Divulga Ciência - Junho/2011

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Jornal do Inpa Manaus, Junho 2011 - Ano III - Ed.14 - ISSN 2175-0866 Distribuição Gratuita www.inpa.gov.br Inpa sedia lançamento do Amazontech 2011 Por um mundo melhor Pesquisadora Lúcia Yuyama é finalista do Prêmio Cláudia Filhote de gavião- Real nasce na Reserva Ducke “Mansonelose: problema de saúde e social da Amazônia” Temperaturas anormais dos oceanos afetam regime de chuvas amazônicas Eventos anormais de seca e cheia da região amazônica estão associados às mudanças de temperaturas dos oceanos Brincando com ciência: Ampa lança jogo educativo A Associação Amigos do Peixe-Boi lança jogo educativo para crianças durante a semana do meio ambiente Boa leitura Pág. 02 Pág. 02 Pág. 02 Pág. 02 Pág. 04 Pág. 03 Pág. 06 Pesquisa avalia a influência das queimadas na saúde das crianças Primeiro estudo realizado em Manaus sobre a relação dos materiais particulados oriundos de queimadas nas doenças respiratórias de crianças Pág. 07 Foto: André Silva Livro Harpia A afirmação é do pesquisador do Inpa Victor Py-Daniel. Segundo ele as autoridades municipal, estadual e federal devem tomar uma providência para minimizar a ação da doença, principalmente nas áreas rurais Foto: Flavio Ribeiro Foto: Tabajara Moreno Pág. 05 Foto: Victor Py Daniel (Acervo Pesquisador)

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Jornal de divulgação científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA

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Jornal do Inpa

Manaus, Junho 2011 - Ano III - Ed.14 - ISSN 2175-0866 Distribuição Gratuitawww.inpa.gov.br

Inpa sedia lançamento do Amazontech 2011

Por um mundo melhor

Pesquisadora Lúcia Yuyama é finalista do Prêmio Cláudia

Filhote de gavião-

Real nasce na

Reserva Ducke

“Mansonelose: problema de saúde e social da Amazônia”

Temperaturas anormais dos oceanos afetam regime de chuvas amazônicas

Eventos anormais de seca e cheia da região amazônica estão associados às mudanças de temperaturas dos oceanos

Brincando com ciência: Ampa lança jogo educativo

A Associação Amigos do Peixe-Boi lança jogo educativo para crianças durante a semana do meio ambiente

Boa leitura

Pág. 02

Pág. 02

Pág. 02

Pág. 02

Pág. 04

Pág. 03 Pág. 06

Pesquisa avalia a influência das queimadas na saúde das crianças

Primeiro estudo realizado em Manaus sobre a relação dos materiais particulados oriundos de queimadas nas doenças respiratórias de crianças

Pág. 07

Foto: André Silva

Livro Harpia

A afirmação é do pesquisador do Inpa Victor Py-Daniel. Segundo ele as autoridades municipal, estadual e federal devem tomar uma providência para minimizar a ação da doença, principalmente nas áreas rurais

Foto: Flavio RibeiroFoto: Tabajara Moreno

Pág. 05Foto: Victor Py Daniel (Acervo Pesquisador)

Page 2: Divulga Ciência - Junho/2011

Página 02 - Junho 2011

Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) - Editor Chefe: Eduardo Gomes - Repórteres: Aline Cardoso, Clarissa Bacellar, Daniel Jordano, Josiane Santos e Fernanda Farias Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: - Fotos: Anselmo D`Affônseca, Daniel Jordano, Eduardo Gomes e Flavio Ribeiro Tiragem: 1000 - Edição 14 - Junho 2011 - ISSN 2175-0866.Produção: Assessoria de Comunicação do Inpa/MCTI.

Fernanda Farias

+55 92 3643-3100 / 3104 [email protected] www.twitter.com/ascom_inpa

www.facebook.com/inpamct

Expediente Fale com a redação

Ministério daCiência e Tecnologia e Inovação

Tome Ciência

A equipe do Programa de Conserva-

ção do Gavião-Real do Instituto Nacio-

nal de Pesquisas da Amazônia

(Inpa/MCTI) conseguiu fotografar o

filhote no ninho de gavião-real na

Reserva Florestal Adolpho Ducke, em

Manaus.

