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Universidade Estadual de Maringá 29 de Junho a 02 julho de 2015 ISSN 2236-1855 1 DO DESENHO A EXPRESSÃO GRÁFICA MUDANÇAS DE UM CAMPO DISCIPLINAR Adriana Vaz UFPR [email protected] Rossano Silva UFPR [email protected] Palavras-Chave: História das Disciplinas; Currículo; Expressão Gráfica. As transformações do campo disciplinar do desenho para a disciplina de expressão gráfica – compreendida aqui em sua dimensão técnica e aplicada nas disciplinas de desenho geométrico, geometria descritiva e desenho técnico –, movimento determinado no campo educacional pela mudança do foco da disciplina escolar de desenho, que, após a Lei 5.692/71, deixa de ser obrigatória nos currículos escolares sendo substituída pela educação artística. Em decorrência deste fato, o ensino de desenho em sua dimensão técnica passou a ser ministrado quase que exclusivamente nos cursos superiores e nos cursos técnicos profissionalizantes, com o enfoque na representação gráfica 1 . Com advento de novos marcos tecnológicos e conceituais 2 , como a inclusão do desenho auxiliado pelo computador no dia-a-dia da sala de aula e a ampliação da oferta de cursos de pós-graduação, somado a publicação de artigos em eventos e periódicos na área, a disciplina acadêmica de Desenho passa gradualmente a ser denominada de Expressão Gráfica. Nesse sentido a presente investigação pretende perceber as oscilações desse campo disciplinar através da análise comparada da história do Departamento de Expressão Gráfica - DEGRAF, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a do campo em seu contexto nacional. O DEGRAF foi criado em 1971, com a denominação de Departamento de Desenho e Geometria Descritiva e posteriormente, em 1974, de Departamento de Desenho, assumindo sua atual 1 Para Moraes (2001) a representação gráfica envolve as teorias de sistemas de projeção em seus estudos teóricos (Geometria Descritiva) e suas aplicações (Desenho Técnico). 2 Em 1963 em Pernambuco é criada a “Associação Brasileira de Professores de Geometria Descritiva e Desenho Técnico” (ABPGDDT), que inicialmente, representava o corpo de professores responsáveis pela organização do Simpósio Nacional de Geometria Descritiva e Desenho Técnico - International Conferenceon Graphics Engineering for Arts and Design: GRAPHICA. De 1963 até 1994 o evento tem abrangência nacional, e a partir de 1996 adquire conotação internacional (GÓES, 2012, p.16).

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ISSN 2236-1855

1

DO DESENHO A EXPRESSÃO GRÁFICA

MUDANÇAS DE UM CAMPO DISCIPLINAR

Adriana Vaz UFPR

[email protected]

Rossano Silva UFPR

[email protected]

Palavras-Chave: História das Disciplinas; Currículo; Expressão Gráfica.

As transformações do campo disciplinar do desenho para a disciplina de expressão

gráfica – compreendida aqui em sua dimensão técnica e aplicada nas disciplinas de desenho

geométrico, geometria descritiva e desenho técnico –, movimento determinado no campo

educacional pela mudança do foco da disciplina escolar de desenho, que, após a Lei 5.692/71,

deixa de ser obrigatória nos currículos escolares sendo substituída pela educação artística. Em

decorrência deste fato, o ensino de desenho em sua dimensão técnica passou a ser ministrado

quase que exclusivamente nos cursos superiores e nos cursos técnicos profissionalizantes,

com o enfoque na representação gráfica1.

Com advento de novos marcos tecnológicos e conceituais2, como a inclusão do

desenho auxiliado pelo computador no dia-a-dia da sala de aula e a ampliação da oferta de

cursos de pós-graduação, somado a publicação de artigos em eventos e periódicos na área, a

disciplina acadêmica de Desenho passa gradualmente a ser denominada de Expressão Gráfica.

