Distribuição do Petroleo

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82 No estado do Rio de Janeiro, os deslizamentos de terra causados pelas chuvas em regiões de encostas fazem vítimas todos os anos. Somente medidas técnicas preventivas e uma política habitacional adequada podem pôr fim a esse ciclo de tragédias. Maio/Junho de 2010 ISSN 1517-8021 A divisão dos recursos do petróleo As elevadas reservas de óleo descobertas no pré-sal provocaram um amplo debate sobre como estender a todo o Brasil os benefícios dessa imensa riqueza, sem prejudicar os estados produtores. Mercado precisará de 500 mil profissionais até 2014.

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revista CREA sobre distribuição do petróleo

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No estado do Rio de Janeiro, os deslizamentos de terra causados pelas chuvas em regiões de encostas fazem vítimas todos os anos. Somente medidas técnicas preventivas e uma política habitacional adequada podem pôr fim a esse ciclo de tragédias.

Maio/Junho de 2010

ISSN 1517-8021

A divisão dos recursos do

petróleoAs elevadas reservas de óleo descobertas no pré-sal provocaram um amplo debate sobre como estender a todo o Brasil os benefícios dessa imensa riqueza, sem prejudicar os estados produtores.

Mercado precisará de 500 mil profissionais até 2014.

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Parabéns a esses profissionais que exercem as suas atividades com ética e

responsabilidade socioambiental. E ajudam, assim, a construir um Brasil melhor.

Maio

6 – Dia do Engenheiro Cartógrafo

29 – Dia do Geógrafo

30 – Dia do Geólogo

Junho

6 – Dia do Engenheiro Agrimensor

Page 3: Distribuição do Petroleo

O acidente em uma plataforma da BP (antiga British Pe-

troleum), no Golfo do México, ocorrido em 20 de abril, já pode

ser classificado como a maior catástrofe ambiental da história

dos Estados Unidos. Até o fim de maio, cerca de 76 milhões

de litros de óleo já tinham sido despejados no mar, segundo o

governo norte-americano.

Além dos custos para conter o vazamento do poço, es-

timados em US$ 760 milhões, são incalculáveis os danos aos

ecossistemas e os prejuízos à vida econômica e social dos es-

tados da costa sul, os mais atingidos até o momento.

O desastre pode vir a se tornar um divisor de águas para a

indústria do petróleo. Afinal, põe o mundo em alerta e suscita

uma série de questões associadas à atividade petrolífera, que

vão desde o alto – e, muitas vezes, negligenciado – risco do

segmento extrativista, passando pelo debate em torno das

compensações por danos ambientais e a regulação estatal

até, no limite, a insustentabilidade da economia de mercado

produtivista movida a combustíveis fósseis.

O desastre no Golfo do México mostra que não é infunda-

do o temor dos estados produtores brasileiros, como Rio de Ja-

neiro e Espírito Santo, de perderem receita com o novo modelo

de distribuição dos royalties introduzido pela emenda Ibsen.

A tragédia norte-americana jogou por terra o argumento

de que o impacto ecológico de acidentes em uma plataforma

continental, a dezenas de quilômetros da costa, é desprezível

para o estado ou o município produtor. O espírito constitucio-

nal que atribui aos royalties o papel de compensar produtores

pelos riscos socioambientais da indústria petrolífera deve, por-

tanto, ser preservado.

Outra questão que ganha tom de urgência com o desas-

tre é, para dizer o mínimo, a necessidade de criteriosa regula-

ção pública de uma atividade com riscos diversos, sobretudo

quando conduzida por interesses econômicos privados que

agem de modo pragmático. A frágil fiscalização estatal das

atividades desenvolvidas pela BP e outras empresas do setor –

um legado do governo de George Bush – também deve servir

de lição para o Brasil.

Correr o risco, por exemplo, de destinar boa parte de nos-

sas reservas de óleo do pré-sal – das quais 30% já foram leilo-

adas sob o regime de concessão – às metas exploratórias de

consórcios de corporações multinacionais, como a BP, parece

não ser um bom negócio. Significaria submeter o país a um

ritmo de produção de elevado risco ambiental e, ainda, renun-

ciar à utilização gradual das nossas reservas para definir novas

estratégias de desenvolvimento nacional.

O regime de partilha do petróleo, pelo qual a maior parte

fica com o governo brasileiro, constitui uma garantia de in-

vestimentos planificados para o futuro, em educação, saúde,

habitação e ciência e tecnologia. Ou seja, inclusão econômica

e social e um Brasil mais justo e igualitário.

Sabe-se também que a tragédia nos Estados Unidos traz

mais dúvidas e apreensões em relação à produção em águas

profundas e ultraprofundas. Como uma das empresas que

mais investem em segurança e proteção ambiental, a Petrobras

está capacitada a operar neste cenário de desafios tecnológi-

cos crescentes exigidos para a extração de petróleo do pré-sal.

Por isso, é importante que a empresa, como prevê a proposta

de novo marco legal feita pelo governo, opere em todos os po-

ços, mesmo que de modo minoritário em parte deles.

No entanto, ao mesmo tempo em que deve aproveitar

o momento como oportunidade para reforçar a opção pela

posse e utilização soberana dessas gigantescas reservas, o

Brasil precisa investir de modo mais consistente em energias

renováveis e limpas. E liderar a transição, que já começou, para

uma economia global sustentável e de baixo carbono.

editorial

Agostinho GuerreiroPresidente do Crea-RJ(www.agostinhoguerreiro.blogspot.com)

Golfo do México: lições do desastre

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sumárioRevista do Crea-RJ . Nº 82

Maio/Junho de 2010

28CAPA

7INSTITUCIONAL7º CONGRESSO PROFISSIONALRio de Janeiro aprova propostas para o Congresso Nacional

10INOVAÇÃO30 ANOS DE INCENTIVO À PESQUISAFaperj comemora data histórica com presença em 76 municípios

12ECONOMIA E MERCADOA HORA DA VIRADAMercado prevê necessidade de 500 mil profissionais nos próximos anos

OURO NEGRODescobertas do pré-sal geram debate sobre rendas do petróleo.

Estados produtores querem evitar perdas financeiras

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34MEIO AMBIENTERESFRIAMENTO GLOBAL? Meteorologista afirma que aquecimento global é um mito difundido pela mídia

INDÚSTRIA E INFRAESTRUTURAESPECIALISTAS DISCUTEM SOLUÇÕES PARA O TRANSPORTE DO RIO DE JANEIRO

CIDADE5º FÓRUM MUNDIAL URBANO DEFENDE GESTÃO DEMOCRÁTICA DAS CIDADES

CAMPOGRAMADOS BRASILEIROS NÃO RECEBEM ATENÇÃO DE DIRIGENTES ESPORTIVOS

MUNDO TÉCNICOESCOLAS TÉCNICAS FAZEM DA TECNOLOGIA UMA FERRAMENTA ACADÊMICA

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36INSTITUCIONAL

EM DEFESA DO PROFISSIONALNova Resolução da ART

reafirma que Acervo Técnico é do profissional.

Assessores de Marketing e ComunicaçãoRodrigo Machado e Maria Dolores Bahia

EditorCoryntho Baldez (MT. 25.489)

RedaçãoViviane Maia, Nathália Ronfini e Janice Morais

ColaboradoresJoceli Frias, Vera Monteiro,

Uallace Lima e Clarissa de OliveiraColaboração Monte Castelo

Textos: Dânae Mazzini, Helena Roballo,Maíra Amorim e Natália Soares

Projeto gráficoPaula BarrenneDiagramação

Trama Criações de ArteIlustrações

Claudio DuarteImpressão

Gráfica EsdevaTiragem

130 mil exemplaresPublicidade

(21) 3232 4600Crea-RJ

(21) 2179-2000Telecrea

(21) 2179-2007

www.crea-rj.org.br

expedienteDIREToRIAPresidente

Engenheiro AgrônomoAgostinho Guerreiro1º Vice-PresidenteEngenheiro Eletricista

Luiz Antonio Cosenza2º Vice-Presidente

Engenheiro Civil Sergio Niskier

1º Diretora-AdministrativaArquiteta

Sônia Azevedo Le Cocq D’oliveira2º Diretor-Administrativo

Técnico em Edificações e em Eletrotécnica Elizeu Rodrigues Medeiros

3º Diretor-AdministrativoEngenheiro Mecânico

Alexandre Sheremetieff Junior1º Diretor-Financeiro

Engenheiro Eletricista Alcebíades Fonseca

2º Diretor-FinanceiroEngenheiro Civil

Eliezer Alves dos Reis3º Diretor-Financeiro

Engenheiro CivilRogerio Salomão Musse

CoMIssão EDIToRIAl - CECoordenador

Técnico em Edificações e em Eletrotécnica Elizeu Rodrigues Medeiros

Coordenador-AdjuntoArquiteto

Paulo Oscar SaadMembros

Eng. Eletricista Luiz Antonio Cosenza

Engª. Eletricista Regina Moniz Ribeiro

Eng. Eletricista Alcebíades Fonseca

suplentesMeteorologista Francisca Maria Alves

Pinheiro; Eng. Mecânico Jair José Da Silva;Eng. Metalúrgico Rockfeller Maciel Peçanha;

Arquiteto e Urbanista Gustavo JucáFerreira Jorge

40CULTURA E MEMÓRIACAÇA A TESOUROS HISTÓRICOSInventário feito pelo Inepac cataloga fazendas cafeeiras no Vale do Paraíba

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cartas

Sua opinião é muito importante. Acompanhe as ações do Crea-RJ e envie ideias, sugestões ou críticas para o e-mail [email protected]

Revista do

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Agricultura FamiliarA Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA) prorrogou para o dia 10 de julho a divulgação dos resultados da seleção dos projetos para a chamada de Fomento a Projetos de Diversificação Econômica e Agregação de Valor na Agri-cultura Familiar (DEAVAF). O resultado estará disponível no site da Secretaria no endereço http://www.mda.gov.br/portal/saf/programas//div.

O objetivo é selecionar projetos propostos por entidades privadas sem fins lucrativos que promovem o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar no segmento dos produtos orgânicos e das plantas medicinais e fitoterápicos, apoiando ações de geração de emprego e renda, além de capacitar agricultores familiares para a adequação de conformidade orgânica.

Assessoria de Comunicação do MDA/Incra

Revista 81Sr. Editor, li a edição n º 81 da Revista do Crea-RJ e gostaria de parabenizar toda a equipe pela excelente publicação. Com linguagem clara e despossuída de jargões comuns em publicações institucionais, a revista cumpre papel relevante de informar profissionais e sociedade sobre temas relevantes relacionados à área tecnológica. Muito boa a entrevis-ta com o escritor Mia Couto. Cumprimento pela qualidade gráfica e editorial, desejando vida longa ao projeto.

Aloísio LopesAssessor de Comunicação e Marketing do Confea

Trem-balaA matéria “Trem-bala a caminho” destaca um importante tema atual da engenha-ria. Infelizmente, nada foi dito sobre trens de Levitação Magnética (MagLev), apesar desta tecnologia ter sido debatida na men-cionada audiência pública de 11/01. A re-portagem destaca ainda que o recorde de velocidade de 574,8 km/h pertence ao TGV, trem de alta velocidade roda-trilho francês, esquecendo que o MagLev-JR, na linha de Yamanashi, no Japão, atingiu 581km/h, em 2003 (...). O debate sobre a tecnologia Ma-gLev deveria ser incentivado pelo Crea-RJ e não se justifica uma matéria privilegian-

do a tecnologia roda-trilho, que já exauriu suas possibilidades tecnológicas.

Richard Magdalena StephanEngenheiro

N.R: Caro Richard Stephan, a nossa reporta-gem estabeleceu contato com a assessoria de imprensa da Coppe/UFRJ para entrevistá-lo na qualidade de especialista e coordena-dor do projeto MagGlev. Lamentamos que alguma circunstância de força maior tenha frustrado a nossa intenção. No entanto, a Comissão Editorial da Revista poderá avaliar a possibilidade de publicação de um artigo de sua autoria sobre a tecnologia MagLev.

Comunicação do Crea-RJParabéns Agostinho. Nota dez para a Comunicação do Crea-RJ. As coberturas da Web TV são muito boas mesmo.

Benedicto RodriguesComunicador Integral pela UNIRR

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7institucional

7° CEP-RJ aprova propostas que serão levadas ao Congresso Nacional dos Profissionais.

Entre elas, as eleições diretas em todos os níveis no Sistema e ações que implementem a Engenharia e Arquitetura Pública.

