DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL - MBA Presencial e ... · centrada na essência e...
Transcript of DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL - MBA Presencial e ... · centrada na essência e...
UCAM - UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES- INSTITUTO A VEZ
DO MESTRE - IAVM
PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
MATRÍCULA: 50355
DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR À GESTÃO EDUCACIONAL:
UM LONGO CAMINHO DE MUDANÇAS.
ALUNA: MARCIANE PEREIRA
PROF. ORIENTADOR: VILSON SERGIO
Vitória
2013
DOCU
MENTO
PRO
TEGID
O PEL
A LE
I DE D
IREIT
O AUTO
RAL
UCAM - UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES- INSTITUTO A VEZ
DO MESTRE – IAVM
PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR À GESTÃO EDUCACIONAL:
UM LONGO CAMINHO DE MUDANÇAS.
MARCIANE PEREIRA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Instituto A Vez do Mestre como requisito
parcial para a obtenção do título de
especialista em Administração Escolar.
Orientador: Prof. Vilson Sergio.
Vitória
2013
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, à minha
família e a todos que, direta ou indiretamente
contribuíram para a realização deste sonho.
A Educação faz um povo fácil de ser liderado, mas difícil de ser dirigido; fácil de
ser governado, mas impossível de ser escravizado.
Henry Peter
RESUMO
O presente trabalho enfatiza sobre a trajetória percorrida entre o contexto da Administração e Gestão escolar. Argumenta-se acerca das mudanças paradigmáticas que foram ocorrendo na sociedade brasileira desde as últimas décadas, salientando as novas demandas relacionadas à gestão escolar da atualidade. Trata-se de um estudo bibliográfico realizado através de uma seleção de autores renomados da área da Educação. Conclui-se que, no contexto atual de sociedade, deve-se levar em consideração a necessidade da gestão escolar investir em um trabalho que promova a reflexão acerca de assuntos como: democratização do ensino, práticas pedagógicas diversificadas, participação ativa de todos os segmentos que compõem a instituição de ensino para que haja de fato a inovação do “fazer pedagógico” de forma a adequar-se às atuais demandas da sociedade.
Palavras- chave: Administração, Gestão, Educação.
ABSTRACT This paper focuses on the trajectory between the context of management and school management. We argue about the paradigm shifts that have occurred in Brazilian society during the last decades, emphasizing the new demands related to school management today. This is a bibliographic study conducted by a selection of renowned authors in the field of Education. We conclude that, in the current context of society, one should take into consideration the need of school management to invest in a work that promotes reflection on issues such as: democratization of education, pedagogical practices diversified, active participation of all segments comprise the educational institution so that there in fact the innovation of "pedagogical practice" in order to adapt to the current demands of society. Keywords: Administration, Management, Education.
METODOLOGIA
A presente pesquisa é de caráter bibliográfico, isto implica dizer que,
“Qualquer espécie de pesquisa, em qualquer área, supõe e exige uma pesquisa
bibliográfica prévia, ou como uma atividade exploratória”. (JOMARTG, 2008).
Assim, serve para estabelecer o nível de conhecimento sobre a temática
investigada, justificando os objetivos e contribuições da pesquisa desenvolvida.
Através de uma seleção bibliográfica foi possível evidenciar as considerações
mais importantes acerca da temática: “Da administração escolar à gestão
educacional: um longo caminho de mudanças”.
O levantamento da produção científica sobre o tema em questão,
evidenciou os principais aspectos abordados pelos autores selecionados para a
elaboração deste trabalho de conclusão de curso.
Procedeu-se, então, à análise do material, seguindo-se as etapas: leitura
exploratória, a fim de conhecer todo o material; leitura seletiva, através da qual
foram selecionados os artigos pertinentes aos propósitos da pesquisa; leitura
analítica dos textos, momento de apreciação e julgamento das informações,
evidenciando-se os principais aspectos abordados sobre o tema. Neste
sentido, optou-se pela análise de conteúdo, onde o ponto de partida é a
mensagem escrita pelos autores selecionados para a discussão do assunto em
questão.
Nesta perspectiva, neste tipo de pesquisa deve-se considerar as
condições contextuais de seus produtores e assentá-las na concepção crítica e
dinâmica da linguagem, devendo ser considerado não apenas a semântica da
língua, mas também a interpretação do sentido que um indivíduo atribui às
mensagens. (JOMARTG, 2008).
Finalmente, leitura interpretativa que, segundo Genovez (2006) é uma
fase que implica em um tríplice julgamento: o leitor procura saber o que o autor
realmente afirma, quais dados oferece e que informações transmite. Qual o
problema abordado, quais são suas hipóteses, suas conclusões.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 08
CAPÍTULO I ..................................................................................................... 09
1. Administração e Gestão Escolar: Considerações Iniciais............................. 09
1.1 Administração e Gestão: Refletindo Sobre suas Diferenças ...................... 12
CAPÍTULO II .................................................................................................... 17
2. Fatores Determinantes para Mudanças Paradigmáticas na Educação ........ 17
2.1 Educação para a Cidadania: Novo Enfoque para a Gestão Escolar .......... 22
CAPÍTULO III ................................................................................................... 25
3. Demandas Atuais Relacionadas a Gestão Escolar ...................................... 25
3.1 Gestão Democrática ................................................................................... 27
3.2 Gestão Baseada na Autonomia Educacional ............................................. 31
3.3 Projeto Político Pedagógico Escolar .......................................................... 34
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 38
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 40
8
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas muito tem se falado acerca do papel da gestão
escolar, bem como da necessidade de mudanças em termos de melhorias para
que se possa oferecer uma Educação de qualidade. Vivemos num mundo de
constantes transformações e, por este motivo, os antigos conceitos de
administração escolar foram dando lugar a inovações teóricas e práticas, no
que tange a novas formas de desenvolver as práticas escolares.
Neste sentido, é importante ressaltar as principais diferenças existentes
entre administração e gestão no contexto escolar. O Dicionário Aurélio encara
a administração como “um conjunto de princípios, normas e funções que tem
por fim ordenar os fatores de produção e controlar a sua produtividade e
eficiência, para se obter determinado resultado”. Observe-se portanto que a
administração é vista como um processo de planejar para organizar, dirigir e
controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais, visando à
realização de objetivos.
A gestão, por sua vez, é vista como sendo “a ação de gerir. / Gerência,
administração; Gestão de negócios, diz-se quando uma pessoa administra os
negócios de outra, por eles se responsabilizando solidariamente, mas sem
autorização legal” (grifo nosso). Observa-se no termo grifado um enfoque
totalmente subjetivo, o que se diferencia da objetividade contida no conceito
sobre administração, que é mais direcionada à questões do setor industrial do
que para o setor educacional, visto que este deve ser gerenciado de forma
flexível, democrática, participativa e com respeito às diversidades que existem
na sociedade, sejam elas: racial, étnica, social, cultural, religiosa, dentre outras.
Nesta perspectiva, o presente trabalho evidencia alguns dos principais
conceitos e diferenças relacionadas aos termos supracitados; os fatores
determinantes para as mudanças paradigmáticas na Educação; as novas
demandas para a gestão escolar, envolvendo vários aspectos e, por fim, o
projeto político pedagógico no contexto da gestão escolar na atual conjectura
de sociedade.
9
CAPÍTULO I
1. ADMINISTRAÇÃO E GESTÂO ESCOLAR:
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O termo “administração escolar”, devido ao seu contexto tradicional
coincidente com o mundo produtivo, traz à tona um significado caracterizado
por regras, metas, produção, dentre outros aspectos. Neste sentido, com base
nas concepções de Formiga (1999) pode-se evidenciar que, no contexto
escolar, esta palavra não pode ser encarada da mesma forma que é nas
organizações empresariais.
Analisando as argumentações de Drabach (2009) observa-se que o
campo da administração escolar nem sempre foi alvo de atenção no que se
refere à produção acadêmica dos intelectuais da Educação. A autora
supracitada assegura que os primeiros escritos brasileiros acerca da
administração escolar se deram a partir dos anos 30.
