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DOBR

AFestival Int’l deCinema Experi- mentalfilmes, debates,

performances eworkshops de criação cinema-tográfica

23-28SETEMBRO, 2019

festivaldobra.com.br festivaldobra dobrafestival

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Apresentação

Bodies in Space_ Programa Especial Nanolab, Richard Tuohy e Dianna Barrie

Programa Especial de Abertura

Permanecendo com o problema: Resistências Ecológicas

Ritos para um novo cotidiano: Etnografias Sensoriais

Percorrendo Paisagens e Lembranças: Memória e Subjetividade

Tecer as Linhas do Mundo: Poesia Visual e Abstração

Invenção de Linguagens e Poéticas da Materialidade

Engajamentos Cinematográficos

Sessão Especial

Perfomormances

Workshops

Créditos

/SU-MÁ-RIO

86 /90 /

100 /106 /

06 /10 /

18 /30 /36 /44 /

52 /64 /76 /

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/APRESEN- TAÇÃO

Na sua quinta edição o Festival Dobra mantêm o seu compromisso em apresentar ao público cario-ca um vasto e fascinante panorama contemporâ-neo da produção cinematográfica experimental realizada no Brasil e no exterior. São 51 filmes, três performances e duas oficinas de criação utilizan-do a película 16mm, que nos aproximam de conti-nentes longínquos e nos fazem redescobrir nosso espaço cotidiano. Para nós o cinema experimen-tal permanece sendo uma trincheira na constru-ção de um mundo novo, uma aposta na importân-cia do exercício da crítica e do olhar investigativo em relação às políticas de afeto que nos são im-postas pela padronização das narrativas.

Para reafirmar a multiplicidade das formas cine-matográfica e manter nossa defesa na permanên-cia da película como ferramenta de criação para o cinema, o Festival Dobra tem o prazer de receber em sua programação os artistas australianos Ri-chard Tuohy e Dianna Barrie, os criadores do Na-nolab em Melbourne, com um programa de filmes 16mm abstratos que radicalizam as experiências

do processamento fotoquímico e a performance Dot Matrix. Também experimentando as possi-bilidades que a tecnologia analógica abre para o cinema expandido, apresentamos a performance Água [Bondade], da Membrana Experimental Fiat Lux, integrada por Leila Monségur e Romulo Ale-xis (Brasil/Argentina) e a performance Troco, de Azucena Losana com criação musical de Piqueras Santangelo (México/Brasil).

Os mais de 1.200 filmes enviados por realizadores de todo o mundo para a convocatória Dobra 2019 nos trouxeram seis programas que enfrentam e experimentam, de formas muitas vezes radicais, os pungentes dilemas de nosso tempo. Os filmes trazem a urgência da questão ecológica, percorrem paisagens e lembranças, investigam etnografias em suas multiplicidades sensoriais, desenham uma poética visual abstrata, atualizam a crítica da ma-terialidade da linguagem audiovisual e exercem o mais potente engajamento cinematográfico.

O cinema experimental é uma enxurrada de pen-samento e provocações, o Rio de Janeiro uma cida-de de batalhas. Estamos prontos para todas elas e os convidamos para um mergulho desdobrado nessa espiral de variadas formas e afetos cinema-tográficos.

Cristiana Miranda

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vvivemos tempos afundados no medo. mmedo da vida, medo da paixão, medo da perdição, medo da revolução, medo da transgressão, medo da radica-lização, medo de Lunga, medo do sagrado, medo do encanto, medo do outro, medo do saber, medo do erro, medo de sexo, medo do corpo, medo dos fluídos, medo do gol, medo da viagem (que impor-ta), medo de olhar, medo de falar, medo de sorrir, medo de explodir (com quase tudo), medo de ras-gar a página, a roupa, a fantasia, o avatar, medo de desligar, medo de sair da curva, da linha, do qua-drado, do círculo, de si, medo de mandar à merda, medo do vermelho. medo da arte

mmas há os que cantam e dançam, os que enfrentam e defendem, os que pensam e não pensam.

hhá experimentação. dobra do mundo para ver o mundo. qque-bra que instaura novos caminhos. dobra infinita a partir do mesmo, sempre. cinema.

qquinto giro pelas circunvoluções da imagem e do som em movimen-to. ffluxos dentro de uma cinema-teca, lugar de futuros possíveis. ffflicagens

nnão há salvação fora dos encon-tros. dobra interior que salva, reconforta, recria.

ggesto necessário. ddescoberta

para os três sem os quais não haveria dobras

h.

desdobrar

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PROGRAMA ESPECIAL NANOLAB,Richard Tuohy e Dianna Barrie

/BO-DIES

IN SPA-

CE

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13Bodies in Space – Programa Especial Nanolab12 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

A Mão de Etienne (Etienne’s Hand, Austrália, 2011, 13’, 16mm), de Richard Tuohy

Sinopse_ Um estudo de movi-mento de uma mão inquieta. Feito a partir de uma exposi-ção de cinco segundos. Som construído a partir de uma antiga música folclórica fran-cesa tocada em uma caixa de música com manivela.

Pancoran (Austrália, 2017, 9’, 16mm),

de Richard Tuohy e Dianna Barriet

Sinopse_ O trânsito de Jacarta se move com o caos harmonio-so de entidades auto-organiza-doras complexas que estão em

toda parte. Através da técnica de improvisação por impresso-ra de contato (contact printer),

esse transporte de massa se torna cada vez mais denso até que apenas a futilidade fluida

do movimento/imobilidade permanece. O trânsito de

Jakarta é uma prova do para-doxo do movimento.

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15Bodies in Space – Programa Especial Nanolab14 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

O Último Trem(Last Train, Austrália, 2016, 12’, 16mm), de Dianna Barrie e Richard Tuohy

Sinopse_ Encontrado no (agora possivelmente perdido) arquivo cinematográfico de Lab Laba Laba, negativos do trailer do filme promocional indonésio “Kereta Api Te-rakhir” (O Último Trem), de 1981, derretem em uma sopa de perfurações químicas. Um filme sobre o silêncio que se segue ao indizível; sobre visões borradas, histórias não conta-das e arquivos inacessíveis.

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17Bodies in Space – Programa Especial Nanolab16 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Baixa Visibilidade (Low Visibility, Austrá-lia, 2019, 11’, 16mm), de Richard Tuohy e Dianna Barrie

Sinopse_ Trabalhadores da palavra, em coletes amarelos, construindo os sonhos de outras pessoas.

China não China

(China not China, Austrália, 2018, 14’, 16mm),

de Richard Tuohy e Dianna Barrie

Sinopse_ Passaram-se 20 anos desde a entrega de Hong Kong

para a China; é o meio do ca-minho da planejada transição de 40 anos para a ideia de ‘um

país, dois sistemas’. Taiwan, que outrora fez parte da China

imperial, anteriormente foi Formosa, agora é República da China e está na beira de se tor-nar Província da China. Múlti-

plas exposições de cenas de rua distorcem o espaço e o lugar, criando uma sensação fluida

de impermanência e transição, de dois estados em algum lugar

entre China e não China.

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/PRO-GRA-

MA ESPE-CIAL

DE ABER-TURA

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21Programa Especial de Abertura20 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Pena Verde (Brasil, 2019, 5’55’’), de Louise Botkay

Sinopse_ Pena verde na casa de Cosme, Itaparica 2017.