Nesse sentido a presente investigação pretende perceber as oscilações desse campo disciplinar

através da análise comparada da história do Departamento de Expressão Gráfica - DEGRAF,

da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a do campo em seu contexto nacional. O

DEGRAF foi criado em 1971, com a denominação de Departamento de Desenho e Geometria

Descritiva e posteriormente, em 1974, de Departamento de Desenho, assumindo sua atual

1 Para Moraes (2001) a representação gráfica envolve as teorias de sistemas de projeção em seus estudos teóricos (Geometria Descritiva) e suas aplicações (Desenho Técnico). 2 Em 1963 em Pernambuco é criada a “Associação Brasileira de Professores de Geometria Descritiva e Desenho Técnico” (ABPGDDT), que inicialmente, representava o corpo de professores responsáveis pela organização do Simpósio Nacional de Geometria Descritiva e Desenho Técnico - International Conferenceon Graphics Engineering for Arts and Design: GRAPHICA. De 1963 até 1994 o evento tem abrangência nacional, e a partir de 1996 adquire conotação internacional (GÓES, 2012, p.16).

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designação em 2008. Contudo, essa pesquisa faz parte de um projeto mais amplo que visa

estudar a conformação do campo da disciplina3 de expressão gráfica no contexto nacional

estabelecendo seus marcos históricos, sociais e conceituais.

Nesse trabalho tratamos da história social do Departamento de Expressão Gráfica

(DEGRAF), no período de 1971 a 2008, tendo como principal referencial teórico os autores

Pierre Bourdieu e Norbert Elias. Com base em Bourdieu (2007) apresenta-se de que modo o

conceito de campo, a noção de habitus e o conhecimento praxiológico se aplicam ao objeto

empírico em questão. A partir de Elias (1995) abordam-se as configurações sociais e as

relações de poder entre os agentes. As fontes utilizadas na pesquisa serão as atas das reuniões

departamentais, as ementas e os programas das disciplinas criadas no interstício citado acima.

A discussão da expressão gráfica como um campo de conhecimento autônomo na

esfera da graduação marca a transformação do Departamento de Desenho no decorrer de sua

trajetória institucional na UFPR, ou seja, a área de expressão gráfica vincula-se inicialmente

ao campo da matemática em que o desenho geométrico e a geometria descritiva são as

matrizes teóricas da representação gráfica. Contudo, na maioria dos cursos de engenharia as

disciplinas teóricas são gradativamente mescladas com as disciplinas de técnicas de

representação gráfica, nas quais o desenho técnico, e com ele, o desenho assistido por

computador (CAD) constituem a gramática básica do engenheiro – o mesmo se aplica aos

outros profissionais que desenvolvem projetos.

Historicamente o Departamento de Expressão Gráfica tem sua origem vinculada ao

Setor de Ciências Exatas e, na maioria, suas pesquisas eram relacionadas ao cotidiano da sala

de aula e suas aplicações da geometria plana e espacial na Matemática – o desenho e a

geometria atrelados ao ensino da matemática. Gradativamente, o desenho passa ser um

conteúdo direcionado aos cursos técnicos profissionalizantes e também a base inicial de

geometria plana e espacial dos cursos superiores, em nível de graduação; entretanto, com os

avanços da computação gráfica o ensino superior implanta o computador como ferramenta

para o desenvolvimento de projetos e a ênfase recai sobre as disciplinas de desenho técnico e

suas aplicações.

Ao problematizar o campo da expressão gráfica tendo como aporte teórico as

contribuições de Bourdieu e Elias podemos identificar os agentes e suas posições delimitadas

3Utilizamos como referência para o estudo das disciplinas escolares e acadêmicas as pesquisas de história das disciplinas e do currículo de Goodson (1995, 2000 e 2003), Chervel (1991) e Julia (2000).

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pelo espaço social nos quais estão inseridos, no caso, o Departamento de Expressão Gráfica.

E com isso entender as configurações sociais que nortearam está disciplina, utilizando como

estudo de caso a Universidade Federal do Paraná.

