Djinn11x21 - perse.com.br · ... se tivesse o poder, o que você faria com ... O bico longo do...

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Editor responsávelZeca MartinsProjeto gráfico e diagramaçãoClaudio Braghini JuniorCapaZeca Martins

Esta obra é uma publicação da Editora Livronovo Ltda.CNPJ 10.519.6466.0001-33www.editoralivronovo.com.br@ 2014, Águas de São Pedro, SPImpresso no Brasil. Printed in Brazil

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criado, sem o prévio e expresso consentimento dos editores.

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Dedicatória

Dedico este livro aos amigos que acredi-taram no meu objetivo, à minha família que sempre me apoiou e principalmente aos sonha-dores como eu, que não desistem até ver o sonho realizado.

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Agradecimentos

Agradeço aos meus amigos ao qual con-sidero como irmãos, em especial ao Sam, que sempre esteve disposto a emprestar sua paciência e seus ouvidos para escutar tudo o que escrevo. Em especial também à minha família que sempre está me apoiando nesse meu sonho. Também não posso deixar de agradecer aquele que ajudou a tornar isso tudo real. Muito obrigado, Odair. Você é o pai que nunca tive!

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Prefácio

Iniciei essa obra – assim como outras que ainda estão arquivadas – para aprimorar minha narrativa e adquirir mais experiência literária. Faço isso para uma obra maior que iniciei em 2005 e ainda está em construção.

Todavia, quis dar vida a esta obra mais pelo fato do tema que queria abordar nele. Um tema que me causa revolta e tristeza. Quis exprimir esse sentimento através deste livro. De um cri-me ainda impune para muitos e esquecido por várias mentes, mas que ainda é fresco naqueles que foram e são vítimas...

Gosto sempre de enfatizar temas que mui-tos têm medo de iniciar uma discussão. Gosto também de fazer com que meu leitor reflita sobre

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o tema abordado e como ele reagiria na posição da personagem, tendo seus ideais apagados e sua moral questionada rente a uma situação de desespero.

E é com esse livro que lanço o grande ques-tionamento: se tivesse o poder, o que você faria com aqueles que lhe tiraram tudo de mais importante?

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Introdução

As lendas sobre gênios da lâmpada sempre estão cercadas de magia poderosa e realizações de desejos. Neste caso, vamos deparar como um deles se torna cativo em sua lâmpada e como ele deve agir para retomar sua liberdade. Essa lenda toma foco na vida de uma jovem advogada, aspirante à felicidade, que coloca a justiça na frente de suas ações. Até que tudo o que acredita desaparece diante de seus olhos. Como esse djinn fará para devolver-lhe a luz roubada de sua alma? É assim que a missão de Erasto, o djinn, se inicia...

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Djinn – Águia Real

Bersabe chorava sobre o corpo sem vida do marido, cujo leito eram as areias do deserto do Oriente Médio. O assassino de seu amado estava a cinco passos de distância deles. Um demônio nomeado Abdir, que ria da lamentação da pobre mulher desesperada.

Sinceramente o casal não fez absolutamen-te nada contra este djinn, mas apenas a palavra “amor” que saía das bocas de um para o outro o enojava. Transbordava uma cólera maçante nesta criatura, que com toda sua força menos-prezava tal sentimento repugnante dos homens. Comparava-o a uma lepra que encarniça a pele e mostra a parte podre da carne. Odiava os amantes e tragava-os para a boca da morte no mais pro-

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fundo sofrimento. Matava o que menos amava, para que o que amasse mais sofresse angustian-temente antes de seu eminente fim.

A sinistra diversão acaba para Abdir e ele evoca os poderes das areias do deserto, que engolem o marido morto e a mulher ainda viva. Selando um sepulcro do deserto para o casal vitimado.

A alegria era imensa para essa criatura de coração torpe, mas sempre que terminava, sentia--se sujo, pois teve que perder seu tempo com pessoas patéticas. Entretanto, deixar passar uma oportunidade de eliminar mais um incômodo era inquestionável.

Caminha rumo à sua gruta, um pouco distante dali, procurando um descanso para este dia fatídico. O que não esperava era a presença de um intruso que o aguardava em frente ao seu recinto. Pelas vestes, demonstrava ser um nobre de muito prestígio em suas terras.

O misterioso homem caminha até o djinn com um cenho bem rígido. Tal estranho mostrava que o conhecia, pois lhe lançava um olhar que parecia ler as linhas de sua alma. O homem não se mantém calado por muito tempo e, com certa imperialidade, começa o diálogo com a criatura:

- Tu, que descendes da falange da Terra e dominas as aves carniceiras. Allah não está satis-

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feito com tuas iniquidades perante os filhos da carne, cujo amor fora destroçado por tua inveja.

- Inveja?! – retruca o djinn – Não posso eu ter inveja de algo tão asqueroso quanto os corpos podres pela morte. Cuja agonia transpassa os limites da carne e revela o cheiro desagradável da inferioridade dos homens. Enquanto minha essência circular pelas veias deste astro, expurga-rei tal deficiência desta raça sem um mínimo de iluminação espiritual. É minha missão!