O 7° Congresso Estadual de Profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agrono-

mia do Rio de Janeiro (7° CEP-RJ), ocorri-do entre os dias 21 e 23 de maio, na sede do Conselho, foi o momento culminante de um processo de mobilização que envolveu o Crea-RJ e os profissionais nos primeiros

meses de 2010. No evento, foram defini-das as propostas de aperfeiçoamento do Sistema Confea/Crea que serão levadas para o Congresso Nacional de Profissio-nais da Engenharia, Arquitetura e Agrono-mia (CNP), que ocorrerá em agosto, junto com a 67ª SOEAA, em Cuiabá. Re

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Aperfeiçoando o Sistema

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Mudanças no sistema eleitoral, aprimoramentos nas Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) e a busca por maior valorização do exer-cício profissional foram alguns dos destaques entre as propostas aprova-das. No segundo dia do evento, foram eleitos os 17 profissionais que, ao lado de mais oito delegados natos, irão re-presentar os profissionais do estado no Congresso Nacional.

O 7° CEP-RJ contou também com as palestras “Agenda para o Sistema Confea/Crea: o Papel da Comunica-ção”, apresentada pelo jornalista da Rede Globo, Sidney Rezende, na aber-tura; e “A Conjuntura e os Desafios para o Desenvolvimento Brasileiro”, ministrada, no dia 22, por Hamilton Pereira, ex-presidente da Fundação Perseu Abramo e estudioso do desen-volvimento regional brasileiro.

QUESTÕES NACIONAISJá na abertura, no auditório do

quinto andar da sede do Crea-RJ, o 7° CEP-RJ foi espaço para a discussão de questões fundamentais não apenas para o Sistema, mas para toda a socie-dade. A comoção que o projeto Ficha Limpa tem causado, o movimento de

combate à corrupção nas obras públi-cas, as próximas eleições, a importân-cia da estatização do petróleo brasi-leiro e a necessidade de se retomar a engenharia e arquitetura pública fo-ram alguns dos assuntos abordados.

Em seu discurso, o presidente do Crea-RJ, Agostinho Guerreiro afir-mou que o petróleo nacional, prin-cipalmente depois da descoberta das reservas do pré-sal, deve beneficiar prioritariamente empresas nacionais. "Fala-se que o petróleo é nosso, mas isso só é verdade quando está sob o solo nacional. A partir do momento em que o petróleo é trazido à superfí-cie, empresas estrangeiras vêm levan-do boa parte desta riqueza”, declarou Guerreiro, referindo-se aos leilões da Agência Nacional do Petróleo, que vêm ocorrendo desde 1999.

Representando o governador do Estado, Sérgio Cabral, o presidente da Empresa de Obras Públicas do Es-

tado do Rio de Janiero (Emop), Ícaro Moreno, falou sobre a importância da qualidade das ações dos profissionais do Sistema. “O nosso maior desafio aqui no estado do Rio de Janeiro é in-tegrar as obras públicas com a socie-dade. Por isso, é fundamental assinalar que a qualidade de nossas ações se re-flete na qualidade de vida da popula-ção”, destacou o engenheiro civil Ícaro Moreno, ao comentar a implantação do Programa de Aceleração do Cres-cimento (PAC) no estado.

Já Marcos Túlio, presidente do Confea, lembrou o desmonte da en-genharia e arquitetura pública durante os anos 80. Esse período desvalorizou profissionais e gerou um déficit de mão de obra qualificada nas áreas de ciência e tecnologia, o que hoje impossibilita que certos projetos de grande porte se-jam realizados, “Neste momento, em que observamos a retomada do cres-cimento do país a taxas entre 5% e 6%, é fundamental que os profissionais es-tejam preparados para dar suporte aos grandes projetos”, afirmou Túlio. E completou: “queremos, acima de tudo, que esse desenvolvimento nacional seja pensado sob os alicerces de soberania e da sustentabilidade.”

Jonas Dantas, presidente do Crea da Bahia e coordenador do Colégio de Presidentes, ressaltou a impor-tância de se estabelecer uma aliança estratégica entre os profissionais do Sistema e a sociedade. “Os brasileiros

Agostinho Guerreiro entrega a Maria Luiza Poci a pioneira coleção dos Manuais.

André Cyriaco

Delegados que vão representar o Rio de Janeiro no Congresso Nacional, que ocorrerá em agosto, em Cuiabá.

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Propostas em destaqueEntre as 109 propostas aprovadas nos 15 Encontros Microrregionais que acontece-ram pelo estado do Rio de Janeiro, foram escolhidas as 26 que serão levadas ao CNP, em Cuiabá. Conheça algumas:

• Eleição para Presidente e Diretoria do Confea e dos Creas por eleição direta, composta por chapas.

• Que a eleição para os cargos eletivos (Presidente do Confea, presidentes dos Creas e Conselheiros Federais) do Sistema Confea/Creas sejam realizadas por meio ele-trônico, via internet em mais de um dia.

• Considerando o escasso registro de ARTs dos profissionais vinculados à Adminis-tração Pública, que seja estabelecida taxa especial de ART, em valor mínimo, a ser recolhido pela administração pública direta, em seus diversos âmbitos (Municipal, Estadual e Federal), e também concessionárias. Na elaboração de futuras Resolu-ções sobre o assunto, incluir artigo específico sobre o assunto.

• Que o Sistema Confea/Creas adquira concessão de TV aberta junto ao Ministério das Comunicações, para ampliação da divulgação do Sistema junto à sociedade.

• Implementação de ações para incentivar e viabilizar a implantação da Arquitetura e Engenharia públicas, em atendimento à Lei 11.888, oferecendo às prefeituras suporte jurídico e técnico.

• Que haja uma ação do Sistema Confea/Crea junto ao Congresso Nacional para que o exercício ilegal da profissão se torne crime capitulado no Código Penal Brasileiro.

• Que o Sistema Confea/Crea obrigue a todos os gestores públicos e privados a neces-sariamente contratarem profissionais habilitados para o preenchimento de cargos técnicos.

• Usando como bandeira o tema da "Valorização Profissional", o Sistema Confea/Creas deverá promover encontros regionais em conjunto com as Universidades, empresas e entidades de classe, criando uma espécie de Corredor do Saber.

• Criação de um Plano de Saúde Nacional próprio, administrado pela Mútua, para todos os profissionais em situação regular, semelhante à estrutura de um condomínio, com rateio de despesa entre os participantes.

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se reuniram para aprovar o projeto Ficha Limpa. Essa é uma questão fun-damental na qual o Sistema deve estar inserido. Devemos também estar in-teressados em conhecer os candidatos das próximas eleições, afinal, temos que saber de quem cobrar a concre-tização das propostas que sairão do CNP”, lembrou Jonas.

Para saudar os aproximadamente 200 participantes, entre profissionais, delegados e convidados, o Coral Crea-RJ, sob a regência do maestro Marcos Cardoso, cantou “Ai que saudade D’Ocê”, de Vital Farias, e Berimbau, de Baden Powell e Vinícius de Moraes. A apresentação contou também com a performance de dois capoeiristas.

Também integraram a mesa de abertura: Ícaro Moreno Júnior, presi-dente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), representando o governador Sérgio Cabral; a conselheira federal Maria Luiza Poci Pinto; Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia, representando as instituições de classe; Luiz Antonio Cosenza, vice-presidente do Crea-RJ e coordenador da Comis-são de Organização; e Catarina Luiza de Araújo, coordenadora adjunta do 7° CEP do Rio de Janeiro.

Durante o 7º CEP, foram lança-dos os Manuais do Exercício Profis-sional – Fiscalização, desenvolvidos através de cada uma das nove câmaras especializadas do Crea-RJ, por solici-tação do presidente. Simbolicamen-te, Agostinho Guerreiro entregou os manuais a cada um dos participantes da mesa e ao coordenador da Câma-ra de Agronomia, João Sebastião de Paula Araújo, que representou os de-mais coordenadores. • (N.R)

André Cyriaco

Page 10: Distribuição do Petroleo

10 inovação

Faperj comemora data histórica com presença em 76 municípios do Rio de Janeiro e marca de R$ 1,1 bilhão em

recursos distribuídos, em quatro anos, nas áreas de Ciência,

Tecnologia & Inovação.

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30 anos de incentivo à pesquisa

Page 11: Distribuição do Petroleo

Robôs são criados a partir de investimento de mais de R$ 450 mil

O engenheiro Alexandre Etchebehere, de 53 anos, recebe apoio da Faperj desde 2005. Inicialmente, a instituição investiu R$ 258 mil no projeto Rio Inovação 1, que permitiu o de-senvolvimento da semente da empresa Robô-In. No ano passado, Etchebehere, que também é pesquisador do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (In-metro), recebeu R$ 220 mil da fundação. “Esse apoio da Faperj é uma grande oportunidade. Através de um programa de fomento à inovação, foi possível implantar uma unidade de fa-bricação de produtos em Duque de Caxias”, conta o engenheiro, cujo trabalho foi uma das atrações da feira Faperj 30 anos.

A empresa do pesquisador fabrica robôs que fazem inspeção, limpeza e higienização de dutos de ar-condicionado; registro de imagens em alta definição; aspiração de resíduos como poeira, cimento e areia; pulverização em ambientes controlados e lançamento de ca-bos em locais de difícil acesso, entre outras atividades.

inovação

A Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado

do Rio de Janeiro (Faperj) comple-ta 30 anos, em junho, e tem muito o que comemorar. A fundação já está presente em 76 dos 92 municípios do estado. “Em 2010, temos a perspectiva de atingir a marca de R$ 1,1 bilhão em recursos investidos, nos últimos qua-tro anos, nas áreas de Ciência, Tecno-logia & Inovação (C,T&I)”, destacou o diretor-presidente da instituição, Ruy Garcia Marques.

O anúncio foi feito durante a feira Faperj 30 anos, realizada nos dias 24 e 25 de março, no Museu de Arte Mo-derna (MAM). O evento apresentou o resultado dos investimentos em C,T&I feitos pela fundação. Ao caminhar pelo MAM, o visitante pôde conferir, na prática, diversos projetos que rece-bem recursos da Faperj, como o jeans que fica limpo após 24 horas no con-gelador, um aparelho que transforma o óleo de cozinha, usado em frituras,

em um óleo limpo, que pode até virar combustível, e robôs que limpam du-tos de ar-condicionado.

PROJETOS SE MULTIPLICAMPara o professor Rex Nazaré Al-

ves, diretor de tecnologia da Faperj, a decisão do governador de fazer valer a Constituição e repassar os 2% da arrecadação tributária líquida do es-tado para a fundação foi fundamen-tal ao crescimento dos investimentos em pesquisa. “Com a ampliação dos recursos foi possível apoiar mais projetos, e a procura por investi-mentos também cresceu. Em 2007, por exemplo, foram 88 inscritos para apoio em inovação. Desses, 35 foram aprovados. Ano passado, o número passou para 402, e estamos apoiando 101 trabalhos”, ressalta Nazaré.

A Faperj fomenta projetos e pro-gramas de instituições acadêmicas e de pesquisa sediadas no estado. Os investimentos têm impacto direto na

economia das regiões. Os números, a partir de 2007, comprovam isso. A fundação passou de 12 para 76 os municípios fluminenses em que atua, e destinou R$ 61 milhões para proje-tos na área de inovação tecnológica. Somente neste ano, três editais estão abertos, somando R$ 15,5 milhões. A previsão é de que, em 2010, sejam destinados até R$ 40 milhões para trabalhos de inovação tecnológica em micro e pequenas empresas, uni-versidades e centros de pesquisa flu-minenses. O objetivo é formar recur-sos humanos para ensino, pesquisa e inovação; ampliar com qualidade o desempenho científico e tecnológico do estado, contribuindo para a com-petitividade internacional da pesqui-sa brasileira, apoiar iniciativas regio-nais na área de inovação e incentivar a cooperação científica nas empresas, contribuindo para o desenvolvimen-to do estado.

“Atualmente, temos 658 projetos em execução, num total de R$ 119 milhões em recursos”, observa o di-retor de tecnologia da Faperj. “É um esforço que tem que continuar. Com esse investimento está sendo possível melhorar a qualidade de vida no in-terior do estado. Isso traz uma gran-de vantagem, que é a diminuição do inchamento das grandes metrópoles, já que são criadas novas oportunida-des de renda e emprego no interior. Os projetos ajudam a melhorar o po-der aquisitivo dessas pessoas e con-tribuem para a diminuição da desi-gualdade social”, completa. • (H.R)

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economia e mercado

A hora

da virada

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Projeção do mercado prevê que serão necessários 500 mil profissionais formados nos próximos anos. Universidades entram na corrida para aumentar vagas e diversificar cursos.

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economia e mercado

Está aberta a temporada de “caça” aos profissionais. Depois de

amargar mais de 20 anos de estagna-ção, em um cenário econômico mar-cado pela instabilidade e pela falta de investimentos em infraestrutura, o mercado de trabalho está viven-do, nos últimos anos, um verdadeiro “boom”. O problema é que empre-sas, sindicatos e universidades afir-mam, em uníssono, que não há pro-fissionais suficientes para atender à crescente demanda. Se, por um lado, isso traz um futuro promissor para quem quer se dedicar à profissão, do outro acende uma luz de advertên-cia: é preciso que o país forme mais profissionais para que seus planos de crescimento não sejam afetados.

