende das características dos

resíduos aterrados, sendo usual a adoção de um processo físico-químico completo

seguido de um processo biológico convencional.

• Aterro classe I: as condições de impermeabilização dos aterros classe I são

mais severas que as da classe II. A distância mínima do lençol d'água é de três metros e

as seguintes camadas são obrigatórias:

- dupla camada de impermeabilização inferior com manta sintética ou camada de argila;

- camada de detecção de vazamento entre as camadas de impermeabilização inferior;

- camada de impermeabilização superior;

- camada drenante acima da camada de impermeabilização superior.

A agência de proteção ambiental americana (EPA – Environmental Protection Agency)

conta com um programa de restrições para disposição em terra para resíduos perigosos –

land disposal restrictions (LDR) program – cujos principais componentes são:

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- proibição da disposição: antes de ser destinado em terra, o resíduo perigoso deve

sofrer um pré-tratamento que o faça atingir padrões mínimos de qualidade. Qualquer

método de tratamento que levem os componentes químicos a níveis de concentração

apropriados, exceto a diluição, ou a utilização de tecnologias de tratamento

especificadas pela própria EPA;

- proibição da diluição: o resíduo deve ser devidamente tratado e não simplesmente ter

concentração diluída pelo acréscimo de água, solo ou resíduo não perigoso. A diluição

não reduz a toxicidade dos constituintes perigosos;

- proibição do armazenamento: o resíduo deve ser tratado e não armazenado

indefinidamente, para prevenir que geradores e as facilidades da disposição e

armazenamento se prolonguem. O armazenamento deve ser efetuado de maneira

adequada em tanques, containers ou estruturas para armazenagem, mas somente com a

finalidade de acumular as quantidades necessárias para facilitar a recuperação

apropriada, o tratamento ou a disposição.

3.6.6 Barragens de rejeito

São usadas para resíduos líquidos e pastosos, com teor de umidade acima de 80%.

Possuem pequena profundidade e necessitam de muita área. São dotados de um sistema

de filtração e drenagem de fundo (flauta) para captar e tratar a parte líquida, deixando a

matéria sólida no interior da barragem (MONTEIRO 2006).

Nesse tipo de barragem só existe a dupla camada de impermeabilização inferior. A

camada de impermeabilização superior não é executada, uma vez que o espelho d'água é

utilizado para evaporar parte da fração líquida. Após o encerramento, quando a capa

superior do rejeito já se encontra solidificada, procede-se a uma impermeabilização

superior com uma camada de argila para reduzir a infiltração de líquidos a serem

tratados.

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3.7 Normas Técnicas para classificação, armazenamento e destinação de resíduos

Além das normas já apresentadas durante o texto temos que ressaltar as seguintes

normas para o gerenciamento, armazenamento e disposição final de resíduos sólidos:

• NBR 8418/83 – Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais

perigosos – Procedimento.

• NBR 10157/87 – Aterro de resíduos perigosos - Critérios para projeto,

construção e operação – Procedimento.

• NBR 11174/90 – Armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III -

inertes – Procedimento.

• NBR 12235/92 - Armazenamento de resíduos perigosos – Procedimento.

• NBR 13896/97 - Aterros de Resíduos não Perigosos – Critérios para Projeto,

Construção e Operação.

• NBR 15113/04 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes -

Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação.

• NBR 15702/09 - Areia descartada de fundição - Diretrizes para aplicação em

asfalto e em aterro sanitário.

• NBR 10004/04 – Resíduos sólidos – Classificação.

• NBR 10005/04 – Lixiviação de resíduos – Procedimento.

• NBR 10006/04 – Solubilização de resíduos – Procedimento.

• NBR 10007/04 – Amostragem de resíduos – Procedimento.

• NBR 13221/05 – Transporte de resíduos – Procedimento.

• NBR 10703/89 – Degradação do solo.

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4 METODOLOGIA

A FEAM começou a trabalhar com o inventário de resíduos sólidos industriais em 2003

devido à publicação da Resolução CONAMA n.º 313, de 29 de outubro de 2002, que

dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais.

Com a publicação da DN № 90 de 2005 e a reestruturação do SISEMA em 2006, com a

criação da Gerência de Resíduos Sólidos – GERES, iniciou-se a retomada e

sistematização da análise dos dados encaminhados pelas empresas. Assim, em 2008, foi

criado o sistema on-line para o encaminhamento das informações referentes ao

inventário. Os dados obtidos no inventário da FEAM, ano base 2007, para as empresas

classe 3, 4, 5, e 6, apresentaram várias inconformidades quando comparados com os

dados colhidos nas vistorias.

Ressalta-se que os dados apresentados em 2009, referentes ao ano de 2008, também

foram compilados, porém se referem somente aos empreendimentos classificados na

classe 5 e 6, pois os empreendimentos das classe 3 e 4 são obrigados a apresentar o

inventário somente a cada 2 anos.

4.1 Seleção do banco de dados

Para a seleção das empresas a serem inventariadas foram utilizados os dados

apresentados nos Inventários de Resíduos Sólidos de Minas Gerais dos anos de 2007 e

2008. Os dados de geração e números de empresas por atividade dos bancos estão

apresentados na Tabela 4.1.

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Tabela 4.1 - Relação do números de empresas e geração de resíduos por atividade nos aos de 2007 e 2008.

