Diversidade de espécies de vespas e abelhas (Hymenoptera) no Município de Rio Branco

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Diversidade de espécies de vespas e abelhas (Hymenoptera) no Município de Rio Branco 1

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Elder Ferreira Morato, Danielle Storck, Francesca Salla, Erivan Nascimento Pereira, Nayara 3

Milhome Cavalcante & Moisés Silveira Lobão 4

5

INTRODUÇÃO 6

7

Estima-se que cerca de 10 % do território do Acre encontra-se atualmente desmatado, 8

porém, mesmo assim, é considerado um dos Estados menos desmatados da Amazônia Legal 9

Brasileira, sendo inclusive, um dos que mais possui áreas protegidas, em relação a sua superfície 10

total (Acre, 2006). Os poucos estudos realizados sobre as comunidades de animais e plantas no 11

Estado indicam a existência de uma grande diversidade, elevado grau de endemismo, além de um 12

grande número de espécies ainda não descritas ou sem uma definição taxonômica (Haffer, 1987; 13

Souza et al., 2003). 14

A área desmatada atualmente na capital Rio Branco é a maior, em relação à dos outros 15

municípios do Estado, devido ao fato de ser este o maior centro comercial e de serviços do Estado, 16

ocupando o primeiro lugar em conversão de florestas em áreas desmatadas (cerca de 2.235 Km2 até 17

o presente) para vários usos (Acre, 2006). Inventários da fauna e flora na região do município são 18

mais numerosos do que em outras partes do Estado. Apesar disso a sua biodiversidade ainda é 19

pouco conhecida (Souza et al., 2003). 20

Os invertebrados constituem um importante grupo faunístico devido aos diferentes 21

aspectos funcionais que eles exercem nos ecossistemas em relação à ciclagem de nutrientes, 22

decomposição, produtividade secundária, fluxo de energia, regulação populacional, polinização e 23

dispersão, além de várias outras interações que mantém com outros organismos (Didham et al., 24

1996). 25

As abelhas e vespas são insetos que fazem parte da ordem Hymenoptera, a qual possui cerca 26

de 115.000 espécies descritas, e são extremamente variáveis em estrutura, fisiologia e 27

comportamento (LaSalle & Gauld, 1993). A maioria das espécies possui comportamento solitário e 28

são importantes como polinizadores de plantas nativas e cultivadas, predadores, parasitas e 29

dispersores de sementes (LaSalle & Gauld, 1993; Buchmann & Nabhan, 1996). Além disso, as 30

vespas e abelhas podem funcionar como bioindicadores de qualidade ambiental e diversidade de 31

outros grupos de organismos (Brown, 1991). De maneira semelhante ao que ocorre com outros 32

grupos faunísticos, o conhecimento sobre esses insetos no estado do Acre é relativamente escasso e 33

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fragmentado. Por exemplo, das 633 espécies de vespas das famílias Crabronidae e Sphecidae que 34

ocorrem no Brasil, apenas 40 foram recentemente listadas para o Acre (Amarante, 2002). 35

Por todas essas razões o estudo desses insetos é de grande relevância não apenas para a sua 36

conservação, mas também para a de vários outros organismos a eles associados e para a manutenção 37

de muitos processos e serviços ambientais nos ecossistemas (Brown, 1991; Didham et al., 1996; 38

Kremen & Ricketts, 2000). 39

Dois grupos vêm sendo relativamente bem estudados na região Neotropical: vespas e 40

abelhas que nidificam em cavidades no lenho das plantas vivas e mortas (Krombein, 1967; Morato 41

& Martins, 2006) e abelhas da sub-tribo Euglossina (Roubik & Hanson, 2004). As primeiras 42

também nidificam em cavidades preexistentes na madeira e outros tipos de materiais, constituindo-43

se em importantes polinizadores e predadores (Morato & Martins, 2006). Já os representantes de 44

