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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A Inserção do Jovem Aprendiz na empresa
Por: Alessandra Campos da Cruz
Orientador
Profª. Aleksandra
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Inserção do Jovem Aprendiz na empresa
Apresentação de monografia a AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Gestão empresarial
Por: Alessandra Campos da Cruz
AGRADECIMENTOS
A minha família querida, principalmente a
minha mãe, que sempre foi para mim um
grande exemplo de mulher.
DEDICATÓRIA
Dedico ao Gustavo, meu amor !
RESUMO
Esta monografia inicialmente faz uma referência à instituição Previ, empresa onde
estudamos a inserção dos jovens aprendizes, abordando um pouco de sua história
e de sua realidade. Em seguida, aborda aspectos da evolução histórica da
legislação brasileira através de uma retrospectiva da história dos Direitos da
Criança e do Adolescente no Brasil, que ao longo do tempo nortearam o trabalho
de crianças e adolescentes oriundos de famílias que, não conseguindo garantir a
subsistência encontra como alternativa a utilização dessa mão de obra.
Apresenta o programa Jovem Aprendiz da Previ, com seus objetivos, propostas,
planejamento, carga horária, etc. Através de uma pesquisa respondida por nove
jovens do programa Jovem aprendiz 2012 da Previ, encontramos respostas para
questões pertinentes ao mundo do trabalho sob a ótica desses adolescentes,
assim como a visão dos mesmos a respeito do programa.
Percebemos que esse trabalho com os Jovens na Previ, concebido para ir além do
estrito cumprimento da legislação procura preparar o adolescente para inserção
futura no mercado de trabalho, e contribui também para que os jovens possam ter
sua subsistência e de sua família garantidas através do salário que recebem.
Constatamos ainda que esses jovens se sentem cansados pelo fato de em tão
tenra idade estarem conciliando estudo com trabalho, mas que percebem o
sacrifício é importante para sua futura inserção em um mercado de trabalho cada
vez mais competitivo. Conseguimos perceber que esses jovens se sentem muito
importantes à medida que conseguem contribuir com a subsistência familiar.
Finalizando temos o depoimento do diretor de seguridade da Previ fazendo um
paralelo entre o programa do Banco do Brasil até 1988 e o que se desenvolve hoje
no Banco e na Previ.
METODOLOGIA
Pesquisa inicial nos sites do governo sobre a legislação pertinente ao
Programa de Aprendizagem, nos sites de organizações que trabalham com
Jovens aprendizes, pesquisa dentro da empresa Previ (documentos internos,
manuais de instruções), pesquisa bibliográfica em busca de novos conhecimentos
e visões a respeito do tema, entrevista com o diretor da Instituição e com a
funcionária responsável pelo programa de inserção de jovens aprendizes da
Petros (Fundo de Pensão dos funcionários da Petrobras), e, questionário dirigido
aos nove jovens que fazem parte do Programa Jovem Aprendiz Previ.
O trabalho foi estruturado em três capítulos, no primeiro tratamos da parte
legal, fazendo uma retrospectiva histórica das leis, em seguida tratamos da visão
do Jovem Aprendiz da Previ sobre o mundo do trabalho para em seguida no
terceiro capítulo conhecer a Visão do Diretor da Previ sobre o Projeto Jovem
Aprendiz na Previ versus projeto menor aprendiz do Banco do Brasil que durou de
1974 e 1988.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO – Previ - Um pouco de história 08
CAPÍTULO I - Retrospectiva Histórica das Leis 11
CAPÍTULO II - Jovem Aprendiz da Previ 23
CAPÍTULO III –
3.1.-.A Visão do Diretor 37
3.2 – O programa na Petros 41
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
INTRODUÇÃO
A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI, foi
criada em 16 de abril de 1904, antes mesmo da Previdência Oficial no Brasil, é
hoje o maior fundo de pensão da América Latina e 24º do mundo em patrimônio,
com aproximadamente R$ 155 bilhões em ativos.
Por gerir enorme quantia de dinheiro dos seus associados, a Previ é hoje
um dos maiores investidores do Brasil, importante acionista de grandes empresas
como a Companhia Siderúrgica Nacional, Vale S.A., Neoenergia S.A, CPFL
energia, Fiago, Embraer, Brasil Foods,etc.
Há mais de 100 anos, a PREVI cumpri um importante papel na vida de
milhares de associados, assim como no desenvolvimento do país, destacando-se
em momentos estratégicos da História do Brasil.
A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI é o
fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. A PREVI é uma entidade de
previdência privada fechada, cuja gestão é compartilhada, ou seja, dos seus 6
diretores 50% é indicado pelo presidente do Banco do Brasil e 50% eleito por meio
de voto direto de seus participantes, funcionários da ativa e aposentados .
O quadro de trabalhadores da PREVI é formado por empregados,
terceirizados, além de estagiários e jovens aprendizes, que participam de
programas específicos de formação.
Entre os empregados, a maior especificidade diz respeito à existência de
dois grupos de funcionários, os do quadro próprio, empregados contratados
diretamente pela PREVI, e os empregados cedidos pelo Banco do Brasil,
patrocinador da entidade. O grande diferencial que gera tranquilidade e confiança
nos associados é o fato de que a maioria dos empregados da PREVI, incluindo
sua diretoria atual são também associados, o que garante seu interesse em
trabalhar para que a entidade tenha sustentabilidade e consiga atingir sua meta
atuarial, conscientes de que seus atos profissionais influenciarão diretamente aos
associados, ou seja, estão definindo seu próprio futuro.
Em 2005 a Previ foi convidada a participar junto com um grupo de líderes
da comunidade de investimentos, do desenvolvimento de um conjunto de
princípios globais de melhores práticas em investimento responsável. Preocupada
em fomentar idéias estratégicas de Implementação de Ações Colaborativas em
prol de Investimento Sustentável, e por reconhecer que as tomadas de decisões
em investimentos deveriam refletir considerações sociais e ambientais aceitou o
convite da Organização das Nações Unidas (ONU). Foi a única instituição da
América Latina a integrar o grupo representativo dos maiores investidores
institucionais do mundo que trabalhou para o desenvolvimento do PRI (Princípios
para o Investimento Responsável). Atualmente, a Previ faz parte do conselho do
programa.
Neste contexto de Responsabilidade Social e em cumprimento do Decreto
5598/2005, em 2006 começa na Previ (sob responsabilidade da Getho – Gerência
de Talentos Humanos e Organização) estudos para inserção dos Jovens
Aprendizes na Instituição.
Este trabalho, nos da a oportunidade de conhecer melhor a instituição e
pretende responder várias questões levantadas junto aos adolescentes para
conhecer as suas percepções sobre o mundo do trabalho e sobre a Previ:
O trabalho muda a realidade dos Jovens Aprendizes ou acentua suas
carências?
Seria mais importante ter mais oportunidade de estudo, lazer, cultura ou tão
precocemente assumir responsabilidade com o trabalho?
Como o Jovem se sente em relação ao mundo do trabalho?
Ainda pretendemos investigar mais duas questões:
Se existe algum benefício para a empresa, quando ela extrapola o cumprimento
da legislação e em que e de que forma o trabalho como jovem aprendiz
influenciou na vida profissional dos atuais diretores da Previ.
Para responder a estes questionamentos fizemos uma pesquisa de campo
realizada através de um questionário que foi respondido pelos 9 jovens que estão
participando do programa Jovem Aprendiz neste período – 20212/2014, e com o
Diretor de Seguridade da instituição, que foi Menor aprendiz no Banco do Brasil.
Entrevistamos também o responsável pelo programa da Petros (Fundo de pensão
dos funcionários da Petrobras).
Consideramos esse tema como importante para sensibilizar as empresas
para ir além do estrito cumprimento do dever legal, aproveitando a oportunidade
para cumprir o seu papel de empresa socialmente responsável, capacitando
talentos antenados com seus valores e cultura.