Atividades Número de

Empresas 2007 Quantidade de

Resíduos 2007(t) Número de

Empresas 2008 Quantidade de

Resíduos 2008(t) A-01 6 1.983.869,812 13 4.915.965,423 A-02 113 334.682.275,100 157 465.029.020,989 B-01 147 4.216.519,690 24 250.322,790 B-02 61 11.024.781,835 45 10.541.654,850 B-03 40 1.062.230,775 6 392.309,740 B-04 27 4.752.417,407 12 20.714.507,910 B-05 42 124.930,346 10 77.661,790 B-06 5 12.586,460 1 11.162,000 B-07 21 29.898,100 7 5.924,060 B-08 13 22.354,860 7 164.158,450 B-09 47 1.901.507,645 18 252.035,960 B-10 24 228.678,860 6 3.384,110 C-01 9 834.007,067 5 796.818,980 C-02 18 393.850,259 2 316.478,500 C-03 22 17.460,765 8 9.232,260 C-04 63 25.803.265,230 13 812.346,820 C-05 12 1.138,808 7 439,350 C-07 18 11.481,847 1 250,800 C-08 47 428.023,291 17 2.189.740,930 C-09 56 21.795,665 6 1.162,160 C-10-03-0 1 13,921 0 0,000 C-10-09-1 3 5.014,471 0 0,000 D-02-08-9 19 14.708.664,400 19 21.377.476,070 F-05 40 685.050,380 6 2.113,040 Total 854 402.951.816,994 390 527.864.166,982

Pode-se observar que o número total de empresas que preencheram o inventário

referente ao ano de 2007 é muito maior que em 2008, o que é explicado pela não

obrigatoriedade do preenchimento dos empreendimentos classe 3 e 4. Em algumas

atividades há um maior número de empresas no ano de 2008 que pode estar vinculado à

disponibilização do Relatório referente ao Inventário do ano de 2007 na página do

SISEMA e FEAM que induziu a um maior conhecimento por parte dos empreendedores

da legislação aplicada a suas empresas. Como o número de empreendimentos avaliados

no Inventário de 2007 é muito superior aos dados apresentados no Inventário de 2008,

optou-se por trabalhar com esses dados – um dos critérios metodológicos adotado.

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4.2 Seleção das empresas a serem vistoriadas

Com a definição da utilização do banco de dados do ano de 2007, procurou-se verificar

qual seria a melhor divisão para a definição do tamanho da amostra que representasse o

todo. Após a análise do banco, observou-se que a separação por tipologia seria a mais

indicada uma vez que cada atividade apresenta sua peculiaridade, sendo, portanto,

necessário realizar vistorias em todas as atividades. Optou-se então em realizar vistorias

em duas empresas que mais geram resíduos por atividade, uma vez que destas empresas

espera-se um maior comprometimento com relação as questões relacionadas a resíduos.

Ao todo foram selecionadas 47 empresas, uma vez que a atividade C-10-03-0 -

Fabricação de próteses apresentou somente uma empresa. Na Tabela 4.2 estão

apresentados os percentuais de resíduos gerados pelas empresas vistoriadas em

comparação ao total gerado pela atividade.

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Tabela 4.2 - Relação entre o total de resíduos inventariados no ano de 2007 e o total de resíduos vistoriados por atividade.

Atividades Total da atividade Total vistoriada Percentual vistoriada/atividade

A-01 1.983.869,912 1.585.204,872 79,90% A-02 334.682.278,059 121.150.796,582 36,20% B-01 4.215.647,791 3.365.060,220 79,82% B-02 11.045.846,277 6.449.798,360 58,39% B-03 1.064.372,716 750.064,897 70,47% B-04 4.752.417,407 4.030.550,850 84,81% B-05 124.930,346 88.130,991 70,54% B-06 12.586,476 12.559,756 99,79% B-07 29.898,102 21.551,837 72,08% B-08 22.354,855 17.110,163 76,54% B-09 1.901.507,645 1.442.459,000 75,86% B-10 228.678,860 215.882,236 94,40% C-01 834.007,067 824.498,762 98,86% C-02 393.850,259 387.725,404 98,44% C-03 17.460,765 7.546,742 43,22% C-04 25.803.268,242 24.261.581,933 94,03% C-05 1.138,808 711,453 62,47% C-07 11.481,847 8.719,550 75,94% C-08 428.023,291 403.464,598 94,26% C-09 21.795,665 19.824,340 90,96% C-10-03-0 13,921 13,921 100,00% C-10-09-1 5.014,471 5.012,579 99,96% D-02-08-9 14.708.665,397 7.957.522,850 54,10% F-05 685.154,387 471.224,720 68,78% Total 402.974.262,566 173.477.016,616 43,05%

A Figura 4.2 apresenta a distribuição das empresas selecionadas por município

demonstrando a realização de vistoria em todas as regiões do Estado.

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Figura 4.1 - Mapa de distribuição dos municípios que tiveram empresas vistoriadas no Estado de Minas Gerais.

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O município com maior número de empresas vistoriadas foi Betim com cinco empresas,

seguido de Ipatinga e Governador Valadares com três empresas vistoriadas cada cidade

(Tabela 4.3).

Tabela 4.3 - Números de empresas vistoriadas por município.

Município Empresas Araguari 1 Araxá 2 Arcos 1 Barão de Cocais 1 Belo Oriente 1 Betim 5 Caetanópolis 1 Canápolis 1 Claraval 1 Contagem 1 Divinópolis 2 Dores de Campos 1 Fortaleza de Minas 1 Governador Valadares 3 Ipatinga 3 Itabira 1 Itagagipe 1 Itaúna 1 Montes Claros 1 Nova Serrana 1 Ouro Branco 1 Ouro Fino 1 Paracatu 1 Poços de Caldas 1 Pouso Alegre 1 Sabará 1 São Gonçalo do Rio Abaixo 1 São Sebastião do Paraíso 1 Sete Lagoas 2 Timóteo 1 Ubá 2 Uberaba 2 Uberlândia 1 Varginha 1 Total 47

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4.3 Procedimentos das vistorias

Para a realização das vistorias foi elaborado um questionário (APÊNDICE A) que

procurou avaliar as inconsistências apresentadas com relação aos dados do inventário.

