DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS FISCAIS EM FEDERAÇÕES Sergio Prado – IE UNICAMP.

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DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS

FISCAIS EM FEDERAÇÕES

Sergio Prado – IE UNICAMP

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conteúdo1. introdução2. brecha vertical – conceito3. Causas da BV:

3.1. peso dos estados nacionais no pós guerra 3.2. atribuição de encargos e tributos3.3. financiamento de programas nacionais3.4. redução de desigualdades horizontais

4. Modalidades básicas de transferências 5.Programas de equalização6. Descrição dos casos nacionais

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1. INTRODUÇÃO

o OS PROBLEMAS DOS GOVERNO MULTINÍVEL:

o TRÊS ORÇAMENTOS SOBRE MESMO TERRITÓRIOo PREFERÊNCIAS DIFERENCIADAS:

CARACTERÍSTICAS SOCIAIS, HISTÓRICAS E POLÍTICAS

o DIFERENÇAS EM DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

o NÃO EXISTE UM ORÇAMENTO CENTRAL PARA DISTRIBUIR RECURSOS ENTRE REGIÕES E O PODER DE TRIBUTAR ESTÁ DISTRIBUIDO ENTRE GOVERNOS/REGIÕES

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2. A QUESTÃO CENTRAL: A “BRECHA VERTICAL”

“BRECHA VERTICAL” OU “VERTICAL GAP” É A DIFERENÇA ENTRE OS RECURSOS PRÓPRIOS DOS GOVERNOS SUBNACIONAIS E O MONTANTE DE RECURSOS NECESSÁRIOS PARA O FINANCIAMENTO DOS SEUS ENCARGOS TOTAIS.

EM GERAL,OS GOVERNOS DE NÍVEL SUPERIOR ARRECADAM MAIS RECURSOS DO QUE NECESSITAM PARA SEUS GASTOS PRÓPRIOS.

BV NÃO É “DESARRANJO” OU “DESEQUILÍBRIO” BV EXISTE EM ABSOLUTAMENTE TODAS AS

FEDERAÇÕES, É INERENTE A ELAS.

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QUATRO CAUSAS BÁSICAS DA BV:

PESO DOS GOVERNOS CENTRAIS NO PÓS-GUERRA

EFICIÊNCIA NA ATRIBUIÇÃO DE PODERES (ALOCAÇÃO DE ENCARGOS E IMPOSTOS)

DEMANDAS POR EQUIDADE HORIZONTAL

PAPEL DO GOVERNO CENTRAL COMO GESTOR/ORIENTADOR DO GASTO

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O peso dos estados nacionaisPós-guerra: criação dos estados de

bem estar social, sob comando dos Governos centrais.

Imposto de renda é centralizado para esforço de guerra, e depois permanece em mãos dos governos centrais.

Nas décadas recentes, mesmo com descentralização, os sistemas construídos no pós guerra tendem a permanecer centralizados.

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QUATRO CAUSAS BÁSICAS DA BV:

PESO DOS GOVERNOS CENTRAIS EFICIÊNCIA NA ALOCAÇÃO DE

ENCARGOS E IMPOSTOS

DEMANDAS POR EQUIDADE HORIZONTAL

PAPEL DO GOVERNO CENTRAL COMO GESTOR/ORIENTADOR DO GASTO

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BV E ATRIBUIÇÃO DE PODERES A DESCENTRALIZAÇÃO DE ENCARGOS É

SEMPRE MAIOR QUE A DESCENTRALIZAÇÃO DE TRIBUTOS

ENCARGOS: FRAGILIZAÇÃO ESTADOS NACIONAIS

(GLOBALIZAÇÃO/PRIVATIZAÇÃO) PROCESSOS DE DESCENTRALIZAÇÃO ÊNFASE NOS GASTOS SOCIAIS

RESULTADO:EXECUÇÃO DO GASTO CADA VEZ MAIS

ATRIBUIDA AOS GOVERNOS SUBNACIONAIS

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BV E ATRIBUIÇÃO DE PODERES A DESCENTRALIZAÇÃO DE ENCARGOS É

SEMPRE MAIOR QUE A DESCENTRALIZAÇÃO DE TRIBUTOS

TRIBUTOS:ARGUMENTOS TÉCNICOS PARA CENTRALIZAR

IMPOSTOS PRINCIPAIS:• EFICIÊNCIA ALOCATIVA• GUERRA FISCAL• CUSTOS PARA CONTRIBUINTE

RESULTADO:IMPOSTOS PRINCIPAIS TENDEM A SER

ATRIBUÌDOS AOS GOVERNOS SUPERIORES, EM GERAL AO GOVERNO CENTRAL.