O homem de alto escalão fita por instantes a criatura amargurada. Curioso acerca de seus sentimentos, o nobre ousa questioná-lo:

- Qual o real motivo de tua repugnância em relação ao amor? Um sentimento por tanto ensinado pelo nosso Pai celestial, que auxilia a compreender o sentido de toda existência?

- Este é o motivo – irrita-se o djinn Abdir. – Tua raça não conhece o verdadeiro amor. Aquele por que realmente vale a pena se sacrificar. Que nos permite descobrir em nós mesmos as virtudes de um iluminado no qual nunca pensaríamos que existisse em nossos corações – a indignação de Abdir aumenta. - Ver bocas que pregam o amor e com os punhos sujos de sangue tiram a vida, a liberdade dos outros... Estes são merecedores da punição extrema. Vi a alma de todos os humanos e pude deparar com apenas vícios que consomem suas energias vitais e sugam a do próximo para

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manterem-se roubando o ar dos verdadeiramente divinos…

O nobre apenas escutava atentamente o gênio inflamar o ar com sua língua ferina. Escutou cada palavra proferida pelo djinn sem esboçar qualquer reação aparente. Nenhuma surpresa, medo ou exortação nas palavras da criatura. Apenas fitava-o com um toque quase inexpressivo em seu semblante.

O djinn é comumente conhecido pela cultura ocidental como “gênio”, tendo sido for-jado com a explosão dos cosmos. A encolerizada criatura se mostra mais calma ao perceber a falta de reação do homem que escutou o bradar de sua alma. Todavia, a breve atmosfera reflexiva do djinn sobre o momento lhe causou ainda mais ira. Seu olhar coberto de fúria recai sobre o homem que indagava seus atos. Seus dentes rangem, atritando uns contra os outros e sua boca solta a insatisfação que sentia com a presença incômoda do nobre:

- Sei quem és tu: Suleiman, o “sábio”. Ho-mem de muitas fêmeas, mas nenhuma que porte ao menos um mínimo amor falso por ti.

O homem, assim chamado Suleiman pelo djinn Abdir, caminha alguns passos adiante, di-minuindo a distância entre ambos. Sem levar as ofensas do djinn ao pé da letra, assim diz para a criatura de coração perturbado:

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- Já que conheces minhas passagens deves saber por que estou aqui.

Com certo sorriso de desprezo, o djinn Abdir retruca-lhe:

- Sim, sei. Mas não conseguirás me capturar!Ao finalizar a última palavra, a estrutura

corporal do djinn converte-se em dezenas de corvos, que se espalham pelo céu e voam em direções distintas.

Calmamente, Suleiman repousa no chão uma lâmpada de ouro, adornada com rubis em sua circunferência. O rei de Judá e Israel, cuja sabedoria fora abençoada por Allah, que lhe dera a missão de banir o mal de suas próprias sombras, une suas mãos e fecha seus olhos. E assim con-centra sua fé nessas palavras ensinadas pelo Pai:

- Israfil, príncipe da falange da Terra, dê-me a tua permissão para que seja lacrada a criatura de essência distorcida, cujo propósito é a própria concepção de seu eu envolto em chagas. Libere a passagem em seu coração para que a luz adentre em seu espírito e ele torne a ajudar aqueles que ferira.

A lâmpada de metal nobre começa a lam-pejar, realçando seu brilho dourado e refratando as dimensões sólidas do rubi. O bico longo do objeto libera uma chama azul pequena, porém intensa, assemelhando-se a uma ponta de seta.

Voando alto, os corvos em que Abdir se transmutara reagrupam-se para partirem para o

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mais longe. Ele era dotado de poderes colossais capazes de ferir mortalmente cidades semelhantes à Manases em um só dia, todavia nada podia fazer contra um ungido do Pai. Sua única chance era escapar da investida desse homem. Entretanto o gênio não esperava que a fé deste homem pudesse alcançá-lo já tão longe. Seu corpo convertido em corvos começa a se desfazer como uma escultura de areia levada pelo vento. As aves negras tornam--se pó e as partículas são tragadas em direção à terra seca. Seus restos são vorazmente sugados pela chama do bico da lâmpada repousada ao chão, sendo severamente aprisionado.

Com o ritual completo, Suleiman de-posita a tampa no topo da lâmpada, deixando o bico como único orifício aberto. O grande sábio pega o artefato e leva a base à altura de seus olhos. Vê que na região inferior do objeto um nome aparecera numa luminosidade apenas encontrada nas chamas de uma pira funerária. O rei sorri ao lembrar-se do significado de tal nome e, sem delonga, rege a sentença da cria-tura cósmica:

- Teu nome de agora em diante será Erasto e como penitência pelas mortes ao qual és acusado ensinarás, protegerás e até mesmo vingarás aqueles que portariam ou portam o verdadeiro amor. Como julgas conhecer inti-mamente tal sentimento, terás que contagiá-lo