O Conselho Federal de Engenha-ria, Arquitetura e Agronomia (Con-fea), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria, fez um levanta-mento, em 2006, sobre as perspectivas do mercado. Segundo o presidente do Conselho, Marcos Túlio de Melo, o Brasil está em desvantagem no núme-ro de formados anualmente, tanto em comparação aos países desenvolvidos, quanto aos vizinhos e demais países em desenvolvimento. “Em 2006, está-vamos formando 23 mil engenheiros anualmente. Hoje, aumentamos um pouco e passamos para cerca de 30 mil. É um avanço, mas temos muito o que melhorar. A China forma, em média, 150 mil e a Índia, 350 mil. A Coréia do Sul forma 80 mil por ano, com uma população que é metade da nossa”, enumera.

COMPETIÇÃO DESIGUALAinda de acordo com o levanta-

mento, a proporção de engenheiros

na população economicamente ativa também é baixa em comparação a outros países. “No Brasil, a média é perversa: seis engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas. Na América do Sul, esta relação va-ria muito, mas sempre acima de 8 para cada mil. Em comparação com nações em desenvolvimento, como China, Índia, Rússia e África do Sul, a proporção varia de 12 a 18, muito superior”, continua Melo. “Ou seja, os países que competem com a gente tem de duas a três vezes mais enge-nheiros”, compara.

Este baixo número de profissio-nais reflete, de acordo com o pre-sidente do Confea, a desvalorização da profissão a partir do fim da dé-cada de 70, o que fez despencar o número de estudantes nos cursos universitários e afetou os salários. A situação perdurou até o princípio

dos anos 2000, quando a economia brasileira voltou a crescer e o mer-cado a se aquecer. “Outro elemento que ajudou a criar este problema da falta de mão de obra foi a educação básica precária nas últimas décadas. Por causa do ensino ruim, os alunos têm pavor de química, física e ma-temática, o que desencoraja os estu-dantes a encarar um curso recheado dessas disciplinas”, diz.

CIVIL É RARIDADEPara Antonio Carlos Mendes

Gomes, diretor-executivo do Sin-dicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sindus-con) e diretor do Serviço Social da Indústria da Construção (Seconci), o mercado não está encontrando engenheiros civis experientes no mercado simplesmente porque a es-pecialidade ficou estagnada nos últi-

Antonio Carlos Mendes: “no auge da crise do desemprego, era comum eu pegar táxis dirigidos por engenheiros”.

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Divulgação Sinduscon

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14 economia e mercado

mos 20 anos. “No auge da crise do desemprego, era muito comum eu pegar táxis dirigidos por engenhei-ros civis. Agora que a atividade está se recuperando, praticamente não há quem tenha estudado e trabalhado neste período. São muito poucos. Os que existem, ou estão fora da área ou então guardados a sete chaves nas empresas”, conta.

A previsão para solucionar o problema, no entanto, é de cinco a dez anos. “Temos visto um cres-cimento constante nos últimos três anos. A crise econômica mundial de 2008 causou um revés nesse proces-so, mas que foi logo recuperado. As perspectivas, principalmente para o Rio, com a realização da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016, são excelentes. O proble-ma é que não dá para formar enge-nheiros em menos de cinco anos. Para adquirir experiência, são mais cinco. Então, ainda vamos conviver com este problema por mais algum tempo. A alternativa no momento é buscar profissionais da área que tenham mudado de ramo e começa-ram a perceber que há espaço para voltar”, diz Gomes.

ENSINO SUPERIOR EM ExPANSÃONas universidades, a corrida para

aumentar o número de vagas e espe-cialidades já começou. Na Universida-de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade Federal Fluminense (UFF), os cursos de engenharia estão há alguns anos entre os dez mais dis-putados no vestibular. No Centro de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), as modali-dades de engenharia também são as

mais procuradas entre os cursos que a instituição federal oferece.

“O processo de desenvolvi-mento econômico e industrial está ligado à engenharia. A carreira é diretamente envolvida com a cadeia produtiva, então, quando ela está aquecida, isso demanda mais pro-fissionais”, explica o vice-diretor da Escola Politécnica (Poli) da UFRJ, Eduardo Gonçalves Serra.

O professor diz que, nos últimos seis anos, foram abertos cinco novos cursos e a meta é pular das 890 va-gas atuais, oferecidas em 13 especia-lidades, para mil nos próximos anos. “Estamos trabalhando também para evitar a evasão, melhorando a gestão dos cursos e apostando em convênios com escolas internacionais. Lança-mos em 2008 o curso com ciclo bá-sico, em que o aluno faz dois anos das disciplinas comuns e depois de-cide qual engenharia quer fazer. Isso ajuda quem quer seguir a carreira tecnológica, mas não sabe qual, a se decidir e se manter na universidade. Além disso, estamos incrementando a pós-graduação para tentar atender à demanda”, explica.

Os estudantes, segundo Serra, saem todos da faculdade pratica-mente empregados – a exceção é quem quer seguir carreira acadê-mica. “O mercado está muito aque-cido. As oportunidades estão em diversas áreas, como petróleo, ci-vil, naval, ambiental, de produção, mecânica e de materiais, principal-mente. Mas pode-se dizer que há muitas oportunidades para todas”, afirma o professor. “Mas ainda te-mos poucos universitários, cerca de 13% dos jovens. Isso é menos de

Chefe do Departamento de Educação Superior do

Cefet-RJ, Paulo Felix da Silva Filho.

André Cyriaco

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Soluções no mercado

Enquanto aguardam os engenheiros saírem dos bancos escola-res, grandes empresas têm se mobilizado para lidar com a carência de profissionais. A Vale, por exemplo, oferece bolsas de estudo para quem quer fazer pós-graduação e criou cursos próprios, em parceria com uni-versidades. Hanna Meirelles, gerente de Atração e Seleção de Pessoas da companhia, explica que estes cursos foram criados porque ou não existem nas universidades brasileiras, ou a quantidade de cursos não é suficiente para suprir a demanda. Em 2010, a Vale tem uma previsão de investir R$ 13 bilhões em novos projetos, no país e no exterior, o que retrata o tamanho da carência.

“Temos uma necessidade enorme de engenheiros ferroviários, de minas e de portos, por isso abrimos cursos de especialização nestas áreas para engenheiros de outras modalidades. Os aprovados na seleção ganham uma bolsa de estudo e podem ser contratados pela empresa. Criamos este ano, também, o curso de pelotização, que é o processo que transforma resíduos em pó do minério de ferro em pelotas, que são co-mercializáveis. Estes cursos são muito específicos da atividade minerado-

um terço do que países do porte do Brasil estão formando. Na Coreia do Sul, que tem uma industrializa-ção bastante recente, 60% dos jo-vens estão cursando uma universi-dade e metade deles faz engenharia. Eles entenderam que é preciso ter mais gente pra dar suporte ao cres-cimento econômico”.

FALTA PROFESSORPara tentar atender à demanda, o

Cefet-RJ passou a oferecer, em 2006, o curso de engenharia civil. Hoje, são cerca de 2.500 futuros engenheiros em seis modalidades. O chefe do Depar-tamento de Educação Superior, Paulo Felix da Silva Filho, afirma que está com problemas em abrir mais cursos pela dificuldade de encontrar profes-sores. “O tempo de formação de um professor da área é longo, e muitos profissionais simplesmente preferem ficar no mercado, pois os salários es-tão muito atraentes. Não compensa ficar em esquema de dedicação exclu-siva numa universidade pública”, diz.

Felix observa que o merca-do tem procurado se adaptar à escassez. “As empresas estão importando profissionais, realocando outros para áreas afins da sua espe-cialidade e convocando aposentados que quei-ram voltar ao trabalho. Há muitos estrangeiros trabalhando no país, mas isso não tem a ver com a qua-lidade do nosso ensino superior, mas sim que as instituições não estão mesmo formando gente o suficien-te”, acredita.

O diretor da Escola de En-genharia da UFF, Hermano José Oliveira Cavalcanti, lembra que o Programa de Apoio a Planos de Re-estruturação e Expansão das Uni-versidades Federais (Reuni) tem sido fundamental para que as ins-tituições federais possam expandir a oferta. “Na década de 90, a UFF tinha turmas de sete, oito alunos, formava menos de 80 pessoas por

ano. Hoje são cerca de 40 alunos em cada uma das nove modalida-des que temos aqui. Formamos 800 engenheiros por ano. São seis mil alunos na escola, com a meta de chegar a nove mil em 2014”, afirma. “Foi feito um cálculo que até 2014 o país precisará de 500 mil enge-nheiros. No momento, não temos condições de suprir isso. É preciso expandir, mas não na base do ‘es-colão’, e sim com sustentabilidade, sem perder a qualidade do ensino”, alerta. • (N.S)

ra, e excetuando a engenharia de minas, não existem graduações no Brasil. E mesmo esta, que é dada em oito universidades brasileiras, não dá conta”, afirma.

Hanna, no entanto, é otimista. Ela acredita que os esforços em-preendidos por iniciativa privada, governo e instituições de ensino, em parceria, serão capazes de encontrar uma solução. Recentemente, a Vale procurou o Crea-RJ para conversar sobre a divulgação de vagas e outras oportunidades para a área. Além disso, o Confea mantém o programa Inova Engenharia, com o objetivo de estabelecer parcerias para divulgar e aumentar as oportunidades para profissionais.

“Certamente, iremos juntos encontrar soluções que passam tanto pela expansão das vagas quanto pela mudança dos modelos dos cursos, uma vez que a juventude de hoje está inserida num con-texto diferente, imersa em tecnologia. É preciso atrair cada vez mais jovens para a educação tecnológica, promovendo campanhas que mostrem que há muito espaço nessas áreas. A necessidade é enor-me, então o poder de ação terá que ser equivalente”, acredita.

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Especialistas discutem soluções para o transporte do Rio de Janeiro pensando na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016.

Mobilidade urbana em questão

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17indústria e infraestrutura

A infraestrutura do Rio de Ja-neiro é um tema cada vez mais

discutido por especialistas da área, desde que a cidade foi escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e de alguns jogos da Copa do Mundo de 2014. Entre os maiores desafios da cidade está a mobilida-de urbana, ou seja, a capacidade de promover a articulação das políticas de transporte, trânsito e acessibili-dade a fim de proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço, de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável. Entre os estudiosos do assunto, é unânime a opinião de que as dificuldades precisam ser vencidas o quanto antes para que o legado dos Jogos Olímpicos seja profundo e duradouro.

Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Ja-neiro (Firjan) estima que, no ano dos Jogos, o número de cariocas aumen-tará dos atuais 6,1 milhões para 6,3 milhões. “O tamanho da população carioca reflete-se diretamente em ne-cessidade de locomoção e sua densi-dade indica que o transporte de mas-sa é o ideal para o desenvolvimento da cidade. Entretanto, a análise da infraestrutura de transporte carioca mostra que a realidade não reflete a teoria”, diz o estudo.

CRESCEM ENGARRAFAMENTOSNo mês de março, o seminário

“Mobilidade Urbana – o Rio de Ja-neiro movendo-se para não parar”, realizado pela Federação e que con-tou com a participação de vários es-pecialistas, também levantou algumas questões importantes sobre o tema. Logo na abertura do evento, o presi-dente da entidade, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, destacou a necessidade de se rever o sistema atual de trans-portes no Rio de Janeiro. Ele infor-mou que, segundo o estudo feito pela Firjan, há indícios de um crescimento contínuo dos congestionamentos na cidade do Rio de Janeiro, o que gera-ria perdas consideráveis ao setor in-dustrial. Eduardo Eugênio atribuiu à prevalência do transporte rodoviário uma das principais razões dos pro-blemas urbanos do Rio e questionou a funcionalidade de alguns projetos estruturais que serão desenvolvidos para os Jogos Olímpicos de 2016.

Já o subsecretário de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, Delmo Pinho, disse que o Transporte foi um dos pontos mais fortes da candidatura do Rio, e que o projeto apresentado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) previa uma solução que atendesse prio-ritariamente às necessidades do evento e que também deixasse um importante

legado para a cidade. Para ele, os pro-blemas de transporte da Região Me-tropolitana do Rio de Janeiro são mais complexos e necessitam de uma dedi-cação maior.

Pensando em ações imediatas, mas visando aos eventos esportivos, os governos do estado e do município lançaram um pacote de obras que to-taliza R$ 10,8 milhões para a melhoria do transporte público. O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, garantiu que as integrações intermo-dais previstas no projeto, assim como a extensão do metrô e a viabilização dos corredores expressos para ônibus, são grandes impulsionadores da rees-truturação do tráfego.

Outros projetos e modelos de transportes de massa também foram apresentados no seminário, mas o mais cotado para ser instalado no Rio é o sistema BRT, que utilizará veículos ar-ticulados com capacidade para 160 pas-sageiros ou mais. Segundo Julio Lopes, os BRTs (Bus Rapid Transit) foram fun-damentais para a vitória do Rio como sede das Olimpíadas. O ex-governador do Paraná, Jaime Lerner, também foi um dos que apostou no meio de trans-porte. “Em Madri a integração BRT e Metrô foi muito elogiada e acredito ser esta uma medida que daria muito certo no Brasil”, afirmou.