Tomando por base as concepções de Sander (2007) observa-se que na
década de 1930, a trajetória deste segmento educacional passa a tomar um
novo rumo, por este motivo, “começamos a escrever um novo capítulo no
campo da administração da educação”. (SANDER, 2007b, p. 425).
Brito (2011) destaca que a administração escolar teve origem na teoria
geral da administração, o que se constituiu o primeiro momento da escola
clássica. Ele salienta que,
Historicamente, a teoria administrativa do século XX desenvolveu-se através de três escolas: a clássica, a psicossocial e a contemporânea. A escola clássica, no bojo da consolidação da Revolução Industrial no inicio deste século, foi representada por meio de três movimentos: a administração cientifica de Taylor, a administração geral de Fayol e a administração burocrática originada de uma disfunção da racionalidade de Weber. Esses movimentos têm mantido seus princípios presentes nas práticas administrativas atuais. Frederick W. Taylor, criador da administração cientifica, mostra claramente as intenções do capital quando se preocupa com o controle e a racionalização do trabalho. Taylor estabeleceu o controle do trabalho como essencial para a gerencia, produzindo uma nova forma de organização em que havia a necessidade de um trabalhador responsável pelo planejamento e controle das atividades: o administrador, cuja ação passou a
10
garantir ao capitalista um poder maior sobre os trabalhadores. (BRITO, 2011, p. 02).
O segundo movimento da escola clássica, segundo Brito (2011) está
embasado na Teoria da Administração de Henri Fayol, o qual dá total ênfase
aos princípios da divisão do trabalho, autoridade, disciplina, unidade de
comando, unidade de direção, subordinação de interesses individuais aos
interesses gerais, remuneração, centralização, hierarquia, ordem, equidade,
estabilidade no quadro de pessoal, iniciativa, espírito de solidariedade e
lealdade que constituem um dos modelos da estrutura capitalista.
O terceiro movimento, ainda segundo o autor, foi o momento em que se
deu o surgimento da chamada administração burocrática, como uma disfunção
do principio de racionalização elaborada por Max Weber, que se caracterizava
pelo surgimento paralelo da concentração dos meios materiais nas mãos dos
chefes das empresas capitalistas privadas.
Em linhas gerais, Brito (2011) faz uma analogia significativa entre a
organização do trabalho no mundo empresarial e o sistema educacional
vigente até então, considerando que a organização do trabalho e do capital na
estrutura burocrática reforça a separação entre planejamento e execução,
trabalho manual e intelectual, intensificando a dominação do capital sobre o
trabalho, dada a sua extensão a todos os níveis da atividade humana. Neste
sentido, a eficiência na área educacional era voltada para os critérios de
produção de forma semelhante ao que acontecia no mundo empresarial e
industrial, no sentido de que, o eficiente é aquele que produz o máximo com o
mínimo de desperdício de custo e de esforço, ou seja, aquele que na sua
atuação apresenta uma elevada relação produto/insumo. (SANDER, 1982, et
al, BRITO, 2011, p. 04 ).
A partir destas considerações, pode-se dizer que a administração
escolar que tem como base as teorias fundamentais do setor produtivo, está
centrada na essência e atribuição do caráter dogmático aos conteúdos e ao
gerenciamento das ações pedagógicas, o que caracteriza o paradigma da
Pedagogia tradicional, a qual encara a Didática e a Educação de uma forma
geral como um conjunto de princípios e regras que regulam o sistema
educacional, encarando os alunos como indivíduos passivos da aprendizagem.
11
Libâneo (1994), ao argumentar sobre a trajetória seguida pela didática
de ensino no Brasil, faz uma comparação entre os processos educacionais e as
correntes sociais e econômicas vigentes, salientando que tais paradigmas iam
contra as reais necessidades educacionais dos indivíduos, visto que, o trabalho
escolar deve fundamentar-se no processo de participação ativa de gestores,
professores e alunos, nas discussões e ações práticas sobre as questões da
realidade social imediata, sendo que ambos constroem no ambiente escolar, os
conhecimentos referentes à realidade social em que estão inseridos.
Vale acrescentar que na área educacional, o termo “administrador” tem
um significado mais complexo, sendo que, não se pode limita-lo a
administração de objetos como acontecem nas empresas. Desta forma,
Formiga (1999) deixa claro que é preciso se refletir sobre a postura do gestor
ou diretor de escola, no sentido de averiguar se tais comportamentos estão de
acordo com as novas diretrizes educacionais direcionadas a este segmento
escolar.
Os profissionais da educação, ao refletirem sobre as questões próprias
da gestão escolar, podem resgatar possibilidades de crescimento educacional
a partir das prioridades a serem dadas a questão da qualidade na forma de se
gerenciar uma escola nos tempos atuais, para tanto, torna-se necessária a
necessário de transformações no modo dos profissionais envolvidos na gestão
escolar, como os próprios gestores, pedagogas, supervisores, professores etc.
Entende-se que para o desenvolvimento de uma prática de gestão
reflexiva, torna-se necessário mudanças de atitudes. Vale lembrar que a
realidade do espaço escolar deve ser sempre levada em consideração, para
tanto, a dialética escolar deve está presente nas ações pedagógicas
costumeiras. Esta integração é essencial para o melhor desenvolvimento da
escola e da educação.
É importante, portanto que haja a integração e associação de saberes
entre os que compõem a escola. Na perspectiva da administração não é assim
que acontece, pode-se citar como exemplo: nesta concepção, a objetividade e
a capacidade de manter um olhar objetivo sobre a realidade não influenciado
por aspectos particulares determinam a garantia de bons resultados. Em
contrapartida, na gestão tem-se que a sinergia coletiva e a intersubjetividade
determinam o alcance de bons resultados.
12
Portanto, para se adotar um conceito de administração escolar, deve-se
ter em mente os aspecto democrático e participativo que ultrapassam os
significados de administração no setor empresarial. Se o profissional agir com
autoritarismo, ele jamais poderá trazer benefícios para a educação oferecida na
escola. O melhor a se fazer e refletir a cada dia sobre quais as melhores
atitudes a serem tomadas em prol do desenvolvimento da educação. Assim, o
desenvolvimento de uma prática reflexiva eficaz “pode integrar o contexto
institucional, permitindo que os educadores sejam navegadores atentos aos
aspectos formais e criadores conscientes de seus laços informais”. (FORMIGA.
1999, p. 25).
1.1 ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO: REFLETINDO SOBRE SUAS
DIFERENÇAS NO ÂMBITO ESCOLAR.
A relação entre Administração e Gestão escolar é entendida como uma
dinâmica integração entre estes dois conceitos, que, para tornar a educação de
qualidade, é necessário que haja uma resolução equilibrada no sentido da
organização didática, desta forma, Luck esclarece as diferentes concepções de
gestão e administração escolar.
Segundo a autora, “O que ocorre na realidade é uma dialética de forças
contraditórias e conflitantes, mesmo porque os níveis de consciência dos que
atuam nas organizações educacionais são extremamente diversos[...]” (LUCK,
2006, p. 100).
Desta forma, a autora deixa claro que cada um destes que compõem o
sistema de ensino, compreende os termos: gestão e administração de forma
variável e diversificada, pois todos os indivíduos pensam diferentes e têm
ideias diferenciadas umas das outras, mas, o que se deve priorizar,
independentemente destas concepções, é sem dúvida a qualidade no ensino e
para que isto aconteça, é necessário que haja maior participação da clientela
escolar na gestão da mesma, dando suas opiniões a respeito das atitudes a
serem tomadas na instituição de ensino.
A realidade do espaço escolar deve ser sempre levada em
consideração, para tanto, a dialética escolar deve está presente nas ações
13
pedagógicas costumeiras. Esta integração é essencial para o melhor
desenvolvimento da escola e da educação. Neste sentido, Luck (2006, p. 1001)
afirma: “Realizamos análises não para conhecer a realidade, mas para agir
sobre ela de modo consistente, o que demanda visualizá-la, a partir da síntese
integradora das análises feitas”.