Além do questionário, também foi preenchido Auto de Fiscalização para cada

empreendimento vistoriado. O Auto de Fiscalização apresenta as possíveis

inconformidades legais em todas as etapas do gerenciamento de resíduos sólidos desde

a geração até a disposição final, as quais deverão ser sanadas pelas empresas nos prazos

estabelecidos. Tanto o Auto de Fiscalização quanto o questionário foram preenchidos

pelo fiscal da Feam durante as vistorias.

As vistorias seguiram o seguinte escopo:

1- explicação do processo produtivo, por parte do empreendedor.

2- visita às áreas de produção e áreas de armazenamentos e disposição final.

3- reunião de encerramento e preenchimento do Auto de Fiscalização e do

questionário.

O período de realização das vistorias foi de março de 2009 a julho de 2010.

Juntamente com as vistorias, foi realizada a revisão bibliográfica sobre os sistemas

gerenciamento de resíduos sólidos industriais e levantamento da legislação ambiental

aplicável ao armazenamento, tratamento e disposição final de resíduos.

Os dados retirados nos questionários foram trabalhados em planilhas em Excel para a

identificação das inconformidades relacionadas aos dados apresentados no inventário, às

dificuldades no preenchimento e aos não atendimentos às normas e legislação

ambiental.

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5 Resultados e discussão

5.1 Processo Produtivo, insumos e produtos

Conforme determinado na Resolução № 313 do CONAMA, o Inventário – mais que uma

simples declaração dos resíduos gerados – apresenta a descrição das matérias-primas, insumos

e produtos das indústrias, podendo ser utilizados para a avaliação da eficiência de cada

processo industrial. A grande maioria, 76,60%, das empresas vistoriadas não apresentou de

forma satisfatória os dados referentes aos insumos do processo produtivo, conforme

demonstrado na Figura 5.1.

76,60%

23,40%

Apresentaram todos osinsumos

Não apresentaram todos osinsumos

Figura 5.1 – Porcentagem de empresas que apresentaram os insumos no seu processo produtivo.

Entre os insumos que não foram declarados, há uma grande variedade, pois variam de acordo

com cada processo. Mais de 36% das empresas não declarantes deixaram de apresentar mais

de três insumos (Figura 5.2).

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15

8

13

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 insumo 2 insumos 3 ou mais insumos

Núm

ero

de e

mpr

esas

1 insumo

2 insumos

3 ou mais insumos

Figura 5.2 - Número de empresas que não apresentaram 1, 2, 3 ou mais insumos.

Muitos dos indicadores de desempenho ambiental são embasados na geração de resíduos por

produto produzido; assim, esse tipo de informação é muito importante para definição de

indicadores por atividade. O índice de empresas que deixaram de apresentar esse tipo de

informação foi inferior ao de apresentação de insumos, o que já era de se esperar, uma vez

que o número de produtos é muito menor que o número de insumos e esses tem uma

contabilização mais controlada, pois estão relacionadas diretamente com a receita da empresa,

com 36,17% (Figura 5.3).

36,17%

63,83%

Apresentaram todos osprodutos

Não apresentaram todos osprodutos

Figura 5.3 - Porcentagem de empresas que apresentaram os produtos no seu processo produtivo. A não apresentação dos dados nos itens de insumos, matérias primas e produtos apresentam

impactos significativos para a gestão ambiental destes empreendimentos, pois o não

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84

conhecimento real das entradas e saídas dos processos produtivos, alterando assim as relações

de eficiência dos processos por empreendimento.

No inventário de resíduos sólidos industriais, as empresas devem apresentar a descrição do

processo produtivo identificando as suas etapas. A empresa deve inserir também as unidades

auxiliares como escritório, oficinas etc. Mais de 72% das empresas vistoriadas não conseguiu

apresentar no inventário seu processo produtivo de forma adequada (Figura 5.4).

27,66%

72,34%

Apresentaram etapas de formaadequada

Não apresentaram etapas deforma adequada

Figura 5.4 - Porcentagem de empresas que apresentaram as etapas do seu processo produtivo.

Os principais problemas relacionados com o não atendimento na apresentação das etapas são

os referentes a não apresentação de etapas importantes do processo produtivo (inclusive

etapas com geração de resíduos), não apresentação de unidades auxiliares e o agrupamento de

etapas com apresentação de setor e não das etapas do processo (Figura 5.5).

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85

18

15

13

6

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Não apresentação deunidades auxiliares

Não apresentação deetapas

Agrupamento deetapas

Outros

Núm

ero

de e

mpr

esas

Figura 5.5 – Número de empresas por tipo de problema na apresentação das etapas do processo produtivo.

Foram identificadas duas empresas que apresentaram somente uma etapa para o seu processo

produtivo, assim essas empresas foram classificadas nos três tipos principais de não

atendimento (não apresentação de unidades auxiliares, não apresentação de etapas e

agrupamento de etapas). A etapa de geração do resíduo é essencial para a caracterização e

classificação do mesmo assim a não apresentação destas etapas apresenta significativo

impacto para o gerenciamento do resíduo e o seu melhor aproveitamento.

