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ABC

do Espiritismo

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ABC

do Espiritismo

ABC

do EspiritismoVictor Ribas Carneiro

Edição

Federação Espírita do ParanáC.G.C.76.544.741/0001-03 - I.E. Isento

Alameda Cabral, 300

80.410-210 - Centro

Curitiba - Paraná

1996

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5.ª edição10.º ao 15.º milheiro

© Copyright 1996 byFederação Espírita do ParanáAlameda Cabral, 30080.410-210 - Curitiba - PR - Brasil

Capa de Stella Maris I. MartinsCopidesque: Antônio Moris CuryRevisão: Antônio Moris CuryDiagramação: Eliane Gonçalves OlivieriImpresso no BrasilPresita em Brazilo

Catalogação-na-fonteBiblioteca Pública do Paraná

Carneiro, Victor Ribas, 1915-

ABC do Espiritismo/Victor Ribas Carneiro. - Curitiba: Federação Espírita do Paraná, 1996.

223 p.

ISBN: 85 -7365-001-X

1. Espiritismo. I. Título.

CDD(19.ª ed.)

133.9

Federação Espírita do ParanáAlameda Cabral, 300

80.410-210 - Centro

Curitiba - Paraná

1996

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Aos abnegados Instrutores do planoespiritual, que me inspiraram para arealização deste modesto trabalho quese destina, principalmente, aosprincipiantes espíritas, dedico estapágina, em sinal de humildehomenagem.

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ÍndiceApresentação ........................... 13

PRIMEIRA PARTEPRIMEIRA PARTEPRIMEIRA PARTEPRIMEIRA PARTEPRIMEIRA PARTE .............................................................................................................. 17Capítulo 1 - Da Diferença entre espiritismo e

espiritualismo ................... 19

Capítulo 2 - Doutrinas espiritualistas ............ 211 - Os Vedas ................... 222 - Krishna .................... 233 - Buda ...................... 244 - Sócrates e Platão .............. 25

Capítulo 3 - Fenômenos mediúnicos dentro da Bíblia . 311 - Voz direta ................... 312 - Materialização ................ 313 - Pneumatografia ou escrita direta .... 324 - Transporte .................. 325 - Levitação ................... 326 - Transe ..................... 327 - Mediunidade auditiva ........... 338 - Mediunidade curadora ........... 339 - Outras formas de mediunidade ..... 34

Capítulo 4 - As irmãs Fox e os fenômenosde Hydesville ................... 35

Capítulo 5 - Alan Kardec e sua obra ............ 39

Capítulo 6 - Flammarion, Denis e Delanne fiéiscontinuadores da obra de Kardec ...... 43

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Capítulo 7 - Síntese de "O Livro dos Espíritos" ..... 51

Parte Primeira - Das Causas Primárias ........... 51Capítulo I - De Deus ................. 51Capítulo II - Dos Elementos Gerais do Universo ................ 53Capítulo III - Da Criação .............. 54Capítulo IV - Do Princípio Vital ......... 56

Parte Segunda - Do Mundo dos Espíritos ......... 58Capítulo I - Dos Espíritos ............. 58Capítulo II - Da encarnação dos Espíritos... 61Capítulo III - Da volta do espírito, extinta a vida

corpórea, à vida espiritual .... 63Capítulo IV - Da pluralidade das existências . 64Capítulo V - Considerações sobre a

pluralidade das existências .... 71Capítulo VI - Da vida espírita ........... 74Capítulo VII - Da volta do espírito à

vida corporal ............. 88Capítulo VIII - Da emancipação da alma .... 93Capítulo IX - Da intervenção dos espíritos

no mundo corporal ......... 97Capítulo X - Das ocupações e missões

dos espíritos ............ 103Capítulo XI - Dos três reinos .......... 105

Parte Terceira - Das leis morais ............... 108Capítulo I - Da lei divina ou natural ...... 108Capítulo II - Da lei de adoração ......... 111Capítulo III - Da lei do trabalho ......... 114Capítulo IV - Da lei de reprodução ....... 115Capítulo V - Da lei de conservação ....... 117Capítulo VI - Da lei de destruição ........ 120Capítulo VII - Da lei de sociedade ....... 123Capítulo VIII - Da lei do progresso ....... 124Capítulo IX - Da lei da igualdade ........ 127

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Capítulo X - Da lei de liberdade ........ 130Capítulo XI - Da lei de justiça, de amor e de

caridade ............... 135Capítulo XII - Da perfeição moral ........ 137

Parte Quarta - Das esperanças e consolações ...... 141Capítulo I - Das penas e gozos terrestres ... 141Capítulo II - Das penas e gozos futuros .... 145

Conclusão ............................ 151

PARTE FINALPARTE FINALPARTE FINALPARTE FINALPARTE FINAL ........................................................................................................................ 157Capítulo 1 - Alguns médiuns famosos do passado ... 159

1 - Emmanuel Swedenborg ......... 1592 - Andrew Jackson Davis ......... 1623 - Daniel Dunglas Home.......... 1634 - Eusápia Paladino ............. 1655 - Madame d’Esperance ........... 1686 - William Stainton Moses ......... 1717 - William Eglinton ............. 1738 - Charles Foster ............... 1759 - Henry Slade ................. 17610 - Os irmãos Davenport ......... 17811 - José Pedro de Freitas (Arigó) ..... 179

Capítulo 2 - Opiniões de cientistas e escritores europeus eamericanos ................... 1851 - Gabriel Delanne .............. 1852 - Camille Flammarion ........... 1863 - Léon Denis ................. 1864 - William Crookes ............. 1875 - Gustavo Geley ............... 1876 - Charles Richet ............... 1887 - Eugêne Osty ................ 1898 - Paul Gibier ................. 1899 - Eugène Auguste Albert De Rochas . 19010 - Barão De Goldenstubbé ........ 190

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11 - Barão Carl Du Prel ........... 19112 - Frederico Zöllner ............. 19113 - Dr. Ochorowicz ............. 19114 - Luiz Jacolliot ............... 19215 - Alexandre Aksakof ........... 19216 - Ernesto Bozzano ............. 19317 - Alfred Russel Wallace ......... 19318 - Sir Oliver Lodge ............. 19419 - Cesar Lombroso ............. 19520 - Cromwell Fleetwood Varley ...... 19621 - William Fletcher Barret ........ 19622 - Thomaz Edison ............. 19623 - Benjamin Franklin ........... 19724 - Enrico Morselli .............. 19725 - Robert Dale Owen ........... 19726 - James Hervey Hyslop .......... 19827 - Frederic Myers .............. 19828 - Robert Hare ................ 19829 - Prof. Mapes ................ 19830 - P. Barkas .................. 19931 - Georges Sexton ............. 19932 - William James .............. 19933 - Augusto De Morgan .......... 200

Capítulo 3 - Alguns vultos espíritas do Brasil ...... 2011 - Adolfo Bezerra de Menezes ....... 2022 - Eurípedes Barsanulfo ........... 2023 - Cairbar Schutel .............. 2034 - Inácio Bittencourt ............. 2045 - Bittencourt Sampaio ........... 2046 - Leopoldo Cirne .............. 2057 - Manuel Vianna de Carvalho ...... 2068 - José Petitinga ................ 2069 - Gustavo Adolfo do Amaral Ornelas. 20710 - Antônio Gonçalves Da Silva Batuíra 207

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11 - Francisco R. Ewerton Quadros .... 20812 - Antônio Luiz Sayão ........... 20913 - Francisco de Menezes Dias da Cruz 20914 - Sebastião Paraná ............. 21015 - Carlos Imbassahy ............ 21116 - Arthur Lins de Vasconcellos Lopes 21217 - Álvaro Holzmann ............ 21318 - Luís Olímpio Teles de Menezes ... 21519 - J. Herculano Pires ............ 21620 - Deolindo Amorim ............ 21821 - Lauro Schleder .............. 21922 - Ruy Holzmann .............. 219

Pequeno Vocabulário Usado no Espiritismo ...... 221

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ABC do Espiritismo - 1 3 -

ApresentaçãoO motivo que nos levou a escrever a

presente obra foi o de sentirmos a necessi-dade de enfeixar, em um só volume, de modosintético, parte da matéria indispensávelaos conhecimentos preliminares da DoutrinaEspírita.

Procuramos fazer a síntese de cada as-sunto tratado, tendo em vista facilitar seuestudo, de modo que qualquer pessoa, mesmonão possuindo letras primárias, mas sabendoler, convenientemente, possa compreender ofundamento do Espiritismo.

Sabemos que nosso despretensioso traba-lho não preencherá, a contento, as necessi-dades gerais no tocante ao complexo campode saber espírita, mas, de qualquer forma,tentamos, embora em parte, a solução desseimportante problema. Assim pensando, acha-mos conveniente falar, inicialmente, sobrealgumas das doutrinas espiritualistas daantigüidade, tendo em vista sua semelhança,em muitos pontos, com o Espiritismo. Fala-mos, também, sobre os fenômenos mediúnicosdentro da Bíblia, para mostrar que, desde amais remota antigüidade, já se estabeleciaa comunicação entre os vivos e os chamadosmortos . Depois, inserimos ligeiros dadosbiográficos sobre alguns médiuns famosos do

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passado, bem como a opinião de diversossábios e cientistas, que realizaram preci-oso trabalho no campo experimental da Dou-trina.

O esforço realizado por esses grandesvultos da ciência é de inestimável valia,uma vez que provaram, através da pesquisaséria e honesta, a sobrevivência do Espíri-to após a morte do corpo físico.

Por outro lado, queremos acentuar aosleitores que somos constantemente consulta-dos por pessoas desejosas de conhecer o Es-piritismo, sobretudo perguntando qual obradevem ler em primeiro lugar. Costumamos re-comendar a leitura das obras básicas deKardec, aliadas a alguns romances deEmmanuel, como Paulo e Estêvão, por exemplo.Há outros que indicam logo as obras de AndréLuiz. De qualquer forma, todos procuramosencaminhar o neófito ansioso por aprenderalguma coisa sobre a Doutrina dos Espíritos.Todavia, não esqueçamos de que nem todos seencontram em condições de compreender, comfacilidade, os ensinos contidos nessas obras,uma vez que os mesmos vêm de encontro aosmais variados preconceitos religiosos, nãosó do passado como também do presente.

É preciso, para maior clareza, se façaum estudo metodizado, pois devemos nos com-parar ao jovem estudante que, antes de in-gressar num curso superior, prepara-se de-vidamente, a fim de poder assimilar os en-sinos que irá receber nas faculdades cor-respondentes.

Com o principiante espírita geralmente

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ocorre o mesmo fenômeno: a falta de preparoprévio para apreender a sublimidade dosensinamentos que nos são trazidos pelosEspíritos Superiores, pode gerar confusão.E não é de se estranhar que isso aconteça,pois, ao recebermos muita luz, quase semprenossos olhos se ofuscam. Daí porque aconse-lhamos a leitura de obras que facilitem aoiniciante compreender, desde logo, o que éo Espiritismo face às demais doutrinasespiritualistas, bem como suas bases.

Objetivando, então, dar aos leitores co-nhecimentos preliminares sobre o Espiri-tismo, é que abordamos vários assuntos con-siderados indispensáveis à formação de umacultura doutrinária, que, embora generali-zada, sirva de base para estudos maisaprofundados.

Não é livro de exibição cultural, maspara atender necessidades da vida práticaobservadas em nossas andanças difundindo aDoutrina dos Espíritos.

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PPor esse motivo, como dissemos, é queprocuramos sintetizar a matéria contida na

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1Cprimeira obra de Kardec, ou seja, “O Livrodos Espíritos” ; que falamos sobre um poucodo muito que realizaram os sábios e cien-tistas, através da pesquisa dos fenômenosproduzidos pelos médiuns seus contemporâ-neos, e que, finalmente, trouxemos, tambémnestas páginas, notícia daqueles que forambaluartes do Espiritismo, principalmente noBrasil, neste Brasil que, com muita propri-edade, foi cognominado pelo Espírito deHumberto de Campos, de “Coração do Mundo ePátria do Evangelho” .

Esses foram os propósitos que nos leva-ram a escrever o presente livro. Esperamos,agora, seja útil a quantos perlustrarem suaspáginas, assimilando seu conteúdo e, sobre-tudo, pondo-o em prática.

Por outro lado, estimaríamos que a crí-tica se pronunciasse: com ela, ou prosse-guiremos com novas edições, naturalmentemelhoradas, ou ficaremos apenas na primeiraedição, se nossos propósitos não forem atin-gidos.

Muito obrigado.

Curitiba, agosto de 1972.

O Autor.

rimeira parte

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- 2 0 - ABC do Espiritismo

apítulo

DA DIFERENÇA ENTRE

ESPIRITISMO E E SPIRITUALISMO

É muito comum afirmar-se que serespiritualistaespiritualistaespiritualistaespiritualistaespiritualista é a mesma coisa que serespíritaespíritaespíritaespíritaespírita ou espiritistaespiritistaespiritistaespiritistaespiritista. Aqueles que as-sim pensam dão prova de que desconhecem osfundamentos da Doutrina Espírita. Há outrosque, ao serem interrogados sobre a religiãoa que pertencem, embora sejam espíritasmilitantes, vacilam e dão esta resposta:Sou espiritualistaSou espiritualistaSou espiritualistaSou espiritualistaSou espiritualista.

De duas uma: ou respondem assim porquedesconhecem a diferença que há entre a Dou-t r i n a E s p í r i t a e a s d o u t r i n a sespiritualistas, ou porque temem confessara qualidade de espírita convicto. Acham que,afirmando serem espiritualistasespiritualistasespiritualistasespiritualistasespiritualistas, eximem-se de quaisquer responsabilidades, no to-cante à religião, diante da sociedade a quepertencem. É a isto que se chama “covardiamoral” .

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ABC do Espiritismo - 2 1 -

CÉ preciso que se saiba que “todo espíri-ta é necessariamente espiritualistaespiritualistaespiritualistaespiritualistaespiritualista, masnem todos os espiritualistas são espíri-espíri-espíri-espíri-espíri-tastastastastas” .

Embora seja a Doutrina Espírita uma dou-trina espiritualista, por excelência, énecessário fazer-se distinção das demaiscorrentes espiritualistas.

Para exemplo, tomemos a Umbanda, seitamuito divulgada no Brasil.

Será a Umbanda doutrina espiritualista?

Sim, é doutrina espiritualista, porquantoestabelece a comunicação entre os vivos eos chamados mortos, admitindo, conseqüen-temente, a sobrevivênciasobrevivênciasobrevivênciasobrevivênciasobrevivência do Espírito apósa morte do corpo físico; admite sua evolu-ção através das vidas sucessivas e crê noresgate, pela dor, das faltas cometidas emexistências anteriores.

Por essas características, não há dúvi-da alguma tratar-se a Umbanda de uma dou-trina essencialmente espiritualista. Mas,por outro lado, será ela Doutrina Espíritaou Espiritismo?

Não. A Umbanda não pode ser consideradaDoutrina Espírita porque admite cerimôniaslitúrgicas, entre elas a do casamento e ado batizado; é litólatralitólatralitólatralitólatralitólatra, porque adota nosseus trabalhos imagens dos chamados “san-tos” (a palavra litólatra vem de litolatria,que é a adoração das pedras), e é também

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fitólatrafitólatrafitólatrafitólatrafitólatra, porque faz uso de ervas paradefumações, além de outros ritos (a palavrafitólatra vem do grego phytonphytonphytonphytonphyton “planta” ; osegundo elemento, latra, provém do verbogrego latreinlatreinlatreinlatreinlatrein “adorar” ). Mas o Espiritis-mo não tem ritos de espécie alguma.

Como se vê, por estas observações ficoudemonstrada a diferença existente entre aDoutrina Espírita e uma das doutrinasespiritualistas, que é a Umbanda, doutrinaesta que tem, face aos seus dogmas e ritos,bastante afinidade com o Catolicismo, tam-bém considerado espiritualista, porque ad-mite a existência de Deus e de entidadesespirituais que sobrevivem após adesencarnação.

apítulo

DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS

Falar sobre todas as doutrinasespiritualistas existentes no mundo é tare-fa dificílima, pois seu número é bastanteelevado, o que exigiria muito espaço e tem-po.

Como nosso trabalho limita-se apenas aapresentar alguns ensinos principais, masresumidos, objetivando, dessa forma, faci-litar mais àqueles que não dispõem de tempoe nem mesmo de muitas obras de consulta, éque resolvemos abordar um pouco de cadaassunto que, sobremaneira, interessa aos

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que desejam formar cultura generalizada nocampo espiritual.

Assim, considerando que as doutrinasespiritualistas, notadamente as da anti-güidade, vêm trazer apreciável subsídio parao leitor no que diz respeito aos seus co-nhecimentos espirituais, é que achamos con-veniente citar algumas dessas doutrinas,que serviram para o desenvolvimento dos cha-mados “iniciados” de antanho.

Quando falamos em iniciados, lembramo-nos logo de Moisés – o salvo das águas dorio Nilo – segundo narrativa bíblica.

Moisés fora educado na corte dos Faraós,tornando-se um grande iniciado daquele épo-ca. Seus livros, que constituem o chamadoPentateuco, deixam transparecer, claramen-te, que ele era dotado de grandes conheci-mentos das ciências secretas, daquele tem-po.

Ao que estamos informados, muitas eramas fontes de consulta de então, as quaisteriam servido para aprimorar seu conheci-mento no terreno da filosofia espiritualista,tornando-se, dessa forma, um dos grandesiniciados da época.

1 - O S V EDAS

Não podemos precisar a data em que foramescritas estas obras, mas Souryo ShiddantoSouryo ShiddantoSouryo ShiddantoSouryo ShiddantoSouryo Shiddanto(em sânscrito “tratado do deus do sol”) ,obra de astronomia, cuja composição remon-ta, em sua parte mais antiga, ao século IVa.C., já nos fala dos Vedas.

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Estas obras constituem a Bíblia da Ín-dia e nelas encontramos preciosos ensinosespiritualistas, como a comunicabilidade dosespíritos, a reencarnação, a pluralidadedos mundos, além de sábios conselhos, mui-tos deles semelhantes aos que nos foramlegados pelo Cristo.

Quanto à comunicabilidade dos espíri-tos, lemos nos Vedas que, no sacrifício dofogo, muito usado na antigüidade, compare-ciam os Espíritos denominados AssourasAssourasAssourasAssourasAssouras,que no panteão indiano constituem divinda-des do mal, e os Pitris, que eram almas dosantepassados, e dele tomavam parte.

Como se vê, desde as mais remotas erasjá se estabelecia a comunicação entre osdois mundos, dando prova, assim, da sobre-vivência do Espírito após a morte do corpofísico.

Devemos citar, ainda, para maiores es-clarecimentos, que os Vedas encerram preci-osos ensinos no campo do amor e do perdão.O que se segue é um exemplo de sua sublimi-dade:

“Sê, para o teu inimigo, o que é aterra que devolve farta colheita aolavrador que lhe rasga o seio. Sê,para aquele que te aflige, o que é osândalo da floresta que perfuma omachado do lenhador que o corta.”

Os ensinos da pluralidade das existên-cias, ou seja, da reencarnação da alma,eram conservados na tradição oral dos cânticosvédicos; foram divulgados somente após acompilação dos Vedas pelo sábio brâmane,

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Vyasa, cerca de 14 séculos a.C., e fixadosdefinitivamente entre os séculos XII e XI,quando a escrita foi introduzida na Índiapela influência dos fenícios.

2 - K RISHNA

Continuando nosso estudo em torno dealgumas doutrinas espiritualistas da anti-güidade, devemos lembrar o grande pensadorbrâmane, Krishna, que foi o inspirador dascrenças dos indus. Através de sua doutrina,verificamos que a imortalidade da alma, asvidas sucessivas, a lei de causa e efeito,faziam parte dos seus ensinos.

A doutrina de Krishna se contém inteirinhano Bhagavad-GitaBhagavad-GitaBhagavad-GitaBhagavad-GitaBhagavad-Gita, que é um dos hinos doMahabhárata e, por sinal, a mais bela eprofunda mensagem de filosofia que nos le-gou a antigüidade.

“O corpo – dizia ele – envoltório daalma que aí faz sua morada, é umacoisa finita; porém a alma que o ha-bita é imortal, imponderável e eter-na”.

Esses ensinos nos mostram a imortalida-de da alma como princípio básico, e que avida do corpo é transitória.

“Todo renascimento, feliz ou desgra-çado, é uma conseqüência das obraspraticadas em vidas anteriores.”

Aí está patente a lei de causa e efeito.Colhemos o fruto oriundo da semente quelançamos.

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- 2 6 - ABC do Espiritismo

Com referência à reencarnação, dizia ele:

“Tanto eu como vós temos tido váriosnascimentos. Os meus, só de mim sãoconhecidos, porém vós nem mesmo osvossos conheceis.”

Ao que parece, Krishna, em decorrênciade sua evolução, lembrava-se das encarnaçõespretéritas.

Ainda, sobre reencarnação, devemos ci-tar mais este ensinamento:

“Como a gente tira do corpo as roupasusadas e as substitui por outras no-vas e melhores, assim, também, o ha-bitante do corpo (Espírito), tendoabandonado a velha morada mortal,entra em outra nova e recém-prepara-da para ele.”

Sobre a moral, pregava Krishna:

“Os males com que afligimos o próximonos perseguem, assim como a sombrasegue o corpo.”

“As obras inspiradas pelo amor dosnossos semelhantes são as que maispesarão na balança celeste.”

“O homem virtuoso é semelhante a umaárvore gigantesca, cuja sombra bené-fica permite frescura e vida às plan-tas que a cercam”.

“Se convives com os bons, teus exem-plos serão inúteis; não temas habi-tar entre os maus para os reconduzirao bem.”

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São ensinamentos que muito se asseme-lham aos de Jesus, porquanto fora Krishnaum de seus enviados.

3 - B UDA

Outro missionário que veio ao mundo paratrazer ensinos de amor e de perdão foi Buda,cujo nome verdadeiro era Gautama Sáquia Muni(Gautama é o nome étnico e designa o clã aque pertencia Buda. Quanto a Sáquia Munidesigna “o santo oriundo dos Sáquias” –família de guerreiros).

Buda viveu cerca de 600 anos a.C. Renun-ciou às grandezas, à vida faustosa paraisolar-se nas florestas, às margens dosgrandes rios asiáticos, em profunda medita-ção e estudo, durante sete anos, reapare-cendo, depois, para pregar a necessidade dese praticar o bem, porque “ o bem – diziaele – é o fim supremo da natureza.”

Sobre reencarnação disse:

“O que é que julgais, ó discípulos,seja maior: a água do vasto oceano,ou as lágrimas que vertestes, quan-do, na longa jornada, errastes aoa c a s o , d e r e n a s c i m e n t o e mrenascimento, unidos àquilo queodiastes, separados daquilo queamastes? Uma vida curta, uma vidalonga, um estado mórbido, uma boasaúde, o poder, a fraqueza, a fortu-na, a pobreza, a ciência, a ignorân-cia... tudo isso depende de atos co-metidos em anteriores existências.”

“As almas não penetram no ‘mundo das

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formas’ senão para trabalhar no com-plemento da sua obra de aperfeiçoa-mento e elevação. Podem realizar issopelos Upanichades e completá-lo peloPurana ou amor.”

(Os Upanishades são tratados de místicahindu, que se reportam aos Vedas, especial-mente ao Yadjur-Veda).

“A ciência e o amor são dois fatoresessenciais do Universo. Enquanto nãoos adquirir, o ser está condenado aprosseguir na série de reencarnaçõesterrestres.”

Sobre os males decorrentes da ignorân-cia, devemos citar este outro ensino, queestá sempre atualizado:

“A ignorância é o mal soberano de quedecorrem o sofrimento e a misériahumana. O conhecimento é o principalmeio para se adquirir a elevação davida material e espiritual.”

É interessante notar haver Buda coloca-do o conhecimento como base da elevaçãoespiritual, o que atesta a importância dada,já naquela época, ao estudo das ciências daalma e, conseqüentemente, do princípio dascoisas, para a realização desse desiderato.

Podíamos falar ainda mais sobre estegrande missionário, mas, dada a exigüidadede espaço, limitamo-nos, apenas, a estascitações, concluindo com a afirmativa deque a doutrina de Buda é toda de amor ecaridade, oferecendo, assim, profunda ana-logia com os ensinos legados por Jesus.

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Devemos lembrar, também, de três outrasfiguras importantes no mundo Oriental, queforam Lao-Tseu, Mêncio e Confúcio.

O primeiro, apresenta o Livro da RazãoSuprema, estabelecendo elevados princípiosmorais; o segundo, em seu Tratado de Moral,concita os homens à boa conduta, e, o ter-ceiro, trouxe a grande máxima: – “Não façaisaos outros o que não quereis que eles vosfaçam.”

4 - S ÓCRATES E P LATÃO

Sócrates, como o Cristo, nada escreveu.O que sabemos, hoje, a respeito de sua dou-trina, foi escrito por Platão, seu discípu-lo. Morreu condenado a tomar cicuta, porhaver atacado as crenças da época e coloca-do a virtude acima da hipocrisia. Combateu,de corpo e alma, os preconceitos religiososcomo o fez Jesus, a quem os fariseus tambémacusaram de corromper o povo.

Como nosso objetivo principal é trazer,através destas páginas, um pouco de conhe-cimento, não só do Espiritismo, mas tambémde mais algumas doutrinas espiritualistas,que nos foram legadas por aqueles que ante-cederam o Cristo, não podemos deixar deinserir, aqui, alguns tópicos da doutrinade Sócrates e Platão, que servirão paramostrar a grande semelhança com os ensinosque nos dão os Espíritos.

Vejamos:

“O homem é uma alma encarnada. Antesda sua encarnação, existia unida aostipos primordiais, às idéias do ver-

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Cdadeiro, do bem e do belo; separa-sedeles encarnando, e, recordando seupassado, é mais ou menos atormentadapelo desejo de voltar a ele.”

Aqui vemos a distinção entre o espíritoe a matéria, o que nos mostra o princípioda preexistência da alma antes de reencarnar,guardando intuição do mundo espiritual.Está, desta forma, bem expressa a reencar-nação.

E, continuando, vamos citar vários ou-tros trechos desta doutrina, que servem paraaclarar nosso espírito na compreensão deque há um grande paralelo entre ela, a doCristo e o Espiritismo, embora seja estamais completa, mas, de qualquer forma,Sócrates e Platão, no dizer de Kardec, pres-sentiram a idéia cristã através de seusescritos.

“A alma – diziam eles – se transvia eperturba, quando se serve do corpopara considerar qualquer objeto; temvertigem como se estivesse ébria,porque se prende a coisas que estão,por sua natureza, sujeitas a mudan-ças; ao passo que, quando contemplasua própria essência, dirige-se parao que é puro, eterno, imortal, e,sendo ela dessa natureza, permaneceaí ligada, por tanto tempo quantopossa. Cessam, então, os seus

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transviamentos, pois está unida aoque é imutável e a esse estado daalma é que se chama sabedoria.”

“Após a morte, o gênio (daimon, demô-nio), que nos fora designado durantea vida, leva-nos a um lugar onde sereúnem todos os que têm de ser condu-zidos ao Hades, para serem julgados.As almas, depois de haverem estado noHades o tempo necessário, sãoreconduzidas a esta vida em múlti-plos e longos períodos.”

“Os demônios ocupam o espaço que se-para o céu da terra; constituem olaço que une o Grande Todo a si mes-mo. Não entrando nunca a divindade emcomunicação direta com o homem, é porintermédio dos demônios que os deu-ses entram em contato e se entretêmcom eles, quer durante a vigília,quer durante o sono.”

“A preocupação constante do filósofoé a de tomar o maior cuidado com aalma, menos pelo que respeita a estavida, que não dura mais que um ins-tante, do que tendo em vista a eter-nidade. Desde que a alma é imortal,não será prudente viver visando àeternidade?”

“Se a alma é imaterial, tem que pas-sar, após esta vida, a um mundo igual-mente invisível e imaterial, do mes-mo modo que o corpo, decompondo-se,volta à matéria. Muito importa noentanto distinguir bem a alma pura,

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verdadeiramente imaterial, que se ali-mente, como Deus, de ciência e pensa-mentos, da alma mais ou menos maculadade impurezas materiais, que a impe-dem de elevar-se para o divino e aretém nos lugares da sua estada naterra.”

“Se a morte fosse a dissolução com-pleta do homem, muito ganhariam com amorte os maus, pois se veriam livres,ao mesmo tempo, do corpo, da alma edos vícios. Aquele que guarnecer aalma, não de ornamentos estranhos,mas com os que lhes são próprios, sóesse poderá aguardar tranqüilamentea hora da sua partida para o outromundo.”

“O corpo conserva bem impressos osvestígios dos cuidados de que foiobjeto e dos acidentes que sofre. Dá-se o mesmo com a alma. Quando despidado corpo, ela guarda evidentes ostraços de seu caráter, de suas afei-ções e as marcas que lhe deixaramtodos os atos de sua vida. Assim, amaior desgraça que pode acontecer aohomem é ir para outro mundo com aalma carregada de crimes. Vês,Cálicles, que nem tu, nem Pólux, nemGórgias podereis provar que devamoslevar outra vida que nos seja útilquando estejamos do outro lado. Detantas opiniões diversas, a única quepermanece inabalável é a que maisvale receber do que cometer uma in-justiça e que, acima de tudo, devemos

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cuidar, não de parecer, mas de serhomem de bem.”

“De duas uma: ou a morte é uma des-truição absoluta, ou é passagem daalma para outro lugar. Se tudo temque se extinguir, a morte será comouma dessas raras noites que passamossem sonho e sem nenhuma consciênciade nós mesmos. Porém, se a morte éapenas uma mudança de morada, a pas-sagem para o lugar onde os mortos setêm de reunir, que felicidade a deencontrarmos lá aqueles a quem co-nhecemos! O meu maior prazer seriaexaminar de perto os habitantes des-sa outra morada e de distinguir lá,como aqui, os que são dignos dos quese julgam tais e não o são. Mas, étempo de nos separarmos, eu para mor-rer, vós para viverdes,”

“Nunca se deve retribuir com outrainjustiça, nem fazer mal a ninguém,seja qual for o dano que nos hajamcausado. Poucos, no entanto, serãoos que admitem este princípio e osque se desentenderem a tal respeitonada farão mais, sem dúvida, do quevotarem uns aos outros mútuo despre-zo.”

“É pelos frutos que se conhece a ár-vore. Toda ação deve ser qualificadapelo que produz: qualificá-la de má,

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Cquando dela provenha o mal; de boa,quando dê origem ao bem.”

“A riqueza é um grande perigo. Todohomem que ama a riqueza não ama a simesmo, nem ao que é seu; ama a umacoisa que lhe é ainda estranha do queo que lhe pertence.”

“É disposição natural em todos nós ade nos apercebermos muito menos dosnossos defeitos, do que nos de ou-trem.”

“Se os médicos são mal sucedidos,tratando da maior parte das molésti-as, é que tratam do corpo sem trata-rem da alma. Ora, não se achando otodo em bom estado, impossível é queuma parte dele passa bem.”

“Todos os homens, a partir da infân-cia, muito mais fazem de mal do quede bem.”

Conforme acabamos de ver, estes ensi-nos, que foram difundidos quase quinhentosanos antes do Cristo, encerram grandes ver-dades que, no século XIX, foram confirmadaspelo Consolador Prometido, personificado naDoutrina Espírita, a qual representa, hámais de um século, o Cristianismo Redivivo.

apítulo

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FENÔMENOS MEDIÚNICOS

DENTRO DA B ÍBLIA

Desde que os Espíritos alcançaram con-dição para prosseguir na sua caminhadaevolutiva, através das múltiplas reencar-nações, na espécie humana, o homem há rece-bido, pela intuição ou por outros meios quelhe facultam os sentidos, comunicações doplano espiritual.

Quando manuseamos a Bíblia, livro con-siderado sagrado pelas religiões cristãs,encontramos nela expressos inúmeros fenô-menos mediúnicos, fenômenos esses classi-ficados, hoje, nas mais variadas categori-as.

1 - V OZ DIRETA

Este fenômeno encontramos relatado emÊxodo, 20:18, que diz: “Todo o povo, po-rém, ouvia as vozes e via os relâmpagos, eo sonido da buzina, e o monte fumegando: eamedrontado e abalado com o pavor paroulonge.”

Em Apocalipse, 1:10, lemos: “Eu fuiarrebatado em espírito um dia de domingo, eouvi por detrás de mim uma grande voz comode trombeta”...

2 - M ATERIALIZAÇÃO

A luta de Jacob com um Espirito é umfenômeno típico de materialização, pois estasó poderia realizar-se na condição do rela-

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ABC do Espiritismo - 3 7 -

to bíblico, se o Espírito contendor se en-contrasse materializado (Gen. 32:24).

3 - P NEUMATOGRAFIA OU ESCRITA DIRETA

Por ocasião em que se realizava um ban-quete oferecido pelo rei Balthazar, ao qualcompareceram mais de mil pessoas da corte,no momento em que bebiam vinho e louvavamos deuses, apareceram dedos que escreviamde fronte do candieiro, na superfície daparede da sala do rei, o qual via os movi-mentos da mão que escrevia (Daniel, 5:5).

4 - T RANSPORTE

O profeta Elias alimentou-se, graças aum anjo que lhe depositava, ao lado, pãocozido debaixo de cinza (Reis III, 19:5,6).

5 - L EVITAÇÃO

Em Ezequiel, 3:14, lemos o seguinte:“Também o Espírito me levantou e me levouconsigo; e eu me fui cheio de amargura, naindignação do meu Espírito; porém a mão doSenhor estava comigo, confortando-me.”

Felipe é levado, também, pelo Espíritodo Senhor, após receber o batismo (Atos, 5:39).

Estes fatos enquadram-se, perfeitamen-te, na classe dos fenômenos de levitação etransporte, obtidos, no século passado, pelonotável médium Daniel D. Home e outros.

6 - T RANSE

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No cap. 15:12 e 13, do Gênese, encontra-mos o seguinte fato: “Ao pôr do sol, vem umprofundo sono sobre Abrahão, e um horrorgrande e tenebroso o acometeu, e lhe foidito: saiba desde agora que tua posteridadeserá peregrina numa terra estrangeira, eserá reduzida à escravidão, e aflita porquatrocentos anos.”

Daniel também cai em transe e tem visão(Daniel 8:18).

Saulo, a caminho de Damasco, cai em transee ouve a voz do Senhor (Atos, 9:3 e seguin-tes).

7 - M EDIUNIDADE AUDITIVA

Moisés, no monte Sinai, ouve a voz dosEspíritos, julgando ser a do próprio Deus.(Êxodo, 19:29,20).

Jesus, por ocasião do batismo no rioJordão, ouve uma voz que lhe diz: “Tu ésaquele meu filho especialmente amado; em tié que tenho posto toda a minha complacên-cia.”

Em João, 12:28, lemos: “Pai glorifica oteu nome. Então veio esta voz do céu – “ EuEuEuEuEunão só o tenho já glorificado, mas ain-não só o tenho já glorificado, mas ain-não só o tenho já glorificado, mas ain-não só o tenho já glorificado, mas ain-não só o tenho já glorificado, mas ain-da segunda vez o glorificarei.da segunda vez o glorificarei.da segunda vez o glorificarei.da segunda vez o glorificarei.da segunda vez o glorificarei.”

Todos esses fatos comprovam a mediunidadeauditiva, tão comum em nossos dias.

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5C 8 - M EDIUNIDADE CURADORA

Ao tempo do Cristo, a mediunidade curadoradisseminou-se por entre os discípulos, queproduziam curas, algumas, pela imposiçãodas próprias mãos, outras, através de obje-tos magnetizados.

Em Atos, 19:11 e12, encontramos orelato de que lençose aventais perten-centes a Paulo eramaplicados aos doen-tes e possessos, e,graças a ação magné-tica desses objetos,ficavam curados.

As curas à dis-tância também foramrealizadas. O cria-

do do Centurião de Cafarnaum e o filho deum régulo foram curados (Mateus, 8:5,13; eJoão, 4:47, 54).

Jesus recomendara, quando esteve entrenós, que curássemos. Dizia ele:

“Curai os enfermos, expulsai os mausEspíritos, dai de graça o que de gra-ça recebestes.”(Mateus, 10:8, Lucas 9,2 e 10:9).

É em cumprimento desse preceito que oEspiritismo, além de ser uma obra de educa-

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ção, procura dar atendimento aos enfermosdo corpo e da alma, com a ajuda dos abnega-dos irmãos espirituais, que se servem dosm é d i u n s p a s s i s t a s , r e c e i t i s t a s ,doutrinadores e de todos os que, de boavontade, trabalham em prol da construção deum mundo melhor.

9 - O UTRAS FORMAS DE MEDIUNIDADE

Encontramos, ainda, na Bíblia, Saul con-sultando o Espírito de Samuel, na gruta deEndor.

Moisés conduzia o povo hebreu, no de-serto, acompanhado por uma labareda que seguiaà sua frente.

Jeremias o profeta da paz era médiumde incorporação. Quando o Espírito o toma-va, pregava contra a guerra aos exércitosde Nabucodonosor.

É interessante notar que as práticasmediúnicas, daquele tempo, eram semelhan-tes às de nossos dias. Para a formação doambiente, alguns profetas (médiuns) exigi-am a música. Assim o profeta Eliseu, paraprofetizar, reclamava um bom harpista. Davidafasta os Espíritos obsessores de Saul,tangendo sua harpa.

Podíamos citar ainda muitos outros fa-tos, que se acham registrados no antigoTestamento, os quais provam, de sobejo, queos fenômenos mediúnicos sempre ocorreram,desde a mais remota antigüidade, mas não énecessário; estes já bastam para provar quea Bíblia é um repositório de mediunismo.

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A vontade dos guias era, naquele tempo,transmitida ao povo através dos profetasvidentes, audientes e inspirados, que vie-ram à Terra na qualidade de missionários doCristo.

apítulo

AS I RMÃS F OX E OS FENÔMENOS DE

HYDESVILLE

Foi num pequeno vilarejo do estado deNew York que se deram, no século XIX, osmais extraordinários episódios, provocadospelo plano espiritual.

Trata-se de Hydesville, que fica situa-da cerca de vinte milhas de Rochester. Na-quela época, era constituída por grupos decasas de madeira, quase todas de tipo hu-milde.

No dia 11 de dezembro de 1847, John Fox,pertencente à igreja Metodista, alugou umadessas casas, para residir com a família,que se compunha, além da esposa MargarethFox, de mais três filhas: Kat, de onze anos;Margareth, de quatorze, e Leah, que residiaem Rochester, onde lecionava música.

No ano seguinte, isto é, em 1848, come-çaram os ruídos de arranhaduras, que seforam intensificando, cada vez mais, a pon-to de a família Fox não ter mais sossego,dentro de casa.

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Esses “raps” começaram a ser notados,com mais freqüência, a partir de meados demarço daquele ano.

As meninas, diante de tanto barulho,ficavam tão alarmadas que não queriam maisdormir sozinhas. Investigações de toda na-tureza foram realizadas por seus pais, masnada conseguiram descobrir. Os fenômenoseram mesmo estranhos.

Finalmente, na noite de 31 de março,houve uma saraivada de sons muitos altos econtinuados. Kat Fox, na sua inocência decriança, desafiou a força invisível paraque repetisse os estalos de seus dedos, noque foi imitada. Depois, Kat dobrou os de-dos, sem fazer ruído, e o arranhão respon-dia. Ficou, dessa forma, constatado que,aquela força estranha, não só ouvia, comotambém via. Sua mãe teve então a idéia defazer algumas perguntas, cujas respostas

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ABC do Espiritismo - 4 3 -

C 6foram dadas por meio de pancadas.

“Sois um ser humano?”“Sois um ser humano?”“Sois um ser humano?”“Sois um ser humano?”“Sois um ser humano?” perguntou Mrs.Margareth.

Não houve resposta.

“Sois um Espírito?“Sois um Espírito?“Sois um Espírito?“Sois um Espírito?“Sois um Espírito? Se sois batei duaspancadas.”

Duas pancadas foram dadas pelo Espíri-to.

Estava, assim, estabelecida a telegra-fia espiritual, naquela memorável noite de31 de março de 1848.

Foi um vizinho dos Fox, de nome Duesler,que teve, pela primeira vez, a genial idéiade usar alfabeto para obter as respostaspor meio de arranhões nas letras. Dessaforma, revelou-se que o Espírito batedorfora Charles B. Rosma, mascate assassinado,havia cinco anos, pelo antigo inquilino

daquela casa, e que seucorpo se encontrava se-pultado no porão.