É importante, portanto que haja a integração e associação de saberes
entre os que compõem a escola. Na perspectiva da administração não é assim
que acontece, pode-se citar o seguinte exemplo: nesta concepção, a
objetividade e a capacidade de manter um olhar objetivo sobre a realidade não
influenciado por aspectos particulares determinam a garantia de bons
resultados. Em contrapartida, na gestão temos que a sinergia coletiva e a
intersubjetividade determinam o alcance de bons resultados.
Quanto à organização das ações, destaca-se que, na administração, “O
direcionamento do trabalho consiste no processo racional, exercido
objetivamente de fora para dentro, de organização das condições de trabalho e
do funcionamento de pessoas” (LUCK, 2006, p. 195), enquanto que na gestão,
“O direcionamento consiste no processo intersubjetivo, exercido mediante
liderança, para a mobilização do talento humano coletivamente organizado”.
(LUCK, 2006, p. 105).
Portanto, pode-se destacar que para se adotar um conceito de gestão
escolar, deve-se ter em mente que os aspecto democrático e participativo
devem ser prioritários na forma de agir dos que se dizem gestores escolares.
Se o gestor agir com autoritarismo, então se pode dizer que se trata de um
administrador escolar, que é diferente do gestor, cabendo a todos os membros
da escola compreender tais perspectivas na intenção de se fazer o melhor em
prol da educação brasileira.
Luck (2006) apresenta alguns aspectos que sistematizam as principais
diferenças entre administração e gestão escolar, que seria justamente a
mudança do paradigma da administração para o de gestão, ambos os termos
se diferenciam muito um do outro. Sintetiza-se estas diferenças da seguinte
forma:
No paradigma de Administração, a realidade é tida como regular, estável
e permanente; valoriza-se a importância de modelos organizacionais pré-
estabelecidos; as mudanças ocorrem mediante processos de inovações
14
objetivando a capacidade de manter um olhar objetivo sobre a realidade. No
paradigma correspondente a gestão escolar, pode-se destacar como principais
características, a valorização de experiências positivas em outras
organizações, as mudanças acontecem através do processo de transformação,
existe a participação de todos os segmentos envolvidos na escola, e não de
uma forma particular, como se costuma observar na administração escolar,
existe a interação social entre os indivíduos na elaboração do projeto da
escola.
Segundo Luck, na Administração, “O direcionamento do trabalho
consiste no processo racional, exercido objetivamente de fora para dentro”.
(2006, p. 105). Já na Gestão, “O direcionamento dói trabalho consiste no
processo intersubjetivo, exercido mediante liderança, [...], Ao gestor compete
envolver-se nos processos sob sua orientação interagindo subjetivamente com
os demais participantes” (LUCK, 2006, p. 105)
Pode-se afirmar que a gestão escolar, diferentemente da administração,
deve ser encarada como uma forma de mediação, visando sobretudo a
preparação dos indivíduos para a vida em sociedade, abrindo espaços para a
participação de todos na elaboração do projeto político pedagógico.
Na verdade se observa que a visão dos diretores da maioria das
escolas, volta-se para a tradicional “direção escolar”, cujas ações, limitam-se
ao autoritarismo e inflexibilidade nas atitudes do administrador escolar. Nesse
sentido, é preciso se pensar sobre o papel e a prática dos gestores, fazendo-os
mudarem seus conceitos arcaicos acerca da gestão escolar, pois entendemos
que a mudança da escola dependem das inovações dos professores no ato de
ensinar, e nos gestores, enquanto responsável pelo trabalho pedagógico como
um todo.
A comunidade escolar, portanto, deve também participar das interações
ou ações, no processo de gestão escola. Até mesmo os familiares dos
educandos podem fazer parte integrante do desenvolvimento das questões
pedagógicas, tendo em vista, a contribuição dos mesmos, para a possível
superação de problemas existentes na escola.
15
A escola nem sempre é pautada pelo princípio da gestão democrática,
geralmente se confunde a gestão com a administração escolar no contexto das
transformações que se opera no mundo do trabalho e relações sociais na “Era
da globalização”, nos perguntamos então será que existe, na verdade,
interesse em uma gestão democrática? Qual seria então o papel da
democracia na escola?
Dentro de um contexto da rede pública, Observa-se que o gestor ou
diretor escolar assume uma póstuma de autoridade, centralizando as aços
educacionais e isto reflete no desempenho escolar dos alunos, pois a escola
não tem se preocupado em reexaminar a questão da gestão democrática que
deve abranger todo o sistema de ensino.
Neste sentido, esta concepção de gestão introduz um novo conceito no
âmbito das relações de poder e autoridade nos sistemas educativos. Não se
aceita mais que a escola tenha um diretor autoritário e que centralize todas as
atenções em torno dele, não dando espaços para os demais integrantes
opinarem nem participarem dos projetos escolares.
Ao se falar sobre então, torna-se claro, que as relações cotidianas no
âmbito escolar, deveriam explicitar esta linha de ação, porém sabendo-se que
toda gestão, pressupõe uma ação e é justamente esta ação que deve ser
conjunta, compartilhada entre alunos, professores, gestores etc. “Todavia,
muito ainda tem que ser feito para que a importância e a consciência dessa
verdadeira participação cidadã [...] seja uma realidade”. (FERREIRA 2009, p.
21).
Espera-se do gestor educacional atitudes compromissadas de
construir, de fazer, sem tomar atitudes autoritárias, onde os princípios
democráticos prevaleçam, pois a escola deve ser vista como um lugar
privilegiado para a construção do conhecimento e como um meio não
burocrático onde a base das relações humanas seja o compartilhamento de
responsabilidades pedagógicas e sociais.
Dentre todos os conceitos sobre gestão escolar, destaca-se que a
gestão democrática da educação é um valor almejado pela educação de um
modo geral, embora a maioria das escolas não utilizem na prática estes
elementos referentes a gestão enquanto ação democrática e participativa. A
16
elaboração do projeto pedagógico da escola deve portanto contemplar todos
os requisitos desta gestão compartilhada para que se possa melhorar a
qualidade do nosso ensino publico.
17
CAPÍTULO II
2. FATORES DETERMINANTES PARA MUDANÇAS PARADIGMÁTICAS NA EDUCAÇÃO Drabach (2009) enfatiza que desde as primeiras definições do conceito
de administração escolar, até à atualidade, constata-se a permanência de um
conflito de paradigmas de organização e administração educacional,que reflete,
para além de outras observações, um confronto de interesses entre o poder
central e a corporação docente. O conflito supra descrito deve-se,
essencialmente, a uma oposição entre a racionalidade à priori por parte da
administração central, e a racionalidade à posteriori dos atores da organização
escolar.
Ao enfatizar sobre a óptica fragmentada da educação no sentido de ser
encarada a partir de uma visão objetiva e tradicional, Luck (2006) destaca que
a mesma se desenvolveu em torno da geração de áreas específicas do
conhecimento humano. Como exemplo destas fragmentações, tem-se a
construção de vários ramos de conhecimento específicos e dissociados de todo
o processo educacional como um todo.
Segundo a autora, “é possível identificar que, a partir dessa dissociação,
criam-se entendimentos distorcidos da realidade do processo educacional, ao
se evidenciar uma parte do todo, ao ponto de considera-la descontextualizada
e sem relação com as demais partes”. (LUCK, 2006, p. 66). Neste sentido,
entende-se que a passagem desta óptica fragmentada para a óptica de
conjunto se deu a partir de teorias novas que surgiam a respeito do assunto, a
exemplo das concepções de Morin (1987), quando assegura que a realidade é
unitária e sistêmica e que é construída pelo dinamismo e inter-relações
existentes entre componentes e indivíduos, os elementos e os acontecimentos
e as ações e dimensões de uma mesma realidade.