Este é o segundo ninho conhe-

cido na área, o primeiro está localizado

do outro lado da Reserva Ducke. Em

2003 houve apenas um registro de

filhote.

Para conseguir fazer as primei-

ras imagens deste novo herdeiro das

florestas da Ducke, foram necessários

dias e dias de observação das ativida-

des no ninho. Olivier Jaudoin, escala-

dor especialista em dossel de florestas

tropicais, fotografou o filhote a 35

metros do chão

Uma das finalistas do Prêmio

Cláudia, que promove e reconhece as

conquistas de mulheres que fazem a

diferença no país, é a pesquisadora do

Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/MCTI) Lúcia Yuyama,

que irá concorrer na categoria ciências.

A cada ano, desde de 1996, O

Prêmio Cláudia, promovido pela

Revista CLÁUDIA, apresenta 15

finalistas divididas em cinco categori-

as: ciências, negócios, trabalho social,

políticas públicas e cultura. As cinco

vencedoras levam para casa uma

estatueta que simboliza o poder

realizador de cada uma. “ É uma dádiva

ser uma das três finalistas, por todo

esse reconhecimento dos frutos

amazônicos, já é um prêmio pra mim”,

disse Yuyama.

Pesquisadora Lúcia Yuyama é finalista do Prêmio Cláudia

A Associação Amigos do Peixe-boi

(Ampa), que atua em convênio com o

Laboratório de Mamíferos Aquáticos

(LMA) do Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI),

fechou parceria com o Boi Garantido

em prol do boto-vermelho (Inia

geoffrensis), também conhecido como

boto-cor-de-rosa, protagonista de um

mito popular.

A Equipe Amiga do Peixe-boi, que

recebe incentivos da Petrobras,

trabalha para a conservação dos cinco

mamíferos aquáticos da Amazônia,

esteve este ano na Ilha Tupinambara-

na. Durante esta edição da Festa

Folclórica de Parintins, no Amazonas, o

Boi Garantido abordou o mito do boto-

vermelho, vítima da cobiça humana.

Por um mundo melhor Filhote de Gavião-Real

nasce na Reserva Ducke

Boa leitura| Harpia

Foto: Anselmo D’ Affônseca Eduardo GomesFoto: Eduardo Gomes

A ideia do livro é mostrar que a harpia apesar da aparência tão imponente está muito vulnerável, exposta ao desmatamento das florestas que compromete seu habitat. As belas imagens do livro ajudam a estimular o desejo de preservar o ambiente dessas aves.

João Marcos foi além da diversidade dos registros de comportamento animal, como este livro tão bem atesta. Teve que literalmente tirar os pés do chão, aprendeu a escalar para chegar aos ninhos, tendo que superar seus próprios medos.

Em fevereiro de 2006, um ensaio sobre as harpias publicado em National Brasil foi o primeiro registro, na imprensa, do precioso trabalho realizado por João Marcos Rosa com a maior ave de rapina das Américas, que culmina agora na publicação deste livro pioneiro.

Em parceria com o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a empresa Vale monitorou durante oito meses dois ninhos de harpia encontrados na Floresta Nacional de Carajás, trabalho que resultou na publicação deste livro, com informações e fotos inéditas sobre uma espécie tão importante para a biodiversidade brasileira.

Page 3: Divulga Ciência - Junho/2011

de 01 de janeiro de 2002 a 31 de

dezembro de 2009 as maiores taxas de

internações hospitalares por doenças

respiratórias, aconteceram no período

chuvoso da região de Manaus, princi-

palmente entre março e maio, e não no

período seco, onde as queimadas são

mais abundantes.

As causas mais frequentes

de internações das crianças por

doenças respiratórias foram: Pneumo-

nia Viral, Influenza e Asma. Observou

também que 61% das internações

registradas nesse período eram do

sexo masculino.

Como não há em Manaus, estações

de monitoramento para medir a quanti-

dade de material particulado, o estudo

utilizou o sensor MODIS, para estimar

os níveis dessas partículas. Foram

usados também dados meteorológi-

cos, de temperatura, umidade e preci-

pitação do mesmo período.