Mais tarde, pelo de-poimento prestado porLucretia Pulver, quefora empregada de Mr. eMrs. Bell, que ocuparama casa, havia quatroanos, soube-se que, re-almente, ali esteve ummascate, o qual passou

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a noite com suas mercadorias. Nessa noiteseus patrões disseram-lhe que podia ir paracasa. Diz ela:

“Eu queria comprar apenas umas“Eu queria comprar apenas umas“Eu queria comprar apenas umas“Eu queria comprar apenas umas“Eu queria comprar apenas umascoisas do mascate, mas não tinhacoisas do mascate, mas não tinhacoisas do mascate, mas não tinhacoisas do mascate, mas não tinhacoisas do mascate, mas não tinhadinheiro comigo; ele disse que medinheiro comigo; ele disse que medinheiro comigo; ele disse que medinheiro comigo; ele disse que medinheiro comigo; ele disse que meprocuraria em nossa casa na manhãprocuraria em nossa casa na manhãprocuraria em nossa casa na manhãprocuraria em nossa casa na manhãprocuraria em nossa casa na manhãseguinte e m’as venderia. Nuncaseguinte e m’as venderia. Nuncaseguinte e m’as venderia. Nuncaseguinte e m’as venderia. Nuncaseguinte e m’as venderia. Nuncamais o vi. Cerca de três dias de-mais o vi. Cerca de três dias de-mais o vi. Cerca de três dias de-mais o vi. Cerca de três dias de-mais o vi. Cerca de três dias de-pois eles me procuraram para vol-pois eles me procuraram para vol-pois eles me procuraram para vol-pois eles me procuraram para vol-pois eles me procuraram para vol-tar. Assim voltei...”tar. Assim voltei...”tar. Assim voltei...”tar. Assim voltei...”tar. Assim voltei...”

“Pouco tempo depois Mrs. Bell me“Pouco tempo depois Mrs. Bell me“Pouco tempo depois Mrs. Bell me“Pouco tempo depois Mrs. Bell me“Pouco tempo depois Mrs. Bell medeu um dedal, que disse haver com-deu um dedal, que disse haver com-deu um dedal, que disse haver com-deu um dedal, que disse haver com-deu um dedal, que disse haver com-prado do mascate. Cerca de trêsprado do mascate. Cerca de trêsprado do mascate. Cerca de trêsprado do mascate. Cerca de trêsprado do mascate. Cerca de trêsmeses depois eu a visitei e ela memeses depois eu a visitei e ela memeses depois eu a visitei e ela memeses depois eu a visitei e ela memeses depois eu a visitei e ela medisse que o mascate havia voltadodisse que o mascate havia voltadodisse que o mascate havia voltadodisse que o mascate havia voltadodisse que o mascate havia voltadoe me mostrou outro dedal, que dissee me mostrou outro dedal, que dissee me mostrou outro dedal, que dissee me mostrou outro dedal, que dissee me mostrou outro dedal, que disseter comprado a ele. Mostrou-meter comprado a ele. Mostrou-meter comprado a ele. Mostrou-meter comprado a ele. Mostrou-meter comprado a ele. Mostrou-meoutras coisas que disse também ti-outras coisas que disse também ti-outras coisas que disse também ti-outras coisas que disse também ti-outras coisas que disse também ti-nham sido compradas a ele.”nham sido compradas a ele.”nham sido compradas a ele.”nham sido compradas a ele.”nham sido compradas a ele.”

Como se vê pelo depoimento de LucretiaPulver, Charles B. Rosma foi, realmente, omascate assassinado e sepultado naquela casa.

Cinqüenta e seis anos mais tarde, istoé, em 1904, encontrou-se o esqueleto de umhomem na parede da casa que fora ocupadapelos Fox.

Primitivamente, o criminoso teria se-pultado Rosma no porão, mas temendo fossedescoberto, transportou-o para a parede,lugar que julgava mais seguro. Daí porque,nas escavações procedidas na sepultura ori-ginal, foram encontrados apenas alguns vestí-gios deixados pelo cadáver.

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ABC do Espiritismo - 4 5 -

Quanto a identidade do morto, paira certadúvida. É possível que seu verdadeiro nomefosse outro.

Como sabemos, muitas vezes são transmi-tidas mensagens corretas, associadas a no-mes trocados. No caso em questão, os Espí-ritos que dirigiam esses fenômenos não te-riam permitido fosse pelo Espírito de Rosmarevelada sua verdadeira identidade, como se

depreende pelas respos-tas dadas a algumas per-guntas a ele formula-das.

Quando Duesler per-guntou:

“Foi assassinado?”“Foi assassinado?”“Foi assassinado?”“Foi assassinado?”“Foi assassinado?”Resposta afirmativa.

“ S e u a s s a s s i n o“ S e u a s s a s s i n o“ S e u a s s a s s i n o“ S e u a s s a s s i n o“ S e u a s s a s s i n opode ser levado aopode ser levado aopode ser levado aopode ser levado aopode ser levado aotribunal?”tribunal?”tribunal?”tribunal?”tribunal?” Nenhumaresposta.

“Pode ser punido por lei?”“Pode ser punido por lei?”“Pode ser punido por lei?”“Pode ser punido por lei?”“Pode ser punido por lei?” Nenhumaresposta.

“Se seu assassino não pode ser puni-“Se seu assassino não pode ser puni-“Se seu assassino não pode ser puni-“Se seu assassino não pode ser puni-“Se seu assassino não pode ser puni-do por lei, dê sinais.” do por lei, dê sinais.” do por lei, dê sinais.” do por lei, dê sinais.” do por lei, dê sinais.” As batidas foramclaras.

Isto significa que nem tudo os Espíri-tos podem revelar.

Possivelmente, o nome dado pelo Espíri-to, Charles B. Rosma, fosse puramente con-vencional para que não levassem seu verda-deiro assassino à barra dos tribunais.

De qualquer forma, o fato chamou a aten-ção dos homens de ciência da época, consti-

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tuindo-se, em 1851, em New York, uma comis-são, sob a presidência de John Worth Edmonds,para estudar os fenômenos.

A 1.º de agosto de 1853, o “New YorkCourier” publicava os primeiros trabalhosdessa comissão, o que provocou grande es-panto nos meios culturais de então. Cincodias depois, isto é, a 6-8-53, declarava ojuiz Edmonds no jornal “New York Herald” , oseguinte:

“Comecei a investigação convencido doinsucesso e disposto a torná-la pú-blica no caso de uma impostura. Maschegando a conclusão diferente, mos-tro-me no dever de declarar os resul-tados seguros de minhas pesquisas.”

É interessante observar que o própriojuiz Edmonds tornou-se também médium. Suafilha Laura, de apenas nove anos de idade,desenvolveu a rara faculdade denominadapoliglota ou xenoglossia, chegando a falarnove ou dez línguas, que lhe eram desconhe-cidas.

Dos Estados Unidos, o movimentoespiritualista espalhou-se pela Europa,recrutando, preferentemente, os homens maisilustres da época.

Estava, assim, lançada, pelo plano es-piritual, a base para a Codificação do Es-piritismo, que seria, dentro de poucos anos,realizada pelo insigne missionário AllanKardec.

apítulo

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ABC do Espiritismo - 4 7 -

ALLAN K ARDEC E SUA OBRA

Hippolyte Léon Denizard Rivail – AllanKardec – nasceu na cidade de Lyon, na Fran-ça, a 3 de outubro de 1804.

Iniciou os estudos na sua terra natal.Aos doze anos de idade foi para Yverdun, naSuíça, onde, sob a direção do célebre pro-fessor Pestalozzi, aprimorou seus conheci-mentos, chegando mesmo a substituir, muitasvezes, o grande mestre, quando este se afas-tava do instituto, para atender a outroscompromissos, fora.

Kardec fez, também,um curso de línguas. Co-nhecia o alemão, o in-glês, o italiano, o es-panhol, o holandês epossuía ainda sólidacultura científica.

Publicou vários tra-balhos importantes, naépoca, tais como: “CursoPrático de Aritmética” ,“Gramática FrancesaClássica” , “Manual deExames para os títulos

de capacidade”, “Programa dos cursos usuaisde Química, Física, Astronomia e Fisiolo-gia” , “Catecismo Gramatical da língua fran-cesa para os iniciantes do idioma” e outrostrabalhos didáticos.

Além dessas obras, citaremos as daCodificação espírita, que são as seguintes:

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Em 18 de abril de 1857 – O Livro dosEspíritos.

Em janeiro de 1861 – O Livro dos Mé-diuns.

Em abril de 1864 – O Evangelho Segundo oEspiritismo.

Em agosto de 1865 – O Céu e o Inferno.

Em janeiro de 1868 – A Gênese.

Estas cinco obras constituem o chamadoPentateuco espírita.

Kardec escreveu, ainda, “O que é o Espi-ritismo” , “O Principiante Espírita” e “ObrasPóstumas” , que foram publicadas após suamorte. Fundou também a “Revue Spirite” , emjaneiro de 1858, que editou até o ano de1869.

Os Espíritos revelaram que Allan Kardecvivera, em uma de suas encarnações, na Gália,e seu nome era o pseudônimo por ele usadoagora, e que em outra encarnação, fora JoãoHuss, condenado a 6 de fevereiro de 1415 eexecutado nas fogueiras da inquisição, por-que pregava contra a injustiça daqueles quedetinham o poder nas mãos.

Em 1854, Kardec ouvira falar das chama-das mesas girantes. Seu amigo Fortier, queestudava magnetismo, disse-lhe que acabavade descobrir uma nova propriedade magnéti-ca: as mesas, além de girarem, também res-pondiam perguntas a elas formuladas.

Kardec revida esta afirmativa, dizendo:“Só acreditarei se me provarem que as mesastêm um cérebro para pensar e nervos para

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sentir. Enquanto isso, permita-me conside-rar esse fato como uma história fabulosa”.

Carlotti, outro amigo seu, faz-lhe re-ferência sobre a comunicação dos Espíritos;o Mestre torna-se, agora, interessado noassunto. Vai a casa da Sra. Planemaison e,através de sua mediunidade de efeitos físi-cos, verifica que, realmente, as mesas fa-lam. Rende-se ele à evidência dos fatos.Mas não parou aí. Viu nesse passatempo al-guma coisa de importante. Precisava inves-tigar e descobrir as causas que davam ori-gem a esses interessantes fenômenos.

Através da faculdade das meninas Baudin,viu a escrita por intermédio da cesta. Poresse processo eram dadas respostas, comexatidão, às perguntas formuladas aos Espí-ritos. Não havia dúvida: estava mesmo dian-te de um fato novo, que merecia carinhosoestudo. Passou, então, a fazer observaçõesatravés do método experimental, pois haviapercebido que os fenômenos eram produzidospelos Espíritos dos que já viveram na Ter-ra.

E, assim, pelas informações prestadaspor essas entidades comunicantes, AllanKardec escreveu “O Livro dos Espíritos” ,obra básica da doutrina Espírita.

Acresce esclarecer, ainda, que essa mo-numental obra não foi concebida por um fi-lósofo ou ditada por um Espírito: ela é oresultado das revelações de muitos Espíri-tos, todas concordantes, vindas por dife-rentes médiuns, em lugares diversos.

Essas comunicações passavam pelo crivo

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da razão do Codificador, que as analisava,comparava, discutia e só as aceitava depoisde verificar que se achavam isentas de quais-quer dúvidas.

Allan Kardec recebeu a notícia de queestava encarregado da Codificação, pelamédium Srta. Japhet, tendo seu guia lhedito:

“Não haverá diversas religiões nemhá mister senão de uma, que é a verda-deira, grande e digna do Criador...Seus primeiros fundamentos já foramlançados...”

“Haverá muitas ruínas e desolações;são chegados os tempos para a renova-ção da humanidade.”

Como se vê, Kardec fora, realmente, es-colhido pelo Cristo para o cumprimento dasublime missão de codificar o Espiritismo.E a escolha não poderia deixar de ser esta,uma vez que o Mestre possuía todas as qua-lidades indispensáveis ao cumprimento des-sa grande e árdua tarefa.

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CAlém de filósofo, benfeitor e idealis-ta, era dotado de um coração boníssimo, oque lhe dava condição para o cumprimento dolema da Doutrina nascente: Fora da cari-Fora da cari-Fora da cari-Fora da cari-Fora da cari-dade não há salvação.dade não há salvação.dade não há salvação.dade não há salvação.dade não há salvação.

Por motivo de um aneurisma e esgotadopelo exaustivo trabalho realizado em tãopouco tempo, o grande missionário de Lyonveio a desencarnar no dia 31 de março de1869.

À beira da sua sepultura, Flammarion,seu fiel seguidor, pronunciou estas pala-vras: “Ele porém era o que eu denominareisimplesmente o bom senso encarnado”.

Concluindo este capítulo, em o qual apre-ciamos rapidamente a obra incomparável deKardec, lembremos de que ele não morrera,passara para a espiritualidade após cumprira gloriosa missão que lhe fora confiada,legando à posteridade a imortal obra daCodificação, segundo os planos traçados porJesus, diretor de nosso Orbe.

apítulo

FLAMMARION, D ENIS E D ELANNE,FIÉIS CONTINUADORES DA

OBRA DE K ARDEC

7

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Na segunda edição da presente obra, de-liberamos acrescentar, nesta sua PrimeiraParte, mais um Capítulo, o 6, e, paraintegrá-lo, escolhemos três personagens que,pelos trabalhos por eles realizados em prolda então Doutrina nascente, trabalhos essesque abrangem o campo filosófico-cientí-filosófico-cientí-filosófico-cientí-filosófico-cientí-filosófico-cientí-fico-religiosofico-religiosofico-religiosofico-religiosofico-religioso, do Espiritismo, merecemdestaque especial, não só pela vasta produ-ção literária, desses três abnegados missi-onários do Cristo, mas, principalmente, porterem sido eles fiéis continuadores da obrade Allan Kardec.

Camille Flammarion – o explorador eo explorador eo explorador eo explorador eo explorador erevelador dos céus revelador dos céus revelador dos céus revelador dos céus revelador dos céus – foi quem popularizoua Astronomia, tendo recebido, na época, oPrêmio Motion, Prêmio Motion, Prêmio Motion, Prêmio Motion, Prêmio Motion, da Academia Francesa. Suasobras foram traduzidas em quase todas aslínguas, existindo, também, na França, cen-tenas de Grupos Espíritas, que levam seunome.

No Brasil, onde sua figura, como espí-rita e astrônomo, é bastante conhecida, existeum Observatório localizado na cidade deMatias Barbosa (MG), que tem seu nome.

Flammarion foi, sem dúvida alguma, umdesses espíritos que, de quando em vez,reencarnam em nosso orbe, a fim de auxiliarseus irmãos em experiência a darem mais umpasso rumo ao infinito. Mas, no seu caso,temos mais alguma coisa a acrescentar: elefazia parte, também, do mesmo grupo de Es-píritos que integrava Kardec e, por isso,sua vinda à Terra se deu na mesma época emque viera o mestre lionês, a fim de tomar

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parte, aqui, da equipe da Terceira Revela-ção liderada por ele, desempenhando tarefadefinida no campo da astronomia. Eis porque, no seu trabalho, notadamente no queversa sobre a Uranografia Geral, procuroudemonstrar que Deus não criara mundos so-mente para adornar o espaço infinito oupara deleitar nossas vistas, mas também paraservir de habitathabitathabitathabitathabitat a outras criaturas quepassam por eles, na trajetória infinita desua evolução.

Desde muito cedo Flammarion já se inte-ressava pelo estudo dos astros. Quando aindajovem, pois contava apenas vinte anos deidade, publicou seu primeiro livro intitulado“A pluralidade dos mundos habitados”“A pluralidade dos mundos habitados”“A pluralidade dos mundos habitados”“A pluralidade dos mundos habitados”“A pluralidade dos mundos habitados” ,,,,,que chamou a atenção dos sábios e cientistasda época. Mas não parou aí. Escreveu muitosoutros trabalhos, quase todos abordando as-suntos ligados à sobrevivência da alma apóssua desencarnação, trabalhos esses que ates-tam ter sido ele, realmente, um dos fiéiscontinuadores da monumental obra de Kardec.

Para o conhecimento dos leitores, cita-mos, ainda, “Deus na Natureza” , que é umestudo profundo de todos os fenômenos natu-rais; “O Desconhecido e os Problemas Psí-quicos” , “Urânia” , “As Casas Mal Assombra-das” , “ A Morte e seus Mistérios” , divididaem três volumes, que foi terminada quando oautor completava oitenta anos de idade, alémde “Sonhos Estelares” e outros trabalhosreferentes à Astronomia, que foram, também,traduzidos para línguas estrangeiras.

À beira do túmulo de Kardec, quando o

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mestre baixava à sepultura, Flammarion pro-feriu o célebre discurso, que se acha inse-rido no livro “Obras Póstumas” , exaltando afigura incomparável daquele que legara àposteridade a consoladora Doutrina ditadapelos Espíritos, pronunciando, na oportu-nidade, a conhecida frase: “Ele, porém,“Ele, porém,“Ele, porém,“Ele, porém,“Ele, porém,era o que eu denominarei simplesmente oera o que eu denominarei simplesmente oera o que eu denominarei simplesmente oera o que eu denominarei simplesmente oera o que eu denominarei simplesmente obom senso encarnado”.bom senso encarnado”.bom senso encarnado”.bom senso encarnado”.bom senso encarnado”.

Camille Flammarion nasceu no dia 21 defevereiro de 1842, em Montigny, França, edesencarnou em junho de 1925, com a idadede 83 anos.

Léon Denis – o apóstolo do Espiritismo –contava apenas onze anos de idade quandoKardec publicou a primeira edição de “OLivro dos Espíritos” . Ele fazia parte, tam-bém, da equipe da Terceira Revelação, eviera à Terra para complementar e divulgaros ensinos já enfeixados na CodificaçãoKardequiana.

Suas obras, quase todas de cunho filo-sófico-religioso, sintetizam, de maneiraextraordinária, seus conhecimentos, emboratenha sido um autodidata, de origem modes-ta, sem nenhum curso regular.

Quando ainda muito moço, revelou-se in-clinado para a Filosofia e as letras, tendoestudado todas as obras de Allan Kardec,nas quais encontrou subsídios para o apri-moramento de seu Espírito, preparando-se,dessa forma, para o fiel cumprimento dameritória missão que trouxera como seucontinuador, de quem se tornou fiel discí-pulo.

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Vale a pena transcrever, aqui, o belotrecho de sua obra “O Problema do Ser, do“O Problema do Ser, do“O Problema do Ser, do“O Problema do Ser, do“O Problema do Ser, doDestino e da Dor”Destino e da Dor”Destino e da Dor”Destino e da Dor”Destino e da Dor” , , , , , através do qual dizele:

“Dia virá, em que todos os pequenossistemas acanhados e envelhecidos, sefundirão numa síntese abrangendo to-dos os reinos da idéia. Ciências,filosofias, religiões, divididas hoje,reunir-se-ão na luz, e será então avida, o esplendor do Espírito, o rei-nado do Conhecimento. Neste acordomagnífico, as ciências fornecerão aprecisão e o método na ordem dos fa-tos; as filosofias, o rigor de suasdeduções lógicas; a poesia, a irra-diação de suas luzes e a magia desuas cores; a religião juntar-lhe-áas qualidades do sentimento e a noçãoda estética elevada. Assim, reali-zar-se-á a beleza na força e na uni-dade do pensamento. A alma orientar-se-á para os mais altos cimos, man-tendo ao mesmo tempo o equilíbrio derelação necessário para regular amarcha paralela e ritmada da inteli-gência e da consciência na sua ascen-são para a conquista do Bem e daVerdade”.

Léon Denis, durante sua preciosa exis-tência terrestre, proferiu inúmeros dis-cursos doutrinários, de rara beleza, emCongressos Internacionais.

Em 1889, tomou parte no II CongressoEspírita Internacional, tendo participado,

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também, do Congresso Espírita de Bruxelas –Bélgica – onde representou o movimento es-pírita da França e do Brasil. Em 1925, foiaclamado Presidente do Congresso EspíritaInternacional, realizado em Paris, do qualsaiu a Federação Espírita Internacional,transferida para Inglaterra, em 1948.

Léon Denis deixou, ainda, numerosos tra-balhos esparsos, tais como conferências,artigos, declarações, etc., muitos dos quaisnão foram publicados além de seus nove li-vros, que alinhamos a seguir: “No Invisí-vel” , “Depois da Morte” , “O Porquê da Vida” ,“O Grande Enigma” , “Cristianismo e Espiri-tismo” , “Joana D’Arc, Médium” , “O MundoInvisível e a Guerra” , “O Gênio Celta e oMundo Invisível” e “O Problema do Ser, doDestino e da Dor” , obras essas que se vin-culam à Codificação de Kardec, porquantoestava ele profundamente identificado com omestre lionês.

Assim, através dessa preciosa literatu-ra espírita que nos legara, o Espiritismofoi amplamente divulgado, não só nos paísesda Europa, mas principalmente entre os po-vos latino-americanos.

Antes, porém, de encerrarmos estas li-geiras notas sobre o apreciado escritorespírita francês, convém esclarecer, ain-da, que Léon Denis teve estreita ligaçãocom a Federação Espírita Brasileira, tendosido, a partir de 1901, aprovada, por una-nimidade, sua indicação para sócio Distintoe Presidente Honorário da FEB, passando aresponder, também, pela representação per-

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manente da Casa de Ismael na França e emoutros países do continente europeu.

Léon Denis nasceu em Foug, França, nodia 1.º de janeiro de 1846 e desencarnou nodia 12 de abril de 1927, em Tours, com 81anos de idade.

Gabriel Delane – o gigante do Espiri-tismo científico – nasceu exatamente no anoem que Allan Kardec publicava a primeiraedição de “O Livro dos Espíritos” . Seu pai,Alexandre Delane, era espírita e amicíssimode Kardec, motivo por que foi ele grandementeinfluenciado pela idéia nascente. Sua mãetrabalhou como médium, cooperando, assim,com o mestre de Lyon na codificação doEspiritismo.

Delane foi um dos maiores propagadoresda sobrevivência e comunicabilidade dosEspíritos, tendo escrito várias obras decunho científico, tais como “O EspiritismoPerante a Ciência” , “O fenômeno Espírita” ,“A Evolução Anímica” , “Pesquisas sobre amediunidade” , “As Aparições Materializadasde Vivos e Mortos” , além de outros traba-lhos esparsos.

Um dos temas que mais preocuparam o en-genheiro Delane, foi o perispírito,perispírito,perispírito,perispírito,perispírito, porser a base de todos os fenômenos mediúnicose anímicos. Procurou, ele, fazer a diferen-ça entre o animismo e o mediunismo, atravésde acurados estudos e pesquisas sobre tãoimportante assunto, sempre com muita pru-dência, qualidade que lhe era peculiar, me-

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recendo, por isso, a alcunha de gigante do gigante do gigante do gigante do gigante doEspiritismo científico.Espiritismo científico.Espiritismo científico.Espiritismo científico.Espiritismo científico.

Comentar, neste Capítulo, cada um deseus livros, não é nosso objetivo, mesmoporque, se quiséssemos abordar, embora emsíntese, tudo quanto Delane enfeixou na suaobra, não seria possível num pequeno traba-lho como este, cujo título bem demonstratratar-se de um ABC da Doutrina Espírita.Portanto, quem quiser se aprofundar maisnos estudos do Espiritismo, sob o aspectocientífico, aí estão seus livros, conformecitação já feita, todos traduzidos para alíngua portuguesa. Todavia, não podemosdeixar de transcrever, para este Capítulo,a interessante entrevista concedida por ele,nos planos espirituais, ao Espírito AndréLuiz, inserida na obra “Entre Irmãos de“Entre Irmãos de“Entre Irmãos de“Entre Irmãos de“Entre Irmãos deOutras TerrasOutras TerrasOutras TerrasOutras TerrasOutras Terras” psicografada por FranciscoCândido Xavier e Waldo Vieira (2.ª Ediçãoda FEB, 1967), em data de 20 de agosto de1965, através da qual respondeu a váriasquestões, que bem demonstram ter sido ele,realmente, um dos mais destacadosum dos mais destacadosum dos mais destacadosum dos mais destacadosum dos mais destacadoscontinuadores de Allan Kardec.continuadores de Allan Kardec.continuadores de Allan Kardec.continuadores de Allan Kardec.continuadores de Allan Kardec.

Eis as seis perguntas mais expressivas:

1) Admite que os princípios espíri-tas estão caminhando lentamente nomundo?

R Não penso assim... As atividadesespíritas contam pouco mais de umséculo e um século é período demasi-ado curto em assuntos do espírito.

2) Muitos amigos na Terra são de

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parecer que os Mensageiros daEspiritualidade Superior deveriam pa-trocinar mais amplas manifestações demediunidade de efeitos físicos parabenefício dos homens, como sejammaterializações e vozes diretas. Quepensa a respeito?

R Creio que a mediunidade de efeitosfísicos serve à convicção, mas nãoadianta ao serviço indispensável narenovação espiritual. Os Espíritos Su-periores agem acertadamente em lhepodando os surtos e as motivações,para que os homens, nossos irmãos,despertem à luz da Doutrina Espíri-ta, entregando a consciência ao es-forço de aprimoramento moral.

3) Conquanto tenha essa opinião,julga que o Espiritismo precisa aten-der ao incremento e melhoria damediunidade?

R Não teríamos o Evangelho sem JesusCristo e não teríamos Jesus Cristosem o socorro aos sofredores pelosprocessos mediúnicos que lhe carac-terizaram a presença na Terra.

4) Para que região devemos nós, aseu ver, conduzir a pesquisa cientí-fica na Terra, de vez que a conquistada paisagem material de outros pla-netas não adiantará muito ao pro-gresso moral das criaturas?

R Devemos estimular os estudos emtorno da matéria e da reencarnação,

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analisar o reino maravilhoso da men-te e situar no exercício da mediunidadeas obras da fraternidade, da orien-tação, do consolo e do alívio às múl-tiplas enfermidades das criaturas ter-restres...

5) Onde os percalços maiores para aexpansão da Doutrina Espírita?

R Em nossa opinião, os maiores emba-raços para o Espiritismo procedem daatuação daqueles que reencarnam, pro-metendo servi-lo, seja através damediunidade direta ou da mediunidadeindireta, no campo da inspiração e dainteligência, e se transviam nas se-duções da esfera física, converten-do-se em médiuns autênticos das re-giões inferiores, de vez que não ne-gam as verdades do Espiritismo, masestão prontos a ridicularizá-las,através de escritos sarcásticos ouda arte histriônica, junto dos quaisencontramos as demonstraçõesfenomênicas improdutivas, as histó-rias fantásticas, o anedotário de-primente e os filmes de terror.

6) Como vê semelhantes deformações?

R Os milhões de Espíritos inferioresque cercam a Humanidade possuem seusmédiuns. Impossível negar isso.

Em síntese, aí está, caro leitor, o quefoi o eminente cientista francês, nascidoaos 23 de março de 1857 e desencarnado a 15de fevereiro de 1926, com a idade de 69

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ABC do Espiritismo - 6 1 -

anos, após haver cumprido sua missão naTerra, também como integrante da equipe decolaboradores do mestre Kardec, que veiopara ampliar os conhecimentos humanosconcernentes ao aspecto científico do Espi-ritismo e, agora, continuando seu trabalhonos planos mais altos, em prol desta huma-nidade sofredora.

Ao finalizar, pois, este Capítulo, afir-mamos, mais uma vez, que estes três missi-onários, que mais se dedicaram na produçãode obras consideradas subsidiárias às deAllan Kardec, ocupam, certamente, lugarrelevante no mais alto conceito dos valoresculturais da nossa amada Doutrina Espírita.

apítulo

SÍNTESE DE

“O L IVRO DOS E SPÍRITOS”

– P ARTE P RIMEIRA –DAS C AUSAS P RIMÁRIAS

– C APÍTULO I –DE D EUS

1Deus e o infinito. 2 Provas da existênciad e D e u s .3 Atributos da Divindade. 4 Panteísmo.

11111 DEUS E O INFINITODEUS E O INFINITODEUS E O INFINITODEUS E O INFINITODEUS E O INFINITO

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- 6 2 - ABC do Espiritismo

Deus é a inteligência suprema, causaprimária de todas as coisas. Será Deus oinfinito? Tudo o que é desconhecido é infi-nito, mas essa definição é incompleta. Alinguagem humana é insuficiente para defi-nir o que está acima de seus conhecimentos.

22222 PROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUSPROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUSPROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUSPROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUSPROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS

A prova da existência de Deus se encon-tra nas obras da Criação. O Universo exis-te, logo tem uma causa. Essa causa é Deus.A sua obra é o efeito. O sentimento íntimoque temos da existência de Deus é uma provade que ele existe. Esse sentimento é inatotambém nos povos selvagens.

Nas propriedades íntimas da matéria nãose pode encontrar a causa primária de todasas coisas, pois se assim fosse estaríamostomando o efeito pela causa, porquanto es-sas propriedades são também um efeito quehá de ter uma causa. Atribuir a formaçãoprimária a uma formação fortuita da matériaou ao acaso, é outro absurdo. Pela obra seconhece o autor. Não podendo nenhum serhumano criar o que a Natureza produz, há dese atribuir a causa primária a uma inteli-gência superior à Humanidade – Deus.

33333 ATRIBUTOS DA DIVINDADEATRIBUTOS DA DIVINDADEATRIBUTOS DA DIVINDADEATRIBUTOS DA DIVINDADEATRIBUTOS DA DIVINDADE

O homem não pode compreender a naturezaíntima de Deus, pois falta-lhe, para isso,o sentido próprio. Quando alcançar a per-feição, isto é, quando não tiver mais seuEspírito obscurecido pela matéria, poderáele ver e compreender Deus. Sabemos queDeus é eterno, eterno, eterno, eterno, eterno, porque não teve princípio;

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ABC do Espiritismo - 6 3 -

que é imutável, imutável, imutável, imutável, imutável, porque não está sujeito amudanças; que é imaterial, imaterial, imaterial, imaterial, imaterial, pois difere detudo o que é matéria, e, finalmente, que éúnico, onipotente, soberanamente justoúnico, onipotente, soberanamente justoúnico, onipotente, soberanamente justoúnico, onipotente, soberanamente justoúnico, onipotente, soberanamente justoe bom.e bom.e bom.e bom.e bom. Se muitos deuses houvesse deixariade ser onipotente, pois algo haveria maispoderoso. A sabedoria providencial das leisdivinas se revela em todas as coisas, o quenos permite não duvidar da justiça,justiça,justiça,justiça,justiça, nem dabondadebondadebondadebondadebondade de Deus.

44444 PANTEÍSMOPANTEÍSMOPANTEÍSMOPANTEÍSMOPANTEÍSMO

Dizer-se que Deus é a resultante de to-das as forças e de todas as inteligênciasdo Universo, reunidas, é negar a sua exis-tência, porquanto seria efeito e não causa.Admitindo-se que todos os seres e todos osmundos são partes da Divindade, está sefazendo de Deus um ser material, sujeito aevolução, o que vem de encontro ao atributoimutabilidade.imutabilidade.imutabilidade.imutabilidade.imutabilidade. A escola Panteísta, con-funde o Criador com a criatura, como o fa-ria quem pretendesse que engenhosa máquinafosse parte integrante de quem a construiu.A inteligência de Deus se revela em suasobras, mas, as obras de Deus não são opróprio Deus, como o quadro não é o pintorque o executou.

– C APÍTULO II –DOS ELEMENTOS GERAIS DO U NIVERSO

1 Conhecimento do princípio das coisas. 2E s p í r i t o e m a t é r i a .3 Propriedades da matéria. 4 Espaço univer-sal.

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11111 CONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DAS COISASCONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DAS COISASCONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DAS COISASCONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DAS COISASCONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DAS COISAS

O conhecimento do princípio das coisasé dado ao homem gradativamente, à medidaque ele se depura e que outras faculdadesvão surgindo nele. Pelas investigações ci-entíficas, o homem vai penetrando nos se-gredos da natureza. Às vezes, Deus permiterevelações que estão além dos conhecimentosnormais da ciência. Por essas revelações ohomem adquire, dentro de certos limites, oconhecimento do seu passado e do seu futu-ro.

22222 ESPÍRITO E MATÉRIAESPÍRITO E MATÉRIAESPÍRITO E MATÉRIAESPÍRITO E MATÉRIAESPÍRITO E MATÉRIA

Se a matéria existe desde toda a eterni-dade, ou se foi criada depois, só Deus osabe. Mas, de uma coisa estejamos certos:Deus nunca esteve inativo. Criou e criasempre.

A matéria não é somente o que tem exten-são, o que é capaz de nos impressionar ossentidos; ela existe em estado ainda desco-nhecido. Embora seja etérea e sutil, quenenhuma impressão cause aos nossos senti-dos, não deixa de ser matéria. A matéria éo agente, o intermediário com o auxílio doqual e sobre o qual atua o Espírito, exer-cendo sua ação. O Espírito, princípio inte-ligente do Universo, independe da matéria.São distintas uma do outro. Entretanto, podese conceber o Espírito sem a matéria e amatéria sem o Espírito, isto é, pelo pen-pen-pen-pen-pen-samento.samento.samento.samento.samento.

No Universo há dois elementos gerais: amatéria e o Espírito. Deus, Espírito e ma-

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ABC do Espiritismo - 6 5 -

téria constituem o princípio de tudo o queexiste – a trindade universal. O fluidoelétrico e o magnético são modificações dofluido universal, que é a matéria mais su-til e que se pode considerar independente.A matéria e o princípio inteligente estãosubordinados a uma inteligência suprema –Deus.

33333 PROPRIEDADES DA MATÉRIAPROPRIEDADES DA MATÉRIAPROPRIEDADES DA MATÉRIAPROPRIEDADES DA MATÉRIAPROPRIEDADES DA MATÉRIA

A ponderabilidade não é considerada atri-buto do f luido universal. Este éimponderável, mas nem por isso deixa de sero princípio da matéria pesada. As modifica-ções que sofrem as moléculas elementares damatéria dão origem às diversas propriedadesdestas, cujas modificações se dão por efei-to da sua união, em circunstâncias especi-ais. O oxigênio, o carbono, o azoto, enfimtodos os corpos considerados simples, sãomeras modificações de uma substância primi-tiva. A força e o movimento são duas pro-priedades inerentes à matéria. As demaispropriedades são efeitos secundários, quevariam conforme a disposição das moléculas:um corpo opaco pode se tornar transparentee vice-versa. A forma das moléculas podeser constante ou variável. A das moléculaselementares primitivas é constante,constante,constante,constante,constante, poréma das moléculas secundárias, que são aglo-merações das primeiras, é variável.variável.variável.variável.variável. Daíporque há diversidade na natureza.

44444 ESPAÇOESPAÇOESPAÇOESPAÇOESPAÇO

O espaço universal não tem limites. Su-pondo-se limitado, o que haverá além deseus limites? Não há vazio em a natureza.

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Em parte alguma do espaço universal há vá-cuo absoluto. O que parece vazio está ocu-pado por matéria que escapa aos nossos sen-tidos e instrumentos.

– C APÍTULO III –DA C RIAÇÃO

1 Formação dos mundos. 2 Formação dos seresvivos. 3 Povoa-mento da Terra. Adão. 4 Di-v e r s i d a d e d a s r a ç a s h u m a n a s .5 Pluralidade dos mundos. 6 Considerações econcordâncias bíblicas no tocante à cria-ção.

11111 FORMAÇÃO DOS MUNDOSFORMAÇÃO DOS MUNDOSFORMAÇÃO DOS MUNDOSFORMAÇÃO DOS MUNDOSFORMAÇÃO DOS MUNDOS

O Universo abrange todos os mundos, vi-síveis e invisíveis, todos os seres anima-dos e inanimados, todos os astros e os fluidosque enchem o espaço infinito. O universofoi criado pela vontade de Deus, através dacondensação da matéria. Não se pode conhe-cer o tempo que dura a formação dos mundos,nem quando desaparecerão, mas é certo queDeus os renova como renova os seres vivos.

22222 FORMAÇÃO DOS SERES VIVOSFORMAÇÃO DOS SERES VIVOSFORMAÇÃO DOS SERES VIVOSFORMAÇÃO DOS SERES VIVOSFORMAÇÃO DOS SERES VIVOS

Quando a Terra atingiu as condições ne-cessárias ao aparecimento da vida, surgiramentão os primeiros seres vivos que aguarda-vam em estado de germens. Os princípiosorgânicos se congregaram e se multiplica-ram, cada um segundo sua espécie. Esseselementos orgânicos se encontravam em esta-do fluídico, no espaço ou em outros plane-tas, à espera da criação da Terra para co-

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ABC do Espiritismo - 6 7 -

meçar aí existência nova. A espécie humanatambém veio a seu tempo. A época do apare-cimento do homem e de outros seres vivosnão se pode determinar com exatidão.

33333 POVOAMENTO DA TERRA. ADÃOPOVOAMENTO DA TERRA. ADÃOPOVOAMENTO DA TERRA. ADÃOPOVOAMENTO DA TERRA. ADÃOPOVOAMENTO DA TERRA. ADÃO

A espécie humana não começou por um úni-co homem. Kardec, comentando a resposta dadapelos Espíritos sobre o povoamento da Terrae a época em que viveu Adão (4000 anosa.C.), entre outras coisas diz:

“As leis da Natureza se opõem a que osprogressos da humanidade, comparadosmuito tempo antes do Cristo, se te-nham realizado em alguns séculos, comohouvera sucedido se o homem não exis-tisse na Terra senão a partir da épo-ca indicada para a existência de Adão.Muitos, com muita razão, consideramAdão um mito ou uma alegoria que per-sonifica as primeiras idades do mun-do”.

44444 DIVERSIDADE DAS RAÇAS HUMANASDIVERSIDADE DAS RAÇAS HUMANASDIVERSIDADE DAS RAÇAS HUMANASDIVERSIDADE DAS RAÇAS HUMANASDIVERSIDADE DAS RAÇAS HUMANAS

O clima, a vida e os costumes influíramna diversidade das raças. Em várias épocaso homem surgiu em diferentes pontos do glo-bo, mas constituindo sempre a mesma espé-cie. Daí porque se diz que todos os homenssão irmãos em Deus.

55555 PLURALIDADE DOS MUNDOSPLURALIDADE DOS MUNDOSPLURALIDADE DOS MUNDOSPLURALIDADE DOS MUNDOSPLURALIDADE DOS MUNDOS

Em todos os mundos, quando alcançam con-dições favoráveis à vida, ela aparece. Hámundos inferiores e superiores à Terra. Dizer-se que somente a Terra é habitada, é duvi-

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dar-se da sabedoria de Deus, que não fazcoisa alguma inútil. A constituição físicados diferentes mundos não se assemelha. Cadaser que os habita possui uma organizaçãoprópria ao ambiente, como os peixes possuemum organismo adequado à vida debaixo daságuas. Os mundos mais afastados do Sol nãoficam privados da luz e do calor. Há outrasfontes, como a eletricidade, por exemplo,que exercem importante papel nesse sentido.

66666 CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃOCONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃOCONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃOCONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃOCONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃO

Diz a Bíblia que o homem foi o último aser criado. Com efeito, pelos arquivos en-contrados na Terra, a ciência descobriu aordem em que surgiram os seres vivos, ordemessa mais ou menos de acordo com o querelata o Gênese de Moisés. Por outro lado,há profunda divergência na maneira miraculosacomo foi executado o trabalho da criação,pois ao invés de ser realizado em algunsdias, levou alguns milhões de anos, confor-me as leis que regem os fenômenos da natu-reza. Mas, de qualquer forma, Deus não fi-cou sendo menos poderoso. Sua vontade sefez sentir para a realização da grande obra,embora o prazo tenha sido dilatado,grandemente. E o homem, de acordo com aciência, realmente surgiu em último lugar.

– C APÍTULO IV –DO PRINCÍPIO VITAL

1 Seres orgânicos. 2 A vida e a morte. 3Inteligência e instinto.

11111 SERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOSSERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOSSERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOSSERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOSSERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOS

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Os seres orgânicos nascem, crescem, re-produzem-se por si mesmos e morrem. A essaclasse pertencem o homem, os animais e asplantas. Os inorgânicos não têm vida pró-pria e se formam pela agregação de matéria.São os minerais, a água, o ar, etc. É amesma força que une os elementos dos corposorgânicos e inorgânicos. Essa força é regidapela lei da atração. Nos corpos orgânicos,a matéria se acha animalizada, através desua união com o princípio vital, que dávida a todos os seres que o absorvem eassimilam. Esse fluido se modifica segundoa espécie a que constitui. É ele que lhe dámovimento e atividade e o distingue da ma-téria inerte.

22222 A VIDA E A MORTEA VIDA E A MORTEA VIDA E A MORTEA VIDA E A MORTEA VIDA E A MORTE

A morte dos seres orgânicos se dá quandohá esgotamento dos órgãos que os constitu-em. O princípio vital dos seres orgânicos,quando estes morrem, volta à massa de ondesaiu, porém, a matéria inerte se decompõe evai formar novos organismos.

A quantidade de fluido vital varia deacordo com o indivíduo. Alguns há que seacham saturados desse fluido, enquanto ou-tros possuem somente o necessário para vi-ver. Ele se transmite de um indivíduo aoutro. Na transmissão do passe, por exem-plo, ocorre esse fenômeno.