Andréa Benício de Moraes (2001) e Heliza Colaço Góes (2012) discutem a área de

expressão gráfica, a primeira autora problematiza como as disciplinas de expressão gráfica

estão inseridas nos cursos de engenharia no Brasil; a segunda autora trata da

representatividade do evento “GRAPHICA” como espaço de ação do profissional que

trabalha com expressão gráfica e com isso, por meio de uma “análise de conteúdo”, conceitua

expressão gráfica. Ambas as pesquisas não fazem está abordagem social e histórica proposta

neste projeto de pesquisa, porém permitem compreender que o campo de pesquisa em

expressão gráfica é condicionado ao habitus de seus agentes conforme menciona Pierre

Bourdieu (2007), ou seja, área a expressão gráfica aparece desmembrada das disciplinas

técnicas (desenho técnico) e de projetos.

Norbert Elias (1995, p.15-31) ao escrever sobre Mozart discute a respeito da

configuração social do período transitório em que o músico vive, e esclarece as pressões

sociais dos músicos burgueses na sociedade de corte – no caso de Mozart, ele como indivíduo

estava atrelado a uma estrutura, e consequentemente sua produção musical dependia da

configuração social do período e das diferenças de poder delimitada pela aristocracia da corte.

Como menciona Elias (1995, p.18), “é preciso ser capaz de traçar um quadro claro das

pressões sociais que agem sobre o indivíduo”. E prossegue afirmando que sua pesquisa sobre

Mozart não é biográfica, e sim sociológica: “Tal estudo não é uma narrativa histórica, mas a

elaboração de um modelo teórico verificável da configuração que uma pessoa – neste caso,

um artista do século XVIII – formava, em sua interdependência com outras figuras sociais da

época” (ELIAS, 1995, p.18-19).

Nesse sentido nossa hipótese, é que na década de 1970 e 1980 o desenho não tinha

“capital institucional” para constituir-se como um campo profissional próprio, porém nos

últimos 10 anos as áreas de Artes, Design e Matemática delimitaram suas especificidades e o

Desenho (Expressão Gráfica) se desmembra destes campos e também se fortalece. A criação

do Curso de Bacharelado em Expressão Gráfica, em 2012 é uma das estratégias propostas

pelo DEGRAF para se adequar a nova demanda do campo. O Curso de Expressão Gráfica

forma o bacharel em Desenho, ou seja, em Expressão Gráfica e sua ênfase é desenvolvimento

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de projetos técnicos, utilizando as tecnologias computacionais para representar e conceber

“produtos” em diversas áreas.

Considerando a hipótese acima citada, nessa investigação inicial analisaremos as

mudanças e as permanências das disciplinas ofertadas pelo DEGRAF considerando aquelas

ministradas para os cursos de graduação atendidos pelo Departamento, avaliando as ementas

ainda vigentes e as não vigentes. Para confirmar ou refutar a hipótese descrita, serão

estudados os conteúdos curriculares das disciplinas ofertadas pelo DEGRAF aos cursos

atendidos no período de 1971 e 20094, verificando se houve ou não alterações de conteúdos

entre as ementas de diferentes períodos.

DIAGNÓSTICO INICIAL DISCIPLINAS ANTIGAS E VIGENTES DO DEGRAF-

UFPR

Em linhas gerais, pode-se exemplificar a perda de representatividade da área de

expressão gráfica no ensino superior em cursos de graduação da Universidade, considerando

o número “ideal” das disciplinas vigentes e não vigentes no intervalo de 1980 até 2009, com

base nos seguintes parâmetros: a) conhecendo o número total de disciplinas vigentes e não

vigentes no mesmo intervalo de tempo; b) identificando a quantidade de disciplinas por tipo

de oferta, obrigatórias ou optativas; c) especificando o modelo de integralização curricular

utilizado, semestral ou anual. Para este artigo, a fonte inicial são os dados disponibilizados no

site do Departamento, com o intuito de apresentar um mapa de disciplinas do Departamento e

seus conteúdos, parte-se do pressuposto que o DEGRAF ofertou uma única disciplina por

curso e uma única turma por semestre ou por ano – a serem analisados a seguir.