Junho - Página 03Saúde - Divulga Ciência

Pesquisa avalia a influência das queimadas na saúde das crianças

Primeiro estudo realizado em Manaus sobre a relação dos materiais particulados oriundos de queimadas nas doenças respiratórias de crianças

|Fernanda FariasDa Equipe do Divulga Ciência

O material particulado é um elemen-

to químico que é exalado durante as

emissões de queimadas, como diver-

sos outros compostos que são emiti-

dos, como monóxido de carbono e

dióxido de nitrogênio e

outros.

O estudo realizado pelo

aluno do Programa de Pós-

Graduação em Clima e Ambi-

ente (Cliamb) do Instituto

Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/MCTI) e da

Universidade do Estado do

Amazonas (UEA), Valdir Soa-

res, investigou a associação

da exposição das partículas

emitidas em queimadas e as interna-

ções hospitalares em crianças, com até

nove anos de idade, por doenças respi-

ratórias em Manaus, no período de

2002 a 2009. O trabalho foi orientado

pelo Dr. Paulo Artaxo da Universidade

de São Paulo (USP).

A análise foi feita a partir de interna-

ções de crianças com até nove anos,

porque segundo a Organização Mundi-

al de Saúde (OMS), às crianças são

mais vulneráveis às doenças respirató-

rias e aos efeitos da poluição atmosféri-

ca.

O estudo observou que no período

Focos de queimadas e frota de veículos

Entre os 62 municípios do Amazonas,

Manaus foi o 26° com o maior número

de focos de queimadas, no período

entre 2002 a 2009. Os municípios de

Lábrea, Apuí e Manicoré, apresenta-

ram os maiores índices de focos de

queimadas, pois se localizam ao sul

de Manaus, onde o desmate e o

foco de queimadas são crescentes.

Todas as estimativas dos focos

de queimadas foram obtidas atra-

vés de satélites. Foi quantificado

também, como medida complemen-

tar para o estudo, o número de fro-

tas de veículos em Manaus, que no

período de 2001 a 2009, cresceu

119%.

Observou-se na pesquisa, que Mana-

us tem níveis de concentração de mate-

riais particulados menores, em relação

às outras áreas da Amazônia. Mesmo

assim, a média da qualidade do ar da

cidade está um pouco acima do padrão

recomendado pela OMS.

Constatou-se que as internações de

crianças por doenças respiratórias em

Manaus podem estar mais associadas

às condições meteorológicas e de umi-

dade da cidade, do que exposição à

fumaça das queimadas.

‘‘ ‘‘As causas mais frequentes de internações das crianças por doenças respiratórias foram: Pneumonia Viral,

Influenza e Asma.

Foto: Tabajara Moreno

Estudo investigou a associação da exposição

das partículas emitidas em queimadas e as

internações hospitalares em crianças

Page 4: Divulga Ciência - Junho/2011

Página 04 - Julho 2011

Inovação como alternativa para Zona Franca de Manaus

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) recebeu no dia 2 de junho, o lançamento do Amazontech 2011. O evento é multidisciplinar e por meio do incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e à inovação, busca promover o crescimento econômico sus-tentável da Amazônia.

O evento é realizado desde 2001 pelo Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parce-ria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outras institui-ções atuantes na região como o Inpa. Já ocorreu em vários estados da Amazônia legal como Roraima e Mato Grosso.

Para o coordenador de extensão do Inpa, Carlos Bueno, o Amazontech é um evento focado em resultados de pesquisas e transformações desses resultados não só em tecnologia mais em inovação.

“Nós temos que ter uma estratégia dife-renciada de desenvolvimento, temos flo-restas que muita gente não tem, então temos a opção de fazer um desenvolvi-mento focado em florestas utilizando bio-diversidade ”, afirma Bueno.

Sendo realizado a cada dois anos o Amazontech oferece a oportunidade de todos os estados, universidades e institu-tos de pesquisas participarem mostrando o que tem de melhor na região.