33333 INTELIGÊNCIA E INSTINTOINTELIGÊNCIA E INSTINTOINTELIGÊNCIA E INSTINTOINTELIGÊNCIA E INSTINTOINTELIGÊNCIA E INSTINTO

Será a inteligência atributo do princí-pio vital? Não, pois as plantas vivem e nãopensam. A inteligência e a matéria são in-

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dependentes. É preciso que o Espírito seu n a à m a t é r i a a n i m a l i z a d a p a r aintelectualizá-la.

Dependerá o instinto da inteligência?Não, o instinto é uma espécie de inteligên-cia sem raciocínio, porém não se pode esta-belecer uma linha de separação entre ambos,pois sempre se confundem. No homem existe,mas ele o despreza.

– P ARTE S EGUNDA –DO MUNDO DOS E SPÍRITOS

– C APÍTULO I –DOS E SPÍRITOS

1 Origem e natureza dos Espíritos. 2 Mundon o r m a l p r i m i t i v o .3 Forma e ubiqüidade dos Espíritos. 4Perispíritos. 5 Diferentes ordens de Espí-ritos. 6 Escala espírita. 7 Progresso dosE s p í r i t o s .8 Anjos e demônios.

11111 ORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOSORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOSORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOSORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOSORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOS

Os Espíritos são seres inteligentes daCriação; povoam o Universo. Foram criadospor Deus, porém quando e como ninguém sabe.São eles individualização do princípio in-teligente, como os corpos são do princípiomaterial. Sua Criação é permanente, isto é,Deus jamais deixou de os criar, mas suaorigem ainda constitui mistério. O que sa-bemos é que a existência dos Espíritos nãotem fim.

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22222 MUNDO NORMAL PRIMITIVOMUNDO NORMAL PRIMITIVOMUNDO NORMAL PRIMITIVOMUNDO NORMAL PRIMITIVOMUNDO NORMAL PRIMITIVO

Os espír i tos são intel igênciasincorpóreas que formam um mundo à parte – omundo dos Espíritos. Embora seja o mundodos Espíritos independente do mundo corpo-ral, existe perfeita correlação entre am-bos, portanto reagem um sobre outro. Daíporque os Espíritos estão por toda parteservindo de instrumento de que Deus se uti-liza para a execução de seus desígnios.

33333 FORMA E UBIQÜIDADE DOS ESPÍRITOSFORMA E UBIQÜIDADE DOS ESPÍRITOSFORMA E UBIQÜIDADE DOS ESPÍRITOSFORMA E UBIQÜIDADE DOS ESPÍRITOSFORMA E UBIQÜIDADE DOS ESPÍRITOS

Os Espíritos não têm forma determinada,a não ser para eles próprios. Uma chama, umclarão ou uma centelha podem definir o Es-pírito. Essa chama ou clarão, que vai docolorido escuro e opaco a uma cor brilhan-te, qual a do rubi, é inerente ao seu graude adiantamento. Os Espíritos percorrem oespaço com a rapidez do pensamento e podem,se o quiserem, inteirar-se da distânciapercorrida. A matéria não lhes opõe obstá-culo: passam através de tudo.

Quanto ao chamado dom da ubiqüidade, oEspírito não pode dividir-se, ou existir emmuitos pontos ao mesmo tempo. Ocorre, en-tretanto, que cada um é um centro de irra-diação para diversos lugares diferentes,como o Sol irradia para todos os recantosda Terra sem dividir-se. A força de irradi-ação de cada Espírito depende do grau desua pureza.

44444 PERISPÍRITOPERISPÍRITOPERISPÍRITOPERISPÍRITOPERISPÍRITO

O Espírito encontra-se envolto numa subs-tância vaporosa que se denomina perispírito,perispírito,perispírito,perispírito,perispírito,

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por meio da qual se eleva na atmosfera etransporta-se aonde queira. Esse invólucrotira ele do fluido universal de cada globoe lhe dá a forma que deseja. Daí porque,passando de um mundo para outro, o Espíritomuda de envoltório, como mudamos de roupa.

55555 DIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOSDIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOSDIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOSDIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOSDIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOS

Os Espíritos pertencem a diferentes or-dens, conforme o grau de perfeição a quealcançaram. São três as principais ordens: àprimeira, pertencem os Espíritos puros, istoé, os que já atingiram a perfeição máxima; àsegunda, os que chegaram ao meio da escala,nos quais já predomina o desejo do bem, e àterceira, pertencem os Espíritos imperfei-tos. Nestes, predominam a ignorância, o de-sejo do mal e todas as paixões más.

66666 ESCALA ESPÍRITAESCALA ESPÍRITAESCALA ESPÍRITAESCALA ESPÍRITAESCALA ESPÍRITA

A classificação dos Espíritos se baseiano seu grau de adiantamento, nas qualidadesque adquiriram e nas imperfeições de queainda terão de se despojar.

a) Terceira ordem. Espíritos imperfei-tos, nos quais predomina a matéria so-bre o Espírito. São ignorantes, orgu-lhosos, vaidosos, egoístas, enfim, pro-pensos ao mal.

b) Segunda ordem. Bons Espíritos. Nes-tes predomina o Espírito sobre a ma-téria; sentem o desejo do bem. Nãoe s t a n d o a i n d a c o m p l e t a m e n t edesmaterializados, conservam os tra-ços da existência corporal, tanto naforma da linguagem, quanto nos hábi-

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ABC do Espiritismo - 7 3 -

tos.

c) Primeira ordem. Espíritos puros,isto é, não há neles nenhuma influên-cia. São dotados de uma superioridademoral e intelectual absoluta, com re-lação aos espíritos de outras ordens.Já percorreram todos os graus da es-cala evolutiva não tendo mais neces-sidade da reencarnação. Gozam, porisso, de inalterável felicidade.

77777 PROGRESSO DOS ESPÍRITOSPROGRESSO DOS ESPÍRITOSPROGRESSO DOS ESPÍRITOSPROGRESSO DOS ESPÍRITOSPROGRESSO DOS ESPÍRITOS

Os Espíritos melhoram-se por si mesmos,passando de uma ordem inferior para outramais elevada. Deus os criou simples e igno-rantes e a cada um deu determinada missãocom o fim de esclarecê-los e de os fazerchegar progressivamente à perfeição peloconhecimento da verdade. Passando pelasprovas que Deus lhes impõe é que chegam aadquirir os necessários conhecimentos paraa eterna felicidade. Os que aceitam submis-sos essas provas, chegam mais depressa àmeta que lhes foi assinada. Aqueles, porém,que só as suportam murmurando, pela faltaem que desse modo incorrem, permanecem afas-tados da perfeição e da prometida felicida-de. Todos os Espíritos se tornarão perfei-tos. Uns, alcançam mais ou menos rápido oestado de perfeição; outros, demoram mais aalcançar esse estado, mas, de qualquer for-ma, todos evoluem. Às vezes podem permane-cer, por longo tempo, estacionários, masnão retrogradam.

Os Espíritos não estão isentos das pro-

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vas que lhes cumpre sofrer, pois se Deus oshouvesse criado perfeitos, nenhum méritoteriam para gozar dos benefícios dessa per-feição. Assim, todos passam pela fieira daignorância, mas pelo trabalho realizado,através das múltiplas reencarnações, atin-girão o estado de felicidade.

Os Espíritos adquirem consciência de simesmos à medida que o livre-arbítrio sedesenvolve. Por essa razão há Espíritos que,desde o princípio, fazendo uso de seu li-vre-arbítrio, seguem o caminho do bem; ou-tros há que permanecem por longo tempo vo-tados ao mal, mas, mesmo assim, Deus olhade igual maneira para os que se transviarame para outros, e a todos ama com o mesmocoração.

88888 ANJOS E DEMÔNIOSANJOS E DEMÔNIOSANJOS E DEMÔNIOSANJOS E DEMÔNIOSANJOS E DEMÔNIOS

Os seres chamados anjos, arcanjos eserafins, não formam uma categoria especi-al; são eles Espíritos puros que atingiriamo mais alto grau da escala e reúnem todasas perfeições. Não foram criados perfeitos,mas, sim, dotados da faculdade de evoluir,como os demais Espíritos. A palavra anjosignifica “gênio” e serve para designar todosos seres, bons ou maus, que estão fora dahumanidade. Daí porque se diz: o anjo bom e oanjo mau; o anjo de luz e o anjo das trevas.

A palavra demônio deriva do termo gregodaimon, daimon, daimon, daimon, daimon, e não implica a idéia de Espíritomau; significa gênio,gênio,gênio,gênio,gênio, inteligência, e seaplica aos seres incorpóreos, bons ou maus,indistintamente.

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ABC do Espiritismo - 7 5 -

– C APÍTULO II – D A ENCARNAÇÃO DOS E SPÍRITOS

1 Objetivo da encarnação. 2 A alma.3 Materialismo.

11111 OBJETIVO DA ENCARNAÇÃOOBJETIVO DA ENCARNAÇÃOOBJETIVO DA ENCARNAÇÃOOBJETIVO DA ENCARNAÇÃOOBJETIVO DA ENCARNAÇÃO

O objetivo da encarnação dos Espíritosé para que eles alcancem a perfeição. Parauns, é expiação; para outros missão. Mesmoque um Espírito, desde o princípio, tenhaseguido o caminho do bem, há necessidade daencarnação para que se instrua nas lutas etribulações da vida corporal, adquirindo,conseqüentemente, méritos.

22222 A ALMAA ALMAA ALMAA ALMAA ALMA

A alma é um Espírito encarnado. O laçoque liga a alma ao corpo é semi-material,isto é, de natureza intermédia entre oEspírito e o corpo. Por meio desse laço éque ele atua na matéria.

O homem é formado de três partes: 1. ocorpo, que é análogo ao dos animais; 2. aalma, Espírito encarnado, que tem no corposua habitação; 3. o princípio intermediá-rio, ou perispírito,perispírito,perispírito,perispírito,perispírito, que serve de primei-ro envoltório ao Espírito e liga a alma aocorpo.

O corpo pode existir sem a alma, mas,desde que cesse a vida deste, a alma oabandona. A vida orgânica pode animar umcorpo sem alma, mas a alma não pode habitarum corpo sem vida orgânica. Um Espírito nãopode encarnar, ao mesmo tempo, em dois cor-

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pos, pois ele é indivisível. A teoria deque a alma pode se subdividir em tantaspartes quantos são os músculos e presidirassim a cada uma das funções do corpo, temrazão de ser, desde que se considere poralma o fluido vital, mas no caso de seentender por alma o Espírito encarnado, essateoria é errônea, pois ele imprime o movi-mento aos órgãos do corpo servindo-se dofluido intermediário, sem, entretanto, sesubdividir.

Como o Espírito é uno, está todo nacriança como no adulto. Os órgãos das mani-festações da alma, é que se desenvolvem ese completam. A alma não tem no corpo sededeterminada, porém, nos grandes gênios, emtodos os que pensam muito, ela reside maisparticularmente na cabeça; aqueles que mui-to sentem e cujas ações têm todas por obje-to a Humanidade, a alma ocupa principalmen-te o coração.

33333 MATERIALISMOMATERIALISMOMATERIALISMOMATERIALISMOMATERIALISMO

Todos os que se aprofundam nas ciênciasda Natureza, como os anatomistas, osfisiologistas, etc., só fazem referência aoque vêem. Não admitem, pelo orgulho, quehaja algo acima de seu entendimento. Poresse motivo são levados, muitas vezes, aomaterialismo. Graças à Terceira Revelação,a maioria dos homens de ciência da atuali-dade já se tornou espiritualista.

– C APÍTULO III –DA VOLTA DO E SPÍRITO ,

EXTINTA A VIDA CORPÓREA, À VIDA ESPIRITUAL

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1 A alma após a morte; sua individualida-d e . V i d a e t e r n a .2 Separação da alma e do corpo. 3 Pertur-bação espiritual.

11111 A ALMA APÓS A MORTEA ALMA APÓS A MORTEA ALMA APÓS A MORTEA ALMA APÓS A MORTEA ALMA APÓS A MORTE

Após a desencarnação, a alma volta a serEspírito, isto é, volve ao mundo dos Espí-ritos de onde se aparta momentaneamente,conservando sua individualidade e o fluidoque lhe é próprio, haurido na atmosfera doseu planeta. Leva consigo a lembrança e odesejo de ir para um mundo melhor, lembran-ça essa cheia de doçura ou amargor, confor-me o uso que fez da vida. Temos prova de quea alma conserva sua individualidade após amorte, pelas comunicações que dela recebe-mos.

22222 SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPOSEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPOSEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPOSEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPOSEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO

Será dolorosa a separação da alma e docorpo? Não; o corpo quase sempre sofre maisdurante a vida do que no momento da morte.Essa separação se opera pela ruptura doslaços que a retinha ligada ao corpo; não seprocessa instantaneamente; é lenta egradativa, de acordo com o grau de evoluçãoa que alcançou o Espírito durante sua vidaterrena. Ocorre, muitas vezes, que a sepa-ração da alma e do corpo se dá mesmo antesda cessação completa da vida orgânica. Naagonia, a alma, alguma vezes, já tem deixa-do o corpo; nada mais há que a vida orgâni-ca.

O corpo é a máquina que o coração põe emmovimento. Existe enquanto o coração faz

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circular o sangue nas veias, para o que nãonecessita da alma.

Dependendo do grau de adiantamento, aalma sente que se desfazem os laços que aprendem ao corpo, auxiliando mesmo paradesfazê-los inteiramente, pois o futuro des-dobra-se diante de si e já goza, por ante-cipação, do estado de Espírito. Pode elaencontrar-se com os que conheceu na Terra,dependendo da afeição que lhes votava. Vêos que estão na erraticidade, como vê osencarnados e os vai visitar.

Nos casos de morte violenta e aciden-tal, isto é, quando a desencarnação nãoresulta da extinção gradual das forças vi-tais, os laços que prendem o corpo aoperispírito são mais tenazestenazestenazestenazestenazes e, conseqüen-temente, mais demorado o despreendimentocompleto.

33333 PERTURBAÇÃO ESPIRITUALPERTURBAÇÃO ESPIRITUALPERTURBAÇÃO ESPIRITUALPERTURBAÇÃO ESPIRITUALPERTURBAÇÃO ESPIRITUAL

A alma após deixar o corpo passa algumtempo em estado de perturbação, porém esseestado depende da elevação de cada um. Aqueleque já se encontra purificado, se reconhecequase imediatamente, pois que se libertouda matéria antes que cessasse a vida docorpo.

O conhecimento do Espiritismo exercegrande influência sobre a duração do estadode perturbação, pois o espírita já compre-ende antecipadamente sua situação. Entre-tanto, a prática do bem e a consciênciapura são o que maior influência exercem.

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– C APÍTULO IV –DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

1 A reencarnação. 2 Justiça da reencarna-ção. 3 Encarnação nos diferentes mundos. 4Transmigração progressiva. 5 Sorte das cri-anças após a morte. 6 Sexos nos Espíritos.7 Parentesco, filiação. 8 Parecenças físi-cas e morais. 9 Idéias inatas.

11111 A REENCARNAÇÃOA REENCARNAÇÃOA REENCARNAÇÃOA REENCARNAÇÃOA REENCARNAÇÃO

A alma que não se depurou durante a vidacorpórea, sofre a prova de uma nova exis-tência, durante a qual dá mais um passo nasenda do progresso. É por essa razão quepassamos por muitas existências.

O objetivo da reencarnação é a expiaçãoe o melhoramento progressivo da Humanidade.Desde que o Espírito se ache limpo de todasas impurezas, não tem mais necessidade dasprovas da vida corporal, alcançando, então,o estado de Espírito bem-aventurado; puroEspírito.

22222 JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃOJUSTIÇA DA REENCARNAÇÃOJUSTIÇA DA REENCARNAÇÃOJUSTIÇA DA REENCARNAÇÃOJUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO

A justiça de Deus se manifesta na reen-carnação, pois é através dela que os Espí-ritos tendem para a perfeição; Deus lhesfaculta esse meio para alcançá-la, propor-cionando-lhes as provas da vida corporal.

A doutrina da reencarnação é a única quecorresponde à idéia que formamos da justiçade Deus; é a única que pode explicar ofuturo e firmar as nossas esperanças, poisque oferece os meios de resgatarmos os nos-

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sos erros por meio de novas provações. OsEspíritos a ensinam e a razão no-la indica.

33333 ENCARNAÇÃO NOS DIFERENTES MUNDOSENCARNAÇÃO NOS DIFERENTES MUNDOSENCARNAÇÃO NOS DIFERENTES MUNDOSENCARNAÇÃO NOS DIFERENTES MUNDOSENCARNAÇÃO NOS DIFERENTES MUNDOS

Não é somente na Terra que reencarnamos;podemos viver em mundos diferentes. As queaqui passamos não são as primeiras nem asúltimas; são, porém, as mais materiais edas mais distantes da perfeição.

A alma pode viver muitas vezes no mesmoglobo e só passar a reencarnar em mundossuperiores quando haja alcançado condiçãosuficiente para tal.

Embora tenhamos vivido em outros mun-dos, podemos voltar a este, mesmo que nãotenhamos nenhuma vantagem particular, a menosque seja em missão, caso em que progredimoscomo em qualquer outro planeta, pois todosos mundos são solidários: o que se faz numfaz-se noutro. Há muitos Espíritos quereencarnam na Terra pela primeira vez, e emgraus diversos de adiantamento.

Para alcançar a perfeição e a supremafelicidade, não é necessário o Espírito passarpela fieira de todos os mundos existentesno Universo; muitos são os mundos corres-pondentes a cada grau da respectiva escalae nenhuma coisa nova aprenderia nos outrosdo mesmo grau. A pluralidade de suas exis-tências em um mesmo globo tem por fim, decada vez, ocupar posição diferente das an-teriores e nessas diversas posições se lhedeparam outras tantas ocasiões de adquirirexperiências. Um Espírito pode reencarnarem um mundo relativamente inferior ao em

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que já viveu, quando em missão, com o obje-tivo de auxiliar o progresso. As tribula-ções de tal existência proporcionam-lhe meiode se adiantar. Se, portanto, falir nessamissão, terá de recomeçar de novo.

Os Espíritos que habitam os diversosmundos são de diferentes categorias, talcomo ocorre na Terra. Ao passarem destepara outro planeta, a inteligência não seperde, porém pode acontecer que não dispo-nham dos meios para manifestá-la, dependen-do isto da sua superioridade e das condi-ções do corpo que tomarem.

Os Espíritos que habitam os diversosmundos têm corpos semelhantes aos nossos;precisam eles da matéria para atuar sobre amatéria. Esse envoltório é mais ou menosmaterial, de acordo com o grau de pureza aque chegaram.

O estado físico e moral dos diferentesmundos não nos é dado saber, porquanto talrevelação poderia nos perturbar, pois nãotemos ainda condição de compreender. Indode um mundo para outro, o Espírito passapor uma espécie de infância, isto é, poruma transformação necessária, mas não é emtoda parte tão obtusa como na Terra. O Es-pírito nem sempre pode pedir para reencarnarneste ou naquele mundo, mas, se houver mé-rito, poderá solicitá-lo. Se ele nada pe-dir, o que determina o mundo em que devereencarnar é seu grau de elevação. Todos osmundos estão sujeitos à lei do progresso,daí porque o estado físico e moral dos se-res vivos não é perpetuamente o mesmo nes-ses mundos. Há mundos onde os Espíritos só

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têm por envoltório o perispírito. Esseenvoltório se torna tão etéreo que, paranós, é como se não existisse. Esse o estadodos Espíritos puros.

A substância que constitui o perispíritonão é a mesma em todos os mundos. Passandode um mundo a outro, o Espírito se revesteda matéria própria desse outro, operando-se, porém, a mudança com a rapidez do re-lâmpago. Os Espíritos puros habitam certosmundos, mas não lhes ficam presos, como oshomens à Terra; podem, melhor do que osoutros, estar em toda parte.

44444 TRANSMIGRAÇÕES PROGRESSIVASTRANSMIGRAÇÕES PROGRESSIVASTRANSMIGRAÇÕES PROGRESSIVASTRANSMIGRAÇÕES PROGRESSIVASTRANSMIGRAÇÕES PROGRESSIVAS

Para os Espíritos também há infância.Em sua origem a vida é apenas instintiva. Ainteligência só pouco a pouco vai se desen-volvendo. Os nossos selvagens, por exemplo,são almas no estado de infância relativa,pois são desenvolvidos, visto que já nutrempaixões. As paixões são sinal de desenvol-vimento, mas não de perfeição. São sinal deatividade e de consciência do eu. eu. eu. eu. eu. Na almaprimitiva, a inteligência e a vida se achamno estado de gérmen.

A vida do Espírito, em seu conjunto,apresenta as mesmas fases que observamos navida corporal. Ele passa gradualmente doestado de embrião ao de infância, para che-gar, percorrendo sucessivos períodos, ao deadulto, que é o da perfeição, com a dife-rença de que, para o Espírito, não hádeclínio, nem decrepitude, como na vidacorporal; que sua vida, que teve começo,não terá fim; que imenso tempo lhe é neces-

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sário, de nosso ponto de vista, para passarda infância espírita ao completo desenvol-vimento; e que seu progresso se realiza,não num único mundo, mas vivendo ele emmundos diversos.

Todo Espírito para alcançar a perfeiçãotem de passar por vários graus intermediá-rios. Dá-se com ele o que se verifica com acriança que, por mais precoce que seja, temque passar pela juventude antes de chegar àidade da madureza; e também com o enfermoque, para recobrar a saúde, tem que passarpela convalescença. Demais, ao Espíritocumpre progredir em ciência e em moral. Sesomente se adiantou num sentido, importa seadiante em outro. Pode ele reduzir as difi-culdades do caminho através do próprio es-forço, porém nunca descer mais baixo do queesteja atualmente, a não ser com relação àposição social, mas, como Espírito, não.

Em nova encarnação, a alma de um homemde bem não pode animar o corpo de um celerado,visto que não se degenera. Por outro lado,a alma de um perverso pode tornar-se a deum homem de bem, se se arrependeu. A marchados Espíritos é progressiva, jamaisretrograda.

A possibilidade de se melhorarem em ou-tras existências não é motivo para que cer-tas pessoas perseverem no mal, embora umEspírito imperfeito pense assim durante asua vida corporal; mas liberto que se vejada matéria pensará de outro modo, pois logoverificará que fez cálculo errado e, então,sentimento oposto a esse trará ele parasentimento oposto a esse trará ele parasentimento oposto a esse trará ele parasentimento oposto a esse trará ele parasentimento oposto a esse trará ele parasua nova existência.sua nova existência.sua nova existência.sua nova existência.sua nova existência.

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O Espírito influi sobre o corpo para quea alma se melhore, isto porque o Espírito étudo; o corpo é simples veste que apodrece.

55555 SORTE DAS CRIANÇAS DEPOIS DA MORTESORTE DAS CRIANÇAS DEPOIS DA MORTESORTE DAS CRIANÇAS DEPOIS DA MORTESORTE DAS CRIANÇAS DEPOIS DA MORTESORTE DAS CRIANÇAS DEPOIS DA MORTE

O Espírito de uma criança que morre emtenra idade, algumas vezes é mais adiantadodo que o de um adulto, pois ela pode tervivido muito mais e, em conseqüência disso,tenha adquirido maior soma de experiências.Assim, o Espírito de uma criança pode sermais adiantado que o de seu pai. Se umacriança desencarna em tenra idade, não ten-do por esse motivo praticado o bem nem omal, Deus não a isenta das provas que tenhade padecer. A vida curta de uma criançarepresenta para seu Espírito o complementode existência precedentemente interrompidaantes do momento em que devera terminar.Pode também a sua morte constituir prova-prova-prova-prova-prova-ção ou expiação para os pais.ção ou expiação para os pais.ção ou expiação para os pais.ção ou expiação para os pais.ção ou expiação para os pais.

A criança que morre pequenina recomeça ou-tra existência.

66666 SEXO DOS ESPÍRITOSSEXO DOS ESPÍRITOSSEXO DOS ESPÍRITOSSEXO DOS ESPÍRITOSSEXO DOS ESPÍRITOS

Os Espíritos não têm sexo, pois que osexo depende da organização. Há entre elesamor e simpatia baseados na concordância desentimentos. Em novas experiências, o Espí-rito que animou o corpo de um homem podeanimar o de uma mulher e vice-versa. A pre-ferência de cada um pouco importa; tudodepende das provas por que tenha de passarem nova existência.

77777 PARENTESCOS E FILIAÇÃOPARENTESCOS E FILIAÇÃOPARENTESCOS E FILIAÇÃOPARENTESCOS E FILIAÇÃOPARENTESCOS E FILIAÇÃO

Os pais transmitem aos filhos apenas a

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vida animal, pois que a alma é indivisível.Um pai obtuso pode ter filhos inteligentese vice-versa. A sucessão das existênciascorporais estabelece entre os Espíritosligações que remontam a suas existênciasanteriores. Daí a simpatia que existe entrenós e certos Espíritos. Os laços da famílianão são destruídos pela doutrina da reen-carnação, como pensam alguns; pelo contrá-rio, são distendidos. Essa doutrina ampliaos deveres de fraternidade, pois entre osnossos servos pode encontrar-se um Espíritoa quem tenhamos estado presos pelos laçosda consangüinidade.

Embora os Espíritos não procedam unsdos outros, nem por isso menos afeição con-sagram aos que lhes estão ligados peloselos da família, dado que, muitas vezes,eles são atraídos para tal ou qual famíliapela simpatia ou pelos laços que anterior-mente se estabeleceram.

88888 PARECENÇAS FÍSICAS E MORAISPARECENÇAS FÍSICAS E MORAISPARECENÇAS FÍSICAS E MORAISPARECENÇAS FÍSICAS E MORAISPARECENÇAS FÍSICAS E MORAIS

Os pais transmitem aos filhos somente aparecença física. As parecenças morais de-rivam de que uns e outros são Espíritossimpáticos que, reciprocamente, se atraí-ram pela analogia dos pendores. O corpoderiva do corpo, mas o Espírito não procededo Espírito. Entre os descendentes das ra-ças apenas há consangüinidade.

Os pais exercem, porém, grande influên-cia sobre os filhos depois do nascimentodestes, pois é sua missão desenvolver osEspíritos dos filhos pela educação. Tornar-se-ão culpados se vierem a falir no seu

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desempenho.

Não é raro que mau Espírito peça lhesejam dados bons pais, na esperança de queseus conselhos o encaminhem por melhor sen-da e muitas vezes Deus lhe concede o quedeseja.

Os pais podem melhorar o Espírito dofilho que lhes nasceu e está confiado. Esseé seu dever. Os maus filhos são uma provapara os pais.

A semelhança de caráter, que muitas ve-zes existe entre dois irmãos, tem por con-seqüência a simpatia que aproxima seus Es-píritos. Entretanto, não é regra geral quesejam simpáticos os Espíritos dos gêmeos.Acontece também que Espíritos maus entendamde lutar juntos no palco da vida.

Os Espíritos quase sempre se agrupam emfamílias, formando-as pela analogia de seuspendores mais ou menos puros, conforme aelevação que tenham alcançado. Um povo éuma grande família formada pela união deEspíritos simpáticos. Na tendência que apre-sentam os membros dessas famílias para seunirem, é que está a origem da semelhançaque, existindo entre os indivíduos, consti-tui o caráter distintivo de cada povo.

Em novas existências o Espírito conser-va os traços do caráter moral de suas exis-tências anteriores, mas, melhorando-se, elemuda. Sendo o Espírito sempre o mesmo, nasdiversas encarnações, podem existir certasanalogias entre as suas manifestações, sebem que modificadas pelos hábitos da posi-

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ção que ocupe, até que um aperfeiçoamentonotável lhe haja mudado completamente ocaráter, porquanto, de orgulhoso e mau, podetornar-se humilde e bondoso, se se arrepen-deu.

O novo corpo que o Espírito toma nenhumarelação tem com o que foi anteriormentedestruído. Entretanto, o Espírito se refle-te no corpo. Sem dúvida que este é unica-mente matéria, porém, nada obstante, semodela pelas capacidades do Espírito, quelhe imprime certo cunho, sobretudo no ros-to, pelo que é verdadeiro dizer-se que osolhos são o espelho da alma.

99999 IDÉIAS INATASIDÉIAS INATASIDÉIAS INATASIDÉIAS INATASIDÉIAS INATAS

Reencarnando, o Espírito guarda vaga lem-brança das existências anteriores, que lhedão o que se chama idéias inatas.idéias inatas.idéias inatas.idéias inatas.idéias inatas. Os co-nhecimentos que o Espírito adquire em cadaexistência jamais se perdem. Liberto damatéria, sempre os tem presentes. Durante aencarnação, esquece-os em parte, porém aintuição que deles conserva lhe auxilia oprogresso. Em cada nova existência, o pontode partida para o Espírito é o em que, naexistência precedente, ele ficou. A origemdas faculdades extraordinárias dos indiví-duos é a lembrança do passado. O corpo muda;o Espírito porém não muda. Mudando de corpopode perder algumas faculdades intelectu-ais, desde que conspurcou sua inteligênciaou a utilizou mal. Além disso, uma faculda-de qualquer pode permanecer adormecida du-rante uma existência, porque o Espírito querexercitar outra que nenhuma relação tem com

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aquela. O sentimento instintivo que o ho-mem, mesmo quando selvagem, possui da exis-tência de Deus é uma lembrança que ele con-serva do que sabia como Espírito, antes deencarnar. O mesmo ocorre com outras crençasrelativas à Doutrina Espírita que se obser-va em todos os povos, pois esta Doutrina étão antiga quanto o mundo.

– C APÍTULO V –CONSIDERAÇÕES SOBRE A

PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

A crença na reencarnação dos Espíritosremonta a épocas que já vão longe. Consti-tuindo uma lei da natureza, o Espiritismohá-de haver existido desde a origem dostempos. Pitágoras, como se sabe, não foi oautor do sistema da metempsicose; ele ocolheu dos filósofos indianos e egípcios,que o tinham desde tempos imemoriais. Aidéia da transmigração das almas formava,pois, uma crença vulgar, aceita pelos ho-mens mais eminentes. A ancianidade da dou-trina reencarnacionista, em vez de ser umaobjeção, seria prova a seu favor. Contudo,entre a metempsicose dos antigos e a moder-na doutrina da reencarnação, há, como tam-bém se sabe, profunda diferença assinaladapelo fato de os Espíritos rejeitarem, demaneira absoluta, a transmigração da almado homem para os animais e reciprocamente.

Portanto, ensinando o dogma dapluralidade das existências corporais, osEspíritos renovam uma doutrina que teve

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origem nas primeiras idades do mundo e quese conservou no íntimo de muitas pessoasaté nossos dias.

Não só a reencarnação é ensinada nestelivro, como também já antes da sua publica-ção numerosas comunicações da mesma nature-za se obtiveram em vários países, multipli-cando-se, depois, consideravelmente.

Muitos repelem a idéia da reencarnaçãopelo só motivo de ela não lhes convir. Di-zem que uma existência já lhes chega desobra e que, portanto, não desejariam reco-meçar outra semelhante. Uma de duas: ou areencarnação existe ou não existe; se exis-te, nada importa que os contrarie; terãoque sofrer sem que para isso lhes peça Deuspermissão.

Afiguram-se-nos os que assim falam, umdoente a dizer: sofri hoje bastante, nãoquero sofrer amanhã. Qualquer que seja seumau humor, não terá por isso que sofrermenos no dia seguinte, nem nos que se suce-d e r e m , a t é q u e s e a c h e c u r a d o .Conseguintemente, se os que de tal maneirase externarem tiverem que viver de novo,corpora lmente, tornarão a v iver ,reencarnarão. Nada lhes adiantará rebela-rem-se, quais crianças que não querem irpara o colégio, ou condenados para a pri-são. Passarão pelo que têm de passar. Sãodemasiado pueris semelhantes objeções paramerecerem mais seriamente examinadas.

Se não há reencarnação, só há evidente-mente uma existência corporal. Se a nossaatual existência corpórea é única, a alma

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de cada homem foi criada por ocasião do seunascimento, a menos que se admita a anteri-oridade da alma, caso em que caberia per-guntar o que era ela antes do nascimento ese o estado em que se achava não constituíauma existência sob forma qualquer. Não hámeio termo: ou a alma existia, ou não exis-tia antes do corpo. Se existia, qual a suasituação? Tinha ou não consciência de simesma? Se não tinha é quase como se nãoexistisse. Se tinha individualidade, eraprogressiva ou estacionária? Num e outrocaso, a que grau chegara ao tomar o corpo?Admitindo, de acordo com a crença vulgar,que a alma nasce com o corpo, ou, o que vema ser o mesmo, que antes de encarnar, sódispõe de faculdades negativas, pergunta-mos:

1.Por que mostra a alma aptidões diver-sas e independentes das idéias que aeducação lhe fez adquirir?

2.Donde vem a aptidão extranormal quemuitas crianças em tenra idade reve-lam, para esta ou aquela arte, paraesta ou aquela ciência, enquanto ou-tras se conservam inferiores ou medí-ocres durante a vida toda?

3.Donde, em uns, as idéias inatas ouintuitivas, que noutros não existem?

4.Donde em outras crianças, o instintoprecoce que revelam para os vícios oupara as virtudes, os sentimentos ina-tos de dignidade ou de baixeza, con-trastando com o meio em que elas nas-ceram?

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5.Por que há selvagens e homens civili-zados? Se tomardes de um meninohotentote recém-nascido e o educardesnos nossos melhores liceus, fareis delealgum dia Laplace ou um Newton?

Qual a filosofia ou teoria capaz de resol-ver estes problemas?

Admitamos, ao contrário, uma série deprogressivas existências anteriores para cadaalma e tudo se explica. Ao nascerem, trazemos homens a intuição do que aprenderam an-tes: são mais ou menos adiantados, conformeo número de existências que contem, confor-me já estejam mais ou menos afastados doponto de partida. Deus, em sua justiça, nãopode ter criado almas desigualmente perfei-tas. Com a pluralidade das existências, adesigualidade que notamos nada mais apre-senta em oposição à mais rigorosa eqüidade:é que apenas vemos o presente e não o pas-sado.

O princípio da reencarnação ressalta demuitas passagens das Escrituras, achando-se especialmente formulado, de modo explí-cito, no Evangelho:

“Quando desciam da montanha (depoisda transfiguração), Jesus lhes fezesta recomendação: ‘Não faleis a nin-guém do que acabastes de ver, até queo Filho do homem tenha ressuscitadodentre os mortos’. Perguntaram-lhe en-tão seus discípulos: ‘Por que dizemos escribas ser preciso que primeirovenha Elias?’ Respondeu-lhes Jesus:‘É certo que Elias há-de vir e que

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restabelecerá todas as coisas. Mas,eu vos declaro que Elias já veio eeles não o conheceram e o fizeramsofrer como entenderam. Do mesmo mododarão morte ao Filho do homem.’ Com-preenderam, então, seus discípulos,que era de João Batista que Ele lhesfalava” (Mateus, cap. XVII).

Houve, assim, reencarnação do Espíritode Elias que, sem perda de sua individuali-dade, retomou novo corpo e recebeu outronome, o de João Batista.

Reconheçamos, portanto, em resumo, quesó a doutrina da pluralidade das existênci-as explica o que, sem ela, se mantéminexplicável; que é altamente consoladora econforme a mais rigorosa justiça; que cons-titui para o homem a âncora de salvação queDeus, por misericórdia, lhe concedeu.

– C APÍTULO VI –DA VIDA ESPÍRITA

1 Espíritos errantes. 2 Mundos transitó-rios. 3 Percepções, sensações e sofrimen-tos dos Espíritos. 4 Ensaio teórico dasensação nos Espíritos. 5 Escolha das pro-vas. 6 As relações no além-túmulo. 7 Re-lações de simpatia e antipatia entre osEspíritos. Metades eternas. 8 Recordaçãoda existência corpórea. 9 Comemoração dosmortos. Funerais.

11111 ESPÍRITOS ERRANTESESPÍRITOS ERRANTESESPÍRITOS ERRANTESESPÍRITOS ERRANTESESPÍRITOS ERRANTES

Depois de se haver separado do corpo,

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algumas vezes a alma reencarna, imediata-mente, porém, de ordinário, só o faz apósintervalos mais ou menos longos. Nos mundossuperiores é quase imediata. Sendo aí menosgrosseira a matéria corporal, o Espírito,quando encarnado nesses mundos, goza quaseque de todas as suas faculdades de Espíri-to, sendo seu estado normal o dos sonâmbu-los lúcidos da Terra.

No intervalo das reencarnações, a almaé Espirito errante, intervalo esse que podedurar desde algumas horas até alguns milha-res de séculos. Não há extremo limite esta-belecido para o estado de erraticidade. Essaduração é uma conseqüência do livre-arbí-trio, mas para alguns constitui uma puniçãoque Deus lhes impõe. Outros pedem que elase prolongue, a fim de continuarem estudosque só na condição de Espírito livre podemefetuar, com proveito. A erraticidade não éum sinal de inferioridade dos Espíritos,porquanto há Espíritos errantes de todos osgraus. O Espírito se acha no estado normalquando liberto da matéria. Os Espíritos pu-ros, isto é, os que já atingiram a perfei-ção, não são errantes. Esses estudam e pro-curam elevar-se. Vêem, observam o que ocor-re nos lugares aonde vão; ouvem os discur-sos dos homens doutos e os conselhos dosEspíritos mais elevados. Com o invólucromaterial, os Espíritos elevados deixam aspaixões más e só guardam a do bem. Quantoaos inferiores, esses as conservam.

Pelo simples fato de haverem deixado ocorpo, os Espíritos errantes não se achamcompletamente desprendidos da matéria; con-

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tinuam a pertencer ao mundo onde acabaramde viver ou a outro da mesma categoria, maspodem melhorar-se muito, tais sejam a von-tade e o desejo que tenham de consegui-lo.Os Espíritos errantes são felizes ou des-graçados, conforme os seus méritos. Podemir a alguns mundos superiores, mas na qua-lidade de estrangeiros. A bem dizer, conse-guem apenas entrevê-los, donde lhes nasce odesejo de melhorar-se. Os já purificados,descem, freqüentemente, aos mundos inferi-ores, com o fim de auxiliarem o progressodesses mundos.

22222 MUNDOS TRANSITÓRIOSMUNDOS TRANSITÓRIOSMUNDOS TRANSITÓRIOSMUNDOS TRANSITÓRIOSMUNDOS TRANSITÓRIOS

Há mundos particularmente destinados aosseres errantes que lhes podem servir dehabitação temporária. Os Espíritos podemter acesso a esses mundos e neles gozaremde maior ou menor bem-estar; podem deixá-los livremente a fim de irem para onde de-vam ir. Enquanto os Espíritos permanecemnos mundos transitórios podem se instruir afim de passarem a outros lugares melhores.Os mundos transitórios podem se instruir afim de passarem a outros lugares melhores.Os mundos transitórios não se conservam per-petuamente destinados aos Espíritos erran-tes; sua condição é meramente temporária.Os mundos transitórios não são habitadospor seres corpóreos; estéril é neles a su-perfície, mas essa esterilidade é tambémtransitória. A natureza desses mundos re-flete as belezas da imensidade, que não sãomenos admiráveis do que aquilo a que damoso nome de belezas naturais. belezas naturais. belezas naturais. belezas naturais. belezas naturais. A Terra já

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pertenceu, durante sua formação, ao númerodesses mundos.

33333 PERCEPÇÃO, SENSAÇÃO E SOFRIMENTOPERCEPÇÃO, SENSAÇÃO E SOFRIMENTOPERCEPÇÃO, SENSAÇÃO E SOFRIMENTOPERCEPÇÃO, SENSAÇÃO E SOFRIMENTOPERCEPÇÃO, SENSAÇÃO E SOFRIMENTODOS ESPÍRITOSDOS ESPÍRITOSDOS ESPÍRITOSDOS ESPÍRITOSDOS ESPÍRITOS

Ao regressar ao mundo dos Espíritos, aalma conserva as percepções que tinha quan-do na Terra, além de outras de que aí nãodispunha. Quanto mais os Espíritos se apro-ximam da perfeição, tanto mais sabem. Osinferiores são mais ou menos ignorantes acercade tudo e não sabem mais do que os homens.

Os Espíritos não compreendem a duraçãocomo nós e daí vem que nem sempre os com-preendemos quando se trata de determinardatas ou épocas. Dependendo da sua elevaçãoos Espíritos vêem o que não vemos e tudoapreciam diversamente do nosso modo de ver.