Como diagnóstico inicial do mapa de disciplinas do DEGRAF, ao comparar as

disciplinas antigas (Quadro 1) com as disciplinas vigentes (Quadro 2), ambos os conteúdos

surgem na estrutura institucional em três momentos: (1) no período inicial entre 1980 e 1982,

(2) na fase intermediária que engloba o período de 1996 e 2007, (3) na fase atual a partir de

2008. As disciplinas vigentes no Departamento foram criadas a partir de 1996, que neste 4 Atualmente são atendidos pelo DEGRAF os seguintes cursos de graduação: Agronomia, Arquitetura, Artes Visuais, Matemática, Química e as Engenharias: Ambiental, Civil, Cartográfica, Elétrica, Florestal, Madeireira, Produção e Química. O Departamento deixou de ministrar aulas para o curso de Educação Artística – Desenho, que foi instinto em 2008 e substituído por Artes Visuais. O curso de Desenho Industrial foi alterado para Design em 2005, no qual assumiu as disciplinas da área de expressão gráfica como sendo responsabilidade dos docentes vinculados ao Departamento de Design; o mesmo caso, ocorreu com o curso de Engenharia Mecânica em 2006 cujas disciplinas deixam de ser ofertadas pelo Departamento de Desenho.

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trabalho de pesquisa dividiu-se em dois subgrupos: fase intermediária e atual. Esta

classificação foi definida em função do marco histórico simbolizado pelo ano de 2008,

período que delimita a denominação atual do Departamento em substituição a anterior:

“Departamento de Desenho”; portanto, o estudo analisa as disciplinas criadas até 19 de

novembro de 2008, alusivo a data da ata da última reunião Departamental do antigo

Departamento de Desenho. Contudo, parte das disciplinas disponibilizadas no site do

DEGRAF não tem suas datas e resoluções especificadas, o que justifica sua abordagem ser

apresentada separadamente.

Disciplinas Antigas: 1980-2009

A respeito das disciplinas antigas do Departamento de Expressão Gráfica, detalhado

no Quadro 1, serão ponderadas as que foram ofertadas por semestre ou anualmente e que

faziam parte do currículo como disciplina obrigatória, sendo assim, as disciplinas CD016-

Geometria Descritiva e CD017-Desenho Técnico criadas em 1996 não constam na listagem

em questão por serem optativas – as duas disciplinas perfaziam 6 horas semanais.

As 12 disciplinas criadas em 1980 juntamente com a disciplina de Desenho Técnico

(DT) de 1982, eram ofertadas semestralmente e totalizavam 57 horas semanais (C.H.S.). Em

2001, das cinco disciplinas vinculadas ao Departamento, com exceção da CEG025-Projetos

Integrados de Geometria (P.I.G.), todas mantiveram o mesmo conteúdo da matriz inicial do

Departamento, que é identificada pelo somatório dos conteúdos presentes nas disciplinas de

Desenho Geométrico (DG), Geometria Descritiva (GD) e Desenho Técnico (DT). Sendo

assim, as disciplinas CD019-Projeções Cotadas e CD018-Perspectiva, estavam vinculados aos

conteúdos das disciplinas de Geometria Descritiva I e II (CD003 e CD004) e Expressão

Gráfica I (CD010).

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75/80 - CEPE 13/11/1980 e 60/82 - CEPE 28/12/1982

26/01- CEPE 04/05/2001

58/09- CEPE 27/10/2009

58/09- CEPE 27/10/2009

CD001- DG I (03 C.H.S.) SEM.

CD018-PERSP (04 C.H.S.) SEM.

CD045- PERSP. (03 C.H.S.) SEM.

CD417-EG (04 C.H.S.) ANUAL

CD002- DG II (03 C.H.S.) SEM. (p.REQ-CD001)

CD019 – COTADAS (04 C.H.S.) SEM.

CD003 – GD I (06 C.H.S.) SEM.

CD022- DT III (04 C.H.S.) SEM.