Euglossina são conhecidas como abelhas das orquídeas porque são polinizadoras dessas plantas. Os 45

machos destas espécies visitam as flores de orquídeas e outras espécies de plantas floríferas e nelas 46

coletam substâncias perfumadas polinizando-as. Essas substâncias exercem importante papel na 47

reprodução dessas abelhas (Roubik & Hanson, 2004). Os Euglossina são também considerados 48

importantes polinizadores de Bertholletia excelsa (Lecythidaceae), conhecida popularmente como 49

castanheira e uma espécie muito importante para a economia do Estado do Acre (Wadt et al., 2005) 50

e de outras espécies da mesma família (Mori & Prance, 1987). Muitas espécies de várias outras 51

famílias são também visitadas e polinizadas por essas abelhas (Roubik & Hanson, 2004). Além 52

disso, ambos os grupos vêm sendo também estudados na região de Rio Branco e seu entorno (p. ex., 53

Moure, 2003; Oliveira & Nemésio, 2003; Urban, 2003; Morato & Martins, 2005; Nemésio & 54

Morato, 2005; Morato & Martins, 2006; Morato, 2007). 55

O objetivo deste trabalho foi contribuir para um melhor conhecimento da riqueza e 56

composição de vespas e abelhas do município de Rio Branco e entorno. 57

58

MATERIAL E MÉTODOS 59

60

As amostragens de vespas e abelhas solitárias que nidificam em cavidades preexistentes 61

foram realizadas na Reserva Experimental Catuaba (REC) (1.281 ha; 10º4’40”S e 67º37’35”W) 62

pertencente à Universidade Federal do Acre (UFAC), localizada no município de Senador 63

Guiomard) e no Parque Zoobotânico (PZ) (221 ha; 9º57º21”S e 67º52’22”W) também pertencente à 64

UFAC e localizado na sede do município de Rio Branco. A REC é constituída principalmente por 65

vegetação de floresta tropical de terra firme aberta e o PZ por floresta secundária com diferentes 66

estágios de sucessão ecológica formando um mosaico florestal. 67

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Na REC as vespas e abelhas foram coletadas por meio de ninhos-armadilha (Krombein, 68

1967) instalados a 1,5 m de altura do chão em 12 áreas de aproximadamente 1 ha (90 x 80 m) 69

localizadas em três regiões diferentes da reserva (Morato & Martins, 2005). Essas armadilhas 70

constituíram-se de peças de madeira de Cedro (Meliaceae) com 25 x 35 x 130 mm, com um canal 71

de 12 cm de profundidade e orifícios de três diâmetros (5; 9,5 e 13 mm). Em cada área foram 72

instalados 20 blocos com nove peças (três de cada diâmetro) separados por uma distância de 30 73

metros. No centro de cada área foi também instalada uma plataforma central contendo 120 ninhos-74

armadilhas, sendo 60 com as aberturas voltadas para uma direção e os demais com aberturas em 75

direção oposta. Ao todo, foram instalados 300 ninhos-armadilha em cada área e, portanto, 3.600 em 76

toda a REC. 77

Os ninhos-armadilha foram inspecionados quinzenalmente entre junho de 2001 e dezembro 78

de 2002. Aqueles ocupados por ninhos de vespas ou abelhas foram retirados e substituídos por 79

peças vazias. Em seguida, foram levados para a base de apoio aos pesquisadores da REC, para 80

análise e desenvolvimento dos imaturos. A identificação dos adultos foi feita por chaves 81

taxonômicas, comparação com uma coleção de referência do primeiro autor e por taxonomistas de 82

instituições do Brasil e do exterior. 83

A amostragem no PZ seguiu um delineamento de blocos ao acaso (Salla et al., 2007). As 84

coletas foram realizadas através de ninhos-armadilha confeccionados com madeira de quatro 85

espécies, cumaru (Dipterix odorata, Fabaceae), maçaranduba (Manilkara amazonica, Sapotaceae), 86

samaúma (Ceiba pentandra, Bombacaceae) e algodoeiro (Ochroma piramidale, Malvaceae). As 87

peças possuiam um canal de 12 cm de profundidade e orifícios com quatro diâmetros diferentes. As 88

com diâmetros de 5; 11 ou 13 mm possuíam dimensões de 30 x 30 x 150 mm e as com 25 mm de 89

diâmetro possuíam dimensões de 40 x 40 x 150 mm e um canal também de 12 cm. 90

As cavidades artificiais foram colocadas em doze plataformas eqüidistantes uma das outras 91

5 m, posicionadas em uma estaca ao nível do sub-bosque (1,5 m do solo). Cada plataforma e cada 92

estaca foram confeccionadas com a mesma espécie madeireira dos ninhos-armadilhas assentados. 93