No capítulo I será tratada a evolução histórica da implantação das leis
Jurídicas no País, relacionadas à proibição e à regulação do trabalho de crianças
e adolescentes. Neste mesmo capítulo abordaremos de forma sintética a
legislação pertinente ao programa implementado na Previ, com pequenas
considerações. Uma vez que entendemos que as leis não são imutáveis,
decidimos não dedicar muito tempo esmiuçando-as, aprofundando o estudo do
seu conteúdo, hoje muito fácil de ser pesquisado na internet.
No capítulo II trataremos de responder as questões sobre a visão do mundo
do trabalho e a importância do Programa Jovem Aprendiz da Previ para os jovens
participantes do programa, com base nas respostas obtidas no questionário
respondido pelos adolescentes.
Em seguida, no capítulo III abordaremos as demais questões que
apareceram na pesquisa com os Jovens Aprendizes, e as considerações do
Diretor da Previ sobre a importância de ter feito parte do projeto Menor Aprendiz
no Banco do Brasil, e ainda sua visão do Projeto Jovem Aprendiz na Previ.
Trataremos também do Programa de aprendizagem da Petros.
CAPÍTULO I
Retrospectiva Histórica das Leis
Na história do Brasil, segundo COSENDEY (2002), o trabalho de crianças e
adolescentes sempre foi importante nas famílias de baixo poder aquisitivo, em sua
luta pela sobrevivência crianças e adolescentes sempre trabalharam. Na cultura
indígena as crianças participaram e, ainda hoje, participam das atividades diárias,
como caça, pesca, afazeres domésticos e artesanato.
Antes de enumerar as legislações que norteiam o trabalho de Jovens
Aprendizes no Brasil, faremos uma retrospectiva da História dos Direitos da
Criança e do Adolescente no Brasil a partir dos trabalhos de Gisella Werneck
Lorenzi, cartilha direcionada aos Conselheiros de Defesa dos Direitos das
Crianças e Adolescentes, Conselheiros Tutelares e Instituições Conveniadas –
Prefeitura de Macaé, e Jaqueline Ferreira, monografia apresentada como requisito
para obtenção do título de Especialista em Psicologia do Trabalho ao Curso de
Especialização em Psicologia do Trabalho do Departamento de Psicologia da
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas
Gerais:
• Até 1900 – marca o final do Império e início da República e, oficialmente
não havia intervenção do governo no atendimento a criança e adolescentes no
Brasil. O atendimento quando existia se dava através de instituições ligadas a
Igreja Católica. Estas atuavam com doentes, órfãos e desamparados, baseados
numa lógica higienista predominante na época, cujo princípio era segregar e
confinar indivíduos que julgavam representar algum tipo de risco à sociedade.
Em 1891 o Decreto nº 1.313 estabeleceu em 12 anos a idade mínima para se
trabalhar, no entanto segundo alguns autores, o decreto na prática não era
aplicado, e indústrias nascentes e a agricultura utilizavam mão de obra infantil.
Praticamente não existia legislação e a que existia não era considerada. As
crianças não eram protegidas nem pelo governo e entidades que se propunham a
fazê-lo só agiam assim para excluí-los ainda mais da sociedade.
• 1900 a 1930 – início das lutas sociais do século XX, eclodiram no Brasil as
lutas sociais. Foi criado durante a greve geral de 1917, liderado por trabalhadores
urbanos, o Comitê de Defesa Proletária. Dentre outras coisas, o comitê
reivindicava a proibição do trabalho de menores de 14 anos e a abolição do
trabalho noturno de mulheres e de menores de 18 anos.
Em 1927 o Decreto 17.943-A aprovou o Código de Menores, que determinou
medidas a serem adotadas em relação a crianças e adolescentes abandonados e
infratores, sendo então a primeira legislação para a infância e adolescência no
Brasil.
O Código de Menores não era endereçado a todas as crianças, mas
apenas àquelas tidas como estando em "situação irregular". O código definia, já
em seu Artigo 1º, a quem a lei se aplicava:
" O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou
delinqüente, que tiver menos de 18 anos de idade, será
submetido pela autoridade competente ás medidas de
assistência e proteção contidas neste Código." (grafia original)
Código de Menores - Decreto N. 17.943 A – de 12 de outubro
de 1927.
Esse decreto manteve a idade de 12 anos para o ingresso no trabalho e só
foi alterado em 1932 pelo Decreto-Lei 220.242 passando a idade mínima para o
trabalho do menor para 14 anos.
Período em que a sociedade começou a se preocupar com suas crianças,
os primeiros passos começaram a ser percebidos, mas ainda muito tímidos, a
decisão mais importante se deu através de decreto alterando a idade mínima para
o trabalho do menor para 14 anos.
• 1930 a 1945 – período denominado Estado Novo, abundavam programas
Assistencialistas.
Em 1942, durante o período considerado especialmente autoritário do
Estado Novo, foi criado o Serviço de Assistência ao Menor – SAM, um órgão do
Ministério da Justiça que funcionava como um equivalente do sistema
Penitenciário. Crianças e adolescentes abandonados eram considerados caso de
polícia. O sistema previa atendimento diferente para o adolescente autor de ato
infracional e para o menor carente e abandonado, de formas distintas, o menor
com situação irregular, ou seja, adolescente autor de ato infracional era destinado
a internatos, reformatórios e casas de correção. Já o menor carente e abandonado,
era atendido em patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios
urbanos.
Além do SAM, algumas entidades federais de atenção à criança e ao
adolescente foram criadas. Alguns destes programas visavam o campo do
trabalho, sendo todos eles atravessados pelas práticas assistencialistas:
LBA - Legião Brasileira de Assistência - agência nacional de assistência social
criada por Dona Darcy Vargas. Intitulada originalmente de Legião de Caridade
Darcy Vargas, a instituição era voltada primeiramente ao atendimento de crianças
órfãs da guerra. Mais tarde expandiu seu atendimento.
Casa do Pequeno Jornaleiro: programa de apoio a jovens de baixa renda baseado
no trabalho informal e no apoio assistencial e sócio-educativo.
Casa do Pequeno Lavrador: programa de assistência e aprendizagem rural para
crianças e adolescentes filhos de camponeses.
Casa do Pequeno trabalhador: Programa de capacitação e encaminhamento ao
trabalho de crianças e adolescentes urbanos de baixa renda.
Casa das Meninas: programa de apoio assistencial e sócio-educativo a
adolescentes do sexo feminino com problemas de conduta.
Período de grande retrocesso no atendimento as crianças e adolescentes
abandonadas que se tornaram caso de polícia, mas houve também um ganho, foi
alterada a legislação permitindo o trabalho só aos 14 anos de idade.
• 1945 a 1964 – Iniciou-se a redemocratização com a esperada abertura
Política e organização Social.
A constituição de 1946 proibiu a diferenciação da remuneração entre
adolescentes e adultos. O SAM passa a ser considerado perante a opinião pública
repressivo, desumanizante e ficou conhecido como "universidade do crime".
Novas organizações da sociedade civil passam a reivindicar políticas sociais e é
promulgada neste período a Lei 4513/64 – Política Nacional do Bem Estar do
Menor que faz a transição do menor de “perigoso” a menor “carente”.
Avanço na percepção da sociedade civil que começa a questionar a forma
do estado lidar com a questão do menor carente. A sociedade começa a se pautar
no entendimento de que não é caso de polícia e começa a entender suas
necessidades e carências.
• 1964 a 1979 – período do regime Militar no qual foi criada a FUNABEM e
Código de Menores. A constituição de 67 retoma a idade mínima para ingresso ao
trabalho aos 12 anos e a Lei 5274 altera o salário dos Jovens conforme a faixa
etária. Em 1979 o Código de Menores é reformulado pela lei 6697/79 incorporando
a nova concepção assistencialista no atendimento a crianças e adolescentes
excluídos.
Período desastroso com retorno da idade mínima para ingresso ao trabalho
para 12 anos e salário passa a ser diferenciado pela faixa etária.
• Década de 80 – nova redemocratização e abertura Política permitiram que
se estabelecesse a base para o Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA),
grande conquistas dessa década. Um projeto inovador coordenado pela UNICEF,
FUNABEM e SAS “Alternativas de Atendimento a Meninos de Rua” também foi
criado neste período.