CD004- GD II (06 C.H.S.) SEM. (pREQ-CD003)

CD023-GD II (03 C.H.S.) SEM.

CD005 – GD III (03 C.H.S.) SEM.

CD025- P.I.G. (03 C.H.S.) SEM.

CD006 – Nomografia (04 C.H.S.) SEM.

CD007- DT I (04 C.H.S.) SEM. (p.REQ-CD003)

CD008- DT II (04 C.H.S.) SEM. (p.REQ-CD007)

CD009 – DT III (04 C.H.S.) SEM. (p.REQ-CD001)

CD010- EG I (04 C.H.S.) SEM.

CD011 - EG II (06 C.H.S.) SEM. (p.REQ-CD003 ou CD010)

CD012 – Desenho Geológico (04 C.H.S.) SEM. (p.REQ-CD003)

CD013-DT (06 C.H.S.) SEM.

13 DISCIPLINAS 57 C.H.S.

05 DISCIPLINAS 18 C.H.S.

01 DISCIPLINA 03 C.H.S.

01 DISCIPLINA 04 C.H.S.

Quadro 1: DISCIPLINAS ANTIGAS E OBRIGATÓRIAS DO DEGRAF-UFPR (1980-2009). Legenda: Desenho Geométrico (DG), Geometria Descritiva (GD), Desenho Técnico (DT), Expressão Gráfica (EG), Perspectiva (PERSP), Projeções Cotadas (COTADAS), Carga Horária Semanal (C. H. S.), Pré-Requisito (pREQ), Semestral (SEM.).

Disciplinas Vigentes: 1996-2007

Do grupo de disciplinas ofertadas entre 1996 e 2007, houve outras duas datas de

aberturas de novas disciplinas pelo Departamento, em 2001 e 2005, conforme Quadro 2.

Neste período das 11 disciplinas existentes, apenas duas delas diferem dos conteúdos

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anteriores, a de Geometria Dinâmica (CD030) e de Geometria no Ensino (CD036). Este grupo

de disciplina perfaz 43 horas semanais por semestre.

Dentre as disciplinas optativas criadas neste interstício tem-se as do Curso de

Engenharia Química (CD024-Estrutura e Técnicas de Apresentação de Projetos) datada de

2001 e do Curso de Engenharia Civil (CD035-Expressão Gráfica III), referente a 2005. O

número de optativas entre as fases inicial e intermediária se manteve proporcional, duas

disciplinas (06 horas) e três disciplinas (05 horas), respectivamente.

78/96 – CEPE

20/12/1996 26/01- CEPE 04/05/2001

47/05-CEPE 01/11/2005

16/07-CEPE 20/06/2007

CD014-GD (04 C.H.S.) SEM.

CD020-GD I (04 C.H.S.) SEM.

CD027-EG I (04 C.H.S.) SEM.

CD030- DINÂMICA (04 C.H.S.) SEM.

CD015-DT (04 C.H.S.) SEM. (pREQ-CD014)

CD021-DT II (03 C.H.S.) SEM.

CD028-EG II (04 C.H.S.) SEM.

CD031-DG I (04 C.H.S.) SEM.

CD029-DT A (04 C.H.S.) SEM.

CD032- DG II (04 C.H.S.) SEM.

CD036-GEOM. ENSINO (04 C.H.S.) SEM.

02 DISCIPLINAS 08 C.H.S.

02 DISCIPLINAS 07 C.H.S.

03 DISCIPLINAS 12 C.H.S.

04 DISCIPLINAS 16 C.H.S.

Quadro 2: DISCIPLINAS VIGENTES E OBRIGATÓRIAS DO DEGRAF-UFPR (1996-2007). Legenda: Desenho Geométrico (DG), Geometria Descritiva (GD), Desenho Técnico (DT), Expressão Gráfica (EG), Geometria Dinâmica (DINÂMICA), Geometria no Ensino (GEOM. ENSINO). Carga Horária Semanal (C. H. S.), Pré-Requisito (pREQ), Semestral (SEM.).