O passado, quando os Espíritos deles seocupam, é o presente. Como nenhum véu mate-rial lhes tolda a inteligência, lembram-sedaquilo que já se nos apagou da memória.Mas nem tudo sabem, a começar pela sua pró-pria criação. Quanto ao conhecimento dofuturo, depende da elevação que tenham con-quistado. Muitas vezes, apenas o entrevêem,porém, nem sempre lhes é permitido revelá-lo. Quando o vêem, parece-lhes presente. Àmedida que se aproximam de Deus, tanto maisclaramente descortinam o futuro. Depois damorte, a alma vê e aprende num golpe devista suas passadas migrações, suas passadas migrações, suas passadas migrações, suas passadas migrações, suas passadas migrações, mas nãopode ver o que Deus lhe reserva. Para quetal aconteça, preciso é que, ao cabo demúltiplas existências, se haja integrado

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nele. Mesmo quando os Espíritos alcançam aperfeição, ainda não se pode dizer que têmconhecimento completo do futuro, por issoque só Deus é soberano Senhor e ninguém opode igualar. Os Espíritos Superiores sen-tem Deus e o compreendem; os inferiores osentem e adivinham. Deus não transmite suasordens a qualquer Espírito. Transmite atra-vés daqueles que se encontram superiores emperfeição e instrução.

O Espírito não tem circunscrita a vi-são, como o homem; ela reside em todo ele.Vê por si mesmo, sem necessidade de luzexterior. Para ele, não há trevas, salvo asem que pode achar-se por expiação. Como oEspírito se transporta aonde queira, com arapidez do pensamento, pode-se dizer que vêem toda parte ao mesmo tempo. Seu pensamen-to pode irradiar e dirigir-se, ao mesmoinstante, para muitos pontos diferentes,mas esta faculdade depende da sua pureza.Quanto menos puro é o Espírito, tanto maislimitada tem a visão. A vista do Espíritopode penetrar onde a nossa não pode. Podetambém perceber sons imperceptíveis para osnossos ouvidos. Todas as percepções consti-tuem atributos do Espírito e lhe são ine-rentes ao ser. Quando o reveste um corpomaterial, elas só lhes chegam pelo condutodos órgãos próprios, deixando de estar li-gados a esses órgãos quando na condição deEspírito livre. Entretanto, o Espírito vê eouve o que quer, desde que haja alcançadoum grau elevado na escala da perfeição.

A música possui infinitos encantos para

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os Espíritos, por terem eles muito desen-volvidas as qualidades sensitivas. São sen-síveis a todas as belezas naturais, de acordocom as aptidões que tenham para as apreciare compreender. Eles não experimentam asnossas necessidades e sofrimentos físicos,mas os conhecem porque os sofreram. Nãopodem sentir a fadiga, como a entendemos,daí porque não necessitam de descanso cor-poral, entretanto, repousam no sentido denão estarem em constante atividade. A espé-cie de fadiga que os Espíritos são suscetí-veis de sentir guarda relação com a inferi-oridade deles. Quanto mais elevados sejam,tanto menos precisarão de repousar.

Quando um Espírito diz que sofre está sereferindo a angústias que o torturam. Se sequeixa de frio ou de calor é porque estásentindo reminiscências do que padeceu du-rante a vida terrena e porque não tem aindaperfeita compreensão do seu estado.

44444 ENSAIO TEÓRICO DA SENSAÇÃOENSAIO TEÓRICO DA SENSAÇÃOENSAIO TEÓRICO DA SENSAÇÃOENSAIO TEÓRICO DA SENSAÇÃOENSAIO TEÓRICO DA SENSAÇÃO N O SN O SN O SN O SN O SESPÍRITOSESPÍRITOSESPÍRITOSESPÍRITOSESPÍRITOS

O corpo é o instrumento da dor, mas apercepção da dor é na alma. A lembrança queda dor a alma conserva pode ser muito peno-sa, mas não pode ter ação física. Aqueles aquem se amputou um membro costumam sentirdor no membro que lhe falta. O que há,apenas, é que o cérebro guarda a impressãoda existência do membro. Lícito, portanto,será admitir-se que coisa análoga ocorranos sofrimentos dos Espíritos após a morte.O perispírito é o agente das sensações ex-teriores. No corpo, os órgãos que lhe ser-

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vem de condutor, localizam essas sensações.Destruído o corpo, elas se tornam gerais.Daí o Espírito não dizer que sofre mais dacabeça do que dos pés, ou vice-versa. Nãose confunda, porém, as sensações doperispírito, que se tornou independente,com as do corpo. Liberto do corpo, o Espí-rito pode sofrer, mas esse sofrimento não écorporal, embora não seja exclusivamentemoral, como o remorso, pois que ele se queixade frio e calor. É mais uma reminiscênciado que uma realidade, porém igualmente pe-nosa.

Ensina-nos a experiência que, por oca-sião da morte, o perispírito se desprendemais ou menos lentamente do corpo; que,durante os primeiros minutos depois dadesencarnação, o Espírito não encontra ex-plicação para a situação em que se acha.Crê não estar morto, por isso que se sentevivo; vê a um lado o corpo, sabe que lhepertence, mas não compreende que estejaseparado dele. Essa situação dura enquantohaja qualquer ligação entre o corpo e oespírito.

Durante a vida, o corpo recebe impres-sões exteriores e as transmite ao Espíritopor intermédio do perispírito, que consti-tui, provavelmente, o que se chama fluidofluidofluidofluidofluidonervoso.nervoso.nervoso.nervoso.nervoso. Uma vez morto nada mais sente porjá não haver nele Espírito, nem perispírito.Este, desprendido do corpo, experimenta asensação, como já não lhe chega por um con-duto limitado, ela se lhe torna geral.

Se pudesse existir perispírito sem Es-

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pírito, aquele nada sentiria, exatamentecomo um corpo que morreu. Do mesmo modo, seo Espírito não tivesse perispírito, seriainacessível a toda e qualquer sensação do-lorosa. É o que se dá com os Espíritoscompletamente purificados. A influência ma-terial diminui à medida que o Espírito pro-gride, isto é, à medida que o próprioperispírito se torna menos grosseiro.

Dizendo que os Espíritos são inacessí-veis às impressões da matéria que conhece-mos, referimo-nos aos Espíritos muito ele-vados, cujo envoltório etéreo não encontraanalogia neste mundo. Outro tanto não acon-tece com os de perispírito mais denso, osquais percebem os nossos sons e odores,não, porém, apenas por uma parte limitadade sua individualidade, conforme lhes suce-de quando vivos. Pode-se dizer que, neles,as vibrações moleculares se fazem sentir emtodo ser e lhes chegam assim ao sensoriumsensoriumsensoriumsensoriumsensoriumcommune, commune, commune, commune, commune, que é o próprio Espírito dandouma impressão diferente, o que modifica apercepção. Eles ouvem o som da nossa voz,entretanto nos compreendem sem o auxílio dapalavra, somente pela transmissão do pensa-mento. No que concerne à vista, essa, parao Espírito, independe da luz, qual a temos.

Ao passarem de um mundo para outro, osEspíritos mudam de envoltório, como nósmudamos de roupa, quando passamos do inver-no ao verão, ou do pólo ao equador. Quandonos vêm visitar, os mais elevados se reves-tem do perispírito terrestre e então suaspercepções se produzem como no comum dosEspíritos. Todos, porém, assim os inferio-

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res como os superiores, não ouvem, nem sen-tem, senão o que queiram ouvir ou sentir.Uma só coisa são obrigados a ouvir: os con-selhos dos bons Espíritos. Conforme a cate-goria que ocupem, podem ocultar-se dos quelhes são inferiores, porém não dos que lhessão superiores. Nos primeiros instantes quese seguem à morte, a visão do Espírito ésempre turbada e confusa. Aclara-se, à me-dida que ele se desprende, e pode alcançara nitidez que tinha durante a vida terrena.Quanto à sua extensão através do espaçoindefinido, do futuro e do passado, dependedo grau de pureza e de elevação. Os sofri-mentos por que passa são sempre conseqüên-cia da maneira por que viveu na Terra.

Deduz-se daí que, aos que sofrem, issoacontece porque o quiseram; que, portanto,só de si mesmos se devem queixar, quer nooutro mundo, quer neste.

55555 ESCOLHA DAS PROVASESCOLHA DAS PROVASESCOLHA DAS PROVASESCOLHA DAS PROVASESCOLHA DAS PROVAS

Antes de começar sua nova existência, oEspírito escolhe o gênero de provas por quehá-de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio. Dando ao Espírito a liberdade deescolha, Deus lhe deixa a inteira responsa-bilidade de seus atos e das conseqüênciasque estes tiverem. Todavia, pelo fato depertencer ao Espírito a escolha do gênerode provas que deve sofrer, não quer dizerque previmos e buscamos todas as tribula-ções por que passamos na vida. O Espíritoescolhe apenas o gênero de provações; asparticularidades correm por conta da posi-ção em que se achar, futuramente. Escolhen-

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do, por exemplo, nascer entre malfeitores,sabia o Espírito a que arrastamentos seexpunha; ignorava, porém, quais os atos queviria a praticar. Esses atos resultam doexercício da sua vontade, ou de seu livre-arbítrio. Os acontecimentos secundários seoriginam das circunstâncias e da força mes-ma das coisas. Previstos são só os fatosprincipais, os que influem no destino.

O Espírito pode desejar nascer entregente de má vida para lutar contra os mausinstintos. Para lutar contra o instinto doroubo, por exemplo, preciso é que se acheem contato com gente dada à prática de rou-bar. Se não houvesse na Terra gente de mauscostumes, o Espirito não encontraria um meioapropriado ao sofrimento de certas provas.Nos mundos superiores é justamente o queocorre, pois que o mal aí não penetra. Eisporque, nesses mundos, só há Espíritos bons.É preciso grande esforço de nossa partepara que se dê o mesmo na Terra.

Nas provações por que tem de passar, nãotem o Espírito que sofrer tentações de to-das as naturezas, nem se achar em todas ascircunstâncias que possam excitar-lhe o or-gulho, a inveja, a avareza, a sensualidade,pois há Espíritos que, desde o começo, to-mam um caminho que os exime de muitas pro-vas. Aquele, porém, que se deixar arrastarpara o mau caminho, corre todos os perigosque o içam. Pode um Espírito, por exemplo,pedir a riqueza e ser-lhe esta concedida.Então, conforme seu caráter, poderá tornar-se avaro ou pródigo, egoísta ou generoso ouainda lançar-se a todos os gozos da sensu-

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alidade. Daí não se segue, entretanto, quehaja de forçosamente passar por todas estastendências. A fim de evitar que o Espíritocarecido de experiência escolha uma exis-tência, sem conhecimento de causa, e sejaresponsável por essa escolha, Deus lhe su-pre a inexperiência, traçando-lhe o caminhoque deve seguir. Deixa-o, porém, pouco apouco, à medida que seu livre-arbítrio sedesenvolve, senhor de proceder à escolha.Deus não apressa a expiação. Todavia, podeimpor certa existência a um Espírito, quan-do este, pela sua inferioridade ou má von-tade, não se mostra apto a compreender oque lhe seria mais útil e quando vê que talexistência servirá para sua purificação eprogresso e que, ao mesmo tempo, lhe sirvatambém de expiação. Há Espíritos que nãofazem a escolha das provas logo depois damorte porque acreditam na eternidade daspenas, o que lhes serve de castigo.

As provas escolhidas pelo Espírito sãode acordo com a natureza de suas faltas.Uns impõem a si mesmos uma vida de misériae privações, objetivando suportá-las comcoragem; outros, preferem experimentar astentações da riqueza e do poder, muito maisperigosa, pelos abusos e má aplicação a quepodem dar lugar pelas paixões inferioresque desenvolvem; muitos, finalmente, sedecidem a experimentar suas forças nas lu-tas que terão de sustentar em contato com ovício. Há Espíritos, cujo senso moral aindaestá pouco desenvolvido, que, por provação,escolheram o contato com o vício, pelo de-sejo de viverem num meio conforme os seus

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gostos. Estes sofrem mais demoradamente.Cedo ou tarde, compreenderão que a satisfa-ção de suas paixões brutais lhes acarretoudeploráveis conseqüências. E Deus os deixa-rá nessa persuasão, até que se tornem cons-cientes da falta em que incorreram e peçam,por impulso próprio, lhes seja concedidoresgatá-la, mediante úteis provações.

O Espírito pode escolher suas provasfuturas ainda encarnado, pois esse desejopode influir na escolha que venha a fazer,dependendo isso da intenção que o anime.Não é como expiação ou prova, que muitagente deseja as grandezas e as riquezas. Amatéria deseja essa grandeza para gozá-la eo Espírito para conhecer-lhe as vicissitu-des.

Até que chegue ao estado de pureza per-feita, o Espírito tem que passar por cons-tantes provas, mas não como entendemos, poishavendo-se elevado a um certo grau, emboranão seja perfeito, já não tem que sofrerprovas. Continua, porém, sujeito a deveresnada penosos.

O Espírito pode escolher, muitas vezes,uma prova que esteja acima de suas forças esucumbir. Pode também escolher alguma quenada lhe aproveite. Mas, então, voltando aomundo dos Espíritos verifica que nada ga-nhou e pede outra que lhe faculte recuperaro tempo perdido. Neste caso, poderá nascerentre os canibais? Não. Entre canibais nãonascem Espíritos já adiantados, mas Espíri-tos da natureza dos canibais, ou ainda in-feriores a estes. O contrário pode aconte-cer, isto é, nascer no seio de povos civi-

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lizados um Espírito vindo de mundo inferi-or. Mas, nesse caso, fica deslocado no meioem que nasceu, por estarem seus costumes einstintos em conflito com os dos outroshomens. Como expiação ou no desempenho dedeterminada missão, pode o Espírito de umhomem que pertenceu a uma raça civilizadarenascer numa raça selvagem.

66666 AS RELAÇÕES NO ALÉM-TÚMULOAS RELAÇÕES NO ALÉM-TÚMULOAS RELAÇÕES NO ALÉM-TÚMULOAS RELAÇÕES NO ALÉM-TÚMULOAS RELAÇÕES NO ALÉM-TÚMULO

Entre os Espíritos há subordinação eautoridade correspondente ao grau de supe-rioridade que hajam alcançado, autoridadeque eles exercem por um ascendente moralirresistível. O poder e a consideração deque um homem gozou na Terra não lhe dãosupremacia no mundo espiritual. O maior daTerra pode pertencer à última categoria entreos Espíritos, ao passo que o seu servo podeestar na primeira.

Os Espíritos das diferentes ordens sevêem, mas se distinguem uns dos outros.Evitam-se ou se aproximam, conforme a sim-patia ou a antipatia que reciprocamente unsinspiram aos outros. Os da mesma categoriase reúnem por uma espécie de afinidade eformam grupos ou famílias, unidos pelos laçosda simpatia e pelos fins que visam: os bons,pelo desejo de fazerem o bem; os maus, pelode fazerem o mal. Os bons vão a toda parte,mas as regiões que habitam estão interdita-das aos Espíritos imperfeitos que, no en-tanto, recebem auxílio dos bons. Os inferi-ores se comprazem em nos induzir ao malpelo despeito que lhes causa o não teremmerecido estar entre os bons.

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Os Espíritos se comunicam entre si pormeio do fluido universal, pois é o veículoda transmissão de seus pensamentos. Os per-feitos, podem afastar-se uns dos outros,mas sempre se vêem. Há, entretanto, certosEspíritos que podem tornar-se invisíveis aoutros se julgarem útil fazê-lo. Embora nãotenham corpo carnal podem comprovar sua in-dividualidade pelo perispírito. Assim, po-dem reconhecer-se de geração em geração.Deixando seus despojos mortais, a alma levaainda algum tempo para que se reconheça asi mesma e alije o véu material. A alma dojusto é acolhida no mundo espiritual comobem-amado irmão, desde muito tempo espera-do. A do mau, como um ser desprezível. Es-tes, ficam satisfeitos quando vêem que selhes assemelham e privados, também, da in-finita ventura. Nossos parentes e amigosvêm ao nosso encontro quando deixamos aTerra. Felicitam-nos, como se regressásse-mos de uma viagem e ajudam-nos no despren-dimento dos liames corporais.

Dependendo da elevação, os parentes eamigos sempre se reúnem depois da morte.Porém, se um está mais adiantado e caminhamais depressa do que outro, não podem con-servar-se juntos. Ver-se-ão de tempos atempos, mas não estarão reunidos para sem-pre. Acresce que a privação de ver os pa-rentes e amigos é, às vezes, uma punição.

77777 RELAÇÕES DE SIMPATIA E ANTIPATIARELAÇÕES DE SIMPATIA E ANTIPATIARELAÇÕES DE SIMPATIA E ANTIPATIARELAÇÕES DE SIMPATIA E ANTIPATIARELAÇÕES DE SIMPATIA E ANTIPATIAMETADES ETERNASMETADES ETERNASMETADES ETERNASMETADES ETERNASMETADES ETERNAS

Votam-se os Espíritos recíprocas afei-ções particulares, do mesmo modo que os

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homens, sendo, porém, que mais forte é olaço que prende os Espíritos uns aos outrosquando carentes de corpo material, porqueentão esse laço não se acha exposto às vi-cissitudes das paixões. Há, entre os Espí-ritos impuros, ódio e são eles que insuflamnos homens as inimizades e as dissensões.No mundo espiritual compreenderão que esseódio era estúpido. Apenas os Espíritos im-perfeitos conservam uma espécie de animosi-dade, enquanto se não purificam. Se foiunicamente um interesse material o que osinimizou, nisso não pensarão mais, por pou-co desmaterializados que estejam. Não ha-vendo entre eles antipatia e tendo deixadode existir a causa de suas desavenças, apro-ximam-se uns dos outros com prazer. Depoisda morte, aqueles a quem fizemos o mal nes-te mundo, se são bons, nos perdoam, segundoo nosso arrependimento. Se maus, é possívelque guardem ressentimento do mal que lhesfizemos e nos persigam até, não raro, emoutras existências. Deus pode permitir queassim seja, por castigo. As afeições indi-viduais dos Espíritos não se alteram pornão estarem eles sujeitos a enganar-se.Falta-lhes a máscara sob que se escondem oshipócritas. Daí vem que, sendo puros, suasafeições são inalteráveis.

Não há união particular e fatal, de duasalmas. A união que há é a de todos osEspíritos, mas em graus diversos, segundo acategoria que ocupam, isto é, segundo aperfeição que tenham adquirido. A palavrametademetademetademetademetade é inexata. Se um Espírito fossemetade do outro, separados os dois, estari-

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am ambos incompletos. Todos os que atingi-ram a perfeição estão reciprocamente uni-dos, porém, nas esferas inferiores, desdeque um se eleva, já não simpatiza, comodantes, com os que lhe ficaram abaixo. Asimpatia, que atrai um Espírito para outro,resulta da perfeita concordância de seuspendores e instintos. Se um tivesse quecompletar o outro, perderia a sua individu-alidade. A identidade necessária à existên-cia da simpatia perfeita, está na igualdadedos graus de elevação. No futuro, todos osEspíritos serão simpáticos, pois um Espíri-to que hoje está numa esfera inferior, aper-feiçoando-se, alcançará a esfera onde resi-de o outro. E ainda mais depressa se dará oencontro dos dois, se o mal elevado, porsuportar mal as provas a que esteja subme-tido, permanecer estacionário. Podem dei-xar de ser simpáticos um ao outro dois Es-píritos que já o sejam, se um deles forpreguiçoso.

A teoria das metades eternas encerrauma simples figura representativa da uniãode dois Espíritos simpáticos. Não se deve,pois, aceitar a idéia de que, criados umpara o outro, tenham, fatalmente, que sereunir um dia na eternidade.

88888 RECORDAÇÃO DA VIDA CORPÓREARECORDAÇÃO DA VIDA CORPÓREARECORDAÇÃO DA VIDA CORPÓREARECORDAÇÃO DA VIDA CORPÓREARECORDAÇÃO DA VIDA CORPÓREA

O Espírito lembra-se de sua existênciacorpórea na Terra e, muitas vezes, ri pena-lizado de si mesmo. Essa lembrança não lhevem completa e inopinadamente após a morte;vem-lhe pouco a pouco, qual imagem que sur-ge gradualmente de uma névoa, à medida que

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nela fixa ele sua atenção. Lembra-se dascoisas, de conformidade com as conseqüênci-as que delas resultam para o estado em quese encontra como Espírito errante, compre-endendo a necessidade da sua purificaçãopara chegar ao infinito e percebe que, emcada existência, deixa algumas impurezas.Os atos de que tenha interesse em lembrar-se são-lhe como que presentes. Os outroslhe permanecem mais ou menos vagos na men-te, ou esquecidos de todo. Quanto maisdesmaterializado estiver, tanto menos im-portância dará às coisas materiais. Daí arazão porque, muitas vezes, ao evocarmos umEspírito que acabou de deixar a Terra, ve-rificamos que não se lembra dos nomes daspessoas que lhe eram caras, nem de uma por-ção de coisas que nos parecem importantes.Ele só recorda, perfeitamente bem, dos fa-tos principais que concorreram para a suamelhoria.

Quanto às primeiras existências, as quese podem considerar como infância do Espí-rito, essas se perdem no vago e desaparecemna noite do esquecimento. A lembrança dossofrimentos por que passou na última exis-tência corporal lhe faz compreender melhoro valor da felicidade de que pode gozar. Sóos Espíritos inferiores podem sentir sauda-des de gozos condizentes com uma naturezaimpura qual a deles. Para os Espíritos ele-vados, a felicidade eterna é mil vezes pre-ferível aos prazeres efêmeros da Terra.

Após a morte, os Espíritos conservam oamor à Pátria, porém, para os que já alcan-çaram maior elevação, a Pátria é o Univer-

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so. As idéias se modificam muito quando naerraticidade, à proporção que o Espírito sedesmaterializa. Pode este, algumas vezes,permanecer longo tempo imbuído das idéiasque tinha na Terra, mas, pouco a pouco, ainfluência da matéria diminui e ele vê ascoisas com maior clareza. É então que pro-cura os meios de se tornar melhor.

99999 COMEMORAÇÃO DOS MORTOSCOMEMORAÇÃO DOS MORTOSCOMEMORAÇÃO DOS MORTOSCOMEMORAÇÃO DOS MORTOSCOMEMORAÇÃO DOS MORTOS FUNERAISFUNERAISFUNERAISFUNERAISFUNERAIS

Os Espíritos se sensibilizam ao se lem-brarem deles os que lhe foram caros na Ter-ra. Se são felizes, esse fato lhes aumentaa felicidade. Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo. No dia de finados, emmaior número se reúnem nas necrópoles, por-que também é maior, em tais lugares, o nú-mero das pessoas que os chamam pelo pensa-mento. Aí comparecem sob a forma que tinhamquando encarnados.

Não se deve considerar futilidade a reu-nião dos despojos mortais de todos os mem-bros de uma família, pois é um costume pi-edoso de simpatia que dão os que assim pro-cedem aos que lhes foram entes queridos.Conquanto, destituída de importância paraos Espíritos, essa reunião é útil aos ho-mens: mais concentradas se tornam suas re-cordações. Quando já se acham mais eleva-dos, os Espíritos não se comovem com ashonras que lhes prestem aos despojos mor-tais. Porém, há os que, nos primeiros mo-mentos que se seguem à sua morte material,experimentam grande prazer com as honrasque lhes tributam, ou se aborrecem com opouco caso que façam de seus despojos cor-

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porais. É que ainda conservam alguns dospreconceitos deste mundo.

O Espírito daquele que acaba de morrerassiste, quase sempre, à reunião de seusherdeiros. Para seu ensinamento e castigodos culpados, Deus permite que assim acon-teça. Nessa ocasião, o Espírito julga dovalor dos protestos que lhe faziam. Todosos sentimentos se lhe patenteiam e a decep-ção que lhe causa a capacidade dos que en-tre si partilham os bens por ele deixados oesclarece acerca daqueles sentimentos. Che-gará, porém, a vez dos que lhe motivam essadecepção.

Freqüentemente também o Espírito assis-te ao seu enterro, mas, algumas vezes, de-vido ao estado de perturbação, não percebeo que se passa.

– C APÍTULO VII –DA VOLTA DO ESPÍRITO À VIDA CORPORAL

1 Prelúdio da volta. 2 União da alma e doc o r p o . A b o r t o .3 Faculdades morais e intelectuais do ho-mem. 4 Influência do organismo. 5 Idiotis-mo e loucura. 6 A infância. 7 Simpatias eantipatias terrestres. 8 Esquecimento dopassado.

11111 PRELÚDIO DA VOLTAPRELÚDIO DA VOLTAPRELÚDIO DA VOLTAPRELÚDIO DA VOLTAPRELÚDIO DA VOLTA

Os Espíritos pressentem a sua volta àvida corporal. Muitos há, porém, que em talcoisa não pensam e nem sequer a compreen-dem. Depende do seu grau de adiantamento.

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Para alguns, a incerteza em que se acham nofuturo que os aguarda constitui punição. OEspírito pode ainda apressar ou retardar omomento da reencarnação, mas nunca retardarindefinidamente, pois, cedo ou tarde, sentea necessidade de progredir. Pode escolher ocorpo em que deve reencarnar, porquanto asimperfeições que este apresente ainda serãopara ele provas que lhe auxiliarão o pro-gresso, se vencer os obstáculos que lheoponha, mas nem sempre é permitida essaescolha. Não pode também recusar, à últimahora, tomar o corpo por ele escolhido, poissofreria, neste caso, muito mais do queaquele que não tentasse prova alguma. Seacontecer que muitos Espíritos se apresen-tem para tomar determinado corpo destinadoa nascer, Deus é quem julga qual o maiscapaz de desempenhar a missão a que a cri-ança se destina. Porém, o Espírito é desig-nado antes que soe o instante em que hajade unir-se ao corpo.

No momento de encarnar, o Espírito sofreperturbação semelhante e, por vezes, maior emais longa que aquela que experimenta aodesencarnar. Na incerteza em que se vê, quantoàs eventualidades do seu triunfo nas provasque vai suportar na vida, tem uma causa deansiedade bem grande antes da sua encarnação,pois que, as provas da sua existência, oretardarão ou farão avançar, conforme assuporte. Conforme a esfera a que pertença, oEspírito, no momento de reencarnar, se achaacompanhado de outros Espíritos, que lhequerem e o acompanham até o último momentoe, muitas vezes, lhe seguem os passos pela

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vida em fora. Os que vemos em sonho, que nostestemunham afeto, são, quase sempre, Espí-ritos amigos que nos seguem os passos navida presente.

22222 UNIÃO DA ALMA E DO CORPOUNIÃO DA ALMA E DO CORPOUNIÃO DA ALMA E DO CORPOUNIÃO DA ALMA E DO CORPOUNIÃO DA ALMA E DO CORPO

A união da alma e do corpo começa naconcepção, mas só se completa por ocasião donascimento. Até aí, o Espírito designadopara habitar certo corpo está ligado a elepor um laço fluídico, que cada vez mais sevai apertando até ao instante em que a cri-ança vê a luz. Quando o corpo escolhidomorre, o Espírito escolhe outro. Essas mor-tes prematuras, as mais das vezes, são con-seqüências da imperfeição da matéria e tam-bém servem de prova para os pais. Algumasvezes, sabe o Espírito que o corpo de suaescolha não tem probabilidade de viver, mas,nessa circunstância reside o motivo da esco-lha, isso significa que não está fugindo daprova. No intervalo que medeia da concepçãoao nascimento, o espírito goza mais ou menosde suas faculdades, porquanto ainda não estáencarnado, mas apenas ligado. A partir doinstante da concepção, começa o Espírito aser tomado de perturbação, que o adverte deque lhe soou o momento de começar nova exis-tência corpórea. A vida intra-uterina é comoa da planta que vegeta. A criança vive vidaanimal. O homem tem a vida vegetal e a vidaanimal que, pelo nascimento, se completamcom a vida espiritual. A provocação do abor-to constitui crime em qualquer período dagestação, pois impede uma alma de passarpelas provas a que lhe serviria de instru-

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mento o corpo que se estava formando. Dado ocaso em que o nascimento da criança pusesseem perigo a vida da mãe, é preferível sesacrifique o ser que ainda não existe asacrificar-se o que já existe.

33333 FACULDADES MORAIS E INTELECTUAISFACULDADES MORAIS E INTELECTUAISFACULDADES MORAIS E INTELECTUAISFACULDADES MORAIS E INTELECTUAISFACULDADES MORAIS E INTELECTUAISDO HOMEMDO HOMEMDO HOMEMDO HOMEMDO HOMEM

As qualidades morais, boas ou más, dohomem, são a do Espírito nele encarnado. Ohomem vicioso é a encarnação de um Espíritoimperfeito, pois, do contrário, poderíamoscrer na existência de Espíritos sempre maus.O Espírito progride em insensível marchaascendente, mas o progresso não se efetuasimultaneamente em todos os sentidos. Du-rante um período da sua existência, ele seadianta em ciência; durante outro, emmoralidade.

44444 INFLUÊNCIA DO ORGANISMOINFLUÊNCIA DO ORGANISMOINFLUÊNCIA DO ORGANISMOINFLUÊNCIA DO ORGANISMOINFLUÊNCIA DO ORGANISMO

A matéria é apenas o envoltório do Espí-rito, como o vestuário o é do corpo. Unindo-se a este, o Espírito conserva os atributosda natureza espiritual. O exercício das suasfaculdades depende dos órgãos que lhes ser-vem de instrumento. O invólucro material éobstáculo à livre manifestação das faculda-des do Espírito, assim como um vidro muitoopaco o é à livre irradiação da luz. O Espí-rito dispõe sempre de faculdades que lhe sãopróprias. Ora, não são os órgãos que dão asfaculdades, e sim estas que impulsionam odesenvolvimento dos órgãos. Encarnando, trazo Espírito certas predisposições e, se seadmitir que a cada uma corresponda no cére-bro um órgão, o desenvolvimento desses ór-

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gãos será efeito e não causa. Se nos órgãosestivesse o princípio das faculdades, o ho-mem seria máquina sem livre-arbítrio e semresponsabilidade de seus atos.

55555 IDIOTISMO E LOUCURAIDIOTISMO E LOUCURAIDIOTISMO E LOUCURAIDIOTISMO E LOUCURAIDIOTISMO E LOUCURA

A alma dos cretinos e dos idiotas não éde natureza inferior. Eles trazem almas hu-manas, não raro mais inteligentes do quesupomos, mas que sofrem da insuficiência dosmeios de que dispõem para se comunicar, damesma forma que o mudo sofre da impossibili-dade de falar. Os que habitam corpos deidiotas são Espíritos sujeitos a uma puni-ção. Sofrem por efeito do constrangimentoque experimentam e da impossibilidade em queestão de se manifestarem mediante órgãos nãodesenvolvidos ou desmantelados. É uma expi-ação decorrente do abuso que fizeram de cer-tas faculdades. É um estacionamento tempo-rário. O corpo de um idiota pode conter umEspírito que tenha animado um homem de gênioem precedente existência. Na condição deEspírito livre, tem o idiota consciência deseu estado mental. Compreende que as cadeiasque lhe obstam o vôo são prova e expiação. Oque se desorganiza é sempre o corpo, masconvém não perder de vista que assim como oEspírito atua sobre a matéria, também estareage sobre ele, dentro de certos limites, eque pode acontecer impressionar-se o Espí-rito, temporariamente, com a alteração dosórgãos pelos quais se manifesta e recebe asimpressões. Pode mesmo suceder que, com acontinuação, durante longo tempo a loucura,

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a repetição dos mesmos atos acabe por exer-cer sobre o Espírito uma influência de queele não se libertará senão depois de sehaver libertado de toda impressão material.A loucura leva o homem algumas vezes aosuicídio pelo constrangimento em que se acha,donde o procurar, na morte, um meio de que-brar seus grilhões. Depois da morte, porém,pode ressentir-se durante algum tempo, atéque se desligue completamente da matéria,como o homem que desperta se ressente, poralgum tempo, da perturbação em que o lançarao sono.

66666 A INFÂNCIAA INFÂNCIAA INFÂNCIAA INFÂNCIAA INFÂNCIA

O Espírito que anima o corpo de umacriança pode ser tão desenvolvido quanto ode um adulto, dependendo do seu progressoanterior. Apenas a imperfeição dos órgãosinfantis o impede de se manifestar. Obra deconformidade com o instrumento de que dis-põe. A criança tem, efetivamente, limitadaa inteligência enquanto a idade não lheamadurece a razão. A perturbação que o atoda encarnação produz no Espírito não cessade súbito por ocasião do nascimento. Sógradualmente se dissipa com o desenvolvi-mento dos órgãos. Por morte da criança, seuEspírito readquire seu precedente vigor,pois que se vê desembaraçado de seu invólu-cro corporal. Entretanto, não readquireanterior lucidez, senão quando se tenha com-pletamente separado daquele envoltório, istoé, quando mais nenhum laço exista entre elee o corpo. Durante a infância, o Espíritonão sofre nenhum constrangimento que a im-

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perfeição dos seus órgãos lhe impõe, poisque é um período de repouso para ele.é um período de repouso para ele.é um período de repouso para ele.é um período de repouso para ele.é um período de repouso para ele.

O motivo da mudança que se opera nocaráter do indivíduo, em diferentes idades,é por que o Espírito retorna à natureza quelhe é própria e se mostra qual era. A in-fância é, não só útil, necessária, indis-pensável, mas também conse-qüência naturaldas leis que Deus estabeleceu e que regem oUniverso.

77777 SIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENASSIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENASSIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENASSIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENASSIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENAS

Dois seres que se conheceram e se esti-maram, encontrando-se noutra existênciacorporal, podem sentir-se atraídos um parao outro, mesmo que não se reconheçam. Arecordação das passadas existências teriainconvenientes maiores do que pensamos. Arepulsão instintiva que se experimenta poralgumas pessoas é proveniente de se tratarde Espíritos antipáticos que se adivinham ereconhecem, sem se falarem. Entre nós háligações que ainda não conhecemos. O magne-tismo é o piloto dessa ciência, que maistarde este mundo compreenderá melhor. Aantipatia instintiva não é sempre sinal denatureza má, pois ela deriva da diversidadeno modo de pensar entre as pessoas.

88888 ESQUECIMENTO DO PASSADOESQUECIMENTO DO PASSADOESQUECIMENTO DO PASSADOESQUECIMENTO DO PASSADOESQUECIMENTO DO PASSADO

O Espírito encarnado perde a lembrançado passado, porquanto o homem não pode, nemdeve saber tudo. Esquecido de seu passa-Esquecido de seu passa-Esquecido de seu passa-Esquecido de seu passa-Esquecido de seu passa-do ele é mais senhor de si.do ele é mais senhor de si.do ele é mais senhor de si.do ele é mais senhor de si.do ele é mais senhor de si. Em cadaexistência, o homem dispõe de mais inteli-gência e melhor pode distinguir o bem do

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mal. Onde o seu mérito se se lembrasse detodo o passado? Quando o Espírito volta àvida anterior (a vida espírita), diante dosolhos se lhe estende toda sua vida pretéri-ta. Vê as faltas que cometeu e que deramcausa ao seu sofrer, assim como de que modoas teria evitado. Há mundos, cujos habitan-tes guardam lembrança clara e exata de suasexistências passadas. Esses podem e sabemapreciar a felicidade que Deus lhes permitefruir.

Nem sempre podemos ter revelações a res-peito de nossas vidas anteriores, contudo,muitos sabem o que foram e o que faziam. Àmedida que o corpo se torna menos material,com mais exatidão o homem se lembra do seupassado. Esta lembrança, os que habitam osmundos de ordem superior, a têm mais níti-da. Sendo os pendores instintivos uma remi-niscência do seu passado, dar-se-á que, peloestudo desses pendores, seja possível aohomem conhecer, até certo ponto, as faltasque cometeu. As existências futuras, essasem nenhum caso podem ser reveladas, pelarazão de que dependem do modo por que oEspírito se sairá da existência atual e daescolha que ulteriormente faça.

– C APÍTULO VIII –DA EMANCIPAÇÃO DA ALMA

1 O sono e os sonhos. 2 Visitas espíritase n t r e p e s s o a s v i v a s .3 Transmissão oculta de pensamento. 4 Le-targia, catalepsia. Morte aparente. 5 So-

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nambulismo. 6 Êxtase. 7 Dupla vista. 8Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase eda dupla vista.

11111 O SONO E OS SONHOSO SONO E OS SONHOSO SONO E OS SONHOSO SONO E OS SONHOSO SONO E OS SONHOS

O Espírito jamais está inativo. Durante osono, afrouxam-se os laços que o prendem aocorpo, não precisando este então da sua pre-sença, ele se lança pelo espaço e entra emrelação mais direta com os outros Espíritos.Quando o Espírito se desprende do corpo pelosono, lembra-se do passado e, algumas vezes,prevê o futuro. Adquire maior potencialidadee pode pôr-se em comunicação com os demaisEspíritos, quer deste mundo, quer do ou-quer deste mundo, quer do ou-quer deste mundo, quer do ou-quer deste mundo, quer do ou-quer deste mundo, quer do ou-tro.tro.tro.tro.tro. Dizemos, freqüentemente: tive um sonhoextravagante, um sonho horrível, mas absolu-tamente inverossímil. É amiúde uma recorda-ção dos lugares e das coisas que vimos ou queveremos em outra existência ou em outra oca-sião. Os sonhos não são verdadeiros comoentendem os ledores de “buena-dicha” . Sãoverdadeiros no sentido de que apresentam ima-gens que para o Espírito têm realidade, po-rém que, freqüentemente, nenhuma relação guar-dam com o que se passa na vida corporal. Sãoum pressentimento do futuro, permitido porDeus, ou a visão do que no momento ocorre emoutro lugar a que a alma se transporta.

Para a emancipação do Espírito não énecessário o sono completo. Basta que ossentidos entrem em torpor para que o Espí-rito recobre sua liberdade. Estando des-prendido da matéria e atuando como Espíri-to, pode pressentir qual será a época de suamorte. Também sucede ter plena consciência

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dessa época, o que dá lugar a que, em esta-do de vigília, tenha a intuição do fato.Por isso é que algumas pessoas prevêem, comgrande exatidão, a data em que virão a mor-rer.

A atividade do Espírito, durante o re-pouso, ou o sono corporal, pode fatigar ocorpo, pois que se acha ele preso aoenvoltório carnal, qual balão cativo aoposte.

22222 VISITAS ESPIRITUAIS ENTRE PESSOAS VIVASVISITAS ESPIRITUAIS ENTRE PESSOAS VIVASVISITAS ESPIRITUAIS ENTRE PESSOAS VIVASVISITAS ESPIRITUAIS ENTRE PESSOAS VIVASVISITAS ESPIRITUAIS ENTRE PESSOAS VIVAS

Duas pessoas que se conhecem podem vi-sitar-se durante o sono. Também muitos quejulgam não se conhecerem costumam reunir-see falar-se. Podemos ter, sem que o suspei-temos, amigos em outro país. De ordinário,guardamos a intuição desses fatos, dos quaisse originam certas idéias que nos vêm es-pontaneamente, sem que possamos explicarcomo nos acudiram. Pela sua vontade, o ho-mem pode provocar visitas espirituais ereunir-se em assembléias. Os laços, antigosou recentes, de amizade, costumam reunir,desse modo, diversos Espíritos que se sen-tem felizes de estarem juntos.

33333 TRANSMISSÃO OCULTA DE PENSAMENTOTRANSMISSÃO OCULTA DE PENSAMENTOTRANSMISSÃO OCULTA DE PENSAMENTOTRANSMISSÃO OCULTA DE PENSAMENTOTRANSMISSÃO OCULTA DE PENSAMENTO

Uma idéia, a de uma descoberta, por exem-plo, surge em muitos pontos ao mesmo tempo.Assim é que, muitos podem, simultaneamente,descobrir a mesma coisa. Quando dizemos queuma idéia paira no ar, usamos de uma figurade linguagem mais exata do que supomos.Todos, sem o suspeitarem, contribuem parapropagá-la, uma vez que, durante o sono, os

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Espíritos se comunicam entre si.

Há, entre os Espíritos que se encontram,uma comunicação de pensamento, que dá causa aque duas pessoas se vejam e compreendam, semprecisarem dos sinais ostensivos da lingua-gem. Poder-se-ia dizer que falam entre si alinguagem dos Espíritos.

44444 LETARGIA, CATALEPSIA,LETARGIA, CATALEPSIA,LETARGIA, CATALEPSIA,LETARGIA, CATALEPSIA,LETARGIA, CATALEPSIA, MOR-MOR-MOR-MOR-MOR-TE APARENTETE APARENTETE APARENTETE APARENTETE APARENTE

Os letárgicos e os catalépticos, em ge-ral, vêem e ouvem o que em derredor se diz efaz, sem que possam exprimir o que estãovendo e ouvindo. O Espírito tem consciênciade si, mas não pode comunicar-se porque aisso se opõe o estado do corpo. Na letargia,o corpo não está morto, porquanto há funçõesque continuam a executar-se. Sua vitalidadeestá em estado latente, enquanto o corpovive, o Espírito se lhe acha ligado. Em serompendo, por efeito da morte real e peladesagregação dos órgãos, os laços que pren-dem um ao outro, integral se torna a separa-ção e o Espírito não volta mais ao seuenvoltório.

A letargia e a catalepsia derivam domesmo princípio, que é a perda temporáriada sensibilidade e do movimento, por umacausa fisiológica ainda inexplicada.