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A centralização histórica e técnica exige transferências: TRANSFERÊNCIA ADEQUADA NESTE CASO É: FORMALIZADA (LEGAL OU CONSTITUCIONAL) E NÃO CONDICIONADA. DEVE VISAR AMPLIAR RECURSOS PRÓPRIOS LIVRES DOS GSN.

FORMA BÁSICA USUAL: COMPARTILHAMENTO DOS IMPOSTOS PRINCIPAIS – RENDA, IVA, EXCISES.

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SISTEMAS DE COMPARTILHAMENTO

CENTRALIZAÇÃO DE IMPOSTOS PRINCIPAIS SEMPRE É

ASSOCIADA A COMPARTILHAMENTO: DIVERSOS NÍVEIS

DE GOVERNO PARTICIPAM DA RECEITA DESTES

IMPOSTOS. HÁ VÁRIAS ALTERNATIVAS:

MONTANTES DEFINIDOS ARBITRARIAMENTE PELO GC

PERCENTUAIS FIXOS (LEI OU CONSTITUIÇÃO)

IMPOSTO DE RENDA: ALÍQUOTAS ESTADUAIS

FREQUENTEMENTE, É ASSOCIADO À FUNÇÃO

REDISTRIBUTIVA

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QUATRO CAUSAS BÁSICAS DA BV:

PESO DOS GOVERNOS CENTRAIS EFICIÊNCIA NA ALOCAÇÃO DE

ENCARGOS E IMPOSTOS

DEMANDAS POR EQUIDADE HORIZONTAL

PAPEL DO GOVERNO CENTRAL COMO GESTOR/ORIENTADOR DO GASTO

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BV E EQUALIZAÇÃO HORIZONTAL.NOÇÃO DE EQUALIZAÇÃO:

DISPARIDADES INTERREGIONAIS SÃO INERENTES A FEDERAÇÕES. DIFERENÇAS EM CAPACIDADE ECONÔMICA GERAM DIFERENÇAS EM CAPACIDADE FISCAL:

CARGA TRIBUTÁRIA PARA GERAR O MESMO NIVEL DE SERVIÇOS TEM QUE SER MAIOR EM JURISDIÇÕES MAIS POBRES.

DEMANDAS SOCIAIS POR IGUALDADE, TRADIÇÕES POLÍTICAS.

RESULTADO:Governos centrais assumem funções de equalização horizontal.

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SOLUÇÃO BÁSICA: DOTAR O GF DE RECURSOS ADICIONAIS (ACIMA DE SEUS GASTOS PRÓPRIOS) PARA TRANSFERÊNCIAS EQUALIZADORAS.

MODELO BÁSICO: SISTEMAS COMPLEXOS DE ANÁLISE DE RECEITAS E DESPESAS, RESULTANDO EM TRANSFERÊNCIAS NÃO CONDICIONADAS. DEFINIÇÃO PRÉVIA: Do critério de equalização– montante

transferido resulta Do montante – grau de equalização resulta

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QUATRO CAUSAS BÁSICAS DA BV:

PESO DOS GOVERNOS CENTRAIS EFICIÊNCIA NA ALOCAÇÃO DE

ENCARGOS E IMPOSTOS

DEMANDAS POR EQUIDADE HORIZONTAL

PAPEL DO GOVERNO CENTRAL COMO GESTOR/ORIENTADOR DO GASTO

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BV E GESTÃO DO GASTO PELO GF EM TODAS AS FEDERAÇÕES, O GC UTILIZA,

EM ALGUMA MEDIDA, TRANSFERÊNCIAS CONDICIONADAS PARA FINANCIAR GASTOS DOS GSN EM SETORES E PROJETOS DE SEU INTERESSE (OU DE INTERESSE NACIONAL).

INTERVENÇÃO EM ESCALA NACIONAL:• PROGRAMAS NACIONAIS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO• OBRAS DE INFRAESTRUTURA SUPRA-REGIONAIS• BENS MERITÓRIOS

EM MUITAS FEDERAÇÕES, ISTO É VISTO COMO INGERÊNCIA DO GF NAS ÁREAS DE COMPETÊNCIA DOS GOVERNOS SUBNACIONAIS

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Implementação de “projetos nacionais”

PADRÃO DE FINANCIAMENTO: ESSENCIALMENTE RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS FEDERAIS, SEM QUALQUER DETERMINAÇÃO LEGAL, ATRAVÈS DE TRANSFERÊNCIAS CONDICIONADAS.