Segundo o chefe de gabinete, Sérgio Guimarães, um evento que busca criar um ambiente de empreendedorismo e de geração de produtos inovadores no bioma amazônico coincidem com os nossos obje-tivos de gerar conhecimento e tecnologia para serem aplicados pela sociedade.

Amazontech Tocantins

Neste ano, o Amazontech ocorre de 18 a 22 de outubro em Palmas (TO). Para o superintendente do Sebrae Tocantins, Paulo Massuía, um evento como este é uma oportunidade para o estado de Tocantins mostrar suas potencialidades.

‘‘O tema tem a ver com a sustentabilida-de e isso não pode deixar de estar agrega-do ao desenvolvimento da região’’, lembra o diretor-técnico do Sebrae Amazonas, Mauricio Aucar Seffair.

Inpa sedia lançamento do Amazontech 2011

Neste ano, o Amazontech ocorre de 18 a 22 de outubro em Palmas (TO). O evento acontece a cada dois anos em um estado da Amazônia Legal

|Jéssica VasconcelosDa equipe do Divulga Ciência

Pesquisadores, representantes

de institutos de pesquisas e empre-

sários começaram a debater como

aplicar o resultado das pesquisas no

meio produtivo das indústrias, prin-

cipalmente no caso da Zona Franca

de Manaus.

As discussões ocorreram no dia 9

de junho, durante o ll Workshop

InovAmazonas. O evento é uma

realização da Secretaria de Ciência

e Tecnologia do Amazonas

(SECT/AM) e conta com a participa-

ção do Instituto Nacional de Pesqui-

sas da Amazônia (Inpa/MCTI).

Para a chefe da Divisão de Propri-

edade Intelectual e Negócios do

Inpa, Rosângela Bentes, o evento

colabora para aproximar as empre-

sas das pesquisas. “Esse movimen-

to é importante, pois ajuda a diminu-

ir esse vale entre a pesquisa e o

setor produtivo. Vamos conversar

como resolver as pendências e ana-

lisar pontos de interação”, disse.

Inovação e Zona Franca

Para o Secretário de Ciência e

Tecnologia, Odenildo Sena, o even-

to coloca frente a frente pesquisado-

res e empresários. Ele afirma que a

inovação e pesquisa científica são os

caminhos para a manutenção perene

da Zona Franca de Manaus. “O mode-

lo precisa ser defendido, marcar posi-

ção política, mas é necessário criar

alternativas robustas ao Pólo Industri-

al de Manaus. Temos modelos em

pequena escala que se produzidos

em grande escala seriam uma alter-

nativa. É preciso estreitar os laços

entre pesquisa e setor produtivo”,

enfatizou Sena.

Ainda participaram do evento

representantes da Federação das

Indústrias do Amazonas (Fieam),

Serviço de Apoio às Micro e Peque-

nas Empresas do Amazonas (Se-

brae/AM) e da Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado do Amazonas

(Fapeam). De acordo com o diretor

técnico científico da Fapeam e pes-

quisador do Inpa, Jorge Porto, o Ino-

vAmazonas é uma ponte entre a aca-

demia e as empresas. “Ao falar de

inovação falamos de produtos e pro-

cessos, e muitas vezes essa ciência

não chega ao setor produtivo. Portan-

to, o evento é importante, pois serve

de vitrine para as Instituições.

Essa foi a tônica da abertura do InovAmazonas, evento que reúne pesquisadores e representantes das indústrias. O objetivo é debater como as patentes geradas pelas pesquisas podem se tornar processo e produtos na Amazônia

|Daniel JordanoDa equipe do Divulga Ciência

Pesquisa - Divulga Ciência

Os palestrantes discutiram os caminhos

para a manutenção perene da Zona

Franca de Manaus.

Page 5: Divulga Ciência - Junho/2011

Julho- Página 05Pesquisa - Divulga Ciência

“Mansonelose: problema de saúde e social da Amazônia”

A afirmação é do pesquisador do Inpa Victor Py-Daniel. Segundo ele, as autoridades municipal, estadual e federal devem tomar uma providência para minimizar a ação da doença, principalmente nas áreas rurais

A mansonelose é uma doença que

pode ser transmitida por dois parasi-

tas, a Mansonella ozzardi, que é origi-

nária das Américas, e Mansonella pers-

tans, originária do continente africano.