As bases do ECA (Estatuto da Criança e do adolescente) foram lançadas
pelo trabalho organizado na Assembléia Constituinte de 1988, que através de
iniciativa popular foram apresentadas duas emendas “Criança e Constituinte” e
“Criança: Prioridade Nacional”. Os textos da emenda apresentada foram fundidos
e se tornou o artigo 204 e 227, que introduz conteúdo e enfoque próprios da
Doutrina de Proteção Integral da Organização das Nações Unidas, trazendo os
avanços da normativa internacional para a população infanto-juvenil brasileira.
Este artigo garante às crianças e adolescentes os direitos fundamentais de
sobrevivência, desenvolvimento pessoal, social, integridade física, psicológica e
moral, além de protegê-los de forma especial, ou seja, através de dispositivos
legais diferenciados, contra negligência, maus tratos, violência, exploração,
crueldade e opressão.
A constituição de 1988 restabeleceu a proibição de diferença de salário
entre jovens e adultos, o trabalho noturno e os considerados perigosos e/ou
insalubres para os menores de 18 anos, e ainda permitiu o trabalho em caráter de
aprendizagem a partir dos 12 anos.
Nesta década estabeleceu-se um grande marco na luta para a criação do
ECA, e a inclusão dos artigos 204 e 227 na Constituição foi uma grande conquista,
por ser esta a lei máxima do Brasil e sua alteração só é possível através de
emenda constitucional, mais difícil de se conseguir.
o Década de 90 – consolidou-se a democracia.e a lei 8069/90 que dispõe
sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente foi promulgada.– O Estatuto da
Criança e do Adolescente foi elaborado pela mobilização e articulação de
entidades não governamentais, o campo jurídico no Fórum DCA Nacional e o
Fonacriad – Fórum de Dirigentes e Técnicos de Órgãos Públicos Estaduais. Os
artigos 69 e 70 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), foram dedicados
ao “Direito de Profissionalização e a Proteção do Trabalho”.
Segundo Jaqueline Ferreira, “O Brasil possui um dos ordenamentos jurídicos
mais completos no que tange a proteção da criança e do adolescente. A
constituição federal, em seu art. 7º, inciso XIII, proíbe o trabalho aos menores de
16 anos, a exceção do trabalho na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos”.
Agora podemos enumerar as várias legislações consultadas para melhor
entendimento do programa Jovens Aprendiz.
Começamos os estudos pela Constituição de 1988, esta já citada acima, e
fomos aprofundando com a CLT. Nesta fase foi importante estudar à Lei nº
10.097, de 19 de dezembro de 2000, que alterou a CLT viabilizando a
aprendizagem fora dos serviços nacionais de aprendizagem, delimitando melhor a
jornada de trabalho, os salários e as formas de contratação.
A lei 10.097/2000 alterou os dispositivos da Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT, aprovada em 1943 pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio.
Essa lei (10.097/2000) altera o artigo 403 da CLT que trata da idade para o
trabalho que passa a ter a seguinte redação:
"Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de
dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a
partir dos quatorze anos."
Define também no parágrafo único desse artigo que:
"O trabalho do menor não poderá ser realizado em
locais prejudiciais à sua formação, a seu desenvolvimento
físico, psíquico, moral e social. É obrigatório que seja em
horários e locais que permitam a freqüência à escola.”
A lei 10.097/2000 seguiu as diretrizes do ECA (Estatudo da Criança e do
Adolescente), no que tange a idade e dá um salto de qualidade no tratamento dos
Jovens até 18 anos quando altera o artigo 428 da CLT que trata do contrato de
aprendizagem. Vejamos:
"Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de
trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo
determinado, em que o empregador se compromete a
assegurar ao maior de quatorze e menor de dezoito anos,
inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-
profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento
físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo
e diligência, as tarefas necessárias a essa formação." (NR)
(Vide art. 18 da Lei . 11.180, de 2005)
Partindo de informações mais sólidas vejamos as portarias que também nos
dá importantes subsídios ao nosso trabalho.
Portaria Ministério do Trabalho e Emprego nº 702, de 18 de dezembro de
2001
“Estabelece normas para avaliação da competência das entidades
sem fins lucrativos que tenham por objetivo a assistência ao
adolescente e a educação profissional, e que se proponham a
desenvolver programas de aprendizagem nos termos do art. 430 da
Consolidação das Leis do Trabalho.”
Esta portaria estabelece o programa mínimo de aprendizagem para
adolescentes e demais parâmetros que as Entidades sem fins lucrativos de que
trata o inciso II do art. 430 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT devem
adotar ao se propor desenvolver programas de aprendizagem que visem o
desenvolvimento de ações direcionadas a faixa etária entre 14 e 18 anos de idade.
Esses programas deverão ser inscritos junto ao Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente.
Portaria Ministério do Trabalho e Emprego nº 04, de 21 de março de 2001
A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO e o
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE
NO TRABALHO, no uso das atribuições que lhes são
conferidas pelo inciso I do artigo 405 da Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1° de maio de 1943, resolvem:
Essa portaria cuida de proteger as Crianças e os Adolescentes de serviços
perigosos ou insalubres que possam comprometer sua saúde e a segurança.
Portaria Ministério do Trabalho e Emprego nº 20, de 13 de setembro de
2001
Esta portaria determina em seu anexo o quadro descritivo dos locais e serviços
considerados perigosos ou insalubres para menores de 18 (dezoito) anos.
Resolução do CONANDA nº 74, de 13 de setembro de 2001
Essa resolução do CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança
e do Adolescente), obriga Os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do
Adolescente a proceder ao registro e fiscalização das entidades sem fins
lucrativos que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação
profissional, assim como aos Conselhos Tutelares de promover a fiscalização dos
programas desenvolvidos pelas entidades, e dá as diretrizes de como esses
órgãos devem proceder.
Instrução Normativa Ministério do Trabalho e Emprego nº 26, de 20 de
dezembro de 2001.
“Baixa instruções para orientar a fiscalização das
condições de trabalho no âmbito dos programas de
aprendizagem.”
Normatiza fiscalização do contrato de aprendizagem, das escolas técnicas
e das entidades sem fins lucrativos e dispõe sobre o planejamento da ação fiscal.
Nota Técnica nº 026/FNPC/GAB/SIT/TEM, de 29 de julho de 2002.
“Trata-se de consulta encaminhada pelo GECTIPA/MG
ao chefe da divisão de Apoio no Combate ao Trabalho Infantil
– DACTI, acerca da vigência da Portaria nº 193, de 11 de
dezembro de 1958 – obrigatoriedade de registro dos contratos
de aprendizagem perante os órgãos emitentes da Carteira de
Trabalho do Menor – em face da edição da Lei nº10.097, de
2000 e da Portaria Ministerial nº 702, de 18 de fevereiro de
2001. O DACTI, através da NOTA TÉCNICA
nº009/COPES/DEFIT, de 18 de fevereiro de 2002, conclui pela
não obrigatoriedade de registro dos contratos de
aprendizagem, tendo em vista a ab-rogação explicita, pelo art.
5º da Portaria Ministerial nº 702/2001, da Portaria nº 1.055, de
23 de novembro de 1964, que por sua vez revogou
tacitamente todos os outros dispositivos de atos normativos
anteriores (desde que da mesma hierarquia legal) que
tratavam da matéria.”
Essa nota técnica não tem nenhuma importância prática, mas é muito
importante a consulta a toda legislação pertinente a matéria, na medida em que
essa prática contribui para que o trabalho seja feito com qualidade e se mitiguem
os riscos.
Decreto 5.598, de 1º de dezembro de 2005.
Como este decreto é o mais recente, vamos dedicar um pouco mais de
atenção a ele, Vejamos:
“Regulamenta a contratação de aprendizes e dá outras
providências”.
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da
atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,
e tendo em vista o disposto no Título III, Capítulo IV, Seção IV,
do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943 -
Consolidação das Leis do Trabalho, e no Livro I, Título II,
Capítulo V, da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto
da Criança e do Adolescente”.