Equipe_

Realização: Louise Botkay

Viva Jonas! (Estados Unidos/Brasil,

2019, 2’19’’), de Ж

Sinopse_ Parte de uma tímida homenagem ao mestre-menor.

Equipe_

Câmera: Xico França

Som: Akira

Música: Clementina de Jesus

Produção: .txt texto de cinema

Film-desing: Ж

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23Programa Especial de Abertura22 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Stakra(Estados Unidos, 2017, 4’50’’), de Sara Bona- ventura

Sinopse_ Jornada mística e alucinatória de um sujeito resiliente, ainda não completa-mente seduzido pelas má-quinas; entrelaçados em seu sistema de desafios, mas irra-diando dinamismo enquanto luta pela sua autonomia. Ficar perdido, desmoronar, dividir, desaparecer e redefinir. En-contrando equilíbrio no meio. Uma coreografia processada com sintetizadores analógicos e um wobbulator, um tipo de monitor modificado.

Pienkaupun- kisinfonia:

96100-97690 (Finlândia, 2018, 10’49’’),

de Panu Johansson

Sinopse_ “Pienkaupunkisinfo-nia: 96100-97690” é uma sinfonia da cidade e um curta-metragem

experimental que desvenda Rovaniemi, a capital da Lapô-nia finlandesa. O filme não é

apenas o resultado de anos de filmagens e observação atenta, mas também uma entidade na qual todos os detalhes captura-dos no filme - imagens, memó-rias, estações do ano e bairros

– são inseridos nas retinas dos espectadores como um intenso

fluxo cinético. Eventualmente, a massa granulada filmada forma

um novo tipo de imagem nua da cidade, que também reflete

em grande escala as verdadeiras paisagens nacionais da Fin-

lândia: subúrbios cercados por florestas feitos de concreto.

Equipe_

Direção e Montagem: Sara Bonaventura

Perfomance: Annamaria Ajmone

Trilha Sonora: Von Tesla

Co-produção: Signal Culture

Equipe_

Direção e Conceito: Panu Johansson

Fotografia: Panu Johansson

Edição: Panu Johansson

Música (guitarra & composição): Kimmo Keskinarkaus, Petri Loukusa

Música (Baixo): Mika Vierimaa

Música (Bateria): Henri Peltola

Música (Teclado): Panu Johansson

Mixagem de áudio: Panu Johansson

Master de áudio: Ilkka Olander

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25Programa Especial de Abertura24 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Malogro (Argentina, 2019, 3’37’’), de Moira Lacowicz

Sinopse_ Documentário sobre a história dos Jogos Olímpicos manipulado com químicos cor-rosivos. A emulsão, junto aos atletas que compõem a pelícu-la, geram distintos resultados rítmicos. Formato original: Super8mm.

Equipe_

Imagem/ Montagem: Moira Lacowicz

Áudio: Leonardo Zito

Transfer: Walter Pontes

Entretantos (Brasil, 2018, 1’53’’),

de Sue Durden

Sinopse_ Um corpo que fala, que grita, que risca no asfalto

seu manifesto.

Equipe_

Produção e Realização: coletivoMAI

Dançarina Intérprete: Jaqueline Andrade

Roteiro e Direção: Sue Durden

Direção de Fotografia: Fernanda Bizon

Narração/Voz Off: Lívia Cardoso

Edição e Montagem: Sue Durden

Tradução: Jordana Braz (Fran-cês); Lorena Woolls (Espanhol); Vinícius Martins (Inglês); Marlon Atos (Inglês)

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27Programa Especial de Abertura26 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Buscando a luz / Cami-nhos de luz (Buscando la luz / Cami-nos de luz, Espanha, 2018, 4’03’’), de de Rrose Present

Sinopse_ Por que queremos iluminar tudo? Para saber tudo? Para informar tudo? Se pudéssemos criaríamos um mundo plano sem sutileza, mis-tério, nuances ou diferenças?

Precisamos da escuridão para ver as luzes dos caminhos ocultos “entre telas” fora do foco das grandes histórias, dos grandes motivos, das grandes economias que nos doutrinam com “clichês” culturais ou sofis-mas tecnológicos.

Procurando a luz que ilumina os caminhos “experimentais” de incerteza, da busca, da brin-cadeira, do aleatório... como sinais do caminho de nossas mortais e intransferíveis vidas.

Enquanto eu fazia esse trabalho como uma metá-fora para o cinema experi-

mental, meu pai morreu.

Desejo que nós dois en-contremos a luz de nossos caminhos de morte e vida.

Homenagem a Oriol Pe-rucho e meu pai.

Equipe_

Câmera, Edição e Som: Rrose Pesent

Música: Perucho’s album por Oriol Perucho

Neptuno (Argentina, 2019, 2’41’’),

de Ernesto Baca

Sinopse_ Território desco-nhecido. Superfícies de filmes

impregnados de pigmentos, molduras com pincel: com aquarelas e corroídas com

água da chuva. Material gra-vado com gravuras. Cópia de

contato com matrizes.

Equipe_

Realização: Ernesto Baca

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29Programa Especial de Abertura28 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Tupinambá Lambido (Brasil, 2018, 9’35’’), de Lucas Parente

Sinopse_ Tupinambá Lambido é o nome de uma campanha de cartazes lambe-lambe realiza-da por um grupo de artistas que vivem e trabalham no Rio de Janeiro. Os cartazes do grupo adotam o grande formato (3,20 por 1,90 metros) utilizados na divulgação de shows e eventos na cidade, porém subvertem essa mídia popular trabalhando com hu-mor a resistência ao golpe de estado que levou à deposição da Presidenta Dilma Rousseff em 2016.

Cosmos Obscura

(Estados Unidos, 2018, 4’), de Kate Balsley & Irina

Escalante-Chernova

Sinopse_ Esse vídeo contém imagens em flash. Na Cos-

mos Obscura, o universo é ao mesmo tempo conhecido e

inescrutável. Novos padrões, ritmos e metáforas são nasci-das de outras mais antigas, e corpos celestiais conhecidos

são refrangidos em formas estranhas e inusitadas.

Equipe_

Direção e Edição: Lucas Parente

Produção: Renato Ranquine

Fotografia: Lucas Parente

Roteiro: Tupinambá Lambido

Equipe_

Realização: Kate Balsley & Irina Escalante-Chernova

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/PER-MA-NE-

CEN-DO

COM O PRO-BLEMA: RE-SISTÊNCIAS ECOLÓGI-CAS

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33Permanecendo com o problema: Resistências Ecológicas32 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

A Fábrica (Brasil, 2018, 4’54’’), de Muriel Paraboni

Sinopse_ No horizonte nada além da copa de uma árvore e da chaminé de uma fábrica. Nos céus as nuvens cinzentas se confundem com a fumaça que flui sem parar. Este é o ponto de partida e de chegada para este ensaio visual, que explora as potencialidades rit-micas, associativas e sensoriais do glitch e da imagem digital para abordar as dicotomias entre estética e política, abstra-ção e figuração, contemplação e pensamento. A Fábrica é uma peça de experimento mi-nimalista que pode ser melhor definida pelo provérbio Zen resgatado como fundamento de trabalho por Jonh Cage: de tanto olhar para um mesmo objeto, ele acaba por revelar sua profundidade.

Derrubada não!