Foram colocadas três repetições para cada espécie madeireira. 94

As aberturas das cavidades artificiais foram colocadas nas quatro direções da plataforma: 95

Norte (N), Sul (S), Leste (L), Oeste (O). Em cada direção, foram colocadas três repetições para cada 96

tipo de diâmetro adotado. Portanto, em cada plataforma foram instalados 48 ninhos-armadilhas. A 97

distribuição das peças nas direções na plataforma foi feita de forma aleatória, não havendo portanto 98

nenhuma tendenciosidade. 99

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A inspeção dos ninhos-armadilhas foi realizada mensalmente entre julho de 2005 e maio de 100

2007. Os ninhos fundados nas peças foram levados ao laboratório, descritos e o material colocado 101

em local adequado para a emersão dos adultos, os quais foram então identificados. 102

A amostragem de Euglossina foi realizada no período de dezembro de 2005 a setembro de 103

2006 em 11 fragmentos florestais, nos arredores do Município de Rio Branco (Storck-Tonon et al., 104

2007): PZ = Parque Zoobotânico (221 ha; 9°57’21”S; 67°52’22”W); CM = Círculo Militar (119 ha; 105

9°57’24”S; 67°48’16”W); HOR = Horto Florestal (60 ha; 9°56’41”S; 67°49’45”W); PCM = Parque 106

Chico Mendes (65 ha; 10°2’8”S; 67°47’44”W); CAT = Fazenda Experimental Catuaba (1281 ha; 107

10°4’40”S; 67°37’35”W); HUM = Reserva Humaitá (3665 ha; 9°45’17”S; 67°40’15”W); CPI = 108

Sítio da Comissão Pró-Índio do Acre (68 ha; 10°00’29”S; 67°54’6”W); ESF = Escola da Floresta 109

(698 ha; 9°59’58”S; 67°59’14”W); BUJ = Área particular Bujarí (290 ha; 9°49’2”S; 67°58’18”W); 110

APA = Área de Proteção Ambiental (119 ha; 10°1’29”S; 67°48’33”W); SEPI = Secretaria dos 111

Povos Indígenas (0,83 ha; 9°58’19”S; 67°48’27”W). Adicionalmente foi realizada também uma 112

amostragem com esforço equivalente em uma área no centro da cidade de Rio Branco (CURB; 0,83 113

ha; 9º58’19”S; 67º48’27”W) em local próximo ao estádio José de Melo. A razão para realizar esta 114

amostragem foi que este é um dos locais mais urbanizados e perturbados do Estado do Acre. As 115

abelhas foram coletadas através da atração e captura de machos em armadilhas e cotonetes contendo 116

iscas odoríferas constituídas por substâncias aromáticas (acetato de benzila, cineol, escatol, eugenol, 117

salicilato de metila e vanilina), as quais foram expostas aproximadamente entre 7:00 e 15:00 horas 118

no interior de cada área estudada. Ao todo, foram realizadas em cada local cerca de duas baterias de 119

coletas, cada uma constituída por três dias de amostragem. 120

121

RESULTADOS E DISCUSSÃO 122

Vespas 123

124

Foram registradas 45 espécies de vespas solitárias predadoras que nidificam em cavidades 125

preexistentes nas áreas de estudo do Parque Zoobotânico e Reserva Experimental Catuaba (tabela 126

1). No PZ foram registradas 11 espécies e na REC, 40. Essa diferença de riqueza provavelmente 127

deveu-se principalmente às diferenças de delineamento e esforço amostral. 128

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Tabela 1 – Espécies de vespas solitárias registradas, entre julho de 2005 e maio de 2007, em uma área de 137 estudo na cidade de Rio Branco (Parque Zoobotânico) e outra no entorno (Reserva Catuaba, município de 138 Senador Guiomard), entre junho de 2001 e dezembro de 2002. 139