“Governos do Estado e Município do Rio lançaram um pacote de obras para a melhoria do transporte público que totaliza R$10,8 milhões”

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NOVAS PROPOSTASO professor do programa de En-

genharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Fernando McDowell, expôs outra opinião. Para ele, a infraes-trutura de transporte no Rio de Ja-neiro ainda está longe de ser a ideal. Durante o seminário, o engenheiro apresentou um estudo que ofere-ce um plano mais ousado e barato, com parceria público-privada, para a Copa e para as Olimpíadas que serão realizadas no Rio de Janeiro.

“Na primeira avaliação, o Rio não foi bem e ficou em quinto lugar, sendo favorecido pela desistência da cidade de Doha. O governo federal ficou preocupado, principalmente com a exclusão social dos transpor-tes, e vieram conversar comigo. Fiz uma reunião com o Ministério das Cidades e disse o que eu pensava sobre o problema, baseado em um estudo que fiz anteriormente. Pre-parei uma equipe com a Fundação Getúlio Vargas e montamos um tra-balho interessante. Não analisamos só os transportes, fizemos uma aná-lise geral, inclusive de acessos ao Rio de Janeiro por outras cidades. Nossa

proposta trabalha com todas as pos-sibilidades de tecnologia – metrô, HSST (trem magnético), BRT, Mo-norail, e aeromóvel (trem movido a ar)”, explica o professor.

O estudo em questão possui cinco volumes, entre diagnóstico de transportes no Rio de Janeiro, análise financeira - com os sistemas operacio-nais de cada tecnologia e respectivas engenharias financeiras -, ambiental, socioeconômica e gerencial. “Mui-tos projetos não dão certo porque os próprios profissionais não conhecem a operação. Mapeamos todo o setor de transporte e as áreas impactadas pelo mesmo. Para se ter uma idéia,

no relatório do meio ambiente tem a informação de que se as empresas de ônibus tivessem que plantar uma árvore para todo o Carbono que jogam no meio ambiente, teriam que plantar por ano o equivalente a 12,8% da área do Rio de Janeiro”, revela McDowell, que diz ainda que o principal do plano para o setor de transportes é deixar um legado para a cidade, o que não foi feito no Pan-Americano de 2007.

OUVIR A POPULAÇÃOO engenheiro Ronaldo Balassia-

no, que integra o Núcleo de Plane-jamento Estratégico de Transportes da Coppe e a assessoria técnica do ITDP (que trabalha com transpor-te sustentável), disse que o grande debate do seminário estava focado apenas em se o que estava sendo proposto vai atender ou não às ne-cessidades de mobilidade do muni-cípio. “Na minha opinião, a discus-são sobre o que cada um quer para a cidade não é o ponto mais impor-tante. A questão é o sistema que vai atender à demanda e, principalmen-te, se teremos recursos para atender a esse sistema”, diz.

indústria e infraestrutura

Ronaldo Balassiano: “temos que levar em conta o aspecto técnico, mas a população precisa ser ouvida”.

Fernando McDowell: “o principal do plano para o setor de transportes é deixar um legado para a cidade”.

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Para Balassiano, os corredores de BRTs apresentados no projeto da candidatura do Rio de Janeiro atendem à demanda, mas a cidade vai precisar mais do que isso. “Tudo depende de um plano de transpor-tes amplo, com a participação da comunidade. Claro que temos que levar em conta o aspecto técnico e político, mas a população também precisa ser ouvida”, destaca. “Eu acredito que a solução para a mobi-lidade está na melhoria do transpor-te coletivo. Isso pode começar com os três corredores, mas tem que ha-ver melhoria nos trens e metrô, para que atuem de forma integrada. Os ônibus também precisam ser mais eficientes. É preciso criar uma nova filosofia que privilegie o transpor-

te público em detrimento do carro privado. Não como uma obrigação, mas pelo reconhecimento da qua-lidade dos transportes coletivos. A mobilidade só virá com a garantia de segurança na viagem a pé, com calçadas bem pavimentadas e sina-lização horizontal eficiente, além de uma rede cicloviária conectando to-dos os sistemas de transporte. Com isso, teremos melhorias”, detalha o engenheiro.

O BRT também foi escolhido por Balassiano como uma opção eficiente. “Um BRT bem gerenciado pode chegar a uma capacidade pró-xima do metroviário. A solução não é implantar mais metrô, que é mais caro. Corredores de BRT racionali-zam a frota de ônibus e vão estar in-

rão a capacidade do aeroporto de 15 milhões para 25 milhões de passageiros ao ano. A previsão é que as obras sejam entregues antes da realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014.

O projeto principal do programa é o do BRT (Bus Rapid Transit) – sistema de ônibus articulados, similar ao já utilizado em Curitiba –, que terá um corredor separado do tráfego para a circulação exclusiva desses veículos. Ao todo, serão três sistemas que ligarão a Barra da Tijuca a três pontos diferentes. Só no BRT serão investidos R$ 2,6 bilhões. A maior dificuldade para se ins-talar o sistema será construir sobre uma zona urbanizada.

Diferente do prometido para os Jogos Pan-Americanos, o Co-mitê Rio-2016 não colocou no relatório a extensão do metrô até a Barra da Tijuca. Até 2014, na Tijuca, deverá estar pronta a estação Uruguai. Ao mesmo tempo, o metrô também deverá chegar à Gá-vea, passando por três novas estações, em Ipanema e no Leblon. Além disso, estão previstas a aquisição de 114 carros, reforma da frota existente e melhoria nas demais estações.

tegrados ao sistema que já existe. O que se precisa é coordenar toda a in-fraestrutura e reorganizar a frota de ônibus que está em operação. Além disso, o trem precisa de melhorias. A extensão de metrô só tem necessi-dade se houver demanda. Na minha opinião, o metrô até a Barra, por exemplo, não tem necessidade por-que não tem demanda”, defende.

Segundo o engenheiro, a Zona Oeste ainda é a região com o maior problema de mobilidade urbana. “A Zona Oeste é a área que mais cresceu e ainda tem uma oferta de transpor-tes inadequada. De um modo geral, acho que estamos conversando muito e ainda não começamos a fazer nada. Existe ainda uma série de etapas a se-rem cumpridas”, conclui. • (D.M)

Projeto para as Olimpíadas

Segundo a previsão do Comitê Brasileiro Rio-2016, dos 29 locais de competição, 15 ficarão localizados a mais de 10 quilô-metros de distância da Vila Olímpica. E 11 deles ficariam a mais de 20 quilômetros, o que torna o transporte um fator fundamental para os Jogos no Rio.

A cidade vai receber cerca de R$ 10 bilhões para o setor de transportes, ou seja, 40% de todo o valor previsto para as obras de infraestrutura. Na proposta encaminhada ao Comitê Olímpi-co Internacional (COI), estão previstas melhorias nos serviços de ônibus e na rede ferroviária (com aquisição de 120 novos trens, além da reforma e instalação de ar-condicionado em quase 100 deles). Além disso, o Comitê Rio-2016 adotará o programa que incentiva a doação de óleo vegetal de uso doméstico e comer-cial, que será reciclado e se transformará em combustível utiliza-do pela frota dos Jogos.

No aeroporto internacional, alguns projetos elaborados como parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) amplia-

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5º FÓRUM MUNDIAL URBANO APROVA CARTA DO RIO DE JANEIRO, QUE APONTA A NECESSIDADE DE ADOÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA E INCLUSIVA DAS CIDADES.

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Democratizar a moradia de qua-lidade, a fim de minimizar as

desigualdades sociais no meio ur-bano, é um desafio que demanda grandes debates. Restrições socio-econômicas bloqueiam o acesso de milhares de pessoas a habitações adequadas e tornam as ocupações informais em encostas e às margens de rios e lagoas as únicas alternati-vas disponíveis de moradia. Uma situação que frequentemente oca-siona tragédias, como as ocorridas no estado do Rio de Janeiro em de-corrência das chuvas e da falta de infraestrutura urbana. Para debater essas e outras questões relacionadas às cidades, a 5ª edição do Fórum Mundial Urbano, realizado no Rio de Janeiro, entre 22 e 26 de março, reuniu autoridades, pesquisadores, estudantes e público em geral de vá-rias partes do mundo.

O Rio contabilizou o maior número de inscritos na história do evento. Até as 18h do dia 25, quase 14 mil participantes haviam feito credenciamento, superando a edição de 2006, em Vancouver, no Canadá, que registrou pouco mais de 10,5 mil participantes. Pessoas de 149 países estiveram presentes. Dessas, 9.503 eram brasileiras e 4.216 de outras nações. Os países com mais repre-sentantes foram os Estados Unidos (512), Quênia (303) e Nigéria (242). Outros dois países africanos – Áfri-ca do Sul e Uganda – também fize-ram parte da lista das dez maiores delegações estrangeiras, segundo a organização do evento.

Além das mesas de debate, muitos estandes foram montados e apresen-taram inovações e projetos de desen-

volvimento urbano em várias cidades do mundo. Participaram 139 governos, institutos, universidades, organiza-ções não governamentais e empresas. O Crea-RJ instalou, no Fórum, um estande com estúdio da sua Web TV, onde aconteceram entrevistas com autoridades públicas e especialistas. Na ocasião, o presidente do Conse-lho, Agostinho Guerreiro, autografou exemplares do livro “75 anos Crea-RJ, a invenção de um novo tempo”, que conta a história do Conselho.

NOVAS ExPERIÊNCIASUm dos diálogos mais impor-

tantes, realizado em 24 de março, teve como tema “Acesso igual à mo-radia e serviços básicos urbanos”. Nele foram abordadas experiências de alguns países na ocupação do solo urbano. Os palestrantes troca-ram com o público suas experiências governamentais em projetos de me-lhoria da moradia urbana para po-pulações de baixa renda.

O financiamento habitacional foi um dos assuntos mais discutidos. Foram listadas as experiências de três países: África do Sul e os microfinan-ciamentos habitacionais; as Filipinas,

que oferecem moradias para os tra-balhadores da zona portuária; e Esta-dos Unidos, cuja política está focada na melhoria da qualidade de vida da população urbana e na construção de comunidades sólidas.

A relatora especial da Organiza-ção das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada, ar-quiteta Raquel Rolnik, fechou o de-bate, alertando sobre a necessidade de novas formas de financiamento para oferecer acesso digno de mora-dia, principalmente aos trabalhado-res que têm suas residências muito afastadas dos locais de trabalho.

“Do ponto de vista do marco normativo internacional, moradia adequada não se resume apenas a quatro paredes e um teto, não é um mero abrigo. Milhões de habitantes no planeta migram para as cidades pela oportunidade que ela oferece. Ruas, mercados, recursos, fontes de sobrevivência são elementos funda-mentais que são sistematicamente negados”, frisou.

O Fórum deixou um legado de no-vas propostas de ação para dar conti-nuidade à discussão sobre participação da sociedade civil e práticas sustentáveis

Agostinho Guerreiro, presidente do Conselho, durante conferência no 5º Fórum Mundial Urbano

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inovadoras no desenvolvimento das ci-dades. Uma campanha mundial e um site internacional dedicados ao tema foram lançados durante o evento.

CARTA DO RIOA “Campanha Urbana Mun-

dial”, da ONU-Habitat, tem como objetivo promover o envolvimento cada vez maior de governos locais e nacionais, setor privado e organiza-ções da sociedade civil na adoção de práticas sustentáveis e democráticas para garantir o “direito à cidade”. Esse direito também ficou estabe-lecido na Carta do Rio de Janeiro, aprovada no final do evento, que define cinco parâmetros a serem se-guidos no desenvolvimento munici-pal, entre os quais a função social da propriedade e a criação de espaços democráticos para participação da

sociedade civil em decisões estraté-gicas de governança.

A Carta do Rio de Janeiro par-te do princípio do direito à cidade, entendida como local de moradia e desenvolvimento sustentáveis, sem discriminação de gênero, idade, raça, condição de saúde, origem, nacionali-dade, etnia, status de imigração, orien-tação política, religião ou orientação sexual, ao mesmo tempo preservando memória e identidade cultural.

O segundo ponto da Carta esta-belece que o direito à cidade se ba-seará na gestão democrática, assegu-rando a função social da propriedade e da própria cidade, em seu espaço público, no sentido de promover po-líticas inclusivas de desenvolvimento. A carta especifica, ainda, que a função social da propriedade deve assegurar a distribuição igual, universal, justa

e democrática dos recursos da cida-de, de modo a levar oportunidades a todos. Ela estabelece também que as instituições responsáveis em níveis local, nacional e internacional devem assegurar acesso à moradia, à habi-tação decente, à infraestrutura e aos mecanismos de financiamento para projetos inclusivos e sustentáveis.

A troca virtual de experiências sobre a gestão nas cidades tam-bém foi estimulada, através do site www.citiscope.org, divulgado du-rante o Fórum pelo editor do jornal Washington Post, Neil Pearce, que declarou sentir falta do tema nas pá-ginas das publicações.