Os dois vermes podem ser

transmitidos por algumas espé-

cies de maruins e piuns, mosqui-

tos comuns na região.

Os dois vermes causam sinto-

mas semelhantes nas pessoas,

o que torna difícil para os profis-

sionais da saúde diagnostica-

rem a doença, no entanto depois

de um tempo na Amazônia já é

possível diferenciar a mansone-

lose da malária e de viroses

comuns.

O pesquisador Victor Py-Daniel do

Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/MCTI) desenvolve

pesquisas sobre as doenças e alerta

sobre o descaso sanitário e social quan-

to à prevenção e tratamento da doen-

ça.

No Amazonas, a mansonelose cau-

sada pela filaria Mansonella ozzardi,

ainda é extremamente comum, poden-

do ser encontrada na calha dos princi-

pais rios e seus afluentes, como o

Purus, Javari, Juruá, Jutaí, Negro e

Solimões. As maiores ocorrências da

mansonelose causada por M. perstans

são encontradas nas áreas de

fronteiras com a Colômbia e Vene-

zuela, no alto Rio Negro.

“Ambas apresentam uma sintomato-

logia semelhante, mas que também

pode incluir muitas outras enfermida-

des, ou seja, pelo simples exame dos

sintomas ainda fica um tanto difícil,

para um profissional de saúde, sem

muita experiência na Amazônia, diag-

nosticar a mansonelose”, explica o

pesquisador Py-Daniel.

|Da equipe do Divulga Ciência

Sintomas

De acordo com o pesquisador os prin-

cipais sintomas da Mansonelose são a

dor de cabeça, frieza nas pernas, infla-

mação dos gânglios e febres elevadas

podendo levar ao coma. A forma mais

rápida e segura para diferenciar a man-

sonelose da malária e das viroses

comuns, segundo o pesquisador, é o

exame de sangue feito em lâmi-

nas.

Descaso

O tratamento da doença foi

interrompido em todo Estado do

Amazonas, já que para os profis-

sionais da saúde, os medicamen-

tos não faziam efeito esperado e

davam reação alérgica. Foi diag-

nosticado que em alguns pacien-

tes existia uma dupla infecção, por isso

o medicamento só eliminava um dos

vermes, o que causava a interpretação

errada do medicamento não ser efeti-

vo. Para Py-Daniel, basta que o trata-

mento seja administrado com os cuida-

dos que se têm no tratamento da onco-

cercose que tudo está resolvido.

Foto: Victor Py Daniel (Acervo Pesquisador)

‘‘ ‘‘Pelo simples exame dos sintomas

ainda fica um tanto difícil, para um profissional de saúde,

sem muita experiência na Amazônia,

diagnosticar a mansonelose

No Amazonas, a mansonelose pode

ser encontrada na calha dos principais

rios e seus afluentes.

Page 6: Divulga Ciência - Junho/2011

Página 06 - Junho 2011 Educação e Sociedade- Divulga Ciência

Em comemoração à Semana do

Meio Ambiente a Associação Amigos

do Peixe-Boi (Ampa), que atua em

parceria com o Laboratório de Mamí-

feros Aquáticos do Instituto Nacional

de Pesqu isas da Amazôn ia

(Inpa/MCTI), realizou diversas

atividades ambientais envol-

vendo crianças de várias esco-

las que estiveram visitando o

Instituto na quinta-feira, 2 de

junho.

Para Gália Mattos, educado-

ra ambiental da Ampa, a sema-

na mundial do meio ambiente

deveria ser comemorada e

lembrada todo dia. “Porque é

quando temos a oportunidade

de levar uma maior conscientização

da necessidade de preservação do

meio ambiente, porém isso deveria

ser feito todos os dias nas nossas

casas, no nosso dia a dia, pois não é

uma semana que vai resolver o pro-

blema do planeta”, enfatizou.

Segundo o Programa das Nações

Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA), o Dia Mundial do Meio

Ambiente (5 de junho) foi estabeleci-

do pela Assembléia Geral das Nações

Unidas em 1972 e marcou a abertura

da Conferência de Estocolmo sobre

Ambiente Humano. A data se tornou

um evento anual cujo objetivo é chamar

a atenção e realizar ações para aumen-

tar a conscientização e a preservação

ambiental.