Reitera-se que as disciplinas estabelecidas a partir de 2009 não serão discutidas neste

artigo, embora continuem vigentes pelo Departamento. A exemplo das disciplinas CD046-

Expressão Gráfica I e CD047-Expressão Gráfica II da Engenharia Florestal implantadas pela

Resolução 16/10-CEPE; as que compõem a grade curricular do Curso de Arquitetura e

Urbanismo, e também, as que pertencem ao Curso de Bacharelado em Expressão Gráfica,

efetivado em 2012.

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DISCIPLINAS ANTIGAS DO DEGRAF / Sem data e Sem Resolução:

CD401- GD e DT I (05 C.H.S.) ANUAL CD402- GD e DT II (04 C.H.S.) ANUAL CD403 - GD e PERSP (04 C.H.S.) ANUAL CD404-GD A (04 C.H.S.) ANUAL CD405-DG A (04 C.H.S.) ANUAL CD406-GD B (04 C.H.S.) ANUAL - (pREQ-CD405) CD407-DT A (06 C.H.S.) ANUAL - (pREQ-CD405) CD408-G.Euclideana (03 C.H.S.) ANUAL CD409 - L.I.T.REP.GRÁF.I (06 C.H.S.) ANUAL CD410 – L.I.T.REP.GRÁF II (06 C.H.S.) ANUAL - (pREQ-CD409) CD411-TÉC.REPR.GRÁF (06 C.H.S.) ANUAL - (pREQ-CD409) CD412- GD e DT (02 C.H.S.) ANUAL CD414-DT (04 C.H.S.) ANUAL CD415-ELEM.GEO (02 C.H.S.) ANUAL CD416- TEC.REPR.IND (04 C.H.S.) ANUAL 15 DISCIPLINAS / 64 C.H.S.

Quadro 3: DISCIPLINAS ANTIGAS DO DEGRAF-UFPR, SEM DATA E SEM RESOLUÇÃO. Legenda: Desenho Geométrico (DG), Geometria Descritiva (GD), Desenho Técnico (DT), Expressão Gráfica (EG), Geometria Euclideana (G.Euclideana.), Linguagem Instrumental das Técnicas de Representação Gráfica (L.I.T.REP.GRÁF), Técnica de Representação Gráfica (TÉC.REPR.GRÁF), Elementos de Geometria (ELEM.GEO), Técnicas de Representações Industriais (TEC.REPR.IND). Carga Horária Semanal (C. H. S.), Pré-Requisito (pREQ), Semestral (SEM.).

Das 15 disciplinas antigas (Quadro 3), as quais representavam um total de 64 horas

por ano ao Departamento de Desenho, tem-se diferentes cursos envolvidos e foram originadas

em períodos diversos. Como é o caso das disciplinas ofertadas para o Curso de Desenho

Industrial da UFPR, que sofreu várias reformulações curriculares (1976, 1980, 1985 e 1988),

em todas essas fases o Departamento de Desenho da UFPR ministrava os conteúdos de

Desenho Geométrico, Geometria Descritiva e Desenho Técnico totalizando 10 disciplinas.

Em 1976, tem-se as disciplinas de Geometria Descritiva I (75 horas) e Geometria Descritiva

II (75 horas), Desenho Geométrico I (45 horas) e Desenho Geométrico II (45 horas) e

Desenho Técnico I (90 horas); em 1980 e 1985, consta na grade curricular as disciplinas de

Desenho Geométrico A e Desenho Técnico A, ou seja, não houve alteração dos disciplinas

ofertadas pelo Departamento de Desenho nesta reformulação; e em 1988, faz parte uma única

disciplina, em que os conteúdos de Geometria Descritiva e Desenho Técnico estão

agrupados.5

5 Consultar o Apêndice E. In: CAVIQUIOLO, Suelen Christine. Os Trabalhos de Conclusão do Curso de Design de Produto da UFPR entre 1978 e 2000: Design, Tecnologia e Sociedade. 2009. Dissertação. (Mestrado em Tecnologia). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba. 2009, s.p.