Ao refletir sobre a passagem do conceito administração escolar para o
de gestão escolar, Luck (2006) evidencia as mudanças existentes de uma para
a outra concepção de liderança educacional. Por exemplo, na primeira, há a
ação especializada sobre diferentes segmentos, em desconsideração às ações
18
do conjunto. Em contrapartida, tem-se, na óptica de conjunto, a ação interativa
e processual sobre o conjunto, dentre outras mudanças. Segundo a autora,
À medida que vigora na escola o entendimento de que ela é uma criação definida, pronta e acabada de um sistema maior, que determina seu funcionamento, e sobre o qual seus membros não tem nenhum poder de influencia, ou o têm muito pouco, esses membros consideram, da mesma forma, que pouca ou nenhuma responsabilidade têm sobre a qualidade de seu próprio trabalho. (LUCK, 2006, p. 70).
Desta forma, compreende-se que há um jogo de responsabilidades a
serem cumpridos por todos os integrantes da educação. A autora deixa isto
bem claro quando afirma que se observa uma tendência de jogar a
responsabilidade sobre o outro, transferindo-se responsabilidades aos outros.
Assim como a escola tem responsabilidades a cumprir em prol de uma
educação de qualidade e uma gestão democrática, os gestores, professores,
alunos e demais integrantes podem e devem cumprir seu papel na junção dos
interesses de todos na busca pela qualidade na gestão e no ensino escolar.
A gestão escolar deve, portanto contemplar todos os questionamentos
surgidos no cotidiano escolar no que diz respeito aos problemas a serem
solucionados, desde a falta de aprendizagem dos alunos até a necessidade de
mudanças metodológicas e didáticas, bem como a atribuição de
responsabilidades aos segmentos envolvidos na educação escolar, devendo, a
cada dia superar a visão fragmentada e trabalhar sempre na perspectiva de
conjunto, de cooperação, de democracia, na busca pela junção de
conhecimentos para a partir de então se pensar na melhor qualidade do ensino
escolar.
O principal problema tem sido a centralização da autoridade. O modelo
de administração empresaria persiste, segundo Luck (2006) em muitas escolas
brasileiras, e isto acaba dificultando o acesso dos demais integrantes na
tomada de decisões e de responsabilidades mútuas. A elaboração do projeto
político pedagógico seria um momento ideal para quer houvesse a participação
conjunta e dialógica tanto de gestores, professores, bem como dos próprios
alunos e da comunidade escolar de uma forma participativa e abrangente.
19
Neste contexto, Melo (2004) argumenta que esse aparato autoritário e
elitista e seus traços predominantes continuaram presentes, tanto no Brasil
republicano dos marechais, no populismo de Getúlio como na ditadura militar
e " forjaram heranças muito fortes na democracia conquistada a duras penas
pela sociedade brasileira" (Melo, 2004). Assim: "A escola, como instituição que
interage com a sociedade, encontra-se nesse contexto e tem o seu cotidiano
permeado por práticas e teses autoritárias."
A partir da leitura do texto de Melo (2004) pode-se analisar sobre o
aspecto relacionado à construção da democracia escolar através da gestão
democrática, cujos fundamentos são a autonomia, a participação e a
emancipação, é necessário uma mudança de paradigma. O principal problema
a ser resolvido para a construção desse novo paradigma, a priori, é o da
superação da verticalidade das relações, fruto original de toda a hierarquia de
poder no sistema e na escola.
O texto “A evolução da gestão educacional: uma mudança pragmática”
analisa a mudança de paradigma da gestão, que vem ocorrendo no contexto
das organizações e dos sistemas de ensino,mas precisamente a partir de 1990,
tornando-se um conceito comum no discurso sobre as ações pedagógicas
contemporâneas.
Em linhas gerais, a gestão é caracterizada pelo reconhecimento da
importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas
decisões sobre a orientação e planejamento de seu trabalho, que seria uma
gestão democrática e participativa, se contrapondo as ideias tradicionais sobre
administração ou direção escolar. Neste sentido, prioriza a participação
responsável de todos nas decisões necessárias e na sua efetivação mediante
um compromisso coletivo com resultados educacionais cada vez mais efetivos
e significativos.
Nas palavras da autora, a gestão “corresponde ao processo de gerir a
dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas
em específico, afinado com diretrizes e políticas educacionais públicas”.
(LUCK, 2006, p. 35)
20
Ao falar em dinâmica social que envolve o sistema de ensino no nosso
país, Luck (2006) apresenta alguns elementos que devem está presentes no
cotidiano da gestão escolar. Primeiro ela fala na clareza dos objetivos, que
devem corresponder aos idéias pedagógicos da comunidade escola, ou seja,
os objetivos devem ser traçados de forma a haver compreensão de todos os
integrantes do ensino.
Quanto a ação participativa, podemos destacar que a prática escolar, em
seu dia a dia, deve ser realizada a partir de um pensamento conjunto, de um
esforço coletivo, desde que cada um respeite os limites do outro. Neste
sentido, “A ética é representada mediante ação orientada pelo respeito ao ser
humano, às instituições sociais e aos elevados valores necessários ao
desenvolvimento da sociedade”. (LUCK, 2006, p. 50).
A autora destaca a solidariedade e equidade como sendo elementos
importantes na realização do trabalho escolar. Entretanto, destaca que a
promoção da participação deve ser orientada, devendo justifica-se a partir do
envolvimento de todos na realização de objetivos educacionais claros e
determinados. No que diz respeito a estes objetivos acrescenta que, deve
promover o desenvolvimento do ser humano como um ser social, que seja
capaz de interferir na sua realidade de vida, transformando-a para melhor.
A gestão participativa envolve várias dimensões que precisam ser
entendidas por todos os que se envolve na área da educação, já que, a gestão
participativa se fundamenta em princípios como: a democracia é vivência social
comprometida com o coletivo. Neste sentido, do ponto de vista político, a
democracia constitui-se em característica fundamental de sociedades e grupos
centrados na prática dos direitos humanos.
A construção do conhecimento na escola, deve abranger a participação
dos alunos na descoberta de sua própria realidade de vida, fazendo com que
os mesmo saibam reconhecer as diferenças entre seu contexto social e os
demais grupos sociais, e a partir deste conhecimento, ele poderão interferir na
realidade em que estão envolvidos, passando a estimular transformações
sociais. Esta ação é essencial para o desenvolvimento do aluno, da escola e
da sociedade, já que, a ação é condição fundamental para a construção da
realidade e do conhecimento.
21
A educação democrática, portanto, estimula uma aprendizagem
significativa, que não se volte apenas para o ensino da leitura e escrita, mas,
para a vida em sociedade. Assim, “Entende-se que a natureza humana básica
– sua vocação primeira – consiste na necessidade de a pessoa ser ativa em
associação com seus semelhantes, desenvolvendo seu potencial” (LUCK,
2006, p. 61).
As dimensões da participação são as seguintes: a dimensão política,
que se refere ao sentido do poder das pessoas de construírem a sua historia e
a historia das organizações de que fazem parte, como por exemplo, as
instituições de ensino.
A outra dimensão é a pedagógica, que se refere a prática de ensino em
si, sendo um processo formativo que o ser humano passa em sua vida para a
construção dos seus conhecimentos. A terceira é a dimensão técnica, que
passou a existir desde a década de 50, que se diz respeito a prática educativa
formalista, que se desenvolve a partir de técnicas.
22
2.1 EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA: NOVO ENFOQUE PARA A GESTÃO ESCOLAR
Para iniciar este tópico, torna-se imprescindível argumentar sobre a
relação que se estabelece entre sociedade democrática e cidadania. Neste
sentido, enquanto fundamento de uma sociedade moderna, a democracia deve
ser efetivada no sentido de garantir a liberdade e a convivência social. Não
deve ser utilizada como um simples jargão social quando se refere a um regime
político onde a opinião da maioria “é a que vale”, nem para afirmar um governo
que considera as reivindicações da massa.