55555 SONAMBULISMOSONAMBULISMOSONAMBULISMOSONAMBULISMOSONAMBULISMO

O sonambulismo é um estado de indepen-dência do Espírito mais completo do que osonho, estado em que maior amplitude adqui-rem suas faculdades. A alma tem, então,percepções de que não dispõe no sonho, que

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é um estado de sonambulismo imperfeito. Nosonambulismo, o Espírito está de posse ple-na de si mesmo. Os órgãos materiais, achan-do-se de certa forma em estado de catalepsia,deixam de receber as impressões exterio-exterio-exterio-exterio-exterio-res.res.res.res.res. Quando se produzem os fatos do sonam-bulismo, é que o Espírito, preocupado comuma coisa ou outra, se aplica a uma açãoqualquer, para cuja prática necessita deutilizar-se do corpo. Serve-se, então, des-te, como se serve de uma mesa ou outroobjeto material no fenômeno das manifesta-ções físicas, ou mesmo como se utiliza damão do médium nas comunicações escritas.

O chamado sonambulismo magnético tem re-lação com o sonambulismo natural, só com adiferença de que o magnético é provocado.

A origem das idéias inatas do sonâmbuloe mesmo a capacidade que tem de falar coi-sas que ignora quando desperto, é dos co-nhecimentos que dormitam, porque, por dema-siado imperfeito, seu invólucro corporalnão lhe consente rememorá-los. O sonâmbuloé um Espírito que se encontra encarnado namatéria para cumprir sua missão, despertan-do dessa letargia quando cai em estadosonambúlico. Ele também pode receber comu-nicações de outros Espíritos, que lhe trans-mitem o que deva dizer e suprem a incapaci-dade que denotam. Pode ver outros Espíri-tos, dependendo do grau e da natureza dalucidez de cada um.

66666 ÊXTASEÊXTASEÊXTASEÊXTASEÊXTASE

O êxtase é um sonambulismo mais apura-

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do. A alma do extático ainda é mais inde-pendente. Pode ver os mundos superiores ecompreender a felicidade dos que os habi-tam, de acordo com o grau de purificaçãoque haja alcançado. O que o extático vê éreal para ele. Mas, como seu Espírito seconserva sempre debaixo da influência dasidéias terrenas, pode acontecer que veja aseu modo, ou melhor, que exprima o que vênuma linguagem moldada pelos preconceitos eidéias de que se acha imbuído. Daí o extáticoestar suje i to a enganar-se mui tofreqüentemente, sobretudo quando pretendepenetrar no que deva continuar a ser misté-rio para o homem, porque, então, se deixalevar pela corrente das suas próprias idéi-as, ou se torna joguete de Espíritosmistificadores, que se aproveitam da suaexaltação para fasciná-lo.

77777 DUPLA VISTADUPLA VISTADUPLA VISTADUPLA VISTADUPLA VISTA

A dupla vista é ainda o resultado dalibertação do Espírito, sem que o corposeja adormecido. A dupla vista A dupla vista A dupla vista A dupla vista A dupla vista ou segundasegundasegundasegundasegundavistavistavistavistavista é a vista da alma.

A dupla vista aparece, as mais das ve-zes, espontaneamente, mas pode-se desen-volver pelo exercício. O organismo físicoinflui para sua existência. Há organismosque lhe são refratários. Em algumas famíli-as parece hereditária; é pela semelhança daorganização que se transmite, como as ou-tras qualidades físicas.

– C APÍTULO IX –DA INTERVENÇÃO DOS E SPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL

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ABC do Espiritismo - 1 2 3 -

1 Faculdade que têm os Espíritos de pene-trar os nossos pensamentos. 2 Influênciaoculta dos Espíritos em nossos pensamentose atos. 3 Possessos. 4 Convulsionários.5 Afeição que os Espíritos votam a certaspessoas. 6 Anjos guardiães ou anjos deguarda. Espíritos protetores, familiares ous i m p á t i c o s .7 Pressentimento. 8 Influência dos Espí-ritos nos acontecimentos da vida. 9 Açãodos Espíritos sobre os fenômenos da Nature-za. 10 Os Espíritos durante os combates.11 Pactos. 12 Poder oculto. Talismãs.Feiticeiros. 13. Bênçãos e maldições.

11111 FACULDADE QUE TÊM OS ESPÍRITOS DEFACULDADE QUE TÊM OS ESPÍRITOS DEFACULDADE QUE TÊM OS ESPÍRITOS DEFACULDADE QUE TÊM OS ESPÍRITOS DEFACULDADE QUE TÊM OS ESPÍRITOS DEPENETRAR OS NOSSOS PENSAMENTOSPENETRAR OS NOSSOS PENSAMENTOSPENETRAR OS NOSSOS PENSAMENTOSPENETRAR OS NOSSOS PENSAMENTOSPENETRAR OS NOSSOS PENSAMENTOS

Os Espíritos podem ver tudo o que faze-mos, pois que, constantemente, nos rodeiam.Podem também conhecer os nossos mais secre-tos pensamentos. Nem atos, nem pensamentosse lhes podem dissimular.

22222 INFLUÊNCIAS EM NOSSOSINFLUÊNCIAS EM NOSSOSINFLUÊNCIAS EM NOSSOSINFLUÊNCIAS EM NOSSOSINFLUÊNCIAS EM NOSSOS PEN-PEN-PEN-PEN-PEN-SAMENTOS E ATOSSAMENTOS E ATOSSAMENTOS E ATOSSAMENTOS E ATOSSAMENTOS E ATOS

Os Espíritos influem, a tal ponto, emnossos pensamentos e atos, que, de ordiná-rio, são eles que nos dirigem. No conjuntode nossos pensamentos, estão sempre de mis-tura os que são nossos e os que são dosEspíritos. Daí a incerteza em que nos ve-mos, quando temos duas idéias a se combate-rem em nossa mente. Pode o homem eximir-seda influência dos Espíritos que procuramarrastá-lo ao mal, visto que tais Espíritossó se apegam aos que, pelos seus desejos,os chamam, ou aos que, pelos seus pensamen-

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tos, os atraem.

Podemos neutralizar a influência dos mausEspíritos praticando o bem e pondo em Deustoda a nossa confiança. A nenhum Espírito édada a missão de praticar o mal. Aquele queo faz fá-lo por conta própria, sujeitando-se, portanto, às conseqüências. Pode Deuspermitir que assim proceda; nunca, porém,lhe determina tal procedimento.

33333 POSSESSOSPOSSESSOSPOSSESSOSPOSSESSOSPOSSESSOS

O Espírito possessor identifica-se como Espírito encarnado, cujos defeitos e qua-lidades sejam os mesmos que os seus, a fimde obrar conjuntamente com ele. Mas, o en-carnado é sempre quem atua, conforme quer,sobre a matéria de que se acha revestido.Um Espírito não pode substituir-se ao queestá encarnado, por isso que este terá quepermanecer ligado ao seu corpo até o termofixado para sua existência material. Mesmoque não haja a possessão propriamente dita,isto é, a coabitação de dois Espíritos nomesmo corpo, pode a alma ficar na dependên-cia de outro Espírito, ao ponto de sua von-tade vir a achar-se, de certa maneira, pa-ralisada. São esses os verdadeiros posses-sos, porém, a dominação não se efetua nuncasem que, aquele que a sofre, o consintaquer por sua fraqueza, quer por sua fraqueza, quer por sua fraqueza, quer por sua fraqueza, quer por sua fraqueza, quer por desejá-la.

As fórmulas de exorcismo não têm qual-quer eficácia sobre os maus Espíritos. Aprece, porém, é em tudo um poderoso auxíliopara a cura da obsessão, mas é indispensá-vel que o obsidiado faça, por sua parte, o

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que se torne necessário para destruir em simesmo a causa da atração dos Espíritosobsessores.

44444 CONVULSIONÁRIOSCONVULSIONÁRIOSCONVULSIONÁRIOSCONVULSIONÁRIOSCONVULSIONÁRIOS

Espíritos de categoria pouco elevada sãoos que concorrem para a produção dos fenô-menos que se verificam nos indivíduos cha-mados convulsionários. Nalguns, o fenômenoé exclusivamente efeito de magnetismo, queatua sobre o sistema nervoso. Em outros, aexaltação do pensamento embota a sensibili-dade. Dir-se-ia que nestes a vida se reti-rou do corpo, para se concentrar toda noEspírito. Quando este está vivamente preo-cupado com uma coisa, o corpo nada sente,nada vê e nada ouve.

55555 AFEIÇÃO QUE OS ESPÍRITOS VOTAM AAFEIÇÃO QUE OS ESPÍRITOS VOTAM AAFEIÇÃO QUE OS ESPÍRITOS VOTAM AAFEIÇÃO QUE OS ESPÍRITOS VOTAM AAFEIÇÃO QUE OS ESPÍRITOS VOTAM ACERTAS PESSOASCERTAS PESSOASCERTAS PESSOASCERTAS PESSOASCERTAS PESSOAS

Os bons Espíritos simpatizam com os ho-mens de bem, ou susceptíveis de se melhora-rem. Os inferiores, com os homens viciosos,ou que podem tornar-se tais. Daí suas afei-ções, como conseqüência da conformidade dossentimentos. A verdadeira afeição nada temde carnal. Os bons Espíritos fazem todo obem que lhes é possível e se sentem ditososcom as nossas alegrias. Afligem-se com osnossos males, quando os não suportamos comresignação. Dentre os males que mais afli-gem os Espíritos por nossa causa são o ego-ísmo e a dureza dos nossos corações. Daídecorre tudo o mais.

Os parentes e amigos, que nos precede-ram na outra vida, maior simpatia nos votam

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do que os que nos são estranhos e semprenos protegem de acordo com o poder de quedispõem.

66666 ANJOS DE GUARDA, ESPÍRITOS PROTETO-ANJOS DE GUARDA, ESPÍRITOS PROTETO-ANJOS DE GUARDA, ESPÍRITOS PROTETO-ANJOS DE GUARDA, ESPÍRITOS PROTETO-ANJOS DE GUARDA, ESPÍRITOS PROTETO-RES, FAMILIARES OU SIMPÁTICOSRES, FAMILIARES OU SIMPÁTICOSRES, FAMILIARES OU SIMPÁTICOSRES, FAMILIARES OU SIMPÁTICOSRES, FAMILIARES OU SIMPÁTICOS

Há Espíritos que se ligam particularmen-te a um indivíduo para protegê-lo: é o pro-tetor. Sua missão é a de um pai com relaçãoaos filhos. Desde o nascimento até a morteele se dedica ao seu protegido, acompanhan-do, muitas vezes, na vida espírita e, atémesmo, através de muitas existênciascorpóreas, que mais não são do que fasescurtíssimas da vida do Espírito. O nossoEspírito protetor nos assiste, uma vez queaceitou esse encargo, mas não renuncia aproteger outros indivíduos, porém menos ex-clusivamente. Quando o protegido se mostrarebelde, seu protetor se afasta, mas não oabandona completamente e sempre se faz ou-vir. É então o homem quem tapa os ouvidos. Oprotetor volta, desde que este o chame. Nemsempre o protetor está junto ao seu protegi-do, mas não o perde de vista. Mesmo que nãosaibamos o nome do nosso protetor, podemosinvocá-lo e ele nos assiste.

O Espírito protetor, anjo de guarda, oubom gênio, é o que tem por missão acompa-nhar o homem na vida e ajudá-lo a progre-dir. É sempre de natureza superior, comrelação ao protegido.

Os Espíritos familiares se ligam a cer-tas pessoas por laços mais ou menos durá-veis, com o fim de lhes serem úteis, dentrodos limites do poder, quase sempre muito

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restrito, de que dispõem. São bons, porémmuitas vezes pouco adiantados e mesmo umtanto levianos. Ocupam-se boamente com asparticularidades da vida íntima e só atuampor ordem ou com permissão dos Espíritosprotetores.

77777 PRESSENTIMENTOSPRESSENTIMENTOSPRESSENTIMENTOSPRESSENTIMENTOSPRESSENTIMENTOS

O pressentimento é o conselho íntimo eoculto de um Espírito que nos quer bem. OsEspíritos protetores nos ajudam com seusconselhos, mediante a voz da consciênciaque fazem ressoar em nosso íntimo. Como,porém, nem sempre ligamos a isso a devidaimportância, outros conselhos mais diretoseles nos dão, servindo-se das pessoas quenos cercam.

88888 INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOSINFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOSINFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOSINFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOSINFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS NOSACONTECIMENTOS DA VIDAACONTECIMENTOS DA VIDAACONTECIMENTOS DA VIDAACONTECIMENTOS DA VIDAACONTECIMENTOS DA VIDA

Os Espíritos exercem influência nos acon-tecimentos de nossa vida, mas nunca atuamfora das leis da Natureza. O que Deus querse executa. Se houver demora na execução,ou lhe surjam obstáculos, é porque Ele as-sim o quis.

Os Espíritos não têm, de todo, o poderde afastar de nós os males e de nos favore-cer com a prosperidade, porquanto, há malesque estão nos decretos da Providência, po-rém podem amenizar as dores, dando-nos pa-ciência e resignação.

9 AÇÃO DOS ESPÍRITOS NOS FENÔMENOS9 AÇÃO DOS ESPÍRITOS NOS FENÔMENOS9 AÇÃO DOS ESPÍRITOS NOS FENÔMENOS9 AÇÃO DOS ESPÍRITOS NOS FENÔMENOS9 AÇÃO DOS ESPÍRITOS NOS FENÔMENOSDA NATUREZADA NATUREZADA NATUREZADA NATUREZADA NATUREZA

Todos os fenômenos da Natureza têm uma

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razão de ser e nada acontece sem a permis-são de Deus, mas Deus não exerce ação dire-ta sobre a matéria. Ele encontra agentesdedicados em todos os graus da escala dosmundos. Os Espíritos presidem aos fenômenose os dirigem de acordo com as atribuiçõesque têm. Dia virá em que receberemos a ex-plicação de todos esses fenômenos e os com-preenderemos melhor.

1010101010 OS ESPÍRITOS DURANTE OS COMBATESOS ESPÍRITOS DURANTE OS COMBATESOS ESPÍRITOS DURANTE OS COMBATESOS ESPÍRITOS DURANTE OS COMBATESOS ESPÍRITOS DURANTE OS COMBATES

Durante uma batalha, há Espíritos as-sistindo aos combates e amparando cada umdos exércitos. Há Espíritos que só secomprazem na discórdia e na destruição. Paraesses, a guerra é a guerra. A justiça decausa pouco os preocupa.

No tumulto dos combates, alguns Espíri-tos continuam a interessar-se pela batalha,outros, entretanto, afastam-se. Dá-se, noscombates, o que ocorre em todos os casos demorte violenta: no primeiro momento, o Es-pírito fica surpreendido e como atordoado.Julga não estar morto. Parece-lhe que aindatoma parte na ação. Só pouco a pouco é quea realidade lhe surge. O Espíritodesencarnado em combate nunca está calmo.Pode acontecer que nos primeiros instantesdepois da morte ainda odeie seu inimigo emesmo o persiga. Quando, porém, se lhe es-tabelece a serenidade nas idéias, vê quenenhum fundamento há mais para sua animosi-dade. Contudo, não é impossível que delaguarde vestígios mais ou menos fortes, con-forme seu caráter.

1111111111 PACTOSPACTOSPACTOSPACTOSPACTOS

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Não há pacto com os maus Espíritos. Há,porém, naturezas más que simpatizam com osmaus Espíritos e pedem a eles que pratiquemo mal, ficando então obrigados a servirdepois a esses Espíritos porque estes tam-bém precisam do seu auxílio. Nisto apenas éque consiste o pacto.

1212121212 PODER OCULTOPODER OCULTOPODER OCULTOPODER OCULTOPODER OCULTO TALISMÃSTALISMÃSTALISMÃSTALISMÃSTALISMÃSFEITICEIROSFEITICEIROSFEITICEIROSFEITICEIROSFEITICEIROS

Não pode um homem mau com o auxílio de ummau Espírito fazer mal ao seu próximo, poisDeus não o permitiria.

Algumas pessoas dispõem de grande forçamagnética, de que podem fazer uso, se mausforem seus próprios Espíritos, caso em quepossível se torna serem secundados por ou-tros Espíritos maus, porém, não devemos crernum pretenso poder mágico, que só existe naimaginação de criaturas supersticiosas,ignorantes das verdadeiras leis da Nature-za. As fórmulas e práticas mediante as quaispessoas há que pretendem dispor do concursodos espíritos, só podem torná-las ridícu-las, se procedem de boa fé. No caso contrá-rio, são tratantes que merecem castigo. Todasas fórmulas são mera charlatanaria. Não hápalavra sacramental nenhuma, nenhum sinalcabalístico, nem talismãs, que tenham qual-quer ação sobre os Espíritos, porquanto es-tes só são atraídos pelo pensamento, pois,da pureza da intenção e da elevação dossentimentos é que depende a natureza doEspírito atraído.

Aqueles que são chamados de feiticeirossão pessoas que, quando de boa fé, gozam de

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certas faculdades, como sejam a força magné-tica ou a dupla vista. Então, como fazemcoisas geralmente incompreensíveis, são tidaspor dotadas de um poder sobrenatural. Algu-mas pessoas têm poder de curar pelo simplescontato, pois é a força magnética que chegaaté aí, quando secundada pela pureza dossentimentos e por um ardente desejo de fazero bem. Cumpre, porém, desconfiar da maneirapela qual contam as coisas pessoas muitocrédulas e muito entusiastas, sempre dis-postas a considerar maravilhoso o que há demais simples e mais natural. Importa descon-fiar também das narrativas interesseiras,que costumam fazer os que exploram, em seuproveito, a credulidade alheia.

1313131313 BÊNÇÃOS E MALDIÇÕESBÊNÇÃOS E MALDIÇÕESBÊNÇÃOS E MALDIÇÕESBÊNÇÃOS E MALDIÇÕESBÊNÇÃOS E MALDIÇÕES

Deus não escuta a maldição injusta eculpado perante Ele se torna o que a profe-re. Como temos os dois gênios opostos, obem e o mal, pode a maldição exercer momen-taneamente influência, mesmo sobre a maté-ria. Tal influência, porém, só se verificapor vontade de Deus como aumento de provapara aquele que é dela objeto. Demais, oque é comum é serem amaldiçoados os maus eabençoados os bons. Jamais a bênção e amaldição podem desviar da senda da justiçaa Providência, que nunca fere o maldito,senão quando mau, e cuja proteção não acobertasenão aquele que a merece.

– C APÍTULO X –DAS OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS E SPÍRITOS

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Os Espíritos concorrem para a harmoniado Universo, executando as vontades de Deus,cujos ministros são eles. A vida espírita éuma ocupação contínua, mas que nada tem depenosa, como a vida na Terra, porque não háa fadiga corporal, nem as angústias dasnecessidades. Mesmo os Espíritos inferio-res e imperfeitos têm deveres a cumprir.

As ocupações dos Espíritos são inces-santes, entendendo-se que sempre ativos sãoos seus pensamentos, porquanto vivem pelopensamento. Importa, porém, não identifi-carmos as ocupações dos Espíritos com asocupações materiais dos homens. Essa mesmaatividade lhes constitui um gozo, pela cons-ciência que têm de ser úteis. Há Espíritosque se conservam ociosos, mas esse estado étemporário e depende do desenvolvimento desuas inteligências. Há, como há entre oshomens, os que só para si mesmos vivem.Pesa-lhes, porém, essa ociosidade e, cedoou tarde, o desejo de progredir lhes faznecessária a atividade e felizes se senti-rão por poderem tornar-se úteis. Referimo-nos aos Espíritos que hão chegado ao pontode terem consciência de si mesmos e de seulivre-arbítrio, porquanto, em sua origem,todos são crianças que acabam de nascer eque obram mais por instinto que por vontadeexpressa.

Os Espíritos vulgares costumam imiscuir-se em nossos prazeres e ocupações. Estesnos rodeiam constantemente e com freqüênciatomam parte muito ativa no que fazemos, deconformidade com suas naturezas. Cumpre

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assim aconteça, porque, para serem os ho-mens impelidos pelas diversas veredas davida, necessário é que se lhes excitem oumoderem as paixões.

Os Espíritos cumprem suas missões, tan-to na erratici-dade, quanto no estado deencarnados. Essas missões são tão variadasque impossível fora descrevê-las. Muitas hámesmo que não podemos compreender. Eles exe-cutam a vontade de Deus e não nos é dadopenetrar-lhe todos os desígnios. A impor-tância das missões do Espírito correspondeà sua capacidade e elevação.

Os Espíritos encarnados recebem a mis-são de instruir os homens, auxiliar-lhes oprogresso, melhorar-lhes as instituições,por meios diretos e materiais. As missões,porém, são mais ou menos gerais e importan-tes. O que cultiva a terra desempenha tãonobre missão como o que governa, ou o queinstrui. Tudo em a natureza se encadeia. Aomesmo tempo que o Espírito se depura pelaencarnação, concorre, dessa forma, para aexecução dos desígnios da Providência. Cadaum tem neste mundo sua missão, porque todospodem ter alguma utilidade. Há encarnadosque são pobres seres, dignos de compaixão,porquanto expiarão duramente sua voluntá-ria inutilidade.

Pode-se reconhecer que um homem tem re-almente na Terra uma determinada missão,pelas grandes coisas que opera, pelos pro-gressos a cuja realização conduz seus seme-lhantes. Geralmente, os homens que trazemimportante missão, quase sempre ignoram.

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Baixando à Terra, colimam um vago objetivo.Depois do nascimento e de acordo com ascircunstâncias é que suas missões se lhesdesenham às vistas. Deus os impele para asenda onde devam executar-lhe os desígnios.

Por outro lado, nem tudo o que o homemfaz resulta de missão a que tenha sido pre-destinado. Amiudadas vezes é o instrumentode que se serve um Espírito para fazer quese execute uma coisa útil.

O Espírito que falir em sua missão, porsua própria culpa, terá que retornar à ta-refa; essa a sua punição. Também sofrerá asconseqüências do mal que haja causado. Pode-se considerar a paternidade como uma verda-deira missão. Deus colocou o filho sob atutela dos pais, a fim de que estes o diri-jam pela senda do bem, e lhes facilitou atarefa dando àquele uma organização débil edelicada, que o torna propício a todas asimpressões. Se este vier a sucumbir porculpa deles, suportarão os desgostos resul-tantes dessa queda e partilharão dos sofri-mentos do filho na vida futura, por nãoterem feito o que lhes estava ao alcancepara que ele avançasse na estrada do bem.Se a culpa não for dos pais, não serãoresponsáveis; todavia, quanto piores foremas propensões do filho, tanto mais pesada éa tarefa e tanto maior seu mérito, se con-seguirem desviá-lo do mau caminho.

– C APÍTULO XI –DOS TRÊS REINOS

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1 Os minerais e as plantas. 2 Os animaise o h o m e m .3 Metempsicose.

11111 OS MINERAIS E AS PLANTASOS MINERAIS E AS PLANTASOS MINERAIS E AS PLANTASOS MINERAIS E AS PLANTASOS MINERAIS E AS PLANTAS

Do ponto de vista material, apenas háseres orgânicos e inorgânicos. Do ponto devista moral, há, evidentemente, quatrograus, que apresentam caracteres determi-nados, muito embora pareçam confundir-senos seus limites. O homem, tendo tudo o quehá nas plantas e nos animais, domina todasas outras classes por uma inteligência es-pecial, indefinida, que lhe dá a consciên-cia do seu futuro, a percepção das coisasextramaterias e o conhecimento de Deus.

As plantas não têm consciência de queexistem, pois não pensam; só têm a vidaorgânica. Recebem impressões físicas queatuam sobre a matéria, mas não têm percep-ções e, conseguintemente, não têm a sensa-ção da dor. Nem a ostra que se abre, nem oszoófitos, pensam: têm, apenas, instinto cegoe natural.

22222 OS ANIMAIS E O HOMEMOS ANIMAIS E O HOMEMOS ANIMAIS E O HOMEMOS ANIMAIS E O HOMEMOS ANIMAIS E O HOMEM

O homem é um ser que desce muito baixoalgumas vezes e que pode também elevar-semuito alto. Pelo físico, é como os animaise menos bem dotado do que muitos destes. Anatureza deu tudo aquilo que o homem é obri-gado a inventar com a sua inteligência,inventar com a sua inteligência,inventar com a sua inteligência,inventar com a sua inteligência,inventar com a sua inteligência,para satisfação de suas necessidades e parasua conservação. Seu corpo se destrói, comoo dos animais, é certo, mas ao seu Espíritoestá assinado um destino que só ele pode

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compreender, porque só ele é inteiramentelivre. Reconhecemos o homem pela faculdadede pensar em Deus. É verdade que na maioriados animais domina o instinto, mas, muitosdeles, obram denotando acentuada vontade, oque demostra terem inteligência, porém li-mitada. Eles têm meios de se comunicarementre si, porém essa linguagem é restritaàs necessidades, como restritas também sãoas idéias que podem ter.

A liberdade de ação de que desfrutam osanimais, é limitada pelas suas necessidadese não se pode comparar à do homem. A apti-dão que certos animais denotam para imitara linguagem do homem, origina-se de umaparticular conformação dos órgãos vocais,reforçada pelo instinto de imitação. O ma-caco imita os gestos; algumas aves imitam avoz.

Possuindo os animais uma inteligênciaque lhes faculta certa liberdade de ação,há neles um princípio independente da maté-ria, que sobrevive ao corpo, semelhante àalma, porém inferior a do homem. Há entre aalma dos animais e a do homem distânciaequivalente à que medeia entre a alma dohomem e Deus. Após a morte, a alma dosanimais conserva sua individualidade; quantoà consciência do seu eu,eu,eu,eu,eu, não. A vida inte-ligente lhe permanece em estado latente,daí porque não lhe é dado escolher a espé-cie de animal em que encarne. Sobrevivendoao corpo em que habitou, a alma do animal

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fica numa espécie de errraticidade, poisque não mais se acha unida ao corpo, masnão é Espírito errante.Espírito errante.Espírito errante.Espírito errante.Espírito errante. O Espírito erran-te é um ser que pensa e obra por sua livrevontade. A alma do animal, depois da morte,é classificada pelos Espíritos a quem in-cumbe essa tarefa e utilizada quase imedi-atamente. Os animais, como o homem, estãosujeitos a uma lei progressiva, e daí vemque nos mundos superiores, onde os homenssão mais adiantados, os animais também osão, dispondo de meios mais amplos de comu-nicação. São sempre inferiores aos homens ese lhes acham submetidos, tendo neles ohomem servidores inteligentes. Seu progressose faz pela força das coisas, razão porquenão estão sujeitos à expiação. Tudo na Na-tureza se encadeia por elos que ainda nãopodemos compreender. A alma do animal e ado homem distinguem-se pelo grau de evolu-ção, razão porque a de um não pode animar ocorpo criado para o outro.

Tanto os animais, quanto o homem, tiramo princípio inteligente do elemento inteli-gente universal, princípio esse que consti-tui a alma, porém, no homem passou por umaelaboração que a coloca acima da que existeno animal. O Espírito passa a primeira fasedo seu desenvolvimento numa série de exis-tências que precedem o período a que chama-mos humanidade. O princípio inteligente vaise individualizando, pouco a pouco, para,depois, entrar no período de humanização,começando a ter consciência do seu futuro eda responsabilidade de seus atos. Esse pe-ríodo de humanização começa, geralmente, em

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mundos inferiores à Terra. Isto, entretan-to, não constitui regra absoluta, pois podesuceder que um Espírito, desde seu início,esteja apto a viver na Terra. Não é fre-qüente o caso; constitui antes uma exceção.

O Espírito do homem não tem, após amorte, consciência de suas existências an-teriores ao período de humanidade, pois nãoé desse período que começa sua vida de Es-pírito. Difícil é mesmo que se lembre desuas primeiras existências humanas. Essa arazão porque os Espíritos dizem que nãosabem como começaram.

33333 METEMPSICOSEMETEMPSICOSEMETEMPSICOSEMETEMPSICOSEMETEMPSICOSE

O Espírito que animou o corpo de umhomem não pode encarnar num animal, por-quanto o Espírito não retrograda. O rio nãoremonta à sua nascente. A reencarnação, comoos Espíritos a ensinam, se funda, ao con-trário, na marcha ascendente da Natureza ena progressão do homem, dentro de sua pró-pria espécie, o que em nada lhe diminui adignidade.

– P ARTE TERCEIRA –DAS L EIS MORAIS

– C APÍTULO I –DA LEI DIVINA OU NATURAL

1 Caracteres da lei natural. 2 Origem econhecimento da lei natural. 3 O bem e omal. 4 Divisão da lei natural.

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11111 CARACTERES DA LEI NATURALCARACTERES DA LEI NATURALCARACTERES DA LEI NATURALCARACTERES DA LEI NATURALCARACTERES DA LEI NATURAL

A lei natural é lei de Deus. É a únicaverdadeira para a felicidade do homem. In-dica-lhe o que deve fazer ou deixar de fa-zer e ele só é infeliz quando dela se afas-ta. Todas as leis da Natureza são leis di-vinas, pois que Deus é o autor de tudo.Para que o homem possa aprofundar-se nasleis de Deus é preciso muitas existências.

Entre as leis divinas, umas regulam omovimento e as relações da matéria bruta:as leis físicas, cujo estudo pertence aodomínio da Ciência. As outras dizem respei-to especialmente ao homem considerado em simesmo e nas suas relações com Deus e comseus semelhantes. Contêm as regras da vidado corpo, bem como as da vida da alma: sãoas leis morais.

22222 ORIGEM E CONHECIMENTOORIGEM E CONHECIMENTOORIGEM E CONHECIMENTOORIGEM E CONHECIMENTOORIGEM E CONHECIMENTO D AD AD AD AD ALEI NATURALLEI NATURALLEI NATURALLEI NATURALLEI NATURAL

Todos podem conhecer a lei de Deus, masnem todos a compreendem. Os homens de bem eos que se decidem a investigá-la são os quemelhor a compreendem. Todos, entretanto, acompreenderão um dia, porquanto forçoso éque o progresso se efetue. A alma compreen-de a lei de Deus de acordo com o grau deperfeição que tenha atingido e dela guardaa intuição quando unida ao corpo. Essa leiestá escrita na consciência do homem. Comoele a esquece e despreza, Deus a lembraatravés de seus missionários, que são Espí-ritos superiores que se encarnam na Terra,com a missão de fazer progredir a humanida-de.

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O caráter do verdadeiro profeta é ser umhomem de bem, inspirado por Deus. Podemosreconhecê-lo pelas suas palavras e pelosatos. Impossível é que Deus se sirva daboca de um mentiroso para ensinar a verda-de. Para o homem, Jesus constitui o tipo daperfeição moral a que a humanidade podeaspirar na Terra. Deus no-lo oferece como omais perfeito modelo e a doutrina que ensi-nou é a expressão mais pura da lei do Se-nhor, porque, sendo ele o mais puro de quantostêm aparecido na Terra, o Espírito divino oanimava. Jesus pregava amiúde, na sua lin-guagem, alegorias e parábolas, porque fala-va de conformidade com os tempos e os luga-res. Faz-se mister, agora, que a verdade setorne inteligível para todo mundo, daí por-que vieram os Espíritos trazer o ensinoclaro e sem equívocos, para que ninguémpossa pretextar ignorância e para que todoso possam julgar e apreciar com a razão.Importa que cada coisa venha a seu tempo. Averdade é como a luz: o homem precisa habi-tuar-se a ela, pouco a pouco; do contrário,fica deslumbrado.

33333 O BEM E O MALO BEM E O MALO BEM E O MALO BEM E O MALO BEM E O MAL

A moral é a regra do bem proceder, istoé, de distinguir o bem do mal. O bem é tudoo que é conforme à lei de Deus; o mal, tudoo que lhe é contrário. Deus deu inteligên-cia ao homem para distinguir por si mesmo oque é bem do que é mal.

Os Espíritos foram criados simples eignorantes. Deus deixa que o homem escolhao caminho. Tanto pior para ele, se toma o

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caminho mau: mais longa será sua peregrina-ção. É preciso que o Espírito ganhe experi-ência; é preciso, portanto, que conheça obem e o mal. Eis porque se une ao corpo.

A lei de Deus é a mesma para todos;porém, o mal depende, principalmente, davontade que se tenha de o praticar. Tantomais culpado é o homem, quanto melhor sabeo que faz. Não basta que o homem deixe depraticar o mal; cumpre-lhe fazer o bem nolimite de suas forças, porquanto responderápor todo mal que haja resultado de nãoque haja resultado de nãoque haja resultado de nãoque haja resultado de nãoque haja resultado de nãohaver praticado o bem.haver praticado o bem.haver praticado o bem.haver praticado o bem.haver praticado o bem. Não há quem nãopossa fazer o bem. Somente o egoísta nuncaencontra ensejo de o praticar. Para certoshomens, o meio onde se acham colocados re-presenta a causa primária de muitos víciose crimes, mas, ainda aí, há uma prova que oEspírito escolheu, quando em liberdade,levado pelo desejo de expor-se à tentaçãopara ter o mérito da resistência. O méritodo bem está na dificuldade em praticá-lo.Nenhum merecimento há em fazê-lo sem esfor-ço e quando nada custe. Em melhor conta temDeus o pobre que divide com outro o seuúnico pedaço de pão, do que o rico queapenas dá do que lhe sobra, disse-o Jesus,a propósito do óbulo da viúva.

44444 DIVISÃO DA LEI NATURALDIVISÃO DA LEI NATURALDIVISÃO DA LEI NATURALDIVISÃO DA LEI NATURALDIVISÃO DA LEI NATURAL

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A lei de Deus se acha contida toda nopreceito do amor ao próximo, ensinado porDeus. Esse preceito encerra todos os deve-res dos homens uns para com os outros. De-mais, a lei natural abrange todas as cir-cunstâncias da vida e esse preceito compre-ende só uma parte da lei. Aos homens sãonecessárias regras precisas; os preceitosgerais e muito vagos deixam grande númerode portas abertas a interpretações.

A divisão da lei natural em dez partes,compreendendo as leis de adoração, traba-adoração, traba-adoração, traba-adoração, traba-adoração, traba-lho, reprodução, conservação, destrui-lho, reprodução, conservação, destrui-lho, reprodução, conservação, destrui-lho, reprodução, conservação, destrui-lho, reprodução, conservação, destrui-ção, sociedade, progresso, igualdade,ção, sociedade, progresso, igualdade,ção, sociedade, progresso, igualdade,ção, sociedade, progresso, igualdade,ção, sociedade, progresso, igualdade,liberdade liberdade liberdade liberdade liberdade e, por fim, a de justiça, amora de justiça, amora de justiça, amora de justiça, amora de justiça, amore caridade, e caridade, e caridade, e caridade, e caridade, é de natureza a abranger todasas circunstâncias da vida, o que é essenci-al. Entretanto, a última lei é a mais im-portante, por ser a que faculta ao homemadiantar-se mais na vida espiritual, vistoque resume todas as outras.

– C APÍTULO II –DA LEI DE ADORAÇÃO

1 Objetivo da adoração. 2 Adoração exte-rior. 3 Vida contemplativa. 4 A prece. 5Politeísmo. 6 Sacrifícios.

11111 OBJETIVO DA ADORAÇÃOOBJETIVO DA ADORAÇÃOOBJETIVO DA ADORAÇÃOOBJETIVO DA ADORAÇÃOOBJETIVO DA ADORAÇÃO

A adoração consiste na elevação do pen-samento a Deus. É um sentimento inato nohomem, como o da existência de Deus. A cons-ciência da sua fraqueza leva o homem a cur-var-se diante daquele que o pode proteger.Nunca houve povos destituídos de todo sen-

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timento de adoração. Todos compreendem queacima de tudo há um ente supremo.

22222 ADORAÇÃO EXTERIORADORAÇÃO EXTERIORADORAÇÃO EXTERIORADORAÇÃO EXTERIORADORAÇÃO EXTERIOR

A adoração verdadeira não precisa demanifestações exteriores, pois ela parte docoração. A adoração exterior, se não cons-tituir num vão simulacro, tem seu valorrelativo. Deus prefere os que o adoram dofundo do coração, com sinceridade, fazendoo bem e evitando o mal, aos que julgamhonrá-lo com cerimônias que os não tornammelhores para com os seus semelhantes. To-dos os homens são irmãos e filhos de Deus.Ele atrai a si todos os que lhe obedecem àsleis, qualquer que seja a forma sob que seexprimam. É hipócrita aquele cuja piedadese cifra nos atos exteriores. Mau exemplodá todo aquele cuja adoração é afetada econtradiz seu procedimento. A adoração emcomum dá mais força aos homens para atraira si os bons Espíritos. Entretanto, nãodevemos crer que menos valiosa seja a ado-ração particular, pois que cada um podeadorar a Deus pensando nele.

33333 VIDA CONTEMPLATIVAVIDA CONTEMPLATIVAVIDA CONTEMPLATIVAVIDA CONTEMPLATIVAVIDA CONTEMPLATIVA

Perante Deus não tem mérito a vidacontemplativa, porquanto, se é certo quenão fazem o mal também o é que não fazem obem e são inúteis. Demais, não fazer o bemjá é um mal. Quem passa todo o tempo nameditação e na contemplação nada faz demeritório aos olhos de Deus, porque viveuma vida toda pessoal e inútil à humanidadee Deus lhe pedirá contas do bem que não

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houver feito.

44444 A PRECEA PRECEA PRECEA PRECEA PRECE

A prece é sempre agradável a Deus, quan-do ditada pelo coração, pois, para ele, aintenção é tudo. Assim, preferível lhe é aprece do íntimo à prece lida. Orar a Deus épensar nele; é aproximar-se dele; é pôr-seem comunhão com ele. A três coisas podemospropor-nos por meio da prece: louvar, pe-dir, agradecer. A prece torna melhor o ho-mem, porquanto aquele que ora com fervor econfiança se faz mais forte contra as ten-tações do mal e Deus lhe envia bons Espíri-tos para assisti-lo. O essencial não é orarmuito, mas orar bem. Aquele que pede perdãode suas faltas só obtém-no mudando de pro-cedimento. As boas ações são a melhor pre-ce, por isso que os atos valem mais que aspalavras.

O pensamento e a vontade representam emnós um poder de ação que alcança muito alémdos limites da nossa esfera corporal. Aprece que façamos por outrem é um ato dessavontade. Se for ardente e sincera, podechamar, em auxílio daquele por quem oramos,os bons Espíritos, que lhe virão sugerirbons pensamentos e dar força de que neces-sitem seu corpo e sua alma.

As nossas provas estão nas mãos de Deuse algumas há que têm que ser suportadas atéo fim; mas, sempre Deus leva em conta aresignação. A prece traz para junto de nósos bons Espíritos e, dando-nos estes a for-ça de suportá-las, corajosamente, menos rudes

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elas nos parecem.

Os desígnios de Deus não podem ser muda-dos, mas a alma por quem se ora experimentaalívio, porque recebe assim um testemunhodo interesse que inspira aquele que por elapede e também porque o desgraçado sentesempre um refrigério, quando encontra almascaridosas que se compadecem de suas dores.Amai-vos uns aos outros, disse o Cristo.Esta recomendação contém a de empregar ohomem todos os meios possíveis para teste-munhar aos outros homens afeição, sem haverentrado em minúcias quanto à maneira deatingir ele esse fim. Pode-se também oraraos bons Espíritos, como sendo os mensagei-ros de Deus e os executores de sua vontade.

55555 POLITEÍSMOPOLITEÍSMOPOLITEÍSMOPOLITEÍSMOPOLITEÍSMO

Uma das crenças mais antigas e espalha-das pelo mundo, foi o politeísmo. A concep-ção de um Deus único não poderia existir nohomem, senão como resultado do desenvolvi-mento de suas idéias. Incapaz, pela suaignorância, de conceber um ser imaterial,sem forma determinada, atuando sobre a ma-téria, conferiu-lhe o homem atributos danatureza corpórea, isto é, uma forma e umaspecto e, desde então, tudo o que pareciaultrapassar os limites da inteligência co-mum era, para ele, uma divindade. Daí crerem tantas potências distintas quantos osefeitos que observava. Em todos os tempos,porém, houve homens instruídos que compre-

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enderam ser impossível a existência dessespoderes múltiplos a governarem o mundo, semuma direção superior, e que, em conseqüên-cia, se elevaram à concepção de um Deusúnico.