(Brasil, 2019, 23’27’’), de yann beauvais

Sinopse_ No contexto con-temporâneo, onde as questões ambientais estão se tornando

uma preocupação global, é im-portante identificar iniciativas

individuais que colocam não só a consciência, mas também

gestos em favor do nosso habitat. Derrubada não! toma como ponto de partida o “Pro-

jeto Imburana” desenvolvido pelo artista indígena pernam-

bucano Atikum-Umã Edson Barrus como um ato que visa

transformar um terreno em um santuário ecológico.

Equipe_

Criação e Direção: Muriel Paraboni

Produção: Véspera Visual Media

Trilha Sonora: Mescalibur & ono

Equipe_

Com: Edson Barrus, Beto Beze-ra e Severino Ananias de Sena

Imagem: yann beauvais

Música: Thomas Köner

Apoio: Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura Funcul-tura, Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo do Estado Pernambucano

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35Permanecendo com o problema: Resistências Ecológicas34 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Olhe bem as montanhas

(2018, Brasil/França, 30’), de Ana Vaz

Sinopse_ A frase “Olhe bem para as montanhas!” foi cunha-

da pelo artista Manfredo de Souzanetto durante os anos de

ditadura do Brasil. As ativi-dades de mineração estavam destruindo o meio ambiente

no estado de Minas Gerais, no sudoeste do país. Ana Vaz traça

paralelos entre esta região e o distante Nord-Pas-de-Calais, no

norte da França, também mar-cado por mais de três séculos de mineração. Ocas e evisce-

radas, as montanhas mineiras se tornam os receptáculos de

memórias fantasmagóricas. Por outro lado, na França, as pilhas

de lixo de mineração se trans-formam em reservatórios de

biodiversidade, onde a fronteira entre a natureza e a tecnologia é agora indiscernível. O “olhar

de perto” direciona o filme para

Athabasca(Suécia, 2019, 13’), de Michel Wenzer & Philippe Léonard

Sinopse_ Um poema audiovi-sual que flutua através de uma paisagem apocalíptica devo-rada por incêndios florestais boreais e pela exploração implacável de combustíveis fósseis. Gravado nas areias petrolíferas de Athabasca em Alberta, Canadá durante os incêndios florestais de 2016.

Equipe_

Direção: Michel Wenzer & Philippe Léonard

Produção: Alberto Herskovits

Música: Michel Wenzer

Imagem: Philippe Léonard

Montagem: Omar Elhamy & Philippe Léonard

detalhes sonoros e visu-ais nunca desconectados de seu alcance político: uma tomada do céu tirada do fundo de uma ravina é suficiente para evocar os fantasmas de povos indígenas erradi-cados, cuja caverna, no entanto, continua a ser pintada. (Charlotte Gar-son, Cinéma du Réel)

Equipe_

Realização: Ana Vaz

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/RI-TOS

PARA UM

NOVO

COTI-DIA-NO: ETNOGRA-FIAS SENSO-RIAIS

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39Ritos para um novo cotidiano: Etnografias Sensoriais38 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Resistir Existir (Brasil, 2019, 5’12’’), de Lívia Sá.

Sinopse_ Resistir para poder existir é necessário. Este é um filme captado em Super 8mm no ano de 2019 na Bahia, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. O filme começa com uma imagem do Monte Pasco-al, primeira “terra à vista” pelos portugueses, que iniciou o processo de colonização do país e consequentemente o extermí-nio dos povos indígenas. O filme documenta cenas do cotidiano que se contrapõem com cenas de resistência de diferentes povos indígenas durante um protesto em São Paulo. O filme conta com a nar-ração de Leila Rocha Guarani Nhandeva (liderança do Ivy Katu/ Porto Lindo; Guarani--Kaiowás - Mato Grosso do Sul).

Florescendo(Blooming, China, 2019,

13’10’), de Lingyun Zheng

Sinopse_ Florescendo é sobre amor e doença. Um pintor

está desenhando as flores da primavera. Mas o rosado causa

sua doença.

Equipe_

Realização: Lívia SáEquipe_

Direção e Roteiro: Lingyun Zheng

Produção: Mickey Liu Xuan Zheng

Elenco: Lang Zhang

Fotografia: Xuan Zheng e Lingyun Zheng

Edição: Lingyun Zheng

Música: Leo Zapplin

Consultor Técnico: Renato Tonelli

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41Ritos para um novo cotidiano: Etnografias Sensoriais40 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Água Forte (Portugal, 2018, 15’15’’), de Mónica Baptista

Sinopse_ Água Forte segue o curso de um rio, entrecruzan-do tempos distintos: o mito-lógico e o do ensaio – próprio dos diários de viagem. Dese-nhando, tal como a paisagem, um pensamento horizontal e colapsando por fim num objeto selvagem. Filmado na Amazônia em 16mm e revelado à mão.

Obatala Film(Nigéria, 2019, 7’), de

Sebastian Wiedemann

Sinopse_ O corpo re-existe e insiste, pois nunca é um

envoltório fechado, mas sim canal de passagem e transe

entre as mais diversas dimen-sões espirituais (Obatala Film). Filme-devoção, filme-oferenda. Filmado na mítica Ile-Ife, cida-

de sagrada do povo Yoruba e fundada pelos próprios Orixás,

este filme procura afirmar de modo sensorial a vertigem de

entrar em relação com Obatala, orixá criador do mundo, da luz. Transe de faíscas de luz, de corpos em conexão espiritual.

Equipe_

Realização: Sebastian Wiedemann

Equipe_

Realização: Mónica Baptista

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43Ritos para um novo cotidiano: Etnografias Sensoriais42 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Kopacabana (Brasil, 2019, 13’33’’),

de Marcos Bonisson e Khalil Charif

Sinopse_ Filme ambientado no bairro de Copacabana, elabo-rado através de uma colagem

de imagens atuais e de arquivo (Super 8 e digital). Um trabalho experimental narrado pela fala

significante do poeta Fausto Fawcett, e sonorizado pelo músico Arnaldo Brandão.

Equipe_

Direção: Marcos Bonisson & Khalil Charif

Texto e Voz: Fausto Fawcett

Trilha Sonora Original: Arnaldo Brandão

Hanoi, Old Quarter (Brasil, 2017, 3’45’’), de Priscyla Bettim e Renato Coelho

Sinopse_ No bairro antigo de Hanói / um filme em Super 8 / Trinta e seis vielas que se en-trelaçam por mais de oitocen-tos anos / de fumaça / Motos e cerveja / & Ho Chi Min / Mais um filme / Super 8 / a câmera e a guerra

Equipe_

Realização: Priscyla Bettim & Renato Coelho

Imagens Super8: Marcos Bonisson, Khalil Charif

Imagens Super8 de Arquivo: Andreas Valentin

Imagens Digitais: Marcos Bonisson, Khalil Charif, Márcio Menasce

Edição de Imagens: Marcos Bonisson, Khalil Charif

Edição de Som: Lucas Demps

Tradução e Legendas: Steve Berg

Elenco: Fausto Fawcett, Agrippina R. Manhattan, Camila Botelho, Carol Azevedo, Chico Fernandes, Cristal Soledad, Marcos Bonisson, Maybelove, Stella Kranz.