Assim sendo, só há uma sociedade democrática quando se efetiva a
cidadania. Os interesses e concepções pessoais dos indivíduos são
equiparadas numa perspectiva de bem comum, onde os direitos e deveres são
baseados em princípios de igualdade política. A sociedade democrática e
cidadã compactuam um modelo de política que articula a participação coletiva
na formulação de políticas públicas e nos rumos dessa sociedade. Apenas os
cidadãos têm condições de praticar a democracia no exercício concreto de
construção social.
Neste contexto, a educação assumiu um novo papel, que é o de
conscientizar a população acerca das questões políticas, sociais e econômicas
do país, visando propiciar uma visão panorâmica de todos os setores da
sociedade. Desta forma, questiona-se sobre qual o papel da educação na
efetivação da democracia e da cidadania?
Vale salientar que, segundo Cavalieri (2001), concebe-se a educação
como um recurso que os grupos sociais utilizam para reproduzir as práticas e
conceitos historicamente produzidos e a constituição cultural que compõe a
sociedade, sendo por meio dela que se dá a efetivação dos ideais propostos
pelas forças políticas do país. Esses ideais estão imbricados uns aos outros
quando são gerados numa mesma matriz: a intervenção e a convivência
humana que desdobra-se sob a égide de duas perspectivas básicas:
transformação e sobrevivência (CAVALIERI, 2001).
23
A gestão escolar fundamentada da formação para a cidadania constitui-
se um processo de interação entre indivíduos que acontece de maneira
intencional e planejada visando adaptá-los à circunstâncias concebidas como
necessárias para o desenvolvimento social de todos os envolvidos nos
sistemas educacionais. Sendo uma relação de interação, a gestão educacional
caracteriza-se pela dialética entre os sujeitos, manifestada na maioria das
vezes na transmissão dos bens culturais de uma sociedade pelas pessoas
mais velhas às novas gerações. No caso da instituição escolar, a transmissão
da cultura passa por uma seleção que objetiva formar um indivíduo
considerando os aspectos valorizados onde ele está inserido e desenvolver
competências que o ajuste à lógica que segue vigente por meio da formação
da personalidade. (MOREIRA, 1995).
Vale destacar que a formação para a cidadania precisa se dar também
no ensino formal e nas entidades da sociedade civil. E precisam contar com a
participação das ONGs, dos sindicatos, dos partidos políticos comprometidos
com a maioria da população. O trabalho nas escolas não precisa
necessariamente estar segmentado num determinado currículo, pronto e
acabado. Por outro lado, a formação para a cidadania é um problema muito
difícil, porque se trata de uma argumentação que não é apenas do ponto de
vista lógico, científico, formal.
É uma argumentação que passa pela ótica, pela persuasão, pelo
convencimento, ou seja, pela conquista dos corações e mentes, passa pela
cognição e pela emoção. Não dá para fazer um trabalho desses só com um
currículo, com textos que os professores e professoras de Língua Portuguesa
ou outras disciplinas vão trabalhar. Deve acontecer toda uma adaptação.
Cavalieri (2001, p. 117) considera que,
Não podemos deixar de considerar nessa problematização a situação paradoxal de que, paralelamente à tendência de crescimento do papel da escola na vida dos indivíduos, ocorre um questionamento da capacidade dessa mesma escola, em seu formato atual, de competir com os demais meios de informação e comunicação. Parece configurar-se um quadro em que há necessidades objetivas de “mais escola” ao lado de enorme dificuldade em adaptá-la às características da vida contemporânea e às novas demandas socioculturais e econômicas.
24
Este discurso coincide completamente com o que se pensa acerca das
novas relações entre o currículo e formação para a cidadania na educação
escolar nas sociedades contemporâneas.
O autor supracitado questiona o fato de que se as pessoas foram
constituídas socialmente, e que se esse processo foi mediado por produtos
culturalmente produzidos, por meio de instrumentos, técnicas e mecanismos de
adaptação, a mudança e transformação de uma sociedade pré-moderna
passaria necessariamente pela ação educativa, uma vez que esta reproduz ou
pode atuar como um recurso de criação de uma cultura diferente da anterior –
que não permitiu a efetivação do ideário democrático e cidadão. Os valores que
circulam na sociedade são resultados da apropriação humana por meio desses
processos educativos.
Portanto, a educação assume uma função determinante na apropriação
de novas práticas e concepções acerca do papel que os indivíduos têm na
participação e na evolução da sociedade. Se abandonássemos o caráter
pessimista que permeia nosso fazer pedagógico e, no lugar deste,
aportássemos esperanças e, mais que isso, mecanismos eficazes de
intervenção pedagógica para contribuir na elaboração de processos educativos
que propiciem a apropriação da democracia e cidadania como motes para a
edificação de um novo sistema social que configura a participação efetiva de
todos os sujeitos na construção de novos sentidos sociais, possivelmente,
teríamos horizontes menos hegemônicos e segregados, uma vez que todos os
indivíduos seriam reconhecidos como partícipes de sua estrutura sociocultural.
25
CAPÍTULO III
3. DEMANDAS ATUAIS RELACIONADAS À GESTÃO ESCOLAR Luck (2006) argumenta sobre a necessidade de uma ação coletiva na
escola, a mesma destaca alguns pressupostos que servem de reflexão em
torno da gestão escolar no tocante as atuais demandas para este segmento:
• O ser humano é um ser social e só se desenvolve plenamente, a partir
de sua interação produtiva com as demais pessoas”, isto quer dizer que
é importante que os indivíduos se interajam entre si ao longo das suas
relações sociais.
• A educação é um processo interativo – social orientado para a formação
de pessoas como seres sociais, ou seja, a educação deve estimular esta
interação social entre os alunos.
• A educação é um processo marcado pela complexidade, isto implica
dizer que está envolvido por diversas dimensões que passam a
demandar uma organização escolar bem articulada, desta forma,
acreditamos que a gestão escolar deve fazer surgir uma reorganização
em torno do trabalho pedagógico a ser desenvolvido de uma forma
interligada.
• Pessoas atuam de maneira mais feliz e produtiva, e realizam seu
potencial, quando o fazem de maneira colaborativa pela troca e
compartilhamento. Neste sentido, a partir do momento em que as
pessoas unem suas experiências e atitudes no contexto escolar, o
trabalho torna-se mais feliz e o profissional torna-se capacitado para
alcançar os objetivos coletivos da educação.
• O acolhimento e aproveitamento da pluralidade e diversidade são
condições de desenvolvimento pessoal e das organizações. Então,
deve-se priorizar a diversidade de condições existentes para promover a
melhor qualidade na educação oferecida pela escola.
26
• Uma sociedade democrática se realiza a partir de responsabilidade e
práticas de construção conjunta. Seria portanto, fazer uso da
democracia, dando espaços para que todos possam participar da
tomada de decisões da escola.
• Problemas globais e complexos demandam ação conjunta e articulada
de pessoas com pluralidade de perspectiva. Desta maneira, acredita-se
que a pluralidade de pensamentos e perspectivas futuras para a
melhoria da educação oferecida pela escola, devem ser resultado de
uma ação conjunta.
Portanto, esta visão de conjunto deve ser levada em consideração no
que se refere as novas demandas para a gestão das escolas da atualidade,
sabendo que as pessoas devem se unir em prol da expansão desta óptica, no
sentido de valorizar a participação da comunidade escolar nas tomadas de
decisão da escola na busca pela melhor qualidade do ensino e da
aprendizagem dos alunos, tendo em vista a preparação do corpo discente para
a sociedade.
Sabe-se que os antigos fundamentos de administração educacional com
relação a gestão escolar seriam insuficientes, para o desenvolvimentos
significativo de novas concepções educacionais sobre a gestão na escola do
presente século, daí porque a mudança do termo administração para gestão
educacional, que, segundo a autora, as mudanças fundamentais implícitas na
gestão envolvem, dentre outros elementos, o entendimento de que problemas
globais demandam ação conjunta; que ação conjunta , vale dizer, participativa,
se associa a autonomia competente.