Ao final do Fórum do Rio, a nova sede do evento foi anunciada. A sexta edição, em 2012, acontecerá no Bahrein, arquipélago de 35 ilhas e ilhotas, na re-gião do Golfo Pérsico. • (J.M.) e (N.R.)

Copa de 2014 e os seus efeitos para as cidades

Dentro do Fórum Mundial, também hou-ve espaço para falar de questões que podem modificar intensamente os espaços urbanos, como os grandes eventos esportivos. O plane-jamento para a Copa de 2014 e os seus efeitos para as cidades que a receberão foram discuti-dos durante a mesa “Desafios brasileiros para a Copa do Mundo de 2014”, organizada pelo Sindicato das Empresas de Arquitetura e En-genharia Consultiva (Sinaenco), que contou com a participação do presidente do Crea-RJ, Agostinho Guerreiro.

Em sua exposição, o dirigente do Conse-lho afirmou que, devido aos grandes atrasos

no cronograma das obras, alguns estádios já escalados para a Copa devem ficar de fora da realização do evento. Entretanto, “se houver uma mudança de postura quanto à falta de planejamento, a Copa 2014 poderá ser uma grande oportunidade de investir em infraes-trutura, com geração de empregos e responsa-bilidade socioambiental”, ressaltou Agostinho Guerreiro. Ele lembrou, ainda, que o Crea-RJ, junto com os Conselhos da Bahia e São Paulo, está participando da fiscalização preventiva dos estádios de futebol para a Copa.

Já para João Alberto Viol, presidente nacional da Sinaenco, o planejamento para

a Copa não está existindo porque “no Brasil, o planejamento não é decisório, mas sim bu-rocrático. Ele é feito apenas para cumprir leis, nunca para ser efetivo”. Se a situação atual não mudar, provavelmente as obras serão deixadas para a última hora, com maiores gastos, projetos mal pensados e concentra-ção de mão de obra para o curto prazo, ge-rando apenas empregos temporários.

Também compuseram a mesa Deme-tre Basile Anastassakis, vice-presidente de arquitetura do Sinaenco do Rio, e Sérgio Magalhães, Presidente do Instituto dos Ar-quitetos do Brasil.

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Fórum Social Urbano debate megaeventos esportivos

Paralelamente ao Fórum Mundial Urbano, aconteceu, também na Zona Portuária do Rio, o Fórum Social Urbano. Entre os dias 22 e 26 de março, o evento discutiu as principais questões sociais que afetam não só a cidade, mas também o campo, como as reformas agrária e urbana. Os efeitos dos grandes eventos para os moradores das cidades e países onde eles acontecem foi um dos temas que o Fórum Social teve em comum com o Fórum Mundial. A diferença ficou por conta das vozes que foram ouvidas, já que no Fórum Social fizeram parte das mesas não só especialistas, acadêmicos e autoridades, mas também líderes comunitários de cidades que serão diretamente atingidas por eventos como a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Para Inalva Mandes Brito, representante do Comitê Social do Pan e que participou de um painel do Fórum Social, os grandes eventos esportivos em geral não deixam legados positivos para as comunidades locais. Ela toma como exemplo os Jogos Pan-Americanos, que foram realizados sem a participação dos moradores da Vila Autódromo – comunida-de pesqueira na zona oeste do Rio, localizada perto de instalações como o Parque Aquá-tico Maria Lenk e o Velódromo da Barra. Foi exatamente na época do Pan que cresceram as pressões para a remoção dos moradores daquela comunidade.

Com os Jogos Olímpicos, os membros da Vila Autódromo temem sofrer nova coação para deixar o local. “A mídia põe palavras na boca do povo. Diz que ele quis o Pan e agora quer a Copa e as Olimpíadas, mas ninguém falou com as comunidades que serão afeta-das pelas obras. A nós, tudo é negado. Nossas crianças, que estudam em escolas sem es-paço para exercícios físicos, nunca puderam frequentar as instalações do Pan”, desabafou Inalva, que além de moradora da Vila, é professora da rede pública de ensino.

Alberto Oliveira, professor de economia na Universidade Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro (UFRRJ), expositor do mesmo painel, também concorda que o saldo dos grandes eventos esportivos que acontecerão no Brasil será negativo. “O argumento usado na candidatura para a Copa e as Olimpíadas foi o de que elas atrairiam investimen-tos para o país e gerariam empregos, mas no fim das contas o que se gasta com as obras superfaturadas, que depois viram elefantes branco, não compensa”, concluiu Alberto.

Também fizeram parte da mesa de debate “A Experiência Brasileira em Mega Even-tos Esportivos” Nelma Gusmão de Oliveira, do Comitê Social do Pan; Maria Auxiliadora, do Comitê de Resistência aos efeitos da Copa; e Christopher Gaffney, da Universidade Federal Fluminense.

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Gramados brasileiros ainda não recebem a atenção que merecem dos gestores do esporte nacional, embora já

existam no país profissionais qualificados atuando na área.

Palcos verdes para a Copa de 2014

Daqui a quatro anos, o Brasil será palco de um grande evento do

futebol mundial, a Copa do Mundo. Para que o show dos atletas seja ga-rantido, é necessário que os estádios estejam em perfeitas condições para a realização dos jogos e que a qualidade dos gramados nacionais melhore con-sideravelmente. Segundo o engenheiro agrônomo Artur Jorge de Melo, con-sultor em gramado esportivo, a Copa de 2014 pode ser um marco para a mu-dança de mentalidade dos gestores do futebol nacional e para a melhoria da qualidade dos campos do Brasil.

“Para a realização de uma Copa do Mundo, é preciso seguir as normas internacionais de construção e manu-tenção das áreas de jogo. O Comitê Organizador Local (COL) da FIFA já divulgou, para as cidades sedes, as Recomendações para Gramados da Copa 2014. Apesar de não considerá-las perfeitas, são um grande passo no sentido de proporcionar a melhoria dos nossos campos”, opina Melo.

INSUMO BÁSICOEle acredita que, com o evento,

os gramados, não só dos estádios,

mas também dos centros de treina-mento (CTs), passarão a ser vistos como insumo básico do evento. “Eles devem ser encarados como palcos verdes do grande espetáculo que é o futebol. Isso já ocorre no primeiro mundo. O estádio é o te-atro e o campo, o palco. E não po-dia ser diferente, já que os atletas de alto nível passam 80% de suas vidas profissionais em gramados”, explica.

O engenheiro afirma que, desde a década de 90, os campos de fute-bol têm passado por uma melhoria

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lenta e gradativa. E, por conta disso,

já existe uma gama de profissionais nacionais, espe-

cialmente engenheiros agrônomos, que atuam na área com proprie-dade, conhecimento e bastante ex-periência, inclusive internacional. “Podemos realizar a melhor Copa de todas, com os melhores grama-dos do mundo. Temos potencial humano, tecnologia e clima pro-pício para isso. O resto é vontade política”, diz.

GRAMADOS PRIMITIVOSA maioria dos estádios brasi-

leiros foi construída há mais de 20 anos, em solos argilosos, usando gramas nativas, e com conceitos de drenagem e irrigação agrícolas. Segundo Melo, apesar de o Brasil ter evoluído muito nos últimos 20 anos – em conceituação de projeto de gramado esportivo para a prática do futebol e em qualidade e tecno-logia de materiais empregados na execução do campo – ainda existem muitos campos, tanto em Centros de Treinamento (CTs) como em está-dios, que nunca foram reformados. Por isso, apresentam uma defasagem tecnológica considerável e estão em péssimas condições (duros e esbura-

cados), oferecendo riscos à integri-dade física dos atletas.

“Um gramado esportivo tem um conceito bem diferente do agrícola. Há toda uma especificidade de técnicas de drenagem, irrigação, solo apropriado e espécies vegetais específicas para um gramado esportivo de alto desempe-nho. Encaramos um campo de futebol como um gigantesco green de golfe, de quem copiamos os mesmos nive-lamento, drenagem e irrigação esca-moteável automatizada, além do uso de topsoil e as modernas técnicas de manutenção”, destaca o engenheiro.

POSSíVEIS SOLUÇÕESA solução para a defasagem ainda

encontrada nos gramados do Brasil passa por reformas nos estádios mais antigos, usando conceitos, técnicas e materiais modernos. Mas tudo isso só se faz com cultura, conscientização, regulamentação e vontade política das entidades do futebol.

“Não existe propriamente uma defasagem tecnológica por não ter-mos os profissionais e as técnicas do primeiro mundo. Nós, profissionais da área, tentamos incutir nos diri-gentes de clubes e gestores de es-tádios a importância do gramado como insumo básico”, completa Ar-tur Melo. • (D.M)

O que seria um gramado ideal?

Um bom campo de futebol deve ter, em primeiro lugar, um bom projeto e estar inserido em um estádio que permita a entra-da de luz e de ar para a área de jogo. O ni-velamento deve ser excelente, sem buracos nem saliências que possam representar ris-co aos atletas ou alterar a trajetória da bola. A cobertura vegetal deve ser uniforme, de textura macia e com altura de corte adequa-da ao jogo. O gramado também precisa ter um eficiente sistema de drenagem, e irriga-ção escamoteável e automatizada. Por fim, a manutenção deve ser feita por técnicos, com o uso de máquinas e insumos adequados.

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A tecnologia como aliada do ensinoEscolas Técnicas investem em novos recursos, como equipamentos de teleconferência e modernos aplicativos de informática.

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mundo técnico

O mercado de trabalho, cada vez mais, vem exigindo maior

qualificação dos profissionais. En-tre os pré-requisitos básicos, está no topo da lista o conhecimento das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTICs). Com os técnicos não poderia ser diferente. Como em geral eles trabalham com tecnologia de ponta, nos estágios e empregos se espera deles grande in-timidade não só com as máquinas, equipamentos e softwares que utili-zam diretamente, mas também com os recursos da web 2.0 (blogs, redes sociais, sites de vídeos). Para dar vazão a essa demanda do mercado, muitas escolas técnicas têm investi-do em recursos tecnológicos, como microcomputadores com acesso à internet, data show e equipamentos de teleconferência em sala de aula, além do ensino da informática apli-cada.

De acordo com Marcio Ziten-feld Cárdia, diretor da Escola Téc-nica Electra, principalmente nas instituições de ensino tecnológico

de gran-de porte,

há um gran-de esforço para

que cada vez mais deixe de existir o laboratório de infor-mática separado da sala de aula, a fim de que esses dois ambientes se “hibridizem, espacial e simbolica-mente”. A ideia é que os recursos tecnológicos estejam sempre à mão dos professores e alunos de forma que se tornem parte integrante das aulas, e não um mero complemento. “Em nossa escola, data show não é um luxo. Ele já foi incorporado e é usado em todas as aulas, trazendo inúmeras possibilidades e contri-buindo intensamente para o pro-cesso de ensino”, conta Marcio, que é professor na área de eletrônica e eletricidade há 34 anos.

NTICS NO MERCADO DE TRABALHOOs técnicos que tiveram as

NTICs aplicadas em suas forma-ções têm sido mais requisitados pelo mercado de trabalho. Jéssica Mendes de Souza, técnica em edifi-

cações formada pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Su-ckow da Fonseca (Cefet-RJ), só foi selecionada, em 2009, para estagiar na M&T – Mayerhofer e Toledo Arquitetura, Planejamento e Con-sultoria – porque tinha domínio do AutoCAD, o software de proje-tos mais utilizado entre arquitetos e engenheiros. “Se eu não soubesse trabalhar com AutoCAD, não me chamariam para esse estágio, já que minhas tarefas dependiam di-retamente desse programa. Através da prática na M&T, adquiri mais segurança, mas sem a base que o Cefet-RJ me deu na aplicação desse software, seria praticamente impos-sível começar”, lembrou Jéssica.

Segundo as estatísticas da Esco-la Técnica Electra, em 2009, cerca de 800 dos seus alunos conseguiram colocação no mercado de trabalho. Para o professor Marcos Cárdia, essa boa aceitação por parte dos empre-gadores é resultado direto dos inves-timentos feitos pela escola em treina-mento de professores, equipamentos de multimídia e softwares. • (N.R.)

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A importância da qualificação dos professores

Tão importante quanto investir em equipamentos tecnológicos é garantir a qualificação do corpo docente. Com o ritmo acelerado com que as inovações chegam ao mercado, os professores precisam estar sempre inteirados, para que possam utilizar as novidades como forma de aproximar o conteúdo programático à realidade dos alunos. “Para conseguir se comunicar com essa a garotada de hoje, não há como um professor não saber o que é Twitter ou Orkut”, resume Márcio Cárdia.

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Ouro negro na mira

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Ouro negro na miraDescobertas de reservas do pré-sal criam possibilidades de enorme salto econômico, social e tecnológico. Rio de

Janeiro e demais estados produtores lutam para evitar perdas que afetem a economia local.

