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A nova corrida espacial A disputa para conquistar, pesquisar e ganhar dinheiro com o sistema solar Se algo valeu a pena na guerra fria, foi a corrida espacial. A rivalidade entre EUA e União Soviética fez com que a humanidade chegasse à Lua e mandasse sondas para todos os cantos do sistema solar. Com o fim do bloco comunista, os dois países cortaram as verbas para a pesquisa espacial e nós nunca mais fomos tão longe. Até agora. Por motivos econômicos e científicos, o mundo voltou a se interessar pelo espaço a ponto de ensaiar uma segunda edição da corrida espacial. O melhor é que desta vez temos várias opções de países para torcer. Além de EUA e Rússia, a União Européia, a China, o Japão, a Índia, empresas privadas e até o Brasil estão na disputa. Quem vai levar o prêmio? Mercúrio Candidatos: EUA e União Européia Para que ir: Apesar de estar muito próximo do Sol, ele deve ter gelo escondido em crateras protegidas do calor. É também um dos poucos corpos do sistema solar com um campo magnético. Quem está na frente? EUA. A sonda americana Messenger chegou ao planeta em 2008, 4 anos antes da decolagem das naves européias Bepi-Colombo (um conjunto de 2 sondas, para o caso de uma dar defeito). Vênus Candidatos: União Européia e Japão Para que ir: Entender por que o efeito estufa fez com que Vênus – que há alguns bilhões de anos era semelhante à Terra, talvez até com oceanos – se tornasse o planeta mais quente do sistema solar. O passo seguinte é evitar que a Terra tenha um destino semelhante. Quem está na frente? Goleada dos europeus, com a Venus Express, lançada em 2005 chegou a Vênuas no início de 2006. Já a japonesa Planet-C só saiu do chão em 2008. Órbita da Terra Candidatos: EUA, Rússia, China, União Européia, Índia, Brasil e iniciativa privada Para que ir: Além de ser pré-requisito para qualquer viagem espacial, é uma mina de ouro para serviços como comunicação, navegação, monitoramento e defesa. E, em breve, pode se tornar um grande ponto turístico. Quem está na frente? EUA, Rússia e China, que já conseguem mandar astronautas para lá. Empresários podem logo se juntar a esse time. Já Brasil e Índia desenvolvem conjuntamente tecnologia de lançamento de satélites.

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A nova corrida espacialA disputa para conquistar, pesquisar e ganhar dinheiro com o sistema solar

Se algo valeu a pena na guerra fria, foi a corrida espacial. A rivalidade entre EUA e União Soviética fez com que a humanidade chegasse à Lua e mandasse sondas para todos os cantos do sistema solar. Com o fim do bloco comunista, os dois países cortaram as verbas para a pesquisa espacial e nós nunca mais fomos tão longe. Até agora. Por motivos econômicos e científicos, o mundo voltou a se interessar pelo espaço a ponto de ensaiar uma segunda edição da corrida espacial. O melhor é que desta vez temos várias opções de países para torcer. Além de EUA e Rússia, a União Européia, a China, o Japão, a Índia, empresas privadas e até o Brasil estão na disputa. Quem vai levar o prêmio?

MercúrioCandidatos: EUA e União EuropéiaPara que ir: Apesar de estar muito próximo do Sol, ele deve ter gelo escondido em crateras protegidas do calor. É também um dos poucos corpos do sistema solar com um campo magnético.Quem está na frente? EUA. A sonda americana Messenger chegou ao planeta em 2008, 4 anos antes da decolagem das naves européias Bepi-Colombo (um conjunto de 2 sondas, para o caso de uma dar defeito).

VênusCandidatos: União Européia e JapãoPara que ir: Entender por que o efeito estufa fez com que Vênus – que há alguns bilhões de anos era semelhante à Terra, talvez até com oceanos – se tornasse o planeta mais quente do sistema solar. O passo seguinte é evitar que a Terra tenha um destino semelhante.Quem está na frente? Goleada dos europeus, com a Venus Express, lançada em 2005 chegou a Vênuas no início de 2006. Já a japonesa Planet-C só saiu do chão em 2008.

Órbita da TerraCandidatos: EUA, Rússia, China, União Européia, Índia, Brasil e iniciativa privadaPara que ir: Além de ser pré-requisito para qualquer viagem espacial, é uma mina de ouro para serviços como comunicação, navegação, monitoramento e defesa. E, em breve, pode se tornar um grande ponto turístico.Quem está na frente? EUA, Rússia e China, que já conseguem mandar astronautas para lá. Empresários podem logo se juntar a esse time. Já Brasil e Índia desenvolvem conjuntamente tecnologia de lançamento de satélites.