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PAISAGENS E LEMBRAN-ÇAS: MEMÓ-RIA E SUBJE-TIVIDADE

/PER-COR-REN-

DO

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47Percorrendo Paisagens e Lembranças: Memória e Subjetividade46 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Elegia / daí viemos (Elegy / whence we came, Estados Unidos, 2019, 14’08’’), de Alex Faoro

Sinopse_ No final da década de 1940, minha família se mudou do Brooklyn e comprou vários terrenos no noroeste de Nova Jersey. Nos anos seguintes, eles construíram várias casas por lá e criaram uma série de filmes caseiros documentando os eventos. Na primavera de 2019, meu pai e eu enterramos um rolo de 400 pés no quintal da minha avó, a mesma terra em que as imagens foram origi-nalmente gravadas. Espelhan-do o caráter habitual desses filmes, Elegy combina processo ritualístico e experimentação formal para criar um poema reflexivo sobre tempo, memó-ria e tradição.

Uma história de terra natal

– do outro lado do estreito

(A homeland story: across the strait, Grã-Bretanha,

2019, 9’57’’), de Chun-yu Liu

Sinopse_ Uma história de terra natal - do outro lado do estreito é uma contemplação da diáspora, história e tempo.

A filmagem foi realizada em um parque temático na visita

da artista a Chongqing, China, de onde vieram seus avós Na-cionalistas. Tudo o que existia

no parque foi feito no estilo da época Nacionalista anterior a

1949, um grande entretenimen-to para os turistas, enquanto

a artista, como a segunda geração diaspórica, tem que

negociar a (im) possibilidade de voltar à história.Equipe_

Realização: Alex Faoro e Jeffrey Faoro

Equipe_

Câmera, Som, Edição, Texto: Chun-yu Liu

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49Percorrendo Paisagens e Lembranças: Memória e Subjetividade48 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

/ˈiəri/ (Ruanda, 2017, 11’35’’), de Remy Ryumugabe

Sinopse_ Um homem confuso, seu passado ou seu presente, sonhos ou realidade, desper-tares falsos ou verdadeiros! Quem é quem? Ele não pode realmente dizer. Ele está ape-nas explorando uma situação estranha, para ver quem ou o que há para ser encontrado.

Templo da Verdade

(Temple of Truth, Estados Unidos, 2018, 15’),

de Giuseppe Boccassini

Sinopse_ Temple of Truth é um arquivo que constantemente

vagueia em meio a emaranha-dos de mundos decadentes,

experimentado como vestígios petrificados, privados e residu-

ais, preservando no processo de levar e se transformar, um

estado magmático, um estado específico, ancestral, às vezes esbranquiçado. espaço. Uma

vivacidade de corpos semi-vi-vos, ao mesmo tempo humanos

e animais, que pegam fogo em uma tourada latente e que, ao

se tornar persōnae, habitam sarcófagos que se esfarelam em

solo sólido como correntes de água que subitamente sub-

mergem nuvens, balançando à beira de uma vertiginoso queda de olhares noturnos no meio de

poses exóticas e visões aéreas.

Equipe_

Fotografia: Remy RYUMUGABE

Edição: Remy RYUMUGABE

Produção: Jonas Bizimana

Elenco: Samuel Ntibeshya, Moise Mugisha, Jennifer

Uwamurera, Penuel Gisubizo, Happiness Nyimiyimana

Equipe_

Realização: Giuseppe Boccassini

CFA International Media Mixer 2018

Som: Alex Inglizian

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51Percorrendo Paisagens e Lembranças: Memória e Subjetividade50 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Mar azul (Mer Bleue, Canadá, 2019, 3’50’’), de Cecilia Araneda

Sinopse_ Um caminho no tempo reflete a mudança das estações e a evanescência do amor. Mer Bleue foi filmado

em 16mm e em vídeo no pân-tano de turfa Mer Bleue em

Ottawa, Canadá.

A Bala de Sandoval (La Bala de Sandoval, Equador, 2019, 17’10’’), de Jean-Jacques Martinod

Sinopse_ Isidro trilha pela flo-resta enquanto ele e seu irmão se lembram dos momentos em que se viu frente a frente com a própria morte.

Equipe_

Realização: Jean-Jacques Martinod

Trilha Sonora: Jean-Jacques Martinod

e Alex Lane

Equipe_

Direção: Cecilia Araneda

Roteiro: Cecilia Araneda

Fotografia: Cecilia Araneda

Edição: Cecilia Araneda e Chad Tremblay

Som: Chad Tremblay

Produção: Cecilia Araneda

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POESIA VI-SUAL E ABS-TRAÇÃO

TECER AS LI-NHAS

DO MUN-

DO:

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55Tecer as Linhas do Mundo: Poesia Visual e Abstração54 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Clinamen (Argentina, 2019, 3’),

de Carla Porroni

Sinopse_ Curta-metragem ex-perimental feito à mão, através da pintura de películas super-8

encontradas.

Equipe_

Imagem, montagem e desenho de som:

Carla Porroni

Buscando a luz / Cami-nhos de luz (Buscando la luz / Cami-nos de luz, Espanha, 2018, 4’03’’), de de Rrose Present

Sinopse_ Por que queremos iluminar tudo? Para saber tudo? Para informar tudo? Se pudéssemos criaríamos um mundo plano sem sutileza, mis-tério, nuances ou diferenças?

Precisamos da escuridão para ver as luzes dos caminhos ocultos “entre telas” fora do foco das grandes histórias, dos grandes motivos, das grandes economias que nos doutrinam com “clichês” culturais ou sofis-mas tecnológicos.

Procurando a luz que ilumina os caminhos “experimentais” de incerteza, da busca, da brin-cadeira, do aleatório... como sinais do caminho de nossas mortais e intransferíveis vidas.

Enquanto eu fazia esse trabalho como uma metá-fora para o cinema experi-

mental, meu pai morreu.

Desejo que nós dois encontremos a luz de nos-

sos caminhos de morte e vida.

Homenagem a Oriol Pe-rucho e meu pai.

Equipe_

Câmera, Edição e Som: Rrose Pesent

Música: Perucho’s album por Oriol Perucho

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57Tecer as Linhas do Mundo: Poesia Visual e Abstração56 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Flujo I (Argentina, 2019, 3’43’’),

de Ernesto Baca

Sinopse_ Impressão dinâmica da luz, impregnada em

celuloide 35mm.

Neptuno (Argentina, 2019, 2’41’’), de Ernesto Baca

Sinopse_ Território desco-nhecido. Superfícies de filmes impregnados de pigmentos, molduras com pincel: com aquarelas e corroídas com água da chuva. Material gra-vado com gravuras. Cópia de contato com matrizes.

Equipe_

Realização: Ernesto Baca

Equipe_

Realização: Ernesto Baca

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59Tecer as Linhas do Mundo: Poesia Visual e Abstração58 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Poema Visível(Brasil, 2019, 5’36’’), de

Membrana Experimental Fiat Lux

Sinopse_ Animação realizada diretamente em película

16mm, explorando a sobre- posição radical de imagens e

sons como recurso poético. Sem uma narrativa linear o

filme desenvolve-se na relação direta entre as imagens

pré-existentes na película e o fluxo plástico e sonoro. As

imagens remetem a uma dança e configuram-se como

fragmentos de memórias que fluem na pele do filme sob o

código da colagem, linguagem tangida por tensões sinestési-

cas e rica em possibilidades singulares de interpretação.

Poema Visível inspira-se livremente na obra “Une

Semaine de Bonté” do artista surrealista Marx Ernst.

Equipe_

Direção: Leila Monségur

Design & Animação: Leila Monségur, Rômulo Alexis

Trilha Sonora: Rômulo Alexis

Edição: Leila Monségur

Produção: Membrana Experimental Fiat Lux

Flujo II (Argentina, 2018, 4’30’’), de Ernesto Baca

Sinopse_ Impressão dinâmica da luz, impregnada em celuloide 35mm.