Entende-se que a questão do desenvolvimento da qualidade de ensino
demanda uma orientação mais global e abrangente, com visão de longo prazo,
do que tópica, localizada nas estimulações de momento e próximas. Isso
porque se tem observado, ao longo da história de nossa educação, que não se
tem promovido a melhoria da qualidade do ensino por meio de ações que
privilegiaram ora a melhoria de metodologia do ensino, ora o domínio de
conteúdo pelos professores e sua capacitação em sentido mais amplo, ora a
melhoria das condições físicas e materiais da escola.
Observa-se que existem escolas com excelentes condições físicas e
materiais, em que os alunos vivenciam uma escolaridade conservadora; outras,
27
em que o trabalho consciente de professores competentes perde-se no
conjunto de ações pedagógicas desarticuladas; outras ainda que, embora
tenham uma proposta pedagógica avançada e bem articulada, não conseguem
traduzi-la em ações, por falta de sinergia coletiva. Casos como esses indicam
que embora existam certos instrumentos e condições para orientar um ensino
de qualidade, estes se tornam ineficazes por falta de ações articuladas e
conjuntas.
A promoção de uma gestão educacional democrática e participativa está
associada ao compartilhamento de responsabilidades no processo de tomada
de decisão entre os diversos níveis e segmentos de autoridade do sistema
educacional. Assim, segundo a autora, “A gestão, portanto, é que permite
superar a limitação da fragmentação e da descontextualização e construir, pela
óptica abrangente e interativa, a visão e orientação de conjunto, a partir da qual
se desenvolvem ações articuladas e mais consistentes”. (LUCK, 2006, p. 43).
Acredita-se que as unidades de ensino poderiam, seguindo estes
preceitos de participação na gestão escolar, poderiam buscar soluções
próprias para seus problemas e, portanto, mais adequadas às suas
necessidades e expectativas, já que, segundo Luck, (2006, p. 51), “A gestão
educacional abrange, portanto, a articulação do conjunto de atuações como
prática social que ocorre em uma unidade ou conjunto de unidades de
trabalho”.
É importante notar que a ideia de gestão educacional desenvolve-se
associada a outras ideias globalizantes e dinâmicas em educação, como, por
exemplo, o destaque à sua dimensão política e social, ação para a
transformação, globalização, participação, práxis, cidadania, etc. neste sentido,
os sistemas educacionais e os estabelecimentos de ensino, como unidades
sociais, são organizações dinâmicas onde se efetuam grandes e importantes
relações sociais e mobilização das forças culturais.
3.1 GESTÃO DEMOCRÁTICA
A figura do gestor escolar, historicamente sempre foi tida como uma
pessoa controladora e burocrática, mostrando neste percurso marcas de uma
profissão que sempre refletia interesse das classes dominantes, sendo um
28
agente controlador da ação docente e ideológico, evidenciando a divisão de
trabalho na escola, preocupado com os meios e não os fins a serem atingidos
pela prática pedagógica, percebendo a escola como uma instituição passiva
diante da sociedade.
A Constituição Federal de 1989 consagrou o princípio da gestão
democrática do ensino público em seu artigo 206, inciso VI, remetendo a sua
regulamentação para Lei ordinária. Todavia, o que tem-se verificado é que, na
maioria das escolas de 10 e 20 graus de nossa região, prevalece um modelo de
gestão onde não existe a participação da comunidade escolar, dos pais de
alunos e da comunidade em geral.
A Gestão Democrática refere-se à participação da coletividade escolar
no planejamento e ações referentes às práticas escolares: Gestores,
professores, pais, alunos e demais segmentos que compõem o sistema de
ensino.
Tanto as Diretrizes e Bases da Educação Nacional como o Plano
Nacional de Educação (PNE) enfatizam sobre como a gestão democrática deve
ser compreendida e aplicada pela comunidade escolar.
O artigo 14 das Diretrizes e Bases da Educação nacional1 reza que
Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades econforme os seguintes princípios: I -participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II -participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
O Plano Nacional de Educação (PNE) enfatiza que os sistemas de
ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na
educação básica obedecendo aos princípios da participação dos profissionais
da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação
das comunidades escolares e locais em conselhos escolares.
Pode-se enfatizar então que a democracia na escola por si só não tem
significado. Ela só faz sentido se estiver vinculada a uma percepção de
democratização da sociedade. A figura abaixo resume a gestão democrática da
seguinte forma:
1 Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf
29
Figura 1: Gestão Democrática Fonte: grupodegestao07.blogspot.com
Dentro desse enfoque, destaca-se a importância de uma prática de
gestão interessada na discussão de mecanismos, no intuito de buscar a
transformação social e a democratização total do ensino. Para que isso ocorra
é necessário que a democratização da gestão escolar aconteça na prática, e
não só na teoria. Segundo Hora (1997, p. 35), uma das vias para a
democratização do ensino é a propiciarão de mudanças nos processos
administrativos no âmbito do sistema escolar, “vislumbrada através da
participação de professores e pais nas decisões tomadas,eleições para cargos
eletivos, assembleias e eliminação das vias burocráticas.”
Diante deste cenário pedagógico de mudanças rápidas e de metas que
precisam está atentas ao resgate dos valores sociais e de democracia, a
participação dos especialistas de educação na organização escolar e ação
pedagógica é essencial, pois estes profissionais com sua visão de totalidade
podem vincular as questões sociopolíticas que envolvem a escola em sua ação
contextual.
Vale destacar que a democratização da gestão escolar torna-se um
imperativo na atualidade, não podendo ficar restrito a uma simples mudança
formal. Assim,
Mas, uma simples mudança semântica não basta; é
fundamental uma cultura que valorize os princípios
democráticos. Isolado da prática democrática, o termo
"gestão", constitui mera abstração, porque por si só
30
não contempla o significado democrático. (HORA,
1997, p.46).
É próprio da educação transformadora que a classe trabalhadora
adquira consciência crítica da realidade e assim possa participar ativamente no
processo da transformação social.
A participação do coletivo nas decisões relativas aos rumos da escola,
torna-se imprescindível numa gestão escolar democrática. Daí ser necessário
que a escola amplie cada vez mais o envolvimento dos pais e alunos e das
instituições existentes no seio da comunidade em suas atividades.
Entretanto, não podemos falar em democratização diante de uma
situação que tende a manter uma política educacional de caráter autoritário,
pois as mudanças que vêm ocorrendo a partir das reformas contemporâneas
na educação não têm contribuído à concretização dos fins democráticos,
desembocando assim, numa visão neoliberal. Mediante esta visão, Paro (1992)
define o Neoliberalismo da seguinte forma: Neo significa Novo e Liberalismo é
a ideologia que justifica e defende os princípios do capitalismo, baseado na
propriedade privada e na liberdade de empresa. Isto implica em que a
economia, consequentemente, seja totalmente privatizada e liberalizada, além
da desregulamentação dos programas sociais (seguridade social, construção
de moradias, leis do salário mínimo, etc.).
Neste contexto, o Neoliberalismo procura impor suas atitudes de ajustes
como únicas verdades, fazendo crer que tais modificações seriam sensatas e
responsáveis. Para a análise da relação Neoliberalismo/educação nos
deteremos nos argumentos de Pablo Gentili:
Os governos neoliberais não só transformam materialmente a realidade econômica, política, jurídica e social, também conseguem que esta transformação seja aceita como única saída possível (ainda que às vezes, dolorosa) para a crise. (GENTILI, 1996: 11).
Atualmente, os sistemas educacionais, de acordo com o diagnóstico do
pensamento neoliberal, vêm enfrentando uma crise de eficiência, eficácia e
produtividade, resultante do caráter ineficiente do Estado ao gerenciar as
31
políticas públicas. Neste sentido, os sistemas educacionais não enfrentam uma
crise democrática, mas, gerencial. A escola pode ser gerenciada pela
comunidade, mas segundo os fundamentos neoliberais, seu sistema de
avaliação deverá desenvolver rigorosos critérios de competitividade. Isto
implica na viabilização de um sistema de prêmios e castigos, que vem garantir
a concorrência interna entre os próprios indivíduos.