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No dia 17 de março, uma passeata reuniu cerca de 150 mil pessoas no Centro do Rio em um protesto contra a pro-

posta de redistribuição dos royalties do pré-sal, apresentada pelo deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS). A emenda Ibsen, como ficou conhecida, foi aprovada pela Câmara e encaminha-da ao Senado – no fechamento desta edição, foi aprovada outra emenda, de autoria do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que manteve a base da emenda Ibsen, com uma diferença: prevê que a União compense as perdas de estados produtores. A de-cisão dos parlamentares de mudar as regras de distribuição dos royalties foi suficiente para deflagrar uma polêmica enorme entre os estados e dividir a opinião de especialistas.

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No Rio e no Espírito Santo, que produzem 90% do petróleo nacional, o argumento é de que as novas re-gras vão acarretar uma grande perda financeira, o que poderia até mesmo inviabilizar a realização da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016, segundo autoridades locais. Mas é bom lembrar que os royalties, essencialmente, são compensações fi-nanceiras aos estados produtores por

danos ambientais e impactos sociais causados pela exploração de óleo. Nos Estados Unidos, o recente acidente em uma plataforma da BP (antiga British Petroleum), no Golfo do México, que matou 11 trabalhadores e causou um derrame gigantesco de óleo no mar, recoloca uma questão que ficou à mar-gem nessa acalorada contenda: quem vai pagar a conta de uma tragédia eco-

lógica que eventualmente venha a atin-gir os estados produtores?

PRÉ-SAL DEFLAGRA POLÊMICAA proposta de novas regras sur-

giu com a descoberta do petróleo na camada pré-sal, que apontou novos caminhos para a exploração no país diante da grande quantidade de óleo recém-encontrada. O governo fede-ral justificou a necessidade de um

novo marco regulatório em razão das reservas de alto potencial e do baixo risco exploratório, introduzindo conceito de partilha em substituição às concessões e mantendo um tratamento diferenciado para os royal-ties. Mas, depois do acordo costurado, os deputados não aceitaram a proposta e aprovaram uma emenda apresentada por Ibsen Pi-nheiro, Humberto Souto (PPS-RS) e Marcelo Castro (PMDB-PI), que prevê a distribuição dos royalties do pré-sal para todos os estados da federação. De acordo com cálculos de es-pecialistas estaduais, caso a proposta vingue, a arre-cadação anual do Rio de

Janeiro cairia de R$ 5 bilhões para cerca de R$ 100 milhões.

Os defensores da medida se apoiam no argumento de que o pe-tróleo pertence a todo o país e que é preciso usar a riqueza oriunda de sua exploração para fazer justiça social e amenizar as desigualdades. Já os opositores afirmam que a emenda é inconstitucional, por ferir o previsto

na Constituição, além de ser injusta, ao punir os estados produtores.

Mas será que a mudança na for-ma de distribuição dos royalties terá realmente um impacto tão grande na economia fluminense? Pela comple-xidade dos cálculos, há divergência entre especialistas acerca das reais perdas na arrecadação do estado, mas todos apontam que o Rio sairá perdendo caso o novo modelo seja aprovado. Na opinião do presidente do Clube de Engenharia, Francis Bo-gossian, “o Rio vem sendo prejudica-do pela federação desde que deixou de ser a capital da República. A eco-nomia fluminense já está baseada na arrecadação dos royalties. Se eles dei-xarem de entrar, haverá, sem dúvida nenhuma, uma crise. Não é admissí-vel que queiram agir em detrimento do Rio alegando que os outros esta-dos serão beneficiados”.

Carlos Frederico Leão Rocha, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Ja-neiro (UFRJ) e estudioso da indústria do petróleo e gás, também vê a redu-

Carlos Frederico: “royalties ajudaram a tirar

o Rio da crise”.

Francis Bogossian: “a economia fluminense está

baseada nos recursos do petróleo”.

Roberto Bellonia

Divulgação

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PERSPECTIVAS FUTURAS

Carlos Frederico Rocha, professor do Instituto de Economia da UFRJ, mostra-se preocupado com a forte “politização” do sistema regulatório, tanto pelo governo quanto pela oposição. “As instituições na-cionais deverão decidir pela melhor forma de apropriação das rendas do petróleo. A permanecer a perspectiva irresponsável presente na emenda Ibsen, jogaremos barris de petróleo no lixo. Se quiser utili-zar os frutos do petróleo, o país não pode ser vítima desse tipo de comportamento institucional”, opina o professor.

O certo é que o pré-sal represen-ta uma riqueza enorme para o país: os números oscilam entre US$ 10 trilhões e US$ 20 trilhões, de acordo com Fer-nando Siqueira, presidente da Aepet. Na opinião do presidente da Aepet, é uma quantia que vai permitir ao país dar um salto qualitativo: “A emenda Ibsen teve uma boa intenção, que era distribuir parte dos royalties do pré-sal para todos os estados brasileiros. Teria uma certa lógica, desde que reservasse percentual maior para os produtores”.

Para o presidente do Crea-RJ, as pre-visões para o petróleo do pré-sal são mui-to animadoras. “Se prevalecer uma nego-ciação saudável no Senado, o estado do Rio ganharia bastante e o Brasil também pode ser beneficiado se houver uma dis-tribuição desses recursos em educação, habitação, saúde, infraestrutura, ciência e tecnologia e outras áreas estratégicas”, conclui Agostinho Guerreiro.

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Fernando Siqueira: “a emenda será corrigida porque o Rio não pode perder de novo”

ção dos royalties como um potencial desencadeador de uma crise. “No fi-nal da década de 90, o estado estava falido. O crescimento dos royalties ajudou a solucionar a situação. No entanto, a retirada de 30% da receita é um impacto tão forte que acredito que o estado possa retornar à situação que então se encontrava. A crise será instalada no dia seguinte”, afirma.

O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, é menos pessi-mista em relação a uma futura crise porque não acredita que a emenda vá ser aprovada da forma como está. “O Rio perderia cerca de 15% da sua ar-recadação. Não se pode aceitar isso. Acho que a emenda será corrigida porque todos estão cientes que o Rio não pode perder de novo”, diz.

O deputado Gilberto Palmares (PT-RJ) é outro que acredita que a

aprovação da medida represente um golpe para o Rio de Janeiro e lembra que o impacto será muito grande em todo o estado, embora não seja pos-sível mensurar, ainda, a proporção da crise. “Ela terá um alcance geográfi-co mais amplo, não vai se restringir à capital e à região metropolitana, mas afetar todo o estado. Em Macaé, Campos e nos municípios próximos dessas regiões, por exemplo, onde as economias estão intimamente ligadas ao petróleo, os programas sociais vão ser os primeiros a serem inviabiliza-dos e a sofrerem com o advento de uma crise”, afirma.

EMENDA INCONSTITUCIONALOutro ponto que vem sendo

muito discutido é a questão da in-constitucionalidade da proposta, por ferir o que está estabelecido no artigo 20 da Constituição vigente. “O novo modelo descaracteriza o conceito de royalty”, assinala o presidente do Crea-RJ, Agostinho Guerreiro. Ele afirma que, segundo a Carta Magna, a função dos royal-ties é compensar parte dos prejuí-zos, inclusive ambientais, causados pela exploração. Por isso, quem teria direito a recebê-los seriam os estados e municípios em cujo terri-tório há jazidas.

Além de ser considerada inconsti-tucional, a emenda vem sendo acusada

“Acidente no Golfo do México reforça argumento de que os royalties são uma forma de compensar riscos exploratórios”

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rico Rocha lembra que não é só isso. “São rendas da terra, ou seja, obtidas pelo fato de você ter uma terra ou um subsolo muito produtivo”, res-salta. O substantivo vem da palavra

inglesa royal (real), o que indica as-sociação ao direito da realeza. “Nesse caso, pelo arcabouço legal brasileiro, eles pertencem à União”, explica. Os estados, sendo entes federativos, que-rem participar dessas rendas, alimen-

de ferir o equilíbrio federativo: “Entre outros motivos, por retirar um grande volume de recursos de uma unidade da federação que já contava com esta ver-ba no seu planejamento orçamentário. Um exemplo claro disso é que, anos atrás, o Rio de Janeiro só conseguiu re-negociar as suas dívidas com a União porque tinha os recursos dos royalties como garantia”, lembra Palmares.

Porém, a inconstitucionalidade da medida é controversa. “Ela foi aceita pela comissão de Constituição e Justiça da Câmara”, pondera Siquei-ra, da Aepet. O engenheiro alerta que, assim, a distribuição dos royalties, se aprovada pelo Senado, pode parar no Supremo Tribunal Federal.

Os royalties estão listados na Constituição como sendo uma com-pensação financeira aos estados produtores por danos ambientais e impactos sociais causados pela ex-ploração de óleo, mas Carlos Frede-

tando a antiga disputa entre governo centralizado e federalismo. “Se pre-valece o federalismo, não sei o que os demais estados têm a ver com os royalties. Se prevalece a União, ela deverá obter os rendimentos”, diz o professor da UFRJ.

Rocha lembra, ainda, que o pe-tróleo é uma exceção na legislação brasileira por se tratar do único produto cujos impostos são recolhi-dos no destino (onde é consumido) e não na fonte (onde é produzido). “O principal produto do nosso estado é tributado fora dele e a arrecadação gerada pelo consumo, também”, afirma. Os royalties segundo ele, também cumprem o papel de com-pensar essa deturpação tributária.

Além da emenda Ibsen Pinheiro, outro motivo de preocupação para o estado do Rio em relação ao petró-leo é a emenda Henrique Alves, que abre para os consórcios internacio-

“As instituições nacionais deverão decidir pela melhor forma de apropriação das rendas do petróleo”

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nais 15% da produção do óleo bra-sileiro, num total de R$ 22 bilhões, que podem se transformar em R$ 30 bilhões, em 2020. “Isto é uma agres-são à nossa soberania. Se a emenda passar, iremos à justiça”, garante o presidente da Aepet.

Isso porque, em meio à discussão sobre a distribuição dos royalties, cor-re também a questão da transferência de parte das reservas para corpora-ções privadas por meio de leilões. “O ideal é a supressão dos leilões, pois, se eles continuarem, empresas da Ásia, da Europa, do cartel do petróleo e os EUA virão com tudo para cima do pré-sal com o objetivo de minorar a enorme insegurança energética causa-da pela falta de reservas de petróleo”, explica Siqueira.

ELEIÇÃO: UM OBSTÁCULOAgostinho Guerreiro acredi-

ta que toda a polêmica em torno

da proposta de redistribuição dos royalties foi gerada por 2010 ser um ano eleitoral. “Nenhum candidato quer aparecer como alguém que não lutou para conseguir benefícios para o seu estado. Todo mundo quer tra-zer dinheiro e usar isso como mote político”, afirma o presidente do Crea-RJ.

O presidente do Clube de Enge-nharia também acha que a aprovação da emenda não passou de uma joga-da eleitoral. “Os deputados querem ganhar votos na terra deles. Mas vão matar um filho para sobrar mais co-mida para o outro? Um deputado pode prejudicar um estado e virar herói?”, questiona Bogossian.

Na opinião de Guerreiro, é muito provável que a aprovação da emenda não ocorra antes das eleições deste ano. “Acredito que, passado o calor da discussão, após as eleições deste

ano, haverá tendência a se chegar a um acordo nacional e nosso estado não vai ser tão prejudicado, mesmo com o pré-sal, em sua imensidão, atendendo o desenvolvimento de todo o país”, afirma o presidente do Crea-RJ.

O Clube de Engenharia enviou uma carta ao Senado manifestando seu repúdio à emenda Ibsen. “É ne-cessário recolher os royalties, como reza a Constituição, para as unidades produtoras”, defende Bogossian. Pal-mares concorda e afirma que será ne-cessário lutar contra a aprovação do projeto: “o debate sobre os critérios de distribuição dos royalties para ou-tros estados é uma discussão que não devemos aceitar. O que nós, repre-sentantes políticos do Rio de Janeiro, devemos fazer é concentrar esforços e promover uma mobilização pela derrubada da emenda”, completa o deputado. • (M.A)

Geraldo Falcão – Banco de Imagens Petrobras

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Resfriamento global?Meteorologista afirma que o aquecimento global

causado por ação do homem, difundido nos meios de comunicação de massa, não passa de catastrofismo

infundado e sem embasamento científico.

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O aquecimento global gerado pela ação humana não passa de

mito alimentado pela grande mídia e originado em interesses econômi-cos. A afirmação foi feita por Carlos Molion, doutor em Meteorologia e professor da Universidade Federal de Alagoas, em palestra realizada no Crea-RJ, em 26 de março, organiza-da pela Câmara de Agronomia (CE-Agro). Segundo Molion, na verdade, o planeta estaria ingressando em um processo de resfriamento nos próxi-mos 20 anos. Acontecimentos como o derretimento de calotas polares, por exemplo, não estariam associa-dos ao aumento da temperatura.