EM MUITOS PAÍSES ( ÍNDIA, ALEMANHA E CANADÀ, POR EXEMPLO) TENDÊNCIA PARA REDUZIR ELIMINAR OU TRANSFORMAR EM TRANSFERÊNCIAS REGULAMENTADAS.

Exceção: Na Austrália constituem cerca de 45% das transferências federais.

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A realidade atual: equilíbrio entre extremosCompartilhamento de impostos (receita livre e garantida) visa ajuste vertical.

GF mantém recursos para fazer transferências equalizadoras (livres), muitas vezes combinada com o compartilhamento.

GF mantém recursos para controlar a atuação dos GSN em áreas exclusivas, através de transferências condicionadas.

V- A estrutura fiscal das federações

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MODELO ATUAL - FINANCIAMENTO GSN COMPOSTO

COMPARTILHAMENTOTRFCS. LIVRES

TFRCS. CONDICION.

AGENTE ARRECADADOR FEDERAL

PROCESSO ORÇAMENTÁRIO FEDERAL

SOCIEDADE / ECONOMIA

AGENTES ARRECADADORES ESTADUAIS PROCESSO ORÇAMENTÁRIO ESTADUAL

V- A estrutura fiscal das federações

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conteúdo 1. introdução 2. brecha vertical – conceito 3. Causas da BV:

3.1. peso dos estados nacionais no pós guerra 3.2. atribuição de encargos e tributos3.3. financiamento de programas nacionais3.4. redução de desigualdades horizontais

4. Modalidades básicas de transferências 5.Programas de equalização6. Descrição dos casos nacionais

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Transferências sempre foram importantes devido à centralização dos recursos fiscais por razões históricas e técnic0-tributárias .

Com a ênfase na descentralização nas décadas recentes, o vertical gap aumentou e com ele a dimensão das transferências

Até agora, esforços para descentralizar a competência tributária tiveram poucos resultados.

MODALIDADES DE TRANSFERÊNCIAS

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Recolocando os motivos básicos para a existência de transferências verticais:

1. Herança histórica dos anos 50, cristalizada nas instituições e nas preferências da sociedade: papel dominante do GC.

2. Maior eficiência da centralização tributária 3. Redução das desigualdades horizontais4. Execução de “Projetos Nacionais”Que tipo de transferências decorrem destas

motivações?

MODALIDADES DE TRANSFERÊNCIAS

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AS TRANSFERÊNCIAS PODEM SER:

LIVRES AUTONOMIA x CONDICIONADAS ORÇAMENTÁRIA

DEVOLUTIVAS APROPRIAÇÃO x REDISTRIBUTIVAS ECONÔMICA

LEGALMENTE DEFINIDAS GARANTIA x VOLUNTÁRIAS RECURSOS

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Definidas legalmente orçamento GF I---------------------------------------------I I-----------I

TRF. = DEV + RED + COND . + VOL I-------------------------I I---------------------------------I TL = Receita Livre TC = Rec. Condicionada

DEV = entregue à jurisdição onde foi arrecadado, base legalRED = transferido de forma redistributiva, base legalCOND = submetidas a condições, base legalVOL= decisão orçamentária GC, sem base lega.

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EXEMPLOS NO BRASIL:

DEV - COTA PARTE ICMS P/ MUNICIPIOS;ITR;IPVARED - FUNDOS DE PARTICIPAÇÃOCOND - FUNDEF, SUSVOL - CONVÊNIOS

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conteúdo 1. introdução 2. brecha vertical – conceito 3. Causas da BV:

3.1. peso dos estados nacionais no pós guerra 3.2. atribuição de encargos e tributos3.3. financiamento de programas nacionais3.4. redução de desigualdades horizontais

4. Modalidades básicas de transferências

5.Programas de equalização6. Descrição dos casos nacionais

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SISTEMAS DE EQUALIZAÇÃO

TODA FEDERAÇÃO TEM ALGUM DISPOSITIVO DE EQUALIZAÇÃO HORIZONTAL: VARIA O GRAU DE SOFISTICAÇÃO E ABRANGÊNCIA.