66666 SACRIFÍCIOSSACRIFÍCIOSSACRIFÍCIOSSACRIFÍCIOSSACRIFÍCIOS

Remonta à mais alta antigüidade o usodos sacrifícios humanos, e isso se explicaporque o homem não compreendia Deus comosendo a fonte da bondade. Nos povos primi-tivos, a matéria sobrepuja o Espírito; elesse entregam aos instintos do animal selva-gem. Em segundo lugar, é natural que oshomens primitivos acreditassem ter uma cri-atura animada muito mais valor, aos olhosde Deus, do que um corpo material. Foi istoque os levou a imolarem, primeiro, animaise, mais tarde, homens. Não foi de um senti-mento de crueldade que se originaram ossacrifícios humanos e sim de uma idéia er-rônea quanto a maneira de agradar a Deus.Com o correr dos tempos, os homens entrarama abusar dessas práticas, imolando seusinimigos comuns, até mesmo seus inimigosparticulares. As Guerras Santas, por exem-plo, são feitas por homens impelidos pelosmaus Espíritos que contravêm à vontade deDeus. Todas as religiões, ou, antes, todosos povos adoram um mesmo Deus, não se jus-tificando uma guerra sob o fundamento deser a religião destes diferente da daque-les. Deus abençoa sempre os que fazem o

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bem, e o melhor meio de honrá-lo consisteem minorar os sofrimentos dos pobres e dosaf l i tos. O homem que se atém àsexterioridades, e não ao coração, é um Es-pírito de vistas acanhadas.

– C APÍTULO III –DA LEI DO TRABALHO

1 Necessidade do trabalho. 2 Limite dotrabalho. Repouso.

11111 NECESSIDADE DO TRABALHONECESSIDADE DO TRABALHONECESSIDADE DO TRABALHONECESSIDADE DO TRABALHONECESSIDADE DO TRABALHO

O trabalho é lei da natureza, por issoque constitui uma necessidade, e a civili-zação obriga o homem a trabalhar mais, por-que lhe aumenta as necessidades e os gozos.O Espírito trabalha, assim como o corpo.Toda ocupação útil é trabalho.

O trabalho se impõe ao homem por ser umaconse-qüência da sua natureza corpórea. Éexpiação e, ao mesmo tempo, meio de aper-feiçoamento da sua inteligência. Em mundosmais adiantados também existe o trabalho,porém a sua natureza está em relação com anatureza das necessidades. Quanto menos ma-teriais são estas, menos material é o tra-balho. Mesmo neste mundo, o homem que pos-sua bens suficientes para lhe assegurarem aexistência, não está isento do trabalho.Deve ser útil aos semelhantes conforme osmeios de que disponha. Os filhos devem tra-balhar para seus pais, do mesmo modo que ospais têm de trabalhar para seus filhos,pois os membros de uma família devem aju-dar-se mutuamente.

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22222 LIMITE DO TRABALHOLIMITE DO TRABALHOLIMITE DO TRABALHOLIMITE DO TRABALHOLIMITE DO TRABALHO REPOUSOREPOUSOREPOUSOREPOUSOREPOUSO

O repouso é uma lei da Natureza, poisserve para a reparação das forças do corpoe também é necessário para dar um poucomais de liberdade à inteligência, a fim deque se eleve acima da matéria. O limite dotrabalho é o das forças e a esse respeitoDeus deixa inteiramente livre o homem, po-rém, todo aquele que tem o poder de mandaré responsável pelo excesso de trabalho queimponha a seus inferiores, porquanto, assimfazendo, transgride a lei de Deus. O homemtem direito de repousar na velhice. Nãotendo este família, a sociedade deve fazeras vezes desta. É a lei da caridade.

– C APÍTULO IV –DA LEI DE REPRODUÇÃO

1 População do globo. 2 Sucessão e aper-feiçoamento das raças. 3 Obstáculos à re-produção. 4 Casamento e celibato. 5 Poli-gamia.

11111 POPULAÇÃO DO GLOBOPOPULAÇÃO DO GLOBOPOPULAÇÃO DO GLOBOPOPULAÇÃO DO GLOBOPOPULAÇÃO DO GLOBO

É lei da Natureza a reprodução dos ser-ves vivos, sem o que o mundo corporal pere-ceria. Mesmo com a progressão crescente quevemos, a população não chegará a ser exces-siva, pois Deus a isso provê e mantém sem-pre o equilíbrio. Ele coisa alguma inútilfaz. O homem, que apenas vê um canto doquadro da Natureza, não pode julgar da har-monia do conjunto.

22222 SUCESSÃO E APERFEIÇOAMENTOSUCESSÃO E APERFEIÇOAMENTOSUCESSÃO E APERFEIÇOAMENTOSUCESSÃO E APERFEIÇOAMENTOSUCESSÃO E APERFEIÇOAMENTO D A SD A SD A SD A SD A S

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RAÇASRAÇASRAÇASRAÇASRAÇAS

Há raças humanas que decrescem, mas ou-tras lhes terão tomado o lugar, como outrasum dia tomarão o lugar das atuais. Os ho-mens atuais não formam uma criação nova,pois são os mesmos Espíritos que voltaram,para se aperfeiçoar em novos corpos, masque ainda estão longe da perfeição. Assim,a atual raça humana, que, pelo seu cresci-mento, tende a invadir a Terra e a substi-tuir as raças que se extinguem, terá suafase de crescimento e de desaparição. Subs-tituí-la-ão outras raças mais aperfeiçoa-das, que descenderão da atual, como os ho-mens civilizados de hoje descendem dos se-res brutos e selvagens dos tempos primiti-vos. A origem das raças se perde na noitedos tempos. As raças animais e vegetaispodem ser aperfeiçoadas pela Ciência. Sendoa perfeição a meta para que tende a Nature-za, favorecer essa perfeição é corresponderàs vistas de Deus.

33333 OBSTÁCULOS À REPRODUÇÃOOBSTÁCULOS À REPRODUÇÃOOBSTÁCULOS À REPRODUÇÃOOBSTÁCULOS À REPRODUÇÃOOBSTÁCULOS À REPRODUÇÃO

Tudo o que embaraça a Natureza em suamarcha é contrario à lei geral. Deus conce-deu ao homem, sobre todos os seres vivos,um poder de que ele deve usar, sem abusar.Pode, pois, regular a reprodução, de acordocom as necessidades. Não deve opor-se-lhesem necessidade. A ação inteligente do ho-mem é um contrapeso que Deus dispôs pararestabelecer o equilíbrio entre as forçasda Natureza e é ainda isso o que o distin-gue dos animais, porque ele obra com conhe-cimento de causa. Mas, os mesmos animais

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também concorrem para a existência desseequilíbrio, porquanto o instinto de des-truição que lhes foi dado faz com que, pro-vendo à própria conservação, obstem ao de-senvolvimento excessivo, quiçá perigoso, dasespécies animais e vegetais de que se ali-mentam. Quanto, porém, aos usos cujo efeitoconsiste em obstar à reprodução, para sa-tisfação da sensualidade, trata-se da pre-dominância do corpo sobre a alma, o quedemostra quanto o homem é material.

44444 CASAMENTO E CELIBATOCASAMENTO E CELIBATOCASAMENTO E CELIBATOCASAMENTO E CELIBATOCASAMENTO E CELIBATO

O casamento representa uma medida paraa marcha e progresso da humanidade. Suaabolição seria uma regressão à vida dosanimais. A indissolubilidade absoluta docasamento é uma lei humana. Mas os homenspodem modificar suas leis; só as da Nature-za são imutáveis. O celibato voluntário,entretanto, representa egoísmo e desagradaa Deus e engana o mundo. Não se deve con-fundir o celibato voluntário com aquele queé feito, como sacrifício, a serviço da hu-manidade, porque todo sacrifício pessoal émeritório, quando feito para o bem. Quantomaior o sacrifício, tanto maior o mérito.

55555 POLIGAMIAPOLIGAMIAPOLIGAMIAPOLIGAMIAPOLIGAMIA

A poligamia é lei humana cuja aboliçãomarcou um progresso social. O casamento,segundo as vistas de Deus, tem que se fun-dar na afeição dos seres que se unem. Napoligamia não há afeição real: há apenassensualidade.

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– C APÍTULO V –LEI DE CONSERVAÇÃO

1 Instinto de conservação. 2 Meios deconservação. 3 Gozo dos bens terrenos. 4Necessário e supérfluo. 5 Privações volun-tárias. Mortificações.

11111 INSTINTO E CONSERVAÇÃOINSTINTO E CONSERVAÇÃOINSTINTO E CONSERVAÇÃOINSTINTO E CONSERVAÇÃOINSTINTO E CONSERVAÇÃO

Todos os seres vivos possuem o instintode conservação, seja qual for o grau de suainteligência. Nuns, é puramente maquinal,racionado em outros. Todos os seres têm queconcorrer para o cumprimento dos desígniosda Providência, daí porque Deus lhes outor-gou o instinto de conservação. Acresce quea vida é necessária ao aperfeiçoamento dosseres. Eles o sentem instintivamente, semdisso se aperceberem.

22222 MEIOS DE CONSERVAÇÃOMEIOS DE CONSERVAÇÃOMEIOS DE CONSERVAÇÃOMEIOS DE CONSERVAÇÃOMEIOS DE CONSERVAÇÃO

Tendo dado ao homem a necessidade deviver, Deus lhe facultou, em todos os tem-pos, os meios de o conseguir. Essa a razãoporque faz que a Terra produza de modo aproporcionar o necessário aos que a habi-tam, visto que só o necessário é útil. ATerra produziria sempre o necessário, secom o necessário soubesse o homem conten-tar-se. Se o que ela produz não lhe basta atodas as necessidades, é que ele emprega nosupérfluo o que poderia ser aplicado nonecessário. O solo é a fonte primacial don-de dimanam todos os outros recursos, poisque, em definitivo, estes recursos são sim-

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ples transformações dos produtos do solo.Se a uns faltam os meios de subsistência,ainda quando os cerca a abundância, deve-seatribuir isso ao egoísmo dos homens, quenem sempre fazem o que lhes cumpre. Depois,e as mais das vezes, devem-no a si mesmos.Buscai e achareis, estas palavras não que-rem dizer que, para achar o que deseje,basta que o homem olhe para a Terra, masque lhe é preciso procurá-lo, não com indo-lência, e sim com ardor e perseverança, semdesanimar ante os obstáculos, que muitoamiúde são simples meios de que se utilizaa Providência para lhe experimentar a cons-tância, a paciência e a firmeza.

Nos mundos de mais apurada organização,os seres vivos também têm a necessidade dealimentar-se, porém seus alimentos estão emrelação com a sua natureza. Tais alimentosnão seriam bastante substanciosos para osnossos estômagos grosseiros; assim como osdeles não poderiam digerir os nossos ali-mentos.

33333 GOZO DOS BENS TERRENOSGOZO DOS BENS TERRENOSGOZO DOS BENS TERRENOSGOZO DOS BENS TERRENOSGOZO DOS BENS TERRENOS

O uso dos bens terrenos é um direito detodos os homens. Deus não imporia um deversem dar ao homem o meio de cumpri-lo. Pôsatrativos no gozo dos bens materiais,objetivando, assim, desenvolver-lhe a ra-zão, que deve preservá-lo dos excessos.

O homem que procura nos excessos de todogênero o requinte do gozo, coloca-se abaixodo bruto, pois que este sabe deter-se, quandosatisfeita a sua necessidade.

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44444 NECESSÁRIO E SUPÉRFLUONECESSÁRIO E SUPÉRFLUONECESSÁRIO E SUPÉRFLUONECESSÁRIO E SUPÉRFLUONECESSÁRIO E SUPÉRFLUO

Aquele que é ponderado conhece o limitedo necessário por intuição. Muitos só che-gam a conhecê-lo por experiência e à suaprópria custa. Por meio da organização quelhe deu, a Natureza traçou ao homem o limi-te das necessidades; porém, os vícios lhealteraram a constituição e lhe criaram ne-cessidades que não são reais. Os queaçambarcam os bens da Terra para se locu-pletarem com o supérfluo, em prejuízo da-queles a quem falta o necessário, olvidam alei de Deus e terão de responder pelas pri-vações que houverem causado aos outros.

55555 PRIVAÇÕES VOLUNTÁRIASPRIVAÇÕES VOLUNTÁRIASPRIVAÇÕES VOLUNTÁRIASPRIVAÇÕES VOLUNTÁRIASPRIVAÇÕES VOLUNTÁRIAS MORTIFI-MORTIFI-MORTIFI-MORTIFI-MORTIFI-CAÇÕESCAÇÕESCAÇÕESCAÇÕESCAÇÕES

A lei da conservação obriga o homem aprover as necessidades do corpo, porque,sem força e saúde, impossível é o trabalho.É natural que o homem procure o bem-estar.Deus só proíbe o abuso, por ser contrário àconservação.

Há privações voluntárias que são meri-tórias, como a dos gozos inúteis, porquedesprende da matéria o homem e lhe eleva aalma. Meritório é resistir à tentação quearrasta ao excesso ou ao gozo das coisasinúteis; é o homem tirar do que lhe é ne-cessário para dar aos que carecem do bas-tante. A vida de mortificações ascéticas,se somente serve para quem a pratica e oimpede de fazer o bem, é egoísmo, seja qualfor o pretexto com que entendem de colori-la. Privar-se a si mesmo e trabalhar paraos outros, tal a verdadeira mortificação,

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segundo a caridade cristã. Não é racional aabstenção de certos alimentos, pois, permi-tido é ao homem alimentar-se de tudo o quenão lhe prejudique a saúde. Alguns legisla-dores, porém, com um fim útil, entenderamde interdizer o uso de certos alimentos e,para maior autoridade imprimirem às suasleis, apresentaram-nas como emanadas de Deus.A alimentação animal, com relação ao homem,não é contrária à lei da Natureza, pois,dada a sua constituição física, a carnealimenta a carne. A lei de conservação lheprescreve, como um dever, que mantenha suasforças e saúde, para cumprir a lei do tra-balho. Ele, pois, tem que se alimentar con-forme o reclame sua organização.

Os sofrimentos naturais são os únicosque elevam o homem, porque vêm de Deus. Ossofrimentos voluntários de nada servem,quando não concorrem para o bem de outrem.Não se adiantam no caminho do progresso osque abreviam a vida, mediante rigores so-bre-humanos, como o fazem os bonzos, osfaquires e alguns fanáticos de muitas sei-tas. Sofrer alguém, voluntariamente, ape-nas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrerpelos outros é caridade: tais os preceitos.

– C APÍTULO VI –DA LEI DE DESTRUIÇÃO

1 Destruição necessária e destruição abusiva.2 Flagelos destruidores. 3 Guerras. 4Assassínio. 5 Crueldade. 6 Duelo. 7 Penade morte.

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11111 DESTRUIÇÃO NECESSÁRIA E DESTRUIÇÃODESTRUIÇÃO NECESSÁRIA E DESTRUIÇÃODESTRUIÇÃO NECESSÁRIA E DESTRUIÇÃODESTRUIÇÃO NECESSÁRIA E DESTRUIÇÃODESTRUIÇÃO NECESSÁRIA E DESTRUIÇÃOABUSIVAABUSIVAABUSIVAABUSIVAABUSIVA

Preciso é que tudo se destrua para re-nascer e se regenerar. O que chamamos dedestruição não passa de uma transformação,que tem por fim a renovação e melhoria dosseres vivos. Para se alimentarem, os seresvivos reciprocamente se destróem, destrui-ção esta que obedece a um duplo fim: manu-tenção do equilíbrio na reprodução, que po-deria tornar-se excessiva, e utilização dosdespojos do invólucro exterior que sofre adestruição e que não é parte essencial doser pensante. A Natureza cerca os seres demeios de preservação e de conservação a fimde que a destruição não se dê antes dotempo. Toda destruição antecipada obsta aodesenvolvimento do princípio inteligente.Por isso foi que Deus fez que cada serexperimentasse a necessidade de viver e dese reproduzir. Ao lado dos meios de conser-vação, a Natureza colocou os agentes dedestruição para manter o equilíbrio e ser-vir de contrapeso. A necessidade de des-truição não é idêntica em todos os mundos:guarda proporções com o estado mais ou me-nos material desses mundos. Cessa, quando ofísico e o moral se acham mais depurados.Entre os homens da Terra, a necessidade dedestruição se enfraquece à medida que oEspírito sobrepuja a matéria. Assim é que,como se observa, o horror à destruição crescecom o seu desenvolvimento intelectual emoral. Em seu estado atual, o direito dedestruição se acha regulado pela necessida-de que tem o homem de prover ao seu susten-

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to e à sua segurança. O abuso jamais cons-titui direito. Toda destruição que excedeos limites da necessidade é uma violação dalei de Deus. Os animais só destróem parasatisfação de suas necessidades, enquantoque o homem, dotado de livre-arbítrio, ofaz sem necessidade. Terá que prestar con-tas do abuso da liberdade que lhe foi con-cedida, pois isso significa que cede aosmaus instintos.

22222 FLAGELOS DESTRUIDORESFLAGELOS DESTRUIDORESFLAGELOS DESTRUIDORESFLAGELOS DESTRUIDORESFLAGELOS DESTRUIDORES

Deus fere a humanidade por meio deflagelos destruidores para fazê-la progre-dir mais depressa; emprega também outrosmeios, mas o homem não aproveita dessesmeios, daí ser preciso castigar o seu orgu-lho e fazê-lo sentir a fraqueza. A vidaterrena pouco representa com relação à vidaespiritual; por isso, pouca importância têmpara o Espírito os flagelos destruidores,sob o ponto de vista do sofrimento. Porocasião das grandes calamidades que dizimamos homens, o espetáculo é semelhante ao deum exército, cujos soldados, durante a guer-ra, ficassem com os seus uniformes estraga-dos, rotos, ou perdidos.

O general se preocupa mais com seus sol-dados do que com os uniformes deles.

33333 GUERRASGUERRASGUERRASGUERRASGUERRAS

O que impele o homem à guerra é a predo-minância da natureza animal sobre a nature-

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Pza espiritual e trasbordamento das pai-xões. À medida que ele progride, menos fre-qüente se torna a guerra. Quando os homenscompreenderem a justiça e praticarem a lei

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ABC do Espiritismo - 1 5 9 -

Cde Deus, a guerra desaparecerá da face daTerra. Grande culpado é aquele que suscitaa guerra, e muitas existênciasmuitas existênciasmuitas existênciasmuitas existênciasmuitas existências lhe serãonecessárias para expiar todos os assassíni-os de que haja sido causa, porquanto res-ponderá por todos os homens cuja morte te-nha causado para satisfazer à sua ambição.

44444 ASSASSÍNIOASSASSÍNIOASSASSÍNIOASSASSÍNIOASSASSÍNIO

Aos olhos de Deus, é grande crime oassassínio, pois que aquele que tira a vidaao seu semelhante corta o fio de uma exis-uma exis-uma exis-uma exis-uma exis-tência de expiação ou de missão.tência de expiação ou de missão.tência de expiação ou de missão.tência de expiação ou de missão.tência de expiação ou de missão. Só anecessidade de legítima defesa o pode escu-sar da responsabilidade. Mas, desde que oagredido possa preservar a sua vida, sematentar contra a de seu agressor, deve fazê-lo. Também será escusado no caso de cons-trangimento pela força, como na guerra, masserá culpado das crueldades que cometa,sendo-lhe também levado em conta o senti-mento de humanidade com que proceda.

55555 CRUELDADECRUELDADECRUELDADECRUELDADECRUELDADE

A crueldade é o instinto de destruiçãono que tem de pior, porquanto, se, algumasvezes, a destruição constitui uma necessi-dade, com a crueldade jamais se dá o mesmo.Ela resulta sempre de uma natureza má, acrueldade forma o caráter predominante dospovos primitivos, porquanto nestes a maté-ria prepondera sobre o Espírito. A cruelda-de se encontra também no seio da mais adi-antada civilização, do mesmo modo que numa

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árvore carregada de bons frutos se encon-tram verdadeiros abortos, pois Espíritos deordem inferior podem encarnar entre homensadiantados, na esperança de também se adi-antarem. Mas, desde que a prova é por de-mais pesada, predomina a natureza primiti-va. Entretanto, como a humanidade progride,um dia esses homens desaparecerão, como omau grão se separa do bom, quando este éjoeirado. Mas desaparecerão para renascersob outros invólucros.

66666 DUELODUELODUELODUELODUELO

O duelo não pode ser considerado comolegítima defesa; é um assassínio e um cos-tume absurdo, digno dos bárbaros, e aqueleque o praticar, conhecendo a sua própriafraqueza, será considerado um suicida. Oque se chama ponto ponto ponto ponto ponto de honra, de honra, de honra, de honra, de honra, em matéria deduelo não passa de orgulho e vaidade.

77777 PENA DE MORTEPENA DE MORTEPENA DE MORTEPENA DE MORTEPENA DE MORTE

Um dia, quando os homens estiverem maisesclarecidos, desaparecerá da face da Terraa pena de morte. Há outros meios de sepreservar do perigo, que não matando. De-mais, é preciso abrir e não fechar ao cri-minoso a porta do arrependimento. Jesus disse:“Quem matar com a espada, pela espada pere-cerá” . Com efeito, a pena de talião é ajustiça de Deus. É ele quem a aplica. Todosnós sofremos essa pena a cada instante,pois que somos punidos naquilo em que hou-vermos pecado, nesta existência ou emnesta existência ou emnesta existência ou emnesta existência ou emnesta existência ou emoutra.outra.outra.outra.outra. Aquele que foi a causa do sofrimen-to para seus semelhantes virá achar-se numa

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condição em que sofrerá o que tenha feitosofrer. Este o sentido das palavras de Je-sus. A pena de morte é um crime, quandoaplicada em nome de Deus, e os que a impõemse sobrecarregam de outros tantos assassí-nios.

– C APÍTULO VII –DA LEI DE SOCIEDADE

1 Necessidade da vida social. 2 Vida deinsulamento. Voto de silêncio. 3 Laços defamília.

11111 NECESSIDADE DA VIDA SOCIALNECESSIDADE DA VIDA SOCIALNECESSIDADE DA VIDA SOCIALNECESSIDADE DA VIDA SOCIALNECESSIDADE DA VIDA SOCIAL

Deus fez o homem para viver em socieda-de. O isolamento absoluto é contrário à leida Natureza, pois que, por instinto, oshomens buscam a sociedade e todos devemconcorrer para o progresso, auxiliando-semutuamente. O homem tem que progredir. In-sulado, não lhe é possível. Por não disporde todas as faculdades. No insulamento, elese embrutece e estiola.

22222 VIDA DE ISOLAMENTOVIDA DE ISOLAMENTOVIDA DE ISOLAMENTOVIDA DE ISOLAMENTOVIDA DE ISOLAMENTO VOTO DEVOTO DEVOTO DEVOTO DEVOTO DESILÊNCIOSILÊNCIOSILÊNCIOSILÊNCIOSILÊNCIO

Isolamento absoluto é uma satisfaçãoegoísta. Não pode agradar a Deus uma vidapela qual o homem se condena a não ser útila ninguém. Fugir ao pernicioso contato domundo é duplo egoísmo; esse retraimento nãodá mérito nenhum, pois fazer maior soma debem do que de mal constitui a melhor expi-ação. Evitando um mal, aquele que por talmotivo se insula cai noutro, pois esquece a

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lei de amor e caridade. Entretanto, os quefogem do mundo para se votarem ao mister desocorrer os desgraçados, se elevam. Têm oduplo mérito de se colocarem acima dos go-zos materiais e de fazerem o bem, obedecen-do à lei do trabalho.

33333 LAÇOS DE FAMÍLIALAÇOS DE FAMÍLIALAÇOS DE FAMÍLIALAÇOS DE FAMÍLIALAÇOS DE FAMÍLIA

Entre os animais, os pais e os filhosdeixam de reconhecer-se, desde que estesnão mais precisam de cuidados, porquantovivem vida material e não vida moral. Aternura da mãe pelos filhos tem por princí-pio o instinto de conservação dos seres queela deu à luz. Logo que esses seres podemcuidar de si mesmos, está ela com a tarefaconcluída. No homem há alguma coisa a mais,além das necessidades físicas: há a neces-sidade de progredir. Os laços sociais sãonecessários ao progresso e os de famíliamais apertados tornam os primeiros. Eisporque os segundos constituem uma lei daNatureza. Quis Deus que, por essa forma, oshomens aprendessem a amar-se como irmãos.

– C APÍTULO VIII –DA LEI DO PROGRESSO

1Estado de natureza. 2 Marcha do progresso.3 Povos degenerados. 4 Civilização. 5 Pro-g r e s s o d a l e g i s l a ç ã o h u m a n a .6 Influência do Espiritismo no progresso.

11111 ESTADO DE NATUREZAESTADO DE NATUREZAESTADO DE NATUREZAESTADO DE NATUREZAESTADO DE NATUREZA

O estado de natureza é o estado primiti-vo. A civilização é incompatível com o es-

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tado de natureza, ao passo que a lei natu-ral contribui para o progresso da Humanida-de. O homem não pode retrogradar para oestado de natureza, pois ele tem que pro-gredir incessantemente. Desde que progri-de, é porque Deus assim o quer. Pensar quepossa retrogradar à sua primitiva condição,fora negar a lei do progresso.

22222 MARCHA DO PROGRESSOMARCHA DO PROGRESSOMARCHA DO PROGRESSOMARCHA DO PROGRESSOMARCHA DO PROGRESSO

O Homem se desenvolve por si mesmo, natu-ralmente. Mas, nem todos progridem simulta-neamente e do mesmo modo. Dá-se então que osmais adiantados auxiliam o progresso dos ou-tros, por meio de contato social. O progressomoral decorre do intelectual, mas nem sempreo segue imediatamente. O progresso intelec-tual faz compreensível o bem e o mal, e ohomem, assim, pode escolher. Os povos, po-rém, como os indivíduos, só passo a passo oatingem. Enquanto não se lhes haja desenvol-vido o senso moral, pode mesmo acontecer quese sirvam da inteligência para a prática domal. A moral e a inteligência são duas forçasque só com o tempo chegam a equilibrar-se.

O homem não tem o poder de paralisar amarcha do progresso, mas tem, às vezes, ode embaraçá-la. Os que assim procedem, se-rão levados de roldão pela torrente queprocuram deter. Há o progresso regular elento, que resulta da força das coisas.Quando, porém, um povo não progride tãodepressa quanto devera, Deus o sujeita, detempos a tempos, a um abalo físico ou moralque o transforma. O maior obstáculo do pro-gresso moral é o orgulho e o egoísmo, por-

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quanto o intelectual se efetua sempre.

33333 POVOS DEGENERADOSPOVOS DEGENERADOSPOVOS DEGENERADOSPOVOS DEGENERADOSPOVOS DEGENERADOS

Mostra-nos a História que muitos povos,depois de abalos que os revolveram profun-damente, recaíram na barbaria. Pois bem, osEspíritos que, encarnados, constituem o povodegenerado não são os que o constituíam aotempo de seu esplendor. Os de então, tendo-se adiantado, passaram para habitações maisperfeitas e progrediram, enquanto os ou-tros, menos adiantados, tomaram o lugar queficara vago e que também, a seu turno, te-rão um dia de deixar. As raças rebeldes vãose aniquilando corporalmente, todos os dias.

Os povos, que apenas vivem a vida docorpo, nascem, crescem e morrem, porque aforça de um povo se exaure, como a de umhomem. Mas, aqueles, cujas leis se harmoni-zam com as leis eternas do Criador, viverãoe servirão de farol aos outros povos.

44444 CIVILIZAÇÃOCIVILIZAÇÃOCIVILIZAÇÃOCIVILIZAÇÃOCIVILIZAÇÃO

A civilização é um progresso incomple-to, porque o homem não passa subitamente dainfância à madureza. Quando a moral estiverdesenvolvida quanto à inteligência, a civi-lização alcançará condição para fazer comque desapareçam os males que haja produzi-do.

A civilização, como todas as coisas,apresenta gradações diversas. Uma civili-zação incompleta é um estado transitório,que gera males especiais, desconhecidos dohomem no estado primitivo. Nem por isso,entretanto, constitui menos um progresso

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natural, necessário, que traz consigo o re-médio para o mal que causa. À medida que acivilização se aperfeiçoa, faz cessar al-guns dos males que gerou, males que desapa-recerão todos com o progresso moral.

55555 PROGRESSO DA LEGISLAÇÃO HUMANAPROGRESSO DA LEGISLAÇÃO HUMANAPROGRESSO DA LEGISLAÇÃO HUMANAPROGRESSO DA LEGISLAÇÃO HUMANAPROGRESSO DA LEGISLAÇÃO HUMANA

Se todos compreendessem as leis natu-rais, não seriam necessárias as leis espe-ciais. Uma sociedade depravada certamenteprecisa de leis severas. Infelizmente, es-sas leis mais se destinam a punir o maldepois de feito, do que a lhe secar a fon-te. Só a educação poderá reformar os homensque, então, não mais precisarão de leis tãorigorosas.

66666 INFLUÊNCIA DO ESPIRITISMO NO PRO-INFLUÊNCIA DO ESPIRITISMO NO PRO-INFLUÊNCIA DO ESPIRITISMO NO PRO-INFLUÊNCIA DO ESPIRITISMO NO PRO-INFLUÊNCIA DO ESPIRITISMO NO PRO-GRESSOGRESSOGRESSOGRESSOGRESSO

O Espiritismo tornar-se-á crença gerale marcará nova era na história da humanida-de, porque está na natureza e chegou o tem-po em que ocupará lugar entre os conheci-mentos humanos. Terá, no entanto, que sus-tentar grandes lutas, mais contra o inte-resse, do que contra a convicção, porquantonão há como dissimular a existência de pes-soas interessadas em combatê-lo, umas poramor-próprio, outras por causas inteira-mente materiais. Porém, como virão a ficarinsulados, seus contraditores se sentirãoforçados a pensar como os demais, sob penade se tornarem ridículos. O Espiritismocontribui para o progresso destruindo o ma-terialismo, que é uma das chagas da socie-dade. Deixando a vida futura de estar vela-da pela dúvida, o homem perceberá melhor

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que, por meio do presente, lhe é dado pre-parar o futuro. Abolindo os prejuízos deseita, de casta, e de cor, ensina aos ho-mens a grande solidariedade que os há deunir como irmãos.

Os Espíritos não ensinaram em todos ostempos o que ensinam hoje, porquanto, cadacoisa vem a seu tempo. Eles ensinaram mui-tas coisas que os homens não compreenderamou adulteraram, mas que podem compreenderagora. Com os seus ensinos, embora incom-pletos, preparam o terreno para receber asemente que vai frutificar.

– C APÍTULO IX –DA LEI DE IGUALDADE

1 Igualdade natural. 2 Desigualdade dasaptidões.3 Desigualdades sociais. 4 Desi-gualdade das riquezas. 5 As provas deriqueza e de miséria. 6 Igualdade dos di-reitos do homem e da mulher. 7 Igualdadeperante o túmulo.

11111 IGUALDADE NATURALIGUALDADE NATURALIGUALDADE NATURALIGUALDADE NATURALIGUALDADE NATURAL

Todos os homens são iguais perante Deuse estão submetidos às mesmas leis da Natu-reza. Deus a nenhum homem concedeu superi-oridade natural, nem pelo nascimento, nempela morte: todos, aos seus olhos, sãoiguais.

22222 DESIGUALDADE DAS APTIDÕESDESIGUALDADE DAS APTIDÕESDESIGUALDADE DAS APTIDÕESDESIGUALDADE DAS APTIDÕESDESIGUALDADE DAS APTIDÕES

Deus criou iguais todos os Espíritos,mas cada um destes viveu mais ou menos tem-po, e, conseguintemente, tem feito maior ou

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menor soma de aquisições. A diferença entreeles está na diversidade dos graus de expe-riência alcançada e da vontade com que obram,vontade que é o livre-arbítrio. Daí aper-feiçoarem-se uns mais rapidamente do queoutros, o que lhes dá aptidões diversas.Assim é que cada qual tem seu papel útil adesempenhar. Demais, sendo solidários en-solidários en-solidários en-solidários en-solidários en-tre si todos os mundos,tre si todos os mundos,tre si todos os mundos,tre si todos os mundos,tre si todos os mundos, necessário setorna que os habitantes dos mundos superi-ores, que, na sua maioria, foram criadosantes do nosso, venham habitá-lo, para nosdar o exemplo. Passando de um mundo superi-or a outro inferior, conserva o Espírito,integralmente, as faculdades adquiridas,porém, poderá escolher, no estado de Espí-rito livre, um invólucro mais grosseiro, ouposição mais precária do que os que já teve,porém tudo isso para lhe servir deensinamento e ajudá-lo a progredir.

33333 DESIGUALDADES SOCIAISDESIGUALDADES SOCIAISDESIGUALDADES SOCIAISDESIGUALDADES SOCIAISDESIGUALDADES SOCIAIS

A desigualdade social não é lei da Natu-reza. É obra do homem, e não de Deus. Um diadesaparecerá quando o egoísmo e o orgulhodeixarem de predominar. Restará apenas adesigualdade do merecimento. Dia virá emque os membros da grande família dos filhosde Deus deixarão de considerar-se como desangue mais ou menos puro. Os que abusaramda superioridade de suas posições sociais,para, em proveito próprio, oprimir os fra-cos serão, a seu turno, oprimidos: renas-renas-renas-renas-renas-cerãocerãocerãocerãocerão numa existência em que terão de so-frer o que tiverem feito sofrer aos outros.

44444 DESIGUALDADE DAS RIQUEZASDESIGUALDADE DAS RIQUEZASDESIGUALDADE DAS RIQUEZASDESIGUALDADE DAS RIQUEZASDESIGUALDADE DAS RIQUEZAS

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A desigualdade das riquezas origina-se,quase sempre, da velhacaria e do roubo.Mesmo a riqueza herdada, muitas vezes seoriginou de uma espoliação ou de uma injus-tiça. É fora de dúvida que os que herdamuma riqueza mal adquirida não são responsá-veis pelo mal que outros hajam feito, so-bretudo se eles o ignoram, como é possívelque aconteça, mas sabemos que, muitas ve-zes, a riqueza vem às mãos de um homem paralhe proporcionar ensejo de reparar uma in-justiça. Se a fizer em nome daquele quecometeu a injustiça, a ambos será a repara-ção levada em conta, porquanto, não raro, éeste último quem a provoca. A igualdade dasriquezas não pode existir, pois a isso seopõe a diversidade das faculdades e doscaracteres. Aqueles que julgam ser esse oremédio aos males da sociedade, não compre-endem que a igualdade com que sonham seriaa curto prazo desfeita pela força das coi-sas. Com o bem-estar não se dá a mesmacoisa, mas é relativo e todos poderiam delegozar, se se entendesse convenientemente,porque o verdadeiro bem-estar consiste emcada um empregar o seu tempo como lhe apra-za e não na execução de trabalhos pelosquais nenhum gosto sente. Como cada um temaptidões diferentes, nenhum trabalho útilficaria por fazer. Em tudo existe o equilí-brio; o homem é quem o perturba.

55555 AS PROVAS DA RIQUEZA E DA MISÉRIAAS PROVAS DA RIQUEZA E DA MISÉRIAAS PROVAS DA RIQUEZA E DA MISÉRIAAS PROVAS DA RIQUEZA E DA MISÉRIAAS PROVAS DA RIQUEZA E DA MISÉRIA

Deus concede a uns as riquezas e o po-der, e a outros, a miséria, para experimentá-los de modo diferente. Além disso, como

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sabemos, essas provas foram escolhidas pe-los próprios Espíritos, que nelas, entre-tanto, sucumbem com freqüência. As misériasprovocam queixasqueixasqueixasqueixasqueixas contra a Providência e ariqueza incita a todos os excessos. Com ariqueza, as necessidades do homem aumentame ele nunca julga possuir o bastante parasi unicamente.

66666 IGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEMIGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEMIGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEMIGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEMIGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEME DAE DAE DAE DAE DAMULHERMULHERMULHERMULHERMULHER

Deus outorgou, tanto ao homem como àmulher, a inteligência do bem e do mal e afaculdade de progredir. A inferioridade damulher em certos países provém do predomí-nio injusto e cruel que sobre ela assumiu ohomem. A mulher é mais fraca, fisicamente,e por isso os seus trabalhos são mais le-ves. Ao homem, por ser mais forte, cabem-lhe os trabalhos mais rudes, mas ambos de-vem ajudar-se mutuamente a suportar as pro-vas de uma vida cheia de amargor.

Por outro lado, as funções a que a mulher édestinada pela Natureza, têm maior importânciaque as do homem, pois é ela quem lhe dá asprimeiras noções da vida. A lei humana, paraser eqüitativa, deve consagrar a igualdade dosdireitos do homem e da mulher. Todo privilégioa uma ou a outro concedido é contrário à justi-ça. A emancipação da mulher acompanha o pro-gresso da c iv i l ização.

77777 IGUALDADE PERANTE O TÚMULOIGUALDADE PERANTE O TÚMULOIGUALDADE PERANTE O TÚMULOIGUALDADE PERANTE O TÚMULOIGUALDADE PERANTE O TÚMULO

O desejo que o homem sente de perpetuarsua memória por meio de monumentos fúnebresé o último ato de orgulho dos parentes,

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desejosos de se glorificarem a si mesmos.Entretanto, não é reprovável, de modo abso-luto, a pompa dos funerais, quando se tenhaem vista honrar a memória de um homem debem, pois isso é justo e de bom exemplo.

– C APÍTULO X – D A LEI DE LIBERDADE

1Liberdade natural. 2 Escravidão. 3 Liber-dade de pensar. 4 Liberdade de consciên-cia. 5 Livre-arbítrio. 6 Fatalidade. 7Conhecimento do futuro. 8 Resumo teóricodo móvel das ações humanas.

11111 LIBERDADE NATURALLIBERDADE NATURALLIBERDADE NATURALLIBERDADE NATURALLIBERDADE NATURAL

Não há no mundo posições em que o homempossa jactar-se de gozar de liberdade absolu-ta, porquanto todos precisam uns dos outros,assim os pequenos como os grandes. Só na posi-ção do eremita do deserto é que o homem poderiagozar de absoluta liberdade, há entre elesdireitos recíprocos que lhes cumprem respei-t a r .

22222 ESCRAVIDÃOESCRAVIDÃOESCRAVIDÃOESCRAVIDÃOESCRAVIDÃO

A escravidão é contrária à lei de Deus,porque é um abuso da força. Desaparece como progresso, como gradativamente desapare-cerão todos os abusos. A desigualdade natu-ral das aptidões coloca certas raças huma-nas sob a dependência das raças mais inte-ligentes, para que estas se elevem, nãopara embrutecê-las ainda mais pelaescravização.

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33333 LIBERDADE DE PENSARLIBERDADE DE PENSARLIBERDADE DE PENSARLIBERDADE DE PENSARLIBERDADE DE PENSAR

No pensamento goza o homem de ilimitadaliberdade, pois que não há como pôr-lhepeias. Pode-se deter o vôo, porém, nãoaniquilá-lo, mas, perante Deus é responsá-vel pelo seu pensamento.

44444 LIBERDADE DE CONSCIÊNCIALIBERDADE DE CONSCIÊNCIALIBERDADE DE CONSCIÊNCIALIBERDADE DE CONSCIÊNCIALIBERDADE DE CONSCIÊNCIA

A consciência é um pensamento íntimo,que pertence ao homem, como todos os outrospensamentos. A liberdade de consciência éum dos caracteres da verdadeira civilizaçãoe do progresso. Com referência à crença,toda ela é respeitável, quando sincera econducente à prática do bem. Condenáveissão as crenças que conduzem ao mal. Aqueleque escandalize com a sua crença um outroque não pensa assim, está faltando com acaridade e atentando contra a liberdade depensamento. Devemos, entretanto, trazer aocaminho da verdade os que se transviam,obedecendo a falsos princípios, mas servin-do-nos da brandura e da persuasão e não daforça, o que seria pior do que a crençadaquele a quem desejaríamos convencer. Asdoutrinas que são expressão única da verda-de, são aquelas que mais homens de bem emenos hipócritas fizerem, isto é, pela prá-tica da lei do amor na sua maior pureza e nasua mais ampla aplicação.

55555 LIVRE-ARBÍTRIOLIVRE-ARBÍTRIOLIVRE-ARBÍTRIOLIVRE-ARBÍTRIOLIVRE-ARBÍTRIO

O homem tem o livre-arbítrio de seusatos, pois que tem a liberdade de pensar,tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio o homem seria máquina. Já não ésenhor do seu pensamento aquele cuja inte-

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ligência se ache turbada por uma causa qual-quer e, desde então, já não tem liberdade.Essa aberração constitui, muitas vezes, umapunição para o Espírito que, porventura,tenha sido, noutra existência, fútil e or-gulhoso, ou tenha feito mau uso de suasfaculdades. O Espírito, porém, sofre porefeito desse constrangimento, de que temperfeita consciência. Está aí a ação damatéria.