O meteorologista diz que o trans-porte de calor é parcialmente con-trolado por um ciclo lunar de 18,6 anos, que esteve em seu máximo em 2005-2007 e voltará a ocorrer entre 2024-2026. O pesquisador é categó-rico ao dizer que por mais que emita CO2 (gás carbônico) na atmosfera, a humanidade não é capaz de elevar a temperatura do planeta. Porém, se-gundo ele, isso não significa que a ação do homem seja completamente inofensiva. Na verdade, ela interfere

sobre o meio ambiente e o clima lo-cal, afetando a qualidade de vida em muitas cidades do planeta.

VERDADE INVENTADACarlos Molion considera que o

aquecimento global antropogênico (AGA), difundido nos meios de co-municação de massa, não passa de catastrofismo infundado e sem em-basamento científico. “A mídia está impondo uma anestesia, uma verda-deira lavagem cerebral aos cidadãos comuns, que ficam com a impressão de que o homem é o grande vilão. A mídia deveria ser neutra e relatar o conhecimento científico comprova-do e suas limitações”, denuncia.

A tese defendida pelo físico e meteorologista está apoiada em três argumentos. O primeiro diz respei-to às séries de temperatura média global. Elas não são consideradas representativas porque, nos últimos anos, o número de estações clima-tométricas foi drasticamente reduzi-do e aquelas localizadas em cidades sofreram a influência do chamado “efeito ilha de calor urbana”. Com isso, a temperatura de uma cidade

como São Paulo aumenta de 3° a 5°C em relação às vizinhanças.

Molion afirma que o aumento da concentração de CO2 não se correla-ciona com o aumento de temperatura. Segundo artigo da revista Nature (n° 462), de 19 de novembro de 2009, após o término da 2ª Guerra Mundial, o consumo de petróleo se acelerou. En-tretanto, a temperatura média global diminuiu. Em eras passadas, como as interglaciais (130 mil, 240 mil e 340 mil anos atrás), as temperaturas esti-veram 6ºC a 10ºC mais elevadas que as atuais, com concentrações de CO2 muito inferiores às dos dias de hoje.

Em segundo lugar, explica o pro-fessor, o gás não seria responsável por aumentar a temperatura do ar e, sim, o contrário, principalmente devido ao aquecimento dos oceanos, que libe-ram mais CO2 dissolvido na água do que qualquer atividade industrial, por exemplo. Finalmente, os modelos de clima usados para as “projeções” da temperatura média global nos próxi-mos 100 anos são apontados como in-cipientes e não representariam a com-plexidade de interações dos processos físicos determinantes do clima. • (J.M)

Interesses econômicosCarlos Molion alerta que muitos grupos, como políticos, empresá-

rios e administradores, estão falsamente envolvidos na conservação am-biental e no combate ao aquecimento global. “Alguns acham que seria uma ‘armação’ do G7 para desacelerar o desenvolvimento dos países do segundo grupo, como Brasil, Rússia, Índia e China. O G7 é um grupo de países falidos, como a Inglaterra e Japão, que não dispõem de recursos naturais e energéticos, e sobrevive de explorar técnica e financeiramente o resto do mundo”, afirma Molion.

Seguindo essa lógica, ele ressalta que, sob o ponto de vista do efeito estufa e do aquecimento global, o Protocolo de Kyoto, em vigor entre 2008-2012, não teria nenhuma eficácia, pois a re-dução das emissões, comparada aos processos naturais, seria ir-

relevante. “A proposta do protocolo é reduzir 5,2% das emissões relativas aos níveis dos anos 1990. Significa cerca de 0,3 bilhões de toneladas de carbono por ano (GtC/a). Para se ter uma ideia, estima-se que os fluxos naturais entre os oceanos, solos e vege-tação e a atmosfera somem cerca de 200 bilhões de toneladas de carbono por ano”, esclarece.

Apesar de afirmar que a Terra passa por uma fase de resfria-mento e não de aquecimento, Molion defende o uso de Meca-nismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e a racionalização das atividades humanas a fim de despoluir o ar, as águas e os solos. “É importante não confundir conservação ambiental com mudan-ças climáticas. Aqueça ou esfrie, temos que conservar o ambiente, mudar nossos hábitos de consumo para a própria sobrevivência da espécie humana”, completa.

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Em defesa do profissional

Nova Resolução da ART reafirma que Acervo Técnico é do profissional. Registros não feitos

devem ser regularizados este ano.

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A Resolução 1.025/2009, do Con-fea, está em vigor desde 1º de

janeiro deste ano. Ela modifica vá-rios procedimentos relativos à Ano-tação de Responsabilidade Técnica (ART) e Resgate de Acervo Técnico. As alterações dizem respeito princi-palmente à padronização dos mode-los de formulários e procedimentos operacionais na ART e emissão da CAT (Certidão de Acervo Técnico), em nível nacional.

A Anotação de Responsabilidade Técnica existe há 33 anos e tornou-se um documento imprescindível para o exercício profissional. Trata-se de uma segurança para a sociedade, uma vez que permite a fiscalização de empreendimentos, projetos e ser-viços da área tecnológica.

O documento define, para efei-tos legais, os responsáveis técnicos pela execução de qualquer obra ou prestação de serviços relacionados às profissões abrangidas pelo Siste-ma Confea/Crea. O texto da nova Resolução é resultado dos esforços de um grupo de trabalho que, reu-nido desde 2006, na sede do Con-fea, busca unificar os procedimen-tos relacionados à emissão de ART, antes regionalizados.

VALORIZANDO O PROFISSIONALUma das mudanças mais signi-

ficativas está descrita no artigo 6º e refere-se à guarda da ART. Ela pas-sará a ser de responsabilidade exclu-siva do profissional e só será emitida em seu nome. Segundo a gerente de registro e acervo técnico do Crea-RJ, arquiteta Cynthia Attié, “a par-tir da nova ART, o procedimento será feito eletronicamente, pois na

medida em que formos reduzindo a emissão em papel, o profissional não precisará mais ter a cópia, nem enviá-la ao Crea para arquivamen-to. Ele pode guardar com ele e im-primir quantas vezes precisar.”

Os registros que não foram feitos na época devida, devem ser regulari-zados até 30 de junho de 2010 (para obras realizadas este ano); e até de-zembro de 2010 (para obras realizadas até 2009), conforme descrito no arti-go 79. A Certidão de Acervo Técnico de obras e serviços em andamento, só serão aceitas com registro de atestado (artigo 47, item II).

Quanto à Certidão de Acervo Técnico (CAT), a resolução reafirma que é de propriedade do profissio-nal (artigo 50). Entretanto, lembra Cynthia Attié, “aqueles que tiverem débitos com a anuidade, multas, dife-renças de ARTs e preço de serviço não poderão emitir o documento”.

A partir da implantação da nova Resolução, os profissionais devem ter atenção redobrada ao preencher a ART, pois caso seja preciso corrigir dados, como caracterização do objeto, ou atividade técnica, será necessário gerar uma ART substituta, acarretan-do no pagamento de uma nova taxa.

Além disso, ficam alterados os procedimento de baixa adotados atualmente, bem como o registro de ART de execução de obras e presta-ção de serviços que abranjam mais de uma unidade da federação. Nes-se caso, apenas uma ART será paga e não mais uma para cada estado, como acontecia anteriormente.

Ao longo do mês de maio, ocor-reram palestras na sede do Crea-RJ para orientar os colaboradores na implementação da resolução. Al-guns dos novos procedimentos se-rão praticados a partir do segundo semestre deste ano. • (J.M.)

Agende-se para regularizar suas ARTs

A partir de primeiro de julho de 2010, a Certidão de Acervo Técnico será emitida apenas em nome do profissional. O documento só será aceito em licitações enquanto ele estiver no quadro técnico da empresa.

Não será permitido o registro de obras ou serviços já concluídos. As anotações de ser-viços realizados até 2009 poderão ser feitas até dezembro de 2010. Para serviços realizados no ano 2010, o prazo máximo estabelecido foi 30 de junho.

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Caça a tesouros históricosInventário feito pelo Inepac cataloga fazendas cafeeiras no Vale do Paraíba e ajuda a preservar patrimônio cultural.

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Realizado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Ine-

pac), em parceria com o Instituto Cultural Cidade Viva e o Instituto Light, o Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense está em sua terceira fase e tem como objetivo catalogar mais 50 fazendas até o fim de 2010. Até outubro do ano passado, os profissionais do Inepac já haviam listado 182 fazendas na região do mé-dio Vale do Paraíba, que compreende cerca de 20 municípios, como Resen-de, Piraí, Miguel Pereira e Três Rios, passando por Petrópolis e indo até Miracema. A primeira fase do pro-jeto, em 2008, levou seis meses para ser concluída e chegou a ser distribu-ída em forma de fichário para escolas públicas e bibliotecas.

Segundo a arquiteta do Inepac Dina Lerner, coordenadora técnica do projeto, a vontade de catalogar essas fazendas é antiga. “O último trabalho do gênero realizado era de meados da década de 70. Sempre houve a vonta-de, mas não os recursos. Foi então que surgiu essa parceria com os institutos Cultura Viva e Light, e as coisas come-çaram a acontecer em 2008”, conta.

TURISMO CULTURALMarcos importantes da história

fluminense no auge da produção ca-feeira, as fazendas são as principais heranças da época em que a popula-ção do estado começou a se expandir, bem como do início da hegemonia econômica e política do Sudeste em relação às demais regiões do país. A ideia, com o levantamento, é esti-mular o turismo cultural da região e também preservar a memória de uma fase importante do Rio de Janeiro e do Brasil. “As fazendas são diferentes, de acordo com a época, em termos da disposição dos espaços e da organiza-ção. Isso diz muito sobre os modos de produção, a transição da produção da cana para a do café, as relações de trabalho entre fazendeiros, escravos e demais funcionários. Elas são parte de um retrato de como a sociedade funcionava”, explica Dina.

Na primeira fase do levantamen-to, os profissionais foram divididos em cinco equipes, cada uma com cer-ca de 20 pessoas, entre engenheiros, arquitetos, historiadores, estudantes e pesquisadores das regiões estudadas. Em campo, fizeram um fichamento

com as características de cada fazen-da. As equipes também foram respon-sáveis, posteriormente, por organizar todas as informações obtidas. O pri-meiro temor, de que os proprietários não autorizassem o trabalho, foi logo superado. “Existe o medo, por parte de muitos proprietários de imóveis históricos e de importância cultural, de que o tombamento impeça modifi-cações e proíba intervenções. Na ver-dade, tudo o que queremos é prestar assessoria técnica para a conservação desse patrimônio, de forma que ele não fique absolutamente descaracte-rizado e a história se perca”, afirma a coordenadora técnica. “Felizmente, foram pouquíssimos os donos que não autorizaram a nossa entrada”.

Na segunda etapa, as equipes fo-ram divididas em grupos menores. O catálogo também incluiu informações do IBGE sobre as regiões, um mapa digital e uma foto das localidades ob-tidos por meio do site Google Earth. De acordo com Dina Lerner, o estado das fazendas, de forma geral, pode ser considerado bom. Muitas delas ainda pertencem a descendentes dos proprie-tários originais, sendo que algumas se transformaram em casas de veraneio e pousadas, e outras ainda cultivam café. Sinal dos tempos, muitas migraram para a pecuária e a produção leiteira. “Encontramos lugares com a estrutu-ra preservada, mas mal conservados; e outros conservados, mas com a estru-tura modificada”, conta.

Para não restringir a divulgação desse minucioso trabalho de levanta-mento, o Inepac decidiu deixar a pes-quisa disponível para consulta no site http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/ • (N.S)

Fazenda Cachoeira da Alegria

Implantada em uma várzea, a sede de fazenda se destaca entre as demais cons-truídas ao longo do século no Vale do Paraíba, pela originalidade e raridade de sua varanda. Localizada na entrada da casa, tem-se acesso a ela por uma escada com de-graus em pedra lavrada em forma de leque. Toda envidraçada, com janelas contíguas em arco pleno, a varanda permite uma visão ampla da área fronteira à casa. (trecho da ficha de inventário).

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Elementos Finitos – Formulação e Aplicação na Estática e Dinâmica das EstruturasAutor: Humberto Lima SorianoEditora: Ciência Moderna

Este livro visa dar condições ao leitor de compreender o Método dos Elementos Fini-tos. São apresentados os seus fundamentos e formulações em análise estática e dinâmica de estruturas, assim como são detalhados os desenvolvimentos dos elementos mais bá-sicos, e fornecidas informações de como utilizá-los. A abordagem é indutiva e com equilí-brio entre a consistência matemática e a conceituação física. E, na medida do possível, os conceitos e desenvolvimentos são elucidados com exemplos simples.

Humberto Lima é engenheiro civil, com doutorado na área pela Coppe/UFRJ. Todos os profissionais registrados terão desconto de 40%. Para isso, basta se cadastrarem no site da editora, no item Tipo assinalarem Crea-RJ e identificarem o código V00009.

Mais informações: (21) 2201-6662 / [email protected].

