Diversidade Cultural

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Diversidade Cultural Embora não devamos considerar o ser humano como o simples resultado da educação e da socialização, é inegável que, por definição, o homem é um ser a educar, a introduzir num determinado contexto cultural. "Educar" é um termo que vem do latim e+duce que significa conduzir para fora de, fazer sair de... A bagagem biológica que herdámos ao nascer, o nosso equipamento natural ou biológico é insuficiente para que nos tornemos seres aptos a desempenhos e atitudes especificamente humanos. É no seio de uma dada cultura que formamos os nossos valores, que nos formamos como homens participando e assimilando diversos conteúdos culturais que condicionarão a nossa forma de viver. Algumas culturas permitem práticas homossexuais enquanto outras as condenam (pena de morte na Arábia Saudita). Em vários países muçulmanos a poligamia é uma prática normal, ao passo que nas sociedades cristãs ela é vista como imoral e ilegal. Certas tribos da Nova Guiné consideram que roubar é moralmente correcto; a maior parte das sociedades condenam esse acto. O infanticídio é moralmente repelente para a maior parte das culturas, mas algumas ainda o praticam. Em certos países a pena de morte vigora, ao passo

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Trata-se de uma explicação da diversidade cultural que há no mundo, em que são relacionadas diferentes sociadades. Neste trabalho entram também os temas de racismo, xenofobia e relativismo cultural.

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Diversidade Cultural

Embora não devamos considerar o ser humano como o simples resultado da educação e da socialização, é inegável que, por definição, o homem é um ser a educar, a introduzir num determinado contexto cultural.

"Educar" é um termo que vem do latim e+duce que significa conduzir para fora de, fazer sair de... A bagagem biológica que herdámos ao nascer, o nosso equipamento natural ou biológico é insuficiente para que nos tornemos seres aptos a desempenhos e atitudes especificamente humanos.

É no seio de uma dada cultura que formamos os nossos valores, que nos formamos como homens participando e assimilando diversos conteúdos culturais que condicionarão a nossa forma de viver.

Algumas culturas permitem práticas homossexuais enquanto outras as condenam (pena de morte na Arábia Saudita). Em vários países muçulmanos a poligamia é uma prática normal, ao passo que nas sociedades cristãs ela é vista como imoral e ilegal. Certas tribos da Nova Guiné consideram que roubar é moralmente correcto; a maior parte das sociedades condenam esse acto. O infanticídio é moralmente repelente para a maior parte das culturas, mas algumas ainda o praticam. Em certos países a pena de morte vigora, ao passo que noutras foi abolida; algumas tribos do deserto consideravam um dever sagrado matar após terríveis torturas um membro qualquer da tribo a que pertenciam os assassinos de um dos seus.

Centenas de páginas seriam insuficientes para documentarmos a relatividade dos padrões culturais, a grande diversidade de normas e práticas culturais que existem actualmente e também as que existiram.

Até há bem pouco tempo muitas culturas e sociedades viviam praticamente fechadas sobre si mesmas, desconhecendo-se mutuamente e desenvolvendo bizarras crenças acerca das outras.

Depois da Segunda Guerra Mundial e do extermínio de milhões de indivíduos pertencentes a culturas “inferiores”, a antropologia cultural promoveu a expansão das mentalidades, a compreensão e o respeito pelas normas e valores das outras culturas.

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A dimensão social e cultural dos valores

Ora, se os valores não estão nas coisas, como dissemos antes, mas são criação do homem, afirmamos, por isso, que são uma resultante cultural, pertencem à nossa cultura, tal como as instituições.

A cultura não acontece por acaso e é um fenómeno universal, isto é, é transversal a todas as sociedades e grupos sociais. A cultura constitui uma herança, transmitida pela sociedade a que se pertence através das instituições mais diversas – família, escola, museus, etc.

Facilmente se entende que as culturas sejam diversas e com especificidades. Por isso há uma diversidade de culturas, muitas vezes caracterizadas pelo grupo a que pertencem – cultura portuguesa, cultura europeia, cultura ocidental, cultura chinesa…

Hoje, atendendo ao facto de vivermos em sociedades abertas, há uma

aproximação de culturas, e culturas coexistem no mesmo espaço. Fala‐se,

por isso, em sociedades multiculturais. Caracteriza‐se a multiculturalidade no facto de uma diversidade de culturas partilharem o mesmo espaço.

Esta situação acaba por permitir uma intersecção entre estas culturas, o que pode, para alguns, levar a objecções relativamente à salvaguarda das especificidades próprias de cada cultura.

Levanta‐se outra questão: ‐ uma sociedade acolhedora de um outro grupo social tem o direito de proibir certas práticas culturais desse grupo? Uma sociedade ocidental acolhedora de uma comunidade muçulmana, por exemplo, tem o direito de proibir que essa comunidade faça uso da burka? Tem o direito de proibir o culto muçulmano?

Algumas das possíveis respostas que dermos a estas questões

poderão levar‐nos ao conceito de etnocentrismo que poderá definir‐se como a defesa da cultura própria como superior às demais.

Contra o etnocentrismo se levanta o relativismo cultural que, fundamentalmente reconhece a multiplicidade cultural e coloca as culturas no mesmo nível de dignidade. Nenhuma cultura é superior às demais.