Esse decreto estabelece que Aprendiz é aquele maior de quatorze anos e
menor de vinte e quatro anos, que celebra contrato de aprendizagem, nos termos
do art. 428 da Consolidação das Leis do trabalho – CLT, regulamenta o contrato
de aprendizagem, define o que entende por formação técnico-profissional e
enumera as entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica.
Do artigo 9º ao 14º trata-se da obrigatoriedade da Contratação de
Aprendizes:
“Art. 9o os estabelecimentos de qualquer natureza são
obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços
Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes
equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento,
no máximo, dos trabalhadores existentes em cada
estabelecimento, cujas funções demandem formação
profissional”.
A redação do artigo 9º e a definição das funções que demandam formação
profissional, consideradas no cálculo que defini o número de jovens que a
empresa precisa contratar, a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO),
elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego nos deixam cheios de dúvidas, o
que colabora para que as empresas utilizem esses critérios para adequar seus
interesses. Enquanto algumas utilizam para reduzir o quadro de adolescentes,
outras utilizam o trabalho do aprendiz para substituir mão de obra.
Analisando as leis descritas acima, entendemos ser a constituição de 1988 a
mais importante, por ser a mais difícil de ser alterada, e porque trás em seu texto
um rol interessante de benefícios para os jovens aprendizes, um aspecto negativo
da Constituição foi a permissão do trabalho de crianças em caráter de
aprendizagem a partir dos 12 anos, idade que entendemos ser muito prematura
para o trabalho mesmo com esse caráter, porém esta orientação equivocada foi
rapidamente corrigida através de Emenda Constitucional nº 20, de 15 de
dezembro de 1988
Art. 1º - A Constituição Federal passa a vigorar com as
seguintes alterações:
"Art. 7º - ......................................................................................
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito de qualquer trabalho a menores de
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
quatorze anos;
Outro grande retrocesso que encontramos, na nossa opinião, foi no Decreto
5.598 de 1º de dezembro de 2005, a alteração do limite de idade do aprendiz. Esta
lei estabece que o Aprendiz é aquele maior de quatorze anos e menor de vinte e
quatro anos, que celebra contrato de aprendizagem, nos termos do art. 428 da
Consolidação das Leis do trabalho – CLT. Entendemos a preocupação do governo
com essa faixa etária, que tem um número de desemprego significativo, mas não
acreditamos no efeito desejado por percebermos, entretanto, que a maioria dos
jovens no Brasil, os carentes, de família de baixa renda, esses, começam a labutar
muito antes dos 18 anos, e a estes a lei já contemplava. Nossa preocupação vem
no sentido de que a lei pode estar sendo usada em muitos casos para
precarização do trabalho, já que os Aprendizes têm um contrato de trabalho mais
benéfico para o empresário.
Acreditamos que o Brasil tem uma legislação bastante completa de
proteção dos direitos da criança e do adolescente, o que se precisa é
conscientizar os empresários da necessidade de cumprimento da cota máxima
permitida pela lei, não com intuito de se fazer caridade ou de simplesmente
cumprir a legislação, mas convencidos de que essa preparação de mão de obra
qualificada é de suma importância para formar talentos para o benefício da própria
empresa.
Para o programa jovem aprendiz da previ foram selecionados 9 jovens
entre 15 e dezeseis anos de idade, adolescentes carentes da instituição católica
CESAM (Centro Salesiano do Menor), que mesmo desfrutando da presença física
de seus pais biológicos ou substitutos, não tem suas necessidades básicas
garantidas, estando em condição de vulnerabilidade.
O CESAM é também o responsável pela contratação dos adolescentes,
assinar as carteiras e por ministrar toda a parte teórica da aprendizagem, ficando
a cargo da Previ custear todo esse processo e acompanhar a parte prática da
aprendizagem.
Esses nove jovens participantes do programa que iniciaram a jornada de
aprendizagem há apenas seis meses, foram entrevistados e as respostas as
diversas questões servem de base para o segundo capítulo.
Capítulo 2
Jovem Aprendiz da Previ
O mundo do trabalho e a importância do
Programa Jovem Aprendiz na Previ, na
visão dos adolescentes trabalhadores.
Ao escrever sobre o trabalho e mais especificamente o trabalho do
adolescente na Previ, não temos a pretensão de apresentar resultado de uma
pesquisa. Consciente dos limites, o objetivo desta monografia é dar visibilidade à
questão do trabalho dos adolescentes na empresa. Outro resultado que
esperamos é a de que os dados apresentados possam contribuir para que os
jovens sejam orientados de forma completa, que tenham uma boa qualidade de
aprendizado nessa experiência, para que sua inserção futura no mercado de
trabalho, não venha a ser prejudicada por um precoce ou inadequado aprendizado
profissional.
Inicialmente apresentaremos o planejamento do projeto Jovem Aprendiz na
Previ.
PROGRAMA JOVEM APRENDIZ – PJA PREVI 2012
Definido o objetivo do programa: capacitar o Jovem Aprendiz para uma
inserção mais “privilegiada” no mundo do trabalho. Semelhante capacitação dar-
se-á através de ações de formação profissional a serem ministradas pela PREVI
no âmbito de sua atuação;
Como resultado primordial: em atingindo o “objetivo” estará a Empresa
cumprindo duas de suas finalidades societárias fundamentais: estrito cumprimento
da legalidade (incorporação de Jovem Aprendiz) e, sendo uma empresa com
responsabilidade social terá contribuído para a formação de mão de obra mais
qualificada.
Resultado intercorrente: em sendo atingido tanto objetivo quanto resultado
a imagem social da Empresa será fortalecida.
Começamos por analisar como foi feita a definição das áreas para receber
os Jovens. Todas as diretorias foram convidadas a participar, e as que de forma
voluntária se propuseram a receber os jovens para orientá-los para o exercício
profissional foram as gerências listadas abaixo:
CONIN - Conformidade e Controles Internos
a) Promover a conformidade em atividades e produtos;
b) promover o monitoramento dos riscos inerentes à PREVI, buscando níveis
aceitáveis;
c) fomentar a cultura de controles internos, enfatizando o papel dos
administradores das áreas.
INFOR - Tecnologia da Informação
a) Desenvolver soluções em tecnologia da informação;
b) gerir o desenvolvimento e manutenção de sistemas de informações;
c) gerir banco de dados e processamento de dados corporativos;
d) gerir manutenção de equipamentos de informática; e
e) implementar e manter política de gestão de continuidade de negócios.
GERAT - Atendimento ao Associado
Gerir o atendimento aos participantes e assistidos.
GEFIN - Controle Financeiro
a) Gerir a movimentação financeira das contas bancárias;
b) coordenar as informações para o fluxo de caixa de curto prazo;
c) registrar e controlar as operações de investimentos mobiliários da carteira
própria e de fundos de investimento.
GESAD - Suporte Administrativo
a) Gerir compras de materiais e contratações de serviços;
b) gerir bens do ativo permanente imobilizado; e
c) gerir infra-estrutura da PREVI.
ASJUR - Gerência Jurídica
a) Realizar o assessoramento jurídico de natureza preventiva, consultiva,
contenciosa e negocial;
b) gerir a terceirização de serviços advocatícios.
GETHO - Talentos Humanos e Organização
Gerir as Diretrizes, Política e Processos relativos à Gestão de Pessoas e
Arquitetura Organizacional.
GECOT – Controladoria
a) Gerir a contabilidade gerencial;
b) gerir execução orçamentária;
c) gerir a modelagem, mensuração, análise e avaliação de desempenho e
resultados econômicos;
d) elaborar a projeção anual de resultados.
GEBEN - Administração de Benefícios
a) Conceder e manter benefícios de responsabilidade da PREVI;
b) gerir, mediante convênio, os processos de concessão e manutenção de
benefícios da previdência oficial;
c) gerir, mediante convênio, a manutenção de benefícios de responsabilidade do
Banco do Brasil;
d) gerir o ressarcimento de pagamentos de responsabilidade da previdência
oficial.
Analisaremos agora a carga horária total do Programa de Aprendizagem.