3.2. GESTÃO BASEADA NA AUTONOMIA EDUCACIONAL
Luck (2006) questiona em sua obra sobre o que seria a autonomia
escolar no contexto da gestão e como ela se expressa. Para responder esta
questão, ela enfatiza alguns elementos imprescindíveis para serem aplicados
na práticas educacionais, são eles:
• Perspectiva de alunos como sujeitos: os alunos devem ser encarados
como sujeitos da sua aprendizagem, capazes de aprender a partir de
pesquisas etc;
• Comunicação e processo interativo aberto: a comunicação é
fundamental para o melhor andamento da prática escola, favorecendo a
formação de alunos críticos e participativos;
• Prática de valores: responsabilidade, organização, respeito interpessoal:
os valores devem ser sempre trabalhados na classe, ensinar aos alunos
a terem responsabilidades para realizarem suas funções de forma a
respeitar a todos na sociedade;
• Criatividade: as artes podem ser interessante para que o aluno
desenvolva habilidade criativas para assim poderem ser pessoas com
capacidade de criar e inovar;
• Consciência da relação entre direitos e deveres: é importante mostrar ao
aluno que eles são possuídos de direitos, assim como tem deveres
sociais a cumprir socialmente;
• Integração entre escola e comunidade: a escola deve sempre promover
um pensar sobre esta relação, pois a escola deve preparar o aluno para
enfrentar os desafios sociais;
32
• Comprometimento com a qualidade contínua: é este comprometimento
que deve sempre está em vigor na escola, onde os alunos sejam
motivados a buscar sempre a melhor qualidade da sua aprendizagem
através de seu bom desempenho enquanto aluno autônomo, tendo suas
ações orientadas para a construção da credibilidade educacional;
Luck (2006) destaca também alguns fatores que podem limitar o
desenvolvimento da autonomia na escola, e que os gestores devem levar em
conta na observância de tais fatores ao longo de suas ações pedagógicas, são
eles:
• Tanto o gestor como o professore, supervisor e pedagogo não
podem deixar de tomar iniciativas, as quais devem ser tomadas de
forma conjunta no sentido de garantir que o aluno sempre esteja em
contato com novidades em termos de conhecimentos e metodologias
diversificadas;
• A resistência às mudanças dificultam a transformação da educação
escolar e por isto deve-se deixar de resistir as mudanças
educacionais e procurar novos horizontes para que todos percebam
que novas atitudes estão sendo tomadas em prol da qualidade da
educação;
• Os professores não devem limitar seus conhecimentos, devem
procurar sempre investir em novas aprendizagens que possam
transmitir aos alunos, os professores tem que se entrosarem entre si,
trocando experiências sobre o ensino, os mesmo devem ser
participativos em tudo, procurando melhoras para que o ensino seja
enriquecido, tomando decisões sem reclamar das dificuldades, pois
cabe aos educadores usarem seus instrumentos de ensino para
assim promoverem a melhor qualidade na educação;
• A falta de amor pela educação levam a muitos gestores e
professores a praticarem uma ação educativa sem fundamentos, que
só fazem atrapalhar o desempenho dos alunos, eles devem se
conscientizar de que a escolha pela profissão foi feita por eles e que
33
os alunos merecem o melhor em termos de educação, para que tudo
se renove em nossa sociedade.
Para a autora, deve-se levar em conta os fatores que não se constituem
autonomia para a escola, devendo estes fatores serem evitados ao máximo ao
longo das práticas escolares:
• As tarefas não podem ser feitas de forma isoladas, isto não é ter
autonomia, pois a escola que age de forma autônoma divide as
tarefas entre os integrantes da mesma, os projetos devem ser o
da escola toda participando, cada pessoa envolvida com o
mesmo projeto escolar,
• A falta de respeito entre os sujeitos fazem com que a escola se
torne cada vez mais sem qualidade, afastando-se do que de fato
é democracia e autonomia;
• A falta de orientação comum a todos é um obstáculo para que as
coisas caminhem bem, toda a escola deve ser orientada tendo
em vista o desenvolvimentos de ações favoráveis a todos, o
trabalho escolar deve ter um começo e um objetivo a ser atingido,
e cada dia deve-se buscar a melhoria destas ações.
Ao falarmos sobre estes aspectos, entendemos que a gestão escolar da
atualidade deve agir de forma a “criar novas disposições mentais no homem,
capazes de inseri-lo melhor em sua contextura históricocultural”, (FREIRE,
2000). Neste sentido, todos devem compreender o contexto e saber intervir de
forma transformadora no sentido do crescimento humano da sociedade e do
ser humano. Intervindo sempre na direção das mudanças de ordem social, que
é o que Paulo Freire tanto evidenciava em suas obras e atitudes enquanto
educador consciente dos problemas e das possíveis saídas que a educação
podia oferecer em meios aos conflitos sociais existentes.
Surge então, como tarefa principal dos educadores e das educadoras,
escolares ou não, no interior dessa percepção, a “dialogação” com a nossa
realidade ou o nosso contorno social e histórico, quais os objetivos
fundamentais do nosso espaço e de nosso tempo. (FREIRE, 2000)
34
3.3 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ESCOLAR E SUAS RELAÇÕES COM A GESTÃO DEMOCRÁTICA NO CENÁRIO ATUAL
O Projeto Político Pedagógico (PPP) constitui-se um documento que
detalha objetivos, diretrizes e ações do processo educativo a ser desenvolvido
na escola, expressando as exigências legais do sistema educacional, bem
como as necessidades, propósitos e expectativas da comunidade escolar.
Revela os modos de pensar e agir dos atores que participam da sua
elaboração, expressa a cultura da escola e, ao mesmo tempo, contribui para
transformá-la.
Segundo Vasconcellos (2002), projeto político-pedagógico diz respeito a
sistematização de um processo de Planejamento Participativo, que se
aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ação
educativa que se quer realizar. Segundo o autor, este instrumento é um
importante caminho para a construção da identidade da instituição, sendo
também um instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mudança
da realidade, bem como um elemento de organização e integração da atividade
prática da instituição neste processo de transformação.
No contexto da gestão da escola na atualidade, o PPP é construído no
sentido de atender, de forma adequada, as novas demandas de uma escola
que está inserida em uma sociedade transformada e conhecedora dos seus
direitos e deveres. Neste sentido, pensar no processo de construção de um
projeto político-pedagógico requer uma reflexão inicial sobre seu significado e
importância.
Gadotti (1997), ao argumentar sobre o Projeto Político Pedagógico da
escola na perspectiva de uma educação para a cidadania, considera que os
eixos norteadores de uma escola cidadã são a integração entre processo
educacional e cultural, a democratização das relações de poder dentro da
escola, o enfrentamento da questão da repetência e da avaliação (talvez aqui
esteja o principal problema da educação, o como avaliar), a visão
inter/transdisciplinar e a formação permanentes dos educadores.