Jogo ecológico

As atividades foram realizadas com

crianças de 4 a 10 anos e na ocasião foi

lançado o jogo de educação ambiental

“Caminhada Ecológica”, que visa

ensinar o que é ecologicamente certo e

errado no que diz respeito a atitudes do

dia a dia. Por exemplo, tem cartas de

punição onde o participante vai ler o

seguinte texto: “Você jogou a embala-

gem do picolé no chão! Volte 2 casas!

O jogo foi criado em parceria com o

artista plástico e também educador

ambiental Alexandre Huber. Além do

lançamento do jogo também fizeram

parte das atividades a área Ampa kids

(pinturas de rosto com temática

ambiental, pintura de desenhos etc).

As crianças entre 9 e 10 anos parti-

ciparam de um Circuito de Conheci-

mento sobre os Mamíferos Aquáticos

da Amazônia. Todas essas ativida-

des representam uma maneira lúdica

de informar a criança, ressalta Gália.

O objetivo deste dia foi proporcio-

nar às crianças um dia especial de

aprendizagem, conscientização

ambiental e diversão.

| Jéssica VasconcelosDa equipe do Divulga Ciência

Brincado com ciência: Ampa lança jogo educativo

A associação Amigos do Peixe-Boi lança jogo educativo para crianças durante a semana do meio ambiente

Foto: André Silva

‘‘‘‘ Isso deveria ser feito todos os dias

nas nossas casas, no nosso dia a dia,

pois não é uma semana que vai resolver o problema do

planeta

Chamar a atenção e realizar ações para

aumentar a conscientização e a preserva-

ção ambiental foi o objetivo do evento

Foto: André Silva

Page 7: Divulga Ciência - Junho/2011

‘‘ ‘‘Pode chover menos do que o esperado no período de

dezembro a março na região amazônica, desta forma o

período da estação seca já se inicia comprometido

Junho - Página 07Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência

Temperaturas anormais dos oceanos afetam regime de chuvas amazônicas

Eventos anormais de seca e cheia da região amazônica estão associados às mudanças de temperaturas dos oceanos

A pesquisa realizada pela aluna

Rosimeire Araújo do Programa de Pós-

Graduação em Clima e Ambiente (Cli-

amb), do Instituto Nacional de Pesqui-

sas da Amazônia (Inpa/MCTI) e da

Universidade do Estado do Amazonas

(UEA), investigou através de análises

observacionais e simulações com

modelo climático, os impactos de

eventos anormais na temperatura

dos oceanos Pacífico e Atlântico

equatoriais, nos períodos de chu-

vas da Amazônia. A pesquisa foi

orientada pelo pesquisador Luiz

Candido, do Núcleo de Modela-

gem Climática Ambiental do Inpa e

pela pesquisadora Rita Valéria

Andreoli (Inpa-UEA).

Foi observado que em anos de even-

to do El Niño, que é o aquecimento do

oceano Pacífico, ocorre uma inibição

na formação de nuvens propensas a

chuvas na região amazônica, que

agem no transporte de umidade do

oceano Atlântico tropical. Qualquer

mudança nos sentidos dos ventos

sobre a bacia do atlântico tropical irá

aumentar ou diminuir o regime de chu-

vas da região.

A cada ano que o El Niño ocorre, ele

age de forma diferente na natureza,

podendo atuar sozinho ou em conjunto

com o oceano Atlântico. A combinação

entre o oceano Pacífico quente (El

Niño)e o Atlântico tropical (frio), é cha-

mada de gradiente interbacias, que

pode intensificar ou diminuir as

chuvas em períodos de El Niño.

“O período de intensificação do

evento de El Niño é em dezembro,

que coincide com o período chuvoso

em grande parte da Amazônia, porém

devido aos efeitos provocados pelos

oceanos na atmosfera tropical, pode

chover menos do que o esperado no

período de dezembro a março na

região amazônica, desta forma o perío-

do da estação seca já se inicia compro-

metido”, explica Rosimeire Araújo.