Temos a seguinte distribuição:
Teoria:
De 01/10/2012 a 27/03/2013, em 02(dois) dias da semana, sendo na quarta e
sexta-feira, no horário de 08:00 às 12:00;
De 28/03/2013 a 20/08/2014 01(uma) vez por semana, na quarta-feira;
Prática:
De 01/10/2012 a 27/03/2013, em 03(três) dias da semana, sendo na segunda,
terça e quinta-feira de 9:00 as 13:00;
De 28/03/2013 a 20/08/2014, em 04(quatro) dias da semana, sendo segunda,
terça, quinta e sexta-feira de 9:00 as 13:00;
De 21/08/2014 a 01/09/2014, em todos os dias da semana de 9:00 as 13:00;
O período de férias dos adolescentes necessariamente tem que coincidir
com férias escolares, então foi definido o mês de Janeiro/2014.
No cronograma de Ações do Programa Jovem Aprendiz da PREVI 2012 foi
considerado pelo menos um encontro mensal com a participação dos jovens e
orientadores com a Getho, responsável pela coordenação do programa, na
tentativa de auxiliar e acompanhar a adaptação dos jovens no mundo do trabalho.
O programa foi dividido em módulos semestrais, não coincidentes com o no
civil, pois os jovens tomaram posse na Previ em 01/10/2012.
1º Módulo (de 01/10/2112 a 01/04/2013)
A intenção deste módulo é conhecer e integrar os adolescentes no mundo
da Previ, escolhemos o nome:
De onde vim?
Projeto: Bem vindos!
Foi planejada a capacitação dos orientadores antes da chegada dos jovens,
em setembro, cujo objetivo foi desenvolver as competências e habilidades para
orientação dos Jovens aprendizes.
O projeto previu a construção coletiva de uma carta de compromisso dos
orientadores em relação ao projeto e ao acompanhamento dos Jovens.
No dia 1 de outubro eles foram recebidos na Previ. Abertura do evento
contou com a participação de funcionários que foram menores aprendizes, e
puderam dar a sua contribuição contando suas experiências, e os funcionários
orientadores foram apresentados aos jovens neste importante momento.
O evento contou com participação dos diretores de Administração Sr. Paulo
Assunção de Souza, do Diretor de Seguridade Marcel Juviniano de Barros, este foi
menor aprendiz do Banco do Brasil, com o Gerente Executivo da Getho, Sr.
Maurílio Rossi.
Participou também o funcionário Sr. Marcus Vinícius Santa Cruz Pereira,
Gerente de Núcleo responsável pelo projeto que também foi menor aprendiz do
Banco do Brasil, dentre outros.
Foi organizado um café da manhã especial, e em seguida foi feita uma
apresentação da empresa aos jovens, que levados a todas as diretorias
conheceram os demais setores e funcionários.
Nesta data os jovens foram reunidos na sala de reunião para uma conversa
com os funcionários da Getho, responsáveis pelo programa e lhes foi entregue
uma cartilha onde se encontram descritas suas responsabilidades, seus direitos,
obrigações, descrição de algumas atividades que podem desempenhar, e as que
não são permitidas.
Encontros mensais foram realizados no primeiro módulo
Outubro: Leitura do código de ética da Previ.
Novembro: I Encontro com Aprendizes, orientadores do CESAM e Orientadores da
Previ como objetivo de fazer a avaliação do programa e apresentar o modelo de
avaliação para os jovens.
Janeiro: Visita a exposição no CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil) _
Impressionismo: Paris e a Modernidade.
Fevereiro: Encontro com Aprendizes – Apresentado aos aprendizes texto que
ressaltam a importância de aprender um idioma.
Março: Avaliação dos jovens – Nesta data foi aplicada a avaliação oficial dos
jovens. Foi solicitado aos orientadores dos jovens que a avaliação seja feita com a
participação do jovem e, que a data fosse aproveitada para orientação e ajustes
de conduta se necessário. Definiu-se também que os jovens seriam deslocados
para outras gerências diferentes das que passaram os seis primeiros meses, e
esse rodízio acontecerá a cada semestre.
A seguir vamos apresentar de forma reduzida o planejamento para os
próximos três semestres.
Para o segundo módulo está previsto uma maior integração entre o jovem e
a empresa, a pretensão é apresentá-los a empresa.
2º Módulo (de 02/04/2013 a 01/10/2113
Onde estou?
Projeto: Conhecendo a empresa
Abril: Será feito mais um encontro com Aprendizes e a proposta será de uma
autoavaliação, e a leitura de fascículo profissionalização sobre criatividade
Maio a proposta e de um Café com os orientadores. São nestas conversas que os
rumos do programa serão avaliados.
Junho a programação é visita ao Centro cultural Banco do Brasil. Será solicitado
uma redação sobre a visita que deverá ser entregue no próximo encontro.
Julho terá novo encontro com Aprendizes onde a proposta é a leitura sobre a
importância do ato de ler e, leitura das redações – A melhor será premiada
Agosto um funcionário da previ fará uma conversa com os adolescentes sobre sua
profissão.
Setembro: Café com Orientadores e segunda avaliação formal
No terceiro módulo temos a pretensão de apresentar aos jovens algumas
profissões, para ajudá-los a se decidir qual a profissão quererá seguir.
3º Módulo (02/10/2013 a 01/04/2014)
Para onde vou?
Projeto: Profissões
Outubro: Encontro com Aprendizes para autoavaliação – mais um convidado para
falar sobre profissão.
Novembro Café com Orientadores para avaliação dos jovens no seu novo setor.
Dezembro: Encontro com Aprendizes visita ao museu – Ver programação
Janeiro: Encontro com Pais-Palestra
Fevereiro: Convidado mais um dos funcionários para fazer palestra sobre sua
profissão.
Março: Reciclagem com os Orientadores e terceira avaliação dos jovens.
Para o quarto e último módulo, existe a esperança de encontrá-los mais
maduros e com capacidade de debater sobre empreendedorismo
4º Módulo (02/04/2114 a 01/09/2014)
Como posso ir?
Projeto: Empreendedorismo
Abril: Encontro com Aprendizes para mais uma autoavaliação
Maio: Novo encontro com Aprendizes com a proposta de assistir um filme sobre
empreendedorismo / convidar um funcionário para uma palestra
Julho: Encontro com Aprendizes
Autoavaliação
Agosto: Integração – Avaliação
O que aprendemos até agora.
Setembro: Encerramento com a quarta e última avaliação.
Final do Projeto Jovem Aprendiz 2012
Para VASELLI, Paolo. Tempo Industrial e Tempos Individuais. IN: MASI,
Domenico De. A Sociedade Pós-Industrial. São Paulo: Editora Senac, 1999. p.
199.
“O trabalho se tornou uma condição para a vida social.
No entanto, a vida e o trabalho não se tornaram melhores: O
modelo de trabalho baseado nas quarenta horas distribuídas
de modo fixo e imutável por cinco jornadas semanais exprime
um tempo controlado, cristalizado em uma organização de
horários e em um ritmo coletivo de vida que satisfazem
sempre menos às necessidades dos atores sociais”.
Entendendo que a questão do trabalho na adolescência é polêmica,
fizemos uma pesquisa que foi respondida pelos nove jovens do programa, na
tentativa de conhecer a opinião dos adolescentes sobre o mundo do trabalho e a
importância do Programa Jovem Aprendiz da Previ na vida dos participantes do
projeto.
Os jovens, uma vez questionados sobre sua percepção do mundo do
trabalho e, sobre os motivos que os levaram a procurar um emprego, denotam o
significado do trabalho em suas vidas, assim como expõem de maneira natural,
porém significativa, suas expectativas relacionadas ao vínculo empregatício.
Nas respostas podemos identificar o que pensam a respeito do mundo do
trabalho, e, principalmente a importância da questão financeiras e da necessidade
de sobrevivência da família para a escolha do ingresso no mundo do trabalho.
Talvez escolha não seja o termo correto de se usar, uma vez que ninguém
escolhe ser carente.
As respostas que os jovens atribuem às questões propostas, apesar de
demonstrarem percepções a respeito do mundo do trabalho, às vezes nos parece
que eles estão repetindo aquilo que escutam no treinamento teórico ou nas
orientações para entrevistas, frases de efeito.