FLUXOS ORÇAMENTÁRIOS ARBITRÁRIOS

COMPARTILHAMENTO SUJEITO A FÓRMULASParte-se de um dado montante, atinge-se

algum grau de equalização

FLUXOS ORÇAMENTÁRIOS SUJEITOS A FÓRMULAS Aplica-se um critério de equalização, resulta

um dado montante de recursos supridos pelo GC

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ALTERNATIVAS COM RECURSOS DADOS

Compartilhamento de impostos principais percentual fixo, com ou sem mecanismos de revisão periódica. Receita total de um imposto: Austrália % sobre IR e IVA. Índia antes de 2000, Brasil,

alemanha. Participação na receita total federal, com

percentual fixo, eventualmente revisado periodicamente (Índia depois de 2000)..

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ALTERNATIVA COM CRITÉRIOS DADOS

Federação define nível desejado de equalização, sob algum critério, e o montante transferido é “conta aberta”, irá resultar da combinação do critério (grau de equalização) com a disparidade em capacidade econômica entre as jurisidições. A Federação paga, com recursos do orçamento federal.

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CRITÉRIOS BÁSICOS DE EQUALIZAÇÃO

Critério básico é população, a receita per capita ponderada por algum critério redistributivo

1º. Modelo: Ponderação por parâmetros de pobreza

ou atraso, em geral aplicados a compartilhamento

de impostos (Índia,Brasil). Não exige muita sofisticação, mas é

rústico e impreciso, pois não leva em consideração a totalidade das receitas obtidas pelos governos.

Chamamos a este modelo “fluxo redistributivo”.

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CRITÉRIOS BÁSICOS DE EQUALIZAÇÃO

2º.modelo:

• Princípio da capacidade de gasto: ajusta-se $ per capita, “cesta de serviços” pode ser diferente entre estados (Canadá/Alemanha).• É necessário calcular a receita potencial per

capita que cada governo poderia obter dado o sistema tributário, e as transferências são distribuídas de forma a reduzir as disparidades entre estas receitas.

• É necessário ser a receita potencial e não a efetiva, para evitar que baixo esforço fiscal seja premiado.

• Princípio da necessidade fiscal: parte-se da “cesta de serviços”, per capita pode ser diferente entre estados (Austrália). • Além do cálculo da receita potencial, neste caso, o

mais sofisticado, calcula-se também as necessidades para cada governo beneficiado.

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DILEMAS FUNDAMENTAIS

Quanto maior devolução, menor o potencial de redistribuição e coordenação do gasto pelo GC.Quanto mais fluxos livres, maior possibilidade de diferenças na oferta de serviços, mas rec. condicionados reduzem autonomia.Quanto mais legalizado, maior a estabilidade e garantia do recurso, mas menor a agilidade para adaptações às circunstâncias.

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conteúdo 1. introdução 2. brecha vertical – conceito 3. Causas da BV:

3.1. peso dos estados nacionais no pós guerra 3.2. atribuição de encargos e tributos3.3. financiamento de programas nacionais3.4. redução de desigualdades horizontais

4. Modalidades básicas de transferências

5.Programas de equalização6. Descrição dos casos nacionais

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6.ALGUMAS EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM SISTEMAS DE PARTILHA

ÍNDIA

ARRECADAÇÃO CONCENTRADA NO GF (70%) IR FEDERAL; VENDAS PODERES

CONCORRENTES;EXCISES FEDERAISESTADOS SÓ UTILIZAM DE FATO IMPOSTO SOBRE VENDASMUNICÍPIOS NÃO ARRECADAM PRATICAMENTE NADAENCARGOS CONCENTRADOS NO GF E ESTADOSDECISÃO SOBRE PARTILHA TOMADA POR “CONSELHOS DE SÁBIOS”

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o ÍNDIA o 1) TRANSFERÊNCIAS LIVRES

o COMPARTILHAMENTO DO IR E EXCISES, DOTAÇÃO SEPARADA EM FATIAS, PARA CADA FATIA É APLICADO UM CRITÉRIO DE ATRASO ECONÔMICO OU SOCIAL. UMA FATIA É “DEVOLVIDA”.

o COMPLEMENTAÇÃO, COM RECURSOS DO ORÇAMENTO, ATÉ COBRIR OS GASTOS CORRENTES (CONTA ABERTA)

ESTA ETAPA É CONTROLADA PELA COM. FINANÇAS, E VISA EQUALIZAR GASTOS CORRENTES.