5.2 Geração de Resíduos

A declaração dos resíduos gerados é a fase fundamental no inventário, uma vez que nela

deverão ser apresentados todos os resíduos e as quantidades geradas pelo empreendimento no

período e, a partir do valor de geração, serão definidas as destinações dos resíduos. Os dados

aqui utilizados referem-se aos tipos de resíduos declarados pelas empresas e não às

quantidades geradas destes resíduos, pois, assim como ocorreu nos dados do inventário em

2007, os resíduos como estéril e rejeito podem mascarar os dados dos outros resíduos, por

apresentarem quantitativos muitas vezes superiores. Assim os resíduos declarados pelas

empresas terão o mesmo valor independente da sua geração.

Partindo do princípio acima, as 47 empresas vistoriadas apresentaram um total de 851

resíduos com uma média de 18,11 resíduos por empresa, com um máximo de 61 resíduos e

um mínimo de 2 resíduos.

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86

Na fase de declaração dos resíduos sólidos há a vinculação entre a etapa do processo

industrial onde são gerados. Algumas empresas apresentaram dificuldades de vinculação dos

resíduos por etapa, pois muitas delas não realizam a segregação de seus resíduos fazendo a

contabilização deles somente no momento do envio para a destinação final.

A segregação é um aspecto muito relevante dentro do gerenciamento de resíduos sólidos, uma

vez que, quando mal realizada, pode acarretar problemas de contaminação de resíduos não

perigosos por resíduos perigosos, aumentando, assim, os volumes de resíduos perigosos

gerados; inviabilizar tratamento de recuperação e reciclagem pela alteração de características

físicas e químicas e, em casos mais extremos, problemas de incompatibilidade entre os

resíduos misturados, gerando substâncias tóxicas e riscos de explosão. A segregação está

também contemplada na PERS, como responsabilidade do gerador a separação de seus

resíduos.

Das empresas vistoriadas observou-se que mais de 53% delas apresentaram mistura de

resíduos gerados em diferentes etapas e com características diferenciadas. Com relação à

mistura de resíduos perigosos e não perigosos somente uma empresa apresentou esse

problema, sendo essa mistura de resíduos destinada e classificada como resíduo perigoso. A

empresa foi informada, por meio do Auto de Fiscalização, que deveria rever seus

procedimentos, pois estavam em desacordo com o estabelecido nas normas ambientais.

Observa-se que a falta de segregação está fortemente relacionada à forma de destinação dada

ao resíduo, uma vez que 92% dos resíduos identificados como não segregados são destinados

a algum tipo de aterro. Outro dado interessante neste aspecto é que os resíduos que não são

segregados mais de 80% têm Destinação Externa. Isso ocorre claramente por que a maioria

das empresas acreditam que quando contratam uma empresa externa para fazer a destinação

do seu resíduo deixam de ter obrigações sobre aquele resíduo, porém conforme definido na

PNRS o gerador é responsável por todo o gerenciamento do seu resíduo, independentemente

de contratação de terceiros para a destinação do mesmo.

Durante as vistorias ficou clara a dificuldade de quantificação dos resíduos gerados, pois

grande parte das empresas faz a contabilização somente no envio para a destinação, e não na

geração. A contabilização do resíduo pode ser usada como um parâmetro para a medição da

eficiência do processo produtivo, então o ideal é que a contabilização aconteça para o

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87

acompanhamento do processo. Além disso, durante as vistorias observou-se que vários

resíduos foram apresentados de acordo com médias de geração, muitas vezes por estimativa, e

não com a geração real da empresa naquele ano.

O inventário de resíduos sólidos industriais utiliza a tonelada como unidade para a geração de

resíduos, sendo essa forma a utilizada também para a cobrança da destinação dos resíduos. As

vistorias identificaram que algumas empresas apresentaram, nos campos destinados a

apresentação dos valores em toneladas, as quantidades de resíduos gerados em outras

unidades, o que mascarou a declaração dessas empresas. As unidades mais utilizadas foram

metros cúbicos e litros, principalmente para resíduos sólidos em estado semi-sólido e líquido.

Todos os empreendedores foram notificados e chamados a apresentarem as informações na

unidade definida no inventário.

Os dois principais erros que as empresas cometeram com relação à quantificação dos resíduos

foram falta de pesagem, com a estimativa de valores gerados e a declarações dos resíduos em

unidades diferentes de tonelada. O total de resíduos declarados de forma equivocada

representou mais de 10 % (87) dos resíduos declarados (Figura 5.6).

35

21

31

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Valores estimados Declarações em outraunidades

Outros

Tip

os d

e re

sídu

os

Figura 5.6 - Principais problemas com a quantificação dos resíduos.

Algumas empresas demonstraram não conhecer a definição de resíduos como o que consta na

norma NBR 10.004/2004 e na PNRS e PERS, uma vez que apresentam no inventário dados

não pertinentes a esse documento. Os dados referem-se a efluentes líquidos que tem sua

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tratabilidade desenvolvida para o lançamento em corpos receptores e ,apesar disso, foram

declarados no inventário. A definição é muito clara com relação aos resíduos líquidos,

definidos como “líquidos cujas características tornem inviável seu lançamento na rede pública

de esgoto ou corpos d’água ou que exijam para isso soluções técnicas e economicamente

inviáveis em face de melhor tecnologia disponível”. Foram apresentados pelas empresas

vistoriadas cinco efluentes líquidos que não deveriam ser apresentados no inventário de

resíduos.