VESPAS Parque Zoobotânico Reserva Catuaba

EUMENINAE

Ancistroceroides sp. X

Monobia angulosa Saussure X

Pachodynerus brevithorax (Saussure) X

P. grandis Willink e Roig-Alsina X

P. guadulpensis (Saussure) X

P. nasidens (Latreille) X

Pseudodynerus subapicalis (Fox) X

Zethus campanulatus Fox X

Z. smithii Saussure X

Z. strigosus Saussure X

CRABRONIDAE

Liris sp. X X

Pisoxylon xanthosoma Menke X

Trypoxylon (Trypargilum) anapaike Amarante X X

T. (Trypargilum) aurifrons Shuckard X

T. (Trypargilum) fugax Fabricius X

T. (Trypargilum) guassu Amarante X

T. (Trypargilum) lactitarse Saussure X X

T. (Trypargilum) mojuba Amarante X

T. (Trypargilum) nitidum F. Smith X X

T. (Trypargilum) rogenhoferi Kohl X

T. (Trypargilum) surinamense Richards X

T. (Trypargilum) sp.1 X

T. (Trypargilum) sp.2 X

T. (Trypargilum) sp.3 X

T. (Trypargilum) sp.4 X

T. (Trypargilum) sp.5 X

T. (Trypoxylon) gr. Fabricator X

SPHECIDAE

Ampulex sp. 1 X

Ampulex sp. 2 X

Isodontia costipennis (Spinola) X

Penepodium gorianum (Lepeletier) X

Penepodium sp. 1 X

Penepodium sp. 2 X

Podium angustifrons Kohl X

P. aureosericeum Kohl X X

P. denticulatum F. Smith X X

P. fumigatum (Perty) X

Trigonopsis rufiventris (Fabricius) X

POMPILIDAE

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Auplopus argentinensis Dreisbach X

A. lorenzanus (Banks) X

A. smithii Dalla Torre X

Auplopus sp. X

Priochilus regius (Fabricius) X

P. veraepacis (Cameron) X

Priochilus sp. X

RIQUEZA DE ESPÉCIES 11 40

140

Essa riqueza, apesar de se referir a apenas dois locais de estudo, é superior à relatada em 141

vários estudos realizados em outros estados do Brasil (São Paulo, Minas Gerais, Amazonas) 142

(Morato & Martins, 2005). É muito maior do que a riqueza registrada recentemente (apenas 4 143

espécies) em um fragmento de floresta de Belo Horizonte, MG (Loyola & Martins, 2006). É 144

também muito superior à obtida em um estudo realizado na Alemanha (5 espécies), e representa 60 145

% da riqueza registrada em um amplo estudo realizado nos Estados Unidos durante 8 anos 146

(Krombein, 1967). Amarante (2002) anteriormente havia assinalado a presença de apenas 40 147

espécies para o Acre. Algumas espécies registradas nesse estudo representam o primeiro registro 148

para o Estado do Acre, por exemplo, Trigonopsis rufiventris (Fabricius). Gêneros assinalados na 149

tabela anterior com a partícula “sp.” representam espécies novas que precisam ser descritas ou que 150

necessitam de revisão taxonômica. Em parte essa situação deve-se ao fato da biota do Acre ser 151

ainda muito pouco estudada (Morato & Martins, 2005). A composição desta fauna também foi 152

peculiar, uma vez que apresentou uma similaridade muito pequena (entre 2,5 a 16 %) de 153

semelhança) em relação a outros estudos supra-citados. 154

155

Abelhas 156

Quanto às espécies de abelhas solitárias foram registradas em ambas as áreas de estudo 30 157

espécies (tabela 2) sendo 5 no PZ e 29 na REC. Em termos absolutos esta riqueza também é 158

superior à maioria relatada em outros locais (Paraná, São Paulo, Bahia, Paraíba, Amazonas) do 159

Brasil (Morato & Martins, 2005; Buschini, 2006). É também superior à obtida em um estudo na 160

Alemanha (14 espécies) e no fragmento florestal de Belo Horizonte, MG (7 espécies) (Loyola & 161

Martins, 2006). Considerando o esforço amostral empregado, o valor da riqueza aqui relatado ainda 162

foi superior ao obtido por Krombein (1967) nos Estados Unidos. A semelhança da composição 163

faunística do presente estudo com aquela de outras regiões do Brasil também foi extremamente 164

baixa (entre 0 a 9 %) (Morato & Martins, 2005). Isso também sugere que a fauna de abelhas 165

solitárias da região é muito distinta. 166

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Algumas espécies novas de abelhas que nidificam em cavidades preexistentes têm sido 167

descritas a partir de exemplares coletados em florestas de Rio Branco e entorno em programas de 168

amostragens realizadas pelo primeiro autor deste trabalho (E.F.M.). Centris (Heterocentris) adunca 169