Equipe_

Realização: Ernesto Baca

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61Tecer as Linhas do Mundo: Poesia Visual e Abstração60 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Nostalgia Mar (Paraguai, 2018, 3’10’’), de Dave Walls

Sinopse_ Um filme experimen-tal que explora a nostalgia de um forasteiro no exílio.

Equipe_

Realização: Dave Walls

Spectrum (Bélgica, 2019, 3’24’’), de Jeroen Cluckers

Sinopse_ Uma gravação de timelapse de 1963 mostra

os efeitos da poluição do ar durante um dia inteiro na

baía de Santa Monica, em Los Angeles. A interpretação de

uma máquina de uma versão instável do arquivo original é

dividida em fendas e reorgani-zada no tempo, dando origem a um panorama temporal que espelha um futuro abstrato e incerto à nossa frente, devido

às mudanças climáticas.

Equipe_

Realização: Jeroen Cluckers

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63Tecer as Linhas do Mundo: Poesia Visual e Abstração62 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

O último dia da borboleta lua (Le dernier jour du pa-pillon lune, Canadá, 2019, 4’52’’), de Guillaume Vallée

Sinopse_ Uma mariposa-luna está morrendo sob os olhos de uma criança. Do ponto de vista do inseto, ouvimos a criança se perguntar sobre a morte, o pós-morte e efemeridade, na forma de um monólogo inspi-rado por Cioran.

Equipe_

Realização: Guillaume Vallée

Voz: William Vallée

Música: Hazy Montagne Mystique

Distribuição: Vidéographe

Dança de um Humilde

Ateísta (Dance of a Humble

Atheist, Singapura, 2019, 17’30’’), de Hun Ping Toh

Sinopse_ Uma jornada existen-cial de imagens semi-abstratas

inspiradas nas ruminações pes-soais do cineasta sobre morte,

fé espiritual, natureza e cosmos. Do funeral de um ser moribun-

do, uma maravilhosa cornu-cópia após a vida, para uma

revolta fosfórica da consciência. Este filme foi criado inteiramen-

te através de animação quadro a quadro, usando digitalizações

de mais de seiscentos relevos esculpidos individualmente em cerâmica, produzidos no Pinch Ceramics Studio (Singapura). A trilha sonora do filme apresen-

ta músicas improvisadas por Dharma (da banda de Singapu-ra The Observatory) em guitar-ra, efeitos e objetos, e Hun Ping

em percussão em cerâmica.

Equipe_

Direção e Artista de Cerâmica: Toh Hun Ping

Orientador de Produção (cerâmica): Tricia Lim (Pinch Ceramics Studio, Singapura)

Trilha Sonora (guitarra elétrica, efeitos e objetos): Dharma

Trilha Sonora (percussão cerâmica): Hun Ping

Trilha Sonora (mixagem e masterização): Victor Low

Trilha Sonora (local de gravação): Black Axis (Singapura)

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LINGUA-GENS E PO-ÉTICAS DA MATERIALI-DADE

IN-VEN-ÇÃO

DE

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67Invenção de Linguagens e Poéticas da Materialidade66 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Stakra(Estados Unidos, 2017, 4’50’’), de Sara Bona- ventura

Sinopse_ Jornada mística e alucinatória de um sujeito resiliente, ainda não completa-mente seduzido pelas má-quinas; entrelaçados em seu sistema de desafios, mas irra-diando dinamismo enquanto luta pela sua autonomia. Ficar perdido, desmoronar, dividir, desaparecer e redefinir. En-contrando equilíbrio no meio. Uma coreografia processada com sintetizadores analógicos e um wobbulator, um tipo de monitor modificado.

Equipe_

Direção e Montagem: Sara Bonaventura

Perfomance: Annamaria Ajmone

Trilha Sonora: Von Tesla

Co-produção: Signal Culture

Retrato de uma Nação

(Portrait of a Nation, Canadá/México, 11’),

de Victor Arroyo

Sinopse_ A pintura de paisagem no México costumava atuar

como um mecanismo de subju-gação colonial, perpetuando os

valores artísticos e históricos eu-rocêntricos. José Maria Velasco

é considerado um dos artistas mais influentes que fez da geo-

grafia mexicana um símbolo de identidade nacional através de suas pinturas de paisagens. As paisagens pastorais de Velasco

retratam adequadamente a sub-jugação e a violência colonial

como instrumentos normaliza-dos de desapropriação. Retrato de uma Nação examina as pai-sagens pastorais de José Maria Velasco como instrumentos de

vigilância e violência colonial. Ao refotografar as pinturas de

paisagens de Velasco com uma câmera de vigilância e encená

-las com a colaboração dos indígenas Purhépe-cha no México, este filme aborda as complexidades da geografia política da raça no México, tornando a pintura de paisagem e as tecnologias de vídeo como montagens de vigilância.

Equipe_

Realização: Victor Arroyo

Refotografia: Oswaldo Toledano

Som: Christian Olsen

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69Invenção de Linguagens e Poéticas da Materialidade68 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Senhor Bailey (Sir Bailey, Canadá, 2018, 7’54’’), de Matthew Ripplinger

Sinopse_ Um retrato do velho amigo do cineasta. O estado de decadência do filme simboliza o sofrimento de câncer ósseo de Bailey, que consiste em emulsão fotográfica caseira, impressão por contato e reti-culação. Senhor Bailey embar-ca em uma jornada existencial através de planos fotoquímicos durante seu último dia de vida.

Equipe_

Realização: Matthew Ripplinger

Paralelo|Eixo (Parall|Axe, França, 2018,

6’33’’), de Maxime Hot

Sinopse_ “Parallax, um termo derivado do grego παράλλαξις,

significa «deslocamento contíguo». Na óptica, a

paralaxe é um dos principais índices que permitem a

percepção de profundidade. Na psicologia, paralaxe é uma modificação da subjetividade,

a diferença de percepção da mesma realidade. Diz-se que

um sujeito é paralaxe quando percebe uma realidade ou um

estado num sentido diferen-te e consegue decantar de

sua própria percepção para construir um novo sentido da mesma realidade. No mundo

do cinema, a paralaxe é usada como um efeito que marca o contraste entre o assunto e o

fundo (background). Para isso, realizamos um movimento

de câmera, um travelling na maioria das vezes.

Equipe_

Direção e Montagem: Maxime Hot

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71Invenção de Linguagens e Poéticas da Materialidade70 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Uma velocida-de mais lenta da luz (A slower speed of light, Reino Unido, 2019, 5’56’’), de Stuart Pound

Sinopse_ A luz é interrompida por um pedaço de filme antigo de 16 mm visto sob um micros-cópio e é refletida na superfície das cores do arco-íris. Um sof-tware simula a erosão química do filme.

Equipe_

Imagem: Stuart Pound

Música: Rémy Couvez

Lamber Cada Gota

(Lick Every Drop, Argen-tina, 2019, 6’07’’), de Moira

Lacowicz e Leonardo Zito

Sinopse_ Em 2015 foi encon-trado na rua quatro carretéis de 8mm de filmes pornográ-

ficos dos anos 60. Em 2019 os intervimos com ácido sulfúrico

e soda cáustica. A emulsão se contrai e expande, os corpos se

derretem até desaparecerem por completo.