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2) TRANSFERÊNCIAS CONDICIONADASA partir do resultado corrente (etapa anterior)

cada estado tem um saldo, poupança, que normalmente não é suficiente para financiar seus investimentos. Os planos de investimento estaduais são discutidos com o GF (Comissão do Plano), resultado em transferências condicionadas submetidas a critérios de distribuição

3) TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS 30% das transferências são decididas pelos

ministérios do GF, visando projetos específicos

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RESUMO DO SISTEMA INDIANO

Receitas livres vem de compartilhamento com parâmetros, parte-se de recursos dados; complementado com fluxos orçamentários “gap filling”.É o único que separa gastos correntes de investimento, com duas comissões separadas.Envolve quatro etapas típicas: Devolução redistributiva Conta aberta orçamentária Condicionadas reguladas voluntárias

Transferências condicionadas compõe quase 50% das transferências totais

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Vantagens e desvantagens:

Maior vantagem: flexibilidade, mas não estabiliza recursos longo prazo.

Argumento indiano típico: isola decisões do sistema político, não é ministério ou parlamento que decide

Comissões são fórum de avaliação da distribuição, em outros países tal fórum não existe, resolve no conflito.

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AUSTRALIAForte participação do GF:

Traço peculiar: controle total do GF sobre IR, excises e vendas.

Competências concorrentes nos encargos.Sistema de Equalização altamente formalizado e complexo, operado por comissão permanente autônoma, que distribui a arrecadação total do IVA federal

50% das transferências são voluntárias e condicionadas

o

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Sistema de equalizaçãoParte de um montante dado, a receita do IVA.Comissão calcula as receitas potenciais de cada estado, adotando conceitos médios de base, esforço e alíquotas.Comissão calcula diferenciais de necessidades fiscais de cada estado perante uma média nacional.Destes cálculos resulta uma distribuição percentual (relavities) aplicadas ao montante inicial.

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Vantagens e desvantagens

Permite ação ampla do GF, devido ao peso das transf. Voluntárias Condicionadas. A contrapartida é redução de autonomia.

É o sistema mais sofisticado de equalização, pois equaliza a “cesta de serviços”.

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Alemanha

Forte centralização legislativa, mas estados arrecadam IR e IVA.

sistema de compartilhamento por perc. fixo IR, IVA imp. combustíveis

Toda a execução de encargos, competência administrativa, é dos GSN, com forte participação dos Municípios.

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Sistemas de equalização

O mais complexo do mundo.Composto por etapas sequenciais e cumulativas:1) rateio redistributivo do IVA estadual

(contraste com Brasil). 2) Trocas horizontais: mais ricos cedem recursos

para mais pobres, até atingir % receita média. 3) Complementação federal: GF acrescenta

recursos “conta aberta”, até atingir 99,5% da media nacional (é utilizada a parte federal do IVA).

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Vantagens e desvantagens

É o sistema que atinge maior equidade, devido a troca entre estados.Não exige a complexidade do cálculo da receita potencial, distribui-se receita efetiva.É muito complexo, cidadão comum não entende.Nível elevado de redistributividade gera tensões políticas.

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CANADÁFederação altamente dividida por aspectos linguísticos e culturais

Grande ênfase na autonomia dos GSN

Sistema tributário peculiar: 10 impostos de vendas diferentes, IR compartilhado via alíquotas.

Encargos altamente descentralizados, com os estados não permitindo entrada do GC nas suas áreas exclusivas.

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SISTEMA DE EQUALIZAÇÃO

Duas peças básicas; uma orçamentária definida por fórmulas, tipo “conta aberta”, outra com recursos condicionados altamente legalizados, submetidos a regras redistributivas muito estritas.

EQUALIZATION SYSTEM - Com base na receita potencial per capita, equaliza para a média nacional todos que estejam abaixo dela.

CHST – Canadian health and Social Transfer - amplo montante de recursos distribuidos de forma per capita, vagamente condicionados à aplicação na área social, sem especificar detalhes.

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VANTANGENS E DESVANTAGENS

Maximiza autonomia dos estados, mas fragiliza o poder do GC de estabelecer critérios de equidade. Padrões de equidade dependem das escolhas estaduais.Competências concorrentes em todos os impostos dificulta harmonização

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FIMGrato pela atenção!

SERGIO PRADO