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O Departamento de Artes também mantinha um vínculo com o departamento de

Desenho, pois as disciplinas de Geometria Descritiva (CD404-GD A), Desenho Geométrico

(CD405-DG A) e Desenho Técnico (CD414-DT) que eram do Curso de Educação Artística

com habilitação em Licenciatura em Desenho, regulamentadas pela Resolução 85/94-CEPE e

ministradas pelos professores do Setor de Ciências Exatas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo inicial do corpo de disciplinas ofertadas pelo DEGRAF no período de

1974 a 2009, apesar de se caracterizar como uma primeira abordagem de cunho histórico e

social demonstra a perda da representatividade das disciplinas de expressão gráfica por meio

da manutenção dos conteúdos disciplinares que apresentam poucas variações, considerando o

percurso delimitado no artigo. A perda de representatividade também é constatada pela

redução das cargas horárias das disciplinas, pois muitas mantiveram conteúdos equivalentes

(ementas) com diminuição das cargas horárias. A partir desse levantamento propomos

questões que conduzirão as pesquisas vinculadas ao projeto que trata da “abordagem social e

histórica do campo da expressão gráfica”, que visa à análise em contexto nacional das

disciplinas de expressão gráfica, partindo dessa constatação levantamos os seguintes

questionamentos:

A redução da representatividade das disciplinas de representação gráfica (desenho

geométrico, geometria descritiva e desenho técnico) nos currículos dos cursos de graduação é

um fenômeno local ou encontra sincronicidade em um contexto nacional?

A mudança da nomenclatura de expressão gráfica em substituição a denominação

desenho geométrico e geometria descritiva é um movimento do campo disciplinar? Tal

alteração se configura em uma modificação das disciplinas de expressão gráfica, abrangendo

seu viés teórico e técnico, resultando mudanças de ementas e inserção de novos conceitos e

técnicas?

A análise do corpo docente do DEGRAF da Universidade Federal do Paraná

comprova um vínculo dessa área com o campo disciplinar da matemática, o que indicaria uma

aproximação da expressão gráfica no contexto institucional com as ciências exatas; o que nos

leva a questionar se este fato é uma tendência análoga em comparação com outras instituições

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de ensino superior no contexto brasileiro. No caso de negativo, qual são as configurações

sociais dos professores dessas disciplinas em outras instituições em contexto nacional?

Tais questões balizarão as pesquisas e análises de cunho histórico e social do campo

da expressão gráfica, com o intuito de compreender os deslocamentos, as estratégias e as

permanências dos agentes sociais no campo, condicionado as estruturas e as posições

ocupadas em função de um mesmo espaço-tempo. E assim apresentar esse campo disciplinar

em uma abordagem da história das disciplinas e dos currículos, bem como, a trajetória dos

agentes envolvidos em sua constituição social e institucional.

FONTES DEGRAF. Ementas Vigentes. Curitiba. 1996-2007. Disponível: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf/ementas-vigentes/. Acesso: 30 março de 2015. _____. Ementas Antigas. Curitiba. 1980-2009. Disponível: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf/ementas-antigas/. Acesso: 30 março de 2015. _____. Atas das Reuniões Departamentais. Curitiba. 1971-2008. REFERÊNCIAS BESSANT, C. B. CAD/CAM Projeto e fabricação com o auxílio do computador. 3.ed. Rio de Janeiro, Campus, 1988. BONSIEPE, Gui. Design, cultura e sociedade. São Paulo: Blucher, 2011. _____. Design como prática de projeto. São Paulo: Blucher, 2012. BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. ______. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004. ______. Razões Práticas: sobre a teoria da ação. Tradução Mariza Corrêa. 8. ed. Campinas, SP: Papirus, 2007. CAVIQUIOLO, Suelen Christine. Os Trabalhos de Conclusão do Curso de Design de Produto da UFPR entre 1978 e 2000: Design, Tecnologia e Sociedade. 2009. Dissertação. (Mestrado em Tecnologia). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba. 2009.

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