Equipe_

Imagem e Som: Moira Lacowicz e Leonardo Zito

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73Invenção de Linguagens e Poéticas da Materialidade72 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Insonoro (Unsound, Estados Uni-dos, 2019, 3’54’’), de Vivian Ostrovsky

Sinopse_ Um russo pode dizer: “Eu ouço o cheiro ...”. Um ma-estro tem uma visão do som de uma sinfonia. Jean-Luc Go-dard “ouve a luz”. E num filme mudo será que o espectador pode ver o som? Insonoro é uma vívida e estrondosa mon-tagem de imagens de arquivo e contemporâneas refletindo so-bre o passado e a presença da trilha sonora da mídia filme.

Equipe_

Imagem: Vivian Ostrovsky

Montagem: Ruti Gadish

Juno(México, 2017, 4’30’’), de

Mariana Dianela Torres

Sinopse_ Uma viagem senso-rial registrada com diferentes

suportes. Como exploração formal, procuramos trabalhar

com diferentes texturas: do terreno ao espacial. Juno é

filha de Saturno, esposa e irmã de Júpiter. Júpiter é um plane-ta coberto de nuvens e Juno é

a sonda que foi colocada em sua órbita para descobrir seus

mistérios. A NASA divulgou sons de sonda e foram usados

por Edgar Mondragón para a criação da trilha sonora. Da

mesma forma, material de imagem adicional da NASA (Júpiter, a lua e os anéis de

Saturno) foi usado como parte da montagem.

Equipe_

Realização: Mariana Dianela Torres

Trilha sonora: Edgar Mondragón

Imagens adicionais: NASA

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75Invenção de Linguagens e Poéticas da Materialidade74 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Vazios Habitados (Brasil, 2018, 21’04’’), de Duo Strangloscope (Cláu-dia Cárdenas & Rafael Schlichting) + Felipe Ver-nizzi + Rodrigo Ramos

Sinopse_Vazios Habitados busca descrever os questiona-mentos dos atravessamentos da matéria/corpo da paisagem, da luz e do som da natureza e suas reverberações sobre outras paisagens utilizando técnicas de projeções de ima-gem e som de um espaço sobre o outro ao invés da clássica fusão na edição. Esta solução técnica expande o campo ima-gético e sonoro em busca do sensível e do intransfigurável.

Equipe_

Realização: Duo Strangloscope + Felipe

Vernizzi + Rodrigo Ramos

Foto de Vazios Habitados

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/En-gaja-men-

tos

Cine-mato-gráfi-cos

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79Engajamentos Cinematográficos78 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Lugar Fóssil (Argentina, 2019, 15’), de Florencia Levy

Sinopse_ Lugar Fóssil cons-trói um cenário de uma narrativa distópica, baseada em diferentes testemunhos sobre fenômenos ambientais e econômicos dos últimos 40 anos em diferentes cidades da China, criando assim uma camada invisível de significado e representação; induzindo um estímulo a pensar que algo urgente está acontecendo.

Equipe_

Direção: Florencia Levy

Produção: Lelio Heber Defelice

Edição: Florencia Levy

Imagem e Som: Florencia Levy

Narração: Josefina Tai e Ezequiel Tzeng

Mais triste que chuva

num recreio de colegio

(Brasil, 2018, 14’), de Lobo Mauro

Sinopse_ A reforma superfatu-rada do Maracanã para a Copa de 2014. A Reforma Trabalhista de 2017 para a superfartura do

empresariado. A Copa do Mun-do no Brasil, a World Coup.

Equipe_

Direção, Roteiro, Produção, Edição e Edição de Som: Lobo Mauro

Direção de Produção: Bárbara Tavela e Roberto Robalinho

Produção Executiva: Aurélio Aragão e Roberto Souza Leão

Direção de Fotografia: John C.M.

Desenho Sonoro e Música Original: Luiz Docarmo

Mixagem de som: Damião Lopes

Empresa produtora: Rocinante

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81Engajamentos Cinematográficos80 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Campo do Infinito (Field of Infinity, Grã-Bre-tanha, 2018, 5’22’’), de Guli Silberstein

Sinopse_ Inspirado pelas pinturas do Renascimento ita-liano e pelas transmissões de notícias contemporâneas dos protestos de Gaza na fronteira com Israel - o trabalho proces-sa gestos e figuras humanas na paisagem em uma disputa escura e colorida. Seguindo o conceito de Deleuze e Guat-tari de ‘Plano de imanência’, o trabalho visa abrir uma série de reflexões, incluindo preocu-pações com a imagem política, imagem do político, política da imagem e imagem da imagem.

Equipe_

Realização: Guli Silberstein

Uróboros(México, 2018, 8’58’’), de Antonio Arango

Sinopse_ Baseado em textos de Nietzsche sobre o Eterno

Retorno, o filme reflete, particularmente o massacre de

estudantes de 1968 em Tlate-lolco, na Cidade do México.

Também aborda os estudantes desaparecidos de Ayotzinapa,

os olhares e as respostas como nossa História oficial em nome

de nossos representantes.

Equipe_

Direção, Roteiro, Fotografia, Design de Som: Antonio Arango

Imagens Adicionais: Filmoteca - Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM)

Apoio da Cátedra Ingmar Bergman de Cinema e Teatro – UNAM

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83Engajamentos Cinematográficos82 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Dança Fantasma(Ghost Dance, Grã-Bretanha, 2019, 5’), de Emilia Izquierdo

Sinopse_ Dança Fantasma utiliza como base as filmagens de Thomas Edison - Sioux American Indian ‘Ghost Dance’ (1894), filme que explora a dança como protesto, a dança como uma forma de resistência con-tra a injustiça e a imposição de poderes estrangeiros. A dança é usada como resistência contra os colonos brancos na Améri-ca do Norte e também como protestos de danças em Gaza, África do Sul, Peru, Jerusalém, Armênia, entre outros países. O filme explora o poder, a resis-tência e o choque de culturas usando animações desenhadas à mão e imagens de arquivo, combinando desta forma o toque tátil e o digital, exploran-do assim o cósmico, o mágico, a tecnologia e a política.

Equipe_

Realização: Emilia Izquierdo

Em Guerra com o Céu

(At War With the Sky, Estados Unidos, 2018. 10’),

de William Randall

Sinopse_ Em Guerra com o Céu recorre aos documentários

do coletivo Ogawa Pro para refletir sobre a emergência

climática. Este ensaio começa com os agricultores protes-

tando violentamente contra a construção do aeroporto de Narita. A partir daí, considera

o papel do cineasta, o dever do espectador e protesta contra

uma ameaça global que desafia a imaginação.

Equipe_

Direção, Roteiro, Montagem e Narração: William Randall

Material de Arquivo: Ogawa Pro

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85Engajamentos Cinematográficos84 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Rasga Mortalha(Brasil, 2019, 13’), de Thiago Martins de Melo

Sinopse_ Rasga Mortalha parte da lenda da coruja “Suindara” – muito contada no folclore do Norte e Nordeste – para abordar as urgências sociopolíticas do país. Crê-se que o aparecimento de seu vulto branco, seguido do grito selvagem – que lembra o som de um pano sendo rasgado ao meio –, traz consigo o signo da morte. Como vetor metafórico para pensar, e também trans-cender, uma visão fatalista da história do Brasil, o artista se vale dessa tradição popu-lar para cruzar séculos de acontecimentos públicos com memórias, referências e imagi-nações pessoais, criando uma narrativa carregada e cortante.