66666 FATALIDADEFATALIDADEFATALIDADEFATALIDADEFATALIDADE

A fatalidade existe unicamente pela es-colha que o Espírito fez, ao encarnar, des-ta ou daquela prova para sofrer. Escolhen-do-a, institui para si uma espécie de des-tino, que é a conseqüência mesma da posiçãoem que vem a achar-se colocado. No que serefere às provas morais e às tentações, oEspírito, conservando o livre-arbítrio quan-to ao bem e ao mal, é sempre senhor de cederou de resistir. Ao vê-lo fraquear, um bomEspírito pode vir-lhe em auxílio, mas nãopode influir sobre ele de maneira a domi-nar-lhe a vontade. Qualquer que seja o pe-rigo que nos ameace, se a hora da morteainda não chegou, não pereceremos, mas nãoserão inúteis as precauções que devemos tomarpara evitá-la, pois elas são sugeridas como fito de evitarmos a morte que nos ameaça.Muitas vezes, sabe o Espírito antecipada-mente de que gênero será a sua morte. Sabeigualmente quais as lutas que terá de sus-tentar para evitá-la e que, se Deus permi-tir, não sucumbirá. Muito amiúde tem o ho-mem o pressentimento do seu fim, como pode

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ter o de que ainda não morrerá. Esse pres-sentimento lhe vem dos Espíritos seus pro-tetores, que assim o advertem para que es-teja pronto a partir, ou lhe fortalecem acoragem nos momentos em que mais dela ne-cessita. Com todos os acidentes, que nossobrevêm no curso da vida, não se dá omesmo que com a morte, pois são, de ordiná-rio, coisas muito insignificantes, de sorteque podem nos prevenir deles e fazer que osevitemos algumas vezes. Isso, porém, nenhu-ma importância tem na vida que escolhemos.A fatalidade, verdadeiramente, só existe nomomento em que devemos aparecer e desapare-cer deste mundo. Há fatos que forçosamentetêm que se dar, mas não devemos crer quetudo que sucede esteja escrito, como costu-mam dizer. Um acontecimento qualquer podeser a conseqüência de um ato que praticamospor nossa livre vontade, de tal sorte que,se não houvesse praticado, o acontecimentonão se teria dado. Pode o homem, pela suavontade e por seus atos, fazer que se nãodêem acontecimentos que deveriam verifi-car-se reciprocamente, se essa aparentemudança na ordem dos fatos tiver cabimentona seqüência da vida que ele escolheu. Nãose deve acreditar que tudo o que nos acon-tece estava escrito. Um acontecimento qual-quer pode ser a conseqüência de ato prati-cado por livre vontade. Aquele que deliberasobre uma coisa é sempre livre de fazê-laou não. Se soubesse previamente que, comohomem, teria que cometer um crime, o Espí-rito estaria a isso predestinado. Ninguémhá predestinado ao crime e todo crime, como

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qualquer outro ato, resulta sempre da von-tade e do livre-arbítrio. O que chamamosfatalidade decorre do gênero da existênciaescolhida, portanto não há fatalidade abso-luta. Dizer-se que alguém nasceu sob umaboa estrela é uma superstição antiga queprendia às estrelas os destinos dos homens.Alegoria que algumas pessoas fazem a tolicede tomar ao pé da letra.

77777 CONHECIMENTO DO FUTUROCONHECIMENTO DO FUTUROCONHECIMENTO DO FUTUROCONHECIMENTO DO FUTUROCONHECIMENTO DO FUTURO

Em princípio, o futuro é oculto ao homeme só em casos raros e excepcionais permiteDeus que seja revelado. Se o homem conhe-cesse o futuro, negligenciaria do presentee não obraria com a liberdade com que ofaz, porque dominaria a idéia de que, seuma coisa tem que acontecer, inútil seráocupar-se com ela, ou então procuraria obs-tar a que acontecesse. Assim é que nós mes-mos preparamos, muitas vezes, os aconteci-mentos que hão-de sobrevir no curso de nos-sa existência. Às vezes, Deus permite que ofuturo seja revelado, porquanto o seu co-nhecimento prévio facilita a execução deuma coisa, em vez de a estorvar, obrigandoo homem a agir diversamente do modo por queagiria, se lhe não fosse feita a revelação.Não raro, também é uma prova.

88888 RESUMO TEÓRICO DO MÓVELRESUMO TEÓRICO DO MÓVELRESUMO TEÓRICO DO MÓVELRESUMO TEÓRICO DO MÓVELRESUMO TEÓRICO DO MÓVEL D A SD A SD A SD A SD A SAÇÕES HUMANASAÇÕES HUMANASAÇÕES HUMANASAÇÕES HUMANASAÇÕES HUMANAS

O homem não é fatalmente levado ao mal;os atos que pratica não foram previamentedeterminados; os crimes que comete não re-sultam de uma sentença do destino. Despren-dido da matéria e no estado de erraticidade,

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o Espírito procede à escolha de suas futu-ras existências corporais, de acordo com ograu de perfeição a que haja chegado e énisto que consiste, sobretudo, o seu livre-arbítrio. Se ele cede à influência da maté-ria, é que sucumbe nas provas que por simesmo escolheu. Para ter quem o ajude avencê-las, concedido lhe é invocar assis-tência de Deus e dos bons Espíritos.

Sem o livre-arbítrio o homem não terianem culpa por praticar o mal, nem mérito empraticar o bem. Nenhuma desculpa poderá ohomem buscar, para os seus delitos, na suaorganização física, sem abdicar da razão eda sua condição de ser humano, para se equi-parar ao bruto.

A fatalidade, como vulgarmente é enten-dida, supõe a decisão prévia e irrevogávelde todos os sucessos da vida, qualquer queseja a importância deles. Se tal fosse aordem das coisas, o homem seria qual máqui-na sem vontade. Contudo, a fatalidade é umapalavra vã. Existe na posição que o homemocupa na Terra e nas funções que aí desem-penha, em conseqüência do gênero de vidaque o Espírito escolheu como prova, expi-prova, expi-prova, expi-prova, expi-prova, expi-ação ação ação ação ação ou missão. missão. missão. missão. missão. Ele sofre fatalmente todasas vicissitudes dessa existência e todas astendênciastendênciastendênciastendênciastendências boas ou más, que lhe são ine-rentes. Aí, porém, acaba a fatalidade, poisde sua vontade depende ceder ou não a essastendências. Os pormenores dos acontecimen-tos, esses ficam subordinados às circuns-tâncias que ele próprio cria pelos seusatos, sendo que nessas circunstâncias podem

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os Espíritos influir pelos pensamentos quesugerirem.

No que concerne à morte, é que o homem seacha submetido, em absoluto, à inexorávellei da fatalidade, por isso que não podeescapar à sentença que lhe marca o termo daexistência, nem o gênero de morte que haja decortar a esta o fio.

Quanto ao mais, o homem pode pedir aDeus a força necessária, reclamando, paratal fim, a assistência dos bons Espíritos.E foi o que Jesus nos ensinou por meio dasublime prece que é a Oração dominical,Oração dominical,Oração dominical,Oração dominical,Oração dominical,quando manda que digamos: “Não nos deixeissucumbir à tentação, mas livrai-nos do mal”.

– C APÍTULO XI –DA LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

1 Justiça e direitos naturais. 2 Direitode propriedade. Roubo. 3 Caridade e amordo próximo. 4 Amor materno e filial.

11111 JUSTIÇA E DIREITOS NATURAISJUSTIÇA E DIREITOS NATURAISJUSTIÇA E DIREITOS NATURAISJUSTIÇA E DIREITOS NATURAISJUSTIÇA E DIREITOS NATURAIS

O sentimento de justiça está na nature-za, porém, é fora de dúvida que o progressomoral desenvolve esse sentimento, mas não odá, pois Deus o pôs no coração do homem.Daí vem que, freqüentemente, em homens sim-ples e incultos se nos deparam noções maisexatas da justiça do que nos que possuemgrande cabedal de saber. Os homens entendema justiça de modo diferente, porque a essesentimento se misturam paixões que o alte-ram, fazendo que vejam as coisas por umprisma falso. A justiça consiste em cada um

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respeitar os direitos dos demais. Essesdireitos são regulados por duas leis: ahumana e a natural. Tendo os homens formu-lado leis apropriadas a seus costumes ecaracteres, elas estabeleceram direitosmutáveis com o progresso das luzes. As leisnaturais são reguladas pelas leis divinas,resumidas nesta sentença: “Queira cada umpara os outros o que quereria para si mes-mo”.

Da necessidade que o homem tem de viverem sociedade, é que nascem-lhe obrigaçõesespeciais, e a primeira de todas é a derespeitar os direitos de seus semelhantes.Os direitos naturais são os mesmos paratodos, desde os de condições mais humildesaté os de posições mais elevadas. Essesdireitos são eternos. Os que o homem esta-beleceu perecem com as suas instituições.

O caráter do homem que pratica a justiçaem toda a sua pureza é o do verdadeirojusto, a exemplo de Jesus, porquanto prati-ca também o amor ao próximo e a caridade,sem os quais não há verdadeira justiça.

22222 DIREITO DE PROPRIEDADEDIREITO DE PROPRIEDADEDIREITO DE PROPRIEDADEDIREITO DE PROPRIEDADEDIREITO DE PROPRIEDADE ROUBOROUBOROUBOROUBOROUBO

O primeiro de todos os direitos natu-rais do homem é o de viver. Por isso é queninguém tem o direito de atentar contra avida de seu semelhante, nem de fazer o quequer que possa comprometer-lhe a existênciacorporal. O direito de viver dá ao homem ode acumular bens que lhe permitam repousarquando não mais possa trabalhar, mas eledeve fazê-lo em família, como a abelha, pormeio de um trabalho honesto, e não como

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egoísta, e tem o direito de defender essesbens. Não deve, porém, exagerar o desejo depossuir, nem deve possuir para si somente epara sua satisfação pessoal. A propriedadelegítima é aquela que foi adquirida semprejuízo de outrem. Tudo o que se adquirelegitimamente constitui uma propriedade, masa legislação dos homens, porque imperfeita,consagra muitos direitos convencionais, quea lei de justiça reprova. Essa a razão por-que eles reformam suas leis, à medida que oprogresso se efetua e que melhor compreen-dem a justiça. O que num século parece per-feito, afigura-se bárbaro no século seguin-te.

33333 CARIDADE E AMOR DO PRÓXIMOCARIDADE E AMOR DO PRÓXIMOCARIDADE E AMOR DO PRÓXIMOCARIDADE E AMOR DO PRÓXIMOCARIDADE E AMOR DO PRÓXIMO

O verdadeiro sentido da palavra caridadecaridadecaridadecaridadecaridadeé benevolência para com todos, indulgênciapara as imperfeições dos outros, perdão dasofensas.

O amor e a caridade são o complemento dalei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e quedesejáramos nos fosse feito. Tal o sentidodestas palavras de Jesus: “Amai-vos uns aosoutros como irmãos” . É certo que ninguém podevotar aos seus inimigos um amor terno e apai-xonado. Não foi isso que Jesus entendeu dedizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes eretribuir o mal com o bem. O que assim proce-de se torna superior aos seus inimigos, aopasso que abaixo deles se coloca se procuratomar vingança.

Uma sociedade que se baseia na lei deDeus e na justiça deve prover à vida do

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fraco, evitando que este peça esmola, pois,nesta condição, o homem se degrada física emoralmente: embrutece. Há homens que se vêemcondenados a mendigar por culpa sua, mas,se uma boa educação moral lhes houvera en-sinado a praticar a lei de Deus, não teriamcaído nos excessos causadores da sua perdi-ção. Disso, sobretudo, é que depende amelhoria do nosso planeta.

44444 AMOR MATERNO E FILIALAMOR MATERNO E FILIALAMOR MATERNO E FILIALAMOR MATERNO E FILIALAMOR MATERNO E FILIAL

O amor materno é, não só uma virtude,como também um sentimento instintivo comumaos homens e aos animais. A natureza deu àmãe o amor a seus filhos no interesse daconservação deles. No animal, porém, esseamor se limita às necessidades materiais;cessa quando desnecessários se tornam oscuidados. No homem, persiste pela vida in-teira e comporta um devotamento e uma abne-gação que são virtudes. Sobrevive mesmo àmorte e acompanha o filho até ao além-túmulo.Há, entretanto, mães que odeiam os filhos,mas isso decorre de uma prova que o Espíri-to filho escolheu, ou uma expiação, se acon-teceu ter sido mau pai, ou mãe perversa, oumau filho, noutra existência. Em todos oscasos, a mãe má não pode deixar de seranimada por um mau Espírito que procuracriar embaraços ao filho, a fim de que su-cumba na prova que buscou. A missão dospais é sublime e devem esforçar-se paraencaminhar seus filhos para o bem. Demais,esses desgostos são, amiúde, a conseqüênciado mau feitio que os pais deixaram que seusfilhos tomassem desde o berço. Colhem o que

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semearam.

– C APÍTULO XII –DA PERFEIÇÃO MORAL

1 As virtudes e os vícios. 2 Paixões. 3 Oegoísmo. 4 Caracteres do homem de bem. 5Conhecimento de si mesmo.

11111 AS VIRTUDES E OS VÍCIOSAS VIRTUDES E OS VÍCIOSAS VIRTUDES E OS VÍCIOSAS VIRTUDES E OS VÍCIOSAS VIRTUDES E OS VÍCIOS

A virtude mais meritória é a que assentana mais desinteressada caridade. Toda vir-tude, entretanto, tem seu mérito próprio,porque todas indicam progresso na senda dobem. Há virtude sempre que há resistênciavoluntária ao arrastamento dos maus pendo-res.

O interesse pessoal é o sinal mais ca-racterístico da imperfeição do homem.Freqüentemente, as qualidades morais sãocomo, num objeto de cobre, a douradura quenão resiste à pedra de toque. O verdadeirodesinteresse é coisa ainda tão rara na Ter-ra que, quando se patenteia, todos o admi-ram como se fora um fenômeno. O desinteres-se é uma virtude, mas a prodigalidade irre-fletida constitui sempre, pelo menos, faltade juízo. A riqueza, assim como não é dadaa uns para ser aferrolhada num cofre forte,também não o é a outros para ser dispersadaao vento. Representa um depósito de que unse outros terão de prestar contas, porqueterão de responder por todo o bem que podi-am fazer e não fizeram, por todas as lágri-mas que podiam ter estancado com o dinheiroque deram aos que dele não precisavam.

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O bem deve ser feito caritativamente,isto é, com desinteresse, e aquele que ofaz sem idéia preconcebida, pelo só prazerde ser agradável a Deus e ao próximo quesofre, já se acha num certo grau de pro-gresso, que lhe permitirá alcançar a feli-cidade muito mais depressa do que seu irmãoque, mais positivo, faz o bem por cálculo enão impelido pelo ardor natural de seu co-ração. Procede como egoísta todo aquele quecalcula o que lhe possa cada uma das boasações render na vida futura, tanto quantona vida terrena. Nenhum egoísmo, porém, háem querer o homem melhorar-se, para se apro-ximar de Deus, pois que é o fim para o qualdevem todos tender.

Não é reprovável que cobicemos a rique-za para fazer o bem, pois tal sentimento é,não há dúvida, louvável, quando puro. Mas,será sempre bastante desinteressado essedesejo? Não ocultará nenhum intuito de or-dem pessoal? Não será de fazer o bem a simesmo, em primeiro lugar, que cogita aque-le, em quem tal desejo se manifesta?

O homem que se põe a estudar os defeitosalheios incorre em grande culpa, porque seráfaltar com a caridade, principalmente se ofizer para criticar e divulgar. Antes decensurarmos as imperfeições dos outros,vejamos se de nós poderão dizer o mesmo.Tratemos, pois, de possuir qualidades opos-tas aos defeitos que criticamos no nossosemelhante. Se o escritor apenas visa pro-duzir escândalo, não faz mais do que pro-porcionar a si mesmo um gozo pessoal, apre-sentando quadros que constituem antes mau

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do que bom exemplo. Demais, se tem empenhoem provar a sua sinceridade, apoiemos o quedisser nos exemplos que dê.

22222 PAIXÕESPAIXÕESPAIXÕESPAIXÕESPAIXÕES

A paixão está no excesso de que se acres-ceu a vontade, visto que o princípio quelhe dá origem foi posto no homem para obem, tanto que as paixões podem levá-lo àrealização de grandes coisas. O abuso quedelas se faz é que causa o mal. Uma paixãose torna perigosa a partir do momento emque deixamos de poder governá-la e que dáem resultado um prejuízo qualquer para nósmesmos, ou para outrem.

O homem, pelos seus esforços, pode ven-cer as más inclinações. O que lhe falta é avontade, mas, se pedir a Deus e ao seu bomgênio, com sinceridade, os bons Espíritoslhe virão certamente em auxílio, porquantoé essa a missão deles.

33333 O EGOÍSMOO EGOÍSMOO EGOÍSMOO EGOÍSMOO EGOÍSMO

Dentre todos os vícios, o mais radical éo egoísmo. Dele deriva todo o mal. Quemquiser, desde esta vida, ir-se aproximandoda perfeição moral, deve expurgar o seucoração de todo sentimento de egoísmo, vis-to ser ele incompatível com a justiça, oamor e a caridade. Ele neutraliza todas asoutras qualidades. O egoísmo funda-se nosentimento do interesse pessoal, mas, àmedida que os homens se instruem acerca dascoisas espirituais, menos valor dão às coi-sas materiais. Quando os homens se houveremdespojado do egoísmo que os domina, viverão

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como irmãos, sem se fazerem mal algum, au-xiliando-se reciprocamente, impelidos pelosentimento de solidariedade.solidariedade.solidariedade.solidariedade.solidariedade.

44444 CARACTERES DO HOMEM DE BEMCARACTERES DO HOMEM DE BEMCARACTERES DO HOMEM DE BEMCARACTERES DO HOMEM DE BEMCARACTERES DO HOMEM DE BEM

Verdadeiramente, homem de bem é o quepratica a lei de justiça, amor e caridade,na sua maior pureza. Possuído do sentimentode caridade e de amor ao próximo, faz o bempelo bem, sem contar com qualquer retribui-ção, e sacrifica seus interesses à justiça.É bondoso, humanitário e benevolente paracom todos, porque vê irmãos em todos oshomens, sem distinção de raça, nem de cren-ças. Respeita, enfim, em seus semelhantes,todos os direitos que as leis da Naturezalhes concedem, como quer que os mesmos di-reitos lhe sejam respeitados.

55555 CONHECIMENTO DE SI MESMOCONHECIMENTO DE SI MESMOCONHECIMENTO DE SI MESMOCONHECIMENTO DE SI MESMOCONHECIMENTO DE SI MESMO

O meio mais prático e mais eficaz para ohomem se melhorar nesta vida e resistir àatração do mal, é o que indicou um sábio daantigüidade, quando disse: Conhece-te aConhece-te aConhece-te aConhece-te aConhece-te ati mesmo.ti mesmo.ti mesmo.ti mesmo.ti mesmo.

O conhecimento de si mesmo é, portanto,a chave do progresso individual. Muitasfalhas que cometemos nos passam despercebi-das. Se, efetivamente, interrogássemos maisamiúde a nossa consciência, veríamos quantasvezes falimos sem que o suspeitemos, unica-

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C 2mente por não perscrutarmos a natureza e omóvel dos nossos atos. A forma interrogativatem alguma coisa de mais precioso do quequalquer máxima, que muitas vezes deixamosde aplicar a nós mesmos. E, pela soma quederem as respostas, poderemos computar asoma de bem ou de mal que existe em nós.

– P ARTE QUARTA –DAS ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

– C APÍTULO I –DAS PENAS E GOZOS TERRESTRES

1 Felicidade e infelicidade relativas.2Perda de entes queridos. 3 Decepções. In-gratidão. Afeições destruídas. 4 Uniõesantipáticas. 5 Temor da morte. 6 Desgostoda vida. Suicídio.

11111 FELICIDADE E INFELICIDADE RELATIVASFELICIDADE E INFELICIDADE RELATIVASFELICIDADE E INFELICIDADE RELATIVASFELICIDADE E INFELICIDADE RELATIVASFELICIDADE E INFELICIDADE RELATIVAS

O homem, na Terra, não pode gozar decompleta felicidade, pois a vida aqui lhefoi dada como prova ou expiação. Dele, po-rém, depende a suavização de seus males e oser tão feliz quanto possível. Praticando alei de Deus, a muitos males se forrará eproporcionará a si mesmo felicidade tão grandequanto o comporta a sua existência grossei-ra. A felicidade do homem, com relação àvida material, é a posse do necessário. Com

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relação à vida moral, a consciência tran-qüila e a fé no futuro. O homem criterioso,a fim de ser feliz, olha sempre para baixoe não para cima, a não ser para elevar suaalma ao infinito. Deve resignar-se e sofrertodos os males sem murmurar,sem murmurar,sem murmurar,sem murmurar,sem murmurar, se quer pro-gredir. Se alguns são favorecidos com osdons da riqueza, isto significa um favoraos olhos dos que apenas vêem o presente,mas a riqueza é, de ordinário, prova maisperigosa do que a miséria. Verdadeiramenteinfeliz o homem só o é quando sofre dafalta do necessário à vida e à saúde docorpo. Todavia, pode acontecer que essaprivação seja de sua culpa. Então só temque se queixar de si mesmo. Se for ocasio-nada por outrem, a responsabilidade recairásobre aquele que lhe houver dado causa.

Deus indica a nossa vocação neste mun-do, mas muitas vezes, os pais, por orgulhoou avareza, desviam seus filhos da sendaque a Natureza lhes traçou, comprometendo-lhes a felicidade, por efeito desse desvio.

Por outro lado, numa sociedade organizadasegundo a lei do Cristo, ninguém deve morrerde fome. Com uma organização social criteriosae previdente, ao homem só por culpa sua podefaltar o necessário. Porém, suas própriasfaltas são freqüentemente resultado do meioonde se acha colocado. No mundo, tão amiúde,a influência dos maus sobrepuja a dos bons,por fraqueza destes. Os maus são intrigantese audaciosos, os bons são tímidos. Quandoestes o quiserem, preponderarão.

22222 PERDAS DOS ENTES QUERIDOSPERDAS DOS ENTES QUERIDOSPERDAS DOS ENTES QUERIDOSPERDAS DOS ENTES QUERIDOSPERDAS DOS ENTES QUERIDOS

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Esta causa de dor atinge assim o rico,como o pobre: representa uma prova, ou ex-piação, e comum é a lei. Tem, porém, ohomem uma consolação em poder comunicar-secom os seus amigos pelos meios que estão aoseu alcance, enquanto não dispuser de ou-tros mais direitos e mais acessíveis aosseus sentidos. Não há profanação nas comu-nicações com o além-túmulo, desde que hajarecolhimento e quando a evocação seja pra-ticada respeitosa e convenientemente.

O Espírito é sensível à lembrança e àssaudades dos que lhe eram caros na Terra;mas, uma dor incessante e desarrazoada lhetoca o pensamento, porque, nessa dor ex-pressiva, ele vê a falta de fé no futuro ede confiança em Deus e, por conseguinte, umobstáculo ao adiantamento dos que o chorame talvez à sua reunião com estes.

33333 DECEPÇÕES. INGRATIDÃODECEPÇÕES. INGRATIDÃODECEPÇÕES. INGRATIDÃODECEPÇÕES. INGRATIDÃODECEPÇÕES. INGRATIDÃOAFEIÇÕES DESTRUÍDASAFEIÇÕES DESTRUÍDASAFEIÇÕES DESTRUÍDASAFEIÇÕES DESTRUÍDASAFEIÇÕES DESTRUÍDAS

As decepções oriundas da ingratidão e dafragilidade dos laços da amizade são uma dasfontes de amargura do homem. A ingratidão éfilha do egoísmo e o egoísta topará maistarde com corações insensíveis, como o seupróprio o foi. A ingratidão é uma prova paraa nossa perseverança na prática do bem. ANatureza deu ao homem a necessidade de amare de ser amado. Um dos maiores gozos que lhesão concedidos na Terra é o de encontrarcorações que com o seu simpatizem.

44444 UNIÕES ANTIPÁTICASUNIÕES ANTIPÁTICASUNIÕES ANTIPÁTICASUNIÕES ANTIPÁTICASUNIÕES ANTIPÁTICAS

Os Espíritos simpáticos são induzidos a

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unir-se, mas, entre os encarnados vemos,freqüentemente, que só de um lado há afeiçãoe que o mais sincero amor se vê acolhido comindiferença e, até, com repulsão. Isto cons-titui uma punição, se bem que passageira.Depois, quantos não são os que acreditamamar perdidamente, porque apenas julgam pe-las aparências, e que, obrigados a viver comas pessoas amadas, não tardam a reconhecerque só experimentaram um encanto material.Duas espécies há de afeições: a do corpo e ada alma, acontecendo com freqüência tomar-se uma pela outra. Quando pura e simpática,a afeição da alma é duradoura; efêmera a docorpo. Daí vem que, muitas vezes, os quejulgavam amar-se com eterno amor passam aodiar-se, desde que a ilusão se desfaça. Afalta de simpatia constitui fonte de dissa-bores entre os seres destinados a viver jun-tos. Essa, porém, é uma das infelicidades deque somos, as mais vezes, a causa principal,e sofremos, então, a conseqüência das nossasações.

55555 TEMOR DA MORTETEMOR DA MORTETEMOR DA MORTETEMOR DA MORTETEMOR DA MORTE

O temor da morte não tem fundamento. Aojusto, nenhum temor inspira a morte, por-que, com fé, tem ele a certeza do futuro. Aesperançaesperançaesperançaesperançaesperança fá-lo contar com uma vida me-lhor; e a caridade, caridade, caridade, caridade, caridade, a cuja lei obedece,lhe dá a segurança de que, no mundo paraonde terá de ir, nenhum ser encontrará cujoolhar lhe seja de temer.

O homem carnal, mais preso à vida corpóreado que à vida espiritual, teme a morte,porque ele duvida do futuro e porque tem de

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deixar no mundo todas as suas afeições eesperanças. O homem moral, que se colocouacima das necessidades fictícias criadaspelas paixões, nada teme.

66666 DESGOSTO DA VIDADESGOSTO DA VIDADESGOSTO DA VIDADESGOSTO DA VIDADESGOSTO DA VIDA SUI-SUI-SUI-SUI-SUI-CÍDIOCÍDIOCÍDIOCÍDIOCÍDIO

O desgosto da vida é efeito da ociosida-de, da falta de fé e, também, da saciedade.Ao homem não assiste o direito de dispor desua vida, por isso o suicídio voluntárioimporta numa transgressão da lei de Deus,salvo se praticado por um louco, que nãosabe o que faz. Os que praticam o suicídio,responderão como por um assassínio. Aqueleque, a braços com a maior penúria, se deixamorrer de fome, também é um suicida, mas osque lhe foram causa, ou que teriam podidoimpedi-lo, são mais culpados do que ele, aquem a indulgência espera. Mesmo que o sui-cídio tenha por fim obstar a que a vergonhacaia sobre os filhos, ou sobre a família, oque assim procede não faz bem. Mas, comopensa que o faz, Deus lhe leva isso emconta, pois que é uma expiação que ele seimpõe a si mesmo. A intenção lhe atenua afalta; entretanto, nem por isso deixa dehaver falta. O que se mata, na esperança dechegar mais depressa a uma vida melhor,também comete outra loucura, pois, matando-se retarda sua entrada num mundo melhor eterá que pedir lhe seja permitido voltar,para concluir a vidaconcluir a vidaconcluir a vidaconcluir a vidaconcluir a vida a que pôs termo sob oinfluxo de uma idéia falsa. Uma falta, sejaqual for, jamais abre a ninguém o santuáriodos eleitos. Quando, porém, se sacrifica avida para salvar a de outrem, ou para ser

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útil aos seus semelhantes, não constituisuicídio. Mas, Deus se opõe a todo sacrifí-cio inútil e não o pode ver de bom grado, setem o orgulho a manchá-lo. Só o desinteres-se torna meritório o sacrifício. Perecervítima de paixões a que possa resistir,também é suicídio.

Muito diversas são as conseqüências dosuicídio. Não há penas determinadas e, emtodos os casos, correspondem sempre às cau-sas que o produziram. Há, porém, uma conseqü-ência a que o suicida não pode escapar: é odesapontamento.desapontamento.desapontamento.desapontamento.desapontamento. Mas, a sorte não é a mesmapara todos: depende das circunstâncias. Al-guns expiam a falta imediatamente, outros emnova existência, que será pior do que aquelacujo curso interromperam.

– C APÍTULO II –DAS PENAS E GOZOS FUTUROS

1 Nada. Vida futura. 2 Intuição das penase gozos futuros. 3 Intervenção de Deus naspenas e recompensas. 4 Natureza das penase gozos futuros. 5 Penas temporais. 6Expiação e arrependimento. 7 Duração daspenas futuras. 8 Ressurrreição da carne. 9Paraíso, inferno e purgatório.

11111 O NADAO NADAO NADAO NADAO NADAVIDA FUTURAVIDA FUTURAVIDA FUTURAVIDA FUTURAVIDA FUTURA

O nada não existe. Antes de encarnar, oEspírito já conhecia o sentimento instinti-vo da vida futura e a alma conservava vagalembrança do que sabe e do que viu no esta-do de espírito. A idéia do nada tem qual-

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quer coisa que repugna a razão. O homem quemais despreocupado seja durante a vida, emchegando o momento supremo, pergunta a simesmo o que vai ser dele e, sem o querer,espera. A vida futura implica a conservaçãoda nossa individualidade após a morte. Crerem Deus sem admitir a vida futura, fora umcontra-senso. O sentimento de uma existên-cia melhor reside no foro íntimo de todosos homens e não é possível que Deus aí otenha colocado em vão.

22222 INTUIÇÃO DAS PENAS E GOZOS FUTUROSINTUIÇÃO DAS PENAS E GOZOS FUTUROSINTUIÇÃO DAS PENAS E GOZOS FUTUROSINTUIÇÃO DAS PENAS E GOZOS FUTUROSINTUIÇÃO DAS PENAS E GOZOS FUTUROS

A crença nas penas e gozos futuros é umpressentimento da realidade, trazido ao ho-mem pelo Espírito nele encarnado. No momentoda morte, o sentimento que domina é a dúvida,nos céticos empedernidos; o temor, nos cul-pados; a esperança, nos homens de bem. Oscéticos são em número muito maior do que sejulga. Muitos se fazem de espíritos fortes,durante a vida, somente por orgulho. No mo-mento da morte, porém, deixam de ser tãofanfarrões.

33333 INTERVENÇÃO DE DEUS NASINTERVENÇÃO DE DEUS NASINTERVENÇÃO DE DEUS NASINTERVENÇÃO DE DEUS NASINTERVENÇÃO DE DEUS NAS P E -P E -P E -P E -P E -NAS E RECOMPENSASNAS E RECOMPENSASNAS E RECOMPENSASNAS E RECOMPENSASNAS E RECOMPENSAS

Deus se ocupa com todos os seres quecriou, por mais pequeninos que sejam. Nada,para a sua bondade, é destituído de valor.Deus tem suas leis a regerem todas as nos-sas ações. Se as violamos, a culpa é nossa.Quando um homem comete um excesso qualquer,Deus não profere contra ele um julgamentodizendo-lhe, por exemplo: ”Foste guloso,vou punir-te”. Ele traçou um limite; as

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enfermidades e muitas vezes a morte são aconseqüência dos excessos. Assim é em tudo.

Todas as nossas ações estão submetidasàs leis de Deus. Nenhuma há, por mais in-significante que nos pareça, que não possaser uma violação daquelas leis. Se sofremosas conseqüências dessa violação, só nosdevemos queixar de nós mesmos.

44444 NATUREZA DAS PENASNATUREZA DAS PENASNATUREZA DAS PENASNATUREZA DAS PENASNATUREZA DAS PENAS EEEEEGOZOS FUTUROSGOZOS FUTUROSGOZOS FUTUROSGOZOS FUTUROSGOZOS FUTUROS

As penas e gozos da alma, depois damorte, não podem ser materiais, pois que aalma não é matéria. Nada têm de carnal es-sas penas e esses gozos; entretanto, sãomil vezes mais vivos do que os que experi-mentamos na Terra, porque o Espírito, umavez liberto, é mais impressionável. Então,já a matéria não lhe embota as sensações.

Das penas e gozos futuros o homem faztão grosseira idéia, porque a sua inteli-gência ainda não se desenvolveu bastante. Àmedida, porém, que ele se instrui, melhorvai compreendendo.

A felicidade dos bons Espíritos consisteem conhecerem todas as coisas; em não senti-rem ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambi-ção, nem qualquer das paixões que ocasionama desgraça dos homens. O amor que os unelhes é fonte de suprema felicidade. Não ex-perimentam as necessidades, nem os sofri-mentos, nem as angústias da vida material.São felizes pelo bem que fazem. Contudo, afelicidade dos Espíritos é proporcional àelevação de cada um. Somente os puros Espí-ritos gozam, é exato, da felicidade suprema,

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mas nem todos os outros são infelizes. Entreos maus e os perfeitos há uma infinidade degraus em que os gozos são relativos ao esta-do moral. Os que já estão bastante adianta-dos, compreendem a ventura dos que os prece-deram e aspiram a alcançá-la.

Quando se diz que os Espíritos puros seacham reunidos no seio de Deus, deve-seentender como uma alegoria e não se devetomar ao pé da letra. Não devemos crer queos Espíritos bem-aventurados estejam emcontemplação por toda a eternidade. Seriauma bem-aventurança estúpida e monótona.Seria mais a do egoísta, porquanto a exis-tência deles seria uma inutilidade sem ter-mo. Estão isentos das tribulações da vidacorpórea e isso já é um gozo.

Os sofrimentos dos Espíritos inferioressão tão variados como as causas que os de-terminam e proporcionados ao grau de infe-rioridade, como os gozos o são ao de supe-rioridade. Da parte dos Espíritos bons, ésempre boa a influência que exercem unssobre os outros. Os perversos, esses procu-ram desviar da senda do bem e do arrependi-mento os que lhes parecem suscetíveis de sedeixarem levar e que são, muitas vezes, osque eles mesmos arrastaram ao mal durante avida terrena. Assim, a morte não nos livrada tentação, mas a ação dos maus Espíritosé sempre menor sobre os outros Espíritos doque sobre os homens, porque lhes falta oauxílio das paixões materiais.

As comunicações espíritas tiveram comoresultado mostrar o estado futuro da alma,

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não mais em teoria, porém na realidade. Emtese geral, pode-se dizer: cada um é punidopor aquilo em que pecou. Assim é que uns osão pela visão incessante do mal que fize-ram; outros, pelo pesar, pelo temor, pelavergonha, pela dúvida, pelo insulamento,pelas trevas, pela separação dos entes que-ridos, etc... O espetáculo dos sofrimentosdos Espíritos inferiores não constitui, paraos bons, uma causa de aflição, pois quesabem que o mal terá um fim.

Quando nos achamos no mundo dos Espíri-tos, estando patente todo o nosso passado,o bem e o mal que houvermos praticado, se-rão igualmente conhecidos. Em vão, aqueleque houver praticado o mal tentará escaparao olhar de suas vítimas: a presença inevi-tável destas lhe será um castigo e um re-morso incessante, até que haja expiado seuserros, ao passo que o homem de bem por todaparte só encontrará olhares amigos e bene-volentes.

A crença no Espiritismo ajuda o homem ase melhorar, firmando-lhe as idéias sobrecertos pontos do futuro. Apressa o adianta-mento dos indivíduos e das massas, porquefaculta-nos inteiremos do que seremos umdia. É um ponto de apoio, uma luz que nosguia.

55555 PENAS TEMPORAISPENAS TEMPORAISPENAS TEMPORAISPENAS TEMPORAISPENAS TEMPORAIS

Quando a alma está encarnada, as tribu-lações da vida são-lhe um sofrimento; mas,só o corpo sofre materialmente. Falando dealguém que morreu, costumamos dizer que dei-xou de sofrer. Nem sempre isto exprime a

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realidade. Como Espírito, está isento dedores físicas; porém, tais sejam as faltasque tenha cometido, pode estar sujeito adores morais mais agudas e pode vir a serainda mais desgraçado em nova existência.Assim, o mau rico terá que pedir esmola e severá a braços com todas as privações oriun-das da miséria; o orgulhoso, com todas ashumilhações; o que abusa de sua autoridade etrata com desprezo e dureza os seus subordi-nados, se verá forçado a obedecer a um supe-rior mais ríspido do que ele foi. Todas aspenas e tribulações da vida são expiação dasfaltas de outras existências, quando não aconseqüência das da vida atual.

A reencarnação do Espírito em um mundomenos grosseiro é a conseqüência de suadepuração, porquanto, à medida que se vãodepurando, os Espíritos passam a encarnarem mundos cada vez mais perfeitos. Nos mun-dos onde a existência é menos material doque neste, menos grosseiras são as necessi-dades e menos agudos os sofrimentos físi-cos.

O homem que, não fazendo o mal, tambémnada faz para libertar-se da influência damatéria, tem que recomeçar uma existênciade natureza idêntica à precedente.

66666 EXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTOEXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTOEXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTOEXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTOEXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTO

O arrependimento pode se dar, tanto noestado espiritual, como no corporal. Noestado espiritual, deseja o arrependido umanova encarnação para se purificar. No esta-do corporal, fazer que, já na vida atual, oEspírito progrida, se tiver tempo de repa-

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rar suas faltas. Todo Espírito tem que pro-gredir incessantemente. Aquele que, nestavida, só tem o instinto do mal, terá noutrao do bem e é para isso que renasce muitasvezes. A diferença está somente em que unsgastam mais tempo do que outros, porqueassim o querem. Há Espíritos que de coisaalguma útil se ocupam. Estão na expectati-va. Mas, neste caso, sofrem proporcional-mente. Devendo em tudo haver progresso, neleso progresso se manifesta pela dor.

A prece em favor dos Espíritos só temefeito se eles se arrependem. Com relaçãoaos que, impelidos pelo orgulho, se revol-tam contra Deus e persistem nos seus desva-rios, a prece nada pode e nada poderá, se-não no dia em que um clarão de arrependi-mento se produza neles. A expiação se fazno estado corporal, mediante provas a que oEspírito se acha submetido e, na vida espi-ritual, pelos sofrimentos morais inerentesao estado de inferioridade em que se encon-tre. Aquele que, em artigo de morte, reco-nhece suas faltas, quando já não tem tempode as reparar, o arrependimento lhe apressaa reabilitação, mas não o absolve.

77777 DURAÇÃO DAS PENASDURAÇÃO DAS PENASDURAÇÃO DAS PENASDURAÇÃO DAS PENASDURAÇÃO DAS PENAS

A duração das penas na vida futura serege por leis em que a sabedoria de Deus ea sua bondade se revelam. A duração dossofrimentos do culpado se baseia no temponecessário a que se melhore. À medida queele progride e que os sentimentos se depu-ram, seus sofrimentos diminuem e mudam denatureza. Os sofrimentos do Espírito seriam

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eternos se ele pudesse ser eternamente mau,isto é, se jamais se arrependesse e melho-rasse. Mas Deus não criou seres tendo pordestino permanecerem voltados perpetuamen-te ao mal. Apenas os criou todos simples eignorantes, tendo todos, no entanto, queprogredir em tempo mais ou menos longo,conforme decorrer da vontade de cada um.

88888 RESSURREIÇÃO DA CARNERESSURREIÇÃO DA CARNERESSURREIÇÃO DA CARNERESSURREIÇÃO DA CARNERESSURREIÇÃO DA CARNE

O dogma da ressurreição da carne é aconsagração da reencarnação ensinada pelosEspíritos e mal compreendido pelos homensque tomaram esse ensino ao pé da letra. Adoutrina da pluralidade das existências éconsentânea com a justiça de Deus; só elaexplica o que, sem ela, é inexplicável.Como, porém, são chegados os tempos de nãomais empregarem linguagem figurada, os Es-píritos se exprimem sem alegorias e dão àscoisas sentido claro e preciso, que nãopossa estar sujeito a qualquer interpreta-ção falsa. Eis porque, daqui a algum tempo,muito maior será do que é hoje o número depessoas sinceramente religiosas e crentes.

99999 PARAÍSO, INFERNO E PURGATÓRIOPARAÍSO, INFERNO E PURGATÓRIOPARAÍSO, INFERNO E PURGATÓRIOPARAÍSO, INFERNO E PURGATÓRIOPARAÍSO, INFERNO E PURGATÓRIO

No Universo não há lugares circunscri-tos para as penas e gozos dos Espíritos,pois eles são inerentes ao seu grau de per-feição. Cada um tira de si mesmo o princí-pio de sua felicidade ou de sua desgraça.Quanto aos encarnados, esses são mais oumenos felizes ou desgraçados, conforme émais ou menos adiantado o mundo em que ha-bitam. Inferno e Paraíso são simples alego-

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rias; por toda parte há Espíritos ditosos einditosos.

A localização absoluta das regiões daspenas e das recompensas só na imaginação dohomem existe. Provém da sua tendência amaterializarmaterializarmaterializarmaterializarmaterializar e circunscrever as coisas,cuja essência infinita não lhe é possívelcompreender.

Por “purgatório” devem-se entender asdores físicas e morais: o tempo de expia-ção. Quase sempre, na Terra, é que fazemoso nosso purgatório e que Deus nos obriga aexpiar as nossas faltas.