MSProject 2007 – Metodologia e Critérios de Qualidade para o Gerenciamento de ProjetosAutor: Marcus PossiColaboradores: Gláucio Motta e Gabriel CardozoEditora: Ciência Moderna

Na resenha que escreveu sobre o livro, o presidente do Crea-RJ, Agostinho Guerreiro, cunhou a expressão Avanço Conceitual da profissão, ao reconhecer a importância da obra para os profissionais de engenharia e profissões afins, ou para os que lidam com projetos na área. Segundo ele, em tempos de recursos mais precisos e margens operacionais reduzidas, sejam de orçamentos ou de prazos, as boas práticas de gerenciamento de projetos tornaram-se imprescindíveis para o sucesso dos empreendimentos.

Tanto no setor privado como no público, os investimentos passaram a ser decididos, pla-nejados e controlados por processos cada vez mais sofisticados, dando um novo caráter à responsabilidade dos profissionais que os conduzem.

Neste guia, de acordo com Agostinho Guerreiro, os autores permitem que a qualidade dos processos de gerenciamento de projetos, através do uso de uma ferramenta consagrada, ganhe protagonismo na prática profissional. A publicação da obra contou com o apoio do Crea-RJ. Os profissionais registrados têm desconto de 40% na compra na editora.

Contatos: 021-2201-6662 / [email protected].

Arquitetura Paisagística Contemporânea no BrasilAutor: Ivete Farah, Mônica Bahia Schlee e Raquel Tardin (orgs).Editora: Senac Rio

Neste livro, professores e pesquisadores de importantes insti-tuições brasileiras investigam a produção paisagística nos períodos colonial e pós-colonial, os rumos e as tendências que marcaram essa atividade durante as décadas de afirmação do caráter nacional, entre 1930 e 1970, e a contribuição, a partir de 1976, dos afiliados da As-sociação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap) a essa área. Para completar, o livro ainda reflete sobre o futuro da profissão de arqui-teto paisagista no Brasil.Os profissionais registrados no Crea-RJ têm um desconto de 10% na compra efetuada diretamente na Livraria Galáxia, na rua México, 31 loja A – 2240-0926 / 2240-0276 ou [email protected] / contato: Lucien.

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notas

Crea-RJ participa do Programa Pró-equidade de gênero em Brasília

O Manifesto do Sistema Confea/Crea sobre o Movimento Anticor-rupção da Engenharia, da Arquitetu-ra e da Agronomia foi aprovado, por unanimidade, em sessão plenária do Conselho Federal, no dia 17 de maio. O documento destaca, entre outros pontos, que a “prática da corrupção compromete a economia, a gestão pública, o desenvolvimento demo-crático” e a própria “democracia”.

O presidente do Confea, Marcos Túlio de Melo, destacou que o docu-mento passou pelo crivo do Encontro de Lideranças de 2010, que contou com a participação de entidades nacionais, conselheiros federais, pre-sidentes dos Creas e entidades par-ceiras. Leia a íntegra do Manifesto em www.confea.org.br

Fonte: Confea

Sistema aprova Manifesto Anticorrupção

Nos dias 16, 17 e 18 de março de 2010, o Crea-RJ participou da 3ª edição do Programa Pró-equidade de Gênero, da Se-cretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres, do Governo Federal. O Crea-RJ foi pioneiro ao aderir a esse programa, cujo objetivo é estimular as organizações públicas e privadas a desenvolverem no-vas concepções de gestão de pessoas e cultura organizacional. Um dos objetivos é a eliminação de todas as formas de dis-criminação no acesso, remuneração, as-censão e permanência no emprego.

No encontro, 71 organizações que aderiram à proposta compartilharam suas experiências e ações na promoção da igualdade e da qualidade de vida da mulher, tais como conscientização quanto à saúde, violência contra a mu-lher, apoio à amamentação, paternidade

responsável, bem como qualificação e ascensão profissional.

O Crea-RJ apresentou o vídeo em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, realizado no último dia 8 de março, quando os funcionários foram estimulados a refletir sobre a condição feminina na sociedade atual. Também foram mostradas algumas conquistas re-lativas à qualidade de vida na autarquia, como a licença maternidade de 180 dias e espaço para atividades como dança, massagem e canto coral.

O plano de ação do Crea-RJ para 2010 inclui a elaboração de um cadastro informatizado do corpo funcional – a fim de construir um perfil relativo às diversi-dades – e a construção de uma página na internet referente ao Programa, entre outras ações.

O Conselho na 4ª Conferência Estadual das Cidades

Realizada no Centro Cultural Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, zona portuária do Rio, en-tre os dias 21 e 23 de maio, a 4ª Con-ferência Estadual das Cidades teve como tema a “Gestão Democrática e Participação Social”. O evento, que contou com a presença do ministro das Cidades, Márcio Fortes, discutiu formas de inclusão da sociedade na

definição das políticas urbanas e ha-bitacionais.

No dia 22 de maio, o presidente do Crea-RJ, Agostinho Guerreiro, partici-pou como debatedor da mesa “As ações de prevenção às remoções e aos despe-jos; e da garantia do direito à moradia e reassentamento, no contexto das políti-cas fundiárias e habitacionais do estado do Rio de Janeiro”.

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Disque IntoxicaçãoA população, os profissionais das Ci-

ências Agrárias e os profissionais de saú-de contam agora com um Disque Into-xicação para tirar dúvidas relacionadas a intoxicações: 0800722-6001 – Rede Nacional de Informações e Assistência Toxicológica – RENACIAT. A ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência To-xicológica (RENACIAT), espalhados em 19 estados brasileiros.

A ligação é transferida para o CIAT mais próximo da região onde a chamada foi originada. Os 36 centros funcionam 24 horas por dia, sete dias na semana.

Gerando respostas rápidas, o Dis-que Intoxicação presta esclarecimentos à população e auxilia os profissionais de saúde a prestarem os primeiros so-corros e a prescreverem o tratamento terapêutico adequado para cada tipo de substância tóxica.

Usuário de Agrotóxico, siga as ins-truções do profissional contidas no ver-so da Receita Agronômica.

Profissionais da Espanha visitam o Crea-RJ

Convênio com a ABNT O Sistema Confea/Crea e a Mútua firmaram

um Convênio de Cooperação Técnica com a As-sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para promover o acesso dos profissionais às nor-mas elaboradas e/ou comercializadas pela insti-tuição. A parceria possibilitará aos profissionais do Crea-RJ efetuarem pesquisas, visualização e

aquisição de normas com desconto. Alguns dos prin-cipais benefícios do convênio são os desconto de 50% na aquisição

de normas nacionais para uso próprio, de 20% em normas internacionais e de 20% em cursos, além de inúmeras informações. Confira o passo a passo

para a aquisição das normas em www.crea-rj.org.br.

No dia 20 de abril, o presidente do Crea-RJ, Agostinho Guerreiro, recebeu a visita de profissionais do Colégio de Aparelhadores, Arquitetos Técnicos e Engenheiros de Edi-ficação de Barcelona (CAATEEB). A instituição espanhola tem atuação semelhante à do Conselho, conforme es-clareceu a presidente Maria Rosa Remolà: “somos o Crea de Barcelona, do qual sou presidente. Também sou vice-presidente do Conselho Federal, que é parecido com o Confea. E estamos aqui por todo o interesse que o Brasil

A Lei nº 5.194, de 1966, estipula as multas a serem aplicadas às pessoas físicas – profissionais e leigos - e às pessoas jurídicas que incorrem em infração à legislação profissional. Para aperfeiçoar os procedimentos para instauração e julgamento dos pro-cessos de infração no âmbito dos Conselhos Regionais, o Confea editou a Resolução 1008, de dezembro de 2004.

De acordo com a Resolução, os Conselhos Regionais devem publicar a lista dos infratores que se recusam a receber o Auto de Infração ou que tenham endereços inválidos. A fim de cumprir a Resolução, o Crea-RJ publicará essa relação no Diário Oficial da União, dando prazo para interposição de recurso. Em caso de não manifestação, o Conselho se verá obrigado a dar sequência à execução da infração, sob pena de infringir a legislação profissional.

Lei manda publicar lista de infratores

suscita na Espanha e no mundo inteiro por causa da reali-zação dos Jogos Olímpicos de 2016”.

O presidente do Crea-RJ, Agostinho Guerreiro, desta-cou a importância da troca de experiências entre os países. “O Colégio é sediado em Barcelona, na Catalunha, uma área que se desenvolveu muito por conta das Olimpíadas de 1992. Os jogos de Barcelona ajudaram a revitalizar a cidade de uma forma impressionante e, por isso, é importante que o Brasil conheça essa experiência bem-sucedida”.

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notas

O Crea-RJ marcará presença na 4ª Prevenrio – Feira e Congresso Internacional de Saúde e Segurança no Trabalho, como ocorreu em todas as edições anteriores. Este ano, o evento acontece de 3 a 5 de agosto, no Centro de Conven-ções Sul América. Em função dos grandes avanços tecnoló-gicos que expandiram os campos de atuação e desafios para os profissionais dessa área, o Conselho, durante a Prevenrio, além de prestar serviços de atendimento no estande, irá oferecer palestras técnicas gratuitas em seu estande visan-do à qualificação e à capacitação técnica dos profissionais da área de segurança do trabalho.

Crea-RJ capacita profissionais na 4ª Prevenrio

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De 11 a 13 de agosto de 2010, o Crea-RJ irá participar da Navalshore 2010 - VII Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore. O evento, organizado pela revista Portos e Na-vios, vai apresentar, no Centro de Convenções Sul América, diversas oportunidades para o setor naval offshore, através de exposição – que terá cerca de 100 empresas –, Confe-rências e Negócios em 15 minutos. No estande do Crea-RJ, localizado no mezanino, o profissional poderá assistir a pa-lestras técnicas gratuitas, relacionadas a temas como o am-biente naval offshore e utilizar os serviços do posto móvel de atendimento.

Com o avanço da produção dos campos do pré-sal, mais investimentos em plataformas, sondas de perfura-ção e embarcações de apoio irão ampliar o número de vagas para os profissionais da área tecnológica. A pre-sença do Crea-RJ na Feira ratifica a posição da instituição como estimuladora da retomada do desenvolvimento da indústria naval offshore, que vem expandindo o mercado para os profissionais da área tecnológica. Mais informa-ções: www.navalshore.com.br.

Conselho promove palestras na Navalshore 2010

Divulgação

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CURSOS

JULHO

FENG SHUI NA ARQUITETURA E NA DECORAÇÃO DE INTERIORES – AVANÇADO

Docente: Maria Tereza SaldanhaData: 14, 21 e 28 de julho e 04 de agostoCarga Horária: 20 horasHorário: - 18:30h às 21:30h. Aula de complementação: sábado na UVA de 10h. às 18:00h.Local: Crea-RJ - Rua Buenos Aires, 40.Investimento: 200,00 - vagas limitadas

AGOSTO

GESTÃO DE CONFLITOS

Docente: Silvia Regina Mendes Vieira de Sousa – Curso Trilha do SucessoData: 2, 3 e 5 de agosto de 2010Carga/horária do curso: 8 horasInvestimento: R$ 100,00Público Alvo: Gerentes, líderes e fun-cionário em desenvolvimento.

TÉCNICAS DE ATERRAMENTO

Docente: Marcos André da Frota MattosData: 23 a 30 de agosto de 2010Horário: 18h30mLocal: Sede do Crea-RJCarga horária 18 horasInvestimento: 200,00 - vagas limitadas

PALESTRAS GRATUITAS

JULHO

OS NOVOS DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO SÉC. xxI

Palestrante: Eng. D.Sc. Eduardo Qualha-rini– UFRJ – Doutor em Engenharia de Produção pela UFRJ (1996) e pós-douto-rado pela UFF (1998).Data: 7 de julhoLocal: Crea-RJ - Rua Buenos Aires, 40. Hora: 8:30hPúblico: arquitetos, engenheiros, es-tudantes destas áreas, construtores e interessados em geral.

TÉCNICAS GRÁFICAS PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS

Palestrante: Maykel Andrades - pro-fessor de SketchUp e Photoshop do Instituto Bramante de Arquitetura e Design. Possui certificação Adobe (Adobe Certified Experience-Photoshop CS/CS2). Data: 20 de julhoLocal: Crea-RJ - Rua Buenos Aires, 40.Hora: 18:30h às 20:00h

GERENCIAMENTO DE PROJETOS E CERTIFICAÇÃO DO PMI

Palestrante: Katarine Cristina Pinna de Jesuz, CAPMCertificada CAPM (Certified Associate in Project Management) pelo PMI – USA. Pesquisadora e Graduanda em Adminis-tração pela UFRJ e Empreendedorismo e Inovação pela UFFData: 21 de julhoLocal: Crea-RJ - Rua Buenos Aires, 40.Hora: 18h30m

FORMA DE PAGAMENTOS, DESCONTOS E EMENTAS NO SITE: www.crea-rj.org.br: Projetos Crea-RJ/Progredir/Agenda CompletaTelefone: (21) 2179-2087

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