Equipe_

Realização: Thiago Martins de Melo

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/SES-SÃO

ESPE-CIAL

Memento Stella e as sensações do abstrato

Um dos estilos mais requeridos pelo cinema de vanguarda e/ou experimental se refere à abstração. Por meios próprios, artistas e cineastas vem crian-do ao longo do último século explorações desse complexo jogo visual. As obras exploram questões referentes à experiência estética, à lógica da sensa-ção, à duração das imagens, à percepção e à própria coloração, radicalizações desses tratamentos em comparação com outras mídias e formas artísticas. Mesmo antes das vanguardas históricas da déca-da de 1920, autores ligados ao Futurismo italiano já argumentavam e recorriam a essa vertente de ex-pressão. Bruno Corra, um dos idealizadores desse movimento, escreveu um manifesto sobre o tema – Cinema abstrato: música cromática (1912), em que valoriza experiências que lidam com a noção de sinfonia cromática. Outro artista que rapidamen-te reconheceu o potencial desse tipo de filme foi o pintor russo Léopold Survage, autor do artigo O ritmo colorido (1914). Neste ensaio, defende a ideia de como o cinema abstrato expressa de melhor maneira os nossos sentimentos do que a pintura.

O trabalho do cineasta japonês Takashi Makino é um dos melhores exemplos de abstração contem-

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89Sessão Especial

porânea. Por meios analógicos (16mm e Super-8) e digitais, este realizador vem criando uma filmo-grafia consistente referente a esse estilo. Nas duas últimas décadas, realizou aproximadamente 40 curtas-metragens. Memento Stella é o nome de seu projeto iniciado em 2016 e lançado como fil-me a partir de 2018. É seu trabalho de mais longa duração até então, uma das obras experimentais que mais tem transitado pelo circuito de museus, galerias de arte e festivais de cinema ao longo do último ano. O título é uma frase original cunha-da pelo artista, cujo significado poderia ser tra-duzido como “lembre-se de que somos estrelas”. É uma experiência estética intensa e radical, construída a partir de texturas, superposições e movimentos de imagens, ou nas palavras do pró-prio artista: “um cinema de mil camadas”. Um dos fatores interessantes de Memento Stella é com-preendê-lo como parte da jornada emocional de Makino, o encontro entre sua sensibilidade e o mundo (como é o caso de elementos da natureza, reflexos d’água, florestas, entre outros aspectos de contato). Para esse artista, à abstração é menos uma categoria e mais uma filosofia de vida, uma maneira de criar um espaço pleno de liberdade. Aliás, existe uma definição melhor de cinema ex-perimental do que essa?

Lucas Murari

Memento Stella

(Japão/Hong King, 2018, 60’), de Takashi Makino

Sinopse_ Uma experiência rítmica e alucinatória reple-ta de antinomias estéticas e

formais: em um campo visual variável, as imagens familiares emergem e se dissolvem. Estas consistem em filmagens feitas

por Makino em suas muitas viagens, incluindo imagens da

natureza e da civilização.

Através da superposição, manipulação de quadros e exposições múltiplas, essas imagens familia-res perdem sua forma e ganham um caráter onírico, enquanto sua função como referência ao mundo exterior desa-parece.

Equipe_

Realização: Takashi Makino

Trilha Sonora: Reinier Van Houdt

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Dot Matrix, performance de Nanolab (Austrália), integrado por Richard Tuohy e Dianna Barrie. 16’. 16mm

Água [Bondade], performance de Membrana Experimental Fiat Lux (Brasil/Argentina), integrado por Leila Monségur e Romulo Alexis. 30’

Troco, performance de Azucena Losana. Música: Piqueras Santangelo. (México)

/PER-FOR-

MAN-CES

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93Performances92 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Dot Matrix 16mm x 2, 16’, 2013, por Dianna Barrie

e Richard Tuohy

Sinopse_ Dot Matrix é um experimento em imagens pos-teriores, padrões de interferên-cia e som óptico direto. Duas imagens quase completamente sobrepostas de pontos pousam na mesma tela a partir de dois projetores 16mm diferentes. O drama do filme surge na so-breposição das duas imagens. O produto que eles produzem é maior que as partes. Os sons ouvidos são aqueles que os próprios pontos produzem en-quanto passam pela cabeça do som óptico do projetor 16 mm.

Richard Tuohy (1969, Melbourne)_

Começou a trabalhar com Super 8 no final dos anos

80. Seus filmes foram exibidos em diferentes

festivais (Melbourne IFF, EMAF (Osnabruck),

Roterdã IFF, Nova York FF, Ann Arbor e Media City) e

tem viajado pela Europa, América do Norte e Ásia apresentando seu traba-

lho solo. Suas obras estão firmemente vinculadas

com a tradição cinemato-gráfica artesanal. Defen-sor das possibilidades do

cinema feito à mão, Tuohy dedica seu tempo e esfor-

ço em compartilhar seu conhecimento por meio

de oficinas e cursos na Austrália e internacional-

mente.

Dianna Barrie (1972, Melbourne)_

Começou seu envolvimen-to com o cinema como um meio termo entre a música abstrata e a filosofia. Suas pesquisas com as possi-bilidades inventivas do processamento manual em Super 8 levou a criação do nanolab com Richard Tuohy. Essa pesquisa se estendeu além do trabalho individual até o estabe-lecimento do Artist Film Workshop, onde a película cinematográfica é adotada e defendida por uma co-munidade de artistas em Melbourne.

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95Performances94 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Água [Bondade]

por Membrana Ex-perimental Fiat Lux

Sinopse_ Bondade é um projeto da Membrana Experi-mental Fiat Lux desenvolvido em multilinguagens em forma capítulos, onde através do live cinema se questionam as es-truturas do poder nas diversas esferas de atuação, político, social, privado, numa narrativa não linear.

Neste capítulo o elemento Água impõe sua presença simbólica e avassaladora de destruição, através de trans-bordamentos, enchentes, desmoronamentos, rompimen-

tos de barragens em face ao abandono do poder público, refletindo a fragilidade da presença humana e da ordem do mundo.

Numa colagem de imagens de noticiários, gravuras e ani-mações, a tensão desta força primordial se manifesta nas relações entre imagens e sons. A experiência visual e sonora apresentam elementos que se propõem a criar uma sines-tesia estética e uma explosão iconográfica.

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97Performances96 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Leila Monségur_

Graduada em Pintura pela Escuela Nacional de Bellas Artes, Instituto Universitá-rio Nacional de Artes IUNA, Argentina. Artista multi-disciplinar, sua pesquisa atravessa as artes híbridas, relacionando alta e baixa tecnologia, pintura mural urbana, performance multi-mídia, live cinema, desenho e animação. Co-dirige o cole-tivo Membrana Experimen-tal Fiat Lux, de performance e ocupação poética da arquitetura da cidade. Como arte educadora desenvolve cursos com foco em artes vi-suais, animação, performan-ce e arte e tecnologia. Tem se apresentado no Digitalia (Salvador), Improfest 5 e 6 (SP), Klangkeller Summer-festival (Berlim), Les Docks Villages (Marseille), Festival de Música Estranha (SP). Participa da Orquestra Descarrego e da Rede Sono-

ra, Música e Feminismos. Expõe regularmente desde 1990 em Centros Culturais e instituições na América Latina e Europa.

leilamonsegur.com leilamonse©ur.wordpress.com

Romulo Alexis_

Artista multimídia, músico improvisador e pesquisador de processos criativos em visuais e performance. É um dos mais ativos impro-visadores de Brasil, foi um dos fundadores do Circui-to de Improvisação Livre de SP em 2011. Integra os projetos Membrana Expe-rimental Fiat Lux e Radio Diaspora, duo de free jazz & eletrônica. Atualmente de-senvolve o projeto Máquina Vocal: improvisação coral sob regência explorando as-pectos afetivos e empíricos no desbloqueio criativo com o uso da voz.

www.romulex.tumblr.com

Membrana Experimental FIAT LUX é um projeto colaborativo de experimen-tação livre em linguagens híbridas do qual participam artistas plásticos e visuais, bailarinos, escritores, fotó-grafos, músicos e perfor-mers, atuante desde 2009.