CometasCandidatos: EUA e União EuropéiaPara que ir: Estudar do que são feitos, para o caso de um querer cair aqui. Além disso, eles têm materiais antigos que podem dar pistas sobre a origem do sistema solar.Quem está na frente? EUA, com a nave Deep Impact. Em julho de 2005 ela disparou contra um cometa, abriu uma cratera e espiou o que tinha lá dentro. Já a européia Rosetta, lançada em março de 2004, vai pousar um robô em outro cometa. Mas só chega lá em 2014.

PlutãoCandidatos: EUAPara que ir: Refazer (ou não) o mapa do sistema solar. A questão é se Plutão é um planeta de verdade ou um dos objetos do Cinturão de Kuiper – corpos de rocha que sobraram da formação do sistema solar.Quem está na frente? Por enquanto, ninguém. O governo americano ainda não decidiu não aprovar o lançamento da nave.

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MarteCandidatos: EUA e União Européia, mas diversas empresas querem participar do jogo

Para que ir: Morar em Marte é um ideal da humanidade há décadas, apesar de o lugar ser um inferno.O frio à noite chega a -75º Celsius. O ar, composto de gás carbônico, é tão rarefeito que, se alguém andasse por lá em manga de camisa, sem traje espacial, sofreria uma descompressão tão brutal que estouraria. Apesar disso, é muito provável que venhamos mesmo a morar lá e mais cedo que imaginávamos.Há duas razões para essa confiança. A primeira é que as viagens espaciais não devem ficar muito mais tempo somente por conta de órgão governamentais, como a Nasa..Diversas empresas também querem participar do jogo, financiando a exploração de planetas e satélites do Sistema Solar.De imediato, o prêmio que elas esperam, é a possibilidade de explorar o turismo extraterrestre, levando cidadãos a hotéis flutuantes que serão construídos em torno da Terra ou mesmo na Lua e em Marte. Além de desenvolver a ciência – especula-se que Marte possa ter vida na forma de vírus e bactérias – o prestígio que se ganha com as missões ao planeta vermelho só é comparável ao das missões Apolo, que foram à Lua há 36 anos.O segundo motivo para acreditar que vamos habitar Marte é científico e ficou mais forte com o anúncio que existe água corrente no subsolo, e não muito abaixo da superfície do planeta. “Com isso será mais fácil transformar Marte num mundo mais agradável, por meio de um processo chamado de terraformação” diz o astrônomo Cristopher McKay, da Nasa. A idéia é reproduzir o efeito estufa aqui da Terra. O interesse pelo quarto planeta do sistema solar, Marte data do século XVII. A suposta existência de água no planeta vermelho levantou a suspeita da existência de vida em Marte.As imagens obtidas na década de 60 pelas sondas espaciais Mariner descartaram a hipótese de existência de vida inteligente em Marte. Recentemente, a hipótese de existência de vida, mesmo que primitiva, no planeta vermelho, voltou à discussão por causa da descoberta de microfósseis de formas primitivas de vida em um meteorito encontrado na Antártida e, supostamente, originado daquele planeta.

As missões não tripuladas enviadas a Marte, como Mars Pathfinder e Mars Global Surveyor, são exemplos de desenvolvimento científico e tecnológico inéditos que resultaram em grande número de dados e imagens. Entre os argumentos encontrados para justificar os investimentos em projetos espaciais está o fato de Marte apresentar algumas características semelhantes às da Terra, o que pode auxiliar nos estudos sobre o desenvolvimento da vida em nosso planeta. O planeta vermelho também apresenta condições apropriadas para uma eventual missão tripulada.A exploração de Marte teve início na década de 60, com a Marte 1 lançada em 1962 pelos russos, mas que perdeu contato com a Terra no caminho. Os EUA também fracassaram em 1964 quando mandaram a Mariner 3. No mesmo ano, os americanos enviaram a Mariner 4 que orbitou Marte e enviou fotos. A sonda americana Mariner 9 ficou na órbita do planeta, em 1971, e mapeou 85% da superfície marciana. Em 1973, a Rússia enviou as sondas Marte 4 e 6. Em 1975, os americanos lançaram a Viking 1, que pousou e enviou imagens, nas quais foram descobertas as calotas de gelo nos dois pólos. No mesmo ano, a Viking 2 enviou mais uma grande quantidade de dados.A norte-americana Mars Observer foi enviada em 1992 e permitiu detalhadas pesquisas sobre o solo marciano, além de ter enviado muitas imagens à Terra. A Pathfinder, norte-americana, pousou em solo marciano em 1997. Foi a primeira vez que foram obtidas fotos coloridas, além dos muitos dados científicos.Mais duas missões estão sendo preparadas, a Mars Climate Orbiter e a Mars Polar Lander. A primeira tem o objetivo de estudar o clima, e a segunda, de buscar água em solo marciano através de perfuração. É o caso do projeto da Nasa chamado "Referência Marte", que pretende enviar uma nave tripulada a aquele planeta até o ano de 2014.