Para o seu melhor gerenciamento, os resíduos, devem ser classificados pela NBR

10.004/2004; porém, conforme observado nas vistorias, mais de 44% das empresas

apresentou inadequações quanto à declaração da classe de algum de seus resíduos (Figura

5.7), o que demonstra fortemente, o que já havia sido observado nos próprios relatórios dos

inventários, que boa parte das empresas apresenta a classificação dos resíduos de forma

empírica, sem a devida classificação por meio de laudos de análise.

21

26

0

5

10

15

20

25

30

Apresentaram inconsistência Não apresentaram inconsistência

Núm

ero

de e

mpr

esas

Figura 5.7 - Relação de consistência da classificação de resíduos pelas empresas.

As 21 empresas apresentaram 33 resíduos com erros de classificação os quais representam

3,88% dos resíduos declarados. Dos 33 resíduos, foram declarados 25 como resíduos não

perigosos, quando, na verdade, são resíduos perigosos; e os outros 8 foram apresentados como

perigosos, quando, na verdade são não perigosos.

A classificação dos resíduos deveria ser uma exigência de todo o processo de licenciamento,

porém esse procedimento não vem sendo observado durante o processo. As vistorias

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89

realizadas mostraram que a maioria, 78,72%, das empresas não apresenta laudos de

classificação dos resíduos gerados no seu processo. Das 37 empresas que não apresentavam

os laudos treze não tinham laudo nenhum de caracterização disponível no ato da vistoria.

Somente dez empresas apresentaram todos os laudos de caracterização dos resíduos (Figura

5.8).

13

24

10

0

5

10

15

20

25

30

Nenhum laudo Mais de um laudo Todos os laudos

Núm

ero

de e

mpr

esas

Figura 5.8 - Relação de empresas quanto à apresentação dos laudos. Para melhor identificação dos resíduos não declarados pelo empreendimento, estes foram

divididos em três tipos: resíduos do processo produtivo, resíduos de manutenção e resíduos

administrativos. Dos empreendimentos vistoriados, mais de 61,70% das empresas não

apresentaram todos os resíduos gerados no processo produtivo; 36,17 % não apresentaram

todos os resíduos administrativos; e 34,04% não apresentaram resíduos de manutenção

(Figura 5.9). As empresas que, de acordo com as vistorias, apresentaram todos os resíduos

representam somente 21,28%, sendo 10 empresas no total.

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90

29

16 17

0

5

10

15

20

25

30

35

Processo Produtivo Manutenção Administrativo

Núm

ero

de e

mpr

esas

Figura 5.9 - Número de empresas que não declararam seus resíduos, divididos por setor.

Durante as vistorias foram identificados 127 resíduos não declarados pelas empresas, o que

representa um acréscimo de quase 15% do total de resíduos declarados. Sendo que dos

resíduos não declarados têm-se 76 resíduos gerados no processo produtivo, 27 da manutenção

e 24 nos setores administrativos (Figura 5.10).

76

2724

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Processo Produtivo Manutenção Administrativo

Tip

os d

e re

sídu

os

Figura 5.10 - Número de tipos de resíduos não declarados, divididos por setor.

As 29 empresas que deixaram de apresentar os resíduos do processo industrial foram

subdivididas em três categorias: as que deixaram de apresentar um resíduo, as que deixaram

de apresentar dois resíduos e as que deixaram de apresentar três ou mais resíduos, com a

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prevalência de empresas que deixaram de apresentar três ou mais resíduos, seguido das

empresas que deixaram de apresentar dois resíduos (Figura 5.11).

3

12

14

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 resíduo 2 resíduos 3 ou mais resíduos

Núm

ero

de e

mpr

esas

Figura 5.11 - Número de empresas que não apresentaram 1, 2, 3 ou mais resíduos.

Quando são observados os motivos apresentados pelos empreendedores para a não

apresentação dos resíduos, observa-se que parte deles, conforme observado nas vistorias,

provém do não conhecimento da legislação, uma vez que consideram que os resíduos que são

reutilizados ou reprocessados não fazem parte dos dados a serem apresentados. Conforme

observado anteriormente, a Resolução CONAMA № 313 deixa claro que devem ser

apresentados todos os resíduos gerados pela atividade industrial, inclusive os reutilizados ou

reprocessados com a apresentação de qualquer refugo do processo ou subproduto.

Quando subdivide-se os resíduos do processo produtivo em perigosos e não perigosos,

observa-se que 63,16% são resíduos não perigosos e 36,84% são resíduos perigosos (Figura

5.12).

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92

48

28

0

10

20

30

40

50

60

resíduos não perigosos resíduos perigosos

Núm

ero

de r

esíd

uos

Figura 5.12 - Número de resíduos perigosos e não perigosos não declarados do processo produtivo.

As dezesseis empresas que não apresentaram resíduos de manutenção tiveram como principal

dificuldade a terceirização de alguns serviços de manutenção. Essa constatação traz uma

discussão sobre a responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos. Tanto a PNRS quanto a

PERS apontam como responsável pelo gerenciamento de seus resíduos o gerador, assim

considerando que o resíduo foi gerado em virtude do processo produtivo da empresa, sendo,

portanto, responsável por seu gerenciamento; por isso a empresa deve apresentar no

inventário como sua geração os resíduos de manutenção, mesmo que os serviços sejam

terceirizados.

Dos 27 resíduos não declarados na manutenção observa-se que 22 deles são classificados com

perigosos enquanto cinco são classificados com não perigosos, isso se deve ao fato de a

maioria deles apresentar contaminação por graxas e óleos (Figura 5.13).