Por “céu” não se deve entender um lugaronde os Espíritos estejam todos despreocu-pados, somente gozando a eterna felicidade.Não; é o espaço universal; são os planetas,as estrelas e todos os mundos superiores,onde os Espíritos gozam plenamente de suasfaculdades, sem as tribulações da vida ma-terial, nem as angústias peculiares à infe-rioridade. As expressões “quarto” , “quin-to” céus, etc., exprimem diferentes grausde purificação e, por conseguinte, de feli-cidade. É exatamente como quando se pergun-ta a um Espírito se está no inferno. Se fordesgraçado dirá sim, porque, para ele,infernoinfernoinfernoinfernoinferno é sinônimo de sofrimento. Sabe,porém, muito bem que não é uma fornalha. Umpagão diria estar no Tártaro.Tártaro.Tártaro.Tártaro.Tártaro.

Quando o Cristo disse: “Meu reino não édeste mundo” , quis dizer que seu reinado seexerce unicamente sobre os corações puros edesinteressados, mas, um dia, o bem reinarána Terra. Por meio do progresso moral e

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praticando as leis de Deus é que o homematrairá para a Terra os bons Espíritos edela afastará os maus. Essa transformaçãose verificará por meio da encarnação deEspíritos melhores, que constituirão, aqui,uma geração nova. Então, os Espíritos dosmaus, que a morte vai ceifando dia a dia, etodos os que tentem deter a marcha das coi-sas, serão excluídos, pois que viriam aestar deslocados entre os homens de bem,cuja felicidade perturbariam. Irão paraoutros mundos menos adiantados, desempe-nhar missões penosas, trabalhando pelo seupróprio adiantamento, ao mesmo tempo em quetrabalharão pelo de seus irmãos ainda maisatrasados. E, então, a Terra será transfor-mada.

– C ONCLUSÃO –

O progresso da humanidade tem seu prin-cípio na aplicação da lei de justiça, deamor e de caridade, lei que se funda nacerteza do futuro. Dessa lei derivam todasas outras, porque ela encerra todas as con-dições da felicidade do homem. Só ela podecurar as chagas da sociedade. Comparando asidades e os povos, pode ele avaliar quantoa sua condição melhora, à medida que essalei vai sendo mais bem compreendida e pra-ticada. Ora, se aplicando-a, parcial e in-completamente, aufere o homem tanto bem,que não conseguirá quando fizer dela a basede todas as suas instituições sociais? Seráisso possível? Certo, porquanto, desde que

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ele já deu dez passos, possível lhe é darvinte e assim por diante.

Por meio do Espiritismo, a Humanidadetem que entrar numa nova fase, a do pro-gresso moral que lhe é conseqüência inevi-tável.

O Espiritismo se apresenta sob três as-pectos diferentes: o das manifestações, odos princípios e da filosofia que delasdecorrem e o da aplicação desses princípi-os. Daí, três classes, ou, antes, três grausde adeptos:

1. Os que crêem nas manifestações e selimitam a comprová-las; para esses oEspiritismo é uma ciência experimen-tal;

2. Os que lhe percebem as conseqüênciasmorais;

3. Os que praticam ou se esforçam porpraticar essa moral.

Qualquer que seja o ponto de vista, ci-entífico ou moral, sob que considerem essesestranhos fenômenos, todos compreendem cons-tituírem eles uma ordem, inteiramente nova,de idéias que surgem e da qual não pode

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C 3deixar de resultar uma profunda modificaçãono estado da Humanidade e compreendem, igual-mente, que essa modificação não pode deixarde operar-se no sentido do bem.

Quanto aos adversários, também podemosclassificá-los em três categorias:

1. A dos que negam sistematicamente tudoo que é novo, ou deles não venha, eque falam sem conhecimento de causa.

A esta classe pertencem todos os quenão admitem senão o que possa ter otestemunho dos sentidos. Nada viram,nada querem ver e ainda menosaprofundar. Ficariam mesmo aborreci-dos se vissem as coisas muito clara-mente, porque forçoso lhes seria con-vir em que não têm razão. Para eles,o Espiritismo é uma quimera, uma lou-cura, uma utopia. Não existe! E estátudo resolvido. São os incrédulos decaso pensado. Ao lado destes, podemcolocar-se os que não se dignam daraos fatos a mínima atenção, sequerpor desencargo de consciência, a fimde poderem dizer: quis ver e nada vi.Não compreendem que seja preciso maisde meia hora para alguém se inteirarde uma ciência.

2. A dos que, sabendo muito bem o quepensar da realidade dos fatos, os com-batem, todavia, por motivo de inte-

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resse pessoal.

Para estes, o Espiritismo existe, maslhe receiam as conseqüências. Atacam-no como a inimigo.

3. A dos que acham na moral espíritauma censura por demais severa aos seusatos ou às suas tendências.

Tomado a sério, o Espiritismo os em-baraçaria. Não o rejeitam, nem o apro-vam. Preferem fechar os olhos.

Os primeiros, são movidos pelo orgulhoe pela presunção; os segundos, pela ambi-ção; os terceiros, pelo egoísmo.

Concebe-se que, nenhuma solidez tendo,essas causas de oposição venham desaparecercom o tempo, pois em vão procuraríamos umaquarta classe de antagonistas, a dos que,em patentes provas contrárias, se apoias-sem, demonstrando estudo laborioso e porfi-ado da questão. Todos apenas opõem a nega-ção e nenhum aduz demonstração séria eirrefutável.

Fora presumir demais da natureza humanasupor que ela possa transformar-se de súbi-to, por efeito das idéias espíritas. A açãoque estas exercem não é certamente idênti-ca, nem do mesmo grau, em todos os que aprofessam. Mas o resultado dessa ação, qual-quer que seja, ainda que extremamente fra-co, representa sempre uma melhora. Será,quando menos, o de dar a prova da existên-cia de um mundo extra-corpóreo, o que im-plica a negação das doutrinas materialis-tas. Isto deriva da só observação dos fa-tos, porém para os que compreendem o Espi-

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ritismo filosófico e nele vêem outra coisaque não somente os fenômenos mais ou menoscuriosos, diversos são os seus efeitos.

O primeiro e mais geral consiste em de-senvolver o sentimento religioso até naque-le que, sem ser materialista, olha com ab-soluta indiferença para as questões espiri-tuais. Daí lhe advém o desprezo pela morte.Não dizemos o desejo de morrer; longe dis-so, porquanto o espírita defenderá sua vidacomo qualquer outro, mas uma indiferençaque o leva a aceitar, sem queixa nem pesar,uma morte inevitável, como coisa mais dealegrar do que temer, pela certeza que temdo estado que se lhe segue.

O segundo efeito, quase tão geral como oprimeiro, é a resignação nas vicissitudesda vida. O Espiritismo dá a ver as coisasde tão alto que, perdendo a vida terrenatrês quartas partes de sua importância, ohomem não se aflige tanto com as tribula-ções que a acompanham. Daí mais coragem nasaflições, mais moderação nos desejos. Daí,também, o banimento da idéia de abreviar osdias da existência, por isso que a ciênciaespírita ensina que pelo suicídio sempre seperde o que se queria ganhar. A certeza deum futuro, que temos a faculdade de tornarfeliz, a possibilidade de estabelecermosrelações com os entes que nos são caros,oferecem ao espírita suprema consolação. Ohorizonte se lhe dilata ao infinito, graçasao espetáculo a que assiste incessantemen-te, da vida de além-túmulo, cujas misteri-osas profundezas lhe sâo facultadas sondar.

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O terceiro efeito é o de estimular nohomem a indulgência para com os defeitosalheios. Todavia, cumpre dizê-lo, o princí-pio egoísta e tudo o que dele decorre são oque há de mais tenaz no homem e, por conse-guinte, mais difícil de desarraigar. Todagente faz voluntariamente sacrifícios,contanto que nada custem e de nada privem.Para a maioria dos homens, o dinheiro temainda irresistível atrativo, e bem poucoscompreendem a palavra supérfluo, quando desua pessoa se trata. Por isso mesmo, a ab-negação da personalidade constitui sinal degrandíssimo progresso.

O Espiritismo não traz ao mundo moraldiferente da de Jesus. As comunicações comos seres de além-túmulo deram em resultadofazer-nos compreender a vida futura, fazer-nos vê-la, iniciar-nos no conhecimento daspenas e gozos que nos estão reservados, deacordo com os nossos méritos e, desse modo,encaminhar para o espiritualismoespiritualismoespiritualismoespiritualismoespiritualismo os queno homem somente viam a matéria, a máquinaorganizada.

Por bem largo tempo, os homens se têmestraçalhado e anatematizado mutuamente emnome de um Deus de paz e misericórdia, ofen-dendo-o com semelhante sacrilégio. O Espi-ritismo é o laço que um dia os unirá, por-que lhes mostrará onde está a verdade, ondeo erro. Durante muito tempo, porém, aindahaverá escribas e fariseus que o negarão,como negaram o Cristo. Quereis saber sob ainfluência de que Espíritos estão as diver-sas seitas que entre si fizeram partilha do

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mundo? Julgai-os pelas suas obras e pelosseus princípios. Jamais os bons Espíritosforam os instigadores do mal; jamais acon-selharam ou legitimaram o assassínio e aviolência; jamais estimularam os ódios dospartidos, nem a sede das riquezas e dashonras, nem a avidez dos bens da Terra. Osque são bons, humanitários e benevolentespara com todos, esses os prediletos de Je-sus, porque seguem a estrada que este lhesindicou para chegarem até Ele.

arte final

apítulo

ALGUNS MÉDIUNS FAMOSOS DO PASSADO

1 - E MMANUEL S WEDENBORG

Não é possível, num pequeno trabalhocomo este, apresentarmos todos os médiunsfamosos que apareceram na face da Terra, emdiferentes épocas. Daí porque nos propuse-mos falar apenas sobre alguns dos que maisse evidenciaram pelas faculdades que possu-íam. E, dentre estes, colocamos, em primei-ro lugar, o grande vidente sueco, EmmanuelSwedenborg que, pelas suas preciosas facul-dades mediúnicas, pode ser considerado, nodizer de Conan Doyle, o pai dos fenômenos

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supranormais.

Diz-nos o imortal escritor inglês, noseu livro “História do Espiritismo” que,para se “compreender completamente umSwedenborg é preciso possuir-se um cérebrode Swedenborg; e isto não se encontra emcada século” .

Era ele engenheiro de minas e grandeautoridade em Física e Astronomia, tendopublicado, também, vários trabalhos sobreas marés e sobre a determinação das latitu-des. Foi ainda financista e político, alémde estudioso apaixonado da Bíblia.

Aos vinte e cinco anos de idade ocorreuseu desenvolvimento psíquico, mas desdemenino já tinha visões.

Conta-se que, por ocasião de um jantar,onde se encontravam cerca de dezesseis pes-soas, Swedenborg, pela sua vidência à dis-tância, observou e descreveu um incêndio emEstocolmo, a trezentas milhas de Gothenburg,onde se realizava o jantar.

Somente em 1744 é que desabrocharam suasforças latentes, quando se achava em Lon-dres.

“Na mesma noite, diz ele, o mundo dosEspíritos do céu e do inferno abriu-se convincentemente para mim, e aíencontrei muitas pessoas de meu co-nhecimento e de todas as condições.Desde então, diariamente, o Senhorabriu os olhos de meu Espírito paraver, perfeitamente de perto, o que sepassava no outro mundo e para conver-

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sar, em plena consciência, com anjose Espíritos.”

Conan Doyle, na sua obra já citada, ex-põe os principais fatos por ele descritosque, “data vênia” , vamos transcrever, poisjulgamos de grande valia para nossos leito-res, uma vez que os mesmos muito se asseme-lham às narrativas de André Luiz, recebidaspelo canal mediúnico de Chico Xavier.

Vejamos:

“Verificou que o outro mundo, paraonde vamos após a morte, consiste devárias esferas, representando outrostantos graus de luminosidade e defelicidade; cada um de nós irá paraaquela a que se adapta a nossa condi-ção espiritual. Somos julgados auto-maticamente, por uma lei espiritualdas similitudes; o resultado é de-terminado pelo resultado global denossa vida, de modo que a absolviçãoou o arrependimento no leito da mortetêm pouco proveito. Nessas esferas,verificou que o cenário e as condi-ções deste mundo eram reproduzidasfielmente, do mesmo modo que a estru-tura da sociedade. Viu casas ondeviviam famílias, templos onde prati-cavam o culto, auditórios onde sereuniam para fins sociais, paláciosonde deviam morar os chefes.

“A morte era suave, dada a presençade seres celestiais que ajudavam osrecém-chegados na sua nova existên-cia. Esses recém-vindos passavam ime-

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diatamente por um período de absolu-to repouso. Reconquistavam a consci-ência em poucos dias, segundo a nossacontagem.

“Havia anjos e demônios, mas não eramde ordem diversa da nossa: eram sereshumanos, que tinham vivido na Terra eque, ou eram almas retardatárias, comodemônios, ou altamente desenvolvidas,como anjos.

“De modo algum mudamos com a morte. Ohomem nada perde pela morte: sob to-dos os pontos de vista é ainda umhomem, conquanto mais perfeito do quequando na matéria. Levou consigo nãosó suas forças mas seus hábitos men-tais adquiridos, suas preocupações,seus preconceitos.

“Todas as crianças eram recebidas,igualmente, fossem ou não batizadas.Cresciam no outro mundo; jovens lheserviam de mães, até que chegassem asmães verdadeiras.

“Não havia penas eternas. Os que seachavam nos infernos podiam traba-lhar para sua saída, desde que sen-tissem vontade. Os que se achavam nocéu não tinham lugar permanente: tra-balhavam por uma posição mais eleva-da.

“Havia o casamento sob a forma deunião espiritual no mundo próximo,onde um homem e uma mulher constitu-íam uma unidade completa (é de notar-se que Swedenborg jamais se casou).

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“Não havia detalhes insignificantespara sua observação no mundo espiri-tual. Fala de arquitetura, de arte-sanato, das flores, dos frutos, dosbordados, da arte, da música, da lei-tura, da ciência, das escolas, dosmuseus, das academias, das bibliote-cas e dos esportes. Tudo isso podechocar as inteligências convencionais,conquanto se possa perguntar por quetoleramos coroas e tronos e negamosoutras coisas menos materiais.

“Os que saíram deste mundo, velhos,decrépitos, doentes, ou deformados,r e c u p e r a v a m a m o c i d a d e e ,gradativamente, o completo vigor. Oscasais continuavam juntos, se os seussentimentos recíprocos os atraíam.Caso contrário, era desfeita a união.Dois amantes verdadeiros não sãoDois amantes verdadeiros não sãoDois amantes verdadeiros não sãoDois amantes verdadeiros não sãoDois amantes verdadeiros não sãoseparados pela morte, de vez queseparados pela morte, de vez queseparados pela morte, de vez queseparados pela morte, de vez queseparados pela morte, de vez queo Espírito do morto habita com oo Espírito do morto habita com oo Espírito do morto habita com oo Espírito do morto habita com oo Espírito do morto habita com osobrevivente, até a morte destesobrevivente, até a morte destesobrevivente, até a morte destesobrevivente, até a morte destesobrevivente, até a morte desteúltimo, quando se encontram e seúltimo, quando se encontram e seúltimo, quando se encontram e seúltimo, quando se encontram e seúltimo, quando se encontram e seunem, amando-se mais ternamenteunem, amando-se mais ternamenteunem, amando-se mais ternamenteunem, amando-se mais ternamenteunem, amando-se mais ternamentedo que antes.”do que antes.”do que antes.”do que antes.”do que antes.”

Com estas citações, acreditamos haverdado ligeira noção sobre os ensinamentos deSwedenborg, porém, quem desejar beber mai-ores ensinamentos encontrará em suas obras“Céu e Inferno” , “A nova Jerusalém” e “ArcanaCoelestia”.

2 - A NDREW J ACKSON D AVIS

Andrew Jackson Davis deve figurar entre

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nós como um dos maiores médiuns da sua épo-ca, não só pelos fenômenos que produzia,como também pela sua obra no campo da lite-ratura.

Nasceu no dia 11 de agosto de 1826, nasmargens do rio Hudson, nos Estados Unidosda América do Norte, e desencarnou em 1910,com a idade de 84 anos.

Jackson Davis descendia de família hu-milde. Sua faculdade mediúnica desabrochouquando tinha apenas 17 anos. Primeiro, de-senvolveu a audiência. Ouvia vozes que lhedavam bons conselhos. Depois, surgiu a cla-rividência, tendo notável visão, quando suamãe morreu. Viu ele uma belíssima regiãomuito brilhante, que supôs fosse o lugarpara onde teria ido sua mãe. Mais tarde,manifestou-se outra faculdade muito inte-ressante e muito rara: a de ver e descrevero corpo humano, que se tornava transparenteaos seus olhos espirituais. Dizia ele quecada órgão do corpo parecia claro e trans-parente, mas se tornava escuro quando apre-sentava enfermidade.

Não é de se admirar que Davis descreves-se a constituição anatômica do ser humano,pois já Hipócrates, o pai da Medicina, di-zia: “A alma vê de olhos fechados as“A alma vê de olhos fechados as“A alma vê de olhos fechados as“A alma vê de olhos fechados as“A alma vê de olhos fechados asafecções sofridas pelo corpo”afecções sofridas pelo corpo”afecções sofridas pelo corpo”afecções sofridas pelo corpo”afecções sofridas pelo corpo” .....

Na tarde de 6 de março de 1844, deu-se,com Davis, um dos mais extraordinários fe-nômenos, o do transporte. Foi ele tomadopor uma força estranha que o fez voar dacidade de Poughkeepsie a Catskill, cerca dequarenta milhas de distância.

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Naquela época, não se sabia explicaresse fenômeno, porquanto os fatos dessanatureza ainda eram desconhecidos.

Para nós, espíritas, o papel represen-tado por Jackson Davis é de grande impor-tância, pois começou a preparar o terrenopara os grandes acontecimentos da TerceiraRevelação.

Em suas visões espirituais viu quasetudo o que Swedenborg descreveu sobre oplano espiritual (abramos aqui um parêntesepara dizer que, por ocasião do seu trans-porte às montanhas de Catskill, identificouGaleno e Swedenborg como seus mentores es-pirituais).

Em seu caderno de notas, encontrou-se aseguinte passagem datada de 31 de março de1848:

“Esta madrugada, um sopro quente pas-sou pela minha face e ouvi uma voz,suave e forte, a dizer: irmão, um bomtrabalho foi começado – olha! surgiuuma demonstração viva. Fiquei pen-sando o que queria dizer aquela men-sagem.”

Ao que parece, este aviso fazia mençãoaos fenômenos de Hydesville, pois foi exa-tamente nessa data, numa sexta-feira, quese estabeleceu o início da telegrafia espi-ritual, através da menina Kate Fox.

3 - D ANIEL D UNGLAS H OME

Descendente de família nobre, da Escó-cia, nascia, no dia 15 de março de 1833, em

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Currie, perto de Edimburgo, o maior médiumde efeitos físicos do século passado – DanielDunglas Home.

Aos nove anos de idade, Home partiu paraos Estados Unidos em companhia de uma tiaque o adotara. Quando tinha treze anos,manifestou-se nele extraordinária faculda-de psíquica, tendo previsto a desencarnaçãode um amigo da família.

Conta-se que Home fizera um pacto com umcolega de nome Edwin, para que o primeirodesencarnado viesse mostrar-se ao outro. Ummês após haver-se mudado para outro distri-to, quando foi para cama, teve a visão deEdwin, que desencarnara e viera cumprir opacto, cuja confirmação recebeu dois ou trêsdias depois.

Em 1850, teve uma segunda visão; esta,sobre a morte de sua mãe, que vivia naAmérica do Norte. Em seguida, começaram aproduzir-se os mais variados fenômenos, taiscomo fortes batidas nos móveis, transportede objetos e outros “raps” que inquietaramo lar de sua tia, com quem morava, ao pontode esta afirmar que o rapaz havia trazido oDiabo para sua casa.

Esses fenômenos tiveram grande reper-cussão em toda a América, tendo sido orga-nizada, em 1852, uma Comissão da Universi-dade de Harward para visitar o médium, co-missão essa que lavrou ata afirmando a exa-tidão dos fatos verificados durante as ex-periências com ele realizadas.

Tamanha era sua força que, em todas ascasas onde se hospedava, realizava sessões

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diárias, o que lhe produzia grande esgota-mento.

Em 1855, Home transportou-se para a Eu-ropa, ocasião em que foram realizadas, comele, várias experiências perante o Impera-dor Napoleão III. Durante essas experiênci-as, obteve-se uma prova concreta da assina-tura de Napoleão Bonaparte, com a presençada Imperatriz Eugênia, cujo fato aumentougrandemente sua fama.

Home jamais mercadejou seus preciososdons mediú-nicos. Teve inúmeras oportuni-dades, mas sempre recusou. Dizia ele: “Fuimandado em missão. Essa missão é demonstrara imortalidade. Nunca recebi dinheiro porisso e jamais o receberei”.

Home, como se vê, possuía várias facul-dades, dentre elas, a de levitação, fenôme-no esse inúmeras vezes constatado por cien-tista da época.

Como todo médium, Home foi caluniado eferido em sua dignidade, mas nunca lhe fal-tou, nas horas mais difíceis, o amparo deseus mentores espirituais.

Allan Kardec, através das colunas de“Revue Spirite”, o defende, dizendo:

“Dotado de excessiva modéstia, jamaisfez praça de sua maravilhosa faculda-de, jamais fala de si mesmo e se, numaexpansão de intimidade, conta casospessoais, fá-lo com simplicidade ejamais com ênfase própria das criatu-ras com as quais a malevolência pro-cura compará-lo.”

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Sobre sua missão, disse Kardec:

“Foi uma missão que aceitou; missãonão isenta de tribulação nem de peri-gos, mas que realiza com resignação eperseverança, sob a égide do Espíri-to de sua mãe, seu verdadeiro anjo daguarda.”

4 - E USÁPIA P ALADINO

Eusápia Paladino foi a primeira médiumde efeitos físicos a ser submetida a expe-riências pelos cientistas da época, taiscomo César Lombroso, Alexandre Aksakof,Charles Richet e muitos outros.

Nasceu em Nápoles, Itália, em 31 de ja-neiro de 1854, e desencarnou em 1918, com aidade de sessenta e quatro anos.

Sua mãe morrera quando ela nasceu e opai quando ela alcançou a idade de dozeanos.

As primeiras manifestações de suamediunidade consistiram no movimento e le-vitação de objetos, quando ainda muito jo-vem, pois contava apenas quatorze anos. Essesfenômenos eram espontâneos e se verificavamna casa de um amigo com quem ela morava.Somente aos vinte e três anos é que, graçasa um espírita convicto, Signor Damiani, elaconheceu o Espiritismo.

Por volta do ano 1888 é que Eusápiatornou-se conhecida no mundo científico emvirtude de uma carta do Prof. Ércole Chiaiaenviada ao criminalista César Lombroso, re-latando detalhadamente as experiências já

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realizadas por ele com a médium, carta essapublicada no jornal “Il Fanfulla delaDomênica”.

Entre outras coisas, dizia o missivista:

“A doente é uma mulherzinha demodestíssima condição social, comcerca de trinta anos, robusta,iletrada e cujo passado, porquevulgaríssimo, não merece esquadrinha-do; que nada apresenta de notável, anão ser as pupilas de fascinante bri-lho e essa potencialidade, que oscriminalistas diriam irresistível.”

Em outro trecho da carta , dizia:

“Quando quiserdes, essa mulherzinhaserá capaz de, encerrada numa sala,divertir durante horas, por meio desurpreendentes fenômenos, todo um gru-po de curiosos mais ou menos céticos,ou mais ou menos acomodatícios”.

Através dessa carta, convidava, também,o célebre alienista, a investigar, direta-mente, os fenômenos por ele constatados namédium.

Três anos mais tarde, em 1891, Lombrosoaceitou o convite, realizando, com Eusápia,uma série de sessões. Esses trabalhos foramseguidos pela Comissão de Milão, integradapelos professores Schiaparelli, diretor doObservatório de Milão; Gerosa, Catedráticode física; Ermacora, Doutor em Filosofia,de Munique, e o prof. Charles Richet, daUniversidade de Paris. Além dessas sessões,muitas outras foram realizadas, com a pre-

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sença de homens de ciência, não só da Euro-pa, como também da América.

Lombroso, diante da evidência dos fa-tos, converteu-se ao Espiritismo, tendodeclarado:

“Estou cheio de confusão e lamentohaver combatido, com tanta persis-tência, a possibilidade dos fatos cha-mados espíritas.”

A conversão de Lombroso deveu-se tambémao fato de o Espírito de sua mãe haver-sematerializado em uma das sessões realizadascom Eusápia.

Antes de encerrarmos esta ligeira expo-sição sobre a preciosa mediunidade de EusápiaPaladino, convém citarmos um trecho do re-latório apresentado pela Comissão de Milãoque diz:

“É impossível dizer o número de vezesque uma mão apareceu e foi tocada porum de nós. Basta dizer que a dúvidajá não era possível. Realmente, erauma mão viva que víamos e tocávamos,enquanto, ao mesmo tempo, o busto eos braços da médium estavam visíveise suas mãos eram seguras pelos queachavam a seu lado.”

Como se vê, a Comissão que ofereceu esterelatório era constituída por homens deciência, o que não deixa dúvida quanto àveracidade dos fenômenos por eles constata-dos.

O prof. Charles Richet, em 1894, tambémrealizou várias sessões experimentais em

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sua própria casa, obtendo levitações parci-ais e completas da mesa, além de outrosfenômenos de efeitos físicos.

Sir Oliver Lodge, prof. de FilosofiaNatural do Colégio de Bedford, Catedráticode Física da Universidade de Liverpool,Reitor da Universidade de Birmingham, e quefoi, também, por longos anos, presidente daAssociação Britânica de Cientistas, após asexperiências realizadas com Eusápia, apre-sentou um relatório à Sociedade de Pesqui-sas da Inglaterra, dizendo, entre outrascoisas, o seguinte:

“qualquer pessoa, sem invencível pre-conceito, que tenha tido a mesma ex-periência, terá chegado à mesma lar-ga conclusão, isto é, que atualmenteacontecem coisas consideradas impos-síveis... O resultado de minha expe-riência é convencer-me de que certosfenômenos geralmente consideradosanormais, pertencem à ordem naturale, como um corolário disto, que essesfenômenos devem ser investigados everificados por pessoas e sociedadesinteressadas no conhecimento da na-tureza”.

Eis aí, em linhas gerais, o que foi aexcepcional mediuni-dade de Eusápia Pala-dino, figura de destaque na história doEspiritismo, que veio à Terra para cumprira sublime missão de demonstrar a sobrevi-vência do Espírito, após a desencarnação.

5 - M ADAME D’E SPERANCE

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Elizabeth d’Esperance nasceu em 1849,um ano depois dos fenômenos de Hydesville.

Quando ainda mocinha, apareceu em pú-blico, através da apresentação de T. P.Barkas, em New Castle. Barkas organizou umaextensa lista de perguntas referentes aosmais variados setores da ciência, que foramrespondidas, rapidamente, pela médium, eminglês, alemão e até mesmo em latim.

Madame d’Esperance, que possuía educa-ção de classe média, quando caía em transemediúnico, externava admiráveis conhecimen-tos científicos, muitas vezes abordandoassuntos completamente desconhecidos daquelesque a interrogavam. Nesse estado, desenhavana mais completa escuridão. Mr. Barkas,referindo-se às sessões realizadas com ela,disse:

“Deve ser geralmente admitido que“Deve ser geralmente admitido que“Deve ser geralmente admitido que“Deve ser geralmente admitido que“Deve ser geralmente admitido queninguém pode, por um esforço nor-ninguém pode, por um esforço nor-ninguém pode, por um esforço nor-ninguém pode, por um esforço nor-ninguém pode, por um esforço nor-mal, responder com detalhes, a per-mal, responder com detalhes, a per-mal, responder com detalhes, a per-mal, responder com detalhes, a per-mal, responder com detalhes, a per-guntas críticas ou obscuras em mui-guntas críticas ou obscuras em mui-guntas críticas ou obscuras em mui-guntas críticas ou obscuras em mui-guntas críticas ou obscuras em mui-tos setores difíceis da ciênciatos setores difíceis da ciênciatos setores difíceis da ciênciatos setores difíceis da ciênciatos setores difíceis da ciênciacom que se não é familiarizado.com que se não é familiarizado.com que se não é familiarizado.com que se não é familiarizado.com que se não é familiarizado.Além disso deve admitir-se queAlém disso deve admitir-se queAlém disso deve admitir-se queAlém disso deve admitir-se queAlém disso deve admitir-se queninguém pode ver normalmente e de-ninguém pode ver normalmente e de-ninguém pode ver normalmente e de-ninguém pode ver normalmente e de-ninguém pode ver normalmente e de-senhar com minuciosa precisão emsenhar com minuciosa precisão emsenhar com minuciosa precisão emsenhar com minuciosa precisão emsenhar com minuciosa precisão emcompleta obscuridade; que ninguémcompleta obscuridade; que ninguémcompleta obscuridade; que ninguémcompleta obscuridade; que ninguémcompleta obscuridade; que ninguémpode, por meios normais de visão,pode, por meios normais de visão,pode, por meios normais de visão,pode, por meios normais de visão,pode, por meios normais de visão,ler o conteúdo de uma carta fe-ler o conteúdo de uma carta fe-ler o conteúdo de uma carta fe-ler o conteúdo de uma carta fe-ler o conteúdo de uma carta fe-chada, no escuro; que ninguém, quechada, no escuro; que ninguém, quechada, no escuro; que ninguém, quechada, no escuro; que ninguém, quechada, no escuro; que ninguém, queignore a língua alemã, possa es-ignore a língua alemã, possa es-ignore a língua alemã, possa es-ignore a língua alemã, possa es-ignore a língua alemã, possa es-crever com rapidez e exatidão lon-crever com rapidez e exatidão lon-crever com rapidez e exatidão lon-crever com rapidez e exatidão lon-crever com rapidez e exatidão lon-gas comunicações em alemão. En-gas comunicações em alemão. En-gas comunicações em alemão. En-gas comunicações em alemão. En-gas comunicações em alemão. En-tretanto, todos esses fenômenostretanto, todos esses fenômenostretanto, todos esses fenômenostretanto, todos esses fenômenostretanto, todos esses fenômenos

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foram verificados com essa médiumforam verificados com essa médiumforam verificados com essa médiumforam verificados com essa médiumforam verificados com essa médiume são tão acreditados quanto ase são tão acreditados quanto ase são tão acreditados quanto ase são tão acreditados quanto ase são tão acreditados quanto asocorrências normais da vida diá-ocorrências normais da vida diá-ocorrências normais da vida diá-ocorrências normais da vida diá-ocorrências normais da vida diá-ria.”ria.”ria.”ria.”ria.”

Madame d’Esperance publicou um livrointitulado “Shadow Land” que, traduzido,quer dizer – Região das sombras – atravésdo qual relata seus dons mediúnicos. Dizela que, na sua infância, brincava com Es-píritos de crianças, como se estes fossemcrianças reais. Mais tarde, lhe foi acres-centada a faculdade de materialização, poisela fornecia, em abundância, o fluido cha-mado “ectoplasma” , que serve para a produ-ção desse fenômeno.

Seu guia espiritual era uma bela moçaárabe, que dava o nome de Yolanda. EsseEspírito se materializava, constantemente,dada a perfeita afinidade que tinha com amédium. Ela podia ver a forma materializa-da, conforme descreve em seu livro:

“Sua roupagem leve permitia que“Sua roupagem leve permitia que“Sua roupagem leve permitia que“Sua roupagem leve permitia que“Sua roupagem leve permitia quese visse muito bem a bela corse visse muito bem a bela corse visse muito bem a bela corse visse muito bem a bela corse visse muito bem a bela corazeitonada de seu pescoço, dosazeitonada de seu pescoço, dosazeitonada de seu pescoço, dosazeitonada de seu pescoço, dosazeitonada de seu pescoço, dosombros, dos braços e dos tornoze-ombros, dos braços e dos tornoze-ombros, dos braços e dos tornoze-ombros, dos braços e dos tornoze-ombros, dos braços e dos tornoze-los. Os longos cabelos negros elos. Os longos cabelos negros elos. Os longos cabelos negros elos. Os longos cabelos negros elos. Os longos cabelos negros eondulados desciam pelos ombros atéondulados desciam pelos ombros atéondulados desciam pelos ombros atéondulados desciam pelos ombros atéondulados desciam pelos ombros atéabaixo do peito e eram atados porabaixo do peito e eram atados porabaixo do peito e eram atados porabaixo do peito e eram atados porabaixo do peito e eram atados poruma espécie de turbante pequenino.uma espécie de turbante pequenino.uma espécie de turbante pequenino.uma espécie de turbante pequenino.uma espécie de turbante pequenino.Suas feições eram miúdas, corre-Suas feições eram miúdas, corre-Suas feições eram miúdas, corre-Suas feições eram miúdas, corre-Suas feições eram miúdas, corre-tas e graciosas; os olhos eramtas e graciosas; os olhos eramtas e graciosas; os olhos eramtas e graciosas; os olhos eramtas e graciosas; os olhos eramnegros, grandes e vivos; todos osnegros, grandes e vivos; todos osnegros, grandes e vivos; todos osnegros, grandes e vivos; todos osnegros, grandes e vivos; todos osseus movimentos eram cheios da-seus movimentos eram cheios da-seus movimentos eram cheios da-seus movimentos eram cheios da-seus movimentos eram cheios da-quelas graças infantis ou como osquelas graças infantis ou como osquelas graças infantis ou como osquelas graças infantis ou como osquelas graças infantis ou como osde uma jovem gazela, quando a vi,de uma jovem gazela, quando a vi,de uma jovem gazela, quando a vi,de uma jovem gazela, quando a vi,de uma jovem gazela, quando a vi,

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tímida e decidida, por entre astímida e decidida, por entre astímida e decidida, por entre astímida e decidida, por entre astímida e decidida, por entre ascortinas.”cortinas.”cortinas.”cortinas.”cortinas.”

Alexandre Aksakoff, no seu livro “UmCaso de Desmaterialização Parcial” , des-creve que, em uma sessão realizada com essamédium, viu seu corpo desmaterializar-se,parcialmente.

Muitos outros casos de materializaçãode objetos foram constatados, entre eles ocaso das vinte e sete rosas descrito porMr. William Oxley, editor da obra “AngelisRevelation” , e mais uma planta rara, emflor. Disse ele sobre o fato:

“Eu tinha fotografado a planta IxoraCrocata na manhã seguinte, depois doque trouxe para casa e a coloquei naminha estufa, aos cuidados do jardi-neiro. Ela viveu três meses, depoismurchou. Tomei as folhas, muitas dasquais abandonei, exceto a flor e trêsbrotos que o jardineiro cortou, quandocuidava da planta”.

Foram também obtidos, graças a preciosafaculdade dessa médium, moldagens em para-fina, de mãos e pés, com punhos e tornoze-los que, dada a estreiteza dessas partes,não podiam permitir a saída dos membros, anão ser por sua desmaterialização.

Como a maioria dos médiuns de prova,Madame d’Esperance também sofreu muito du-rante o cumprimento da sua espinhosa mis-são.

Em um dos trabalhos de materializaçãorealizado na Escandinávia, o Espírito deYolanda foi agarrado por um pesquisador menos

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avisado, com o intuito de desmascaramento,tendo a médium sofrido grande choque trau-mático que lhe produziu sério desequilíbrioorgânico, prostrando-a de cama.

E, para encerrar, citemos mais um tre-cho do último capítulo do seu livro, quediz:

“Os que vierem depois de mim tal-“Os que vierem depois de mim tal-“Os que vierem depois de mim tal-“Os que vierem depois de mim tal-“Os que vierem depois de mim tal-vez venham a sofrer quanto eu te-vez venham a sofrer quanto eu te-vez venham a sofrer quanto eu te-vez venham a sofrer quanto eu te-vez venham a sofrer quanto eu te-nho sofrido pela ignorância dasnho sofrido pela ignorância dasnho sofrido pela ignorância dasnho sofrido pela ignorância dasnho sofrido pela ignorância dasleis de Deus. Quando o mundo forleis de Deus. Quando o mundo forleis de Deus. Quando o mundo forleis de Deus. Quando o mundo forleis de Deus. Quando o mundo formais sábio do que no passado, émais sábio do que no passado, émais sábio do que no passado, émais sábio do que no passado, émais sábio do que no passado, épossível que os que tomarem aspossível que os que tomarem aspossível que os que tomarem aspossível que os que tomarem aspossível que os que tomarem astarefas na nova geração não te-tarefas na nova geração não te-tarefas na nova geração não te-tarefas na nova geração não te-tarefas na nova geração não te-nham que lutar, como lutei, con-nham que lutar, como lutei, con-nham que lutar, como lutei, con-nham que lutar, como lutei, con-nham que lutar, como lutei, con-tra o fanatismo estreito e os jul-tra o fanatismo estreito e os jul-tra o fanatismo estreito e os jul-tra o fanatismo estreito e os jul-tra o fanatismo estreito e os jul-gamentos duros dos adversários.”gamentos duros dos adversários.”gamentos duros dos adversários.”gamentos duros dos adversários.”gamentos duros dos adversários.”

6 - W ILLIAM S TAINTON MOSES

W. Stainton Moses nasceu a 5 de novembrode 1839, em Lincolnshire, na Inglaterra.Fez seus estudos em Bedford Grammar Schoole no Exeter College de Oxford. Seu pai,William Moses, era Reitor da Escola de Gra-mática.

Durante a vida de estudante, o jovemMoses sempre se destacou pela sua inteli-gência e aplicação, recebendo de seus pro-fessores as melhores referências. Exerceu oministério religioso como Cura na Ilha deMan. Mais tarde, por motivo de saúde, foiaconselhado viajar, tendo, na sua volta,passado seis meses no Mosteiro de MonteAthos. Aí, no isolamento e na meditação,manifestaram-se os primeiros sinais de sua

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mediunidade.

Aos vinte e três anos de idade, Mosesvolta para Oxford, onde recebe seu diploma,em 1863, continuando, ainda, como Cura, deMan.

A esse tempo, uma forte epidemia de va-ríola espalhou-se por toda a Ilha, onde nãoexistiam médicos. Ali, “dia e noite estavaele à cabeceira de doentes pobres, por ve-zes, depois de haver assistido a um mori-bundo, se via obrigado a unir as tarefas desacerdote às de coveiro, e ele próprio atransportar cadáveres”.

Retirando-se, depois, daquela Ilha, fi-xou residência em Londres, onde ingressouno Magistério, tornando-se professor naUniversity College School.

Em 1870, mais ou menos, quando residiana casa do Dr. Speer, sua atenção voltou-separa o Espiritismo, graças a um livro que aSra. Speer lhe aconselhou lesse, livro esseintitulado “Debatable Land” (Terra Contes-tada), de autoria de Robert Dale Owen.

Moses e o Dr. Speer travavam constantesdiscussões em torno da Doutrina Espírita,notadamente sobre pontos de controvérsiasreligiosas, pois ambos desejavam provas so-bre a imortalidade da alma e, para o Dr.Speer, materialista intransigente, o pro-blema parecia de difícil solução. Mas, poroutro lado, para Moses, espírito bastantereligioso, isso não era impossível e, pen-sando assim, começou estudar o Espiritismoe assistir a sessões mediúnicas.

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Nas reuniões realizadas na casa do Dr.Speer, Moses começou a receber, pelapsicografia, mensagens de três Espíritosque davam os nomes Imperador, DoctorImperador, DoctorImperador, DoctorImperador, DoctorImperador, Doctor eRector.Rector.Rector.Rector.Rector. Ele, entretanto, não aceitava oconteúdo dessas mensagens, uma vez que assuas idéias eram outras e os ensinamentoscontidos estavam em contradição com os daBíblia. Mesmo assim, sua mediunidade desen-volveu-se, rapidamente, tendo-se manifes-tado nele quase todos os fenômenos de efei-tos físicos, então conhecidos. Na sua pre-sença, objetos se movimentavam; livros ecartas eram transportados de uma sala paraoutra, em plena luz do dia.

Somente em 1872, quando realizava ses-sões com William e Miss Lottie Fowler é quese operou sua completa conversão ao Espiri-tismo.

Seus escritos, com o pseudônimo M. A.Oxon, constituem dois importantes traba-lhos publicados sob os títulos: “EnsinosEspíritas” e “Aspectos Superiores do Espi-ritismo” .

Stainton Moses foi, por muito tempo,redator da grande revista Light, da qualfoi também diretor.

Devemos acrescentar, ainda, que esse grandebaluarte da Doutrina Espírita foi um dosfundadores da Sociedade de Investigações Psí-quicas de Londres, inaugurada em 1882. Em1884, foi eleito presidente da Aliança Espí-rita de Londres, permanecendo nesse cargoaté quando se deu sua desencarnação.

7 - W ILLIAM E GLINTON

A história do Espiritismo está repletade grandes médiuns, cada um cumprindo amissão que trouxe do alto, de acordo com oconvênio firmado no plano espiritual.

William Eglinton foi um deles. Veio àTerra como os demais missionários do Cris-to, para servir de intérprete aos Espíri-tos, dando prova de que a vida não se ex-tingue no túmulo: continua no seio da espi-