Quem está na frente? Empate entre Europa e EUA. Os europeus têm uma sonda mapeando o planeta e os americanos, dois robozinhos estudando o solo. No futuro, europeus querem trazer para a Terra amostras do solo

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marciano. Já os EUA planejam um robô ainda maior e mais equipado. Essa indústria já está mobilizando em torno de 150 bilhões de dólares.

Os veículos dos astronautasChina - Estação espacialDeve ser colocada em órbita em breve . O andamento da construção está em estágio bem avançado EUA – CEVAté 2010, Veículos Tripulados de Exploração (CEV, na sigla em inglês) vão substituir os ônibus espaciais, condenados depois de tantos acidentes. O novo modelo precisa de um foguete auxiliar para entrar em órbita e não é reutilizável.

Rússia - Angara-100Nos últimos anos, a Rússia tem apenas reabastecido a Estação Espacial Internacional. Agora, quer construir este enorme foguete. Semelhante ao Saturno V, que levou as naves Apollo até a Lua, pode lançar a nova geração de naves americanas enquanto o substituto dos ônibus espaciais não fica pronto.Empresas - Estação Espacial NautilusA Bigelow Aerospace quer criar em 2010 um hotel ao redor da Terra, que também poderia ser usado como laboratório para cientistas. Ele será feito com módulos infláveis – que têm resistência próxima à do aço, por um custo menor.

Missões

SOHO - Europa / USA (12/12/95) - O propósito científico principal da SOHO é estudar a estrutura interna do Sol, observando oscilações de velocidade e variações de brilho, e observar os processos físicos que formam e aquecem a coroa solar, e a origem do vento solar.NEAR - USA (17/02/96) - A missão NEAR (Near Earth Asteroid Rendez-vous) é a primeira de uma série de naves em pequena escala projetadas para vôo de três anos a um custo de até 150 milhões de dólares. A nave é equipada com um espectrômetro de raios X/gama, infravermelho, uma máquina fotográfica provida com CCD, um altímetro à laser, e um magnetômetro. O propósito científico principal da NEAR é a órbita do asteróide 433 Eros. A nave foi programada para estudar o asteróide durante um ano depois de entrar em órbita em fevereiro de 1999. A NEAR obteve imagens do Cometa Hyakutake em março de 1996, e voou a 1.200 quilômetros do asteróide 253 Mathilde no dia 27 de junho de 1997.Mars Global Surveyor - USA (07/11/96) - Esta nave tem estudado a superfície e atmosfera Marciana, e tem enviado mais dados sobre o planeta vermelho que todas as outras missões combinadas.Mars Pathfinder - USA (04/12/96) - A Mars Pathfinder fez uma aterrissagem segura no planeta vermelho no dia 04 de julho de 1997. Um tremendo sucesso, a missão durou três vezes mais do que se esperava. Com a ajuda do pequeno robô Sojourner, a missão enviou mais de 17.000 imagens. Aprendemos muito mais sobre Marte, principalmente sobre a provável existência de água líquida há muito tempo em sua superfície.Lunar Prospector - USA (10/97) - A Lunar Prospector foi projetada para uma investigação da órbita polar da Lua, inclusive a composição da superfície e possível gelo depositado, medição dos campos magnéticos e de gravidade.Space Infrared Telescope Facility - EUA (25/08/03) - Esta missão é composta de um telescópio de infravermelho que estudará o início do universo, galáxias antigas e estrelas em formação, e detectará discos de poeira próximos à estrelas, onde planetas podem ser formados.Mars Reconnaissance Orbiter - EUA (2005) - Esta missão irá analisar em detalhes a superfície em busca de sinais de água em Marte.

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Kepler Mission - EUA (2007) - A missão Kepler pesquisará planetas semelhantes a Terra. Um telescópio equipado com o equivalente a 42 câmeras digitais monitorarão o brilho de 100.000 estrelas, esperando que planetas cruzem a linha de visão de suas estrelas. Advanced Radio Interferometry Between Space and Earth (sem data prevista) - Se aprovada, esta missão irá estudar os buracos negros, através de imagens com resolução 3.000 vezes maior que a do Telescópio Hubble da NASA. A missão consistirá de um radiotelescópio no espaço operando em conjunto com muitos rádio-telescópios na Terra.

Bibliografia:http://www.coladaweb.com/astronomia/corrida-espacialhttp://super.abril.com.br/tecnologia/nova-corrida-espacial-445701.shtmlRevista Superinteressante agosto de 2009 – supernotícias pg 29