A pesquisa utilizou um modelo climá-

tico que simula a resposta da atmosfé-

rica e a precipitação mediante a tempe-

ratura dos oceanos, como as condi-

ções dos ventos, que mostrou ser mais

importante, pois são eles que transpor-

tam a umidade para a região. Os ven-

tos são gerados por diferenças nas

condições de aquecimentos entre

oceanos e continentes.

“Os resultados indicaram que anos

como este, chuvas acima da média,

são observadas na bacia amazônica

no período de dezembro a maio na

região do extremo norte da América do

Sul, como observado em Roraima no

inicio deste semestre, por exemplo”,

comenta Rosimeire Araújo.

Quando ocorre o fenômeno La

Niña, as águas do Oceano Pací-

fico esfriam e as do Oceano

Atlântico aquecem, assim o regi-

me de chuvas apresenta-se

acima da média climatológica

acarretando um regime de chuva

ainda mais intenso na região

amazônica.

| Fernanda FariasDa Equipe do Divulga Ciência

Foto: Flavio Ribeiro

Page 8: Divulga Ciência - Junho/2011

Página 08 - Junho 2011

Pesquisa aponta os motivos da invasão de urubus na área urbana de ManausFacilidade de alimento e ilhas de calor atraem cada vez mais urubus para área urbana

Uma pesquisa realizada pelo estu-

dante Weber Galvão Novaes, douto-

rando em Ecologia, do Instituto Nacio-

nal de Pesquisas da Amazônia

(Inpa/MCTI) revela por meio de um

monitoramento realizado em Mana-

us, como os urubus se comportam

nas áreas urbanas da cidade, como

essa espécie pode causar proble-

mas à saúde da população urbana e

ainda os perigos que essas aves

oferecem para a aviação.

Apesar de ser uma espécie muito

comum nas áreas urbanas, de boa

parte das cidades brasileiras, o

urubu ainda é pouco estudado na

área científica. A falta de conheci-

mento da espécie dificulta o entendi-

mento de sérios problemas ocasiona-

dos pelas aves. Um deles é a colisão

com aeronaves, que acaba causando

grandes prejuízos para as empresas,

além de por em risco a segurança da

tripulação e dos passageiros.

Os motivos para os urubus invadirem

o espaço urbano das cidades são inú-

meros, como a falta de saneamento

básico nas ruas, a falta de educação

ambiental para as pessoas, e o descaso

do poder público na coleta de resíduos.

Isso tudo acaba fortalecendo o acúmulo

de lixo nas áreas de pouso e decolagem

dos aviões, podendo assim, um urubu

colidir com partes importantes da

aeronave, como a turbina e o motor.

O pesquisador Weber lembra-se do

caso do avião da TAM que colidiu com

um urubu, alguns anos atrás. Além do

transtorno na transferência dos passagei-

ros, a companhia aérea, após a colisão

com a ave, ainda teve prejuízos com os

danos nas aeronaves. “As pessoas são

relocadas, ou vão para um hotel, isso

acaba diminuindo a credibilidade da

empresa, pois as pessoas ficam com

medo de viajar pela companhia, somando

Meio Ambiente - Divulga Ciência

|Fernanda FariasDa Equipe do Divulga Ciência

‘‘ ‘‘Áreas que tem formação de massas de ar quente,

os asfaltos dos aeroportos e as termelétricas, acabam atraindo

essas aves

tudo, o prejuízo é muito grande para

ambos os lados”, alerta Novaes.

Ar quente facilita voo dos urubus

Uma curiosidade da espécie é que

elas gastam pouca energia para voar.

Quando o sol incide no solo gera calor,

como calor sempre tende a subir e

o ar frio descer, os urubus utilizam

esse ar quente que está subindo

para poder ganhar altitude. Por

isso, alguns urubus se aglormeram

em termelétricas e aeroportos.

“O ar quente o empurra pra cima

e ele acaba gastando pouca ener-

gia para voar, eles ficam planando,

por isso áreas que têm formação

de massas de ar quente, acabam

atraindo essas aves”, explica Nova-

es.

Foto: Acervo Pesquisador

Foto: Acervo Pesquisador