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18,52%

81,48%

resíduos não perigosos

resíduos perigosos

Figura 5.13 - Porcentagem de resíduos perigosos e não perigosos não declarados.

Os resíduos considerados como administrativos são basicamente os gerados nos escritórios,

restaurantes, banheiros, e os resíduos comuns a todas as áreas da empresa como lâmpadas,

pilhas e baterias. Esses resíduos não foram declarados por dezessete empresas, totalizando 24

resíduos. Nesse caso observamos também como no caso dos resíduos de manutenção a

dificuldade das empresas na administração dos resíduos gerados em áreas onde há a

terceirização dos serviços, evidenciando-se a dificuldade das empresas para o gerenciamento

nas outras empresas. As lâmpadas deixaram de ser declaradas por dez empresas, enquanto as

pilhas e baterias não foram declaradas por sete empresas (Figura 5.14).

10

7 7

0

2

4

6

8

10

12

Lâmpadas Pilhas e baterias Outros

Núm

ero

de e

mpr

esas

Figura 5.14 - Empresas que não declararam a quantidade de lâmpadas, pilhas e baterias e outros resíduos gerados.

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Os dois resíduos mais citados, as lâmpadas e as pilhas e baterias, são apresentados na PNRS

como resíduos que os seus fabricantes, distribuidores e comerciantes deverão implementar

sistemas de logística reversa mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de

forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.

5.3 Armazenamento de Resíduos

As empresas foram avaliadas com relação ao atendimento das Normas NBR 11.174/90 e

12.235/92 para o armazenamento de resíduos perigosos e não-perigosos. A maioria das

empresas apresenta mais de uma área para o armazenamento de resíduos e algumas áreas

apresentam armazenamento conjunto de resíduos perigosos e não perigosos. As 47 empresas

apresentam 63 áreas de armazenamento de resíduos que foram avaliadas, onde foi constatado

que 36 dessas áreas não se apresentavam com a estrutura física adequada para o

armazenamento dos resíduos. Além das características físicas, as normas abordam a

necessidade de treinamentos dos funcionários e inspeções nas áreas, neste caso somente doze

depósitos atendiam a essas exigências (Figura 5.15).

36

1215

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Não apresentam estruturasfísica treinamento e

inspenção

Apresentam estrutura físicasem treinamento e inspenção

Apresentam estrutura física,treinamento e inspenção

Núm

ero

de á

reas

Figura 5.15 - Número de áreas que apresentaram ou não estrutura adequada para armazenamento dos resíduos.

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5.4 Destinação

Os dados apresentados pelas empresas foram compilados de acordo com as três formas de

destinação do Inventário SDD, DI e DE e nos respectivos destinos, quais sejam, incineração,

coprocessamento, aterro industrial, entre outros. Com o mesmo objetivo dos dados de geração

dos resíduos, os aqui avaliados referem-se ao destino dos resíduos de cada empresa e não ao

total de resíduos destinados em toneladas, assim o universo a ser avaliado é de 893 destinos.

Observamos, conforme a Figura 5.16, que 643 destinações são para DE, 186 para DI e 64 para

SDD.

SDD7%

DI21%

DE72%

Figura 5.16 - Porcentagem de destinação DE, DI e SDD.

A relação ao destino constatada durante as vistorias apresenta um aumento de 18,14% com

um total de 162 destinos não apresentados. Essa relação somente leva em conta os resíduos

declarados no inventário. Muitas das empresas quando apresentaram o inventário o fizeram

somente para uma forma de destinação dos resíduos, o que na prática não acontece, pois o

resíduo gerado em um ano pode ser enviado para empresas diferentes ou destinos diferentes

ou até serem direcionados para formas de destinação diferentes. As principais dificuldades

apresentadas pelas empresas para o atendimento desse item da declaração é a falta das

informações requisitadas para o preenchimento do inventário. Das 47 empresas vistoriadas, 33

empresas apresentaram algum destino (Figura 5.17), correspondendo assim a uma média de

quase cinco destinos não declarados por empreendimento.

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Apresentaram todos os destinos

30%

Não apresentaram

todos os destinos

70%

Figura 5.17 - Porcentagem de empresas que apresentaram ou não todos os destinos dos resíduos.

Os resíduos destinados como DE apresentaram como maiores destinos: a reciclagem com 270

tipos de resíduos, seguido de sucateiros intermediários com 67 resíduos e coprocessamento

em fornos de cimento e reutilização 38 resíduos cada (Figura 5.18).

270

6738 38 34 31 31

0

50

100

150

200

250

300

RE

CIC

LAG

EM

SU

CA

TE

IRO

SIN

TE

RM

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IÁR

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CO

PR

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ÃO

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OTip

os d

e re

sídu

os c

om D

E

Figura 5.18 – Tipos de resíduos com DE por tipo de destinação.

Outros destinos apresentados na forma de destinação DE que merecem destaque:

• Aterro Controlado Municipal e Lixão Municipal (quatorze resíduos cada um): Essas

formas de destinação não são consideradas adequadas para nenhum tipo de resíduo,

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pois não apresentam os requisitos mínimos de segurança com relação à contaminação

da área. Ressalta-se que, no caso de resíduos industriais, a responsabilidade de

tratamento ou disposição dos seus resíduos é a do gerador; então, a empresa pode ser

responsabilizada por contaminações provenientes dessas áreas;

• Retorno ao fornecedor (sete resíduos): Nesses casos destacam-se as embalagens

vazias, quando se verifica que algumas empresas já começam a trabalhar com a

questão da logística reversa;

• Bota fora de terceiros (três resíduos): uma vez que o Lixão e o Aterro Controlado não

são considerados destinos adequados e há a responsabilidade da indústria pela

destinação dos seus resíduos.