35
Mediante estes aspectos, o PPP da escola atual é encarado como a
expressão dos anseios da comunidade escolar, no sentido de evidenciar os
elementos mais aguardados pela sociedade, no que diz respeito as ações
pedagógicas. Levando-se em conta que existem muitos problemas a serem
resolvidos no âmbito escolar , o PPP da escola deve partir do seu diagnóstico
mais pontual, o que envolve toda a comunidade escolar, as interfaces entre
ensino e aprendizagem, os problemas entre professor e aluno; o diagnóstico
da própria cultura escolar e da sociedade como um todo, vislumbrando, a partir
de então, o pensar coletivamente na forma pela qual a escola se organizará
para avançar rumo a seu projeto educativo. O gráfico abaixo sintetiza estes
argumentos da seguinte forma:
Figura 02: Projeto Político Pedagógico Fonte:http://pedagogia.pbworks.com/f/1166464430/mapa_ppp_cidinha_helena%20-%20projeto%20pol%C3%ADtico-pedag%C3%B3gico.jpg
Vale ressaltar como a LDBEN2 destaca a importância desse instrumento
em vários de seus artigos:
2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
36
Art. 12, inciso I, que vem sendo chamado o “artigo da escola” a Lei dá aos estabelecimentos de ensino a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica. Art. 12, inciso VII define como incumbência da escola informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. Art. 13, Inciso II. chamado o “artigo dos professores”, aparecem como incumbências desse segmento, entre outras, as de participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino (Inciso I) e elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino. Art. 14, em que são definidos os princípios da gestão democrática, o primeiro deles é a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola.
Desta forma, o PPP torna-se, na gestão atual da escola brasileira, um
importante meio de mobilização coletiva para interagir ações que venham a
criar novas metodologias e criar soluções e alternativas para diferentes
momentos do trabalho pedagógico. Com base nisto, o projeto pedagógico
aponta o caminho a ser seguido pela escola no tocante à tomada de decisões
pelos segmentos escolares: gestores, supervisores, pedagogos, professores,
alunos, dentre outros, ou seja, envolve toda a comunidade escolar. Neste
sentido,
Se concebermos a comunidade – para cujos interesses a educação escolar deve-se voltar – como real substrato de um processo de democratização das relações na escola, parece-me absurda a proposição de uma gestão democrática que não supunha a comunidade como sua parte integrante. Paro (1992, p. 39).
Com base nestes conceitos, o Projeto Político Pedagógico deve estar
associado a uma visão pedagógica mais ampla, ou seja, a uma concepção de
homem e educação coerentes com os objetivos que se deseja alcançar. Faz-se
necessário, portanto, que a escola tenha clareza em seus objetivos, delineando
as metas a serem alcançadas pela comunidade escolar de um modo geral.
Esse é um caminho a ser trilhado para que as relações que se desenvolvem na
escola sejam democratizadas e menos hierarquizadas.
Pode-se destacar que os inúmeros problemas educacionais não se
resolvem apenas com boas propostas pedagógicas e implementações de
novos projetos. Em outras palavras, não se pode ignorar a importância de
políticas públicas coerentes e contínuas para a educação, de infraestrutura
37
adequada e de boa formação de professores para que ocorram mudanças
significativas no âmbito educacional. Cada escola precisa ter competência e
autonomia para estudar sua realidade, analisar seus resultados e elaborar
propostas alternativas que venham atender suas necessidades.
38
CONSIDERAÇÕES FINAIS No contexto atual de sociedade, deve-se levar em consideração a
necessidade da gestão escolar investir em um trabalho que promova a reflexão
acerca de assuntos como: democratização do ensino, práticas pedagógicas
diversificadas e, o que é fundamental, participação ativa de todos os
segmentos que compõem a instituição de ensino.
Deve-se também investir na aprendizagem efetiva e significativa dos
alunos, em todos os níveis de ensino, de modo que sejam desenvolvidos
conhecimentos, habilidades e atitudes demandadas pela contemporaneidade.
Pode-se destacar os principais aspectos que se referem as demandas
acerca da gestão escolar, a qual deve trabalhar, no sentido de superar
qualquer tipo de atraso ou limitação pedagógica, como por exemplo: carência
de recursos metodológicos, falta de liderança, centralização das ações
pedagógicas, falta de democracia e de cidadania.
Nessa perspectiva, a Gestão Educacional assume um novo papel que
ultrapassa a administração, supervisão e orientação do processo educacional,
em seu sentido mais tradicional. Isso porque a Gestão Educacional agrega
uma complexidade de ações a serem desenvolvidas pelo gestor, que vão
desde o conhecimento da função social da escola até as formas mais
adequadas de condução do trabalho na escola, para que se aumentem as
chances de ensino-aprendizagem no ambiente educativo.
Esse é um tipo de trabalho que deve mobilizar, de forma permanente,
professores, funcionários e demais integrantes da comunidade escolar para
que todos se corresponsabilizem pela gestão do conhecimento e da
aprendizagem. A autonomia da gestão escolar deve portanto ser objeto de
reflexão, já que é tão importante para a melhoria da qualidade do ensino,
constituindo-se um dos conceitos que mais é discutido nos últimos tempos.
Acreditamos que, a realidade de gestão escolar na atualidade deve
confirmar a conscientização, tanto dos gestores, como dos coordenadores e
professores, no que se refere à gestão democrática. Estes segmentos, devem
39
ter afinidade com as propostas de uma “administração” ou gestão escolar
inovadora, que leve em consideração, a contribuição de todos os envolvidos no
funcionamento escolar.
Resta-nos refletir, se as práticas pedagógicas; as relações: professor-
aluno; ensino-aprendizagem; gestor – ações pedagógicas e etc, estão
coincidindo com o as novas demandas direcionadas à gestão escolar.
40
REFERÊNCIAS BRITO, Dorival Rosa. O conceito de administração escolar e seus
paradigmas. 2011. Disponível em:
http://www.drbassessoria.com.br/2Oconceitodeadministracaoescolareseuspara
digmas.pdf. Acesso em 23 de setembro de 2013.
CAVALIERI, Ana Maria Villela. Uma escola para a modernidade em crise:
considerações sobre a ampliação das funções da escola fundamental. In:
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa (Org.). Currículo: políticas e práticas. 3ª
ed. Campinas, SP: Papirus, 2001.
DRABACH, Neila Pedrotti. Dos primeiros escritos sobre administração
escolar no brasil aos escritos sobre gestão escolar: Mudanças e
continuidades.Currículo sem Fronteiras, v.9, n.2, pp.258-285, Jul/Dez 2009.
Disponível em:
http://www.curriculosemfronteiras.org/vol9iss2articles/drabach-mousquer.pdf.
Acesso em 25 de setembro de 2013.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da
Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 214.
FERREIRA, Naura Síria Carapeto. As mudanças no mundo do trabalho, a
gestão democrática da Educação, e a função social da escola. Curitiba:
IESD, Brasil S. A, 2009.
FORMIGA. Leomarcos Alcântara. Perspectivas de gestão escolar.
Campinas. SP. Editora Alínea, 1999.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Paz e Terra; 2000.
41
GADOTTI, Moacir, ROMÃO, José E. (orgs.). Autonomia da Escola:
Princípios e propostas. São Paulo: Cortez, 1997.
GENOVEZ, Maria Salete. A leitura como método de estudo e base para
redação de trabalhos acadêmicos. 2006. Disponível em:
http://integral.objectis.net/Leitura2. Acesso em 13 de out. 2013.
GENTILI, Pablo. Neoliberalismo e educação: manual do usuário. 1996. Disponível
em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/globalizacao/manualusuario.html. Acesso em
20 de out. 2013.
HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática na escola.Campinas: Papirus,
1997.
JOMARTG. Como realizar uma pesquisa bibliográfica. 2008. Disponível no
site: http://www.jomar.pro.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=1.
Acesso no dia 14/10/2013.
LIBÂNEO, Carlos José. Didática. – são Paulo : Cortez, 1994
LUCK, Heloísa. A gestão participativa na escola. Petrópolis. RJ: Vozes. 2006
MELO, Maria Teresa Leitão de. Gestão educacional: os desafios do cotidiano
escolar. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto; AGUIAR, Márcia Ângela da S.
(Org.). Gestão
da educação: impasses, perspectivas e compromissos.4. ed. São Paulo: Cortez, 2004
MOREIRA, Antônio Flávio & SILVA, Tomás Tadeu (orgs) Currículo Cultura e
Sociedade. São Paulo: Cortez, 1995.
PARO, Vitor Henrique. Participação da comunidade na gestão democrática da
escola pública. Ideias, São Paulo, n. 12, 1992.