Jovem 1:” “Para mim trabalho é qualquer atividade física ou intelectual,
realizado pelo ser humano, cujo objetivo é fazer, transformar ou obter algo.”
Jovem 2: “Trabalho para mim é ter mais responsabilidade. Gera satisfação
pessoais, riquezas materiais e desenvolvimento econômico, mas na verdade
trabalho pra mim é tudo”.
Jovem 3: “É você aprender e de certa forma ensinar, é você conviver com
novas pessoas, ter novos hábitos, ou seja, é aprender ter responsabilidade”.
Mas para outros o trabalho parece ser muito interessante, um modo de
amadurecer, uma importante fonte de aprendizagem, além de uma necessidade
de sobrevivência.
Jovem 4:”Muitas pessoas veem trabalho como uma prisão, algo ruim , veem
como uma obrigação. Eu trabalho para viver, trabalho porque tenho necessidade,
é um prazer para alma, é uma experiência, uma aprendizagem não só para a vida
profissional, mas também para vida pessoal, pois é um modo de
amadurecimento.”
Jovem 5:“Trabalho para mim é ter mais responsabilidade. Gera satisfação
pessoas, riquezas materiais e desenvolvimento econômico, mas na verdade
trabalho pra mim é tudo”.
Jovem 6: “Uma forma de aprender o que as pessoas fazem; fazer parte de
um grupo que está em busca de melhorar algo.”
Nos interessava também saber o motivo que levou esses jovens a
procurarem um trabalho em tão tenra idade, sabemos que o principal motivo é o
financeiro. Em todas as respostas podemos identificar questões financeiras,
necessidade de sobrevivência da família. Ser parte de uma família com renda per
capita menor que meio salário mínimo é um fator determinante para o acesso a
serviços de saúde e educação de qualidade, e, também da necessidade de
trabalhar antes mesmo dos 15 anos, mas o resultado, as respostas às vezes são
surpreendentes, seja pela dura realidade que apresentam, menores ajudando a
família a sobreviver, ou pelo amadurecimento precoce desses jovens.
Jovem 1: “Estou trabalhando porque quero fazer faculdade. Com o dinheiro
do trabalho pagar os matérias, passagem, e um cursinho para ajudar na Prova do
Enem. Além disso, preciso ajudar a minha mãe, com as contas, inclusive no
aluguel “.
Jovem 2:” “Porque quero aprender, ter experiência; uma boa profissão.
minha família com o dinheiro.”
Jovem 3:“Para alcançar meus objetivos, me qualificar profissionalmente, ter
experiência profissional, ter meu primeiro salário.”
Jovem 4” “Para obter conhecimento, me preparar melhor par mercado de
trabalho, obter lucro para ajudar em casa e achar uma área de trabalho na qual eu
me identifique.”
Jovem 5: “desde quando eu tinha 13 anos, já estava com esse foco na
cabeça que era o trabalho, apesar da mina idade, por eu ser muito novinha pra
pensar em trabalho essa era uma escolha minha, não foi fácil como eu esperava,
tive que ser persistente, mas enfim, hoje estou aqui, trabalhando de carteira
assinada, tudo levou a eu procurar um emprego por diversos motivos, na tentativa
de ajudar minha família, ter um dinheiro na poupança, onde será de grande ajuda
futuramente e aprimorar meus estudos com cursinhos.”
Jovem 6: “Para ajuda á minha família e também ter uma ocupação no dia a
dia, para ter responsabilidade e respeito ao próximo.”
Jovem 7”: “Porque vi a necessidade de ajudar em casa e também por achar
que experiências profissionais começa desde cedo”.
Dois aspectos comuns que encontramos em todas as respostas são as
questões que dizem respeito à qualificação e a experiência profissional.
Percebemos que os Jovens Aprendizes são capazes de identificar que essas são
características imprescindíveis para o exigente mercado de trabalho atual.
Outra questão que gostaríamos de descobrir era a opinião do adolescente
sobre a difícil missão de trabalhar e estudar ainda tão jovem. Descobrimos que
existe uma quase unanimidade entre os jovens Aprendizes da Previ de que o ideal
seria apenas estudar, porque se sentem cansados com a difícil jornada de
trabalhadores estudantes.
Jovem 1:“Se ela não tivesse uma situação necessária para trabalha e
pudesse reforça nos estudos seria melhor.”
Jovem 2:”Então, depende muito, pois neste mundo tem muitas crianças ou
jovens que possuem classe alta, média e baixa, digo muitas das vezes os que
possuem qualidade de vida boa, só tem a preocupação em estudar e tirar boas
notas, já os que não possuem se preocupam com a família, com dificuldades que
inúmeros enfrentam e devido a isto optam pelo trabalho não tendo opção. Então
eu sou um desses jovens que optam em trabalhar e estudar, apesar da minha vida
ser um pouco mais cansativa, tento fazer logo todas as minhas tarefas para ficar
mais tranquila.”
Jovem 3:“Estudando. Porque é menos cansativo, mas com esforço
conseguimos trabalhar e estudar.”
Jovem 4:“Deveria esta estudando, pois é um pouco difícil juntar trabalho
com estudos, mas não é impossível”.
Nesta questão identificamos que o trabalho atrapalha o rendimento escolar,
pois os jovens na sua grande maioria falam que se sentem cansados.
Para o trabalho a que nos propusemos fazer debruçaremos agora sobre as
percepções dos jovens a respeito das questões diretamente ligadas a Previ.
Outra questão a exigir cuidadosa reflexão é a mudança provocada na
realidade do jovem e da família após seu ingresso no programa Jovem Aprendiz
da Previ. Os adolescentes falam muito da questão financeira, da mudança na
rotina diária, no seu próprio comportamento, em responsabilidade.
Jovem 1: “Mudou sim, comecei a ter uma rotina que antes não tinha, minha
família ficou muito feliz, sentiram orgulho de eu trabalhar e ao mesmo tempo
estudar e mesmo assim continuar tirando boas notas.”
Jovem 2: “Sim. Nosso dia a dia, nossos modos. Tenho uma alegria enorme
por fazer parte dessa empresa”.
Jovem 3:“Concerteza mudou. Porque daí eu já teria uma renda e com ela
iria ajudar meus parentes contribuindo nas despesas.”
Jovem 4: “Mudou e muito, inclusive eu mesma, eu vi uma mudança no meu
comportamento, minha mãe reconheceu isso, e na questão financeira a família
ficou muito mais estabilizada, com a ajuda que a Previ dar (ticket alimentação)”.
Jovem 5: “Sim, porque está ajudando muito financeiramente, ocorreram
mudanças em meu comportamento, eu aprendi a lidar coma as responsabilidades,
a como lidar com as dificuldades.”
Jovem 6: “Sim, porque tenho mais responsabilidade por estar trabalhando,
estudando e fazendo curso. A rotina, o dia a dia.”
Jovem 7:“Mudou. Por causa das novas amizades, lá fora não tem nada a
nos oferecer. O respeito entre nós mesmos e a disciplina em ambiente
particulares.”
Fazendo a leitura dessas respostas entendemos que esses jovens, de fato,
se importam com a sua formação, mas em nenhum momento com seu
desenvolvimento pleno como cidadãos, dão-se por satisfeitos com o emprego
conseguido, logicamente pela necessidade sem, no entanto, encarar a aquisição
de qualificação como um degrau para a sua emancipação e consequente melhoria
na sua qualidade de vida.
Por último fizemos uma questão para deixá-los a vontade para falar sobre o
programa.
Eles escreveram sobre a grande oportunidade que o projeto ofereceu a
eles.
Jovem 1: “Ser um Jovem Aprendiz é começar desde cedo a capacitar-se
para os desafios da vida, dentre eles, preparar-se para o exigente e atual mercado
de trabalho. É aproveitar cada momento e vê-lo como uma grande oportunidade.”
Jovem 2: ““A Previ não está só me dando uma renda, nela eu estou
crescendo como pessoa, me dando cada dia que passa mais conhecimento,
por esse motivo eu estou aproveitando ao máximo cada segundo aqui dentro
e a Previ me mostrou que tudo tem o seu valor.”