(Apidae) foi descrita por Moure (2003) e Anthodioctes guiomardi (Megachilidae) foi descrita por 170

Urban (2003). A. indescriptus (Dalla Torre, 1890) (Megachilidae), espécie de ocorrência conhecida 171

até recentemente apenas para o Estado do Amazonas no Brasil e Peru, foi também coletada pela 172

equipe do primeiro autor na Reserva Humaitá e representou o primeiro registro para o Estado do 173

Acre (Urban, 2004). 174

175

Tabela 2 – Espécies de abelhas solitárias registradas, entre julho de 2005 e maio de 2007, em uma área de 176 estudo na cidade de Rio Branco (Parque Zoobotânico) e outra no entorno (Reserva Catuaba, município de 177 Senador Guiomard), entre junho de 2001 e dezembro de 2002. 178

ABELHAS Parque Zoobotânico Reserva Catuaba

APIDAE

Centris (Hemisiella) dichrootricha (Moure) X

C. (Hemisiella) merrillae Cockerell X

C. (Hemisiella) sp. X

C. (Heterocentris) adunca Moure X

C. (Heterocentris) analis (Fabricius) X X

C. (Heterocentris) sp.1 X

C. (Heterocentris) sp.2 X X

Euglossa avicula Dressler X

E. modestior Dressler X

E. amazonica Dressler X

Tetrapedia sp.1 X

Tetrapedia sp.2 X

MEGACHILIDAE

Anthodioctes lunatus (Smith) X

Anthodioctes sp. X

Megachile (Austromegachile) orbiculata Mitchell X X

M. (Austromegachile) sp. X

M. (Chrysosarus) ruficornis X

M. (Chrysosarus) sp. X X

M. (Dactylomegachile) sp. X

M. (Moureapis) cfr. benigna X

M. (Moureapis) sp.1 X

M. (Moureapis) sp.2 X

M. (Neochelynia) paulista (Schrottky) X

M. (Pseudocentron) curvipes Smith X

M. (Pseudocentron) sp.1 X

M. (Pseudocentron) sp.2 X

M. (Ptilosarus) cfr. acerba X

M. (Ptilosarus) cfr. Microdontura X

M. (Ptilosarus) leucostomella Cockerell X

M. (Tylomegachile) orba Schrottky X

RIQUEZA DE ESPÉCIES 5 29

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180

Foram registradas 36 espécies de Euglossina para o município de Rio Branco e entorno 181

(tabela 3). Os maiores valores de riqueza foram constatados na REC (27 espécies) e PZ (25) e os 182

menores no CML (17) e no centro urbano de Rio Branco (10). Das espécies coletadas, 8 ainda não 183

haviam sido registradas para o Estado do Acre (Morato, 2001; Nemésio & Morato, 2004; 2005; 184

2006). Portanto, a lista de Euglossina para o estado passa de 46 para 52 espécies. 185

Nos locais de amostragem situados no meio urbano foram coletadas 31 espécies e no meio 186

rural 30. É digno de nota que em pleno centro de Rio Branco foram registradas 10 espécies, as quais 187

representam cerca de 19 % da riqueza da região. Os fragmentos localizados no meio rural 188

apresentaram entre si maior similaridade (62 %) em relação à composição de espécies do que os 189

fragmentos do meio urbano (52 %). Isso indica que a distribuição das espécies nos últimos deve ser 190

mais heterogênea. 191

Eulaema nigrita Lepeletier, uma espécie considerada bioindicadora de áreas impactadas e 192

com pouca cobertura florestal (Nemésio & Morato, 2004; Nemésio & Silveira, 2006; Parra-H & 193

Nates-Parra, 2007; Aguiar & Gaglianone 2008) foi registrada em sua grande maioria em áreas 194

urbanas. No Parque Chico Mendes foi coletado um indivíduo pertencente à espécie Exaerete 195

dentata (Linnnaeus), que é considerada rara. Este representou o primeiro registro para o Estado do 196

Acre. Exaerete lepeletieri uma espécie nova foi recentemente descrita a partir de exemplares 197

coletados em Rio Branco, incluindo o fragmento florestal urbano do Parque Zoobotânico da UFAC, 198

e arredores (Oliveira & Nemésio, 2003). Resultados como esse, mostram a importância da 199

manutenção de áreas verdes no meio urbano para a conservação da diversidade dessas abelhas. 200