Munidos de aparatos de alta e baixa tecnologia Leila Monségur e Romulo Alexis propõem imersões nas quais pesquisam as rela-ções entre as artes visuais, performáticas e sonoras, ex-plorando o trânsito interse-miótico pelas linguagens de Teatro de Sombras, Cinema Vivo, Cinema Expandido, Instalações, Site Specífic, Performance audiovisual, Video Cenârio, Video Ma-pping, Video Arte e Cinema Experimental.

No seu repertório se des-tacam a série “Bondade”, e as intervenções “Citoplas-mártico Cortejo” e “Primeiro Poema Visível”.Com apre-sentações em festivais e Centros Culturais Digitalia, Improfest, PerformaPa-ço, Klangkeller Summer Festival, Caldo II, Mostra Avav, Virada Cultural, Sesc SP, Memorial de America Latina e Les Docks Villages, entre outros.

www.membranaexperimental.wordpress

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99Performances98 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Trocoperformance fílmica de Azucena Losana*.

*Miembro del Sistema Nacional de Creadores de Arte.

Música ao vivo : Piqueras Santangelo e Pedro Albuquerque.

Duração aproximada de 10’.

Sinopse_ Performance fílmica realizada a partir

de intervenção em película 35mm e 16mm.

Azucena Losana_

Nascida no México e resi-dente em Buenos Aires, Azu-cena Losana estudou Artes Multimídia e se graduou em Preservação e Restauração Audiovisual na Argenti-na, tendo participado do workshop sobre material de arquivo com Abigail Child Found e do workshop de cinema experimental de Claudio Caldini. Tem sido a responsável pelo mítico laboratório de resistência cinematográfica da América Latina - Arcoiris Super 8 - e tem trabalhado pela me-lhoria do acervo de filmes da Embaixada do México na Argentina. Seus traba-lhos também foram vistos em São Paulo, Moscou, Oberhausen, Zurique, Curiti-ba, Olomuc, entre outros.

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/WORK

SHOPS

Experimentações em 16mm, filmagem e pro-cessamento colorido, com Cristiana Miranda (Rio de Janeiro)

Improvisando em (uma) contact printer: impressão de imagens 16mm, com Richard Tuohy e Dianna Barrie (Melbourne)

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103Workshops102 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Experimentações em 16mm, filmagem e pro-cessamento coloridoExplorando as possibilidades criativas da câmera Bolex e do processamento manual da imagem colorida, a oficina propõe um exercício cinema-tográfico que dialoga com os desafios da prática experimental, explorando a criação coletiva de um roteiro e as possíveis abordagens poéticas para os procedimentos técnicos do equipamento analógico. Voltada para artistas e estudantes, a oficina apresentará uma introdução ao cinema experimental, ao funcionamento do equipamen-to 16mm e da revelação do filme colorido.

Cristiana Miranda_

Cineasta, investiga as possibilidades poéticas e estéticas do material fílmico processado manualmente e a potencia revolucionária do cinema experimental. Realizou diversos filmes experimentais exibidos em Festivais Internacionais de Cinema e em Galerias de Arte no Brasil e no exterior. Curadora, Pesquisadora e restauradora de cinema experimental. Realizou na Filmoteca de La UNAM,

Cidade do México, a restau-ração do filme Os Azares de Lulu, 1942, e na Cinemateca do MAM/RJ a restaura-ção de Copacabana Mon Amour, 1970. Criadora e curadora responsável pelo Festival Internacional de Ci-nema Experimental Dobra. Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Artes PPGARTES/UERJ na linha de Processos Artísticos Contemporâneos.

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105Workshops104 DOBRA | Festival Int’l de Cinema Experimental

Improvisando em (uma) contact printerimpressão de imagens 16mm, com Richard Tuohy e Dianna Barrie

Uma impressora de contato (contact printer) é um excelente equipamento para se ter dispo-nível. Trata-se de um poderoso equipamento e é uma parte essencial do aparato técnico do cinema analógico. Tradicionalmente, a impresso-ra de contato é projetada para fazer duplicatas perfeitas com relativa rapidez, mas ela pode fazer muito mais do que apenas uma simples duplica-ção. Também é possível utilizar a copiadora para compor imagens e criar jogos de improvisação visual. Nesse workshop exploraremos as manei-ras de improvisar os efeitos de uma copiadora de contato utilizando um projetor 16mm. Percorre-remos as etapas de configuração de um projetor para que ele possa funcionar como uma impres-sora de contato. Examinaremos as opções para controlar a luz de impressão e outros métodos de manipulação. Em seguida imprimiremos as imagens em filme 16mm positivo, não apenas de forma direta mas também introduzindo algu-mas técnicas de composição possíveis através da impressão por contato.

Richard Tuohy (1969, Melbourne)_

Começou a trabalhar com Super 8 no final dos anos

80. Seus filmes foram exibi-dos em diferentes festivais

(Melbourne IFF, EMAF (Os-nabruck), Roterdã IFF, Nova York FF, Ann Arbor e Media

City) e tem viajado pela Europa, América do Norte e Ásia apresentando seu tra-

balho solo. Suas obras estão firmemente vinculadas com

a tradição cinematográfica artesanal. Defensor das

possibilidades do cinema feito à mão, Tuohy dedica

seu tempo e esforço em compartilhar seu conheci-

mento por meio de oficinas e cursos na Austrália e

internacionalmente.

Dianna Barrie (1972, Melbourne)_

Começou seu envolvimento com o cinema como um meio termo entre a música abstrata e a filosofia. Suas pesquisas com as possibili-dades inventivas do proces-samento manual em Super 8 levou a criação do nano-lab com Richard Tuohy. Essa pesquisa se estendeu além do trabalho individual até o estabelecimento do Artist Film Workshop, onde a película cinematográfica é adotada e defendida por uma comunidade de artis-tas em Melbourne.

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/CRÉ-DI-

TOS

DOBRA 2019_

Concepção e organização original:

Cristiana Miranda

Hernani Heffner

Curadoria:

Cristiana Miranda

 

Curador convidado:

Lucas Murari

 

Coordenação de produção:

Raquel Rocha

 

Tradução de textos e legendas:

Cristiana Miranda e Lucas Murari

  

Projeto gráfico e web:

Aline Paiva

Luiz Garcia [convocatória]

Vinheta:

pablo pablo

Fotografia:

Carolina Lopes

Apoio institucional:

Risco Cinema

Galpão Ladeira das Artes

Curso de Comunicação Social UERJ

Realização:

Coletivo Dobra

Parceria:

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

Cinemateca MAM-Rio

Agradecimentos:

Dianna Barrie

José Quental

Leandro Pimentel

Marco Quental

Richard Tuohy

A todos os realizadores que participaram do DOBRA 2019.

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