Depois da leitura dessas respostas entendemos que esses jovens, de fato,
pouco se importam com a sua formação e seu desenvolvimento pleno como
cidadãos, apenas dão-se por satisfeitos com o emprego conseguido, logicamente
pela necessidade sem, no entanto, encarar a aquisição de qualificação como um
degrau para a sua emancipação e consequente melhoria na sua qualidade de
vida.
As respostas demonstraram que a grande maioria dos jovens que procura
este programa é movida pela vontade de começar a trabalhar a fim de ter seu
próprio dinheiro e poder ajudar a família, porque os fatores da idade e da falta de
experiência, neste caso específico, não constituem empecilho para a obtenção
desse primeiro emprego tão almejado pelo jovem.
Esperamos ter atingido o objetivo deste segundo capítulo, e no terceiro
pretendemos consolidar nosso entendimento a partir da entrevista com o Diretor
da Previ e da funcionária responsável pela inserção dos jovens na Petros (Fundo
de Pensão dos funcionários da Petrobras).
Capítulo 3
3.1.-.A Visão do Diretor da Previ
Visão do Diretor da Previ sobre o Projeto Jovem Aprendiz na
Previ versus projeto menor aprendiz do Banco do Brasil que
durou de 1974 e 1988.
Apresentaremos no início deste capítulo uma visão de Jaqueline Ferreira
em seu trabalho sobre o jovem aprendiz na instituição bancária.
“Em prol da busca permanente da
empregabilidade, o adolescente, assim como todo e
qualquer trabalhador, está passível de sofrer influências
de um discurso sedutor das instituições, no caso, a
instituição bancária, um lugar de coação e coerção, em
que “vale tudo!” na busca pela capacitação profissional.
Um campo fértil para uma exploração contínua e
crescente, em que a responsabilidade para conseguir
um emprego é do próprio trabalhador, uma “psicologia
do Trabalho” de “culpabilização” do trabalhador pelo
seu sucesso (empregado) ou pelo seu fracasso
(desempregado). Nessa vertente, as empresas ficarão
isentas de serem as grandes propulsoras de ações de
exploração da mão-de-obra do trabalhador, assim
como, o Estado, ficará isento de sua parcela de
contribuição para o desemprego, ao propor programas
nacionais de profissionalização e inserção de jovens
trabalhadores no mercado de trabalho”.
Para finalizar este trabalho, ouvimos o Diretor de Seguridade da Previ e a
responsável pelo programa de aprendizagem da Petros.
Marcel Juviniano Barros (Diretor da Previ), inicia a fala fazendo um paralelo
entre o programa existente no Banco do Brasil até 1988. Relata que quando
participou do programa Menor Aprendiz no Banco do Brasil os menores eram
contratados como funcionários da instituição bancária, (com direito inclusive ao
plano de saúde dos funcionários), o que não acontece hoje nas empresas, que
terceirizam o contrato de aprendizagem através de uma ONG (Organização não
Governamental) ou OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público),
o que segundo ele faz muita diferença. Considera que o registro em carteira de
trabalho feita pelo empregador Banco do Brasil foi fundamental, e nos mostra com
orgulho a sua Carteira de Trabalho.
As diferenças não param por aí, segundo ele a forma em que os demais
funcionários da instituição se comprometiam com os jovens também era um
diferencial, e isso acontecia por estarem dentro de um contexto de boas condições
de trabalho e por se sentirem “colegas de empresa” desses menores. Avalia que
hoje esse engajamento se torna difícil devido ao ritmo de trabalho que é bem
diferente.
Menor Aprendiz eram funcionários de 6 horas, com idade entre 14 e 16
anos que ficavam no programa até completar 17 anos e 10 meses, sendo que a
partir dos 16 anos os menores tinham a possibilidade de fazer concursos internos
e os externos, o que foi determinante para muitos que acabaram se formando no
Banco e hoje são funcionários no alto escalão, grande parte dos atuais diretores e
o atual Presidente. Segundo Marcel o fato de os Jovens contratados serem
indicados pelas escolas como os melhores alunos, passarem por entrevistas e,
depois tinham que passar no concurso do banco foi importante para se chegar no
resultado de tantos talentos.
Na Previ temos no colegiado, três diretores e o atual Presidente que foram
Menores Aprendizes no Banco do Brasil gestados entre 1974 a 1988.
O modelo que nós temos hoje onde o adolescente aprendiz presta serviço
nas empresas, mas são contratados através de uma ONG (Organização não
Governamental) ou uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público). Este é um fator determinante na visão do diretor para que o programa
não tenha o mesmo significado do passado, pois não cria o vínculo direto dos
jovens com as empresas. Eles recebem o salário da entidade que tem o convênio
com a contratante e presta serviços, o que torna a relação de trabalho mais frágil.
Não deixa de ser um bom programa, pois você consegue alocar no mercado de
trabalho, adolescentes que, teoricamente tem uma condição financeira menos
favorecida, criando condições de estudo. Paga um salário que acabam tendo um
papel importante no orçamento das famílias, assim como os menores aprendizes
do banco também tinham, avalia.
Participar de um programa de aprendizagem em grandes e conceituadas
empresas como a Previ, se torna um diferencial num mercado de trabalho cada
vez mais competitivo. Se atendidos todos os requisitos do programa de
qualificação, de acompanhamento de formação educacional com conteúdo,
realmente é um excelente programa, além de ter uma remuneração que ajuda no
sustento das famílias.
O importante seria que aqueles que adotam o programa cumprissem o que
está previsto nele, uma vez cumprido já ajuda e muito.
Segundo Marcel o que mais diferencia, voltando a frisar a questão da
contratação através de terceirizados, é que os menores por não serem mais
funcionários contratados da empresa, perdem a grande contribuição que tinha no
passado do comprometimento dos demais funcionários, que praticamente
adotavam esses menores. Ele entende que esse papel se perdeu junto com o
vínculo com a empresa. Antes os jovens sentiam, segundo Marcel que tinham
uma segunda família dentro do Banco, que cobrava rendimento escolar, levava-os
para a AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), enfim a convivência era
intensa, e isso era determinante. Hoje fica sendo uma atribuição a mais para o
funcionário que se candidata a orientador, talvez pelo modelo adotado.
Quando perguntado sobre a influência de ter sido Menor Aprendiz no Banco
do Brasil sobre sua carreira, ele respondeu que, se conversássemos com muitos
dos funcionários de alto escalão hoje no BB, ouviríamos que, se não fosse a
chance de terem sido aprendizes dificilmente teriam a qualidade de vida que tem
hoje, o patrimônio que construíram, o conhecimento e a realização profissional,
dificilmente iríamos ouvir coisas diferentes, são geralmente gratos ao Banco pelo
modelo adotado no passado, e as pessoas que os cercavam, avalia o diretor.
O programa que existiam foram programas que preparavam funcionários
pelo Banco do Brasil, para o Banco do Brasil. Nos relata “Participei de um evento
quando o Banco do Brasil fez o lançamento do programa jovem aprendiz, aderindo
ao programa proposto pelo governo federal e, o então presidente Luiz Inácio
brincou que no Banco do Brasil existia a “confraria dos menores”, tantos eram os
funcionários que vieram desse programa de aprendizagem que à época
participava da administração do Banco”.
Os programas hoje tem uma empresa contratada intermediando, um
terceiro que logicamente vai cumprir um conteúdo determinado, mas, não tem um
nível de comprometimento para com o adolescente, e por outro lado a contratante
não tem mais também o comprometimento, a preocupação com a formação de
alguém que ta ali cumprindo algumas tarefas, porque já sente que cumpriu sua
parte pagando por isso. A obrigatoriedade de ver se ele está indo bem na escola,
se a família dele ta legal, e fazer quase uma assistência social fica a cargo da
empresa contratada que assume essa responsabilidade através de convênio, mas
como a relação não é diária não cria o mesmo grau de comprometimento que
existia no passado.