Os resíduos destinados como DI apresentaram como maiores destinos: o aterro industrial

próprio com quarenta resíduos, seguidos da reciclagem com 39 resíduos, e reutilização 18

resíduos (Figura 5.19).

40 39

18 17

129

0

5

10

15

2025

30

35

40

45

AT

ER

RO

IND

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TR

IAL

PR

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RIO

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CIC

LA

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DE

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JEIT

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DE

ES

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Tip

os d

e re

sídu

os c

om D

I

Figura 5.19 - Tipos de resíduos com DI por tipo de destinação.

Outro destino que merece destaque é a compostagem que apresenta dezessete resíduos;

desses, dez são resíduos industriais que necessitam de áreas específicas para realização da

compostagem como impermeabilização das baias e sistema de drenagem das águas pluviais,

porém, das dez áreas, somente três apresentavam essas medidas.

Com relação aos resíduos com destinação SDD, ressalta-se que são os que foram gerados no

ano base declarado e que, eventualmente, não foram destinados, seja por falta de tecnologia,

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seja por aguardo para a composição de carga para o envio. Algumas empresas apresentaram

resíduos que deveriam estar com forma de destinação SDD como DI por entenderem que,

como já apresentam um destino específico, porém como definido na Resolução CONAMA

esses resíduos deveriam ser apresentados como SDD, pois, efetivamente, ainda não foram

encaminhados para a sua destinação. Os resíduos mais declarados como SDD foram resíduos

de sucata de metais ferrosos (6), óleo lubrificante usado (5), pilhas e baterias (5), lâmpadas

(4), resíduos de borracha (4) e sucatas de metais não ferrosos (4); porém, como verificado nas

vistorias, muitas empresas apresentavam em suas áreas resíduos estocados no ano de 2007.

Os resíduos que não foram apresentados pelas empresas foram lâmpadas (24), pilhas e

baterias (20) e óleos lubrificantes usados (17) sendo o maior complicador para o envio desses

resíduos a geração intermitente e de pequenos volumes que o inviabilizam economicamente

(Figura 5.20).

24

20

17

0

5

10

15

20

25

30

Lâmpadas Pilhas e Baterias Óleos lubrificantes usados

Núm

ero

de e

mpr

esas

Figura 5.20 – Número de empresas que não declararam os resíduos: lâmpadas, pilhas e baterias e óleos lubrificantes.

5.5 Resíduos gerados em anos anteriores

Os resíduos gerados em anos anteriores, conforme consta na Resolução CONAMA №

313/2002, referem-se aos gerados em anos que antecedem o ano base e que estejam sob a

responsabilidade da empresa, independentemente do local onde esteja armazenado; no

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99

entanto, muitas empresas, apesar de terem esses tipos de resíduos, não os declararam e outras

declararam de forma parcial, não apresentado todos os resíduos.

Nas vistorias, foi constatado que somente oito empresas não tinham estoques de resíduos

gerados em anos anteriores. Assim, das 38 empresas que apresentavam resíduos de anos

anteriores somente quatro apresentaram todos os resíduos, enquanto vinte não apresentaram

nenhum resíduo, e quatorze apresentaram apenas parte dos resíduos de anos anteriores

armazenados (Figura 5.21).

20

14

4

0

5

10

15

20

25

Não apresentaram nenhum Apresentaram parte dosresíduos

Apresentaram completos

Núm

ero

de e

mpr

esas

Figura 5.21 - Número de empresas que apresentaram ou não todos os resíduos gerados.

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O Estado de Minas Gerias vem, ao longo de três anos, realizando sistematicamente o

inventário, conforme metodologia definida pela Resolução CONAMA № 313. Essa resolução

define a apresentação dos dados pelas próprias empresas que geram os resíduos, sendo assim

um documento autodeclaratório. Os resultados apresentados neste trabalho apontam

distorções significativas relacionadas a todas as etapas de declarações do inventário, quando

comparado aos dados apresentados e os verificados nas vistorias. Assim, essas distorções

podem comprometer e interferir de forma negativa no planejamento e na execução de

políticas relacionadas aos resíduos sólidos industriais.

Durante as vistorias realizadas, observou-se que os principais aspectos que geraram esses

tipos de problemas foram relacionados à capacitação dos responsáveis pelo envio das

informações (não conhecimento da legislação e dos conceitos aplicáveis aos resíduos e ao

inventário), falta de um sistema de gerenciamento dos resíduos gerados e em alguns casos o

próprio descaso no preenchimento sendo o mesmo entregue somente como o atendimento a

um requisito legal.

Para a solução desses tipos de problemas, o Estado deve realizar cursos e treinamentos para os

empreendedores e responsáveis técnicos dos empreendimentos com o objetivo de diminuir os

problemas de entendimento e aumentar a capacitação dos técnicos da área. Deve-se estimular

a implementação de sistemas de gestão de resíduos sólidos dentro das empresas, conforme

definido na PNRS, dessa forma, todas as indústrias e minerações deverão elaborar seu plano

de gerenciamento de resíduos, o que poderá auxiliar no conhecimento e no gerenciamento dos

resíduos por elas gerados.

O Estado deve também se manter presente nas empresas com a realização de vistorias em

número significativo de empreendimentos, para a verificação e acompanhamento da evolução

dos sistemas de gerenciamento de resíduos.