201

202

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Tabela 3 – Espécies de abelhas das orquídeas (Euglossina) registradas no município de Rio Branco e entorno entre dezembro de 2005 e setembro de 2006. PZ = 203 Parque Zoobotânico; CML = Círculo Militar; HOR = Horto Florestal; PCM = Parque Chico Mendes; CAT = Fazenda Experimental Catuaba; HUM = Reserva 204 Humaitá; CPI = Sítio da Comissão Pró-Índio do Acre; ESF = Escola da Floresta; BUJ = Área particular Bujarí; APA = Área de Proteção Ambiental Amapá; CURB = 205 centro urbano da cidade de Rio Branco. 206

207

Rurais Urbanos

Espécies HUM (3665,44 ha)

CAT (1281,46 ha)

ESF (698,48 ha)

BUJ (290,11 ha)

CPI (68,93 ha)

PZ (221,57)

CML (119,13 ha)

HOR (60,88 ha)

PCM (65,65 ha)

APA (119,73 ha)

CURB (0,83 ha)

Eufriesea flaviventris (Friese) X X X X

Ef. ornata (Mocsáry) X X

Ef. pulchra (Smith) X X X X X X X

Ef. superba (Hoffmannsegg) X X X

Ef. surinamensis (Linnaeus) X X X X

Euglossa allosticta Moure X X X X X X X X X X

Eg. amazonica Dressler X X X X X X X X X X X

Eg. analis Westwood X

Eg. augaspis Dressler X X X X X X X X X X

Eg. avicula Dressler X

Eg. bidentata Dressler X X X X X X X X

Eg. cognata Moure X X X X X X X X X

Eg. crassipunctata Moure X

Eg. despecta Moure X X X X X X X

Eg. gaianii Dressler X

Eg. ignita Smith X X X X X X X X X X

Eg. imperialis Cockerell X X X X X X X X

Eg. intersecta Latreille X X

Eg. iopyrrha Dressler X

Eg. magnipes Dressler X X

Eg. mixta Friese X X X X X X X X X

Eg. modestior Dressler X X X X X X X X X X X

Eg. mourei Dressler X X X X X X X X X X

Eg. orellana Roubik X X X

Eg. prasina Dressler X X X

Eg. securigera Dressler X X X X

Eulaema bombiformis (Packard) X X X X X X X X X

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Tabela 3 – Continuação. 216

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Rurais Urbanos

Espécies HUM (3665,44 ha)

CAT (1281,46 ha)

ESF (698,48 ha)

BUJ (290,11 ha)

CPI (68,93 ha)

PZ (221,57)

CML (119,13 ha)

HOR (60,88 ha)

PCM (65,65 ha)

APA (119,73 ha)

CURB (0,83 ha)

El.cingulata (Fabricius) X X X X X X X X X X X

El. meriana (Olivier) X X X X X X X X X X X

El. mocsaryi (Friese) X X X X X X X X X X

El. nigrita Lepeletier X X X X X X X X X X X

El. pseudocingulata (Oliveira) X X X X X X X X X X X

Exaerete dentata (Linnaeus) X

Ex. frontalis (Guérin-Méneville) X X X X X X X X

Ex. lepeletieri (Oliveira & Nemésio) X X X X X X X

Ex. smaragdina (Guérin-Méneville) X X X X X X X X X X

Riqueza de espécies 23 27 21 20 21 25 17 20 21 24 10

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1

223

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 224

225

Os resultados em relação às vespas e abelhas solitárias mostraram que a riqueza registrada 226

no município de Rio Branco e entorno é elevada e superior à relatada em outras localidades do país. 227

Ela também é constituída por uma fauna mais distinta em relação à sua composição. A ocorrência 228

de espécies que possivelmente são novas para a ciência ou representam o primeiro registro para o 229

Estado, mostraram a necessidade da realização de inventários em escala espacial e temporal mais 230

ampla. Isso demonstrou também a urgência no desenvolvimento de políticas públicas que apóiem e 231

promovam a implantação e manutenção de coleções científicas representativas desses componentes 232

da biodiversidade. Em relação às abelhas das orquídeas, a manutenção de fragmentos florestais 233

urbanos, ainda que pequenos, é uma estratégia muito importante para a sua conservação. 234

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