3.2 O programa na Petros
Em entrevista Mohana Barbosa Tavares, da área de atração e
Desenvolvimento da Petros, (Fundo de Pensão dos funcionários da Petrobras) A
Petrobras é a maior patrocinadora da Petros, mas por ser um fundo de pensão
multipatrocinado, a Petros também administra planos de previdência para outras
empresas. Associações, sindicatos e conselhos de classe também podem
oferecer a seus associados um plano de previdência. São os planos instituídos.
Assim, médicos, dentistas, jornalistas, atuários, contadores, artistas e muitos
outros profissionais podem ser participantes, desde que vinculados a algum
sindicato, associação ou entidade de classe que seja um instituidor de um plano
administrado pela Petros.
Mohana nos relata que a forma de contratação dos Jovens é através de
uma Associação Beneficente São Martinho uma entidade filantrópica que atua há
mais de 28 anos (desde 1984) na área da infância e juventude com projetos
socioculturais. Os jovens em situação de rua e oriundas de comunidades,
atendidas com atividades culturais e educativas realizadas no contraturno escolar.
Esclarece que o vínculo empregatício dos jovens (carteira assinada) é com a São
Martinho, embora suas atividades sejam exercidas na Petros.
Os jovens são treinados para exercer atividades administrativas, funciona em dois
turnos, manhã (8h às 12h) e tarde (13h às 17h).
Na Petros orientadores dos jovens os acompanham diariamente
observando a execução das tarefas e o seu desenvolvimento. São também
responsáveis por verificar a assiduidade e pontualidade no trabalho e avaliar o
desempenho semestralmente.
A Petros tem cerca de 600 funcionários e 22 jovens aprendizes, que são
selecionados pela contratada. A Petros não se envolve nessa escolha, apenas
informa o Perfil desejado dos jovens, dentro de um contexto social, famílias
geralmente onde só a mãe trabalha, renda muito baixa, de comunidades, com
faixa etária entre dezesseis e dezoito anos de idade. A contratada é responsável
por administrar a parte teórica da aprendizagem.
Mohana entende que se cria um vínculo com o funcionário da Petros e uma
simples realização de um rodízio obrigatório pelas regras do programa da Petros
gera grandes reclamações por parte dos funcionários que se acostumam com os
jovens dos setores. As áreas acabam tentando burlar esse rodízio porque não
querem perder o contato com o aprendiz, e os jovens também por sua vez se
apegam aos orientadores e não querem fazer a troca entre as gerências.
As principais atividades que são desenvolvidas pelos aprendizes são
administrativas, tais como: Entrega, envio e recebimento de correspondência,
cópia, arquivo, transmissão de fax, digitação de atividades relacionadas a de
informática. Os jovens ganham da Petros os uniformes e seu uso dentro da
instituição é obrigatório.
A cobrança da frequência escolar e a avaliação semestral de desempenho
são atividades desenvolvidas com acompanhamento da assistente social, ainda
assim bimestralmente as notas escolares são solicitadas pelo responsável da
Petros.
A Associação Beneficente São Martinho faz um trabalho de
acompanhamento desses jovens e de suas famílias, e dá o apoio quando percebe
algo anormal como doenças, problemas de relacionamentos, etc. Também são
feitas reuniões mensais com a responsável pelo programa na empresa (Petros) e
a assistente social. da contratada para acompanhar casos especiais que são
percebidos dentro da empresa. Os casos mais graves necessitam de contato com
o responsável pelo jovem, que são convidados para a reunião na busca de
soluções para o problema.
O programa, implementado em 2006, já teve vários de seus jovens
contratados pela Petros após a conclusão do período de aprendizagem.
CONCLUSÃO
O Programa Jovem Aprendiz na Previ significa uma grande oportunidade
para os jovens participantes, pois como jovens carentes, essa entrada no mercado
de trabalho em uma empresa conceituada como a Previ, pode ser encarada como
necessária a sua formação, como forma de amenizar suas carências uma vez que
sem essa oportunidade dificilmente ele poderia estar fazendo um curso de línguas,
um cursinho para vestibular, que no nosso entendimento seria o caminho para
uma qualificação de qualidade, o que lhes proporcionaria maior chance de
conseguir um melhor posto de trabalho, uma vez que o mercado de trabalho
requer a cada dia maiores especializações.
Como esses jovens estão geralmente em situações de risco os programas
de aprendizagem se tornam eficientes na medida em que os jovens para fazer
parte do projeto tenham que estar necessariamente matriculados e frequentando a
escola, o que estanca a evasão escolar.
Outro aspecto importante e a convivência desses jovens, a maioria
moradores de comunidade, com os funcionários, culturas e expectativas diferentes,
mas para que isso aconteça de forma efetiva, há a real necessidade da
mobilização e participação de todos os funcionários da empresa no processo de
aprendizagem.
Ao ser inserido no mundo do trabalho em tão tenra idade é necessário que
receba condições diferenciadas dos demais empregados, para que essa pretensa
qualificação seja viabilizada. É importante lembrar que nas entrevistas, todos os
jovens se disseram cansados, e falaram da dificuldade em conciliar estudo e
trabalho.
Para as empresas o programa pode se tornar uma forma de desempenhar
o papel que tradicionalmente já dizem cumprir, mas que acaba ficando somente
nos relatórios, o papel de empresa com responsabilidade social. Ir além do
cumprimento da legislação e gestar talentos como fez o Banco do Brasil no
passado, mostrou-se imprescindível na medida em que hoje podemos observar
esses talentos trabalhando e retribuindo os investimentos do passado.
Os programas de aprendizagem em cumprimento da lei devem permitir e
promover inclusões de jovens qualificados no mercado de trabalho além de abrir
perspectiva de contratação futura uma vez que, aculturado na empresa e bem
qualificado por essa, traria retorno em curto prazo.
WEBGRAFIA
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http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp143384.pdf
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Trabalhistas - www.mte.gov.br
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (SIT/MTE), Instrução Normativa nº 26
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www.mte.gov.br
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Disponível em http://www.planalto.gov.br
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consolidação das leis do trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de
1o de maio de 1943. Disponível em http://www.planalto.gov.br
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BRASIL. Lei n. 10.748, de 22 de outubro de 2003. Cria o programa nacional de
estímulo ao primeiro Emprego para os Jovens - PNPE, acrescenta dispositivo à
Lei no 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br
BRASIL. Lei n. 11.180, de 23/09/05. Institui o projeto escola fábrica. Disponível em
http://www.planalto.gov.br
MTE. Instrução normativa nº 01, de 23 de março de 2000 . revogada pelo art. 27
da Portaria nº 541, de 15 de outubro de 2004 - Dispõe sobre os procedimentos a
serem adotados pelos Auditores-Fiscais do Trabalho nas ações para erradicação
do trabalho infantil e proteção ao trabalhador adolescente. Disponível em
http://www.planalto.gov.br
MTE. Manual de orientação aprendizagem profissional lei 10097/2000 Delegacia
Regional do Trabalho no Estado de São Paulo Seção de Fiscalização do Trabalho
Setembro/2002. Disponível em www.mte.gov.br
BIBLIOGRAFIA
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Horizonte, Maio 2004.
VASELLI, Paolo. Tempo Industrial e Tempos Individuais. IN: MASI, Domenico De.
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Constituição da República Federativa do Brasil . 1988. Atualizada até a ementa
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Saraiva. 2010.
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
Aprova a consolidação das leis do trabalho – CLT. 8ª Ed. Atualizada até 2010.
Saraiva Acadêmica. Rio de Janeiro: Saraiva. 2010.
NASCIMENTO. Nilson de Oliveira. Manual do Trabalho do menor. São Paulo. 2003. Contrato de Emprego do Adolescente Aprendiz. A aprendizagem de acordo com a Lei n. 10.097/2000. Juruá Editora. Curitiba. 2003.
.
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I –
Retrospectiva Histórica das Leis () 11
CAPÍTULO II - Jovem Aprendiz da Previ 23
CAPÍTULO III –
3.1.-.A Visão do Diretor 37
3.2 – O programa na Petros 41
CONCLUSÃO 43
WEBGRAFIA 45
BIBLIOGRAFIA 47
ÍNDICE 48