A metodologia utilizada em Portugal pode ser também uma opção para a resolução desses

problemas, pois naquele país foi realizado primeiramente um levantamento de todos os

possíveis geradores e, em seguida, vistorias a todos os geradores com preenchimento pelo

próprio agente fiscalizador de todos os resíduos gerados, reduzindo, assim, a possibilidade

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dos erros aqui apontados. Uma das grandes dificuldades de aplicação dessa metodologia no

Estado é relacionada a sua extensão territorial e aos custos de investimentos, neste caso.

Sugere-se, assim, que mesmo com um custo mais elevado em um primeiro momento, o

Estado possa realizar um levantamento mais completo de todas as fontes geradoras de

resíduos industriais e minerários e a verificação e o levantamento de dados diretamente no

campo com a utilização de técnicos treinados, o que pode ser realizado por meio de convênios

com as universidades públicas do Estado, fazendo, assim, um diagnóstico inicial mais

próximo da realidade e, em um segundo momento, os dados dos próximos anos poderão ser

encaminhados pelos próprios empreendedores com o acompanhamento do Estado.

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APÊNDICES

A - QUESTIONÁRIO “GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS”

RAZÃO SOCIAL: ___________________________________________________________

CNPJ: _____________________________________________________________________

MUNICÍPIO: _______________________________________________________________

RESPONSÁVEL: ____________________________________________________________

CARGO/FUNÇÃO: __________________________________________________________

DATA: _____ / _____ / _____

Esse formulário tem o objetivo de auxiliar na avaliação dos dados apresentados pelas

empresas a FEAM quando do preenchimento do inventário de resíduos sólidos.

O inventário de resíduos sólidos a partir do ano de 2008 vem sendo apresentado, pelas

empresas, a partir de formulário eletrônico disponibilizado em um sítio na internet.

O inventário consiste em uma primeira etapa onde ocorre a caracterização do

empreendimento sendo pedidos dados referentes ao empreendedor, empreendimento,

atividade, classe segundo a DN №74/2004, responsável técnico, período de produção e

coordenadas geográficas.

Esse formulário deve ser preenchido com as considerações do responsável pelas informações

apresentadas no inventário da empresa.

A segunda parte do inventário a empresa deve apresentar as matérias primas, insumos e os

produtos utilizados no seu processo produtivo durante o ano de vigência com as respectivas

capacidades máxima. Ressalta-se que as substâncias químicas deverão ser mencionadas em

nomes químicos e não em nomes comerciais.

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Questão 1: De acordo com as verificações realizadas na vistoria a empresa apresentou todas as matérias primas, insumos e produtos da empresa? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Questão 2: Quais as maiores dificuldades encontradas pela empresa? ( ) Erro de interpretação ( ) Falta de dados Outros: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A etapa posterior do inventário de resíduos sólidos industriais consiste em uma discrição do processo produtivo identificando as etapas do mesmo. A empresa deverá inserir também as unidades auxiliares como escritório, oficinas etc. Questão 3: A empresa identificou de forma coerente as etapas do processo conforme verificado na vistoria? Foram declarados todas as unidades auxiliares presentes na indústria? Quais não foram identificadas? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Na fase de declaração dos resíduos sólidos há a vinculação entre a etapa do processo industrial onde são gerados. Lembrando que conforme a resolução Conama Nº 313/2002 no seu anexo I item 6: “Não deixe de informar nenhum resíduo gerado pela atividade industrial, independente deste ser reutilizado ou re-processado. Deve ser incluído todo e qualquer refugo gerado pelo processo industrial, inclusive subprodutos. Ressalta-se que devem ser declarados todos os resíduos GERADOS no ano de referência do inventário e não os resíduos DESTINADOS no respectivo ano. Questão 4: A empresa deixou de apresentar algum tipo de resíduo gerado dentro do processo produtivo? Quantos? Quais? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Questão 5: Os resíduos gerados das manutenções dos equipamentos e processos foram identificados de forma correta? Os resíduos gerados no escritório e de diversas áreas como pilhas, baterias, lâmpadas etc. foram declarados? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Questão 6: Com relação aos resíduos declarados pela empresa houve alguma incoerência/inconsistência com relação à classificação dos resíduos gerados? Quais? A empresa tem os laudos de classificação destes resíduos? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Questão 7: Com relação ao armazenamento/acondicionamento, tanto no local de geração quanto no armazenamento temporário, verificou-se alguma inadequação dos sistemas exigidos nas normas ABNT de armazenamento de resíduos (perigosos e não-perigosos)? Quais? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Questão 8: Há resíduos declarados com Destinação Externa (DE)? Dentro da destinação externa há alguma forma de destinação dos resíduos considerada inadequada? Quais? Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Questão 9: Há resíduos declarados com Destinação Interna (DI)? Dentro da destinação externa há alguma forma de destinação dos resíduos considerada inadequada? Quais? Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Questão 10: Há resíduos declarados com Sem Destino Definido (SDD)? Houve dúvida ou não compreendimento da destinação SDD por parte do empreendedor? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Questão 11: Houve algum erro de interpretação por parte do empreendedor com relação aos tipos de destinação? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Questão 12: Quais os resíduos/destinação não apresentaram a destinação conforme declarado no inventário quando comparado com a destinação verificada em vistoria? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O tópico Resíduos Gerados em Anos Anteriores refere-se aos resíduos gerados em anos que antecedem o ano base que estejam sob a responsabilidade da empresa, qualquer que seja o local onde esteja armazenado. Questão 13: A empresa deixou de declarar algum resíduo que se apresenta sob responsabilidade da empresa? Quais? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXOS

I – RESOLUÇÃO CONAMA № 313 DE 2002

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